ISSN: 1678-5428
exacta@uninove.br
Universidade Nove de Julho
Brasil
2.2 Fotomicrografia
O concreto obtido com resíduo de concreto
forneceu o material para confeccionar as lâminas
com a impregnação de polímero para análise em
microscópios ópticos marca Olympus, BX40 F4 e
Leica DMRX.
J Con kg/m3
fc28(**) MPa
fc28(*) MPa
Ec GMPa
fc28 MPa
C kg/m3
composição) pleto (**)
Ac (%)
Traço
m kg
x kg
T0 1:5,0:0,63 1:2,00:3,00:0,63
T15 1:4,8:0,60 1:1,90:2,90:0,60
T-0 0,63 6 5,1 30 34 3,6 300 2.380 30
T30 1:4,3:0,58 1:1,65:2,65:0,58
T-15 0,6 5,8 5 30 27 2,9 300 2.166 21
T45 1:4,3:0,58 1:1,65:2,65:0,58
T-30 0,58 4,3 6,2 30 30 3,3 300 2.190 19
T100 1:4,0:0,52 1:1,50:2:50:0,52
T-45 0,58 4,3 6,8 30 27 2,8 300 2.166 17
T100AS 1:3,7:0,50 1:1,35:2,35:0,50
T-100 0,52 4 7,1 30 28 2,8 325 2.182 15
Quadro 1: Traços de concretos obtidos a partir T-
do gráfico de dosagem 0,5 3,7 10,2 30 25 2,2 360 2.276 15
100AS
Obs.: *Traço 1:m:x (cimento, agregados, fator água/cimento); **
traço 1:a:p:x (cimento, areia, brita, fator água/cimento). Quadro 2: Propriedades dos concretos
Fonte: O autor. Obs.: *Resistência determinada pelo gráfico de dosagem, aqui
chamada de tensão teórica; **resistência determinada no ensaio
de compressão simples, aqui chamada de tensão real; absorção
Tabela 1: Propriedades dos agregados graúdos de água pelo concreto (Ac); fator água/cimento a/c (x); soma do
agregado miúdo com o agregado graúdo (m); resistência média
Traço Jp (kg/m3) G p (kg/m3) A (%) do concreto à compressão aos 28 dias (fc28); resistência média do
concreto à tração por compressão diametral aos 28 dias (fct28);
T-0 2.650 1.420 0,9
consumo de cimento por m3 (C); módulo de elasticidade do
T-15 2.590 1.390 1,4 concreto (Ec).
T-30 2.520 1.390 1,6 Fonte: O autor.
T-45 2.490 1.330 4,5
T-100 2.210 1.220 8,8 sua massa específica sem causar grande mudança
T-100AS 2.210 1.220 9,3 na resistência à compressão axial e na resistência
Obs: Massa específica do agregado composto (Jp); massa à tração do concreto, mas o módulo de elasticida-
unitária do agregado composto (Gp); Absorção de água pelos
agregados (A). de do concreto apresentou redução em relação ao
Fonte: O autor. concreto de referência e diminuiu à medida que
se aumentou o percentual de agregado reciclado,
de-prova aos 28 dias igual a 30 MPa e para cada como pode ser visto no Quadro 2.
curva de T0 até T100AS, a partir dos traços com-
pletos, obtiveram-se os concretos que têm suas 3.2 Microestrutura do concreto
propriedades representadas no Quadro 2. Conforme enumerações a seguir.
O Quadro 2 apresenta o resultado das pro-
priedades dos concretos T0, T15, T30, T45, T100 3.2.1 Análise petrográfica
e T100AS, em que se observa que a absorção de do concreto
água dos concretos apresenta valores compatí- O concreto de referência T0 analisado por mi-
veis com o concreto convencional produzido com croscópio óptico mostra a argamassa (Fotografia
100% de agregados naturais. A massa específica 2), em que são encontradas, com certa freqüência,
média do concreto convencional é de, aproxima- descontinuidades representadas por microfissuras
damente, 2.400 quilogramas por metro cúbico e cavidades. As microfissuras podem ocorrer: 1)
3
(kg/m ). O valor obtido na pesquisa para esse tipo entre a brita e a pasta de cimento; 2) dispersas na
3
de concreto foi de 2.380 kg/m , produzido sem pasta de cimento; 3) entre cristais da fração areia
aditivo polimérico incorporador de ar e adotado e na pasta de cimento, quando exibem compri-
como referência. Quando se introduziu o aditivo mentos variando de 0,2 a 0,4 mm, preenchidos ou
em percentual de 0,9% da massa do cimento, os não por finíssimos grãos de minerais opacos com
concretos apresentaram uma redução no valor de q < 0,1 mm até 1 mm. Nas cavidades e em suas
qz 3.2.2 MEV
A análise da microestrutura do concreto atra-
vés do microscópio óptico e da MEV traz impor-
pc
tantes informações para a melhor compreensão
qz do comportamento mecânico e da durabilidade
de concreto de cimento Portland. As Fotografias
fr
4a e 4b mostram a microscopia de uma amostra
do concreto T0 de referência aumentada em 200
Fotografia 2: Argamassa T0 (ampliada 100
vezes) e 1,6 mil vezes, respectivamente. A Fotografia 4a,
Fonte: O autor. com aumento de 200 vezes, apresenta uma estru-
tura mais complexa e de fases distintas. O cimento
A amostra de concreto T100AS, de acordo Portland anidro é um pó cinza cujas dimensões
com a Fotografia 3, apresenta um fragmento líti- variam entre 1 e 50 micrometro (+m).
co de biotita hornblenda gnaisse. É um fragmento
extremamente pequeno, mas até onde se pode ob-
servar é uma rocha moderadamente foliada, e esta
foliação é marcada pelo alinhamento de biotitas.
qz
qz qz
qz
qz
vz (a) (b)
pasta de cimento
A Fotografia 5a apresenta o concreto celular
qz
da amostra T15, examinado por MEV com elé-
qz
trons retroespalhados. Observam-se, nas Fotogra-
Fotografia 3: Argamassa T100AS (ampliada 200
vezes) fias 5a e 5b, muitos poros provocados pelo aditivo
Fonte: O autor. incorporador de ar. Na Fotografia 5b, notam-se
os produtos da hidratação do cimento Portland
A textura é granoblástica, eqüigranular como os silicatos de cálcio hidratados e a forma-
fina, variando de micromética até 0,2 mm, com ção de hidróxido de cálcio. O hidróxido de cálcio,
raros minerais até 1 mm, em média o tamanho na imagem por elétrons retroespalhados, aparece
é micrométrico. A hornblenda, em conjunto com como superfície lisa de cor cinza escuro.
(a) (b)
Notas
1 Os autores agradecem o suporte financeiro fornecido pela Para referenciar este texto
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível OLIVEIRA, M. J. E. de. Agregado reciclado
Superior (Capes), Conselho Nacional de Desenvolvimento empregado na produção de concreto modificado com
Científico e Tecnológico (CNPq) e Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), ao Departamento
aditivo. Exacta, São Paulo, v. 4, n. especial, p. 15-24,
de Engenharia Civil da Universidade Estadual Paulista 25 nov. 2006.