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Felippe de Andrade Abreu e Lima

Arquiteto e urbanista formado pela UFPE. Mestre em Teoria e História da Arquitetura e do


Urbanismo pela UFPE. É professor de teoria, história, crítica e fundamentos da arquitetura e do
urbanismo. É tradutor, escritor e profissional liberal. Traduziu e publicou o primeiro tratado de
arquitetura do Renascimento no Brasil, intitulado: A Obra e o Tratado de Arquitetura de Giacomo
Barozzi da Vignola. Recife, Edições Bagaço, 2005. Atualmente faz doutoramento em História,
Crítica e Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo na FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade de São Paulo), sob orientação do Professor Dr. Luciano Migliaccio.
E-mail: fellipe@usp.br.

OS PRINCÍPIOS ARQUITETÔNICOS DO RENASCIMENTO ITALIANO

R esumo
A teoria da arquitetura, desde o primeiro livro de que se tem notícia, o De Architectura Libri Decem – Dez Livros da Arquitetura –
do Romano Vitrúvio, transformou-se juntamente com a sociedade. Suas categorias estéticas e suas tipologias se referiam à antigüidade
Romana sem oferecer, contudo, modelos práticos diretos. A concepção científica do período renascentista e sua linguagem humanística
criou, através de teóricos arquitetos, o que hoje denominamos “Princípios Arquitetônicos do Renascimento”. O primeiro teórico que
defendeu a idéia da fundamentação destes princípios foi Leon Battista Alberti, que concluiu seu tratado, o De Re Aedificatoria, em 1452.
Ao longo do Renascimento, estes princípios tomaram mais força, tendo sido aplicados por outros teóricos arquitetos como Filarete,
Giorio Martini, Serlio e Palladio. O mais importante fator destes princípios está no fato de sintetizarem conceitos abstratos como
simetria, harmonia, ritmo, ordem e composição. Baseando-se em proporções humanas e na natureza, os teóricos do Renascimento
estabeleceram um ideal arquitetônico que refletiria o ideal da natureza nas concepções da arquitetura.
Palavras-chave: Arquitetura. Teoria da Arquitetura. Renascimento Italiano.

A b stract

ARCHITECTURAL PRINCIPLES IN THE ITALIAN RENAISSANCE

Since the first book already known, the architecture’s theory, the De Architectura Libri Decem - Ten Architecture Books - by a Roman
writer called Vitrúvio, it suffered changes by the society. Its aesthetic categories and typologies referred to the Antique Roman, without
offering, however, direct practical models. The Renaissance scientific conception and its period and humanistic language created,
through theoretical architects, what nowadays is denominated “Renaissance Architectural Beginnings”. The first theoretical whom
defended the idea of the principles basis it was Leon Battista Alberti, which concluded its agreement, the De Re Aedificatoria in 1452.
Throughout the Renaissance those principles took more force, applied by other theoretical architects as Filarete, Giorio Martini, Serlio
and Palladio. Those principles most essential issue is the fact it synthesizes abstract concepts as symmetry, harmony, rhythm, order
and composition. Based on human proportions and in the nature, the Renaissance’s theoretical had established an architectural ideal
that should reflect the ideal of the nature in the architecture conceptions.
Keywords: Architecture. Architecture’s Theory. Italian Renaissance.

VEREDAS FAVIP - Revista Eletrônica de Ciências - v. 1, n. 1 - janeiro a junho de 2008


Os princípios arquitetônicos do renascimento italiano
1. INTRODUÇÃO A arte de então foi responsável pela mudança do
gosto estético social e este colaborou para a afirma-
A linguagem arquitetônica do Renascimento evo- ção de princípios estéticos na arquitetura. Esta arte
luiu junto com a visão estética da sociedade. Neste demonstrava a perfeição do homem, baseada nas
caminho, os tratadistas do Renascimento citam, en- medidas perfeitas, nas medidas divinas, manifestadas
faticamente, Vitrúvio como sendo o livro referência através das leis da ciência: da matemática e da geo-
para o estudo da história da teoria da arquitetura, metria. Como fundamento maior desta ciência estava
bem como a base epistemológica para conceituação o número de ouro Φ, que traria à luz uma relação
dos princípios arquitetônicos que viriam a ser aper- entre o divino e o humano.
feiçoados.

2 . A V I S Ã O DE V I T R Ú V I O D A
ARQUITETURA

Como mencionou Elvan, a visão de Vitrúvio da


arquitetura como imitação da natureza, que impli-
cava a observância de princípios racionais — no
sentido que então se dava ao termo — seria endos-
sada por Alberti e por outros teóricos posteriores.
Mesmo que o conceito de imitação da natureza, e
da própria natureza, não se enuncie de modo claro
na arquitetura de então, a tese era atraente, pois tem
um substrato filosófico bastante difundido entre os
humanistas dos séculos XIV em diante. (SILVA,
2005, p. 230).
Outro fator de fortalecimento da teoria da ar-
quitetura, além dos financiamentos para traduções
dos textos antigos e criação de novos livros, foi a Imagem 1. Leonardo da Vinci. O Homem Vitruviano. A
conceituação da profissão, feita por Alberti. Para proporção das partes é igual ao número de ouro (Φ).
este erudito, o desenho é a ferramenta fundamen-
tal que está em seu domínio, considerando omnia Apesar da dificuldade em sintetizarmos os prin-
materia exclusa, ou seja, abstraindo toda a matéria. A cípios arquitetônicos do Renascimento, podemos
arte e, conseqüentemente, a arquitetura tornaram- entendê-los como uma visão estética social, baseada
se ciência durante o Renascimento, incorporando a em conceitos matemáticos e geométricos que têm
visão humanista do mundo, tomando o ser humano como objetivo demonstrar a racionalidade artística
como referência para a ciência e afastando-se da (ABREU E LIMA, 2004)2 . Contudo, autores como
cultura medieval1 . O magister operis medieval estava Geoffrey Scott por exemplo, criticam a arquitetu-
definitivamente separado do artista intelectual da ra do Renascimento como sendo uma arquitetura
Renascença. O ponto fundamental é reconhecermos de formas. Num primeiro momento ele menciona
que Alberti converte a ars aedificandi em uma ciência que:
pragmática, coordenada pela razão e pela lógica cien-
tífica, do mesmo modo como se tentava fazer com O Renascimento não criou nenhuma teoria da arquite-
temas filosóficos, jurídicos ou teológicos; uma ação tura. Produziu tratados sobre arquitetura: Fra Giocondo,
que resultou uma transposição qualitativa perceptível Alberti, Palladio, Serlio, e muitos outros, construíram e
na análise histórica. escreveram obras. Porém o estilo que elaboraram era

1
Até hoje, segundo nossa opinião, o arquiteto se reconhece como um homem culto e detentor de um conhecimento além do superficial.
2
Consideramos dois autores como fundamentais para compreensão deste tema. WITTKOWER, Rudolf. Arquitectural Principles. In: The
Age of Humanism. SILVA, Elvan. A Forma e a Fórmula.

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demasiado vivo para admitir uma análise, demasiado A parte II do Livro I do tratado de Vitrúvio
popular para requerer defesa. Nos deram regras, mas influenciou enormemente os tratadistas do Renas-
não princípios. Não necessitavam de teoria por que se
dirigiam ao gosto. Os períodos de incansável produção, cimento, pois defendeu que existe uma diferença
absortos no prático e no concreto, não facilitam um entre arquitetura e construção. Esta distinção se
pensamento de tipo universal. (SCOTT, 1970, p. 41; apóia, além da emoção, na categoria da beleza,
tradução e grifos nossos). manifestada através de uma harmonia universal
que é manifestada na natureza e no “homem”. O
A afirmação de que o Renascimento não produ- redescobrimento dos textos antigos4, anteriores
ziu nem princípios arquitetônicos nem uma teoria mesmo ao próprio Vitrúvio, que mencionam a
própria é, hoje, completamente refutada por todos harmonia existente no ser humano, foi esclarecedor
os especialistas. John Summerson, por exemplo, diz para os tratadistas formularem novos princípios, ou
que: melhor, criarem uma linguagem arquitetônica nova
baseada em princípios “eternos”.
O tratado de Alberti, ainda que utilizando exaustiva- Vitrúvio via na natureza a fonte de inspiração
mente o texto de Vitrúvio, é uma obra muito original para a arquitetura. Esta visão, baseada nas regras e
que formula os princípios da arquitetura à luz da própria proporções da matemática e da geometria euclidia-
filosofia do autor e de suas análises de edifícios romanos.
(2002, p. 150; grifo nosso). na, foi adotada por Alberti e manifestou-se no seu
tratado de arquitetura. Esta nova forma de difu-
A observação dos tratados da arquitetura do Re- são do conhecimento, diferente do conhecimento
nascimento faz-nos perceber que havia princípios oral medieval, favoreceu à percepção da arquite-
para nortear o processo projetual, pois, como vimos, tura como ciência. O tratado de arquitetura podia
o antropocentrismo do Renascimento emergiu, tor- transmitir mais que regras de construção. Aliás, o
nando o “homem” a referência para si mesmo. A tratado deveria ser algo muito mais complexo que
sociedade perfeita, formada por homens perfeitos, apenas materiais e técnicas construtivas, abordando
deveria expressar uma arquitetura que espelhasse esta desde a casa até a cidade.
harmonia. Com a redescoberta do texto vitruviano A visão vitruviana de que há princípios racionais
que exaltava a natureza e o ser humano, os tratadis- que devem basear o pensamento arquitetônico,
tas do Renascimento tiveram nas ruínas romanas o levou Alberti a considerar a matemática e a geo-
conteúdo material para testar as proporções e as me- metria como a base dos “princípios do desenho”
didas descritas por Vitrúvio. Para esclarecermos os na arquitetura. Surge, exatamente neste período,
princípios da arquitetura do Renascimento, devemos, a diferenciação entre construção e arquitetura. A
então, tomar por base as tratadísticas de Vitrúvio e idéia de que há algo além da matéria e que pousa
Alberti. Vitrúvio foi a base epistemológica para a no campo estético. Esta é uma nova maneira de
teoria da arquitetura no Renascimento e Alberti foi se perceber o mundo, que, em verdade, é produto
o precursor desta teoria no século XIV. Ao longo do das forças sociais. A separação entre construção e
De Architectura Libri Decem, Vitrúvio menciona que: arquitetura surgia de maneira conceitual a partir de
então, colaborando para concretização e conceitu-
A arquitetura depende da ordem (ordinatione), da sime- ação de uma complexa teorização da arquitetura.
tria (eurythmia et symmetria et decore et distributione), Roger Scruton, por exemplo, escreve sobre este
da propriedade (dispositione), da economia e do ritmo.3 tema que:

3
Texto Original: Architectura autem constat ex ordinatione, quae graece τάξις dicitur, et ex dispositione, hanc autem Graeci διάθεσιν
vocitant, et eurythmia et symmetria et decore et distributione, quae graece οἰκονομία dicitur (Vitrúvio. Livro I, Parte II). (Tradução
Nossa). Os textos em Grego são incluídos no texto em latim, por Vitrúvio.
4
Os textos antigos que influenciaram os tratadistas do Renascimento foram, basicamente: Teéteto, Crítias e Fédon, de Platão (traduzidos
por volta de 1415). De Divina Proportione e Summa Arithmetica de Paccioli (1494). De Revolutionibus de Copérnico (1543). Todos
estes textos mencionam a existência do número de ouro grego Φ, como sendo um número que manifesta toda a harmonia universal.
Leonardo da Vinci, entre 1452 e 1519, desenha o “Homem Vitruviano”, provando que a relação entre as diversas partes do corpo
humano são relacionadas proporcionalmente ao número de ouro Φ, que equivale aproximadamente a 0.618.

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Os princípios arquitetônicos do renascimento italiano
A idéia de uma separação fundamental entre a constru- cionado com o edifício, e este com os seus espaços e
ção como arte e a construção como ofício era - para os medidas internas, todos articulados em razão de um
primeiros teóricos do Renascimento - completamente
inconcebível. E não teria sentido, pois, aos pensadores módulo pré-estabelecido. Assim sendo, a materialida-
daquela época (século XIV), a natureza estética da ma- de da arquitetura estaria, de algum modo, refletindo
nifestação arquitetônica não excluía sua configuração uma ordem maior, ou seja, uma ordem da natureza
material (SCRUTON, 1983, P. 31). e da divindade.
O redescobrimento das ordens da Antiguida-
Ao longo do Renascimento, esta idéia se de fortaleceu a busca por estas relações harmônicas
transformou e a arquitetura se tornou, cada vez entre as partes da arquitetura, já que o tratado de
mais, uma arte fundamentada em princípios, graças Vitrúvio havia mencionado a necessidade de se criar
às contribuições de tratadistas como Alberti. A todos os elementos arquitetônicos derivando de um
diferenciação conceitual entre arquitetura e módulo, que, por sua vez, seria baseado nas pro-
construção contribuiu, por sua vez, para que porções humanas. Esta valorização da antiguidade
estes princípios arquitetônicos se alicerçassem pelos humanistas foi um fato propulsor das edições
em conceitos estético-matemáticos, baseados em de livros da era clássica. Favorecida ainda pela re-
proporções áureas, módulos e relações entre as cente inventa imprensa de Guttenberg, a difusão do
partes do edifício. Sobre este assunto, Wittkower conhecimento arquitetônico tomou Vitrúvio como
menciona que: a referência Romana, já que o período medieval
não havia produzido nenhum manual capaz de ser
Alberti se mostra explícito em relação ao caráter da editado e traduzido.
igreja ideal. Esta deve ser o ornamento mais nobre de
uma cidade e sua beleza deve superar toda imaginação. Então, em 1487, Vitrúvio foi um dos primeiros autores
É esta beleza dominadora que desperta sensações subli- a aparecer em letra de forma. O impacto foi tremendo.
mes e inspira piedade às pessoas (op. cit. p. 15; tradução Os arquitetos fizeram enorme uso do novo meio de co-
nossa). municação: Alberti, Serlio, Francesco di Giorgio, Palladio,
Vignola, Giulio Romano escreveram tratados que deviam
O cenário urbano também é inserido neste algo a Vitrúvio. Esses homens não eram mais mestres-
pedreiros, ainda que brilhantes; eles eram intelectuais. A
contexto que passava a valorizar a estética dos arquitetura não era mais a continuação de uma tradição
edifícios e a procurar atingir a perfeição. Alberti prática, conservada nos galpões dos pedreiros; era uma
foi o pioneiro neste rol de autores, preconizando tradição literária. O arquiteto não estava meramente er-
um tratamento diferenciado à arquitetura no guendo uma edificação; ele estava seguindo uma teoria
contexto urbano. Com o advento desta nova teoria (NUTTGENS, 1984, p. 169; tradução nossa).
da arquitetura ensinada e divulgada por Alberti,
os “princípios arquitetônicos” se tornam cada vez A valorização dada pelos humanistas à Vitrúvio
mais especializados, ou melhor, mais “conceituais” era um fenômeno natural, na medida em que estes
e “matemáticos”. Pevsner observa que a essência estavam mais comprometidos com a valorização de
da arquitetura passou, durante o Renascimento, a todas as manifestações da sabedoria da antiguidade.
ser considerada como fazendo parte da filosofia A consolidação da cultura clássica Greco-romana era
e da matemática (as divinas leis das ordens e das o projeto dos teóricos que se ocupavam da ciência
proporções) e da arqueologia (os monumentos da e da filosofia.
Antigüidade), o papel do teórico e do diletante A primeira edição impressa do De Architec-
assumia um novo significado (PEVSNER, p. 172). tura de Vitrúvio data de 1487. A imprensa tinha
Deste modo, é na relação entre ordem arquite- sido inventada há apenas três décadas. Contudo, o
tônica e módulo que se encontra a razão de ser dos texto era conhecido pelos eruditos durante toda a
mencionados princípios da arquitetura do humanis- Idade Média. Nikolaus Pevsner afirma que “eram
mo. Baseados em relações matemáticas da natureza, conhecidas e usadas na Idade Média várias cópias
ou seja, fazendo uso de relações numéricas entre as manuscritas”(op. cit. p. 261); e John Hale afirma que
partes, os primerios tratadistas do Renascimento, “O De Architectura era conhecido em toda a Ida-
seguindo as orientações mencionadas por Vitrúvio, de Média da Itália (Petrarca e Boccaccio possuíam
defenderam que o espaço urbano deveria estar rela- exemplares)” (1988, p. 376). Alberti se baseia em

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Vitrúvio para desenvolver estes “princípios arquite- terial para a conceituação dos princípios arquitetôni-
tônicos”, que, por sua vez, faz referência à harmonia cos. No capítulo quinto do Livro VII, escreveu:
das proporções do corpo humano. Ambos, Vitrúvio
e Alberti se basearam nas relações entre as partes do Do mesmo modo que em um organismo animal, os pés
corpo humano para determinação das proporções ou qualquer outra parte do corpo estão estritamente rela-
harmônicas que compõem seus princípios arquite- cionados entre si, como todo o corpo, como também as
partes do edifício, e, sobretudo em um templo, devem-se
tônicos. Vitrúvio, por exemplo, escreveu, no capítulo conformar todas as partes do seu corpo de modo que
segundo do Livro I, que: corresponda inteiramente umas às outras, a ponto de
Simetria é a concordância correta entre as partes da obra poder facilmente perceber-se as relações métricas de
e a relação entre partes diferentes com o esquema todo uma com as outras.6
da obra. Assim, existe um tipo de simetria no corpo hu-
Não nos cabe neste estudo demonstrar as pro-
mano entre o braço, o pé, o dedo, a mão e outras partes
porções matemáticas usadas por Alberti nos seus
pequenas. Isso deve ser a mesma coisa com um edifício
projetos nem mencionar todos os trechos do seu
perfeito. No caso de templos, simetria se encontra no
diâmetro de uma coluna, nos tríglifos, na modulação ou
tratado que se referem às proporções harmônicas
em outras partes variadas que estão relacionadas umas
com outras.5 da arquitetura.7
O importante é mencionarmos que as proporções
Alberti também fez do corpo humano a base ma- 1:2, 2:3 e 3:4 foram descritas no Livro IX como sen-

Imagem 2. Leon Battista Alberti. Arranjo da planta da Igreja de San Sebastiano, em Mântua. A série de razões usadas foi a seqüência
de Nicômaco. O espaço central mede 7+6+8+6+7=34, ou seja, 34:21=1.618. Um dos exemplos que apresenta uma relação
que segue o número Φ.8

5
Texto original: “Item symmetria est ex ipsius operis membris conveniens consensus ex partibusque separatis ad universae figurae speciem
ratae partis responsus. Uti in hominis corpore e cubito, pede, palmo, digito ceterisque particulis symmetros est eurythmiae qualitas,
sic est in operum perfectionibus. Et primum in aedibus sacris aut e columnarum crassitudinibus aut triglypho aut etiam embatere,
ballista e foramine <capituli>, quod Graeci περίτρητον vocitant, navibus interscalmio, quae διπηχυαία dicitur, item ceterorum operum
e membris invenitur symmetriarum ratiocinatio”. Vitrúvio. De Architectura Libri Decem. Livro I, Parte II. (Tradução e Grifo Nossos).
As palavras em grego estão no texto original. (VITRÚVIO apud ABREU E LIMA, Fellipe de Andrade, 2007).
6
Texto original: “Sed quemadmodum in animante caput, pes: et qualecunque velis membrum ad caetera membra atque ad totum reliquum
corpus referendum est: ita et in aedificio maximeque in templo conformandae universae partes corporis sunt: ut inter se omnes
correspondeant: ut quavis uma illarum sumpta eadem ipsa caeterae omnes partes dimetiantur”. (Tradução e Grifo Nossos).
7
O estudo das relações matemáticas usadas por Alberti nos seus projetos são descritas em: ACKERMAN, 1951, p. 198, e, MARCH,
Lonel, 1998.
8
Livro IX, Capítulo VI do tratado de Alberti. Neste capítulo, Alberti se baseia nas relações harmônicas entre as proporções das partes do
corpo humano e na música para escolha das proporções ideais da arquitetura.

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Os princípios arquitetônicos do renascimento italiano
do as mais fiéis às leis da harmonia universal, mesmo NUTTGENS, Patrick. The story of architecture.
que em outros momentos Alberti tenha utilizado New Jersey: Prentice Hall, 1984.
estas medidas de forma tímida e obscura. PEVSNER, Nikolaus. Perspectiva da arquitectura
Ao longo do De Re Aedificatoria, Alberti faz refe- europeia. Ulisseia, Lisboa, p.172.
rências ao corpo humano e à sua perfeição. Já que
se pretendia fazer uma arquitetura perfeita, deviam, SCOTT, Geoffrey. Arquitectura del humanismo.
os arquitetos, inspirarem-se na natureza. Sendo o Barcelona: Barral, 1970.
homem a mais perfeita manifestação da natureza, SCRUTON, Roger. Estética da arquitetura. São
a arquitetura deveria ser inspirada no homem e, Paulo: Martins Fontes, 1983.
diretamente, nas suas proporções e medidas. Há
relações entre o antropocentrismo, característico do SILVA, Elvan. O Imaginário do ofício na arquite-
humanismo e o advento de uma linguagem arquite- tura. Tese de Doutorado. Departamento de Socio-
tônica baseada nas proporções humanas. Aliás, é em logia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
verdade, um mesmo tema que não podemos separar. da UFRGS. Porto Alegre, 2005.
O renascimento da matemática grega via no homem SUMMERSON, John. A linguagem clássica da
a manifestação de Deus; conseqüentemente, da arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
harmonia universal. O uso de círculos, quadrados e
triângulos pitagóricos era a concretização da ciência WITTKOWER, Rudolf. Arquitectural principles
matemática que expressava a razão divina, já que in the age of humanism.
eram medidas perfeitas. Com o homem inscrito nas
formas geométricas, tudo se harmonizou.
Tendo em vista o exposto, podemos concluir que
as transformações econômicas, políticas e sociais na
Itália do século XV incluíram e fortaleceram o res-
gate da cultura greco-romana. Como conseqüência
destes movimentos, mencionamos o humanismo.
Os desenvolvimentos científicos produzidos culmi-
naram num movimento arquitetônico baseado em
princípios matemáticos e geométricos, intitulado
desde então: os princípios arquitetônicos do Renasci-
mento. Os ideais estéticos destes princípios estavam
materializados nos elementos arquitetônicos: colu-
nas, capitéis, por exemplo, e na articulação espacial
destes, através do ritmo, proporção e simetria.

REFERÊNCIAS

ABREU E LIMA, Fellipe de Andrade. Estudo dos


conceitos de ordem e relação, estética pitagóri-
ca e fórmula nas tratadísticas de Leon Battista
Alberti e Andrea Palladio. Trabalho Final de Gra-
duação, UFPE/CAC/DAU. Recife, 2004.
ACKERMAN, James. Art Bulletin, 1951.
HALE, John. Dicionário do renascimento italia-
no. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1988.
MARCH, Lonel. Architectonics of humanism.
London: Academy Editions, 1998.

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