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jusbrasil.com.br
7 de Março de 2018

Bens Públicos e suas formas de cessão e alienação

RESUMO

O tema Bens Públicos é de suma importância para toda a sociedade. Desta feita, o
objetivo deste trabalho é apresentar a conceituação de bens públicos, bem como
diferenciar as pessoas públicas a que eles pertencem, como a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Territórios, os Municípios, as Autarquias (inclusive as
associações públicas) e as demais entidades de caráter público criadas por lei.
Objetivamos também despertar no leitor uma atitude proativa na defesa do
patrimônio público. Foi elaborado através de pesquisa bibliográfica. Os bens
públicos são classificados referentes à sua titularidade, à sua destinação e à sua
disponibilidade, e suas características são a inalienabilidade, a impenhorabilidade,
a imprescritibilidade e a não onerabilidade. São bastante diversificadas as formas
de cessão e alienação dos bens públicos, as quais, para serem realizadas devem ser
observadas as formalidades legais, haja vista que o patrimônio público, por existir
para suprir a demanda estatal e populacional, deve ter uma proteção mais rígida,
visando impedir abusos sobre os mesmos.

Palavras-chave: Direito Administrativo. Bens públicos. Cessão. Alienação.

INTRODUÇÃO

Discorrer sobre bens públicos é sobremodo importante, pois que é de interesse de


toda a sociedade conhecer sobre o seu patrimônio, haja vista que os bens públicos,
sendo públicos, são do povo, e este precisa saber melhor o que é seu, para, desta
feita, valorizar, exigir cuidados e fazer sua parte na preservação dos mesmos.

Desta feita, objetivamos esclarecer, de modo geral, este tema, enfatizando e


conceituando o que são os bens públicos e, especificamente, trazer à lume suas
formas de cessão e alienação, de forma a facilitar e expandir o conhecimento deste
assunto.
Abordamos este tema da forma mais didática possível, para que a maioria das
pessoas que tiverem contato com este trabalho possam compreender facilmente o
assunto e discorrer sobre o mesmo, diante da problemática apresentada quanto as
formas de cessão e alienação dos bens públicos, de como estão sendo feitas e se as
regras legais têm sido seguidas.

Despertar o cidadão para conhecer o que é seu e, assim, cuidar melhor e exigir o
devido tratamento dos bens públicos a quem é de direito, é um dos nossos
objetivos principais neste trabalho.

O tema em questão trata especificamente sobre bens públicos e suas formas de


cessão e alienação, sendo que o método utilizado para a sua confecção foram o
dedutivo e o dialético, realizado através de pesquisa bibliográfica.
Preliminarmente, na área do direito administrativo, levando em conta
especificamente o tema em questão.

Na sequência foi realizado pesquisas em diversos sites, buscando por artigos


científicos e matérias publicadas. Além disso, pesquisamos em estudos
doutrinários, jurisprudenciais e na norma legal em vigor, tudo objetivando
apresentar um entendimento melhor sobre o assunto em tela.

1 CONCEITO DE BENS PÚBLICOS

Bens Públicos nos remete à ideia de que os entes públicos possuem bens, sejam
móveis, imóveis ou semoventes, sejam corpóreos ou incorpóreos, como, neste caso,
obras literárias ou artísticas. E é isso mesmo.

Muitos gestores públicos, por não conhecerem a fundo este tema, acabam por
perder bens públicos, deixam de adquiri-los ou de lhes dar a devida destinação, o
que se perfaz em prejuízos e inúmeros problemas na sua administração. Desta
forma, o conhecimento sobre este tema é de grande importância para qualquer
Administrador Público.

O Código Civil dedica um Capítulo especialmente para tratar sobre bens públicos
(arts. 98 a 103). E no artigo 98, de forma simples e direta, assim conceitua bens
públicos: “São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas
jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a
pessoa a que pertencerem.”

Por sua vez, o eminente autor José dos Santos Carvalho Filho assim conceitua bens
públicos:

Bens públicos são todos aqueles que, de qualquer natureza e a qualquer título,
pertençam às pessoas jurídicas de direito público, sejam elas federativas, como a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, sejam da Administração
descentralizada, como as autarquias, nestas incluindo-se as fundações de direito
público e as associações públicas (CARVALHO FILHO, 2014, p. 1157).
1.1 PESSOAS A QUE PERTENCEM OS BENS PÚBLICOS

As pessoas jurídicas a que pertencem os bens públicos estão relacionadas no artigo


41 do nosso Código Civil. São elas: a União; os Estados, o Distrito Federal e os
Territórios; os Municípios; as autarquias (inclusive as associações públicas); as
demais entidades de caráter público criadas por lei.

É importante frisar que os bens públicos pertencem às Pessoas Jurídicas e não aos
órgãos. Assim, por mais que um bem, por exemplo, esteja registrado no nome da
Assembleia Legislativa, o bem pertence ao Estado-membro; se estiver registrado
em nome da Câmara Municipal, o bem pertence ao Município respectivo.

A classificação dos bens públicos da seguinte forma: quanto à titularidade; quanto


à destinação e quanto à disponibilidade. No que compete à titularidade, os bens
públicos, podem ser classificados em bens federais, bens estaduais e bens
municipais:

No que trata sobre os bens federais são também denominados de bens da União,
possuindo uma relação bastante extensa de bens, conforme consta na nossa
Constituição Federal - CF, art. 20, transcrito a seguir:

São bens da União:

I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos;

II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e


construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental,
definidas em lei;

III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou


que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se
estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos
marginais e as praias fluviais;

IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias
marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a
sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade
ambiental federal, e as referidas no art. 26, II;

V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva;

VI - o mar territorial;

VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;

VIII - os potenciais de energia hidráulica;

IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;


X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos;

XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.

Igualmente, nossa Constituição Federal de 1988, no seu art. 26, relaciona os bens
dos Estados, quais sejam: as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes,
emergentes e em depósito, com a ressalva daquelas que se originem de obras da
União; as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio; as
ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União; as terras devolutas não
compreendidas entre as da União.

Essa relação não é taxativa, pois ao Estado também pertencem outros bens, como
os prédios estaduais, a dívida ativa, os valores depositados judicialmente para a
Fazenda Estadual entre outros.

Uma observação importante quanto ao Distrito Federal, é que todos os bens


inerentes aos Estados e aos Municípios, a ele pertencem, pois que tem formação
sui generis, reunindo ambas as competências.

Os Municípios não foram contemplados com a partilha constitucional de bens


públicos. Todavia, é claro que há vários desses bens que lhes pertencem. Como
regra, as ruas, praças, jardins públicos, os logradouros públicos pertencem ao
Município. Integram-se entre seus bens, da mesma forma, os edifícios públicos e
os vários imóveis que compõem seu patrimônio. E, por fim, os dinheiros públicos
municipais, os títulos de crédito e a dívida ativa também são bens municipais
(CARVALHO FILHO, 2014, p. 1162).

Assim, o Município, sendo possuidor de bens, goza dos mesmos direitos e


obrigações dos demais entes federativos, quanto ao uso e gozo dos mesmos. Ele
exerce um papel fundamental na nossa Federação, pois é nele, basicamente, que
tudo ocorre. Logo, sua importância não pode jamais ser desprezada.

Quanto à destinação dos bens públicos, temos três tipos: Bens de uso comum do
povo; Bens de uso especial e Bens dominicais. São bens de uso geral, que podem
ser utilizados livremente por todos os indivíduos.

Conforme o art. 99 de nosso Código Civil, bens comuns do povo são os mares, as
praias, os rios, as estradas, as ruas as praças, os logradouros públicos. Embora
sejam de uso comum do povo, é válido ressaltar que o Poder Público pode impedir,
restringir ou regulamentar o seu uso, conforme a necessidade e sempre para que
atinja o bem comum da sociedade.

Enquanto que os Bens de uso especial são aqueles utilizados pelo Estado, nos quais
são prestados serviços públicos, e a população tem acesso a eles conforme
necessitem dos serviços ali oferecidos.
Segundo Carvalho Filho (2014, p. 1164), são bens de uso especial: os edifícios
públicos, como as escolas e universidades, os hospitais, os prédios do Executivo,
Legislativo e judiciário, os quartéis e os demais onde se situem repartições
públicas; os cemitérios públicos; os aeroportos; os museus; os mercados públicos;
as terras reservadas aos indígenas etc. Estão, ainda, nessa categoria, os veículos
oficiais, os navios militares e todos os demais bens móveis necessários às
atividades gerais da Administração, nesta incluindo-se a administração autárquica,
como passou a constar do Código Civil em vigor, artigo 99, II.

Os bens de uso comum do povo e os bens de uso especiais são afetados e, portanto,
possuem a característica da desalienabilidade. Logo, não podem ser vendidos,
penhorados ou dados em garantia de dívida. Para que isso ocorra, devem ser
desafetados, o que somente ocorre por meio de uma lei própria.

Segundo nosso Código Civil, art. 99, III, os bens dominicais também são bens
públicos, os quais constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito
público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.
Estes bens podem ser vendidos, devendo-se observar apenas os ditames legais a
seu respeito (art. 101, CC).

Esclarecendo melhor o tema, Carvalho Filho (2014, p. 1165) ensina que são bens
dominicais as terras sem destinação pública específica (entre elas, as terras
devolutas), os prédios públicos desativados, os bens móveis inservíveis e a dívida
ativa. Esses é que constituem objeto de direito real ou pessoal das pessoas jurídicas
de direito público.

No que compete a questão da disponibilidade, destaca-se três tipos, os Bens


indisponíveis por natureza, que são bens que não podem ser alienados pelo Poder
Público, dada a sua natureza não patrimonial. Os bens de uso comum do povo se
encaixam, em geral, nessa categoria.

Os Bens patrimoniais indisponíveis, que são bens que, embora patrimoniais,


também não podem ser alienados, pois neles se prestam serviços públicos, a
exemplo dos hospitais públicos e universidades, que são bens de uso especial
(WIKIPEDIA. ORG, 2016).

E, por fim os Bens patrimoniais disponíveis, que são os bens dominicais. Podem
ser alienados, desde que obedecidas as determinações legais.

1.2 CARACTERÍSTICAS DOS BENS PÚBLICOS

As características dos bens públicos são inalienabilidade, impenhorabilidade,


imprescritibilidade e não onerabilidade. Neste sentido, a compreensão sobre a
Inalienabilidade, são bens que não podem ser vendidos enquanto preservarem esta
característica, chamada afetação, que somente pode ser alterada por Lei (art. 100
do CC). Daí surge que a inalienabilidade pode ser de dois tipos: absoluta e relativa.
Vale ressaltar que os bens públicos dominicais podem ser alienados, observando-se
apenas as exigências da lei respectiva. Os Bens de Impenhorabilidade, são
considerados os bens públicos não se sujeitam à penhora para o pagamento de
dívidas, seja com particulares ou outro ente público ou privado. A cobrança de
dívidas com os entes públicos é feita em caráter especial, e são pagos através de
precatórios. O artigo 100, caput, da CF/88 diz assim:

Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais,


Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente
na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos
respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações
orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim.

Assim, a Imprescritibilidade compreende que são bens que não podem ser obtidos
por um particular através de usucapião, não importa quanto tempo o particular
utilize o bem (art. 183, § 3º, e art. 191, parágrafo único, ambos da CF).

Enquanto que a não onerabilidade, não podem servir de garantia a um credor,


como nos casos de hipoteca e anticrese. Este tipo de negócio somente pode ocorrer
com os bens que podem ser alienados. O art. 1420 do CC diz assim: “Só aquele que
pode alienar poderá empenhar, hipotecar ou dar em anticrese; só os bens que se
podem alienar poderão ser dados em penhor, anticrese ou hipoteca.”

2 DA CESSÃO DOS BENS PÚBLICOS

Os bens públicos municipais de uso especial podem ser utilizados por particulares,
de acordo com o interesse da Administração Pública. A esta forma de utilização
chama-se cessão e é estabelecida através de ato administrativo e tem caráter de
exclusividade (BERNARDI, 2011, p. 75).

O cessionário, por não ser dono, não pode consumi-los, destruí-lo ou inutilizá-los,
mas apenas fazer uso do mesmo, de forma a não dilapidar o patrimônio público.
São diversas as formas de uso destes bens por particulares, quais sejam:
autorização, permissão, concessão, cessão de uso e concessão de direito real de
uso, e que pode se dá de forma onerosa ou mesmo gratuita, por tempo certo ou
indeterminado, por simples ato ou contrato administrativo.

Desta feita quando se trata da Autorização de Uso, trata-se da forma de


utilização pelo particular de um bem público em caráter precário, que é concedido
pelo poder público em caráter unilateral e discricionário. A maneira de Autorização
não requer maiores formalidades, uma vez que é transitória e não gera obrigações
contra o Poder Público e nem privilégio para quem a recebe.

Para que exista, basta uma simples autorização por escrito. Como no exemplo
citado pelo eminente professor BERNARDI (2011, p. 75): “a associação de
moradores solicita à diretora da escola que ceda o auditório, em determinado dia e
hora, para a realização de uma reunião”. Esta, atendendo ao pedido, expedirá um
documento de Autorização de Uso, informando os detalhes da autorização, como
data, horário e formas de utilização e responsabilização pelo particular, caso
venham a danificar algum móvel ou imóvel público, durante sua utilização.

A permissão de uso é um ato administrativo com caráter negocial, pelo qual a


administração consente que o particular utilize privativamente bem público,
podendo ser gratuita ou onerosa para o particular, por tempo certo ou
indeterminado. Também é um ato unilateral, discricionário e precário. Não
depende de autorização legislativa e nem de licitação.

No entanto, segundo Carvalho Filho (2014, p. 1193), “a licitação deve entender-se


necessária sempre que for possível e houver mais de um interessado na utilização
do bem, evitando-se favorecimentos ou preterições ilegítimas.”

É formalizada através de um ato próprio, que fixe as condições, que deverão ser
respeitadas pelo permissionário, caso contrário, o uso não será permitido. Sendo
um ato unilateral, a permissão pode ser revogada a qualquer tempo pela
administração, sem que gere indenização.

No entanto, como é um ato negocial, que se encontra entre a autorização e a


concessão, ela pode gerar direitos subjetivos que poderão ser reivindicados pelo
permissionário na justiça. É possível que a legislação própria fixe formas e critérios
para que o permissionário possa ceder sua permissão para terceiros. Como
exemplo temos os pontos de comércio ambulante, feiras livres, feiras de
artesanato, bancas de revistas etc (BERNARDI, 2011, p. 76).

Quando se trata de Concessão de uso, trata-se de um contrato administrativo


entre o ente público e o particular, para que este possa utilizar um bem público de
forma privativa e com finalidade específica. Possui caráter contratual permanente
e também pode ser gratuito ou oneroso, por tempo certo ou indeterminado. Como
exemplo temos as lojas em mercados municipais, shoppings públicos, terminais
rodoviários, entre outros (BERNARDI, 2011, p. 76).

A Concessão de uso apresenta alguns elementos que claramente a diferencia da


permissão e da autorização de uso, como a forma jurídica: a concessão de uso é
formalizada por contrato administrativo, ao passo que a autorização e a permissão
se formalizam por atos administrativos. Outro aspecto de diferenciação é a
bilateralidade da concessão, enquanto que na permissão e autorização remonta o
aspecto da unilateralidade (CARVALHO FILHO, 2014, p. 1195).

BERNARDI (2011, p. 77) salienta que deve haver uma Lei que estabeleça as
normas da concessão, na qual são expressas as formas e os critérios para que o
bem seja cedido a terceiros. A concessão não é um contrato precário ou
discricionário, pois obedece a regras fixas, que geram direitos e obrigações entre as
partes, devendo sempre o interesse público prevalecer.
Cessão de Uso uma medida gratuita de colaboração entre os entes da
Administração Pública, e ocorre quando a posse de um bem público é transmitida
de forma gratuita de um para outro órgão público, da mesma pessoa jurídica ou de
pessoa jurídica diversa, por tempo certo ou indeterminado, e a utilização do bem
deve se dar de acordo com condições preestabelecidas no termo próprio da Cessão
(BERNARDI 2011, p. 77).

Quando a cessão ocorrer entre órgãos da mesma pessoa jurídica não precisará de
autorização legislativa, por exemplo: entre órgãos de um Município. Mas quando
acontecer entre órgãos de esferas diferentes, por exemplo, entre Município e
Estado ou entre Estado e União, será necessária uma lei emanada pelo ente
cedente, autorizando a cessão. Como é de regra, apenas a posse do bem passa de
um órgão para outro, enquanto o domínio continua com o órgão cedente.

Concessão de Direito Real de Uso é o contrato administrativo pelo qual o Poder


Público confere ao particular o direito real resolúvel de uso de terreno público ou
sobre o espaço aéreo que o recobre, para os fins que, prévia e determinadamente, o
justificaram. Essa forma de concessão é regulada expressamente pelo Decreto-lei
nº 2271, de 28.2.1967 (CARVALHO FILHO, 2014, p. 1197)

Entre os objetivos do instituto, cujo caráter é eminentemente social, estão: a


construção de moradias, regularização fundiária, aproveitamento sustentável das
várzeas, fins comerciais, industriais, educacionais e agrícolas; a preservação das
comunidades tradicionais e seus meios de subsistência, entre outros, conforme art.
7º do citado Decreto.

O direito oriundo da Concessão é transmissível por ato inter vivos ou causa mortis
(sucessão), sendo que os fins da concessão continuarão os mesmos, e pode reverter
ao ente que fez a concessão, caso não sejam cumpridas as finalidades estabelecidas
no contrato de concessão. “O instrumento de formalização pode ser escritura
pública ou termo administrativo, devendo o direito real ser inscrito no competente
Registro de Imóveis” (CARVALHO FILHO, 2014, p. 1199, apud MEIRELLES, p.
439).

3 DA ALIENAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS

A idéia de Alienação é toda transferência da propriedade de um bem, seja de forma


remunerada ou não. Sobretudo, “alienação de bens públicos é a transferência de
sua propriedade a terceiros, quando há interesse público na transferência e desde
que observadas às normas legais pertinentes"(CARVALHO FILHO, 2014, p. 1211)

BERNARDI (2011, p. 78), cita as seguintes formas de alienação de bens públicos:


“venda, doação, dação em pagamento, permuta, investidura ou alienação por
investidura, legitimação de posse ou concessão de domínio”.
A respeito das quais o art. 481 do nosso Código Civil, vem tratando sobre a questão
da Venda, direcionando que “pelo contrato de compra e venda, um dos
contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar lhe
certo preço em dinheiro”.

Observa-se que quando a venda for de imóvel, deve haver uma lei autorizando o
negócio e a avaliação, e se perfazerá mediante licitação. Quando a venda for de
bens móveis, ela deve ser realizada mediante leilão.

Importante salientar que a venda de certos bens deve ser antecedida de


desafetação, que se dá através de lei, pois passarão, a partir daí, a se enquadrarem
como dominicais, por isso poderão ser alienados.

Nos imóveis de utilização comum do povo e de uso especial, a venda só é possível


após a desafetação, isto é, após ser realizado um ato que irá desfazer o vínculo
jurídico e, portanto, determinar o fim do direito anterior de uso comum ou
especial, por meio de Lei (BERNARDI, 2011, p. 79).

Nossa Lei Civil, em seu artigo 538, considera doação como o contrato em que uma
pessoa, por liberalidade, transfere o seu patrimônio, bens ou vantagens para outra.
Também é um contrato civil.

A doação está na categoria de um contrato civil, não possuindo caráter


administrativo, e ocorre por liberalidade do doador e deve, para se concretizar, ser
aceito pelo donatário.

O doador pode estabelecer encargos ao donatário para que a transferência da


propriedade ocorra. Nesse caso, não é necessária a licitação, porém deve haver
uma lei autorizatoria – quando se tratar de imóveis – a qual fixará ou não a
contrapartida do donatário (BERNARDI, 2011, p. 79).

Segundo o artigo 555 do nosso Código Civil, “a doação pode ser revogada por
ingratidão do donatário, ou por inexecução do encargo”. Isso pode ocorrer, por
exemplo, quando um ente da federação doa equipamentos, móveis ou veículos para
entidades assistenciais, e depois verifica-se que não estão cumprindo com os
deveres de donatários a que se incumbiram.

Por seu turno, a Dação em Pagamento, através da qual “o credor pode consentir
em receber prestação diversa da que lhe é devida.” Feito isso, “as relações entre as
partes regular-se-ão pelas normas do contrato de compra e venda.” (art. 366 e 367
do CC).

Assim em outras palavras, Dação em Pagamento é quando o credor recebe do


devedor uma coisa diversa para a quitação de uma dívida. A Administração Pública
pode, em vez de pagar a um credor determinada importância em moeda corrente,
dar em pagamento um bem de sua propriedade, que pode ser um veículo ou um
imóvel.
Como os demais institutos, a dação em pagamento exige também alguns requisitos
para que possa surtir efeito, os quais são: autorização legal; avaliação prévia do
bem público a ser transferido e demonstração de interesse público na celebração
desse tipo de acordo. Pela particularidade do ajuste, e tendo em vista a
determinação prévia do credor, é desnecessário a licitação, já que o regime de
competição nesta hipótese é inviável (CARVALHO FILHO, 2014, p. 1217).

Outra forma de alienação dos bens públicos é a permuta, que ocorre quando as
partes entregam e recebem bens entre si. Estes bens não precisam,
necessariamente, ter o mesmo valor, e se não tiverem o mesmo valor, as partes
podem convencionar que a que recebeu o bem de valor inferior, receberá uma
contrapartida em dinheiro, ou seja, o troco (BERNARDI, 2011, p. 80).

Já a Investidura ou alienação por investidura ocorre quando é feita a


incorporação de imóvel público lindeiro e inconstruível, de área remanescente ou
resultante de obra pública, por imóvel particular (Lei 8.666/93, art. 17, § 3º, I).

Essa condição se estabelece quando uma pequena faixa de determinado imóvel


público não pode ser utilizada individualmente para a construção de um prédio,
seja pelo seu tamanho, seja pelo seu formato. Nesse caso, a compra do imóvel
público remanescente é um direito do confinante, ou seja, do proprietário do
terreno fronteiriço (BERNARDI, 2011, p. 80).

Pelas características do instituto da investidura, não é exigida licitação, porém os


seguintes requisitos devem ser preenchidos: avaliação prévia; Autorização legal e
interesse público justificado.

Além disso, tem um caráter social em seu cerne, na medida em que abre a
possibilidade para o particular se utilizar de uma terra pública, a qual não teria
nenhuma serventia para a Administração. Assim fazendo, aquele terreno adquirido
por conta do instituto da investidura, passa a atender um fim social.

Outra forma de alienação de bens públicos é a legitimação de posse ou


concessão de domínio, que objetiva conceder àquele que ocupa terras públicas
em área agrícola, para fins de moradia e de trabalho, o título de domínio.

A legitimação de posse tem caráter eminentemente social e visa a atender as


pessoas que exercem atividade agrícola em terras públicas, não com fins
especulativos, mas sim a título de moradia e de trabalho. Assim, satisfeitas as
condições legais, e decorrido o prazo da licença de ocupação, o interessado recebe
o título de domínio (CARVALHO FILHO, 2014, p. 1221, apud DI PIETRO, 2004, p.
381-382).

Destaque-se para esta questão que o Poder Público, ao reconhecer a posse legítima
do requerente, e confirmando que este preenche os requisitos fixados em lei,
reconhece sua posse e transfere a ele a propriedade da respectiva área, a qual era
integrante do patrimônio público.
Importante salientar que, além de prevista na nossa Constituição Federal (art.
188), a legitimação de posse também se encontra na Lei 6.383/1976, a qual ordena
que primeiramente seja concedido ao particular uma licença de ocupação, por um
prazo máximo de quatro anos, obedecendo a determinados critérios, que são: a) a
extensão máxima de 100 (cem) hectares; b) que nela o posseiro tenha morada
permanente; c) que o posseiro explore diretamente o cultivo da área, por meio do
trabalho seu e de sua família; e d) não seja proprietário rural.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quando se entende melhor o tema ora discorrido, nosso olhar começa a ver mais
longe, como, por exemplo, passamos a notar que há muito abuso na ocupação dos
bens públicos pelos particulares, haja vista que nosso poder público geralmente
fiscaliza muito mal, o que dá ensejo a incontáveis invasões dos espaços públicos,
como as calçadas nas áreas comerciais, onde os comerciantes colocam mesas,
cadeiras, carrinhos de vendas etc., sem qualquer autorização ou permissão de uso
pelo poder público respectivo.

Por outro lado, sabemos que o mau uso dos espaços públicos ocorre
principalmente por culpa da própria administração, que não tem um bom
planejamento, principalmente para suprir a necessidade do terceiro setor.

Na questão de moradia, muitos terrenos públicos são invadidos, principalmente os


bens dominicais, também por falta de planejamento, pois não é destinado a tempo,
áreas de terra em forma de loteamentos para o povo construir suas casas e nelas
morar.

E, quando o governo assim o faz, não supre a demanda. A bem da verdade, a


Administração Pública tem agido mais de forma a remediar os conflitos e as
necessidades de moradia da população, do que fazer um trabalho preventivo, que é
o correto. Esse é um grande e grave problema social que enfrentamos no Brasil.

Os prédios públicos que prestam serviços à população, ou seja, os bens de uso


especial, muitas vezes são mal aparelhados, não concluídos devidamente ou
construídos com materiais de baixa qualidade, o que redunda em desperdício do
dinheiro público e também na desvalorização do patrimônio público. Acrescente-se
a isso que a população geralmente não pode contar com o conforto de um ambiente
limpo e aprazível, na hora que precisa.

Nossas estradas, ruas, avenidas, por exemplo, que são bens de uso comum do
povo, geralmente são mal planejadas e construídas também com materiais de
péssima qualidade, que não oferecem durabilidade, somente retratam a maneira
irresponsável que muitos gestores lidam com os bens públicos, que chega a ser sem
precedentes e não coaduna de forma alguma com os ditames constitucionais
previstos no art. 37, caput, de nossa Carta Magna, principalmente no quesito
“eficiência”.
É necessário que haja um grande debate com os gestores públicos do Brasil,
principalmente com os Prefeitos, Governadores e a Presidência da República, com
objetivo de discutir boas práticas de administração pública e também de conhecer
a maneira como algumas administrações tem lidado com esses problemas e os tem
vencido, ou seja, como eles tem conseguido ir na contramão dessa triste realidade
brasileira, e conseguiram fazer uma boa gestão pública.

Bons conhecimentos e soluções precisam ser compartilhados. Necessário é,


portanto, disseminar as boas práticas através da promoção de Fóruns, Feiras de
Boas Práticas e também de Debates. Sempre tendo um olhar para suprir as
necessidades do nosso povo, destinatário final e o motivo da existência de todo o
aparato estatal.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Código Civil. Lei nº 10.406/2002 - DOU de 11.01.2002. Disponível em


Acesso em 12.02.2016.

______. Código de Processo Civil. Lei nº 5.869 de 11.01.1973 - DOU de 17.1.1973.


Disponível em Acesso em 15.01.2016.

______. Código Penal. Decreto-lei nº 2.848 de 07.12.1940 - DOU de 31.12.1940.


Disponível em Acesso em 03.01.2016.

______. Constituição Federal - DOU de 05.10.1988. Disponível em Acesso em


10.02.2016.

______. Lei das Concessões e Permissões. Lei nº 8987, de 13.02.1995.


Disponível em Acesso em 05.02.2016.

______. Lei de Improbidade Administrativa. Lei nº 8.429 de 02.06.1.992 - DOU


de 3.6.1992. Disponível em Acesso em 05.01.2016.

BENS PÚBLICOS. In: Wikipédia: a enciclopédia livre. Disponível em:


<https://pt.wikipedia.org/wiki/Bens_p%C3%BAblicos> Acesso em 20/02/2016.

CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 27ª


Edição. Ed. Atlas, 2014.

GASPARINI, D. Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, 1992.

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Disponível em: http://elizomar.jusbrasil.com.br/artigos/321936013/bens-publicos-e-suas-formas-de-cessao-e-alienacao

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