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ADMINISTRACAO FINANCEIRA DA FAMILIA Antonio Oliveira Tostes Casa Publicadora Brasileira Tatui, SP Dinvitos de publicagao reservados & CASA PUBLICADORA BRASILEIRA Rodovia $P 127 — km 106 Caixa Postal 34 — 18270-970 ~ Tatuf, SP Tel.: (15) 3205-8800 — Fax: (15) 3205-8900, Atendimento ao cliente: (15) 3205-8888 www.epb.com.br 5 edigio 4¢ impressao — 3 mil exemplares Tiragem acumulada: 24,5 milheiros 2006 Editoragao: Neila D. Oliveira Projeto Gréfico: Levi Geuber Hustragies: Madalena Irokawa Tseng Capa: Montagem de Levi Gruber sobre fotos de Erlo Kahler IMPRESSO NO BRASIL/Printed in Brazil Dados Internacionais de Catalogagio na Publicagio (CIP) (Cimmaca Brasileira do Liveo, SP, Brasil) Testes, Antonio Oliveira Administrayio financeita da familia / Antonio Oliveita Tastes. «+ 3. el, -+ Tatui, SP Casa Publicadora Brasileira, 2004, 04-3973. copGiiz Indices para catélogo sistemétiew: 1. Finangas : Administragio : Vida familiar 640.42 2. Orgamentos familiares : Administragao Vida familiar 640.42 oa ¢ AG. Todos os direitos reservados. Proibida a reprodugio toral ou parcial, ‘ por qualquer meio, sem prévia autorizagao exrita do autor e da Edicora. ‘Tipologis: Jounna 15/16 ~7754/16100 SUMARIO Tntrodiicao teat eee ee eee eee 7 CapiTuto 1 O perigo do consumismo .10 CapiTULO 2 Estabilidade financeira: uma responsabilidade de toda a familia... 6... ee 15 Cariruio 3 Orgamento familiar 20. ee .19 CapiTuLo 4 Controle de despesas .. . Se erect 25 CapiTULo 5 Formagao do fundo de reserva... 0.22... 28 CaPiTULO 6 A divida, suas conseqiiéncias ¢ como salda la 34 CAPITULO 7 Casa propria: o maior objetivo patrimonial da familia PEE eee 40 CaPiTULO 8 Dicas para ajudar no controle financeiro ...... 45 CapiTuLo 9 As finangas da familia e 0 relacionamento com Deus . 60 Conclusao INTRODUGAO {a Muito se tem falado sobre as financas da familia. Emissoras de TV tém dedicado tempo em seus programas para tecer co- mentarios sobre a situacao financeira das familias brasileiras. Ao visitar livrarias, te- nho observado o numero crescente de lan- ¢amentos que falam sobre este assunto. Vem entaéo a nossa mente a pergunta: Por que hoje existem tantos livros sobre este tema? Qual a verdadeira importancia dele para a vida das pessoas? ADMINISTRAGAO FINANCEIRA DA FAMILIA. oe A razao basica € simples. MilhGes de pessoas em nosso pais estao vivendo com desequilibrio em suas fimangas. Vivemos um momento dificil na economia, existe muito desemprego, 0 pre- ¢o dos produtos de primeira necessidade estéo aumentando acima dos saldrios, e o poder da midia influencia diretamente o consumidor, incentivando-o a gastar cada vez mais e desor- denadamente. A questao-chave a ser observada é que os problemas financei- ros atingem também outros aspectos importantes da vida de uma pessoa: o relacionamento familiar, conjugal, com colegas de tra- balho; a satde, a produtividade no trabalho, etc. Por esse motivo, as empresas tém dado importancia a este assunto e se preocupa- do em selecionar pessoas para 0 seu quadro funcional que sai- bam viver com aquilo que ganham. Um funciondrio desequili- brado financeiramente sera um incémodo para sua chefia, um risco para a seguran¢a da empresa, e com grande propensao a ter baixa produtividade. O raciocinio é simples: é melhor ter um funcionério estavel financeiramente do que um grande técnico que nao controla sua vida pessoal. Todos saem perdendo, inclu- sive a empresa. Outro ponto a ser destacado nestas primeiras palavras é que os problemas financeiros tém afetado diretamente o relaciona- mento do homem com Deus, e muitas pessoas tém deixado de desfrutar as bén¢dos que Deus preparou, pelo fato de desconhe- cerem os Seus conselhos ou por nao coloca-los em pratica. Deus deseja a felicidade dos Seus filhos. Ele mesmo disse: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundancia.” Joao 10:10. Deus deseja sempre o melhor para os Seus filhos, mesmo nesta vida, apesar de passageira. Diante disso, a pergunta a ser feita é: como podemos ter uma vida financeira equilibrada? Como ter uma vida saudavel, con- fortavel, gozar boas férias, fazer planos patrimoniais para a fami- lia, vivendo dentro dos propésitos divinos? O objetivo deste livreto ¢ dar algumas pequenas dicas que irao auxilid-lo em sua vida financeira. A maioria dos conselhos 8 a arte INTRODUGAO aqui apresentados ja sao do conhecimento publico, mas nem sempre nos lembramos de coloca-los em pratica. Se vocé acha que precisa reavaliar sua vida financeira, este material sera uma boa oportunidade para comegar a fazé-lo. En- tao, boa leitura! E que Deus 0 abengoe muito. Capitulo ™1O PERIGO DO CONSUMISMO Todos nés precisamos de produtos e bens para nossa subsisténcia: alimentos, vestuario, educa¢ao, transporte, etc. Para a satisfacdo das necessidades basicas do ser humano foram criados os mais diver- sos produtos de consumo. O objetivo deveria ser a garantia do desenvolvimen- to do homem em todos os sentidos. No entanto, surge em nossa sociedade uma O Périco Do CONSUMISMO doenga que ultrapassa os limites da satisfagéo das necessidades humanas. Ela se chama “consumismo”. Em uma sociedade industrial amplamente desenvolvida como a dos nossos dias ocorre uma multiplicagao e acumulacao de bens. Estes sio, em sua grande maioria, desnecessarios e supér- fluos. $6 alimentam a ostenta¢ao e o desejo por status, prejudican- do o desenvolvimento fisico e mental do ser humano, além de nao corresponderem aos principios de Deus para os Seus filhos. Os maiores simbolos do consumismo contemporaneo sao os free shops dos grandes aeroportos e os shopping centers. Estes se torna- ram o centro do desejo da sociedade capitalista. Para alimentar 0 espirito consumista, o poder da midia apre- senta as pseudonecessidades criadas pelo marketing, através de cen- tenas e centenas de propagandas, que sao verdadeiros shows de os- tentagio e adora¢do ao deus da matéria e ao proprio homem. As empresas — os vendedores de hoje — usam mais do que nunca a “estratégia da serpente” para seduzir seus “clientes”; ou melhor, consumidores em potencial. Tratam bem, sorriem, dio tapinha nas costas, apresentam seus produtos destrutiveis como sendo “bons para se comer e agradaveis aos olhos”. No capitalis- mo avancado a oferta corre atras da demanda. O vendedor lison- jeia o comprador, trata-o bem, estende a sua frente o tapete ver- melho. A sociedade de consumo tem como objetivo transformar todos em consumidores. Quanto mais, melhor. Mas, no fundo, o consumidor nada mais é do que um derrotado, um dominado ou escravo. Um exemplo disso é que, em algumas circunstancias, se vocé quiser depreciar uma pessoa, basta chamé-la de fregués. Nao bastasse isso, a ganancia para produzir bens de consumo tem destruido até mesmo a natureza; esta arruinando o patriménio natural. Montanhas de lixo estéo espalhadas em todo lugar, aguar- dando centenas de anos que seréo necessdrios para sua desintegra- ¢ao. O meio ambiente esta sendo destruido. A camada de oz6nio, o ar, rios, florestas estéo sendo destruidos por fabricas e mais fabricas. A cada dia os empresarios procuram inculcar na mente das pessoas a idéia de que consumir é um bom negécio. Um artigo publicado pela revista Exame, do dia 3 de dezembro de 1997, com o titulo “Con- sumir Nao é Pecado”, apresentava algumas frases de efeito: “© consumo se revela como um método extremamente efi- caz para integrar os excluidos e estender a cidadania a todos os brasileiros.” “O brasileiro consumindo mais leite, mais carne, mais frutas, e também mais teatro, mais filmes, mais livros; ele sera, sem da- vida, um sujeito mais feliz.” “Uma das premissas basicas sera a competi¢ao aberta entre os produtores — que trara em seu bojo, para os individuos, a banali- zagao do acesso a bens materiais. Nenhum produtor tera garantias em relagao 4 sua fatia de mercado. As companhias disputarao os clientes existentes e precisarao inventar outros, constantemente. Sera do seu interesse transformar todos em consumidores.” “Um consumidor com maiores opgées €, por tabela, um ci- dadao mais seletivo e mais rigoroso. O miseravel, por néo con- sumir, ndo desenvolve nenhum senso critico. Recebe 0 que lhe dao e esta bem assim. Seja um produto defeituoso, seja um can- didato vil. O cidadao afeito ao consumo exerce seu direito de es- colha, com parcimOnia e rigor, ndo apenas na hora de desem- bolsar seu dinheiro, para adquirir um produto ou contratar um servic¢o, mas tambem na hora de exigir direitos, votar, cobrar desempenhos.” A frase de destaque do artigo dizia: “A edificagao de uma so- ciedade de consumo trara muitos beneficios aos brasileiros.” Em outras palavras, so tem vez quem consome. Quanto mais © individuo consome, mais cresce seu conceito, seu status, seus direitos. A prova de que essa estratégia de marketing tem dado cer- to € 0 alto indice de inadimpléncia em nosso pais. Fala-se muito em desemprego e em ma distribuigdo de renda. Mas a causa de tanta inadimpléncia é a falta de razdo ao se gastar, a falta de cri- térios, de bom senso; a ganancia pelo status, para nao se ficar para tras; e, principalmente, uma grande inversdo de valores. Boa par- te dos inadimplentes sao pessoas empregadas, com salario razoa- vel, mas que nao possuem critérios de consumo. 12 O Perico DO CoNsumisMo Hoje existem milhGes de pessoas escravas do “consumismo” , dominadas por ele. Nada é suficiente, parecem sempre insacia- veis. Tornam-se vaidosas e materialistas. O desejo de obter coisas acaba por tornd-las o seu proprio “ser”. Muitos pensam que consumistas sio somente os ricos, os emergentes. Mas 0 consumista nao é identificado pela quantida- de de contas bancarias, de cartées de crédito e preferenciais que possui, ou pelo volume de compras que faz. O consumista é identificado por aquilo que compra, pelas suas prioridades ma- teriais, pelo seu “espirito” material. Até os pobres podem ser mais consumistas que os ricos. O conceito de consumir, como diz o dicionario, é “gastar ou corroer até a destruigdo, devorar, destruir, extinguir, aniquilar, anular, enfraquecer, abater, desgos- tar, afligir, mortificar, fazer esquecer, apagar, gastar, esgotar”. As- sim, se alguém se identifica com alguns desses sintomas, pode se considerar um consumista. Portanto, todas as pessoas, independentemente de etnia, cultu- ra € posi¢ao social, podem ser contaminadas pela doenga do con- sumo. E entéo vém as conseqiiéncias. Querem sempre levar vanta- gem em tudo. Quando podem, procuram receber um pouquinho mais do que tém direito. Afinal de contas, para elas, um pouquinho s6 nao faz muita diferenga; nao faz falta a ninguém. Quando esse “pouquinho mais” é de uma empresa, uma instituicdo ou uma loja, pensam que ai é que nao faz nenhum mal mesmo. Passam a ser di- nheiristas. E se opdem ferrenhamente a tudo o que venha a afetar suas rendas — o minimo que seja, mesmo por uma causa nobre. O consumista tem uma inversao de valores em sua vida. Al- gumas pessoas podem até professar ser verdadeiros cristaos, mas se elas se contaminaram pelo consumismo, os seus projetos pes- soais e o seu “eu” passam a ter primazia. A infidelidade a Deus e a determinados principios ¢ considerada por elas como um pe- cado inofensivo. E é importante lembrar que nenhum de nds esta isento de passar por essa tentacao. Ellen White, no livro O Lar Adventista, pag. 15, diz que “o co- ragao da sociedade, da igreja e da nacao, é 0 lar. A felicidade da 1B ADMINISTRAGAO FINANCEIRA DA FAMILIA sociedade, o éxito da igreja, a prosperidade da nacdo, dependem das influéncias domésticas”. E exatamente por esse motivo que Satands tem trabalhado arduamente para destruir as familias, e uma das principais estratégias que ele tem utilizado é a derroca- da na vida financeira Da mesma forma que em nossa vida espiritual o primeiro passo para se obter o perdao é o reconhecimento de que somos pecadores, assim também o primeiro passo para se comecar uma reforma financeira é a consciéncia de que ela precisa ser realiza- da. Ninguém vai ao médico se nao sente necessidade de ajuda médica. Muitas pessoas vivem em constantes problemas financei- ros porque nao admitem que est4o em dificuldade e que carecem de ajuda. Nesta questao, a humildade é fundamental. O consumismo tem sido considerado por muitos como uma das mais novas doengas do mundo contemporaneo. Portanto, eis © momento para avaliarmos se ja ndo somos portadores dessa “pactéria”. Precisamos destrui-la, antes que ela contamine todas as esferas da nossa vida. 4 ESTABILIDADE FINANCEIRA UMA RESPONSABILIDADE DE TODA A FAMILIA Alguns aspectos importantes precisam ser considerados em relagao a estabilida- de financeira familiar. Um deles é que todos os membros da familia tém um papel imprescindivel na administracdo e controle das finangas do lar, principal- mente 0 casal. A palavra-chave deve ser “comparti- 3 Ss = a s oO Ihar”; porque quem participa, colabora. ADMINISTRAGAO FINANCEIRA DA FAMILIA O principio é simples, quem ajuda a ganhar também deve ajudar a gastar. E quem ajuda a gastar deve ajudar a ganhar, ou a econo- mizar. A relacao familiar é uma aventura de cooperacao. A con- fianga manifestada gera o senso de responsabilidade. E importante lembrar que mesmo quando um dos conjuges tem muito mais habilidade para lidar com o dinheiro do que o outro, isto ndo lhe da o direito de gast4-lo como lhe apraz. As conversas € acordos com 0 cénjuge sao fundamentais. Essa é mais uma forma ou oportunidade para promover o didlogo conjugal, com a conseqiiente troca de experiéncias e o crescimento de cada um, Como em qualquer outra area da vida, nesta também o en- trosamento s6 traz beneficios. Como ja dizia o sabio: “E melhor haver dois do que um, porque duas pessoas trabalhando juntas podem ganhar muito mais.” Eclesiastes 4:9, NTLH. Em relagao aos filhos, a pratica dessa “democracia financeira” contribui para que eles compreendam mais cedo o principio do equilibrio entre receita e despesa, e também os ajuda a adquirir a habilidade necessaria para administrar as proprias finangas. A crianga pode até ajudar a ganhar; porém, o mais importante € que aprenda a gastar. Para que isso acontega, é essencial que ela participe na discussio do orgamento familiar e também receba uma mesada, com a qual podera exercitar a “arte de ficar dentro dos limites”. Além da colaborac¢ao, da unido e do crescimento individual, havera também maior fiscalizagao mtitua, o que promovera o verdadeiro “regime de comunhao de bens” familiar. Vocé vai perceber que a confianca gera dividendos a peso de ouro. Existem trés pontos fundamentais para discuss4o, e que de- vem ser seguidos 4 risca se a familia deseja 0 equilibrio financei- ro. Sao eles: 1, Planejamento Existem trés tipos de planejamento. Exemplos: Curto Prazo: férias de fim de ano, compra de méveis, pagamen- tos de impostos (IPVA, IPTU, etc.). 16 ESTABILIDADE FINANCEIRA Médio Prazo: compra ou troca de carro, compra de um terreno, viagem ao exterior. Longo Prazo: aquisi¢éo ou construgaéo de uma casa propria, fa- culdade dos filhos. Para ser eficaz, o planejamento tem que envolver toda a fami- lia, ser colocado na agenda de trabalho e passado de ano para ano, para nao ser esquecido. Para que o planejamento se concre- tize é preciso a criacao de um “fundo de reserva” (poupanga). Para compreender a importancia do planejamento financeiro familiar, atente para esta historia: Um casal esta passeando pelo shopping ¢ passa em frente a uma loja de méveis. Eles véem a “promogao” de um armario duplex, com 8 portas. O deles jé tem 15 anos de uso; € o mesmo desde © casamento. Além disso, esta pequeno, com as portas caindo. Eles entendem que o armario é uma prioridade. Nao resistem a tentagdo e compram 0 armario em 10 “suaves prestagSes”. Acon- tece que pagam a primeira, a segunda, mas na terceira prestagéo observam que o saldo bancario ficou negativo — o que ocorre também no quarto, no quinto, no sexto més... Em outras pala- vras, entram numa ciranda financeira que os leva a pagar juros al- tos; e em pouco tempo a vida financeira vai parar na “UTI”. Esta historia é real. Aconteceu com um companheiro de tra- balho. Na realidade, ela se repete a cada dia e a cada hora com outras pessoas. O motivo do colapso financeiro foi a compra nao planejada. O casal nao sentou primeiro para fazer as contas e ver se tinham condigao de pagar. Nao fizeram o que se chama pla- nejamento. Num planejamento deve-se considerar o seguinte: o que vai ser comprado, quanto custara, quando vai ser comprado, como vai ser pago, e de onde sairao os recursos para pagar, levando-se em considera¢ao as outras despesas fixas e varidveis de cada més. Esta regra é aplicavel para a compra de moveis e de carro, na definigao das férias, na construgao de um imével, e até mesmo na compra de vestuario. I7 ADMINISTRAGAO FINANCEIRA DA FAMILIA 2. Orgamento E a principal ferramenta para o sucesso e felicidade na vida financeira. Nele estarao incluidas as metas planejadas e o que fa- zer para alcanca-las. Estarao incluidos também os bens e produ- tos que serao adquiridos e consumidos para a satisfagao das ne- cessidades basicas da familia, descartando assim todos os bens e produtos criados pelo “consumismo”. 3. Controle E muito importante planejar e orcar. Mas essas coisas s6 pro- duzirao os resultados se forem acompanhadas de um rigoroso controle; ou seja, se as despesas e receitas estiverem de acordo com © orgamento. Através do acompanhamento deverdo ser fei- tos os ajustes necessarios. 18 ORCAMENTO FAMILIAR Todos nds conhecemos um classico texto biblico mencionado por nosso Se- nhor Jesus Cristo em Lucas 14:28-30: “Pois qual de vés, pretendendo cons- truir uma torre, nao se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para a concluir? Para nado suce- der que, tendo langado os alicerces e % Capitulo EY nao a podendo acabar, todos os que a ADMINISTRAGAO FINANCEIRA DA FAMILIA virem zombem dele, dizendo: Este homem comegou a construir e nao péde acabar.” Tudo 0 que se pretende fazer na vida deve ser considerado com amplo planejamento. Caso contrario, a obra que deveria ter sido fei- ta fica incompleta. Um casal que nao programa o ntmero certo de filhos de acordo com seu ritmo e padrao de vida pode nado educa- Jos da forma adequada. Um jovem que comega a fazer uma faculda- de sem ter certeza do que realmente deseja pode decepcionar-se, ter de trocar de curso, perdendo tempo e dinheiro. Esses sao apenas al- guns exemplos que demonstram a sabia adverténcia de Jesus Cristo. Mas nao ha duvidas de que a area de nossa vida que mais re- quer cuidado, planejamento e controle € a financeira. $6 existe uma forma de manter a situacao financeira equilibrada em todo o tempo, em qualquer fase da vida e em qualquer circunstancia que a familia esteja enfrentando — através do orcamento. Para quem quer viver com abundancia, o or¢amento familiar é fundamental. Uma empresa que vive sem or¢gamento caminha no escuro, nado sabe para onde vai e, conseqiientemente, pode se perder. O mes- mo pode acontecer com a vida financeira de uma familia. Basicamente, fazer um orcamento é identificar com precisao © que se ganha e o que se gasta; e, é claro, fazer com que esses “dois lados da balanga” estejam equilibrados. Um exemplo dos graves problemas que uma ma adininistra- gio orgamentaria pode trazer é observado em alguns paises, As vezes determinados governos gastam mais do que arrecadam Por isso, tém que recorrer a empréstimos para cobrir suas despe- sas. Os juros altos das dividas, por conseqtiéncia, nao permitem que sejam feitos investimentos em projetos sociais, como nas areas da satide, educacao, seguranga, habitacao, etc. Portanto, é no orgamento que uma familia vai identificar qual sera o seu padrao de vida — até onde ela pode ir nas suas despesas. Alguns pensam que 0 or¢amento s6 é necessario para quem ga- nha pouco ou que esteja com problemas financeiros. Isto nao é verda- de. Muitos poderiam ter uma vida mais tranqiiila € estar investindo seus ganhos e aumentando seu patrim6nio se soubessem tratar seus 20 _ORCAMENTO FAMILIAR gastos com base em padrdes or¢ados antecipadamente. Também nao podemos nos esquecer de que uma crise financeira pode surpreender até mesmo aqueles que hoje vivem com aparente tranqiiilidade. Nin- guém esta isento da possibilidade de perder o emprego. E, se isso acontecer, pode ser imprescindivel ter que se desfazer de alguns inves- timentos até que a situagao se equilibre novamente. A palavra “orgamento” normalmente esta associada a cortes € escassez; €, portanto, a sofrimento. Isto explica o fato de que ape- nas 25% da populagao brasileira faz or¢amento familiar ou pessoal. Para a grande parte das pessoas que vivem com receitas me- nores do que gostariam, fazer orgamento significa ter que esco- lher onde cortar. E todo corte déi, machuca e sangra. Por isso, embora reconhecendo que é preciso fazer 0 orgamento, muitos nao o fazem para evitar sofrimento antecipado. Devemos destacar aqui que é necessario ter humildade para se fazer cortes, porque alguns deles podem significar mudanga no status e no padrao de vida. Por exemplo, um casal esta acostu- mado a sair com seus amigos para jantar fora todo fim de sema- na. Numa situagdo de desequilibrio, isto pode representar uma despesa a ser reavaliada E importante salientar que na questio familiar 0 orgamento deve ser feito numa base mensal, mesmo que nao haja entradas regulares de dinheiro. Dessa forma haverd mais facilidade em as- similar os dados destacados no orgamento, sabendo mais preci- samente 0 total de seus gastos e podendo alter4-los com mais fa- cilidade. Além do mais, a maior parte das despesas familiares é repetida a cada més. Aquelas despesas pagas uma Unica vez ao ano (como IPVA, IPTU, entre outros) devem ser diluidas na base de 1/12 no orgamento mensal, como veremos adiante. Se o que vocé tem feito até aqui é a contabilidade de gastos ja realizados, saiba que nao é disso que estamos falando. Vocé tem controle do que gastou, e esses dados serdo titeis para a monta- gem do proximo orcamento; mas isto ainda nao é 0 or¢amento. Como o orgamento envolve matematica e racionalidade, antes de comegar os calculos é de fundamental importancia fazer uma 21 ADMINISTRACAO FINANCEIRA DA FAMILIA reflexao sobre o padrao que se pretende levar no proximo més ou no periodo que se vai orgar. O orgamento mensal deve comegar a ser feito a partir daquilo que se ganha. Se vai se considerar a receita bruta, deve-se mencionar aqueles descontos do hollerith na coluna das despesas. Para facilitar as contas, o recomendado € partir da receita liquida da familia — aque- la que é depositada mensalmente na conta por parte do empregador. Se a renda da familia provém de atividade aut6noma, deve-se considerar como receita a média das entradas dos ultimos trés a seis meses. Neste caso, as despesas decorrentes da contribuicao previdenciaria e imposto de renda deve ser destacadas com as demais despesas. Partindo do principio de que boa parte das despesas, como também as receitas, variam de més para més, e existem algumas despesas extras concentradas num wnico més ou periodo, deve- mos programar uma poupanga ou o que chamamos de um “fun- do de reserva”. Isto sera destinado a cobrir as despesas extras € fazer frente ao planejamento que foi estabelecido. Antes de transcrever um modelo de or¢amento, atente para algo fundamental. O orgamento deve ser discutido com os fami- liares, em volta de uma mesa, analisando as prioridades € os va- lores financeiros, bem como as alternativas de pagamento. Essa pratica desenvolvera a habilidade de comunicagao entre os fami- liares, o sentimento de valor do lar, o sentimento de pertencer aquele nucleo familiar, o conhecimento dos sonhos e das priori- dades da familia, a habilidade de expressio das prdprias opinides (mesmo que divergentes) e 0 comprometimento natural e pra- zeroso de todos os membros da familia. Nunca se deve esquecer de uma regra basica: quem participa, colabora. Quem ajuda a gastar, deve ajudar a ganhar, ou a econo- mizar. Quando os filhos participarem, independentemente da idade, terao facilidade para entender um “nao” por parte dos pais. Aprenderao a fazer a sua parte, para o bem-estar do lar. Além de tudo isso, 0 bom exemplo dos pais podera torna-los habeis administradores de suas proprias financas no futuro. 22 ane SEsnnehgepasunass ORCAMENTO FAMILIAR A seguir vamos apresentar a montagem de um orcamento, destacando aquelas que sao as principais despesas de uma familia. Nao € necessario um computador para fazé-lo, apenas papel, lapis e borracha. Uma calculadora pode ajudar, mas é dispensavel. RECEITAS: Salario liquido do esposo e esposa Aposentadoria do esposo e esposa Receitas patrimoniais (aluguéis) Outros TOTAL B2ERB DESPESAS: Dizimo Ofertas Moradia Luz/Agua/Gas Telefone Alimentacao Alimentagao fora de casa Vestudrio Transporte/locomogao Despesas com vefculo Escola dos filhos Satide Empregada Mesada dos filhos/esposa Lazer Despesas bancarias Seguros Outros TOTAL BRASAZEZEAZARABZRAZRSB FUNDO DE RESERVA: Serd calculado tendo como base a diferenca entre o total das receitas e despesas RS i - RS z = R$ * 23 ADMINISTRAGAO FINANCEIRA DA FAMILIA ote Descrigdo basica das despesas: Dizimo: 10% da renda bruta da familia, incluindo receitas pa- trimoniais, aposentadorias, ajudas de familiares, etc. Ofertas: conforme se “propés no cora¢aéo”. A recomendagao biblica € que se dé um percentual da receita bruta, como no dizimo. Deute- ronémio 16:17 diz: “Cada um oferecerd na proporgao que possa dar, segundo a béncdo que o Senhor, seu Deus, Lhe houver concedido.” Moradia: pagamento do aluguel, IPTU, manutengao residen- cial, condominio e tudo mais que tem a ver com a residéncia. Luz/Agua/Gés: a soma do total dessas despesas. Telefone: total da conta residencial e celular. Alimentagao: despesas com mercado, feira, quitanda e padaria. Alimentagéo fora de casa: pelo fato de, em muitos casos, os c6nju- ges trabalharem fora, essa despesa se torna muito significativa e exerce uma influéncia direta no equilibrio das contas. Vestuario: despesas com roupas € calgados em geral, para todos os membros da familia. Transporte/locomogo: despesas com passagens, taxis transporte escolar. Despesas com veiculo: combustiveis, dleos e lubrificantes, lava- gem, pecas, manuten¢do em geral, IPVA. Escola dos filhos: mensalidade escolar, livros e uniformes, mate- Tiais em geral, despesas com cantina Satide: pagamento do plano de saiide, remédios, exames, consultas. Empregada: salario mensal com encargos sociais ou pagamento de diaristas. Mesada da esposa e filhos: valor a ser repassado a esposa, caso ela nao trabalhe, e aos filhos, como sugestao que seja a partir dos quatro anos de idade. Lazer: despesas com loca¢ao de fitas de video ou DVDs, Passeios, etc. Despesas bancdrias: CPMF, taxas de manutenc¢do e de movi- mentag¢ao da conta corrente. Seguros: do veiculo, da casa, de acidentes pessoais, de assistén- cia a sobreviventes, etc 24 , metrd, CONTROLE_DE DESPESAS Capitulo E necessario fazer planejamento e or- camento. Mas isto s6 produzira os resul- tados esperados se for acompanhado de um rigoroso controle. Ellen White salienta a importancia desse assunto: “Todos devem aprender a tomar notas de suas despesas. Alguns o negligenciam como nao sendo coisa essencial; € um erro, porém. Todas as 25 ADMINISTRAGAO FINANCEIRA DA FAMILIA despesas devem ser anotadas com exatidao.” — O Lar Adventista, pag. 374. “Cuide para que suas despesas ndo vio além de sua renda. Contenha seus desejos. ... Os pais devem aprender a viver dentro de seus recursos.” — Ibidem, pags. 375 e 376. Certa vez um amigo fez uma ilustragio muito pratica. Se al- guém esquecer uma torneira aberta em casa, de longe se ouve 0 barulho da agua. Entao a pessoa vai ld e fecha a torneira. Mas as pequenas goteiras, os pequenos vazamentos — estes passam des- percebidos. E é justamente nas pequenas coisas que acontecem os grandes desperdicios. Por isso, € importante que saibamos exatamente quais séo nossas despesas, tanto as grandes como as pequenas. O ideal é que pelo menos uma vez a cada seis meses as despesas mensais da familia sejam anotadas com extrema precisdo. Para facilitar esse trabalho, uma pequena caderneta deve estar sempre a mao. O marido e a mulher, que realizam o pagamento de todos os compromissos e despesas da familia, devem leva-la consigo no bolso, na carteira ou na bolsa, durante todo o més. Segue, na pagina ao lado, um modelo de uma pequena cader- neta, que pode ser feita ou comprada numa papelaria. Observe que deverm ser destacados a data, a descrigdo da despe- sa e 0 respectivo valor. Nao é necessario identificar se o pagamento foi efetuado em dinheiro, cheque ou cartio de crédito. Lembre-se de que existem despesas automaticas, como os débitos programa- dos em conta bancaria, CPMF e taxa de manuten¢ao de conta cor- rente, mas que devem ser anotadas na caderneta No fim do més as despesas devem ser agrupadas conforme os itens identificados no orgamento. Exemplo: agrupar despesas de mercado, quitanda, padaria e feira como despesas com alimentacao. O aspecto fundamental dessa pratica é fazer um comparativo entre as despesas orgadas e as efetivamente realizadas. Apés esse comparativo, sera possivel identificar os desvios — 0 que foi gas- to a mais — para entao se fazer os devidos ajustes. Essa pratica também vai identificar a “inflagao” particular da familia. 26 28 Capitulo FORMACAO DO FUNDO DE RESERVA Benjamim Franklin declarou: “Um centavo poupado é igual a um centavo ganho.” Poupar ¢ importante para qual- quer individuo e para qualquer na¢ao que deseja se livrar da pobreza. Saber in- vestir os recursos poupados é essencial tanto para o individuo quanto para a economia de um pais. Eu resumiria o ato de fazer poupanca ForMAGAO DO FUNDO DE RESERVA na seguinte frase, que li algum tempo atrds: “Poupar € a primei- ra batalha. Investir corretamente, fazendo seu dinheiro crescer, é a segunda. Usufruir os resultados obtidos é vencer a guerra!” Do meu ponto de vista, um fator que determina se uma fa- milia é equilibrada financeiramente ou nao, é a existéncia ou nao de uma reserva; ou seja, de uma poupanga. Ao conyersar com muitas pessoas que passaram por proble- mas financeiros e que procuraram ajuda, identifiquei que todas elas tinham o costume de gastar tudo o que ganhavam, vivendo sempre no limite. Acontece que todos estao sujeitos a passar por um periodo de dificuldade financeira, decorrente de situacdes imprevisiveis, que estéo fora do seu controle. Exemplos: o faleci- mento de um familiar muito préximo, que envolvera despesas extras; uma doenga grave de um dos membros da familia, etc. Uma familia que vive sem uma reserva financeira esta andan- do na “beira de um abismo”, e com os olhos vendados. Um im- previsto pode coloca-la numa situa¢ao dificil e, dependendo da gravidade, irreversivel. Ellen White diz: “Toda semana vocé deve pér em lugar segu- ro alguma quantia e nao ser tocada salvo em caso de enfermida- de. Com economia pode por alguma coisa a render. Manejando com sabedoria vocé pode economizar alguma coisa depois de haver pago as contas.” — O Lar Adventista, pag. 396. Em uma carta escrita a um amigo, ela aconselhou: “Deve ser uma regra para vocé reservar cuidadosamente uma por¢ao do ga- nho de cada semana e pdr de parte essa importancia, que nao deve ser tocada. ... Diligéncia nos negdécios, abstengao do prazer, mesmo priva¢ado — contanto que nao afete a sade, devem ser cui- dadosamente mantidas por um jovem em suas circunstancias, € vocé deve ter uma pequena economia intata para o caso de vir a adoecer, de modo que nao dependa da caridade de outros. Vocé tem gasto desnecessariamente muitos meios que poderiam estar agora rendendo juros, e vocé estaria fruindo algum lucro. ... Po- deria ter tido, mesmo de seus poucos ganhos, uma reserva de meios para qualquer emergéncia. Ela poderia ter sido empregada 29 ADMINISTRAGAO FINANCEIRA DA FAMILIA num lote de terra que estaria aumentando de valor.” — Mensagens Es- colhidas, vol. 2, pag. 330. Certa vez um colega de trabalho me procurou para conversar. Tinha vinte anos de atividade na empresa, um cargo de respon- sabilidade, era casado e com dois filhos em idade escolar. Ele en- trou na minha sala, fechou a porta e, antes mesmo de comegar a falar, chorou desesperadamente. Depois de algum tempo, contou sua historia, que me era desconhecida até aquele encontro. Ele comegou a gastar mais do que recebia. Como nao possuia ne- nhuma reserva financeira, entrou no cheque especial até o limi- te. Pagando juros altos, desesperado ele procurou agiotas — o que em vez de ajudar, tornou sua situacao ainda mais dificil, pois ele teve que pagar mais juros ainda. Nao tinha imdveis ou qualquer outro bem do qual pudesse se desfazer para poder saldar suas di- vidas. Sua familia, filhos, colegas de trabalho e demais familiares desconheciam a situagao. Em resumo, estava definitivamente fa- lido. Como contornar uma situagdo como essa? Estou contando esta historia porque a derrocada comecou quando a pessoa pediu um carro emprestado e sofreu um aci- dente. Ele era culpado e teve que cobrir o prejuizo de ambos os veiculos. Como nao tinha reserva financeira, teve que lancar mao de empréstimos. Mas em seu or¢amento nao havia “espa¢o” para pagamento de juros Muitos sdo os casos de pessoas que procuram auxilio porque passam por situa¢des dificeis. No entanto, para elas, os seus moti- vos até parecem ser justos. Mesmo que tal situagdo seja decorren- te de fatores que sao imprevisiveis em nosso dia-a-dia, que nao es- tio sob nosso controle, isto no as isenta da responsabilidade pelo desequilibrio financeiro. Em boa parte desses casos as pessoas sim- plesmente gastavam tudo o que recebiam, viviam no limite extre- mo, e naturalmente estavam sujeitas a enfrentar dificuldades. Gostaria de ressaltar um pouco mais a questao de juros pagos em decorréncia de empréstimos pessoais e bancarios. A taxa de ju- ros praticada pelo nosso pais € a maior do mundo. Todos os que fa- zem parte da Classe média para baixo nao tém condicées de pagar 30 nee HE e FoRMACAO DO FUNDO DE RESERVA os juros praticados pelo mercado. Atualmente, em alguns casos, eles chegam a ser de 10% ao més. A unica justificativa para man- ter o cheque especial é para o caso de um pequeno descontrole. Por exemplo, se um cheque for descontado antes da data em que teria crédito. Um cheque devolvido gera despesa extra cobrada pelo banco. Se um cheque é devolvido pela segunda vez a conta pode ser bloqueada junto ao Banco Central, o que vai acarretar in- cémodos, além de mais despesas. Além da reserva ser necessaria para cobrir imprevistos, outro motivo basico para a existéncia da mesma é€ 0 fato de que algu- mas das nossas despesas ndo sao mensais ou regulares. Algumas s4o pagas uma Unica vez ao ano. Se nao existir uma reserva finan- ceira para esses casos, o orcamento daquele més ficara sobrecar- regado, fazendo com que se gaste mais que a receita, desequili- brando as contas, levando ao uso do cheque especial e, conse- qiientemente, ao pagamento de juros e despesas extras. Veja alguns exemplos: o pagamento do IPTU, IPVA, o unifor- me escolar, a matricula dos filhos na escola, o seguro do veiculo, o imposto de renda (no caso de aut6nomos), etc. Em alguns ca- sos, essas despesas podem ser parceladas. Mas normalmente nao compensa pagar em forma de parcelamento, pois os juros cobra- dos sao altos. Veja o caso do IPTU: as prefeituras costumam par- celar o valor em até dez meses, mas se o pagamento for a vista pode chegar a um desconto de 10 a 20%, uma redugao signifi- cativa. O ideal é que a familia faca a reserva com antecedéncia, para que © carné possa ser quitado 4 vista. O mesmo para 0 caso do pagamento do IPVA, de seguros, do imposto de renda, etc. Ja falamos sobre o planejamento de curto, médio e longo prazo. Mas o que adianta fazer um planejamento para comprar um terreno daqui a cinco anos, se nao for feita provisdo para tan- to? Portanto, no fundo de reserva estarao sendo colocadas as de- vidas provisdes para concretizar o planejamento. Exemplo: para comprar um terreno de doze mil reais daqui a cinco anos, deve- ra ser feita uma provisio no fundo de reserva de duzentos reais a cada més. O terreno neste periodo pode subir de prego, isto é 31 ADMINISTRAGAO FINANCEIRA DA FAMILIA verdade, mas os valores provisionados no fundo de reserva esta- rao também sendo capitalizados em alguma forma de aplicagéo financeira — seja em poupanga, acdes, fundos de investimento, e até em dolar, se for 0 caso. O mesmo raciocinio deve ser aplicado a outros tipos de pla- nejamento, como troca de carro, férias, compra de moveis, etc. Mesmo que nao haja um planejamento especifico, aconselho que cada familia tenha pelo menos o correspondente a 10% de sua receita liquida depositada todo més no fundo de reserva. Ja uma familia que tem wma receita proveniente de atividade aut6- noma, recomendo que deposite pelo menos 20% de sua receita bruta no fundo de reserva. Por qué? Pelo fato de um auténomo nao possuir receitas extras como 13° salario, 1/3 de acréscimo no saldrio por ocasido das férias e o fundo de garantia por tem- po de servigo (FGTS). Imagine uma familia que tem uma renda mensal liquida de 1.500 reais, proveniente de uma atividade com vinculo empre- gaticio, e que faga uma reserva mensal de 150 reais. Qual seria sua economia? Em | ano: 12 x 150,00 R$ 1.800,00 13° salario R$ 1.500,00 13 de férias R$ 500,00 Total anual R$ 3.800,00 Em 3 anos: 3.800,00 x 3 R$ 11.400,00 Em 10 anos: 3.800,00 x 10 R$ 38.000,00 Em 10 anos: Com juros de 0,5% ao més R$ SI.1S0,00 acima da inflagdo A poupanga de uma familia é determinada por uma formula basica: POUPANCA = RECEITAS — DESPESAS 32 FORMACAO DO FuNDO DE RESERVA Observe que com base nessa equacao existem duas maneiras de se aumentar a poupanga: incrementar a receita e/ou reduzir a despesa. Escolha o que € mais viavel. Todavia, nem sempre pode- mos aumentar nossa receita. Um funcionario que tem vinculo empregaticio vai depender do dissidio de sua categoria de traba- lho para ter um aumento salarial, o que normalmente sé repde aumentos de custos do dia-a-dia. O auténomo depende da eco- nomia do pais. Mesmo que esteja disposto a trabalhar aos domingos e feriados, dependera do desempenho do mercado em seu ramo de atividade. Portanto, a melhor, a mais eficaz e rapida forma para se fazer poupanga é reduzindo gastos, mesmo que isto signifique uma pequena mudanga no padrao de vida. A propésito, sobre 0 caso que mencionei no inicio deste ca- pitulo sobre o meu colega de trabalho, infelizmente ele teve que ser demitido. Ele usou 0 valor da rescisdo e 0 saldo do fundo de garantia para pagar suas dividas. 33 34 a A_Divipa, Suas Capitulo CONSEQUENCIAS E Como SALDA-LA A conseqtiéncia natural do descontro- le financeiro, da falta de um orgamento doméstico, do planejamento financeiro familiar, da falta de critérios de consu- mo, € a divida. Esta, por sua vez, traz conseqiiéncias drasticas para a familia. A educadora Ellen White, no livro Lar Adventista, na pagina 392, compara a divida A Divipa, Suas ConseQuiéncias £ COMO SALDA-LA a uma lepra. Esta comparagdo pode ser observada pelas conse- qiiéncias da divida na vida de qualquer pessoa: afeta as relagdes interpessoais, baixa a produtividade no trabalho, abala o estado emocional, afeta a satide e pode até mesmo diminuir as defesas do organismo, levando a pessoa a contrair doengas com facilidade. Nio é incomum ouvirmos historias de pessoas que tiveram a vida pessoal ou de suas empresas transtornada pela divida, e em muitos casos as conseqiiéncias as levaram a por fim a pro- pria vida. A divida tem arruinado muitos lares. Quando a situagao fi- nanceira esta fora do controle, os desentendimentos conjugais sao frequentes; o stress leva ao descontrole emocional, propor- cionando tensdes que nao sé afetam o relacionamento conju- gal, mas também o relacionamento com os filhos. Quando as criancas crescem convivendo com discussdes envolvendo as dividas, muitas podem ficar traumatizadas e ter dificuldade para administrar suas prdprias contas no futuro. Em muitos ca- sos, as familias endividadas vivem num clima de priva¢ao e sa- crificio, o que também prejudica a educacdo dos filhos na questao financeira. Muitas empresas sucumbiram porque se endividaram gran- demente. Isto tem ocorrido com alguns paises, que devido 4 al- ta divida externa, obrigando-os a se submeterem a pagamentos de juros, nao conseguem investir em projetos sociais, conse- qiientemente reduzindo a qualidade de vida de sua populacao. Vivemos uma situacao peculiar em nosso pais. Temos uma das maiores taxas de juros do mundo. Particularmente, acredi- to ser esta a maior razdo para a estagnacdo de nossa economia. Quem tem dinheiro prefere receber os juros das aplicagdes no mercado financeiro a investir em novos negécios. Quem nao tem dinheiro, tem dificuldades para conseguir empréstimo pa- ra novos investimentos. O juro elevado traz a inadimpléncia junto aos bancos. A inadimpléncia traz o aumento das despesas bancarias, fazendo com que o banco aumente o “custo” dos empréstimos. A conseqiiéncia deste triste quadro é a redugao 35 ADMINISTRACAO FINANCEIRA DA FAMILIA do nivel de emprego em nosso pais. A falta de emprego gera pobreza, marginalidade, violéncia, inseguranga, medo. Posso afirmar que todos os que estao lendo este livreto nao tém condigdes de se manter pagando os juros praticados em nosso pais, seja em bancos, cartéo de crédito, no comércio, etc Se o estéo conseguindo, estao fazendo a custa de enormes sa- crificios, se mantendo com uma baixa qualidade de vida. B co- mo os paises devedores: para pagar os juros, a populagao “pa- ga a conta”, nao recebendo 0 retorno devido do pagamento de seus impostos em projetos sociais. Este tema é conhecido, mas muitos ndo conseguem viver sem as dividas, ou mesmo se livrar delas. A seguir vamos des- crever algumas dicas importantes para a pessoa desejosa de mu- dar sua situacgdo, de sanar suas dividas e encontrar a felicidade também na sua vida financeira. O primeiro passo é ter a consciéncia das conseqiiéncias da- nosas que as dividas trazem para familia e reconhecer que a mudanga vira com muita forga de vontade, dominio préprio ¢ a ajuda divina. Todas as orientagGes contidas neste livreto precisam ser pra- ticadas a risca, a saber: planejamento, orcamento, controle dos gastos € critérios de consumo. A pessoa endividada precisa re- conhecer que 0 processo vai envolver uma mudanga radical no padrao de vida, pelo menos até a situagdo se equilibrar. Este assunto também é um tema que envolve toda a familia. Se a esposa e os filhos nao participarem do processo, todos os esforgos podem ser em vao. Portanto, o casal deve assentar-se junto e colocar no papel tudo o que esta gastando mensalmen- te, com os minimos detalhes, incluindg aqui os juros que estao sendo acumulados no cheque especial, no cartéo de crédito ou a terceiros. Determinar o que é estritamente necessdrio para a manuten- ¢ao da familia e descartar os supérfluos. Algumas pessoas tém dificuldade para identificar os supérfluos, ou as despesas que nao sao prioritarias. Nesta hora, as minimas despesas devem ser 36 A Diva, Suas ConseQuiéNcias & COMO avaliadas com extremo cuidado porque podem fazer grande di- ferenga. Deve prevalecer a consciéncia e o bom senso. Seguem algumas dicas de despesas que podem ser corta- das: jantar ou almogar fora, contas de celulares (quando o mesmo nao € uma “ferramenta indispensavel para o traba- lho”), compras de vestuarios em geral, cursos paralelos (co- mo inglés, aulas de musica, academia de ginastica, e outros), freqiiéncia aos salées de beleza, lazer (como cinema, teatro, aluguéis de videos), compras de livros, eletrodomésticos, acessorios para o lar, etc. Analisar a possibilidade de dispensar a empregada ou mu- dar para diarista. Se a familia tem dois veiculos, deve avaliar a venda de um deles e até mesmo ir para 0 trabalho de transpor- te publico. As despesas do mercado com alimentacao e produ- tos de limpeza sempre representam um valor alto nas despesas da familia. Portanto, deve-se com urgéncia fazer uma lista do que é estritamente necessario e ser fiel a ela; é claro que sem prejudicar a qualidade da alimentagao da familia. Deve-se man- ter a alimentacao basica com nutrientes importantes e necessd- rios, como os contidos nas frutas e legumes, evitando aqueles alimentos “industrializados”, que além de ser caros prejudicam a satide, podendo aumentar as despesas com os medicamentos. £ importante avaliar também a questdo do aluguel e do condominio, e procurar um aluguel mais em conta ou uma ca- sa que nao tenha as despesas com condominio. Até mesmo o custo da escola das criangas deve ser avaliado, Procurar uma es- cola mais econémica e que seja mais proxima de casa, para evitar as despesas com transporte, sem prejudicar a educagao dos filhos. Muitas outras dicas poderiam ser citadas. O objetivo em lembrar algumas delas é apenas para destacar que sempre exis- te alguma despesa que pode ser evitada. O “novo orgamento” deve ficar dentro da renda liquida da familia, sobrando o sufi- ciente para que as dividas e os juros sejam amortizados. Apés a liquidacao total da divida, a familia ira refazer seu 37

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