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Sociologia e Antropologia

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sábado, 19 de maio de 2012

Resenha de “Preconceito Racial de Marca e


Preconceito Racial de Origem” de Oracy
Nogueira.

Compreenda a dinâmica do racismo


brasileiro

O texto de Oracy Nogueira se propõe a reunir, de forma bem clara,


algumas situações onde se percebe claramente pontos de distinção entre os
conceitos de preconceito racial de marca e preconceito racial de origem. Como
exemplo, Oracy Nogueira expõe diferentes aspectos de como ocorre preconceito
racial aqui no Brasil e nos Estados Unidos.

De acordo com Oracy Nogueira, quando acontece um evento


discriminatório por motivo racial, este ocorre por duas formas que se
distinguem quanto à natureza. Para Oracy, o preconceito que prevalece no Brasil
é aquele baseado no preconceito de cor, termo que se apresenta difuso na
literatura relativa ao tema, porém o autor prefere nomeá-lo de preconceito de
marca. Em contrapartida, nos Estados Unidos, o preconceito racial que
prevalece é aquele baseado na origem. Em outras palavras, quando o
preconceito se exerce em relação à aparência física dos individuas
descriminados, diz se que é preconceito racial de marca e quando o preconceito
acontece por dedução de que o discriminado tem uma ascendência de certo
grupo étnico, diz que o preconceito é de origem. São dois tipos ideais
desenvolvidos por Oracy para apontar a existência do preconceito racial
presente tanto aqui no Brasil, quanto nos Estados Unidos.

Para Oracy, um dos pontos em que se pode julgar a diferença do


preconceito de marca do preconceito de origem é pelo modo de atuação do
individuo. Segundo Oracy, onde o preconceito é de marca, como no Brasil,
dependendo do modo de atuação do individuo, ou seja, se ele apresenta
habilidades específicas, ou se este indivíduo mostra-se inteligente, ou mesmo
perseverante, ele pode ter o tratamento discriminatório abrandado por essas
particularidades por ele apresentadas. Fato que não tem possibilidade de
acontecer nos Estados Unidos. Quando o preconceito racial é de origem como
lá, a discriminação se mantém, independente da condição pessoal, ou da
qualificação educacional do indivíduo.

Outra diferença explicitada por Oracy faz referência a questão afetiva. No


Brasil, segundo Oracy, onde o preconceito é de marca, há uma tendência, desde
cedo, no espírito de uma criança branca que os traços negróides “enfeiam” o
seu portador. Outro fato percebido é o de tratar as crianças negras com apelidos
que retratam uma inferioridade por parte destas. Em ambas as situações, o que
importa é uma sensação de superioridade dos traços brancos e uma
depreciação dos traços negros, mesmo que de forma branda, ou hilária. Já nos
Estados Unidos, o preconceito tende a ser mais emocional, assumindo até um
caráter de ódio intergrupal. As manifestações preconceituosas tendem a
segregar, intencionalmente, a população negra.

Outro ponto importante destacado por Oracy Nogueira é referente às


relações interpessoais. Nos casos de preconceito racial de marca, como no
Brasil, é possível que uma pessoa preconceituosa mantenha laços de amizade
com uma pessoa negra sem que isso mude sua concepção preconceituosa. Já
nos casos onde o preconceito é de origem, como nos Estados Unidos, uma
pessoa branca que mantenha laços com uma pessoa negra, a pessoa branca
estará sujeito a sansões que podem até chegar ao ponto do indivíduo ser tratado
de forma discriminatória como se fosse realmente um negro.

Para Oracy Nogueira, quando o preconceito é de marca, a probabilidade


de ascensão social é inversamente proporcional à intensidade das
características físicas do indivíduo negro o que disfarça o preconceito de raça
pelo preconceito de classe social. Fato que nos casos de preconceito racial de
origem se expressa por uma cisão total entre os grupos discriminados e
discriminador, de forma que parecem até duas sociedades diferentes, sem a
possibilidade de uma comparação.

Enfim, nos casos de preconceito racial de marca, a ideologia é de


miscigenação. Nesse tipo de preconceito há uma expectativa de que os outros
tipos raciais desapareçam na medida em que haja um cruzamento desses tipos
com os indivíduos brancos. Além disso, espera-se também que o
embranquecimento provocado por esse cruzamento promova um abandono
cultural por parte do não brancos, passando o individuo a praticar hábitos
culturais como língua, religião e costumes do povo branco. Já nos casos onde o
preconceito é de origem, a ideologia é segregacionista. Espera-se que as
minorias se mantenham isoladas, que promovam casamentos apenas dentro do
seu clã, mantendo uma separação nítida entre as formas sociais.

O ponto central do texto de Oracy Nogueira é que independentemente da


forma ou da natureza do preconceito racial, ele está presente tanto aqui no
Brasil como nos Estados Unidos. E em qualquer uma das modalidades, de
marca ou de origem, está intimamente ligado ao modo de ser, culturalmente
condicionado, que se manifesta nas relações interindividuais. Ele deixa claro a
forma velada de preconceito racial existente aqui no Brasil, envolvendo muitas
etapas até se chegar ao rompimento formal das relações interpessoais,
enquanto que nos Estados Unidos, a situação representa um estado quase
permanente de conflito interracial.

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