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_——— = a “ ESTUDOS ARCHEOLOGICNS BNL. — Crteen CROCIFIEAO ENTRE OS ANTLGOS RESPOSTA JORNAL 00 COMMERCIO Pon. LISBOA TYPOGRAPHIA CASTRO IRMAO 31 Rua da Cruz de Pan 33 | 1878 he «A crucifiedo d2 cabega para baixo era desconhecida dos Romanos, ¢ so usada entre 08 Parthos.» : (Asseredo estampada no Jornal do Commercio, em jutho de 187! PROVA-SE NAO SER EXACTA ESTA AS. CAO Todas as sciencias ¢ artes técm no seculo actual feito pro- gressos surprehendentes, ¢ ndo é com certeza a Archeologia scien cia que s¢ tenba deixado ficar ou estacionaria, on atraz das ou- tras. Muitissimos trechos dos antigos escriptores sifo actualmente interpretados d'um modo mui diferente daquelle, pelo qual cram aatigamente intendidos. Os estudos etymologicos ttem progredido Sum modo néo imaginade sequer pelos nosses antepassados, erentes de que a palavra Lisboa se derivava de Uilyyses, Chellas, @Achilles, ¢ Setbal, de Sedes Tubalis, etymologias acceites tam_ PIO sdo deci- € para sua interpretacdo existem mesmo grammaticas bem pelos estrangeiros. Os geroglyphicos do Ey fravels, diccionarics. As lettras cunciformes sto jd percebidas, ¢ talver no venha longe @ epocha cm que os nossos visinhos hespanhoes (visto os portuguezes ndo quererem saber isto para nada) des- eubram o sentido Wesses caracteres descoutecidos, caracteres que em zo grande abundancia se encoatram na peninsula Iberica. Diariamente os jornaes nos dio noticia da apparigSo dum cippo, ou @ama antigoalha qualquer, as vezes bem importantes, e bem importante foi a descoberta da taboa d’Aljustrel, interpre- tad. pelo sr. Estacio da Veiga, onde encontramos palavras em linguagem rustica, usadas em Portugal no tempo do dominio ro- mano. E quem sabe se as gerasées futuras ainda vitéo a possuir completas as obras de Tito Livio, ¢ de Hesiodo? Pelo menos é licito ter esperancas, Esperancas que se podem basear nos palim- Psestos do cardeal Mai, no ‘Tractado da Republica de Cicero, na recente descoberta de parte das obras de Strabo, ¢ nos codices Publicados da riquissima bibliotheca do Excurial. Nao so, po- rem, menes surprehendentes as descobertas feitas na amiga Troya e em Mycenas. As damas de nossos dias jd podem acmirar os atavios ¢ en- feites Caquellas troyannas, Miades peplui ferentes, de quem nos falla Virgilio: ¢ nos dois volumes in folio de photographias, po blicadas pela casa Maisonneuve, podem contemplar 03 vestuarios @aqueltes tempos, ds vezes incomparavelmente mais clegantes do que os actuaes, embore se tenham mettide de permeio perto de tres mil anos! 44 ndo ha duvidas para a maioria dos escriptores écerca do local, cm que estanciava a vetusta Hlion, ¢ as riquezes d'esta cida- de, por tantos seculos sotterrada, estia fazendo parte das mais importantes riquezas dos Museus da Europa. Portugal, porém, para vergonha deste paiz, tem-se conser- ¥ado quasi indifferente a todo este movimento; ¢ poderiamos di- ver imeiramente indifferente, se ndo fossem as excavacGes da y Iha Citania, devidas ao sr, Sarmento, ¢ as de povoacdes roema- Has no Algarve, dirigidas pelo jd mencionado sr. Estacio da Veiga. Habner na sua bella obra Juseriptiones Hispania assevera ue & Hespanha apenas possuio dois bons epigraphistas, mas que Portugal nem um s6 teve! E no em tanto, embora o patrio- Ssmo fique despeitado, tal assercio ¢ a pura verdade. O nosso an- tiqnario Resende, outr'ora tio afumado, ¢ que tio grandes enco- mies tecebeu de abalisados escriptores estrangeiros, considerado até ba poucos annos como uma das nossas maiores glorias, ostd hoje desacreditado. E, com effeito, no € mister ser mui atilado, nem possuir Em profundo conhecimento da epigraphia, para se vér que algu- mas das lapidas existentes em Evora, © das quaes Resende {a7 elo nas suas Autiguitates Lusitanic, completamente fal- Ae sas! Mas como os teinpos mudaram! Sertorio era tambem uma das glorias d’Evora, ¢ no em tanto a critica de nossos dias nega até mesmo a residencia deste antigo capitiio romano em Evora! Bem pdde esta cidade recorrer a outras glorias, que, as que baseava em Sertorio e Resende, estiio irremediavelmente perdidas! No em tanto, até certo ponto, Resende era desculpayel, Era moda no seu tempo, moda que ainda darou por largos annos depois, o forjar lapidas e documentos para comprovar a antigui-~ dade d’uma povoacio ou d'uma familia, que aspivava 4 gloria de descender dos primeiros homens. Forjavam-se até mesmo documentos para provarem o dircito a quacsquer propriedades, Mesmo aquelles, de quem menos se devia esperar que recorres- sem a taes expedientes, se serviam d'elles. Nao s6 0s frades de Alcobaga forjazam documentos, mas até mesmo os de outras cor- poracées religiosas, Diogo Kopcke, que a morte roubou premanu~ ramente 4s letras, nos seus Apontamentos Archeologices prova até d saciedade que os benedictinos de Tibdes forjaram documen- tos, com o fim de usurparem tercenos que Ihes nfo pertenciam. Nao ha que depositar cega confianea nem no auctor da Benedictina Lusitana, nem em Frei Nicolau de Santa Maria, nem em varios outros. Todos queriam a porfia que sua ordem, seu convento, ¢ suas regalias fossem as mais antigas. Pretencdes taes ainda nao acabaram de todo; mais hoje com certeza nia poderia impune- mente um Fr, Antonio da Purificacio asseverar que os Gracia- nos em Portugal eram’anteriores a fundacio da nossa monarchia! Nao se dava, porém, isto somente em Portugal. Nio faltam na Hespanha, na Italia e na Franga, exemplos de identicas fal- siticagdes. Nao ha muitos annos ainda que os sabios d'uma cor- poracio scientifica na Franca foram enganados com pergaminhos false no seculo passado mui afamado um frade forjador de codices ¢ engano que custou muito a conhecer. Na Italia tormou-se de moedas, feitos com tanta pericia que foram logrados os mais expertos, ¢ no mesmo paiz ainda so necessarias todas as can- tellas na compra de estatuas ¢. de objectos antigos. Em Portugal nunca houve o estudo scientifica da Archeolo- gia, estuo penosissimo, que, além do profundo conhecimento dos —s3— idiomas antigos, exige o da historia, da epigraphia, do direito ro- mano, da geographia, dos uses ¢ costumes, e tambem o da lin- guagem rustica usada pelos povos sugeitos ao dominio Romano, lingvagem ndo conhecida em Rota, mas, ds veses, sémente na Povoagdo em que © moaumento era erigido. Lingua que nos traz 4 lembranca o actual portugues fallado em Ceildo ¢ Malaca. E nfo contribuem menos para esta difficuldade as siglas ou abbre- viaturas, que, fazendo com que uma palavra possa ter varias interpretagdes, demanda do antiquarie profundissimes conheci- ‘mentos: para acertar com a verdadeira. para exemplo de taes difficuldades nenhum nome pide vir mais a proposito de que o Uo proprio Hubner, que sendo incontestavelmente vm epigeaphista consummade, commette notaveis inenactiddes por ndo conbecer bem a topographia do nosso paiz. Assevera corresponder & actual Coimbra a antiga Aeminium, quando é certo, ¢ comprovado por documentos irrefutaveis, que tal povoacdo sé podia estanciar nas ImmediagSes de Agueda. Mas, para néo citar mais exemplos, esta em duvida se Alcacer do Sal corresponde ou nfo 4 antiga Salacia. © extudo da Archealogia em Portugal um como que desenfado de occupacdes tidas por mais scrias, quando eu Foi, poi crelo que o d'esta sciencia é na realidade dos que demandam mais seriedade. Era um recreio, um passa tempo para pessoas, que nfo possuiam os indispensaveis Preparatorios para, com pro- veito, se poderem engolphar em trabalhos taes. Néo é por isso para admirar que se escreva ntum livro serio que em Chellas, nas abas de Lisboa, «existia um convento de virgens vestaes, do qual edificio ha restos n’esse convento ainda alli existente, ¢ que sc- guio a regra de Santo Agostinho, em substitui¢io da de $. Domin- 89s que adoptara nos primeires tempos.» Assevcra-se até mesmo: * gue ainda alli se encontra uma pedra com unt orificio, pelo qual sahia o fumo dos sacrificios feitos em honra de Vesta!e Nido € menos para Spantac o haver quem assevere que a actual Sé de Lishoa fora um temple romano, como se templos les tivessein a forma de cruz, pela qual se distinguem em ge- ral 0s dos christiios. Nos nosses compendios de historia, usados até mesme nas A ee __d. 9 aulas publicas, ainda se falla do milagre da chuva artribuida a le~ gilo fluminaute, quando é certo, ¢ mesmo ja velho, que tal le-~ glio tinha o nome de fulminante (de fudien, rato) por causa Cum de metal que nos capacetes travia como aderno. Muito mai; po, de terminar o preambulo, ¢ de passarmos @ expor alguma cousa deérea da crucifixdio entre os antigos, @ de provarmes que a crucitixio de cabega para baixo nfo foi s6 usada entre os Par- se poderia dizer, mas é tempo, € mais que tem- thos, coma se asseverou no Jornal do Commercio. Este suppli- cio barbaro ¢ infamante ainda foi usado por outros poves E certo que a tendencia para a brandura nos cestigos € pro- sos tem pria da nossa epocha. E tambem uma gloria para 0s no: pos (que alguns dizem ser tdo perversos e corruptos, como S¢ Os antigos fossem melhores que os nossos) essa moderagiio nas pe- nas hoje applicadas em Portugal aos delinguentes, onde ja niio é possivel a esistencia da Inguisico com scus horrores, nem a ma- neira como 4 forga de excruciantes torturas arrancavam @ um réu a confissio d'um crime, nfo praticado, mas confessado para so fugir aos tormentos. Hoje aspira-se a melhorar ¢ ao a extermi- nar. Mas atrocidades taes eram tambem praticadas nos outros prizes, ¢ nfo s6 em Portugal. E tanto isto é verdade, que o sr. conde da Garnota Gohn Smith) com o que se praticava nos ou- ros reinos procura defender o nosso marquez de Pombal da ma- neira barbara (realmente) como se houve para com os Tavoras e outros implicados na conjuragdo contra a vida de D. Jose. O sc. conde da Carnota ainda pretende mais; quer provar que o que no tempo do marquez se praticava nos outros paizes euro- peas ainda era mais atroz do que o que se faria em Portugal. E no em tanto jé por estes tempos as penas no eram tio bacbaras como as da edade media, ¢ d’esses outros tempos ainda mais remotos. Causa horror a descripedo dos actos atrozes praticados para com os delinquentes, j4 nfo digo enire esses povos, aos quites os antigos davam o nome de barbaros, mas mesmo entre os roma- embora Tito Livio, prestando hemenagem 20 amor patric, nos —10— Mostre orgulho em dizer que «Podiem ter a gloria de que a povo nenhum agradou mais a moderaciia nas penas » 4, Os romanos, porém, em tudo soberbos ¢ orgulhosos, verda- deiros flagellos da humanidade, graduavam tambem as penas pela condi¢éo do suppliciado. A crucifixdo, ou morte na cruz ora des- tinada para os padecentes da infima classe, para os gscravos, ot para aquelles que como tes queriam que fossem julgados, como | eram os barbaros ou estrangeiros. A cruz variava de cinco modos diversos— Si atplex, Fminissa, Commissa, Decussata ¢ Bifida. Este genero de castigo, vulgaris- simo entre os romanos, ¢ do qual nos falla Phedro, Luciano, Cur- clo, Cicero ¢ muitos outros escriptores, nZjo era sémente posto em pratica por este povo. Os judeus, persas, egypcios ¢ gregos delle a se serviam na punicio de seus delinquentes 2. Assim como variava, porém, muito a forma da cruz tambem variava a maneita de suspenderem n’ella os padecentes. Justo Lipsio, que foi o auctor que maior numero de citacdes colheu de amtigos escriptores gregos ¢ romanos, de todas as epochas, a respeito da crucifixdo, apresenta-nos umas aove ou dez yarieda- des ta suspenséo dos padecentes nas cruzes % E esta pena era de tal modo considerada como affrontosa que Cicero desejava Ne no sémente o nome de cru; estivesse longe dos corpos, mas até mesmo dos othos ¢ do pensamente dos cidaddes romanos 4, E Seneca acha preferivel o suicidio a um tal tormento. Havia, porém, ainda um requinte de crucldade na crucifixzo — era o de cabeca para baixo, punicéo que o Jornal do Com- mercio num artigo a respeito do martyrio de S. Pedro, publicado = | em junho de 1878, asseverou ter sido tho sémente usado pelos Parthos, Vejamos, porém, se ha ou ndo pastagens positivas pelas {le als gloriari licet, nutli gentium mitiores placuise ponas» Hist Rom. tis. 1. cap. ceviy, 2B Dawn, Dictionarium Antiguitstum Romanarum. Amstelodami, 1701. (Pag. 349}. Lipsio accrescenta ox Syrios, e Alricanos, > Justi Lirsn, De Cruce, libri tees: Antuerpiw., 1606, ian Nomen ipsum cencis absit non modo a carpore eivium romanoruen, sed exiam coghtatione, oculis, auribus.» Pro Rubinia, , cont be quaes se possa evidenciar que ndo foram s6 estes ultimos povos que faziam uso d'um tal castigo. Nae estamos, porém, anctorisades a asseverar d’um modo peremptorio ¢ decisive, que fosse vulgar uma tal ¢ téo aviltamte punicho, Diz-se to sémente que 0s romanos a pozeram em pra- tica, durante © cerco de Jerusalem, ¢ 0 que se diz ter sido pra~ ticado com S, Pedro, assevera-se tambem ter sido feito a pedido deste apostolo, e, em todo o case, como uma excepefio a regra geral; mas uma carta do philosopho Seneca nos faz descontiar de que os romanos ou usaram della, ou d'ella se fez uso em ter- titorio romano. Marcia, illustre matrona romana, havia perdido seu filho. A dér da mie era excruciante, ¢ nenhuma coasolacio adminia. O philosopho Seneca !, quer vér se pode mitigar até onde seja pos- sivel a tribulacdo de Marcia, Escreve aquella tio conhecida ¢ tio celebre carta— Ad Mareiam de Consolatione, na qual em 26 ca- pitulos, e alguns bem longos, lancga mao de tudo quanto Ihe sug- gere a sua mente, apresentando tambem exemplos fornecidos pela historia para suavisar as maguas da mie atribulada. Exalta ¢ en- carece a magnanimidade de Marcia. Diz-lhe que no sémente deve deixar de dar largas 4 sua dor ¢ affliccdo, mas que até mesmo de nenhum modo se deve mortiticar, Traz-lhe para exemplo a gran- dera d’alma, ¢ verdadeiramente varonil de muitas damas roma- nas: assevera que, em certas circumstancias, é a morte uma ver- dadeira dita, embora o fallecido haja pelas pareas sido arrebatado na flor da edade: lembra-the® que, se ella jd ndo contempla a seu filho, ambem jd 0 nfo ve—«exposto a morrer Wuma cruz, cuja forma varia segundo 0 capricho dos tyrannos. Um manda vor tar para baixo a cabeca dos suppliciados *; outro ira-Ihe os bracos sobre os bracos dacruz.,.y+ empala-vs, um outro ¢ 1 Seneca nasce no teresiro anno da era Christd, ¢ falleceu no sexages. simo sexio. 2 Cap. % $s Note-se que é um plural, 4 As palavras de Seneca séo as seguintes;—»Video istic eruces non unius quidem generis, sed aliter ab aliis fabricatas; eapite quidam conversos in ter por obscana stipitem egerunt, alii bracchia patihulo ex iso verbera; ct membris ct singulis articnlis s ram suspendere, al plicuerunt; video fidiculas, ~ ig Nio padece duvida que pein texto se nfo péde conjecturar onde se praticavam essas suspensdes de cabeca para baixo, onde se mandavam fazer essas cruzes de varias formas, a capricho dos tyrannos; ¢ nem mesmo todos os escriptas d’aquelle tempo che- garam até nossos dias: € porém indubitavel que, fosse qual fosse © logar, 6 philosopho nos falla d'ellas como de couse sabida, no- toria, endo em regides muito remotas, pois Marcia d’ellas tinha co- cruces fabri- catas— aliter ab alits—capite conversos ta terram Ge., 0'uma nhecimento. If tambem de reparar que Seneca diz palavra, tudo pluraes. Nao ¢, no péde ser, um facto isolado, am singular; mas sim factos reiterades, repetidos. A rhetorica ndo Ihe dava liberdade para asseverar a Marcia que devia julgar seu filho ditoso por estar clla ja livre de o vér morrer pregado n’ama cruz de cabeca para batxo, se por acaso uma sd vez se tivesse applicado esta pena, como excepsiio de regra, a um criminoso, a um seelerado, digno de tao atroz ¢ infamante pena. Mas nao insistamos mais nesta passagem para provar que a crucifixdo de cabece para baiso ndo era sé usada entre os Par- thos. Vamos vér se encontramos algum exemplo de facto identico succedido n’algum povo certo e conhecido, ¢ no de um modo com seu tanto de vago como realmente se encontra em Seneca. 1 Succedeu em Jerusalem. 4 Fora cereada esta cidade pelos romanos. A resistencia havia a4 sido hereica; mais do que hervica, se assim nos é licito fallar. Por longo tempo os romanos nio poderam penetrar na cidade sancta. iano teve de se retirar para Roma, pois assim o exigiam 8 negocios do Estado, ¢ de encarregar da continuacto do céreo, . a esse imperador conhecido na historia pela autonomasia de De- Heias do genera hmmano, mas que, apesar de um epitheto to glorieso, nao degenerava 4 sea rasa romana. Gostava tambem . gula dolerum machinamenta: sed video et mortem.» —{. Anns Senrc.e, Ad Jucilium Epistotee Movaies. Atgemtorati, 809, Pag. 210. Foi esta edigéo comparada com varias outras, ¢ a unica varlante que s¢ nicou foi a falta da palavra guidane qalgumas, 0 que de enum modo riudar 0 sentido do original. sig ate nrarnansteee al das torturas, do sangue, ¢ das crucifixées, E basta a leitura das obras de Josepho para d'isto ficarmos coavencidos. Os Judeus nao podendo jd suppottar a fome, faziam suas sortidas, mas os soldades remanos apanhavam-nos. Arrastados pelo odio ¢ pelo furor pregavam-nos na cruz, crucificavam-nos. Mas de que maneira, visto haver varios generos de crucifixion ? De varios modos dow Sag eyyan para os ludibriarem, metterem a vi es tao fre- diculo, ¢ zombarem d’elles 4, e eram estas crucifix quentes que «por causa da muitiddo faltava espaco para as cru- 78S, € CTUZCS para Os corpos. » Justo Lipsio interpretande a palavra epiyzs que se encon- _— «Schemate, ad In tra no texto grego de Fiavio Josepho, diz: dibriam est ilud, quod imversum dixeris, cum hominem in eaput suspéndunt, pedibus sublatis.» E nde se péde dizer nem que esta imerpretagio seja forga- da, nem que Lipsio nfo seja auctoridade comperente para I’a dar, Cenhecia a fundo a antiguidade, e suas variadas ¢ numerosas obras 0 attestam. Sua obra de cruce, ¢ a de Gretsen sobre este mesmo assumpto, sio o que de mais substancial ha ovesta ma- teria. Mas além d’esta tenho idéa de ter encontrado em Josepha, a coja leitura me entreguel ha annos no original geego, uma ou duas passagens, nas quaes, de um modo mui positive e perempto- rio, se falla da crucifixfio de cabeca para ‘baixe entre os Fudeus, Bem longe de pensar que niais tarde me conviria citar estas duas passagens nfo tomei nota ¢’ellas. No em tanto, © que jd considero como ponto averiguado, ¢ que a crucifixio de cabega para baixo nio fel sé usada entre os Parthos, embora nos cutres povos, ¢ esta ¢ a verdade, nfo se possa dizer vulgar; ¢ 0 proprio Justo Lipsio assevera que era rara Eusebio bispe de Cesarea, falla-nos tambem do mesmo ge. nero de crucifixfo no Egyptoz ¢ apesar de nao ser de grande peso # auctoridade de Euscbio para alguns, certo que Char- © atyatian phalray, na So 5 nt De Bello Judaicn, Eb. ¥. pentier n°uma cbra importantissima qual ¢ a Nouvelle Biographie Universelle por Firmin Didot, diz: «Eusébe offre un grand intérét; historien exact, apologiste habile, et ecrivain plein de pénétration, dans les respects méme de Constantin pour les evéques et les défférences de ceus-ci pour Vempereur, il laisse entrevoir la géne de deux puissances, qui se deivent un jour combattre. Husébe presente en outre & erudition écclesiastique et littéraire une source abundante de renseignements precieux.» # Justo Lipsio cita-nos ainda Metaphrastes e Amniano, os quaes tambem failam no mesmo genero de supplicio: no examine’ nos textos estas citagGes, mas, como todas as outras estdo exactissi- mas, ¢ de suppor que tambem estas o estejam; nem tio pouco de mais havemos mister para termos por provado até 4 eviden- cia que 2 crucifixdo de cabeca para baixo nio foi somente usada entre os Parthos. A opinido de Justo Lipsio € seguida sem discrepancia pelo cclebre alleméo Samuel Pitiscus no seu afflamado Lexicon Anti; guilaium Romanarum *, ¢ estes dois celebres escriptores passou naturalmente esta doutrina para um grande numero de livros em varios idiomas, menos em portaguez. Parece-me pois dever pdr ponte a este artigo, ¢ fazel-o-hei, fazendo ao mesmo tempo votos para que as antignidades deixem de andar a revelia ¢ se estudem seriamente em Portugal. e este estudo s6.péde ser baseado na sciencia. Nenhum estabelecimento litterario porém vejo em Portugal mais appropriado para 0 esta- belecimento d’um curso de Archeologia, do que, o moderno Curso Superior de Lettras. Um tal curso archeologica, attendendo aos Poucos recursos do paiz, na actualidade, bastaria, composto de devas cadeiras, uma de Archeologia Romana, e outra de Archeo- logia Portugueza. Ao findar a Ieitura deste opusculo ¢ de suppor que o riso assome aos labios de algum leitor, ¢ exclame ao mesmo tempo: "Vol. xvi pag. 774. * venetiis. Ex Typographia Ralleoniana, val. 1, pag. Sa. E © extreme do tidiculo o haver em Portugai quem no actuat seculo ainda se occupe com taes assumptos! Fu porém, francamente declaro, li a obra —~De la Cruz del Seftor —pelo Bispo de Antonoc, ¢ aprendi muita cousa, gue ignorava, mas da leitura de muitos dos romances, que na actuali- dade se publicam, ignoro qual a utilidade que se possa tirar. 1 Carnide 30 de agosto de 1878. cancel Femardles Franco. 1 Impressa em Gibraltar, 1851, j d a - ~

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