No seminário ocorrido no dia 19 de outubro, fora apresentado dois textos sobre a crítica
as concepções de identidade a partir do autor Stuart Hall. Os textos utilizados foram A
identidade cultural na pós-modernidade e suas três primeiras partes e o texto complementar Quem precisa de identidade?. O seminário fora dividido em partes pelos integrantes, onde cada um pode explanar as ideias do autor.
Na primeira parte do seminário, apresentado pela integrante Letícia, foi trazido um
pouco sobre a vida do autor e suas principais realizações, além da primeira parte do livro A identidade cultural na pós-modernidade. Sendo assim, Stuart Hall é um importante sociólogo e teórico cultural, negro e jamaicano, que nasceu em Kingston no dia 3 de fevereiro de 1932 e falecido recentemente em Londres, na Inglaterra, no dia 10 de fevereiro de 2014. Na Jamaica recebera uma educação inglesa e, neste mesmo período, juntou-se à luta contra o colonialismo e a independência de seu país de origem. Em 1951 mudou-se para a Inglaterra para realizar seus estudos na universidade de Oxford, se envolvendo lá com a questão das minorias migrantes. Hall, em 1960, teve papel fundamental como editor e fundador das publicações da revista Left review. Ademais, Hall foi um dos fundadores da escola de pensamento conhecida como Estudos Culturais britânicos, onde foi reconhecido por seus estudos sobre raça e gênero. Além disso, suas principais obras traduzidas para o português são A identidade cultural na pós- modernidade e Da diáspora: identidades e mediações culturais. Em relação a essa parte, durante o debate, foi questionado sobre a atuação do Stuart Hall na Inglaterra e na Jamaica e como isso se processava na produção escrita do autor, e a resposta dirigiu-se a partir do fato da saída do autor da Jamaica antes de sua independência para a metrópole, a Inglaterra, e do impacto desta sua condição de imigrante jamaicano e de sua formação colonial em sua produção intelectual. Além disso, em uma entrevista feita pelas professoras da UFRJ Heloisa Buarque de Hollanda e Liv Sovik, Hall afirma não se identificar como um inglês e nem como um jamaicano.
Na primeira parte do livro, fora enfatizado a crise de identidade: as antigas identidades
que antes estabilizavam o mundo estão em declínio, surgindo novas identidades e fragmentando o indivíduo moderno, tudo isso parte de um processo mais amplo de mudança que deslocou as estruturas e processos das sociedades modernas. O propósito do livro fora apresentado, que é a problematização das questões sobre a identidade cultural na modernidade tardia. Assim, no primeiro e segundo capítulo é exposto as mudanças do conceito de identidade e do sujeito; no capítulo três a seis o desenvolvimento do argumento com relação a identidades culturais. Em seguida, foram explanadas as três concepções de identidade: o sujeito do Iluminismo, um sujeito centrado, unificado, cheio de razão, com a identidade sendo o seu centro, nascendo com ele e permanecendo o mesmo por toda a vida; o sujeito sociológico, com uma identidade formada na relação com outras pessoas que mediam para este os valores e a cultura. É o sujeito dos interacionistas simbólicos. Por fim, o sujeito pós-moderno, fruto de mudanças estruturais e institucionais, não possui uma identidade fixa, sendo ela formada e transformada constantemente em relação às formas como são interpelados nos sistemas culturais. São identidades diferentes em diferentes momentos. Portanto, a identidade unificada e coerente é um mito. Ademais, a identidade relacionada a globalização é apontada, e seu impacto sobre a identidade cultural: Giddens, David Harvey, Ernest Laclau realizam diferentes leituras da mudança do mundo pós-moderno, tendo como linha comum a ênfase na fragmentação da identidade.
Posteriormente, é apresentado um caso real dado pelo autor para mostrar as
consequências políticas da pluralização das identidades. Em 1991, o presidente dos Estados Unidos no período, Bush, com o objetivo de restaurar uma maioria conservadora na suprema corte, lança um juiz negro com visões políticas conservadoras. Mais tarde, entretanto, esse juiz é acusado por uma mulher negra, ex-colega de trabalho, por assédio. Esse acontecimento polarizou a sociedade americana: as identidades se cruzavam mutuamente nos indivíduos. Isso mostrou que as pessoas já não se identificavam mais em termos de classe, sendo a identificação ganhada ou perdida, tornando-se politizada.