GILSON ROCHA
NATAL/RN
2013
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DIREITO TRIBUTÁRIO: AULA 01
Conceito: é o ramo do direito público que estuda princípios e normas reguladores das
atividades de criação, cobrança e fiscalização de tributos. (criação: é uma atividade
desempenhada pelo Poder Legislativo; Cobrança e fiscalização: desempenhada pelo Poder
Executivo).
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre:
I – direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
ATENÇÃO!
O Município também legisla sobre direito tributário, mas com fundamento no interesse
local;
Sempre que a competência for concorrente caberá a União editar as normas gerais, as
normas gerais estão na Lei 5.172/66 (Código Tributário Nacional – CTN). A natureza jurídica
do CTN é formalmente uma lei ordinária, e materialmente uma lei complementar.
etc.))
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A competência tributária tem as seguintes características: indelegabilidade,
privatividade, facultatividade, irrenunciabilidade, incaducabilidade, inampliabilidade.
Art. 3˚ Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela
se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante
atividade administrativa plenamente vinculada.
Tributo é:
a) Uma obrigação legal: significa que o tributo sempre surge da lei, NUNCA DO
CONTRATO - As convenções particulares não podem ser opostas a Fazenda
Pública. Ex: o contrato de locação que “transfere” ao inquilino o dever de pagar
IPTU não vale perante o Fisco;
b) Uma prestação pecuniária: em moeda - o tributo é sempre uma obrigação de dar.
É uma obrigação de dar uma quantia em dinheiro ao Estado. Nunca será obrigação
de fazer ou de não fazer;
c) Não constitui sanção por ato ilícito: tributo ≠ multa – tributo surge da prática de
um ato lícito (fato gerador), enquanto a multa surge de um ato ilícito (infração);
d) É cobrado por lançamento: atividade plenamente vinculada, não é discricionária;
e) É uma prestação compulsória: o pagamento do tributo é obrigatório, não
facultativo.
São cinco:
a) Impostos;
b) Taxas;
c) Contribuições de melhorias;
d) Empréstimos compulsórios;
e) Contribuições especiais;
Impostos, taxas e contribuições: é o fato gerador que define o tributo (Art. 4º do CTN),
sendo irrelevante a denominação e a destinação do dinheiro arrecadado.
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Art. 4 A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da
respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la.
I – a denominação e demais características formais adotadas pela lei;
II – a destinação legal do produto da sua arrecadação.
IMPOSTOS:
ATENÇÃO! O princípio da não afetação (Art. 167, IV, da CF): proíbe a vinculação
da receita de impostos a órgão fundo ou despesa.
II/ IE/ IOF/ IR/ IPI/ ITR/ IGF. ICMS/ IPVA/ ITCMD. IPTU/ ISS/ ITBI.
Impostos em Espécies:
IPTU: Pode ter alíquotas progressivas, de acordo com o (Art. 32 do CTN), o IPTU
incide sobre imóveis localizados em área definida como urbana pela lei municipal (deve ter
pelo menos duas melhorias públicas). Ex: iluminação, energia elétrica, etc. O direito tributário
utiliza o critério da LOCALIZAÇÃO.
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Art. 32. O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e
territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem
imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana
do Município.
§ 1˚ Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a definida em lei
municipal, observada o requisito mínimo da existência de melhoramentos indicados em pelo
menos dois dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder Público:
I - Meio fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais;
II - Abastecimento de água;
III - Sistema de esgotos sanitários;
IV - Rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar;
V - Escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de três quilômetros do
imóvel considerado.
§ 2˚ A lei municipal pode considerar urbanas as áreas urbanizáveis, ou de expansão
urbana, constantes de loteamentos aprovados pelos órgãos competentes, destinados à
habitação, à indústria ou ao comércio, mesmo que localizados fora das zonas definidas nos
termos do parágrafo anterior.
ISS: não incide sobre locação de bem, pois não é considerado serviço. Súmula
vinculante 31. Em regra o ISS é devido no Município da sede do prestador, EXCETO
construção civil paga no local da prestação;
ITBI: exame 2010.3: se no divórcio o marido transfere para a esposa um imóvel além
do valor da meação não incide ITBI. O ITBI só incide sob transmissão onerosa (compra e
venda). Essa transferência teria que pagar ITCMD (uma doação);
ICMS: não incide sobre arrendamento mercantil (STF). Lembrar que três serviços
pagam o ICMS (comunicação, transporte intermunicipal e transporte interestadual);
IGF: é criado por lei complementar. A União não tem prazo para criar (a competência
tributária é facultativa e incaducável). O IGF tem que respeitar as duas anterioridades (anual e
nonagésimal).
TAXAS:
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São tributos VINCULADOS dependem de uma atividade estatal, pois remuneram a
atividade estatal;
“As taxas não terão base cálculo própria de impostos (art. 145, §2°, CF)”
A taxa pode ser cobrada por fruição efetiva ou potencial (serviço à disposição).
CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA:
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b) Limite individual: a valorização em cada imóvel.
O que está previsto no (Art. 148 da CF) não representa fato gerador do empréstimo
compulsório. São apenas hipóteses que autorizam a União a instituir o tributo. O
EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO PODE TER UM FATO GERADOR QUALQUER,
mesmo que seja igual do imposto, de taxas, como também contribuição.
Restituíveis;
Só podem ser criadas por lei complementar (temas de LC não admitem MP);
As duas hipóteses não são fato gerador e sim as situações que autorizam a criação do
tributo:
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ATENÇÃO! o valor arrecadado com o empréstimo compulsório fica vinculado à
situação que ensejou sua cobrança (Art. 148, par. único) - a lei que cria o empréstimo
compulsório tem que definir a sua finalidade (vetado o desvio de finalidade);
Não se admite mais empréstimo compulsório para situação que exige a absorção
temporária do poder aquisitivo da população. (enxugamento da moeda). (Art. 15, III, do CTN)
esta revogada pela CF/88.
Tributação de guerra: diante de uma guerra externa a CF/88 prevê dois instrumentos
tributários para obtenção de recurso.
O imposto de guerra poderá continuar sendo cobrado por mais 05 anos depois de
celebrada a paz, desde que essa exigência seja reduzida gradativamente.
ATENÇÃO! As contribuições podem ter fato gerador e base de cálculo próprio de imposto.
(Contribuições podem bi tributar). Ex.: COFINS pode ter o mesmo fato gerador do imposto de
importação.
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Distrito Federal e Municípios podem cobrar contribuição de iluminação pública
(COSIP), facultada a arrecadação na fatura da energia residencial (Art. 149 - "A" da
CF).
Contribuições sociais (Art. 195 da CF): são cobradas para custeio da seguridade
social. Ex.: PIS, COFINS, CSLL. Existem dois tipos de contribuições sociais, as
específicas (são aquelas destinadas a custear a seguridade social) e as genéricas (custear
a educação);
Contribuições de intervenção no domínio econômico (CIDEs): são cobradas como
instrumento para disciplina estatal de alguns setores da economia. Ex: CIDES
combustível (envolve petróleo e seus derivados; gás natural e derivados; bem como o
álcool combustível). Alíquotas da CIDE combustível (art. 177, §4º, I, b da CF), podem
ser alteradas por decreto, e quando forem alteradas não se sujeitarão ao exercício
financeiro, pode ser cobrado no mesmo ano desde que sejam respeitados os 90 dias;
Contribuições de interesse das categorias das categorias profissionais ou
econômicas: instrumento de poder de polícia – fiscalização da economia. Ex.:
contribuição sindical.
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA:
Características da competência:
d) Irrenunciável.
Não confundir com capacidade tributária ativa (aptidão para arrecadar tributos),
podendo ser delegada por meio de lei. (Art. 7º do CTN) – parafiscalidade;
Modalidades de competência:
a) Privativa: impostos;
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b) Comum: taxas e contribuições de melhorias;
e) Extraordinária.
ATENÇÃO! também se sujeitam a repartição de receitas o IPI, IOF sobre o ouro e a CIDE
combustíveis.
REPARTIÇÃO DE RECEITAS:
1. Princípios;
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2. Imunidades.
Objetivos:
1) Preservar a autonomia dos entes federados;
2) Dirimir as desigualdade econômicas existentes entre os entes políticos;
Sistema de repartição de receitas: a União reparte primeiramente com os Estados,
depois DF e por último os Municípios. Já o Estado reparte com os Municípios. E os Municípios
por sua vez não repartem com ninguém.
Objeto: por regra, o tributo que tem a receita repartida são os impostos. Exceção: a
CIDE combustível também tem a sua receita repartida. Então, a União reparte com Estado, DF
e Municípios;
A CIDE combustível é a única contribuição que tem a sua receita repartida.
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PRINCÍPIOS (Art. 150 da CF):
Conceito: são normas constitucionais que devem ser observadas por todos os entes
políticos e aplicadas a todas as espécies tributárias.
1. Princípio da legalidade:
Regra: é vedado aos entes federados exigir tributos, sem lei que os estabeleçam.
Lei ordinária ou lei complementar: a CF aponta quando é LO ou LC. Se a CF silencia
quanto ao tipo de lei é LO;
Ex de LC: empréstimo compulsório, imposto sobre grandes fortunas, impostos
residuais, contribuições sociais e residuais. (LO CF silente, LC CF fixa).
ATENÇÃO! a rigor os tributos são instituídos por LO, só serão por LC quando a CF assim
fixar.
Pergunta: é possível utilizar MP para tributos? Resposta: sim. Caberá MP para aqueles
tributos que sejam instituídos por LO.
Não cabe MP para LC (Art. 62, §1º, III, da CF):
Para majorar ou reduzir (alterar alíquota) um tributo, precisa de lei, mas há exceções.
Exceções à legalidade (Art. 153, §1º, da CF):
Podem ter alíquotas alteradas por decreto: II/ IE/ IOF/ IPI.
ATENÇÃO! segundo a CF, decreto só serve para modificar as alíquotas; uma vez que
a base de cálculo só pode ser modificada por lei.
EXCEÇÕES À LEGALIDADE:
CIDE Combustível (Art. 177, §4º, I, “b”, da CF): também pode ser majorada ou
alterada por decreto;
ICMS Combustível: suas alíquotas são definidas por convênio firmado entre os estados
membros e o DF;
Atualização ≠ majoração
Decreto Lei
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A atualização ocorre desde que seja utilizado o índice oficial de correção monetária
(súmula 160 do STJ).
Compulsórios e o IEG.
CIDE combustível e o
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ICMS combustível.
As imunidades são:
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Garantias fundamentais do contribuinte: as imunidades constituem cláusulas
pétreas;
Tipos de imunidades:
Imunidade ≠ isenção.
Imunidade: Isenção:
tributária; tributário);
(restritiva);
ATENÇÃO! existe uma grande semelhança entre imunidade e isenção: Ambas afastam
somente a obrigação tributária principal, NÃO ATINGINDO as obrigações acessórias. Porque
são deveres instrumentais que comprovam o direito ao benefício. Ex: o livro é imune, mas, na
compra a livraria tem que emitir a nota fiscal (obrigação acessória);
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Imunidade recíproca (Art. 150, VI, “A”, da CF): União, Estados, Distrito Federal e
Municípios não pagam nenhum IMPOSTO. Outros tributos são devidos.
ATENÇÃO! o (Art. 150 § 2º da CF) estendeu essa imunidade também para Autarquias
e Fundações Públicas (Ex: INSS, IBAMA, Banco Central (autarquias); PROCON, FUNAI,
FUNASA (fundações públicas)), somente sobre o patrimônio, renda e serviços vinculados as
finalidades essências da entidade;
Ex: terreno baldio do INSS (autarquia) paga IPTU, mas, se o terreno fosse da União
teria imunidade.
Instituições religiosas não pagam nenhum imposto, outros tributos são devidos;
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Sindicatos de trabalhadores;
Entidade de assistência social; (imunes a impostos e a contribuições especiais – (Art.
195, § 7º da CF) – falam que essas entidades são “isentas”, no qual a CF errou a
redação, então se leia imunidades). #
Entidades de educação sem fins lucrativos; #
Regularidade contábil;
Aplicarem integralmente no Brasil os seus recursos;
Não repassarem patrimônio ou renda para seus dirigentes.
Livros, jornais, periódicos e o papel para sua impressão não pagam impostos;
Segundo o STF papéis fotográficos e filmes fotográficos para fazer livro também são
imunes. Outras matérias prima não são imunes.
Outras imunidades:
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Regime do simples nacional.
O CTN apresenta uma série de institutos tributários cujos conceitos devem ser
assimilados para a prova. Ex: lançamento, obrigação tributária, crédito tributário, decadência,
prescrição, isenção, anistia, etc.
Cobrança Judicial.
Conceitos:
ATENÇÃO! (Art. 4º do CTN): a natureza jurídica do tributo será definida pelo fato
gerador. Assim, o FG de um imposto não se confunde com o FG de uma taxa ou com o FG
de uma contribuição de melhoria. Observe que esses três tributos são definido pelo FG, e
não pela finalidade, como acontece com os empréstimos compulsórios e com as
contribuições;
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O fato gerador deve ser interpretado abstraindo-se dos aspectos externos a ele:
validade jurídica do ato, capacidade civil do agente, ilicitude do ato etc. (Art. 118
c/c 126 do CTN);
Incide o IR sobre a renda da atividade ilícita (jogo do bicho); incide o IPTU sobre a
propriedade da casa /prostíbulo; o civilmente incapaz (“menininho”) é contribuinte
etc.
INFRAÇÕES: AULA 06
RESPONSABILIDADE:
a) Das pessoas referidas no (Art. 134 do CTN) contra aquelas por quem respondem;
EXCEÇÕES:
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Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração,
acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do
depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do
tributo dependa de apuração;
Para o fisco exigir o pagamento do tributo, ele deve constituir o crédito tributário. Logo,
o crédito tributário é constituído, através da prática do lançamento;
Funções do lançamento:
Modalidade de lançamento:
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Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja
legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da
autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando
conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa.
Art. 160. Quando a legislação tributária não fixar o tempo do pagamento, o vencimento
do crédito ocorre trinta dias depois da data em que se considera o sujeito passivo notificado
do lançamento.
Parágrafo único. A legislação tributária pode conceder desconto pela antecipação do
pagamento, nas condições que estabeleça.
O crédito tributário que não for pago, será inscrito como dívida ativa.
2) Liminar:
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6) Recurso administrativo: desde que apresentado tempestivamente.
1) Pagamento:
3) Transação: previsto em lei e prevê um acordo entre o fisco e o contribuinte, que visa
o fim de um litígio;
4) Decadência e prescrição:
Decadência: Prescrição:
05 anos para constituir o crédito; 05 anos para executar o crédito;
Lei complementar; Lei complementar;
Contados antes do lançamento; Contados após o lançamento;
Não suspende, nem se interrompe; O prazo pode ser suspenso e interrompido;
Regra geral (Art. 173, I do CTN): 1˚ dia do Regra geral (Art. 173, I do CTN): têm inicio
Exercício seguinte aquele em que o A partir do momento em que o crédito
Lançamento poderia ter sido efetuado. tributário encontrar-se definitivamente
constituído.
Paga a multa Não paga nem tributo, nem multa, pois tem a dívida
perdoada
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Garantias e privilégios (art. 183 - 193 do CTN):
I) Fora da falência:
b) Crédito tributário.
II) Na falência:
b) Garantia real;
c) Crédito tributário .
1. Obrigação tributária: surge com o fato gerador sendo constituído por quatro
elementos:
Art. 119. Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público titular
da competência para exigir o seu cumprimento.
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Sujeito passivo (Art. 121 do CTN):
DICAS EXTRAS:
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Quando ocorre o auto de infração, o lançamento passar ser obrigatoriamente de
oficio;
Quando o CT está suspenso, deve ser emitida uma certidão positiva com efeitos de negativa.
(art. 206 CTN).
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