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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO 1º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E DAS
RELAÇÕES DE CONSUMO DA COMARCA DE PAULISTA - PE
PROCESSO Nº 0005126-96.2016.8.17.8222
I. SÍNTESE DO PROCESSO.
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X:\Sendas Distribuidora\Rede
Assai\Civel_Contencioso\Everaldo_Rodrigues_Moura_00051269620168178222\Protocolo_digital\Contestação
_22022017
Narra o AUTOR em 15 de outubro de 2016, compareceu ao estabelecimento
da empresa RÉ para realizar compras, deixando seu veículo do estacionamento da loja.
Aduz que, após realizar as compras, retornou no local em que havia deixado
o seu veículo e verificou que este supostamente havia sido furtado.
Entretanto, nem por isso é possível deduzir que cabe à RÉ provar que o
AUTOR não se fez presente em seu estabelecimento na data e horário noticiados na peça
vestibular, pois isso importaria em colocá-la em situação de elaboração de prova
impossível, também conhecida por “prova diabólica”.
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Manual dos Juizados Cíveis. São Paulo: Malheiros, 2001.
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consumidor”. E na avaliação de tais circunstâncias, aquela
Corte já decidiu que quando a parte apresenta documentos
baseados em declarações particulares “NÃO tem presunção
‘juris tantum’ de modo a inverter o ‘onus probandi’” .
Assim leciona Maria Helena Diniz, em sua obra, “Curso de Direito Civil
Brasileiro”, 7.º vol., “Responsabilidade Civil”, Editora Saraiva, São Paulo, 1999, p. 60/61:
Logo, até prova em contrário, cujo ônus pertence ao AUTOR, a RÉ não agiu
em nenhum momento, ativa ou comissivamente, para a configuração do alegado dano
material.
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Contudo, ainda que realmente verificada a ocorrência de furto no caso em
questão, imperiosa se faz a aplicação da excludente de ilicitude prevista no artigo 14, §3º,
inciso II, da Lei 8.078/90, do Código de Defesa do Consumidor.
Ora, não é sequer preciso prova, senão mera análise das alegações do
AUTOR, para se concluir neste sentido.
Desta maneira, a RÉ não pode ser responsabilizada por não ser mais eficiente
que o próprio Estado de Direito na interceptação de criminosos que praticam furtos no
interior de estabelecimentos comerciais.
No caso em apreço, ele não se desincumbiu desse ônus e pior ainda, o fez
de forma genérica, com o único objetivo de enriquecer-se as custas da RÉ
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Ante o exposto, é pacífico em nossa jurisprudência o entendimento de que
os lucros cessantes dependem de prova. No caso dos autos, a AUTOR não foi capaz de
demonstrar de maneira clara a diminuição que sofreu em seu patrimônio e o que deixou de
lucrar, de modo que não resta alternativa senão a improcedência dos pedidos.
Não há nos autos prova do dano moral alegado, ou do fato que o teria
causado, sendo que tal ônus incumbia ao AUTOR (art. 373, I - CPC). Aliás, nem ao menos foi
carreado aos autos documento que pudesse atestar algum tipo de constrangimento pelo
qual teria passado em decorrência dos fatos alegados.
2 In “Responsabilidade Civil”, vol. IV, 2ª edição, Editora Atlas, São Paulo: 2002, p. 31.
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sensível, que se aborrece com fatos diuturnos da vida, nem o
homem de pouca ou nenhuma sensibilidade, capaz de resistir
sempre às rudezas do destino.” (grifamos)
3 In “Dano Moral Indenizável”, 4ª edição, Ed. Revista dos Tribunais, São Paulo: 2003, p. 93.
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origem no mal inferido a alguém. Se o autor de uma ação
que pleiteia indenização por dano moral narrar o fato, qual
seja, uma briga em um bar em que Caio feriu Tício com uma
faca e deixar de descrever convenientemente os fatos,
esquecendo-se de aduzir sobre o resultado do ato lesivo, a
petição inicial será inepta por faltar a causa petendi.”
(grifamos)
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Todavia, na exordial não foram descritas, sequer citadas, pelo AUTOR as
repercussões negativas que o fato acarretou em sua alma, limitando-se o mesmo a pleitear
indenização por dano moral, por suposto descaso da RÉ.
Neste contexto, cumpre nos atermos, mais uma vez, aos ensinamentos de
Antônio Jeová Santos5:
Deve-se ressaltar que é preciso que haja muito cuidado por ocasião do
julgamento dos pedidos de condenação por danos morais, pois é sabido que o fato da
parte RÉ ser uma pessoa jurídica e, em tese, ter uma boa posição financeira, não abre as
portas para pedidos “inadmissíveis e inaceitáveis”.
No presente caso, não restou caracterizado o dano moral, seja pela absoluta
falta de indicação do mesmo, seja pelo fato de que a situação em questão não passou de
mero contratempo, não tendo o caráter de abalo moral gerador de direito de indenização.
Por fim, requer sejam todas as publicações referentes a este feito realizadas
exclusivamente em nome do advogado JOSÉ GUILHERME CARNEIRO QUEIROZ, inscrito na
OAB sob o nº 163.613, sob pena de nulidade.
Termos em que,
Pede deferimento.
Paulista, 22 de Fevereiro de 2017.
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