Jesus é o único que temos. Sem ele não temos nada. Dizia ele: "Eu sou o caminho, e a verdade
e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim." (João 14: 6). Em sua obra nós temos a única direção
cabível uma vez nos dado conta de quem nós somos e o que realmente fazemos. E para onde estamos
destinados!
Mas todos nós sabemos que seguir por essa trilha não passa pela questão da escolha. Ela é por
demais enfadonha a quem não foi chamado a contemplar suas maravilhas – podem alguns tentarem,
mas suas tentativas resultam em corruptelas e versões decaídas do plano original, ainda que soem bem
e lotem as igrejas.
O único meio de seguir em frente é quando todo nosso ser é dominado pelo Caminho. É quando
nossa vida é subjugada pela sua ação resgatadora e conduzida pelas mãos de sua santidade infinita.
Quando nossa vida é tomada das mãos cruentas do pecado e do inferno, somos impelidos a
seguir os passos de Cristo, não porque não possamos desviar o olhar, mas porque só nos resta isso. E
esse é o mistério do Evangelho, porque Deus nos humilha até o pó para graciosamente nos dar a vida
de Seu Filho em resgate por nós.
No entanto, nessa obra de regeneração, Deus havia de mirar no alvo certo. Deus sabe que
nenhuma das ações do homem poderiam ser boas – brilhar como luz – se não tomasse a principal
cidadela dominada pelo pecado: o coração. Como está escrito: "Porque do coração procedem os maus
pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias." (Mateus
15: 19).
Nenhuma área de nosso ser é tão conflituosa como o coração. Nenhuma tem as flores mais
belas e os espinhos mais afiados; nem tem os gestos singelos e a sede de sangue palpitando ao mesmo
tempo. Nele reside o melhor de nós, e nele encontramos o pior de nós. Como quartel general, é no
coração que encontramos o ponto mais estratégico de nossas vidas, todo o restante depende dele.
Por isso ninguém pode seguir o caminho de Deus sem antes entregar seu coração a Ele. É
condição sine qua non. Seguir os passos do Mestre não é uma obra mecânica, fruto do intelecto.
Quantos há que são cheios de conhecimento mecanicista, leem as Escrituras, mas não sentem arder
seus corações quando ouvem as suas palavras? Quantos há que podem até ter cedido a sua vida, mas
nunca cederam a sua alma?
Por isso o texto nos diz, como um pai a um filho ao qual gerou: “Dá-me, filho meu, o teu
coração...” para que se encha de luz, para que fluam de dentro dele “rios de água viva” (João 7: 38). E
uma vez pleno de Deus e dá luz do Espírito, acender-se-á a candeia em seus olhos para que veja e
“observem os meus caminhos”.
Deus nos gerou pela Sua palavra. O Evangelho gera no homem a consciência do pecado, a Cruz
gerou no homem nova vida. Só podemos entregar o coração a Deus se formos enxertados nessa nova
vida, se realmente somos nascidos de novo. O caminho só se abre a quem entrega seu coração, mesmo
que seja estreito, os olhos do regenerado encontram o caminho para a vida. Quando sentires teu coração
arder ao doce som do Evangelho, não tardes a crer que é a voz do Teu Senhor. Dá, ó filho de Deus, o
teu coração e teus olhos observarão a Cristo.