É para a história de cada um de nós que a Psicogenealogia olha. Partindo do princípio de que,
quando chegamos já encontramos um sistema ao qual passamos a pertencer, esta abordagem
nos mostra o quanto muitas vezes estamos presos em dramas e papéis que não são nossos e sim
de alguém de nossa árvore genealógica.
Ela é uma abordagem que busca compreender de que maneira a história de nossos
antepassados pode estar atuando sobre nossa vida presente, propondo assim caminhos para
que possamos nos liberar e assumir a nossa própria identidade.
O dramaturgo chileno também fez experiências com o teatro e arte, que para ele são
terapêuticos e deu origem ao que ele chamou de psicomagia, uma técnica que
encenava atos simbólicos e curativos na vida cotidiana, buscando liberar bloqueios
presos no inconsciente.
3 pilares da Psicogenealogia
Podemos dizer que existem três fundamentos básicos desse conhecimento e que já são bem
conhecidos pelos profissionais da Psicologia. São eles a Projeção, a Identificação e a Repetição.
Projeção – Recebemos de nossos pais, que antes mesmo do nosso nascimento já possuem em
seu imaginário idéias construídas muito antes da nossa concepção. Pode ser a admiração por
um irmão mais velho ou por um membro da família, ou a criação de sonhos internos em relação
aos filhos.
Neste campo deve ser considerado também o clima psicológico, o ambiente social e o momento
onde a criança é concebida. Nesta projeção, entram também o medo e as angústias dos pais. O
pais projetam nos filhos o que eles experimentaram ao longo da vida.
Porém, como nos ensina Anne Ancelin, o insconsciente tem boa memória e trará de
volta todos aqueles que foram excluídos, pois todos precisam ter seu lugar de
pertencimento garantido. Ana Garlet nos explica assim: “O que é, é. Quem faz parte,
faz parte sem nenhuma distinção.”
Conceitos importantes
A Psicogenealogia se utiliza de conceitos provenientes de outras linhas de estudo da psicologia,
como psicanálise, teoria sistêmica, entre outras. Vamos olhar para alguns deles nos parágrafos a
seguir.
Transgeracionalidade: é o termo que fala sobre o que passa “através das gerações”. Na
psicogenealogia pode ser tratado como a influência que a geração passada exerce sobre a
geração presente. A idéia surgiu primeiramente com Freud, onde no livro “Totem e Tabu” ele
fala da transmissão de conteúdos inconscientes através de gerações .
Síndrome de Aniversário: Consiste na repetição de datas, em anos diferentes entre integrantes
de um mesmo sistema, mas em gerações distintas. As vezes há repetição de datas de
nascimentos (ou muito próximas), de mortes, acidentes, casamentos, entre outras. Muitas vezes,
por exemplo, datas de luto podem ser lembradas através de uma fragilidade de saúde em um
membro de uma geração posterior. Esse sintoma sistêmico é uma forma de trazer pertencimento
a todos.
ealdade Familiar: também conhecido como lealdade invisível. Imagine que em um sistema
familiar há um caderno de contas e que, muitas vezes, um membro que chega depois ao sistema
(por exemplo um filho) pode tender a querer “compensar, pagar, quitar” algo que é de quem
veio antes (os pais ou avós por exemplo). É como se eles fossem tomados pela árvore para
concluir algo que não foi possível ou para solucionar algo que ficou mal resolvido em uma
geração anterior. Assim como Bert Hellinger, Anne Ancelin fala que “o que recebemos de
nossos pais, daremos aos nossos filhos.”
Sindrome de Gisant: Foi desenvolvido pelo Dr. Salomon Sellam e apresentado em seu livro Le
Syndrôme du Gisant – un subtil enfant de replacemente (Sindrome de Gisant – um filho de
substitução, em tradução livre) em 2001. Gisant é algum integrante do sistema que
insconscientemente traz à tona um drama vivido anteriormente pela família. O Gisant busca
uma reparação ou reação a um evento ocorrido nas gerações anteriores.
Genossociograma: a ferramenta de trabalho de um
psicogenealogista
O principal ponto de partida deste trabalho é o genossociograma, explica Ana Garlet.
Na prática, quando dizemos que estamos fazendo um trabalho de psicogenealogia, quer dizer
que estamos coletando informações para compreender nossa história. Desenhamos nossa
árvore e incluímos todas as pessoas e dados que conhecemos, de forma mais completa possível.
São importantes os nomes de cada pessoa, assim como lugares em que residiram. Tudo vai
sendo registrado e é surpreendente o que vai acontecendo durante o trabalho: há conexões e
repetições de fatos e datas que começam a saltar aos olhos, e vamos compreendendo melhor
tudo o que recebemos de legado emocional e social, “porque” nossos pais e avós sentiam e
pensavam de determinadas formas, o que atuava na vida de cada um que veio antes de nós.
Quando olhamos para o que atua, fica mais possível de tomarmos a decisão de e assumir a
responsabilidade pelo nosso destino e o nosso caminhar na vida. Honramos as histórias
passadas, reconhecemos nela parte de nossa própria história e seguimos dentro do que nos
pertence.