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Repensando a Formação do Administrador Brasileiro*


Paulo Emílio Matos Martins**
Adriana Motta Gonzaga. Anna Maria Pereira de Moraes, Hanseclever da Silva Martinell,
Liliane Belz dos Reis, Liliane Gnocchi da Costa Reis, Maria Cidália Tojeiro,
Maria Glória Marques dos Santos Mota, Martha Maria Freitas da Costa,
João Luis Alves Pinheiro, Valéria Michelin Vieira***

“Ninguém liberta ninguém,


ninguém se liberta sozinho:
os homens se libertam em comunhão.”
- Paulo Freire

1 - Palavras Prévias

A reflexão que se segue resulta de um duplo desafio: Pensar o Brasil a partir do seu
processo histórico de formação e inferir daí as singularidades de seu modelo de administração
e da formação requerida para o gestor de suas organizações e, concomitantemente, vivenciar a
experiência pedagógica de produzir coletivamente um ensaio (e não uma coletânea de textos),
com base na reflexão formulada. Essas atividades acadêmicas foram desenvolvidas durante o
ano letivo de 1996, conjuntamente nos programas de mestrado em Administração da Escola
Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas (Rio de Janeiro) e
Universidade Federal Fluminense (Niterói), nos seminários de Tópicos Especiais de
Gerência (Repensando o Papel do Administrador) - onde o referencial teórico e o modelo de
análise foi discutido - e, posteriormente, na disciplina Acompanhamento de Projeto de
Pesquisa. Esta última tendo como objetivo o debate e a vivência das etapas de
desenvolvimento de uma investigação em Ciências Sociais, suas formas de financiamento,
dificuldades de implementação, técnicas e instrumentos de avaliação de progresso, produtos
finais e o relato e divulgação das conclusões.

A seguir são resumidas as idéias centrais desse trabalho que, em versão com maior
desenvolvimento está sendo redigido para publicação em texto de também maior extensão.

2 - A Administração como Ciência Social e a Singularidade de seu Objeto de


Estudo

A literatura sobre Administração, desde os primeiros estudos sobre o trabalho


societariado e seu locus de realização: as organizações, vem tratando o seu objeto de
investigação com base no método desenvolvido para o estudo das Ciências da Natureza, o que
significa dizer: sob uma ótica positivista e, portanto, a-histórica.

Segundo essa tendência, o modelo mecânico-fatalista1, inspirador da obra clássica:


The Principles of Scientific Management de Frederick Winslow Taylor (1911), enfoca o
*
In: Archétypon, Rio de Janeiro, Ano 5, N. 15, set/dez 1997, p. 11-30.
**
Professor Titular na EBAPE/FGV.
***
Mestrandos de Administração – EBAPE/FGV e UFF.

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fenômeno trabalho organizado sob uma visão generalista e formalística, conduzindo assim, à
idéia de universalização das experiências organizacionais das economias mais adiantadas.

O resto da história é bastante conhecido: o pensamento taylorista-fordista sobre


Administração desenvolvido inicialmente nos Estados Unidos; a visão fayolista, de origem
francesa e cunho estruturalista; a contestação dos denominados psicólogos-sociais, também
originária da sociedade norte-americana; e a abordagem organicista, muito difundida em
tempos mais recentes e inspirada na Teoria Geral dos Sistemas do biólogo alemão Ludwig
von Bertalanffy (1968), todas essas correntes do pensamento sobre Administração enfocariam
o trabalho coletivo como um fenômeno natural, dito de outro modo, regido por leis e
princípios universalizáveis.

Ainda que seja justo reconhecer que, contemporaneamente, muitos analistas


organizacionais têm buscado socorro nos métodos fenomenológico, etnológico e mesmo no
dialético, a literatura que orienta a formação do administrador, dentro e fora da Academia, é,
predominantemente, de cunho generalizante e, assim, desconsidera o caráter histórico da vida
organizacional, do comportamento de seus atores, dos seus contextos de desenvolvimento e
da força do legado de suas culturas.

3 - A Estratégia de Análise Proposta

A reflexão que se segue resgata a necessidade de uma redução2 do conhecimento


administrativo produzido nos centros mais adiantados e, desse modo, assume o fenômeno
organizacional como resultado singular do desenvolvimento histórico de uma determinada
sociedade em um dado tempo. O modelo proposto3 contempla seis dimensões de análise e
parte dos desafios recorrentemente mencionados nas análises sobre o papel dos executivos do
Brasil desse final de milênio, a saber:

1 - A dimensão histórico-cultural e o desfio do reconhecimento da própria


identidade;
2 - A dimensão sócio-econômica e o desafio de superação do modelo de uma
sociedade fundada na desigualdade;
3 - A dimensão tecnológica e o desafio de competir globalmente a partir dos
baixíssimos indicadores de desenvolvimento social;
4 - A dimensão política e o desafio da repartição do poder nas organizações;
5 - A dimensão ecológica e o desafio da preservação dos recursos naturais e da
manutenção da vida sobre a Terra;
6 - A dimensão existencial e o desafio da busca incessante da felicidade.

É inegável que qualquer uma dessas dimensões determina e é determinada pelas


demais. Assim, elas serão aqui tratadas conjuntamente, sob a ótica redutora do enfoque

1
GARCIA, Ramon. Seminários: Introdução à “arte” de Governo., Programa de Pós-Graduação da FGV /
EAESP, São Paulo, 2° semestre de 1992.
2
Ver: RAMOS, Alberto Guerreiro. A redução sociólogica (Introdução ao estudo da razão sociológica).Rio de
Janeiro, Tempo Brasileiro, 1958.
3
Ver: MARTINS, Paulo Emílio M. Revendo o papel do administrador. Plano de Curso dos Seminários para os
Programas de Mestrado da EBAP/FGV e UFF, Rio de Janeiro e Niterói, 1° Semestre de 1996.

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proposto, e com a preocupação da não perda do caráter de totalidade que as preside e que só
recomenda a enunciação analítica das mesmas com o propósito de ser mais didático.

4 - As interpretações do Brasil

Ao longo de nossa história, diferentes modelos administrativos sucederam-se desde o


períodos colonial passando pelo reino-unido, império e os diferentes momentos republicanos,
esboçando traços de uma cultura gerencial brasileira, cultura esta reveladora dos modelos de
dominação característicos de cada fase de nossa história, da multiplicidade de nossa formação
social e determinante da forma de gestão das relações de trabalho que vigoraram até os anos
30 deste século, período em que o processo de industrialização do Brasil, enfim se
estabeleceria.

O capitalismo tardio que retardou esse processo de industrialização, acabou por não
exigir, como em outros casos, a sistemática preocupação com o que seria a administração em
função da organização do trabalho. Enquanto no mundo moderno do século XIX, teóricos
pensaram o trabalho no pano de fundo do capitalismo industrial e a relevância do papel do
administrador neste processo, no Brasil, isto não aconteceu.

As contribuições de cronistas, romancistas, juristas, historiadores e cientistas sociais


que tentaram compreender as particularidades da formação social do Brasil, foram decisivas
para o estabelecimento de um quadro amplo de sociedade e prepararam terreno para as
formulações de Guerreiro Ramos, que nos anos 60, empreende um profundo e lúcido estudo
em seu livro Administração e contexto brasileiro.

Procurando entender esse processo e propor rumos para uma administração coerente
com a realidade brasileira, G. Ramos revê a obra de autores da passagem do século XIX para
o século XX, e chama atenção para aqueles que de forma mais consistente dedicaram-se a
compreender a estrutura da sociedade brasileira contribuindo com suas interpretações da
burocracia, do formalismo e do patrimonialismo para a construção teórica que empreende de
forma pioneira.

Com relação ao formalismo, aponta para as contribuições do Visconde de Uruguai,


Paulino José Soares de Souza em suas obras: Ensaios sobre direito administrativo (1862) e
Estudos práticos sobre a administração nas províncias (1865); a de Sílvio Romero em sua
História da literatura brasileira (1886); a de Alberto Torres no livro O problema nacional
brasileiro (1914); e de Oliveira Vianna A evolução do povo Brasileiro (1938), que apesar
das dificuldades de análise por lhes faltarem as condições concretas de articulação, podem ser
considerados os clássicos do formalismo.

Cada um a seu tempo e sob seu enfoque específico dedicou-se a identificar os


elementos que tornavam tão particulares os traços sociais e culturais brasileiros e até apontar
soluções para se romper com as causas de seus problemas superestruturais. “O que lhes
parecia primordial era, como antídotos políticos e educacionais neutralizar as ambições das
“parcialidades” (Visconde de Uruguai), erradicar a “mania” de imitar o estrangeiro ( Sylvio
Romero), curar o “complexo de inferioridade” das elites (Oliveira Vianna), “criar”

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artificialmente a consciência nacional (Alberto Torres) pela tutela da nação, exercida por um
corpo seleto de cidadãos.” (G. Ramos, 1966)

Refere-se também a Gilberto Freyre que em Casa grande e senzala (1933) aprofunda
a questão do formalismo como “estratégia a serviço da mobilidade social vertical” (G.
Ramos, 1966) quando define o bacharel como elemento híbrido de uma sociedade
miscigenada de baixa escala social com padrões de ascensão social europeus, produto de uma
aristocracia decadente que deixara suas marcas na composição social brasileira.

Lembra, também, a contribuição de Euclydes da Cunha quando fala de formalismo


como estratégia a serviço da construção Nacional (G. Ramos, 1966).

Nesta mesma perspectiva das particularidades sobre as quais se assenta o Estado


brasileiro aponta a obra de Raymundo Faoro, Os donos do poder (1959), como um estudo
sobre a supremacia de um estamento burocrático na posição de poder. Embora discuta sua
tese, lembra que Faoro tem “o mérito de ter focalizado, sob um ângulo dialético, as relações
entre burocracia e poder”.(G. Ramos, 1966)

Guerreiro Ramos teve a sensibilidade de ir além destas notáveis considerações


referindo-se a passagens literárias de obras, como por exemplo as de Machado de Assis, de
cronistas, juristas ou parlamentares do império, para alicerçar suas colocações teóricas.

Sua obra constitui um pensamento sistemático e pioneiro sobre a Administração


Pública Brasileira alicerçada não somente nos clássicos da literatura universal que tão bem
conhecia, mas sobre uma leitura exploratória consistente da obra dos autores que sob
diferentes enfoques falaram e pensaram a estrutura da sociedade brasileira. Depois dele,
grandes cientistas sociais vêm ao longo do tempo tentando compreender melhor nossa história
e as bases sobre as quais se assentam nossa sociedade mas, apesar das rápidas mudanças que
se deram no Brasil do último século e da abundância de cursos que visam preparar quadros
gerenciais, em qualquer instância de poder, não temos nos deparado com obra tão sólida
quanto a de Guerreiro quando o problema é pensar a formação do administrador para atuar no
contexto nacional.

Seguindo a trilha aberta por G. Ramos podemos lançar o mesmo olhar sobre outros
cientistas sociais contemporâneos que procuram explorar, sob ótica específicas, os elementos
constituintes de nossa formação social.

Darcy Ribeiro, com sua visão etnológica da formação social pátria, privilegia o
enfoque sobre as peculiaridades da formação do povo brasileiro, enfocando esse contraponto
da dominação: a ótica das teias de relações que se formaram e estão em formação nas bases
populares da sociedade. Evidencia em sua análise que, enquanto o modelo de dominação se
afirmava desde a colonização, por outro lado se formava uma nação alicerçada sobre o
permanente processo de fusão de “matrizes díspares” (Ribeiro, 1994) racial, cultural e
economicamente, que anunciavam-se capazes de embates decisivos contra as forças
dominantes.

Sérgio Buarque de Hollanda, em Raízes do Brasil, utilizando uma perspectiva


histórica, estuda a formação social brasileira, a partir de relações de oposições numa
interessante leitura das dicotomias intrínsecas à complexa formação de nossa sociedade. Não

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perdendo em nenhum momento o enfoque univesalista, B. de Holanda construiu uma das mais
completas análises da historiografia pátria.

Celso Furtado traz outra contribuição decisiva ao pensar a formação econômica do


Brasil a partir de uma nova leitura desta e inserindo sua análise permanentemente no quadro
econômico mundial. Constrói a história da formação da economia brasileira, com todos os
atributos de nação emergente de um mundo novo, herdeira de um projeto colonial escravista
europeu.

Diversos outros autores têm interpretado o Brasil. Passamos apenas por alguns dos
mais relevantes porque quisemos apontar para aqueles que basearam suas construções teóricas
em amplas perspectivas sobre os elementos fundamentais de nossa história e formação social,
logrando mostrar que o Brasil é uma nação repleta de peculiaridades oriundas de sua história
de dominação, de múltiplas raízes e de sua peculiar posição no mundo ocidental, como
produtor de mão-de-obra barata, de uma industrialização tardia e de relações sociais baseadas
no patrimonialismo, no formalismo e na escravidão.

Contribuições desta relevância nos ajudam a tentar seguir o caminho da busca


empreendida por G. Ramos de compreender o que seria um modelo brasileiro de
administração quando pensamos como deveria ser o processo de formação de um
administrador para atuação nesse contexto.

Até 1930, a preocupação com a administração do país foi determinada pelos interesses
de elites regionais, de acordo com o modelo agrário-exportador. A partir da necessidade de
orientar o país para um novo modelo econômico, começa-se a pensar sobre a racionalização
da administração pública brasileira, com a criação de órgãos como o IDORT (Instituto para o
Desenvolvimento e Organização Racional do Trabalho) e, posteriormente, o DASP
(Departamento de Administração do Serviço Público) em função da necessidade de
adequação da mão de obra às necessidades criadas pelo sistema industrial que se impunha
também com base na idéia da racionalização do trabalho.

Assim, no plano da administração pública, os modelos gerenciais preconizados por


estes institutos eram transpostos diretamente de outros existentes no mundo já industrializado.
Modelos contraditoriamente sustentados sobre bases burocráticas de estilo europeu, sobre
uma industrialização precária, e voltados para a criação de um país de economia auto-
sustentável. Assim o projeto de preparar um trabalhador capaz de fazer dar certo o País
concentrou forças em criar práticas administrativas racionais competentes, mas não se voltou,
em nenhum momento, para a identificação de nossa realidades levando em conta a história da
formação social do Brasil em função de um novo projeto de nação. Cientistas sociais e
administradores públicos caminharam em direções opostas, mesmo quando a administração
passou a ser disciplina autônoma dentro do panorama das ciências sociais.

A administração pública brasileira apesar do grande passo inicial de Guerreiro Ramos


no sentido de inseri-la intrinsecamente no campo das ciências sociais, enquanto campo de
estudo continua distante de olhar o Brasil como um projeto, como um sistema administrativo
de características próprias.

Sabemos que a divisão dos frutos do trabalho no modo de produção capitalista é


desigual e que o resultado material e simbólico do que se produz nessa cultura não é

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destinado a partilha entre os membros da sociedade. Assim, o que se verificou na Europa,


onde o processo se originou a inserção das classes sociais subalternas no mundo dos cidadãos
não se deu através de benesses mas, ao contrário, através das lutas que ao longo do tempo
resultaram na conquista de novos direitos e melhores condições de vida e trabalho para a
classe dos trabalhadores.

A tensão entre a necessidade de maior flexibilidade na gestão, por parte do capital, e


de avançar na conquista de direitos e maior eqüidade na distribuição da riqueza, por parte dos
trabalhadores, molda a própria feição do que são as organizações contemporâneas no
capitalismo e das formulações da administração moderna.
Embora se possam identificar similaridades na forma de gestão dos diversos países, as
condições brasileiras de surgimento do capitalismo apresentam algumas particularidades que
podem indicar diferenças e impasses específicos à adoção de estruturas organizacionais mais
flexíveis, onde o papel do administrador assume novos contornos. Enquanto a maioria dos
países já adotara a produção baseada no trabalho assalariado, permanece no Brasil a produção
de base escravista até o final do século XIX.

O escravismo como fundamento da nova nação européia (portuguesa) na América


forjou relações sociais, formações culturais e jurídicas que o reforçavam. A perda de posições
junto às nações mais desenvolvidas do norte forçou que se desse uma reformulação, pelo alto,
das bases da produção. Uma vez reorganizadas estas bases, com a proclamação da República,
o Brasil parte para tentar recuperar seu lugar no mundo das nações desenvolvidas e só então
percebe o seu atraso. Mesmo assim, insiste na concepção de que este lugar estaria garantido se
nosso país pudesse afirmar-se como fornecedor de matérias-primas para o exterior. Desse
modo, mantém-se a política voltada basicamente para a produção agrícola.

Com a crise de 1929, setores da burguesia que já tentavam o caminho da


industrialização ganham novo fôlego e o país ingressa numa nova era. De 1930 a 1960, temos
um período em que a organização das forças produtivas se volta para a produção de bens
manufaturados. O Estado forneceu os instrumentos adequados a este novo impulso produtivo
- organizando os trabalhadores e provendo os recursos de que necessitava o capital - e, enfim,
conhecemos o “progresso”.

No entanto, neste novo processo, não foram superados os valores nem as relações
sociais em que se baseava a produção escravista. No novo ciclo de produção tampouco
caberia a todos um lugar de cidadãos. Neste cenário - de uma sociedade que se afirmou no
contexto das nações do século XIX a partir de uma totalidade cultural forjada no escravismo -,
acontecem as tentativas de adaptação a um novo modelo de gestão e da formação do
profissional que o administraria.

A questão que ora se coloca para o capitalismo é de ter-se estabelecido um novo


paradigma de organização da produção, identificada pelo chamado modelo japonês (Hirata,
1993). A reviravolta causada pelo sucesso recente do Japão em obter posições crescentes de
mercado frente aos competidores que antes o desdenhavam, permite-nos dizer que houve o
aparecimento do que Kuhn (1962) identifica como um novo paradigma.

Em todo o mundo as organizações procuram adaptar-se aos conceitos trazidos pelo


novo modelo: a atuação em função de demandas diversificadas de mercado, a qualificação
generalista do trabalhador, o gerenciamento participativo, em contraposição aos conceitos

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contidos no paradigma anterior - produção em massa, trabalhadores especializados e gestão


tecno-burocrática.

Articulados entre si, os princípios que norteiam as organizações contemporâneas


sugerem a noção de que flexibilizar é também democratizar o trabalho. Impõe-se a
flexibilização da produção - ocupando nichos de mercado, através da produção de lotes de
produtos diferenciados, através da utilização intensiva de novas tecnologias, da flexibilização
na utilização de mão-de-obra - em oposição à especialização em uma determinada tarefa.
Agora é essencial dominar as tecnologias disponíveis e criar, no próprio posto de trabalho, a
todo momento, alternativas e soluções próprias. Requer-se, ainda, do trabalhador a capacidade
de atuar em várias frentes e assumir múltiplas funções ao mesmo tempo.

Muda assim também, o caráter da gerência que volta-se para a detecção e


acompanhamento das incertezas e descontinuidades geradas pela volatilidade do mercado,
concentrando-se cada vez menos nos aspectos que os próprios trabalhadores são capazes de
administrar. Ao delegar suas antigas funções, a gerência estabelece com os demais
trabalhadores uma relação baseada nos resultados da empresa perante o mercado e necessita,
portanto, da participação desses para produzir resultados e gerar produtividade.

No entanto, o quadro conjuntural brasileiro em que se dá essa transformação é bastante


precário, tanto do ponto de vista das empresas quanto dos trabalhadores. Pelo lado das
empresas, por estarem mais próximas de praticarem uma flexibilização defensiva (Leborgne e
Lipietz, 1990) - que suspende a rigidez do modelo produtivo anterior para defender mercados
ameaçados -; pelo lado dos trabalhadores, numa situação em que aumentam os índices de
desemprego, de baixos salários, de condições de trabalho precárias e, ainda, sob formas
hierárquicas rígidas, o que caracterizaria, na verdade, uma flexibilização espúria.(Prochnick,
1991)

Já ao nível estrutural da sociedade brasileira, chamamos atenção para nossa formação


cultural, cuja base, como já vimos, foi estabelecida desde os primórdios da colonização
portuguesa e amadureceu no século XIX e que, de certa maneira, não foi ainda superada.

A construção dos Estados-nações no século XIX tem papel central na formação desta
sociedade e o papel da sociedade escravista imperial no Brasil como momento histórico
gerador de um projeto nacional ainda não foi superado “por nenhum dos períodos
subseqüentes da história brasileira. No caso do Brasil, (...) a escravidão consolidou-se (...)
como algo mais que um recurso de disposição de mão-de-obra. Ela significou (...) um
conjunto de relações sociais mais amplo que as relações econômicas imediatas” (Salles,
1997). Vale ressaltar que a escravidão no Brasil, assim como no restante do mundo ocidental
“não foi apenas um expediente econômico passageiro em um tempo de acumulação primitiva
de riquezas (...). Na verdade, a escravidão está na raiz do mundo moderno; (...) foi uma parte
central no mundo que forjou valores ainda caros aos ocidentais, tais como as noções de
indivíduo, cidadania, direitos políticos e direitos de propriedade (...) e na criação de
organizações políticas complexas, que devem ser inseridas no contexto da história das
sociedades e das nações liberais modernas”. (Salles, 1997)

As idéias liberais do século XIX que aqui chegavam da Europa encontraram seu lugar.
Mesmo lá onde nasceram, os princípios liberais aplicavam-se de maneira desigual - “à vida
das elites, da nobreza e das classes economicamente mais favorecidas. O voto censitário, as

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definições de cidadania a partir de critérios de propriedade e/ou riqueza e mesmo a


diferenciação de direitos baseada em uma hierarquia nobiliárquica estavam ainda presentes
em diversas sociedades”. (Salles, 1997). Mesmo quando começaram a estender os direitos,
fruto das pressões populares, a universalização da cidadania foi restringida.

Com a proclamação da República, “... se o bloco histórico formado a partir da


construção da sociedade imperial foi quebrado em sua articulação política e em sua base
material escravista, o mesmo não se deu com sua obra: seu projeto de civilização”. (Salles,
1997) Assim, a República não significou um avanço da sociedade na direção de incluir as
classes subalternas nos direitos à cidadania e, na verdade, nenhum projeto posterior serviu a
este propósito.

É a partir desta construção social, onde as noções de cidadão e não-cidadão não se


excluem, mas formam uma ordem política bastante sólida para reprodução de relações sociais
desiguais, que nos parece interessante pensar as possibilidades e limites de novas relações de
trabalho nas organizações e de um novo papel para o administrador brasileiro, e em particular,
sua formação.

A organização do trabalho interna às empresas espelha e reforça as relações mais


amplas entre capital e trabalho na sociedade. No Brasil, criaram-se escolas de administração
para que pudéssemos aprender a gerir o capital no mesmo sentido que as demais nações
desenvolvidas. Compreendemos os conceitos e tentamos usá-los em nossa situação peculiar.
De tal forma que, hoje, as questões que dizem respeito a novos modelos de gestão e novos
papéis para o administrador incorporam avanços obtidos em outros países em meio a uma
realidade social de exclusão.

A “escola brasileira de administração” (compreendida aqui em seu sentido mais


amplo, de apropriação cultural adaptada à nossa maneira) acompanha de perto as inovações
estrangeiras e, ao mesmo tempo, se surpreende com seus resultados em outros ambientes,
animando-se a utilizá-las como modelos, sem necessariamente fazer a relação entre as práticas
administrativas importadas e as condições sociais onde se originam. Resulta daí que a
transposição de tais modelos para uma realidade econômica, cultural e de relações de trabalho
tão desigual como a nossa defronta-se com mais dificuldades do que acertos.

A flexibilidade das estruturas e da gerência nas organizações contemporâneas, não é


fruto do desejo de mudanças pura e simplesmente. É uma decisão estratégica diante de um
ambiente ambíguo e contraditório, tornando-as instrumentos gerenciais dinâmicos e passíveis
de variações. Valoriza-se, então, a função de liderança como primordial, pois é onde se
desenvolve a habilidade de articular o poder já existente entre os liderados, no sentido de
solucionamento dos conflitos de forma política e pactuada.

Ao mesmo tempo, a dimensão participativa na gerência é resultado também das


demandas internas, repercutindo as transformações da organização social, econômica e
política da sociedade, o desenvolvimento da consciência de classe e do agrupamento
profissional entre trabalhadores, o aumento do nível educacional, a velocidade das mudanças
e a maior intensidade das comunicações.

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No entanto, conforme mencionamos anteriormente, estas são as visões que trazemos


da leitura de outras sociedades, cuja história e formação social pode diferir bastante da nossa.
Como compatibilizar, então, estas visões e os padrões de nossa formação?

Sentir-se como um igual seria uma condição para a participação do indivíduo numa
equipe de trabalho dentro do padrão de exigências de participação e para o desempenho de
papéis e funções variados no mundo contemporâneo.

A menos que estejamos falando de equipes compostas por pessoas de formações


educacionais e culturais semelhantes, de certa forma homogêneas entre si, a equipe de
trabalho em moldes contemporâneos não parece viável na prática. Motta (1995) cita, entre as
barreiras mais comuns à participação do trabalhadores nas decisões, a percepção dos gerentes
sobre a interferência de pessoal não qualificado.

A necessária aproximação do nível gerencial aos trabalhadores não qualificados para


integrá-los ao processo de produção nos parece um desafio à parte no caso brasileiro, pois
subentende ultrapassar as barreiras da formação cultural que o escravismo nos legou.
Identificados como a ponta menos promissora do processo produtivo, cujas características
negativas como: preguiça, indolência, falta de iniciativa e de educação são salientadas a todo
momento, os trabalhadores brasileiros de mais baixo extrato social são vistos pelas instâncias
superiores como um mal necessário. Fazendo um paralelo, o escravo foi “culpado” pelo atraso
do Brasil (e não a escravidão enquanto instituição social); hoje, o trabalhador brasileiro
desqualificado herdou esta responsabilidade. Talvez isto explique o tratamento dado a
questões como saúde, educação e segurança públicas, salário mínimo, para nos atermos a
apenas alguns temas que afetam a vida das camadas mais pobres.

As condições em que sobrevivem hoje os trabalhadores livres (se compararmos com


os escravos de 1888) são bastante semelhantes (senão piores) às do regime escravista.
Portanto, não estariam aptos a participar, em igualdade de condições, de equipes que
incluíssem seus novos senhores. Tais condições não são fruto da vontade de poucos ou de
falta de vontade apenas, mas conseqüência do tipo de entendimento que possuem as classes
dominantes brasileiras sobre o tratamento devido ao trabalhador, mesmo cem anos após a
abolição. Não podemos considerar que o caso brasileiro, revele uma disfunção em relação aos
modelos utilizados por outras sociedades. Ocorre que, na raiz de nossa formação social, há
elementos profundamente vinculados às noções de grandeza e originalidade da nação e de que
o trabalho é obrigação de determinadas classes sociais. Conseqüentemente, a noção de que
cidadania passa a ser prerrogativa das classes dominantes, não estando as classes subalternas à
altura de experimentá-la. Por princípio, o “outro” não possui a mesma humanidade e suas
necessidades, portanto, são de uma qualidade inferior.

O administrador na empresa moderna é responsável por intermediar a remuneração


dos acionistas e a produção, uma vez que, enquanto indivíduo, o capitalista tornou-se
supérfluo. Pelas próprias características da produção capitalista, seu papel é o de oferecer as
soluções adequadas a esta equação; neste sentido, poderíamos dizer que sua preocupação
principal é a de responder aos desafios impostos pelo ambiente à organização, que se torna o
local de sua realização e sucesso. O que eqüivale dizer que seu papel tem sido o de garantir
para a organização um espaço no mercado.

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Até aqui, o papel imposto ao administrador e acolhido por este diz respeito a
privilegiar a organização em detrimento do ambiente, em outras palavras, o privado antes do
público, o local apesar do global. Como agente de uma racionalidade pretensamente técnica,
opera numa relação de desigualdade. “Na sociedade industrial de larga escala, a pesquisa, a
ciência, a tecnologia e a utilização industrial fundiram-se num sistema” (Habermas, apud
Guerreiro Ramos, 1989), levando assim a uma forma repressiva de estrutura institucional em
que as normas de mútuo entendimento dos indivíduos estão absorvidas, num “sistema
comportamental de ação racional de propósito determinado”. (G. Ramos, 1989). Poderíamos
acrescentar os instrumentos de gestão à tecnologia de que fala Habermas e entenderemos o
papel que cumpre o administrador neste sistema cuja ação racional tem propósito
determinado.

Este raciocínio faz com que o administrador se veja diante de um futuro que já está
dado por esta racionalidade e que não é capaz de enfrentar. É o profissional apartado de sua
condição de cidadão, de ser capaz de transformação. O símbolo criado é o do homem
ordenado para ação com fim determinado; a interação simbólica e o significado da vida
humana e social é o controle técnico da natureza e da acumulação de capital. Seu papel de
cidadão fica relegado a um segundo plano, onde a responsabilidade pelo exercício da
democracia está necessariamente alijada do processo produtivo e das relações que lhe cabem
gerir.

Está o administrador brasileiro preparado para assumir um novo papel, num espaço
onde inovação tecnológica não está separada da inovação social?

Não pretendemos desqualificar os modelos produzidos em outras realidades sociais,


nem desmerecer os autores brasileiros que se dedicam a estudar a administração a partir das
experiências e teorias desenvolvidas em outros países. A necessidade de adoção de estruturas
alternativas à gestão burocrática pela ótica da racionalidade econômica que impera na
sociedade capitalista contemporânea é inegável. A competição que as empresas enfrentam
hoje é de proporções muito superior as do passado e são também muito mais complexos os
processos que a enseja do que aqueles historicamente conhecido.

No entanto, quisemos chamar atenção para as prescrições, muito comuns, em torno de


formulações teóricas que não levam em conta nossas características, tão peculiares, de
formação. O desafio a ser enfrentando pelos administradores brasileiros repousa exatamente
em desenvolver relações de trabalho mais iguais, onde o trabalhador possa ser considerado
um verdadeiro colaborador nos resultados e deles compartilhe em igualdade de condições
com seus superiores. Questionar-se sobre o sentido mais profundo de nossa formação social
torna-se, portanto, um passo necessário quando pensamos a formação dos profissionais da
administração.

Estariam nossas escolas de administração e os programas de


reciclagem/desenvolvimento gerencial engendrados pelos profissionais por elas formados
adequados à formação do executivo que enfrenta os desafios de tão singular realidade?

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5 - Uma Paidéia4 para o Administrador?

Uma análise comparativa dos currículos acadêmicos e do conteúdo dos programas de


desenvolvimento profissional de administradores, quer a nível nacional como também no
plano global, nos conduz à conclusão de que, ressalvadas algumas particularidades,
essencialmente, a temática de formação daquele profissional não difere muito de região para
região e mesmo, entre sociedades de diferentes estágios de desenvolvimento e cultura.

Onde estaria então o fator diferenciador da qualidade do profissional egresso das


melhores escolas/centros daqueles de formação deficiente?

Com certeza a questão é pertinente e sugere uma investigação mais aprofundada para
esclarecer sobre fenômeno tão complexo quanto relevante.

Como primeira inferência da reflexão que fazemos, esse fator resultaria, muito mais,
das pedagogias praticadas do que propriamente do temário que roteiriza os conhecimentos
transmitidos.

É notório que muitos programas de graduação/pós-graduação em Administração e de


desenvolvimento de executivos limitam-se à exposição, mais ou menos completa e atualizada,
do que se entende universalmente como sendo o conteúdo dessa disciplina e suas subdivisões
funcionais, acrescidos de uma pálida tintura das matérias de fundamentação teórica e quase
nenhuma pratica ou aplicação desses conhecimentos nos contextos estudados (salvo para
atender a requisitos legais e/ou às conveniências de oportunidade).

Por outro lado, os conhecimentos que se pretende transmitir, não buscam a integração
de seus saberes para a solução dos problemas do dia-a-dia dos homens das organizações. Em
outras palavras: o descompromisso do modelo de formação profissional do administrador com
o seu momento histórico, seus fatores condicionantes, bem como, com a transformação dessa
realidade, identifica-se com o modelo pedagógico que Freire (1970) denominou de
“concepção bancária da educação”.

Para aquele educador, no modelo da pedagogia tradicional (‘bancária’) “a educação é


o ato de depositar, de transferir, de transmitir valores e conhecimentos, (onde) não se verifica
nem pode verificar-se (sua) superação. Pelo contrário, refletindo a sociedade opressora, sendo
dimensão da ‘cultura do silêncio’, a ‘educação’ ‘bancária’ mantém e estimula a contradição.”

Partindo da crítica da “educação bancária”, Paulo Freire conclui que nesta concepção
pedagógica “o educador é o sujeito do processo, (enquanto) os educandos (são) meros
objetos”.

Na sua proposta de uma “pedagogia do oprimido / da esperança”, Freire esboça os


princípios da visão de uma educação libertadora do homem.

Parece não haver dúvida quanto a congruência de propósitos de uma visão “bancária”
da formação do profissional de administração e a ótica pragmático-utilitarista das
organizações tradicionais. Daí a importância de pensarmos uma nova paidéia para formação
4
A palavra é aqui utilizada no seu sentido original, dado pelos sofistas, de “uma idéia e de uma teoria consciente
da educação”. Ver: JAEGER, Werner. Paidéia: a formação do homem grego. São Paulo, Martins Fontes, 1989.

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de um novo profissional, quando assumimos a imperiosidade de também repensarmos um


novo modelo de organização para um mundo novo.

Enquanto a análise que fizemos (seções anteriores: 3 e 4) trata da proposta de redução


da teoria organizacional (centralmente produzida) para o contexto das sociedades onde são
aplicadas (periféricas àquelas) e, assim, desenvolve-se fulcrada, diretamente, e de modo
articulado, nas dimensões histórico-cultural, sócio-econômica, tecnológica e política do
modelo proposto, a idéia de repensar a formação do administrador, também segundo uma
ótica reducionista (mais uma vez, no sentido que lhe dá G. Ramos), evoca a necessidade de
rompimento com aquela pedagogia da dominação e reprodutora de dominados - objeto da
lúcida crítica encetada por Paulo Freire em sua Pedagogia do oprimido -, estando, assim, mais
diretamente relacionada às dimensões ecológica e existencial, ainda segundo o mesmo
modelo de análise.
Ao esboçar as bases de sua pedagogia Freire adverte: “O antagonismo entre as duas
concepções, uma a ‘bancária’, que serve à dominação; outra a problematizadora, que serve à
libertação, toma corpo (...). Enquanto a primeira, necessariamente, mantém a contradição
educador-educando, a segunda realiza a superação.”(Freire, 1970)

“Para manter a contradição, a concepção ‘bancária’ nega a dialogicidade como


essência da educação e se faz antidialógica; para realizar a superação, a educação
problematizadora - situação gnosiológica - afirma a dialogicidade e se faz dialógica.”(Freire,
1970)

Concluindo, o autor resume o fundamento central de sua pedagogia:

“Ninguém educa ninguém. Ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si,
mediatizados pelo mundo.” (Freire, 1970). E acrescentaríamos: Um mundo não-homogêneo.
Nem, simplesmente, exótico. Mas, singular.

Com base na discussão feita, esboçamos, a seguir, alguns princípios norteadores no


desenvolvimento de uma nova pedagogia (paidéia?) para o administrador capaz de resgatar a
dialogicidade necessária à revisão crítica das formulações teóricas de cunho universalista
sobre as organizações e, assim, sua adequação ao ambiente de aplicação e, ao mesmo tempo,
de realizar a libertação do educando conforme a visão poético-pedagógica de Freire:

Aprofundamento nas Ciências Sociais de fundamentação e visão histórica - básicas para o


desenvolvimento da visão crítica e da melhor compreensão das singularidades de diferentes
contextos sociais.

a) Tutoramento dos educandos desde a fase preliminar até a final de sua formação.

b) Integração dos conhecimentos através das práticas nos Laboratório da Administração,


com a assistência dos professores especialistas e a orientação de seus tutores, buscando o
reconhecimento dos traços determinantes dos ambientes organizacionais interno e externo.

c) Desenvolvimento de atividades didáticas, tais como conferências, debates, etc., em todas


as matérias do programa, de modo a problematizar os conteúdos estudados e também a
possibilitar a contribuição de especialistas e profissionais não-acdêmicos no processo de
formação do administrador.

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d) Visão estratégica da função do executivo através da análise de cenários prováveis no


planejamento e gestão dos empreendimentos e de suas diferentes partições.

e) Utilização intensiva de instrumentos e técnicas didáticas, tais como: jogos de empresa,


dramatizações, estudos-de-caso, seminários, fóruns de debate, redes telemáticas, etc. de modo
a aumentar as abrangência, atualidade e eficácia do processo de aprendizagem.

f) Exercícios visando o desenvolvimento das habilidades e atitudes indispensáveis ao


exercício da profissão e também da criatividade, senso crítico, consciência e compromisso
social, características essas indispensáveis ao perfil do executivo que irá conduzir os
problemas complexos de um mundo em grande transformação e desequilíbrio.

g) Atualização dos conhecimentos transmitidos através da discussão de temas


contemporâneos através das disciplinas tópicos especiais e de palestras oferecidas em todas as
grandes divisões temáticas dos programas.

h) Desenvolvimento da criatividade do educando através do incentivo à expressão artística e


do resgate do poético.

i) Estudo das humanidades e leitura e discussão dos clássicos universais.

j) Discussão, envolvimento e participação nos problemas da vida comunitária e nas ações


para seu solucionamento.

k) Desenvolvimento das reflexão e postura éticas sobre as questões da vida e do viver


consciente, responsável e transformador.

Sem dúvida, a mudança que esta reflexão sugere não se limita às prescrições
anteriormente esboçadas. Ainda que uma formação profissional de base humanista, que
propicie o diálogo e a discussão livres e libertadores, seja uma sólida ferramenta para a
formação do administrador de que tanto necessitamos, é desejável que este seja educado para
sentir e refletir antes de agir. Ou, como disse melhor Nietzche: “As boas novas são ditas a
ouvidos delicados”.

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