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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DE CIDADE (PR)

ANTÔNIO DE TAL , casado, corretor de imóveis, residente e


domiciliado na Rua Xista, nº. 000, na Cidade (PR), inscrito no CPF (MF) nº. 444.555.666-77,
vem, com o devido respeito à presença de Vossa Excelência, para, por intermédio de seu de seu
patrono que abaixo assina – instrumento procuratório acostado --, causídico inscrito na Ordem
dos Advogados do Brasil, Seção do Paraná, sob o nº. 112233, ajuizar a presente

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER


C/C
PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA,

contra EMPRESA DELTA – COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO , estabelecida na Av.


Delta, nº 000, em São Paulo (SP), inscrita no CNPJ(MF) nº. 44.555.666/0001-77, em razão das
justificativas de ordem fática e de direito abaixo evidenciadas.

INICIALMENTE

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1- REQUER OS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA

O Promovente vem requerer a Vossa Excelência os benefícios


da gratuidade de justiça , por ser pobre, o que faz por declaração neste arrazoado inicial( LAJ ,
art. 4º), por seu bastante procurador, onde ressalva que não pode arcar com as custas do
processo sem prejuízo do sustento próprio e de sua família, em conformidade com as
disposições da Lei nº 1.060/50, afirmação esta que a faz sob as penas da lei.

ALÍGERAS CONSIDERAÇÕES FÁTICAS

O Promovente mantém vinculo contratual com a Ré, visando a


prestação de serviços médicos e hospitalares, desde a data de 00 de janeiro de 0000 , cuja a
cópia do contrato em espécie ora segue anexo. ( doc. 01 )

No dia 00 de dezembro de 0000 o Autor fora submetido a uma


“cirurgia de gastroplastia vertical associada à derivação intestinal em “Y” de Roux por
videolaparoscopia”, cujo intento era tratamento de obesidade mórbida, consoante prontuários
anexos. (docs. 02/08 ) Quando da realização do referido procedimento cirúrgico, o Requerente
pesava 135kg. Atualmente, em razão de tal conduta médica, o mesmo passou a pesar 80Kg.

Em março de 0000, solicitou o Autor a realização de cirurgia


plástica restauradora , devido à apresentação de intensa flacidez, pedido este negado pela Ré,
fulcrada em pretenso dispositivo expresso no contrato pactuado, a saber: cláusula 7ª, letra "g".
Segundo esta cláusula, refuta-se a possibilidade da intervenção cirúrgica almejada. Em suma,
asseverou que somente as cirurgias restauradoras e resultantes de acidentes pessoais,
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ocorridos na vigência do pacto, possuem cobertura contratual e que, no caso em estudo.
Dessarte, para a Promovida a intervenção procurada pelo Autor possui caráter estético e, por
isso, não é passível de acolhimento pelo plano de saúde, segundo ainda as normas contratuais
acima destacadas.

Todavia, Excelência, ao revés do quanto aludido pela Ré, de pronto


ora colacionamos provas no sentido de que a cirurgia, objeto da discussão, não se trata de
procedimento embelezador , nem de simples alteração somática , mas sim de um
tratamento necessário , uma vez que o excesso de flacidez vem ocasionando problemas de
saúde para o Promovente.

Segundo as declarações obtidas pelos profissionais de saúde que


acompanham o Autor, há, sim, prova inconteste da necessidade da intervenção cirúrgica como
providência reparadora da saúde deste. (docs. 09/10 )

Podemos colher do laudo firmado pelo Dr. Pedro de TAL (CRM – nº.
112233), que (doc. 09 ):

"(...) como era de se esperar após cirurgias bariátricas, evoluiu com flacidez importante de pele
nos braços, mamas, abdome, além de dores lombares. As correções plásticas são uma
extensão da cirurgia bariátrica. Tais correções são consideradas como complementação ao
tratamento cirúrgico bariátrico, para que haja total restabelecimento físico e emocional dos
pacientes."

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"Atualmente está pesando 80 kg com IMC de 32. Tem conseqüentemente excesso de pele
(flacidez) nos braços, tronco e MMII com dificuldades de limpeza e umidade acarretando
micoses nas dobras e , necessitando portanto, de cirurgias plásticas corretivas."

No mesmo sentido, o documento emitido por outra profissional de


saúde, a saber a Dra. Marial de Tal ( CRM – nº. 332211 ), consigna que( doc. 10 ):

"O Sr. Antônio de Tal é portador de Diabetes Mellitus e obesidade mórbida, sendo submetido a
cirurgia bariátrica, resultando com um abdome em avental com dificuldade de higiene local,
sendo necessário correção cirúrgica."

O emagrecimento em questão veio a causar um excesso de tecidos e


pele em várias partes do corpo, com sérios problemas de higiene e sintomas dolorosos.

Como se percebe, emérito Julgador, diante das provas ora


mencionadas, é de concluir-se que a cirurgia em debate é tipo reparadora e não
estética , comprovadamente necessária para restabelecer o bem físico e psicológico da autora,
devendo ser tida como uma extensão da cirurgia bariátrica, não se podendo negar cobertura
ao referido procedimento .

HOC IPSUM EST

DO DIREITO
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a) O caso em estudo é de cirurgia plástica reparadora – Enquadramento
contratual apto a cobrir o ato cirúrgico .

Temos que o procedimento cirúrgico almejado apresenta, em sua


essência, caráter restaurador .

Ora, as declarações médicas juntadas com a petição inicial


evidenciam que o cunho estético não foi o fundamento determinante a justificar a necessidade
de realização da cirurgia postulada pelo Autor. Não se ignora que ele também está presente,
mas não é preponderante na hipótese em estudo.

O Promovente pretende, pois, retirar excessos de pele que se


formaram em razão do emagrecimento decorrente do tratamento para obesidade mórbida
realizado, cirurgia para redução de estômago, coberto pelo plano de saúde celebrado com a Ré.

Evidente a situação de desconforto físico e mal-estar psíquico


vivenciado pelo Autor, o que se depreende por meio de simples exame das fotos trazidas aos
autos com os atestados, oriunda especialmente do abdômen em avental, o que pode causar,
ainda, infecções e infestações repetidas pela dificuldade de higienização na região, conforme
destacado pelos médicos nas provas colacionadas.

De tal sorte, plenamente motivada a recomendação da realização da


cirurgia pretendida.
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Primeiramente devemos sopesar que há risco na demora do
procedimento , haja vista a possibilidade de agravamento do problema, até em razão da
concreta situação de saúde do Promovente.

É consabido que as cláusulas contratuais atinentes aos planos


de saúde devem ser interpretadas em conjunto com as disposições do Código de
Defesa do Consumidor , de sorte a alcançar os fins sociais preconizados na Constituição
Federal.

Por apropriado, destacamos que o contrato em liça resta albergado


pela interpretação do Código de Defesa do Consumidor:

STJ, Súmula nº 469 - Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos


de plano de saúde.
saúde.

De bom alvitre destacar o magistério de Cláudia Lima Marques ,


quando professa, tocante ao assunto supra-abordado, que:

“A evoluçãã o dã jurisprudeê nciã culminou com ã consolidãçãã o jurisprudenciãl de que


este contrãto possui umã funçãã o sociãl muito especííficã, tocã diretãmente direitos
fundãmentãis, dãíí ser suã elãborãçãã o limitãdã pelã funçãã o, pelã colisãã o de direitos
fundãmentãis, que levã ã optãr pelo direito ãà vidã e ãà sãuí de e nãã o ãos interesses
econoê micos em jogo. Como ensinã o STJ: “A exclusãã o de coberturã de determinãndo

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procedimento meí dico/hospitãlãr, quãndo essenciãl pãrã gãrãntir ã sãuí de e, em
ãlgumãs vezes, ã vidã do segurãdo, vulnerã ã finãlidãde bãí sicã do contrãto. 4. Sãuí de
eí direito constitucionãlmente ãssegurãdo, de relevãê nciã sociãl e individuãl.” (REsp
183.719/SP, rel. Min. Luis Felipe Sãlomãã o, Quãrtã Turmã, j. 18/09/2008, DJe
13/10/2008).” (MARQUES, Clãí udiã Limã. Contratos no Código de Defesa do
Consumidor: o novo regime das relações contratuais.
contratuais. 6ª Ed. Sãã o Pãulo: RT, 2011, pp.
1028-1029)

A exclusão imposta pela Ré deve, assim, ser avaliada com ressalvas,


observado de maneira concreta que a natureza da relação ajustada entre as partes e os fins do
contrato celebrado, não podem ameaçar o objeto da avença, bastando para tanto que se confira
a previsão do artigo 51, inc. IV e § 1º, inc. II do Código de Defesa do Consumidor :

CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Art. 51 – São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais


relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
(...)
IV – estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas , que coloquem o
consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a
boa-fé ou a eqüidade ;
(...)
§ 1º - Presume-se exagerada , entre outros casos, a vantagem que:
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(...)
II – restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza e
conteúdo do contrato , o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares
ao caso.

Sobressai da norma acima mencionada que são nulas de


pleno direito as obrigações consideradas “ incompatíveis com a boa-fé ou a equidade . “
(inciso IV).

Nesse contexto, professa Rizzato Nunes que:

“Dessã mãneirã percebe-se que ã clãí usulã gerãl de boã-feí permite que o juiz crie
umã normã de condutã pãrã o cãso concreto, ãtendo-se sempre ãà reãlidãde sociãl, o
que nos remete ãà questãã o dã equidãde, previstã no finãl dã normã em comento. “
(NUNES, Luiz Antoê nio Rizzãto. Comentários ao Código de Defesa do Consumidor.
Consumidor. 6ª
Ed. Sãã o Pãulo: Sãrãivã, 2011, p. 671)

De outra banda, o contrato de seguro-saúde, por ser atípico,


consubstancia função supletiva do dever de atuação do Estado, impondo-se a proteção da
saúde do segurado e de seus familiares contra qualquer enfermidade e em especiais
circunstâncias como aquela que aqui se vê, onde o ato cirúrgico para extração do excesso de
pele mostra-se como absolutamente necessário, segundo, inclusive, o quanto apontado pelos
laudos médicos aqui anexados.
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Outrossim, cediço é que, por ser o objeto do contrato entabulado por
essas operadoras um bem de suma importância, garantido constitucionalmente, lhes é imposto
o dever de agir com boa-fé objetiva tanto na elaboração, haja vista que tais pactos são de
adesão, quanto na celebração e execução dos contratos de plano de saúde.

Significa dizer que, é dever da demandada explicar de forma clara e


objetiva o contrato que o consumidor está celebrando, quais as coberturas que seu plano irá
garantir e quais não cobrirá, para que o mesmo possa adotar as devidas medidas preventivas
caso venha a sofrer de uma doença pela qual seu plano de saúde não responda.

Mais, dispõe o art. 422 da Legislação Substantiva Civil que:

"Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em


sua execução, os princípios de probidade e boa-fé."

Notas jurisprudenciais acerca do tema em vertente

Nesse sentido a orientação jurisprudencial:

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DIREITO DO CONSUMIDOR E PROCESSUAL CIVIL. PLANO DE SAÚDE. CÓDIGO DE
DEFESA DO CONSUMIDOR. INCIDÊNCIA. CIRURGIA PLÁSTICA PÓS-EMAGRECIMENTO.
NATUREZA REPARADORA. PROCEDIMENTO COMPLEMENTAR ESSENCIAL AO
TRATAMENTO DA OBESIDADE POR CIRURGIA BARIÁTRICA CORREÇÃO DE
LIPODISTROFIA. INSERÇÃO NAS COBERTURAS OFERECIDAS. PROCEDIMENTO
ACOBERTADO E NÃO EXCLUÍDO EM CLÁUSULA REDIGIDA DE FORMA CLARA E
OSTENSIVA. CUSTEIO. ASSEGURAÇÃO. MODULAÇÃO CONSOANTE O OBJETO DO
CONTRATADO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. EXPRESSÃO. ADEQUAÇÃO.
PRESERVAÇÃO. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. INOCORRÊNCIA.

1. Emergindo dos elementos coligidos que fora receitado, como mais indicado para o
tratamento da enfermidade que acomete a consumidora, a realização de cirúrgica
plástica reparadora dos excessos cutâneos decorrentes da perda acentuada de peso, o
fato resplandece incontroverso, determinando que, remanescendo controvertida
apenas a aferição de existência de cobertura contratual do tratamento indicado, a
resolução da questão seja pautada pelo simples cotejo do procedimento médico
almejado com as coberturas oferecidas pelo plano de saúde. 2. Consubstanciando o
contrato de plano de saúde, ainda de natureza coletiva, relação de consumo, a exata
exegese da regulação que lhe é conferida deve ser modulada em ponderação com a
destinação do contrato e com as coberturas oferecidas e almejadas pela contratante,
resultando na aferição de que, afigurando-se o procedimento indicado passível de ser
enquadrado nas coberturas contratualmente asseguradas, deve ser privilegiada a
indicação médica em ponderação com as coberturas oferecidas, pois destinadas ao
custeio dos tratamentos alcançados pelos serviços contratados mais adequados e
condizentes com as necessidades terapêuticas da consumidora de acordo com os
19
recursos oferecidos pelos protocolos médicos vigentes. 3. A exata dicção da
preceituação contratual que legitima o fornecimento do tratamento resulta em que,
derivando de prescrição médica e não sendo excluída das coberturas oferecidas, a
indicação deve ser privilegiada, não se afigurando conforme o objetivado com a
contratação do plano de saúde nem com a natureza do relacionamento dele derivado
que o fornecimento do produto seja pautado pelo seu custo ou origem por não se
coadunar essa modulação com a regulação conferida pelo legislador aos contratos de
consumo, legitimando que, conformando-se a situação com o convencionado e com o
tratamento que lhe é resguardado, seja assegurado o fomento do tratamento cirúrgico
prescrito, que compreende todos os acessórios necessários à sua consecução,
notadamente quando inerentes e indispensáveis à consumação da intervenção
cirúrgica e aprovados pelo órgão regulador competente (CDC, arts. 47 e 51, IV, § 1º, II).
4. O contrato de adesão não encontra repulsa legal, sendo, ao invés, expressamente
legitimada sua utilização pelo legislador de consumo, que, de forma a resguardar os
direitos dos consumidores aderentes, ressalvara simplesmente que devem ser
redigidos em termos claros e com caracteres ostensivos e legítimos de forma a facilitar
sua compreensão, devendo as cláusulas que redundem em limitação de direitos ser
redigidas com destaque de modo a permitir sua imediata e fácil compreensão,
ensejando que, inexistindo disposição específica confeccionada de forma clara e
destacada excluindo o custeio do tratamento prescrito ao consumidor, deve sobejar a
inferência de que está compreendido nas coberturas asseguradas (CDC, art. 54, §§ 3º e
4º). 5. Os honorários advocatícios, de conformidade com os critérios legalmente
estabelecidos, devem ser mensurados em importe apto a compensar os trabalhos
efetivamente executados pelos patronos da parte que se sagrara vencedora, observado
o zelo com que se portaram, o local de execução dos serviços e a natureza e
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importância da causa, não podendo ser desvirtuados da sua destinação teleológica e
serem arbitrados em importe irrisório, sob pena de serem desconsiderados os
parâmetros fixados pelo legislador e sua destinação, amesquinhando-se os trabalhos
desenvolvidos no patrocínio da pretensão (CPC, art. 20, §§ 3º e 4º). 6. A formulação da
pretensão reformatória com lastro nos parâmetros defendidos pela parte recorrente
como apto a aparelhá-la e a legitimar seu acolhimento não importa em procrastinação
do feito, encerrando simples exercício dialético e defesa do direito, cujo
reconhecimento é postulado de conformidade com a apreensão que extraíra da
regulação legal que lhe é dispensada, obstando que o havido seja enquadrado como
fato apto a ensejar a caracterização da litigância de má-fé. 7. Apelação conhecida e
desprovida. Unânime. (TJDF; Rec 2012.01.1.021961-8; Ac. 672.708; Primeira Turma
Cível; Rel. Des. Teófilo Caetano; DJDFTE 03/05/2013; Pág. 72)

PLANO DE SAÚDE. Cirurgia plástica complementar a tratamento de obesidade mórbida


Essência reparadora Cobertura devida Súms. 97 e 102 desta Corte Recurso desprovido.
RESPONSABILIDADE CIVIL Dano moral Alegação de sofrimento extrapatrimonial
decorrente da abusiva recusa da operadora em autorizar a realização de cirurgias
necessárias à continuidade do tratamento da sua patologia de base Cabimento
Hipótese em que houve quebra da segurança quanto à cobertura contratual em
momento de acentuada vulnerabilidade Dano in re ipsa Indenização que se fixa em R$
10.000,00 Recurso adesivo provido para esse fim. (TJSP; APL 9096417-
81.2008.8.26.0000; Ac. 6694614; São Paulo; Sétima Câmara de Direito Privado; Rel.
Des. Ferreira da Cruz; Julg. 24/04/2013; DJESP 08/05/2013)

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DIREITO DO CONSUMIDOR. CIRURGIA BARIÁTRICA. REDUÇÃO DE ESTÔMAGO.
OBESIDADE MÓRBIDA. PLÁSTICAS REPARADORAS SUBSEQUENTES. PARTE INERENTE
AO TRATAMENTO INTEGRAL DA MOLÉSTIA DO CONSUMIDOR. NEGATIVA DO PLANO
DE SAÚDE AO CUSTEIO. CLÁUSULA CONTRATUAL QUE COLOCA O CONSUMIDOR EM
DESVANTAGEM EXCESSIVA. INVALIDADE.

O procedimento bariátrico (cirurgia para redução do estômago nos casos de obesidade


mórbida) é ineficaz sem as plásticas reparadoras subseqüentes, eis que inapto a curar
completamente a patologia que acomete o doente. Daí porque deve ser reputada
abusiva e leonina a cláusula contratual que exclui da cobertura as cirurgias
complementares, posto subtrair do consumidor o direito ao tratamento na íntegra.
NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO. (TJMG; APCV 1.0223.06.185360-0/001; Rel.
Des. Sebastião Pereira de Souza; Julg. 28/11/2012; DJEMG 07/12/2012)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. REALIZAÇÃO DE CIRURGIA PLÁSTICA REPARADORA DE


PROCEDIMENTO CIRÚRGICO BARIÁTRICO. POSSIBILIDADE. FUNÇÃO SOCIAL DO
CONTRATO. MANUTENÇÃO DO EQUILÍBRIO CONTRATUAL. CIRURGIA NECESSÁRIA.
FINS REPARATÓRIOS E NÃO ESTÉTICOS. CONTINUAÇÃO DO TRATAMENTO.
PROVIMENTO DO AGRAVO.

“ (…). O objeto do litígio é o reconhecimento da cobertura pretendida, a fim de que a


demandada preste o procedimento cirúrgico de mamoplastia, sendo que a necessidade
decorre da continuidade do tratamento da obesidade mórbida realizada através de
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cirurgia bariátrica. 4. Procedimento necessário para que a demandante tenha
qualidade de vida e retome a sua jornada normal. Tutela que visa à proteção da vida,
bem jurídico maior a ser garantido, atendimento ao princípio da dignidade humana.
(...). ” (apelação cível nº 70036130706, quinta Câmara Cível, tribunal de justiça do RS,
relator: Jorge Luiz Lopes do canto, julgado em 30/06/2010). (TJPB; AI 200.2012.074747-
8/001; Tribunal Pleno; Relª Juíza Conv. Vanda Elizabeth Marinho Barbosa; DJPB
22/04/2013; Pág. 9)

DO PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA

Diante dos fatos narrados, bem caracterizada a urgência da


realização da cirurgia requisitada pelos médicos do Requerente, credenciado junto à Ré,
especialmente tendo em vista tratar-se de paciente com quadro médico e psicológico abalados,
não resta alternativa senão requerer à antecipação da tutela preconizada na lei.

O art. 84 da lei consumerista autoriza o juiz a conceder a


antecipação de tutela, e mais, “Sendo relevante o fundamento da demanda ” deve o Juiz impor
uma multa diária para que não haja por parte do prestador dúvidas em cumprir imediatamente o
designo judicial:

Art. 84 - Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer,
o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que
assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.

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§ 1° - A conversão da obrigação em perdas e danos somente será admissível se por elas
optar o autor ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático
correspondente.

§ 2° - A indenização por perdas e danos se fará sem prejuízo da multa (art. 287 do CPC).

§ 3° - Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de


ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após
justificação prévia, citado o réu.

§ 4° - O juiz poderá, na hipótese do § 3° ou na sentença, impor multa diária ao réu,


independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação,
fixando prazo razoável para o cumprimento do preceito.

§ 5° - Para a tutela específica ou para a obtenção do resultado prático equivalente, poderá


o juiz determinar as medidas necessárias, tais como busca e apreensão, remoção de
coisas e pessoas, desfazimento de obra, impedimento de atividade nociva, além de
requisição de força policial.

Não bastasse o comando emanado do Código de Defesa do


Consumidor, o Código de Processo Civil também autoriza o Juiz a conceder a antecipação de
tutela “existindo prova inequívoca”:

Art. 273 - O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os


efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se
convença da verossimilhança da alegação e:

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I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou
II - ...

§ 1° - Na decisão que antecipar a tutela, o juiz indicará, de modo claro e preciso, as


razões do seu convencimento.

§ 2° - Não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo de irreversibilidade


do provimento antecipado.

§ 3° A efetivação da tutela antecipada observará, no que couber e conforme sua natureza,


as normas previstas nos arts. 588, 461, §§ 4° e 5°, e 461-A.

No que concerne à antecipação de tutela, especialmente para que a


Requerida seja compelida a autorizar a realização do procedimento cirúrgico, justifica-se a
pretensão pelo princípio da necessidade, a partir da constatação de que sem a tutela a espera
pela sentença de mérito importaria denegação de justiça, já que a efetividade da prestação
jurisdicional restaria gravemente comprometida, implicando mesmo em risco de vida para o
Requerente , tendo em vista a crítica situação em que se encontra e a urgente necessidade
da realização da aludida cirurgia reparadora .

No presente caso, estão presentes os requisitos e pressupostos


para a concessão da tutela requerida, existindo prova inequívoca e verossimilhança das
alegações, além de fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, mormente no
tocante à necessidade de o requerente ter o amparo do plano de saúde contratado.

19
O fumus boni júris caracteriza-se pela própria requisição do ato
cirúrgico prescrito, efetuada por médicos cadastrados junto à Requerida, que evidencia o caráter
indispensável do procedimento, sua necessidade e urgência para possibilitar a intervenção
cirúrgica corretiva que, mais, destina-se a dar sobrevida digna ao Autor.

Evidenciado, igualmente, está o periculum in mora , eis que a


demora na consecução do ato cirúrgico acarreta no momento ao Autor seqüelas graves, tais
como dificuldade de deambulação, excesso de peso de pele com a ocorrência de dermatites na
região mamária e do abdômen, além do aspecto psicológico que este trauma traz ao paciente,
ora Autor.

À luz do art. 273, I, do CPC, a antecipação dos efeitos da tutela deve


ser concedida se estiverem presentes a verossimilhança das alegações do Requerente e o risco
de dano irreparável ou de difícil reparação. Neste diapasão, mostra-se inquestionável a
concessão da tutela, para possibilitar a realização da cirurgia.

DIANTE DISTO, REQUER-SE, COMO MEDIDA DE TUTELA


ANTECIPADA, INAUDITA ALTERA PARS , NO SENTIDO DE DETERMINAR QUE A RÉ
AUTORIZE A REALIZAÇÃO DO PROCEDIMENTO CIRÚRGICO ORA PLEITEADO
PELO AUTOR, DE IMEDIATO, SOB PENA DE MULTA DIÁRIA DE R$ 1.000,00(MIL
REAIS), DETERMINANDO-SE, OUTROSSIM, QUE O MEIRINHO CUMPRA O
MANDADO EM CARÁTER DE URGÊNCIA .

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PEDIDOS

Diante do que foi exposto, pleiteia a Autora que Vossa Excelência


defira os seguintes pedidos:

a) a citação da requerida, na pessoa de seu representante legal,


para, querendo, no prazo legal, contestar o presente feito, sob as
penas da revelia;

b) seja ratificada, na sentença, em todos os seus termos, o pedido de


tutela antecipada ora formulado;

c) sejam JULGADOS PROCEDENTES todos os pedidos formulados


na presente demanda, tornando definitiva a antecipação de tutela e
declarar a obrigação da requerida em custear e/ou autorizar o ato
cirúrgico almejado(cirurgia plástica reparadora), situada pelos
laudos médicos acostados nesta inicial, desconstituindo-se a
cláusula contratual que prevê a exclusão de cobertura para o
referido procedimento cirúrgico, com a condenação da mesma ao
pagamento de custas processuais e honorários advocatícios, estes a
serem arbitrados equitativamente por V. Ex.ª;

19
d) com a inversão do ônus da prova, face à hipossuficiência do Autor
frente à Requerida, nos termos do Artigo 6º inciso VIII do CDC,
protesta e requer a produção de provas admissíveis à espécie , em
especial a oitiva do representante legal da requerida e de
testemunhas, bem como perícia, se o caso assim o requerer.

Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00(mil reais) .

Respeitosamente, pede deferimento.

Cidade (PR) 00 de maio do ano de 0000.

Fulano de Tal
Advogado - OAB(PR) 112233

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