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HISTÓRICO DO SISTEMA CARCERÁRIO

O sistema carcerário passou por diversas transformações até os dias atuais. Em séculos
passados a justiça era atribuída aos deuses, tendo como base as Sagradas Escrituras e quem
representava essa justiça aqui na terra eram os sacerdotes, os quais faziam cumprir as penas.
Adiante, os responsáveis pelas penas passaram a ser os soberanos, que personificavam a figura
de legislador e julgador e a dispunham em acinte à sua vontade, e, hodiernamente ao Direito,
havendo a evolução de pecado à infração penal.

A prisão surgiu no fim do Século XVIII e princípio do Século XIX com o objetivo de servir
como peça de punição. A criação de uma nova legislação para definir o poder de punir como
uma função geral da sociedade, exercida da forma igual sobre todos os seus membros. Foucault
(1987) diz que a prisão se fundamenta na “privação de liberdade”, salientando que esta
liberdade é um bem pertencente a todos da mesma maneira, perdê-la tem, dessa maneira, o
mesmo preço para todos, “melhor que a multa, ela é o castigo”, permitindo a quantificação da
pena segundo a variável do tempo: “Retirando tempo do condenado, a prisão parece traduzir
concretamente a ideia de que a infração lesou, mais além da vitima a sociedade inteira”
(Foucault, 1987, p. 196).

Até o princípio do Século XIX, a prisão era utilizada unicamente como


um local de contenção de pessoas – uma detenção. Não havia
proposta de requalificar os presos (deputado Ademir Brunetto, 2008).

Além disso, a prisão possibilitou a contabilização dos castigos em dias, em meses, em


anos e estabeleceu equivalências quantitativas “delito-duração”, daí vem a expressão de que a
pessoa presa esta pagando sua dívida.

De acordo com Foucault (1987) a prisão também se fundamenta pelo papel de “aparelho
para transformar os indivíduos”, servindo desde os primórdios como uma:

[...] detenção legal [...] encarregada de um suplemento


corretivo, ou ainda uma empresa de modificação dos indivíduos
que a privação de liberdade permite fazer funcionar no sistema
legal. Em suma o encarceramento penal, desde o início do
século XIX, recobriu ao mesmo tempo a privação de liberdade e
a transformação técnica dos indivíduos. (Foucault, 1987, p. 250).
Ainda para Foucault (1987, p. 217) a prisão é menos recente do que se faz datar o
nascimento dos novos códigos. Ela se constitui fora do aparelho judiciário, quando se
elaboraram para a sociedade os processos para repartir os indivíduos. Na visão do autor, “A
forma geral de uma aparelhagem para tornar os indivíduos dóceis e uteis, por meio de um
trabalho preciso sobre seu corpo, criou a instituição prisão, antes que a lei o definisse como a
pena por excelência”.

AS prisões surgiram como forma de coerção para a sociedade, com a intenção de que os
indivíduos que passassem por ela se transformassem, obtendo reforma moral e social antes
mesmo do direito fazer dela sua principal pena.

A PENA E SEUS OBJETIVOS

A Constituição Federal dispõe no art. 5º, XLVII, “e”, que não haverá penas cruéis. E segue dizendo
no inciso XLIX que: É assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral”. Mas afinal
de contas, o que é a pena e qual o seu sentido?

No ensino de Masson (2008, p. 593), “Sansão penal é a resposta Estatal, no exercício do Ius
Puniendi e após o devido processo legal, ao responsável de um crime ou uma contravenção
penal”.

Assim, a pena é o resultado de uma prática que a lei definia como proibida e esta é executada
caso o julgamento seja desfavorável ao réu. Ainda na preleção de Masson,

Pena é a reação que uma comunidade politicamente organizada


opõe a um fato que viola uma das normas fundamentais da sua
estrutura e, assim, é definido na lei como crime. Como reação
contra o crime, isto é, contra uma grave transgressão das
normas de convivência, ela aparece com os primeiros agregados
humanos. (Masson, 2008, p. 594).

Mas o grande problema não está na definição do que seja pena, e sim no sentido que ela carrega,
sua função. Com a crescente violência e sensação de insegurança, a pena se torna o ópio que
acalma o cidadão “de bem”. Para este, o bandido bom, geralmente é o bandido morto e/ou
esquecido numa cela dentro da cadeia. Este pensamento, tão vivo na sociedade atual, atenta
contra o princípio da dignidade humana, um dos direitos fundamentais e humanos que são
garantidos pela Constituição e pelos Tratados e Convenções internacionais.
Lutar por estes fundamentos e estas âncoras sociais – a fim de que a sociedade não incorpore e
legitime a barbárie – é função do Direito em cumprimento do artigo 1º da Lei Maior, que desta
forma versa:

Art. 1º - A República Federativa do Brasil, formada pela união


indissolúvel dos Estados e Município e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito, e tem como
fundamento:

III – a dignidade da pessoa humana.

Na lição de Da Silva (2002, p. 146), “ a dignidade da pessoa humana não é uma criação
constitucional, pois ela é um desse conceitos a priori, um dado preexistente a toda experiência
especulativa, tal como a própria pessoa humana”. De acordo com o art. 10 do Pacto
Internacional sobre Direitos Civis e Políticos: “1. Toda pessoa privada de sua liberdade deverá
ser tratada com humanidade e respeito à dignidade inerente a pessoa humana; (...) 3. O regime
penitenciário num tratamento cujo o objetivo principal seja a reforma e a reabilitação moral dos
prisioneiros”, percebe-se então, que garantir a dignidade das pessoas é obrigação de um Estado
Democrático e é por esta razão que o sentido da pena não deve ser o de punir, mas o de corrigir.
Não punir, mas ressocializar o indivíduo. Esta sim, é a função e meta da pena. É neste caminho,
no intuito de garantir a dignidade humana, que Roxin sentencia que:

Servindo a pena exclusivamente para fins racionais e devendo


possibilitar a vida humana em comum e sem perigos, a execução
da pena apenas se justifica se prosseguir essa meta na medida
do possível, isto é, tendo como conteúdo a reintegração do
delinquente na comunidade. Assim, apenas se tem em conta
uma execução ressocializadora. (Roxin, 1986, p. 40).

Considerando o disposto no art. 1º da Lei de Execução Penal, o qual versa que “A execução penal
tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar
condições para a harmônica integração social do condenado e do internado”, tem-se que o
outro escopo apontado pela lei é promover a ressocialização do condenado. Desta forma,
Gomes (2013) conclui:

No momento da sentença, como se vê, a pena deve ser aplicada


com o sentido retributivo e preventivo. No momento da
execução, firmou-se a orientação primordial da integração
social (prevenção especial). De qualquer modo, o sentido da
pena em um determinado momento (da sentença) não se exclui
quando ela passa para a fase seguinte (executiva). (Disponível
em http://jus.com.br/2013).

A falta de políticas públicas faz com que a reintegração se faça cada dia menos realizável, nunca
alcançado, nem de perto, o que se espera. É no sentido de mudar esta realidade que este
assunto sempre deve estar presente nos debates, criando tensão e gerando reflexão.

O PERFIL DO PRESO NO CÁRCERE E A AUSÊNCIA DO ESTADO

Ao falar em perfil o que se entende são os traços físicos de uma pessoa observada de lado.
Hodiernamente é notório que a criminalidade cresce a cada dia, a passos muito rápidos. Sair e
voltar para casa tem sido uma questão de sobrevivência.

De um lado a população que trabalha, estuda, se movimenta em várias áreas da sociedade, do


outro uma população que tem crescido de maneira assustadora, vivendo à margem da
sociedade, sem a atenção das políticas públicas e como seres invisíveis aos olhos do poder
público, que entra no mundo do crime como se fosse o escape do meio social em que vive.

De acordo com a teoria desenvolvida por Lombroso (2013, p. 197), o indivíduo se tornaria mais
propenso ao crime de acordo com suas características físicas, mentais e, até mesmo as
condições anatômicas do seu corpo, teoria esta que mais tarde não foi aceita.

Mas o perfil de um criminoso está muito além da “cara”. Existem diversos fatores como o
psicológico, social, etário, escolar etc. Lima (2010), publicou que em uma pesquisa realizada em
São Paulo em 2008, pelo Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN), órgão ligado ao
Ministério da Justiça, “a população carcerária é formada por jovens, pobres, homens com baixo
nível de escolaridade”. (Disponível em: Agencia Brasil, 2013).

Homens e mulheres que são levados ao cárcere possuem cada um à sua história de vida, famílias
e culturas diferentes, porém quando caem no cárcere aprendem a sobreviver de acordo com as
regras do presídio. Dráuzio Varela (1999, p. 10) diz que “No mundo do crime palavra empenhada
tem mais força do que o exército”, ou seja norma dada é norma cumprida.

Outro perfil observado é o de jovens, até mesmo homens em fase adulta, que estão fora da vida
econômica, ou seja, sem trabalho, sem oportunidade dentro da sociedade, sem educação de
qualidade e que, por conta da falta de emprego e dinheiro, acabam sendo seduzidos pelo crime
e invertendo os valores sobre o que é correto, errado, justo ou injusto. Os únicos valores que o
criminoso dentro do cárcere passa a agregar, são os valores do mundo do crime e, ao
conhecerem essa realidade, passam por um processo chamado de prisionalização (FARIAS
JUNIOR, 1996, p. 310), justamente pela ausência do Estado no sistema carcerário.

A prisionalização é um processo aplicado de forma coercitiva ao preso, ou seja, o recluso tende


a esquecer o seu próprio modo de vida e adapta-se as regras, costumes e ao perfil do sistema
carcerário, pois não vê outro meio de sobreviver dentro da prisão. É uma espécie de poder
paralelo a moral e aos bons costumes. Adotando este perfil, dá-se a impressão de que o preso
esteja regenerando-se, porém, o que realmente ocorre é uma adaptação ao convívio prisional.

A ressocialização não está relacionada ao comportamento do preso dentro do sistema


carcerário e sim a sua vida como egresso e como será seu comportamento dentro do convívio
social, qual o valor levará para a vida em sociedade.

A sociedade clama por punição, buscando o cumprimento da justiça através de penas mais
duras, acreditando que esse caminho é o mais correto, esquecendo-se de que um dia os
condenados sairão da prisão e voltarão ao meio social, não se preocupando de que maneira eles
se comportarão perante a sociedade.

A busca por justiça é incessante, Kelsen, no livro “ O que é Justiça? ”, já dizia que “O anseio por
justiça é o eterno anseio do homem por felicidade” (KELSEN, 1997, p. 02), ou seja, a justiça tem
a ver com a felicidade, não só a felicidade individual, mais a felicidade coletiva e, esta felicidade
está relacionada à ordem social, ao agir de cada cidadão que faz parte da sociedade.

O tratamento digno dentro do sistema carcerário e a ressocialização seriam o cumprimento da


justiça para os condenados e egressos que apenas são jogados dentro de uma cela, amontoados,
sem nenhuma perspectiva, trazendo consequências negativas para a sociedade, suas famílias e
para os próprios egressos, uma vez que ao retornar ao convívio social o seu perfil ganhará um
novo status: o de ex presidiário, à margem da sociedade, esquecidos pelas políticas públicas,
pois o Estado se mantém ausente diante de tal situação.

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