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KARYNE MOURTHÉ

OBTENÇÃO DE BIOMASSA DE Arthrospira platensis


(SPIRULINA) UTILIZANDO DO SORO DE LEITE

Tese apresentada á Escola de Veterinária da


Universidade Federal de Minas Gerais como
requisito parcial para obtenção do grau de
doutor em ciência Animal.
Área de concentração: Medicina Veterinária
Preventiva.
Orientador: Prof. Dr. Leorges Moraes da
Fonseca

Belo Horizonte
Escola de Veterinária – UFMG
2010
2
Tese defendida e aprovada em 20/12/2010, pela comissão examinadora constituída por:

Prof. Dr. Leorges Moraes da Fonseca

Prof. Dra. Christiane Contigli

Prof. Dr.Marcelo Rezende de Souza

Profa. Dra. Mônica Leite

Dra. Sylvia Therese Meyer Ribeiro

3
4
Á minha filha Carolina e ao meu amigo Hans

5
6
Agradecimentos

Ao Prof. Dr. Leorges Moraes da Fonseca pela orientação e ao mesmo tempo a liberdade
de caminhar.

Ao Prof. Dr. Renaldo Travassos Martins pela confiança e apoio para o começo deste
trabalho.

A amiga Carla Martins Pittella pelo incentivo na realização desta tese.

Aos colegas do Setor de Biotecnologia e Tecnologia Química do Cetec Paulo Gilberto,


Analí, Iolanda, Maria Emília e Ilton pela colaboração nas atividades no Cetec.

Ao Dr. Lincoln Cambraia Teixeira pelo incentivo inicial ao trabalho.

À minha mãe, Luzia Inês Mourthé, pelo carinho e pelo apoio para que eu pudesse
conciliar todas as minhas tarefas.

À minha filha Carolina Mourthé Miranda pelo amor e pela paciência de suportar meus
momentos de ausência.

Ao meu amigo Hans pelo apoio e orientação na vida.

À todas as pessoas que, direta ou indiretamente, contribuíram para a execução dessa


tese de doutorado.

À Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais/CETEC pelo apoio para a execução


de grande parte dos trabalhos experimentais.

À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG, pelo apoio


financeiro.

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8
"Quando achamos que sabemos as respostas, a vida muda as
perguntas e recomeçamos o aprendizado..."

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10
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................... 23
2 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ..................................................... 24
2.1 Arthrospira platensis .............................................................................. 24
2.1.1 Classificação ........................................................................................... 24
2.1.2 Histórico ................................................................................................. 26
2.1.3 Ciclo de vida ........................................................................................... 29
2.1.4 Condições de crescimento ...................................................................... 30
2.1.5 Teor de Proteína...................................................................................... 31
2.1.6 Ácidos nucléicos ..................................................................................... 32
2.1.7 Lipídios ................................................................................................... 32
2.1.8 Vitaminas ................................................................................................ 33
2.1.9 Carboidratos............................................................................................ 33
2.1.10 Minerais .................................................................................................. 33
2.1.11 Pigmentos ............................................................................................... 33
2.1.12 Microbiota associada a meios de cultivo e às preparações de Arthrospira
platensis .................................................................................................. 34
2.1.13 Propriedades farmacológicas/nutracêuticas ............................................ 34
2.1.14 Toxicologia ............................................................................................. 35
2.1.15 Produtividade .......................................................................................... 35
2.1.16 Outros meios de cultivo .......................................................................... 35
2.1.17 Utilizações da Arthrospira platensis ...................................................... 37
2.2 SORO DE LEITE ................................................................................... 37
2.3 ASSOCIAÇÃO Arthrospira platensis E SORO DE LEITE .................. 41
3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................. 42
3.1 OBTENÇÃO DA CEPA ........................................................................ 42
3.2 MANUTENÇÃO DA A. platensis ......................................................... 42
3.3 INÓCULO .............................................................................................. 42
3.4 CULTIVO ............................................................................................... 43
3.5 ACOMPANHAMENTO DO CULTIVO ............................................... 43
3.6 TESTE COMPLEMENTAR .................................................................. 44
3.7 CURVA DE CALIBRAÇÃO PARA DETERMINAÇÃO DA
CONCENTRAÇÃO CELULAR ............................................................ 44
3.8 AVALIAÇÃO PRELIMINAR DA BIOMASSA OBTIDA .................. 44
3.9 ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA............................................................... 45
3.9.1 Proteínas ................................................................................................. 45
3.9.2 Lipídeos .................................................................................................. 45
3.9.3 Carboidratos............................................................................................ 45
3.9.4 Lactose .................................................................................................... 45

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3.9.5 DBO ........................................................................................................ 45
3.9.6 pH ........................................................................................................... 45
3.10 ANÁLISE MICROSCÓPICA ................................................................ 45
3.11 ANÁLISE MICROBIOLÓGICA ........................................................... 45
3.12 PRODUTIVIDADE CELULAR ............................................................ 45
3.13 ANÁLISE ESTATÍSTICA ..................................................................... 45
3.14 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL ................................................. 46
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................... 46
4.1 CURVAS PADRÃO............................................................................... 46
4.2 CRESCIMENTO DE Arthrospira platensis EM SORO DE LEITE NÃO
CLARIFICADO ..................................................................................... 47
4.2.1 Análise microbiológica em soro de leite não clarificado ....................... 47
4.2.2 Análise microscópica em soro de leite não clarificado .......................... 48
4.2.3 Análises físico-químicas em soro de leite não clarificado ..................... 48
4.3 CRESCIMENTO DE Arthrospira platensis EM SORO DE LEITE
CLARIFICADO ..................................................................................... 49
4.3.1 Produtividade celular em soro de leite clarificado ................................. 55
4.3.2 Análise microbiológica em soro de leite clarificado .............................. 55
4.3.3 Análise físico-química em soro de leite clarificado ............................... 56
4.3.4 Análise microscópica em soro de leite clarificado ................................. 60
5 CONCLUSÕES ...................................................................................... 61
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ............................................... 62
APÊNDICES...........................................................................................81

12
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Micrografia eletrônica de tricoma de Arthrospira platensis ......................... 25


Figura 2 - Arthrospira platensis ...................................................................................... 26
Figura 3 - Preparação e venda do Dihé.......................................................................... 28
Figura 4 - Ciclo de vida da Arthrospira platensis ........................................................... 29
Figura 5 - Proporção de bicarbonato e carbonato em função dos valores de pH ........... 30
Figura 6 - Concentração de amônia e amônio em relação ao pH. .................................. 31
Figura 7 - Pré-cultivo e cultivo de Arthrospira platensis.............................................. 42
Figura 8 - Tanque de cultivo de Arthrospira platensis .................................................. 43
Figura 9 - Biomassa seca de Arthrospira platensis ........................................................ 44
Figura 10 - Curva padrão de concentração de biomassa de Arthrospira platensis em soro
de queijo ..................................................................................................... 46
Figura 11 - Curva padrão de concentração de biomassa de Arthrospira platensis em água
.................................................................................................................... 47
Figura 12 - Média da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em meio Zarrouk
em relação ao tempo de cultivo de Arthrospira platensis com inóculo de
0,1g/L. ......................................................................................................... 49
Figura 13 - Média da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em meio Zarrouk
em relação ao tempo de cultivo de Arthrospira platensis com inóculo de
0,2g/L. ......................................................................................................... 50
Figura 14 - Média da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em soro 3% em
relação ao tempo de cultivo de Arthrospira platensis com inóculo de 0,1g/L
.................................................................................................................... 50
Figura 15 - Média da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em soro 3% em
relação ao tempo de cultivo de Arthrospira platensis com inóculo de 0,2g/L
.................................................................................................................... 51
Figura 16 - Média da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em soro 6% em
relação ao tempo de cultivo de Arthrospira platensis com inóculo de 0,1g/L
.................................................................................................................... 51

13
Figura 17 - Média da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em soro 6% em
relação ao tempo de cultivo de Arthrospira platensis com inóculo de 0,2g/L
.................................................................................................................... 52
Figura 18 - Concentração celular média (gL-1) em relação ao tempo de crescimento de
Arthrospira platensis em soro 3%, soro 6% e meio Zarrouk com inoculo de
0,1gL-1......................................................................................................... 54

14
LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Classificação da Produção Anual de Leite por Estado no Brasil, 2007 ........ 38
Tabela 2 - Produção brasileira de queijo (toneladas) .................................................... 39
Tabela 3: Produção mundial de queijos - 2000 / 2008* ................................................. 40
Tabela 4 - Teor médio de proteína (%) para soro 3% e 6% sem clarificação antes e após
cultivo de Arthrospira platensis .................................................................. 48
Tabela 5 - Teor médio de lactose (%) para soro 3% e 6% sem clarificação antes e após
cultivo de Arthrospira platensis .................................................................. 48
Tabela 6- Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO5) mg/L para soro 3% e 6% sem
clarificação antes e após cultivo de Arthrospira platensis .......................... 48
Tabela 7- Concentração média em gL-1 de biomassa de Arthrospira platensis em soro de
leite 3% e 6% e meio padrão Zarrouk, com inóculo de 0,1gL-1 e 0,2 gL-1
após 10 dias de cultivo................................................................................ 53
Tabela 8 - Resultados das análises microbiológica de Arthrospira platensis em pó ..... 56
Tabela 9 - Teor médio de proteína (%) para soro 3% e 6% clarificados, meio Zarrouk
antes e após cultivo de Arthrospira platensis.............................................. 57
Tabela 10 - Teor médio de lactose (%) para soro 3% e 6% clarificado antes e após
cultivo de Arthrospira platensis .................................................................. 59
Tabela 11 - Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO5) mg/L para soro 3% e 6%
clarificado antes e após cultivo de Arthrospira platensis ........................... 60
Tabela 12 -Resultados das análises Microscópicas de Arthrospira platensis em pó ...... 61

15
LISTA DE APÊNDICES

Apêndice 1 - Tabela de valores da evolução da Concentração celular (g/L) e valor de pH


em meio padrão Zarrouk da amostra 1 em relação ao tempo de cultivo da
Arthrospira platensis com inoculo de 0,1g/L. ............................................ 71
Apêndice 2 - Tabela de valores da evolução da Concentração celular (g/L) e valor de pH
em meio padrão Zarrouk da amostra 2 em relação ao tempo de cultivo da
Arthrospira platensis com inoculo de 0,1g/L. ............................................ 71
Apêndice 3 - Tabela de valores da evolução da Concentração celular (g/L) e valor de pH
em meio padrão Zarrouk da amostra 3 em relação ao tempo de cultivo da
Arthrospira platensis com inoculo de 0,1g/L. ............................................ 72
Apêndice 4 - Tabela de valores da evolução da Concentração celular (g/L) e valor de pH
em meio padrão Zarrouk da amostra 4 em relação ao tempo de cultivo da
Arthrospira platensis com inoculo de 0,1g/L. ............................................ 72
Apêndice 5 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e valor de pH
em meio padrão Zarrouk da amostra 5 em relação ao tempo de cultivo da
Arthrospira platensis com inoculo de 0,1g/L. ............................................ 73
Apêndice 6 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em
meio Zarrouk em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis com
inoculo de 0,2g/L na amostra 1. ................................................................. 73
Apêndice 7 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em
meio Zarrouk em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis com
inoculo de 0,2g/L na amostra 2. ................................................................. 74
Apêndice 8 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em
meio Zarrouk em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis com
inoculo de 0,2g/L na amostra 3. ................................................................. 74
Apêndice 9 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em
meio Zarrouk em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis com
inoculo de 0,2g/L na amostra 4. ................................................................. 75
Apêndice 10 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em
meio Zarrouk em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis com
inoculo de 0,2g/L na amostra 5. ................................................................. 75
Apêndice 11 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em
soro de leite 3% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,1g/L na amostra 1. ......................................................... 76
Apêndice 12 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em
soro de leite 3% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,1g/L na amostra 2. ......................................................... 76
Apêndice 13 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em
soro de leite 3% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,1g/L na amostra 3. ......................................................... 77
Apêndice 14 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em
soro de leite 3% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,1g/L na amostra 4. ......................................................... 77

16
Apêndice 15- Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em
soro de leite 3% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,1g/L na amostra 5. ......................................................... 78
Apêndice 16- Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em
soro de leite 3% em relação ao tempo de cultivo da arthrospira paltensis
com inoculo de 0,2 g/L na amostra 1. ........................................................ 78
Apêndice 17 – Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em
soro de leite 3% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inoculo de 0,2 g/L na amostra 2. ........................................................ 79
Apêndice 18 – Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em
soro de leite 3% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inoculo de 0,2g/L na amostra 3. ......................................................... 79
Apêndice 19 – Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em
soro de leite 3% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inoculo de 0,2 g/L na amostra 4. ........................................................ 80
Apêndice 20 – Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em
soro de leite 3% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inoculo de 0,2 g/L na amostra 5. ........................................................ 80
Apêndice 21 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em
soro de leite 6% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,1g/L na amostra 1. ......................................................... 81
Apêndice 22 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em
soro de leite 6% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,1g/L na amostra 2. ......................................................... 81
Apêndice 23 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em
soro de leite 6% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,1g/L na amostra 3 .......................................................... 82
Apêndice 24 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em
soro de leite 6% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,1g/L na amostra 4. ......................................................... 82
Apêndice 25 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em
soro de leite 6% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,1g/L na amostra 5. ......................................................... 83
Apêndice 26 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em
soro de leite 6% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,2g/L na amostra 1. ......................................................... 83
Apêndice 27 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em
soro de leite 6% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,2g/L na amostra 2. ......................................................... 84
Apêndice 28 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em
soro de leite 6% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,2g/L na amostra 3. ......................................................... 84
Apêndice 29 – Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em
soro de leite 6% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,2g/L na amostra 4. ......................................................... 85

17
Apêndice 30 – Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em
soro de leite 6% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,2g/L na amostra 5. ......................................................... 85

18
Resumo

A cianobactéria Arthrospira platensis (Spirulina) é utilizada mundialmente na


alimentação humana e animal e como fonte de aditivos para a indústria farmacêutica e
alimentícia. Tem sido bastante estudada a utilização de meios de crescimento
alternativos para A. platensis, que possam reduzir o custo de seu processo produtivo.
Concomitantemente, têm sido pesquisadas novas utilizações para o soro de leite,
subproduto das indústrias de laticínios com alto poder poluente. Este trabalho teve como
objetivo, portanto, desenvolver um procedimento sustentável de cultivo de A. platensis
em soro de leite, visando reduzir o custo de produção da cianobactéria, aproveitar
parcialmente resíduos da produção de laticínios e criar uma nova fonte de renda para os
produtores. Foram realizados cultivos da cianobactéria em meio padrão Zarrouk; em
soro em pó reconstituído a 3% e 6%, e em soro em pó reconstituído a 3% e 6% e
clarificado. As culturas, com concentração inicial do inóculo de 0,1 gL-1 e 0,2 gL-1,
foram submetidas a agitação 4 vezes ao dia e mantidas sob iluminância de 3,0 Klux,
fotoperíodo de 12 horas claro/escuro, temperatura de 25°C, com pH ajustado em 9,3.
Em soro reconstituído a 3% e 6% sem clarificação, não houve crescimento, mas o
microrganismo foi cultivado com sucesso em soro a 3% e 6% clarificado. No 10º dia de
cultivo foi alcançada a maior concentração de biomassa em soro clarificado, sendo
obtidas concentrações de 1,71 ± 0,12 gL-1 em soro a 3% clarificado, 1,22 ± 0,23 gL-1 em
soro a 6% clarificado e 1,01 ± 0,03 gL-1 em meio Zarrouk (controle). A DBO foi
reduzida em 80,2% em soro a 3% clarificado e 77,43% em soro a 6% clarificado. Os
valores encontrados para lactose no soro clarificado antes e após cultivo da A. platensis
tiveram significativa redução (P<0,05). Obteve-se teor de proteína de 36,26 ± 0,45,
36,52 ± 0,49 e 54,44 ± 0,11 para Spirulina em soro a 3%, 6% clarificado e em meio
Zarrouk, respectivamente. Os teores de lipídeos encontrados na biomassa foram em
média de 6,5% ± 0,50 em soro 3% clarificado, 6,6% ± 0,45 em soro 6% clarificado e
7,08% ± 0,78 em meio Zarrouk. Os percentuais de carboidratos encontrados em soro
3% e 6% clarificado foram, respectivamente, 24,3% ± 1,66 e 25,38% ± 2,25. As
amostras não revelaram presença de matéria macroscópica ou microscópica prejudicial
à saúde humana e todos os resultados microbiológicos estavam dentro dos padrões
estabelecidos por diversos países do mundo. Concluiu-se que o emprego de soro de leite
clarificado como meio de cultura é uma alternativa viável para o cultivo de A. platensis.

Palavras chave: Arthrospira platensis, Spirulina, biomassa, soro de leite.

19
20
Abstract

The cyanobacterium Arthrospira platensis (Spirulina) is used worldwide as human and


animal food and as a source of additives for the pharmaceutical and food industries. It
has been extensively studied the use of alternative growth medium for A. platensis,
which can reduce the cost of its production process. Concomitantly, it has been
researched new uses for milk whey, a byproduct of the dairy industry with high
pollutant power. This study aimed, therefore, to develop a procedure for sustainable
cultivation of A. platensis in milk whey, in order to reduce cost production of this
cyanobacteria, to partially utilize dairy production waste and to create a new source of
income for producers. The cyanobacterium was grown in standard medium Zarrouk,
whey powder reconstituted to 3% and 6%, and whey powder reconstituted to 3% and
6% and clarified. Cultures, with initial concentration of inoculum of 0.1 gL-1 and 0.2 gL-
1
, were subjected to shaking four times a day and kept under 3.0 Klux illuminance,
photoperiod of 12 hours light / dark, 25 °C temperature, pH adjusted to 9.3. In milk
whey reconstituted to 3% and 6% without clarification, there was no growth, but the
organism was successfully cultivated in clarified 3% and 6% milk whey. On the 10th
day of culture, the highest concentration of biomass was obtained in clarified milk
whey, being 1.71 ± 0.12 gL-1 in clarified 3% milk whey, 1.22 ± 0.23 gL-1 in clarified
6% milk whey and 1.01 ± 0.03 gL-1 in Zarrouk medium (control). The BOD was
reduced by 80.2% in clarified 3% milk whey and 77.43% in clarified 6% milk whey.
The values found for lactose in clarified milk whey before and after cultivation of A.
platensis had a significant reduction (P <0.05). Protein content of 36.26 ± 0.45, 36.52 ±
0.49 and 54.44 ± 0.11 were obtained for Spirulina in clarified 3% and 6% milk whey
and Zarrouk medium, respectively. The levels of lipids found in the biomass were on
average 6.5% ± 0.50 in clarified 3% milk whey, 6.6% ± 0.45 in clarified 6% milk whey
and 7.08% ± 0.78 Zarrouk medium. The percentages of carbohydrates found in clarified
3% and 6% milk whey were, respectively, 24.3% ± 1.66 and 25.38 ± 2.25%. The
samples did not reveal the presence of microscopic or macroscopic matter harmful to
human health and microbiological results were all within the standards established by
various countries around the world. It was concluded that the use of clarified milk whey
as culture medium is a viable alternative for cultivation of A. platensis.

Keywords: Arthrospira platensis, Spirulina, biomass, milk whey.

21
22
1 INTRODUÇÃO de microalgas torna-se importante, pois
podem ser cultivadas em locais impróprios
para a agricultura e pecuária tradicionais.
As algas azuis, microalgas ou Além de produzirem grande quantidade de
cianobactérias, organismos do reino Monera, biomassa em um curto período de tempo,
são unicelulares, procariontes e autótrofos; também há a possibilidade de seleção de
habitam vários ambientes, desde que haja estirpes e condições de cultivo apropriadas à
umidade, e atuam como ―espécies pioneiras‖ produção do composto desejado. (Volkman,
por sua pequena exigência nutricional, 2006).
capacidade de realizar fotossíntese e de A preocupação com o meio
aproveitar o nitrogênio atmosférico (Vidotti ambiente induz à viabilização de projetos
e Rollemberg, 2004). que levam à sustentabilidade do sistema de
Biotecnologicamente, as mais produção industrial. A indústria de
importantes cianobactérias são Arthrospira alimentos produz uma série de resíduos com
platensis, Nostoc commune e alto valor de (re)utilização. Inúmeros
Aphanizomenon flos-aquae (Pulz e Gross, estudos utilizando resíduos industriais do
2004). processamento de alimentos têm sido
A Arthrospira platensis é realizados com objetivo de aproveitamento
considerada uma microalga pelos botânicos destes. Com isso, minimiza-se o impacto
devido à presença de clorofila, entretanto ambiental destes tipos de indústrias na
segundo os bacteriologistas, é uma bactéria região onde estão situadas e ainda agrega-se
devido a sua estrutura procarionte (Coxey e valor aos produtos do mercado (Pelizer et
Jesus, 2004), e uma unidade simples deste al., 2007).
microrganismo possui filamentos duplos, Os microrganismos podem ser
fortemente espiralados (Macedo e Alegre, cultivados a partir de produtos, como soro
2001; Dalay, 2002). de leite, mosto, celulose, entre outros. Nos
Esta cianobactéria tem sido usada últimos anos, têm-se utilizado muitos
como alimento há séculos, por diferentes microrganismos destinados à obtenção de
populações e foi redescoberta somente há biomoléculas de alto valor agregado. Assim,
poucos anos (Falquet, 1996). O conteúdo de várias microalgas e seus derivados estão
proteína da Arthrospira platensis varia entre sendo produzidos comercialmente em todo o
50% e 70% de seu peso seco, considerado mundo. A microalga A. platensis, por
excepcional entre os microrganismos. Nas exemplo, apresenta os maiores índices de
melhores fontes vegetais encontra-se produção de biomassa comparada a outras
somente metade destes níveis (Falquet, espécies conhecidas. Dentre os compostos
1996). O consumo de proteína é uma por ela produzidos destacam-se:
constante necessidade na alimentação ficocianinas, clorofila α, β-carotenos e ácido
humana e animal. Desequilíbrios γ-linolênico, entre outros ácidos graxos,
alimentares, como a desnutrição e a má além de possuir níveis excepcionalmente
alimentação, são um problema atual em todo elevados de proteínas.
o mundo. Há a necessidade da produção de São diversos os estudos encontrados
alimentos que possuam perfis na literatura visando ao estabelecimento do
nutricionalmente balanceados. Além disso, efeito das condições de cultivo, crescimento
devido ao crescimento populacional, as em meios alternativos e a composição
demandas alimentícias são cada vez mais bioquímica das microalgas, entretanto,
elevadas. Desta forma, a produção de nenhuma referência foi encontrada em
alimentos e compostos de interesse por meio relação a espécie de microalga nas

23
condições de cultivo (soro de leite) gênero Spirulina, ela pode ser
empregadas no presente trabalho. encontrada sob a designação de
O objetivo geral deste trabalho foi a Spirulina platensis. Isto ocorre mais por
produção de A. platensis utilizando o soro de motivos tradicionais, práticos e
leite, um derivado da agroindústria com tecnológicos do que taxonômicos, pois
grande capacidade poluente, chegando a um
este microrganismo é conhecido
método simples e seguro para a obtenção
deste microrganismo. Os objetivos comercialmente há muito tempo. Assim
específicos foram avaliar a A. platensis sendo, pode-se esperar que o nome S.
produzida quanto a aspectos físico-químicos, platensis continue a ser utilizado. Porém,
microbiológicos e microscópicos. cabe ressaltar que estes gêneros são
diferentes e filogeneticamente distantes,
apesar de compartilharem a mesma
2 BIBLIOGRAFIA morfologia helicoidal (Vonshak, 1997).
CONSULTADA Em 1827, P.J. Turpin isolou
Arthrospira platensis a partir de uma
2.1 Arthrospira platensis amostra de água doce (Ciferri, 1983).
Em 1844, perto da cidade de
Montevidéu, Wittrock e Nordstedt
2.1.1 Classificação relataram a presença de uma microalga
helicoidal, septada, verde azulada
O gênero Arthrospira, ordem chamada Spirulina. Mas, só em 1852,
Oscillatoriales, família Cyanophyceae, apareceu o primeiro relatório
contém o grupo de cianobactérias taxonômico escrito por Stizenberger. Ele
fotossintetizantes, filamentosas, deu o nome ao novo gênero de
caracterizadas por uma cadeia de células Arthrospira baseado na presença de
na forma de espiral (tricoma), envolvidas septos, forma helicoidal e estrutura
por uma bainha fina (Fig. 1 e 2). A multicelular. Gomont confirmou os
dimensão das células, o grau de estudos de Stizenberger em 1892. Este
espiralamento e o comprimento dos autor atribuiu a forma asseptada ao
filamentos variam com a espécie. Sob o gênero Spirulina e a forma septada ao
microscópio óptico, a A. platensis gênero Arthrospira. Geitler, em 1932,
aparece como filamento verde-azulado, devido à morfologia helicoidal
composto por células cilíndricas não reagrupou os membros dos dois gêneros
ramificadas e em forma helicoidal. A sob a designação Spirulina sem
forma helicoidal do tricoma é considerar a presença de septo, mas
característica do gênero, mas o apenas a semelhança morfológica. Em
comprimento e dimensão da hélice 1989, esses microrganismos foram
variam com a espécie. A forma de hélice classificados em dois gêneros, de acordo
é mantida apenas em meio líquido com uma sugestão de Gomont em 1892,
(Ciferri, 1983; Cruchot, 2008). e esta classificação é atualmente aceita
Devido ao fato de a Arthrospira (Sanchez et al., 2003).
platensis originalmente ter pertencido ao

24
Figura 1 - Micrografia eletrônica de tricoma de Arthrospira platensis
Fonte: Ciferri e Tiboni, 1985 ( fotos de R. Locci).

25
Figura 2 - Arthrospira platensis
Fonte: UTEX Culture Collection of Algae, LB 2340.

"... em certos períodos do ano, são reunidas


coisas muito macias dos lagos mexicanos.
2.1.2 Histórico Eles parecem com coalho e tem uma cor
azul clara e são usados para fazer pão que
A Arthrospira platensis foi uma então são comidos cozidos..." Os nativos
fonte de alimentos para muitas culturas deram para esta comida o nome de Tecuitlalt
durante toda a história. Os Astecas e os que no idioma deles significa literalmente
Maias usaram A. platensis como parte "excrementos de pedras" (Ciferri, 1983;
central de sua dieta. Na África, os povos de Lacaz-Ruiz, 2003).
Kanembu, na República do Chade, Em 1940, o ficologista francês
alimentam-se destas algas até hoje (Ciferri, Dangeard mencionou que um bolo, chamado
1983; Silva, 2008). dihé (A. platensis), era consumido pelas
Bernal Díaz del Castillo, um pessoas da tribo de Kanembu, perto do lago
membro das tropas de Hernán Cortez, africano Chade, na área de sub-deserto de
relatou em 1521, que a Arthrospira maxima Kanem. ―Dihé é um bolo endurecido de
foi colhida do Lago Texcoco, seca e vendida algas verde azuladas, coletadas de pequenos
para consumo humano em um mercado de reservatórios que cercam o lago e sãos secas
Tenochtitlán (hoje Cidade do México), ao sol‖. Dangeard estudou amostras do dihé
densamente povoada na época da e concluiu que era um purê de uma alga azul
colonização espanhola. Este autor faz filamentosa e em forma de espiral,
referência a "... pequenos bolos feitos de um componente principal do fitoplancto em um
lodo parecido com algas que têm sabor de número grande de lagos africanos (Ciferri,
queijo e que nativos tiram do lago para fazer 1983).
pão,...". Alguns anos depois, o frade Entre 1964 e 1965, o botânico Jean
franciscano Bernardino de Sahagún escreveu Leonard que participou da expedição belga

26
Trans-saariana observou "uma substância saúde e associações como Japan Health
verde azulada curiosa, semelhante a Food Association, United States Food and
biscoitos‖ chamado dihé era feito de A. Drug Administration, USA -The Natural
platensis, obtido de lagos alcalinos no Products Quality Assurance Alliance
deserto de Kanem, nordeste do lago Chade. (NPQAA), The Natural Nutritional Foods
Este pesquisador e o colega Cómpere Association (NNFA), Superior Public
confirmaram o relatório prévio de Dangeard, Hygience of France, Ministry of health-
quando começaram as análises químicas de Sweden e outros. Existem relatos de
A .platensis. Naquele momento, um grupo comercialização da Arthrospira spp. em
de pesquisadores franceses estudou algumas diversos locais como, África do Sul,
amostras de Spirulina (Arthrospira maxima) Alemanha, Arábia Saudita, Argentina,
que crescia abundantemente no lago Austrália, Áustria, Barein, Bahamas,
Texcoco, perto de Cidade do México Bangladesh, Belarus, Bélgica, Brasil,
(Ciferri, 1983). Bulgária, Canadá, Chade, Chile, China,
A partir de 1970, cresceram os Cingapura, Colômbia, Coréia, Costa Rica,
estudos nutricionais e medicinais em Croácia, , Dinamarca, Equador, Egito,
Arthrospira platensis e a República Federal Eslovênia, Espanha, Estados Unidos,
Alemã começou a apoiar investigações em Etiópia, Finlândia, Filipinas, França, ,
consumo humano de A. platensis na Índia, Grécia, Guam, Haiti, Hong Kong, Hungria,
Tailândia e Peru. Nos países asiáticos, a Índia, Islândia, Indonésia, Irlanda, Israel,
produção foi focalizada como suporte Itália, Jamaica, Japão, Quênia,
nutricional para a população desnutrida Liechtenstein, Luxemburgo, Macedônia,
(Ciferri e Tiboni, 1985; Chamorro et al., Malásia, México, Myanmar, Mônaco, Nova
2002; Araújo et al., 2003; Resta, 2004; Zelândia, Nigéria, Noruega, Peru, Polônia,
Torres-Duran et al., 2007). Portugal, República Tcheca, Rússia,
Apesar de ter sido utilizada como Romênia, Suécia, Suíça, Taiwan, Tailândia,
alimento pela população da África e Ásia há Togo, Turquia, Ucrânia, Reino Unido, ,
muito tempo, cientistas constataram os Venezuela, Vietnã, Zaire e Zimbábue (Lacaz
benefícios desta microalga somente no final e Nascimento, 1990; Henrikson, 2009).
do século passado, quando começou a ser Algumas companhias produtoras de
usada como suplemento nutricional por Arthrospira platensis mais conhecidas
conter diversas substâncias benéficas para o mundialmente são: Earthrise Farms (EUA),
ser humano (Bezzerra, 2006). Cyanotech (EUA), Hainan DIC Microalgae
Há muito a A. platensis (Spirulina) é Co.Ltd (China), Marugappa Chettir
comercializada (Fig. 3) e consumida, Research Center (India), Genix (Cuba) e
inclusive como alimento humano, e tem sido Solarium Biotechnology (Chile) (Belay,
aprovada como alimento para consumo 1997; Borowitzka, 1999).
humano por muitos governos, agências de

27
Figura 3 - Preparação e venda do Dihé
(A) Secagem ao sol de Spirulina platensis. Rombou (Republica do Chad), 1967.(B) Dihe sendo
vendido no mercado de Massakory (Republica do Chad), 1967. Fonte: Ciferri, 1983 ( fotos de
A. Iltis).

28
em vários filamentos pequenos ou
2.1.3 Ciclo de vida hormogonia por formação prévia de células
especializadas que perdem seu citoplasma e
se convertem em células de necridium nas
Um aspecto fundamental da biologia da quais o material celular que permite
Arthrospira platensis é seu ciclo de vida fragmentação é reabsorvido. O número de
(Fig. 4) devido a implicações taxonômicas, células nas hormogonias é aumentado
fisiológicas e de cultivo (Ciferri, 1983). através de fissão binária. Para este processo,
Este ciclo é resumido em três fases o tricoma cresce longitudinalmente e leva a
fundamentais: fragmentação dos tricomas, A. platensis a forma helicoidal (Ciferri e
amplificação das células de hormogonia e Tiboni, 1985).
processos de maturação e alongamento do
tricoma. Os tricomas maduros são divididos

Figura 4 - Ciclo de vida da Arthrospira platensis


Fonte: Ciferri, 1983
a concentração de íons hidrogênio no meio
2.1.4 Condições de crescimento de cultura. O pH interfere na estrutura e
atividade das proteínas, em particular de
proteínas enzimáticas (Bezerra, 2006).
A temperatura do cultivo afeta a Em cultivos de Arthrospira, a forma como a
concentração celular, a natureza do fonte de carbono se apresenta é determinada
metabolismo, as necessidades nutricionais e por esta variável. Na Figura 5, observa-se
a composição da biomassa. O gênero que em valores de pH abaixo de 6,0
Arthrospira compreende algas mesofílicas predomina a forma CO2; em valores de pH
tendo uma temperatura ótima de crescimento entre aproximadamente 6 e 10, predomina a
próxima dos 30°C; porém, crescem em uma forma HCO3-,e, acima de pH 10, é
grande extensão de temperatura. Em predominante a forma CO3-2, segundo Miller
cultivos em tanques abertos, devido ao efeito e Colman (1980) as cianobactérias
do aquecimento solar, a temperatura pode assimilam preferencialmente a forma
chegar a 40°C por poucas horas, no entanto, bicarbonato, portanto, o pH ideal de cultivo
não tem efeito prejudicial (Sànchez-Luna et é aquele em que haja deslocamento químico
al., 2004). A temperatura mínima indicada no sentido da formação do bicarbonato. A
para crescimento de Arthrospira spp. é disponibilidade de nitrogênio para a célula
18°C (Jiménez et al., 2003). também é influenciada pelo pH, visto que
A agitação é outro fator chave no em pH abaixo de 8,0 há predominância do
cultivo. Ela é utilizada para manter, em meio íon amônio. Em pH acima de 11,0, o
líquido, as células em suspensão, prevenir a nitrogênio encontra-se na forma não
sedimentação e homogeneizar minerais, protonada de amônia, que é a forma que tem
temperatura e luz (Lacaz-Ruiz, 2003). O passagem livre pela membrana celular
processo de respiração celular se dá na (Boussiba, 1989). Entre esses valores de pH,
presença de oxigênio (aerobiose). há as duas formas no meio de cultivo (Fig.
O pH é outra variável que interfere 6). O equilíbrio entre a amônia e os íons
no crescimento microbiano. O pH de cultivo amônio é dependente do pH da solução.
da A. platensis situa-se entre 8,0 e 11,0. As
reações bioquímicas estão relacionadas com

100

80

60 Bicarbonato
%

40 carbonato

20
CO2
0
5 6 7 8 9 10 11 12 13
pH

Figura 5 - Proporção de bicarbonato e carbonato em função dos valores de pH


Fonte: Sassano (2004)
120

100

80
%

60 Amônio
Amônia
40

20

0
6 7 8 9 10 11 12
pH

Figura 6 - Concentração de amônia e amônio em relação ao pH.


Fonte: Matsudo (2006)

Microalgas são microrganismos energia (Lacaz-Ruiz, 2003). A intensidade e


fotossintéticos com requerimentos duração dos feixes luminosos são
nutricionais relativamente simples. Há importantes fatores ambientais no
necessidade de micro e macro nutrientes (C, crescimento dos microrganismos
N, P, K, S, Mg, Na, Cl, Ca , Fe, Zn, Cu, Ni e fotossintetizantes e são importante fonte de
Co) (Ciferri, 1983); porém, a A. platensis é energia de A. platensis. Alta quantidade de
capaz de crescer sem a maioria deles e há energia radiante é absorvida para garantir o
uma enorme variedade de meios de cultura crescimento da microalga, mas com o
sendo utilizados para o cultivo deste aumento da concentração de biomassa, há a
microrganismo (Antenna Technologies 2, diminuição da profundidade de penetração
2000). A fonte de carbono no meio padrão da luz no cultivo, resultando no processo de
de crescimento de A. platensis (Zarrouk, sombreamento. A dispersão da luz no
1966) é o bicarbonato de sódio, que fornece cultivo de microalgas depende do tamanho e
CO2 para a fotossíntese, o nitrato de sódio é da concentração de células em suspensão no
utilizado como fonte de nitrogênio; porém, meio e a absorção luminosa depende da
diversos autores vêm formulando meios concentração de ficocianina e clorofila
alternativos para cultivo (Phang et al., 2000; presentes nas células (Cornet et al., 1992a).
Salles et al., 2003; Kornfeld et al., 2003;
Nery e Lacaz-Ruiz, 2003; Andrade et al.,
2008; Brennam e Owende, 2010).
A produção de biomassa de algas, 2.1.5 Teor de Proteína
microalgas ou cianobactérias apresenta uma
diferença sensível, quando comparada com
A A. platensis tem alto nível
os demais microrganismos, uma vez que a
protéico, sendo também rica em vitamina B,
luz atua como fator importante no
ácidos graxos insaturados e ainda em beta
crescimento, sendo a principal fonte de

31
caroteno que é convertido em vitamina A as vitaminas e ácidos graxos polinsaturados
durante a digestão. Assim, a utilização desta (Falquet, 1996).
alga como complemento protéico em
populações com carências alimentares 2.1.6 Ácidos nucléicos
mostra-se viável (Coxey e Jesus, 2004).
Do ponto de vista qualitativo, as Em geral, biomassas microbianas
proteínas da A. platensis são consideradas apresentam altos teores de ácidos nucléicos.
completas, pois contém todos os Devido à falta de habilidade do organismo
aminoácidos indispensáveis ao ser humano, humano para metabolizar o ácido úrico,
que representam 47% do peso total da proveniente do metabolismo das purinas, o
mesma (Bujard et al., 1970). Entre estes, os aumento do consumo dos ácidos nucléicos
que estão em concentrações menores são os pode levar a altos níveis de ácido úrico no
sulfurados (metionina e cisteína) que estão soro sanguíneo. Desta forma, poderia
presentes em torno de 80% do valor ideal culminar no desenvolvimento de moléstias
recomendados pela FAO, baseado na como a gota. Neste contexto, as microalgas e
albumina do ovo e na caseína (Vermorel et cianobactérias são os microrganismos que
al., 1975). apresentam os menores teores de ácidos
Seu elevado conteúdo protéico, além nucléicos (cerca de 4-6%), contra 8-12%
da velocidade de crescimento em meios para leveduras e 20% para bactérias (Araújo
completamente minerais, são alguns dos et al., 2003), fazendo das microalgas e
fatores que chamaram a atenção de cianobactérias, em relação a ácidos
pesquisadores e da indústria (Falquet, 1996). nucléicos, os microrganismos com maior
O interesse na biotecnologia e na produção tolerância de consumo diário no caso de
comercial de Arthrospira spp. aumentam indivíduos acometidos de gota (Bezerra,
devido a algumas propriedades particulares 2006).
como alta digestibilidade (90%), baixa
concentração de ácidos nucléicos (4%), e
uma importância quantitativa de 2.1.7 Lipídios
aminoácidos essenciais (Bezerra, 2006).
Enquanto o interesse por outros
microrganismos tem diminuído devido a As publicações, em geral, informam
problemas de digestibilidade ou por seu uma concentração de 5,6% a 14% de lipídios
conteúdo ácido, a A. platensis se mostra uma do peso seco de A. platensis e A. maxima,
boa solução por sua fácil digestão e simples obtido por meio de um procedimento de
produção como suplemento alimentar de alta extração aprimorado e em condições padrão
qualidade. Diferentemente de outros de cultivo (Cohen, 1997; Ciferri, 1983;
microrganismos propostos como fonte de Falquet, 1996).
proteína (ex. Chlorella scenedesmus), as Trabalhos vêm sendo desenvolvidos
células da Arthrospira não têm parede para produção de lipídios visando aplicação
celular com celulose, sendo constituída por na indústria farmacêutica, alimentícia, além
mucopolissacarídeos. Isto explica a alta de outros seguimentos industriais (Nichols e
digestibilidade de suas proteínas (Falquet, Wood, 1968; Hudson e Karis, 1974,
1996; Coxey e Jesus, 2004). Brennan, 2010).
Assim, a Arthrospira não requer Podem ser citadas pesquisas com o
cocção ou tratamento especial para aumentar objetivo de produzir ácido graxo γ-
a disponibilidade de sua proteína. Esta é linolênico que pode representar entre 10 a
uma substancial vantagem considerando a 20% dos ácidos graxos de A. maxima, ou
simplicidade de produção e a preservação seja, 1-2% do peso seco (Nichols e Wood,
dos altos valores de seus constituintes como 1968; Hudson e Karis, 1974), enquanto que

32
A. platensis, pode chegar a 40% de seu peso, absorve muitos elementos traços enquanto
4% do peso seco destes ácidos graxos. Deste cresce e estes minerais são bem assimilados
modo, a Arthrospira pode ser considerada pelo corpo humano. Esta microalga é rica
como uma das melhores fontes deste ácido em ferro, além de fonte de cálcio, magnésio,
graxo, depois do leite humano e de alguns zinco, manganês, cromo, selênio e outros
óleos vegetais (Hudson e Karis, 1974). minerais traços. A ficocianina, um pigmento
Existem atualmente, pesquisas fotossintético da A. platensis, forma
focalizando a produção de lipídios derivados complexos solúveis com o ferro e outros
destas cianobactérias para a produção de minerais durante a digestão, tornando estes
biocombustíveis com preços competitivos elementos mais biodisponíveis ao homem e
(Brennan, 2010). animais (Sanchez et al., 2003;Henrikson,
2009).

2.1.8 Vitaminas 2.1.11 Pigmentos

Entre os alimentos, a A. platensis Entre os pigmentos mais


tem uma concentração relativamente alta de importantes da A. platensis está a
próvitamina A (beta caroteno). Uma dose ficocianina, à qual é atribuída a função de
excessiva de β-caroteno pode ser tóxica, mas estimulante do sistema imune. Além deste
quando este é ingerido da Arthrospira ou de pigmento, este microrganismo possui
outro vegetal é normalmente inofensivo, clorofila e carotenóides como xantofilas
pois o organismo humano somente converte (zeaxantina, criptoxantina, fucoxantina,
em vitamina A a quantidade necessária ao violaxantina e astaxantina) que tem ação
corpo. Esta cianobactéria é uma rica fonte de antioxidante em diferentes locais do corpo
vitamina B-12 que outros microrganismos (Henrikson, 2009).
como Chlorella ou fontes vegetais marinhas Em tempos recentes, maior atenção
(Henrikson, 2009). vem sendo dada à Arthrospira spp. pelo
potencial de coloração de seus pigmentos
de interesse às industrias farmacêuticas,
2.1.9 Carboidratos de cosméticos e de alimentos (Matsudo,
2006; Danesi et al., 2004). Segundo Danesi
A. platensis contém entre 7% e 13% et al. (2002), há uma tendência na
de carboidratos. Entre eles estão a glicose, substituição de corantes artificiais por
ramnose, manose, xilose e galactose. A produtos naturais, o que sugere a
imulina, um polissacarídeo de alto peso possibilidade de maior exploração de
molecular com atividade Arthrospira spp., pois essa microalga é
imunoestimulatória, está presente na A. uma das principais fontes de clorofila na
platensis e representa entre 0,5% e 2,0% do natureza. No Brasil, a clorofila usada em
peso seco desta microalga (Sanchez et al., corantes verdes naturais, é obtida a partir
2003; Henrikson, 2009). do espinafre, que contém aproximadamente
0,6 mg/g (Gross, 1991), ao passo que a
biomassa de Arthrospira sp. contém 11,5
mg/g (Henrikson, 2009). Atualmente, a
2.1.10 Minerais
maior parte da clorofila produzida e
comercializada é obtida por fontes
O conteúdo de minerais varia de vegetais. Há, no entanto, um crescimento
acordo com o local de crescimento da no interesse na área biotecnológica para
cianoabactéria ou dos minerais presentes na obtenção de corantes de outras fontes
água utilizada para cultivo. A A. platensis

33
(Silva, 2008). Nesse contexto, o emprego muito mais contaminadas que os produtos de
de processos de cultivo microbiano cultivo, sobretudo na secagem tradicional e
apresenta algumas vantagens em relação mesmo ao sol, depois de um mês não se
às fontes vegetais, como por exemplo, a encontram coliformes nem Streptococcus
possibilidade de um cultivo contínuo e (Jacquet, 1975; Falquet, 1996).
com rápida multiplicação dos As análises microbiológicas de
microrganismos (Rangel-Yagui et al., 2004). Arthrospira produzida industrialmente no
A possibilidade de incorporar toda a México e nos Estados Unidos confirmam a
biomassa de Arthrospira sp. em alimentos ausência total de patógenos como
é particularmente interessante, pois além Salmonella, Shigella ou Staphylococcus
de promover a coloração esverdeada, (Jacquet, 1975).
colabora com o enriquecimento do valor Jacquet (1975), em um estudo
nutricional do alimento (Danesi et al., utilizando microscopia direta e cultivos,
2002). mostrou que a microbiota acompanhante nas
preparações de Arthrospira varia com a
origem, a qualidade e a tecnologia
2.1.12 Microbiota associada a meios empregadas no cultivo. As principais
de cultivo e às preparações de espécies contaminantes são os bacilos,
Arthrospira platensis seguidos dos streptococos fecais e,
expecionalmente, as enterobactérias,
leveduras e esporos de fungos. Produtos
A microbiota presente em cultivos
secos diminuem muito em contaminação,
de A. platensis é geralmente rara e não
em relação a todas as espécies, apresentando
patogênica. Na realidade, a alcalinidade do
persistência apenas os anaeróbios, quando
meio (Harun et al., 2010), pH entre 8,5 e
presentes. Nenhuma contaminação por
11,0, constitui uma excelente barreira contra
amebas desentéricas foi encontrada, nem em
a maioria das contaminações, como
fontes naturais (lago Chade, no Chade), nem
bactérias, leveduras, bolores e algas,
em lagoas experimentais. A conservação da
assegurando um ―cultivo higiênico‖ desta
A. platensis seca não parece causar qualquer
cianobactéria (Jourdan, 2003).
problema, já que o produto aparenta ser
A maior vantagem do cultivo de
completamente resistente ao mofo.
biomassa em condições mais extremas de
pH é a minimização do risco de
contaminação, grande problema
2.1.13 Propriedades
principalmente em culturas ao ar livre
(Gimmler e Degenhardt, 2001). farmacológicas/nutracêuticas
Adicionalmente, algumas
substâncias secretadas ou contidas na A. A propriedade nutracêutica é a
platensis possuem uma atividade bactericida qualidade de um alimento, ou de um
ou bacteriostática (Falquet, 1996). Em meio ingrediente extraído de um alimento, que
sintético, em tanques abertos, se encontra proporciona benefícios médicos e de saúde,
normalmente 3x104 a 6x105 compreendendo a prevenção e/ou o
microorganismos por mililitro de meio de tratamento de doenças. Tais produtos podem
cultivo. Depois de coletada e seca, a A. abranger desde os nutrientes isolados,
platensis não contém mais de 103 suplementos dietéticos na forma de cápsulas
organismos vivos por grama (Wu e Pond, e dietas, até os produtos beneficamente
1981). Este número diminui gradualmente projetados, produtos herbais e alimentos
com o tempo de armazenamento. Mesmo em processados, tais como cereais, sopas,
preparações que vêm de fontes naturais, bebidas, etc (Kwak e Jukes, 2001).

34
Nos últimos anos, interesse tem (FDA), nos Estados Unidos, classificou a A.
surgido, em relação às propriedades platensis como GRAS (geralmente
farmacológicas de substâncias presentes na reconhecido como seguro).
biomassa de A. platensis, como o ácido
γ-linolênico e polissacarídeos. Vários 2.1.15 Produtividade
estudos indicam um grande potencial para o
uso farmacológico desta cianobactéria. São Considerando-se que A. platensis
citados efeitos na estimulação do sistema tem uma alta taxa de crescimento, existem
imunológico (Resta, 2004), da microbiota muitas empresas produzindo este
intestinal, contra hiperlipidemia, microrganismo fotossintético em diferentes
hipercolesterolemia (Chamorro et al., 2002; países. Em 2004 a produção mundial
Torres-Duran et al., 2007, Ponce- excedeu 3000 toneladas de A. platensis na
Canchihuamán et al., 2010), tumor bucal, base seca (Shimamatsu, 2004).
hipertensão, efeitos tóxicos de radiações, Os métodos de cultivo de A.
obesidade, diabetes, anemias, doenças virais platensis já são bem conhecidos, no entanto,
e outros, atribuindo a esta cianobactéria um com a utilização de meios de cultura
conjunto de propriedades que dificilmente minerais, torna-se alto o custo da produção
podem ser encontradas concomitantemente desta cianobactéria. Diversos trabalhos têm
em um único produto natural (Chamorro et sido desenvolvidos com o objetivo de
al., 2002; Araújo et al., 2003). cultivar a A. platensis em meios de cultivo
alternativos, tais como resíduos industriais
diversos, águas residuais, materiais que
2.1.14 Toxicologia contenham amido ou açúcares (de beterraba
ou cana de açúcar) (Pedraza,1989).
De um modo geral, as cianobactérias Vários países estão produzindo A.
produzem toxinas, porém, o gênero platensis. No Brasil, tem-se boa perspectiva
Arthrospira não possui os genes que técnica de produção, devido a alta
asseguram a síntese destas toxinas (Cruchot, intensidade de energia solar, o que levaria a
2008). Poucos produtos alimentícios têm uma alta produtividade (Pannir-Selvan et al.,
sido tão avaliados sob o ponto de vista 1999).
toxicológico. Os exaustivos estudos Segundo Rodrigues et al. (2010),
toxicológicos, assim como os estudos entre as cianobactérias, A. platensis é a
nutricionais no homem, unidos ao fato do preferida para a produção de biomassa
consumo tradicional da Arthrospira no devido à sua elevada taxa de crescimento
Chade e no México, comprovam que este celular, fácil controle do processo e
alimento é bastante seguro recuperação de biomassa, capacidade de
toxicologicamente. Além disto, diferentes crescer em meio alcalino com elevado teor
estudos têm demonstrado a grande de sal, redução dos riscos de contaminação e
homogeneidade genética das diversas flexibilidade e resistência à condições
populações de A. platensis cultivadas ou adversas ou abaixo do ideal. Por estas
coletadas ao redor do mundo. Deve-se razões, há um interesse crescente sobre o
assinalar, ainda, a total ausência, ao longo de cultivo de A. platensis e sua produção em
trinta anos de produção industrial ou larga escala em todo o mundo está sob
artesanal de A. platensis, de acidentes estudo.
alimentícios atribuídos direta ou
indiretamente a produção ou ao consumo
desta cianobactéria (Antenna Technologies 2.1.16 Outros meios de cultivo
1, 2000). O Food and Drug Administration

35
Diversos trabalhos foram realizados Paoletti, e o meio em que havia apenas
para estudar meios de cultivo alternativos solução alcalina também obteve um
para Arthrospira spp. Mudanças nas crescimento satisfatório.
condições ou mesmo novas formas de Substituindo 25% do meio padrão
cultivo melhoram os níveis de Paoletti por efluente de biodigestor contendo
produtividade, aumentam o grau de controle fezes de suínos, combinado com uma
do processo e diminuem os custos, tornando solução alcalina de cinzas de madeira, Nery
estas culturas viáveis comercialmente e Lacaz-Ruiz (2003) conseguiram
(Volkmann, 2006). crescimento de A. platensis semelhante ao
Phang et al. (2000), utilizando água meio 100% Paoletti, com teor protéico de
residual de fábrica de goma de sagu e quatro 45,34% na matéria seca.
variedades de A. platensis conseguiram Putty-Reddy et al. (2005) estudaram
crescimento de 0,68 a 0,88 g.L-1desta o crescimento de A. platensis em altas
cianobactéria. concentrações de sal, pela suplementação do
Olguín et al. (2001), avaliaram a meio Zarrouk com NaCl 0,8M e concluíram
produção de Arthrospira spp. (variedade de que o stress ao sal inibe o crescimento da A.
filamentos curtos) em água do mar platensis.
suplementada com efluente anaeróbico e Volkmann (2006), utilizando meio
constataram que o crescimento foi similar Paoletti suplementado com 1,0 g.L-1 de NaCl
(P< 0,05) ao meio Zarrouk utilizado como (água salinizada) e rejeito de dessalinizador
padrão. adicionado de 50% dos sais do meio Paoletti
Costa et al. (2003), utilizando água para o preparo dos meios de cultura para o
da Lagoa da Mangueira, localizada no Rio cultivo de A. platensis, conseguiu os maiores
Grande do Sul, suplementada com 2.88gL- valores de biomassa (4,954 g.L-1) e
1
de bicarbonato de sódio ou 0.35 g L -1de produtividade em células (0,225 g.L-1) no
uréia ou com ambos, conseguiram rejeito de dessalinizador.
concentrações máximas de 0,55 a 0,61g L-1 Pelizer et al. (2007) realizaram a
de A. platensis. produção da A. platensis pelo processo de
Kornfeld et al (2003) produziram cultivo com substrato em estado sólido,
biomassa de A. platensis em meio a base de utilizando-se como matriz para o
solução alcalina (NaOH) e efluente da crescimento microbiano, o bagaço de cana-
indústria cítrica (laranja), complementado de-açúcar e soluções de sais inorgânicos
com fontes de nitrogênio, fósforo e potássio. como fonte de nutrientes. O processo
O crescimento de A. platensis no meio considerando o teor protéico do material
proposto apresentou um crescimento cultivado, mostrou-se satisfatório.
máximo de 5,1gL-1. O meio de cultura Morais et al. (2009) avaliaram a
promoveu um crescimento com baixa viabilidade da produção em escala piloto de
contaminação de algas verdes e a biomassa A. platensis cepa LEB-18 no sul do Brasil,
produzida de A. platensis obteve um utilizando água da lagoa da Mangueira. A
percentual de 51,8% de proteína. concentração de biomassa média máxima foi
Utilizando uma solução alcalina de 1,24 g L-1 e a produtividade média foi
preparada com resíduos da indústria 21,59 g m-2 d-1. A biomassa apresentou
alcooleira (cinza de bagaço de cana) 84,0% de digestibilidade, 86,0% de
misturada em diferentes proporções de meio proteínas e 3,3% de lipídios. As análises
Paoletti, Salles et al. (2003) cultivaram A. mostraram que a concentração de metais
platensis. Os resultados mostraram um pesados e da carga microbiana foram
melhor crescimento desta cianobactéria nos inferiores a padrões aceitos
meios em que a proporção de solução internacionalmente.
alcalina é inferior ou igual à do meio

36
2.1.17 Utilizações da Arthrospira as pílulas, o pó e as cápsulas de Arthrospira
platensis SP. Ela é utilizada na fabricação de sabonete
na Corea, produtos dermatológicos são
fabricados na Alemanha com A. platensis
Por meio de análises sensoriais de
em sua composição, o extrato líquido é
textura e gordura de polpas de tilápia
consumido por pessoas no Japão. O pó desta
Oreochromis niloticus alimentados
cianobactéria é usado como suplemento para
exclusivamente com A. platensis, Lu et al.,
coloração de peixes e pássaros e diversos
(2003) demonstraram a alta qualidade de sua
outros usos pelo mundo. De acordo com
carne para o uso como sashimi.
Morais et al. (2010), utiliza-se A. platensis,
Grandes indústrias como a Dainippon
em escala piloto, para enriquecimento de
Tintas & Produtos químicos (Sakura)
alimentos no sul do Brasil, que são
desenvolveram um produto chamado Linha
distribuídos como petiscos a crianças da
azul que é usado em: gomas, sorvetes,
região.
doces, bebidas, etc e também vendem outra
forma deste pigmento em cosméticos
naturais como batons e sombras de olho. As 2.2 SORO DE LEITE
ficobiliproteínas são extensamente usadas na
indústria e laboratórios imunológicos, Minas Gerais é o estado brasileiro que
devido às suas propriedades: altos mais produz leite, ou seja, dos 26 milhões de
coeficientes de absorbância, alta produção litros produzidos em 2007 no Brasil, cerca
de fluorescência, fotoestabilidade, etc de 27% foram produzidos em Minas (Tab.
(Spolaore et al., 2006). No Japão, a 1). O Estado também se destaca na produção
ficocianina, um pigmento azul, é extraído da de derivados lácteos, incluindo-se o produto
A. platensis e utilizado como um agente mais apreciado e de maior destaque, quando
corante (O’Callagan, 1996). Segundo se fala em Minas Gerais - o queijo. A
Henrikson (2009), existem diversos usos da produção de queijo no Brasil é representada
A. platensis ao redor do mundo: os não só pelo tipos em que são empregadas
comprimidos desta microalga são ingeridos tecnologias cada vez mais avançadas, como
em diversos países para tratamento de uma os artesanais, tão tradicionais e
variedade de enfermidades. Em mais de 40 representantes típicos das propriedades
países, pessoas já estão familiarizadas com mineiras (Tab. 2) (EMBRAPA, 2008)
.

37
Tabela 1- Classificação da Produção Anual de Leite por Estado no Brasil, 2007
Produção de Leite
Classificação Estados
(milhões de litros)
1 Minas Gerais 7.275
2 Rio Grande do Sul 2.944
3 Paraná 2.701
4 Goiás 2.639
5 Santa Catarina 1.866
6 São Paulo 1.627
7 Bahia 966
8 Rondônia 708
9 Pernambuco 662
10 Mato Grosso 644
11 Pará 643
12 Mato Grosso do Sul 490
13 Rio de Janeiro 463
14 Espírito Santo 438
15 Ceará 416
16 Maranhão 336
17 Sergipe 252
18 Alagoas 243
19 Rio Grande do Norte 214
20 Tocantins 214
21 Paraíba 170
22 Acre 80
23 Piauí 76
24 Distrito Federal 36
25 Amazonas 20
26 Amapá 6
27 Roraima 6
Brasil 26.134
Fonte: IBGE – Pesquisa da Pecuária Municipal
Embrapa Gado de Leite – Tabela 02.40 -Atualizado em dezembro/2008

38
Tabela 2 - Produção brasileira de queijo (toneladas)
Dif. %
1991 1995 2000 2004
Tipo queijo 2004/00
COMMODITIES
Mussarela 60.000 84.180 125.000 144.690 15,6%
Prato 44.200 59.400 88.500 102.480 15,8%
Requeijão culinário 6.970 41.000 70.200 90.720 29,2%
SUB TOTAL 111.170 184.580 283.700 337.890 19,1%
FUNDIDOS
Fatias 1.500 1.900 3.500 4.400 25,7%
Porções 1.480 1.700 2.400 3.045 26,9%
Tablete 63 78 102 114 11,8%
Cremosos 485 570 800 820 2,5%
SUB TOTAL 3.528 4.248 6.802 8.379 23,2%
PROCESSADOS
Cream cheese 485 570 1.417 1.815 28,1%
Requeijão cremoso 9.350 19.000 26.700 30.907 15,8%
Petit suisse 14.314 14.427 20.800 22.932 10,2%
SUB TOTAL 24.149 33.997 48.917 55.654 13,8%
Frescos (massa crua)
Minas frescal 14.900 19.086 25.900 28.875 11,5%
M. F. ultrafiltrado 350 1.350 2.900 4.515 55,7%
Cottage 80 175 350 578 65,1%
Ricota 4.125 5.582 7.523 8.610 14,4%
TOTAL ESPECIAIS 7.337 8.266 12.363 - -
SUB TOTAL 19.455 26.193 36.673 42.578 16,1%
TOTAL 158.302 249.018 376.092 444.501 -
Fonte: SIPA/ABIQ/DATAMARK/DESK RESEARCH
Embrapa Gado de Leite – Tabela 04.24

A produção de queijo é 5,0% de lactose e 0,2% de ácido lático).


acompanhada de grande produção de soro. Entre os principais elementos que compõem
No entanto, o soro de leite ainda é as cinzas do queijo, incluem-se: cálcio,
considerado um subproduto com baixo valor ferro, magnésio, fósforo, potássio, sódio,
agregado e de alto risco ambiental devido à zinco, cobre, manganês e selênio (USDA,
elevada demanda biológica de oxigênio 2010; Torres, 1998).
(DBO) para sua degradação no ambiente, em Segundo Torres (1998), os
virtude de seu nível alto em lactose. procedimentos utilizados ou sugeridos pela
O soro representa de 85 a 90% do indústria de queijo para eliminação do soro
volume de leite utilizado na fabricação de têm sido a descarga em esgotos, rios, minas
queijos, retendo ao redor de 55% dos abandonadas, escavações, lagoas especiais,
componentes sólidos do leite (Almeida et al, produção de material combustível pela
2001). Contém ainda 6,9% de sólidos totais: fermentação anaeróbica, emprego na
0,6% de cinzas e 6,3% de sólidos orgânicos alimentação animal, evaporação ou secagem
(0,3% de gordura, 0,9% de compostos para alimento humano, como matéria prima
nitrogenados – calculados como proteína, na fabricação de outros produtos (proteína

39
de soro, queijo, lactose, ácido lático, álcool, grandes quantidades pelas indústrias de
vinagre, bebidas, etc). laticínios e pode ser transformado de um
O potencial de poluição do soro de resíduo poluente em um sub-produto de
leite é elevado. Tendo em vista a relação valor comercial. No país e no mundo, a
com o meio ambiente e as perdas produção de queijo vem aumentando (Tab.
econômicas advindas do descarte do soro, 3) e muitos produtores estão preocupados
torna-se necessário o seu emprego em novos com a aplicação do soro de queijo, pois o
produtos. O soro de leite é produzido em emprego convencional do soro não tem se

Tabela 3: Produção mundial de queijos - 2000 / 2008*


Milhares de Toneladas
Países 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008*
AMÉRICA DO
4.208 4.216 4.372 4.350 4.504 4.645 4.761 4.833 4.911
NORTE
Canadá 328 329 350 342 345 352 291 297 300
Estados Unidos 3.746 3.747 3.877 3.882 4.025 4.150 4.325 4.389 4.461
México 134 140 145 126 134 143 145 147 150
AMÉRICA DO
890 900 840 785 840 895 1.008 1.055 1.155
SUL
Argentina 445 440 370 325 370 400 480 475 515
Brasil 445 460 470 460 470 495 528 580 640
UNIÃO
5.861 5.865 5.993 6.205 6.481 6.625 6.801 6.870 6.975
EUROPÉIA**
EX – URSS 287 365 469 504 574 649 622 663 690
Rússia 220 260 340 335 350 375 405 420 430
Ucrânia 67 105 129 169 224 274 217 243 260
ÁFRICA 380 395 414 463 468 473 475 n.d. n.d.
Argélia n.d. n.d. 4 13 13 13 13 n.d. n.d.
Egito 380 395 410 450 455 460 462 n.d. n.d.
ÁSIA 49 54 57 78 82 84 92 98 106
Coréia do Sul 15 20 20 23 24 24 28 30 32
Filipinas n.d. n.d. 1 6 6 5 6 7 7
Taiwan n.d. n.d. n.d 14 17 16 18 20 20
Japão 34 34 36 35 35 39 40 41 47
OCEANIA 670 655 725 669 694 672 654 668 664
Austrália 373 374 413 368 389 375 362 360 335
Nova Zelândia 297 281 312 301 305 297 292 308 329
TOTAL 12.345 12.450 12.870 13.054 13.643 14.043 14.413 14.187 14.501

* Previsão ** União Européia é composta por 27 países


Fonte: USDA - Departamento de Agricultura dos Estados Unidos./Embrapa Gado de Leite – Tabela 04.23
Atualizado em abril/ 2008

40
expandido, enquanto que sua aplicação em pequenos produtores, uma boa solução para
produtos mais nobres requer tecnologia mais o problema das indústrias de laticínios seria
sofisticada e de custos mais elevados o aproveitamento do soro para o cultivo de
(Torres, 1998). A industrialização do soro é A. platensis, sem a necessidade de grandes
uma área incipiente no Brasil, com pouca investimentos em aparelhagem e meios para
tecnologia desenvolvida para agregação de o cultivo desta cianobactéria.
valor ao mesmo. O desenvolvimento de um
processo adequado e economicamente viável
para geração de um sub-produto valorizado 2.3 ASSOCIAÇÃO Arthrospira
pode permitir ao setor de laticínios platensis E SORO DE LEITE
diversificar seu portfólio de negócios e
aumentar a sua receita (Révillion et al., A utilização de alimentos alternativos
2000). na dieta tem como principal objetivo reduzir
Vários trabalhos de pesquisa foram os custos e incrementar a produtividade da
desenvolvidos em diversos países visando atividade agropecuária. Deste modo, os mais
criar opções para utilização do soro de leite, diversos tipos de resíduos ou subprodutos
evitando assim que atue como agente de agroindustriais, quando empregados de
poluição ambiental (Siso, 1996; Almeida et forma racional, podem contribuir neste
al., 2001). A redução da DBO tem sido sentido, como é o caso do soro de leite.
alcançada por meio da produção de biogás, O reaproveitamento de subprodutos
etanol e outros produtos, fazendo com que do setor produtivo para o cultivo de A.
mais da metade do soro produzido não seja platensis solucionaria pelo menos dois
um poluente e sim um novo recurso. No problemas. Primeiro, diminuiria o custo de
entanto, a produção anual mundial de soro produção desta cianobactéria, já que o meio
de queijo está aumentando e novas de cultivo mineral tem alto custo, e segundo,
bioproduções estão sendo pesquisadas para daria um destino mais nobre a rejeitos da
garantir o uso de todo soro produzido (Siso, agroindústria.
1996). Neste aspecto a utilização de Há necessidade de modernização de
microrganismos para geração de produtos de setores da agroindústria, que muitas vezes
interesse comercial tem recebido crescente envolvem procedimentos complexos e
atenção por parte da indústria de alimentos demorados, especialmente no que se refere
(Révillion et al. 2000). ao aproveitamento de subprodutos. A
Sabe-se que as propriedades físicas, utilização deste cultivo pode ser facilmente
químicas e funcionais do soro conferem-lhe adaptável às condições de campo e, nas
características próprias e diferentes condições técnicas atuais, visto a não
possibilidades de utilização. A utilização do necessidade de cultivo e isolamento dos
soro de leite, por meio do desenvolvimento espécimes em condições de esterilidade e
de novos produtos alimentícios poderá em tempos prolongados. Adicionalmente, é
contribuir positivamente para o estado possível um ganho considerável na
nutricional de um setor importante da qualidade, especialmente devido a rapidez
população, ao mesmo tempo em que com que os subprodutos serão processados,
aportarão no mercado consumidor produtos além da economia de espaço com
com custo reduzido em relação aos seus aparelhagem e diversos reagentes. As
similares (Severo, 1995). amostras de soro poderão ser processadas
Considerando a necessidade de diretamente em seu local de produção, sem a
estimular a minimização da geração de necessidade de transporte para outros locais
resíduos, promovendo a substituição de de beneficiamento, evitando inconvenientes
subprodutos através de processos como tempo, custo e principalmente a
alternativos indicados inclusive para possibilidade de deterioração dos produtos.
Este último aspecto torna-se especialmente solução A5 (g.L-1):
relevante em vista do atendimento a H3BO3........................................................ 2,86
pequenos produtores. MnCl2 4H2O......................... 1,81
ZnSO4 7H2O......................... 0,222
CuCO4 5H2O........................ 0,079
3 MATERIAL E MÉTODOS MnO3........................................................ 0,015
3.1 OBTENÇÃO DA CEPA solução B6 (mg.L-1):
NH4VO3.................................................. 22,86
A cepa do microrganismo Arthrospira KCr(SO4)2 12H2O................ 192
platensis foi obtida da coleção de cultura da NiSO4 6H2O......................... 44,8
Universidade do Texas, Número UTEX LB Na2WO4.2H2O...................... 17,94
2340, Classe Cyanophyceae originária do TiOSO4. H2SO4. 8H2O.......... 61,1
lago Natron no Chade. CO(NO3)2 6H2O................... 43,98

3.2 MANUTENÇÃO DA A. platensis


3.3 INÓCULO
A cepa foi mantida em meio mineral padrão
líquido conforme Zarrouk (1966) O inóculo foi obtido através de
cultivo em meio mineral padrão líquido
conforme Zarrouk (1966). Foram feitos pré-
Meio padrão líquido Zarrouk
cultivos (Fig.7) em pequenos volumes (150
NaHCO3............................................. 16,8gL-1
mL), pois se muito diluída a estrutura celular
K2HPO4.............................................. 0,5 gL-1
da cianobactéria torna-se frágil. Os pré-
NaNO3................................................. 2,5 gL-1
cultivos foram adicionados aos cultivos.
K2SO4................................................... 1,0 gL-1
NaCl,...................................................... 1,0 gL-1
CaCl2..................................................... 0,2 gL-1
MgSO4.7H2O.................................. 0,04 gL-1
EDTA.................................................... 0,08 gL-1
Solução A5........................................ 1,0 ml.L-1
Solução B6........................................ 1,0 ml.L-1

Figura 7 - Pré-cultivo e cultivo de Arthrospira platensis

42
3.4 CULTIVO temperatura de 25ºC, pH ajustado para 9,3
com NaOH à 40%, com concentração inicial
O cultivo foi realizado em meio do inóculo de 0,1gL-1 e 0,2gL-1 obtidos de
padrão Zarrouk e em soro de leite em pó cultivos em fase exponencial de
reconstituído a 3% e 6%, com e sem crescimento, o tempo de processo foi de 11
clarificação. A clarificação foi feita através dias, com tempo final determinado pela
de aquecimento do soro a 88°C, seguido por diminuição da concentração da A. platensis.
repouso por 10 minutos, período em que Foram realizados cinco repetições do
ocorreu a precipitação das proteínas cultivo.
desnaturadas, que foram coletadas em Para maior produção e posterior
recipientes com escorredor. Os meios de análises físico-química, microbiológica e
cultivo foram colocados em frascos microscópica a A. platensis foi cultivada em
Erlenmeyer de 1000 mL, com 500 mL de tanque de vidro com capacidade de 100
meio de cultura, com agitação quatro vezes litros, com 50 litros de meio de cultura (soro
ao dia, sob iluminância de 3,0 Klux medidos de leite clarificado) e inóculo de 0,1g/L nas
com fotômetro LI-COR modelo LI-189, mesmas condições de cultivo em menor
fotoperíodo de 12 horas claro/escuro, volume (Fig. 8).

Figura 8 - Tanque de cultivo de Arthrospira platensis

3.5 ACOMPANHAMENTO DO Os cultivos foram acompanhados por


CULTIVO meio da determinação da concentração
celular, diariamente, por turbidimetria a 560
nm (Leduy e Therien, 1977). Os valores de

43
absorbância obtidos no espectrofotômetro destilada. A amostra foi levada à estufa a
foram convertidos em concentração celular 100-105°C por um período de 5 h, suficiente
através de uma curva de calibração. para que mantivesse uma massa constante. A
partir desta massa de células, foram
3.6 TESTE COMPLEMENTAR preparadas diferentes diluições, que foram
levadas ao espectrofotômetro para leitura da
Devido ao fato do não crescimento de absorbância a 560 nm de comprimento de
A. platensis em meio elaborado com soro de onda e caminho óptico de 1 cm, com água
leite sem clarificação, foi testado no cultivo destilada como branco para o meio Zarrouk
desta cianobactéria em meio de soro não e soro como branco para o soro de leite.
clarificado adicionado de 50% do meio Obteve-se, dessa forma uma curva que
padrão Zarrouk para verificar se o relaciona concentração celular com a
crescimento em meio de soro de leite estava absorbância.
sendo inibido pela falta de algum nutriente.
3.8 AVALIAÇÃO PRELIMINAR DA
3.7 CURVA DE CALIBRAÇÃO BIOMASSA OBTIDA
PARA DETERMINAÇÃO DA
CONCENTRAÇÃO CELULAR Ao final do cultivo o meio com
crescimento da cianobactéria foi filtrado em
Foram feitas duas curvas de filtro de poliéster de malha entre 30 e 60
calibração, uma para crescimento em meio microns, lavado com água destilada e seco
Zarrouk outra para crescimento em soro de em estufa com circulação de ar à
leite. As curvas de calibração foram feitas temperatura de 50°C por 8 horas quando foi
filtrando-se células em fase de crescimento avaliado o teor de proteína da biomassa.
exponencial, que foram lavadas com água (Fig. 9),

Figura 9 - Biomassa seca de Arthrospira platensis

44
3.9 ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA 3.10 ANÁLISE MICROSCÓPICA

Na análise microscópica pesquisou-se


3.9.1 Proteínas a presença de elementos macroscópicos e
microscópicos prejudiciais à saúde humana,
O teor protéico total da biomassa conforme Brasil (2003).
seca foi determinado pelo método de
Kjeldhal (Brasil, 2005), utilizando-se o fator 3.11 ANÁLISE MICROBIOLÓGICA
6,25 para conversão de nitrogênio total para
proteína no crescimento emo meio Zarrouk. Foram realizadas análises
Para as amostras de soro de leite o fator de microbiológicas segundo American...
conversão utilizado foi 6,38. (2001), para os seguintes microrganismos:
coliformes totais, coliformes fecais,
3.9.2 Lipídeos estafilococos coagulase positiva, Salmonella
spp, contagem de bactérias heterotróficas
Os lipídeos totais foram determinados pelo mesófilas, contagem de bolores e leveduras,
método de Soxhlet segundo Association... contagem de clostrídio sulfito redutor e
(2000). Bacillus cereus.

3.9.3 Carboidratos
3.12 PRODUTIVIDADE CELULAR
O índice de carboidratos foi determinado
pelo método de Luff Schoorl, de acordo A produtividade celular (P) foi
com o método proposto por Matissek et al., calculada fazendo-se a razão entre a
1998. diferença da concentração celular final e
inicial (concentração celular do inóculo) e o
tempo (t) em dias correspondente à
3.9.4 Lactose concentração final. O tempo de cultivo foi
definido como o tempo onde a maior
O teor de lactose antes e após o cultivo da produtividade foi obtida.
A. platensis foi determinado pelo método P = (Xm –Xi) / Tc
de Luff Schoorl, conforme Matissek et al., Sendo:
1998. P = Produtividade em células (g.L-1.d-1)
Xm = concentração celular máxima obtida
(g.L-1)
3.9.5 DBO Xi = concentação celular inicial (gL-1)
Tc = tempo de cultivo de maior
Foi realizada análise da demanda concentração celular (dias)
bioquímica de oxigênio segundo Standard
Methods... (2005) método 5210B, antes e 3.13 ANÁLISE ESTATÍSTICA
após o cultivo da A. platensis.
Os resultados das análises foram
3.9.6 pH submetidos à Análise de Variância
(ANOVA) com um nível de significância de
Os valores de pH dos cultivos foram 95% (p < 0,05) para verificar a existência de
medidos diariamente por potenciômetria, diferenças significativas entre os resultados.
com um aparelho Digimed, modelo DM- 20. As médias significativamente diferentes

45
foram comparadas pelo teste de Duncan. O tempo de cultivo a sub-subparcela. Foram
nível de significância utilizado foi de realizadas 5 repetições dos cultivos.
p<0,05.

3.14 DELINEAMENTO 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO


EXPERIMENTAL
4.1 CURVAS PADRÃO
Foram estabelecidos cinco tratamentos
(meio padrão, soro 3% clarificado, soro 6% As curvas padrão obtidas, relacionando a
clarificado, soro 3% sem clarificação e soro concentração celular da biomassa de A.
6% sem clarificação), cada tratamento com platensis com a absorbância, em soro de
duas concentrações de inóculo (0,1gL-1 e leite para as amostras cultivadas em soro e
0,2gL-1), e tempo de 10 dias de cultivo. O em água para as amostras cultivadas em
delineamento estabelecido foi o blocos ao meio Zarrouk são especificadas nas fig. 10
acaso, sendo o tratamento o bloco, a e11.
concentração do inóculo a subparcela e o

1,4

1,2 y = 0,6061x + 0,0341


R2 = 0,9973
1
Absorbância

0,8

0,6

0,4

0,2

0
0 0,5 1 1,5 2 2,5
Concentração spirulina

Figura 10 - Curva padrão de concentração de biomassa de Arthrospira platensis em soro de queijo

46
2,5
y = 1,1941x - 0,0324
2
R2 = 0,998
Absorbância

1,5

0,5

0
0 0,5 1 1,5 2
Concentração spirulina g/L

Figura 11 - Curva padrão de concentração de biomassa de Arthrospira platensis em água

4.2 CRESCIMENTO DE Arthrospira misturada em diferentes proporções de meio


platensis EM SORO DE LEITE padrão e conseguiram crescimento do
NÃO CLARIFICADO microrganismo.

O microrganismo A. platensis não 4.2.1 Análise microbiológica em soro


apresentou crescimento em soro de leite de leite não clarificado
reconstituído a 3% e 6% sem clarificação.
A opacidade do meio de cultura utilizado Não foram detectadas contaminações
(soro de leite) provavelmente não permitiu a relativas aos microrganismos pesquisados,
penetração e dispersão de luz suficiente para (coliformes totais, coliformes fecais,
o crescimento da cianobactéria, um estafilococos coagulase positiva, Salmonella
microrganismo fotossintetizante. Após o spp, contagem de bactérias heterotróficas
não crescimento da A. platensis, os testes mesófilas, contagem de bolores e leveduras,
complementares realizados, com adição dos contagem de clostrídio sulfito redutor e
macronutrientes constituintes do meio Bacillus cereus). Este fato evidencia que o
padrão Zarrouk, evidenciaram que a falta de não crescimento da A. platensis em soro de
nutrientes não foi o fator determinante do leite sem clarificação não foi proveniente de
não crescimento da A. platensis em soro. O uma possível contaminação microbiana,
cultivo em soro de leite não clarificado com onde os microrganismos poderiam competir
adição de 50% de meio padrão Zarrouk seria com A. platensis inibindo o crescimento
suficiente para suprir a falta de nutrientes desta. Os membros de uma população
para o crescimento desta cianobactéria. podem competir por nutrientes, excretar
Salles et al. (2003) cultivaram A. platensis metabólitos nocivos afetando o crescimento
utilizando uma solução alcalina preparada ou taxa de mortalidade de outra população.
com resíduos da indústria alcooleira

47
4.2.2 Análise microscópica em soro clarificado a 3% e a 6% são especificados na
de leite não clarificado tabela 5.

As amostras não revelaram presença Tabela 5 - Teor médio de lactose (%) para soro
de matéria macroscópica ou microscópica 3% e 6% sem clarificação antes e após cultivo de
Arthrospira platensis
prejudicial à saúde humana ou evidência de
Cultivo Soro 3% Soro 6%
microrganismos contaminantes. Não
evidenciaram também vestígios de A. Sem Sem
platensis. Sob o microscópio óptico, a clarificação clarificação
Arthrospira aparece como filamento verde- Antes 1,98a±0,01 4,20b±0,14
azulado, composto por células cilíndricas cultivo
não ramificadas e em forma helicoidal Após o 1,96a±0,007 4,17b±0,02
(Ciferri, 1983; Cruchot, 2008), porém, cultivo
a,b- letras minúsculas idênticass na mesma
nenhuma forma semelhante foi observada
coluna indicam valores estatisticamente iguais
nas análises realizadas.
(p>0,05) para os tratamentos.

4.2.3 Análises físico-químicas em


soro de leite não clarificado Estes resultados evidenciam que a
lactose não foi utilizada pelo microrganismo
As amostras de cultivo de A. em seu metabolismo, pois seus teores são
platensis em soro de leite não clarificado a estatisticamente semelhantes antes e após o
3% e a 6% apresentaram teor protéico médio cultivo da A. platensis. Devido ao não
semelhante (p>0,05) ao soro de leite não crescimento da Arthrospira, não havia
clarificado sem cultivo nas concentrações microrganismos para a metabolização da
3% e 6%, respectivamente (Tab. 4). lactose presente no soro não clarificado
A tabela 6 lista os valores de DBO
Tabela 4 - Teor médio de proteína (%) para soro encontrados nas amostras de soro de queijo
3% e 6% sem clarificação antes e após cultivo de antes e após cultivo da A. platensis.
Arthrospira platensis A demanda bioquímica de oxigênio
Cultivo Soro 3% Soro 6% no soro antes e após cultivo com A. platensis
Sem Sem manteve-se no mesmo patamar,
clarificação clarificação evidenciando que não houve qualquer
Antes 0,35a±0,02 0,52b±0,01 processo metabólico que reduzisse a DBO.
cultivo
Após 0,34a±0,03 0,54b±0,03
cultivo Tabela 6- Demanda Bioquímica de Oxigênio
a,b- letras minúsculas idênticass na mesma (DBO5) mg/L para soro 3% e 6% sem
coluna indicam valores estatisticamente iguais clarificação antes e após cultivo de Arthrospira
(p>0,05) para os tratamentos. platensis
Cultivo Soro 3% Soro 6%
Sem Sem
Estes resultados comprovam que o clarificação clarificação
meio de cultivo não clarificado não deu Antes 27.603a±45,96 51.205b±39,59
suporte ao crescimento da cianobactéria, que cultivo
em sua constituição tem um alto percentual Após o 27,281a±96,17 51.100b±22,63
de proteína. cultivo
A lactose no soro antes e após a,b- letras minúsculas idênticass na mesma
cultivo da A. platensis em soro de queijo não coluna indicam valores estatisticamente iguais
(p>0,05) para os tratamentos.

48
Os principais fatores que influenciam consequentemente, ocorre pequena produção
o crescimento de microrganismos ou não acontece o crescimento de biomassa.
fotoautotróficos são luz e temperatura.
Observa-se muito intensamente a
dependência do crescimento celular em 4.3 CRESCIMENTO DE Arthrospira
função da intensidade luminosa (Matsudo, platensis EM SORO DE LEITE
2006), pois espécies fotoautotróficas como a CLARIFICADO
A. platensis, através da fotossíntese obtêm
energia para fixar carbono, elemento As concentrações médias de biomassa
necessário ao crescimento da biomassa. O gL-1 em meio padrão Zarrouk, soro 3%
cultivo de cianobactérias está intimamente clarificado, soro 6% clarificado nos 11 dias
associado à luz, devido a fotossíntese. de cultivo com inóculo de 0,1gL-1 e 0,2gL-1
Segundo Balloni et al (1980) ao ser e seus respectivos pH são mostrados nas
submetido a baixas intensidades luminosas, Figuras 12 a 17. As concentrações
a velocidade de crescimento é diminuída, e individuais de cada amostra são
especificados nos apêndices 1 a 30.

Média Zarrouk inoc. 0,1

1,2 9,7

1 9,6
Concentração g/L

0,8 9,5
Concentração g/l
pH

0,6 9,4
pH
0,4 9,3

0,2 9,2

0 9,1
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
tempo (dias)

Figura 12 - Média da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em meio Zarrouk em relação ao


tempo de cultivo de Arthrospira platensis com inóculo de 0,1g/L.

49
Média zarrouk inoc. 0,2

1,4 9,7

1,2 9,6
Concentração g/L

1
9,5
0,8 Concentração g/L

pH
9,4
0,6 pH
9,3
0,4

0,2 9,2

0 9,1
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Tempo (dias)

Figura 13 - Média da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em meio Zarrouk em relação ao


tempo de cultivo de Arthrospira platensis com inóculo de 0,2g/L.

Média soro 3% inoc. 0,1

2 9,4
1,8 9,2
1,6
9
Concentração g/L

1,4
1,2 8,8
Concentração g/L
pH

1 8,6
pH
0,8 8,4
0,6
8,2
0,4
0,2 8
0 7,8
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Tempo (dias)

Figura 14 - Média da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em soro 3% em relação ao tempo de


cultivo de Arthrospira platensis com inóculo de 0,1g/L

50
média soro3% inoc.0,2

2 9,4
1,8 9,2
1,6
9
Concentração g/L

1,4
1,2 8,8
Concentração g/L

pH
1 8,6
pH
0,8 8,4
0,6
8,2
0,4
0,2 8
0 7,8
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Tempo (dias)

Figura 15 - Média da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em soro 3% em relação ao tempo


de cultivo de Arthrospira platensis com inóculo de 0,2g/L

Média soro 6% inoc. 0,1

1,4 9,4

1,2 9,2
Concentração g/L

1 9

0,8 8,8 Concentração g/L


pH

0,6 8,6 pH

0,4 8,4

0,2 8,2

0 8
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Tempo (dias)

Figura 16 - Média da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em soro 6% em relação ao tempo


de cultivo de Arthrospira platensis com inóculo de 0,1g/L

51
Média soro 6% inoc. 0,2

1,4 9,4

1,2 9,2
Concentração g/L

1 9

0,8 8,8 Concentração g/L

pH
0,6 8,6 pH

0,4 8,4

0,2 8,2

0 8
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
tempo (dias)

Figura 17 - Média da evolução da concentração celular (g/L) e do pH em soro 6% em relação ao tempo


de cultivo de Arthrospira platensis com inóculo de 0,2g/L

Pelo fato de o microrganismo ser interior celular, convertidos a íons carbonato


mantido em meio padrão na fase de pré- e gás carbônico, e este último é utilizado na
inóculo, esperava-se uma fase de fotossíntese. Para cada molécula de dióxido
adaptação (fase lag) no início do cultivo de carbono utilizada pela célula, há a
em soro de queijo, o que ocorreu durante as formação de um íon carbonato (Miller e
primeiras 24 horas de cultivo de A. platensis, Colman, 1980), que é liberado para o meio
como mostram os gráficos de de cultura (Rangel, 2000), com consequente
acompanhamento do crescimento celular aumento do pH.
(Figuras 14 a 17 e apêndices 1 a 30), Nos cultivos em soro 3% e 6%, à
mostrando uma rápida adaptação do medida que o tempo de cultivo aumenta o
microrganismo ao novo meio de cultivo. pH do meio torna-se mais ácido,
Observa-se que no meio padrão provavelmente devido a metabolização da
(Figuras 12 e 13 e apêndices 1 a 10), quanto lactose com formação de ácido lático e
maior o tempo de cultivo, maior o valor de outros compostos. Apesar da acidificação
pH, pois à medida que o microrganismo se do meio de cultivo, este se mantém dentro
desenvolve, seu metabolismo torna o meio do patamar de pH de crescimento de A.
mais alcalino. No final do tempo de cultivo, platensis (pH 8,0 a 11,0) durante 24 horas,
nota-se uma tendência à estabilização do pH, pois o metabolismo durante o crescimento
provavelmente, devido a redução do deste microrganismo que leva a um aumento
crescimento da cianobactéria. Segundo do pH, deve compensar a acidificação do
Rodrigues (2008), o aumento do pH com o meio causada pela metabolização da lactose.
crescimento celular pode ser explicado pelo Porém, após 24 horas de cultivo, foi
consumo da fonte de carbono durante o necessário o controle do pH durante o
cultivo. Os íons bicarbonato do meio de processo, este foi acertado novamente para o
cultura são transportados ativamente para o pH ideal ao cultivo de A. platensis pela

52
adição de uma base. O equilíbrio entre a pH depende de vários fatores, como
alcalinização pela adição de uma base e a composição e capacidade tamponante do
acidificação através da metabolização do meio, quantidade de dióxido de carbono
soro é imprescindível para o crescimento de dissolvido, temperatura (que determina a
A. platensis. solubilidade do CO2) e atividade metabólica
Observa-se portanto, que a das células (Becker, 1995; Karam e Soccol,
estabilidade do processo normalmente 2007). Caso haja no meio de cultivo
depende da existência do controle de pH, oscilações do pH, é necessário interferência
pois a rápida conversão da lactose em ácidos com ajuste do mesmo para a faixa de
faz com que a alcalinidade presente no crescimento da cianobactéria, o que ocorreu
sistema seja rapidamente consumida nas amostras cultivadas em soro de queijo,
(Backus et al. 1988). que tiveram seu pH ajustado de 24 em 24
Assim, os problemas de estabilidade horas. Para A. platensis, a alta alcalinidade é
encontrados são normalmente associados à um requisito essencial para um ótimo
inadequada capacidade tampão e/ou à crescimento (Ogbonda et al., 2006).
deficiência de micronutrientes (Yan et al., As concentrações máximas finais de
1988; Zimmer, 2006). O pH do meio de biomassa (gL-1) nos cultivos em soro de
cultivo é um dos fatores mais importantes no queijo foram obtidas no tempo de 10 dias
cultivo de algas. O pH determina a (Figuras 14 a 17 e apêndices 11 a 30). O teor
solubilidade do dióxido de carbono e médio de crescimento para A. platensis em
minerais no meio e influencia direta ou soro 3% e 6% e meio Zarrouk com inóculo
indiretamente o metabolismo das algas. O de 0,1gL-1 e 0,2gL-1 são dados na tabela 7 .

Tabela 7- Concentração média em gL-1 de biomassa de Arthrospira platensis em


soro de leite 3% e 6% e meio padrão Zarrouk, com inóculo de 0,1gL-1 e 0,2 gL-1 após
10 dias de cultivo
-1
Condição de cultivo Concentração média gL
1
Soro 3% e inóculo 0,1 gL- 1,71a±0,12
1
Soro 3% e inóculo 0,2 gL- 1,75a±0,12
1
Soro 6% e inóculo 0,1 gL- 1,23b± 0,23
-1
Soro 6% e inóculo 0,2 gL 1,24b±0,25
1
Meio padrão Zarrouk e inóculo de 0,1 gL- 1,01b ± 0,03
1
Meio padrão Zarrouk e inóculo de 0,2 gL- 1,11b ± 0,13

a,b- letras minúsculas distintas na mesma coluna indicam valores estatisticamente


diferentes (p<0,05) para os tratamentos.

53
Constatou-se que o crescimento de 3% clarificado, em soro de queijo 6%
A. platensis foi maior em soro de queijo a clarificado ou em meio Zarrouk (tab. 7).
3% que em soro a 6%, sugerindo que pode Estes resultados evidenciam que a
haver algum fator de inibição para esta concentração de 0,1gL-1 é a mais apropriada
cianobactéria presente no soro, levando a um para o cultivo de A. platensis, pois, nos
maior crescimento no meio mais diluído. testes realizados, o teor de crescimento no
Considerando-se que a única diferença dos inóculo mais concentrado não mostrou
meios de cultura clarificados formulados diferença suficiente que justifique sua
com soro de queijo é sua concentração, utilização.
provavelmente o menor crescimento em soro Estes resultados são semelhantes aos
6% deve-se a menor transmitância de luz encontrados por Pelizer (2003), que testou
através do meio de cultura ou devido a ação concentrações de inóculo de 0,5 gL-1, 1,0 gL-
1
tóxica de algum componente do soro para a , 1,5 gL-1 e 2,0 gL-1 para o cultivo de A.
cianobactéria. Apesar de a diferença de platensis, encontrando maior valor numérico
crescimento de Arthrospira em soro 3% e no inóculo de 1,5 gL-1, porém, sem diferença
6%, ambos evidenciaram que o soro de estatística entre todas as concentrações
queijo é um bom meio de cultivo para a A. testadas, e chegou a conclusão que o inóculo
platensis. O meio a 3% demonstrou maior menos concentrado seria o mais adequado
concentração (p<0,05) e o meio a 6% teor para o cultivo deste microrganismo.
semelhante (p>0,05) de A. platensis que o As curvas de crescimento (valores
meio padrão Zarrouk médios) de A. platensis e as concentrações
As duas concentrações do inóculo médias em 11 dias de cultivo em soro de
testadas (0,1gL-1 e 0,2gL-1) não mostraram queijo e em meio Zarrouk são apresentadas
diferenças significativas entre elas, quando na Figura 18.
A. platensis foi cultivada em soro de queijo

1,8
1,6

1,4
Concentração g/L

1,2 Meio Zarrouk


1 soro 6%

0,8 soro 3%

0,6

0,4
0,2

0
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (dias)

Figura 18 - Concentração celular média (gL-1) em relação ao tempo de crescimento de Arthrospira


platensis em soro 3%, soro 6% e meio Zarrouk com inoculo de 0,1gL-1.
O tempo de cultivo é um parâmetro obtido na amostra 1, em soro 6% e inóculo
de avaliação do crescimento considerado 0,1 g.L-1. Estes valores são superiores aos
muito importante em se tratando de cultivos obtidos por Costa et al. (2003) que,
em grande escala. O tempo transcorrido utilizando água da lagoa da Mangueira-RS,
desde o início do cultivo até ser alcançada a suplementada com 2.88 g.L-1 de bicarbonato
densidade celular máxima é decisivo para a de sódio ou 0.35 g.L-1 de uréia ou com
escolha de uma determinada espécie, do seu ambos, conseguiram concentrações máximas
processo de produção e da infra-estrutura de 0,55 a 0,61 g.L-1 de A. platensis, sendo
necessária ao cultivo. este teor de biomassa considerado viável
A biomassa de A. platensis em soro pelos autores.
de queijo teve grande aumento até entre o 7º Os valores encontrados para a
e 8º dia de cultivo, começando a partir do 8º concentração celular em soro 3% e 6% estão
dia a desacelerar seu crescimento, chegando próximos aos relatados por Pelizer et al
ao seu pico máximo no 10º dia e decaindo (2002) em meio padrão Zarrouk, que foi de
sua concentração a partir do 11º dia. Em 1,3 g.L-1.
relação ao meio padrão Zarrouk, o
crescimento foi contínuo e não diminuiu
após o 10º dia. Estes resultados demonstram 4.3.1 Produtividade celular em soro
que o soro de queijo reconstituído em de leite clarificado
concentrações semelhantes ao soro de queijo
líquido (6%) e diluído (3%), tem nutrientes
suficientes para o crescimento da biomassa A produtividade diária celular
de A. platensis por 10 dias sem qualquer máxima dos cultivos com soro a 3%, soro a
suplementação, caracterizando um cultivo 6% e meio padrão Zarrouk foram de
em processo descontínuo, no qual todo o 0,161gL-1d-1, 0,112 gL-1d-1 e 0,091 gL-1d-1
substrato é adicionado no início do cultivo. respectivamente, revelando que a
Porém, o processo descontínuo alimentado, produtividade de A. platensis foi 76,92%
onde o substrato é adicionado em superior em soro 3% e 23,07% maior em
determinados intervalos de tempo durante soro 6% comparado ao meio padrão
todo o processo, é uma técnica já utilizada Zarrouk. Estes resultados revelam que o soro
em processos microbianos, que poderá levar de leite reconstituído, até o décimo dia de
o cultivo de A. platensis a períodos de tempo cultivo, possui nutrientes para suportar o
superiores a 10 dias com conseqüente crescimento de A. platensis em patamares
aumento na produção de biomassa. superiores ao meio considerado padrão para
Os experimentos apresentaram o cultivo deste microrganismo.
resultados de concentração média de
biomassa de aproximadamente 1,23 gL-1
4.3.2 Análise microbiológica em soro
para o soro 6% e 1,71 gL-1 para o soro 3%,
crescimento com concentração superior aos
de leite clarificado
experimentos realizados por Muliterno et al
(2005), que observaram crescimento de 1,0
gL-1 em meio padrão com diluição a 50% e As amostras de A. platensis em pó
adição de glicose 0,5 gL-1 e iluminância de 3 foram analisadas para parâmetros
Klux. Por outro lado, Volkmann (2006) microbiológicos, conforme tabela 8. Todos
conseguiu crescimento de 4,954 g.L-1 em os resultados microbiológicos estavam
rejeito de dessalinizador, porém, em 24 dias dentro dos padrões estabelecidos por
de cultivo. diversos países do mundo, fato que concorda
O mais baixo índice, no décimo dia com Jourdan (2003), que afirma que a
de crescimento, 1,02 g.L-1 (apêndice 21) foi microbiota presente em cultivos de A.
platensis é geralmente rara e não patogênica e, adicionalmente, algumas substâncias
e Jaquet (1975) que cita as análises secretadas ou contidas na Arthrospira
microbiológicas de Arthrospira spp, possuem uma atividade bactericida ou
produzidas industrialmente no México e nos bacteriostática, o que pode ter contribuído
Estados Unidos, confirmando a ausência de para todos os resultados analíticos estarem
patógenos como Salmonella ou abaixo dos limites de detecção dos métodos
Staphylococcus. A alcalinidade do meio (pH microbiológicos aprovados
entre 8,5 e 11,0) constitui uma excelente internacionalmente e utilizados para estas
barreira contra a maioria das contaminações análises.

Tabela 8 - Resultados das análises microbiológica de Arthrospira platensis em pó


Parâmetro analisado Resultado Padrão*
Coliformes totais NMP/g < 3,0 <100/g a nega,b,c,d
Escherichia coli NMP/g < 3,0 -
Estafilococos coagulase positiva <3,0 <100/g a Negativoa,b,c,d
NMP/g
Salmonella spp Ausência Negativoa,c,d,e
Contagem de bactérias <1 <50.000/g a 1.000000/ga,b,c,d
heterotróficas mesófilas UFC/g
Contagem de bolores UFC/g <10 <100/g a <1000/ga,b,d
Contagem de leveduras UFC/g <10 <40/gb
Contagem de clostrídio sulfito <10 -
redutor UFC/g
Bacillus cereus UFC/g <10 -
NMP- número mais provável
UFC – unidade formadora de colônias
*a-Japan Health Food Association, b-USA -The Natural Products Quality Assurance Alliance (NPQAA)
and The Natural Nutritional Foods Association (NNFA), c-Superior Public Hygience of France,
d-Ministry of health- Sweden.
Todos os resultados expressos como < estão abaixo do limite de detecção dos métodos.
Os padrões foram retirados de fontes diversas (Belay,1997; Henrikson, 2009; Jimenez et al., 2003).

4.3.3 Análise físico-química em soro níveis encontrados no cultivo em meio


de leite clarificado padrão que foi de 54,44 ± 0,11 e pode ser
devido à deficiência de nitrogênio durante o
4.3.3.1 Proteína período de crescimento, indicando que no
cultivo de A. platensis em soro de leite não
houve disponibilidade de nitrogênio
Os percentuais de proteína nas
suficiente para o crescimento da biomassa,
amostras de soro de leite estão abaixo dos
simultaneamente com a produção de

56
nitrogênio orgânico, na forma de proteínas. mostrados na tabela 9.
Os teores de proteína das amostras são

Tabela 9 - Teor médio de proteína (%) para soro 3% e 6% clarificados,


meio Zarrouk antes e após cultivo de Arthrospira platensis
Cultivo Soro 3% clarificado Soro 6% clarificado
Antes cultivo 0,17a,B±0,01 0,35c,C±0,02 -
Após cultivo 36,26b,A±0,45 36,52d,A±0,49 54,44D±0,11
a,b, ,B,C,D- letras minúsculas distintas na mesma coluna e letras maiúsculas na mesma linha indicam
valores estatisticamente diferentes (p<0,05) para os tratamentos. A- letras maiúsculas iguais na mesma
linha indicam valores estatisticamente semelhantes (p>0,05).

Segundo Morris (1974), o nitrogênio protéicos (uréia e ácido úrico) presentes nos
assimilado pelo microrganismo é utilizado soros em geral.
primeiro para o crescimento celular e, Segundo Funteu et al. (1997), em A.
posteriormente, para formação de nitrogênio platensis, a deficiência de nitrogênio durante
orgânico e como material de reserva. o período de crescimento leva a um
Sassano (2004) observou que os teores de decréscimo na produção de ficocianina e
proteínas nas biomassas decaíram clorofila. Ficocianinas são cromoproteínas
significativamente a valores que chegaram a que constituem o principal pigmento na
16,5% em cultivos realizados sob limitação captação de luz em cianobactérias e
de nitrogênio. Os meios de cultura representam metade das proteínas celulares.
convencionais utilizam, como fonte de Na falta de nitrogênio e enxofre, essas
nitrogênio para a obtenção da biomassa, sais cromoproteínas são consumidas, reduzindo a
de nitrato, como nitrato de sódio, segundo eficiência fotossintética (Cornet et al.,
Zarrouk (1966), e nitrato de potássio, 1992b), fato que poderia explicar o menor
conforme Paoletti et al. (1975). Ambos, os teor de proteínas da biomassa cultivada em
tipos e a quantidade da fonte de nitrogênio soro de queijo clarificado, comparado a
no meio de cultura influenciam no biomassa obtida em cultivo em meio padrão.
crescimento e composição da biomassa. Apesar de mais baixo que no meio padrão os
Grande parte das proteínas que percentuais de 36,26% e 36,52% para os
poderiam ser utilizadas como fonte de soros de queijo clarificados 3% e 6%,
nitrogênio para síntese de proteína por A. respectivamente, representam excelente
platensis, no soro de leite utilizado como fonte de proteína comparados a vários
meio de cultivo neste experimento, foram alimentos naturais como diversos tipos de
precipitadas através do procedimento de carne (15-25%), leite em pó (35%),
clarificação das amostras, antes do início da amendoim (25%), ovos (12%) ou leite
cultura. Com isso as fontes de nitrogênio integral (3%) (Henrikson, 2000).
disponíveis ao crescimento de A. platensis
ficaram diminuídas, resumindo-se em 4.3.3.2 Lipídeos
pequeno percentual de proteínas (tabela 9)
existentes no soro clarificado 3% e 6% antes Os teores de lipídeos encontrados na
do cultivo e em compostos nitrogenados não biomassa foram em média de 6,5%±0,50,
6,6%±0,45 e 7,08%±0,78 para o soro 3%,

57
soro 6% e meio Zarrouk, respectivamente. a composição da biomassa. A agitação é
Estes percentuais são similares aos outro fator chave no cultivo, pois, além de
encontrados em crescimento desta outros fatores, homogeneiza minerais,
cianobactéria em meio padrão, que vai de temperatura e luz. O pH é outra variável que
5,6% a 14% (Ciferri, 1983; Falquet, 1996; interfere no crescimento microbiano,
Cohen, 1997). Os valores encontrados são regulando reações bioquímicas que estão
similares aos obtidos por Oliveira et al. relacionadas com a concentração de íons H+
(1999), em cultivos de Arthrospira spp a no meio de cultura, interferindo também na
30º C, correspondentes a 6,96% e 6,20% estrutura e atividade das proteínas, em
para biomassas de A. platensis e A. particular de proteínas enzimáticas. Porém,
maxima, respectivamente. Segundo Colla et o soro de queijo reconstituído, apresentou
al. (2007), concentrações mais altas de um teor de nutrientes e foi mantido em
nitrato de sódio (fonte de nitrogênio) condições ambientais que permitiram a
resultaram em um aumento de lipídeos, cianobactéria manter seus padrões normais
semelhante ao obtido por Manabe et al. de lipídeos.
(1992), que demonstraram maiores
concentrações de lipídeos em meio com 4.3.3.3 Carboidrato
grande disponibilidade de nitrogênio. Em
contrapartida, Piorreck et al. (1984), As análises revelaram teores de
demonstraram que para cianobactérias em carboidratos de 24,3%±1,66 para soro 3% e
várias concentrações de nitrogênio testadas 25,38%±2,25 para soro 6%. Estes teores
(de 0,001% a 0,1%), o conteúdo de lipídeos podem ser considerados altos, quando
permaneceu constante, acontecendo um leve confrontados a cultivos em condições
aumento apenas na maior concentração de padrões, que podem variar de 7% a 13%
nitrogênio testada. segundo a literatura, porém, podem ser
Por outro lado, o valor encontrado consideradom similares ao meio padrão
neste trabalho está bastante abaixo de Zarrouk neste experimento, que foi de
valores encontrados por Mahajan e 24,71%±1,84, pois não há diferença
Kamat (1995), utilizando baixas estatística entre os resultados (p>0,05). O
quantidades de nitrogênio. Nestas alto percentual de carboidrato no cultivo em
condições, obtiveram biomassa com alta soro pode ser explicado pela falta de algum
concentração de lipídeos (45% da nutriente no metabolismo da cianobactéria,
biomassa seca). Ainda constataram que concordando com Walach et al. (1987), que
com altas quantidades de nitrogênio, o afirmam que quantidades mais altas de
teor de lipídeos na biomassa caiu para 20% carboidrato são sintetizadas quando a
da massa seca, e com isto a quantidade disponibilidade de nitrogênio é diminuída,
de proteína pôde subir de 8% para até mas a disponibilidade de carbono é
54%. constante. Outra explicação seria a
As pesquisas citadas acima indicam deficiência na intensidade luminosa que,
que a variabilidade do teor de lipídeos em como uma de suas conseqüências, levaria A.
cultivos de A. platensis é bastante complexa platensis a aumentar a produção de
e mesmo grandes modificações no meio de carboidratos de reserva.
cultivo podem não influenciar os teores de
lipídeos, o que poderia explicar os
4.3.3.4 Lactose
percentuais encontrados nos cultivos em
soro de queijo semelhantes ao meio padrão.
Os valores encontrados para lactose
A temperatura do cultivo afeta a
no soro clarificado antes e após cultivo da A.
concentração celular, a natureza do
platensis são apresentados na tabela 10.
metabolismo, as necessidades nutricionais e

58
Estes resultados indicam que esta parece ter potencializado a taxa de
cianobactéria foi capaz de utilizar a lactose crescimento, com a geração de maior teor de
em seu metabolismo. Ainda que a principal biomassa. Como fonte orgânica de carbono,
fonte de carbono empregada nos cultivos a lactose foi utilizada fotoheterotrófica e/ou
tradicionais seja o dióxido de carbono, mixotroficamente por A. platensis,
diversos estudos têm comprovado que as concordando com o relatado por Cid et al.
microalgas podem crescer empregando (1992), que em cultivos de Tertraselmis
diferentes rotas nutricionais e, especialmente suecica, o emprego de fontes orgânicas de
utilizando compostos orgânicos como carbono (extrato de levedura, glicose e
glicose, acetato, lactato, aminoácidos ou peptona) melhorou significativamente o
outros substratos (Derner, 2006). crescimento, chegando a obter densidades
celulares três vezes superiores àquelas
obtidas em cultivos fotoautotróficos. Becker
Tabela 10 - Teor médio de lactose (%) para soro
e Venkatarama (1984), atestaram que em
3% e 6% clarificado antes e após cultivo de
Arthrospira platensis cultivos de Scenedesmus sp. empregando
Soro 3% Soro 6% como substrato de carbono orgânico glicose,
Cultivo manose, sucrose, frutose ou galactose, o
clarificado clarificado
crescimento foi favorecido com todas as
Antes 2,005a±0,007 4,15c±0,007 fontes avaliadas.
cultivo
A utilização de diversas fontes de
Após 0,14b±0,03 0,29d±0,02 carbono orgânico por A. platensis foi
cultivo
a,b,c,d- letras minúsculas diferentes na mesma testado por Ciferri (1984). Dentre elas, a
coluna indicam valores estatisticamente glicose foi fornecida à culturas de A.
diferentes (p<0,05) para os tratamentos. platensis com carbonos marcados (C14). Em
menos de quatro dias de cultura, toda a
glicose marcada desapareceu do meio e
Os cultivos podem ser classificados quase 50% desta foi recuperada com a
conforme a fonte de carbono empregada e a biomassa da cianobactéria, o restante do
utilização ou não de fonte luminosa. As carbono marcado foi liberado sob a forma de
cianobactérias de um modo geral são CO2 (34%) ou como subprodutos orgânicos
consideradas autotróficas ou excretados no meio de cultivo (19%),
fotoautotróficas, onde há emprego de luz demonstrando que A. platensis consegue
como exclusiva fonte energética, para a utilizar fontes orgânicas de carbono, porém
redução (fixação) do CO2 (considerado de pouco se conhece sobre este mecanismo.
fonte inorgânica) pela oxidação de No cultivo mixótrófico, o CO2 e o
substratos, com liberação de O2. Porém carbono orgânico são simultaneamente
muitos cultivos têm sido feitos utilizando o assimilados, este tipo de cultivo pode ser o
modo mixótrófico (utilização simultânea de processo mais eficiente para a produção de
uma fonte luminosa e substrato orgânico biomassa microalgal, visto que implica em
como fonte de energia, bem como CO2 e uma economia na energia gasta para a
substrato orgânico como fontes de carbono) síntese de todo o aparato fotossintético e
e o modo fotoheterotrófico (utilização da luz para a fixação de carbono (Lee, 2004),
como fonte de energia para assimilação do explicando o maior teor de biomassa em
carbono orgânico). A taxa de crescimento, a soro de queijo reconstituído que no meio
produtividade e a composição química da padrão utilizado.
biomassa sofrem alterações dependendo do A. platensis é capaz de utilizar
tipo de cultivo utilizado, o que ocorreu com carbono orgânico como substrato para
A. platensis cultivada em soro de queijo, crescimento heterotrófico e mixótofico.
pois a fonte de carbono utilizada, a lactose, Porém, o crescimento heterotrófico não é

59
adequado para produção de certos dos microrganismos que se alimentam da
constituintes desta cianobactéria, como a matéria orgânica. Conforme Freire et al.
ficocianiona, dado que este é um pigmento (2000), embora a sua importância seja
fotossintético acessório. Testes realizados indiscutível, a atividade industrial costuma
demonstraram que esta microalga cresce ser responsabilizada, e muitas vezes com
muito mais em meio suplementado com justa razão, pelo fenômeno de contaminação
glicose do que sob condições ambiental. Processos industriais que utilizam
fotoautotróficas. Em uma cultura grandes volumes de água contribuem
fotoheterotrófica, a fonte de carbono e a significativamente com a contaminação dos
intensidade luminosa são os fatores mais corpos d'água, principalmente pela ausência
importantes que influenciam o crescimento e de sistemas de tratamento para os grandes
a composição celular da microalga (Rangel, volumes de efluentes líquidos produzidos. O
2000). estudo de novas alternativas para o
tratamento dos inúmeros efluentes
4.3.3.5 DBO industriais atualmente produzidos, continua
sendo uma das principais armas de combate
A DBO é o parâmetro fundamental ao fenômeno de contaminação
para o controle da poluição das águas por antropogênica.
matéria orgânica, uma ferramenta O percentual da DBO no soro de
imprescindível nos estudos de auto- queijo clarificado 6% diminuiu 77,43% em
depuração dos cursos d’água, além de relação ao soro na mesma concentração após
constituir-se em importante parâmetro na o cultivo. Em relação ao soro 3%, houve
composição dos índices de qualidade das diminuição de 80,2% da demanda
águas. bioquímica de oxigênio, considerando-se
A demanda bioquímica de oxigênio antes e após cultivo de A. platensis,
(DBO5) no soro antes do cultivo e após 10 revelando grande redução no potencial de
dias de cultivo com a Arthrospira platensis é poluição do soro. Em razão da elevada
especificada na tabela 11. concentração de DBO no dejeto bruto, o
efluente final ainda necessita da continuação
do tratamento para remoção da DBO
Tabela 11 - Demanda Bioquímica de Oxigênio remanescente, porém pode-se considerar que
(DBO5) mg/L para soro 3% e 6% clarificado o cultivo de A. platensis em soro de queijo
antes e após cultivo de Arthrospira platensis abre mais um caminho para redução do
Cultivo Soro 3% Soro 6% potencial poluidor do soro.
clarificado clarificado
Antes 26.703a ±73,54 49.368,5c±200,11
cultivo 4.3.4 Análise microscópica em soro
Após de leite clarificado
5.294,5b±64,35 11.142,5d±194,45
cultivo
a,b,c,d- letras minúsculas distintas na mesma A microscopia é uma área do controle
coluna indicam valores estatisticamente de qualidade que visa, além da questão das
diferentes (p<0,05) para os tratamentos. condições higiênico-sanitárias, analisar a
pureza dos produtos/alimentos. É uma
técnica microanalítica utilizada na
Segundo Sperling (2005), o principal efeito identificação e avaliação da contaminação e
ecológico da poluição orgânica em um curso de fraudes em alimentos, constituindo-se um
d’água é o decréscimo dos teores de ponto relevante no controle de qualidade,
oxigênio dissolvido causado pela respiração fornecendo subsídios para análise de pontos

60
críticos no processamento, estocagem e saúde humana ou evidência de
distribuição dos alimentos. Os resultados microrganismos contaminantes,
encontrados enfatizam que é difícil a demonstrando uma boa condição higiênica
contaminação da A. platensis ao nível do produto.
laboratorial. A tabela 12 evidencia que as
amostras não revelaram presença de matéria
macroscópica ou microscópica prejudicial à

Tabela 12 -Resultados das análises Microscópicas de Arthrospira platensis em pó


Parâmetro analisado Resultado Padrão*
Elementos microscópicos e Fragmentos de insetos<3,0/10g
macroscópicos prejudiciais à Ausentes Pelo de roedor <1,5/150g
saúde humana
*United States Food and Drug Administration

5 CONCLUSÕES

O soro de leite não clarificado não é um


bom meio de cultivo para crescimento da
cianobatéria Arthrorpira platensis.
O emprego de soro de leite clarificado
como meio de cultura é uma alternativa
viável para o cultivo de Arthrospira
platensis.
A cianobatéria Arthrorpira platensis
consegue utilizar a lactose como fonte de
carbono para síntese de biomassa.
O cultivo em soro em pó reconstituído
a 3% levou a maior concentração celular de
biomassa.
O teor de proteína obtido na biomassa
foi influenciado pelo meio utilizado para
cultivo, sendo mais baixo em soro de leite
que em meio padrão.
O cultivo de Arthrospira platensis em
soro de leite reduz significativamente a
DBO do soro.
A Arthrospira platensis produzida em
soro de leite em laboratorio é
microbiologicamente segura.

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69
APÊNDICES

70
Apêndice 1 - Tabela de valores da evolução da Concentração celular (g/L) e valor
de pH em meio padrão Zarrouk da amostra 1 em relação ao tempo de cultivo da
Arthrospira platensis com inoculo de 0,1g/L.
Dias Concentração celular em pH do cultivo
meio padrão Zarrouk g/L

0 0,1 9,3
1 0,214718 9,3
2 0,391099 9,3
3 0,43281 9,3
4 0,519615 9,3
5 0,597495 9,3
6 0,67962 9,3
7 0,766288 9,4
8 0,992046 9,5
9 1,068107 9,55
10 1,069925 9,6
11 1,11156 9,65

Apêndice 2 - Tabela de valores da evolução da Concentração celular (g/L) e valor


de pH em meio padrão Zarrouk da amostra 2 em relação ao tempo de cultivo da
Arthrospira platensis com inoculo de 0,1g/L.
Dias Crescimento em meio pH do cultivo
padrão Zarrouk g/L

0 0,1 9,3
1 0,15725 9,3
2 0,21003 9,3
3 0,29597 9,3
4 0,32919 9,3
5 0,460123 9,3
6 0,4865 9,4
7 0,51936 9,45
8 0,68003 9,5
9 0,999 9,6
10 1,02197 9,6
11 1,033299 9,7

71
Apêndice 3 - Tabela de valores da evolução da Concentração celular (g/L) e valor
de pH em meio padrão Zarrouk da amostra 3 em relação ao tempo de cultivo da
Arthrospira platensis com inoculo de 0,1g/L.
Dias Crescimento em meio pH do cultivo
padrão Zarrouk g/L

0 0,1 9,3
1 0,13723 9,3
2 0,20322 9,3
3 0,29998 9,3
4 0,33172 9,3
5 0,4629 9,35
6 0,47891 9,35
7 0,52679 9,4
8 0,67597 9,5
9 0,98746 9,6
10 0,98978 9,6
11 1,0031 9,6

Apêndice 4 - Tabela de valores da evolução da Concentração celular (g/L) e valor


de pH em meio padrão Zarrouk da amostra 4 em relação ao tempo de cultivo da
Arthrospira platensis com inoculo de 0,1g/L.
Dias Crescimento em meio pH do cultivo
padrão Zarrouk g/L

0 0,1 9,3
1 0,14216 9,3
2 0,20653 9,3
3 0,28551 9,3
4 0,33316 9,3
5 0,44823 9,3
6 0,47819 9,35
7 0,50919 9,4
8 0,68832 9,5
9 0,99013 9,6
10 1,0005 9,6
11 1,01368 9,6

72
Apêndice 5 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e valor
de pH em meio padrão Zarrouk da amostra 5 em relação ao tempo de cultivo da
Arthrospira platensis com inoculo de 0,1g/L.
Dias Crescimento em meio pH do cultivo
padrão Zarrouk g/L

0 0,1 9,3
1 0,15022 9,3
2 0,2059 9,3
3 0,292895 9,3
4 0,328352 9,3
5 0,45747 9,3
6 0,48543 9,3
7 0,550414 9,4
8 0,687145 9,5
9 1,011064 9,6
10 1,02348 9,6
11 1,034569 9,7

Apêndice 6 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH


em meio Zarrouk em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis com
inoculo de 0,2g/L na amostra 1.
Dias Crescimento em meio pH do cultivo
padrão Zarrouk g/L

0 0,2 9,3
1 0,220821 9,3
2 0,401715 9,3
3 0,451121 9,3
4 0,525426 9,3
5 0,580905 9,3
6 0,718316 9,4
7 0,791942 9,45
8 0,970084 9,5
9 1,049598 9,6
10 1,21129 9,6
11 1,233357 9,7

73
Apêndice 7 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH
em meio Zarrouk em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis com
inoculo de 0,2g/L na amostra 2.
Dias Crescimento em meio pH do cultivo
padrão Zarrouk g/L

0 0,2 9,3
1 0,186689 9,3
2 0,311174 9,3
3 0,316515 9,3
4 0,415547 9,3
5 0,498844 9,35
6 0,524808 9,35
7 0,665658 9,4
8 0,768 9,5
9 1,017984 9,55
10 1,048141 9,6
11 1,089195 9,6

Apêndice 8 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH


em meio Zarrouk em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis com
inoculo de 0,2g/L na amostra 3.
Dias Crescimento em meio pH do cultivo
padrão Zarrouk g/L

0 0,2 9,3
1 0,144568 9,3
2 0,218954 9,3
3 0,270247 9,3
4 0,349202 9,3
5 0,480773 9,3
6 0,500676 9,35
7 0,628737 9,4
8 0,762226 9,5
9 1,037493 9,6
10 1,048074 9,6
11 1,055174 9,6

74
Apêndice 9 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do pH
em meio Zarrouk em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis com
inoculo de 0,2g/L na amostra 4.
Dias Crescimento em meio pH do cultivo
padrão Zarrouk g/L

0 0,2 9,3
1 0,149443 9,3
2 0,212354 9,3
3 0,30072 9,3
4 0,353661 9,3
5 0,467967 9,3
6 0,496733 9,3
7 0,554427 9,4
8 0,747286 9,5
9 1,0279 9,6
10 0,948077 9,6
11 1,078279 9,6

Apêndice 10 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do


pH em meio Zarrouk em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inoculo de 0,2g/L na amostra 5.
Dias Crescimento em meio pH do cultivo
padrão Zarrouk g/L

0 0,2 9,3
1 0,176205 9,3
2 0,269667 9,3
3 0,328775 9,3
4 0,410516 9,3
5 0,510542 9,3
6 0,579163 9,3
7 0,667316 9,4
8 0,810228 9,5
9 1,059763 9,6
10 1,291942 9,6
11 1,320589 9,7

75
Apêndice 11 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do
pH em soro de leite 3% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,1g/L na amostra 1.
Dias Crescimento em soro 3% pH do cultivo
g/L

0 0,1 9,3
1 0,330807 8,7
2 0,496637 9,3
3 0,649798 8,3
4 0,785686 9,3
5 1,065522 8,5
6 1,366664 9,3
7 1,455911 8,2
8 1,487005 9,3
9 1,526158 8,6
10 1,56416 9,3
11 1,346509 8,7

Apêndice 12 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do


pH em soro de leite 3% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,1g/L na amostra 2.
Dias Crescimento em soro 3% pH do cultivo
g/L

0 0,1 9,3
1 0,474757 8,6
2 0,587611 9,3
3 0,747682 8,5
4 0,961879 9,3
5 1,303902 8,6
6 1,316569 9,3
7 1,789872 8,4
8 1,793326 9,3
9 1,829026 8,6
10 1,826723 9,3
11 1,528461 8,4

76
Apêndice 13 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do
pH em soro de leite 3% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,1g/L na amostra 3.
Dias Crescimento em soro 3% pH do cultivo
g/L

0 0,1 9,3
1 0,444815 8,6
2 0,511607 9,3
3 0,622159 8,4
4 0,845568 9,3
5 1,067825 8,4
6 1,425969 9,3
7 1,598708 8,5
8 1,61368 9,3
9 1,779508 8,6
10 1,80254 9,3
11 1,489307 8,5

Apêndice 14 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do


pH em soro de leite 3% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,1g/L na amostra 4.
Dias Crescimento em soro 3% pH do cultivo
g/L

0 0,1 9,3
1 0,460936 8,6
2 0,579551 9,3
3 0,714286 8,5
4 1,063219 9,3
5 1,359176 8,6
6 1,686229 9,3
7 1,772597 8,4
8 1,816358 9,3
9 1,825571 8,5
10 1,592951 9,3
11 1,489307 8,5

77
Apêndice 15- Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do
pH em soro de leite 3% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,1g/L na amostra 5.
Dias Crescimento em soro 3% pH do cultivo
g/L

0 0,1 9,3
1 0,495484 8,4
2 0,688951 9,3
3 0,854782 8,6
4 1,268203 9,3
5 1,482397 8,4
6 1,753022 9,3
7 1,76684 8,5
8 1,770295 9,3
9 1,779508 8,4
10 1,785265 9,3
11 1,520399 8,4

Apêndice 16- Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do


pH em soro de leite 3% em relação ao tempo de cultivo da arthrospira paltensis
com inoculo de 0,2 g/L na amostra 1.
Dias Crescimento em soro 3% pH do cultivo
g/L

0 0,2 9,3
1 0,194562 8,6
2 0,562277 9,3
3 0,685497 8,4
4 0,866297 9,3
5 1,013699 8,6
6 1,161103 9,3
7 1,398332 8,3
8 1,434031 9,3
9 1,486435 8,4
10 1,696007 9,3
11 1,41215 8,6

78
Apêndice 17 – Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do
pH em soro de leite 3% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inoculo de 0,2 g/L na amostra 2.
Dias Crescimento em soro 3% pH do cultivo
g/L

0 0,2 9,3
1 0,199987 8,5
2 0,515075 9,3
3 0,594546 8,7
4 0,709468 9,3
5 0,98267 8,4
6 1,265479 9,3
7 1,51318 8,5
8 1,689472 9,3
9 1,69875 8,6
10 1,72359 9,3
11 1,498521 8,5

Apêndice 18 – Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do


pH em soro de leite 3% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inoculo de 0,2g/L na amostra 3.
Dias Crescimento em soro 3% pH do cultivo
g/L

0 0,2 9,3
1 0,195897 8,6
2 0,637131 9,3
3 0,652101 8,5
4 0,817929 9,3
5 1,174922 8,6
6 1,344206 9,3
7 1,548038 8,4
8 1,769143 9,3
9 1,81751 8,5
10 1,82571 9,3
11 1,443244 8,6

79
Apêndice 19 – Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do
pH em soro de leite 3% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inoculo de 0,2 g/L na amostra 4.
Dias Crescimento em soro 3% pH do cultivo
g/L

0 0,2 9,3
1 0,204892 8,5
2 0,49568 9,3
3 0,563479 8,4
4 0,79873 9,3
5 1,005689 8,6
6 1,27891 9,3
7 1,648901 8,4
8 1,73159 9,3
9 1,89327 8,5
10 1,91375 9,3
11 1,51236 8,5

Apêndice 20 – Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do


pH em soro de leite 3% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inoculo de 0,2 g/L na amostra 5.
Dias Crescimento em soro 3% pH do cultivo
g/L

0 0,2 9,3
1 0,198733 8,4
2 0,4897 9,3
3 0,52193 8,6
4 0,73419 9,3
5 1,1492 8,5
6 1,31567 9,3
7 1,597348 8,4
8 1,74238 9,3
9 1,90368 8,5
10 1,59767 9,3
11 1,68359 8,5

80
Apêndice 21 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do
pH em soro de leite 6% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,1g/L na amostra 1.
Dias Crescimento em soro 6% pH
g/L

0 0,1 9,3
1 0,163828 8,7
2 0,205284 9,3
3 0,304321 8,5
4 0,536942 9,3
5 0,739623 8,6
6 0,823688 9,3
7 0,918118 8,4
8 0,965333 9,3
9 0,987213 8,5
10 1,026369 9,3
11 0,944604 8,4

Apêndice 22 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do


pH em soro de leite 6% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,1g/L na amostra 2.
Dias Crescimento em soro 6% pH
g/L

0 0,1 9,3
1 0,293957 8,6
2 0,313534 9,3
3 0,454028 8,6
4 0,610643 9,3
5 0,844417 8,5
6 1,10698 9,3
7 1,265898 8,6
8 1,36839 9,3
9 1,485851 8,5
10 1,495642 9,3
11 1,218683 8,6

81
Apêndice 23 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do
pH em soro de leite 6% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,1g/L na amostra 3
Dias Crescimento em soro 6% pH
g/L

0 0,1 9,3
1 0,30317 8,7
2 0,493181 9,3
3 0,65786 8,5
4 0,89854 9,3
5 1,109283 8,7
6 1,367238 9,3
7 1,424818 8,6
8 1,437485 9,3
9 1,459365 8,8
10 1,477792 9,3
11 1,306204 8,7

Apêndice 24 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do


pH em soro de leite 6% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,1g/L na amostra 4.
Dias Crescimento em soro 6% pH
g/L

0 0,1 9,3
1 0,167442 8,6
2 0,512313 9,3
3 0,890519 8,6
4 0,947493 9,3
5 0,990526 8,6
6 1,02871 9,3
7 1,06447 8,7
8 1,06144 9,3
9 1,068713 8,6
10 1,071743 9,3
11 1,00032 8,7

82
Apêndice 25 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do
pH em soro de leite 6% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,1g/L na amostra 5.
Dias Crescimento em soro 6% pH
g/L

0 0,1 9,3
1 0,15229 8,6
2 0,487463 9,3
3 0,899005 8,5
4 0,960221 9,3
5 0,977798 8,7
6 1,029316 9,3
7 1,055379 8,6
8 1,055379 9,3
9 1,072955 8,5
10 1,072349 9,3
11 0,99543 8,7

Apêndice 26 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do


pH em soro de leite 6% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,2g/L na amostra 1.
Dias Crescimento em soro 6% pH
g/L

0 0,2 9,3
1 0,192458 8,7
2 0,253651 9,3
3 0,264015 8,6
4 0,336566 9,3
5 0,534639 8,5
6 0,705095 9,3
7 0,717742 8,5
8 0,842114 9,3
9 0,899694 8,6
10 1,001032 9,3
11 0,986062 8,6

83
Apêndice 27 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do
pH em soro de leite 6% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,2g/L na amostra 2.
Dias Crescimento em soro 6% pH
g/L

0 0,2 9,3
1 0,188948 8,6
2 0,339058 9,3
3 0,485121 8,6
4 0,485254 9,3
5 0,914664 8,6
6 1,224253 9,3
7 1,316569 8,7
8 1,520399 9,3
9 1,554947 8,6
10 1,591799 9,3
11 1,417909 8,5

Apêndice 28 - Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do


pH em soro de leite 6% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,2g/L na amostra 3.
Dias Crescimento em soro 6% pH
g/L

0 0,2 9,3
1 0,19005 8,6
2 0,342323 9,3
3 0,395297 8,5
4 0,535791 9,3
5 0,6878 8,7
6 1,12459 9,3
7 1,15634 8,7
8 1,189736 9,3
9 1,20137 8,5
10 1,333842 9,3
11 1,10007 8,6

84
Apêndice 29 – Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do
pH em soro de leite 6% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,2g/L na amostra 4.
Dias Crescimento em soro 6% pH
g/L

0 0,2 9,3
1 0,19568 8,5
2 0,24601 9,3
3 0,381546 8,5
4 0,425001 9,3
5 0,709874 8,6
6 1,171678 9,3
7 1,006478 8,5
8 1,19991 9,3
9 1,210068 8,6
10 1,309473 9,3
11 1,168924 8,7

Apêndice 30 – Tabela de valores da evolução da concentração celular (g/L) e do


pH em soro de leite 6% em relação ao tempo de cultivo da Arthrospira platensis
com inóculo de 0,2g/L na amostra 5.
Dias Crescimento em soro 6% pH
g/L

0 0,2 9,3
1 0,187895 8,5
2 0,204789 9,3
3 0,48791 8,6
4 0,68791 9,3
5 0,856892 8,4
6 1,14673 9,3
7 1,153481 8,6
8 1,16789 9,3
9 1,13467 8,4
10 1,005789 9,3
11 1,012357 8,6

85

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