1. Introdução
A mama possui dois sistemas: ductal e alveolar, com o câncer agindo diferentemente dependendo de
onde se manifestar.
Drenagem:
- A drenagem linfática aferente da mama é realizada pelos sistemas dérmico, subdérmico, interlobar e
pré-peitoral;
- 90% da drenagem da mama é feita pelos linfonodos axilares, 5% pela mamaria interna e 5% outros.
- No entanto, também existem vias alternativas de drenagem que não parecem estar interconectadas
com outras redes e que drenam diretamente nas bacias internas de linfonodos mamários, subclávios,
axilares contralaterais ou abdominais.
OBS.: Por isso que o tratamento do câncer de mama não pode ser local, devendo-se realizar também
tratamento axilar, através do linfonodo sentinela, ou através do espaço axilar.
2. Classificação
- Adenocarcinoma: quando inicia no tecido glandular, que é tecido epitelial. A disseminação é linfática.
OBS: Ao tratar um ca, a axila também deve ser tratado, no entanto, no caso de carcinomas, não há esta
necessidade, pois é tecido mesenquimal, não sendo comum essa via de disseminação.
b) Quanto a invasão:
- In situ
- Invasivo
3. Tipos de CA
a) Carcinoma Ductal in situ (DCIS ou carcinoma intraductal):
- Câncer não invasivo ou pré-invasivo (com a evolução ele poderá tornar-se invasor).
OBS.: Carcinoma in situ é o único câncer passível de cura, enquanto, em outros tipos, fala-se apenas em
controle, ao invés de tratamento.
- “Lesão em espelho”;
- Diante deste tipo de CA, se evita fazer tratamento conservador, pois ele costuma ser multifocal e
bilateral.
- Apresentação clínica: Mama túrgida, com sinais flogísticos persistentes (se sinais inflamatórios
desaparecem, solicitar biópsia)
- Acometimento areolar.
OBS.: Enquanto não há formação de nódulo retro areolar, é considerado in situ e curável.
- Raro;
- Disseminação vascular;
Por tropismo em ordem de frequência (as metástases viscerais são as mais graves):
OBS.: Outros tumores com relação hormonal, além do tumor de mama: tireoide, ovário, endométrio e
próstata.
5. Fatores de Risco
Geralmente o Ca de mama não possui uma única causa, e inclusive muitas das pacientes não
apresentavam nenhum fator de risco entre estes.
# Não modificáveis:
- Amamentação (causa diferenciação celular, então caso a amamentação seja muito jovem ou muito
tarde, o risco aumenta);
- Genética;
- História familiar (sobretudo parentes diretos, ainda mais se for idade anormal, por exemplo, mãe teve
câncer com 25 anos)
- História pessoal (menarca precoce e menopausa tardia – por conta da maior exposição ao estrogênio,
antecedentes de lesões proliferativas atípicas, radiação torácica previa).
# Modificáveis:
- Dieta gordurosa;
- Obesidade;
- Tabagismo e/ou etilismo (a mulher tem uma absorção muito diferente do homem, o álcool impregna
muito mais);
- Sedentarismo
- Amamentação.
OBS.: Diferentemente do Ca de colo de útero em que se tem etapas que vão se sucedendo, o de mama
não possui a história natural bem definida, dessa forma, a progressão não é bem definida.
6. Subtipos moleculares
- Diferente do triplo negativo, pois este também não tem o fator de crescimento expresso nele.
b. Luminal A:
- Costuma ter baixo grau histológico, geralmente não tendo grau de crescimento adiposo.
c. Luminal B:
d. Luminal HER:
- HER2 positivo;
- KI67 alto;
e. HER 2 Superexpressos:
- KI67 alto.
OBS.: Não tem a opção de depois da cirurgia tratar por 5 anos com bloqueador hormonal.
7. Clínica
a) Anamnese:
- Avaliar faixa etária, história pessoal e familiar, se está em uso de TH, de AC, sedentarismo, alcoolismo,
tabagismo, amamentação, etc;
- Avaliar queixas; presença de mastalgia acíclica ou cíclica (relacionada a menstruação) e se relacionada
ao esforço físico; descarga papilar espontânea, unilateral, uniductal, aspecto sanguinolento / água de
rocha (bem fluida);
OBS: Mastalgia, apesar de parecer, quase nunca tem relação com CA, geralmente está relacionada ao
uso de TH, AC, sedentarismo, uso inadequado do sutiã, etc.
OBS. Em casos de crescimento lento (10 anos com o nódulo) geralmente não vai mais evoluir, sendo
necessário apenas acompanhamento.
c) Mamografia
- Microcalcificações são decorrentes de estado de hipóxia na região devido inflamação, fumo, cirurgia
previa, etc, sendo decorrente da hipóxia o aumento do pH da área, gerando as calcificações;
- Preconização do MS:
Paciente assintomática: exame de rastreio aos 40 anos e faça a primeira mamografia aos 50
anos;
- Em pacientes jovens, o tecido glandular (branco) é o mais prevalente (exame não é muito preciso),
enquanto, à medida que a mulher envelhece, o tecido fica liposubstituído (preto), facilitando o exame;
- Exame com duas incidências: médio-lateral (tem que ver a axila, abraça a mama, quase pegando na
parede torácica, no grande peitoral) e craniocaudal.
Seguimento:
- Grande suspeita de tumor: Biópsia e pode-se solicitar TC. Pede biopsia. Pode pedir TC
OBS.: Na BIRADS 3 tem-se tumor bem delimitado com densidade baixa, ou microcalcificações
monomórficas em número menor que 5 em campo de 1 cm.
Exemplos:
- Massa de densidade muita alta com contorno mal definido: realizar exames adicionais para
definir se é hematoma, cisto, tumor benigno, etc (bi-rads 0);
9. Diagnóstico Radiológico
Ultrassonografia:
- Método complementar a mamografia (não é método de rastreio);
- Ótima aplicabilidade para a mama densa, tendo valor limitado para a mama
gordurosa/lipossubstituída;
OBS.: Imagem preta, o que significa que é uma imagem sem eco ou anecóica, isso só pode acontecer nas
imagens líquidas.
Nódulo: semelhante ao cisto, porém com imagem hipoecóica em seu interior, forma uma imagem
dentro dele. Se características benignas, apresenta crescimento igual as linhas de força da mama
(transversalmente), diferente do tumor/câncer que não tem um crescimento expansivo e sim
infiltrativo, contrário as linhas de força da mama, ele fica oval e não fica mais transversal.
Cisto simples: sem nenhuma imagem dentro dele, imagem transversal maior que a longitudinal, parede
bem regular e líquido no interior (imagem anecóica) → Categoria 02 (não evolui para câncer);
Cisto complexo: aparência anecóica com massa branca em seu interior, sendo extremamente agressivo
→ Categoria 4;
Nódulo suspeito: tão sólido, apresentando sombra posterior tão forte que não faz reforço e crescimento
infiltrativo, contrário as linhas de força da mama → Biópsia.
a. PAAF
- Punção aspirativa com agulha fina a mão livre ou guiada por imagem;
- Todos os diagnósticos serão “sugestivos”, não sendo considerado exame para embasar o início da
quimioterapia ou retirada da mama;
- Método barato, simples, não necessita anestesia e com baixo índice de complicações.
b. PAAG
- Punção aspirativa com agulha grossa a mão livre ou guiada por imagem;
c. Mamotomia
- Necessita de mesa específica e anestesia local, sendo realizada com inserção única;
- Vantagem sobre a PAAG: maior quantidade de tecidos sem a necessidade de desacoplar a pistola
(retirada de até 2 cm de mama, ou seja, em alguns casos, até de um nódulo inteiro).
d. Biópsia aberta
11. Tratamento
a) Mastectomia
- Caso não haja nódulo palpável na axila, é necessário realizar biópsia de linfonodo sentinela (apenas em
tumores malignos) e, caso resultado negativo, não é necessário retirar a cadeia axilar;
b) Esvaziamento axilar
- Níveis de Berg:
- Em caso de linfonodo comprometido na axila, se esvazia os 3 níveis (em protocolo, mas isso está sendo
estudado);
c) Quimioterapia e Radioterapia
- Hormonioterapia: Tamoxifeno.
- Uma vez que a terapia conservadora não é curativa, é necessário complemento com radioterapia no
câncer de mama (se não tiver disponibilidade para realizar radioterapia, a paciente deve ser
encaminhada à mastectomia);
- Também existe indicação de radioterapia se tumor grande (> 5 cm) ou se retirada de mais de 3
linfonodos comprometidos (relacionado a pior prognóstico e risco de recidiva);
- Quimioterapia é feita para todo paciente que tenha mais de 1 cm de tumor, variando de acordo com a
imuno-histoquímica, uma vez que se baseia no perfil imunológico do tumor;
- Quimioterapia pode ser feita também em pacientes jovens, pois estas têm um prognóstico muito pior.
d) Tratamento Adjuvante:
d.1) Hormonioterapia:
- Tamoxifeno 20 mg/dia por 5 anos é empregada nas pacientes RE positivo, na pré-menopausa, e na pós-
menopausa o Anastrozol.
-Anastrozol é um inibidor de aromatase que só age perifericamente, sendo indicado para mulheres pós-
menopausa, já que a fonte de estrogênio dessa mulher é a gordura periférica;
- O tratamento com hormônio básico é o Tamoxifeno, em todas as pacientes com receptores positivos
na pré e pós-menopausa (mais usado na pré).
- Tumores > que 1 cm: Poliquimioterapia (independente do status linfonodal, RH, idade, etc);
12. Seguimento
Acompanhamento: de 4 em 4 meses no 1o ano, depois de 6 em 6 meses e para sempre 1 vez por ano;
Orientar atividade física e, para as acima do peso, perda ponderal (evitar aromatização);
Avaliar os órgãos com os quase pode existir relação: tireóide, ovário, endométrio e intestino.