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ISSN 1677-1419

Ano 4, Vol. 4, Número 4 - 2003


ISSN 1677-1419

Ano 4, Vol. 4, Número 4 - 2003


Sumário Ano 4, Vol. 4, Número 4 - 2003
Conselho Consultivo ................................................................................ 05

Apresentação ............................................................................................ 09

I - Les Mesures Provisoires de Protection dans la Jurisprudence de la Cour


Interaméricaine des Droits de L'Homme
Antônio Augusto Cançado Trindade....................................................13

II - Legitimação do Sistema Penitenciário no Contexto de uma Política de


Observância dos Direitos Fundamentais
César Oliveira de Barros Leal................................................................27

III - O Direito Internacional Humanitário como Sistema de Proteção


Internacional da Pessoa Humana
Christophe Swinarski.............................................................................33

IV. Politique Criminelle et Droits Humains: Aggravation et Alternatives


Pénales
Djason B. Della Cunha...........................................................................49

V - Restorative Justice as a Human Right


Hal Pepinsky.............................................................................................................................................................................61

VI - El Fortalecimiento de la Jurisdicción Nacional como Desafío de la Jurisdicción Internacional sobre Derechos Humanos.
Las Enseñanzas del Ámbito Interamericano
Luis Fco. Cervantes G.............................................................................................................................................................67

VII - Hacia la Desconstrucción de los Derechos Humanos: Un Análisis desde la Comprensión Posmoderna de la Justicia
Luis González Placencia.........................................................................................................................................................97

VIII - Los Derechos Económicos en el Sistema Interamericano de Protección de los Derechos Humanos: Resultados y
Perspectivas
Michelangela Scalabrino.....................................................................................................................................................113

IX - Considerações acerca da Tipificação dos Crimes Internacionais Previstos no Estatuto de Roma


Otavio Augusto Drummond Cançado Trindade.................................................................................................................167

X - Constituição, Cidadania e Estado Democrático de Direito


Wilba Lúcia Maia Bernardes.................................................................................................................................................179

ANEXOS........................................................................................................................................................................................191

XI - Consejo Permanente de la Organización de los Estados Americanos; Comisión de Asuntos Jurídicos y Políticos
(Presentación del Presidente de la Corte Interamericana de Derechos Humanos)....................................................................193

XII - II Congresso Internacional de Prevenção Criminal, Segurança Pública e Administração da Justiça: Uma Visão do Presente e
do Futuro à Luz dos Direitos Humanos (Fortaleza, 24 a 27 de Abril de 2003)
Discurso Pronunciado na Solenidade de Abertura..................................................................................................................219

XIII - II Congresso Internacional de Prevenção Criminal, Segurança Pública e Administração da Justiça: Uma Visão do Presente
e do Futuro à Luz dos Direitos Humanos (Fortaleza, 24 a 27 de Abril de 2003)
Carta de Fortaleza..................................................................................................................................................................223

Conselho Editorial......................................................................................................................................................................229
IBDH Revista do
Instituto Brasileiro de Direitos Humanos
Ano 4, Vol. 4, Número 4 - 2003

Organizadores:
Antônio Augusto Cançado Trindade
César Oliveira de Barros Leal

Conselho Editorial
Antônio Augusto Cançado Trindade
César Oliveira de Barros Leal
Paulo Bonavides
Washington Peluso Albino de Souza
Antônio Álvares da Silva
Antônio Celso Alves Pereira
Antônio Paulo Cachapuz de Medeiros
Arnaldo Oliveira
Carlos Weis
O conteúdo dos artigos Emmanuel Teófilo Furtado
é de inteira responsabilidade Gonzalo Elizondo Breedy
dos autores. Hélio Bicudo
Hermes Vilchez Guerrero
Jaime Ordóñez
Manuel E. Ventura-Robles
Margarida Genevois
Maria Glaucíria Mota Brasil
Permite-se a reprodução parcial Néstor José Méndez González
ou total dos artigos aqui Renato Zerbini Ribeiro Leão
publicados desde que seja Roberto Cuéllar
Sílvia Maria da Silva Loureiro
mencionada a fonte. Willis Santiago Guerra Filho

Projeto Gráfico/Capa, Criação e Arte/


Editoração Eletrônica
Distribuição: Nilo Alves Júnior
Instituto Brasileiro de Direitos
Humanos Diagramação
Franciana Pequeno
Rua José Carneiro da Silveira, 15 -
Revisão
ap. 301. Papicu César Oliveira de Barros Leal
CEP: 60190.760
Fortaleza - Ceará - Brasil
Telefax: +55 85 234.32.92 Revista do Instituto Brasileiro de Direitos Humanos.
V. 4, N. 4 (2003). Fortaleza, Ceará.
Instituto Brasileiro de Direitos Humanos, 2003.
Anual.

A Revista do 1. Direitos Humanos - Periódicos. I. Brasil.


Instituto Brasileiro de Direitos Humanos Instituto Brasileiro de Direitos Humanos.
é uma publicação anual do IBDH.
CDU
........................................................................................
IBDH

Revista do
Instituto Brasileiro de Direitos Humanos

Ano 4, Vol. 4, Número 4 - 2003


CONSELHO CONSULTIVO DO IBDH

Antônio Augusto Cançado Trindade (Presidente de Honra)


Ph.D. (Cambridge – Prêmio Yorke) em Direito Internacional; Professor Titular
da Universidade de Brasília e do Instituto Rio Branco; Juiz e Presidente da Corte
Interamericana de Direitos Humanos; ex-Consultor Jurídico do Ministério das
Relações Exteriores do Brasil; Membro dos Conselhos Diretores do Instituto
Interamericano de Direitos Humanos e do Instituto Internacional de Direitos
Humanos; Membro Titular do “Institut de Droit International”.

César Oliveira de Barros Leal (Presidente)


Mestre em Direito; Procurador do Estado do Ceará; Professor da Faculdade de
Direito da Universidade Federal do Ceará; Membro Titular do Conselho
Nacional de Política Criminal e Penitenciária; Membro da Sociedade Americana
de Criminologia e da Academia Brasileira de Direito Criminal; vice-Presidente
da Sociedade Brasileira de Vitimologia; Membro da Academia Cearense de
Letras e da Academia de Ciências Sociais do Ceará.

Paulo Bonavides (1o vice-Presidente)


Doutor em Direito; Professor Emérito da Faculdade de Direito da Universidade
Federal do Ceará; Professor Visitante nas Universidades de Colonia (1982),
Tennessee (1984) e Coimbra (1989); Presidente Emérito do Instituto Brasileiro
de Direito Constitucional; Doutor Honoris Causa pela Universidade de Lisboa;
Titular das Medalhas “Rui Barbosa” da Ordem dos Advogados do Brasil (1996)
e “Teixeira de Freitas” do Instituto dos Advogados Brasileiros (1999).

Washington Peluso Albino de Souza (2o vice-Presidente)


Professor Emérito da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas
Gerais; ex-Diretor e Decano da Faculdade de Direito da Universidade Federal de
Minas Gerais; Presidente da Fundação Brasileira de Direito Econômico.

Andrew Drzemczewski
Ph. D. (Universidade de Londres); ex-Professor Visitante da Universidade de
Londres; Diretor da Unidade de “Monitoring” do Conselho da Europa;
Conferencista em Universidades de vários países.

5
Alexandre Charles Kiss
Ex-Secretário Geral e ex-vice-Presidente do Instituto Internacional de Direitos
Humanos (Estrasburgo); Diretor do Centro de Direito Ambiental da
Universidade de Estrasburgo; Diretor de Pesquisas do “Centre National de la
Recherche” (França); Conferencista em Universidades de vários países.

Antonio Sánchez Galindo


Ex-Diretor do Centro Penitenciário do Estado do México; ex-Diretor Geral de
Prevenção e Readaptação Social do Estado do México; ex-Professor de Direito
Penal da UNAM; Membro da Academia Mexicana de Ciências Penais e da
Sociedade Mexicana de Criminologia; Diretor Técnico do Conselho de Menores
da Secretaria de Segurança Pública do México.

Celso Albuquerque Mello


Professor Titular de Direito Internacional Público da Pontifícia Universidade
Católica do Estado do Rio de Janeiro; Livre-Docente e Professor de Direito
Internacional Público da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de
Janeiro e da Universidade Estadual do Rio de Janeiro; Juiz do Tribunal
Marítimo.

Christophe Swinarski
Ex-Consultor Jurídico do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV-
Genebra); Delegado do CICV no Extremo Oriente e ex-Delegado do CICV na
América do Sul (Cone Sul); Conferencista em Universidades de vários países.

Dalmo de Abreu Dallari


Professor da Universidade de São Paulo; ex-Secretário de Negócios Jurídicos da
Cidade de São Paulo; Membro da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de
São Paulo.

Fernando Luiz Ximenes Rocha


Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará; Professor da
Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará; ex-Diretor Geral da
Escola Superior da Magistratura do Ceará; ex-Procurador Geral do Município de
Fortaleza; ex-Procurador do Estado do Ceará; ex-Procurador Geral do Estado do
Ceará; ex-Secretário da Justiça do Estado do Ceará; ex-Secretário do Governo do
Estado do Ceará.

Fides Angélica de Castro Veloso Mendes Ommati


Advogada; ex-Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional do
Piauí; Conselheira Federal da Ordem dos Advogados do Brasil.

6
Flávia Piovesan
Procuradora do Estado de São Paulo; Professora de Direito Constitucional e
Direitos Humanos da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Héctor Fix-Zamudio
Professor Titular e Investigador Emérito do Instituto de Pesquisas Jurídicas da
Universidade Nacional Autônoma do México; Juiz e ex-Presidente da Corte In-
teramericana de Direitos Humanos; Membro da Subcomissão de Prevenção de
Discriminação e Proteção de Minorias das Nações Unidas; Membro do
Conselho Diretor do Instituto Interamericano de Direitos Humanos.

Jaime Ruiz de Santiago


Professor da Universidade Ibero-americana do México; ex-Encarregado de
Missão do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR)
no Brasil; ex-Delegado do ACNUR em San José – Costa Rica; Conferencista em
Universidades de vários países.

Jayme Benvenuto Lima Júnior


Mestre em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco; Consultor
Jurídico do GAJOP (Recife).

Karel Vasak
Ex-Secretário Geral do Instituto Internacional de Direitos Humanos; Ex-
Consusltor Jurídico da UNESCO.

Nilmário Miranda
Secretário Nacional de Direitos Humanos; ex-Presidente da Comissão Nacional
de Direitos Humanos.

Nilzardo Carneiro Leão


Professor da Faculdade de Direito de Recife (Pernambuco); Professor de
Direitos Humanos da Academia de Polícia de Pernambuco.

Ruth Villanueva Castilleja


Mestre em Educação Familiar; Doutora em Administração da Justiça; ex-
Diretora de Direitos Humanos da Procuradoria Geral da República do México;
ex-Presidente do Conselho de Menores da Secretaria de Segurança Pública do
México.

7
Wagner Rocha D’Angelis
Mestre e Doutorando em Direito; Presidente da Associação de Juristas pela
Integração da América Latina; Professor de Direito Internacional Público e
Direito da Integração da Universidade Tuiuti (Paraná).

8
APRESENTAÇÃO

O Instituto Brasileiro de Direitos Humanos (IBDH) tem a


satisfação de dar a público o quarto número de sua Revista, instrumento pelo
qual contribui com periodicidade regular para o desenvolvimento do ensino e da
pesquisa na área dos direitos humanos, visando à promoção desses no âmbito da
realidade brasileira. No entendimento do IBDH, o ensino e a pesquisa em
direitos humanos giram necessariamente em torno de alguns conceitos básicos.
Há que afirmar, de início, a própria universalidade dos direitos humanos,
inerentes que são a todos os seres humanos, e conseqüentemente superiores e
anteriores ao Estado e a todas as formas de organização política. Por
conseguinte, as iniciativas para sua promoção e proteção não se esgotam – não
se podem esgotar – na ação do Estado.

Há que igualmente destacar a interdependência e


indivisibilidade de todos os direitos humanos (civis, políticos, econômicos,
sociais e culturais). Ao propugnar por uma visão necessariamente integral de
todos os direitos humanos, o IBDH adverte para a impossibilidade de buscar a
realização de uma categoria de direitos em detrimento de outras. Quando se
vislumbra o caso brasileiro, a concepção integral dos direitos humanos impõe-se
com maior vigor, porquanto desde os seus primórdios de sociedade predatória
até o acentuar da crise social agravada nos anos mais recentes, nossa história
tem sido até a atualidade marcada pela exclusão, para largas faixas
populacionais, seja dos direitos civis e políticos, em distintos momentos, seja
dos direitos econômicos, sociais e culturais.

A concepção necessariamente integral de todos os direitos


humanos se faz presente também na dimensão temporal, descartando fantasias
indemonstráveis como a das gerações de direitos, que têm prestado um
desserviço à evolução da matéria ao projetar uma visão fragmentada ou
atomizada no tempo dos direitos protegidos. Todos os direitos para todos é o
único caminho seguro. Não há como postergar para um amanhã indefinido a
realização de determinados direitos humanos. No presente domínio de proteção
impõe-se maior rigor e precisão conceituais, de modo a tratar, como verdadeiros
direitos que são, os direitos humanos em sua totalidade.

9
Para lograr a eficácia das normas de proteção, há que partir da
realidade do quotidiano e reconhecer a necessidade da contextualização das
normas de proteção em cada sociedade humana. Os avanços logrados nesta área
têm-se devido, em grande parte, sobretudo, às pressões da sociedade civil contra
todo tipo de poder arbitrário, somadas ao diálogo com as instituições públicas. A
cada meio social está reservada uma parcela da obra de construção de uma
cultura universal de observância dos direitos humanos.

Os textos, em várias línguas, que compõem este quarto número


da Revista do IBDH enfeixam uma variedade de tópicos atinentes à temática dos
direitos humanos. As contribuições enfocam pontos de extrema relevância como:
As Medidas Provisórias de Proteção na Jurisprudência da Corte Interamericana
de Direitos Humanos; Legitimação do Sistema Penitenciário no Contexto de uma
Política de Observância dos Direitos Fundamentais; o Direito Internacional
Humanitário como Sistema de Proteção Internacional da Pessoa Humana;
Política Criminal e Direitos Humanos; Justiça Restaurativa; o Fortalecimento da
Jurisdição Nacional como Desafio da Jurisdição Internacional sobre Direitos
Humanos; a Desconstrução dos Direitos Humanos; a Transnacionalização das
Fronteiras Jurídicas de Proteção dos Direitos Humanos; os Direitos Econômicos
no Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos; Considerações
acerca da Tipificação dos Crimes Internacionais Previstos no Estatuto de Roma;
e Constituição, Cidadania e Estado Democrático de Direito. Em anexo: a
Apresentação do Presidente da CIDH ante a Comissão de Assuntos Jurídicos e
Políticos do Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos; o
Discurso pronunciado pelo Presidente do IBDH no II Congresso Internacional de
Prevenção Criminal, Segurança Pública e Administração da Justiça: Uma Visão
do Presente e do Futuro à Luz dos Direitos Humanos, organizado pelo IBDH, em
Fortaleza, Ceará, no período de 24 a 27 de abril de 2003; a Carta de Fortaleza,
apresentada no final do referido Congresso.

Está o IBDH convencido de que o progresso da proteção


internacional dos direitos humanos se encontra hoje diretamente ligado à adoção
e aperfeiçoamento das medidas nacionais de implementação, preservados
naturalmente os padrões internacionais de salvaguarda dos direitos humanos.
Toda a temática dos direitos humanos encontra ressonância imediata na
sociedade brasileira contemporânea. O convívio com a violência em suas
múltiplas formas, a insegurança da pessoa e o medo diante da criminalidade, a
brutalidade dos níveis crescentes de destituição e exclusão, a desconfiança da
população quanto à eficácia da lei, a chaga da impunidade, clamam pela
incorporação da dimensão dos direitos humanos em todas as áreas de atividade
humana em nosso meio social.

10
Entende o IBDH que, no presente domínio de proteção, o
direito internacional e o direito interno se encontram em constante interação, em
benefício de todos os seres humanos protegidos. Assim sendo, manifesta o
IBDH sua estranheza ante o fato de não se estar dando aplicação cabal ao art. 5°,
§ 2°, da Constituição Federal Brasileira vigente, de 1988, o que acarreta
responsabilidade por omissão. No entendimento do IBDH, por força do art. 5°,
§ 2°, da Constituição Brasileira, os direitos consagrados nos tratados de direitos
humanos em que o Brasil é Parte incorporam-se ao rol dos direitos
constitucionalmente consagrados. Há que os tratar dessa forma, como preceitua
nossa Constituição, para buscar uma vida melhor para todos quantos vivam no
Brasil.

Como um repositório de pensamento independente e de análise


e discussão pluralistas sobre os direitos humanos, a Revista do IBDH busca o
desenvolvimento do ensino e da pesquisa sobre a matéria em nosso País. Desse
modo, na tarefa de consolidação de um paradigma de observância plena dos
direitos humanos em nosso meio, espera o IBDH poder dar sua contribuição à
redução do fosso que separa o quotidiano dos cidadãos brasileiros do ideário
embutido na Constituição Federal e consagrado nos tratados internacionais de
proteção dos direitos humanos em que o Brasil é Parte.

Antônio Augusto Cançado Trindade


César Oliveira de Barros Leal

11
12
LES MESURES PROVISOIRES DE PROTECTION DANS
LA JURISPRUDENCE DE LA COUR INTERAMÉRICAINE
DES DROITS DE L'HOMME

ANTÔNIO AUGUSTO CANÇADO TRINDADE1


Ph.D. (Cambridge – Prêmio Yorke) em Direito Internacional; Professor Titular da Universidade de Brasília
e do Instituto Rio Branco; Juiz e Presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos; ex-Consultor
Jurídico do Ministério das Relações Exteriores do Brasil; Membro dos Conselhos Diretores do Instituto
Interamericano de Direitos Humanos e do Instituto Internacional de Direitos Humanos; Membro Titular do
“Institut de Droit International”; Presidente de Honra do Instituto Brasileiro de Direitos Humanos.

Je suis particulièrement heureux de l'ordre juridique interne, la procédure


pouvoir examiner, dans le cadre de cette Table- conservatoire s'est développée en vue de
Ronde sur “Mesures Conservatoires et Droits sauvegarder l'efficacité de la fonction
Fondamentaux” organisée par l'Institut juridictionnelle. L'action conservatoire est
International des Droits de l'Homme et devenue une action ayant pour objet la garantie,
l'Université de Paris-II (Panthéon-Assas) à non plus directement du droit subjectif per se,
Strasbourg (11.07.2002), les mesures provisoires mais plutôt de l'activité juridictionnelle même.
de protection ordonées par la Cour
Interaméricaine des Droits de l'Homme. En effet, C'est surtout la doctrine processualiste
ces mesures ont singulièrement gagné en italienne de la première moitié du XXème siècle3
importance dans la jurisprudence récente de la qui a contribué de façon décisive en faveur de
Cour Interaméricaine, – comme nous l'indiquent l'autonomie de l'action conservatoire.4 Pourtant,
les trois tomes de la Série E (Medidas cette construction doctrinale n'a pu se libérer d'un
Provisionales de Protección) publiés jusqu'à certain formalisme juridique, laissant parfois
présent par la Cour Interaméricaine, – mettant l'impression de considérer le procès comme une
ainsi en exergue la dimension préventive de la fin en soi, et non pas comme un moyen pour la
protection internationale des droits de l'homme. réalisation de la Justice.
De plus, elles représentent aujourd'hui une
véritable garantie juridictionnelle de caractère Les mesures conservatoires parviennent à
préventif, et constituent l'un des aspects les plus l'ordre juridique international (dans la pratique
arbitrale et judiciaire internationales),5 malgré la
gratifiants de l'action de sauvegarde
internationale des droits fondamentaux de la structure différente de celui-ci, si on le compare
personne humaine. Comme toute institution au droit interne. La transposition des mesures
provisoires ou conservatoires de l'ordre juridique
juridique, ces mesures sont susceptibles d'être
perfectionnées, en particulier vues sous l'angle interne à l'international toujours face à la
d'une conception essentiellement évolutive du probabilité ou à l'imminence d'un “dommage
Droit. irréparable”, et la préoccupation ou la nécessité
d'assurer la “réalisation future d'une situation
Tout d'abord, il faut toujours prendre en juridique” ont eu pour effet d'étendre le domaine
compte quelques précisions conceptuelles au de la juridiction internationale, avec la réduction
sujet de la transposition historique des mesures conséquente du célèbre domaine réservé de
provisoires, des systèmes juridiques nationaux à l'Etat.6
l'ordre juridique international, ainsi qu'à la
transposition de ces mesures dans le cadre du Cette transposition innovatrice a dû
Droit International Public – au Droit surmonter certains obstacles7, mais, au fil des
ans, l'érosion du concept de “domaine réservé de
International des Droits de l'Homme, droit doté
d'une spécificité qui lui est propre2. Au plan de l'État (ou “compétence nationale exclusive”) est

13
devenue évidente, la même pratique judiciaire conservatoires cherchent à éviter qu'un acte pris
internationale ayant contribué à cette erosion.8 par l'une des parties pendente lite ne porte
L'article 41 du Statut de la Cour Internationale de atteinte aux droits de l'autre, affectant ainsi l'arrêt
Justice (CIJ) – et de son antécesseur, la Cour quant au fond. Les parties doivent donc s'abstenir
Permanente de Justice Internationale (CPJI) de tout acte qui puisse étendre ou aggraver le
consacre effectivement le pouvoir de la Cour de différend et produire un effet préjudiciable pour
La Haye d'”indiquer” des mesures provisoires ou l'exécution du futur arrêt quant au fond de
conservatoires. Le verbe utilisé a provoqué un l'affaire.15 Ce rationale des mesures
débat doctrinal considérable sur leur caractère conservatoires dans la procédure judiciaire et
obligatoire, ce qui n'a pas empêché le arbitrale internationale plonge ses racines dans
développement d'une vaste jurisprudence (de la celui des mesures conservatoires du droit de la
CPJI et de la CIJ) en la matière.9 procédure interne.

Pourtant, en omettant, pendant plus de En effet, en matière de procédure, les


cinq décennies, de préciser les effets juridiques mesures conservatoires ou provisoires, au plan
de l'indication de ses propres mesures aussi bien interne qu'international,
conservatoires, la CIJ a contribué à l'absence de respectivement, ont pour objet commun de
définition en la matière, génératrice d'incertitudes rechercher le maintien de l'équilibre entre les
dans la théorie et la pratique dans ce domaine, parties, dans la mesure du possible. La
rendant possible aux États concernés, de ne pas susmentionnée transposition des dites mesures de
respecter les mesures conservatoires ordonnées l'ordre interne à l'international – spécifiquement,
durant les dernières années.10 Il aura été au contentieux inter-étatique, – ne semble pas
nécessaire d'attendre plus d'un demi-siècle pour avoir provoqué, en ce point précis, un
que, dans son arrêt récent du 27.06.2001, la CIJ changement fondamental concernant l'objet de
parvienne finalement à la conclusion que les telles mesures. Ce changement n'a vu le jour qu'à
mesures provisoires indiquées par elle sont l'occasion de la transposition plus récente des
obligatoires!11 mesures provisoires ou conservatoires de l'ordre
juridique international – le contentieux
Malgré les incertitudes en la matière, la traditionnel entre États – au Droit International
jurisprudence internationale a cependant cherché des Droits de l'Homme, droit doté d'une
à clarifier, tout au long des années, la nature spécificité qui lui est propre.
juridique des mesures provisoires, à caractère
essentiellement préventif, indiquées ou C'est, effectivement, dans le domaine
ordonnées sans préjuger du fond de la requête. d'application de ce dernier, que les mesures
Ces mesures sont à l'heure actuelle indiquées ou provisoires se libèrent du formalisme juridique
ordonnées par les tribunaux internationaux de l'école traditionnelle de la science du Droit.
contemporains,12 en plus des tribunaux Dans le Droit International des Droits de
nationaux.13 L'usage généralisé au plan aussi l'Homme, les mesures provisoires vont plus loin
bien national qu'international qu'on en a fait a en matière de protection, revêtant une portée sans
mené un courant doctrinal à considérer de telles précédents,16 et déterminant – en raison de leur
mesures comme équivalentes à un véritable caractère obligatoire l'efficacité du propre droit
principe général du droit, commun à de recours individuel au plan international.17 En
virtuellement tous les systèmes juridiques réalité, dans le présent domaine d'application, en
nationaux, et ratifié ou confirmé par la pratique plus de leur caractère essentiellement préventif,
des tribunaux nationaux, arbitraux, et de telles mesures protègent effectivement les
internationaux.14 droits fondamentaux, au sens où elles cherchent à
éviter des dommages irréparables à la personne
L'objet des mesures conservatoires ou humaine comme sujet du Droit International des
provisoires dans le contentieux international Droits de l'Homme. Dans le cadre de ce dernier,
(dans le cadre du Droit International Public) est qui est essentiellement un droit de protection de
bien connu: préserver les droits revendiqués par l'être humain, les mesures provisoires atteignent
l'une des parties, et, ce faisant, l'intégrité de la effectivement leur plénitude, revêtant un
décision quant au fond de l'affaire, empêchant caractère, plus que conservatoire (cautelar),
ainsi que celle-ci ne soit dépourvue d'objet et véritablement de protection (tutelar).
d'efficacité, et que le résultat final du procès n'en
soit frustré. En d'autres mots, les mesures

14
C'est ce qui se dégage de l'article 63(2) de par la Cour Interaméricaine, durant ces dernières
la Convention Américaine sur les Droits de années, pendant lesquelles s'est accentué le
l'Homme, qui stipule: – “Dans les cas d'extrême recours fréquent à ces mesures afin de faire face
gravité requérant la plus grande célérité dans aux demandes de protection des droits de la
l'action, et lorsqu'il s'avère nécessaire d'éviter des personne humaine dans notre région du monde.
dommages irréparables à des personnes, la Cour
pourra, à l'occasion d'une espèce dont elle est Effectivement, les mesures provisoires
saisie, ordonner les mesures provisoires qu'elle ordonnées par la Cour Interaméricaine ont été
juge pertinente. S'il s'agit d'une affaire dont elle dictées en fonction des nécessités de protection,
n'a pas encore été saisie, elle pourra prendre de aussi longtemps qu'étaient réunies les conditions
telles mesures sur requête de la Commission. de base requises, à savoir, l'extrême gravité et
L'article 25(1) du nouveau Règlement (de l'an l'urgence, et la prévention de dommages
2000) de la Cour18 reprend les éléments irréparables aux personnes (supra). Ces
consacrés à l'article 63(2) de la Convention conditions les transforment en une véritable
Américaine, c'est-à-dire, l'extrême gravité et garantie juridictionnelle de caractère préventif.
l'urgence, et la prévention de dommages Ainsi entendue, cette interprétation donne à ces
irréparables à des personnes, donnant ainsi la mesures leur véritable rationale dans la
faculté à la Cour Interaméricaine, en de telles protection internationale des droits de l'homme.
circonstances, d'ordonner des mesures
De toute façon, la Cour est, en toute
provisoires, d'office ou à la demande d'une
partie, à tout moment de la procédure. circonstance, maître de sa compétence; comme
tout organe possédant des compétences
S'il s'agit d'affaires dont la Cour n'a pas juridictionnelles, elle conserve un pouvoir
encore été saisie, la Cour peut agir à la demande inhérent afin de déterminer la portée exacte de sa
de la Commission (article 25(2)), en relation propre compétence (Kompetenz-Kompetenz /
avec des affaires soumises à la Commission. Et compétence de la compétence), – qu'il s'agisse de
l'article 25(4) du Règlement reconnaît au sa fonction consultative, ou de sa fonction
Président de la Cour, si celle-ci ne se trouve pas contentieuse, ou en relation avec les mesures
réunie, la faculté d'ordonner des mesures provisoires de protection.22 Les mesures
urgentes afin d'assurer l'efficacité des mesures provisoires de protection ordonnées par la Cour
provisoires que peut prendre ultérieurement la Interaméricaine de Droits de l'Homme ont, en
Cour lors d'une période de session.19 Pour sa raison de leur base conventionnelle, un caractère
part, la Commission, en vertu de l'article 25(1) indubitablement obligatoire.23
de son nouveau Règlement (datant aussi de l'an
Dans le contentieux inter-étatique, le
2000),20 se réserve la faculté de prendre des
mesures conservatoires (cautelares). L'article 74 pouvoir d'un tribunal comme la CIJ d'indiquer
de son Règlement actuellement en vigueur vise des mesures conservatoires de protection dans un
cas en instance de décision a pour objet de
les demandes de la Commission à la Cour pour
que celle-ci adopte les mesures provisoires préserver les droits respectifs des parties, évitant
qu'elle considère pertinentes. un dommage irréparable aux droits en litige dans
une procès judiciaire.24 La recherche de
Les mesures provisoires de la Cour l'équilibre entre les intérêts des parties au litige
Interaméricaine sont donc dotées d'une solide (États demandeur et défendeur), reflet de
base conventionnelle, – l'article 63(2) de la l'importance traditionnellement attribuée au
Convention Américaine, situé sous la section 2 principe de réciprocité en Droit international
du chapitre VIII du Pacte de San José, intitulé général, est sous-jacent à ce raisonnement. De
"Compétences et Fonctions" de la Cour, – et il ne toute façon, dans le procès international, les
peut y avoir l'ombre de doute quant à leur parties au différend ont le devoir de respecter les
caractère obligatoire.21 Vu depuis une mesures conservatoires ordonnées ou indiquées
perspective historique, il faut reconnaître la par le tribunal international25 en question,
sagesse des rédacteurs du Pacte de San José lesquelles émanent d'un pouvoir ou d'une faculté
d'avoir établi une base juridique claire pour inhérente à ce tribunal.
l'établissement de telles mesures dans la propre
Convention Américaine, et la justesse de Par contre, dans le contentieux
l'interprétation et l'application de ces dispositions international des droits de l'homme, le pouvoir
d'un tribunal comme la Cour Interaméricaine de

15
Droits de l'Homme d'ordonner des mesures Velásquez Rodríguez, Fairén Garbi et Solís
provisoires de protection, a pour objet, comme Corrales, et Godínez Cruz, relatives au
signalé plus haut, de sauvegarder les droits de Honduras) la Cour les a ordonnées motu proprio.
l'homme consacrés dans la Convention Dans deux autres cas (ordonnance29 du
Américaine, dans des affaires d'extrême gravité 07.04.2000, affaire du Tribunal Constitutionnel,
et urgence et en vue d'éviter des dommages et ordonnance du 13.12.2000, affaire Loayza
irréparables causés aux personnes. Aussi trouve- Tamayo, relatifs au Pérou), le Président de la
t-on, sous-jacentes à l'application de mesures Cour a dicté des mesures urgentes également ex
provisoires de protection ordonnés par la Cour officio (en raison du fait que la Cour n'était pas
Interaméricaine, des considérations supérieures en session), s'agissant d'affaires d'une extrême
d'ordre public international, concrétisées par la gravité et urgence, et en vue d'éviter des
protection de la personne humaine. En plus de dommages irréparables aux personnes; dans ces
leur dimension essentiellement préventive, de deux dernières affaires (la première, alors en
telles mesures révélent aussi, en premier lieu, la instance devant la Cour, et la seconde, déjà jugée
spécificité du Droit International des Droits de quant au fond et quant à la fixation des
l'Homme, et, en second lieu, l'impact de ce réparations30), les demandes de mesures ont été
dernier sur de telles mesures dans le domaine du soumises directement par les demandeurs à la
Droit International Public. juridiction internationale.

La grande majorité des demandes de Les mesures urgentes précitées, adoptées


mesures provisoires ont reçu une suite de la part pour la première fois dans l'histoire de la Cour ex
de la Cour Interaméricaine, et les mesures officio par son Président, furent ratifiées par le
respectives ont été ordonnées par celle-ci, qu'il Tribunal en session plénière, aussitôt que
s'agisse d'affaires en instance devant la l'organe juridictionnel fut réuni en session.31 Ces
juridiction tout comme d'affaires qui ne lui épisodes récents dans ces deux affaires (Tribunal
avaient pas encore été soumises, à la demande de Constitutionnel et Loayza Tamayo), qui ne
la Commission.26 En de très rares occasions, la peuvent passer inaperçus, démontrent non
Cour a décidé de ne pas procéder à adopter les seulement la viabilité, mais aussi l'importance,
mesures sollicitées.27 Avant d'ordonner des de l'accès direct de l'individu, sans
mesures provisoires de protection, la Cour, tout intermédiaires, à la Cour Interaméricaine de
d'abord, vérifie toujours que les États concernés Droits de l'Homme,32 qui plus est, s'agissant
ont reconnu (en vertu de l'article 62(2) de la d'une situation d'extrême gravité et d'urgence.33
Convention) la juridiction obligatoire de la Cour
en matière contentieuse. Dans la grande majorité des affaires, les
mesures provisoires ordonnées par la Cour
Les mesures provisoires de protection ont Interaméricaine, ou les mesures urgentes dictées
été ordonnées dans la pratique dans la plupart des par son Président, ont protégé effectivement les
affaires mais pas dans toutes (cf. infra) – dans droits fondamentaux, essentiellement le droit à la
des cas impliquant une menace imminente pour vie et le droit à l'intégrité personnelle (physique,
la vie ou l'intégrité personnelle de l'individu. psychique et morale). Mais, – comme j'ai pris la
Dans plusieurs demandes formulées par la liberté de le signaler dans mon Préface au tome
Commission relatives à des affaires non II de la Série E sur les Mesures Provisoires de la
soumises à la Cour, cette dernière a estimé Cour Interaméricaine, – il ne semble pas exister,
applicable la présomption selon laquelle de telles du point de vue juridique et épistémologique,
mesures de protection étaient nécessaires. La d'obstacle quelconque (aussi longtemps que les
Cour, dans la pratique, n'a pas exigé à la conditions d'extrême gravité et d'urgence et de la
Commission une démonstration substantielle prévention d'un dommage irréparable aux
(substantial evidence) prouvant la réalité des personnes, consacrées à l'article 63(2) de
faits, mais a plutôt procédé en se fondant sur une Convention Américaine, soient réunies), pour les
présomption raisonnable (prima facie evidence) étendre à d'autres droits de l'homme,34 ceux-ci
concernant la véracité des faits.28 étant tous indissociables et indivisibles.

Dans la quasi totalité des affaires, les En effet, c'est précisément ce qui s'est
mesures de protection ont été ordonnées par la passé durant la période juillet 2000/juin 2001,
Cour à la demande de la Commission. Mais dans pendant laquelle, – comme j'ai souligné dans
une occasion (arrêt du 15.01.1988, affaires mon Preface au tome III de la Série E sur les

16
Mesures Provisoires de la Cour Interaméricaine, Antérieurement, dans l'affaire James et
– e Tribunal a adopté de nouvelles ordonnances Autres, concernant Trinidad et Tobago et relatif
relatives à ces mesures dans treize affaires.35 aux garanties judiciaires, la Cour a maintenu sa
Parmi ces décisions, celles adoptées dans les suspension de l'exécution des arrêts rendus par
affaires des Haïtiens et Dominicains d'Origine des tribunaux nationaux (résolutions du
Haïtienne dans la République Dominicaine, de la 16.08.2000 et du 24.11.2000). À cet égard, la
Communauté de Paix de San José de Apartadó Cour Européenne des Droits de l'Homme a
(concernant la Colombie), et du Journal `La également eu l'occasion de dicter une mesure
Nación' (relative au Costa Rica), annoncent un provisoire de protection de cette nature (le
nouveau développement en la matière, et ce des 30.11.1999), dans l'affaire Ocalan versus
plus significatifs dans toute l'histoire de la Cour. Turquie, en l'absence même d'une norme
conventionnelle39 en la matière (s'appuyant
Dans la première de ces trois affaires, davantage sur une disposition règlementaire de
celle des Haïtiens et Dominicains d'Origine l'article 36).40 Il est à ce sujet surprenant que les
Haïtienne dans la Repúblique Dominicaine, la rédacteurs du Protocole n. 11 à la Convention
Cour a adopté des mesures provisoires de Européenne des Droits de l'Homme (en vigueur à
protection (ordonnance du 18.08.2000), qui ont partir du 01.11.1998) aient perdu l'occasion
eu pour objet, inter alia, de protéger la vie et historique d'ériger la disposition de l'article 36 du
l'intégrité personnelle de cinq individus, d'éviter Règlement de la Cour41 en une disposition de la
la déportation ou l´expulsion de deux d'entre eux, même Convention Européenne (amendée par
de permettre le retour immédiat à la République ledit Protocole).42
Dominicaine de deux autres, et de faciliter la
réunification familiale de deux d'entre eux avec Les mesures provisoires de protection
leurs enfants, en plus d'enquêter les faits. À ordonnées par la Cour Interaméricaine de Droits
travers de cette mesure provisoire, de de l'Homme dans les affaires citées ci-dessus des
signification historique, qui constitue un Haïtiens et Dominicains d'Origine Haïtienne
embryon d'un habeas corpus international, la dans la République Dominicaine, et de la
Cour a, pour la première fois, étendu ainsi la Communauté de Paix de San José de Apartadó,
protection à d'autres droits – en s'ajoutant aux revêtent une importance particulière: dans ces
droits fondamentaux à la vie et à l'intégrité deux affaires les mesures adoptées étendent
personnelle – consacrés dans la Convention singulièrement le cercle des personnes protégées.
Américaine.36 En effet, dans un rapport (de mars 2000) à
l'Organisation des États Américains (OEA), je
Postérieurement, dans le cas de la me suis permis de signaler que plus de 200
Communauté de Paix de San José de Apartadó, personnes (pétitionnaires ou témoins) avaient été
la Cour, en session plénière, a ratifié protégés, jusqu'alors, par des mesures ordonnées
(ordonnance du 09.10.2000) les mesures par la Cour Interaméricaine, ou son Président,
urgentes dictées par son Président en faveur des représentant une grande avancée dans le droit
membres d'une “Communauté de Paix” en procédural des droits de l'homme.43
Colombie; la Cour a étendu la protection
(ordonnance du 24.11.2000) à l'ensemble des Un année plus tard, le nombre de
membres de la Communauté (innommés mais personnes protégées par de telles mesures
identifiable)37, et a demandé à l'État, inter alia, provisoires a considérablement augmenté,
d'assurer les conditions nécessaires pour que les arrivant à près de 1500 personnes, dénotant ainsi
personnes appartenant à la dite Communauté l'extraordinaire potentiel de ces mesures comme
“qui se sont vues forcées à se déplacer à d'autres mesures de sauvegarde de caractère préventif.
zones du pays, retournent chez elles.”38 Et dans Dans trois autres rapports à l'OEA, que j'ai
l'affaire plus récente du Journal ‘La Nación', présenté aux mois de mars et d'avril,
concernant le Costa Rica et relatif à la liberté respectivement, de l'an 2001, et au mois d'avril
d'expression, les juges de la Cour ont, de la de l'an 2002, j'ai exposé les modifications
même façon, ratifié les mesures urgentes introduites par le nouveau Règlement de la Cour
ordonnées par son Président (ordonnance du (adopté le 24 novembre de l'an 2000, et entré en
06.04.2001), suspendant l'exécution d'un arrêt vigueur à partir du 1er juin de l'an 2001) dans la
rendu par un tribunal national (ordonnance sur procédure devant le Tribunal;44 j'ai repris ces
les mesures provisoires, du 21.05.2001). explications aux Délégations des États membres

17
de l'OEA aux cours les débats qui ont eu lieu sur mesures provisoires dans 18 affaires,49 seulement
ce point au sein de l'OEA, avant l'approbation de durant l'année 1997 la Cour en avait ordonné
mes rapports sur les travaux de la Cour.45 l'adoption dans 11 nouvelles affaires;50 pendant
l'année 1998, la Cour ordonna des mesures
Très récemment, avec l'aggravation de la provisoires de protection dans 09 affaires,51 et,
situation des droits de l'homme en Colombie, et à durant l'année 1999, dans 08 affaires.52
l'occasion des nouvelles mesures provisoires de
protection ordonnées par la Cour Interaméricaine J'ai pu ajouter, dans mon Préface au tome
des Droits de l'Homme adoptées le 18 juin 2002, III de la même Série E des publications
dans l'affaire de la Communauté de Paix de San officielles de la Cour Interaméricaine,53 qu'on
José de Apartadó, la Cour a, encore une fois, peut donc constater que la Cour a eu, de plus en
étendu ses mesures provisoires. En outre, la plus fréquemment, recours aux ordonnances de
Cour, dans les nouvelles mesures adoptées, a mesures provisoires. Ce phenomène dénote ainsi
renforcé très significativement le lien entre ces un symptôme clair et net des nécessitées
mesures et les obligations erga omnes de croissantes de protection de l'être humain, aussi
protection des États Parties à la Convention que de la diffusion et de la conscientisation,
Américaine sur les Droits de l'Homme. chaque fois plus importants, de ce mécanisme de
protection, de dimension essentiellement
En vertu de ses obligations, comme la préventive.
Cour l'a souligné dans la résolution récente du
18.06.2002, l'État est tenu à protéger – et ce vis- Certaines des affaires décidés par la Cour
à-vis aussi des tiers, notamment des groupes Interaméricaine au sujet des mesures provisoires
clandestins et des paramilitaires, – la vie et de protection ont requis diverses actions prises
l'intégrité personnelle de tous les membres de la par la Cour (mesures provisoires réitérées ou
dite Communauté de Paix, incluant celles des étendues) ou de son Président (mesures
personnes qui prêtent leur service à cette même urgentes).54 Tout comme il est d'affaires (rares)
Communauté.46 Cette décision de la Cour où la Cour a décidé de ne pas dicter les mesures
indique ainsi, à mon avis, la voie à suivre, et sollicitées55 et d'affaires dans lesquelles la Cour
reconnaît l'impérieuse nécessité de développer les a considérées comme non avenues ou les a
les obligations erga omnes de protection dans le levées,56 il est aussi d'affaires (nombreuses) dans
cadre de la Convention Américaine sur les Droits lesquelles les mesures ont été maintenues ou
de l'Homme.47 prolongées pour une certaine période de temps.57

Dans ses résolutions rendues relatives à Les mesures provisoires ordonnées par la
des mesures provisoires de protection, la Cour Cour (et les mesures urgentes dictées par son
Interaméricaine, tout en adoptant ces mesures, a Président) sont, par définition, de caractère
également demandé à l'État en question qu'il temporaire;58 pourtant, si les conditions
l'informe de façon périodique sur le suivi de persistent dans le temps – les éléments d'
telles mesures, et à la Commission qu'elle extrême gravité et urgence et la nécessité d'
présente à la Cour ses observations sur ce point “éviter des dommages irréparables aux
dans ses rapports sur la situation des droits de personnes”, consacrées par l'article 63(2) de la
l'homme dans les Etats concernés.48 Ceci a Convention Américaine, – la Cour n'a pas d'autre
permis à la propre Cour d'exercer, en plus de la choix que de les maintenir59 (et, dans certaines
protection de caractère préventif (supra), un suivi affaires, d'étendre leur champ d'application),
continu concernant la mise en application, par les mettant ainsi en avant la primauté des impératifs
États concernés, des mesures provisoires de de la protection de la personne humaine. Il n'est
protection dictées par ce Tribunal international. donc pas surprenant que, dans une région du
monde comme la nôtre, où les conditions de
Dans mon Préface au tome II de la Série vulnérabilité des droits fondamentaux de la
E sur les Mesures Provisoires de la Cour personne humaine se prolongent de manière
Interaméricaine, je me suis permis de signaler pathologique dans le temps (malgré, dans
l'expérience de la Cour en la matière, pour ce qui certaines affaires, les efforts des pouvoirs
est de la période antérieure de plus de 13 ans, publics), les mesures provisoires de protection
entre 1987 et la mi-2000. J'ai observé que, alors aient tendance à se maintenir dans le temps, afin
que pendant la première décennie dans ce de faire face aux menaces chroniques à ces droits
domaine (1987-1996), la Cour avait ordonné des fondamentaux.

18
Pour conclure, je me permets d'ajouter examen dans les cercles juridiques et
que l'usage plus fréquent des mesures provisoires académiques, comme cette Table-Ronde
par la Cour, y compris les mesures urgentes organisée par l'Institut International des Droits de
dictées par son Président, est encourageant, au l'Homme et l'Université de Paris-II à Strasbourg.
sens qu'il met l'accent sur la dimension Comme je l'ai signalé plus haut, les mesures
préventive de la protection internationale des provisoires de protection constituent aujourd'hui,
droits de l'homme, et qu'il invite au renforcement sans aucun doute, un des aspects les plus
de cette institution procédurale d'importance gratifiants de l'action en faveur de la sauvegarde
cruciale pour la protection des droits internationale des droits fondamentaux de l'être
fondamentaux de la personne humaine. Dans le humain.
développement continu de telles mesures, un rôle
de la plus haute importance est naturellement
réservé à la jurisprudence en la matière. Strasbourg,
11 juillet 2002.
De là la grande utilité de sa
systématisation et diffusion, ainsi que son

19
NOTES

1. Ph. D. (Cambridge) en Droit International; Organisations”, 25 International and


Président de la Cour Interaméricaine des Comparative Law Quarterly – Londres
Droits de l’Homme; Professeur Titulaire à (1976), pp. 715-765, spéc. pp. 744-751.
l’Université de Brasilia et à l’Institut Rio-
Branco, Brésil; Membre Titulaire de 9. Cf. Jerzy Sztucki, Interim Measures in the
l’Institut de Droit International. Hague Court – An Attempt at a Scrutiny.
Deventer: Kluwer, 1983, pp. 35-60 et 270-
2. En effet, les mesures conservatoires de la 280; Jerome B. Elkind, Interim Protection –
procédure en droit interne ont largement A Functional Approach. The Hague:
inspiré les mesures provisoires qui se sont Nijhoff, 1981, pp. 88-152; et, pour les
développées ultérieurement dans le domaine aspects juridictionnels, cf. Bernard H.
de la procédure en droit international. Oxman, “Jurisdiction and the Power to
Indicate Provisional Measures”, The
3. En particulier, cf. les oeuvres bien connues International Court of Justice at a
de Giuseppe Chiovenda (Istituzioni di Crossroads (Ed. L.F. Damrosch). Dobbs
Diritto Processuale Civile, Napoli, 1936), Ferry/N.Y.: ASIL/Transnational Publs.,
Piero Calamandrei (Introduzione allo Studio 1987, pp. 323-354.
Sistematico dei Provvedimenti Cautelare,
Padova, 1936), et Francesco Carnelutti 10. Par exemple, les mesures conservatoires
(Diritto e Processo, Napoli, 1958). indiquées (le 08.04.1993) dans le cas de
l’Application de la Convention contre le
4. Comme un tertium genus, à côté des actions Génocide (Bosnie-Herzegovine versus
de cognitio et d’executio (acciones de Yougoslavie [Serbie et Monténégro]) ont
conocimiento y de ejecución). cessé d’être maintenues par l’Etat défendeur
et n’on guère amélioré la situation dans la
5. Paul Guggenheim, “Les Mesures
région. K. Oellers-Frahm, “Anmerkungen
Conservatoires dans la Procédure Arbitrale zur einstweiligen Anordnung des
et Judiciaire”, 40 Recueil des Cours de Internationalen Gerichtshofs im Fall
l’Académie de Droit International de La Bosnien-Herzegowina gegen Jugoslawien”
Haye (1932), pp. 649-761. (Serbien und Montenegro) vom 8 April
6. Paul Guggenheim, Les Mesures Provisoires 1993”, 53 Zeitschrift für ausländisches
de Procédure Internationale et leur öffentliches Recht und Völkerrecht (1993)
Influence sur le Développement du Droit pp. 638-656. “Il me semble surprenant que
des Gens. Paris: Libr. Rec. Sirey, 1931, pp. l’on aie essayé d’expliquer ou de justifier le
174, 186, 188 y 14-15, et cf. pp. 6-7 y 61- non-respect des mesures conservatoires par
62. Et cf. P. Guggenheim, “Les Mesures la Yougoslavie, laquelle, si elle les avait
Conservatoires...”, op. cit. supra n. (5), pp. appliquées, aurait été inconsistent with its
758-759. claim of lack of resposibility for the acts
complained of”; S. Oda, “Provisional
7. Tel qu’illustré, par exemple, par la réaction Measures – The Practice of the International
iranienne aux mesures conservatoires Court of Justice”, Fifty Years of the
indiquées par la Cour Internationale de International Court of Justice – Essays in
Justice dans l’affaire de la Anglo-Iranian Honour of R. Jennings (Eds. V. Lowe et M.
Oil Company (Royaume Uni versus Iran), le Fitzmaurice). Cambridge: University
05 juillet 1951; cf. commentaire à ce sujet in Press/Grotius Publs., 1996, pp. 555-556. À
M.S. Rajan, United Nations and Domestic mon avis, il s’agit là d’une vision
Jurisdiction. Bombay/Calcutta/Madras: inadéquate et statocentrique de la matière,
Orient Longmans, 1958, pp. 399 et 442 n. 2. autorisée par l’interna corporis de la CIJ.
D’autres exemples récents d’indication de
8. A.A. Cançado Trindade, “The Domestic mesures conservatoires dictées par la CIJ
Jurisdiction of States in the Practice of the sont celles indiquées dans les affaires
United Nations and Regional

20
Breard (Paraguay versus États Unis, le Recueil des Cours de l’Académie de Droit
09.04.1998) et LaGrand (Allemagne versus International de La Haye (1992), pp. 23,
États Unis, le 03.03.1999), affaires dans 214 et 234.
lesquelles ces mesures n’ont pas été
appliquées par l’État défendeur, affectant 15. Cf. L. Collins, op. cit. supra n. (14), pp. 23-
tant la réputation de ce dernier comme 24, 191, 214-215, 217 et 232.
l’autorité de la même CIJ. Ch. Tomuschat,
16. De telles mesures ne s’ajustent donc pas à
“International Law: Ensuring the Survival of
Mankind on the Eve of a New Century”, l’abstraction “propre de la doctrine classique
281 Recueil des Cours de l’Académie de – d’un ‘monde juridique’ prétendument
autosuffisant, détaché des problèmes du
Droit International de La Haye (1999), pp.
415-416. quotidien des êtres humains, de la réalité
sociale. Tout au contraire, elles revèlent que
11. Cf. International Court of Justice, Le Grand le Droit n’opère pas in vacuo.
Case, Press Release 2001/16-bis, del
27.06.2001, pp. 1, 4-6 y 9-10. À noter, in 17. R.St.J. MacDonald, “Interim Measures in
passim, que la Cour Interaméricaine des International Law, with Special Reference
to the European System for the Protection of
Droits de l’Homme a été le premier tribunal
international qui a affirmé l’existence d’un Human Rights”, 52 Zeitschrift für
droit individuel à l’information sur ausländisches öffentliches Recht und
Völkerrecht (1993), pp. 703-740.
l’assistance consulaire dans le cadre des
garanties judiciaires; cf. Cour 18. Adopté le 24 novembre 2000, entré en
Interaméricaine des Droits de l’Homme, El vigueur le 1er juin 2001.
Derecho a la Información sobre la
Asistencia Consular en el Marco de las 19. Pour une analyse historique et législative de
Garantías del Debido Proceso Legal, cette disposition, du premier au quatrième
Opinion Consultative n. 16 (OC-16/99), du (et dernier) Règlement de la Cour, cf. A.A.
01.10.1999, Série A, n. 16, pp. 3-123, Cançado Trindade, “Informe: Bases para un
paragraphes 1-141. Cette Opinion Proyecto de Protocolo a la Convención
Consultative historique reflète l’impact du Americana sobre Derechos Humanos, para
Droit International des Droits de l’Homme Fortalecer Su Mecanismo de Protección”, in
dans l’évolution du Droit International El Sistema Interamericano de Protection de
Public, notamment si on prend en los Derechos Humanos en el Umbral del
considération que la Cour Interaméricaine a Siglo XXI, vol. II. San José de Costa Rica:
été le premier tribunal international à avertir Corte Interamericana de Derechos
que le non-respect de l’article 36(1)(b) de la Humanos, 2001, pp. 21, 120 et 354.
Convention de Vienne sur les Relations
Consulaires de 1963 portait atteinte non 20. Entré en vigueur le 1er mai 2001.
seulement à l’État, mais aussi aux êtres
humains en question (comme vient 21. Leur application s’impose en raison de la
également de l’admettre, postérieurement, la procédure juridictionnelle dont elles
CIJ, dans l’affaire LaGrand susmentionnée). résultent; A. Aguiar, “Apuntes sobre las
Medidas Cautelares en la Convención
12. Cf. Rudolf Bernhardt (Ed.), Interim Americana sobre los Derechos Humanos”,
Measures Indicated by International Courts. in La Corte y el Sistema Interamericanos de
Berlin/Heidelberg: Springer-Verlag, 1994, Derechos Humanos. San José de Costa
pp. 1-152. Rica: Cour I.A.D.H., 1994, pp. 36-37; H.
Faúndez Ledesma, El Sistema
13. Cf. E. García de Enterría, La Batalla por las Interamericano de Protección de los
Medidas Cautelares, 2ème. éd. Madrid: Derechos Humanos: Aspectos
Civitas, 1995, pp. 25-385. Institucionales y Procesales (2ème. éd.
rev.). San José de Costa Rica: IIDH, 1999,
14. Au sens de l’article 38(1)(c) du Statut de la pp. 416 et 377.
Cour Internationale de Justice; cf. Lawrence
Collins, “Provisional and Protective 22. Cf. Cour Interaméricaine des Droits de
Measures in International Litigation”, 234 l’Homme, affaire James et autres versus

21
Trinidad et Tobago, Résolution sur Mesures 25. De façon à ne pas commettre de “contempt
Provisoires de Protection du 25 mai 1999, of court”; cf. E. Hambro, “The Binding
Opinion Individuelle du Juge A.A. Cançado Character of the Provisional Measures of
Trindade, paragraphes 1-18, esp. pp. 6-7. Protection Indicated by the International
Court of Justice”, in Rechtsfragen der
23. De telles mesures, ordonnées par la Cour Internationalen Organisation – Festschrift
Interaméricaine, à caractère clairement für Hans Wehberg (Eds. W. Schätzel et H.-
obligatoire, ne se prêtent à aucun type de J. Schlochauer). Frankfurt a/M, 1956, pp.
discussion, à la différence de celles qui ont 152-171.
entouré les mesures provisoires indiquées ou
octroyées par d’autres tribunaux 26. Cf., inter alia, quant à ces derniers, les
internationaux; sur ces discussions ou mesures ordonnées par la Cour dans les
incertitudes, cf. J.M. Pasqualucci, “Medidas affaires, par exemple, de Bustíos-Rojas
Provisionales en la Corte Interamericana de (Pérou, 1990), Chunimá (Guatemala, 1991),
Derechos Humanos: Una Comparación con Reggiardo Tolosa (Argentine, 1993),
la Corte Internacional de Justicia y la Corte Colotenango (Guatemala, 1994-2000),
Europea de Derechos Humanos”, 19 Revista Digna Ochoa et Plácido et Autres
del Instituto Interamericano de Derechos (Méxique, 1999), Haïtiens et Dominicains
Humanos (1994), pp. 95-97; M.H. d’Origine Haïtienne dans la République
Mendelson, “Interim Measures of Protection Dominicaine (République Dominicaine,
in Cases of Contested Jurisdiction”, 46 2000), Communauté de Paix de San José de
British Year Book of International Law Apartadó (Colombie, 2000), Journal ‘La
(1972-1973), pp. 259-322. Nación’ (Costa Rica, 2001).

24. Ainsi l’a signalé la CIJ, par exemple, dans le 27. Cf., pas exemple, les affaires des Prisons
cas de la Juridiction en Matière de Péruviennes (1992), et de Chipoco (1992,
Pêcheries (Royaume Uni versus Islande, également relative au Pérou).
ICJ Reports [1972] p. 16, par. 21, et p. 34,
par. 22.1972), dans le cas des Otages 28. Il s’agit là d’un critère qui s’appuye sur le
(Personnel Diplomatique et Consulaire des principe de la summaria cognitio, en raison
Etats-Unis) à Téhéran (États-Unis versus de l’urgence des affaires en question, –
Iran, ICJ Reports [1979], p. 19, par. 36), et, principe qui a été appliqué en relation avec
plus récemment, dans le cas Nicaragua des mesures, aussi bien conservatoires dans
versus États-Unis (ICJ Reports (1984) pp. la procédure en droit interne, que
179 et 182, par. 24 y 32), et dans l’affaire de provisoires dans la procédure en droit
l’Application de la Convention contre le international.
Génocide (Bosnie-Herzégovine versus
Yougoslavie [Serbie et Monténégro], ICJ 29. J’utilise ci-après le terme “ordonnance”
pour les résolutions adoptées par la Cour
Reports [1993], p. 19, par. 34, et p. 342, par.
35). À ceux-ci s’ajoutent d’autres affaires Interaméricaine des Droits de l’Homme
dans lesquelles la CIJ s’est prononcée en la portant sur les mesures provisoires de
protection.
matière, “indiquant” ou non les mesures
provisoires sollicitées; cf., par exemple, les 30. Et étant, donc, l’affaire à l’étape du suivi
affaires du Différent Frontalier (Burkina quant au respect de l’arrêt (en ce qui
Faso versus République du Mali, 1986); de concerne les réparations).
la Plateforme Continentale de la Mer Egée
(Grèce versus Turquie, 1976); des Essais 31. Cf. les résolutions de la Cour
Nucléaires (Nouvelle Zélande et Australie Interaméricaine sur les Mesures Provisoires
versus France, 1973); du Jugement des de Protection, du 14 août 2000 (affaire du
Prisonniers de Guerre Pakistanais (Pakistan Tribunal Constitutionnel), et du 03 février
versus Inde, 1973); entre autres. Pour un 2001 (affaire Loayza Tamayo).
commentaire, cf. J.B. Elkind, op. cit. supra
n. (9), pp. 98-141; L. Collins, op. cit. supra 32. Pour un étude récent des divers aspects de
n. (14), pp. 215-233; J. Sztucki, op. cit. l’accès direct des individus aux juridictions
supra n. (9), pp. 35-60 et 270-280. internationales de protection (Cours

22
Européenne et Interaméricaine) des droits de Communauté de Paix de San José de
l’homme, cf. A.A. Cançado Trindade, El Apartadó, Haïtiens et Dominicains
Acceso Directo del Individuo a los d’Origine Haïtienne dans la République
Tribunales Internacionales de Derechos Dominicaine, Ivcher Bronstein, James et
Humanos. Bilbao: Universidad de Deusto, Autres, Loayza Tamayo, Paniagua Morales,
2001, pp. 9-104; et cf. A.A. Cançado Journal ‘La Nación’, et Tribunal
Trindade, “The Procedural Capacity of the Constitutionnel.
Individual as Subject of International
Human Rights Law: Recent Developments”, 36. Cf. Cour Interaméricaine des Droits de
in Karel Vasak Amicorum Liber – Les l’Homme, affaire des Haïtiens et
Droits de l’Homme à l’Aube du XXIe Siècle. Dominicains d’Origine Haïtienne dans la
Bruxelles: Bruylant, 1999, pp. 521-544. République Dominicaine, résolution du 18
août 2000, Opinion Individuelle du Juge
33. A.A. Cançado Trindade, “El Nuevo A.A. Cançado Trindade, paragraphes 1-25.
Reglamento de la Corte Interamericana de
Derechos Humanos (2000): La 37. Selon un critère inauguré par la Cour
Emancipación del Ser Humano como Sujeto Interaméricaine dans l’affaire Digna Ochoa
del Derecho Internacional”, 30/31 Revista Plácido et Autres, résolution sur Mesures
del Instituto Interamericano de Derechos Provisoires de Protection du 17 novembre
Humanos (2001) pp. 45-71, spéc. pp. 60-61. 1999 (point résolutif n. 2).

34. Il est nécessaire d’indiquer ici que, dans le 38. Point résolutif n. 6.
système européen de protection des droits
de l’homme, par exemple, les mesures 39. Équivalente à celle de l’article 63(2) de la
provisoires de protection ont vu le jour, dans Convention Américaine sur les Droits de
leur grande majorité, dans des affaires de l’Homme.
probabilité ou de risque d’extradition ou 40. La mesure provisoire dictée par la Cour
d’expulsion (permettant au requérant de Européenne ayant été l’objet d’attaques,
rester dans le pays où il se trouve jusqu’à ce jusqu’à présent, par l’Etat concerné.
que la Cour Européenne décide du fond des
affaires), dans des circonstances qui auraient 41. L’article 36 du Règlement A de la Cour
pu, s’il avait été procédé à l’extradition ou à Européenne correspondait à l’article 38 de
l’expulsion, soumettre l’individu, dans le son Règlement B (antérieur au Protocole n.
pays récepteur, à la torture ou à des peines 11 à la Convention Européenne).
ou traitements inhumains ou dégradants
(selon les termes de l’article 3 de la 42. Ce qui pourrait avoir mis fin, en définitive,
Convention Européenne des Droits de aux incertitudes en la matière, suscitées par
l’Homme). Cf. C.A. Norgaard et H. Krüger, la décision de la Cour Européenne dans le
“Interim and Conservatory Measures under cas Cruz Varas et alii versus Suède (du
the European System of Protection of 20.03.1991); A. Spielmann et D. Spielmann,
Human Rights”, Progress in the Spirit of “La Cour unique et permanente et les
Human Rights – Festschrift für Felix mesures provisoires (La nécessité d’une
Ermacora (eds. M. Nowak, D. Steurer et H. réforme)”, in Protection des Droits de
Tretter). Kehl am Rhein: N.P. Engel, 1988, l’Homme: la Perspective Européenne –
pp. 109-117; P. van Dijk et G.J.H. van Hoof Mélanges à la Mémoire de Rolv Ryssdal
et alii, Theory and Practice of the European (Eds. P. Mahoney, F. Matscher, H. Petzold
Convention on Human Rights, 3ème. éd. et L. Wildhaber). Köln/Berlin: C. Heymanns
The Hague: SIM/Kluwer, 1998, pp. 103-107 Verlag, 2000, pp. 1347-1358. Et cf. aussi, à
et 215; G. Cohen-Jonathan, La Convention ce sujet, A. Drzemczewski, “A Major
européenne des droits de l’homme. Overhaul of the European Human Rights
Paris/Aix-en-Provence: Economica/Presses Convention Control Mechanism: Protocol n.
Universitaires d’Aix-Marseille, 1989, pp. 11”, 6 Collected Courses of the Academy of
36-37 et 307. European Law (1995) pp. 190, et cf. p. 170.
À noter que les facultés relatives au suivi
35. À savoir, les affaires Álvarez, Blake, Cesti (faculté que l’on devrait pouvoir étendre aux
Hurtado, Clemente Teherán, Colotenango,

23
mesures provisoires de protection Consolidación de la Capacidad Jurídica
ordonnées) du Comité des Ministres ont été, Internacional de los Peticionarios en el
pourtant, maintenues dans le cadre du Sistema Interamericano de Protección de
nouveau système du Protocole n. 11; cf., los Derechos Humanos (19 avril 2002),
e.g., M. Scalabrino, Il Controllo OEA document OEA/Ser.G/CP/CAJP-
sull’Applicazione della CEDU alla Vigilia 1933/02, du 25.04.2002, pp. 5-16 (rapports
dell’Entrata in Vigore dell’XI Protocollo. disponibles en français, espagnol, portugais
Urbino/Italia: Università degli di Urbino, et anglais).
1998, pp. 68-70.
45. En maintes occasions à l’Organisation
43. Cf. OEA, Informe del Presidente de la régionale, et dans les cercles juridiques
Corte Interamericana de Derechos latino-américains, j’ai constamment mis
Humanos, Juez Antônio A. Cançado l’accent sur l’importance croissante des
Trindade, a la Comisión de Asuntos mesures provisoires de protection ordonnées
Jurídicos y Políticos del Consejo par la Cour Interaméricaine.
Permanente de la Organización de los
Estados Americanos en el Marco del 46. Nouvelle ampliation des mesures
Diálogo sobre el Sistema Interamericano de provisoires de protection dans cet affaire.
Protección de los Derechos Humanos, Cf. Cour Interaméricaine des Droits de
document OEA/Ser.G-CP/CAJP-1627/00, l’Homme, affaire de la Communauté de
du 16.03.2000, pp. 13-14. Paix de San José de Apartadó, concernant la
Colombie, résolution des Mesures
44. Cf. OEA, Informe del Presidente de la Provisoires de Protection du 18 juin 2002,
Corte Interamericana de Derechos paragraphes 8-11.
Humanos, Juez Antônio A. Cançado
Trindade, a la Comisión de Asuntos 47. Cf. Cour Interaméricaine des Droits de
Jurídicos y Políticos del Consejo l’Homme, affaire de la Communauté de
Permanente de la Organización de Estados Paix de San José de Apartadó, concernant la
Americanos (09 mars 2001), OEA document Colombie, résolution des Mesures
OEA/Ser.G/CP/CAJP-1770/01, du Provisoires de Protection du 18 juin 2002,
16.03.2001, pp. 06-08; OEA, Informe y Opinion Individuelle du Juge A.A. Cançado
Propuestas del Presidente y Relator de la Trindade, paragraphes 1-20.
Corte Interamericana de Derechos
Humanos, Juez Antônio A. Cançado 48. Cf., sur ce point précis, D.J. Padilla,
Trindade, a la Comisión de Asuntos “Provisional Measures under the American
Convention on Human Rights”, Liber
Jurídicos y Políticos del Consejo
Permanente de la Organización de Estados Amicorum Héctor Fix-Zamudio, vol. II. San
Americanos en el Marco del Diálogo sobre José de Costa Rica: Cour I.A.D.H./U.E.,
1998, p. 1193.
el Sistema Interamericano de Protección de
los Derechos Humanos: Bases para un 49. À savoir, Velásquez Rodríguez, Godínez
Proyecto de Protocolo a la Convención Cruz, Fairén Garbi et Solís Corrales,
Americana sobre Derechos Humanos, para Bustíos Rojas, Chunimá, Chipoco, Prisons
Fortalecer su Mecanismo de Protección (05 Péruviennes, Reggiardo Tolosa,
avril 2001), OEA document Colotenango [de façon réitérative],
OEA/Ser.G/CP/CAJP-1781/01, du Caballero Delgado et Santana, Carpio
10.04.2001, pp. 13-19; OEA, Presentación Nicolle [de façon répétée], Blake, Alemán
del Presidente de la Corte Interamericana Lacayo, Vogt, Suárez Rosero, Serech et
de Derechos Humanos, Juez Antônio A. Saquic, Loayza Tamayo, et Giraldo
Cançado Trindade, a la Comisión de Cardona.
Asuntos Jurídicos y Políticos del Consejo
Permanente de la Organización de Estados 50. À savoir (certains de façon répétée),
Americanos en el Marco del Diálogo sobre Caballero Delgado et Santana, Giraldo
el Fortalecimiento del Sistema Cardona, Alemán Lacayo, Colotenango,
Interamericano de Protección de los Blake, Álvarez et Autres, Cesti Hurtado,
Derechos Humanos: Hacia la

24
Carpio Nicolle, Serech et Saquic, Vogt, et la Cour à ce sujet (durant les 06 dernières
Loayza Tamayo. années), et il a l’avantage de présenter sous
une forme plus didactique les décisions de la
51. À savoir, Cesti Hurtado, Álvarez et Autres, Cour Interaméricain, ou de son Président, en
Paniagua Morales et Autres et Vásquez et la matière, facilitant ainsi sa consultation.
Autres, Clemente Teherán et Autres, James
et Autres, Giraldo Cardona, Carpio Nicolle, 54. Comme, par exemple, – pour ne citer que
Bámaca Velásquez, et Colotenango. les plus nombreuses, – les affaires James et
Autres (treize actions), Álvarez y Otros
52. À savoir, Clemente Teherán et Autres, (seize), Colotenango (onze), Carpio Nicolle
James et Autres, Caballero Delgado et (neuf), Giraldo Cardona (sept), entre autres.
Santana, Colotenango, Cesti Hurtado,
Carpio Nicolle, Giraldo Cardona, Digna 55. E.g., Chipoco, et Prisons Péruviennes.
Ochoa et Plácido et Autres; de plus, durant
la première session ordinaire de la Cour de 56. E.g., Alemán Lacayo, Vogt, Serech et
l’an 2000, celle-ci a, une nouvelle fois, Saquic, Paniagua Morales et Autres et
adopté une autre ordonnance portant sur des Vásquez et Autres, Suárez Rosero, Loayza
mesures provisoires de protection (affaire Tamayo, Cesti Hurtado, Ivcher Bronstein,
Colotenango). Tribunal Constitutionnel.

53. Sur le plan méthodologique, je me permets 57. E.g., Colotenango, 1994-2001; Carpio
souligner que le premier tome de la Série E Nicolle, 1995-2000; Caballero Delgado et
sur les Mesures Provisoires de la Cour, a Santana, 1994-1999; Álvarez et Autres,
suivi un ordre strictement chronologique 1997-2001; Blake, 1995-2000; Giraldo
(couvrant la période qui va de novembre Cardona, dès 1996; entre autres.
1987 à juillet 1996). Avec l’augmentation
sensible des demandes en indication de 58. Ceci est si vrai que certaines d’entre elles
ont été, postérieurement, levées par la Cour;
mesures provisoires durant les 04 années
suivantes, le deuxième tome de la Série E cf., inter alia, les mesures dans les affaires
sur les Mesures Provisoires de la Cour (qui Alemán Lacayo (Nicaragua, 1996, levées en
1997), Vogt (Guatemala, 1996, levées en
couvre la période de juillet 1996 jusqu’à
juin de l’an 2000) a suivi un ordre 1997), Serech et Saquic (Guatemala, 1996,
chronologique mais ordonné par affaire, en levées en 1997), Cesti Hurtado (Perú, 1997,
levées en 2000).
séquence alphabétique. Ce même critère est
suivi dans le troisième tome de la Série E 59. E.g., depuis plus de sept ans déjà, dans les
sur les Mesures Provisoires de la Cour (qui affaires Colotenango et Caballero Delgado
couvre la période allant de juillet de l’an et Santana; plus de six ans dans les affaires
2000 à juin de l’an 2001). Le choix de ce Blake et Carpio Nicolle; et plus de cinq ans
critère, suivi dans les tomes II et III de la dans l’affaire Giraldo Cardona.
Série E, est fondé sur le développement
considérable de la jurisprudence récente de

25
26
LEGITIMAÇÃO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO NO
CONTEXTO DE UMA POLÍTICA DE OBSERVÂNCIA
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS*

CÉSAR OLIVEIRA DE BARROS LEAL


Mestre em Direito; Procurador do Estado do Ceará; Professor da Faculdade de Direito da Universidade
Federal do Ceará; Membro Titular do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária; Membro da
Sociedade Americana de Criminologia e da Academia Brasileira de Direito Criminal; vice-Presidente da
Sociedade Brasileira de Vitimologia; Membro da Academia Cearense de Letras e da Academia de Ciências
Sociais do Ceará.

Na condição de membro do CNPCP, órgão trâmite na Câmara dos Deputados e no Senado


da execução penal, subordinado ao Ministério da Federal.
Justiça, entre cujas atribuições se inclui a de
propor diretrizes de política criminal e A verdade é que o conceito de segurança
penitenciária, assim como a de exarar pareceres está entranhadamente vinculado a políticas de
em processos que tramitam no Congresso conteúdo repressório, que se procura legitimar a
Nacional em sede de direito penal, direito todo custo, segundo Helga Cremer Schäfer, numa
processual penal e execução da pena, preocupa- estratégia fundada na “exasperação da
me sobremaneira a visão prevalecente dos fins insegurança, da criminalidade e do medo.”¹ Tal
que o Estado deve perseguir por intermédio da como asseverou a Dra. Ana Lucia Sabadell: “A
sanção penal, algo que diz respeito à sua própria política de segurança hoje pode ser entendida
legitimidade, maiormente nestes novos tempos como uma política simbólica que, através de
em que a segurança pública – dever do Estado, conceitos como ‘erradicação da violência’, ‘medo
direito e responsabilidade de todos, exercido para da criminalidade’ e ‘luta contra o crime’, tenta
a preservação da ordem pública e da produzir dentro da sociedade insegurança e
incolumidade das pessoas e do patrimônio, a teor legitimar a repressão por parte do Estado.”²
do art. 144 da Constituição Federal – deixou de
É de conhecimento amplo e notório a
ser um tema periférico e ganhou foros de
prioridade, no discurso oficial dos governantes de origem da promulgação de normas como a
plantão. controvertida Lei n. 8.072/90 (Crimes
Hediondos), a Lei n. 9.034/95 (Crime
Convocado em março de 2002 para Organizado) e as Leis n. 9.695/98 e n. 9.677/98
oferecer subsídios à Associação Cearense do (Falsificação de Produtos Terapêuticos e
Ministério Público, com vistas à redação de Medicinais), geradas nas entranhas de um medo
documento que seria encaminhado à Comissão de que se espraia e se acentua após a ocorrência de
Segurança do Senado Federal, indaguei dos crimes bárbaros, de larga divulgação. Associado
ilustres promotores que me entrevistaram acerca ao inconformismo e à revolta, dito medo enseja a
de sua postura dogmática com relação à pena e a reflexão coletiva e a ações de cunho preventivo,
seus respectivos fins, um pressuposto básico de mas, por outro lado, fomenta um direito penal
qualquer projeto de política criminal que se simbólico, retórico, desprovido de legitimidade,
pretenda implantar, em nome da segurança acolhedor de propostas demagógicas,
pública. Assim o fiz por perceber, entre alguns antilibertárias (como, por exemplo, a pena de
representantes do ministério público, uma morte, a prisão perpétua, a ampliação da lei dos
inequívoca e renitente propensão pelo crimes hediondos e a redução da idade da
endurecimento da pena, a mesma propensão que responsabilidade penal), que criam uma
se detecta em centenas de projetos de lei em expectativa fraudulosa de tranqüilidade e de
segurança jurídica.

27
Pois bem: nesses tempos de paranóia, de se recolhem “quase nunca os agentes da
histeria massiva – em que prosperam criminalidade não convencional”, como proclama
escancaradamente os movimentos de lei e ordem, o insigne professor Miguel Reale Júnior,3 eis que
carentes de legitimação, encorajados por uma a justiça, no mais das vezes, é “uma fera faminta e
parcela da mídia sequiosa de sensacionalismo, discriminatória que morde o fraco, porém o
(faço este parêntese para perquirir sobre os limites poderoso nem sequer o arranha”, no testemunho
da liberdade de imprensa versus direitos do ex-presidiário José Raúl Bedoya, em “Inferno
humanos, um item manifestamente polêmico, mas entre Grades”,4 a mesma conclusão a que chegou
que se deve enfrentar de forma desapaixonada e Jeffrey Reiman, em sua análise sobre a realidade
objetiva) –, prega-se, a altas vozes, o aumento das presidial norte-americana, sob o instigante título
penas, alardeando-se a ilusão de que, desse modo, “The Rich Get Richer and the Poor Get Prison”.
seja possível inibir o crime, como se o
delinqüente fora um atento observador da lei, um Na prisão – apesar do disposto na
cidadão auto-reflexivo, pronto para internalizar, Declaração Universal dos Direitos do Homem,
ante a possibilidade de uma punição mais severa, em tratados e convenções internacionais de que
a mensagem de que não deve incidir em condutas nosso país é signatário, nas Regras Mínimas para
ilegítimas, delituosas. A esse propósito, é curial o Tratamento do Preso no Brasil (inspiradas nas
atentar para as extravagâncias do modelo Regras Mínimas da ONU – adotadas em Genebra,
americano, defendido por muitos à outrance no ano de 1955, no I Congresso sobre Prevenção
(responsável, porém, por uma das mais altas taxas do Crime e Tratamento do Delinqüente – e
de encarceramento do mundo e que gerou, entre fixadas pelo Conselho Nacional de Política
outros absurdos, The Three Strikes Law, a Lei dos Criminal e Penitenciária, através da Resolução n.
Três Golpes, consoante a qual aquele que comete 14, de 11 de novembro de 1994, na qual consta
um terceiro crime, ainda que leve, será punido que é assegurado ao preso o respeito à sua
com uma sanção que varia de 25 anos à prisão individualidade, integridade física e dignidade
perpétua). pessoal), na Constituição Federal de 1988 (em
cujo art. 5º se lê que ninguém será submetido a
Fiz uso, acima, do termo “possibilidade” e tortura nem a tratamento desumano ou
não “certeza” posto que esta é, degradante; são invioláveis a intimidade, a vida
inquestionavelmente, a realidade brasileira, onde privada, a honra e a imagem das pessoas; a todos
são cada vez mais nutridas as cifras tanto negras é assegurado o direito de petição aos Poderes
quanto douradas da criminalidade, mais Públicos em defesa de direitos ou contra
numerosas as ordens de prisão sem cumprir, mais ilegalidade ou abuso de poder; é assegurado aos
assíduas as fugas em massa de unidades penais presos o respeito à integridade física e moral; e
iníquas e sobrepovoadas (com destaque para as não haverá penas de morte, salvo em caso de
delegacias de polícia, onde se apinham de forma guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; de
subumana – como dejetos da sociedade –, caráter perpétuo; de trabalhos forçados; de
milhares de presos, provisórios e condenados) e banimento; e cruéis) e na Lei de Execução Penal,
mais visível o desmoronamento do vigente a LEP (Lei 7.210, de 11 de julho de 1984, em que
modelo penitenciário, sobretudo dos regimes são alistados no art. 41 os direitos dos presos,
semi-aberto e aberto, circunscritos em regra, embora não de forma exaustiva – porquanto a lei
máxime pela insuficiência ou inexistência de prevê muitos outros, que se subordinam a
estabelecimentos adequados, à mera assinatura determinados requisitos –, com a ressalva do art.
periódica de um livro de ponto e que, por isso 13 de que ficam garantidos aqueles direitos não
mesmo, perdem seu significado punitivo e exalam atingidos pela sentença ou pela lei, o que,
o odor fétido da impunidade. segundo a Exposição de Motivos, é uma
proclamação formal de garantia, que ilumina todo
Convertida em “metástase social” é a o procedimento da execução) – pratica-se, sob o
execução da pena onde a seletividade do sistema olhar indiferente e cúmplice do Estado, toda sorte
se expõe sem pejo em toda a sua exuberância, de ações enodoadas pelo menoscabo aos direitos
visto que – salvo casos excepcionais – tão-só os humanos, na medida em que o presidiário, muito
marginalizados, os miseráveis, os que não podem mais do que a própria liberdade, perde, ao arrepio
arcar com as despesas de uma advocacia dos princípios essenciais do Estado Democrático
particular ou simplesmente pagar uma fiança, de Direito, sua intimidade, sua privacidade, sua
ingressam e permanecem no cárcere, no qual não auto-estima, sua identidade social, sua segurança,

28
sua dignidade (esta última erigida pelo art. 1º da qual legalidade penal? Amoldá-lo a toda
Carta Magna em um dos fundamentos da legislação penal, inclusive à legislação
Repúblicsa Federativa do Brasil), num locus extravagante? Mas submetê-lo, então, a uma
ultrapassado e deplorável. em que se amalgamam lavagem cerebral e fazer inserir no seu espírito
a violência, a coabitação forçada, o etiquetamento tudo aquilo que consta do Estatuto Penal e de toda
e a despersonalização. a legislação penal? Ou apenas inserir no seu
espírito a validade do valor que ele desrespeitou
Já se disse alhures que o Estado se pela prática delituosa? E mais uma pergunta se
assenhoreia da vida do recluso e faz do cárcere faz obrigatória: por que métodos e por que meios
um execrável depósito de seres humanos. Não realizar esta propalada re-socialização social? É
obstante a meta da prevenção especial (ou de se admitir que o delito é apenas uma
individual) e a dicção do art. 1º da LEP, de oportunidade que o delinqüente dá para que o
conformidade com o qual a execução da pena Estado recupere pela utilização de métodos das
“tem por objetivo efetivar as disposições da ciências comportamentais, transformando a figura
sentença ou decisão criminal e proporcionar etérea, porque não existe na realidade científica,
condições para a harmônica integração social do do ‘criminoso’, em outra realidade também etérea
condenado e do internado”, no sentido de impedi- que é a do ‘não criminoso’?
lo de praticar novos delitos, medra o
convencimento de que a meta de ressocialização é É certo e possível utilizar todo um cabedal
um mito inatingível intramuros, até porque, como de conhecimentos científicos para impingir ao
relembra o saudoso Alessandro Baratta, “no se condenado em um meio inatural, que lhe
puede segregar personas y pretender al mismo desvirtua a personalidade, padrões de
tiempo reintegrarlas”,5 ou, nas palavras de Roxin, comportamento amoldados, adequados à
“a nadie se le puede enseñar encerrado a vivir en convivência social para que ele seja útil e
libertad”6. Essa convicção é também acomodado ao mundo livre. Mas, ao se admitir
compartilhada por Javier Alejandro Buján e que ele deve ser cientificamente transformado,
Victor Hugo Ferrando, os quais qualificam o para se amoldar ao mundo livre e à sociedade, se
tratamento penitenciário – uma gritante está assumindo um papel muito pouco crítico e
mistificação, pois incompatível com o muito mais totalitário do que se imagina;
encarceramento – como uma “herramienta legal totalitário, na medida em que se vê o delinqüente
legitimada para callar, aislar y denigrar a los que como patológico, em que se vê o delito como
violan las pautas impuestas.”7 Já afirmava Manoel anormal, em que se atribui ao condenado a
Pedro Pimentel, em “O Crime e a Pena na posição irremediável de errado; mas o errado que
Atualidade, que “é crescente hoje o número de filantropicamente o Estado recolhe e retira da
especialistas que tendem a denegar à pena de liberdade para lhe devolver depois ao seio social
prisão qualquer sentido utilitarista, sustentando acomodado, transformado no bom moço que será
que a única finalidade que se lhe pode cominar é a útil a todos nós que vivemos numa sociedade
de punir.”8 homogênea, perfeita, coerente, desfeita de males
porque o mal, o mal está sendo desfeito ao se
Estamos convencidos, com efeito, de transformar o condenado, que é o único mal.“9
quanto vem a ser falso referir a prisão tradicional
como agência terapêutica, de quanto é falaz Luiz Flávio Gomes pontua que a
insistir na tecla da ressocialização. Oportunas, “descrença na ressocialização com a conseqüente
nesse sentido, as ponderações de Miguel Reale perda de credibilidade da pena privativa de
Júnior: “Re-socializar perante o quê? Re- liberdade, ao lado do princípio da humanidade,
socializar perante que conjunto normativo? Re- constitui, talvez, a característica mais importante
socalizar perante que ideologia? Que normas? da Política Criminal dos últimos anos,
Que conjunto de valores? O conjunto de valores destacando-se: a) o desaparecimento da pena de
próprios de uma comunidade? O conjunto de morte ou, pelo menos, sua limitação; b) o
valores defendido por um determinado deslocamento da pena privativa de liberdade de
pensamento político? O conjunto de valores seu lugar central no sistema punitivo; c) a
propugnado por uma religião? Ou o conjunto de substituição da pena privativa de liberdade por
valores que se encontra encartado na legislação sistemas de tratamento; d) a substituição da pena
penal? Ressocializar seria condicionar ou amoldar privativa de liberdade por outras medidas
o homem condenado à legalidade penal? Mas alternativas...”10

29
A partir do reconhecimento de que a CNPCP) e que alargou o rol das alternativas
fracassada prisão é a “síntese mais emblemática penais (as quais passaram a ser: prestação
das punições torturantes, desumanas, degradantes pecuniária; perda de bens e valores; prestação de
e cruéis”, ainda na lição de Luiz Flávio Gomes,11 serviços à comunidade ou a entidades públicas;
de que em seu interior é imposta “una estrategia proibição de exercício de cargo, função ou
de poder en que el Estado logra una de las formas atividade pública, bem como de mandato eletivo;
más tangibles de control y dominación mediante proibição de exercício de profissão, atividade ou
la coerción física como detentador de la receta ofício que dependam de habilitação oficial, de
absoluta de una violencia racionalizada...”, como licença ou autorização do Poder público;
realça Elías Neuman, em “Cárcel y Sumisión”,12 suspensão de autorização ou habilitação para
surgiram propostas deslegitimadoras do sistema dirigir veículo; proibição de freqüentar
penal como o abolicionismo e o minimalismo determinados lugares; limitação de fim de
(radical), as quais são, no ensinamento de Paulo semana; multa; e prestação inominada), bem
de Souza Queiroz, “movimentos de política como o lapso temporal de sua aplicação (pena
criminal, vertentes da assim chamada nova privativa de liberdade não superior a 4 anos e
criminologia ou criminologia crítica, surgida nos quando o crime não for cometido com violência
Estados Unidos por volta dos anos 60 e 70, que, ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a
rompendo, com a criminologia tradicional (a pena aplicada, se o crime for culposo).
criminologia positiva), e sob o influxo de teorias Gradualmente, a objeção maior que lhes era
sociológicas principalmente (das mais diversas apresentada – ou seja, a da precariedade do
tendências), contrapõem ao paradigma etiológico, monitoramento – foi perdendo o sentido com a
próprio da criminologia positiva, um novo implantação progressiva das Centrais e Varas de
paradigma, o paradigma do controle.”13 Execução de Penas Alternativas.

A despeito das críticas ao sistema penal Assinale-se com destaque que a Central
que constituem o substrato do abolicionismo e às pioneira foi a de Curitiba, criada em 1997 e que
quais me associo, ouso colacionar minha objeção serviu de modelo para o surgimento de outras em
à idéia de que seja factível substituir inteiramente diferentes estados, vinculadas ou não a uma Vara
o sistema penal por instâncias intermediárias ou de Execuções Criminais. O Município de
individualizadas de solução de conflitos (a Fortaleza, Ceará, por sua vez, deu um passo
exemplo dos modelos compensatório, terapêutico inovador com a implantação, em 1998, da Vara de
e educativo), como também de que se possa Execução de Penas Alternativas, a primeira do
suprimir o cárcere. Inclino-me, em verdade, por gênero no país. As Centrais e Varas mantêm,
um direito penal garantidor e efetivamente ademais, convênios com entidades recebedoras de
mínimo, que seja refratário à reprodução das prestadores de serviços à comunidade ou a
desigualdades, que não se concilie com a entidades públicas, assim como condenados à
manutenção de regimes opressivos e preveja a pena de limitação de fim de semana, aos quais
aplicação da penalidade custodial apenas aos tem se buscado oferecer cursos de formação
plurirreincidentes, aos autores de delitos profissional.
caracterizados pela extrema violência, aos que
representam uma séria ameaça à comunidade. A No âmbito do Ministério da Justiça, criou-
Organização das Nações Unidas, aliás, em se, em 12 de setembro de 2000, a Central
inúmeros congressos internacionais, tem Nacional de Apoio e Acompanhamento às Penas
recomendado a descriminalização, assim como o e Medidas Alternativas (CENAPA) e, em 27 de
emprego da pena privativa de liberdade somente fevereiro de 2002, a Comissão Nacional de Apoio
quando se trate de delinqüentes perigosos, de ao Programa Nacional de Penas e Medidas
autores de crimes de intensa gravidade, para os Alternativas, um programa com recursos do
quais não resta outra opção além do encerro, do FUNPEN que estimula, fornecendo apoio técnico
aprisionamento. e financeiro inclusive, a implantação de Centrais e
Varas especializadas em todo o Brasil.
É essencial, neste contexto, registrar os
avanços ocorridos a partir da edição da lei 9.714, Essas iniciativas são de grande
de 25 de novembro de 1998 (nascida do projeto relevância para a formação de um novo
de lei n. 2.684/96, de cuja elaboração paradigma – em que a pena detentiva deixe de ser
participamos, na qualidade de membro do vista como a única e verdadeira punição –, e estão
em consonância com as Diretrizes Básicas da

30
Política Criminal e Penitenciária, estabelecidas 1.5. Os Estados-membros devem introduzir
pelo CNPCP através da Resolução n. 5, de 19 de medidas não-privativas de liberdade em seus
julho de 1999 (V. art. 4º: Defender o instituto das sistemas jurídicos para propiciar outras opções,
penas alternativas como forma de evitar a reduzindo deste modo a aplicação das penas de
privação da liberdade, a qual deve ser imposta prisão e racionalizar as políticas de Justiça Penal,
excepcionalmente, como ultima ratio). levando em consideração o respeito aos direitos
humanos, as exigências da justiça social e as
Há de se ter em conta, neste caso, as necessidades de reabilitação do delinqüente.14
Regras Mínimas das Nações Unidas sobre as
Medidas Não-Privativas de Liberdade (Regras de Paralelamente a tais penas, faz-se preciso,
Tóquio), elaboradas pelo Instituto Regional das de modo permanente, humanizar o cárcere e
Nações Unidas da Ásia e do Extremo Oriente para oferecer melhores condições aos presos residuais,
a Prevenção do Delito e Tratamento do o que implica assistência material, social, médica
Delinqüente e em cuja Seção I estão consignados (preventiva e curativa), jurídica e educacional,
seus objetivos fundamentais, a saber: além de trabalho, nos termos da lei, com direito à
remição (esta aplicada também à educação),
1.1. As presentes Regras Mínimas enunciam assegurando-lhes, com igual ênfase, as garantias
um conjunto de princípios básicos para promover do devido processo legal: do direito de defesa, do
o emprego de medidas não-privativas de contraditório, do duplo grau de jurisdição, da
liberdade, assim como garantias mínimas para as igualdade no processo etc., todas previstas pela
pessoas submetidas a medidas substitutivas da Constituição Federal, o Texto Supremo que deve
prisão. ser o sul e o norte de uma política social, criminal
e penitenciária que, sob o signo da solidariedade,
1.2. As presentes Regras têm por objetivo seja fundamentada no ideário da promoção do
promover uma maior participação da comunidade homem, a verdadeira fonte de relegitimação das
na administração da Justiça Penal e, muito
ciências penais.
especialmente, no tratamento do delinqüente, bem
como estimular entre os delinqüentes o senso de Concluimos com as palavras de Antonio
responsabilidade em relação à sociedade. Sánchez Galindo, em “Narraciones Amuralladas”:
“Tratemos bien al delincuente porque es un
1.3. As presentes Regras devem ser aplicadas hermano en desgracia; nosotros, en una forma o
levando em consideração as condições políticas, en otra, lo hemos engrendrado o producido, por
econômicas, sociais e culturais de cada país, bem
nuestra mala planificación social, por nuestras
como os propósitos e objetivos de seu sistema de insuficientes medidas de prevención, por nuestras
Justiça Penal. precarias tablas de predicción. Cada humano que
1.4. Ao aplicar as Regras, os Estados-membros se envía a la prisión construye un monumento de
devem envidar esforços para atingir equilíbrio nuestro fracaso de la misma manera que cada
adequado entre os direitos dos delinqüentes, os golpe que otorgamos a nuestros hijos es la
direitos das vítimas e o interesse da sociedade na impotencia de nuestro razonamiento y la
segurança pública e na prevenção do delito. ineficacia de nuestro sistema educativo.” 15

31
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

* Artigo elaborado a partir de anotações para a 06. Apud BUJÁN, Javier Alejandro e
palestra ministrada no 05.04.02, no painel FERRANDO, Víctor Hugo. La Cárcel
“Legitimação e Deslegitimação da Ciência Argentina. Una Perspectiva Crítica. Buenos
Penal: Direito Penal e Execução Penal”, de Aires: Ad-hoc, 1998, p. 43.
que participou também o Dr. Paulo de Souza
Queiroz e teve como Coordenadora a Dra. 07. Op. cit., p. 56.
Carla Campos Amico, por ocasião do
Encontro Internacional de Ciências 08. PIMENTEL, Manoel Pedro. O Crime e a
Pena na Atualidade. São Paulo: Revista dos
Criminais: Uma Abordagem Interdisciplinar
sobre a Criminalidade, promovido em Natal, Tribunais, p. 148.
Rio Grande do Norte, no período de 04 a 06 09. REALE JÚNIOR, Miguel et al.. Op. cit, pp.
de abril de 2002, pela Fundação Escola 166-167.
Superior do Ministério Público do Estado do
Rio Grande do Norte e pelo Instituto 10. GOMES, Luiz Flávio. Penas e Medidas
Brasileiro de Ciências Criminais Alternativas à Prisão. São Paulo: Revista dos
(IBCCRIM). Tribunais, 199, pp. 19-20.
01. SCHÄFER, Helga Cremer. Apud 11. Op. cit., p. 69.
SABADELL, Ana Lucia. Segurança Pública,
Prevenção e Movimento Feminista: Uma 12. NEUMAN, Elías. Cárcel y Sumisión. In
Aproximação ao Caso Alemão. In Revista Revista do Conselho Nacional de Política
Brasileira de Ciências Criminais, publicação Criminal e Penitenciária do Ministério da
oficial do IBCCRIM. São Paulo: Editora Justiça, vol. I, n. 10, jul./dez, 1997, p. 34.
Revista dos Tribunais, ano 8, n. 29,
janeiro/março, 2000, p. 56. 13. QUEIROZ, Paulo de Souza. Funções do
Direito Penal: Legitimação versus
02. SABADELL, Ana Lucia. Op. cit., p. 56. Deslegitimação do Sistema Penal. Belo
Horizonte: Del Rey, 2001, pp. 90-91.
03. REALE JÚNIOR, Miguel et al. Penas e
Medidas de Segurança no Novo Código. Rio 14. JESUS, Damásio Evangelista de. Penas
de Janeiro: Forense, 1985, p. 129. Alternativas: Anotações à Lei n. 9.714, de 25
de novembro de 1988. São Paulo: Saraiva,
04. BEDOYA, José Raúl. Infierno entre Rejas. 1999, pp. 216-217.
México: Posada, 1984, p. 11.
15. GALINDO, Antonio Sánchez. Narraciones
05. BARATTA, Alessandro. Resocialización o Amuralladas. México: Impresos Chávez,
Control Social. Por un Concepto Crítico de la 2001, p. 59.
Reintegración Social del Condenado, en la
revista “No hay Derecho”, n. 3. Buenos
Aires, Argentina, p. 77.

32
O DIREITO INTERNACIONAL HUMANITÁRIO
COMO SISTEMA DE PROTEÇÃO INTERNACIONAL
DA PESSOA HUMANA

CHRISTOPHE SWINARSKI
Consultor Internacional em Direitos Humanos e Direito Humanitário; ex-Consultor Jurídico do Comitê
Internacional da Cruz Vermelha (CICV); Membro do Conselho Consultivo do Instituto Brasileiro de Direitos
Humanos.

1. Ao se abordar a apresentação do Direito entre Estados estavam menos desenvolvidas em


Internacional Humanitário, surgem certas muitos âmbitos da atividade internacional, o
interrogações que requerem explicação. A Estado ainda não assumia todas as funções que
primeira delas é a questão das relações existentes lhe incumbem em nossos dias), podemos notar
entre esse corpo de regras internacionais e o resto que o direito da guerra tinha uma dimensão no
do direito pelo qual são regidas as relações na mínimo tão ampla quanto o direito da paz, se
comunidade internacional. Com muita considerarmos o volume total das regras do
freqüência, expressa-se a opinião de que o direito internacional em vigor, sejam elas de
Direito Internacional Humanitário é uma espécie origem consuetudinária ou convencional.
de direito à parte, ou seja, que se encontra fora
do Direito Internacional Público em geral, e As tentativas de submeter a relação
ainda mais separado dos ramos especializados internacional de conflito armado ao regime do
deste direito. Esta opinião não tem, contudo, direito aparecem já no advento do Direito
fundamentos na história do Direito Internacional Internacional Público moderno. A diferença entre
Público.1 a guerra justa e a que não o era, baseada
sobretudo em considerações filosóficas e
O desenvolvimento do direito ideológicas, seria interpretada depois, em direito,
internacional moderno faz com que esta questão como a elaboração das regras da primeira, com o
seja supérflua, pois este direito, na versão propósito de, pelo menos, excluir das relações
clássica vigente até hoje, pelo menos até 1945, internacionais a segunda.
delimita, no conjunto de suas regras, dois
grandes âmbitos dotados praticamente da mesma A função que desempenha o direito da
importância. O primeiro contém as normas pelas guerra no desenvolvimento do Direito
quais eram regidas as relações entre Estados em Internacional Público remonta às origens desse
situações de paz; o segundo, as que regiam as direito, pois os primeiros contatos entre grupos
relações de conflito armado. Tanto o direito da sociais e comunidades pré-estatais eram,
paz quanto o da guerra constituíam o conjunto do sobretudo, relações de conflito. Neste contexto,
Direito Internacional Público. Cabe lembrar que apareceram as primeiras normas
o Estado soberano tinha o direito de recorrer à consuetudinárias.
força nas suas relações com outros Estados.
Além disso, recorrer à força era o atributo Sem considerar a problemática dos
supremo da sua soberania, a expressão mais fundamentos sociológicos, econômicos e
ideológicos do Direito Internacional Público,
cabal da sua qualidade de Estado.
cumpre-se destacar que as regras
Como o ato de recorrer à força estava consuetudinárias do direito da guerra, tendo
incluído no direito, e as relações de conflito surgido quase no início das relações entre
armado entre membros da comunidade comunidades, apresentam em todas as partes um
internacional eram tanto ou mais freqüentes que conteúdo idêntico e finalidades análogas. Este
na atualidade (uma vez que as relações pacíficas surgir espontâneo nas diferentes civilizações –

33
que não dispunham então de meios de 3. Com efeito, esta estrutura aparece hoje
comunicar-se entre si – é um acontecimento em dia – e talvez cada dia mais – como uma
importante; é a prova de que a necessidade da estrutura dentro da qual encontram-se diversos
existência de normas no caso de um conflito corpos de normas com várias origens, diversos
armado fazia-se sentir de igual maneira em procedimentos e múltiplos órgãos de aplicação.
civilizações muito diferentes.
Este grande número de sistemas
2. Nestas observações sobre o Direito normativos apresenta aos que anseiam
Internacional Humanitário, é também mister implementá-los um grande desafio, tanto sob o
refletir sobre as modificações e os procedimentos aspecto de conceituar as relações entre eles
da prática normativa do Direito Internacional como, e mais ainda, de fazer coincidir os
Humanitário, tanto no tocante ao conteúdo da esforços para alcançar sua efetiva vigência.
questão quanto à metodologia.
Utilizando-se o critério da finalidade dos
Em primeiro lugar, convém esclarecer o efeitos dos sistemas internacionais existentes de
próprio uso do termo “efetivação”, o qual proteção da pessoa humana, poder-se-ia tentar
costuma servir há muitos anos aos juristas e classificá-los em quatro categorias, segundo o
cientistas políticos para designar o conjunto de enfoque particular da proteção que contemplam.
condições necessárias para uma norma
internacional conseguir surtir efeitos concretos e A primeira categoria desses sistemas teria
eficazes na realidade na qual há de ser aplicada. como finalidade essencial, ou mais
especificamente como o próprio fundamento de
Neste sentido, o termo se estende para as toda sua existência jurídica, a proteção dos seres
três fases do processo, quais sejam: humanos em todos os aspectos em sua qualidade
de membros da sociedade humana. Pertence a
• entrada em vigor da norma, ao nível esta categoria, sem dúvida alguma, o Direito
internacional e nacional; Internacional dos Direitos Humanos em seus
níveis regional e universal. Os Direitos Humanos
• sua concretização no direito interno colocam o ser humano dentro de sua mais alta
acompanhada, se necessário, da adoção de sociedade política, a da humanidade, com “… a
medidas complementares; acepção que agora lhe damos, acepção que se
desenvolveu principalmente na última década, na
• aplicação da mesma, inclusive nos
comunidade internacional de hoje em dia, com a
procedimentos necessários para modulá-la,
complexa, múltipla e dialética integração que
ou seja, para proporcionar-lhe um âmbito
tem.”2 Por isso, pode-se dizer que se trata, no
institucional idôneo.
sentido técnico da palavra, do direito geral da
Este termo é, portanto, mais abrangedor pessoa humana.
do decurso do processo de nascimento de uma
A segunda categoria de direitos da pessoa
obrigação ou de um direito à disposição de uma
humana a nível internacional conteria os sistemas
pessoa humana do que de sua aplicação, a qual
que protegem várias e importantes categorias de
corresponde a uma simples etapa do mesmo
seres humanos devido às especificidades de sua
processo.
condição na sociedade, tais como, por exemplo,
No tocante aos sistemas de proteção da o Direito da Mulher ou o Direito Internacional da
pessoa humana, também é óbvio que, enquanto Criança.
não houver cumprido as exigências das três
Na terceira categoria de direitos de
etapas, a norma fica incompleta no que diz
proteção do ser humano poderiam ser incluídas
respeito à sua inserção no sistema jurídico em
as normativas que o protegem devido ao
que deve se introduzir.
desempenho de sua função social, ou seja, de
Assim, o termo “efetivação” conota muito uma condição particular inerente ao seu
utilmente a complexidade do processo de funcionamento na sociedade. A este tipo de
formação daquelas obrigações e direitos, normas corresponderiam, por exemplo, o Direito
particularmente os oriundos da estrutura Internacional do Trabalho ou o Direito
normativa internacional de proteção da pessoa Internacional Médico.
humana.

34
Finalmente, a última categoria Teriam seu âmbito particular de aplicação e
contemplaria as necessidades da pessoa humana implementar-se-iam por seus próprios
focalizando sua situação na sociedade quando procedimentos?
pesa sobre si uma ameaça particular ou o
impedimento de gozar da devida proteção do Finalmente, coloca-se uma questão acerca
direito interno, o que é abordado no Direito dos do Direito Internacional Humanitário e suas
Refugiados e no Direito Humanitário.3 relações com os Direitos Humanos, tanto no
tocante às suas respectivas origens e sua índole,
4. O que costuma ser chamado hoje em dia como nos efeitos de ambos em relação à pessoa
“Direito Internacional Humanitário” ou, de humana.
maneira mais técnica, Direito Internacional
aplicável em situações de conflitos armados, é “o 6. Deve-se lembrar que na doutrina
corpo de normas internacionais de origem clássica do direito das pessoas, os Estados
convencional ou consuetudinária soberanos dispunham da total liberdade de fazer
especificamente destinado a ser aplicado aos uso da força nas relações entre si. O direito do
conflitos armados, internacionais ou não- recurso à força integrava o próprio conceito de
internacionais, que limita, por razões soberania estatal e representava até a mais cabal
humanitárias, o direito das partes em conflito característica daquela soberania nas relações de
escolherem livremente os métodos e meios um Estado com os outros membros da
utilizados na guerra ou que protege as pessoas ou comunidade internacional.
os bens afetados, ou que possam ser afetados
pelo conflito.”4 A história do direito da guerra determina
toda a trajetória do próprio Direito Internacional
Entendido desta maneira, o Direito Público, condicionando de uma maneira decisiva
Internacional Humanitário ocupa, dentro do o processo de elaboração deste último.
Direito Internacional Público, o próprio lugar do
A fundação do Direito Internacional como
corpo de regras que antigamente era conhecido
sob a denominação de Direito Internacional de disciplina diferente das ciências jurídicas deveu-
Guerra. se, mais que tudo, à transferência do debate sobre
o que era, ou não, uma guerra justa (guerra
5. Entre as indagações possíveis no estudo legítima), baseado em considerações filosóficas e
do Direito Internacional Humanitário, a primeira ideológicas ao nível do direito concebido como
pode provir da associação de dois termos regime político das nações vivendo esta situação
podendo ser considerados contraditórios por (guerra legal).6
alguns : os vocábulos “direito” e “humanitário”.5
Embora o ano de 1864, data da criação do
Enquanto se entende por “direito” o primeiro instrumento multilateral do Direito
conjunto de normas obrigatórias sancionadas Internacional Humanitário – Primeira Convenção
com um sistema de implementação e de de Genebra –, costume ser considerado como a
execução, a palavra “humanitário” costuma se data de nascimento deste direito, é óbvio que as
referir mais a um sistema de regras de conduta normas daquele direito existiam com muita
baseadas em uma escala de valores éticos anterioridade. Mesmo fora do âmbito de regras
reconhecidos por preferências ideológicas, sem, consuetudinárias, já existia um bom número de
portanto, dar-lhes um caráter obrigatório para o tratados internacionais bilaterais contendo regras
comportamento social. naturais humanitárias na mais remota
Antigüidade.7
Logicamente, podem surgir dúvidas a
respeito da própria pertinência do Direito O Direito Internacional Humanitário
Internacional Humanitário ao direito entendido adquiriu um acometimento mais específico no
como um sistema de normas vigentes e momento em que se tornou um regime geral do
aplicáveis. Também podem surgir interrogações comportamento internacional em situação de
sobre a colocação deste direito dentro das guerra.
normas existentes. Tratar-se-ia, na realidade, de
um ramo específico do Direito Internacional 7. Hoje em dia, depois da proibição do
Público ou de um sistema de normas separadas recurso à força na comunidade internacional
contemporânea, referendada pela Carta das
obedecendo aos seus próprios modos de criação?

35
Nações Unidas, os Estados perderam a uma melhor proteção em qualquer situação,
possibilidade legal de resolver seus quando a eficiência da proteção dada por seus
enfrentamentos e litígios por meio de conflitos próprios sistemas jurídicos passa a ser deficiente.
armados.
Também se deve levar em conta o papel
Existem, todavia, exceções a este de complemento internacional às insuficiências e
princípio fundamental da proibição do recurso à às carências do direito interno do próprio Estado
força. Assim, admite-se a legalidade do conflito que venham a surgir devido à existência de um
bélico nas seguintes situações: conflito bélico em seu território.9

• a guerra de legítima defesa reconhecida 9. É necessário destacar este caráter


como o direito de um Estado se defender subsidiário da normativa internacional, assim
contra um ataque armado, consagrado no art. como o fato de que ela corresponde à vontade do
51 da Carta das Nações Unidas; próprio Estado expressada por sua adesão a um
instrumento internacional, e não só a algumas
• a guerra de libertação nacional que cumpra preocupações setoriais ou aos interesses de
as condições de um enfrentamento armado, alguns grupos de pressão, de caráter político,
em conformidade com as regras econômico e ideológico.10
interpretativas das modalidades do exercício
do princípio de autodeterminação dos povos; Não obstante, persiste no seio de muitos
corpos estatais a convicção de que o Direito
• as medidas de segurança coletiva previstas Internacional, especialmente no tocante aos
nos mecanismos do capítulo VII da Carta direitos da pessoa, procede das determinadas
das Nações que podem ser decididas contra opções ideológicas da relação entre o indivíduo e
um Estado representando uma ameaça para a o Estado, ou melhor, que responde às exigências
paz e a segurança internacionais. da ordem pública internacional e aos requisitos
do bom funcionamento da comunidade humana.
Desta maneira, o Direito Internacional
Humanitário adquire características mais A famosa tese do caráter supostamente
específicas ao mostrar-se como regime geral de “subversivo” das interferências internacionais no
toda conduta nas situações de conflito armado. regime de relação entre o indivíduo e os órgãos
Ao se propor a reger as situações em que se usa a estatais freqüentemente descansa sobre uma
força armada, este direito tem dois ramos que confusão semântica na qual – certas vezes por
correspondem aos seus dois objetivos: limitar o ingenuidade, outras vezes por propósitos
recurso a determinados meios de combate nas equivocados – se confundem diferentes acepções
hostilidades e proteger as vítimas do conflito. da noção dos Direitos Humanos, sendo este o
termo genérico para todos os direitos da pessoa.
Estes dois ramos do Direito Internacional
Humanitário atendem respectivamente, por 10. Pois bem, o conceito em si dos Direitos
razões históricas, pelos nomes de “Direito de Humanos pode ter três acepções diferentes:
Haia” e “Direito de Genebra”.8
• Na primeira, trata-se de uma proposta dos
8. Ao se questionar sobre as funções direitos individuais, parte da reflexão geral
desempenhadas pelo Direito Internacional sobre as relações entre o indivíduo, a
Humanitário, cumpre-se levar em conta as razões sociedade e o poder, de origem ideológica,
que originaram a aprovação por parte dos integrando a doutrina de uma filosofia
Estados deste corpo de norma tratando de limitar política de qualquer inspiração (cristã,
a soberania estatal em um âmbito tão sensível marxista, liberal etc.). Obviamente, o
como a guerra, pois não existe situação mais conteúdo dos Direitos Humanos,
profundamente ameaçadora para a própria contemplados nesta acepção, deve variar
existência do Estado, sua integridade e seus segundo a perspectiva filosófica adotada, e a
interesses fundamentais. tal ponto que se chega invariavelmente a
muitos conteúdos diferentes, senão
Como todas as normas do direito, o Direito contraditórios, o que gera intermináveis
Internacional Humanitário baseia-se nos discussões doutrinárias e ferozes
interesses que os Estados estão dispostos a logomaquias.
concertar a nível internacional para se darem

36
• Na segunda, o conceito se refere às garantias • o da convergência das normas aplicáveis,
legais da pessoa humana no próprio direito com a inevitável confusão para os órgãos
interno, ou seja, as normas de origem que devem aplicá-las;
constitucional, legislativa ou regulamentar
que regem as relações entre a pessoa e o • e o da concorrência – no nível da promoção
aparato do poder, com a suposição de que – entre os que se dedicam a divulgar com
ambas as partes estejam igualmente regidas prioridade absoluta um regime específico
por elas, de modo a servirem de eficaz entre outros.
amparo contra a arbitrariedade do Estado – o
que, por sua vez, representa a condição Disto resulta, para os órgãos do Estado,
fundamental de existência do “estado de uma confusão que os paralisa e aumenta a
direito”. suspeita e a incerteza tradicionais ante as normas
internacionais e, para os protagonistas da
• Finalmente, em sua terceira acepção, os normativa internacional da pessoa, uma
Direitos Humanos são um conjunto genérico considerável dispersão contraproducente dos
de normas de origem internacional visando a esforços, muito freqüentemente, pela sua
limitar a onipotência do Estado em sua eficiência na realidade.
relação com seus súditos e, por conseguinte,
limitar o exercício de sua sacrossanta 12. Voltando para as três etapas da efetivação,
a de entrada em vigor costuma apresentar
soberania pessoal.11
obstáculos comuns em diferentes realidades
A tradicional suspeição dos órgãos políticas e jurídicas, junto com os existentes,
estatais ante as normas não geradas pelos próprios a cada Estado.
procedimentos habituais da ordem interna
encontra-se reforçada com esta “intervenção” em Entre os primeiros, deve-se
uma esfera tão íntima do exercício do poder, prioritariamente mencionar:
como esta em que se estabelecem os direitos a) a relativa inadequação dos serviços do
recíprocos do Governo com os governados. Estado competentes para examinar, após a
Todo protagonismo da normativa assinatura de um instrumento internacional
de Direitos Humanos, seu conteúdo, com o
internacional desta índole deve levar em conta os
perigos daquela confusão semântica, assim como objetivo de preparar um parecer ao poder
as idiossincrasias dos órgãos do Estado sobre a legislativo para a ratificação (ou adesão);
última acepção dos Direitos Humanos. b) a multiplicidade de órgãos do Estado
11. No conceito genérico dos Direitos devendo ser consultados, segundo a
Humanos, cabe também zelar para a natureza das garantias pessoais de que se
tratar;
fragmentação existente dos regimes de proteção
da pessoa humana não se transformar, a nível c) a lentidão da máquina burocrática do poder
interno, em uma confusão, de fato e de direito, executivo no que se refere aos tratados
sobre a relação entre os respectivos conteúdos de multilaterais desse tipo;
distintos regimes específicos que o integram.
d) a amplidão da necessidade de examinar as
Os direitos internacionais da mulher, da modificações necessárias da normativa
criança, do refugiado, do trabalhador, do interna, devido à adoção das normas
enfermo, do indígena, do integrante de uma internacionais;
minoria ou da vítima de um conflito armado
encontram-se, efetivamente, em diferentes e) a obstrução de algumas instâncias do poder
instrumentos internacionais, dirigindo-se para as legislativo e/ou judiciário, naturalmente
diversas facetas da condição da pessoa humana. desfavoráveis à limitação do poder
discricional do Estado em matéria dos
Portanto, surgem os perigos relativos à direitos da pessoa;
efetivação dos sistemas internacionais :
f) a carência do fomento do poder legislativo
para agilizar a ratificação dos instrumentos
complexos, às vezes muito técnicos e de

37
incidência política e eleitoral bastante Promover esta ação e instar para a
aleatória; construção de um âmbito institucional idôneo
constituem um desafio para todos os que
g) a ausência de mecanismos de promoção programam a efetivação dos Direitos Humanos.
adequados para protagonizar o devido ritmo
do processo de ratificação; Deve-se empreender aquela ação a nível
legislativo (às vezes constitucional) para fazer
h) e a insuficiência de perícia nacional na conformar as leis às novas normas e inseri-las no
matéria. ordenamento regido pelos órgãos do Estado
(tarefa ainda mais complexa quando existem
Os elementos próprios de um Estado hão diferentes níveis legislativos, como é o caso no
de ser identificados cada vez à luz de sua
Estado federativo).
estrutura jurídica, situação política, tradição para
com as normas internacionais, inter-relação entre Cabe empenhar-se para que o Poder
suas instituições e propriedades de Executivo tome as medidas regulamentares –
funcionamento de seu aparato estatal. baseadas na norma legislativa ou diretamente na
do tratado – para a administração pública acatar a
Resulta que o jogo destes parâmetros norma internacional; o que também, quase
continua transformando-se em relação
sempre, implica em difíceis, senão dolorosas,
proporcionalmente direta à rapidez das mudanças decisões orçamentárias para proporcionar os
da realidade. O que obriga os protagonistas da meios para essa realização.
entrada em vigor de um instrumento dado a
voltar a avaliá-lo constantemente, adaptando Deve-se capacitar o pessoal dos órgãos do
incessantemente sua ação; ainda mais quando o Estado, os quais terão o encargo de aplicar as
processo de ratificação abrange o mandato de novas normas, tanto na percepção de seu
vários governos e/ou legislaturas. conteúdo quanto no manejo dos procedimentos
inferidos por elas.15
Nos Estados de estrutura federativa, as
dificuldades face à entrada em vigor aumentam As normas internacionais de proteção da
devido à existência de inter-relações jurídicas e pessoa compartilham claramente aquelas
institucionais entre o Estado federal e seus dificuldades de concretização com as outras
componentes.12 normas de procedência internacional, mas se
destacam por terem que enfrentá-las e vencê-las
13. Superadas as dificuldades da primeira para não ficar inexoravelmente sem efeitos no
etapa e finalizado o processo da ratificação
direito interno.
(adesão), enfrentamos a complexidade da fase de
concretização das novas normas ao direito Portanto, não devemos esquecer que todas
interno. as dificuldades e obstáculos no caminho da
incorporação dos direitos de proteção não podem
Não nos compete revisar aqui todo o normalmente debilitar o impacto da norma
processo de assimilação daquele tipo de normas internacional dos Direitos Humanos.
em sua variedade e complexidade.13 Detenhamo-
nos apenas em algumas pautas do processo, mais No caso contrário, a vontade política do
específicas à questão da proteção da pessoa. Estado, expressada ao aceitá-lo, ao se assinar um
instrumento que a contém, ratificando-o,
Apesar de existirem muitas normas de
caducaria de modo incompatível com os
proteção que não precisam de complemento princípios fundamentais de direito internacional,
normativo ou institucional algum para surtirem como afirma: “Uma lei incompatível com um
efeitos, a maioria das normas internacionais tratado internacional (…) poderá obstar a
precisa de leis, regulamentos e órgãos internos aplicação interna desse tratado, que não poderá,
antes de poder beneficiar seus destinatários.14
possivelmente, ser invocado perante um tribunal
Evidentemente, isto significa que a nacional. Mas essa circunstância não eximirá
carência da ação para cumprir os habituais internacionalmente o Estado de cumprir o
efeitos de ratificação de um instrumento tratado, cujo não acatamento poderá gerar uma
internacional torna totalmente ilusória a responsabilidade internacional. Mais ainda, a
efetividade das normas que contém. subsistência integral, nesses casos, da vigência

38
internacional do tratado torna possível que, no • o estabelecimento de elementos
caso das convenções sobre direitos humanos, se constitutivos da alegada violação,
possa recorrer aos órgãos de proteção previstos
nesses tratados (…).”16 • a determinação das responsabilidades pelo
acontecimento desses elementos
A falta do Estado em dar continuidade aos
seus compromissos internacionais mediante a • e o poder de sanção.
incorporação das normas de proteção da pessoa
humana constituirá sempre, à luz das regras mais Os entes não-governamentais e as pessoas
fundamentais do comportamento, referendadas que se dedicam à defesa e à promoção dos
no direito internacional vigente, o argumento Direitos Humanos podem desempenhar um papel
jurídico de maior peso à disposição dos que se de primeira importância na área da investigação
dedicam à promoção daquelas normas, en todos e do estabelecimento dos fatos tendo constituído
os contextos anteriormente mencionados. uma violação dos direitos protegidos.

14. A etapa de aplicação propriamente dita Quanto à determinação das


envolve, por sua vez, seus protagonistas em um responsabilidades, seu papel já depende da
labirinto de intrincamentos de funcionamento divisão de competência no direito interno. Em
cotidiano das instâncias do Estado para com o termos gerais, trata-se aqui do “direito da
indivíduo, solicitando deles uma contínua denúncia”, em seu duplo sentido jurídico e
vigilância e sensibilidade ao efetivo político, ou seja, da competência legal de pôr em
cumprimento da norma. andamento um procedimento e de poder acionar
a pressão da opinião pública.18
Neste aspecto, existem três fases de
atuação: Finalmente, o poder de sanção é
normalmente uma prerrogativa exclusiva dos
• a preparação, órgãos do Estado e das instâncias internacionais,
se existirem, não sendo exercido por outras
• a prevenção entidades. A fiscalização por estas últimas
poderia tornar-se facilmente uma “self-help”
• e o controle. incompatível com os princípios da ordem
pública.
Entendemos por “preparação” o que
pertence à constituição das condições nas quais 15. As considerações precedentes aplicam-se
os órgãos do Estado são habilitados para agir a todos os sistemas internacionais de proteção da
com a “devida diligência”, ou seja, sem poder se pessoa humana, de maneira muito semelhante,
eximir de suas obrigações sob o pretexto de inclusive, ao Direito Internacional
ignorar as modalidades de seu cumprimento. Humanitário.19
A área da “prevenção” já se aproxima Pelo contrário, existem algumas
mais do problema da inobservância ou da características do processo de efetivação deste
violação da norma internacional aplicável, no direito cujos aspectos podem servir utilmente no
tocante às medidas necessárias para garantir o caminho do adiantamento e da promoção de
cumprimento da mesma, formal e material, com todos os outros sistemas atualmente em vigor.
todos os requisitos.
Procuremos, na segunda parte de nossas
A prevenção é quase tautológica com a reflexões, dirigir-nos mais particularmente a eles,
observância, mais precisa, dos que se dedicam a encarando-os dentro das perspectivas comuns da
esta última. Os esforços particulares não se problemática de efetivação.
devem limitar somente a assegurar que os órgãos
estatais estejam a par de seus deveres ou que os 16. Quanto à ratificação, a característica
titulares dos Direitos Humanos estejam particular do Direito Internacional Humanitário
suficientemente cientes de seus direitos.17 procede, principalmente, da universalidade do
sistema.
O “controle” da observância dos Direitos
Humanos tem por sua vez três aspectos: Como se sabe, as Convenções de Genebra
gozam atualmente da maior universalidade entre

39
todos os sistemas convencionais vigentes, pois interpretado por alguns adversários da mesma
189 estados aderiram a elas, e todos os Estados como uma limitação insuportável da soberania
americanos integram este grupo. no âmbito dos interesses mais fundamentais do
Estado, por se abrir mão para a comunidade
Os Protocolos Adicionais de 1977 estão internacional de atributos fundamentais de sua
paulatinamente progredindo para a independência.23
universalidade de maneira geralmente
satisfatória, pois 157 Estados já deram vigência Cabe lembrar a esse respeito que o Direito
em seus respectivos territórios ao Protocolo I, e Internacional Humanitário oferece todas as
149 ao Protocolo II. garantias de não intervir nos interesses políticos
do Estado. Trata-se, obviamente, de uma
A preocupação de todos os que se normativa negociada com o máximo cuidado,
dedicam à promoção e à efetivação do Direito por cada Estado, para proteger e salvaguardar
Internacional Humanitário é, principalmente, seus interesses soberanos. Em outras palavras, o
estender à universalidade todos os instrumentos Direito Internacional Humanitário explicita
que compõem esta normativa. Aquela normativa muito bem a tese de que a proteção da pessoa
há de ser universal porque, por sua natureza e seu não tem que proceder de um “direito político”,
propósito jurídico, deve surtir efeitos para todos mas sim do direito fundamentalmente “técnico”,
e entre todos (erga omnes). Também tem que o que organiza – ou pelo menos pode ajudar a
alcançar a universalidade para poder levar a cabo organizar –, sem prejuízo algum para os interesse
a sua mais alta finalidade jurídica: dar proteção a das partes em uma situação conflitiva, as
todos, sem discriminação alguma. relações entre elas, limitando a violência às
incontornáveis exigências da guerra (necessidade
A universalidade deste direito também militar).24
representa a garantia de sua eficiência na medida
em que se pode inferir dela argumentos para seu O caráter universal, imperativo e
caráter imperativo e sua imediata aplicabilidade, “técnico” da normativa humanitária pode então
parcial ou totalmente direta, esta última ainda servir para armar uma estrutura de argumentação
independente da aceitação formal dos tratados na muito útil a favor da receptividade no direito
matéria.20 O reconhecimento do valor imperativo interno das regras internacionais, sem que haja
de determinadas normas fundamentais do Direito prejuízo para a coerência e a eficiência deste
Internacional Humanitário permitiria que estas último.
surtissem efeitos em situações não formalmente
abrangidas pelos Tratados de Genebra, como, por Da mesma maneira que todos os sistemas
exemplo, nos casos de distúrbios interiores e de de proteção da pessoa humana, o Direito
tensões internas, em que se precisa tanto do Internacional Humanitário pode ter, para alguns,
amparo dado pelo direito.21 conotações ideológicas, sejam estas quais forem,
por equívoco, boa ou má fé. E isto se torna
Também não devemos esquecer que uma freqüentemente um empecilho maior para a sua
parte importante das normas do Direito de Haia aceitação. Neste âmbito, a distinção entre
já tem um reconhecido valor consuetudinário e, diversas acepções do termo pode,
portanto, não depende mais da afirmação de sua oportunamente, apaziguar certas inquietudes ou
vigência, quer pela ratificação, a adesão ou a esclarecer algumas dúvidas.
declaração de sucessão.22
A proteção internacional da vítima do
O caráter universal e imperativo do conflito armado pode assim oferecer a
Direito Internacional Humanitário ilustra, desta possibilidade de convencer os que suspeitam de
maneira, os vínculos podendo existir entre as sua natureza sobre a sua independência de todo
regras internacionais de proteção da pessoa conceito ideológico da condição humana e sobre
humana e a ordem jurídica interna no quadro a necessidade de sua existência, geralmente
geral de relações entre as obrigações do Estado aceita por todos, para garantir a sobrevivência de
oriundas da ordem internacional face aos um indivíduo visando à da humanidade,
requisitos do exercício de sua soberania interna. concebida como o conjunto dos seres humanos.25
Com efeito, aceitar a vigência da Neste mesmo sentido, a noção de
normativa internacional humanitária pode ser “vítima” costuma contribuir para tirar do

40
conceito de pessoa protegida pelos Direitos 1. “As Altas Partes Contratantes se
Humanos sua cor política e ideológica.26 comprometem a divulgar o mais
amplamente possível, tanto em tempo
17. Depois de terem sido referendados no de paz como em tempo de conflito
direito interno, os tratados humanitários prevêem armado, as Convenções e o presente
toda uma série de medidas que o Estado se Protocolo em seus respectivos países
compromete a tomar para dar-lhe seguimento em e, especialmente, incorporar seu
sua ordem interna. estudo nos programas de instrução
militar e fomentar seu estudo por parte
Trata-se das medidas de índole da população civil, de forma tal que
legislativa27 ou regulamentária28 que necessitam,
esses instrumentos possam ser
em vários escalões de atuação dos órgãos do conhecidos pelas forças armadas e a
Estado, de um impulso para serem realizadas. população civil (…).”
Este impulso pode provir dos escalões superiores
da máquina estatal (via “hierárquica”) ou surgir Um dever análogo está previsto no art. 19
da pressão da opinião pública, ao nível da do Protocolo II.
atuação do próprio órgão (via “ambiental”).
Nestas condições, a divulgação não é
Apesar de terem sido referendados no apenas um postulado por parte dos que querem
direito interno e já incorporados no difundir o conhecimento do conteúdo de uma
funcionamento deste último, os tratados normativa internacional aos encarregados de
humanitários seriam – como os outros –, segundo aplicá-las e aos que devem conhecer seus
a expressão imaginativa de Quintino Bocayuva: eventuais direitos. É, portanto, uma tarefa que o
“(…) efetivamente ou seres vivos e animados ou Estado aceitou ao aprovar o próprio tratado, de
cadáveres inertes. Vivos se são vigentes e tal modo que se admite, por parte de todos, uma
obrigatórios nas suas estipulações; cadáveres se, reclamação perante seus órgãos para que ela seja
por nulos e já não tendo existência real, apenas cumprida. Não há sombra de dúvida de que o
podem figurar nos arquivos ou repositórios das propósito de destacar, como um dever à parte, a
chancelarias, como documentos sem valor obrigação de divulgar os textos dos tratados
jurídico, embora conservando o seu valor corresponde à convicção dos próprios Estados de
histórico.”29 que, sem isto, seria ilusório esperar sua
verdadeira aplicação.30
Porque aqui, como para todas as normas
internacionais, o que dá verdadeira vida a um Esta particularidade dos instrumentos do
tratado internacional para que o destinatário Direito Internacional Humanitário ressalta a
possa esperar dele um real benefício e amparo é, inter-relação entre o conhecimento e a aplicação,
pois, a sua aplicação. a qual faz parte integral do impacto real de
outros sistemas de proteção da pessoa e, por
Aquela vida do Direito Internacional conseguinte, é invocável também, a respeito de
Humanitário em três campos nos quais se opera a
todos eles, pelas mesmas razões.
aplicação do mesmo tem características
particulares, especialmente a respeito da A divulgação como ferramenta de
preparação e da prevenção, já nos instrumentos preparação dos órgãos do Estado para a
da própria normativa. aplicação da normativa humanitária continua,
naturalmente, na etapa da preparação, onde já se
18. Cabe lembrar que os Tratados de Genebra trata da capacitação do pessoal estatal
são os primeiros na história do direito encarregado da aplicação para cumprir com as
internacional a conter explicitamente um dever exigências desta, para excluir o pretexto da
de divulgar para o conhecimento dos mesmos,
suposta ignorância de seu conteúdo e assegurar
assim como uma obrigação expressa a cargo das as condições da “devida diligência”.
Partes. Os arts. 47 da Primeira Convenção, 48 da
Segunda Convenção, 127 da Terceira e 144 da O simples conhecimento da normativa
Quarta têm a norma aferente, a qual é enunciada, não é suficiente para alcançar essas condições. É
em sua última redação, pelo art. 83 do Protocolo por esta razão que os instrumentos humanitários
I, que diz: completam o dever de divulgação com o da
responsabilidade de zelar para que se institua o

41
âmbito adequado de capacitação para os que dela A eficiência deste sistema depende,
necessitam particularmente. Assim o expressa o obviamente, da vontade política dos Estados no
texto do já citado art. 83 do Protocolo I, quando tocante à efetivação, mas sua universalidade é
diz: indiscutível. O princípio “julgar ou dar a julgar”
(judicare aut dedere) assegura plenamente que a
2. “(…) As autoridades militares ou civis sanção do Direito Internacional Humanitário
que, em tempo de conflito armado, cumpra com a função de prevenção geral, assim
assumirem responsabilidades no como a de castigo.32
tocante à aplicação das convenções e
do presente Protocolo deverão estar Apesar disso, a normativa internacional
plenamente familiarizadas com o seu aplicável na situação da violência atual – como é
texto.” o Direito Internacional Humanitário – será
sempre a mais exposta às violações, e é por isto
Com efeito, a capacitação no Direito que o seu propósito de reger pelo direito as
Internacional Humanitário leva à plenitude de situações nas quais as armas já operam é
sua função de prevenção, no que se refere aos ambicioso.
militares e às forças de manutenção da ordem
pública. Sem a introdução das pautas do O poder da sanção do Direito
conhecimento das normas humanitárias nos Humanitário Internacional fica, então, a cargo
programas de formação apropriados para cada dos Estados.
patente, não se pode esperar o efeito da aplicação
no campo de batalha ou em outras situações de Nas palavras de um conhecido perito, a
emergência. Expressa-o com muita propriedade efetivação nesta etapa do Direito Internacional
um grande especialista no assunto quando diz: Humanitário, comparada com outros ramos de
“O combatente deve estar, então, instruído e proteção, “(…) se instrumenta mediante os
formado com os métodos adequados a fim de se mecanismos previstos pelo Direito Internacional
impregnar dos princípios humanitários antes, e geral, por determinados mecanismos
ainda mais, das regras da disciplina e acostumar- contemplados em cada uma das mesmas e, antes
se a escutar sua consciência nos angustiantes de tudo, pelas instituições específicas que se
momentos de dever escolher entre as exigências destinam a implementá-las. Algumas dessas
humanitárias e as necessidades militares, sempre instituições são mais orientadas para a caridade,
e quando as últimas estiverem realmente enquanto outras são mais dirigidas para a justiça;
fundamentadas.”31 umas são mais sensíveis ante as vítimas, e outras
bem mais sensíveis ante as violações; aquelas
Os requisitos da devida diligência instituições têm bases jurídicas, métodos de ação
constituirão a garantia mais cabal da eficaz e atitudes muito diferentes e que correspondem,
prevenção das violações de todas as normativas cada uma à sua maneira, às situações nas quais
de proteção da pessoa, porque as carências da cada ramo normalmente há de ser aplicado: a
capacitação representam, sem dúvida, a sua guerra para o Direito Humanitário, a paz para os
maior causa. É por isso que, antes de denunciar Direitos Humanos. Apesar destas diferenças, e
as falências do Estado neste campo para a do fato de cada ramo ter que ser levado a cabo
desaprovação pública, caberia primeiro averiguar principalmente por via de seus próprios
como se organiza esta capacitação e mecanismos e instituições, as convergências
eventualmente dedicar-se a compensar suas entre os dois ramos existem e podem ser
insuficiências e trabalhar para o seu ampliadas (…).”33
aprimoramento.
20. O valor propedêutico da normativa
19. O Direito Internacional Humanitário humanitária para os outros sistemas mais
dispõe, além dos meios habituais do Direito recentes – apesar de ter suscitado muitas
Internacional Público, do seu próprio aparato de controvérsias sobre as interdependências entre
sanção. Trata-se do sistema de competência eles – costuma propor ensinamentos e inícios
penal universal, pelo qual todos os Estados para o desenvolvimento e o futuro de todos os
Partes dos Tratados de Genebra são obrigados a direitos da pessoa, talvez principalmente quanto
sancionar, em seu próprio sistema penal, as à sua efetivação a nível nacional.
infrações graves às Convenções de 1949 e aos
Protocolos de 1977.

42
É verdade que esta normativa compartilha presente fortalecer-se reciprocamente nas quatro
a sorte comum de todos os direitos humanos, últimas décadas de experiência acumulada nesta
principalmente na atualidade do continente área.” 34
latino-americano, onde os países se encontram
agora, pela primeira vez depois de muitas 21. A questão do lugar que ocupa o Direito
décadas, sob governos constitucionais, após um Internacional Humanitário no conjunto do
longo período de suspeita e de desprezo para Direito Internacional Público é particularmente
com eles. complexa quando se trata das relações entre esse
direito e o sistema de proteção do indivíduo que
Na última década do século passado, resulta dos instrumentos internacionais dos
novas possibilidades de completar e de fortalecer Direitos Humanos. Desde que, em 1948, foi
aquele poder abrem perspectivas que vão aprovada a Declaração Universal dos Direitos
transformar radicalmente esse mecanismo inteiro Humanos, e durante a elaboração dos
mediante as atividades dos tribunais instrumentos universais desse direito – como os
internacionais especialmente competentes para Pactos de 1966 e a entrada em vigor dos sistemas
sancionar as violações do Direito Humanitário regionais dos direitos humanos, como por
conjuntamente com as dos Direitos Humanos. exemplo, os sistemas europeu e interamericano –
Trata-se da criação dos tribunais ad hoc para a , com freqüência surgiram controvérsias teóricas
ex-Iugoslávia (1993), para o Ruanda (1994) e e, ainda mais comuns, confusões práticas sobre o
mais ainda do Tribunal Penal Internacional respectivo âmbito de aplicação dos Direitos
aprovado pelos Estados no Tratado de Roma Humanos e do Direito Internacional
(1998), o qual entrará em vigor ao alcançar 60 Humanitário.
ratificações. O processo que conduz os órgãos
judiciários da comunidade internacional a A propósito, a Conferência de Direitos
sancionar os delitos contra a pessoa humana Humanos convocada pelas Nações Unidas em
iniciou-se e inspirou-se nos mecanismos da Teerã em 1968 é especialmente representativa da
sanção do Direito Internacional Humanitário. relação entre Direitos Humanos e Direito
Internacional Humanitário. Na sua resolução
À guisa de ilustração destas reflexões, XXIII, a Conferência destacou que “a paz é
fazemos nossas as palavras do eminente condição primordial para o pleno respeito aos
internacionalista brasileiro quando diz: “Em um direitos humanos, e que a guerra é a negação
mundo como o nosso, marcado por diversidades desse direito” e que, por conseguinte, é muito
culturais e fragmentado em unidades soberanas importante fazer com que as regras humanitárias
nacionais (Estados independentes), cada uma aplicáveis em situações de conflito armado sejam
com sua diferente estrutura social, política e consideradas como parte integrante dos Direitos
econômica, ainda não chegamos ao dia em que Humanos. Assim, chegou-se ao conceito de
se poderá prever, ou apropriadamente avaliar e direito humanitário como “Direitos Humanos em
antecipar as conseqüências de uma ‘fusão’ ou período de conflito armado”.
centralização, ou pelo menos as de uma
‘hierarquia’ de procedimentos ou de mecanismos Esta contigüidade entre Direitos Humanos
de proteção dos direitos humanos, a níveis global e Direito Internacional foi aplaudida por alguns e
e regional. A multiplicidade a nível internacional muito criticada por outros. Mas a relação entre
dos mecanismos coexistentes de proteção dos ambos os ramos do direito internacional não é
direitos humanos parece tão-somente refletir a simples.
maneira pela qual se desenvolveu, através dos
anos, o processo histórico da generalização da Encontramo-nos perante três tendências:
proteção da pessoa humana, e da regulamentação • A tese integracionista, a qual preconiza a
da atual sociedade internacional descentralizada, fusão do Direito Internacional Humanitário
em cujo seio aqueles mecanismos operam – dos e dos Direitos Humanos. Para os seus
jus inter gentes contemporâneos. Não obstante, partidários, o Direito Humanitário não é
existe, dentro desta realidade, espaço para a outra coisa senão uma parte dos Direitos
esperança: os mecanismos internacionais Humanos; não obstante, para outros a
coexistentes de proteção dos direitos humanos, primazia cronológica do Direito
enquanto experiências de amparo às vítimas, Internacional Humanitário – como conjunto
complementares entre si, têm conseguido até o de regras internacionais protegendo o

43
indivíduo – sobre os Direitos Humanos deles sejam inderrogáveis em qualquer
demonstra que o Direito Internacional circunstância.
Humanitário, tomado em um sentido amplo,
é a base dos Direitos Humanos. No Direito Internacional Humanitário,
existem regras mais pormenorizadas do que nos
• A tese separatista, que se baseia na idéia de Direitos Humanos para proteção das pessoas em
que se trata de dois ramos do direito situações de conflito armado, como, por
totalmente diferentes e que toda exemplo, as normas pelas quais é regida a
contigüidade entre eles provoca uma nefasta condução da guerra marítima.
confusão para as suas respectivas
aplicações. Acentua a diferença entre as Ao contrário, nos Direitos Humanos
finalidades dos sistemas de proteção dos existem disposições que, na prática, são difíceis
Direitos Humanos e do Direito Internacional de aplicar durante um conflito armado, como,
Humanitário: o primeiro, que protege o por exemplo, a liberdade de reunião e de
indivíduo contra o aspecto arbitrário da associação, bem como certos direitos
própria ordem jurídica interna, e o segundo, econômicos, sociais e culturais. Os mecanismos
que o protege em situações em que a ordem de aplicação destes dois ramos do direito são
nacional já não pode garantir-lhe uma diferentes, assim como as instituições
proteção eficaz, quando este indivíduo é encarregadas de desenvolvê-los e promovê-los,
vítima de um conflito armado. como é o caso do CICV no tocante ao Direito
Internacional Humanitário e de organizações
• Por último, a tese complementarista, que internacionais universais (Nações Unidas) ou
consiste em afirmar que os Direitos regionais (Comissão e Corte Interamericanas ou
Humanos e o Direito Internacional os tribunais Europeu e Africano) no que se refere
Humanitário são dois sistemas diferentes aos Direitos Humanos.
que se complementam. O Direito
Internacional Humanitário está integrado no Portanto, devemos concluir que o Direito
Direito de Haia, no qual são estabelecidos Internacional Humanitário e os Direitos
os direitos e deveres dos beligerantes na Humanos são complementares do ponto de vista
condução das hostilidades, ficando limitada do respectivo âmbito de aplicação. Também não
a sua liberdade de escolha quanto aos se deve esquecer, na perspectiva mais ampla da
métodos e aos meios para causar dano ao finalidade primordial comum desses dois
inimigo, e pelo Direito de Genebra, que conjuntos de regras, que ambos nascem de uma
tende a proteger os militares fora de mesma preocupação da comunidade humana: o
combate, assim como as pessoas que não respeito à dignidade humana.
participam das hostilidades. Quanto à
22. Não se pode desconhecer a importância
“legislação internacional” dos Direitos
do Direito Internacional Humanitário. Apesar da
Humanos, que alguns denominam “Direito
proibição formal do recurso à força, os conflitos
dos Direitos Humanos” – por se tratar de um
afetam constantemente a comunidade
conjunto de regras que regem os direitos que
internacional, produzindo, cada vez mais, novas
cada ser humano pode reivindicar na
categorias de vítimas. Embora possa parecer que
sociedade –, “tem como objetivo garantir,
o Direito Internacional Humanitário legitima a
em todo momento, aos indivíduos seus
existência de conflitos armados, isto é infundado.
direitos e as liberdades fundamentais e
Ninguém está interessado em que a força
protegê-los das calamidades sociais” (Jean
empregada ilicitamente o seja também, às cegas,
Pictet).
à margem de toda regra ou de todo controle. A
Em que diferem os Direitos Humanos do finalidade primordial do Direito Internacional
Direito Internacional Humanitário? Humanitário é tentar fazer ouvir a voz da razão
em situações em que as armas obscurecem a
O Direito Internacional Humanitário é um consciência dos homens e lembrar-lhes que um
direito de exceção, de urgência, que intervém em ser humano, mesmo um inimigo, continua sendo
caso de ruptura da ordem jurídica internacional, uma pessoa digna de respeito e de compaixão.
enquanto os Direitos Humanos aplicam-se
principalmente em tempos de paz, embora alguns São ao mesmo tempo um desafio e uma
profunda confiança na sensatez do homem que

44
fundamentam este direito. Nesse sentido, o podem ser os sofrimentos e os desastres de um
Direito Internacional Humanitário provém dos conflito armado.
interesses em comum de toda a humanidade,
embora seja aplicado em situações nas quais os Enquanto “não existir uma verdadeira
seres humanos se esquecem de que todos comunidade internacional, e enquanto os
fazemos parte daquela humanidade. interesses políticos do Estado obscurecerem os
objetivos humanos do poder” (Charles de
Também nesse sentido o Direito Visscher), será necessário divulgar e respeitar
Internacional Humanitário pode ser um fator de esse direito.
paz, na medida em que lembra ao gênero
humano – mesmo que apenas catalogando as São Paulo, maio de 2001
situações que pretende regulamentar – quais

45
NOTAS

1. O presente texto reproduz parcialmente uma 2. H. GROS ESPIELL. Estudios sobre


palestra do autor publicada nos Cadernos do Derechos Humanos. Caracas: IIDH, Editorial
Direito Internacional Humanitário, Macau, Jurídica Venezolana, 1985, p. 160 (tradução
Cruz Vermelha de Macau, 1997. Para uma nossa).
iniciação mais ampla do tema, recomendam-
se, em português, as obras seguintes: 3. Cf. Ch. SWINARSKI. “Derecho
Christophe SWINARSKI. Introdução ao Internacional Humanitario – Sistemas de
Direito Internacional Humanitário. Brasília, Protección de la Persona Humana ” in La
CICV, Escopo Ed., 1988, com prefácio de Protección de la Persona Humana y el
Antônio Augusto CANÇADO TRINDADE; Problema de los Indocumentados. Buenos
do mesmo autor: Direito Internacional Aires: Zavalia, 1991, pp. 65-66.
Humanitário. São Paulo: Núcleo de Estudos
da Violência da Universidade de São Paulo – 4. Ch. SWINARSKI. Introdução ao Direito
Revista dos Tribunais Ed., 1990. E para Internacional Humanitário, op. cit., p. 18.
aprofundar: Celso D. DE ALBUQUERQUE 5. Cf. J.-L. BLONDEL. “Significación del
MELLO. Direitos Humanos e Conflitos Término ‘Humanitario’ a la Luz de los
Armado. Rio de Janeiro: Renovar Ed., 1996; Principios Fundamentales de la Cruz Roja y
A. A. CANÇADO TRINDADE. Tratado de la Media Luna Roja” in Revista Internacional
Direito Internacional do Direito de la Cruz Roja. Nov.-Dez. 1989, n. 96, pp.
Humanitário. Porto Alegre: Sergio Antonio 538-548.
Fabris Ed., 1997 (especialmente o capítulo
VIII do vol. I, pp. 270-313); A. A. 6. Cf. Celso D. DE ALBUQUERQUE
CANÇADO TRINDADE, Gérard MELLO. Direito Internacional Público. 8a.
PEYTRINGET, Jaime RUIZ DE ed. Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos,
SANTIAGO. As Três Vertentes na Proteção 1986, 1 vol., pp. 101-120.
Internacional dos Direitos da Pessoa
Humana. San José – Brasília, CICV – Alto 7. Cf. Jean PICTET. Desarrollo y Principios del
Comissariado das Nações Unidas para os Derecho Internacional Humanitario.
Refugiados, 1996; e Christophe Genebra: Institut Henry Dunant, 1986, pp.
SWINARSKI. A Norma e a Guerra. Porto 13-37.
Alegre: Sergio Antonio Fabris Ed., 1991.
Para uma perspectiva brasileira, os trabalhos 8. Cf. Ch. SWINARSKI. Direito Internacional
de A. A. CANÇADO TRINDADE, Héctor Humanitário, op. cit.
GROS ESPIELL, Christophe SWINARSKI e
9. A propósito do Brasil, cf. as interessantes
de José Francisco REZEK em Direito
considerações de O. VILENA VIEIRA em
Internacional Humanitário, col. Relações
“ Sociedade x Estado – a Questão dos
Internacionais, vol. 6. Brasília: Fundação
Direitos Humanos ” in Revista da USP.
Alexandre de Gusmão – Instituto de Pesquisa
Março-Maio 1991, n. 9, pp. 89-91.
das Relações Internacionais (IPRI), 1989
(respectivamente, pp. 13-41, 41-53,53-75 e 10. Cf. Ch. SWINARSKI. Direito Internacional
91-105); e trabalhos de A. A. CANÇADO Humanitário, op. cit., pp. 25-26.
TRINDADE, Christophe SWINARSKI e
Celso D. DE ALBUQUERQUE MELLO em 11. Cf. Ch. SWINARSKI. “Sobre las Relaciones
A. A. CANÇADO TRINDADE (Ed.). A entre el Derecho Internacional Humanitario y
Proteção dos Direitos Humanos nos Planos el Derecho Internacional de los Derechos
Nacional e Internacional: Perspectivas Humanos” in Revista Argentina de Derecho
Brasileiras. San José da Costa Rica – Militar. Junho 1989, n. 10.
Brasília: Instituto Interamericano de
Derechos Humanos (IIDH) – Friedrich 12. Cf. Th. BUERGENTHAL. “El Sistema
Naumann – Stifung, 1992 (respectivamente, Interamericano para la Protección de los
pp. 43-69, 81-99 e 105-121). Derechos Humanos” in Anuario Jurídico

46
Interamericano. Washington, OEA, 1982, pp. 20. Cf. Ch. SWINARSKI. A Norma e a Guerra,
127-8; e também Antonio HERNÁNDEZ. op. cit., pp. 76-77.
“La Cláusula Federal del Pacto de San José
(art. 20) y el Sistema Federal de la 21. Cf. H. GROS ESPIELL, D. ZOVATTO G.
Constitución ” in Jornadas sobre el Pacto de “La Regulación Jurídica Internacional de los
San José de Costa Rica. Buenos Aires, 1988, Estados de Emergencia en América Latina”
pp. 114-121. in Coloquio sobre la Protección Jurídica
Internacional de la Persona Humana en las
13. Cf. Celso D. DE ALBUQUERQUE Situaciones de Excepción. México, CICR –
MELLO. Direito Internacional Público, op. IIDH, 1989, pp. 29-56; e também H. P.
cit., pp. 156-191. GASSER. “Un Mínimo de Humanidad en las
Situaciones de Disturbios y Tensiones
14. Deve-se distinguir aqui entre as normas que Internas – Propuesta de un Código de
não precisam de um título suplementar de Conducta” in Revista Internacional de la
direito interno para poderem ser aplicadas Cruz Roja, Jan.-Fev. 1988, n. 85.
(“self-executing”), no sentido formal da
palavra, e as que não podem realmente surtir 22. Cf. L. R. PENNA. Customary International
efeitos por falta de regras organizando Law and Protocol I – An Analysis of some
procedimentos de execução (“incompletas”), Previsions ” in Ch. SWINARSKI (Ed.).
no sentido material da palavra. Cf. E. Studies and Essays on International
JIMÉNEZ DE ARÉCHAGA. “La Humanitarian Law and Red Cross Principles
Convención Interamericana de Derechos in Honour of Jean Pictet, Genebra-Haia,
Humanos como Derecho Interno” in Revista ICRC – Martinus Nijhoff, 1989, pp. 201-
IIDH. San José da Costa Rica. Jan. – Jul. 225; e também um debate muito estimulante
1988, n. 7, p. 36 e ss.; e também Opinión sobre o tema em M. BOTHE, P.
Separada del Juez H. MACALISTER-SMITH, Th. KURTZIDEM
(Ed.), op. cit., pp. 29-71.
15. Cf. K .J. PARTSCH. “International
Humanitarian Law as Part of National Law ” 23. Cf. G. NIYUNGEKO, “La Aplicación del
in M. BOTHE, P. MACALISTER-SMITH, Derecho Internacional Humanitario y el
Th. KURTZIDEM (Ed.). National Principio de la Soberanía de los Estados” in
Implementation of International Revista Internacional de la Cruz Roja.
Humanitarian Law. Dordrecht – Londres, Março-Abr. 1991, n. 104, pp. 113-142.
Martinus Nijhoff Publishers, 1991, pp. 1-21.
24. Cf. Ch. SWINARSKI. Direito Internacional
16. H. GROSS ESPIELL, La Convención Humanitário, op. cit., pp. 25-27.
Americana y la Convención Europea de
Derechos Humanos. 25. Cf. Ch. SWINARSKI, A Norma e a Guerra,
op. cit., pp. 5-7.
17. Cf. W. M. REISMAN. “Sanctions and
Enforcement” in Black and Falk (Ed.). The 26. Cf. A. A. CANÇADO TRINDADE. “Co-
Future of the International Legal Order. existence and Co-ordination of Mechanisms
Princeton, 1971, Vol. III, p. 333 e ss. of International Protection of Human Rights
at Global and Regional Levels ” in Recueil
18. Cf. M. SCHREIBER. “The Development and des Cours de l’Académie de Droit
Main Features of the Existing United Nations International. 1987-II, vol. 202, pp. 262-299;
Procedures for Dealing with e também Ch. SWINARSKI. Direito
Communications Concerning Human Rights Internacional Humanitário, op. cit., p. 47.
Containing Allegations of Violations of
Human Rights and Fundamental Freedoms” 27. J. PEIRANO BASSO. “Medidas Legislativas
in Revista de Derechos Humanos. Porto para Aplicar en el Derecho Uruguayo las
Rico, 1974, p. 110 e ss. Disposiciones de los Convenios de Ginebra y
sus Protocolos Adicionales que Requieren
19. Cf. Ch. SWINARSKI. Direito Internacional Implementación Legislativa” in Simposio
Humanitário, op. cit., pp. 19-27. sobre la Implementación del Derecho

47
Internacional Humanitario. Montevideo: Conflits Armés et de l’Adaptation des
Instituto Artigas – CICV, 1990, pp. 26-31. Règlements à des Prescriptions
Humanitaires ” in Ch. SWINARSKI (Ed.),
28. Cf. C. R. BERTOLOTTI. “Disposiciones Studies and Essays in Honour of Jean Pictet ,
Reglamentarias para la Implementación en el op. cit., p. 618 (tradução nossa); e também F.
Derecho Uruguayo de las Disposiciones de DE MULINEN. Handbook of the Law of
los Convenios de Ginebra y sus Protocolos War for Armed Forces. Genebra: ICRC,
Adicionales”, ibidem, pp. 32-40; e também 1987, p. 232.
L. GREEN, “Disciplinary Sanctions for
Violations of International Humanitarian 32. Cf. Ch. SWINARSKI. A Norma e a Guerra,
Law” in M. BOTHE, P. MACALISTER- op. cit., pp. 48-54.
SMITH, Th. KURTZIDEM (Ed.), op. cit.,
pp. 89-95. 33. M. SASSÓLI. “Mise en Œuvre du Droit
International Humanitaire et du Droit
29. Citado por A. A. CANÇADO TRINDADE. International des Droits de l’homme – Une
Repertório da Prática Brasileira do Direito Comparaison” in Annuaire Suisse du Droit
Internacional Público (período 1889-1898). International. 1987, vol. XVIII, p. 16
Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, (tradução nossa).
1988, p. 64.
34. Cf. A .A. CANÇADO TRINDADE, “Co-
30. Cf. S. S. JUNOD. “La Diffusion du Droit existence and Co-ordination of Mechanisms
International Humanitaire” in Ch. of International Protection of Human Rights
SWINARSKI (Ed.), Studies and Essays in at Global and Regional Levels”, op. cit.
Honour of Jean Pictet , op. cit., pp. 359-369.

31. P. VERRI. “Institutions Millitaires: le


Problème de l’Enseignement du Droit des

48
POLITIQUE CRIMINELLE
ET DROITS HUMAINS:
AGGRAVATION ET ALTERNATIVES PÉNALES

DJASON B. DELLA CUNHA


Docteur en Droit Public; D.E.A. en Anthropologie Sociale par l’Université Lyon II – France; Criminologue;
Professeur de Sociologie Juridique et de Criminologie et Politique Criminelle à l’Université Fédérale du Rio
Grande do Norte – Natal/Brésil.

Introduction dire avec toute évidence qu’en réalité la société –


noyau de coexistence sociale humaine – est un
état de relative criminogènese, avec diférents
Le crime est un phénomène inérent à la vie
dégrés de réaction institutionelle au problème du
sociale de l’homme. Chaque société le désigne
phénomène criminel dans le temps e dans
selon critères multiples et, parfois, contradictoires,
l’espace.
qui sont imposés, avec plus ou moins de clarté, par
des systèmes sociaux punitifs comme forme de Cette compréhension de la réalité
contenir les actions dommageuses qui découlent criminelle dans la société humaine permet
d’intéréts conflitants. À l’égard de cette question, envisager la question du crime comme un
réfléchit Durkheim, dans Les Règles de la Méthode “problème”. Dans ce sens, le “problème” –
Sociologique: “Le crime ne s’observe pas question qu’on place comme un défi à la capacité
seulement dans la plupart des sociétés de telle ou résolutive de l’intelligence humaine – demande
telle espèce, mais dans toutes les sociétés de tous un traitement convenable, car, c’est la nature du
les types. Il n’en est pas où il n’existe une problème, à son tour, qui va determiner le plan
criminalité. Elle change de forme, les actes qui sont de réponse, autant que le choix de la
ainsi qualifiés ne sont pas partout les mêmes; mais, méthodologie convenable. Cela signifie que le
partout et toujours, il y a eu des hommes qui se crime, dans n’importe quel type de société
conduisaient de manière à attirer sur eux la humaine, n’est pas une réalité naturelle, mais un
répression pénale. Classer le crime parmi les phénomène propre de la vie sociale humaine, et
phénomènes de sociologie normale, ce n’est pas qu’il est susceptible de devenir un objet de
seulement dire qu’il est un phénomène inévitable fondement epistémologique, au tour duquel il est
quoique regrettable, dû à l’incorrigible méchanceté possible de développer un certain type de
des hommes; c’est affirmer qu’il est un facteur de la réflexion, un type determiné de connaissance.
santé publique, une partie integrante de toute
société saine. Le crime est donc nécessaire; il est lié Dans cette perspective, l’évaluation du
aux conditions fondamentales de toute vie sociale, degré d’extension criminogène d’une société
mais, par cela même, il est utile; car ces conditions determinée exige une action planifiée de
dont il est solidaire sont elles-mêmes indispensables plusieurs procédés au travers desquels l’État
à l’évolution normale de la morale et du droit”1. cherche à reagir contre le crime. Cette action
Dans ce sens, n’importe quel propos d’effacer le planifiée de procedés préventifs et répressifs
crime de la société serait un contrasens; puis, contre le crime reçoit, en effet, le nom de
certainement, on devrait travailler avec l’idée politique criminelle. Mais, c’est pour être en
similaire d’effacer la société et de celle-ci l’homme même temps “une forme d’organisation de la vie
lui-même. sociale basée sur l’attribuition du pouvoir qui
determine la division des biens, garantit les
De sorte que, en dépassant de plus instituitions lato sensu (la famille, l’école,
l’exclusive réflexion sur la possibilité de l’église ...) et propose des valeurs et une action,
l’existence d’une société du “bon sauvage”, à la une stratégie, un mouvement pour atteindre un
réference que lui emprunte Rousseau, on peut

49
but determiné”2, la politique criminelle comme administratives, les procedés non répressifs
n’importe quelle politique est dirigée par un (prévention, réparation, médiation) et, à la fois,
discours orienté qui propose un ensemble de des mesures disciplinaires non étatiques, des
stratégies ou des procedés au travers dequels formes répressives qui découlent de certains
l’État et la société organisent leurs réponses au types de régulation professionnelle.
problème de la criminalité à l’exlusion d’une
réponse isolée, unilatérale, de tendence réactive Il est évident que cette autonomie dans le
dans laquelle prédomine à peine le caractère plan de l’investigation scientifique, qui a son
répressif de l’action de l’État. fondement dans une position épistémologique
bien orientée – théorie, objet et méthode
La diversité des réponses du corps social sistématiquemente organisés – ne semble-t-elle
au phénomène criminel englobe tout le pas fruit du hasard, mais, avant tout, de
comportement de rejet aux normes, à l’infraction l’imbrication de trois facteurs: a) une certaine
ou déviance, malgré la relativité existente par perte de spécification du droit pénal; b) le
rapport à la notion de marginalité. développément actuel des autres formes étatiques
du contrôle social, notamment de caractère
En ce qui concerne cette discussion, administratif; c) l’émergence d’un véritable
nous pouvons souligner qu’un des plus “droit des droits humains”.
importants procedés de réponse du corps social
(État et Société) au problème de la criminalité Dans le premier cas, on assiste dans le
est la sanction pénale, qui doit être orientée contexte de la perte de spécificité du droit pénal,
par un ensemble de mesures apliquées sous la au surgissement de l’importance des procédés de
régence du principe de la proportionalité afin prévention criminelle (stratégies localisées de
d’établir une relation d’équité entre la propre contrôle des délits primaires et de la récidive
sanction pénale et l’offense au bien criminelle), d’apparition de la diversification des
juridiquement protégé. peines (aplication accrue des “substitutifs à la
prison”), une certaine privatisation du procès
pénal (“renfort du rôle des victimes,
1. La Politique Criminelle individuelles et, à la fois, collectives,
participation accrue du tissu associatif dans
comme Système Différencié l’organisation des peines, de même que des
du Contrôle Social mesures pré et pós penales ou même une
veritable ‘commercialisation’ du contrôle de la
La politique criminelle puisqu’elle est une criminalité”4), et, finalement, le surgissement de
discipline autonome, différement de la l’idée de surmonter la vision étroite de la
criminologie et de la sociologie criminelle, responsabilité criminelle individuelle (aceptation
s’engage dans une investigation d’une responsabilité objective fondée sur l’action
remarquablement juridique, mais ne se reduit pas “d’autrui”, ou de celui qui “prend les décisions”,
aux seules pratiques du droit penal. En c’est-à-dire, des personnes juridiques).
élargissant le sens originaire de Feuerbach, dans
Dans le second cas, le surgissement de
la quête d’une définition opérationelle et
l’importance de la prévention criminelle
actualisée du terme, on peut dire que la politique
instaure la reconnaissance que la réponse isolée
criminelle comprende “l’ensemble des procedés
de l’État à la répression du délit est une
au travers dequels le corps social organise les
conception erronnée et inopérante parce que le
réponses au phénomène criminel”3, en devenant,
crime est considéré un phénomène complexe
ainsi, “théorie et pratique” des différentes formes
avec un haut dégré de sophistication téchnique
du contrôle social. C’est affirmer que le droit
et méthodologique. Ainsi, de nouvelles formes
pénal même présent dans les stratégies du
étatiques de contrôle social doivent être
contrôle social, comme structure plus rigide ou
recherchées et adoptées avec une certaine
noyau de majeure tension et visibilité, ne signifie
urgence. Dans ce biais, des procedés
pas dire que les pratiques pénales soient les
administratifs surgissent dans le champ du
seules dans le champs de la politique criminelle
contrôle social étatique (actions accrûes des
où celles-ci, en general, se trouvent embrassées
autorités administratives indépendantes, comme
autrement par des pratiques non pénales de
par exemple les commissions parlementaires
contrôle social, par exemple, les sanctions
d’enquête), policiers (contrôle permanent des

50
délinquants et des étrangers sur le territoire Néanmoins, il est intéressant d’observer que les
nacional), des médicaux-sociaux (contrôle de stratégies de contrôle social ne si limitent pas aux
ceux qui souffrent de maladie mentale ou sanctions pénales et administratives étatiques,
perturbation de santé mentale, comme par elles proviennent aussi des réseaux “sociétaux”
exemple, les malades mentaux, les alcooliques d’origine privée une fois que l’État exerce
“dangereux”, les toxicomanes, les porteurs de jusque-là une ingérence en terme de
maladies contagieuses, les mineurs infracteurs, responsabilité publique.
les mineurs “en étát de péril” etc.), outre des
pratiques sociales émanées du contrôle social de Ce qu’on observe, donc, c’est un
la société civile qui exercent un rôle préventif élargissement du champ d’observation et
ou répressif. d’action de la politique criminelle avec une
conséquence immédiate dans le changement
Dans le troisième cas, où entrevoit d’objet, ce qu’implique nécéssairement dans une
l’occurrence d’un véritable “droit des droits nouvelle compréhension de méthode. En effet,
humains”, on voit surgir la transnationalisation alors que la politique criminelle se faisait régir
des pratiques du contrôle social fondées sur des par réference exclusive au droit pénal , l’objet
règles constitutionnelles et des príncipes de droit avait une singularité juridique tout à fais
internationaux, comme par exemple, la délimitée, ayant pu être décrit à partir de
Déclaration Universelle des Droits Humains de composantes légales rigides et hiérarchisées que
l’ONU, 1948, la Convention Européenne de remettent de forme “synchronique” au droit
Sauvegarde des Droits Humains et des libertés pénal en vigeur dans un pays donné, au moment
Fondamentales (CESDH), 1950, le Pacte de même de son histoire.
l’ONU sur les Droits Civils et Politiques, 1966,
la Convention Interaméricaine, 1969, la Charte Par ailleurs, la politique criminelle dans
Africaine, 1981, avec un cadre juridique nouveau son nouvelle approche désigne un champ ouvert
et indépendant des catégories traditionnelles qui non seulement augmente les limites rigides
insérées dans des pratiques de contrôle social. De du droit pénal comme intégre, à travers d’une
cette manière, la notion de “matière pénale” approche “dyachronique”, les nombreux
souffre une révision critique du part de la Cour mouvements juridiques qui certainement rendent
Européenne des Droits Humains et du Conseil actuel le système pénal (“dépénalisation”,
Constitutionnel lesquelles exigent application de “décriminalisation”, “substitutifs pénaux” etc.).
nouvelles pratiques de contrôle social, autant
que l’encadrement juridique de certaines
sanctions administratives ou disciplinaires, em 2. Les Mouvements
plus de limiter l’étendue de l’application des
sanctions pénales.
Sociojuridiques de Politique
Criminelle
La conséquence immédiate de ce
phénomène au cours des dernières vingtaines Décrire les mouvements sociojuridiques
d’années tend à rendre favorable l’implantation c’est admettre le paradoxe d’un certain modèle
de principes et des règles positivées qui font du de politique criminelle qui définit son propre
droit des droits humains le noyau fondamental de objet à partir d’un rejet ideologiquement
toute action de la politique criminelle dans un hiérarchisé des comportements de refuse aux
État démocratique. De sorte que ce qui émerge normes, en organisant ses réponses selon
comme base d’acceptabilité au sein d’une l’intensité de la pression exercée par les groupes
réponse adéquate à la question de la criminalité sociaux dominants.
c’est le príncipe “que les pratiques de contrôle
social qui restreingnent les droits humains ou les Fréquemment, la réaction de la société et
libertés fondamentales ne doivent pas être de l’État à l’activité criminelle reste envisagée –
admises sinon sous sauvegarde du respect d’un dans plusieurs États périphériques6 – comme une
certain nombre de règles, de fond (légalité, entité juridique. À cause de ça, le crime, comme
égalité, proportionnalité) et de procédure action de l’homme en pleine condition de
(procédure publique, contradictoire, égalitaire, comprendre les conséquences de sa conduite
arbitrage par une troisième personne – tribunal déviante, est le témoignage de sa responsabilité
lato sensu – ‘impartial’ et ‘indépendant’”5.

51
personnelle, que doit être traitée à la lumière de la sanction pénale comme mesure de politique
d’une réserve exclusivement légale. préventive dans le processus de stigmatisation
sociale.
À ce point de vue, le délit apparaît separé
de la personnalité de l’infracteur, devennant un En règle, Cervini8 prévoit trois modalités
problème de nature juridique. Ce juridicisme de manifestation des procès de
excessif originaire de l’École Classique de Droit “décriminalisation”:
Pénal, que a réduit la politique criminelle à un
double dilemme: “responsabilité morale- a) “décriminalisation de jure”, au niveau formel
culpabilité” (dogmatisme théorique) et “punition- qui signalise la réconnaisance légale et
expiation-récidive” (ineptie pratique), s’oppose à sociale d’un total manque de relief d’offense
la nouvelle vision de politique criminelle que pratiquée par la conduite, comme par
propose de “déjuridiser” les notions exemple, dans le cas de l’adultère,
fondamentales de “crime” et de “criminel”, en d’avortement consentu, de la sédution et du
adoptant convenablement non plus le sens de comportement homossexuel;
punition abstraite du fait délictueux, mais une
“réponse adéquate” à la délinquence dans la b) “décriminalisation substitutive”, que se
rapporte à l’adoption de “substitutifs
perspective concrète d’un problème social.
pénaux”, c’est-à-dire, à une transformation
Dans ce sens, la politique criminelle de la nature du délit pénal en des infractions
s’ouvre à d’autres perspectives et deviant un fiscales ou administratives, dans le sens que
chapitre de la politique sociale, mettant en relief la sanction – généralement amendée –
l’interdépendance entre la criminalité et les acquiert un caractère disciplinaire.
facteurs socioeconomiques changeants, en plus
d’intégraliser aux mesures de répression les c) "décriminalisation de fait”, qui a pour but la
mesures de prévention et formes complexes suspension graduelle de l’application de la
sanction pénale par l’organisme compétent,
(mesures administratives, médico-sociales,
services d’éducation surfveilléevigiée, direction sans, néanmoins, éliminer le caractère illicite
départamentale de l’action sanitaire et sociale pénal de la conduite. Il s’agit ici des délits
dits “sans victime”, c’est-à-dire, délits
etc.) de réponse réactive au phénomène
criminelle. Au sein de cette révision d’objectifs mineurs contre la proprieté et les infractions
de la politique criminelle s’insérent les de trafic routier.
mouvements sociojuridiques de la En effet, tous ces procédés décriminateurs
“décriminalisation”, “dépénalisation” et sont confrontés à la lumière d’une politique
“diversification”. criminelle qui tend à considerer la criminalité
comme un processus d’évaluation qu’il a un
caractère teléologique et qui doit prendre en
2.1. Le Mouvement de considération le contexte fragmentaire du
“Décriminalisation” développement social et économique au niveau
national et international.
Le mouvement de “décriminalisation”,
thématisé par le Comitê du Conseil d’Europe,
peut être defini comme “les processus par lequels 2.2. Le Mouvement de la
la compétence du système pénal d’appliquer “Dépénalisation”
sanctions comme une réaction face à certaines
formes de conduite est annulée à l’égard de cette La “dépénalisation”, toute comme ce
conduite spécifique7. En effet, cette position de qu’arrive avec la “décriminalisation”, est aussi
révision du procès de criminalisation du système une mesure de politique de prévention
penal s’appuit sur le fait que certaines conduites criminelle. Mais, la “dépénalisation” consiste
d’offenses moins graves aux biens juridiquement dans le procédé de réduire la peine d’un délit
protegés doivent être retirées de la sphère du sans le “décriminaliser”, c’est-à-dire, sans
Droit Pénal, ou, d’un autre côté, non plus exclure de fait le caractère d’illicite pénal.
caracterisées comme d’offenses pénales et
converties en infractions administratives, et plus À ce sujet, le Comitê du Conseil d’Europe
encore par l’élimination d’application effective se prononce: “ce concept inclut toute une gamme

52
de possibles formes d’atténuation et décriminalisation progressive, le champ des
d’alternatives pénales: prison de fin-de-semaine, processus de décriminalisation n’importe quelle
terme de services d’utilité publique, amende de ses modalités se trouve compromise
réparatrice, indemnisation à la victime, systématiquement préjudiciable par des
semidétention, systèmes de contrôle de conduites nombreuses variables, parmi lesquelles, on peut
en liberté, prison domiciliaire, inhabilitation, citer les plus importantes: a) absence de critères
réduction du salaire et toutes les mesures implicites ou explicites pour decider dans quelle
reéducatives des systèmes pénaux9. circonstance on doit décriminaliser; b)
impossibilité de mesurer les effets du processus
En effet, les processus de décriminalisateur; c) influence de l’oppinion
“dépénalisation” ratifient une sorte publique, des préjugés irrationnels et des
d’enseignement moral de la legislation, une fois attitudes émotives gerées par les moyens de
qu’il devient clair dans ce type de procédé communication de masse; d) position
alternatif la convenance de se maintenir conservatrice et dogmatisme des législateurs et
l’illicitude de la conduite avec la graduation à des autorités juridiques; e) faible action des
peine des conditions de punibilité. organismes privés dans le système de prévention
de délits; f) difficultés budgétaires et financières
Dans ce sens, la “dépénalisation” semble du pouvoir public; g) peur que la
être un procédé alternatif de sanction pénale qui decriminalization puisse provoquer
doit précéder le procès de “décriminalisation”.
l’augmentation accelerée des comportements
décriminalisés; h) crainte que la
decriminalization provoque la perte du respect au
2.3. Le Mouvement de la système penal; i) aïgu processus de
“Diversification” stigmatization sociale et économique; j) aïgu
processus d’exclusion sociale et pauvreté de
Différemment des deux autres populations urbaines et rurales etc. De forme que
mouvements déjà cités, la “diversification” ces processus alternatifs de contrôle social
consiste en la suspension des procédes criminels finissent par rester dans les limites d’une
même si le système de justice pénale maintenuit discussion théorique, sans, néanmoins, atteindre
formellement sa compétence. Dans le cas de un niveau concret d’applicabilité.
l’application de la “diversification”, la solution
du problème est renvoyée, dans certaines
situations, soit aux propres parties directement 3. Adoption du Principe de la
affectées, soit à une entité externe ad hoc sans
aucune liaison avec le système pénal ordinaire,
Proportionnalité Criminelle
qui exerce une fonction notamment médiatrice.
Au contour des processus de “diversification” Sans négliger les processus de
sont liées les situations rapportées à la décriminalisation d’offenses moins graves, et qui
reconciliation entre delinquents et leurs victimes, se présentent comme stratégies rééducatrices de
conflits d’environnement, conflits de voisinage, prévention, il faut mettre l’accent sur une
familières, travaillistes et de locations, victimes politique criminelle plus effective d’affrontement
de mauvais traitements et de viols, violence du problème des offenses de nature
exercée sur les enfants et de mineurs etc. excessivement graves que on tendence à dépasser
les niveaux supportables du système social. Pour
Comme exemple typique de l’adoption de cela, une des stratégies, peût-être, significative
cet instrument alternatif de politique criminelle, d’affrontement au problème de la criminalité
on a dans les pays nordiques et le Canada, où la dans des pays périphériques est l’adoption d’une
forte decentralization des processus de politique criminelle qui pense la relation entre
diversification permet de mettre placer à la l’offense et le bien juridiquement protégé, en
disposition de la communauté des unités visant une effective proportionnalité criminelle.
autonomes capables d’entreprendre des réponses Il s’agit de prendre comme référence certaines
plus adéquates au problème do contrôle social. directrices instrumentales ou des “règles
opératoires”, de caractère intradogmatique et
Néanmoins, le consensus largement extradogmatique qui permettent l’application de
majoritaire des juristes sur la convenance d’une la sanction à la nature d’offense criminelle.

53
Dans le domaine des “règles opératoires” individus pauvres criminalisés face à l’immense
intradogmatiques, le juge doit disposer d’une inégalité entre les classes sociales.
legislation pénale qui en principe observe le
dégré de hiérarchie entre les biens juridiquement
protégés. Ainsi, quand-t-il s’agissait d’offenses 4. La Sécurité Publique
qui violent de manière cruelle le droit à la vie et
à la dignité de la personne humaine, la peine doit comme Stratégie de
être imposée en prennant comme référence le Contrôle Criminel dans la
critère de proportionnalité criminelle, par
substratum le principe d’équité10. Il doit en être Directive du Droit Pénal
fait, de même, quand-t-il s’agissait d’offenses Minimum
moins graves, qui exige l’usage des processus de
décriminalisation. En règle, la criminalité moderne dans des
pays périphériques se caractérise par des
En ce qui concerne les “règles
variables nettement identifiées: urbanisation
operatoires” extradogmatiques, qui valorisent les
accentuée, fragmentation de l’identité sociale des
conditions, les procédés et les stratégies de
individus, haut niveau d’exclusion des systèmes
politique criminelle, le juge, de même, doit
organisés de production, échec des contrôles
disposer d’un instrument législatif qui informe
sociaux formels et informels, concentration de
sur la possibilité de son action “discriptionnaire”
pouvoir politique et économique, utilisation
dans le sens d’interpreter et appliquer la sanction
incorrecte du domaine technologique et
pénale alternative ou de “substitutifs pénaux” qui
stratégies globales de massification du crime
englobent des réponses effectives du “corps
organisé etc.
social” au problème de la criminalité.
Devant ce tableau paroxistique, le Pouvoir
Dans ce cas, – qui reflète la directive
Public revendique une position d’interférence
d’une application du Droit Pénal Minimum – la
que gravite autour de l’idéologie conservatrice de
distinction que Alessandro Barata11 propose à
la criminologie traditionnelle, originaire du
faire entre “principe de proportionnalité
positivisme, et qui considére le comportement de
abstraite” et “principe de proportionnalité
réfus aux normes comme une “pathologie”
concrète ou convenance du coût social” se revele
envers laquelle il faut utiliser des solutions
pertinente. Par rapport au premier, les directives
intimidatives, répressives et pénales.
pénales prendraient en considération les
transgressions des droits humains fondamentaux D’un autre côtè, une partie de la société
(vie et dignité humaine), son applicabilité devant civile organisée qui défend l’idéologie de gauche
être proportionnelle en relation au dommage – au niveau de réproduction de l’idéologie de la
social causé par telle violation. Dans le deuxième criminologie radicale – conteste l’ordre établi et
principe, il y aurait éxigence d’une “redéfinition affiche une relative condescendance vis-à-vis du
du concept de culpabilité, avec la construction de comportement déviant, en intronisant les droits
deux séries de critères pour établir la procédure humains et culpabilisant les politiques néo-
judiciale: a) critères d’évaluation de l’espace des libérales de tous les maléfices sociaux.
alternatives de conduite disponibles pour le sujet; b)
critères d’évaluation des cas et non-exigibilité Il ne faut pas beaucoup d’effort pour
sociale du comportement d’après la loi (état de identifier dans ces discours la prépondérance de
besoin e d’autres désengagéants). Dans les deux cas deux idéologies antagoniques dans
l’orientation de la politique d’intervention pénale l’affrontement du phénomène criminel. Toutes
minimum impose, dans la construction des critères, les deux polarisent des discours ideólogiques et
le devoir d’observer l’inégale disponibilité des des attitudes séctaires qui finissent par écarter les
alternatives de comportement”12. approches scientifiques et techniques de la
question.
Il est clair que dans des pays
périphériques où le dégré de refus aux normes a Ainsi, du point de vue du discours
tendance à croître, l’application du “principe de idéologique de l’État, dimine l’idée que la
proportionnalité” compenserait dans la mesure sécurité publique doit être orientée par des
du possible les effets nuisibles de la peine sur les stratégies d’intervention dont les “règles
opératoires” suivent l’inventaire présente: a) le

54
problème du crime se doit à la fragilité de phénomène criminel, un programme rationnel de
l’autorité répressive de l’État; b) place de bandit contrôle de la criminalité et de la violence
est em prison, donc, il faut bâtir plus de prisons comme action d’une politique de sécurité
et, surtout, des prisons de sécurité maximum; c) publique ne peut pas être menée à terme sans que
il faut augmenter l’effectif policier et doter la le Pouvoir Public adopte comme prémisses: a)
police de technologies répressives; d) il faut “la différence de la conjoncture actuelle par
accorder une plus large autonomie à la police et rapport à celle des décades antérieures; b) la
augmenter sa force répressive; e) il faut difficulté de conciliation des demandes de plus
démonter les réseaux criminogènes des grand respect au droits humains avec les
“favelas”, peuplées par une population qui a une demandes de plus de répression policière; c)
pré-disposition atavique au délit. l’inutilité, aujourd’hui, pour contenir la
criminalité, de la distinction entre personnes
D’un autre côtè, du point de vue d’une “dangereuses” et “non-dangereuses”; d) la
partie de la société civile organisée, radicalisée necessité urgente, à court terme, de reformulation
par les discours séctaire de gauche, le crime est du système criminel (y compris la législation),
le résultat de la faillite de l’État et de l’action afin de ne pas laisser hors d’atteinte les criminels
institutionnelle du contrôle social et le délinquant des classes plus favorisées et des élites; e) le
est une victime du processus d’exclusion préjudice causé à la bonne compréhension de la
économique et marginalisation politique et question par les préjugés ideológiques et par le
sociale. D’où, l’origine du comportement profit politique-électoral du thème; f)
“déviant” se situer: a) dans les “niches” urbains l’inévitabilité de l’augmentation, de fait, des
de pauvreté et misère; b) dans le manque droits civils aux contingents populationnels
d’opportunités des marginalisés que souffrent la periphériques proposés par la nouvelle
violence des effets d’une politique perverse Constitution, ce qu’il implique – à bref délai –
dictée par la capitalisme sauvage; c) dans le haut l’adaptation des formes de rapport du Pouvoir
niveau des inégalités sociales et que, donc, font Public avec ces populations au nouvel ordre
du crime une stratégie de survivance; d) dans le constitutionnel”14, en plus de l’adoption des
fait que le délinquant est une victime autres mesures plus utiles et plus efficaces dans
d’“apartheid” social et que, donc, il faut le champ de la prévention générale integrées à
humaniser les “favelas”, noyaux géographiques l’ensemble de réponses du “corps social”.
de grosse propulsion criminogène.
Il est évident qu’une application de la
Le fait est qu’une politique de sécurité justice criminelle dans ces termes doit avoir
publique adéquate, en moyens et buts, pour le comme question préliminaire les aspects
contrôle du phénomène criminel, ne doit pas suivantes: pourquoi la pratique de sécurité
prendre comme toile de fond idéologique de publique adoptée aujourd’hui au Brésil est-elle
l’action ni l’un ni l’autre de ces points de vues, contraire au minimum de garantie des droits des
mais chercher des stratégies adéquates comme citoyens? Quels sont les motifs selon lesquels les
réponses rationnelles qui puissent limiter la droits declarés ne sont pas effectivement garantis
criminalité dans des paliers minimum acceptés par la législation ordinaire et par les tribunaux?
par toute la société. Nous sommes d’accord avec Quelles sont les garanties réelles contre la prison
Lopez-Rey13 quand il souligne, pour effet illégale, la violence, la torture morale et physique
d’analyse du phénomène criminel, cinq “facteurs et l’humiliation imposées au citoyen par une
conditionnels” de l’expansion de la criminalité: pratique inadéquate de l’action policière?
a) la complexité aigüe du développement; b) Pourquoi le droit de défense reste-t-il encore
l’augmentation de la corruption et du temps de destitué d’une égalité de condition par rapport à
loisir c) une plus grande absence de sécurité l’accusateur, celui-ci soit il un particulier ou le
autant individuelle que collective, ainsi bien des propre État? Pourquoi les pratiques
remarquables revendications contre les systèmes inquisitorielles continuent elles encore à être
socioeconomiques et politiques existants, d) appliquées dans les procédés de vérification
l’accroissement populationnelle et sa criminelle? Quelles sont les garanties contre les
distribuition par sexe et âge; d) l’ambiguité des procédés policiers d’inviolabilité du domicile, de
effets gérés par la science et la technologie. la privacité et de l’intimité? Pourquoi le rétard de
vérification et punition – quand ça arrive – des
Même en considérant l’influence de ces
“facteurs conditionnels” sur la augmentation du

55
violeurs de ces droits consacrés en texte d’arrêt, l’agent policier est obligé d’informer
constitutionnel? l’arrêté que n’est pas obligé de se prononcer et
tout ce qu’il dis pourra être utilisé contre lui; et,
Ici, est de fondamental importance encore, qu’il a droit à un avocat. La non
d’assurer que la gestion d’une politique observance de ce procédé blesse de forme
criminelle réellement adéquate prenne comme tangible les droits fondamentaux.
paramètre de base initiale la propre Constitution
Fédérale et à partir de celle-ci organise tout le Au Brésil, malgré la consécration du
système criminel, c’est-à-dire, l’ensemble des principe de la “présomption de l’inocence” dans
subsystèmes de contrôle social: le Juge Criminel, le texte constitutionnel, “la police continue à
Le Parquet, la Défense Publique, l’Avocat arrêter les suspects pour essayer de réunir des
criminel, le subsystème pénitenciaire, la police et preuves après; force le prévenu à parler, même
la propre législation pénale. contre sa volonté (la confession, pas rare, c’est
‘arrachée’ avec l’utilisation de méthodes
Dans le cas spécifique de la sécurité bizarres, de forme arbitraire); met les citoyens
publique, il faut reconnaître au Brésil sous suspecte (le commisaire de police joue le
l’hypertrophie des procédés policiers role du Parquet et, comme dans le cas américain,
incompatibles avec le texte constitutionnel. Dans du Grand Júri, aussi); soumettre à soi-même
la majorité des cas, la pratique policière est l’actuation de l’Avocat (ici la manque du
subordonnée à une idéologie qui considére le contradictoire est affirmée par la propre loi de
citoyen un criminel un puissance. Cette idéologie procès)15. De façon que l’autoritarisme de la
pernicieuse se manifeste dans les approches législation de procès pénal termine stimulant la
policières et, surtout, dans le procédé pénal de prérogative de l’abus d’autorité policière, comme
l’Enquête Policière où l’autonomie de l’exercice une déviance de l’autonomie qui lui est conférée
de la fonction d’autorité corporifie une pratique par la loi. C’est justement à cause de l’exercice
inquisitoriale qui blesse presque toujours des de pouvoirs que n’appartiennent pas de façon
précepts constitutionnels de garantie des droits. intrinsèque à la fonction policière qu’arrive
Comme dans cette phase de procédure pénale il l’atrophie et les détours de la police brésilienne.
n’y a pas encore d’accusation, n’est pas exigée Pour ça, on doit éditer un nouveau Code de
l’intervention de la défense, en restreignant Procédure Pénal qu’ incorpore les garanties de
l’autorité policière le total contrôle de l’accès à la l’article 5º de la Constituition en vigueur et fasse
vérité des faits. Et là surgit la question: si sortir de l’activité policière les fonctions
l’autorité policière est considerée judiciaires dans l’interêt du renforcement du
“insoupçonnable” par la propre législation pénale pouvoir judiciaire.
(article 107 du CPP), que peut-on attendre qu’il
arrive dans un bureau de police? En syntèse, il faut reorganizer le système
penal de façon à ce que la législation pénale, le
D’un autre côtè, le Code de Procès Pénal subsystème pénitencier, les pratiques des cours
continue à consacrer le procédé inquisitorial dans d’appel et le subsystème policier s’intégrent au
l’enquête policière, dans l’intêret du Pouvoir contexte de la Constituition Fédérale, afin qu’une
Public. Comme dans cette phase du procès pénal politique de sécurité publique puisse de forme
n’existe pas encore l’accusation du suspect, cette adéquate rendre les stratégies rationnelles de
procédure contrarie les commandements contrôle de la criminalité.
expressifs et directs de la Constituition Fédérale
en vigueur. En renforçant l’option em faveur de la
démocratie et d’un État de Droit, on rend
Il est évident que dans les pays impossible l’idée d’une démocratie de droits
développés où prédomine une tradition fragmentés: les uns étant plus citoyens que les
démocratique expressive, le principe de la autres. Cette assertive met en lumière la
“présomption de l’inocence” est consacrée polémique des droits humains et fondamentaux
comme droit fondamental et selon lequel l’arrêt qui doivent être en vigueur dans un ordre de
seul peut être effectué si la police a eu a priori un Droit Pénal Minimum. Il faut ici vaincre le
ensemble probatoire (des preuves matérielles, dilemme institutionnel de la difficulté de
circonstancielles ou témoignages) que puisse concilier le principe juridique formel de l’
indiquer la qualification du délit et de son auteur “égalité devant la loi” avec l’inégalité devant la
à la Justice. En cas, par exemple, de décision réalité”. L’individu en plein jouissance du status

56
civitatis – en règle appelé de citoyenneté – est liberté individuelle, ayant les droits civils et
celui à qui la Constituition confere droits et politiques et les droits sociaux limités et n’aura
garanties fondamentaux: droits de l’exercice de pas dans aucune hypothèse – comme fugitif or
la liberte individuelle, droits civils et politiques encore non arrêté par récidive criminelle – droit à
et droits sociaux. Le citoyen arrêté et condamné la pleine jouissance du status civitatis. C’est le
à cause de sa conduite délictueuse est règle qui doit prévaloir comme traitement
temporairement démuni du droit d’exercer la criminel adéquat dans une société démo-cratique.

57
RÉFÉRENCES BIBLIOGRAPHIQUES

1. Apud ARNAUD, André-Jean (Dir.). 4. DURKHEIM, Émile. Les Règles de la


Dicionário Enciclopédico de Teoria e Méthode Sociologique. Paris: PUF, 1977.
Sociologia do Direito. Rio de Janeiro:
Renovar, 1999. 5. LOPEZ-REY, Manuel y Arrojo. La
Criminalidad: Un Estudio Analítico. Madrid:
2. Cf. CERVINI, Raúl. Os Processos de Tecnos, 1976.
Descriminalização. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 1995. 6. SILVA, Jorge da. Controle da Criminalidade
e Segurança Pública. Rio de Janeiro: Forense,
3. DELMAS-MARTY, Mireille. Modelos e 1999.
Movimentos de Política Criminal. Rio de
Janeiro: Revan, 1992.

58
NOTES

1. DURKHEIM, Émile. Les Règles de la sociaux de la criminalisation excédent de


Méthode Sociologique. Paris: PUF, 1977, pp. plus les bénéfices obtenus, en considérant
65,66,70. plus adéquate une réponse alternative à
certains comportements delictueux.
2. DELMAS-MARTY, Mireille. Modelos e
Movimentos de Política Criminal. Rio de 9. Apud CERVINI, Raúl. Op. cit., p. 75-76.
Janeiro: Revan, 1992, p. 30.
10. Dans la vision contemporaine, et au niveau
3. Idem. Ibid., p. 24. du procès (évalutation de preuve,
interprétation de norme), la pratique d’équité
4. Apud ARNAUD, André-Jean (Dir.). – comme stratégie d’effectivité rationnelle –
Dicionário Enciclopédico de Teoria e vise la re-structuration d’une activité
Sociologia do Direito. Rio de Janeiro: juridique capable de mettre en contexte les
Renovar, 1999, p. 603. pratiques quotidiennes d’une réalité
fragmentaire et réarticuler de manière
5. Idem. Ibid. continue des nouvelles formes de
6. Le terme État périphérique a eu pris ici dans conciliation entre l’applicabilité formelle de
une conception d’une société politiquement la loi et l’éxigence d’une justice
organisée de telle forme qui, malgré être effectivement citoyenne.
nommée une démocratie constitutionnelle,
11. Apud CERVINI, Raúl. Op. cit., p. 108.
reste liée à un modèle rigide d’ordre
institutionnelle qui se caractérise par 12. Idem. Ibid., p. 109.
l’organisation étatique du pouvoir,
concentration au monopole de la 13. LOPEZ-REY, Manuel y Arrojo. La
souvéraineté, centralisation, sécularisation et Criminalidad: Un Estudio Analítico. Madrid:
bureaucratie administrative, dont l’ordre Tecnos, 1976. En ce qui concerne aux
normative se limite à fonctions coercitives, “facteurs déclenchants” l’auteur repute le
répressives et pénales. crime comme un phénomène sociopolitique,
dont l’affrontement exige autant un plan de
7. Cf. CERVINI, Raúl. Os Processos de politique criminelle que du système pénal.
Descriminalização. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 1995, p. 72. 14. SILVA, Jorge da. Controle da Criminalidade
e Segurança Pública. Rio de Janeiro:
8. Cette classification indiquée par Raul Cervini Forense, 1999, pp. 18-19.
se place dans une vision de coût-bénéfice,
par comprendre le legislateur que les coûts 15. Idem. Ibid., p. 34.

59
60
RESTORATIVE JUSTICE AS A
HUMAN RIGHT

HAL PEPINSKY
Professor at Indiana University and Walden University.

I thank the Institute for Human Rights to learn to concentrate on making peace instead of
very much for their invitation to write this article war. I believe that we learn peacemaking together
on restorative justice as a human right. As I by our growing awareness of what protection of
understand it, “restorative justice” is a term that human rights requires of us.
as far as I can see was coined by Presbyterian
Church, U.S.A., Criminal Justice Office director Here is my only citation or reference in
Virginia Mackey in the mid-seventies. It became this essay: http://www.critcrim.org/critpapers/
part of a North American movement toward pepinsky-book.htm. A Criminologist’s Quest For
“prison abolition”. I myself have been trained Peace (2001) is the first book I have had
four ways in mediation, and have applied my published electronically rather than in hard copy,
training to mediation in a program of Canadian on the web site of the Critical Criminology
and U.S. Mennonites, the Victim Offender Divisions of the American Society of
Reconciliation Program over the past six years. I Criminology and the Academy of Criminal
have also been formally trained in law (then Justice Sciences. There, it is available for free
sociology), and have represented defendants in reading, copying, and use. The manuscript is
criminal court, advocated for people in numerous strewn with references, which are listed at the
grievance fora, and qualified as an expert witness end. Feel free to consult it for follow-up
on a variety of criminal justice topics. In references, and for that matter, to contact me
attempted recovery from the adversarial training further for references to things I write here. I can
that lies at the heart of the common-law tradition well imagine that the readers of this journal are
in which I was trained, I have chosen to try to very well-read on human rights in their own right.
understand and perfect the skill of mediation, as My purpose here is simply to explain how my
in restorative justice, instead. own understanding of how restorative justice as a
human rights issue has evolved.
I learn from every attempt I make at
mediation. To me, the key word in “restorative
justice” is “restore”. I seek to help victims and THE FIRST HUMAN RIGHT
offenders find ways that they all can restore
whatever trust the “crime” at hand has cost them, From the Universal Declaration of Human
so that they all become woven into safe, honest Rights (1948):
social relations rather than separated, as by
imprisonment.

I live in the global heartland of


Article 1
punitiveness. My country imprisons an entire
quarter of the world total, and as I write my All human beings are born free and equal
president is once again poised to launch launch in dignity and rights. They are endowed with
international bloodshed. I also live in hope. I reason and conscience and should act towards one
believe that as I learn mediation skills with another in a spirit of brotherhood.
hundreds of students most of all each year, These days, many of us would notice that
especially in a required second-year class for Article 1 leaves out half of humanity – sisterhood.
criminal justice majors on “alternative social Correcting for that glaring omission, Article 1 to
control systems”, I find students who are eagerly

61
me states the essence of human rights as I out-of-control parents. If children need
celebrate them. consequences from parents, aren’t parents equally
liable to need consequences from their children?
Call me essentialist or reductionist. I The only lesson I can draw from subjecting
seldom use the word “right”. It takes me back to children to discipline that children are not able in
Max Weber’s operational definition – something turn to subject their adult caretakers to, is that
guaranteed by a state, via law enforcement. When might makes right.
I idealize “human rights,” I think instead of what
awareness it takes to recognize in fact as well as A prototype of what it takes to make peace
in creed that “all human beings are born free and at any level is to resolve the contradictions
equal in dignity and rights.” I believe that it is by inherent in how we as adults manage conflicts
putting this belief into practice that human beings with our children. Do I make them stop crying
become safer in one another’s company, more because they make me feel bad, or do I celebrate
trusting and trustworthy and responsible, and tears as expressions of honest feeling, and
thereby let go of attachment to outcome – to welcome them? Do I learn from my children’s
planned repression of wrongful behavior instead talking back, or punish them for trying?
of inviting redemption and atonement from all
those stricken by violence. To me, imbalance in any relationship
occurs when one party gets to dictate
Just think about what it means to act on consequences to another. Parties to any
the belief that we are all BORN equal in dignity interaction fail to grant one another equal respect
and rights. My own preoccupation the last decade and dignity simply by getting stuck on making
has been with how we respond to violence against consequences happen – by fixation on agendas,
children. Consider: Everyone who lives into goals, or missions, or as Roger Fisher put it, by
adulthood has survived membership in what I getting stuck in positions rather than negotiating
consider to be the ultimate underclass – mutual accommodation of interests. The key test
childhood, compounded as its oppression might of whether accommodation is occurring,
be by race, class and gender. I have two litmus therefore, is whether what people want or issues
tests for whether children are being abused. The people attend to are changing as people take turns
first is whether the child feels compelled to keep a talking and listening to one another. If they are
secret about what an adult is doing with the child. really listening and responding, they themselves
The ultimate root of human dishonesty is will emerge from interaction knowing, wanting,
protecting someone you love by not mentioning and attending to things that they learned to care
something significant that is happening with the about during the interaction, things they could not
one who presses you to keep the secret. What, for foresee before the interaction. As a corollary, over
instance, do you when your father is making you time in any interaction in which the human right
lick his penis night after night? to equal respect and dignity is granted, all parties
ought to have a roughly equal share of talking and
My second litmus test is whether one listening time. This is the foundation on which
approves of the child’s equal force against a restorative justice as I understand it rests.
parent’s wrongdoing as when a child wrongs a
parent. For instance, if you believe a parent
should spank a child who has almost stepped in THE IDEA OF RESTORATIVE
front of a moving car, I would wonder whether
you also would approve of the child’s spanking JUSTICE
the parent for the same misdeed. Don’t we as
adults need correction fully as much as our Norwegian criminologist Nils Christie has
children? If adults know things children do not, become internationally renowned for his
do not children equally see things adults do not? plainspoken profundity about social control,
Right now in my country, criminal justice rhetoric recently in his now twice-revised book, Crime
has taken hold enough that people will commonly Control as Industry. In a keynote address that
speak of the duty of parents to “give became the lead article in the 1977 volume of the
consequences” to their children for hurtful or British Journal of Criminology, Nils spoke of
scary behavior. Meanwhile, I have heard and read “Conflicts as Property”. In so doing, he identified
countless personal testimonies of young children the key element in various forms of restorative
who have had to take care of sick, incompetent, or justice that also manifested themselves in

62
criminological literature and practice in that One saying I have is that would-be
period, for instance: victim offender peacemakers know the world to be much worse
reconciliation, conferencing, sentencing circles, than warmakers allow themselves to imagine. The
the Navajo peacemaker court, or in U.S. legal plain fact is that as far as I know from survivors
enterprise, “alternative dispute resolution”. whose reports I accept, child rapists and worse
Somehow since the rise of European feudalism, often survive and socially thrive. I first want
agents of state had displaced victims as known victims to break free of continued threat.
recognized aggrieved parties. Nils reminds us: the After that, if conceivable, I would like offenders to
handling of conflicts belongs to the people recognize and want to atone for harm they have
involved, not to surrogates who know nothing done. In the select sample of victim offender
about them and their circumstances, such as reconciliation cases I get, “offenders” acknowledge
legislators. Instead of prejudging what victims that they have done harm criminally charged.
and offenders want, we ought to be guided by When they can do things their victims suggest and
how they themselves respond to the dispute at show they are really better than when they
hand. They have to live with consequences of the offended, great. Insofar as victims are strong
response. They, then, are best qualified to decide enough to confront their offenders and negotiate
how they respond to the dispute. settlements, wonderful. Otherwise, we who would
confront offenders can ask them how they would
To illustrate what giving disputes back to redeem themselves, and negotiate whatever it takes
victims entails, I have on several occasions tried to live with offenders safely meanwhile. For
to apply the principle as a pro bono (free-of- example, since 1994 the Canadian prison authority
charge) expert witness on “peacemaking” in child has contracted with largely volunteer groups to
custody and visitation hearings. In each case, provide “circles of support and accountability”, in
without interrogating children myself, I believed the first instance with a Mennonite group in
their allegations that they were repeatedly being Kingston, Ontario, to encircle “high-risk sex
sexually assaulted by a parent during offenders” coming out of prison. In these circles,
unsupervised visitation. To each judge, I offenders take the lead in constructing their own
expressed my interest in encouraging children post-criminal lives. They negotiate boundaries of
involved to grow up to love and feel safe with trustworthy behavior with other members of the
both their parents. To that end, I recommended circle. One way or another, we can certainly
that the court support the children’s being with negotiate social arrangements – as in not being left
counselors they “liked”. I recommended that the alone with children – short of building jail cells
courts call upon those counselors for guidance as that might cost a hundred thousand dollars a year to
to how and when the children were ready to spend build, and tens of thousands more to operate.
time with either parent.
In 1989, the parliament of New Zealand
As I see it, an antidote to violence is passed the Youth Justice Act. Under the act, any
giving those most vulnerable to violence the first juvenile charged with anything short of murder
say in how to make peace. I knew without having who agreed to a guilty plea would be entitled to a
to ask myself that the children in these cases were “family group conference”. The conference would
clear about their desire not to spend time alone be facilitated by a state social service specialist.
with a parent. I asked that respect for that wish be Police and probation officers would be present. So
given highest priority. Happily, one judge would a lawyer for the “offender”. Victims would
accepted my recommendation, after interviewing be invited to attend. Where trauma was especially
the child in alone in his office. raw as in rape cases, extra time would be offered to
get the conference together. Victims ended up
Peacemaking entails triage. When you get appearing with family members and other
to the scene of a social wreck, including a wreck supporters about half the time. Most often, the
known as a violent crime, you attend first and
accused ended up signing an agreement to take
foremost to the needs and interests of the person some concrete action to “make things right.” The
who seems most hurt and vulnerable. agreement is referred to the juvenile judge, who
What, then, of the offender? What steps do can modify it or add onto it as the judge sees fit.
we take to reduce the threat of re-offending? In the aftermath of the legislation, youth
detention fell by half, and recidivism fell

63
substantially too. In cities including Auckland and irrespective of harm done. From my human rights
Wellington, similarly successful experiments perspective, a crime without an identified
have been conducted with adult offenders. New personal victim should simply not be a cause for
Zealand demonstrates the potential for using social concern.
restorative justice to obviate demand for
punishment of offenders.

Unfortunately, restorative justice may


TOWARD RESTORATION
become an addition to punishment of offenders
Here is my view of human nature, on
rather than a substitute. This is the case in the
which my experience and understanding of
victim-offender reconciliation program in which I
peacemaking and of fostering human rights is
volunteer. Virtually all of our cases are referrals
based.
of young people who have already been through
the court system. In many cases, they have I believe we are all born with minds full of
already served time in detention. Typically, they the universe of human experience and feeling. We
are doing community service, and paying for a learn languages so readily. We seek belonging in
number of other “services”. Although this world through language, through how we
participation in mediation is supposedly express ourselves in words, in tears, however…
voluntary, the offenders have been told that
participation is a condition of their probation. Then, For Your Own Good as Alice Miller
Even then, I find mediation worthwhile to give writes (see references in my e-mail book), adults
victims and offenders a sense of ownership over say, in effect, if you really love and trust us, you
their own problems, and a sense of receiving ought to feel the way we think you should. Stop
special, personalized attention. I keep the faith crying. Stop complaining. Stiff upper lip and all.
that eventually prosecutors and defense counsel And so you repress that part of yourself,
will see the value of trying to bring victims and especially the part that suffers suppression, and
offenders together before going through the court just stay mad and suspicious of those who would
process. not let you air and share your fears. In a
psychological word, you are driven to
And so I move in my thinking from the “dissociation”. You are driven to be an imposter,
right of a child to dignity and rights equal to an to smile through your tears and sense of
adult’s, to a practical duty to be guided first and unfairness. You get to pretend living through
foremost by experience of victims of violence, to other people’s feelings and needs.
a duty to negotiating safeguards against future
victimization, and giving offenders the option to In living out someone else’s idea of how
win their way back into popular trust. you should live, as against expressing your own
Peacemaking takes time, but to me, it is the only reality, as I see it, you die. You become someone
way we ever transform violence into safety. else’s social robot. You become vulnerable to
victimization on the one hand and to victimizing
others without feeling their pain and fear on the
CRIMES WITHOUT VICTIMS other.

Think of the child who has to tuck her Restorative justice is designed to break
drunk parent into bed. There is no neat distinction through the dissociation. As a mediator, I feel a
between violent crime and victimless crime. primary duty to encourage parties to show their
Whether or not violence – narcissism, being on own feelings, and to talk about what they
one’s own mission – has a manifest or intended themselves rather than someone else believes
victim, the things we do may hurt and burden important. I find that as people gain a sense of
those around us. We have a duty to encourage freedom to tell their stories in their own way, and
those we interact with to speak openly and call us get in touch with and express their own true
to account for victimization we have not noticed. feelings, they become capable of empathizing
Unless there is a personal grievance, there is no with others – feeling their pain and
rightful call to interfere with personal liberty. accommodating their interests. This contrasts
Worldwide these days, a large proportion of sharply with European-based legal processes in
increased incarceration is for drug law violations, which rules of evidence tightly constrain what
parties to conflict can say, and in which it is

64
routine to coach parties on what to say and not to had frightened or neglected one another. You
say at various stages of proceedings. For instance, went into each conflict with no preconceptions as
I commonly hear victims express anger that to what result you had to obtain.
offenders have never approached or apologized to
them – not realizing that criminal defendants dare What appeals to me most basically about
not risk sanctions for “intimidating” a witness or restorative justice is the idea of going into
“interfering with process”. confrontation among people in conflict without
preconceptions as to results that must follow one
Friends from other parts of the world have particular way or another. The very power of
remarked to me how reluctant people in my restoration to transform punitiveness rests on the
country tend to be to show open disagreement, honesty with which parties to conflict talk about
how much we shy away from public displays of what they most urgently are feeling, on what in
emotion-laden conflict. This amounts to a culture the moment of confrontation they think needs to
of dissociation. In that culture, we tend to become be said. The truest sign to me of restoration in any
indifferent to human suffering. We tend to rely relationship, including that of formal mediator or
heavily on separating parties to conflict, so much teacher, is when I am surprised myself by what I
so that even though we imprison people at world- end up saying and thinking about next. This, of
record levels with world-leading sentences, course, is the very opposite of what I was
people are still heard to complain that we let carefully taught in law school, to make “the rule
offenders off too lightly. of law”, including what Max Weber called
“substantive rationality”, sacred. I had the
Restorative justice amounts to embracing sacredness of calculating the consequences of
conflict rather than suppressing it. I find myself one’s conduct drummed into my head by some of
trying to apply restorative justice principles in my the reputedly greatest minds in the U.S. legal
teaching – encouraging my students openly to professoriate. Then I felt it, and now I say with
disagree with me above all, rewarding honest conviction: “Nonsense”.
expression of feeling and belief in written and
oral dialogue rather than passing judgment on The art and science of restoration is
whether students give me the right answers. My instead one of figuring out how to arrange it so
hope is that as we experience safe and open that those most directly affected have the greatest
confrontation of our differences and grievances, opportunity to say freely, without fear of self-
we first learn to value our own opinions and incrimination or retaliation, what honestly is
interests, and in turn become less punitive and foremost on their minds and in their hearts. The
more empathic toward others. In fact I have primary challenge of human co-existence is how
noticed that the earlier and more openly students fast and openly we can listen, learn, and CREATE
disagree with me, the more they surprise responses to our awareness and empathy for fears
themselves by becoming critical of criminal and grievances others have with us. As one
justice excesses and supportive of transforming mother struggling to retain custody of children
punishment into restoration. told a seminar of mine she had discovered: “I’ve
had to learn to ask my children to tell me when
I have come full circle in my I’ve hurt their feelings, and to say, ‘I’m sorry’.” I
understanding of what “restoration” means in a never ask anyone in mediation to say, “I’m
positive sense, as a path toward human safety and sorry.” I ask them to let their inner children take
security. Back to childhood. To me, restoration hold and make whatever they will of the
implies putting ourselves back where we were opportunity. As some of my fellow volunteer
when our own true feelings and beliefs were mediators have put it to me, we trust the process.
forcefully suppressed. Back to the time when you What Max Weber calls procedural rationality is
learned and mimicked your parents’ and peers’ indeed to me a science of how to get real human
language, when you so energetically tried to issues on the table where they can honestly be
belong and to be of value to your elders. At that discussed. State prosecution inhibits that
time, when you had a conflict, you were so conversation. Restorative justice invites it, as a
willing to deal with the conflict directly, way of human life, in recognition of the principle
personally. You had no option. You saw it as in that we are all born equal in deserving respect and
your best interest to listen, learn, and propose to dignity for being our own true selves.
your elders how you might restore trust when you

65
66
EL FORTALECIMIENTO DE LA JURISDICCIÓN
NACIONAL COMO DESAFÍO DE LA JURISDICCIÓN
INTERNACIONAL SOBRE DERECHOS HUMANOS. LAS
ENSEÑANZAS DEL ÁMBITO INTERAMERICANO*

LUIS FCO. CERVANTES G.


Abogado con Estudios en Ciencias Políticas; Responsable del Programa “Administración de Justicia y
Derechos Humanos” del Instituto Interamericano de Derechos Humanos.

1. A MODO INTRODUCTORIO: claros y precisos que configuren serias


jurisdicciones internacionales especializadas en la
APROXIMACIÓN AL OBJETO Y protección de los derechos humanos, lo cual ha sido
FINALIDAD DE LA posible especialmente en el ámbito regional
JURISDICCIÓN INTERNACIONAL europeo y americano, y en los momentos actuales
con especial atención sobre el inminente ejercicio
SOBRE DERECHOS HUMANOS de la Corte Penal Internacional.

El desarrollo jurídico vigente a partir de la La actuación desde 1950 del Tribunal


segunda posguerra mundial muestra un vigoroso Europeo de Derechos Humanos, y desde 1979 de
movimiento para fortalecer la protección de los la Corte Interamericana de Derechos Humanos,
derechos de la persona humana. Si bien pueden ha significado la concreta aplicación de este
documentarse algunos intentos preliminares en los bagaje normativo creado universal y
ámbitos internacional e interamericano para la regionalmente para la protección de los derechos
creación de sendos instrumentos que regulasen humanos, interpretando, aplicando y
pretendidas jurisdicciones internacionales, es claro concretizando los institutos jurídicos y los
que los planteamientos iniciales a través de la derechos reconocidos en los instrumentos
concreción de los tribunales internacionales de internacionales. Es así que normativa y
Nüremberg y Tokyo, los principios establecidos en jurisprudencialmente se ha definido que el objeto
sus propios estatutos y derivados de sus y fin de los modernos convenios sobre derechos
resoluciones, pero particularmente el creciente humanos, y con ello de las jurisdicciones
avance normativo desde la promulgación de la especializadas allí establecidas, lo constituye la
Declaración Americana sobre Derechos y Deberes protección de los derechos fundamentales.1
del Hombre y de la Declaración Universal sobre
Derechos Humanos, profundizan la legítima El desarrrollo normativo internacional de
preocupación humana por fortalecer mecanismos los últimos sesenta años igualmente se acompañó
preventivos o reparadores – en su caso – de en los ámbitos nacionales de profusos procesos
violaciones a los derechos propios de la de vigorización de la normativa constitucional
personalidad humana, preocupación más evidente nacional, procesos a través de los cuales se
aún y representada a través de los tribunales avanzaba de las meras definiciones políticas a la
internacionales para la antigua Yugoeslavia y efectiva consagración de normas jurídicas,
Ruanda, y en la aprobación y vigencia del Estatuto presenciando así el tránsito de las cartas políticas
de Roma de la Corte Penal Internacional. a las hoy constituciones normativas.

Así, la tendencia marcada por el profuso Este desarrollo paralelo ha encontrado en


desarrollo normativo de la segunda mitad del siglo los últimos años crecientes puntos de encuentro.
XX está dirigida a la ideación de mecanismos La promulgación de la Constitución española de

67
1978, y la influencia marcada por ella en el recíproca retroalimentación con la jurisdicción
desarrollo constitucional latinoamericano a partir nacional.
de entonces propició que en los procesos de
formación constitucional de los últimos
veinticinco años se considerara de manera 2. JURISDICCIÓN INTERNACIONAL
creciente la evocación, al menos, de ciertos SOBRE DERECHOS HUMANOS:
instrumentos internacionales sobre derechos
BREVE REFERENCIA AL
humanos, o bien, se propiciara una relación más
estrecha incluso con los órganos de la SISTEMA INTERAMERICANO DE
jurisdicción internacional creada al efecto, al PROTECCIÓN DE LOS
punto de reconocerse como un papel
constitucional de la jurisdicción el brindar DERECHOS HUMANOS
garantía a los derechos fundamentales.2
La moderna formulación de los sistemas
Y esto es así, por cuanto hoy día, cuando internacionales para la protección de los
las constituciones muestran exactas definiciones derechos humanos sucede con inmediatez la
o bien referencias a los derechos fundamentales, finalización del segundo conflicto bélico mundial
debe resultar claro que, en tratándose de la del siglo anterior.
protección de tales derechos, el ejercicio
nacional, es decir, la protección nacional es En el ámbito universal, el proceso en
particularmente relevante de cara al ejercicio de torno al establecimiento de la Organización de
la jurisdicción internacional. las Naciones Unidas da como resultado la
promulgación de la Declaración Universal de los
Éste es el punto de partida de este Derechos Humanos en diciembre de 1948,
comentario, la relación “simbiótica”, el contacto constituyéndose en punto de partida del vigoroso
de doble vía, el diálogo que debe establecerse desarrollo del derecho internacional de los
entre los órganos internacionales y nacionales de derechos humanos presenciada hasta hoy.4
protección de los derechos humanos, como
opción válida y especial para su efectiva Coincidentemente, en el ámbito regional
protección. europeo, la instauración del Consejo de Europa y
la aprobación de su Estatuto vino aparejada de la
En este sentido, de manera consciente en elaboración y aprobación – 1950 – de la
cuanto a la extensión de esta presentación, las Convención para la Protección de los Derechos
páginas siguientes omiten voluntariamente toda Humanos y las Libertades Fundamentales,
presentación profusa y detallada de los sistemas comúnmente conocida como Convención
internacionales – universal, europeo y africano – Europea de Derechos Humanos o Convenio de
de protección de los derechos humanos,3 Roma, instrumento que transformó en
concentrándose inicialmente en realizar una breve obligaciones convencionales precisas varios de
reseña, a modo de relación orgánico-normativa, del los principios proclamados en la Declaración
sistema interamericano de protección. Esta reseña Universal.5
dará paso a la consideración del rol nacional en la
protección de los derechos fundamentales, para En el hemisferio americano la concordante
acceder así a evidenciar uno de los desafíos discusión rindió frutos previos a los del ámbito
primordiales de la jurisdicción internacional sobre universal y europeo, al aprobarse la Declaración
derechos humanos: el fortalecimiento de las Americana de los Derechos y Deberes del
jurisdicciones nacionales. Hombre escasos meses antes que la Declaración
Universal.6 Del mismo modo que sus homólogos
De tal manera, el siguiente desarrollo universal y europeo, la discusión y aprobación de
pretende mostrar al lector cómo en la actualidad este instrumento estuvieron relacionadas con la
este fortalecimiento de la protección nacional es conformación de una organización regional, en
en sí mismo un desafío impostergable y a la vez este caso, la Organización de los Estados
consecuente y necesario, para el desarrollo de la Americanos y su carta fundacional,
jurisdicción internacional, en este caso, de los estableciéndose en este marco organizacional el
derechos humanos. En otras palabras, cómo uno desarrollo del sistema interamericano de
de los importantes desafíos de la jurisdicción protección de los derechos humanos.7
internacional se encuentra en su relación y en su

68
Este primer impulso americano fue competencia de la Corte, para los cuales
rápidamente superado por el proceso europeo en el existen dos órganos de protección y el
sentido que, mientras en Europa se fraguaba ya la sistema opera a plenitud.
adopción de un instrumento convencional que entró
en vigor debidamente en 1953, incluso ya con el El cuadro de aprobaciones y ratificaciones
funcionamiento de su jurisdicción internacional,8 muestra que el sistema interamericano es más un
en América este texto tuvo que esperar más de sistema continental que hemisférico, pues son, en
veinte años desde la aprobación de aquella su amplia mayoría, países continentales los que
Declaración primigenia. Mientras tanto, el sistema han firmado o se han adherido a la Convención.10
interamericano gozaba básicamente del aporte Todos ellos, a excepción de los Estados Unidos y
normativo de su Declaración específica y de la Canadá – que mantiene bajo estudio su posición
Carta fundacional de la OEA. – han aceptado la competencia contenciosa de la
Corte Interamericana.
En este contexto, y en el ámbito específico
de la jurisdicción interamericana, se aprobó la El marco normativo del sistema se ha
creación de la Comisión Interamericana de visto ampliado debido también a una profusa
Derechos Humanos en 1959, habilitada para actividad normativa, que ha dado como resultado
realizar funciones de promoción de los derechos la adopción de dos protocolos11 y otros
humanos y recibir quejas individuales. En 1965 instrumentos convencionales referidos a temas
se le incorpora como un órgano principal de la como la tortura, la prevención, sanción y
organización hemisférica, y en 1969 se logra la erradicación de la violencia contra la mujer y la
adopción de la Convención Americana sobre desaparición forzada de personas.
Derechos Humanos, diecinueve años después de
su homólogo transoceánico. Es la Convención La Comisión Interamericana ve
Americana la que sí contempla la creación de un desdobladas sus funciones en dos ámbitos. Unas
funciones de carácter general, que son previas a
tribunal regional, la Corte Interamericana de
Derechos Humanos, por lo que el sistema la vigencia de la Convención, y entre las cuales
interamericano se ha desarrollado en dos etapas se encuentra la promoción de los derechos
humanos, la elaboración de informes y
distintas, acumulando a la fecha casi cuarenta y
cinco años en el marco de la Comisión, y poco recomendaciones generales, y servir de cuerpo
más de veinte años bajo la dualidad institucional asesor de la OEA; y otras de acuerdo a las
competencias asignadas por la Convención,
de la Comisión y la Corte.9 La Convención
contempla que para el ejercicio de la destinadas a la documentación de violaciones,
competencia contenciosa de la Corte realización de un proceso investigativo tendente
a la constatación de la existencia de violaciones a
Interamericana es necesaria la aceptación
expresa del Estado ratificante – art. 62. los derechos humanos, y en cuyo curso puede
ejercer alguna función mediadora. Al finalizar
Esto ha dado lugar a que el sistema una investigación, la Comisión dicta una
interamericano de protección presente una triple resolución que, si ha constatado alguna
estructura, así: violación, recomienda al Estado la adopción de
ciertas medidas reparadoras de la infracción
1. El sistema comprende un régimen para los cometida. En este supuesto, el caso se da por
Estados que forman parte de la Organización terminado si el Estado cumple la recomendación
pero que no han ratificado la Convención. A pronunciada; si se presenta la situación contraria,
ellos se les aplica la Declaración Americana la Comisión elevará el asunto al conocimiento de
y la supervisión la realiza la Comisión la Corte. 12
Interamericana.
La Corte Interamericana, habiendo sido
2. Para los Estados que hayan ratificado la creada por la Convención desde 1969, recién
Convención pero no hayan aceptado la logra entrar en funcionamiento el 18 de julio de
competencia de la Corte, en cuyo caso es 1978. La Corte, según define su propio estatuto,
igualmente la Comisión el órgano de es una institución judicial autónoma con el
control. objetivo de aplicar e interpretar la Convención
Americana. Como institución judicial es un
3. Para los Estados ratificantes de la tribunal que administra justicia, con competencia
Convención y que hayan aceptado la para decidir casos contenciosos sobre la

69
interpretación y aplicación de la Convención, así de cumplir con las sentencias de la Corte
como para disponer que se garantice a la víctima Interamericana. Así, como órgano judicial que
de la violación de un derecho o libertad es, corresponde a la propia Corte dar seguimiento
protegido por este instrumento, el goce de ese a sus sentencias, razón por la cual, siguiendo el
derecho o libertad, así como la reparación de las art. 65 de la Convención, la Corte informará a la
consecuencias de la medida o situación que ha Asamblea General aquellos casos que presenten
configurado la vulneración de ese derecho.13 incumplimiento de los Estados.

En la jurisdicción internacional americana La novedad se encuentra, sin embargo, en


sobre derechos humanos, la litis se configura entre la disposición convencional del segundo párrafo
la Comisión y los Estados, o bien entre Estados, ya del art. 68, que refiere que las sentencias
que vía convencional las víctimas carecen de encontrarán ejecución – en cuanto a sus
posibilidad de acceder directamente. Esta carencia consecuencias pecuniarias – a través de los
en torno al acceso a la justicia ha sido paliada procedimientos internos para la ejecución de
relativamente a través de sendas modificaciones en sentencias contra el Estado. Esta disposición, que
el Reglamento y Estatuto de la Corte, habilitando no encuentra norma análoga en el sistema
un locus standi a la víctima en las sesiones de la europeo, permite entonces que la sentencia de
Corte y en otras instancias del proceso. origen internacional sea “nacionalizada” en
cuanto a su ejecución utilizando los
La Corte posee dos tipos de competencia: procedimientos propios de la jurisdicción
contenciosa y consultiva. El proceso contencioso nacional para sentencias contra el Estado, es
considera una casi reproducción de lo decir, la vía de ejecución de sentencias de la
desarrollado en sede de la Comisión jurisdicción contencioso-administrativa.
Interamericana, lo cual ha sido una de las fuertes
críticas debido a la duración de los procesos en el Si bien esta posibilidad es un avance cierto
sistema interamericano, al tener que reiterar la en procura de la efectivad de las sentencias de la
Corte la investigación realizada previamente por jurisdicción internacional americana sobre derechos
la Comisión. Sin embargo, esta circunstancia humanos, la limitación al aspecto pecuniario podría
encuentra alguna explicación bajo el entendido tornar en endeble la situación de otro tipo de
que la Comisión no es un órgano jurisdiccional acciones afirmativas a que los Estados puedan verse
como sí lo es la Corte, razón por la cual ésta no sujetos. De aquí la importancia de identificar
debe ser entendida como un órgano de control o canales de comunicación idóneos entre los sistemas
apelación de lo actuado por aquélla. internacionales y nacionales que permitan una
mayor aplicación, a todo nivel, de los contenidos de
Por esta misma razón, la Corte puede los instrumentos sobre derechos humanos vigentes
dictar las medidas provisionales que considere en el hemisferio. Es aquí donde el desarrollo
oportunas aun si el caso no ha llegado a su constitucional de los últimos años, y la instauración
conocimiento y la Comisión así se lo solicita. El o desarrollo de instancias nacionales más
proceso ante la Corte contempla la posibilidad de focalizadas a la protección de los derechos
plantear excepciones preliminares, cuyo fundamentales, se aprecia y percibe como el canal
conocimiento, en teoría, no suspende el trámite propicio para lograr esta conexión.
sobre el fondo. La fase de fondo contempla una
etapa escrita y otra oral, superadas las cuales la La expresa referencia, o bien la inclusión
Corte emite la sentencia correspondiente de constitucional de instrumentos internacionales y
manera debidamente motivada. otros parámetros de protección de los derechos
fundamentales, como las interpretaciones
Elemento de particular importancia y pronunciadas por los tribunales internacionales, e
relevancia del sistema interamericano se incluso los desarrollos jurisprudenciales
encuentra en lo concerniente a la ejecución de nacionales que han potenciado la vigencia de
sus sentencias. Esta se aprecia como el punto estos instrumentos e interpretaciones,
más delicado de todo sistema de jurisdicción constituyen la base para una interacción entre
internacional por vincularse estrechamente con la sistemas que devenga en la generación de un
eficacia de las sentencias y del sistema mismo. sistema coherente y unívoco de protección,
De conformidad con el derecho internacional y el caracterizado por la mutua y continua
principio pacta sunt servanda, el art. 68.1 de la retroalimentación, con miras a lograr una
Convención señala la obligación de los Estados proactividad en ambos escenarios que permitan

70
acceder a una más completa e integral protección buena fe las obligaciones contraídas a través de
de los derechos fundamentales. los instrumentos convencionales. Este principio,
el pacta sunt servanda, ha sido recogido
La competencia consultiva de la Corte, a normativamente en el ámbito universal en el art.
diferencia de la contenciosa, no requiere la 26 de la Convención de Viena sobre el Derecho
aceptación expresa de los Estados, de tal manera de los Tratados.
que aún los Estados que no hayan aceptado la
competencia contenciosa de la Corte bien pueden En materia del derecho internacional de
formular ante ella solicitudes de opinión. Bajo los derechos humanos, el tema de las
una perspectiva material, la competencia obligaciones de los Estados encuentra relación
consultiva la ejerce la Corte en cuanto a la con la diferenciación entre los derechos civiles y
interpretación de la propia Convención políticos, y los derechos económicos, sociales y
Americana y demás tratados sobre derechos culturales, o, dicho en otras palabras, a las ciertas
humanos, e incluso en cuanto a la compatibilidad posibilidades de ejercicio y exigencia inmediata
de legislación interna de los Estados con los de los derechos, por cuanto se ha argumentado la
instrumentos internacionales – art. 64 –. existencia de ciertas diferencias en cuanto a la
Naturalmente esta posibilidad se ejerce incluso oportunidad y criterios de exigibilidad de ambas
sobre la propia Declaración Americana, debido a formulaciones,14 concretamente relacionadas con
su incorporación en la Carta de la OEA, que sí es el carácter ejecutivo o programático de las
formalmente un tratado. Además de los propios normas de referencia.15
Estados, también puede formular solicitudes de
opinión la misma Asamblea General de la OEA y Sin embargo, esta aparente diferencia de
algunos otros órganos como la Secretaría exigibilidad puede resultar absolutamente
General, el Comité Jurídico Interamericano, la compatible con el carácter de progresividad del
Comisión Interamericana, entre otros. derecho internacional de los derechos humanos,
y así parece preverse en la propia Convención
Particularidad de esta función se encuentra Americana al considerar las obligaciones de los
en que una vez instada la competencia de la Corte, Estados.
el solicitante no puede retirar su gestión, sino que
la Corte siempre se pronunciará sobre la solicitud El art. 1º de la Convención señala la
planteada, resolución que igualmente notificará a obligación de los Estados parte de respetar y
todos los Estados. Las opiniones consultivas, a garantizar los derechos y libertades contenidos
pesar de no existir disposiciones expresas en en el pacto, lo cual es un deber jurídico esencial
cuanto a sus efectos, difícilmente pueden ser sin el cual los tratados sobre derechos humanos
ignoradas por los Estados, considerando la carecerían de sentido. Ésta es la primera
naturaleza del órgano que la emite y la obligación asumida: respetar y garantizar. De
trascedencia a futuro de su eventual desatención. conformidad con esta norma general, toda
limitación o menoscabo sobre estos derechos
constituiría un hecho contra el tratado y
3. CARACTERES DEL DERECHO comprometería la responsabilidad internacional
INTERNACIONAL DE LOS del Estado, de manera tal que si la situación
DERECHOS HUMANOS EN infringida no es restablecida con los medios del
derecho interno, queda abierto el recurso a la
CUANTO A LA HABILITACIÓN protección internacional.
DE LA JURISDICCIÓN
Del mismo modo, el deber de respetar los
INTERNACIONAL EN EL ÁMBITO derechos humanos impone la obligación de
INTERAMERICANO adecuar el sistema jurídico interno para asegurar
la efectividad del goce de tales derechos.
Consecuencia de esta obligación, se ha definido
3.1 Obligaciones y Responsabilidad que debe considerarse como internacionalmente
Internacional de los Estados ilícita toda acción u omisión de un órgano o
funcionario del Estado que lesione
Es ampliamente conocido el principio del indebidamente los derechos reconocidos en las
derecho internacional por el cual los Estados convenciones, siendo en este punto irrelevante
asumen el compromiso de respetar y cumplir de que el órgano o funcionario haya actuado

71
violando el derecho interno, de donde resulta Esta serie de obligaciones, asumidas con
que, en materia de responsabilidad internacional, base en los derechos que los Estados se han
la imputación al Estado de los hechos ilícitos de comprometido a garantizar y respetar, y el
sus agentes se rige por las reglas del derecho contenido exacto de los tratados o convenciones
internacional y no por las del derecho interno.16 generales y específicas sobre derechos humanos
que han sido promulgadas y contraídas, es claro
Asimismo, se establece la obligación del que introducen la temática de la aplicación del
Estado de garantizar a toda persona el libre derecho internacional en las jurisdicciones
ejercicio de sus derechos con todos los medios a internas de los Estados miembros, y es aquí
su alcance, de donde resulta que toda persona donde se aprecia entonces uno de los ámbitos
debe disponer de medios judiciales sencillos y de aquel carácter de progresividad referido
eficaces para la protección de sus derechos. Con párrafos atrás.
base en esta obligación, las violaciones a los
derechos reconocidos en las convenciones deben En complemento al art. 1º de la
ser reputadas como ilícitas por el derecho Convención, el art. 2º refiere que los Estados
interno. Es decir, a pesar que de manera inicial la deberán adoptar “las medidas legislativas o de
jurisdicción internacional valorará el ilícito otro carácter que fueren necesarias para hacer
internacional con base en su propia normativa, es efectivos tales derechos y libertades”. Se
claro que los sistemas nacionales deberán visualiza aquí cómo la Convención ha transferido
contemplar y actuar con eficacia para solventar y conferido a los Estados la obligación de un
la violación, si ésta se ha comprobado, porque en ejercicio proactivo para el cumplimiento de
caso contrario se incurrirá en responsabilidad aquella obligación genérica de respetar y
internacional del Estado. garantizar, y cómo esta obligación genérica de
respetar y garantizar trasciende sin duda alguna
De esta manera, y con base en la al ámbito interno de los países a través de
Convención Americana sobre Derechos medidas legislativas o, mejor aún, de otro
Humanos y el Pacto Internacional sobre carácter, con lo cual se abren las puertas para
Derechos Civiles y Políticos, se impone a los toda acción positiva tendente a la protección de
Estados básicamente el siguiente conjunto de los derechos humanos.
deberes:
En otras palabras, pero en idéntico
1. Organizar los poderes públicos y el sistema sentido, se aprecia cómo la configuración de una
jurídico interno para la protección de los jurisdicción internacional especializada para la
derechos. protección de los derechos humanos confiere y
devuelve al ámbito interno la obligación de hacer
2. Prohibir la utlización de la función publica
respetar y garantizar por todos los medios
como medio para lesionar los derechos. apropiados los derechos humanos. Es decir, la
3. Establecer mecanismos judiciales jurisdicción internacional nace confiriendo
apropiados y eficaces para la protección de obligaciones directas a ser cumplidas en el
los derechos humanos. ámbito nacional.

4. Investigar toda situación donde pueda El derecho internacional de los derechos


configurarse la violación de derechos humanos se visualiza de esta forma como un
humanos. ordenamiento que brinda impulso a los sistemas
nacionales, de tal forma que son los propios
5. Calificar de ilícita toda violación de los Estados quienes deben verificar en primera
derechos humanos debidamente instancia el cumplimiento de los compromisos –
comprobada. normas – de origen internacional. Para ello, los
Estados deben preocuparse de dar efectivo
6. Restablecer la situación jurídica infringida. cumplimiento a estas obligaciones anteriormente
reseñadas, de proveer los medios necesarios para
7. Sancionar a los autores de la transgresión. el cumplimiento de sus objetivos, de donde
resulta que la obtención de los objetivos jurídicos
8. Adoptar medidas que contribuyan a prevenir
internacionales descansa y reside en el ámbito de
la repetición de hechos semejantes.
las competencias nacionales.17

72
En este contexto, las jurisdicciones y lo ha dispuesto la normativa internacional, es el
nacionales aparecen como garantes de la plena ámbito del derecho interno donde los derechos
vigencia de los derechos humanos. Recuérdese deben lograr su plena efectividad, pero es con
además el desarrollo constitucional de los base en lo internacional donde se trazan los
últimos años, donde los procesos constituyentes parámetros para su valoración.19
fueron proclives en admitir la incorporación al
máximo nivel normativo interno, de los 3.2 La Habilitación de la
instrumentos internacionales sobre derechos
humanos, o incluso de las interpretaciones a ellos
Jurisdicción Internacional en
dadas por los órganos de la jurisdicción el Sistema Interamericano
internacional – como ejemplo, el art. 10.2 de la
Constitución Española de 1978, y en el ámbito El incumplimiento de las obligaciones
americano el art. 75.22 de la Constitución asumidas por los Estados trae aparejada la
argentina –; o más aún, cuando criterios responsabilidad internacional del Estado
jurisprudenciales de órganos surgidos de este incumpliente, responsabilidad que es valorada y
desarrollo constitucional, como los tribunales juzgada por los órganos propios del sistema
constitucionales, han elevado a niveles antes interamericano de protección de los derechos
impensados las normas e interpretaciones sobre humanos, según ha sido referido previamente.
derechos humanos en el ámbito interno.18
En el sistema interamericano, la actuación
Es evidente que en todo este proceso de los órganos de control reviste un carácter
cumplen un rol preponderante las normas de inicialmente subsidiario, pues su acción está
origen internacional que han sido incorporadas al prevista una vez que internamente se haya
orden interno. De donde resulta que no deben procedido al agotamiento de los recursos
verse como específico y particular derecho procedentes para subsanar una violación de
internacional a las normas sobre derechos derechos humanos.
humanos contenidas en las convenciones. Si bien
es cierto tales normas sí tienen un origen El art. 46.1.a) de la Convención, al referir
internacional, al ser suscritas, aprobadas y la actuación de la Comisión, define que su
ratificadas, pasan a formar parte del derecho ejercicio será posible una vez que se hayan
interno en virtud de mandato constitucional interpuesto y agotado los recursos de la
expreso, que en la mayoría de los casos reconoce jurisdicción interna provistos por el Estado
mayor valor que a la ley ordinaria, o respectivo, conforme a los principios del derecho
reconocimiento jurisprudencial. De lo anterior se internacional generalmente reconocidos. La
desprende que estas normas y sus criterios de norma es más bien clara y directa, exigiendo no
interpretación pronunciados por la jurisdicción sólo la interposición de tales acciones, sino
internacional bien pueden ser invocadas también que las mismas hayan sido agotadas, es
válidamente ante los tribunales nacionales, y decir, debidamente finalizadas.
deben ser aplicadas por estos en aquellos casos
Sin embargo, debe recordarse que las
en que resulten pertinentes.
obligaciones de los Estados van desde la
Es así como en el ámbito regional genérica de respetar y garantizar, hasta la
americano, el sistema de protección prevé esta progresiva de acudir a las medidas de otro
posibilidad de desarrollo progresivo – prevista en carácter que permitan una efectiva protección de
el art. 2 de la Convención –, mismo desarrollo los derechos humanos. Es reconociendo que esta
que encontró eco en los procesos de desarrollo obligación de adoptar medidas consecuentes con
constitucional de los últimos años, procurando el respeto y la garantías también puede ser
fortalecer desde lo internacional la protección violentada por los Estados, que la misma
nacional de los derechos humanos. Convención se encarga igualmente de habilitar la
vía internacional bajo tres supuestos especiales
En este sentido, se ha afirmado con razón que resultan ser las excepciones a la definición
que un sistema de derechos en un estado del art. 46.1.a) reseñada líneas atrás.
democrático debe interpretarse de tal modo que
logre su completud a través de dos fuentes en Así, el acceso a la vía internacional será
retroalimentación, la interna de cada Estado y la posible si:
internacional, por cuanto, como ha sido referido

73
1. No existe en la legislación nacional el lugar al planteamiento de la responsabilidad
debido proceso legal para la protección de internacional de los Estados cuando estos
los derechos que se alegan violentados. retardos sean valorados como injustificados. Se
aprecia una vez más aquí la incidencia directa del
2. No se haya permitido a la presunta víctima texto internacional sobre el derecho interno, y la
el acceso a la jurisdicción interna, o se le obligación de los Estados partes de cumplir con
haya impedido agotar los recursos previstos. los preceptos de justicia pronta y cumplida
establecido en el numeral 8 de la Convención
Existe un retardo injustificado en la Americana, y en la generalidad de los textos
resolución final de los recursos interpuestos.20 constitucionales de los países relacionados.
Se aprecia claramente que estas
Estas disposiciones convencionales se
excepciones están directamente vinculadas con el encuentran en las previsiones para acceder al
pleno ejercicio de las jurisdicciones nacionales, sistema interamericano en sede de la Comisión
de tal manera que si el sistema nacional para la
Interamericana, lo cual encuentra explicación en
protección de los derechos humanos presenta que el trámite ante la Comisión es
serias carencias en cuanto al ejercicio y preceptivamente previo al planteamiento ante la
efectividad de su jurisdicción, quedará entonces
Corte. Así, posteriormente la misma Convención
abierta la opción de acudir a la vía internacional señala en el art. 61.2, que para que la Corte
en defensa de los derechos. Estas disposiciones pueda conocer un caso en su competencia
se aplican cuando los recursos internos no
contenciosa, deberá haberse cumplido
pueden ser agotados porque no están disponibles previamente lo preceptuado en los arts. 48 a 50
ya sea por una razón legal o bien por una de la misma Convención, es decir, haberse
situación de hecho. cumplido todo el procedimiento ante la
La interpretación dada a estas excepciones Comisión. De ahí la ubicación de estas normas
ha incidido de manera directa en la ampliación sobre acceso a la vía jurisdiccional internacional.
del acceso a la justicia de las presuntas víctimas, En definitiva, los Estados se encuentran
ya que se ha definido que, en tratándose de obligados a respetar y garantizar los derechos
derechos fundamentales, bastará la interposición
humanos internacionalmente reconocidos. Si no lo
y agotamiento de recursos idóneos como el hacen, y los recursos y medios internos no
amparo o el hábeas corpus. Igualmente, que si se reestablecen el goce pleno y efectivo del derecho
ha comprobado que razones de indigencia o
– reparando además el daño causado – se abre el
temor en los estratos jurídico-judiciales han camino para la invocación del proceso
impedido el agotamiento de los recursos, procede internacional. Es por ello que se definía al sistema
el acceso directo al ámbito internacional.21
como un sistema subsidiario, porque los primeros
Particular relevancia presenta la tercera obligados son los Estados, lo subsidiario por su
excepción mencionada, la cual refiere a la excepcionalidad debe ser la protección
preocupante situación del retardo o mora internacional, que puede entrar en ejercicio sólo al
judicial. De conformidad con esta salvedad, en ser incumplidas las obligaciones referidas.
aquellos casos donde el retardo judicial en dar
debida solución a un conflicto planteado en sede 4. EL ANSIADO DIÁLOGO ENTRE
jurisdiccional nacional sea entendido como JURISDICCIONES. ALGUNA
injustificado, se habilitará el conocimiento
internacional directo del caso, a más de la REFERENCIA JURISPRUDENCIAL
violación concreta alegada en el ámbito interno, DEL ÁMBITO INTERAMERICANO
igualmente por contravenir la disposición
expresa del art. 8.1 de la Convención, que
establece el derecho a ser escuchado 4.1 El Tránsito hacia el Ámbito
judicialmente en un plazo razonable. Es de Internacional: de la Separación
particular interés por cuanto es notoria la
preocupación generalizada en los sistemas
a la Integración
judiciales nacionales sobre la retardación de
El tránsito hacia la configuración de una
justicia,22 lo cual, de conformidad con las
mayor vinculación o interacción entre las
disposiciones convencionales citadas, puede dar
jurisdicciones internacionales y las jurisdicciones

74
nacionales en materia de derechos humanos nivel político hasta hace muy poco, y en el
muestra cuatro estadios evolutivos que, por sistema africano no ha logrado evolucionarse
demás, resultan absolutamente concordantes hacia el establecimiento de un órgano judicial
también con la característica de progresividad del propiamente dicho.
derecho internacional de los derechos humanos.
En los diferentes supuestos ideados y
De tal modo, la evolución jurídica en puestos en ejecución privó siempre la idea de la
torno a los derechos humanos a partir del siglo responsabilidad de los Estados por
XX nos muestra que estos cuatro procesos incumplimiento de los compromisos asumidos.
pueden definirse de la siguiente forma: Se dejaba en manos del Estado la investigación,
sanción y reparación de una violación sobre
4.1.1 Del Derecho Internacional derechos humanos, y sólo en el caso que el
Estado no actuara de manera consecuente, se
Tradicional, al Derecho accedía a la vía internacional. Es la
Internacional de los Derechos subsidiariedad de los sistemas, así entendida en
Humanos la configuración de los sistemas de jurisdicción
internacional de los sistemas europeo y
Debe tenerse presente que el derecho americano de protección de los derechos
internacional tradicional, tal como era visto humanos.
incluso hasta el siglo XIX, era definido como un
conjunto de normas para regir las relaciones Si bien desde la finalización de la segunda
interestatales, considerando como sujetos del confrontación bélica mundial, y con
derecho internacional solamente a los Estados, independencia de los tribunales de Nüremberg y
mientras que la persona humana era entendida Tokyo, se intentó en el ámbito universal la
más como objeto del derecho internacional que creación de una jurisdicción internacional que
como sujeto del mismo. De aquí derivaba que los tuviera bajo control no sólo a los Estados sino
Estados carecían de opciones para intervenir en particularmente a los individuos por violaciones
las relaciones entre otro Estado y sus nacionales. especiales a los derechos humanos, la asignación
de diversos proyectos complementarios a una
La paulatina aceptación de la doctrina de igual diversidad de comisiones u órganos,
la intervención humanitaria, la debida valoración terminó por aplazar una y otra vez la discusión
del derecho internacional humanitario,23 y la de un instrumento internacional acorde con estas
creación de la Liga de las Naciones24 aportaron intenciones y esperar más de cincuenta años para
un impulso singular para considerar que estas ver plasmado en un texto normativo
obligaciones podían ser atendidas por los Estados internacional de carácter convencional una
sin ceder soberanía nacional, preparando las jurisdicción internacional que juzgara también la
bases jurídicas para el desarrollo apreciado a responsabilidad individual por violaciones a
partir del segundo conflicto bélico mundial. ciertos derechos humanos.25

La instauración de los Tribunales


4.1.2 De la Responsabilidad de los internacionales para juzgar los crímenes de
Estados a la Responsabilidad guerra de la antigua Yugoslavia y para Ruanda,
Individual aportaron de manera decidida en la conformación
de la responsabilidad individual, lo cual permitió
El fuerte surgimiento del derecho al Estatuto de Roma de la Corte Penal
internacional de los derechos humanos bajo la Internacional consagrarlo normativamente así de
firme intención de evitar los errores del pasado manera universal desde su art. 1º.
determinó que el cumplimiento de las normas de
protección y los compromisos asumidos por los Quedó así configurado el paso de la
Estados estuvieran sujetos al control de responsabilidad internacional de los Estados a la
jurisdicciones internacionales particularmente responsabilidad individual por violaciones a los
diseñadas. Como se ha referido, el primer derechos humanos. Este importante desarrollo,
sistema en lograr su concreción lo fue el vigente en discusión desde 1946, encontró sustrato
en Europa, seguido del americano con varios normativo en 1998, y se apresta a ser utilizado en
años de resago. En el ámbito de Naciones Unidas el inminente ejercicio de la Corte Penal
la creación de órganos de control se manejó a un Internacional.

75
4.1.3 De la Subsidiariedad a la alguna cosa,27 con lo cual se entiende que la
jurisdicción internacional prevista en el Estatuto
Complementariedad de Roma perfecciona de algún modo las
jurisdicciones nacionales.
El Estatuto de Roma resultó un decidido
impulso al desarrollo del derecho internacional En este sentido, los recientes desarrollos
de los derechos humanos. Además de la normativos tienden a abandonar la idea de la
evolución mostrada al consagrar y permitir el subsidiariedad y asumir la de
control sobre la responsabilidad individual, el complementariedad, lo cual significa que las
Estatuto logró incorporar un significativo avance jurisdicciones internacionales si bien están para
en cuanto a la temática de la subsidiariedad de brindar una mayor protección a los derechos
las jurisdicciones internacionales. humanos, su carácter debe ser en atención a la
perfección del sistema de protección, o dicho de
Tal como se ha reseñado, los sistemas otro modo, la existencia y ejercicio de la
europeo y americano confieren a la jurisdicción jurisdicción internacional no se presenta en
internacional en ellos creada un carácter demérito de la jurisdicción nacional, sino como
subsidiario, bajo el entendido que el primer la vía para lograr una perfección de la protección
obligado y el primer llamado a respetar y a través de la integración o completud del
garantizar los derechos humanos es el Estado sistema de protección.
mismo. El Estatuto no limita la responsabilidad
primaria del Estado de hacer prevalecer la Se aprecia entonces que el desarrollo del
justicia, de facilitar el acceso a la verdad y derecho internacional de los derechos humanos
justicia a las víctimas de violaciones a los no está exclusivamente vinculado a su evolución
derechos humanos. Pero va más allá y establece internacional, pues la subsidiariedad pronunciada
el principio de complementariedad de la Corte lleva a la necesaria complementariedad entre la
Penal Internacional, definido en el art. 1º del protección internacional y la protección –
Estatuto, bajo el cual la jurisdicción penal aplicación – nacional de los derechos humanos,28
internacional funcionará sólo en el caso que el y de aquí a la génesis de los nuevos paradigmas.
Estado parte no pueda o no quiera realizar las
actividades judiciales tendentes a la efectiva
resolución del conflicto planteado. Es decir, la
4.1.4 De la Complementariedad a
Corte sólo intervendrá cuando por falta de la Integración
voluntad política o por imposibilidad material los
Estados no puedan cumplir con su obligación El avance del derecho internacional de los
principal. Este carácter de complementariedad se derechos humanos de la formulación de la
refleja acertadamente cuando se refieren las subsidiariedad a la formulación de la
circunstancias por las cuales la Corte puede complementariedad importa entonces la
declarar la inadmisibilidad de casos de complementariedad entre la protección
conformidad con lo definido y establecido en el internacional y la protección nacional de los
art. 17 del Estatuto. derechos humanos, lo que equivale a manifestar
que el derecho internacional de los derechos
Es decir, el Estatuto no rompe con el humanos presenta dos aristas: la perspectiva
principio de “primer obligado el Estado”, pero no nacional y la internacional. De tal manera,
define la jurisdicción de su tribunal como mientras el ámbito internacional traza los
subsidiaria sino como complementaria de las parámetros de formulación y aplicación
jurisdicciones nacionales. general,29 en su dimensión nacional la aplicación
del derecho internacional de los derechos
La trascendencia jurídica de esta humanos requiere una positiva retroalimentación
formulación se aprecia si se atiende a los con el derecho interno, específicamente con el
conceptos específicos. Por subsidiariedad se derecho constitucional, y, en consecuencia, con
entiende la acción o responsabilidad que suple o la jurisdicción nacional.
robustece a una principal,26 en este caso, al no
cumplir la jurisdicción nacional ésta se ve Esta necesidad de atención de la
suplida por la jurisdicción internacional. Por el perspectiva internacional hacia la nacional de los
contrario, por complementariedad se atiende a derechos humanos conduce directamente a la
aquella circunstancia que sirve para perfeccionar relación entre las jurisdicciones internacionales y

76
las internacionales, ya que la perfección o más específica y propia en la interactuación o
completud de la protección de los derechos intercambio entre la jurisdicción internacional y
humanos pretendida a través de la la jurisdicción constitucional de los Estados.
complementariedad sólo será posible mediante el
muto reconocimiento de los avances logrados y En cuanto a la formulación normativa en
las actuaciones realizadas. el ámbito del texto constitucional, la doctrina ha
admitido que la Constitución puede venir
Por ello, puede afirmarse que acudimos en limitada por los mandatos propios del derecho
la actualidad a la formulación de un nuevo internacional, y que, por tanto, bien puede
avance en materia de protección de los derechos remitirse a estas normas que se consideran
humanos, la búsqueda de la integración y de la indisponibles para que ellas señalen la vía para la
completud de los sistemas de protección, a través adopción de normas concretas aplicables también
de una estrecha relación de atención e en los procedimientos internos,30 llegándose
intercambio entre las jurisdicciones nacionales y incluso a afirmar que no existe más que un solo
las internacionales. ordenamiento con dos tipos de normas: las
nacionales y las de origen internacional.
Dado que la perspectiva internacional
encuentra su puerta de entrada en las previsiones De tal forma, los órganos nacionales
constitucionales, será la jurisdicción pretenderán interpretar las normas de manera
constitucional de los Estados la encomendada consecuente con los preceptos definidos por la
para generar el intercambio necesario para esta jurisdicción internacional, por cuanto de no
completud del sistema de protección. No debe hacerse así podría violentarse las obligaciones
pasar desapercibida la configuración de mínimos internacionales asumidas por el Estado, lo cual
propia del derecho internacional, por lo que dará como resultado inevitable que la
corresponde bajo esta posición al derecho jurisprudencia de los órganos internacionales
nacional el oportuno desarrollo de esos mínimos influya cada vez más en los resultados de los
garantistas. Se encuentra aquí ya una advertencia procesos internos.31
preliminar de que este diálogo, más que posible,
es necesario. La recepción que los tribunales nacionales
hacen de las decisiones internacionales puede ser
en un doble sentido:
4.2. La Trascendencia y las
Muestras del Diálogo 9 Sea para analizar la jurisprudencia
internacional para determinar si existe
4.2.1 La Trascendencia alguna norma específica a considerar en
casos particulares que deban resolverse.
El desarrollo de procesos de reforma
9 Sea para analizar la interpretación que ha
constitucional de los años recientes, tal como se
recibido determinada norma en la
ha referido, trajo consigo la expresa atención
jurisprudencia internacional y aplicarla en
sobre la normativa internacional de derechos
consecuencia.
humanos, fuera ya de manera directa, o bien
indirecta mediante el establecimiento o Sobre el particular, se ha dicho que esta
redefinición de los institutos nacionales propios posibilidad de que los derechos y libertades
de la justicia y la jurisdicción constitucional y el reconocidos constitucionalmente se interpreten
impulso por ellos acordado. de conformidad con el derecho internacional de
los derechos humanos, bien admite reputarse
Es natural que así sucediera, por cuanto al
implícita en toda Constitución democrática que,
incorporarse al texto constitucional, y ser el
incluso, no la enuncie explícitamente,32 por lo
derecho constitucional el primer receptor de las
que así será con mayor razón en aquellos
normas de origen internacional, en el ámbito
ordenamientos nacionales donde la Constitución
nacional corresponde entonces a la jurisdicción
así lo prevea de manera expresa.
constitucional realizar los pronunciamientos que
viabilitarán este intercambio entre jurisdicciones. De forma tal, los órganos de la
De donde resulta que, en primera instancia, esta jurisdicción nacional al prestar atención a las
necesidad de interactuación entre la jurisdicción interpretaciones y a las normas mismas del
internacional y la nacional se muestra de manera

77
ámbito internacional, estarán fomentando y jurisdicción internacional sobre derechos
trasladando este acervo al ámbito nacional a humanos, la de actuar como un órgano ya no
través de los casos que así deban resolver, con lo internacional, sino supranacional de protección
cual se permitirá una acción mediatizada de los de los derechos humanos, o, como se le ha
órganos internacionales sobre los procesos querido ir denominando, en una especie de
nacionales, acción facilitada en todo momento tribunal constitucional internacional. En el
por los mismos órganos nacionales de ámbito interamericano esto es aún más posible si
protección. atendemos a la competencia consultiva de la
Corte Interamericana y al uso y desarrollo que de
Por su parte, estando habilitada la opción la misma se ha hecho, en evidente contraste con
de acudir al sistema internacional cuando se el sistema europeo.34
considere que internamente no se ha logrado
solución al conflicto planteado, los tribunales De tal forma, se apreciaría la existencia de
internacionales deberán recibir las actuaciones de un naciente paradigma, representado ahora en el
los órganos nacionales y evaluar la aplicación tránsito de la jurisdicción internacional
que se ha hecho de los instrumentos tradicional a la jurisdicción integrada para la
internacionales.33 Aquí debe señalarse, como protección de los derechos humanos, que no es
recordatorio, que en principio la jurisdicción sino un estado más avanzado del ya referido
internacional fue diseñada y establecida para paradigma del tránsito de la subsidiariedad a la
valorar violaciones a los instrumentos complementariedad.
convencionales que reconocen los derechos
humanos, no necesariamente sobre las En este sentido, el fortalecimiento de la
aplicaciones nacionales específicas ni jurisdicción internacional estaría centrado en el
violaciones al derecho interno. Sin embargo, el equivalente fortalecimiento de la jurisdicción
desarrollo del derecho constitucional y el tránsito nacional, pues en la medida que internamente se
del carácter subsidiario a complementario de la observe, atienda y aplique la normativa y la
jurisdicción constitucional – aspectos ya interpretación de los órganos internacionales, y
reseñados –, habilitan que en sede internacional estas resoluciones internas puedan acceder como
pueda resultar posible la valoración que en sede casos individuales a la jurisdicción internacional,
nacional se ha hecho de los instrumentos esta tendrá oportunidad de realizar y pronunciar
internacionales. planteamientos concretos que tendrán vigencia
más allá del espectro internacional primigenio de
Más aún, en aquellos casos donde su actuación, trascendiendo por este camino de
constitucionalmente se haya previsto la atención, doble vía también al ámbito nacional.
respeto e incorporación de normas y criterios de
interpretación de origen internacional – y, De ahí que se pueda afirmar que un
siguiendo a Bidart, incluso cuando no exista desafío absolutamente vigente y en marcha para
disposición expresa en ese sentido –, al momento el fortalecimiento de la jurisdicción internacional
de acceder a sede internacional un conflicto de protección de los derechos humanos es, en sí
resuelto domésticamente, el órgano mismo, el fortalecimiento de la jurisdicción
internacional, al valorar la aplicación del nacional de protección de los derechos
instrumento internacional, estará igualmente fundamentales.
pronunciándose de alguna manera sobre la
normatividad y aplicación operada en el ámbito 4.2.2 Algunos Ejemplos
nacional. Clarificadores del Ámbito
De lo anterior resulta que, si la Interamericano
jurisdicción constitucional es la primera llamada
a interactuar con el sistema internacional, al La interactuación pretendida entre las
resolver este podrá incidir en materia jurisdicciones nacionales y la jurisdicción
inicialmente propia de esta jurisdicción – la internacional sobre derechos humanos en el
aplicación del derecho constitucional y la ámbito interamericano, a más de las definiciones
protección de los derechos y libertades normativas expresadas en las constituciones
fundamentales reconocidos constitucionalmente recientes, encuentra base en las mutuas
–, con lo que se inicia a vislumbrar una referencias que puedan realizarse sobre sus
trascendencia hasta hace poco insospechada de la pronunciamientos en una y otra jurisdicción, bien

78
por la transcripción de razonamientos de sus República Argentina en abril de 1977, incluso
sentencias, bien por la definición de casos con antes de la vigencia de la propia Convención
base en la normativa de origen internacional en Americana – y con ella de la Corte –, no sólo
correspondencia con la nacional. refiriéndola sino incluso transcribiéndola.

En todo caso, se advierte que esta En el párrafo 40 de la opinión, la Corte


comunicación ha encontrado algunos obstáculos señala que en un Estado democrático es
para trascender de lo jurídico a lo fáctico, es absolutamente procedente el control judicial de
decir, que esta comunicación se ha centrado más legitimidad de la adopción de una suspensión de
en aspectos jurídicos que en la apreciación de los garantías, y cita posteriormente en su apoyo esta
hechos, lo cual puede encontrar explicación en resolución nacional. Los párrafos 40 a 42 son
razón de que a la Corte Interamericana han clarificadores de esta recepción del
continuado llegando casos sobre los así pronunciamiento nacional, y en lo conducente
considerados como derechos básicos.35 De ahí expresan:
entonces la importancia de la competencia
consultiva de la Corte para el establecimiento de “40. (…) es desde todo punto de vista
esta comunicación, pues es a través de ella que la procedente, dentro de un Estado de
Corte pronuncia sus criterios eminentemente Derecho, el ejercicio del control de
jurídicos y establece de manera concreta pautas legalidad de tales medidas por parte
de interpretación sobre los derechos humanos de un órgano judicial autónomo e
reconocidos en los instrumentos internacionales, independiente que verifique, por
sin dejar, por ello que en el ejercicio de su ejemplo, si una detención, basada en
competencia contenciosa igualmente pueda la suspensión de la libertad personal,
pronunciar y dirigir recomendaciones claras se adecua a los términos en que el
sobre aspectos que pueden ser de consideración estado de excepción la autoriza. Aquí
por las jurisdicciones nacionales. el hábeas corpus adquiere una nueva
dimensión fundamental.
Bajo estos supuesto, resulta recomendable
atender algunos ejemplos que puedan clarificar la 41. Cabe citar, al respecto, el fallo
situación en estos sentidos. dictado en abril de 1977, en el caso
número 1980, por la Cámara Federal
de Apelaciones en lo Criminal y
4.2.2.1 Desde la Corte Correccional de la Capital Federal de
Interamericana de la República Argentina, acogiendo un
Derechos Humanos recurso de hábeas corpus

a. Opinión Consultiva OC-8 / 87, de 30 de (…)


Enero de 1987
42. Los razonamientos anteriores llevan a
la conclusión de que los
La OC-8/87, bajo el título de “El hábeas
procedimientos de hábeas corpus y de
corpus bajo suspensión de garantías”, ante
amparo son de aquellas garantías
consulta formulada por la Comisión
judiciales indispensables para la
Interamericana, refiere a las garantías contenidas
protección de varios derechos cuya
en el art. 27.2 de la Convención Americana y la
suspensión está vedada por el art.
incompatibilidad de su suspensión en situaciones
27.2 y sirven, además, para preservar
de emergencia, lo cual puede ocasionar el
la legalidad en una sociedad
incumplimiento de las obligaciones
democrática.”36
internacionales asumidas por los Estados.
Se aprecia entonces que, a más de citar en
Lejos de realizar un análisis profuso de los
apoyo el texto de la sentencia nacional, la Corte
contenidos de esta opinión consultiva, lo que
Interamericana utiliza sus razonamientos para
amerita es destacar cómo en su pronunciamiento
concluir, como lo hace en el párrafo 42, la
la Corte Interamericana acude en su apoyo a una
procedencia de la insuspendibilidad de las
definición nacional dictada por la Cámara
garantías que, como el hábeas corpus, son
Federal de Apelaciones en lo Criminal y
medios idóneos para la protección de los
Correccional de la Capital Federal de la

79
derechos definidos en el párrafo segundo del art. impedido la tramitación del hábeas
27 de la Convención. Este recurso a la corpus.”37
jurisdicción nacional es aún más notable si se
aprecia que la sentencia nacional a que se acude De tal forma, la Corte no sólo transcribe
fue pronunciada incluso con anterioridad a la parte del pronunciamiento nacional, sino que
entrada en funcionamiento de la misma Corte parece acuerpar la decisión del criterio de
Interamericana, y dictada diez años antes que la mayoría, el cual, por razones de orden legal para
Opinión Consultiva a la que informa. la adopción de las resoluciones en la jurisdicción
interna, no pudo ser adoptado como solución
b. Caso Neira Alegría contra Perú, final a la controversia planteada, lo que hubiera
Sentencia de 19 de Enero de 1995 permitido eventualmente que el caso fuera
resuelto en sede nacional, evitando la
En el caso Neira Alegría se aprecia trascendencia hacia la jurisdicción internacional.
también el recurso de la Corte a las sentencias de
la jurisdicción nacional incluso en la aplicación c. Caso Genie Lacayo contra Nicaragua,
de su competencia contenciosa. En este caso se Sentencia de 29 de Enero de 1997
resuelven temas sobre el derecho a la vida, el
derecho a la libertad personal, la efectividad de En otro caso contencioso, la Corte aclara
las garantías judiciales y la obligación de que no es un órgano de alzada, apelación o
respetar los derechos incluso adoptando casación sobre lo resuelto nacionalmente,
disposiciones de derecho interno. reafirmando que es a la jurisdicción nacional a
quien corresponde subsanar violaciones en el
En la sentencia de este caso, la Corte ámbito interno. Específicamente dijo la Corte:
Interamericana nuevamente transcribe el
pronunciamiento de un órgano nacional, el “94. …de acuerdo con el derecho
Tribunal de Garantías Constitucionales del Perú, internacional general, la Corte
que adoptaba sus resoluciones por mayoría Interamericana no tiene el carácter de
calificada de cinco votos sobre siete integrantes. tribunal de apelación o de casación de
En lo pertinente, dice la Corte: los organismos jurisdiccionales de
carácter nacional; sólo puede, en este
“81. Esta Corte considera útil destacar que caso, señalar las violaciones
la sentencia del Tribunal de Garantías procesales de los derechos
Constitucionales se apoyó en una consagrados en la Convención (…)
votación de cuatro magistrados por la pero carece de competencia para
concesión de la casación solicitada y subsanar dichas violaciones en el
dos por la negativa de la nulidad. En ámbito interno, lo que corresponde
tal virtud, si bien no se alcanzó el hacer (…) a la Corte Suprema de
mínimo de cinco votos conformes, el Justicia de Nicaragua al resolver el
voto singular de los cuatro recurso de casación que se encuentra
magistrados representa el criterio pendiente.”38
mayoritario del Tribunal, en cuya
parte conducente se afirmó: “que si Esta resolución, que de entrada parece
bien es cierto que tal situación no contradictoria con la tesis que se expone, no lo es
configura la figura jurídica del tanto. Si bien la Corte es clara en reafirmar el
secuestro, lleva a la conclusión de principio de subsidiaridad de la jurisdicción
que el juez debió agotar la internacional interamericana sobre derechos
investigación respecto de la vida y humanos con respecto a las jurisdicciones
paradero de las personas en favor de nacionales, no puede pasar desapercibido el
quienes se ejercita la acción” del hecho de que la Corte señala de manera directa
hábeas corpus, por lo que, en cuáles son los deberes específicos de la
concepto de dichos magistrados, era jurisdicción nacional, en este caso expresando
procedente la casación del fallo de la que es al sistema judicial nacional a quien
Corte Suprema. De haberse corresponde la investigación y el subsanamiento
concedido la casación, la intervención de las violaciones.
de la justicia militar no habría

80
Sin entrar en pormenores del caso, baste Sin embargo, previamente, la Corte
con referir que este asunto fue presentado ante la Suprema de Justicia de la Argentina, mediante
jurisdicción internacional alegando la sentencia del caso Ekmekdjian contra Sofovich,
obstaculización de las autoridades a la de 7 de julio de 1992, al resolver una
investigación judicial y una demora más allá de controversia sobre la vigencia y aplicabilidad del
lo razonable en el cumplimiento del proceso, derecho de rectificación y respuesta, había
violaciones ambas constatadas y así declaradas resuelto que la interpretación que de la
por la Corte Interamericana, por lo cual resulta Convención Americana se haga en sede nacional
consecuente que en este caso la Corte refiera el debe necesariamente guiarse por la
mandato expreso para el sistema judicial jurisprudencia de la propia Corte Interamericana.
nacional de llevar adelante la investigación y de Esta primera idea señala ya la importancia y
pronunciar la reparación o subsanación de los reconocimiento que la jurisdicción nacional hace
hechos. Esto, que es una obligación asumida por y debe hacer de los pronunciamientos
el Estado al firmar y ratificar la Convención, es internacionales, con lo cual la permeabilidad del
recordado por la Corte de manera expresa y sistema nacional resulta evidente.
puntual, con lo cual está dirigiéndose
concretamente al sistema nacional de protección Pero más allá de este reconocimiento, la
de los derechos humanos, reiterándoles, ahora Corte Suprema argentina procede a la aplicación
jurisprudencialmente – ya lo había sido concreta y directa de una resolución específica de la
normativamente – cuáles son sus obligaciones Corte Interamericana, acudiendo a ella como uno
específicas de acuerdo a las obligaciones de los fundamentos básicos de su propia resolución
generales asumidas de conformidad con el nacional. La Corte Suprema acude y cita
derecho internacional de los derechos humanos. expresamente la opinión vertida por la Corte
Interamericana en la OC-7/86, precisamente
denominada “Exigibilidad del derecho de
4.2.2.2 Desde los Sistemas rectificación o respuesta”, para concluir que con
Nacionales base en los lineamientos dispuestos por el órgano
internacional bien puede ella, la Corte Suprema, a
Se ha referido cómo el desarrollo través de sus sentencias, determinar en el ámbito
constitucional moderno produjo la modificación nacional las características con que podrá ejercerse
de textos constitucionales para incorporar internamente el derecho de rectificación o respuesta
referencias expresas a la normativa internacional ya reconocido por la Convención Americana.
sobre derechos humanos, o cómo habiéndose
operado modificaciones orgánico-estructurales A modo clarificador, el texto de referencia
para la protección de los derechos fundamentales dice así:
se propició el remozamiento de los textos
constitucionales en similar sentido. Como 21) Que la interpretación del Pacto debe,
ejemplos preliminares se acudió a los sistemas además, guiarse por la jurisprudencia
nacionales de Argentina y Costa Rica, de la Corte Interamericana de
respectivamente. Sin entrar a estudios Derechos Humanos, uno de cuyos
pormenorizados, muestras más concretas de esta objetivos es la interpretación del
actuación se verán en los casos reseñados a Pacto de San José (…)
continuación.
22) Que en dicha opinión consultiva la
Corte Interamericana sostuvo que
a. Caso Ekmekdjian contra Sofovich, de la
“todo Estado parte que no haya ya
Corte Suprema de Justicia de la Nación –
garantizado el libre y pleno ejercicio
Argentina – , de 7 de Julio de 1992
del derecho de rectificación o
respuesta está en la obligación de
La reforma que introdujo la enumeración
lograr ese resultado, sea por medio de
de ciertos instrumentos internacionales sobre
legislación o cualesquiera otras
derechos humanos en el texto constitucional se
medidas que fueren necesarias según
produjo en 1994. A partir de ella, en el inciso 22
su ordenamiento jurídico interno para
del art. 75 se aprecia un listado de estos
cumplir ese fin.”
instrumentos.
(…)

81
Esta Corte considera que entre las tal como la Convención citada
medidas necesarias en el orden jurídico interno efectivamente rige en el ámbito
para cumplir el fin del pacto deben considerarse internacional y considerando
comprendidas las sentencias judiciales. En este particularmente su efectiva aplicación
sentido, puede el tribunal determinar las jurisprudencial por los tribunales
características con que ese derecho, ya concedido internacionales competentes (…).
por el tratado, se ejercitará en el caso concreto.”39
De ahí que la aludida jurisprudencia deba
Diversas son las conclusiones que la servir de guía para la intepretación de los
doctrina ha visto en este fallo, el cual ha llegado preceptos convencionales…”.42
a considerarse más que un leading case un punto
de inflexión.40 Se ha dicho que a partir de él se Pero nuevamente la trascendencia va más
reconoce la operatividad y autoejecutabilidad de allá de la definición de esta obligación de
los tratados sobre derechos humanos, y, atención a la jurisprudencia y la normatividad
especialmente, que cuando estuviera en riesgo la internacional, por cuanto en este caso la Corte
responsabilidad internacional del Estado la concluyó declarando la inconstitucionalidad de
jurisdicción nacional no puede ignorar el papel una norma por ser contraria a la disposición del
que debe desempeñar como garante del accionar párrafo segundo del art. 8 de la Convención
legítimo del Estado.41 Como se aprecia, esta Americana, enmendando así lo actuado por el
conclusión está en perfecta consonancia con el órgano de instancia. Para tal fin, la máxima
señalamiento dado años después por la Corte instancia de la jurisdicción nacional hace uso
Interamericana en el caso Genie Lacayo. también de un pronunciamiento previo de la
Corte Interamericana, pues cita la opinión
Para efectos de este comentario, resulta consultiva OC-11/90, aunque se ha dicho que
indudable el aporte que esta resolución nacional más apropiado hubiese resultado la cita de la
presenta de cómo puede la jurisdicción opinión consultiva OC-12/91, especialmente
internacional estar atenta y con los vasos referida al art. 8.2 de la Convención
comunicantes dispuestos para permitir la Americana.43
interacción con la jurisdicción internacional. El
caso Ekmekdjian es una clara muestra de que la De tal forma, a través de esta resolución
jurisdicción nacional, además de poder y tener de la jurisdicción nacional, en reconocimiento de
que ser receptiva de la normatividad las obligaciones asumidas por los Estados, lo
internacional, también lo puede y debe ser de los cual, asociado a la modificación constitucional
pronunciamientos de la jurisdicción internacional operada, más la actividad judicial interna, se
sobre la materia. convirtió a la Convención Americana en un
parámetro de constitucionalidad adicional, con lo
b. Caso Giroldi, de la Corte Suprema de que el texto internacional, pero especialmente la
Justicia de la Nación – Argentina – , de 7 jurisprudencia interpretativa y aplicativa del
de Abril de 1995 mismo en el ámbito internacional, adquiere una
influencia absolutamente directa en el ámbito
Concretada la reforma constitucional de nacional.44
1994, por la cual se acordó jerarquía
constitucional a los instrumentos internacionales c. La Definición del Derecho de la
sobre derechos humanos, la Corte argentina Constitución y los Parámetros de
reafirmó la obligatoriedad de regir sus Constitucionalidad en el Sistema
interpretaciones de conformidad con lo Costarricense
establecido por la Corte Interamericana. Así, en
el caso Giroldi, mediante sentencia de 7 de abril En Costa Rica, la reforma parcial de la
de 1995, sostuvo la Corte que: Constitución de 1989 introdujo un órgano
especializado de jurisdicción constitucional al
“11)…la ya recordada jerarquía interno de la Corte Suprema de Justicia, órgano
constitucional de la Convención que además ejerce la jurisdicción de manera
Americana (…) ha sido establecida absolutamente concentrada.45 Asimismo, amplió
por voluntad expresa del el catálogo de derechos, al definir que toda
constituyente, "en las condiciones persona tendrá las garantías del amparo y del
expresas de su vigencia” (…) esto es, hábeas corpus para proteger el goce de los

82
derechos reconocidos en la Constitución y en los otorgándoles una fuerza normativa del
instrumentos internacionales sobre derechos propio nivel constitucional. Al punto de
humanos.46 Sin embargo, esta reforma no que, como lo ha reconocido la
modificó el art. 7 constitucional, el cual define jurisprudencia de esta Sala, los
con precisión textual que los tratados tendrán una instrumentos de Derechos Humanos
jerarquía superior a la legislación ordinaria pero vigentes en Costa Rica, tienen no
inferior a la Constitución Política. solamente un valor similar a la
Constitución Política, sino que en la
Sin embargo, en su gestión jurisdiccional, medida en que otorguen mayores
la propia Sala Constitucional ha intepretado y derechos o garantías a las personas,
actualizado aquella reforma constitucional al priman por sobre la Constitución.”.49
punto de reconocer y aplicar de manera (el resaltado no es del original)
contundente lo que ha dado en llamar el Derecho
de la Constitución, como todo un elaborado De esta forma, la Sala estableció, entre
conjunto normativo y jurisprudencial que otras conclusiones, que aquella reforma
trasciende con holgura los límites del tradicional constitucional referida había modificado de
derecho constitucional. Para ello, la Sala definió manera tácita el art. 7 en cuanto a la jerarquía de
inicialmente que los principios establecidos en los tratados sobre derechos humanos, y que a
los convenios internacionales sobre derechos partir de ese momento, y en todo aquello en que
humanos son valores superiores del estado social los instrumentos internacionales brindaran mayor
de derecho vigente.47 Más adelante, la Sala protección a la persona, la Constitución Política
refirió a la complementariedad de los de Costa Rica se encontraba en una posición de
instrumentos internacionales, que al haberse subordinación con respecto a aquellos.
integrado al ordenamiento por la vía
constitucional, lo complementan En este sentido, la Sala perfiló el llamado
necesariamente.48 Derecho de la Constitución, así:

En este punto se aprecia cómo la Sala ya “[el] Derecho de la Constitución como un


había pronunciado la práctica equiparación de los todo, el cual comprende no sólo las
instrumentos internacionales sobre derechos normas, sino también, y principalmente,
humanos con la misma norma constitucional, si se quiere, los principios y valores de la
considerando la carga principial que se había Constitución y del Derecho Internacional
introducido en el texto constitucional con la y Comunitario aplicables,
reforma ya no tanto del art. 10 – que establecía la particularmente del Derecho de los
jurisdicción constituciona –, sino del art. 48 – Derechos Humanos, lo cual obliga a
sobre los parámetros de las acciones de amparo y mirar más allá de los textos, en busca de
hábeas corpus –. De ahí que refiera su carácter su sentido, de su armonía contextual, de la
complementario en cuanto se favorezca a la racionalidad y razonabilidad del propio
persona. Derecho de la Constitución (…) todos los
cuales son parámetros de
Estas afirmaciones sentadas por la Sala constitucionalidad (…) sólo para
determinaron un mayor avance jurisprudencial para determinar si han sido o no excedidos los
posibilitar una más efectiva protección de los límites de tolerancia más allá de los
derechos fundamentales, a través de una cuales se cae en la
actualización contundente del texto constitucional inconstitucionalidad.”50 (los resaltados no
utilizando técnicas de interpretación jurídica de son del original)
carácter integrador sobre el mismo, al punto de
llegar a manifestar que: Así, se configuran plenamente como
parámetros de constitucionalidad también a los
“…en tratándose de instrumentos instrumentos internacionales sobre derechos
internacionales de Derechos Humanos humanos, incluidas las declaraciones e incluso
vigentes en el país, no se aplicará lo otros instrumentos internacionales,51 debido a
dispuesto por el art. 7 de la Constitución que la introducción de la carga de valores y
Política, ya que el 48 Constitucional principios así incorporados al ordenamiento
tiene norma especial para los que se mediante el Derecho de la Constitución daba
refieren a derechos humanos,

83
cabida también a otros textos con diferente pronunciamiento contiene elementos claves para
fuerza normativa, llegando la Sala a afirmar que: comprender el alcance de este intercambio o
interacción promovido por la Sala
“…la reforma introducida al art. 48 de la Constitucional, en similar sentido al ya reseñado
Constitución (…) amplió el catálogo de sobre la Argentina.
derechos fundamentales susceptibles de
ser protegidos por la Jurisdicción Este asunto versa sobre la alegada
Constitucional (…) también a los derechos inconstitucionalidad de la colegiación obligatoria
reconocidos en los instrumentos – no para el ejercicio profesional del periodismo.
sólo tratados – internacionales sobre Previamente – diez años atrás – pero sin relación
derechos humanos aplicables en la alguna con este caso, el Estado costarricense
República; ampliando así el conjunto de había elevado consulta ante la Corte
fuentes normativas de los derechos Interamericana sobre el alcance de los arts. 13 y
fundamentales…”52 (el resaltado no es del 29 de la Convención, precisamente los que
original) refieren a la libertad de expresión y normas de
interpretación, respectivamente.
El proceso realizado por la Sala
Constitucional para integrar debidamente la En la solución de la inconstitucionalidad
protección de los derechos fundamentales en el planteada, la Sala expresamente reconoce el
ámbito interno, de acuerdo a las directrices valor de esta opinión consultiva OC-5/85, la cual
propias del derecho internacional de los derechos conecta con la previa opinión de la OC-3/83,
humanos, se explica muy claramente en palabras para manifestar que:
de la propia Sala, al decir que:
“…debe advertirse que si la Corte
“Se hace más que notorio que la Sala Interamericana de Derechos Humanos es
Constitucional no solamente declara el órgano natural para interpretar la
violaciones a derechos constitucionales, Convención Americana sobre Derechos
sino a todo el universo de derechos Humanos (Pacto de San José de Costa
fundamentales contenidos en los Rica), la fuerza de su decisión al
instrumentos internacionales de derechos interpretar la convención y enjuiciar leyes
humanos vigentes en el país.”53 nacionales a la luz de esta normativa, ya
sea en caso contencioso o en una mera
De esta forma, la intención decidida del consulta, tendrá – de principio – el mismo
órgano de jurisdicción constitucional en Costa valor de la norma interpretada. No
Rica de establecer una profusa protección de los solamente valor ético o científico (…)
derechos fundamentales le llevó a realizar una
labor interpretativa audaz que dio como resultado (…)
la ampliación de los parámetros de
constitucionalidad de acuerdo a la definición …la decisión recaída, contenida en la
acordada al derecho de la Constitución, pero Opinión Consultiva OC-5-85, obligó a
principalmente le llevó a definir la interactuación Costa Rica, de manera que no podía
necesaria y conveniente con el sistema mantenerse una colegiatura – obligatoria
internacional, dando cabida a las normas con este – para toda persona dedicada a buscar y
origen, y luego atendiendo y aplicando las divulgar información de cualquier índole.
manifestaciones de la jurisdicción internacional
sobre la materia. (…)

…[ la OC-5-85 ]…no puede puede menos


d. Colegiación Obligatoria de Periodistas.
que obligar al país que puso en marcha
Sala Constitucional de la Corte Suprema
de Justicia – Costa Rica –, Sentencia mecanismos complejos y costosos del
sistema interamericano de protección de
2313-95, de 9 de Mayo de 1995
los derechos humanos. Concluir en lo
Esta sentencia ha sido ya citada para contrario conduce ciertamente a la burla
ejemplificar la jerarquía de los instrumentos de todo propósito normativo ya no sólo de
la Convención, sino del órgano por ella
internacionales sobre derechos humanos en el
derecho costarricense. Sin embargo, este mismo

84
dispuesto para su aplicación e los tratados internacionales a ratificarse.
interpretación.”54 Conociendo los antecedentes ya mencionados en
torno al derecho de la Constitución, parecería
Difícilmente se puede ser más claro en ocioso recalar en este acápite, pero debido a su
cuanto al valor acordado y el grado de trascendencia para la protección de los derechos
intercambio entre ambos sistemas generado por humanos considero de especial interés a los fines
esta resolución, al punto que llega a admitirse de este estudio al menos mencionar estos
como natural el enjuiciamiento de leyes ejemplos particulares.
nacionales a la luz de la normativa internacional,
en absoluta sintonía con lo referido en cuanto al La Convención Interamericana sobre
derecho de la constitución. Así, concluye la Sala Desaparición Forzada de Personas, de 20 de
que: septiembre de 1996, define la imprescriptibilidad
de la acción penal, mientras que con base en el
“…el reconocimiento por la Sala texto constitucional costarricense, si bien no se
Constitucional de la normativa de la ocupa expresamente de la materia, bien podría
Convención Americana de Derechos argumentarse que la prescripción de la acción
Humanos, en la forma en que la penal constituye parte integrante del debido
interpretó la Corte Interamericana de proceso. La Sala argumenta que a pesar de esta
Derechos Humanos en su Opinión posibilidad, por demás válida, debido a que la
Consultiva OC-5-85, resulta natural y Convención refiere a delitos de lesa humanidad,
absolutamente consecuente con su donde por lo general el Estado o algún sector con
amplia competencia.”55 él relacionado está involucrado en la acción
delictiva, es igualmente válido que tales delitos
e. La Integración e Influencia de reciban este tratamiento en cuanto a la
Instrumentos Internacionales sobre posibilidad de su persecución penal.56
Derechos Humanos en el Ámbito
Costarricense. La Convención Más ilustrador aún resulta el conocimiento
Interamericana sobre Desaparición del Estatuto de la Corte Penal Internacional. El
Forzada de Personas y el Estatuto de Estatuto contiene, al menos, tres elementos que
Roma de la Corte Penal Internacional podrían ser contradictorios con el ordenamiento
constitucional costarricense: la entrega de
Se ha referido el preponderante rol de las personas, por cuanto la Constitución define la
jurisdicciones nacionales en cuanto a las imposibilidad de compeler a nacionales a
posibilidades de interactuación entre los abandonar el territorio nacional; la superación de
sistemas, pues son éstas – las jurisdicciones las inmunidades, pues el texto constitucional
nacionales – las que finalmente acordarán el confiere inmunidad a los miembros de los
cumplimiento de las obligaciones internacionales supremos poderes; y la aplicación de pena a
asumidas por los Estados, sea mediante la perpetuidad, posibilidad también vedada por la
atención a la normativa, o mediante la atención a Constitución.
la jurisprudencia de los órganos internacionales.
Sobre la garantía de los nacionales de no
En un contexto donde la humanidad se ser compelidos a abandonar el territorio nacional,
apresta a conocer el funcionamiento de una la Sala expresó que su correcto sentido no podía
jurisdicción penal de carácter universal, resulta impedir los efectos de una protección o
especialmente ilustrador referir dos actuaciones reivindicación de los derechos humanos como la
puntuales en torno a este intercambio entre prevista por el Estatuto de Roma,57 para terminar
sistemas, mismo que dará base para un mejor definiendo que:
intercambio entre jurisdicciones.
“…el sentido correcto del art. 32 es el de
Se ha mencionado también las amplias una garantía limitada, no absoluta; que
competencias de la Sala Constitucional de la sus alcances han de determinarse teniendo
Corte Suprema de Justicia de Costa Rica, siendo en cuenta lo que es razonable y
una de las cuales las de conocer, bajo la proporcionado a los fines a cuyo servicio
modalidad de consulta preceptiva de esta garantía está; y que, en el espíritu de
constitucionalidad formulada por la Asamblea la Constitución, su reconocimiento es
Legislativa, de la conformidad constitucional de compatible con modalidades, medios o

85
instrumentos todavía novedosos, cada vez – la entrega de nacionales –, modificó el régimen
más evolucionados y perfeccionados, de de inmunidades de los miembros de los
garantía de los derechos humanos. Al supremos poderes – pues no gozarán de ella para
desarrollo de este nuevo orden los fines del Estatuto de Roma, pero sí en casos
internacional de protección de derechos del derecho interno –, y pronunció una
no se opone la Constitución; por el interpretación integradora de los textos
contrario, lo propone (véase, por ejemplo, constitucional y estatutario, todo con fundamento
el art. 48).”58 en un constante intercambio y atención a los
desarrollos normativos en el ámbito internacional
En lo concerniente a las inmunidades, la y con la finalidad manifiesta de una mejor y más
Sala definió que las mismas no podrían ser efectiva protección de los derechos
sobrevaloradas al punto de impedir la acción de fundamentales. Así, la interpretación de la
la Corte Penal Internacional, ya que de lo jurisdicción nacional nuevamente se configura
contrario se estaría atentando contra la como la puerta de entrada o acceso directo para
protección efectiva de los derechos humanos.59 la actuación conjunta del derecho internacional
de los derechos humanos con el derecho interno,
En la resolución específica sobre la
de donde devendrá la necesidad de una más
posible incompatibilidad con la aplicación de estrecha vinculación entre las jurisdicciones
penas perpetuas, es donde se muestra el avance específicas.
dado a la integración a raíz de la formulación
jurisprudencial nacional del derecho de la
f. El Recurso de Amparo en República
Constitución, pues este concepto adoptado por la
Dominicana
Sala permite un mayor intercambio tanto con la
normativa como con la jurisprudencia La Constitución Política de República
internacional. Haciendo uso de este concepto
Dominicana no contempla expresamente la
englobador del Derecho de la Constitución, la acción de amparo como un mecanismo propio
Sala integra en una acción de doble vía los textos para la defensa de los derechos fundamentales.
estatutario y constitucional, haciéndolos
Sin embargo, su art. 3º refiere al reconocimiento
coincidir en un plexo hermenéutico favorecedor que hace el Estado del “derecho internacional
de la protección de los derechos humanos. general y americano en la medida que hayan sido
Es decir, utilizando la integración del art. adoptados por los poderes públicos”.
40 constitucional – que impide la imposición de La Convención Americana fue
penas perpetuas – con los artículos estatutarios debidamente ratificada por República
77, 78 y 80 – que refieren las posibilidades de
Dominicana en 1977. El art. 25 de la Convención
aplicación de las penas, la Sala llega a afirmar señala la necesidad de existencia de un recurso
que: sencillo y eficaz para la protección de los
“En este sentido, considera la Sala que la derechos fundamentales reconocidos por la
inconstitucionalidad apuntada en los Convención, la Constitución y la ley ordinaria,
numerales 77 y 78 del Estatuto se vería mientras que el art. 8 convencional señala las
subsanada en la medida en que (…) el garantías judiciales aplicables para la debida
procedimiento (…) para las penas se protección. Así, el art. 25 hace mención al
encuentra supeditado, en su interpretación recurso o acción de amparo. No obstante, en el
y aplicación, a lo dispuesto por nuestra derecho interno dominicano ni la Constitución ni
Constitución Política y por su desarrollo a la ley contemplaban este recurso sencillo y
través de la legislación nacional y en eficaz, por lo que existía imposibilidad de
consecuencia, ese procedimiento debe viabilizar su ejercicio en el ámbito interno, razón
ceder frente al sistema costarricense con lo por la que el mandato convencional carecía de
cual, si nuestro Ordenamiento Jurídico vigencia práctica internamente.
Constitucional no establece la pena A pesar de lo anterior, en un proceso del
perpetua, no sería posible su aplicación.”60 orden interno se interpuso ante la Corte Suprema
A través de estas tres definiciones con un recurso de amparo, con la pretensión,
base en el derecho internacional, la Sala precisamente, de que se declare que tal recurso
Constitucional limitó una garantía constitucional existe en el país. Ante esta circunstancia, la Corte

86
Suprema, argumentando que las disposiciones de Se aprecia entonces la importancia de la
los arts. 8 y 25 de la Convención Americana jurisdicción nacional para potenciar la protección
tienen por objeto la protección judicial de los de los derechos fundamentales en el ámbito
derechos fundamentales, que el recurso de interno, pero siempre con atención especial hacia
amparo definido en este art. 25 está abierto a lo actuado en el ámbito internacional, sin lo cual,
favor de toda persona contra los actos que esta resolución aquí reseñada hubiese sido
violenten sus derechos fundamentales, y que es impensable.
válida para la protección de tales derechos la
existencia de mecanismos que los tornen 5. ALGUNAS CONCLUSIONES
efectivos, resuelve que, en omisión del legislador
por no haber establecido el procedimiento FINALES
adecuado, está ella misma – la Corte Suprema –
facultada para: Al cumplir esta reseña sobre la
jurisdicción internacional del ámbito
“Declarar que el recurso de amparo interamericano sobre derechos humanos, y
previsto en el art. 25.1 de la Convención exponer algunas resoluciones que informan
Americana de Derechos Humanos (…) es certeramente sobre el contenido de este
una institución de derecho positivo comentario, conviene allegar algunas reflexiones
dominicano, por haber sido adoptada y finales a modo de conclusión:
aprobada por el Congreso Nacional (…)
de conformidad con el art. 3 de la 1. Las obligaciones asumidas por los Estados
Constitución de la República.”61 parte en un sistema internacional de
protección de los derechos humanos,
Debido a que legalmente no existía especialmente en el caso del derecho
regulación alguna sobre el particular, la Corte va interamericano, están diseñadas a modo de
más allá y en el mismo texto de la sentencia permitir un intercambio necesario entre los
define caracteres propios, reglas de competencia sistemas nacionales y el internacional, como
general y un procedimiento básico inicial, para un medio de fortalecer la protección de los
regular el recurso de amparo en el derecho derechos fundamentales.
interno dominicano.
2. Esta circunstancia se refleja claramente en el
Así, la aplicación directa de la art. 1º de la Convención Americana sobre
Convención, mediatizada por la necesaria Derechos Humanos, donde se refiere la
ratificación, determinó varias consecuencias: genérica obligación de garantizar y respetar
los derechos reconocidos por este
1. La instauración o reconocimiento de la instrumento internacional.
existencia del recurso de amparo en
República Dominicana. 3. La disposición del art. 2 de la misma
Convención brinda mayor contenido a esta
2. La determinación de la procedencia del obligación de los Estados, pues, al definir la
amparo contra resoluciones judiciales necesidad de adopción de medidas
cuando exista violación de un derecho legislativas o de otro carácter, deja el
constitucionalmente protegido. escenario dispuesto para que sean los
Estados, individualmente, quienes lleven la
3. La definición de un procedimiento
iniciativa en cuanto a la protección nacional,
específico para la atención y tramitación del
sin la cual sería posible el planteamiento de
amparo.
la responsabilidad internacional de los
4. La insinuación de la posibilidad de Estados.
planteamiento de inconstitucionalidades por
4. El desarrollo en la protección de los
omisión en el derecho interno, pues al referir
derechos humanos en el ámbito
que por la omisión del poder legislativo la
internacional ha sido acompañado en
Corte Suprema actuó en este caso, se
tiempos recientes por procesos nacionales de
vislumbra la génesis de este instituto en el
reforma constitucional que han permitido la
derecho dominicano.
consideración expresa de la normativa de
origen internacional como parte integrante

87
del máximo nivel en el derecho interno, o protección de los derechos fundamentales,
bien, la consideración de órganos de es claro que se muestra de manera más
protección nacional que han complementado específica y propia en la interactuación o
la protección nacional de los derechos intercambio entre la jurisdicción
fundamentales con base en los avances internacional y la jurisdicción constitucional
internacionales normativos y de los Estados.
jurisprudenciales, o se ha presentado una
conjunción de ambos factores. 9. Los órganos de la jurisdicción nacional, al
prestar atención a las interpretaciones y a las
5. El carácter progresivo de la protección normas mismas del ámbito internacional,
moderna de los derechos fundamentales se fomentan y trasladan este acervo al ámbito
aprecia en, al menos, cuatro paradigmas de nacional a través de los casos que deban
su desarrollo: resolver, con lo cual se permite una acción
mediatizada de los órganos internacionales
a. Del derecho internacional tradicional al sobre los procesos nacionales
derecho internacional de los derechos
humanos. 10. El desarrollo del derecho constitucional y el
tránsito del carácter subsidiario a
b. De la responsabilidad internacional de complementario permite que igualmente en
los Estados a la responsabilidad sede internacional pueda resultar posible la
individual de los autores. valoración que nacionalmente se ha hecho
de los instrumentos internacionales, o bien,
c. Del carácter de subsidiaridad al carácter de la dimensión de los derechos
de complementariedad de la fundamentales pronunciada en el ámbito
jurisdicción internacional sobre nacional. A través de estas posibilidades, la
derechos humanos. Corte Interamericana de Derechos Humanos
d. De la complementariedad a la ha propiciado vías de comunicación con los
integración de los sistemas nacional e sistemas nacionales.
internacional de protección. 11. Siendo la jurisdicción constitucional el
6. La configuración de una jurisdicción contacto inicial de interacción con el sistema
internacional especializada para la internacional, las resoluciones de este último
protección de los derechos humanos confiere inciden en materia propia de esta
y devuelve al ámbito interno la obligación jurisdicción constitucional – la aplicación
de hacer respetar y garantizar por todos los del derecho constitucional y la protección de
medios apropiados los derechos humanos. los derechos y libertades fundamentales –,
Es decir, la jurisdicción internacional nace vislumbrando así la posibilidad de la
confiriendo obligaciones directas a ser jurisdicción internacional de actuar más
cumplidas en el ámbito nacional. como un órgano supranacional que como un
órgano internacional estrictamente
7. El derecho internacional de los derechos considerado.
humanos presenta dos aristas en un solo
concepto y finalidad global: la perspectiva 12. En el ámbito interamericano esto es aún más
nacional y la internacional. De tal manera, posible si atendemos a la competencia
mientras el ámbito internacional traza los consultiva de la Corte Interamericana y al
parámetros de formulación y aplicación uso y desarrollo que de la misma se ha
general, la dimensión nacional de la hecho. La importancia de la competencia
aplicación del derecho internacional de los consultiva de la Corte para el
derechos humanos requiere una positiva establecimiento de esta comunicación se
retroalimentación con el derecho interno, evidencia en que es a través de ella que la
específicamente con el derecho Corte pronuncia sus criterios eminentemente
constitucional, y, en consecuencia, con la jurídicos y establece de manera concreta
jurisdicción nacional. pautas de interpretación sobre los derechos
humanos reconocidos en los instrumentos
8. Esta necesidad de interactuación entre la internacionales, sin dejar, por ello, que en el
jurisdicción internacional y la nacional de ejercicio de su competencia contenciosa

88
igualmente pueda pronunciar y dirigir derechos humanos con el derecho interno, de
recomendaciones claras sobre aspectos que donde deviene la necesidad de una estrecha
pueden ser de consideración por las vinculación entre las jurisdicciones
jurisdicciones nacionales. específicas.

13. Los casos nacionales reseñados constituyen 16. En este sentido, el fortalecimiento de la
una clara muestra de que la jurisdicción jurisdicción internacional interamericana
nacional, además de poder y tener que ser sobre derechos humanos está centrado en el
receptiva de la normatividad internacional, equivalente fortalecimiento de la
también lo puede y debe ser de los jurisdicción nacional, pues en la medida que
pronunciamientos de la jurisdicción internamente se observe, atienda y aplique la
internacional sobre la materia normativa y la interpretación de los órganos
internacionales, y estas resoluciones internas
14. La labor de interpretación jurídica, vista en puedan acceder como casos individuales a la
las resoluciones nacionales de comentario, jurisdicción internacional, esta tendrá
produjo la ampliación de los parámetros de oportunidad de realizar y pronunciar
constitucionalidad, en unos casos de acuerdo planteamientos concretos que tendrán
con su propia normativa constitucional, en vigencia más allá del espectro internacional
otros mediante la definición de conceptos primigenio de su actuación, trascendiendo
como el derecho de la Constitución, pero por este camino de doble vía también al
principalmente definió la interactuación ámbito nacional.
necesaria y conveniente con el sistema
internacional, dando cabida a las normas con 17. De ahí que se pueda afirmar que un desafío
este origen, y luego atendiendo y aplicando absolutamente vigente y en marcha para el
las manifestaciones de la jurisdicción fortalecimiento de la jurisdicción
internacional sobre la materia. internacional de protección de los derechos
humanos es, en sí mismo, el fortalecimiento
15. La interpretación que realice la jurisdicción de la jurisdicción nacional de protección de
nacional se configura como la puerta de los derechos fundamentales.
entrada o acceso directo para la actuación
conjunta del derecho internacional de los

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de 1989.
− Sentencia n. 2000-09685, de 1º de noviembre
− Caso Neira Alegría contra Perú. Sentencia de de 2000.
19 de enero de 1995.
− Caso Genie Lacayo contra Nicaragua.
Sentencia de 29 de enero de 1997.

92
NOTAS

1. Cfr., entre otros, arts. 1.1 y 2 de la Convención 5. El sistema europeo de derechos humanos
Americana sobre Derechos Humanos; 2.2 del presenta la particularidad de sus propios
Pacto Internacional de Derechos Civiles y protocolos. Su jurisdicción – ejercida en la
Políticos; 2.1 del Pacto Internacional de actualidad por la figura central del Tribunal
Derechos Económicos, Sociales y Culturales; 3 Europeo de Derechos Humanos, habiendo
de la Convención Internacional de los Derechos conocido hasta 1998 también la existencia de una
del Niño. Jurisprudencialmente véase, de la Corte Comisión como paso previo al Tribuna – se
Interamericana de Derechos Humanos, la OC- ejerce en el marco de un sistema visiblemente
2/82, de 24 de septiembre de 1982, párrafo 29. heterogéneo a raíz de esta amplitud de
protocolos, cuyos contenidos específicos,
2. Cfr. IBÁÑEZ (Perfecto Andrés). El Juez posibilidades de reservas y declaraciones
Nacional como Garante de los Derechos interpretativas brindan un panorama en el cual no
Humanos, en AA.VV. Consolidación de todos los Estados han asumido homogéneamente
Derechos y Garantías: Los Grandes Retos de los las mismas obligaciones jurídicas específicas.
Derechos Humanos en el Siglo XXI. Madrid. Esta rica diversidad se ha visto potenciada en la
Consejo General del Poder Judicial, 1999, p. 304. última década al irse ampliando el número de
Estados miembros del Consejo de Europa. Para
3. Un estudio general sobre los mismos podrá un estudio más preciso y a la vez conciso sobre el
encontrarse en MARTÍNEZ MORÓN (Narciso). sistema europeo, véase CARRILLO SALCEDO
Reconocimiento y Protección Supraestatal, y (Juan Antonio). El Proceso de
Reconocimiento y Protección Internacional. Internacionalización de los Derechos Humanos.
Ambos estudios en CASTRO CID (Benito de). El Fin del Mito de la Soberanía Nacional (II).
Introducción al Estudio de los Derechos Plano Regional: El sistema de Protección
Humanos. Madrid. Editorial Universitas, 2003, instituido en el Convenio Europeo de Derechos
pp. 203-240. Humanos, en AA.VV. Consolidación de
Derechos y Garantías: Los Grandes Retos de los
4. El denominado sistema universal de los derechos Derechos Humanos en el Siglo XXI, op. cit., p.
humanos es realizado a partir de la Carta de las 47.
Naciones Unidas, la Declaración Universal de los
Derechos Humanos y una amplia diversidad de 6. La Declaración Americana fue aprobada en la IX
convenios e instrumentos especializados, a través Conferencia Internacional Americana el 2 de
de una gama de mecanismos institucionales mayo de 1948; la Declaración Universal fue
presididos por la Asamblea General y adoptada por la Asamblea General de Naciones
desarrollado mediante dos vertientes: la oficina Unidas el 10 de diciembre de 1948.
del Alto Comisionado de Naciones Unidas para
los Derechos Humanos y el Consejo Económico 7. Un estudio detallado y especializado sobre la
y Social (ECOSOC). A partir del ECOSOC se organicidad y el marco normativo del sistema
encuentran, entre otras, la Comisión sobre la interamericano podrá encontrarse en FAÚNDEZ
condición de la mujer y la específica Comisión LEDESMA (Héctor). El Sistema Interamericano
de Derechos Humanos, la cual cumple sus de Protección de los Derechos Humanos.
funciones de acuerdo a las resoluciones 1235 y Aspectos Institucionales y Procesales. 2ª ed. San
1503 del ECOSOC, siendo aquí donde se aprecia José: Instituto Interamericano de Derechos
más sensiblemente la labor de control ejercida Humanos, 1999, 785 págs. Véase también
por la organización universal. Para mayor detalle HITTERS (Juan Carlos). Derecho Internacional
sobre el sistema, véase BUERGENTHAL de los Derechos Humanos. T.II: Sistema
(Thomas), GROSSMAN (Claudio) y NIKKEN Interamericano. Buenos Aires: EDIAR, 1993,
(Pedro). Manual Internacional de Derechos 674 págs.
Humanos. Caracas: Instituto Interamericano de
Derechos Humanos-Editorial Jurídica 8. Un estudio interesante sobre el Tribunal Europeo
Venezolana, 1990, p. 19 ss; y PASTOR de Derechos Humanos, podrá ser habido en
RIDRUEJO (José Antonio). El Proceso de CASADEVALL MEDRANO (José). El Tribunal
Internacionalización de los Derechos Humanos. Europeo de Derechos Humanos (Análisis teórico-
El Fin del Mito de la Soberanía Nacional (I). práctico), en MARTÍNEZ MORÓN (Narciso).
Plano Universal: La Obra de las Naciones Utopía y Ralidad de los Derechos Humanos en el
Unidas, en AA.VV. Consolidación de Derechos Cincuenta Aniversario de su Declaración
y Garantías: Los Grandes Retos de los Derechos Universal. Madrid: UNED, 2003, p. 269.
Humanos en el Siglo XXI, op. cit., p. 35.

93
9. En el sistema europeo, el Protocolo 11 al internacional en el derecho interno, y esto con la
Convenio Europeo de Derechos Humanos naturaleza jurídica de los instrumentos que
eliminó la Comisión Europea, ampliando la contemplen las normas a aplicar o ejecutar.
integración del Tribunal Europeo y Omitiendo hacer referencia a la trasnochada
convirtiéndolo en un órgano permanente. En el diferenciación de las tesis monista y dualista del
sistema interamericano, por el contrario, pervive derecho, la primaria diferencia entre la fuerza
la existencia de la Comisión, y ambos órganos normativa de los diferentes instrumentos
aún no poseen carácter permanente. Sobre los internacionales – entre declaraciones y convenios,
retos en cuanto este carácter en el sistema por ejemplo – también encuentra paulatina
interamericano, véase VENTURA ROBLES potenciación a través de los criterios
(Manuel E.) La Corte Interamericana de interpretativos pronunciados por los órganos
Derechos Humanos: Camino hacia un Tribunal jurisdiccionales internacionales, favoreciendo así
Permanente, en CANÇADO TRINDADE la exigibilidad, con matices, de ambas
(Antonio) y VENTURA ROBLES (Manuel E.) formulaciones jurídicas.
El Futuro de la Corte Interamericana de Derechos
Humanos. San José: Corte Interamericana de 16. Cfr. Corte Interamericana de Derechos Humanos,
Derechos Humanos, 2003, p. 109. caso Velásquez Rodríguez, sentencia de 29 de
julio de 1988, párrafos 169-173; y caso Godínez
10. En su mayoría, son Estados del Caribe anglófono Cruz, sentencia de 20 de enero de 1989, párrafos
y francófono los que aún no se han adherido a la 178-182.
Convención Americana. Los Estados insulares
caribeños en esta condición son Antigua y 17. Cfr. RODRÍGUEZ CARRIÓN (Alejandro).
Barbuda, Bahamas, Saint Kitts y Nevis, Santa Derecho Internacional, Derechos Humanos y
Lucía y Saint Vincent & Grenadines. Los Derecho Interno, en AA.VV. Consolidación de
Estados continentales caribeños son Belice, Derechos y Garantías: Los Grandes Retos de los
Guyana y Surinam. El caso de Trinidad y Tobago Derechos Humanos en el siglo XXI, op. cit., p.
pudo ser la excepción, pero luego de adherirse al 260.
sistema en 1991, denunció la Convención en
1998, siendo así el único Estado que ha 18. Particularmente, la sentencia de la Sala
denunciado formalmente la Convención Constitucional de la Corte Suprema de Justicia
Americana. de Costa Rica, número 2313-95, de 9 de mayo de
1995, definió que los instrumentos sobre
11. El Protocolo adicional sobre Derechos derechos humanos vigentes en el país poseen
Económicos, Sociales y Culturales, o Protocolo incluso valor supraconstitucional en la medida
de San Salvador, de 17 de noviembre de 1988; y que otorguen mayores derechos o garantías a las
el Protocolo relativo a la Abolición de la Pena de personas.
Muerte, de 8 de junio de 1990.
19. Cfr. BIDART CAMPOS (Germán). La
12. Lo relativo a la Comisión se encuentra detallado Interpretación de los Derechos Humanos en la
a partir del art. 34 de la Convención; normas Jurisdicción Internacional y en la Jurisdicción
especiales en cuanto al procedimiento ante ella se Interna. En NIETO NAVIA (Rafael) (Ed). La
encuentran en los arts. 48 a 51. Corte y el Sistema Interamericanos de Derechos
Humanos. San José: Corte Interamericana de
13. Lo concerniente a la Corte Interamericana lo Derechos Humanos, 1994, pp. 39-40.
regula la Convención Americana a partir de su
art. 52. 20. Cfr. Convención Americana sobre Derechos
Humanos, art. 46.2.
14. Para un estudio sobre la exigibilidad
internacional de los derechos económicos, 21. Para un estudio puntual sobre las excepciones al
sociales y culturales, véase CANÇADO agotamiento de los recursos internos, véase Corte
TRINDADE (Antonio). A Justiciabilidade dos Interamericana de Derechos Humanos, OC-
Directos Econômicos, Sociais e Culturais no 11/90, de 10 de agosto de 1990.
Plano Internacional, en AA.VV. Presente y
Futuro de los Derechos Humanos. San José: 22. Véase, como ejemplo, la declaración adicional
Instituto Interamericano de Derechos Humanos, 1.2 de la Declaración de Canarias, de la VII
1998, p. 171. Cumbre Iberoamericana de Presidentes de Cortes
y Supremos Tribunales de Justicia, de 23 de
15. El tema del carácter autoejecutivo o programático mayo de 2001, cuyo texto dice: "Reconocemos
de las normas sobre derechos humanos encuentra que uno de los problemas más graves que
relación directa con la posibilidad de enfrentan los sistemas judiciales iberoamericanos
incorporación de las normas de origen es la denominada mora judicial. Al efecto, en el

94
entendido de que la justicia, para ser real, debe 31. Cfr. BUERGENTHAL (Thomas). La
ser pronta, nos comprometemos a realizar todos Jurisprudencia Internacional en el Derecho
los esfuerzos y a emplear los recursos para Interno, en NIETO NAVIA (Rafael) (Ed). La
modificar esa situación lamentable, incluidas Corte y el Sistema Interamericanos de Derechos
reformas legales, dotación de mayores y mejores Humanos. San José: Corte Interamericana de
recursos humanos, equipos, tecnologías e Derechos Humanos, 1994. p. 68.
instalaciones adecuadas, así como a emprender
las acciones necesarias en las áreas de la 32. Cfr. BIDART CAMPOS (Germán). Jerarquía y
capacitación del elemento humano, a su Prelación de Normas en un Sistema Internacional
evaluación y a la modernización del régimen que de Derechos Humanos, en FERRER MAC-
regula carreras judiciales y administrativas…". GREGOR (Eduardo) (Coord). Derecho Procesal
Constitucional, T.II. México: Porrúa, 2002, p.
23. Cuyo origen se remonta a los convenios de 1119.
Ginebra y La Haya de 1864 y 1899,
respectivamente. 33. Recuérdese que, en todo caso, en el ámbito
internacional deberá valorarse el exacto
24. El art. 23 del pacto de creación de la Liga de las agotamiento de los recursos de la jurisdicción
Naciones establecía la necesidad de crear interna o la presencia de las excepciones
condiciones de trabajo justas y humanas para correspondientes.
hombres, mujeres y niños. Asimismo, la
adopción del tratado de Versalles de 1919, 34. Sobre el surgimiento de esta posibilidad, véase
establecía el compromiso de respetar integridades RUIZ MIGUEL (Carlos). La Función Consultiva
étnicas, religiosas e idiomáticas de las minorías en el Sistema Interamericano de Derechos
resultantes de la Primera Guerra Mundial. Humanos: ¿Crisálida de una Jurisdicción Supra-
constitucional?, en AA.VV. Liber amicorum
25. Para un estudio puntual sobre los antecedentes de Héctor Fix Zamudio, V.II. San José: Corte
la Corte Penal Internacional, Cfr. BASSIOUNI Interamericana de Derechos Humanos, 1998, p.
(M. Cherif), Historial Survey: 1919-1998, en 1345. En igual sentido, AYALA CORAO
BASSIOUNI (M.C.) (Ed), International (Carlos). Del Amparo Constitucional al Amparo
Criminal Law, V.3. 2ª ed. New York: Ardsley Interamericano como Institutos para la
Transnational Publishers, 1998, p. 603. Protección de los Derechos Humanos. Caracas:
Instituto Interamericano de Derechos Humanos-
26. Cfr. GARRONE (José Alberto). Diccionario Editorial Jurídica Venezolana, 1998; y FERRER
Manual Jurídico Abeledo-Perrot. Buenos Aires: MAC-GREGOR (Eduardo). La Corte
Abeledo-Perrot, 1989, p. 709. En idéntico Interamericana de Derechos Humanos como
sentido, REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. intérprete Constitucional (Dimensión
Diccionario de la Lengua Española, 21ª ed, T.II. Transnacional del Derecho Procesal
Madrid: Editorial ESPASA-CALPE, 1995, p. Constitucional), en FERRER MAC-GREGOR
1912. (Eduardo), op. cit., p. 1141.

27. Cfr. REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. 35. Cfr. DULITZKY (Ariel). La Aplicación de los
Diccionario de la Lengua Española, 21ª ed, T.I. Tratados sobre Derechos Humanos por los
Madrid. Editorial ESPASA-CALPE, 1995, p. Tribunales Locales: Un Estudio Comparado, en
523. ABREGÚ (Martín) y COURTIS (Christian)
(Comp). La Aplicación de los Tratados sobre
28. Cfr. ABREGÚ (Martín). La Aplicación del Derechos Humanos por los Tribunales Locales.
Derecho Internacional de los Derechos Humanos Buenos Aires: CELS-Editores del Puerto, 1997,
por los Tribunales Locales: Una Introducción, en p. 58.
ABREGÚ (Martín) y COURTIS (Christian)
(Comp). La Aplicación de los Tratados sobre 36. Corte Interamericana de Derechos Humanos.
Derechos Humanos por los Tribunales Locales. OC-8/87, de 30 de enero de 1987, párrafos 40 a
Buenos Aires. CELS-Editores del Puerto, 1997, 42.
p. 4.
37. Corte Interamericana de Derechos Humanos.
29. Cfr. Bidart, op. cit., p. 40. Caso Neira Alegría y otros contra Perú.
Sentencia de 19 de enero de 1995, párrafo 81.
30. Cfr. REQUEJO PAGÉS (Juan Luis). Sistemas
Normativos, Constitución y Ordenamiento. La 38. Corte Interamericana de Derechos Humanos.
Constitución como Norma sobre la Aplicación de Caso Genie Lacayo contra Nicaragua. Sentencia
Normas. Madrid: McGraw-Hill, 1995, p. 10. de 29 de enero de 1997, párrafo 94.

95
39. Corte Suprema de Justicia de la Nación, 48. Cfr. Sala Constitucional, sentencia 5759-93, de
Argentina, caso Ekmekdjian c/Sofovich, 10 de noviembre de 1993, considerando II.
sentencia de 7 de julio de 1992, párrafos 21 y 22.
49. Sala Constitucional, sentencia 2313-95, de 9 de
40. Cfr. ABREGÚ (Martín), op. cit., p. 13. mayo de 1995, considerando VI.

41. Ibid. 50. Sala Constitucional, sentencia 2000-7818, de 5


de septiembre de 2000, considerando VI.
42. Corte Suprema de Justicia de la Nación,
Argentina, caso Giroldi, sentencia de 7 de abril 51. Cfr. Sala Constitucional, sentencia 2000-09685,
de 1995, párrafo 11. de 1º de noviembre de 2000, considerando V.

43. Cfr. DULITZKY (Ariel), op. cit., p. 68. 52. Sala Constitucional, sentencia 2000-07818 de 5
de septiembre de 2000.
44. Existen otros ejemplos en el sistema nacional
argentino, dirigidos a pronunciamientos de la 53. Sala Constitucional, sentencia 2313-95, de 9 de
Comisión Interamericana de Derechos Humanos; mayo de 1995, considerando VIII.
por ejemplo, los casos Bramajo de 12 de
septiembre de 1996, y Arana, de 19 de octubre de 54. Sala Constitucional, sentencia 2313-95, de 9 de
1995, sobre los cuales se omiten referencias mayo de 1995, considerando VII.
expresas en este comentario, pero su existencia
merece desatacarse para informar también sobre 55. Ibid, considerando VIII.
la atención hacia los pronunciamientos también
del otro órgano de protección del sistema 56. Cfr. Sala Constitucional, sentencia 230-96, de 12
interamericano. Cfr. DULITZKY (Ariel), op. cit., de enero de 1996, considerando II.B.2.
pp. 69-70.
57. Cfr. Sala Constitucional, sentencia 2000-9685, de
45. La Sala Constitucional de la Corte Suprema de 1º de noviembre de 2000, considerando VIII.
Justicia conoce en exclusiva y en única instancias
de las acciones de amparo, hábeas corpus, del 58. Ibid, considerando XI.
control de constitucionalidad, y de competencias
constitucionales. 59. Ibid, considerando XII.

46. A diferencia de la Constitución argentina, que sí 60. Ibid, considerando XIII.


incluye un listado de instrumentos
internacionales, el texto constitucional 61. Corte Suprema de Justicia, República
costarricense solamente los refiere en genérico. Dominicana, sentencia de 24 de febrero de 1999.

47. Cfr. Sala Constitucional, Costa Rica, sentencia


3435-92, de 11 de noviembre de 1992,
considerando I.

96
HACIA LA DESCONSTRUCCIÓN DE LOS DERECHOS
HUMANOS: UN ANÁLISIS DESDE LA COMPRENSIÓN
POSMODERNA DE LA JUSTICIA

LUIS GONZÁLEZ PLACENCIA


Profesor de Introducción a la Política Criminal en la Maestría en Política Criminal de la Universidad
Autónoma de México; Director de la Tercera Visitaduría de la Comisión Nacional de Derechos Humanos de
México.

En el ámbito de la reflexión académica procesos sociales. Por ello, la juridificación de la


del siglo veinte ha surgido una preocupación sociedad (como parte del proceso de
especial como consecuencia de la pérdida de colonización del “mundo de la vida” descrito por
confianza en las explicaciones modernas de la Habermas) tiene que ser, necesariamente,
realidad. Bajo estas circunstancias, esta situación reinterpretada a la luz de la relación que guarda
ha derivado en la tematización de tópicos con el proceso inverso de “socialización de la
surgidos en el contexto del llamado “nuevo justicia”. Ambos procesos iluminan un espacio
orden internacional”, a partir de las diversas donde las fronteras entre derecho y sociedad se
tendencias que dan forma a la actual condición diluyen dando lugar a la emergencia de las
del mundo. llamadas “terceras culturas”, espacios de
interlegalidad en los que la trivilización y
Desde la sociología de los derechos vulgarización del propio derecho tienen lugar.
humanos, esta preocupación implica un serio
cuestionamiento acerca de las formas y Al interior de estos sucesos, el discurso de
consecuencias que tales derechos han asumido en los derechos humanos resulta también afectado,
este contexto, así como de los cambios que ello principalmente porque tales derechos han sido
podría implicar para las sociedades del fin de considerados como valores sagrados para la
milenio. De hecho, la aparición de fenómenos modernidad, aún cuando esa posición de
estrictamente relacionados con la privilegio haya sido condición de posibilidad
internacionalización de la economía del libre para su instrumentalización. En el mismo sentido
mercado ha generado ya respuestas dirigidas a la que el derecho todo, el riesgo implícito de una tal
proyección de nuevos escenarios del orden en los consideración se realiza a través de la retórica
que las categorías tradicionales del derecho – que occidente ha construido en torno a estos
dentro de las cuales los derechos humanos se han derechos. De esta forma, paradójicamente, una
movido tradicionalmente – han sido puestas en estrategia clara para la reinterpretación de esos
cuestionamiento. derechos a la luz de una concepción menos
ingenua respecto al discurso y más
Aún cuando tradicionalmente se ha comprometida con la eficacia de su aplicación
considerado al derecho como un saber que está implicaría de entrada eliminar el aura con la que
en necesaria conexión con la sociedad, sin duda la modernidad les ha revestido.
lo ha sido en tanto que representación del deber
ser social. Pero en el punto en el que la reflexión Según trataré de argumentar, el análisis
hace del derecho mismo a su vez objeto de debe guiarse entonces hacia la focalización de
conocimiento, surge una pregunta fundamental los procesos relacionados con la interacción entre
para toda consideración que tenga en cuenta a los lo “local”, lo “regional” y lo “global”, y más
saberes humanos como fenómenos sociales: tarde, a la definición de lo “post-moderno”, a la
¿cómo representar una representación? vez como condición de posibilidad y como el
Evidentemente, el derecho es una práctica en sí escenario por excelencia de dichas interacciones;
mismo y por tanto, no puede ser esperado de los por ello, iniciar este ensayo con un

97
cuestionamiento acerca de qué tan global es el internacional, de una gran movilidad de
llamado “interés global” del que se habla con bienes y de trabajadores,2 así como de la
frecuencia hoy día, o aún mejor, como lo ha aparición de “consumidores universales”.3
planteado Mushakoji, por saber “...¿quién actúa
en nombre de quién y garantizando la Los crecientes discursos sobre problemas
supervivencia, desarrollo y bienestar de qué “transnacionales”, tales como la
comunidad humana?,”1 no es sólo deseable pero contaminación ambiental, el desastre
también exigible. Después de todo, este no es ecológico,4 la amenaza nuclear y las
sino un intento por aproximarse a una enfermedades epidémicas,5 así como los
perspectiva desde la cual ensayar una lucha clara problemas de crimen a gran escala como
y efectiva por eso que la modernidad ha el terrorismo, el narcotráfico y el tráfico
denominado “derechos humanos.” de armas.6

La intensificación de los flujos de


personas, bienes, dinero, ideas,
1. ¿GLOBALIZACIÓN U información e imágenes por todo el
OCCIDENTALIZACIÓN globo.7
DEL MUNDO? Aún cuando tales tendencias pueden ser
indisputables, algunas cuestiones quedan aún
A finales del siglo veinte, la discusión en pendientes, porque de su verificación empírica
torno a la globalización ha representado un no puede afirmarse que estas tendencias reflejen
terreno problemático. “Globalización” es un algo parecido a un interés global. Más allá,
concepto seductor, y en cierta forma, puede cabría preguntarse en qué sentido estas
ilustrar la ansiedad por el advenimiento de una tendencias articulan un proyecto común, y en su
era nueva, tendiente a la consolidación de un caso, cuál es la orientación de un tal proyecto.
interés genuino compartido a escala mundial.
Cuando se habla de globalización, los
Desde mi punto de vista, “globalización” teóricos tratan de identificar un proceso que
hace referencia a un proceso inevitablemente tiende a plantear los problemas humanos en una
relacionado con el desarrollo del capitalismo. escala transnacional, con la finalidad de superar
Sea cual fuere el contenido de una tal expresión, cualquier interés individual, comunitario,
su sentido sin duda ha sido al mismo tiempo, nacional o internacional, en nombre de la
consecuencia y condición de posibilidad de la conformación de una real “condición humana”:
expansión del mercado y de la conformación de de una integración a largo plazo de la
un nuevo orden económico, con actores políticos humanidad,8 de una ecumene secular,9 de una
también nuevos. unión universal,10 o de la cristalización del
Sin embargo, que otros factores están mundo entero como un solo lugar.11 Al mismo
afectando el proceso es innegable. Aún cuando tiempo, la mayoría de los autores asume que la
es difícil suscribir una tesis que apoye la globalización debe ser entendida como un
existencia de una “cultura global”, quienes proceso de reconocimiento de la diversidad que,
sostienen tal posibilidad apelan a la presencia de sin embargo, debe conducir a la integración
tendencias que pueden ser consideradas pacífica del mundo, de modo capaz de resistir el
demostraciones empíricas de que, al menos colonialismo cultural.
desde finales de la segunda guerra mundial, una No obstante, una confrontación de tales
expansión a gran escala de los asuntos humanos discursos con la forma en la que se desarrollan
a nivel transnacional está ocurriendo, de la cual las relaciones actuales a nivel mundial, permite
pueden ser ejemplo al menos de los siguientes descubrir como la llamada “globalización”
procesos: aparece como un conjunto de contradicciones, o
De hecho, la aparición de una economía más bien, como un “...parche ecléctico (...) una
de mercado global, caracterizada por la mezcla de elementos étnicos, vanguardistas,
conformación de bloques comerciales dinámicos, y unidos por una vena de
formados sobre la base de criterios modernismo sobre la base de un discurso
geopolíticos, de transnacionalización de científico cuantitativo y de tecnología
capitales, de integración financiera computarizada”,12 porque vale considerar que:

98
a) aún cuando puede ser considerada uno de los turistas, diplomáticos, militares, así como la
últimos signos de la modernidad, encierra posibilidad de obtener donde sea, bienes y
formas premodernas de colonialismo basadas mercancías producidas en cualquier lugar del
en nociones espaciales de poder concentrado mundo, en tal forma que es posible encontrar
en soberanos supra-estatales: monopolios “espacios nativos” en las grandes ciudades,
globales, empresas transnacionales y países así como centros metropolitanos en los
hegemónicos. pequeños pueblos y villas; pero detrás de la
imagen de cosmopolitanismo que esto parece
b) a diferencia de cualquier otro momento en la expresar, está además una bien delineada
historia la condición global se desarrolla al estrategia dirigida a crear y potencializar un
interior de una red mundial de mercado del “paisaje mundial” de acuerdo
comunicaciones; pero el elevado desarrollo con las necesidades del nuevo consumidor
que acusan los medios masivos y la transnacional: negocios, placer, descanso,
telemática, no ha significado realmente el aventura, glamour y nostalgia.16 De hecho,
mejoramiento de la comunicación entre los en todo este marketing de las costumbres, los
seres humanos; por el contrario, la valores occidentales son recibidos y
información se ha constituido en un arma diseminados de acuerdo con las propias
poderosa que permite saber con elevados costumbres y valores del consumidor
niveles de certeza el comportamiento de los receptor; así, la recuperación de los mitos
mercados en todo el mundo, la situación de étnicos, el uso de ropas indígenas, la difusión
las divisas, así como la especulación con de gustos, sabores y platillos nativos, son
bienes y tasas de interés. siempre moldeados de acuerdo con los
patrones occidentales.
c) los patrones culturales viajan alrededor del
mundo transmitiendo imágenes casi al e) mientras que existe un creciente llamado por
mismo tiempo en el que están ocurriendo y el respeto de los derechos humanos y la
que una sensación de ubicuidad se hace democracia, así como por la hermandad
posible gracias a los satélites, teléfonos mundial y la solidaridad, fenómenos
celulares, faxes, correo electrónico y las culturales harto interesante, tales como las
nuevas autopistas virtuales. La revolución nuevas formas de feudalismo, regionalismo,
informática ha hecho posible no sólo conocer nacionalismo y fundamentalismo, han
el modo de vida en Japón o las tradiciones de mostrado la brutalidad de la capacidad de
los nativos americanos sino también la destrucción humano. De hecho, la aparición
posibilidad de confrontar y debatir datos para de estos particularismos llama la atención
ayudar a diagnosticar, desde cualquier parte hacia la disgregación del ideal universalista
del globo, a una enferma internada en un en nuevas formas de particionismo cultural.
hospital en China vía Internet, 13 o la de En Europa, por ejemplo, la búsqueda de
trabajar a kilómetros de distancia del centro integración, que incluye, como en ninguna
de trabajo, desde casa o incluso en otro otra parte del mundo, economía, política y
continente, permaneciendo en contacto sólo a cultural,17 contrasta con las sombras de la
través de un ordenador,14 es totalmente intolerancia y el segregacionismo que han
posible en estos tiempos. Pero de igual dado paso a procesos internos y externos de
forma, ésta ha sido la condición para la fragmentación regional. Dentro de Europa, el
deshumanización, la desensibilización y la llamado a la unidad no puede negarse a la
pérdida de la capacidad de asombro en el incómoda presencia de conflictos históricos
hombre de fin de siglo, a partir de la entre los propios europeos: Serbios, Vascos,
generación y diseminación de patrones Irlandeses, Chechenos. En lo que se refiere a
selectivos de comportamiento difundidos a su exterior, Europa vive la intolerancia de los
nivel universal; en otras palabras, de una movimientos en contra de los inmigrantes y
especie de televisionización de la vida los refugiados y el revival del racismo
cotidiana.15 (skinheads, boneheads), sin hablar de los
obstáculos a la integración de la Europa del
d) el progreso de las comunicaciones ha hecho este. Del otro lado del Atlántico, más allá del
posible asimismo, la movilidad de grandes proyecto de integración norteamericana, la
cantidades de migrantes, refugiados,
contención de inmigrantes sudamericanos es
trabajadores, empresarios, intelectuales,

99
una de las más importantes preocupaciones estrechez de las categorías de análisis modernas
para los Estados Unidos, ello aparte de la se revelan como una imposibilidad para hacerlas
aparición de sectas y de grupos paramilitares comprensibles. En cierto grado, es esto a lo que
de ultra-derecha. En Asia, el surgimiento de algunos autores han denominado “condición
los fundamentalismos en el medio oriente post-moderna”.
está provocando tensiones también,
amenazando con ello la débil paz en el Ya sea como término, o como concepto,
mundo. Fenómenos de fragmentación se la idea de posmodernidad ha provocado toda
presentan también en Sri Lanka y otras clase de reacciones. Originalmente, la idea de
naciones asiáticas. posmodernidad emergió en el terreno de la
estética en relación con “la emergencia de
En fin, todas estas contradicciones pueden formas culturales ostensiblemente nuevas”.20
ser resumidas en una paradoja central: cualquier Hablando en general, sus orígenes pueden
intento de encontrar una real cultura global localizarse en los cincuenta y han tenido que ver
“...tiene que trabajar con materiales destinados con una reacción contra la modernidad y el
para los propios proyectos que intenta superar – modernismo que muy pronto alcanzó también los
las identidades nacionales que finalmente serán campos de la ética y de la ciencia, Parafraseando
erradicadas.”18 A pesar de lo que Robertson a Sousa Santos, es posible decir que la principal
desea, en este punto, cualquier referencia a la característica de esta búsqueda es el deseo de
globalización parece ser hecha dentro de una cruzar las fronteras, de mezclar los códigos y de
“zona de juego intelectual” que puede situar revivir el sentido adverso de la vida (presente en
“...los intereses socio-teóricos residuales, la las artes, en la ciencia y en la moral), no negando
indulgencia interpretativa, o el despliegue de el mundo, sino afirmándolo y buceando
preferencias ideológicas mundiales...”19 Así, lo profundamente en su realidad.
que parece claro es que las viejas prácticas de
intolerancia, el uso extremo de las tecno- No por casualidad la idea de
racionalidades, y el apelo a una weltanshaaung posmodernidad se ha constituido en un desafío
ecuménica continúan siendo las tendencias para los intelectuales, sean estos de izquierda o
dominantes, si bien desde un nuevo escenario. de derecha.21 Dado que ésta ha sido relacionada
De hecho, las armas ideológicas que con el agotamiento de la modernidad, lo
históricamente han significado la lenta pero posmoderno se espera como la superación de las
efectiva occidentalización del mundo dan la promesas incumplidas de la modernidad. Sin
sensación de que las cruzadas no han finalizado embargo, a la base de cualquier discurso sobre
aún; más allá, de que los cruzados de la era post- ésta, más allá de una solución a las aporías
industrial han abandonado sus armaduras. Ahora modernas, está la referencia a un peculiar hic et
utilizan Internet. nunc, a un espacio en el que la linealidad se
rompe en la pluralidad, y donde la pluralidad se
convierte en la clave para comprender la
2. La Actitud Posmoderna disrupción de los códigos binarios de la
modernidad. De hecho, la posmodernidad es el
El breve análisis realizado más arriba está horizonte en el cual darse cuenta de los límites
destinado a problematizar la condición que de la modernidad. En este sentido,
actualmente vivimos. De hecho, está dirigido a probablemente la concepción más
señalar qué tan compleja puede aparecer la comprehensiva sobre posmodernidad aparece en
realidad actual. Allende de los fenómenos Michel Foucault, de acuerdo con quien
descritos, me gustaría subrayar que, más allá de “posmodernidad” no se refiere, como podría
las tendencias en sí mismas, lo que hay que pensarse, a alguna cierta nueva era que ocurre
atender es el espacio en el que éstas emergen, después de la modernidad, tampoco a un estadio
porque es ahí donde adquieren su sentido. En superior del paradigma moderno; por el
otras palabras, deseo sugerir que las contrario, ésta debe ser entendida como una
características reseñadas no pueden ser actitud, esto es, como
entendidas como fenómenos lineales y aislados, ...una forma de relacionarse con la
sino como vectores en una matriz espacio- realidad contemporánea; una elección
temporal determinada que los hace posibles. voluntaria tomada por una cierta gente ...
Dada la complejidad que tal matriz implica, la una forma de pensar y de sentir; una

100
forma, también, de actuar y de malas y contra natura, la comunidad es buena y
comportarse que de una vez y al mismo natural.”24 Sin embargo, el informalismo no sólo
tiempo marca una relación de pertenencia significó el engrandecimiento y el refinamiento
y se presenta a sí misma como una tarea.22 de las redes del formalismo a través del
informalismo, sino, de hecho, la desorganización
Desde este punto de vista, la de las respuestas espontáneas de aquellos que
posmodernidad se vuelve una metanarrativa; y nunca hubieran recurrido a una institución formal
hace un llamado a tomar una posición de desafío, de cualquier manera:
pero no desde un punto de vista ingenuo. Por el
contrario, busca enfrentar la realidad Las instituciones informales controlan
deconstruyendo sus narrativas. desorganizando las inconformidades,
trivializándolas, frustrando las respuestas
Tradicionalmente, el pensamiento colectivas. Su creación proclama el
moderno occidental ha demandado una forma mensaje de que los problemas sociales
lineal de pensar y problematizar las cosas, pueden ser resueltos jugando a evitar el
construida sobre dicotomías que expresan aparato de control una vez más, y de que
tensiones bipolares: cultura/natura, sujeto/objeto, es innecesario el cuestionamiento de las
sociedad/individuo, estado/sociedad civil, estructuras básicas.25
público/privado, y así. La ausencia de mediación
entre estos polos se expresa a sí misma como una Como explica Boaventura de Sousa
especie de movimiento pendular que va y viene Santos, veinte años más tarde, los resultados de
desde uno al otro polo de la dicotomía dando la esos movimientos desestructuradores han
sensación de ocasionar cambios revolucionarios. terminado por mostrar que
Como Sousa Santos ha señalado, al fondo de
estas dicotomías, la imagen de un tal movimiento En vez de una mediación, de la cual el
pendular se dibuja por la distinción polar entre proyecto de la modernidad se ha mostrado
construcciones conceptuales autorreferenciales y siempre carente, ha venido a manifestarse
contenidos empíricos desorganizados, como una progresiva aproximación entre los
ocurre, por ejemplo, con la dicotomía entre polos de las dicotomías, a tal punto que
formalidad e informalidad.23 En la historia lineal cada uno de los polos tiende a
de a modernidad, esta imagería ha mostrado la transformarse en la pareja del polo al que
transición entre lo formal y lo informal por se opone. En esta dimensión, las
medio de la desestructuración. En realidad, al dicotomías que subyacen al proyecto de la
menos desde la segunda mitad del siglo veinte, la modernidad tienen a disolverse y los
historia ha presenciado una reacción en contra movimientos de oscilación entre sus polos
del formalismo del siglo diecinueve son más aparentes que reales.26
(estatización, juridificación, profesionalización)
hacia el polo del informalismo en diversos Lo que se sigue de lo antedicho es que
tanto las categorías expresadas entre cada polo y
campos de la acción humana (descentralización,
desinstitucionalización deslegalización, las dicotomías creadas entre ellas, son
desprofesionalización), que se presenta a sí reificaciones de los problemas a los que éstas se
refieren, relatos utilizados para describir
misma como movimiento contestatario en contra
de la estrechez y de la incapacidad del procesos que, sin embargo, les trascienden. En
formalismo para enfrentar los desafíos de una términos generales, tales relatos han sido
sociedad cambiante. Los defensores del construidos sobre algunos topoi que hacen de los
informalismo trataron de encontrar una vía para relatos pretendidos discursos de verdad. La
conclusión a la que Boaventura arriba señala es
escapar a los discursos formales de la
modernidad (para escapar del estado, de la ley, de que tales relatos son en realidad relativizados,
de la ciencia) enarbolando una bandera de esto es, que detrás de la construcción de las
dicotomías hay un espacio en el que la expresión
liberación: como Cohen ha establecido, ello
puede ser enmarcado como reflejo de los deseos material de tales categorías aparece sobrepuesta,
de la generación de los años sesentas: “lo dejando ver otros espacios u órdenes en los que
los códigos están mezclados, de tal manera que
pequeño es bello, los seres humanos no son
máquinas, los expertos no lo saben todo, la tanto lo formal como lo informal se tornan sin
burocracia es inhumana, las instituciones son sentidos en si mismos, nociones espaciales en
donde ambas categorías coexisten desplegando

101
intersecciones a las que se ha denominado política de los diferentes actores: estados
“terceras culturas”. Desde este punto de vista, la nacionales, multinacionales, comunidades
modernidad debe ser entendida como un grupo diaspóricas, así como agrupaciones y
de discursos destinado a cubrir tales espacios, movimientos subnacionales (ya sean
como una forma para mapear la realidad desde religiosos, políticos o económicos), e
un punto de vista racional bidimensional. incluso grupos íntimamente relacionados
como es el caso de villas, vecindarios y
familias. De hecho, el actor individual es
2.1. UN MAPA POSMODERNO el último lugar en este arreglo
DE LA GLOBALIDAD perspectival de escenarios (..los cuales...)
constituyen los tabiques de (...) “mundos
imaginarios”, es decir, los múltiples
Mientras que el mapa de la modernidad
mundos constituidos por las
ha sido construido a partir de los códigos
imaginaciones históricamente situadas de
binarios lineales que han sido descritos, la actitud
personas y grupos diseminados alrededor
posmoderna busca, por el contrario, mapear la
del planeta.29
realidad haciendo visible la matriz que subyace a
la narrativa moderna. Hacer un mapa desde la En síntesis,
posmodernidad implica elaborar escalas,
proyecciones y simbolizaciones,27 desde una • Un escenario étnico que refiere al
perspectiva interdependiente, esto es, resignificar movimiento de grupos y personas y que
el sentido de la realidad mediante la parece afectar la política y las relaciones
relativización de los discursos de la modernidad, entre naciones en un grado sin precedentes.30
con la finalidad de revelarlos como simples
relatos. La escala debe mostrar los distintos • Un escenario tecnológico constituido por la
niveles de esa realidad (local, regional, global), configuración global, cada vez más fluida,
la proyección debe mostrar las intersecciones de tecnologías, y del hecho de que la
entre tales niveles (globalismos locales, tecnología (...) se mueve a grandes
localismos globales) y la simbolización debe velocidades y a través de fronteras antes
permitir restaurar la continuidad entre la realidad inimaginadas.31
y los discursos por medio de signos figurativos y
emotivos (lealtad, cooperación, concertación) • Un escenario financiero que muestra el
más que la discontinuidad que el divorcio entre espacio donde la disposición de los capitales
la realidad y sus representaciones produce en los globales es cada vez más misteriosa, veloz y
signos congnitivos convencionales. De esta difícil de seguir que nunca antes.32
forma, la realidad no se confunde con los
discursos, sino que en los discursos. • Un escenario conformado por la red de
comunicaciones que señala la distribución
En este sentido, probablemente el intento de las capacidades para producir y diseminar
más interesante para ofrecer una representación información (...) que provee grandes y
del “desorden global” haya sido hecho por Arjun complejos repertorios de imágenes,
Apardurai, quien ha tratado de elaborar un mapa narraciones y escenarios étnicos a tele-
de la era presente, describiéndola como un observadores en todo el mundo,33 y
“orden complejo, sobrepuesto y disyuntural” que
se presenta en el medio de cinco dimensiones o • Un escenario ideológico constituido por la
escenarios: el étnico, el comunicacional, el concatenación de imágenes (...) dirigido
tecnológico, el financiero y el ideológico.28 En políticamente y con frecuencia relacionado
sus palabras: con ideologías y contraideologías finalizadas
a capturar el poder del estado o al menos
... la idea de escenario (...) indica, antes parte de éste.34
que nada, que no se trata de relaciones
objetivamente dadas que se miran igual De acuerdo con Apardurai, estos
desde cada ángulo visual, sino más allá, escenarios están completamente entrelazados y
se trata de constructos perspectivales los hechos actuales ocurren dentro y a través de
profundos, afectados en gran medida por las crecientes rupturas que se dan entre ellos.
la situacionalidad histórica, lingüística y Teniendo en consideración tales escenarios, una

102
conceptualización distinta de la cotidianeidad es mismo tiempo, objeto de representación y
posible, porque cada fenómeno de la realidad representación de un cierto discurso de realidad.
puede ser colocado entre ellos: la combinación Pero, en este sentido, cualquier intento para una
de las dimensiones escalares, proyectivas y comprensión más amplia del derecho o de los
simbólicas permite construir un fenómeno como derechos humanos – como en los casos de la
único e irrepetible y al mismo tiempo, como sociología del derecho y de la sociología de los
cambiante y relativo. Volveré sobre este punto. derechos humanos – debe enfrentar, como Resta
Por el momento, es mi interés enfatizar la lo ha expresado,36 el riesgo de convertirse en una
posibilidad de deconstrucción de la absolutez de representación de la representación. Para esta
los discursos modernos mediante el recurso a cuestión pueden esbozarse dos simples
este modelo, así como la oportunidad de posibilidades: si el punto de partida es la
reconstruir las prácticas sociales, que en vez de necesidad de teorizar acerca del derecho y de la
ser creadas “desde arriba”, pueden significarse realidad, una tal afirmación es válida; si el
partiendo de la consideración de los escenarios derecho, y por lo tanto los derechos humanos,
descritos, dado el hecho de que éstos hacen son comprendidos en sí mismos como parte de la
posible un nuevo arreglo de posibilidades para cotidianeidad, cada uno será su propia
actuar entre las rupturas que se presentan en la representación. Si una comprensión postmoderna
intersección de dichos escenarios. Como el del derecho y de los derechos humanos es
propio Apardurai comenta, posible, entenderles como parte de la vida
cotidiana es posible también: parafraseando a
El punto crítico es que los dos lados de la Resta, el derecho y los derechos humanos son lo
moneda del proceso global cultural de hoy que el derecho y los derechos humanos son.
en día son producto de los infinitamente
variados contextos mutuos de mismidad y 3.1. Lo Postmoderno y el
otredad, en un momento caracterizado por
rupturas radicales entre los diferentes Derecho
tipos de flujo global, y los escenarios
inciertos creados en y a través de tales
Junto a la ciencia y el arte, el derecho ha
rupturas.35
sido, sin duda, una de los grandes relatos de la
modernidad. Ciertamente, fue pensado como
“...el guardián de las fronteras entre el estado y el
3. POSTMODERNIDAD, ciudadano y de los límites entre los individuos,
DERECHO Y DERECHOS ambos límites marcados por normas legales.”37
Sin embargo, donde las categorías estado,
HUMANOS: COMO individuo y ciudadano se vuelven relativas,
REPRESENTAR LA desde una perspectiva posmoderna, el rol
REPRESENTACIÓN privilegiado del derecho cae en el vacío. Y esta
no debe considerarse sólo como una presunción
Una de las principales características del intelectual. Más allá, la distancia entre derecho y
discurso moderno tiene que ver con el hecho de sociedad ha sido advertida al menos desde los
que la realidad trata de ser descifrada a través de tiempos del realismo jurídico.
representaciones. En este sentido, cada intento
En el ámbito del derecho moderno, la
por construir un código para comprender cada
imposibilidad de sostener una teoría pura del
representación se torna en una “representación de
derecho, así como tampoco una práctica legal
la representación.” Formalmente hablando, cada
formalista, poco a poco fue revelando un
representación es nada más que un metalenguaje
contexto socio-jurídico escondido por el “modelo
de lo representado. No obstante, ciertamente, así
de las normas”, donde la libertad, la
como fue concebido desde el siglo diecinueve
desregulación, la contractualización y la
por Pierce, y más tarde por Rusell y
convencionalidad aparecen como asuntos
Wittgenstein, este recurso sin final a la
cotidianos. De hecho, un tal contexto ha
representación conduce inevitablemente a una
mostrado, y además provocado, diferentes
aporía donde se requiere construir metalenguajes
actitudes en torno al derecho y las normas, tanto
ad infinutum. En lo que aquí concierne, tanto el
de tratadistas como de la gente común:
derecho como los derechos humanos han sido, al

103
a) los estudios acerca del rol del derecho en las jurídico y, consecuentemente, que
sociedades postcoloniales han demostrado en presenciamos un momento signado por la
que medida la gente común posee su propia trivialización del derecho, por la vulgarización
comprensión del derecho, así como de la del discurso jurídico.
forma en la que diversos niveles y
generaciones de normas viven juntas al Lo que es realmente interesante es
interior de códigos mezclados y sobrepuestos. observar que esto no niega el hecho de que,
Junto a la ley oficial, la coexistencia de otro formalmente hablando, el paradigma positivista
tipo de normas que van desde lo que ha sido del derecho continúa dominando las relaciones
denominado “derecho intuitivo” hasta lo que sociales, pero sí enfatiza que es un hecho que
podría llamarse “modelo de las reglas otras formas legales existen en su interior, y que
ocultas”, conduce a la relativización de mientras mayor terreno ganan las ilegalidades
cualquier pretensión de un monopolio estatal alternativas, más se corrompe la fuerza simbólica
de la ley. En vez de ello, el reconocimiento de del derecho formal. En este proceso, los órdenes
la existencia de una multiplicidad de órdenes alternativos irán forzando al derecho formal a
reveló la presencia de los fenómenos de descender a la materialidad del hic et nunc, de
pluralismo jurídico y de iterlegalidad. La modo que el discurso jurídico positivo no se
imagen ofrecida en estos escenarios quede estático y sea ignorado, sino que se torne
postcoloniales fue pronto verificada incluso en realmente efectivo, aún cuando ello signifique
los Rechstaat, donde la ley positiva juega un que sea devaluado al nivel de pura referencia
papel entre otros múltiples esquemas de normativa. En este sentido, tomar el riesgo de la
gubernamentalidad y orden.38 Así, normas trivialización del derecho puede significar la
comunitarias, locales, regionales, nacionales e posibilidad de una nueva forma de apelar por la
internacionales, legítimas o no (dimensión justicia.
escalar) se sobreponen entre sí al interior de
modelos egocéntricos – basados en el
consenso – y geocéntricos – basados en el 3.2. Hacia la Desconstrucción de
conflicto (dimensión proyectiva) simbolizados los Derechos Humanos
a veces como legalidades instrumentales – es
decir como momentos ritualizados que se Al interior del contexto descrito, los
simbolizan a través de signos convencionales derechos humanos están inevitablemente
– y algunas otras veces como legalidades involucrados. Si bien modesta en el más
imagéticas – continuidades restituidas de la temprano discurso moderno, los derechos
cotidianeidad socio-jurídica, por medio de humanos han gozado de una investidura
signos figurativos o emotivos – (dimensión relevante, pero, en perspectiva, y probablemente
simbólica).39 en mayor medida que el propio derecho, en
nuestros días, los derechos humanos están en la
b) especialmente en los países más desarrollados,
vía de ser construidos como la más importante
este reconocimiento impulsó el surgimiento de
narrativa de la última modernidad.
nuevas formas de tematizar el derecho, nuevas
áreas para el ejercicio del derecho y, Contrariamente a lo que se podría pensar,
consecuentemente, nuevas arenas de es eso lo que tiene que ser evitado, dado el hecho
conflicto.40 De hecho, ello ha mostrado la de que la sacralización de los derechos humanos
creciente complejidad del sistema jurídico. implicará, como puede entenderse de la propia
Aún el derecho positivo se ha tornado más y historia del derecho, su estancamiento. Esta
más “...explícitamente líquido, efímero, asunción contiene un reto interesante que
siempre negociable y renegociable (...) buscaría disolver la teoría en la práctica, es decir,
desechable.” En lugar de lo que la narrativa desconstruir el discurso de los derechos humanos
moderna del discurso legal pretende del en su presencia cotidiana. En otras palabras, esto
derecho, esta “legalidad contextual” se crea y quiere decir resignificar la noción de “derechos”
se ajusta a los intereses momentáneos de las para hacerlos centrales, no en el discurso, o no
partes involucradas en un conflicto dado y sólo en el discurso, sino en la práctica social.
hacia las relaciones de poder que se dan entre
estas. En pocas palabras, ello conduce a De hecho, a diferencia del derecho en
reconocer que existe un excedente de saber general, probablemente una de las características

104
fundamentales en lo que se refiere a derechos centro de todo discurso, pero al mismo
humanos es que, sean éstos lo que sean, existe un tiempo, es también cierto que en este proceso
acuerdo pragmático en torno a su necesidad. No redujo la idea de ser humano al ser humano
obstante, ello puede ser un arma de doble filo, occidental, masculino y blanco. En esta
pues la posición privilegiada que han tenido ha perspectiva, todo aquello que no corresponde
sido a la vez condición de posibilidad de su con ese modelo ha recorrido el riesgo de ser
instrumentalización. considerado no humano. Así, prácticas
ancestrales y tradiciones de las sociedades no
Recurriendo a los escenarios de occidentales aparecen como inhumanas a
Aperduari,41 los derechos humanos están primera vista porque no pueden ser
situados como parte sustancial de lo que él justificadas desde el punto de vista de lo
denomina escenario ideológico, en el lugar de humano occidental. De hecho, la narrativa de
uno de los más altos valores de la humanidad. los derechos humanos frecuentemente olvida
Desde ahí, el discurso se proyecta hacia los que “...cada cultura tiene su propia visión del
demás escenarios asumiendo la forma de un real sentido que es conveniente dar a la existencia
interés global por la humanidad. Tal como las del mundo y del hombre...”,42 y por lo tanto,
demás narrativas modernas, la diseminación del que privilegiar un único discurso en torno a lo
discurso de los derechos humanos está basada en que los derechos humanos deben ser se vuelve
ciertos postulados dogmáticos concebidos como una imposición. Junto a una tal consideración,
cuestiones fundamentales compartidas que por otra parte, el llamado a la unidad aparece a
descansan en ciertas dicotomías relacionadas en pesar de la diferencia, y está basado por la idea
valores también fundamentales. Cada uno de de que la última debe someterse a la primera.
estos postulados es considerado como verdad En este caso, el discurso parece dirigido a
intocable que sin embargo, crea actitudes reducir la pluralidad cultural en un discurso
orientadas. Con la finalidad de analizarlas, trataré formal de unidad.
de partir de la identificación de tales topoi, o
lugares comunes, con los ideales de la revolución Bajo estas dicotomías, el principio
francesa, desde el momento en que Fraternidad, racional que funciona es el de la “certidumbre”,
Igualdad y Libertad siguen considerándose como que da al discurso la imagen de verdad intocable
valores guía en las luchas por los derechos (porque nadie abiertamente puede decir que está
humanos. Después, trataré de relacionar los topoi en contra de la humanidad, así como casi todos
con las dicotomías que éstos mismos han creado estarán de acuerdo en la idea de que la pluralidad
y con los principios racionales que los soportan, puede ser sometida en nombre de un más amplio
así como esbozar la actitud que de tales topoi se llamado a la unidad). En cierta forma, por medio
deriva: de la certidumbre, si “humanidad” y “unidad”
pueden ser moralmente fundadas, entonces se
a) Fraternidad. Fraternidad encierra un llamado convierten en la elección correcta.
para hallar la unidad en la diversidad. Al
centro de este tópico, lo humano se torna en Como consecuencia directa, estas
atributo fundamental. Aquí, “humanidad” es dicotomías han conformado una actitud que
concebida como cuestión absoluta, de manera asume la forma de antropocentrismo. En este
tal que todo lo que viene considerado sentido, lo humano, como un grupo unido de
humanos se torna intocable (los seres voluntades y necesidades, es colocado en la cima
humanos por supuesto, pero también el arte, de todos los intereses posibles, sin importar cuán
el conocimiento, la tecnología, en tanto que lejos tales intereses puedan llegar, incluso a la
producciones humanos). Pero, mientras destrucción de aquello que no es considerado
“unidad” y “humanidad” son elevadas a humano (tal es el caso del daño a la fauna y en
valores de la mayor jerarquía, “pluralidad” e general a la ecología terrestre, por ejemplo).
“inhumanidad” vienen creados como contra-
valores. Consecuentemente, las dicotomías b) Igualdad. Intimamente relacionado con el
entre lo “humano” y lo “inhumano” y entre discurso sobre “humanidad” y “unidad”, pero
“unidad” y “pluralidad” tienen lugar. Frente a en un nivel distinto, el llamado a ser iguales
esta disyuntiva, la modernidad privilegió ha conducido al de ser universales, y tanto
“humanidad” y “unidad”. Por una parte, “igualdad” como “universalidad” han
colocó las cuestiones humanas como el dibujado frente a sus contravalores, también
otras dicotomías: “igualdad” contra

105
“diferencia” y “universalidad” contra etnocentrismo: occidental es universal y
“particularidad”. mismidad es igualdad.

En lo que se refiere a la dicotomía c) Libertad. Libertad es un llamado a la


“universalidad”/”particularidad”, la modernidad liberación. Originalmente fue concebido
ha establecido que el discurso de los derechos como la libertad contra la autoridad del
humanos debe descansar en un consenso estado, como límite a las potestades del
universal y, como está claro, los esfuerzos para estado. Sin embargo, poco a poco este clamor
universalizar el discurso de los derechos por la libertad se fue institucionalizando a
humanos ha sido un tema central en el mundo través de la ley, especialmente a través de la
desde el fin de la segunda guerra mundial. Pero juridificación de la vida cotidiana. En esta
nuevamente la historia ha demostrado cómo este perspectiva, la oposición entre estado y lo
llamado a la universalidad puede encerrar que se ha denominado sociedad civil ha ido
semillas de colonialismo. Como Rouland ha creciendo. La modernidad privilegió las
escrito: instituciones, y en este sentido, para ser
legítima, toda pretensión en pro de los
...el universalismo y los derechos derechos humanos tiene que ser hecha a
humanos no pueden servir de pretexto a la través de esas instituciones: cortes, tribunales
aplicación de la ley del más fuerte. La y comisiones de derechos humanos, normas,
colonización se ha basado notablemente en la códigos e instrumentos internacionales. Así,
necesidad de poner fin a las prácticas los derechos humanos son institucionalizados
inhumanas.43 hasta el punto de ser válidos sólo si hacen
parte de la ley positiva, y se hacen
Así como en el caso de la búsqueda de defendibles sólo en la medida en la que ello
una cultura global, el apelo al “universalismo” puede hacerse a través de las instituciones. La
significa por definición la aniquilación de todo
dicotomía se plantea entonces en términos de
“particularismo”. Pero, de nuevo, surge aquí el gobernabilidad versus gobernancia.44 Con
hecho de que algunos ideales particularistas son toda claridad, el discurso de la modernidad es
tan válidos como algunos de los considerados
un discurso a favor de la primera. El valor
universalistas, y al contrario, algunos ideales racional aquí involucrado es el de la
universales no tienen sentido en ciertos contextos confianza, y está relacionado con la idea de
particulares.
que las instituciones, mejor aún si son
Por otra parte, la idea de “igualdad”, que democráticas, representan la forma correcta
sigue siendo considerada como uno de los de hacer las cosas en nombre del bien común.
objetivos a lograr para el género humanos choca Así, el peso de las instancias
con el hecho de que tanto las sociedades como gubernamentales frente a las no
las relaciones humanas están construidas sobre la gubernamentales representa la falta de
base de la diferencia: sexual, económica, política confianza en las manifestaciones espontáneas
y culturalmente hablando. Los individuos son de organización social. En este sentido, la
diferentes entre sí y por lo tanto expresan actitud involucrada conduce a una actitud
diferentes necesidades. Aún las situaciones en la egocéntrica que intenta filtrar y reducir la
vida de un solo individuo plantean diferencias de insatisfacción de la comunidad por mor de la
acuerdo con el contexto, la edad o su condición. institucionalización.
Tópico Dicotomía Principio racional Actitud
No obstante, dentro del discurso moderno,
Fraternidad a) Humano vs. Certidumbre Antropocentrismo
“universalidad” e “igualdad” son consideradas Inhumano
como objetivos que deben ser alcanzados. En b) Unidad vs.
Pluralidad
este sentido, son asumidos como promesas
Igualdad a) Universalidad vs. Probabilidad Etnocentrismo
incumplidas y por lo tanto, el principio racional Particularidad
que les subyace es el de la “probabilidad”. Aún si b) Igualdad vs.
no son ciertos, son posibles. Así, el discurso se Diferencia

orienta hacia el “universalismo” y la “igualdad” Libertad Gubermentalidad vs.


Gobernancia
Confianza Egocentrismo

de los hombres, pero en la medida en la que el


parámetro continúa siendo el modelo occidental,
la actitud que aquí se involucra conduce al

106
Hasta este punto el análisis de estos responsabilidad para cuidar de la naturaleza y de
tópicos conduce a la conclusión de que los la ecología y para, en la medida de lo posible,
derechos humanos en su forma moderna restaurar los daños causados en el medio
representan un localismo occidental globalizado ambiente, o por lo menos, para evitar causar
destinado a reducir la pluralidad; la diferencia y daños mayores. Éste es el mundo en el que
la organización social al interior de un discurso vivimos, pero éste es también el mundo en el que
de unidad, igualdad y positividad. viven animales y plantas; en la medida en la que
ellos vivan nosotros también lo haremos.
Pero, por otro lado, esa misma lectura
permite pensar los derechos humanos en una
forma diferente. En nombre de lo anterior, se da b) Los Derechos Humanos no son
la necesidad de reconsiderar el valor tradicional
de los tópicos descritos para resignificarlos. Así, Necesariamente Universales
nuevos tópicos pueden surgir, no como una
teoría de los derechos humanos, sino como una Desde el momento en que “...todas las
guía para su puesta en práctica: culturas tienden a definir como universal los
valores que ellos consideran últimos”, 45 se da la
necesidad de abandonar la idea de que los
a) Los Derechos Humanos no son derechos humanos son una preocupación
universalmente compartida. Como Sousa Santos
Absolutos afirma, los derechos humanos son universales
sólo cuando se les mira desde un punto de vista
Lo humano no es un valor absoluto, occidental. Por el contrario, debe reconocerse la
porque no existe una forma única de definir lo validez de las perspectivas particularistas tanto
que es humano. Al contrario, lo humano tiene como estas sean válidas para una comunidad
que ser definido en una forma situacional, por determinada. Éste no es un llamado al
ejemplo, teniendo en cuenta la especificidad y la particularismo; por el contrario, es una invitación
contingencia del ser humano. De nada sirve a saber en qué punto lo universal y lo particular
hablar de lo humano en abstracto, más allá, es se interceptan. El mundo es multicultural y cada
mucho mejor comprender que un humano es una cultura tiene sus propias creencias y valores. Aún
mujer, un niño, un anciano, así como un africano al interior de muchos estados occidentales no
un indígena o un asiático. Aún más, es necesario existen culturas homogéneas, sino pueblos
situar la contingencia en el contexto de una diversos que conviven con valores y costumbres
situación porque no es lo mismo ser una mujer diferentes entre sí. Pero también es cierto que
negra y anciana en Nicaragua que un joven ninguna cultura es un sistema cerrado. La cultura
musulmán en Alemania. En esta perspectiva, se es abierta y desde esta perspectiva se dan
da la necesidad de reconocer asimismo que espacios de interculturalidad donde la
ciertos seres humanos tienen necesidades completitud puede al menos ser imaginada. Así,
específicas en momentos específicos: pobres, los espacios interculturales definen posibilidades
lisiados, prisioneros, inmigrantes, refugiados, para la contingencia y consecuentemente para
enfermos... Ello no significa reconocer la lograr una concepción más amplia de lo que los
diversidad sobre la igualdad, sino encontrar que derechos humanos pueden ser.
la unidad está definida por la diversidad y
viceversa. El punto en el que unidad y diversidad Por otra parte, ello implica un
se sobreponen marca la contingencia, esto es, el reconocimiento explícito de que los hombres no
momento en el que un huérfano Cherokee deja son iguales, pero de que, precisamente por ello,
de ser un humano para convertirse en el humano; deben ser tratados como si lo fueran. El
lo absoluto encuentra su sitio en la relatividad y reconocimiento de la diferencia permite también
en la contingencia. relativizar la ansiedad de la universalidad. Los
homosexuales, por ejemplo, no son universales,
Por otra parte, se da además la necesidad en el sentido de que también la heterosexualidad
de reconocer que lo humano no está en la cima y la bisexualidad existen, pero las preferencias
del mundo. De hecho, pueblos ancestrales habían sexuales si lo son en el sentido de que todo el
ya reconocido que los seres humanos son sólo mundo (incluidos animales) poseen una. Los
parte del mundo y que el equilibrio debe prisioneros no son universales, pero el castigo si
buscarse para lograr sobrevivir. Ello implica una lo es. Desde esta perspectiva la particularidad de

107
la diferencia tiene también su rostro universal. posibilidad de reconocer la pluralidad a través de
En consecuencia, los derechos humanos deben la diferencia y de trivializar el derecho positivo,
ser alcanzados en el momento y para las personas a partir de un activismo micro-revolucionario
que necesitan la protección de acuerdo con la capaz de organizar la lucha posmoderna por los
concepción del mundo de su propia comunidad, derecho humanos en la combinación de formas
sin importar si tal visión concuerda con un valor jurídicas estatales con otras formas de actuación
diseminado mundialmente. legal. Como Sousa Santos escribe:

c) Los Derechos Humanos son Hoy comienza a predominar un


pensamiento de emancipación concreta, un
más que su Proclamación pensamiento contextual que no rehusa el carácter
utópico de los derechos humanos, sino que exige
Finalmente, existe también una necesidad que su utopía, por más radical que sea, se
de reconocer que la declaración de los derechos, traduzca en un cotidianeidad diferente, en el
al igual que la existencia de instituciones mapa de un nuevo modo de vida más auténtico.
dedicadas a su protección, no deben ser Paralelamente, se torna cada vez más evidente
confundidos con los derechos en sí. Los derechos que la lucha contra la dominación y la
humanos no están contenidos en la Declaración explotación son eficaces en cuanto luchas contra
Universal o en los diversos documentos de las la enajenación (...) Esta emergencia de contexto
Naciones Unidas. Al máximo, tales instrumentos significa, antes que nada, una revalorización de
pueden considerarse como su representación. Los la sociología de los derechos humanos. No se
derechos humanos son lo que ellos son en la desconoce que las declaraciones de los derechos
cotidianeidad. En esta perspectiva, más que humanos tengan eficacia simbólica en sí mismas,
proclamar nuevas generaciones de derechos, se pero se exige que tal eficacia no se obtenga a
hace necesario internalizar una cultura costa de la ocultación de la discrepancia entre
respetuosa de los derechos humanos en la tales declaraciones y la vida práctica de los
sociedad, de tal forma que tales derechos se ciudadanos; se exige, en suma, que los derechos
conviertan en una construcción social que parta sean efectivamente aplicados.47
de la base y no que sea impuesta desde arriba.
Esto no quiere decir que los instrumentos Éste es un llamado a atender lo que la
internacionales no sean útiles. Lo son. Pero no sociedad es capaz de hacer, y ser conscientes de
son más que instrumentos. En todo caso, deben la medida en que una idea sacralizada de los
considerarse como una referencia y no como un derechos humanos puede constituirse en un
objetivo en sí mismos. Las instituciones son obstáculo para estos mismos. Así, la hipótesis
útiles en la medida en la que facilitan la lucha que surge aquí sugiere una nueva aproximación.
por los derechos, pero cuando éstas se tornan en
obstáculos, es necesario recurrir a otros métodos. * La presente contribución es una versión
En todo caso, es importante reconocer que los revisada de la comunicación presentada en el
derechos humanos deben ser construidos y workshop internacional “Jóvenes Sociólogos del
ejercidos de acuerdo con la Weltanshauung de Derecho”, realizado en el Instituto Internacional
cada comunidad. de Sociología Jurídica de Oñati, los días 6 y 7 de
julio de 1995; forma parte del texto Human
Siguiendo a Sousa Santos,46 a través del Rights: From Govemment to governance.
rompimiento del discurso moderno del derecho Towards a Postmodem Understanding of Justice.
en general, la oportunidad de liberar las Finnal dissertation for the Insternational
microrracionalidades contenidas en las fronteras Master’s Degree on Sociology of Law. Oñati,
del actual desorden global, puede conducirnos a Gipuzkoa: International Institute of Sociology of
su reinvención como totalidades presentes en Law, 1995.
múltiples partes, más que como partes de una
totalidad. La forma de hacerlo descansa en la

108
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NOTAS

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Resolution. New York: St. Martin Press.
14. El País, 1º de junio de 1995.
2. Rojas F. (1993) “América Latina, el Difícil
Camino de la Concertación y de la 15. Tal vez uno de los más interesantes ejemplos
Integración”. Nueva Sociedad, 125, p. 9. de este fenómeno puede observarse en la
arena política actual italiana, en relación con
3. Véase, por ejemplo, Friedman, J. (1990) el futuro monopolio de los medios de
Being in the Work: Globalización and comunicación por parte de Silvio Berlusconi
Localization, en Featherstone, M. (Ed.) y su papel como uno de los principales
Global Culture. Nationalism, Globalization defensores del neoliberalismo en ese país.
and Modernity. London: Sage Publications.
16. Sobre este punto véase Hannerz, op. cit.
4. Smith, A. (1992) “National Identify and the
17. Como es sabido, el intento de integración va
Idea of European Unity”. International
Affairs, 68 (1), pp. 55-76. desde la armonización y estandarización de
las leyes hasta la implantación de una
5. Appel, K-O. (1984) “The Situation of moneda única, y desde la eliminación de las
Humanity as an Ethical Problem”. Praxis fronteras interiores hasta la búsqueda de una
International, 4 (250). “identidad europea”.

6. Martin, J. Y Romano, A. (1992). 18. Smith (1992), op. cit.


Multinational Crime: Terrorism, Espionage,
Drugs & Arms Traffricking. London. 19. Robertson (1990), op. cit.

7. Véanse: Hannerz, U. (1991) 20. Sousa Santos (1991b) The Postmodern


Cosmopolitanism and Locals in World Transition: Law and Politics, en Sarat, A. y
Culture, en Featherstone, op .cit.; y Foster R. Kearns, Th. (Eds.) The Face of Law. U. S.:
University of Michigan Press.
(1991) Making National Cultures in the
Global Ecumene. Annaul Review of 21. Véanse, entre otros: Habermas, J. (1987) The
Anthropology, 20, pp. 233-260. Philosophical Discourse of Modernity
Twelve Lectures. Cambrige: MA:MIT Press;
8. Mennell, de la Concepción de Norbert Elías:
véase Menell, S. (1990) The Globalization Lyotard, J. F. (1988) The Postmodern
of Human Society as Very-Long Term Condition. A Report on Knowledge.
Manchester: Penguin Books; Lash, S. (1987)
Social Process: Elias Theory, en
Featherstone, op. cit. Modernity or Modernism. Weber and
Contemporary Social Theory, en Whimster,
9. Tenbruck, F. H. (1990) The Dream of a S. y Lash, S. Max Weber: Rationalism and
Secular Ecumene: The Meaning and Limits Modernity. London: Clarendon Press.
of Policies of Development, en Featherstone,
op. cit. 22. Foucault, M. (1986) “What is
Enlightment?”, en Rabinow, P (Ed.) The
10. Robertson, R. (1991) Mapping the Global Fouclault Reader. New York:
Condition, en Featherston, op. cit. Harmonsworth.

11. Robertson R. (1987) “Globalization and 23. Sousa Santos, B. (1990) Stato e Diritto nella
Societal Modernization. A note on Japan and Transizione Post-moderna. Per un Nuevo
Japanese Religion.” Sociological Analisys, Senso Comune Giuridico. Sociologia del
47, pp. 35-43. Diritto, 3, pp. 5-34.

111
24. Cohen, S. (1985) Visions of Social Control. mismo autor (1991) Governmentality en
Cambridge: Polity Press. Bruchel, G., Gordon, C. y Miller, P. (Eds.)
The Foucault Effect: Studies in
25. Abel, R. L. (1982) The Politics of Informal Gobernmmentaity. London: Harvest
Justice. The American Experience, vol. 1. Wheatsheaf.
New York:, Academic Press.
39. Cfr. Sousa Santos (1991a), op. cit.
26. Sousa Santos, B. (1990), op. cit.
40. Véase, por ejemplo, Desalay, Y. (1990) The
27. Sousa Santos, B. (1991a) Una Cartografía Big Bang and the Law: The
Simbólica de las Representaciones Sociales. Internationalization and Restructuration of
Prolegómenos a una Concepción the Legal Field, en Featherstone, op. cit.
Posmoderna del Derecho. Nueva Sociedad,
116, pp. 18-38. 41. Op. cit.

28. Apardurai, A. (1990) Disjuncture and 42. Rouland, P.N. (1993). Les Fondments
Difference in the Global Cultural Economy, Anthropologiques des Droits del’Homme.
en Featherstone, op. cit.
43. Ibid. p. 8
29. Ibid. pp. 296-297.
44. Utilizo el término en el sentido que se le ha
30. Ibid. p. 297. dado desde las denominadas “Constitutive
Theories of Law”. Véase Hunt, A. (1993)
31. Ibidem. Law as a Constitutive Mode of Regulation,
en Explorations in Law and Society:
32. Ibidem.
Towards a Constitutive Theory of Law. New
33. Ibidem. York: Rotledge.

34. Ibid. p. 299. 45. Sousa Santos, B. (1991a) Toward a


Multicultural, Counter Hegemonic
35. Ibid. p. 308. Conception of Human Rights.
Comunicación presentada en el workshop
36. Cf. Resta, E. (1990) “La Differenza Malata”. internacional “Critical Epistemologies in
Comunicación presentada en el workshop Law”, celebrado en el Instituto Internacional
sobre Sociología del Control Penal: Una de Sociología del Derecho, 2 a 5 de octubre
Visión Histórica y sus Actores Sociales. de 1994. (W19-17).
Instituto Internacional de Sociología del
Derecho. Oñati, España, Septiembre 27-28. 46. Sousa Santos, B. (1989a) Towards a
(Documentos W2-21). Postmodern Unsderstanding of Law, en
Legal Culture and Everyday life. Oñati
37. Hunt, A. (1990) “The Big Fear: Law Proceedings, 1. Oñati, España: International
Confronts Postmodernism”. MacGill Institue for the Sociology of Law.
Journal, 35 (3), pp. 507-540, p. 517.
47. Sousa Santos, B. (1989b) Os Direitos
38. Según se pueda rastrear del trabajo de Humanos na Pós-modernidade. Coimbra:
Michel Foucault. Véase, por ejemplo, el Oficina do Centro de Estudios Socials.
clásico de Foucault, M. (1957) Surveiller et
Punir. Naissance de la Prisión. París,
Gallimard; o bien un texto más reciente del

112
LOS DERECHOS ECONÓMICOS EN EL
SISTEMA* INTERAMERICANO DE PROTECCIÓN DE
LOS DERECHOS HUMANOS:
RESULTADOS Y PERSPECTIVAS*

MICHELANGELA SCALABRINO
Profesora Asociada de Derecho Internacional de la Universidad Católica de Milán, Italia.

1. En el sistema universal de los derechos internos e internacionales8 y de la explotación9


humanos, la actuación de los derechos pública y privada, a pesar, en lo que concierne a
económicos1 es tarea de diferentes órganos y América Latina, del Convenio Económico de
organismos, inclusive de los que tienen Bogotá,10 del Convenio Constitutivo del Banco
competencia espécifica para ocuparse de Interamericano de Desarrollo,11 de los arts. 19,2
determinados continentes,2 pero no recae en el 2113 y 2614 del Pacto de San José y, al menos por
ámbito de las relaciones jurídicas entre ahora, del Protocolo de San Salvador.15
individuos/peticionarios y órganos
internacionales. Recientemente, sin embargo, la Corte
Interamericana de Derechos Humanos16 se ha
En efecto, los derechos enunciados por el ocupado del tema de los derechos económicos en
Pacto de Nueva York sobre Derechos unos fallos históricos que contribuyen
Económicos, Sociales y Culturales no son indudablemente a la aplicación y al desarrollo
justiciabiles a nivel internacional3: su efectividad substancial de esos derechos en el derecho
depende, además de la voluntad política y de los internacional contemporáneo y a estas decisiones
recursos de los Estados, de los reportes se refieren las siguientes notas.
periódicos que éstos elaboran, de las ayudas
internacionales, y de la cooperación recíproca 2. Con prioridad no sólo en orden de tiempo,
entre NU y países miembros. El cuadro sino también por tratarse del derecho más
normativo del Convenio de Estrasburgo tiene las importante del ser humano, la Corte ha
mismas características,4 con excepción de lo considerado el derecho a la vida desde la
dispuesto por el art. 1 del Protocolo I. perspectiva de las condiciones mínimas de vida,
o sea del derecho a un trabajo digno,17 a una
Sin embargo, en Europa, donde desde vivienda decente18, a una suficiente cantidad de
hace decenios se ha realizado una Comunidad alimentos,19 a un vestuario adecuado,20 a una
Económica, se ha llegado por evolución a una mínima tutela de la salud21 y a una instrucción o
Unión de Estados, cuyos efectos son evidentes, formación profesional básica,22 que permitan a
inclusive en lo que se refiere a la eficacia y todos consiguir un trabajo decoroso y
efectividad de los actos jurídicos y, por ende, a decorosamente retribuido.
su justiciabilité. Al contrario, los esfuerzos de
África y América Latina de construir al menos Los más importante es que todo esto la
un mercado común5 no han echado grandes Corte lo ha expresado en un caso que se refería a
resultados, ni siquiera desde el punto de vista los “niños de la calle”,23 o sea a la categoría de
estrictamente económico. personas más vulnerables entre todos los
desposeídos de América Latina, siendo estos
Una de las consecuencias dramáticas de la niños no sólo víctimas per se y “por
situación de que arriba hablamos, y de las cuales antonomasia” de la conducta negligente de su
somos todos testigos, es que multitudes de propio Estado, sino también de la indiferencia de
personas desposeídas6 viven en condiciones de la sociedad, de la arrogancia de la policía,24 y
pobreza extrema,7 siendo objeto de abusos

113
cuando no, de verdaderas operaciones de éstas tuviera “un cualquier sentido”;45 que
“limpieza social”.25 mantiene vigentes las normas jurídicas contrarias
a las del derecho internacional retificado; que no
Debido a problemas familiares26 y de otra destina ningún presupuesto a los “niños de la
27
índole, los “niños de la calle” no tienen calle” y que, más bien, oculta sistemáticamente
“hogar”,28 viven errando en las calles, indicios y pruebas de los actos delictivos
agrupándose con otros niños que se encuentran cumplidos contra estos últimos por parte de sus
en su misma situación o sino formando propios órganos.46
frecuentemente bandas,29 y cometiendo de vez en
cuando crímenes de modesta entidad “Cuando los Estados violan, en esos
(especialmente robos)30 para obviar al hambre y términos, los derechos de los niños en situación
al frío.31 Privados de cualquier instrucción,32 sólo de riesgo, como los ‘niños de la calle’, los hacen
pueden encontrar trabajos precarios y víctimas de una doble agresión. En primer lugar,
ocasionales,33 y por lo tanto quedan prisionieros los Estados no evitan que sean lanzados a la
en el callejón sin salida donde fueron miseria, privándolos así de unas mínimas
abandonados. condiciones de vida digna... En segundo lugar,
atentan contra su integridad física, psíquica y
Las políticas nacionales anti-crimen y la moral, y hasta contra su propia vida.”47
actitud psico-social generalizada34 manejan de
manera opuesta el problema de los “niños de la En este caso “verdaderamente
calle”, ambas negando de todos modos35 el paradigmático, en la medida en que retrata una
espectro viviente de los problemas que situación real del cotidiano de América
gobernantes,36 instituciones37 y autoridades en Latina”,48 la Corte ha fijado entonces un criterio
general no han logrado resolver.38 económico-jurídico básico: vivir no es vivir, si
no se vive al menos dignamente.49
Sin embargo, desde el punto de vista
estrictamente técnico-jurídico, el homicidio Como consecuencia ineludible, la Corte
colectivo de los cinco jóvenes de Guatemala City IDH otorgó a todas las víctimas una suma
habría podido ser evaluado por la Comisión y la considerable50 a título de reparación de los daños
Corte IDH bajo la óptica de la violación del art. 4 morales51 y, “si bien en su sentencia de fondo no
de la Convención Interamericana39 y de sus decidió que el Estado había violado el art. 2 de la
normas “satellites”,40 como se había ya hecho en Convención,52 pues es cierto que ésta es una
otros casos. Pero no fue así. obligación que el Estado debe cumplir por el
mero hecho de haber ratificado dicho
Como tuve la oportunidad de señalar,41 la instrumento legal, considera que Guatemala debe
Corte tomó en consideración el derecho a la vida implementar en su derecho interno, de acuerdo al
esencialmente como expresión de los derechos citado art. 2 de la Convención, las medidas
económicos,42 siendo estos presupuestos legislativas, administrativas y de cualquier otra
irrenunciables y al mismo tiempo sustancia de índole53 que sean necesarias…, para prevenir que
aquél. “En esencia”, afirma la Corte IDH, “el se den en el futuro hechos como los
derecho fundamental a la vida comprende no examinados”54.
sólo el derecho de todo ser humano de no ser
privado de la vida arbitrariamente, sino también A diferencia de los fallos de la Corte
el derecho a que no se le impida el acceso a las Europea de DDHH, los de la Corte IADH, como
condiciones que le garanticen una existencia se sabe, tienen eficacia de título ejecutivo en los
digna. Los Estados tienen la obligación de ordenamientos de los Estados miembros55 en lo
garantizar la creación de las condiciones que se que se refiere a las sumas resarcitorias, pero
requieren para que no se produzcan violaciones también se conoce por experiencia la reticencia
de ese derecho básico.”43 de estos Estados cuando llega el momento56 de
cumplir con las decisiones sobre las
Fundándose en el concepto de “obligación reparaciones, aunque sea sólo respecto al pago
positiva”,44 la Corte constata entonces que el de las indemnizaciones.57
Estado demandado, además de no haber
cumplido con la obligación fundamental de Guatemala no hace excepción a la regla,
salvaguardar la existencia física de las víctimas, pero tuvo la inteligencia de entender que a la
tampoco había hecho nada para que la vida de decisión sobre sus “niños de la calle” no podía

114
escapar: el 21 de diciembre de 2001,58 el ámbito de los mecanismos aplicativos de las
quantum dispuesto por la Corte fue entregado a normas jurídicas.67
los supérstites.59
En los fallos68 de la Corte IADH, la
La sentencia prevee además, a cargo del víctima, y no el responsable, es el verdadero eje
Estado, unas obligaciones de hacer de altísimo del juicio69: de esta manera, el derecho
valor moral,60 disponiendo la construcción de internacional experimenta una verdadera
una escuela especialmente destinada a los “niños “revolución copernicana”, en la que se evidencia
de la calle”, dedicada a la memoria de aquellos no sólo la diferente modalidad en que la Corte
que fueron asesinados;61 la exhumación de los IDH procede respecto a su homóloga europea,70
restos de una de las víctimas, Henry Giovanni sino también los resultados que se pueden
Contreras, para que reciban sepultura digna obtener gracias a la autonomía conceptual de los
según los deseos de su madre62 y, sobre todo, derechos humanos71 respecto a otras áreas del
comprometiendo al Parlamento para que adopte mismo derecho internacional.
normas jurídicas y destine recursos adecuados
para ir resolviendo el problema de la infancia sin Por esto el Presidente de la Corte IADH,
hogar y empezar a dar soluciones para evitarlo quien apoya e impulsa este cambio de
en el futuro. perspectiva,72 afirma: “el presente caso de los
“niños de la calle” fue sometido al conocimiento
Por supuesto, ambos compromisos no se de la Corte Interamericana […], pero los hechos
realizarán sin obstáculos y en el inmediato: la denunciados forman no más que un microcosmo
decisión de la Corte es de todos modos de la brutalidad imperante en el cotidiano de las
histórica63 y a ella se podrán apelar con certeza64 calles de América Latina y, ¿por qué no
los demás que se reconocerán en ella. admitirlo? – de las calles de todo el mundo de
nuestros días”73, agregando además “que, aunque
Una pregunta surge entonces los responsables por el orden establecido no se
espontáneamente: ¿cómo va a reaccionar en el den cuenta, el sufrimiento de los excluídos se
futuro el sistema jurídico latinoamericano de los proyecta ineluctablemente sobre todo el cuerpo
derechos humanos, otra vez que la vida de un social. La suprema injusticia del estado de
peticionario se desarrolle en las mismas pobreza infligido a los desafortunados contamina
condiciones económicas y sociales en que se a todo el medio social.”74
encuentran los “niños de la calle”?
El mensaje de la Corte es fuerte y claro:
No obstante el art. 26 de la Convención, un sistema de derechos humanos debe tutelar al
el Protocolo de San Salvador y el hecho que la individuo en su totalidad; por eso, no sólo existe
Corte IDH suele aplicar todos los instrumentos interrelación, sino también indivisibilidad75 entre
internacionales pertinentes del sistema universal, derechos fundamentales; es más, los derechos
no es fácil responder abstractamente a este económicos pueden tener “supremacía
interogativo. funcional” respecto de los derechos
fundamentales de libertad76, pues la aplicación de
Desde el punto de vista procesal, y para las normas sobre derechos humanos deben
que se garantice el respeto de la competencia considerar el “verdadero sufrimiento humano”77.
ratione materiae,65 es posible que no pueda
prescindirse de un “elemento de mediación”, o Y de esta forma vemos que, mientras los
sea de la violación de una de las demás normas Jefes de Estado y de Gobierno, en cada uno de
de la Convención, sobre todo porque ya la Corte los numerosos vértices que organizan, reafirman,
ha demonstrado de no alejarse de la aplicación declaran78, costituyen comisiones y comités,
rigurosa de los criterios que regulan su mandan que se reflexione y se estudie, por otro
jurisdicción.66 lado un consejo de solamente siete jueces logró
acortar las distancias entre diferentes
Aún así, la “lectura” del derecho a la vida instrumentos internacionales y diferentes
como derecho a las condiciones mínimas de vida
categorías jurídicas, buscando colmar el abismo
digna es mucho más que la interpretación y que aún separa las garantías formales de las
aplicación extensiva de una Convención, en sustanciales, conscientes de que lo económico
búsqueda de su “espíritu”, o, en otras palabras,
puede tener prioridad funcional sobre el mismo
de una “lectura” que se ubica únicamente en el

115
derecho, pasando legítimamente a formar parte sea viable socialmente”, o sea “que estas
ahora de lo jurídico. operaciones, aunque sean técnicamente exitosas
y económicamente viables, no atenten contra
3. Lo económico79 ocupa también un lugar derechos que puedan tener las comunidades que
preponderante en otra decisión de la Corte. Se habitan en estos bosques.”95
trata de la Sentencia serie C, n. 79, del 31 de
agosto de 200180, sobre el fondo y las La Corte afirma en primer lugar96 que es
reparaciones, en el caso Comunidad Mayagna necesario hacer inmediatamente efectivos los
(Sumo) Awas Tingni vs. Nicaragua81. derechos de los peticionarios, por lo que decide
que “el Estado debe adoptar en su derecho
Aquellos que poseen alguna familiaridad interno, de conformidad con el art. 2 de la
con el problema de las “minorías” en el derecho Convención Americana, las medidas legislativas,
internacional de los derechos humanos bien administrativas y de cualquier otro carácter que
saben que este tema tiene una importancia muy sean necesarias para crear un mecanismo
grande en Latinoamérica, pues las comunidades efectivo de delimitación, demarcación y
indígenas82, en aquel hemisferio, no son titulación de la propiedad de los miembros de la
minorías, sino etnias originarias o “madres” (si Comunidad Mayagna Awas Tingni.”
licet el término), y frecuentemente representan,
en realidad, la mayoría de la población de los En la óptica de la Corte, la existencia de
Estados83. un procedimiento interno ad hoc se pone como
estrechamente funcional al art. 21 de la
En Nicaragua84, como en otros países con Convención, que afirma el derecho al goce de los
habitantes autóctonos, los derechos de las bienes.
poblaciones indígenas son formalmente
declarados por la Constitución85, donde se A pesar de la formulación literal de la
proclama la tutela personal86 y patrimonial de los norma97 en efecto, “[pues] los términos de un
indígenas, y el respeto de su credo religioso y de tratado internacional de derechos humanos tienen
sus cultos, de su cultura y de sus tradiciones87. sentido autónomo, por lo que no pueden ser
equiparados al sentido que se les atribuye en el
Pese al dictado de la Carta y a una derecho interno, puesto que además, los tratados
decisión en este sentido por parte de la Corte de derechos humanos son instrumentos vivos,
Costutucional88, el Estado nicaragüense había cuya interpretación tiene que adecuarse a la
negado la demarcación y el reconocimiento de la evolución de los tiempos y, en particular, a las
propriedad89 de las tierras90 donde vive la condiciones de vida actuales, […] mediante una
Comunidad Awas Tingni. Por el contrario, le interpretación evolutiva de los instrumentos
había otorgado a una sociedad anónima internacionales de protección de derechos
extranjera91 denominada “Solcarsa” (Sol del humanos, [y] tomando en cuenta las normas de
Caribe S. A.), una concesión trentenal para la interpretación aplicables”, agrega la Corte en
explotación forestal de 68.00092 ha de las tierras forma sintética; “[se] considera que el art. 21 de
ocupadas por la Comunidad. Nótese per incidens la Convención tutela el derecho a la propiedad98
que “Solcarsa” había sido ya sancionada93 por en un sentido que comprende, entre otros, los
haber realizado cortes ilegales de árboles y por derechos de los miembros de las comunidades
haber ejecutado obras sin permiso ambiental.94 indígenas en el marco de la propiedad
comunal”99.
“Para conservar los recursos a través de la
actividad forestal, es necesario que ocurran tres Y como breve explicación de esta
cosas. Primero, que la operación forestal sea afirmación, añade: “por el hecho de su propia
técnicamente sustentable, es decir, que la existencia, los indígenas tienen derecho a vivir
explotación no exceda la capacidad que tiene el libremente en sus propios territorios; la estrecha
bosque de regenerarse naturalmente. Segundo, relación que los indígenas mantienen con la
que existan los elementos para que la operación tierra debe de ser reconocida y comprendida
sea económicamente rentable, es decir, viable como la base fundamental de su supervivencia
económicamente. Tercero, específicamente para económica”100.
el caso de los bosques en América Latina donde
hay una gran cantidad de poblaciones rurales que Además, “para las comunidades
viven alrededor de éstos, es indispensable que indígenas, la relación con la tierra no es

116
meramente una cuestión de posesión y Estos datos constituyen elementos útiles – más
producción, sino un elemento material y todavía, indispensables – para la interpretación107
espiritual del que deben gozar plenamente, de las normas convencionales que debe aplicar la
inclusive para preservar su legado cultural y Corte.”
transmitirlo a las generaciones futuras… El
derecho consuetudinario de los pueblos Frente al texto del art. 21 del Pacto de San
indígenas debe ser tenido especialmente en José reconstruido en su génesis histórica, se
cuenta, para los efectos de que se trata. Como reconoce, entonces, que “no existe sólo un
producto de la costumbre, la posesión de la tierra modelo de uso y goce de bienes: cada pueblo,
debería bastar para que las comunidades conforme a su cultura, intereses, aspiraciones,
indígenas que carezcan de un título real sobre la costumbres, características y creencias”, puede
propiedad de la tierra obtengan el tener legítimamente una propia “versión del uso
reconocimiento oficial de dicha propiedad y el y goce de los bienes”,108 con un significado
consiguiente registro.”101 histórico-social específico.109

En esta ocasión también,102 para la Este parámetro ha que ser aplicado


aplicación del derecho consuetudinario “local” también a la luz del sistema jurídico en el cual
pareció oportuna una “justificación normativa”, las normas internacionales son destinadas a
que la Corte ha encontrado fácilmente en el art. 5 operar.110
de la Constitución nicaragüense103 y en el art. 29
Procediendo en esta manera, “la sentencia
letra b de la Convención,104 pero las conclusiones
son total y manifestamente autónomas y nuevas. en el caso de la Comunidad Mayagna (Sumo)
Awas Tingni contribuye al reconocimiento de
“En atención a lo anterior”, afirma en unas relaciones jurídicas específicas, que
efecto la Corte, “a la luz del art. 21 de la concurren a integrar el estatuto característico de
Convención, el Estado ha violado el derecho al una buena parte de los habitantes de América.”
uso y el goce de los bienes de los miembros de la
Comunidad Mayagna Awas Tingni, toda vez que Y de acuerdo a estas consideraciones, la
no ha delimitado y demarcado su propiedad Corte decide que el Estado demandado “deberá
delimitar, demarcar y titular las tierras que
comunal, y que ha otorgado concesiones a
terceros para la explotación de bienes y recursos corresponden a los miembros de la Comunidad
ubicados en un área que puede llegar a Mayagna (Sumo) Awas Tingni y abstenerse de
realizar, hasta tanto no se efectúe esa
corresponder, total o parcialmente, a los terrenos
sobre los que deberá recaer la delimitación, delimitación, demarcación y titulación, actos que
demarcación y titulación correspondientes.” puedan llevar a que los agentes del propio
Estado, o terceros que actúen con su
Y en su Voto Razonado concurrente, el aquiescencia o su tolerancia, afecten la
Juez García Ramírez expresa con más existencia, el valor, el uso o el goce de los bienes
detalles105 el iter jurídico de esta conclusión: ubicados en la zona geográfica donde habitan y
“diversos instrumentos internacionales realizan sus actividades los miembros de la
concernientes a la vida, cultura y derechos de los Comunidad Mayagna (Sumo) Awas Tingni”111.
indígenas invocan el reconocimiento explícito de
En lo que respecta a la indemnización por
sus instituciones jurídicas y, entre ellas, de las
formas de propiedad que han prevalecido y daños morales, “por siete votos contra uno”, y
prevalecen entre aquéllos106. De la revisión de conforme a un precediente,112 “la Corte decide,
estos textos se desprenden la legitimidad que por equidad, que el Estado debe invertir, por
tienen y el respeto que merecen esos sistemas de concepto de reparación del daño inmaterial, en el
plazo de 12 meses, la suma total de cincuenta mil
tenencia de la tierra, así como la necesidad que
existe, en tal virtud, de proveer a su dólares de los Estados Unidos de América en
reconocimiento y defensa. El ámbito de los obras o servicios de interés colectivo en
beneficio de la Comunidad Mayagna (Sumo)
derechos individuales de los indígenas y
colectivos de sus pueblos se integra, por ende, Awas Tingni, de común acuerdo con ésta y bajo
con las estipulaciones de los instrumentos la supervisión de la Comisión IADH.”113
generales sobre derechos humanos, aplicables a El Voto Razonado conjunto del
todas las personas, ilustradas con los datos que Presidente y de los Jueces Pacheco Gómez y
constan en esos otros catálogos específicos...

117
Abreu Burelli, aunque en forma fugaz, va más Paralelamente a lo que sucede en Europa,
lejos, y señala la meta que la Corte podría también en el Continente Latinoamericano “los
alcanzar en un futuro no muy lejano. “El Estados de recepción están forzados a reconciliar
concepto comunal de la tierra – inclusive como dos principios fundamentales pero contrapuestos:
lugar espiritual – y sus recursos naturales”, por un lado, su derecho a regular la entrada de
escriben los Jueces, “forman parte del derecho personas a su territorio de acuerdo a sus
consuetudinario de la Comunidad; su vinculación necesidades,125 en otras palabras, de ejercer su
con el territorio integra su vida cotidiana, y el soberanía; y por otro, respetar la dignidad
propio derecho a la propiedad comunal posee intrínseca y el derecho de millones de seres
una dimensión cultural. En suma, el habitat humanos que emigran de sus países en busca de
forma parte integrante de su cultura, transmitida mejores condiciones de vida para ellos y sus
de generación en generación.”114 “Consideramos familias.”126
per lo tanto necesario”, añaden, “ampliar este
elemento conceptual con un énfasis en la Cuando en este “diálogo antinómico”
dimensión intertemporal de lo que nos parece prevalece la concepción ilimitada de la
caracterizar la relación de los indígenas de la soberanía,127 los procedimientos de expulsión de
Comunidad con sus tierras. Sin el uso y goce masa,128 ejecutados en forma coactiva y hasta sin
efectivos de estas últimas, ellos estarían privados escrúpulos,129 pueden transformarse en una regla,
de practicar, conservar y revitalizar sus al igual que las medidas restrictivas de la libertad
costumbres culturales, que dan sentido a su de circulación interna.
propia existencia, tanto individual como
comunitaria. El sentimiento que se desprende es Es entonces cuando los protagonistas de
en el sentido de que, así como la tierra que los flujos migratorios se ven penalizados
ocupan les pertenece, a su vez ellos pertenecen a doblemente, encontrándose acorralados por
eventos y decisiones que los ignoran totalmente;
su tierra. Tienen, pues, el derecho de preservar
sus manifestaciones culturales pasadas y ellos representan números, no personas, en un
presentes, y el de poder desarrollarlas en el evidente contraste con cualquier disposición
sobre los derechos humanos130: ni más ni menos
futuro.”5
que despojados131 de sus raíces. Este fue el caso
Los derechos económicos, como ya en el de la expulsión de los refugiados haitianos por
caso Villagrán Morales y otros, sirven para parte de la República Dominicana, a cuyo
preservar el derecho fundamental a la vida, territorio habían entrado, y de los desplazados al
entendiéndolo además como derecho de los interno del territorio colombiano a consecuencia
núcleos étnico-sociales a vivir según las propias del conflicto armado.
especificidades.
Aunque “la normativa internacional de
En nuestro mundo contemporáneo, donde protección atinente a los derechos humanos sigue
existe una pluralidad de sociedades multiétnicas siendo insuficiente,132 ante la falta de acuerdo en
y multiculturales, “la atención debida a la cuanto a las bases de una verdadera cooperación
diversidad cultural nos parece que constituye un referente a la protección de todos los
requisito esencial para asegurar la eficacia de las desarraigados,133 el descompás que aún persiste
normas de protección de los derechos humanos, entre las demandas de protección en un mundo
en los planos nacional e internacional.”116 “globalizado” y los medios de protección en un
mundo “atomizado”134 no alcanza a las
Lo económico toma entonces una consecuencias que la República Dominicana
dimensión aún más amplia, transformándose en formuló en sus conclusiones, sino más bien, todo
presupuesto y contenido de derechos colectivos, lo contrario.
y entra finalmente en el derecho de las relaciones
entre los Estados.117 Si cada Estado revindica únicamente para
sí mismo cada posible manifestación de la
4. En este contexto, esto había sido ya potestad decisional, entonces deberá responder
evocado en dos casos118 en que conflictos por las consecuencias.135
armados,119 persecuciones políticas120 y
pobreza121
habían provocado amplios flujos Nuevamente la Corte IDH se interpone
migratorios122 internos123 e internacionales.124 ejemplarmente en favor de los más débiles,
ordenando a la República Dominicana que

118
permita antes que nada la reunificación familiar económicos, que no son menos graves de las
de los padres expulsados con los hijos menores primeras, como lo demuestran las decisiones que
que quedaron en el país136: padres e hijos tienen fueron consideradas en esta sede, y para éstas
el derecho de vivir juntos y estos últimos no también vale el principio que el
podrían proveer por sí mismos a la propia reestablecimiento “de la justicia ayuda a
existencia. Ordena además que el Estado cicatrizar… las heridas más profundas.”147
garantice que no serán expulsadas las personas
ya identificadas,137 y con respecto a las no El hecho de que haya sido Latinoamérica
identificadas,138 que el gobierno entregue pronto donde se han tomado las primeras decisiones
y debidamente las informaciones que le fueran referidas a los derechos económicos básicos148, y
requeridas1.39, con la advertencia que la Corte que éstos hayan sido aplicados equiparándolos
IDH podrá adoptar nuevas medidas cautelares, directa o en forma mediata a los derechos
toda vez que se presenten las condiciones humanos tradicionales, no es ciertamente una
procesales ad hoc. casualidad. La situación de dramática pobreza en
que se encuentra la mayoría de la población del
Además, “es necesario que las personas Continente ha hecho posible que a nivel técnico-
puedan seguir viviendo en su residencia habitual jurídico se verificara un vuelco del eje
y que el Estado brinde las condiciones necesarias tradicional, y que se afirmara la improrrogable
para que las que se hayan visto forzadas a necesidad de un concepto “mínimo” de lo
desplazarse regresen a sus hogares”140. económico, para darle efectiva aplicación y
contenido a los otros derechos fundamentales,
En este contexto, las medidas cautelares que de esta forma resultan fortalecidos.
ofrecen posibilidades de protección muy
vastas141, que van más allá de la “simple” A este resultado pragmático llegó la Corte
garantía de protección de la vida142: es Interamericana a través de una lectura técnica
justamente esta jurisprudencia que demuestra la profundamente innovativa de la Convención149 y
capacidad de tutela de las medidas cautelares de los demás instrumentos del derecho
urgentes, cuyo mecanismo tuvo que ver, por internacional de los Derechos Humanos,
primera vez, no sólo con la prohibición de las demostrando así que el sistema interamericano
expulsiones, sino también con el regreso tiene una potencialidad, que aún no ha sido
inmediato de los peticionarios a su propio suficientemente valorada por los comentadores
Estado143 o a su región, a la reunificación de la europeos.
familia y a la protección de los menores.144
En tal contexto, la entrada en vigor del
Mientras en las Resoluciones Protocolo de San Salvador no parece que pueda
concernientes a la República Dominicana, la autorizar, por sí misma, resultados más amplios
Corte había considerado, del mismo modo que su de los que ya se alcanzaron, pues peticiones ultra
homóloga europea, que no podía decidir respecto vires ratione materiae suscitarán indudablemente
a sujetos indeterminados, a falta de actio excepciones preliminares por parte de los
popularis en la Convención, la Resolución del 24 Estados.
noviembre de 2000 sobre el caso de Colombia
supera fácilmente este límite en el nombre de una A través del art. 26 de la Convención, el
función general de la protección de urgencia.145 Protocolo de San Salvador podrá aún valer al
menos como fuente integrativa para una
5. “En este inicio del siglo XXI, como lo interpretación “auténtica” de ésta, resultando así
revelan las recurrentes violaciones de derechos una ampliación del ámbito de aplicación del art.
humanos con extremos de crueldad, el ser 29 letra a del Pacto de San José.
humano de la era digital y de los flujos de
capitales volátiles, al igual que sus predecesores El efectivo rol que la Convención
de las sociedades más primitivas, continúa capaz Americana de Derechos Humanos podrá jugar
de victimizar a sus semejantes en escala dependerá más bien de la aplicación, por parte de
creciente.”146 los peticionarios, de los nuevos Reglamentos150.

A las violaciones “habituales” de los Con razonable certeza, puede preveerse


derechos humanos, se suman, en forma cada vez que la posibilidad del peticionario de participar
más frecuentes las violaciones de los derechos en la tramitación de su caso ante la Corte y,

119
posteriormente, de presentar autónomamente su * Para un análisis crítico de la expresión “sistema
defensa, significará una ampliación importante interamericano”, véase A. A. CANÇADO
del espectro de acción de la Corte, y ciertamente TRINDADE, Reflexiones sobre el Futuro del
es en esta clave que deberán ser leídas las Sistema Interamericano de Protección de los
sentencias futuras. Derechos Humanos, en El Futuro del Sistema
Interamericano de Protección de los Derechos
De una cosa se puede ya estar cierto, y es Humanos”, J. Méndez y F. Cox editores.
que aquella afirmación desconsolada y México: IIDH, San José, 1998, pp. 573-603 y en
realista,151 que Francisco de Vitoria citó de particular pp. 574-576.
Horacio152 y puso como cierre a su obra “de
Indis”,153 no quedará indiferente a la Corte
Interamericano de Derechos Humanos.

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Boston Univ. Int'l L.J Boston University International Law Journal – Boston
University School of Law – Boston, MA

Buff. Envir.L.J Buffalo Environmental Law Journal – University at Buffalo


School of Law – Buffalo, NY

Buff. J.Pub. Int’s Law Buffalo Journal of Public Interests Law – Center for Public
Interests Law – State University of New York at Buffalo
Faculty of Law and Jurisprudence – Buffalo, NY

CEJIL Gaceta Gaceta del Centro por la Justícia y el Derecho Internacional


– Washington DC

Colorado Journal of Int'l Envt'l Law and Policy Colorado Journal of International and Environmental Law and
Policy – University of Colorado School Law – Boulder, CO

Columbia HR L. Rev Columbia Human Right Law Review – Columbia


University School of Law – New York, NY

Connecticut J. Int'l L. Connecticut Journal of International Law – University of


Connecticut School of Law – Hartford, CNN

European Journal of Migration and Law Kluwer

Fordham Int'l L.J. Fordham University International Law Journal – Fordham


University School of Law – New York, NY

Georgia J. Int'l and Comp. L. Georgia Journal of International and Comparative Law –
University of Georgia School of Law – Athens,GA

Georgetown Immigr. L .J. Georgetown Immigration Law Journal – Georgetown


University Law Center – Washington DC

Hamline J. Pub. L.Policy Hamline Journal of Public Law and Policy – Hamline
University School of Law – St.Paul, MINN

Harv. HR. J. Harvard Human Rights Journal – Harvard University Law


School – Cambridge, MA

HR Brief Human Rights Brief – Washington College of Law –


Washington DC

127
HRQ Human Rights Quarterly – Urban Morgan Institute for
Human Rights – Johns Hopkins University Press –
Baltimore, MD

International Children's Rights Monitor Kluwer

Int.J.of Law, Policy and Family Oxford University Press

International Journal of Refugee Law Oxford University Press

IPS World News Inter Press Service World News

Journal of International Affairs Columbia University School of International and Public


Affairs – New York, NY

Minnesota J. Global Trade Minnesota Journal of Global Trade – Minnesota Journal of


Global Trade, Inc., 220 Law Center, Minneapolis, MINN

North Car.J.Int’l L. Comm.Reg. North Carolina Journal of International Law and


Commercial Regulation – The Citadel School of Law –
Notre Dame, IN

NQHR Netherland Quartely of Human Rights – Utrecht

N.Y.U. J. Int'l L. and Pol. New York University Journal of International Law and Politics
– New York University School of Law – New York, NY

Revista IIDH Revista del Instituto Interamericano de Derechos Humanos

SIM Specials Netherland Institute of Human Rights – Utrecht

SIM Yearbook Netherland Institute of Human Rights – Utrecht

SMULR Southern Methodist University Law Review – Southern


Methodist School of Law – Dallas, TX

St.Thomas L.R. Saint Thomas Law Review – Saint Thomas University –


Miami, FLA

Themis Revista de Derecho – Pontificia Universidad Católica del


Perú – Lima

Temple Int'l and Comp. L.J. Temple International and Comparative Law Journal – 1719
North Broad Street, Philadelphia, PENN

U. Mich. J.L. Ref. University of Michigan Journal of Law Reform –


University of Michigan Law School – Ann Arbor, MI

Univ. Miami Inter-Am.L. Rev. University of Miami Inter American Law Review -
University of Miami School of Law – Coral Gables, FLA

Yale Hum. Rts. Dev. L.J. Yale University Human Rights and Development Law
Journal -Yale Law School – New Haven, CT

128
NOTAS

1. Me refiero aquí solamente a los derechos (derecho a un salario adecuado y prohibición


stricto sensu económicos y no a los sociales, de discriminación salarial); 8 (derecho de
en el sentido y a los efectos de la nota 3. Por asociación sindical); 10 (3) (prohibición de
lo tanto, la Sentencia de la Corte IDH Serie discriminación y de trabajo peligroso para
C n. 72, de 2 febrero de 2001, en el caso los niños); 13 (2a) (instrucción primaria
Baena Ricardo y otros (270 trabajadores) vs. obligatoria y gratuita); 13 (3) y (4) (libertad
Panamá en la cual, fundándose en el de escuela privada) y 15 (3) (libertad de
principio jura novit curia y en el de la investigación científica). En la vasta
integración recíproca de los tratados literatura relativa a la justiciabilité de las
internacionales, la Corte afirma la libertad normas “universales” sobre los derechos
de constituir sindicatos de acuerdo con el económicos, sociales y culturales, véase, por
art. 26 del Pacto de San José (derecho de ejemplo, y por último, S. LECKIE,
asociación), no forma parte del presente Violations of Economic, Social and Cultural
estudio. Para un breve comentario de esa Rights, SIM Specials, 20, 1998, capítulo 3,
decisión y de los fallos sobre los “niños de la pp.32-86 y A. SACHS, Social and Economic
calle”, véase C.URQUILLA BONILLA, Los Rights: Can They Be Made Justiciable?,
Derechos Ecónomicos, Sociales y Culturales SMULR, 2000, pp.1381-1391.
en el Contexto de la Reforma al Sistema
Interamericano de Protección de los 4. Para los derechos económicos, rige en efecto
Derechos Humanos, Revista IIDH, 2000, sólo la Carta Social Europea revisada,
30-31, pp. 259-281, y en particular pp. 277- adoptada el 5 de marzo de 1996 y entrada en
278. vigor el 1 de julio de 1999, y el sistema de
reclamos colectivos (Cuarta Parte, art. D y
2. En lo que se refiere al Continente Protocolo Adicional de 9 de noviembre de
Latinoamericano, se trata de la CEPAL – 1995) al Comité Europeo de los Derechos
Comisión Ecónomica de NU para América Económicos, y eventualmente al Comité de
Latina y el Caribe. Ministros.

3. Aún si la Observación General n. 9 (1998) 5. Se trata respectivamente, en lo que


de ECOSOC (Doc.E/1999/22 de fecha 31 de concierne al Continente Latinoamericano,
mayo de 1999, Annexo IV) afirma que “en del MERCOSUR (Mercado Común del Sur)
el momento de su redacción, se rechazaron constituido por el Tratado de Asunción,
con firmeza los intentos de incluir en el adoptado el 26 de marzo de 1991 por
Pacto una disposición específica en el Argentina, Brasil, Paraguay y Uruguay
sentido de que no tenía aplicación (Bolivia y Chile participan sólo como
inmediata.” Después de haber subrayado miembros asociados) y, en lo que concierne
(ibíd.) que “es especialmente importante a África, de la Comunidad Económica
evitar cualquier suposición a priori de que Africana (African Economic Community-
las normas del Pacto no deben considerarse AEC), instituida por el Tratado de Abuja,
de aplicación inmediata, [pues] de hecho, firmado el 3 de junio de 1991 y entrado en
muchas de ellas están redactadas en unos vigor el 12 de mayo de 1994. Respecto al
términos que son, por lo menos, tan claros y primero, véase J. ZARAGOZÁ AMIEL, El
concretos como los de otros tratados sobre Mercado Común del Sur (Mercosur):
derechos humanos, cuyas disposiciones apuntes sobre sus objetivos, estructura,
consideran generalmente los tribunales de desarrollo y perspectivas, Themis, 1997, pp.
aplicación inmediata”, la Observación 221-242. Sobre la segunda, véase el
General indica (punto 10) cuáles son las Documento CM/Dec.607 (LXXIV),
normas del Pacto de Nueva York que redactado por el Comité de Ministros de la
pueden y deben ser consideradas OUA en su última reunión de Lusaka, en
inmediatamente aplicables, y las identifica julio de 2001, y la Declaración 2001 del
en los arts. 3 (prohibición de discriminación Consejo de la Comunidad Económica
contra mujeres y niños); 7 (a) letra i) Africana, en que esto “2. reiterates its

129
request to the Member States which have not (Adolfo René y Luis Pacheco Del Cid),
yet done so, to ratify or accede to the Treaty 10.921 (Nicolás Matoj y otros), y el Informe
establishing the African Economic n. 79/01-10.10.2001 – en el caso 12.101
Community as expeditiously as possible; 3. (Marco Antonio Molina Theissen), todos
requests Member States, the General respecto de Guatemala.
Secretariat and the Regional Economic En cuanto a la doctrina, véase por último J.
Communities (RECs) to effectively BOL, Using International Law to Fight
implement all Community Decisions and Child Labor: A Case Study of Guatemala
Regulations […].” Según informaciones and the Inter-American System, Am.Univ.
encontradas en el web cuando estas notas ya Int’l L. Rev., 1998, p. 1135 y sig.; CASA
habían sido redactadas, el Tratado de Lomé, ALIANZA, Percepciones de la Vida
fechado 11 de julio de 2000 y entrado en Cotidiana de Niños, Niñas y Jóvenes en
vigor el 26 de mayo de 2001, con el cual se Guatemala, enero de 2002; G.
ha instituido la Unión Africana, ha sido ya CERQUEIRA FILHO y G. NEDER, Law,
ratificado por 47 de los 53 Estados Family and Policies for Street Children in
miembros de la OUA. La Unión Africana Brazil, Int. J. of Law, Policy and Family,
será oficialmente instituida en Durban, 1998, pp. 279-287; M.CONNOLLY, Adrift
África del Sur, en julio de 2002, in the City: A Comparative Study of Street
sustituyendo la OUA. Pero el comunicado Children in Bogota, Colombia, and
de prensa n. 93/2002, “Eminent Persons Guatemala City, en Homeless Children: The
Advisory Panel on the Transition to the Watchers and the Waiters, N. Boxill ed.,
African Union Sees Need for the Extension The Haworth Press, New York, 1990,
of the Transition Period”, en fecha 7 mayo passim; A. DULITZKY y L. CUNILLERA
de 2002, nos informa que “the Eminent TAPIA, A Non-Governmental Perspective
Persons Advisory Panel (EPAP) on the Regarding the International Protection of
transition to the African Union which was Children in the Inter-American System of
inaugurated on May 3, 2002 in Addis Human Rights, Florida State Univ.J.
Ababa, Ethiopia, by the OAU Secretary Transnat’l L. and Policy, 1999, pp. 265-291;
General to examine the texts of the key GRUPO INTERAMERICANO SOBRE
organs prepared for the launching of the POBLACIÓN Y DESARROLLO, La alta
African Union has completed its incidencia de mortalidad infantil y las
deliberations. The consensus at the end of condiciones de vida de los niños de la calle:
the three-day meeting, was that there was problemas especiales en América Latina y
need for the transition period to the African en el Caribe – The high child mortality and
Union to be extended. The Panel said that the life conditions of the street-children:
one year was inadequate for the transition special problems in Latin American and the
work to be accomplished.” Caribbean, New York, 1990; S. KOSSEN,
Five Murdered Street Children in
6. Con relación a los “niños de la calle”, Guatemala: A Precedent Before the Inter-
véanse sólo, por ejemplo, los Informes de la American Court of Human Rights, HR Bief,
Comisión IDH n. 9/00 – 24.2.2000 – en el 1999, pp.11-18; M. PERALTA y J.
caso 11.598 (Alonso Eugênio da Silva); n. GUILLERMO, Niños de y en la calle de la
10/00 en la misma fecha, en el caso 11.599 ciudad de Guatemala, Universidad de San
(Marcos Aurélio de Oliveira); n. 35/01 – Carlos, Guatemala, 1987, passim; T. RACE
22.2.2001 – en el caso 11.634 (Jailton Neri LAVE, Breaking the Cycle of Despair:
da Fonseca); n. 55/01 –16.4.2001 – sobre los Street Children in Guatemala City,
casos reunidos 11.406 (Celso Bonfim de Columbia HR L. Rev., 1995, 27, pp. 57-118;
Lima), 11.416 (Marcos Almeida Ferreira), M. SEITLES, Effect of the Convention on
11.413 (Delton Gomes da Mota), 11.415 the Rights of the Child upon Street Children
(Carlos Eduardo Gomes Ribeiro), todos in Latin America: A Study of Brazil,
respecto de Brasil; el Informe n. 40/00 – Colombia and Guatemala, Buff. Jour. Pub.
13.4.2000 – sobre los casos reunidos 10.588 Int’s Law, 1997-1998, 16, pp. 159-193; J. R.
(Isabela Velásquez y Francisco Velásquez), SCHMERTZ JR. y M. MEIER, Nota en reo
10.608 (Ronal Homero Mota y otros), Villagrán Morales y otros. Transnational
10.796 (Eleodoro Polanco Arévalo), 10.856 Law Associates, LLC International Law

130
Update, Human Rights, vol. 6, n.1, enero de el mismo sentido, véase también el
2000; TIERNEY, Robbed of Humanity: Documento titulado “Los Derechos Civiles y
Lives of Guatemalan Street Children, Políticos” (E/CN.4/2002/L.65) fechado 16
Pangaea Press, St. Paul-Minn., 1997, de abril de 2002, en que la Comisión DDHH
passim; R. WILSON y J. PERLIN, The de NU reafirma “que la eliminación de la
Inter-American Human Rights System: pobreza extrema puede contribuir
Activities during 1999 Through October sustancialmente a la promoción y
2000, Am. U. Int’l L. Rev., 2001, 16, pp. consolidación de la democracia y constituye
316-352 y particularmente pp. 327-330 y I. una responsabilidad común y compartida de
ZARIFIS, Guatemala: Children’s Rights los Estados” y el Documento
Case Wins Judgment at Inter American E/CN.4/2001/25, fechado 5 de enero de
Court of Human Rights, HR Brief, 2001,1, 2001, de la misma Comisión, titulado “El
pp. 20-23. De interesante consultación son Derecho al Desarrollo”, que contiene el
además el Reporte en fecha 27 de enero de Informe de la Alta Comisionada para los
2000 de la Comisión DDHH de NU sobre Derechos Humanos, presentado de
los problemas de los menores en Guatemala conformidad con la resolución 2000/5 de la
(Doc.E/CN.4/2000/73/Add.2), y en Comisión, y en el cual se subraya, punto 6,
particular los puntos 25-45; el Reporte 2001 “que la existencia de una pobreza absoluta y
de HUMAN RIGHTS WATCH AMERICA generalizada impide el disfrute pleno y
“Violencia Mundial contra los Niños”, con efectivo de los derechos humanos y debilita
relación a Argentina, Bolivia, Colombia, la democracia y la participación popular.”
Chile, Cuba, México, Panamá, Perú y Nótese que en el segundo compromiso de la
Venezuela; los comunicados de CASA Declaración de Copenhague sobre
ALIANZA sobre Honduras y Guatemala, en Desarrollo Social (Informe de la Cumbre
http://www.casa-alianza.org, y el Reporte sobre Desarrollo Social, Copenhague, 6 a 12
“Niños de la calle en Paraguay”, publicado de marzo de 1995, capítulo I, resolución 1,
en http://www. humanrights-it.org (n. 6, anexo I), los gobiernos se comprometieron a
enero de 2001). lograr el objetivo de erradicar la pobreza, y
en el vigésimo cuarto periodo extraordinario
7. Definida por el Macrothesaurus OECD- de sesiones de la Asamblea General
CEPAL “pobreza que ni incluso puede acordaron nuevas iniciativas para contribuir
afrontarse las necesidades.” El Documento al cumplimiento de ese compromiso
OEA “Superación de la pobreza” afirma que (Resolución S-24/2, anexo, parte III, párr. 25
ésta es “el mayor reto hemisférico, cuyos y 28), o sea reducir a la mitad, a más tardar
efectos más perversos recaen sobre los en el año 2015, el número de personas que
grupos más vulnerables, entre que se vive en la extrema pobreza, y establecer y
cuentan…los niños. A los tradicionales aplicar estrategias de crecimiento sostenible
riesgos que enfrenta la infancia pobre en en favor de los pobres.” El Informe 2000 del
relación a la mortalidad y morbilidad, se PNUD sobre la pobreza señala que “más de
agregan en la actualidad los efectos dañinos tres cuartas partes de los países tienen
de diversas formas de explotación, tales estimaciones relativas a la pobreza, y más de
como el abuso sexual, […] trabajo dos tercios tienen planes para reducir la
prematuro e incitación a participar en actos pobreza. Pero menos de un tercio de los
delictivos.” La Carta Democrática países han fijado metas para erradicar la
Interamericana, adoptada el 11 de pobreza extrema y reducir en medida
septiembre de 2001 por la Asamblea substancial la pobreza en general. Es una
General de la OEA en su vigésimo octavo insuficiencia grave. Más aún, las metas
periodo extraordinario de sesiones, se ocupa relativas a la pobreza fijadas en la Cumbre
también de la pobreza, reafirmando (séptimo Social se basan en medidas monetarias, en
considerando) “que la lucha contra la tanto que la mayoría de los practicantes del
pobreza, especialmente la eliminación de la desarrollo concuerdan ahora en que la
pobreza crítica, es esencial para la pobreza no se refiere sólo al ingreso, sino
promoción y consolidación de la democracia que es multidimensional. De esta manera,
y constituye una responsabilidad común y los países deben comenzar a incorporar en
compartida de los Estados americanos.” En programas relativos a la pobreza metas

131
expresas relativas a la pobreza, como reducir niños de corta edad, muchas veces ingresan
la malnutrición, aumentar la alfabetización y a los circuitos de adopción nacional e
la esperanza de vida. Otra insuficiencia: internacional. Si están por fuera de la edad
muchos planes contra la pobreza no son sino común para la adopción, esto es, si tienen
estrategias vagamente formuladas. Sólo una más de 5, 6 ó 7 años, estos niños alimentan
minoría de los países cuentan con auténticos permanentemente el circuito de las
planes de acción, con metas expresas, instituciones para la niñez.” Véanse además:
presupuestos suficientes y organizaciones “Construir equidad desde la infancia y la
eficaces. Muchos países no tienen planes adolescencia en Iberoamerica”, Documento
expresos contra la pobreza sino que la CEPAL LC/G.2144 de setiembre de 2001; la
incorporan en la planificación nacional. Y Resolución 48/136 (20 de diciembre de
muchos de ellos parecen olvidarse del tema. 1993) de la Asamblea General NU (Doc.
Queda mucho por aprender acerca de la A/48/49 (1993); los puntos III y VII de la
manera de lograr que los planes contra la Resolución 53/128 (9 de diciembre de 1999)
pobreza sean eficaces.” Es por esto que el de la misma Asamblea General (Doc.
Consejo Interamericano para el Desarrollo A/Res./53/128), respectivamente dedicados
Integral (CIDI) en su Resolución CIDI/RES. a la “Prevención y erradicación de la venta
105 (VI-O/01), aprobó el “Plan Estratégico de niños y de su explotación y maltrato
de Cooperación Solidaria 2002-2005”, y lo sexual, en particular la prostitución infantil y
ha puesto en ejecución a partir del 1 de la utilización de niños en la pornografía” y a
enero de 2002. Dicho Plan Estratégico ha la “Difícil situación de los niños que viven o
sido aprobado por la Asamblea General de la trabajan en la calle”; el Informe del Comité
OEA el 2 de junio de 2002, en su trigésimo de los Derechos del Niño (Doc. CRC/C/80
segundo periodo ordinario de sesiones del 9 de octubre de 1998) sobre Bolivia y
(Documento OEA/Ser.P – AG/doc. Ecuador; el Reporte del Instituto Inter-
4070/02). Americano del Niño en fecha 30 de junio de
2001, sobre “The Situation of Commercial
8. Piénsese en el fenómeno del “turismo Sexual Exploitation of Children and the
sexual” en perjuicio de los menores en Costa Adolescents in the Americas”, aparecido en
Rica y Honduras (cfr. los comunicados de el sitio web http://www.unicef.org/events/
CASA ALIANZA) y a las adopciones yokohama/analysis-americas.html; el
internacionales en Guatemala (cfr. Sentencia Reporte del Special Rapporteur de NU on
Corte IDH, serie C, n. 77, pár. 56 letra b: “en Sale of Children, Child Prostitution and
Guatemala casi todas las adopciones son Child Pornography, Ofelia Calcetas-Santos:
internacionales y extrajudiciales, es decir, no “Mission to Mexico”, Documento
hay ningún control estatal sobre ellas. El E/CN.4/1998/101/Add.2.; la Resolución del
Fondo de Naciones Unidas para la Infancia Parlamento Europeo del 21 de enero de
ha detectado una serie de irregularidades. Un 1999, intitulada “Illegal trafficking of babies
estudio de dicho organismo demuestra que in Guatemala”; “The Yokohama Global
la gran mayoría de los niños que son Commitment 2001”, adoptado en fecha 20
adoptados viene de casa-cunas o de familias. de diciembre de 2001 por “The 2nd World
Los abogados que tramitan las adopciones Congress against Commercial and Sexual
pagan a mujeres para cuidar a los bebés, Exploitation of Children”
quienes generalmente tienen menos de 18 (http://www.focalpointngo.org/yokohama/lat
meses. La Misión de Naciones Unidas para estnews/CongressOutcome.htm); “Más
la Verificación de los Derechos Humanos en países restringen o prohíben adopciones
Guatemala (MINUGUA) ha tenido provenientes de Guatemala”, comunicado de
conocimiento sobre la existencia de redes de CASA ALIANZA de febrero de 2001, y S.
tráfico de niños e indica, en su “Informe OLKON, Baby selling is a major business in
sobre la Niñez” de 2000, que se sigue Guatemala, The Miami Herald, Sunday,
incumpliendo con el deber jurídico del June 4, 2000, publicado en
Estado de prevenir, investigar y sancionar http://www.humanrights-it.org. En cuanto a
los delitos relacionados con el tráfico de la doctrina, véanse N. BEYER, The Sex
niños… Con estos niños, en términos Tourism Industry Spreads to Costa Rica and
generales, pueden suceder dos cosas. Si son Honduras: Are these Countries Doing

132
Enough to Protect Their Children from Journal of Int’l Envt’l Law and Policy, 2000,
Sexual Exploitation?, Georgia J. Int’l and 11, pp. 183-221 [p.201: “The pollution
Comp. L., 2001, pp. 301-333; M. HEALY, dispute that stemmed from the development
Prosecuting Child Sex Tourists at Home: Do of Ecuador’s oil and natural gas reserves
Laws in Sweden, Australia, and the United occurred in the ancestral homeland of
States Safeguard the Rights of Children as several indigenous tribes, as well as within a
Mandated by International Law?, Fordham number of major national parks. The
Int’l L.J., 1995, pp. 1852-1923; C. Ecuadorian government leased eighty-five
SACLIER, The Rights of the Child and percent of the Amazon lands occupied by
Adoption in Guatemala, International indigenous people to oil companies. As the
Children’s Monitor, 2001, 3, pp.18-21; S. indigenous people fought the oil companies,
STRONG, Children’s Rights in Intercountry they simultaneously fought their national
Adoption: Towards a New Goal, Boston government. In Ecuador, where seventy-nine
Univ. Int’l L.J., 1995, p. 163 y sig.; G. VAN percent of the population lives in poverty,
BUEREN, Child Sexual Exploitation and the government depends on oil for nearly
the Law: a Report on the International Legal half of its revenues”]; en lo que concierne a
Framework and Current National Legislative Guatemala, los capítulos III (puntos 37 y
and Enforcement Responses, 2nd World 38), IV (puntos 44 y 49), V y VI (punto 60)
Congress against Commercial Sexual del Informe de Verificación de MINUGUA
Exploitation of Children, Yokohama,17-20 titulado “Situación de los compromisos
December 2001, en relativos a la tierra en los acuerdos de paz.”
http://www.focalpointngo.org/yokohama/the
mepapers/theme5.htm. 10. Adoptado el 5 de febrero de 1948 por los
Estados participantes en la novena
9. Además de la explotación sistemática del Conferencia Internacional Americana.
trabajo de menores (punto VI de la
Resolución 53/128, cit., y las Observaciones 11. Adoptado en Washington DC, en fecha 8 de
abril de 1959, y entrado en vigor el 30 de
Finales del Comité de Derechos
Económicos, Sociales y Culturales respecto diciembre de 1959.
del Perú – Documento E/C.12/1/Add.14, 12. “Todo niño tiene derecho a las medidas de
fechado 20 de mayo de 1997, puntos 18, 24 protección que su condición de menor
y 25), piénsese, por ejemplo, a la requieren por parte de su familia, de la
deforestación de los bosques amazónicos. A sociedad y del Estado.”
este respecto, véanse, en lo que concierne a
Bolivia, los documentos archivados en el 13. “1. Toda persona tiene derecho al uso y goce
sitio web http://www.amazonia.net/Full- de sus bienes. La ley puede subordinar tal
Index.htm; en lo que concierne al Perú, A. uso y goce al interés social. 2. Ninguna
LAMA, Malaysian Firms Eye Peru’s persona puede ser privada de sus bienes,
Amazon Jungle, InterPress Service, March excepto mediante el pago de indemnización
6, 2000, en http://forests.org/, relativo a los justa, por razones de utilidad pública o de
gastos producidos por el proyecto de Royal interés social y en los casos y según las
Dutch Shell en la región de la Camisea; en formas establecidas por la ley…”
lo que concierne a Colombia, los
documentos que se encuentran en el sitio 14. El cual, bajo el título “Desarrollo
web Progresivo”, reza: “Los Estados Partes se
http://www.amazonia.net/Articles/391.htm, comprometen a adoptar providencias, tanto a
relativos a los gastos y las masacres nivel interno como mediante la cooperación
producidas a causa de Royal Dutch Shell y internacional, especialmente económica y
Oxy en la región de Cano Limon y de técnica, para lograr progresivamente la plena
Arauca, respecto de la comunidad indígena efectividad de los derechos que se derivan
U’wa y S. HOLWICK. Transnational de las normas económicas…, contenidas en
Corporate Behavior and its Disparate and la Carta de la Organización de los Estados
Unjust Effects on the Indigenous Cultures Americanos, reformada por el Protocolo de
and the Environment of Developing Nations: Buenos Aires, en la medida de los recursos
Jota v. Texaco, a Case Study, Colorado

133
disponibles, por vía legislativa u otros según A. A. CANÇADO TRINDADE,
medios apropiados.” op.loc.citt., “que ahora, para la protección
de los derechos ahí contemplados, como
15. Protocolo Adicional a la Convención litigante ante los órganos del sistema, se
Americana sobre Derechos Humanos en cuenta con dos vías de protección: la vía
materia de Derechos Económicos, Sociales inmediata y la vía mediata; la primera, sería
y Culturales, adoptado el 17 de noviembre invocar ante la Comisión la violación de
de 1988 y entrado en vigor el 16 de cualquiera de esos dos artículos, y que ésta
noviembre de 1999. Con la entrada en vigor haga lo mismo ante la Corte; la segunda,
del Protocolo, “aunque [esto] no sea un sería invocar ante la Comisión la violación
modelo de técnica legislativa, habiendo el de los derechos genéricamente reconocidos
proyecto original sido gradualmente en el art. 26 de la Convención, aludiendo en
debilitado en el curso de sus travaux específico la alteración del derecho
préparatoires”, A. A. CANÇADO contemplado en el art. 45.c de la Carta de la
TRINDADE, op. loc. citt., pp. 576-577, OEA, luego de las reformas introducidas
pronostica la posibilidad que cesen “de ser por el Protocolo de Buenos Aires,
negligenciados, como lo han sido en las Cartagena de Indias, Washington y
últimas décadas, los derechos Managua, y que esta razonará de igual
económicos…, en gran parte debido a una modo ante la Corte.” H. FAÚNDEZ
laguna histórica del sistema interamericano LEDESMA, El Sistema Interamericano de
de protección.” El Autor, para quien “la Protección de los Derechos Humanos,
vigencia del Protocolo es reveladora del Aspectos Institucionales y Procesales, 2a
reconocimiento inequívoco de la ed., IIDH, San José, 1999, p. 212, toma una
indivisibilidad de los derechos humanos, no posición en cierto modo intermedia,
sólo en la teoría, sino también en la afirmando que “si bien es cierto que la
práctica”, funda esta afirmación (ibíd., p. obligación asumida por los Estados en
578), aún no solamente, en “los esfuerzos materia de derechos económicos es una
doctrinales recientes, desarrollados sobre obligación de comportamiento y no de
todo en relación con la aplicación del Pacto resultado, que sólo implica adoptar las
de Derechos Económicos, Sociales y providencias necesarias para lograr
Culturales de Naciones Unidas, referentes a progresivamente la plena efectividad de
la justiciabilidad y plena vigencia de esos derechos, también lo es que el Estado
aquellos derechos” y expresa su puede faltar a sus obligaciones si no realiza
convencimiento (p. 577) de que “en el ningún esfuerzo serio y no adopta ninguna
futuro próximo se podrá avanzar providencia orientada a ese fin, o si las
considerablemente en la protección de los medidas adoptadas desmejoran
derechos ecónomicos…en nuestro notablemente la situación de los individuos
continente.” No lo piensa así C. en lo que concierne al disfrute de esos
URQUILLA BONILLA, op. loc. citt., pp. derechos, o si las acciones emprendidas por
267-268, para quien “el Protocolo de San el Estado para asegurar el ejercicio de tales
Salvador…no llena ningún vacío en el derechos resultan discriminatorias.” R.
sistema interamericano. Sólo genera alguna WILSON y J. PERLIN, The Inter-American
confusión en cuanto a la exigibilidad de los Human Rights System…, cit., p. 317,
derechos ecónomicos…frente a los órganos subrayan que “one of the most important
de protección del sistema, al habilitar de events occurring in the Inter-American
manera expresa la competencia de la human rights system in 1999 was the entry
Comisión y la Corte para conocer de la into force of a new treaty in the Americas,
violación a los arts. 8.1.a. y 13 (es decir, del the Additional Protocol to the American
derecho de organización sindical y del Convention on Human Rights in the Area of
derecho a la instrucción) del citado Economic, Social and Cultural Rights,
Protocolo, impidiendo que dicha which reflects much of the same substantive
competencia se extienda hacia los restantes content of the International Covenant on
artículos.” En cuanto a las normas citadas, Economic, Social and Cultural Rights.
“sin embargo, una adecuada interpretación Article 19.6 of the Protocol of San Salvador
del efecto procesal del Protocolo indica”, contains an interesting provision permitting

134
enforcement by the Commission and the gestionando en el extranjero la obtención de
Court of the rights to trade unionization los fondos complementarios para proveer el
(Article 8.1.a) and education (Article 13).” tratamiento. En cuanto al Estado chileno, el
El considerando octavo de la Carta gobierno informó a la Comisión su
Democrática Interamericana señala que “el compromiso a brindar la terapia a los dos
Protocolo de San Salvador en materia de pacientes. Cfr. también infra, nota 72.
derechos económicos, sociales y culturales
resalta la importancia de que tales derechos 22. Art. 13 (1) y (2) del Pacto de Nueva York y
sean reafirmados, desarrollados, art. 13 (2) del Protocolo de San Salvador. El
perfeccionados y protegidos en función de noveno considerando de la Carta
consolidar el régimen democrático Democrática Interamericana señala que “la
representativo de gobierno.” educación es [también] un medio eficaz para
fomentar la conciencia de los ciudadanos
16. De aquí en adelante la Corte IDH. con respecto a sus propios países y, de esa
forma, lograr una participación significativa
17. Art. 6 del Pacto de Nueva York y arts. 6 y 7 en el proceso de toma de decisiones”, y
del Protocolo de San Salvador. reafirma “la importancia del desarrollo de
los recursos humanos para lograr un sistema
18. Art. 11 (1) y (2) del Pacto de Nueva York. democrático y sólido.”
19. Art. 11 (1) y (2) del Pacto de Nueva York y 23. T. RACE LAVE, Breaking the Cycle of
arts. 8 y 15.3.b. del Protocolo de San
Despair…, cit., pp. 58-59, subraya
Salvador. oportunamente que “it is important to begin
20. Art. 11 (1) y (2) del Pacto de Nueva York. by defining ‘street children’. In the past,
scholars lumped all children who spent
21. Art. 12 (1) y (2) del Pacto de Nueva York y extended time on the street under the term
arts. 9 y 10 del Protocolo de San Salvador. ‘street children’. They made no distinction
El Editorial de CEJIL GACETA n. 12, 2000, between children who worked on the streets
titulado “Derechos Económicos, Sociales y and children who slept on the streets.
Culturales en el Sistema Interamericano”, Recently however, researchers and child
nos relata (p. 2) dos casos relacionados con advocates have acknowledged this
personas que viven con Vih-Sida, (“Medidas distinction. UNICEF, for example, labels
cautelares en favor de Odir Miranda y otros children who work during the day and return
respecto de El Salvador” y “Medidas to their parents at night ‘children on the
Cautelares en favor de dos ciudadanos streets’. ‘Children of the streets’, in contrast,
chilenos”) en que ya la Comisión IDH are those children who work and live on the
otorgó medidas urgentes a los peticionarios, streets while maintaining some bonds with
a fin de que, en el primer caso, se les their families but who essentially live self-
brindara atención médica y se les sufficiently.” Las estimaciones sobre el
suministrara el tratamiento y los número de los ‘niños de la calle’ no son
medicamentos antirretrovirales y, en el precisas: the Minors Section of the National
secundo, a fin de que el seguro social les Police of Guatemala (Aug. 1993), estimated
brindara atención médica sin discriminación, that there were 5,000 street children in
les suministrara medicamentos Guatemala, of whom 800 lived in the
antirretrovirales y la correspondiente capital. Casa Alianza, an orphanage that
atención farmacológica y nutricional que advocates for the rights of street children,
permitiera fortalecer su sistema placed the number in the capital at about
inmunológico e impidiera el desarrollo de 3,500. The U.S. House of Representatives,
enfermedades o infecciones. En cuanto al Select Committee on Hunger, published a
Estado salvadoreño, éste informó a la fact sheet in late 1991 stating that 5,000
Comisión IDH que las autoridades estaban children lived on the streets of Guatemala
revisando los expedientes clínicos de las City and 1.4 million children worked on
personas afectadas, a fin de evaluar la those streets.” M. SEITLES, Effect of the
terapia antirretroviral y las atenciones Convention…, cit., p. 162 considera que “in
necesarias para cada caso, y que estaban the cities of Rio de Janeiro and Bogota over

135
4,000 children reside on the street each supported policy of “social cleansing” is
night.” Según T. RACE LAVE, Breaking carried out by military officials and police
the Cycle of Despair…, cit., p. 59, “the officers and has resulted in the murder of
average age of street children is 11.6 years one street child every four hours, six
old. The average age of boys is 12.3 years children per day: over 2,190 street children
old, and the average age of girls is 10.3 were murdered in 1994. In Brazil, police
years old..” “death squads”, typically consisting of
current, off-duty, or former policemen, have
24. “Existen en el presente caso evidencias systematically killed street children without
numerosas y concurrentes de que fueron cause or justification. An estimated four
agentes del Estado y, más concretamente, street children per day have beeen and still
miembros de la Policía Nacional, quienes are murdered. Meanwhile, in Guatemala,
dieron muerte a Henry Giovanni Contreras, thousands of children living on city streets
Federico Clemente Figueroa Túnchez, Julio routinely face beatings, thefts, and sexual
Roberto Caal Sandoval, Jovito Josué Juárez assaults at the hands of the National Police
Cifuentes y Anstraum Aman Villagrán and private security guards working under
Morales. En efecto: fueron agentes del the jurisdiction of the Interior Ministry. In
Estado quienes aprehendieron a los cuatro 1996, numerous murders of children took
jóvenes cuyos cadáveres aparecieron en los place on the streets of Guatemala, including
Bosques de San Nicolás. Los hechos the horrific rape of a sixteen year old girl,
posteriores a la aprehensión, que remataron Susana Gómez, by two National Police
en el homicidio de los jóvenes, implicaron officers in Guatemala City, as a third officer
un despliegue de medios de movilización y watched.” En el mismo sentido, véase
agresión muy semejantes, si no idénticos, a también E. FERNANDES, Extrajudicial
los utilizados para realizar el secuestro; los Executions of Children: Shortcomings of
homicidas de Anstraum Aman Villagrán Social Citizenship and the Fallacy of
Morales actuaron, como los secuestradores Criminal Justice in Brasil, NQHR, 1994, 2,
de los cuatro jóvenes, en la vía pública, sin pp. 117-135 y el fallo sobre reparaciones,
ocultar sus rostros, moviéndose con pár. 56 letra c: “Guatemala firmó la
parsimonia, a la vista de numerosas Convención de las Naciones Unidas sobre
personas, hasta el punto de que, después de los Derechos del Niño el 26 de enero de
haber ultimado a la víctima, permanecieron 1990 y depositó el respectivo instrumento de
en los alrededores consumiendo cerveza y ratificación el 9 de junio de 1990. En 1995,
antes de retirarse definitivamente del lugar durante el desarrollo de las audiencias ante
regresaron a las inmediaciones del cadáver y el Comité de los Derechos del Niño,
amenazaron a los eventuales testigos.” (fallo Guatemala presentó un informe en que
sobre el fondo, pár. 142). “En informes, manifestó que “podría sólo informar de la
anexados al acervo probatorio en este caso, situación de los niños de la calle desde
de Casa Alianza y Amnistía Internacional, se 1994” y agregó que “aunque el número de
mencionan como formas de tortura y malos quejas relativas a brutalidades policiales
tratos dirigidos a los “niños de la calle” en sufridas por los niños de la calle había
Guatemala, las heridas de bala, las disminuido, el problema no había sido
quemaduras con cigarrillos, las patadas y resuelto y el aparato policial no había sido
otros golpes contundentes, el derrame de completamente reestructurado.” Además,
pegamento en las cabezas, las mordidas de expresó que “existía en ese país una cultura
perros amaestrados y diversas formas de violenta y que la policía no recibía
humillación de palabra y de obra.” (ibíd., entrenamiento para tratar a estos niños.” Por
nota 35). último, el Estado reconoció “que en los
primeros tres meses de 1995, 84 niños
25. M. SEITLES. Effects of the Convention…, habían sido asesinados y que de acuerdo a la
cit., pp. 163 y 176 subraya que “ironically,
información disponible había sólo siete
law enforcement officials are the greatest condenas.” La Comisión aseveró que esta
threat to these children, particularly in declaración constituyó un acto unilateral de
Colombia, Guatemala, and Brazil. For
reconocimiento de hechos que generan
example, in Colombia, the government- responsabilidad internacional. La Corte

136
también ha reconocido como hecho público 27. T. RACE LAVE, Breaking the Cycle of
y notorio, que para la época de los sucesos Despair…, cit., pp. 70-71 añade: “currently,
que constituyen la materia de este caso, 2.1% of the farm property owners possess
existía en Guatemala una práctica 72% of the farmland and receive 90% of the
sistemática de agresiones en contra de los farm credit. This land is divided into huge
“niños de la calle”, ejercida por miembros plantations worked by predominantly
de las fuerzas de seguridad del Estado, que indigenous labor at extremely low
comprendía amenazas, persecuciones, wages…Those who are lucky enough to
torturas, desapariciones forzadas y own land often do not have enough to
homicidios.” Véanse además los Reportes de sustain themselves. There are 548,000 small
HUMAN RIGHTS WATCH AMERICA farms in Guatemala, with an average size of
“Police Brutality in Urban Brazil” y “Police 4.6 acres. These farms receive only 4% of
and Death Squad Homicides of Adolescents the farm credit. Consequently, significant
in Brazil” y, en doctrina, P. GOETZ, Is numbers of people are forced to leave their
Brazil Complying with the U.N. Convention land to work as seasonal laborers on coffee
on the Rights of the Child?, Temple Int’l and or sugar plantations. For the past several
Comp. L.J., 1996, pp. 147-169 y E. years, however, plantations have been
SCHWARTZ, Getting away with Murder: swarmed with people seeking work, making
Social Cleansing in Colombia and the Role it harder for people to make the money they
of the United States, Univ. Miami Inter- need to survive.The lack of opportunity
Am.L. Rev., 1995, pp. 381-420. drives many people into the cities in search
of jobs to support themselves. When people
26. T. RACE LAVE, Breaking the Cycle of leave rural areas for the cities, they most
Despair…, cit., pp. 64, 72 y 78-79 se likely will settle in extremely poor
expresa de esta manera: “rapid urbanization neighborhoods. Since parents often have
is one of the primary causes of the street only farming skills, they are unable to get
child phenomenon. Families who immigrate jobs that earn adequate money to support the
to cities are less likely to have a social family. This creates financial strain and
network of extended family or friends on ultimately forces the children to go out and
which they can depend. Under the poverty work.”
and pressure of urban life, the family unit
begins to disintegrate. Another consequence 28. Según M. SEITLES, Effect of the
of the poverty and the pressure is that some Convention…, cit., pp. 63 y 67, “the Central
men abandon their families. Single women American Council for Housing calls
with large numbers of children are at the Guatemala the country with the worst
highest risk of having their children work or housing situation in Central America. 50%
live on the street. Some children flee of the population lack minimal quarters;
stepfathers who, at best, care little for them 62% of the population have only dirt floors
and, at worst, abuse them. A study and more than 50% of families have only
conducted in Bogota found that of the 196 one room for the entire family. In addition,
children interviewed, 55% had fled their over half of the existing housing do not have
homes because of violence, and of these, water supply services, and 63% percent do
33% said that the perpetrator was either a not have latrines… In “El Hoyo”, many
stepfather or a boyfriend of their mother. children sleep indoors. They buy small bags
One survey conducted in Colombia found of glue, priced between 50 centavos and one
that 72% of street children stated that their quetzal, that keep them high for about an
biological father was missing and 60% hour. In exchange for buying glue, they are
stated that a stepfather was living in the allowed to sleep on the floor of a bar or
home. Yet not all street children have house of prostitution. Sometimes they
broken their familial ties.” Estas anotaciones exchange stolen goods for a few nights of
reflejan tanto fiel como trágicamente la shelter. Not all children sleep inside,
historia personal de los cinco “niños” de la however. Another set of boys, between the
Zona 6 de Guatemala City. ages of ten and eighteen, spends its days at
Concordia Park. At night, they sleep under a
nylon/plastic shelter at the corner of 18th

137
Street and 6th Avenue. Another group sleeps disolventes de pinturas y otras similares) las
in the Central Park…The promise of shelter cuales, una vez inhaladas, producen efectos
attracts some to Jocotales, an extremely poor anoréxicos y narcotizantes, sea con sueño
neighborhood in Zone 6. There, the children prolongado, sea, por el contrario, con
can sleep in or under parked buses. The estados transitorios de excitación. T. RACE
children in Jocotales range in age from LAVE, Breaking the Cycle of Despair…,
eleven to nineteen... The oldest children cit., p. 65 subraya que “in the short term,
sleep in the hotels, a cluster of cheap, dirty inhaling industrial glue results in
hotels in Zone 1 that charge about two lightheadedness, nausea, and loss of
dollars a night. Many of the girls who live in appetite. The long-term effects are much
the hotels have babies or small children.” more extreme; inhaling glue has been linked
Ibíd., p. 179, el Autor añade que “in Brazil, to irreversible brain and kidney damage,
more than 50% of the families share one lung damage, malnourishment, and a general
small room for the entire family; and over decline in health. Glue and paint thinner are
half the population lives in dirt houses more physically addictive than cocaine or
without floors, latrines, or adequate water alcohol because they become part of the
supplies.” blood tissue.” En el mismo sentido, véanse
también M. A. ROLDÁN DEL AGUILA,
29. En este sentido, véase T. PENNA FIRME, Anemia, Benceno y Tolueno, Universidad
Meeting at Risk Children where they Get de San Carlos, Guatemala, 1992, y M.
Together: an Alternative Concept of SEITLES, Effect of the Convention…, cit.,
Community, en Justice For Children, S. p. 164.
Asquith y M. Hill editores, 1994, pp. 93-94.
32. Según el Informe PNUD sobre Guatemala
30. Se advierta la perspectiva clara y totalmente de 1999, “en 1995, el gasto social en
diferente, en la cual la Corte IDH se refiere a educación en Guatemala en relación al
este fenómeno en el pár. 179 del fallo sobre producto interno bruto fue del 1,8 %. En los
el fondo: “existen en el expediente otros países centroamericanos fue: El
referencias documentales al hecho de que Salvador 2%; Honduras 3,7%; Nicaragua 4,3
uno de los niños de que trata el presente caso %; Costa Rica 5,3% y Panamá 4,9 %. En
estaba registrado en ‘archivos América Latina solamente Haití asigna un
delincuenciales’ del Gabinete de porcentaje menor de su presupuesto en
Identificación de la Policía Nacional. Al educación que Guatemala.” En cuanto al
respecto, la Corte considera pertinente fallo sobre reparaciones, el pár. 56 letra b,
destacar que, si los Estados tienen elementos afirma: “existe un índice de analfabetismo
para creer que los ‘niños de la calle’ están aproximado del 30% de la población. Sólo el
afectados por factores que pueden inducirlos 84% de los niños en edad escolar se
a cometer actos ilícitos, o disponen de inscriben en primaria y no todos ellos
elementos para concluir que los han terminan. Los niveles de inversión estatal en
cometido en casos concretos, deben la educación pública son de los más bajos de
extremar las medidas de prevención del América Latina. Igualmente, los índices de
delito y de la reincidencia. Cuando el nutrición son muy bajos, lo que es muy
aparato estatal tenga que intervenir ante preocupante, porque los daños en el cerebro
infracciones cometidas por menores de edad, y en el desarrollo físico y psicológico del
debe hacer los mayores esfuerzos para niño en los primeros años, a causa de la
garantizar la rehabilitación de los mismos, mala nutrición, son irreversibles. Según
en orden a permitirles que desempeñen un datos recientes, en Guatemala el 34% de los
papel constructivo y productivo en la niños de entre 7 y 14 años trabajan, lo que
sociedad. Es evidente que, en el presente repercute en su educación.” En doctrina
caso, el Estado actuó en grave contravención véase A. BIRCH, Breaking Cycles of
de esas directrices.” Poverty in Latin America –The Rights of the
Child to Education, International Children’s
31. Es éste también el motivo del consumo, por Monitor, 2000, 3, pp. 32-34 y M.
el 75% al menos de los “niños de la calle”, SALAZAR y W. GLASINOVICH, Child
de drogas alternativas: se trata de sustancias
work and education: five case studies from
neutras en sí mismas (colas industriales,

138
Latin America, UNICEF, Firenze, 1998, numerosos otros casos similares al cas d’
passim. Véase también “Los Derechos espèce, victimando diariamente personas
Civiles y Políticos” (Documento igualmente pobres y humildes, que no logran
E/CN.4/2002/L.65 fechado 16 de abril de alcanzar la jurisdicción internacional,
2002, cit.), en que la Comisión DDHH de tampoco la nacional, y ni siquiera están
NU subraya que “la educación es un medio conscientes de sus derechos.”
eficaz para fomentar un vínculo entre los
órganos políticos electos y la sociedad civil 35. Cfr. el pár. 184 del fallo sobre el fondo: “la
y, por tanto, para garantizar la verdadera Comisión describió a los tres niños víctimas
participación de los ciudadanos en el de los hechos de este caso como personas
proceso de adopción de decisiones, y que vivían en condiciones socioeconómicas
reafirmando la importancia del desarrollo extremadamente precarias y que luchaban
humano para el establecimiento de un por sobrevivir solos y temerosos en una
sistema democrático sólido.” sociedad que no los acogía, sino que los
excluía.”
33. T. RACE LAVE. Breaking the Cycle of
Despair…, cit., pp. 62 y 76, afirma: “to 36. Cfr. el pár. 56, letra c, del fallo sobre
make money, many of the younger children reparaciones, que subraya: “Guatemala tiene
beg. The younger the child, the easier it is to un Código de Menores aprobado en 1979.
arouse sympathy and collect money. When a Entre 1990 y 1991, ratificó y promulgó la
child gets older, however, begging no longer Convención Internacional de los Derechos
offers a viable form of income and he or she del Niño, lo que produjo la vigencia
must turn to something else. Many girls are simultánea de dos leyes que, regulando la
“muchachas”, servants who cook and clean: misma materia, tienen naturaleza
they sleep in the homes where they work, antagónica. Desde el punto de vista técnico-
getting one day off a week. Others work at jurídico se supondría que la ratificación y
restaurants or stores. Although some girls promulgación de la Convención ha dejado
earn money by cleaning or doing odd jobs, sin efecto el Código de Menores de 1979,
many are prostitutes. Many work out of “El pero éste se encuentra vigente porque
Hoyo”, a dirty, polluted, high-crime area constituye, de hecho, la fuente principal de
around the bus terminal in Zone 4 or in las decisiones de los jueces de menores. Este
brothels in Zone 1. Since girls usually are Código es, además, técnicamente
unskilled and uneducated, prostitution is one inconstitucional. Todos los principios
of the only livelihoods available to them. generales del derecho contemplados en la
Boys are more likely to work on their own, Constitución Nacional de Guatemala y en la
helping bus drivers to collect money, selling Convención mencionada, son técnica y
newspapers or candy, shining shoes or sistemáticamente violados por el Código de
hauling garbage.” Véase también R. BARRI 1979. Aunque sus disposiciones se supone
FLOWERS, The Sex Trade Industry’s rigen en favor del menor de edad, a éste no
Worldwide Exploitation of Children, The le son reconocidos los derechos que la
Annals of The American Academy of Constitución y la Convención sobre los
Political and Social Science, 2001, 575, pp. Derechos del Niño le otorgan. El Código
148-157; C. MANTEI, It Takes a Village to expresa la llamada “doctrina de la situación
Raise a Child: the Role of the Organization irregular”, que no distingue entre un niño
of American States in Eliminating the Worst víctima de la omisión de las políticas
Forms of Child Labor in Brazil, Univ. sociales que cae fuera de los circuitos
Miami Inter-Am. L. Rev., 2001, pp. 469-522 institucionales, la escuela, por ejemplo, y el
y M. MURSHED, Unraveling Child Labor niño sujeto activo de la violencia, con lo
and Labor Legislation, Journal of cual a ambos se los puede hacer objeto de
International Affairs, 2001, 55, pp. 169-184. las mismas medidas en las mismas
instituciones. Entonces la policía, al aplicar
34. El Voto Razonado del Presidente Cançado la ley, está cumpliendo estrictamente con un
Trindade, anexo al fallo sobre reparaciones mandato del Código, por un lado, y por el
señala (pár. 22) lo siguiente: “hoy día, otro, violando flagrantemente tanto la
simplemente no se divulga noticia alguna de Convención como la propia Constitución. El

139
Código es una ley profundamente late 1997, when the Code was about to come
criminalizadora de la pobreza […] Al no into force, the then President of the Supreme
establecer una diferencia entre la familia que Court, Ricardo Umana requested a further
realmente expulsa al niño y la que no puede extension. The Code, which – amongst ther
mantenerlo, es técnicamente posible quitarle things – includes necessary controls to stop
a una familia un niño por la mera falta o the flow of illegal adoptions, was again
carencia de recursos materiales. El Código suspended by a Congress of the same
de la Niñez y la Juventud aprobado por el political party as the Supreme Court
Congreso guatemalteco en 1996, cuya President. This move was highly criticized
vigencia está suspendida, corresponde a lo by UNICEF and by civil society. The Code
que se podría llamar una adecuación was suspended yet again until after the
sustancial a la Convención sobre los general elections in 1999. Soon after taking
Derechos del Niño, al conjunto de los power, the Congress decided to suspend
instrumentos que conforman la llamada indefinitely the implementation of the new
doctrina de la protección integral de las children’s code. “The Congress has the
Naciones Unidas, a las Reglas de Beijing y a power to implement new laws or to take old
las Reglas de Riad.” En el mismo sentido, laws off the books, but not to suspend them
véase también el Reporte 2000 “Children’s for ever”, argued Bruce Harris, Executive
Rights” de HUMAN RIGHTS WATCH Director of Casa Alianza in Latin America.
AMERICA. Cuando se estaban culminando “What the Congress did with this law was
de redactar estas notas, se difundió el unconstitutional”. And the highest court in
comunicado de prensa de CASA ALIANZA the land agreed and in their February 14th,
en fecha 17 de mayo de 2002, del cual se 2002 ruling – which was just notified this
desprende que “The Guatemalan week – ordered the Guatemalan Congress to
Constitutional Court has ordered the change Article 1 of Decree n. 4-2000 and,
Guatemalan Congress to set a date for the citing Article 180 of the Guatemalan
implementation of the country’s Children’s Constitution, set a specific date when the
and Adolescent’s Code which was important law will come into effect.” Para
suspended indefinitely by the legislative una crítica de la Convención Internacional
body in January 2000. In what is considered sobre los Derechos del Niño, y más
to be a major victory for child rights específicamente al hecho de que ella
activists, the highest Guatemalan Court “requires only that the State undertake
ruled in favor of an October 1st, 2000 legal appropriate measures in accordance with
suit brought against the Guatemalan their available resources”, lo que puede
Congress by the child’s rights group Casa “result in an unfortunate escape clause for
Alianza and the Rigoberta Menchu Tun the same countries where implementation is
Foundation. Guatemala was the 6th country most necessary”, aún si “the Convention,
in the world to ratify the UN Convention on unlike any other international human rights
the Rights of the Child in 1990, which instrument, provides a clear linkage between
required the Congress to change national reports on violations and aid”, véase M.
legislation affecting children to reflect the SEITLES, Effect of the Convention…, cit.,
spirit of the Convention. After six years of p. 172.
discussion between governments and non
governmental organizations (NGOs), a 37. El Documento OEA citado en la nota 7
consensus was reached and a new Children’s describe que “la situación de pobreza que
and Adolescent’s Code was passed in 1996 afecta a casi la mitad de los habitantes de
and signed into force by then President América Latina y el Caribe, ha sido
Alvaro Arzu. But the innovative code, which calificada por la Comisión Latinoamericana
looks upon children as a subject of law with y del Caribe sobre el Desarrollo Social,
participatory rights rather than an object como un obstáculo fundamental al
who’s future is decided upon solely by desarrollo, así como una amenaza a la paz
adults, was immediately suspended for one social y a la estabilidad política. [La
year by the legislators who argued that time Comisión] agrega que la consolidación
was needed to implement the necessary democrática en la región corre el riesgo de
changes in the juvenile justice system. In verse amenazada si los gobiernos

140
constitucionales elegidos por los pueblos no 41. Permítome hacer referencia a mi estudio
demuestran ser capaces de mejorar “Vittime e risarcimento del danno: l’
efectivamente la condición de vida de sus esperienza della Corte Interamericana dei
pobres. Concluye advirtiendo que si no se Diritti dell’ Uomo”, que se encuentra en fase
combate frontalmente a la pobreza, no puede de publicación en “Comunicazioni e Studi di
ni debe descartarse el peligro de nuevas Diritto Internazionale della Università degli
formas de subversión o de aventuras Studi di Milano”, 2002, 52 págs., punto 3.
autoritarias.” Sobre el mismo problema,
véase también el “Quinto Informe (2001) 42. En cuanto a la falta de educación, debido a
sobre la Situación de los Derechos Humanos la negligencia del Estado, la Corte se refiere
en Guatemala” (Doc.OEA/Ser.L/V/ a este problema sólo per incidens, como
II.111 Doc.21 rev. del 6 de abril de 2001), consecuencia inevitable de la necesidad de
realizado por la Comisión IDH, y más las víctimas de sustentar a sí mismas y, al
específicamente los capítulos III, B, 7 menos en parte, a sus familias.
(“Guatemala muestra la segunda más
desigual distribución del ingreso del 43. Esto vale tanto y por sobre todo para los más
débiles, cuyas necesidades de protección
hemisferio, en donde el 20% más rico de la
población consume el 63% de los ingresos “requieren una interpretación del derecho a
totales en cambio el 20 % más pobre la vida de modo que comprenda las
condiciones mínimas de una vida digna”:
consume solamente el 2.1% de los ingresos
totales. El 39.8% de la población gana Voto Concurrrente conjunto del Presidente y
menos de un dólar diario. Se estima que el del Juez Abreu Burelli anexo a la Sentencia
57% vive bajo la línea de la pobreza”) y sobre el fondo, pár. 7.
XII, D, 30-36. 44. El pár. 139 de la Sentencia sobre el fondo
38. El pár. 56 letra c del fallo sobre reparaciones dice al respecto: “en los alegatos finales, la
se expresa con estas palabras: “estos Comisión destacó las características de jus
ejemplos de desatención a los derechos de cogens del derecho a la vida y el hecho de
los niños revelan dos cuestiones: primero, que constituye la base esencial del ejercicio
que casos como el del Bosque de San de los demás derechos. La Comisión señaló
Nicolás son tal vez expresiones extremas de que el cumplimiento del art. 4 relacionado
una negligencia estructural para los derechos con el art. 1.1 de la Convención, no sólo
de los niños y, segundo, que el número de presupone que ninguna persona sea privada
niños que está en riesgo de ‘callejización’ es de su vida arbitrariamente (obligación
muy alto; las familias y los niños de la negativa), sino que además requiere que los
población en estado de pobreza, que es más Estados tomen todas las medidas apropiadas
del 80% del total de la población, están en para proteger y preservar el derecho a la
riesgo.” vida (obligación positiva). Concluyó,
entonces, que el Estado había violado los
39. A los efectos del cual "1. Toda persona tiene dos aspectos del mencionado derecho” y los
derecho a que se respete su vida. Este párr. 1 y 2 del Voto Concurrente conjunto
derecho estará protegido por la ley... Nadie del Presidente Cançado y del Juez Abreu
puede ser privado de la vida Burelli subrayan que “el derecho a la vida,
arbitrariamente.” además de inderrogable, requiere medidas
positivas de protección por parte del Estado:
40. Prohibición de privación de la libertad implica no sólo la obligación negativa de no
personal y prohibición de torturas y privar a nadie de la vida arbitrariamente,
tratamientos crueles, inhumanos y
sino también la obligación positiva de tomar
degradantes. Sobre la aplicación, en las medidas necesarias para asegurar que no
particular, de la Convención de Cartagena de sea violado aquel derecho básico. Dicha
Indias (12 de diciembre de 1985-28 de
interpretación del derecho a la vida, de
febrero de 1987) para prevenir y sancionar la modo que abarque medidas positivas de
tortura, véase R. WILSON y J. PERLIN, protección por parte del Estado, encuentra
The Inter-American Human Rights
respaldo hoy día tanto en la jurisprudencia
System…, cit., p. 330. internacional como en la doctrina.” En lo
que se refiere a la aplicación del art. 19 de la

141
Convención (Derechos del Niño), véanse officers.Without a doubt, the State parties of
también los párr. 179-185 del fallo. Brazil, Colombia, and Guatemala are not
Para una evaluación completa del alcance de providing street children the right to survival
la decisión examinada, compárese la and development as mandated by Article 6
amplitud del concepto de obligación of the Convention. Although the Committee
positiva que aquí se tuvo en cuenta con la on the Rights of the Child has investigated
que fuera expresada en el Voto Disidente de these abuses and provided public
los Jueces Cançado Trindade, Picado Sotela recommendations to expose this grave
y Aguiar-Aranguen anexo al fallo serie C,. situation to the international community, the
n. 16 del 21 de enero de 1994, en el caso Committee has been unsuccessful in
Gangaram Panday vs. Suriname. reducing these abuses because of local
government inaction and the Committee’s
45. El Voto Razonado del Presidente anexo al lack of enforcement authority, which, as
fallo sobre reparaciones subraya (pár. 33) with so many other treaties, is devoid of any
que “las cinco víctimas directas, antes de ser mechanism to compel state compliance.
privadas cruel y arbitrariamente de sus Thus, the inherent inadequacies of the
vidas, ya se encontraban privadas de crear y Committee, coupled with the complete
desarrollar un proyecto de vida y de buscar apathy of these Latin signatories, has led to a
un sentido para su existencia. Encontrábanse violation of one of the most fundamental
en las calles en situación de alto riesgo, principles of the Convention, the right to life
vulnerabilidad e indefensión, en medio a la of its children.”
humillación de la miseria y a un estado de
padecimiento equivalente a una muerte 47. En este sentido el pár. 191 de la Sentencia
espiritual, al igual que millones de otros de fondo. H. BICUDO y I. ALVAREZ,
niños (en contingentes crecientes) en toda Notas respecto a la Relatoría de Derechos
América Latina y en todas partes del mundo del Niño de la Comisión Interamericana de
globalizado.” Derechos Humanos, Revista IIDH, 1999, 29,
En cuanto a la teoría del “proyecto de vida”, pp. 161-170, se expresan así: “es sabido que
ya acogida por la Corte en el caso Loayza un porcentaje muy alto de la niñez y la
Tamayo vs. Perú, reparaciones, Sentencia adolecencia de nuestro Continente vive una
serie C, n. 42 del 27 de noviembre de 1998, situación muy delicada, que tiende
véase C. F. SESSAREGO, Apuntes para una frecuentemente a su eliminación. El
distinción entre el daño al “proyecto de abandono marca a los niños y niñas desde su
vida” y el “daño psíquico”, Themis, 1995, concepción. Cuando consiguen nacer, son
32, pp. 161-164; C. F. SESSAREGO, Daño recibidos por un mundo hostil que muchas
a la persona y daño moral en la doctrina y veces los elimina. Y si eso no ocurre, acaban
en la jurisprudencia latinoamericana actual, siendo lanzados a las calles, donde sólo
Themis, 1998, 38, pp. 179-210; C. F. pueden conocer las fachadas de las casas, sin
SESSAREGO, El daño al “proyecto de ingresar a su interior. Tal escenario lo
vida” en una reciente sentencia de la Corte completan factores como la violencia de
Interamericana de Derechos Humanos, grupos policiales y paramilitares, el
Themis, 1999, 39, pp. 453-464. sometimiento de los niños a prisión ilegal, la
tortura y los asesinatos en las calles. La
46. Cfr. párr. 199-238 de la Sentencia sobre el erradicación de la violencia implica, entre
fondo. M. SEITLES, Effect of the otros aspectos, …proveer a los padres de
Convention…, cit., pp. 176-178 pone en salarios dignos, que permitan el acceso a una
evidencia que “since many of the murders of vivienda, que colabore a impedir el
street children in Latin America are carried abandono de los hijos.”
out by agents of the State, they are rarely
investigated or properly prosecuted. 48. Éste es el incipit del Voto Razonado del
Although there have recently been a number Presidente anexo a la Sentencia sobre
of high profile convictions of police officers reparaciones.
for the murders of Latin American street
children, few investigations result in more 49. En el pár. 196, la Corte se expresa
than dismissal for implicated textualmente en términos de “derecho a un
nivel de vida adecuado”.

142
50. Para entender correctamente el monto global City, the compensation handed over by the
atribuido, no obstante la oposición del Guatemalan government to the dead child’s
Estado demandado, a título de daño mother had been 52, 000 quetzales
emergente y lucro cesante, equivalente a (approximately $ 6, 700).”
140. 764, 00 dólares USA, es decir, a 1. 086.
698, 08 quetzales (“el tipo de cambio era, en 52. La norma dispone que “si el ejercicio de los
el año 2000, de Q 7. 72 por US $1, 00, según derechos y libertades mencionados en el art.
información suministrada por el Banco 1 no estuviere ya garantizado por
Central de Costa Rica”), hay que tener en disposiciones legislativas o de otro carácter,
cuenta que el sueldo mensual medio (por al los Estados Partes se comprometen a
menos 44 horas de trabajo semanal) en adoptar, con arreglo a sus procedimientos
actividad no agrícola era, en la época en que constitucionales y a las disposiciones de esta
sucedieron los hechos, de 348, 00 quetzales, Convención, las medidas legislativas o de
“que equivale, al tipo de cambio de junio de otro carácter que fueren necesarias para
1990, a US $ 80, 93” (equivalentes a Q.4, 30 hacer efectivos tales derechos y libertades.”
por dólar USA), con una diferencial por
53. El subrayado es mío.
expectativa media de vida para quienes
fueron asesinados, equivalente a cuarenta y 54. A.A. CANÇADO TRINDADE, por último
nueve años (pár. 81 del fallo). De estos datos en Reflexiones sobre el Futuro, cit., p. 593,
se desprende que, en la década 1990-2000, recalca que “lo que urge, en nuestros días, es
la moneda guatemalteca perdió el 80% de su un mejor entendimiento de las obligaciones
valor respecto al dólar, no obstante que ya convencionales de protección, que abarcan
(cfr. T. RACE LAVE, Breaking the Cycle of todo y cualquier acto u omisión del Estado
Despair…,cit., p. 75) “between 1980 and Parte, de cualquier de sus órganos o agentes,
1989, the poverty rate had increased from sea del Poder Ejecutivo, sea del Legislativo
63% to 77% of the population.” El o del Judicial. Es este principio fundamental
fenómeno, lejos de disminuir, ha empeorado del derecho de la responsabilidad del estado
en los últimos dos años, de manera tal que que debe orientarnos, sin que se justifique el
(como se vio en la nota 37) un porcentaje recurso a fantasías como la de las
elevado de la población gana ahora menos “generaciones de derechos” (a admitir
de 1 dólar USA pro die. En el mismo derechos “no-justiciables”).” Análogamente
sentido, cfr. también Walden’s Country piensa S. LECKIE, op.loc.citt., quien
Reports-World Information-Business considera “a severe human rights violation
Intelligence Report 2002-Guatemala, p. 19, the deliberate refusal to satisfy basic human
y el Quinto Informe sobre Guatemala citado needs” y afirma que la “possibility of
en nota 37, cap. III, D – 16: “entre las claiming economic, social and cultural rights
principales causas que se han señalado para internationally or regionally must not be
que en los años 1999 y 2000 haya una viewed as an act of ultimate futility.”
disminución en el crecimiento del producto
interno bruto están: a) los efectos negativos 55. Cfr. art. 68. 2: “La parte del fallo que
del huracán Mitch; b) la caída de los precios disponga indemnización compensatoria se
internacionales del café, banano y caña de podrá ejecutar en el respectivo país por el
azúcar y los aumentos internacionales del procedimiento interno vigente para la
petróleo; c) el aumento del déficit fiscal; d) ejecución de sentencias contra el Estado.”
la quiebra de algunas instituciones Sobre el problema del onus procesal de la
financieras..” acción de ejecución o de la obligación del
Estado de cumplir directamente con los
51. 359. 236, 00 dólares USA o su equivalente fallos sobre reparaciones, véase, por último,
en moneda local. Child Labour in Guatemala en forma clara pero no explícita, la
– Latest News – Press Release – 18 de Sentencia serie C, n. 86, pronunciada por la
setiembre de 1999 – subraya que por el Corte el 27 de noviembre de 2001 sobre la
asesinato de Nahamán Carmona López, “a interpretación de la decisión sobre
13-year-old street child brutally kicked to reparaciones en el caso Cesti Hurtado vs.
death by four uniformed National Policemen Perú, pár. 32, letra a): “el Estado debe
in March 1990 on the streets of Guatemala facilitar las condiciones para que el

143
interesado realice las gestiones conducentes Guatemala complied with one of the four
a obtener las indemnizaciones principal compensation rulings by the Inter
correspondientes a las violaciones American Court on Human Rights last
declaradas en la Sentencia sobre el fondo en Friday, having been found guilty of the
un plazo razonable..” murder of five street children in Guatemala
City in 1990. Three weeks after the Court
56. Dentro de los seis meses que a tal fin deadline expired, the President of Copredeh,
dispone en general la Corte: “el Estado de the government’s human rights office,
Guatemala debe cumplir con las medidas de presented checks for a total of US$ 500, 000
reparación ordenadas en la presente to the five families of the victims...The
Sentencia dentro de los seis meses contados Guatemalan government must also name a
a partir de su notificación. Los pagos school in memory of the young victims and
dispuestos en la presente Sentencia estarán re-open the criminal case against the
exentos de cualquier gravamen o impuesto policemen who killed the boys. The Court
existente o que llegue a existir en el also ordered the State to let laws to better
futuro...” Sobre el art. 68 del Pacto de San protect children come into effect, also a
José, véase, por último, además de H. stipulation under the UN Convention on the
FAÚNDEZ LEDESMA, op. cit., pp. 566- Rights of the Child.”
574, H. BICUDO, Cumplimiento de las
sentencias de la Corte Interamericana de 59. Ibíd., “Some voices have criticized the fact
Derechos Humanos y de las that compensation is given to the families
Recomendaciones de la Comisión when they are considered by some to be
Interamericana de Derechos Humanos, en El responsible for the child leaving for the
Sistema Interamericano de Protección de los street.”
Derechos Humanos en el Umbral del Siglo
XXI, Tomo I, Corte Interamericana de 60. En el mismo sentido y con el mismo
Derechos Humanos, San José, 2001, pp. propósito,véase por último el pár. 77 de la
229-234; T. BUERGHENTHAL, Sentencia serie C n. 92, del 27 de febrero de
Implementation of the Judgments of the 2002, en el caso Trujillo Oroza vs. Bolivia,
Court, ibíd., pp. 185-193; S. GARCÍA reparaciones.
RAMIREZ. Las Reparaciones en el Sistema
61. “En cuanto a la solicitud de nombrar un
Interamericano de Protección de los
Derechos Humanos, ibíd., pp. 129-159; V. centro educativo con los nombres de las
KRSTICEVIC, Líneas de Trabajo para víctimas, la Corte decide por unanimidad y
ordena al Estado designar un centro
Mejorar la Eficacia del Sistema, en El futuro
del Sistema…, cit., pp. 413-448 y educativo con un nombre alusivo con los
específicamente pp. 419-422 y V. jóvenes víctimas de este caso, y colocar en
dicho centro una placa con el nombre de los
RODRÍGUEZ RESCIA, La Ejecución de
Sentencias de la Corte, ibíd., pp. 449-490. asesinados”: pár. 103 de la Sentencia sobre
reparaciones y séptimo punto resolutivo.
57. Sólo a título de ejemplo, véase la reciente
62. “En relación con la solicitud relativa a la
Resolución del 14 de diciembre de 2001,
aún sin número, pronunciada en el caso exhumación del cadáver de Henry Giovanni
Caballero Delgado y Santana vs. Colombia, Contreras, esta Corte resuelve y decide por
resuelto por la Corte desde hace ya años con unanimidad que el Estado de Guatemala
la Sentencia serie C, n. 22 del 8 de debe brindar los recursos y adoptar las
demás medidas necesarias para el traslado
diciembre de 1995 sobre el fondo, y con la
Sentencia serie C, n. 31, de 29 de enero de de los restos mortales de Henry Giovanni
1997, sobre reparaciones. Véase tembién el Contreras y su posterior inhumación en el
lugar de elección de sus familiares”: ibíd.,
editorial de CEJIL GACETA n. 10, 1998,
títulado “Las Promesas Incumplidas: La pár. 102 y punto resolutivo sexto. En el
Implementación de las Decisiones de la mismo sentido, véase también la Sentencia
del 22 de febrero de 2002, serie C, n. 91
Comisión y de la Corte”.
sobre reparaciones, en el caso Bámaca
58. “owner-rapid-response@casa-alianza.org – Velásquez vs. Guatemala y M. HAGLER y
December 23rd, 2001 – The State of F.RIVERA, Bámaca Velásquez V.

144
Guatemala: An Expansion of the Inter- 66. Cfr. Sentencias serie C, n. 14 (del 3 de
American System’s Jurisprudence on febrero de 1993), sobre excepciones
Reparations, HR Brief, vol. 9, 3, 2002. preliminares en el caso Cayara vs.
Argentina, serie C, n. 27 (del 2 de julio de
63. “La presente Sentencia de la Corte 1996) sobre excepciones preliminares, y
Interamericana de Derechos Humanos no serie C, n. 36 (del 24 de enero de 1998)
sólo resuelve un caso concreto en cuanto a sobre el fondo, en el caso Blake vs.
reparaciones, sino también contribuye a Guatemala.
elevar los estándares del comportamiento
humano en relación con los desposeídos”: 67. “La jurisdicción del Tribunal” advierte el
así se expresa el incipit del Voto Razonado citado Voto Razonado del Presidente, pár. 9,
del Presidente anexo al fallo sobre “se resume en su potestad de declarar el
reparaciones. A. DULITZKY y F. Derecho”, pero “la Sentencia es algo más
GONZÁLES, Derechos humanos y la que una operación lógica enmarcada en
Organización de los Estados Americanos: límites jurídicos predeterminados.”
1999-2000, Revista IIDH, 2000, 30-31, pp.
189-236, y en particular p. 220, aún 68. Véase también el precedente igualmente
subrayando que “es cierto que en histórico Loayza Tamayo vs. Perú, ya citado
determinadas circunstancias la decisión de arriba.
casos paradigmáticos puede producir un
69. En el mismo Voto Razonado de que supra,
efecto transformador que vaya más allá de
ese caso particular”, advierten que “un el Presidente afirma en el pár. 16: “hace
sistema Interamericano de derechos mucho tiempo vengo insistiendo en que la
humanos que sólo operara a través de una gran revolución jurídica del siglo XX ha
Corte que conociera de casos individuales sido la consolidada por el Derecho
Internacional de los Derechos Humanos, al
sería claramente insuficiente…Es
imprescindible disponer de otros medios erigir el ser humano un sujeto del Derecho
para procurar la solución.” Internacional, dotado, como verdadera parte
demandante contra el Estado, de plena
64. “Que la presente Sentencia de reparaciones capacidad jurídico-procesal a nivel
sirva, pues, también de aliento a todos los internacional. El presente caso de los “Niños
que, en nuestros países de América Latina, de la Calle”, en que los olvidados de ese
han experimentado el dolor de perder un ser mundo logran acudir a un tribunal
querido en circunstancias similares de internacional para hacer valer sus derechos
padecimento y humillación, agravadas por la como seres humanos, da elocuente
impunidad y la indiferencia del medio testimonio de esto. En el ámbito de
social”: Voto Razonado ult.cit., pár. 33. aplicación de ese nuevo corpus juris, es
indudablemente la víctima que asume la
65. En sentido contrario ver C.URQUILLA posición central, como le corresponde. El
BONILLA, op.loc.citt., p. 266 : “considerar impacto del Derecho Internacional de los
que la Convención es sólo una Convención Derechos Humanos en otras áreas del
de derechos civiles y políticos, y que por lo Derecho (tanto público como privado)
tanto la competencia ratione materiae de la ocurre en buena hora, en el sentido de
Comisión y la Corte se circunscribe sólo a humanizarlas. Este desarrollo muéstrase
esos derechos, es producto de una lectura conforme a los propios fines del Derecho,
incompleta del Pacto de San José, cuando no cuyos destinatarios de sus normas son, en
mal intencionada. No hay duda que existe última instancia, los seres humanos.”
una elaboración normativa más desarrollada
frente a los derechos civiles y políticos, pero 70. Quedando de lado a otros problemas,
esto no puede conducir, en atención al obsérvese, en lo que se refiere al quantum
principio pro homine, a conclusiones reparatorio, que la Corte Europea, con
tendentes a señalar que los derechos excepción de algunos casos contra Turquía y
ecónomicos, sociales y culturales carecen de de un caso contra Italia (E.P. vs. Italia),
protección efectiva en el modelo normativo decide sin tener suficientemente en cuenta la
del sistema.” gravedad de los sufrimientos padecidos por
las víctimas directas e indirectas. En sentido

145
igualmente crítico, véase T. VAN BOVEN, atenção especial aos mais necessitados de
Reparations: a requirement of justice, en El proteção (os socialmente excluídos e os
Sistema…, cit., pp. 653-672. segmentos mais carentes e vulneráveis da
população), indicam que, depois de muitos
71. En el mismo Voto Razonado de ut supra, anos de luta, os princípios do direito
párr. 14-15, el Presidente subraya: “el internacional dos direitos humanos parecem
derecho penal internacional parece correr el enfim ter alcançado as bases das sociedades
riesgo de incurrir en la misma distorsión de nacionais. Da mesma forma, a preocupação
relegar a un plano secundario la figura de las externada em Viena em assegurar a
víctimas, centrando la atención más bien en incorporação da dimensão dos direitos
los responsables por crímenes de particular humanos em todas as atividades e programas
gravedad. Ésta no es una especulación dos organismos que compõem o sistema das
teórica […]. A mi modo de ver, es el Nações Unidas, somada à ênfase no
Derecho Internacional de los Derechos fortalecimento da interrelação entre os
Humanos que, clara y decididamente, viene direitos humanos, a democracia e o
a rescatar la posición central de las víctimas, desenvolvimento (situando como sujeito
por cuanto encuéntrase orientado hacia su central deste último o ser humano), apontam
protección y al atendimiento de sus para o alentador reconhecimento de que os
necesidades.” direitos humanos se impõem e obrigam os
Estados, e, em igual medida, os organismos
72. Véase A.A. CANÇADO TRINDADE. La internacionais e outras entidades ou grupos
interdependencia de todos los derechos (e.g., os detentores do poder econômico,
humanos. Obstáculos y desafíos en la particularmente aqueles cujas decisões
implementación de los derechos humanos repercutem no quotidiano da vida de
(traducción en castellano publicada por
milhões de seres humanos). Os direitos
http://www.unesco.org/issj/rics158/trindades humanos, em suma, em razão de sua
pa.html del artículo homónimo parecido en universalidade nos planos tanto normativo
la Revue Internationale de Sciences
como operacional, acarretam obrigações
Sociales, Paris, UNESCO, 1998, pp. 571- erga omnes.”
582), donde el Autor subraya el enfoque
holístico ya propugnado por la Declaración 73. “Un mundo que se muestra determinado a
Universal de DDHH, y pone en evidencia proteger los capitales, bienes y servicios,
que “el derecho fundamental a la vida pero no los seres humanos. Un mundo que
misma, que comprende las condiciones de ha sometido la mayoría de los seres
vida, ha sido cada vez más considerado humanos a servicio de los intereses y
como un derecho que pertenece tanto al ganancias de unos pocos…”: Voto Razonado
ámbito de los derechos individuales como ult.cit., pár. 20.
sociales”, y A. A.CANÇADO TRINDADE,
Prefácio, en A. A., CANÇADO 74. “El sufrimiento humano tiene una dimensión
TRINDADE, G. PEYTRIGNET y J. R. DE tanto personal como social. Así, el daño
SANTIAGO, As Três vertentes da Proteção causado a cada ser humano, por más
Internacional dos Direitos da Pessoa humilde que sea, afecta a la propia
Humana. Direitos Humanos, Direito comunidad como un todo”: loc.ult.cit., pár.
Humanitário, Direito dos Refugiados, 22. Un adelanto del concepto de “daño
publicados en el sitio web social” se encuentra ya en la Sentencia serie
http://www.icrc.org/icrcspansf/4dc394db5b5 C, n. 31 del 29 de enero de 1997 sobre
4f3fa4125673900241f2f/fee6377eea5d00d3 reparaciones, en el caso Caballero Delgado y
412568b000381f0a? OpenDocument: “A Santana vs. Colombia, pár. 22, donde
reasserção, pela Conferência de Viena, da todavía se afirma “que el daño debe
universalidade dos direitos humanos, demostrarse con sustento probatorio
enriquecida pela diversidade cultural, e os suficiente en relación con la existencia y
esforços envidados no propósito de magnitud del mismo.”
assegurar na prática a indivisibilidade de
todos os direitos humanos (civis, políticos, 75. En el mismo sentido, véase A.A.
econômicos, sociais e culturais), com CANÇADO TRINDADE. La
interdependencia…, cit., donde el Autor

146
subraya que “la promoción y defensa de los José, interpretado por el Protocolo de San
derechos humanos sólo se puede concebir y Salvador.”
desarrollar a partir de una concepción
integral de la totalidad de los derechos, 77. Voto Razonado ult. cit., párr. 8 y 9.
teniendo en cuenta su carácter
interdependiente. Una percepción atomizada 78. Cfr., por ejemplo, la Delaración de
y fragmentada de los derechos humanos Cartagena de Indias y la Declaración de
Margarita, adoptada en 1997 por el Vértice
conduce inevitablemente a distorsiones, y
posterga su realización a un futuro incierto e de los Jefes de Estado y de Gobierno de la
indefinido. […] Numerosos Estados, que Comunidad Iberoamericana : “Justicia
Social : Concebimos la justicia social como
han progresado en materia de derechos
civiles y políticos, continúan practicando la realización material de la justicia en el
políticas que sistemáticamente violan los conjunto de las relaciones sociales, la cual
exige medidas de compensación a favor de
derechos económicos, sociales y culturales.
No puede haber prueba más sólida que las aquellos que requieran un tratamiento
propias distorsiones, de la urgente necesidad especial y diferenciado, que no pueden
representar o hacer valer de forma efectiva y
de remplazar estas perspectivas
fragmentadas por una concepción pública sus intereses, necesidades o
necesariamente integral de todos los aspiraciones; Superación de la Pobreza:
Conscientes que en el contexto actual
derechos humanos. […] El creciente
deterioro de las condiciones de vida de la superar la pobreza en la Región demanda la
población, que actualmente aflige a tantos ejecución de programas que garanticen a la
países, a la larga podría constituir una población el aceso a los servicios de
amenaza para los avances alcanzados en educación, salud, justicia e infrastructura, de
modo que puedan tener una mejor calidad de
años recientes en el campo de los derechos
civiles y políticos. No se puede dudar acerca vida, acceder a mejores empleos y obtener
del enfoque que deberíamos adoptar, a saber, mayores ingresos, reafirmamos que la
inversión social debe estar dirigida a la
una concepción global e integral de todos los
derechos humanos” y “Los Derechos Civiles promoción de oportunidades para que las
y Políticos”, Documento E/CN.4/2002/L.65 personas más pobres puedan incorporarse de
manera productiva y sostenida a la
fechado 16 de abril de 2002, de la Comisión
DDHH de NU, punto 2. economía; Juventud: Preocupados por los
asuntos que inquietan a los jóvenes de
76. C. URQUILLA BONILLA, op.loc.citt., nuestros países, estamos conscientes de que
subraya (p. 273) que “sin embargo, en la es necesario redoblar los esfuerzos de
actualidad se puede apreciar que comienza a nuestra gestión gubernamental, con vistas a
surgir una nueva tendencia sobre la garantizar la ampliación de las
posibilidad de que en el sistema oportunidades en educación, empleo, salud y
interamericano, a través de las peticiones participación democrática de las nuevas
individuales, se logre la protección de los generaciones de iberoamericanos”, así como
derechos ecónomicos…de manera también, por último, el Documento
autónoma” y da el ejemplo de las medidas CD/Res.08 (76-R/01) adoptado el 11 de
cautelares urgentes del 29 de febrero de mayo de 2001, en Montevideo, por el
2000 y de la decisión sobre la admisibilidad Consejo Directivo del Instituto
n. 29/01, adoptadas por la Comisión en el Interamericano del Niño sobre la
caso 12.249 contra El Salvador, relativo a “Implementación del protótipo de políticas
reclamos realizados por personas viviendo públicas focalizadas para la niñez y la
con Vih/Sida por falta de medicamentos adolecencia en circunstancias de
antirretrovirales. “Con esa decisión”, agrega vulnerabilidad y riesgo social.”
el Autor, “la Comisión admite su
competencia ratione materiae para conocer 79. “El tema de esta Sentencia, y por ende ella
misma, se sitúa en un punto de convergencia
de peticiones individuales sobre violaciones
presuntas de derechos ecónomicos…a través entre derechos civiles y derechos
de la infracción del art. 26 del Pacto de San económicos, sociales y culturales; dicho de
otra manera: se halla en el punto al que
concurren el Derecho civil y el Derecho

147
social”: en este sentido el Voto Concurrente derecho a supervivencia física (vida y
del Juez Salgado Pesantes en la decisión a la salud), integridad cultural y ambiente sano.
que se refiere aquí abajo. Ante la amenaza de ser expulsados de su
lugar de residencia por la decisión del
80. Sólo formalmente precedida por la Sentencia Estado de construir un puente internacional
serie C, n. 15 sobre reparaciones, emitida el y un plan de urbanización en su territorio, se
10 de setiembre de 1993 en el caso está discutiendo una propuesta de acuerdo
Aloeboetoe vs. Suriname, en que la Corte se de solución amistosa, cuyo tema principal es
refirió a los principios generales del derecho el reconocimiento de la posesión de la
reconocidos por las naciones civiles (art. propiedad de la tierra y el informe de
38.1 del Estatuto de la Corte Internacional impacto ambiental). Todos estos casos son
de Justicia), ante la falta de ratificación del relatados por “Derechos Económicos,
Convenio n. 169 de la O.I.T. por el Estado Sociales y Culturales en El Sistema
demandado y de consuetudines generales. Interamericano”, Editorial de CEJIL
Sobre los derechos de las Comunidades GACETA, n. 12, 2000, p. 2.
indígenas de Gujaba, véase el reciente
trabajo de J. MÉNDEZ, Derechos de las 82. En la vasta literatura sobre tierra y
poblaciones indígenas, Iudicium et Vita, poblaciones indígenas, véase, por último,
1998, 6, pp. 11-41 y en particular pp.32-33. con referencia específica al Continente
Latinoamericano M.L. ACOSTA, Las
81. Sobre el mismo problema, pero respecto a Acciones Legales Tomadas por la
otro Estado, véase el Informe de la Comunidad Mayagna de Awas Tingni para
Comisión IDH n. 90/99 en el caso 11.713 – Defender su Tierra de la Usurpación Estatal:
Enxet-Lamenxay and Kayleyphapopyet El Caso de Solcarsa, Centro de
(Riachito) Comunidades Indígenas vs. Documentación de Pueblos Indígenas, en
Paraguay, que se concluyó con un arreglo http://www.geocities.com/RainForest/-
amistoso [el Estato compró de nuevo a la Andes/8976/centro.htm; S. J.ANAYA y
sociedades extranjeras 21.884 ha del T.CRIDER, Indigenous Peoples, The
territorio de los Enxet en el Chaco Environment, and Commercial Forests in
paraguayo y les reconoció la propriedad de Developing Countries: The Case of Awas
la Comunidad, atribuyéndole también una Tingni, Nicaragua, HRQ, 1996, 2, pp. 345-
suma de dinero a título de indemnización], 367; S. J. ANAYA, The Awas Tingni
el caso 11.706 o Masacre Comunidad Petition to the Interamerican Commission on
Indígena “Yanomami” [La comunidad Human Rights: Indigenous Lands, Loggers
indígena “Yanomami”, ubicada en la and Government Neglect in Nicaragua, St.
frontera entre Venezuela y Brasil, fue Thomas L. Rev., 1996, 9, p.157 y sig.; S.
víctima de una masacre orquestada por J.ANAYA y R. WILLIAMS JR., The
buscadores de oro (garimpeiros) que habían Protection of Indigenous Peoples’ Rights
ocupado su área indígena, muriendo 16 over Lands and Natural Resources Under the
indígenas en dos confrontaciones con los Inter-American Human Rights System,
invasores. El 10 de diciembre de 1999 se Harv.HR J., 2001, 14, p. 33 y sig.; A.
firmó un acuerdo de solución amistosa en el ANGHIE, Time Present and Time Past:
que el Estado de Venezuela se comprometió Globalization, International Financial
a asegurar la integridad de la comunidad, Institutions, and the Third World, N.Y.U. J.
atender su derecho a la salud y realizar Int’l L. and Pol., 2000, pp. 243-290 y
reformas legislativas. En especial, el Estado especialmente pp. 247-263; J. AUBÉRIQUE
Venezolano se comprometió a firmar un CHARLES, Pueblos indígenas y tierra-
acuerdo binacional con Brasil con el fin de Guyanas, ALAI, América Latina en
establecer un plan de vigilancia y controlar Movimiento, 298,18 de agosto de 1999; R.
la actividad minera en la zona. El acuerdo se L.BARSH, The Challenge of Indigenous
encuentra en proceso de ejecución], y el Self-Determination, U. Mich. J.L. Ref.,
caso 12.094 o de 35 comunidades 1993, 26, p. 277 y sig.; R. L.BARSH,
aborígenes nominadas Asociación de Indigenous Peoples in the 1990s: from
Comunidades Aborígenes “Lhaka Honat” Object to Subject of International Law?,
vs. Argentina, donde las víctimas alegan su Harv. HR J., 1994, 7, pp. 33-86 y

148
especialmente pp. 38-40; 43-48; 52-57; 58- Movimiento, 24 de enero de 2000; S.
63 y 70-75; R. L. BARSH, Indigenous WIESSNER, Rights and Status of
Peoples and the UN Commission on Human Indigenous Peoples: A Global Comparative
Rights: A Case of the Immovable Object and and International Legal Analysis, Harv. HR.
the Irresistible Force, HRQ, 1996, 18, pp. J., 1999, p. 57 y sig., especialmente pp. 74-
796-800; R. L. BARSH, Rights and Status 90; H. THOMPSON. Las Empresas
of Indigenous Peoples: A Global Transnacionales y los Derechos Indígenas,
Comparative and International Legal en http://www.puebloindio.org/moskitia/-
Analysis, Harv. HR J., 1999, 12, p. 57 y sig. empresas%20transnacionales%20y%20-
y especialmente pp. 74-90; H. R. CLARK y di.html; S. WIESSNER y M. A. BATTISTE,
A. VELAZQUEZ, Foreign Direct The 2000 Revision of the United Nations
Investment in Latin America: Nicaragua – a Draft Principles and Guidelines on the
Case Study, Am. U. Int’l L. Rev., 2001, 16, Protection of the Heritage of Indigenous
pp. 743-807; S. ERCMANN, Linking People, St.Thomas L.R., 2000, 13, pp. 383-
Human Rights: Rights of Indigenous People 414; R. WILSON y J. PERLIN, The Inter-
and the Environment, Buff. Envir.L.J., 1999 American Human Rights System…, cit., p.
– 2000, pp. 15-46; W. FELICE, The U.N. 330 y L. ZAPIOLA, El Convenio 169 de la
Committee on the Elimination of All Forms Organización Internacional del Trabajo
of Racial Discrimination: Race, and sobre Pueblos Indígenas y Tribales en Países
Economic and Social Rights, HRQ, 2002, 1, Independientes respecto de la República
pp. 205-236; B. FREY, The Legal and Argentina, Aprobado por Ley n. 24.071, en
Ethical Responsibilities of Transnational Centro de Documentación de Pueblos
Corporations in the Protection of Indígenas.
International Human Rights, Minnesota J. Véanse, también, en general, las Resolución
Global Trade, 1997, pp. 153-188; F. 2000/22 (fechada 28 de julio de 2000) de
GONZALES, Persistencia de la identidad ECOSOC sobre la creación de un “foro
indígena, en http://www.geocities.com/ permanente para las cuestiones indígenas”;
Athens/Atrium/9449/s3fgon2.htm; C. la Resolución 2001/57 (Doc.
GROSSMANN, Awas Tingni vs. Nicaragua: E/CN.4/RES/2001/57 de 24 de abril de
A Landmark Case for the Inter-American 2001) de la Comisión DDHH de NU; el
System, HR Brief, vol. 8, 3, 2001; F. capítulo VII, sobre “Las Poblaciones
LOPEZ BERMUDEZ, Indigenous Peoples Indígenas”, del Informe de la Comisión
and International Law: The Case of Ecuador, DDHH de NU (Doc. E/CN.4/2001/25 del 5
St. Thomas L. Rev., 1997, pp.175-196 y de enero de 2001) titulado “El Derecho al
especialmente p.186 y sig.; M. JENNINGS y Desarrollo”, que contiene el Informe de la
J. ENTINE, Business with a Soul: A Alta Comisionada de NU para los Derechos
Reexamination of what Counts in Business Humanos al Consejo Económico y Social,
Ethics, Hamline J. Pub. L.Policy, 1998, 20, Periodo de sesiones sustantivo de 2001,
pp. 1-88; C. JOCHNICK, Confronting the Ginebra, 2 a 27 de julio de 2001, y
Impunity of Non-State Actors: New Fields especialmente los puntos 1 y 2 : “Las
for the Promotion of Human Rights, NHRQ, poblaciones indígenas también se ven
1999, 1, pp.56-79; F. MACKAY, Universal afectadas desproporcionadamente por las
Rights or a Universe unto Itself ? Indigenous actividades de desarrollo nacional que las
Peoples’ Human Rights and the World desplazan de sus tierras y territorios
Bank’s Draft Operational Policy 4.10 on tradicionales, frecuentemente con una
Indigenous Peoples, Am. U. Int’l L. Rev., indemnización mínima o sin ella, por lo que,
2002, 17, pp.527-624 y especialmente pp. en vez de beneficiarios, se convierten en
582-624; T. MACDONALD, víctimas del desarrollo. También es
Internationalizing indigenous community importante destacar que las poblaciones
land rights: Nicaraguan Indians and the indígenas son particularmente vulnerables al
Inter-American Court of Human Rights, en racismo y a la discriminación, tienen índices
Nicaragua – The Awas Tingni Land de encarcelamiento más elevados que otros
Demarcation Case: Focus on Compliance, sectores de la población y son víctimas de la
2001; J. P. STEDILE, Reforma agraria en violencia desatada contra ellas a causa de su
Brasil, ALAI, América Latina en origen étnico. Los intereses de las

149
poblaciones indígenas, uno de los grupos El racismo contra los pueblos indígenas
particularmente afectados por la hace que sea relativamente fácil para los
discriminación, deben ser uno de los temas dirigentes políticos y empresariales
centrales de la declaración y el programa de nacionales concebir esas medidas y
acción”, y el “Documento de trabajo sobre movilizar un amplio apoyo del público en
la lucha contra el racismo sufrido por los favor de ellas. Si las comunidades indígenas
pueblos indígenas”, presentado por la Sra. se resisten al desposeimiento, el racismo
Erica – Irene Daes, miembro del “Grupo de hace más fácil que los políticos justifiquen
Trabajo sobre las Poblaciones Indígenas de la utilización de la violencia para aplastar
la Subcomisión de Promoción y Protección las protestas. Desde ese punto de vista, es
de los Derechos Humanos”, al Comité imposible separar el racismo y los derechos
Preparatorio de la Conferencia Mundial a la tierra de la política de comercio. En la
contra el Racismo, la Discriminación Racial, medida en que avanzamos hacia un
la Xenofobia y las Formas Conexas de comercio más libre, creamos mayores
Intolerancia de la Asamblea General de NU incentivos para que los Estados y sus
(Documento A/CONF.189/PC.3/4, en fecha sectores de exportación invadan las tierras
de 20 de julio de 2001), puntos 1, 2, 4, 6 y de los pueblos indígenas y estimulen de ese
7: “Los pueblos indígenas son por lo general modo el crecimiento de las exportaciones en
vulnerables al desposeimiento de sus tierras sectores como los de petróleo, metales,
y recursos naturales, entre otras cosas productos de la madera y cultivos en
debido a que carecen de poder para plantaciones. El vínculo entre el comercio y
defenderse. No sólo carecen de poder físico, el desposeimiento será máximo en los países
sino de estatuto jurídico y de acceso a en que el racismo es más fuerte y en que las
recursos jurídicos y asequibles. El racismo instituciones nacionales de lucha contra el
es a menudo el motivo por el cual los racismo y de resarcimiento de sus víctimas
territorios indígenas son invadidos por otros son relativamente débiles. Este problema
grupos; el racismo es asimismo el motivo presenta una gran paradoja. Los Estados
por el cual se deniega a los pueblos sometidos a la máxima presión económica
indígenas el acceso a recursos jurídicos para aumentar sus ingresos por
eficaces. De ese modo, el racismo crea un exportaciones, y que por ello desplazan a los
círculo vicioso de desposeimiento, de pueblos indígenas, tienden a ser Estados que
inacción por parte de las autoridades han sido ellos mismos las mayores víctimas
públicas y de nuevo desposeimiento. El de racismo colectivo en el plano
desposeimiento provoca una situación de internacional. Los países en desarrollo han
pobreza extrema entre los pueblos argumentado repetidamente que las
indígenas, que a su vez intensifica el actitudes y creencias racistas en los países
racismo dirigido contra ellos. El problema más industrializados han sido la causa de
de la tierra y el problema del racismo deben relaciones de intercambio punitivas, plazos
abordarse conjuntamente; son un único de reembolso de la deuda estrictos y
problema. Los últimos diez años de medidas represivas de ajuste estructural. Si
liberalización global del comercio y de esto fuera verdad, y no considero que ello
crecimiento rápido de las inversiones en los pueda negarse por completo, de ahí se
países en desarrollo han agravado el círculo deduce que el racismo entre países puede
vicioso del racismo y el desposeimiento. provocar la intensificación del racismo
Con objeto de atraer inversiones extranjeras dentro de los países, en particular contra
y promover el comercio exterior, muchos grupos extremadamente aislados o
países en desarrollo han abierto a empresas marginados como los pueblos indígenas;
dedicadas a la extracción, como las de Este análisis de las relaciones entre los
explotación minera y forestal, zonas hasta derechos de los pueblos indígenas a la tierra,
ahora aisladas de sus territorios que el racismo y la liberalización del comercio
constituyen a menudo los últimos refugios me lleva a hacer tres recomendaciones
de los pueblos indígenas y de su diversidad principales: a) No puede haber comercio
cultural. De ese modo, los pueblos indígenas ‘libre’ o ‘leal’ entre los Estados a menos que
son sacrificados colectivamente a fin de éstos respeten y protejan los derechos de los
aumentar los ingresos de otros ciudadanos. pueblos indígenas a la tierra. En la

150
actualidad, los Estados que expropian las en el Perú el 47% y en el Ecuador el 43%.
tierras de los pueblos indígenas sin Estos tres países juntos tienen una población
consentimiento o sin un resarcimiento indígena que sobrepasa el 50% de su
pleno, o condonan la invasión de los población total reunida. Según estimaciones,
territorios de los pueblos indígenas, están en Chile hay un millón de indígenas, en
obteniendo una ventaja competitiva injusta Colombia 600,000 y en Venezuela 400,000.
en relación con los Estados que respetan los Así, el concepto de “minorías” que se utiliza
derechos de los pueblos indígenas a la tierra. a nivel de las Naciones Unidas se relativiza
Están subvencionando sus sectores de en grado sumo en la región andina, donde
exportaciones con los recursos naturales de viven 17,3 millones de ellos en los Andes y
los pueblos indígenas. Esto es 2,7 millones asentados en Amazonia. Para
potencialmente una distorsión grave del una reseña amplia y detallada sobre los
comercio, así como una violación de los derechos de las poblaciones indígenas en los
derechos básicos y las libertades Estados de la Comunidad Andina, véase la
fundamentales de los pueblos indígenas, y la página “Pueblos Indígenas” de la CAJ,
Conferencia Mundial contra el Racismo Comunidad Andina de Juristas: “Los
debería considerar medidas eficaces de pueblos indígenas se definen como aquellos
señalar ese problema a la atención de la grupos sociales y humanos, identificados en
Organización Mundial del Comercio y de términos culturales y que mantienen una
las organizaciones intergubernamentales continuidad histórica con sus antepasados,
regionales de comercio.” desde la época anterior a la llegada a este
continente de los primeros europeos. Esta
83. Aún si las prácticas exterminadoras de continuidad histórica se advierte en las
algunos Estados, como, por ejemplo, formas de organización, en la cultura propia,
Guatemala, han logrado decimar en la autoidentificación que estos pueblos
poblaciones indígenas, como lo muestra el hacen de sí mismos y en el manejo de un
“mapa de los masacres” anexo al Reporte de idioma cuyos orígenes son prehispánicos.
la “Comisión Histórica de la Verdad”, del Estos pueblos se conocen en nuestros países
cual se desprende que el 83,33% de las porque mantienen formas de vida y de
víctimas del conflicto interno guatemalteco cultura que los distinguen del resto de la
ha sido de etnía maya. A este propósito, sociedad, y han estado subordinados y
véanse también T. BENDIKSBY, Minority marginados tradicionalmente por estructuras
Rights, Justice and Etnicity in Guatemala, en económicas, políticas y sociales
Human Rights in Development, H. Stokke y discriminatorias, que prácticamente los han
A.Tostenes editores, SIM Yearbook mantenido en condición de ciudadanía de
1999/2000, 2001, p. 163 y sig. y M. segunda clase, a pesar de que en las
HOLLEY, Recognizing the Rights of legislaciones, formalmente, los indígenas
Indigenous People to their Traditional tienen los mismos derechos que tienen los
Lands: A Case Study of an Internally- no indígenas. Pero, en la realidad, esta
Displaced Community in Guatemala, Berk. ciudadanía es como imaginaria, porque
J. Int’l Law, 1997, pp. 119-157. A. A. siguen sufriendo de formas estructurales de
CANÇADO TRINDADE, La discriminación, de exclusión social, de
interdependencia…, cit., subraya que hoy en marginación.” F. LOPEZ BERMUDEZ,
día “además de las violaciones Indigenous Peoples and International
‘tradicionales’, hay otras graves Law…, cit., p. 195, subraya que “as it is
discriminaciones contra miembros de stated by the Inter-American Commission on
minorías y otros grupos vulnerables, con Human Rights, in its report on Ecuadorian
criterios étnicos, nacionales, religiosos y poverty, exclusion is the reality for the ten
lingüísticos..” Indigenous nationalities.” Una reseña de las
En lo que se refiere en particular a la región normas constitucionales y de la
andina, los pueblos indígenas constituyen, jurisprudencia doméstica latinoamericana
en promedio, el 30% de la población de la relativa a las poblaciones indígenas en
región. Más de 20 millones de habitantes de general y a la “tierra y territorio, propiedad y
la región corresponden a esta realidad: en posesión” en particular la proporciona, con
Bolivia el 71% de la población es indígena, comentarios en anexos, el número 6 (1998)

151
ya citado de Iudicium et Vita, IIDH, autoridades locales de cada comunidad
enteramente dedicado al tema, y en tienen mecanismos propios, usos y
particular las pp.73-156. costumbres, derecho consuetudinario para
distribuir el acceso equitativo entre las
84. El pár. 69 de la Sentencia señala que se trata, comunidades domésticas. Hay dos conceptos
además de la Comunidad Awas Tingni de tierra colectiva: el territorio, en su
(Comunidad Mayagna), de las “Diez generalidad, que la comunidad considera
Comunidades” (Comunidad Miskita), de la común, pero internamente existen
“Comunidad Indígena de Tasba Raya”, mecanismos para asignar utilización y
conocida también como “Seis ocupación eventual a sus miembros y que no
Comunidades”, que comprende las permite ajenación a personas que no son
siguientes Comunidades: de Miguel Bikan, miembros de la comunidad; y lo que son
Wisconsin, Esperanza, Francia Sirpi, Santa áreas exclusivas de utilización colectiva,
Clara y Tasba Pain (Comunidades Miskitas) “commons”, que no se dividen en parcelas.
y de la “Comunidad Indígena de Karatá” Casi todas las comunidades indígenas tienen
(Comunidad Miskita). La misma Sentencia una parte de “commons”, de uso colectivo, y
(pár. 83 letra d) así se expresa: “un tema luego otra parte que puede ser dividida y
fundamental en la definición de los pueblos asignada a familias o a unidades domésticas.
indígenas es la relación de éstos con la Sin embargo, se mantiene el concepto de
tierra. Todos los estudios antropológicos y propiedad colectiva, que cuando no está
etnográficos demuestran que la relación titulada es cuestionada por otros, por el
entre los pueblos indígenas y la tierra es un Estado mismo muchas veces. Cuando hay
vínculo esencial que da y mantiene la problemas surge la necesidad de que existan
identidad cultural de estos pueblos. Hay que títulos de propiedad porque la comunidad se
entender la tierra no como un simple arriesga a perderlo todo. La historia de
instrumento de producción agrícola, sino América Latina ha consistido en un despojo
como una parte del espacio geográfico y prácticamente permanente de comunidades
social, simbólico y religioso, con el cual se indígenas por intereses externos […] En los
vincula la historia y actual dinámica de estos siglos XIX y XX, los Estados declararon
pueblos. La mayoría de los pueblos grandes espacios geográficos del territorio
indígenas en América Latina son pueblos americano como tierras baldías, como tierras
cuya esencia se deriva de su relación con la nacionales y autoasumieron el derecho de
tierra, ya sea como agricultores, como disponer de esas tierras, sin tomar en
cazadores, como recolectores, como consideración los derechos originarios, los
pescadores etc. El vínculo con la tierra es derechos históricos, y la presencia física de
esencial para su autoidentificación. La salud pueblos indígenas organizados de diferentes
física, la salud mental y la salud social del maneras en estas tierras desde tiempos
pueblo indígena están vinculadas con el inmemoriales. Los problemas surgen cuando
concepto de tierra. Tradicionalmente, las los Estados deciden titular estas tierras o dar
comunidades y los pueblos indígenas de los concesiones o permitir desmontes, autorizar
distintos países en América Latina han la utilización de estas tierras para otras
tenido un concepto comunal de la tierra y de finalidades determinadas por intereses
sus recursos. En las tierras bajas, económicos diversos. En esos momentos es
tradicionalmente los pueblos indígenas han cuando muchos pueblos indígenas se dan
llevado a cabo una agricultura de cuenta de que no son, jurídicamente
subsistencia rotativa, sobre todo en los hablando, los dueños auténticos de los
bosques tropicales. Con frecuencia, territorios que tradicionalmente ocupan.”
combinan esa agricultura de subsistencia con
otras actividades que requieren un espacio 85. Véanse los párr. 83, 16, 116, 117, 118, 119 y
económico relativamente más amplio que 121 de la Sentencia. Con respecto al Perú,
una parcela propiamente agrícola. Las véanse las Observaciones Finales del Comité
comunidades indígenas de Nicaragua de Derechos Económicos, Sociales y
corresponden al modelo de las tierras bajas. Culturales respecto del Perú (Documento
El espacio en el cual se mueve la población E/C.12/1/Add.14 fechado 20 de mayo de
indígena es un espacio colectivo. Las 19997, cit.), puntos 15 y 16.

152
86. En cuanto al derecho del electorado pasivo Comunidad…”: pár. 83 letra c de la
de los miembros de las Comunidades Sentencia.
indígenas en las elecciones administrativa de
la RAAN (Región Autónoma del Atlántico 88. Ibíd., párr. 83, 17, 18 y 23: “el 3 de abril de
del Norte), véase el Informe n. 125/01– 1997 los peticionarios informaron a la
3.12.2001 de la Comisión IDH sobre el caso Comisión sobre el fallo de la Sala
Yatama, referido siempre a Nicaragua. Con Constitucional de la Corte Suprema de
referencia a otros Estados, véase S. SPEED Justicia de Nicaragua de 27 de febrero de
y J. COLLIER, Limiting indigenous 1997, que…declaró la inconstitucionalidad
Autonomy in Chiapas, Mexico: The State de la concesión otorgada a ‘Solcarsa’,
Government’s Use of the Human Rights, debido a que violaba el art. 181 de la
HRQ, 2000, 4, pp. 877-905. Constitución nicaragüense [no habiendo sido
exigida la previa opinión del entero Consejo
87. “Los miembros de la Comunidad viven de la de la RAAN, y por lo tanto, tampoco el de
agricultura, la caza y la pesca, entre otras los indígenas quienes por derecho lo
actividades. La Comunidad selecciona lo integraban]. También informaron que el
que consume, y así no destruye los recursos Estado no había suspendido la concesión. El
naturales. Las tierras son ocupadas y 23 de abril de 1997, Nicaragua solicitó a la
explotadas por toda la Comunidad. Nadie es Comisión que desechara las medidas
individualmente dueño de la tierra, los cautelares solicitadas por los peticionarios,
recursos de ésta son colectivos. Si la persona con fundamento en la sentencia dictada por
no pertenece a la Comunidad no puede la Sala Constitucional de la Corte Suprema
explotar la tierra. No existe el derecho de de Justicia, la cual se comprometía a
expulsar a alguien de la Comunidad. Para cumplir. Sin embargo, el 11 de junio del
negar el derecho al uso de la tierra a alguno mismo año, los peticionarios informaron a la
de los miembros de la Comunidad, el asunto Comisión que el Estado y ‘Solcarsa’
tiene que ser considerado y decidido por la continuaban actuando como si la concesión
Junta de ésta. Cuando una persona muere fuera válida, a pesar de la sentencia de la
sus familiares son dueños de aquellas cosas Sala de lo Constitucional de la Corte
que poseía el difunto. Pero, al ser las tierras Suprema de Justicia… El 2 de marzo de
propiedad colectiva de la Comunidad, no 1998 el Estado comunicó a la Comisión que
hay manera de que un miembro transmita a el 22 de enero del mismo año los
otro libremente los derechos que tiene en peticionarios habían presentado ante la Corte
relación con el uso de ellas […] Las formas Suprema de Justicia una solicitud de
de explotación del suelo del área de la ejecución de la sentencia de 27 de febrero de
Comunidad Awas Tingni se basan en un 1997 dictada por ese tribunal. En esta
sistema comunal, dentro del cual hay oportunidad Nicaragua…solicitó a la
usufructo de parte de individuos, lo cual Comisión que se abstuviera de continuar
significa que nadie puede vender ni alquilar conociendo del caso. D. KNIGHT,
ese territorio a gente de fuera de la Devastating Logging in Nicaragua, IPS
Comunidad. Sin embargo, dentro de la World News, Washington, 9 de octubre de
Comunidad, ciertos individuos utilizan un 1998 subraya que ‘Solcarsa’ was never even
lote, un área determinada, año tras año. Así, notified by the government when the
la Comunidad respeta el derecho de Supreme Court ruled the concession illegal.”
usufructo pero no permite el abuso de ese Suena entonces un poco irónico el Plan de
derecho. Este derecho de usufructo se Acción adoptado por los Jefes de Estado y
adquiere en muchos casos por herencia, de Gobierno en la III Cumbre de las
pasando de generación en generación, pero Américas, en el punto donde (bajo el título
principalmente se otorga por un consenso de “Registro de Propiedades”) se afirma que
la Comunidad. También puede transferirse “de acuerdo a sus ordenamientos jurídicos,
de una familia a otra. Quien se beneficia de los Gobiernos adoptarán las medidas que
ese usufructo tiene la posibilidad de excluir sean necesarias para proteger los derechos
del uso de esa tierra, del aprovechamiento de reconocidos de las poblaciones indígenas.”
esos recursos, a los demás miembros de la Sobre el Plan de Acción, véase en doctrina
T. LOZANO ESCRIBANO, El Fondo

153
indígena creado en el seno de las Cumbres trato, porque la oferta no concordaba con sus
Iberoamericanas, en El Sistema…, cit., pp. pretensiones de titulación, conforme al mapa
427-436. presentado por la Comunidad”; “El Instituto
Nacional para la Reforma Agraria es visto
89. Los párr. 83 letra f , 83 letra k, y 104 del por las comunidades indígenas como un
fallo subrayan que “no hay uniformidad actor hostil, representa una visión que no
clara en todos los países de América Latina concuerda ni con las demandas ni con la
respecto al tema de si puede haber derecho a comprensión de la cultura indígena misma.
propiedad sin título. Algunas legislaciones, Sus acciones principales han sido efectuadas
como es el caso, por ejemplo, de Colombia, a favor de los campesinos inmigrantes del
aceptan que los pueblos indígenas son oeste.”
propietarios de la tierra y que el título es
simplemente un reconocimiento, un medio 91. B. WEINBERG, Land Grab in Nicaragua –
de prueba. Esta posición puede ser Globalization meets indigenous opposition
sustentada por los indígenas de todos los in the Nicaraguan rainforest, Toward
países que han acogido el convenio de la Freedom, June 1998, así se expresa: “with
Organización Internacional del some stability returning after years of
Trabajo…Los países que hicieron reformas warfare, foreign timber and mineral
constitucionales han contribuido companies are recolonizing the rainforest.
eficazmente a dar una mayor estabilidad a Under the long Somoza dictatorship, local
los pueblos indígenas y a mejorar fiefdoms were granted to U.S. firms; today,
sustancialmente las relaciones que existen the transnationals welcomed to Miskitia by
entre estas poblaciones con el resto de la President Arnoldo Aleman are Asian.
población nacional y con el Estado […] El Following the growing trend in Latin
único título que aparece en Nicaragua es el America of granting logging concessions to
de las Diez Comunidades, otorgado por la Asian corporations, particularly in the
Comisión del Tratado Harrison-Altamirano Amazon, in March 1996, President Violeta
entre 1905 y 1917. El territorio del resto de Chamorro granted a 68,000 hectare logging
las comunidades no ha sido titulado [...] concession to “Sol del Caribe SA”. The 30-
Desde 1987, Nicaragua no ha otorgado year concession at Cerro Wakambay was the
titulación alguna a favor de comunidades longest and biggest in Nicaragua. But the
indígenas. La Comunidad Awas Tingni no Mayangna village of Awas Tingni, which
goza de un título formal u otro instrumento wasn’t consulted, considers Cerro
de reconocimiento de un derecho sobre la Wakambay to be the heart of their traditional
tierra donde vive y desarrolla sus actividades lands […] “Solcarsa” is a subsidiary of the
culturales y de subsistencia, a pesar de que South Korean multinational corporation
lo ha solicitado por años al Estado […] La Kum Kyung Co.Ltd., primarily a clothing
situación de la Comunidad ha persistido a manufacturer. It boasts $5 million annual
pesar de los esfuerzos realizados desde 1991 profits in sales to such fashion icons as
para lograr la demarcación y la titulación de Christian Dior and Yves Saint Laurent. As
su tierra tradicional. El Estado ha sido the Asian financial crisis started to hit, Kum
negligente y arbitrario frente a las Kyung saw expanding into timber as a bold
solicitudes de titulación de la Comunidad.” new strategy. “Solcarsa” first built a plant at
Betania, outside Puerto Cabezas, but
90. Ibíd., pár. 83 letra i y letra j: “Los abandoned it in 1997 to build a new plant at
representantes del Estado ofrecieron titular a Rosita, in the rainforest […] The Betania
la Comunidad 12.000 hectáreas de tierras, plant was built to export mahogany from
con más de 50 cabezas de ganado y otros Puerto Cabezas […] The new Rosita plant
recursos y materiales para su desarrollo. El started turning less valuable rainforest trees
Estado llegó a esa cifra porque bajo la Ley into plywood, to be trucked out to Managua
de Reforma Agraria a cada familia se le […] The plywood was sold domestically,
asignan 58 hectáreas, por lo que, en razón de with plans to expand to other Central
la población de la Comunidad Awas Tingni, American markets. But the low-quality
ésa era la extensión de territorio que les plywood was seen as a holdover until the
correspondería. La Comunidad no aceptó el precious mahogany and cedar of the Cerro

154
Wakambay concession area could be los Concejales de la región, de los
exploited.” Por hechos sustancialmente municipios a Puerto Cabezas. Luego de
análogos, incluyendo la nacionalidad de la hacer la sesión en Puerto Cabezas, el señor
sociedad concesionaria, pero relativos a J.B. ofreció por separado a cada uno de los
otros Estados, véase S. J. ANAYA, Maya Concejales, 5.000 córdobas para que votaran
Aboriginal Land and Resource Rights and en favor de la concesión a la empresa
the Conflict Over Logging in Southern ‘Solcarsa’. Cabe agregar que, después de
Belize, Yale Hum. Rts. Dev. L.J., 1998, 1, haberse notificado a ‘Solcarsa’ la sentencia
pp. 17-51. A.A. CANÇADO TRINDADE, de la Corte Costitucional (más de dos años
La interdependencia…,cit., subraya “que las después que la misma fuera pronunciada), la
formas de las violaciones de los derechos sociedad se disolvió, pero los mismos socios
humanos se han diversificado. Por ejemplo, constituyeron otra, denominada ‘Prada S.A’,
bastaría recordar las violaciones perpetradas que obtuvo la misma concesión que
por organismos financieros y por quienes ‘Solcarsa’. H. THOMPSON, Las empresas
detentan el poder económico, y cuyas transnacionales…, cit., loc.cit., señala que
decisiones pueden condenar a miles de seres ante la ejecución de la resolución de la Corte
humanos a la pobreza más o menos extrema; Suprema de Justicia de cerrar la empresa
o las violaciones perpetradas por grupos de ‘Solcarsa’, la fábrica de procesamiento de
exterminio encubiertos, sin que el Estado, madera pasó a constituir una nueva razón
aparentemente, tenga ninguna social denominada ‘Prada S. A’, la cual no
participación.” era más que una forma encubierta de la
empresa coreana ‘Solcarsa’. Sólo que esta
92. Sobre los casi 90.000 reclamados por la vez estaban involucrados algunos
Comunidad (cfr. pár. 83 letra f de la empresarios nacionales. ‘Prada’ con el
Sentencia). mismo gerente y personal modificaron su
funcionamiento: dejan que la extracción de
93. Con Resolución Ministerial 2/97 del la madera sea cortada por madereros locales
MARENA, referida a la actividad de
y ellos se convierten en ‘clientes’ que les
desemboscamiento realizadas en el territorio compran la madera. Actualmente, están
de otras comunidades indígenas. gestionando nuevas concesiones para la
94. De la Sentencia (pár. 83 letra l) se desprende explotación maderera a través de la Alcaldía
que “la multa fue de 1.000.000, 00 de de ese municipio (Rosita) para continuar el
córdobas” y que “la Controlaría General de proceso iniciado por ‘Solcarsa’. Refleja esta
la República aprobó la extensión de esta situación una clara burla a la legislación
multa [al MARENA] y volvió a sancionar a nacional, a los derechos de los pueblos
la autoridad competente. La Controlaría indígenas y al Consejo Regional, como la
estableció una sanción que al menos es el autoridad autónoma para decidir sobre este
doble de aquella multa, y solicitó que el tipo de casos.”
ministro responsable cumpliera 95. ……
individualmente con el pago por no haber
aplicado la ley, pero el ministro nunca 96. Prefiriéndose, no por casualidad, examinar
pagó.” Sobre la cuestión véase M.G. la violación del art. 25 de la Convención
SOMARRIBA, Por el caso de Solcarsa y (derecho a un recurso rápido y efectivo)
lenidad de Marena, Controlaría clava a antes que la del art. 21 (derecho al goce de
Stadthagen – Responsabilidad administrativa los bienes).
y pliego de glosas por dos millones de
córdobas, El Nuevo Diario, Managua, 97. El pár. 145 de la Sentencia subraya que
Viernes 1 de Octubre de 1999, en EL durante los travaux préparatoires de la
NUEVO DIARIO..\index.html. Obsérvese, Convención, “se reemplazó la frase ‘toda
además, el episodio de corrupción al que se persona tiene el derecho a la propiedad
refiere el pár. 83 letra h de la Sentencia: privada, pero la ley puede subordinar su uso
“después de la sentencia de la Corte y goce al interés público’ por la de ‘toda
Suprema, ‘Solcarsa’ asumió los gastos para persona tiene derecho al uso y goce de sus
montar una sesión en Puerto Cabezas, bienes. La ley puede subordinar tal uso y
incluyendo el costo para movilizar a todos goce al interés social. Es decir, se optó por

155
hacer referencia al ‘uso y goce de los bienes’ derecho consuetudinario de las poblaciones
en lugar de “propiedad privada”. indígenas, véanse también, a nivel nacional,
la decisión 29 de agosto de 1997 del
98. Ibíd., párr. 146 y 148. GREENPEACE Juzgado de Primera Instancia en lo Criminal
(“Deni Indians win Legal Right to their del Departamento del Alto Paraguay y
Amazon Land – 18 October 2001”) relata, Canindeyú (referida a lo penal) y la decisión
respecto del Brazil, que “after a two year de la Corte Costitucional paraguaya
struggle supported by Brazilian (sentencia T-428/92), ambas en Iudicium et
organizations, the Deni Indians of the Vita, cit., pp.159-184.
Brazilian Amazon won the right to legally
protect their lands from illegal logging and 102. La aplicación de las consuetudines de las
industrial practices. According to the poblaciones maya ya había sido afirmada
Brazilian Constitution, all Indian lands por el Presidente de la Corte IADH en el
should have been demarcated by 1993 and pár. 13 de su Voto Razonado annexo a la
the Deni themselves were first promised this Sentencia serie C n. 70 de 25 de noviembre
in 1984. Of the 580 Indian territories de 2000 sobre el fondo, en el caso Bámaca
identified in Brazil, only 360 have been Velásquez vs. Guatemala, también con
formally demarcated. The Malaysian referencia a la Opinion Consultiva de la
logging giant WTK had purchased 151, 000 Corte Internacional de Juticia de 16 de
hectares of land that overlapped with the octubre de 1975 sobre el Sahara Occidental.
Deni’s traditional territories. The formal
decree signed by Brazil’s Minister of Justice 103. “Conforme al cual los miembros de la
was officially announced in Brasilia, Comunidad Awas Tingni tienen un derecho
granting formal recognition of the Deni’s de propiedad comunal sobre las tierras
rights to their traditional land, some 1, 530, donde actualmente habitan, sin perjuicio de
000 hectares in the remote south west of the los derechos de otras comunidades
Amazon inhabited by 670 people.” indígenas.” (párr. 116 y 148)

99. El subrayado es mío. Cfr. segundo punto 104. “Normas de Interpretación: Ninguna
resolutivo: “por siete votos contra uno, la disposición de la presente Convención puede
Corte declara que el Estado violó el derecho ser interpretada en el sentido de:… b) limitar
a la propiedad consagrado en el art. 21 de la el goce y ejercicio de cualquier derecho o
Convención Americana sobre Derechos libertad que pueda estar reconocido de
Humanos, en perjuicio de los miembros de acuerdo con las leyes de cualquiera de los
la Comunidad Mayagna (Sumo) Awas Estados Partes o de acuerdo con otra
Tingni, en conexión con los arts. s 1.1 y 2 de convención en que sea parte uno de dichos
la Convención” y el cuarto punto resolutivo : Estados.”
“por siete votos contra uno [disiente el Juez
105. En los párr. 2-4 del mismo Voto Razonado,
nicaragüense ad hoc], decide que el Estado
deberá delimitar, demarcar y titular las se sostiene que “en el ejercicio de su
tierras que corresponden a los miembros de jurisdicción contenciosa, la Corte
Interamericana está obligada a observar las
la Comunidad y abstenerse de realizar, hasta
tanto no se efectúe esa delimitación, disposiciones de la Convención,
demarcación y titulación, actos que puedan interpretándolas conforme a las reglas que
llevar a que los agentes del propio Estado, o ese mismo instrumento previene y a las
terceros que actúen con su aquiescencia o su demás que pudieran ser invocadas conforme
al régimen jurídico de los tratados
tolerancia, afecten la existencia, el valor, el
uso o el goce de los bienes ubicados en la internacionales, que figura en la Convención
zona geográfica donde habitan y realizan sus de Viena sobre el Derecho de los Tratados,
del 23 de mayo de 1969. Igualmente, ha de
actividades los miembros de la Comunidad
Mayagna (Sumo) Awas Tingni.” tener en cuenta el principio de interpretación
que obliga a considerar el objeto y fin de los
100. El subrayado es mío. tratados (art. 31.1 de la Convención de
Viena) y la regla pro homine, inherente al
101. El subrayado es mío. Ibíd., párr. 149 y 151 derecho internacional de los derechos
(el subrayado es mío). En materia de humanos. El citado art. 31.1 dispone: “Un

156
tratado deberá interpretarse de buena fe que la adopción de la Declaración
conforme al sentido corriente que haya de Americana sobre los Derechos de los
atribuirse a los términos del tratado en el Pueblos Indígenas es una prioridad de la
contexto de éstos y teniendo en cuenta su Organización de los Estados Americanos,
objeto y fin.” En la especie, el objeto y fin subrayando además la importancia de la
de la Convención Americana sobre participación de los pueblos indígenas en el
Derechos Humanos se concentran en el proceso de elaboración del Proyecto de
reconocimiento de la dignidad humana y de Declaración.
las necesidades de protección y desarrollo de
las personas, en la estipulación de 107. El subrayado es mío.
compromisos a este respecto y en la
provisión de instrumentos jurídicos que 108. En el pár. 13 el Autor precisa que
preserven aquélla y realicen éstos.” “desconocer las versiones específicas del
derecho al uso y goce de los bienes que
106. El subrayado es mío. Ibíd., pár. 7, “en este consagra el art. 21 de la Convención
orden de ideas, el Convenio n. 169 sobre Americana, y pretender que únicamente
Pueblos Indígenas y Tribales en Países existe una forma de usar y disfrutar de los
Independientes, adoptado por la 76ª bienes equivaldría a negar a millones de
Conferencia Internacional del Trabajo personas la tutela de ese precepto,
sostuvo que “los gobiernos deberán respetar sustrayéndolas así del reconocimiento y de
la importancia especial que para las culturas la protección de derechos esenciales, que se
y valores espirituales de los pueblos brindan, en cambio, a las demás personas.
interesados reviste su relación con las tierras De esta suerte, lejos de asegurar la igualdad
o territorios, o con ambos, según los casos, de todas las personas, se establecería una
que ocupan o utilizan de alguna otra manera, desigualdad contraria a las convicciones y a
y en particular, los aspectos colectivos de los propósitos que inspiran el sistema
esa relación” (art. 13.1), y señaló asimismo: continental de los derechos humanos.”
“deberá reconocerse a los pueblos En cuanto a la Constitución de Paraguay, el
interesados el derecho de propiedad y de comentario anónimo de Iudicium et Vita,
posesión sobre las tierras que cit., pp. 137-138, nos relata que ésta
tradicionalmente ocupan” (art. 14.1).” El reconoce abiertamente tres tipos de
redactor hace también referencia sea al propiedad: la privada (art. 44); la pública, la
Proyecto de Convención sobre los Derechos del Estado (arts. 254 y 255), y la colectiva
de las Poblaciones Indígenas, el cual, si bien (arts. 122.1 y 123); esta última es prevista
fue aprobado por la Comisión IDH, aún no para las comunidades campesinas, en
ha obtenido el consensus de los Estados relación con tierras y predios agrarios (art.
miembros de la OEA, sea al Proyecto de 122) y para las comunidades indígenas a fin
Declaración sobre la Discriminación contra de que éstas logren su bienestar económico
las Poblaciones Indígenas, emanado por la y social (art. 123). Se trata de un tipo de
Subcomisión “Prevención de la propiedad distinto tanto de la propiedad
Discriminación y Protección de las privada, como de la propiedad del Estado, y
Minorías” de la Comisión DDHH de NU la misma Constitución ha previsto que esta
(Doc.E/CN.4/Sub.2/1994/2/Add.1 del 20 de categoría de derecho real esté sujeta a un
abril de 1994). En relación a este último, régimen legal diferente de las otras.
véase en doctrina J. BURGER y P. HUNT,
109. “En el análisis del tema sujeto a su
Towards the International Protection of
Indigenous Peoples’ Rights, NQHR, 1994, jurisdicción, la Corte Interamericana
4, pp. 405-423 y R. COULTER, The Draft contempló los derechos de uso y goce
reconocidos en el art. 21 desde la
UN Declaration on the Rights of Indigenous
Peoples: What is It? What does it Mean?, perspectiva, perfectamente válida, de los
NQHR, 1995, 2, pp. 123-138. En su miembros de las comunidades indígenas.
Esta forma de analizar el tema, para los fines
trigésimo segundo periodo ordinario de
sesiones, la Asamblea General de la OEA de la presente Sentencia, no implica en
(Documento OEA/Ser. P – AG/doc. modo alguno desconocer o negar derechos
de otra naturaleza o alcances vinculados con
4065/02, del 2 de junio de 2002) ha reiterado
aquéllos, como son los de carácter colectivo,

157
a los que con la mayor frecuencia aluden las 113. Punto resolutivo sexto (disiente el Juez ad
normas e instrumentos nacionales e hoc). Per lo demás, la Corte declara que la
internacionales. Es indispensable observar Sentencia constituye per sí misma una justa
que estos derechos comunitarios, que indemnización (punto resolutivo quinto). El
forman parte entrañable de la cultura octavo punto resolutivo decide “por
jurídica de muchos pueblos indígenas, y por unanimidad, que el Estado debe rendir a la
lo tanto de sus integrantes, constituyen la Corte Interamericana de Derechos Humanos
fuente y el amparo de los derechos cada seis meses a partir de la notificación de
subjetivos individuales. En suma, existe una la presente sentencia, un informe sobre las
íntima e indisoluble vinculación entre los medidas tomadas para darle cumplimiento.”
derechos de ambos órdenes – individuales y
colectivos –, de cuya vigencia efectiva 114. Ibíd., pár. 7.
depende la genuina tutela de las personas
115. El subrayado es mío.
que forman parte de los grupos étnicos
indígenas”: Voto Razonado ult.cit., párr. 13 116. Consciente de la posible “alcance
y 14. conceptual” y con sagaz equilibrio, el Voto
Razonado agrega: “del mismo modo,
110. El pár. 5 ibíd., señala: “es relevante
mencionar aquí que la Corte Interamericana consideramos que la invocación de las
de Derechos Humanos, en su Opinión manifestaciones culturales no puede atentar
contra los estándares universalmente
Consultiva OC -16/99 (pár. 113) hizo ver
que “al dar interpretación a un tratado no reconocidos de observancia y respeto a los
sólo se toman en cuenta los acuerdos e derechos fundamentales de la persona
instrumentos formalmente relacionados con humana. Así, al mismo tiempo que
éste, sino también el sistema dentro del cual afirmamos la importancia de la atención
debida a la diversidad cultural, inclusive
se inscribe”, y a tal efecto citó a la Corte
Internacional de Justicia cuando ésta para el reconocimiento de la universalidad
sostiene que “un instrumento internacional de los derechos humanos, rechazamos con
firmeza las distorsiones del llamado
debe ser interpretado y aplicado en el marco
del conjunto del sistema jurídico vigente en “relativismo cultural”.
el momento en que se practica la 117. A.A.CANÇADO TRINDADE, Reflexiones
interpretación” (Legal Consequences for sobre el futuro del sistema, cit., p. 577
States of the Continued Presence of South recalca además que “la propia jurisprudencia
Africa in Namibia (South West Africa), internacional ya no podía seguir
notwithstanding Security Council Resolution prescindiendo de la atención y del énfasis en
276 (1970), Advisory Opinion, I.C.J. la dimensión social, en la cual se ejercen
Reports 1971, pp. 16-31).” todos los derechos” y agrega (p. 578) que
El punto 1 (párr. 10, 12 y 15-16) del Voto “no hay cómo disociar lo ecónomico de lo
Concurrente del Juez Salgado Pesantes pone social y de lo político: sólo se puede
de manifesto la referencia a la Constitución concebir la promoción y la protección de los
nicaragüense, como también a una parte derechos humanos a partir de una
pertinente del sistema americano de garantía concepción necesariamente integral de los
de las poblaciones indígenas mismos, abarcando todos en conjunto, los
111. Disiente el Juez nicaragüense ad hoc, A. derechos civiles, políticos, ecónomicos,
Montiel Argüello. sociales y culturales.”

118. Me refiero al caso de la Comunidad de Paz


112. Trátase del caso Aloeboetoe vs. Suriname,
Sentencia sobre reparaciones, cuyo punto de San José de Apartadó respecto de
resolutivo quinto ponía a cargo del Estado la Colombia y al Caso de los Haitianos y de los
Dominicanos de Origen Haïtiano en la
obligación de reconstruir la escuela y de
reabrir el dispensario médico-farmacológico República Dominicana .
de Gujaba, ambos destruidos por las tropas 119. Véase el acta de la audiencia del 16 de enero
durante la operación de represión militar. de 2000 para la discusión de la demanda de
medidas cautelares urgentes presentada por

158
la Comisión referida al caso de la por aproximadamente 1200 civiles y, desde
Comunidad…, arriba citado. A la su creación en 1997, se ha visto
observación de la Comisión de que “se ha constantemente azotada por la violencia
producido el desplazamiento de habitantes paramilitar…A los tres meses de haberse
de la Comunidad a otras zonas del país creado la Comunidad, se ubicó un retén
debido a la violencia…”, los alegatos del paramilitar entre San José y el Municipio de
Estado fueron: “a) en Colombia no existe Apartadó, a cuatro minutos de donde el
una guerra civil, sino enfrentamientos y Ejército tenía una base. En ese retén se
situaciones que se presentan por actores restringe el paso de alimentos y se hacen
armados no estatales…No es una guerra listas de personas, que luego aparecen en las
civil porque no hay apoyo popular a los manos de los paramilitares, quienes asesinan
actores… El Estado tiene clara la a las personas que figuran en ellas.” Véase
observancia de los Convenios de Ginebra también la Sentencia serie C, n. 90, de fecha
para permitir y facilitar toda la asistencia 6 de diciembre de 2001, sobre el fondo del
humanitaria que se requiera;…f) el caso Palmeras (Hernán Javier Cuarán y
Ministerio del Interior ha brindado asistencia otros) vs. Colombia.
humanitaria a los desplazados, en
coordinación con el municipio y con la 121. A. A., CANÇADO TRINDADE, en A. A.,
gobernación, y también asistencia técnica a CANÇADO TRINDADE, G.
la población.” En doctrina véase J. PEYTRIGNET y J. R. DE SANTIAGO, As
ESQUIROL, Can International Law Help? Três Vertentes da Proteção…, cit., Parte I,
An Analisys of the Colombian Peace subraya que “não há como negar que a
Process, Connecticut J. Int’l L., 2000, p. 23 pobreza se encontra na base de muitas das
y sig. correntes de refugiados” y el “Segundo
Respecto a Guatemala, véase J. F. FLORES, Informe… “, cit., indica en el punto 40 de la
Los Cimientos: Tierra sin Ley, Tesis de Introducción que “en 1996, un obrero
graduación, que trata el caso de Los mexicano podía ganar en promedio hasta
Cimientos, sea del conflicto agrario entre nueves veces más trabajando en Estados
los quichés, desplazados internos producto Unidos.” Véanse también K. S.
del conflicto armado, y denominados por el GALBRAITH, Moving People: Forced
gobierno chiules, y un grupo de ixiles Migration and International Law,
vinculados con las desaparecidas Patrullas Georgetown Immigr. L .J., 1999, 13, p. 597
de Autodefensa Civil, denominados por el y sig.; A. C. HELTON y E. JACOBS, What
gobierno chajules. Aunque se ha reconocido is Forced Migration?, ibíd., pp. 521-530 y
en reiteradas ocasiones el derecho de particularmente pp. 528-529 : “The term
propiedad de los quichés, el Estado no ha forced migrant applies to a person: (a) who
querido enfrentar a un grupo de invasores has left his or her place of residence, where
que ocupan la propiedad desde julio de the reasons of displacement are arbitrary and
2001. El mismo día de la invasión el there has been no change in circumstances
gobierno estaba presentando un informe que so as to render the displacement non-
detallaba la legitimidad de la propiedad de arbitrary; and (b) who has a valid objection
los quichés. Sin embargo, lo que el gobierno to return to his or her place of residence. The
les ha ofrecido a los quichés es la compra de following shall be considered as valid
otra finca en otro lugar. objections to return: (a) risk to physical
security associated with armed conflict; (b)
120. Cfr. las Resoluciones de fecha 9 de octubre risk to physical security associated with
de 2000 (sin número) del Presidente y 24 de environmental catastrophe or ecological
noviembre de 2000 (sin número) del plenum causes; (c) risk to physical security
de la Corte en el mismo caso, y más associated with violations of basic human
particularmente el punto 9 a: “la Comunidad rights, discrimination, or persecution; or (d)
de Paz de San José de Apartadó es asentada humanitarian reasons arising out of previous
en la región del Urabá antioqueño, uno de persecution, or infirmity or illness, which
los epicentros del conflicto armado interno therefore precludes required return. Persons
que se desarrolla en la República de subject to forced migration have the
Colombia. Dicha comunidad está integrada following remedies, as warranted by the

159
particular circumstances: (d) the right to be campo, líderes sociales… y golpean en
protected against forcible return to or forma dramática a los sectores más
resettlement in any place where their vulnerables de la población, entre quienes se
physical security would be at risk..” destacan las comunidades afrocolombianas,
las comunidades indígenas […] La
122. “De acuerdo a la OIM, hoy en el mundo hay Comisión recibió información sobre cientos
150 millones de migrantes (una cifra algo de miles de personas desplazadas como
menor que la población de Brasil). La mayor resultado de la violencia patrocinada por los
parte de esta gente son personas que migran grupos armados […] Estos gravísimos
en busca de un futuro mejor, huyendo de hechos fuerzan a numerosas personas y
pobreza, violencia y falta de oportunidades familias a desplazarse por el territorio
en sus países de origen. En uno de sus nacional […] La Comisión reconoce y
últimos informes, en tanto, la OIT afirma valora los esfuerzos del Estado para aliviar
que entre 1965 y 1990 el número de las consecuencias de este fenómeno. Sin
migrantes creció casi un cincuenta por embargo, los testimonios recogidos durante
ciento, de 75 a 120 millones. De este la visita demuestran la insuficiencia e
número, entre 70 y 80 millones eran ineficiencia de los mecanismos vigentes para
personas que migraron voluntariamente en aliviar tanto las consecuencias directas del
busca de trabajo, mientras que el resto abandono del lugar de origen, como el
corresponde ya sea a refugiados o profundo desarraigo que sufren las víctimas
desplazados internos. De los entre 70 y 80 y el impacto en sus hijos menores que en
millones de migrantes voluntarios, un gran número ven truncada su educación y
porcentaje alto, pero indeterminado sus posibilidades futuras de desarrollo.”
corresponde a personas indocumentadas […] Véanse también los “Guiding Principles on
De acuerdo al mismo estudio, entre 1970 y Internal Displacement” de NU
1990 el número de países clasificados como (Doc.E/CN.4/1998/53/Add.2) del 11 de
receptores importantes de migrantes subió febrero de 1998, C. PHUONG, Improving
de 39 a 67, mientras el de países de origen the United Nations Response to Crises of
subió de 29 a 55”: en este sentido el Internal Displacement, International Journal
’Segundo Informe…’, cit., cap. IV, punto of Refugee Law, 2001, 13, 4, pp. 491-517 y
36. Según el Alto Comisario de las NU para N. GEISSLER , The International Protection
los Refugiados, el número de los of Internally Displaced Prsons, International
desplazados internos era, en el 2000, no Journal of Refugee Law, 11, 3, pp. 451-478.
inferior a 21 millones de unidades”:
ACNUR, Refugees and Others of Concern 124. No es intención enfrentar aquí el tema de los
to UNHCR, Ginebra, 2000, p. 6. refugiados. Sobre los diversos problemas de
los emigrantes y de los refugiados, y con
123. A propósito de los desplazados internos de referencia específica a la realidad
Colombia, véanse el “Informe sobre el latinoamericana, véase por último C.
Desplazamiento Forzado en Colombia” PHUONG, Internally Displaced Persons and
relativo al periodo 1 de enero – 31 de Refugees: Conceptual Differencies and
octubre 1997, en http://exodo.org.co/gad05- Similarities, NQHR, 2000, 2, pp. 215-229 y
reporte.html y el Comunicado de Prensa de J. RUIZ DE SANTIAGO, El derecho
la Comisión IDH, n. 33/01 – “La Comisión internacional de los refugiados: desarrollos
Interamericana de Derechos Humanos en América Latina y sus perspectivas en el
Culmina Visita a la República de nuevo milenio, en El Sistema…, cit., pp. 439
Colombia”, puntos 8-12: “La Comisión -462. “Los flujos migratorios dependen en
recibió testimonios de comunidades y parte de los propios migrantes. Son diversas
personas desplazadas de la mayor parte de las razones que empujan a las personas a
los departamentos del país que retratan migrar. Gente sale de sus países en busca de
repudiables actos de violencia destinados a un futuro mejor, huyendo de violencia,
terrorizar a la población civil. Estos actos, guerra, pobreza o de la falta de
que se traducen en masacres, ejecuciones, oportunidades económicas. Es importante
mutilaciones, secuestros y amenazas, tienen recalcar, sin embargo, que la motivación de
como destinatarios a hombres y mujeres del las personas a inmigrar trasciende razones

160
políticas y económicas. Muchas personas ausencia de debido proceso; deportaciones
emigran para elevar su estatus social. En el masivas; discriminación para concesión de
caso de mujeres y minorías religiosas o la nacionalidad o para acceder a servicios
étnicas, la emigración en ocasiones implica sociales; condiciones de detención
la posibilidad de obtener igualdad y un trato infrahumanas; apremios ilegítimos por parte
más digno”: en este sentido el pár. 61 del de autoridades como policías y funcionarios
capítulo “Políticas Migratorias y de inmigración; y completa indefensión
Violaciones de Derechos Humanos” del cuando son expuestos a condiciones de
“‘Segundo Informe…”, cit., en relación al explotación por parte de empleadores
cual véase P. SAAVEDRA, Algunas inescrupulosos. Ellos sufren también, en
consideraciones sobre la Relatoría de la general, una discriminación estructural que
Comisión Interamericana de Derechos se expresa en diversas formas de exclusión y
Humanos sobre trabajadores migratorios y de reducción de posibilidades en su
miembros de sus familias en el hemisferio, inserción ocupacional y en su acceso a
Revista IIDH, 1999, 29, pp. 153-170. instituciones del Estado en igualdad de
condiciones.”
125. El Voto Concurrente del Presidente, pár. 2,
subraya que “la Delegación dominicana 127. Sobre todo cuando ella sea “iluminada” por
señaló que el presente caso refleja un las necesidades de la economía globalizada,
problema que concierne también a la como se señala en los puntos 11 y 14 de la
comunidad internacional y que la búsqueda memoria de respuesta de la República
de solución al mismo no debería recaer Dominicana: “[a causa de la caída
enteramente sobre los hombros de la internacional del precio del azúcar] la
República Dominicana. Entiendo que la República Dominicana está obligada a
Delegación dominicana tiene razón en mantener una política de retorno y expulsión
señalar este aspecto del problema: no permanente, pero es necesario precisar que
podemos, efectivamente, hacer abstracción el número de personas que son repatriadas
de sus causas” y el punto 11 de la no compensa ni remotamente el número de
Resolución informa que “también la personas que entran al país ilegalmente. El
Comisión reconoce que la política problema de Haití es un problema de la
inmigratoria de cada Estado es una decisión comunidad internacional y, sobre todo, de
soberana suya; sin embargo, la misma tiene los países más ricos; la República
límites. Así, de conformidad con la Dominicana tiene grandes limitaciones
Convención Americana, esta política debe económicas, grandes niveles de pobreza y no
reconocer a los extranjeros con status legal puede cargar sola la realidad económica,
el derecho a no ser deportados, sino por social, ambiental, política, institucional y de
decisión fundada en la ley y debe prohibir la seguridad que vive el pueblo haitiano.
expulsión colectiva de extranjeros, con o sin Además, la República Dominicana tiene
status legal. Asimismo, la política serias dificultades para absorber un número
inmigratoria debe garantizar para cada caso indefinido y constante de ‘refugiados’ en
una decisión individual con las garantías del razón de sus propias limitaciones, toda vez
debido proceso; debe respetar el derecho a la que éste es un problema que hay necesidad
vida, a la integridad física y psíquica, a la de resolver dentro de una coyuntura global.
familia y el derecho de los niños a obtener La deportación de extranjeros que se
medidas especiales de protección. Por encuentran ilegalmente en territorio
último, la ejecución de dicha política no dominicano es un derecho irrenunciable e
puede resultar en tratos crueles, inhumanos y innegociable del Estado dominicano pues el
degradantes, ni en discriminaciones por mismo constituye uno de los atributos
razones de raza, color, religión o sexo.” fundamentales de su soberanía, consagrado
en su ordenamiento jurídico, el cual no viola
126. Ibíd., punto 62: “estas personas enfrentan ningún tratado o convención que el Estado
una condición de vulnerabilidad estructural. haya firmado o ratificado.” Al respecto,
A raíz de ella, los migrantes están expuestos véase también J. EXUMÉ, Le Pacte de San
a una serie de atropellos. Entre ellos se José et les Pays de la Région Caraïbe, en El
pueden mencionar arrestos arbitrarios y la Sistema…, cit., pp. 251-261 y

161
particularmente p. 260: “le sucre produit 129. La Resolución del 14 de agosto de 2000,
dans les “bayetes” dominicains puntos 1, 11 y 13, nos relata que “la práctica
essentiellement avec l’ aide des “braceros” de ‘deportaciones’ y ‘expulsiones’ afecta a
haïtiens a un goût de plus en plus amer[…] dos grupos: trabajadores haitianos
La République Dominicaine, au mépris des documentados e indocumentados y
normes de la Convention et du Droit dominicanos de origen haitiano que residen
International interdisant les expulsions en territorio dominicano documentados e
massives, entreprend à l’ heure actuelle des indocumentados; las ‘expulsiones’ se
rafles d’ Haïtiens que l’ Etat Dominicain realizan mediante redadas colectivas, sin
expulse ensuite, dans des conditions procedimiento legal que permita identificar
intolérables, sur la base de leur prétendue adecuadamente la nacionalidad de los
situation illégale. S’ il est vrai que l’ on ne ‘expulsados’, ni su status migratorio, ni sus
saurait méconnaitre à un Etat le droit de faire vínculos familiares; simplemente, son
sortir de son territoire tout individu qui s’ y separados de sus hogares, sin previo aviso,
trouve illégalement ou qui devient sin permitirles llevar sus pertenencias. El
indésirable, cela ne justifie nullement les criterio utilizado para seleccionar a las
expulsions massives qui se pratiquent par la personas que van a ser expulsadas es el color
République Dominicaine.” Nótense las de la piel y su forma de hablar […] Esta
críticas expresadas por el Presidente en su práctica sigue siendo dirigida contra
Voto Concurrente (pár. 11), donde él individuos cuyo color de la piel es ‘negro’.
correctamente subraya como “el desarraigo Por ser negros, se sospecha de ser haitianos
sigue siendo tratado de forma atomizada por y, por ser haitianos, se presume que son
los Estados, con la visión de un ilegales y se les expulsa. La práctica referida
ordenamiento jurídico de carácter puramente produce daños y perjuicios de enorme
interestatal, de tipo westphaliano.” magnitud para las personas haitianas y
dominicanas de origen haitiano, quienes
128. Para las categorías de personas que el Estado viven en continuo temor de ser deportadas o
de inmigración considera caso a caso expulsadas. Además, algunas de las personas
inútiles (o no más útiles) para alcanzar sus expulsadas son dominicanos que tienen su
objetivos económicos: véase, para la cédula, pero les dicen que dichas cédulas
República Dominicana, el Decreto de son falsas. Las presuntas víctimas viven en
Repatriación n. 233-91 y la Ley de constante temor; algunas veces, las
Inmigración de 1995. P. SAAVEDRA, op. repatriaciones son conducidas de noche y las
loc. citt., p. 155, señala que “el decreto personas son sometidas a abusos, incluyendo
establecía que las medidas de repatriación se las mujeres. Además, muchas de las
aplicarían a los menores de 16 años y personas expulsadas llevan 20-30 años en la
mayores de 60 según denuncias.” Véanse República Dominicana y ya han perdido los
también el capítulo IX “Situación de los lazos con Haití; muchos no hablan el
Trabajadores Migrantes Haitianos y sus idioma, no tienen las costumbres haitianas y
Familias en la República Dominicana” cuando llegan a Haití se encuentran en un
contenido en el “Informe Especial 1999 de lugar completamente desconocido.”
la Comisión Interamericana de Derechos
Humanos sobre la Situación de los Derechos 130. Las expulsiones de masa son, en cuanto
Humanos en la República Dominicana” tales, prohibidas por todos los instrumentos
(Doc.OEA/Ser.L/V/II.104 – doc.49 rev.1 – 7 internacionales sobre los derechos del
de octubre de 1999); C. DE MATTEIS, hombre, inclusive la Convención
Forced return of Haitian Migrants under Americana, en el art. 22.9. Nótese, entonces,
Executive Order 12.807: a Violation of como una vez más la Corte, en su
Domestic and International Law, North elaboración decisional, ha evitado la
Car.J.Int’l L. Comm.Reg., 1993, pp. 431- solución más inmediata y obvia para
455 y M. RODRÍGUEZ CALDERÓN, Un enfrentar el problema en sus aspectos más
viejo problema de hoy – La expulsión de apremiantes, en una visión que escapa de un
haitianos en República Dominicana, ALAI, normal y simple examen del cas d’ espèce.
América Latina en Movimiento, 29 de
setiembre de 1999.

162
131. El Voto Concurrente del Presidente, pár. 6, controlar los flujos migratorios, sancionando
añade correctamente que “con el desarraigo, los llamados inmigrantes ilegales. Como, a
uno pierde, por ejemplo, la familiaridad de juicio de los Estados, no hay un derecho
lo cotidiano, el idioma materno y el trabajo humano de inmigrar y de permanecer donde
que da a cada uno el sentido de la vida y de uno esté, el control de los ingresos
la utilidad a los demás, en la comunidad en migratorios, sumado a los procedimientos de
que vive. Uno pierde sus medios genuinos deportaciones y expulsiones, encuéntranse
de comunicación con el mundo exterior, así sujetos a sus propios criterios soberanos. No
como la posibilidad de desarrollar un sorprende que de ahí advengan
proyecto de vida. Es, pues, un problema que inconsistencias y arbitrariedades. El
concierne a todo el género humano, que problema del desarraigo debe [en cambio]
involucra la totalidad de los derechos ser considerado en un marco de la acción
humanos.” orientada a la erradicación de la exclusión
social y de la pobreza extrema, – si es que se
132. La Resolución de la Asamblea General de la desea llegar a sus causas y no solamente
OEA (Doc.OEA/Ser. P – AG. RES 1775 combatir sus síntomas.” Ibíd., pár.7, él
(XXXI-O/01) adoptada el 5 de junio de 2001 denuncia: “se impone el desarrollo de
señala en sus consideranda que muchos respuestas a nuevas demandas de protección,
Estados miembros no han aún ratificado la aunque no estén literalmente contempladas
Convención Americana sobre los Derechos en los instrumentos internacionales de
Humanos ni la Convención Internacional de protección del ser humano vigentes. El
NU sobre la Protección de los Derechos de problema sólo puede ser enfrentado
Todos los Trabajadores Migratorios y de sus adecuadamente teniendo presente la
Familias, adoptada con Resolución de la indivisibilidad de todos los derechos
Asamblea General 45/158 del 18 de humanos.” El mismo Autor, en La
diciembre de 1990 (UN Doc. A/45/49 – interdependencia…, cit., con respecto al
1990), y en el punto resolutivo 2 invita los sistema actual de derecho internacional,
Estados a proceder cuanto antes a estas afirma que “un sistema individualista y
ratificaciónes. Sobre la última Convención contractualista de este tipo conduce a una
mencionada, véase S. HUNE y J. NIESSEN, fragmentación (en relaciones bilaterales) de
Ratifying the UN Migrant Workers las obligaciones convencionales de los
Convention: Current Difficulties and Estados asumidas con los tratados
Prospects, NQHR, 1994, 4, pp. 393-404; P. multilaterales; en nuestra opinión, y de
TARAN, Status and Prospects for the UN forma concordante con nuestro pensamiento,
Convention on Migrants’ Rights, in esto es del todo incompatible con los
European Journal of Migration and Law, tratados de derechos humanos, que
2000, 1, pp. 85-100 y W. WELLMANN, La encuentran su inspiración en intereses
Convención Internacional sobre la comunes superiores y se aplican según la
Protección de los Derechos de Todos los noción de garantía colectiva.”
Trabajadores Migratorios y sus Familiares,
como Instrumento de Protección y 134. Ibíd., pár. 12: “la llamada ‘globalización’
Dignificación ante la Globalización y el todavía no ha abarcado los medios de
Neoliberalismo, ALAI, América Latina en protección del ser humano.
Movimiento, 25 de noviembre de 2001. Lamentablemente la consciencia jurídica
universal no parece haberse despertado
133. Cfr.el Voto Concurrente del Presidente, párr. suficientemente tampoco para la necesidad
7 y 8: “nadie cuestiona, por ejemplo, la del desarrollo conceptual de la
existencia de un derecho a emigrar, como responsabilidad internacional otra que la
corolario del derecho a la libertad de puramente estatal..” Análogamente, véase en
movimiento. Pero los Estados aún no doctrina M. MONSHIPOURI y C. WELCH,
aceptaron un derecho a inmigrar y a The Search for International Human Rights
permanecer donde uno se encuentre. En and Justice: Coming to Terms with the new
lugar de políticas poblacionales, los Estados, Global Realities, HRQ, 2001, 2, pp. 370-
en su gran mayoría, ejercen más bien la 401.
función policial de proteger sus fronteras y

163
135. Ésta es, efectivamente, la consecuencia que dichas medidas… sean aplicadas
lógica de la concepción del derecho también en relación con otros derechos
internacional que tienen los Estados, es protegidos por la Convención Americana.
decir, como la “de un ordenamiento jurídico Siendo todos estos derechos
de carácter puramente interestatal”: ibíd., interrelacionados, se puede perfectamente,
pár. 11 y supra, nota 126. en mi entender, dictar medidas provisionales
de protección de cada uno de ellos. La
136. Tercer punto resolutivo. presente Resolución de la Corte revela,
además, que el concepto de proyecto de
137. Primo y segundo punto resolutivo. vida, tratado recientemente en el ejercicio de
138. Cuarto, quinto y sexto punto resolutivo. su función contenciosa en materia tanto de
fondo (caso de los “Niños de la Calle”)
139. Décimo punto resolutivo. El duodécimo como de reparaciones (caso Loayza
punto fija además al Estado el plazo Tamayo), marca igualmente presencia en el
perentorio de seis semanas desde la plano de las medidas provisionales de
notificación de la Resolución para responder protección.” También la Comisión IDH
detalladamente a las observaciones de la había afirmado en el acto introductorio de la
Comisión IDH. solictud que “ni la letra ni el espíritu del art.
63.2 de la Convención Americana impiden o
140. Octavo punto de la Resolución sobre restringen a que el daño irreparable sea un
Colombia. daño a la vida, a la integridad o a algún otro
derecho. Existe, entonces, la necesidad de
141. Cfr. Voto Razonado del Presidente anexo a reconocer que otros derechos consagrados
la Resolución sobre la República en la Convención sean objeto de una
Dominicana, pár. 18. Para más detalles, protección semejante a la que hasta la fecha
véanse las Resolución (sin número) del se le ha otorgado a la vida y a la integridad
Presidente, en fecha 14 de setiembre de personal.”
2000, y la Resolución (igualmente sin
número) del plenum de la Corte, en fecha 12 143. Algunos de los expulsados eran, en efecto,
de noviembre de 2000. de origen haitiano pero ya desde tiempo
ciudadanos dominicanos.
142. La visión conceptual desarrollada por el
redactor va efectivamente más allá de la 144. Se manifiesta también esta circunstancia en
necesidad de un debido proceso legal, y de los puntos 20 y 30 de la introducción del
las garantías jurisdiccionales en general, “Segundo Informe…”, cit.
(sobre éstas véase también la Opinión
Consultiva OC -16/99 de 1 de octubre de 145. Ejemplar en este sentido es el Voto
1999, “El derecho a la información sobre la Razonado concurrente de los Jueces Abreu
asistencia consular en el marco de las Burelli y García Ramírez, párr. 4-8: “es
garantías del debido proceso legal y la verdad que en la mayoría de los casos
Convención de Viena del 1963 sobre las resulta posible identificar, de manera
Relaciones Consulares”) antes la ejecución individual, a las víctimas potenciales de la
de la medida de expulsión. El Autor toma la violación que se pretende impedir. Sin
iniciativa de “forzar” los límites objetivos embargo, hay otros supuestos en que resulta
acreditados por la jurisprudencia difícil, al menos temporalmente, esa
internacional en materia de medidas individualización precisa. Piénsese, por
cautelares urgentes, en modo tal que dichos ejemplo, en las hipótesis en que la amenaza
límites incluyan al menos indirectamente los real e inminente se cierne sobre un amplio
derechos económicos, y ibíd., párr. 14 y 16, número de individuos que se hallan en
afirma: “la indivisibilidad de todos los determinada circunstancia o supuesto
derechos humanos se manifiesta tanto en el común, que los expone al riesgo. En tales
fenómeno del desarraigo como en la situaciones es necesario proveer a la
aplicación de las medidas provisionales de protección de los derechos que se hallan en
protección. Siendo así, no hay jurídica y peligro, aunque de momento no se pueda
epistemológicamente, impedimento alguno a individualizar nominalmente a los sujetos de
la tutela provisional, que es siempre, por

164
definición, una tutela urgente. Esa situación ubicada en un lugar geográfico determinado,
corresponde de alguna manera a la que se cuyos miembros pueden ser identificados e
plantea bajo el concepto de intereses individualizados y que, por el hecho de
difusos: una pluralidad de individuos formar parte de dicha comunidad, todos sus
comparten determinado interés, integrantes se encuentran en una situación
jurídicamente relevante, que requiere tutela de igual riesgo de sufrir actos de agresión en
pública, aunque ninguno de esos sujetos su integridad personal y su vida..” Por lo
pueda ser considerado como titular de un tanto, la pertenencia al grupo de los posibles
derecho subjetivo acerca de la prestación o beneficiarios de las medidas urgentes no se
la medida que se pretende o el bien jurídico establece en forma nominal, sino bajo
que se invoca, o no pueda atribuírsele dicha criterios objetivos, atentos los vínculos de
titularidad en forma que excluya a los otros pertenencia y los riesgos advertidos, que
sujetos que se hallan en la misma situación. permitirán individualizar a los beneficiarios.
En esas condiciones, cualquiera de ellos “Se trata, en fin, de abarcar el peligro que
podría acudir al órgano correspondiente y corren los integrantes de una comunidad, no
solicitar la adopción de providencias o sólo algunos individuos, aún si unos
resoluciones que preserven el interés común. victimables optaron por no proporcionar sus
En tal caso funcionaría una actio popularis o nombres, ante el riesgo real de que esa
una acción de clase, conforme a las identificación pudiera exponerlos, más
características que revista este asunto en las todavía, a los daños irreparables que se trata
específicas circunstancias en que se de prevenir.”
plantea.”
Obsérvese que en el considerando octavo de 146. Cfr. el Voto Razonado del Presidente
la Resolución anterior, fechada 18 de agosto Cançado Trindade, anexo a la Sentencia
de 2000, relativa a las Medidas provisionales sobre reparaciones en el caso Villagrán
solicitadas por la Comisión Interamericana Morales y otros vs. Guatemala.
de Derechos Humanos respecto de la
147. Ibíd.
República Dominicana – Caso de haitianos y
dominicanos de origen haitiano en la 148. También S. LECKIE, op.loc.citt., habla de
República Dominicana, la Corte había una “decency threshold”.
juzgado “indispensable individualizar las
personas que corren peligro de sufrir daños 149. Véase al respecto A.A.CANÇADO
irreparables, razón por la cual no es factible TRINDADE, A Proteção Internacional dos
ordenar medidas provisionales de manera Dereitos Humanos – Fundamentos Jurídicos
innominada, para proteger genéricamente a e Instrumentos Básicos. São Paulo: Saraiva,
todos quienes se hallan en determinada 1991, pp. 46-50.
situación o que sean afectados por
determinadas medidas.” En el caso respecto 150. Con relación al nuevo Reglamento de la
de Colombia, la Corte IADH va más lejos, Corte véanse A. A. CANÇADO
fijando un criterio de protección que amplia TRINDADE. El Nuevo Reglamento de la
el ámbito subjetivo de las medidas Corte Interamericana de Derechos Humanos
provisionales, con evidente reconocimiento (2000): La Emancipación del Ser Humano
de lo que implica, en amplio sentido, la como Sujeto del Derecho Internacional de
no0ción y la naturaleza jurídica de la “tutela los Derechos Humanos, Revista IIDH, 2001,
cautelar.” En efecto, la Corte IADH admite 30-31, pp. 45-71; A. A. CANÇADO
que las medidas cautelares pueden alcanzar TRINDADE, La Emancipación del Ser
a una pluralidad de personas (aunque no Humano vis-à-vis su Propio Estado: El Ser
previamente individualizables), víctimas Humano como Sujeto del Derecho
potenciales del Estado o de personas Internacional de los Derechos Humanos, en
vinculadas, de una u otra forma, con él. En El Futuro del Sistema…, cit., pp. 595-603 y
tal sentido la Corte ha establecido, en el A. A. CANÇADO TRINDADE, The Case-
séptimo considerando de la Resolución, al Law of the Inter-American Court of Human
que se asocia el Voto Concurrente, que la Rights: An Overview, en fase de publicación
Comunidad de Paz de San José de Apartadó en “Studi in onore di G. Arangio – Ruiz”,
“constituye una comunidad organizada, 2002. A. A. CANÇADO TRINDADE, La

165
interdependencia…, cit, considera “la los derechos humanos, que resalta su
contraposición de los demandantes jurisdiccionalización.”
individuales, supuestas víctimas de
violaciones de derechos humanos, a los 151. “Quidquid delirant reges, plectuntur
Estados acusados, la esencia de la defensa Achivi”.
internacional de los derechos humanos.
Afirmar la personalidad jurídica y la plena 152. Epistulae, Liber I, 2, 14.
capacidad jurídica a nivel internacional, de 153. “De Indis Relectio posterior, sive de jure
las personas implicadas en casos de belli Hispanorum in Barbaros”, punto 60,
supuestas violaciones de sus derechos canon tercero.
significa ser fiel a los orígenes históricos del La autora expresa su agradecimiento a
propio derecho internacional (droit des Mariela Clérico Rhodes por la colaboración
gens). Seguramente, éste es uno de los más prestada en la revisión del texto en
grandes logros de la defensa internacional de castellano.

166
CONSIDERAÇÕES ACERCA DA TIPIFICAÇÃO
DOS CRIMES INTERNACIONAIS PREVISTOS
NO ESTATUTO DE ROMA

OTAVIO AUGUSTO DRUMMOND CANÇADO TRINDADE

Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – PIBIC – UnB/CNPq (2000-2002);


Exerce funções de assessoria no Tribunal Regional Federal da 1ª Região.

I - Introdução internacional. No entanto, deve-se deixar claro,


desde já, que o crime de agressão, previsto no
art. 5º do Estatuto de Roma, não será objeto de
O Estatuto do Tribunal Penal
análise no presente estudo, posto que ainda não
Internacional surge, neste início de século, como
foi tipificado.
o primeiro “código penal” de âmbito mundial
para a proteção de um bem jurídico universal: a
paz e a segurança do planeta. Foi o produto de
um consenso mínimo entre as Nações e fruto da II - Crimes Internacionais:
evolução do pensamento jurídico universal, Antecedentes Históricos
pensamento este sempre delineado por diversos
fatores históricos. A origem da noção de crimes
internacionais remonta ao período anterior à
O presente artigo pretende analisar alguns
Primeira Guerra Mundial. A pirataria era
aspectos jurídicos que levaram à tipificação dos
considerada, naquele tempo, um dos delicta juris
crimes internacionais previstos no Estatuto de
gentium, ou um dos crimes contra o direito das
Roma (1998), os elementos dos tipos penais, à
gentes. Também se reconhecia que crimes de
luz da jurisprudência dos Tribunais Penais
guerra eram violações aos costumes de guerra,
Internacionais ad hoc para a ex-Iugoslávia e para
posteriormente consolidados nas Convenções de
Ruanda a respeito destes crimes. Analisar-se-ão
Haia de 1899 e 1907.
os tipos penais consubstanciados neste Estatuto
pelos seguintes motivos: trata-se do primeiro No entanto, os delicta juris gentium não
tribunal penal internacional permanente, eram julgados por órgãos jurisdicionais
diferenciando-se dos tribunais penais internacionais, e sim pelos próprios Estados
internacionais, militares e ad hoc, criados beligerantes, nos casos de crimes de guerra.
anteriormente; o Estatuto de Roma foi Após a Primeira Guerra, no período da Liga das
incorporado ao direito interno brasileiro por Nações, cogitava-se do estabelecimento de um
intermédio do Decreto n. 4.388, de 25 de tribunal penal internacional. Para tanto, era
setembro de 2002, estando o Brasil, portanto, necessário definir os crimes que este tribunal
submetido à jurisdição do Tribunal Penal seria competente para julgar.
Internacional.
Diante do fracasso da Liga, foi o período
Cabe também ressaltar que a tipificação das Nações Unidas que testemunhou o maior
prevista neste Estatuto decorreu de princípios já desenvolvimento da noção de crimes
consolidados, seja em convenções internacionais internacionais. Os tribunais de Nuremberg e
(Convenção para Prevenção e Repressão do Tóquio afirmaram a responsabilidade penal
Genocídio, de 1948, e as Convenções de internacional do indivíduo. A fixação de critérios
Genebra sobre Direito Internacional para a definição de crimes internacionais era
Humanitário, de 1949, e os dois Protocolos necessária, porquanto tais crimes estariam
Adicionais de 1977), seja no próprio costume

167
submetidos a uma jurisdição internacional e era exercer sua jurisdição penal sobre os respectivos
indispensável distingui-los dos crimes sob crimes.3
jurisdição nacional. Conforme noticia Celso D.
de Albuquerque Mello, em seu Curso de Direito III - Crimes Internacionais:
Internacional, em 1950, a Comissão de Direito
Internacional da ONU (CDI), a pedido da Tipificação
Assembléia Geral, formulou os “princípios de
Direito Internacional, reconhecidos no Estatuto Observe-se, inicialmente, que os core
do Tribunal de Nuremberg”. Estes princípios crimes, considerados como uma ameaça aos
estabeleciam, basicamente, a responsabilidade interesses da comunidade internacional como um
penal internacional do indivíduo bem como os todo, são assim entendidos por ostentarem as
crimes puníveis perante o Direito Internacional: seguintes características: as condutas são levadas
crimes contra a paz (equivaleria ao crime de a cabo em ataques sistemáticos dirigidos contra
agressão), crimes de guerra e crimes contra a qualquer população civil (caso dos crimes contra
humanidade.1 a humanidade); são atos conduzidos como parte
de um plano ou política e são condutas repetidas
No entanto, somente no período pós- e em larga escala (caso dos crimes de guerra);
Guerra Fria a comunidade internacional começou são crimes geralmente ordenados por um chefe
a criar um consenso acerca da necessidade da de Estado, funcionários de alto escalão, líderes
tipificação dos crimes internacionais, que políticos ou líderes de grupos criminosos
deveriam ser punidos e julgados por um tribunal organizados (exceto no caso de agressão).4 Dito
internacional permanente. Isto se deveu, em isto, cabe passar à consideração de cada um dos
grande parte, às atrocidades que continuaram a crimes internacionais tipificados.
ser cometidas nos anos 90 (limpeza étnica,
estupro em massa, violações do direito
humanitário), mesmo transcorridos 50 anos após
1 - Genocídio
o término da Segunda Guerra Mundial. Criou-se
um comprometimento por parte da comunidade O crime de genocídio, por se tratar de um
internacional de que os perpetradores de tais ataque à diversidade humana, é estruturalmente
atrocidades não poderiam permanecer impunes.2 ligado à gestão totalitária. A expressão é a junção
do vocábulo grego genos (raça, nação ou tribo) e
Tendo em vista este comprometimento, do sufixo latino cidio (matar). O termo surgiu
após a Resolução 44/39 da Assembléia Geral da oficialmente pela primeira vez na Resolução n.
ONU a CDI preparou o primeiro Projeto de 96, adotada em 11 de dezembro de 1946, pela
Estatuto de um futuro tribunal penal Assembléia Geral das Nações Unidas,5
internacional. Os crimes contemplados foram: certamente como uma reação às práticas nazistas
genocídio, crimes de guerra, crimes contra a de genocídio. No entanto, foi a Convenção para
humanidade, agressão e outros crimes listados Prevenção e Repressão do Genocídio, de 1948, o
em tratados anexados ao Projeto (como primeiro tratado a conceituar juridicamente o
terrorismo, tortura e narcotráfico), estes últimos genocídio como um crime internacional.
excluídos nas reuniões preparatórias da Posteriormente, o genocídio foi separado do
Conferência de Roma de 1998. conceito de crimes contra a humanidade em
razão de suas características próprias.
De acordo com o Estatuto do TPI, os
crimes tipificados naquele tratado seriam “os O Estatuto de Roma toma emprestada a
crimes mais graves, que afetam a comunidade definição do crime de genocídio prevista na
internacional em seu conjunto” (art. 5º). Estes Convenção para Prevenção e Repressão do
são os chamados core crimes, quais sejam: Genocídio, de 1948, reproduzindo seu art. 2º. O
genocídio, crimes contra a humanidade, agressão art. 6º do Estatuto estatui que:
e crimes de guerra. Importa ressaltar que estes
crimes podem ser cometidos tanto em tempos de “Para os efeitos do presente Estatuto,
conflito armado como em tempos de paz. Os entende-se por "genocídio", qualquer um
Estados Partes do Estatuto de Roma, pelo seu dos atos que a seguir se enumeram,
preâmbulo, obrigam-se a criminalizar as praticado com intenção de destruir, no
condutas tipificadas no Estatuto, bem como a todo ou em parte, um grupo nacional,
étnico, racial ou religioso, enquanto tal:

168
a) Homicídio de membros do grupo; do Estatuto refere-se primordialmente à
qualidade do ato, e não à quantidade de vítimas.
b) Ofensas graves à integridade física ou
mental de membros do grupo; Por fim, é importante mencionar que o
crime de genocídio é “um crime de consumação
c) Sujeição intencional do grupo a antecipada, pois não se requer, para a sua
condições de vida com vista a consumação, a destruição do grupo, mas somente
provocar a sua destruição física, total a realização de atos encaminhados para tal
ou parcial; finalidade”; desde que o agente perpetre uma
determinada ação “com o objetivo de destruir,
d) Imposição de medidas destinadas a total ou parcialmente, um grupo nacional, étnico,
impedir nascimentos no seio do grupo;
racial ou religioso, está consumado o
e) Transferência, à força, de crianças do genocídio.”9 Desse modo, o referido crime
grupo para outro grupo.” obviamente não admite tentativa, tratando-se,
portanto, de crime formal.10
Primeiramente, cumpre destacar, quanto
aos elementos componentes do crime de A jurisprudência do Tribunal Penal
genocídio, que, nos grupos vitimados por estes Internacional ad hoc para a ex-Iugoslávia tem
atos, não são incluídos grupos políticos. Quando dado contribuições inestimáveis para a evolução
da negociação da Convenção de 1948, a exclusão do conceito de crime de genocídio. A própria
dos grupos políticos (defendida principalmente noção de “limpeza étnica” como uma forma de
por União Soviética, Brasil, Peru e Egito) genocídio foi confirmada no julgamento do caso
decorreu dos seguintes argumentos: eles não Srebrenica, em 1995, nos seguintes termos:
apresentam características estáveis, permanentes “Essas execuções foram cometidas no
e homogêneas; o conceito daquilo que seja contexto de uma política mais ampla de
político é demasiado amplo para possibilitar ‘limpeza étnica’, que é diretamente
qualquer análise objetiva; haveria uma perigosa
dirigida contra a população bósnia de
interferência externa nos assuntos de política origem mulçumana e que também inclui
interna dos Estados.6 Esta posição foi alvo de deportações em massa. Essa política visa
críticas. Uma delas foi a de que, excluindo-se os
a criação de novas fronteiras mediante a
grupos políticos, um Estado poderia justificar violenta mudança da composição nacional
seus ataques a grupos étnicos ou religiosos pelas ou religiosa da população. Como
idéias supostamente políticas daqueles grupos,
resultado dessa política, a população
não incorrendo os autores destes ataques na muçulmana de Srebrenica foi totalmente
prática de genocídio. O Estatuto do Tribunal banida da área.
Penal Internacional manteve esta exclusão.7
A política de ‘limpeza étnica’ referida
Outro elemento essencial ao crime de acima apresenta, em sua última
genocídio é a intenção de destruir, no todo ou em manifestação, características de
parte, um grupo. No entanto, chegamos à
genocídio. Ademais, no presente caso, a
seguinte indagação: a partir de onde devemos intenção de destruir, no todo ou em parte,
considerar uma destruição parcial do grupo? um grupo nacional, étnico, racial ou
Qual seria a quantidade mínima para uma
religioso, que são específicos do
destruição parcial? Conforme ponderação de genocídio, pode claramente ser inferida a
Bassiouni, o genocídio, geralmente consumado partir da gravidade da ‘limpeza étnica’
em um ataque a um grande número de pessoas, praticada em Srebrenica e em seus
pode se constituir no assassinato de um único arredores, principalmente pelo extermínio
indivíduo se presente a intenção de destruição
em massa dos mulçumanos ocorrido após a
dos grupos listados no Estatuto. Do mesmo queda de Srebrenica em julho de 1995,
modo, o homicídio de vários membros de um cometido em circunstâncias que
grupo sem a intenção de destruí-lo não
manifestam uma crueldade sem
configuraria um genocídio. Portanto, a mens rea, paralelos.”11 (tradução livre).
ou o elemento anímico, deve estar dirigido contra
a existência do grupo.8 Conclui-se que o art. 6º Também merece menção o caso Karadzic
e Mladic. O Tribunal considerou, naquele caso,

169
que a prática de atos que violem as próprias de guerra (como os ataques a civis que não eram
bases sócio-culturais do grupo vitimado pode ser beligerantes), e que era inquestionavelmente
entendida como a intenção de destruição do contrária à consciência pública e aos princípios
grupo. Desse modo, certos métodos utilizados gerais do direito, a Carta de Nuremberg incluiu
pelos sérvios para destruir grupos não sérvios, em seu art. 6o a definição de crimes contra a
mais especificamente os muçulmanos, feriam o humanidade. Tal definição continha uma lista de
núcleo de valores cultivados por estes grupos, atos desumanos cometidos contra a população
visando ao seu desmembramento com a sua civil como, por exemplo, o extermínio, a
conseqüente destruição. Nas considerações do escravidão e a deportação.16
Tribunal:
O Tribunal de Nuremberg incorporou
“Os estupros sistemáticos de mulheres noções já reconhecidas em Convenções
(...) visam, em alguns casos, à transmissão anteriores, como a cláusula Martens17 das
de uma nova identidade étnica para a Convenções da Haia de 1899 e 1907, que se
criança. Em outros casos, a humilhação e referia a “leis da humanidade”; a Declaração
o terror servem para o desmembramento Conjunta da França, Reino Unido e Rússia de
do grupo. A destruição de mesquitas ou 1915, denunciando o massacre dos armênios na
igrejas católicas visam à aniquilação da Turquia como “crimes contra a humanidade e
presença de séculos do grupo ou grupos; a contra a civilização”; e um relatório da Comissão
destruição das bibliotecas visam à sobre a Responsabilidade dos Autores de Guerra,
aniquilação de uma cultura que era defendendo a responsabilidade penal de
enriquecida por meio da participação dos violadores de “leis da humanidade”.18
diversos componentes nacionais da
população.”12 (tradução livre) A adoção, pelo Conselho de Segurança da
ONU, dos Estatutos dos Tribunais Penais
A jurisprudência do Tribunal Penal Internacionais ad hoc para a ex-Iugoslávia e
Internacional ad hoc para a ex-Iugoslávia tem Ruanda (em 1993 e 1994, respectivamente), que
demonstrado, ademais, uma grande interação definem “crimes contra a humanidade”,
entre os princípios de direito internacional possibilitou o desenvolvimento de uma
humanitário, de direito penal, e do direito jurisprudência internacional sobre estes crimes,
internacional dos direitos humanos13. preparando o caminho para sua tipificação no
Estatuto do Tribunal Penal Internacional de
A Corte Internacional de Justiça, ao se 1998.
pronunciar sobre a alegação da Iugoslávia de que
a OTAN estaria praticando genocídio contra os Segundo o caput do art. 7º do Estatuto de
sérvios por meio de seus bombardeios, firmou o Roma: “Para os efeitos do presente Estatuto,
entendimento de que “a ameaça ou uso da força entende-se por ‘crime contra a Humanidade’
contra um Estado não poderia por si só qualquer um dos atos seguintes, quando
constituir-se em um ato de genocídio.”14 Este ato cometido no quadro de um ataque, generalizado
seria antes abarcado pelo crime de agressão, ou sistemático, contra qualquer população civil,
ainda não tipificado. A Corte declarou, ademais, havendo conhecimento desse ataque.” Os atos
que os princípios consolidados na Convenção listados são, dentre outros, homicídio,
para Prevenção e Repressão do Genocídio são extermínio, escravidão, deportação ou
princípios “obrigatórios para os Estados, mesmo transferência forçada de uma população, tortura,
para aqueles sem obrigação convencional.”15 desaparecimento forçado de pessoas, o crime de
apartheid.

2 - Crimes contra a Humanidade As principais características dos crimes


O conceito de crimes contra a contra a humanidade são: a ausência do nexo
humanidade foi concebido ao longo do século necessário com um conflito armado, a ausência
XX. A definição surgiu pela primeira vez na de um motivo discriminatório como condição
Carta de Nuremberg. Em razão da política de para sua caracterização (exceto no caso do crime
atrocidades e execuções contra a população civil de perseguição), o requisito de um ataque
durante a Segunda Guerra Mundial, que muitas generalizado e sistemático, e o elemento anímico
vezes não poderia ser enquadrada como crimes (a mens rea). 19

170
Apesar de uma minoria das Delegações Quanto ao sujeito passivo dos crimes
presentes na Conferência de Roma ter defendido contra a humanidade, declarou o Tribunal para a
que os crimes contra a humanidade seriam ex-Iugoslávia, no mesmo caso Tadic, que são
cometidos apenas durante conflitos armados, a crimes “contra não apenas as próprias vítimas,
maioria não compartilhou desse ponto de vista. mas contra a humanidade como um todo” 22. O
Se assim não fosse, esses crimes iriam se mesmo conceito caracterizador dos crimes contra
confundir com os crimes de guerra. Portanto, um a humanidade, qual seja, o de toda a humanidade
traço significativo do Estatuto de Roma reside na como vítima, foi adotado no caso Erdemovic, em
exclusão do requisito da existência de um que o Tribunal assim declarou:
conflito armado para a caracterização de um
crime contra a humanidade. Isto permitirá uma “Crimes contre a humanidade são
maior efetividade do futuro TPI em resposta às graves atos de violência que lesam os
atrocidades em larga escala cometidas por seres humanos eliminando o que lhes é
governos contra suas próprias populações. mais essencial: vida, liberdade,
integridade física, saúde e dignidade.
Entretanto, a caracterização de um crime São atos desumanos que, por sua
como crime contra a humanidade deve extensão e gravidade, ultrapassam os
necessariamente atender ao requisito de integrar limites do tolerável pela comunidade
um ataque generalizado ou sistemático. Este internacional, que deve,
elemento, no entender da CDI, confere ao crime necessariamente, requerer sua punição.
uma grande dimensão, tornando-o um crime Mas os crimes contra a humanidade
contra a humanidade. Em outras palavras, o também transcendem o indivíduo, uma
crime deixa de ser interno e passa a ser vez que, quando este vitimado, a
internacional. O Tribunal Penal Internacional humanidade é atacada e negada. Assim,
para Ruanda, no caso Prosecutor versus o conceito da humanidade como vítima
Akayesu, considerou que o termo generalizado é o elemento caracterizador dos crimes
“pode ser definido como uma ação em massa, contra a humanidade.”23 (tradução
freqüente e em larga escala, levada a cabo livre).
coletivamente com considerável gravidade e
dirigida contra uma multiplicadade de vítimas. O Vê-se que a tipificação dos crimes contra
conceito de sistemático pode ser definido como a humanidade deveu-se, em grande parte, à
meticulosamente organizado e seguindo um jurisprudência dos tribunais penais internacionais
padrão regular baseado em uma política comum ad hoc, que primeiro determinou os elementos
envolvendo recursos substanciais públicos ou constitutivos destes tipos penais.24 É oportuna,
privados.”20 ademais, a menção de que o propósito da
tipificação dos crimes contra a humanidade pelas
O art. 7 (2) (a) do Estatuto de Roma Delegações presentes na Conferência de Roma
declara que “por ‘ataque contra uma população era o de identificar o direito internacional
civil’ entende-se qualquer conduta que envolva a consuetudinário existente, e não o de criar um
prática múltipla de atos referidos no parágrafo 1º novo direito.25
contra uma população civil, de acordo com a
política de um Estado ou de uma organização no
sentido de praticar esses atos ou tendo em vista a 3 - Crimes de Guerra
prossecução dessa política.” Portanto, esta
disposição não exige uma política estatal A tipificação dos crimes de guerra
necessariamente. Uma organização que não previstos no Estatuto do Tribunal Penal
esteja ligada ao Estado pode ser sujeito ativo de Internacional decorreu de princípios já
um crime contra a humanidade. No caso Tadic, o consolidados, seja nas Convenções de Genebra
Tribunal para a ex-Iugoslávia entendeu que tais sobre Direito Internacional Humanitário de 1949,
organizações podem corresponder àquelas com seja em seus Protocolos Adicionais de 1977, seja
um controle de facto sobre um território. Forças no costume internacional. Primeiramente, é
de oposição estruturadas também poderiam necessário fazer algumas breves considerações
perpetrar tais crimes (como o IRA, as FARC e a acerca do conceito de guerra e do chamado
Al Qaeda).21 “direito de guerra”, sem, no entanto, alongarmo-

171
nos na matéria haja vista o próprio objeto deste aos involucrados em conflitos armados não-
estudo.26 internacionais (Protocolo II). Todos estes
instrumentos de proteção formam o chamado
O conceito de guerra tem sido analisado Direito de Genebra.
sob os mais diversos pontos de vista, sejam eles
jurídico, sociológico, filosófico ou até O direito internacional humanitário é
psicológico. Para o direito internacional, definido por Christophe Swinarski como “o
interessa definir a guerra como sendo “uma luta conjunto de normas internacionais, de origem
armada entre Estados, desejada ao menos por um convencional ou consuetudinária,
deles e empreendida tendo em vista um interesse especificamente destinado a ser aplicado nos
nacional.”27. Há de serem considerados, pois, os conflitos armados, internacionais ou não-
elementos subjetivo (animus belligerandi) e internacionais, e que limita, por razões
objetivo (luta armada). Para o direito humanitárias, o direito das Partes em conflito de
internacional humanitário, a guerra será um escolher livremente os métodos e os meios
estado jurídico. utilizados na guerra, ou que protege as pessoas e
os bens afetados, ou que possam ser afetados
No final do século XIX e início do século pelo conflito.”31
XX, sendo a guerra considerada ainda uma
necessidade nas relações entre os Estados, foram Antes da tipificação dos crimes de guerra
adotadas as Convenções da Haia de 1899 e 1907, pelo Estatuto de Roma, eles já estavam previstos
que limitaram os métodos de combate. Apesar de pelo Direito de Genebra. No entanto, o seu
a guerra ter sido considerada uma “necessidade”, sistema de sanções limitava-se a instituir uma
ela não deveria “ocasionar mais sofrimentos e competência penal universal de todos os
nem mais destruições que os imprescindíveis Estados-partes nas Convenções. Desse modo,
para o desenvolvimento de sua função”,28 caso um Estado não julgasse os acusados por tais
devendo-se, portanto, limitá-la. Aos princípios crimes, estaria ele obrigado a extraditá-los se
consubstanciados nestas duas Convenções assim fosse requerido por outro Estado-parte.32
denominou-se o “Direito da Haia”.
Nos Estatutos dos Tribunais Penais
Até aquele momento, o recurso à guerra Internacionais ad hoc para a ex-Iugoslávia e
ainda não era ilícito. No entanto, com o intuito Ruanda, os crimes de guerra se encontram
de diminuir a sua freqüência bem como evitar o tipificados nos seus arts. 3 e 4 respectivamente.
recurso abusivo à guerra, um conjunto de normas O art. 8o do Estatuto de Roma, ao tipificar estes
regulamentava o direito à guerra de que um crimes, reflete a evolução contemporânea do
Estado soberano dispunha. A esse conjunto de direito internacional humanitário. Assim, dispõe
normas dava-se o nome de jus ad bellum (direito o Estatuto acerca dos crimes de guerra:
à guerra). Ao conjunto de normas que limitavam
os métodos a serem utilizados em combate “Para os efeitos do presente Estatuto,
denominava-se jus in bello (direito aplicável na entende-se por ‘crimes de guerra’:
guerra).29
a) As violações graves às Convenções de
Com a proibição do recurso ao uso da Genebra, de 12 de agosto de 1949, a saber,
força consagrado na Carta das Nações Unidas, o qualquer um dos seguintes atos, dirigidos
jus ad bellum praticamente deixou de existir contra pessoas ou bens protegidos nos termos
(exceto em três casos: medidas de segurança a da Convenção de Genebra que for pertinente:
serem tomadas pela ONU, guerras de libertação
nacional e guerras defensivas).30 Em 1949, as (...)
quatro Convenções de Genebra sobre Direito b) Outras violações graves das leis e costumes
Internacional Humanitário (conformando o aplicáveis em conflitos armados
denominado “Direito de Genebra”) internacionais no âmbito do direito
regulamentando, inter alia, a proteção aos internacional, a saber, qualquer um dos
feridos e prisioneiros de guerra, doentes, e civis, seguintes atos:
passaram a constituir a codificação daquele
corpus juris. Seus dois Protocolos Adicionais de (...)
1977 ampliaram esta proteção a funcionários de
operações de paz e humanitárias (Protocolo I) e

172
c) Em caso de conflito armado que não seja de fundamentam-se nesta obrigação de reagir contra
índole internacional, as violações graves do ‘graves violações’ das normas de direito
art. 3º comum às quatro Convenções de humanitário (art. 1º) para estender os crimes de
Genebra, de 12 de Agosto de 1949, a saber, guerra aos conflitos internos (arts. 3 e 4).” 33
qualquer um dos atos que a seguir se indicam,
cometidos contra pessoas que não participem Quanto à aplicabilidade dos instrumentos
diretamente nas hostilidades, incluindo os do direito internacional humanitário em conflitos
membros das forças armadas que tenham internos, vale registrar a interessante menção por
deposto armas e os que tenham ficado parte do Tribunal Penal Internacional ad hoc
impedidos de continuar a combater devido a para a ex-Iugoslávia à jurisprudência dos
doença, lesões, prisão ou qualquer outro tribunais nacionais nigerianos: “Muitos
motivo: elementos da prática internacional demonstram
que os Estados tendem a criminalizar graves
(...).” violações a regras e princípios costumeiros em
conflitos internos. Durante a Guerra Civil
Primeiramente, portanto, o Estatuto Nigeriana, tanto os membros do Exército Federal
tipifica as violações às Convenções de Genebra como os rebeldes foram trazidos aos tribunais
de 1949, enumerando sete condutas. Em seguida, nigerianos e julgados por violações aos princípios
tipifica violações ao direito humanitário de direito internacional humanitário.”34
consuetudinário, listando, dentre outros atos,
ataques ao pessoal, instalações e materiais de O Estatuto de Roma, ao tipificar os crimes
missões de manutenção de paz, ataques a alvos de guerra, contribui, desse modo, a assegurar
civis sem objetivos militares e o emprego de maior eficácia aos instrumentos do direito
armas que causem sofrimentos desnecessários ou internacional humanitário. No entanto, a
que produzam efeitos indiscriminados. Por fim, o disposição transitória do art. 124 do Estatuto, que
Estatuto de Roma estende os crimes de guerra faculta ao Estado o direito de não aceitar a
aos conflitos armados não-internacionais. jurisdição do TPI sobre os crimes de guerra
Evidentemente, estas disposições não são cometidos por seus nacionais ou em seu território
aplicáveis a distúrbios internos ou atos isolados durante um período de sete anos contados a partir
de violência (ocasiões em que poderão ser da data em que o Estatuto entrar em vigor para
cometidos crimes contra a humanidade), esse Estado, revela a dificuldade das negociações
conforme dispõe a alínea d do art. 8º, mas a em busca de consenso para a consolidação dos
conflito armado prolongado entre as autoridades crimes de guerra. Não obstante o referido artigo,
governamentais e grupos organizados ou entre o Estatuto do TPI constitui uma contribuição de
esses grupos. considerável valor ao direito internacional
humanitário contemporâneo.
A noção de crimes de guerra em conflitos
internos ganhou força ao longo dos anos 90. O
fim da URSS e a independência da ex-repúblicas IV - Considerações Finais
socialistas soviéticas provocou o ressurgimento
de antigos conflitos nacionalistas e étnicos dentro
O processo de tipificação dos crimes
das fronteiras dos novos Estados. Neste contexto,
internacionais no Estatuto de Roma foi fruto de
viu-se claramente que a possibilidade de
uma longa construção jurídica. Tanto o direito
persecução penal apenas pelos crimes contra a
internacional convencional como o
humanidade e o genocídio deixariam impunes
consuetudinário, especialmente no caso dos
grandes atrocidades durante a guerra. Era
crimes de guerra e de genocídio, ofereceram os
necessária a extensão dos crimes de guerra a
elementos inerentes a tais crimes (elementos
conflitos armados internos. O fundamento legal
estes reiterados pelos Tribunais para a ex-
para essa extensão eram as obrigações impostas
Iugoslávia e Ruanda), possibilitando, desse
aos Estados pelo art. 1º da Convenções de
modo, sua posterior tipificação.
Genebra de 1949 e o art. 89 do Protocolo
Adicional n. 1. Estes dispositivos obrigam os O papel da jurisprudência dos Tribunais
Estados a assegurar o respeito às normas de Penais Internacionais ad hoc foi de fundamental
direito humanitário e a reagir contra “graves importância para a tipificação dos crimes
violações” destas normas. Os Estatutos dos previstos no Estatuto, especialmente dos crimes
Tribunais Penais Internacionais ad hoc

173
contra a humanidade. Percebe-se que a tipificação dos crimes de agressão, além da
jurisprudência e o costume (este último famigerada disposição transitória relativa aos
especialmente no caso dos crimes de guerra) têm crimes de guerra, “justamente os crimes já
sempre precedido a tipificação dos crimes consolidados no amplo corpus juris do direito
(“positivação”). internacional humanitário”.36

Apesar de todos estas conquistas na esfera No entanto, a despeito essas estas


do direito penal internacional, o Estatuto do TPI vicissitudes, o reconhecimento dos valores
não se encontra livre de imperfeições. “A humanísticos, subjacentes ao estabelecimento de
tipificação, pelo próprio Estatuto do TPI, dos uma jurisdição penal internacional permanente é
core crimes, foi uma decisão acertada tomada não apenas essencial para a realização da justiça,
pelas Delegações participantes na Conferência de mas, também, em última análise, para a
Roma (...). Mas o Estatuto de Roma de 1998 é, preservação, manutenção e o restabelecimento da
como qualquer outro instrumento jurídico, paz.37 O que se verá nos próximos anos será uma
produto de seu tempo, e, como tal, padece árdua batalha entre a consolidação de uma ordem
inevitavelmente de algumas imperfeições, pública internacional e a prevalência dos
próprias das vicissitudes das negociações de voluntarismos estatais. O Tribunal Penal
instrumentos internacionais.”35 Algumas dessas Internacional será o palco deste embate.
imperfeições depreendem-se da ausência da

174
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Henry Dunant Institute, 1974.

175
NOTAS

1. Alguns dos princípios formulados foram os se verifique”. Damásio de Jesus, Direito


seguintes: “qualquer pessoa que cometa um Penal – 1o. Volume, Parte Geral – Saraiva,
ato que constituir um crime perante o direito 1995, p. 167.
internacional é responsável por ele e está
sujeita à punição”; “o fato de que o direito 11. Caso Srebrenica (IT-95-18-I), de 16 de
interno não imponha uma penalidade para um novembro de 1995 apud JONES, John R. W.
ato que constitui um crime sob o direito D. The Practice of the International Criminal
internacional não isenta a pessoa que Tribunals for the Former Yugoslavia and
cometeu o ato de sua responsabilidade Rwanda. Ardsley: Transnational Publishers,
perante o direito internacional”; “o fato de 2000, pp. 99-100.
que a pessoa que cometeu um ato que
12. Caso Karadzic e Mladic (IT-95-18-R61),
constitui crime perante o direito internacional
tenha agido como chefe de Estado ou decisão de 11 de julho de 1996 apud JONES,
funcionário responsável do governo não a John R. W. D. The Practice of the
International Criminal Tribunals for the
isenta de responsabilidade perante o direito
internacional” in Celso D. de Albuquerque Former Yugoslavia and Rwanda. Ardsley:
Mello, Curso de Direito Internacional Transnational Publishers, 2000, p. 102.
Público, 14a. edição. Rio de Janeiro: 13. Faiza King e Anne-Marie La Rosa. “The
Renovar, 2002, pp. 932-933. Jurisprudence of the Yugoslavia Tribunal:
2. Cf. Hisakazu Fujita. “Establishment of the 1994-1996”.
International Criminal Court” in The 14. Cf. ROBERTSON, Geoffrey. Crimes Against
Japanese Annual of International Law, n. 42, Humanity: The Struggle for Global Justice.
1999, pp. 32-61. Nova York: The New Press, 2000, p. 334.
3. Idem. 15. Cf. Roy S. Lee. “The Rwanda Tribunal” in
4. Ibid. Leiden Journal of International Law, vol. 1,
n. 1, 1996, pp. 37-61. No caso de Ruanda, os
5. Cf. CANÊDO, Carlos. O Genocídio como dois grupos étnicos envolvidos foram os Hutu
Crime Internacional. Belo Horizonte: Del e os Tutsi, identificados não pelas suas
Rey, 1999, p. 86. características étnicas, mas pelas suas origens
familiares.
6. Cf. CANÊDO, Carlos. O Genocídio..., p. 96.
16. Cf. ROBINSON, Darryl. “Defining ‘Crimes
7. Desse modo, um general que, por exemplo, Against Humanity’ at the Rome Conference”
ordenasse a captura de filhos cujas mães têm in American Journal of International Law –
“inclinações de esquerda” para serem vol. 93:43, pp. 43-57, 1999.
adotados por famílias leais ao seu exército,
não estaria cometendo um genocídio. Cf. 17. Para um estudo recente sobre a Cláusula
ROBERTSON, Geoffrey. Crimes Against Martens cf. A. A. Cançado Trindade
Humanity: The Struggle for Global Justice. “Reflexiones sobre el Desarraigo como
Nova York: The New Press, 2000, p. 334. Problema de Derechos Humanos frente a la
Conciencia Jurídica Universal” in La Nueva
8. Apud Carlos Canêdo. O Genocídio..., p. 104. Dimensión de las Necesidades de Protección
del Ser Humano en el Inicio del Siglo XXI.
9. Carlos Canêdo. O Genocídio..., p. 122. San José de Costa Rica: ACNUR, 2001, pp.
73-78.
10. “São delitos formais aqueles que, não
obstante reclame a lei que a vontade do 18. Idem.
agente se dirija à produção de um resultado
que constituiria uma lesão do bem, não 19. Cf. HEBEL, Herman von; ROBINSON,
exigem para a consumação que esse resultado Darryl. “Crimes within the Jurisdiction of the

176
Court” in The International Criminal Court: 28. Cf. Christophe Swinarski. Introdução ao
the Making of the Rome Statute. Haia: Direito Internacional Humanitário. Brasília:
Kluwer Law International, 1999, pp. 79-126. Comitê Internacional da Cruz Vermelha,
1996, p. 16.
20. Julgamento ICTR-96-4-T (2 de setembro de
1998) apud Hisakazu Fujita. “Establishment 29. Sobre esta distinção ver Quincy Wright. A
of the International Criminal Court” in The Study of War. Chicago: The University of
Japanese Annual of International Law, n. 42, Chicago Press, 1983, pp. 363-365; cf., ainda,
1999, pp. 32-61. Adriano D. Cançado Trindade “Jus ad bellum
e Jus in bello – Considerações acerca de sua
21. Segundo Geoffrey Robertson, grupos Projeção Histórica” in Boletim da Sociedade
terroristas, “se organizados no grau daquele Brasileira de Direito Internacional, n.
liderado por Osmara Bin Laden [sic], que 113/118, 1998, pp. 255-274.
treina milhares de seguidores” seriam
incluídos nestas organizações. Apesar de o 30. Cf. Jaroslav Zourek. L’Interdiction de
terrorismo não estar incluído expressamente l’Emploi de la Force en Droit International.
no rol dos crimes contra a humanidade, não Genebra: Henry Dunant Institute, 1974.
haveria nenhum obstáculo em julgá-lo como
tal. Isto é inclusive recomendado por 31. Idem, p. 18.
Robertson para casos (como, e.g., o da
Colômbia) em que o judiciário local é 32. Cf. Christophe Swinarski. Direito
Internacional Humanitário. São Paulo: RT,
intimidado por tais grupos. Pelo princípio da
complementaridade, o Estado pode optar pela 1990, p. 66. A respeito das sanções no direito
jurisdição internacional. internacional humanitário conferir, do mesmo
autor, A Norma e a Guerra. Porto Alegre:
22. Caso Tadic, sentença de 14 de julho de 1997 SAFE, 1991, pp. 53-64.
in JONES, John R. W. D. The Practice of the
33. Cf. Luigi Condorelli. “War Crimes and
International Criminal Tribunals for the
Former Yugoslavia and Rwanda. Ardsley: Internal Conflicts in the Statute of the
Transnational Publishers, 2000, p.111. International Criminal Court” in The Rome
Statute of the International Criminal Court:
23. Caso Erdemovic in L. C. Green. “Drazen A Challenge to Impunity, Ed. Mauro Politi e
Erdemovic: The International Criminal Giuseppe Nesi. Burlington: Ashgate, 2001,
Tribunal for the Former Yugoslavia in pp. 107-117.
Action”, Leiden Journal of International Law
10, 1997, p. 370. 34. JONES, John R. W. D. The Practice of the
International Criminal Tribunals for the
24. Neste mesmo sentido, a prática da Comissão e Former Yugoslavia and Rwanda. Ardsley:
da Corte Européia de Direitos Humanos (caso Transnational Publishers, 2000, p. 91.
grego e caso Irlanda versus Reino Unido)
determinou os elementos constitutivos da 35. Prefácio de A.A.Cançado Trindade in
Marrielle Maia, Tribunal Penal
tortura antes de suas definições convencionais.
Cf. A. A. Cançado Trindade, Tratado de Internacional. Belo Horizonte: Del Rey,
Direito Internacional dos Direitos Humanos, 2001.
vol. II. Porto Alegre: SAFE, 1999, p. 346. 36. Idem.
25. Cf. ROBINSON, Darryl, op. cit. supra. 37. Ver M. Cherif Bassiouni. The Statute of the
26. Para um estudo geral cf., entre outros, Frits International Criminal Court: a
Kalshoven Constraints on the Waging of War. Documentary History. Ardsley:
Genebra: International Committee of the Red Transnational Publishers, 1998, p. 1. Para
uma reflexão a respeito do primado da razão
Cross, 1987 e Charles Rousseau. Le Droit des
Conflits Armés. Paris: Pedone, 1983. de humanidade sobre a razão de Estado, ver
A. A. Cançado Trindade. Tratado de Direito
27. Celso D. de Albuquerque Mello, op. cit. Internacional dos Direitos Humanos, vol. III.
supra, p. 1456. O autor adota a definição de Porto Alegre: SAFE, 2003, pp. 509-527.
Louis Delbez.

177
178
CONSTITUIÇÃO, CIDADANIA
E ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO

WILBA LÚCIA MAIA BERNARDES


Professora de Direito Constitucional da Pontifícia Universalidade Católica de Minas Gerais; Mestre em
Direito Constitucional pela Faculdade de Direito da UFMG.

CIDADANIA (concepção organicista do Estado) dá lugar ao


particular (concepção individualista do Estado),
inovando e atemorizando a sociedade de então,
Inicialmente, cumpre-nos fazer uma
pois o “todo Estado” não mais está acima do
distinção básica, embora pouco realizada.
“componente indivíduo”. O cidadão, antes de
Partiremos do princípio de que, ao afirmarmos
evitar a desagregação do grupo cumprindo a
que a Constituição de 1988 é uma Constituição
função que lhe é própria, procurará satisfazer
cidadã, temos definido o que seja o termo
suas próprias necessidades.
cidadania.
Somente a partir desse novo referencial
O termo cidadão é utilizado desde a
poderemos retomar o termo cidadania como hoje
construção da polis grega, quando os cidadãos
é apresentado. Interessante observar que a
tomavam as decisões de poder, pretendendo
Declaração francesa de 1789 é intitulada
construir, na primeira definição de Heródoto,
”Declaração dos Direitos e Deveres do Homem e
uma democracia. Entretanto, a estrutura do
do Cidadão”. No entanto, como examinaremos,
Estado grego, ao ser analisada
longe ainda estaria o tempo de verdadeiro
contemporaneamente, apresenta-se muito mais
exercício de cidadania.
próxima do que hoje poderíamos denominar de
aristocracia. Apenas pequena parcela do povo Cumpre ainda dizer que dito termo,
grego era considerada cidadã, e assim mesmo mesmo vinculado a essa nova concepção do
havia gradações entre os cidadãos, de acordo Estado, não está devidamente caracterizado. No
com as respectivas condições econômicas. Estado brasileiro, temos de realizar uma
distinção importante, para a definição
O ideal de participação ampla dos
terminológica adequada.
cidadãos em uma sociedade democrática só será
mesmo construído a partir da mudança no modo Desde a década de 30, o Estado brasileiro,
de encarar a relação política. no seu direito positivo, adota os termos cidadão,
nacional e natural como expressões que
Como alerta Norberto Bobbio,1 em
possuem significados diferentes. Dentre eles, a
determinado momento histórico, ocorrerá uma
expressão natural talvez escape com maior
alteração na relação entre Estado e indivíduos,
facilidade às generalizações empregadas.
priorizando-se os direitos dos cidadãos em vez
Considera-se o termo natural como aquele
de os deveres dos súditos. Essa inversão
equivalente à definição do local do nascimento.
característica do Estado moderno permite-nos
Quando afirmamos que um indivíduo é natural
visualizar a organização política não mais do
de determinada localidade, estamos afirmando
ângulo do soberano, e sim do cidadão, o que
que o seu nascimento ocorreu em um local
implica o reconhecimento do indivíduo como
específico, o que não implica, necessariamente,
sujeito de direitos.
atribuição de nacionalidade. Nos Estados que
Constatamos, dessa forma, que a adotam o vínculo de solo como uma das formas
concepção individualista está na base da de atribuição da nacionalidade, a naturalidade,
construção do Estado moderno, assim entendido definida na certidão respectiva, servirá como
aquele edificado a partir do século XVIII. O todo comprovação para a atribuição daquele vínculo;

179
nada além disso, no que se refere à sua relação conhecendo os seus direitos e deveres, necessita
com a nacionalidade. também tê-los concretizados para alcançar o
ideal da dignidade da pessoa humana.
Já o termo nacionalidade, numa análise
que prioriza as suas formas de atribuição Assim, o Estado deve garantir a cada um
definidas no art. 12 da Constituição Federal, está dos seus integrantes capacidade de participação e
vinculado àquelas pessoas que mantêm um um espaço para realizarem o ideal em comum.
vínculo efetivo com o Estado brasileiro, assim Para estar inserido nessa sociedade, o indivíduo
considerados os brasileiros natos e naturalizados, deve ter seus direitos reconhecidos pelo Estado,
definidos como nossos nacionais. No que se numa perspectiva sempre evolutiva: cada vez
refere à atribuição da nacionalidade originária mais, mais direitos reconhecidos. Essa
(brasileiros natos), lembramos que o Estado perspectiva liga-se à noção de cidadania passiva,
brasileiro combina os critérios que admitem tanto que nem sempre garantiu uma sociedade livre e,
os vínculos de solo como os de sangue. principalmente, igualitária.

O vocábulo cidadão talvez se preste a A concretização desses direitos está entre


maiores generalizações. À parte de outras as tarefas a serem cumpridas pelo poder estatal,
possíveis variantes, abordaremos neste trabalho a que deverá satisfazê-los, mas o ideal é que a
distinção entre cidadania ou cidadão em sentido sociedade conte também com um indivíduo
amplo e cidadania ou cidadão em sentido estrito. questionador, participativo, atuante e propulsor
de mudanças, fomentando uma nova proposta
No aspecto estrito, é considerado cidadão dialógica. Essa nova dimensão da cidadania está
aquele que pode votar e prova essa condição com ligada à idéia de participação, pois pertencer a
o título de eleitor. A definição como aquele que uma comunidade significa tomar parte nas
pode votar e ser votado exclui várias categorias – decisões de sua própria associação, resgatando as
assim, no Direito brasileiro, o analfabeto, o noções de soberania popular e de cidadania ativa
menor de 18 e maior de 16, os maiores de 70. e conjugando, a partir de então, posse de direitos
Minimizando tais exclusões, talvez o conceito, e exercício de responsabilidades cidadãs.
mesmo neste sentido restrito, deveria estar ligado
à noção daquele que detém o título de cidadão. O Como documento máximo do nosso
cidadão, assim considerado, está vinculado às Estado, erigido à categoria de norma suprema, a
disposições do art. 14 da nossa Constituição, ao Constituição de 1988 trouxe um catálogo de
sentido tradicional de titular de direitos políticos. direitos e garantias fundamentais que possibilita
ao indivíduo o pleno desenvolvimento de sua
Não podemos deixar de notar, com José personalidade, sendo, nesse sentido,
Afonso da Silva,2 que este primeiro aspecto do extremamente avançado e propulsor da
termo cidadania reflete o discurso jurídico do cidadania. Assim, as normas constitucionais
Estado Liberal, expresso na Declaração dos permitem uma ampla atuação do indivíduo nos
Direitos do Homem e do Cidadão. Salienta o negócios da cidade, superam a dicotomia entre
autor que nesta Declaração a expressão Direitos “público e privado”, entre “Estado e sociedade”.
do Homem está vinculada ao reconhecimento dos
direitos individuais, enquanto a expressão Quando afirmamos que a nossa
Direitos do Cidadão dirige-se aos direitos Constituição é um documento que promove a
políticos de votar e ser votado. cidadania, estamos nos referindo a este último
conceito, que envolve o seu aspecto amplo.
Na sociedade contemporânea, adota-se o Talvez algumas passagens particulares possam
sentido amplo de cidadania, e o termo cidadão ser citadas, apenas a título exemplificativo, para
recebe a conotação que verdadeiramente se reforçar essa idéia de cidadania inserida no Texto
pretende atribuir-lhe na sociedade moderna e Constitucional, a qual, por si só, é sua condição
democrática. Ser cidadão significa, antes de tudo, intrínseca. Assim, os institutos da democracia
ser parte, no sentido próprio de compartilhar de participativa, como o plebiscito, o referendo e a
uma mesma sociedade. A cidadania envolve, iniciativa popular, a possibilidade de denúncias
nesse aspecto, o reconhecimento do indivíduo irregulares aos Tribunais de Contas, a ação
como ser integrante da sociedade estatal e, popular, a inclusão das entidades de classe ou
portanto, incluído e acolhido pelo ordenamento associações na propositura de ações diretas de
jurídico. Valemo-nos daquele indivíduo que, inconstitucionalidade e tantos outros. Em

180
algumas dessas passagens constitucionais, o dominantes. Temos uma sociedade estruturada
termo cidadão é tomado no aspecto estrito, em castas, e o direito do indivíduo é o direito do
revelando apenas uma faceta do sentido seu estamento social, perpetuando, portanto, sua
contemporâneo da expressão. desigualdade. Não há um ordenamento único, no
sentido de ser válido para todos, genérico,
Essas formas de participação, e por que abstrato e impessoal. O direito servia como
não dizer de transparência, não nos impedem de forma de reproduzir privilégios, característica
tecer algumas críticas no sentido de aprimorar a presente em todo o denominado “Estado Antigo
realização efetiva desse documento. Assim, todas e Medieval”.
as ações que caminhem no sentido de priorizar
essa noção de cidadania são necessárias para a A superação desse paradigma deve-se a
plena observância da Constituição vigente. vários fatores. Inicialmente podemos citar a
necessidade de separar o poder temporal do
espiritual. É também crescente a necessidade do
ESTADO DEMOCRÁTICO indivíduo de romper com as estruturas sociais
rígidas para poder desenvolver seu potencial
DE DIREITO criativo (liberdade) e seu valor – como dos seus
iguais –, de ter o seu preço num mercado aberto
Devemos frisar que as discussões que e crescente (igualdade). Tais formas inovadoras
serão realizadas sobre temas constitucionais têm de pensar a sociedade refletem-se também na
como paradigma o Estado Democrático de estrutura do direito, que deverá conter
Direito, ou seja, o marco teórico para nossa enunciados racionais, fundado em ideais
abordagem está previamente posto. Ao nosso iluministas e contratualistas. Já dizia Rousseau
ver, para uma correta análise desse contexto é que na passagem do estado de natureza para o
necessário definir quais os paradigmas do direito estado civil o homem perde vantagens
que podemos identificar ao longo de nossa concedidas pela natureza, mas ganha o poder de
vivência, quais as suas características básicas e desenvolver plenamente suas idéias e faculdades,
como contribuíram para alcançarmos o momento transformando-se de um homem estúpido em um
atual. ser inteligente e racional.4
Nesse sentido, tomaremos como base para Por outro lado, a crescente necessidade de
nosso exame a definição de Menelick de definição de fronteiras, do estabelecimento de
Carvalho Netto,3 que identifica dois grandes um poder que promovesse uma ordem mais
paradigmas: o primeiro, que denomina de pré- estável e duradoura e a sua conseqüência como o
moderno e envolve toda a Antiguidade e a Idade estabelecimento de um mercado livre, mas com
Média; e o segundo, o da modernidade, que, por regras mínimas definidas em um dado território
sua vez, se subdivide em três outros paradigmas: (como moeda única), dão vazão ao nascimento
o do Estado de Direito, o do Estado de Bem- de um novo modelo de Estado – o Estado
Estar Social e o do Estado Democrático de nacional.
Direito.
Podemos sintetizar as idéias que
A sucessão desses paradigmas ao longo impregnam esse novo paradigma na visão de
da História proporcionou-nos a superação dos John Locke, considerado teórico do liberalismo e
valores que traziam consigo, permitindo o também contratualista, quando afirma que o
desenvolvimento de novas idéias e, sob alguns indivíduo pode fazer tudo aquilo que as leis não
aspectos, a aceitação de pressupostos anteriores. proíbem5. Contido nessa afirmação está o grande
ideal de liberdade, considerado o fio condutor
No primeiro paradigma identificado, não
desse novo modelo de Estado, que é o da
há uma concepção definida de organização liberdade no seu aspecto negativo. Vale aqui a
política. Temos, sim, um conjunto normativo transcrição do conceito de liberdade oferecido
confuso de moral, família, religião, filosofia,
por Stuart Mill como “situação em que ninguém
direito e política em estreita relação com a deve ser impedido de fazer o que queira e nem
organização política e divindade. Entre os constrangido a fazer o que não deseja. Essa
poderes humano e divino varia apenas o grau de
liberdade deve ser a mais ampla possível só
influência patrocinada por um ou outro, encontrando limite na liberdade dos demais.”6
dependendo dos interesses das castas

181
Assim, ingressamos no paradigma da emergente no início século XX, pretende
modernidade, no seu primeiro estágio, que é o do assegurar os direitos coletivos e sociais, que
Estado de Direito ou, como é denominado por garantiriam uma vida digna.
alguns autores, Estado Liberal ou Constitucional.
O documento escrito que deveria garantir a todos Temos, então, a configuração de um novo
esse novo modelo de organização política, paradigma moderno, o do Estado Social ou do
contendo o princípio de limitação da autoridade Bem-Estar Social, que pretende concretizar
governativa, denomina-se Constituição. O materialmente os postulados do Estado de
homem, agora, é encarado como um indivíduo Direito, inclusive redefinindo-os. A liberdade há
sujeito de direitos, e para tanto esse documento de ser entendida em correlação com o ideal de
constitucional deverá consagrar o princípio da isonomia material. Esse novo Estado pretende
separação de poderes e uma declaração de promover medidas assistenciais sem serem,
direitos individuais. contudo, inicialmente, opostas aos direitos civis e
políticos. Os direitos à saúde, à educação, ao
Há neste momento uma aprofunda trabalho, enfim, à subsistência (direitos de
desconfiança com o aparato estatal, que antes segunda geração), devem ser patrocinados pelo
reproduzia o Estado Absolutista, e, assim, Estado, que tem o dever e as condições de evitar
oficializa-se uma ruptura entre o público e o a exploração do homem pelo homem.9 O direito
privado como esferas manifestamente distintas e, privado se publiciza. O Estado representa toda a
neste primeiro momento, inconciliáveis. No dimensão do público e promove, sob a
público, atua o Estado condicionado à lei; no justificativa de alimentar a satisfação dessas
privado os particulares submetidos à lei do necessidades básicas, políticas inseridas em
mercado, apenas minimamente regulada pelo regimes totalitários. O Welfare State produz um
Estado. direito complexo com a finalidade, inclusive, de
cumprir metas econômicas e sociais.
Alerta-nos, mais uma vez, Menelick de
Carvalho Netto7 de que há um fosso profundo A crise do Estado do Bem-Estar é
entre a sociedade política e a sociedade civil. Na detectada através da crise fiscal do Estado. A
sociedade política devem prevalecer os relação entre o Estado e a sociedade se deteriora,
interesses gerais convencionados e assegurados e se, inicialmente, esse Estado Social rompeu
por uma parte da sociedade, “os seus melhores”, com a separação, característica do Estado
pois a representação é censitária.8 As leis gerais e Liberal, entre esses dois pólos; agora a
abstratas devem reduzir-se a um mínimo, o que manutenção de um levaria à conseqüente
preserva a visão de liberdade negativa tão eliminação do outro. O Estado não consegue
veementemente defendida pelo liberalismo. Já a cumprir suas metas de amparo social, o aumento
sociedade civil é o espaço para o livre do déficit público desestabiliza a economia e o
desenvolvimento dos direitos naturais (e aparelho burocrático inchado contribui para
racionais) do indivíduo. O direito deve reduzir o agravar essa perspectiva.
Estado à legalidade, produzindo um Estado
mínimo que interfira o menos possível no livre Segundo Glória Regonini,10 duas
jogo das vontades individuais, apenas tendências são identificadas neste momento: a
preservando os direitos individuais “estatalização da sociedade” e/ou a “socialização
(denominados pela doutrina de direitos de do Estado”, e as saídas para essas tendências
primeira geração). estão, no primeiro caso, na capacidade de
resistência de alguns setores da sociedade civil
Entretanto, a liberdade e a igualdade que não são filtrados pelas instituições e, no
proclamadas pelo Estado de Direito reforçam segundo, na capacidade de resistência das
práticas excludentes e só teoricamente instituições em fase das contínuas e
consagram verdades evidentes que libertam o intermináveis pressões de grupos sociais.
homem. O aprisionamento do indivíduo é real e
perverso, à medida que ele não tem meios Todos esses conflitos resultam também
materiais que lhe permitam usufruir as liberdades dos anseios de uma nova sociedade, – a da era da
consagradas. Com isso, surgem movimentos informação – ainda mais complexa que a
sociais que criticam os ideais liberais, agora sociedade anterior. Essa sociedade reivindica a
contando com o apoio da doutrina social da proteção de um novo contexto de direitos, agora
Igreja e do marxismo. A sociedade de massas, denominados direitos difusos (apresentam-se os

182
direitos de terceira geração,),11 e reclamam uma colocamo-nos diante da definição da Teoria da
nova leitura dos direitos individuais e sociais. A Constituição.
Declaração Universal dos Direitos do Homem,
de 1948, indica o advento desse novo momento
ao proclamar os direitos sociais, econômicos e Teoria da Constituição
culturais ao lado de direitos civis e políticos, o
que levaria, necessariamente, à superação da A Teoria da Constituição como ciência
antinomia entre o individual e o social e à autônoma é recente, e sua contribuição inicial
revisão das estruturas tradicionais da teoria do prende-se à superação da crise do primeiro
Direito. A sociedade civil se organiza através de paradigma do Estado Moderno, o do Estado
entidades e associações que acabam atuando em Liberal, e a impossibilidade de a Teoria Geral do
um espaço antes reservado ao Estado. O Estado Estado, à época (particularmente falamos da
falido tem agora os interesses públicos, muitas matriz alemã – Constituição de Weimar – 1919),
vezes, defendidos pela sociedade civil. As interpretar e efetivar os documentos
sociedades plurais atuais tentarão assumir uma constitucionais. Há um afastamento do
posição não clientelista, sendo agente e, ao positivismo jurídico que limita a compreensão da
mesmo tempo, destinatária das leis elaboradas. Constituição à aplicação e interpretação da lei
Temos, então, uma sociedade que pressupõe constitucional positiva.
atores sociais comprometidos com o debate
político, que deverá ser público. Atualmente, a Teoria da Constituição
pretende ainda revitalizar a abertura para a
No desenrolar dessa crise surge o terceiro realidade constitucional, considerando suas
paradigma da modernidade – o Estado condicionantes políticas e socioeconômicas.
Democrático de Direito. Podemos afirmar que Nesse sentido, e visando ao desenvolvimento da
esse paradigma ainda está comprometido com o Teoria da Constituição, podemos apresentar os
ideal da legalidade, mas busca sua sustentação e estudos de Karl Loewenstein12 que procuram
legitimidade também no ideal de justiça. Como imprimir às definições de Constituição o seu
realizar esses dois aspectos balizadores deste valor real, classificando-as, segundo uma
novo Estado é a tarefa que hoje enfrentamos. perspectiva ontológica, como Constituições
nominais, normativas e semânticas.
Está claro que para superarmos as grandes
questões desta sociedade hipercomplexa em que Se pretendemos realizar as promessas
vivemos, teremos de construir a democracia, normativas constitucionais e evitar a
agora não mais formal, mas efetiva. É justamente classificação da Constituição de 1988 como
sob esse novo enfoque que teremos de encarar Constituição semântica, é necessário redefinir o
questões como interpretação constitucional, papel da Teoria da Constituição no Estado
jurisdição constitucional, remédios brasileiro.
constitucionais, pacto federativo, partidos
políticos, novos modos de governança, Visando exatamente à discussão da Teoria
comunidades virtuais, dentre outros. Toda essa da Constituição, coloca-se a questão da
temática está diretamente vinculada à questão da concretização dos direitos fundamentais, que
efetividade da Constituição de 1988. envolve a perspectiva da interpretação
constitucional, da jurisdição constitucional e dos
mecanismos processuais colocados à disposição
EFETIVIDADE E dos indivíduos para fazer valer os direitos
declarados.
CONCRETIZAÇÃO
Diante desses fatos, somos colocados Interpretação Constitucional
frente à necessidade de discutir os limites e
possibilidades da força normativa do Direito Podemos afirmar que o objeto de
Constitucional. Assim, podemos dizer que o preocupação dos juristas contemporâneos diz
nosso esforço converge para a necessidade de as respeito à interpretação constitucional, que
normas constitucionais estarem abertas para a realça, evidentemente, o papel dos aplicadores do
realidade constitucional. Neste momento, direito. Destacam-se as análises contemporâneas
sobre o conceito de normas constitucionais,

183
definidas como um conjunto de regras e realçar o papel político que assumem diante
princípios, e como devem ser aplicadas. dessa tarefa.

Nesse sentido, e de acordo com o A inicial contradição de fundamentos dos


contexto de um Estado Democrático de Direito, a dois sistemas vai sendo aos poucos superada, e
função interpretativa do juiz ganha novo hoje, com a difusão do modelo das cortes
destaque. Para decidir diante do caso concreto, constitucionais em toda a Europa, pouca ou
sua postura não pode ser apenas resultado de nenhuma distinção de fundo pode-se detectar
uma atividade mecânica, de um aplicador de entre os dois modelos, que nos seus fins
textos jurídicos positivados (como no Estado de perseguem o mesmo objeto, que é a defesa da
Direito), nem se resume sua atividade, embora Constituição e a tutela dos direitos fundamentais
mais complexa, na escolha discricionária de uma (hierarquia da norma constitucional e
postura definida em um quadro preestabelecido concretização dos direitos).
pela ciência do Direito (como se pretendia no
Estado Social). Dessa forma, à jurisdição constitucional
brasileira, na figura do Supremo Tribunal
Definir como o juiz deve posicionar-se, Federal, compete a satisfação de interesses
num dado caso concreto, para realizar a um só jurídicos e socialmente relevantes. No exercício
tempo, através de suas decisões, os pressupostos de sua função jurídica e política, o Supremo
da certeza jurídica e da sua aceitabilidade Tribunal Federal tem o dever de ser o guardião
racional é questão sobre a qual têm se debruçado de nossa Constituição, assegurando o seu fiel
autores como Dworkin, Habermas, Robert cumprimento e os valores políticos dela
Alexy, John Rawls, dentre outros. De qualquer depreendidos.
forma, já podemos adiantar que o juiz está diante
de um novo modo de pensar e sentir o direito, É nesse sentido que o Poder Judiciário
não mais reduzido a quadros normativos rígidos; deve estar aberto para uma nova forma de
sua função requer muito mais sensibilidade e atuação, que invariavelmente estará revestida de
comprometimento com os interesses sociais. uma dimensão política e social que poderá nos
levar à superação de processos de total descrença
Como nos alerta Marcelo Cattoni,13 é nas normas constitucionais, possibilitando a
preciso ler o texto da Constituição brasileira inclusão dos cidadãos nos discursos jurídicos.
sabendo explorar as tensões entre o texto e o
contexto, para evitar o contraste entre o ideal e o Remédios Constitucionais
real, entre a inclusão e a exclusão, se
pretendemos reconstruir adequadamente nosso
A relação das ações constitucionais com a
Estado Democrático de Direito.
temática anterior também é intensa, uma vez que
sua efetiva proteção dependerá da atuação
comprometida dos nossos tribunais,
Jurisdição Constitucional particularmente do Supremo Tribunal Federal,
que exercerá a jurisdição constitucional, devendo
Toda a temática anterior está o aplicador da lei, na sua atividade interpretativa,
correlacionada à questão da jurisdição priorizar uma leitura da norma constitucional
constitucional. condizente com os postulados do Estado
Democrático de Direito.14
O termo jurisdição constitucional deve-se
à contribuição da ciência jurídica alemã no final Não sendo o momento para discutir sobre
da década de 20 (sem, contudo, desprezar o papel a distinção feita por parte da doutrina entre
fundamental reservado à Constituição austríaca direitos e garantias constitucionais,15 vamos
de 1920, de evidente inspiração kelseniana), que adotar, segundo a moderna doutrina alemã, a
introduz o modelo das cortes constitucionais em expressão garantia constitucional como o
oposição ao modelo norte-americano. mecanismo jurídico destinado aos indivíduos
para tornar efetivos os direitos assegurados no
O modelo do judicial review dos norte- Texto Constitucional, ou seja, os chamados
americanos fundamenta-se na ênfase dada ao remédios constitucionais.
papel dos juízes como aqueles que estão aptos a
realizar a verificação da legalidade sem, contudo,

184
Nesse sentido, nossa Constituição de 1988 independência e da imparcialidade do juiz, da
também inova e fortalece sua perspectiva cidadã motivação da sentença e da justiça gratuita para
quando prevê mecanismos processuais que, em os necessitados – princípios constitucionais do
última análise, visam ao desenvolvimento da processo e também garantias constitucionais.
dignidade da pessoa humana. Assim, podemos
nomear instrumentos inovadores, como o habeas Somente a partir do momento em que o
data, o mandado de segurança coletivo, o Poder Judiciário estiver apto a realizar
mandado de injunção, a ação de efetivamente tais princípios poderemos falar que
inconstitucionalidade por omissão e a o cidadão terá o pleno reconhecimento dos
implementação das ações coletivas. Por outro direitos que lhe foram assegurados pela
lado, a Constituição nos oferece uma nova Constituição.
dimensão para institutos já consagrados, como o
habeas corpus, o mandado de segurança, a ação Como afirma José Alfredo de Oliveira
Baracho,16 os cidadãos não podem ser impedidos
popular, a ação direta de inconstucionalidade e a
ação civil pública. Cumpre ressaltar a nova do gozo dos múltiplos direitos reconhecidos na
leitura que se deve fazer do direito de petição, Constituição e na legislação infraconstitucional,
mesmo aqueles cujas leis não foram
revigorado após a Constituição da República,
como um instrumento estreitamente ligado à promulgadas, pois isso inviabilizaria o exercício
idéia de controle e participação do cidadão. da plena cidadania, que, aliás, demanda uma
estruturação complexa e sólida de todos os
Tais remédios constitucionais só órgãos do Estado, particularmente do Poder
cumprirão concretamente o papel que lhes está Judiciário, que possibilita a defesa dos núcleos
reservado nesta Constituição se a atuação dos centrais de direitos (acesso à justiça,
nossos tribunais conseguir superar a dicotomia interpretação correta das normas constitucionais,
texto versus realidade, que, não necessariamente, nova concepção de justiça etc.).
são excludentes.
No que se refere ao acesso à justiça,
ênfase deve ser dada ao papel das defensorias
SOCIEDADE PLURALISTA públicas, que têm, a bem dizer, a possibilidade
de concretizar ou não o ideal da plena cidadania.
Toda a temática anterior nos revela uma Se a defesa dos necessitados – os
nova forma de encarar o direito, particularmente economicamente fracos – não se fizer ampla e
o Direito Constitucional. Fica clara a necessidade contundente, nunca alcançaremos a democracia
de revermos nossos postulados clássicos em uma sociedade pluralista, diversa e múltipla
principalmente na forma de interpretar a como a brasileira, repleta de desigualdades
Constituição da República. sociais e econômicas.

Em um Estado que se pretende O precário funcionamento dessa


Democrático de Direito, assegurando valores instituição reforça a marca de uma sociedade
como liberdade, igualdade e solidariedade, é vital discriminadora, de excluídos, que jamais poderão
ampliar as formas de participação do cidadão. ser considerados parte do todo; aniquila-se a
Essa participação revela-se não só através dos possibilidade de torná-los incluídos, partes
negócios da cidade, mas também e atuantes nos discursos jurídicos. Só por meio de
principalmente pela ampla e ilimitada um processo justo, que envolva a participação
participação nas decisões judiciais. Uma maneira com igualdade real-econômica, é que teremos a
de garantir essa participação nas decisões realização de uma justiça efetiva.
judiciais é, dentre outras, criar mecanismos que
Também no sentido de implementar cada
permitam o acesso à justiça por parte de todos os
segmentos sociais, ou seja, o direito de todos de vez mais a participação dos cidadãos nas
atuar em juízo. decisões de poder, deve ser analisada a nossa
forma de Estado. O federalismo, opção brasileira
Ao falarmos de acesso à justiça, desde a Constituição 1891, deve ser examinado
invariavelmente estamos nos referindo à garantia liberto das suas condicionantes clássicas, que
dos princípios do devido processo legal, do juiz prejudicam uma atuação comprometida com a
natural, da ampla defesa e do contraditório e seus democracia, que hoje requer um Estado ágil,
desdobramentos, como os princípios da

185
eficiente e dinâmico sem ser, contudo, meio de algo além da democracia representativa.
excludente. Estamos colocando em xeque a democracia
partidária, que está longe de suprir as demandas
A definição das bases que fundam o nosso protagonizadas pela sociedade complexa do
pacto federativo deve ser feita levando-se em século XXI.
consideração o paradigma atual e, portanto,
reforçando a tomada de decisão pelos núcleos A crise por que passam os partidos
menores de poder. Num país de vasta dimensão políticos na moderna sociedade reflete a
territorial e tamanha diversidade cultural como o desconfiança nos vínculos entre representantes e
nosso, não há como nos afastarmos de priorizar a representados, gerando uma crise também a
descentralização política, administrativa e respeito da sua legitimidade. A democracia, que
econômica se quisermos viabilizar a democracia. tem, única e exclusivamente, como seu
interlocutor os representantes do povo, não está
Nesse sentido, a autonomia – autos mais apta para lidar com os novos atores sociais
(própria) e nomia (norma) – dos Estados- que estão interagindo em nossas comunidades. É
Membros e dos municípios ganha nova interessante observar que o hiato deixado pelos
dimensão. Devemos adotar no nosso Estado os partidos políticos, e ainda não preenchido por
princípios do federalismo cooperativo, atores sociais comprometidos, vem sendo
consensual e subsidiário. Devemos, como afirma ocupado pela mídia, que exerce um papel cada
José Luiz Quadros Magalhães,17 reestruturar vez mais forte, monopolizador e avassalador.
nossa máquina administrativa para simplificar e Precisamos garantir e assegurar, nesse sentido, o
acelerar os procedimentos e as decisões direito de todos os cidadãos de participarem
administrativas, valorizando mecanismos da igualmente da formação da opinião pública.
democracia participativa. Portanto, a democracia induz também à
necessidade de livre acesso à informação.
As cidades e o campo só têm como
crescer se as decisões tomadas espelharem as Os temas abordados anteriormente –
reais necessidades das comunidades locais e partidos políticos e formação de sistemas
regionais. Tais decisões deverão ser sustentadas supranacionais – estão diretamente vinculados à
por pressupostos fáticos e tomadas com base no crise do conceito clássico de soberania, que leva
consenso, o que envolve uma comunidade com consigo, derrogada abaixo, também o conceito
certo nível de educação e politização. clássico da soberania popular, e refletem a
incapacidade de o Estado-Nação absorver a
Desse modo, temos de mudar a forma de complexibilidade da sociedade pluralista.
considerar o planejamento urbano e rural,
anexando outras dimensões decisórias que tratem Aliás, Antônio Augusto Cançado
com seriedade e compromisso, principalmente, a Trindade, ao discutir a proteção dos direitos
questão da nossa desigualdade econômica. No básicos da pessoa humana já afastava a pretensa
que se refere ao processo de governança urbana, ‘competência nacional exclusiva’ e demonstrava
Edésio Fernandes18 ensina que experiências de a inadequação desta particularização da noção de
parceria entre o setor privado e o estatal devem soberania ao plano das relações internacionais,
se dar de tal forma que os valores sociais não pois, como ensina, no ordenamento
sejam sacrificados em favor de interesses internacional, os Estados mais que
particulares de grupos econômicos. independentes, necessitam ser juridicamente
iguais.”19
Pelo exposto, parece-nos necessário
valorizar o poder de decisão das comunidades Assim, podemos afirmar que a crise da
que estão mais próximas dos problemas teoria constitucional contemporânea é reveladora
vivenciados no seu cotidiano, comunidades que da crise do ponto de vista externo e interno da
estariam mais abertas a um diálogo construtivo, noção de soberania.20
fazendo uma ponte entre o estatal e o privado e
capazes de identificar carecimentos e pleitear No Direito brasileiro, vivenciamos,
soluções possíveis. especialmente, a crise da soberania interna, com
o Estado revelando-se incapaz de ser identificado
Assim, falamos em novos modelos de como o espaço em que vigora determinada
governança que estariam se consolidando por ordem jurídica. A perda dessa referência propicia

186
o nascimento de estruturas paralelas ao direito, governança surgem no cenário internacional com
retirando a legitimidade da ordem jurídica. Esse os processos de integração, nos quais instâncias
fenômeno leva à descrença no próprio supranacionais convivem com os poderes
ordenamento jurídico-estatal, que não consegue nacionais, produzindo, mais uma vez, uma
viabilizar a democracia concretizando os seus estrutura plural e complexa nesta sociedade atual
postulados, ou seja, não consegue não menos diversa. A questão da superposição de
operacionalizar-se, uma vez que, apesar de toda a competências, com a qual convive a União
sua estrutura jurídico-coercitiva, não reage aos Européia, tem sido administrada por intermédio
fatos normativamente ou, quando reage, muitas do princípio da subsidiariedade, que, ao definir
vezes afirma processos de exclusão (por que cada decisão deve ser tomada pela instância
exemplo, como já afirmamos anteriormente, as que está mais próxima e apta para resolver o
partes não chegam num mesmo plano quando assunto a ser decidido, também reforça a atuação
atuam no Poder Judiciário). de comunidades que podem, pronta e
eficazmente, solucionar conflitos.
No aspecto externo, a soberania renuncia
ao seu conceito clássico quando os Estados se Neste novo cenário mundial dessa
auto-submetem às pressões do mercado sociedade hipercomplexa, cabe também menção
globalizado, com as razões de ordem econômica às denominadas comunidades virtuais. Vivemos
ditando novas formas de organizações políticas. a época que Pierre Lévy22 classifica como
Numa abordagem genérica, podemos dizer que civilização da inteligência coletiva, e o
os Estados, como na nova organização da União ciberespaço, que é o local onde circula e se
Européia, cedem, mediante alterações nas suas produz o conhecimento coletivo, abrange, cada
Constituições, sua soberania a uma forma vez mais, parcelas maiores da população,
supranacional de governança. garantindo, assim, o livre acesso a informações.
Este momento possibilitará a formação de grupos
Essa questão remete-nos à discussão ou comunidades ligadas e interagindo movidas
sobre a soberania popular e, é evidente, à teoria por interesses próprios. Estamos falando de
do Poder Constituinte e à sua conseqüência, que comunidades criadas por atos de escolha que
é a constatação ou não da legitimidade dos atos superam a barreira do Estado-Nação, com a
estatais. Nessas complexas formas possibilidade, via Internet, de interação com
supranacionais, não há como identificar a pessoas de vários locais do mundo, de credos,
tradicional idéia de soberania popular – o poder cor, cultura, opção sexual diferentes. Esse novo
pertence ao povo –, aliada à idéia da teoria da espaço que pressupõe diálogo deverá contribuir
representatividade – que o exerce através de seus para a quebra de preconceitos.
representantes. Nesse contexto, cabe a pergunta,
atualíssima, formulada por Friedrich Muller: O desenvolvimento de novas tecnologias
“Quem é o povo?”21 possibilitará, na visão de Paulo Bonavides, a
superação da democracia representativa que, para
Não nos apoiamos mais na referência os juristas da escola liberal, era inevitável.
clássica do povo-soberano dos Estados nacionais. Afirma o professor que o ceticismo com relação
A definição de quem é o povo envolve a questão à introdução da democracia direta vai sendo aos
da identificação ou não do povo como suporte da poucos removido por intermédio da informática.
legitimidade democrática. Afastar-se da tentativa Os novos processos tecnológicos criam espaços
de iconização do povo e aproximá-lo da noção de para a libertação do pensamento e dos meios de
povo-destinatário confere maior legitimidade a expressão, desbloqueando, dessa forma, a
um sistema que se pretende democrático, pois democracia. A utopia da democracia
assegura a toda a população a plena fruição das participativa começa a ser concretizada.23
prestações civilizatórias do Estado,
corroborando, assim, para alcançarmos a
dignidade da pessoa humana e a prevalência dos CONCLUSÃO
direitos humanos.
Desaguamos na nossa sociedade
Se devemos fortalecer nossos núcleos inclusiva. Esta sociedade que inclui, que
menores de poder para efetivamente produzir comunga, sem absorver, sem uniformizar, é a
uma democracia real e efetiva, não podemos nos que pretendemos construir em um Estado
esquecer de que novas modalidades de Democrático de Direito. A diversidade no uno,

187
para preservarmos valores como liberdade e metacódigo que se sobrepõem às estruturas da
igualdade, não é fácil de ser solidificada. É nesse sociedade e da Constituição.
sentido que alerta Friedrich Müller (24) quando
diz que devemos evitar a sobreintegração de A idéia de cidadania deve ser entendida
alguns em contradição com a subintegração de como a possibilidade de convivermos com as
outros, revelando facetas cruéis de excessos de diferenças, de construirmos, por intermédio da
inclusão e exclusão que deslegitimam o Estado nossa Constituição de 1988, um direito tanto
de Direito e sua base democrática, permitindo a legal quanto justo, tanto livre como igual – é o
criação de uma superestrutura e de um ideal a ser alcançado.

188
NOTAS:

1. A Era dos Direitos. Trad. Carlos Nelson 10. BOBBIO, Norberto, MATTEUCCI, Nicola,
Coutinho. Rio de Janeiro: Campus, 1992, p. PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de
3 et seq. Política. Trad. Cármém C. Varriali. 5. ed.,
Brasília: UnB, 1993, verbete: Estado do
2. SILVA, José Afonso. Acesso à Justiça e Bem-estar, pp.418-419.
Cidadania.
11. Como direitos de terceira geração temos o
3. O requisito essencial da imparcialidade para direito ao desenvolvimento, à paz
a decisão constitucional adequada de um internacional, ao meio ambiente equilibrado,
caso concreto no paradigma constitucional do consumidor. São também identificados
do Estado Democrático de Direito. Revista como direitos que corresponderiam ao ideal
da Procuradoria Geral do Estado de Minas fraterno. Se tomamos como base a
Gerais. Belo Horizonte: Del Rey, v. 1, n. 1, Declaração Francesa de 1789, estamos
p. 103 et seq. realizando o seu terceiro ideal entre os de
liberdade, igualdade e fraternidade. É de
4. O Contrato Social. Trad. Antônio de Pádua
salientar que alguns autores já apontam
Panesi. São Paulo: Martins Fontes, 1989, p. direitos de quarta geração, que seriam os
24. referentes à genética e à pesquisa biológica.
5. Segundo Tratado sobre o Governo Civil.
12. Teoria da Constituição. Trad. Alfredo
Trad. Magda Lopes e Marisa Lobo da Costa. Gallego Anabitarte. Barcelona: Ariel, 1976,
Petrópolis: Vozes, 1994. p. 216 et seq.
6. Sobre a Liberdade. Petrópolis: Vozes, 1991,
13. Devido Processo Legislativo. Belo
introdução. Como explica Isaiah Berlin, o Horizonte: Mandamentos, 2000, p. 28.
sentido negativo de liberdade está vinculado
à resposta dada a pergunta: “qual é a área em 14. É interessante observar com Menelick de
que o sujeito – uma pessoa ou um grupo de Carvalho que nesse novo paradigma os
pessoas – deve ter ou receber para fazer o direitos fundamentais revestem-se de uma
que pode fazer, ou ser o que pode ser, sem característica eminentemente processual
que outras pessoas interfiram?” (Quatro (1999:108).
ensaios sobre liberdade. Trad. Wamberto H.
Ferreira. Brasília: Universidade de Brasília, 15. Já afirmava Jorge Miranda que os direitos
1981, p. 136). representam, por si sós, certos bens, são
principais, declaram-se, e as garantias
7. Op. cit., p.105. asseguram a fruição desses bens, são
acessórias, estabelecem-se; “...direitos
8. Há de se observar que o sufrágio universal é permitem a realização das pessoas e
proclamado como direito fundamental em inserem-se directa e imediatamente, por isso,
quase todas as declarações setecentistas, mas
nas respectivas esferas jurídicas, as garantias
somente a partir da revolução industrial e só nelas se projectam pelo nexo que
das formulações teóricas que criticam o possuem com os direitos...” (Manual de
Estado de Direito é que será efetivado; é
Direito Constitucional. Coimbra: Ed.
uma conquista do final do século XIX e Coimbra, 1988, t. IV, p. 89 et seq).
início do século XX.
16. Teoria Geral da Cidadania. São Paulo:
9. Interessante verificar que a defesa das
Saraiva, 1995, pp. 55 e 24. Como princípios
camadas mais pobres inicialmente se constitucionais do processo o autor arrola: o
apresenta como barreira medieval oposta à princípio do juiz natural, as garantias da
liberdade, rivalizando-se com o nascimento
independência do juiz, o direito à defesa em
do capitalismo. juízo, o devido processo legal, o livre acesso
ao processo, a motivação da sentença e o
princípio da imparcialidade (p. 10).

189
17. Poder Municipal. Belo Horizonte: Del Rey, pode contribuir para a superação de
1997. preconceitos, mas também, não nos passa
despercebida, a possibilidade da formação
18. Legislação, Planejamento e Gestão de guetos, que poderiam, mais ainda,
Urbanístico-ambiental: A Ação dos fomentar estigmas. Nesse sentido, a criação
Municípios. Curso de Especialização Lato de uma forma de controle é inevitável.
Sensu em Direito Público – Diretoria de
Ensino a Distância da PUC Minas Virtual, 23. A democracia participativa e os bloqueios da
n. 1, junho de 2000, p. 28. classe dominante. Revista do Instituto
Brasileiro de Direitos Humanos. Fortaleza:
19. A Proteção Internacional dos Direitos Instituto Brasileiro de Direitos Humanos,
Humanos – Fundamentos Jurídicos e Ano 2, v. 2, n.2, p. 117 et seq. Também
Instrumentos Básicos. São Paulo: Saraiva, compartilhamos com o autor a idéia de que a
1991, p. 4. democracia tem, com as tecnologias da era
da informação, novas oportunidades de se
20. Analisando intensamente o tema, ver operacionalizar. Apenas ponderamos que o
MAGALHÃES, Juliana Neuenschwander. O impacto das novas tecnologias na formação
paradoxo da soberania popular: o reentrar da
da opinião pública e, conseqüentemente, na
exclusão na inclusão. Revista de Direito base das decisões políticas, dependerá mais
Comparado. Belo Horizonte: Faculdade de uma vez do uso que se fará desse processo.
Direito da UFMG, n. 2, v. 2, pp. 361-369.
As novas tecnologias devem estar acessíveis
21. Quem é o Povo? Trad. Peter Nauman. São a toda população. E não podemos nos
Paulo: Max Limonad, 1998. esquecer de que estamos falando, ainda, de
uma população que vive em um Estado sem
22. Palestra proferida na PUC. Minas Virtual, distribuição de renda, com altos graus de
Belo Horizonte/MG, em 19/5/2000. O autor miséria e com índices mínimos de instrução.
entende que a humanidade vive um processo O uso das novas tecnologias não pode se
de unificação que de forma alguma transformar em mais uma técnica de
corresponde a um processo de uniformização bloqueio da democracia.
ou de interdependência. Compreendemos
que a formação das comunidades virtuais 24. Op. cit., p. 95 et seq.

190
ANEXOS

191
192
CONSEJO PERMANENTE DE LA ORGANIZACIÓN
DE LOS ESTADOS AMERICANOS:
COMISIÓN DE ASUNTOS JURÍDICOS Y POLÍTICOS

PRESENTACIÓN DEL PRESIDENTE DE LA CORTE INTERAMERICANA DE DERECHOS HUMANOS,


JUEZ ANTÔNIO A. CANÇADO TRINDADE, ANTE LA COMISIÓN DE ASUNTOS JURÍDICOS Y
POLÍTICOS DEL CONSEJO PERMANENTE DE LA ORGANIZACIÓN DE LOS ESTADOS AMERICANOS,
EN EL MARCO DEL DIÁLOGO SOBRE EL FORTALECIMIENTO DEL SISTEMA INTERAMERICANO DE
PROTECCIÓN DE LOS DERECHOS HUMANOS:

“HACIA LA CONSOLIDACIÓN DE LA CAPACIDAD JURÍDICA INTERNACIONAL DE LOS


PETICIONARIOS EN EL SISTEMA INTERAMERICANO DE PROTECCIÓN DE LOS DERECHOS
HUMANOS”

(Sesión de la Comisión de Asuntos Jurídicos y Políticos, celebrada en la sede de la OEA en Washington


D.C., 19 de abril de 2002)

Señor Presidente de la Comisión de Creo que las iniciativas en pro del


Asuntos Jurídicos y Políticos de la OEA, fortalecimiento del sistema interamericano de
Embajador Valter Pecly Moreira protección deben ser fruto de consenso entre
todos los actores del sistema, por cuanto se trata
Señoras y Señores Embajadores y de un deber compartido de todos el velar por que
Representantes de los Estados Miembros de la el mecanismo de protección de la Convención
OEA Americana sea cada vez más eficaz, mediante los
efectos propios en el derecho interno de los
Señoras y Señores Estados Partes. Pero los Estados Partes en la
Tengo el honor de volver a comparecer Convención tienen la responsabilidad primordial
hoy, 19 de abril de 2002, ante esta Comisión de ineludible de asegurar la plena vigencia de los
Asuntos Jurídicos y Políticos (CAJP) del derechos humanos en relación con todos los
Consejo Permanente de la Organización de individuos bajo sus respectivas jurisdicciones, y
Estados Americanos (OEA), para participar una fungir colectivamente como garantes de la
vez más, al igual que el año pasado, del diálogo aplicación debida de la Convención.
sobre el fortalecimiento del sistema El presente diálogo sobre el
interamericano de protección de los derechos
fortalecimiento y perfeccionamiento del sistema
humanos, al cual la Corte Interamericana de interamericano de protección de los derechos
Derechos Humanos atribuye la mayor humanos tiene ya una larga historia, que ha dado
importancia. Por primera vez la CAJP invita
sus frutos y ha abierto las esperanzas de millones
conjuntamente los dos órganos de supervisión de de habitantes del hemisferio, – esperanzas estas
la Convención Americana de Derechos reforzadas por los recientes cambios de sus
Humanos, la Corte y la Comisión Reglamentos que efectuaron recientemente la
Interamericanas. Es para mí motivo de Corte y la Comisión Interamericanas. Como me
satisfacción estar aquí acompañado, además del
permití señalar en mi presentación antier, 17 de
Vicepresidente de la Corte, Juez Alirio Abreu abril de 2002, ante el Consejo Permanente de la
Burelli, y del Secretario de la misma, Dr. Manuel OEA, el otorgamiento, por el nuevo Reglamento
Ventura Robles, de la delegación de la Comisión
de la Corte (del 24.11.2000, en vigor desde
Interamericana de Derechos Humanos, 01.06.2001), del locus standi in judicio a los
encabezada por su Presidente, Dr. Juan E. peticionarios, en todas las etapas del
Méndez, y su primera Vicepresidenta, Dra.
procedimiento ante la Corte, constituye quizás el
Marta Altolaguirre.

193
avance jurídico-procesal más importante en pro La dura realidad de los hechos, y las
del perfeccionamiento del mecanismo de necesidades de protección de los beneficiarios de
protección de la Convención Americana sobre nuestro sistema de derechos humanos, han
Derechos Humanos, desde que ésta entró en demandado que este último se ajuste a los nuevos
vigor hace casi 25 años. tiempos, y la evolución de la conciencia humana
ha debidamente reaccionado con este propósito.
Este cambio representa la consecuencia Para mejor apreciar los desarrollos recientes del
lógica de la concepción y formulación de sistema interamericano de protección de
derechos a ser protegidos bajo la Convención derechos humanos, cabe contextualizarlos, y
Americana en el plano internacional, a las cuales recordar las iniciativas recientes en cuanto al
debe necesariamente corresponder la capacidad fortalecimiento del sistema interamericano de
jurídica plena de los individuos peticionarios de protección.
vindicarlos. Mediante esta histórica iniciativa de
la Corte, los individuos han logrado el
reconocimiento de su condición de verdaderos I. Breve Recapitulación de las
sujetos del Derecho Internacional de los Iniciativas de Fortalecimiento
Derechos Humanos, dotados de capacidad
jurídico-procesal internacional. Es por esto que, Sistema Interamericano de
dada su trascendental importancia, ese notable Protección de los Derechos
avance procesal amerita, a mi juicio, más que
una base reglamentaria, una base convencional, a Humanos
ser debidamente consensuada por todos los
actores del sistema interamericano de protección, Ya en 1996, la Asamblea General de la
de modo a asegurar el real compromiso de todos OEA, mediante su Resolución 1404, encomendó
los Estados al respecto. al Consejo Permanente de la OEA la evaluación
del referido sistema de protección, para iniciar un
Con ese propósito, me permití presentar el proceso que permitiera su perfeccionamiento,
año pasado, como contribución de la Corte, ante incluida la posibilidad de reformar los
los órganos competentes de la OEA, el Informe instrumentos jurídicos correspondientes y los
conteniendo las Bases para un Proyecto de métodos y procedimientos de trabajo de los dos
Protocolo a la Convención Americana sobre órganos de supervisión de la Convención
Derechos Humanos, para Fortalecer su Americana, para lo cual solicitaría la
Mecanismo de Protección, del cual tuve el honor colaboración de ambos, en el marco de un
de ser el relator, por designación de mis colegas diálogo y proceso de reflexión sobre el
los Jueces de la Corte, y el cual está siendo perfeccionamiento del sistema interamericano de
circulado una vez más a todas las Delegaciones derechos humanos. En noviembre del mismo
presentes a esta sesión de labores de la CAJP. año, la Secretaría General de la OEA presentó al
Consejo Permanente un Informe titulado Hacia
El otorgamiento del locus standi in una Nueva Visión del Sistema Interamericano de
judicio de los peticionarios en todas las etapas Derechos Humano,2 como su aporte para
del procedimiento ante la Corte representa una discusiones futuras sobre la materia.
etapa más y de las más importantes – de la
evolución experimentada por el sistema La cuestión permaneció en la agenda de la
interamericano de protección de derechos Asamblea General, y se tornó objeto de nuevas
humanos, a lo largo de los años, de la cual hemos Resoluciones de la misma.3 Mediante su
sido testigos y actores. Tengo la convicción de Resolución 1633 (1999), la Asamblea General
que el reconocimiento de la legitimatio ad encomendó al Consejo Permanente de la OEA la
causam de los individuos ante las instancias promoción de un Diálogo institucionalizado; con
internacionales atiende a una necesidad del base en este mandato, la CAJP, comisionada al
propio ordenamiento jurídico internacional, no efecto por el Consejo Permanente de la OEA
sólo en nuestro sistema regional de protección, (sesión del 13.09.1999), preparó una Agenda
sino también en el plano universal1. Asistimos, Anotada del Diálogo sobre el sistema
en este inicio del siglo XXI, a un proceso interamericano de protección de derechos
histórico de humanización del propio Derecho humanos, el que pasó a desarrollarse
Internacional contemporáneo. formalmente en sucesivas sesiones de la CAJP
(entre el 22.09.1999 y 16.03.2000). He tenido la

194
ocasión de participar, en representación de la Asimismo, la Corte acordó realizar un
Corte Interamericana de Derechos Humanos, en gran Seminario titulado El Sistema
todas las etapas de ese Diálogo, desde su inicio Interamericano de Protección de los Derechos
hasta la fecha; a dicho Diálogo he presentado Humanos en el Umbral del Siglo XXI, que tuvo
sustanciales Informes, como aportes de nuestro lugar en San José de Costa Rica, los días 23 y 24
Tribunal al mismo.4 de noviembre de 1999. Durante la realización del
referido Seminario se discutieron, entre otros,
Otra iniciativa fue tomada por la Reunión temas relativos a las funciones contenciosa y
de Ministros de Relaciones Exteriores de los consultiva de la Corte; las funciones de la
Estados Miembros de la OEA, realizada en San Comisión; el compromiso de la comunidad
José de Costa Rica (22.11.1999), la cual acordó internacional con la protección internacional
la creación del Grupo de Trabajo Ad Hoc sobre efectiva de los derechos humanos y las
los Derechos Humanos de los Representantes de implicaciones financieras del fortalecimiento del
los Cancilleres. Este Grupo de Trabajo Ad Hoc sistema interamericano; el acceso de los
se reunió en la misma ciudad de San José (10- individuos a la justicia en el plano internacional
11.02.2000), en la sede del Ministerio de y el fortalecimiento del papel de las ONGs en el
Relaciones Exteriores y Culto de Costa Rica; en sistema interamericano y se llegó a diversas
dicha Reunión, hice una presentación de las conclusiones.
propuestas de la Corte Interamericana sobre el
desarrollo institucional del sistema de protección Entre tales conclusiones, se pueden
en general, y del mecanismo de protección de la señalar las siguientes: a) la necesidad de
Convención Americana en particular. Al final de optimizar los recursos económicos y de contar
los debates, la Reunión del Grupo de Trabajo Ad con recursos adicionales; b) la agilización de los
Hoc adoptó recomendaciones sobre seis temas, a procedimientos sin perjuicio de la seguridad
saber: financiamiento del sistema interamericano jurídica, evitando los retardos y duplicaciones en
de protección, universalidad de composición del el actual mecanismo de protección de nuestro
mismo, promoción de los derechos humanos y sistema; c) la aplicabilidad directa de las normas
medidas nacionales de implementación, de la Convención Americana en el derecho
cumplimiento de decisiones de los órganos del interno de los Estados Partes, así como la
sistema interamericano de protección, aspectos adopción de medidas nacionales indispensables
procesales en las actividades de tales órganos, y de implementación de la Convención, de modo
continuidad y seguimiento de los trabajos. de asegurar dicha aplicabilidad directa de sus
normas en el derecho interno de los Estados
En los meses siguientes, la Corte Partes; d) la participación directa de los
Interamericana realizó consultas informales con individuos en el procedimiento ante la Corte
la Comisión Interamericana y, en lo concerniente Interamericana de Derechos Humanos, como
a la labor de promoción internacional de los parte del acceso a la justicia a nivel internacional
derechos humanos, con el Instituto y su complementariedad con el acceso a la
Interamericano de Derechos Humanos; tuve la justicia a nivel nacional; y e) la necesidad de
ocasión de intervenir, en nombre de la Corte, en lograr la universalidad del sistema, es decir, la
un Seminario organizado por el Instituto (en ratificación de la Convención o adhesión a la
septiembre de 2000, en San José de Costa Rica) misma por todos los Estados de la región, así
para las ONGs de todo el continente americano. como la aceptación de la competencia
La Corte, a fin de avanzar en el Diálogo sobre el contenciosa de la Corte por todos los Estados
fortalecimiento del sistema interamericano de Parte de la Convención, acompañada de la
protección de los derechos humanos, deliberó, en previsión del automatismo de la jurisdicción
su XLIII Periodo Ordinario de Sesiones, obligatoria de la Corte por todos los Estados
realizado en su sede en San José de Costa Rica, Partes sin restricciones.
del 18 al 29 de enero de 1999, estudiar los
posibles medios para fortalecer el sistema Paralelamente a la realización del referido
interamericano de protección de los derechos Seminario, la Corte Interamericana convocó a
humanos; para este fin, designó como su relator reconocidos expertos en derechos humanos y
al Juez Antônio A. Cançado Trindade, y creó una Derecho Internacional, así como, en general, a
Comisión de Seguimiento de las consultas que actores del sistema interamericano de protección,
empezaría a realizar al respecto. para debatir puntos centrales del mismo. Se

195
realizaron cuatro Reuniones de Expertos, recursos para las actividades de la Comisión y de
presididas por el Juez Relator, en la sede de la la Corte, para perfeccionar los mecanismos de
Corte en San José de Costa Rica, los días 20 de derechos humanos, y para promover la
septiembre de 1999; 24 de noviembre de 1999; observancia de las recomendaciones de la
05-06 de febrero, y 08-09 de febrero de 2000. Comisión y el cumplimiento de las sentencias de
Durante estas Reuniones de Expertos se la Corte.
profundizaron temas como: a) la participación de
los individuos en el procedimiento ante la Corte; Posteriormente, en la Asamblea General
b) la especificidad del rol de la Comisión de la OEA, celebrada en San José de Costa Rica,
Interamericana; c) la valoración de la prueba; d) en junio de 2001, se adoptó la Resolución 1828
el procedimiento en la fase de excepciones sobre la Evaluación del Funcionamiento del
preliminares; e) el cumplimiento y supervisión Sistema Interamericano de Protección y
de las sentencias de la Corte y de las Promoción de los Derechos Humanos para su
recomendaciones contenidas en los informes de Perfeccionamiento y Fortalecimiento, la cual
la Comisión; y f) los recursos económicos efectivamente señaló inter alia que las acciones
adicionales para el fortalecimiento del sistema concretas en este propósito debían concentrarse
interamericano de protección de los derechos en: a) la universalización de composición del
humanos. sistema interamericano de derechos humanos; b)
el cumplimiento de las decisiones de la Corte y
Un hito significativo en el curso del el seguimiento de las recomendaciones de la
Diálogo sobre el fortalecimiento del sistema Comisión; c) la facilitación del acceso de los
regional de protección se dio en la Asamblea individuos a los mecanismos de protección del
General celebrada en Windsor, Canada, en junio sistema interamericano de derechos humanos; y
de 2000. Su Resolución 1701, sobre Evaluación d) el incremento sustancial al presupuesto de la
del Funcionamiento del Sistema Interamericano Corte y de la Comisión, de modo a que estas
de Protección y Promoción de Derechos puedan gradualmente venir a funcionar de
Humanos para su Perfeccionamiento y manera permanente. Asimismo, instó a los
Fortalecimiento, haciendo eco de los más de Estados Partes a que adoptaran las medidas
cuatro año de diálogo que se llevaba sobre la necesarias para cumplir con las sentencias o
materia en ese entonces, y recogiendo los puntos decisiones de la Corte Interamericana y realicen
más consensuados sobre el particular, vino a sus mejores esfuerzos para aplicar las
marcar la senda hacia donde debía dirigirse y recomendaciones de la Comisión Interamericana;
concentrarse el futuro diálogo sobre el y a que hagan efectivo el deber que les incumbe
fortalecimiento: encomendó a los Estados de asegurar el cumplimiento de sus obligaciones
miembros acciones concretas en aras del convencionales. Además, la Resolución 1833 de
aumento sustancial de los recursos asignados a la la misma Asamblea General dispuso acerca del
Corte y Comisión, y, de manera específica, Estudio sobre el Acceso de las Personas a la
recomendó a la Corte y a la Comisión que Corte Interamericana de Derechos Humanos,
tomaran medidas concretas para reformar sus acogiendo una tesis que vengo sosteniendo hace
respectivos Reglamentos, a fin de tornar los mucho.
procedimientos más expeditos, y de permitir la
participación de las presuntos víctimas en todas Después de seis años de constructivo e
las etapas del procedimiento ante la Corte, – intenso diálogo entre los diversos actores del
punto éste que sostuve en todas las reuniones de sistema interamericano de derechos humanos,
que participé, e inclusive en todas las reuniones hemos podido constatar que éste ya ha
conjuntas entre la Corte y la Comisión desde identificado sus prioridades y la dirección hacia
1995 hasta la fecha. donde deben dirigirse los futuros esfuerzos, los
cuales deben seguir siendo fruto de consensos
Otro hito en este Diálogo lo marcó el entre todos los actores del sistema general de
claro apoyo que le dieron al mismo los Jefes de protección, con atención especial a las
Estado y Gobierno durante la III Cumbre de la necesidades de protección de los seres humanos
Américas, celebrada en Québec, Canadá, en abril en el ámbito de aplicación de la Convención
de 2001. Éstos, de modo preciso, encomendaron Americana sobre Derechos Humanos, sus dos
a la XXXI Asamblea General de la OEA que Protocolos, y las Convenciones interamericanas
considerara un adecuado incremento de los sectoriales de protección.5 A lo largo de los

196
últimos años, el Reglamento de la Corte, en de la contra memoria. Bajo este marco legal, se
respuesta a las necesidades y los imperativos de tramitaron los tres primeros casos contenciosos,
protección, ha pasado por una significativa y, en cuanto al ejercicio de la función consultiva,
evolución, que amerita igualmente ser aquí las 12 primeras opiniones consultivas.
recapitulada.
Ante la necesidad de agilizar los
procedimientos, la Corte aprobó el segundo
II. Evolución del Reglamento Reglamento en el año de 1991, el cual entró en
de la Corte Interamericana vigor el 01 de agosto de ese mismo año. A
diferencia del Reglamento anterior, el nuevo
de Derechos Humanos Reglamento del Tribunal establecía que el
Presidente llevaría a cabo, inicialmente, un
Tal como observé en dos de mis examen preliminar de la demanda presentada y,
anteriores Informes a esta CAJP del Consejo si advertía que los requisitos fundamentales para
Permanente de la OEA6 (cf. supra), cabe la prosecución del proceso no habían sido
recapitular la evolución, a lo largo de los 22 años cumplidos, solicitaba al demandante que
de existencia de la Corte Interamericana, de su subsanara los defectos constatados dentro de un
Reglamento. Y para mejor apreciar esta plazo no mayor de 20 días. De acuerdo con este
evolución, hay que singularizar, aunque nuevo Reglamento, el Estado demandado tenía el
resumidamente, los trazos básicos de los cuatro derecho de responder por escrito la demanda
Reglamentos que la tenido la Corte, desde su dentro de los tres meses siguientes a la
establecimiento hasta la fecha. De ese modo, notificación de la misma. En cuanto a las
estaremos en condiciones para mejor apreciar los excepciones preliminares, se fijó en 30 días el
cambios recientemente introducidos en el plazo para la interposición de éstas, a partir de la
Reglamento por la Corte con su actual notificación de la demanda, estableciéndose,
composición. sucesivamente, un plazo igual para la
presentación de las observaciones a dichas
excepciones.
1. Los dos Primeros Reglamentos
de la Corte (1980 y 1991) Vale resaltar que, a partir de este segundo
Reglamento, las partes debían cumplir con la
La Corte Interamericana aprobó su primer presentación de escritos de acuerdo a los plazos
Reglamento en el mes de julio de 1980, fijados en el propio Reglamento, no más
inspirándose en el Reglamento entonces vigente dependiendo este hecho del parecer de las partes
de la Corte Europea de Derechos Humanos, el (como sucedía con la normativa anterior), lo que
cual, a su vez, tomó como modelo el Reglamento llevó en algunos casos a demorar la presentación
de la Corte Internacional de Justicia (CIJ)7. En de los escritos hasta por un año. Teniendo
cuanto a la Corte Interamericana, Este primer presentes los principios de la economía procesal
interna corporis de la Corte Interamericana y del equilibrio entre las partes, el Reglamento
estuvo en vigor por más de una década, de 1991 dispuso que el Presidente consultaría
expirando su vigencia el 31 de julio de 1991. En con los representantes de la CIDH y del Estado
razón de la influencia del Reglamento de la CIJ, demandado, si estimaban necesario otros actos
el procedimiento, sobre todo para los casos del procedimiento escrito. Fue el inicio de un
contenciosos, era particularmente lento. Una vez proceso de racionalización y simplificación del
presentado el caso ante la Corte Interamericana, procedimiento ante la Corte, el cual mucho se
el Presidente citaba a una reunión a los perfeccionó con la adopción del tercer
representantes de la Comisión (CIDH) y del Reglamento del Tribunal, en 1996 (cf. infra).
Estado demandado, para recabar sus respectivas
opiniones sobre el orden y los plazos para la En cuanto al trámite de las medidas
presentación de la memoria, contra memoria, provisionales, el primer Reglamento de la Corte
réplica y dúplica. En cuanto a las excepciones establecía que, ante la presentación de una
preliminares, éstas debían ser presentadas antes solicitud de adopción de dichas medidas, si la
de que expirara el plazo fijado para la Corte no estaba reunida, el Presidente debía
finalización de la primera actuación del convocarla sin retardo; o bien, si estaba
procedimiento escrito, es decir, la presentación pendiente esta reunión, el Presidente, en consulta
con la Comisión Permanente de la Corte, o con

197
todos los jueces de ser posible, requería a las sería valorada por el Presidente, quien, si la
partes, si fuese necesario, que actuaran de otorgase, fijaría los plazos correspondientes. En
manera tal que posibilitaran que cualquier consideración a las reiteradas solicitudes de
decisión que la Corte viniera a tomar, en relación prórroga para la presentación de la contestación
con la solicitud de medidas provisionales, tuviera de la demanda y las excepciones preliminares en
los efectos pertinentes. Dados la carencia de los casos en trámite ante la Corte, en el tercer
recursos humanos y materiales, y el carácter no- Reglamento se dispuso extender los plazos a
permanente (hasta la fecha) de la Corte, ésta se cuatro y dos meses, respectivamente, ambos
vio en la necesidad de revisar el procedimiento contados a partir de la notificación de la
para lograr, de manera inmediata y efectiva, la demanda.
salvaguardia de los derechos a la vida e
integridad personal consagrados en la Comparado con los dos Reglamentos
Convención Americana. anteriores, se puede constatar que el tercer
Reglamento de la Corte precisó tanto la
Es así como, el 25 de enero de 1993, se terminología como la propia estructura del
introdujo una reforma relativa a las medidas procedimiento ante el Tribunal. Gracias a los
provisionales que aún se mantiene vigente. Dicha esfuerzos conjuntos de todos los Jueces, por
modificación dispuso que si la Corte no estuviere primera vez la Corte pasó a contar con un interna
reunida, el Presidente tiene la potestad de corporis con una terminología y una secuencia
requerir al Estado involucrado en el caso que de actos procesales propios de un verdadero
tome las medidas urgentes necesarias para evitar Código de Proceso internacional. Por primera
daños irreparables a las personas beneficiarias de vez, el nuevo [tercer] Reglamento de la Corte
las medidas. Una resolución del Presidente en estableció los momentos procesales para que las
este sentido sería puesta en consideración del partes presentaran la prueba correspondiente a
pleno de la Corte en el periodo de sesiones las distintas etapas del procedimiento, dejando a
inmediato siguiente, para su ratificación. En el salvo la posibilidad de presentación
marco del Reglamento aprobado en 1991, y de extemporánea de prueba en casos de fuerza
sus reformas posteriores, se conocieron las mayor, impedimento grave o hechos
etapas del procedimiento de 18 casos supervenientes.
contenciosos distintos, además de dos otras
opiniones consultivas. Por otro lado, este Reglamento amplió la
facultad del Tribunal para solicitar a las partes, o
procurar motu propio, cualquier medio
2. El Tercer Reglamento de la probatorio en cualquier estado del
Corte (1996) procedimiento, para mejor resolver los casos
bajo su consideración. En cuanto a la
Cinco años después de la aprobación del terminación anticipada del proceso, el
segundo Reglamento, fui designado por la Corte Reglamento de 1996 incluye, además de las
para preparar un anteproyecto de reforma del figuras de la solución amistosa y el
Reglamento, tomando como base la discusión sobreseimiento, el allanamiento ante la Corte, la
que al respecto se había dado en sucesivas cual, una vez oído el parecer de la parte
sesiones del Tribunal. Se siguieron numerosos demandante, el de la CIDH y de los
debates en el seno de la Corte, al final de los representantes de la víctima o sus familiares,
cuales el tercer Reglamento de su historia fue establece su procedencia y fija los efectos
adoptado el 16 de septiembre de 1996, habiendo jurídicos que a dicho acto correspondan (a partir
entrado en vigor el 01 de enero de 1997. El de la cesación de la controversia en cuanto a los
nuevo Reglamento de 1996 presentó algunas hechos).
innovaciones.
El salto cualitativo principal del tercer
En cuanto a la realización de actos del Reglamento de la Corte fue dado por su art. 23,
procedimiento, este tercer Reglamento de la mediante el cual se otorgó a los representantes de
Corte, en la misma línea del Reglamento las víctimas o de sus familiares la facultad de
anterior, dispuso que las partes podían solicitar al presentar, en forma autónoma, sus propios
Presidente la realización de otros actos del argumentos y pruebas en la etapa de
procedimiento escrito, solicitud cuya pertinencia reparaciones. Cabe recordar los antecedentes,
poco conocidos, extraídos de la práctica reciente

198
de la Corte, de esta significativa decisión. En el cumplimiento de sentencia de interpretación de
procedimiento contencioso ante la Corte sentencia previa de indemnización
Interamericana, los representantes legales de las compensatoria en los casos anteriores Godínez
víctimas habían sido, en los últimos años, Cruz y Velásquez Rodríguez, los representantes
integrados a la delegación de la Comisión de las víctimas presentaron igualmente dos
Interamericana con la designación eufemística de escritos a la Corte (de fechas 29.03.1996 y
asistentes de la misma.8 02.05.1996). La Corte sólo determinó poner
término al proceso de estos dos casos después de
En lugar de resolver el problema, esta constatado el cumplimiento, por parte de
praxis creó, sin embargo, ambigüedades que han Honduras, de las sentencias de reparaciones y de
persistido hasta recientemente. Al discutir el interpretación de ésta última, y después de haber
proyecto del Reglamento de 1996, se consideró tomado nota de los puntos de vista no sólo de la
que había llegado el tiempo de intentar superar CIDH y del Estado demandado, sino también de
tales ambigüedades, dado que los roles de la los peticionarios y los representantes legales de
Comisión (como guardián de la Convención las familias de las víctimas.12
asistiendo a la Corte) y de los individuos
peticionarios (como verdadera parte demandante) El campo estaba abierto al cambio, en este
son claramente distintos. La propia práctica pasó particular, de las disposiciones pertinentes del
a demostrar que evolución en el sentido de la Reglamento de la Corte, sobre todo a partir de
consagración final de estos roles distintos debía los desarrollos en el procedimiento en el caso El
darse pari passu con la gradual Amparo. El próximo paso, decisivo, fue dado en
jurisdiccionalización del mecanismo de el nuevo Reglamento de la Corte, adoptado el
protección bajo la Convención Americana. 16.09.1996 y vigente a partir del 01.01.1997,
cuyo art. 23 dispuso que en la etapa de
No hay como negar que la protección reparaciones los representantes de las víctimas o
jurisdiccional es efectivamente la forma más de sus familiares podrán presentar sus propios
evolucionada de salvaguardia de los derechos argumentos y pruebas en forma autónoma.
humanos, y la que mejor atiende a los Además de esta disposición, de fundamental
imperativos del derecho y de la justicia.9 El importancia, también merecen destaque los arts.
Reglamento anterior de la Corte (de 1991) 35(1), 36(3) y 37(1) del Reglamento de 1996,
preveía, en términos oblicuos, una tímida sobre la comunicación (por el Secretario de la
participación de las víctimas o sus representantes Corte) de la demanda, la contestación de la
en el procedimiento ante la Corte, sobre todo en demanda, y las excepciones preliminares,
la etapa de reparaciones y cuando invitados por respectivament0e, al denunciante original y a la
ésta.10 Un paso significativo, que no puede pasar [presunta] víctima o sus familiares.
desapercibido, fue dado en el caso El Amparo
(reparaciones, 1996), relativo a Venezuela, Quedó evidente que ya no había cómo
verdadero divisor de aguas en esta materia: en la pretender ignorar o menoscabar la posición de
audiencia pública celebrada por la Corte verdadera parte demandante de los individuos
Interamericana el 27 de enero de 1996, uno de peticionarios. Pero fue la adopción sobre todo del
sus magistrados, al manifestar expresamente su art. 23 (supra) del Reglamento de 1996 que
entendimiento de que al menos en aquella etapa constituyó un paso significativo en el sentido de
del proceso no podía haber duda de que los abrir el camino para desarrollos subsiguientes en
representantes de las víctimas eran la verdadera la misma dirección, o sea, de modo a asegurar
parte demandante ante la Corte, en un que en el futuro previsible los individuos en fin
determinado momento del interrogatorio pasó a tuvieran locus standi en el procedimiento ante la
dirigir preguntas a ellos, los representantes de las Corte no sólo en la etapa de reparaciones sino en
víctimas (y no a los delegados de la Comisión o a todas las etapas del procedimiento atinente a los
los agentes del Gobierno), quienes presentaron casos a élla enviados por la Comisión (cf. infra).
sus respuestas.11
En la etapa inicial de los travaux
Poco después de esta memorable préparatoires del tercer Reglamento (de 1996),
audiencia en el caso El Amparo, los me permití recomendar al entonces Presidente de
representantes de las víctimas presentaron dos la Corte que se otorgara dicha facultad a las
escritos a la Corte (de fechas 13.05.1996 y presuntas víctimas o sus familiares, o sus
29.05.1996). Paralelamente, en relación con el representantes legales, en todas las etapas del

199
procedimiento ante la Corte (locus standi in 3. El Amplio Alcance de los
judicio).13 Consultados los demás magistrados, la
mayoría de la Corte optó por proceder por Cambios Introducidos por el
etapas, otorgando aquella facultad en la etapa de Cuarto y Nuevo Reglamento de
reparaciones (cuando ya se había determinado la la Corte (de 2000)
existencia de víctimas de violaciones de derechos
humanos). Esto, sin perjuicio de que, en el En fin, la significación de los cambios
futuro, se extendiera la facultad a los individuos introducidos por el nuevo Reglamento (de 2000)
peticionarios en todas las etapas del de la Corte para la operación del mecanismo de
procedimiento, como yo había propuesto, protección de la Convención Americana es
consagrando la personalidad y capacidad considerable, – como lo señalé en mi Informe a
jurídicas plenas de los individuos como sujetos la CAJP de la OEA del 09 de marzo de 2001.15
del Derecho Internacional de los Derechos En efecto, el cambio de siglo ha testimoniado un
Humanos. salto cualitativo fundamental en la evolución del
La nueva norma vino a darle legitimidad propio Derecho Internacional de los Derechos
activa, en la etapa de reparaciones, a los Humanos, en el marco de la operación del
representantes de las víctimas o de sus referido mecanismo de protección de la
familiares,14 quienes anteriormente presentaban Convención Americana: la adopción del cuarto y
sus alegaciones a través de la CIDH, la cual las nuevo Reglamento de la Corte Interamericana, el
hacía suyas. Siguiendo lo dispuesto en los arts. 24 de noviembre de 2000, el cual entró en vigor
23, 35, 37 y 57(6) del Reglamento de 1996, el el 01 de junio de 2001.16 Para contextualizar los
Tribunal pasó a comunicar a los denunciantes relevantes cambios introducidos en este nuevo
originales, a las víctimas o a sus representantes y Reglamento, cabe recordar que la Asamblea
familiares, los principales actos del General de la OEA del año 2000 (realizada en
procedimiento escrito del caso sometido a la Windsor, Canadá) adoptó una resolución17
Corte y las sentencias atinentes a las distintas acogiendo las recomendaciones del ya
etapas del proceso. Fue éste el primer paso mencionado Grupo de Trabajo Ad Hoc sobre
concreto para lograr el acceso directo de los Derechos Humanos de Representantes de los
individuos a la jurisdicción de la Corte Cancilleres de los países de la región (que se
Interamericana de Derechos Humanos y asegurar reunió en San José de Costa Rica, en febrero de
su más amplia participación en todas las etapas 2000).18
del procedimiento. Dicha resolución de la Asamblea General
Cabe, en fin, mencionar que los dos de la OEA, inter alia, encomendó a la Corte
primeros Reglamentos de la Corte, anteriores al Interamericana, tomando en consideración los
de 1996 (cf. supra), establecían que el Tribunal Informes que presenté, en representación de la
debía convocar a una audiencia pública para dar Corte, a los órganos de la OEA los días 16 de
lectura y notificar sus sentencias a las partes. marzo, 13 de abril, y 06 de junio de 200019 (cf.
Este procedimiento se eliminó en el tercer supra), a que considerara la posibilidad de: a)
Reglamento, a fin de agilizar la labor del permitir la participación directa de la víctima en
Tribunal (no permanente), evitando los gastos el procedimiento ante la Corte (una vez sometido
que representaba la comparecencia de los el caso a su competencia), teniendo en cuenta la
representantes de las partes ante la Corte para la necesidad tanto de preservar el equilibrio
lectura de las sentencias, y de maximizar el procesal, como de redefinir el papel de la CIDH
aprovechamiento de la limitada permanencia de en dichos procedimientos; y b) evitar la
los Jueces en la sede del Tribunal durante los duplicación de procedimientos (una vez
periodos de sesiones. En el marco del sometido el caso a su competencia), en particular
Reglamento de 1996, se conocieron, hasta marzo la producción de la prueba, teniendo en cuenta
de 2000, 17 casos contenciosos, en distintas las diferencias de naturaleza entre la Corte y la
etapas del procedimiento, y se emitieron las dos CIDH.20
más recientes (15a. y 16a.) opiniones La adopción, por la Corte, de su cuarto
consultivas. Reglamento, el del año 2000, se hizo acompañar
de propuestas concretas para perfeccionar y
fortalecer el mecanismo de protección bajo la

200
Convención Americana sobre Derechos 37(1)). Esta, como otras reducciones de plazos,
Humanos. Las alteraciones reglamentarias permite tramitar el proceso con mayor celeridad,
incidieron en la racionalización de los actos en beneficio de las partes involucradas en el
procesales, en materia probatoria y medidas mismo. Asimismo, el Reglamento de 2000
provisionales de protección; pero la modificación establece que, en la contestación de la demanda,
de mayor trascendencia consistió en el el Estado demandado deberá declarar si acepta
otorgamiento de participación directa de las los hechos denunciados y las pretensiones del
presuntas víctimas, sus familiares, o sus demandante, o si los contradice; de ese modo, la
representantes, en todas las etapas del Corte podrá considerar como aceptados los
procedimiento ante la Corte (cf. infra). En su hechos no expresamente negados y las
Reglamento de 2000, la Corte introdujo una serie pretensiones no expresamente controvertidas
de disposiciones, sobre todo en relación con las (art. 37(2)).
excepciones preliminares, la contestación de la
demanda y las reparaciones, con miras a asegurar En materia probatoria, teniendo presente
una mayor celeridad y agilidad en el proceso ante una recomendación de la Asamblea General de la
ella. La Corte tuvo presente el viejo adagio OEA (cf. supra), la Corte introdujo en su
justice delayed is justice denied; además, al Reglamento de 2000 una disposición según la cual
lograr un proceso más expedito, sin perjuicio de las pruebas rendidas ante la CIDH deben ser
la seguridad jurídica, se evitarían costos incorporadas al expediente del caso ante la Corte,
innecesarios, en beneficio de todos los actores siempre y cuando hayan ellas sido recibidas en
involucrados en los casos contenciosos ante la procedimientos contradictorios, salvo que la Corte
Corte. considere indispensable repetirlas. Con esta
innovación la Corte pretende evitar la repetición
En este espíritu, en lo que a las de actos procesales, con miras a aligerar el
excepciones preliminares se refiere, mientras que proceso y economizar sus costos. Al respecto, hay
el Reglamento de 1996 disponía que debían ellas que tener siempre presente que las presuntas
ser opuestas dentro de los dos meses siguientes a víctimas o sus familiares, o sus representantes
la notificación de la demanda, el Reglamento de legales, están en capacidad de aportar, durante
2000 determina que dichas excepciones sólo todo el proceso, sus solicitudes, argumentos y
podrán ser interpuestas en el escrito de pruebas en forma autónoma (art. 43).
contestación de la demanda (art. 36). Además, a
pesar de que en la etapa de excepciones Según el nuevo y cuarto Reglamento de la
preliminares se aplica el principio reus in Corte, podrá ésta disponer la acumulación de
excipiendo fit actor, el Reglamento de 2000 casos conexos entre sí, en cualquier estado de la
establece que la Corte podrá convocar una causa, siempre que exista identidad de partes,
audiencia especial sobre excepciones objeto y base normativa entre los casos a
preliminares cuando lo considere indispensable, acumular (art. 28). Esta providencia también se
i.e., podrá, dependiendo de las circunstancias, enmarca en el propósito de racionalización del
prescindir de la audiencia (tal como se desprende procedimiento ante la Corte. El Reglamento de
del art. 36(5)). Y si bien la práctica de la Corte 2000 dispone, además, que la presentación de las
hasta la fecha ha sido la de emitir primeramente demandas, así como las solicitudes de opiniones
una sentencia sobre excepciones preliminares, y, consultivas, deberán ser transmitidas, además de
si desestimadas éstas, posteriormente una al Presidente y a los demás Jueces de la Corte,
sentencia sobre el fondo, el Reglamento de 2000 también al Consejo Permanente de la OEA, a
dispone, a la luz del principio de la economía través de su Presidente; y, en cuanto a las
procesal, que la Corte podrá resolver en una sola demandas, deberán igualmente ser remitidas al
sentencia tanto las excepciones preliminares así Estado demandado, a la CIDH, al denunciante
como el fondo del caso (art. 36). original y la presunta víctima, sus familiares o
representantes debidamente acreditados (arts.
A su vez, la contestación de la demanda, 35(2) y 62(1)).
que bajo el Reglamento de 1996 se debía realizar
dentro de los cuatro meses siguientes a la En cuanto a las medidas provisionales de
notificación de la demanda, bajo el Reglamento protección, si bien la práctica de la Corte había
de 2000 debe presentarse dentro de los dos meses sido, hasta entonces, la de celebrar – cuando
siguientes a la notificación de la demanda (art. estimara necesario – audiencias públicas sobre
dichas medidas, esta posibilidad no estaba

201
presente en el Reglamento de 1996. A su vez, el Como ya señalado, el anterior
nuevo Reglamento de 2000 incorpora una Reglamento de 1996 había dado el primer paso
disposición que establece que la Corte, o su en esa dirección, al otorgar a las presuntas
Presidente si ésta no estuviere reunida, podrá víctimas, sus familiares o sus representantes la
convocar las partes, si lo estima necesario, a una facultad de presentar sus propios argumentos y
audiencia pública sobre las referidas medidas pruebas en forma autónoma, específicamente en
provisionales (art. 25). la etapa de reparaciones. Sin embargo, si las
presuntas víctimas se encuentran al inicio del
En materia de reparaciones, el proceso (al ser supuestamente lesionadas en sus
Reglamento de 2000 determina que, entre las derechos), así como al final del mismo (como
pretensiones expresadas en el escrito de la propia eventuales beneficiarios de las reparaciones), por
demanda, debe incluirse las referentes a las que razón negar su presencia durante el proceso,
reparaciones y costas (art. 33(1)). A su vez, las como verdadera parte demandante? El
sentencias emitidas por la Corte deben contener, Reglamento de 2000 vino a remediar esta
inter alia, el pronunciamiento sobre reparaciones incongruencia que perduró por más de dos
y costas (art. 55(1)(h)). De ese modo, una vez décadas (desde la entrada en vigor de la
más se busca reducir la duración del proceso ante Convención Americana) en el sistema
el Tribunal, a la luz del principio de la celeridad interamericano de protección.
y economía procesales, y en beneficio de todos
los interesados. En efecto, con el Reglamento de 2000 de
la Corte Interamericana, las presuntas víctimas,
Tal como fue recomendado por la sus familiares o representantes podrán presentar
Asamblea General de la OEA (cf. supra), la solicitudes, argumentos y pruebas en forma
Corte introdujo en su nuevo Reglamento de 2000 autónoma durante todo el proceso ante el
una serie de medidas destinadas a otorgar a las Tribunal (art. 23). Así, una vez que la Corte
presuntas víctimas, sus familiares o sus notifica la demanda a la presunta víctima, sus
representantes debidamente acreditados, la familiares o sus representantes legales, les otorga
participación directa (locus standi in judicio) en a éstos un plazo de 30 días para la presentación,
todas las etapas ante el Tribunal. En perspectiva en forma autónoma, de los escritos conteniendo
histórica, es esta la modificación más sus solicitudes, argumentos y pruebas (art.
trascendental del cuarto Reglamento de la Corte, 35(4)). Asimismo, durante las audiencias
además de un verdadero marco en la evolución públicas, podrán ellos hacer uso de la palabra
del sistema interamericano de protección de los para la presentación de sus argumentos y
derechos humanos en particular, y del Derecho pruebas, debido a su condición de verdadera
Internacional de los Derechos Humanos en parte en el proceso (art. 40(2)).21 Con este
general. El art. 23 del nuevo Reglamento de relevante avance, queda en fin aclarado que las
2000, sobre la Participación de las Presuntas verdaderas partes en un caso contencioso ante la
Víctimas, dispone que: Corte son los individuos demandantes y el
Estado demandado, y, sólo procesalmente, la
1. Después de admitida la demanda, las CIDH (art. 2(23)).
presuntas víctimas, sus familiares o sus
representantes debidamente acreditados podrán Con el otorgamiento del locus standi in
presentar sus solicitudes, argumentos y pruebas judicio a las presuntas víctimas, sus familiares o
en forma autónoma durante todo el proceso. sus representantes legales, en todas las etapas del
proceso ante la Corte, pasan ellos a disfrutar de
2. De existir pluralidad de presuntas todas las facultades y obligaciones, en materia
víctimas, familiares o representantes
procesal, que, hasta el Reglamento de 1996, eran
debidamente acreditados, deberán designar un privativos únicamente de la CIDH y del Estado
intermediario común que será el único autorizado demandado (excepto en la etapa de
para la presentación de solicitudes, argumentos y
reparaciones). Esto implica que, en el
pruebas en el curso del proceso, incluidas las procedimiento ante la Corte,22 podrán coexistir, y
audiencias públicas. manifestarse, tres posturas distintas: la de la
3. En caso de eventual desacuerdo, la Corte presunta víctima (o sus familiares o
resolverá lo conducente. representantes legales),23 como sujeto del
Derecho Internacional de los Derechos

202
Humanos; la de la CIDH, como órgano de con un procedimiento consultivo
supervisión de la Convención y auxiliar de la extraordinariamente rico, en el cual, a la par de
Corte; y la del Estado demandado. los ocho Estados que intervinieron, hicieron uso
de la palabra en las audiencias públicas siete
Esta histórica reforma introducida en el individuos representantes de cuatro ONGs
Reglamento de la Corte sitúa a los distintos (nacionales e internacionales) de derechos
actores en perspectiva correcta; contribuye a una humanos, dos individuos de una ONG actuante
mejor instrucción del proceso; asegura el en pro de la abolición de la pena de muerte, dos
principio del contradictorio, esencial en la representantes de una entidad (nacional) de
búsqueda de la verdad y el predominio de la abogados, cuatro profesores universitarios en
justicia bajo la Convención Americana; reconoce calidad individual, y tres individuos en
ser de la esencia del contencioso internacional de representación de un condenado a la pena de
los derechos humanos la contraposición directa muerte. Estos datos, poco conocidos, también
entre los individuos demandantes y los Estados revelan el acceso del ser humano a la jurisdicción
demandados; reconoce el derecho de libre internacional en el sistema interamericano de
expresión de las propias presuntas víctimas, el protección, en el marco de los procedimientos
cual es un imperativo de equidad y transparencia consultivos bajo la Convención Americana;
del proceso; y, last but not least, garantiza la demuestran, además, el carácter de ordre public
igualdad procesal de las partes (equality of de dichos procedimientos.
arms/égalité des armes) en todo el procedimiento
ante la Corte.24 La Corte Interamericana, en este inicio
del siglo XXI, ha en definitiva alcanzado su
En efecto, el fortalecimiento de la madurez institucional. Nunca una generación de
capacidad procesal de los individuos en los Jueces ha sido tan exigida como la actual,26 como
procedimientos bajo la Convención Americana lo demuestran cabalmente los Informes Anuales
sobre Derechos Humanos se está logrando de la Corte en los últimos años.27 Sin embargo,
gradualmente, además de la evolución gradual para atender a las crecientes necesidades de
del propio Reglamento de la Corte protección, la Corte necesita considerables
Interamericana (cf. supra), también mediante la recursos adicionales, – humanos y materiales.28
interpretación de determinadas disposiciones de Con la entrada en vigor, el día 01 de junio de
la Convención Americana, a la luz de su objeto y 2001, de su nuevo Reglamento (de 2000), dichos
fin, así como del Estatuto de la Corte. En lo que recursos serán imprescindibles para el propio
concierne a las disposiciones convencionales funcionamiento o mise-en-oeuvre del mecanismo
relevantes, podría destacar las siguientes: a) los de protección de la Convención Americana,
arts. 44 y 48(1)(f) de la Convención Americana precisamente por haber otorgado a las presuntas
se prestan claramente a la interpretación en favor víctimas o sus familiares, y a sus representantes
de los individuos peticionarios como parte legales, el locus standi in judicio, como
demandante; b) el art. 63(1) de la Convención se verdadera parte demandante, a la par de la
refiere a parte lesionada, la cual sólo puede participación de la CIDH y del Estado
significar los individuos (y jamás la CIDH); c) el demandado. La Corte deberá, de ese modo,
art. 57 de la Convención señala que la CIDH escuchar y tramitar los alegatos de los tres
comparecerá en todos los casos ante la Corte, (peticionarios, CIDH y Estado), lo que implicará
pero no especifica en qué condición, y no dice mayores costos.29
que la CIDH es parte; d) el propio art. 61 de la
Convención, al determinar que sólo los Estados Oportunamnte habría que considerar
Partes y la CIDH pueden someter un caso a la aspectos específicos de la futura alocación de
decisión de la Corte, no habla de partes,25 e) el recursos materiales, a ejemplo de un mecanismo
art. 28 del Estatuto de la Corte señala que la de asistencia judicial gratuita (free legal aid)
CIDH será tenida como parte ante la Corte para peticionarios carentes de recursos materiales
(o sea, parte en un sentido puramente procesal), (un punto directamente ligado al tema central del
pero no determina que efectivamente es parte. propio acceso a la justicia a nivel internacional),
– tal como se hizo hace algunos años en el
También en relación con el procedimiento ámbito del sistema europeo de protección.30 A
consultivo, no hay que pasar desapercibido que los aspectos presupuestarios, para la gradual
la histórica Opinión Consultiva n. 16 de la Corte transformación del régimen de trabajo de la
Interamericana, del 01 de octubre de 1999, contó

203
Corte en un Tribunal permanente, ya me referí sistema regional de protección, a operar en el
detalladamente en el Informe que presenté el ámbito de la universalidad e indivisibilidad de
martes pasado, día 16 de abril de 2002, a la todos los derechos humanos. En primer lugar, se
reunión conjunta de esta CAJP y de la Comisión impone, como ya señalé, la ratificación de la
de Asuntos Administrativos y Presupuestarios Convención Americana y de sus dos Protocolos
(CAAP) del Consejo Permanente de la OEA. en vigor, o la adhesión a los mismos, por todos
Dicho Informe, titulado El Financiamiento del los Estados de la región. La segunda providencia
Sistema Interamericano de Protección, ha sido reside en la adopción de las medidas nacionales
circulado a las Delegaciones presentes. indispensables de implementación de la
Convención Americana, de modo a asegurar la
aplicabilidad directa de las normas de la
III. Informes Anteriores del Convención en el derecho interno de los Estados
Partes y el fiel cumplimiento de las decisiones de
Presidente y Relator de la la Corte.
Corte Interamericana de El tercer punto consiste en la aceptación
Derechos Humanos a la integral de la competencia contenciosa de la
CAJP del Consejo Corte Interamericana por todos los Estados
Partes en la Convención, acompañada de la
Permanente, y a la previsión del automatismo de la jurisdicción
Asamblea General, de la obligatoria de la Corte para todos los Estados
Partes, sin restricciones.
OEA (2000 y 2001)
Las cláusulas relativas a la jurisdicción
Antes de referirme a los desafíos obligatoria de la Corte y al derecho de petición
presentes y futuros del sistema interamericano de individual, necesariamente conjugadas,
protección, permítome recapitular brevemente constituyen verdaderas cláusulas pétreas de la
los puntos centrales que tuve ocasión de protección internacional de los derechos
desarrollar en los anteriores Informes que humanos: son ellas las que hacen viable el acceso
presenté a esta CAJP así como a la Asamblea de los individuos a la justicia en el plano
General de la OEA, en el bienio 2000-2001. En internacional, lo que representa una verdadera
el primer Informe que presenté a esta CAJP, en el revolución jurídica, tal vez el más importante
marco del Diálogo sobre el Sistema legado que estamos llevando al siglo XXI.
Interamericano de Protección de los Derechos
Esto me conduce al cuarto punto, que es
Humanos, el 16 de marzo de 2000, evalué los
resultados del Seminario de noviembre de 1999 el imperativo del acceso directo de los individuos
en cuanto a los distintos temas en él tratados, así a la jurisdicción de la Corte Interamericana, el
cual requiere, en un primer momento, que se
como de las cuatro Reuniones de Expertos
realizadas en la sede de la Corte entre septiembre asegure la más amplia participación de los
de 1999 y febrero de 2000.31 (supra). En seguida, individuos (locus standi) en todas las etapas del
procedimiento ante la Corte, con la preservación
el 13 de abril de 2000 volví a comparecer ante la
misma CAJP para presentar las labores de la de las funciones no contenciosas de la Comisión
Corte durante el año 1999, inclusive sobre el Interamericana. Tal participación puede ser
fortalecimiento del sistema interamericano de asegurada mediante modificaciones que
protección de los derechos humanos.32 El día 06 comenzamos a introducir en septiembre de 1996
en el Reglamento de la Corte, seguidas de la
de junio de 2000, en mi presentación del referido
Informe Anual de la Corte a la Asamblea General cristalización del derecho de acceso directo (jus
de la OEA, realizada en Windsor, Canadá,33 me standi) de los individuos a la jurisdicción de la
Corte Interamericana (o sea, a la justicia en el
permití formular, inter alia, las siguientes
ponderaciones: plano internacional) mediante la adopción de un
Protocolo Adicional a la Convención Americana
– La Corte está conciente de los retos sobre Derechos Humanos con este propósito. Los
actuales y futuros que hay que enfrentar. Veo necesarios avances en este sentido, acompañados
con mucha claridad las providencias que deben por los recursos humanos y materiales
ser tomadas para el fortalecimiento de nuestro indispensables y adecuados, convienen a todos,
puesto que la vía jurisdiccional representa la

204
forma más evolucionada y perfeccionada de la Mecanismo de Protección. En dicho Informe, me
protección de los derechos humanos. permití avanzar una serie de propuestas (como,
v.g., las de enmiendas a los arts. s 50(2), 51(1),
Por último, me parece necesario tener 59, 62, 65, 75, y 77 de la Convención
siempre presente el amplio alcance de las Americana), fruto de una intensa y prolongada
obligaciones convencionales de protección bajo reflexión personal sobre los medios de fortalecer
los tratados de derechos humanos, las cuales el mecanismo de protección de la Convención
vinculan a todos los Poderes (Ejecutivo, Americana.36
Legislativo, Judicial) del Estado. Al crear
obligaciones para los Estados Partes vis-à-vis Formulé tales propuestas (cf. infra) en el
todos los seres humanos bajo sus respectivas entendimiento de que deben formar parte de un
jurisdicciones, dichos tratados requieren el proceso de reflexión colectiva, a ser conducido
ejercicio de la garantía colectiva para la plena en base permanente, con la participación de
realización de su objeto y fin. La Corte todos los actores del sistema interamericano de
Interamericana de Derechos Humanos confía en protección: Estados, órganos convencionales de
que, mediante el ejercicio permanente de dicha supervisión internacional (Corte y Comisión
garantía colectiva, se contribuirá al Interamericanas de Derechos Humanos), el
fortalecimiento del sistema interamericano de IIDH, las ONGs, y los beneficiarios del sistema
protección de los derechos humanos, en este en general. La realización de las más amplias
umbral del nuevo siglo. consultas a todos estos actores (inclusive
mediante la circulación de cuestionarios) es de la
Dicho fortalecimiento habrá que erigirse, mayor importancia, para lograr consensos
en resumen, en cuatro pilares básicos: la garantía mediante un diálogo constructivo en los
del acceso directo de los individuos a la próximos años, imprescindibles para el éxito de
jurisdicción de la Corte Interamericana de la presentación futura, en el momento
Derechos Humanos y la intangibilidad de tal considerado oportuno, del referido Proyecto de
jurisdicción (cláusulas pétreas de la protección Protocolo de amplias reformas a la Convención
internacional de los derechos humanos), sumadas Americana, con miras, concretamente, a
al fiel cumplimiento por los Estados de todas las fortalecer su mecanismo de protección.
decisiones de la Corte y el ejercicio de la
garantía colectiva por los Estados Partes de las Dichas consultas requerirán tiempo, para
obligaciones consagradas en la Convención la formación de los necesarios consensos, y
Americana. Ésta es una tarea de todos, de los sobretodo para la formación de una conciencia,
órganos convencionales de supervisión de la entre todos los actores del sistema
Convención así como de los Estados Partes, para interamericano de protección, en cuanto a la
que logremos contribuir a la construcción de un necesidad de cambios, sin ideas preconcebidas.
mundo mejor para nuestros descendientes; las Tal como lo señalé en el mencionado
generaciones futuras nos darán su juicio sobre intercambio de ideas en la CAJP, el 09 de marzo
nuestra labor de protección.34 de 2001, estoy firmemente convencido de que la
conciencia es la fuente material de todo el
El día 09 de marzo de 2001, regresé a la Derecho, responsable por sus avances y su
CAJP del Consejo Permanente de la OEA, para evolución, a la par de sus fuentes formales. Sin
presentar el Informe de labores de la Corte esta formación de una conciencia poco
Interamericana de Derechos Humanos, relativo al lograremos avanzar en el perfeccionamiento de
año de 2000, en mi condición de Presidente del nuestro sistema de protección. Otros
Tribunal;35 al final de mi presentación, tuve la prerrequisitos para la consolidación de nuestro
ocasión de mantener un fructífero diálogo con las sistema regional de protección son, como vengo
12 Delegaciones que intervienen. El día 05 de insistiendo hace mucho, la ratificación de la
abril de 2001, regresé a la CAJP para participar Convención Americana sobre Derechos
en el Diálogo – iniciado el año anterior en el Humanos – o adhesión a la misma – por parte de
mismo órgano – sobre el sistema interamericano todos los Estados miembros de la OEA, la
de protección de los derechos humanos. En esta aceptación integral de la jurisdicción obligatoria
ocasión presenté mi nuevo Informe, conteniendo de la Corte Interamericana por todos los Estados
lo que denominé las Bases para un Proyecto de Partes en la Convención, y la incorporación de
Protocolo a la Convención Americana sobre
Derechos Humanos, para Fortalecer su

205
las normas sustantivas de esta última en el 1. Asignación de Recursos
derecho interno de los Estados Partes.
Humanos y Materiales
Todas las propuestas que presenté tienen Adecuados a la Corte
por objetivo perfeccionar y fortalecer el Interamericana
mecanismo de salvaguardia de los derechos
humanos, teniendo presentes las crecientes En cuanto al primer paso, estamos todos
demandas y necesidades de protección de la conscientes de que, a pesar de los innegables
persona humana en nuestra parte del mundo,37 y avances y de la presencia hemisférica que ha
en particular los siguientes puntos: a) la logrado el sistema interamericano de derechos
evolución del Reglamento de la Corte en humanos, se trata de un sistema de protección
perspectiva histórica, y, en particular, la hasta cierto punto entrabado dentro de un
significación de los cambios introducidos por el esquema de financiamiento sin el dinamismo
nuevo Reglamento (de 2000) de la Corte para la necesario para atender las exigencias de una
operación del mecanismo de protección de la justicia pronta y cumplida, la cual la propia
Convención Americana (cf. supra); b) el Convención Americana requiere. Es ésta una
necesario fortalecimiento de la capacidad realidad que se torna más preocupante y
procesal internacional de los individuos bajo la alarmante ante las recientes reformas
Convención Americana; y c) la evolución del reglamentarias efectuadas por la Corte y la
locus standi al jus standi de los individuos Comisión. Como me permití advertir en mi
demandantes ante la Corte Interamericana. Con intervención ante la Asamblea General de la
todo esto en mente, paso al último punto del OEA el año pasado, en San José de Costa Rica,
presente Informe a la CAJP, a saber, los desafíos dichas reformas reglamentarias fueron efectuadas
presentes y futuros del sistema interamericano de en el entendimiento de que se harían acompañar
protección de los derechos humanos. de los recursos presupuestarios adicionales que
requerían, pero como la proyectada Asamblea
IV. Los Actuales Desafíos del General extraordinaria para los asuntos
presupuestarios no se realizó en 2001, como
Sistema Interamericano originalmente programado, tales recursos nunca
de Protección de los vinieron, amenazando así una parálisis del
sistema.
Derechos Humanos
En lo que a la Corte Interamericana se
En mi presentación de 05 de abril de 2001 refiere, al no ser ésta actualmente un órgano
ante esta misma CAJP expuse detalladamente judicial permanente, ha desarrollado su trabajo
cuales consideraba ser los pasos y reformas que hasta la fecha en sesiones ordinarias y
debían tomarse a fin de fortalecer y perfeccionar extraordinarias, que se celebran en su sede en
el sistema interamericano de derechos humanos. San José de Costa Rica, para lo cual los Jueces
El día de hoy, 19 de abril de 2002, permítome deben viajar desde sus respectivos países en esas
retomar la consideración del tema, identificando fechas. Es pertinente anotar que en un esfuerzo
los actuales desafíos del referido sistema, y los por dar un máximo nivel de rendimiento a los
pasos que, a mi juicio, deben darse de manera recursos materiales que le brinda la OEA,
urgente a fin de evitar una parálisis del mismo: durante sus sesiones la Corte sesiona tanto en
Me refiero al incremento de los recursos días hábiles como inhábiles y lo hace también en
humanos y financieros de la Corte y Comisión, y fines de semana.
al establecimiento de un mecanismo
internacional de monitoreo del cumplimiento de La Corte es asistida por una Secretaría la
las decisiones de los dos órganos de supervisión cual cumple un rol esencial en el trabajo
de la Convención Americana sobre Derechos cotidiano del Tribunal, sobre todo en el trámite y
Humanos. Considero estos dos pasos un las actuaciones procesales de los casos sometidos
complemento esencial para asegurar una plena a la Corte, para que se resuelvan éstos durante
efectividad a las recientes reformas sus breves periodos de sesiones.38 Desde que se
reglamentarias efectuadas por los dos órganos de inició el diálogo sobre el fortalecimiento y
supervisión de la Convención Americana. perfeccionamiento del sistema interamericano de
protección de derechos humanos en 1996 (cf.

206
supra), ha habido un consenso entre los Interamericana y Europea – de derechos humanos,
participantes en el mismo sobre la necesidad dotados de base convencional, existentes y en
imperiosa de aumentar los recursos humanos y operación en la actualidad, y que en gran parte
materiales del sistema interamericano de justifican la propia existencia de aquellos
protección a fin de que éste pueda cumplir a organismos internacionales. La Corte
plenitud con sus funciones, pero dichos recursos Interamericana no es un órgano como cualquier
todavía no han sido otorgados. otro de la OEA; tiene jerarquía superior, es el
órgano judicial máximo de la Convención
Los Jefes de Estado y Gobierno del Americana, que debe ser motivo de orgullo para la
hemisferio, reunidos en la III Cumbre de las OEA como uno de los dos tribunales
Américas (Quebec, Canadá, abril de 2001) internacionales de derechos humanos hoy día
fueron claros, categóricos y explícitos al existentes en el mundo, y debe ser tratado como tal.
respecto, al encomendar a la OEA la adopción de
las medidas necesarias para el incremento En efecto, el nuevo Reglamento de la
sustancial de los fondos asignados a la Corte y Corte anuncia un fuerte incremento en los costos
Comisión para mantener sus operaciones en del trámite de los casos, al haber otorgado a las
curso, pero, sin embargo, a pesar de esa presuntas víctimas (o sus familiares, y a sus
instrucción, el presupuesto anual de la Corte representantes legales) el necesario locus standi
desde 199739 prácticamente no ha experimentado in judicio, como verdadera parte demandante, a
ningún incremento en términos reales. El actual la par de la participación de la Comisión y del
presupuesto de la Corte le permite funcionar Estado demandado. La Corte deberá, de ese
solamente con el mínimo de los recursos, con el modo, escuchar y tramitar los alegatos de los tres
consecuente deterioro de los servicios que se (los peticionarios como parte demandante, la
deben prestar para el adecuado trabajo de ésta. Comisión, y el Estado demandado), lo que
De igual manera, el presupuesto asignado a la implicará mayores costos.
Corte no le ha permitido cubrir adecuadamente
año a año el constante incremento de los costos Además, con el inevitable aumento de
de operación por el volumen de casos que casos sometidos a la Corte bajo el nuevo
maneja y normalmente se hacen recortes o Reglamento, el actual sistema de 4 periodos
eliminan actividades importantes para no cerrar o ordinarios de sesiones por año se vuelve
terminar el año fiscal con déficit presupuestario. manifiestamente insuficiente e inadecuado para
el fiel desempeño de las funciones otorgadas a la
Tal como lo señalé en la reciente reunión Corte por la Convención. De no tomarse medidas
conjunta de esta CAJP y de la Comisión de al respecto, se formará una lista de espera
Asuntos Administrativos y Presupuestarios interminable de casos que esperarán su turno
(CAAP) de la OEA, en mi Informe presentado el para llegar a etapa de sentencia. Para evitar esta
martes pasado, día 16 de abril de 2002, titulado virtual parálisis, y para atender en forma
El Financiamiento del Sistema Interamericano diligente la tramitación del volumen creciente de
de Derechos Humanos (pp. 1-23), circulado a las asuntos que estén en conocimiento de la Corte
Delegaciones presentes, – las recientes reformas (mientras no sea ésta permanente), se requiere
reglamentarias de la Corte y la Comisión aumentar de manera urgente el número de
necesariamente conllevan un aumento semanas de las sesiones de la Corte al año.
considerable en el trabajo de la Corte y de sus
costos de operación.40 En los debates que se En este sentido, en mi supracitado
siguieron a mi presentación en la mencionada Informe a la CAJP y a la CAAP de la OEA, he
reunión conjunta de la CAJP y la CAAP de la identificado metas presupuestarias a corto,
OEA, expresé mi entendimiento en el sentido de mediano y largo plazos, y he propuesto a la
que ningún dominio de actuación legitima más la CAAP del Consejo Permanente de la OEA, inter
propia OEA hoy día que su labor en el dominio alia, que se nos incremente el presupuesto para
de la promoción y protección de los derechos ampliar nuestro número de sesiones anuales de
humanos. Sin los derechos humanos no hay O8 para 12 semanas (como mínimo en el corto
democracia ni Estado de Derecho. plazo), de 12 para 24 semanas (en el mediano
plazo, con creciente permanencia en la sede de la
La OEA y el Consejo de Europa tienen la Corte del Presidente y Vicepresidente) y que
buena fortuna de contar en nuestros días con los posteriormente se contemple el presupuesto
dos únicos tribunales internacionales – las Cortes necesario para contar con una Corte permanente

207
(en el largo plazo). Hacer posible el aumento de 2002, se anunció que el Estatuto de Roma de
sesiones de la Corte en la manera que lo he 1998 sobre el Establecimiento del Tribunal Penal
propuesto es una medida concreta para fortalecer Internacional alcanzó las sesenta ratificaciones
efectivamente el mecanismo de protección de la necesarias para su entrada en vigor,
Convención Americana.41 estableciendo una jurisdicción penal
internacional permanente, obligatoria para todos
los Estados Partes.
2. Mecanismo de Monitoreo
Internacional Permanente del Todos estos ejemplos apuntan en la
Cumplimiento de Sentencias y misma dirección: la jurisdiccionalización de los
mecanismos internacionales de protección de los
Decisiones de la Corte derechos de la persona humana, y la centralidad
Interamericana de estos últimos en el Derecho Internacional de
este inicio del siglo XXI. Y han sido posibles
Como ya me permití señalar, el gracias, en última instancia, al grado más
complemento ineluctable de la gran conquista elevado de evolución que ha alcanzado la
que representa el derecho de petición individual conciencia humana. Es necesario tener siempre
internacional reside en la intangibilidad de la presente el amplio alcance de las obligaciones
jurisdicción obligatoria de la Corte convencionales de protección bajo los tratados de
Interamericana, la cual, a mi juicio, además de derechos humanos, las cuales vinculan a todos
obligatoria, debe ser automática para todos los los Poderes (Ejecutivo, Legislativo, Judicial) del
Estados Partes en la Convención. Sobre las Estado; al crear obligaciones para los Estados
cláusulas de dicha jurisdicción obligatoria y del Partes vis-à-vis todos los seres humanos bajo sus
derecho de petición individual se erige todo el respectivas jurisdicciones, dichos tratados
mecanismo de salvaguardia internacional del ser requieren el ejercicio de la garantía colectiva
humano (en mi entender el más importante para la plena realización de su objeto y fin. La
legado de la ciencia jurídica del siglo XX), – Corte Interamericana está convencida que,
razón por la cual me he permitido designarlas mediante el ejercicio permanente de dicha
verdaderas cláusulas pétreas de la protección garantía colectiva, se contribuirá al
internacional de los derechos de la persona fortalecimiento del sistema interamericano de
humana.42 protección de los derechos humanos.

Efectivamente gana cuerpo, en nuestros Me permito renovar, en esta ocasión ante


días, el viejo ideal de la justicia internacional, de la CAJP, la confianza que deposita la Corte
la jurisdicción internacional obligatoria y Interamericana en los Estados Partes como
permanente, como ilustrado por los importantes garantes de la Convención Americana. Los
desarrollos al respecto que tenemos el privilegio Estados Partes asumen, cada uno
de testimoniar. Cabe recordar, en ese sentido, individualmente, el deber de cumplir las
que hoy día todos los Estados miembros del decisiones de la Corte, como lo establece el art.
Consejo de Europa son Partes en la Convención 68 de la Convención, en aplicación del principio
Europea de Derechos Humanos, y la Corte pacta sunt servanda, y por tratarse, además, de
Europea de Derechos Humanos, a la cual tienen una obligación de su propio derecho interno. Los
acceso directo los individuos, cuenta con Estados Partes igualmente asumen, en conjunto,
jurisdicción obligatoria y automática vis-à-vis la obligación de velar por la integridad de la
todos los Estados Partes; del mismo modo, el Convención Americana, como garantes de la
Tribunal de Lussemburgo tiene jurisdicción misma. La supervisión de la fiel ejecución de las
obligatoria en relación con todos los Estados sentencias de la Corte es una tarea que recae
miembros de la Unión Europea; todos los sobre el conjunto de los Estados Partes en la
Estados miembros de la Organización de la Convención.
Unidad Africana son hoy Partes en la Carta
Africana de Derechos Humanos y de los Pueblos, Sobre el particular, en mi presentación del
y han decidido (mediante el Protocolo de 05 de abril de 2001 ante esta misma CAJP,
Burkina Faso de 1998) establecer una Corte propuse, con el fin de asegurar el monitoreo
Africana de Derechos Humanos y de los continuo del fiel cumplimiento de todas las
Pueblos; y semana pasada, el 12 de abril de obligaciones convencionales de protección, y en
particular de las sentencias de la Corte, que en un

208
eventual futuro Protocolo a la Convención todos los países y pueblos de la región, y debe
Americana, se agregara al final del art. 65 de la ser salvaguardada conjuntamente por todos los
Convención, la siguiente frase: Estados Partes en la Convención Americana.

La Asamblea General los remitirá al


Consejo Permanente, para estudiar la materia y V. Conclusiones
rendir un informe, para que la Asamblea General
delibere al respecto. Al final de esta presentación, que me he
permitido titular Hacia la Consolidación de la
Además, se encargaría a un grupo de Capacidad Jurídica Internacional de los
trabajo permanente de la CAJP, integrado por Peticionarios en el Sistema Interamericano de
Representantes de Estados Partes en la Protección de los Derechos Humanos, paso a
Convención Americana, supervisar en base mis conclusiones. La búsqueda de la plena
permanente el estado de cumplimiento, por los salvaguardia y predominio de los derechos
Estados demandados, de las sentencias y inherentes al ser humano, en todas y cualesquiera
decisiones de la Corte Interamericana, el cual circunstancias, corresponde al nuevo ethos de la
presentaría sus informes a la CAJP; ésta, a su vez, actualidad, en una clara manifestación, también
relataría al Consejo Permanente, para preparar su en nuestra parte del mundo, de la conciencia
informe para la deliberación de la Asamblea jurídica universal, en este inicio del siglo XXI.
General al respecto. De ese modo, se supliría una Se reconoce hoy en día, inequívocamente, la
laguna en cuanto a un mecanismo, a operar en necesidad de restituir a la persona humana la
base permanente (y no solamente una vez por año posición central que le corresponde, como sujeto
ante la Asamblea General de la OEA), para del derecho tanto interno como internacional.
supervisar la fiel ejecución, por los Estados Partes
demandados, de las sentencias de la Corte. Este reconocimiento se manifiesta, a mi
modo de ver, en el marco del proceso de
En mi presentación de antier, día 17 de humanización del derecho internacional, que
abril de 2002, ante el Consejo Permanente de la tenemos el privilegio de testimoniar e impulsar
OEA, me permití agregar la siguiente en este inicio del siglo XXI, – el cual que pasa a
consideración: ocuparse más directamente de la identificación y
realización de valores y metas comunes
El ejercicio de la garantía colectiva por superiores. Con este reconocimiento, además,
los Estados Partes en la Convención no debería
volvemos a los orígenes conceptuales tanto del
ser sólo reactivo, cuando se produjera el Estado nacional como del Derecho Internacional.
incumplimiento de una sentencia de la Corte, En cuanto al primero, no hay que olvidarse que
sino también proactivo, en el sentido de que
el Estado fue originalmente concebido para la
todos los Estados Partes adoptaran previamente realización del bien común, y que existe para el
medidas positivas de protección en conformidad ser humano, y no vice versa. En cuanto al
con la normativa de la Convención Americana.
segundo, tampoco hay que olvidarse que el
Es indudable que una sentencia de la Corte es Derecho Internacional no era en sus orígenes un
cosa juzgada, obligatoria para el Estado derecho estrictamente interestatal, sino más bien
demandado en cuestión, pero también es cosa
el derecho de gentes.
interpretada, válida erga omnes partes, en el
sentido de que tiene implicaciones para todos los La Corte Interamericana de Derechos
Estados Partes en la Convención, en su deber de Humanos viene dando su valiosa contribución a
prevención. Sólo mediante un claro este proceso histórico de humanización del
entendimiento de esos puntos fundamentales Derecho Internacional. El impacto de su
lograremos construir un ordre public jurisprudencia protectora en el Derecho
interamericano basado en la fiel observancia de Internacional Público ya se hace sentir. Un
los derechos humanos. ejemplo elocuente reside en el valioso aporte de
la décimosexta Opinión Consultiva de la Corte
La jurisprudencia protectora de la Corte Interamericana (del 01.10.1999) acerca del
Interamericana, – conformada hoy día por 94 Derecho a la Información sobre la Asistencia
sentencias, 16 opiniones consultivas y 45
Consular en el Marco de las Garantías del
medidas provisionales de protección, – Debido Proceso Legal, que revela fielmente el
constituye hoy día un patrimonio jurídico de impacto del Derecho Internacional de los

209
Derechos Humanos en un aspecto específico del adecuados para la Corte y la Comisión, y la
Derecho Internacional contemporáneo, a saber, incorporación de las normas internacionales de
el atinente al derecho de los detenidos protección a nivel de derecho interno.
extranjeros a la información sobre la asistencia
consular en el marco de las garantías del debido Somos todos copartícipes en esta labor
proceso legal. colectiva, los Estados Partes, los órganos de
supervisión, y las entidades de la sociedad civil.
En efecto, la Corte Interamericana de (...).46
Derechos Humanos ha sido el primer tribunal
internacional a afirmar la existencia de un Quisiera concluir mi presentación del día
derecho individual a la información sobre la de hoy, 19 de abril de 2002, ante esta CAJP de la
asistencia consular en el marco de las garantías OEA, reiterando esta misma visión. Veo con
del debido proceso legal.43 La referida Opinión mucha claridad las providencias que deben ser
Consultiva de la Corte Interamericana ha sido tomadas para el fortalecimiento de nuestro
verdaderamente pionera en esta materia, y ha sistema regional de protección de los derechos
servido de inspiración y de guía a la humanos. En primer lugar, se impone la
jurisprudencia internacional in statu nascendi al ratificación de la Convención Americana, de sus
respecto, en particular al advertir que el dos Protocolos en vigor, y de las Convenciones
incumplimiento del art. 36(1)(b) de la interamericanas sectoriales de protección, o la
Convención de Viena sobre Relaciones adhesión a los mismos, por todos los Estados de
Consulares de 1963 se da en perjuicio no sólo de la región. Los Estados que se han autoexcluido
un Estado Parte sino también de los seres del régimen jurídico del sistema interamericano
humanos en cuestión.44 de protección tienen una deuda histórica con el
mismo, que hay que rescatar. En este sentido,
O sea, ya no hay cómo pretender disociar tengo la firme convicción, – tal como la he
el derecho individual subjetivo a la información expresado en sucesivas ocasiones ante la OEA y
sobre la asistencia consular (consagrado en el art. en seminarios internacionales, – de que el real
36(1)(b) de la Convención de Viena de 1963) del compromiso de un país con los derechos
corpus juris del Derecho Internacional de los humanos internacionalmente reconocidos se
Derechos Humanos.45 En efecto, en una mide por su iniciativa y determinación de
dimensión más amplia, la subjetividad tornarse Parte en los tratados de derechos
internacional de la persona humana, y su humanos, asumiendo así las obligaciones
capacidad jurídico-procesal, además de un convencionales de protección en éstos
imperativo ético, constituyen una necesidad del consagradas.
ordenamiento jurídico internacional
contemporáneo. Tenemos todos el deber En el presente dominio de protección, los
inescapable de dar nuestra contribución en este mismos criterios, principios y normas deben
sentido. Como me permití señalar en mi valer para todos los Estados, jurídicamente
intervención ante los Cancilleres de los Estados iguales, así como operar en beneficio de todos
miembros de la OEA en la Asamblea General de los seres humanos, independientemente de su
la Organización, en San José de Costa Rica, el 04 nacionalidad o cualesquiera otras circunstancias.
de junio de 2001, (...) Veo el desarrollo del Todo esto debe ir necesariamente de la adopción
sistema interamericano de protección de los de las medidas nacionales indispensables de
derechos humanos en (...) momentos distintos. El implementación de la Convención Americana, de
primer momento es el que estamos viviendo modo a asegurar la aplicabilidad directa de las
ahora con los cambios reglamentarios aprobados normas de la Convención en el derecho interno
por la Corte y la Comisión; el segundo momento de los Estados Partes y el fiel cumplimiento de
sería el de adopción de un Protocolo de las decisiones de la Corte. Mientras todos los
Enmiendas consolidando los cambios Estados miembros de la OEA no ratifiquen la
reglamentarios y asegurando el jus standi, no Convención Americana, no acepten
solamente el locus standi, sino el acceso directo integralmente la competencia contenciosa de la
del ser humano a la jurisdicción internacional. Corte Interamericana, y no incorporen las
Esto sólo se tornará realidad cuando se satisfagan normas sustantivas de la Convención Americana
algunos prerrequisitos básicos, como la admisión en su derecho interno, muy poco se avanzará en
universal del sistema, la adopción de recursos el fortalecimiento real del sistema interamericano
de protección. Es poco lo que pueden hacer los

210
órganos internacionales de protección, si las pétreas de la protección internacional de los
normas convencionales de salvaguardia de los derechos humanos: son ellas las que hacen viable
derechos humanos no alcanzan las bases de las el acceso de los individuos a la justicia en el plano
sociedades nacionales. internacional, lo que representa una verdadera
revolución jurídica, tal vez el más importante
Es por esto que me permito hoy legado que estamos llevando al siglo XXI.
reformular mi llamado, respetuoso pero franco,
que espero repercuta debidamente en la El cuarto punto es el imperativo del
conciencia jurídica de la totalidad de los Estados acceso directo de los individuos a la jurisdicción
miembros de la OEA. Al tornarse Partes en los de la Corte Interamericana. El día en que
referidos tratados de derechos humanos, estarán logremos evolucionar del locus standi al jus
todos los Estados de la región contribuyendo a standi de los individuos ante la Corte, tendremos
que la razón de humanidad tenga primacía sobre alcanzado el punto culminante de una larga
la razón de Estado, tornando así los derechos evolución del Derecho hacia la emancipación del
humanos el lenguaje común de todos los pueblos ser humano, como titular de derechos
de nuestra región del mundo. Sólo de ese modo inalienables que le son inherentes como tal, y
lograremos construir un ordre public que emanan directamente del Derecho
interamericano basado en la fiel observancia de Internacional.48 En quinto lugar, se impone la
los derechos humanos. asignación de recursos adecuados a los dos
órganos de supervisión de la Convención
El segundo punto consiste en la Americana sobre Derechos Humanos, para que
consideración seria, por todos los actores del puedan cumplir a cabalidad sus funciones.
sistema interamericano de protección, de las
bases para un Proyecto de Protocolo de En sexto lugar, son necesarias las medidas
enmiendas a la Convención Americana sobre nacionales de implementación de la Convención
Derechos Humanos, con miras a fortalecer su Americana, de modo a asegurar la aplicabilidad
mecanismo de protección.47 Las recientes directa de sus normas en el plano del derecho
reformas reglamentarias serían así transpuestas, interno de los Estados partes, y la ejecución de
juntamente con otras providencias, a un las sentencias de la Corte Interamericana. Y, en
instrumento internacional que vincule séptimo lugar, se imponen el ejercicio de la
jurídicamente todos los Estados Partes, en una garantía colectiva, conjuntamente por todos los
clara demostración del real compromiso de éstos Estados Partes en la Convención, así como el
con la vigencia de los derechos humanos. establecimiento de un mecanismo internacional
de monitoreo permanente del cumplimiento por
El tercer punto consiste en la aceptación los Estados de las sentencias y decisiones de la
integral de la competencia contenciosa de la Corte y las recomendaciones de la Comisión.
Corte Interamericana por todos los Estados Son éstas las propuestas concretas que me
Partes en la Convención, acompañada de la permito presentar a las Delegaciones presentes,
previsión del automatismo de la jurisdicción juntamente con mis agradecimientos por la
obligatoria de la Corte para todos los Estados atención con que me han distinguido.
Partes, sin restricciones. Las cláusulas relativas a
la jurisdicción obligatoria de la Corte y al
derecho de petición individual, necesariamente Washington D.C., 19 de abril de 2002
conjugadas, constituyen verdaderas cláusulas

211
NOTAS

1. A. A. Cançado Trindade, El Derecho abril de 2001), OEA documento


Internacional de los Derechos Humanos en OEA/Ser.G/CP/CAJP-1781/01, de
el Siglo XXI. Santiago: Editorial Jurídica de 10.04.2001, pp. 06-19 (también disponible
Chile, 2001, pp. 15-427; A.A. Cançado en portugués, inglés y francés).
Trindade, Tratado de Direito Internacional
dos Direitos Humanos, tomo I. Porto 7. Pero muy temprano en su experiencia la
Alegre/Brasil: S.A. Fabris Ed., 1997, pp. 1- Corte Europea se dio cuenta de que tendría
486; y tomo II, 1999, pp. 1-440. que reformar su Reglamento para ajustarlo a
la naturaleza distinta de los casos
2. OEA, documento EA/Ser.G/CP/ contenciosos de derechos humanos.
doc.2828/96.
8. Esta solución “pragmática” contó con el
3. A.G., Resoluciones 1488 y 1489 (1997), y aval, con la mejor de las intenciones, de una
1546 (1998). reunión conjunta de la Corte y la CIDH,
realizada en Miami en enero de 1994.
4. Cf., e.g., presenté el detallado Informe que
presenté, en el marco del Diálogo (OEA, 9. A. A. Cançado Trindade. El Acceso Directo
documento OEA/Ser.G/CP/CAJP-1627/00), del Individuo a los Tribunales
en la sesión de la CAJP del 16 de marzo de Internacionales de Derechos Humanos.
2000. Bilbao: Universidad de Deusto, 2001, pp.
17-96; A. A. Cançado Trindade, “The
5. Para un examen del estado actual y de las Procedural Capacity of the Individual as
perspectivas del corpus juris que conforma Subject of International Human Rights Law:
el sistema interamericano de protección, cf., Recent Developments” in Karel Vasak
e.g., A. A. Cançado Trindade, “Le système Amicorum Liber – Les Droits de l’Homme à
inter-américain de protection des droits de l’Aube du XXIe Siècle. Bruxelles: Bruylant,
l’homme: état actuel et perspectives 1999, pp. 521-544.
d’évolution à l’aube du XXIème siècle”, 46
Annuaire français de Droit international – 10. Cf. los arts. 44(2) y 22(2), – y también los
Paris (2000) pp. 547-577. arts. 34(1) y 43(1) y (2), – del Reglamento
de 1991. Anteriormente, en los casos
6. OEA, Informe del Presidente de la Corte Godínez Cruz y Velásquez Rodríguez
Interamericana de Derechos Humanos, (reparaciones, 1989), relativos a Honduras,
JUEZ ANTÔNIO A. CANÇADO la Corte recibió escritos de los familiares y
TRINDADE, a la Comisión de Asuntos abogados de las víctimas, y tomó nota de los
Jurídicos y Políticos del Consejo mismos (Sentencias de 21.07.1989).
Permanente de la Organización de los
Estados Americanos en el Marco del 11. Cf. la intervención del Juez A.A. Cançado
Diálogo sobre el Sistema Interamericano de Trindade, y las respuestas del Sr. Walter
Protección de los Derechos Humanos (16 de Márquez y de la Sra. Ligia Bolívar, como
marzo de 2000), OEA documento representantes de las víctimas, in Corte
OEA/Ser.G/CP/CAJP-1627/00, de Interamericana de Derechos Humanos,
17.03.2000, pp. 17-21 (también disponible Transcripción de la Audiencia Pública
en portugués, inglés y francés); OEA, Celebrada en la Sede de La Corte el día 27
Informe del Presidente de la Corte de enero de 1996 sobre Reparaciones – Caso
Interamericana de Derechos Humanos, Juez El Amparo, pp. 72-76 (mecanografiado,
Antônio A. Cançado Trindade, a la circulación interna).
Comisión de Asuntos Jurídicos y Políticos
del Consejo Permanente de la Organización 12. Cf. las dos resoluciones de la Corte, de
de los Estados Americanos en el Marco del 10.09.1996, sobre los referidos casos, in
Diálogo sobre el Sistema Interamericano de Corte I.A.D.H., Informe Anual de la Corte
Protección de los Derechos Humanos (05 de

212
Interamericana de Derechos Humanos – las víctimas, el reconocimiento de este
1996, pp. 207-213. último conforma la personalidad y capacidad
jurídicas internacionales de la persona
13. En carta que me permití dirigir al entonces humana, para hacer valer sus derechos. Los
Presidente de la Corte Interamericana (Juez avances en esta dirección, en la actual etapa
Héctor Fix-Zamudio), el 07 de septiembre de de evolución del sistema interamericano de
1996, en el marco de los travaux protección, son responsabilidad conjunta de
préparatoires del tercer Reglamento de la la Corte y la Comisión Interamericanas de
Corte, señalé, inter alia, lo siguiente: – “(...) Derechos Humanos. La Comisión tendrá que
Sin pretender anticiparme a nuestros futuros estar preparada para expresar siempre sus
debates, permítome resumir los argumentos puntos de vista ante la Corte, aunque no sean
que, a mi modo de ver, militan, en tesis, en coincidentes con los de los representantes de
favor del reconocimiento, con la debida las víctimas; y la Corte tendrá que estar
prudencia, del locus standi de las víctimas preparada para recibir y evaluar los
en el procedimiento ante la Corte argumentos de los delegados de la Comisión
Interamericana en casos ya enviados a ésta y de los representantes de las víctimas,
por la Comisión Interamericana. En primer aunque sean divergentes.(...).” Corte
lugar, a los derechos protegidos corresponde Interamericana de Derechos Humanos
la capacidad procesal de vindicarlos o (CtIDH), Carta del Juez Antônio Augusto
ejercerlos. La protección de derechos debe Cançado Trindade al Presidente Héctor Fix-
ser dotada del locus standi procesal de las Zamudio, del 07.09.1996, pp. 4-5 (original
víctimas, sin el cual estará el procedimiento depositado en los archivos de la Corte). Para
desprovisto en parte del elemento del otras propuestas, cf. CtIDH, Carta del Juez
contradictorio, esencial en búsqueda de la Antônio Augusto Cançado Trindade al
verdad y la justicia. Es de la propia esencia Presidente Héctor Fix-Zamudio, del
del contencioso internacional de derechos 06.12.1995, p. 2 (original depositado en los
humanos el contradictorio entre las víctimas archivos de la Corte). – Estos mismos
de violaciones y los Estados demandados. El argumentos los sostuve en todas las
locus standi in judicio de las víctimas reuniones anuales conjuntas entre la Corte y
contribuye para mejor instruir el proceso. En la Comisión Interamericanas de Derechos
segundo lugar, la igualdad procesal de las Humanos, en el periodo de 1995 hasta la
partes (equality of arms/égalité des armes) es fecha (como consta de las transcripciones de
esencial a todo sistema jurisdiccional de las mismas).
protección de los derechos humanos; sin el
locus standi de las víctimas dicha igualdad 14. Según el art. 23 del Reglamento de 1996,
estará mitigada. Además, el derecho de libre “en la etapa de reparaciones los
expresión de las propias víctimas es representantes de las víctimas o de sus
elemento integrante del propio debido familiares podrán presentar sus propios
proceso legal. En tercer lugar, el locus standi argumentos y pruebas en forma autónoma.”
de las víctimas contribuye a la
“jurisdiccionalización” del mecanismo de 15. Cf. OEA, Informe del Presidente de la Corte
protección, poniendo fin a la ambigüedad del Interamericana de Derechos Humanos, Juez
rol de la Comisión, la cual no es Antônio A. Cançado Trindade, a la
rigurosamente “parte” en el proceso, sino Comisión de Asuntos Jurídicos y Políticos
más bien guardián de la aplicación correcta del Consejo Permanente de la Organización
de la Convención. En cuarto lugar, en casos de los Estados Americanos (09 de marzo de
de comprobadas violaciones de derechos 2001), OEA documento
humanos, son las propias víctimas quienes OEA/Ser.G/CP/CAJP-1770/01, de
reciben las reparaciones e indemnizaciones. 16.03.2001, pp. 06-08 (también disponible
Estando las víctimas presentes al inicio y al en portugués, inglés y francés).
final del proceso, no hay sentido en negarles
16. Para un comentario reciente, cf. A. A.
presencia durante el mismo. En quinto lugar,
last but not least, estando, a mi modo de ver, Cançado Trindade, “El Nuevo Reglamento
superadas las razones históricas que llevaron de la Corte Interamericana de Derechos
Humanos (2000): La Emancipación del Ser
a la denegación del locus standi in judicio de
Humano como Sujeto del Derecho

213
Internacional de los Derechos Humanos”, próximo 01 de junio de 2001, la Corte
30-31 Revista del Instituto Interamericano Interamericana adoptó una Resolución sobre
de Derechos Humanos (2001) pp. 45-71. Disposiciones Transitorias (el 13 de marzo
de 2001), mediante la cual decidió que: 1)
17. OEA/A.G., resolución AG/RES.1701 los casos que se encuentren en curso al
(XXX-0/00), de 2000. momento de la entrada en vigor del nuevo
Reglamento (de 2000) continuarán
18. Tuve la ocasión de participar de los debates
tramitándose de acuerdo con las normas del
tanto de la Reunión del referido Grupo de anterior Reglamento (de 1996), hasta tanto
Trabajo Ad Hoc, como de la Asamblea culmine la etapa procesal en la que se hallan;
General de la OEA en Canadá, en
2) las presuntas víctimas participarán en la
representación de la Corte Interamericana de etapa que se inicie con posterioridad a la
Derechos Humanos, y de constatar el tono entrada en vigor del Nuevo Reglamento (de
positivo de los mismos, con miras a
2000), de conformidad con el art. 23 del
perfeccionar y a fortalecer los mismo.
procedimientos bajo la Convención
Americana sobre Derechos Humanos. 23. Los alegatos, en forma autónoma, de las
presuntas víctimas (o sus representantes o
19. Reproducidos in OEA, Informe Anual de la familiares), deben naturalmente formularse
Corte Interamericana de Derechos Humanos ateniéndose a los términos de la demanda (es
– 2000, doc. OEA/Ser.L/V/III.50-doc. 4. San
decir, a los derechos que se alega en la
José de Costa Rica, 2001, pp. 657-790. demanda haber sido violados), porque, –
20. Nunca es demás resaltar que esta resolución como los procesalistas no cansan de siempre
no se produjo en el vacuo, sino más bien en repetir (invocando las enseñanzas sobre todo
el contexto de un amplio y prolongado de los maestros italianos), – lo que no está
proceso de reflexión sobre los rumbos del en el expediente del caso no está en el
sistema interamericano de protección de los mundo...
derechos humanos. Al respecto, la Corte 24. En defensa de esta posición (que ha logrado
Interamericana tomó la iniciativa de
superar resistencias, sobre todo de los
convocar cuatro Reuniones de Expertos del nostálgicos del pasado, inclusive dentro del
más alto nivel, realizadas en la sede del propio sistema interamericano de
Tribunal los días 20 de septiembre de 1999,
protección), cf. mis escritos: A. A. Cançado
24 de noviembre de 1999, 05-06 de febrero Trindade, “El Sistema Interamericano de
de 2000 y 08-09 de febrero de 2000, además Protección de los Derechos Humanos (1948-
del Seminario internacional supracitado de
1995): Evolución, Estado Actual y
noviembre de 1999. Cf. actas in Corte Perspectivas”, Derecho Internacional y
Interamericana de Derechos Humanos, El Derechos Humanos/Droit international et
Sistema Interamericano de Protección de los
droits de l’homme (Libro Conmemorativo de
Derechos Humanos en el Umbral del Siglo la XXIV Sesión del Programa Exterior de la
XXI – Memoria del Seminario, vol. I. San Academia de Derecho Internacional de La
José de Costa Rica: CtIADH, 2001, pp. 1-
Haya, San José de Costa Rica, abril/mayo de
726. 1995). La Haye/San José: IIDH/Académie
21. En cuanto a la demanda de interpretación, de Droit International de La Haye, 1996, pp.
será comunicada por el Secretario de la 47-95; A. A. Cançado Trindade, “The
Corte a las partes en el caso – incluidas Consolidation of the Procedural Capacity of
naturalmente las presuntas víctimas, sus Individuals in the Evolution of the
familiares o sus representantes, – para que International Protection of Human Rights:
presenten los alegatos escritos que estimen Present State and Perspectives at the Turn of
pertinentes, dentro de un plazo fijado por el the Century”, 30 Columbia Human Rights
Presidente de la Corte (art. 58(2)). Law Review – New York (1998) n. 1, pp. 1-
27; A. A. Cançado Trindade, “The
22. Para el procedimiento en los casos Procedural Capacity of the Individual as
pendientes ante la Corte, antes de la entrada Subject of International Human Rights Law:
en vigor del nuevo Reglamento en el Recent Developments” in Karel Vasak

214
Amicorum Liber – Les Droits de l’Homme à 28. En el último bienio, la Corte ha señalado, en
l’Aube du XXIe Siècle. Bruxelles: Bruylant, los dos últimos proyectos de presupuesto
1999, pp. 521-544; A.A. Cançado Trindade, transmitidos (en 2000-2001) a la Comisión
“Las Cláusulas Pétreas de la Protección de Asuntos Administrativos y
Internacional del Ser Humano: El Acceso Presupuestarios de la OEA (para los años
Directo de los Individuos a la Justicia a fiscales 2001-2002), la necesidad apremiante
Nivel Internacional y la Intangibilidad de la de dichos recursos adicionales, – en realidad,
Jurisdicción Obligatoria de los Tribunales de un presupuesto por lo menos cinco veces
Internacionales de Derechos Humanos” in El mayor que el actual.
Sistema Interamericano de Protección de los
Derechos Humanos en el Umbral del Siglo 29. Además, con el inevitable aumento de casos
XXI – Memoria del Seminario (Noviembre sometidos a la Corte bajo el nuevo
de 1999), tomo I. San José de Costa Rica: Reglamento, el actual sistema de tres o
Corte Interamericana de Derechos Humanos, cuatro periodos ordinarios de sesiones por
2001, pp. 3-68; A. A. Cançado Trindade, “El año se tornará manifiestamente insuficiente e
Nuevo Reglamento de la Corte inadecuado para el fiel desempeño de las
Interamericana de Derechos Humanos funciones otorgadas al Tribunal por la
(2000): La Emancipación del Ser Humano Convención. El incremento en el volumen y
como Sujeto del Derecho Internacional de la complejidad del trabajo, a raíz de las
los Derechos Humanos”, 30/31 Revista del modificaciones introducidas en el nuevo
Instituto Interamericano de Derechos Reglamento de la Corte, de conformidad con
Humanos (2001) pp. 45-71; A. A. Cançado lo recomendado en la resolución
Trindade, El Acceso Directo del Individuo a AG/RES.1701(XXX-0/00) de la Asamblea
los Tribunales Internacionales de Derechos General de la OEA, requiere, además, el
Humanos. Bilbao: Universidad de Deusto, aumento del personal del área legal de la
2001, pp. 17-96. Corte – que hoy día opera con un mínimo
esencial, – con los consecuentes ajustes en
25. En el futuro, cuando esté consagrado – como los niveles salariales de sus integrantes.
espero – el jus standi de los individuos ante Esto, sin tener en cuenta que los Magistrados
la Corte, este artículo de la Convención de la Corte Interamericana – distintamente
habrá sido enmendado. de los de otros tribunales internacionales
existentes, – siguen trabajando sin recibir
26. Es decir, la generación conformada por los salario alguno, lo que significa que su labor
Jueces que hoy día componen la Corte sigue siendo más bien un apostolado.
Interamericana, a saber: Antônio A. Cançado
Trindade, Presidente; Alirio Abreu Burelli, 30. En razón de todo esto, surgió en buena hora
Vicepresidente; Máximo Pacheco Gómez; la oportuna propuesta de Costa Rica de
Hernán Salgado Pesantes; Oliver Jackman; incrementar, en forma escalonada, el
Sergio García Ramírez; y Carlos Vicente de presupuesto de la Corte y la CIDH en al
Roux Rengifo. menos 1% al año, de los actuales 5,7% del
Fondo Regular de la OEA hasta que alcance
27. Para los nostálgicos del pasado, me permito el 10% de dicho Fondo para el año 2006.
señalar tan sólo un dato: el Informe Anual de Dicha propuesta ha contado con el firme
la Corte, referente al año 1991, tiene 127 apoyo de la Corte, y amerita, a mi juicio, el
páginas; trascurrida una década, el Informe respaldo de todos los Estados miembros de
Anual de la Corte, relativo al año 2000, tiene la OEA; cf. OEA, documento OEA/Ser.G-
818 páginas; y el Informe Anual de la Corte, CP/doc.3407/01, del 23.01.2001, p. 3.
relativo al año 2001, por primera vez en dos
tomos, tiene 1277 páginas; y, aún más 31. Cf. OEA, Informe del Presidente de la Corte
relevante que el volumen de labor, es la Interamericana de Derechos Humanos, Juez
calidad del trabajo que el Tribunal hoy día Antônio A. Cançado Trindade, a la
desarrolla. Lo hace en condiciones adversas, Comisión de Asuntos Jurídicos y Políticos
con un mínimo de recursos humanos y del Consejo Permanente de la Organización
materiales, y gracias a la dedicación de todos de los Estados Americanos en el Marco del
sus Magistrados, y al apoyo permanente de Diálogo sobre el Sistema Interamericano de
su Secretaría. Protección de los Derechos Humanos (16 de

215
marzo de 2000), OEA documento humanos en todo el continente americano,
OEA/Ser.G/CP/CAJP-1627/00, de organizado por el IIDH, en San José de
17.03.2000, pp. 21-32 (también disponible Costa Rica, en septiembre de 2000. – En el
en portugués, inglés y francés). A mi seno de la Corte Interamericana, las presenté
presentación de este Informe se siguió un a mis colegas, los Jueces del Tribunal, en
debate de cerca de cuatro horas, durante el sucesivas ocasiones: les entregué un
cual las 16 Delegaciones que intervinieron progress report, que concluí el día 15 de
respaldaron el contenido del mismo. junio de 2000, conteniendo mis
observaciones provisionales, para su
32. Cf. texto reproducido in OEA, Informe conocimiento y comentarios; y les rendí
Anual de la Corte Interamericana de informes de los avances de mis trabajos, y
Derechos Humanos – 2000, Anexo L, pp. conclusión de los mismos, los días 31 de
775-783, esp. pp. 778-779. enero de 2001, y 21 de mayo de 2001,
respectivamente. Corte Interamericana de
33. Cf. texto in ibid., Anexo LI, pp. 785-790. Derechos Humanos, Acta de la Sesión n. 6,
34. Ibid., pp. 789-790. del 31 de enero de 2001; y Acta de la Sesión
n. 1, del 21 de mayo de 2001.
35. Cf. OEA, Informe del Presidente de la Corte
Interamericana de Derechos Humanos, Juez 38. La Secretaría de la Corte está compuesta por
Antônio A. Cançado Trindade, a la un Secretario, un Secretario Adjunto, cuatro
Comisión de Asuntos Jurídicos y Políticos abogados, cinco asistentes (que son
del Consejo Permanente de la Organización estudiantes de derecho), tres secretarias,
de los Estados Americanos (09 de marzo de además del personal administrativo
2001), OEA documento OEA/Ser.G/CP/ correspondiente. Esta realidad de la
CAJP-1770/01, de 16.03.2001, pp. 01-14 Secretaría de la Corte, contrasta con sus
(también disponible en portugués, inglés y homólogos de la Corte Europea de Derechos
francés). Humanos, la cual cuenta con más de 100
abogados. El número de profesionales que la
36. Cf. OEA, Informe y Propuestas del Corte Interamericana tiene hoy en día es
Presidente y Relator de la Corte equivalente a aquel que tenía la Comisión a
Interamericana de Derechos Humanos, Juez finales de la década de los ochenta.
Antônio A. Cançado Trindade, a la
Comisión de Asuntos Jurídicos y Políticos 39. El que es actualmente de un millón
del Consejo Permanente de la Organización trescientos cincuenta mil dólares,
de los Estados Americanos en el Marco del equivalente al 1,5% de los recursos del
Diálogo sobre el Sistema Interamericano de Fondo Regular de la OEA, siendo una de las
Protección de los Derechos Humanos: Bases reparticiones de esta que tiene menor
para un Proyecto de Protocolo a la asignación presupuestaria.
Convención Americana sobre Derechos
40. En este sentido, valga recordar que el nuevo
Humanos, para Fortalecer su Mecanismo de Reglamento de la Comisión dispone (art. 44)
Protección (05 de abril de 2001), OEA que todos los casos que ella conozca deben
documento OEA/Ser.G/CP/CAJP-1781/01,
pasar a la Corte, salvo que por mayoría
de 10.04.2001, pp. 01-37 (también absoluta de sus miembros decida lo
disponible en portugués, inglés y francés). contrario. Esta situación implica
37. Ya había tenido ocasión de presentarlas, una necesariamente un gran aumento en el
por una, en la reunión conjunta entre la número de casos que llegarán a
Corte y la Comisión Interamericanas de conocimiento de la Corte.
Derechos Humanos, realizada en la ciudad 41. Otras propuestas formuladas en mi referido
de Washington, el día 08 de marzo de 2001; Informe incluyen el aumento del personal
también las presenté en otras ocasiones,
del área legal de la Corte (a fin de poder
como, v.g., en la reunión anual del Consejo contar en el corto plazo con tres nuevos
Directivo del IIDH, el día 16 de marzo de abogados, una secretaria y tres asistentes,
2001, así como en el Seminario para ONGs
capaces de expresarse en los cuatro idiomas
actuantes en el dominio de los derechos oficiales de la OEA), con los consecuentes

216
ajustes en los niveles salariales de sus consagrados en la Convención de Viena
integrantes. Asimismo, la Corte entiende que sobre Relaciones Consulares y representa, en
las relatorías de los Jueces deberían ser los términos en que lo interpreta esta Corte
remuneradas, como se hace en todos los en la presente Opinión Consultiva, un
demás tribunales internacionales existentes. notable avance respecto de las concepciones
tradicionales del Derecho Internacional
42. Cf. A. A. Cançado Trindade, “Las Cláusulas sobre la materia” (op. cit. supra n. (44), pp.
Pétreas de la Protección Internacional del 92-93, para. 82).
Ser Humano: El Acceso Directo de los
Individuos a la Justicia a Nivel Internacional 46. Intervención reproducida in OEA, XXXI
y la Intangibilidad de la Jurisdicción Periodo Ordinario de Sesiones de la
Obligatoria de los Tribunales Internacionales Asamblea General de la OEA (San José de
de Derechos Humanos” in El Sistema Costa Rica, 03-05.06.2001) – Actas y
Interamericano de Protección de los Documentos, vol. II. Washington D.C.:
Derechos Humanos en el Umbral del Siglo Secretaría General de la OEA, 2001, p. 59.
XXI – Memoria del Seminario (Noviembre
de 1999), tomo I. San José de Costa Rica: 47. Cf. A. A. Cançado Trindade (Relator), Bases
Corte Interamericana de Derechos Humanos, para un Proyecto de Protocolo a la
2001, pp. 3-68. Convención Americana sobre Derechos
Humanos, para Fortalecer su Mecanismo de
43. Cfr. Corte Interamericana de Derechos Protección, tomo II. San José de Costa Rica:
Humanos, El Derecho a la Información Corte Interamericana de Derechos Humanos,
sobre la Asistencia Consular en el Marco de 2001, pp. 1-669.
las Garantías del Debido Proceso Legal,
Opinión Consultiva n. 16 (OC-16/99), del 48. El desarrollo, a partir de la plena
01.10.1999, Serie A, n. 16, pp. 3-123, esp. participación de los individuos demandantes
paras. 76, 78, 82, 84, 90, 122-124 y 137, y en todo el procedimiento (locus standi) ante
puntos resolutivos ns. 1, 2, 4 y 6. la Corte, hacia el derecho de acceso directo
de los individuos al Tribunal (jus standi), es,
44. Tal como también lo admitió, con a mi juicio, una consecuencia lógica de la
posterioridad, la Corte Internacional de evolución, en perspectiva histórica, del
Justicia, en su sentencia en el caso LaGrand propio mecanismo de protección bajo la
(Alemania versus Estados Unidos, junio de Convención Americana. El día en que
2001). alcancemos este grado de evolución, estará
realizado el ideal de la plena igualdad
45. Como bien lo señaló la Corte jurídica, ante la Corte Interamericana, entre
Interamericana, en su mencionada el individuo como verdadera parte
décimosexta Opinión Consultiva, el titular demandante, y el Estado como parte
de aquel derecho es el individuo. Y agregó: demandada. Los necesarios avances en este
– “En efecto, el precepto es inequívoco al sentido, acompañados por los recursos
expresar que ‘reconoce’ los derechos de humanos y materiales indispensables y
información y notificación consular a la adecuados, convienen a todos, puesto que la
persona interesada. En esto, el art. 36 vía jurisdiccional representa la forma más
constituye una notable excepción con evolucionada y perfeccionada de la
respecto a la naturaleza, esencialmente protección de los derechos humanos.
estatal, de los derechos y obligaciones

217
218
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE PREVENÇÃO
CRIMINAL, SEGURANÇA PÚBLICA E ADMINISTRAÇÃO
DA JUSTIÇA: UMA VISÃO DO PRESENTE E DO FUTURO
À LUZ DOS DIREITOS HUMANOS
(FORTALEZA, 24 a 27 DE ABRIL DE 2003)
DISCURSO PRONUNCIADO NA SOLENIDADE
DE ABERTURA
Senhoras e senhores

Quase três anos decorreram desde o I A agenda do II Consejus, que reúne 28


Congresso Internacional de Prevenção Criminal, presidentes de mesa, 10 conferencistas e 54
Segurança Pública e Administração da Justiça painelistas, alguns provenientes de países como
que, sob o comando do Professor Néstor José Uruguai, Argentina, México, Portugal e Itália,
Méndez González, realizou-se na cidade do sinaliza a preocupação de seus organizadores de
México, e no qual participamos, na companhia do fomentar a reflexão sobre dilatado elenco de
Dr. Damásio Evangelista de Jesus, de painel sobre temas que curam de três vertentes, a saber:
os problemas contemporâneos da segurança prevenção criminal, segurança pública e
pública. administração da justiça, embora se tenha dado
ênfase, tal como ocorreu no México, às questões
Naquele país irmão, nasceu então a idéia, magnas e atuais da segurança pública.
sedimentada nos meses subseqüentes, de levar a
efeito no Brasil o II Congresso. Estimulou-nos na É importante pontuar que, sendo o
consecução desse projeto o concurso da Dra. Congresso promovido pelo Instituto Brasileiro de
Meire Lúcia Gomes Monteiro, com quem Direitos Humanos, uma entidade civil, sem fins
somamos esforços para criar em Brasília, numa lucrativos, com sede em Fortaleza, que tem como
etapa preliminar, um curso pioneiro no país, de objetivo a educação em direitos humanos como
especialização em Política Criminal e instrumento de promoção e proteção preventiva e
Penitenciária e Segurança Pública, com o selo da em seu conselho consultivo conta com eminentes
Escola de Governo do Distrito Federal e o apoio juristas como o Dr. Antonio Augusto Cançado
do Ministério da Justiça. Trindade, o Dr. Paulo Bonavides, o Dr. Fernando
Luiz Ximenes Rocha, Dr. Washinton Peluso
A definição da presente data não foi Albino de Souza, o Min. Nilmário Miranda e o
aleatória. Ao revés. Concluímos que, com a Dr. Dalmo de Abreu Dallari, pretendeu-se realçar
eleição do Presidente Luis Inácio Lula da Silva, a vinculação dos temas propostos com os direitos
dos novos governadores, senadores, deputados humanos, visualizados em sua universalidade e
federais e estaduais, bem assim com a renovação indivisibilidade. Entre os conferencistas,
gerencial na área da segurança pública, seja no inclusive, estão dois ilustres juízes, membros da
âmbito dos estados, seja no âmbito federal, Corte Interamericana de Direitos Humanos, com
haveria de manifestar-se um interesse maior no sede na Costa Rica, a saber: o Dr. Sergio García
debate dos temas apresentados, ante o repto Ramírez, vice-Presidente da Corte, que discorrerá
imposto pela violência ubíqua e assustadora, pela amanhã sobre “Crime e Prisão no Novo Milênio”
insegurança generalizada, a demandarem do e o Dr. Cançado Trindade, Presidente da Corte, a
Estado e da sociedade uma definição menos quem incumbe ministrar a conferência de
retórica, mais objetiva das medidas que devem ser encerramento sobre “Direitos Humanos, Ética e
tomadas a curto, médio e longo prazo. Acesso à Justiça no Plano Internacional.”

219
Pois bem, senhoras e senhores. Com superpovoados, pretensamente de segurança
oportunidade se leva a cabo, em Fortaleza, um máxima, onde, às escâncaras, em nome de
evento desta envergadura, de natureza organizações criminosas como o Comando
manifestamente acadêmica. Vermelho, o Primeiro Comando da Capital, o
Terceiro Comando e os Amigos dos Amigos
No plano internacional, agudiza-se a (ADA), com celulares e armas em punho, diante
insegurança ante o avanço no mundo globalizado dos holofotes da televisão (dessa mesma televisão
dos delitos transnacionais, a exacerbação do que promove entretenimentos infamantes com a
terrorismo e o recrudescimento de conflitos exploração da violência), intentam confrontar e
localizados, na África, no Oriente Médio, mais ridicularizar as autoridades constituídas e, a um
precisamente em Israel, na Faixa de Gaza, na tempo, zombar do Estado Democrático de Direito.
Cisjordânia, a par da ameaça de emprego de
armas químicas e biológicas, de destruição em Por toda parte a violência se dissemina,
massa. Kim Jong II, na chefia de um país isolado sem peias, sob a capa obscura da impunidade,
e faminto, ameaça o mundo com seu programa de traduzida nas encorpadas cifras negras do crime e
armas nucleares e o rompimento do acordo de nos milhares de mandados de prisão por cumprir.
armistício que, no distante ano de 1953, encerrou Os indicadores disponíveis mostram que a
a Guerra da Coréia. probabilidade de um homicida ser condenado e
sua pena ser executada é de um por cento. Nesta
Estamos, agora mesmo, vivenciando uma imensa Cidade de Deus em que se transformou o
nova guerra, uma manifestação de poder e barbárie Brasil, multiplicam-se os seqüestros, os assaltos à
que haverá de ter profundas repercussões mão armada, os estupros, os latrocínios, os
geopolíticas, agravando ainda mais as tensões assassinatos múltiplos e brutais (só em São Paulo
inflamadas pelos atentados de 11 de setembro. 1000 pessoas são mortas por mês); acintosamente
Impossível prever o que os tambores hegemônicos se atiram bombas de fabricação militar em
da guerra, tocados pelo belicismo maniqueísta do prédios públicos; cabines e quartéis da PM são
Presidente Bush e de Tony Blair, antecipam, à metralhados; policiais e facínoras se envolvem em
revelia do consenso das nações, para este novo tiroteios em zonas de grande movimentação
milênio marcado pela cizânia e pela ansiedade. Nos popular; roubos se tornam habituais nos
céus de Bagdá, a pretexto de uma intolerável cruzamentos com semáforos; ônibus são
legítima defesa preventiva, hoje se inscreve, com o depredados e incendiados nas praças e avenidas,
cinzel dos mísseis Tomahawk, o ocaso da ONU, de em atos rotineiros de vandalismo; juízes e
sua Carta, de seu Conselho de Segurança e do promotores são assassinados; rebeliões e fugas em
próprio direito internacional. É a consolidação da massa, sobretudo de delegacias travestidas de
arrogância de Zeus, entremostrada anteriormente prisões, removem em definitivo o véu que
com a rejeição do Protocolo de Kyoto e o não encobria as mazelas de um modelo presidial cuja
reconhecimento do Tribunal Penal Internacional. banda pobre (e aqui faço um parêntese para
No plano nacional, o crime organizado (e ressalvar uma parte do sistema onde se pratica
faço uso do rótulo cônscio de sua impropriedade, uma execução penal digna) está simbolizada no
ante a advertência de José Raúl Zaffaroni e Juarez Urso Branco, presídio em Porto Velho, Rondônia,
Cirino dos Santos) atua com desenvoltura, e tem onde mais de 1.000 reclusos vivem em condições
logrado, com táticas de terrorismo urbano, inumanas, em absurda e grotesca ociosidade.
implantar, em algumas cidades do país, o Império Todo esse cenário, de cores sombrias, que
do Medo. Verdade é que a inação do Estado, no suscita comparações com a vizinha Colômbia,
curso das últimas décadas, maiormente em denuncia a falta de segurança já incorporada ao
territórios como o Complexo do Alemão e o cotidiano do cidadão, desse cidadão que paga
Borel, no Rio de Janeiro, onde medra a impostos, luta para sobreviver num mundo hostil,
marginalização social, favoreceu a ação de e, sob o jugo do pavor, com receio de sair às ruas,
delinqüentes poderosos, particularmente de em especial durante a noite, debalde se esconde,
narcotraficantes, que escolheram o país como em sua flagrante vulnerabilidade, atrás de muros e
ponto estratégico de distribuição internacional da grades de papelão, ou simplesmente se isola nos
droga, buscam infiltrar-se insidiosamente nos três espaços protegidos dos condomínios fechados;
poderes e intimidam segmentos fragilizados da desse cidadão que rende graças a Deus quando
população aos quais impõem suas próprias leis, sua vida é poupada por seus algozes e é seduzido
muitas vezes do interior de presídios promíscuos, pelos mensageiros dos movimentos de lei e de

220
ordem, críticos veementes dos direitos humanos, colaborando intensamente no desmonte da rede de
arautos – na contramão do direito penal moderno, impunidade que nutre o descrédito nas instituições.
tendente à minimalização –, da necessidade de
estabelecer a pena de morte, de reduzir a idade da Orgulho-me de pertencer a um Conselho, o
responsabilidade penal e de agravar as sanções CNPCP, órgão de execução penal subordinado ao
punitivas, carimbando mais e mais crimes com o Ministério da Justiça, presidido pelo ilustre Dr.
sinete da hediondez, a fim de aumentar-lhes o Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, o qual, sem
lapso temporal e excluir os benefícios previstos cortejar a frustração, no ensinamento de Mário
em lei, como se a severidade abstrata da pena e César Flores, tem prestado um valioso apoio no
outras exasperações do gênero fossem capazes de enfrentamento da criminalidade e dos problemas
inibir a criminalidade, quando é de sabença carcerários, especialmente através da fixação de
notória que muito mais crucial do que severizar as diretrizes de política criminal quanto à prevenção
punições é assegurar-lhes o cumprimento. do delito, administração da justiça criminal e
execução das penas e das medidas de segurança.
Na outra ponta, no contexto de uma
violência menos visível, silenciosa, responsável por Encoraja-nos o convencimento de que o
prejuízos incalculáveis ao erário e à sociedade, Ministério da Justiça, sob a liderança do Exmo.
muito superiores à soma de milhares de pequenos Sr. Min. Márcio Thomaz Bastos, um dos mais
ilícitos, os criminosos de colarinho branco dão ilustres advogados criminais do Brasil, atuará
desfalques milionários, sonegam impostos, com firmeza e perseverança, e perseguirá – em
efetuam falências e concordatas ardilosas, pactuam um mandato de 04 anos, sem a descontinuidade
licitações fraudulentas, burlam a Previdência, que predominou num passado recente – a
branqueiam dinheiro do tráfico de drogas, praticam formação de uma nova cultura de segurança
a grilagem, malversam o dinheiro público com pública, fundada na proteção dos direitos
obras inacabadas, superfaturam compras humanos do cidadão
milionárias, enriquecem ilicitamente no exercício Senhoras e senhores. A guerra começou,
de mandatos eletivos e/ou remetem os lucros de porém os versos perenizados de Vinicius de
sua atividade corrupta para paraísos fiscais. Morais continuarão alertando-nos para a sua
É consensual o raciocínio de que inexiste absurdidade. Permitam-me que os relembre neste
uma solução mágica para a violência ostensiva, instante:
metastaseada, e que sua contenção passa não “Pensem nas crianças / mudas telepáticas
apenas por medidas, sob todos os aspectos Pensem nas meninas / cegas inexatas
positivas, de caráter repressor, pela contratação de Pensem nas mulheres / rotas alteradas
polícias civis, estaduais e federais, pela compra de Pensem nas feridas / como rosas cálidas
equipamentos, pela criação de um sistema de Mas, oh, não se esqueçam da rosa / da rosa da rosa
informações, pela capacitação de policiais na Da rosa de Hiroshima / a rosa hereditária
investigação de crimes financeiros e eletrônicos, A rosa radioativa / estúpida e inválida
pela depuração e integração das polícias, pela A rosa com cirrose / a anti-rosa atômica
proteção a testemunhas, por programas de Sem cor sem perfume / sem rosa sem nada.”
segurança comunitária, pela abertura de novas
vagas nas prisões etc. etc., como também – e Sejam bem-vindos. Declaro, a partir deste
fundamentalmente – por políticas públicas instante, oficialmente aberto o II CONGRESSO
coordenadas de inclusão social, pela melhoria das INTERNACIONAL DE PREVENÇÃO
condições de vida e trabalho, pela recuperação do CRIMINAL, SEGURANÇA PÚBLICA E
sucateado ensino público (seja fundamental ou ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA: UMA
universitário), pela reforma da legislação penal, VISÃO DO PRESENTE E DO FUTURO Á LUZ
processual penal e de execução penal, pelo DOS DIREITOS HUMANOS.
fortalecimento da defensoria pública, do
ministério público e do poder judiciário, com Que Deus nos abençoe.
vistas a garantir amplo e irrestrito acesso à justiça
É neste passo que cumpre à sociedade César Oliveira de Barros Leal
vestal mobilizar-se com todas as forças e adotar Presidente do Instituto Brasileiro de Direitos
uma conduta proativa, racional, solidária, Humanos e do II CONSEJUS

221
222
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE PREVENÇÃO
CRIMINAL, SEGURANÇA PÚBLICA E
ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA: UMA VISÃO
DO PRESENTE E DO FUTURO À LUZ
DOS DIREITOS HUMANOS
(FORTALEZA, 24 a 27 DE ABRIL DE 2003)
CARTA DE FORTALEZA

Os participantes do II Congresso Considerando a expectativa de que o


Internacional de Prevenção Criminal, Segurança governo e a sociedade, ante o recrudescimento da
Pública e Administração da Justiça: Uma Visão insegurança, devam aglutinar esforços com vistas
do Presente e do Futuro à Luz dos Direitos à prevenção e repressão do crime e o
Humanos, promovido pelo Instituto Brasileiro de aperfeiçoamento das instituições encarregadas da
Direitos Humanos (IBDH), em Fortaleza, no administração da justiça criminal;
período de 24 a 27 de março de 2003,
RECOMENDAM:
Considerando a extraordinária relevância
dos inúmeros temas que, sob um enfoque 1. Reflexão sobre a prática do terrorismo
multidisciplinar, foram objeto de debate, no curso que, nos últimos anos, tornou-se critério
de dez conferências e 18 painéis realizados, com a renovador para a revisão dos conceitos de
presença de representantes do Brasil, Uruguai, democracia, obrigando os estados a se
Argentina, México, Portugal e Itália; questionarem em relação às suas próprias
garantias constitucionais em nome do combate ao
Considerando o desafio imposto pela terrorismo;
violência e pela insegurança, cada vez mais
intensas e assustadoras, simbolizadas, no plano 2. Ações governamentais, sociais e
internacional, pelas cenas de horror a que comunitárias que fomentem o desenvolvimento
assistimos diariamente através da cobertura social integrado e assegurem à população viver
televisiva da guerra no Iraque (com profundas com o mínimo de dignidade e segurança;
repercussões sobre as relações internacionais, a
Carta das Nações Unidas e o Conselho de 3. Universalização do acesso às políticas
Segurança da ONU) e, no plano nacional, pelo sociais 0básicas e, em especial, aos subsídios dos
assassinato recente dos juízes Antonio José governos para as políticas de proteção às crianças
e aos adolescentes em risco social;
Machado Dias e Alexandre Martins, que
ganharam notoriedade por sua determinação de 4. Definição de políticas de segurança
enfrentar, com destemor, o crime organizado em pública que sejam eficazes na prevenção e na
seus estados; contenção do crime, coibindo-se a prática de
Considerando que a segurança pública, em arbitrariedades que tenham como pretexto a
qualquer parte do mundo, não pode ser encarada preservação da segurança e da ordem pública;
apenas sob o viés repressor ou, melhor dito, não 5. Intercâmbio entre organizações de
se restringe a uma questão de polícia, entendendo- segurança pública e a integração dos sistemas de
se à unanimidade que vem a ser imperiosa a informação;
adoção de políticas públicas de inclusão social
que atentem para a promoção dos direitos 6. Incentivo à reflexão sobre o poder da
humanos dos cidadãos; mídia de formar e deformar a opinião pública,

223
quando interesses privados (de grupos ou pessoas) direitos humanos e o fortalecimento do estado
se opõem ao interesse público, ressaltando-se que democrático de direito;
ditos meios devem produzir e incentivar
programas, entrevistas e debates de caráter 16. Maior proteção à família dos agentes do
educativo, visando a prevenir a violência e a sistema de segurança pública e justiça (policiais,
criminalidade; agentes penitenciários, promotores de justiça e
membros do poder judiciário) que falecem no
7. Oposição aos movimentos de lei e de estrito cumprimento do dever legal;
ordem que insistem em advogar, como forma de
enfrentamento da criminalidade, na lição 17. Ampliação de recursos humanos e
judiciosa do Prof. Luiz Flávio Gomes, “o materiais das Guardas Municipais para a
irracional (pena de morte), o inconstitucional prevenção de delitos, especialmente aqueles
(prisão perpétua), o absurdo (o agravamento das cometidos contra turistas, posto que uma das
penas, mais rigor na execução) e o aberrante atribuições das referidas Guardas é exatamente a
(diminuição da maioridade penal);” proteção do turista (nacional ou estrangeiro), dos
bens e da ordem pública;
8. Atuação coordenada entre as diversas
instituições encarregadas da persecução criminal 18. Padronização dos registros do sistema de
e o estabelecimento de um sistema permanente de justiça criminal; em prol da integração de
inteligência; informações e interoperabilidade dos respectivos
órgãos;
9. Reconhecimento de que é inadmissível o
hiato entre a qualificação e a sofisticação 19. Aprovação do PL que trata da Organização
predominantes no universo dos delinqüentes e a das Polícias Civil e Militar;
insuficiência, o despreparo e a obsolescência dos
equipamentos dos órgãos de segurança; 20. Valorização do papel da defensoria
pública – cuja criação e implantação se impõem
10. Repúdio aos cortes nos orçamentos dos em todas as unidades federativas – como
governos estaduais e federal, na área social e de garantidora dos direitos individuais da grande
segurança pública, assegurando que a dotação de massa de acusados ou condenados desprovidos de
recursos desses setores seja vinculada ao próprio condições financeiras de custear sua defesa;
orçamento;
21. Efetivação de reformas que promovam
11. Reforma urgente da legislação penal, mudanças profundas na polícia, através de
processual penal e de execução penal, dando-se investimentos mais elevados no policiamento
continuidade aos estudos realizados nesse sentido, preventivo e comunitário, bem como da
nos últimos anos, por diferentes comissões no reestruturação e da integração das polícias civil e
âmbito do Ministério da Justiça; militar;

12. Implementação de uma política penal 22. Fortalecimento da atuação da Central


voltada para o princípio da proporcionalidade da Nacional de Apoio e Acompanhamento das Penas
aplicação da pena face ao valor do bem e Medidas Alternativas (CENAPA), a fim de dar
juridicamente tutelado; seqüência a uma das mais exitosas experiências
no âmbito da execução penal;
13. Instituição do Ministério da Segurança
Pública, da Escola Superior de Segurança e do 23. Federalização de prisões estaduais ou
Centro de Estudos de Alto Nível em Segurança; edificação de prisões federais de máxima
segurança, em observância ao disposto no
14. Delegação aos Estados da tarefa de parágrafo 1º do art. 86 da Lei de Execução Penal;
fiscalizar as empresas especializadas de segurança
privada, em razão das afinidades entre suas 24. Construção de novas prisões a fim de
atividades quanto à proteção de bens e pessoas; minimizar o problema da superlotação e da
promiscuidade, dando aos reclusos assistência
15. Instalação de ouvidorias de polícia em jurídica, à saúde, educacional, laboral, religiosa,
todos os estados para a garantia do pleno de modo a humanizar a execução, tal como
exercício da cidadania, a cobrança do respeito aos recomenda o art. 10 do Pacto Internacional de
Direitos Civis e Políticos;

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25. Adequação da política criminal do Estado América Latina, como prevê a Constituição
aos termos da Resolução n. 8, de 09 de dezembro Federal.
de 2002, do Conselho Nacional de Política
Criminal e Penitenciária, que dispõe sobre a Os participantes esperam que as
privatização/tercerização do sistema autoridades constituídas não encarem as presentes
penitenciário; Recomendações como meras reflexões teóricas,
porquanto fundadas na experiência daqueles que,
26. Estímulo à implantação de programas de no exercício de diferentes funções dos poderes
proteção às vítimas e testemunhas ameaçadas; executivo, legislativo e judiciário, nos diversos
países aqui representados, compartilham a
27. Elaboração de um projeto de lei no sentido expectativa de um mundo melhor, menos
de que a pessoa cuja renda ou patrimônio sejam inseguro, mais humano. No mesmo passo
manchados pela ilicitude deva ser representada consignam que, dada a amplitude dos temas
exclusivamente por defensor público, tendo em abordados, não lhes foi possível reunir nesta Carta
vista a possibilidade de que os honorários todas as recomendações e sugestões que
percebidos pelo advogado privado se confundam afloraram nos debates ocorridos nos dias 24 a 27
com produto de crime (resulta inadmissível que de março de 2003, durante o Congresso, tendo-se
os chefes do crime organizado possuam dado ênfase, naturalmente, à realidade brasileira.
verdadeiros “departamentos jurídicos privados”,
enquanto servidores do sistema de justiça Na expressão do Dr. Sergio García
criminal, policiais inclusive, são pesadamente Ramírez, vice-Presidente da Corte Interamericana
onerados com despesas advocatícias advindas de de Direitos Humanos, em sua exposição sobre
questões relativas ao exercício técnico- “Crime e Prisão no Novo Milênio”, “dificilmente
profissional); habrá novedades absolutas; pero pudieran surgir
visiones más lúcidas sobre los progresos y los
28. Formulação de uma lei federal especial regresos en el largo camino de la seguridad y la
alfandegária única, para os municípios brasileiros justicia.”
em área de fronteira internacional, visando à
integração comercial e cooperação diplomática e
jurisdicional em matéria de direitos humanos, na Fortaleza, 27 de março de 2003.

225
226
CONSELHO EDITORIAL

Antônio Augusto Cançado Trindade (Presidente de Honra)


Ph.D. (Cambridge – Prêmio Yorke) em Direito Internacional; Professor Titular
da Universidade de Brasília e do Instituto Rio Branco; Juiz e Presidente da Corte
Interamericana de Direitos Humanos; ex-Consultor Jurídico do Ministério das
Relações Exteriores do Brasil; Membro dos Conselhos Diretores do Instituto
Interamericano de Direitos Humanos e do Instituto Internacional de Direitos
Humanos; Membro Titular do “Institut de Droit International”.

César Oliveira de Barros Leal (Presidente)


Mestre em Direito; Procurador do Estado do Ceará; Professor da Faculdade de
Direito da Universidade Federal do Ceará; Membro Titular do Conselho
Nacional de Política Criminal e Penitenciária; Membro da Sociedade Americana
de Criminologia e da Academia Brasileira de Direito Criminal; vice-Presidente
da Sociedade Brasileira de Vitimologia; Membro da Academia Cearense de
Letras e da Academia de Ciências Sociais do Ceará.

Paulo Bonavides (1o vice-Presidente)


Doutor em Direito; Professor Emérito da Faculdade de Direito da Universidade
Federal do Ceará; Professor Visitante nas Universidades de Colonia (1982),
Tennessee (1984) e Coimbra (1989); Presidente Emérito do Instituto Brasileiro
de Direito Constitucional; Doutor Honoris Causa pela Universidade de Lisboa;
Titular das Medalhas “Rui Barbosa” da Ordem dos Advogados do Brasil (1996)
e “Teixeira de Freitas” do Instituto dos Advogados Brasileiros (1999).

Washington Peluso Albino de Souza (2o vice-Presidente)


Professor Emérito da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas
Gerais; ex-Diretor e Decano da Faculdade de Direito da Universidade Federal de
Minas Gerais; Presidente da Fundação Brasileira de Direito Econômico.

Antônio Álvares da Silva


Professor Titular de Direito do Trabalho da Faculdade de Direito da
Universidade Federal de Minas Gerais; Juiz Togado do Tribunal Regional do
Trabalho – TRT – da 3ª Região.

227
Antônio Celso Alves Pereira
Ex-Reitor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro; Professor de Direito
Internacional Público da Faculdade de Direito da Universidade Estadual do Rio
de Janeiro; Professor de Política Internacional da Universidade Federal do Rio de
Janeiro.

Antônio Paulo Cachapuz de Medeiros


Consultor Jurídico do Ministério das Relações Exteriores do Brasil; Professor de
Direito Internacional da Universidade de Brasília, da Universidade Católica do
Rio Grande do Sul e da Universidade do Vale do Rio dos Sinos.

Arnaldo Oliveira
Diretor-Presidente da Editora Del Rey; Especialista em Publicações na Área
Jurídica.

Carlos Weis
Procurador do Estado de São Paulo; Professor de Direitos Humanos da
Academia de Polícia do Estado de São Paulo.

Emmanuel Teófilo Furtado


Mestre em Direito; Doutorando pela Universidade Federal de Pernambuco; Juiz
do Trabalho; Professor da Faculdade de Direito da Universidade Federal do
Ceará.

Gonzalo Elizondo Breedy


Professor Titular da Universidade da Costa Rica; ex-Diretor da Área de
Instituições Públicas do Instituto Interamericano de Direitos Humanos.

Hélio Bicudo
Ex-Deputado Federal (Partido dos Trabalhadores – São Paulo); Membro e
Presidente da Comissão Interamericana de Direitos Humanos; vice-Prefeito de
São Paulo.

Hermes Vilchez Guerrero


Mestre em Direito; Professor da Faculdade de Direito da Universidade Federal
de Minas Gerais; Professor da Faculdade Mineira de Direito da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais; Membro Titular do Conselho Nacional
de Política Criminal e Penitenciária; Secretário Geral da Ordem dos Advogados
do Brasil, Seção de Minas Gerais; Membro do Conselho Editorial da Livraria
Del Rey Editora Ltda..

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Jaime Ordóñez
Professor Titular da Universidade da Costa Rica; ex-Diretor do Programa de
Administração da Justiça do Instituto Interamericano de Direitos Humanos.

Manuel E. Ventura Robles


Secretário da Corte Interamericana de Direitos Humanos; Membro Associado do
Instituto Hispano-Luso-Americano de Direito Internacional.

Margarida Genevois
Membro da Comissão de Justiça e Paz do Estado de São Paulo; Coordenadora
da Rede Brasileira de Educação em Direitos Humanos.

Maria Glaucíria Mota Brasil


Mestre em Sociologia; Doutora em Serviço Social; Professora Adjunta do
Departamento de Serviço Social e do Mestrado em Políticas Públicas e
Sociedade da Universidade Estadual do Ceará.

Nestor José Méndez González


Advogado; Professor da UNAM; Diretor Geral do Instituto Nacional de Apoio a
Vítimas e Estudos em Criminalidade (México).

Renato Zerbini Ribeiro Leão


Representante do ACNUR no Brasil; Pesquisador Associado na Universidade de
Brasília; Professor da UniCEUB em Brasília; Advogado.

Roberto Cuéllar
Diretor Executivo do Instituto Interamericano de Direitos Humanos; ex-Diretor
de Investigação e Desenvolvimento do Instituto Interamericano de Diretos
Humanos.

Sílvia Maria da Silveira Loureiro


Mestre em Direito pela Universidade de Brasília; Advogada do Centro de
Direitos Humanos de Manaus (Amazonas).

Willis Santiago Guerra Filho


Doutor em Ciência do Direito pela Universidade de Bielefeld (Alemanha);
Professor da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará.

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