Índice
1. MATERIAIS ASFALTICOS
O asfalto é um dos mais antigos materiais utilizados pelo homem. Na Mesopotâmia era usado
como aglutinante em serviços de alvenaria e estradas e como impermeabilizante em reservatório
de água e salas de banho.
As primeiras aplicações de asfalto para fins de pavimentação foram feitas na França (1802). O
emprego de asfalto derivado do petróleo iniciou-se a partir de 1909.
3.1. Definições
Betume
Mistura de hidrocarbonetos pesados, obtidos em estado natural ou por diferentes processos
físicos ou químicos, com seus derivados de consistência variável e com poder aglutinante e
impermeabilizante, sendo completa mente solúvel no bissulfeto de carbono (CS2) ou
tetracloreto de carbono (CCL4).
Asfalto
Material de consistência variável, cor pardo-escura, ou negra, e no qual o constituinte
predominante é o BETUME, podendo ocorrer na natureza em jazidas ou ser obtido pela
refinação do Petróleo.
Alcatrão
Líquido negro viscoso resultante da destilação destrutiva de carvão, madeira e açúcar,
constituindo um subproduto da fabricação de gás e coque metalúrgico. Em desuso em
pavimentação.
3.2. Classificações
3.3.4. Aplicação
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3.3.4. Origem
Asfaltos naturais
Ocorrem em depressões da crosta terrestre, constituindo lagos de asfalto (Trinidad e Bermudas).
Possuem de 60 a 80% de betume.
Rochas asfálticas
O asfalto aparece impregnando os poros de algumas rochas (Gilsonita) e também misturado
com impurezas minerais (areias e argilas) em quantidades variáveis. O xisto betuminoso pode
ser citado como exemplo de rocha asfáltica.
Asfaltos de petróleo
Mais empregado e produzido, sendo isento de impurezas. Pode ser encontrado e produzido nos
seguintes estados:
Sólido;
Semissólido;
Líquido; Asfalto dissolvido e Asfalto emulsificado ou emulsionado.
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Alcatrão
Proveniente do refino do alcatrão bruto, que se origina da destilação dos carvões durante a
fabricação de gás e coque. Estão em desuso no Brasil a mais de 25 anos.
Segundo LEITE (2003) o CAP é por definição um material adesivo termoplástico, impermeável
à água, visco-elástico e pouco reativo, ou seja:
Adesivo termoplástico
Passa do estado líquido ao sólido de maneira reversível;
A colocação no pavimento se dá a altas temperaturas;
Através do resfriamento o CAP adquire as propriedades de serviço (comportamento visco-
elástico).
Impermeável
Evita a penetração de água (chuva) na estrutura do pavimento, forçando o escoamento para os
dispositivos de drenagem.
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O CAP é uma mistura química complexa cuja composição varia com o petróleo e processo de
produção.
Para ser usado deve ser aquecido.
No fracionamento do CAP, encontramos 4 categorias principais:
Hidrocarbonetos Saturados (S);
Hidrocarbonetos Aromáticos (A);
Resinas (R);
Asfaltenos (A).
Os 3 primeiros são denominados de maltenos e sendo os 2 primeiros compostos “não polares”
e os 2 últimos compostos polares e polatizáveis.
Os asfaltenos são formados devido a associações intermoleculares e são responsáveis pelo
comportamento reológico do CAP (Reologia é o estudo do fluxo e da deformação dos materiais
sob aplicação de forças).
Tem maior peso molecular (do seu peso molecular >95% são hidrocarbonetos) e maior teor de
heteroátomos.
Sua estrutura é constituída de poliaromáticos, com encadeamento de hidrocarbonetos naftênicos
condensados e cadeias curtas de saturados.
3.3.1.2. Obtenção
No passado os asfaltos eram obtidos em lagos e poços de petróleo e com a evaporação das
frações leves restava um material residual com características adequadas aos usos desejados.
Hoje em dia, a obtenção do asfalto é feita através de refinação (refinamento) do petróleo. A
quantidade de asfalto contida num petróleo pode variar de 10 a 70%.
O processo de refinamento depende do tipo e rendimento em asfalto que o mesmo apresenta.
Se o rendimento for:
Alto, apenas é utilizada a destilação à vácuo;
Médio, usa-se a destilação atmosférica e destilação à vácuo;
Baixo, utilizam-se destilação atmosférica, destilação à vácuo e extração após o 2º
estágio de destilação.
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3.3.1.3. Classificação
3.3.1.4. Especificações
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𝑃𝐸𝑁𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙
𝑃𝐸𝑁𝑟𝑒𝑡𝑖𝑑𝑎 = ( ) ∙ 100
𝑃𝐸𝑁𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙
Onde:
PENinicial - Penetração antes do ensaio de durabilidade (RTFOT);
PENfinal - Penetração após o ensaio de durabilidade (RTFOT).
Na Tabela abaixo são mostradas as especificações atuais para os cimentos asfálticos produzidos
no Brasil segundo a classificação por penetração.
Tabela - Especificações dos cimentos asfálticos de petróleo (CAP) classificação por
penetração (RESOLUÇÃO ANP Nº 19, de 11de julho de 2005).
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Deve ser livre de água, homogêneo em suas características e conhecer a curva viscosidade-
temperatura.
Para utilização em pré-misturados, areia - asfalto e concreto asfáltico deve-se usar: CAP 30/45,
50/70 e 85/100.
Para tratamentos superficiais e macadame betuminoso deve-se usar CAP150/200.
Não podem ser usados acima de 177 °C, para evitar possível craqueamento térmico do ligante.
Também não devem ser aplicados em dias de chuva, em temperaturas inferiores a 10° C e sobre
superfícies molhadas.
OBSERVAÇÂO
Para que o CAP possa recobrir convenientemente os agregados é necessário que apresente uma
viscosidade em torno de 0,2 Pa.s, o que só será atingido por aquecimento do ligante e do
agregado a temperaturas convenientemente escolhidas para cada tipo de ligante. Para evitar o
aquecimento do CAP a fim de obter viscosidades de trabalho nos serviços de pavimentação, é
possível promover mudanças no ligante utilizando-se dois processos de preparação:
Adição de um diluente volátil ao asfalto produzindo o que se convencionou chamar no
Brasil de asfalto diluído (cutbackem inglês) – ADP;
Emulsionamento do asfalto.
3.3.2.1. Obtenção
Os asfaltos diluídos (ADP) são produzidos pela adição de um diluente volátil, obtido do próprio
petróleo, que varia conforme o tempo necessário para a perda desse componente adicionado
restando o asfalto residual após a aplicação. O diluente serve apenas para baixar a viscosidade
e permitir o uso à temperatura ambiente (IBP, 1999; Hunter, 2000; Shell, 2003).
Ou seja, os asfaltos diluídos são obtidos por meio da combinação entre CAP e diluente, feita
em um misturador específico, seguindo o seguinte esquema:
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3.3.2.2. Classificação
Os diluentes evaporam-se após a aplicação e o tempo necessário para evaporar chama-se
“Cura”.
De acordo com a cura, podem ser classificados em:
Cura Rápida (CR) – Solvente é a gasolina ou a nafta;
Cura Média (CM) – Solvente é o querosene;
Cura Lenta (CL) – Solvente é o óleo diesel ou o gasóleo - (não se usa mais).
Cada categoria apresenta vários tipos com diferentes valores viscosidade cinemática,
determinadas em função da quantidade de diluente.
A quantidade média de CAP e diluente são as seguintes:
Nomenclatura
Tipo CM Tipo CR % CAP % Diluente
Atual Antiga
CM – 30 - 52 48 MC – 0 RC – 0
CM – 70 CR – 70 63 37 MC – 1 RC – 1
CM – 250 CR – 250 70 30 MC – 2 RC – 2
CM – 800 CR – 800 82 18 MC – 4 RC – 4
CM – 3000 CR – 3000 86 14 MC – 5 RC – 5
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É um sistema constituído pela dispersão de uma fase asfáltica em uma fase aquosa (direta) ou
de uma fase aquosa em uma fase asfáltica (inversa): CAP + Água + Agente Emulsivo.
3.3.3.1. Obtenção
Uma emulsão é definida como uma dispersão estável de dois ou mais líquidos imiscíveis
(Miscibilidade é a capacidade de uma mistura de duas ou mais substâncias puras formarem uma
única fase (mistura homogênea) em certos intervalos de temperatura, pressão e composição).
No caso da emulsão asfáltica (EAP) os dois líquidos são o asfalto e a água.
A emulsão asfáltica representa uma classe particular de emulsão óleo-água na qual a fase “óleo”
tem uma viscosidade elevada e os dois materiais não formam uma emulsão por simples mistura
dos dois componentes, sendo necessária a utilização de um produto auxiliar para manter a
emulsão estável. Além disso, o asfalto precisa ser preparado por ação mecânica que o
transforme em pequenas partículas ou glóbulos (IBP, 1999; Hunter, 2000; Abeda, 2001; Shell,
2003).
O produto especial chamado de agente emulsionante ou emulsificante é uma substância que
reduz a tensão superficial, o que permite que os glóbulos de asfalto permaneçam em suspensão
na água por algum tempo, evitando a aproximação entre as partículas e sua posterior
coalescência (junção de partes que se encontravam separadas). A proporção típica entre óleo e
água é de 60 para 40%. O tempo de permanência da separação entre os glóbulos de asfalto pode
ser de semanas até meses, dependendo da formulação da emulsão.
A ação mecânica de obtenção dos glóbulos é feita em um moinho coloidal especialmente
preparado para a “quebra” do asfalto aquecido em porções minúsculas que devem ter um
tamanho especificado que é micrométrico. O tamanho dos glóbulos depende do moinho
empregado e da viscosidade do asfalto original, normalmente variando entre 1 e 20μm.
A EAP é produzida por dispersão dos glóbulos de asfalto que saem do moinho e caem em uma
solução de água já misturada com o agente emulsificante e com outros aditivos e adições
particulares para obter efeitos diferenciados, tanto em relação ao tempo de separação das fases
quanto ao uso final que se pretende para aquela emulsão específica.
As emulsões podem apresentar carga de partícula negativa ou positiva, sendo conhecidas,
respectivamente, como aniônica ou catiônica.
3.3.3.2. Classificação
3.4. Ensaios
3.4.1. Ensaios em Cimentos Asfálticos do Petróleo (CAP)
Determinação de água
O teor de água deve ser pequeno nos materiais betuminosos, a fim de que não espumem quando
aquecidos acima de 100 °C.
Nos CAPs esse controle processe-se pela exigência de que não espumem quando aquecidos a
177 °C.
Um ensaio simples para a verificação da presença de água no CAP consiste em se aquecer uma
quantidade de CAP, observando o aparecimento de um “borbulhar” na superfície. Caso apareça
a formação de bolhas, conclui-se que o CAP continha alguma quantidade indevida de água.
O ensaio denominado “Determinação de água em Petróleo e outros materiais betuminosos”
(MB-37/1975) fixa o modo de proceder-se à verificação de água existente em Petróleo e
materiais betuminosos através de destilação.
Determinação do teor de betume em CAP (NBR 14855)
Este ensaio dá uma idéia da quantidade de betume puro e da qualidade do asfalto. É chamado
de ensaio da Solubilidade e utiliza-se o frasco de Erlenmeyer. No cimento asfáltico do petróleo
a fração solúvel no CCl4 ou CS2 representa os ligantes ativos do asfalto.
Nos CAPs: 99,5 % é solúvel no CS2 ou CCl4;
Nos CANs: 60 a 80 % é solúvel no CS2 ou CCl4;
Nos Alcatrões: 75 a 88 % é solúvel no CS2 ou CCl4.
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Onde:
PTi = penetração em 0,1mm medida à temperatura de ensaio Ti;
Ti = temperatura de ensaio (ºC).
Como exemplo, considere a penetração de um CAP a 25ºC como 120 (0,1mm) e a 4,4ºC como
10 (0,1mm). O valor do IP será:
Quanto menor o IP de um cimento asfáltico, em valor absoluto, menor será a sua suscetibilidade
térmica. A atual norma brasileira que classifica os CAPs estabelece uma faixa admissível para
o IP entre (-1,5) e (+0,7).
A maioria dos cimentos asfálticos tem um IP entre (-1,5) e (0).
Valores maiores que (+1) indicam asfaltos oxidados (pouco sensíveis a elevadas temperaturas
e quebradiços em temperaturas mais baixas e não são indicados para serviços de pavimentação).
Valores menores que (-2) indicam asfaltos muito sensíveis à temperatura, amolecem muito
rapidamente com o aumento da temperatura.
Assumindo a hipótese da penetração (P) de qualquer CAP à temperatura correspondente ao
ponto de amolecimento (PA) ser próxima de 800 (0,1mm), conforme Pfeiffer e Van Doormaal,
a suscetibilidade térmica é definida simplesmente a partir da expressão a seguir, que é a forma
de estimativa da suscetibilidade térmica dos ligantes que consta da especificação brasileira de
CAP:
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Sendo:
Onde:
Ponto de Amolecimento (PA) - é a temperatura na qual a consistência de um ligante asfáltico
passa do estado plástico (ou semissólido) para o estado líquido;
P - Penetração do asfalto (em 0,1mm).
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A medida da ductilidade é tomada coma a distância máxima que o corpo de prova conseguir se
estender até o momento da ruptura. Deve-se tomar a média de três determinações para o valor
da ductilidade final.
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A viscosidade também pode ser determinada pelo método rotacional, utilizando o equipamento
conhecido como viscosímetro Brookfield.
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