Organização
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Secção Portuguesa de Colposcopia e Patologia Cervico-Vulvovaginal
Coordenação
Daniel Pereira da Silva e José Maria Moutinho.
Participantes
Adelaide Vitório, Ana Matos, Anabela Colaço, António Azinhais, Boaventura
Alves, Celeste Castelão, Conceição Saldanha, Conceição Telhado, Elisa Paredes,
Elisabete Castelo Branco, Fátima Fernandes, Fátima Peralta, Fernando Mota,
Francisco Nogueira Martins, Gabriel Borges da Silva, Helena Solheiro, Isabel
Boto, Isabel Costa, Isabel Macedo Pinto, João Luís Silva Carvalho, José Cabral,
José Rodrigues, Maria de Lurdes Varandas, Odete Real, Paulo Aldinhas, Paulo
Ribas, Pedro Vieira de Castro, Teresa Fraga,Tomé Pereira,Victor Baltar e Victor
Rodrigues.
PREFÁCIO
Prefácio
Foram convidados representantes de todos os serviços de ginecologia do país com experiência em patologia cer-
vical, bem como outros colegas que são referência nacional em matérias mais específicas. Estiveram reunidos,
durante dois dias, em intenso e vivo diálogo sobre os tópicos em discussão.
As conclusões que se apresentam estão fundamentadas nos trabalhos publicados em revistas de referência, tendo
em conta a sua importância relativa e o seu grau de evidência.
Chegou-se ao consenso agora apresentado, no pressuposto de que as linhas de orientação que se propõe não
esgotam todas as perspectivas possíveis sobre matérias, por vezes, tão controversas e em permanente evolução.
As propostas deste consenso pretendem constituir um instrumento de trabalho para ser analisado e aplicado com
espírito crítico, e muito bom senso, em cada caso particular.
Esperamos que seja um auxiliar útil a todos aqueles que se dedicam a esta área da patologia ginecológica, quer
a nível do rastreio, quer a nível do diagnóstico e tratamento, contribuindo para a clarificação da terminologia e
padronização de procedimentos.
Queremos expressar o nosso agradecimento a todos os colegas que contribuíram para a concretização deste pro-
jecto.
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ÍNDICE
Índice
RESUMO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7 2.5.4 Conduta diagnóstica após uma citologia anormal . . . . .26
2.º CAPÍTULO 2.7 Estudos dos parceiros sexuais e outras provas . . . . .29
RASTREIO E DIAGNÓSTICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19
3.º CAPÍTULO
2.1 Rastreio Populacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21 TRATAMENTO E VIGILÂNCIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31
2.2 Rastreio Oportunístico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21
2.3 Citologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 3.1 Tratamento dos condilomas . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33
2.3.1 Técnica e interpretação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 3.1.1 Métodos terapêuticos administrados pelo doente . . . . .33
2.3.2 Classificação Citológica de Bethesda . . . . . . . . . . . . . 22 3.1.2 Métodos terapêuticos administrados pelo médico . . . . .33
2.3.3 Citologia Líquida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 3.1.3 Seguimento das doentes tratadas e seus parceiros . . . .33
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RESUMO
Infecção HPV
Leve CIN 1
SIL baixo grau (LSIL)
Infecção Condiloma
HPV CIN 1 Displasia Moderada CIN 2
Caracterizam-se por: • Foi demonstrada a presença de HPV de alto risco em quase 100%
dos casos.
• Aparecem na mucosa ou pele onde foi produzido o contágio. • Tem os mesmos factores de risco que as lesões escamosas.
• São mais frequentes na fúrcula vulvar, grandes e pequenos lábios. • Estão associados em 75% dos casos a lesões escamosas, habitual-
• Apresentam-se como saliências carnudas, exofíticos, sésseis e com mente HSIL.
múltiplas proliferações finas e digitiformes. • O diagnóstico é difícil, na maior parte dos casos a citologia só revela
• Os condilomas iniciais que aparecem no intróito e face interna dos a lesão escamosa.
pequenos lábios, devem diferenciar-se da micropapilomatose • Em alguns casos podem estar presentes células glandulares atípicas
vestibular, não relacionada com o HPV. ou de adenocarcinoma.
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1.3.3 – Neoplasia Vulvar Intraepitelial (VIN) • Não é recomendável a colheita do fundo de saco posterior, por rotina.
• Os laboratórios devem ter mecanismos de garantia e controlo de
Apresenta-se com 3 aspectos histológicos: qualidade.
O Síndrome Neoplásico do Tracto Genital Inferior é mais comum em • Na actualidade a citologia de Papanicolaou convencional é o teste de
mulheres jovens, HIV positivas, imunosupressão e hábitos tabágicos referência.
• A citologia em meio líquido facilita a leitura, permite a repetição de
esfregaços da mesma amostra e a realização de outras técnicas dia-
2 – Rastreio e diagnóstico gnósticas (ex. teste de HPV).
• Tem um custo directo mais alto que a convencional.
A prevenção do cancro do colo do útero requer um programa que inclui:
2.4 – Detecção do HPV
• Rastreio
• Diagnóstico precoce 2.4.1 – Introdução
• Tratamento
• Seguimento • As técnicas de biologia molecular mais correntes para determinação
do HPV são o PCR e a Captura Híbrida.
2.1 – Rastreio Populacional • O PCR e a Captura Híbrida têm uma elevada sensibilidade.
• No método Captura Híbrida existem dois grupos de sondas disponíveis
• Implica um programa com regras bem definidas e cobertura mínima – um para o grupo de vírus de baixo risco (6,11,42,43 e 44) de pouco
de 60% da população alvo. interesse prático e outro para o grupo de alto risco
• Tem por objectivo reduzir a mortalidade por cancro do colo. (16,18,31,33,35,39,45,51,52,56,58,59 e 68).
• A citologia é o teste de referência. • Na prática clínica apenas se recomenda a pesquisa de HPV de alto
• O teste HPV está a ser avaliado e é promissor. risco
2.2 – Rastreio Oportunístico 2.4.2 – Indicações para determinar HPV de alto risco
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RESUMO
2.4.2.3 – Teste HPV em mulheres com histologia e manter a anuidade quando há comportamentos de risco e nas
Condiloma/CIN 1 imunocomprometidas.
• Atendendo a que têm baixo potencial evolutivo, o seu tratamento sis- 2.5.3.3 – Fim do rastreio
temático não é obrigatório.
• Como a persistência de infecção pelo HPV é o co-factor de pro- O rastreio deve terminar aos 65-70 anos em mulheres regularmente
gressão mais estabelecido, o teste HPV pode ser útil no controlo de rastreadas com citologias repetidas, satisfatórias e negativas.
lesões com citologia, histologia e colposcopia de baixo grau, nas
quais se opta pela vigilância. 2.5.3.4 – Rastreio após histerectomia
2.4.2.4 – Teste HPV no seguimento das lesões • Histerectomia por patologia benigna – não realizar.
intraepiteliais tratadas • Histerectomia subtotal – igual às não operadas.
• Histerectomia por CIN – manter rastreio da vagina.
• Pode ser útil na vigilância das doentes tratadas por SIL em articu-
lação com a citologia e colposcopia.
• A realização do teste em casos de margem histológica positiva pode Recomendações para o RASTREIO
ser de grande valia, na medida em que, torna-se negativo nas lesões
que foram extirpadas completamente, enquanto permanece positivo POPULACIONAL (ORGANIZADO)
nas lesões persistentes ou recorrentes.
• Idade 25-64 anos
2.5 – Aplicação das técnicas de rastreio • Intervalo: citologia cada 3 anos após 2 resultados anuais,
satisfatórios e negativos
2.5.1 – Valor das técnicas de rastreio • Teste de HPV aos 35 anos. Se tudo negativo passar o intervalo
de rastreio para 5 anos. (Opção sujeita a validação e disponi-
• A sensibilidade da citologia é cerca de 75%. bilidade económica)
• A citologia enquadrada num programa de rastreio organizado
alcança uma sensibilidade mais elevada. OPORTUNÍSTICO
• O teste HPV tem uma sensibilidade mais elevada que a citologia.
• O teste HPV tem um valor predictivo negativo cerca de 100% para • Primeira citologia 3 anos após as primeiras relações sexuais
HSIL/ Carcinoma repetindo de 3 em 3 anos, após 3 anuais negativas
• Citologia e colposcopia simultânea (opcional)
2.5.2 – Teste de rastreio ideal • A partir dos 35 anos: acrescentar teste de HPV (opcional), se
negativo repetir após 5 anos
• A citologia e o teste HPV detectam um número considerável de
mulheres com lesões de fraco potencial evolutivo (ASC-US e LSIL), o Com resultados negativos, sem factores de risco, nem alterações
que constitui uma sobrecarga assistencial e induz ansiedade nas nas circunstâncias pessoais e/ou do casal, pode ser recomen-
mulheres. dado repetição a cada 3 anos.
• Aguardam-se novos testes para a prática clínica que permitam iden-
tificar apenas as mulheres que apresentem lesões com risco de pro- CITOLOGIA POSITIVA: ver algoritmo recomendado.
gressão para cancro invasivo.
CITOLOGIA NEGATIVA E TESTE HPV POSITIVO: controlo
2.5.3 – Rastreio citológico a um ano com ambas as técnicas.
• Em rastreio oportunístico – 3 anos após o início de relações 2.5.4 – Conduta diagnóstica após uma citologia anormal
sexuais.
• Em programa de rastreio organizado – Após os 25 anos, nas 2.5.4.1 – ASC favorecendo LSIL (ASC-US)
mulheres que iniciaram relações sexuais.
Várias opções são possíveis:
2.5.3.2 – Intervalo do rastreio
• Em programa de rastreio organizado a periodicidade recomendada é • Colposcopia – conduta excessiva para um número significativo de
de 3 em 3 anos, após 2 citologias anuais consecutivas, satisfatórias e mulheres.
negativas. • Repetir citologia dentro de 4 a 6 meses. Opção aceitável caso o grau
• Em rastreio oportunístico aconselha-se uma citologia anual. Após 3 de ansiedade da mulher o permita.
citologias anuais satisfatórias e negativas pode considerar-se a sua • Realização do teste HPV de alto risco (boa relação custo/benefí-
repetição cada 3 anos. Deve-se encurtar o intervalo das colheitas cio).
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atípica atípica invasão invasão • Colposcopia com zona de transformação anormal (ZTA) que penetra
no endocervix
Biópsia Estudar Conização • Citologia de LSIL repetida e colposcopia insatisfatória
dirigida endocolo diagnóstica • Citologia de HSIL e colposcopia normal ou insatisfatória
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RESUMO
• Citologia com células glandulares atípicas ou adenocarcinoma 3.2 – Tratamento das lesões intraepiteliais
• Após praticar uma conização (opcional)
3.2.1 – Conduta terapêutica em mulheres com CIN1
Conização diagnóstica, pode estar indicada nas seguintes situações: A orientação terapêutica das lesões de baixo grau não é uniforme:
• A colposcopia tem uma sensibilidade alta e uma especificidade baixa. 3.2.2 – Conduta terapêutica em mulheres com CIN2 e CIN 3
• Permite-nos apenas a presunção diagnostica.
• O tratamento das lesões de alto grau é sempre excisional ou misto.
2.7 – Estudos dos parceiros sexuais • Em situações excepcionais o tratamento destrutivo é possível, quando
a experiência do especialista e as características da lesão o permitem.
• É recomendada apenas nas doentes com condilomas acuminados.
3.2.3 – Conduta terapêutica em mulheres
3. Tratamento e vigilância com Adenocarcinoma in Situ
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4 – Situações especiais
4.1 – Imunosupressão e HIV
4.2 – Gravidez
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CAPÍTULO
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CONSENSO INFECÇÃO POR HPV
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INFECÇÃO POR HPV
• LSIL - correspondem basicamente a infecções virais por HPV, em é o estudo diagnóstico de uma citologia de células escamosas anormais
geral autolimitadas e que raramente progridem para carcinoma que permite chegar ao diagnóstico de AIS. Nas mulheres com atípia de
(1-2%); células glandulares (AGC) o risco de uma lesão escamosa ou glandular
• HSIL correspondem a verdadeiras lesões pré-malignas, com poten- de alto grau é superior a 30%.
cial evolutivo significativo.
1.3.3 – Neoplasia Vulvar Intraepitelial
A determinação do tipo de HPV, mediante PCR, nas lesões
intraepiteliais demonstrou que nas LSIL identificam-se tipos muitos Tal como a CIN, a VIN tem sido igualmente classificada em 3 graus,
heterogénios, de alto e baixo risco oncogénico, enquanto que na grande mas um melhor conhecimento da sua patologia e história natural
maioria das HSIL encontram-se HPV de alto risco. aconselham a classificá-la função da sua histologia e relação com o
HPV. A VIN apresenta 3 aspectos histológicos característicos:
1 - condilomatoso, 2- basalóide, 3- diferenciado. Os dois primeiros
Conclusões consideram-se relacionados com o HPV e o último não. As lesões de VIN
1 e 2 são consideradas lesões reactivas enquanto o VIN 3 é, actual-
mente, uma lesão prémaligna. Os estudos de hibridização molecular
ANO 1950-69 ANO 1970-89 ANO 1990-ACTUALIDADE
mostraram a presença de ADN do HPV em 60-90% dos VIN II e III. O
(REAGAN) (RICHART) (BETHESDA)
HPV encontra-se com maior frequência nas neoplasias de tipo condilo-
matoso e basalóide (50-85%) e é relativamente raro no tipo diferen-
Infecção HPV
ciado queratinizante (4-22%). O tipo de HPV que com mais frequência
Leve CIN 1
se associa a neoplasias da vulva é o 16.
SIL baixo grau (LSIL) Actualmente aceitam-se duas etiologias para o cancro da vulva.
Uma, típica das mulheres jovens, de tipo condilomatoso ou basalóide,
Displasia Moderada CIN 2 multifocal e associada ao HPV, onde a VIN representa a lesão precur-
sora e precede o cancro em 10 anos. Outra etiologia que aparece em
CIN 3 SIL Alto Grau (HSIL) mulheres mais idosas, de tipo diferenciado e associado a alterações
Grave epiteliais do tipo líquen escleroso e hiperplasia de células escamosas.
Carcinoma Tem sido quantificado o risco de neoplasia da vulva e sua relação
in situ com o HPV. Em doentes com condiloma acuminado o risco de VIN
aumenta 6 vezes e de carcinoma condilomatoso ou basalóide 10 vezes,
não se observando aumento do carcinoma diferenciado. A presença de
1.3.2 – Adenocarcinoma in situ (AIS) HPV-16 aumenta o risco de VIN III de 3,6 a 13,4 vezes.
O Adenocarcinoma in situ:
1.3.4 – Neoplasia Intraepitelial Anal (AIN)
• Tem os mesmos factores de risco que as lesões escamosas.
• Estão associados em 75% dos casos a lesões escamosas, Nas neoplasias do ânus a presença do HPV é frequente. O ânus
habitualmente HSIL. inclui uma região de transição semelhante à observada no colo do
• O diagnóstico é difícil, na maior parte dos casos a citologia só útero. Algumas comparações baseadas em registos de tumores têm
revela a lesão escamosa. Em alguns casos podem estar pre- estimado que a incidência de cancro do canal anal, em homens homos-
sentes células glandulares atípicas ou de adenocarcinoma. sexuais, é semelhante à incidência do cancro do colo uterino em popu-
lações sem programas de rastreio.
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Conclusões
• Nas neoplasias do ânus a presença do HPV é frequente.
Conclusões
O Síndrome Neoplásico de Tracto Genital Inferior:
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CAPÍTULO
RASTREIO E DIAGNÓSTICO
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RASTREIO E DIAGNOSTICO
• Implica um programa com regras bem definidas e cobertura • má execução do esfregaço e/ou má fixação
mínima de 60% da população alvo.
• Tem por objectivo reduzir a mortalidade por cancro do colo. • não ter sido feita directamente no exo e endocolo
• A citologia é o teste de referência.
• O teste HPV está a ser avaliado e é promissor. • colheita insuficiente por características próprias da lesão, como acon-
tece em lesões pequenas que descamam poucas células, as que apre-
sentam queratinização à superfície, ou que se apresentam localizadas
na parte alta do canal ou na periferia do colo, afastadas do orifício
2.2 – Rastreio Oportunístico cervical externo.
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Conclusões
Conclusões
Técnicas de detecção do HPV:
• A classificação de Bethesda adoptada em 2001 é a clas-
sificação recomendada para a citologia. • As técnicas de biologia molecular mais correntes para deter-
minação do HPV são o PCR e a Captura Híbrida.
• O PCR e a Captura Híbrida têm uma elevada sensibilidade.
2.3.4 – Citologia Líquida • No método Captura Híbrida existem dois grupos de sondas de
A citologia em meio líquido ou camada fina oferece uma série de disponíveis – um para o grupo de vírus de baixo risco
vantagens sobre a citologia convencional, especialmente por melhorar (6,11,42,43 e 44) de pouco interesse prático e outro para o
a leitura dos esfregaços eliminando o sangue e outros artefactos, pos- grupo de alto risco (16,18,31,33,35,39,42,45,51,56,58 e
sibilidade de repetição de esfregaços e realização de outras técnicas 68).
diagnósticas (ex. teste de HPV). A citologia em meio líquido ou camada • Na prática clínica apenas se recomenda a pesquisa de HPV de
fina melhora também a sensibilidade, no entanto, não há actualmente alto risco
evidência de que este facto seja clinicamente significativo. Um inconve-
niente traduz-se no seu de custo directo mais elevado.
2.4.2 – Indicações para determinar HPV
de alto risco
Conclusões
2.4.2.1 – Teste HPV no rastreio
Citologia em meio líquido:
• Na actualidade a citologia de Papanicolaou convencional é o A determinação do HPV tem um grande potencial como teste ini-
teste de referência cial de rastreio. São, no entanto, necessários conhecer os resultados de
• A citologia em meio líquido facilita a leitura, permite a estudos populacionais, em curso, para demonstrar a sua utilidade na
repetição de esfregaços da mesma amostra, a realização de redução dos cancros invasivos, tal como foi evidenciado para a citolo-
outras técnicas diagnósticas (ex. teste de HPV) e tem um custo gia. Para a detecção das lesões de alto grau necessitamos de um teste
directo mais alto que a convencional. com alta sensibilidade e especificidade. Dada a história natural do HPV,
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RASTREIO E DIAGNÓSTICO
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se, na realidade de infecções transitórias que se resolvem espontanea- 2.5.2 – Teste de rastreio ideal
mente. Caso se incluam as citologias de ASC-US como positivos a
especificidade de citologia piora, em mulheres jovens. O valor predic- O teste de rastreio ideal deverá ter, para além e uma elevada sen-
tivo negativo do teste de HPV é habitualmente de 98-99%. Este facto sibilidade, um elevado valor predictivo positivo e seleccionar exclusiva-
oferece uma grande segurança de que as mulheres HPV negativo não mente as mulheres com doença significativa (CIN 2 -3 ou cancro) ou
têm CIN de alto grau ou cancro cervical. com potencial evolutivo. No entanto, tanto a citologia como a análise
do ADN-HPV detectam um excesso de mulheres com resultados posi-
tivos ou não concludentes (ASC-US, LSIL), lesões não significativas, que
Conclusões regridem espontaneamente. Este facto leva a uma elevada sobrecarga
assistencial para o seu diagnóstico e tratamento, com aumento da
Valor dos testes de rastreio: ansiedade para as utentes.
No sentido de melhorar a especificidade e o valor predictivo pos-
• A sensibilidade da citologia é cerca de 75%. itivo, estão a ser investigados novos marcadores moleculares que
sejam indicadores de doença significativa ou com potencial de pro-
• A citologia enquadrada num programa de rastreio organizado gressão.
alcança uma sensibilidade mais elevada. A detecção de integração do genoma do HPV, pode ser um
parâmetro útil para valorizar o risco de progressão das lesões
• O teste HPV tem uma sensibilidade mais elevada que a citolo- intraepiteliais. Outro parâmetro que está a ser investigado é a
gia. detecção de transcrição activa de oncogenes do HPV ou das proteí-
nas resultantes da sua expressão. Do mesmo modo, a sobreex-
• O teste HPV tem um valor predictivo negativo cerca de 100% pressão de p16 tem sido detectada unicamente nas células basais ou
para HSIL/ Carcinoma parabasais de preparações histológicas ou citológicas das lesões
induzidas pelo HPV que mostram desregulação celular pela
expressão de oncogenes virais.
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RASTREIO E DIAGNÓSTICO
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• Primeira citologia 3 anos após as primeiras relações sexuais • Colposcopia – Esclarecimento mais rápido, mas é uma con-
repetindo de 3 em 3 anos, após 3 anuais negativas duta excessiva para um número significativo de mulheres.
• Citologia e colposcopia simultânea (opcional) • Repetir citologia dentro de 4 a 6 meses – Opção aceitável
• A partir dos 35 anos: acrescentar teste de HPV (opcional) se caso o grau de ansiedade da mulher o permita
negativo repetir após 5 anos • Realização do teste HPV de alto risco –Bboa relação
custo/benefício.
Com resultados negativos, sem factores de risco, nem alterações
nas circunstâncias pessoais e/ou do casal, pode ser recomen- Nota: Grávidas e mulheres com imunodepressão – colposcopia
dado um controlo cada 3 anos. obrigatória.
26
RASTREIO E DIAGNÓSTICO
2.6 – Colposcopia
Conclusões
O estudo colposcópico permite a identificação das características
Na citologia com ACG ou AIS: subtis dos epitélios, que são a expressão de alterações patológicas, não
observáveis à vista desarmada. A colposcopia consolidou-se como parte
• A colposcopia é obrigatória. fundamental do protocolo do diagnóstico das lesões intraepiteliais e do
• Caso não haja lesão que a justifique, deve-se realizar um estudo cancro microinvasivo do tracto genital inferior, bem como para a sua
do canal endocervical, eventualmente do endométrio e anexos. vigilância.
Conclusões
Conduta diagnóstica
ante uma citologia anormal • A colposcopia é um exame fundamental no diagnóstico pre-
coce das lesões do colo do útero
• ATIPIA DE CÉLULAS ESCAMOSAS
DE SIGNIFICADO INDETERMINADO (ASC-US)
2.6.1 – Bases histológicas
Colposcopia: alterações major: BIÓPSIA
alterações minor: VIGILÂNCIA * Para compreender o significado das imagens colposcópicas é
imprescindível conhecer a histologia do tracto genital inferior normal
Repetir citologia 4 a 6 meses e patológico, já que constituem o substracto das imagens obser-
• ASC-US : Colposcopia ou teste HPV vadas.
• LSIL ou HSIL: Colposcopia A luz que incide sobre o epitélio, penetra através dele até ao
Teste HPV estroma. A coloração da luz reflectida está relacionada com a vascular-
• Positivo: Colposcopia ização do estroma e a espessura do epitélio, que actua como um filtro
• Negativo: Citologia 1 ano à passagem da luz. Uma coloração branca deve-se à existência de
alterações epiteliais que impedem a passagem da luz até ao estroma.
• Grávidas e imunodeprimidas sempre colposcopia. É um sinal pouco específico, que pode ser provocado por diversas
• Atrofia menopaúsica: tratamento prévio com estrogénios situações clínicas: 1 – paraqueratose ou hiperqueratose, 2 – acantose,
antes de repetir citologia. - aumento da densidade nuclear ou 4 – infiltração inflamatória do
estroma. No entanto, é muito útil pois permite delimitar com toda a
• LESÃO ESCAMOSA DE BAIXO GRAU (LSIL) precisão a área anormal.
Colposcopia Na história natural dos tumores epiteliais malignos há 2 fases
bem diferenciadas Na primeira fase – intraepitelial – as células neo-
• alterações major: BIÓPSIA / EVENTUAL ESTUDO ENDOCOLO plásicas mostram um aumento da sua densidade nuclear. O cresci-
• alterações minor :HPV / VIGILÂNCIA mento é lento, linear, já que a taxa de proliferação se equilibra com a
• sem alterações : repetir citologia a 6 meses taxa de morte celular ou apoptose, podendo persistir assim durante
• insatisfatória : ESTUDO DO ENDOCOLO E VAGINA meses ou anos – carecem de potencial metastático. A segunda fase,
angiogénica, é provocada pela maior expressão dos factores de
• LESÃO ESCAMOSA DE ALTO GRAU (HSIL) crescimento do endotélio vascular. Caracteriza-se pelo crescimento
• ATÍPIA DE CÉLULAS ESCAMOSAS, SEM EXCLUIR HSIL celular rápido, exponencial, pela capacidade de invasão e produção
(ASC-H) de metástases.
• ATÍPIA DE CÉLULAS GLANDULARES (AGC). ADENO- A colposcopia permite diferenciar estas 2 fases. A intraepitelial traduz-
CARCINOMA IN SITU (AIS) se pela observação de lesões de cor branca, com imagens de mosaico e/ou
pontuado caso as alterações epiteliais se acompanhem de papilas vascu-
Colposcopia larizadas do estroma. Caso haja envolvimento das glândulas, observam-se
orifícios glandulares com anéis brancos ou gotas brancas.
• ANORMAL: alterações major ou minor: Biopsia/Estudo endo- A segunda fase, angiogénica, traduz-se pela observação de uma
cervix** vascularização irregular ou atípica, que constitui um sinal col-
• NORMAL/INSATISFATÓRIA: Estudo do endocolo poscópico bem conhecido, característico do aparecimento de uma
lesão mais grave.
– Negativo: conização
– Positivo: orientação em função do resultado
Conclusões
* Seguimento: controlo 6 meses com colposcopia, citologia e HPV
** AGC/AIS, EVENTUAL estudo endometrial e anexial • O conhecimento da histologia e história natural do can-
Em caso de discordância citológica/colposcopia/biopsia aconselhada rever citologia cro do colo estão na base da eficácia da colposcopia.
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C O N S E N S O E M PATO L O G I A C E RV I C O - V U LVOVAG I N A L
2.6.2 – Indicações da colposcopia B. Área acetobranca mínima, que aparece lentamente e desaparece
rapidamente
A colposcopia está indicada: C. Leve positividade ao iodo, com frequência parcialmente mosqueada
D. Pontuado fino e ou mosaico fino - regulares
1 – Estudo diagnóstico de uma citologia anormal.
2 – Mulheres com teste HPV positivo, com mais de 30 anos. 4. Características colposcópicas sugestivas de lesão
3 – Complemento de exame ginecológico em rastreio oportunista. de alto grau (alterações major)
4 – Colo clinicamente suspeito, mesmo se citologia normal.
5 – Avaliação de lesões de vagina, vulva e ânus. A. Superfície geralmente lisa com bordo exterior bem definido
6 – Vigilância (sem tratamento) de mulheres seleccionadas com dia- B. Área acetobranca densa, com aparecimento rápido e que desaparece
gnóstico de CIN1. lentamente (branco ostra)
7 – Vigilância após tratamento de CIN ou cancro. C. Coloração acetobranca densa nos orifícos glandulares
D. Área iodonegativa, de aspecto amarelado num epitélio intensamente
2.6.3- Objectivo do estudo colposcópico branco
E. Pontuado grosseiro e mosaico extenso e irregular, com losangos de
No rastreio oportunista o objectivo da colposcopia é aumentar a diferentes tamanhos
sensibilidade da citologia. F. Área acetobranca densa no epitélio colunar pode indicar lesão glandular
Na avaliação diagnóstica de uma citologia anormal o estudo col-
poscópico tem por finalidade: 5. Características colposcópicas sugestivas
de cancro invasivo
1 – Identificar a lesão, principalmente a lesão mais grave.
2 – Excluir existência de invasão. A. Superfície irregular, erosiva ou ulcerada
3 – Estabelecer o grau da lesão. B. Área acetobranca densa
4 – Determinar as características da lesão: topografia, extensão e C. Pontuado e mosaico extensos, e irregulares
envolvimento glandular. D. Vasos atípicos
5 – Diagnosticar neoplasias multicêntricas.
6 – Seleccionar a conduta terapêutica. 6. Colposcopia insatisfatória
28
RASTREIO E DIAGNÓSTICO
2.6.5 – Indicações para biópsia dirigida, para diferenciar o epitélio normal do anormal. No entanto a especifici-
estudo do endocolo e conização dade é melhor para distinguir as lesões de LSIL das lesões de HSIL, em
diagnostica relação à diferenciação entre epitélio normal e anormal, o que dá vali-
dade às características distintivas entre as alterações major, próprias
A biopsia dirigida, está indicada em todas as colposcopias anormais das HSIL / cancro, em relação às alterações minor próprias das LSIL.
com alterações major.Também se devem biopsar alterações minor em mul-
heres com citologias de HSIL, ASC-H ou AGC e nas mulheres com citologia
LSIL, para excluir uma lesão mais grave, antes de aconselhar seguimento Conclusões
sem tratamento. O estudo do endocolo, por microcolpohisteroscopia, citolo-
gia com “citobrush” ou curetagem do canal cervical, está indicado em: • A colposcopia tem uma sensibilidade alta e uma especi-
ficidade baixa. Permite-nos apenas a presunção diagnostica.
1 – Colposcopia com zona de transformação anormal (ZTA) que pene-
tra no endocervix
2 – Citologia de LSIL e colposcopia insatisfatória
3 – Citologia de HSIL e colposcopia normal ou insatisfatória 2.6 – Estudos dos parceiros
4 – Citologia com células glandulares atípicas ou adenocarcinoma
5 – Antes de indicar um tratamento destrutivo sexuais
6 – Após praticar uma conização (opcional)
Os parceiros sexuais de doentes com lesões clínicas de HPV, devem
A conização diagnóstica, pode estar indicada nas seguintes situações: ser examinados para afastar a presença de condilomas acuminados, o que
1 – Lesões endocervicais ocorre em 2/3 dos mesmos. As lesões sub clínicas do pénis encontram-se
2 – Estudo do endocolo com diagnóstico de SIL com frequência em parceiros sexuais de mulheres com SIL. São visíveis
3 – Citologia do LSIL persistente, com colposcopia e estudo do canal normal após aplicação de ácido acético, constituindo este grupo um reservatório
4 – Citologia de HSIL, ou microinvasão, com colposcopia normal ou de infecção. De acordo com as recomendações do CDC, o exame sis-
anormal e biopsia não concordante temático dos parceiros sexuais de mulheres com SIL é desnecessário.
5 – Microinvasão em pequena biopsia Desconhece-se se as pacientes com infecção subclínica são tão
6 – Citologia com atípia de células cilíndricas ou adenocarcinoma (na contagiosas como os doentes com condilomas e não há evidência que
ausência de Ca invasor). Neste caso a maioria dos autores prefere o tratamento dos homens com infecção não clínica reduza a taxa de
uma conização com bisturi clássico, seguido de curetagem do canal. recorrência das lesões cervicais na mulher.
29
C O N S E N S O E M PATO L O G I A C E RV I C O - V U LVOVAG I N A L
30
CAPÍTULO
TRATAMENTO E VIGILÂNCIA
31
C O N S E N S O E M PATO L O G I A C E RV I C O - V U LVOVAG I N A L
32
TRATAMENTO E VIGILÂNCIA
1 – Quadro clínico da infecção (tamanho e distribuição anatómica das • Imiquimod –não destrói as lesões, mas induz a secreção local de citoci-
lesões, extensão da doença, grau de queratinização das mesmas, nas, especialmente interferão alfa, que contribui para a eliminação das
tempo de evolução e resistência a outros tratamentos) lesões ao potenciar a imunidade local. Aplica-se sobre as lesões, em
2 – Estado imunitário do hospedeiro forma de creme a 5% ao deitar, 3 vezes/semana, durante um período
3 – Eficácia, disponibilidade e facilidade de aplicação do método máximo de 16 semanas. Deve ser realizada uma lavagem com água e
4 – Toxicidade sabão no dia seguinte. O desaparecimento dos condilomas dá-se após
5 – Custo 8-10 semanas de tratamento ou antes, em algumas ocasiões. Os efeitos
6 – Preferência das doentes. adversos são leves e bem tolerados, embora por vezes seja descrita uma
dor local e eritema. Ao manter um estado de imunidade favorável, as
Embora possa existir uma regressão espontânea, a tendência gen- recorrências são menores do que com a Podofilotoxina.
eralizada é tratar os condilomas com o objectivo de controlar a doença,
aliviar a ansiedade do doente e melhorar a sua autoestima. Outro Podofilino – actualmente contraindicado pela toxicidade e alterações
motivo de tratamento é possibilidade que a lesão contenha vírus histológicas e colposcopicas
oncogénicos, embora isso seja pouco frequente. Em geral nas lesões ini- Ac. Tricloroacético – utilizável em casos muito seleccionados
ciais, pequenas e pouco extensas, deve efectuar-se um tratamento
médico, enquanto que nas lesões antigas, extensas e recidivantes deve
ser empregue tratamento cirúrgico. Em lesões muito extensas pode Conclusões
realizar-se um tratamento misto, cirúrgico e médico.
• Métodos de tratamento dos condilomas acuminados aplica-
CONDILOMAS EM GENITAIS EXTERNOS dos pela doente: Podofilotoxina, Imiquimod, Podofilino e
TAXA DE CURA E RECORRÊNCIA Ac.Tricloroacético
RECORRÊNCIA
TRATAMENTO CURA (%)
(%)
3.1.2 – Métodos terapêuticos
Podofilotoxina 45-88 33-60 administrados pelo médico
Podofilino 32-79 27-65 Os métodos terapêuticos recomendados pelo CDC a serem admin-
istrados pelo médico, como a crioterapia, a cirurgia laser, a cirurgia com
Crioterapia 66 38 bisturi clássico ou a electrocoagulação, devem ser aplicados por um
especialista experiente nestes métodos e de preferência em centros
especializados.
Laser CO2 27-82 7-72
Outros tratamentos, em localizações infrequentes, como os CA do
meato uretral ou do ânus, que por vezes necessitam de anestesia
Imiquimod (mulheres) 72-84 5-19 regional ou geral, devem ser efectuados em meio hospitalar.
Em certos casos será necessária uma colaboração multidisciplinar.
Imiquimod (homens) 32-59 6-23 Em pequenos CA também tem sido usado o ácido tricloroacético .
Conclusões
Conclusões
• Métodos de tratamento dos condilomas acuminados aplicados
• O tratamento dos condilomas acuminados deve ser sis- pela médico: crioterapia, cirurgia laser, cirurgia com bisturi clássico
temático. A escolha do método mais recomendado depende funda- e electrocoagulação, para além dos referidos na alínea anterior.
mentalmente do quadro clínico da lesão e da preferência da doente.
33
C O N S E N S O E M PATO L O G I A C E RV I C O - V U LVOVAG I N A L
sexual de um doente com CA, deve ser examinada por um ginecologista, hábitos da doente dirigido a modificar os factores de risco ambientais
não só para a detecção do CA mas também qualquer outra doença de pode melhorar o estado imunológico.
transmissão sexual associada, e deve realizar uma citologia cervical. A observação sem tratamento pode estar indicada em doentes com
Após o tratamento de ambos e desaparecimento das lesões visíveis, histologia de CIN1, que reúnam as seguintes condições:
deve ser explicado que o HPV não foi eliminado e que a utilização de
preservativos pode diminuir, se bem que não elimina, o risco de trans- 1 – Idade inferior a 35 anos
missão a parceiros não infectados. 2 – Citologia concordante
3 – Ausência de SIL prévia
4 – Ausência de imunosupressão
Conclusões 5 – Colposcopia satisfatória
6 – Lesão com alterações minor, totalmente visível
• A mulher e parceiro tratados por condiloma acuminado devem 7 – Vigilância garantida
ter controlo periódico, o primeiro dos quais 3 meses após 8 – Bom controlo da ansiedade da doente
o tratamento. 9 – Experiência comprovada do colposcopista
34
TRATAMENTO E VIGILÂNCIA
35
C O N S E N S O E M PATO L O G I A C E RV I C O - V U LVOVAG I N A L
Conclusões
• O tratamento recomendado para a VIN 3 é excisional.
• As lesões de menor gravidade devem ter objecto de ati-
tude conservadora, com vigilância regular e controlo dos
mecanismos de irritação local.
Conclusões
• Os resultados conhecidos sobre os ensaios com as vacinas
profilácticas para a infecção por HPV são altamente promis-
sores.
36
CAPÍTULO
SITUAÇÕES ESPECIAIS
37
C O N S E N S O E M PATO L O G I A C E RV I C O - V U LVOVAG I N A L
38
SITUAÇÕES ESPECIAIS
Conclusões
As imunodeprimidas ( HIV e tratº imunosupressor) têm
maior risco de infecção por HPV;
4.2 – Gravidez
Na primeira consulta de gravidez deve ser efectuada uma citologia
a todas as grávidas que o não fizeram no ano anterior, salvo se
estiverem inseridas em programa de rastreio.
Uma citologia de SIL requer um estudo diagnóstico com colpo-
scopia, semelhante ao praticado numa mulher não grávida.
O resultado da detecção, durante a gravidez, de ADN do HPV no
colo ou vagina não devem modificar a conduta e tipo de parto a
realizar.
Nos dois primeiros trimestres da gravidez existe uma resposta
imunológica enfraquecida contra o HPV, que explica a maior frequên-
cia de persistência durante a gravidez. No entanto esta fraca resposta
recupera-se de forma intensa no início do terceiro trimestre e acentua-
se no pós-parto, com um desaparecimento muito frequente da infecção.
O risco de transmissão vertical ou de infecção persistente no
recém-nascido são muito baixos.
A estratégia de diagnóstico e tratamento das lesões intraepiteliais
do colo na gravidez está definida no Consenso de Ginecologia
Oncológica de 2003.
39
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