Nı́vel: Mestrado
Ano de ingresso no programa: 2006
Época esperada de conclusão: Julho / 2008
Etapa concluı́da: Defesa da proposta de dissertação
Com o aumento enorme de informação tanto na Internet quanto em bancos de dados privados,
ao se realizar uma pesquisa qualquer, um usuário pode se deparar com uma quantidade muito
grande de resultados. Sendo que, muitas vezes, tais resultados encontram-se sem qualquer
tipo de organização. Para solucionar esse problema, pesquisas recentes têm se preocupado em
atender às preferências do usuário da melhor forma possı́vel. Dessa maneira, os resultados
retornados por uma busca podem ser filtrados e organizados para atender interesses especı́ficos
dos usuários.
O tratamento de preferências pode ser feito de forma quantitativa ou outras maneiras,
porém trabalhos mais recentes vêm buscando tratar preferências de forma qualitativa. Por e-
xemplo, dada uma certa coleção de músicas, para se conhecer aquelas que são preferidas por
um usuário de forma quantitativa, pode-se solicitar ao mesmo que dê uma nota a cada música
e então seleciona-se aquelas músicas com maiores notas. No entanto, esse método pode ser
inviável para uma coleção de músicas muito grande. De forma qualitativa, pode-se obter do
usuário informações sobre quais atributos afetam sua preferência. Por exemplo, se o usuário
diz que músicas Country são melhores do que músicas de Rock, já se consegue obter uma
classe de músicas preferidas sem que o usuário avalie cada música individualmente.
A comparação de objetos de forma qualitativa leva em consideração a semântica ceteris
paribus, ou seja, pode-se comparar dois objetos que se distinguem em apenas um atributo. No
exemplo em que um usuário diz que “músicas Country são melhores que músicas de Rock”,
a comparação de duas músicas apenas é possı́vel se elas diferem no gênero, mas possuem a
mesma duração, ritmo, intérprete, etc.
É possı́vel também, no tratamento de preferências de forma qualitativa, fazer uso de
dependência preferencial e importância absoluta ou relativa. Dependência preferencial é quando
o valor de um atributo influencia na preferência de outro atributo. Por exemplo, um usuário
pode especificar que sua preferência em relação a duração das músicas depende do gênero das
mesmas. Para músicas Country prefere-se durações longas a durações breves e para músicas de
Rock prefere-se durações breves a durações longas. A importância absoluta ou relativa permite
especificar quando um atributo é mais importantes do que outro no momento de decidir entre
dois objetos. Por exemplo, um usuário pode especificar que o gênero de uma música é mais
importante do que o ritmo.
Outra importante tarefa no tratamento de preferências de forma qualitativa é a obtenção
de um subconjunto ótimo de objetos. Por exemplo, dada uma coleção de músicas de diversos
ritmos, deseja-se selecionar um conjunto de músicas para uma festa cujo público é jovem. As
caracterı́sticas desse conjunto são: o ritmo das músicas deve ser agitado e com grande variedade
de intérpretes. Uma solução para esse problema é associar a cada conjunto possı́vel um objeto
e, a partir daı́, proceder com o tratamento de preferências sobre objetos.
Apesar da existência de muitas pesquisas sobre o tratamento de preferências de forma
qualitativa, diversos tipos de aplicações exigem a necessidade de tratar preferências sobre estru-
turas mais complexas, como seqüências de objetos. Um exemplo do uso de preferências sobre
seqüências pode ser considerado a criação de uma lista de música, onde cada música é um ob-
jeto com atributos próprios, e a disposição das músicas na lista pode torná-la mais ou menos
preferida. O exemplo a seguir exibe algumas condições temporais e instruções de preferências
que devem ser tratadas nesse trabalho.
Exemplo 1 Supõe-se que seja necessário montar uma lista de músicas ótima dado um
repositório com músicas de diversos gêneros e durações. E o usuário imponha as seguintes
condições relativas a suas preferências pessoais: 1) Para músicas Country uma duração longa é
melhor do que uma duração breve, mas para músicas de Rock uma duração breve é melhor do
que uma duração longa. 2) É melhor que a lista de música inicie com uma música Country. 3)
Se a música anterior foi de Rock é melhor que a próxima seja Country, mas se a música anterior
foi Country de duração breve é melhor que a próxima seja Country novamente
Outros trabalhos têm abordado um aspecto muito importante, no sentido de acrescentar
instruções de preferências em consultas SQL para banco de dados, permitindo assim, que diver-
sas aplicações possam tratar melhor o interesse de uma busca realizada por seus usuários. As
instruções de preferências em consultas permitem restrições mais suaves do que as instruções
SQL padrões, ou seja, os resultados da consulta são construı́dos para se aproximar ao máximo
da preferência do usuário.
O principal objetivo desse trabalho será modelar um formalismo para tratar preferências
temporais, isto é, preferências sobre seqüências de objetos. Desenvolver algoritmos de
otimização que considerem tais preferências. Especificar uma extensão para a linguagem SQL
padrão a fim de que as preferências temporais possam ser expressadas em uma consulta. E
implementar um protótipo que processe um consulta com preferências temporais e obtenha os
resultados em um banco de dados de seqüências através dos algoritmos de otimização.
Este artigo encontra-se organizado da seguinte maneira. Na Seção 2 é apresentada uma
breve relação de trabalhos tratando formalismos sobre preferências e linguagens de consultas
para bancos de dados que suportam instruções de preferências. A Seção 3 descreve os principais
objetivos desse trabalho e expõe as soluções que serão desenvolvidas para o problema proposto.
Posteriormente, na Seção 4 encontra-se a metodologia que está sendo utilizada na pesquisa,
bem como o cronograma do andamento das atividades e a previsão de término para as atividades
pendentes.
2. Trabalhos Relacionados
Há diversas pesquisas que tratam da especificação, representação e raciocı́nio com preferências.
Em [Doyle and Wellman 1994], é introduzida uma representação de preferências através de
instruções ceteris paribus.
Nos trabalhos de [Boutilier et al. 2004a, Boutilier et al. 1999] foi proposta uma ferra-
menta para representar preferências de forma qualitativa sobre objetos com o uso de grafos,
chamada CP-net. O formalismo por trás dessa ferramenta mantém a semântica ceteris paribus
e acrescenta o conceito de dependência preferencial. Ainda nesses trabalhos, são propostos
algoritmos e técnicas para comparação e otimização de objetos. Em [Boutilier et al. 2004b]
foi apresentado um algoritmo para obter um conjunto de objetos ótimo dado um conjunto
de restrições. Já em [Brafman et al. 2006a] é descrita a criação de uma extensão de CP-net,
chamada de TCP-net que leva em consideração a importância absoluta ou relativa. O exemplo
2 exibe uma TCP-net e sua especificação correspondente.
Exemplo 2 Suponha as seguintes preferências especificadas por um usuário sobre atributos
músicais: 1) Genêro (G) Country (c) é melhor do que gênero Rock (r). 2) Ritmo (R) agitado
(a) é melhor do que ritmo tranqüilo (t). 3) Para músicas Country agitadas ou músicas de rock
tranqüilas uma duração (D) longa (l) é melhor do que uma duração breve (b), caso contrário
uma duração breve é melhor do que uma duração longa. 4) O gênero é mais importante do que
o ritmo. A Figura 1(a) exibe uma TCP-net para as preferências especificadas, onde os nós são
as variáveis, as arestas simples são as relações de dependência preferencial, a aresta de G para R
indica a relação de importância relativa e as tabelas especificam as preferêncas sobre a variável.
Uma forma de trabalhar com preferências entre conjuntos de objetos foi desenvolvida
por [Brafman et al. 2006b], onde se relata como reduzir uma especificação de preferências so-
bre conjuntos de objetos para uma especificação de preferências sobre objetos simples e um
algoritmo para otimização de subconjuntos de objetos. No exemplo 3 é mostrado como é feita
essa redução.
Country agitada Country tranqüila
Country agitada Rock tranqüila
Country agitada Pop tranqüila
(b) (c)
(a)
Figura 1 - TCP-net e conjuntos de objetos
Exemplo 3 Suponha os dois conjuntos de músicas exibidos na Figura 1(b) e na Figura 1(c). E
que um usuário especifique que os conjuntos melhores possuem ritmo agitado e maior diversi-
dade de gênero, e também que o ritmo é mais importante do que a diversidade de gênero.
Para o primeiro conjunto pode-se associar o vetor (1, a) e para o segundo conjunto
pode-se associar o vetor (3, t). O primeiro elemento do vetor é o número de gêneros e o se-
gundo elemento informa se o conjunto de músicas é agitado (a) ou tranqüilo (t). O primeiro
vetor é melhor do que o segundo considerando o ritmo e o segundo vetor é melhor do que o
primeiro considerando a diversidade de gêneros. Como o usuário especificou que o ritmo é mais
importante do que a diversidade de gêneros pode-se deduzir que o primeiro vetor é o melhor e,
conseqüentemente, o primeiro conjunto de músicas é o melhor.
Em [Kießling and Köstler 2002] foi desenvolvida a linguagem Preference SQL, que é
uma extensão da linguagem SQL que suporta instruções de preferências. E, posteriormente, em
[Endres and Kießling 2006] é tratado o problema de como transformar o formalismo lógico das
TCP-nets em consultas de Preference SQL.
3. Descrição do Trabalho
Os principais objetivos desse trabalho são: 1) Especificar uma linguagem para tratar pre-
ferências temporais. 2) Desenvolver algoritmos de otimização baseados em preferências tempo-
rais. 3) Especificar uma linguagem de consulta para bancos de dados com suporte a preferências
temporais. 4) Implementar um protótipo capaz de processar uma consulta com preferências
temporais e obter os resultados através dos algoritmos de otimização. 5) Realizar testes com o
protótipo em grandes volumes de dados para analisar seu desempenho. Nas subseções que se
seguem serão apresentados maiores detalhes sobre cada um desses objetivos
Boutilier, C., Brafman, R. I., Domshlak, C., Hoos, H. H., and Poole, D. (2004b). Preference-based constrained
optimization with cp-nets. Computational Intelligence, 20(2):137–157.
Boutilier, C., Brafman, R. I., Hoos, H. H., and Poole, D. (1999). Reasoning with conditional ceteris paribus
preference statements. In Proceedings of the 15th Annual Conference on Uncertainty in Artificial Intelligence
(UAI), pages 71–80. Morgan Kaufmann Publishers.
Brafman, R. I., Domshlak, C., and Shimony, S. E. (2006a). On graphical modeling of preference and importance.
Journal of Artificial Intelligence Research (JAIR), 25:389–424.
Brafman, R. I., Domshlak, C., Shimony, S. E., and Silver, Y. (2006b). Preferences over sets. In Proceedings of the
21st National Conference on Artificial Intelligence (AAAI). AAAI Press.
Doyle, J. and Wellman, M. P. (1994). Representing preferences as ceteris paribus comparatives. In Proceedings of
the AAAI Spring Symposium on Decision-Theoretic Planning, pages 69–75.
Endres, M. and Kießling, W. (2006). Transformation of tcp-net queries into preference database queries. In
Proceedings of the Multidisciplinary Workshop on Advances in Preference Handling, pages 23–30.
Kießling, W. and Köstler, G. (2002). Preference sql - design, implementation, experiences. In Proceedings of 28th
International Conference on Very Large Data Bases (VLDB), pages 990–1001.