14/03/2018
Número: 0800273-75.2016.8.14.0306
Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL
Órgão julgador: 2ª Vara do Juizado Especial Cível de Belém
Última distribuição : 30/03/2016
Valor da causa: R$ 31.520,00
Assuntos: DIREITO DO CONSUMIDOR, Transporte Aéreo
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
RECLAMANTE DIEGO BRUNO MIRANDA DUARTE
RECLAMANTE JACQUELINE SILVA RODRIGUES
RECLAMADO Tam Linhas aereas
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
23463 30/03/2016 15:13 Petição Inicial Petição Inicial
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EXCELENTISSIMA SRA DRª JUIZA DE DIREITO DA 2ª VARA DO JUIZADO ESPECIAL CIVEL
DA COMARCA DE BELEM – PARA
Diego Bruno Miranda Duarte, solteiro, com RG nº 4722764 e inscrito no CPF sob o nº
89173341215, residente e domiciliado a Avenida Magalhaes Barata, 979, aptº 707 , CEP 66063-240,
Bairro São Braz e, Jacqueline Silva Rodrigues, solteira, com RG nº 5456699 e inscrita no CPF sob o nº
820.467.602-63, advogada regularmente inscrita a OAB-PA sob o nº 22.506, residente e domiciliada
nesta Capital na Avenida Almirante Barroso Conjunto Império Amazônico s/n bloco 2 entrada b apt 304,
vêm perante vossa Excelência, por sua advoga in fine assinado, regidos pela Lei 9.099/95 e com
fundamento nos arts. 282 e seguintes do Código de Processo Civil, interpor a presente
Em face de TAM LINHAS AEREAS S/A, inscrita no CNPJ sob o nº 02.012.862/0001-60, com
sede a Avenida Jurandir n.º 856, Hangar 7, 8º andar, sala 805, Bairro: Jardim Ceci/Aeroporto - CEP
04072-000 - São Paulo/SP e com filial nesta Capital situada a Avenida Assis de Vasconcelos, 265 -
C a m p i n a
Belém – PA, pelo que passa a expor, articuladamente.
1. Dos fatos
Os autores adquiriram passagem aérea da Empresa TAM, através do site “decolar.com” partindo
de Belém com destino a Fortaleza, sendo que a ida ocorreu na data de 12 de fevereiro de 2015 e a volta
programada para a data de 17 de fevereiro de 2015.
Ocorre que na data do embarque, 12/02/2015, a passageira Jacqueline Silva Rodrigues sentiu-se
mal, dando entrada na Unidade de Pronto Atendimento de Icoaraci as 23:00 do dia 11 de fevereiro de
2015, conforme se comprova por anexo. Cumpre frisar que o vôo de ida estava agendado para as 03:20 do
dia 12, ou seja, poucas horas depois de ter dado entrada no referido Hospital.
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Dessa forma, como o passageiro Diego Bruno Miranda Duarte estava acompanhando-a, e em
razão da impossibilidade de que embarcassem, dada a condição física debilitada da passageira, perderam
o vôo da ida.
No dia posterior, 13/02/2015, já recuperados do susto, efetuaram contato com a TAM no numero
(91) 3323-9800, porem fomos informados de que a empresa TAM não teria qualquer responsabilidade
sobre remarcação de passagens aéreas no caso de compra através do site “decolar.com”, o que deveria ser
tentado único e somente pelo próprio site.
Ocorre que na data de retorno a Belém (17/02/2015) ao tentar fazer o check in as 20:00 horas no
aeroporto Pinto Martins, foram informados de que, para sua surpresa e revolta, os bilhetes pagos da volta
haviam sido automaticamente cancelados em razão da não utilização do bilhete da ida, o que costumam
denominar de “no show”.
Cumpre esclarecer que, na ocasião, a passagem foi oferecida em razao de haverem dois lugares
vagos no vôo, que, muito provavelmente, eram os já pagos pelos autores.
Neste momento, o atendente nos aconselhou a procurar outra companhia que vendesse um
bilhete mais em conta, uma vez que o cancelamento automático do trecho da volta no caso do
não-aproveitamento da ida é uma medida que consta no contrato de compra da passagem aérea, muito
embora tenha confirmado o caráter abusivo da referida cláusula. Inclusive, orientou a pleitear em juízo
uma eventual devolução do valor pago pela nova passagem aérea, pois que naquele momento realmente
estavam em condição hipossuficiente na relação do consumidor, já que não realizar a compra e pagar o
preço pedido importaria na manutenção forçada na Capital Cearense por tempo indeterminado. Voltariam
então assim que pudessem pagar pelo valor abusivo cobrado pela Companhia.
Importante salientar que durante essas horas de desespero, não receberam qualquer atenção da
companhia aérea, cabendo a autora contestar a abusividade da medida, sendo tratados inclusive com
descaso quando o atendente da TAM orientou a aguardar para retornar alguns dias depois, quando a
passagem aérea estivesse de acordo com o que pudessem pagar (sic).
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Sendo assim, resumidamente, os autores compraram bilhetes de ida e volta no valor de R$
550,00, R$ 225,00 para cada, não puderam embarcar na ida por motivos de saúde, conforme comprovado,
e pelas normas da companhia aérea, sem qualquer aviso prévio, perderam automaticamente o direito ao
bilhete da volta, sendo obrigados a pagar somente pelo trecho da volta o valor de R$ 2.472,20 (dois mil e
quatrocentos e setenta e dois reais e vinte centavos).
Nestes termos, vêm a Este Douto Juízo requerer que seja caracterizada e indenizada a lesão ao
direito do consumidor, a fim de que se faça justiça!
De inicio, cabe informar que esta Ação teve de ser novamente ajuizada em razão da Extinção
sem julgamento do mérito da primeira, dada a impossibilidade, não justificada a tempo, da presença dos
reclamantes na audiência de instrução agendada para o dia 08 de marco nos autos do processo nº
0000822-55.2015.814.0306.
Naquele momento processual, os autores já haviam obtido acordo judicial com a Empresa
Decolar.com, restando a lide quanto a Empresa efetivamente responsável pelo ilícito TAM Linhas Aereas
s.a, o que se objetiva por meio desta Ação de Reparação.
A ausência do autor e seu procurador, nos juizados especiais cíveis, levam de plano a extinção do
processo sem o julgamento de mérito:
No tocante a propositura de nova Ação, assim define Humberto Teodoro Junior em seu Curso de Direito
Processual Civil II:
“A extinção do processo por abandono da causa não impede que o autor volte a propor, em nova
relação processual a mesma ação.”
Por se tratar de Juizado Especial Cível, não houve condenação em custas, que apenas poderiam
ter sido arbitradas com o reconhecimento de litigância de má-fé, o que não ocorreu.
Ainda assim, muito embora não haja norma especifica na Lei n º 9.099/95 para fundamentar-se
a propositura de nova ação, aplica-se subsidiariamente as normas do CPC, principalmente as da parte
Geral, para que se possibilite o julgamento do mérito através da propositura de uma nova Ação.
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3.1.Da Abusividade da Clausula de No Show
“Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas
ao fornecimento de produtos e serviços que:
XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual
direito seja conferido ao consumidor”
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No âmbito jurisprudencial, é latente o entendimento pela abusividade da referida
cláusula. Senão vejamos:
elaborado de conformidade com o disposto no art. 46 da lei 9.099 /1995, 12, inciso
deve ser feito com abstração dos fatos demonstrados no processo. Precedentes
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CONSUMIDOR, O ACESSO À INFORMAÇÃO ADEQUADA E CLARA, COM
UTILIZADO, COM FUNDAMENTO NOS ARTIGOS 51, INCISO XV, E 54, § 4º,
, nos termos do artigo 6º, inciso III, do Código de Defesa do Consumidor, o acesso
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restrições impostas pela companhia aérea para o caso de não apresentação para
cláusula que prevê o cancelamento antecipado do trecho ainda não utilizado, com
não merece prosperar, uma vez que não restou comprovado nos autos que a
falha na prestação do serviço é patente, tanto que o autor teve que vir a juízo
para ver sua pretensão amparada. Dessa forma, escorreita a sentença que
Ainda nos mesmos termos, a 2ª Vara Cível de Brasília acolheu Ação proposta pela
Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor (PRODECON) contra esta empresa aérea
TAM LINHAS AEREAS e determinou que a Companhia Aérea pusesse fim a pratica sob pena
de R$ 5.000,00 reais por ocorrência, conforme se extrai do seguinte excerto[1]:
“A juíza da 23ª Vara Cível de Brasília condenou, em ação cível pública, a empresa
Tam Linhas Aéreas por prática comercial desleal. A companhia cancelava
automaticamente a passagem de volta quando o passageiro deixava de embarcar
no voo de ida. Em sua decisão, a juíza julgou procedente o pedido para condenar a
ré a abster-se de cancelar a passagem de volta em caso de "no-show" no trecho de
ida, sob pena de multa de R$ 5 mil por ocorrência registrada e, ainda, para
condenar a ré a ressarcir aos consumidores, em dobro, o valor da passagem de
volta, novamente adquirida em decorrência do cancelamento do bilhete de retorno,
originariamente comprado.
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ser revertido ao Fundo criado pela Lei Federal n. 7.347/85 e pela Lei Complementar
Distrital n. 50/97". Na decisão, a magistrada destaca que o cumprimento individual desta
sentença, pelos consumidores lesados, não prescinde de demonstração da aquisição da
passagem de ida e volta em uma única operação, assim como da aquisição da nova
p a s s a g e m d e v o l t a .
Pois veja, nobre julgadora, que o consumidor paga para ir e para voltar, mas tem o
direito, porque pagou por isso, de se valer do todo ou de apenas parte do contrato, sem que
isso, por si só, possa autorizar o seu cancelamento unilateral pela empresa aérea, que deve ser
indenizado.
Embora exista quem defenda que a restituição do valor pago pela nova passagem deva
ser de forma simples, defendemos que nestes caso o consumidor tem direito à restituição em
dobro, nos termos do artigo 42 § único do Código de Defesa do Consumidor:
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TJ-RJ - RECURSO INOMINADO RI 00189467620098190203 RJ 0018946-76.2009.8.19.0203
(TJ-RJ)
Ementa: AUTOS Nº 0018946-76.2009.8.19. 0203 TURISMO VOTO Passagem aérea. Trecho de
ida e volta. Não utilização do trecho de ida. Cancelamento do trecho de volta. Ausência de
informação clara e precisa quando da contratação. Impossibilidade. Dano moral configurado.
Sentença reformada. A reclamante adquiriu passagens aéreas com trechos de ida e volta, sendo
certo que deixou de se utilizar do trecho de ida, ocasião em que foi cancelado o trecho de volta. A
alegação da empresa aérea é de compra das passagens através da tarifa programada, o que
implicaria, por força contratual,no cancelamento total caso um dos trechos não fosse utilizado. O
cancelamento do trecho de volta da viagem só foi percebido quando a reclamante tentava embarcar
de volta, ocasião em que, por não conseguir, precisou fazer o trecho às suas expensas e por via
terrestre. A responsabilidade da empresa aérea decorre da má prestação do serviço oferecido, na
medida em que procedeu indevidamente ao cancelamento do trecho sem que a reclamante tivesse
solicitado e sem que esta tivesse prévio conhecimento de tal cancelamento. A alegação de
existência de termo contratual prevendo tal conduta não pode ser aceita. Como se trata de cláusula
restritiva e que implica em perda financeira, seria necessário destaque na redação e na forma de
ciência à consumidora, por força do disposto no artigo 54, § 4º do CDC, o que não ocorreu. Nesse
sentido está a jurisprudência do TJERJ, conforme verifico dos seguintes precedentes: "Agravo
Interno em Apelação Cível. Ação de responsabilidade civil cumulada com repetição de
indébito. Aquisição de passagens aéreasinternacionais de ida e volta para Nova Iorque, partindo
do Rio de Janeiro. Pagamento através de cartão de crédito. Pedido de cancelamento do trecho de ida
em razão da utilização do programa de milhagem da companhia aérea Ré. Cancelamento indevido também
do trecho de volta da viagem..
4. DOS PEDIDOS
2) Que seja designada audiência una, por medida de economia processual, uma vez
que já houve Audiência de Conciliação entre as partes sem acordo frutífero;
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Nestes termos, pede deferimento.
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http://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/noticias/2014/dezembro/empresa-aerea-condenada-por-pratica-comercial-desleal
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