Matemática
Objetivo
Segundo Nobre, Teixeira e Baroni (2005) ainda são bastante tímidas as iniciativas ou
interesse em levar a História da Matemática a alunos de Ensinos Fundamental e Médio.
Apontam, como possíveis razões, o fato de que normalmente o professor que ensina História
da Matemática em instituições de nível superior não é o mesmo de instituições de ensino
básico. Indicam, ainda, que quando encontramos algum professor secundário ensinando
História da Matemática num viés pedagógico é por diletantismo, pois não são treinados e não
têm formação para tal prática. Este ponto de vista é confirmado pelo trabalho de Souto (1997),
o qual mostra que na concepção dos professores de Ensino Fundamental, a História da
Matemática não constitui, de fato, um recurso didático e, nas poucas abordagens históricas a
que se referem, a história aparece totalmente desvinculada do conteúdo matemático. Os
professores também fazem menção à sua precária ou inexistente formação em História da
Matemática.
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Muito se tem falado sobre o suposto potencial didático da história, mas, como vemos
no exposto anteriormente, este potencial está longe de ser aplicado de uma forma bem
estruturada e eficaz. Com o intuito de verificar em que medida a História da Matemática vem
sendo utilizada com fins didáticos, escolhemos analisar os chamados livros paradidáticos que,
segundo Dalcin (2002), desfrutam de um maior grau de liberdade, pois não estão diretamente
atrelados a políticas oficiais, ao contrário dos livros didáticos. Por terem uma maior liberdade,
pensamos que os paradidáticos constituem um meio eficaz de divulgação da História da
Matemática como recurso pedagógico, visto que, conforme a própria Editora Ática – editora
que cunhou o termo paradidático no final dos anos 70 do século XX (DALCIN, 2002) –
evidencia, os paradidáticos são desenvolvidos para proporcionar ao professor uma abordagem
diferenciada do conteúdo dos programas.
Buscando definir os chamados livros “paradidáticos”, consultamos o artigo de Yasuda
e Teixeira (1995), que diz: “são consideradas paradidáticas as obras produzidas para o
mercado escolar sem as características funcionais e de composição do manual didático”. Ou
ainda, segundo Munakata (1997):
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do conhecimento matemático – no passado (filogênese) e a produção e/ou apropriação pessoal
desse conhecimento no presente (psicogênese).
Através de um levantamento bibliográfico e do cruzamento de referências,
identificamos, como trabalhos mais citados no tratamento de livros paradidáticos, as teses de
Ramos (1987), Zamboni (1991), Viana (1995) e Cury (1997) e o artigo de Yasuda e Teixeira
(1997). Todos esses trabalhos abordam temas relacionados a livros paradidáticos em questões
educacionais, mas somente um (Viana) tece comentários sobre paradidáticos de Matemática,
embora não fosse essa sua temática central.
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selo Gaia). Consultamos também as publicações da Sociedade Brasileira de História da
Matemática e da Sociedade Brasileira de Educação Matemática. Identificamos 37 livros que
fazem uso da História da Matemática, mas ainda não tivemos contato com as obras. Em um
segundo momento, pretendemos refinar a pesquisa e tentar encontrar outros livros que por
ventura ainda não foram elencados e, posteriormente, analisá-los.
Fica difícil a priori definir procedimentos de análise do material que será obtido, já
que serão eles próprios que determinarão o tipo de análise a ser feita.
Exeqüibilidade
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BRASIL/ Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros Curriculares Nacionais:
Matemática. Brasília: Secretaria de Educação Fundamental/ MEC, 1997.
BRASIL/ Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros Curriculares Nacionais:
terceiro e quarto ciclos: Matemática. Brasília: Secretaria de Educação Fundamental, 1998.
CURY, C. E. Noções de cidadania em paradidáticos. Dissertação de mestrado. Campinas:
Faculdade de Educação, UNICAMP, 1997.
DALCIN, A. Um olhar sobre o paradidático de matemática. Dissertação de mestrado
Campinas: Faculdade de Educação, UNICAMP, 2002.
KATZ, V. J. A History of Mathematics: An Introduction. HarperCollins College Publishers,
1993.
MIGUEL, A. Três estudos sobre história e educação matemática. Tese de Doutorado.
Campinas: Faculdade de Educação, UNICAMP, 1993.
MIGUEL, A; MIORIM, M. A. História na Educação Matemática: Propostas e desafios.
Belo Horizonte: Autêntica, 2004.
MUNAKATA, K. Produzindo livros didáticos e paradidáticos. Tese de Doutorado. São
Paulo: PUC, 1997.
PRADO, E. L. B. História da Matemática: um estudo de seus significados na Educação
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UNESP, 1990.
RAMOS, M. C. M. O paradidático: esse rendoso desconhecido. Tese de Doutorado. São
Paulo: Faculdade de Educação, USP, 1987.
SEBASTIANI FERREIRA, E. O uso da História da Matemática na formalização de
conceitos. BOLEMA, Rio Claro, v. Especial, n.2, p.26-41, 1992.
SOUTO, R. M. A. História e ensino da matemática: um estudo sobre as concepções do
professor de ensino fundamental. Dissertação de mestrado. Rio Claro: Instituto de
Geociências e Ciências Exatas, UNESP, 1997.
VIANA, C. R. Matemática e História: algumas relações e implicações pedagógicas.
Dissertação de mestrado. São Paulo: Faculdade de Educação, USP, 1995.
YASUDA, A. M. B. G.; TEIXEIRA, M. J. C. “A circulação do paradidático no cotidiano
escolar”. In: BRANDÃO, H; MICHELETTI, G. Aprender a ensinar com livros didáticos e
paradidáticos. São Paulo: Cortez, 1997, pp167-195.
ZAMBONI, Ernesta. Que história é essa? Uma proposta analítica dos livros. Tese de
Doutorado. Campinas: Faculdade de Educação, UNICAMP, 1991.