INSTITUTO FEDERAL DE
EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
PARAÍBA
Literatura Popular
na sala de aula
1 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
2 Começando a história
Figura 1
Em um Instituto situado no Nordeste, não poderíamos, ao falar
de poesia, esquecer-nos da Literatura Popular, especificamente,
do cordel. Se a poesia não encontra muito espaço nas nossas
escolas, imagine a poesia popular... Apesar de o cordel já ter
sido reconhecido como poesia e ter se tornado objeto de
estudo em muitas universidades, ainda é marginalizado por
ser uma literatura de pobre e de analfabeto.
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AULA 08
3 Tecendo conhecimento
Essa reflexão nos mostra que os fazedores dessa cultura, embora consigam
reconhecer a cultura popular, não a respeitam, tendo uma visão distorcida e
preconceituosa em relação às manifestações culturais das camadas populares
da sociedade. E nós como enxergávamos a cultura popular até agora?
Dentro dessa realidade, como estudar a relação entre cultura popular e cultura
erudita? Na visão de Bosi, apenas a relação amorosa é válida e fecunda entre o
artista culto e a vida popular. Pois, sem
um enraizamento profundo, sem uma empatia sincera e
prolongada, o escritor, homem de cultura universitária, e
pertencente à linguagem redutora dominante, se enredará
nas malhas do preconceito, ou mitizará irracionalmente tudo
o que lhe pareça popular, ou ainda projetará pesadamente
as suas próprias angústias e inibições na cultura do outro,
ou, enfim, interpretará de modo fatalmente etnocêntrico e
colonizador os modos de viver do primitivo, do rústico, do
suburbano (BOSI, A., 2002, p. 331).
Assim, há a visão de quem enxerga a cultura popular como uma “peça de museu”,
ou seja, um elemento estático de modo que permanece passivo, por isso, muitas
vezes, é considerado primitivo no sentido pejorativo, isto é, ultrapassado. Por
sua vez, também existe a percepção que idealiza o povo, ao desejar inverter os
papéis na relação de poder por meio da cultura, acreditando que, “substituindo”
a cultura popular pela erudita (a da elite privilegiada), será uma forma de inclusão
dos marginalizados na sociedade capitalista. Logo, essas duas concepções não
respeitam as manifestações da cultura popular, que é viva e movente, incorrendo
no erro de querer cristalizá-la ou substituí-la.
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AULA 08
Exercitando
A partir de 1960, segundo Ignez Ayala (1988), os poemas narrativos populares mais
curtos foram divididos em três grupos: poemas declamados, poemas cantados
e canções. Eles são impressos em folhas avulsas e reunidos em publicações
semelhantes aos folhetos de feiras, constando em livros e em discos de repentistas.
A distinção entre poemas declamados, cantados e canções é complicada e poucos
impressos a fazem. Nesse contexto, o público costuma usar o termo POEMA para as
composições declamadas, designando CANÇÃO a qualquer composição cantada.
Assim, os poemas são compostos por estrofes que obedecem às características
dos gêneros da cantoria (sextilhas, septilhas, décimas, etc.), cantados nas toadas
próprias do gênero, cujos temas mais recorrentes são o amor e os problemas
sociais. Estes diferem dos folhetos por serem composições curtas, equivalentes
a duas ou até quatro páginas, tratando-se de um gênero que não é criado de
improviso.
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Literatura Popular na sala de aula
culturais que possam ser consideradas “puras”, homogêneas, uma vez que
convivem e se influenciam mutuamente. Como afirma Ayala, a
literatura popular, como outras práticas culturais populares,
se nutre da mescla, e esse processo de hibridização talvez seja
um dos componentes mais duradouros e mais característicos.
O sério se mesclando com o cômico; o sagrado, com o profano;
o oral, com o escrito; elementos de uma manifestação cultural,
transpostos para outra (AYALA, 1997, p. 168).
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Literatura Popular na sala de aula
trouxe o avô para declamar vários cordéis na sala de aula. Com este trabalho,
percebemos que tanto os alunos quanto os pais e avós se sentiram valorizados,
porque viram a sua cultura encontrar espaço e ser prestigiada na escola. Você
também pode fazer essa atividade com seus (futuros) alunos, pedindo para que
eles levem cordéis de casa, comprem-nos na feira ou em bancas de jornais. Hoje,
podemos encontrar exemplares de cordéis muito facilmente e por um preço
quase irrisório (geralmente, um cordel custa de 1(um) a 2 (dois) reais).
SEQUÊNCIA DIDÁTICA
Carga horária: uma semana de aula (cada dia com 2 aulas de no mínimo 50
minutos cada)
contendo apenas as falas das personagens. Todavia, devemos lembrar que esse
tipo de teatro trabalha mais com a improvisação, logo o roteiro teria apenas o
papel de nortear a manipulação e as falas dos bonecos.
Por fim, ensaia-se quantas vezes for preciso, para que os alunos se sintam
seguros e mais à vontade para manipular os bonecos, entretanto o professor
deve delimitar o tempo a partir da observação do desenvolvimento dos alunos.
A turma deve decidir o momento (data, hora e local) de fazer a apresentação.
Exercitando
Agora é a sua vez! Pesquise e leia alguns cordéis, depois, escolha o seu cordel
predileto e elabore uma sequência didática para trabalhá-lo em uma sala de
aula do Ensino Médio.
Figura 5
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Literatura Popular na sala de aula
5 Trocando em miúdos
6 Autoavaliando
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Referências
ASSARÉ, Patativa do. Cante lá que eu canto cá: filosofia de um cantador nordestino.
3. ed. Rio de janeiro: Vozes, 1980.
AYALA, Maria Ignez Novais. Riqueza de pobre. In: Literatura e Sociedade. Revista
de teoria literária e literatura comparada, n. 2. São Paulo, 1997.
BOSI, Alfredo. Dialética da Colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.