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XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO

Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no


Cenário Econômico Mundial
Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.

AVALIAÇÃO ERGONÔMICA DOS


POSTOS DE TRABALHO DE UMA
EMPRESA DE TRANSPORTE DE
CARGAS EM MACAÉ/RJ
Rayane da Silva Pinto (UFF)
rayanedsp@gmail.com
Nathalia Erasmi de Souza Pereira (UFF)
nathaliaerasmi@gmail.com
Ludmilla Cardoso Martins (UFF)
mimillacm@gmail.com
NISSIA CARVALHO ROSA BERGIANTE (UFF)
nissia.rosa@gmail.com

O presente artigo apresenta os resultados de uma avaliação


ergonômica dos postos de trabalho de uma empresa que atua no setor
de transportes de cargas em Macaé. O estudo foi baseado na
metodologia da ergonomia de correção e teve como objetiivo principal
a avaliação ergonômica dos postos de trabalho já existentes com a
proposição de melhorias. O processo de análise do sistema de trabalho
foi realizado a partir de dados levantados em entrevistas, questionários
e visitas técnicas onde se pode constatar que os motoristas de munck
apresentavam maior potencial de contribuição para a pesquisa sendo
portanto escolhidos como ponto crítico. A partir dos resultado da
atividade de pesquisa foram diagnosticados cinco problemas principais
que ocasionavam dores aos trabalhadores estudados e como
resultado, algumas soluções de melhoria foram propostas.

Palavras-chaves: Avaliação ergonômica, Transporte de Carga,


Motorista, Munck.
XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial
Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.

1. Introdução
De forma geral, as empresas entendem de forma equivocada o conceito de Ergonomia como
sendo apenas uma análise de avaliação postural. A Ergonomia não se limita só a isto, ela
abrange questões comuns da realização de serviços, o que pode incluir o modo como será
feito e/ou como evitar acidentes na realização destes.
A ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho ao homem, e este trabalho abrange não
apenas aqueles executados com máquinas e equipamentos, mas também todas as situações em
que ocorre o relacionamento entre o homem e uma atividade produtiva. O estudo também
abrange os diversos fatores que influenciam no desempenho do sistema produtivo procurando
reduzir a fadiga, estresse, erros e acidentes, proporcionando segurança, satisfação e saúde aos
trabalhadores, durante o relacionamento com este sistema produtivo (LIDA, 2005).
Medidas ergonômicas eficazes resultam na redução dos esforços e desconforto no
desempenho da tarefa, conseqüentemente há um aumento da rentabilidade das empresas pela
maior produtividade, diminuição do custo operacional, sem considerar a economia das
despesas públicas com a saúde e seguridade social (CODO e ALMEIDA, 1998 apud
TEIXEIRA, 2008).
Lida (2005) classifica a Ergonomia conforme o contexto em que é aplicada. Segundo o autor
ela pode ser de: concepção, correção, conscientização e participação. De forma resumida, a
ergonomia de concepção ocorre quando a contribuição ergonômica se faz durante o projeto do
produto, da máquina, ambiente ou sistema. A ergonomia de correção é aplicada em situações
reais, já existentes, para resolver problemas que se refletem na segurança, fadiga excessiva,
doenças de trabalhador ou quantidade e qualidade da produção. A ergonomia de
conscientização procura capacitar os próprios trabalhadores para a identificação e correção
dos problemas do dia-a-dia. E a ergonomia de participação procura envolver o próprio usuário
do sistema na solução de problemas ergonômicos (LIDA, 2005).
2. Objetivos
Este estudo propõe-se a analisar o local de operações e os escritórios de uma empresa de
transporte, localizada no município de Macaé. Esta empresa trabalha exclusivamente com o
transporte de cargas tais como, contêineres, caixas e kits que possuem materiais, provenientes
de plataformas. A empresa recolhe todo o material no Porto de Macaé e transporta para sua
base de trabalho, na qual espera até o momento que a empresa destinatária libere o
recebimento desses equipamentos para a realização do serviço. Assim o objetivo é fazer uma
análise de ergonomia de correção, com foco em propor melhorias a um posto de trabalho já
existente.
Atualmente o quadro funcional da empresa estudada, conta com 26 colaboradores, possui uma
sede de 2500m2 e uma considerável carteira de clientes, que exigem uma frota renovada com
manutenções preventivas e corretivas, profissionais qualificados e treinados seguindo as
normas de seguranças assim como a conscientização da preservação do meio ambiente, e
tributação e encargos sociais em dia.
Pode-se classificá-la como empresa de médio porte, tendo como principal produto a prestação
de serviço de transporte de cargas offshore, transporte de produtos perigosos, locação de
equipamentos offshore e movimentação de cargas.
A escolha dessa empresa foi motivada pelo tipo de operação que realiza, que inclui
movimentação de carga pesada e perigosa que pode gerar vários problemas relacionados à
saúde do trabalhador. Neste sentido, o presente artigo tem como proposta apresentar algumas
possíveis melhorias no processo da realização destas atividades laborais de forma a contribuir
com as questões de saúde e segurança dos trabalhadores.

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3. Metodologia do estudo
O processo de análise do sistema de trabalho foi realizado a partir de dados levantados em
entrevistas, questionários e visitas técnicas de forma a alcançar dois objetivos importantes:
(1) compreender a situação de trabalho, pelo grupo pesquisador e (2) caracterizar os
problemas segundo a ótica dos trabalhadores. A metodologia se constitui portanto de
observações diretas e indiretas (filmagens, fotografias, relatos, etc.) para avaliação das
condições ergonômicas da empresa.
Para um estudo do ambiente de trabalho da empresa foi aplicado o Questionário Nórdico dos
sintomas músculo-esquelético aos trabalhadores da empresa (Anexo A) proposto por Lida
(2005), sobre três aspectos com relação as partes do corpo com problemas ocasionados pelo
trabalho: nos últimos 7 dias, nos últimos 12 meses e se houve afastamento nos últimos 12
meses. Porém, os dados referente aos ultimos 7 dias foram desconsiderados por não serem
relevantes na análise proposta.
O questionário aplicado abrangeu perguntas iniciais relacionadas à capacitação, condições de
trabalho e experiência profissional dos trabalhadores, seguido de perguntas que objetivavam a
especificação de membros do corpo com maior freqüência de dor, as quais serviram como
possíveis indicadores de disfunções nas atividades laborais realizadas e neste sentido
poderiam ser utilizados como ponto de partida para uma análise ergonômica mais
aprofundada e objetiva.
Apesar do quadro funcional da empresa contar com 26 colaboradores só foi possível a
aplicação do questionário com uma amostra de 16 colaboradores (aproximadamente 61,54%)
que exercem diferentes funções tais como:
Funções
Motorista de Carreta;
Motorista de Munck;
Assistente Administrativo;
Financeiro Administrativo;
Analista de Recursos Humanos;
Técnico de Logística;
Ajudante.
Tabela 1: Tipos de funções exercidas na empresa estudada

Para uma melhor compreensão da análise dos resultados as funções dos trabalhadores
pesquisados foram divididas em dois setores: escritório e operacional. O setor de escritório
abrange as funções da área administrativa, logística e recursos humanos e é composta por 5
funcionários dentre 16 pesquisados. O setor operacional se compõe pelas funções dos
motoristas e ajudantes com um total de 11 funcionários.
A amostra de funcionários foi composta por 4 mulheres e 12 homens com idades entre 25 e 50
anos, os quais possuem entre 2 meses e 6 anos no exercício da função dentro da empresa e
entre 2 meses e 20 anos de experiência no cargo.
4. Resultados
Analisando os questionários e os gráficos 1,2 e 3, pode-se perceber que das partes do corpo
selecionadas, as que causaram maiores incômodos nos últimos 12 meses (29/10/2009 –
29/10/2010) foram no pescoço com 31% seguido dos ombros com 25%, punhos e mão com
18,75% e a coluna lombar, coluna dorçal, quadril ou coxas ambas com 12,5%. Apesar das
ocorrências, o que mais afetou os trabalhadores impossibilitando-os de trabalhar foram os

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problemas com a coluna dorsal, como relataram 19% dos entrevistados, a lombar e os
tornozelos e/ou pés com 13%.

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Gráfico 1: Ocorrência de dores nos últimos 12
meses nos membros

Gráfico 2 : Ausência no trabalho em consequência


da dores apresentadas nos membros
Gráfico 3 : Comparação entre os setores em relação a qualquer tipo de dor

Feita tal análise percebeu-se que os mais afetados por dores são os trabalhadores do setor
operacional, visto que os setores administrativo, financeiro, de RH e de Logística não
apresentaram nenhum tipo de dor causado pelo trabalho realizado na empresa, com exceção
de uma reclamação de dor no ombro nos últimos 12 meses. Já os motoristas de carreta e os
motoristas de munck sentiram diferentes tipos de dores tais como, nos pés devido ao contato
diário com pedais pesados dos caminhões, as manivelas para operar as cargas e as condições
de trabalho ao permanecerem várias horas dirigindo, e/ou em pé realizando operações em
posições desfavoráveis fazendo juz a grande reclamação das dores no pescoço.
Embasado nestas constatações, ficou evidente que a situação crítica da empresa na área de
trabalho está relacionada às atividades operacionais, tornando-se assim o objeto de estudo
deste trabalho. Em função desse resultado foram realizadas ainda outras entrevistas com estes
trabalhadores a fim de determinar possíveis situações críticas específicas deste setor.
Com os resultados encontrados nos relatos, entrevistas e questionários, o grupo pode constatar
que os motoristas de munck apresentavam maior potencial de contribuição para a pesquisa e
proposições de melhorias.
5. Estudo da análise crítica
5.1 Caracterizações das condições ambientais de trabalho
Como o local de operação não possui cobertura, os trabalhadores realizam suas funções
expostos a sol, chuva e vento. Além disso, os caminhões disponíveis para o trabalho
apresentam pedais pesados.
Dentro do local de operações da empresa ocorre falta de visibilidade na área em que farão à
suspensão do material (contêineres, caixas e cestas). Os operadores são obrigados a ficar com
o corpo retorcido durante a realização do trabalho, devido a má utilização do layout do pátio
assim como a disposição das alavancas no caminhão de munck, o que ocasiona fortes dores
após a operação.
5.2 Trabalho Preescrito x Trabalho Real
Segundo o Manual de Procedimentos para os Serviços de Saúde, os estudos sistemáticos das
situações de trabalho têm como objetivo compreender como o trabalhador faz para
desenvolver ou realizar a sua tarefa. A análise ergonômica coloca em evidência que as tarefas
são variáveis ao longo da jornada de trabalho e que o indivíduo, ele mesmo, é submetido às
variações do seu estado interno. Ainda segundo o Manual, os fatores de risco devem ser
avaliados no contexto organizacional onde o trabalhador está inserido
Com base nisto, a partir da identificação da situação crítica de trabalho dentro da empresa,
pode-se iniciar o estudo desta atividade procurando compreendê-la de forma mais detalhada,
para em seguida aplicar os conceitos enunciados pela ergonomia de correção.
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O primeiro passo foi o levantamento de informações que teve como principal objetivo
compreender melhor sobre o que se trata a profissão motorista de munck e como funciona a
sua principal ferramenta de trabalho, o caminhão munck.
Segundo o WWN Transportes (2010), o caminhão munck é um equipamento hidráulico
utilizado para carregamento, descarregamento, transporte e movimentação de máquinas e
peças pesadas. Sendo assim, o motorista de munck é responsável pela parte da direção do
caminhão até a parte de movimentação de cargas através das alavancas que fazem parte da
estrutura física do caminhão.
Para uma compreensão das operações deste trabalho, pela ótica dos trabalhadores foram
realizadas observações no posto de trabalho, procurando-se compreender mais
detalhadamente as atividades que os mesmos realizam em sua rotina de trabalho.
A partir dos relatos dos motoristas de munck pode-se conhecer todo o processo do trabalho
prescrito. É importante ressaltar que na realização do trabalho o motorista de munck pode
realizar as tarefas junto a um ajudante, que o auxilia em determinadas etapas do processo, ou
trabalhar sozinho executando todas as operações.
Para o estudo do trabalho real, ou seja, do trabalho que é efetuado na prática, foi realizada
uma entrevista filmada. A entrevista foi concedida por um motorista de munck que explicou
as etapas do processo de carregamento e descarregamento de cargas. Esta entrevista teve
como objetivo principal observar como é a execução do trabalho na prática e entender
detalhadamente como todas as etapas são executadas.
Avaliando cada etapa do processo de carregamento de carga, é possível fazer um quadro
comparativo com as situaçãos mais divergentes:
Etapa Trabalho Prescrito Trabalho real

O trabalhador mantém o corpo


A movimentação deve ser feita com retorcido, pois ao ficar de frente para
Manejo das alavancas
corpo reto de frente para as alavancas as alavancas, estará de costas para o
equipamento que será içado

O Ajudante auxilia o motorista Em algumas ocasiões, o motorista de


Prender o Gancho, posicionar a
prendendo o gancho, posicionando a munck é obrigado a executar estas
carga, abrir a lança carga e dando sinais para abrir e etapas, por estar sozinho no posto de
fechar a lança. trabalho.

Dar a volta para verificar o que está Muitas vezes o motorista de munck
Calçar as patolas acontecendo do outro lado do agacha-se para verificar o que ocorre
caminhão do outro lado em vez de dar a volta.

Informações sobre o peso dos


O motorista muitas vezes tem que
Carregamento/ equipamentos que serão carregados/
verificar o peso do material que será
descarregados são informados ao
Descarregamento da Carga içado pela falta de informações
motorista pela empresa solicitante do
fornecida pela empresa solicitante.
serviço.
Algumas etapas, principalmente
quando a carga já está na carroceria
dificulta o acesso do
motorista/ajudante, se o mesmo subir
Subida no caminhão Subir através da escada dianteira pela escada dianteira. Isto faz com que
subam por outros meios, tais como:
pneus, patolas ou por escadas que
algumas empresas (clientes)
fornecem.

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Tabela 2: Diferença do trabalho prescrito para o trabalho real

Pode-se perceber que a analise feita na Tabela 2, expõem que há divergê ncias entre o que
deveria ser feito e o que de fato é realizado diariamente pelos trabalhadores em questão. Ao
transcorrer deste trabalhado serão analisados mais profundamente os problemas que tais
situações ocasionam.
5.3 Problemas Identificados
Ao analisar todo o procedimento de trabalho, foram levantados cinco problemas principais
que acabam ocasionando mais dores durante e depois dos procedimentos: (a) o alcance visual
do funcionário ao movimentar o material, (b) a dor que este sente nos pés ao acelerar o
caminhão, (c) as posições em que permanece durante toda a operação, isto é, com o corpo
torcido, (d) as posturas inadequadas ao subir no caminhão e, (e) o levantamento inadequado
de cargas.
5.3.1 Dificuldades no campo visual durante as operações
O funcionário precisa ter noção de todo seu entorno para realizar sua função, porém, todos os
equipamentos envolvidos – caminhão, contêineres, guindastes – são um grande obstáculo
visual para ele, o que impede uma melhor desempenho no trabalho.
Segundo Lida (2005), os olhos do ser humano têm grande mobilidade, porém, quando se
exige atenção em um campo visual mais amplo se estabelece uma Hierarquia das Tarefas
Visuais.

Níveis de Hierarquia Visuais Detalhes dos Níveis


Os objetos podem ser visualizados,
Nível 1: Visão Ótima
praticamente sem nenhum movimento dos olhos.
É a visão que se consegue, movimentando-se
Nível 2: Visão Máxima
os olhos, sem movimentar a cabeça.
Campo visual que só se consegue atingir
Nível 3: Visão Ampliada
movimentando a cabeça.
Neste exigem-se movimentos corporais
Nível 4: Visão Estendida maiores, como “estender” o pescoço, girar o tronco
ou levantar (da cadeira, por exemplo).
Fonte: LIDA (2005)

Tabela 3: Hierarquia das Tarefas Visuais

O trabalho realizado pelos motoristas de munck está de acordo com o nível 4 da Hierarquia
das Tarefas Visuais, o que requer um maior esforço corporal por parte desses funcionários,
havendo mais gastos energéticos. Esses maiores esforços produzem fadiga, e, por
conseqüência, o empregado acaba simplificando o seu serviço, gerando um menor
rendimento.
5.3.2 Desconforto nos pés
Para que o caminhão de munck inicie seu funcionamento, o trabalhador precisa deixar o carro
ligado e acelerá-lo. De modo semelhante, pelo trabalho envolver o transporte do materiral à
empresa destinária,o acionamento do pedal torna-se movimento constante. Entretanto, o pedal
do acelerador é muito pesado e duro, causando dor nos pés dos funcionários, que são
motoristas e dependem deste pedal para realizar seu serviço.
Segundo Lida (2005), o pé é considerado como um tipo de alavanca do corpo. Os relatos dos
funcionários mostram que é preciso fazer grande força para o correto funcionamento desse

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pedal, gerando-lhes muitas dores nos pés ao final do dia, por causa do desgaste repetitivo com
este membro do corpo
5.3.3 Torções no Corpo
Segundo Lida (2005), existem três situações principais em que a má postura pode produzir
conseqüências danosas: trabalhos estáticos que envolvem uma postura parada por longos
períodos; trabalhos que exigem muita força; e trabalhos que exigem posturas desfavoráveis,
como o tronco e pescoço torcidos.
O trabalho dos funcionários, da empresa em estudo, envolve a primeira e terceira situação, já
que eles desenvolvem todo seu serviço em pé, às vezes estático, com o corpo e o pescoço
torcido, para poder movimentar as alavancas do caminhão e ainda ver o material sendo içado
da forma correta, como pode ser vista nas figura 1 e 2.

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Figura 1 – Tronco e Pescoço torcidos

Figura 2 – Tronco torçido


5.3.4 Posturas inadequadas ao subir no caminhão
Os caminhões disponíveis para as operações só possuem escadas na parte traseira, fazendo
com que os empregados subam de outras formas para agilizar o serviço, o que prejudica a
saúde destes, a longo prazo, causando dores na coluna por causa de posturas inadequadas.
Além disso, o fato de subirem apoiando-se em pneus e outras partes do caminhão, aumentam
os riscos de quedas e acidentes na área de trabalho, como mostra as figuras 3 e 4.
Figura 3 – Subida inadequada utilizando a dianteira
do caminhão

Figura 4 - Subida inadequada utilizando as rodas do


caminhão
5.3.5 Levantamento de cargas
O manuseio de cargas é responsável por grande parte dos traumas musculares entre os
trabalhadores. Aproximadamente 60% dos problemas musculares são causados por
levantamentos de cargas (BRIDGER, 2003 apud LIDA, 2005). Segundo Lida (2005), as
situações de trabalho quanto ao levantamento de pesos podem ser classificados em dois
tipos. Um deles refere-se ao levantamento esporádico de cargas, que está relacionado
com a capacidade muscular. O outro ao trabalho repetitivo com levantamento de cargas,
onde entra o fator de duração do trabalho.
Durante a operação de carregamento de cargas o motorista de munck realiza um levantamento
de carga (gancho) para ser posicionada a lança. O “peso” deste gancho depende do tipo de
material que irá içar e pode chegar a mais de 10 kg. Como é uma etapa do processo de curta
duração, a situação crítica em estudo enquadra-se na primeira classificação definida por Lida
(2005).
Ao levantar um peso com a mão, o esforço é transferido para a coluna vertebral descendo pela
bacia e pernas, até chegar ao piso. A coluna vertebral é extremamente frágil para forças que
atuam perpendicularmente ao seu eixo, assim recomenda-se que o levantamento de cargas
seja realizado sempre com a coluna na posição vertical, usando-se as musculaturas das pernas,
que são mais resistentes (LIDA, 2005).
Figura 5 – Postura correta para levantamento de
carga (Fonte: UFRRJ)

Figura 6 – Postura incorreta para levantamento


de carga
Como pode ser visto na figura 6, o motorista de munck realiza a postura incorreta para
levantamento do gancho ao agachar-se curvando a coluna. Pela figura 5 têm-se o
procedimento correto onde ao não inclinar a coluna, o profissinal preserva sua estrutura
resultando em não aparecimento de dores após a realização do trabalho.
6. Resultados
Após um amplo estudo sobre a funcionalidade e dinâmica dos empregados da empresa foram
levantados alguns aspectos que na ótica da ergonomia, não são adequados, principalmete na
área operacional, onde atuam os motoristas de caminhão munck.
No caso dos motoristas de caminhão munck, as soluções são mais difíceis em função da
gravidade das situações estudadas pois a maneira ideal de realização da tarefa expõe, por si
só, o trabalhador a outros riscos uma vez que reduz o seu campo de visão dificultando a
visualização da tarefa pelo operário. O ideal é que esses controles fossem ajustados à postura
do trabalhador.
As dores dos pés provocadas pelos duros aceleradores dos caminhões não podem ser
minimizadas com nenhuma técnica ergonômica por se tratar de um componente específico do
caminhão. Uma solução seria que a empresa, quando fosse realizar a aquisição de novos
caminhões, procurasse por equipamentos mais adequados aos funcionários, inclusive
envolvendo-os no momento da escolha e permitindo o teste antes da formalização da compra.
Quanto às torções no corpo que o funcionário vê-se obrigado a fazer quando está manejando
as alavancas e movimentando as cargas, mesmo que não seja possível mudar a atividade,
recomenda-se uma melhor rotatividade de funcionários a cada operação, para não
sobrecarregar apenas um. Outra sugestão é sempre que possível um ajudante auxiliar o
motorista de munck nas operações evitando que o mesmo fique sobrecarregado com
atividades que não lhe correspondem.
Com relação à subida do funcionário nos caminhões, o ideal seria que houvesse escadas
também na parte dianteira, porém, sabe-se que esta situação independe da empresa, pois os
caminhões vêm com especificações fixas. O que poderia ser feito é sempre ter disponíveis
escadas móveis para colocar na parte dianteira do caminhão, como solução rápida, mesmo não
sendo o ideal. Essa pode ser uma situação bem próxima ao ideal. Podem ser escadas seguras,
que não se apoiassem no caminhão, mas fossem bem estruturadas, disponibilizadas no pátio
do trabalho.
Considerando a parte do processo para o levantamento de carga, identificou-se uma postura
inadequada dos funcionários ao realizarem este tipo de atividade. Para não trazer prejuízos à
saúde do trabalhador devem ser intensificadas os treinamentos e conscientizações com
respeito às posturas adequadas que o trabalhador deve desempenhar ao longo de seu turno de
trabalho. Uma solução seria disponibilizar placas explicativas no ambiente de trabalho, sobre
posturas corretas ao realizar as atividades exigidas ou até mesmo equipamentos como suporte
abdominal lombar.
7. Considerações Finais
Algumas limitações deste trabalho podem ser destacadas. A primeira é que a não
disponibilidade desde equipamento para medir algumas variáveis, como por exemplo,
luxímetro, fitas antropométricas, compasso de dobras cutâneas e balanças de pesagem, fez
com que o trabalho só pudesse abordar fatos visíveis e medições aproximadas. Quanto à
entrevista, o grupo não teve acesso aos trabalhadores que realizavam serviços fora do local de
operação da empresa, o que acarretou na ausência de alguns funcionários para a entrevista,
fazendo com que os dados coletados não representem 100% da empresa.
Em relação à parte dos escritórios, os problemas identificados são tão sutis que os próprios
empregados os reconhecem, mas não percebem a gravidade desses problemas em longo
prazo. O fato de que algumas mesas são pequenas e não tem espaço suficiente para colocar o
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teclado, o mouse e o monitor em distâncias adequadas em longo prazo podem gerar dor nos
punhos, no pescoço e na coluna dos usuários. A cadeira de alguns funcionários não possui
regulagem e nem todos têm apoio para os pés, o que pode gerar dores nos mesmos e nas
perdas, provocando também problemas de circulação. A sala mesmo tendo luzes fluorescentes
e teto forrado de cor branca, gera em alguns pontos pouca luminosidade, causando problemas
nos olhos e dores de cabeça, pois o funcionário sem nem perceber, força muito a vista quando
está trabalhando, principalmente nos monitores de computadores que não possuem uma tela
de proteção.
Para resolver tais problemas seria necessário um estudo com equipamento próprio para
verificação da adequação dos níveis de iluminância para interiores (NBR-5413) a fim de
evidenciar a necessidade de colocação de mais pontos de luz no teto. A compra de telas para
os monitores de todos os computadores dos escritórios, assim como armário para
armazenagem de documentos, livrando a mesa dos funcionários para que possam ter mais
espaço para colocar o que realmente importa. Cadeiras reguláveis são boas, mas podem ser
substituídas por apoios de pés, desde que a altura do monitor, do teclado e do mouse, consiga
se ajustar a altura do funcionário, sem que as pernas deste fiquem pressionadas.
Em relação à parte operacional, a solução crítica exige um estudo mais aprofundado e
minucioso para que sejam possíveis recomendações mais apropriadas e viáveis, para os
trabalhadores e para a empresa. Assim, para trabalhos futuros pode-se mencionar uma análise
mais aprofundada nos problemas identificados neste trabalho contemplando o que as
conseqüências psicoemocionais ocasionadas por esta atividade de trabalho geram na
produtividade do trabalho e um estudo mais aprofundado nas atividades de trabalho realizado
nos escritórios.

Referências
BRIDGER, R. S. Introduction to ergonomics. 2ª ed. London: Taylor e Francis, 2003, p.548.
DOENÇAS DO SISTEMA OSTEOMUSCULAR E DO TECIDO CONJUNTIVO RELACIONADAS
COM O TRABALHO in Manual de Procedimentos para os Serviços de Saúde - Capítulo 18. Disponível em:
<www.segurancanotrabalho.eng.br/ergonomia/9.doc> Acesso em 08 de Novembro de 2010.
LIDA, I. “Ergonomia Projeto e Produção” 2ª Ed. Editora: Edgard Blücher, 2005.
TEIXEIRA, M. F. A.“A Importância Fisioterapêutica na Utilização do Questionário Bipolar de Couto na
Avaliação de Fadiga em Conjunto com A Análise das Interrupções de Trabalho em Operadores de Telefonia
(Call Center): Estudo Preliminar”. Universidade Veiga de Almeida – Rio de Janeiro, 2008.
UFRRJ, ”Riscos ergonômicos - Transporte de cargas”. Disponível em http://www.ufrrj.br/institutos
/it/de/acidentes/ergo.htm. Acesso em 07 de Novembro de 2010.
WWN Transporte, “Guindastes e Transportes Pesados”. Disponível em: http://www.wwntransportes.com.br/
materias.php?cd_secao=8&codant=. Acesso em 05 de Novembro de 2010.

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ANEXO A – Questionário Nórdico dos sintomas músculo-esquelético

Fonte: Lida (2005)

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