Belo Horizonte
Escola de Veterinária – UFMG
2010
2
Tese defendida e aprovada em 20/12/2010, pela comissão examinadora constituída por:
3
4
Á minha filha Carolina e ao meu amigo Hans
5
6
Agradecimentos
Ao Prof. Dr. Leorges Moraes da Fonseca pela orientação e ao mesmo tempo a liberdade
de caminhar.
Ao Prof. Dr. Renaldo Travassos Martins pela confiança e apoio para o começo deste
trabalho.
À minha mãe, Luzia Inês Mourthé, pelo carinho e pelo apoio para que eu pudesse
conciliar todas as minhas tarefas.
À minha filha Carolina Mourthé Miranda pelo amor e pela paciência de suportar meus
momentos de ausência.
7
8
"Quando achamos que sabemos as respostas, a vida muda as
perguntas e recomeçamos o aprendizado..."
9
10
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................... 23
2 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ..................................................... 24
2.1 Arthrospira platensis .............................................................................. 24
2.1.1 Classificação ........................................................................................... 24
2.1.2 Histórico ................................................................................................. 26
2.1.3 Ciclo de vida ........................................................................................... 29
2.1.4 Condições de crescimento ...................................................................... 30
2.1.5 Teor de Proteína...................................................................................... 31
2.1.6 Ácidos nucléicos ..................................................................................... 32
2.1.7 Lipídios ................................................................................................... 32
2.1.8 Vitaminas ................................................................................................ 33
2.1.9 Carboidratos............................................................................................ 33
2.1.10 Minerais .................................................................................................. 33
2.1.11 Pigmentos ............................................................................................... 33
2.1.12 Microbiota associada a meios de cultivo e às preparações de Arthrospira
platensis .................................................................................................. 34
2.1.13 Propriedades farmacológicas/nutracêuticas ............................................ 34
2.1.14 Toxicologia ............................................................................................. 35
2.1.15 Produtividade .......................................................................................... 35
2.1.16 Outros meios de cultivo .......................................................................... 35
2.1.17 Utilizações da Arthrospira platensis ...................................................... 37
2.2 SORO DE LEITE ................................................................................... 37
2.3 ASSOCIAÇÃO Arthrospira platensis E SORO DE LEITE .................. 41
3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................. 42
3.1 OBTENÇÃO DA CEPA ........................................................................ 42
3.2 MANUTENÇÃO DA A. platensis ......................................................... 42
3.3 INÓCULO .............................................................................................. 42
3.4 CULTIVO ............................................................................................... 43
3.5 ACOMPANHAMENTO DO CULTIVO ............................................... 43
3.6 TESTE COMPLEMENTAR .................................................................. 44
3.7 CURVA DE CALIBRAÇÃO PARA DETERMINAÇÃO DA
CONCENTRAÇÃO CELULAR ............................................................ 44
3.8 AVALIAÇÃO PRELIMINAR DA BIOMASSA OBTIDA .................. 44
3.9 ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA............................................................... 45
3.9.1 Proteínas ................................................................................................. 45
3.9.2 Lipídeos .................................................................................................. 45
3.9.3 Carboidratos............................................................................................ 45
3.9.4 Lactose .................................................................................................... 45
11
3.9.5 DBO ........................................................................................................ 45
3.9.6 pH ........................................................................................................... 45
3.10 ANÁLISE MICROSCÓPICA ................................................................ 45
3.11 ANÁLISE MICROBIOLÓGICA ........................................................... 45
3.12 PRODUTIVIDADE CELULAR ............................................................ 45
3.13 ANÁLISE ESTATÍSTICA ..................................................................... 45
3.14 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL ................................................. 46
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................... 46
4.1 CURVAS PADRÃO............................................................................... 46
4.2 CRESCIMENTO DE Arthrospira platensis EM SORO DE LEITE NÃO
CLARIFICADO ..................................................................................... 47
4.2.1 Análise microbiológica em soro de leite não clarificado ....................... 47
4.2.2 Análise microscópica em soro de leite não clarificado .......................... 48
4.2.3 Análises físico-químicas em soro de leite não clarificado ..................... 48
4.3 CRESCIMENTO DE Arthrospira platensis EM SORO DE LEITE
CLARIFICADO ..................................................................................... 49
4.3.1 Produtividade celular em soro de leite clarificado ................................. 55
4.3.2 Análise microbiológica em soro de leite clarificado .............................. 55
4.3.3 Análise físico-química em soro de leite clarificado ............................... 56
4.3.4 Análise microscópica em soro de leite clarificado ................................. 60
5 CONCLUSÕES ...................................................................................... 61
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ............................................... 62
APÊNDICES...........................................................................................81
12
LISTA DE FIGURAS
13
Figura 17 - Média da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em soro 6% em
relação ao tempo de cultivo de Arthrospira platensis com inóculo de 0,2g/L
.................................................................................................................... 52
Figura 18 - Concentração celular média (gL-1) em relação ao tempo de crescimento de
Arthrospira platensis em soro 3%, soro 6% e meio Zarrouk com inoculo de
0,1gL-1......................................................................................................... 54
14
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Classificação da Produção Anual de Leite por Estado no Brasil, 2007 ........ 38
Tabela 2 - Produção brasileira de queijo (toneladas) .................................................... 39
Tabela 3: Produção mundial de queijos - 2000 / 2008* ................................................. 40
Tabela 4 - Teor médio de proteína (%) para soro 3% e 6% sem clarificação antes e após
cultivo de Arthrospira platensis .................................................................. 48
Tabela 5 - Teor médio de lactose (%) para soro 3% e 6% sem clarificação antes e após
cultivo de Arthrospira platensis .................................................................. 48
Tabela 6- Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO5) mg/L para soro 3% e 6% sem
clarificação antes e após cultivo de Arthrospira platensis .......................... 48
Tabela 7- Concentração média em gL-1 de biomassa de Arthrospira platensis em soro de
leite 3% e 6% e meio padrão Zarrouk, com inóculo de 0,1gL-1 e 0,2 gL-1
após 10 dias de cultivo................................................................................ 53
Tabela 8 - Resultados das análises microbiológica de Arthrospira platensis em pó ..... 56
Tabela 9 - Teor médio de proteína (%) para soro 3% e 6% clarificados, meio Zarrouk
antes e após cultivo de Arthrospira platensis.............................................. 57
Tabela 10 - Teor médio de lactose (%) para soro 3% e 6% clarificado antes e após
cultivo de Arthrospira platensis .................................................................. 59
Tabela 11 - Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO5) mg/L para soro 3% e 6%
clarificado antes e após cultivo de Arthrospira platensis ........................... 60
Tabela 12 -Resultados das análises Microscópicas de Arthrospira platensis em pó ...... 61
15
LISTA DE APÊNDICES
16
Apêndice 15- Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em
soro de leite 3% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,1g/L na amostra 5. ......................................................... 78
Apêndice 16- Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em
soro de leite 3% em relação ao tempo de cultivo da arthrospira paltensis
com inoculo de 0,2 g/L na amostra 1. ........................................................ 78
Apêndice 17 – Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em
soro de leite 3% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inoculo de 0,2 g/L na amostra 2. ........................................................ 79
Apêndice 18 – Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em
soro de leite 3% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inoculo de 0,2g/L na amostra 3. ......................................................... 79
Apêndice 19 – Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em
soro de leite 3% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inoculo de 0,2 g/L na amostra 4. ........................................................ 80
Apêndice 20 – Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em
soro de leite 3% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inoculo de 0,2 g/L na amostra 5. ........................................................ 80
Apêndice 21 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em
soro de leite 6% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,1g/L na amostra 1. ......................................................... 81
Apêndice 22 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em
soro de leite 6% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,1g/L na amostra 2. ......................................................... 81
Apêndice 23 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em
soro de leite 6% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,1g/L na amostra 3 .......................................................... 82
Apêndice 24 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em
soro de leite 6% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,1g/L na amostra 4. ......................................................... 82
Apêndice 25 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em
soro de leite 6% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,1g/L na amostra 5. ......................................................... 83
Apêndice 26 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em
soro de leite 6% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,2g/L na amostra 1. ......................................................... 83
Apêndice 27 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em
soro de leite 6% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,2g/L na amostra 2. ......................................................... 84
Apêndice 28 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em
soro de leite 6% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,2g/L na amostra 3. ......................................................... 84
Apêndice 29 – Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em
soro de leite 6% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,2g/L na amostra 4. ......................................................... 85
17
Apêndice 30 – Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em
soro de leite 6% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,2g/L na amostra 5. ......................................................... 85
18
Resumo
19
20
Abstract
21
22
1 INTRODUÇÃO de microalgas torna-se importante, pois
podem ser cultivadas em locais impróprios
para a agricultura e pecuária tradicionais.
As algas azuis, microalgas ou Além de produzirem grande quantidade de
cianobactérias, organismos do reino Monera, biomassa em um curto período de tempo,
são unicelulares, procariontes e autótrofos; também há a possibilidade de seleção de
habitam vários ambientes, desde que haja estirpes e condições de cultivo apropriadas à
umidade, e atuam como ―espécies pioneiras‖ produção do composto desejado. (Volkman,
por sua pequena exigência nutricional, 2006).
capacidade de realizar fotossíntese e de A preocupação com o meio
aproveitar o nitrogênio atmosférico (Vidotti ambiente induz à viabilização de projetos
e Rollemberg, 2004). que levam à sustentabilidade do sistema de
Biotecnologicamente, as mais produção industrial. A indústria de
importantes cianobactérias são Arthrospira alimentos produz uma série de resíduos com
platensis, Nostoc commune e alto valor de (re)utilização. Inúmeros
Aphanizomenon flos-aquae (Pulz e Gross, estudos utilizando resíduos industriais do
2004). processamento de alimentos têm sido
A Arthrospira platensis é realizados com objetivo de aproveitamento
considerada uma microalga pelos botânicos destes. Com isso, minimiza-se o impacto
devido à presença de clorofila, entretanto ambiental destes tipos de indústrias na
segundo os bacteriologistas, é uma bactéria região onde estão situadas e ainda agrega-se
devido a sua estrutura procarionte (Coxey e valor aos produtos do mercado (Pelizer et
Jesus, 2004), e uma unidade simples deste al., 2007).
microrganismo possui filamentos duplos, Os microrganismos podem ser
fortemente espiralados (Macedo e Alegre, cultivados a partir de produtos, como soro
2001; Dalay, 2002). de leite, mosto, celulose, entre outros. Nos
Esta cianobactéria tem sido usada últimos anos, têm-se utilizado muitos
como alimento há séculos, por diferentes microrganismos destinados à obtenção de
populações e foi redescoberta somente há biomoléculas de alto valor agregado. Assim,
poucos anos (Falquet, 1996). O conteúdo de várias microalgas e seus derivados estão
proteína da Arthrospira platensis varia entre sendo produzidos comercialmente em todo o
50% e 70% de seu peso seco, considerado mundo. A microalga A. platensis, por
excepcional entre os microrganismos. Nas exemplo, apresenta os maiores índices de
melhores fontes vegetais encontra-se produção de biomassa comparada a outras
somente metade destes níveis (Falquet, espécies conhecidas. Dentre os compostos
1996). O consumo de proteína é uma por ela produzidos destacam-se:
constante necessidade na alimentação ficocianinas, clorofila α, β-carotenos e ácido
humana e animal. Desequilíbrios γ-linolênico, entre outros ácidos graxos,
alimentares, como a desnutrição e a má além de possuir níveis excepcionalmente
alimentação, são um problema atual em todo elevados de proteínas.
o mundo. Há a necessidade da produção de São diversos os estudos encontrados
alimentos que possuam perfis na literatura visando ao estabelecimento do
nutricionalmente balanceados. Além disso, efeito das condições de cultivo, crescimento
devido ao crescimento populacional, as em meios alternativos e a composição
demandas alimentícias são cada vez mais bioquímica das microalgas, entretanto,
elevadas. Desta forma, a produção de nenhuma referência foi encontrada em
alimentos e compostos de interesse por meio relação a espécie de microalga nas
23
condições de cultivo (soro de leite) gênero Spirulina, ela pode ser
empregadas no presente trabalho. encontrada sob a designação de
O objetivo geral deste trabalho foi a Spirulina platensis. Isto ocorre mais por
produção de A. platensis utilizando o soro de motivos tradicionais, práticos e
leite, um derivado da agroindústria com tecnológicos do que taxonômicos, pois
grande capacidade poluente, chegando a um
este microrganismo é conhecido
método simples e seguro para a obtenção
deste microrganismo. Os objetivos comercialmente há muito tempo. Assim
específicos foram avaliar a A. platensis sendo, pode-se esperar que o nome S.
produzida quanto a aspectos físico-químicos, platensis continue a ser utilizado. Porém,
microbiológicos e microscópicos. cabe ressaltar que estes gêneros são
diferentes e filogeneticamente distantes,
apesar de compartilharem a mesma
2 BIBLIOGRAFIA morfologia helicoidal (Vonshak, 1997).
CONSULTADA Em 1827, P.J. Turpin isolou
Arthrospira platensis a partir de uma
2.1 Arthrospira platensis amostra de água doce (Ciferri, 1983).
Em 1844, perto da cidade de
Montevidéu, Wittrock e Nordstedt
2.1.1 Classificação relataram a presença de uma microalga
helicoidal, septada, verde azulada
O gênero Arthrospira, ordem chamada Spirulina. Mas, só em 1852,
Oscillatoriales, família Cyanophyceae, apareceu o primeiro relatório
contém o grupo de cianobactérias taxonômico escrito por Stizenberger. Ele
fotossintetizantes, filamentosas, deu o nome ao novo gênero de
caracterizadas por uma cadeia de células Arthrospira baseado na presença de
na forma de espiral (tricoma), envolvidas septos, forma helicoidal e estrutura
por uma bainha fina (Fig. 1 e 2). A multicelular. Gomont confirmou os
dimensão das células, o grau de estudos de Stizenberger em 1892. Este
espiralamento e o comprimento dos autor atribuiu a forma asseptada ao
filamentos variam com a espécie. Sob o gênero Spirulina e a forma septada ao
microscópio óptico, a A. platensis gênero Arthrospira. Geitler, em 1932,
aparece como filamento verde-azulado, devido à morfologia helicoidal
composto por células cilíndricas não reagrupou os membros dos dois gêneros
ramificadas e em forma helicoidal. A sob a designação Spirulina sem
forma helicoidal do tricoma é considerar a presença de septo, mas
característica do gênero, mas o apenas a semelhança morfológica. Em
comprimento e dimensão da hélice 1989, esses microrganismos foram
variam com a espécie. A forma de hélice classificados em dois gêneros, de acordo
é mantida apenas em meio líquido com uma sugestão de Gomont em 1892,
(Ciferri, 1983; Cruchot, 2008). e esta classificação é atualmente aceita
Devido ao fato de a Arthrospira (Sanchez et al., 2003).
platensis originalmente ter pertencido ao
24
Figura 1 - Micrografia eletrônica de tricoma de Arthrospira platensis
Fonte: Ciferri e Tiboni, 1985 ( fotos de R. Locci).
25
Figura 2 - Arthrospira platensis
Fonte: UTEX Culture Collection of Algae, LB 2340.
26
Trans-saariana observou "uma substância saúde e associações como Japan Health
verde azulada curiosa, semelhante a Food Association, United States Food and
biscoitos‖ chamado dihé era feito de A. Drug Administration, USA -The Natural
platensis, obtido de lagos alcalinos no Products Quality Assurance Alliance
deserto de Kanem, nordeste do lago Chade. (NPQAA), The Natural Nutritional Foods
Este pesquisador e o colega Cómpere Association (NNFA), Superior Public
confirmaram o relatório prévio de Dangeard, Hygience of France, Ministry of health-
quando começaram as análises químicas de Sweden e outros. Existem relatos de
A .platensis. Naquele momento, um grupo comercialização da Arthrospira spp. em
de pesquisadores franceses estudou algumas diversos locais como, África do Sul,
amostras de Spirulina (Arthrospira maxima) Alemanha, Arábia Saudita, Argentina,
que crescia abundantemente no lago Austrália, Áustria, Barein, Bahamas,
Texcoco, perto de Cidade do México Bangladesh, Belarus, Bélgica, Brasil,
(Ciferri, 1983). Bulgária, Canadá, Chade, Chile, China,
A partir de 1970, cresceram os Cingapura, Colômbia, Coréia, Costa Rica,
estudos nutricionais e medicinais em Croácia, , Dinamarca, Equador, Egito,
Arthrospira platensis e a República Federal Eslovênia, Espanha, Estados Unidos,
Alemã começou a apoiar investigações em Etiópia, Finlândia, Filipinas, França, ,
consumo humano de A. platensis na Índia, Grécia, Guam, Haiti, Hong Kong, Hungria,
Tailândia e Peru. Nos países asiáticos, a Índia, Islândia, Indonésia, Irlanda, Israel,
produção foi focalizada como suporte Itália, Jamaica, Japão, Quênia,
nutricional para a população desnutrida Liechtenstein, Luxemburgo, Macedônia,
(Ciferri e Tiboni, 1985; Chamorro et al., Malásia, México, Myanmar, Mônaco, Nova
2002; Araújo et al., 2003; Resta, 2004; Zelândia, Nigéria, Noruega, Peru, Polônia,
Torres-Duran et al., 2007). Portugal, República Tcheca, Rússia,
Apesar de ter sido utilizada como Romênia, Suécia, Suíça, Taiwan, Tailândia,
alimento pela população da África e Ásia há Togo, Turquia, Ucrânia, Reino Unido, ,
muito tempo, cientistas constataram os Venezuela, Vietnã, Zaire e Zimbábue (Lacaz
benefícios desta microalga somente no final e Nascimento, 1990; Henrikson, 2009).
do século passado, quando começou a ser Algumas companhias produtoras de
usada como suplemento nutricional por Arthrospira platensis mais conhecidas
conter diversas substâncias benéficas para o mundialmente são: Earthrise Farms (EUA),
ser humano (Bezzerra, 2006). Cyanotech (EUA), Hainan DIC Microalgae
Há muito a A. platensis (Spirulina) é Co.Ltd (China), Marugappa Chettir
comercializada (Fig. 3) e consumida, Research Center (India), Genix (Cuba) e
inclusive como alimento humano, e tem sido Solarium Biotechnology (Chile) (Belay,
aprovada como alimento para consumo 1997; Borowitzka, 1999).
humano por muitos governos, agências de
27
Figura 3 - Preparação e venda do Dihé
(A) Secagem ao sol de Spirulina platensis. Rombou (Republica do Chad), 1967.(B) Dihe sendo
vendido no mercado de Massakory (Republica do Chad), 1967. Fonte: Ciferri, 1983 ( fotos de
A. Iltis).
28
em vários filamentos pequenos ou
2.1.3 Ciclo de vida hormogonia por formação prévia de células
especializadas que perdem seu citoplasma e
se convertem em células de necridium nas
Um aspecto fundamental da biologia da quais o material celular que permite
Arthrospira platensis é seu ciclo de vida fragmentação é reabsorvido. O número de
(Fig. 4) devido a implicações taxonômicas, células nas hormogonias é aumentado
fisiológicas e de cultivo (Ciferri, 1983). através de fissão binária. Para este processo,
Este ciclo é resumido em três fases o tricoma cresce longitudinalmente e leva a
fundamentais: fragmentação dos tricomas, A. platensis a forma helicoidal (Ciferri e
amplificação das células de hormogonia e Tiboni, 1985).
processos de maturação e alongamento do
tricoma. Os tricomas maduros são divididos
100
80
60 Bicarbonato
%
40 carbonato
20
CO2
0
5 6 7 8 9 10 11 12 13
pH
100
80
%
60 Amônio
Amônia
40
20
0
6 7 8 9 10 11 12
pH
31
caroteno que é convertido em vitamina A as vitaminas e ácidos graxos polinsaturados
durante a digestão. Assim, a utilização desta (Falquet, 1996).
alga como complemento protéico em
populações com carências alimentares 2.1.6 Ácidos nucléicos
mostra-se viável (Coxey e Jesus, 2004).
Do ponto de vista qualitativo, as Em geral, biomassas microbianas
proteínas da A. platensis são consideradas apresentam altos teores de ácidos nucléicos.
completas, pois contém todos os Devido à falta de habilidade do organismo
aminoácidos indispensáveis ao ser humano, humano para metabolizar o ácido úrico,
que representam 47% do peso total da proveniente do metabolismo das purinas, o
mesma (Bujard et al., 1970). Entre estes, os aumento do consumo dos ácidos nucléicos
que estão em concentrações menores são os pode levar a altos níveis de ácido úrico no
sulfurados (metionina e cisteína) que estão soro sanguíneo. Desta forma, poderia
presentes em torno de 80% do valor ideal culminar no desenvolvimento de moléstias
recomendados pela FAO, baseado na como a gota. Neste contexto, as microalgas e
albumina do ovo e na caseína (Vermorel et cianobactérias são os microrganismos que
al., 1975). apresentam os menores teores de ácidos
Seu elevado conteúdo protéico, além nucléicos (cerca de 4-6%), contra 8-12%
da velocidade de crescimento em meios para leveduras e 20% para bactérias (Araújo
completamente minerais, são alguns dos et al., 2003), fazendo das microalgas e
fatores que chamaram a atenção de cianobactérias, em relação a ácidos
pesquisadores e da indústria (Falquet, 1996). nucléicos, os microrganismos com maior
O interesse na biotecnologia e na produção tolerância de consumo diário no caso de
comercial de Arthrospira spp. aumentam indivíduos acometidos de gota (Bezerra,
devido a algumas propriedades particulares 2006).
como alta digestibilidade (90%), baixa
concentração de ácidos nucléicos (4%), e
uma importância quantitativa de 2.1.7 Lipídios
aminoácidos essenciais (Bezerra, 2006).
Enquanto o interesse por outros
microrganismos tem diminuído devido a As publicações, em geral, informam
problemas de digestibilidade ou por seu uma concentração de 5,6% a 14% de lipídios
conteúdo ácido, a A. platensis se mostra uma do peso seco de A. platensis e A. maxima,
boa solução por sua fácil digestão e simples obtido por meio de um procedimento de
produção como suplemento alimentar de alta extração aprimorado e em condições padrão
qualidade. Diferentemente de outros de cultivo (Cohen, 1997; Ciferri, 1983;
microrganismos propostos como fonte de Falquet, 1996).
proteína (ex. Chlorella scenedesmus), as Trabalhos vêm sendo desenvolvidos
células da Arthrospira não têm parede para produção de lipídios visando aplicação
celular com celulose, sendo constituída por na indústria farmacêutica, alimentícia, além
mucopolissacarídeos. Isto explica a alta de outros seguimentos industriais (Nichols e
digestibilidade de suas proteínas (Falquet, Wood, 1968; Hudson e Karis, 1974,
1996; Coxey e Jesus, 2004). Brennan, 2010).
Assim, a Arthrospira não requer Podem ser citadas pesquisas com o
cocção ou tratamento especial para aumentar objetivo de produzir ácido graxo γ-
a disponibilidade de sua proteína. Esta é linolênico que pode representar entre 10 a
uma substancial vantagem considerando a 20% dos ácidos graxos de A. maxima, ou
simplicidade de produção e a preservação seja, 1-2% do peso seco (Nichols e Wood,
dos altos valores de seus constituintes como 1968; Hudson e Karis, 1974), enquanto que
32
A. platensis, pode chegar a 40% de seu peso, absorve muitos elementos traços enquanto
4% do peso seco destes ácidos graxos. Deste cresce e estes minerais são bem assimilados
modo, a Arthrospira pode ser considerada pelo corpo humano. Esta microalga é rica
como uma das melhores fontes deste ácido em ferro, além de fonte de cálcio, magnésio,
graxo, depois do leite humano e de alguns zinco, manganês, cromo, selênio e outros
óleos vegetais (Hudson e Karis, 1974). minerais traços. A ficocianina, um pigmento
Existem atualmente, pesquisas fotossintético da A. platensis, forma
focalizando a produção de lipídios derivados complexos solúveis com o ferro e outros
destas cianobactérias para a produção de minerais durante a digestão, tornando estes
biocombustíveis com preços competitivos elementos mais biodisponíveis ao homem e
(Brennan, 2010). animais (Sanchez et al., 2003;Henrikson,
2009).
33
(Silva, 2008). Nesse contexto, o emprego muito mais contaminadas que os produtos de
de processos de cultivo microbiano cultivo, sobretudo na secagem tradicional e
apresenta algumas vantagens em relação mesmo ao sol, depois de um mês não se
às fontes vegetais, como por exemplo, a encontram coliformes nem Streptococcus
possibilidade de um cultivo contínuo e (Jacquet, 1975; Falquet, 1996).
com rápida multiplicação dos As análises microbiológicas de
microrganismos (Rangel-Yagui et al., 2004). Arthrospira produzida industrialmente no
A possibilidade de incorporar toda a México e nos Estados Unidos confirmam a
biomassa de Arthrospira sp. em alimentos ausência total de patógenos como
é particularmente interessante, pois além Salmonella, Shigella ou Staphylococcus
de promover a coloração esverdeada, (Jacquet, 1975).
colabora com o enriquecimento do valor Jacquet (1975), em um estudo
nutricional do alimento (Danesi et al., utilizando microscopia direta e cultivos,
2002). mostrou que a microbiota acompanhante nas
preparações de Arthrospira varia com a
origem, a qualidade e a tecnologia
2.1.12 Microbiota associada a meios empregadas no cultivo. As principais
de cultivo e às preparações de espécies contaminantes são os bacilos,
Arthrospira platensis seguidos dos streptococos fecais e,
expecionalmente, as enterobactérias,
leveduras e esporos de fungos. Produtos
A microbiota presente em cultivos
secos diminuem muito em contaminação,
de A. platensis é geralmente rara e não
em relação a todas as espécies, apresentando
patogênica. Na realidade, a alcalinidade do
persistência apenas os anaeróbios, quando
meio (Harun et al., 2010), pH entre 8,5 e
presentes. Nenhuma contaminação por
11,0, constitui uma excelente barreira contra
amebas desentéricas foi encontrada, nem em
a maioria das contaminações, como
fontes naturais (lago Chade, no Chade), nem
bactérias, leveduras, bolores e algas,
em lagoas experimentais. A conservação da
assegurando um ―cultivo higiênico‖ desta
A. platensis seca não parece causar qualquer
cianobactéria (Jourdan, 2003).
problema, já que o produto aparenta ser
A maior vantagem do cultivo de
completamente resistente ao mofo.
biomassa em condições mais extremas de
pH é a minimização do risco de
contaminação, grande problema
2.1.13 Propriedades
principalmente em culturas ao ar livre
(Gimmler e Degenhardt, 2001). farmacológicas/nutracêuticas
Adicionalmente, algumas
substâncias secretadas ou contidas na A. A propriedade nutracêutica é a
platensis possuem uma atividade bactericida qualidade de um alimento, ou de um
ou bacteriostática (Falquet, 1996). Em meio ingrediente extraído de um alimento, que
sintético, em tanques abertos, se encontra proporciona benefícios médicos e de saúde,
normalmente 3x104 a 6x105 compreendendo a prevenção e/ou o
microorganismos por mililitro de meio de tratamento de doenças. Tais produtos podem
cultivo. Depois de coletada e seca, a A. abranger desde os nutrientes isolados,
platensis não contém mais de 103 suplementos dietéticos na forma de cápsulas
organismos vivos por grama (Wu e Pond, e dietas, até os produtos beneficamente
1981). Este número diminui gradualmente projetados, produtos herbais e alimentos
com o tempo de armazenamento. Mesmo em processados, tais como cereais, sopas,
preparações que vêm de fontes naturais, bebidas, etc (Kwak e Jukes, 2001).
34
Nos últimos anos, interesse tem (FDA), nos Estados Unidos, classificou a A.
surgido, em relação às propriedades platensis como GRAS (geralmente
farmacológicas de substâncias presentes na reconhecido como seguro).
biomassa de A. platensis, como o ácido
γ-linolênico e polissacarídeos. Vários 2.1.15 Produtividade
estudos indicam um grande potencial para o
uso farmacológico desta cianobactéria. São Considerando-se que A. platensis
citados efeitos na estimulação do sistema tem uma alta taxa de crescimento, existem
imunológico (Resta, 2004), da microbiota muitas empresas produzindo este
intestinal, contra hiperlipidemia, microrganismo fotossintético em diferentes
hipercolesterolemia (Chamorro et al., 2002; países. Em 2004 a produção mundial
Torres-Duran et al., 2007, Ponce- excedeu 3000 toneladas de A. platensis na
Canchihuamán et al., 2010), tumor bucal, base seca (Shimamatsu, 2004).
hipertensão, efeitos tóxicos de radiações, Os métodos de cultivo de A.
obesidade, diabetes, anemias, doenças virais platensis já são bem conhecidos, no entanto,
e outros, atribuindo a esta cianobactéria um com a utilização de meios de cultura
conjunto de propriedades que dificilmente minerais, torna-se alto o custo da produção
podem ser encontradas concomitantemente desta cianobactéria. Diversos trabalhos têm
em um único produto natural (Chamorro et sido desenvolvidos com o objetivo de
al., 2002; Araújo et al., 2003). cultivar a A. platensis em meios de cultivo
alternativos, tais como resíduos industriais
diversos, águas residuais, materiais que
2.1.14 Toxicologia contenham amido ou açúcares (de beterraba
ou cana de açúcar) (Pedraza,1989).
De um modo geral, as cianobactérias Vários países estão produzindo A.
produzem toxinas, porém, o gênero platensis. No Brasil, tem-se boa perspectiva
Arthrospira não possui os genes que técnica de produção, devido a alta
asseguram a síntese destas toxinas (Cruchot, intensidade de energia solar, o que levaria a
2008). Poucos produtos alimentícios têm uma alta produtividade (Pannir-Selvan et al.,
sido tão avaliados sob o ponto de vista 1999).
toxicológico. Os exaustivos estudos Segundo Rodrigues et al. (2010),
toxicológicos, assim como os estudos entre as cianobactérias, A. platensis é a
nutricionais no homem, unidos ao fato do preferida para a produção de biomassa
consumo tradicional da Arthrospira no devido à sua elevada taxa de crescimento
Chade e no México, comprovam que este celular, fácil controle do processo e
alimento é bastante seguro recuperação de biomassa, capacidade de
toxicologicamente. Além disto, diferentes crescer em meio alcalino com elevado teor
estudos têm demonstrado a grande de sal, redução dos riscos de contaminação e
homogeneidade genética das diversas flexibilidade e resistência à condições
populações de A. platensis cultivadas ou adversas ou abaixo do ideal. Por estas
coletadas ao redor do mundo. Deve-se razões, há um interesse crescente sobre o
assinalar, ainda, a total ausência, ao longo de cultivo de A. platensis e sua produção em
trinta anos de produção industrial ou larga escala em todo o mundo está sob
artesanal de A. platensis, de acidentes estudo.
alimentícios atribuídos direta ou
indiretamente a produção ou ao consumo
desta cianobactéria (Antenna Technologies 2.1.16 Outros meios de cultivo
1, 2000). O Food and Drug Administration
35
Diversos trabalhos foram realizados Paoletti, e o meio em que havia apenas
para estudar meios de cultivo alternativos solução alcalina também obteve um
para Arthrospira spp. Mudanças nas crescimento satisfatório.
condições ou mesmo novas formas de Substituindo 25% do meio padrão
cultivo melhoram os níveis de Paoletti por efluente de biodigestor contendo
produtividade, aumentam o grau de controle fezes de suínos, combinado com uma
do processo e diminuem os custos, tornando solução alcalina de cinzas de madeira, Nery
estas culturas viáveis comercialmente e Lacaz-Ruiz (2003) conseguiram
(Volkmann, 2006). crescimento de A. platensis semelhante ao
Phang et al. (2000), utilizando água meio 100% Paoletti, com teor protéico de
residual de fábrica de goma de sagu e quatro 45,34% na matéria seca.
variedades de A. platensis conseguiram Putty-Reddy et al. (2005) estudaram
crescimento de 0,68 a 0,88 g.L-1desta o crescimento de A. platensis em altas
cianobactéria. concentrações de sal, pela suplementação do
Olguín et al. (2001), avaliaram a meio Zarrouk com NaCl 0,8M e concluíram
produção de Arthrospira spp. (variedade de que o stress ao sal inibe o crescimento da A.
filamentos curtos) em água do mar platensis.
suplementada com efluente anaeróbico e Volkmann (2006), utilizando meio
constataram que o crescimento foi similar Paoletti suplementado com 1,0 g.L-1 de NaCl
(P< 0,05) ao meio Zarrouk utilizado como (água salinizada) e rejeito de dessalinizador
padrão. adicionado de 50% dos sais do meio Paoletti
Costa et al. (2003), utilizando água para o preparo dos meios de cultura para o
da Lagoa da Mangueira, localizada no Rio cultivo de A. platensis, conseguiu os maiores
Grande do Sul, suplementada com 2.88gL- valores de biomassa (4,954 g.L-1) e
1
de bicarbonato de sódio ou 0.35 g L -1de produtividade em células (0,225 g.L-1) no
uréia ou com ambos, conseguiram rejeito de dessalinizador.
concentrações máximas de 0,55 a 0,61g L-1 Pelizer et al. (2007) realizaram a
de A. platensis. produção da A. platensis pelo processo de
Kornfeld et al (2003) produziram cultivo com substrato em estado sólido,
biomassa de A. platensis em meio a base de utilizando-se como matriz para o
solução alcalina (NaOH) e efluente da crescimento microbiano, o bagaço de cana-
indústria cítrica (laranja), complementado de-açúcar e soluções de sais inorgânicos
com fontes de nitrogênio, fósforo e potássio. como fonte de nutrientes. O processo
O crescimento de A. platensis no meio considerando o teor protéico do material
proposto apresentou um crescimento cultivado, mostrou-se satisfatório.
máximo de 5,1gL-1. O meio de cultura Morais et al. (2009) avaliaram a
promoveu um crescimento com baixa viabilidade da produção em escala piloto de
contaminação de algas verdes e a biomassa A. platensis cepa LEB-18 no sul do Brasil,
produzida de A. platensis obteve um utilizando água da lagoa da Mangueira. A
percentual de 51,8% de proteína. concentração de biomassa média máxima foi
Utilizando uma solução alcalina de 1,24 g L-1 e a produtividade média foi
preparada com resíduos da indústria 21,59 g m-2 d-1. A biomassa apresentou
alcooleira (cinza de bagaço de cana) 84,0% de digestibilidade, 86,0% de
misturada em diferentes proporções de meio proteínas e 3,3% de lipídios. As análises
Paoletti, Salles et al. (2003) cultivaram A. mostraram que a concentração de metais
platensis. Os resultados mostraram um pesados e da carga microbiana foram
melhor crescimento desta cianobactéria nos inferiores a padrões aceitos
meios em que a proporção de solução internacionalmente.
alcalina é inferior ou igual à do meio
36
2.1.17 Utilizações da Arthrospira as pílulas, o pó e as cápsulas de Arthrospira
platensis SP. Ela é utilizada na fabricação de sabonete
na Corea, produtos dermatológicos são
fabricados na Alemanha com A. platensis
Por meio de análises sensoriais de
em sua composição, o extrato líquido é
textura e gordura de polpas de tilápia
consumido por pessoas no Japão. O pó desta
Oreochromis niloticus alimentados
cianobactéria é usado como suplemento para
exclusivamente com A. platensis, Lu et al.,
coloração de peixes e pássaros e diversos
(2003) demonstraram a alta qualidade de sua
outros usos pelo mundo. De acordo com
carne para o uso como sashimi.
Morais et al. (2010), utiliza-se A. platensis,
Grandes indústrias como a Dainippon
em escala piloto, para enriquecimento de
Tintas & Produtos químicos (Sakura)
alimentos no sul do Brasil, que são
desenvolveram um produto chamado Linha
distribuídos como petiscos a crianças da
azul que é usado em: gomas, sorvetes,
região.
doces, bebidas, etc e também vendem outra
forma deste pigmento em cosméticos
naturais como batons e sombras de olho. As 2.2 SORO DE LEITE
ficobiliproteínas são extensamente usadas na
indústria e laboratórios imunológicos, Minas Gerais é o estado brasileiro que
devido às suas propriedades: altos mais produz leite, ou seja, dos 26 milhões de
coeficientes de absorbância, alta produção litros produzidos em 2007 no Brasil, cerca
de fluorescência, fotoestabilidade, etc de 27% foram produzidos em Minas (Tab.
(Spolaore et al., 2006). No Japão, a 1). O Estado também se destaca na produção
ficocianina, um pigmento azul, é extraído da de derivados lácteos, incluindo-se o produto
A. platensis e utilizado como um agente mais apreciado e de maior destaque, quando
corante (O’Callagan, 1996). Segundo se fala em Minas Gerais - o queijo. A
Henrikson (2009), existem diversos usos da produção de queijo no Brasil é representada
A. platensis ao redor do mundo: os não só pelo tipos em que são empregadas
comprimidos desta microalga são ingeridos tecnologias cada vez mais avançadas, como
em diversos países para tratamento de uma os artesanais, tão tradicionais e
variedade de enfermidades. Em mais de 40 representantes típicos das propriedades
países, pessoas já estão familiarizadas com mineiras (Tab. 2) (EMBRAPA, 2008)
.
37
Tabela 1- Classificação da Produção Anual de Leite por Estado no Brasil, 2007
Produção de Leite
Classificação Estados
(milhões de litros)
1 Minas Gerais 7.275
2 Rio Grande do Sul 2.944
3 Paraná 2.701
4 Goiás 2.639
5 Santa Catarina 1.866
6 São Paulo 1.627
7 Bahia 966
8 Rondônia 708
9 Pernambuco 662
10 Mato Grosso 644
11 Pará 643
12 Mato Grosso do Sul 490
13 Rio de Janeiro 463
14 Espírito Santo 438
15 Ceará 416
16 Maranhão 336
17 Sergipe 252
18 Alagoas 243
19 Rio Grande do Norte 214
20 Tocantins 214
21 Paraíba 170
22 Acre 80
23 Piauí 76
24 Distrito Federal 36
25 Amazonas 20
26 Amapá 6
27 Roraima 6
Brasil 26.134
Fonte: IBGE – Pesquisa da Pecuária Municipal
Embrapa Gado de Leite – Tabela 02.40 -Atualizado em dezembro/2008
38
Tabela 2 - Produção brasileira de queijo (toneladas)
Dif. %
1991 1995 2000 2004
Tipo queijo 2004/00
COMMODITIES
Mussarela 60.000 84.180 125.000 144.690 15,6%
Prato 44.200 59.400 88.500 102.480 15,8%
Requeijão culinário 6.970 41.000 70.200 90.720 29,2%
SUB TOTAL 111.170 184.580 283.700 337.890 19,1%
FUNDIDOS
Fatias 1.500 1.900 3.500 4.400 25,7%
Porções 1.480 1.700 2.400 3.045 26,9%
Tablete 63 78 102 114 11,8%
Cremosos 485 570 800 820 2,5%
SUB TOTAL 3.528 4.248 6.802 8.379 23,2%
PROCESSADOS
Cream cheese 485 570 1.417 1.815 28,1%
Requeijão cremoso 9.350 19.000 26.700 30.907 15,8%
Petit suisse 14.314 14.427 20.800 22.932 10,2%
SUB TOTAL 24.149 33.997 48.917 55.654 13,8%
Frescos (massa crua)
Minas frescal 14.900 19.086 25.900 28.875 11,5%
M. F. ultrafiltrado 350 1.350 2.900 4.515 55,7%
Cottage 80 175 350 578 65,1%
Ricota 4.125 5.582 7.523 8.610 14,4%
TOTAL ESPECIAIS 7.337 8.266 12.363 - -
SUB TOTAL 19.455 26.193 36.673 42.578 16,1%
TOTAL 158.302 249.018 376.092 444.501 -
Fonte: SIPA/ABIQ/DATAMARK/DESK RESEARCH
Embrapa Gado de Leite – Tabela 04.24
39
de soro, queijo, lactose, ácido lático, álcool, grandes quantidades pelas indústrias de
vinagre, bebidas, etc). laticínios e pode ser transformado de um
O potencial de poluição do soro de resíduo poluente em um sub-produto de
leite é elevado. Tendo em vista a relação valor comercial. No país e no mundo, a
com o meio ambiente e as perdas produção de queijo vem aumentando (Tab.
econômicas advindas do descarte do soro, 3) e muitos produtores estão preocupados
torna-se necessário o seu emprego em novos com a aplicação do soro de queijo, pois o
produtos. O soro de leite é produzido em emprego convencional do soro não tem se
40
expandido, enquanto que sua aplicação em pequenos produtores, uma boa solução para
produtos mais nobres requer tecnologia mais o problema das indústrias de laticínios seria
sofisticada e de custos mais elevados o aproveitamento do soro para o cultivo de
(Torres, 1998). A industrialização do soro é A. platensis, sem a necessidade de grandes
uma área incipiente no Brasil, com pouca investimentos em aparelhagem e meios para
tecnologia desenvolvida para agregação de o cultivo desta cianobactéria.
valor ao mesmo. O desenvolvimento de um
processo adequado e economicamente viável
para geração de um sub-produto valorizado 2.3 ASSOCIAÇÃO Arthrospira
pode permitir ao setor de laticínios platensis E SORO DE LEITE
diversificar seu portfólio de negócios e
aumentar a sua receita (Révillion et al., A utilização de alimentos alternativos
2000). na dieta tem como principal objetivo reduzir
Vários trabalhos de pesquisa foram os custos e incrementar a produtividade da
desenvolvidos em diversos países visando atividade agropecuária. Deste modo, os mais
criar opções para utilização do soro de leite, diversos tipos de resíduos ou subprodutos
evitando assim que atue como agente de agroindustriais, quando empregados de
poluição ambiental (Siso, 1996; Almeida et forma racional, podem contribuir neste
al., 2001). A redução da DBO tem sido sentido, como é o caso do soro de leite.
alcançada por meio da produção de biogás, O reaproveitamento de subprodutos
etanol e outros produtos, fazendo com que do setor produtivo para o cultivo de A.
mais da metade do soro produzido não seja platensis solucionaria pelo menos dois
um poluente e sim um novo recurso. No problemas. Primeiro, diminuiria o custo de
entanto, a produção anual mundial de soro produção desta cianobactéria, já que o meio
de queijo está aumentando e novas de cultivo mineral tem alto custo, e segundo,
bioproduções estão sendo pesquisadas para daria um destino mais nobre a rejeitos da
garantir o uso de todo soro produzido (Siso, agroindústria.
1996). Neste aspecto a utilização de Há necessidade de modernização de
microrganismos para geração de produtos de setores da agroindústria, que muitas vezes
interesse comercial tem recebido crescente envolvem procedimentos complexos e
atenção por parte da indústria de alimentos demorados, especialmente no que se refere
(Révillion et al. 2000). ao aproveitamento de subprodutos. A
Sabe-se que as propriedades físicas, utilização deste cultivo pode ser facilmente
químicas e funcionais do soro conferem-lhe adaptável às condições de campo e, nas
características próprias e diferentes condições técnicas atuais, visto a não
possibilidades de utilização. A utilização do necessidade de cultivo e isolamento dos
soro de leite, por meio do desenvolvimento espécimes em condições de esterilidade e
de novos produtos alimentícios poderá em tempos prolongados. Adicionalmente, é
contribuir positivamente para o estado possível um ganho considerável na
nutricional de um setor importante da qualidade, especialmente devido a rapidez
população, ao mesmo tempo em que com que os subprodutos serão processados,
aportarão no mercado consumidor produtos além da economia de espaço com
com custo reduzido em relação aos seus aparelhagem e diversos reagentes. As
similares (Severo, 1995). amostras de soro poderão ser processadas
Considerando a necessidade de diretamente em seu local de produção, sem a
estimular a minimização da geração de necessidade de transporte para outros locais
resíduos, promovendo a substituição de de beneficiamento, evitando inconvenientes
subprodutos através de processos como tempo, custo e principalmente a
alternativos indicados inclusive para possibilidade de deterioração dos produtos.
Este último aspecto torna-se especialmente solução A5 (g.L-1):
relevante em vista do atendimento a H3BO3........................................................ 2,86
pequenos produtores. MnCl2 4H2O......................... 1,81
ZnSO4 7H2O......................... 0,222
CuCO4 5H2O........................ 0,079
3 MATERIAL E MÉTODOS MnO3........................................................ 0,015
3.1 OBTENÇÃO DA CEPA solução B6 (mg.L-1):
NH4VO3.................................................. 22,86
A cepa do microrganismo Arthrospira KCr(SO4)2 12H2O................ 192
platensis foi obtida da coleção de cultura da NiSO4 6H2O......................... 44,8
Universidade do Texas, Número UTEX LB Na2WO4.2H2O...................... 17,94
2340, Classe Cyanophyceae originária do TiOSO4. H2SO4. 8H2O.......... 61,1
lago Natron no Chade. CO(NO3)2 6H2O................... 43,98
42
3.4 CULTIVO temperatura de 25ºC, pH ajustado para 9,3
com NaOH à 40%, com concentração inicial
O cultivo foi realizado em meio do inóculo de 0,1gL-1 e 0,2gL-1 obtidos de
padrão Zarrouk e em soro de leite em pó cultivos em fase exponencial de
reconstituído a 3% e 6%, com e sem crescimento, o tempo de processo foi de 11
clarificação. A clarificação foi feita através dias, com tempo final determinado pela
de aquecimento do soro a 88°C, seguido por diminuição da concentração da A. platensis.
repouso por 10 minutos, período em que Foram realizados cinco repetições do
ocorreu a precipitação das proteínas cultivo.
desnaturadas, que foram coletadas em Para maior produção e posterior
recipientes com escorredor. Os meios de análises físico-química, microbiológica e
cultivo foram colocados em frascos microscópica a A. platensis foi cultivada em
Erlenmeyer de 1000 mL, com 500 mL de tanque de vidro com capacidade de 100
meio de cultura, com agitação quatro vezes litros, com 50 litros de meio de cultura (soro
ao dia, sob iluminância de 3,0 Klux medidos de leite clarificado) e inóculo de 0,1g/L nas
com fotômetro LI-COR modelo LI-189, mesmas condições de cultivo em menor
fotoperíodo de 12 horas claro/escuro, volume (Fig. 8).
43
absorbância obtidos no espectrofotômetro destilada. A amostra foi levada à estufa a
foram convertidos em concentração celular 100-105°C por um período de 5 h, suficiente
através de uma curva de calibração. para que mantivesse uma massa constante. A
partir desta massa de células, foram
3.6 TESTE COMPLEMENTAR preparadas diferentes diluições, que foram
levadas ao espectrofotômetro para leitura da
Devido ao fato do não crescimento de absorbância a 560 nm de comprimento de
A. platensis em meio elaborado com soro de onda e caminho óptico de 1 cm, com água
leite sem clarificação, foi testado no cultivo destilada como branco para o meio Zarrouk
desta cianobactéria em meio de soro não e soro como branco para o soro de leite.
clarificado adicionado de 50% do meio Obteve-se, dessa forma uma curva que
padrão Zarrouk para verificar se o relaciona concentração celular com a
crescimento em meio de soro de leite estava absorbância.
sendo inibido pela falta de algum nutriente.
3.8 AVALIAÇÃO PRELIMINAR DA
3.7 CURVA DE CALIBRAÇÃO BIOMASSA OBTIDA
PARA DETERMINAÇÃO DA
CONCENTRAÇÃO CELULAR Ao final do cultivo o meio com
crescimento da cianobactéria foi filtrado em
Foram feitas duas curvas de filtro de poliéster de malha entre 30 e 60
calibração, uma para crescimento em meio microns, lavado com água destilada e seco
Zarrouk outra para crescimento em soro de em estufa com circulação de ar à
leite. As curvas de calibração foram feitas temperatura de 50°C por 8 horas quando foi
filtrando-se células em fase de crescimento avaliado o teor de proteína da biomassa.
exponencial, que foram lavadas com água (Fig. 9),
44
3.9 ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA 3.10 ANÁLISE MICROSCÓPICA
3.9.3 Carboidratos
3.12 PRODUTIVIDADE CELULAR
O índice de carboidratos foi determinado
pelo método de Luff Schoorl, de acordo A produtividade celular (P) foi
com o método proposto por Matissek et al., calculada fazendo-se a razão entre a
1998. diferença da concentração celular final e
inicial (concentração celular do inóculo) e o
tempo (t) em dias correspondente à
3.9.4 Lactose concentração final. O tempo de cultivo foi
definido como o tempo onde a maior
O teor de lactose antes e após o cultivo da produtividade foi obtida.
A. platensis foi determinado pelo método P = (Xm –Xi) / Tc
de Luff Schoorl, conforme Matissek et al., Sendo:
1998. P = Produtividade em células (g.L-1.d-1)
Xm = concentração celular máxima obtida
(g.L-1)
3.9.5 DBO Xi = concentação celular inicial (gL-1)
Tc = tempo de cultivo de maior
Foi realizada análise da demanda concentração celular (dias)
bioquímica de oxigênio segundo Standard
Methods... (2005) método 5210B, antes e 3.13 ANÁLISE ESTATÍSTICA
após o cultivo da A. platensis.
Os resultados das análises foram
3.9.6 pH submetidos à Análise de Variância
(ANOVA) com um nível de significância de
Os valores de pH dos cultivos foram 95% (p < 0,05) para verificar a existência de
medidos diariamente por potenciômetria, diferenças significativas entre os resultados.
com um aparelho Digimed, modelo DM- 20. As médias significativamente diferentes
45
foram comparadas pelo teste de Duncan. O tempo de cultivo a sub-subparcela. Foram
nível de significância utilizado foi de realizadas 5 repetições dos cultivos.
p<0,05.
1,4
0,8
0,6
0,4
0,2
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5
Concentração spirulina
46
2,5
y = 1,1941x - 0,0324
2
R2 = 0,998
Absorbância
1,5
0,5
0
0 0,5 1 1,5 2
Concentração spirulina g/L
47
4.2.2 Análise microscópica em soro clarificado a 3% e a 6% são especificados na
de leite não clarificado tabela 5.
As amostras não revelaram presença Tabela 5 - Teor médio de lactose (%) para soro
de matéria macroscópica ou microscópica 3% e 6% sem clarificação antes e após cultivo de
Arthrospira platensis
prejudicial à saúde humana ou evidência de
Cultivo Soro 3% Soro 6%
microrganismos contaminantes. Não
evidenciaram também vestígios de A. Sem Sem
platensis. Sob o microscópio óptico, a clarificação clarificação
Arthrospira aparece como filamento verde- Antes 1,98a±0,01 4,20b±0,14
azulado, composto por células cilíndricas cultivo
não ramificadas e em forma helicoidal Após o 1,96a±0,007 4,17b±0,02
(Ciferri, 1983; Cruchot, 2008), porém, cultivo
a,b- letras minúsculas idênticass na mesma
nenhuma forma semelhante foi observada
coluna indicam valores estatisticamente iguais
nas análises realizadas.
(p>0,05) para os tratamentos.
48
Os principais fatores que influenciam consequentemente, ocorre pequena produção
o crescimento de microrganismos ou não acontece o crescimento de biomassa.
fotoautotróficos são luz e temperatura.
Observa-se muito intensamente a
dependência do crescimento celular em 4.3 CRESCIMENTO DE Arthrospira
função da intensidade luminosa (Matsudo, platensis EM SORO DE LEITE
2006), pois espécies fotoautotróficas como a CLARIFICADO
A. platensis, através da fotossíntese obtêm
energia para fixar carbono, elemento As concentrações médias de biomassa
necessário ao crescimento da biomassa. O gL-1 em meio padrão Zarrouk, soro 3%
cultivo de cianobactérias está intimamente clarificado, soro 6% clarificado nos 11 dias
associado à luz, devido a fotossíntese. de cultivo com inóculo de 0,1gL-1 e 0,2gL-1
Segundo Balloni et al (1980) ao ser e seus respectivos pH são mostrados nas
submetido a baixas intensidades luminosas, Figuras 12 a 17. As concentrações
a velocidade de crescimento é diminuída, e individuais de cada amostra são
especificados nos apêndices 1 a 30.
1,2 9,7
1 9,6
Concentração g/L
0,8 9,5
Concentração g/l
pH
0,6 9,4
pH
0,4 9,3
0,2 9,2
0 9,1
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
tempo (dias)
49
Média zarrouk inoc. 0,2
1,4 9,7
1,2 9,6
Concentração g/L
1
9,5
0,8 Concentração g/L
pH
9,4
0,6 pH
9,3
0,4
0,2 9,2
0 9,1
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Tempo (dias)
2 9,4
1,8 9,2
1,6
9
Concentração g/L
1,4
1,2 8,8
Concentração g/L
pH
1 8,6
pH
0,8 8,4
0,6
8,2
0,4
0,2 8
0 7,8
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Tempo (dias)
50
média soro3% inoc.0,2
2 9,4
1,8 9,2
1,6
9
Concentração g/L
1,4
1,2 8,8
Concentração g/L
pH
1 8,6
pH
0,8 8,4
0,6
8,2
0,4
0,2 8
0 7,8
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Tempo (dias)
1,4 9,4
1,2 9,2
Concentração g/L
1 9
0,6 8,6 pH
0,4 8,4
0,2 8,2
0 8
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Tempo (dias)
51
Média soro 6% inoc. 0,2
1,4 9,4
1,2 9,2
Concentração g/L
1 9
pH
0,6 8,6 pH
0,4 8,4
0,2 8,2
0 8
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
tempo (dias)
52
adição de uma base. O equilíbrio entre a pH depende de vários fatores, como
alcalinização pela adição de uma base e a composição e capacidade tamponante do
acidificação através da metabolização do meio, quantidade de dióxido de carbono
soro é imprescindível para o crescimento de dissolvido, temperatura (que determina a
A. platensis. solubilidade do CO2) e atividade metabólica
Observa-se portanto, que a das células (Becker, 1995; Karam e Soccol,
estabilidade do processo normalmente 2007). Caso haja no meio de cultivo
depende da existência do controle de pH, oscilações do pH, é necessário interferência
pois a rápida conversão da lactose em ácidos com ajuste do mesmo para a faixa de
faz com que a alcalinidade presente no crescimento da cianobactéria, o que ocorreu
sistema seja rapidamente consumida nas amostras cultivadas em soro de queijo,
(Backus et al. 1988). que tiveram seu pH ajustado de 24 em 24
Assim, os problemas de estabilidade horas. Para A. platensis, a alta alcalinidade é
encontrados são normalmente associados à um requisito essencial para um ótimo
inadequada capacidade tampão e/ou à crescimento (Ogbonda et al., 2006).
deficiência de micronutrientes (Yan et al., As concentrações máximas finais de
1988; Zimmer, 2006). O pH do meio de biomassa (gL-1) nos cultivos em soro de
cultivo é um dos fatores mais importantes no queijo foram obtidas no tempo de 10 dias
cultivo de algas. O pH determina a (Figuras 14 a 17 e apêndices 11 a 30). O teor
solubilidade do dióxido de carbono e médio de crescimento para A. platensis em
minerais no meio e influencia direta ou soro 3% e 6% e meio Zarrouk com inóculo
indiretamente o metabolismo das algas. O de 0,1gL-1 e 0,2gL-1 são dados na tabela 7 .
53
Constatou-se que o crescimento de 3% clarificado, em soro de queijo 6%
A. platensis foi maior em soro de queijo a clarificado ou em meio Zarrouk (tab. 7).
3% que em soro a 6%, sugerindo que pode Estes resultados evidenciam que a
haver algum fator de inibição para esta concentração de 0,1gL-1 é a mais apropriada
cianobactéria presente no soro, levando a um para o cultivo de A. platensis, pois, nos
maior crescimento no meio mais diluído. testes realizados, o teor de crescimento no
Considerando-se que a única diferença dos inóculo mais concentrado não mostrou
meios de cultura clarificados formulados diferença suficiente que justifique sua
com soro de queijo é sua concentração, utilização.
provavelmente o menor crescimento em soro Estes resultados são semelhantes aos
6% deve-se a menor transmitância de luz encontrados por Pelizer (2003), que testou
através do meio de cultura ou devido a ação concentrações de inóculo de 0,5 gL-1, 1,0 gL-
1
tóxica de algum componente do soro para a , 1,5 gL-1 e 2,0 gL-1 para o cultivo de A.
cianobactéria. Apesar de a diferença de platensis, encontrando maior valor numérico
crescimento de Arthrospira em soro 3% e no inóculo de 1,5 gL-1, porém, sem diferença
6%, ambos evidenciaram que o soro de estatística entre todas as concentrações
queijo é um bom meio de cultivo para a A. testadas, e chegou a conclusão que o inóculo
platensis. O meio a 3% demonstrou maior menos concentrado seria o mais adequado
concentração (p<0,05) e o meio a 6% teor para o cultivo deste microrganismo.
semelhante (p>0,05) de A. platensis que o As curvas de crescimento (valores
meio padrão Zarrouk médios) de A. platensis e as concentrações
As duas concentrações do inóculo médias em 11 dias de cultivo em soro de
testadas (0,1gL-1 e 0,2gL-1) não mostraram queijo e em meio Zarrouk são apresentadas
diferenças significativas entre elas, quando na Figura 18.
A. platensis foi cultivada em soro de queijo
1,8
1,6
1,4
Concentração g/L
0,8 soro 3%
0,6
0,4
0,2
0
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (dias)
56
nitrogênio orgânico, na forma de proteínas. mostrados na tabela 9.
Os teores de proteína das amostras são
Segundo Morris (1974), o nitrogênio protéicos (uréia e ácido úrico) presentes nos
assimilado pelo microrganismo é utilizado soros em geral.
primeiro para o crescimento celular e, Segundo Funteu et al. (1997), em A.
posteriormente, para formação de nitrogênio platensis, a deficiência de nitrogênio durante
orgânico e como material de reserva. o período de crescimento leva a um
Sassano (2004) observou que os teores de decréscimo na produção de ficocianina e
proteínas nas biomassas decaíram clorofila. Ficocianinas são cromoproteínas
significativamente a valores que chegaram a que constituem o principal pigmento na
16,5% em cultivos realizados sob limitação captação de luz em cianobactérias e
de nitrogênio. Os meios de cultura representam metade das proteínas celulares.
convencionais utilizam, como fonte de Na falta de nitrogênio e enxofre, essas
nitrogênio para a obtenção da biomassa, sais cromoproteínas são consumidas, reduzindo a
de nitrato, como nitrato de sódio, segundo eficiência fotossintética (Cornet et al.,
Zarrouk (1966), e nitrato de potássio, 1992b), fato que poderia explicar o menor
conforme Paoletti et al. (1975). Ambos, os teor de proteínas da biomassa cultivada em
tipos e a quantidade da fonte de nitrogênio soro de queijo clarificado, comparado a
no meio de cultura influenciam no biomassa obtida em cultivo em meio padrão.
crescimento e composição da biomassa. Apesar de mais baixo que no meio padrão os
Grande parte das proteínas que percentuais de 36,26% e 36,52% para os
poderiam ser utilizadas como fonte de soros de queijo clarificados 3% e 6%,
nitrogênio para síntese de proteína por A. respectivamente, representam excelente
platensis, no soro de leite utilizado como fonte de proteína comparados a vários
meio de cultivo neste experimento, foram alimentos naturais como diversos tipos de
precipitadas através do procedimento de carne (15-25%), leite em pó (35%),
clarificação das amostras, antes do início da amendoim (25%), ovos (12%) ou leite
cultura. Com isso as fontes de nitrogênio integral (3%) (Henrikson, 2000).
disponíveis ao crescimento de A. platensis
ficaram diminuídas, resumindo-se em 4.3.3.2 Lipídeos
pequeno percentual de proteínas (tabela 9)
existentes no soro clarificado 3% e 6% antes Os teores de lipídeos encontrados na
do cultivo e em compostos nitrogenados não biomassa foram em média de 6,5%±0,50,
6,6%±0,45 e 7,08%±0,78 para o soro 3%,
57
soro 6% e meio Zarrouk, respectivamente. a composição da biomassa. A agitação é
Estes percentuais são similares aos outro fator chave no cultivo, pois, além de
encontrados em crescimento desta outros fatores, homogeneiza minerais,
cianobactéria em meio padrão, que vai de temperatura e luz. O pH é outra variável que
5,6% a 14% (Ciferri, 1983; Falquet, 1996; interfere no crescimento microbiano,
Cohen, 1997). Os valores encontrados são regulando reações bioquímicas que estão
similares aos obtidos por Oliveira et al. relacionadas com a concentração de íons H+
(1999), em cultivos de Arthrospira spp a no meio de cultura, interferindo também na
30º C, correspondentes a 6,96% e 6,20% estrutura e atividade das proteínas, em
para biomassas de A. platensis e A. particular de proteínas enzimáticas. Porém,
maxima, respectivamente. Segundo Colla et o soro de queijo reconstituído, apresentou
al. (2007), concentrações mais altas de um teor de nutrientes e foi mantido em
nitrato de sódio (fonte de nitrogênio) condições ambientais que permitiram a
resultaram em um aumento de lipídeos, cianobactéria manter seus padrões normais
semelhante ao obtido por Manabe et al. de lipídeos.
(1992), que demonstraram maiores
concentrações de lipídeos em meio com 4.3.3.3 Carboidrato
grande disponibilidade de nitrogênio. Em
contrapartida, Piorreck et al. (1984), As análises revelaram teores de
demonstraram que para cianobactérias em carboidratos de 24,3%±1,66 para soro 3% e
várias concentrações de nitrogênio testadas 25,38%±2,25 para soro 6%. Estes teores
(de 0,001% a 0,1%), o conteúdo de lipídeos podem ser considerados altos, quando
permaneceu constante, acontecendo um leve confrontados a cultivos em condições
aumento apenas na maior concentração de padrões, que podem variar de 7% a 13%
nitrogênio testada. segundo a literatura, porém, podem ser
Por outro lado, o valor encontrado consideradom similares ao meio padrão
neste trabalho está bastante abaixo de Zarrouk neste experimento, que foi de
valores encontrados por Mahajan e 24,71%±1,84, pois não há diferença
Kamat (1995), utilizando baixas estatística entre os resultados (p>0,05). O
quantidades de nitrogênio. Nestas alto percentual de carboidrato no cultivo em
condições, obtiveram biomassa com alta soro pode ser explicado pela falta de algum
concentração de lipídeos (45% da nutriente no metabolismo da cianobactéria,
biomassa seca). Ainda constataram que concordando com Walach et al. (1987), que
com altas quantidades de nitrogênio, o afirmam que quantidades mais altas de
teor de lipídeos na biomassa caiu para 20% carboidrato são sintetizadas quando a
da massa seca, e com isto a quantidade disponibilidade de nitrogênio é diminuída,
de proteína pôde subir de 8% para até mas a disponibilidade de carbono é
54%. constante. Outra explicação seria a
As pesquisas citadas acima indicam deficiência na intensidade luminosa que,
que a variabilidade do teor de lipídeos em como uma de suas conseqüências, levaria A.
cultivos de A. platensis é bastante complexa platensis a aumentar a produção de
e mesmo grandes modificações no meio de carboidratos de reserva.
cultivo podem não influenciar os teores de
lipídeos, o que poderia explicar os
4.3.3.4 Lactose
percentuais encontrados nos cultivos em
soro de queijo semelhantes ao meio padrão.
Os valores encontrados para lactose
A temperatura do cultivo afeta a
no soro clarificado antes e após cultivo da A.
concentração celular, a natureza do
platensis são apresentados na tabela 10.
metabolismo, as necessidades nutricionais e
58
Estes resultados indicam que esta parece ter potencializado a taxa de
cianobactéria foi capaz de utilizar a lactose crescimento, com a geração de maior teor de
em seu metabolismo. Ainda que a principal biomassa. Como fonte orgânica de carbono,
fonte de carbono empregada nos cultivos a lactose foi utilizada fotoheterotrófica e/ou
tradicionais seja o dióxido de carbono, mixotroficamente por A. platensis,
diversos estudos têm comprovado que as concordando com o relatado por Cid et al.
microalgas podem crescer empregando (1992), que em cultivos de Tertraselmis
diferentes rotas nutricionais e, especialmente suecica, o emprego de fontes orgânicas de
utilizando compostos orgânicos como carbono (extrato de levedura, glicose e
glicose, acetato, lactato, aminoácidos ou peptona) melhorou significativamente o
outros substratos (Derner, 2006). crescimento, chegando a obter densidades
celulares três vezes superiores àquelas
obtidas em cultivos fotoautotróficos. Becker
Tabela 10 - Teor médio de lactose (%) para soro
e Venkatarama (1984), atestaram que em
3% e 6% clarificado antes e após cultivo de
Arthrospira platensis cultivos de Scenedesmus sp. empregando
Soro 3% Soro 6% como substrato de carbono orgânico glicose,
Cultivo manose, sucrose, frutose ou galactose, o
clarificado clarificado
crescimento foi favorecido com todas as
Antes 2,005a±0,007 4,15c±0,007 fontes avaliadas.
cultivo
A utilização de diversas fontes de
Após 0,14b±0,03 0,29d±0,02 carbono orgânico por A. platensis foi
cultivo
a,b,c,d- letras minúsculas diferentes na mesma testado por Ciferri (1984). Dentre elas, a
coluna indicam valores estatisticamente glicose foi fornecida à culturas de A.
diferentes (p<0,05) para os tratamentos. platensis com carbonos marcados (C14). Em
menos de quatro dias de cultura, toda a
glicose marcada desapareceu do meio e
Os cultivos podem ser classificados quase 50% desta foi recuperada com a
conforme a fonte de carbono empregada e a biomassa da cianobactéria, o restante do
utilização ou não de fonte luminosa. As carbono marcado foi liberado sob a forma de
cianobactérias de um modo geral são CO2 (34%) ou como subprodutos orgânicos
consideradas autotróficas ou excretados no meio de cultivo (19%),
fotoautotróficas, onde há emprego de luz demonstrando que A. platensis consegue
como exclusiva fonte energética, para a utilizar fontes orgânicas de carbono, porém
redução (fixação) do CO2 (considerado de pouco se conhece sobre este mecanismo.
fonte inorgânica) pela oxidação de No cultivo mixótrófico, o CO2 e o
substratos, com liberação de O2. Porém carbono orgânico são simultaneamente
muitos cultivos têm sido feitos utilizando o assimilados, este tipo de cultivo pode ser o
modo mixótrófico (utilização simultânea de processo mais eficiente para a produção de
uma fonte luminosa e substrato orgânico biomassa microalgal, visto que implica em
como fonte de energia, bem como CO2 e uma economia na energia gasta para a
substrato orgânico como fontes de carbono) síntese de todo o aparato fotossintético e
e o modo fotoheterotrófico (utilização da luz para a fixação de carbono (Lee, 2004),
como fonte de energia para assimilação do explicando o maior teor de biomassa em
carbono orgânico). A taxa de crescimento, a soro de queijo reconstituído que no meio
produtividade e a composição química da padrão utilizado.
biomassa sofrem alterações dependendo do A. platensis é capaz de utilizar
tipo de cultivo utilizado, o que ocorreu com carbono orgânico como substrato para
A. platensis cultivada em soro de queijo, crescimento heterotrófico e mixótofico.
pois a fonte de carbono utilizada, a lactose, Porém, o crescimento heterotrófico não é
59
adequado para produção de certos dos microrganismos que se alimentam da
constituintes desta cianobactéria, como a matéria orgânica. Conforme Freire et al.
ficocianiona, dado que este é um pigmento (2000), embora a sua importância seja
fotossintético acessório. Testes realizados indiscutível, a atividade industrial costuma
demonstraram que esta microalga cresce ser responsabilizada, e muitas vezes com
muito mais em meio suplementado com justa razão, pelo fenômeno de contaminação
glicose do que sob condições ambiental. Processos industriais que utilizam
fotoautotróficas. Em uma cultura grandes volumes de água contribuem
fotoheterotrófica, a fonte de carbono e a significativamente com a contaminação dos
intensidade luminosa são os fatores mais corpos d'água, principalmente pela ausência
importantes que influenciam o crescimento e de sistemas de tratamento para os grandes
a composição celular da microalga (Rangel, volumes de efluentes líquidos produzidos. O
2000). estudo de novas alternativas para o
tratamento dos inúmeros efluentes
4.3.3.5 DBO industriais atualmente produzidos, continua
sendo uma das principais armas de combate
A DBO é o parâmetro fundamental ao fenômeno de contaminação
para o controle da poluição das águas por antropogênica.
matéria orgânica, uma ferramenta O percentual da DBO no soro de
imprescindível nos estudos de auto- queijo clarificado 6% diminuiu 77,43% em
depuração dos cursos d’água, além de relação ao soro na mesma concentração após
constituir-se em importante parâmetro na o cultivo. Em relação ao soro 3%, houve
composição dos índices de qualidade das diminuição de 80,2% da demanda
águas. bioquímica de oxigênio, considerando-se
A demanda bioquímica de oxigênio antes e após cultivo de A. platensis,
(DBO5) no soro antes do cultivo e após 10 revelando grande redução no potencial de
dias de cultivo com a Arthrospira platensis é poluição do soro. Em razão da elevada
especificada na tabela 11. concentração de DBO no dejeto bruto, o
efluente final ainda necessita da continuação
do tratamento para remoção da DBO
Tabela 11 - Demanda Bioquímica de Oxigênio remanescente, porém pode-se considerar que
(DBO5) mg/L para soro 3% e 6% clarificado o cultivo de A. platensis em soro de queijo
antes e após cultivo de Arthrospira platensis abre mais um caminho para redução do
Cultivo Soro 3% Soro 6% potencial poluidor do soro.
clarificado clarificado
Antes 26.703a ±73,54 49.368,5c±200,11
cultivo 4.3.4 Análise microscópica em soro
Após de leite clarificado
5.294,5b±64,35 11.142,5d±194,45
cultivo
a,b,c,d- letras minúsculas distintas na mesma A microscopia é uma área do controle
coluna indicam valores estatisticamente de qualidade que visa, além da questão das
diferentes (p<0,05) para os tratamentos. condições higiênico-sanitárias, analisar a
pureza dos produtos/alimentos. É uma
técnica microanalítica utilizada na
Segundo Sperling (2005), o principal efeito identificação e avaliação da contaminação e
ecológico da poluição orgânica em um curso de fraudes em alimentos, constituindo-se um
d’água é o decréscimo dos teores de ponto relevante no controle de qualidade,
oxigênio dissolvido causado pela respiração fornecendo subsídios para análise de pontos
60
críticos no processamento, estocagem e saúde humana ou evidência de
distribuição dos alimentos. Os resultados microrganismos contaminantes,
encontrados enfatizam que é difícil a demonstrando uma boa condição higiênica
contaminação da A. platensis ao nível do produto.
laboratorial. A tabela 12 evidencia que as
amostras não revelaram presença de matéria
macroscópica ou microscópica prejudicial à
5 CONCLUSÕES
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69
APÊNDICES
70
Apêndice 1 - Tabela de valores da evolução da Concentração celular (g/L) e valor
de pH em meio padrão Zarrouk da amostra 1 em relação ao tempo de cultivo da
Arthrospira platensis com inoculo de 0,1g/L.
Dias Concentração celular em pH do cultivo
meio padrão Zarrouk g/L
0 0,1 9,3
1 0,214718 9,3
2 0,391099 9,3
3 0,43281 9,3
4 0,519615 9,3
5 0,597495 9,3
6 0,67962 9,3
7 0,766288 9,4
8 0,992046 9,5
9 1,068107 9,55
10 1,069925 9,6
11 1,11156 9,65
0 0,1 9,3
1 0,15725 9,3
2 0,21003 9,3
3 0,29597 9,3
4 0,32919 9,3
5 0,460123 9,3
6 0,4865 9,4
7 0,51936 9,45
8 0,68003 9,5
9 0,999 9,6
10 1,02197 9,6
11 1,033299 9,7
71
Apêndice 3 - Tabela de valores da evolução da Concentração celular (g/L) e valor
de pH em meio padrão Zarrouk da amostra 3 em relação ao tempo de cultivo da
Arthrospira platensis com inoculo de 0,1g/L.
Dias Crescimento em meio pH do cultivo
padrão Zarrouk g/L
0 0,1 9,3
1 0,13723 9,3
2 0,20322 9,3
3 0,29998 9,3
4 0,33172 9,3
5 0,4629 9,35
6 0,47891 9,35
7 0,52679 9,4
8 0,67597 9,5
9 0,98746 9,6
10 0,98978 9,6
11 1,0031 9,6
0 0,1 9,3
1 0,14216 9,3
2 0,20653 9,3
3 0,28551 9,3
4 0,33316 9,3
5 0,44823 9,3
6 0,47819 9,35
7 0,50919 9,4
8 0,68832 9,5
9 0,99013 9,6
10 1,0005 9,6
11 1,01368 9,6
72
Apêndice 5 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e valor
de pH em meio padrão Zarrouk da amostra 5 em relação ao tempo de cultivo da
Arthrospira platensis com inoculo de 0,1g/L.
Dias Crescimento em meio pH do cultivo
padrão Zarrouk g/L
0 0,1 9,3
1 0,15022 9,3
2 0,2059 9,3
3 0,292895 9,3
4 0,328352 9,3
5 0,45747 9,3
6 0,48543 9,3
7 0,550414 9,4
8 0,687145 9,5
9 1,011064 9,6
10 1,02348 9,6
11 1,034569 9,7
0 0,2 9,3
1 0,220821 9,3
2 0,401715 9,3
3 0,451121 9,3
4 0,525426 9,3
5 0,580905 9,3
6 0,718316 9,4
7 0,791942 9,45
8 0,970084 9,5
9 1,049598 9,6
10 1,21129 9,6
11 1,233357 9,7
73
Apêndice 7 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH
em meio Zarrouk em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis com
inoculo de 0,2g/L na amostra 2.
Dias Crescimento em meio pH do cultivo
padrão Zarrouk g/L
0 0,2 9,3
1 0,186689 9,3
2 0,311174 9,3
3 0,316515 9,3
4 0,415547 9,3
5 0,498844 9,35
6 0,524808 9,35
7 0,665658 9,4
8 0,768 9,5
9 1,017984 9,55
10 1,048141 9,6
11 1,089195 9,6
0 0,2 9,3
1 0,144568 9,3
2 0,218954 9,3
3 0,270247 9,3
4 0,349202 9,3
5 0,480773 9,3
6 0,500676 9,35
7 0,628737 9,4
8 0,762226 9,5
9 1,037493 9,6
10 1,048074 9,6
11 1,055174 9,6
74
Apêndice 9 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH
em meio Zarrouk em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis com
inoculo de 0,2g/L na amostra 4.
Dias Crescimento em meio pH do cultivo
padrão Zarrouk g/L
0 0,2 9,3
1 0,149443 9,3
2 0,212354 9,3
3 0,30072 9,3
4 0,353661 9,3
5 0,467967 9,3
6 0,496733 9,3
7 0,554427 9,4
8 0,747286 9,5
9 1,0279 9,6
10 0,948077 9,6
11 1,078279 9,6
0 0,2 9,3
1 0,176205 9,3
2 0,269667 9,3
3 0,328775 9,3
4 0,410516 9,3
5 0,510542 9,3
6 0,579163 9,3
7 0,667316 9,4
8 0,810228 9,5
9 1,059763 9,6
10 1,291942 9,6
11 1,320589 9,7
75
Apêndice 11 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do
pH em soro de leite 3% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,1g/L na amostra 1.
Dias Crescimento em soro 3% pH do cultivo
g/L
0 0,1 9,3
1 0,330807 8,7
2 0,496637 9,3
3 0,649798 8,3
4 0,785686 9,3
5 1,065522 8,5
6 1,366664 9,3
7 1,455911 8,2
8 1,487005 9,3
9 1,526158 8,6
10 1,56416 9,3
11 1,346509 8,7
0 0,1 9,3
1 0,474757 8,6
2 0,587611 9,3
3 0,747682 8,5
4 0,961879 9,3
5 1,303902 8,6
6 1,316569 9,3
7 1,789872 8,4
8 1,793326 9,3
9 1,829026 8,6
10 1,826723 9,3
11 1,528461 8,4
76
Apêndice 13 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do
pH em soro de leite 3% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,1g/L na amostra 3.
Dias Crescimento em soro 3% pH do cultivo
g/L
0 0,1 9,3
1 0,444815 8,6
2 0,511607 9,3
3 0,622159 8,4
4 0,845568 9,3
5 1,067825 8,4
6 1,425969 9,3
7 1,598708 8,5
8 1,61368 9,3
9 1,779508 8,6
10 1,80254 9,3
11 1,489307 8,5
0 0,1 9,3
1 0,460936 8,6
2 0,579551 9,3
3 0,714286 8,5
4 1,063219 9,3
5 1,359176 8,6
6 1,686229 9,3
7 1,772597 8,4
8 1,816358 9,3
9 1,825571 8,5
10 1,592951 9,3
11 1,489307 8,5
77
Apêndice 15- Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do
pH em soro de leite 3% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,1g/L na amostra 5.
Dias Crescimento em soro 3% pH do cultivo
g/L
0 0,1 9,3
1 0,495484 8,4
2 0,688951 9,3
3 0,854782 8,6
4 1,268203 9,3
5 1,482397 8,4
6 1,753022 9,3
7 1,76684 8,5
8 1,770295 9,3
9 1,779508 8,4
10 1,785265 9,3
11 1,520399 8,4
0 0,2 9,3
1 0,194562 8,6
2 0,562277 9,3
3 0,685497 8,4
4 0,866297 9,3
5 1,013699 8,6
6 1,161103 9,3
7 1,398332 8,3
8 1,434031 9,3
9 1,486435 8,4
10 1,696007 9,3
11 1,41215 8,6
78
Apêndice 17 – Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do
pH em soro de leite 3% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inoculo de 0,2 g/L na amostra 2.
Dias Crescimento em soro 3% pH do cultivo
g/L
0 0,2 9,3
1 0,199987 8,5
2 0,515075 9,3
3 0,594546 8,7
4 0,709468 9,3
5 0,98267 8,4
6 1,265479 9,3
7 1,51318 8,5
8 1,689472 9,3
9 1,69875 8,6
10 1,72359 9,3
11 1,498521 8,5
0 0,2 9,3
1 0,195897 8,6
2 0,637131 9,3
3 0,652101 8,5
4 0,817929 9,3
5 1,174922 8,6
6 1,344206 9,3
7 1,548038 8,4
8 1,769143 9,3
9 1,81751 8,5
10 1,82571 9,3
11 1,443244 8,6
79
Apêndice 19 – Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do
pH em soro de leite 3% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inoculo de 0,2 g/L na amostra 4.
Dias Crescimento em soro 3% pH do cultivo
g/L
0 0,2 9,3
1 0,204892 8,5
2 0,49568 9,3
3 0,563479 8,4
4 0,79873 9,3
5 1,005689 8,6
6 1,27891 9,3
7 1,648901 8,4
8 1,73159 9,3
9 1,89327 8,5
10 1,91375 9,3
11 1,51236 8,5
0 0,2 9,3
1 0,198733 8,4
2 0,4897 9,3
3 0,52193 8,6
4 0,73419 9,3
5 1,1492 8,5
6 1,31567 9,3
7 1,597348 8,4
8 1,74238 9,3
9 1,90368 8,5
10 1,59767 9,3
11 1,68359 8,5
80
Apêndice 21 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do
pH em soro de leite 6% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,1g/L na amostra 1.
Dias Crescimento em soro 6% pH
g/L
0 0,1 9,3
1 0,163828 8,7
2 0,205284 9,3
3 0,304321 8,5
4 0,536942 9,3
5 0,739623 8,6
6 0,823688 9,3
7 0,918118 8,4
8 0,965333 9,3
9 0,987213 8,5
10 1,026369 9,3
11 0,944604 8,4
0 0,1 9,3
1 0,293957 8,6
2 0,313534 9,3
3 0,454028 8,6
4 0,610643 9,3
5 0,844417 8,5
6 1,10698 9,3
7 1,265898 8,6
8 1,36839 9,3
9 1,485851 8,5
10 1,495642 9,3
11 1,218683 8,6
81
Apêndice 23 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do
pH em soro de leite 6% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,1g/L na amostra 3
Dias Crescimento em soro 6% pH
g/L
0 0,1 9,3
1 0,30317 8,7
2 0,493181 9,3
3 0,65786 8,5
4 0,89854 9,3
5 1,109283 8,7
6 1,367238 9,3
7 1,424818 8,6
8 1,437485 9,3
9 1,459365 8,8
10 1,477792 9,3
11 1,306204 8,7
0 0,1 9,3
1 0,167442 8,6
2 0,512313 9,3
3 0,890519 8,6
4 0,947493 9,3
5 0,990526 8,6
6 1,02871 9,3
7 1,06447 8,7
8 1,06144 9,3
9 1,068713 8,6
10 1,071743 9,3
11 1,00032 8,7
82
Apêndice 25 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do
pH em soro de leite 6% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,1g/L na amostra 5.
Dias Crescimento em soro 6% pH
g/L
0 0,1 9,3
1 0,15229 8,6
2 0,487463 9,3
3 0,899005 8,5
4 0,960221 9,3
5 0,977798 8,7
6 1,029316 9,3
7 1,055379 8,6
8 1,055379 9,3
9 1,072955 8,5
10 1,072349 9,3
11 0,99543 8,7
0 0,2 9,3
1 0,192458 8,7
2 0,253651 9,3
3 0,264015 8,6
4 0,336566 9,3
5 0,534639 8,5
6 0,705095 9,3
7 0,717742 8,5
8 0,842114 9,3
9 0,899694 8,6
10 1,001032 9,3
11 0,986062 8,6
83
Apêndice 27 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do
pH em soro de leite 6% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,2g/L na amostra 2.
Dias Crescimento em soro 6% pH
g/L
0 0,2 9,3
1 0,188948 8,6
2 0,339058 9,3
3 0,485121 8,6
4 0,485254 9,3
5 0,914664 8,6
6 1,224253 9,3
7 1,316569 8,7
8 1,520399 9,3
9 1,554947 8,6
10 1,591799 9,3
11 1,417909 8,5
0 0,2 9,3
1 0,19005 8,6
2 0,342323 9,3
3 0,395297 8,5
4 0,535791 9,3
5 0,6878 8,7
6 1,12459 9,3
7 1,15634 8,7
8 1,189736 9,3
9 1,20137 8,5
10 1,333842 9,3
11 1,10007 8,6
84
Apêndice 29 – Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do
pH em soro de leite 6% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,2g/L na amostra 4.
Dias Crescimento em soro 6% pH
g/L
0 0,2 9,3
1 0,19568 8,5
2 0,24601 9,3
3 0,381546 8,5
4 0,425001 9,3
5 0,709874 8,6
6 1,171678 9,3
7 1,006478 8,5
8 1,19991 9,3
9 1,210068 8,6
10 1,309473 9,3
11 1,168924 8,7
0 0,2 9,3
1 0,187895 8,5
2 0,204789 9,3
3 0,48791 8,6
4 0,68791 9,3
5 0,856892 8,4
6 1,14673 9,3
7 1,153481 8,6
8 1,16789 9,3
9 1,13467 8,4
10 1,005789 9,3
11 1,012357 8,6
85