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LIÇÃO 3

SUBSÍDIO PARA O ESTUDO DA 3ª LIÇÃO DO 2º TRIMESTRE DE


2018 – DOMINGO, 15 DE ABRIL DE 2018

ÉTICA CRISTÃ E DIREITOS HUMANOS

Texto áureo

“O estrangeiro não afligirás, nem


o oprimirás; pois estrangeiros
fostes na terra do Egito.” (ÊX
22.21)
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE – Is 58. 6-12.

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO

Sejam bem-vindos, distintos leitores, a mais uma lição deste trimestre. Desta
feita estudaremos assuntos muito em voga na atualidade e que trás uma carga forte
de alerta a nossa sociedade como um todo. Abordaremos, nesta 3ª Lição, os
seguintes assuntos: a Origem dos Direitos Humanos; A Bíblia e os Direitos
Humanos; e a Igreja e o Direitos Humanos. Pois bem, sinta-se a vontade, caro
leitor, a aprofundar-se nestes temas e a ser praticante dos princípios exauridos das
Sagradas Escrituras.

1
I – A ORIGEM DOS DIREITOS HUMANOS

1. Definição de Direito.

O que significa a palavra Direito?

Direito pode se referir à ciência do direito ou ao conjunto de normas jurídicas


vigentes em um país (direito objetivo). Também pode ter o sentido de íntegro,
honrado. É aquilo que é justo, reto e conforme a lei. É ainda uma regalia, um
privilégio, uma prerrogativa. A palavra direito intuitivamente nos outorga a noção do
que é certo, correto, justo e equânime. Seu étimo Direito (ius), no dizer do brocardo
romano tradicional, significa “a arte do bom e do equitativo” ( “ars boni et aequi”).
Como bem escreveu Paulo Nader:

Ao definir o Direito como “a arte do bom e do justo”, o jurisconsulto Celso


confundiu as duas esferas, de vez que o conceito de bom pertence à Moral.
Os sempre invocados princípios Honeste vivere, alterum non laedere, suum
cuique tribuere (“viver honestamente, não lesar a outrem, dar a cada um o
que é seu”), formulados na Instituta de Justiniano e considerados como a
definição romana de Direito, confirmam a não diferenciação doutrinária entre
o Direito e a Moral, de vez que a primeira máxima – viver honestamente –
1
possui caráter puramente moral .

A palavra direito é palavra com vários significados, ainda que interligados e


entrelaçados.

2. Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

Inspirada nos pensamentos dos iluministas2, bem como na Revolução


Americana (1776), a Assembléia Nacional Constituinte da França revolucionária

1
Introdução ao estudo do direito / Paulo Nader – 36.a ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2014.

2
Este movimento surgiu na França do século XVII e defendia o domínio da razão sobre a visão
teocêntrica que dominava a Europa desde a Idade Média. Segundo os filósofos iluministas, esta
forma de pensamento tinha o propósito de iluminar as trevas em que se encontrava a sociedade. Os
pensadores que defendiam estes ideais acreditavam que o pensamento racional deveria ser levado
adiante substituindo as crenças religiosas e o misticismo, que, segundo eles, bloqueavam a evolução
do homem. O homem deveria ser o centro e passar a buscar respostas para as questões que, até
então, eram justificadas somente pela fé. Os principais filósofos do Iluminismo foram: John Locke
(1632-1704), ele acreditava que o homem adquiria conhecimento com o passar do tempo através do
empirismo; Voltaire (1694-1778), ele defendia a liberdade de pensamento e não poupava crítica à
intolerância religiosa; Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), ele defendia a ideia de um estado
democrático que garantisse igualdade para todos; Montesquieu (1689-1755), ele defendeu a divisão
2
aprovou em 26 de agosto de 1789 e votou definitivamente a 2 de outubro a
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, sintetizado em dezessete artigos
e um preâmbulo dos ideais libertários e liberais da primeira fase da Revolução
Francesa (1789-1799).

Pela primeira vez são proclamados as liberdades e os direitos fundamentais


do homem de forma econômica, visando abarcar toda a humanidade. Ela foi
reformulada no contexto do processo revolucionário numa segunda versão, de 1793.
Serviu de inspiração para as constituições francesas de 1848 (Segunda República
Francesa) e para a atual, e também foi a base da Declaração Universal dos Direitos
Humanos, promulgada pelas Nações Unidas.

Leiamos, na Íntegra, esta tão importante Declaração:

Declaração dos Direitos Humanos e dos Cidadãos de 1789

“Os Representantes do Povo Francês, constituídos na Assembleia Nacional,


considerando que a ignorância, o esquecimento ou o desrespeito pelos direitos
humanos são as únicas causas de infortúnios públicos e corrupção dos Governos,
resolveram expor, em uma Declaração solene, os direitos naturais, inalienáveis e
sagrados do Homem, de modo que esta afirmação, constantemente presente a
todos os membros do corpo social, vem lembrá-los de seus direitos e deveres; para
que os atos da legislatura, e os do poder executivo, que podem ser comparados com
o propósito de qualquer instituição política a qualquer momento, sejam mais
respeitados; para que as reivindicações dos cidadãos, agora baseadas em princípios
simples e indiscutíveis, sempre se voltem para a manutenção da Constituição e para
a felicidade de todos.

Consequentemente, a Assembleia Nacional reconhece e declara, na


presença e sob os auspícios do Ser Supremo, os seguintes direitos do homem e do
cidadão.

do poder político em Legislativo, Executivo e Judiciário; Denis Diderot (1713-1784) e Jean Le Rond
d´Alembert (1717-1783), juntos organizaram uma enciclopédia que reunia conhecimentos e
pensamentos filosóficos da época.

3
Art. 1- Os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos. As
distinções sociais só podem ser baseadas na utilidade comum.

Art. 2- A finalidade de qualquer associação política é a conservação dos


direitos naturais e imprescritíveis do Homem. Estes direitos são a liberdade, a
propriedade, a segurança e a resistência à opressão.

Art. 3- O princípio de toda a Soberania reside essencialmente na Nação.


Nenhum corpo, nenhum indivíduo pode exercer autoridade que não emane
expressamente dele.

Art. 4- A liberdade consiste em ser capaz de fazer qualquer coisa que não
prejudique os outros; assim, o exercício dos direitos naturais de cada homem tem
limites apenas àqueles que asseguram aos outros Membros da Sociedade o gozo
desses mesmos direitos. Estes termos só podem ser determinados por Lei.

Art. 5- A Lei tem o direito de defender apenas as ações nocivas à Sociedade.


Tudo o que não é proibido por lei não pode ser impedido, e ninguém pode ser
compelido a fazer o que ela não ordena.

Art. 6- A Lei é a expressão da vontade geral. Todos os Cidadãos têm o direito


de concorrer pessoalmente, ou pelos seus Representantes, para sua formação. Ela
deve ser a mesma para todos, seja para proteger ou para punir. Todos os cidadãos
que são iguais perante seus olhos também são elegíveis para toda a dignidade
pública, lugares e postos de trabalho, dependendo da sua capacidade, e sem
distinção que não seja a das suas virtudes e talentos.

Art. 7- Nenhum Homem pode ser acusado, detido ou preso a menos que seja
nos casos determinados por Lei, e da forma prescrita por ela. Aqueles que buscam,
enviam, executam ou impõem ordens arbitrárias devem ser punidos; Mas cada
cidadão chamado ou apreendido em virtude da Lei deve obedecer ao momento: ele
se torna culpado pela resistência.

Art. 8- A Lei só deve estabelecer penalidades estrita e obviamente


necessárias, e quem quer que seja só poderá ser punido em virtude de uma Lei
estabelecida e promulgada antes da infração, e legalmente imposta.
4
Art. 9- Todo Homem é considerado inocente até que se prove o contrário e
venha ser considerado culpado; caso seja julgado e seja necessário prendê-lo,
qualquer rigor que não seja necessário para verificar a sua pessoa deve ser
severamente suprimida por Lei.

Art. 10- Ninguém deve se preocupar com suas opiniões, mesmo religiosas,
desde que sua manifestação não perturbe a ordem pública estabelecida por Lei.

Art. 11- A livre comunicação de pensamentos e opiniões é um dos direitos


mais preciosos do Homem: cada cidadão pode, portanto, falar, escrever, imprimir
livremente, exceto para responder pelo abuso desta liberdade nos casos
determinados pela Lei.

Art. 12- A garantia dos direitos humanos e dos cidadãos exige uma força
pública: esta força é, portanto, instituída para o benefício de todos, e não para a
utilidade particular daqueles a que lhe é confiada.

Art. 13- Para a manutenção da força pública e para as despesas


administrativas, é imprescindível uma contribuição comum: deve também ser
distribuída igualmente entre todos os cidadãos, devido às suas faculdades.

Art. 14- Todos os cidadãos têm o direito de constatar, por si próprios ou pelos
seus representantes, a necessidade da contribuição pública, de consenti-la
livremente, de seguir o seu emprego e de determinar a sua proporção, atitude,
recuperação e duração.

Art. 15- A Empresa tem o direito de solicitar uma conta de qualquer


Funcionário público da sua administração.

Art. 16- Toda Sociedade em que a garantia dos Direitos não é assegurada,
nem a separação dos Poderes determinados, não tem constituição.

5
Art. 17- A propriedade sendo um direito inviolável e sagrado, ninguém pode
ser privado dela, caso seja, por necessidade pública, deve ser legalmente apurado,
3
por exigência obvia, e sob a condição de uma indenização justa e prévia.”

3. Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Em 10 de dezembro de 1948, os 58 Estados-Membros, que então


constituíram a Assembleia Geral, adotaram a Declaração Universal dos Direitos
Humanos, em Paris, no Palais de Chaillot (resolução 217 a (III)).

Para comemorar a sua adoção, o Dia dos Direitos Humanos é celebrado


todos os anos em 10 de dezembro.

Este documento fundador – traduzido em mais de 500 línguas diferentes –


continua a ser, para todos nós, uma fonte de inspiração para promover o exercício
universal dos direitos humanos. Não vamos colocar os seus 30 artigos, aqui, apenas
o seu preâmbulo:

“Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente de todos os


membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o
fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo;

Considerando que a ignorância e o desrespeito pelos direitos humanos


levaram a atos de barbárie que revoltam a consciência da humanidade e que o
advento de um mundo onde os seres humanos estarão livres para falar e crer,
libertos do terror e da miséria, foi proclamado como a maior aspiração do homem;

Considerando que é essencial que os direitos humanos sejam protegidos por


um regime de direito para que o homem não seja forçado, no recurso supremo, à
revolta contra a tirania e a opressão;

3
Tradução feita do original françês: Déclaration des Droits de l'Homme et du Citoyen de 1789.
Acesso em 10/04/2018.: http://www.conseil-constitutionnel.fr/conseil-constitutionnel/francais/la-
constitution/la-constitution-du-4-octobre-1958/declaration-des-droits-de-l-homme-et-du-citoyen-de-
1789.5076.html

6
Considerando que é essencial incentivar o desenvolvimento das relações
amigáveis entre as Nações;

Considerando que, na Carta, os povos das Nações Unidas mais uma vez
proclamaram a sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor
da pessoa humana, na igualdade de direitos dos homens e das mulheres, e
declararam-se decididos a promover o progresso social e a criar melhores condições
de vida em maior liberdade;

Considerando que os Estados-Membros comprometeram-se a assegurar, em


cooperação com as Nações Unidas, o respeito universal e efetivo dos direitos
humanos e das liberdades fundamentais;

Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é


da mais alta importância para cumprir plenamente este compromisso;

A Assembleia Geral proclama esta Declaração Universal dos Direitos


Humanos como o ideal comum a ser alcançado por todos os povos e nações para
que todos os indivíduos e órgãos da sociedade, tendo esta Declaração
constantemente em mente, se esforcem, através do ensino e da educação, para
desenvolver o respeito por esses direitos e liberdades e para garantir, através de
medidas progressivas de caráter nacional e internacional, o reconhecimento e a
execução universais e eficazes, tanto entre as populações dos próprios Estados-
Membros como entre os territórios e sua jurisdição. ”4

4. Direitos Humanos no Brasil.

No artigo sobre os diretos humanos, intitulado “A origem e a história dos


direitos humanos: a discussão contemporânea” encontramos o seguinte
argumento:

4
Tradução feita do original françês: Déclaration universelle des droits de l'homme. Acesso em
10/04/2018.: http://www.un.org/fr/universal-declaration-human-rights/

7
Popularizada no Brasil durante o processo de redemocratização, ao longo
dos anos 80, quando vários movimentos da sociedade civil se insurgiam
contra o autoritarismo do regime militar instituído pelo golpe militar de 1964,
a expressão “direitos humanos” passou a fazer parte do vocabulário dos
militantes políticos de esquerda desde aquela época. Uma prova da sua
força é o combate sistemático que é feito pelos seus adversários que
invariavelmente buscam associar a expressão “direitos humanos” aos
“direitos de bandidos”. Com efeito, ao introduzir o assunto dos direitos
humanos numa conversa é bastante comum ouvir algum interlocutor afirmar
que “os direitos humanos nada mais são do que direitos de bandidos”, ou
que “os direitos humanos deveriam valer unicamente para os humanos
direitos”, ou ainda, numa versão mais popular e atual, que “direitos humanos
não são os direitos dos manos.”

Portanto, como diz o arrazoado latino: “Jus gentium est quod naturalis ratio
inter omnes homines constituit.”, isto é: “O direito das gentes é o que a razão natural
constitui entre todos os homens.”

II – A BÍBLIA E OS DIREITOS HUMANOS

1. Direitos Humanos no Pentateuco.

Conforme alguns comentaristas e segundo abalizados escritores do Próximo


Oriente Médio, tais quais Geza Vernes entre outros, era comum no Antigo Oriente,
os reis apresentarem os termos de seu reinado, na forma de um pacto e de uma
aliança com seus súditos. No caso em questão, o Senhor Deus, por intermédio do
grande legislador Moisés, outorga ao seu povo, um dos maiores códigos de ética
espiritual e moral já conhecido: - os Dez Mandamentos (Êxodo 20).
Este código, dado a Israel, fazia parte de um pacto – ou uma aliança –,
estabelecido entre Deus e o seu povo, para que os mesmos pudessem andar de
forma equilibrada, cumprindo as exigências que diziam respeito ao próprio Deus e
aos seus semelhantes.
É interessante perceber que os quatro primeiros mandamentos falam sobre
os deveres dos seus servos para com Deus. Já os outros seis, tratam da
regulamentação das relações entre os próprios seres humanos. Como visto, a Torá
(a Lei) trazia uma proposta de proteção ao homem e a família, mais do que somente
uma relação de culto. Neste caso, percebe-se como Deus já se preocupava com
questões relacionadas aos direitos e aos deveres do povo, mesmo que estes
mandamentos tivessem, na maioria deles, uma forte carga negativa em sua

8
exposição, basta ver que entre os dez mandamentos oito iniciam com o advérbio
“não”; contudo o sentido é profundo: expressava a intenção de Deus que seu povo
entendesse o que era uma relação respeitosa entre este povo e Ele, e entre eles
mesmos. Como bem escreveu Haim Cohn, juiz do Supremo Tribunal de Israel:
É difícil falar de direitos humanos na tradição legal judia por uma simples
razão, esta tradição é uma lei religiosa, ou de acordo com sua própria
afirmação uma lei divina. E por sua natureza, uma lei assim não outorga
direitos senão que impõe obrigações. Mas quando um legislador impõe uma
obrigação ou proíbe realizar uma ação, de fato está implicitamente
reconhecendo um direito. Assim, por exemplo, os deveres proclamados nos
Dez Mandamentos de maneira negativa, implicam o cuidado e o respeito
das pessoas, seus bens e regulamenta as relações entre elas.

Também no contexto do Pentateuco, percebe-se a preocupação de Deus com


os estrangeiros, a viúva e o órfão, bem como os pobres (Êx 22. 21-26).
Posteriormente, entre os profetas, esta tônica voltava a ser evidenciada. Inácio
Strieder, professor de Filosofia na UFPE, assim escreveu:

Esse mesmo espírito de justiça e misericórdia de Deus também aparece na


linguagem dos Profetas e de Jesus Cristo. No Deuteronômio (cf. Dt 22,
13ss), o justo Juiz estende a sua mão ao pobre, faz justiça ao órfão e ao
estrangeiro (Dt 10). E, quando o profeta Jeremias caracteriza o bom e o
mau governo, diz: “Ai de quem constrói seu palácio desprezando a justiça, e
amontoa seus andares desrespeitando o direito; que obriga aos outros a
trabalhar sem pagar-lhes o salário” (cf. Jr 22, 13ss). O governante bom é
5
aquele que defende a causa do humilhado e do pobre.

2. Direitos Humanos nos Evangelhos.

É importante frisar que a mensagem basilar de Jesus Cristo, por meio das
Sagradas Escrituras, nos Evangelhos, é que o homem fora feito a imagem de Deus,
e posto no centro da criação. Deste modo, o ser humano não é uma coisa entre
outras, mas tem valor por si mesmo intrínseco e deveras especial – ele é a coroa de
toda criação de Deus.

5
Artigo: A Bíblia e a fundamentação ético-teológica dos direitos humanos. Vol. 1 • nº 1 •
julho/dezembro-98. https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/2934/2934. Acesso em 13 abr. 2018.

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No Evangelho de Mateus, no capítulo 22, versículos 37 ao 40, ler-se:

(v.37) “Respondeu Jesus: Amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração, de toda
tua alma e de todo teu espírito”. (Dt 6,5).
(v.38) “Este é o maior e o primeiro mandamento”.
(v.39) “E o segundo, semelhante a este, é: Amarás teu próximo como a ti mesmo”
(Lv 19,18).
(v.40) “Nesses dois mandamentos se resumem toda a lei e os profetas”.

Nesse contexto, o próximo para os discípulos de Cristo é o homem concreto,


o homem possível, daqueles que podem ser vistos e tocados. É o que tem fome e se
dá o pão. É o que está preso e se vai visitá-lo.
Portanto, a dignidade humana, no Cristianismo, é essa tomada de consciência
que ao final, é a dignidade do próprio Cristo que se preserva. Esse direcionamento
rumo à identificação e à proclamação dos direitos humanos deve, com efeito, ser
eficaz. Assim deseja Cristo, que se faça valer a dignidade, mesmo daqueles que são
nossos inimigos.

3. Direitos Humanos em Paulo.

O Apóstolo Paulo, indubitavelmente, em toda a história da cristandade, se


constituiu como o maior evangelista, ganhador de almas e pensador do Cristianismo.
Assim, este Cristianismo teve, na pessoa de Paulo, um incomparável exemplo de
caráter cristão.

Como bem escreveu o ex-padre Huberto Hoden:

Na alvorada do Cristianismo, nenhum homem prestou tão ingente trabalho como


Paulo de Tarso. Espírito dinâmico, homem de vistas largas, livre de quaisquer
compromissos e preconceitos, reunindo em sua pessoa as três grandes culturas
da época — hebraica, grega e romana -— é ele o apóstolo por excelência, o maior
campeão do Evangelho. Nenhum outro homem teve sobre a evolução histórica do
Cristianismo maior e mais decisiva influência do que Paulo de Tarso. Percorrendo
o oriente e o ocidente, levou ao seio da jovem igreja inumeráveis multidões de
almas, povos e países inteiros.

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Não era de se admirar que em tão invulgar caráter se desenvolvesse um
senso tão apurado de ética e moral. Assim, o direito de igualdade entra as etnias; as
classes sociais; os povos mais distintos daquela sociedade, bem como os direitos
civis (Gl 3.28), em Paulo eram apuradíssimos.

Disso temos provas quando lemos em Atos, capítulo 22, quando ele mesmo
teve que evocar o princípio de cidadania romana para ser julgado decente e
legalmente perante as Leis romanas, até porque, cidadão romano, ele era. “Ser-vos-
á permitido flagelar um cidadão romano, e ainda sem sentença de juiz?”. . .

Parece que estamos a ouvir dizer estas palavras agora! Cidadão romano! — palavra
mágica, que num ápice mudou a situação. Imenso era o respeito que os
representantes de César tinham a esse título: “civis romanus”. A posse legítima
deste direito valia tudo, assim como a sua ab-rogação indébita acarretava pena de
morte. Deste modo aprendemos com este arauto co Cristianismo que devemos
revindicar os nossos direito, enquanto cidadãos, quando isto nos for necessário. Que
grande exemplo de cidadania!

III – A IGREJA E OS DIREITOS HUMANOS

1. A Igreja e o trabalho escravo.

Quando falamos em escravidão, no contexto brasileiro, logo em nossas


mentes, surge o nome de Joaquim Nabuco – um dos fundadores da Sociedade
Antiescravidão Brasileira e da Academia Brasileira de Letras (fundada em 1897).

Contudo, existem vários tipos de escravidão.

Segundo estudos da BBC, entre as mulheres, as formas mais comuns dessa


violenta forma de escravidão são forçá-las a se casar, a fazer serviços domésticos
ou a se prostituir. No caso dos homens, destaca-se o serviço em barcos da indústria
da pesca. A chamada escravidão moderna atinge mais de 45,8 milhões de pessoas
no mundo, segundo a edição deste ano do Índice Global de Escravidão, publicado
pela Fundação Walk Free, da Austrália. A maioria (quase 35%) está na Ásia. Na
América Latina, são 2,16 milhões de trabalhadores, 161,1 mil deles no Brasil - em

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2014, eram 155,3 mil. Segundo o relatório, a incidência desse crime é maior nas
áreas rurais no país, principalmente em regiões de cerrado e na Amazônia.

Destarte, será que a Igreja deve continuar insensível quanto a este quadro tão
vil? Ou poderemos dar a nossa contribuição, alertando às autoridades constiuídas o
caos moral e espiritual que está perpetrado em nossa sociedade; revindicando
nossos direitos à saúde, à educação de qualidade, à moradia, à segurança, ao
direito de ir e vir, isto é, sendo voz ativa em meio a uma sociedade alienada e
distante de Deus! (Tg 5. 4-6).

2. A Igreja e os prisioneiros.

Já se tem dito que os direitos fundamentais, protegidos pela nossa carta


magna, a Constituição, são para todos, “...sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviobilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade...”.

Os Direitos Humanos, visam a proteção dos valores mais preciosos da


pessoa humana, - a solidariedade, a igualdade, a fraternidade, a liberdade, a
dignidade. Apesar dos presos terem violado o ordenamento legal, a condenação à
pena privativa de liberdade, (cabe ressaltar que muitos presos nem foram
condenados ainda, e estão aguardando o seu julgamento em estabelecimento
carcerário), como já diz, apenas restringe-os de usufruir do seu direito de ir e vir, de
liberdade, mas nem ao de liberdade por completo, pois a sua liberdade de
pensamento, de convicção, intelectual e emocional não pode ser privada.

A existência de um sistema jurídico, responsável pelo julgamento e


penalização dos violadores de lei, através de sanções legais, que são impostas para
que durante o cumprimento destas o violador reflita sobre os atos que cometeu e se
redima. Mas ao contrário, o tratamento que ele encontra na penitenciária é rude,
com a constante violação de sua integridade física e moral, ele não vê o seus
direitos à saúde alimentação e condições de higiene serem respeitados, as cela são
minúsculas, havendo a superlotação.

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São constantes estes atos de desrespeito aos direitos humanos, com uma
flagrante violação dos direitos fundamentais, principalmente do princípio de
dignidade humana, deve haver uma valorização da pessoa humana do peso.

Destarte, a Igreja tem um papel importante para dirimir o sofrimento, se não


físico, mas pelo menos espiritual daqueles que vivem por trás das grades; muitos
são os detentos que vivem encarcerados, sem nenhuma esperança de mudança,
entregue ao desespero de talvez nunca mais ver os seus entes queridos, por causa
da pena que lhes foi atribuídas. Mas a Igreja pode e deve levar o “pão espiritual”
para estas pobres almas, mesmo em situações inusitadas, como foi o caso de Paulo
e Silas, que mesmo após estarem presos não perderam tempo e anunciaram o
Evangelho ao carcereiro de Filipos. O resultdo foi a salvação dele e de toda a sua
casa. (At 16). Esta é a missão da Igrega. Esta é a nossa missão.

3. A Igreja e o problema social.

Como se sabe, embora o Brasil tenha avançado na área social nos últimos
anos, ainda persistem muitos problemas que afetam a vida dos brasileiros. Abaixo
listaremos uma relação dos principais problemas sociais brasileiros na atualidade:

 Desemprego;
 Violência e Criminalidade;
 Corrupção;
 Litígio;
 Impunidade;
 Injustiças;
 Poluição;
 Saúde Precária;
 Educação péssima, sem qualidade;
 Desigualdade social;
 Falta de Habitação;
 Dentre muitos outros.

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Ora, diante de tantas coisas desalentadoras, qual o papel da Igreja frente a
tudo isso? Certamente uma boa educação e uma transmissão de valores éticos,
pautados nos bons costumes, isto é, na prática diária de todos os bons preceitos
abstratos desenvolvidos, no seio de uma sociedade, ajudaria em muito a uma tomada
de decisão diferente para as reais mudanças necessárias em nosso contexto.

Destarte, isso não basta, é necessário mais do que nunca que os valores
ético-morais, oriundos das Sagradas Escrituras sejam apreendidos, observados,
respeitados e repassados para as futuras gerações, para que nossa sociedade não
venha perder, de vez, o rumo andado. Assim, “Portanto, tudo o que vós quereis que
os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas” (Mt
7.12).

CONCLUSÃO

Como Bem escreveu o comentarista de nossa Lição, Pr. Douglas Baptista:


“nenhum outro livro tem enaltecido tanto a dignidade humana como o faz a Bíblia
Sagrada”. Assim, pautado nas verdades deste Livro, podemos, sim, efetuar uma
mudança radical em nossa sociedade, levando a todos os envolvidos nela a
mudarem radicalmente a vã maneira de viver, voltando-se aos valores éticos e
morais por ela emanados.

Alegremo-nos entoando a estrofe do Hino 245 da Harpa Cristã:

Paz de Deus em Jesus encontrei,


Pois tenho gozo no coração;
Honra e glória tributarei
Ao que me trouxe a salvação.

[Professor. Teólogo. Tradutor. Jairo Vinicius da Silva Rocha – Presbítero,


Superintendente e Professor da E.B.D da Assembleia de Deus no Pinheiro.]
Maceió, 13 de abril de 2018.

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