INDÚSTRIA DE CALÇADOS
BRASIL | 2017
RELATÓRIO SETORIAL
INDÚSTRIA DE CALÇADOS
BRASIL | 2017
Realização:
Apoio especial:
Apoio:
Patrocínio:
EMPRESAS
Inspiradas
a inovar
Conhecimento, troca e referências impulsionam
novas ideias. E, há 30 anos, são essas ideias que
fazem o setor brasileiro de componentes mais
competitivo e sustentável. Ser uma referência
mundial em moda, tecnologia e químicos para
couro é resultado da dedicação dos nossos
associados, parceiros e da Assintecal. Uma rotina
diária que transforma inovação em resultados.
Conheça as iniciativas
da Assintecal através do e-mail:
relacionamento@assintecal.org.br
www.assintecal.org.br
RELATÓRIO SETORIAL TEXTOS
INDÚSTRIA DE CALÇADOS Marcos Tadeu Lélis
BRASIL | 2017
COORDENAÇÃO E EDIÇÃO
Igor Hoelscher
Priscila Linck
REVISÃO TEXTUAL
Maristela Kirst de Lima Girola
PRODUÇÃO GRÁFICA
Gabriel Dias
PRESIDENTE
Rosnei Alfredo da Silva
CONSELHEIROS
Adão Oscar Wolff, Caetano Bianco Neto, Caio Borges Ferreira, Danilo Cristófoli, Erna-
ni Reuter, Haroldo Ferreira, José Carlos Brigagão do Couto, Júnior César Silva, Lioveral
Bacher, Marco Antônio Coutinho, Marco Lourenço Müller, Nilson Erineu Spohr, Paulo
Roberto Konrath, Paulo Roberto Schefer, Paulo Vicente Bender, Renato Klein, Ricardo
Wirth, Sérgio Gracia, Thiago Lima Borges e Werner Arthur Muller Júnior
PRESIDENTE-EXECUTIVO
Heitor Klein
CONTATO
Rua Júlio de Castilhos, 561
Novo Hamburgo/RS - Cep: 93510-130
Fone: +55 51 3594-7011
inteligencia@abicalcados.com.br
www.abicalcados.com.br
Tr e n d b o o k ´ s Anuncio
#02 caimiliaison.com.br
SUMÁRIO
1. EDITORIAL 7
2. MUNDO 8
2.1 Panorama Econômico Mundial 9
2.2 Panorama Mundial dos Calçados 9
2.2.1 Principais Países Produtores 10
2.2.2 Principais Países Consumidores 11
2.2.3 Principais Países Exportadores 12
2.2.4 Principais Países Importadores 14
3. BRASIL 16
3.1 Produção de Calçados 17
3.1.1 Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI) 17
3.1.2 Segmentação da Produção 18
3.2 Consumo de Calçados 22
3.3 Comércio Exterior 22
3.3.1 Exportação 23
3.3.2 Importação 28
3.4 Emprego e Estabelecimentos 31
3.5 Indicadores Econômicos 33
3.5.1 Câmbio 33
3.5.2 Comportamento do Comércio 34
3.5.3 Indústria de Transformação 34
3.5.4 Inflação Nacional 35
3.5.5 Competitividade Nacional 36
6. METODOLOGIA 52
6.1 Dados de Produção 53
6.2 Projeções Estatísticas 54
6.3 Fontes 54
6.4 Classificação do Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias 55
6.5 Definição dos Polos Calçadistas 55
1 EDITORIAL
Se no Brasil o quadro foi negativo, no mundo, por sua vez, o consumo de cal-
çados se manteve estável, totalizando 18,6 bilhões de pares, o que pode ser
considerado positivo mediante um ano turbulento, de incertezas econômicas HEITOR KLEIN
e políticas na área internacional. A expectativa, no entanto, é de uma leve PRESIDENTE-EXECUTIVO
recuperação do consumo mundial de calçados, em 2017, o que abre pos- ABICALÇADOS
sibilidades para o calçado brasileiro além-fronteiras. Mesmo que o patamar
do dólar não esteja favorável, com a cotação oscilando na casa de R$3,20, a
diminuição da produção de calçados da China, pressionada pela elevação de “A EXPECTATIVA
custos e consequente queda da margem de lucro, pode abrir espaço para o
calçado brasileiro no exterior – que hoje representa em torno de 5% do total É DE UMA LEVE
produzido no mundo – apesar da expansão produtiva em países como Índia RECUPERAÇÃO
e Vietnã.
DO CONSUMO
Todos esses dados – e muitos outros – estão detalhados no Relatório Setorial MUNDIAL DE
da Indústria de Calçados – Brasil 2017, elaborado pela Unidade de Inteligência
de Mercado da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalça- CALÇADOS
dos), e que, agora, chega às suas mãos como uma poderosa ferramenta de EM 2017, O
competitividade no auxílio para a tomada de decisões e estratégias comer-
ciais tanto no mercado doméstico como no exterior. QUE ABRE
POSSIBILIDADES
Sobre a Abicalçados
A Abicalçados, ao longo de mais de 30 anos de atividades, trabalha em quatro PARA O CALÇADO
pilares principais: representação setorial, promoção comercial e de imagem, BRASILEIRO ALÉM-
defesa comercial e capacitação gerencial. Dentro deste contexto, a Entidade
oferece, entre outros, produtos e serviços de Inteligência de Mercado, vislum- FRONTEIRAS”
brando o desenvolvimento do segmento por meio de informações qualifica-
das e que balizem as estratégias de negócios das empresas.
Neste contexto, destaque para o Portal de Inteligência, que pode ser acessa-
do no endereço eletrônico www.abicalcados.com.br/inteligenciademercado.
Nele, o associado tem acesso a conteúdos como a publicação digital deste
relatório, o informativo mensal sobre o mercado, o relatório mensal com in-
formações sobre a balança comercial de calçados, bem como a indicadores
econômicos nacionais, a estudos com informações detalhadas do potencial
de mercados relevantes e a estudos estratégicos realizados por especialistas
sobre ambiente de negócios in loco.
MUNDO
15,2
14,8
15,5
3,5
3,4
3,1
3,5
1,2
0,1
1,1
2016
2014 2015 2016 2017* 2014 2015 2016 2017* 2014 2015 2017*
-1,0
Exportações mundiais PIB real PIB real
totais (%) Mundo (%) América Latina e Caribe
(trilhões de US$)
Fonte: WTO; FMI (abril/2017)
(*) Estimativa Abicalçados/FMI
15,2
14,8
15,5
3,5
3,4
3,1
3,5
1,2
0,1
1,1
2016
2014 2015 2016 2017* 2014 2015 2016 2017*
Ao se observar as informações consolidadas (2014 e 2015) de produção, comércio2014 exterior (importações2017*
2015 e expor- -1,0
tações) e consumo mundial de calçados, nota-se um processo de expansão em todos os indicadores medidos em
pares. Entre 2016 e 2017, a produção mundial de calçados deve crescer em torno de 3,4%. Entre 2015 e 2016,
o crescimento dessa produção ficou estável, próximo de 1%. A taxa de crescimento maior em 2017, comparada
Exportações mundiais PIB real PIB real
com 2016, deve ser determinada tanto pela produção (em pares), destinada para o consumo interno dos países,
totais (%) Mundo (%) América Latina e Caribe
com expansão de 2,6%, quanto pelas exportações (em pares), em aumento de 3,2%. Além disso, chega-se a
(trilhões de US$)
uma relação média de 59% da produção mundial destinada para as exportações, sendo 41% dessa produção
Fonte: WTO; FMI (abril/2017)
12,3
12,1
12,4
12,8
10,0
10,2
10,3
10,5
20,1
20,5
20,7
21,4
17,8
18,6
18,6
19,1
para consumo
(*) Estimativa doméstico. Por consequência, a produção destinada para as exportações, mesmo com uma taxa
Abicalçados/FMI
de crescimento um pouco menor do que a produção destinada para consumo interno, acaba por contribuir na
mesma magnitude para o crescimento da produção de calçados
2014 2015 2016* 2017* 2014 2015 2016* 2017*
total.
2014 2015 2016* 2017* 2014 2015 2016* 2017*
ExportaçãoEvolução do comércio,
Importação Produção
consumo e produção mundial de calçadosConsumo
Fonte: WSR (Bilhões de pares)
(*) Estimativa Abicalçados.
Nota: Informações de exportação e importação reportadas, respectivamente, pelo país de origem e destino. A divergência no saldo mundial de
exportações e importações dá-se em função do valor que é reportado pelos países bem como pela ausência de valores.
12,3
12,1
12,4
12,8
10,0
10,2
10,3
10,5
20,1
20,5
20,7
21,4
17,8
18,6
18,6
19,1
2014 2015 2016* 2017* 2014 2015 2016* 2017* 2014 2015 2016* 2017* 2014 2015 2016* 2017*
Exportação Importação Produção Consumo
Fonte: WSR
(*) Estimativa Abicalçados.
Nota: Informações de exportação e importação reportadas, respectivamente, pelo país de origem e destino. A divergência no saldo mundial de
exportações e importações dá-se em função do valor que é reportado pelos países bem como pela ausência de valores.
13,2% 55,3%
Índia China
4,5%
Vietnã 3,6%
4,6%
Indonésia
Brasil
Milhões de Pares
13,2%
EUA 3,9%
16,7% Japão
China
13,9%
Índia
4,6%
Brasil
Milhões de Pares
Consumo per
País 2013 2014 2015 Variação 2014-2015 capita (2015)
Bélgica
2,0%
2,0%
Alemanha
69,2%
China
5,1%
Vietnã
3,0%
Indonésia
Milhões de Pares
Bélgica
4,4%
3,9% Alemanha
7,7%
Itália 41,2%
China
9,7%
Vietnã
Milhões de US$
Reino Unido
6,2%
24,2% 6,4% Alemanha
EUA
4,9%
França 6,3%
Japão
Milhões de Pares
Em 2015, a Alemanha detinha 6,4% das importações mundiais de calçados em pares, sendo que participava
com 8,5% das importações mundiais medidas em dólares, resultado que indica um preço médio das importações
elevado. Já o Reino Unido e os Estados Unidos destacam-se pela dinâmica de crescimento das importações entre
2014 e 2015. Nesse período, entre os maiores importadores mundiais, esses dois países foram os únicos que
atingiram taxas de crescimento positivas nas importações medidas em dólares, tal que as compras externas do
Reino Unido e dos Estados Unidos, em termos de pares, entre 2014 e 2015, apresentaram uma taxa de cresci-
mento expressiva.
Reino Unido
24,3% 6,2%
8,5% Alemanha
EUA
6,0% 4,4%
França Japão
Milhões de US$
-3-
BRASIL
-0,4% 2,5%
21.069 (pessimista)
21.362 (otimista)
950 (pessimista)
965 (otimista)
1,1%
1,1%
20.578
21.180
20.841
-0,4%
996
942
954
21.069 (pessimista)
21.362 (otimista)
950 (pessimista)
21.180
20.841
996
942
954
Fonte: IBGE/Abicalçados
(*) Estimativa Abicalçados
Milhões
Nordeste de Pares
Participação
Nordeste
Ceará 268,0 28,1%
Var. Part.
Paraíba 201,8 21,2%
Norte 2015/16 2016
0,8% 58,2% Bahia 49,4 5,2%
Var. Part. Pernambuco 26,5 2,8%
2015/16 2016 Sergipe
1,3% 0,2% 11,5 1,2%
Milhões
Centro-Oeste Sudeste de Pares
Participação
Var. Part.
2015/16 2016 Sudeste Minas Gerais 90,8 9,5%
-4,0% 0,6% São Paulo 69,5 7,3%
Var. Part.
2015/16 2016
1,5% 18,4%
Milhões
Sul de Pares
Participação
Fonte: Abicalçados
Assim, na região Nordeste, foi constatado que 92,1% da produção do estado da Paraíba está concentrada no
polo de Campina Grande. No Ceará, apesar da concentração de 15,4% no polo de Juazeiro do Norte, a represen-
tatividade de 84,6% da produção calçadista fora desse polo está localizada, principalmente, nos municípios de
Horizonte e Sobral. Característica de dispersão da produção também verificada nos demais estados do Nordeste.
Já na região Sudeste, dois estados foram destacados: São Paulo e Minas Gerais. Em relação ao primeiro, Birigui,
Franca e Jaú, representam 92% da produção de calçados do estado. Diferentemente de São Paulo, a produção
de calçados de Minas Gerais caracteriza-se por uma centralização no polo de Nova Serrana. No Sul, destaca-se
o estado do Rio Grande do Sul, no qual chama a atenção a participação da produção em regiões fora dos polos
listados, o que pode apontar a ocorrência de uma desconcentração da produção do estado.
Ceará Participação
Polo de Fortaleza 2,9%
Polo de Juazeiro do Norte 15,4%
Outros 81,8%
Paraíba Participação
Polo de Campina Grande 92,1%
Outros 7,9%
3 BRASIL
Rio Grande do Sul Participação
Com relação ao material predominante utilizado na produção de calçadosPolo do Brasil,
do Vale do Rio dos Sinos participa-
chega-se em uma 41,3%
ção expressiva de plástico/borracha, liderada pela região Nordeste na produção nacional
Polo do Vale dode calçados. A produção
de calçados de couro, apesar da recuperação em 2016 (as exportações brasileiras
Fonte: Abicalçados deste tipoda
Paranhana/Encosta deSerra
calçados, entre
26,6%
*Nota: Bahia e Pernambuco são estados com a produção descentralizada
2015 geograficamente,
e 2016, cresceram 2,8 pontos
não consistindo porcentuais
na formação acima da média nacional),Outros
de polos calçadistas. acaba por representar 19,9%32,1%
da pro-
dução total do Brasil.
27,4%
Laminado Sintético
46,4%
Plástico/Borracha
4,5%
19,9% Têxtil
Couro
1,8%
Outros
Fonte: Abicalçados
Nota: A classificação dos materiais não está diretamente relacionada à
classificação por NCM. A base de segmentação parte da Prodlist da
PIA-produto/IBGE.
Ao se estabelecer a produção brasileira classificada por gênero, identifica-se uma participação de 41,9% dos
calçados unissex, ortopédicos, de segurança, entre outros especificados como gênero “não identificado”, res-
saltando-se que uma parcela dos chinelos pertence a esse tipo de classificação. O detalhamento da produção
identificou que 39,3% da produção total de calçados é do gênero feminino, 12,9% do gênero masculino e 5,9% é
de calçados infantis. Assim, chega-se a 58,1% da produção de calçados com gênero identificado.
22,2%
Masculino
58,1% 67,8%
Identificado Feminino
10,0%
Infantil
41,9%
Não Identificado
(unissex, ortopédico,
segurança. etc)
Fonte: Abicalçados
22,2%
PRODUÇÃO DE CALÇADOS
Masculino
58,1% 67,8%
7,8%
Esportivo
45,4% 40,2%
Chinelo Casual + Social
4,7%
Segurança
1,9%
Ortopédico
Fonte: Abicalçados
2014 903,0
2015 851,2
2016 851,4
Fonte: Abicalçados
654,3
Importações
1.067,2
561,3
960,4
481,0
998,0
343,7
Saldo
Fonte: MDIC
O coeficiente de exportação aponta o percentual da produção calçadista nacional que é exportada. Já o coe-
ficiente de importações estabelece o percentual da oferta local de calçados (produção nacional, descontados
os pares enviados ao exterior, mais as importações) oriunda de outros países. Com efeito, nota-se uma certa
estabilidade na participação das exportações no total produzido pelas empresas calçadistas brasileiras, entre
2015 e 2016. Todavia, o coeficiente de importações indica uma sensível queda na participação dos pares de
calçados importados sobre o total consumido internamente. Assim, é possível identificar, como já se tinha
sugerido, que a desvalorização da moeda nacional (R$) ajudou, de forma significativa, em duas dinâmicas: (1)
elevar a produção nacional de calçados para o mercado doméstico, (2) mesmo com esse aumento de participa-
ção da produção nacional na demanda interna, não permitir uma queda de participação da produção destinada
para os mercados internacionais.
Exportações
Importações
13,0%
13,2%
13,2%
4,1%
3,9%
2,7%
Saldo
13,2%
13,2%
Fonte: Abicalçados
4,1%
3,9%
2,7%
Saldo
3.3.1 EXPORTAÇÃO
2014 2015 2016 2014 2015 2016
960,4
998,0
129,5
124,1
125,6
128,3
124,9
3,7%
(pessimista)
998,0
129,5
124,1
125,6
128,3
124,9
Ao se analisar o comportamento dos destinos das exportações (em US$) de calçados brasileiros, entre 2014
e 2016, percebe-se um processo de concentração nos dez principais mercados. Em 2014, esses dez principais
destinos detinham uma parcela de 56,7% do total exportado. Já em 2016, essa participação passou para 64,2%.
Quando se estabelecem as exportações de calçados medidas em pares, esse movimento permanece, porém, de
maneira menos acentuada. Em 2014, a concentração dos dez principais destinos era de 54,3%, passando para
61,8%, em 2016. O aumento de concentração de pauta foi definido pelo desempenho das exportações brasileiras
nos Estados Unidos e na Argentina. No que tange à Argentina, o resultado das vendas externas das empresas
calçadistas está associado à superação de algumas barreiras não tarifárias. Nos Estados Unidos, entretanto, a
desvalorização da moeda nacional auxiliou a elevação das exportações de calçados.
22,2%
5,6%
EUA
França
Bolívia
4,6%
4,8% Paraguai
11,2%
Argentina
Milhões de US$
10,5%
7,1%
EUA
França
7,4%
Colômbia
11,6%
Paraguai
7,6%
Argentina
Milhões de Pares
A configuração das exportações de calçados brasileiros, por Unidade de Federação, apresenta mudança na sua
estrutura quando medida em pares ou valor (US$). Os maiores estados exportadores, medidos em US$, são: (1)
Rio Grande do Sul, (2) Ceará, (3) São Paulo, (4) Paraíba e (5) Bahia. Entretanto, ao se observar essa lista, em quan-
tidade de pares, o estado do Ceará torna-se o principal exportador de calçados, seguido pelo Rio Grande do Sul;
o estado da Paraíba supera São Paulo, e Bahia, não se estabelece entre os cinco principais estados exportadores
do Brasil, cedendo lugar para Minas Gerais. Essa diferença de posição encontra explicação no tipo de calçados
exportados, já que as empresas localizadas no Rio Grande do Sul são intensivas na produção de calçados de couro
e, no Ceará, concentram-se as empresas que têm como material predominante plástico/borracha. Nesse sentido,
é possível explicar o crescimento das exportações do Rio Grande do Sul muito superior à média nacional, tanto
em US$, quanto em pares. Nota-se que as exportações de calçados de couro, entre 2015 e 2016, cresceram 6,7%
(em US$) e 19,5% (pares). Assim, o Rio Grande do Sul acabou por contribuir decisivamente para o crescimento
das exportações brasileiras em 2016.
Variação
2014 2015 2016 2015-2016 Participação
Variação
2014 2015 2016 2015-2016 Participação
Fonte: MDIC
3.3.2 IMPORTAÇÃO
As importações brasileiras de calçados apresentaram uma retração significativa de 28,5% (em US$) e 31,6% (em
pares) entre 2015 e 2016. Esse resultado foi influenciado por três dinâmicas: (1) a queda da renda nacional; (2)
a desvalorização da moeda doméstica; e (3) a sobretaxa por dumping para calçados de origem chinesa. Em con-
trapartida à queda generalizada das importações de calçados, as importações (US$) brasileiras provenientes da
Itália e da Índia apresentaram crescimento no último ano. Ao mesmo tempo, ao se comparar as pautas de expor-
tações e importações de calçados do Brasil por tipo de material, nota-se uma composição diferente. Os calçados
de material têxtil representam a maior parte das importações, tanto em dólares, quanto em pares. Essa represen-
tatividade não é acompanhada nas exportações brasileiras de calçados, em que esse tipo de calçados apresenta
participação de 10,4% (em US$) e 9,4% (em pares). Essa diferença de composição de pauta, indica a dificuldade
competitiva do Brasil, basicamente, em calçados de material têxtil, como no caso de calçados esportivos.
4,8%
Itália
10,4%
China
55,3%
Vietnã 1,7% Tailândia
21,3%
Indonésia
Milhões de US$
Índia 25,6%
1,5% China
45,7%
Vietnã
17,8%
1,5% Indonésia
Paraguai
Milhões de Pares
EMPREGOS ESTABELECIMENTOS
286,7 mil 7,7 mil
EMPREGOS
2016 Estado ESTABELECIMENTOS
2015
286,733,6%
mil Rio Grande do Sul
7,7 mil
35,1%
2016 Estado 2015
18,7% Ceará 3,9%
33,6% Rio Grande do Sul 35,1%
14,1% São Paulo 31,0%
18,7% Ceará 3,9%
10,9% Minas Gerais 15,8%
14,1% São Paulo 31,0%
9,8% Bahia 1,4%
10,9% Minas Gerais 15,8%
2,4% Santa Catarina 3,6%
9,8% Bahia 1,4%
10,5% Outros 9,2%
2,4% Santa Catarina 3,6%
10,5% Outros
Fonte: RAIS/MTE 9,2%
Fonte: RAIS/MTE
CONCENTRAÇÃO CONCENTRAÇÃO
DO EMPREGO
CONCENTRAÇÃO Faixa de DAS EMPRESAS
CONCENTRAÇÃO
2016
DO EMPREGO Emprego 2015EMPRESAS
DAS
Faixa de
2016
4,1% Emprego
Até 4 2015
52,8%
4,1% 52,8%
3,2% DeAté
5 a4 9 15,2%
3,2% De10
5 aa 919 15,2%
5,3% De 11,8%
5,3% De 10 a 19 11,8%
11,2% De 20 a 49 11,3%
11,2% De 20 a 49 11,3%
10,4% De 50 a 99 4,4%
10,4% De 50 a 99 4,4%
13,3% De 100 a 249 2,6%
13,3% De 100 a 249 2,6%
11,5% De 250 a 499 1,0%
11,5% De 250 a 499 1,0%
10,5% De 500 a 999 0,5%
10,5% De 500 a 999 0,5%
30,5% 1000 ou mais 0,5%
30,5% 1000 ou mais 0,5%
Fonte: RAIS/MTE
Fonte: RAIS/MTE
Entre 2014 e 2015, a indústria calçadista encerrou 26,1 mil postos de trabalho, os quais representam uma queda
de 8,5%. Contudo, entre 2015 e 2016, tem-se uma recuperação de 3,6 mil empregos na indústria calçadista. A
expectativa para a geração de empregos, em 2017, posiciona-se entre um crescimento de 0,9% (otimista) e 0,2%
(pessimista). Ao salientar a criação de postos de trabalhos por Unidades da Federação, destacam-se os estados
da Bahia e de Minas Gerais. Ainda que, em 2016, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Bahia e Santa Catarina tenham
elevado o nível de emprego, frente a 2015, a Bahia foi o único estado que apresentou um número de postos de
trabalho, em 2016, maior que o identificado em 2014, período inicial apresentado. Quanto ao número de estabe-
lecimentos de fabricação de calçados, entre 2014 e 2015, houve queda generalizada entre os estados, totalizan-
do uma retração de 7,5% no número de estabelecimentos do segmento no Brasil. Desde logo, é possível indicar
que, com o crescimento da produção entre 2015 e 2016, seguido de uma tendência de diminuição no número
de estabelecimentos verificada em 2015, ocorre um processo de concentração da produção de calçados em um
número menor de empresas.
287,2 (pessimista)
289,3 (otimista)
Minas Gerais 32,6 28,7 31,4 9,3%
Bahia 24,2 24,8 28,0 13,2%
Santa Catarina 7,2 6,8 6,8 0,3%
Outros 32,1 30,5 30,2 -1,1%
Total 309,3 283,1 286,7 1,3% 2017*
Fonte: RAIS/MTE
(*) Estimativa Abicalçados
3.5.1 CÂMBIO
A dinâmica da taxa de câmbio, média trimestral, apresenta, a partir do terceiro trimestre de 2014, um processo de desvalori-
zação da moeda nacional, passando sete trimestres, sem interrupção, nesse processo. Todavia, especifica uma valorização do
Real a partir do segundo trimestre de 2016, visto que, logo no primeiro trimestre desse ano, a taxa de câmbio chega a R$/US$
3,91, valor mais
Volume alto desde
de vendas 2014. Após este trimestre, constata-se uma queda na
no varejo taxa de câmbio,
2014 atingindo R$/US$
2015 20163,29 no
último trimestre de 2016. A valorização da moeda nacional, em 2016, acaba por auxiliar na diminuição da taxa de inflação des-
se Volume
ano, através do impacto
de vendas do câmbio nos custos dos bens e insumos importados, além do efeito sobre os preços indexados.
- setorial -1,1 -8,6 -10,9
Segundo o Boletim
Tecidos, Focus
vestuário do Banco
e calçados Central (dia 26/05/2017),
(dessazonalizado) espera-se
(% acumulado uma taxa de câmbio média anual de R$/US$ 3,19 para
do ano)
2017, sendode
Volume que, no final
vendas desse ano, a taxa de câmbio estimada é de R$/US$ 3,25.
- geral
2,2 -4,3 -6,2
(dessazonalizado) (% acumulado do ano)
Taxa de Câmbio
(R$/US$)
Receita de vendas no varejo 2014 2015 2016
2,33
2,27
2,54
2,86
3,07
3,55
3,84
3,91
3,51
3,25
3,29
3,33
2,0%
11,9%
12,5%
15,5%
1,8%
1,4%
7,3%
8,3%
Confiança do consumidor
93,1 71,1 72,9
Número Índice (dessazonalizado)
2014T2 (pontos) 2016T2 2016T3
Fonte: IBRE/FGV 2014T1 2014T3 2015T4 2015T1 2015T2 2015T3 2016T4 2016T1 2016T4
3,8%
-5,7%
-10,2%
-7,5%
Fonte: BCB
Nota: Câmbio médio trimestral, comercial, compra
(*) previsão BCB/Focus (26/05/2017)
3.5.2
PIB nominalCOMPORTAMENTO
em dólar
(trilhões de US$) (preços correntes)
DO
2,46COMÉRCIO
1,80 1,80 2,14
PIB nominal
O volume em reais
de vendas no comércio varejista geral (não ampliado),
5,69 o qual não5,90leva em consideração
6,17 o comportamento
6,58 dos
(trilhões
setores de R$) (preços
de automóveis correntes)civil, atingiu uma queda de 6,2%, entre 2015 e 2016. Salienta-se, ainda, que a definição
e construção
de PIB
volumerealestabelece
em reais a variação descontada as flutuações de preços. Para os setores de tecido, vestuário e calçados, nota-
-se(trilhões
uma retraçãode R$)maior, pois,
(preços no mesmo período, atingiram 1,24
constantes)
1,19 queda mais1,15
uma taxa de -10,9%, significativa que a1,15
ocorrida no
varejo geral. É possível destacar que, em 2016, ocorre um aprofundamento da queda já registrada no ano de 2015, tanto
PIB real (%)
para o comércio varejista geral, quanto para o comércio de tecido, 0,1 vestuário e-3,8
calçados. Talvez-3,6
mais preocupante0,50que a cons-
(crescimento em moeda nacional)
tatação da queda em termos de volume, é a confirmação da retração das receitas das vendas, ocorrida no comércio de te-
Fonte: vestuário
cido, IBGE, IMF e calçados. Ou seja, a inflação do setor não conseguiu superar a contração no volume de vendas, resultando
Notas (*): Previsão Focus/BCB (12/05/2017); FMI
em uma diminuição na receita nominal, sendo que, no varejo geral, esse indicador foi positivo. Dessa forma, conclui-se que
ocorreu uma queda na participação do consumo de tecido, vestuário e calçados, sobre o total do consumo das famílias no
Brasil, em termos de volume e de receita nominal. Em relação ao estado de confiança do comércio varejista e do consumidor,
observa-se uma trajetória semelhante. Em 2015, o indicador apresentava-se muito baixo com uma leve melhora em 2016,
mas ainda distante do índice de 2014.
3 BRASIL
Previsão
Inflação Nacional 2014 2015 2016 2017*
35 Número- de
RELATÓRIO SETORIAL dias para
INDÚSTRIA DE CALÇADOS DO BRASIL | 2017 83,0 79,5 30,7 31,6
abertura de uma empresa
Inflação ao consumidor - geral
IPCA (dessazonalizado) 6,4 10,7 6,3 3,8
(% acumulado do ano em relação ao ano anterior)
Inflação ao consumidor - setorial
IPCA (calçados e acessórios – bolsas) (dessazonalizado) 3,4 3,0 5,0 3,2
(% acumulado do ano em relação ao ano anterior)
3 BRASIL
Inflação ao produtor - geral
IPP (Indústria de transformação) (dessazonalizado) 4,5 9,4 0,8 -
CONECTAMOS
Anuncio
Presente em 7 países com estrutura própria
#03
20% da equipe ligada a desenvolvimento e pesquisa
1,5 mil clientes ao redor do mundo
10.000 máquinas em operação no mundo
3 milhões de pares produzidos diariamente
LINHA HF
-4-
OPORTUNIDADES PARA
O MERCADO INTERNACIONAL
2,33
2,27
2,54
2,86
3,07
3,55
3,84
3,91
3,51
3,25
3,29
Subíndices:
3,19
3,33
Tamanho de Mercado: representa as exportações mundiais de calçados do país em valor (US$).
2014T1 2014T2 2014T3 2015T4 2015T1 2015T2 2015T3 2016T4 2016T1 2016T2 2016T3 2016T4 2017* 2018*
Saldo Comercial: representa o saldo comercial de calçados do país, ou seja, a diferença entre o total das exporta-
ções e importações de calçados em valor (US$).
Dinamismo: representa a média entre os indicadores da taxa de crescimento das exportações de calçados e a
variação das exportações de calçados do país (US$).
Desconcentração de Mercado: composto pela concentração das exportações de calçados do país nos três princi-
3,8%
2,0%
11,9%
12,5%
15,5%
1,8%
1,4%
pais destinos, sobre o total exportado por ele.
7,3%
8,3%
Market-Share2014T2
e Especialização (IVCR): representa a média2016T2 entre2016T3
o número índice da participação dos calçados na
pauta exportadora2014T3
2014T1 do país (market-share)
2015T4 e o IVCR,
2015T1 2015T2 2015T3 que é a relação entre
2016T4 2016T1 2016T4a participação do setor nas exportações
3,8%
-5,7%
-10,2%
-7,5%
Ao se observar o índice de competitividade das exportações de calçados, entre 2011 e 2015, nota-se ganhos de
posição da China e da Alemanha. Além disso, a Itália mantém-se na primeira posição durante os anos analisados.
Entre 2014 e 2015, o Vietnã ultrapassa a China no ranking de competitividade das exportações proposto, saindo
da terceira posição para a segunda posição. O Brasil, por sua vez, mantém-se na décima segunda posição, entre
2011 e 2015, mas já atingiu a décima primeira posição (2013 e 2014).
1º 1º 1º 1º 1º Itália
2º 2º 2º 2º 2º Vietnã
3º 3º 3º 3º China
4º 4º 4º 4º 4º Indonésia
5º 5º Alemanha
7º
8º 8º 8º
11º 11º
13º
Fonte: Abicalçados
ITÁLIA
A estrutura do índice de competitividade das exportações de calçados da Itália especificou uma elevação no subíndice
“Dinamismo”, entre 2011 e 2015, passando de 43,3 para 51,0. No entanto, já se nota uma queda nos subíndices “Saldo
Comercial” e “Desconcentração”. O indicador de “Tamanho” posiciona-se na escala máxima do índice (100). Destaca-se,
também, que o “Preço Médio” das exportações de calçados da Itália apresenta o maior índice entre os três países com
melhor posicionamento no ranking de competitividade (Vietnã e China).
Tamanho
100
80
Mercados Saldo Comercial
60
40
20
2011 2015
Fonte: Abicalçados
VIETNÃ
Entre 2014 e 2015, o Vietnã passou da terceira para a segunda posição no índice de competitividade das
exportações de calçados. Esse resultado foi em decorrência da alteração no subíndice de “Desconcentração”,
o qual variou em 17,4 pontos. Além disso, os subíndices de “Tamanho”, “Saldo Comercial” e “Market-Share e
Especialização” encontram-se no valor máximo do índice.
Tamanho
100
80
Mercados Saldo Comercial
60
40
20
0
Market-Share &
Desconcentração
Especialização
2011 2015
Fonte: Abicalçados
CHINA
Os subíndices de “Mercados”, “Tamanho” e “Saldo Comercial” da China caracterizaram-se com um valor máximo (100)
na composição do índice de competitividade das exportações de calçados. Lembra-se que esses indicadores definem,
basicamente, a escala de exportações de calçados desse país asiático. Logo, a China encontra-se numa posição confor-
tável no índice de competitividade quando se examina a dimensão das suas exportações. No que tange às alterações,
entre 2011 e 2015, percebe-se uma elevação no subíndice “Preço Médio”.
Tamanho
100
80
Mercados 60 Saldo Comercial
40
20
0
Market-Share &
Desconcentração
Especialização
2011 2015
Fonte: Abicalçados
BRASIL
Na composição do índice de competitividade de calçados do Brasil, observa-se que o subíndice “Desconcentração” ca-
racterizou-se por alcançar um valor máximo (100) em 2011, mantendo-se elevado (94,8), em 2015. Destaca-se, tam-
bém, o desempenho no subíndice “Dinamismo” que apresentou variação positiva de 35,5 pontos de 2011 para 2015.
Além disso, outros subíndices como “Saldo Comercial” e “Mercados” também elevaram sua pontuação. Por outro lado,
os demais subíndices tiveram perda de competitividade, em especial “Tamanho” e “Market-Share & Especialização”, os
quais revelaram perdas devido à queda nas exportações de calçados do Brasil.
Tamanho
100
80
Mercados 60 Saldo Comercial
40
20
0
Preço Médio Dinamismo
Market-Share &
Desconcentração
Especialização
2011 2015
Fonte: Abicalçados
Subíndices:
Tamanho Brasil: representa o valor (US$) das importações de calçados de origem brasileira na pauta de impor-
tações de outro país.
Dinamismo Brasil: representa a média entre os números índices da variação em valor (US$) e percentual das im-
portações de calçados provenientes do Brasil.
Relevância para o Brasil e Mundo: avalia a representatividade em valor (US$) das importações de calçados de um
país a partir da média dos números índices do valor total importado frente ao de origem brasileira.
Tamanho Mundo: refere-se ao total das importações de calçados do país, em valor (US$).
Dinamismo Mundo: representa a média entre os números índices da variação em valor (US$) e percentual das
importações totais de calçados do país.
Preço médio: representa a média entre os indicadores de preço médio (US$/Kg) das importações de calçados do
país, provenientes do Brasil e mundiais.
A França perdeu sua hegemonia na primeira colocação, em 2015, quando foi superada pelos Estados Unidos no
ranking de Atratividade das Exportações Brasileiras de Calçados. Os Estados Unidos avançaram quatro posições
no ranking, visto que, em 2011, ocupava a quinta colocação. Ademais, ressalta-se o desempenho da Alemanha
que avançou cinco posições, alcançando o terceiro lugar em 2015. Apesar de não apresentar uma variação ex-
pressiva na comparação de 2011 e 2015, o Reino Unido oscilou muito, ao longo do período, chegando a ocupar a
décima primeira posição em 2013. Por fim, a China perdeu duas posições no período analisado, mas se manteve
entre os cinco países com maior índice.
1º 1º 1º 1º 1º Estados Unidos
2º 2º 2º 2º França
3º 3º 3º Alemanha
4º China
5º 5º 5º 5º Reino Unido
6º 6º
7º 7º
8º 8º
9º
11º
Fonte: Abicalçados
Tamanho Brasil
100
80
Preço Médio Brasil e 60
Dinamismo Brasil
Mundo
40
20
0
Tamanho Mundo
2011 2015
Fonte: Abicalçados
FRANÇA
O mercado francês, assim como o estadunidense, confirma-se como um importante mercado no cenário mundial de calça-
dos. A França manteve pontuação elevada nos subíndices de “Tamanho Brasil” e “Relevância para o Brasil e Mundo”, apesar
de pequenas variações negativas na comparação entre 2011 e 2015. A queda mais expressiva ocorreu no subíndice “Dina-
mismo Brasil”, com perda de 42,7 pontos, reflexo das taxas de crescimento negativas no que se refere às importações de
calçados brasileiros pelo país.
Tamanho Brasil
100
80
Preço Médio Brasil e 60
Dinamismo Brasil
Mundo 40
20
0
Relevância para o
Dinamismo Mundo
Brasil e Mundo
Tamanho Mundo
2011 2015
Fonte: Abicalçados
ALEMANHA
Ao se comparar os indicadores de “Tamanho Mundo” Tamanho Mundo Mundo”, analisa-se a relevância da Alemanha
e “Dinamismo
como importador de calçados. Contudo, em relação ao Brasil, o desempenho nos subíndices ainda demonstram que
as exportações brasileiras não acompanharam o ritmo 2011 2015 do mercado alemão. Esse fato é observa-
de crescimento
do pelo “Tamanho Brasil” que apresentou queda Fonte:
de 28,4 pontos, em 2015, em relação a 2011. Na contramão do
Abicalçados
“Tamanho Brasil”, está o “Dinamismo Brasil”, o qual avançou 42,4 pontos. Todavia, é fundamental explicar que esse
desempenho reflete a comparação entre taxas de crescimento médio e de variação que, em 2011, apresentaram
desempenho muito inferior ao de 2015.
Tamanho Brasil
100
80
20
Relevância para o
Dinamismo Mundo
Brasil e Mundo
Tamanho Mundo
2011 2015
Fonte: Abicalçados
CHINA
A China ampliou seu mercado em 2015, dado o comportamento dos subíndices “Tamanho Mundo” e “Dinamismo
Mundo”. Por outro lado, assim como verificado na Alemanha, as exportações brasileiras não seguiram essa tendên-
cia. Diante disso, nota-se que “Tamanho Brasil” e “Dinamismo Brasil” sofreram perda nos indicadores de atrativida-
de de 6,8 e 4 pontos, respectivamente.
Tamanho Brasil
100
80
Relevância para o
Dinamismo Mundo
Brasil e Mundo
Tamanho Mundo
2011 2015
Fonte: Abicalçados
Tamanho Brasil
44 RELATÓRIO SETORIAL - INDÚSTRIA DE CALÇADOS DO BRASIL | 2017
100
A área de Inteligência de Mercado dedica-se ao monitoramento, à coleta, organização, análise
e disseminação de informações, estudos e pesquisas, para apoiar as empresas na tomada de
decisão e no planejamento. A área está estruturada tendo como base os pilares de atendimento
às empresas, os materiais disponíveis na área de acesso restrito aos associados (Portal da Inte-
ligência) e os estudos customizados para as empresas: Mercados Potenciais e Big Data Social.
ANÁLISE DE ESPECIALISTA
Entre um conjunto de fatores que podem ter definido a diferença de resulta- MARCOS TADEU LÉLIS
dos, acredita-se que a desvalorização da moeda nacional, iniciada no final de DOUTOR EM ECONOMIA
2015, acabou sendo determinante. Por certo, nota-se uma resposta mais rá-
pida e consistente das empresas produtoras de calçados às variações na taxa
de câmbio, como pode ser caracterizado nos gráficos comparativos apresen-
tados: (1) Importações de Calçados (US$) e Produção de Calçados e suas Par- “EM 2016, OS
tes; (2) Exportações de Calçados (US$) e Produção de Calçados e suas Partes;
e (3) Exportações de Calçados (US$) e Taxa de Câmbio (R$/US$) Média Mó- EFEITOS DA
vel de seis meses. Ao se comparar o prazo de reação das exportações e das DESVALORIZAÇÃO
importações brasileiras às alterações na taxa de câmbio, tem-se como fato
constatado que as modificações nas exportações levam um período maior de DA MOEDA
tempo, em comparação às importações; no entanto, os efeitos da desvalori- NACIONAL
zação da moeda nacional atingem esses dois agregados do comércio exterior.
Assim, considera-se que o início do processo de recuperação da produção DEFINIRAM A
de calçados se estabelece pelo efeito das importações e se consolida após a RECUPERAÇÃO
concretização do crescimento das exportações.
DA PRODUÇÃO
Com respeito às importações, percebe-se que, mesmo com a queda do con- CALÇADISTA. EM
sumo interno, a retração das importações teria ocorrido em patamar maior e
de forma imediata, resultando em um espaço para elevar a produção nacional UM PRIMEIRO
destinada ao consumo interno, desde o final de 2015. Já as respostas nas ex- MOMENTO, VIA
portações de calçados necessitaram de um tempo maior, indicando um cresci-
mento a partir do segundo trimestre de 2016. A concretização de uma substi- PROCESSO DE
tuição de importações por produção nacional, mesmo com queda na demanda SUBSTITUIÇÃO DAS
interna de calçados, é verificada na diminuição do coeficiente de importações
(mede o quanto da oferta local é suprida por importações), entre 2015 e 2016, IMPORTAÇÕES E,
que passou de 3,9% para 2,7%, respectivamente. Esse resultado é corrobora- DEPOIS, A PARTIR
do pelos movimentos das importações de calçados, da produção de calçados e
pelo início da dinâmica de desvalorização do Real (R$). A taxa de câmbio (R$/ DA AMPLIAÇÃO DAS
US$) estabelece um movimento de desvalorização da moeda doméstica a par-
tir de agosto de 2015 (julho de 2015 – R$/US$ 3,22; agosto de 2015 – R$/US$
EXPORTAÇÕES”
3,51), essa desvalorização aponta um resultado imediato nas importações de
calçados. Ao mesmo tempo, a recuperação da produção de calçados, primei-
ramente com quedas cada vez menores, estabelece-se a partir de outubro de
2015, como pode ser observado na linha de tendência da taxa de crescimento
da produção da indústria de calçados e suas partes.
Com isso, indica-se o início de alteração de uma fase de quedas constantes nas exportações de calçados para um
período de taxas de crescimento positivas (barras amarelas). Essas taxas de crescimento positivas solidificam-se,
a partir de abril de 2016, quando se consolida a recuperação da produção de calçados, confirmada pelo conjunto
de resultados positivos nas taxas de crescimento da produção do setor calçadista.
40,0 15,0
29,5
30,0 9,8 25,3
10,0
20,0
11,6
10,0 5,0
0,0
0,0
-10,0
-20,0
-5,0
-30,0
-40,0 -10,0
-9,1
-50,0
-15,0
-60,0 -15,5
-58,8
-70,0 -20,0
jul/14
ago/14
set/14
out/14
nov/14
dez/14
jan/15
fev/15
mar/15
abr/15
mai/15
jun/15
jul/15
ago/15
set/15
out/15
nov/15
dez/15
jan/16
fev/16
mar/16
abr/16
mai/16
jun/16
jul/16
ago/16
set/16
out/16
nov/16
dez/16
Importação de Calçados (%)
Produção Industrial de Calçados e suas Partes*
Linha de Tendência (Produção Industrial de Calçados e suas Partes*)
9,8
18,2 10,0
20,0 7,5 7,7
6,6 15,1
5,0
10,0 2,1
7,1
0,0
1,1 0,8
0,0
-3,9
-5,0
-10,0
-7,5
-10,0
-12,5
-20,0
-15,0
-23,7 -23,5 -15,5
-30,0 -20,0
jul/14
ago/14
set/14
out/14
nov/14
dez/14
jan/15
fev/15
mar/15
abr/15
mai/15
jun/15
jul/15
ago/15
set/15
out/15
nov/15
dez/15
jan/16
fev/16
mar/16
abr/16
mai/16
jun/16
jul/16
ago/16
set/16
out/16
nov/16
dez/16
É interessante assinalar, ainda, o tempo de resposta das exportações de calçados após uma variação da taxa de
câmbio. A compreensão desse movimento torna-se mais relevante ao se observar as perspectivas para o nível
de atividade do setor de calçados, em 2017. Para isso, o gráfico caracteriza a taxa de câmbio média móvel de seis
meses e a taxa de crescimento das exportações de calçados em US$ (frente o mesmo mês do ano anterior). Desse
modo, constata-se que as exportações de calçados começaram a se recuperar, de maneira mais consistente, após
a taxa de câmbio média móvel seis meses ter atingido seu valor mais elevado - R$/US$ 3,88, em março de 2016.
É possível, então, afirmar que o tempo de resposta das exportações, após a introdução da desvalorização da
moeda nacional, gira em torno de seis meses. Além disso, no final de 2016, a taxa de câmbio parece se consolidar
em um valor médio de R$/US$ 3,30, resultando em desaceleração das taxas de crescimento das exportações
de calçados, mas ainda positiva. Por essa razão, acredita-se que esse patamar da taxa de câmbio pode manter
a competitividade exportadora da indústria de calçados. Desse modo, em 2016, os efeitos da desvalorização
da moeda nacional definiram a recuperação da produção calçadista. Em um primeiro momento, via processo de
substituição das importações e, depois, a partir da ampliação das exportações.
4,00 3,88
20,0
3,50 15,1
3,13 3,29
3,00 10,0
2,50 0,8
2,29
-
2,00
1,50 -10,0
1,00
-20,0
0,50
-23,5
0,00 -30,0
jul/14
ago/14
set/14
out/14
nov/14
dez/14
jan/15
fev/15
mar/15
abr/15
mai/15
jun/15
jul/15
ago/15
set/15
out/15
nov/15
dez/15
jan/16
fev/16
mar/16
abr/16
mai/16
jun/16
jul/16
ago/16
set/16
out/16
nov/16
dez/16
Ainda que se espere que seja no segundo semestre que a economia apresente
maior vigor, já é possível observar sinais que corroboram a recuperação. O ritmo “O RESULTADO
da retomada, porém, está sendo fortemente influenciado pela situação financeira
ruim da grande parte das empresas, o que influencia negativamente na tomada DE 2017 DEVERÁ
de crédito. Por fim, o crescimento econômico, em 2017, não deverá repercutir
positivamente no mercado de trabalho, o que torna o processo de retomada mais
REPRESENTAR A
lento. Apesar de acumularmos mais de 14 milhões de desocupados no País, os RETOMADA DO
dados mostram que o PIB apresentou uma queda maior do que o emprego formal,
revelando a existência de ociosidade dentro das empresas. Isso, aliado a uma pro- CRESCIMENTO
dutividade baixa na economia brasileira, mostra que é possível voltar a produzir DE UM PIB
sem que seja necessário contratar trabalhadores.
QUE REDUZIU
Assim, deveremos observar, em 2017, uma redução no ritmo de perda de postos
de trabalho, mas será difícil chegar ao final deste ano gerando novos empregos
7,2% NOS DOIS
líquidos, isto é, uma diferença positiva entre os admitidos e desligados. No entan- ÚLTIMOS ANOS.”
to, a simples diminuição da velocidade com que se reduzem os postos de trabalho
tem reflexo no comportamento de consumo dos indivíduos. À medida em que a
probabilidade de perder o emprego é reduzida, as pessoas passam a ter mais con-
fiança para adquirir bens, ou seja, estimula-se o consumo das famílias.
A solução para a crise brasileira passa, necessariamente, pela solução da crise fis-
cal. A política do teto de gastos aprovada no Congresso Nacional, no final de 2016,
diminui o ritmo do ajuste, sinalizando um compromisso de longo prazo. Todavia,
para o sucesso da política, o governo precisa da Reforma Previdenciária, que pode
ser considerada um teste definitivo da influência do executivo sobre o legislativo.
Até maio de 2017, a Reforma Trabalhista foi aprovada na Câmara dos Deputados
e aguarda apreciação no Senado. Ainda é esperado para o segundo semestre que
conheçamos uma proposta de Reforma Tributária. E, em meio a tudo isso, de for-
ma muito mais discreta, articula-se uma Reforma Política, afinal de contas, em
2018, há eleições.
DESAFIOSCAOS
PARA NA
PLANEJAR A PRODUÇÃO?
FÁBRICA?!
A NEO possui as soluções tecnológicas Baseada no conhecimento
de que a sua empresa precisa para gerar resultados.
Inspirada pela tecnologia
METODOLOGIA
O “Relatório Setorial: Indústria de Calçado do Brasil” possui periodicidade anual, sendo que os dados apresentados
foram coletados de fontes oficiais ou estimados com base nos mesmos, juntamente com as informações coletadas
através da “Pesquisa de Produção – Abicalçados”. Desse modo, os dados podem sofrer alterações entre os anos
reportados, de acordo com as atualizações e revisões das fontes.
A “Pesquisa de Produção - Abicalçados” é um questionário estruturado de adesão voluntária e aplicado com uma
amostragem. Estima-se que a amostra das empresas respondentes representa 70% da produção nacional, em pa-
res. As informações são confidenciais e não serão divulgadas individualmente, sendo reportados apenas os dados
consolidados.
A Produção Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF): divulga o comportamento de curto prazo do volume de
produção nacional através de número índice. O painel de produtos e informantes monitorados para o índice parte
da PIA-Empresa e PIA-Produto (2010) e representa 85% do valor da transformação industrial, com base de pon-
deração fixa dos indicadores. De outro modo, os índices são médias ponderadas de relativos de quantidades, com
pesos definidos pelo valor de cada produto, estimado com base nas quantidades vigentes no mês de anterior e dos
preços do período base (base 2012 = 100).
Pesquisa de Produção - Abicalçados: foi coletada através da aplicação de um questionário estruturado, abrangendo
informações relativas aos anos de 2014, 2015, 2016, e a expectativa de movimento para o ano de 2017. Em termos de
volume de produção, constatou-se que a amostra mesclada dos questionários de 2016 e 2017 representa, em relação
ao ano de 2014 (último dado oficial da PIA-produto/IBGE), cerca de 70% da produção identificada no ano pelo IBGE.
A estimativa de produção para o ano de 2017 parte da mesma concepção metodológica. Faz uso de uma média do
crescimento previsto pela amostra da Abicalçados (ponderada), definida pelas próprias empresas da amostra, e pela
projeção estatística do índice da PIM-PF para os nove meses finais de 2017. Com isso, estabelece-se a estimativa do
crescimento médio anual do índice de produção física do IBGE, para o ano de 2017, a partir de um intervalo de con-
fiança (ponto máximo e mínimo). Esse intervalo de confiança tem como objetivo minimizar o erro causado pela alte-
ração na tendência estimada dos últimos meses de 2017, chegando em estimativas por intervalos e não pontuais.
A Pesquisa Industrial Anual – Empresa (PIA – Empresa): define-se a partir de um relatório anual que tem como
objetivo identificar as características estruturais básicas do segmento empresarial da atividade industrial. Seus
resultados subsidiam o Sistema de Contas Nacionais nas estimativas do valor da produção, consumo intermediário,
valor adicionado, formação de capital e pessoal ocupado. A pesquisa aborda dados sobre número de empresas,
pessoal ocupado (declarado pelas empresas – formal e informal), custos e despesas, gasto de pessoal, receita, valor
da produção e valor da transformação industrial, com base na Classificação Nacional de Atividades Econômicas
(CNAE 2.0). A PIA-Empresa engloba as unidades locais produtivas com 30 ou mais pessoas ocupadas, que auferiram
receita bruta superior ao dado de corte no ano anterior ao da pesquisa.
As estimativas de produção por estado, divulgadas pela Abicalçados, para os anos de 2015 e 2016, levam em
consideração um conjunto de informações regionalizadas, tais como: número de empresa, pessoal ocupado (PIA-
-Empresa e RAIS) e valor da produção (PIA-Empresa). Dessa forma, com base na PIA-Produto de 2014 e em uma
média ponderada dos movimentos de emprego, empresa e valor da produção por estado, estimou-se a produção
de calçados regionalizada.
6.3 FONTES
BCB | Banco Central do Brasil | bcb.gov.br
Euromonitor International | euromonitor.com
IBGE | Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística | ibge.gov.br
IBRE/FGV | Instituto Brasileiro de Economia - Fundação Getúlio Vargas | portalibre.fgv.br
MDIC | Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior | mdic.gov.br
MTE - RAIS/CAGED | Ministério do Trabalho e Emprego - Relação Anual de Informações Sociais e Cadastro Geral de
Empregados e Desempregados | trabalho.gov.br
UNComtrade | United Nations Comtrade | comtrade.un.org
World Shoe Review | worldshoereview.co.uk
WTO | World Trade Organization | wto.org
CEARÁ
Fortaleza - Fortaleza.
Juazeiro do Norte - Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha.
MINAS GERAIS
Polo de Nova Serrana - Araújos, Bom Despacho, Conceição do Pará, Divinópolis, Igaratinga, Leandro Ferreira, Nova
Serrana, Onça de Pitangui, Pará de Minas, Perdigão, Pitangui, São Gonçalo do Pará.
PARAÍBA
Polo de Campina Grande - Campina Grande, Mogeiro, Araruna, Guarabira, Serra Redonda, Ingá, Alagoa Nova.
SANTA CATARINA
Polo de São João Batista - Tijucas, Canelinha, Nova Trento, Major Gercino, São João Batista.
SÃO PAULO
Polo de Franca - Franca.
Polo de Jaú - Jaú.
Polo de Birigui - Birigui, Alto Alegre, Andradina, Araçatuba, Auriflama, Avanhandava, Barbosa, Bento de Abreu,
Bilac, Braúna, Brejo Alegre, Buritama, Castilho, Clementina, Coroados, Gabriel Monteiro, Gastão Vidigal, General Sal-
gado, Glicério, Guaracai, Guararapes, Guzolândia, Lavínia, Lourdes, Luiziânia, Mirandopolis, Murutinga do Sul, Pená-
polis, Piacatu, Rubiacea, Santopolis dAguapei, Turiuba, Valparaiso, Lins, Macaubal, Moncoes, Nova Castilho, Nova
Luzitânia, Planalto, Santo Antonio do Aracangua, Zacarias, União Paulista.