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DIREITO ADMINISTRATIVO

PODERES ADMINISTRATIVOS
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SUMÁRIO

1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................................................ 3


1.1. Características ........................................................................................................................ 3
2. PODER VINCULADO E DISCRICIONÁRIO ......................................................................................... 4
3. PODER HIERÁRQUICO ................................................................................................................... 5
3.1. Avocação e delegação de competências .................................................................................. 6
3.2. Prerrogativas e deveres hierárquicos ...................................................................................... 7
3.3. Subordinação e vinculação ..................................................................................................... 7
4. PODER DISCIPLINAR ...................................................................................................................... 8
5. PODER NORMATIVO ..................................................................................................................... 9
5.1. Regulamentos ...................................................................................................................... 10
5.2. Poder regulamentar e poder regulatório ............................................................................... 11
5.3. Reserva da Administração .................................................................................................... 11
6. PODER DE POLÍCIA ...................................................................................................................... 12
6.1. Características ...................................................................................................................... 13
6.2. Ciclos de Polícia .................................................................................................................... 14
6.3. Atributos .............................................................................................................................. 16
6.4. Jurisprudência correlata ....................................................................................................... 16
DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO ................................................................................... 18
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA ............................................................................................................... 18
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ATUALIZADO EM 17/05/20171

PODERES ADMINISTRATIVOS

1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Antes de iniciarmos e aprofundarmos os estudos, precisamos conceituar os poderes


administrativos, os quais representam instrumentos, prerrogativas pertencentes ao Estado para
satisfazer o interesse público. Não se confundem com Poderes do Estado (elementos estruturais –
Executivo, Legislativo e Judiciário). Poderes e atos administrativos são assuntos interligados, pois no
exercício de um poder administrativo, o administrador pratica atos administrativos.

1.1. Características

a) São deveres. Não se trata de mera liberdade do administrador. Celso Antônio fala em dever-poder.

b) Irrenunciáveis, em razão do princípio da indisponibilidade do interesse público. O administrador


exerce função pública, exercendo atividade em nome do interesse do povo, que é o titular do poder. Ele
é um mero representante desse poder, não podendo dispor daquilo que não lhe pertence. Função
pública significa atividade em nome e no interesse do povo.

c) Tem limites previstos em lei. Deve respeitar a regra de competência legal (lei ou CF). É fundamental
que se observe o trinômio – necessidade + proporcionalidade + eficiência.

d) Cabe responsabilização do agente público, seja por ação ou omissão. Se o responsável pela aplicação
do poder disciplinar deixa de aplicar a penalidade também é responsabilidade. A omissão tem que ser
específica, ou seja, aquelas que ocorrem mesmo diante de imposição legal do facere administrativo.
Omissão genérica – cabe ao administrador avaliar a oportunidade para agir. Reserva do possível.

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As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo
(setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura
identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o
número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca
do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos
anteriormente citados.
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1.2. Uso e Abuso de Poder
Destaque-se que, se o exercício desses poderes ultrapassar o caráter da instrumentalidade,
sendo praticados além dos limites do estritamente necessário à busca do interesse publico, ocorrerá
abuso de poder.
Nesse sentido, a doutrina aponta como abuso de poder situações nas quais a autoridade pública
pratica o ato extrapolando a competência legal ou visando uma finalidade diversa daquela estipulada.

Excesso de poder
Abuso de poder
Desvio de poder
(finalidade)

#SELIGANADIFERENÇA: Excesso x Desvio.


 O excesso de poder ocorre em casos nos quais a autoridade pública atua fora dos limites de sua
competência, ou seja, exorbita ou extrapola a competência que lhe foi atribuída, praticando atos
que não estão previamente estipulados por lei.
 O desvio de poder estará presente sempre que o agente do Estado praticar o ato, até mesmo
dentro dos limites da competência a ele conferida, mas visando a alcançar outra finalidade que
não aquela prevista em lei.

Seja em decorrência de excesso ou desvio de finalidade, o abuso de poder enseja a nulidade do


ato administrativo a ser discutida na esfera administrativa, por meio de impugnação administrativa do
ato ou mediante provocação do Judiciário, em virtude do poder que lhe é conferido de controlar a
legalidade da atuação administrativa.

2. PODER VINCULADO E DISCRICIONÁRIO

É uma classificação da doutrina tradicional que é feita de acordo com o grau de liberdade
conferido ao administrador. A doutrina moderna, por sua vez, diz que vinculado e discricionário não é o
poder, mas sim o ato no exercício do poder. Frisa, ainda, que um poder nem é totalmente vinculado,
nem totalmente discricionário.

a) Poder vinculado é aquela situação em que o administrador não tem liberdade, juízo de valor,
conveniência e oportunidade. Preenchidos os requisitos a autoridade tem que praticar o ato. Ex.: licença
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para construir, licença para dirigir, concessão de aposentadoria. Não seria necessariamente um poder,
como o discricionário, pois não confere qualquer prerrogativa ao agente administrativo.

b) Poder discricionário – no poder discricionário há a conveniência e oportunidade do administrador.


Essa discricionariedade tem de estar dentro dos limites da lei, sob pena de se tratar de conduta
arbitrária, sendo considerada ilegal. Conveniência: modo de atuação, oportunidade, momento.
 Ex.: permissão de uso de bem público, autorização para veículo acima do peso permitido.

#APROFUNDAMENTO  CONTROLE JUDICIAL DA ATIVIDADE DISCRICIONÁRIA

De acordo com Matheus Carvalho, o Poder Judiciário não pode e não deve substituir a decisão
do administrador, não pode fazer análise de interesse público, não pode, enfim, julgar o mérito de um
ato administrativo discricionário. Isso porque, o mérito é a área que coincide com o campo opinativo do
administrador público, extrapolando aquela de atuação do Poder Judiciário.

 Contudo, ainda que o ato administrativo seja discricionário, ele fica sujeito a controle
jurisdicional no que diz respeito à sua adequação com a lei, mas nunca na análise meritória.
 Os princípios da razoabilidade e proporcionalidade surgem como instrumento de controle,
evitando excesso de poder e condutas desarrazoadas pelo administrador. Logo, se, a pretexto de
interpretar a lei, o agente pratica ato desproporcional, compete ao judiciário, se provocado,
anular esta atuação.

*#OUSESABER #DEOLHONAQUESTÃO
O DEVER DO PODER PÚBLICO DE FORNECER ACESSO À PRÉ-ESCOLA E CRECHE SE SUBMETE A UM
JUÍZO DE DISCRICIONARIEDADE ADMINISTRATIVA?
Em novembro de 2005, no RE 436.966, o STF reconheceu o direito constitucional à educação,
afirmando que é dever dos municípios oferecer creche e acesso à pré-escola a todas as crianças que
precisem, sendo uma OBRIGAÇÃO CONSTITUCIONAL VINCULANTE, não havendo que se falar em
discricionariedade da Administração Pública. No mesmo diapasão, tem-se o seguinte julgado: AgRg
no Resp 1.198.737/RS.

3. PODER HIERÁRQUICO
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É a prerrogativa que garante ao administrador estruturar, escalonar e hierarquizar os seus
quadros. Ele vai organizar, estabelecendo a relação hierárquica de subordinação. O exercício do poder
hierárquico traz algumas faculdades: dar ordens, fiscalizar o cumprimento dos atos praticados pelos
subordinados, rever os atos praticados pelos subordinados, delegar e avocar funções, aplicar sanções e
penalidades (exercício de poder hierárquico e disciplinar, uma vez que o poder disciplinar decorre do
poder hierárquico). A delegação é uma exceção e deve ser justificada. Já a avocação é realizada pelo
superior quando a atribuição é da responsabilidade de outro núcleo de atribuição. Celso Antônio
Bandeira de Melo utiliza a expressão “poder do hierarca”. Para Carvalho hierarquia e disciplina são fato
administrativos e não poderes.

3.1. Avocação e delegação de competências

 Avocação: desde que as atribuições não sejam da competência exclusiva do órgão subordinado,
o chefe poderá chamar para si, de forma temporária, a competência que deveria inicialmente
ser exercida pelo agente subalterno.
 Delegação: é a extensão de atribuições de um órgão a outro de mesma hierarquia ou de
hierarquia inferior, desde que não sejam exclusivas. A delegação também é exercida de forma
temporária. Nesse sentido, é importante salientar que a delegação não configura uma
transferência, mas sim uma extensão ou ampliação de competência, ou seja, o agente delegante
não perde a competência delegada. É designada cláusula de reserva essa regra de manutenção
da competência pelo agente, mesmo após a delegação, e esta cláusula está implícita nos atos
administrativos de delegação.

o A competência sempre será delegada de forma restritiva, ou seja, o ato de delegação


deve ser expresso em relação à competência delegada e no que tange a indicação do
agente que se tornará competente. Não se admite ato genérico de delegação.
o Súmula 510/STF: Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada,
contra ela cabe o mandado de segurança ou a medida judicial.

Por fim, cumpre salientar que a lei expressamente proíbe a delegação de competência (e
consequentemente a avocação) nas três situações a seguir descritas:
 No caso de competência exclusiva, definida em lei;
 Para decisão de recurso hierárquico;
 Para edição de atos normativos.
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3.2. Prerrogativas e deveres hierárquicos

O poder hierárquico confere uma série de prerrogativas aos agentes públicos hierarquicamente
superiores em relação aos seus respectivos subordinados, a saber:
a) Ordens: expedição de ordens, nos estritos termos da lei, que devem ser cumpridas pelos
subordinados, salvo as ordens manifestamente ilegais;
b) Controle ou fiscalização: verificação do cumprimento por parte dos subordinados das ordens
administrativas e das normas vigentes;
c) Alteração de competências: nos limites permitidos pela legislação, a autoridade superior pode
alterar competências, notadamente por meio da delegação e da avocação;
d) Revisional: possibilidade de rever os atos praticados pelos subordinados para anulá-los, quando
ilegais, ou revogá-los por conveniência e oportunidade, nos termos da respectiva legislação;
e) Resolução de conflitos de atribuições: prerrogativa de resolver, na esfera administrativa,
conflitos positivos ou negativos de atribuições dos órgãos e agentes subordinados; e
f) Disciplinar: apurada eventual irregularidade na atuação funcional do subordinado, a autoridade
superior, após o devido processo legal, garantindo a ampla defesa e o contraditório, deverá
aplicar as sanções disciplinares tipificadas na legislação.

As prerrogativas da autoridade superior acarretam o dever de obediência por parte dos agentes
públicos hierarquicamente inferiores. A insubordinação do agente público, caracterizada pelo
descumprimento das determinações superiores, configura infração funcional, punível com a sanção
disciplinar de demissão.

3.3. Subordinação e vinculação2

No âmbito da organização administrativa, existem relações de subordinação e de vinculação que


não se confundem. A relação de subordinação decorre naturalmente da hierarquia existente no interior
dos órgãos e das entidades administrativas, pois há hierarquia em toda e qualquer desconcentração
administrativa, seja entre órgãos da Administração Direta, seja no interior de determinada entidade da
Administração Indireta.
Portanto, a subordinação tem caráter interno, não havendo que falar em subordinação nas
relações interadministrativas. Por outro lado, a relação de vinculação é encontrada entre entidades da

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CAIU NA PGM-CAMPINAS-FCC/2016: o poder hierárquico manifesta-se presente nas relações de desconcentração, porque
há relação de subordinação entre os órgãos da Administração e a Administração central, o que não se replica com as relações
travadas entre esta e os entes da Administração indireta, ainda que se evidencie o poder de tutela.
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Administração Indireta e os respectivos entes federados. Entre pessoas jurídicas distintas, em razão da
autonomia dessas entidades, não existe hierarquia, mas apenas os controles previstos expressamente a
legislação (vinculação). Trata-se de relação externa, envolvendo pessoas jurídicas dotadas de
personalidade jurídica própria e autonomia.

4. PODER DISCIPLINAR

O poder disciplinar é a prerrogativa reconhecida à Administração para investigar e punir, após o


contraditório e a ampla defesa, os agentes públicos, na hipótese de infração funcional, e os demais
administrados sujeitos à disciplina especial administrativa. O poder disciplinar é exercido por meio do
Processo Administrativo Disciplinar (PAD). Fundado, normalmente, na hierarquia administrativa, o
poder disciplinar relaciona-se com as relações jurídicas especiais administrativas, englobando duas
situações:

a) Relações funcionais travadas com agentes públicos, independentemente da natureza do


respectivo vínculo jurídico – legal ou negocial (ex.: demissão do servidor público); e
b) Particulares inseridos em relações jurídicas especiais com a Administração, mas que não são
considerados agentes públicos (ex.: aplicação de multa contratual à empresa contratada pela
Administração, sanções aplicadas aos alunos de escola pública e aos usuários de biblioteca
pública etc.).

Ao contrário do poder de polícia, exercido no âmbito de relações jurídicas genéricas entre Estado
e cidadão, o poder disciplinar refere-se às relações jurídicas especiais, decorrentes de vínculos jurídicos
específicos existentes entre o Estado e o particular (Administração – agente público, Administração –
contratado, Administração –usuário de serviços públicos etc.).
 O Poder Disciplinar consiste em um sistema punitivo interno e por isso não se pode confundir
com o sistema punitivo exercido pela justiça penal muito menos com o exercício do Poder de
Polícia. As pessoas que são atingidas por esse Poder possuem uma sujeição especial, um vínculo
com a Administração Pública.

#APROFUNDAMENTO  DISCRICIONARIEDADE DO PODER DISCIPLINAR


É tradicional a afirmação de que o poder disciplinar é discricionário, tendo em vista a menor
rigidez da legislação administrativa, quando comparada à legislação penal, que confere liberdade,
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sempre regrada (limitada), para que a autoridade administrativa determine a adequação da conduta ao
Estatuto funcional e escolha, motivadamente, a sanção que deve ser aplicada ao agente.
A tipicidade administrativa, ao contrário da tipicidade penal, é aberta (menos rígida), uma vez
que o legislador, na maioria dos casos, limita-se a definir, genericamente, os deveres que deverão ser
respeitados pelos agentes, estabelecendo sanções que deverão ser aplicadas, com razoabilidade, pela
autoridade competente.
Ressalte-se, no entanto, que a discricionariedade não se confunde com liberdade total ou
arbitrariedade. No exercício de competências discricionárias, a Administração deve respeitar os
princípios e regras vigentes (juridicidade) e, no caso específico da aplicação de sanções, deve observar,
especialmente, os princípios da razoabilidade, da proporcionalidade, do devido processo legal, da ampla
defesa e do contraditório. Ademais, toda e qualquer sanção estatal deve ser necessariamente motivada.
Portanto, discricionariedade sofre sérias limitações na atualidade. A autoridade administrativa,
ao tomar conhecimento de suposta infração funcional, tem o dever-poder de apurar o fato para eventual
punição do agente, inexistindo liberdade na hipótese.

#MAGISTRATURA #MP: Magistratura de membros do MP gozam de independência funcional no


exercício da função institucional, não existindo aqui hierarquia ou subordinação. No entanto, estão
sujeitos ao poder disciplinar, no tocante à disciplina interna da instituição. Ex.: punição pela
corregedoria. CNJ? Foi criado para exercer controle administrativo. Não pode exercer controle
jurisdicional.

5. PODER NORMATIVO

O poder normativo ou regulamentar é a prerrogativa reconhecida à Administração Pública para


editar atos administrativos gerais para fiel execução das leis. Tradicionalmente, é reconhecida a
possibilidade de órgãos e entidades localizadas institucionalmente fora do âmbito do Poder Legislativo
exercerem, também, poder normativo.
Trata-se, em verdade, de uma consequência do caráter relativo do princípio da separação de
poderes que, segundo a doutrina do checks and balances, permite a cada um dos “Poderes” o exercício
de funções atípicas de forma a controlar o outro “Poder”. Ou seja, cada “Poder” exerce funções típicas,
correspondentes ao seu nome (Poder Executivo executa a lei; o Legislativo cria as leis, inovando na
ordem jurídica; e o Judiciário resolve, com definitividade, as lides, além de controlar a
constitucionalidade de leis e atos normativos), bem como funções atípicas que seriam, em princípio,
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inerentes aos outros “Poderes” (o Chefe do Executivo pode exercer poder normativo com caráter
inovador mediante a edição, v.g., das medidas provisórias e da lei delegada, conforme previsto,
respectivamente, nos arts. 62 e 68 da CRFB).
O poder normativo da Administração Pública pode ser exercido basicamente por meio da
delegação legislativa ou do próprio poder regulamentar. Enquanto a delegação legislativa possibilita a
prática de ato normativo primário, com força de lei (ex.: medidas provisórias e leis delegadas, previstas,
respectivamente, nos arts. 62 e 68 da CRFB), o poder regulamentar encerra uma atividade
administrativa, de cunho normativo secundário. Em verdade, o poder normativo das entidades
administrativas, exercido com fundamento em norma legal, não decorre da delegação propriamente
dita operada pelo legislador, mas, ao contrário, é inerente à função administrativa e pode ser exercido
dentro dos limites fixados em lei.
É conferido à Administração Pública o poder de regulamentar a legislação, esclarecendo-a e
detalhando-a, de forma a possibilitar a sua concretização. Em algumas situações, a própria Constituição
da República confere a possibilidade de a Administração editar regulamentos sem a necessidade de
intermediação legislativa, como se analisará no tópico abaixo.

5.1. Regulamentos

Saliente-se que Regulamento e Decreto são referências ao mesmo ato normativo. Isso porque o
Regulamento é o ato normativo privativo do chefe do Poder Executivo e Decreto é a sua forma. Em
outras palavras, pode-se dizer que o Regulamento é expedido por meio de um Decreto.
 Os regulamentos são atos privativos do chefe do Poder Executivo.

ESPÉCIES DE REGULAMENTO
Regulamentos São aqueles editados para a fiel execução da lei. Este regulamento não pode
executivos inovar o ordenamento jurídico, mas somente pode complementar a lei.
São Regulamentos que atuam substituindo a lei e têm o condão de inovar
o ordenamento jurídico, determinando normas sobre matérias não
disciplinadas em lei.
Regulamentos
Em consonância com o entendimento majoritário da doutrina e
Autônomos
jurisprudência brasileiras, só são admissíveis duas espécies de
Regulamentos Autônomos no ordenamento jurídico pátrio, quais sejam, as
duas situações previstas no art. 84, VI da Carta Magna. São exceções à regra
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geral de que o chefe do Poder Executivo edita decretos para fiel execução
da lei, sem o caráter de inovação da ordem jurídica (organização e
funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de
despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos).

5.2. Poder regulamentar e poder regulatório

O poder regulamentar não se confunde com o poder regulatório. De um lado, o poder


regulamentar possui as seguintes características:
a) Competência privativa do chefe do Executivo (art. 84, IV, da CRFB);
b) Envolve a edição de normas gerais para fiel cumprimento da lei;
c) Conteúdo político.

Por outro lado, o poder regulatório apresenta as seguintes características:

a) Competência atribuída às entidades administrativas, com destaque para as agências reguladoras


(art. 174 da CRFB);
b) Engloba o exercício de atividades normativas, executivas e judicantes;
c) Conteúdo técnico.

5.3. Reserva da Administração

A liberdade de conformação do legislador encontra limites no texto constitucional. Entre esses


limites, costuma-se apontar, no Direito Comparado, a existência da denominada “reserva de
administração” como um verdadeiro “núcleo funcional da administração ‘resistente’ à lei”. Daí a
Constituição, em situações específicas, determinar que o tratamento de determinadas matérias fica
adstrito ao âmbito exclusivo da Administração Pública, não sendo lícita a ingerência do parlamento.
A reserva de administração pode ser dividida em duas categorias:

Fundamenta-se no princípio da separação de poderes e significa que a atuação


de cada órgão estatal não pode invadir ou cercear o “núcleo essencial” da
Reserva geral de
competência dos outros órgãos, cabendo exclusivamente à Administração
administração
executar as leis, especialmente no exercício da discricionariedade
administrativa;
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Reserva específica Quando a Constituição destaca determinadas matérias, submetendo-as à
de administração competência exclusiva do Poder Executivo

No Brasil, o Supremo Tribunal Federal já reconheceu a existência de um verdadeiro princípio


constitucional da reserva de administração, com fulcro no princípio da separação de poderes, cujo
conteúdo impediria “a ingerência normativa do Poder Legislativo em matérias sujeitas à exclusiva
competência administrativa do Poder Executivo”.
Na doutrina de Rafael Carvalho, o art. 84, VI, “a”, da CRFB, alterado pela EC 32/2001, consagra
hipótese de reserva de administração, uma vez que a organização da Administração Pública Federal (por
simetria, estadual e local também) deixou de ser tratada por lei e passou para o domínio do
regulamento, evidenciando uma verdadeira deslegalização efetivada pelo próprio texto constitucional.
A ideia, como se vê, foi retirar do legislador essa matéria, transferindo-a, com exclusividade, para o
âmbito do regulamento a ser editado pelo chefe do Executivo. Em consequência, hoje, a atuação
legislativa nesse campo é considerada inconstitucional.

6. PODER DE POLÍCIA

É a prerrogativa que tem o Estado de restringir, frenar, limitar a atuação do particular em razão
do interesse público. É fruto da compatibilização do interesse público em face do privado.
 Poder de polícia em sentido amplo – qualquer ato de qualquer dos poderes que limite direito
individual (lei, por exemplo).
 Poder de polícia em sentido estrito – somente atividade administrativa.
Não devemos confundir os conceitos de polícia-administrativa (polícia-função) com polícia-
corporação. Esta indica uma unidade administrativa (um órgão administrativo), decorrente do processo
de descentralização, vinculada ao sistema de segurança pública, cuja função típica é a prevenção de
delitos, de condutas ofensivas à ordem pública, sendo atividade preponderantemente repressiva;
aquela (polícia-função) traduz a ideia de atividade administrativa, sendo exercida por diversos órgãos,
além da polícia-corporação, cuja principal função é a prevenção da perturbação do interesse público, a
exemplo da proteção ao patrimônio público.

#CONCEITOLEGAL: o CTN define o Poder de Polícia como função da Administração Pública de limitar ou
disciplinar direitos, regulando a prática de ato ou abstenção de fatos, em razão do interesse da
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coletividade, concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, ao exercício de atividades
econômicas que dependem de autorização e concessão, bem como aos direitos individuais e coletivos.

6.1. Características

a) Incide sobre os direitos à liberdade e à propriedade: não retira o direito. O Estado apenas define a
forme de se exercer o direito. Ex.: só pode construir até seis andares. Não há indenização se a sua
manifestação for legítima. Incide sobre bens, direitos e atividades, mas não atinge diretamente as
pessoas.

b) Há possibilidade de cobrança de taxa de polícia art. 78 do CTN e não preço público. Taxa é tributo
vinculado à contraprestação estatal, de forma que só pode ser cobrada e houver o efetivo exercício do
poder de polícia. Há exercício do poder de polícia na concessão de licença e também na sua renovação,
desde que diante da existência de estrutura administrativa capaz de verificar a continuidade da
existência das condições para o exercício do poder3.

c) O poder de polícia é, em regra, um poder de polícia negativo, isto é, normalmente no exercício do


poder de polícia há uma abstenção; uma obrigação de não fazer. Ex.: não ultrapassar 60km/h. Contudo,
também pode assumir feições positivas, como, por exemplo, a obrigação de fazer consistente em ajustar
edificações que estejam em descompasso com regras de acessibilidade.

d) Pode ser praticado em três momentos: preventivo – definir a quilometragem/ fiscalizatório –


condições sanitárias/ repressivo – penalização diante do descumprimento.

e) pode se expressar através de atos normativos (gerais: portarias, resoluções) ou punitivos (multas,
licenças, autorizações).

f) A competência para o exercício do poder de polícia precisa de previsão legal. Se o interesse é nacional
a competência para legislar é da União. Regional do estado e local do município. No caso de competência
concorrente pode haver gestão associada, por meio da celebração de convênio ou consórcios públicos.

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*#CAIUEMPROVA: Peculiaridade que foi cobrada e considerada INCORRETA na prova do TRF3/2016: Segundo o STF, a taxa
de renovação de licença de funcionamento é constitucional, desde que haja o efetivo exercício do poder de polícia, não
bastando para sua demonstração a mera existência de órgão administrativo que possua estrutura e competência para a
realização da atividade de fiscalização. A decisão do STF: “Nos termos da jurisprudência da Corte, a taxa de renovação de
licença de funcionamento é constitucional, desde que haja o efetivo exercício do poder de polícia, o qual é demonstrado
pela mera existência de órgão administrativo que possua estrutura e competência para a realização da atividade de
fiscalização”.
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Súmula 19 STJ – A fixação do horário bancário, para atendimento ao público, é da competência da União.
Súmula 645 STF – É competente o Município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento
comercial.

g) Fundamento: O poder de polícia é exercício da supremacia geral, ou seja, a atuação do poder público
que não depende de vínculo jurídico anterior. É diferente de supremacia especial, que é a atuação do
poder público que decorre de vínculo jurídico anterior. Ex. pena decorrente de contrato não cumprido.

#DISCUSSÃO #IMPORTANTE: Ele não pode ser delegado a pessoas privadas, sob pena de comprometer
a segurança jurídica. O STF analisou essa questão na ADI 17171, na qual afirmou que os conselhos de
classe não poderiam fazer parte da esfera privada, por exercerem poder de polícia. No entanto, é
possível a delegação de atos materiais, atos instrumentais e atos preparatórios, através de contrato com
pessoas privadas. Elas são responsáveis unicamente pelas constatações de fato, como, por exemplo, os
pardais de trânsito. Pode ser delegado, no entanto, às pessoas da Administração indireta que exerçam
função pública (poder de polícia delegado. Originário seria o das pessoas políticas), através de previsão
legal, apenas para fiscalizar, não podendo criar qualquer norma. Nessa caso, pouco importa o regime de
dos agentes públicos, estatutário ou celetista.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O STF definiu a tese de que é constitucional a atribuição às guardas


municipais do exercício do poder de polícia de trânsito, inclusive para a imposição de sanções
administrativas legalmente previstas (ex: multas de trânsito). STF. Plenário.RE 658570/MG, rel. orig.
Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 6/8/2015 (Info 793).

6.2. Ciclos de Polícia

De acordo com o Prof. Diogo Figueiredo, o poder de polícia pode ser dividido em quatro ciclos:

É a norma legal que estabelece, de forma primária, as restrições e as condições


Ordem de Polícia
para o exercício das atividades privadas;
É a anuência do Estado para que o particular desenvolva determinada atividade
Consentimento de
ou utilize a propriedade particular. Nesse caso, o consentimento estatal pode
polícia
ser dividido em, pelo menos, duas categorias:
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Licença: trata-se de ato vinculado por meio do qual a Administração reconhece
o direito do particular (ex.: licença para dirigir veículo automotor ou para o
exercício de determinada profissão); e
Autorização: é o ato discricionário pelo qual a Administração, após a análise da
conveniência e da oportunidade, faculta o exercício de determinada atividade
privada ou a utilização de bens particulares, sem criação, em regra, de direitos
subjetivos ao particular (ex.: autorização para porte de arma);
É a verificação do cumprimento, pelo particular, da ordem e do consentimento
Fiscalização de de polícia (ex.: fiscalização de trânsito, fiscalização sanitária etc.). A atividade
polícia fiscalizatória pode ser iniciada de ofício ou por provocação de qualquer
interessado; e
É a medida coercitiva aplicada ao particular que descumpre a ordem de polícia
ou os limites impostos no consentimento de polícia (ex.: multa de trânsito,
Sanção de polícia
interdição do estabelecimento comercial irregular, apreensão de mercadorias
estragadas etc.).

O que o professor Diogo de Figueiredo vai nos dizer é que algumas fases do ciclo de polícia, como
não se relacionam com o exercício do poder de império, poderiam ser delegadas para particulares, para
pessoas jurídicas de direito privado.
As fases consideradas delegáveis assim o são sob a justificativa de que não envolveriam o poder
de império do Estado.
 Obs.: Somente as fases de ordem de polícia e de fiscalização de polícia estarão obrigatoriamente
presentes em todo e qualquer ciclo de polícia.

*#OUSESABER - Concessionária pública possui poder de polícia?


No intuito de garantir os direitos individuais dos cidadãos e exigir o cumprimento dos seus deveres, o
Estado dispõe de ferramentas para fazer valer a supremacia do interesse público sobre o privado.
Através da sua Administração Pública, o Estado fiscaliza os atos individuais dos seus administrados
para que estes não venham a prejudicar os interesses da sociedade como um todo. O direito-dever
que tem o Poder Público de intervir nas ações ou omissões dos particulares em prol da coletividade é
exercido através do seu Poder de Polícia. Este poder possibilita a limitação do exercício dos direitos e
garantias individuais do cidadão diante da necessidade de tutelar um interesse maior, coletivo.
A doutrina é divergente quanto à possibilidade de delegação de poder de polícia.
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O STJ, no REsp 817.534/MG (julg. 10/11/09), discutindo a possibilidade de sociedade de economia
mista (pessoa jurídica de direito privado) exercer o poder de polícia (no caso, aplicação de multa de
trânsito por sociedade de economia mista), esclareceu que as atividades que envolvem o exercício do
poder de polícia podem ser de forma sumária divididas em 4 grupos: (1) Poder de legislar (é a
legislação que define determinada situação); (2) Poder de consentimento (a corporificação da vontade
do Poder Público); (3) Fiscalização; (4) Aplicação de sanção.
Segundo o STJ, podem ser transferidos ao particular somente os atos de consentimento (como a
concessão de CNH) e os atos de fiscalização (como instalação de equipamentos eletrônicos de
velocidade).

6.3. Atributos

 DISCRICIONARIEDADE - A discricionariedade é compreendida como a liberdade estabelecida em


lei ao administrador para decidir perante o caso concreto e só pode ser reconhecida como
atributo do poder de polícia quando este for entendido em sentido amplo.
 AUTOEXECUTORIEDADE - A autoexecutoriedade está frequentemente presente nas medidas de
polícia onde a Administração pode executar suas próprias decisões sem interferência do Poder
Judiciário.
#ATENÇÃO! Ressalte-se, por oportuno, que alguns atos de polícia não possuem o atributo da
autoexecutoriedade. É o caso da multa que não pode ser satisfeita (adimplida) pela vontade unilateral
da Administração e a respectiva cobrança é realizada, normalmente, por meio da propositura da
execução fiscal.

 COERCIBILIDADE - A Coercibilidade torna o ato obrigatório, devendo este ser obedecido


independente da vontade do administrado, caso em que a Administração pode usar meios
indiretos de coerção para cumprir a determinação.

6.4. Jurisprudência correlata

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #AJUDAMARCINHO

* O Banco Central tem o dever de exercer o controle do crédito e fiscalizar a atividade das instituições
financeiras. O Serasa não é uma instituição financeira, considerando que não exerce coleta,
intermediação nem aplicação de recursos financeiros, nem a custódia de valor de propriedade de
terceiros, seja como atividade principal ou acessória. Logo, não é da atribuição do Banco Central a
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fiscalização das atividades do Serasa. STJ. 4ª Turma. REsp 1.178.768-SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti,
julgado em 1/12/2016 (Info 595).

* Se a ANVISA classificou determinado produto importado como "cosmético", a autoridade aduaneira


não poderá alterar essa classificação para defini-lo como "medicamento". Incumbe à ANVISA
regulamentar, controlar e fiscalizar os produtos e serviços que envolvam risco à saúde pública (art. 8º
da Lei nº 9.782/99). Assim, é da Agência a atribuição de definir o que é medicamento e o que é
cosmético. STJ. 1ª Turma. REsp 1.555.004-SC, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em
16/2/2016 (Info 577).
- Quando se confere a certo e determinado órgão administrativo alguma atribuição operacional, está-
se, ipso facto (por via de consequência), excluindo esta atribuição dos demais órgãos administrativos.
Isso é um dos pilares do funcionamento estatal e abalá-lo seria o mesmo que abrir a porta da
Administração para a confusão, a celeuma e o caos. Cabe à ANVISA não somente a competência para
realizar a classificação do produto, mas também o dever da vigilância sanitária, atribuição que não
pertence à autoridade aduaneira, inclusive porque os seus agentes não dispõem do conhecimento
técnico-científico exigido para isso.
- Se a autoridade aduaneira pudesse classificar livremente os produtos importados, é evidente que as
alíquotas aplicadas seriam sempre as mais elevadas. No caso concreto, a ANVISA expediu um parecer
definindo a natureza cosmetológica do sabão antiacne, de modo que se pode considerar na via
administrativa essa questão como uma questão encerrada, até porque o Fisco não é instância revisora
das decisões da ANVISA.

*O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT) tem competência para autuar e


aplicar sanções por excesso de velocidade em rodovias e estradas federais. A competência da Polícia
Rodoviária Federal para aplicar multas de trânsito nas rodovias federais não é exclusiva. Se analisarmos
o art. 82, § 3º da Lei nº 10.233/2001 combinado com o art. 21, VI, da Lei nº 9.503/97, veremos que o
DNIT detém competência para aplicar multa por excesso de velocidade. STJ. 1ª Turma. REsp 1.583.822-
RS, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 23/6/2016 (Info 586). STJ. 2ª Turma. REsp 1592969/RS, Rel. Min.
Herman Benjamin, julgado em 05/05/2016.

*A Lei nº 7.102/83 estabelece normas para constituição e funcionamento das empresas particulares que
exploram serviços de vigilância e de transporte de valores. O art. 11 dessa Lei prevê que “a propriedade
e a administração das empresas especializadas que vierem a se constituir são vedadas a estrangeiros.”
Esse art. 11 deve ser interpretado segundo a Constituição Federal que, desde a EC 6/95, proíbe, em
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regra, que a lei faça discriminação entre “empresa brasileira de capital nacional” e “empresa brasileira
de capital estrangeiro”. Em outras palavras, para o texto constitucional atual, em regra, desde que uma
empresa seja brasileira (constituída no Brasil e sujeita às leis brasileiras), a origem do seu capital é
irrelevante. Diante disso, a interpretação atual do art. 11 deve ser a seguinte: • Empresas constituídas
no exterior são proibidas de atuar no setor de segurança privada. • Todavia, empresas que sejam
constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País são consideradas
“empresas brasileiras” (art. 1.126 do Código Civil), sendo irrelevante que tenham na sua composição
societária, direta ou indiretamente, participação ou controle pelo capital estrangeiro. • Logo, “empresas
brasileiras” poderão praticar atividades de segurança privada no país ainda que tenham sócios
estrangeiros. A restrição veiculada pelo art. 11 da Lei nº 7.102/83, de acordo com a CF/88, não impede
a participação de capital estrangeiro nas sociedades nacionais (empresas brasileiras) que prestam
serviço de segurança privada. STJ. 1ª Seção. MS 19.088-DF, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
14/12/2016 (Info 596).

DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO

Não se aplica.

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

CARVALHO, Matheus. Manual de Direito Administrativo. Salvador: Juspovidm, 2015.

GUEDES, Danilo. Ponto a Ponto Concursos - Anotações Pessoais.

FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2015.

MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 2014.

OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Método, 2016.

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