AULA
Ações afirmativas
na Educação
objetivos
Nosso trem retoma sua viagem, e estamos prestes a fazer outra parada.
Deixamos a estação Multiculturalismo e políticas afirmativas e estamos
nos encaminhando para a plataforma das ações afirmativas na Educação.
Como vimos na última estação, as políticas afirmativas, políticas de discrimina-
ção positiva ou políticas sociais compensatórias são ações do Estado voltadas
para grupos específicos, historicamente discriminados. Lembrou?
Vamos recordar também sua função? O objetivo dessas ações é ser
"um programa de políticas públicas ordenado pelo Executivo ou pelo Legislativo,
ou implementado por empresas privadas para garantir a ascensão de minorias
étnicas, raciais e sexuais" (GUIMARÃES, 1999, p. 154).
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volvidas nos Estados Unidos. No contexto pós-independências,
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em 1947, o governo indiano – visando corrigir as desigualdades
geradas pelo SISTEMA DE CASTAS – adotou um sistema de cotas que
destinava 22,5% das vagas na administração e no ensino público
aos chamados “intocáveis” (d’ADESKY, 1998, mimeo).
SISTEMA DE CASTAS
Forma de organização social encontrada na Índia, baseada em crenças religiosas
que sustentam a superioridade dos brâmanes sobre os demais grupos. Estabelece
uma ordem social rígida, hierarquizada, sem mobilidade. A condição social dada
pelo nascimento é determinante, definindo possibilidades de ocupação e casamento
(cf. CASTA. Dicionário de ciências sociais. 2ª ed.
Rio de Janeiro: FGV, 1987).
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A OIT foi criada pela Conferência de Paz após a Primeira Guerra Mundial (...).
A idéia de uma legislação trabalhista internacional surgiu como resultado das
reflexões éticas e econômicas sobre o custo humano da Revolução Industrial.
As raízes da OIT estão no início do século XIX, quando os líderes industriais Robert
Owen e Daniel le Grand apoiaram o desenvolvimento e a harmonização da legis-
lação trabalhista e melhorias nas relações de trabalho. Em 1944, à luz dos efeitos
da Grande Depressão e da Segunda Guerra Mundial, a OIT adotou a Declaração
da Filadélfia, [que] antecipou e serviu de modelo para a Carta das Nações Unidas e
para a Declaração Universal dos Direitos Humanos (...). Desde 1999, a OIT trabalha
pela manutenção de seus valores e objetivos em prol de uma agenda social que
viabilize a continuidade do processo de globalização através de um equilíbrio
entre objetivos de eficiência econômica e de eqüidade social, (Texto adaptado de
http://www.oit.org/public/portugue/region/ampro/brasilia/inst/hist/
index.htm.)
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de valores universais ou dominantes foi uma importante contribuição das
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obras de DURKHEIM, ALTHUSSER e Bourdieu, que outros estudiosos aprofun-
daram e reformularam.
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escolar – e o desenvolvimento das correntes críticas e pós-críticas da Teoria
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do Currículo e dos Estudos Culturais, os movimentos sociais de afirmação
tiveram subsídios para reivindicar a inclusão de suas temáticas nos currículos
escolares, o direito de organizar sistemas escolares especiais e o acesso aos
níveis mais elevados da escolarização institucionalizada.
Exemplos dessas demandas são fáceis de recordar! De muitos deles,
inclusive, você teve conhecimento através da mídia. Vamos nos lembrar de
alguns casos clássicos de reivindicação no contexto da Educação?
O movimento negro pressionou fortemente para que os currículos
escolares incorporassem sua história e suas heranças culturais. No Brasil,
recentemente, a História da África, caracterizando-se como uma ação
afirmativa, passou a ser conteúdo obrigatório no ensino de História na
Educação Básica.
Não é menos significativa a pressão que os movimentos de feministas
e de homossexuais fazem, buscando eliminar das escolas as práticas que
reforçam a visão deturpada do lugar do homem e da mulher na sociedade,
assim como do exercício da sexualidade. No final do século XX, parte dessas
demandas refletiu, por exemplo, as necessidades geradas pela própria reor-
ganização da concepção de família; isso gerou um confronto com a escola,
divulgadora de uma visão clássica, incompatível com a multiplicidade de
vivências familiares do mundo contemporâneo.
As comunidades indígenas também deram sua contribuição para
o debate das políticas sociais compensatórias, reivindicando o direito a
uma educação indígena que não afastasse as comunidades do conjunto
da sociedade mas que garantisse a consolidação de sua identidade num
contexto multifacetado. Nessa demanda, especial relevância teve a luta pelo
ensino de suas línguas, ensino esse entendido como mecanismo essencial de
afirmação de identidade.
Outros exemplos, ainda, podem ser lembrados, como a luta
dos portadores de deficiências por uma educação inclusiva, que não os
separasse da coletividade, permitindo a freqüência em escolas regulares,
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CONCLUSÃO
Vera Maria Candau, numa perspectiva dos Estudos Culturais, indica o desafio
que a escola tem pela frente: ser um espaço de diálogo entre diferentes saberes
e linguagens, questionando o seu caráter monocultural.
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AULA
Nesta aula, retomamos o conceito de política afirmativa e sua função para explicar
a ocorrência das políticas sociais compensatórias no contexto da Educação.
Exemplificamos, no âmbito da Educação, algumas ações de discriminação
positiva, ressaltando sua relação com as contribuições de alguns estudiosos para
a compreensão do papel da escola e sua ação no processo de reprodução social,
sem esquecer de mencionar a revisão por que passam esses estudos.
A partir da percepção do papel da Educação e, em especial, da escola na
formação social do cidadão, fomos capazes de analisar a importância das políticas
afirmativas nesse contexto e compreender por que a Educação foi e é um espaço
privilegiado de embate dos movimentos questionadores das diferentes formas
de discriminação.
EXERCÍCIOS
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AUTO-AVALIAÇÃO
Depois desta nossa nova parada, você deve ser capaz de conceituar as chamadas
ações afirmativas e de relacioná-las com a Educação.
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