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Área I: A Pessoa

Unidade 1: O sujeito lógico-psicológico


Tema-problema 1.2: Pessoa e cultura

Documento de ampliação
O Homem e a cultura

“O cérebro é um centro organizador do conhecimento, do comportamento e da ação. É neste


domínio que se manifesta a sua aptidão para utilizar o acaso – o acontecimento – e produzir
acaso, isto é, opções e decisões.

Mas, ainda de uma maneira mais larga e mais profunda, devemos considerar o cérebro não só
como o centro organizador do organismo individual propriamente dito, mas também como o
centro federador integrador entre as esferas diversas cuja inter-relação constitui o universo
antropológico: a esfera ecossistémica, a esfera genética, a esfera cultural e social, e,
evidentemente, a esfera fenotípica do organismo individual.

(…) Como é possível não ver que aquilo que é mais biológico – o sexo, a morte – é ao mesmo
tempo aquilo que está mais embebido de símbolos, de cultura! As nossas atividades biológicas
mais elementares, o comer, o beber, o defecar, estão estreitamente ligadas a normas, a
proibições, a valores, a símbolos, a mitos, a ritos, quer dizer, a tudo o que há de mais
especificamente cultural. E podemos compreender aqui que é o sistema único federativamente
integrado, fortemente intercomunicante, do cérebro do sapiens, que permite a integração
federativa do biológico, do cultural, do espiritual (elementos simultaneamente complementares,
concorrentes, antagonistas, cujos graus de integração serão muito diferentes, de acordo com
os indivíduos, as culturas e os momentos), num sistema único biopsicossociocultural.

Da mesma maneira, o princípio de invenção e de evolução próprio do cérebro do sapiens


exprime-se e traduz-se não só na evolução da personalidade ou do pensamento do indivíduo,
mas também na evolução técnica/cultural, assim como na complexificação da organização
social. Aqui, trata-se de uma caraterística capital do cérebro, ligada à precedente: a projeção da
sua evolutividade sobre todas as esferas da praxis antropossocial. Compreende-se assim que
a evolução social não seja unicamente uma sequência de transformações suscitadas pelas
perturbações externas, mas que seja igualmente a projeção da evolução cerebral do sapiens. E
o que se projetou sobre o mundo, há alguns milhares de anos, quando a evolução passou a ser
histórica, foi a desordem geradora de entropia e ao mesmo tempo geradora de complexidade.
O ruído cerebral projetou-se em ruído e furor histórico. Esse ruído, levando em si desperdício,
destruição e criação, está ligado aos desenvolvimentos de toda a ordem que assumem caráter
histórico. Por consequência, a evolução histórica assumiu um caráter errático, errante, muitas

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vezes regressivo, inconstante, e muitas vezes demente. A história não é senão o laço aleatório,
complementar, concorrente e antagonista, entre desordem e processo de complexificação.

(…) Aquilo que ilumina fica sempre na sombra. A consciência é qualquer coisa de global e de
indeciso. Não é isolável do conjunto de aptidões e das atividades superiores do espírito do
sapiens. Ela é, de qualquer maneira, a resultante das respetivas inter-relações, interações e
interferências. Nasce na confluência delas e é essa própria confluência.

Citação de Pascal: ” Que quimera é o Homem? Que novidade, que monstro, que caos, que
sujeito de contradição, que prodígio! Juiz de todas as coisas, verme imbecil; depositário da
verdade, cloaca de incerteza e de erro; glória e nojo do universo. Quem deslindará esta
embrulhada?”

Morin, Edgar – Texto Adaptado “O Paradigma Perdido”, Publicações Europa América

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