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Imigração e Racismo:

”De que cor devem ser nossos


imigrantes?”

Prof. Dr. Silvio Ruiz Paradiso


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Em 11 de janeiro, o presidente dos Estados
Unidos, Donald Trump, dirigiu-se a países
africanos, ao Haiti e a El Salvador (da América
Central) como “países de merda“. A informação
foi publicada pelo jornal The Washington Post.

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A fala teria sido feita durante reunião com
congressistas na Casa Branca. “Por que temos
todas essas pessoas de países de merda vindo
aqui?”, disse o presidente durante o encontro.
“Qual o motivo de que queremos os haitianos
aqui? Qual o motivo de queremos toda esta
gente da África aqui?”, complementou.
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O presidente se referia a cidadãos do Haiti e de
países africanos, e sugeriu, ao mesmo tempo,
que os Estados Unidos deveria receber
imigrantes de lugares como Noruega.

• Fontes: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/trump-chama-de-buracos-
de-merda-haiti-e-outros-paises-da-america-central-e-
africa.ghtml>.Acesso em 15 mar. 2018
• <https://exame.abril.com.br/mundo/convite-de-trump-deixa-noruegueses-
de-cabelo-em-pe>. Acesso em 16 mar. 2018.
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As falas de Donald Trump mostram bem a
relação entre imigração e racismo.

“De que cor devem ser nossos imigrantes?”

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Racismo

• Racismo: conjunto de teorias, crenças e


doutrinas que estabelecem uma hierarquia
entre as ‘raças’, sob a consideração de uma
pura e superior frente à outras.
• Antes séc. XVIII: Torá/Bíblia (Gn 9:20-27).
• Século XVIII, pesquisadores tentavam
compreender as diferenças humanas por
meio da biologia (desconsiderando a esfera
social).

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• Carlos Lineu (séc. XVIII): os europeus,
asiáticos, americanos e africanos.
• Johann Friedrich Blumenbach (séc. XVIII-
XIX): raça caucasiana; raça americana; raça
mongol (extremo oriente); raça etíope
(africanos); e raça malasiana. (SCHWARCZ,
1993).
• Essas divisões formam problemáticas? Sim,
quando se começou a acreditar que as
“raças” influenciavam o comportamento.
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• XVIII e XIX: frenologia, antropometria,
craniologia, etnologia e a eugenia (’raças’
superiores e inferiores).
• Joseph Arthur, Conde de Gobineau (1816-
1882. “Ensaio sobre a desigualdade das
raças humanas” (1855), que dizia que a raça
branca era superior às demais.
• Século XIX foi o ápice do racismo, na
Europa, e consequentemente no Brasil.

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Imigração

• Considera-se como imigração o movimento


de entrada, com ânimo permanente ou
temporário e com a intenção de trabalho ou
residência, de pessoas ou populações, de um
país para outro.

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Onda imigratória na Europa.

• No Governo Vargas, a partir de 1930, o país


se fechou à imigração, mas, de lá para cá,
mesmo com inúmeros problemas, o país se
tornou receptivo ao imigrante, mas não
necessariamente inclusivo.

• O tema veio a tona devido a onda imigratória


na Europa (refugiados).
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• Imigração de refugiados pelos países
europeus.
• São pessoas que deixaram às pressas os
seus países por diversos motivos: miséria,
conflitos entre facções, disputas de poder,
ausência de Estado de proteção,
assassinatos em massa e conflitos históricos,
do passado ou recentes, que obstrui qualquer
capacidade de manutenção e sobrevivência
com qualidade e segurança.
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• O movimento imigratório intensifica o racismo
e xenofobia (BAUMAN, 2017) são
humilhadas, agredidas e ofendidas de todas
as formas possíveis.
• As alegações são variadas: os imigrantes são
subversivos, vão destruir a cultura local, vão
nivelar a violência, tirarão as oportunidades
de emprego daqueles nascidos e crescidos
em âmbito local ou que não são, de fato, bem
vindos naquele país.
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Mas a coluna dorsal deste discurso é um:
RACISMO.

Fruto de um conservadorismo carregado de


barbárie, ódio, intolerância e desejo de
extermínio.

XENOFOBIA: é o medo, aversão ou a


profunda antipatia em relação aos estrangeiros
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Racismo Xenofobia

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• A recente eleição e ascensão de Donald
Trump nos Estados Unidos, deixa esta
relação mais clara.
• Trump, ainda em campanha e após assumir
a posição de destaque nos EUA e no mundo,
apresenta e reitera o seu discurso xenofóbico
de separar o México dos EUA, a partir da
construção de um muro, cuja conta seria
paga pelo Estado Mexicano.

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“Estão enviando gente que tem muitos
problemas, estão nos enviando seus
problemas, trazem drogas, são estupradores e
suponho que alguns até podem ser boa
gente,[...]”. A opinião de Trump sobre o México
se resume a: “O México não é nosso amigo”.
Segundo ele, a China e o vizinho do sul estão
roubando os empregos dos EUA.
Fonte: <https://brasil.elpais.com/brasil/2015/06/17/internacional/1434507228_187374.html.>> 2015. Acesso em 25 fev 2018.

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Imigração no Brasil

• A partir de 1930, no Governo Vargas, o país


se fechou à imigração. Hoje se tornou
receptivo ao imigrante, mas não
necessariamente inclusivo.

• De acordo com dados da Polícia Federal, o


Brasil tem atualmente quase um milhão e
oitocentos e cinquenta mil imigrantes.
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Número de Imigrantes

[VALOR] [VALOR] [VALOR]


[VALOR]

[VALOR]

[VALOR]

Asilados Refugiados Fronteiriços Provisórios Temporários Imigrantes p. 19


Os imigrantes compõem, no Brasil, somente
0,9% da população, mas esse número está em
constante crescimento. Os principais
imigrantes no Brasil são os bolivianos,
haitianos (refugiados pelas catástrofes) e
africanos (angolanos, nigerianos, senegaleses,
ganenses) sírios, refugiados de guerra e agora,
venezuelanos.

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• Século XIX, com a escravidão abolida e o
negro ficou sem rumo, visto que, mesmo
livres, não eram considerados cidadãos,
criando uma massa de desempregados.
• Segundo Giabernadino e Robl Filho (2005),
os negros daquele período somavam 56%
da população e estavam ansiosos em
participar economicamente do novo Brasil,
que vivia um processo de desenvolvimento.

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o modelo branco como sendo o do
trabalhador

• O Estado, sedento em “embranquecer” o


país, criou políticas para a chegada de
imigrantes europeus: as cotas para europeu!
• Desde 1870, o Estado incentivava a “troca”
do negro pelo “europeu”.
• Em 1886 foi criada a Sociedade Promotora
da Imigração, entidade não lucrativa
destinada a recrutar, transportar e distribuir
trabalhadores europeus pelas fazendas
paulistas.
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• Desse modo, no período pós-abolição,
durante o processo de desenvolvimento do
Brasil, o incentivo à vinda de migrantes
europeus para cá foi sistêmica, em que
estes recebiam terras do Estado brasileiro,
concessões, benefícios sociais e acesso à
remuneração. Enquanto isso o negro livre,
chamado de “ex-escravo”, sem
oportunidade, migrou da senzala direto
para as favelas.
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• Texto de um decreto-lei de 1945, só revogado na
década de 1980:
• Art. 1o – Todo estrangeiro poderá, entrar no Brasil
desde que satisfaça as condições estabelecidas por
essa lei.
• Art. 2o – Atender-se-á, na admissão de imigrantes,
à necessidade de preservar e desenvolver, na
composição étnica da população, as características
mais convenientes da sua ascendência europeia,
assim como a defesa do trabalhador nacional.
• Fonte: “A Caixa Econômica Federal, a política do branqueamento
e a poupança dos escravos”, de Ana Maria Gonçalves.
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• O pesquisador Gustavo Barreto de Campos,
em sua tese Dois Séculos de Imigração no
Brasil: A Construção da Identidade e do
Papel dos Estrangeiros pela Imprensa entre
1808 e 2015 (2015), analisou a receptividade
brasileira em relação ao imigrante nos jornais
brasileiros desde o século XIX, e pasmem, o
preconceito, o estigma e a xenofobia
permanecem.

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• Os sul-americanos como os bolivianos,
colombianos e os venezuelanos sofrem pela
estigmatização. Primeiro, pela relação étnica,
visto que são povos de traços nitidamente
indígenas, o que mostra a aversão da
sociedade brasileira a esses povos. Contudo,
são os imigrantes negros que mais sofrem no
Brasil. Haitianos e africanos, como
senegaleses e guineenses sofrem
duplamente – um pelo caráter imigratório e o
outro por serem negros.
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Caso 1

• Porto Alegre, onde haitianos foram


humilhados e hostilizados num posto de
gasolina, por um gerente de vendas chamado
Daniel Barbosa. Em sua fala, Barbosa ironiza
o fato do haitiano estar empregado no Brasil,
e revela que a chegada de “estrangeiros no
país é parte de um plano do governo Federal,
em conjunto com outros países latino-
americanos, para transformar o continente
em uma nação governada sob o regime
comunista” (sic) (TRUDA, 2015, on-line). 27
Caso 2 e 3

• São Paulo - ataque xenófobo contra quatro


haitianos, baleados com chumbinho na
escadaria da Igreja Nossa Senhora da Paz,
no Glicério (FARIAS, 2015, on-line).

• Paraná, e um dos boatos envolvendo


imigrantes da Guiné, identificados como
suspeitos de estarem contaminados pelo
vírus ebola.

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Caso 4 e 5

• “Imigrantes haitianos e africanos são


explorados em carvoarias e frigoríficos” diz O
GLOBO (SANCHES, 2014, on-line).

• “Folha de SP” (12.2016), noticiou: “Fiscais


flagram haitianos em trabalho precário no
Hospital das Clínicas de SP” (KNAPP, 2016,
on-line), expondo a mesma situação.
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Caso 6

• Na Gazeta do Povo (ANIBAL, 2014, on-line),


a manchete intitulada “Suspeita de ebola
acirra preconceito contra haitianos” mostra
como a generalização motivada pelo racismo
e preconceitos atinge os imigrantes do Haiti,
confundidos com africanos, após alerta de
suspeita de ebola com guineenses.
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Caso 7

• VEJA SP (FARIAS, 2015, on-line) abordou a


notícia “Haitianos baleados no centro relatam
sentir medo de sair de casa”, que uma série
de disparos deixou quatro haitianos com
balas de chumbo alojadas no corpo,
intrigando a polícia e espalhando o temor
entre imigrantes.
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“De que cor devem ser nossos imigrantes?”

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Referências
• ANIBAL, 2014. Em: <http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/suspeita-de-
ebola-acirra-preconceito-contra-haitianos-eeu8mc3u2uv4pwv71dcggdjda>.
• ARANTES, 2015. Em: <https://exame.abril.com.br/brasil/o-panorama-da-imigracao-
no-brasil/.>.
• CAMPOS, G. B. de. Dois séculos de imigração no Brasil: A construção da imagem e
papel social dos estrangeiros pela imprensa entre 1808 e 2015. Rio de Janeiro, 2015.
• FARIAS, 2015. Em <https://vejasp.abril.com.br/cidades/haitianos-baleados-centro/>.
• GIAMBERARDINO, A. R.; ROBL FILHO, I. N. Exclusão e Invisibilidade: as Cotas para
Afrodescendentes e o necessário diálogo entre História e Direito. In: Revista da
Faculdade de Direito UFPR, v. 43, n. 0, Curitiba, dez. 2005.
• KNAPP, 2016. Em
<https://www.sinait.org.br/arquivos/noticias/Noticia_13707_17344.jpg>.
• PARADISO, Silvio Ruiz. Tópicos Especiais (serviço social). Maringá-Pr.:
UniCesumar, 2017.
• SANCHES, 2014. Em: <http://midiacidada.org/img/oglobo-2014-ago-17.png>.
• SCHWARCZ, L. M. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial
no Brasil, 1870-1930. São Paulo, Companhia das Letras, 1993.
• TRUDA, 2015. Em <http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2015/06/homem-
aborda--frentista-haitiano-cita-desemprego-no-pais-e-ironiza-sorte.html>.
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Imigração e Racismo:
”De que cor devem ser nossos
imigrantes?”

Prof. Dr. Silvio Ruiz Paradiso


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