Sylvana Ribeiro
Gostou?
0
Casos de liberdade Provisória com ou sem Fiança a luz do Direito Penal e Processual
Penal.
Quando se fala nos institutos da liberdade provisória e da fiança existem muitas dúvidas
em relação a sua aplicação prática. Isso porque o Código de Processo Penal não é
expresso a respeito de sua aplicação, ou seja, não diz quais os crimes que admitem
fiança e/ou liberdade provisória, mas sim quais não admitem. Então, a interpretação dos
institutos deve ser feita “a contrario sensu” e, à luz da ausência dos requisitos dos art.
311 e 312 do CPP, que permitem a prisão preventiva dos indiciados, o que torna mais
difícil seu entendimento.
Bom, a princípio qualquer crime admite liberdade provisória sem fiança. Isto porque
deve prevalecer o Princípio Constitucional da Inocência que diz que ninguém é culpado
até que seja condenado por uma sentença penal condenatória transitada em julgado,
então, a regra é a liberdade e deve ser respeitada sempre. Ademais, a liberdade
provisória sem fiança somente pode ser concedida pela autoridade judicial, desde que
fundamentada nos casos do art. 310 do CPP (casos de exclusão de ilicitude - art.23 CP)
e seu §único que remete aos requisitos do art.311 e 312 do CPP. Assim, o juiz pode
conceder liberdade provisória, a qualquer criminoso, independentemente do crime
cometido, desde que a decisão seja fundamentada na lei. Afinal, em tese, não existe
crime insuscetível de liberdade provisória sem fiança, o que existem são circunstâncias
pessoais do acusado, que serão analisadas em cada caso concreto pelo juiz, e que podem
torná-lo insuscetível de liberdade provisória.
Já a liberdade provisória com fiança é diferente. Isto por que existem crimes
inafiançáveis, por expressa determinação legal, e crimes afiançáveis. Assim, a depender
do crime, pode ser concedida liberdade provisória com fiança, até mesmo pela
autoridade policial. Já para os crimes inafiançáveis não se pode conceder fiança, nem
mesmo pelo juiz, ou seja, caso haja necessidade de libertar o réu, a autoridade judicial
deverá fazê-lo sem, no entanto, arbitrar qualquer fiança. Ista é a regra.
Mas quais são os casos de liberdade provisória com fiança? A princípio todos os crimes
que forem apenados com detenção, independentemente do tamanho da pena, ou com
prisão simples, admitem fiança. Também, admitem fiança todos os crimes cuja pena
mínima cominada for de reclusão, desde que seja menor que 2 anos. A contrario sensu,
todos os crimes apenados com reclusão, cuja pena mínima seja igual ou maior que 2
anos, não admitem fiança, embora sejam suscetíveis de liberdade provisória sem fiança.
Os crimes hediondos, o tráfico de drogas, a tortura e o racismo, não admitem fiança. Os
crimes tributários e os crimes contra o sistema financeiro, mesmo que punidos com
detenção, também não admitem fiança. Assim, os crimes que não admitem fiança são os
mais graves e, apesar da gravidade, a liberdade provisória sem fiança poderá ser
concedida pela autoridade judicial, nos casos em que assim a lei o permitir. E a lei aqui
deve ser considerada como um todo, ou seja, a Lei Penal em harmonia com a Lei
Processual Penal e a Constituição Federal.
Por último, não se pode falar em liberdade provisória em caso de decretação de prisão
cautelar (provisória ou preventiva) pela incompatibilidade natural dos institutos.
Portanto, em caso de ilegalidade de prisão cautelar, caberá, tão-somente, relaxamento da
prisão pelo juiz (de ofício), ou até mesmo a concessão de Habeas Corpus, a depender do
caso concreto.
https://jus.com.br/artigos/36270/da-liberdade-provisoria-com-ou-sem-fianca
SOBRE AS NOVAS REGRAS PARA A FIANÇA CRIMINAL
DA DEVOLUÇÃO DOS BENS E VALORES DADOS COMO
FIANÇA
http://www.mpgo.mp.br/portal/system/resources/W1siZiIsIjIwMTMvMDQvMTkvMTRfMzVfN
DRfNDc4X1NvYnJlX2FzX25vdmFzX3JlZ3Jhc19wYXJhX2FfZmlhblx1MDBlN2FfY3JpbWluYWxfZGFf
ZGV2b2x1XHUwMGU3XHUwMGUzb19kb3NfYmVuc19lX3ZhbG9yZXNfZGFkb3NfY29tb19maWF
uXHUwMGU3YS5wZGYiXV0/Sobre%20as%20novas%20regras%20para%20a%20fian%C3%A7a
%20criminal%20da%20devolu%C3%A7%C3%A3o%20dos%20bens%20e%20valores%20dados%
20como%20fian%C3%A7a.pdf