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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

Projeto de Pesquisa

DISCIPLINA MONOGRAFIA

O mito de Èṣù-Yangí como proposta de ensino em


Química

Orientador: Paulo Rogério Garcez de Moura

Coorientadora: Kiusam Regina de Oliveira

Aluno: Matheus Barbosa Belchior

Vitória/ES
2018/1

Projeto

Título: O mito de Èṣù-Yangí como proposta de ensino em Química

Aluno:
Matheus Barbosa Belchior
Orientador:
Paulo Rogério Garcez de Moura
Coorientadora:
Kiusam Regina de Oliveira

Área/Subárea de atuação: Ensino de Química/Estudos Culturais da Ciência

Centro/Departamento Centro de Ciências Exatas/ Departamento de Química


Acadêmico: Centro de Educação/ Departamento de Teorias do Ensino e
Práticas Educacionais
Resumo: Partindo do entendimento que o ensino da cultura africana e afro-brasileira é
obrigatório em todo currículo da educação básica (Lei 10.639/03), o trabalho tem como objetivo propor
uma sequência didática de valorização da cultura ioruba pautada no mito de Exú e a pedra de laterita. O
projeto a ser desenvolvido buscará “desdemonizar” a figura de Exu e apresentará a verdadeira
concepção desse orixá a partir de um estudo sob o viés químico dos materiais lateríticos.

Palavras chave: Exu; Laterita; Ensino de Química; Lei 10.639/03

1. INTRODUÇÃO

Laroyê!
As religiões africanas e afro-brasileiras são alvos da perseguição e da discriminação cultural desde
a diáspora africana, promovida pelo processo de escravização do negro africano pelos europeus e por uma
ideologia racista. Consequentemente, os negros e seus descendentes foram impedidos de exercer a
religiosidade1. Houve, então, o desprezo da cultura africana em sua total forma, desde seus sistemas
filosóficos à liturgia religiosa, pelos europeus, tendo em vista que nas tradições africanas não há a
dissociação do sagrado da ciência1, 2.

Como forma de resistência, vários movimentos negros se mobilizaram para combater o histórico,
reconhecidamente, racista da sociedade brasileira. Um dos frutos dessa luta antirracista é a implementação
da lei 10.639/03 que torna obrigatório o ensino da cultura e história africana e afro-brasileira em todo
âmbito curricular escolar da educação básica3. A lei 10.639/03 combate a educação hegemônica que
privilegia a cultura eurocêntrica e exclui aquelas de matrizes africanas. Logo, a proposta de valorização da
história e da cultura africana e afro-brasileira vem para garantir os direitos e a valorização de identidades4.

Apesar dos esforços contra o racismo, a intolerância contra religiões de matrizes africanas se
mantém presente na contemporaneidade. Os ataques partem, majoritariamente, de pessoas intituladas
cristãs protestantes, devido a concepções racistas que os mesmos possuem das divindades africanas
(orixás, inquices, etc.), em particular o orixá Èṣù (Exu, em português).

Para a religião ioruba, Èṣù é uma entidade de muita importância e de significação muito diferente
daqueles que o assimilam ao diabo. Segundo Juana Elbein dos Santos5, ele é o princípio dinâmico e de
expansão de tudo o que existe, sem ele a vida não se desenvolveria. Ligado ao sistema de comunicação,
tão importante é a representação de Èṣù no candomblé que ele é o primeiro orixá a quem deve ser feito o
ébó, oferenda, a fim de estabelecer a conexão entre o àiyé e o òrun, terra e o além5, 6.

Em um dos ìtán, conjunto de histórias da mitologia ioruba passadas de geração em geração pela
tradição oral7, Èṣù devora sua mãe e, em seguida, é perseguido por seu pai Òrúnmìlà que o corta em
pedaços de Yangí, ou seja, pedaços de laterita. Então, como modo de reconciliação com seu pai, cada
Yangí poderia ser utilizado por Òrúnmìlà como sendo o verdadeiro Èṣù8. Logo, Èṣù-Yangí é constituído
da matéria de origem, que segundo o mito de gênese é a pedra vermelha de laterita. A laterita torna-se
uma representação de Èṣù e pedaços de laterita incrustados no chão indicam o local de adoração ao orixá5.

O conceito de laterita não é bem definido por teóricos, devido aos diversos modelos desenvolvidos
para a definição de formações geológicas. No entanto, e de maneira geral, podem ser definidas como
formações decorrentes do processo laterização e que possuem como características grandes concentrações
de ferro e alumínio9, 10.

É no sentido de valorização da cultura africana e afro-brasileira que o presente trabalho propõe a


utilização do mito de Èṣù-Yangí como premissa para o estudo da química dos solos, em específico a
laterita, e visando uma compreensão mais acurada do que vem a representar Exu para o candomblé.

2. OBJETIVO
Utilizar o mito de Èṣù-Yangí (pedra de laterita) e o estudo dos solos com a finalidade de
“desdemonizar” a representação da figura de Exu, promovendo, então, o ensino da cultura afro-brasileira
e africana na disciplina de química.

3. METODOLOGIA
A sequência didática a ser desenvolvida englobará desde discussão dos temas a serem abordados
à experimentação, aspecto fundamental para uma maior compreensão dos fenômenos químicos. Além
disso, em algumas etapas do processo, será privilegiada a tradição oral e outros gêneros africanos.

Como primeira aproximação do tema, será realizada uma pesquisa qualitativa com os alunos
sobre a concepção que os mesmos carregam sobre Exu. Para isso, os alunos deverão fazer um mapa
conceitual do tipo teia de aranha sobre as palavras que eles associam às palavras-chave. Serão
selecionadas quatro divindades de diferentes mitologias (Zeus, da mitologia grega; Thor, da mitologia
nórdica; Jesus, da mitologia cristã; e Exu, da mitologia ioruba) e, em seguida, os alunos associarão essas
quatro figuras a, no mínimo, cinco palavras que lhes vem à cabeça. Após a atividade, será apresentado o
trabalho a ser proposto e o cronograma de atividades.

No segundo encontro, será mostrado a problematização principal do trabalho. Logo, será


realizada uma discussão sobre o que Exu representa para os alunos e para a sociedade, como ferramenta
pedagógica a música do rapper “Baco Exu do Blues” intitulada “Esú”. Após a discussão será resgatada
um breve histórico da diáspora africana e do candomblé no Brasil para poder situar as concepções
existentes acerca de Exu e para complementar a discussão.

Na terceira parte, será abordado sobre o orixá Exu. A aula consistirá basicamente na explicação
da representação de Exu no candomblé. Para isso, serão utilizados alguns mitos e orikis que explicarão as
características e funções desse orixá no culto. Nessa aula, será mostrado e explicado o mito de Exu Yangi
e a pedra de laterita.

Na quarta e quinta aula será trabalhada a química do solo com o enfoque na laterita. Será
explicado o conceito geológico e algumas características desse solo (característica química, física e
geográfica). Alguns outros mineirais, característicos dos solos lateríticos, poderão ser abordados. A
abordagem será por um enfoque químico, por isso trabalharemos com os metais da tabela periódica e
métodos de análise qualitativa e quantitativa dos metais no solo. A dinâmica desta etapa da sequência
didática consistirá na experimentação em conjunto com uma aula teórica.

Na última aula, será resgatado todo o conhecimento gerado nessas cinco aulas. Para isso, os
alunos farão uma síntese do que foi discutido e estudado na forma de um oriki. Para isso, será instruído
como é construído um oriki e suas características. Os alunos terão a liberdade de decidir o que, dentro da
sequência didática realizada, deve estar dentro do oriki. No entanto, será prezada a presença do orixá Exu
e da laterita no texto (oral ou escrito).
4. PLANO DE TRABALHO/CRONOGRAMA
Inicialmente será realizada a revisão bibliográfica para obter os apoios teóricos que legitimam a
realização do trabalho. Tratando de um tema que pode gerar reações negativas e contrárias a que o projeto
propõe é de suma importância ter em mãos estudos que fundamentem e contribuem para que há a
continuidade do trabalho. As atividades 2 à 7 referem-se à sequência didática planejada.

ATIVIDADES
Lista de atividades*
1 – Revisão bibliográfica
2 – Aplicação do questionário diagnóstico e apresentação do trabalho
3 – Discussão sobre o tema
4 – Aula sobre Exu
5 – Aula experimental sobre laterita
6 – Aula experimental sobre laterita
7 – Síntese do projeto e confecção de orikis
8 – Elaboração da monografia
9 – Apresentação da monografia

CRONOGRAMA (Março/2018 a Julho/2018)

Atividade Março Abril Maio Junho Julho


1 x x x x x
2 x
3 x
4 x
5 x
6 x
7 x
8 x x x x x
9 x

5. BIBLOGRAFIA
1. Nascimento, A. O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. ed. 3. São Paulo:
Perspectiva, 2016;
2. Hampâte Bâ, A. H. A tradição viva. In: História geral da África I: metodologia e pré-história da África.
ed. 2. Brasília: UNESCO, 2010.
3. Brasil. LDB: Lei de diretrizes e bases da educação nacional. Brasília: Senado Federal, 2017.
4. Poli, I. S. Pedagogia dos orixás: o filho da rainha das águas (Ayabá) e o segredo dos olhos do rei
(Ojuobá). São Paulo: Terceira Margem, 2015;
5. Elbein dos Santos, J. Os nagô e a morte: Pàde, Àsèsè e o culto Égunna Bahia. ed. 14. Petrópolis: Vozes,
2012;
6. Poli, I. S. Antropolgia dos orixás: a civilização Yorubá através dos seus mitos, orikis e sua diáspora. São
Paulo: Terceira Margem, 2011;
7. Santos, R. J. Caminhos da literatura ioruba no Brasil: oralidade, escrita e narrativas virtuais. ANTARES,
v.8. n. 16. Jul.-Dez. 2016. p. 277-301.
8. Prandi, R. Mitologia dos orixás. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
9. Augustín, C. H. R. R.; Lopes, M. R. S.; Silva, S. M. Lateritas: um conceito ainda em construção. Rev.
Bras. de Geomorfologia. v. 14. n. 3. Jul-Set. 2013. p. 241-257.
10. Siqueira, A. C. A.; Magini, C.; Dantas, E. L.; Fuck, R. A.; Sasaki, J. M. Lateritas do Domínio Médio
Coreaú: comportamento geoquímico de mantos lateríticos do noroeste do estado do Ceará. Brazilian Journal
of Geology, 44(2): 249-264, Junho. 2014;

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