Autor
Vinícius Silva
Introdução
A necessidade da Expiação
Uma criança quando nasce inicialmente ela fica no mínimo seis meses
em total dependência da mãe (ou de um adulto), pois, nesse período, ou
a criança está no colo, ou em seu berço (além de carrinho e bebê
conforto); e isso, somente para se locomover; porque (dependendo da
criança), é a partir do seu sexto mês de vida, que ela passa a se deslocar
sozinha para alguns lugares (engatinhando). Do primeiro dia de vida, até
ao segundo para o terceiro ano de vida, está mesma criança ainda estará
em total dependência de alguém, para que ela seja alimentada. Leite
materno, mamadeira e papinha, estão entre os principais alimentos que
uma criança irá receber durante os seus primeiros anos de vida, e,
naturalmente, tudo em total dependência de outro alguém. Com essa
mesma necessidade, está o homem decaído, pois, ele está morto em seus
próprios delitos e pecados (cf. Ef 2.1), fazendo-se assim, carente de
ajuda, carente de outro alguém que o levante, carente, da glória de Deus
(Rm 3.23). O ser natural, não compreende e nem tem a mínima ideia de
quão necessitado é, da expiação de Cristo. Lendo eu, uma das partes do
magnifico livro, de R.C. Sproul (A verdade da cruz), muito me chamou
a atenção, o que ele relatou nesse mesmo tópico a respeito da
necessidade da expiação: Certa ocasião, enquanto eu esperava por minha
esposa, Vesta, em um shopping Center, vi uma livraria e adentrei-a. Havia milhares e
milhares de livros naquela loja, separados nas diversas categorias identificadas com
proeminência: ficção, não-ficção, negócios, esportes, autoajuda, casamento, histórias
infantis e assim por diante. Bem ao fundo da loja estava a seção
de religião, que consistia apenas de quatro prateleiras, tornando-a uma das menores
seções da loja. O material que se encontrava naquelas prateleiras não era o que
poderíamos chamar de cristianismo tradicional, ortodoxo e clássico. Perguntei-me:
por que esta loja vende ficção e autoajuda, mas não valoriza como parte de seu
programa, o conteúdo da verdade bíblica? Compreendi que a loja não estava ali como
um ministério. Seu propósito era comercial: obter lucro. Por isso, admiti que a razão
por que não havia bons livros cristãos era o fato de que não havia muitas pessoas
perguntando: “Onde posso achar um livro que me ensine a respeito das profundezas
e riquezas da expiação de Cristo?”. Com esse relato, conseguimos chegar a
uma conclusão: De fato, o homem natural, não tem interesse algum em
saber, se alguém morreu por ele, como esse alguém morreu e para que,
ele morreu. O que esse homem não sabe, é que a morte de Cristo na
cruz, foi o maior, de todos os acontecimentos já registrados na história, o
que este mesmo homem não imagina, é que ele, só será salvo, se ele vir
a crer nesta morte de cruz. A bíblia, expressamente afirma: Não há
quem entenda, não há quem busque a Deus Rm 3.11. Este versículo
descreve bem a falta de saber do homem carnal, a respeito da
necessidade, da expiação de Cristo. Imagine: Em certo momento de sua
vida, após tudo o que você lutou para ter, com muito suor e trabalho,
noites sem dormir; de uma hora para outra, tudo isso ter que ser
penhorado. Imagine que uma dessas suas conquistas, é ser presidente
geral de uma grande empresa, e que por causa de uma enorme dívida,
esta empresa está para falir; e com isto, tudo o que você conquistou, terá
que ser entregue ao banco. Com toda a certeza você ficará sem chão,
desolado, emudecido, e quem sabe até, em choque. O ser humano só
passa a compreender algumas coisas, quando o pior lhe acontece, ele só
passará a buscar Deus, quando estiver na pior, pois, ele não se dá conta
de que tudo o que ele conquista nesse mundo é passageiro, e uma hora
ou outra, tudo pode, e irá desaparecer. O que isso significa? Ao mesmo
tempo em que “temos alguma coisa”, em contrapartida nada temos nesse
mundo que nos seja para sempre. A partir daí, conseguiremos entender,
melhor ainda, qual é, e qual foi à necessidade da expiação de Cristo na
cruz.
O homem que vive sua vida, visando somente suas conquistas e sonhos
realizados, naturalmente sofre uma enorme queda, quando vê seu
“castelo” vir a baixo, e o que dizer então, de sua vida espiritual? A Santa
Escritura diz: Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus (Rm
3.23). Da mesma forma que um homem, amanhece o dia, sabendo que
tudo o que ele tinha, já não terá mais, e isso, gerar nele um sentimento
de impotência, da mesma forma, é o homem sem estar perto da glória de
Deus, porque, tudo o que ele acha que tem, nunca será suficiente, para
pagar o saldo devedor que ele tem com Deus, e talvez, quando ele
acordar, possa ser tarde de mais. Pois, que aproveita ao homem
ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Que daria o homem
em troca de sua alma? (Mc 8.36-37). Nada irá quitar uma só parte de
toda a divida que o homem tem com o banco (Deus), o homem se
encontra impotente, de mãos atadas, e a única coisa que lhe resta para
sair dessa, é seu fiel, fiador (Jesus). A vinda de Jesus e sua expiação por
aqueles que creram que creem e que crerão, já estava decidida bem antes
da fundação do mundo (cf. Ap 13.8), porém, ela foi anunciada para o
homem, somente após sua queda no Jardim do Éden (cf. Gn 3.15). O
homem tendo provado o pecado, passou a ser um ser mortal, e não mais
imortal (cf. Gn 2.17); para que o estado do homem agora mortal,
totalmente frágil, com dia e hora para morrer (cf. Jó 14.5), viesse a ser
restabelecido, para viver a eternidade com o seu Criador, se fez
necessário Cristo vir ao mundo, e substituir o ser humano, que ao pecar,
despertou a ira de Deus, e isto, nos leva ao próximo parágrafo.
Adoção – Quando eu ainda era ímpio, e até mesmo após ser aceito por
Cristo, tinha a ideia de que todos os homens (cada individuo da terra)
eram filhos de Deus, porém, compreendo que não é desta forma que
Deus vê. Na epístola aos Romanos (8.15) Paulo menciona que: Porque
não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez,
atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual
clamamos: Aba, Pai. O que Paulo está dizendo nesse versículo, é que
aqueles que são justificados diante de Deus, não receberam o espírito de
escravidão para viverem com medo da morte, pois, aqueles que vivem
ainda praticando o pecado, tem medo de morrer, porque sabe, lá no
fundo, qual é o caminho que o pecado leva; pelo contrário, os que são de
Deus, receberam o espírito (ou do Espírito) de adoção, que nos dá a
plena certeza de que somos filhos do Deus vivo, e por causa disso, não
temos “medo” de morrer, pois o Espírito Santo nos garante a eternidade
com o Pai. Nesta ordem da salvação, após a justificação, naturalmente
podemos ser chamados filhos, filhos por adoção, mediante a fé, em
Cristo Jesus.
Santificação – Como filhos da obediência, não vos amoldeis às paixões
que tínheis anteriormente na vossa ignorância; pelo contrário, segundo é
santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em
todo o vosso procedimento, porque escrito está: Sede santos, porque eu
sou santo. 1Pe 1.14-16
A vida do cristão é envolta de uma batalha sem fim neste mundo contra
os desejos da carne. Mesmo após a nossa conversão, tendo agora o
Espírito de Deus abitando em nós, ainda sim, somos variavelmente
frustrados pela força do pecado, que apesar de controlado, ainda age na
vida de todos. Porém, somos chamados a viver em santidade, sem
tropeços, de forma irrepreensível, perfeitos diante da presença de Deus
(cf. Mt 5.48). Mas sejamos francos, nesta terra, ninguém consegue ou
conseguirá atingir este nível de perfeição exigida por Deus. Entretanto,
ele nos exige que assim sejamos. Embora seja impossível alcançar esse
padrão, Deus não pode diminuí-lo (sem comprometer a sua própria
perfeição) só pelo fato de não conseguirmos. Aquele que é perfeito não
pode estabelecer um padrão imperfeito de justiça. A maravilhosa
verdade do evangelho é que Cristo alcançou esse padrão em nosso favor
(cf. 2Co 5.21). Em contra partida, mesmo Cristo já tendo feito toda boa
obra, e imputado em nós essa maravilhosa graça; temos como
responsabilidade por gratidão e amor em nossos corações, como filhos
obedientes, buscar ser santos, pois o nosso Deus e Pai, Senhor sobre
tudo e todos é Santo (cf. 1Pe 1.16). Na passagem de 1Pe 1.14-16 em
destaque a cima, Pedro menciona o que temos que fazer para nos
mantermos em santidade. Vs14 Não vos amoldeis às paixões – Essa
palavra “amoldeis”, tem o mesmo sentido de “conformeis” referida por
Paulo na sua carta aos Romanos (12.2). Ambos estão dizendo: Não
pareçam; não se encaixem mais; não queiram levar uma vida igual à
vida do velho homem que abitava em vós outrora. Vs15 Pelo contrário,
do mesmo modo que é santo aquele que nos chamou, devemos buscar e
nos tornar santos também, em todo o nosso procedimento.
Glorificação - Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do
tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada
em nós. Rm 8.18
Anteriormente, vimos que somos chamados a sermos santos e
irrepreensíveis, porém, já sabemos quão difícil e árdua essa tarefa é.
Sofremos com as paixões desse mundo, com os ataques das setas
inflamadas de satanás contra a nossa vida. Tribulações e angustias nos
cercam, a carne guerreia contra o Espírito e o Espírito contra a carne (cf.
Gl 5.17), é literalmente, uma vida recheada de lutas. Mas, Cristo nosso
Senhor, já havia nos advertido quanto a isso: Jo 16.33 Estas coisas vos
tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por
aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo. Lendo este
versículo, até parece que Paulo escreveu algumas partes de sua carta,
lendo o que João escreveu a respeito de Jesus. A semelhança das
palavras e seu devido sentido são bem similares. Paulo diz: Porque
para mim tenho por certo – A certeza de Paulo a respeito do que ele
estava para dizer era tão grande, que ele usa a expressão “por certo”,
para demostrar a exatidão, a infalibilidade, a respeito de que: os
sofrimentos que passamos não se comparam a glória que está para ser
revelada em nós. Jesus, de forma similar, se expressa: Estas coisas vos
tenho dito para que tenhais paz em mim – Cristo ao falar sobre a paz
que encontramos nele, está nos assegurando com a mesma certeza que
Paulo nos assegura sobre as aflições desse mundo. O curioso, é que de
forma “idêntica” os dois apontam para um único futuro: Paulo menciona
a glória que está para ser revelada – essa glória é justamente o que
retirará para sempre de nós todo o sofrimento, toda dor e angustia que
passamos neste presente tempo. Já Jesus diz: Tende bom ânimo; eu
venci o mundo – Mesmo Jesus não se corrompendo com as paixões
desse mundo, ou se envolvendo com qualquer pecado oferecido por este
século, como homem ele sofreu e sentiu diversos momentos de angustias
(cf. Mt 26.38; Jo 12.27), porém, com sua morte e ressureição, ele vence
todos os sofrimentos e aflições, entrando e vivendo a eternidade na
glória com o Pai. Da mesma feita seremos nós naquele grande dia,
arrebatados ou ressuscitados, com um novo corpo totalmente restaurado
e glorificado, passaremos a eternidade no céu, e ele (Deus) lhes
enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não
haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas
passaram. (Ap 21.4)