Literatura Colonial
Capítulo 1
01. d) ( )
Classifique as cantigas abaixo, usando o código: Pero Rodriguez, da vossa molher
I. de amor III. de escárnio
II. de amigo IV. de maldizer non creades mal que vos ome diga,
a) ( ) ca entend’eu dela que ben vos quer
e quem end’al disser, dirá nemiga (1);
Pela ribeira do riso salido (1)
e direi-vos em que lhe entendi:
trebelhei (2), madre, con meu amigo:
amor ei migo, que non ouvesse; (3) en outro dia, quando a fodi,
fiz por amigo que non fezesse! (4) mostrou-xi-mi muito por voss’amiga.
Pela ribeira do rio levado Martim Soares
trebelhei, madre, com meu amado:
Vocabulário: 1. mentiras, falsidades.
amor ei migo, que non ouvesse,
fiz por amigo que non fezesse!
Leia o texto a seguir e responda à questão 02.
João Zorro
Vocabulário Ai, madre, bem vos digo:
1. “Pela margem onde corre o rio”; mentiu-mh o meu amigo:
2. “brinquei”;
3. “Antes não tivesse tanto amor comigo”; sanhuda lh’and’eu’.
4. “Fiz pelo meu amigo o que não devia ter feito”. Do que mh-ouve jurado,
b) ( ) pois mentiu per seu grado,
Ua donzela coitado sanhuda lh’and’eu’.
d’amor por si me fez andar;
e en sas feituras falar Non foi u ir avia.
quero eu, come namorado: mais bem des aquel dia
rostr’agudo como foron, sanhuda lh’and’eu’.
barva no queix’eno granhon (1),
e o ventre grand’e inchado. Non é de mi partido,
Sobrancelhas mesturadas, mais por que mh-á mentido,
grandes e mui cabeludas,
sanhuda lh’and’eu’.
Sobre-los olhos merjudas;
In: PINA, Julieta Moreno. O tempo e a palavra.
e as tetas pendoradas
Porto, Portugal: Areal editores, 1991, p.33.
e mui grandes, per boa fé;
a un palm’ e meio no pé
Vocabulário
e no cós três polegadas.
Pero Viviães
Madre: mãe
Vocabulário: 1. bigode Sanhuda lh’and’eu’: ando zangada com ele
c) ( ) Mentiu per seu grado: mentiu porque o quis fazer
Que razon cuidades vós, mia senhor, Non foi u ir avia: não foi aonde havia de ir
dar a Deus, quand’ant’El fordes, por mi, Non é de mi partido: não rompi (o relacionamento)
que matades, que vos non mereci com ele
outro mal se non que vos ei amor,
02.
aquel maior que vol’ eu poss’aver;
O paralelismo é um recurso muito utilizado no gênero
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ou que salva (1) lhi cuidades fazer lírico de várias épocas e consiste na repetição de ver-
da mia morte, pois per vós morto for? sos ou na correspondência de construções sintáticas.
D. Dinis Transcreva da cantiga os versos que utilizam esse
Vocabulário: 1. desculpa recurso e justifique essa utilização.
49
03. Unifesp 05.
Leia a cantiga seguinte, de Joan Garcia de Guilhade. Ondas do mar de Vigo,
se vistes meu amigo
Un cavalo non comeu E ai Deus, se verrá cedo!
á seis meses nen s’ergueu
mais prougu’a Deus que choveu, Ondas do mar levado,
creceu a erva, se vistes meu amado!
e per cabo si paceu, E ai Deus, se verrá cedo!
e já se leva!
Se vistes meu amigo,
O porque eu sospiro!
Seu dono non lhi buscou E ai Deus, se verrá cedo!
cevada neno ferrou:
mai-lo bon tempo tornou, Se vistes meu amado
creceu a erva, porque ei gran cuidado!
e paceu, e arriçou, E ai Deus, se verrá cedo!
Martim Codax
e já se leva!
Cossante
Seu dono non lhi quis dar Ondas da praia onde vos vi,
cevada, neno ferrar; Olhos verdes sem dó de mim,
mais, cabo dum lamaçal Ai avatlântica!
creceu a erva,
e paceu, e arriç’ar, Ondas da praia onde morais,
Olhos verdes intersexuais.
e já se leva!
Ai avatlântica!
CD Cantigas from the Court of Dom Dinis. harmonia mundi usa, 1995.
A leitura permite afirmar que se trata de uma cantiga de: Olhos verdes sem dó de mim,
Olhos verdes, de ondas sem fim,
a) escárnio, em que se critica a atitude do dono do
Ai avatlântica!
cavalo, que dele não cuidara, mas, graças ao bom
tempo e à chuva, o mato cresceu e o animal pôde
Olhos verdes, de ondas sem fim,
recuperar-se sozinho.
Por quem jurei de vos possuir,
b) amor, em que se mostra o amor de Deus com o Ai avatlântica!
cavalo que, abandonado pelo dono, comeu a erva
que cresceu graças à chuva e ao bom tempo. Olhos verdes sem lei nem rei
c) escárnio, na qual se conta a divertida história do Por quem juro vos esquecer,
cavalo que, graças ao bom tempo e à chuva, ali- Ai avatlântica!
mentou-se, recuperou-se e pôde, então, fugir do In Estrela da vida inteira, José Olympio/ INL, 1970.
dono que o maltratava. Manuel Bandeira
d) amigo, em que se mostra que o dono do cavalo Aponte semelhanças entre a cantiga de Martim Codax
não lhe buscou cevada nem o ferrou por causa do e o poema do poeta modernista Manuel Bandeira.
mau tempo e da chuva que Deus mandou, mas
mesmo assim o cavalo pôde recuperar-se. 06.
e) maldizer, satirizando a atitude do dono que ferrou o I. ( )
cavalo, mas esqueceu-se de alimentá-lo, deixando- Rui Queimado morreu com amor
o entregue à própria sorte para obter alimento. em seus cantares, par Sancta Maria,
04. Mackenzie-SP por a dona que gran ben queria,
Sobre a poesia trovadoresca em Portugal, é incorreto e, por se meter por mais trovador,
afirmar que: porque lh’ela non quis [o] ben fazer,
a) refletiu o pensamento da época, marcada pelo fez-s’el en seus cantares morrer,
teocentrismo, o feudalismo e valores altamente mas ressurgiu depois ao tercer dia!
moralistas.
b) representou um claro apelo popular à arte, que Esto fez el por ua sa senhor
passou a ser representada por setores mais baixos que quer gran ben, e mais vos en diria:
da sociedade. porque cuida que faz i maestria,
c) pode ser dividida em lírica e satírica. enos cantares que fez a sabor
d) em boa parte de sua realização, teve influência de morrer i e desi d’ar viver;
provençal. esto faz el que x’o pode fazer,
e) as cantigas de amigo, apesar de escritas por mas outro’omem per ren non [n] o faria. (...)
trovadores, expressam o eu lírico feminino. P. Garcia Burgalês
50
II. ( ) 07.
En gran coita, senhor, Uma das afirmativas abaixo, feitas sobre os romances
que pelor que mort’ é, de cavalaria, não está correta nem pode ser justificada
em hipótese nenhuma. Qual é ela?
vivo, per bõa fé,
a) A Demanda do Santo Graal pertence ao ciclo de
e polo vosso amor Carlos Magno e aos doze pares de França.
esta coita sofr’eu b) Não se sabe quem é o autor do Amadis de Gaula,
por vés, senhor, que eu romance datado do início do século XVI.
vi pelo meu gran mal c) Um dos importantes ciclos de cavalaria é o do rei
D. Dinis
Arthur e os cavaleiros da Távola Redonda.
d) Os romances de cavalaria têm sua origem nas can-
III. ( ) ções de gesta (poemas com temas guerreiros).
Vaiamos, irmã, vaiamos dormir e) A penetração do romance de cavalaria em Portugal
aconteceu no século XIII, durante o reinado de
nas ribas do lago, u eu andar vi Afonso III.
a las aves meu amigo.
08.
Vaiamos, irmã, vaiamos folgar
A Sant’lag’en romaria ven
nas ribas do lago, eu vi andar
el-rei, madr’, e praz-me (1) de coraçon
a las aves meu amigo por duas cousas, se Deus me perdon,
Fernando Esguio
eu que tenho que me faz Deus gran ben:
ca vere’i (2) el’rei nunca vi
IV. ( ) e meu amigo, que ven con el i.
Ua donzela coitado Vocabulário: 1. me dá prazer; 2. aí
ou marido ou maridinho,
Conforme podemos depreender do texto acima, Fernão
tenha o que houver posses
Lopes tinha especial interesse pela pesquisa histórica.
Qual o significado desse interesse, no contexto do Este é o certo caminho.
Humanismo? VICENTE, Gil. Farsa de Inês Pereira. São Paulo: SENAC, 1996. p. 82.
55
Com base nessas palavras e nos conhecimentos sobre e) As duas obras apresentam estrutura de auto; assi-
o Humanismo, é correto afirmar: milam, portanto, tradições populares e constroem
a realidade por meio da crítica. Como autos, são
a) O Humanismo procura retratar a realidade de
forma ingênua, revelando uma visão idealizada representações teatrais que contêm vários atos.
do mundo expressa pelo verso “casa, filha, e
32. Fuvest-SP
aproveite”.
Considere as seguintes afirmações sobre o Auto da
b) O fragmento citado trata o casamento como resul- barca do inferno, de Gil Vicente:
tado de um envolvimento amoroso pleno. I. O auto atinge seu clímax na cena do Fidalgo, per-
c) A leitura do fragmento confirma que o Humanismo, sonagem que reúne em si os vícios das diferentes
embora dirigido a um público palaciano, adota categorias sociais anteriormente representadas.
alguns padrões do discurso popular, como se II. A descontinuidade das cenas é coerente com o
observa nos quatro últimos versos. caráter didático do auto, pois facilita o distancia-
d) O verso “Este é o certo caminho” indica o predo- mento do espectador.
mínio de uma visão idílica e idealizada em grande III. A caricatura dos tipos sociais presentes no auto
parte do discurso humanista. não é gratuita nem artificial, mas resulta da acen-
tuação de traços típicos.
e) O olhar humanista, no fragmento citado, imprime Está correto apenas o que se afirma em:
à união conjugal uma motivação sentimental. Tal
a) I d) I e II
postura suplanta o lirismo amoroso presente em
algumas cantigas trovadorescas. b) II e) I e III
c) II e III
30. Mackenzie-SP
33. Mackenzie-SP
Gil Vicente, autor representativo do Humanismo em
Portugal, (1) revela-nos, em sua obra lírica, (2) uma Ninguém:
ambivalência típica desse período: (3) de um lado, a Tu estás a fim de quê?
ideologia teocêntrica do mundo medieval; (4) de outro,
influenciado pelo antropocentrismo emergente, (5) é o Todo Mundo:
A fim de coisas buscar
analista mordaz da sociedade portuguesa do século
que não consigo topar.
XVI. É essa ambivalência que o situa como autor de Mas não desisto,
transição: (6) entre o Humanismo e o antropocentris- porque o cara tem de teimar.
mo. (7) Dos fragmentos destacados:
a) todos estão corretos. Ninguém:
Me diz teu nome primeiro.
b) todos estão incorretos.
c) apenas 4 e 5 estão incorretos. Todo Mundo:
d) apenas 2 e 7 estão incorretos. Eu me chamo Todo Mundo
e passo o dia e o ano inteiro
e) apenas 2, 5 e 7 estão incorretos.
Correndo atrás de dinheiro,
31. PUC–SP seja limpo ou seja imundo.
Esta questão refere-se às obras Auto da barca do in-
Belzebu:
ferno, de Gil Vicente, e Morte e vida severina (auto de
Vale a pena dar ciência
natal pernambucano), de João Cabral de Melo Neto.
e anotar isto bem,
Leia as alternativas a seguir e assinale a correta. Por ser fato verdadeiro:
a) As duas obras apresentam uma crítica à sociedade que Ninguém tem consciência,
de suas épocas: a de Gil Vicente, a partir das almas E Todo Mundo, dinheiro.
que representam classes sociais e profissionais de
Portugal, a de João Cabral, a partir de personagens No trecho, Carlos Drummond de Andrade reconstruiu,
representativas de tipos sociais do Nordeste. com nova linguagem, parte de um texto de importante
b) As duas obras apresentam construções poéticas dramaturgo da língua portuguesa.
diametralmente opostas, uma vez que uma empre- Trata-se de:
ga o verso decassílabo e a outra, a redondilha. a) Gil Vicente. d) Sá de Miranda.
c) As duas obras apresentam aspectos em comum, b) Dom Diniz. e) Fernão Lopes.
como o julgamento e a condenação, isto é, em am- c) Luís Vaz de Camões.
bas, as personagens são julgadas e condenadas
após a morte. 34. Fuvest-SP
d) As duas obras apresentam o julgamento ocorrendo Indique a afirmação correta sobre o Auto da barca do
na consciência de cada personagem. Entretanto, a inferno, de Gil Vicente.
execução da justiça, em Auto da barca do inferno, a) É intrincada a estruturação de suas cenas, que
é somente realizada pelo Diabo, e, em Morte e vida surpreendem o público com o inesperado de cada
severina, pela miserabilidade da vida. situação.
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b) O moralismo vicentino localiza os vícios não nas insti- 38. UniCOC-SP
tuições, mas nos indivíduos que as fazem viciosas. Considere as seguintes asserções sobre o teatro de
c) É complexa a crítica aos costumes da época, já Gil Vicente.
que o autor é o primeiro a relativizar a distinção I. Autos pastoris, autos de moralidade e farsas são
entre o Bem e o Mal. gêneros cultivados pelo autor.
d) A ênfase desta sátira recai sobre as personagens II. O espírito crítico do teatro vicentino não poupa o
populares, as mais ridicularizadas e as mais se- clero corrupto, que é ridicularizado.
veramente punidas.
III. As personagens do autor representam tipos so-
e) A sátira é aqui demolidora e indiscriminada, não fazen- ciais como alcoviteiras, velhos ridículos, maridos
do referência a qualquer exemplo de valor positivo. ingênuos, nobres pedantes, entre outros.
marido para se livrar dos maus-tratos. Leia atentamente o trecho a seguir, da peça Auto da
e) aponta, quando Lianor narra as ações do clérigo, barca do inferno, de Gil Vicente. Nele, o personagem
uma solução religiosa para a decadência moral de Parvo reage ao convite do Diabo para que entre na
seu tempo. barca que o conduziria ao inferno.
57
PARVO Ao Inferno, em hora-má?! 43.
Hiu! Hiu! Barca do cornudo, Em 1531, um terremoto abalou Portugal. Alguns frades de
(...) Santarém interpretaram o fato de tal forma que desconten-
Entrecosto de carrapato! tou o dramaturgo Gil Vicente. Ele então resolveu escrever
Hiu! Hiu! Caga no sapato, uma carta ao rei D. João III, narrando o fato e mostrando
Filho da grande aleivosa! sua posição. Segue-se o trecho inicial da carta:
Tua mulher é tinhosa Os frades de cá não me contentaram, nem em
púlpito, nem em prática, sobre esta tormenta da terra
e há de parir um sapo
que ora passou; porque não bastava o espanto da
metido num guardanapo,
gente, mais ainda eles lhes afirmavam duas cousas,
neto de cagarrinhosa! que os mais fazia esmorecer. A primeira, que polos
Furta cebolas! Hiu! Hiu! grandes pecados que em Portugal se faziam, a ira
Excomungado nas igrejas! de Deus fizera aquilo, e não que fosse curso natural,
Burrela, cornudo sejas! nomeando logo os pecados por que fora; em que
(...) pareceu que estava neles mais soma de ignorância
Perna de cigarra velha, que de graça do Spírito Santo.
Caganita de coelha, a) Segundo Gil Vicente, que interpretação os frades
Pelourinho de Pampulha, deram ao terremoto?
Rabo de forno de telha. b) Como Gil Vicente interpreta o terremoto?
c) Qual o sentido dessa oposição no contexto
a) Qual a reação do Parvo? humanista?
b) Que estrato social o Parvo representa?
c) Moralmente, como se pode caracterizá-lo? 44. Fuvest-SP
Aponte a alternativa correta em relação a Gil Vicente.
41. Fuvest-SP a) Compôs peças de caráter sacro e satírico.
Todo o Mundo Folgo muito d’ enganar b) Introduziu a lírica trovadoresca em Portugal.
e mentir nasceu comigo. c) Escreveu a novela Amadis de Gaula.
Ninguém Eu sempre verdade digo d) Só escreveu peças em português.
sem nunca me desviar. e) Representa o melhor do teatro clássico português.
(Belzebu para Dinato)
Belzebu Ora escreve lá, compadre, 45.
Não sejas tu preguiçoso! O tipo mais insistentemente observado e satirizado
Dinato Quê? é o clérigo, e especialmente o frade. Trata-se de fato
Belzebu Que Todo o Mundo é mentiroso de uma classe numerosíssima, presente em todos os
E Ninguém diz a verdade. setores da sociedade portuguesa, na corte e no povo,
Auto da Lusitânia — Gil Vicente na cidade e na aldeia.
O texto afirma que: O texto crítico refere-se a qual autor? Além do frade, cite um
a) todo o mundo é mentiroso. outro tipo humano satirizado pelo autor em questão.
b) Ninguém é mentiroso.
46.
c) Todo o Mundo diz a verdade. O ditado popular que serviu de inspiração a Gil Vicente
d) ninguém diz a verdade. para escrever a peça Farsa de Inês Pereira é: Mais
e) Todo o Mundo é mentiroso. quero asno que me leve que cavalo que me derrube.
Nesse ditado, a que deve ser associado o personagem
42. Umesp Brás da Mata? Justifique sua resposta.
Assinale a alternativa em que se encontra uma afirma-
ção incorreta sobre a obra de Gil Vicente. 47. PUC-SP
O argumento da peça Farsa de Inês Pereira, de Gil
a) Sofre influência de Juan del Encina, principalmente
Vicente, consiste na demonstração do refrão popular
no teatro pastoril de sua primeira fase.
“Mais quero asno que me carregue que cavalo que me
b) Seus personagens representam tipos de uma vasta derrube”. Identifique a alternativa que não corresponde
galeria de estratos da sociedade portuguesa da ao provérbio, na construção da farsa.
época. a) A segunda parte do provérbio ilustra a experiência
c) Por viver em pleno Renascimento, apega-se aos desastrosa do primeiro casamento.
valores greco-romanos, desprezando os princípios b) O escudeiro Brás da Mata corresponde ao cavalo,
da Idade Média. animal nobre, que a derruba.
d) Um dos maiores valores de sua obra é ter contra- c) O segundo casamento exemplifica o primeiro
balançado uma sátira contundente com o pensa- termo, asno que a carrega.
mento cristão. d) O asno corresponde a Pero Marques, primeiro
e) Suas obras-primas, como a Farsa de Inês Perei- pretendente e segundo marido de Inês.
ra, são escritas na terceira fase de sua carreira, e) Cavalo e asno identificam a mesma personagem
período de maturidade intelectual. em diferentes momentos de sua vida conjugal.
58
48. 50.
Leia as três afirmações a seguir a respeito da Farsa No trecho abaixo, do Auto da barca do inferno, de Gil Vi-
de Inês Pereira. cente, temos a chegada do fidalgo ao porto das almas.
I. Pode ser colocada como representante do teatro Anjo Que quereis?
de costumes vicentino.
Fidalgo Que me digais,
II. Encaixa-se na tradição da farsa medieval so- pois parti tão sem aviso,
bre o adultério feminino desenvolvida por Gil se a barca do paraíso
Vicente. é esta em que navegais.
III. Inês Pereira é uma moça que vive na vila e pre-
Anjo Esta é: que demandais?
tende subir de condição.
Fidalgo Que me deixeis embarcar,
a) Todas estão corretas. sou fidalgo de solar,
b) Todas estão incorretas. é bem que me recolhais
c) Apenas I e II estão corretas. Anjo Não se embarca tirania
d) Apenas I e III estão corretas. neste batel divinal.
e) Apenas II e III estão corretas. Fidalgo Não sei porque haveis por mal
que entre a minha senhoria.
49.
Anjo Pera vossa fantesia
Leia o texto que segue para responder às três questões mui estreita é esta barca.
posteriores.
Inês a) Quais são as causas da condenação do Fidalgo
Renego deste lavrar ao inferno?
e do primeiro que o usou b) Quais as razões que ele alega para ir para o céu?
ao diabo que o eu dou, 51.
que tão mau é de aturar; A cena seguinte, da peça Auto da barca do inferno,
ó Jesus! Que enfadamento, apresenta a chegada do parvo Joane no porto das
almas.
que cegueira e que canseira! Anjo Quem és tu?
Eu hei de buscar maneira Joane Samica alguém.
de viver a meu contento. Anjo Tu passarás, se quiseres;
porque em todos os teus fazeres,
per malícia non erraste,
Coitada, assim hei de estar
tua simpreza te abaste
encerrada nesta casa para gozar dos prazeres.
como panela sem asa
A expressão “samica” quer dizer “talvez”. Assim, Joane
que sempre está num lugar? diz ser “talvez alguém”. O que essa fala indica?
Isto é vida que se viva? a) A indecisão de Joane quanto à sua própria identida-
Hei de estar sempre cativa de. Ele está confuso depois da conversa mantida
desta maldita costura? com o Diabo, momentos antes, que o convenceu
a tornar-se um pecador. Por essa indecisão, é
Com dois dias de amargura condenado ao purgatório.
haverá quem sobreviva? b) A presunção de Joane quanto à sua condição
social. Apesar de simplório, ele disfarçava sua
Hei de ir para os diabos pobreza freqüentando a aristocracia e cometendo
pequenos furtos para sustentar seus luxos. Por
se continuo a coser. essa presunção, é condenado ao inferno.
Oh! Como cansa viver c) O desprezo de Joane pelo Anjo. Conhecedor de
sozinha, no mesmo lugar. suas virtudes, ele acredita que seu lugar no céu
Todas folgam, e eu não. está garantido, não necessitando da aprovação do
Anjo para embarcar. Esse desprezo faz com que
Todas vêm e todas vão o Anjo se recuse a levá-lo.
onde querem, menos eu. d) A desconfiança de Joane. Confundindo a barca do
Hui! E que pecado é o meu, céu com a do inferno, ele imagina que o Anjo é o
ou que dor de coração? Diabo tentando enganá-lo: por isso, teme revelar
sua identidade. Ludibriado pelo Diabo, acaba indo
para o inferno.
a) Qual a reclamação de Inês Pereira nessa pas-
e) A modéstia e a simplicidade de Joane. Na sua
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sagem?
humildade, não se considera em condições sequer
b) Que atitude ela tomaria para escapar de sua de afirmar-se como alguém, daí a dúvida que ex-
situação? pressa. Esse tipo de atributo é que o faz merecedor
c) Quais as conseqüências dessa atitude? do céu.
59
52. Unifesp a) Por que os cavaleiros são perdoados dos seus
Sobre a Farsa de Inês Pereira, é correto afirmar que pecados? Justifique a sua resposta.
é um texto de natureza:
b) Que atitude do autor se revela através dessa
a) satírica, pertencente ao Humanismo português, passagem?
em que se ridiculariza a ascensão social de
Inês Pereira por meio de um casamento de 55.
conveniências.
Velho – Oh coitado! A minha é!
b) didático-moralizante, do Barroco português, no
qual as contradições humanas entre a vida ter- Mocinha – Agora, má-hora, é vossa!
rena e a espiritual são apresentadas a partir dos Vossa é a treva.
casamentos complicados de Inês Pereira.
Mas ela o noivo a leva.
c) religiosa, pertencente ao Renascimento português,
no qual se delineia o papel moralizante, com vistas Vai tão leda, tão contente,
à transformação do homem, a partir das situações uns cabelos como Eva;
embaraçosas vividas por Inês Pereira. Aosadas que não se lhe atreva
d) reformadora, do Renascimento português, com forte toda a gente!
apelo religioso, pois se apresenta a religião como
O noivo, moço tão polido,
forma de orientar e salvar as pessoas pecadoras.
não tirava os olhos dela,
e) cômica, pertencente ao Humanismo português,
no qual Gil Vicente, de forma sutil e irônica, critica e ela dele. Oh que estrela!
a sociedade mercantil emergente, que prioriza os É ele um par bem escolhido!
valores essencialmente materialistas.
Velho – Ó roubado,
53. PUC-SP da vaidade engano,
da vida e da fazenda!
Diabo, Companheiro do Diabo, Anjo, Fidalgo, Onze-
neiro, Parvo, Sapateiro, Frade, Florença, Brísida Vaz, Ó velho, siso enleado!
Judeu, Corregedor, Procurador, Enforcado e Quatro Que te meteu desastrado
Cavaleiros são personagens de Auto da barca do em tal contenda?
inferno, de Gil Vicente.
Analise as informações a seguir e selecione a alter- Se os jovens amores
nativa incorreta, cujas características não descrevam os mais têm fins desastradas
adequadamente a personagem. que farão as cãs lançadas
a) Onzeneiro idolatra o dinheiro, é agiota e usurário; no canto dos amadores?
de tudo que juntara, nada leva para a morte, ou Que sentias,
melhor, leva a bolsa vazia.
triste velho, em fim dos dias?
b) Frade representa o clero decadente e é subjuga-
Se a ti mesmo contemplaras,
do por suas fraquezas: mulher e esporte; leva a
souberas que não sabias,
amante e as armas de esgrima.
e viras como não vias,
c) Diabo, capitão da barca do inferno, é quem apressa
o embarque dos condenados; é dissimulado e e acertaras.
irônico.
d) Anjo, capitão da barca do céu, é quem elogia a Quero-me ir buscar a morte,
morte pela fé; é austero e inflexível. pois que tanto mal busquei.
e) Corregedor representa a justiça e luta pela apli- Quatro filhas que criei
cação íntegra e exata das leis; leva papéis e eu as pus em pobre sorte.
processos. Vou morrer.
Elas hão-de padecer,
54.
porque não lhes deixo nada;
O trecho a seguir retrata a fala do Anjo no julga-
de quanta riqueza e haver
mento de quatro cavaleiros cristãos que tinham
morrido nas guerras cristãs. Leia-o e responda o fui sem razão despender,
que se pede. mal gastada.
Capítulo 2
58. 59.
A propósito do Renascimento cultural, julgue as afir- Considerando os traços identificadores do Renasci-
mações. mento, aponte a alternativa errada.
I. Um dos seus traços marcantes foi o raciona- a) Imitação dos clássicos antigos
lismo que atendia às aspirações da burguesia, b) Preocupação com a técnica
no sentido de alcançar um domínio mais com- c) Racionalismo e universalismo
pleto da natureza objetivando aumentar seus d) Atitude apaixonada diante da natureza
lucros. e) Equilíbrio, harmonia e concisão
II. O Renascimento retirou da Igreja o monopólio 60.
da explicação das coisas do mundo, fato que “Do que ao meu gado sobeja (1)
culminou no empirismo científico dos séculos XVII
Vou vivendo ano por ano;
e XVIII.
pouco ou muito que ele seja,
III. A arte renascentista comprometia-se predominan- a ninguém não faço dano,
temente com os valores católicos, pois objetivava
e não se há ao pouco enveja.”
legitimar o monopólio religioso católico.
Sá de Miranda
Assinale a alternativa correta. Vocabulário: 1. sobra
a) I e III. No trecho anterior, o poeta clássico português Sá de
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siana.
O soneto transcrito é de Luís de Camões. Nele se
acha uma característica da poesia clássica renas- b) Por seguir os princípios estéticos clássicos, sua
centista. Assinale essa característica, em uma das expressão é de teor mais universalista que indivi-
alternativas. dualista.
63
c) O caráter reflexivo das interrogativas iniciais im- Em relação ao poema, considere as seguintes afir-
pede que a linguagem seja marcada por índices mações.
de emotividade. I. O poeta elabora um modelo de mulher perfeita e
d) Recupera, do estilo camoniano, a preferência por superior, idealizando a figura feminina.
imagens paradoxais, como, por exemplo, “mar de II. O poeta não se deixa seduzir pela beleza feminina,
labaredas.” assumindo uma atitude de insensibilidade.
III. O poeta sugere desejo erótico ao se referir à figura
e) Vale-se de recursos estilísticos conquistados pelos
mitológica de Circe.
modernistas, por exemplo, versos decassílabos e
expressão coloquial. Quais estão corretas?
a) Apenas I.
70. Mackenzie-SP b) Apenas III.
Assinale a alternativa correta sobre o texto I. c) Apenas I e II.
a) Expressa as vivências amorosas do eu lírico em d) Apenas I e III.
linguagem emotivo-confessional. e) I, II e III.
b) Apresenta índices de linguagem poética marcada
pelo racionalismo do século XVI. 73. Unicamp-SP
c) Conceitua o amor de forma unilateral, revelando Leia o seguinte soneto de Camões:
o intenso sofrimento do coração apaixonado.
d) Notam-se, em todos os versos, imagens poéticas
Oh! Como se me alonga, de ano em ano,
contraditórias, criadas a partir de substantivos
concretos. a peregrinação cansada minha.
e) Conceitua positivamente o amor correspondido e, Como se encurta, e como ao fim caminha
negativamente, o amor não correspondido. este meu breve e vão discurso humano.
86. 90.
A estrofe a seguir pertence ao canto X de Os lusíadas.
(...) Não acabava, quando uma figura
Trata-se de uma fala da deusa Tétis ao capitão Vasco
Se nos mostra no ar, robusta e válida, da Gama, na Ilha dos Amores.
De disforme e grandíssima estatura;
O rosto carregado, a barba esquálida, Aqui, só verdadeiros, gloriosos
Os olhos encovados, e a postura Divos estão, porque eu, Saturno e Jano,
Medonha e má e a cor terrena e pálida; Júpiter e Juno, fomos fabulosos
Cheios de terra e crespos os cabelos, Fingidos de mortal e cego engano.
A boca negra, os dentes amarelos. (...) Só para fazer versos deleitosos
Servimos; e, se mais o trato humano
Forneça o nome do episódio em que a figura descrita
na estrofe anterior aparece e informe o que essa figura Nos pode dar, é só que o nome nosso
personifica. Nestas estrelas pôs o engenho vosso.
b) do Velho do Restelo.
a) A que movimento literário pertence cada um dos
c) de Inês de Castro.
autores?
d) dos Doze de Inglaterra. b) De que recurso comum aos dois textos se valem
e) do Concílio dos Deuses. os autores para elaborar a descrição da Europa?
69
105. Fuvest-SP 1. Natura: talento, qualidade inata, índole, aptidão.
Já vai andando a récua dos homens de Arganil, 2. Virgílios nem Homeros: referência aos dois poetas
acompanham-nos até fora da vila as infelizes, que vão épicos da Antigüidade Clássica.
clamando, qual em cabelo, Ó doce e amado esposo,
3. Pios Enéias: Enéias generosos, piedosos; referên-
e outra protestando, Ó filho, a quem eu tinha só para
cia ao protagonista da Eneida, de Virgílio.
refrigério e doce amparo desta cansada já velhice
minha, não se acabavam as lamentações, tanto que 4. Aquiles feros: Aquiles bravos, guerreiros; referên-
cia ao protagonista da Ilíada, de Homero.
os montes de mais perto respondiam, quase movidos
de alta piedade (...) 5. Ventura: destino, sorte, experiência de vida.
José Saramago. Memorial do convento.
6. Engenho: habilidade, capacidade.
Em muitas passagens do trecho transcrito, o narrador cita
textualmente palavras de um episódio de Os lusíadas, 7. Tão remisso: acanhado, embotado, negligente,
visando a criticar o mesmo aspecto da vida de Portugal desleixado.
que Camões, nesse episódio, já criticava. O episódio
camoniano e o aspecto criticado são, respectivamente: A leitura atenta da estrofe transcrita de Os lusíadas
a) O Velho do Restelo; a posição subalterna da mu- permite concluir corretamente que:
lher na sociedade tradicional portuguesa. a) Camões antecipa uma das críticas que fará, mais
b) Aljubarrota; a sangria populacional provocada tarde, no epílogo do poema, aos portugueses de
pelos empreendimentos coloniais portugueses. sua época.
c) Aljubarrota; o abandono dos idosos decorrente dos
empreendimentos bélicos, marítimos e suntuários. b) o poeta retoma o mesmo tom ufanista da propo-
d) O Velho do Restelo; o sofrimento popular decor- sição, na qual, logo na apresentação do poema,
rente dos empreendimentos dos nobres. revela seu descontentamento com a decadência
e) Inês de Castro; o sofrimento feminino causado de seu país.
pelas perseguições da Inquisição. c) afastando-se do rigor formal dos decassílabos e
da oitava-rima, o poeta vale-se de uma forma livre,
106. UniCOC-SP criada por ele mesmo.
Podemos afirmar que, na época da expansão mercan-
d) há uma reclusa explícita da influência clássica
tilista, havia duas correntes de opinião em Portugal:
de Virgílio e de Homero, exemplos negativos que
uma fundada em valores medievais, mais preocupada
fazem os portugueses “tão ásperos”, tão “austeros”
com a agricultura e com princípios da velha nobreza
e “tão rudes”.
fundiária; outra voltada para a renovação do perfil
econômico do país, mais preocupada com o comércio e) a citação de heróis da cultura greco-latina, como
e com os princípios da burguesia em ascensão. Aquiles e Enéias, revaloriza elementos tradicionais
Na obra Os lusíadas, uma das cenas marcantes é a de cultura ibérica medieval, que remontam à época
do Velho do Restelo. A partir das afirmações expostas, da dominação romana.
assinale a alternativa correta.
a) O velho se identifica com a segunda corrente 108.
apresentada na afirmação. Dos episódios “Inês de Castro” e “O Velho do Reste-
b) O velho se identifica com a primeira corrente lo”, da obra Os lusíadas, de Luiz de Camões, não é
apresentada na afirmação. possível afirmar que:
c) O velho, como era uma pessoa estudada e de
a) “O Velho do Restelo”, numa antevisão profética,
origem nobre, conhece bem a situação econômica
previu os desastres futuros que se abateriam
de Portugal na época.
sobre a pátria e que arrastariam a nação por-
d) O velho não se posiciona sobre as navegações.
tuguesa a um destino de enfraquecimento e
Seu discurso é sobre questões metafísicas.
marasmo.
e) O velho, por sua idade e falta de sensatez, apre-
senta um discurso que não deve ser avaliado. b) “Inês de Castro” caracteriza, dentro da epopéia
camoniana, o gênero lírico porque é um episódio
107. UniCOC-SP que narra os amores impossíveis entre Inês e seu
Lamentando o descaso dos portugueses, seus con- amado Pedro.
temporâneos, para com a arte da poesia, diz Camões, c) Restelo era o nome da praia em frente ao templo
em Os lusíadas: de Belém, de onde partiam as naus portuguesas
Por isso, e não por falta de natura, nas aventuras marítimas.
Não há também Virgílios nem Homeros;
d) Tanto “Inês de Castro” quanto “O Velho do Restelo”
Nem haverá, se este costume dura, são episódios que ilustram poeticamente diferentes
Pios Enéias nem Aquiles feros. circunstâncias da vida portuguesa.
Mas o pior de tudo é que a ventura
e) O Velho, um dos muitos espectadores na praia,
Tão ásperos os fez, e tão austeros, engrandecia com sua fala as façanhas dos navega-
Tão rudes e de engenho tão remisso, dores, a nobreza guerreira e a máquina mercantil
Que a muitos lhe dá pouco ou nada disso. lusitana.
70
Leia o texto a seguir e responda às questões de Estavas, linda Inês, posta em sossego,
109 a 111. De teus anos colhendo doce fruito,
As armas e os barões assinalados, Naquele engano da alma ledo e cego,
Que, da Ocidental praia lusitana, Que a fortuna não deixa durar muito,
Por mares nunca dantes navegados, Nos saudosos campos do Mondego,
Passaram muito além da Taprobana, De teus fermosos olhos nunca enxuito,
Entre perigos e guerras esforçados, Aos montes ensinando e às ervinhas,
Mais do que prometia a força humana. O nome que no peito escrito tinhas.
Entre gente remota edificaram
Novo reino, que tanto sublimaram: Os lusíadas, obra de Camões, exemplificam o gênero épi-
E também as memórias gloriosas co na poesia portuguesa, entretanto oferecem momentos
Daqueles reis que foram dilatando em que o lirismo se expande, humanizando os versos. O
episódio de Inês de Castro, do qual o trecho exposto faz
A Fé, o Império, e as terras viciosas
parte, é considerado o ponto alto do lirismo camoniano
De África e Ásia andaram devastando, inserido em sua narrativa épica. Desse episódio, como
E aqueles que por obras valerosas um todo, pode afirmar-se que seu núcleo central:
Se vão da lei da morte libertando: a) personifica e exalta o amor, mais forte que as
Cantando espalharei por toda parte, conveniências e causa da tragédia de Inês.
Se a tanto me ajudar o engenho e a arte. b) celebra os amores secretos de Inês e de D. Pedro
e o casamento solene e festivo de ambos.
Cessem do sábio grego e do troiano
c) tem como tema básico a vida simples de Inês de
As navegações grandes que fizeram; Castro, legítima herdeira do trono de Portugal.
Cale-se de Alexandre e de Trajano d) retrata a beleza de Inês, posta em sossego, ensinan-
A fama das vitórias que tiveram; do aos montes o nome que no peito escrito tinha.
Que eu canto o peito ilustre lusitano e) relata em versos livres a paixão de Inês pela
A quem Netuno e Marte obedeceram. natureza e pelos filhos e sua elevação ao trono
português.
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta. 113. Fuvest-SP
Camões, Os lusíadas, I, pp. 1-3. Considere as seguintes afirmações sobre a fala do
Velho do Restelo, em Os lusíadas:
109.
I. No seu teor de crítica às navegações e conquistas,
Quem são os “barões assinalados” a que se refere o
encontra-se refletida e sintetizada a experiência
poeta na primeira estrofe?
das perdas que causaram, experiência esta já acu-
mulada na época em que o poema foi escrito.
110.
Na segunda estrofe, o poeta aponta dois dos motivos II. As críticas aí dirigidas às grandes navegações e
que, segundo ele, teriam levado os portugueses à às conquistas são relativizadas pelo pouco crédito
expansão marítima. atribuído a seu emissor, já velho e com um “saber
a) Aponte os versos em que esses motivos estão só de experiências feito”.
explicitados. III. A condenação enfática que aí se faz à empresa
b) Explique os sentidos desses versos. das navegações e conquistas revela que Camões
c) Aponte uma passagem da obra que desmente a teve duas atitudes em relação a ela: tanto criticou
visão expressa pelo poeta nesses versos. o feito quanto o exaltou.
Indique:
Amo-te assim desconhecida e obscura,
a) a diferença entre o texto original e o segundo, em
Tuba de alto clangor, lira singela,
função da descrição da terra;
que tens o trom e o silvo da procela
b) o período literário a que corresponde cada texto. E o arrolo da saudade e da ternura!
73
Amo o teu viço agreste e o teu aroma b) Assim, quando o batel chegou à foz do rio, esta-
De virgens selvas e de oceano largo! vam ali dezoito ou vinte homens pardos, todos
Amo-te, ó rude e doloroso idioma, nus, sem nenhuma roupa que lhes cobrisse suas
vergonhas.
Em que da voz materna ouvi: “meu filho!” c) Mas a terra em si é muito boa de ares, tão frio e
E em que Camões chorou, no exílio amargo, temperados como os de Entre-Douro e Minho, por-
O gênio sem ventura e o amor sem brilho! que, neste tempo de agora, assim os achávamos
como os de lá. Águas são muitas e infindas. De
Olavo Bilac, Tarde (1919) tal maneira é graciosa que, querendo aproveitá-la,
Língua dar-se-á nela tudo por bem das águas que tem.
(a Violeta Gervaiseau) d) Porém o melhor fruto, que dela se pode tirar, me
Gosto de sentir a minha língua roçar parece que será salvar esta gente. E esta deve
A língua de Luís Camões. ser a principal semente que Vossa Alteza em ela
Gosto de ser e de estar deve alcançar.
E quero me dedicar e) Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão
A criar confusões de prosódia traz consigo; tomaram-no logo na mão e acenaram
E uma profusão de paródias para a terra, como quem diz que os havia ali.
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões. 131. Unama-PA
Gosto do Pessoa na pessoa Seguimos nosso caminho por este mar de longo
Da rosa no Rosa, Até a oitava da Páscoa
E sei que a poesia está para a prosa Topamos aves
Assim como o amor está para a amizade. E houvemos vista de terra
E quem há de negar que esta lhe é superior?
E deixa os portugais morrerem à míngua, Os selvagens
“Minha pátria é minha língua” Mostraram-lhes uma galinha
– Fala Mangueira! Quase haviam medo dela
Flor do Lácio Sambódromo E não queriam pôr a mão
Lusamérica latim em pó E depois a tomaram como espantados
O que quer
O que pode primeiro chá
Esta língua? Depois de dançarem
Caetano Veloso, em Velô (1984) Diogo Dias
Além de Luís de Camões, que aparece mencionado Fez o salto real
nos dois textos, o poema de Caetano menciona outros
dois escritores. Cite pelo menos uma obra importante as meninas da gare
de cada um destes dois literatos. Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis
Com cabelos mui pretos pelas espáduas
129. E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
Leia o texto seguinte, retirado de um poema de Ca- Que de nós as muito bem olharmos
mões. Não tínhamos nenhuma vergonha.
Aquela cativa Oswald de Andrade, Poesias reunidas
133. Ufla-MG
Os excertos mostrados, de poetas da 1ª fase do Mo- Todas as alternativas sobre o Padre José de Anchieta
dernismo, têm seu referencial na origem e na formação são corretas, exceto:
da Literatura Brasileira. Assinale a alternativa que a) Foi o mais importante jesuíta em atividade no Brasil
identifica esse referencial. do século XVI.
a) Literatura dos jesuítas — Auto de São Lourenço b) Foi o grande orador sacro da língua portuguesa,
com seus sermões barrocos.
b) Literatura dos viajantes — Carta do Descobrimento
c) Estudou o tupi-guarani, escrevendo uma cartilha
c) Literatura dos viajantes — Tratado da terra do sobre a gramática da língua dos nativos.
Brasil d) Escreveu tanto uma literatura de caráter informa-
tivo como de caráter pedagógico.
d) Seiscentismo — Prosopopéia
e) Suas peças apresentam sempre o duelo entre
e) Seiscentismo — Sermão da sexagésima anjos e diabos.
Capítulo 3
134. UniCOC-SP O tempo cobre o chão de verde manto,
É correto afirmar que a estética barroca se valeu de: Que já coberto foi de neve fria,
a) um acentuado equilíbrio em suas manifestações E em mim converte em choro o doce canto.
artísticas, em que o homem se sente capaz de
igualar as capacidades dos deuses, que sempre E afora este mudar-se cada dia,
o favorecem.
Outra mudança faz de mor espanto:
b) uma insatisfação em relação à vida de sua época,
Que não se muda já como soía.
dando destaque ao sofrimento amoroso e à reli-
Luís Vaz de Camões
giosidade inata do homem.
c) uma linguagem rebuscada, entremeada de inver-
Texto 2
sões e figuras, mostrando um homem em conflito
É a vaidade, Fábio, nesta vida,
entre o pecado e o perdão divino.
Rosa, que da manhã lisonjeada,
d) um requinte formal, de uma linguagem castiça em
sonetos que muitas vezes procuravam descrever Púrpuras mil, com ambição dourada,
objetos raros e preciosos, como vasos e taças. Airosa rompe, arrasta presumida.
e) uma postura bastante otimista, pois o cientificismo
da época valoriza especialmente a ação humana. É planta, que de abril favorecida,
Por mares de soberba desatada,
135. UniCOC-SP Florida galeota empavesada
Texto 1 Sulca ufana, arrasta destemida.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança; É nau, enfim, que em breve ligeireza,
Todo o mundo é composto de mudança, Com presunção de Fênix generosa,
Tomando sempre novas qualidades. Galhardias apresta, alentos preza:
PV2D-07-POR-34
Continuamente vemos novidades, Mas ser planta, ser rosa, nau vistosa,
Diferentes em tudo da esperança; De que importa, se aguarda sem defesa
Do mal ficam as mágoas na lembrança, Penha a nau, ferro a planta, tarde a rosa?
E do bem (se algum houve...) as saudades. Gregório de Matos
75
Assinale a alternativa correta sobre os textos dados. Todas as características barrocas citadas podem ser
a) O texto 1 é claro exemplo de poesia neoclássica, identificadas no texto, exceto:
enquanto o texto 2 é nitidamente barroco. a) gosto pelas antíteses.
b) A temática de ambos é a mesma: o desconcerto b) jogo de palavras.
do mundo. c) contraposição de espírito e matéria.
d) jogo de idéias.
c) Enquanto o texto 1 aborda a temática do descon-
e) raciocínio rebuscado.
certo do mundo, o texto 2 combate a vaidade e o
culto da aparência.
138. Fuvest-SP
d) O texto 1 é exemplo de poema cuja temática é a
O cultismo e o conceptismo, aspectos contrastantes
frustração amorosa, assunto sutilmente abordado
fundidos no Barroco, relacionam-se respectivamente
no texto 2.
a todas as oposições a seguir, exceto:
e) O texto 2 é um caso de poesia encomiástica, em
que se presta homenagem a alguém, no caso a a) forma e conteúdo. d) vida e morte.
Fábio, possivelmente um amigo do poeta. b) sentidos e inteligência. e) fantasia e raciocínio.
c) imaginação e razão.
136. UFPB
Leia o texto abaixo e responda ao que se pede. 139.
Soneto da separação Ofendido vos tem minha maldade,
É verdade, Senhor, que hei delinqüido,
De repente do riso fez-se o pranto Delinqüido vos tenho, e ofendido,
Silencioso e branco como a bruma Ofendido vos tem minha maldade.
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto. Maldade que encaminha a vaidade,
Vaidade que todo me há vencido,
De repente da calma fez-se o vento Vencido que ver-me e arrependido,
Que dos olhos desfez a última chama Arrependido a tanta enormidade.
E da paixão fez-se o pressentimento Gregório de Matos
E do momento imóvel fez-se o drama. Que aspectos da arte barroca são encontrados no
trecho exposto?
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante 140. UFPE
E de sozinho o que se fez contente. Discreta e formosíssima Maria
Enquanto estamos vendo a qualquer hora
Fez-se do amigo próximo o distante Em tuas faces a rosada Aurora,
Fez-se da vida uma aventura errante
Em teus olhos e boca, o sol e o dia:
De repente, não mais que de repente.
............................................................
Vinícius de Moraes
Goza, goza da flor da mocidade
Um dos recursos instaurados pela contemporaneidade Que o tempo trata a toda ligeireza
poética é a “liberdade de expressão”, que possibilitou, E imprime em toda flor sua pisada.
inclusive, a permanência de modelos clássicos do
Gregório de Matos
fazer poético. Em Soneto da separação, observa-se
o resgate da forma fixa, além do uso da antítese para
Boa-noite, Maria! Eu vou-me embora,
expressar a angústia da separação.
A lua nas janelas bate em cheio.
a) Retire do poema duas antíteses.
Boa-noite, Maria! É tarde...é tarde...
b) Que estilo de época acrescenta à presença de
antíteses o exagero expressivo como reflexo de Não me apertes assim contra teu seio.
um intenso conflito espiritual? .........................................................
Mas não me digas descobrindo o peito
137. Fuvest-SP
Mar de amor onde vagam meus desejos
Leia atentamente o texto.
Entre os semeadores do Evangelho há uns que saem Castro Alves
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia. Em todo o Sacramento está Deus todo,
E todo assiste inteiro em qualquer parte,
Depois da luz, se segue a noite escura,
E feito em partes todo em toda a parte,
Em tristes sombras morre a formosura, Em qualquer parte sempre fica todo.
Em contínuas tristezas e alegria.
146. Ufla-MG
Na estrofe acima, de um soneto de Gregório de Matos
Assinale a alternativa que contém características
Guerra, a principal característica do Barroco é:
incompatíveis com o estilo de época conhecido por
a) o culto da Natureza. Barroco.
b) a utilização de rimas alternadas. a) Contradições, sobrenatural humanizado, céu e
c) a forte presença de antíteses. terra ligados.
b) Gosto pela polêmica, pelo panfleto, colisão de cores
d) o culto do amor cortês. e excesso de relevos.
e) o uso de aliterações. c) Sentido de universalidade, racionalismo e objeti-
vidade.
143. d) As coisas, pessoas e ações não são descritas, mas
Duas atitudes diferentes, dois diferentes processos: apenas evocadas e refletidas através da visão das
a atitude sensual de rebusca do mais pulcro e personagens.
fulgurante para o encanto dos olhos; a atitude in- e) Largo sentimento de grandiosidade e esplendor, de
telectual, que formula o conceito engenhoso, para pompa e grandeza heróica, expressos na tendência
deliciado pasmo do espírito dialético. De comum, ao exagero e ao hiperbólico.
apenas o objetivo de surpreender pela singularidade
espantosa. 147. Uniube-MG
Hernâni Cidade Castigada, desfeita, malograda, [a mariposa]
Quais são os dois processos a que se refere o crítico Por ousada, por débil, por briosa,
português, respectivamente? Ao raio, ao resplendor, à luz formosa,
Cai triste, fica vã, morre abrasada.
144.
O texto lembra que na estética barroca foram fre-
Sobre cultismo e conceptismo, os dois aspectos qüentes:
construtivos do Barroco, assinale a única alternativa a) a tendência ao narrativo, a impessoalidade da
incorreta. expressão e do léxico, a concisão.
a) O cultismo opera através de analogias sensoriais, b) a economia de recursos de estilo, o uso de léxico
valorizando a identificação dos seres por metáfo- não-poético, a reiteração das idéias.
ras. O conceptismo valoriza a atitude intelectual, c) a prolixidade, a tendência ao descritivo, a reitera-
a argumentação. ção das idéias.
PV2D-07-POR-34
b) Cultismo e conceptismo são partes construtivas do d) o uso intenso de metáforas, a extrema contenção,
Barroco que não se excluem. É possível localizar a economia de recursos expressivos.
no mesmo autor e até no mesmo texto os dois e) o uso de contrastes, a impessoalidade da expres-
elementos. são, o uso de léxico não-poético.
77
148. FCC-BA a) O amor divino pode salvar o ser humano do conflito
de confiar na infinitude do pecado.
Teme o fim, flor ufana, que a temê-lo
b) Como o amor de Cristo é muito maior que o pecado
A própria formosura te convida. do indivíduo, a salvação é certa.
c) A razão que o poder divino impõe ao ser humano
A vós divinos olhos, eclipsados, faz com que ele confie no amor e na salvação.
De tanto sangue e lágrimas cobertos, d) O amor de Cristo, infinito, faz o poeta desejar o fim
Pois, para perdoar-me, estais despertos do ato de pecar.
E, por não condenar-me, estais fechados. e) O conflito divino induz o ser humano a buscar o
O texto barroco, conforme lembram os excertos mos- amor infinito com a salvação.
trados, não raro:
a) se angustia com a fatuidade e a brevidade da exis- 151. Cefet-PR
tência e busca a redenção pela religiosidade. Queimada veja eu a terra,
b) traz ao leitor uma visão paradisíaca da existência, onde o torpe idiotismo
abençoada pelo sacrifício da divindade. chama aos entendidos néscios,
c) é fortemente moralista e exorta o homem a des- aos néscios chama entendidos.
prezar os prazeres e a vida terrena, porque a Queimada veja eu a terra,
divindade o espreita, sempre vigilante. Onde em casa, e nos corrilhos
d) é densamente espiritualizado, fortemente religio- Os asnos me chamam d’asno,
so e descompromissado com a observação da
Parece coisa de riso.
realidade física e com os aspectos materiais do
mundo. Eu sei de um clérigo zote
e) é fortemente emocionado e, por conseqüência, Parente em grau conhecido
valoriza a capacidade do indivíduo de fruir os Destes, que não sabem musa, mau grego e pior latim
aspectos positivos que o mundo lhe oferece. Famoso em cartas, e dados
(...)
149. USF-SP Ambicioso, avarento,
Que és terra, homem, e em terra hás de tornar-te, Das próprias negras amigo.
Te lembrar hoje Deus por sua Igreja;
No fragmento poético-satírico mostrado, o poeta
De pó te fez espelho, em que se veja
Gregório de Matos, ao sair da Bahia colonial, escreve
A vil matéria, de que quis formar-te. sobre essa sociedade e seus integrantes. Podemos
Conforme sugere o excerto, o poeta barroco não raro afirmar que, nesse fragmento, o poeta:
expressa: a) demonstra grande apreço pela sociedade baiana.
a) o medo de ser infeliz; uma imensa angústia em
b) reforça o preconceito em relação ao elemento
face da vida, a que não consegue dar sentido; a
negro.
desilusão diante da falência de valores terrenos e
divinos. c) fortalece uma visão positiva do consórcio das
raças.
b) a consciência de que o mundo terreno é efêmero
e vão; o sentimento de nulidade diante do poder d) usa de antítese, característica da linguagem bar-
divino. roca, para exaltar os baianos.
c) a percepção de que não há saídas para o homem; e) descreve de modo imparcial o meio colonial baiano.
a certeza de que o aguardam o inferno e a desgra-
ça espiritual. 152.
d) a necessidade de ser piedoso e caritativo, paralela Que é terra, homem, e em terra hás de tornar-te,
à vontade de fruir até as últimas conseqüências o Te lembra hoje Deus por sua Igreja;
lado material da vida. De pó te faz espelho em que se veja
e) a revolta contra os aspectos fatais que os deuses A vil matéria de que quis formar-te.
imprimem a seu destino e à vida na terra. Lembra-te Deus, que és pó para humilhar-te,
E como o teu baixel sempre fraqueja
150. ESPM-SP
Nos mares da vaidade, onde peleja,
Considere os versos: Te põe à vista a terra, onde salvar-te.
Mui grande é Vosso amor e meu delito; Alerta, alerta pois, que o vento berra.
Porém pode ter fim todo o pecar, E se assopra a vaidade, e incha o pano,
E não o Vosso amor, que é infinito. Na proa a terra tens, amaina, e ferra.
175. UEL-PR
O techo ilustra:
Assinale a alternativa cujos termos preenchem corre-
a) a poesia erótica de Gregório de Matos, inspirada na tamente as lacunas do texto inicial.
vida nos prostíbulos da cidade da Bahia e que deu
Como bom barroco e oportunista que era, este poeta de
origem à alcunha do poeta, “Boca do inferno”.
um lado lisonjeia a vaidade dos fidalgos e poderosos,
b) a poesia lírica de Gregório de Matos, voltada para de outro investe contra os governadores, os “falsos fi-
a temática filosófica, em linguagem marcada pelos dalgos”. O fato é que seus poemas satíricos constituem
recursos da estética barroca. um vasto painel .................., que .............................
c) a poesia satírica de Gregório de Matos, dedicada compôs com rancor e engenho ainda hoje admirados
à descrição fiel da sociedade da época, utilizando pela expressividade.
recursos expressivos característicos do barroco a) do Brasil do século XIX – Gregório de Matos
português. b) da sociedade mineira do século XVIII – Cláudio
d) a poesia erótica de Gregório de Matos, carac- Manuel da Costa
terizada pela crítica aos comportamentos e às c) da Bahia do século XVII – Gregório de Matos
autoridades baianas da época colonial. d) do ciclo da cana-de-açúcar – Antônio Vieira
e) a poesia satírica de Gregório de Matos, que re- e) da exploração do ouro em Minas – Cláudio Manuel
presenta, no conjunto de sua obra, uma fuga aos da Costa
moldes barrocos e ataca, no linguajar baiano da
época, costumes e personalidades. 176. UEL-PR
Identifique a afirmação que se refere a Gregório de
174. PUC-SP Matos.
“Aos afetos, e lágrimas derramadas na ausência da a) No seu esforço de criação da comédia brasileira,
dama a quem queria bem.” realiza um trabalho de crítica que encontra segui-
dores no Romantismo e mesmo no restante do
Soneto século XIX.
Ardor em firme coração nascido;
b) Sua obra é uma síntese singular entre o passado
Pranto por belos olhos derramado;
e o presente: ainda tem os torneios verbais do
Incêndio em mares de águas disfarçado;
quinhentismo português, mas combina-os com a
Rio de neve em fogo convertido:
paixão das imagens pré-românticas.
Tu, que em um peito abrasas escondido; c) Dos poetas arcádicos eminentes, foi sem dúvida
Tu, que em um rosto corres desatado; o mais liberal, o que mais claramente manifestou
Quando fogo, em cristais aprisionado; as idéias da ilustração francesa.
Quando cristal em chamas derretido. d) Teve grande capacidade em fixar num lampejo os
vícios, os ridículos, os desmandos do poder local,
Se és fogo como passas bradamente, valendo-se para isso do engenho artificioso que
Se és neve, como queimas com porfia? caracterizava o estilo da época.
Mas ai, que andou Amor em ti prudente! e) Sua famosa sátira à autoridade portuguesa na
Minas do chamado ciclo do ouro é prova de que
Pois para temperar a tirania, seu talento não se restringia ao lirismo amoroso.
Como quis que aqui fosse a neve ardente,
Permitiu parecesse a chama fria. 177. Fuvest-SP
A poesia lírica de Gregório de Matos subdivide-se em
Considere atentamente as seguintes afirmações sobre amorosa e religiosa.
o poema de Gregório de Matos: a) Quais são os dois modos contrastantes de ver a
I. O par fogo e água, que figura amor e contentação, mulher, em sua lírica amorosa?
passa por variações contrastantes até evoluir para b) Como aparece em sua lírica religiosa a idéia de
o oximoro. Deus e do pecado?
82
178. 180.
Fragmento I Num Brasil colonial, pode-se dizer que Gregório de
Matos Guerra e suas obras:
A nossa Sé da Bahia,
a) funcionaram como nosso primeiro jornal.
como ser um mapa de festas,
b) estão desvinculados do contexto da época tanto
é um presépio de bestas,
local como universalmente.
se não for estrebaria:
c) surgem de maneira postiça, sem relação com os
Fragmento II valores do tempo.
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada, d) pregaram com veemência a idéia de emancipação
política.
Recobrai-a; e não queirais, Pastor divino,
e) surgem como anunciantes de uma nova era para
Perder na Vossa ovelha a Vossa glória.
o mundo, cheia de harmonia e de paz.
Fragmento III
181.
Não vira em minha vida a formosura,
Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado
Ouvia falar nela cada dia,
Da vossa alta clemência me despido;
E ouvida, me incitava e me movia
Porque, quanto mais tenho delinqüido,
A querer ver tão bela arquitetura.
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Relacione os textos de poemas de Gregório de Matos
Guerra aos gêneros. Se basta a vos irar tanto um pecado,
Fragmento I ( ) Amoroso A abrandar-vos sobeja um só gemido;
Fragmento II ( ) Sacro Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Fragmento III ( ) Satírico Vos tem para o perdão lisonjeado.
colonial.
e) A obra satírica de Gregório de Matos (de que o so- A imagem da mulher é propositadamente contraditória.
neto é fragmento) é um espelho, visão e denúncia Como se percebe tal contradição? Qual é a relação
de sua época. entre essa contradição e o estilo barroco?
83
183. Sonetos de Gregório de Matos para as questões
186 a 188.
Das alternativas abaixo, apenas uma não apresenta
Soneto I
características da obra do poeta barroco Gregório de
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Matos. Assinale-a.
Depois da Luz, se segue a noite escura,
a) Sentido vivo de pecado aliado à busca do perdão
Em tristes sombras morre a formosura,
e da pureza espiritual.
Em contínuas tristezas a alegria.
b) Poesia com força crítica poderosa, pessoal e
social, chegando à irreverência e à obscenidade. Porém se acaba o Sol, por que nascia?
c) Destaca a beleza física da amada e a sua transi- Se formosa a Luz é, por que não dura?
toriedade. Como a beleza assim se transfigura?
d) Realça a beleza da flora, da fauna e da paisagem Como o gosto da pena assim se fia?
brasileiras, em manifestação nativista.
e) Tentativa de conciliar elementos contraditórios, Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
busca da unidade sob a diversidade. Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
184. UEBA
A respeito de Gregório de Matos, é correto afirmar Começa o mundo enfim pela ignorância,
que: E tem qualquer dos bens por natureza
a) as poesias atribuídas a ele dividem-se em amoro- A firmeza somente na inconstância.
sas, religiosas, encomiásticas, satíricas e fesceni-
nas. Soneto II
Discreta, e formosíssima Maria,
b) embora conhecido como “Boca do Inferno”, escre-
Enquanto estamos vendo a qualquer hora
veu poesias satíricas sem nenhum poder de crítica,
Em tuas faces a rosada Aurora,
cujos versos não passam de meros “destemperos
Em teus olhos, e boca o Sol, e o dia:
verbais”.
c) nas poesias amorosas e religiosas, afastou-se Enquanto com gentil descortesia
do português erudito, chegando a criar um estilo O ar, que fresco Adônis te namora,
notadamente brasileiro. Te espalha a rica trança voadora,
d) não foi um poeta cultista, como era de se esperar; Quando vem passear-te pela fria:
enveredou pelo conceptismo para poder expressar
as tensões do espírito barroco. Goza, goza da flor da mocidade,
e) por desprezar a contribuição da linguagem bra- Que o tempo trota a toda ligeireza,
sileira, criou uma poesia, no geral, monótona, E imprime em toda a flor sua pisada.
salvando-se apenas nos poemas fesceninos
(obscenos). Oh não aguardes, que a madura idade
Te converta essa flor, essa beleza
185. Unimep-SP
Há, em Gregório de Matos, ressonância da poesia de Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.
Camões. Os versos camonianos: Amor é fogo que arde
sem se ver / É ferida que dói e não se sente; / É um 186.
contentamento descontente; / É dor que desatina sem Identifique a temática comum aos dois sonetos – a
doer influenciaram que versos do poeta brasileiro? qual é também comum na arte barroca.
a) Ardor em firme coração nascido
187.
Pranto por belos olhos derramado;
Identifique, nos dois textos, exemplos de antíteses.
Incêndio em mares d’água disfarçado.
188.
b) E quer meu mal, dobrando os meus tormentos,
Encontre, no soneto I, argumentos que justificam o
Que esteja morto para as esperanças,
conselho dado pelo eu lírico a Maria, no texto II.
E que ande vivo para os sentimentos.
189.
c) Ó tu do meu amor fiel traslado
Mariposa, entre chamas consumida, Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Pois se à força do ardor perdes a vida, Depois da Luz se segue a noite escura,
A violência do fogo me há prostrado. Em tristes sombras morre a formosura,
d) Ontem, a amar-vos me dispus; e logo Em contínuas tristezas a alegria.
Senti dentro de mim tão grande chama,
Que vendo arder-me na amorosa flama. Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
e) Essas luzes de amor ricas, e belas
Vê-las basta uma vez, para admirá-las, Como a beleza assim se transfigura?
Que vê-las outra vez, irá ofendê-las. Como o gosto da pena assim se fia?
84
Mas no Sol e na Luz falte a firmeza, Texto II
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza. O tempo não pára
Mas oh! Do meu segredo alto conceito! reconhecer conflitos pessoais, expõe as mazelas que
Pois não chegam a vir à boca os tiros cercam o ser humano em geral. Transcreva, de cada
Dos combates que vão dentro do peito. autor (texto I e texto II), dois versos seguidos que
Gregório de Matos Guerra. Sonetos. confirmem tal afirmativa.
85
Leia os textos abaixo e responda às questões 193 195. UFU–MG
e 194. Leia o poema a seguir.
Texto I Definição do Amor
Bela Floralva, se Amor (...)
me fizesse abelha um dia, Uma ferida sem cura,
uma chaga, que deleita,
em todo o tempo estaria um frenesi dos sentidos,
picando na vossa flor: desacordo das potências.
e quando a vosso rigor Uma dor, que se não cala,
quisesse dar-me de mão pena, que sempre atormenta,
manjar, que não enfastia,
por guardar a flor, então,
um brinco, que sempre enleva.
tão abelhudo eu andara, O Amor é finalmente
que em vós logo me vingara um embaraço de pernas,
com vos meter o ferrão. uma união de barrigas,
um breve tremor de artérias.
Texto II Uma confusão de bocas,
Que falta nesta cidade?......................Verdade. uma batalha de veias,
Que mais por sua desonra?..................Honra. um rebuliço de ancas,
quem diz outra coisa, é besta.
Falta mais que se lhe ponha?.............Vergonha.
Gregório de Matos, Antologia poética.
O demo a viver se exponha
Marque a alternativa correta.
por mais que a fama a exalta
a) O Gregório de Matos barroco abandona o estilo
numa cidade onde falta clássico, de tema e tratamento nobres e superio-
Verdade, Honra, Vergonha. res, optando por temas prosaicos, e redimensiona
a forma literária elevada para composições mais
(...)
populares, o que implica na conservação do de-
E nos Frades há manqueiras?.............Freiras. cassílabo, como no poema acima.
Em que ocupam os serões?..................Sermões. b) No soneto “Amor é fogo que arde sem se ver”, Camões
não alcança a definição exata do Amor, definindo-o
Não se ocupam em disputas?..............Putas. pelas indefinições, por considerá-lo um sentimento
Com palavras dissolutas contraditório. Nesse sentido, os versos acima são
uma paráfrase ao famoso poema camoniano.
me concluís na verdade,
c) A vertente maneirista da obra poética de Gregório
que as lidas todas de um frade de Matos é pautada pelas tensões oriundas da
são Freiras, Sermões e Putas. Contra-Reforma, que alertava sobre a fragilidade
humana e a conseqüente necessidade de valorizar
o espiritual. A vertente barroca é voltada para o
O açúcar já se acabou?.......................Baixou. prazer, o riso e a festa: as delícias da vida terrena.
E o dinheiro se extinguiu?..................Subiu. O poema em questão é da vertente maneirista.
d) A partir do verso “O amor é finalmente”, o poeta
Logo já convalesceu?..........................Morreu. afasta as antíteses que corroboram as contradi-
À Bahia aconteceu ções do amor espiritualizado, resumindo o amor
o que a um doente acontece, aos aspectos físicos desse sentimento.
Nos olhos Caitutu não sofre o pranto, Que entre penhas tão duras se criara
E rompe em profundíssimos suspiros, Uma alma terna, um peito sem dureza!
Lendo na testa da fronteira gruta
De sua mão já trêmula gravado c) Musas, canoras musas, este canto
O alheio crime e a voluntária morte. Vós me inspirastes, vós meu tenro alento
Erguestes brandamente àquele assento
Texto D ( )
Que tanto, ó musas, prezo, adoro tanto.
O todo sem a parte não é todo;
A parte sem o todo não é parte;
d) Meu ser evaporei na lida insana
Mas se a parte faz o todo, sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo todo. Do tropel das paixões que me arrastava,
Ah! cego eu cria, ah! mísero eu sonhava
Preencha os parênteses anteriores dos textos dados, Em mim, quase imortal, a essência humana!
obedecendo à seguinte convenção:
I. Gregório de Matos e) Não vês, Nise, este vento desabrido,
II. Tomás Antônio Gonzaga Que arranca os duros troncos ? Não vês esta,
III. Basílio da Gama Que vem cobrindo o Céu, sombra funesta,
IV. Cláudio Manuel da Costa Entre o horror de um relâmpago incendido?
88
206. UFV-MG c) A revelação sincera de si próprio e a confissão
Leia o texto a seguir e faça o que se pede. do padecimento que o inquieta levam o poeta a
romper com o decálogo arcádico, prenunciando a
Ornemos nossas testas com as flores poética romântica.
E façamos de feno um brando leito; d) A desesperança, o abatimento e a solidão, pre-
Prendamo-nos, Marília, em laço estreito, sentes nas liras escritas depois da prisão do autor,
revelam contraste com as primeiras, concentradas
Gozemos do prazer de sãos amores.
na conquista galante da mulher amada.
Sobre as nossas cabeças,
e) Embora tenha a estrutura de um diálogo, o texto
Sem que o possam deter, o tempo corre, é um monólogo – só Gonzaga fala e raciocina.
E para nós o tempo, que se passa,
Também, Marília, morre. 208. UFV-MG
Tomás Antônio Gonzaga, Marília de Dirceu, Lira XIV. Leia a estrofe de Tomás Antônio Gonzaga e faça o
que se pede.
Todas as alternativas a seguir apresentam caracte-
rísticas do Arcadismo, presentes na estrofe anterior, Os teus olhos espalham a luz divina,
exceto: A quem a luz do sol em vão se atreve;
a) o ideal de ÁUREA MEDIOCRIDADE, que leva Papoila ou rosa delicada e fina
o poeta a exaltar o cotidiano prosaico da classe
média. Te cobre as faces, que são cor da neve.
b) tema do CARPE DIEM – uma proposta para se Os teus cabelos são uns fios de ouro;
aproveitar a vida, desfrutando o ócio com digni- Teu lindo corpo bálsamo vapora.
dade. Ah! não, não fez o Céu, gentil Pastora,
c) o ideal de uma existência tranqüila, sem extremos,
Para glória de amor igual Tesouro.
espelhada na pureza e amenidade da natureza.
d) a fugacidade do tempo, a fatalidade do destino, a Tomás Antônio Gonzaga, Marília de Dirceu, Lira XIV. Parte I, Lira I.
impede-o de abordar problemas pessoais. Costa, Silva Alvarenga e Basílio da Gama, carac-
b) A interpelação feita a Marília muitas vezes é pre- teriza-se como expressão da angústia metafísica
texto para o poeta celebrar sua inocência e seu e religiosa desses poetas, divididos entre a busca
destemor diante das acusações feitas contra ele. da salvação e o gozo material da vida.
89
210. UFV-MG 213. Mackenzie-SP
Fazendo um paralelo entre Romantismo e Arcadismo, Assinale a alternativa em que os versos evidenciam
podemos concluir que: ideais do Arcadismo.
a) o Arcadismo prenuncia o Romantismo porque já
apresenta ruptura radical com os cânones literários a) Meu canto de morte,
clássicos. Guerreiros, ouvi:
b) o Arcadismo antecede o Romantismo na evasão Sou filho das selvas,
da realidade pelo sonho, pela fantasia e pelo Nas selvas cresci;
mergulho nas profundezas do “eu”. Guerreiros, descendo
c) o Romantismo prolonga aspectos do Arcadismo na Da tribo tupi.
idealização da natureza, da mulher e do amor.
d) o Romantismo dá continuidade ao Arcadismo na b) Torno a ver-vos, ó montes; o destino
atração pelos conflitos entre a alma e a matéria. Aqui me torna a pôr nestes oiteiros;
e) o Arcadismo e o Romantismo perseguem o ideal de Onde um tempo os gabões deixei grosseiros
expressão livre de esquemas preestabelecidos. Pelo traje da Corte rico, e fino.
E para nós o tempo, que se passa, d) da sátira de Tomás Antônio Gonzaga ao governa-
dor de Minas.
Também, Marília, morre.
e) ambivalência cultural na poesia de Cláudio Manuel
Tomás Antônio Gonzaga. da Costa.
91
218. ITA-SP Nos versos anteriores, de Cláudio Manuel da Costa,
exemplifica-se o seguinte traço da lírica arcádica:
Torno a ver-vos, ó montes; o destino a) valorização das circunstâncias biográficas do
Aqui me torna a pôr nestes oiteiros; poeta.
Onde um tempo os gabões deixei grosseiros
b) imaginação delirante de paisagens exóticas.
Pelo traje da Corte rico, e fino.
c) valorização das classes humildes, opostas às
Aqui estou entre Almendro, entre Corino, aristocráticas.
Os meus fiéis, meus doces companheiros, d) representação da natureza amena e do sentimento
Vendo correr os míseros vaqueiros bucólico.
Atrás de seu cansado desatino. e) representação da natureza como espelho das
fortes paixões.
Se o bem desta choupana pode tanto,
Que chega a ter mais preço, e mais valia, 221. UFV-MG
Que da Cidade o lisonjeiro encanto; Sobre o Arcadismo, anotamos:
1. desenvolvimento do gênero lírico, em que os poe-
Aqui descanse a louca fantasia; tas assumem postura de pastores e transformam
E o que té agora se tornava em pranto, a realidade num quadro idealizado.
Se converta em afetos de alegria. 2. composição do poema “Vila Rica” por Cláudio
Dadas as asserções: Manoel da Costa, o Glauceste Satúrnio.
I. O poema manifesta o conflito do poeta, homem 3. predomínio da tendência mística e religiosa, ex-
nativista provinciano, ligado à terra natal, cuja pressiva da busca do transcendente.
formação superior deu-se na metrópole. 4. propagação de manuscritos anônimos de teor
II. O poema mostra como o autor soube explorar a satírico e conteúdo político, atribuídos a Tomás
característica principal do Arcadismo: a celebração Antônio Gonzaga.
da vida urbana pelo intelectual, consciente das 5. presença de metáforas da mitologia grega na poe-
dificuldades da vida no campo. sia lírica, divulgando as idéias dos inconfidentes.
III. O poema manifesta a preocupação do poeta com
os problemas sociais da época: transferência de Considerando as anotações anteriores, assinale a
riquezas da colônia para a metrópole, oriundas alternativa correta.
da pecuária e empobrecimento do homem do a) Apenas 1 e 3 são verdadeiras.
campo. b) Apenas 2 e 4 são falsas.
Está(ão) correta(s): c) Apenas 2 e 5 são verdadeiras.
a) Apenas a I. d) I e III. d) Apenas 3 e 5 são falsas.
b) Apenas a II. e) II e III. e) Todas são verdadeiras.
c) I e II.
222. UFES
219. UFV-MG Destes penhascos fez a natureza
Considere as afirmações a respeito do Arcadismo bra- O berço, em que nasci! oh queima cuidara,
sileiro. Todas as alternativas estão corretas, exceto: Que entre penhas tão duras se criara
a) Foi o movimento literário que se desenvolveu Uma alma terna, um peito sem dureza!
no século XVIII, quando o “saber” assumiu uma Amor , que vence os tigres, por empresa
importância fundamental. Tomou logo render-me; ele declara
b) Confirmou um dos princípios ideológicos do Ilumi- Contra o meu coração guerra tão rara,
nismo, por uma forte preocupação com a ciência Que não me foi bastante a fortaleza.
e com o raciocínio.
c) Sob o ponto de vista literário reagiu contra o Bar- Pois mais que eu mesmo conhecesse o dano,
roco, retomando a simplicidade e o bucolismo dos
A que dava ocasião minha brandura,
clássicos.
Nunca pude fugir ao cego engano:
d) Empreendeu uma minuciosa análise do persona-
gem, revelando-nos claramente os traços de seu
corpo e de sua alma. Vós, que ostentais a condição mais dura,
e) Vivenciou uma expressiva transformação social, Temei, penhas, temei; que Amor tirano,
sendo fortemente marcado pelos ideais político- Onde há mais resistência, mas se apura.
filosóficos do enciclopedismo francês. Cláudio Manuel da Costa
ruaruaruasol
220. UEL-PR ruaruasolrua
Sou pastor; não te nego; os meus montados ruasolruarua
São esses, que aí vês; vivo contente solruaruarua
Ao trazer entre a relva florescente ruaruaruas
A doce companhia do meu gado. Ronaldo Azeredo
92
Considerando as obras supracitadas como ilustrativas 224. Mackenzie-SP
da poesia árcade e da poesia concreta, assinale a
opção cuja ordem preenche corretamente as afirma- Leia a posteridade, ó pátrio Rio.
tivas seguintes:
Em meus versos teu nome celebrado,
1. “O __________ é, pois, consciência de integração:
de ajustamento a uma ordem natural, social e – Por que vejas uma hora despertado
literária, decorrendo disso a estética da imitação, O sono vil do esquecimento frio:
por meio da qual o espírito reproduz as formas
naturais, não apenas como elas aparecem à razão, Não vês nas tuas margens o sombrio,
mas como as conceberam e recriaram os bons
Fresco assento de um álamo copado;
autores da Antigüidade.”
Não vês ninfa cantar, pastar o gado
2. “Os elementos de composição característicos da
poesia _________ são a organização geométrica do Na tarde clara do calmoso estio.
espaço e o jogo de semelhanças de significantes.”
3. “Os ___________ se recusavam a uma explora- Turvo banhando as pálidas areias
ção mais completa da psicologia humana, assim Nas porções do riquíssimo tesouro
como se tinham negado a uma concepção mais
O vasto campo da ambição recreias.
imaginativa da linguagem.”
4. “Talvez se pudesse concluir que um poema ___
Que de seus raios o planeta louro ,
_______ seja definido mais ou menos assim: um
tipo de composição poética centrada na utilização Enriquecendo o influxo em tuas veias,
de poucos elementos dispostos no papel de modo Quanto em chamas fecunda, brota em ouro.
a valorizar a distribuição espacial, o tamanho e a
forma dos caracteres tipográficos e as semelhan- O bucolismo presente no texto foge ao modelo árcade.
ças fônicas entre as palavras.” Explique.
5. “A poesia __________ significou o reconhecimento
225.
do poema como objeto também espacial, e da
necessidade de procedimentos composicionais Leia atentamente o texto abaixo e responda ao que
compatíveis com essa realidade.” se pede.
a) 1. Arcadismo; 2. concreta; 3. concretistas; 4. con-
creto; 5. árcade. Ó retrato da morte, ó Noite amiga
b) 1. Concretismo; 2. concreta; 3. concretistas; Por cuja escuridão suspiro há tanto!
4. árcade; 5. concreta. Calada testemunha de meu pranto,
De meus desgostos secretária antiga!
c) 1. Arcadismo; 2. concreta; 3. árcades; 4. concreto;
5. concreta. Pois manda Amor, que a ti somente os diga,
d) 1. Concretismo; 2. árcade; 3. árcades; 4. árcade; Dá-lhes pio agasalho no teu manto;
5. concreta. Ouve-os, como costumas, ouve, enquanto
e) 1. Arcadismo; 2. árcade; 3. árcades; 4. concreto; Dorme a cruel, que a delirar me obriga:
5. árcade.
E vós, ó cortesãos da escuridade,
223. Fantasmas vagos, mochos piadores,
Olha, Marília, as flautas dos pastores Inimigos, como eu, da claridade!
Que bem que soam, como estão cadentes!
Em bandos acudi aos meus clamores,
Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes
Quero a vossa medonha sociedade,
Os zéfiros brincar por entre as flores? Quero fartar meu coração de horrores.
Vê como ali beijando-se os Amores Que traços do texto dado prenunciam o Romantismo, le-
Incitam nossos ósculos ardentes! vando o soneto a classificar-se como pré-romântico?
Ei-las de planta em planta as inocentes,
As vagas borboletas de mil cores! 226. ESPM-SP
Ah! Marília, que tormento
Naquele arbusto o rouxinol suspira, Não tens de sentir saudosa!
Ora nas folhas a abelhinha pára, Não podem ver os teus olhos
Ora nos ares sussurrando gira: A campina deleitosa,
Que alegre campo! Que manhã tão clara!
Nem a tua mesma aldeia,
PV2D-07-POR-34
região da Grécia ligada ao pastoreio e à poesia. c) Os teus cabelos são uns fios d’ouro;
c) A primeira característica do Arcadismo é sua opo- Teu lindo corpo bálsamos vapora.
sição ao Humanismo, defendendo, por isso, uma Ah! não, não fez o Céu, gentil Pastora,
linguagem rebuscada e labiríntica. Para glória de Amor igual tesouro;
95
d) Se estou, Marília, contigo, 241. Mackenzie-SP
Não tenho um leve cuidado; De acordo com o texto, é correto afirmar que:
Nem me lembra se são horas a) “a noite escura e feia” é a razão da tristeza do eu
De levar à fonte o gado; lírico.
b) a natureza, para o eu lírico, é, nesse contexto,
e) Ó florestas! ó relva amolecida,
expressão da morte.
A cuja sombra, em cujo doce leito
c) a perspectiva da morte iminente torna o eu lírico
É tão macio descansar nos sonhos! angustiado.
Arvoredo do vale! derramai-me d) “a alma” está caracterizada como “matéria lânguida”.
Sobre o corpo estendido na indolência e) “a noite escura e feia” transformou-se em noite
O tépido frescor e o doce aroma! iluminada e silenciosa.
98
257. Mackenzie-SP Sobre a obra desses autores, analise as afirmativas
Nos versos acima: abaixo.
a) o eu lírico, ao lamentar as transformações notadas 1. A obra de Gonzaga é exemplar do Arcadismo. O
em seu corpo e alma pela passagem do tempo, tema dos versos anteriores é o carpe diem (gozar
revela-se amoroso homem de meia-idade. a vida presente), escrito numa linguagem amena,
b) que retomam tema e estrutura de uma “canção de sem arroubos, própria do Arcadismo.
amigo”, está expresso o estado de alma de quem 2. Despojada de ousadias sintáticas e vocabulares,
sente a ausência do ser amado. a linguagem arcádica, no poema de Gonzaga,
c) nomeia-se diretamente a figura ironizada pelo eu diferencia-se da linguagem rebuscada usada pelo
lírico, a mulher a quem se poderiam fazer convites Barroco.
amorosos mais ousados.
d) em que se notam diálogo e estrutura paralelística, 3. O texto de Vieira, sendo barroco, está pleno de
o ponto de vista dominante é o do amante que metáforas, de linguagem figurada, de termos inu-
vê seus sentimentos antagônicos refletidos na sitados e eruditos, sendo de difícil compreensão.
natureza. 4. Vieira adota a tendência barroca conceptista que
e) a natureza é o espaço onde o amado se sente à leva para o texto o predomínio das idéias, do ra-
vontade para expressar diretamente à amada suas ciocínio, da lógica, procurando adequar os textos
inclinações sensuais. religiosos à realidade circundante.
Vem, ó Marília, vem lograr comigo Quem vê girar a serpe da irmã no casto seio,
Destes alegres campos a beleza, pasma, e de ira e temor ao mesmo tempo cheio
Destas copadas árvores o abrigo. resolve, espera, teme, vacila, gela e cora,
consulta o seu amor e o seu dever ignora.
Deixa louvar da corte a vã grandeza: Voa a farpada seta da mão, que não se engana;
Quanto me agrada mais estar contigo, Mas ai, que já não vives, ó mísera Indiana!
Notando as perfeições da Natureza!
Bocage, Obras de Bocage. Nesses versos de Silva Alvarença, poeta árcade e
Porto: Lello & Irmão, 1968, p. 142. ilustrado, faz-se alusão ao episódio de uma obra em
Bye bye Brasil que a heroína morre. Assinale a alternativa correta em
Mulher Nordestina – Meu Santo, minha família foi que se mencionam o nome da heroína (1), o título da
embora, meu santo. Filho, nora, neto… Fiquei só com obra (2) e o nome do autor (3).
o meu velho que morreu na semana passada. Agora, a) (1) Moema; (2) Caramuru; (3) Santa Rita Durão.
quero ver o meu povo. Meu santo, me diga, onde é b) (1) Marabá; (2) Marabá; (3) Gonçalves Dias.
que eles foram, meu santo? c) (1) Lindóia; (2) O Uraguai; (3) Basílio da Gama.
Lord Cigano – E eu sei lá? Como é que eu vô d) (1) Iracema; (2) Iracema; (3) José de Alencar.
saber? Quer dizer… eu sei…eu… Eu tô vendo. Eu e) (1) Marília; (2) Marília de Dirceu; (3) Tomás A.
estou vendo a sua família, eles estão a muitas léguas Gonzaga.
daqui.
Mulher Nordestina – Vivos? 275.
Lord Cigano – É, vivos, se acostumando ao Aponte a alternativa em que houver erro.
lugar novo. a) O padre Antônio Vieira, embora sacerdote, foi na-
cionalista (pregou contra os holandeses invasores)
Mulher Nordestina – A gente se acostuma com e se preocupou com problemas sociais (foi contrá-
tudo… Onde é que eles estão agora, meu santo? rio a que os colonos portugueses escravizassem
Lord Cigano – Ah, pêra aí, deixa eu ver! Eu tô os índios).
vendo: eles estão num vale muito verde onde chove b) Gregório de Matos Guerra não passou de um
muito, as árvores são muito compridas e os rios são panfletário; em sua obra satírica, não perdoou a
grandes feito o mar. Tem tanta riqueza lá, que ninguém ninguém; no campo humorístico, chegou à obsce-
precisa trabalhar. Os velhos não morrem nunca e os nidade; no campo lírico, nada produziu; embora
jovens não perdem sua força. É uma terra tão verde… tesoureiro-mor e vigário-geral da catedral da Bahia,
Altamira! não há poesia sua sobre religião levada a sério.
Diálogo do filme Bye bye Brasil (1979). Produzido por Lucy Barreto. c) Uraguai, epopéia de Basílio da Gama, foge a
Escrito e dirigido por Carlos Diegues. estritos moldes camonianos e é sobretudo antije-
suítica.
Os escritores clássicos gregos e latinos produziram d) Santa Rita Durão, quando compõe o Caramuru,
certas fórmulas de expressão que, retomadas ao longo não perde de vista a estrutura formal de Os lusía-
dos tempos, chegaram até nossa modernidade. Uma das.
dessas fórmulas é a chamada tópica do lugar ameno, e) Vida e obra de Tomás Antônio Gonzaga são in-
ou seja, a evocação literária de um recanto ideal, de- dissociáveis de Marília, a quem consagrou muitas
licado, geralmente bucólico, cuja paz e tranqüilidade liras.
servem de palco ao idílio dos amantes e ao sossego
da vida. Simboliza o porto almejado ou o retorno à 276. Cefet-PR
felicidade perdida. Tomando por base este comentário, Marque a alternativa incorreta sobre o Arcadismo
releia os textos em pauta, e, a seguir: brasileiro.
a) aponte, na seqüência de Bye Bye Brasil, dois ele- a) Algumas obras árcades assimilam certa ideologia
mentos da paisagem descrita por Lord Cigano que da época, valorativa da vida natural, do homem
caracterizam Altamira como um lugar ameno; primitivo.
b) localize, no segundo terceto de Bocage, o verso em b) A cosmovisão iluminista, enaltecedora do saber
que se estabelece relação opositiva com a tópica erudito, encontra-se presente em vários poemas
do lugar ameno. dos árcades brasileiros.
102
c) Em Caramuru, obra épica de Santa Rita Durão, 278.
ocorre a apologia do cristianismo.
Este lugar delicioso, e triste,
d) A obra O Uraguai, de Basílio da Gama, liga-se ide-
Cansada de viver, tinha escolhido
ologicamente à política do Marquês de Pombal, à
proporção que retrata de modo positivo a expulsão Para morrer a mísera Lindóia.
dos jesuítas de suas reduções. Lá reclinada, como que dormia,
e) A exaltação da vida simples, do homem natural, Na branda relva, e nas mimosas flores,
do bom selvagem leva os poetas árcades a repu- Tinha a face na mão, e a mão no tronco
diarem em suas obras poéticas o saber erudito. De um fúnebre cipreste, que espalhava
Melancólica sombra. Mais de perto
277. Vunesp
Descobrem que se enrola no seu corpo
Leia os textos a seguir.
Verde serpente, e lhe passeia, e cinge
O Uraguai Pescoço, e braço, e lhe lambe o seio.
(Canto IV – fragmento) (...)
Este lugar delicioso, e triste,
Porém o destro Caitutu, que treme
Cansada de viver, tinha escolhido
Do perigo da irmã, sem mais demora
Para morrer a mísera Lindóia.
Lá reclinada, como que dormia, Dobrou as pontas do arco, quis três vezes
Na branda relva, e nas mimosas flores, Saltar o tiro, e vacilou três vezes
Tinha a face na mão, e a mão no tronco Entre a ira, e o temor. Enfim sacode
De um fúnebre cipreste, que espalhava O arco, e faz voar a aguda seta,
Melancólica sombra. Mais de perto Que toca o peito de Lindóia, e fere
Descobrem que se enrola no seu corpo
A serpente na testa, e a boca, e os dentes
Verde serpente, e lhe passeia, e cinge
Deixou cravadas no vizinho tronco.
Pescoço, e braços, e lhe lambe o seio.
Fogem de a ver assim sobressaltados, Açouta o campo co´a ligeira cauda
E param cheios de temor ao longe; O irado monstro,e em tortuosos giros
E nem se atrevem a chamá-la, e temem Se enrosca no cipreste, e verde envolto
Que desperte assustada, e irrite o monstro, Emnegro sangue o lívido veneno.
E fuja, e apresse no fugir a morte. Leva nos braços a infeliz Lindóia
Basílio da Gama O desgraçado irmão, que ao despertá-la
103
Língua Portuguesa 3 – Gabarito
01. a) II c) I amorosa, da separação segui- II.
b) III d) IV da de sofrimento por parte do a) A personagem que se ex-
02. Os versos em que ocorre a apaixonado trovador, é outra pressa no último verso é a
utilização do paralelismo são: característica trovadoresca moça apresentada na 1ª série
presente. paralelística.
“mentiu-mh o meu amigo:”,
“mentiu per seu grado”, e “mais 14. A confissão de apaixonado do b) Ao dizer que seu observador
bem des aquel dia”, “mais por eu lírico e a presença do amor adivinhou seus sentimentos,
que mh-á mentido,”. Justifica-se cortês identificado na palavra a moça confessa seu sofri-
essa utilização para enfatizar “Senhor” com que é tratada a mento amoroso que, antes,
que o amado havia mentido mulher amada. ela exprimia indireta e disfar-
para o eu-lírico. 15. D çadamente com as cantigas.
O refrão “sanhuda lh’ and’
16. Cantiga de amor: vassalagem 20. Apontar para a mudança no
eu”, presente no final de cada
amorosa (princesa, senhora), vocabulário (mais fácil), em
estrofe, justifica-se para re-
coita (você me arrasou), eu lírico comparação aos textos trovado-
presentar o quanto a jovem
masculino. rescos. Além disso, permanece
ficou zangada com a mentira
do amado. a temática em que a mulher é
17. a) Presença do eu lírico mas-
culino e abordagem da coita um ser superior (vassalagem
03. A 04. B
amorosa. amorosa) que faz o eu lírico
05. A ambientação no litoral é se-
sofrer (coita).
melhante e também a presença b) Pode ser tomada como can-
do refrão em ambas. tiga de maldizer, por mostrar 21. D
06. I. D IV. C uma situação satírica, ou 22. Texto antropocêntrico, pois
II. A V. A maliciosa (uma moça sendo centraliza o foco nas ativi-
vista seminua), envolvendo dades e paixões humanas,
III. B
alguém claramente identi- terrenas.
07. A ficado (Filha de Don Paai 23. a) Atitude “científica”, detalha-
08. a) Refere-se às romarias, even- Moniz).
tos comuns na época. da na observação dos fatos
18. a) Cantiga de maldizer, por históricos.
b) A referência às romarias indi-
apresentar uma crítica direta b) Texto antropocêntrico, pois
cia a religiosidade medieval,
e explícita a alguém cujo centraliza o foco nas ativi-
aspecto fundamental da
nome é, inclusive, citado dades e paixões humanas,
cultura do período, marcada
(Don Meendo) terrenas.
pelo teocentrismo.
b) O trovador acusa o satiri- 24. A
09. C 10. C 11. D
zado de tê-lo roubado (ou
12. a) Em ambos os textos, a 25. O tema do abandono e o
enganado com sua conversa
amada procura desprezar sofrimento decorrente dele
esperta).
o amante ou aquele que a aparecem tanto na poesia
admira. 19. I. trovadoresca como na poesia
a) A cantiga estrutura-se em palaciana.
b) Texto I ⇒ e me non falou
duas séries paralelísticas: 26. O interesse de Fernão Lopes
Texto II ⇒ E nem escuta 1ª série – estrofes 1 e 2; pela pesquisa histórica indica
quem apela 2ª série – estrofes 3 e 4. a tendência humanista para o
c) O trovador afirma que o Ao final de cada estrofe, cientificismo.
desprezo da amada provo- repete-se o refrão. O úl-
27. E
ca nele uma dor pior que a timo verso não integra o
28. O primeiro texto, a partir de uma
morte. paralelismo.
antítese, acaba por não chegar
13. Formalmente o texto faz refe- b) Na primeira série paralelís-
a uma explicação. Já o segundo
rência ao Trovadorismo, por tica, é enfatizada a imagem
texto, na oposição interior x exte-
meio do uso do português da moça que canta para o
rior, demonstra que o eu poético
arcaico (galego-português), amigo enquanto trabalha; já
sabe em que lugar se perdeu.
apresentando inclusive ex- na segunda série, por meio
29. C 30. D 31. A
pressões próprias da Idade da fala de uma personagem,
Média lusitana (non dormho á são expostos os sentimen- 32. C 33. A 34. B
mui gran sazon/ ai meu lum’e tos da moça, que canta sua 35. B 36. C 37. C
meu ben). O tema da coita infelicidade amorosa. 38. A
104
39. a) Auto da barca do inferno. b) Ele afirma ser “fidalgo de ao período humanista, sendo
b) Pela atitude teocêntrica solar”, isto é, ser de família exemplo de poesia palaciana.
de salvar a alma dos ca- importante e, por isso, me- O 2º texto pertence ao Classi-
valeiros, já que morreram recer o céu. cismo.
defendendo interesses da 51. E 52. E 53. A 63. a) Camões foi o maior repre-
Igreja Católica. 54. a) Porque lutaram em nome de sentante do Classicismo em
40. a) Lança uma série de im- Jesus Cristo. língua portuguesa.
propérios e ofensas ao b) Pensamento teocêntrico b) Heróis que cantaste/armas/
Diabo. barões/oceano/a história
55. I. B e II. C 56. D
b) Representa o homem mais que narraste/deuses/nin-
57. a) O trecho que se relaciona
humilde e simplório. fas/guerras/cobiças/ama-
literalmente com o final da
c) Um homem ingênuo, sem dor/etc.
peça é “asno que me leve
malícia. 64. A carta de Antônio Ferreira
quero”. Pero Marques age
41. E 42. C como um “asno” em duas permite identificar uma série
43. a) Como tendo sido castigo situações: a primeira quan- de elementos clássicos: arte
divino (a ira de Deus fizera do serve de cavalgadura; a como expressão da natureza
aquilo). segunda, por não saber que humana, conceito humanista
b) Como curso natural, fenôme- Inês o traía. antropocêntrico — “Conheça-
no natural, obra da natureza, me a mim mesmo” –; raciona-
b) O primeiro marido de Inês lismo – “O juízo quero! De quem
e não de Deus. – Brás da Mata – tratava-a com juízo, e sem paixão me
c) Indica uma postura mais de modo agressivo e tirâ- leia” –; imitação dos clássicos
independente da ortodo- nico, já Pero dá-lhe total antigos – “Na boa imitação”
xia católica. No contexto liberdade. – ; valorização da bagagem
humanista, isso ilustra a cultural – “Muito, ó Poeta, o en-
c) É uma sátira moral da socie-
passagem de concepções genho pode dar-te./ Mas muito
dade portuguesa da época.
teocêntricas para concep- mais que o engenho, o tempo,
Inês abandona seus ideais
ções antropocêntricas. e estudo” –; referências mito-
com o propósito de levar
44. A lógicas – “Apolo”, “nove Irmãs”
uma vida prazerosa.
45. Gil Vicente. Povo, juízes, agio- –; equilíbrio – “Corta o sobejo,
tas, artesãos etc. 58. C 59. D vai acrescentando/ O que falta,
60. a) Trata-se da noção de equilí- o baixo ergue, o alto modera”,
46. Brás da Mata representa o
brio. “do ornamento / Ou tira ou põe”
cavalo, pois ele “derruba” Inês
b) O poeta, no texto, prega uma –; universalismo – “Tudo a ua
com sua repressão.
existência simples e equilíbra- igual regra conformando” –;
47. E 48. A linguagem clara – “Ao escuro
da, vivendo de seus próprios
49. a) Inês reclama dos serviços recursos, de forma humilde, da luz, e ao que pudera/ fazer
domésticos que a prendem para se manter longe da dúvida aclara” –; sobriedade,
na casa da mãe, desejando inveja. A mediania (ou “aurea contenção –“com o decoro o
viver e folgar como outras mediocritas”) é louvada: não tempera”.
moças. ter muito, nem pouco, apenas 65. D 66. B 67. E
b) Inês optaria por casar-se. o necessário, isto é, o que 68. D 69. D 70. B
Por meio do casamento, está no meio, o equilíbrio. 71. a) Os dois versos finais (“Sãs
ela pensa encontrar a li- 61. Formalmente, a grande novidade letras, justas armas, esteios/
berdade. do dolce stil nuovo era o uso de Firmíssimos de Império só
c) Inês seria aprisionada pelo versos decassílabos (por isso tenhamos.”).
primeiro marido, Brás da chamados de “medida nova”), em b) O poeta coloca, em um
Mata, enquanto ele partis- substituição aos tradicionais ver- mesmo plano de importância
se para a guerra. Assim, sos de redondilha maior e menor para a administração do rei-
ficaria sem a liberdade (que passaram a ser conhecidos no, tanto a força das armas
que pensava obter com como “medida velha”). (“justas armas”) quanto a
o casamento. Depois de 62. O primeiro texto é mais senti- influência do saber (“Sãs
viúva, casaria novamente, mental e emotivo, tematizan- letras”).
valendo-se da experiência do uma experiência amorosa c) No Classicismo, ocorre a va-
para conseguir garantir particular. O segundo mostra lorização da racionalidade,
PV2D-07-POR-34
a vida livre que sempre uma concepção mais racio- da inteligência, que é exa-
desejou. nalista e generalizadora do tamente o aspecto realçado
50. a) A soberba, a vaidade e a amor, tratado aqui de forma aqui pelo poeta.
exploração dos pobres. universal. O 1º texto pertence 72. A
105
73. a) O verbo “alongar” associa- 86. No episódio conhecido como b) O poema de Fernando
se a cansaço da vida. O “Gigante Adamastor”. Ele re- Pessoa é uma paródia séria
“encurtar” relaciona-se à presentaria a personificação do do texto de Camões. Ambos
proximidade da morte. Cabo das Tormentas. fazem uma descrição do
b) Há, no primeiro verso da 87. D 88. A mapa da Europa através da
segunda estrofe, uma opo- 89. D 90. C personificação de acidentes
sição entre “gastando” e 91. a) A “gente surda e endurecida” geográficos: para Camões,
“cresce”. Quanto mais a a que se refere o poeta são Portugal é “quase cume da
idade avança, mais o poeta seus contemporâneos. cabeça / De Europa toda”;
se aproxima do fim da vida. b) O poeta os acusa de abdica- para Fernando Pessoa,
c) O pronome “ele” refere-se ao rem de suas tradições glorio- é “o rosto com que fita”.
vocábulo “bem”. sas em nome da cobiça e da Esse recurso é a figura de
74. D pura preocupação material, linguagem chamada proso-
75. a) Trata-se de um soneto de- sem grandeza, sem aspira- popéia.
cassílabo. ções maiores. 105. D 106. B
b) O poeta compara o próprio c) O poeta registra o estado de 107. A 108. E
coração com um passarinho. espírito de um povo marca- 109. Os “barões assinalados” (isto
Assim como um caçador do então pela decadência, é, varões ou homens ilustres,
acaba com a vida do se- muito distante das glórias importantes) são os heróis
gundo, o Frecheiro cego dos heróis do poema camo- portugueses das Grandes
acaba com a liberdade do niano, seus antepassados. Navegações. A expressão
primeiro. 92. C 93. D indica o elitismo da concep-
c) O Frecheiro cego é Cupido,
94. B 95. C ção histórica do poeta, que
o deus do Amor na mitologia
96. a) O narrador é Vasco da entendia a História como uma
clássica. Ele é representado
Gama. sucessão de feitos promovidos
por uma criança: um anjo de
b) Vasco da Gama representa a pela aristocracia.
olhos vendados (por isso
modernidade e o ideal expan- 110. a) São os versos 2 – 4 da se-
é chamado de “cego”) que
atira flechas para todos os sionista, enquanto o velho re- gunda estrofe: “Daqueles
lados, acertando aleatoria- presenta o apego à tradição. reis que foram dilatando / A
mente e fazendo com que 97. A 98. E Fé, o Império, e as terras vi-
os flechados se apaixonem 99. a) Porque tinha medo de mor- ciosas / De África e de Ásia
uns pelos outros. rer sem terminar a constru- andaram devastando.
76. Porque a ligação entre Inês e ção do convento de Mafra. b) Nesses versos, o poeta
D. Pedro era mais forte que os b) D. João V. insinua que os motivos
laços aristocráticos. Além disso, c) Para Saramago, “velho” é que teriam levado os portu-
ao responsabilizar o Amor, o po- sinal de incapacidade para gueses a se empenharem
eta atenua a responsabilidade o trabalho; em Camões, na tarefa das Grandes
do pai de D. Pedro pelo crime. “velho” é experiência. Navegações teriam sido a
77. B 78. A expansão do Império e a
100. B 101. B
eliminação do paganismo.
79. a) Camões é autor representati- 102. Os dois últimos versos são uma
vo do Classicismo, movimen- c) No episódio do “Velho do
confirmação, uma ênfase em
to estético renascentista. relação aos anteriores. Vide a Restelo”, outros motivos
b) Pôr freio a penas significa repetição do verbo “cessar”. são revelados, como a
“Não chorar”. 103. a) Decassílabo (10 sílabas cobiça e a ambição que
80. a) O vocábulo Amor grafado poéticas) nortearam a empresa das
com maiúscula no 5º verso navegações lusitanas.
b) Viagem de Vasco da Gama
está relacionado à personi- às Índias, feita em 1498, 111. Trata-se do verso 5 da terceira
ficação do amor, o deus do como parte da constituição estrofe: “Que eu canto o peito
Amor (Eros). do Império Colonial Portu- ilustre lusitano”. Nele, o poeta
b) O poder tirânico do amor foi guês. define a matéria temática de
a causa mortis de Inês de 104. a) L u í s Va z d e C a m õ e s Os lusíadas: a coragem e a
castro, exigência de Eros, que (1525-1580), autor de Os ousadia dos portugueses,
não se satisfaz apenas com lusíadas, é o expoente do que os tornaram superiores
lágrimas e sim com sangue Classicismo lusitano. Fer- aos gregos (o “sábio grego”
humano. nando Pessoa (1888-1935) é Ulisses), troianos (Enéias),
81. E 82. E 83. C é a grande expressão do macedônios (Alexandre) e
84. E 85. A Modernismo português. romanos (Trajano, general).
106
112. A 113. E 124. a) O texto original revela um 139. Basicamente, a religiosidade
114. Sim. A incorporação do objeto olhar encantado com as e os caracteres conseqüentes
amado sem a necessidade da terras descobertas e reple- desse tema: angústia (expec-
materialização. to de sentimento nativista. tativa pelo perdão divino); opo-
115. D O segundo revela olhar sição céu e terra; sinuosidade
irônico e iconoclasta. de raciocínio e de linguagem,
116. Fugacidade das coisas, efe-
b) O primeiro texto pertence além de ser uma mescla de
meridade da vida, preocupa-
ao Quinhentismo e o se- cultismo e conceptismo.
ção com a definição do senti-
gundo, ao Modernismo. 140. D 141. B 142. C
mento amoroso, desconcerto
do mundo, citações bíblicas. 125. A 126. D 143. Cultismo (atitude sensual)
127. Os dois textos discorrem sobre e conceptismo/conceitismo
117. C 118. D
o amor, considerando basica- (atitude intelectual).
119. D 120. C mente as contradições que 144. D
121. A diferença mais significativa é envolvem esse sentimento. 145. O uso abusivo da figura de sin-
o conteúdo. Na poesia épica, Todavia, Camões considera o taxe – silogismo – caracteriza
o conteúdo é narrativo, geral- amor dificultoso em si, ou seja, o cultismo no trecho.
mente com pano de fundo his- faz parte da sua própria essên-
tórico, associado a concepções 146. C 147. C 148. A
cia ser dor, fogo e desconten-
mitológicas. Na poesia lírica, a tamento, disfarçados nos seus 149. B 150. B 151. B
temática expressa os estados opostos: ferida indolor, fogo 152. a) A metáfora que fundamenta
emocionais de um eu lírico. invísivel ou contentamento. o soneto é a associação
O tipo de verso não poderia Para S. Andresen, é o mundo entre o ser humano, ou a
ser colocado como diferença que determina os sofrimentos vida humana, e um barco.
significativa, porque Camões, do amor: “sítio frágil”, “lugar b) No soneto, temos a suges-
por exemplo, escreveu em de- de imperfeição”, onde tudo tão de que o ser humano é
cassílabos tanto poesia épica “quebra, emudece, mente e um barco que navega no
(Os lusíadas) quanto poesia separa”. A simetria formal do mar da vida, sujeito às per-
lírica (Os sonetos). soneto camoniano contrasta turbações do pecado. Para
122. a) A antítese do início do poema com os versos livres e brancos escapar delas, o poeta su-
se expressa através da opo- da poetisa. gere a Igreja, metaforizada
sição entre a vida e a morte: 128. João Guimarães Rosa – Gran- em porto seguro.
a amada está morta, porém de sertão: veredas 153. O Padre Vieira teve atuação
viva nas lembranças dele. Fernando Pessoa – Cancioneiro decisiva na vida política portu-
b) Segundo o poema, essa 129. a) Verso de 5 sílabas, chama- guesa, o que afetava o Brasil,
morte se deu tragicamen- do pentassílabo ou redon- então colônia de Portugal. Por
te, em um naufrágio. Os dilha menor. isso, seus sermões tematiza-
versos que indicam esse b) Não. O Classicismo introdu- vam tanto a realidade lusita-
episódio da biografia camo- ziu em Portugal o chamado na quanto a brasileira. Sua
niana são: “Eternamente verso de “medida nova”, ou biografia confirma: passou
as águas lograrão / A tua seja, o decassílabo. No en- metade da vida em Portugal e
peregrina fermosura”. tanto, durante algum tempo, a outra metade no Brasil.
c) O verso empregado no conviveram a medida nova e 154. A 155. A
poema foi o decassílabo, a medida velha. 156. As características de estilo
verso de medida nova. c) Expressou a relação de barroco presentes no trecho
d) Trata-se de um soneto, servidão que mantém com de Vieira são: apelo à inte-
por possuir catorze versos a sua amada, uma escrava ligência e à compreensão
dispostos em duas estrofes que o retém escravo por racional; argumentação; ex-
de quatro versos (quadras) subjugá-lo sentimental- posição tortuosa; exploração
e duas de três versos (ter- mente. do paradoxo (cegueira/luz);
cetos). Os versos são de- 130. C 131. B 132. E religiosidade; tema da conver-
cassílabos, como mandava são: contra-reformismo.
133. B 134. C 135. C
a tradição clássica, e o es- 157. O fragmento da questão é um
quema de rima é: abba abba 136. a) Como exemplo de antíteses
bom exemplo da preocupação
cde cde, um dos esquemas pode-se citar: riso/pranto;
do Padre Antônio Vieira com
utilizados nessa tradição. triste/contente; calma/ven-
temas de caráter social e de
to; próximo/distante.
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