Pesquisas
Georges Elton Mayo – cientista social australiano – chefiou uma experiência em uma fábrica da Western
Eletric Company, situada em Chicago, no bairro de Hawthorne. Esta experiência caracterizou-se como um
movimento de resposta contrária à Abordagem Clássica da Administração, considerada pelos
trabalhadores e sindicatos como uma forma elegante de explorar o trabalho dos operários para benefício
do patronato. Na época, a alta necessidade de se humanizar e democratizar a Administração nas frentes de
trabalho das indústrias, aliado ao desenvolvimento das ciências humanas – psicologia e sociologia, dentre
outras – e as conclusões da Experiência de Hawthorne fez brotar a Teoria das Relações Humanas.
A Experiência de Hawthorne tinha por objetivo inicial estudar a fadiga, os acidentes, a rotação do pessoal
- turnover -, e o efeito das condições físicas de trabalho sobre a produtividade dos empregados. Essa
experiência foi também motivada por um fenômeno apresentado de forma severa à época na fábrica:
conflitos entre empregados e empregadores, apatia, tédio, a alienação, o alcoolismo, dentre outros fatores
que tornavam difícil a convivência no meio trabalhístico.
Esta experiência, na sua primeira fase, pretendia confirmar a influência da iluminação sobre o
desempenho dos operários. Nos resultados, os observadores não encontraram correlação direta entre as
variáveis, não apresentando comprovação do objetivo inicial, e sim somente a preponderância do fator
psicológico ao fisiológico.
Na segunda fase ocorreu o desenvolvimento dos seguintes campos: social, gerado pelo trabalho em
equipe; e de liderança: gerado pelos objetivos comuns. As condições da sala experimental permitiam que
se trabalhasse com liberdade e menor ansiedade: supervisão branda (sem temor ao supervisor, que passou
a desempenhar o papel de orientador); ambiente amistoso e sem pressões, proporcionando um
desenvolvimento social e a integração do grupo entre si.
Seguiu-se à terceira fase, na qual foi verificada, por meio do Programa de Entrevistas (que consista em
entrevistas com os empregados para conhecer suas opiniões e sentimentos), onde foi constatada a
existência de uma organização informal de operários, em que existia lealdade e liderança de certos
funcionários em relação ao grupo, com suas próprias regras de procedimento e que, em caso de
contradições à vontade deste grupo, havia uma punição, que não era formal, mas aplicada pelo grupo ao
membro.
A esses resultados houve grande aprovação, e em consequência disso criou-se a Divisão de Pesquisas
Industriais. Consequentemente veio a quarta fase, tendo como foco de observação a igualdade de
sentimentos entre os membros do grupo e a relação de organização formal e informal, que tinha por
finalidade a proteção contra o que o grupo considerava ameaças da Administração da empresa a qual
trabalhavam.
As conclusões da experiência foram:
Após esse estudo, a empresa passou a ser visada também como um conjunto de indivíduos e de relações
de interdependências que estes mantêm entre si, em função de normas, valores, crenças e objetivos
comuns e de uma estrutura tecnológica subjacente, reforçando o discurso de que o homem social é um ser
complexo, que ao mesmo tempo é condicionado pelos sistemas sociais em que se insere e motivado a agir
por necessidades de ordem biológica e psicosocial; e que os valores orientantes do comportamento de cada
indivíduo são, de um lado: derivados das necessidades que constituem a fonte de valores sociais; de outro:
transmitidos ao indivíduo pelos sistemas sociais que participa. Assim concluiu-se que: motivado pela
organização mediante a satisfação de suas necessidades, o indivíduo não focaliza o "salário ou benefícios
financeiros" como ponto central, mas a remuneração no ciclo motivacional é um componente integrante.
Para Elton Mayo: "O conflito é uma chaga social, a cooperação é o bem-estar social" . Conclui-se que:
comprovada a existência de uma organização informal, a Experiência de Hawthorne contrapõe o
comportamento social do empregado ao comportamento do tipo máquina, proposto pela Teoria Clássica,
abrindo assim portas para um novo campo de abordagem da Administração: as Relações Humanas.
Referências
CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. 3ª ed. São Paulo: McGraw-Hill
do Brasil, 1983.
KOONTZ, Harold. Princípios de administração: uma análise das funções administrativas. 1ª ed. São
Paulo: Livraria Pioneira Editora, 1962.
ROBBINS, Stephen Paul. O Processo Administrativo integrando teoria e prática. 1ª ed. São Paulo:
Atlas, 1978.