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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

WU CHIANG KUO NAVARRO

ESTUDO DA PAISAGEM SONORA NO PROJETO ARQUITETÔNICO


E NO URBANISMO

SÃO PAULO
2014
WU CHIANG KUO NAVARRO

ESTUDO DA PAISAGEM SONORA NO PROJETO ARQUITETÔNICO


E NO URBANISMO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


graduação em Arquitetura e Urbanismo da
Universidade Presbiteriana Mackenzie, como
requisito para a obtenção do título de Mestre em
Arquitetura e Urbanismo.

Orientadora: Prof.ª Dra. Gilda Collet Bruna.

SÃO PAULO
2014

i
ii
iii
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao meu esposo Luiz Claudio Navarro, por


sua paciência, apoio e constantes incentivos, e aos meus filhos
Alexandre e William, por suas críticas construtivas e apoio.

iv
AGRADECIMENTOS

A Deus, que sempre está presente em todos os momentos.

Agradeço in memoria aos meus pais, que me deram o caminho e cujas palavras
sempre me guiaram.

A toda minha família, que sempre me apoiou e incentivou, principalmente nos


momentos mais difíceis.

À Minha orientadora Profa. Dra. Gilda Collet Bruna, pela orientação e pelos
ensinamentos.

À Profa. Dra. Célia Regina Moretti Meirelles e o Prof. Dr. Leonardo Marques
Monteiro pelo direcionamento.

Aos professores Prof. Me. Luiz Carlos Chichierchio, Prof. Dr. Milton Granado, Profa.
Dra. Paula Raquel R. Jorge, Eng. Erwin Hartog van Banda, Eng. Dong Li, Eng.
Francisco Aurélio Chaves Brito e ao Eng. Cyro Antônio Laurenza pela indicação dos
livros, contatos, informações e materiais fornecidos para pesquisa.

Á empresa Bruel & Kjær, e ao Prof. Dr. Leonardo Marques Monteiro e ao Laboratório
de Conforto Ambiental e Eficiência Energética da FAU-USP (LABAUT), que
disponibilizaram os equipamentos para medição in loco.

Ao Eng. Rafael Zocatelli da empresa Bruel & Kjær, pelo treinamento nos
equipamentos de medição e no programa de simulação Predictor cedido à
confecção do mapa acústico com os dados levantados in loco no estudo de caso da
Rua Oscar Freire na cidade de São Paulo feito pela autora.

Aos meus amigos, pela compreensão e apoio.

v
RESUMO

A poluição sonora é resultante das atividades humanas e compromete a qualidade


de vida e o bem-estar da população, gerando problemas de saúde pública, além de
ser responsável por efeitos negativos na econômica e na sociedade.

A presente dissertação aborda de que forma elementos da morfologia urbana e do


projeto arquitetônico interagem e interferem na paisagem sonora de um lugar. Este
estudo apresenta, também, as estratégias de planejamento de ação e as medidas
na redução de ruído aplicadas na Europa, na Ásia e no Brasil, e um estudo de caso
com aplicação dos conceitos e fundamentos da acústica urbana na paisagem sonora
da Rua Oscar Freire na cidade de São Paulo.

Palavra-Chave: Ruído Urbano. Elementos Morfológicos Urbanos. Planejamento e


Projeto Urbano. Saúde e Qualidade de vida. Paisagem sonora.

vi
ABSTRACT

Noise pollution results from human activities and compromises population life quality
and welfare. This creates public health problems and several social and economic
negative effects on cities.

This dissertation studies how urban morphology and architecture design interact and
interfere with the soundscape of a place. This study also reviews strategies, plans,
and measures to reduce the impact of noise in projects in Europe, Asia and Brazil. A
case study is also presented where concepts and acoustic principles are applied to
analyze the soundscape of Oscar Freire, a busy commercial street in São Paulo.

Keywords: Urban Noise. Urban Morphology. Urban Planning and Design. Public
Health and Life Quality. Soundscape.

vii
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Ilustração 1 - Som Puro. Fonte: Autoria própria Fonte: Autora, 2014. ..................... 14
Ilustração 2 - Som Complexo. Fonte: Autora, 2014 ................................................. 14
Ilustração 3 - Propagação da Onda no Espaço. Fonte: Autora, 2014. ...................... 16
Ilustração 4 - Processamento do som nos seres humanos. Fonte: Adaptado de
BISTAFA, 2011. ....................................................................................................... 17
Ilustração 5 - Ouvido Humana. Fonte: Adaptado de PLETSCH, 2003. ..................... 18
Ilustração 6 – Espectro de frequência do som. Fonte: Autora, 2014. ....................... 20
Ilustração 7 - Liminares auditivos. Fonte: Adaptado de DE MARCO, 1982. ............. 21
Ilustração 8 – Fonte pontual. Fonte: Autora, 2014. ................................................... 22
Ilustração 9 - Fonte linear. Fonte: Autora, 2014. ...................................................... 23
Ilustração 10 - Absorção do som. Fonte: Autora, 2014. ............................................ 24
Ilustração 11 - Reflexão do som em superfície lisa. Fonte: Autora, 2014. ................ 25
Ilustração 12 - Som direto – Refletido. Fonte: Autora, 2014. .................................... 26
Ilustração 13 - Reflexão do som em superfície convexa. Fonte: Adaptado SILVA,
1971. ........................................................................................................................ 27
Ilustração 14 – Reflexão do som em Superfície côncava. Fonte: Adaptado SILVA,
1971. ........................................................................................................................ 27
Ilustração 15 - Transmissão do som. Fonte: GERGES, 2000. .................................. 28
Ilustração 16 - Difração do som de baixa frequência. Fonte: FERNANDES, 2005. .. 30
Ilustração 17 - Difração do som de alta frequência. Fonte: FERNANDES, 2005. ..... 30
Ilustração 18 - Reverberação do som. Fonte: Autora, 2014. .................................... 32
Ilustração 19 - Mecanismo mais significativos de propagação sonora ao ar livre. .... 33
Ilustração 20 - Efeito do vento. Fonte: Adaptado BERANEK, 1992. ......................... 34
Ilustração 21 - Ruído - onda Aleatória. Fonte: Autora, 2014. .................................... 35
Ilustração 22 - Trajetória de propagação sonora. Fonte: CNOSSOS-EU, 2012........ 37
Ilustração 23 - Mecanismos de geração de ruído pneu-pavimento: a) vibração dos
blocos do pneu; b) vibração dos flancos; c) bombeamento de ar; d) efeito de
pavilhão. Fonte: (FREITAS e PEREIRA, 2013, apud SANDBERG; EJSMONT, 2002)
................................................................................................................................. 53
Ilustração 24 - Asfalto poroso de camada simples. Fonte: SILENCE, 2008. ............ 54
Ilustração 25 - Asfalto poroso de dupla camada. Fonte: SILENCE, 2008, apud
MANFRED HAIDER ................................................................................................. 55

viii
Ilustração 26 - PERS - Pavimento Poroelástico para rodovias. Fonte: PERSUADE
(s/d) ......................................................................................................................... 56
Ilustração 27 - Definição de Via, do ponto de vista acústico ..................................... 57
Ilustração 28 - Definição de Rua, do ponto de vista acústico ................................... 57
Ilustração 29 - Rua com configuração em U. Fonte: Autora ..................................... 58
Ilustração 30 - Rua com configuração em L. Fonte: Autora ...................................... 59
Ilustração 31 - Rua com configuração de Campo Aberto. Fonte: Autora .................. 59
Ilustração 32 - Formas a serem evitadas, em relação à via. Fonte: SILENCE, 2008
apud WG 5, 2002, p. 27. .......................................................................................... 63
Ilustração 33 - Formas preferenciais em relação à via. Fonte: SILENCE, 2008 apud
WG 5, 2002, p. 27. ................................................................................................... 64
Ilustração 34 - Edifícios como barreira acústica. Fonte: SILENCE, 2008 apud
LARMKONTOR, BPW, KONSALT, 2004, p. 35........................................................ 65
Ilustração 35 - Novas implantações de edifícios como proteção acústica para o
interior da quadra. Fonte: SILENCE, 2008 apud LARMKONTOR, BPW, KONSALT,
2004, p. 29. .............................................................................................................. 66
Ilustração 36 – Áreas de garagens e depósitos como proteção para áreas mais
silenciosas. Fonte: SILENCE, 2008 apud LARMKONTOR, BPW, KONSALT, 2004, p.
49. ............................................................................................................................ 66
Ilustração 37 – Formas de autoproteção. Fonte: KANG, 2007 ................................. 68
Ilustração 38 - Layout interno de dois edifícios, residencial e comercial,
respectivamente, adequados ao conceito de autoproteção. Fonte: SILENCE, 2008
apud WG 5, 2002, p.31 ............................................................................................ 68
Ilustração 39 - Elementos arquitetônicos na fachada para autoproteção acústica.
Fonte: SILENCE, 2008 apud WG 2, 2002, p.32. ...................................................... 69
Ilustração 40 - Varanda como barreira acústica. Fonte: BARROSO-KRAUSE, 200570
Ilustração 41 - Demolição de edifícios que funcionam como barreira acústica para
área residencial. Fonte: SILENCE, 2008 apud. LARMKONTOR, BPW, KONSALT,
2004, p. 72. .............................................................................................................. 72
Figura 42 - Paley Park, em Nova York, vista para a cascata. Fonte: PPS, 2003. ..... 75
Figura 43 - Paley Park, em Nova York, vista do interior para a Rua 53. Fonte: PPS,
2003. ........................................................................................................................ 75
Ilustração 44 - Imagem aérea do Paley Park. Fonte: TATE, 2001. ........................... 76
Ilustração 45 - Vista por cima da fonte do GreenAcre Park. Fonte: SASAKI, 1975. . 77

ix
Ilustração 46 - GreenAcre Park, em Nova York. Fonte: SASAKI, 1975. ................... 78
Ilustração 47 - Análise da organização dos ambientes no Paley Park. Fonte: TATE,
2001. ........................................................................................................................ 79
Ilustração 48- Ciclo natural da paisagem sonora da costa oeste da British Columbia
................................................................................................................................. 81
Ilustração 49 – Pirâmide dos efeitos do ruído na saúde. Fonte: OMS, 2011 apud
BABISCH, 2002. ...................................................................................................... 91
Ilustração 50 - Diagrama dos efeitos causados à saúde humana pela exposição ao
ruído. Fonte: (MÜNZEL et al, 2014 apud BABISCH, 2014. Tradução da autora). .... 92
Ilustração 51 - Propagação do som no ar livre. Fonte: adaptado de BERANEK
(1992). ................................................................................................................... 102
Ilustração 52 - Etiqueta de pneu EU. Fonte: (EUROPEAN COMMISSION, 2012). . 107
Ilustração 53 - Dispositivos de moderação de tráfego. Fonte: ESTEVES, 2003, apud
ESTEVES, 1996. ................................................................................................... 110
Ilustração 54 – Trajetória de propagação - Fonte: adaptado de CNOSSOS-EU, 2012.
............................................................................................................................... 113
Ilustração 55 - Formas de atenuação do nível de ruído para os receptores. Fonte:
BARRETO, 2005, apud SANCHIDRIÁN, 2001. ...................................................... 114
Ilustração 56 - Formas de atenuação do nível de ruído. Fonte: SILENCE, 2008. ... 114
Ilustração 57 - Exemplos de barreiras acústicas de Hong Kong. Fonte:
(GOVERNMENT OF THE HONG KONG SAR, 2003). ........................................... 115
Ilustração 58 –Exemplos de barreira acústica com curva e cobertura. Fonte CDER,
2010. ...................................................................................................................... 115
Ilustração 59 - Zona de sombra acústica criada pela barreira acústica. Fonte: FHWA,
2012. ...................................................................................................................... 116
Ilustração 60 - Barreira acústica transparente coberta. Fonte: TODARO; LIPARI;
PUGLIANO, 2013. ................................................................................................. 117
Ilustração 61 - Barreira acústica com curva e cobertura. Fonte CDER, 2010. ........ 118
Ilustração 62 - Barreira acústica. Fonte: FHAW, 2012 ............................................ 118
Ilustração 63 - Etiqueta com indicação de desempenho acústico de esquadria.
Fonte: ARCOWEB, s/d apud NBR 10821-4.......................................................... 122
Ilustração 64 - Janela de vidro interna, com PVB para proteção antirruído. Fonte:
Soundproof, 2014. ................................................................................................. 125

x
Ilustração 65 - pele de vidro na fachada. Fonte: SILENCE, 2008 apud Green Noise,
2005, p.7 ................................................................................................................ 126
Ilustração 66 - Modelagem de ruído em 3Ds. Fonte: Brüel & Kjær, s/d. ................. 138
Ilustração 67- Mapa acústico do Cadna A. Fonte: (DataKustik, s/d). ...................... 139
Ilustração 68 - Mapa Acústico do SoundPlan. Fonte: SoundPlan, s/d. ................... 139
Ilustração 69 - Crescimento do número de automóveis e motocicletas em Fortaleza -
2001 a 2011. Fonte: (OBSERVATÓRIO DAS METROPÓLES, s/d apud
DENATRAN, 2011 ................................................................................................. 142
Ilustração 70 - Mapa acústico diurno (esquerdo) e noturno (direita) do bairro
Aerolândia. Fonte: BRITO, 2014 ............................................................................ 144
Ilustração 71 - Mapa acústico do entorno do Hospital Militar de Fortaleza, bairro de
Aldeota. Período diurno. Fonte: BRITO, 2014. ....................................................... 146
Ilustração 72 - Mapa acústico do entorno do Hospital Militar de Fortaleza, bairro de
Aldeota. Período noturno. Fonte: BRITO, 2014. ..................................................... 146
Ilustração 73 - City of Westminster. Fonte: adaptado de LONDONCOUNCILS, s/d.
............................................................................................................................... 149
Ilustração 74 - Mapa acústico de Londres, área de Westminster. Fonte: BANDA, s/d.
............................................................................................................................... 150
Ilustração 75 - Mapa de reclamações Fonte: CITY OF WESTMINSTER, 2009. ..... 150
Ilustração 76 - Média de ruído no período de 24 horas em Westminster. Fonte: CITY
OF WESTMINSTER, 2009. .................................................................................... 151
Ilustração 77 - Contexto mais amplo na politica de mapeamento e ações de combate
a poluição sonora na cidade de Westminster. Fonte: CITY OF WESTMINSTER,
2009. ...................................................................................................................... 152
Ilustração 78 - Os níveis de ruído de espaços abertos em relação à tranquilidade
CITY OF WESTMINSTER, 2009. ........................................................................... 154
Ilustração 79 - Acesso a mapa acústico on-line no site de serviços do DEFRA. Fonte:
DEFRA, s/d. ........................................................................................................... 155
Ilustração 80 - Acesso on-line a estatísticas sobre ruído de uma área no site de
serviços do DEFRA. Fonte: DEFRA, s/d. ............................................................... 155
Ilustração 81 - Mapa acústico de Hong Kong. Fonte: EPD, 2006. .......................... 157
Ilustração 82 - Estrutura da politica de gerenciamento de ruído em Hong Kong.
Fonte: EPD, 2006. ................................................................................................. 158

xi
Ilustração 83 - Edifícios com autoproteção: a) brise vertical, b) pódio e c) empena
cega. Fonte: EPD, 2006. ........................................................................................ 162
Ilustração 84 - Desenho de sacada com proteção acústica. Fonte: EPD, 2006. .... 163
Ilustração 85 - Localização da área de estudo. Fonte: Google Earth, 2014. ........... 164
Ilustração 86 - Montagem com recortes do mapa da cidade de São Paulo de 1905.
Fonte: PMSP, s/d. ................................................................................................. 166
Ilustração 87 - Mapa de 1905 em superposição com imagem do Google Earth 2014,
Fonte: Composição feita pela autora com mapa 1905 (PMSP, s/d) e imagem (Google
Earth, 2014) ........................................................................................................... 167
Ilustração 88 - Planta parcial do loteamento Jardim América. Fonte: CIACITY, s/d.
............................................................................................................................... 168
Ilustração 89 - Fotos da implantação do Bairro Jardim América. Fonte: CIACITY, s/d.
............................................................................................................................... 168
Ilustração 90 - Montagem com recortes do mapa da cidade de São Paulo de 1916.
Fonte: PMSP, s/d. .................................................................................................. 168
Ilustração 91 - Montagem com recortes do Mapa Sara Brasil de 1930. Fonte:
ESTAÇÕES FERROVIÁRIAS DO BRASIL, 2010. ................................................. 169
Ilustração 92 - Interior da Casa Santa Luzia na esquina da Rua Oscar Freire com
Rua Augusta em 1930. Fonte: BARTABURU, 2013. p. 26. .................................... 170
Ilustração 93 - Cortiços na Rua Oscar Freire em 1938. Fonte: DUARTE, 1938. .... 170
Ilustração 94 - Obstáculos e lixo no passeio publico. Fonte: (a), (b), (c) SOLUÇÕES
PARA CIDADES, s/d, apud VIGLIECCA & ASSOCIADO), (d) VIGLIECCA &
ASSOCIADO, 2002. ............................................................................................... 171
Ilustração 95 - Obstáculos e lixo no passeio publico. Fonte: SOLUÇÕES PARA
CIDADES, s/d, apud VIGLIECCA & ASSOCIADO, 2002. ...................................... 172
Ilustração 96 - Fotomontagem com fotos da Rua Oscar Freire antes da intervenção
urbana. Fonte: VIGLIECCA & ASSOCIADO, 2002. ................................................ 172
Ilustração 97 – Da Rua Oscar Freire após a intervenção urbana. Fonte: VIGLIECCA
& ASSOCIADO, 2002. ........................................................................................... 173
Ilustração 98 - Levantamento da área: (a) uso (b) vegetação existente. Projeto
paisagístico (c). Projeto de Reurbanização. Fonte: SOLUÇÕES PARA CIDADES,
S/D, apud VIGLIECCA & ASSOCIADO, 2002. ....................................................... 174
Ilustração 99 - Corte transversal da rua nas extremidades da quadras. Fonte:
VIGLIECCA & ASSOCIADO, 2002. ........................................................................ 176

xii
Ilustração 100 - Corte transversal da rua no meio da quadras. Fonte: VIGLIECCA &
ASSOCIADO , 2002. .............................................................................................. 176
Ilustração 101- Fotos com detalhes do passeio no meio da quadra e nas
extremidades. Fonte: Fonte: SOLUÇÕES PARA CIDADES, s/d apud VIGLIECCA &
ASSOCIADO, 2002. ............................................................................................... 177
Ilustração 102 - Pracinha Oscar Freire em construção. Fonte: Google Street View,
2014. ...................................................................................................................... 178
Ilustração 103 - Localização da Pracinha Oscar Freire. Fonte: Google Earth, 2014.
............................................................................................................................... 178
Ilustração 104 - Pracinha Oscar Freire após implantação. Fonte: Foto b, (IMV, 2014);
Foto a, c e d, autora, 2014. .................................................................................... 179
Ilustração 105 – Sonômetro: Hand-held analyzer 2250 Brüel & Kjær. Fonte: Autora,
2014. ...................................................................................................................... 180
Ilustração 106 – Calibrador de sonômetro: Sound Calibrator 4231 Brüel & Kjær.
Fonte: Autora, 2014. .............................................................................................. 180
Ilustração 107 - Termohigrômetro cedido pelo LABAUT da FAUUSP. Fonte: Autora,
2014. ...................................................................................................................... 181
Ilustração 108 – Anemômetro cedido pelo LABAUT da FAUUSP. Fonte: Autora,
2014. ...................................................................................................................... 181
Ilustração 109 - Posicionamento dos Pontos de Medição. Fonte: Autora, 2014. .... 182
Ilustração 110 - Localização da área de estudo. Fonte: Google Earth, 2014. ......... 184
Ilustração 111 - Mapa de zoneamento da área de estudo. Fonte: PMSP, s/d. ....... 185
Ilustração 112 - Planta de uso e ocupação da área de estudo. Fonte: Autora, 2014.
............................................................................................................................... 185
Ilustração 113 - Volumetria da área de estudo. Fonte: Autora, 2014. ..................... 186
Ilustração 114 - Planta da vegetação existente na área de estudo. Fonte: Autora,
2014. ...................................................................................................................... 188
Ilustração 115 - Corte longitudinal da área de estudo com elevação topográfica.
Fonte: Google Earth, 2014. .................................................................................... 189
Ilustração 116 - Gráfico do Nível de Pressão Sonora Equivalente Medido. Fonte:
Autora, 2014. ......................................................................................................... 192
Ilustração 117 - Gráfico da diferença Nível de Pressão Sonora Equivalente Medido
em relação aos limites aceitáveis definidos pela Norma NBR 10151 (2003) para as
quadras. Fonte: Autora, 2014. ................................................................................ 192

xiii
Ilustração 118 - Gráfico do Nível de Pressão Sonora Equivalente Medido organizado
por quadra. Fonte: Autora, 2014. ........................................................................... 193
Ilustração 119 - Gráfico por quadra da diferença Nível de Pressão Sonora
Equivalente Medido em relação aos limites aceitáveis para as quadra. Fonte: Autora,
2014. ...................................................................................................................... 193
Ilustração 120 - Mapa acústico da área em dia de semana no período do pico do
almoço. Fonte: Autora, 2014. ................................................................................. 196
Ilustração 121 - Mapa acústico da área em dia de semana no período do pico da
tarde. Fonte: Autora, 2014. .................................................................................... 197
Ilustração 122 - Mapa acústico da área no sábado no período do pico do almoço.
Fonte: Autora, 2014. .............................................................................................. 198
Ilustração 123 - Mapa acústico da área no sábado no período do pico da tarde.
Fonte: Autora, 2014. .............................................................................................. 199
Ilustração 124 - Mapa acústico da área no domingo no período do pico do almoço.
Fonte: Autora, 2014. .............................................................................................. 200
Ilustração 125 - Mapa acústico da área no domingo no período do pico da tarde.
Fonte: Autora, 2014. .............................................................................................. 201
Ilustração 126 – (esq.) Foto da quadra 1. Fonte: Google Street View. (dir.) Foto dos
equipamentos de medição posicionados no meio da quadra 1. Fonte: Autora, 2014.
............................................................................................................................... 202
Ilustração 127 - Gráfico da diferença de NPS entre a medição e a NBR 10151
(2003), na quadra 1. Fonte: Autora, 2014 .............................................................. 204
Ilustração 128 - Esquina da Av. Rebouças com Rua Oscar Freire. fonte: Google
Street View, 2014. .................................................................................................. 205
Ilustração 129 - Local da configuração "L" na quadra 1 da Rua Oscar Freire......... 205
Ilustração 130 - Edifício residencial com varanda na quadra 1 - Autoproteção. Fonte:
Autora, 2014. ......................................................................................................... 206
Ilustração 131 - Exemplo de autoproteção em edifício com varanda na quadra 1
Fonte: Autora, 2014. .............................................................................................. 206
Ilustração 132 – (esq.) Foto da quadra 2. Fonte: Google Street View. (dir.) Foto dos
equipamentos de medição posicionados no meio da quadra 2. Fonte: Autora, 2014.
............................................................................................................................... 207
Ilustração 133 - Gráfico da diferença de NPS entre a medição e a NBR 10151
(2003), na quadra 2. Fonte: Autora, 2014 .............................................................. 209

xiv
Ilustração 134 - ConIlustraçãoção "U" das quadras 2 a 5. Fonte: Autora, 2014. .... 210
Ilustração 135 - Detalhe comentado do mapa acústico da quadra 2 no sábado à
tarde. Fonte: Autora, 2014. .................................................................................... 210
Ilustração 136 – (esq.) Foto da quadra 3. Fonte: Google Street View. (dir.) Foto dos
equipamentos de medição posicionados no meio da quadra 3. Fonte: Autora, 2014.
............................................................................................................................... 211
Ilustração 137 - Gráfico da diferença de NPS entre a medição e a NBR 10151
(2003), na quadra 3. Fonte: Autora, 2014 .............................................................. 213
Ilustração 138 - Dissipação do som pela Praça Oscar Freire e os prédios adjacentes.
Fonte: Autora, 2014. .............................................................................................. 214
Ilustração 139 – Efeito do som propagando-se pelo vão entre os prédios da praça.
Fonte: Autora, 2014. .............................................................................................. 214
Ilustração 140 – (esq.) Foto da quadra 4. Fonte: Google Street View. (dir.) Foto dos
equipamentos de medição posicionados no meio da quadra 4. Fonte: Autora, 2014.
............................................................................................................................... 215
Ilustração 141 - Gráfico da diferença de NPS entre a medição e a NBR 10151 (2003)
(2003), na quadra 4. Fonte: Autora, 2014 .............................................................. 217
Ilustração 142 - Edifício residencial na quadra 4. a) fachada de empenha cega de
frente à Rua Oscar Freire. b) fachada com elementos de proteção ao ruído com
frente para a Rua Bela Cintra. Fonte: Autora, 2014. .............................................. 218
Ilustração 143 - Posicionamento de edifício analisado na quadra 4. Fonte: Google
Earth. ..................................................................................................................... 219
Ilustração 144 - Edifício residencial. Fonte: Autora, 2014. ...................................... 219
Ilustração 145 - Análise a propagação sonora na quadra 4. Fonte: Autora, 2014 .. 220
Ilustração 146 - Frente da loja que concentra ruído. Fonte: Autora, 2014. ............. 221
Ilustração 147 - Analise de espaço que concentra ruído. Fonte: Autora, 2014. ...... 221
Ilustração 148 – (esq.) Foto da quadra 5. Fonte: Google Street View. (dir.) Foto dos
equipamentos de medição posicionados no meio da quadra 5. Fonte: Autora, 2014.
............................................................................................................................... 222
Ilustração 149 - Gráfico da diferença de NPS entre a medição e a NBR 10151 (2003)
(2003), na quadra 5. Fonte: Autora, 2014 .............................................................. 224
Ilustração 150 - Edifício na esquina de Rua Haddock Lobo com Rua Oscar Freire.
Fonte: Google Street View, 2014. .......................................................................... 225

xv
Ilustração 151 - Edifício na esquina de Rua Haddock Lobo com Rua Oscar Freire.
Fonte: Autora, 2014. .............................................................................................. 226
Ilustração 152 - Edifício na esquina da Rua Haddock Lobo com Rua Oscar Freire.
Fonte: Autora, 2014. .............................................................................................. 227
Ilustração 153 - Análise a propagação sonora na quadra 5.Fonte: Autora, 2014 ... 228
Ilustração 154 - Edifício sobre lojas de 2 pavimentos, mais recuo de 6 m. Fonte:
Google Street View, 2014. ..................................................................................... 229
Ilustração 155 - Edifício residencial sobre comercio e serviço com recuo de 6 m.
Fonte: Autora, 2014. .............................................................................................. 229
Ilustração 156 - Análise a propagação sonora na quadra 5.Fonte: Autora, 2014 ... 230
Ilustração 157 – Edifício autoproteção. Fonte: Google Street View, (Esquerda) 2014.
(Direita) Fonte: Autora, 2014. ................................................................................. 230
Ilustração 158 - Edifício com autoproteção. Fonte: Autora, 2014. ......................... 231
Ilustração 159 - Diagrama de Causas, Efeitos e Consequências da Poluição Sonora.
Fonte: a autora, 2014 ............................................................................................. 239
Ilustração 160 - Diagrama de Recomendações, instrumentos e resultados para a
redução da poluição sonora. Fonte: a autora, 2014 ............................................... 240
Ilustração 161 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E1_SEG_M_Q1.
Fonte: Autora, 2014 ............................................................................................... 260
Ilustração 162 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq).
E1_SEG_M_Q1. Fonte: Autora, 2014 .................................................................... 260
Ilustração 163 - Mapa acústico (grid horizontal). E1_SEG_M_Q1. Fonte: Autora,
2014 ....................................................................................................................... 261
Ilustração 164 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E1_SEG_T_Q1.
Fonte: Autora, 2014 ............................................................................................... 261
Ilustração 165 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq).
E1_SEG_T_Q1. Fonte: Autora, 2014 ..................................................................... 262
Ilustração 166 - Mapa acústico (grid horizontal). E1_SEG_T_Q1. Fonte: Autora, 2014
............................................................................................................................... 262
Ilustração 167 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E2_SAB_M_Q1.
Fonte: Autora, 2014 ............................................................................................... 263
Ilustração 168 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq).
E2_SAB_M_Q1. Fonte: Autora, 2014 .................................................................... 263

xvi
Ilustração 169 - Mapa acústico (grid horizontal). E2_SAB_M_Q1. Fonte: Autora,
2014 ....................................................................................................................... 264
Ilustração 170 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E2_SAB_T_Q1.
Fonte: Autora, 2014 ............................................................................................... 264
Ilustração 171 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq).
E2_SAB_T_Q1. Fonte: Autora, 2014 ..................................................................... 265
Ilustração 172 - Mapa acústico (grid horizontal). E2_SAB_T_Q1. Fonte: Autora, 2014
............................................................................................................................... 265
Ilustração 173 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E3_Dom_M_Q1.
Fonte: Autora, 2014 ............................................................................................... 266
Ilustração 174 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq).
E3_Dom_M_Q1. Fonte: Autora, 2014 .................................................................... 266
Ilustração 175 - Mapa acústico (grid horizontal). E3_Dom_M_Q1. Fonte: Autora,
2014 ....................................................................................................................... 267
Ilustração 176 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E3_Dom_T_Q1.
Fonte: Autora, 2014 ............................................................................................... 267
Ilustração 177 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq).
E3_Dom_T_Q1. Fonte: Autora, 2014 ..................................................................... 268
Ilustração 178 - Mapa acústico (grid horizontal). E3_Dom_T_Q1. Fonte: Autora, 2014
............................................................................................................................... 268
Ilustração 179 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E1_SEG_M_Q2.
Fonte: Autora, 2014 ............................................................................................... 269
Ilustração 180 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq).
E1_SEG_M_Q2. Fonte: Autora, 2014 .................................................................... 269
Ilustração 181 - Mapa acústico (grid horizontal). E1_SEG_M_Q2. Fonte Autora, 2014
............................................................................................................................... 270
Ilustração 182 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E1_SEG_T_Q2.
Fonte: Autora, 2014 ............................................................................................... 270
Ilustração 183 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq).
E1_SEG_T_Q2. Fonte: Autora, 2014 ..................................................................... 271
Ilustração 184 - Mapa acústico (grid horizontal). E1_SEG_T_Q2. Fonte: Autora, 2014
............................................................................................................................... 271
Ilustração 185 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E2_SAB_M_Q2.
Fonte: Autora, 2014 ............................................................................................... 272

xvii
Ilustração 186 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq).
E2_SAB_M_Q2. Fonte: Autora, 2014 .................................................................... 272
Ilustração 187 - Mapa acústico (grid horizontal). E2_SAB_M_Q2. Fonte: Autora,
2014 ....................................................................................................................... 273
Ilustração 188 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E2_SAB_T_Q2.
Fonte: Autora, 2014 ............................................................................................... 273
Ilustração 189 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq).
E2_SAB_T_Q2. Fonte: Autora, 2014 ..................................................................... 274
Ilustração 190 - Mapa acústico (grid horizontal). E2_SAB_T_Q2. Fonte: Autora, 2014
............................................................................................................................... 274
Ilustração 191 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E3_DOM_M_Q2.
Fonte: Autora, 2014 ............................................................................................... 275
Ilustração 192 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq).
E3_DOM_M_Q2. Fonte: Autora, 2014 ................................................................... 275
Ilustração 193 - Mapa acústico (grid horizontal). E3_DOM_M_Q2. Fonte: Autora,
2014 ....................................................................................................................... 276
Ilustração 194 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E3_DOM_T_Q2.
Fonte: Autora, 2014 ............................................................................................... 276
Ilustração 195 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq).
E3_DOM_T_Q2. Fonte: Autora, 2014 .................................................................... 277
Ilustração 196 - Mapa acústico (grid horizontal). E3_DOM_T_Q2. Fonte: Autora,
2014 ....................................................................................................................... 277
Ilustração 197 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E1_SEG_M_Q3.
Fonte: Autora, 2014 ............................................................................................... 278
Ilustração 198 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq).
E1_SEG_M_Q3. Fonte: Autora, 2014 .................................................................... 278
Ilustração 199 - Mapa acústico (grid horizontal). E1_SEG_M_Q3. Fonte: Autora,
2014 ....................................................................................................................... 279
Ilustração 200 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E1_SEG_T_Q3.
Fonte: Autora, 2014 ............................................................................................... 279
Ilustração 201 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq).
E1_SEG_T_Q3. Fonte: Autora, 2014 ..................................................................... 280
Ilustração 202 - Mapa acústico (grid horizontal). E1_SEG_T_Q3. Fonte: Autora, 2014
............................................................................................................................... 280

xviii
Ilustração 203 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E2_SAB_M_Q3.
Fonte: Autora, 2014 ............................................................................................... 281
Ilustração 204 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq).
E2_SAB_M_Q3. Fonte: Autora, 2014 .................................................................... 281
Ilustração 205 - Mapa acústico (grid horizontal). E2_SAB_M_Q3. Fonte: Autora,
2014 ....................................................................................................................... 282
Ilustração 206 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E2_SAB_T_Q3.
Fonte: Autora, 2014 ............................................................................................... 282
Ilustração 207 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq).
E2_SAB_T_Q3. Fonte: Autora, 2014 ..................................................................... 283
Ilustração 208 - Mapa acústico (grid horizontal). E2_SAB_T_Q3. Fonte: Autora 2014
............................................................................................................................... 283
Ilustração 209 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E3_DOM_M_Q3.
Fonte: Autora, 2014 ............................................................................................... 284
Ilustração 210 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq).
E3_DOM_M_Q3. Fonte: Autora, 2014 ................................................................... 284
Ilustração 211 - Mapa acústico (grid horizontal). E3_DOM_M_Q3. Fonte: Autora,
2014 ....................................................................................................................... 285
Ilustração 212 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E3_DOM_T_Q3.
Fonte: Autora, 2014 ............................................................................................... 285
Ilustração 213 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq).
E3_DOM_T_Q3. Fonte: Autora, 2014 .................................................................... 286
Ilustração 214 - Mapa acústico (grid horizontal). E3_DOM_T_Q3. Fonte: Autora,
2014 ....................................................................................................................... 286
Ilustração 215 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E1_SEG_M_Q4.
Fonte: Autora, 2014 ............................................................................................... 287
Ilustração 216 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq).
E1_SEG_M_Q4. Fonte: Autora, 2014 .................................................................... 287
Ilustração 217 - Mapa acústico (grid horizontal). E1_SEG_M_Q4. Fonte: Autora,
2014 ....................................................................................................................... 288
Ilustração 218 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E1_SEG_T_Q4.
Fonte: Autora 2014 ................................................................................................ 288
Ilustração 219 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq).
E1_SEG_T_Q4. Fonte: Autora, 2014 ..................................................................... 289

xix
Ilustração 220 - Mapa acústico (grid horizontal). E1_SEG_T_Q4. Fonte: Autora, 2014
............................................................................................................................... 289
Ilustração 221 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E2_SAB_M_Q4.
Fonte: Autora 2014 ................................................................................................ 290
Ilustração 222 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq).
E2_SAB_M_Q4. Fonte: Autora, 2014 .................................................................... 290
Ilustração 223 - Mapa acústico (grid horizontal). E2_SAB_M_Q4. Fonte: Autora,
2014 ....................................................................................................................... 291
Ilustração 224 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E2_SAB_T_Q4.
Fonte: Autora, 2014 ............................................................................................... 291
Ilustração 225 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq).
E2_SAB_T_Q4. Fonte: Autora, 2014 ..................................................................... 292
Ilustração 226 - Mapa acústico (grid horizontal). E2_SAB_T_Q4. Fonte: Autora, 2014
............................................................................................................................... 292
Ilustração 227 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E3_DOM_M_Q4.
Fonte: Autora, 2014 ............................................................................................... 293
Ilustração 228 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq).
E3_DOM_M_Q4. Fonte: Autora, 2014 ................................................................... 293
Ilustração 229 - Mapa acústico (grid horizontal). E3_DOM_M_Q4. Fonte: Autora,
2014 ....................................................................................................................... 294
Ilustração 230 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E3_DOM_T_Q4.
Fonte: Autora, 2014 ............................................................................................... 294
Ilustração 231 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq).
E3_DOM_T_Q4. Fonte: Autora, 2014 .................................................................... 295
Ilustração 232 - Mapa acústico (grid horizontal). E3_DOM_T_Q4. Fonte Autora, 2014
............................................................................................................................... 295
Ilustração 233 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E1_SEG_M_Q5.
Fonte: Autora, 2014 ............................................................................................... 296
Ilustração 234 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq).
E1_SEG_M_Q5. Fonte: Autora, 2014 .................................................................... 296
Ilustração 235 - Mapa acústico (grid horizontal). E1_SEG_M_Q5. Fonte: Autora,
2014 ....................................................................................................................... 297
Ilustração 236 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E1_SEG_T_Q5.
Fonte: Autora, 2014 ............................................................................................... 297

xx
Ilustração 237 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq).
E1_SEG_T_Q5. Fonte: Autora, 2014 ..................................................................... 298
Ilustração 238 - Mapa acústico (grid horizontal). E1_SEG_T_Q5. Fonte: Autora,
20114 ..................................................................................................................... 298
Ilustração 239 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E2_SAB_M_Q5.
Fonte: Autora, 2014 ............................................................................................... 299
Ilustração 240 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq).
E2_SAB_M_Q5. Fonte: Autora, 2014 .................................................................... 299
Ilustração 241 - Mapa acústico (grid horizontal). E2_SAB_M_Q5. Fonte: Autora,
2014 ....................................................................................................................... 300
Ilustração 242 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E2_SAB_T_Q5.
Fonte: Autora, 2014 ............................................................................................... 300
Ilustração 243 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq).
E2_SAB_T_Q5. Fonte: Autora, 2014 ..................................................................... 301
Ilustração 244 - Mapa acústico (grid horizontal). E2_SAB_T_Q5. Fonte Autora, 2014
............................................................................................................................... 301
Ilustração 245 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E3_DOM_M_Q5.
Fonte: Autora, 2014 ............................................................................................... 302
Ilustração 246 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq).
E3_DOM_M_Q5. Fonte: Autora, 2014 ................................................................... 302
Ilustração 247 - Mapa acústico (grid horizontal). E3_DOM_M_Q5. Fonte: Autora,
2014 ....................................................................................................................... 303
Ilustração 248 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E3_DOM_T_Q5.
Fonte: Autora, 2014 ............................................................................................... 303
Ilustração 249 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq).
E3_DOM_T_Q5. Fonte: Autora, 2014 .................................................................... 304
Ilustração 250 - Mapa acústico (grid horizontal). E3_DOM_T_Q5. Fonte: Autora,
2014 ....................................................................................................................... 304

xxi
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Composição de veículos (em porcentagem). Fonte: JOSSE, 1975. ........ 38


Tabela 2 - Inclinação longitudinal de via (em porcentagem). Fonte: JOSSE, 1975. . 39
Tabela 3 - Velocidade de circulação do tráfego. Fonte: JOSSE, 1975. .................... 39
Tabela 4 - Tipos de Solo. Fonte: adaptado de NIEMEYER; SLAMA, 1998. ............. 50
Tabela 5 - Classificação das Vias. Fonte: NIEMEYER; SLAMAS, 1998, apud
CETUR-81, p.50 ...................................................................................................... 60
Tabela 6 - NBR 10151 (2003) . Fonte: NBR 10151 (2003). ...................................... 71
Tabela 7 - Impacto dos Níveis de Ruído na Saúde. Fonte: BARRETO, 2008 apud
MANZANA, s/d. ........................................................................................................ 95
Tabela 8 - Tabela de Níveis de Ruído em Ambiente Externo. Fonte: NBR 10151
(2003). ..................................................................................................................... 96
Tabela 9 - Efeitos do ruído na saúde. Fonte: DEFRA-IGCB-NSG, 2008 apud OMS,
2008. ........................................................................................................................ 99
Tabela 10 - Tabela de limites de ruído para veículos novos, em vigor em 01 de
Agosto de 2014. Fonte: (CETESB, s/d). ................................................................. 105
Tabela 11 – Símbolos e cores para classificação das ferramentas. Fonte: WG-AEN,
2007. (tradução: autora). ........................................................................................ 131
Tabela 12 - Ferramenta 4: Composição de veículos no tráfego rodoviário. Fonte:
WG-AEN, 2007. ..................................................................................................... 132
Tabela 13 - Níveis de ruído aceitáveis para área do bairro Aerolândia. Fonte: NBR
10151 (2003).......................................................................................................... 145
Tabela 14 - Níveis de ruído aceitáveis na área de hospital. Fonte: NBR 10151
(2003). ................................................................................................................... 147
Tabela 15- População exposta à níveis de ruído de tráfego rodoviário em Hong Kong
superiores a 70dB(A). Fonte: EPD, 2006. .............................................................. 156
Tabela 16 - Níveis de ruído aceitáveis para Município de São Paulo. Fonte: PMSP-
Psiu, s/d. ................................................................................................................ 187
Tabela 17- Níveis de ruído aceitáveis de acordo com a NBR 10151 (2003). Fonte:
NBR 10151 (2003). ................................................................................................ 188
Tabela 18 - Tabela das medições classificadas por período e quadra. Fonte: Autora,
2014. ...................................................................................................................... 190

xxii
Tabela 19 - Medições do nível de pressão sonora equivalente em comparação com
os valores da norma NBR 10151 (2003), agrupados por horário e por quadra. Fonte:
Autora, 2014. ......................................................................................................... 191
Tabela 20 - Tabela de correspondência entre a variação no nível sonoro equivalente
em dB(A) e a percepção humana de variação no som. Fonte: DMPED, 2010. apud
BOLT, BERANEK e NEWMAN, 1973. .................................................................... 194
Tabela 21 - Levantamento das características da quadra 1. Fonte: Autora, 2014. . 202
Tabela 22 - Medições na quadra 1 identificando períodos de maior e menor LAeq.
............................................................................................................................... 203
Tabela 23 - Diferença de NPS entre a medição e a NBR 10151 (2003), na quadra 1.
Fonte: Autora, 2014. .............................................................................................. 204
Tabela 24 - Levantamento das características da quadra 2. Fonte: Autora, 2014. . 207
Tabela 25 - Medições na quadra 2 identificando períodos de maior e menor LAeq.
............................................................................................................................... 208
Tabela 26 - Diferença de NPS entre a medição e a NBR 10151 (2003), na quadra 2.
Fonte: Autora, 2014. .............................................................................................. 208
Tabela 27 - Levantamento das características da quadra 3. Fonte: Autora, 2014. . 211
Tabela 28 - Medições na Quadra 3 identificando períodos de maior e menor LAeq.
Fonte: Autora, 2014. .............................................................................................. 212
Tabela 29 - Diferença de NPS entre a medição e a NBR 10151 (2003), na quadra 3.
Fonte: Autora, 2014. .............................................................................................. 213
Tabela 30 - Levantamento das características da quadra 4. Fonte Autora, 2014. .. 215
Tabela 31 - Medições na Quadra 4 identificando períodos de maior e menor LAeq.
Fonte: Autora, 2014. .............................................................................................. 216
Tabela 32 - Diferença de NPS entre a medição e a NBR 10151 (2003), na quadra 4.
Fonte: Autora, 2014. .............................................................................................. 217
Tabela 33 - Levantamento das características da quadra 5. Fonte: Autora, 2014. . 222
Tabela 34 - Medições na Quadra 5 identificando períodos de maior e menor LAeq.
Fonte: Autora, 2014. .............................................................................................. 223
Tabela 35 - Diferença de NPS entre a medição e a NBR 10151 (2003), na quadra 5.
Fonte: Autora, 2014. .............................................................................................. 224

xxiii
LISTA DE ABREVIAÇÕES

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANAC Agência Nacional de Aviação Civil

CEDR Conference of European Directors of Roads

CETESB Companhia Ambiental do Estado de São Paulo

CNOSSOS-EU Common Noise Assessment Methods in EU

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

CONTRAN Conselho Nacional de Trânsito

DAC Dense Asphalt Concrete

DRI Danish Road Institute

dB Decibel

dB (A) Decibel A-weighting

dB (C) Decibel C-weighting

DALYs Disability-Adjusted Life Year

DEFRA Department for Environment, Food & Rural Affairs

DGFP Directorate general for internal policies

EEA European Environment Agency

EPD Environment Protection Department

FHWA Federal Highway Administration

IFCE Instituto Federal Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará

IGCB Interdepartmental Group on Costs and Benefits

IMV Instituto Mobilidade Verde

ISO International Organization for Standardization


xxiv
NBR Norma Brasileira

NPS Nível de Pressão Sonora

OMS Organização Mundial de Saúde

REUD Real Estate & Urban Development

PERS Pavimento Poro elástico

PMSP Prefeitura Municipal de São Paulo

PPS Project for Public Spaces

PTS Permanent Threshold Shift

TCFL The Cultural Landscape Foundation

TTS Temporary Threshold Shift

SFU Simon Fraser University

SIG Sistemas de Informação Geográfica

SMA Stone Mastic Asphalt

SPIs Índice de perturbação dessa população

SOBRAC Sociedade Brasileira de Acústica

VLT Veículo Leve sobre Trilho

xxv
SUMÁRIO

1 Introdução ..................................................................................... 1
1.1 Objetivo ................................................................................. 2
1.2 Metodologia........................................................................... 3
1.3 Estrutura da Dissertação ....................................................... 4
2 Referências Teóricas ..................................................................... 5
3 Conceituação dos Fenômenos Acústicos .................................... 13
3.1 Som..................................................................................... 13
3.2 Ruído Urbano ...................................................................... 35
4 Morfologia Urbana e a Paisagem Sonora .................................... 47
4.1 Elementos Morfológicos ...................................................... 48
4.2 Projeto Arquitetônico ........................................................... 61
4.3 As árvores, a vegetação e a praça ...................................... 72
4.4 Paisagem sonora ................................................................ 79
5 Influência do Ruído Rodoviário na Cidade ................................... 86
6 Controle do ruÍdo na paisagem Sonora ......................................102
6.1 Controle do Ruído pela Atuação na Fonte ..........................103
6.2 Controle do Ruído pela Atuação na Trajetória ....................111
6.3 Controle do Ruído pela Atuação no Receptor ....................121
7 Instrumentos Legais e Tecnologia ..............................................127
7.1 Normas e Recomendações Internacionais e Nacionais. .....127
7.2 Tecnologias de Apoio .........................................................136
8 Referencias de Projetos de Redução do Ruído Urbano ..............140
8.1 Fortaleza ............................................................................142
8.2 Westminster .......................................................................148
8.3 Hong Kong .........................................................................155
9 Estudo de Caso – Rua Oscar Freire – São Paulo .......................164
9.1 Caracterização da Área de Estudo .....................................164
9.2 Metodologia da Pesquisa ...................................................179
9.3 Dados Gerais da Área de Estudo .......................................184
9.4 Medições ............................................................................190
9.5 Análise dos Resultados ......................................................202
9.6 Síntese da Análise dos Resultados ....................................231

xxvi
10 Análise Geral e Conclusões ........................................................234
Referências 245
Apêndice A – Gráficos e Mapas Acústicos Detalhados. .................................260
Apêndice B – Certificados de Calibração do Sonômetro e Calibrador ............305

xxvii
1 INTRODUÇÃO

No contexto do cenário urbano contemporâneo, os problemas ambientais gerados


pela constituição das cidades tornaram-se uma das principais preocupações na
gestão e evolução dos centros urbanos. Além da poluição do ar, da água, da
contaminação do solo, o ruído urbano figura como uma preocupação importante
para a saúde pública. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2011), “a
poluição sonora é considerada o segundo tipo de poluição que mais causa doenças
no mundo”.

Ruído urbano é o conjunto de sons emitidos pelas fontes presentes não naturais em
um espaço constituído pelas edificações e pelos equipamentos públicos de uma
área urbana. As principais fontes de ruído urbano são: rodoviária, ferroviária, aérea e
da construção civil.

O ruído rodoviário é o proveniente dos veículos automotores que trafegam nas vias,
sendo caracterizado de acordo com o volume de tráfego, a composição dos tipos e a
velocidade média dos veículos, a inclinação das vias, o tipo de pavimentação e a
textura da superfície. Os veículos, por sua vez, possuem vários componentes
emissores de diferentes ruídos: o motor, a transmissão, o sistema de freios, o atrito
de rolamento dos pneus com a superfície da via e o movimento do ar no entorno do
veículo. Embora importantes na paisagem sonora urbana, os ruídos das fontes
ferroviária, aérea e da construção civil não fazem parte do escopo desta pesquisa
voltada para a análise do ruído rodoviário urbano.

O ruído rodoviário urbano tem efeitos negativos para a saúde humana, ocasionando
distúrbios fisiológicos e psicológicos que alteram a capacidade cognitiva da
população, podendo inclusive ocasionar a morte prematura. A qualidade de vida da
população é afetada pela irritação e pelo desconforto provocados pela exposição ao
ruído urbano, com impactos também sobre a economia de uma cidade, implicando
em gastos com os tratamentos decorrentes dos problemas de saúde, com a perda
de produtividade dos indivíduos e com o aumento da agressividade e da violência na
sociedade, causadas pela perturbação mental e psiquiátrica, fazendo com que a
poluição sonora se torne, como já citado acima, uma preocupação importante da
OMS.

1
Para a análise do impacto do ruído no contexto urbano, nesta dissertação utiliza-se
a metodologia de uso de estudos de caso de cidades, no âmbito nacional e
internacional, às quais foram aplicados planos de ação, políticas e diretrizes, com o
objetivo de reduzir o ruído e melhorar a qualidade sonora da cidade, verificando, de
forma comparativa, as metodologias e ferramentas utilizadas e os resultados
obtidos, quando disponíveis.

Portanto, o resultado final deste trabalho visa à identificação de fatores de sucesso e


de uma metodologia que contemple processos de melhora contínua na gestão de
políticas urbanas e ambientais, adaptadas às condições brasileiras e que possam
ser incluídas nos Planos Diretores e Estratégicos das cidades, para a obtenção de
uma qualidade sonora futura mais equilibrada e sustentável.

1.1 OBJETIVO

1.1.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo específico do presente estudo é demonstrar de que forma conceitos e


técnicas foram explorados em projetos de redução de ruído, elaborados em cidades
que já atuam de forma sistemática para a solução desse problema, para isso
utilizando tais projetos como estudos de casos que contribuíram, ou espera-se que
contribuam, em futuro próximo, para amenizar o ruído urbano e proporcionar
conforto acústico para suas populações.

1.1.2 OBJETIVO ESPECÍFICO

O objetivo desta dissertação é analisar as formas de ruído presentes no ambiente


urbano, relacionando-as tanto aos elementos morfológicos quanto aos materiais
utilizados nas edificações e vias, de modo a demonstrar que o projeto arquitetônico
e urbano desempenha um papel fundamental na determinação da paisagem sonora
das cidades, ressaltando a importância do planejamento, do projeto urbano e da
gestão das ações sistemáticas que disciplinam a evolução da cidade, de forma
harmônica e sustentável.

2
1.2 METODOLOGIA

Como método de trabalho para a condução desta pesquisa, realizou-se inicialmente


uma ampla revisão da literatura, com um estudo dos conceitos de som e de ruído,
de suas características de propagação no meio ambiente, e das características da
morfologia e do planejamento urbano relacionadas ao ruído.

Para a análise de resultados práticos, realizou-se um levantamento de estudos de


referência em cidades contemporâneas, nas quais metas e ações planejadas foram
ou estão sendo executadas, a partir da elaboração plano estratégico e com
gerenciamento continuo dos resultados, visando a qualidade e o equilíbrio da
paisagem sonora urbana.

Consolidando a aplicação dos conceitos em um trabalho de campo, foi realizado o


estudo de caso de um trecho peculiar da Rua Oscar Freire, com visitas in loco,
coleta, processamento e análise dos dados, compreendendo as seguintes etapas:

 Etapa 01 - Identificar as condições físicas do local, e as características físicas


das edificações no trecho entre a Av. Rebouças e Rua Augusta,
comtemplando zonas, ZM-2 e ZM-3, com limites de NPS diferentes, segundo
a norma NBR 10151 (2003).
 Etapa 02 - Determinar os horários de picos para a coleta de dados dentro do
período estabelecido. As medições foram realizadas: segunda-feira das 12:30
as 14:30 e das 17:00 as 19:00, sábado das 12:30 as 14:30 e das 17:00 as
19:00 e no domingo das 12:30 as 14:30 e das 16:30 as 19:00. As medições
foram feitas utilizando-se o sonômetro da BRÜEL & KJÆR.
 Etapa 03 - Os dados coletados pelo sonômetro foram transferidos para o
programa BZ-5503 Measurement Partner Suite da BRÜEL & KJÆR, que
calcula métricas de nível de ruído produzindo gráficos que permitem avaliar a
pressão sonora nos pontos de medição, tanto instantânea, quanto médias,
mínimos e máximos, dB(A), dB(C), entre outros.
 Etapa 04 - Além dos dados do sonômetro transferidos pelo programa
mencionado na etapa anterior, dados complementares sobre o tráfego de
veículos nos horários de pico e levantamentos sobre os materiais e a
volumetria das edificações do entorno, foram registrados e organizados em
tabelas, sendo posteriormente inseridos no programa Predictor da BRÜEL &
KJÆR, que por meio de modelagem e simulação computacional produziu os
mapas acústicos usados na análise da paisagem sonora do local de acordo
com as normas internacionais ISO 9613-1(1993) e ISO 9613-2 (1996).
3
 Etapa 05 – Análise dos dados processados e sistematizados por meio das
tabelas, gráficos, e dos mapas acústicos, de forma a identificar como as
características das edificações e do seu entorno influenciaram nos níveis de
pressão sonora, tanto na dimensão horizontal como na vertical.
Por fim, procura-se abordar quais desses conceitos e metodologias devem ser
incorporados no Plano Diretor das cidades, dentro de uma visão mais ampla de
estratégias, instrumentos, efeitos e resultados, para a obtenção de uma melhor
paisagem sonora nos espaços públicos.

1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

O capítulo de introdução apresenta um resumo geral da dissertação propriamente


dita, tendo como ponto central o problema do ruído nas cidades, indicando
principalmente a organização, os objetivos e a metodologia da dissertação.

O capítulo 2 é reservado à revisão bibliográfica e traz resumos de conteúdos, além


de apontar os principais aspectos das publicações que embasam a pesquisa.

O capítulo 3 apresenta os conceitos básicos de som e seu comportamento, de


acordo com as condições físicas do meio de propagação. Esse capítulo também
caracteriza o ruído urbano, com foco no ruído rodoviário que constitui o escopo
desta dissertação.

A morfologia urbana é fator determinante na paisagem sonora, e sua influência


sobre a propagação do som nas cidades é abordada no capítulo 4.

O capítulo 5 apresenta a influência do ruído rodoviário nas cidades, descrevendo


seus impactos na saúde e na economia.

Todo projeto de redução de ruído em uma cidade requer planejamento adequado,


execução controlada e gestão de resultados, sendo respaldado por instrumentos
legais, normas, tecnologias e equipamentos disponíveis. Esses aspectos são
abordados no capítulo 6.

Visando ao estudo prático de todos os conceitos abordados e estudados nos


capítulos anteriores, o capítulo sete apresenta a análise dos estudos de caso

4
selecionados de projetos de redução de ruído realizados e em andamento nas
cidades de Fortaleza, Hong Kong e Westminster.

O Capítulo 8 trata do estudo de caso desenvolvido por esta autora, que analisa os
elementos morfológicos e a paisagem sonora de um trecho da Av. Rebouças,
localizada na cidade de São Paulo.

Preparando os elementos para a conclusão, o capítulo 9 traz as considerações da


análise comparativa entre as metodologias abordadas nos dois capítulos anteriores
quanto à problematização e à eficácia das mesmas. Aplicado ao estudo de caso na
Rua Oscar Freire em São Paulo, com medições e levantamento in loco, analisando
conceitos e referencias abordados nos capítulos anteriores. O Capítulo 10, por sua
vez, é destinado à conclusão do trabalho, apresentando as considerações finais
resultantes das análises dos estudos realizados.

2 REFERÊNCIAS TEÓRICAS

A seguir são apresentadas, de forma resumida, as principais publicações que


embasaram este trabalho. Cada item refere-se a um livro ou artigo cujos dados de
identificação bibliográfica encontram-se nas Referências Bibliográficas, ao final
desta dissertação.

EC DG Research Project Silence (2008)

O programa que nomeia este subtítulo diz respeito a uma pesquisa realizada de
acordo com a Diretiva Europeia para o Ruído Ambiente (2002). Tal pesquisa
representa o estado da arte para a redução de ruído, por meio de políticas públicas
e da aplicação de novas tecnologias nas cidades. O programa é principalmente
representado pelas ações e pelos estudos conduzidos pelo Projeto Silence (2008),
que aborda os aspectos normativos e de políticas públicas da Comunidade
Europeia, sobre o ruído dos transportes de superfície nas cidades. O programa trata
da definição dos problemas, das ações, das medidas e das prioridades na redução

5
do ruído. Os conceitos e a metodologia do projeto foram aplicadas e analisadas em
quatro cidades europeias: Barcelona, Bristol, Bruxelas e Genova.

Project Silence – Practitioner Handbook for Local Noise Action Plans (2008)

O Projeto Silence é uma documentação resultante das pesquisas de uma equipe


multidisciplinar de especialistas, cujo objetivo consistia em criar um material de apoio
e referência para projetos de diminuição de ruído em cidades europeias. Tal manual
destina-se aos gestores do meio ambiente em cidades do continente europeu,
trazendo informações básicas acerca dos requisitos necessários e das intervenções
possíveis para a redução de ruído urbano. Apresenta também uma metodologia
detalhada de planejamento e execução, sendo um guia para os governos locais nos
processos de elaboração do planejamento e na criação dos planos de ação de
redução de ruído. Traz também uma descrição breve sobre as técnicas de
mapeamento de ruído. O manual está organizado em seis partes, quais sejam:

 Parte 1: trata das questões relacionadas aos problemas ocasionados pelo


ruído, de seus efeitos na saúde, e do custo de desenvolvimento na
implantação de planos de ação de redução. Inclui também uma noção
superficial sobre mapas acústicos.
 Parte 2: apresenta uma visão geral sobre o plano de ação de redução de
ruído, descrevendo os benefícios e as principais etapas de planejamento,
com um pequeno resumo geral dos meios e das técnicas de redução do ruído
urbano.
 Parte 3: contém uma proposta de planejamento de projeto de redução de
ruído, destinado à orientação de governos locais, constituído de uma
sequência de nove passos, desde o planejamento até a execução e
monitoração dos resultados das ações.
 Parte 4: focaliza a estratégia de longo prazo para evitar e amenizar ruído,
visando à conscientização da sociedade no planejamento do uso, da forma,
da volumetria e da implantação de edifícios. Mostra a importância de se
aproveitar os momentos da reurbanização para a implantação das medidas
de redução de ruído, incentivando a adoção de transporte público de baixa
emissão de ruído.

6
 Parte 5: apresenta um conjunto de soluções tecnológicas em materiais da
construção e na manutenção da superfície das vias, de barreiras acústicas 1,
do sistema de isolamento dos edifícios, além do uso de ferramentas de
mapeamento acústico, do gerenciamento de tráfego e outras medidas
complementares para uma ação integrada na redução de ruído urbano.
 Parte 6: descreve um estudo feito no trecho da área La Rambla, em
Barcelona, com o levantamento das principais fontes do ruído, tais como os
provenientes das atividades humanas, do comércio, do transporte e dos
animais, e com as recomendações para a melhora da paisagem sonora do
local.

Urban Soundscape: Experiences and Knowledge (2005)

O objetivo do citado artigo é compreender de que modo o uso do conceito de


paisagens sonoras pode auxiliar na concepção do ambiente sonoro nas cidades. Os
autores, preocupados com a avaliação dos fenômenos sonoros na vida cotidiana de
uma cidade, discutem a estruturação em categorias para os sons nas cidades. Para
eles, apenas a redução ou a eliminação do ruído não é suficiente para proporcionar
uma melhora da paisagem sonora de um espaço urbano.

Para criar um ambiente de qualidade destinado à convivência humana, faz-se


necessária a compreensão dos conceitos e dos fenômenos ligados às condições
térmicas, de ventilação, de iluminação, geração e propagação dos sons. Os autores
argumentam que os arquitetos e urbanistas necessariamente devem ter uma base
de conhecimentos nessas áreas, para que possam contribuir para o
desenvolvimento de espaços públicos de qualidade.

A psicoacústica é a área do conhecimento que se preocupa com a interpretação da


paisagem sonora, do ponto de vista psicológico, criando um elo entre os sons e as
sensações que eles produzem. O conjunto do ambiente formado pela paisagem
urbana, pela sonora e pelo conforto térmico dá ao ser humano as sensações
integradas que o levam ao bem-estar ou ao incômodo e, portanto, precisam ser
abordadas na composição dos ambientes urbanos.

1
Barreira acústica – é uma estrutura projetada para reduzir a propagação de poluição sonora, em
geral são instaladas ao longo de vias movimentadas, rodovias e ferrovias.

7
The Tuning of the World (1977)

O livro intitulado The Tuning of the World, de Raymond Murray Schafer, trata do
envolvimento do homem com o som do meio ambiente, o que é definido pelo autor
como “Soundscape”, termo traduzido para o português como “paisagem sonora”,
destacando que a conservação da qualidade da paisagem sonora é de suma
importância para o bem-estar social.

Schafer é um compositor escritor, educador musical e ambientalista canadense,


reconhecido no mundo por seu projeto de pesquisa educacional “The World
Soundscape Project”, realizado junto à Simon Fraser University, em Vancouver, no
Canadá.

Segundo o autor, a música e a paisagem sonora estão intimamente relacionadas ao


bem-estar social. Assim sendo, ele menciona um antigo provérbio chinês
apresentado no livro “O jogo das contas de vidro”, de Hermann Hesse2, reproduzido
abaixo:

“Por isso, a música de uma época harmoniosa é calma e


jovial, e o governo equilibrado. A música de uma época
inquietada é excitada e colérica, e seu governo é mau. A
música de uma nação em decadência é sentimental e triste, e
seu governo corre perigo” (SCHAFER, 1977 p. 22).

De acordo com o autor, a música revela o comportamento do estado social e político


de uma determinada época:

“[...] a música é um indicador da época, revelando, para os que


sabem como ler suas mensagens sintomáticas, um modo de
reordenar acontecimentos sociais e mesmo políticos ”
(SCHAFER, 1977 p. 23).

2
Hermann Hesse – pensador, filósofo e escritor de origem alemã, naturalizou-se suíço, em 1923.
Teve forte influência da filosofia indiana e da chinesa. Ganhou o Prêmio Goethe de Frankfurt, em
1946, e o Prêmio da Paz dos Livreiros Alemães, em 1955. The Glass Bead Game (O jogo das contas
de vidro) foi seu último romance.

8
A mudança da paisagem sonora3 devido à revolução industrial tornou-se evidente,
com a introdução de novos sons como o da locomotiva, dos motores dos automóveis
e das atividades das indústrias nas cidades.

Os grandes centros urbanos vivem em constante transformação, seja pela


introdução de novas tecnologias, seja pela própria evolução cultural que sempre
apresenta novas propostas de expressão. O fluxo dos veículos rodoviários
automotores, dos trens, dos aviões, assim como as construções e mesmo as
atividades de lazer emitem sons que se modificam ao longo do tempo, conforme
essas atividades se alteram.

Schafer cita o manifesto do futurista Luigi Russolo 4, que versa sobre o quanto os
ruídos emitidos pela modernidade industrial têm afetado o equilíbrio dos sons da
natureza. O ruído inerente às atividades da produção fabril causam problemas
auditivos aos operários.

“Hoje, o mundo sofre de uma superpopulação de sons. Há


tanta informação acústica que pouco dela pode emergir com
clareza. [...] As principais mudanças tecnológicas que afetaram
a paisagem sonora incluíram o uso de novos metais, como o
ferro e o estanho fundidos, bem como novas fontes de energia,
como o carvão e o vapor.” (Schafer, 1977 p. 107).

Schafer (1977) emprega a palavra esquizofonia5 para tecer uma crítica a respeito
das novas tecnologias trazidas pela revolução elétrica, que causam o
empobrecimento da qualidade do som e de seu contexto original. Criando uma nova
paisagem sonora sintética, a reprodução eletroacústica desmantela o Hi-fi6 natural,

3
Paisagem sonora - O ambiente sonoro. Tecnicamente, qualquer porção do ambiente sonoro vista
como um campo de estudos. O termo pode referir-se a ambientes reais ou construções abstratas,
como composições musicais e montagens de fitas, em particular quando consideradas com um
ambiente. (SCHAFER, 1977 p. 366)
4
Luigi Russolo – é pintor, compositor e futurista italiano, autor da L'Arte dei Rumori (A arte do ruído)
(1913). Acreditava que a vida contemporânea era demasiado ruidosa e que os ruídos deveriam ser
utilizados para música. http://futurismo1909.wordpress.com/protagonistas/luigi-russolo-musico/
acesso: 26/4/2014.
5
Esquizofonia – (do grego schizo = partido e phone = voz, som), o termo empregado por SCHAFER
pela primeira vez em A Paisagem Sonora (The Soundscape), refere-se à separação entre o som
original e sua reprodução eletroacústica. Os sons originais são ligados aos mecanismos que os
produzem. Os sons reproduzidos por meios eletroacústicos são cópias e podem ser reapresentados
em outros tempos e lugares. A palavra foi empregada para dramatizar o efeito aberrativo do
desenvolvimento do século XX. (SCHAFER, 1977 p. 366).
6
Hi-fi - Abreviação de alta fidelidade (High Fidelity), isto é, uma razão sinal/ruído favorável. O uso
mais geral do termo ocorre em eletroacústica. Aplicado aos estudos da paisagem sonora, um

9
amplificando o problema de Lo-fi7, transfigurando os sons naturais, o que
normalmente acontece com os sons reproduzidos pelo rádio, pelo telefone e por
outros meios de comunicação eletroacústicos.

Noise and Vibration Control Engineering (1992)

O título acima, obra de Leo L. Beranek e István L. Vér, de 1992, é um manual de


engenharia de controle de ruído e vibração, dirigido a profissionais da engenharia
acústica.

Além do referido manual trazer os fundamentos teóricos, que são apresentados em


detalhes, com as expressões matemáticas e gráficos que descrevem o fenômeno e
permitem a quantificação dos efeitos, o autor descreve, no capítulo 5, o mecanismo
de propagação das ondas ao ar livre e os efeitos da umidade do ar, da temperatura
e da pressão atmosférica na propagação do som.

Os seres humanos, quando expostos à vibração das ondas sonoras, sofrem


alterações em seu ritmo fisiológico, o que causa danos à saúde. Os efeitos e riscos
oferecidos à saúde humana pela exposição aos ruídos são abordados no capítulo 6.

La Acústica em La Construcción (1975)

Roberto Josse, na obra La Acústica em La Construcción, descreve a física dos


fenômenos sonoros, modelando o comportamento do som por meio de fórmulas e
gráficos, tanto em espaços abertos como em espaços fechados. Há uma breve
abordagem a respeito das enfermidades causadas pela exposição ao ruído, além da
perturbação auditiva, que provoca a modificação das atividades fisiológicas e o
estado psicológico do ser humano.

ambiente hi-fi é aquele onde os sons podem ser ouvidos claramente, sem estarem amontoados ou
mascarados. (SCHAFER, 1977 p. 365).
7
Lo-fi – Abreviação de baixa fidelidade (low fidelity), que é uma razão sinal/ruído desfavorável.
Aplicado aos estudos da paisagem sonora, o ambiente lo-fi é aquele em que os sinais se amontoam,
tendo como resultado o mascaramento ou falta de clareza. (SCHAFER, 1977 p. 365).

10
A perda de produtividade decorrente das perturbações sonoras é tratada nos itens
1.24, do capítulo 1, e 2.2, do capítulo 2, sendo que este último trata especificamente
do ruído de tráfego urbano. O capítulo 6 aborda o isolamento acústico em edifícios
residenciais, evidenciando a importância da distribuição espacial do edifício em
relação às vias, assim como o arranjo dos edifícios entre si, ou seja, de que modo
um edifício pode funcionar como barreira acústica, protegendo os demais.

Elementos de Acústica Arquitetônica (1982)

Este pequeno grande livro, Elementos de Acústica Arquitetônica, de Conrado Silva


De Marco, apresenta suscintamente os fenômenos acústicos e os conceitos
aplicados aos projetos acústicos em ambiente fechado. Contextualiza, também, o
problema do ruído gerado pela falta de incorporação dos princípios básicos do
acústico na concepção dos projetos. Segundo o autor,

"É fundamental que se pense na acústica logo no início do


projeto; atende-se à problemática do som e à sua incidência
nas diferentes partes, projetar-se-á de forma coerente e
econômica. A intervenção do acústico, depois de realizada a
construção, além de não permitir soluções tão eficazes como
as que se obtêm no momento do projeto, encarece
consideravelmente o orçamento das construções”. (DE
MARCO, 1982. p. 5).

O Ruído e a Cidade: Elementos de Ruído Urbano (1998)

O ponto central do título tratado neste subcapítulo diz respeito à influência das
configurações dos elementos morfológicos e do clima em relação ao mecanismo da
propagação das fontes de ruído na cidade. Segundo os autores,

“As formas imprimem sua marca aos espaços, dotando-os de


características sonoras específicas. Os projetos das cidades e
seus edifícios devem sempre considerar que a ambiência de
um local é sensível às intervenções arquitetônicas e
urbanísticas sobre ele – o ruído emitido pelas fontes é filtrado
pela malha urbana, sofrendo modificações sensíveis (nível
sonoro e composição espectral). A compreensão dos
mecanismos de propagação do som através da malha urbana
é, portanto, elemento fundamental para o controle do ruído nas
cidades. (NIEMEYER; SLAMA, 1998. p. 76).

11
Tratado Fundamental de Acústica en La Edification (1980)

O problema do controle de ruído na edificação é contemplado no capítulo 3 do título


acima, cujo autor, Luis Jesus Arizmendi, no capítulo 11, aborda o problema de ruído
urbano e a sua evolução ao longo do tempo, sendo que o uso de barreiras acústicas
é descrito como medida defensiva ao ruído. Ainda nesse capítulo, o autor menciona
a importância da orientação em relação às vias, da volumetria, da forma e da
distribuição interna dos edifícios, perante o mecanismo de propagação das ondas
sonoras. Além desses aspectos, o autor ressalta a importância do gerenciamento de
fluxo de tráfego, para o controle e a redução do ruído urbano.

Acústica Arquitetônica (1971)

Pérides Silva, em Acústica Arquitetônica, de 1971, faz uma conceituação da


propagação do som e do ruído, descrevendo as propriedades e a aplicação dos
materiais em acústica. No item 3, da introdução, é mencionado que, desde 1964, o
arquiteto Rino Levi já fazia a campanha do silêncio na cidade de Curitiba e, nas
palavras do autor,

“Planejar não é utopia. É maneira correta de enfrentar


efetivamente a realidade, com economia e sem desperdícios.
Trata-se de trabalho complexo, que deverá ser atualizado
constantemente, e que exige a cooperação de vários
especialistas e a compreensão do poder público e da
coletividade”. (SILVA, 1971. p. 23)

O livro aborda a importância de um planejamento feito por uma equipe formada por
especialistas multidisciplinares, da colaboração do poder público e da própria
sociedade. A conscientização da população, bem como a aplicação das leis, são
medidas tão importantes quanto o gerenciamento do sistema de tráfego e do
volume, assim como o tratamento dos ruídos na fonte.

Acústica aplicada ao Controle do Ruído (2011)

Trata-se de um livro técnico, um guia de referência sobre os princípios acústicos,


cujo conteúdo direciona-se ao controle do ruído, indicando as formas de controle na
fonte, na transmissão e no receptor.

O capítulo 5 da referida obra aborda a percepção humana em relação ao som.

12
3 CONCEITUAÇÃO DOS FENÔMENOS ACÚSTICOS

3.1 SOM

Som é um fenômeno físico provocado por uma onda mecânica, uma vibração que se
propaga através do ar, da água ou de qualquer matéria. O som não se propaga no
vácuo, pois necessita de um meio material para a sua transmissão.

Do ponto de vista humano, o som é uma vibração que atua sobre o sistema auditivo,
sendo reconhecido e interpretado pelo cérebro. As vibrações harmônicas, quando
em volume aceitável, produzem uma sensação normal, enquanto vibrações não
harmônicas produzem uma ação perturbadora, denominada, sob este ponto de vista,
como ruído.

Fisicamente, o som é produzido quando certa quantidade de matéria, denominada


fonte emissora, emite energia por meio de um movimento de avanço e retrocesso,
normalmente comprimindo e rarefazendo a massa de ar no seu entorno. As
moléculas de ar movimentam-se transmitindo umas às outras a energia do
fenômeno, criando a onda que se propaga através do meio, nesse caso, o ar.

Conforme descreve DE MARCO, 1982,

A física define o som como uma perturbação que se propaga


nos meios materiais e é capaz de ser detectada pelo ouvido
humano. A perturbação é gerada por um corpo que vibra,
transmitindo suas vibrações ao meio que rodeia. As moléculas
deste sofrem, alternadamente, compressões e rarefações,
acompanhando o movimento do corpo. Esta variação de
pressão é logo comunicada às moléculas vizinhas do meio,
criando ondas longitudinais, de compressão e rarefação que
partem do corpo emissor. As moléculas do meio, porém, não
se deslocam. Elas oscilam em torno de suas posições de
equilíbrio e o que se propaga é o movimento oscilatório. (DE
MARCO, 1982. p. 9-10)

Uma onda simples é um movimento com ritmo de vibração e amplitude constantes.


Ilustração 1. O ritmo da vibração é tecnicamente definido como frequência. No
entanto, os sons emitidos pela maioria das fontes, e mesmo os emitidos por
instrumentos musicais, são uma onda complexa, composta de uma mistura de
ondas simples de diferentes frequências e diferentes amplitudes, que somadas
geram um novo padrão. Ilustração 2.

13
Ilustração 1 - Som Puro. Fonte: Autoria própria Fonte: Autora, 2014.

Ilustração 2 - Som Complexo. Fonte: Autora, 2014

No caso de um instrumento musical, as ondas produzidas pelas notas do


instrumento são compostas por elementos de frequência múltipla da frequência
principal. A composição dessas frequências harmônicas (com frequência múltipla da
frequência principal) define o que chamamos de timbre do instrumento. Essas

14
variações na composição das ondas de som podem ser identificadas pelo ouvido
humano. Assim, uma mesma nota musical, tocada por um violão e por um piano,
tem exatamente a mesma frequência principal de vibração (que corresponde à
frequência da nota), porém apresentam uma decomposição harmônica diferente e,
portanto, formatos diferentes.

Quando o som é produzido por uma fonte com comportamento de frequência


aleatório, não é possível para o sistema auditivo identificar um padrão de frequência
tal qual acontece em relação a um instrumento musical, o que provoca uma
sensação desagradável denominada ruído. Há uma explicação mais técnica para o
ruído, que será apresentada no item 3.2.1.

Conforme explicação do Guidelines for Community Noise da União Europeia,

Em física não existe diferença entre o som e o ruído, som é


uma percepção sensorial provocada pelo processo fisiológico
auditivo do cérebro. O complexo padrão de ondas sonoras é
perceptual classificado como "Gestalt 8" e são rotuladas como
ruído, música e fala. Portanto, não é possível definir
exclusivamente na base do parâmetro físico de som. É comum
para definir o ruído simplesmente como som indesejado. No
entanto, em algumas situações o ruído pode afetar
adversamente a saúde através da energia acústica.
(BERGLUND; LINDVALL; SCHWELA, 1999. p. 5.).

Por ser um fenômeno cíclico, o som te, como elemento principal para sua descrição,
o tempo de um ciclo que é denominado Período da Onda, sendo medido em
unidades de tempo (T), normalmente em segundos. Porém, essa não é a medida
mais utilizada, mas, sim, o seu inverso (1/T), ou seja, o número de ciclos em um
determinado tempo padrão, que é denominado Frequência da Onda e medido em

8
Psicologia da Gestalt ou gestaltismo (de origem alemã: Gestalt - "forma ou forma de") surgiu no
início do século passado, na Alemanha, e teve como principais expoentes Kurt Koffka (1886-
1940), Wolfgang Köhler (1887-1967) e Max Werteimer (1880-1943). É uma teoria da mente, da
Escola de Berlim. O princípio central da psicologia da Gestalt dá conta de que a mente forma um
todo global, com tendências de auto-organização. Esse princípio afirma que a mente humana
considera objetos em sua totalidade antes, ou em paralelo com a percepção de suas partes
individuais, sugerindo que o conjunto não equivale à soma de suas partes. A Psicologia da Gestalt
tenta entender as leis da nossa capacidade de adquirir e manter as percepções significativas em um
mundo aparentemente caótico.

15
ciclos por segundo ou Hertz (Hz). Basta uma dessas duas métricas para definir um
movimento ondulatório9, pois se pode calcular:

f=

onde:

f é frequência em Hz (unidade correspondente a ciclos por segundo)

T é período de tempo em s (segundos)

Ilustração 3 - Propagação da Onda no Espaço. Fonte: Autora, 2014.

A acústica é a área da física que trata da análise das ondas sonoras, considerando
os aspectos de produção (emissão), de propagação (transmissão) e dos efeitos
sobre os corpos físicos (recepção).

Sendo uma onda que se propaga em um meio físico, o som tem uma direção que é
determinada pelas características próprias dos seguintes elementos:

9
Movimento ondulatório é o movimento vibratório que se propaga em meios elásticos. Fonte:
Fernandes (2005).

16
 da fonte emissora: apresenta várias características para classificação, entre
elas, quanto ao movimento (parada ou em movimento); e quanto à geometria
(pontual ou linear);
 da transmissão: quanto às condições do meio de propagação, exemplificadas
por temperatura, umidade e pressão do ar, presença de barreiras ou
elementos de reflexão no caminho da propagação;
 do elemento receptor: no caso, sendo de maior interesse o sistema auditivo
humano.
A velocidade da onda sonora depende das características do meio, tais como
pressão, umidade e temperatura, sendo então necessários o meio e as condições
correspondentes. A velocidade da onda sonora no ar é de aproximadamente 343
m/s para a temperatura de 20ºC, ao nível do mar (1 atmosfera de pressão) e em ar
seco.

3.1.1 SISTEMA DE CAPTAÇÃO DO SOM DO OUVIDO HUMANO

A audição consta de um processo de recepção do som pelo ouvido humano e sua


conversão em impulsos elétricos, transmitidos pelos nervos auditivos ao cérebro que
faz a intepretação da sensação auditiva experimentada pelo ser humano. Ilustração

4.
Ilustração 4 - Processamento do som nos seres humanos. Fonte: Adaptado de BISTAFA, 2011.

Dessa forma o som pode produzir muitas reações no ser humano, decorrentes das
emoções que provocam. O estudo das características dos sons e de sua
interpretação pelo sistema auditivo é hoje uma importante área da análise ambiental

17
e de seu impacto sobre a saúde do ser humano. A psicoacústica é a área da ciência
que estuda de que modo os sons produzem diferentes sensações no ser humano,
como bem-estar, irritação, repúdio, calma, lembrança etc.

A função primária do sistema auditivo nos seres vivos que o possuem é o


monitoramento e a identificação do ambiente por intermédio dos sons. Dessa forma,
o sistema auditivo faz parte das sensações básicas de alerta e rastreamento da
presença de ameaças e de alimentação, como, por exemplo, da localização de
cursos de água. Para os animais mais desenvolvidos, o som e o sistema auditivo,
além de suas características primitivas de monitoramento do ambiente, representam
um dos elementos fundamentais da comunicação entre os indivíduos, já que permite
a recepção de mensagens a certa distância, sem que os indivíduos estejam visíveis
entre si.

A estrutura do ouvido é delicada e complicada, sendo constituído de três partes:


ouvido externo, ouvido médio e ouvido interno. Ilustração 5.

Ilustração 5 - Ouvido Humana. Fonte: Adaptado de PLETSCH, 2003.

As ondas sonoras penetram no sistema auditivo através do ouvido, que possui uma
forma complexa e adequada à recepção do som. Conduzido pelo canal auditivo

18
externo, que tem aproximadamente 2,5 cm de comprimento, é levado até o tímpano,
constituído por uma membrana elástica que vibra de acordo com a frequência
recebida. A membrana do tímpano, em forma de concha, é conectada a uma cadeia
de três ossos, denominados ossículos auditivos, nomeados martelo, bigorna e
estribo. Essas vibrações provocam movimentos iguais ao de um pistão, enviando as
vibrações para o osso chamado labirinto. O labirinto encerra um fluido chamado
perlinfa, responsável pela sensação de equilíbrio. Uma membrana flexível chamada
janela redonda possibilita a propagação dos movimentos de vibrações do estribo
para o fluido dentro do labirinto, através da janela oval que se localiza na parte
inferior do estribo.

A vibração, então, se propaga na parte espiral conhecida como cóclea, cujo


comprimento varia de 30 mm a 35 mm de comprimento. Células ciliares dentro das
estruturas do ouvido interno são as responsáveis pela geração dos impulsos
nervosos ao cérebro, correspondentes às vibrações causadas pelo som. As
membranas basilares não vibram simultaneamente, vibram em diferentes
frequências sonoras. As frequências baixas vibram a parte alta da espiral, enquanto
as frequências altas vibram a parte baixa da espiral, sendo que esse arranjo é
conhecido como organização tonotópica. Toda essa complexa estrutura é a
responsável pela percepção acústica do mundo. (PLETSCH, 2003)

A faixa de frequências audíveis para ouvido humano encontra-se entre 20 Hz e


20.000 Hz. Sons com frequências abaixo de 20 Hz são chamados de infrassons, e
os com frequência acima de 20.000 Hz são chamados ultrassons. A faixa de
frequência entre 20 e 20.000 Hz é denominada faixa audível de frequências ou
banda audível. Ilustração 6.

19
Ilustração 6 – Espectro de frequência do som. Fonte: Autora, 2014.

O som abaixo de certa intensidade não é detectado pelo ouvido humano. Esse limite
inferior varia com a frequência e é denominado limiar de audibilidade. Acima de um
limite de intensidade, o som provoca dor e causa danos ao aparelho auditivo. O
referido limite superior é denominado limiar de dor, sendo também variável com a
frequência sonora. A Ilustração 7, mostra como se comporta a sensibilidade do ouvido
humano, em função da frequência e da intensidade do som.

20
Ilustração 7 - Liminares auditivos. Fonte: Adaptado de DE MARCO, 1982.

3.1.2 PROPAGAÇÃO DO SOM

Qualquer planejamento de projeto acústico se baseia nos fenômenos de propagação


do som no ar e nos sólidos, já que o som não se propaga no vácuo, devido à
ausência de matéria para a transmissão da energia mecânica.

Ao se propagar em um meio material, o som forma uma frente de onda que define a
forma de propagação e pode ser classificada em esférica ou cilíndrica.

Na propagação esférica, a onda sonora apresenta um ponto central, a partir do qual


o som é emitido com a mesma intensidade, nas três dimensões. Ilustração 8. São
exemplos de propagação esférica: o helicóptero e o avião. A intensidade sonora é
inversamente proporcional à superfície da esfera definida pelo raio entre o ponto

21
receptor e o centro emissor. Assim, a fórmula para o cálculo da intensidade sonora
em um ponto com distância r ao centro emissor é dada por:

Onde: I é a intensidade sonora em W/m²

W é a potência sonora da fonte emissora

r é a distância entre a fonte e o receptor

Ilustração 8 – Fonte pontual. Fonte: Autora, 2014.

Na propagação cilíndrica, a fonte emissora do som distribui-se ao longo de uma


linha ou, então, uma sucessão de fontes emissoras muito próximas entre si formam
um corpo emissor retilíneo. Ilustração 9. São exemplos de propagação cilíndrica: o
trem, o metrô e o VLT (Veículo Leve sobre Trilho), entre outros. Neste caso, a frente
de onda tem formato cilíndrico e a intensidade acústica é inversamente proporcional
à superfície do cilindro formado pelo comprimento da fonte, com raio igual à
distância entre o emissor e o receptor. Dada a distância entre o receptor e a linha do

22
eixo do emissor (r) e o comprimento da fonte (l), calcula-se a intensidade da fonte no
ponto receptor, pela fórmula:

Onde: I é a intensidade sonora em W/m²

W é a potência sonora da fonte emissora

r é a distância entre o eixo da fonte emissora e o ponto receptor

l é o comprimento do eixo da fonte emissora

Ilustração 9 - Fonte linear. Fonte: Autora, 2014.

3.1.3 PROPAGAÇÃO DO SOM COM BARREIRA

Absorção do Som

Quando uma onda sonora incide sobre uma superfície, sua energia é absorvida pela
estrutura do material que compõe essa superfície. Ilustração 10. Dependendo da
constituição do material e, principalmente, quando há porosidade e elasticidade, o
material apresenta alto coeficiente de absorção sonora, como é o caso, por exemplo,

23
de: tecido, carpete, feltros, lã de vidro ou de rocha, placas de cortiça, placas de
coco, mantas e espuma acústica. Tais materiais absorvem, principalmente, as
médias e as altas frequências, e suas propriedades de absorção da energia
mecânica evitam que o som seja refletido.

Os materiais citados no parágrafo anterior normalmente são encontrados em


ambientes fechados, dentro das edificações. Nas áreas externas das edificações,
por sua vez, devido à necessidade de resistência às intempéries, normalmente são
aplicados materiais rígidos que, por sua constituição, apresentam baixo coeficiente
de absorção sonora, tais como: alvenaria, concreto, mármores, granitos, vidro e
superfícies metálicas.

Para grandes áreas, normalmente as matas ou áreas verdes com arbustos de médio
porte, além da vegetação rasteira, constituem elementos de atenuação e absorção
do som e podem ser utilizados com essa finalidade.

Ilustração 10 - Absorção do som. Fonte: Autora, 2014.

Reflexão do Som

Quando as ondas sonoras incidem sobre um obstáculo cuja superfície apresenta-se


rígida e lisa, tal anteparo age da mesma forma que um espelho para a luz, ou seja,
as ondas sonoras retornam com mudança de direção, de tal forma que o ângulo de

24
incidência na superfície é igual ao ângulo de reflexão. Ilustração 11. As ondas
10
refletidas têm o mesmo comprimento de onda , mesma velocidade de propagação e
frequência. Como o material absorve pouco da energia incidente, praticamente toda
a energia segue na nova direção refletida. Materiais rígidos, com superfície lisa e
bem ancorados (fixados de forma rígida) funcionam como verdadeiros espelhos para
o som, e normalmente são obstáculos constituídos de concreto, mármore, granito ou
madeira fixada diretamente numa superfície rígida.

 1ª Lei da Reflexão: O raio incidente, o raio refletido e a reta perpendicular à


superfície refletora no ponto de incidência estão contidos sempre no mesmo
plano; (SOFISICA, s/d)
 2ª Lei da Reflexão: Os ângulos formados entre o raio incidente e a reta
perpendicular e entre o raio refletido e a reta perpendicular têm sempre a
mesma medida. (SOFISICA, s/d)

Ilustração 11 - Reflexão do som em superfície lisa. Fonte: Autora, 2014.

Uma superfície rígida e praticamente lisa, dada a granularidade da superfície versus


as suas dimensões, comum nos ambientes externos, é o pavimento das vias

10
Comprimento da onda – é a distância entre duas frentes de onda consecutivas, ou seja, a distância
percorrida pela onda no período. Unidade de λ em metro. Fonte: (DE MARCO, 1985. p. 11).

25
públicas. Os motores dos automóveis estão entre os principais emissores de ruído,
portanto, considerando o motor como uma fonte pontual de propagação esférica
pouco acima do solo e a via como uma superfície plana refletora, os receptores na
calçada recebem, simultaneamente, não apenas o ruído direto da fonte, mas
também o ruído refletido na via, como mostra a Ilustração 12.

Ilustração 12 - Som direto – Refletido. Fonte: Autora, 2014.

A forma das superfícies, ou seja, sua curvatura em relação ao som incidente,


também atua dispersando ou concentrando as ondas sonoras, dependendo de a
superfície ser convexa ou côncava, respectivamente. (SILVA, 1971, 2011),
(BERANEK; VÉR, 1992), (SILENCE, s/d) Ilustração 13 e Ilustração 14. As fachadas
dos edifícios revestidos com materiais rígidos funcionam como verdadeiros espelhos
para o som urbano, atuando de acordo com sua forma, planos, côncavos ou
convexos, assim como as formas irregulares, como a vegetação, os jardins, as
praças com árvores e arbustos, contribuem para a absorção do som. Dessa forma, a
morfologia urbana, assunto que será tratado mais adiante, no capítulo 4 desta
dissertação, representa um fator fundamental para se definir de que modo o ruído
produzido pelas fontes urbanas, principalmente por veículos rodoviários
automotores, têm sua energia dissipada no meio ambiente.

26
Ilustração 13 - Reflexão do som em superfície convexa. Fonte: Adaptado SILVA, 1971.

Ilustração 14 – Reflexão do som em Superfície côncava. Fonte: Adaptado SILVA, 1971.

Portanto, é de suma importância que os arquitetos, engenheiros, planejadores e


gestores tenham em mente a importância da compreensão desse fenômeno e da
orientação dos edifícios, para que o arranjo das edificações e vias, além do
mobiliário urbano, possam atuar de forma integrada no ambiente, dispersando o
ruído ao invés de concentrá-lo e até amplificá-lo pelo fenômeno da reverberação que
será exposto mais a diante.
27
Transmissão do Som

A transmissão do som através de um objeto ocorre quando o material que o constitui


permite a passagem da onda sonora para o seu outro lado, continuando a
propagação.

Na física, a explicação do fenômeno de transmissão do som se dá da seguinte


maneira: considerando-se um objeto muito fino, cuja extensão seja muito maior do
que a espessura, podendo ser representado apenas pela superfície que divide os
dois lados, o som, ao incidir nessa superfície, faz com que o objeto vibre,
transformando-se em uma nova fonte sonora na superfície oposta, ou seja, o
material do objeto em questão absorve a energia mecânica, sem dissipá-la, e a
transmite com pouca alteração ao lado oposto. Quanto maior for a massa do objeto,
quanto mais denso (menor volume para a mesma massa) e quanto mais rígido,
menor será a energia transmitida. Ilustração 15.

Ilustração 15 - Transmissão do som. Fonte: GERGES, 2000.

28
Difração do Som

A difração do som ocorre quando há um desvio ou propagação das ondas sonoras


através de uma ou mais aberturas, ou barreiras, com larguras menores do que o
comprimento da onda.

O fenômeno da difração pode ser explicado tomando-se o seguinte exemplo: uma


onda sonora de uma nota Lá1 (110 Hz, primeiro harmônico) propagando-se no ar a
20°C e ao nível do mar, portanto com velocidade igual a 343 m/s, tem comprimento
de onda de aproximadamente 3,1 metros. Já uma onda sonora da nota Lá5 (1.760
Hz, quatro oitavas acima da fundamental), propagando-se nas mesmas condições
físicas, tem comprimento de onda de aproximadamente 19 cm. Assim, pode-se notar
que as ondas sonoras de menor frequência são mais suscetíveis ao fenômeno da
difração nos ambientes externos.

Para calcular o comprimento de onda, dada a frequência e a velocidade de


propagação, basta aplicar a fórmula:

Onde: λ é o comprimento da onda sonora

v é a velocidade de propagação do som no meio

f é a frequência da onda sonora

O efeito de difração ocorre devido à capacidade de as ondas sonoras, no ar (e em


meios gasosos), contornarem as bordas, criando frentes de onda para essas bordas
no lado oposto do objeto. Quando a dimensão do obstáculo é maior do que o
comprimento de onda, então o objeto produz uma região de sombra, sem a
interferência entre as ondas que passam pelas bordas. Porém, quando a barreira
tem uma dimensão menor do que o comprimento de onda, as frentes de onda
contornam as bordas, como se essas bordas formassem novos pontos emissores
para a face posterior. Desse modo, o som resultante no lado oposto é a soma da
onda original que passa pela abertura, ou pelos lados do obstáculo, mais as ondas

29
originadas pelas bordas, criando, assim, o fenômeno da difração. Ilustração 16 e
Ilustração 17.

Ilustração 16 - Difração do som de baixa frequência. Fonte: FERNANDES, 2005.

Ilustração 17 - Difração do som de alta frequência. Fonte: FERNANDES, 2005.

30
Reverberação do Som

Reverberação é a sobreposição do som direto com o som refletido.

Conforme descrição anterior, quando uma fonte emite um som, denominado som
direto, e sua onda incide sobre uma superfície lisa e rígida, a onda é refletida em
outra direção, com ângulo de reflexão igual ao ângulo de incidência.

Quando há mais superfícies refletoras em um ambiente, o som vai sendo refletido


por essas superfícies até que sua intensidade tenda a zero. Nenhuma superfície é
totalmente refletora ou dissipadora. Mesmo quando ocorre reflexão, alguma energia
é perdida e o som refletido normalmente tem energia menor que o som incidente. O
som também perde intensidade ao se propagar pelo ambiente, e quando um som é
gerado dentro de um ambiente com vários obstáculos refletores, o que se escuta
primeiramente é o som direto, seguido, então, de uma sucessão de reflexões, uma
espécie de eco, que por ser muito próximo, no tempo, ao som direto, soma-se a ele,
uma sensação de audição prolongada. A esse fenômeno dá-se o nome de
reverberação.

A reverberação é um fenômeno comum, tanto nos ambientes internos como no


arranjo dos edifícios ao longo das vias, formando uma geometria vertical em U.
Ilustração 18. Se a via for estreita e os edifícios forem altos, com fachadas lisas de
concreto e vidro, o ambiente configura-se como o mais propício para a reverberação.
A energia do som permanece confinada pela reflexão no espaço entre os edifícios,
sendo gradualmente dissipada. Espaços urbanos mais amplos, com edifícios
apresentando contornos irregulares ou curvos, áreas que permitam o escape
horizontal, presença de vegetação nas fachadas, árvores e gramados nos passeios,
criam condições que amenizam a reverberação, pois as condições de reflexão são
minimizadas e a dissipação da energia do som, favorecida. Como descreve

desfiladeiros11 urbanos também conhecidos como cânions,


amplificam o ruído de tráfego, devido às múltiplas reflexões
que margeiam as vias de tráfego. De fato, as fachadas das
edificações restringem a divergência da onda sonora,

11
Desfiladeiro – é o termo utilizado em geomorfologia e geologia para designar um vale profundo
com paredes abruptas em forma de penhascos.

31
causando reverberação urbana, o que amplifica os níveis
sonoros. (BISTAFA, 2011 p. 222).

BERANEK; VÉR (1992) observam,

que nos espaços acústicos fechados (cânions urbanos) ocorre


o fenômeno da reverberação, devido às múltiplas reflexões das
ondas sonoras nas fachadas paralelas dos edifícios,
amplificando, por exemplo, os sons provenientes do tráfego.
Por conta disso, para a mesma fonte e distância, os níveis
sonoros nesses espaços se apresentam maiores do que nos
espaços acústicos abertos.

Ilustração 18 - Reverberação do som. Fonte: Autora, 2014.

3.1.4 PROPAGAÇÃO DO SOM AO AR LIVRE

A massa atmosférica tem maior densidade quanto mais próxima da superfície da


Terra, devido à ação da gravidade, e quanto mais distante da superfície da Terra, o
ar é mais rarefeito. De acordo com (SILVA, 1971) (JOSSE, 1975) (BERANEK, 1992)
(BISTAFA, 2011) normalmente a temperatura atmosférica tende a diminuir com a

32
altitude e, então, os raios sonoros se curvam para cima, criando uma zona de
sombra acústica em torno da fonte sonora. Ilustração 19.

Ilustração 19 - Mecanismo mais significativos de propagação sonora ao ar livre.

Fonte: Adaptado Beranek (1992)

Durante o dia, a radiação emitida pelo sol aquece a superfície terrestre e a Terra,
aquecida, irradia o calor para atmosfera. O ar aquecido se expande, torna-se mais
leve e tende a subir para uma altitude maior, segundo (SILVA, 1971) (JOSSE, 1975)
(BERANEK, 1992) (BISTAFA, 2011), a variação de temperatura e de altitude tem
efeito sobre a propagação sonora, seguindo um caminho que parte da fonte sonora
e se curva para cima. Durante o período da noite, a situação é invertida. Os raios
sonoros são curvados em direção ao solo, como apresenta a Ilustração 20.

33
Ilustração 20 - Efeito do vento. Fonte: Adaptado BERANEK, 1992.

O vento é ocasionado pelo deslocamento das massas atmosféricas das zonas de


baixa pressão para as zonas de alta pressão. Segundo SILVA (1971), esse
deslocamento tem influência sobre a propagação do som. Quando a propagação da
onda sonora tem o mesmo sentido e direção do vento, a velocidade de propagação
sonora é a resultante da soma das velocidades do som e do vento. Caso estejam
em sentido oposto, a velocidade de propagação sonora é a diferença entre as
velocidades.

Esses efeitos da temperatura, altitude, umidade atmosférica e vento alteram o


caminho normal retilíneo a partir da fonte, criando curvaturas na propagação do som
e, por consequência, zonas de sombra, conforme o exposto na Ilustração 19, sendo
explicado por BERANEK (1992), segundo o qual:

“Os efeitos do vento e da temperatura se apresentam de modo


semelhante. O vento influencia quando o atrito com a
superfície do solo reduz sua velocidade, próximo ao nível da
terra, ocasionando distorção da frente de onda. As ondas
sonoras que se encontram a favor do vento são refratadas em
direção ao solo sem alterar o seu nível sonoro. Todavia,
quando a propagação se dá em sentido contrário ao
movimento do ar, as ondas se refratam para cima, gerando
sombras acústicas e reduzindo o nível sonoro.” (GUEDES,
2005, apud NETO, 2002).

34
3.2 RUÍDO URBANO

A DEFINIÇÃO DE RUÍDO

O ruído sempre foi entendido como um problema ambiental importante para o


homem, desde os tempos da Roma antiga, pois sabe-se que nessa época já havia
regras relativas aos horários de circulação de carroças e carruagens, devido ao
ruído emitido pelas rodas dos veículos em contato com as ruas pavimentadas em
pedras, ruído esse que causava irritação e perda do sono nos habitantes. O mesmo
acontecia nas cidades medievais, onde passeios em carruagem ou a cavalo eram
proibidos à noite.

A literatura apresenta várias definições para a palavra ruído, de acordo com o


contexto ao qual se aplica. Há definições bastante específicas nas áreas da física,
da eletrônica e de outras áreas técnicas. Existem também definições muito
subjetivas, quando se aplicam às sensações auditivas do ser humano.

Segundo SCHAFER (1977), em sua obra The Soundscape, com o crescimento do


mundo moderno, o significado da palavra “ruído” ampliou-se como sinônimo de som
indesejável, som dissonante, vibrações não periódicas que são diferentes da
composição de arranjos musicais, ou de qualquer som alto que perturba. Para o
Prof. Dr. João Cândido Fernandes, ruído é a vibração não harmônica, ou seja, que
causa desconforto ao aparelho auditivo ou, ainda de outra forma, “ruído é todo
fenômeno acústico não periódico, sem componentes harmônicos definidos”.
Ilustração 21.

Ilustração 21 - Ruído - onda Aleatória. Fonte: Autora, 2014.

35
Ruído branco12 é o som que tem a potência constante para todas as frequências do
espectro13 audível entre 20 Hz e 20.000 Hz. Trata-se de um som de chiado, como o
de uma rádio FM fora de estação. O ruído branco é um artifício muito usado para
mascarar outros tipos de som (mascaramento do ruído14). (BISTAFA, 2011).

Ruído rosa15, em áudio, é um som cuja potência é inversamente proporcional à


frequência dentro do espectro audível. Tal ruído assemelha-se ao ruído branco, com
os sons agudos mais atenuados. O ruído rosa é usado para ajustar equipamentos
de áudio e calibrar monitores de estúdio, microfones e alto-falantes.

Ruído cinza é o ruído que apresenta uma curva de distribuição de potência, a qual
proporciona ao ser humano uma sensação de volume igual em todas as frequências
do espectro audível. O espectro desse ruído caracteriza-se por volume aumentado
nas frequências mais baixas e mais altas do espectro audível, ou seja, pontos em
que a sensibilidade do ouvido humano é mais baixa. (BISTAFA, 2011).

Como o ouvido humano apresenta uma curva de sensibilidade diferente nas


diferentes faixas de frequência, o ruído branco, embora constante em volume para
todas as frequências, parece, ao ouvido humano, ter maior volume em faixas
intermediárias e menor volume nas frequências mais baixas e mais altas do espectro
audível.

12
Ruído branco – a denominação é feita por associação com o caso da luz branca. Fonte: BISTAFA,
2011.
13
Espectro - Espectro do som é uma representação gráfica das componentes (ondas puras) de um
som complexo. Cada componente (som puro) é representado em um gráfico cartesiano por um ponto
que corresponde à frequência (eixo x) e a amplitude (eixo y) da componente.
14
Mascaramento do ruído - definido como a diminuição da percepção de um som pela introdução de
um ruído, para evitar ocorrência de audição contralateral, possibilitando a obtenção dos limiares
auditivos de cada orelha de forma independente.
Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-56872009000400012&script=sci_arttext
15
Ruído rosa – decorre mais uma vez de associação com a luz; neste caso emitindo mais energia na
faixa vermelha do espectro. (BISTAFA, 2011).

36
3.2.1 RUÍDO RODOVIÁRIO

O principal responsável pela poluição sonora nos centros urbanos é o ruído emitido
pelo tráfego de veículos, gerando vários impactos negativos, como danos à saúde e
à qualidade de vida da sua população. Ilustração 22.

Ilustração 22 - Trajetória de propagação sonora. Fonte: CNOSSOS-EU, 2012.

Segundo SCHAFER, uma pesquisa ampla elaborada em 1971, na cidade de


Vancouver, constatou que:

“O ruído do tráfego é a mais significativa fonte de ruído de


todos os tempos. Descobriu-se que, durante o dia, o ruído do
tráfego local era responsável por 40% de todas as fontes de
ruído, enquanto o tráfego distante constituía cerca de 12%. À
noite os valores correspondentes eram de 30% e 26%”.
(SCHAFER, 2011. p. 262).

O ruído rodoviário é gerado pelo fluxo dos veículos nas vias. Sua composição é
complexa, pois há vários tipos de fontes emissoras e de condições locais que
contribuem para a geração desse tipo de ruído. São fatores preponderantes na
emissão do ruído rodoviário:

37
 Os vários tipos de veículos: automóveis, caminhões leves e pesados, ônibus
e motocicletas;
 Os vários tipos de motor: de combustão a diesel ou a gasolina, ou segundo a
capacidade do cilindro do motor e a potência;
 O perfil topográfico e os pontos de parada comuns (cruzamentos e paradas
de ônibus) que obrigam os motoristas a acelerar ou frenar, emitindo ruídos
característicos do comportamento do motor, dos freios e do atrito com a via;
 O atrito dos pneus com a superfície de rolamento;
 As buzinas e sirenes.

O nível de intensidade sonora emitida pelo tráfego de veículos em uma via, sem
considerar a velocidade dos mesmos, é proporcional a quantidade de veículos em
circulação no local (Josse, 1975), e pode ser calculado pela fórmula:

( )

Onde:

L = nível de intensidade sonora

Q = número de veículos por hora

d = distância da borda da calçada ao observador

Porem a fórmula acima deve ter seu valor corrigido de acordo com alguns fatores
que devem ser aplicados conforme o volume de veículos pesados, a inclinação da
via e a velocidade média dos veículos. Tais fatores são expressos nas tabelas
apresentadas a seguir:

Tabela 1 - Composição de veículos (em porcentagem). Fonte: JOSSE, 1975.

38
Tabela 2 - Inclinação longitudinal de via (em porcentagem). Fonte: JOSSE, 1975.

Tabela 3 - Velocidade de circulação do tráfego. Fonte: JOSSE, 1975.

Na condição de veículos esparsos, as fontes emissoras estão distantes entre si, e o


ruído se propaga a partir de cada veículo, em todas as direções, como uma
semiesfera em torno da fonte. Para os veículos em movimento contínuo ou parados
em um congestionamento, as fontes se somam ao longo do eixo da via, atuando
como se a fonte fosse linear e, portanto, gerando uma forma de propagação
semicilíndrica.

Para diminuir os efeitos nocivos do ruído urbano, o projeto SILENCE recomenda um


conjunto de medidas para se evitar ou reduzir o ruído na fonte. Para o caso de ruído
de tráfego, a atuação na fonte seria a diminuição do ruído gerado pelo motor,
assunto que será tratado no capítulo seis desta dissertação, destinado ao estudo
das fontes de ruídos – emissão.

Os meios de transporte fazem parte da vida moderna nos centros urbanos. O uso de
veículos automotores contribui para o deslocamento das pessoas e de mercadorias,
contribuindo também para o desenvolvimento econômico e social. Porém, em
contrapartida, o tráfego rodoviário, mais especificamente, gera problemas nocivos

39
tanto à saúde quanto ao meio ambiente, configurando-se como um dos maiores
causadores de tais danos à saúde. Um dos problemas associados ao transporte é o
ruído gerado pelos motores a combustão, que emitem ruído de baixa ou de alta
frequência, dependendo do fluxo do tráfego. Os ruídos de baixa frequência são
imperceptíveis ao ouvido humano, porém esse tipo de som afeta silenciosamente a
saúde humana ao longo dos anos, o que será tratado no capítulo cinco, que versa
sobre o impacto do ruído no ser humano.

A lei 8583/95, Ruídos Urbanos e Proteção do Bem Estar e do Sossego Público, diz
respeito ao limite do nível do ruído:

“§ 4º - quando o nível de ruído proveniente de tráfego, medido


dentro dos limites reais da propriedade onde se dá o suposto
incômodo, vir a ultrapassar os níveis fixados por esta lei,
caberá à secretaria municipal do meio ambiente articular-se
com os órgãos competentes, visando à adoção de medidas
para eliminação ou minimização dos distúrbios sonoros”.

O ruído de fundo produzido pelos automóveis também é


tratado pelos autores (DUBOIS; RAIMBAULT, 2005: Apud
RUOCCO, 1974; ATTENBOROUGH et al., 1976),

“Um dos motivos que mudaram o meio ambiente urbano é o


aumento do fluxo de tráfego. O uso generalizado de motores
que geram os sons de baixa frequência, resultando em ruído
de fundo permanente e contínuo”.

Segundo BELDERRAIN (1995), em seu artigo “Ruído de tráfego: Avaliação e análise


de um caso prático”, publicado no SOBRAC 95,

A emissão do ruído de tráfego varia de acordo com o volume


de tráfego, a porcentagem de veículos passados no fluxo total,
a velocidade média dos veículos e o tipo de tráfego (fluxo livre
ou interrompido). Uma vez gerado o ruído, o campo sonoro
resultante vai depender de uma série de condições de
propagação, que são afetadas por considerações geométricas,
tais como: alinhamento da rodovia, topografia local,
espalhamento de obstáculos e reflexão devido à presença de
edifícios e outras superfícies.

As características fundamentais do ruído de tráfego são:


espectro de variação temporal. O seu espectro típico, em geral
apresenta mais componentes de baixa frequência, quando o
tráfego é urbano, e mais componentes em alta frequência,
quando o tráfego é livre. Sua característica é importante
porque a percepção do ouvido humano e as medidas de
controle de ruído são dependentes da frequência do som.
Como o ruído de tráfego é fluente, é preciso determinar a

40
história temporal do ruído, analisando as variações de curta
duração e, principalmente, as de longa duração, as quais
dependem das condições do tráfego (lento, fluente, etc.) e da
porcentagem de veículos pesados no fluxo total.
(BELDERRAIN,1995 p. 37-38)

De acordo com NIEMEYER; SLAMA (1998), o ruído de tráfego invade os centros


urbanos, mascarando e destruindo a identidade sonora dos ambientes, tanto dos
espaços públicos como dos privados, dificultando a compreensão da comunicação
verbal. A perda dessa referência sonora leva também à perda do vínculo de
familiaridade e confiança no local, podendo configurar-se como um dos fatores que
colaboram para o stress associado ao ambiente urbano.

3.2.2 RUÍDO FERROVIÁRIO

Sendo um meio de transporte de grande volume e massa, vários são os elementos


que contribuem para a emissão do ruído ferroviário, iniciando-se pela base sobre a
qual a ferrovia é construída, pois o tipo do solo e a topografia influenciam na geração
e na transmissão do ruído. Toda a infraestrutura de suporte da ferrovia sobre o solo,
incluindo lastro, dormentes16 e trilhos, que podem ser de diferentes materiais,
também contribuem para a geração de maior ou menor ruído no deslocamento, na
frenagem e na aceleração dos vagões e das locomotivas.

Com relação aos trens (locomotivas e vagões), as rodas têm papel importantíssimo
na emissão de ruído, pois o atrito com o trilho na rolagem, na frenagem e na
aceleração é um dos componentes fundamentais das vibrações que o sistema
emite.

Outro ponto fundamental é a fixação dos trilhos, que recebe uma grande carga de
energia durante o deslocamento do trem e o flexionamento dos trilhos. Se a fixação
não for dotada de um sistema de amortecimento apropriado, esse flexionamento
durante a passagem do comboio produz ondas que se propagam pelos trilhos e são
de alta intensidade.

16
Dormente - Peça de madeira, concreto, concreto protendido ou ferro, onde os trilhos são apoiados
e fixados e que transmitem ao lastro. Fonte: Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários –
(ANTF, s/d).

41
A suspensão dos vagões e locomotivas também atua de forma importante, não só
para a estabilidade da composição e diminuição da trepidação da carga, mas
também evitando que essa trepidação produza um ruído excessivo durante o
deslocamento. Trens mais estáveis e com menos vibração, além de mais
confortáveis para os passageiros, são também menos ruidosos para o entorno. Os
sistemas de engate entre os elementos da composição e os motores de tração são
outros componentes importantes na geração do ruído ferroviário.

A aerodinâmica e a velocidade dos trens é outro fator importante na geração do


ruído, pois, sendo o trem uma grande massa que se desloca com velocidade
considerável, desloca, por conseguinte, uma quantidade razoável de ar em sua
passagem, o que, por si só, já constitui uma frente de onda sonora de potência
elevada.

Existem muitos sistemas ferroviários diferentes no mundo, desde o sistema


tradicional até o mais moderno, como o Maglev17, que levita (por efeito
eletromagnético) sobre a via, emitindo muito menos ruído do que o convencional,
pois, neste caso, o ruído produzido é provocado apenas pelo atrito do trem com o ar.
(POWELL; DANBY, 2013).

O material dos trilhos, normalmente o aço, os materiais utilizados para o dormente,


de madeira, de ferro ou de concreto, a dimensão e o perfil do trilho, o tipo de
material utilizado para a fixação do trilho, o parafuso para a tala de junção18 fixando
a presilha sobre a placa de apoio19, o uso de cremalheira20 para auxiliar a subida da
locomotiva, utilizada em rampas nas quais a inclinação seja muito acentuada,
formam um conjunto complexo de geradores e transmissores de ruído, que pode
contribuir para um alto nível de ruído, ou atuar como atenuadores dessas fontes.
(ANTF, s/d).

17
Maglev - Maglev (derivado de levitação magnética) é um método de propulsão que utiliza levitação
magnética para propulsionar veículos com imãs, em vez de com rodas, eixos e rolamentos.
18
Tala de junção - Peça de aço ajustada e fixada, aos pares, por meio de parafusos, porcas e
arruelas, na junta dos trilhos para assegurar a continuidade da superfície teórica de rolamento da via.
Fonte: Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários – (ANTF, s/d).
19
Placa de apoio - Placa metálica padronizada interposta e fixada entre o patim do trilho e o
dormente de madeira, para melhor distribuição dos esforços e melhor fixação do trilho ao dormente.
Fonte: Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários – (ANTF, s/d).
20
Cremalheira - Sistema de tração usado em certas estradas de ferro, nos trechos de rampa muito
íngreme. Fonte: Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários – (ANTF, s/d).

42
”O ruído de tráfego ferroviário resulta da contribuição de
diferentes fontes sonoras, em que os mecanismos de
transmissão por via aérea e por via estrutural são responsáveis
pela radiação e propagação dos estímulos sonoros.”
(ALARCÃO; COELHO, 2008).

Um exemplo de norma e legislação que regulamentam as questões ligadas ao ruído


ferroviário é o Decreto lei 146/2006 de Portugal (ALARCÃO; COELHO, 2008), cuja
finalidade é a prevenção e o controle do ruído, com o objetivo de proteger a saúde
do homem e do meio ambiente.

O programa de computador alemão Schall 03 (2006) usa um modelo preditivo para o


cálculo de ruído ferroviário, ajustando a calibração de acordo com as condições
locais.

O ruído emitido pela passagem de um trem como o VLT (Veículo Leve sobre Trilho)
em área urbana é conhecido como uma fonte linear ou de propagação cilíndrica,
conforme mencionado anteriormente.

O ruído ferroviário, embora importante no contexto urbano em geral, não é objeto


desta dissertação e, portanto, não será abordado em profundidade.

43
3.2.3 RUÍDO AERONÁUTICO

O ruído aeronáutico é emitido pelas turbinas dos aviões, pelos rotores dos
helicópteros e pelas hélices das aeronaves, gerando um alto nível de pressão
sonora de baixa frequência em toda a trajetória do voo, principalmente nas áreas de
aproximação, decolagem e pouso. Em 1979, a 1a manifestação de preocupação
explícita do órgão regulador, em relação ao controle de conflitos ambientais
decorrentes do ruído na aviação, emitiu o Decreto N° 89.43, disciplinando o ruído
gerado pela operação e manutenção em solo.

O helicóptero tem sido um meio de transporte bastante utilizado nos grandes centros
urbanos, especialmente na cidade de São Paulo, sendo que, de acordo com
Associação Brasileira de Aviação Geral (ABAG), a cidade de São Paulo possui a
maior frota de helicópteros urbanos no mundo, com 452 helicópteros registrados na
capital paulista. De acordo com um levantamento feito pela Associação Brasileira
dos Pilotos de Helicóptero (ABRAPHE), cerca de 2.200 pousos e decolagens são
feitos por dia na cidade de São Paulo, o que tem causado incômodo para os
habitantes e usuários da cidade.

“Como característica marcante do ruído aeronáutico, pode-se


apontar eventos de grande intensidade e curta duração,
causando perturbação e interrupção de atividades, sendo que
os principais métodos utilizados para sua aferição estão
associados à reação das pessoas quando submetidas à sua
influência.” (CALDAS, 2013 apud HORONJEFF; MCKELVEY,
1994).

O decreto 83.399 /79, capítulo VIII - Dos Planos de Zonas de Ruído, explicita a
preocupação e recomendações quanto ao controle de conflitos ambientais e aos
problemas de ruído:

“ÁREA I - Interior à curva de nível 1.

São prováveis sérios problemas devido ao impacto do


ruído. Não é recomendável a construção de nenhum edifício
sem um estudo detalhado do problema de insonorização.
Residências, escolas, igrejas, hospitais, escritórios, hotéis,
motéis, teatros e auditórios não devem ser construídos nessa
área.”

“ÁREA II - Compreendida entre as curvas de nível 1 e 2. Novas


construções de residências, escolas, igrejas, hospitais, hotéis,
motéis, teatros e auditórios devem ser evitadas. Sendo

44
inevitável a construção de edificações desses tipos, bem como
para aquelas já existentes, recomenda-se um estudo
detalhado do problema de ruído e adoção de medidas
adequadas para a insonorização desses edifícios.” (Câmara
dos Deputados).

Devido ao grande impacto ambiental proveniente das atividades aeroportuárias,


tornou-se obrigatório, em 2013, o monitoramento de ruído nos aeroportos com
movimento superior a 120 mil aeronaves nos últimos 3 anos, de acordo a Resolução
ANAC nº 202/2011 (Aprova o Regulamento Brasileiro da Aviação Civil nº 161). O
aeroporto de Santos Dumont, na cidade do Rio de Janeiro, implantou, em abril/2014,
o sistema de monitoramento de ruído, que atende aos requisitos da Agência
Nacional de Aviação Civil - ANAC. (INFRAERO, s/d).

Existem várias leis específicas que regulamentam o ruído aeronáutico, tanto no


âmbito nacional como no internacional. Esse é um campo de estudo extremamente
complexo e que não faz parte do escopo do estudo dessa dissertação.

3.2.4 RUÍDO CONSTRUÇÃO CIVIL

A atividade da construção civil promove o desenvolvimento e a comodidade para a


vida humana contemporânea nos territórios. Além da construção das edificações 21,
as obras viárias englobam desde as vias urbanas às rodovias, ferrovias, obras
aeroportuárias e portuárias. Grandes obras hidráulicas, como as barragens, redes
de abastecimentos de água, as de saneamento, drenagem e estações de
tratamentos são imprescindíveis para se criar a infraestrutura necessária para o
suporte à vida e ao conforto modernos. Em contraponto ao progresso, à comodidade
e à saúde (quando falamos em abastecimento e saneamento) que permitem que se
usufrua das facilidades da vida moderna, durante o período das obras de construção
civil, a população do entorno sofre com a elevada pressão sonora gerada.

21
Edificação - a atividade ou o resultado da construção, reconstrução, ampliação, alteração ou
conservação de um imóvel destinado à utilização humana, bem como de qualquer outra construção
que se incorpore no solo com carácter de permanência. Fonte: Base de Dados Jurídica.
http://bdjur.almedina.net/citem.php?field=node_id&value=1226133 data de acesso: 01/05/2014.

45
A resolução CONAMA nº 1, de 08/03/90, estabelece critérios, padrões, diretrizes e
normas reguladoras da poluição sonora. O Decreto lei 11.804/95 determina sobre a
avaliação da aceitabilidade de ruídos na Cidade de São Paulo, visando ao conforto
da comunidade. No Art. 1º reza que:

“A emissão de sons e ruídos de qualquer natureza estão


limitados por esta lei, assegurando-se aos habitantes da
cidade de São Paulo melhoria da qualidade de vida e meio
ambiente e controle da poluição sonora”.

A Lei Complementar 655/07 estabelece padrões relativos aos ruídos urbanos, fixa
níveis e horários em que será permitida sua emissão e cria a certidão de tratamento
acústico. No art. 2º,

“Item I – som: é toda e qualquer vibração acústica capaz de


provocar sensações auditivas. Art. 17, o nível de som
provocado por máquinas e aparelhos utilizados nos serviços
de construção civil, manutenção dos logradouros públicos e
dos equipamentos e infraestrutura urbana, deverão atender
aos limites máximos de poluição sonora estabelecidos nesta
Lei”.

Muitas Leis sobre limites de emissão do nível de ruído têm como referência a norma
NBR10151. O ruído da construção civil é gerado de várias formas, desde os
causados pelos caminhões durante a entrega do material de construção para o
canteiro, passando pelos ruídos próprios da movimentação para armazenagem, pelo
emitido pelos motores e pelos próprios mecanismos dos equipamentos, até o ruído e
a vibração causados pelo sistema construtivo.

O ruído da construção civil é um ponto importante, considerando-se que as cidades


estão em constante evolução e reforma, e que a criação de novas vias e de novos
espaços, e mesmo a manutenção constante das vias e edificações, geram um nível
de ruído que precisa ser analisado, considerado e disciplinado no âmbito das
estratégias de redução do ruído urbano. Esse assunto, porém, não faz parte do
escopo deste trabalho e, portanto, não será abordado em maior profundidade.

46
4 MORFOLOGIA URBANA E A PAISAGEM SONORA

“A cidade se caracteriza pela sobreposição de melodias e


harmonias, ruídos e sons, regras e imprevisões cuja soma
total, simultânea ou fragmentária, comunica o sentido da obra.
Estou convencido de que, por meio da multiplicação de
enfoques – os “olhares” ou “vozes” – relacionados com o
mesmo tema, seja possível se avizinhar mais à representação
do objeto da pesquisa, que é, neste caso, a própria cidade”
(CAVENACCI, 1993, p. 18).

A constituição de uma cidade determina a qualidade da paisagem sonora do lugar,


resultante de vários elementos que compõem a forma urbana, conforme se aborda
nos textos de (NIEMEYER; SLAMA, 1998) (L. T. SILVA: M. OLIVEIRA, 2010)
(ARIZA-VILLAVERDE; JIMÉNEZ-HORNERO; DE RAVÉ, 2013). O comportamento
sonoro no espaço urbano está relacionado com os seguintes pontos tratados de
forma detalhada neste capítulo, sendo apresentado apenas um exemplo com o
propósito de facilitar o entendimento prévio de tais conceitos:

 A distribuição espacial dos elementos morfológicos e sua densidade


construída, cujos espaços cheios e vazios influenciam na trajetória da
propagação sonora – podem-se notar as diferenças da qualidade sonora
entre cidades com crescimento desordenado e forma irregular e cidades
planejadas com distribuição equilibrada tanto de edifícios quanto de áreas de
verdes.
 A forma, a volumetria e os materiais utilizados nos edifícios – edifícios altos,
com fachadas de concreto, justapostos, criam o efeito acústico conhecido
como “canyon”.
 O uso e a ocupação da área – os requisitos da paisagem sonora são
diferentes em áreas residenciais, comerciais, industriais e áreas sensíveis
(hospitalar, asilos, escolas etc.), apenas para citar algumas diferenças
próprias desse aspecto.
 O traçado da malha viária, as dimensões das vias, o volume e a composição
do tráfego – vias com grande concentração de tráfego, incluindo veículos de
carga e/ou transporte coletivo, são naturalmente mais ruidosas, porém, as
condições de fluxo (cruzamentos e paradas) e a topografia (aclives e
declives) contribuem para o agravamento da poluição sonora.
A dinâmica relacionada aos aspectos culturais e históricos do lugar – como
exemplo, pode-se citar uma área de mercado ao ar livre, que apresenta sons
característicos em cada cultura e região do mundo (NIEMEYER; SLAMA,

47
1998) (L. T. SILVA; M. OLIVEIRA, 2010) (ARIZA-VILLAVERDE; JIMÉNEZ-
HORNERO; DE RAVÉ, 2013;).

Portanto, o estudo da paisagem sonora exige que os aspectos acima relacionados


sejam abordados de forma integrada, para o entendimento das fontes e da
propagação dos sons. Somente desse modo é que se pode ter uma visão completa,
que permita a atuação em prol do tratamento do ruído e de seus efeitos, mantendo a
identidade sonora do local, de acordo com o citado em:

A compreensão dos mecanismos de propagação do som no ar


livre constitui-se em elemento fundamental no entendimento de
ambientes sonoros urbanos e, portanto, no auxílio ao controle
do ruído nas cidades (GUEDES, 2005, p.22, apud NIEMEYER;
SLAMA, 1998).

4.1 ELEMENTOS MORFOLÓGICOS

A morfologia urbana é um dos fundamentos do urbanismo, sendo definida por


LAMAS (2004) como:

É a justo título que a morfologia urbana se inscreve nas áreas


do urbanismo, da arquitetura e do desenho urbano. Nesse
sentido, poderei defini-lo pelo estudo dos fatos construídos
considerados do ponto de vista da sua produção e na relação
das partes entre si e com o conjunto urbano que definem. Esta
noção leva a clarificar essencialmente três pontos:

 Morfologia (urbana) é o estudo da forma do meio


urbano, nas suas partes físicas exteriores, ou
elementos morfológicos, e sua produção e
transformação no tempo. Todavia, é necessário
sublinhar que um estudo morfológico não se ocupa do
processo de urbanização, quer dizer, do conjunto de
fenômenos sociais, econômicos e outros, motores da
urbanização. Estes convergem na morfologia como
explicação da produção da forma, mas não como
objeto de estudo.

 Um estudo de morfologia urbana ocupa-se da divisão


do meio urbano em partes (elementos morfológicos) e
da articulação destes entre si e com conjunto que
definem – os lugares que constituem o espaço urbano.
O que remete de imediato para as necessidades de
identificação e clarificação dos elementos morfológicos,
quer em ordem à leitura ou análise do espaço quer em
ordem à sua concepção ou produção.

48
 Um estudo morfológico deve necessariamente tomar
em consideração os níveis ou momentos de produção
de espaço urbano. Níveis esses que possuem, dentro
das disciplinas urbanístico-arquitetônicas, a sua lógica
própria, articulação sobre estratégias político-sociais.
Um estudo morfológico deve também identificar os
níveis de produção de forma urbana e as inter-relações.
(LAMAS, 2004, p. 38-39)

A forma urbana intervém no meio ambiente, nos seres vivos e no ambiente sonoro.
Sem levar em conta a introdução de novos sons no ambiente, as construções feitas
pelo homem e a ocupação do território pelas cidades criam um novo ambiente
sonoro, resultante da distribuição espacial dos elementos morfológicos que
interagem e interferem na trajetória de propagação do som no meio urbano.

A influência da forma urbana segundo Luz Valente Pereira


(Pereira, 1974), em termos morfológicos, situa-se
principalmente ao nível da sua localização, topografia,
exposição solar, eólica, qualidade e aptidão do solo e subsolo
e, por fim, sua composição de paisagem. Estes dados
influenciam as grandes distribuições de cheios e vazios das
edificações e sua tipologia, bem como o traçado das
infraestruturas, sobretudo a viária (L. T. SILVA; M. OLIVEIRA
2010, p. 1, apud PEREIRA, 1974).

A morfologia urbana constitui-se, portanto, em um dos elementos essenciais para o


levantamento das características acústicas do lugar e de qualquer projeto de
ocupação ou intervenção urbana, onde se deseja qualidade acústica.

4.1.1 O SOLO E O PAVIMENTO

A superfície do solo comporta-se principalmente como agente refletor e/ou


atenuador do som, de acordo com suas propriedades. A composição do solo 22, o
padrão de textura e o grau de porosidade da estrutura de sua superfície são as
principais características que influenciam na reflexão ou atenuação do som pelo
solo. (NIEMEYER; SLAMA, 1998) (Brüel & Kjær, 2000) (GUES, 2005) (KANG, 2007).

Dependendo de sua consistência, o solo pode ser classificado como “duro” ou


“macio”, determinando a proporção entre a energia absorvida e a refletida. O

22
Composição do solo – é formado pelos conjuntos de partículas, com dimensões e formas variadas.

49
primeiro caso ocorre quando o solo se apresenta compactado e perdeu sua
porosidade, sendo mais refletivo à incidência sonora. O segundo caso, por sua vez,
apresenta como característica a porosidade, que o faz mais absorvente, atenuando
bastante a energia da onda refletida. (NIEMEYER; SLAMA, 1998).

Tabela 4 categoriza o solo em cinco tipos, de acordo com seus coeficientes de


absorção:

Categoria Coeficiente de Absorção (a) Tipo de Material

Espelho d’água / Laje de concreto / Chapa


1 Totalmente Refletivo α=0 metálica / Madeira envernizada / Mármore /
Granito
Madeira não polida e com juntas largas /
2 Semi-refletivo α = 0,2 Reboco / Placas de pedra regulares / Blocos
de concreto rugoso / Solos revestidos de
material betuminoso, como asfalto e resinas
3 Semi-absorvente α = 0,5 Madeira não polida sem juntas

4 Absorvente α = 0,7 Solo natural muito irregular com vegetação


densa
5 Totalmente Absorvente α=1 Hipótese teórica

Tabela 4 - Tipos de Solo. Fonte: adaptado de NIEMEYER; SLAMA, 1998.

O objetivo principal desta dissertação é o estudo do ruído rodoviário urbano, assim


sendo, a pavimentação das vias de tráfego tem papel preponderante na propagação
do som emitido pelos veículos que trafegam nessas vias.

O pavimento das vias normalmente é classificado em três categorias:

 Rígido: normalmente formado por placas de concreto de cimento Portland,


suportam alto tráfego e alta carga, com maior durabilidade, exigindo menor
manutenção, porém, por suas características, apresenta o maior índice de
reflexão do som. Normalmente sua superfície é tratada de forma a apresentar
a rugosidade necessária para a aderência dos veículos.
 Semi-rígido: implementado com uma base de concreto, rígida, conforme as
características do pavimento rígido anteriormente definido, com cobertura de
material asfáltico, em consonância com as características dos pavimentos
50
flexíveis, descritos a seguir. O pavimento dessa categoria se apropria das
características de estabilidade e suporte à carga, dadas pela base de
concreto, e beneficia-se das características das superfícies flexíveis quanto à
aderência, drenagem e reflexão sonora, dependendo do material utilizado na
camada de superfície.
 Flexível ou asfáltico: implementado com revestimento asfáltico sobre base de
brita ou solo. Esse tipo de pavimento tem menor durabilidade e, portanto,
apresenta maior necessidade de manutenção. Para que o pavimento suporte
cargas maiores, uma infraestrutura mais complexa torna-se necessária.
Porém, devido às suas características de granularidade e porosidade da
superfície, é possível obter composições de materiais na superfície de
rolamento, que permitam menor reflexão, além de menor geração do som,
devido ao atrito entre os pneus e a via. (BIANCHI; TACLA BRITO; CASTRO;
2008) (ANDRADE, 2010) (BERNUCCI, et al, 2010).
Há diferenças quanto ao uso de materiais construtivos nos países localizados em
diferentes continentes, como, por exemplo, nos EUA, na Europa e no Japão, devido
a vários fatores, tais como: as condições climáticas locais, como altas e baixas
temperaturas e formação de gelo; o impacto de fenômenos naturais, como
terremotos e furacões; a disponibilidade e o custo dos materiais; a facilidade do
manejo e as condições de tráfego, entre outros aspectos.

Importante para este estudo é a preocupação crescente em relação ao ruído na


implantação do pavimento nas vias, reconhecendo-o como elemento relevante na
determinação das características sonoras do ambiente urbano. O manual do Projeto
Silence (2008) indica uma redução na faixa de 3 a 4 dB, conforme o material
utilizado, a composição e a velocidade do tráfego nas vias, com o uso de novas
composições de materiais de custo similar aos tradicionalmente utilizados no
passado.

Quando um veículo leve ou pesado, com velocidade acima de 35 km/h e 50 km/h,


respectivamente, trafega sobre uma via, o principal ruído é gerado pela interação
entre o pneu e a superfície do pavimento. Em velocidades inferiores, porém, o ruído
do motor é que se destaca. Dessa forma, excetuando-se as vias locais de baixa
velocidade, nas demais o ruído emitido pelos pneus representa uma fonte
importante a ser considerada.

51
Os principais efeitos que contribuem na geração do ruído pela interação entre o
pneu e o pavimento, conforme FREITAS; PEREIRA (2013) apud SANDBERG;
EJSMONT (2002) são os seguintes:

 As vibrações, que resultam do contato entre os pneus e a superfície e da


aderência, ilustrados pela Ilustração (a, b). Tais vibrações resultam não só
das condições da rugosidade da via, mas também de características da roda
e dos eixos do veículo.
 O efeito de bombeamento de ar que ocorre no momento em que o pneu
interage com a superfície, ilustrado pela Ilustração (c). Esse bombeamento
depende das características do pneu, do seu desenho e do pavimento.
 Os dois efeitos listados acima são amplificados pelo efeito de pavilhão (horn
acoustic effect), presente na Ilustração (d), ou seja, o pneu se comporta
como uma espécie de buzina ou cone de um megafone, para o qual o ar
comprimido e as ondas sonoras são direcionados.
Vários fatores influenciam na geração do ruído de interação entre o pneu e o
pavimento, tais como: características do pneu, material, dimensões, formato,
desenho das ranhuras, desgaste etc.; características do pavimento, como
rugosidade, porosidade, rigidez; condições climáticas, expressas por temperatura,
chuva (água na superfície de rolamento), vento etc. Portanto, a redução de ruído
passa pelo estudo desses efeitos, tanto por parte dos fabricantes de pneus como
dos produtores de material para pavimentos, além de departamentos de estradas de
rodagem e vias públicas (DRI-DK, 2008).

52
Ilustração 23 - Mecanismos de geração de ruído pneu-pavimento: a) vibração dos blocos do pneu; b)
vibração dos flancos; c) bombeamento de ar; d) efeito de pavilhão. Fonte: (FREITAS e PEREIRA,
2013, apud SANDBERG; EJSMONT, 2002).

Pesquisas voltadas para a redução do ruído gerado pelo contato entre os pneus e o
revestimento do pavimento têm sido conduzidas nos países mais desenvolvidos,
envolvendo equipes multidisciplinares de especialistas em acústica, construção,
materiais, química e outros, em instituições acadêmicas, pelo governo e pela
indústria. O objetivo desses estudos é o desenvolvimento de materiais e de sistemas
construtivos que atendam aos vários requisitos para aplicação nas vias, tais como:

 redução do ruído pneu-pavimento;


 custos de implantação, manutenção e durabilidade aceitáveis;
 características de aderência para evitar derrapagens;
 características de drenagem para evitar aquaplanagem;
 diminuição da reflexão luminosa para reduzir o efeito de ofuscamento dos
motoristas dos veículos em sentido contrário;
 redução da resistência da via, para a redução do consumo de combustível e
da emissão de CO2. (DRI-DK, 2008) (FREITAS; PEREIRA, 2013).
Os pavimentos de baixa emissão de ruído mais utilizados atualmente são: o Asfalto
Poroso de Camada Simples e o Asfalto Poroso de Camada Dupla.

53
O Asfalto Poroso de Camada Simples, retratado na Ilustração 24, é formado por
agregado, que constitui um esqueleto de pedra resistente à deformação, preenchido
com elemento de ligação de cimento (DAC – Dense Asphalt Concrete) ou betume
(SMA – Stone Mastic Asphalt). No caso do SMA, o agregado é preenchido com
betume e fibras para dar estabilidade ao betume durante o transporte e a aplicação.
Trata-se de uma opção bastante utilizada na Europa, na Austrália, nos Estados
Unidos, no Canadá e no Japão (DRI-DK, 2008). Quanto menor o tamanho do
agregado maior a redução do ruído, sendo que cada país adota um padrão diferente
de tamanho máximo para cada tipo (DAC ou SMA), com dimensões variando de 11
23
a 16 mm. Verificou-se, também, que alto espaçamento, de 20 a 25% entre os
agregados, produz uma redução de ruído de 2 a 3 dB (A). Para vias urbanas, o SMA
não funciona adequadamente, pois a sujeira e o pó podem obstruir os poros,
prejudicando a drenagem e o desempenho acústico (DRI-DK, 2008) (SILENCE,
2008) (FREITAS; PEREIRA, 2013).

Ilustração 24 - Asfalto poroso de camada simples. Fonte: SILENCE, 2008.

23
Volume de material no espaço entre os agregados, resultado da relação entre o volume dos
interstícios sobre o volume total.

54
Asfalto Poroso de Camada Dupla (two layer porous surface), exemplificado na
Ilustração 25, é constituído por uma camada com agregado fino, superposta a uma
camada de suporte de agregado mais grosso. Essa composição em dupla camada
apresentou melhor desempenho nas vias urbanas. A camada superior, com 25 mm
de espessura, contendo agregado com dimensão variando de 2 a 6 mm ou de 4 a 8
mm, é aplicada sobre outra camada com 45 mm de espessura, contendo agregado
com dimensão variando de 14 a 16 mm, conforme a Ilustração 25. A dimensão dos
agregados e a altura das camadas variam, dependendo da referência adotada em
cada país (SILENCE, 2008) (FREITAS; PEREIRA, 2013).

Ilustração 25 - Asfalto poroso de dupla camada. Fonte: SILENCE, 2008, apud MANFRED HAIDER

Novos materiais estão em desenvolvimento e testes, como é o caso do PERS (Poro-


Elastic Road Surface), pavimentação poroelástica desenvolvida no projeto
PERSUADE. (PERSUADE, 2013), exemplificada pela Ilustração 26.

O PERS (pavimento poroelástico) contém, em sua composição, no mínimo 20% de


borracha ou outro material elástico granulado, obtido principalmente de pneus
reciclados, com no mínimo 20% de espaçamento (porosidade). Os grânulos são
ligados por uma resina sintética, como poliuretano, podendo ou não conter agregado
natural ou sintético. A mistura não contém betume e é preparada a frio. Testes no
Japão e na Suécia demonstraram uma capacidade de redução do ruído em até 12
dB(A), em comparação com os pavimentos convencionais. (FREITAS; PEREIRA,
2013) (PERSUADE, 2013).

55
Ilustração 26 - PERS - Pavimento Poroelástico para rodovias. Fonte: PERSUADE, 2013.

56
4.1.2 RUA E VIA

De acordo com NIEMEYER (1998), há uma distinção entre via e rua, sob o ponto de
vista acústico. A via é destinada à circulação dos veículos, que compõem a fonte
sonora, enquanto a rua compreende, além da via de circulação, também o seu
entorno, até o limite das fachadas dos edifícios, conforme Ilustração 27 e Ilustração
28.

Ilustração 27 - Definição de Via, do ponto de vista acústico.

Fonte: esquema elaborado pela autora, adaptado de NIEMEYER; SLAMA, 1998.

Ilustração 28 - Definição de Rua, do ponto de vista acústico

Fonte: esquema elaborado pela autora, adaptado de NIEMEYER; SLAMA, 1998.

57
Com base em NIEMEYER; SLAMA (1998), a característica acústica de uma rua é
definida por uma regra simples, relacionando a largura da rua (d) e a altura dos
edifícios (h) que a margeiam.

Considerando-se as alturas h1 e h2 dos edifícios, em um corte transversal da rua,


podem-se identificar três configurações acústicas:

 Configuração em U: de acordo com a Ilustração 29, a Configuração em U


ocorre quando as alturas de ambos os edifícios (h1 e h2) são maiores do que
20% da largura da rua (distância entre as fachadas d). Nessa geometria
ocorre a reflexão do som produzido na via, em ambos os lados, gerando
reverberação, fenômeno conhecido como “canyon” urbano.
 Configuração em L: de acordo com a Ilustração 30, a Configuração em L é
observada quando a altura de um dos edifícios (h1 ou h2) é maior do que 20%
da largura da rua (d) e a do outro é menor do que 20% dessa largura. Nesse
caso há reflexão do som em apenas um dos lados e, portanto, não há
reverberação e a influência do som refletido não é tão grande como no caso
da configuração em U.
 Configuração de Campo Aberto: essa configuração ocorre quando as
alturas de ambas as fachadas dos edifícios são menores do que 20% da
largura da rua. Nesse caso, praticamente não existe reflexão, conforme o
ilustrado pela Ilustração 31, podendo-se considerar somente a incidência do
som direto da via no receptor e, portanto, o nível sonoro pode ser
determinado apenas pela distância entre fonte e receptor (NIEMEYER;
SLAMA, 1998) (GUEDES, 2005).

Ilustração 29 - Rua com configuração em U. Fonte: Autora, 2014.

58
Ilustração 30 - Rua com configuração em L. Fonte: Autora, 2014.

Ilustração 31 - Rua com configuração de Campo Aberto. Fonte: Autora, 2014.

A análise das características acústicas de uma área depende fundamentalmente das


características das fontes, no caso as vias, e dos elementos de reflexão e
reverberação, determinados pela morfologia urbana.

As vias são classificadas em tipos, conforme o apresentado na Tabela 5, de acordo


com as características da natureza do tráfego e do traçado geométrico. Portanto, as
características de emissão são definidas pela malha viária.

A natureza do tráfego, por sua vez, utiliza como parâmetros para a definição: a
velocidade média dos veículos na via; as características do fluxo do tráfego; a
variação de volume nos períodos do dia e da noite; e a composição do tráfego, de
acordo com os tipos de veículos (leves ou pesados). (JOSSE, 1975) (FHWA, 2011)
(CNOSSOS-EU, 2012).

O traçado geométrico define: as características de acesso por pedestres; o raio


mínimo das curvas; a declividade máxima; a largura da via; a proteção e o
afastamento dos prédios nas margens; e os cruzamentos com outras vias (em nível
ou por viadutos ou pontes). (NIEMEYER; SLAMA, 1998) (GUEDES, 2005).

59
Tabela 5 - Classificação das Vias. Fonte: NIEMEYER; SLAMAS, 1998, apud CETUR-81, p. 50.

As caracterizações das vias, conforme a Tabela 5, desempenham importante papel


na análise da qualidade sonora do ambiente, pois a malha viária constitui a mais
importante fonte de ruído urbano, sendo que esse tema específico já foi estudado no
capítulo três. A composição do tráfego de veículos e sua velocidade, bem como as
condições de aceleração e frenagem, determinam o nível de ruído nas vias.

60
4.2 PROJETO ARQUITETÔNICO

As superfícies externas dos edifícios atuam como superfícies de reflexão, absorção,


reverberação e difração do som, em consonância com sua forma e disposição,
segundo as regras descritas no capítulo três. No que diz respeito aos sons
produzidos no ambiente urbano, a fonte mais comum é o ruído dos veículos
automotores nas vias e, recapitulando de forma sucinta o que foi exposto
anteriormente, sabe-se que:

 Superfícies planas, lisas e rígidas refletem o som;


 Superfícies côncavas concentram o som em uma região interna à curvatura,
por reflexão;
 Superfícies convexas espalham o som, por reflexão;
 Edifícios paralelos em que a distância entre suas fachadas é menor do que
20% de suas alturas causam reverberação;
 Dependendo do comprimento de onda (ou seja, sons graves ou agudos),
aberturas e bordas causam difração do som.
Apesar do resumo simples das interações individuais do som com as superfícies das
edificações, o arranjo dos edifícios e das vias, com as várias formas possíveis, e as
diferentes características das fontes sonoras tornam o ambiente urbano uma malha
complexa.

Como exemplo de uma característica acústica estudada para o ambiente urbano,


NIEMEYER; SLAMA (1998) afirma que: à medida que os padrões de altura das
edificações aumentam, em relação à largura da via (relação H/W), o nível de ruído
também aumenta.

No âmbito da cidade e interagindo com o tráfego de veículos, a


geometria urbana também é um fator de extrema influência no
ambiente sonoro, pois interfere diretamente na propagação
sonora (GUEDES e BERTOLLI, 2005). A via de circulação
interage com o seu entorno imediato (calçadas e alinhamento
das fachadas) e o ruído percebido depende das características
das superfícies refletoras, como a pavimentação da via
(MENDONÇA et al., 2012, apud NIEMEYER; SLAMA, 1998 p.
1).

“a necessidade em realizar estudos sobre a poluição sonora e


suas consequências no ambiente e no homem, desde
trabalhos que visam quantificar os diversos efeitos do ruído

61
nas pessoas, como também, àqueles interessados em
caracterizar, acusticamente, uma dada região, por meio de
ferramentas, tais como, o mapeamento e a predição acústica.
Tais ferramentas têm sido bastante utilizadas, pois fornecem
informações do ruído ambiental para o planejamento urbano,
permitindo o acompanhamento e previsões da evolução de
ambientes sonoros, que segundo alguns estudos sofrem
influências diante da densidade construtiva e da forma das
edificações, enfim, da configuração do espaço urbano
(GUEDES, 2005. p. 2).”

A forma, a tipologia, a distribuição espacial dos edifícios, os revestimentos das


fachadas e o pavimento das vias determinam as características de reflexão do som,
portanto, a morfologia urbana, que determina o desenho da ocupação no entorno da
malha viária, é de fundamental importância para as características sonoras de uma
cidade. (NIEMEYER; SLAMA, 1998) (L. T. SILVA; M. OLIVEIRA, 2010) (ARIZA-
VILLAVERDE; JIMÉNEZ-HORNERO; DE RAVÉ, 2013).

Desse modo, é necessário que se estudem as características acústicas das


diferentes tipologias e composições, criando uma base de conhecimento que
favoreça o desenvolvimento do projeto urbano, de acordo com as características
desejadas em cada local, como, por exemplo, é o caso de um anfiteatro aberto,
localizado em um parque, que pode ser favorecido pela topografia e pela forma das
edificações em seu entorno, conciliando o uso do local com o ambiente existente.

Segundo NIEMEYER (1998), as edificações ao longo da rua servem como barreiras


na propagação do ruído, agindo como obstáculos que reduzem o nível sonoro e
modificam a sua composição espectral:

A rua é o mais característico dos espaços urbanos - mais


importante que praças, bosques, parques e quaisquer outros
tipos de logradouros – por ser o local onde ocorrem as
relações de troca com a comunidade (SANTOS, 1985). Além
de passagem obrigatória da população em seus trajetos
cotidianos, a rua constitui local de permanência obrigatória
para diversas categorias de trabalhadores que nela exercem
suas funções sob as mais diversas condições ambientais (...)
As características acústicas da rua são condicionadas pela
interação entre sua morfologia (relação entre a largura da rua/
altura dos edifícios, continuidade e volumetria dos limites
laterais, materiais de revestimento do piso e fachadas,
topografia) e as fontes sonoras (potência, geometria e
localização) (NIEMEYER, 2010, p. 1-2).

62
Uma contribuição muito significativa para a implantação de projetos urbanos que
privilegiem as questões ligadas à qualidade ambiental sonora é dada pelo Projeto
Silence (2008), cuja finalidade é orientar as autoridades locais de cidades europeias
na implantação de projetos urbanos com redução dos níveis de ruído. Para tanto, o
manual do projeto expõe, de forma simples e ordenada, passo a passo, o
planejamento e o projeto, demonstrando de que forma os componentes morfológicos
atuam sobre a qualidade sonora, e recomendando a distribuição e a disposição dos
edifícios, para minimizar a propagação e aumentar a absorção da energia do ruído,
utilizando-se as próprias edificações como barreiras e proteção para áreas
residenciais e mais sensíveis, como nos casos de escolas e hospitais.

Efeito das formas dos edifícios na propagação sonora

A forma e a implantação dos edifícios devem ser estudadas e planejadas levando


em consideração o impacto sonoro em relação às vias de tráfego e aos outros
edifícios do entorno.

Os edifícios em formas “U”, com a abertura voltada para a via ou, mais
genericamente, de forma côncava em relação à via, concentram o som e, portanto,
requer um cuidado especial em sua implantação. Edifícios muito próximos, em
posições paralelas e perpendiculares à via, concentram e reverberam as múltiplas
reflexões das fachadas. Todas essas formas causam uma perturbação adicional no
ambiente interior do edifício, portanto devem ser evitadas, conforme o exemplificado
pela Ilustração 32 (SILVA, 1971) (DE MARCO, 1982) (SILENCE, 2008).

“As superfícies côncavas produzem sempre focalizações. Por


isso, e em princípio, é melhor evitá-la”. (SILVA, 1971) (DE
MARCO, 1982) (SILENCE, 2008).

Ilustração 32 - Formas a serem evitadas, em relação à via. Fonte: SILENCE, 2008 apud WG 5, 2002,
p. 27.

63
As formas convexas, por sua vez, em relação à via, espalham o som e, portanto,
promovem a dispersão e a redução da energia sonora refletida, como ilustra a
Ilustração 33. (SILENCE, 2008). As formas abaixo devem ser as preferidas para a
implantação de edifícios paralelos às vias.

Ilustração 33 - Formas preferenciais em relação à via. Fonte: SILENCE, 2008 apud WG 5, 2002, p.
27.

Efeito Da Distribuição espacial dos edifícios na propagação sonora

A distribuição dos edifícios ao longo da via deve favorecer a qualidade sonora do


interior do quarteirão, portanto, os próprios edifícios e o seu uso devem ser
planejados e implantados de forma que os edifícios de uso residencial sejam
protegidos pelos de uso comercial e de serviços, que, naturalmente, devem estar
dispostos ao longo das vias, facilitando o seu acesso. (ARIZMENDI, 1980)
(MARCELO, 2006) (KANG, 2007) (SILENCE, 2008).

64
Ilustração 34 - Edifícios como barreira acústica. Fonte: SILENCE, 2008 apud LARMKONTOR, BPW,
KONSALT, 2004, p. 35.

As formas dos edifícios que margeiam as vias são determinantes como barreiras de
proteção contra o som que penetra para o interior do quarteirão. O manual do
Projeto Silence apresenta várias formas de implantação de edifícios, de acordo com
seu uso e distribuição espacial. (ARIZMENDI, 1980) (MARCELO, 2006) (KANG,
2007) (SILENCE, 2008) (L. T. SILVA; M. OLIVEIRA, 2010) (ARIZA-VILLAVERDE;
JIMÉNEZ-HORNERO; DE RAVÉ, 2013, 2014).

A distribuição pode ser inicialmente planejada, como o exemplo apresentado na


Ilustração 34, ou implantada em intervenções posteriores, como o caso presente na
Ilustração 35.

Áreas de garagem e depósito podem ser utilizadas como barreiras acústicas,


formando uma área mais silenciosa para as residências no interior da quadra, de
acordo com o exemplo da Ilustração 36.

65
Ilustração 35 - Novas implantações de edifícios como proteção acústica para o interior da quadra.
Fonte: SILENCE, 2008 apud LARMKONTOR, BPW, KONSALT, 2004, p. 29.

Ilustração 36 – Áreas de garagens e depósitos como proteção para áreas mais silenciosas. Fonte:
SILENCE, 2008 apud LARMKONTOR, BPW, KONSALT, 2004, p. 49.

66
Autoproteção acústica do interior do edifício

Outra maneira de reduzir o ruído interno das edificações é a “autoproteção”, uma


atitude tomada já na concepção do projeto arquitetônico, por meio da qual parte do
edifício é destinada a funcionar como barreira acústica, protegendo áreas mais
sensíveis ao ruído. Assim, os elementos arquitetônicos, como varandas, paredes
laterais e edifícios adjacentes, são usados como barreiras para evitar a penetração
do ruído no ambiente interior, evitando-se janelas diretamente expostas para as vias
de tráfego.

Vários autores recomendam o uso das formas de elementos arquitetônicos e a


composição entre os edifícios para a autoproteção, como o exposto na Ilustração 37.
De acordo com (ARIZMENDI, 1980) (KANG, 2007) (SILENCE, 2008) (FHWA, 2011),
o próprio edifício de uso comercial e de serviços pode ser utilizado como barreira
acústica para a criação de áreas menos ruidosas. Varandas também são elementos
normalmente utilizados com essa finalidade.

As principais medidas de autoproteção adotadas podem ser classificadas segundo


os seguintes conceitos:

 Uso de parte da edificação como barreira acústica para as áreas mais


sensíveis, como na Ilustração 37 - a, b. Pode-se citar como exemplo,
na cidade de São Paulo, o Conjunto Nacional, na Avenida Paulista.
Trata-se do caso de um edifício de uso misto, dotado de uma área
comercial próxima à margem da via, circunscrita à distância permitida
pela lei, e apresenta a parte residencial do edifício recuada, em relação
à fachada comercial (NIEMEYER; SLAMA, 1998) (GUEDES, 2005)
(BARROSO-KRAUSE, 2005) (KANG, 2007).

67
Ilustração 37 – Formas de autoproteção. Fonte: KANG, 2007

A distribuição interna das edificações deve ser projetada de forma que as


áreas mais sensíveis estejam mais afastadas das fontes emissoras. Assim
sendo, deve-se tomar um cuidado especial no desenvolvimento do layout
interno dos edifícios, com posicionamento adequado para janelas,
dormitórios, áreas de leitura, em áreas mais protegidas das fontes sonoras,
enquanto as áreas de banheiros, cozinhas, áreas de serviço, garagem, ou
áreas de circulação em escritórios, salas de equipamentos e depósitos podem
estar voltadas para as vias, amenizando o impacto do ruído nas áreas
sensíveis, de acordo com o demonstrado pela Ilustração 38. Em uma quadra
bem estruturada, os edifícios planejados que margeiam as vias devem ter
layouts internos com ambientes sensíveis voltados para uma área verde
interna à quadra.

Ilustração 38 - Layout interno de dois edifícios, residencial e comercial, respectivamente, adequados


ao conceito de autoproteção. Fonte: SILENCE, 2008 apud WG 5, 2002, p.31

68
 Os elementos arquitetônicos presentes na fachada voltada para a via, assim
como nas laterais do prédio, podem ser utilizados como autoproteção, tais
como: brises, elementos decorativos, paredes, empena cega e varandas,
funcionando como barreiras ou anteparos destinados à reflexão e absorção
das ondas sonoras, diminuindo a penetração dessas ondas para o interior dos
ambientes. A Ilustração 37-c e a Ilustração 39 ilustram de que modo esses
elementos podem atuar na redução do ruído interior. As varandas podem
atenuar o ruído exterior de 5 a 14 dB, dependendo da localização, do tipo de
janela ou porta, da profundidade, da altura do peitoril e do ângulo em relação
à via. Materiais de revestimento adequadamente aplicados também ajudam a
atenuar o ruído, como, por exemplo, a aplicação de um material absorvente
no teto da varanda e de outro, reflexivo, na parte externa do peitoril, como
ilustra a Ilustração 40 (NIEMEYER; SLAMA, 1998) (BARROSO-KRAUSE, et
al, 2005) (GUEDES, 2005) (MARCELO, 2006) (KANG, 2007) (SILENCE,
2008).

Ilustração 39 - Elementos arquitetônicos na fachada para autoproteção acústica. Fonte: SILENCE,


2008 apud WG 2, 2002, p.32.

69
Ilustração 40 - Varanda como barreira acústica. Fonte: BARROSO-KRAUS, et al, 2005.

Permeabilidade sonora e distanciamento

A distribuição dos edifícios em relação às vias de tráfego pode proporcionar maior


ou menor penetração dos sons nos espaços entre as edificações, além de ocasionar
os efeitos de reverberação e difração, tanto em relação ao plano vertical como ao
horizontal, de acordo com o abordado em CNOSSOS-EU (2012). Para a NIEMEYER
(1998), esse fenômeno é definido como permeabilidade.

Segundo o manual do Projeto Silence (2008), a relevância da redução do ruído é


frequentemente subestimada nos planos de uso do solo. O zoneamento é um dos
instrumentos indispensáveis para garantir um nível de ruído de acordo com o uso do
local, com eficácia ao longo do tempo, na evolução da ocupação. Por meio do
zoneamento é possível a delimitação de áreas nas quais as edificações sejam
planejadas e implantadas de acordo com regras que garantam o nível sonoro
adequado ao seu uso. Áreas que abriguem escolas, bibliotecas, hospitais, casas de
repouso e residências devem atender a normas específicas quanto ao nível sonoro.
Os níveis de ruído aceitáveis em áreas externas, presentes na Tabela 6, segundo a
norma NBR 10.15, devem estar entre 45 e 50 dB, para escolas, bibliotecas e
hospitais, e entre 50 e 55 dB, para área predominantemente residencial.

70
Tabela 6 - NBR 10151 (2003) . Fonte: NBR 10151, 2003.

O aumento da distância entre a via de tráfego e a área residencial contribui para a


diminuição de ruído (MARCELO, 2006) (NEUMANN, 2014), pois ao se dobrar a
distância entre a fonte o receptor pode-se obter uma redução de 3 a 5 dB,
dependendo do coeficiente de absorção do solo. Da mesma forma, os recuos e os
jardins em frente aos edifícios, além de proporcionar um ambiente mais agradável,
também contribuem para a redução do ruído nas áreas internas. (KANG, 2007)
(SILENCE, 2008).

No caso das rodovias, porém, devido ao volume e à composição do tráfego, que


apresenta alto nível de ruído na fonte, dificilmente se consegue um nível sonoro
aceitável, para áreas residenciais, com um afastamento menor do que 100 m.
Infelizmente, prédios de habitação social muitas vezes são implantados muito
próximos à margem da rodovia, tendo como exemplo o Conjunto Habitacional
Flamenguinho, localizado no munícipio de Osasco, na Região Metropolitana de São
Paulo. (NAVARRO; NEUMANN; BRUNA, 2014).

Intervenções em áreas já consolidadas

As intervenções em um tecido urbano consolidado são ainda mais complexas, pois


as implantações de novas vias e de novas edificações devem levar em conta uma
situação já estabelecida em seu entorno. Os projetos de requalificação urbana e
reurbanização, porém, representam momentos decisivos, em que as intervenções
podem melhorar substancialmente a qualidade sonora do ambiente, desde que
sejam observados os princípios que descrevem como a morfologia urbana interage
na propagação do som.

71
O impacto sonoro decorrente da transformação do lugar deve ser estudado não só
na implantação de novos edifícios, mas, também, na demolição de estruturas
existentes, pois tais intervenções alteram a qualidade sonora, devido ao fato de
modificar as características espaciais de propagação do som. A demolição de uma
edificação próxima a uma via, e que funciona como barreira acústica para uma área
residencial, pode causar a deterioração da qualidade sonora desse local, caso
outras medidas de contenção não sejam tomadas no projeto, conforme exemplo da
Ilustração 41 (SILENCE, 2008).

Ilustração 41 - Demolição de edifícios que funcionam como barreira acústica para área residencial.
Fonte: SILENCE, 2008 apud. LARMKONTOR, BPW, KONSALT, 2004, p. 72.

4.3 AS ÁRVORES, A VEGETAÇÃO E A PRAÇA

Percebe-se facilmente que as áreas verdes em espaços urbanos tornam os


ambientes agradáveis, pois atuam em vários aspectos desses ambientes. Do ponto
de vista sonoro, os espaços abertos criam condições de dissipação da energia, e a
configuração irregular da vegetação e sua textura criam melhores condições para
absorção de energia e baixa reflexão, diferentemente do que acontece nas fachadas
dos edifícios e pavimentos.

72
A vegetação aplicada como revestimento nas fachadas atenua os sons agudos,
modificando o espectro do ruído e, dessa forma, criando, para o receptor humano, a
percepção de um ambiente sonoro menos ruidoso.

A massa arbórea apresenta diferentes propriedades acústicas. A folhagem esparsa,


pequenos ramos e arbustos absorvem os sons de alta frequência, ou seja, os sons
agudos. Os troncos e a folhagem densa detêm a propriedade da difusão do som nas
médias frequências. As baixas frequências são atenuadas pelo solo, no entorno das
raízes e na vegetação rasteira. (NIEMEYER, 1998) (GUEDES, 2005) (KANG, 2007)
(PATHAK; TRIPATHI; MISHRA, 2007) (SILENCE, 2008) (BISTAFA, 2011).

Embora a absorção e a porosidade da vegetação não sejam suficientes para criar


uma barreira para o som, os vários aspectos ligados às áreas verdes contribuem
para uma percepção psicológica do ambiente, inclusive com relação ao aspecto
sonoro. Esse fenômeno é conhecido como psicoacústica. Como a vegetação cria
uma barreira visual, o fato de não se visualizar a fonte de ruído e de se desfrutar de
uma paisagem agradável, pela existência do ambiente natural, ameniza
psicologicamente a perturbação sonora (NIEMEYER, 1998) (GUEDES, 2005)
(KANG, 2007) (SILENCE, 2008) (BISTAFA, 2011).

O projeto SILENCE (2008) recomenda a implantação de parques e áreas verdes


dentro da área urbana, para amenizar a exposição das habitações ao ruído e
aumentar a dissipação sonora.

“Para ser realmente eficiente como barreira, a vegetação deve


ser muito alta, densa e larga (redução de aproximadamente 1
dB(A) em cada 10 m de plantação densa). Seu impacto é mais
psicológico e estético; se as pessoas não visualizam a fonte de
ruído (e.g. rodovia), isso reduz a sua percepção do nível
sonoro e portanto a sua perturbação” (SILENCE, 2008 p.85,
apud WG 5, 2002, p. 28 – tradução da autora).

Para se obter o efeito de isolamento acústico, a superfície da barreira não pode


apresentar aberturas, fissuras ou espaços vazios que permitam a passagem do ar e,
consequentemente, a propagação das ondas sonoras. Dependendo das dimensões
do obstáculo, pode ocorrer o fenômeno de difração, conteúdo presente no item
3.1.3.4 desta dissertação. Consequentemente, a implantação de uma vegetação

73
naturalmente distribuída, como se vê nos parques e praças, não oferece um efeito
significativo como barreira acústica.

BISTAFA (2011) comenta em seu livro que, para a criação de uma área de
insonorização24 com vegetação, é fundamental que se observem quatro
características essenciais, visando à obtenção da eficácia do isolamento acústico,
quais sejam: largura, localização, altura do cinturão e configuração do plantio. A
barreira acústica utilizando-se a vegetação só tem efeito de atenuação de ruído com
a escolha de uma vegetação densa, com extensão superior de 15 m e altura, no
mínimo 5 m acima da linha de visão, além de uma combinação de plantio
intercalando sub-bosque denso com plantio de vegetação perenifólia 25, entre a fonte
emissora e o receptor.

“as árvores e arbustos apresentam pouco efeito na


propagação sonora ao ar livre. Segundo eles, uma faixa de
30m de vegetação densa representa apenas uma atenuação
sonora de 3 dB(A), ou seja, uma redução, aproximadamente,
de 1 dB(A) para cada 10 m de vegetação.” (GUEDES, 2005
apud IRVINE e RICHARDS,1998).

Tanto para BISTAFA (2011) quanto para NIEMEYER (1998), o plantio de arbustos,
vegetação rasteira ou árvores sobre os taludes, ao longo das vias de tráfego, tem
um efeito de redução do ruído mais por atuação dos taludes do que pela vegetação,
tratando-se de um método mais aceito pelos habitantes do que as barreiras
artificiais, pois a vegetação proporciona um ambiente psicologicamente mais
tranquilo.

Pequenos parques em áreas verticalizadas de grandes metrópoles criam refúgios de


convivência mais silenciosa. Pode-se citar como exemplos o Paley Park (Figura 42 e
Figura 43) e o GreenAcre Park (Ilustração 46), ambos inseridos no centro de Nova

24
Insonorização – é um meio para reduzir a pressão sonora em relação a uma fonte de som e do
receptor.
25
Perenifólias - são vegetais que não perdem as folhas durante o período de estio. Vegetação desse
tipo é encontrada de forma contínua desde o município de Pirambu até a divisa com a Bahia. Entre
as associações estão os manguezais localizados na foz dos rios São Francisco, Japaratuba, Sergipe
e afluentes, com diversas espécies de mangues (gêneros Rhyzophora, Laguncularia e Conocarpus).
Fonte: Secretaria de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Rural.
http://www.sagri.se.gov.br/modules/tinyd0/index.php?id=32/ Acesso em: 02 abr. 2014.

74
York, que ocupam espaços extremamente pequenos, decorrentes de áreas residuais
localizadas em vias movimentadas.

Figura 42 - Paley Park, em Nova York, vista para a cascata. Fonte: PPS, 2003.

Figura 43 - Paley Park, em Nova York, vista do interior para a Rua 53. Fonte: PPS, 2003.

O Paley Park foi projetado pelo arquiteto Robert Zion, do escritório Zion and Breene
Associates, para William S. Paley, da Fundação S. Paley, em 1967 e reformado em
1999. Trata-se de uma área de propriedade particular para o uso público, localizada

75
na Rua 53, entre a 5ª Avenida e a Avenida Madison, no centro de Manhattan
(Ilustração 44).

Ilustração 44 - Imagem aérea do Paley Park. Fonte: TATE, 2001.

O GreenAcre Park, por sua vez, foi projetado pelos arquitetos do escritório Sasaki,
Dawson, DeMay Associates, liderados pelos arquitetos Masao Kinhoshita e Hideo
Sasaki, com participação de Tom Wirth. Foi aberto em 1971, em um pequeno
terreno de 20m de largura por 40m de comprimento, localizado na Rua 51, entre a 2ª
e 3ª Avenidas, igualmente no Centro de Manhattan, sendo também uma área
particular de uso público, pertencente à fundação Greenacre Foundation, fundada e
mantida por Abby Rockefeller Mauze (TCLF, 2014).

76
Ilustração 45 - Vista por cima da fonte do GreenAcre Park. Fonte: SASAKI, 1975.

Mesmo incrustados em áreas ruidosas de uma megametrópole, os dois exemplos


produzem uma sensação de calma e tranquilidade para os seus usuários. Os dois
parques têm o mesmo conceito: aproveita-se um espaço vazio inserido entre dois
edifícios altos, criando uma zona de silêncio convidativa, proporcionada pela massa
arbórea interna, e dotada de uma cascata ao fundo, atuando no mascaramento
sonoro. Além da própria qualidade da vegetação, do solo e do piso utilizados, a
liberdade de mudar o mobiliário cria um ambiente acolhedor. As quedas d’água, com
altura aproximada de 6 metros, no Paley Park, e 7 metros, no Greenacre (Ilustração
45), têm vazão de mais de 6,5 mil litros de água por minuto e produzem um ruído
branco (conteúdo presente no capítulo três) de volume suficiente para promover o
mascaramento do ruído de baixa frequência emitido pelos motores dos veículos que
trafegam na via próxima (PPS, 2003; TATE, 2001).

77
Ilustração 46 - GreenAcre Park, em Nova York. Fonte: SASAKI, 1975.

As duas paredes laterais do Paley Park têm função de atenuação da reflexão do


som, pois são cobertas de vegetação espessa de hera-inglesa, sendo que a
combinação entre a vegetação, o substrato (vão entre o suporte e a parede) e o
próprio material que constitui o suporte apresenta características de alta absorção e
baixa reflexão do som que entra no vão entre os edifícios, impedindo a
reverberação. Dezessete árvores da espécie Mel Locust são distribuídas dentro do
parque, sem bloquear a iluminação natural e a brisa, proporcionando uma sombra
agradável (PPS, 2003).

O Paley Park, ilustrado pela Ilustração 47, foi planejado em quatro zonas distintas:

 a primeira funciona como área de acesso da rua ao parque;


 a segunda, como zona de transição, onde há a mudança de nível e de textura
do revestimento do piso, criando a conscientização da mudança de ambiente.
Essa é uma área fundamental para a quebra de comportamento do usuário,
que percebe a diferença em relação ao ambiente externo à praça, deixando
para trás o barulho e a agitação da megametrópole;
 a terceira zona é uma área funcional, onde são distribuídas as mesas e
cadeiras para a convivência dos usuários, tratando-se de uma área de refúgio
convidativa, bastante utilizada para refeições, leitura e outras atividades que
requerem a calma de um ambiente acolhedor;

78
 a quarta zona é a área de interação com a cascata, sendo dotada de uma
atmosfera totalmente diferenciada em relação à rua, proporcionada pelo som
da água corrente, que normalmente transmite um sentimento de calma ao
usuário, além de favorecer o conforto térmico do local. (TATE, 2001)

Ilustração 47 - Análise da organização dos ambientes no Paley Park. Fonte: TATE, 2001.

4.4 PAISAGEM SONORA

Paisagem sonora é um termo amplo que pode ser definido genericamente como o
conjunto de sons de um determinado ambiente. Segundo SCHAFFER (2011):

Paisagem sonora – O ambiente sonoro. Tecnicamente,


qualquer porção do ambiente sonoro vista como um campo de
estudos. O termo pode referir-se a ambientes reais ou a
construções abstratas, como composições musicais e
montagens de fitas, em particular quando consideradas como
um ambiente. (SCHAFFER, 2011, p. 366).

Na natureza, os sons que compõem a paisagem sonora de um lugar mudam de


acordo com a época do ano, as condições climáticas e as transformações que
ocorrem no ambiente pela atuação do homem (construções, dinâmica econômico-
social etc.). Portanto, a paisagem sonora caracteriza uma época, um lugar, a cultura
e a tecnologia que refletem o modo de vida de uma determinada sociedade. Todo
lugar tem seus sons característicos, que se tornam uma referência para a memória
do ambiente.

79
O gráfico da Ilustração 26 traz o levantamento de sons característicos da costa
oeste do estado canadense de British Columbia, tendo sido reproduzido da obra The
Soundscape, anteriormente mencionada. A interpretação do referido gráfico requer o
conhecimento e o entendimento a respeito das variações climáticas, da fauna e da
flora próprias do local em que a pesquisa foi realizada.

British Columbia localiza-se na costa oeste do Canadá, no hemisfério norte. O


estado é conhecido por sua beleza natural e provido de vários parques e reservas
naturais. O inverno nessa região, que ocorre de dezembro a fevereiro, é rigoroso e
os dias são bem mais curtos, devido à latitude. A neve e os ventos fortes obrigam os
animais a se recolherem e, portanto, os sons predominantes nessa época são os
sons da chuva e da neve. Curiosamente, nesse período do ano, um som
característico do lugar é o uivar dos lobos. Com o final do inverno, a primavera traz o
gorjeio dos pássaros e o som das moscas, que predominam até a chegada do
outono. O coaxar dos sapos ocorre somente na primavera (época do degelo). Com a
aproximação do verão nota-se o canto dos grilos e gafanhotos e, com a florada das
plantas, o zumbir das abelhas, prevalentes durante todo o verão. O zumbido dos
mosquitos ocorre no verão e o mugir dos alces, durante o outono. (SCHAFFER,
2011).

Raymond Murray Schafer foi o pioneiro da caracterização da paisagem sonora,


criando um grupo de pesquisa educacional atuante durante o final da década de 60
e o início da década de 70, na Simon Fraser University, na cidade de Vancouver, no
Canadá, que ficou conhecido como The World Soundscape Project. Esse grupo de
alunos liderados por Schafer elaborou um estudo detalhado, com gravações da
paisagem sonora característica da costa oeste do Canadá naquela época, que
resultou na publicação The Vancouver Soundscape. Barry Truax, em 1973, foi
convidado por Schafer para participar do The World Soundscape Project (SFU, s/d).

80
Ilustração 48- Ciclo natural da paisagem sonora da costa oeste da British Columbia
Fonte: (SCHAFER, 2011).
Com o propósito inicial de atrair a atenção para o tema da acústica urbana e da
rápida mudança do ambiente sonoro em Vancouver à época, a pesquisa citada
resultou em duas cartilhas intituladas New Soundscape e The Book of Noise, além
de um ensaio, o The Music of the Environment, em 1973, os quais serviram como
referência para a elaboração das leis de ruído canadense.

Schafer ainda organizou e publicou o livro The Tuning of the World (A Afinação do
Mundo), 1977, no qual tratou, pela primeira vez na literatura, do conceito de
“paisagem sonora” e de seu estudo de forma sistemática, tornando a publicação
uma obra de referência.

No ano seguinte, Barry Truax publicou o Handbook for Acoustic Ecology (Manual de
Ecologia Acústica), contendo a terminologia da acústica e da paisagem sonora.
(SFU, s/d).

Barry Truax (2009) explica o seu entendimento da paisagem sonora em entrevista


para a revista Asymmetry Music:

“...Isso se tornou minha paixão, desde então, ampliando


os estudos de paisagens sonoras para o que chamo de

81
comunicação acústica e dialogando com todos os
problemas do mundo real, quer seja ruído, som ambiente,
meios de comunicação ou ouvindo, em geral, a
comunidade acústica – em suma, todas as manifestações
sonoras, sob um ponto de vista interdisciplinar."
(KARMAN, 2009). (tradução Vânia H. L. G. Corrêa).

O trabalho do Schafer sobre a evolução da paisagem sonora no decorrer do tempo


teve repercussão mundial e chamou a atenção dos pesquisadores e educadores.
Desde então, muitas discussões, estudos, pesquisas, conferências e fóruns sobre o
assunto foram estabelecidos. Instituições acadêmicas, centros de pesquisas,
gestores e planejadores urbanos, além de empresas, passaram a desenvolver
estudos sobre o tema, programas de computador (softwares) para análise e
simulação, além da participação dos fabricantes de instrumentos de medição e de
outros interessados em contribuir para a qualidade sonora do meio ambiente. São
relevantes, nesse contexto, o International Congress on Acoustic - ICA (Congresso
Internacional em Acústica) e o World Forum For Acoustic Ecology – WFAE (Fórum
Mundial de Ecologia Acústica26). (SFU, s/d).

4.4.1 A IMPORTÂNCIA DA ARQUITETURA E DO PLANEJAMENTO URBANO


NA PAISAGEM SONORA

"Planejamento estratégico não é adivinhação do futuro; mas a


definição do ponto no futuro em que quero estar". CHRYS
ARGYRIS27.

26
Ecologia acústica – é o estudo dos efeitos do ambiente acústico, ou paisagem sonora, sobre as
respostas físicas ou características comportamentais das criaturas que nele vivem. Seu principal
objetivo é dirigir a atenção aos equilíbrios que podem ter efeitos insalubres ou hostis. Fonte:
(Schafer, 2011)
27
Chris Argyris é professor de Comportamento Educacional e Organizacional na Harvard University,
desde 1971, e também lecionou na rival Yale University. Ele é considerado uma autoridade mundial
na área de comportamento organizacional. Ele foi o precursor do conceito de aprendizagem dupla
(double-loop learning), segundo o qual as empresas aprendem duplamente se emendarem quer os
erros quer as normas que os causaram. O objetivo é criar empresas que aprendam continuamente.
Fonte: http://www.historiadaadministracao.com.br/jl/gurus/44-chris-argyris/ Acesso em: 01 maio 2014.

82
"O ruído é um sério risco ambiental para a saúde pública,
especialmente nas áreas urbanas, devido o aumento do
transporte e a ineficiência do planejamento urbano...” Janez
Potočnik28.

“Sempre achei que a educação pública é o mais importante


aspecto do nosso trabalho. Em primeiro lugar precisamos
ensinar as pessoas como ouvir mais cuidadosa e criticamente
a paisagem sonora; depois, precisamos solicitar sua ajuda
para replanejá-la. Em uma sociedade verdadeiramente
democrática, a paisagem sonora será planejada por aqueles
que nela vivem, e não por forças imperialistas vindas de fora”.
(Schafer, 2011, p.12).

“O Direito Urbanístico é a disciplina jurídica do urbanismo e da


atividade urbanística que objetivam a adaptação e a
organização do espaço natural, fazendo-o fruível por uma
comunidade citadina, no desenvolvimento das funções
elementares da habitação, do trabalho, da recreação, da
saúde, da segurança, da circulação e outras” (CALDAS, 2013
apud FERREIRA, 2006. p. 1).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (2011), “O ruído é a segunda maior


causa de doenças no mundo ocasionadas pela poluição ambiental”. Essa
constatação, obtida por meio da análise de estatísticas a respeito de doenças
causadas pelo efeito dos vários tipos de poluição a que os seres humanos estão
submetidos nos dias de hoje, amplia a consciência sobre essa questão,
demonstrando que a preocupação em relação aos efeitos causados pelo ruído, na
vida cotidiana das comunidades, deixa de ser encarado como um mero
aborrecimento para as pessoas, mas deve ser estudado criteriosamente e atacado
como um problema de saúde pública.

Dessa forma, o conceito de paisagem sonora passa a integrar as disciplinas que


contribuem para a concepção do espaço urbano, de forma integrada ao projeto
arquitetônico e ao planejamento urbano. Proporcionar o conforto acústico para os
habitantes deve ser objetivo de todo projeto de concepção de um novo bairro ou de
uma nova cidade, ou seja, de um novo lugar, e também das intervenções urbanas.

Muitos já consideram o estudo da paisagem sonora uma disciplina importante a ser


estudada para a conservação da qualidade do ambiente, mais do que apenas um
conceito a ser abordado em disciplinas correlatas ao conforto ambiental. Para

28
Janez Potočnik – é o comissário de meio ambiente da Comissão Europeia

83
proporcionar um ambiente saudável e de qualidade, os arquitetos e urbanistas
devem deter o conhecimento dos conceitos de conforto, incluindo a acústica, como
descreve DUBOIS; RAIMBAULT (2005):

“Para criar um ambiente de alta qualidade em condições


ambientais, os futuros arquitetos e planejadores devem
conhecer os conceitos-chave sobre condições térmicas,
ventilação e qualidade do ar, bem como de iluminação e
acústica, que têm um efeito sobre a qualidade dos espaços em
que vivemos.” (DUBOIS; RAIMBAULT, 2005, p. 341. Tradução
da autora).

Os mesmos procedimentos adotados para a definição dos materiais, da forma, da


estrutura e da implantação, que integram os projetos arquitetônicos, devem
igualmente ser adotados no âmbito da análise do comportamento do som. Tal
conduta deve ser levada a efeito desde a concepção, propondo uma solução
adequada e economicamente viável para a obtenção do conforto acústico. Esse
cuidado, já na concepção, faz com que se evitem custos maiores, devido a
intervenções posteriores à implantação visando à correção de problemas
relacionados ao ruído, lembrando que tais intervenções geralmente são onerosas e
nem sempre conseguem atender às necessidades dos usuários.
“É fundamental que se pense na Acústica logo no início do
projeto; atendo-se à problemática do som e à sua incidência
nas diferentes partes, projetar-se-á de forma coerente e
econômica. A intervenção do acústico, depois de realizada a
construção, além de não permitir soluções tão eficazes como
as que se obtém no momento do projeto, encarece
consideravelmente o orçamento das construções.” (DE
MARCO, 1982, p. 4).

O planejamento da paisagem sonora é também abordado como um ponto relevante


para a obtenção dos resultados esperados, preconizados pelo manual prático do
projeto Silence (2008). Essa recomendação europeia visa a dar diretrizes para as
autoridades locais de cidades europeias e configura-se como um modelo de projeto
estruturado em etapas, voltado para a redução de ruído urbano, ressaltando a
importância de um projeto amplo que se inicia na concepção da paisagem sonora,
com o planejamento e o projeto arquitetônico, que devem estar em acordo com o
uso e a ocupação do local. A referida abordagem traz mais eficácia às soluções a
serem implantadas, sendo a reurbanização um momento vital, que deve ser
aproveitado para a requalificação da paisagem sonora.

Com a intensificação das atenções voltadas para a paisagem sonora incorporada à


arquitetura e ao urbanismo, nota-se uma tendência no sentido de os futuros

84
ambientes urbanos serem mais bem qualificados, proporcionando melhor qualidade
de vida e bem estar à população das grandes cidades. (NIEMEYER; SLAMA, 1998)
(DUBOIS; RAIMBAULT, 2005) (GUEDES, 2005) (SILENCE, 2008) (L.T. SILVA;
OLIVEIRA, 2010) (WANG; KANG, 2011).

85
5 INFLUÊNCIA DO RUÍDO RODOVIÁRIO NA CIDADE

Uma observação histórica interessante está contida na introdução do artigo sobre os


efeitos cardiovasculares devidos à exposição do ser humano ao ruído ambiental, em
que os autores destacam a previsão do vencedor do Prêmio Nobel, Robert Koch, em
1910:

“Um dia os homens terão que lutar tão ferozmente contra o


ruído como a cólera e a peste”. (MÜNZEL, et al 2014, p.1.
Tradução da autora).

Com o advento da revolução industrial, uma infinidade de novos sons foi introduzida
no ambiente urbano. Posteriormente, a inovação, com o uso de aparelhos
eletroeletrônicos, trouxe muitas fontes de ruído para o ambiente SCHAFER (2011),
não só provenientes das máquinas e aparelhos, em si, mas também pela utilização
inadequada dos referidos aparelhos, exemplificando-se pelo fato bastante
recorrente, nos dias de hoje, da utilização de fones de ouvido em alto volume, por
parte dos jovens, causando danos auditivos em longo prazo. No entanto, o som é
necessário para a existência e, assim sendo, o bem-estar depende de uma
paisagem sonora adequada.

Isto confirma os pontos de vista de Stockfelt™ s (1991), que o


som é um necessidade existencial: paisagens sonoras são
essenciais para o bem-estar, não só como música concebida,
mas como uma parte integrante das situações de vida.
(DUBOIS; RAIMBAULT, 2005, p 342. Tradução da autora).

SILVA (1971) relata que o assunto já era tratado pelo arquiteto Rino Levi em 1964,
sob o tema de “Ruído e urbanismo”. O planejamento urbano é um trabalho
complexo, que demanda cooperação de uma equipe multidisciplinar que conte com
o apoio e a conscientização do poder público e da sociedade. Atualizações
constantes, tanto do planejamento quanto das ações a serem empreendidas, são
essenciais para que se adequem às novas realidades e para tratar o ruído de forma
mais eficiente e econômica, pois a cidade é um organismo vivo, que se modifica ao
longo do tempo, inclusive no que diz respeito à sua paisagem sonora. O ruído
muitas vezes não é reconhecido como sendo a causa de muitos problemas
cotidianos das pessoas, já que a população é atingida passivamente por seus
efeitos, como aborda Débora Barreto na Revista VeraCidade.

86
“Milhões de cidadãos passivos estão ficando perturbados,
comprometendo o raciocínio, a comunicação oral, a educação,
o bem-estar e a sobrevida, limitando as potencialidades
humanas.” (BARRETO, 2008).

O ruído deve ser tratado com prioridade no âmbito da Política Ambiental, de acordo
com a afirmação do grupo de trabalho da OMS, em 1971, considerando que:

“O ruído deve ser reconhecido como uma grande ameaça ao


bem-estar humano”. (SUTER, 1991 apud SUESS, 1973).

Na conferência de Copenhague, de 1998, a Comissão europeia criou um grupo


formado por peritos em ruído, para dar assistência ao desenvolvimento da política
europeia do ruído. Em 2002, o parlamento Europeu definiu diretrizes para o combate
da poluição sonora em seu território. (END, 2002).

Interessante observar que, embora o problema do ruído urbano, hoje com grande
exposição, estudos e diretivas de órgãos internacionais, ainda tem sido muito
negligenciado, tanto pelo poder público como pela sociedade de um modo geral.
Essa constatação demonstra, de certa forma, o quanto a população é mal informada
a respeito dos efeitos nocivos à saúde, causados pelo ruído, e de o quanto essa
questão é prioritária, no âmbito dos planos de governança e de ações públicas.

“Planejar não é utopia. É maneira correta de enfrentar


efetivamente a realidade, com economia e sem desperdícios.
Trata-se de trabalho complexo, que deverá ser atualizado
constantemente, e que exige a cooperação de vários
especialistas e a compreensão do poder público e da
coletividade. Infelizmente, temos ainda tudo a fazer neste
setor, apesar da evolução da técnica urbanística e das ciências
sociais. O problema se torna sempre mais premente no Brasil,
não só pelo rápido crescimento de nossas cidades, como pelo
surgimento de novas, em consequência do progresso”. (SILVA,
1971, p. 23).

"A proteção contra ruídos é um dos objetivos a perseguir e faz


parte da política comunitária para alcançar um alto nível na
proteção da saúde e do meio ambiente. No green paper sobre
o Futuro da Política do Ruído, a Comissão identifica o ruído no
meio ambiente como um dos principais problemas ambientais
na Europa.” (END, 2002, p.1. Tradução da autora).

O Prof. Dr. João Candido Fernandes, em sua apostila referente ao curso de


engenharia Mecânica da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, no
capítulo dedicado ao Ruído Ambiental, descreve:

87
“Os altos níveis de ruído urbano têm se transformado, nas
últimas décadas, em uma das formas de poluição que mais
tem preocupado os urbanistas e arquitetos. Os valores
registrados acusam níveis de desconforto tão altos que a
poluição sonora urbana passou a ser considerada a forma de
poluição que atinge o maior número de pessoas. Assim, desde
o congresso mundial sobre poluição sonora em 1989, na
Suécia, o assunto passou a ser considerado questão de saúde
pública. Entretanto, a preocupação com os níveis de ruído
ambiental já existia desde 1981, pois, no Congresso Mundial
de Acústica, na Austrália” [...] “Na visão mais ampla, o silêncio
não deve ser encarado como um fator determinante no
conforto ambiental, mas deve ser visto como um direito do
cidadão. O bem-estar da população não deve ser tratado
apenas como projetos de isolamento acústico tecnicamente
perfeitos, mas, além disso, exige uma visão crítica de todo o
ambiente que vai receber a nova edificação. É necessária uma
discussão a nível urbanístico.” (FERNANDES, 2005, p. 48).

O assunto ruído ambiental está inserido na política do governo da Inglaterra, já que


o país reconhece o quanto os efeitos dele decorrentes podem afetar a sociedade
com relação à saúde, ao bem-estar, à produtividade e à natureza do meio ambiente.
(Gov.UK, 2013). O ruído tem sido a principal causa de irritação nas cidades, desde a
década de 70. Várias pesquisas sobre a paisagem sonora têm como objetivo
adquirir novos conhecimentos sobre os diversos efeitos do ruído na saúde e no bem-
estar. (DUBOIS; RAIMBAULT, 2005).

Os efeitos potenciais do ruído incluem deficiência auditiva, redução de reflexos, dor


e desconforto no ouvido, interferência na fala, distúrbios do sono, efeitos
cardiovasculares, redução do desempenho e aborrecimento, tendo como possíveis
consequências para a vida das pessoas afetadas: redução da produtividade,
diminuição do desempenho na aprendizagem, absenteísmo no trabalho e escola,
aumento do uso de drogas e de acidentes, e uma alteração no comportamento
social. (KANG, 2007) (MÜLLER-WENK, 2002) (COMISSÃO EUROPEIA, 2012, a, b)
(BABISCH, 2002, 2014). Além dos impactos econômicos relativos aos gastos
públicos com o tratamento de doenças e da perda de produtividade decorrentes dos
problemas acima listados, o ruído também tem impactos econômicos diretos, tais
como a desvalorização de imóveis em áreas ruidosas.

O ruído excessivo prejudica a saúde humana e interfere nas atividades diárias das
pessoas na escola, no trabalho, em casa e no lazer, podendo perturbar o sono,

88
causar efeitos cardiovasculares e psicofisiológicos, além de reduzir o desempenho e
provocar atitudes de aborrecimento e mudanças no comportamento social.
(MÜLLER-WENK, 2002) (OMS, 2011, 2012, 2014) (COMISSÃO EUROPEIA, 2012, a,
b) (CNOSSOS-EU, 2012) (MÜNZEL, et al, 2014) (PIMENTAL-SOUZA, 2014)
(FIORINI, 2014) (BABISCH, 2002, 2014). O mesmo impacto nocivo também ocorre
em relação à vida selvagem. OMS (2014).

Para se obter uma noite de sono tranquilo, a Organização Mundial de Saúde


aconselha níveis menores do que 30 dB(A) para o ruído de fundo 29 OMS (2009) , e
que não excedam a 45 dB(A) para ruídos pontuais. OMS (2014).

Segundo o relatório publicado pela OMS (2012), o ruído de tráfego é uma questão
preponderante da saúde pública.

“...A exposição principal é ao ruído do tráfego rodoviário.


Perturbação do sono e irritação são principalmente
relacionadas ao ruído do tráfego rodoviário, os quais são
chaves nas questões de saúde. Pelo menos um milhão de
anos de vida saudável são perdidos a cada ano pelos efeitos
do ruído relacionados ao tráfego em países da Europa
Ocidental, incluindo os países membros da União Europeia.”
(OMS, 2012 apud OMS, 2011).

FIORINI (2014) refere que os efeitos do ruído na saúde estão relacionados


diretamente aos níveis e ao tempo de exposição, porém, além desses parâmetros,
as características do local e a suscetibilidade própria de cada indivíduo determinam
consequências diferentes para cada pessoa. Estudos comparativos feitos na Áustria,
com dois grupos de crianças expostas a um nível de ruído de tráfego menor do que
50 dB(A) e maior que do 60 dB(A), relatam ter sido detectado cortisol na urina e
constatado aumento da pressão arterial nas crianças submetidas ao maior nível de
ruído. O cortisol é um hormônio liberado pelas glândulas suprarrenais, em resposta
ao estresse e a níveis baixos de glicose no sangue. Suas funções principais são:
aumentar a pressão sanguínea, suprimir a função imunológica e ajudar no
metabolismo das gorduras, proteínas e carboidratos que causam, em longo prazo,

29
Ruído de fundo - Entende-se como ruído de fundo a média dos mínimos dos níveis de ruído
medido (Lra - nível de ruído ambiente) em local e hora considerados, na ausência da fonte emissora
em questão.

89
envelhecimento neuronal e decréscimo na formação dos ossos. FIORINI (2014) e
PIMENTAL-SOUZA (2014).

A Ilustração 49, intitulada Pirâmide dos efeitos do ruído na saúde (Pyramid of Health
Effects of Noise), elaborada por BABISCH (2002), ilustra a relação entre o número
de pessoas afetas e a gravidade dos problemas de saúde ocasionados pelo ruído.
Na base da pirâmide, que revela o maior número de pessoas afetadas, encontram-
se os efeitos menos severos, relacionados principalmente ao sentimento de
desconforto, tais como: irritação, aborrecimento e distúrbios do sono. No nível
imediatamente acima, que apresenta menor número de pessoas afetadas do que o
nível anterior, figuram os sintomas do estresse, com a detecção de hormônios
relacionados e reações fisiológicas decorrentes do quadro. No terceiro nível,
contando-se da base ao ápice da pirâmide, os fatores de risco ligados a esse
estresse se instalam em um número menor de pessoas, tais como: pressão alta,
colesterol elevado, diabetes e outros distúrbios metabólicos. Os fatores de risco
levam uma parcela dos indivíduos afetados a contraírem doenças crônicas, como: a
insônia e doenças cardiovasculares. Todos os efeitos citados vão culminar com a
morte de alguns indivíduos, causada por doenças desenvolvidas devido à maior
suscetibilidade, ao maior tempo e nível de exposição a que os indivíduos foram
submetidos. (BABISCH, 2002).

90
Ilustração 49 – Pirâmide dos efeitos do ruído na saúde. Fonte: OMS, 2011 apud BABISCH, 2002.

O funcionamento dos órgãos humanos sofrem alterações devido à exposição ao


ruído de tráfego, liberando hormônios decorrentes do estresse, os quais podem
causar aumento da pressão arterial, elevação da frequência cardíaca, doenças
coronarianas, acidente vascular cerebral, alterações nos níveis de colesterol,
triglicérides e glicose, trombose e outros distúrbios metabólicos. A perturbação não
ocorre somente quando o nível sonoro é elevado, mas também pela presença do
ruído de fundo de modo contínuo, atrapalhando a concentração, o relaxamento e
provocando distúrbios do sono. A Ilustração 50, traduzida do artigo em citação,
expõe, em um diagrama, de que modo as consequências para a saúde humana vão
se instalando, a partir da exposição ao ruído excessivo. (COMISSÃO EUROPEIA,
2012, a, b) (MÜNZEL et al, 2014).

91
Ilustração 50 - Diagrama dos efeitos causados à saúde humana pela exposição ao ruído. Fonte:
(MÜNZEL et al, 2014 apud BABISCH, 2014. Tradução da autora).

“Estudos experimentais de laboratório, estudos de campo de


observação e estudos epidemiológicos, todos desempenham
papéis importantes na elucidação dos efeitos do ruído
ambiental sobre a saúde cardiovascular.” (MÜNZEL et al,
2014).

“Tomados em conjunto, a presente revisão fornece evidências


de que o ruído não só causa irritação, distúrbios do sono, ou
reduções na qualidade de vida, mas também contribui para
uma maior prevalência de hipertensão arterial, mais importante

92
fator de risco cardiovascular, e a incidência de doenças
cardiovasculares. As provas que sustentam este argumento
são baseadas em uma lógica estabelecida, apoiada por
estudos de laboratório e de campo de observação
experimental, e uma série de estudos epidemiológicos.”
(MÜNZEL THOMAS, 2014).

Além do exposto, a fonoaudióloga Keila Knobel (GARDENAL, 2013), a partir de


seus estudos de pós-doutorado na Unicamp, descreve, de forma bem simples, os
efeitos imediatos da exposição a um alto nível sonoro nos ambientes com música
alta, típicos das casas noturnas largamente frequentadas, principalmente pelos
jovens, aos finais de semana. Respondendo à pergunta veiculada pelo portal
Unicamp sobre quais seriam os efeitos “nefastos” para uma superdosagem (com
relação à exposição ao alto nível do som nos citados estabelecimentos), a
pesquisadora afirma:

“Os efeitos colaterais para exposição ao som intenso


começam às vezes no mesmo dia. A pessoa sai da balada
sentindo que os seus ouvidos estão tampados e com um
zumbido parecido com um “piii”, um apito dentro do ouvido.
Geralmente, esse zumbido é contínuo. Ou pode ser um som
do tipo “pipi” (barulho de ocupado). Isso acontece porque
foram provocadas pequenas lesões na cóclea, onde há
algumas células muito delicadas e também líquido. A
intensidade sonora é uma vibração que chega aos tímpanos e,
ao chegar no líquido, realizam algumas ondinhas que vão
movimentar essas células. Se o som é muito intenso, essas
ondinhas vão ser igualmente intensas, quase como tsunamis
dentro da cóclea. Com isso, acabam entortando as células.”
(GARDENAL, 2013).

No início, uma exposição prolongada a níveis de ruído acima de 85 dB(A)


acarretará a perda da qualidade auditiva por certo período, o que na terminologia
médica, em inglês, é chamada TTS (Temporary Threshold Shift – Perda Temporária
da Audição). Com a exposição ainda mais prolongada, a cóclea será danificada
permanentemente, ocasionando, em consequência, a perda permanente e
irreversível da audição, ou seja, a surdez, denominada tecnicamente, em inglês,
PTS (Permanent Threshold Shift – Perda Permanente da Audição). (KINSLER,
FREY, et al., 1982).

“A ciência médica determina que é prejudicial à audição e pode


causar sérios danos, a exposição a sons acima de 85 decibéis
durante um longo período.” (SCHAFER, 2011 p. 183).

93
“Estima-se que a perda de DALYs (Disability-Adjusted Life
Year - Anos de Vida Ajustados por Invalidez ou Morte) em
função do ruído ambiental, nos países da Europa Ocidental,
somam 61.000 anos por doenças isquêmicas do coração,
45.000 anos por comprometimento cognitivo das crianças,
903.000 anos por distúrbios do sono, 22.000 anos por zumbido
e 654.000 anos por aborrecimento. Se todos forem
considerados em conjunto, a variação de carga seria de 1.0 a
1.600.000 DALYs. Isso significa que pelo menos 1 milhão de
anos de vida saudável são perdidos a cada ano, relacionados
com o tráfego nos países da Europa Ocidental, incluindo-se os
Estados Membros da UE. A perturbação do sono e a irritação
relacionadas ao ruído de tráfego rodoviário constituem a maior
parte da carga do ruído ambiente na Europa Ocidental. Devido
à falta de divulgação de dados relativos ao Sudeste Europeu e
aos estados recém-independentes, não é possível estimar a
carga de doenças em toda a Região Europeia da OMS. (OMS,
2012). (tradução: Vânia Helena Lopes Gonçalves Corrêa).

Geralmente percebe-se o nível de ruído de fundo a que se está submetido em


ambientes de escritório e mesmo em casa, quando, repentinamente, essas fontes
são desligadas, por exemplo, por falta de energia. Comumente, os reatores de
lâmpadas fluorescentes, os sistemas de ar condicionado, os ventiladores de
computadores e as geladeiras, presentes no ambiente doméstico, produzem um
ruído constante de nível médio. Segundo FIORILLO, o nível mais perigoso de ruído
é o moderado, pois, apresenta nível sonoro intermediário, permanecendo disfarçado
dentre os sons ambientes, de acordo com as citações:

“o resultado mais traiçoeiro ocorre em níveis moderados de


ruído, porque lentamente vão causando estresse, distúrbios
físicos, mentais e psicológicos, insônias e problemas auditivos.
Além disso, sintomas secundários aparecem; aumento da
pressão arterial, paralização do estômago e intestino, má
irrigação da pele e até mesmo impotência sexual” (SOUZA
DEMETRIUS, 2010, p. 138 apud FIORILLO).

94
“O mais traiçoeiro efeito ocorre em níveis moderados de ruído,
porque mansamente vão-se instalando estresse, distúrbios
físicos, mentais e psicológicos, insônia e problemas auditivos.
Muitos sinais passam despercebidos do próprio paciente pela
tolerância e aparente adaptação e são de difícil reversão.
Muitas pessoas, perdidas no redemoinho das grandes cidades,
não conseguem identificar o ruído como um dos principais
agentes agressores e ficam desorientadas por não saberem
localizar a causa de tal mal. Por isso, nada se faz sob o
impacto de uma abusiva e, portanto, ruidosa mecanização e
sonorização tanto em ambientes fechados quando abertos.”
(BARRETO, 2008 apud SOUZA, 1992, p. 3).

Tabela 7 relaciona os impactos à saúde aos níveis de ruído, sendo que para níveis
abaixo de 50 dB(A) não se nota impacto algum, porém, para níveis acima dessa
marca, vários prejuízos à saúde são descritos.

Tabela 7 - Impacto dos Níveis de Ruído na Saúde. Fonte: BARRETO, 2008 apud MANZANA, s/d.

A Norma NBR 10151 (2003), presente no parágrafo 6.2.4, especifica a metodologia


de medição de ruído em ambiente externo e estabelece os níveis de ruído ambiente
Lra aceitáveis em ambientes externos, dispostos na Tabela 8, dependendo do tipo de
área, para os períodos diurno e noturno.

95
Tabela de Níveis de Ruído Aceitáveis Dependendo do Tipo da Área
Tipos de áreas Diurno Noturno
Área de Sítio e Fazendas 40 35
Área estritamente residencial urbana ou de hospital ou de escola 50 45
Área Mista, predominantemente residencial 55 50
Área Mista, com vocação comercial e administrativa 60 55
Área Mista, com vocação recreacional 65 55
Área Mista, predominantemente industrial 70 60

Tabela 8 - Tabela de Níveis de Ruído em Ambiente Externo. Fonte: NBR 10151, 2003.

De acordo com (EEA, 2010), vários estudos indicam que o ruído pode prejudicar a
aprendizagem e diminuir o desempenho, especialmente em crianças.

Em conformidade com (PIMENTEL-SOUZA, 2014), o sono profundo tem função


fisiológica e psicocognitiva30. O distúrbio do sono, em curto prazo, gera a falta de
atenção, o descontrole emocional, problemas mentais com inúmeras manifestações,
tais como: falta de criatividade, dificuldade de raciocínio, falha na memória,
dificuldade na concentração, embaraço mental, falha de julgar e psicológica,
distorção perceptiva, perda de memória, mau humor, diminuição da tolerância com o
próximo, aumento de violência e problemas musculares por diminuição da produção
de hormônios, entre outras. Em longo prazo, pode causar problemas mais sérios à
saúde, tais como: doenças degenerativas, demências, derrame e lesões cerebrais.
Durante o sono nosso cérebro se desintoxica, recuperando o bom funcionamento.
Assim sendo, o sono é importante para o bom desempenho cerebral. (PIMENTEL-
SOUZA, 2014). Uma boa noite de sono tem ação psicoconigtiva, colaborando para a
fixação da memória; para expandir a criação artística, científica e tecnológica; para
facilitar a resolução de problemas de relacionamento pessoal; e para recuperar o
humor.

“A ciência tem desvendado nobres funções do sono como as


psicológicas, as intelectuais, as da memória, as do humor e as
da aprendizagem. O sono parece ser o período mais fecundo
para consolidar os traços mnemônicos e geradores de
criatividade. Prejuízos causados a ele diminuem a capacidade

30
Psicocognitiva - está ligada ao estudo dos processos mentais que influenciam o comportamento de
cada indivíduo e o desenvolvimento intelectual. Segundo o epistemólogo e pensador suíço, Jean
Piaget, a atividade intelectual está ligada ao funcionamento do próprio organismo, ao
desenvolvimento biológico de cada pessoa. Fonte: http://www.significados.com.br/cognitivo/ Acesso
em: 15 de maio 2014.

96
das funções superiores do cérebro, condenando suas vítimas a
cidadãos de segunda classe (SOUZA, 1992 apud Jouvet,
1977) (De KONINCK et al, 1989) (PIMENTEL-SOUZA, 1990,
1992).

“O corpo e a mente sofrem os malefícios do ruído no sono e na


vigília. Mudanças em relação ao normal foram observados no
comportamento e cérebro humanos, em condições de
laboratório e em ambientes reais, no Brasil e em outras partes
do Mundo. Para aferir as mudanças, foram levantadas as
funções do sono e de organismo em equilíbrio sustentável em
longo prazo. (PIMENTEL-SOUZA, 1992).

O relatório da Diretoria Geral de Políticas Internas da União Europeia atesta que


cerca de 56 milhões de europeus são submetidos a níveis sonoros superiores a 55
dB(A) durante o dia, devido ao tráfego rodoviário em aglomerações urbanas, e 33
milhões são expostos ao ruído de rodovias principais, fora das aglomerações
urbanas. Da mesma forma, 40 milhões de pessoas da União Europeia são expostas
a ruído superior a 50 dB(A) durante a noite, em aglomerações urbanas. (DGFP-EU,
2012).

A OMS estima que pelo menos um milhão de anos de vida saudável são perdidos a
cada ano, relacionadas com o ruído de tráfego nos países da Europa Ocidental,
incluindo 61 mil anos perdidos com doença isquêmica do coração, 45.000 com
prejuízo cognitivo nas crianças, 903.000 com distúrbios do sono, 22.000 com
zumbido no ouvido e 654.000 com aborrecimento. O relatório da OMS também
conclui que um em cada três indivíduos na Europa fica irritado durante o dia, e um
em cada cinco tem seu sono perturbado à noite, por causa do barulho do trânsito.
(DGFP-EU, 2012).

Segundo documento do Congresso de Diretores Europeus de Departamentos de


Estradas de Rodagem, a União Europeia tem uma perda de mais de €12 bilhões
anualmente devido ao ruído de tráfego, considerando-se, além dos efeitos diretos
causados à saúde e à qualidade de vida, também a desvalorização dos imóveis, a
perda de dias de trabalho por doenças associadas ao ruído e, ainda, a diminuição de
opções em longo prazo para o uso e a ocupação sustentáveis. Diante de tal quadro
e com a tendência de crescimento da poluição sonora observada, justifica-se a ação
unificada e consistente para o gerenciamento e o controle do problema. (CEDR,
2010).

97
Na Noruega as autoridades adotaram um método para o levantamento quantitativo
do impacto do ruído sobre as comunidades. O método leva em conta os níveis de
ruído a que estão expostos os residentes de uma área e quantifica, em termos
monetários, o impacto. A magnitude do impacto do ruído é calculada pela soma de
um índice denominado, em norueguês, pela sigla SPI, que significa Índice de
Aborrecimento devido ao Ruído. Um SPI é igual a uma pessoa extremamente
perturbada pelo ruído e pode ser também resultado da soma de duas pessoas
moderadamente perturbadas, ou seja, (2 x 0,5 SPI). No escopo dessa metodologia
também são estabelecidos uma correlação entre os níveis de ruído em dB(A), acima
do limite de 55dB(A), e o índice de perturbação dessa população, em SPIs. Para
uma população total de 4,5 milhões de pessoas, mais do que 1,6 milhões são
impactadas por níveis acima de 50 dB(A) e resultam em 0,5 milhão de SPIs.

Para a unidade dessa métrica SPI, é estabelecido um custo de 1.600 € por ano, ou
seja, 1 SPI = 1.600 € por ano para o tratamento de uma pessoa extremamente
perturbada pelo ruído e, sendo uma métrica linear, o custo de uma pessoa
moderadamente perturbada é de 0,5 SPI, consequentemente, 800 € por ano.
(GJESTLAND, 2007).

O índice de aborrecimento total para a Noruega, ocasionado pelo ruído do tráfego


rodoviário, obtido por meio dessa metodologia, é de 503.388 SPI, o que corresponde
a um custo de mais de 800 milhões de euros por ano. Com isso, estabelecem-se
métricas objetivas, que podem ser utilizadas para os cálculos de custo-benefício na
implantação de medidas de redução do ruído rodoviário, permitindo, também, o
acompanhamento dos seus resultados. A meta nacional de redução de ruído para as
comunidades na Noruega representa um corte de 25% no índice de perturbação, o
que equivaleria a uma redução de mais de 200 milhões de euros gastos por ano
com tratamento e perda de produtividade, ambos decorrentes dos efeitos do ruído
de tráfego rodoviário. (GJESTLAND, 2007).

Uma das medidas bem aceitas para a avaliação do impacto do ruído na economia é
o Disability Adjusted Life Years (DALYs), cuja tradução é Anos de Vida Ajustados
por Invalidez ou Morte, ou seja, quantos anos da expectativa normal de vida de um
habitante foram perdidos em razão da incapacitação para o trabalho ou morte
decorrente do fator em estudo. (OMS, 2012).

98
O Reino Unido também desenvolveu estudos para estimar o impacto na economia
produzido pelos efeitos da poluição sonora. As estimativas iniciais, baseadas em
estudos sobre o tema, apontam para um custo maior do que 7 bilhões de Libras ao
ano, sendo que, desse total, 3 a 5 bilhões de Libras equivalem a custos decorrentes
de irritação, 2 a 3 bilhões de Libras, a custos no impacto da saúde da população e 2
bilhões, a perda de produtividade. Os valores apresentados na
Tabela 9, levantados pela OMS, foram utilizados para as estimativas iniciais
referentes aos impactos no Reino Unido. (DEFRA-IGCB-NSG, 2008).

Número de anos
de vida
Impacto
potencialmente
Tipo de Monetizado no
Proporção perdidos na
Exposição Impacto Reino Unido
afetada por ano Europa por morte
ao Ruído (milhões de
ou invalidez,
Libras por ano)
relacionadas ao
ruído (DALYs)
3% de todos os
Tráfego
Doenças casos de doenças
durante o 211.000 £1.183
Cardíacas cardíacas na
dia
União Europeia
Ruído de
Distúrbio 2% de todos os
fundo à Sem dados Sem Dados
severo do sono europeus
noite
Ruído de
15% de todos os
fundo nas Irritação severa 278.000 £1.571
europeus
24 horas
3% de todos os
Ruído de casos de zumbido
Zumbido nos
tráfego e no ouvido (0,75% 9.300 £52
ouvidos
lazer de todos os
europeus)
Ruído Perturbação do
0,01% de todos os
Noturno e aprendizado 45.000 £252
europeus
Diurno em crianças
1,8% dos
Perda auditiva
europeus na idade
Música alta devido ao 6.800 £38
de 7 a 19 anos na
"ruído de lazer"
Europa

Tabela 9 - Efeitos do ruído na saúde. Fonte: DEFRA-IGCB-NSG, 2008 apud OMS, 2008.

Porém, como os valores expostos na tabela 3 apresentam uma ampla margem, o


IGCB (Interdepartmental Group on Costs and Benefits – Grupo Interdepartamental
de Custos e Benefícios), ligado ao departamento responsável pelo meio ambiente, o

99
DEFRA (Department for Environment, Food & Rural Affairs – Departamento de Meio
Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais), criou um subgrupo de estudo destinado
a desenvolver uma metodologia mais precisa para a avaliação do impacto
econômico do ruído. (DEFRA-IGCB-NSG, 2008).

Para desenvolvê-la, o grupo de trabalho estabeleceu uma abordagem, segundo a


qual se examina o caminho do impacto do ruído, avaliando-se desde as fontes
emissoras até a medida dos efeitos causados nos receptores, em decorrência do
nível de exposição. Os principais passos identificados para essa abordagem foram:

 Quantificar as emissões de ruído nos pontos emissores e sua propagação;


 Converter os níveis projetados de ruído em cartas acústicas, para estimar a
população e o meio ambiente expostos ao ruído;
 Quantificar em que amplitude o ser humano é afetado pelos diferentes níveis
de ruído, avaliando o impacto sobre a saúde, determinado por níveis
diferentes de exposição ao ruído;
 Monetização dos impactos sobre a saúde e também os não associados à
saúde da população, tais como perda de produtividade e perda de valor de
imóveis;
 Descrever e analisar as incertezas associadas a essa quantificação e à
avaliação do impacto, determinando a precisão, ou seja, a faixa de validade
dos números finais, quando a metodologia é aplicada. (DEFRA, 2013).

Entre os estudos acima, vários foram publicados, sendo que as


recomendações do grupo foram consideradas para o estabelecimento de políticas
de gerenciamento da questão do ruído urbano no Reino Unido. Como afirmam as
Diretrizes: Poluição Sonora – Análise Econômica, publicadas em 2013 no site do
DEFRA, os referidos estudos concluíram que o custo anual de impacto do ruído
rodoviário urbano, somente na Inglaterra, correspondia a valores entre 7 e 10
bilhões de libras, colocando-o no mesmo patamar dos custos com acidentes de
trânsito (9 bilhões de libras) e significativamente maiores do que os custos com os
impactos das mudanças climáticas, estimados entre 1 e 4 bilhões de libras. O
documento apresenta uma tabela com valores de custo em libras, por ano, por
família, de acordo com o nível mínimo e máximo em dB(A) a que estão expostos em
18 horas diárias. Aplicando-se esses valores sobre a população identificada nas

100
cartas acústicas, obtém-se uma estimativa bastante razoável sobre os impactos
econômicos decorrentes do ruído. O documento cita, também, que estudo da OMS,
de 2011, considera o ruído como o segundo maior risco ambiental nos países
desenvolvidos. (DEFRA, 2013).

Como se pode perceber, a partir do exposto neste capítulo, nos países


desenvolvidos já se nota, nos últimos anos, uma preocupação bastante grande em
relação aos efeitos produzidos pelo ruído urbano, além de uma identificação dos
níveis de impacto causados, com a quantificação monetária desses efeitos,
indicando que o ruído urbano já causa problemas da ordem de outros mais
evidentes, tais como mortes e invalidez no trânsito e danos provocados pela
poluição ambiental, mais fáceis de perceber, de materializar e de quantificar. O ruído
a que as pessoas são submetidas, próprio da vida moderna, faz com que a
população venha se acostumando ao longo dos anos, permitindo que os citados
efeitos venham se instalando sorrateiramente e que a associação de causa e efeito
para as doenças que provoca, na maioria das vezes, não seja estabelecida. Apenas
recentemente, com os estudos interdisciplinares mais apurados, foi possível
determinar as consequências do ruído elevado sobre o metabolismo e as condições
psicológicas do ser humano. Nos países mais desenvolvidos, o ruído urbano já vem
sendo tratado como um problema de saúde pública.

101
6 CONTROLE DO RUÍDO NA PAISAGEM SONORA

“...é preciso conhecer os princípios básicos que determinam os


fenômenos acústicos e as formas como eles interferem no
homem, tanto as formas de emissão do som, a propagação
nos meios materiais e o comportamento na frente de barreiras,
como os critérios de interferência com as comunicações
sonoras, sempre subjetivas e de difícil generalização. Devem
também ser levadas em conta as propriedades acústicas dos
materiais, forma e tamanho dos locais, disposição de
diferentes elementos.” (DE MARCO, 1982).

“A compreensão dos mecanismos de propagação do som no


ar livre constitui-se em elemento fundamental no entendimento
de ambientes sonoros urbanos e, portanto, no auxílio ao
controle do ruído nas cidades.” (GUEDES, 2005 apud
NIEMEYER; SLAMA, 1998, p. 22).

Segundo NIEMEYER (1998), as formas configuram a distribuição espacial que


determina as peculiaridades sonoras do lugar. Devem-se ponderar os efeitos sobre
a paisagem sonora para quaisquer intervenções arquitetônicas e urbanas que
alterem o ambiente sonoro da área.

Ilustração 51 - Propagação do som no ar livre. Fonte: adaptado de BERANEK (1992).

De acordo com (BERANEK, 1992) (BISTAFA, 2011) o estudo da propagação sonora


ao ar livre está diretamente relacionado a três componentes: a fonte, a trajetória de
transmissão e o receptor. Primeiramente, a fonte emite uma potência sonora,
gerando certo nível sonoro que pode ser medido em seu entorno imediato. Em
seguida, o nível sonoro é atenuado ao longo de sua trajetória de transmissão, devido

102
aos vários obstáculos que se interpõem no percurso da propagação, além da
atenuação normal promovida pela distância entre a fonte e o receptor. Outros
elementos também interferem na propagação, tais como as condições climáticas, a
configuração morfológica do lugar, a superfície das vias e a vegetação entre a fonte
e o receptor (Ilustração 51).

No projeto arquitetônico, no planejamento urbano ou nas intervenções urbanas, a


abordagem do controle do ruído deve ser feita de forma hierarquizada, primeiro
atuando sobre a fonte, depois sobre a trajetória de transmissão e, por fim, sobre o
receptor. (BERANEK; VÉR, 1992) (EPD, 2006) (KANG, 2007) (SILENCE, 2008)
(CITY OF WESTMINSTER, 2009) (BISTAFA, 2011) (CNOSSOS-EU, 2012).

As fontes são os elementos geradores de ruído no ambiente, tais como: motores,


principalmente aqueles a combustão, escapamentos de veículos, buzinas, sirenes,
turbinas de aeronaves, atividades da construção civil etc. Na trajetória de
propagação do som podem-se interpor elementos naturais do ambiente,
preferencialmente, ou construções específicas para a contenção do ruído, tais como:
barreiras acústicas, túneis etc. Geralmente o receptor é o próprio homem, porém, no
tocante ao controle do ruído, o receptor é a edificação onde estes se encontram,
sendo que a atuação no receptor se faz por meio de elementos arquitetônicos das
edificações que absorvem ou amenizam a perturbação causada ao homem em seu
interior.

Segundo (NIEMEYER; SLAMA, 1998) (GUEDES, 2005) (SILENCE, 2008) (L.T.


SILVA; OLIVEIRA, 2010) (WANG; KANG, 2011) (BISTAFA, 2011) (ARIZA-
VILLAVERDE; JIMÉNEZ-HORNERO; DE RAVÉ, 2013, 2014), as diferentes formas
de construção, a malha viária e a morfologia urbana têm efeitos significativos na
distribuição do ruído do tráfego e, portanto, esses elementos, em sua totalidade,
devem ser abordados na análise e no controle do ruído em uma cidade.

6.1 CONTROLE DO RUÍDO PELA ATUAÇÃO NA FONTE

A fonte é a origem do problema de ruído, consequentemente, seria mais econômico,


eficaz e coerente conter a emissão sonora onde é gerada, eliminando-a ou
mantendo-a abaixo de um determinado nível desejado. (SILVA, 1971) (DE MARCO,
1982).

103
O objetivo desta pesquisa é amenizar o ruído rodoviário, especificamente o ruído de
tráfego urbano gerado pelo grande fluxo de veículos na cidade. Para tanto, as fontes
de ruído ligadas a esse contexto, das quais fazem parte os veículos, a infraestrutura
viária, o gerenciamento do fluxo de tráfego e o comportamento das pessoas, serão
privilegiadas neste trabalho.

Os elementos que geram ruído nos veículos são, principalmente, os motores, os


escapamentos e os pneus. Assim sendo, tais fatores devem ser estudados e
projetados de forma a serem mais silenciosos. Por outro lado, cabe aos gestores a
definição de normas voltadas para o controle da emissão de ruído pelos veículos,
assim como a fiscalização do devido cumprimento de tais regulações. (SILENCE,
s/d) (CNOSSOS-EU, 2012).

O investimento em pesquisa e desenvolvimento, por parte dos fabricantes, é fator


fundamental para a concepção de veículos leves, pesados e motocicletas capazes
de produzir menores níveis de ruído. Os fabricantes de pneus também têm papel
primordial quanto ao tema em questão, já que uma parte importante do ruído é
gerada pela interação do pneu com o pavimento, de acordo com o já mencionado no
capítulo quatro desta dissertação. (FREITAS e PEREIRA, 2013).

Pode-se inferir, também, que a substituição do transporte público convencional,


provido de ônibus movidos a motor de combustão, por ônibus elétricos ou VLT
(Veículo Leve sobre Trilhos) produz grande efeito na redução do nível sonoro, já que
os veículos elétricos apresentam um nível de emissão sonora muito inferior aos
veículos com motor a combustão. Essa solução tem sido adotada em vários países
europeus, sendo que o mesmo ocorre em relação os automóveis, sem que se entre
no mérito do benefício alcançado pela redução de CO2, de outros gases e de
materiais particulados. (SILENCE, s/d).

Em julho de 2014, na cidade de Campinas, foi divulgada uma notícia, segundo a


qual, serão realizados testes com ônibus elétricos e instalada uma fábrica na cidade,
com tecnologia chinesa, para atender à demanda nacional. (PREFITURA DE
CAMPINAS, 2014) .

Estudos realizados pela CETESB embasaram as primeiras normas nacionais de


controle do ruído veicular, conforme a seguinte citação:

104
Ruído: emissão de ruído por veículos – automóveis,
motocicletas, caminhões e ônibus – foi objeto de estudos por
parte da CETESB, que acabaram por estabelecer as bases do
Programa Nacional de Controle de Ruído Veicular. Tal
programa, lançado a partir das Resoluções CONAMA 01 e 02
de 1993 e atualizado pelas Resoluções CONAMA 08 de 1993,
17 de 1995, 20 de 1996, 242 de 1998, 268 e 272 de 2000,
estabelece limites máximos de ruído para veículos novos
comercializados no Brasil. Prevê ainda critérios para serem
utilizados em futuros programas de inspeção e fiscalização de
veículos em circulação, conforme as Resoluções CONAMA 07
de 1993, 227 de 1997, 252 e 256 de 1999.

O controle dos veículos novos é realizado a partir da análise


dos relatórios dos testes de ruído executados conforme a
norma “NBR ISO 362 – Acústica – Medição de ruído emitido
por veículos rodoviários automotores em aceleração – Método
de engenharia”. Os resultados são analisados pelo IBAMA,
agência ambiental do governo brasileiro que é responsável
pelo licenciamento de veículos. Estando abaixo dos limites
estabelecidos, o órgão autoriza a comercialização. (CETESB,
s/d).

A Tabela 10 apresenta os limites de emissão de ruído para os veículos automotores,


de acordo com o tipo de motor, a capacidade de carga e a potência do veículo.
Observa-se que os valores variam na faixa de 74 a 80 dB(A).

Tabela 10 - Tabela de limites de ruído para veículos novos, em vigor em 01 de


Agosto de 2014. Fonte: (CETESB, s/d).

105
Um dos veículos com maior emissão de ruído é a motocicleta que, devido aos
motores de dois tempos que emitem um nível sonoro muito alto, sendo que a tabela
correspondente à emissão de ruídos por essa classe de veículos aponta valores que
variam de 75 a 80 dB(A), de acordo com a cilindrada do motor, de 80 cm 3 a acima
de 350 cm3, respectivamente (CETESB, s/d).

De acordo com as informações presentes no capítulo 4, o atrito entre os pneus e o


pavimento é uma fonte de ruído significativa e, em determinadas condições de
velocidade e composição do tráfego, pode apresentar um volume de ruído maior do
que o emitido pelos motores. Portanto, ações direcionadas à pavimentação das vias
e à equipagem dos pneus da frota de veículos de uma cidade são formas de reduzir
a emissão, atuando diretamente na fonte.

O capítulo quatro também traz materiais e formas de pavimentação, com a finalidade


de se reduzir o ruído rodoviário. Essas técnicas e materiais dependem também do
clima, das condições de tráfego do local e de outros fatores locais. (DRI-DK, 2008)
(BERNUCCI, et, al., 2010). Portanto, no que concerne a esse item, o papel do gestor
público é fundamental, pois dele depende a definição e o gerenciamento do
processo de construção, conservação e manutenção das vias. (SILENCE, s/d)
(ESTEVES, 2003) (CDER, 2010). Uma administração consciente permite a
aplicação dos materiais e técnicas adequados, dentro de um orçamento viável,
melhorando a paisagem sonora nas ações rotineiras de manutenção e intervenção
nas vias, como o recapeamento regular, visando à redução do ruído.

No caso da atuação sobre a produção do ruído pelos pneus dos veículos, percebe-
se que essa ação depende fundamentalmente do estabelecimento de normas e da
legislação, e que estas sejam atendidas pelos fabricantes e fornecedores de pneus,
visto que a adoção de pneus com baixa emissão de ruído depende de preço e de
outras condições determinadas pelo mercado, pouco sensível à influência dos
gestores das cidades. Nessa área são necessárias ações reguladoras de órgão
federais ou entidades padronizadoras de maior abrangência.

No final de 2012, foi lançada a etiqueta europeia de pneus, regulamentada pela


União Europeia, contendo informações sobre três itens de avaliação: eficiência
energética, segurança e ruído ambiental. A Ilustração 52 traz o layout da etiqueta

106
que é semelhante às usadas nos eletrodomésticos, como o selo da Procel. A
etiqueta afixada nos pneus indica o seu desempenho nos quesitos: eficiência no
consumo de combustível, segurança e ruído externo. (EU, 2012).

Ilustração 52 - Etiqueta de pneu EU. Fonte: (EUROPEAN COMMISSION, 2012).

O gerenciamento de tráfego urbano, cuja função é disciplinar e manter o fluxo


contínuo das vias, também contribui muito para a redução do ruído urbano. Essa
área do conhecimento e de atuação no planejamento e gerenciamento urbano inclui
múltiplas disciplinas da engenharia e do urbanismo, tais como medição e predição
de volumes, condições de vazão e retenção, estabelecimento de rotas e disciplinas
viárias (hierarquia e sentido de direção nas vias), controle de sinalização (semáforos
inteligentes e painéis de informação sobre o trânsito), desenho da malha viária,
criação de rotas de contingência, normatização e regras de circulação. (ESTEVES,
2003) (CEDR, 2010).

Além dos benefícios para a mobilidade urbana, o fluxo contínuo dos veículos em
áreas urbanas com baixa variação de velocidade produz um nível de ruído menor do
que em vias onde há grande variação de velocidade, com paradas e arrancadas que
exigem variações de rotação do motor, trocas de marcha e frenagem, ações que
produzem um nível de ruído muito maior do que o regime estacionário e contínuo do
tráfego fluido.

107
A sincronização de semáforos e a eliminação de cruzamentos em nível, então,
permitem maior fluidez do trânsito e produzem uma melhora na paisagem sonora de
grandes avenidas.

Em vias com circulação de ônibus e outras formas de transporte coletivo automotor,


os pontos de parada exercem bastante influência no perfil de ruído ao longo da via,
devido à frenagem de aproximação e à aceleração na saída.

Outro fator de grande relevância, principalmente no estabelecimento de uma nova


malha viária, é o projeto de vias utilizando a topografia, de forma a minimizar as
inclinações nas vias de maior movimento, valendo-se também de pequenos vales ou
encostas, destinando-os a cruzamentos em diferentes níveis. A subida de ruas
íngremes exige maior potência dos motores, o que normalmente resulta em maior
volume de ruído emitido (JOSSE, 1975) (NIEMEYAR; SLAMA, 1998) e, no sentido
contrário, na descida, aciona-se o freio, que é emissor de ruído, e o freio motor
(JOSSE, 1975).

Nos países mais desenvolvidos é crescente o emprego das técnicas denominadas


Moderação de Tráfego (Traffic Calming). Cada local apresenta soluções de projeto
com estratégias distintas, porém, todas com o mesmo objetivo de redução de
velocidade, aumento de segurança e redução do ruído em zonas residenciais e vias
locais, incluindo normalmente educação e conscientização, sinalização, dispositivos
de redução (Ilustração 53), controle de volume e controle de velocidade,
incentivando e disciplinando uma convivência moderada, tranquila e segura entre os
veículos que transitam e os moradores do local (JUNIOR; DE ANGELIS, 2005)
(ESTEVES, 2003) (Surrey County Council, 2014) (Victoria Transport Policy Institute,
2014).

“Traffic Calming pode ser assim definida como uma técnica (ou
um conjunto de técnicas) para reduzir os efeitos negativos do
trânsito, ao mesmo tempo em que cria um ambiente seguro,
calmo, agradável e atraente.” (ESTEVES, 2003, p. 51).

A Moderação de tráfego está se tornando cada vez mais aceita pelos profissionais
de transporte e urbanistas (VICTORIA TRANSPORT POLICY INSTITUTE, 2014).
Projetos de moderação de Tráfego podem variar, abrangendo desde pequenas
modificações em ruas isoladas até uma vasta remodelação da malha viária. A

108
implantação de rotatórias, por exemplo, obedece a um design moderno, que segue
três princípios básicos: normalmente apresenta apenas uma faixa de circulação;
com as entradas de forma inclinada, permitindo o acesso e a entrada na rotatória
acompanhando o fluxo; e uma ilha de deflexão, protegendo o tráfego entrante.
Essas medidas permitem que o tráfego flua nas rotatórias, reduzindo as paradas e
criando uma intersecção segura e contínua (VICTORIA TRANSPORT POLICY
INSTITUTE, 2014).

As referências (FHWA, 2006) (SURREY COUNTY COUNCIL, 2014) (VICTORIA


TRANSPORT POLICY INSTITUTE, 2014) mostram, de forma detalhada e
consistente, guias de recomendação e projetos implantados nos EUA, no Reino
Unido e no Canadá, entre outros, com estratégias e dispositivos bem definidos.

109
Ilustração 53 - Dispositivos de moderação de tráfego. Fonte: ESTEVES, 2003, apud ESTEVES,
1996.

A tese de doutorado de Ricardo Esteves, intitulada “Cenários Urbanos e Traffic


Calming”, apresenta de forma detalhada e exemplificada as técnicas e os

110
dispositivos aplicados por esse sistema de redução de ruído denominado
Moderação de Tráfego (Traffic Calming).

“Entre os outros elementos que atuam sobre o tráfego de


veículos motorizados, gerenciando ou direcionando seus
fluxos, moderando-o e ajudando a reduzir seus impactos
negativos, contribuindo para a melhoria da qualidade
ambiental, podem ainda ser citados:

 Uso de rotatórias de várias dimensões, visando


disciplinar o conflito entre tráfegos cujos fluxos se
cruzam;

 Redução do raio nas junções de vias, com o objetivo de


provocar redução na velocidade de conversão dos
veículos;

 Chicanas e estabelecimento de prioridades de


passagem, permanentes ou provisórias, com o
propósito de reter eventualmente, de tempos em
tempos, um dos fluxos, que deverá esperar uma
oportunidade para avançar (I4 e 5 da Ilustração 53);

 Instalação de portais e/ou sinalização específica,


estabelecendo limites para área objeto de tratamento e
para locais em que o comportamento dos atores do
trânsito, principalmente motoristas, deve ser adequado;

 Fechamentos totais ou parciais de vias. Embora não


estejam totalmente adequadas à filosofia da técnica,
que é desencorajar, e não impedir, o fluxo de veículos
motorizados, mesmo de passagem, essas medidas de
caráter mais radical podem ser adotadas pontualmente
em alguns casos específicos, em função de um objetivo
mais estratégico, de um tratamento proposto para um
ambiente mais amplo.” (ESTEVES, 2003. p. 59 a 60).


Em todos esses projetos de redução de ruído e redução de velocidade nas vias,
utilizando-se as técnicas de Moderação de Tráfego, a conscientização e a educação
da população e dos motoristas são imprescindíveis para o sucesso e a compreensão
de que a redução de velocidade e a disciplina no trânsito promovem a melhor
convivência, com maior segurança e menor perturbação sonora.

6.2 CONTROLE DO RUÍDO PELA ATUAÇÃO NA TRAJETÓRIA

Quando o tratamento do ruído na fonte não for suficiente para eliminá-lo ou reduzi-lo
aos níveis aceitáveis, o próximo passo é criar obstáculos na trajetória de propagação
sonora entre a fonte e o receptor.
111
A análise da trajetória de propagação das ondas sonoras no meio urbano deve levar
em conta o plano horizontal e também o plano vertical, com soluções específicas
para cada um desses planos.

O capítulo três desta dissertação trata do comportamento do nível sonoro,


relacionando-o com a distância da fonte, o tipo de fonte e com os fenômenos que
atuam na propagação do som, de acordo com os tipos e o posicionamento dos
obstáculos encontrados em sua trajetória. O capítulo quatro apresenta uma análise
sobre como a morfologia urbana interfere na propagação sonora. Usando esses
princípios é possível determinar as características sonoras, em um determinado
local, e criar novos obstáculos naturais ou artificiais para a amenização do ruído que
atinge os receptores.

Segundo CNOSSOS-EU (2012), existem basicamente quatro tipos de caminhos de


propagação a serem considerados (Ilustração 54):

1. Propagação direta, quando a onda sonora produzida pela fonte incide


diretamente sobre o receptor, sem haver difração horizontal.
2. Propagação refletida por plano vertical, ou em plano ligeiramente inclinado,
menor que do 15º, com a difração horizontal nas bordas, sobre a superfície
dos obstáculos até o receptor (já abordado no item 2.1.7).
3. Propagação da onda sonora sofre duas ou mais difrações no plano vertical,
pelas bordas laterais dos obstáculos.
4. Propagação da onda sonora sofre reflexões em plano vertical e difrações nas
bordas dos obstáculos.

112
Ilustração 54 – Trajetória de propagação - Fonte: adaptado de CNOSSOS-EU, 2012.

Cada um desses tipos de caminhos determina um conjunto de diferentes equações


para a determinação da propagação do som da fonte ao receptor.

Existem várias formas de controlar ou atenuar o nível de ruído, atuando sobre a


trajetória entre o emissor e o receptor. Várias soluções são propostas pelos autores
e por instituições, tais como: (BARRETO, 2005, apud SANCHIDRIÀN, 2001) (KANG,
2007) (FHWA, 2012) (BANDA, s/d), entre outros.

“Uma barreira pode ser considerada qualquer obstáculo que


impeça linha de visão entre a fonte e o receptor, criando,
assim, uma zona de sombra acústica. Uma considerável
pesquisa teórica e experimental foi realizada na previsão de
atenuação do som da barreira acústica. (Maekawa, 1968;
Rathe, 1969; Kurze and Anderson, 1971; Koyasu, 1980; UK
DfT, 1988; L’ Esoerance, 1989; Hothersall et al. 1991a, 1991b;
Muradali and Fyfe, 1998; ANSI, 2003a; Ekici, 2004).” (KANG,
2007) (tradução da autora).

A seguir são listadas, e apresentadas nas Ilustração 55 eIlustração 56, algumas das
formas mais comuns de atuação na trajetória de propagação do som para a redução
do ruído de tráfego urbano:

 Atenuação pelo efeito de solo, já abordado no item 4.1.1.

113
 Atenuação pela vegetação, já abordado no item 4.3.
 Redução da reflexão do ruído na superfície do pavimento: asfalto poroso, já
abordado no item 4.1.1, e superfície de concreto flutuante.
 Berma (trincheira), criando obstáculo lateral, para absorção pelo solo, e
reflexão, com redirecionamento para cima.
Barreira acústica para atenuar o ruído e proteger a área desejada com várias
formas, tais como: com curva, Ilustração 57; com cobertura, Ilustração 57; e
totalmente coberta (túnel). O túnel isolante da fonte para as demais áreas.

Ilustração 55 - Formas de atenuação do nível de ruído para os receptores. Fonte: BARRETO, 2005,
apud SANCHIDRIÁN, 2001.

Ilustração 56 - Formas de atenuação do nível de ruído. Fonte: SILENCE, 2008.

114
Ilustração 57 - Exemplos de barreiras acústicas de Hong Kong. Fonte: (GOVERNMENT OF THE
HONG KONG SAR, 2003).

Ilustração 58 –Exemplos de barreira acústica com curva e cobertura. Fonte CDER, 2010.

115
Ilustração 59 - Zona de sombra acústica criada pela barreira acústica. Fonte: FHWA, 2012.

O aumento da distância entre a fonte e o receptor é uma forma de reduzir o impacto


do ruído, já que a energia do ruído reduz-se com o quadrado da distância (ver
capítulo três), porém, nem sempre essa medida é praticável e, por esse motivo, é
comum o uso de barreiras acústicas para produzir uma zona de sombra acústica na
trajetória de propagação do som (Ilustração 59).

A construção de obstáculos para a propagação do som depende das condições do


local e do seu entorno. No caso das bermas, por exemplo, há uma demanda de
espaço físico para o acúmulo da terra na lateral da via. Já a barreira acústica,
geralmente requer menos espaço físico, devido à sua estrutura. A barreira
transparente totalmente coberta é uma derivação da barreira acústica, que contém o
som em todas as direções (Ilustração 60). Os cortes normalmente aproveitam
condições topográficas favoráveis.

116
Ilustração 60 - Barreira acústica transparente coberta. Fonte: TODARO; LIPARI; PUGLIANO, 2013.

A altura da barreira, as propriedades dos materiais empregados e a posição da fonte


e do receptor, em relação à barreira, são pontos cruciais para a eficiência na
redução do ruído, tanto nas altas quanto nas baixas frequências. Em alguns casos,
devido às restrições de posicionamento da barreira e às frequências do ruído
produzido pela fonte, há necessidade de aplicação de material absorvente na
composição da barreira. (CEDR, 2010) (CNOSSOS-EU, 2012). Outro ponto
relevante é quanto à utilização de barreiras em paralelo, devendo-se evitar essa
disposição quando a distância entre as barreiras for reduzida, pois, nesse caso, as
reflexões produziriam o efeito de reverberação (ver capítulo três).

Apesar de as barreiras acústicas representarem elementos estranhos ao meio


urbano, são bastante utilizadas, principalmente nas rodovias e em locais já
consolidados, onde a intervenção não permite uma mudança drástica das
edificações que margeiam as vias. Deve-se, então, harmonizá-las com o entorno,
adotando o uso materiais e formas adequadas, evitando a obstrução visual e
integrando-as com o ambiente. (NIEMEYAR; SLAMA, 1998) (NIEMEYAR, 1998)
(MARCELO, 2006) (CEDR, 2010) (CNOSSOS-EU, 2012).

As barreiras acústicas podem reduzir o ruído que atinge o receptor em até 20 dB,
dependendo do tipo de construção e do material utilizado. Normalmente as barreiras
reduzem de 5 a 10 dB, de acordo com (CEDR, 2010) (FHWA, 2012), o que significa
uma redução do nível do ruído de tráfego em até a metade, para as habitações nas
vizinhanças das rodovias.

117
De acordo com o Guidelines on Design of Noise Barriers, do departamento de
proteção ao meio ambiente de (GOVERNMENT OF THE HONG KONG SAR, 2003),
teoricamente, a barreira acústica de parede tem a capacidade de alcançar uma
redução de 20 dB(A) e as bermas, de 23 dB(A).

Ilustração 61 - Barreira acústica com curva e cobertura. Fonte CDER, 2010.

Ilustração 62 - Barreira acústica. Fonte: FHAW, 2012.

A barreira acústica deve ser posicionada de forma a bloquear a trajetória de


propagação do som entre a fonte – no caso do ruído rodoviário, dos veículos em

118
circulação na via – e o receptor que fica nos pontos da sombra acústica gerada pela
barreira, conforme o ilustrado pela Ilustração 59.

Dependendo do desempenho do material aplicado à superfície da barreira, de


acordo com a Tabela 10, de sua massa e estrutura de fixação e de sua forma e
dimensões, uma parte da energia é absorvida e transmitida através da barreira
(Ilustração 62 a); uma parte é refletida (Ilustração 62 b); e outras partes são
difratadas através do topo (Ilustração 62 c) e de suas bordas (Ilustração 62 d).

Alguns pontos devem ser levados em consideração para a instalação de uma


barreira acústica:

 De forma a alcançar a redução esperada, a barreira acústica deve ser


adequada às características do ruído, dimensionada em altura e largura, além
de posicionada de acordo com a fonte emissora identificada em estudos no
local, definindo-se o material apropriado para a barreira, os locais de barreira,
as dimensões, as formas e o sistema construtivo.
 O projeto deve prever a adequação da barreira às condições do local,
garantindo a segurança, harmonizando-a visualmente com o entorno e
observando requisitos para sua manutenção. Outro fator importante, que em
rodovias não se apresenta como relevante, mas que na implantação no
contexto do tecido urbano deve ser levado em consideração, é a verificação
da interferência da barreira acústica na dispersão dos poluentes emitidos
pelos veículos e, consequentemente, na qualidade do ar.
 Em barreiras cobertas, uma atenção deve ser dada à reverberação, já que o
som confinado no interior da área pode produzir o fenômeno, pelas múltiplas
reflexões. Para evitar a reverberação, esse tipo de barreira deve ser
construído internamente com material de chapa perfurada, recheada com
material absorvente e coberta com o material, de forma a proteger o interior
(GOVERNMENT OF THE HONG KONG SAR, 2003) (SILENCE, 2008)
(FHAW, 2012) (CNOSSOS-EU, 2012).

A perda na transmissão (transmission loss) é a medida que indica a capacidade de


absorção do material da barreira na transmissão do ruído entre o lado fonte para o
lado receptor. Essa medida é definida pela redução entre o nível do ruído (potência
sonora) que incide na barreira e o nível transmitido ao outro lado, mensurada em dB.
A Tabela 1 apresenta valores da perda na transmissão, de acordo com material,
espessura e densidade aplicados em uma barreira.

119
Tabela 1 - Tipos de material utilizado em barreiras acústicas. Fonte: (GOVERNMENT OF THE HONG
KONG SAR, 2003).

Existe uma grande variedade de materiais que podem ser utilizados e diferentes
tipos de barreiras, cada uma trabalhando isoladamente ou compondo um conjunto
para atenuar o ruído de tráfego. O desempenho da barreira depende também de se
evitar o vazamento do ruído por espaços vazios, fendas, fissuras e buracos no
sistema construtivo.

120
6.3 CONTROLE DO RUÍDO PELA ATUAÇÃO NO RECEPTOR

Quando o tratamento do ruído na fonte para redução da emissão ou atuação na sua


trajetória de propagação não for eficaz para atenuá-lo, então será necessário atuar
na proteção do receptor, por meio do isolamento acústico, objetivando impedir,
evitar, ou diminuir a penetração do ruído do meio ambiente para o espaço interno
das edificações.

Essa atuação tem por característica uma atuação mais individualizada e particular
de cada espaço, envolvendo, na maior parte das vezes, procedimentos de caráter
interno aos edifícios, e de responsabilidade de seus proprietários, tornando a ação
pública e conjunta mais difícil. Essas medidas normalmente são levadas a efeito
pelo estabelecimento de normas para fachadas, janelas e portas, de acordo com o
posicionamento das edificações em relação às vias. (NIEMEYAR; SLAMA, 1998)
(NIEMEYAR, 1998) (MARCELO, 2006) (SILENCE, s/d) (CEDR, 2010) (CNOSSOS-
EU, 2012) (NBR 15575-4, 2013).

O papel do arquiteto nos projetos dos edifícios para a autoproteção de seus


interiores é fundamental. Um bom projeto arquitetônico proporciona um ambiente
interno com conforto termoacústico e com características adequadas de ventilação e
iluminação, mesmo quando as condições do entorno não sejam totalmente
favoráveis. O aproveitamento das características de transmissão e absorção sonora
pela edificação e seus pontos de contato externo, bem como do posicionamento
adequado das áreas internas, melhora substancialmente as condições do ruído
interno.

A aplicação do isolamento acústico requer critérios bem definidos nos projetos e em


sua execução, para não comprometer a qualidade e a eficiência do isolamento ao
ruído. A norma NBR 15575 Edificações Habitacionais – Desempenho apresenta
parâmetros para a transmissão acústica, na parte 4: Sistemas de Vedações Verticais
Internas e Externas (NBR 15575-4), que será abordada no capítulo 7 desta
dissertação. A norma NBR 10821-4 Níveis de Desempenho Acústico das Esquadrias
define um selo de qualidade (Ilustração 63) que deve ser afixado nas esquadrias,
para orientação do comprador.

121
Ilustração 63 - Etiqueta com indicação de desempenho acústico de esquadria. Fonte: ARCOWEB,
s/d apud NBR 10821-4 (2011).

O isolamento acústico é principalmente considerado nas paredes, nos telhados, nas


esquadrias em geral (janelas e portas) e na arquitetura da fachada voltada para a via
emissora do ruído, sendo essenciais as propriedades físicas dos materiais e os
sistemas construtivos desses elementos, para a obtenção de uma drástica redução
do ruído no interior da edificação, oriundo do ambiente externo. (SILENCE, s/d)
(NIEMEYER; SLAMA, 1998) Em concordância com a explanação, no capítulo
quatro, a forma e a orientação dos edifícios desempenham um papel fundamental
em relação ao ruído, e a autoproteção é uma das medidas utilizadas na redução do
ruído interior das edificações. (SILENCE, s/d) (ARIZMENDI, 1980) (NIEMEYER;
SLAMA, 1998) (MARCELO, 2006) (KANG, 2007). (WANG; KANG, 2011).

O isolamento acústico de paredes exteriores e sistemas de telhado pode reduzir a


penetração do ruído externo para o ambiente interno da edificação (ADELAIDE CITY
COUNCIL, s/d). O isolamento de ruído pelas paredes é uma forma comum de
atenuar a transmissão de energia sonora de um ambiente para outro, pois há uma
redução (ou perda na transmissão) de intensidade sonora quando o som é
transmitido através dos materiais que compõem as paredes (DE MARCO, 1982)
(BERANEK; VÉR, 1992) (GERGES, 2000) (BISTAFA, 2011). A quantidade de
isolamento depende do espectro de frequências da onda sonora e do sistema

122
construtivo da parede. De acordo com DE MARCO (1982), dependendo das
características construtivas, a parede pode reduzir de 55 a 20 dB e as janelas e
portas, de 45 a 15 dB.

Conforme explicação anterior, quando uma onda sonora atinge a parede de uma
fachada de alvenaria, uma parte da onda é refletida, voltando para o ambiente, e a
outra parte é transmitida ao outro lado da parede. A parede, de certa forma,
desempenha o papel de uma barreira acústica, atenuando o ruído do exterior para o
interior. De acordo com a lei da massa, quanto mais densa, melhor será o
desempenho no isolamento acústico (DE MARCO, 1982) (NIEMEYAR; SLAMA,
1998) (AMORIM; LICARIÃO, 2005) (BARROSO-KRAUSE, et al, 2005).

A construção de paredes duplas com uma camada de ar entre elas melhora muito o
desempenho do isolamento acústico (DE MARCO, 1982) (AMORIM; LICARIÃO,
2005) (BARROSO-KRAUSE, et al, 2005). As paredes duplas podem produzir uma
redução de 5 a 10 dB, resultado superior ao de uma parede simples de mesmas
características (DE MARCO, 1982).

As aberturas, consequentemente as portas e janelas, permitem a passagem do som


do exterior para o interior da edificação e, portanto, devem ser bem vedadas no
momento da instalação, evitando possíveis frestas que possam comprometer a
qualidade e o desempenho quanto ao isolamento acústico. Janelas e portas sólidas,
no entanto, são eficientes apenas quando fechadas. Para resolver essa questão,
outras soluções foram desenvolvidas, incluindo-se janelas de vidros duplos com
sistema de ventilação e fachadas com vidros adicionais, condicionando a circulação
do ar de forma que a ventilação não seja captada mediante exposição à fonte de
ruído. O isolamento acústico deve ser considerado sempre que o ruído externo
ultrapasse a 55 dB, durante o dia, e 45 dB, à noite (SILENCE, 2008).

As janelas modernas, de vidros duplos, podem alcançar uma redução no nível de


ruído (perda de transmissão) de 30 dB. Há janelas especiais disponíveis no mercado
que atingem uma redução do som de até 40 dB, particularmente úteis para hospitais,
bibliotecas e ou outros ambientes com requisitos de baixo ruído interno.

A capacidade de uma janela para reduzir o ruído depende dos seguintes elementos
(ADELAIDE CITY COUNCIL, s/d):

123
 Projeto da esquadria;
 Vidros;
 Composição do painel de vidro;
 Distância entre os painéis de vidro;
 Vedação.

Podem-se tecer algumas considerações a respeito de janelas de vidro, listadas


abaixo:

 Para janelas de único vidro, normalmente, quanto maior a espessura melhor o


isolamento acústico. A maior dificuldade, nesse caso, é quanto aos ruídos de
baixa frequência.
 O vidro laminado tem desempenho um pouco melhor do que os outros tipos
de vidro, no entanto, apresenta baixo isolamento quanto ao ruído de alta
frequência. Uma camada de PVB (Polivinil Butiral, resina utilizada em para-
brisas de veículos, empregada quando se requer forte adesão, transparência
e flexibilidade), aplicada entre os vidros, melhora a capacidade de isolamento
para o ruído de alta frequência (Ilustração 64).
 Há janelas com vidros duplos, triplos e quádruplos. O espaço entre os vidros
é denominado câmara de ar, cujo preenchimento é efetuado com gases
inertes, como nitrogênio, argônio ou criptônio. Para se obter uma boa redução
acústica, a distância entre os painéis de vidro deve ser de 50 mm a 150 mm.
(ADELAIDE CITY COUNCIL, s/d).
 Uma boa vedação, nos perímetros externo e interno da esquadria, garante
um bom desempenho da janela acústica.
A redução dos ruídos de baixa frequência depende fundamentalmente da
espessura do vidro e da distância entre os painéis.

124
Ilustração 64 - Janela de vidro interna, com PVB para proteção antirruído. Fonte: Soundproof, 2014.

Outra forma adotada para atenuar o ruído proveniente do ambiente externo,


presente em SILENCE (2008), se faz adicionando uma pele de vidro em frente à
fachada do edifício, a uma distância que permita a abertura das janelas por trás
desse vidro. O ar que circula entre o edifício e a fachada de vidro deve ser captado
em uma área menos ruidosa (tipicamente em um jardim próximo, longe da via fonte
da poluição sonora e do ar). Dessa forma, garante-se a entrada de ar pelas janelas,
sem a captação do ruído e da poluição do ar provenientes da via para a qual a
fachada se volta. Esse sistema, ilustrado pela Ilustração 65, foi instalado em
Fredensgade, na cidade de Copenhague, na Dinamarca.

125
Ilustração 65 - pele de vidro na fachada. Fonte: SILENCE, 2008 apud Green Noise, 2005, p.7.

Se o ar fresco deve ser tomado a partir do lado ruidoso do edifício, outra solução
possível é a instalação de persianas de som em frente às janelas. Tais persianas
atuam para o som como os brises para a insolação, permitindo que o ar entre no
ambiente, porém criando uma chicana para o percurso do ar, que atenua o nível
sonoro, reduzindo o nível do ruído, comparando-se a uma janela aberta na mesma
situação. (SILENCE, 2008, apud Rasmussen, 2008).

126
7 INSTRUMENTOS LEGAIS E TECNOLOGIA

O objetivo deste capítulo é apresentar um sumário de leis e diretrizes importantes


para o controle da poluição tanto no âmbito internacional, como no Brasil nas
esferas: Nacional, Estadual e Municipal, as quais tratam dos problemas em seus
domínios de atuação. E também apresentar algumas suscintamente algumas
ferramentas de apoio tecnológico para o entendimento e solução dos problemas.

Com a crescente preocupação com os efeitos nocivos do ruído infligidos aos seres
humanos e ao meio ambiente, reconhecidos desde os anos 1970, várias leis,
diretrizes e normas foram elaborados. O avanço tecnológico possibilitou o
desenvolvimento de tecnologias de apoio, como os softwares de simulação acústica
que são hoje importantes ferramentas para a visualização dos fenômenos acústicos
no meio ambiente.

7.1 NORMAS E RECOMENDAÇÕES INTERNACIONAIS E NACIONAIS.

Green Paper (1996)

A publicação em 04 de novembro de 1996 do Green Paper, em Bruxelas, foi o


primeiro grande avanço para política de combate ao ruído, a qual tem como objetivo
estimular a discussão sobre a política de redução de ruído na Europa. Até então, a
poluição sonora não teve tanta prioridade como a poluição do ar e da água. Com o
foco no controle de ruído na fonte, na trajetória e na recepção, ela aborda três
questões essenciais:

 Reduzir o nível de ruído emitido pelas fontes;


 Instalação de barreiras acústicas entre fonte e receptor, atenuando o nível de
ruído até as pessoas afetadas.
 Diminuir o nível de ruído até o local de recepção pelo afastamento das fontes,
assim como o isolamento do ruído para o ambiente interno dos edifícios.
(GREEN PAPER, 1996).

127
O documento dá prioridade na redução de ruído com políticas de longo prazo,
destacando a importância da informação e da conscientização da população para o
real problema de ruído, incentivando a modificação de comportamento. Dessa forma
consciente e participativa, a comunidade se envolve, cooperando com a solução dos
problemas existentes e com a prevenção, o que muito auxilia as autoridades e
gestores municipais no tratamento da questão.

Esse documento teve uma importante contribuição no avanço das políticas de


gerenciamento do ruído, ressaltando que para obter sucesso na redução da poluição
sonora, é necessário ter uma estrutura política e de gestão do ruído, com objetivos
bem definidos e compartilhados com a sociedade, com acompanhamento e
atualização constante dos dados para coerência e eficácia nas ações.

Diretiva Europeia (2002)

Publicado em 25 de junho de 2002, este documento é resultado de uma série de


propostas feitas desde o ano 2000 pelo Conselho do Parlamento Europeu
resultando na Diretiva 2002/49/CE também conhecido como “Environmental Noise
Directive” (END, em português Diretriz de Ruído Ambiental), tendo como objetivo
principal à avaliação e a gestão do ruído ambiente. É um instrumento jurídico
importante que trata da questão da poluição sonora, protegendo o meio ambiente
em especial às áreas sensíveis.

Para embasar as estratégias e ações locais para prevenir ou amenizar os efeitos


nocivos do ruído, essa diretriz europeia recomenda a produção da carta acústica
para áreas urbanas com mais de 250 mil habitantes. Sua estrutura é baseada em
quatro princípios fundamentais:

 Monitoramento de ruído ambiental - Os Estados-Membros devem desenvolver


o mapeamento estratégico da poluição sonora, utilizando uma metodologia
comum, nas principais estradas, ferrovias, aeroportos e aglomerações, de
forma a analisar e avaliar os níveis de ruído no meio ambiente nos períodos
diurno e noturno, e estimar o número de pessoas afetadas na Europa.
 Informação e consulta do público - Disponibilizar ao público os mapas
estratégicos de ruído, planos de ação e informações relevantes sobre a

128
exposição e os efeitos do ruído na saúde e no meio ambiente, desenvolvendo
consultas ao público no que se refere a medidas para redução do ruído de
meio ambiente.
 Gerenciamento de problemas de ruído ambiental - Os órgãos competentes
devem elaborar planos de ação e medidas na redução da poluição sonora em
acordo com os critérios das autoridades locais, não só atuando na redução de
locais ruídosos, mas também empreendendo esforços para a conservação
das características dos lugares onde já existe uma boa qualidade sonora no
meio ambiente.
 Desenvolvimento da estratégia de longo prazo da EU - Desenvolver uma
estratégia política conjunta de longo prazo para União Europeia, com o
propósito de reduzir o número de pessoas expostas ao ruído, atuando nas
trajetórias de propagação e na proteção dos receptores, mas também
emitindo normas produção e certificação de forma a reduzir o ruído produzido
pelas fontes. (END, 2002).

CEDR (2003)

Foi criada em 2003 em Viena na Áustria a CEDR (Conferência Europeia de


Diretores de Estrada). Composta por 27 países da Europa tem como objetivo a
cooperação entre os países da Comunidade Europeia para facilitar a troca de
experiências na analise, discussão e pesquisa das questões relacionadas ao
transporte rodoviário sob os aspectos sociais, econômicos, ambientais e de
sustentabilidade.

O ruído rodoviário já era considerado como um das prioridades e foi incluído no


Plano Estratégico 2005-2009 da Comunidade Europeia com o objetivo do
gerenciamento e de redução do ruído rodoviário, estabelecendo limites por tipo de
ruído, tipo de pavimento e com ênfase nas medidas de redução do ruído por meio da
implantação de barreiras acústicas, e na escolha dos materiais construtivos.

WG-AEN (2007)

O manual “Good Practice Guide for Strategic Noise Mapping and the Production of
Associated Data on Noise Exposure” (em português: Manual de Boas Práticas no

129
Mapeamento Estratégico do Ruído e na Produção de Dados Associados à
Exposição ao Ruído), produzido pelo European Commission Working Group
Assessment of Exposure to Noise (WG-AEN, em português Grupo de Trabalho da
Comissão Europeia na Avaliação da Exposição ao Ruído), teve sua primeira versão
publicada em 5 de dezembro de 2003, sendo a segunda versão revisada divulgada
em 13 de agosto de 2007.

O objetivo desse documento é ajudar de maneira prática os Estados-Membros e as


autoridades competentes da União Europeia a realizar o mapeamento do ruído e na
coleta de dados sobre a poluição sonora conforme Diretiva 2002/49/CE, já
mencionada, orientando para que esses dados possam ser comparados, analisados
e processados com qualidade uniforme possibilitando e facilitando a elaboração de
estatísticas na Comunidade Europeia quanto à exposição de seus habitantes a
poluição sonora. Esse trabalho é muito importante, pois a partir dele, e com a
correlação de outros dados e estatísticas de áreas de saúde, produção econômica e
condições sociais, pôde-se então fazer um trabalho do impacto socioeconômico e na
saúde da população devido à poluição sonora. Seu corpo contém:

 Recomendações para o gerenciamento de questões gerais sobre o ruído


urbano relacionadas com as fontes, à propagação e os receptores.
 Fornece 21 conjuntos de ferramentas (Toolkits), com uma introdução sobre
cada pacote de ferramentas considerando a complexidade de uso, as
implicações de precisão e o custo para uso. O documento contém uma tabela
de classificação com código de cores e símbolos para facilitar a visualização
na escolha do tipo de ferramenta mais adequado de acordo com a
complexidade, a precisão e o custo. (Tabela 11).
 Faz referência ao projeto de pesquisa “Accuracy Study”, indicando a
estratégia de mapeamento de ruído de tráfego e a metodologia de coleta dos
dados para a modelagem de ruído. (WG-AEN, 2007).

130
Tabela 11 – Símbolos e cores para classificação das ferramentas. Fonte: WG-AEN, 2007. (tradução:
autora).

As ferramentas são classificadas em tipos e subtipos de acordo com as


características do objetivo a ser medido de acordo com sua adequação para a
medição de fontes de ruído, a propagação e o impacto no receptor:

 Ferramentas relacionadas à fonte, tais como: fluxo do tráfego rodoviário,


velocidade média do trafego, composição dos veículos no tráfego, tipo de
superfície e inclinação da via, etc.
 Ferramentas relacionadas à propagação, tais como, tipo de superfície do
solo, altura de edificações, altura e distância de barreira acústica em relação
à via, coeficiente de absorção de edificação e da barreira acústica, umidade e
temperatura ambientes, etc.
 Ferramentas relacionadas ao receptor, tais como, atribuição de dados
populacionais para edifícios residenciais, determinação do número de
unidades habitacionais por edifício residencial e a população por unidade de
habitação, atribuição dos níveis de ruído para os residentes em moradias em
edifícios com vários ocupantes, etc. (WG-AEN, 2007).

A Tabela 12 apresenta um exemplo de tabela de aplicação contida no documento


indicando o uso do conjunto de ferramentas 4, o qual deve ser utilizado na medição
da composição do tráfego rodoviário.

131
Tabela 12 - Ferramenta 4: Composição de veículos no tráfego rodoviário. Fonte: WG-AEN, 2007.

Projeto SILENCE (2008)

Essa é uma importante contribuição na divulgação, orientação e treinamento de


gestores locais europeus para o planejamento estratégico, preparação de projetos,
execução, acompanhamento e conscientização da população nas ações de redução
da poluição sonora. É, portanto um sistema de gestão de ruído nas cidades
abrangendo todas as etapas do ciclo de gerenciamento nos níveis estratégico e
tático.

Incluindo o estado de arte na redução da poluição sonora por meio de politicas


públicas e ferramentas de apoio tecnológico, foi finalizado em janeiro de 2008,
apresentando-se na forma de um manual bem elaborado e extenso, com um
apanhado geral sobre os conceitos relacionados à paisagem sonora, os
fundamentos das características das fontes e da propagação do som no meio
urbano, as estratégias que podem ser adotadas, um resumo de etapas e atividades
a serem planejadas, ou seja, um esboço básico de um plano de projeto para os
gestores, e como propagar a informação através de programas de conscientização
para a população e treinamento para os envolvidos na operação e gestão.

Não sendo apenas um instrumento teórico, o manual dá uma visão prática,


orientando os planejadores e gestores municipais, com exemplos de projetos
realizados analisando a aplicação das diretivas e seus resultados nas cidades de:
Barcelona, Bristol, Bruxelas e Genova.

132
O projeto Silence ressalta que para atenuar o ruído no meio urbano já consolidado,
antes de quaisquer ações, deve-se fazer um inventário da situação existente através
do mapa acústico identificando os níveis de exposição na área com a finalidade de
hierarquizar as prioridades, ordenando as intervenções de forma a obter os
melhores resultados com o menor custo e principalmente com uma integração à
paisagem urbana existente. Essa é uma preocupação importante, pois além de
classificar as ações de acordo com sua eficácia garantindo um melhor uso dos
recursos e um melhor resultado com uma visão holística do problema, o respeito à
cultura, e a paisagem urbana são importantes para não descaracteriza-los com a
implantação, por exemplo, de barreiras acústicas totalmente alheias ao seu entorno,
ou intervenções urbanas sem inserção no contexto do lugar.

Outro ponto importante destacado por esse projeto é o planejamento e projeto


integrado da implantação das intervenções relacionadas à redução do ruído urbano
com o aproveitamento dos momentos de intervenção urbana com outras finalidades,
tais como: requalificação de áreas da cidade, reurbanização de áreas degradadas,
implantação de novas infraestruturas, obras para melhoria da mobilidade, só para
citar algumas ações normais de gestores públicos na evolução e renovação das
cidades. A implantação conjunta evita que tais intervenções com outras finalidades
produzam resultados negativos para a questão da poluição sonora, e normalmente
dilui os custos com obras específicas para a redução do ruído. Essa forma integrada
de tratar os problemas urbanos produz resultados muito bons para o bem-estar da
população e para a utilização eficiente dos recursos públicos, pois não se resolve
um problema criando outros que mais a frente precisam ser tratados com soluções
mais onerosas e muitas vezes inviáveis. SILENCE (2008).

Uma solução comum indicada nesse projeto é a implantação de barreiras acústicas.

CNOSSOS-EU (2012)

CNOSSOS-EU (Common NOise aSSessment MethOdS in EU, em português


Métodos Comuns de Avaliação do Ruído na União Europeia) é a mais recente
metodologia de uso comum para avaliação de ruído na Europa, utilizando como
base de estado da arte determinados pela comunidade científica e técnica.

133
Elaborada pelo Centro de Pesquisas da Comissão Europeia, está recomendação
segue as especificações apresentadas na Diretiva de Ruído Ambiental 2002/49/CE,
já mencionada.

Peritos nomeados pelos Estados-Membros da União Europeia, pela Agência


Europeia do Ambiente, pela Agência Europeia de Segurança da Aviação, e pela
Organização Mundial de Saúde Europa foram reunidos para estabelecer os métodos
que devem ser utilizados em comum pelos membros da Comunidade Europeia
dando consistência e compatibilidade nas medições e cálculos do nível de ruído a
que as pessoas estão expostas. Essas ações de padronização de métodos são
importantes para que os resultados de trabalhos produzidos por diferentes equipes
em diferentes países sejam comparáveis e integráveis na visão geral da
comunidade.

Os métodos recomendados são utilizados nas medições de ruído do transporte


rodoviário, ferroviário, aéreo e da indústria, constituindo a abordagem mais
sistemática para o combate a poluição sonora, propiciando uma estimativa confiável
dos encargos associados a doenças produzidos pelo ruído. Há uma previsão de uso
desse novo método no mapeamento estratégico a ser empreendido em 2017.
(CNOSSOS-EU, 2012).

CONAMA (1986)

Na RESOLUÇÃO N.º 001 do CONAMA de 23 de janeiro de 1986, dispõe sobre


critérios básicos e diretrizes gerais para a avaliação de impacto ambiental, em
qualquer atividade humana, direta ou indiretamente, com alteração das propriedades
de meio ambiente, que afetam a saúde, o panorama socioeconômico e o meio
ambiente.

Artigo 1º - Para efeito desta Resolução, considera-se impacto


ambiental qualquer alteração das propriedades físicas,
químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer
forma de matéria ou energia resultante das atividades
humanas que, direta ou indiretamente, afetam:

I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

134
II - as atividades sociais e econômicas;

III - a biota;

IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;

V - a qualidade dos recursos ambientais.” (CONAMA, 1986).

A resolução nº 001 de 08 de março de 1990, trata dos níveis excessivos de ruído


referenciando os limites definidos pelas normas NBR 10151 (2003) e NBR 10152
(2003) em seus incisos II e III, e as normas do Ministério do Trabalho e do
CONTRAN no inciso IV:

“II - São prejudiciais à saúde e ao sossego público, para os fins


do item anterior aos ruídos com níveis superiores aos
considerados aceitáveis pela norma NBR 10152 - Avaliação do
Ruído em Áreas Habitadas visando o conforto da comunidade,
da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT.

III - Na execução dos projetos de construção ou de reformas


de edificações para atividades heterogêneas, o nível de som
produzido por uma delas não poderá ultrapassar os níveis
estabelecidos pela NBR 10152 - Avaliação do Ruído em Áreas
Habitadas visando o conforto da comunidade, da Associação
Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.

IV - A emissão de ruídos produzidos por veículos automotores


e os produzidos no interior dos ambientes de trabalho,
obedecerão às normas expedidas, respectivamente, pelo
Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, e pelo órgão
competente do Ministério do Trabalho.” (CONAMA, 1990).

NBR 15575 Edificações habitacionais – Desempenho (2013)

A norma brasileira de requisitos acústicos de desempenho NBR 15575 (2013) -


Edificações habitacionais – Desempenho entrou em vigor em maio de 2013, foi
desenvolvida a partir de normas nacionais e internacionais como referência, sendo
composta por seis partes:

 15575-1:2013 – Parte 1: Requisitos gerais.


 15575-2:2013 – Parte 2: Requisitos para os sistemas estruturais.

135
 15575-3:2013 – Parte 3: Requisitos para os sistemas de pisos.
 15575-4:2013 – Parte 4: Requisitos para os sistemas de vedações verticais
internas e externas SVVIE.
 15575-5:2013 – Parte 5: Requisitos para os sistemas de coberturas.
 15575-6:2013 – Parte 6: Requisitos para os sistemas hidrossanitarios.

A NBR 15575 (2013) - Edificações habitacionais – Desempenho tem a função de


qualificar especificamente a construção de edifícios habitacionais de longa duração,
atendendo ao mínimo de conforto termo-acústico. Tanto na forma de projetar,
quando na especificação, de forma equilibrada e factível.

A norma de desempenho elucidou os termos de responsabilidades das partes


envolvidos na construção da edificação, como: arquitetos, construtoras,
incorporadoras, fornecedores e usuários, estabelecendo conjuntos de requisitos das
edificações habitacionais com propósitos:

 na segurança: estrutural, contra fogo, de uso e na operação;


 na habitabilidade: desempenho térmico, acústico e luminosidade,
estanqueidade, saúde, higiene, qualidade do ar, funcionalidade e
acessibilidade, conforto tátil e antropodinâmico;
 na sustentabilidade: durabilidade, manutenção e impacto ambiental,
 na preservação da privacidade dos habitantes. (NBR 15575, 2013).

A norma NBR 15575-4 (2013) esclarece como os sistemas construtivos devem ter
os níveis desempenho para atenuar a transmissão do ruído pelas paredes externas
e internas, pelas esquadrias e pelas portas, além dos efeitos decorrentes do sistema
de piso nas edificações habitacionais.

7.2 TECNOLOGIAS DE APOIO

O desenvolvimento tecnológico do instrumental alcançando maior precisão, o


aumento da capacidade de armazenamento de informações e o avanço acentuado

136
no poder de cálculo dos computadores viabilizaram a modelagem espacial dos
fenômenos físicos por programas de simulação que permitem a criação e
visualização de diferentes cenários, tanto na implantação como nas etapas do
projeto, possibilitando uma analise da exposição aos níveis de ruído de acordo com
as características geométricas (HOLTZ, 2012) e morfológicas do lugar, em particular
os níveis de pressão sonora nas fachadas dos edifícios antes mesmo de sua
construção.

Existem vários programas no mercado que seguem as diretrizes e normas


internacionais de predição dos níveis de pressão sonora dada a conformação
espacial do ambiente, criando o mapa acústico e produzindo visualizações em 3D
através de modelos de simulação matemática. Os mais conhecidos são:

 Predictor-LimA da empresa Brüel & Kjær


 Cadna A® da empresa DataKustik
 SoundPLAN® da empresa Braunstein + Berndt GmbH

Predictor-LimA é um programa desenvolvido pela empresa Brüel & Kjær, que iniciou
seu desenvolvimento na década de 1970. É um pacote de programas integrados
para projetos de ruído ambiental, composto principalmente dos programas
Predictor™ e LimA™.

Com essa plataforma criam-se modelos em 3D (Ilustração 66), com o mapeamento e


previsão de ruído ambiental, incluindo funcionalidades para a gestão, planejamento
de ações e avaliação de impacto de ruído ambiental. O LimA™ é altamente
configurável, com fácil integração com conjuntos de dados externos, componentes
de cálculo e outros sistemas. Inclui também uma poderosa funcionalidade de macros
com manipulação de dados automatizada e manipulação geométrica avançada para
modelagem, sem a necessidade de usar outros softwares, como Sistemas de
Informação Geográfica (SIG). (Brüel & Kjær, s/d).

Os mapas de ruído ambiental, gestão, planejamento de ações e avaliação de


impacto são produzidos segundo as diretivas da Comissão Europeia, como a
Diretiva Ruído Ambiente (2002/49/CE), e em conformidade com as orientações

137
sobre métodos de cálculo (2003/613/CE) e da Diretiva IPPC (2008/1/CE) e
semelhantes. (Brüel & Kjær, s/d).

Ilustração 66 - Modelagem de ruído em 3Ds. Fonte: Brüel & Kjær, s/d.

O Cadna A® é um programa que faz a análise avançada dos dados provenientes de


medição acústica, predição da exposição ao ruído e do impacto de poluentes do ar.
Tem como objetivo estudar o impacto ambiental dos níveis de poluição sonora e do
ar. Tem a capacidade de identificar as principais fontes emissoras de ruído a partir
dos dados gravados, tais como: ruído rodoviário, ferroviário, aéreo e industrial. Sua
análise é baseada em normas nacionais (ABNT) e internacionais. (DataKustik, 2013)
(Ilustração 67).

O software CadnaA é uma solução avançada para cálculo, avaliação, predição e


representação do impacto sonoro no meio ambiente, tendo sido criado para atender
as exigências técnicas no estudo do impacto sonoro de instalações industriais,
shopping centers ou novas infraestruturas; avaliação e gestão do ruído no âmbito de
uma cidade ou de uma região, ou de um aeroporto, entre outras.

138
Ilustração 67- Mapa acústico do Cadna A. Fonte: (DataKustik, s/d).

SoundPLAN® é um pacote de software integrado para o mapeamento acústico,


planejamento, e diagnostico ambiental. Foi um dos primeiros softwares de
modelagem de ruído desde 1986. Desenvolvido pela empresa Alemã de engenharia
Braunstein + Berndt GmbH em Backnang, Alemanha. Faz as simulações de
computador de situações de poluição sonora e do ar. A modelagem de ruído
engloba ruído de tráfego, ruído interno e ao ar livre, ruído industrial e ruído de
aeronaves, fornecendo dados para o planejamento e controle de ruído.

Ilustração 68 - Mapa Acústico do SoundPlan. Fonte: SoundPlan, s/d.

139
8 REFERENCIAS DE PROJETOS DE REDUÇÃO DO RUÍDO URBANO

Países desenvolvidos já realizam estudos, programam estratégias e executam


medidas para a redução do ruído urbano há algumas décadas.

Esse é um processo de melhoria contínua com um ciclo composto de uma


sequência de atividades para análise de situação, definição de estratégias,
planejamento de ações, execução projetos de intervenção urbana, regulamentação
e fiscalização, monitoramento dos resultados, e iniciando novamente, com a
atualização dos dados, outro ciclo do processo contínuo de aperfeiçoamento. Com
isso novos patamares vão sendo alcançados e os ganhos de qualidade vão sendo
consolidados.

Países da Europa, Ásia, América de Norte, e recentemente alguns países na


América do Sul, já tem estratégias dedicadas e legislação em vigor com a
preocupação de redução da poluição sonora como parte das medidas de avanço na
qualidade de vida e na da saúde da população.

Isso não só contribui para os benefícios no bem-estar da população, mas também


melhora a eficiência da gestão dos recursos públicos, pois a redução dos gastos
com tratamentos de saúde e perda de produtividade permite o redirecionamento
desses recursos para investimentos em ações preventivas e projetos de melhoria de
médio e longo prazo cujos benefícios permanecem para as próximas gerações.

Os gastos com o tratamento dos sintomas desperdiçam recursos, aliviam o problema


das pessoas no curto prazo, mas não consolidam resultados, e mantem uma
situação continuada de desperdício. Apenas investimentos em ações que eliminam
ou reduzem as causas podem trazer um ganho permanente e a melhor aplicação
desses recursos no futuro.

Dentro desse contexto o mapa acústico tem um papel relevante no levantamento e


análise da situação, planejamento e simulação de ações, e posteriormente para o
acompanhamento dos resultados obtidos, sendo particularmente destinada aos
Gestores e Técnicos da cidade responsáveis pelo controle do ruído. (HOLTZ, 2012).

140
O mapeamento acústico31 é um instrumento de extrema importância para análise e
identificação dos problemas relacionados ao ruído, pois mapeia cada tipo de fonte
emissora de ruído, sua intensidade e sua zona de influência.

Durante o processo de levantamento inicial e também no monitoramento de


resultados, o planejamento da quantidade de dados, locais e momentos de medição
são fatores de extrema importância, visto que determinam a qualidade da
representação da realidade pelos modelos matemáticos gerados pelas ferramentas
de simulação e devem constituir um conjunto de amostras suficientes para uma
análise estatística confiável, evitando-se medições de eventos esporádicos e de
pouca relevância no contexto geral dos problemas. Para isso é necessário, após a
coleta, estimar os níveis de erro e tolerância, bem como utilizar métricas estatísticas
para determinar a confiabilidade dos dados utilizados. Só assim os resultados
fornecidos pelos modelos matemáticos implantados no programa de análise poderão
ser interpretados de forma segura.

Como referências para o estudo de estratégias e projetos recentemente realizados


com foco na redução do ruído urbano foram escolhidas três cidades de
características distintas e culturas diferentes: Fortaleza (no estado do Ceará no
Brasil), Westminster (na região de Londres no Reino Unido), e Hong Kong (cidade-
estado caracterizada como região administrativa especial da Republica Popular
China).

Em cada um desses projetos foram levantadas as estratégias, metodologias


aplicadas, ações tomadas de curto, médio e longo prazo, e os resultados alcançados
quando disponíveis.

31
Mapeamento acústico é uma representação cartográfica que mostra as variações dos níveis de
exposição a ruído em ambiente externo, onde se visualizam as zonas às quais correspondem a
determinadas classes de valores em dB(A), reportando-se a uma situação existente ou prevista.

141
8.1 FORTALEZA

Com mais de 2,4 milhões de habitantes, a cidade de Fortaleza tem uma economia
muito ativa, distribuída tanto no centro da cidade e como nos bairros. As atividades
industriais concentram-se nas áreas de vestuários, calçados, alimentação, extração
de minerais não metálicos. (Prefeitura de Fortaleza, 2014).

“Fortaleza enquadra-se no conjunto das metrópoles que


apresentaram crescimento entre a média metropolitana
(77,8%) e nacional (90%). Nessa metrópole o aumento foi de
89,7%, correspondendo exatamente 296.964 veículos.
(Ilustração 1). A frota da metrópole cearense era de
aproximadamente 628 mil automóveis no final de 2011”.
(OBSERVATÓRIO DAS METROPÓLES, s/d apud
DENATRAN, 2011)

Ilustração 69 - Crescimento do número de automóveis e motocicletas em Fortaleza - 2001 a 2011.


Fonte: (OBSERVATÓRIO DAS METROPÓLES, s/d apud DENATRAN, 2011.

Somente após dois anos combatendo a poluição sonora é que em 2006 a SEMAM
(Secretária do Meio Ambiente e Controle Urbano) da Prefeitura do Município de
Fortaleza percebeu a complexidade do problema. Ficou clara a necessidade de um
trabalho sistêmico para identificar as fontes emissoras dos ruídos, com o auxílio de
ferramentas e metodologias para o levantamento de dados e compor uma carta
acústica.

Inicialmente a carta acústica da cidade de Fortaleza foi feita com o intuito de


entender a situação do ruído urbano na cidade, identificando as fontes, os locais
mais críticos e correlaciona-los com o grande número de reclamações feitas pela
população para a SEMAM. Esse trabalho fez parte também da discussão de um
plano estratégico para a cidade assessorando a elaboração de legislação municipal

142
e normas técnicas pertinentes ao ruído urbano, cooperando também para a
aplicação da carta acústica como instrumento fundamental no estabelecimento de
parâmetros futuros de qualidade e conforto da paisagem sonora dentro do Plano
Diretor Estratégico no Município da Fortaleza. SEMAM (2011).

Contando com o Prof. J. L. Bento Coelho, especialista em acústica e professor do


Instituto Superior Técnico de Lisboa como coordenador Técnico Sênior, com o
arquiteto Francisco Aurélio Chaves Brito como o Coordenador da Equipe de
Controle da Poluição Sonora e com apoio do IFCE (Instituto Federal Educação,
Ciência e Tecnologia Ceará), e sob a coordenação do engenheiro Francisco Thiago
Rodrigues Almeida, foram levantados os dados das fontes emissoras e elaborada a
carta acústica de Fortaleza com o auxilio do programa CadnaA® da empresa alemã
DataKustik.

A metodologia desse projeto foi baseada na recomendação “Good Practice Guide for
Strategic Noise Mapping and the Production of Associated Data on Noise Exposure”
emitida pelo WG-AEN, conforme já descrito no capítulo anterior:

“uma recomendação relativa às orientações sobre os métodos


de cálculo provisórios revistos para o ruído industrial, o ruído
das aeronaves e o ruído do tráfego rodoviário e ferroviário,
bem como dados de emissões relacionados”. (Comissão
Europeia de Meio Ambiente, 2003).

Os dados foram processados pelo programa de simulação acústica CadnaA® para


construção de seu modelo de análise e a produção de mapas em 2D e 3D
mostrando a distribuição dos níveis de pressão sonora com variação de cores para
cada cinco dB(A) (SEMAM, 2011).

Segundo BRITO (2014), a carta acústica na cidade de Fortaleza, produzida no


projeto acima descrito, foi feita com o uso da base de dados da cidade de 1995,
disponível na época, e desatualizada em relação ao que é atualmente a cidade de
Fortaleza, porém serviu como uma aprendizagem para definir os parâmetros e
avaliar resultados. Uma nova carta está sendo feita com a atualização da base de
dados para obter resultados mais realistas.

143
O foco das medições in loco para o estudo e análise das fontes foram os bairros de
Aerolândia e Aldeota onde as reclamações eram mais constantes e o ruído causava
grande perturbação aos habitantes e usuários da área.

O bairro Aerolândia localizado na zona leste da cidade, situado entre a Av. Gov.
Raul Barbosa e a BR 116 é uma zona urbanizada ZU-7 classificada como Zona
Mista, com vocação comercial e administrativa segundo a lei municipal Nº
7987/1996. Como esse bairro encontra-se bem em frente a cabeceira principal do
Aeroporto Internacional Pinto Martins, os problemas principais ocorrem devido ao
ruído aeroviário proveniente das aeronaves que decolam e aterrissam, e também ao
constante fluxo de veículos leves, como ilustram os mapas acústicos (Ilustração 70),
tanto no período diurno como no noturno, ambos apresentam valores de nível
sonoro muito acima dos limites determinados pela norma NBR 10151 (2003) (Tabela
13).

Ilustração 70 - Mapa acústico diurno (esquerdo) e noturno (direita) do bairro Aerolândia. Fonte:
BRITO, 2014.

144
Tabela 13 - Níveis de ruído aceitáveis para área do bairro Aerolândia. Fonte: NBR 10151,2003.

O bairro Aldeota situa-se em zona urbanizada ZU-2, segundo lei municipal Nº


7987/1996, onde o foco de preocupação se concentra na área em que está instalado
o Hospital Militar de Fortaleza, cujo tráfego de veículos pesados no seu entorno tem
grande impacto na qualidade sonora do local, além da situação preocupante com a
mobilidade devido ao intenso fluxo de veículos na área.

Como mostra o mapa acústico do bairro de Aldeota no período diurno (Ilustração


71), os níveis sonoros estavam acima 75 dB(A), e nos cruzamentos superior a 85
dB(A), sendo que no interior do quarteirão do hospital, o nível sonoro era maior que
70 dB(A), muito acima do limite estabelecido pela norma, principalmente no entorno
do hospital que é uma zona sensível, a qual requer mais silencio. A norma 10151
(2003) estabelece o nível máximo 50 dB(A) para o período diurno nessa área.

No período noturno os níveis de ruído mostrados na carta acústica das principais


vias são entre 70 a 75 dB(A), e no interior da quadra do hospital entre 60 a 65 dB(A)
(Ilustração 72). Da mesma forma muito acima do estabelecido pela a norma de 45
dB(A) para o período noturno (Tabela 14) pela norma brasileira NBR 10151 (2003).

145
Ilustração 71 - Mapa acústico do entorno do Hospital Militar de Fortaleza, bairro de Aldeota. Período
diurno. Fonte: BRITO, 2014.

Ilustração 72 - Mapa acústico do entorno do Hospital Militar de Fortaleza, bairro de Aldeota. Período
noturno. Fonte: BRITO, 2014.

146
Tabela 14 - Níveis de ruído aceitáveis na área de hospital. Fonte: NBR 10151, 2003.

A legislação municipal vigente em Fortaleza, Lei nº 8.097/97, define em seu artigo


2º, o nível de pressão sonora máximo de 55 dB (A) durante o dia entre 7h às 18h e
de 50 dB(A) a noite das 18h às 7h do dia seguinte, para ruídos oriundos de
máquinas e motores. A Lei ainda estabelece o horário máximo de 2h para
realização de eventos em áreas públicas, além de definir a aplicação de multas e
cassação de alvará de funcionamento no caso de descumprimento, criando também
a necessidade de uma Autorização Especial de Utilização Sonora para todas as
atividades que utilizem equipamentos sonoros nos seus artigos 7º, 8º e 9º.

Para manter o sossego da vizinhança e nas áreas sensíveis que requerem silêncio,
o nível sonoro dentro do limite aceitável é estabelecido pela lei municipal 5530/81 do
código de obras e posturas do município capítulo XLI seção II da poluição sonora:

Art. 617 - É proibido perturbar o bem-estar e o sossego público


ou da vizinhança com ruídos, algazarras, barulhos ou sons de
qualquer natureza, produzidos por qualquer forma que
ultrapassem os níveis máximos de intensidade fixados por Lei.

Art. 623 - Nas proximidades de repartições públicas, escolas,


hospitais, sanatórios, teatros, tribunais ou de igreja, nas horas
de funcionamento e, permanentemente, para caso de hospitais
e sanatórios – ficam proibidos ruídos, barulhos e rumores, bem
como a produção daqueles sons excepcionalmente permitidos
no artigo anterior.

147
Até meados de 2014 foram adotadas medidas em relação ao entorno do Hospital
Militar de Fortaleza no bairro Aldeota, onde o órgão de controle de trânsito da cidade
(AMC) restringiu a circulação de veículos de grande porte em um extenso trecho da
área, permitindo apenas a circulação de veículos de carga de até 2,5 toneladas.
Com essa mudança averiguou-se a redução de 2 dB(A) nos níveis relativos ao
período diurno e entardecer. (BRITO; BECAR; KIMURA, 2013).

Segundo BRITO (2014), há um projeto de lei sendo enviado para a Câmara


Municipal de Fortaleza para ser votado e aprovado ainda em 2014. Esse projeto de
lei é amplo e dispõe sobre medidas de controle e combate a poluição sonora e as
vibrações e dá outras providências, inclui no seu artigo 18, “os planos municipais de
redução de ruído devem ser baseados nos resultados provenientes dos estudos pela
Carta Acústica de Fortaleza”.

Porém, de acordo com o coordenador do projeto Francisco Aurélio Chaves de Brito,


não é fácil para os gestores de uma cidade perceber a dimensão dos problemas
relacionados ao ruído:

“a falta da materialidade da poluição sonora (energia invisível),


torna-a difícil de convencer os gestores e a população da
gravidade do problema, dos riscos e os danos causados pela
poluição sonora”. BRITO (2014).

8.2 WESTMINSTER

City of Westminster32 está localizada no coração de Londres, é uma cidade do


mundo, onde se encontram pessoas de todas as nacionalidades, culturas, níveis de
educação e de atividades muito diferentes entre si, que em geral pouco
permanecem, residindo por apenas quatro anos.

Situam-se nessa área da cidade de Londres: o Palácio de Buckingham, o


Parlamento Britânico e o Tribunal de Justiça (Ilustração 73). A “City of Westminster”

32
City of Westminster é um “borough” da Grande Londres, equivalente a um distrito municipal ou
subprefeitura.

148
tem papel marcante tanto na economia de Londres como para toda a Inglaterra, pois
é um importante centro comercial, financeiro e de atividades econômicas.

Mais de 70% das edificações são tombadas e foram construídas nos séculos XVIII e
XIX, contando também com edificações modernas. Assim sendo atrai turistas do
mundo inteiro, que gastam em torno 5 bilhões de libras esterlinas por ano na
cidade, gerando milhares de empregos e uma grande variedade de atividades.
(WESTMINSTER, 2009).

Ilustração 73 - City of Westminster. Fonte: adaptado de LONDONCOUNCILS, s/d.

Um sensível aumento da quantidade de automóveis na cidade desde 1991, vem


causando muitos congestionamentos, problemas com o alto tráfego, gerando
poluição sonora, além da piora na qualidade do ar e o aumento da emissão de
carbono na atmosfera. No entanto a maioria dos motoristas não são moradores do
local e a paisagem sonora é resultante da complexidade das atividades na cidade,
causando muita perturbação aos seus habitantes.

149
Ilustração 74 - Mapa acústico de Londres, área de Westminster. Fonte: BANDA, s/d.

Com o levantamento da situação de ruído na cidade em 2008 (Ilustração 74), foi


identificado que os maiores problemas de ruído são ocasionados por: ruído de
trafego, da construção, do comércio, do ruído de ar condicionado, da passagem de
aviões, das sirenes e do barulho de pessoas na rua, nesta ordem. Foi também feito
um levantamento das reclamações relacionadas ao ruído elaborando um mapa onde
se evidenciam as áreas mais críticas da região como mostra a Ilustração 75.

Ilustração 75 - Mapa de reclamações Fonte: CITY OF WESTMINSTER, 2009.

150
Os níveis sonoros medidos nesse levantamento foram no período diurno de 62
dB(A), e no noturno de 55,7 dB(A), acima dos limites estabelecidos pela OMS,
tornando , a cidade mais ruídosa do Reino Unido (Ilustração 76).

Ilustração 76 - Média de ruído no período de 24 horas em Westminster33. Fonte: CITY OF


WESTMINSTER, 2009.

A diferença no nível de pressão sonora entre o período diurno e o noturno é menor


que nas demais cidades da Grã-Bretanha, sendo que o ruído reduz-se mais
lentamente no período noturno, consequentemente atingindo um mínimo muito
maior e por menos tempo. A perturbação dos habitantes de Westminster ocorre
portanto na madrugada, a qual não apresenta o mesmo nível de silêncio tão
importante para um sono tranquilo, quando comparado com as demais cidades.

A partir desses levantamentos, o conselho da cidade de Westminster elaborou um


plano de desenvolvimento para a área denominado Unitary Development Plan (UDP,
Plano de Desenvolvimento Unitário) que está dentro do Westminster City Plan
(Plano da Cidade de Westminster). As estratégias para o mapeamento do ruído e
medidas de redução na cidade fazem parte também do National Noise Strategy
(Estratégia Nacional de Ruído), um plano nacional para a redução da poluição
sonora e de seus efeitos no Reino Unido. (CITY OF WESTMINSTER, 2009).

33
As medidas dos níveis médios do nível de pressão sonora se referem à frente das casas e foi
realizado na pesquisa de medidas de ruído de Westminster em 2008.

151
Ilustração 77 - Contexto mais amplo na politica de mapeamento e ações de combate a poluição
sonora na cidade de Westminster. Fonte: CITY OF WESTMINSTER, 2009.

De fato existem muitas ações em diferentes níveis do governo britânico com relação
à poluição sonora, fazendo parte de um amplo contexto de ações governamentais
em vários níveis (Ilustração 77), mas todas integradas de forma a complementar e
alavancar os esforços de cada organismo no combate ao ruído e seus efeitos
danosos na saúde e produtividade da população.

O plano de ação para combate a poluição sonora em nível nacional tem o objetivo
de promover a saúde e bem-estar dos habitantes, trabalhadores e dos visitantes
com a redução da poluição sonora e qualificar paisagem sonora do meio ambiente,
seguindo as exigências da Diretiva Europeia 2002/49/CE com a elaboração do mapa
acústico nos grandes centros urbanos e ao longo das principais eixos rodoviários e
ferroviários, e também com produzindo um plano de ação para gerenciar, reduzir o
ruído e proteger zonas tranquilas.

Há também um plano do prefeito da Grande Londres com relação ao ruído no meio


ambiente: Mayor´s Ambient Noise Strategy (Estratégia do Ruído Ambiente do
Prefeito, GLA, 2004) e o plano da cidade de Londres nos quais a ações e planos
estabelecidos para a cidade de Westminster estão em conformidade de objetivos e
diretrizes. (CITY OF WESTMINSTER, 2009).

152
Dentro dessas perspectivas o conselho de Westminster tomou resoluções para a
redução da poluição sonora e seus impactos nos habitantes da cidade,
considerando as seguintes frentes de ação:

 Desenvolver políticas sólidas de combate ao ruído, por meio de consultas à


comunidade;
 Aplicar o código de obras de forma a minimizar o impacto do ruído de
construção civil;
 Investir na infraestrutura de transporte com veículos elétricos;
 Implantar soluções preventivas contra poluição sonora nos locais de
entretenimento;
 Planejar através do monitoramento acústico, coleta e análise de dados;
 Estabelecer limites para os níveis de ruídos na cidade conforme os locais e
horários. (CITY OF WESTMINSTER, 2009).

Essas medidas estão enquadradas em quatro estratégias:

 Planejamento de melhor qualidade sonora ambiental;


 Promover o transporte e manutenção mais silenciosa;
 Responder de forma proativa e coordenada para problemas de ruído;
 Proteger os espaços tranquilos. (CITY OF WESTMINSTER, 2009).

Um exemplo de medida simples para solucionar a perturbação proveniente do ruído


do tráfego rodoviário em uma área residencial foi à restrição do tráfego de veículos
pesados acima de 7,5 toneladas na Upper Montagu Street, onde os veículos de
entregas de mercadorias utilizavam-na como atalho para ir ao centro de Londres.
Porém a rua não oferece condições de segurança para o tráfego de veículos
pesados, e o barulho e as vibrações geradas pelos caminhões perturbavam os
moradores da área durante o dia e a noite.

Um dos diferenciais nas ações empreendidas em Westminster está na formação e


atuação de uma equipe de ruído disponível 24 horas com o papel central na
investigação e solução proativa de problemas, a partir das reclamações de

153
moradores e também operando em parceria com a comunidade e os setores
comercial e de entretenimento. Pequenos problemas são resolvidos muito
rapidamente com a intervenção desta equipe. (CITY OF WESTMINSTER, 2009).

No levantamento feito em 2008 em Westminster, foi também constatado que a


percepção de tranquilidade é, não só relativa ao nível de ruído no local, mas também
a paisagem urbana do entorno e a dos sons do local. Locais onde a fonte do ruído
não é visível diretamente e contem elemento tais como: paredes verdes, vegetação,
sons de pássaro e de água corrente, ajudam a uma percepção de tranquilidade
como mostra a Ilustração 78.

Ilustração 78 - Os níveis de ruído de espaços abertos em relação à tranquilidade CITY OF


WESTMINSTER, 2009.

Um ponto importante de se observar é o nível de informação disponibilizado para a


população através de acesso on-line no site do Department for Environment, Food
and Rural Affairs (DEFRA, Departamento de Ambiente, Alimentação e Assuntos
Rurais), fornecendo o mapa acústico (Ilustração 79) detalhado e as estatísticas de
nível de exposição ao ruído (Ilustração 80) para cada setor da cidade. Basta
escolher o tipo de ruído, o período e o código postal do local, e o mapa acústico é
apresentado com as opções de navegação normalmente disponíveis em um site de
mapas.

154
Ilustração 79 - Acesso a mapa acústico on-line no site de serviços do DEFRA. Fonte: DEFRA, 2013.

Ilustração 80 - Acesso on-line a estatísticas sobre ruído de uma área no site de serviços do DEFRA.
Fonte: DEFRA, 2013.

8.3 HONG KONG

Hong Kong é desde 1997 uma cidade-estado constituindo uma Região


Administrativa Especial da Republica Popular da China. Foi colônia do Império
Britânico de 1842 a 1997. Devido a sua localização privilegiada no leste da Ásia
próxima ao Japão, Coreia do Sul e Singapura, Hong Kong é hoje o maior porto da
China e uma plataforma global de negócios internacionais, comércio e centro
financeiro. É também uma das cidades mais adensadas do mundo, com
aproximadamente 7 milhões de pessoas em um território de apenas 1.104 km2.

155
Junto ao crescimento econômico explosivo, especialmente durante as décadas de
1980 e 1990, vieram também os problemas decorrentes do crescimento rápido,
desordenado e falta de planejamento adequado. O ruído de tráfego, construção civil,
fontes comerciais e industriais aumentou, sendo agravado por Hong Kong ser uma
cidade compacta e densamente povoada. Como resultado, mais de um milhão de
pessoas foram afetados por excesso de ruído de tráfego em Hong Kong (Tabela 15).

Tabela 15- População exposta à níveis de ruído de tráfego rodoviário em Hong Kong superiores a
70dB(A). Fonte: EPD, 2006.

Conscientizado com a dimensão dos aspectos nocivos da poluição sonora para a


sociedade e meio ambiente, o governo de Hong Kong iniciou um processo de
combate à poluição sonora com a confecção do mapa acústico para toda cidade
(Ilustração 81). É importante ressaltar que o governo estava ciente que a prevenção
dos efeitos nocivos do ruído deveria ser resultado de uma política e planejamento
adequados.

A partir desse levantamento, o governo de Hong Kong estruturou a política de


gerenciamento de ruído (Ilustração 82) montando estratégias de curto, médio e de
longo prazo, com políticas e planos estratégicos baseados em ações proativas em 4
vertentes:

 prevenção de problemas através de planejamento e avaliação de impacto


ambiental;
 redução na importação de veículos ruidosos por meio de legislação;

156
 diminuição de ruído em estradas existentes;
 conscientização e educação da população através dos programas e
parcerias. (EPD, 2006).

Esta política previu não só a execução de medidas e intervenções como o


acompanhamento sistemático e a atualização dos dados da carta acústica, como
também ações para atuar na redução do ruído nas fontes, trajetória de propagação e
recepção.

Em paralelo, atividades de conscientização e educação da população foram


implementadas fornecendo informações on-line sobre a situação do ruído e de seus
impactos.

Como parte das ações, programas de incentivo à implantação de medidas


inovadoras para mitigação dos efeitos do ruído com auxilio de novas tecnologias
foram criados para obter um melhor desempenho acústico com elementos
construtivos e arquitetônicos (tais como janelas, portas, proteções e varandas) para
a proteção dos habitantes nas edificações. (EPD, 2006).

Ilustração 81 - Mapa acústico de Hong Kong. Fonte: EPD, 2006.

157
Ilustração 82 - Estrutura da politica de gerenciamento de ruído em Hong Kong. Fonte: EPD, 2006.

O Environmental Protection Department – EPD (departamento de proteção


ambiental) também usou de um instrumento legal estatutário para obter sucesso na
redução do nível de ruído no meio ambiente. Este instrumento regulamentou o nível
de ruído das atividades de construção, comerciais, industriais e da vizinhança, além
de exigir que os veículos atendam as exigências dos padrões de emissão de ruído
de Hong Kong. Desta forma, o estatuto serviu para manter o ruído controlado.

Porém, é importante notar que os limites para os níveis de ruído devem ser
revisados periodicamente para evitar uma exposição excessiva ao ruído

158
futuramente. Por exemplo, o crescimento de tráfego urbano exigirá uma
necessidade de reajuste das medidas de mitigação de ruído em 2016. (EPD, 2006).

Controle na Fonte

Com o crescimento econômico, a indústria da construção civil tornou-se muito ativa.


Isto elevou o nível de ruído para mais de 85 dB(A) (Ilustração 15), visto a operação
de equipamentos de construção civil ruidosos tais como bate-estaca por mais de 12
horas por dia.

O ruído oriundo da construção é um problema sério para o EPD. Por meio da Noise
Control Ordinance NCO (Portaria de Controle de Ruído) de 1989, o governo de
Hong Kong tentou gerenciar o ruído de construção na fonte através de um código de
conduta. Este código de conduta fornece orientações gerais e boas práticas de
gestão para evitar a violação desta portaria, fornecendo orientações, tais como,
horários permitidos para emissão de ruídos e recomendações para o uso de
equipamentos mais silenciosos.

Mesmo com as medidas aplicadas em 1989, o ruído da construção ainda constituía


um problema considerável (Ilustração 15). Para garantir o cumprimento dos níveis
de ruído, além dos diversos incentivos que a EDP forneceu aos construtores para
colaborarem na redução dos níveis de ruídos, o órgão estabeleceu a aplicação de
multas para violações dos limites.

Outro trabalho de controle e mitigação de ruído na fonte envolveu um esforço


conjunto com outros departamentos. Este foi o caso do ruído aéreo, jurisdição do
Departamento de Aviação Civil. Um exemplo era o aeroporto Kai Tak, localizado
numa área residencial densamente povoada. O ruído decorrente da decolagem de
aeronaves perturbava em torno de 380.000 pessoas residentes na região. Para
mitigar o ruído, o aeroporto internacional Kai Tak foi desativado em 1998, e o novo
aeroporto internacional Chek Lap Kok foi inaugurado, reduzindo o problema de ruído
aéreo na zona metropolitana de Hong Kong sensivelmente. (EPD, 2006).

159
Controle na Trajetória

Segundo a EPD (2006), existem duas maneiras de minimizar o impacto e a


exposição da população ao ruído do tráfego. A primeira consiste na construção de
novas estruturas, e a segunda é a alteração e gerenciamento das estruturas
existentes.

A vertente de construção sugere que novas estradas sejam construídas usando


superfícies mais silenciosas para diminuir a emissão de ruído, que barreiras
acústicas sejam construídas ao longo das vias e, em última instância, o isolamento
acústico seja providenciado. Esta via também prevê aconselhamento de outros
órgãos na concepção de novas estradas e no desenho arquitetônico dos edifícios
para reduzir a retransmissão do ruído.

A outra vertente visa adequar e gerenciar estruturas já existentes. Este objetivo é


atingido pela instalação de sistemas corretivos, quando possível, implantação de
limites de horário de circulação em bairros, e novas proposições de gerenciamento
de tráfego. Esta vertente trata de problemas de resolução consideravelmente mais
difícil pelas restrições do desenho urbano. Para ter uma dimensão dos problemas
tratados por esta corrente, a EDP reportava que na data do estudo mais de 600
estradas em Hong Kong geravam ruído superior a 70 dB(A). Destas, porém, em
apenas 40 rodovias seria viável a construção de uma barreira acústica ou de um
invólucro para mitigação de ruído sem comprometer a segurança do sistema viário e
dos pedestres.

Para obter a redução de 20 dB(A) em todas estas estradas, fato que beneficiaria
mais de 30 mil habitações, outras saídas tiveram de ser adotadas. Uma destas foi a
substituição do pavimento por uma superfície mais silenciosa, que reduziu o ruído
em cerca de 3 dB (A). O Governo tem feito esforços contínuos para minimizar o
ruído do tráfego existente mediante a instalação de barreiras acústicas nas estrada e
no recapeamento de estradas existentes com materiais de baixo ruído. Já em áreas
residenciais, foram implantados restrições de circulação de tipos de veículos e
horários de trafego. (EPD, 2006).

160
Controle no Receptor por Meio do Isolamento Acústico

Outras ações de combate ao ruído do tráfego envolveram um programa para


fornecer instalações de insonorização para mais de 10.000 salas de aula perto das
principais estradas.

Com a restrição territorial e alta densidade populacional, a implantação dos


conjuntos habitacionais nas margens das vias de alto fluxo de tráfego nem sempre
pode ser evitado, expondo os moradores ao alto nível sonoro. Para prevenir a
perturbação dos habitantes, projetos inovadores de mitigação de ruído e medidas
para atenuar o seu impacto nos ambientes internos foram adotadas, sendo
acrescentados elementos arquitetônicos de autoproteção no edifícios habitacionais
como exibe a Ilustração 83. (EPD, 2006).

161
Ilustração 83 - Edifícios com autoproteção: a) brise vertical, b) pódio e c) empena cega. Fonte: EPD,
2006.

A sacada é projetada de forma a não deixar as ondas sonoras entrarem no interior


do ambiente, um painel de vidro de segurança inclinado no guarda-corpo cria uma
zona de sombra acústica protegendo a parte inferior da sacada, tendo sua ação
complementada pela instalação de um painel horizontal com 50 cm de distância do
teto que bloqueia as ondas sonoras refletidas no teto da sacada, portanto constituem

162
uma geometria bem elaborada não permitindo que as ondas incidentes e refletidas
adentrem ao interior da habitação. As laterais da sacada são revestidas com painel
acústico de fibra de vidro com desenho e construção apropriados para a absorção
do som (Ilustração 84).

Ilustração 84 - Desenho de sacada com proteção acústica. Fonte: EPD, 2006.

Mesmo tendo começado seus esforços em 1989, Hong Kong continua em sua
trajetória de implantação de medidas de contenção do ruído urbano, é um processo
contínuo de melhoria, visto que seu sucesso econômico continua a atrair mais
pessoas para esta cidade já altamente adensada.

163
9 ESTUDO DE CASO – RUA OSCAR FREIRE – SÃO PAULO

A Rua Oscar Freire no bairro de Cerqueira Cesar na cidade de São Paulo é uma rua
conhecida mundialmente como uma rua de comércio de alto padrão, onde houve
uma reurbanização em 2002 (VIGLIECCA & ASSOCIADO, 2002) e a implantação de
um “pocket park” em 2014 (IMV, 2014), tendo uma boa arborização e as edificações
com tipologia diversa. Além dessas características na esquina da Av. Rebouças está
em construção a futura Estação Oscar Freire do Metrô. Essas características foram
preponderantes na escolha desse local para o estudo de caso desta dissertação de
mestrado.

9.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

9.1.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A Rua Oscar Freire está localizada no bairro de Cerqueira Cesar, distrito de Jardim
Paulista, zona Oeste, que se inicia na Rua Casa Branca cruza a Av. Rebouças
terminando na Av. Dr. Arnaldo, no bairro de Pinheiros, com uma extensão total de
2,6 km. É uma área nobre da cidade de São Paulo, conhecida como “Jardins”,
devido aos bairros Jardim Paulista, Jardim América e Jardins Europa planejados
pela Companhia City no início do século XX (CIA.CITY, s/d). É uma área
consolidada, onde se encontram três centralidades urbanas: Centralidade Alameda
Santos, centralidade Rua Augusta e centralidade Rua Oscar Freire (área de estudo)
(VIGLIECCA & ASSOCIADO, 2002).

Ilustração 85 - Localização da área de estudo. Fonte: Google Earth, 2014.

164
A área de estudo compreende cinco quadras dessa rua delimitada em suas
extremidades pela Av. Rebouças e a Rua Augusta conforme Ilustração 85.

9.1.2 MOTIVAÇÃO DA ESCOLHA DO LOCAL

O local da área de estudo foi escolhido levando em consideração vários fatores


estudados nos capítulos anteriores desta dissertação, com relação ao ruído
rodoviário urbano e a influencia dos fatores morfológicos da arquitetura e urbanismo,
tendo inclusive passado por reurbanização e com implantação do primeiro “pocket
park” da cidade de São Paulo. Detalhando essas características:

 Grande fluxo de veículos com os pontos de paradas nos cruzamentos.


 Intensa circulação de pedestre.
 Diferentes de fluxo e composição de veículos e comportamento dos
motoristas durante semana, sábado e domingo.
 Reurbanizada em 2006 (trecho entre Alves Melo e Padre João Manuel).
 Próximo do corredor de ônibus da av. Rebouças.
 Estreitamento das vias (moderação de tráfego) para diminuir velocidade de
fluxo dos veículos.
 Futura estação de Metrô Oscar Freire localizada na esquina da av. Rebouças
e Rua Oscar Freire, que proporcionará aumento do fluxo de pessoas nas ruas
próximas.
 Instalação o primeiro “pocket park” na cidade de São Paulo em Maio de 2014.
 Conhecida mundialmente pelo comercio de alto padrão e uso residencial. É
composta de duas quadras de uso misto ZM 234 e três quadras de uso misto
ZM 3a35.
 Com heliportos nas proximidades (Hospital das Clínicas).

34
ZM 2 - Zona Mista de média densidade, predominantemente residencial (lei Nº 13.885/2004
PMSP).
35
ZM 3a – Zona Mista de alta densidade, com vocação comercial e administrativa (lei Nº
13.885/2004 PMSP).

165
9.1.3 CONTEXTO HISTÓRICO DO LOCAL

No século XIX, a região da área de estudos era formada por chácaras que
abasteciam a cidade de São Paulo. A Rua Oscar Freire foi aberta em 1897,
aparecendo nos mapas de 1905 (Ilustração 86) e 1916 (Ilustração 90) com o nome
de Rua São José. Recebeu em 1923 o nome de Rua Oscar Freire, em homenagem
ao Dr. Oscar Freire de Carvalho (1882-1923), que foi convidado em abril de 1918
pelo professor Arnaldo Vieira de Carvalho para fundar e reger a cátedra de Medicina
Legal. Aos 14 anos de idade matriculou-se na Faculdade de Medicina da Bahia,
diplomando-se em 1902. Dedicou breve período a cirurgia, e passou a dedicar-se ao
campo da medicina legal. Foi um dos fundadores do Instituto Médico-Legal de São
Paulo. Fundou ainda a Sociedade de Medicina Legal e Criminologia, e a Sociedade
de Educação e Ensino. Era membro honorário do Instituto de Medicina Legal da
Universidade de Madri e correspondente da Sociedade de Medicina Legal da
Bélgica e de Roma. Como professor de medicina e cientista, deixou numerosos
trabalhos, além de artigos na imprensa diária sobre a história do ensino na perícia,
com centenas de laudos periciais e pareceres médico-legais, lições, artigos e
estudos. É Patrono da Cadeira nº 93 da Academia de Medicina de São Paulo.
(BEGLIOMINI, s/d; EMANUEL, 2008).

Ilustração 86 - Montagem com recortes do mapa da cidade de São Paulo de 1905. Fonte: PMSP,
s/d.

166
36
Ilustração 87 - Mapa de 1905 em superposição com imagem do Google Earth 2014 . Fonte:
Composição feita pela autora com mapa 1905 (PMSP, s/d) e imagem (Google Earth, 2014).

No mapa de 1905, a área dos Jardins aparece sem ruas e denominada como Villa
América, já aparecendo no mapa de 1916 com suas ruas delineadas (Ilustração 90).
Em 1915 a Companhia City, empresa inglesa de construção e urbanização, lançou o
bairro Jardim América (Ilustração 88), o primeiro da cidade com o conceito de
“cidade-jardim”, com uma área total aproximada de um milhão de metros quadrados
com 669 lotes, fazendo limite com o bairro de Cerqueira César onde se encontra a
Rua Oscar Freire, impulsionando o desenvolvimento desta área como área
residencial.

36
Imagem do mapa (de 1905) em superposição a imagem do Google Earth. A imagem
semitransparente do mapa foi escalonada e posicionada para coincidência de pontos de referência
com o Google Earth nos eixos Av. Paulista, Av. Rebouças e Av. Dr. Arnaldo. Dessa forma a Av.
Rebouças (em amarelo) e as ruas transversais (em branco) da imagem do Google Earth são
visualizadas no mapa de 1905, permitindo a localização das ruas do mapa da época em coincidência
com as denominações atuais. Vê-se então que a rua Oscar Freire (retângulo em vermelho para
mostrar os quarteirões da área de estudo) é nomeada de Rua São José no mapa de 1905, outras
ruas como Av. Rebouças e Rua Dr. Mello Alves, já aparecem com esses mesmos nomes à época. .

167
Ilustração 88 - Planta parcial do loteamento Jardim América. Fonte: CIA.CITY, s/d.

Ilustração 89 - Fotos da implantação do Bairro Jardim América. Fonte: CIA.CITY, s/d.

Ilustração 90 - Montagem com recortes do mapa da cidade de São Paulo de 1916. Fonte: PMSP, s/d.

168
Comparando com os anteriores, o mapa de 1930 (Ilustração 91) já mostra uma
considerável evolução na ocupação da área, com os bairros mais consolidados e o
nome Oscar Freire já constando no mapa.

A região apresentava muitos contrastes na década de 1930, como se pode observar


pela foto da Casa Santa Luzia estabelecida em 1926 na esquina da Rua Oscar
Freire com a Rua Augusta (Ilustração 92 - foto de 1930), enquanto em registros
fotográficos da mesma época (Ilustração 93 – fotos de 1938), vê-se que a Rua
Oscar Freire, na parte do Bairro de Pinheiros era uma região pobre, com cortiços em
casas de alvenaria e precárias condições de higiene.

Ilustração 91 - Montagem com recortes do Mapa Sara Brasil de 1930. Fonte: ESTAÇÕES
FERROVIÁRIAS DO BRASIL, 2010.

169
Ilustração 92 - Interior da Casa Santa Luzia na esquina da Rua Oscar Freire com Rua Augusta em
1930. Fonte: BARTABURU, 2013. p. 26.

Ilustração 93 - Cortiços na Rua Oscar Freire em 1938. Fonte: DUARTE, 1938.

Com o crescimento da Rua Augusta como centro comercial de alto padrão nas
décadas de 1950 e 1960, a área tornou-se mais comercial e cresceu em importância
a partir da metade dos anos 1970, quando a mesma Rua Augusta em decadência,

170
foi sendo substituída em importância para o comércio de alto padrão pela Rua Oscar
Freire, sendo apontada nos jornais da década de 1980 como ponto de encontro de
políticos e empresários. Nos anos 1990 com a abertura do mercado brasileiro para
produtos importados as maiores grifes do mundo instalaram suas lojas nessa rua
dando novo impulso econômico a área. (FYSKATORIS e BRAGA, 2014).

No início dos anos 2000, apesar do sucesso da área, vários problemas foram
identificados na rua os quais atrapalhavam a circulação dos pedestres, apresentava-
se poluição visual e problemas com higiene, tais como (SOLUÇÕES PARA
CIDADES, s/d):

 Falta de condições adequadas para a circulação dos pedestres e dos


portadores de necessidades especiais, pelo excesso de obstáculos no
passeio público. Ilustração 94 (a, b)
 Excesso de postes e fiação aérea, dificultando a circulação e principalmente
ocasionando poluição visual, além de problemas com a vegetação. Ilustração
94 (c, d), Ilustração 95 (b).
 Más condições de higiene por lixeiras mal conservadas e acumulo de lixo.
Ilustração 94 (a).
 Más condições de conservação das arvores e copas mutiladas interferência
com a fiação aérea. Ilustração 95 (a, b).
 Má conservação dos passeios e da via. Ilustração 95 (c).

Ilustração 94 - Obstáculos e lixo no passeio publico. Fonte: (a), (b), (c) SOLUÇÕES PARA CIDADES,
s/d, apud VIGLIECCA & ASSOCIADO, 2002), (d) VIGLIECCA & ASSOCIADO, 2002.

171
Ilustração 95 - Obstáculos e lixo no passeio publico. Fonte: SOLUÇÕES PARA CIDADES, s/d, apud
VIGLIECCA & ASSOCIADO, 2002.

Ilustração 96 - Fotomontagem com fotos da Rua Oscar Freire antes da intervenção urbana. Fonte:
VIGLIECCA & ASSOCIADO, 2002.

172
Ilustração 97 – Da Rua Oscar Freire após a intervenção urbana. Fonte: VIGLIECCA & ASSOCIADO,
2002.

Em virtude dos problemas acima mencionados (Ilustração 96), um grupo de 20


lojistas desencadeou uma ação junto à associação dos lojistas local para que fosse
feita uma licitação interna de reurbanização da rua, resolvendo os problemas e
tornando-a mais agradável a convivência e ao fluxo dos frequentadores dos
estabelecimentos comerciais. O escritório do arquiteto Hector Vigliecca foi o
vencedor e contratado para o projeto.

O projeto teve início em 2001 e foi inaugurado em 2007, com a finalização das
intervenções nas 5 quadras desde a Rua Mello Alves até a Rua Padre João Manuel
numa área de 13.000 m2, com os conceitos básicos descritos pelo arquiteto:

Um passeio livre de obstáculos, limpo, liso, sem ressaltos, sem


desenhos decorativos, minimalista, onde o pedestre caminha
sem sobressaltos em um piso com detalhes bem construídos,
que seja uma referência neutra que valorize as arquiteturas e
as vitrines, um suporte em que seu valor estético resida na
visualização de uma unidade para toda a rua.

O verde, este sim com ritmo seriado, marcante, dando as


necessárias condições climáticas e ambientais de sombra, cor,
acentuando também o valor da unidade totalizadora. A
iluminação que estabelece uma ambiência única a este
cenário. Espaços em que o estar não interrompa o “flâner”. Por

173
fim, um valor cultural inequívoco para São Paulo. (VIGLIECCA
& ASSOCIADO, 2002)

Na execução da implantação foram realizadas alterações no projeto original de


reurbanização, porém, conservando os conceitos de priorização dos pedestre no
passeio livre, continuo e sem obstáculos, proporcionando uma melhora à vida na
área.

Ilustração 98 - Levantamento da área: (a) uso (b) vegetação existente. Projeto paisagístico (c).
Projeto de Reurbanização. Fonte: SOLUÇÕES PARA CIDADES, S/D, apud VIGLIECCA &
ASSOCIADO, 2002.

174
A infraestrutura elétrica e de telefonia foi enterrada, permitindo um visual mais limpo
e um melhor aproveitamento do passeio publico, incorporando o desenho universal,
com a instalação de rampas para cadeirantes, e a recuperação das sarjetas e do
asfalto da pista de rolamento dos veículos. Novo mobiliário urbano, valorizando a
integração com as vitrines das lojas e criando um espaço agradável nas
extremidades da quadra onde o passeio é mais largo e permite a instalação de
bancos, elementos de comunicação visual e lixeiras padronizadas (Ilustração 99).

O alargamento dos passeios para 5 metros nas extremidades das quadras impôs o
estreitamento da via com consequente redução da velocidade nas entradas das
quadras (Ilustração 99), ao mesmo tempo proporciona o espaço para a criação de
bolsões de estacionamento lateral no miolo das quadras, onde o passeio é de 3
metros de largura (Ilustração 100).

O estreitamento dos cruzamentos força a diminuição da velocidade dos veículos,


consequentemente diminui emissão de ruído, é uma das medidas adotadas pela
moderação de trafego, já mencionado no capitulo seis.

Essa remodelação da Oscar Freire promoveu, igualmente, a


higienização da rua e, para tal, foram banidos quaisquer traços
de pobreza e desigualdade social, como ambulantes e
indigentes, numa tentativa de agregar valores eufóricos ao
local, tanto esteticamente, quanto politicamente, no que tange
à “saúde social e moral” da cidade (FYSKATORIS; BRAGA,
2014 apud GREIMAS, 1976, p 122).

Portanto o projeto requalificou a infraestrutura urbana, incorporou o desenho


universal, amenizou a poluição visual, em contra partida valorizou as fachadas e
vitrines. (VIGLIECCA & ASSOCIADO, 2002).

175
Ilustração 99 - Corte transversal da rua nas extremidades da quadras. Fonte: VIGLIECCA &
ASSOCIADO, 2002.

Ilustração 100 - Corte transversal da rua no meio da quadras. Fonte: VIGLIECCA & ASSOCIADO ,
2002.

Para a recuperação da vegetação da área foi incluída na reurbanização um projeto


de paisagismo com o plantio de 72 ipês roxos, amarelos e brancos. (PMSP, s/d),
deixando a área mais arborizada e agradável. Ilustração 98 (b), (c)).

O projeto de reurbanização incluiu 4 das 5 quadras dentro da área de estudo. A


quadra entre a Av. Rebouças e Rua Mello Alves não foi objeto dessa reurbanização
por ser predominantemente residencial.

176
Ilustração 101- Fotos com detalhes do passeio no meio da quadra e nas extremidades. Fonte: Fonte:
SOLUÇÕES PARA CIDADES, s/d apud VIGLIECCA & ASSOCIADO, 2002.

Usando um espaço mal aproveitado na rampa de acesso a um estacionamento


interno atrás das lojas que destoava do entorno definido por lojas de alto padrão no
espaço reurbanizado nasceu o projeto da Pracinha Oscar Freire (Ilustração 102).
Localizada na Rua Oscar Freire nº 974 entre as ruas da Consolação e Bela Cintra
(Ilustração 103). Foi uma iniciativa da REUD, empresa de desenvolvimento
imobiliário, juntamente com Instituto Mobilidade Verde, uma ONG dedicada a
mobilidade urbana e ocupação do solo como desenvolvimento social, sendo
projetada pela Zoom Arquitetura. Inaugurada em 21/05/2014. Tendo como referência
os “parklets” de Nova York, ou seja, uma área privada para o uso público sem ônus,
foi concebida para integrar o espaço ao seu entorno, proporcionando um local de
convivência mais humana e social da comunidade e dos visitantes, além de
valorizar o espaço anteriormente não utilizado.

A Pracinha Oscar Freire foi construída dentro do conceito de


Pocket Park ou “espaço livre” cujo objetivo é transformar
espaços públicos ou privados em lugares mais humanos,
alterando o seu uso e a sua função, no lugar de uma rampa de
acesso de carros, uma praça com uso compartilhado onde as
pessoas podem sentar, descansar, ver uma exposição de arte,
ler um livro e conviver em cultura de paz. (IMV, 2014).

177
Ilustração 102 - Pracinha Oscar Freire em construção. Fonte: Google Street View, 2014.

Ilustração 103 - Localização da Pracinha Oscar Freire. Fonte: Google Earth, 2014.

A parede lateral da praça é utilizada como um mural interativo, onde a comunidade


pode escrever frases com giz de lousa e espaço para comunicar a programação de
eventos, como por exemplo, o dia das crianças (Ilustração 104).

178
a c

b d
a
Ilustração 104 - Pracinha Oscar Freire após implantação. Fonte: Foto b, (IMV, 2014); Foto a, c e d,
autora, 2014.

9.2 METODOLOGIA DA PESQUISA

9.2.1 APARELHOS DE MEDIÇÃO

Foram utilizados os seguintes equipamentos na medição do ruído e das condições


ambientais nos pontos de medida:

 O sonômetro classe I, Hand-held analyzer 2250 de Brüel & Kjær (Ilustração


105), devidamente calibrado com certificado de calibração. (Apêndice 1.1),
fornecido por empréstimo pelo escritório do fabricante Brüel & Kjær em São
Paulo.
 Calibrador de sonômetro, sound calibrator - 4231 de Brüel & Kjær (Ilustração
106), calibrador com certificado de calibração. (Apêndice 1.2), fornecido por
empréstimo pelo escritório do fabricante Brüel & Kjær em São Paulo.

179
 Termohigrômetro37 Ilustração 107 fornecido por empréstimo pela Faculdade
de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo - FAU USP
Laboratório de Conforto Ambiental e Eficiência Energética – LABAUT
Departamento de Tecnologia – AUT.
Anemômetro Ilustração 108 fornecido por empréstimo pela Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo - FAU USP
Laboratório de Conforto Ambiental e Eficiência Energética – LABAUT
Departamento de Tecnologia – AUT.
 Contador de mão de 4 dígitos.
 Dois tripés.
 Formulário em papel planilha para registro da tabela de medições.

Ilustração 105 – Sonômetro: Hand-held analyzer 2250 Brüel & Kjær. Fonte: Autora, 2014.

Ilustração 106 – Calibrador de sonômetro: Sound Calibrator 4231 Brüel & Kjær. Fonte: Autora, 2014.

37
Termohigrômetro – Equipamento que faz a medição de temperatura e umidade relativa do ar.

180
Ilustração 107 - Termohigrômetro cedido pelo LABAUT da FAUUSP. Fonte: Autora, 2014.

Ilustração 108 – Anemômetro cedido pelo LABAUT da FAUUSP. Fonte: Autora, 2014.

9.2.2 PROCESSO DE MEDIÇÃO

Para garantir a precisão e da confiabilidade da medição, o fabricante Brüel & Kjær,


recomenda a calibração do sonômetro no início e final das medições de cada dia de
medição, verificando-se que o desvio da calibração não ultrapasse limite padrão. O
sonômetro Hand-held analyzer 2250 da Brüel & Kjær é um sonômetro de classe 1, e
tem a capacidade de medição na faixa de valores de 20 dB a 140 dB, e atende aos
parâmetros das Diretivas da União Europeia. (B&K, 2014).

181
Ilustração 109 - Posicionamento dos Pontos de Medição. Fonte: Autora, 2014.

Para evitar influência direta do tráfego nas vias transversais e o efeito direto dos
semáforos nos cruzamentos, o sonômetro foi posicionado no meio de cada quadra,
medindo assim os efeitos sonoros do fluxo de veículos na Oscar Freire.

O sonômetro com filtro foi fixado em um tripé na altura de 1,20 m do chão, com
afastamento mínimo de 2 m de qualquer superfície refletora, para não causar
interferência no resultado da medição, e seguindo o procedimento de medição do
item 5.2.1 da página 2 da norma NBR 10151 (2003), Acústica – Avaliação do ruído
em áreas habitadas visando o conforto da comunidade. O termohigrômetro e o
anemômetro foram fixados em uma pequena plataforma sobre o outro tripé com uma
distância de um metro do sonômetro, de tal forma a medir os parâmetros ambientes
sem causar ruído (por exemplo, do ventilador) que pudesse ser captado pelo
sonômetro.

Durante o levantamento das características da área em visitas anteriores à medição


foi observado que o horário de pico de tráfego de veículos ocorria em 2 horários: o

182
primeiro no horário do almoço entre 12:30 e 14:30, e o segundo no final da tarde
entre as 17:00 e 19:00. Aos sábados o horário de pico da tarde se inicia um pouco
antes as 16:30, mantendo-se até as 19:00. Dessa forma foram escolhidos os
seguintes períodos para a realização das medições: segunda-feira das 12:30 as
14:30 e das 17:00 as 19:00, sábado das 12:30 as 14:30 e das 17:00 as 19:00 e no
domingo das 12:30 as 14:30 e das 16:30 as 19:00.

Para cada ponto de medição estabeleceu-se a duração de 15 minutos para uma boa
abrangência das características sonoras do local. O sonômetro registra a pressão de
nível sonoro de 1 em 1 segundo, armazenando-a em sua memória. Assim temos
900 amostras em cada ponto de medição por período medido. Esse intervalo além
de suficiente para garantir uma boa amostragem nos pontos de medição evitando
medição de situações singulares, também permite que todas as medições nos 5
pontos e mais os deslocamentos, montagem e desmontagem dos tripés possa ser
feita dentro de um período de pico. A montagem dos aparelhos nos tripés facilitou o
processo de deslocamento e posicionamento dos aparelhos.

O registro da contagem dos veículos foi feito utilizando-se o contador de mão e o


formulário planilha de registro das medições.

183
9.3 DADOS GERAIS DA ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo compreende cinco quadras da Rua Oscar Freire, na cidade de São
Paulo, entre Av. Rebouças até a Rua Augusta, com uma extensão de 671 m
(Ilustração 110).

Ilustração 110 - Localização da área de estudo. Fonte: Google Earth, 2014.

É uma região de uso misto, sendo as duas primeiras quadras entre a Av. Rebouças
e a Rua da Consolação classificada como zona mista ZM 2 (Zona Mista de Média
Densidade, Predominantemente Residencial), e as três demais quadras entre a Rua
da Consolação e a Rua Augusta pertencente à zona mista ZM 3 (Zona Mista de Alta
Densidade com vocação Comercial e Administrativa), conforme a legislação vigente
de zoneamento de cidade de São Paulo, lei Nº 13.885/2004 (Ilustração 111).

184
Ilustração 111 - Mapa de zoneamento da área de estudo. Fonte: PMSP, s/d.

Ilustração 112 - Planta de uso e ocupação da área de estudo. Fonte: Autora, 2014.

185
Sendo uma zona de uso misto, a parte das edificações que fazem fronte para a rua
são predominantemente comerciais e de gabarito baixo. Já as edificações
residenciais tem gabarito elevado, ocupando o miolo dos quarteirões ou fazendo
fronte para as ruas transversais, como se pode observar na planta de uso e
ocupação nas Ilustração 112 e Ilustração 113.

Ilustração 113 - Volumetria da área de estudo. Fonte: Autora, 2014.

186
Há várias leis específicas no município de São Paulo como, por exemplo, Lei
Municipal nº 15.777 de 29 de maio de 2013 que trata especificamente do ruído
emitido por equipamentos de som instalado em veículos estacionados. Também de
acordo com o uso definido para as zonas no zoneamento da cidade de São Paulo, o
Projeto Psiu define os níveis de ruído aceitáveis conforme a Tabela 16. Porém para
esta pesquisa foram adotados como referência os limites definidos pela norma NBR
10151 (2003) que são mais detalhados e rigorosos (

Tabela 17), em acordo com a Lei Municipal nº 11.501 de 11 de abril de 1994, que
dispõe sobre o controle e fiscalização das atividades que geram poluição sonora:

“Art. 1º - A emissão de ruídos, em decorrência de quaisquer


atividades sociais ou recreativas, em ambientes confinados, no
Município de São Paulo, obedecerá aos padrões, critérios e
diretrizes estabelecidas por esta lei, sem prejuízo da legislação
federal e estadual aplicável. (Alterado pela LM 11.986/96)

Art. 2º - Fica proibida a emissão de ruídos, produzidos por


quaisquer meios ou de quaisquer espécies, com níveis
superiores aos determinados pela legislação - Federal,
Estadual ou Municipal, vigindo a mais restritiva.

§ 1º - As medições deverão ser efetuadas de acordo com as


normas e legislação em vigor no Município, prevalecendo a
mais restritiva.

§ 2º - O resultado das medições deverá ser público, registrado


à vista do denunciante, prioritariamente, ou de testemunhas.”
(PMSP, 1994).

Tabela de Níveis de Ruídos Dependendo do Tipo de Zona, em dB(A)

Tipo de Zona 07:00 -22:00 22:00 -07:00


Zona Residencial 50 45
Zona Mista 55 - 65 45 -55
Zona Industrial 65 -70 55 - 60

Tabela 16 - Níveis de ruído aceitáveis para Município de São Paulo. Fonte: PMSP-Psiu, s/d.

187
Tabela de Níveis de Ruídos Aceitáveis Dependendo do Tipo de
Área em dB(A)

Tipos de áreas Diurno Noturno Quadras

Áreas de sítios e fazendas. 40 35


Área estritamente residencial urbana, ou
50 45
de hospitais, ou de escolas.
Área mista, predominantemente
55 50 Q1, Q2
residencial.
Área mista, com vocação comercial e Q3, Q4,
60 55
administrativa. Q5
Área mista, com vocação recreacional. 60 55

Área predominantemente industrial 70 60

Tabela 17- Níveis de ruído aceitáveis de acordo com a NBR 10151 (2003). Fonte: NBR 10151
(2003).

A área é bastante arborizada, pois ao longo das cinco quadras foram contabilizadas
101 arvores durante o levantamento como ilustra a Ilustração 114.

Ilustração 114 - Planta da vegetação existente na área de estudo. Fonte: Autora, 2014.

188
A inclinação (Ilustração 115) é mais acentuada na entrada da Rua Oscar Freire com
Av. Rebouças, porém como a mão de direção é no sentido do declive, e os carros
entram nesse trecho em baixa velocidade, a influência devido à inclinação no
contexto sonoro pode ser desconsiderada.

Ilustração 115 - Corte longitudinal da área de estudo com elevação topográfica. Fonte: Google Earth,
2014.

O volume, o fluxo, a composição de veículos e o comportamento dos motoristas são


muito diferentes considerando-se os períodos de pico dos dias de semana, do
sábado e do domingo. Durante os dias de semana o movimento de veículos e de
pessoas em sua maioria está associado às atividades comerciais e empresariais da
região. No sábado os frequentadores estão mais ligados a atividades de passeio e
lazer, são mais jovens, com automóveis e motocicletas mais potentes, com
comportamento mais exibicionista (por exemplo: acelerando o veiculo quando
parado nos semáforos). Já no domingo a frequência é mais familiar e relacionada
com os restaurantes da região.

A superfície da via é asfaltada e o passeio público revestido com material refletivo.


Predominantemente, as fachadas dos edifícios são de materiais rígidos e lisos
(refletivo), tais como vidro, concreto e metal, em praticamente toda a sua extensão.
Algumas fachadas são revestidas em madeira, porém com fixação direta sobre a
alvenaria e envernizadas, o que as torna refletivas. Todas essas informações foram
coletadas e estão apresentadas nas tabelas de levantamento das características das
quadras, que para facilidade da análise estão colocadas neste texto junto às
respectivas analises (

Tabela 21,Tabela 24,Tabela 27,Tabela 30 eTabela 33).

189
9.4 MEDIÇÕES

A Tabela 18 apresenta todas as medições realizadas, classificadas por quadra e


horário.

Tabela 18 - Tabela das medições classificadas por período e quadra. Fonte: Autora, 2014.

190
Tabela 19 - Medições do nível de pressão sonora equivalente em comparação com os valores da
norma NBR 10151 (2003), agrupados por horário e por quadra. Fonte: Autora, 2014.

191
Ilustração 116 - Gráfico do Nível de Pressão Sonora Equivalente Medido. Fonte: Autora, 2014.

Ilustração 117 - Gráfico da diferença Nível de Pressão Sonora Equivalente Medido em relação aos
limites aceitáveis definidos pela Norma NBR 10151 (2003) para as quadras. Fonte: Autora, 2014.

192
Ilustração 118 - Gráfico do Nível de Pressão Sonora Equivalente Medido organizado por quadra.
Fonte: Autora, 2014.

Ilustração 119 - Gráfico por quadra da diferença Nível de Pressão Sonora Equivalente Medido em
relação aos limites aceitáveis para as quadra. Fonte: Autora, 2014.

193
Nas Tabela 18 e Tabela 19 o número das quadras é colorido para facilitar a
identificação visual das medidas referentes às mesmas quadras nos diferentes
períodos. Na coluna medição está apresentado o nome dos arquivos onde foram
registrados os dados coletados pelo sonômetro, facilitando a identifica do dia da
medição (E1_SEG, E2_SAB e E3_DOM para as medições realizadas durante a
semana, no sábado e no domingo respectivamente), do período do dia (M para o
pico do horário de almoço e T para o pico da tarde) e das quadras (Q1 a Q5).
Também para facilitar a análise da coluna Leq (e das dos níveis de pressão sonora
medidos acima dos limites estabelecidos para a área são apresentados em fonte
vermelho, destacando-se com fundo vermelho ou verde o maior e menor valor
respectivamente do conjunto por quadra ou período conforme a tabela.

Os grafigos das Ilustração 116,Ilustração 117 e Ilustração 119, facilitam a


visualização dos valores medidos entre si e em comparação com a norma NBR
10151 (2003), sendo organizados por período ou por quadra de forma a identificar
os períodos ou as quadras onde ocorrem os maiores valores para a análise.

Em particular, as diferenças entre o nível de pressão sonora medido e o limite


aceitável para a quadra definido na norma NBR 10151 (2003) são apresentadas em
2 escalas nos gráficos das Ilustração 117 e Ilustração 119, uma com a diferença do
nível sonoro equivalente em db(A) e o correspondente fator de percepção pelo
ouvido humano conforme a Tabela 20 - Tabela de correspondência entre a variação
no nível sonoro equivalente em dB(A) e a percepção humana de variação no som.
Fonte(VIANNA, s/d; DMPED, 2010).

Tabela 20 - Tabela de correspondência entre a variação no nível sonoro equivalente em dB(A) e a


percepção humana de variação no som. Fonte: DMPED, 2010. apud BOLT, BERANEK e
NEWMAN, 1973.

194
Para a análise dos dados coletados pelo sonômetros e geração dos gráficos usou-se
o software BZ5503 Measurement Partner Suite versão 4.3.2.123 – 28/03/2014, que
importou os dados para o computador diretamente do dispositivo via interface USB.
Para a predição dos níveis de pressão sonora em grid horizontal e vertical, levando-
se em conta a geometria da via, volumetria dos edifícios e os materiais de
revestimento, foi utilizado o software de simulação Predictor TM Type T810 versão 9.1,
configurado com ISO 9613.1/2.

Foram inseridos no software de simulação Predictor os seguintes dados:

 LAeq resultante no software BZ5503, para cada período e quadra.


 Volumetria dos edifícios desenhada no software Predictor a partir das
imagens acessadas pelo próprio software no Google Earth. A altura dos
edifícios foi inserida em uma tabela do Predictor.
 Materiais de revestimento dos edifícios com seu respectivo coeficiente de
absorção.
 O grid para o cálculo simulação sonora foi de 5 em 5 m em espaços abertos,
e de 1 em 1 m nas edificações e espaço entre elas.
 Na simulação de ambiente urbano o software utiliza o padrão de 4 m para
altura das fontes emissoras.

No Apêndice A encontram-se todos os gráficos gerados a partir das medições


realizadas, contendo para cada período dos 6 medidos e cada quadra (5) , ou seja,
um total de 30 conjuntos de gráficos, cada conjunto contendo:

 Gráfico do nível de pressão sonora instantânea de 1 em 1 segundo, para os


15 minutos que compõem o intervalo medido (900 pontos).
 Histograma do Leq em função da frequência, com determinação do LAeq e
LCeq para o período e a quadra.
 Mapa Acústico da Quadra no Período.

Ambos os softwares, o sonômetro e o calibrador do sonômetro são da empresa


Brüel & Kjær Sound and Vibration Measument da A/S, que os cedeu para uso da
autora nesta pesquisa, além de fornecer treinamento nos equipamentos e na
utilização do software.

195
Dia de Semana – Período de Pico da Manhã

Ilustração 120 - Mapa acústico da área em dia de semana no período do pico do almoço. Fonte:
Autora, 2014.

196
Dia de Semana - Período de Pico da Tarde

Ilustração 121 - Mapa acústico da área em dia de semana no período do pico da tarde. Fonte:
Autora, 2014.

197
Sábado – Período de Pico da Manhã

Ilustração 122 - Mapa acústico da área no sábado no período do pico do almoço. Fonte: Autora,
2014.

198
Sábado - Período de Pico da Tarde

Ilustração 123 - Mapa acústico da área no sábado no período do pico da tarde. Fonte: Autora, 2014.

199
Domingo – Período de Pico da Manhã

Ilustração 124 - Mapa acústico da área no domingo no período do pico do almoço. Fonte: Autora,
2014.

200
Domingo – Período de Pico da Tarde

Ilustração 125 - Mapa acústico da área no domingo no período do pico da tarde. Fonte: Autora, 2014.

201
9.5 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Quadra 1

Ilustração 126 – (esq.) Foto da quadra 1. Fonte: Google Street View. (dir.) Foto dos equipamentos de
medição posicionados no meio da quadra 1. Fonte: Autora, 2014.

Legenda
R Residencial CS Comercio e serviço M Misto INS Instituicional PÇA Praças
Ct Concreto Vd Vidro Md Madeira Mt Metal Vg Vegetação

Tabela 21 - Levantamento das características da quadra 1. Fonte: Autora, 2014.

202
Tabela 22 - Medições na quadra 1 identificando períodos de maior e menor LAeq.
Fonte: Autora, 2014.

A quadra 1 compreende o trecho entre Av. Rebouças e Rua Melo Alves e é


classificada de acordo com lei de zoneamento vigente, lei Nº 13.885/2004 como
zona mista Z2 predominantemente presidencial. Essa quadra não foi reurbanizada
como as demais, e seu passeio mede aproximadamente 2,7m de largura (medição
feita no local), com problemas de conservação, obstrução de passagem de
pedestres e postes com excessiva fiação elétrica.

Neste trecho a via é mais larga do que nas outras quadras em estudo,
principalmente a partir do cruzamento da Rua Oscar Freire com Av. Rebouças, onde
mede aproximadamente 25m de largura e contém uma ilha central com a função de
separar o fluxo que vem diretamente da Rua Oscar Freire com o fluxo de entrada a
direita dos veículos que vem da Av. Rebouças (Ilustração 128). Nesta primeira
quadra a via se estreita até a esquina com a Rua Melo Alves, onde mede
aproximadamente 10m de largura (estimado pela visita no local e medição no
Google Earth, 2014).

Conforme o levantamento das edificações da quadra apresentadas na

Tabela 21 os materiais de revestimento das fachadas são refletivos, de acordo com


seus coeficientes de absorção (vide capítulo 4).

Os níveis de pressão sonora coletados em todos os períodos são maiores do que o


nível de ruído aceitável pela norma para a referida área que é de 55 dB(A) para o
período diurno (Tabela 22), e exibe uma variação de 4 a 8 dB(A) (Tabela 23), o que

203
corresponde a um aumento sensível do volume perceptível de cerca de 1,3 a 1,75
vezes (Ilustração 127).

Tabela 23 - Diferença de NPS entre a medição e a NBR 10151 (2003), na quadra 1. Fonte: Autora,
2014.

Ilustração 127 - Gráfico da diferença de NPS entre a medição e a NBR 10151 (2003), na quadra 1.
Fonte: Autora, 2014

A quadra não apresenta grande variação do nível de ruído nos períodos medidos,
exceto no domingo de manhã quando ocorre o menor valor, ainda assim 4 dB(A)
acima do limite definido para a área.

A análise desta quadra corresponde a uma situação temporária, pois encontra-se


em construção a futura estação Oscar Freire do metrô na esquina Av. Rebouças. A
obra é atualmente cercada com tapume metálico com aproximadamente 3 m de
altura, ocupando um terço da extensão do quarteirão, dando a esse trecho a

204
característica de configuração em “L”. (Ilustração 128 eIlustração 129), sendo que a
partir da obra do metrô, a rua tem configuração em “U”.

Ilustração 128 - Esquina da Av. Rebouças com Rua Oscar Freire. fonte: Google Street View, 2014.

Ilustração 129 - Local da configuração "L" na quadra 1 da Rua Oscar Freire.


Fonte: Autora, 2014.

205
Observa-se um exemplo de autoproteção em edifício residencial (Ilustração 130)
com a utilização de uma sacada em frente à sala de estar de cada apartamento com
cerca de 1,5 m (Ilustração 131), a qual protege o ambiente interior da sala e produz
um recuo adicional para a janela dos quartos, além do recuo de 5 m do limite do
terreno até sacada em acordo com lei Nº 13.885/2004.

Ilustração 130 - Edifício residencial com varanda na quadra 1 - Autoproteção. Fonte: Autora, 2014.

Ilustração 131 - Exemplo de autoproteção em edifício com varanda na quadra 1 Fonte: Autora, 2014.

206
Quadra 2

Ilustração 132 – (esq.) Foto da quadra 2. Fonte: Google Street View. (dir.) Foto dos equipamentos de
medição posicionados no meio da quadra 2. Fonte: Autora, 2014.

Tabela 24 - Levantamento das características da quadra 2. Fonte: Autora, 2014.

207
Tabela 25 - Medições na quadra 2 identificando períodos de maior e menor LAeq.
Fonte: Autora, 2014.

A Quadra 2 situa-se no trecho entre Rua Melo Alves e Rua da Consolação, sendo
uma zona mista Z2 com predominantemente presidencial, conforme lei Nº
13.885/2004 de zoneamento vigente.

Os níveis de pressão sonora coletados em todos os períodos são maiores do que o


nível de ruído aceitável pela norma para a referida área, cujo valor é de 55 dB(A)
(Tabela 25). A diferença neste trecho varia de 7,6 a 11,9 dB(A) (Tabela 26), o que
corresponde a 1,7 a 2,3 vezes a percepção de volume do som em relação ao limite
da norma. Esses foram os maiores valores de diferença para o limite da norma
observados em todas as quadras.

Tabela 26 - Diferença de NPS entre a medição e a NBR 10151 (2003), na quadra 2. Fonte: Autora,
2014.

208
Ilustração 133 - Gráfico da diferença de NPS entre a medição e a NBR 10151, 2003, na quadra 2.
Fonte: Autora, 2014

Embora os valores de nível de pressão sonora não sejam os mais altos da área de
estudo, devido à caracterização da quadra como predominantemente residencial
determina um limite menor pela norma, e portanto essa é a área com maior impacto
sonoro sobre os edifícios residenciais. O trecho da Oscar Freire, no entanto
encontra-se uma zona de transição entre a quadra 1 mais residencial e a quadra 2
mais comercial. Neste pedaço existe apenas um edifício residencial que faz fronte
para a Rua Oscar Freire, porém há vários edifícios residenciais nas transversais. O
trecho é caracterizado por lojas comerciais e de serviços em fronte para a rua onde
já houve o processo de reurbanização, portanto a via é mais estreita e o passeio
mais largo nas extremidades, com os bolsões de estacionamento como já
mencionado anteriormente.

Outra constatação interessante que corrobora as características de transição dessa


quadra, é a variação maior dos níveis entre os períodos, acentuando-se nos dias de
semana e no sábado a tarde, diferentemente da quadra 1 onde os valores obtidos
foram razoavelmente próximos entre si.

O impacto maior desse nível de pressão sonora elevado se faz sobre os edifícios
residenciais dos blocos laterais que da quadra, já que eles são de gabarito muito
maior que os edifícios comerciais que margeiam a rua.

A quadra 2 tem configuração em “U” (Ilustração 134), assim como as quadras 3, 4 e


5. Como já estudado anteriormente, essa configuração favorece a reverberação,

209
neste caso acentuada pelos materiais de revestimento da via, do passeio público e
das fachadas das edificações propriamente ditas.

Toda essa conjuntura propicia a ocorrência de pontos de concentração de maior


NPS, conforme é observado nos mapas acústicos de vários períodos dessa quadra,
em particular no sábado a tarde onde ocorreu o pior nível medido (detalhe na

Ilustração 135).

Ilustração 134 - ConIlustraçãoção "U" das quadras 2 a 5. Fonte: Autora, 2014.

Ilustração 135 - Detalhe comentado do mapa acústico da quadra 2 no sábado à tarde. Fonte: Autora,
2014.

210
Quadra 3

Ilustração 136 – (esq.) Foto da quadra 3. Fonte: Google Street View. (dir.) Foto dos equipamentos de
medição posicionados no meio da quadra 3. Fonte: Autora, 2014.

Tabela 27 - Levantamento das características da quadra 3. Fonte: Autora, 2014.

211
Tabela 28 - Medições na Quadra 3 identificando períodos de maior e menor LAeq. Fonte: Autora,
2014.

A Quadra 3 localiza-se no trecho entre a Rua da Consolação e a Rua Bela Cintra, e


é caracterizada como zona mista Z3, ou seja, predominantemente comercial e
administrativa, pela lei de zoneamento vigente Nº 13.885/2004.

Este trecho foi reurbanizado e, portanto apresenta a mesma configuração de largura


e material de revestimento refletivo da via, passeio público e bolsões de
estacionamento das partes reurbanizadas. As edificações tem em sua maioria
revestimento refletivo como mostra a Tabela 27, causando efeitos semelhantes de
reverberação como já mostrado para a quadra 2.

Os níveis de pressão sonora variam de 3,7 a 7 dB(A) (Tabela 28) acima do definido
pela norma para áreas comerciais, pois apesar dos níveis serem similares ao da
quadra 2, como a quadra 3 tem classificação de zoneamento diferente, o limite de
ruído aceitável é maior (60dB(A)). Esses valores de nível de pressão sonora
correspondem a uma percepção de volume entre 1,3 a 1,65 vezes do som permitido
(Ilustração 137).

As características dos perfis medidos são muito parecidas entre as quadras


comerciais, pois os maiores valores de ruído são obtidos a tarde nos dias de
semana, no sábado o dia todo e no domingo à tarde.

212
Tabela 29 - Diferença de NPS entre a medição e a NBR 10151 (2003), na quadra 3. Fonte: Autora,
2014.

Ilustração 137 - Gráfico da diferença de NPS entre a medição e a NBR 10151 (2003), na quadra 3.
Fonte: Autora, 2014

A singularidade dessa quadra é o “pocket park” instalado próximo à esquina da Rua


da Consolação, que permite a propagação do som através da rampa de acesso ao
estacionamento que fica ao seu lado e ao fundo (Ilustração 139). Além disso a
edificação ao lado esquerdo da praça (que define a parede lateral da praça) e
própria praça possuem um recuo de aproximadamente 5 metros em relação ao
passeio público, o que tem o efeito de distanciamento das fontes. Antagonicamente
há prédios antigos, como por exemplo o prédio do lado direito da praça, que tem sua
fachada alinhada com o passeio publico, ou seja, sem qualquer recuo. Porém essa
edificação antiga tem sacadas que protegem as portas balcão com frente para a
rua, configurando uma autoproteção (Ilustração 138).

213
Ilustração 138 - Dissipação do som pela Praça Oscar Freire e os prédios adjacentes. Fonte: Autora,
2014.

Ilustração 139 – Efeito do som propagando-se pelo vão entre os prédios da praça. Fonte: Autora,
2014.

214
Quadra 4

Ilustração 140 – (esq.) Foto da quadra 4. Fonte: Google Street View. (dir.) Foto dos equipamentos de
medição posicionados no meio da quadra 4. Fonte: Autora, 2014.

Tabela 30 - Levantamento das características da quadra 4. Fonte Autora, 2014.

215
A Quadra 4 é uma zona mista Z3 predominantemente comercial e administrativa,
conforme lei de zoneamento vigente Nº 13.885/2004 e está situada entre a Rua Bela
Cintra e a Rua Haddock Lobo. Como foi reurbanizada, tem a configuração de
quarteirão como o projeto da via, com estacionamentos laterais no miolo da quadra
e com calçadas mais amplas nas extremidades, revestidos de material refletivo.
Também as fachadas das edificações possuem revestimento refletivo de forma que
a rua apresenta a configuração em “U” criando um “canyon” acústico onde a
reverberação amplifica o impacto das ondas sonoras produzidas pelas fontes
veiculares.

Tabela 31 - Medições na Quadra 4 identificando períodos de maior e menor LAeq. Fonte: Autora,
2014.

Essa quadra possui valores medidos dos níveis de pressão sonora ligeiramente
menores que as demais quadras comerciais, contudo ainda de 3 a 6,8 acima do
limite aceitável definido pela NBR 10151 (2003), correspondendo a 1,2 a 1,6 vezes
para a percepção de volume quando compara com o limite. O perfil dos valores nos
períodos também acompanha a variação nas demais quadras comerciais tendo seus
maiores níveis na hora do almoço dos dias de semana, nas tardes de domingo e
sábado o dia todo.

216
Tabela 32 - Diferença de NPS entre a medição e a NBR 10151 (2003), na quadra 4. Fonte: Autora,
2014.

Ilustração 141 - Gráfico da diferença de NPS entre a medição e a NBR 10151 (2003), na quadra 4.
Fonte: Autora, 2014

Analisando os detalhes das edificações, há um edifício residencial localizado no


meio da quadra, que possui recuo de 15m e fachada em empena cega em relação à
rua Oscar Freire. O edifício está orientado com sua frente voltada para Rua Bela
Cintra, de onde é distanciado de aproximadamente 45m, cuja fachada dispõe de
elementos arquitetônicos horizontais e verticais para autoproteção ao ruído
(Ilustração 142, Ilustração 143 e Ilustração 144).

217
Ilustração 142 - Edifício residencial na quadra 4. a) fachada de empenha cega de frente à Rua Oscar
Freire. b) fachada com elementos de proteção ao ruído com frente para a Rua Bela Cintra. Fonte:
Autora, 2014.

Esse edifício é bem posicionado dentro do bloco delimitado pelas ruas Alameda
Lorena, Rua Haddock Lobo, Rua Oscar Freire e Rua Bela Cintra (Ilustração 143),
com a fachada principal orientada para o noroeste e exibindo todos os elementos de
autoproteção estudados nos capítulos anteriores (Ilustração 144): distanciamento da
fachada para a via de movimento, empena cega voltada para fonte de ruído,
elementos arquitetônicos verticais e horizontais (“brises” verticais e horizontais
incorporados na própria estrutura do prédio, que além da proteção à insolação,
também agem como autoproteção ao ruído pelo sistema construtivo e a disposição
em que se encontram) e ainda contando com os edifícios adjacentes como barreira
acústica (Ilustração 145).

218
Ilustração 143 - Posicionamento de edifício analisado na quadra 4. Fonte: Google Earth.

Ilustração 144 - Edifício residencial. Fonte: Autora, 2014.

219
Ilustração 145 - Análise a propagação sonora na quadra 4. Fonte: Autora, 2014.

Pode-se observar também através da Ilustração 145 que apesar do nível de ruído
gerado na rua Oscar Freire estar na faixa de 65 a 70 dB(A), ou seja, muito acima
dos limites para uma zona mista ZM3, os espaços entre esse edifício e seus vizinhos
atua como uma zona de escape que permite a propagação do som e
consequentemente a dissipação de sua energia, reduzindo os níveis de pressão
sonora para faixas de valores entre 40 e 55dB(A), dessa maneira abaixo dos limites
definidos para edifícios residenciais e comprovando a aplicação bem sucedida dos
fundamentos expostos nos capítulos anteriores para redução do impacto do ruído
nos receptores.

No lado oposto a esse edifício exemplo, encontra-se uma loja com recuo de 10 m.
Todavia esse espaço é confinado entre duas paredes laterais altas de concreto liso
e com cobertura de policarbonato em estrutura metálica de forma semicilíndrica
engastada nas paredes laterais (Ilustração 146), o que produz uma caixa de
reverberação com um teto côncavo onde as ondas sonoras ficam enclausuradas até
dissiparem toda sua energia no interior, como já elucidado no capitulo 3. Este é um
contraexemplo, e mostra que neste caso não houve uma preocupação com a
redução do ruído (Ilustração 147).

220
Ilustração 146 - Frente da loja que concentra ruído. Fonte: Autora, 2014.

Ilustração 147 - Analise de espaço que concentra ruído. Fonte: Autora, 2014.

221
Quadra 5

Ilustração 148 – (esq.) Foto da quadra 5. Fonte: Google Street View. (dir.) Foto dos equipamentos de
medição posicionados no meio da quadra 5. Fonte: Autora, 2014.

Tabela 33 - Levantamento das características da quadra 5. Fonte: Autora, 2014.

222
Tabela 34 - Medições na Quadra 5 identificando períodos de maior e menor LAeq. Fonte: Autora,
2014.

A quadra 5 é o último trecho da área de estudo iniciando na Rua Haddock Lobo e


terminando na Rua Augusta, sendo uma zona mista ZM3 predominantemente
comercial e administrativa, conforme lei de zoneamento vigente Nº 13.885/2004.
Como as 2 quadras anteriores tem perfil de uso comercial e serviços, e tendo feito
também parte do processo de reurbanização não apresenta diferenças significativas
quanto aos materiais de revestimento da via, estacionamentos e passeios, além das
características das edificações em seu entorno (Tabela 34).

Analisando os valores medidos em relação à norma de ruído aceitável para a quadra


5, como mostrado na Tabela 35 e na Ilustração 149, observa-se um padrão
semelhante às quadras comerciais, porém com um comportamento bastante
diferenciado no domingo à tarde, que está relacionado ao movimento da Rua
Augusta nesse período.

Os valores são todos acima do limite de ruído aceitável variando de 3,7 a 9,0 dB(A),
ou seja, em termos de percepção de volume sonoro entre 1,3 a 1,9 vezes o limite da
norma (Ilustração 149), ou seja, quase o dobro no domingo à tarde. Embora o valor
do nível de pressão sonora dessa área no domingo a tarde seja o maior medido na
área de estudo com 69 dB(A), como a norma para a ZM3 é de 60 dB(A), ele não
representa o maior valor acima da norma, pois a quadra 2 atingiu 66,9 dB(A) no
sábado à tarde, que quando comparado com a norma para ZM2 de 55 dB(A) resulta
em 11,9 dB(A) acima do limite.

223
Tabela 35 - Diferença de NPS entre a medição e a NBR 10151 (2003), na quadra 5. Fonte: Autora,
2014.

Ilustração 149 - Gráfico da diferença de NPS entre a medição e a NBR 10151 (2003), na quadra 5.
Fonte: Autora, 2014.

Como pontos interessantes para a análise na quadra, sob os aspectos de morfologia


urbana e desenho arquitetônico, destacam-se 3 edifícios que são analisados a
seguir.

O primeiro edifício encontra-se na esquina da rua Haddock Lobo com a Rua Oscar
Freire, tendo formato em “L” como mostra a foto da Ilustração 150, e constituído de
um pavimento comercial e pavimento sobreloja no miolo do L formado pelos 2
edifícios residenciais. Os edifícios fazem face com a rua com fachadas de empena
cega, que não possuem recuo em relação ao alinhamento do terreno. As fachadas
residenciais correspondentes à parte interna do ângulo reto formado pelos edifícios

224
tem 26m de extensão e, portanto estão recuadas em relação à rua nessa mesma
medida (Ilustração 151). Essa configuração tem vários aspectos interessantes a
serem analisados.

Ilustração 150 - Edifício na esquina de Rua Haddock Lobo com Rua Oscar Freire. Fonte: Google
Street View, 2014.

225
Ilustração 151 - Edifício na esquina de Rua Haddock Lobo com Rua Oscar Freire. Fonte: Autora,
2014.

Os pavimentos comerciais na base do prédio tem um efeito de “podium”, servindo


como autoproteção para os andares mais baixos do edifício residencial recuado. Já
os andares mais altos tem o ruído naturalmente atenuado pela distancia da fonte
devido à altura e o recuo. Apesar desses efeitos benéficos, o formato em “L” cria
uma situação sonora peculiar com o aspecto desfavorável da reflexão entre as
fachadas, pois gera uma concentração do ruído direto mais som o refletido pelas
fachadas em alguns andares intermediários (Ilustração 152).

226
Ilustração 152 - Edifício na esquina da Rua Haddock Lobo com Rua Oscar Freire. Fonte: Autora,
2014.

A somatória desses fenômenos é uma situação semelhante a uma “bolha de nível


sonoro” mais elevado que atinge os andares intermediários, tornando-os mais
impactados pelo ruído emitido pelos veículos na rua. Outro fator agravante é a
fachada das janelas residenciais não dispor de quaisquer elementos arquitetônicos
que as protejam do ruído. Essa bolha aparece claramente nas simulações feitas com
o software Predictor (Ilustração 153). As análises produzidas nesse software foram
apenas resultado das medições na rua Oscar Freire, porém pode-se estimar que
inserindo no software também medições de nível de ruído na Rua Haddock Lobo, o
resultado com certeza será ampliado no ponto de confluência da “bolha sonora”. As
fontes lineares nas ruas produzem uma propagação cilíndrica que são somadas
entre si e também com as reflexões decorrentes da concavidade entre os dois
edifícios.

227
Ilustração 153 - Análise a propagação sonora na quadra 5.Fonte: Autora, 2014

Dessa forma, pode-se concluir facilmente que se deve evitar a implantação de um


edifício em configuração côncava com a abertura interna da curva (ou do ângulo
formado pelas arestas) voltada para uma esquina de duas ruas movimentadas,
formando também uma configuração sonora em “U” com as duas ruas. Nestes casos
outros meios de autoproteção para a fachada côncava devem estar presentes, visto
que haverá um efeito de concentração sonora no meio da concavidade, como
acontece com a luz incidente em um espelho côncavo.

Outro prédio residencial com características interessantes do ponto de vista sonoro


existente nessa quadra é o mostrado na foto da Ilustração 154.

228
Ilustração 154 - Edifício sobre lojas de 2 pavimentos, mais recuo de 6 m. Fonte: Google Street View,
2014.

Embora as fachadas desse edifício não tenham quaisquer elementos arquitetônicos


que possa realizar a autoproteção, a sua disposição com relação à via
(perpendicular), a distribuição interna colocando os ambientes menos sensíveis
(banheiros) na fachada de fronte a via, e o recuo de 6m sobre dois pavimentos de
área comercial com 7m de altura (pé direito alto) realizam a autoproteção das áreas
internas do edifício residência (Ilustração 155 e Ilustração 156).

Ilustração 155 - Edifício residencial sobre comercio e serviço com recuo de 6 m. Fonte: Autora, 2014.

229
Ilustração 156 - Análise a propagação sonora na quadra 5.Fonte: Autora, 2014.

Há vários edifícios de 3 pavimentos antigos e que possuem tipologia similar,


inclusive ao edifício já analisado na quadra 3. Essas edificações possuem uma
sacada avançada sobre a rua, de tal forma que a porta balcão e janela ficam
protegidas quanto ao ruído proveniente da rua (Ilustração 157 eIlustração 158).

Ilustração 157 – Edifício autoproteção. Fonte: Google Street View, (Esquerda) 2014. (Direita) Fonte:
Autora, 2014.

230
Ilustração 158 - Edifício com autoproteção. Fonte: Autora, 2014.

9.6 SÍNTESE DA ANÁLISE DOS RESULTADOS

O objetivo desse item é sintetizar as observações detalhadas nos itens anteriores


deste capitulo dando um panorama geral da paisagem sonora da área de estudo em
relação a morfologia urbana e ao projeto arquitetônico, aplicando-se nesta analise os
conceitos apresentados nos capítulos anteriores.

No geral o nível da pressão sonora média de todas as quadras e horários medidos


varia entre 59 e 69 dB(A), estando todos acima dos limites aceitáveis pela norma
NBR 10151 (2003) para a área de estudo, que varia entre 55 a 60 dB(A) de acordo
com a classificação de zoneamento da quadra. Todas as quadras são de uso misto,
e no geral as 3 áreas com predominância comercial são mais ruidosas que as 2
quadras predominantemente residenciais.

A configuração da rua quanto a analise sonora é em “U” na maior parte de sua


extensão, pois dada a largura de 16m, qualquer edificação de mais de 3,2m nas
laterais é suficiente para determinar essa forma. Dados os materiais de revestimento
serem refletivos na via, no passeio publico, e aplicados nas fachadas das

231
edificações, essa configuração em “U” é potencializada, criando o efeito denominado
“canyon urbano”.

A quadra onde há o maior impacto relativo é a quadra 2 no período do sábado à


tarde, com 11,9 dB(A) acima do limite de 55 dB(A) definido pela norma NBR 10151
(2003) para áreas de uso misto predominantemente residencial. Nesse período a
Rua Oscar Freire tem alto movimento devido ao comércio das lojas e dos
restaurantes, o que acaba impactando também as áreas residenciais próximas,
como o caso da quadra 2.

Pode-se nessa área de estudo observar vários aspectos positivos que ajudam na
redução do impacto do nível de ruído alto sobre os moradores e usuários da região,
principalmente com a utilização de alto proteção, posicionamento e orientação
adequado de edificações em relação à via, os quais foram confirmados pelo
mapeamento acústico em grid horizontal e vertical efetuado através do software de
simulação.

De outro lado, verificou-se também casos de formas arquitetônicas improprias para a


redução de ruído, como o prédio em “L” com concavidade voltada para uma esquina,
e o espaço de recuo com cobertura côncava, confirmados também pelas simulações
executadas. Caso particularmente interessante de analisar foi o prédio em “L” com a
“bolha sonora” evidenciada pela simulação.

Não foi objetivo desse estudo, verificar na redução do ruído rodoviário com a
atuação fonte. Somente pode-se verificar casos onde prédios atuam como barreiras
acústicas para os edifícios residenciais no interior das quadras. O mais observado,
foram as implementações de autoproteção em edifícios residenciais e uso misto,
favorecendo o ambiente interno.

A redução da largura da via, pelo aumento do passeio publico nas extremidades das
quadras e pelos bolsões de estacionamento no intervalo entre esses pontos, foi
implementada na intervenção urbana realizada em 2006, exemplificando na prática
que mecanismos propostos na moderação de tráfego foram implantados com
sucesso para reduzir a velocidade e agressividade dos motoristas na entrada e nas
conversões para a rua, consequentemente amenizando o ruído.

232
A maioria dos picos nos gráficos de nível de pressão sonora instantânea foram
observados quando da utilização de buzinas pelos automóveis e da passagem de
motos pelo local.

Outro fator interessante de ser observado foi o comportamento dos motoristas diante
da perspectiva de monitoração quando viam os equipamentos de medição
instalados. Passavam a andar mais devagar e mais comportados. De outro lado,
observou-se que principalmente nos sábados à tarde, muitos motoristas e
principalmente os motociclistas, em atitude exibicionista, aceleravam
exageradamente seus motores quando parados nos semáforos.

233
10 ANÁLISE GERAL E CONCLUSÕES

Esta dissertação tem o objetivo de fazer uma análise do ruído do tráfego rodoviário
urbano, estudando a interação e a interferência entre o projeto arquitetônico e o
urbanismo, em relação à paisagem sonora, servindo como base para o
planejamento e o projeto de intervenções urbanas com finalidade de redução do
impacto do ruído urbano na qualidade de vida de uma cidade.

Dessa forma, foram apresentados, nos quatro primeiros capítulos, os conceitos


associados às fontes de ondas sonoras e sua propagação no meio ambiente,
relacionando as formas arquitetônicas e a morfologia urbana com os fenômenos de
absorção, reflexão, difração e reverberação, os quais são importantes não só para
se entender a paisagem sonora, mas também para corrigir e prevenir o impacto nos
receptores, por meio de projeto arquitetônico adequado e desenho urbano que
favoreçam a redução no nível sonoro dos ambientes.

Particularmente, a configuração das ruas em “U”, com edifícios elevados às margens


de vias estreitas, combinadas com fachadas planas revestidas de materiais
refletivos, comuns em grandes centros urbanos, promove a criação de canyons
sonoros, nos quais a energia sonora fica confinada até sua dissipação no próprio
local. O traçado das ruas e a distribuição espacial das edificações exercem também
grande influência na propagação e na dissipação da energia liberada pelas fontes
sonoras. Tais conceitos foram observados de fato, embora em menor escala, no
estudo de caso realizado na Rua Oscar Freire e nas referências bibliográficas
estudadas.

Os impactos decorrentes dos efeitos da poluição sonora na saúde da população e


nas condições socioeconômicas da cidade foram analisados no capítulo 5,
enfatizando não só o desconforto e a perda da qualidade de vida, mas também os
custos gerados pelos tratamentos de saúde e pela perda de produtividade.

A compreensão dos fenômenos acústicos e de seus impactos proporcionou o


embasamento necessário para que, no Capítulo 6, fossem estudadas as ações de
controle de ruído propostas pelos organismos internacionais que tratam do assunto,
emitindo diretrizes e recomendações para a atuação principalmente dos gestores
locais, conforme o conteúdo desenvolvido no Capítulo 7.

234
Uma boa arquitetura e um bom urbanismo, no que diz respeito ao ruído, são obtidos,
não apenas mediante a atuação na redução da emissão pelas fontes sonoras, o que
muitas vezes está além do alcance das ações urbanísticas, como, por exemplo, a
melhoria dos motores dos veículos, mas, principalmente, atuando na trajetória da
propagação sonora, permitindo a dissipação da energia sonora e a proteção ao
receptor. Os materiais de revestimento das superfícies têm relevância primordial no
comportamento acústico de um local. Esses princípios orientam as estratégias para
atenuar o ruído nas cidades e são encontrados nas diretrizes e recomendações
formuladas e divulgadas por órgãos de fomento a ações públicas.

Para uma visão prática do resultado dessas ações e dos problemas encontrados na
aplicação das recomendações, foram estudadas as estratégias adotadas nas
cidades de Fortaleza, Westminster e Hong Kong, para as intervenções realizadas
visando à redução do ruído urbano. Em todos os casos, após a constatação de que
o nível de ruído encontrava-se elevado, devido às constantes reclamações por parte
da população, os gestores procederam a um levantamento da situação por meio do
mapeamento acústico. A partir dos dados resultantes e da criação do mapa acústico
das áreas afetadas, foi possível a identificação das fontes e dos problemas
relacionados ao fluxo de veículos e à composição do tráfego.

Na cidade de Fortaleza, o processo ainda encontra-se em andamento, com ações já


empreendidas com o objetivo de reduzir a tonelagem dos veículos no bairro de
Aldeota, no entorno do Hospital Militar. Um trabalho de conscientização e educação
de motoristas e usuários da área vem sendo realizado, além de haver uma proposta
de lei municipal em tramitação. A fim de se obter um panorama mais atualizado, em
função dos conhecimentos adquiridos na primeira fase do processo, um novo
levantamento do mapa acústico está sendo elaborado, com o intuito de direcionar as
novas medidas a serem tomadas.

Westminster, cidade localizada na área central de Londres, que apresenta níveis


elevados de ruído em função das atividades econômicas e turísticas próprias no
local, também foi palco de ações motivadas pelas constantes reclamações dos
moradores, quando em 2009, a partir de mapeamento acústico, se estabeleceu uma
estratégia focalizando quatro pontos principais voltados para a atenuação do ruído
urbano: planejamento de melhoria da paisagem sonora, promoção de transporte

235
mais silencioso, resposta proativa às reclamações e proteção dos espaços mais
silenciosos. No escopo dessa estratégia, ações legislativas e de regulamentação
foram tomadas, sendo então estabelecido prazo de 24 horas para a resolução de
problemas trazidos pela população. Para estimular o envolvimento da sociedade
foram feitas campanhas de conscientização e educação.

“A estratégia envolve melhor gerenciamento do sistema de


transporte, melhor planejamento da cidade e melhor projeto
dos edifícios.” (WESTMINSTER, 2009) tradução da autora.

Devido ao rápido crescimento econômico, à falta de planejamento e à posição


destacada que ocupa no cenário asiático, a cidade de Hong Kong enfrentava
problemas de poluição sonora, principalmente relacionados à construção civil e ao
volume de tráfego urbano. Após a realização do mapeamento acústico, foi elaborado
um plano estratégico para a redução do ruído urbano, privilegiando a atuação nas
fontes de ruído por meio do zoneamento e do uso de pavimento de menor emissão,
impondo condições de implantação das novas edificações, com maior
distanciamento das vias; implantando barreiras acústicas nas vias de maior impacto;
incentivando o uso de materiais de isolamento acústico nas portas e janelas; e
prevendo a utilização de elementos arquitetônicos de autoproteção nas edificações.
A partir do plano estratégico de longo prazo, medidas concretas foram tomadas,
respaldadas por uma legislação rigorosa, impondo notificações e multas, educando
e conscientizando a população, atuando nas áreas residenciais, restringindo a
circulação dos veículos por tipo e no horário noturno e implantando calçadões
nessas áreas.

Em todas as intervenções mencionadas, o mapeamento acústico por meio de um


software de simulação acústica em 3D foi fundamental para a determinação das
fontes, do impacto e no planejamento das ações a serem empreendidas.

Fica claro nessas intervenções que os momentos de reurbanização impostos pelas


transformações de áreas urbanas, devido às modificações socioeconômicas, às
migrações populacionais ou mesmo à necessidade de implantação de novas
infraestruturas, são especialmente apropriados e devem ser sempre aproveitados
para a intervenção na redução do ruído, visto que os custos podem ser diluídos, ou
mesmo insignificantes, quando apenas cuidados com o posicionamento de

236
edificações e com a aplicação correta dos materiais sejam observados ainda na fase
de projeto.

Consubstanciando o aprendizado decorrente das pesquisas realizadas e tendo em


vista que as referências estudadas nesta dissertação devem ser adaptadas à
realidade brasileira, para uma aplicação mais eficaz, o Capítulo 9 traz o estudo de
caso da paisagem sonora da Rua Oscar Freire, na cidade de São Paulo, elaborado
pela autora, no qual se aplicam os conceitos estudados, constando de levantamento
em campo e análise das características do local em relação à morfologia urbana.
Por meio desse estudo podem-se constatar in loco os efeitos dos vários fenômenos
previamente estudados.

A Rua Oscar Freire apresenta conformação em “U” em quase toda a extensão, pelo
fato de ser estreita em relação às alturas das edificações, tendo sido esse o fator
que permitiu a comprovação do efeito de reverberação em alguns trechos, por meio
do mapa acústico. As cinco quadras escolhidas são de uso misto e, segundo a lei de
zoneamento vigente, varia de ZM2 (predominantemente residencial) a ZM3
(predominantemente comercial), o que possibilitou uma comparação dos níveis
sonoros medidos com diferentes limites estabelecidos para essas zonas,
evidenciando que as áreas residenciais ZM2 sofrem maior impacto, decorrente do
ruído gerado pelo tráfego de veículos resultante das atividades comerciais e de
serviços da área, evidenciado pelos momentos de pico apurados nas medições.

Nesse estudo de caso podem-se verificar exemplos de edificações com orientação


correta, além de vários casos de autoproteção em edifícios residenciais,
comprovando que um projeto arquitetônico de qualidade, contando com as
características de elementos de autoproteção, com a orientação adequada, a
volumetria coerente, que mantenha um distanciamento da via e cuja distribuição
interior evite que os ambientes mais sensíveis sejam expostos ao ruído, mesmo que
singelo na forma, consegue amenizar o nível de pressão sonora para os seus
moradores, o que se comprova mediante a análise dos mapas acústicos em grid
horizontal e vertical.

Assim como nos exemplos que revelam aspectos positivos, foram também
identificados edifícios que apresentam problemas, nos quais a orientação, a forma e

237
falta de elementos arquitetônicos de autoproteção na fachada expõem seus
moradores a um nível de pressão sonora além do limite aceitável definido pelas
normas. Particularmente, um dos edifícios analisados apresentou uma configuração
que produz um efeito interessante. As características de distanciamento, de
autoproteção dos pavimentos mais baixos, com uma área comercial na base do
edifício, mas, principalmente a configuração em “L” e o posicionamento em relação à
esquina no terreno que ocupa, produzem um efeito denominado “bolha sonora”, para
os andares intermediários, expondo os moradores desses pavimentos a um nível de
pressão sonora superior aos demais e acima dos limites aceitáveis definidos pelas
normas. Esse efeito foi detectado durante a análise do grid vertical do mapa acústico
da área e exemplifica como a falta de um projeto arquitetônico adequado pode gerar
uma situação de difícil correção, percebida somente depois da implantação e do
funcionamento do edifício.

Outro aspecto interessante diz respeito à constatação de medidas de moderação de


tráfego aplicadas à Rua Oscar Freire pelo processo de reurbanização a que foi
submetida em 2006. Embora o objetivo principal dessa intervenção fosse
proporcionar o livre fluxo dos pedestres e melhorar o aspecto visual da rua que
detém o status de rua comercial de alto padrão mais famosa do Brasil, o
estreitamento da via em prol da redução da velocidade é um dos mecanismos de
intervenção da moderação de tráfego indicados para amenizar o ruído urbano, ou
seja, a redução da velocidade tem como consequência a diminuição do ruído.

Sintetizando todo o panorama dos problemas e das recomendações, o diagrama


Ilustração 159 apresentado na traz, de forma resumida, as causas fundamentais, os
efeitos e as consequências da poluição sonora na qualidade de vida e na condição
socioeconômica de uma cidade, enquanto o diagrama expresso pela Ilustração 160
traz, igualmente de forma sucinta, as estratégias, os instrumentos e os resultados
esperados mediante as recomendações para a redução do ruído urbano.

238
Ilustração 159 - Diagrama de Causas, Efeitos e Consequências da Poluição Sonora. Fonte: a autora,
2014.

239
Ilustração 160 - Diagrama de Recomendações, instrumentos e resultados para a redução da poluição
sonora. Fonte: a autora, 2014.

240
Na organização e na estruturação de espaços urbanos, nos quais o bem-estar do
ser humano é prioridade, o projeto arquitetônico e o urbanismo têm a função
primordial de integração e harmonização das paisagens sonora, visual e térmica,
promovendo a saúde, o conforto e a preservação dos elementos culturais e
históricos do lugar.

“Proteger o meio ambiente é, na verdade, proteger a nós


mesmos. (...) se olhamos realmente o que está acontecendo
agora, não estamos falando da próxima geração e, sim, da
nossa geração. (...) nós devemos parar de falar e começar a
agir, temos somente uma Terra para ser protegida, e somos
responsáveis por fazer isso.” (POTOčNIK, 2014) tradução da
autora.

Nesse contexto, o arquiteto urbanista desempenha o importante papel de preservar


as características existentes e, da mesma forma, criar novas identidades, sempre
levando em consideração a qualidade sonora do ambiente.

O estado e os gestores devem ter o compromisso de fornecer um meio ambiente


saudável e de efetuar o controle das ações humanas, reduzindo os efeitos nocivos
produzidos pelos ruídos no espaço urbano. As pessoas, por sua vez, têm o direito
de escolher a natureza do seu ambiente acústico, sem que haja cerceamento de sua
liberdade e de sua opção, mas com o dever de respeitar o bem comum.

O planejamento preventivo é a maneira mais adequada de se evitar os problemas e


de garantir um futuro com qualidade de vida e um meio ambiente mais equilibrado. A
atuação nos sintomas e nas consequências geradas mostra-se muito mais oneroso
e os resultados são difíceis de serem alcançados. No contexto do planejamento, do
acompanhamento da execução e do controle dos resultados, o mapeamento
acústico figura como um instrumento de extrema importância para as ações
preventivas e corretivas relativas à poluição sonora.

Assim, não resta dúvida de que o meio ambiente equilibrado constitui um valor a ser
protegido, legal e constitucionalmente, ressaltando-se, ainda, que a qualidade
sonora e o bem-estar da população são alguns dos seus pressupostos essenciais. A
Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, garante
importantes direitos e deveres dos cidadãos e do poder público na área de meio

241
ambiente e de política urbana. Exemplificando os artigos relativos a essa área,
seguem os textos de dois deles:

Art. 182 do capítulo II DA POLÍTICA URBANA do Título VII DA ORDEM


ECONÔMICA E FINANCEIRA:

“A política de desenvolvimento urbano, executada pelo poder


público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei têm
por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções
sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.”
(Constituição, 1988)

Art. 225 do capítulo VI DO MEIO AMBIENTE do Título VIII DA ORDEM SOCIAL:

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente


equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.” (Constituição, 1988)

Já a Lei Federal 10.257/2001 de 10 de julho de 2001 regulamenta os artigos 182 e


183 da Constituição Federal, em sua Seção XII do estudo de impacto de vizinhança
(artigos 36º a 38º), dispõe:

“Art. 36. Lei municipal definirá os empreendimentos e


atividades privados ou públicos em área urbana que
dependerão de elaboração de estudo prévio de impacto de
vizinhança (EIV) para obter as licenças ou autorizações de
construção, ampliação ou funcionamento a cargo do Poder
Público municipal.

Art. 37. O EIV será executado de forma a contemplar os efeitos


positivos e negativos do empreendimento ou atividade quanto
à qualidade de vida da população residente na área e suas
proximidades, incluindo a análise, no mínimo, das seguintes
questões:

I – adensamento populacional;

II – equipamentos urbanos e comunitários;

III – uso e ocupação do solo;

IV – valorização imobiliária;

V – geração de tráfego e demanda por transporte público;

VI – ventilação e iluminação;

VII – paisagem urbana e patrimônio natural e cultural.

242
Parágrafo único. Dar-se-á publicidade aos documentos
integrantes do EIV, que ficarão disponíveis para consulta, no
órgão competente do Poder Público municipal, por qualquer
interessado.

Art. 38. A elaboração do EIV não substitui a elaboração e a


aprovação de estudo prévio de impacto ambiental (EIA),
requeridas nos termos da legislação ambiental.” (Lei Federal
10.257/2001)

Portanto, cabe aos gestores municipais planejar e executar intervenções urbanas


que melhorem o bem-estar da população que vive na cidade, o que abrange a
paisagem sonora, pois, de acordo com o explorado nos capítulos desta dissertação,
o ruído vem se tornando uma das principais causas de problemas decorrentes das
atividades e condições ambientais da vida moderna.

Em uma sociedade com problemas urbanísticos mais prementes, tais como


saneamento básico, ocupação organizada, transporte, mobilidade, poluição do ar e
das águas, o ruído urbano figurou como uma preocupação até então relegada a
segundo plano, principalmente devido à falta de conhecimento de seus efeitos sobre
a população e de suas consequências para a cidade. Recentemente, com a
divulgação de estudos pela OMS e por outras organizações mundiais, o tema
“poluição sonora” passou a ser tratado com maior prioridade e a integrar as equipes
multidisciplinares dos projetos urbanísticos modernos.

A informação correta proveniente de estudos qualificados, mostrando a gravidade


dos efeitos do ruído e contando com uma divulgação em linguagem adequada para
a conscientização da sociedade, é a sustentação para uma constante melhora na
qualidade da paisagem sonora das cidades e para a redução dos efeitos negativos
da poluição sonora na qualidade de vida das pessoas.

Cabe à academia, a formação de arquitetos urbanistas e engenheiros dotados de


conhecimento a respeito dos fenômenos acústicos, integrando esse saber às demais
disciplinas que compõem as metodologias de projeto aplicadas na construção das
edificações e dos espaços urbanos.

Completando a base para um futuro melhor, os legisladores devem prover a


sociedade com leis e regulamentações objetivas, que permitam a sua aplicação
eficaz por intermédio da educação, do controle e da fiscalização.

243
Sem nenhuma dúvida, pode-se dizer que melhor qualidade de vida será alcançada
com maior conhecimento, melhor educação, estratégias eficazes, planejamento
adequado e gestão eficiente.

244
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259
APÊNDICE A – GRÁFICOS E MAPAS ACÚSTICOS DETALHADOS.

Quadra 1 – Dia de Semana – Período de Pico do Almoço.

Ilustração 161 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E1_SEG_M_Q1. Fonte: Autora,
2014

Ilustração 162 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq). E1_SEG_M_Q1.
Fonte: Autora, 2014

260
Ilustração 163 - Mapa acústico (grid horizontal). E1_SEG_M_Q1. Fonte: Autora, 2014

Quadra 1 – Dia de Semana – Período de Pico da Tarde.

Ilustração 164 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E1_SEG_T_Q1. Fonte: Autora, 2014

261
Ilustração 165 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq). E1_SEG_T_Q1.
Fonte: Autora, 2014

Ilustração 166 - Mapa acústico (grid horizontal). E1_SEG_T_Q1. Fonte: Autora, 2014

262
Quadra 1 – Sábado – Período de Pico do Almoço.

Ilustração 167 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E2_SAB_M_Q1. Fonte: Autora,
2014

Ilustração 168 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq). E2_SAB_M_Q1.
Fonte: Autora, 2014

263
Ilustração 169 - Mapa acústico (grid horizontal). E2_SAB_M_Q1. Fonte: Autora, 2014

Quadra 1 – Sábado – Período de Pico da Tarde.

Ilustração 170 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E2_SAB_T_Q1. Fonte: Autora, 2014

264
Ilustração 171 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq). E2_SAB_T_Q1.
Fonte: Autora, 2014

Ilustração 172 - Mapa acústico (grid horizontal). E2_SAB_T_Q1. Fonte: Autora, 2014

265
Quadra 1 – Domingo – Período de Pico do Almoço.

Ilustração 173 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E3_Dom_M_Q1. Fonte: Autora,
2014

Ilustração 174 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq). E3_Dom_M_Q1.
Fonte: Autora, 2014

266
Ilustração 175 - Mapa acústico (grid horizontal). E3_Dom_M_Q1. Fonte: Autora, 2014

Quadra 1 – Domingo – Período de Pico da Tarde.

Ilustração 176 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E3_Dom_T_Q1. Fonte: Autora, 2014

267
E3_DOM_T_Q1 Cursor values
Total LAFmax: 82,0 dB
[dB] LASmax: 79,1 dB
LAeq: 63,0 dB
90 LASmin: 50,6 dB
LAFmin: 48,2 dB

80

70

60

50

40

30

20

10
16 31,5 63 125 250 500 1k 2k 4k 8k 16k A 31,5k
C
[Hz]

Ilustração 177 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq). E3_Dom_T_Q1.
Fonte: Autora, 2014

Ilustração 178 - Mapa acústico (grid horizontal). E3_Dom_T_Q1. Fonte: Autora, 2014

268
Quadra 2 – Dia de Semana – Período de Pico do Almoço.

Ilustração 179 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E1_SEG_M_Q2. Fonte: Autora,
2014

Ilustração 180 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq). E1_SEG_M_Q2.
Fonte: Autora, 2014

269
Ilustração 181 - Mapa acústico (grid horizontal). E1_SEG_M_Q2. Fonte Autora, 2014

Quadra 2 – Dia de Semana – Período de Pico da Tarde.

Ilustração 182 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E1_SEG_T_Q2. Fonte: Autora, 2014

270
Ilustração 183 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq). E1_SEG_T_Q2.
Fonte: Autora, 2014

Ilustração 184 - Mapa acústico (grid horizontal). E1_SEG_T_Q2. Fonte: Autora, 2014

271
Quadra 2 – Sábado – Período de Pico do Almoço.

Ilustração 185 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E2_SAB_M_Q2. Fonte: Autora,
2014

Ilustração 186 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq). E2_SAB_M_Q2.
Fonte: Autora, 2014

272
Ilustração 187 - Mapa acústico (grid horizontal). E2_SAB_M_Q2. Fonte: Autora, 2014

Quadra 2 – Sábado – Período de Pico da Tarde.

Ilustração 188 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E2_SAB_T_Q2. Fonte: Autora, 2014

273
Ilustração 189 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq). E2_SAB_T_Q2.
Fonte: Autora, 2014

Ilustração 190 - Mapa acústico (grid horizontal). E2_SAB_T_Q2. Fonte: Autora, 2014

274
Quadra 2 – Domingo – Período de Pico do Almoço.

Ilustração 191 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E3_DOM_M_Q2. Fonte: Autora,
2014

Ilustração 192 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq). E3_DOM_M_Q2.
Fonte: Autora, 2014

275
Ilustração 193 - Mapa acústico (grid horizontal). E3_DOM_M_Q2. Fonte: Autora, 2014

Quadra 2 – Domingo – Período de Pico da Tarde.

Ilustração 194 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E3_DOM_T_Q2. Fonte: Autora,
2014

276
Ilustração 195 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq). E3_DOM_T_Q2.
Fonte: Autora, 2014

Ilustração 196 - Mapa acústico (grid horizontal). E3_DOM_T_Q2. Fonte: Autora, 2014

277
Quadra 3 – Dia de Semana – Período de Pico do Almoço.

Ilustração 197 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E1_SEG_M_Q3. Fonte: Autora,
2014

Ilustração 198 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq). E1_SEG_M_Q3.
Fonte: Autora, 2014

278
Ilustração 199 - Mapa acústico (grid horizontal). E1_SEG_M_Q3. Fonte: Autora, 2014

Quadra 3 – Dia de Semana – Período de Pico da Tarde.

Ilustração 200 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E1_SEG_T_Q3. Fonte: Autora, 2014

279
Ilustração 201 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq). E1_SEG_T_Q3.
Fonte: Autora, 2014

Ilustração 202 - Mapa acústico (grid horizontal). E1_SEG_T_Q3. Fonte: Autora, 2014

280
Quadra 3 – Sábado – Período de Pico do Almoço.

Ilustração 203 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E2_SAB_M_Q3. Fonte: Autora,
2014

Ilustração 204 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq). E2_SAB_M_Q3.
Fonte: Autora, 2014

281
Ilustração 205 - Mapa acústico (grid horizontal). E2_SAB_M_Q3. Fonte: Autora, 2014

Quadra 3 – Sábado – Período de Pico da Tarde.

Ilustração 206 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E2_SAB_T_Q3. Fonte: Autora, 2014

282
Ilustração 207 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq). E2_SAB_T_Q3.
Fonte: Autora, 2014

Ilustração 208 - Mapa acústico (grid horizontal). E2_SAB_T_Q3. Fonte: Autora 2014

283
Quadra 3 – Domingo – Período de Pico do Almoço.

Ilustração 209 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E3_DOM_M_Q3. Fonte: Autora,
2014

Ilustração 210 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq). E3_DOM_M_Q3.
Fonte: Autora, 2014

284
Ilustração 211 - Mapa acústico (grid horizontal). E3_DOM_M_Q3. Fonte: Autora, 2014

Quadra 3 – Domingo – Período de Pico da Tarde.

Ilustração 212 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E3_DOM_T_Q3. Fonte: Autora,
2014

285
Ilustração 213 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq). E3_DOM_T_Q3.
Fonte: Autora, 2014

Ilustração 214 - Mapa acústico (grid horizontal). E3_DOM_T_Q3. Fonte: Autora, 2014

286
Quadra 4 – Dia de Semana – Período de Pico do Almoço.

Ilustração 215 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E1_SEG_M_Q4. Fonte: Autora,
2014

Ilustração 216 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq). E1_SEG_M_Q4.
Fonte: Autora, 2014

287
Ilustração 217 - Mapa acústico (grid horizontal). E1_SEG_M_Q4. Fonte: Autora, 2014

Quadra 4 – Dia de Semana – Período de Pico da Tarde.

Ilustração 218 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E1_SEG_T_Q4. Fonte: Autora 2014

288
Ilustração 219 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq). E1_SEG_T_Q4.
Fonte: Autora, 2014

Ilustração 220 - Mapa acústico (grid horizontal). E1_SEG_T_Q4. Fonte: Autora, 2014

289
Quadra 4 – Sábado – Período de Pico do Almoço.

Ilustração 221 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E2_SAB_M_Q4. Fonte: Autora 2014

Ilustração 222 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq). E2_SAB_M_Q4.
Fonte: Autora, 2014

290
Ilustração 223 - Mapa acústico (grid horizontal). E2_SAB_M_Q4. Fonte: Autora, 2014

Quadra 4 – Sábado – Período de Pico da Tarde.

Ilustração 224 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E2_SAB_T_Q4. Fonte: Autora, 2014

291
Ilustração 225 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq). E2_SAB_T_Q4.
Fonte: Autora, 2014

Ilustração 226 - Mapa acústico (grid horizontal). E2_SAB_T_Q4. Fonte: Autora, 2014

292
Quadra 4 – Domingo – Período de Pico do Almoço.

Ilustração 227 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E3_DOM_M_Q4. Fonte: Autora,
2014

Ilustração 228 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq). E3_DOM_M_Q4.
Fonte: Autora, 2014

293
Ilustração 229 - Mapa acústico (grid horizontal). E3_DOM_M_Q4. Fonte: Autora, 2014

Quadra 4 – Domingo – Período de Pico da Tarde.

Ilustração 230 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E3_DOM_T_Q4. Fonte: Autora,
2014

294
Ilustração 231 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq). E3_DOM_T_Q4.
Fonte: Autora, 2014

Ilustração 232 - Mapa acústico (grid horizontal). E3_DOM_T_Q4. Fonte Autora, 2014

295
Quadra 5 – Dia de Semana – Período de Pico do Almoço.

Ilustração 233 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E1_SEG_M_Q5. Fonte: Autora,
2014

Ilustração 234 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq). E1_SEG_M_Q5.
Fonte: Autora, 2014

296
Ilustração 235 - Mapa acústico (grid horizontal). E1_SEG_M_Q5. Fonte: Autora, 2014

Quadra 5 – Dia de Semana – Período de Pico da Tarde.

Ilustração 236 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E1_SEG_T_Q5. Fonte: Autora, 2014

297
E1_SEG_T_Q5 Cursor values
Total LAFmax: 82,5 dB
[dB] LASmax: 80,0 dB
LAeq: 65,1 dB
LASmin: 56,0 dB
LAFmin: 53,9 dB
90

80

70

60

50

40

30

20

16 31,5 63 125 250 500 1k 2k 4k 8k 16k A 31,5k


C
[Hz]

Ilustração 237 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq). E1_SEG_T_Q5.
Fonte: Autora, 2014

Ilustração 238 - Mapa acústico (grid horizontal). E1_SEG_T_Q5. Fonte: Autora, 20114

298
Quadra 5 – Sábado – Período de Pico do Almoço.

Ilustração 239 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E2_SAB_M_Q5. Fonte: Autora,
2014

Ilustração 240 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq). E2_SAB_M_Q5.
Fonte: Autora, 2014

299
Ilustração 241 - Mapa acústico (grid horizontal). E2_SAB_M_Q5. Fonte: Autora, 2014

Quadra 5 – Sábado – Período de Pico da Tarde.

Ilustração 242 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E2_SAB_T_Q5. Fonte: Autora, 2014

300
Ilustração 243 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq). E2_SAB_T_Q5.
Fonte: Autora, 2014

Ilustração 244 - Mapa acústico (grid horizontal). E2_SAB_T_Q5. Fonte Autora, 2014

301
Quadra 5 – Domingo – Período de Pico do Almoço.

Ilustração 245 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E3_DOM_M_Q5. Fonte: Autora,
2014

Ilustração 246 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq). E3_DOM_M_Q5.
Fonte: Autora, 2014

302
Ilustração 247 - Mapa acústico (grid horizontal). E3_DOM_M_Q5. Fonte: Autora, 2014

Quadra 5 – Domingo – Período de Pico da Tarde.

Ilustração 248 - Gráfico de nível de pressão sonora instantânea. E3_DOM_T_Q5. Fonte: Autora,
2014

303
Ilustração 249 - Histograma do Leq por frequência (determinando LAeq e LCeq). E3_DOM_T_Q5.
Fonte: Autora, 2014

Ilustração 250 - Mapa acústico (grid horizontal). E3_DOM_T_Q5. Fonte: Autora, 2014

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APÊNDICE B – CERTIFICADOS DE CALIBRAÇÃO DO SONÔMETRO E
CALIBRADOR

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