SEMINÁRIO NOSSA SENHORA DA ASSUNÇÃO DISCIPLINA; PENTETEUCO
ALUNO: SÉRGIO RICARDO SOARES DE OLIVEIRA
A COMPOSIÇÃO LITERÁRIA DO PENTATEUCO
Os cinco primeiros livros do Antigo testamento na bíblia cristã são agrupados em
um conjunto chamado Pentateuco. Tal nome deve-se ao fato de que os rolos estavam dispostos em cinco (penta) estojos (teujos). A partir de Tertuliano se falará de Pentateuchus liber. No geral, estes cinco livros, tomados como um bloco, é uma composição literária entrecortada fundamentalmente por narrações e leis. O Estudioso Félix Garcia López comenta a respeito: “O gênero literário narrativo predomina na primeira parte (Gn 1-Ex 19); a lei, na segunda parte (Ex 20-Dt)” e acrescenta: “A inserção das leis numa trama narrativa é o aspecto mais característico do Pentateuco”. Somente recentemente se prestou mais atenção a esta configuração do Pentateuco, atualmente admitida, como uma grande obra composta por obras menores. Não são apenas nos cinco livros tratados independentemente que se verifica diferenças literárias e temáticas, mas em um mesmo livro se pode notar discrepâncias, que fez com que ele fosse considerado como uma obra de “várias mãos”, isto é, não é uma peça homogênea saída da pena de um só autor. A Tradição, tanto judaica quanto cristã, comumente atribuiu a autoria do pentateuco a Moisés. Ele por inteiro seria obra do gênio mosaico. Este dado passou inconteste até que no Século XVI surgiram as primeiras contestações. Uma leitura mais atenta, propiciada pelo acesso ao texto hebraico veiculado pelo Renascimento, trouxe algumas dificuldades: como Moíses teve acesso a informações de eventos tão longínquos? A alternância do Narrador, seja em 1ª pessoa ou 3ª pessoa; presença de repetições (Gn 1-3; Ex 20 e Dt 5) e a presença da narração de sua morte! Logo surgiram várias hipóteses que tentaram explicar estes fatores encontrados na Torá. Uma delas advoga a presença de extratos de textos que posteriormente foram sidos costurados. Cada extrato possui a uma escola teológico-literária de determinada época. Em cada texto há marcas da sua escola literária. O nome de Deus constantemente é alternado: Javé, às vezes Elohim. Basicamente são quatro escolas literárias que receberam os seguintes nomes: Javista (J), Eloísta (E), Deuteronomista (D) e Sacerdotal (P). Esta teoria, chamada de teoria documentária, foi defendida por Julius Wellhausen,Séc. XIX, professor alemão de teologia. A Igreja católica viu com receio estes dados, preferiu ficar com a tese tradicional da autoria mosaica. Aos 27 de Julho de 1906 a Pontifica comissão bíblica emitiu um reescrito afirmando que Moises era o autor do pentateuco. O exegeta católico Pe. Lagrange (1855-1938) admitia que a redação final não foi obra de Moíses, este teria dado o pontapé inicial e depois, escolas imbuídas de seu espírito teria continuado a obra até o estágio em que ela se encontra atualmente. Gunkel, em ambiente protestante, aplicou o método de estudo desenvolvido na abordagem dos salmos ao pentateuco. Ele sugere que a teoria documentária não . satisfaz, é inviável separar as peças, juntá-las e depois uni-las em um todo maior. Ele advoga a tese das perícopes; existem unidades redacionais, ou seja, textos isolados que existem por si mesmo. Gerard Von Rad sustenta que são perícopes independentes, mas que formam blocos que dão unidade. Estes blocos são unidades maiores criadas artificialmente. Dibelius leva adiante esta tese e importa para o Novo Testamento; chega a conclusão de que elas são elaboradas isoladamente, independentes e que o redator teve a intenção de agrupar de uma forma e não de outra, com base em sua finalidade e propósitos próprios. A pesquisa em relação a composição literária do pentateuco continua avançando, ainda não há uma teoria que satisfaça cabalmente e desvende por completo, eliminando as aporias.