princípios e propósitos:
4.1. Adoção de uma nova postura frente o daltonismo cultural presente nas escolas: que leva o
professor a limitar a diversidade e ver todos os estudantes como idênticos, não valorizando as
origens culturais e as vivências de cada um. A fim de sensibilizar os professores sobre essa
realidade, são propostas algumas estratégias:
4.1.2. Resgatar histórias de vida e estudar casos reais, de forma a estimular a discussão
de situações em que alguém ou eles próprios foram depreciadas ou desrespeitadas.
Tais estratégias levam os professores a adotarem uma nova postura que estimula a
desconstrução de estereótipos e verdades que se instalam na cultura escolar.
Tais análises levam ao confronto de pontos de vista, que possibilita explorar os diversos
motivos implicados nos fatos históricos, trazendo à tona outras perspectivas, enfoques,
intenções, propósitos, escolhas, relações de poder, etc. fazendo com que o aluno possa
reescrever o conhecimento, criando novas abordagens e influências que as diferentes culturas
exercem sobre as novas gerações.
O que é sugerido pelos autores não é a substituição de um conhecimento por outro e sim a
exploração e o confronto de diferentes saberes, manifestações culturais, obras literárias, etc.
4.3. Deve-se explicitar a ancoragem social dos conteúdos, evidenciando a construção social e
os rumos decorrentes dos conhecimentos e proporcionando uma maior compreensão sobre
como e que contexto social um dado conhecimento surgiu e se difundiu. A exploração dessas
questões ajuda a desafiar perspectivas e permite aos estudantes analisar quem ganha e quem
perde com as formas de emprego desses conhecimentos e abre espaço para a diversidade.
4.5.1. O outro como fonte de todo mal: na escola, essa primeira perspectiva mostra-se
presente quando, por exemplo, atribuímos o fracasso escolar dos alunos às suas características
sociais ou étnicas ou diferenciamos os tipos de escolas segundo a origem social dos
estudantes;
4.5.2. O outro como sujeito pleno de um grupo cultural: ocorre quando nos limitamos a
abordar o outro de forma genérica e “folclórica”, apenas em dias especiais, tais como o Dia do
Índio ou Dia da Consciência Negra.
4.5.3. O outro como alguém a tolerar: nesse caso, podemos tanto admitir a existência de
diferenças quanto a aceitá-las. No entanto, quando admitidos as diferenças, há um paradoxo.
Se aceitamos, por exemplo, todo e qualquer diferente, deveríamos aceitar os grupos cujas
marcas são comportamentos antissociais ou opressivos, como os racistas. Sendo assim, a
adoção dessa perspectiva para a prática pedagógica pode impedir que tomemos posição em
relação aos valores que dominam a cultura contemporânea.
o modo como concebemos a condição humana pode bloquear nossa compreensão dos outros,
por isso, é importante promover processos educacionais que promovam a identificação de
suposições que carregamos de forma implícita e que nos impedem de nos aproximar da
realidade dos outros.
4.6. Os autores sugerem que o currículo deve se tornar um espaço de crítica cultural, onde
pode-se incluir alguns artefatos culturais que circundam o aluno, de modo que a cultura dos
estudantes e da comunidade possa interagir com outras manifestações e outros espaços
culturais. Pode ser útil que os profissionais de educação da escola verifiquem se podem contar
com alguns recursos da comunidade e elaborem alguma forma de atrair outros recursos que
se tornem familiares aos alunos, tornando a escola um espaço cultural.
4.7. O currículo, em cada escola, deve ser um espaço de pesquisa. Todo profissional da
educação precisa se comprometer com o estudo e com a pesquisa, bem como posicionar-se
politicamente, pois, assim, poderão aperfeiçoar seu desempenho profissional, poderão se
situar melhor no mundo e se engajar na luta por melhorá-lo. Poderão, ainda, despertar nos
alunos o espírito de pesquisa, de busca, de ter prazer no aprender, no conhecer coisas novas.
Sem esse esforço, será impossível propiciar ao aluno uma compreensão maior do mundo em
que vive.