Componentes Hidráulicos de um Sistema de Freio de um Protótipo Fórmula SAE
José Rodolfo Silva de Queiroz, Nazir Yasser Tarraf, Miguel Ângelo de Menezes, UNESP, Ilha Solteira, Engenharia
Mecânica, joserodolfoqueiroz@yahoo.com.br.
Palavras Chave: Freio à Disco, Hidráulica, Fórmula SAE.
Resumo
Esse trabalho envolve a obtenção de parâmetros de um
veículo Fórmula SAE, a análise dinâmica da frenagem, e;
partindo desses parâmetros e dessa análise, o projeto de um
sistema hidráulico eficaz que atenda as exigências de um
veículo de alta performance, que utiliza componentes
determinados a partir de um sistema de equações obtido.
Objetivos
O estudo apresentado tem como objetivo determinar os
componentes que serão utilizados num sistema hidráulico de
freio, que deve ser capaz de travar as quatro rodas do protótipo
em uma frenagem brusca.
Introdução
Um veículo Fórmula SAE utiliza o sistema hidráulico de freio à
disco, onde é obrigatório o uso de um sistema independente
para o freio dianteiro, e outro para o freio traseiro. Este sistema
é composto por cilindro mestre, linha de fluido de freio e pinça
de freio. Na frenagem, ocorre o deslocamento do centro de
gravidade (CG) para a dianteira do carro, o que ocasiona uma
redistribuição de massa, fazendo com que o freio dianteiro seja
mais solicitado que o traseiro.
Figura 1. Transferência de carga na frenagem.
Desse modo, uma parcela maior da força oriunda do pedal
deve ser destinada para o cilindro mestre do freio dianteiro,
assim como uma parcela menor para o cilindro mestre do freio
traseiro. Estas forças são multiplicadas e direcionadas para as
pinças pelo sistema hidráulico. A força direcionada ao cilindro
mestre é a força que origina a pressão P na linha do fluido de
freio e, essa pressão exercida na área dos pistões da pinça,
gera a força que acopla a pastilha de freio no disco. Pelo
Princípio de Pascal, tem-se que a força resultante do sistema
hidráulico, relaciona-se diretamente com a área do pistão da
pinça de freio e inversamente com a área do cilindro mestre.
Esta força resultante acopla a pastilha de freio no disco,
gerando um torque reverso ao torque da roda. Para determinar
os componentes do sistema, é necessário realizar uma análise
dinâmica da frenagem. Com essa análise, é possível
determinar o torque em cada roda relacionando-se as forças
de atrito entre o pneu e o solo, que são obtidas através das
XXV Congresso de Iniciação Científica
forças verticais nas rodas dianteiras e traseiras e o coeficiente
de atrito do solo, com o raio de rolagem do pneu. Para que o
ocorra o travamento, é necessário que o torque reverso gerado
pela pinça de freio, seja maior ou igual ao torque da roda em
cada roda. Esse torque gerado pela pinça de freio é obtido
utilizando o raio efetivo do disco de freio (o raio de atuação da
pastilha de freio no disco) e a força de atrito entre a pastilha e
o disco.
Resultados e Discussão
Fazendo a somatória de momentos do protótipo na
desaceleração, tem-se:
𝑋 ∗𝑊 𝑃∗ℎ∗𝑎 (𝑙−𝑋𝐶𝐺 )∗𝑊𝑐 𝑃∗ℎ∗𝑎
𝐹𝑟 = 𝐶𝐺 𝑐 − , e 𝐹𝑓 = + (1)
𝑙 𝑙 𝑙 𝑙
onde 𝑋𝐶𝐺 ∗ 𝑊𝑐 ⁄𝑙 representa a força vertical traseira na situação
estática, (𝑙 − 𝑋𝐶𝐺 ) ∗ 𝑊𝑐 ⁄𝑙 representa a força vertical dianteira na
situação estática e 𝑃 ∗ ℎ ∗ 𝑎⁄𝑙 representa a transferência de
carga na frenagem; onde 𝑎 é a desaceleração máxima, 𝑙 é a
distância entre eixos, 𝑊𝑐 é o peso do carro, 𝐹𝑓 é a força vertical
nas duas rodas dianteiras, 𝐹𝑟 é a força vertical nas duas rodas
traseiras, 𝑋𝐶𝐺 é a distância do eixo dianteiro ao CG e ℎ é a altura
do CG. No estado estático, o protótipo possui uma carga vertical
de 1545,08 N na dianteira e uma carga vertical de 1888,42 N
na traseira. A partir do equacionamento, e utilizando uma
desaceleração de 𝑎 = 1,6𝑔, verificou-se uma transferência de
carga de 1165,31 N da traseira para a dianteira. Com essa
configuração, foi possível determinar a força de atrito entre o
pneu e o solo para cada roda e, multiplicando esses valores
pelo raio de rolagem do pneu, determinou-se o torque em cada
roda; 536,98 N.m para cada roda dianteira e 143,26 N.m para
cada roda traseira. A partir do Princípio de Pascal: 𝑃 =
𝐹𝑐𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑜𝑚𝑒𝑠𝑡𝑟𝑒 𝐹
= 𝑝𝑖𝑠𝑡ã𝑜/𝑝𝑖𝑛ç𝑎 , utilizou-se um cilindro mestre com
𝐴𝑐𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑜𝑚𝑒𝑠𝑡𝑟𝑒 𝐴𝑝𝑖𝑠𝑡ã𝑜/𝑝𝑖𝑛ç𝑎
uma área de 248,29 mm2 e uma pinça com uma área 1551,79
mm2. Relacionando a força resultante na pinça com o raio de
ação da pastilha de freio no disco, conseguiu-se aplicar um
torque de 868,22 N.m em cada roda dianteira e um torque de
372,09 N.m em cada roda traseira, garantido o travamento de
todas as rodas.
Conclusões
A partir desse estudo, foi possível determinar os componentes
do sistema hidráulico: - cilindro mestre, linha do fluido de freio
e pinça de freio; atingindo o objetivo de travar as quatro rodas.
Referências
¹PUHN, Fred. Brake Handbook. Tucson: Hpbooks, 1985. 176 p.
²GILLESPIE, Thomas D.. Fundamentals of Vehicle Dynamics.Warrendale: Society
Of Automotive Engineers, 1992. 470 p.
³MILLIKEN, Willian F.; MILLIKEN, Douglas L.. Race Car Vehicle
Dynamics. Warrendale: Society Of Automotive Engineers, 1995. 890 p.