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Curso Letramento Interdisciplinar em Ciências

PRÁTICA DOCENTE 4: VOCÊ CONFIA NA ÁGUA QUE BEBE?

Análise crítica da potabilidade da água de Brasópolis-MG


Ceila Cintra Rosa Simões

1. O município de Brasópolis
O município de Brasópolis está localizado no sul de Minas Gerais, cujo
bioma é uma derivação da Mata Atlântica. Possui uma população estimada de
14.889 pessoas no ano de 2017. A área territorial é de 367.688 Km 2 (IBGE).
A cidade apresenta uma economia voltada para a agropecuária, com
destaque na produção de banana. Por outro lado, em algumas áreas isoladas,
há também a cultura de eucalipto. As áreas de pastagens são predominantes,
ocupando desde várzeas a encostas (COPASA, 2010).

Figura 1 – Localização geográfica do município de Brasópolis (Fonte: IBGE)

Brasópolis apresenta um clima quente e temperado, classificado como


Cwb de acordo com Köppen e Geiger. A pluviosidade média anual é de 1593
mm, sendo mais intenso no verão. As temperaturas médias variam 6.6 ºC ao
longo do ano (CLIMATE-DATA.ORG, 2017).

2. Bacia hidrográfica
Bacia hidrográfica é uma área natural onde os limites são definidos por
pontos mais altos do relevo, denominados de divisores de água. Nesta área, a
a´gua da chuva é drenada superficialmente por um curso d’água principal até
sua saída da bacia pelo sítio mais baixo do relevo. As Bacias hidrográficas são
compostas por Bacias menores, denominadas de Sub-bacias (COPASA).
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Figura 2 – Bacias e Sub-bacias (Fonte: COPASA)

3. Recursos Hídricos de Brasópolis


No extremo leste da APA Fernão Dias que abrange o município de
Brasópolis, a sub-bacia do Ribeirão Vargem Grande pertence a bacia do rio
Sapucaí (HORN, 2001).
A sub-bacia do Ribeirão Vargem Grande apresenta a montante do ponto
na cidade de Brasópolis. Grande parte da faixa ribeirinha ao rio Vargem Grande
se encontra coberta por matas ciliares, o que caracteriza o solo com alto nível
de saturação hídrica (COPASA, 2010).

Figura 3 – Sub-bacia do Ribeirão Vargem Grande-GD 5 (Fonte: Maia, 2003)

Figura 4 – Imagem de satélite (Google Earth) do Município de Brasópolis com a drenagem em


Minas Gerais do Rio Sapucaí. Fonte: IGAM, 2012.

A bacia hidrográfica do Alto Sapucaí situa-se na região sudeste,


percorrendo os estados de São Paulo e Minas Gerais, cuja área de drenagem
total é de cerca de 3.000 Km2. O Rio Sapucaí nasce na Serra da Mantiqueira,
especificamente em Campos do Jordão, São Paulo e deságua no reservatório
de Furnas. A Bacia do Alto Sapucaí abrange 12 municípios, incluindo Brasópolis
(MAIA, 2003).
Em conformidade com outras regiões, a antropização descontrolada,
associada a urbanização excessiva vem gerando uma diminuição da qualidade
dos recursos hídricos, configurando-se nos principais problemas na bacia do Rio
Sapucaí. (CBH Sapucaí).
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Figura 5 – Bacia Hidrográfica do Sapucaí (Fonte: CBH Sapucaí)

4. Abastecimento de água do município de Brasópolis


Em 1979, o sistema de abastecimento de água em Brasópolis passou a
ser operado pela COPASA. Segundo a Companhia de Saneamento de Minas
Gerais, a distribuição de água é realizada através da captação em barragem de
nível, no Ribeirão vargem Grande, onde é tratada em uma estação convencional
e submetida aos processos de oxidação, coagulação, floculação, decantação,
filtração, desinfecção, correção de pH e fluoretação. Aproximadamente 9 mil
habitantes de Brasópolis são abastecidos pela rede de distribuição da COPASA,
alcançando 3.131 imóveis, cuja capacidade de reservação é de 745 mil litros e
a produção média é de 1,3 milhão de litros de água por dia (COPASA, 2017).

5. Identificação dos Parâmetros de Qualidade na Conta de Água


Para a identificação dos parâmetros de qualidade da água, utilizou-se
uma conta de água (2ª via on line) domiciliar do bairro Horizonte Azul, localizado
no município de Brasópolis.
Os parâmetros de qualidade da água identificados na conta da COPASA,
estão destacados na tabela abaixo, sendo o Cloro, Coliformes Fecais, Cor,
Escherichia coli, Fluoreto e Turbidez

Tabela 1 – Identificação dos parâmetros da qualidade da água – Brasópolis - MG


Parâmetro Mínimo Analisadas Fora Dentro
Padrões Padrões
Cloro 15 32 0 32
Coliformes Totais 15 33 0 33
Cor 10 14 0 14
Escherichia coli 15 33 0 33
Fluoreto 0 14 2 12
Turbidez 15 33 0 33

Os parâmetros foram destacados em vermelho na conta a seguir.


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Figura 6 – Conta de água de um domicílio de Brasópolis (dez./2017)

Na sequência, foi realizado uma análise do relatório anual da qualidade


da água no município de Brasópolis.

Figura 6 – Relatório anual (out./2016 a out./2017) da qualidade da água no município de


Brasópolis-MG (Fonte: COPASA, 2017)

6. Análise dos parâmetros de qualidade da água


As características físicas, químicas e biológicas da água estão associadas
aos processos no corpo hídrico e em sua bacia de drenagem (BRASIL, 2006).
A Portaria 2.914, de 12 de dezembro de 2011 que dispõe sobre os
procedimentos inerentes a qualidade da água para consumo humano define que:
Art. 5° Para os fins desta Portaria, são adotadas as seguintes
definições: I - água para consumo humano: água potável
destinada à ingestão, preparação e produção de alimentos e à
higiene pessoal, independentemente da sua origem; II - água
potável: água que atenda ao padrão de potabilidade
estabelecido nesta Portaria e que não ofereça riscos à saúde; III
- padrão de potabilidade: conjunto de valores permitidos como
parâmetro da qualidade da água para consumo humano,
conforme definido nesta Portaria [...] V - água tratada: água
submetida a processos físicos, químicos ou combinação destes,
visando atender ao padrão de potabilidade; VI - sistema de
abastecimento de água para consumo humano: instalação
composta por um conjunto de obras civis, materiais e
equipamentos, desde a zona de captação até as ligações
prediais, destinada à produção e ao fornecimento coletivo de
água potável, por meio de rede de distribuição; (BRASIL, 2011).

Nesse sentido, a água distribuída pela COPASA se enquadra nas


definições da legislação exposta acima. Além disso, a Portaria 2.914/2011
também determina que os parâmetros devem atender às normas nacionais ou
internacionais mais recentes (BRASIL, 2011).

Tabela 2 – Análise dos parâmetros da qualidade da água – Brasópolis - MG


Parâmetro Mínimo Analisadas Fora Dentro Portaria
Padrões Padrões 2.914/11
Cloro 15 32 0 32 Não
atende*
Coliformes Totais 15 33 0 33
Cor 10 14 0 14
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Escherichia coli 15 33 0 33
Fluoreto 0 14 2 12
Turbidez 15 33 0 33
* Não atende a Portaria 2.914/11 após comparação com o Relatório Anual.

Dados referentes ao período de (período de 10/2016 a 10/2017)

Número de amostras
Valor Saiba
Parâmetro Unidade Limites
Mínimo Analisadas
Fora Que Médio mais
padrão atende

Cloro mg/L Cl 203 417 0 417 1,08 0,2 a 2

Coliformes Totais NMP/100mL 203 300 0 300 100,00% Obs.

Cor UH 130 190 0 190 2,50 15

Escherichia coli NMP/100mL 203 300 0 300 - Obs.

0,6 a
Fluoreto mg/L F 0 189 6 183 0,73
0,85

Turbidez uT 203 280 0 280 1,04 5

pH - 0 188 0 188 6,76 6 a 9,5

Figura 7 - Relatório Anual da Qualidade da água em Brasópolis – MG (COPASA)

De acordo com análise da conta de água, o número de amostras


analisadas é superior ao mínimo preconizado pela Portaria 2.914/11, garantindo
a qualidade microbiológica da água. Por outro lado, comparando os índices
destacados em vermelho no Relatório Anual (Figura 7), o parâmetro químico
cloro está em desacordo ao Art. 34 (BRASIL, 2011):
É obrigatória a manutenção de, no mínimo, 0,2 mg/L de cloro
residual livre ou 2 mg/L de cloro residual combinado ou de 0,2
mg/L de dióxido de cloro em toda a extensão do sistema de
distribuição (reservatório e rede).

O cloro é uma substância de ação bactericida, adicionado a água durante


o processo de tratamento, visando eliminar bactérias e outros patógenos
(SCURACCHIO, 2010). Considerando o Relatório Anual no qual o parâmetro
cloro está abaixo do valor exigido pela Portaria 2,914/11, a ação bacterida
inerente aos microrganismos patógenos, fica comprometida. Nesse sentido, em
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se tratando da questão que mobilizou esta prática docente: “Você confia na água
que bebe?”, a resposta é, literalmente, “NÃO”.

7. Discussão
Estudos relatam que o abastecimento público de água é uma
preocupação crescente da humanidade, em virtude da escassez e deterioração
dos recursos hídricos. É fato que as ações humanas, os estilos de vida,
juntamente com o desenvolvimento, vêm interferindo significativamente no meio
ambiente e alterando a disponibilidade de água e comprometendo sua qualidade
desde o manancial até o sistema de distribuição (BRASIL, 2006).
Diante do exposto anteriormente, o abastecimento de água proveniente
da Bacia do Rio Sapucaí não difere do contexto. Dos 49 municípios mineiros,
apenas quatro cidades possuem estação de tratamento de Esgoto e, de acordo
com o resumo executivo da COPASA, os projetos dessas estações ainda estão
em fase de construção (COPASA, 2010).

Figura – Concessionárias de esgoto na Bacia do Rio Sapucaí (Fonte: COPASA, 2010)

Diante do contexto, torna-se fundamental o desenvolvimento de


atividades e projetos de Educação Ambiental, trabalhada de forma
interdisciplinar, baseada no letramento científico, visando promover o
conhecimento acerca da potabilidade da água.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Vigilância e


controle da qualidade da água para consumo humano/ Ministério da Saúde,
Secretaria de Vigilância em Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 212 p.
Curso Letramento Interdisciplinar em Ciências

BRASIL. Portaria nº 2.914, de 12 de dezembro de 2011. Dispõe sobre os


procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo
humano e seu padrão de potabilidade. Ministério da Saúde, Brasília, DF, 2011.

CBH Sapucaí Comitê da Bacia Hidrográfica do Sapucaí. Disponível em:


<http://www.cbhsapucai.org.br/cbh/Pagina.do?idIdioma=1>. Acesso em: 14 nov.
2017.

CLIMATE-DATA.ORG. Clima. Disponível em: <https://pt.climate-


data.org/location/176476/>. Acesso em 14.10.2017.

COMPANHIA DE SANEAMENTO DE MINAS GERAIS-COPASA. Plano Diretor


de Recursos Hídricos da bacia hidrográfica do Rio Sapucaí: Resumo
Executivo. Belo Horizonte, 2010.

HORN, H. M. F. Identificação de Prováveis Áreas para Conservação


Ambiental ao longo da Rodovia Fernão Dias aplicando as Técnicas de
Geoprocessamento. 2001. 40 f. Monografia (Especialização) – Universidade
Federal de Minas Gerais, Departamento de Cartografia. Belo Horizonte, 2001.

IGAM – INSTITUTO MINEIRO DE GESTÃO DA ÁGUAS. Sistema de


Coordenadas Geográficas - Drenagem do Rio Grande em Minas Gerais, 2012.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Portal Cidades


(Brazópolis) do IBGE. Disponível em: <
https://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=310890&search=||in
fogr%E1ficos:-informa%E7%F5es-completas>. Acesso em: 13 de nov. 2017.

MAIA, J. L. Estabelecimento de Vazões de Outorga na Bacia Hidrográfica do


Alto Sapucaí, com a Utilização de Sazonalidade. 2003. 116 f. Mestrado em
Engenharia da Energia (Dissertação) – Universidade Federal de Itajubá. Itajubá,
2003.
Curso Letramento Interdisciplinar em Ciências

ORGANIZAÇÃO PAN AMERICANA DE SAÚDE. Água e Saúde. Disponível em:


<http://www.opas.org.br/ambiente/UploadArq/água.pdf>. Acesso em:
14/11/2017.

Relatório Anual da Qualidade de Água (Brasópolis). Pesquisa de Qualidade da


Água – Portaria 2914. COPASA, 2016-2017. Disponível em:
<http://www.copasa.com.br/wps/portal/internet/agua-de-qualidade/resultados-
das-analises>. Acesso em: 15 nov. 2017.

SCURACHCHIO, P. A. Qualidade da água utilizada para consumo em


escolas no município de São Carlos - SP. 2010. F. 59. Mestrado em Alimentos
e Nutrição (Dissertação) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita
Filho, Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Câmpus de Araraquara.
Araraquara, 2010.

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