LÍNGUA PORTUGUESA
1 Compreensão de texto escrito em língua inglesa. 2 Itens gramaticais relevantes para a compreensão dos conteúdos
semânticos.....................................................................................................................................................................................01
1 Compreensão de texto escrito em língua espanhola. 2 Itens gramaticais relevantes para a compreensão dos conteúdos
semânticos.....................................................................................................................................................................................01
Didatismo e Conhecimento
Índice
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
CIÊNCIAS SOCIAIS
Didatismo e Conhecimento
SAC
Atenção
SAC
Dúvidas de Matéria
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Artigo
O conteúdo do artigo abaixo é de responsabilidade do autor William Douglas, autorizado gentilmente e sem cláusula
de exclusividade, para uso do Grupo Nova.
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Todo mundo já se pegou estudando sem a menor concentração, pensando nos momentos de lazer, como também já deixou de
aproveitar as horas de descanso por causa de um sentimento de culpa ou mesmo remorso, porque deveria estar estudando.
Fazer uma coisa e pensar em outra causa desconcentração, estresse e perda de rendimento no estudo ou trabalho. Além da
perda de prazer nas horas de descanso.
Em diversas pesquisas que realizei durante palestras e seminários pelo país, constatei que os três problemas mais comuns de
quem quer vencer na vida são:
• medo do insucesso (gerando ansiedade, insegurança),
• falta de tempo e
• “competição” entre o estudo ou trabalho e o lazer.
*William Douglas é juiz federal, professor universitário, palestrante e autor de mais de 30 obras, dentre elas o best-seller
“Como passar em provas e concursos” . Passou em 9 concursos, sendo 5 em 1º Lugar
www.williamdouglas.com.br
Conteúdo cedido gratuitamente, pelo autor, com finalidade de auxiliar os candidatos.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Interpretar X compreender
1 COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO
DE TEXTOS DE GÊNEROS VARIADOS. Interpretar significa
- Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.
- Através do texto, infere-se que...
- É possível deduzir que...
- O autor permite concluir que...
É muito comum, entre os candidatos a um cargo público, a preo- - Qual é a intenção do autor ao afirmar que...
cupação com a interpretação de textos. Por isso, vão aqui alguns
detalhes que poderão ajudar no momento de responder às questões Compreender significa
relacionadas a textos. - intelecção, entendimento, atenção ao que realmente está escrito.
- o texto diz que...
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacionadas entre - é sugerido pelo autor que...
si, formando um todo significativo capaz de produzir interação comu-
- de acordo com o texto, é correta ou errada a afirmação...
nicativa (capacidade de codificar e decodificar ).
- o narrador afirma...
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. Em cada
Erros de interpretação
uma delas, há uma certa informação que a faz ligar-se com a anterior
e/ou com a posterior, criando condições para a estruturação do con-
teúdo a ser transmitido. A essa interligação dá-se o nome de contexto. É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência de erros de
Nota-se que o relacionamento entre as frases é tão grande que, se uma interpretação. Os mais frequentes são:
frase for retirada de seu contexto original e analisada separadamente, - Extrapolação (viagem): Ocorre quando se sai do contexto,
poderá ter um significado diferente daquele inicial. acrescentado ideias que não estão no texto, quer por conhecimento
prévio do tema quer pela imaginação.
Intertexto - comumente, os textos apresentam referências diretas
ou indiretas a outros autores através de citações. Esse tipo de recurso - Redução: É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas a
denomina-se intertexto. um aspecto, esquecendo que um texto é um conjunto de ideias, o que
pode ser insuficiente para o total do entendimento do tema desenvol-
Interpretação de texto - o primeiro objetivo de uma interpretação vido.
de um texto é a identificação de sua ideia principal. A partir daí, locali-
zam-se as ideias secundárias, ou fundamentações, as argumentações, - Contradição: Não raro, o texto apresenta ideias contrárias às do
ou explicações, que levem ao esclarecimento das questões apresenta- candidato, fazendo-o tirar conclusões equivocadas e, consequente-
das na prova. mente, errando a questão.
Normalmente, numa prova, o candidato é convidado a: Observação - Muitos pensam que há a ótica do escritor e a ótica
do leitor. Pode ser que existam, mas numa prova de concurso, o que
- Identificar – é reconhecer os elementos fundamentais de uma deve ser levado em consideração é o que o autor diz e nada mais.
argumentação, de um processo, de uma época (neste caso, procuram-
se os verbos e os advérbios, os quais definem o tempo). Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que relaciona pa-
- Comparar – é descobrir as relações de semelhança ou de dife- lavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si. Em outras palavras, a
renças entre as situações do texto. coesão dá-se quando, através de um pronome relativo, uma conjunção
- Comentar - é relacionar o conteúdo apresentado com uma rea- (NEXOS), ou um pronome oblíquo átono, há uma relação correta en-
lidade, opinando a respeito.
tre o que se vai dizer e o que já foi dito.
- Resumir – é concentrar as ideias centrais e/ou secundárias em
um só parágrafo.
OBSERVAÇÃO – São muitos os erros de coesão no dia-a-dia e,
- Parafrasear – é reescrever o texto com outras palavras.
entre eles, está o mau uso do pronome relativo e do pronome oblíquo
Condições básicas para interpretar átono. Este depende da regência do verbo; aquele do seu anteceden-
te. Não se pode esquecer também de que os pronomes relativos têm,
Fazem-se necessários: cada um, valor semântico, por isso a necessidade de adequação ao
- Conhecimento histórico–literário (escolas e gêneros literários, antecedente.
estrutura do texto), leitura e prática; Os pronomes relativos são muito importantes na interpretação de
- Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do texto) e se- texto, pois seu uso incorreto traz erros de coesão. Assim sendo, deve-
mântico; se levar em consideração que existe um pronome relativo adequado a
Observação – na semântica (significado das palavras) incluem-- cada circunstância, a saber:
se: homônimos e parônimos, denotação e conotação, sinonímia e an- - que (neutro) - relaciona-se com qualquer antecedente, mas de-
tonímia, polissemia, figuras de linguagem, entre outros. pende das condições da frase.
- Capacidade de observação e de síntese e - qual (neutro) idem ao anterior.
- Capacidade de raciocínio. - quem (pessoa)
Didatismo e Conhecimento 1
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- cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois o objeto 2-) (PREFEITURA DE SERTÃOZINHO – AGENTE COMU-
possuído. NITÁRIO DE SAÚDE – VUNESP/2012) De acordo com o poema,
- como (modo) é correto afirmar que
- onde (lugar) (A) não se deve ter amigos, pois criar laços de amizade é algo
quando (tempo) ruim.
quanto (montante) (B) amigo que não guarda segredos não merece respeito.
(C) o melhor amigo é aquele que não possui outros amigos.
Exemplo: (D) revelar segredos para o amigo pode ser arriscado.
Falou tudo QUANTO queria (correto) (E) entre amigos, não devem existir segredos.
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria apare-
cer o demonstrativo O ). 3-) (GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO – SE-
CRETARIA DE ESTADO DA JUSTIÇA – AGENTE PENITENCIÁ-
Dicas para melhorar a interpretação de textos RIO – VUNESP/2013) Leia o poema para responder à questão.
- Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto; Casamento
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a leitura;
- Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo menos Há mulheres que dizem:
duas vezes; Meu marido, se quiser pescar, pesque,
- Inferir; mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
- Voltar ao texto quantas vezes precisar;
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
- Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do autor;
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
- Fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor compreen-
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
são;
ele fala coisas como “este foi difícil”
- Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada questão; “prateou no ar dando rabanadas”
- O autor defende ideias e você deve percebê-las. e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
Fonte: atravessa a cozinha como um rio profundo.
http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portugues/como- Por fim, os peixes na travessa,
-interpretar-textos vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
QUESTÕES somos noivo e noiva.
(Adélia Prado, Poesia Reunida)
1-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU-
LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013) A ideia central do poema de Adélia Prado é mostrar que
O contexto em que se encontra a passagem – Se deixou de bajular (A) as mulheres que amam valorizam o cotidiano e não gostam que
os príncipes e princesas do século 19, passou a servir reis e rainhas os maridos frequentem pescarias, pois acham difícil limpar os peixes.
do 20 (2.º parágrafo) – leva a concluir, corretamente, que a menção a (B) o eu lírico do poema pertence ao grupo de mulheres que não
(A) príncipes e princesas constitui uma referência em sentido não gostam de limpar os peixes, embora valorizem os esbarrões de coto-
literal. velos na cozinha.
(B) reis e rainhas constitui uma referência em sentido não literal. (C) há mulheres casadas que não gostam de ficar sozinhas com
(C) príncipes, princesas, reis e rainhas constitui uma referência em seus maridos na cozinha, enquanto limpam os peixes.
sentido não literal. (D) as mulheres que amam valorizam os momentos mais simples
(D) príncipes, princesas, reis e rainhas constitui uma referência do cotidiano vividos com a pessoa amada.
em sentido literal. (E) o casamento exige levantar a qualquer hora da noite, para lim-
(E) reis e rainhas constitui uma referência em sentido literal. par, abrir e salgar o peixe.
Didatismo e Conhecimento 2
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visíveis aos olhos de quem é capaz de parar de viver para, apenas, b) carga.
ver. Quando se tem a marca da solidão na alma, o mundo cabe numa c) viatura.
fresta. d) foi.
e) desviada.
(SEIXAS, Heloísa. Contos mais que mínimos. Rio de Janeiro:
Tinta negra bazar, 2010. p. 47) 8-) (CORREIOS – CARTEIRO – CESPE/2011)
No texto, o substantivo usado para ressaltar o universo reduzido Um carteiro chega ao portão do hospício e grita:
no qual o menino detém sua atenção é — Carta para o 9.326!!!
(A) fresta. Um louco pega o envelope, abre-o e vê que a carta está em
(B) marca. branco, e um outro pergunta:
(C) alma. — Quem te mandou essa carta?
(D) solidão. — Minha irmã.
(E) penumbra.
— Mas por que não está escrito nada?
— Ah, porque nós brigamos e não estamos nos falando!
5-) (ANCINE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES-
Internet: <www.humortadela.com.br/piada> (com adaptações).
PE/2012)
O efeito surpresa e de humor que se extrai do texto acima de-
O riso é tão universal como a seriedade; ele abarca a totalidade
corre
do universo, toda a sociedade, a história, a concepção de mundo.
A) da identificação numérica atribuída ao louco.
É uma verdade que se diz sobre o mundo, que se estende a todas as
B) da expressão utilizada pelo carteiro ao entregar a carta no
coisas e à qual nada escapa. É, de alguma maneira, o aspecto festivo
hospício.
do mundo inteiro, em todos os seus níveis, uma espécie de segunda
C) do fato de outro louco querer saber quem enviou a carta.
revelação do mundo.
D) da explicação dada pelo louco para a carta em branco.
Mikhail Bakhtin. A cultura popular na Idade Média e o Renas- E) do fato de a irmã do louco ter brigado com ele.
cimento: o contexto de François Rabelais. São Paulo: Hucitec, 1987,
p. 73 (com adaptações). 9-) (CORREIOS – CARTEIRO – CESPE/2011)
Um homem se dirige à recepcionista de uma clínica:
Na linha 1, o elemento “ele” tem como referente textual “O — Por favor, quero falar com o dr. Pedro.
riso”. — O senhor tem hora?
(...) CERTO ( ) ERRADO O sujeito olha para o relógio e diz:
— Sim. São duas e meia.
6-) (ANEEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE/2010) — Não, não... Eu quero saber se o senhor é paciente.
Só agora, quase cinco meses depois do apagão que atingiu pelo — O que a senhora acha? Faz seis meses que ele não me paga
menos 1.800 cidades em 18 estados do país, surge uma explicação o aluguel do consultório...
oficial satisfatória para o corte abrupto e generalizado de energia Internet: <www.humortadela.com.br/piada> (com adaptações).
no final de 2009.
Segundo relatório da Agência Nacional de Energia Elétrica No texto acima, a recepcionista dirige-se duas vezes ao homem
(ANEEL), a responsabilidade recai sobre a empresa estatal Furnas, para saber se ele
cujas linhas de transmissão cruzam os mais de 900 km que separam A) verificou o horário de chegada e está sob os cuidados do dr.
Itaipu de São Paulo. Pedro.
Equipamentos obsoletos, falta de manutenção e de investimen- B) pode indicar-lhe as horas e decidiu esperar o pagamento do
tos e também erros operacionais conspiraram para produzir a mais aluguel.
séria falha do sistema de geração e distribuição de energia do país C) tem relógio e sabe esperar.
desde o traumático racionamento de 2001. D) marcou consulta e está calmo.
Folha de S.Paulo, Editorial, 30/3/2010 (com adaptações). E) marcou consulta para aquele dia e está sob os cuidados do
dr. Pedro.
Considerando os sentidos e as estruturas linguísticas do texto
acima apresentado, julgue os próximos itens. (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – TÉCNICO DA
A oração “que atingiu pelo menos 1.800 cidades em 18 estados FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010 - ADAPTADA) Atenção: As
do país” tem, nesse contexto, valor restritivo. questões de números 10 a 13 referem-se ao texto abaixo.
(...) CERTO ( ) ERRADO Liderança é uma palavra frequentemente associada a feitos e
realizações de grandes personagens da história e da vida social ou,
7-) (COLÉGIO PEDRO II/RJ – ASSISTENTE EM ADMINIS- então, a uma dimensão mágica, em que algumas poucas pessoas te-
TRAÇÃO – AOCP/2010) “A carga foi desviada e a viatura, com os riam habilidades inatas ou o dom de transformar-se em grandes lí-
vigilantes, abandonada em Pirituba, na zona norte de São Paulo.” deres, capazes de influenciar outras e, assim, obter e manter o poder.
Pela leitura do fragmento acima, é correto afirmar que, em sua Os estudos sobre o tema, no entanto, mostram que a maioria das
estrutura sintática, houve supressão da expressão pessoas pode tornar-se líder, ou pelo menos desenvolver considera-
a) vigilantes. velmente as suas capacidades de liderança.
Didatismo e Conhecimento 3
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Paulo Roberto Motta diz: “líderes são pessoas comuns que 12-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – TÉCNICO
aprendem habilidades comuns, mas que, no seu conjunto, formam DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010) O fenômeno da liderança
uma pessoa incomum”. De fato, são necessárias algumas habilida- só ocorre na inter-relação ... (4º parágrafo)
des, mas elas podem ser aprendidas tanto através das experiências da No contexto, inter-relação significa
vida, quanto da formação voltada para essa finalidade. (A) o respeito que os membros de uma equipe devem demonstrar
O fenômeno da liderança só ocorre na inter-relação; envolve ao acatar as decisões tomadas pelo líder, por resultarem em benefício
duas ou mais pessoas e a existência de necessidades para serem aten- de todo o grupo.
didas ou objetivos para serem alcançados, que requerem a interação (B) a igualdade entre os valores dos integrantes de um grupo de-
cooperativa dos membros envolvidos. Não pressupõe proximidade fí- vidamente orientado pelo líder e aqueles propostos pela organização a
sica ou temporal: pode-se ter a mente e/ou o comportamento influen- que prestam serviço.
ciado por um escritor ou por um líder religioso que nunca se viu ou (C) o trabalho que deverá sempre ser realizado em equipe, de
que viveu noutra época. [...] modo que os mais capacitados colaborem com os de menor capaci-
Se a legitimidade da liderança se baseia na aceitação do poder dade.
de influência do líder, implica dizer que parte desse poder encontra-se (D) a criação de interesses mútuos entre membros de uma equipe
no próprio grupo. É nessa premissa que se fundamenta a maioria das e de respeito às metas que devem ser alcançadas por todos.
teorias contemporâneas sobre liderança. 13-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – TÉCNICO
Daí definirem liderança como a arte de usar o poder que existe DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010) Não pressupõe proximidade
nas pessoas ou a arte de liderar as pessoas para fazerem o que se re- física ou temporal ... (4º parágrafo)
quer delas, da maneira mais efetiva e humana possível. [...] A afirmativa acima quer dizer, com outras palavras, que
(Augusta E.E.H. Barbosa do Amaral e Sandra Souza Pinto. Ges- (A) a presença física de um líder natural é fundamental para que
tão de pessoas, in Desenvolvimento gerencial na Administração públi- seus ensinamentos possam ser divulgados e aceitos.
ca do Estado de São Paulo, org. Lais Macedo de Oliveira e Maria Cris- (B) um líder verdadeiramente capaz é aquele que sempre se atuali-
tina Pinto Galvão, Secretaria de Gestão pública, São Paulo: Fundap, 2. za, adquirindo conhecimentos de fontes e de autores diversos.
ed., 2009, p. 290 e 292, com adaptações) (C) o aprendizado da liderança pode ser produtivo, mesmo se hou-
ver distância no tempo e no espaço entre aquele que influencia e aquele
10-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – TÉCNICO que é influenciado.
DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010) De acordo com o texto, (D) as influências recebidas devem ser bem analisadas e postas em
liderança prática em seu devido tempo e na ocasião mais propícia.
(A) é a habilidade de chefiar outras pessoas que não pode ser de-
senvolvida por aqueles que somente executam tarefas em seu ambiente 14-) (DETRAN/RN – VISTORIADOR/EMPLACADOR – FGV
de trabalho. PROJETOS/2010)
(B) é típica de épocas passadas, como qualidades de heróis da
história da humanidade, que realizaram grandes feitos e se tornaram Painel do leitor (Carta do leitor)
poderosos através deles. Resgate no Chile
(C) vem a ser a capacidade, que pode ser inata ou até mesmo ad-
quirida, de conseguir resultados desejáveis daqueles que constituem a Assisti ao maior espetáculo da Terra numa operação de salvamen-
equipe de trabalho. to de vidas, após 69 dias de permanência no fundo de uma mina de
(D) torna-se legítima se houver consenso em todos os grupos cobre e ouro no Chile.
quanto à escolha do líder e ao modo como ele irá mobilizar esses gru- Um a um os mineiros soterrados foram içados com sucesso, mos-
pos em torno de seus objetivos pessoais. trando muita calma, saúde, sorrindo e cumprimentando seus compa-
nheiros de trabalho. Não se pode esquecer a ajuda técnica e material
11-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – TÉCNICO que os Estados Unidos, Canadá e China ofereceram à equipe chilena
DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010) O texto deixa claro que de salvamento, num gesto humanitário que só enobrece esses países. E,
(A) a importância do líder baseia-se na valorização de todo o gru- também, dos dois médicos e dois “socorristas” que, demonstrando co-
po em torno da realização de um objetivo comum. ragem e desprendimento, desceram na mina para ajudar no salvamento.
(B) o líder é o elemento essencial dentro de uma organização, pois (Douglas Jorge; São Paulo, SP; www.folha.com.br – painel do lei-
sem ele não se poderá atingir qualquer meta ou objetivo. tor – 17/10/2010)
(C) pode não haver condições de liderança em algumas equipes,
caso não se estabeleçam atividades específicas para cada um de seus Considerando o tipo textual apresentado, algumas expressões de-
membros. monstram o posicionamento pessoal do leitor diante do fato por ele nar-
(D) a liderança é um dom que independe da participação dos com- rado. Tais marcas textuais podem ser encontradas nos trechos a seguir,
ponentes de uma equipe em um ambiente de trabalho. EXCETO:
A) “Assisti ao maior espetáculo da Terra...”
B) “... após 69 dias de permanência no fundo de uma mina de cobre
e ouro no Chile.”
C) “Não se pode esquecer a ajuda técnica e material...”
D) “... gesto humanitário que só enobrece esses países.”
E) “... demonstrando coragem e desprendimento, desceram na
mina...”
Didatismo e Conhecimento 4
LÍNGUA PORTUGUESA
(DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO – VU- 18-) (POLÍCIA MILITAR/TO – SOLDADO – CONSUL-
NESP/2013 - ADAPTADA) Leia o texto para responder às questões de PLAN/2013 - ADAPTADA) Texto para responder à questão.
números 15 a 17.
5-)
Vamos ao texto: O riso é tão universal como a seriedade; ele
abarca a totalidade do universo (...). Os termos relacionam-se. O
pronome “ele” retoma o sujeito “riso”.
RESPOSTA: “CERTO”.
Didatismo e Conhecimento 5
LÍNGUA PORTUGUESA
6-) 13-)
Voltemos ao texto: “depois do apagão que atingiu pelo menos Não pressupõe proximidade física ou temporal = o aprendi-
1.800 cidades”. O “que” pode ser substituído por “o qual”, portan- zado da liderança pode ser produtivo, mesmo se houver distância
to, trata-se de um pronome relativo (oração subordinada adjetiva). no tempo e no espaço entre aquele que influencia e aquele que é
Quando há presença de vírgula, temos uma adjetiva explicativa influenciado.
(generaliza a informação da oração principal. A construção seria:
“do apagão, que atingiu pelo menos 1800 cidades em 18 estados RESPOSTA: “C”.
do país”); quando não há, temos uma adjetiva restritiva (restringe,
delimita a informação – como no caso do exercício). 14-)
Em todas as alternativas há expressões que representam a opi-
RESPOSTA: “CERTO’. nião do autor: Assisti ao maior espetáculo da Terra / Não se pode
esquecer / gesto humanitário que só enobrece / demonstrando co-
7-) ragem e desprendimento.
“A carga foi desviada e a viatura, com os vigilantes, abando-
nada em Pirituba, na zona norte de São Paulo.” Trata-se da figura RESPOSTA: “B”.
de linguagem (de construção ou sintaxe) “zeugma”, que consis-
te na omissão de um termo já citado anteriormente (diferente da 15-)
elipse, que o termo não é citado, mas facilmente identificado). No “pensando nas suas estradas – barreiras, pedras soltas, fissuras
enunciado temos a narração de que a carga foi desviada e de que a – sem falar em bandidos, milhões de bandidos entre as fissuras, as
viatura foi abandonada. pedras soltas e as barreiras...” = pensar nessas coisas, certamente,
deixa-os apreensivos.
RESPOSTA: “D”.
RESPOSTA: “C”.
8-)
Geralmente o efeito de humor desses gêneros textuais aparece 16-)
no desfecho da história, ao final, como nesse: “Ah, porque nós Eu vou para a Ilha do Nanja para sair daqui = resposta da
brigamos e não estamos nos falando”. própria autora!
Didatismo e Conhecimento 6
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- expõe um fato, relaciona mudanças de situação, aponta an- Texto Injuntivo/Instrucional - indica como realizar uma
tes, durante e depois dos acontecimentos (geralmente); ação. Também é utilizado para predizer acontecimentos e com-
- é um tipo de texto sequencial; portamentos. Utiliza linguagem objetiva e simples. Os verbos são,
- relato de fatos; na sua maioria, empregados no modo imperativo, porém nota-se
- presença de narrador, personagens, enredo, cenário, tempo; também o uso do infinitivo e o uso do futuro do presente do modo
- apresentação de um conflito; indicativo. Ex: Previsões do tempo, receitas culinárias, manuais,
- uso de verbos de ação; leis, bula de remédio, convenções, regras e eventos.
- geralmente, é mesclada de descrições;
- o diálogo direto é frequente. Narração
Texto Descritivo - um texto em que se faz um retrato por es- A Narração é um tipo de texto que relata uma história real,
crito de um lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto. A classe fictícia ou mescla dados reais e imaginários. O texto narrativo
de palavras mais utilizada nessa produção é o adjetivo, pela sua apresenta personagens que atuam em um tempo e em um espaço,
função caracterizadora. Numa abordagem mais abstrata, pode-se organizados por uma narração feita por um narrador. É uma série
até descrever sensações ou sentimentos. Não há relação de anterio- de fatos situados em um espaço e no tempo, tendo mudança de um
ridade e posterioridade. É fazer uma descrição minuciosa do obje- estado para outro, segundo relações de sequencialidade e causali-
to ou da personagem a que o texto refere. Nessa espécie textual as dade, e não simultâneos como na descrição. Expressa as relações
coisas acontecem ao mesmo tempo. entre os indivíduos, os conflitos e as ligações afetivas entre esses
- expõe características dos seres ou das coisas, apresenta uma indivíduos e o mundo, utilizando situações que contêm essa vi-
visão; vência.
- é um tipo de texto figurativo; Todas as vezes que uma história é contada (é narrada), o narra-
- retrato de pessoas, ambientes, objetos; dor acaba sempre contando onde, quando, como e com quem ocor-
- predomínio de atributos; reu o episódio. É por isso que numa narração predomina a ação: o
- uso de verbos de ligação; texto narrativo é um conjunto de ações; assim sendo, a maioria dos
- frequente emprego de metáforas, comparações e outras verbos que compõem esse tipo de texto são os verbos de ação. O
figuras de linguagem; conjunto de ações que compõem o texto narrativo, ou seja, a his-
- tem como resultado a imagem física ou psicológica. tória que é contada nesse tipo de texto recebe o nome de enredo.
As ações contidas no texto narrativo são praticadas pelas per-
Texto Dissertativo - a dissertação é um texto que analisa, in- sonagens, que são justamente as pessoas envolvidas no episódio
terpreta, explica e avalia dados da realidade. Esse tipo textual re- que está sendo contado. As personagens são identificadas (nomea-
quer reflexão, pois as opiniões sobre os fatos e a postura crítica em das) no texto narrativo pelos substantivos próprios.
relação ao que se discute têm grande importância. O texto disserta- Quando o narrador conta um episódio, às vezes (mesmo sem
tivo é temático, pois trata de análises e interpretações; o tempo ex- querer) ele acaba contando “onde” (em que lugar) as ações do
plorado é o presente no seu valor atemporal; é constituído por uma enredo foram realizadas pelas personagens. O lugar onde ocorre
introdução onde o assunto a ser discutido é apresentado, seguido uma ação ou ações é chamado de espaço, representado no texto
por uma argumentação que caracteriza o ponto de vista do autor pelos advérbios de lugar.
sobre o assunto em evidência. Nesse tipo de texto a expressão das Além de contar onde, o narrador também pode esclarecer
ideias, valores, crenças são claras, evidentes, pois é um tipo de “quando” ocorreram as ações da história. Esse elemento da narra-
texto que propõe a reflexão, o debate de ideias. A linguagem ex- tiva é o tempo, representado no texto narrativo através dos tempos
plorada é a denotativa, embora o uso da conotação possa marcar verbais, mas principalmente pelos advérbios de tempo. É o tempo
um estilo pessoal. A objetividade é um fator importante, pois dá que ordena as ações no texto narrativo: é ele que indica ao leitor
ao texto um valor universal, por isso geralmente o enunciador não “como” o fato narrado aconteceu.
aparece porque o mais importante é o assunto em questão e não A história contada, por isso, passa por uma introdução (parte
quem fala dele. A ausência do emissor é importante para que a inicial da história, também chamada de prólogo), pelo desenvolvi-
ideia defendida torne algo partilhado entre muitas pessoas, sendo mento do enredo (é a história propriamente dita, o meio, o “miolo”
admitido o emprego da 1ª pessoa do plural - nós, pois esse não da narrativa, também chamada de trama) e termina com a conclu-
descaracteriza o discurso dissertativo. são da história (é o final ou epílogo). Aquele que conta a história
- expõe um tema, explica, avalia, classifica, analisa; é o narrador, que pode ser pessoal (narra em 1ª pessoa: Eu...) ou
- é um tipo de texto argumentativo. impessoal (narra em 3ª pessoa: Ele...).
- defesa de um argumento: apresentação de uma tese que será Assim, o texto narrativo é sempre estruturado por verbos de
defendida; desenvolvimento ou argumentação; fechamento; ação, por advérbios de tempo, por advérbios de lugar e pelos subs-
- predomínio da linguagem objetiva; tantivos que nomeiam as personagens, que são os agentes do texto,
- prevalece a denotação. ou seja, aquelas pessoas que fazem as ações expressas pelos ver-
bos, formando uma rede: a própria história contada.
Texto Argumentativo - esse texto tem a função de persuadir o Tudo na narrativa depende do narrador, da voz que conta a
leitor, convencendo-o de aceitar uma ideia imposta pelo texto. É o história.
tipo textual mais presente em manifestos e cartas abertas, e quando
também mostra fatos para embasar a argumentação, se torna um
texto dissertativo-argumentativo.
Didatismo e Conhecimento 7
LÍNGUA PORTUGUESA
Elementos Estruturais (I): era estar debaixo do fogão” implica a volta à situação anterior;
“não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas” dá a entender
- Enredo: desenrolar dos acontecimentos. que o menino passava de uma situação de não ser terno com o
- Personagens: são seres que se movimentam, se relacionam animalzinho para uma situação de ser; no último verso tem-se a
e dão lugar à trama que se estabelece na ação. Revelam-se por passagem da situação de não ter namorada para a de ter.
meio de características físicas ou psicológicas. Os personagens Verifica-se, pois, que nesse texto há um grande conjunto de
podem ser lineares (previsíveis), complexos, tipos sociais (traba- mudanças de situação. É isso que define o que se chama o compo-
lhador, estudante, burguês etc.) ou tipos humanos (o medroso, o nente narrativo do texto, ou seja, narrativa é uma mudança de es-
tímido, o avarento etc.), heróis ou anti-heróis, protagonistas ou tado pela ação de alguma personagem, é uma transformação de si-
antagonistas. tuação. Mesmo que essa personagem não apareça no texto, ela está
- Narrador: é quem conta a história. logicamente implícita. Assim, por exemplo, se o menino ganhou
- Espaço: local da ação. Pode ser físico ou psicológico. um porquinho-da-índia, é porque alguém lhe deu o animalzinho.
- Tempo: época em que se passa a ação. Cronológico: o tem- Assim, há basicamente, dois tipos de mudança: aquele em que al-
po convencional (horas, dias, meses); Psicológico: o tempo inte- guém recebe alguma coisa (o menino passou a ter o porquinho-da
rior, subjetivo. índia) e aquele alguém perde alguma coisa (o porquinho perdia, a
cada vez que o menino o levava para outro lugar, o espaço confor-
Elementos Estruturais (II): tável de debaixo do fogão). Assim, temos dois tipos de narrativas:
de aquisição e de privação.
Personagens - Quem? Protagonista/Antagonista
Acontecimento - O quê? Fato Existem três tipos de foco narrativo:
Tempo - Quando? Época em que ocorreu o fato
Espaço - Onde? Lugar onde ocorreu o fato - Narrador-personagem: é aquele que conta a história na
Modo - Como? De que forma ocorreu o fato qual é participante. Nesse caso ele é narrador e personagem ao
Causa - Por quê? Motivo pelo qual ocorreu o fato mesmo tempo, a história é contada em 1ª pessoa.
Resultado - previsível ou imprevisível. - Narrador-observador: é aquele que conta a história como
Final - Fechado ou Aberto. alguém que observa tudo que acontece e transmite ao leitor, a his-
tória é contada em 3ª pessoa.
Esses elementos estruturais combinam-se e articulam-se de - Narrador-onisciente: é o que sabe tudo sobre o enredo e as
tal forma, que não é possível compreendê-los isoladamente, como personagens, revelando seus pensamentos e sentimentos íntimos.
simples exemplos de uma narração. Há uma relação de implica- Narra em 3ª pessoa e sua voz, muitas vezes, aparece misturada
ção mútua entre eles, para garantir coerência e verossimilhança com pensamentos dos personagens (discurso indireto livre).
à história narrada. Quanto aos elementos da narrativa, esses não Estrutura:
estão, obrigatoriamente sempre presentes no discurso, exceto as
personagens ou o fato a ser narrado. - Apresentação: é a parte do texto em que são apresentados
alguns personagens e expostas algumas circunstâncias da história,
Exemplo: como o momento e o lugar onde a ação se desenvolverá.
- Complicação: é a parte do texto em que se inicia propria-
Porquinho-da-índia mente a ação. Encadeados, os episódios se sucedem, conduzindo
Quando eu tinha seis anos ao clímax.
Ganhei um porquinho-da-índía. - Clímax: é o ponto da narrativa em que a ação atinge seu
Que dor de coração me dava momento crítico, tornando o desfecho inevitável.
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão! - Desfecho: é a solução do conflito produzido pelas ações dos
Levava ele pra sala personagens.
Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
Ele não gostava: Tipos de Personagens:
Queria era estar debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas... Os personagens têm muita importância na construção de um
- O meu porquinho-da-índia foi a minha primeira namorada. texto narrativo, são elementos vitais. Podem ser principais ou se-
cundários, conforme o papel que desempenham no enredo, po-
Manuel Bandeira. Estrela da vida inteira. 4ª ed. dem ser apresentados direta ou indiretamente.
Rio de Janeiro, José Olympio, 1973, pág. 110. A apresentação direta acontece quando o personagem aparece
de forma clara no texto, retratando suas características físicas e/ou
Observe que, no texto acima, há um conjunto de transforma- psicológicas, já a apresentação indireta se dá quando os persona-
ções de situação: ganhar um porquinho-da-índia é passar da situa- gens aparecem aos poucos e o leitor vai construindo a sua imagem
ção de não ter o animalzinho para a de tê-lo; levá-lo para a sala com o desenrolar do enredo, ou seja, a partir de suas ações, do que
ou para outros lugares é passar da situação de ele estar debaixo do ela vai fazendo e do modo como vai fazendo.
fogão para a de estar em outros lugares; ele não gostava: “queria
Didatismo e Conhecimento 8
LÍNGUA PORTUGUESA
- Em 1ª pessoa: __ Duzentos e vinte.
O preto concentra-se, aritmético, e confirma o pedido.
Personagem Principal: há um “eu” participante que conta a __Que tal o pão com molho? – sugere o rapaz.
história e é o protagonista. Exemplo: __ Como?
__ Passar o pão no molho da almôndega. Fica muito mais gos-
“Parei na varanda, ia tonto, atordoado, as pernas bambas, o toso.
coração parecendo querer sair-me pela boca fora. Não me atrevia a O homem olha para os meninos.
descer à chácara, e passar ao quintal vizinho. Comecei a andar de __ O preço é o mesmo – informa o rapaz.
um lado para outro, estacando para amparar-me, e andava outra vez __ Está certo.
e estacava.” Os três sentam-se numa das mesas, de forma canhestra, como
(Machado de Assis. Dom Casmurro) se o estivessem fazendo pela primeira vez na vida.
O rapaz de cabeça pelada traz as bebidas e os copos e, em se-
Observador: é como se dissesse: É verdade, pode acreditar, eu guida, num pratinho, os dois pães com meia almôndega cada um.
estava lá e vi. Exemplo: O homem e (mais do que ele) os meninos olham para dentro dos
pães, enquanto o rapaz cúmplice se retira.
“Batia nos noventa anos o corpo magro, mas sempre teso do Os meninos aguardam que a mão adulta leve solene o copo de
Jango Jorge, um que foi capitão duma maloca de contrabandista cerveja até a boca, depois cada um prova o seu guaraná e morde o
que fez cancha nos banhados do Ibirocaí. primeiro bocado do pão.
Esse gaúcho desabotinado levou a existência inteira a cruzar os O homem toma a cerveja em pequenos goles, observando cri-
campos da fronteira; à luz do Sol, no desmaiado da Lua, na escuri- teriosamente o menino mais velho e o menino mais novo absorvi-
dão das noites, na cerração das madrugadas...; ainda que chovesse dos com o sanduíche e a bebida.
reiúnos acolherados ou que ventasse como por alma de padre, nun- Eles não têm pressa. O grande homem e seus dois meninos.
ca errou vau, nunca perdeu atalho, nunca desandou cruzada!... E permanecem para sempre, humanos e indestrutíveis, sentados
(...) naquela mesa.
Aqui há poucos – coitado! – pousei no arranchamento dele. (Wander Piroli)
Casado ou doutro jeito, afamilhado. Não no víamos desde muito
tempo. (...) Tipos de Discurso:
Fiquei verdeando, à espera, e fui dando um ajutório na matança
dos leitões e no tiramento dos assados com couro. Discurso Direto: o narrador passa a palavra diretamente para
(J. Simões Lopes Neto – Contrabandista) o personagem, sem a sua interferência. Exemplo:
Onisciente: não há um eu que conta; é uma terceira pessoa. __ Vexame de incomodar o doutor (a mão trêmula na boca).
Exemplo: Veja, doutor, este velho caducando. Bisavô, um neto casado. Agora
com mania de mulher. Todo velho é sem-vergonha.
“Devia andar lá pelos cinco anos e meio quando a fantasiaram __ Dobre a língua, mulher. O hominho é muito bom. Só não
de borboleta. Por isso não pôde defender-se. E saiu à rua com ar me pise, fico uma jararaca.
menos carnavalesco deste mundo, morrendo de vergonha da malha __ Se quer sair de casa, doutor, pague uma pensão.
de cetim, das asas e das antenas e, mais ainda, da cara à mostra, sem __ Essa aí tem filho emancipado. Criei um por um, está bom?
máscara piedosa para disfarçar o sentimento impreciso de ridículo.” Ela não contribuiu com nada, doutor. Só deu de mamar no primei-
(Ilka Laurito. Sal do Lírico) ro mês.
__Você desempregado, quem é que fazia roça?
Narrador Objetivo: não se envolve, conta a história como __ Isso naquele tempo. O hominho aqui se espalhava. Fui jo-
sendo vista por uma câmara ou filmadora. Exemplo: gado na estrada, doutor. Desde onze anos estou no mundo sem
ninguém por mim. O céu lá em cima, noite e dia o hominho aqui
Festa na carroça. Sempre o mais sacrificado, está bom?
__ Se ficar doente, Severino, quem é que o atende?
Atrás do balcão, o rapaz de cabeça pelada e avental olha o __ O doutor já viu urubu comer defunto? Ninguém morre só.
crioulão de roupa limpa e remendada, acompanhado de dois meni- Sempre tem um cristão que enterra o pobre.
nos de tênis branco, um mais velho e outro mais novo, mas ambos __ Na sua idade, sem os cuidados de uma mulher...
com menos de dez anos. __ Eu arranjo.
Os três atravessam o salão, cuidadosamente, mas resolutamen- __ Só a troco de dinheiro elas querem você. Agora tem dois
te, e se dirigem para o cômodo dos fundos, onde há seis mesas cavalos. A carroça e os dois cavalos, o que há de melhor. Vai me
desertas. deixar sem nada?
O rapaz de cabeça pelada vai ver o que eles querem. O homem __ Você tinha amula e a potranca. A mula vendeu e a potranca,
pergunta em quanto fica uma cerveja, dois guaranás e dois pãezi- deixou morrer. Tenho culpa? Só quero paz, um prato de comida e
nhos. roupa lavada.
Didatismo e Conhecimento 9
LÍNGUA PORTUGUESA
__ Para onde foi a lavadeira? - uma em que a personagem executa aquilo que queria ou de-
__ Quem? via fazer (é a mudança principal da narrativa);
__ A mulata. - uma em que se constata que uma transformação se deu e em
(...) que se podem atribuir prêmios ou castigos às personagens (geral-
(Dalton Trevisan – A guerra Conjugal) mente os prêmios são para os bons, e os castigos, para os maus).
Discurso Indireto: o narrador conta o que o personagem diz, Toda narrativa tem essas quatro mudanças, pois elas se pres-
sem lhe passar diretamente a palavra. Exemplo: supõem logicamente. Com efeito, quando se constata a realização
de uma mudança é porque ela se verificou, e ela efetua-se porque
Frio quem a realiza pode, sabe, quer ou deve fazê-la. Tomemos, por
exemplo, o ato de comprar um apartamento: quando se assina a
O menino tinha só dez anos. escritura, realiza-se o ato de compra; para isso, é necessário poder
Quase meia hora andando. No começo pensou num bonde. (ter dinheiro) e querer ou dever comprar (respectivamente, querer
Mas lembrou-se do embrulhinho branco e bem feito que trazia, deixar de pagar aluguel ou ter necessidade de mudar, por ter sido
afastou a idéia como se estivesse fazendo uma coisa errada. (Nos despejado, por exemplo).
bondes, àquela hora da noite, poderiam roubá-lo, sem que perce- Algumas mudanças são necessárias para que outras se deem.
besse; e depois?... Que é que diria a Paraná?) Assim, para apanhar uma fruta, é necessário apanhar um bambu
Andando. Paraná mandara-lhe não ficar observando as vitri- ou outro instrumento para derrubá-la. Para ter um carro, é preciso
nes, os prédios, as coisas. Como fazia nos dias comuns. Ia firme e antes conseguir o dinheiro.
esforçando-se para não pensar em nada, nem olhar muito para nada.
__ Olho vivo – como dizia Paraná. Narrativa e Narração
Devagar, muita atenção nos autos, na travessia das ruas. Ele
ia pelas beiradas. Quando em quando, assomava um guarda nas Existe alguma diferença entre as duas? Sim. A narratividade é
esquinas. O seu coraçãozinho se apertava. um componente narrativo que pode existir em textos que não são
Na estação da Sorocabana perguntou as horas a uma mulher. narrações. A narrativa é a transformação de situações. Por exemplo,
Sempre ficam mulheres vagabundeando por ali, à noite. Pelo jar- quando se diz “Depois da abolição, incentivou-se a imigração de
dim, pelos escuros da Alameda Cleveland. Ela lhe deu, ele seguiu. europeus”, temos um texto dissertativo, que, no entanto, apresenta
Ignorava a exatidão de seus cálculos, mas provavelmente faltava um componente narrativo, pois contém uma mudança de situação:
mais ou menos uma hora para chegar em casa. Os bondes passa-
do não incentivo ao incentivo da imigração européia.
vam.
Se a narrativa está presente em quase todos os tipos de texto,
(João Antônio – Malagueta, Perus e Bacanaço)
o que é narração?
A narração é um tipo de narrativa. Tem ela três características:
Discurso Indireto-Livre: ocorre uma fusão entre a fala do per-
- é um conjunto de transformações de situação (o texto de Ma-
sonagem e a fala do narrador. É um recurso relativamente recente.
nuel Bandeira – “Porquinho-da-índia”, como vimos, preenche essa
Surgiu com romancistas inovadores do século XX. Exemplo:
condição);
- é um texto figurativo, isto é, opera com personagens e fatos
A Morte da Porta-Estandarte
concretos (o texto “Porquinho-da-índia” preenche também esse re-
Que ninguém o incomode agora. Larguem os seus braços. Ro- quisito);
sinha está dormindo. Não acordem Rosinha. Não é preciso segurá- - as mudanças relatadas estão organizadas de maneira tal que,
-lo, que ele não está bêbado... O céu baixou, se abriu... Esse tem- entre elas, existe sempre uma relação de anterioridade e posterio-
poral assim é bom, porque Rosinha não sai. Tenham paciência... ridade (no texto “Porquinho-da-índia” o fato de ganhar o animal é
Largar Rosinha ali, ele não larga não... Não! E esses tambores? Ui! anterior ao de ele estar debaixo do fogão, que por sua vez é anterior
Que venham... É guerra... ele vai se espalhar... Por que não está ao de o menino levá-lo para a sala, que por seu turno é anterior ao
malhando em sua cabeça?... (...) Ele vai tirar Rosinha da cama... de o porquinho-da-índia voltar ao fogão).
Ele está dormindo, Rosinha... Fugir com ela, para o fundo do País...
Abraçá-la no alto de uma colina... Essa relação de anterioridade e posterioridade é sempre per-
(Aníbal Machado) tinente num texto narrativo, mesmo que a sequência linear da
temporalidade apareça alterada. Assim, por exemplo, no romance
Sequência Narrativa: machadiano Memórias póstumas de Brás Cubas, quando o narra-
dor começa contando sua morte para em seguida relatar sua vida, a
Uma narrativa não tem uma única mudança, mas várias: uma sequência temporal foi modificada. No entanto, o leitor reconstitui,
coordena-se a outra, uma implica a outra, uma subordina-se a outra. ao longo da leitura, as relações de anterioridade e de posterioridade.
A narrativa típica tem quatro mudanças de situação: Resumindo: na narração, as três características explicadas aci-
- uma em que uma personagem passa a ter um querer ou um ma (transformação de situações, figuratividade e relações de ante-
dever (um desejo ou uma necessidade de fazer algo); rioridade e posterioridade entre os episódios relatados) devem estar
- uma em que ela adquire um saber ou um poder (uma compe- presentes conjuntamente. Um texto que tenha só uma ou duas des-
tência para fazer algo); sas características não é uma narração.
Didatismo e Conhecimento 10
LÍNGUA PORTUGUESA
Esquema que pode facilitar a elaboração de seu texto narra- Tipologia da Narrativa Não-Ficcional:
tivo: - Memorialismo
- Notícias
- Introdução: citar o fato, o tempo e o lugar, ou seja, o que - Relatos
aconteceu, quando e onde. - História da Civilização
- Desenvolvimento: causa do fato e apresentação dos perso-
nagens. Apresentação da Narrativa:
- Desenvolvimento: detalhes do fato.
- Conclusão: consequências do fato. - visual: texto escrito; legendas + desenhos (história em qua-
drinhos) e desenhos.
Caracterização Formal: - auditiva: narrativas radiofonizadas; fitas gravadas e discos.
- audiovisual: cinema; teatro e narrativas televisionadas.
Em geral, a narrativa se desenvolve na prosa. O aspecto nar-
rativo apresenta, até certo ponto, alguma subjetividade, porquanto Descrição
a criação e o colorido do contexto estão em função da individuali-
dade e do estilo do narrador. Dependendo do enfoque do redator, a É a representação com palavras de um objeto, lugar, situação
narração terá diversas abordagens. Assim é de grande importância ou coisa, onde procuramos mostrar os traços mais particulares
saber se o relato é feito em primeira pessoa ou terceira pessoa. No ou individuais do que se descreve. É qualquer elemento que
primeiro caso, há a participação do narrador; segundo, há uma in- seja apreendido pelos sentidos e transformado, com palavras,
ferência do último através da onipresença e onisciência. em imagens. Sempre que se expõe com detalhes um objeto, uma
Quanto à temporalidade, não há rigor na ordenação dos acon- pessoa ou uma paisagem a alguém, está fazendo uso da descrição.
tecimentos: esses podem oscilar no tempo, transgredindo o aspecto Não é necessário que seja perfeita, uma vez que o ponto de vista
linear e constituindo o que se denomina “flashback”. O narrador do observador varia de acordo com seu grau de percepção. Dessa
que usa essa técnica (característica comum no cinema moderno) forma, o que será importante ser analisado para um, não será para
demonstra maior criatividade e originalidade, podendo observar as outro. A vivência de quem descreve também influencia na hora de
ações ziguezagueando no tempo e no espaço. transmitir a impressão alcançada sobre determinado objeto, pes-
soa, animal, cena, ambiente, emoção vivida ou sentimento.
Exemplo - Personagens
“Aboletado na varanda, lendo Graciliano Ramos, O Dr. Exemplos:
Amâncio não viu a mulher chegar.
- Não quer que se carpa o quintal, moço? (I) “De longe via a aleia onde a tarde era clara e redonda. Mas
Estava um caco: mal vestida, cheirando a fumaça, a face es- a penumbra dos ramos cobria o atalho.
calavrada. Mas os olhos... (sempre guardam alguma coisa do pas- Ao seu redor havia ruídos serenos, cheiro de árvores, peque-
sado, os olhos).” nas surpresas entre os cipós. Todo o jardim triturado pelos ins-
tantes já mais apressados da tarde. De onde vinha o meio sonho
(Kiefer, Charles. A dentadura postiça. Porto Alegre: Mer- pelo qual estava rodeada? Como por um zunido de abelhas e aves.
cado Aberto, p. 5O) Tudo era estranho, suave demais, grande demais.”
(extraído de “Amor”, Laços de Família, Clarice Lispector)
Exemplo - Espaço
Considerarei longamente meu pequeno deserto, a redondeza (II) Chamava-se Raimundo este pequeno, e era mole, apli-
escura e uniforme dos seixos. Seria o leito seco de algum rio. Não cado, inteligência tarda. Raimundo gastava duas horas em reter
havia, em todo o caso, como negar-lhe a insipidez.” aquilo que a outros levava apenas trinta ou cinquenta minutos;
(Linda, Ieda. As amazonas segundo tio Hermann. Porto vencia com o tempo o que não podia fazer logo com o cérebro.
Alegre: Movimento, 1981, p. 51) Reunia a isso grande medo ao pai. Era uma criança fina, pálida,
cara doente; raramente estava alegre. Entrava na escola depois do
Exemplo - Tempo pai e retirava-se antes. O mestre era mais severo com ele do que
“Sete da manhã. Honorato Madeira acorda e lembra-se: a mu- conosco.
lher lhe pediu que a chamasse cedo.” (Machado de Assis. “Conto de escola”. Contos. 3ed.
(Veríssimo, Érico. Caminhos Cruzados. p.4) São Paulo, Ática, 1974, págs. 31-32.)
Tipologia da Narrativa Ficcional: Esse texto traça o perfil de Raimundo, o filho do professor da
- Romance escola que o escritor frequentava. Deve-se notar:
- Conto - que todas as frases expõem ocorrências simultâneas (ao
- Crônica mesmo tempo que gastava duas horas para reter aquilo que os ou-
- Fábula tros levavam trinta ou cinquenta minutos, Raimundo tinha grande
- Lenda medo ao pai);
- Parábola - por isso, não existe uma ocorrência que possa ser consi-
- Anedota derada cronologicamente anterior a outra do ponto de vista do
- Poema Épico relato (no nível dos acontecimentos, entrar na escola é cronolo-
Didatismo e Conhecimento 11
LÍNGUA PORTUGUESA
gicamente anterior a retirar-se dela; no nível do relato, porém, a - Devem-se evitar os verbos e, se isso não for possível, que se
ordem dessas duas ocorrências é indiferente: o que o escritor quer usem então as formas nominais, o presente e o pretério imperfeito
é explicitar uma característica do menino, e não traçar a cronologia do indicativo, dando-se sempre preferência aos verbos que indi-
de suas ações); quem estado ou fenômeno.
- ainda que se fale de ações (como entrava, retirava-se), todas - Todavia deve predominar o emprego das comparações, dos
elas estão no pretérito imperfeito, que indica concomitância em adjetivos e dos advérbios, que conferem colorido ao texto.
relação a um marco temporal instalado no texto (no caso, o ano de
1840, em que o escritor frequentava a escola da rua da Costa) e, A característica fundamental de um texto descritivo é essa ine-
portanto, não denota nenhuma transformação de estado; xistência de progressão temporal. Pode-se apresentar, numa descri-
- se invertêssemos a sequência dos enunciados, não correría- ção, até mesmo ação ou movimento, desde que eles sejam sempre
mos o risco de alterar nenhuma relação cronológica - poderíamos simultâneos, não indicando progressão de uma situação anterior
mesmo colocar o últímo período em primeiro lugar e ler o texto para outra posterior. Tanto é que uma das marcas linguísticas da
do fim para o começo: O mestre era mais severo com ele do que descrição é o predomínio de verbos no presente ou no pretérito
imperfeito do indicativo: o primeiro expressa concomitância em
conosco. Entrava na escola depois do pai e retirava-se antes...
relação ao momento da fala; o segundo, em relação a um marco
Evidentemente, quando se diz que a ordem dos enunciados
temporal pretérito instalado no texto.
pode ser invertida, está-se pensando apenas na ordem cronológica,
Para transformar uma descrição numa narração, bastaria
pois, como veremos adiante, a ordem em que os elementos são
introduzir um enunciado que indicasse a passagem de um estado
descritos produz determinados efeitos de sentido. anterior para um posterior. No caso do texto II inicial, para trans-
Quando alteramos a ordem dos enunciados, precisamos fazer formá-lo em narração, bastaria dizer: Reunia a isso grande medo
certas modificações no texto, pois este contém anafóricos (pala- do pai. Mais tarde, Iibertou-se desse medo...
vras que retomam o que foi dito antes, como ele, os, aquele, etc. ou
catafóricos (palavras que anunciam o que vai ser dito, como este, Características Linguísticas:
etc.), que podem perder sua função e assim não ser compreendi-
dos. Se tomarmos uma descrição como As flores manifestavam O enunciado narrativo, por ter a representação de um aconte-
todo o seu esplendor. O Sol fazia-as brilhar, ao invertermos a cimento, fazer-transformador, é marcado pela temporalidade, na
ordem das frases, precisamos fazer algumas alterações, para que o relação situação inicial e situação final, enquanto que o enunciado
texto possa ser compreendido: O Sol fazia as flores brilhar. Elas descritivo, não tendo transformação, é atemporal.
manifestavam todo o seu esplendor. Como, na versão original, o Na dimensão linguística, destacam-se marcas sintático-se-
pronome oblíquo as é um anafórico que retoma flores, se alterar- mânticas encontradas no texto que vão facilitar a compreensão:
mos a ordem das frases ele perderá o sentido. Por isso, precisamos - Predominância de verbos de estado, situação ou indicadores
mudar a palavra flores para a primeira frase e retomá-la com o de propriedades, atitudes, qualidades, usados principalmente no
anafórico elas na segunda. presente e no imperfeito do indicativo (ser, estar, haver, situar-se,
Por todas essas características, diz-se que o fragmento do existir, ficar).
conto de Machado é descritivo. Descrição é o tipo de texto em - Ênfase na adjetivação para melhor caracterizar o que é des-
que se expõem características de seres concretos (pessoas, objetos, crito;
situações, etc.) consideradas fora da relação de anterioridade e de
posterioridade. Exemplo:
Características: “Era alto, magro, vestido todo de preto, com o pescoço entala-
do num colarinho direito. O rosto aguçado no queixo ia-se alargan-
- Ao fazer a descrição enumeramos características, compara- do até à calva, vasta e polida, um pouco amolgado no alto; tingia
os cabelos que de uma orelha à outra lhe faziam colar por trás da
ções e inúmeros elementos sensoriais;
nuca - e aquele preto lustroso dava, pelo contraste, mais brilho à
- As personagens podem ser caracterizadas física e psicologi-
calva; mas não tingia o bigode; tinha-o grisalho, farto, caído aos
camente, ou pelas ações;
cantos da boca. Era muito pálido; nunca tirava as lunetas escuras.
- A descrição pode ser considerada um dos elementos consti-
Tinha uma covinha no queixo, e as orelhas grandes muito despe-
tutivos da dissertação e da argumentação; gadas do crânio.”
- É impossível separar narração de descrição; (Eça de Queiroz - O Primo Basílio)
- O que se espera não é tanto a riqueza de detalhes, mas sim
a capacidade de observação que deve revelar aquele que a realiza. - Emprego de figuras (metáforas, metonímias, comparações,
- Utilizam, preferencialmente, verbos de ligação. Exemplo: sinestesias). Exemplo:
“(...) Ângela tinha cerca de vinte anos; parecia mais velha pelo
desenvolvimento das proporções. Grande, carnuda, sanguínea e “Era o Sr. Lemos um velho de pequena estatura, não muito
fogosa, era um desses exemplares excessivos do sexo que pare- gordo, mas rolho e bojudo como um vaso chinês. Apesar de seu
cem conformados expressamente para esposas da multidão (...)” corpo rechonchudo, tinha certa vivacidade buliçosa e saltitante que
(Raul Pompéia – O Ateneu) lhe dava petulância de rapaz e casava perfeitamente com os olhi-
- Como na descrição o que se reproduz é simultâneo, não exis- nhos de azougue.”
te relação de anterioridade e posterioridade entre seus enunciados. (José de Alencar - Senhora)
Didatismo e Conhecimento 12
LÍNGUA PORTUGUESA
- Uso de advérbios de localização espacial. Exemplo: “(...) Quando conheceu Joca Ramiro, então achou outra es-
perança maior: para ele, Joca Ramiro era único homem, par-de-
“Até os onze anos, eu morei numa casa, uma casa velha, e essa -frança, capaz de tomar conta deste sertão nosso, mandando por
casa era assim: na frente, uma grade de ferro; depois você entrava lei, de sobregoverno.”
tinha um jardinzinho; no final tinha uma escadinha que devia ter (Guimarães Rosa – Grande Sertão: Veredas)
uns cinco degraus; aí você entrava na sala da frente; dali tinha um
corredor comprido de onde saíam três portas; no final do corredor Os efeitos de sentido criados pela disposição dos elementos
tinha a cozinha, depois tinha uma escadinha que ia dar no quintal e descritivos:
atrás ainda tinha um galpão, que era o lugar da bagunça...”
(Entrevista gravada para o Projeto NURC/RJ) Como se disse anteriormente, do ponto de vista da progressão
temporal, a ordem dos enunciados na descrição é indiferente, uma
vez que eles indicam propriedades ou características que ocorrem
Recursos:
simultaneamente. No entanto, ela não é indiferente do ponto de
vista dos efeitos de sentido: descrever de cima para baixo ou vice-
- Usar impressões cromáticas (cores) e sensações térmicas.
-versa, do detalhe para o todo ou do todo para o detalhe cria efeitos
Ex: O dia transcorria amarelo, frio, ausente do calor alegre do sol.
de sentido distintos.
- Usar o vigor e relevo de palavras fortes, próprias, exatas,
concretas. Ex: As criaturas humanas transpareciam um céu sereno, Observe os dois quartetos do soneto “Retrato Próprio”, de Bo-
uma pureza de cristal. cage:
- As sensações de movimento e cor embelezam o poder da
natureza e a figura do homem. Ex: Era um verde transparente que Magro, de olhos azuis, carão moreno,
deslumbrava e enlouquecia qualquer um. bem servido de pés, meão de altura,
- A frase curta e penetrante dá um sentido de rapidez do texto. triste de facha, o mesmo de figura,
Ex: Vida simples. Roupa simples. Tudo simples. O pessoal, muito nariz alto no meio, e não pequeno.
crente.
Incapaz de assistir num só terreno,
A descrição pode ser apresentada sob duas formas: mais propenso ao furor do que à ternura;
bebendo em níveas mãos por taça escura
Descrição Objetiva: quando o objeto, o ser, a cena, a passa- de zelos infernais letal veneno.
gem são apresentadas como realmente são, concretamente. Exem-
plo: Obras de Bocage. Porto, Lello & Irmão, 1968, pág. 497.
“Sua altura é 1,85m. Seu peso, 70kg. Aparência atlética, om- O poeta descreve-se das características físicas para as caracte-
bros largos, pele bronzeada. Moreno, olhos negros, cabelos ne- rísticas morais. Se fizesse o inverso, o sentido não seria o mesmo,
gros e lisos”. pois as características físicas perderiam qualquer relevo.
O objetivo de um texto descritivo é levar o leitor a visualizar
Não se dá qualquer tipo de opinião ou julgamento. Exemplo: uma cena. É como traçar com palavras o retrato de um objeto,
lugar, pessoa etc., apontando suas características exteriores, facil-
“A casa velha era enorme, toda em largura, com porta central mente identificáveis (descrição objetiva), ou suas características
que se alcançava por três degraus de pedra e quatro janelas de gui- psicológicas e até emocionais (descrição subjetiva).
lhotina para cada lado. Era feita de pau-a-pique barreado, dentro Uma descrição deve privilegiar o uso frequente de adjetivos,
de uma estrutura de cantos e apoios de madeira-de-lei. Telhado de
também denominado adjetivação. Para facilitar o aprendizado des-
quatro águas. Pintada de roxo-claro. Devia ser mais velha que Juiz
ta técnica, sugere-se que o concursando, após escrever seu texto,
de Fora, provavelmente sede de alguma fazenda que tivesse ficado,
sublinhe todos os substantivos, acrescentando antes ou depois des-
capricho da sorte, na linha de passagem da variante do Caminho
te um adjetivo ou uma locução adjetiva.
Novo que veio a ser a Rua Principal, depois a Rua Direita – sobre
a qual ela se punha um pouco de esguelha e fugindo ligeiramente
do alinhamento (...).” Descrição de objetos constituídos de uma só parte:
(Pedro Nava – Baú de Ossos)
- Introdução: observações de caráter geral referentes à proce-
Descrição Subjetiva: quando há maior participação da emo- dência ou localização do objeto descrito.
ção, ou seja, quando o objeto, o ser, a cena, a paisagem são transfi- - Desenvolvimento: detalhes (lª parte) - formato (comparação
gurados pela emoção de quem escreve, podendo opinar ou expres- com figuras geométricas e com objetos semelhantes); dimensões
sar seus sentimentos. Exemplo: (largura, comprimento, altura, diâmetro etc.)
“Nas ocasiões de aparato é que se podia tomar pulso ao ho- - Desenvolvimento: detalhes (2ª parte) - material, peso, cor/
mem. Não só as condecorações gritavam-lhe no peito como uma brilho, textura.
couraça de grilos. Ateneu! Ateneu! Aristarco todo era um anún- - Conclusão: observações de caráter geral referentes a sua uti-
cio; os gestos, calmos, soberanos, calmos, eram de um rei...” lidade ou qualquer outro comentário que envolva o objeto como
(“O Ateneu”, Raul Pompéia) um todo.
Didatismo e Conhecimento 13
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Descrição de objetos constituídos por várias partes: possuir certo grau de sensibilidade. Assim como o pintor capta o
- Introdução: observações de caráter geral referentes à proce- mundo exterior ou interior em suas telas, o autor de uma descrição
dência ou localização do objeto descrito. focaliza cenas ou imagens, conforme o permita sua sensibilidade.
- Desenvolvimento: enumeração e rápidos comentários das Conforme o objetivo a alcançar, a descrição pode ser não-
partes que compõem o objeto, associados à explicação de como as -literária ou literária. Na descrição não-literária, há maior preo-
partes se agrupam para formar o todo. cupação com a exatidão dos detalhes e a precisão vocabular. Por
- Desenvolvimento: detalhes do objeto visto como um todo ser objetiva, há predominância da denotação.
(externamente) - formato, dimensões, material, peso, textura, cor
e brilho. Textos descritivos não-literários: A descrição técnica é um
- Conclusão: observações de caráter geral referentes a sua uti- tipo de descrição objetiva: ela recria o objeto usando uma lingua-
lidade ou qualquer outro comentário que envolva o objeto em sua gem científica, precisa. Esse tipo de texto é usado para descrever
totalidade. aparelhos, o seu funcionamento, as peças que os compõem, para
descrever experiências, processos, etc. Exemplo:
Descrição de ambientes:
- Introdução: comentário de caráter geral. Folheto de propaganda de carro
- Desenvolvimento: detalhes referentes à estrutura global do
ambiente: paredes, janelas, portas, chão, teto, luminosidade e aro-
Conforto interno - É impossível falar de conforto sem incluir
ma (se houver).
o espaço interno. Os seus interiores são amplos, acomodando
- Desenvolvimento: detalhes específicos em relação a obje-
tos lá existentes: móveis, eletrodomésticos, quadros, esculturas ou tranquilamente passageiros e bagagens. O Passat e o Passat Va-
quaisquer outros objetos. riant possuem direção hidráulica e ar condicionado de elevada
- Conclusão: observações sobre a atmosfera que paira no am- capacidade, proporcionando a climatização perfeita do ambiente.
biente. Porta-malas - O compartimento de bagagens possui capacida-
de de 465 litros, que pode ser ampliada para até 1500 litros, com
Descrição de paisagens: o encosto do banco traseiro rebaixado.
- Introdução: comentário sobre sua localização ou qualquer Tanque - O tanque de combustível é confeccionado em plás-
outra referência de caráter geral. tico reciclável e posicionado entre as rodas traseiras, para evitar a
- Desenvolvimento: observação do plano de fundo (explica- deformação em caso de colisão.
ção do que se vê ao longe).
- Desenvolvimento: observação dos elementos mais próximos Textos descritivos literários: Na descrição literária predo-
do observador - explicação detalhada dos elementos que compõem mina o aspecto subjetivo, com ênfase no conjunto de associações
a paisagem, de acordo com determinada ordem. conotativas que podem ser exploradas a partir de descrições de
- Conclusão: comentários de caráter geral, concluindo acerca pessoas; cenários, paisagens, espaço; ambientes; situações e coi-
da impressão que a paisagem causa em quem a contempla. sas. Vale lembrar que textos descritivos também podem ocorrer
tanto em prosa como em verso.
Descrição de pessoas (I):
- Introdução: primeira impressão ou abordagem de qualquer Dissertação
aspecto de caráter geral.
- Desenvolvimento: características físicas (altura, peso, cor da A dissertação é uma exposição, discussão ou interpretação de
pele, idade, cabelos, olhos, nariz, boca, voz, roupas). uma determinada ideia. É, sobretudo, analisar algum tema. Pres-
- Desenvolvimento: características psicológicas (personali- supõe um exame crítico do assunto, lógica, raciocínio, clareza,
dade, temperamento, caráter, preferências, inclinações, postura, coerência, objetividade na exposição, um planejamento de traba-
objetivos). lho e uma habilidade de expressão. É em função da capacidade
- Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de caráter
crítica que se questionam pontos da realidade social, histórica e
geral.
psicológica do mundo e dos semelhantes. Vemos também, que a
dissertação no seu significado diz respeito a um tipo de texto em
Descrição de pessoas (II):
- Introdução: primeira impressão ou abordagem de qualquer que a exposição de uma ideia, através de argumentos, é feita com
aspecto de caráter geral. a finalidade de desenvolver um conteúdo científico, doutrinário
- Desenvolvimento: análise das características físicas, asso- ou artístico. Exemplo:
ciadas às características psicológicas (1ª parte).
- Desenvolvimento: análise das características físicas, asso- Há três métodos pelos quais pode um homem chegar a ser
ciadas às características psicológicas (2ª parte). primeiro-ministro. O primeiro é saber, com prudência, como ser-
- Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de caráter vir-se de uma pessoa, de uma filha ou de uma irmã; o segundo,
geral. como trair ou solapar os predecessores; e o terceiro, como clamar,
com zelo furioso, contra a corrupção da corte. Mas um príncipe
A descrição, ao contrário da narrativa, não supõe ação. É uma discreto prefere nomear os que se valem do último desses méto-
estrutura pictórica, em que os aspectos sensoriais predominam. dos, pois os tais fanáticos sempre se revelam os mais obsequiosos
Porque toda técnica descritiva implica contemplação e apreen- e subservientes à vontade e às paixões do amo. Tendo à sua dis-
são de algo objetivo ou subjetivo, o redator, ao descrever, precisa posição todos os cargos, conservam-se no poder esses ministros
Didatismo e Conhecimento 14
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subordinando a maioria do senado, ou grande conselho, e, afinal, - Contestação: contestar uma idéia ou uma situação. Ex: “É
por via de um expediente chamado anistia (cuja natureza lhe expli- importante que o cidadão saiba que portar arma de fogo não é a
quei), garantem-se contra futuras prestações de contas e retiram-se solução no combate à insegurança.”
da vida pública carregados com os despojos da nação. - Características: caracterização de espaços ou aspectos.
Jonathan Swift. Viagens de Gulliver. - Estatísticas: apresentação de dados estatísticos. Ex: “Em
São Paulo, Abril Cultural, 1979, p. 234-235. 1982, eram 15,8 milhões os domicílios brasileiros com televisores.
Hoje, são 34 milhões (o sexto maior parque de aparelhos recepto-
Esse texto explica os três métodos pelos quais um homem res instalados do mundo). Ao todo, existem no país 257 emissoras
chega a ser primeiro-ministro, aconselha o príncipe discreto a (aquelas capazes de gerar programas) e 2.624 repetidoras (que ape-
escolhê-lo entre os que clamam contra a corrupção na corte e jus- nas retransmitem sinais recebidos). (...)”
tifica esse conselho. Observe-se que: - Declaração Inicial: emitir um conceito sobre um fato.
- o texto é temático, pois analisa e interpreta a realidade com - Citação: opinião de alguém de destaque sobre o assunto do
conceitos abstratos e genéricos (não se fala de um homem par- texto. Ex: “A principal característica do déspota encontra-se no fato
ticular e do que faz para chegar a ser primeiro-ministro, mas do de ser ele o autor único e exclusivo das normas e das regras que
homem em geral e de todos os métodos para atingir o poder); definem a vida familiar, isto é, o espaço privado. Seu poder, escreve
- existe mudança de situação no texto (por exemplo, a mu- Aristóteles, é arbitrário, pois decorre exclusivamente de sua vonta-
dança de atitude dos que clamam contra a corrupção da corte no de, de seu prazer e de suas necessidades.”
momento em que se tornam primeiros-ministros); - Definição: desenvolve-se pela explicação dos termos que
- a progressão temporal dos enunciados não tem importân- compõem o texto.
cia, pois o que importa é a relação de implicação (clamar contra a - Interrogação: questionamento. Ex: “Volta e meia se faz a
corrupção da corte implica ser corrupto depois da nomeação para pergunta de praxe: afinal de contas, todo esse entusiasmo pelo fute-
primeiro-ministro). bol não é uma prova de alienação?”
- Suspense: alguma informação que faça aumentar a curiosi-
Características: dade do leitor.
- Comparação: social e geográfica.
- ao contrário do texto narrativo e do descritivo, ele é temático; - Enumeração: enumerar as informações. Ex: “Ação à dis-
- como o texto narrativo, ele mostra mudanças de situação; tância, velocidade, comunicação, linha de montagem, triunfo das
- ao contrário do texto narrativo, nele as relações de massas, Holocausto: através das metáforas e das realidades que
anterioridade e de posterioridade dos enunciados não têm maior marcaram esses 100 últimos anos, aparece a verdadeira doença do
importância - o que importa são suas relações lógicas: analogia, século...”
pertinência, causalidade, coexistência, correspondência, implica- - Narração: narrar um fato.
ção, etc.
- a estética e a gramática são comuns a todos os tipos de reda- Desenvolvimento: é a argumentação da ideia inicial, de forma
ção. Já a estrutura, o conteúdo e a estilística possuem característi- organizada e progressiva. É a parte maior e mais importante do tex-
cas próprias a cada tipo de texto. to. Podem ser desenvolvidos de várias formas:
São partes da dissertação: Introdução / Desenvolvimento / - Trajetória Histórica: cultura geral é o que se prova com este
Conclusão. tipo de abordagem.
- Definição: não basta citar, mas é preciso desdobrar a idéia
Introdução: em que se apresenta o assunto; se apresenta a principal ao máximo, esclarecendo o conceito ou a definição.
ideia principal, sem, no entanto, antecipar seu desenvolvimento. - Comparação: estabelecer analogias, confrontar situações
Tipos: distintas.
- Bilateralidade: quando o tema proposto apresenta pontos fa-
- Divisão: quando há dois ou mais termos a serem discutidos. voráveis e desfavoráveis.
Ex: “Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que olha - Ilustração Narrativa ou Descritiva: narrar um fato ou des-
de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro...” crever uma cena.
- Alusão Histórica: um fato passado que se relaciona a um - Cifras e Dados Estatísticos: citar cifras e dados estatísticos.
fato presente. Ex: “A crise econômica que teve início no começo - Hipótese: antecipa uma previsão, apontando para prováveis
dos anos 80, com os conhecidos altos índices de inflação que a dé- resultados.
cada colecionou, agravou vários dos históricos problemas sociais - Interrogação: Toda sucessão de interrogações deve apresen-
do país. Entre eles, a violência, principalmente a urbana, cuja es- tar questionamento e reflexão.
calada tem sido facilmente identificada pela população brasileira.” - Refutação: questiona-se praticamente tudo: conceitos, valo-
- Proposição: o autor explicita seus objetivos. res, juízos.
- Convite: proposta ao leitor para que participe de alguma - Causa e Consequência: estruturar o texto através dos por-
coisa apresentada no texto. Ex: Você quer estar “na sua”? Quer se quês de uma determinada situação.
sentir seguro, ter o sucesso pretendido? Não entre pelo cano! Faça - Oposição: abordar um assunto de forma dialética.
parte desse time de vencedores desde a escolha desse momento! - Exemplificação: dar exemplos.
Didatismo e Conhecimento 15
LÍNGUA PORTUGUESA
Conclusão: é uma avaliação final do assunto, um fechamento 7º Parágrafo: Conclusão
integrado de tudo que se argumentou. Para ela convergem todas as F. Uma possível solução é apresentada.
ideias anteriormente desenvolvidas. G. O texto conclui que desigualdade não se casa com moder-
nidade.
- Conclusão Fechada: recupera a ideia da tese. É bom lembrarmos que é praticamente impossível opinar sobre
- Conclusão Aberta: levanta uma hipótese, projeta um pen- o que não se conhece. A leitura de bons textos é um dos recursos
samento ou faz uma proposta, incentivando a reflexão de quem lê. que permite uma segurança maior no momento de dissertar sobre
algum assunto. Debater e pesquisar são atitudes que favorecem o
Exemplo: senso crítico, essencial no desenvolvimento de um texto disserta-
tivo.
Direito de Trabalho
Ainda temos:
Com a queda do feudalismo no século XV, nasce um novo
modelo econômico: o capitalismo, que até o século XX agia por Tema: compreende o assunto proposto para discussão, o as-
meio da inclusão de trabalhadores e hoje passou a agir por meio sunto que vai ser abordado.
da exclusão. (A) Título: palavra ou expressão que sintetiza o conteúdo discu-
A tendência do mundo contemporâneo é tornar todo o traba- tido.
lho automático, devido à evolução tecnológica e a necessidade de Argumentação: é um conjunto de procedimentos linguísticos
qualificação cada vez maior, o que provoca o desemprego. Outro com os quais a pessoa que escreve sustenta suas opiniões, de forma
fator que também leva ao desemprego de um sem número de tra- a torná-las aceitáveis pelo leitor. É fornecer argumentos, ou seja,
balhadores é a contenção de despesas, de gastos. (B) razões a favor ou contra uma determinada tese.
Segundo a Constituição, “preocupada” com essa crise social Estes assuntos serão vistos com mais afinco posteriormente.
que provém dessa automatização e qualificação, obriga que seja
feita uma lei, em que será dada absoluta garantia aos trabalhado- Alguns pontos essenciais desse tipo de texto são:
res, de que, mesmo que as empresas sejam automatizadas, não per- - toda dissertação é uma demonstração, daí a necessidade de
derão eles seu mercado de trabalho. (C) pleno domínio do assunto e habilidade de argumentação;
Não é uma utopia?! - em consequência disso, impõem-se à fidelidade ao tema;
Um exemplo vivo são os bóias-frias que trabalham na colheita - a coerência é tida como regra de ouro da dissertação;
da cana de açúcar que devido ao avanço tecnológico e a lei do go- - impõem-se sempre o raciocínio lógico;
vernador Geraldo Alkmin, defendendo o meio ambiente, proibindo - a linguagem deve ser objetiva, denotativa; qualquer ambi-
a queima da cana de açúcar para a colheita e substituindo-os então guidade pode ser um ponto vulnerável na demonstração do que se
pelas máquinas, desemprega milhares deles. (D) quer expor. Deve ser clara, precisa, natural, original, nobre, correta
Em troca os sindicatos dos trabalhadores rurais dão cursos de gramaticalmente. O discurso deve ser impessoal (evitar-se o uso da
cabeleleiro, marcenaria, eletricista, para não perderem o mercado primeira pessoa).
de trabalho, aumentando, com isso, a classe de trabalhos informais.
Como ficam então aqueles trabalhadores que passaram à vida O parágrafo é a unidade mínima do texto e deve apresentar:
estudando, se especializando, para se diferenciarem e ainda estão uma frase contendo a ideia principal (frase nuclear) e uma ou mais
desempregados?, como vimos no último concurso da prefeitura do frases que explicitem tal ideia.
Rio de Janeiro para “gari”, havia até advogado na fila de inscrição. Exemplo: “A televisão mostra uma realidade idealizada (ideia
(E) central) porque oculta os problemas sociais realmente graves. (ideia
Já que a Constituição dita seu valor ao social que todos têm secundária)”.
o direito de trabalho, cabe aos governantes desse país, que almeja Vejamos:
um futuro brilhante, deter, com urgência esse processo de desní- Ideia central: A poluição atmosférica deve ser combatida ur-
veis gritantes e criar soluções eficazes para combater a crise gene- gentemente.
ralizada (F), pois a uma nação doente, miserável e desigual, não
compete a tão sonhada modernidade. (G) Desenvolvimento: A poluição atmosférica deve ser combatida
urgentemente, pois a alta concentração de elementos tóxicos põe
1º Parágrafo – Introdução em risco a vida de milhares de pessoas, sobretudo daquelas que
A. Tema: Desemprego no Brasil. sofrem de problemas respiratórios:
Contextualização: decorrência de um processo histórico pro- - A propaganda intensiva de cigarros e bebidas tem levado
blemático. muita gente ao vício.
- A televisão é um dos mais eficazes meios de comunicação
2º ao 6º Parágrafo – Desenvolvimento criados pelo homem.
B. Argumento 1: Exploram-se dados da realidade que reme- - A violência tem aumentado assustadoramente nas cidades e
tem a uma análise do tema em questão. hoje parece claro que esse problema não pode ser resolvido apenas
C. Argumento 2: Considerações a respeito de outro dado da pela polícia.
realidade. - O diálogo entre pais e filhos parece estar em crise atualmente.
D. Argumento 3: Coloca-se sob suspeita a sinceridade de - O problema dos sem-terra preocupa cada vez mais a socie-
quem propõe soluções. dade brasileira.
E. Argumento 4: Uso do raciocínio lógico de oposição.
Didatismo e Conhecimento 16
LÍNGUA PORTUGUESA
O parágrafo pode processar-se de diferentes maneiras: Exemplos:
Enumeração: Caracteriza-se pela exposição de uma série de - O homem, dia a dia, perde a dimensão de humanidade que
coisas, uma a uma. Presta-se bem à indicação de características, abriga em si, porque os seus olhos teimam apenas em ver as coisas
funções, processos, situações, sempre oferecendo o complemente imediatistas e lucrativas que o rodeiam.
necessário à afirmação estabelecida na frase nuclear. Pode-se enu-
merar, seguindo-se os critérios de importância, preferência, classi- - O espírito competitivo foi excessivamente exercido entre
ficação ou aleatoriamente. nós, de modo que hoje somos obrigados a viver numa sociedade
fria e inamistosa.
Exemplo:
Tempo e Espaço: Muitos parágrafos dissertativos marcam
1- O adolescente moderno está se tornando obeso por várias temporal e espacialmente a evolução de ideias, processos.
causas: alimentação inadequada, falta de exercícios sistemáticos Exemplos:
e demasiada permanência diante de computadores e aparelhos de
Televisão. Tempo - A comunicação de massas é resultado de uma lenta
evolução. Primeiro, o homem aprendeu a grunhir. Depois deu um
2- Devido à expansão das igrejas evangélicas, é grande o nú- significado a cada grunhido. Muito depois, inventou a escrita e só
mero de emissoras que dedicam parte da sua programação à veicu- muitos séculos mais tarde é que passou à comunicação de massa.
lação de programas religiosos de crenças variadas. Espaço - O solo é influenciado pelo clima. Nos climas úmidos,
os solos são profundos. Existe nessas regiões uma forte decompo-
3- sição de rochas, isto é, uma forte transformação da rocha em terra
- A Santa Missa em seu lar. pela umidade e calor. Nas regiões temperadas e ainda nas mais
- Terço Bizantino. frias, a camada do solo é pouco profunda. (Melhem Adas)
- Despertar da Fé.
- Palavra de Vida. Explicitação: Num parágrafo dissertativo pode-se conceituar,
- Igreja da Graça no Lar. exemplificar e aclarar as ideias para torná-las mais compreensí-
veis.
4- Exemplo: “Artéria é um vaso que leva sangue proveniente do
- Inúmeras são as dificuldades com que se defronta o governo coração para irrigar os tecidos. Exceto no cordão umbilical e na
brasileiro diante de tantos desmatamentos, desequilíbrios socioló- ligação entre os pulmões e o coração, todas as artérias contém san-
gicos e poluição. gue vermelho-vivo, recém oxigenado. Na artéria pulmonar, porém,
- Existem várias razões que levam um homem a enveredar corre sangue venoso, mais escuro e desoxigenado, que o coração
pelos caminhos do crime. remete para os pulmões para receber oxigênio e liberar gás carbô-
- A gravidez na adolescência é um problema seríssimo, porque nico”.
pode trazer muitas consequências indesejáveis.
- O lazer é uma necessidade do cidadão para a sua sobrevivên- Antes de se iniciar a elaboração de uma dissertação, deve de-
cia no mundo atual e vários são os tipos de lazer. limitar-se o tema que será desenvolvido e que poderá ser enfocado
- O Novo Código Nacional de trânsito divide as faltas em vá- sob diversos aspectos. Se, por exemplo, o tema é a questão indíge-
rias categorias. na, ela poderá ser desenvolvida a partir das seguintes ideias:
Comparação: A frase nuclear pode-se desenvolver através da - A violência contra os povos indígenas é uma constante na
comparação, que confronta ideias, fatos, fenômenos e apresenta- história do Brasil.
lhes a semelhança ou dessemelhança. - O surgimento de várias entidades de defesa das populações
indígenas.
Exemplo: - A visão idealizada que o europeu ainda tem do índio brasi-
leiro.
“A juventude é uma infatigável aspiração de felicidade; a ve- - A invasão da Amazônia e a perda da cultura indígena.
lhice, pelo contrário, é dominada por um vago e persistente senti-
mento de dor, porque já estamos nos convencendo de que a felici- Depois de delimitar o tema que você vai desenvolver, deve
dade é uma ilusão, que só o sofrimento é real”. fazer a estruturação do texto.
(Arthur Schopenhauer)
A estrutura do texto dissertativo constitui-se de:
Causa e Consequência: A frase nuclear, muitas vezes, encon-
tra no seu desenvolvimento um segmento causal (fato motivador) Introdução: deve conter a ideia principal a ser desenvolvida
e, em outras situações, um segmento indicando consequências (fa- (geralmente um ou dois parágrafos). É a abertura do texto, por
tos decorrentes). isso é fundamental. Deve ser clara e chamar a atenção para dois
itens básicos: os objetivos do texto e o plano do desenvolvimento.
Contém a proposição do tema, seus limites, ângulo de análise e a
hipótese ou a tese a ser defendida.
Didatismo e Conhecimento 17
LÍNGUA PORTUGUESA
Desenvolvimento: exposição de elementos que vão funda- Conclusão.
mentar a ideia principal que pode vir especificada através da argu-
mentação, de pormenores, da ilustração, da causa e da consequên- Observe o texto a seguir, que contém os elementos referidos
cia, das definições, dos dados estatísticos, da ordenação cronológi- do plano-padrão da argumentação formal.
ca, da interrogação e da citação. No desenvolvimento são usados
tantos parágrafos quantos forem necessários para a completa expo- Gramática e desempenho Linguístico
sição da ideia. E esses parágrafos podem ser estruturados das cinco
maneiras expostas acima. Pretende-se demonstrar no presente artigo que o estudo in-
Conclusão: é a retomada da ideia principal, que agora deve tencional da gramática não traz benefícios significativos para o
aparecer de forma muito mais convincente, uma vez que já foi fun- desempenho linguístico dos utentes de uma língua.
damentada durante o desenvolvimento da dissertação (um pará- Por “estudo intencional da gramática” entende-se o estudo de
grafo). Deve, pois, conter de forma sintética, o objetivo proposto definições, classificações e nomenclatura; a realização de análises
na instrução, a confirmação da hipótese ou da tese, acrescida da (fonológica, morfológica, sintática); a memorização de regras (de
argumentação básica empregada no desenvolvimento. concordância, regência e colocação) - para citar algumas áreas.
O “desempenho linguístico”, por outro lado, é expressão técnica
Texto Argumentativo definida como sendo o processo de atualização da competência
na produção e interpretação de enunciados; dito de maneira mais
Texto Argumentativo é o texto em que defendemos uma simples, é o que se fala, é o que se escreve em condições reais de
ideia, opinião ou ponto de vista, uma tese, procurando (por todos comunicação.
os meios) fazer com que nosso ouvinte/leitor aceite-a, creia nela. A polêmica pró-gramática x contra gramática é bem antiga;
Num texto argumentativo, distinguem-se três componentes: a tese, na verdade, surgiu com os gregos, quando surgiram as primeiras
os argumentos e as estratégias argumentativas. gramáticas. Definida como “arte”, “arte de escrever”, percebe-se
que subjaz à definição a ideia da sua importância para a prática da
Tese, ou proposição, é a ideia que defendemos, necessaria- língua. São da mesma época também as primeiras críticas, como se
mente polêmica, pois a argumentação implica divergência de opi- pode ler em Apolônio de Rodes, poeta Alexandrino do séc. II a.C.:
nião. “Raça de gramáticos, roedores que ratais na musa de outrem, estú-
Argumento tem uma origem curiosa: vem do latim Argumen- pidas lagartas que sujais as grandes obras, ó flagelo dos poetas que
tum, que tem o tema ARGU, cujo sentido primeiro é “fazer bri- mergulhais o espírito das crianças na escuridão, ide para o diabo,
lhar”, “iluminar”, a mesma raiz de “argênteo”, “argúcia”, “arguto”. percevejos que devorais os versos belos”.
Os argumentos de um texto são facilmente localizados: identifica- Na atualidade, é grande o número de educadores, filólogos e
da a tese, faz-se a pergunta por quê? Exemplo: o autor é contra a linguistas de reconhecido saber que negam a relação entre o estudo
pena de morte (tese). Por que... (argumentos). intencional da gramática e a melhora do desempenho linguístico
do usuário. Entre esses especialistas, deve-se mencionar o nome
Estratégias argumentativas são todos os recursos (verbais e do Prof. Celso Pedro Luft com sus obra “Língua e liberdade: por
não-verbais) utilizados para envolver o leitor/ouvinte, para im- uma nova concepção de língua materna e seu ensino” (L&PM,
pressioná-lo, para convencê-lo melhor, para persuadi-lo mais fa- 1995). Com efeito, o velho pesquisar apaixonado pelos problemas
cilmente, para gerar credibilidade, etc. da língua, teórico de espírito lúcido e de larga formação linguísti-
ca, reúne numa mesma obra convincente fundamentação para seu
A Estrutura de um Texto Argumentativo combate veemente contra o ensino da gramática em sala de aula.
Por oportuno, uma citação apenas:
A argumentação Formal “Quem sabe, lendo este livro muitos professores talvez aban-
donem a superstição da teoria gramatical, desistindo de querer en-
A nomenclatura é de Othon Garcia, em sua obra “Comunica- sinar a língua por definições, classificações, análises inconsistentes
ção em Prosa Moderna”. O autor, na mencionada obra, apresenta o e precárias hauridas em gramáticas. Já seria um grande benefício”.
seguinte plano-padrão para o que chama de argumentação formal: Deixando-se de lado a perspectiva teórica do Mestre, acima
referida suponha-se que se deva recuperar linguisticamente um
Proposição (tese): afirmativa suficientemente definida e limi- jovem estudante universitário cujo texto apresente preocupantes
tada; não deve conter em si mesma nenhum argumento. problemas de concordância, regência, colocação, ortografia, pon-
tuação, adequação vocabular, coesão, coerência, informatividade,
Análise da proposição ou tese: definição do sentido da propo- entre outros. E, estimando-lhe melhoras, lhe fosse dada uma gra-
sição ou de alguns de seus termos, a fim de evitar mal-entendidos. mática que ele passaria a estudar: que é fonética? Que é fonolo-
gia? Que é fonemas? Morfema? Qual é coletivo de borboleta? O
Formulação de argumentos: fatos, exemplos, dados estatís- feminino de cupim? Como se chama quem nasce na Província de
ticos, testemunhos, etc. Entre-Douro-e-Minho? Que é oração subordinada adverbial con-
cessiva reduzida de gerúndio? E decorasse regras de ortografia,
fizesse lista de homônimos, parônimos, de verbos irregulares... e
estudasse o plural de compostos, todas regras de concordância, re-
gências... os casos de próclise, mesóclise e ênclise. E que, ao cabo
de todo esse processo, se voltasse a examinar o desempenho do
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LÍNGUA PORTUGUESA
jovem estudante na produção de um texto. A melhora seria, indubi- A Argumentação Informal
tavelmente, pouco significativa; uma pequena melhora, talvez, na
gramática da frase, mas o problema de coesão, de coerência, de in- A nomenclatura também é de Othon Garcia, na obra já referi-
formatividade - quem sabe os mais graves - haveriam de continuar. da. A argumentação informal apresenta os seguintes estágios:
Quanto mais não seja porque a gramática tradicional não dá conta - Citação da tese adversária.
dos mecanismos que presidem à construção do texto. - Argumentos da tese adversária.
Poder-se-á objetar que a ilustração de há pouco é apenas hi- - Introdução da tese a ser defendida.
potética e que, por isso, um argumento de pouco valor. Contra - Argumentos da tese a ser defendida.
argumentar-se-ia dizendo que situação como essa ocorre de fato - Conclusão.
na prática. Na verdade, todo o ensino de 1° e 2° graus é grama-
ticalista, descritivista, definitório, classificatório, nomenclaturista, Observe o texto exemplar de Luís Alberto Thompson Flores
prescritivista, teórico. O resultado? Aí estão as estatísticas dos ves- Lenz, Promotor de Justiça.
tibulares. Valendo 40 pontos a prova de redação, os escores foram
estes no vestibular 1996/1, na PUC-RS: nota zero: 10% dos candi- Considerações sobre justiça e equidade
datos, nota 01: 30%; nota 02: 40%; nota 03: 15%; nota 04: 5%. Ou
seja, apenas 20% dos candidatos escreveram um texto que pode
Hoje, floresce cada vez mais, no mundo jurídico a acadêmico
ser considerado bom.
nacional, a ideia de que o julgador, ao apreciar os caos concretos
Finalmente pode-se invocar mais um argumento, lembran-
que são apresentados perante os tribunais, deve nortear o seu pro-
do que são os gramáticos, os linguistas - como especialistas das
línguas - as pessoas que conhecem mais a fundo a estrutura e o ceder mais por critérios de justiça e equidade e menos por razões
funcionamento dos códigos linguísticos. Que se esperaria, de fato, de estrita legalidade, no intuito de alcançar, sempre, o escopo da
se houvesse significativa influência do conhecimento teórico da real pacificação dos conflitos submetidos à sua apreciação.
língua sobre o desempenho? A resposta é óbvia: os gramáticos e os Semelhante entendimento tem sido sistematicamente reitera-
linguistas seriam sempre os melhores escritores. Como na prática do, na atualidade, ao ponto de inúmeros magistrados simplesmen-
isso realmente não acontece, fica provada uma vez mais a tese que te desprezarem ou desconsiderarem determinados preceitos de lei,
se vem defendendo. fulminando ditos dilemas legais sob a pecha de injustiça ou inade-
Vale também o raciocínio inverso: se a relação fosse signifi- quação à realidade nacional.
cativa, deveriam os melhores escritores conhecer - teoricamente Abstraída qualquer pretensão de crítica ou censura pessoal
- a língua em profundidade. Isso, no entanto, não se confirma na aos insignes juízes que se filiam a esta corrente, alguns dos quais
realidade: Monteiro Lobato, quando estudante, foi reprovado em reconhecidos como dos mais brilhantes do país, não nos furtamos,
língua portuguesa (muito provavelmente por desconhecer teoria todavia, de tecer breves considerações sobre os perigos da genera-
gramatical); Machado de Assis, ao folhar uma gramática declarou lização desse entendimento.
que nada havia entendido; dificilmente um Luis Fernando Verís- Primeiro, porque o mesmo, além de violar os preceitos dos
simo saberia o que é um morfema; nem é de se crer que todos os arts. 126 e 127 do CPC, atenta de forma direta e frontal contra os
nossos bons escritores seriam aprovados num teste de Português à princípios da legalidade e da separação de poderes, esteio no qual
maneira tradicional (e, no entanto eles são os senhores da língua!). se assenta toda e qualquer ideia de democracia ou limitação de
Portanto, não há como salvar o ensino da língua, como re- atribuições dos órgãos do Estado.
cuperar linguisticamente os alunos, como promover um melhor Isso é o que salientou, e com a costumeira maestria, o insu-
desempenho linguístico mediante o ensino-estudo da teoria gra- perável José Alberto dos Reis, o maior processualista português,
matical. O caminho é seguramente outro. ao afirmar que: “O magistrado não pode sobrepor os seus próprios
juízos de valor aos que estão encarnados na lei. Não o pode fazer
Gilberto Scarton quando o caso se acha previsto legalmente, não o pode fazer mes-
mo quando o caso é omisso”.
Eis o esquema do texto em seus quatro estágios:
Aceitar tal aberração seria o mesmo que ferir de morte qual-
quer espécie de legalidade ou garantia de soberania popular prove-
Primeiro Estágio: primeiro parágrafo, em que se enuncia cla-
niente dos parlamentos, até porque, na lúcida visão desse mesmo
ramente a tese a ser defendida.
Segundo Estágio: segundo parágrafo, em que se definem as processualista, o juiz estaria, nessa situação, se arvorando, de for-
expressões “estudo intencional da gramática” e “desempenho lin- ma absolutamente espúria, na condição de legislador.
güístico”, citadas na tese. A esta altura, adotando tal entendimento, estaria instituciona-
Terceiro Estágio: terceiro, quarto, quinto, sexto, sétimo e oi- lizada a insegurança social, sendo que não haveria mais qualquer
tavo parágrafos, em que se apresentam os argumentos. garantia, na medida em que tudo estaria ao sabor dos humores e
- Terceiro parágrafo: parágrafo introdutório à argumentação. amores do juiz de plantão.
- Quarto parágrafo: argumento de autoridade. De nada adiantariam as eleições, eis que os representantes in-
- Quinto parágrafo: argumento com base em ilustração hipo- dicados pelo povo não poderiam se valer de sua maior atribuição,
tética. ou seja, a prerrogativa de editar as leis.
- Sexto parágrafo: argumento com base em dados estatísticos. Desapareceriam também os juízes de conveniência e oportu-
- Sétimo e oitavo parágrafo: argumento com base em fatos. nidade política típicos dessas casas legislativas, na medida em que
Quarto Estágio: último parágrafo, em que se apresenta a con- sempre poderiam ser afastados por uma esfera revisora excepcio-
clusão. nal.
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LÍNGUA PORTUGUESA
A própria independência do parlamento sucumbiria integral- Textos Injuntivo-Instrucionais: Instruções de montagem, re-
mente frente à possibilidade de inobservância e desconsideração ceitas, horóscopos, provérbios, slogans... são textos que incitam à
de suas deliberações. ação, impõem regras; textos que fornecem instruções. São orienta-
Ou seja, nada restaria, de cunho democrático, em nossa civi- dos para um comportamento futuro do destinatário.
lização. Texto Injuntivo - A necessidade de explicar e orientar por es-
Já o Poder Judiciário, a quem legitimamente compete fiscali- crito o modo de realizar determinados procedimentos, manipular
zar a constitucionalidade e legalidade dos atos dos demais poderes instrumentos, desenvolver atividades lúdicas e desempenhar algu-
do Estado, praticamente aniquilaria as atribuições destes, ditando mas funções profissionais, por exemplo, deu origem aos chamados
a eles, a todo momento, como proceder. textos injuntivos, nos quais prevalece a função apelativa da lin-
Nada mais é preciso dizer para demonstrar o desacerto dessa guagem, criando-se uma relação direta com o receptor. É comum
concepção. aos textos dessa natureza o uso dos verbos no imperativo (Abra o
Entretanto, a defesa desse entendimento demonstra, sem som- caderno de questões) ou no infinitivo (É preciso abrir o caderno
bra de dúvidas, o desconhecimento do próprio conceito de justiça, de questões, verificar o número de alternativas...). Não apresenta
incorrendo inclusive numa contradictio in adjecto. caráter coercitivo, haja vista que apenas induz o interlocutor a pro-
Isto porque, e como magistralmente o salientou o insuperável ceder desta ou daquela forma. Assim, torna-se possível substituir
Calamandrei, “a justiça que o juiz administra é, no sistema da lega- um determinado procedimento em função de outro, como é o caso
do que ocorre com os ingredientes de uma receita culinária, por
lidade, a justiça em sentido jurídico, isto é, no sentido mais aperta-
exemplo. São exemplos dessa modalidade:
do, mas menos incerto, da conformidade com o direito constituído,
- A mensagem revelada pela maioria dos livros de autoajuda;
independentemente da correspondente com a justiça social”.
- O discurso manifestado mediante um manual de instruções;
Para encerrar, basta salientar que a eleição dos meios concre-
- As instruções materializadas por meio de uma receita culi-
tos de efetivação da Justiça social compete, fundamentalmente, ao nária.
Legislativo e ao Executivo, eis que seus membros são indicados
diretamente pelo povo. Texto Instrucional - o texto instrucional é um tipo de texto
Ao Judiciário cabe administrar a justiça da legalidade, ade- injuntivo, didático, que tem por objetivo justamente apresentar
quando o proceder daqueles aos ditames da Constituição e da Le- orientações ao receptor para que ele realize determinada atividade.
gislação. Como as palavras do texto serão transformadas em ações visando
Luís Alberto Thompson Flores Lenz a um objetivo, ou seja, algo deverá ser concretizado, é de suma im-
portância que nele haja clareza e objetividade. Dependendo do que
Eis o esquema do texto em seus cinco estágios; se trata, é imprescindível haver explicações ou enumerações em
que estejam elencados os materiais a serem utilizados, bem como
Primeiro Estágio: primeiro parágrafo, em que se cita a tese os itens de determinados objetos que serão manipulados. Por conta
adversária. dessas características, é necessário um título objetivo. Quanto à
Segundo Estágio: segundo parágrafo, em que se cita um argu- pontuação, frequentemente empregam-se dois pontos, vírgulas e
mento da tese adversária “... fulminando ditos dilemas legais sob a pontos e vírgulas. É possível separar as orientações por itens ou
pecha de injustiça ou inadequação à realidade nacional”. de modo coeso, por meio de períodos. Alguns textos instrucionais
Terceiro Estágio: terceiro parágrafo, em que se introduz a tese possuem subtítulos separando em tópicos as instruções, basta re-
a ser defendida. parar nas bulas de remédios, manuais de instruções e receitas. Pelo
Quarto Estágio: do quarto ao décimo quinto, em que se apre- fato de o espaço destinado aos textos instrucionais geralmente não
sentam os argumentos. ser muito extenso, recomenda-se o uso de períodos. Leia os exem-
Quinto Estágio: os últimos dois parágrafos, em que se conclui plos.
o texto mediante afirmação que salienta o que ficou dito ao longo
da argumentação. Texto organizado em itens:
Didatismo e Conhecimento 20
LÍNGUA PORTUGUESA
Texto organizado em períodos: - Instrucionais: didáticos, resumos, receitas, catálogos,
índices, listas, verbetes em geral, bulas e notas explicativas de
Para economizar nas compras embalagens.
Para economizar ao comprar, primeiramente estabeleça um - Epistolares: bilhetes, cartas familiares e cartas formais.
valor máximo para gastar e então escolha previamente aquilo que
deseja comprar antes de ir à loja ou entrar em sites de compra. Se - Administrativos: requerimentos, ofícios e etc.
possível, pesquise os preços em diferentes lojas e sites; não se dei-
xe levar completamente pelas sugestões dos vendedores nem pelos FICCIONAIS
apelos das propagandas e opte pela forma de pagamento mais cô-
moda: não se esqueça de que o uso do cartão de crédito exige certa CONTO
cautela e planejamento.
Do mais, aproveite as compras!
É um gênero textual que apresenta um único conflito, tomado
já próximo do seu desfecho. Encerra uma história com poucas
Observe que, embora ambos os textos tratem do mesmo assun-
personagens, e também tempo e espaço reduzido. A linguagem
to, o segundo é uma adaptação do primeiro: tanto o modo verbal
quanto a pontuação sofreram alterações; além disso, algumas pala- pode ser formal ou informal. É uma obra de ficção que cria um
vras foram omitidas e outras acrescentadas. Isso ocorreu para que universo de seres e acontecimentos, de fantasia ou imaginação.
o aspecto instrucional, conferido pelos itens do primeiro exemplo, Como todos os textos de ficção, o conto apresenta um narrador,
não se perdesse no segundo texto, o qual, sem essas adaptações, personagens, ponto de vista e enredo. Classicamente, diz-se que o
passaria a impressão de ser um mero texto expositivo. conto se define pela sua pequena extensão. Mais curto que a novela
ou o romance, o conto tem uma estrutura fechada, desenvolve uma
Gêneros Textuais história e tem apenas um clímax. Exemplo:
Didatismo e Conhecimento 21
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CRÔNICA POEMA
Em jornais e revistas, há textos normalmente assinados por um Um poema é uma obra literária geralmente apresentada em
escritor de ficção ou por uma pessoa especializada em determinada versos e estrofes (ainda que possa existir prosa poética, assim
área (economia, gastronomia, negócios, entre outras) que escreve designada pelo uso de temas específicos e de figuras de estilo
com periodicidade para uma seção (por exemplo, todos os domingos próprias da poesia). Efetivamente, existe uma diferença entre
para o Caderno de Economia). Esses textos, conhecidos como poesia e poema. Segundo vários autores, o poema é um objeto
crônicas, são curtos e em geral predominantemente narrativos, literário com existência material concreta, a poesia tem um
podendo apresentar alguns trechos dissertativos. Exemplo: carácter imaterial e transcendente. Fortemente relacionado com
a música, beleza e arte, o poema tem as suas raízes históricas
A luta e a lição nas letras de acompanhamento de peças musicais. Até a Idade
Média, os poemas eram cantados. Só depois o texto foi separado
Um brasileiro de 38 anos, Vítor Negrete, morreu no Tibete do acompanhamento musical. Tal como na música, o ritmo tem
após escalar pela segunda vez o ponto culminante do planeta, o
uma grande importância. Um poema também faz parte de um sarau
monte Everest. Da primeira, usou o reforço de um cilindro de
(reuniões em casas particulares para expressar artes, canções,
oxigênio para suportar a altura. Na segunda (e última), dispensou
poemas, poesias etc). Obra em verso em que há poesia. Exemplo:
o cilindro, devido ao seu estado geral, que era considerado ótimo.
As façanhas dele me emocionaram, a bem sucedida e a malograda.
Aqui do meu canto, temendo e tremendo toda a vez que viajo no Soneto do amigo
bondinho do Pão de Açúcar, fico meditando sobre os motivos que
levam alguns heróis a se superarem. Vitor já havia vencido o cume Enfim, depois de tanto erro passado
mais alto do mundo. Quis provar mais, fazendo a escalada sem a Tantas retaliações, tanto perigo
ajuda do oxigênio suplementar. O que leva um ser humano bem Eis que ressurge noutro o velho amigo
sucedido a vencer desafios assim? Nunca perdido, sempre reencontrado.
Ora, dirão os entendidos, é assim que caminha a humanidade.
Se cada um repetisse meu exemplo, ficando solidamente instalado É bom sentá-lo novamente ao lado
no chão, sem tentar a aventura, ainda estaríamos nas cavernas, Com olhos que contêm o olhar antigo
lascando o fogo com pedras, comendo animais crus e puxando Sempre comigo um pouco atribulado
nossas mulheres pelos cabelos, como os trogloditas - se é que os E como sempre singular comigo.
trogloditas faziam isso. Somos o que somos hoje devido a heróis Um bicho igual a mim, simples e humano
que trocam a vida pelo risco. Bem verdade que escalar montanhas, Sabendo se mover e comover
em si, não traz nada de prático ao resto da humanidade que prefere E a disfarçar com o meu próprio engano.
ficar na cômoda planície da segurança.
Mas o que há de louvável (e lamentável) na aventura de Vítor O amigo: um ser que a vida não explica
Negrete é a aspiração de ir mais longe, de superar marcas, de Que só se vai ao ver outro nascer
ir mais alto, desafiando os riscos. Não sei até que ponto ele foi E o espelho de minha alma multiplica...
temerário ao recusar o oxigênio suplementar. Mas seu exemplo - e
seu sacrifício - é uma lição de luta, mesmo sendo uma luta perdida. Vinicius de Moraes
(Autor: Carlos Heitor Cony.
Publicado na Folha Online) HISTÓRIA EM QUADRINHOS
ROMANCE As primeiras manifestações das Histórias em Quadrinhos
surgiram no começo do século XX, na busca de novos meios
O termo romance pode referir-se a dois gêneros literários. O
de comunicação e expressão gráfica e visual. Entre os primeiros
primeiro deles é uma composição poética popular, histórica ou
autores das histórias em quadrinhos estão o suíço Rudolph
lírica, transmitida pela tradição oral, sendo geralmente de autor
Töpffer, o alemão Wilhelm Bush, o francês Georges, e o brasileiro
anônimo; corresponde aproximadamente à balada medieval. E
como forma literária moderna, o termo designa uma composição Ângelo Agostini. A origem dos balões presentes nas histórias
em prosa. Todo Romance se organiza a partir de uma trama, ou em quadrinhos pode ser atribuída a personagens, observadas em
seja, em torno dos acontecimentos que são organizados em uma ilustrações europeias desde o século XIV.
sequência temporal. A linguagem utilizada em um Romance é muito As histórias em quadrinhos começaram no Brasil no século
variável, vai depender de quem escreve, de uma boa diferenciação XIX, adotando um estilo satírico conhecido como cartuns, charges
entre linguagem escrita e linguagem oral e principalmente do tipo ou caricaturas e que depois se estabeleceria com as populares tiras.
de Romance. A publicação de revistas próprias de histórias em quadrinhos no
Quanto ao tipo de abordagem o Romance pode ser: Urbano, Brasil começou no início do século XX também. Atualmente, o
Regionalista, Indianista e Histórico. E quanto à época ou Escola estilo cômicos dos super-heróis americanos é o predominante,
Literária, o Romance pode ser: Romântico, Realista, Naturalista mas vem perdendo espaço para uma expansão muito rápida dos
e Modernista. quadrinhos japoneses (conhecidos como Mangá).
Didatismo e Conhecimento 22
LÍNGUA PORTUGUESA
A leitura interpretativa de Histórias em Quadrinhos, assim - Manchete (ou título principal) – resume, com objetividade,
como de charges, requer uma construção de sentidos que, para que o assunto da notícia. Essa frase curta e de impacto, em geral,
ocorra, é necessário mobilizar alguns processos de significação, aparece em letras grandes e destacadas.
como a percepção da atualidade, a representação do mundo, a - Lide (ou lead) – complementa o título principal, fornecendo
observação dos detalhes visuais e/ou linguísticos, a transformação as principais informações da notícia. Como a manchete, sua função
de linguagem conotativa (sentido mais usual) em denotativa é despertar a atenção do leitor para o texto.
(sentido amplificado pelo contexto, pelos aspetos socioculturais - Corpo – contém o desenvolvimento mais amplo e detalhado
etc). Em suma, usa-se o conhecimento da realidade e de processos dos fatos.
linguísticos para “inverter” ou “subverter” produzindo, assim,
sentidos alternativos a partir de situações extremas. Exemplo: A notícia usa uma linguagem formal, que segue a norma culta
da língua. A ordem direta, a voz ativa, os verbos de ação e as frases
Observe a tirinha em quadrinhos do Calvin: curtas permitem fluir as ideias. É preferível a linguagem acessível
e simples. Evite gírias, termos coloquiais e frases intercaladas.
Os fatos, em geral, são apresentados de forma impessoal e
escritos em 3ª pessoa, com o predomínio da função referencial, já
que esse texto visa à informação.
A falta de tempo do leitor exige a seleção das informações
mais relevantes, vocabulário preciso e termos específicos que o
ajudem a compreender melhor os fatos. Em jornais ou revistas
impressos ou on-line, e em programas de rádio ou televisão, a
informação transmitida pela notícia precisa ser verídica, atual e
despertar o interesse do leitor.
EDITORIAL
Didatismo e Conhecimento 23
LÍNGUA PORTUGUESA
O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA, na TEXTOS DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA
sigla em inglês) – o mais sério teste internacional para avaliar
o desempenho escolar e coordenado pela Organização para a Sua finalidade discursiva pauta-se pela divulgação de
Cooperação e Desenvolvimento Econômico – continua sendo conhecimentos acerca do saber científico, assemelhando-
implacável com o Brasil. No exame publicado de 2012, o País se, portanto, com os demais gêneros circundantes no meio
aparece na incômoda penúltima posição entre 40 países avaliados. educacional como um todo, entre eles, textos didáticos e verbetes
O teste aponta que o aprendizado de Matemática, Leitura e de enciclopédias. Mediante tal pressuposto, já temos a ideia do
Ciências durante o ciclo fundamental é sofrível, e perdemos para caráter condizente à linguagem, uma vez que esta se perfaz de
países como Colômbia, Tailândia e México. Já passa da hora de características marcantes - a objetividade, isentando-se de traços
as autoridades melhorarem a gestão de nossa Educação Pública e pessoais por parte do emissor, como também por obedecer ao
seguir o exemplo da pequena Paulista. padrão formal da língua. Outro aspecto passível de destaque é o
Fonte: http://www.oestadoce.com.br/noticia/ fato de que no texto científico, às vezes, temos a oportunidade de
editorial-cidade-paraibana-e-exemplo-ao-pais nos deparar com determinadas terminologias e conceitos próprios
da área científica a que eles se referem.
ARTIGOS Veiculados por diversos meios de comunicação, seja em
jornais, revistas, livros ou meio eletrônico, compartilham-se com
É comum encontrar circulando no rádio, na TV, nas revistas, uma gama de interlocutores. Razão esta que incide na forma como
nos jornais, temas polêmicos que exigem uma posição por parte se estruturam, não seguindo um padrão rígido, uma vez que este
dos ouvintes, espectadores e leitores, por isso, o autor geralmente
se interliga a vários fatores, tais como: assunto, público-alvo,
apresenta seu ponto de vista sobre o tema em questão através do
emissor, momento histórico, dentre outros. Mas, geralmente, no
artigo (texto jornalístico).
primeiro e segundo parágrafos, o autor expõe a ideia principal,
Nos gêneros argumentativos, o autor geralmente tem a intenção
de convencer seus interlocutores e, para isso, precisa apresentar sendo representada por uma ideia ou conceito. Nos parágrafos
bons argumentos, que consistem em verdades e opiniões. O artigo que seguem, ocorre o desenvolvimento propriamente dito da
de opinião é fundamentado em impressões pessoais do autor do ideia, lembrando que tais argumentos são subsidiados em fontes
texto e, por isso, são fáceis de contestar. verdadeiramente passíveis de comprovação - comparações, dados
O artigo deve começar com uma breve introdução, que estatísticos, relações de causa e efeito, dentre outras.
descreva sucintamente o tema e refira os pontos mais importantes.
Um leitor deve conseguir formar uma ideia clara sobre o assunto NÃO FICCIONAIS – INSTRUCIONAIS
e o conteúdo do artigo ao ler apenas a introdução. Por favor tenha
em mente que embora esteja familiarizado com o tema sobre o DIDÁTICOS
qual está a escrever, outros leitores da podem não o estar. Assim,
é importante clarificar cedo o contexto do artigo. Por exemplo, em Na leitura de um texto didático, é preciso apanhar suas ideias
vez de escrever: fundamentais. Um texto didático é um texto conceitual, ou seja,
Guano é um personagem que faz o papel de mascote do grupo não figurativo. Nele os termos significam exatamente aquilo que
Lily Mu. Seria mais informativo escrever: denotam, sendo descabida a atribuição de segundos sentidos ou
Guano é um personagem da série de desenho animado Kappa valores conotativos aos termos. Num texto didático devem se
Mikey que faz o papel de mascote do grupo Lily Mu. analisar ainda com todo o cuidado os elementos de coesão. Deve-
Caracterize o assunto, especialmente se existirem opiniões se observar a expectativa de sentido que eles criam, para que possa
diferentes sobre o tema. Seja objetivo. Evite o uso de eufemismos e entender bem o texto.
de calão ou gíria, e explique o jargão. No final do artigo deve listar O entendimento do texto didático de uma determinada
as referências utilizadas, e ao longo do artigo deve citar a fonte das disciplina requer o conhecimento do significado exato dos termos
afirmações feitas, especialmente se estas forem controversas ou com que ela opera. Conhecer esses termos significa conhecer um
suscitarem dúvidas. conjunto de princípios e de conceitos sobre os quais repousa uma
determinada ciência, certa teoria, um campo do saber. O uso da
CARTAS terminologia científica dá maior rigor à exposição, pois evita as
conotações e as imprecisões dos termos da linguagem cotidiana.
Na maioria dos jornais e revistas, há uma seção destinada a
Por outro lado, a definição dos termos depende do nível de público
cartas do leitor. Ela oferece um espaço para o leitor elogiar ou
a que se destina.
criticar uma matéria publicada, ou fazer sugestões. Os comentários
podem referir-se às ideias de um texto, com as quais o leitor Um manual de introdução à física, destinado a alunos de
concorda ou não; à maneira como o assunto foi abordado; ou à primeiro grau, expõe um conceito de cada vez e, por conseguinte,
qualidade do texto em si. É possível também fazer alusão a outras vai definindo paulatinamente os termos específicos dessa ciência.
cartas de leitores, para concordar ou não com o ponto de vista Num livro de física para universitários não cabe a definição de
expresso nelas. A linguagem da carta costuma variar conforme termos que os alunos já deveriam saber, pois senão quem escreve
o perfil dos leitores da publicação. Pode ser mais descontraída, precisaria escrever sobre tudo o que a ciência em que ele é
se o público é jovem, ou ter um aspecto mais formal. Esse tipo especialista já estudou.
de carta apresenta formato parecido com o das cartas pessoais:
data, vocativo (a quem ela é dirigida), corpo do texto, despedida
e assinatura.
Didatismo e Conhecimento 24
LÍNGUA PORTUGUESA
RESUMOS comumente, um dicionário ou uma enciclopédia. O verbete
é essencialmente destinado a consulta, o que lhe impõe uma
Resumo é uma exposição abreviada de um acontecimento. construção discursiva sucinta e de acesso imediato, embora isso
Fazer um resumo significa apresentar o conteúdo de forma não incorra necessariamente em curta extensão. Geralmente,
sintética, destacando as informações essenciais do conteúdo de um os verbetes abordam conceitos bem estabelecidos em algum
livro, artigo, argumento de filme, peça teatral, etc. A elaboração paradigma acadêmico-científico, ao invés de entrar em polêmicas
de um resumo exige análise e interpretação do conteúdo para que referentes a categorias teóricas discutíveis.
sejam transmitidas as ideias mais importantes. Por sua pretensão universalista e pela posição respeitável que
Escrever um texto em poucas linhas ajuda o aluno a ocupa no sistema de valores da cultura racionalista, espera-se que
desenvolver a sua capacidade de síntese, objetividade e clareza: todo verbete siga as normas padrão de uso da língua escrita, em um
três fatores que serão muito importantes ao longo da vida escolar. nível elevado de formalidade. Por sua natureza sistemática e por
Além de ser um ótimo instrumento de estudo da matéria para fazer ser destinado à consulta, espera-se que a linguagem do verbete seja
um teste. Resumo é sinônimo de “recapitulação”, quando, ao final também o mais objetiva possível. As consequências gramaticais
de cada capítulo de um livro é apresentado um breve texto com as desse princípio são: no nível lexical, precisão na escolha dos termos
ideias chave do assunto introduzido. Outros sinônimos de resumo e ausência de palavras que expressem subjetividade (opiniões,
são: sinopse, sumário, síntese, epítome e compêndio. impressões e sensações); no nível sintático, simplificação das
construções; e no nível estilístico, denotação (ausência de
RECEITAS ornamentos e figuras de linguagem).
É comum a presença de terminologia especializada na
A receita tem como objetivo informar a fórmula de um construção do verbete, embora sua frequência varie conforme o
produto seja ele industrial ou caseiro, contando detalhadamente público consumidor da obra de referência em que se insere o texto.
sobre seu preparo. É uma sequência de passos para a preparação Elementos de linguagens não verbais (especialmente pictóricos)
de alimentos. As receitas geralmente vêm com seus verbos no são tradicionalmente agregados ao verbete com função de
modo imperativo, para dar ordens de como preparar seu prato seja esclarecimento.
ele qual for. Elas são encontradas em diversas fontes como: livros,
sites, programas (TV/Rádio), revistas ou até mesmo em jornais e BULAS
panfletos. A receita também ajuda a fazer vários tipos de pratos
típicos e saudáveis e até sobremesas deliciosas. Bula pode referir-se a:
O verbete é um tipo de texto predominantemente descritivo. As notas explicativas servem para que o fabricante do
A elaboração reflete o conflito seminal que define a elegância produto esclareça ou explique aspectos da composição, nutrição,
científica: a negociação constante entre síntese e exaustividade. advertências a respeito do produto.
Os padrões do gênero valorizam tanto a brevidade e a abordagem
direta dos temas quanto o detalhamento e a completude da
informação.
É um texto escrito, de caráter informativo, destinado a
explicar um conceito segundo padrões descritivos sistemáticos,
determinados pela obra de referência da qual faz parte: mais
Didatismo e Conhecimento 25
LÍNGUA PORTUGUESA
NÃO FICCIONAIS – EPISTOLARES - Vocativo, cargo ou função (e nome do destinatário), ou seja,
da autoridade competente.
BILHETES - Texto incluindo: Preâmbulo, contendo nome do requerente
(grafado em letras maiúsculas) e respectiva qualificação:
O bilhete é uma mensagem curta, trocada entre as pessoas, nacionalidade, estado civil, profissão, documento de identidade,
para pedir, agradecer, oferecer, informar, desculpar ou perguntar. idade (se maior de 60 anos, para fins de preferência na tramitação
O bilhete é composto normalmente de: data, nome do destinatário do processo, segundo a Lei 10.741/03), e domicílio (caso o
antecedido de um cumprimento, mensagem, despedida e nome do requerente seja servidor da Câmara dos Deputados, precedendo à
remetente. Exemplo: qualificação civil deve ser colocado o número do registro funcional
e a lotação); Exposição do pedido, de preferência indicando os
Belinha, fundamentos legais do requerimento e os elementos probatórios
Passei na sua casa para contar o que aconteceu comigo de natureza fática.
ontem à noite. - Fecho: “Nestes termos, Pede deferimento”.
Telefone para mim hoje à tarde, que eu vou contar tudinho - Local e data.
para você! - Assinatura e, se for o caso de servidor, função ou cargo.
Um beijinho da amiga Juliana. 14/03/2013
OFÍCIOS
CARTAS FAMILIARES E CARTAS FORMAIS
O Ofício deve conter as seguintes partes:
A carta é um dos instrumentos mais úteis em situações
diversas. É um dos mais antigos meios de comunicação. Em uma - Tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão
carta formal é preciso ter cuidado na coerência do tratamento, por que o expede. Exemplos:
exemplo, se começamos a carta no tratamento em terceira pessoa
devemos ir até o fim em terceira pessoa, seguindo também os Of. 123/2002-MME
pronomes e formas verbais na terceira pessoa. Há vários tipos de Aviso 123/2002-SG
cartas, o formato da carta depende do seu conteúdo: Mem. 123/2002-MF
- Carta Pessoal é a carta que escrevemos para amigos,
parentes, namorado(a), o remetente é a própria pessoa que assina a - Local e data. Devem vir por extenso com alinhamento à
carta, estas cartas não têm um modelo pronto, são escritas de uma direita. Exemplo:
maneira particular.
- Carta Comercial se torna o meio mais efetivo e seguro de Brasília, 20 de maio de 2013
comunicação dentro de uma organização. A linguagem deve ser - Assunto. Resumo do teor do documento. Exemplos:
clara, simples, correta e objetiva.
Assunto: Produtividade do órgão em 2012.
Assunto: Necessidade de aquisição de novos computadores.
A carta ao ser escrita deve ser primeiramente bem analisada
em termos de língua portuguesa, ou seja, deve-se observar a
- Destinatário. O nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida
concordância, a pontuação e a maneira de escrever com início, meio
a comunicação. No caso do ofício, deve ser incluído também o
e então o fim, contendo também um cabeçalho e se for uma carta
endereço.
formal, deve conter pronomes de tratamento (Senhor, Senhora, V.
Ex.ª etc.) e por fim a finalização da carta que deve conter somente
- Texto. Nos casos em que não for de mero encaminhamento
um cumprimento formal ou não (grato, beijos, abraços, adeus de documentos, o expediente deve conter a seguinte estrutura:
etc.). Depois de todos esses itens terem sido colocados na carta, a
mesma deverá ser colocada em um envelope para ser enviado ao Introdução: que se confunde com o parágrafo de abertura,
destinatário. Na parte de trás e superior do envelope deve-se conter na qual é apresentado o assunto que motiva a comunicação. Evite
alguns dados muito importantes tais como: nome do destinatário, o uso das formas: “Tenho a honra de”, “Tenho o prazer de”,
endereço (rua, bairro e cidade) e por fim o CEP. Já o remetente “Cumpreme informar que”, empregue a forma direta;
(quem vai enviar a carta), também deve inserir na carta os mesmos Desenvolvimento: no qual o assunto é detalhado; se o texto
dados que o do destinatário, que devem ser escritos na parte da contiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas devem ser tratadas
frente do envelope. E por fim deve ser colocado no envelope um em parágrafos distintos, o que confere maior clareza à exposição;
selo que serve para que a carta seja levada à pessoa mencionada. Conclusão: em que é reafirmada ou simplesmente
reapresentada a posição recomendada sobre o assunto.
NÃO FICCIONAIS – ADMINISTRATIVOS
Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto nos casos
REQUERIMENTOS em que estes estejam organizados em itens ou títulos e subtítulos.
Didatismo e Conhecimento 26
LÍNGUA PORTUGUESA
O fonema z:
3 DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL.
3.1 EMPREGO DAS LETRAS. Escreve-se com S e não com Z:
3.2 EMPREGO DA ACENTUAÇÃO *os sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é substantivo,
ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos: freguês, freguesa, fregue-
GRÁFICA
sia, poetisa, baronesa, princesa, etc.
*os sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, metamorfose.
*as formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, quis, qui-
seste.
ORTOGRAFIA *nomes derivados de verbos com radicais terminados em “d”:
aludir - alusão / decidir - decisão / empreender - empresa / difun-
A ortografia é a parte da língua responsável pela grafia correta dir - difusão
das palavras. Essa grafia baseia-se no padrão culto da língua. *os diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís - Luisi-
As palavras podem apresentar igualdade total ou parcial no nho / Rosa - Rosinha / lápis - lapisinho
que se refere a sua grafia e pronúncia, mesmo tendo significados *após ditongos: coisa, pausa, pouso
diferentes. Essas palavras são chamadas de homônimas (canto, do *em verbos derivados de nomes cujo radical termina com “s”:
grego, significa ângulo / canto, do latim, significa música vocal). anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar - pesquisar
As palavras homônimas dividem-se em homógrafas, quando têm
a mesma grafia (gosto, substantivo e gosto, 1ª pessoa do singular Escreve-se com Z e não com S:
do verbo gostar) e homófonas, quando têm o mesmo som (paço, *os sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de adjetivo:
palácio ou passo, movimento durante o andar). macio - maciez / rico - riqueza
Quanto à grafia correta em língua portuguesa, devem-se obser- *os sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de origem
var as seguintes regras: não termine com s): final - finalizar / concreto - concretizar
*como consoante de ligação se o radical não terminar com s:
O fonema s: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal ≠ lápis + inho - lapisinho
Escreve-se com SS e não com C e Ç os nomes derivados dos Observação: Exceção: pajem
verbos cujos radicais terminem em gred, ced, prim ou com verbos *as terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio, litígio,
terminados por tir ou meter: agredir - agressivo / imprimir - im- relógio, refúgio.
pressão / admitir - admissão / ceder - cessão / exceder - excesso *os verbos terminados em ger e gir: eleger, mugir.
/ percutir - percussão / regredir - regressão / oprimir - opressão / *depois da letra “r” com poucas exceções: emergir, surgir.
comprometer - compromisso / submeter - submissão *depois da letra “a”, desde que não seja radical terminado com
*quando o prefixo termina com vogal que se junta com a pala- j: ágil, agente.
vra iniciada por “s”. Exemplos: a + simétrico - assimétrico / re + Escreve-se com J e não com G:
surgir - ressurgir *as palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje.
*no pretérito imperfeito simples do subjuntivo. Exemplos: fi- *as palavras de origem árabe, africana ou exótica: jiboia, man-
casse, falasse jerona.
*as palavras terminada com aje: aje, ultraje.
Escreve-se com C ou Ç e não com S e SS os vocábulos de
origem árabe: cetim, açucena, açúcar O fonema ch:
*os vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó, Juça-
ra, caçula, cachaça, cacique Escreve-se com X e não com CH:
*os sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu, uço: *as palavras de origem tupi, africana ou exótica: abacaxi, mu-
barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça, caniço, esperança, xoxo, xucro.
carapuça, dentuço *as palavras de origem inglesa (sh) e espanhola (J): xampu,
*nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção / deter - de- lagartixa.
tenção / ater - atenção / reter - retenção *depois de ditongo: frouxo, feixe.
*após ditongos: foice, coice, traição *depois de “en”: enxurrada, enxoval.
*palavras derivadas de outras terminadas em te, to(r): marte -
marciano / infrator - infração / absorto - absorção Observação: Exceção: quando a palavra de origem não derive
de outra iniciada com ch - Cheio - (enchente)
Didatismo e Conhecimento 27
LÍNGUA PORTUGUESA
Escreve-se com CH e não com X: 04. (TRF - 1ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO -
*as palavras de origem estrangeira: chave, chumbo, chassi, FCC/2011) As palavras estão corretamente grafadas na seguinte
mochila, espadachim, chope, sanduíche, salsicha. frase:
(A) Que eles viajem sempre é muito bom, mas não é boa a
As letras e e i: ansiedade com que enfrentam o excesso de passageiros nos aero-
*os ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem. Com “i”, portos.
só o ditongo interno cãibra. (B) Comete muitos deslises, talvez por sua espontaneidade,
*os verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar são escritos mas nada que ponha em cheque sua reputação de pessoa cortês.
com “e”: caçoe, tumultue. Escrevemos com “i”, os verbos com (C) Ele era rabugento e tinha ojeriza ao hábito do sócio de des-
infinitivo em -air, -oer e -uir: trai, dói, possui. cançar após o almoço sob a frondoza árvore do pátio.
- atenção para as palavras que mudam de sentido quando subs- (D) Não sei se isso influe, mas a persistência dessa mágoa pode
tituímos a grafia “e” pela grafia “i”: área (superfície), ária (me- estar sendo o grande impecilho na superação dessa sua crise.
lodia) / delatar (denunciar), dilatar (expandir) / emergir (vir à (E) O diretor exitou ao aprovar a retenção dessa alta quantia,
tona), imergir (mergulhar) / peão (de estância, que anda a pé), mas não quiz ser taxado de conivente na concessão de privilégios
pião (brinquedo). ilegítimos.
Fonte: http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/orto- 05.Em qual das alternativas a frase está corretamente escrita?
grafia A) O mindingo não depositou na cardeneta de poupansa.
B) O mendigo não depositou na caderneta de poupança.
Questões sobre Ortografia C) O mindigo não depozitou na cardeneta de poupanssa.
D) O mendingo não depozitou na carderneta de poupansa.
01. (TRE/AP - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2011) Entre as
frases que seguem, a única correta é: 06.(IAMSPE/SP – ATENDENTE – [PAJEM] - CCI) – VU-
a) Ele se esqueceu de que? NESP/2011) Assinale a alternativa em que o trecho – Mas ela
b) Era tão ruím aquele texto, que não deu para distribui-lo cresceu ... – está corretamente reescrito no plural, com o verbo no
entre os presentes. tempo futuro.
c) Embora devessemos, não fomos excessivos nas críticas. (A) Mas elas cresceram...
d) O juíz nunca negou-se a atender às reivindicações dos fun- (B) Mas elas cresciam...
cionários. (C) Mas elas cresçam...
e) Não sei por que ele mereceria minha consideração. (D) Mas elas crescem...
(E) Mas elas crescerão...
02. (Escrevente TJ SP – Vunesp/2013). Assinale a alternativa
cujas palavras se apresentam flexionadas de acordo com a norma- 07. (IAMSPE/SP – ATENDENTE – [PAJEM – CCI] – VU-
-padrão. NESP/2011 - ADAPTADA) Assinale a alternativa em que o trecho
(A) Os tabeliãos devem preparar o documento. – O teste decisivo e derradeiro para ele, cidadão ansioso e sofre-
(B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis. dor...– está escrito corretamente no plural.
(C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório local. (A) Os testes decisivo e derradeiros para eles, cidadãos ansioso
(D) Ao descer e subir escadas, segure-se nos corrimãos. e sofredores...
(E) Cuidado com os degrais, que são perigosos! (B) Os testes decisivos e derradeiros para eles, cidadães ansio-
so e sofredores...
03. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013). (C) Os testes decisivos e derradeiros para eles, cidadãos ansio-
Suponha-se que o cartaz a seguir seja utilizado para informar os sos e sofredores...
usuários sobre o festival Sounderground. (D) Os testes decisivo e derradeiros para eles, cidadões ansioso
Prezado Usuário e sofredores...
________ de oferecer lazer e cultura aos passageiros do me- (E) Os testes decisivos e derradeiros para eles, cidadães ansio-
trô, ________ desta segunda-feira (25/02), ________ 17h30, sos e sofredores...
começa o Sounderground, festival internacional que prestigia os
músicos que tocam em estações do metrô. 08. (MPE/RJ – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – FUJB/2011)
Confira o dia e a estação em que os artistas se apresentarão e Assinale a alternativa em que a frase NÃO contraria a norma culta:
divirta-se! A) Entre eu e a vida sempre houve muitos infortúnios, por isso
Para que o texto atenda à norma-padrão, devem-se preencher posso me queixar com razão.
as lacunas, correta e respectivamente, com as expressões B) Sempre houveram várias formas eficazes para ultrapas-
A) A fim ...a partir ... as sarmos os infortúnios da vida.
B) A fim ...à partir ... às C) Devemos controlar nossas emoções todas as vezes que ver-
C) A fim ...a partir ... às mos a pobreza e a miséria fazerem parte de nossa vida.
D) Afim ...a partir ... às D) É difícil entender o por quê de tanto sofrimento, principal-
E) Afim ...à partir ... as mente daqueles que procuram viver com dignidade e simplicidade.
E) As dificuldades por que passamos certamente nos fazem
mais fortes e preparados para os infortúnios da vida.
Didatismo e Conhecimento 28
LÍNGUA PORTUGUESA
09.Assinale a alternativa cuja frase esteja incorreta: (D) Não sei se isso influe (influi), mas a persistência dessa má-
A) Porque essa cara? goa pode estar sendo o grande impecilho (empecilho) na superação
B) Não vou porque não quero. dessa sua crise.
C) Mas por quê? (E) O diretor exitou (hesitou) ao aprovar a retenção dessa alta
D) Você saiu por quê? quantia, mas não quiz (quis) ser taxado de conivente na concessão
de privilégios ilegítimos.
10-) (GOVERNO DO ESTADO DE ALAGOAS – TÉCNICO
FORENSE - CESPE/2013 - adaptada) Uma variante igualmente 5-)
correta do termo “autópsia” é autopsia. A) O mindingo não depositou na cardeneta de poupansa. =
( ) Certo mendigo/caderneta/poupança
( ) Errado C) O mindigo não depozitou na cardeneta de poupanssa. =
mendigo/caderneta/poupança
GABARITO D) O mendingo não depozitou na carderneta de poupansa.
=mendigo/depositou/caderneta/poupança
01.E 02. D 03. C 04. A 05. B
06. E 07. C 08. E 09. A 10. C 6-) Futuro do verbo “crescer”: crescerão. Teremos: mas elas
crescerão...
RESOLUÇÃO
7-) Como os itens apresentam o mesmo texto, a alternativa cor-
reta já indica onde estão as inadequações nos demais itens.
1-)
(A) Ele se esqueceu de que? = quê? 8-) Fiz as correções entre parênteses:
(B) Era tão ruím (ruim) aquele texto, que não deu para distri- A) Entre eu (mim) e a vida sempre houve muitos infortúnios,
bui-lo (distribuí-lo) entre os presentes. por isso posso me queixar com razão.
(C) Embora devêssemos (devêssemos) , não fomos excessivos B) Sempre houveram (houve) várias formas eficazes para ul-
nas críticas. trapassarmos os infortúnios da vida.
(D) O juíz (juiz) nunca (se) negou a atender às reivindicações C) Devemos controlar nossas emoções todas as vezes que ver-
dos funcionários. mos (virmos) a pobreza e a miséria fazerem parte de nossa vida.
(E) Não sei por que ele mereceria minha consideração. D) É difícil entender o por quê (o porquê) de tanto sofrimen-
to, principalmente daqueles que procuram viver com dignidade e
2-) simplicidade.
(A) Os tabeliãos devem preparar o documento. = tabeliães E) As dificuldades por que (= pelas quais; correto) passamos
(B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis. = ci- certamente nos fazem mais fortes e preparados para os infortúnios
dadãos da vida.
(C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório local. =
certidões 9-) Por que essa cara? = é uma pergunta e o pronome está
(E) Cuidado com os degrais, que são perigosos = degraus longe do ponto de interrogação.
3-) Prezado Usuário 10-) autopsia s.f., autópsia s.f.; cf. autopsia
A fim de oferecer lazer e cultura aos passageiros do metrô, a (fonte: http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/
partir desta segunda-feira (25/02), às 17h30, começa o Sounder- start.htm?sid=23)
ground, festival internacional que prestigia os músicos que tocam RESPOSTA: “CERTO”.
em estações do metrô.
Confira o dia e a estação em que os artistas se apresentarão HÍFEN
e divirta-se!
O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado para ligar
A fim = indica finalidade; a partir: sempre separado; antes de
os elementos de palavras compostas (couve-flor, ex-presidente) e
horas: há crase
para unir pronomes átonos a verbos (ofereceram-me; vê-lo-ei).
Serve igualmente para fazer a translineação de palavras, isto é,
4-) Fiz a correção entre parênteses:
no fim de uma linha, separar uma palavra em duas partes (ca-/sa;
(A) Que eles viajem sempre é muito bom, mas não é boa a compa-/nheiro).
ansiedade com que enfrentam o excesso de passageiros nos aero-
portos. Uso do hífen que continua depois da Reforma Ortográfica:
(B) Comete muitos deslises (deslizes), talvez por sua esponta-
neidade, mas nada que ponha em cheque (xeque) sua reputação de 1. Em palavras compostas por justaposição que formam uma
pessoa cortês. unidade semântica, ou seja, nos termos que se unem para formar
(C) Ele era rabugento e tinha ojeriza ao hábito do sócio de um novo significado: tio-avô, porto-alegrense, luso-brasileiro,
descançar (descansar) após o almoço sob a frondoza (frondosa) tenente-coronel, segunda-feira, conta-gotas, guarda-chuva, arco-
árvore do pátio. -íris, primeiro-ministro, azul-escuro.
Didatismo e Conhecimento 29
LÍNGUA PORTUGUESA
2. Em palavras compostas por espécies botânicas e zoológicas: 3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos “dês” e
couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer, abóbora-menina, erva-doce, “in” e o segundo elemento perdeu o h inicial: desumano, inábil,
feijão-verde. desabilitar, etc.
3. Nos compostos com elementos além, aquém, recém e sem: 4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando o segun-
além-mar, recém-nascido, sem-número, recém-casado, aquém- do elemento começar com “o”: cooperação, coobrigação, coorde-
-fiar, etc. nar, coocupante, coautor, coedição, coexistir, etc.
4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas algumas exce- 5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram noção de
ções continuam por já estarem consagradas pelo uso: cor- -de-ro- composição: pontapé, girassol, paraquedas, paraquedista, etc.
sa, arco-da-velha, mais-que-perfeito, pé-de-meia, água-de- -co-
lônia, queima-roupa, deus-dará. 6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: benfeito, ben-
querer, benquerido, etc.
5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte Rio-Niterói,
percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas combinações históricas ou Questões sobre Hífen
ocasionais: Áustria-Hungria, Angola-Brasil, Alsácia-Lorena, etc.
01.Assinale a alternativa em que o hífen, conforme o novo
6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e super- quan- Acordo, está sendo usado corretamente:
do associados com outro termo que é iniciado por r: hiper-resisten- A) Ele fez sua auto-crítica ontem.
te, inter-racial, super-racional, etc. B) Ela é muito mal-educada.
C) Ele tomou um belo ponta-pé.
7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-diretor, ex- D) Fui ao super-mercado, mas não entrei.
-presidente, vice-governador, vice-prefeito. E) Os raios infra-vermelhos ajudam em lesões.
8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-: pré-natal, 02.Assinale a alternativa errada quanto ao emprego do hífen:
pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação, etc. A) Pelo interfone ele comunicou bem-humorado que faria uma
superalimentação.
9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se, abraça-o, B) Nas circunvizinhanças há uma casa malassombrada.
lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc. C) Depois de comer a sobrecoxa, tomou um antiácido.
D) Nossos antepassados realizaram vários anteprojetos.
10. Nas formações em que o prefixo tem como segundo ter-
E) O autodidata fez uma autoanálise.
mo uma palavra iniciada por “h”: sub-hepático, eletro-higrómetro,
geo-história, neo-helênico, extra-humano, semi-hospitalar, super-
03.Assinale a alternativa incorreta quanto ao emprego do hí-
-homem.
fen, respeitando-se o novo Acordo.
11. Nas formações em que o prefixo ou pseudo prefixo termina A) O semi-analfabeto desenhou um semicírculo.
na mesma vogal do segundo elemento: micro-ondas, eletro-ótica, B) O meia-direita fez um gol de sem-pulo na semifinal do cam-
semi-interno, auto-observação, etc. peonato.
Obs: O hífen é suprimido quando para formar outros termos: C) Era um sem-vergonha, pois andava seminu.
reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar. D) O recém-chegado veio de além-mar.
E) O vice-reitor está em estado pós-operatório.
- Lembre-se: ao separar palavras na translineação (mudança de
linha), caso a última palavra a ser escrita seja formada por hífen, 04.Segundo o novo Acordo, entre as palavras pão duro (ava-
repita-o na próxima linha. Exemplo: escreverei anti-inflamatório rento), copo de leite (planta) e pé de moleque (doce) o hífen é
e, ao final, coube apenas “anti-”. Na linha debaixo escreverei: “-in- obrigatório:
flamatório” (hífen em ambas as linhas). A) em nenhuma delas.
B) na segunda palavra.
Não se emprega o hífen: C) na terceira palavra.
D) em todas as palavras.
1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo termina E) na primeira e na segunda palavra.
em vogal e o segundo termo inicia-se em “r” ou “s”. Nesse caso,
passa-se a duplicar estas consoantes: antirreligioso, contrarregra, 05.Fez um esforço __ para vencer o campeonato __. Qual al-
infrassom, microssistema, minissaia, microrradiografia, etc. ternativa completa corretamente as lacunas?
A) sobreumano/interregional
2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudoprefixo ter- B) sobrehumano-interregional
mina em vogal e o segundo termo inicia-se com vogal diferente: C) sobre-humano / inter-regional
antiaéreo, extraescolar, coeducação, autoestrada, autoaprendiza- D) sobrehumano/ inter-regional
gem, hidroelétrico, plurianual, autoescola, infraestrutura, etc. E) sobre-humano /interegional
Didatismo e Conhecimento 30
LÍNGUA PORTUGUESA
06. Suponha que você tenha que agregar o prefixo sub- às pa- 4-)
lavras que aparecem nas alternativas a seguir. Assinale aquela que a) pão-duro / b) copo-de-leite (planta) / c) pé de moleque (doce)
tem de ser escrita com hífen: a) Usa-se o hífen nas palavras compostas que não apresentam
A) (sub) chefe elementos de ligação.
B) (sub) entender b) Usa-se o hífen nos compostos que designam espécies ani-
C) (sub) solo mais e botânicas (nomes de plantas, flores, frutos, raízes, semen-
D) (sub) reptício tes), tenham ou não elementos de ligação.
E) (sub) liminar c) Não se usa o hífen em compostos que apresentam elementos
de ligação.
07.Assinale a alternativa em que todas as palavras estão grafa-
das corretamente: 5-) Fez um esforço sobre-humano para vencer o campeonato
A) autocrítica, contramestre, extra-oficial inter-regional.
B) infra-assinado, infra-vermelho, infra-som - Usa-se o hífen diante de palavra iniciada por h.
C) semi-círculo, semi-humano, semi-internato - Usa-se o hífen se o prefixo terminar com a mesma letra com
D) supervida, superelegante, supermoda que se inicia a outra palavra
E) sobre-saia, mini-saia, superssaia
6-) Com os prefixos sub e sob, usa-se o hífen também diante
08.Assinale o item em que o uso do hífen está incorreto. de palavra iniciada por r. : subchefe, subentender, subsolo, sub-
A) infraestrutura / super-homem / autoeducação -reptício (sem o hífen até a leitura da palavra será alterada; /subre/,
B) bem-vindo / antessala /contra-regra ao invés de /sub re/), subliminar
C) contramestre / infravermelho / autoescola
D) neoescolástico / ultrassom / pseudo-herói 7-)
E) extraoficial / infra-hepático /semirreta A) autocrítica, contramestre, extraoficial
B) infra-assinado, infravermelho, infrassom
C) semicírculo, semi-humano, semi-internato
09.Uma das alternativas abaixo apresenta incorreção quanto ao
D) supervida, superelegante, supermoda = corretas
emprego do hífen.
E) sobressaia, minissaia, supersaia
A) O pseudo-hermafrodita não tinha infraestrutura para rela-
8-) B) bem-vindo / antessala / contrarregra
cionamento extraconjugal.
B) Era extraoficial a notícia da vinda de um extraterreno.
9-) D) O antissemita tomou um antibiótico e vacina antirrábica.
C) Ele estudou línguas neolatinas nas colônias ultramarinas.
D) O anti-semita tomou um anti-biótico e vacina antirrábica.
10-) C) O contrarregra comeu um contrafilé.
E) Era um suboficial de uma superpotência.
ACENTUAÇÃO GRÁFICA
10.Assinale a alternativa em que ocorre erro quanto ao empre-
go do hífen. A acentuação é um dos requisitos que perfazem as regras esta-
A) Foi iniciada a campanha pró-leite. belecidas pela Gramática Normativa. Esta se compõe de algumas
B) O ex-aluno fez a sua autodefesa. particularidades, às quais devemos estar atentos, procurando esta-
C) O contrarregra comeu um contra-filé. belecer uma relação de familiaridade e, consequentemente, colo-
D) Sua vida é um verdadeiro contrassenso. cando-as em prática na linguagem escrita.
E) O meia-direita deu início ao contra-ataque. À medida que desenvolvemos o hábito da leitura e a prática de
redigir, automaticamente aprimoramos essas competências, e logo
GABARITO nos adequamos à forma padrão.
Didatismo e Conhecimento 31
LÍNGUA PORTUGUESA
Proparoxítonas - São aquelas em que a sílaba tônica está na Regras especiais:
antepenúltima sílaba. Ex.: lâmpada – câmara – tímpano – médi-
co – ônibus Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos abertos),
Como podemos observar, os vocábulos possuem mais de uma que antes eram acentuados, perderam o acento de acordo com a
sílaba, mas em nossa língua existem aqueles com uma sílaba so- nova regra, mas desde que estejam em palavras paroxítonas.
mente: são os chamados monossílabos que, quando pronunciados, * Cuidado: Se os ditongos abertos estiverem em uma palavra
apresentam certa diferenciação quanto à intensidade. oxítona (herói) ou monossílaba (céu) ainda são acentuados. Ex.:
Tal diferenciação só é percebida quando os pronunciamos em herói, céu, dói, escarcéu.
uma dada sequência de palavras. Assim como podemos observar
no exemplo a seguir:
Antes Agora
“Sei que não vai dar em nada,
assembléia assembleia
Seus segredos sei de cor”.
idéia ideia
Os monossílabos classificam-se como tônicos; os demais, geléia geleia
como átonos (que, em, de). jibóia jiboia
apóia (verbo apoiar) apoia
Os acentos paranóico paranoico
acento agudo (´) – Colocado sobre as letras «a», «i», «u» e Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, acompanhados
sobre o «e» do grupo “em” - indica que estas letras representam as ou não de “s”, haverá acento. Ex.: saída – faísca – baú – país –
vogais tônicas de palavras como Amapá, caí, público, parabéns. Luís
Sobre as letras “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre aberto.
Ex.: herói – médico – céu (ditongos abertos) Observação importante:
Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, formando hiato
acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras “a”, “e” e “o” quando vierem depois de ditongo: Ex.:
indica, além da tonicidade, timbre fechado: Ex.: tâmara – Atlân-
tico – pêssego – supôs Antes Agora
acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a” com artigos bocaiúva bocaiuva
e pronomes. Ex.: à – às – àquelas – àqueles
feiúra feiura
trema ( ¨ ) – De acordo com a nova regra, foi totalmente abo-
Sauípe Sauipe
lido das palavras. Há uma exceção: é utilizado em palavras deri-
vadas de nomes próprios estrangeiros. Ex.: mülleriano (de Müller)
O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi abolido.
til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam vogais na- Ex.:
sais. Ex.: coração – melão – órgão – ímã
Antes Agora
Regras fundamentais: crêem creem
lêem leem
Palavras oxítonas: vôo voo
Acentuam-se todas as oxítonas terminadas em: “a”, “e”, “o”, enjôo enjoo
“em”, seguidas ou não do plural(s): Pará – café(s) – cipó(s) – ar-
mazém(s) - Agora memorize a palavra CREDELEVÊ. São os verbos que,
Essa regra também é aplicada aos seguintes casos: no plural, dobram o “e”, mas que não recebem mais acento como
Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, seguidos antes: CRER, DAR, LER e VER.
ou não de “s”. Ex.: pá – pé – dó – há
Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos, seguidas Repare:
de lo, la, los, las. Ex. respeitá-lo – percebê-lo – compô-lo 1-) O menino crê em você
Os meninos creem em você.
Paroxítonas:
2-) Elza lê bem!
Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em:
- i, is : táxi – lápis – júri Todas leem bem!
- us, um, uns : vírus – álbuns – fórum 3-) Espero que ele dê o recado à sala.
- l, n, r, x, ps : automóvel – elétron - cadáver – tórax – fórceps Esperamos que os garotos deem o recado!
- ã, ãs, ão, ãos : ímã – ímãs – órfão – órgãos 4-) Rubens vê tudo!
-- Dica da Zê!: Memorize a palavra LINURXÃO. Para quê? Eles veem tudo!
Repare que essa palavra apresenta as terminações das paroxítonas
que são acentuadas: L, I N, U (aqui inclua UM = fórum), R, X, Ã, * Cuidado! Há o verbo vir:
ÃO. Assim ficará mais fácil a memorização! Ele vem à tarde!
-ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou não de “s”: Eles vêm à tarde!
água – pônei – mágoa – jóquei
Didatismo e Conhecimento 32
LÍNGUA PORTUGUESA
Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato quando segui- (A) Distúrbio e acórdão.
dos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z. Ra-ul, ru-im, con-tri-bu-in- (B) Máquina e jiló.
te, sa-ir, ju-iz (C) Alvará e Vândalo.
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se estiverem (D) Consciência e características.
seguidas do dígrafo nh. Ex: ra-i-nha, ven-to-i-nha. (E) Órgão e órfãs.
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vierem prece-
didas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba 03. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO ACRE –
As formas verbais que possuíam o acento tônico na raiz, com TÉCNICO EM MICROINFORMÁTICA - CESPE/2012) As pa-
“u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de “e” ou “i” não lavras “conteúdo”, “calúnia” e “injúria” são acentuadas de acordo
serão mais acentuadas. Ex.: com a mesma regra de acentuação gráfica.
Antes Depois ( ) CERTO ( ) ERRADO
apazigúe (apaziguar) apazigue 04. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS
averigúe (averiguar) averigue GERAIS – OFICIAL JUDICIÁRIO – FUNDEP/2010) Assinale a
argúi (arguir) argui afirmativa em que se aplica a mesma regra de acentuação.
A) tevê – pôde – vê
Acentuam-se os verbos pertencentes à terceira pessoa do plural B) únicas – histórias – saudáveis
de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm (verbo vir) C) indivíduo – séria – noticiários
D) diário – máximo – satélite
A regra prevalece também para os verbos conter, obter, reter,
deter, abster. 05. (ANATEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES-
ele contém – eles contêm PE/2012) Nas palavras “análise” e “mínimos”, o emprego do acen-
ele obtém – eles obtêm to gráfico tem justificativas gramaticais diferentes.
ele retém – eles retêm (...) CERTO ( ) ERRADO
ele convém – eles convêm
06. (ANCINE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES-
Não se acentuam mais as palavras homógrafas que antes eram PE/2012) Os vocábulos “indivíduo”, “diária” e “paciência” rece-
acentuadas para diferenciá-las de outras semelhantes (regra do
bem acento gráfico com base na mesma regra de acentuação grá-
acento diferencial). Apenas em algumas exceções, como:
fica.
A forma verbal pôde (terceira pessoa do singular do pretérito
(...) CERTO ( ) ERRADO
perfeito do modo indicativo) ainda continua sendo acentuada para
diferenciar-se de pode (terceira pessoa do singular do presente do
07. (BACEN – TÉCNICO DO BANCO CENTRAL – CES-
indicativo). Ex:
GRANRIO/2010) As palavras que se acentuam pelas mesmas
Ela pode fazer isso agora.
regras de “conferência”, “razoável”, “países” e “será”, respecti-
Elvis não pôde participar porque sua mão não deixou...
vamente, são
O mesmo ocorreu com o verbo pôr para diferenciar da prepo- a) trajetória, inútil, café e baú.
sição por. b) exercício, balaústre, níveis e sofá.
- Quando, na frase, der para substituir o “por” por “colocar”, c) necessário, túnel, infindáveis e só.
estaremos trabalhando com um verbo, portanto: “pôr”; nos outros d) médio, nível, raízes e você.
casos, “por” preposição. Ex: e) éter, hífen, propôs e saída.
Faço isso por você.
Posso pôr (colocar) meus livros aqui? 08. (CORREIOS – CARTEIRO – CESPE/2011) São acentua-
dos graficamente de acordo com a mesma regra de acentuação grá-
Questões sobre Acentuação Gráfica fica os vocábulos
A) também e coincidência.
01. (TJ/SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO JUDICIÁRIA B) quilômetros e tivéssemos.
– VUNESP/2010) Assinale a alternativa em que as palavras são C) jogá-la e incrível.
acentuadas graficamente pelos mesmos motivos que justificam, D) Escócia e nós.
respectivamente, as acentuações de: década, relógios, suíços. E) correspondência e três.
(A) flexíveis, cartório, tênis.
(B) inferência, provável, saída. 09. (IBAMA – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES-
(C) óbvio, após, países. PE/2012) As palavras “pó”, “só” e “céu” são acentuadas de acordo
(D) islâmico, cenário, propôs. com a mesma regra de acentuação gráfica.
(E) república, empresária, graúda. (...) CERTO ( ) ERRADO
Didatismo e Conhecimento 33
LÍNGUA PORTUGUESA
RESOLUÇÃO
7-) Vamos classificar as palavras do enunciado:
1-) Década = proparoxítona / relógios = paroxítona terminada em 1-) Conferência = paroxítona terminada em ditongo
ditongo / suíços = regra do hiato 2-) razoável = paroxítona terminada em “l’
(A) flexíveis e cartório = paroxítonas terminadas em ditongo / 3-) países = regra do hiato
tênis = paroxítona terminada em “i” (seguida de “s”) 4-) será = oxítona terminada em “a”
(B) inferência = paroxítona terminada em ditongo / provável =
paroxítona terminada em “l” / saída = regra do hiato a) trajetória, inútil, café e baú.
(C) óbvio = paroxítona terminada em ditongo / após = oxítona Trajetória = paroxítona terminada em ditongo; inútil = paroxí-
terminada em “o” + “s” / países = regra do hiato tona terminada em “l’; café = oxítona terminada em “e”
(D) islâmico = proparoxítona / cenário = paroxítona terminada b) exercício, balaústre, níveis e sofá.
em ditongo / propôs = oxítona terminada em “o” + “s” Exercício = paroxítona terminada em ditongo; balaústre = re-
(E) república = proparoxítona / empresária = paroxítona termina- gra do hiato; níveis = paroxítona terminada em “i + s”; sofá =
da em ditongo / graúda = regra do hiato oxítona terminada em “a”.
2-) Para que saibamos qual alternativa assinalar, primeiro temos c) necessário, túnel, infindáveis e só.
que classificar as palavras do enunciado quanto à posição de sua sí- Necessário = paroxítona terminada em ditongo; túnel = paro-
laba tônica: xítona terminada em “l’; infindáveis = paroxítona terminada em “i
Intercâmbio = paroxítona terminada em ditongo; Antropológico + s”; só = monossílaba terminada em “o”.
= proparoxítona (todas são acentuadas). Agora, vamos à análise dos d) médio, nível, raízes e você.
itens apresentados: Médio = paroxítona terminada em ditongo; nível = paroxítona
(A) Distúrbio = paroxítona terminada em ditongo; acórdão = pa- terminada em “l’; raízes = regra do hiato; será = oxítona terminada
roxítona terminada em “ão” em “a”.
(B) Máquina = proparoxítona; jiló = oxítona terminada em “o” e) éter, hífen, propôs e saída.
(C) Alvará = oxítona terminada em “a”; Vândalo = proparoxítona Éter = paroxítona terminada em “r”; hífen = paroxítona ter-
(D) Consciência = paroxítona terminada em ditongo; caracterís- minada em “n”; propôs = oxítona terminada em “o + s”; saída =
ticas = proparoxítona regra do hiato.
(E) Órgão e órfãs = ambas: paroxítona terminada em “ão” e “ã”,
respectivamente. 8-)
A) também e coincidência.
3-) “Conteúdo” é acentuada seguindo a regra do hiato; calúnia Também = oxítona terminada em “e + m”; coincidência = pa-
= paroxítona terminada em ditongo; injúria = paroxítona terminada roxítona terminada em ditongo
em ditongo. B) quilômetros e tivéssemos.
RESPOSTA: “ERRADO”. Quilômetros = proparoxítona; tivéssemos = proparoxítona
C) jogá-la e incrível.
4-) Oxítona terminada em “a”; incrível = paroxítona terminada em
A) tevê – pôde – vê “l’
Tevê = oxítona terminada em “e”; pôde (pretérito perfeito do D) Escócia e nós.
Indicativo) = acento diferencial (que ainda prevalece após o Novo Escócia = paroxítona terminada em ditongo; nós = monossíla-
Acordo Ortográfico) para diferenciar de “pode” – presente do Indica- ba terminada em “o + s”
tivo; vê = monossílaba terminada em “e” E) correspondência e três.
B) únicas – histórias – saudáveis Correspondência = paroxítona terminada em ditongo; três =
Únicas = proparoxítona; história = paroxítona terminada em di- monossílaba terminada em “e + s”
tongo; saudáveis = paroxítona terminada em ditongo.
C) indivíduo – séria – noticiários 9-) Pó = monossílaba terminada em “o”; só = monossílaba ter-
Indivíduo = paroxítona terminada em ditongo; séria = paroxítona minada em “o”; céu = monossílaba terminada em ditongo aberto
terminada em ditongo; noticiários = paroxítona terminada em diton- “éu”.
go. RESPOSTA: “ERRADO”.
D) diário – máximo – satélite
Diário = paroxítona terminada em ditongo; máximo = proparoxí-
tona; satélite = proparoxítona.
5-) Análise = proparoxítona / mínimos = proparoxítona. Am-
bas são acentuadas pela mesma regra (antepenúltima sílaba é tônica,
“mais forte”).
RESPOSTA: “ERRADO”.
Didatismo e Conhecimento 34
LÍNGUA PORTUGUESA
No nosso texto, por exemplo, quando se diz que se adiciona o
4 DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE açúcar, o artigo citado na primeira parte. Se dissesse apenas adi-
COESÃO TEXTUAL. cione açúcar, deveria adicionar, pois se trataria de outro açúcar,
diverso daquele citado no rol dos ingredientes.
4.1 EMPREGO DE ELEMENTOS DE
Há dois tipos principais de mecanismos de coesão: retomada
REFERENCIARÃO, SUBSTITUIÇÃO ou antecipação de palavras, expressões ou frases e encadeamento
E REPETIÇÃO, DE CONECTORES E de segmentos.
OUTROS ELEMENTOS DE
SEQUENCIARÃO TEXTUAL. Retomada ou Antecipação por meio de uma palavra grama-
4.2 EMPREGO/CORRELAÇÃO DE tical
TEMPOS E MODOS VERBAIS. (pronome, verbos ou advérbios)
Uma das propriedades que distinguem um texto de um amon- Nesse período, o pronome demonstrativo “estas” retoma o
toado de frases é a relação existente entre os elementos que os termo mulheres, enquanto “aqueles” recupera a palavra homens.
constituem. A coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre Os termos que servem para retomar outros são denominados
palavras, expressões ou frases do texto. Ela manifesta-se por ele- anafóricos; os que servem para anunciar, para antecipar outros são
mentos gramaticais, que servem para estabelecer vínculos entre os chamados catafóricos. No exemplo a seguir, desta antecipa aban-
componentes do texto. Observe: donar a faculdade no último ano:
“O iraquiano leu sua declaração num bloquinho comum de
anotações, que segurava na mão.” “Já viu uma loucura desta, abandonar a faculdade no último
ano?”
Nesse período, o pronome relativo “que” estabelece conexão
entre as duas orações. O iraquiano leu sua declaração num blo- São anafóricos ou catafóricos os pronomes demonstrativos, os
quinho comum de anotações e segurava na mão, retomando na pronomes relativos, certos advérbios ou locuções adverbiais (nes-
segunda um dos termos da primeira: bloquinho. O pronome relati- se momento, então, lá), o verbo fazer, o artigo definido, os prono-
vo é um elemento coesivo, e a conexão entre as duas orações, um mes pessoais de 3ª pessoa (ele, o, a, os, as, lhe, lhes), os pronomes
fenômeno de coesão. Leia o texto que segue: indefinidos. Exemplos:
Arroz-doce da infância “Ele era muito diferente de seu mestre, a quem sucedera na
cátedra de Sociologia na Universidade de São Paulo.”
Ingredientes
1 litro de leite desnatado O pronome relativo “quem” retoma o substantivo mestre.
150g de arroz cru lavado
1 pitada de sal “As pessoas simplificam Machado de Assis; elas o veem como
4 colheres (sopa) de açúcar um pensador cín iço e descrente do amor e da amizade.”
1 colher (sobremesa) de canela em pó
O pronome pessoal “elas” recupera o substantivo pessoas; o
Preparo pronome pessoal “o” retoma o nome Machado de Assis.
Em uma panela ferva o leite, acrescente o arroz, a pitada de
sal e mexa sem parar até cozinhar o arroz. Adicione o açúcar e “Os dois homens caminhavam pela calçada, ambos trajando
deixe no fogo por mais 2 ou 3 minutos. Despeje em um recipiente, roupa escura.”
polvilhe a canela. Sirva.
Cozinha Clássica Baixo Colesterol, nº4. O numeral “ambos” retoma a expressão os dois homens.
São Paulo, InCor, agosto de 1999, p. 42.
“Fui ao cinema domingo e, chegando lá, fiquei desanimado
Toda receita culinária tem duas partes: lista dos ingredientes com a fila.”
e modo de preparar. As informações apresentadas na primeira são
retomadas na segunda. Nesta, os nomes mencionados pela primei- O advérbio “lá” recupera a expressão ao cinema.
ra vez na lista de ingredientes vêm precedidos de artigo definido,
o qual exerce, entre outras funções, a de indicar que o termo deter- “O governador vai pessoalmente inaugurar a creche dos fun-
minado por ele se refere ao mesmo ser a que uma palavra idêntica cionários do palácio, e o fará para demonstrar seu apreço aos
já fizera menção. servidores.”
Didatismo e Conhecimento 35
LÍNGUA PORTUGUESA
A forma verbal “fará” retoma a perífrase verbal vai inaugu- Uma palavra pode ser retomada, que por uma repetição, quer
rar e seu complemento. por uma substituição por sinônimo, hiperônimo, hipônimo ou an-
tonomásia.
- Em princípio, o termo a que o anafórico se refere deve estar Sinônimo é o nome que se dá a uma palavra que possui o
presente no texto, senão a coesão fica comprometida, como neste mesmo sentido que outra, ou sentido bastante aproximado: injúria
exemplo: e afronta, alegre e contente.
Hiperônimo é um termo que mantém com outro uma relação
“André é meu grande amigo. Começou a namorá-la há vários do tipo contém/está contido;
meses.” Hipônimo é uma palavra que mantém com outra uma relação
do tipo está contido/contém. O significado do termo rosa está con-
A rigor, não se pode dizer que o pronome “la” seja um anafó- tido no de flor e o de flor contém o de rosa, pois toda rosa é uma
rico, pois não está retomando nenhuma das palavras citadas antes. flor, mas nem toda flor é uma rosa. Flor é, pois, hiperônimo de
Exatamente por isso, o sentido da frase fica totalmente prejudica- rosa, e esta palavra é hipônimo daquela.
do: não há possibilidade de se depreender o sentido desse prono- Antonomásia é a substituição de um nome próprio por um
me. nome comum ou de um comum por um próprio. Ela ocorre, prin-
Pode ocorrer, no entanto, que o anafórico não se refira a ne- cipalmente, quando uma pessoa célebre é designada por uma ca-
nhuma palavra citada anteriormente no interior do texto, mas que racterística notória ou quando o nome próprio de uma personagem
possa ser inferida por certos pressupostos típicos da cultura em que famosa é usada para designar outras pessoas que possuam a mes-
se inscreve o texto. É o caso de um exemplo como este: ma característica que a distingue:
“O casamento teria sido às 20 horas. O noivo já estava de- “O rei do futebol (=Pelé) som podia ser um brasileiro.”
sesperado, porque eram 21 horas e ela não havia comparecido.”
“O herói de dois mundos (=Garibaldi) foi lembrado numa
Por dados do contexto cultural, sabe-se que o pronome “ela” recente minissérie de tevê.”
é um anafórico que só pode estar-se referindo à palavra noiva.
Num casamento, estando presente o noivo, o desespero só pode ser Referência ao fato notório de Giuseppe Garibaldi haver lutado
pelo atraso da noiva (representada por “ela” no exemplo citado). pela liberdade na Europa e na América.
- O artigo indefinido serve geralmente para introduzir infor- “Ele é um hércules (=um homem muito forte).
mações novas ao texto. Quando elas forem retomadas, deverão ser Referência à força física que caracteriza o herói grego Hér-
precedidas do artigo definido, pois este é que tem a função de indi- cules.
car que o termo por ele determinado é idêntico, em termos de valor
referencial, a um termo já mencionado. “Um presidente da República tem uma agenda de trabalho
extremamente carregada. Deve receber ministros, embaixadores,
“O encarregado da limpeza encontrou uma carteira na sala
visitantes estrangeiros, parlamentares; precisa a todo momento
de espetáculos. Curiosamente, a carteira tinha muito dinheiro
tomar graves decisões que afetam a vida de muitas pessoas; ne-
dentro, mas nem um documento sequer.”
cessita acompanhar tudo o que acontece no Brasil e no mundo.
Um presidente deve começar a trabalhar ao raiar do dia e termi-
- Quando, em dado contexto, o anafórico pode referir-se a dois
nar sua jornada altas horas da noite.”
termos distintos, há uma ruptura de coesão, porque ocorre uma
ambiguidade insolúvel. É preciso que o texto seja escrito de tal
A repetição do termo presidente estabelece a coesão entre o
forma que o leitor possa determinar exatamente qual é a palavra
retomada pelo anafórico. último período e o que vem antes dele.
“Durante o ensaio, o ator principal brigou com o diretor por “Observava as estrelas, os planetas, os satélites. Os astros
causa da sua arrogância.” sempre o atraíram.
O anafórico “sua” pode estar-se referindo tanto à palavra ator Os dois períodos estão relacionados pelo hiperônimo astros,
quanto a diretor. que recupera os hipônimos estrelas, planetas, satélites.
“André brigou com o ex-namorado de uma amiga, que traba- “Eles (os alquimistas) acreditavam que o organismo do ho-
lha na mesma firma.” mem era regido por humores (fluidos orgânicos) que percorriam,
ou apenas existiam, em maior ou menor intensidade em nosso cor-
Não se sabe se o anafórico “que” está se referindo ao termo po. Eram quatro os humores: o sangue, a fleuma (secreção pulmo-
amiga ou a ex-namorado. Permutando o anafórico “que” por “o nar), a bile amarela e a bile negra. E eram também estes quatro
qual” ou “a qual”, essa ambiguidade seria desfeita. fluidos ligados aos quatro elementos fundamentais: ao Ar (seco),
à Água (úmido), ao Fogo (quente) e à Terra (frio), respectivamen-
Retomada por palavra lexical te.”
(substantivo, adjetivo ou verbo) Ziraldo. In: Revista Vozes, nº3, abril de 1970, p.18.
Didatismo e Conhecimento 36
LÍNGUA PORTUGUESA
Nesse texto, a ligação entre o segundo e o primeiro períodos Quando se faz essa elipse por antecipação com verbos que têm
se faz pela repetição da palavra humores; entre o terceiro e o se- regência diferente, a coesão é rompida. Por exemplo, não se deve
gundo se faz pela utilização do sinônimo fluidos. dizer “Conheço e gosto deste livro”, pois o verbo conhecer rege
É preciso manejar com muito cuidado a repetição de palavras, complemento não introduzido por preposição, e a elipse retoma
pois, se ela não for usada para criar um efeito de sentido de inten- o complemento inteiro, portanto teríamos uma preposição inde-
sificação, constituirá uma falha de estilo. No trecho transcrito a vida: “Conheço (deste livro) e gosto deste livro”. Em “Implico
seguir, por exemplo, fica claro o uso da repetição da palavra vice e dispenso sem dó os estranhos palpiteiros”, diferentemente, no
e outras parecidas (vicissitudes, vicejam, viciem), com a evidente complemento em elipse faltaria a preposição “com” exigida pelo
intenção de ridicularizar a condição secundária que um provável verbo implicar.
flamenguista atribui ao Vasco e ao seu Vice-presidente: Nesses casos, para assegurar a coesão, o recomendável é co-
locar o complemento junto ao primeiro verbo, respeitando sua
“Recebi por esses dias um e-mail com uma série de piadas regência, e retomá-lo após o segundo por um anafórico, acres-
sobre o pouco simpático Eurico Miranda. Faltam-me provas, mas centando a preposição devida (Conheço este livro e gosto dele)
tudo leva a crer que o remetente seja um flamenguista.” ou eliminando a indevida (Implico com estranhos palpiteiros e os
Segundo o texto, Eurico nasceu para ser vice: é vice-presiden- dispenso sem dó).
te do clube, vice-campeão carioca e bi vice-campeão mundial. E
isso sem falar do vice no Carioca de futsal, no Carioca de basquete, Coesão por Conexão
no Brasileiro de basquete e na Taça Guanabara. São vicissitudes
que vicejam. Espero que não viciem. Há na língua uma série de palavras ou locuções que são res-
José Roberto Torero. In: Folha de S. Paulo, 08/03/2000, p. ponsáveis pela concatenação ou relação entre segmentos do texto.
4-7. Esses elementos denominam-se conectores ou operadores discur-
sivos. Por exemplo: visto que, até, ora, no entanto, contudo, ou
A elipse é o apagamento de um segmento de frase que pode seja.
ser facilmente recuperado pelo contexto. Também constitui um Note-se que eles fazem mais do que ligar partes do texto: es-
expediente de coesão, pois é o apagamento de um termo que seria tabelecem entre elas relações semânticas de diversos tipos, como
contrariedade, causa, consequência, condição, conclusão, etc. Es-
repetido, e o preenchimento do vazio deixado pelo termo apagado
sas relações exercem função argumentativa no texto, por isso os
(=elíptico) exige, necessariamente, que se faça correlação com ou-
operadores discursivos não podem ser usados indiscriminadamen-
tros termos presentes no contexto, ou referidos na situação em que
te.
se desenrola a fala.
Na frase “O time apresentou um bom futebol, mas não alcan-
Vejamos estes versos do poema “Círculo vicioso”, de Macha-
çou a vitória”, por exemplo, o conector “mas” está adequadamen-
do de Assis:
te usado, pois ele liga dois segmentos com orientação argumenta-
tiva contrária.
(...)
Se fosse utilizado, nesse caso, o conector “portanto”, o resul-
Mas a lua, fitando o sol, com azedume:
tado seria um paradoxo semântico, pois esse operador discursivo
liga dois segmentos com a mesma orientação argumentativa, sen-
“Mísera! Tivesse eu aquela enorme, aquela do o segmento introduzido por ele a conclusão do anterior.
Claridade imorta, que toda a luz resume!”
Obra completa. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1979, v.III, - Gradação: há operadores que marcam uma gradação numa
p. 151. série de argumentos orientados para uma mesma conclusão. Divi-
dem-se eles, em dois subtipos: os que indicam o argumento mais
Nesse caso, o verbo dizer, que seria enunciado antes daquilo forte de uma série: até, mesmo, até mesmo, inclusive, e os que
que disse a lua, isto é, antes das aspas, fica subentendido, é omitido subentendem uma escala com argumentos mais fortes: ao menos,
por ser facilmente presumível. pelo menos, no mínimo, no máximo, quando muito.
Qualquer segmento da frase pode sofrer elipse. Veja que, no
exemplo abaixo, é o sujeito meu pai que vem elidido (ou apagado) “Ele é um bom conferencista: tem uma voz bonita, é bem arti-
antes de sentiu e parou: culado, conhece bem o assunto de que fala e é até sedutor.”
“Meu pai começou a andar novamente, sentiu a pontada no Toda a série de qualidades está orientada no sentido de com-
peito e parou.” provar que ele é bom conferencista; dentro dessa série, ser sedutor
é considerado o argumento mais forte.
Pode ocorrer também elipse por antecipação. No exemplo que
segue, aquela promoção é complemento tanto de querer quanto de “Ele é ambicioso e tem grande capacidade de trabalho. Che-
desejar, no entanto aparece apenas depois do segundo verbo: gará a ser pelo menos diretor da empresa.”
“Ficou muito deprimido com o fato de ter sido preferido. Afi- Pelo menos introduz um argumento orientado no mesmo
nal, queria muito, desejava ardentemente aquela promoção.” sentido de ser ambicioso e ter grande capacidade de trabalho; por
outro lado, subentende que há argumentos mais fortes para com-
Didatismo e Conhecimento 37
LÍNGUA PORTUGUESA
provar que ele tem as qualidades requeridas dos que vão longe “Essa guerra é uma guerra de conquista, pois visa ao contro-
(por exemplo, ser presidente da empresa) e que se está usando o le dos fluxos mundiais de petróleo. Por conseguinte, não é moral-
menos forte; ao menos, pelo menos e no mínimo ligam argumentos mente defensável.”
de valor positivo.
Por conseguinte introduz uma conclusão em relação à afirma-
“Ele não é bom aluno. No máximo vai terminar o segundo ção exposta no primeiro período.
grau.”
- Comparação: outros importantes operadores discursivos são
No máximo introduz um argumento orientado no mesmo sen- os que estabelecem uma comparação de igualdade, superioridade
tido de ter muita dificuldade de aprender; supõe que há uma escala ou inferioridade entre dois elementos, com vistas a uma conclusão
argumentativa (por exemplo, fazer uma faculdade) e que se está contrária ou favorável a certa ideia: tanto... quanto, tão... como,
usando o argumento menos forte da escala no sentido de provar a mais... (do) que.
afirmação anterior; no máximo e quando muito estabelecem liga-
ção entre argumentos de valor depreciativo. “Os problemas de fuga de presos serão tanto mais graves
quanto maior for a corrupção entre os agentes penitenciários.”
- Conjunção Argumentativa: há operadores que assinalam
uma conjunção argumentativa, ou seja, ligam um conjunto de ar- O comparativo de igualdade tem no texto uma função argu-
gumentos orientados em favor de uma dada conclusão: e, também, mentativa: mostrar que o problema da fuga de presos cresce à me-
ainda, nem, não só... mas também, tanto... como, além de, a par dida que aumenta a corrupção entre os agentes penitenciários; por
de. isso, os segmentos podem até ser permutáveis do ponto de vista
sintático, mas não o são do ponto de vista argumentativo, pois não
“Se alguém pode tomar essa decisão é você. Você é o diretor há igualdade argumentativa proposta, “Tanto maior será a cor-
da escola, é muito respeitado pelos funcionários e também é muito rupção entre os agentes penitenciários quanto mais grave for o
querido pelos alunos.” problema da fuga de presos”.
Muitas vezes a permutação dos segmentos leva a conclusões
Arrolam-se três argumentos em favor da tese que é o interlo- opostas: Imagine-se, por exemplo, o seguinte diálogo entre o dire-
cutor quem pode tomar uma dada decisão. O último deles é intro- tor de um clube esportivo e o técnico de futebol:
duzido por “e também”, que indica um argumento final na mesma
direção argumentativa dos precedentes. “__Precisamos promover atletas das divisões de base para
Esses operadores introduzem novos argumentos; não signifi- reforçar nosso time.
cam, em hipótese nenhuma, a repetição do que já foi dito. Ou seja, __Qualquer atleta das divisões de base é tão bom quanto os
só podem ser ligados com conectores de conjunção segmentos que do time principal.”
representam uma progressão discursiva. É possível dizer “Dis- Nesse caso, o argumento do técnico é a favor da promoção,
farçou as lágrimas que o assaltaram e continuou seu discurso”, pois ele declara que qualquer atleta das divisões de base tem, pelo
porque o segundo segmento indica um desenvolvimento da expo- menos, o mesmo nível dos do time principal, o que significa que
sição. Não teria cabimento usar operadores desse tipo para ligar estes não primam exatamente pela excelência em relação aos ou-
dois segmentos como “Disfarçou as lágrimas que o assaltaram e tros.
escondeu o choro que tomou conta dele”. Suponhamos, agora, que o técnico tivesse invertido os seg-
mentos na sua fala:
- Disjunção Argumentativa: há também operadores que in-
dicam uma disjunção argumentativa, ou seja, fazem uma conexão “__Qualquer atleta do time principal é tão bom quanto os das
entre segmentos que levam a conclusões opostas, que têm orienta- divisões de base.”
ção argumentativa diferente: ou, ou então, quer... quer, seja... seja,
caso contrário, ao contrário. Nesse caso, seu argumento seria contra a necessidade da pro-
moção, pois ele estaria declarando que os atletas do time principal
“Não agredi esse imbecil. Ao contrário, ajudei a separar a são tão bons quanto os das divisões de base.
briga, para que ele não apanhasse.”
- Explicação ou Justificativa: há operadores que introduzem
O argumento introduzido por ao contrário é diametralmente uma explicação ou uma justificativa em relação ao que foi dito
oposto àquele de que o falante teria agredido alguém. anteriormente: porque, já que, que, pois.
- Conclusão: existem operadores que marcam uma conclusão “Já que os Estados Unidos invadiram o Iraque sem autori-
em relação ao que foi dito em dois ou mais enunciados anteriores zação da ONU, devem arcar sozinhos com os custos da guerra.”
(geralmente, uma das afirmações de que decorre a conclusão fica
implícita, por manifestar uma voz geral, uma verdade universal- Já que inicia um argumento que dá uma justificativa para a
mente aceita): logo, portanto, por conseguinte, pois (o pois é con- tese de que os Estados Unidos devam arcar sozinhos com o custo
clusivo quando não encabeça a oração). da guerra contra o Iraque.
Didatismo e Conhecimento 38
LÍNGUA PORTUGUESA
- Contrajunção: os operadores discursivos que assinalam O operador discursivo introduz o que se considera a prova
uma relação de contrajunção, isto é, que ligam enunciados com mais forte de que “Ele está num período muito bom da vida”; no
orientação argumentativa contrária, são as conjunções adversati- entanto, essa prova é apresentada como se fosse apenas mais uma.
vas (mas, contudo, todavia, no entanto, entretanto, porém) e as
concessivas (embora, apesar de, apesar de que, conquanto, ainda - Generalização ou Amplificação: existem operadores que
que, posto que, se bem que). assinalam uma generalização ou uma amplificação do que foi dito
Qual é a diferença entre as adversativas e as concessivas, se antes: de fato, realmente, como aliás, também, é verdade que.
tanto umas como outras ligam enunciados com orientação argu-
mentativa contrária? “O problema da erradicação da pobreza passa pela geração
Nas adversativas, prevalece a orientação do segmento intro- de empregos. De fato, só o crescimento econômico leva ao aumen-
duzido pela conjunção. to de renda da população.”
“O atleta pode cair por causa do impacto, mas se levanta O conector introduz uma amplificação do que foi dito antes.
mais decidido a vencer.”
“Ele é um técnico retranqueiro, como aliás o são todos os que
Nesse caso, a primeira oração conduz a uma conclusão negati- atualmente militam no nosso futebol.
va sobre um processo ocorrido com o atleta, enquanto a começada O conector introduz uma generalização ao que foi afirmado:
pela conjunção “mas” leva a uma conclusão positiva. Essa segun- não “ele”, mas todos os técnicos do nosso futebol são retranquei-
da orientação é a mais forte. ros.
Compare-se, por exemplo, “Ela é simpática, mas não é boni-
ta” com “Ela não é bonita, mas é simpática”. No primeiro caso, o - Especificação ou Exemplificação: também há operadores
que se quer dizer é que a simpatia é suplantada pela falta de beleza; que marcam uma especificação ou uma exemplificação do que foi
no segundo, que a falta de beleza perde relevância diante da sim- afirmado anteriormente: por exemplo, como.
patia. Quando se usam as conjunções adversativas, introduz-se um
argumento com vistas a determinada conclusão, para, em seguida, “A violência não é um fenômeno que está disseminado apenas
entre as camadas mais pobres da população. Por exemplo, é cres-
apresentar um argumento decisivo para uma conclusão contrária.
cente o número de jovens da classe média que estão envolvidos em
Com as conjunções concessivas, a orientação argumentativa
toda sorte de delitos, dos menos aos mais graves.”
que predomina é a do segmento não introduzido pela conjunção.
Por exemplo assinala que o que vem a seguir especifica,
exemplifica a afirmação de que a violência não é um fenômeno
“Embora haja conexão entre saber escrever e saber gramáti-
adstrito aos membros das “camadas mais pobres da população”.
ca, trata-se de capacidades diferentes.”
- Retificação ou Correção: há ainda os que indicam uma re-
A oração iniciada por “embora” apresenta uma orientação ar- tificação, uma correção do que foi afirmado antes: ou melhor, de
gumentativa no sentido de que saber escrever e saber gramática fato, pelo contrário, ao contrário, isto é, quer dizer, ou seja, em
são duas coisas interligadas; a oração principal conduz à direção outras palavras. Exemplo:
argumentativa contrária.
Quando se utilizam conjunções concessivas, a estratégia ar- “Vou-me casar neste final de semana. Ou melhor, vou passar
gumentativa é a de introduzir no texto um argumento que, embo- a viver junto com minha namorada.”
ra tido como verdadeiro, será anulado por outro mais forte com
orientação contrária. O conector inicia um segmento que retifica o que foi dito an-
A diferença entre as adversativas e as concessivas, portanto, é tes.
de estratégia argumentativa. Compare os seguintes períodos: Esses operadores servem também para marcar um esclareci-
mento, um desenvolvimento, uma redefinição do conteúdo enun-
“Por mais que o exército tivesse planejado a operação (argu- ciado anteriormente. Exemplo:
mento mais fraco), a realidade mostrou-se mais complexa (argu-
mento mais forte).” “A última tentativa de proibir a propaganda de cigarros nas
“O exército planejou minuciosamente a operação (argumen- corridas de Fórmula 1 não vingou. De fato, os interesses dos fabri-
to mais fraco), mas a realidade mostrou-se mais complexa (argu- cantes mais uma vez prevaleceram sobre os da saúde.”
mento mais forte).”
O conector introduz um esclarecimento sobre o que foi dito
- Argumento Decisivo: há operadores discursivos que intro- antes.
duzem um argumento decisivo para derrubar a argumentação con- Servem ainda para assinalar uma atenuação ou um reforço do
trária, mas apresentando-o como se fosse um acréscimo, como se conteúdo de verdade de um enunciado. Exemplo:
fosse apenas algo mais numa série argumentativa: além do mais,
além de tudo, além disso, ademais. “Quando a atual oposição estava no comando do país, não
fez o que exige hoje que o governo faça. Ao contrário, suas políti-
“Ele está num período muito bom da vida: começou a namo- cas iam na direção contrária do que prega atualmente.
rar a mulher de seus sonhos, foi promovido na empresa, recebeu
um prêmio que ambicionava havia muito tempo e, além disso, ga- O conector introduz um argumento que reforça o que foi dito
nhou uma bolada na loteria.” antes.
Didatismo e Conhecimento 39
LÍNGUA PORTUGUESA
- Explicação: há operadores que desencadeiam uma explica- “A reforma política é indispensável. Sem a existência da fide-
ção, uma confirmação, uma ilustração do que foi afirmado antes: lidade partidária, cada parlamentar vota segundo seus interesses
assim, desse modo, dessa maneira. e não de acordo com um programa partidário. Assim, não há ba-
ses governamentais sólidas.”
“O exército inimigo não desejava a paz. Assim, enquanto se
processavam as negociações, atacou de surpresa.” Esse texto contém três períodos. O segundo indica a causa
de a reforma política ser indispensável. Portanto o ponto-final do
O operador introduz uma confirmação do que foi afirmado primeiro período está no lugar de um porque.
antes.
A língua tem um grande número de conectores e sequencia-
Coesão por Justaposição dores. Apresentamos os principais e explicamos sua função. É pre-
ciso ficar atento aos fenômenos de coesão. Mostramos que o uso
É a coesão que se estabelece com base na sequência dos enun- inadequado dos conectores e a utilização inapropriada dos anafó-
ciados, marcada ou não com sequenciadores. Examinemos os prin- ricos ou catafóricos geram rupturas na coesão, o que leva o texto a
cipais sequenciadores. não ter sentido ou, pelo menos, a não ter o sentido desejado. Outra
falha comum no que tange a coesão é a falta de partes indispensá-
- Sequenciadores Temporais: são os indicadores de anterio- veis da oração ou do período. Analisemos este exemplo:
ridade, concomitância ou posterioridade: dois meses depois, uma
semana antes, um pouco mais tarde, etc. (são utilizados predomi- “As empresas que anunciaram que apoiariam a campanha de
nantemente nas narrações). combate à fome que foi lançada pelo governo federal.”
O período compõe-se de:
“Uma semana antes de ser internado gravemente doente, ele - As empresas
esteve conosco. Estava alegre e cheio de planos para o futuro.” - que anunciaram (oração subordinada adjetiva restritiva da
primeira oração)
- Sequenciadores Espaciais: são os indicadores de posição
- que apoiariam a campanha de combate à fome (oração su-
relativa no espaço: à esquerda, à direita, junto de, etc. (são usados
bordinada substantiva objetiva direta da segunda oração)
principalmente nas descrições).
- que foi lançada pelo governo federal (oração subordinada
“A um lado, duas estatuetas de bronze dourado, represen-
adjetiva restritiva da terceira oração).
tando o amor e a castidade, sustentam uma cúpula oval de forma
ligeira, donde se desdobram até o pavimento bambolins de cassa
Observe-se que falta o predicado da primeira oração. Quem
finíssima. (...) Do outro lado, há uma lareira, não de fogo, que o
dispensa nosso ameno clima fluminense, ainda na maior força do escreveu o período começou a encadear orações subordinadas e
inverno.” “esqueceu-se” de terminar a principal.
José de Alencar. Senhora. Quebras de coesão desse tipo são mais comuns em períodos
São Paulo, FTD, 1992, p. 77. longos. No entanto, mesmo quando se elaboram períodos curtos é
preciso cuidar para que sejam sintaticamente completos e para que
- Sequenciadores de Ordem: são os que assinalam a ordem suas partes estejam bem conectadas entre si.
dos assuntos numa exposição: primeiramente, em segunda, a se- Para que um conjunto de frases constitua um texto, não bas-
guir, finalmente, etc. ta que elas estejam coesas: se não tiverem unidade de sentido,
mesmo que aparentemente organizadas, elas não passarão de um
“Para mostrar os horrores da guerra, falarei, inicialmente, amontoado injustificado. Exemplo:
das agruras por que passam as populações civis; em seguida, dis-
correrei sobre a vida dos soldados na frente de batalha; finalmen- “Vivo há muitos anos em São Paulo. A cidade tem excelentes
te, exporei suas consequências para a economia mundial e, por- restaurantes. Ela tem bairros muito pobres. Também o Rio de Ja-
tanto, para a vida cotidiana de todos os habitantes do planeta.” neiro tem favelas.”
- Sequenciadores para Introdução: são os que, na conver- Todas as frases são coesas. O hiperônimo cidade retoma o
sação principalmente, servem para introduzir um tema ou mudar substantivo São Paulo, estabelecendo uma relação entre o segun-
de assunto: a propósito, por falar nisso, mas voltando ao assunto, do e o primeiro períodos. O pronome “ela” recupera a palavra
fazendo um parêntese, etc. cidade, vinculando o terceiro ao segundo período. O operador tam-
bém realiza uma conjunção argumentativa, relacionando o quar-
“Joaquim viveu sempre cercado do carinho de muitas pes- to período ao terceiro. No entanto, esse conjunto não é um texto,
soas. A propósito, era um homem que sabia agradar às mulheres.” pois não apresenta unidade de sentido, isto é, não tem coerência. A
coesão, portanto, é condição necessária, mas não suficiente, para
- Operadores discursivos não explicitados: se o texto for produzir um texto.
construído sem marcadores de sequenciação, o leitor deverá in-
ferir, a partir da ordem dos enunciados, os operadores discursivos
não explicitados na superfície textual. Nesses casos, os lugares dos
diferentes conectores estarão indicados, na escrita, pelos sinais de
pontuação: ponto-final, vírgula, ponto-e-vírgula, dois-pontos.
Didatismo e Conhecimento 40
LÍNGUA PORTUGUESA
Coerência “Adolescência”, “Maturidade” e “Velhice” garantem essa unidade.
Colocar a participação formal do nascimento da filha, por exem-
Infância plo, sob o título “Maturidade” dá a conotação da responsabilidade
habitualmente associada ao indivíduo adulto e cria um sentido
O camisolão unitário.
O jarro Esse texto, como outros do mesmo tipo, comprova que um
O passarinho conjunto de enunciados pode formar um todo coerente mesmo
O oceano sem a presença de elementos coesivos, isto é, mesmo sem a pre-
A vista na casa que a gente sentava no sofá sença explícita de marcadores de relação entre as diferentes uni-
dades linguísticas. Em outros termos, a coesão funciona apenas
Adolescência
como um mecanismo auxiliar na produção da unidade de sentido,
Aquele amor pois esta depende, na verdade, das relações subjacentes ao texto,
Nem me fale da não-contradição entre as partes, da continuidade semântica, em
síntese, da coerência.
Maturidade A coerência é um fator de interpretabilidade do texto, pois
possibilita que todas as suas partes sejam englobadas num único
O Sr. e a Sra. Amadeu significado que explique cada uma delas. Quando esse sentido não
Participam a V. Exa. pode ser alcançado por faltar relação de sentido entre as partes,
O feliz nascimento lemos um texto incoerente, como este:
De sua filha A todo ser humano foi dado o direito de opção entre a medio-
Gilberta cridade de uma vida que se acomoda e a grandeza de uma vida
Velhice voltada para o aprimoramento intelectual.
A adolescência é uma fase tão difícil que todos enfrentam. De
O netinho jogou os óculos repente vejo que não sou mais uma “criancinha” dependente do
Na latrina “papai”. Chegou a hora de me decidir! Tenho que escolher uma
Oswaldo de Andrade. Poesias reunidas. profissão para me realizar e ser independente financeiramente.
4ª Ed. Rio de Janeiro No país em que vivemos, que predomina o capitalismo, o
Civilização Brasileira, 1974, p. 160-161.
mais rico sempre é quem vence!
Apud: J. A. Durigan, M. B. M. Abaurre e Y. F. Vieira
Talvez o que mais chame a atenção nesse poema, ao menos à
primeira vista, seja a ausência de elementos de coesão, quer reto- (orgs).
mando o que foi dito antes, quer encadeando segmentos textuais. A magia da mudança. Campinas, Unicamp, 1987, p. 53.
No entanto, percebemos nele um sentido unitário, sobretudo se
soubermos que o seu título é “As quatro gares”, ou seja, as quatro Nesses parágrafos, vemos três temas (direito de opção;
estações. adolescência e escolha profissional; relações sociais sob o capi-
Com essa informação, podemos imaginar que se trata de fla- talismo) que mantêm relações muito tênues entre si. Esse fato,
shes de cada uma das quatro grandes fases da vida: a infância, a prejudicando a continuidade semântica entre as partes, impede a
adolescência, a maturidade e a velhice. A primeira é caracterizada apreensão do todo e, portanto, configura um texto incoerente.
pelas descobertas (o oceano), por ações (o jarro, que certamente a Há no texto, vários tipos de relação entre as partes que o com-
criança quebrara; o passarinho que ela caçara) e por experiências põem, e, por isso, costuma-se falar em vários níveis de coerência.
marcantes (a visita que se percebia na sala apropriada e o cami-
solão que se usava para dormir); a segunda é caracterizada por Coerência Narrativa
amores perdidos, de que não se quer mais falar; a terceira, pela
formalidade e pela responsabilidade indicadas pela participação A coerência narrativa consiste no respeito às implicações ló-
formal do nascimento da filha; a última, pela condescendência gicas entre as partes do relato. Por exemplo, para que um sujeito
para com a traquinagem do neto (a quem cabe a vez de assumir realize uma ação, é preciso que ele tenha competência para tanto,
a ação). A primeira parte é uma sucessão de palavras; a segunda,
ou seja, que saiba e possa efetuá-la. Constitui, então, incoerên-
uma frase em que falta um nexo sintático; a terceira, a participação
cia narrativa o seguinte exemplo: o narrador conta que foi a uma
do nascimento de uma filha; e a quarta, uma oração completa, po-
rém aparentemente desgarrada das demais. festa onde todos fumavam e, por isso, a espessa fumaça impedia
Como se explica que sejamos capazes de entender esse poema que se visse qualquer coisa; de repente, sem mencionar nenhuma
em seus múltiplos sentidos, apesar da falta de marcadores de coe- mudança dessa situação, ele diz que se encostou a uma coluna e
são entre as partes? passou a observar as pessoas, que eram ruivas, loiras, morenas.
A explicação está no fato de que ele tem uma qualidade indis- Se o narrador diz que não podia enxergar nada, é incoerente dizer
pensável para a existência de um texto: a coerência. que via as pessoas com tanta nitidez. Em outros termos, se nega a
Que é a unidade de sentido resultante da relação que se esta- competência para a realização de um desempenho qualquer, esse
belece entre as partes do texto. Uma ideia ajuda a compreender a desempenho não pode ocorrer. Isso por respeito às leis da coerên-
outra, produzindo um sentido global, à luz do qual cada uma das cia narrativa. Observe outro exemplo:
partes ganha sentido. No poema acima, os subtítulos “Infância”,
Didatismo e Conhecimento 41
LÍNGUA PORTUGUESA
“Pior fez o quarto-zagueiro Edinho Baiano, do Paraná Clu- Coerência Espacial
be, entrevistado por um repórter da Rádio Cidade. O Paraná tinha
tomado um balaio de gols do Guarani de Campinas, alguns dias A coerência espacial diz respeito à compatibilidade dos enun-
antes. O repórter queria saber o que tinha acontecido. Edinho não ciados do ponto de vista da localização no espaço. Seria incoeren-
teve dúvida sobre os motivos: te, por exemplo, o seguinte texto: “O filme ‘A Marvada Carne’
__ Como a gente já esperava, fomos surpreendidos pelo ata- mostra a mudança sofrida por um homem que vivia lá no interior e
que do Guarani.” encanta-se com a agitação e a diversidade da vida na capital, pois
Ernâni Buchman. In: Folha de Londrina. aqui já não suportava mais a mesmice e o tédio”. Dizendo lá no
interior, o enunciador dá a entender que seu pronunciamento está
A surpresa implica o inesperado. Não se pode ser surpreendido sendo feito de algum lugar distante do interior; portanto ele não
com o que já se esperava que acontecesse. poderia usar o advérbio “aqui” para localizar “a mesmice” e “o
tédio” que caracterizavam a vida interiorana da personagem. Em
Coerência Argumentativa síntese, não é coerente usar “lá” e “aqui” para indicar o mesmo
lugar.
A coerência argumentativa diz respeito às relações de implica-
ção ou de adequação entre premissas e conclusões ou entre afirma- Coerência do Nível de Linguagem Utilizado
ções e consequências. Não é possível alguém dizer que é a favor da
pena de morte porque é contra tirar a vida de alguém. Da mesma A coerência do nível de linguagem utilizado é aquela que con-
forma, é incoerente defender o respeito à lei e à Constituição Brasi- cerne à compatibilidade do léxico e das estruturas morfossintáti-
leira e ser favorável à execução de assaltantes no interior de prisões. cas com a variante escolhida numa dada situação de comunicação.
Muitas vezes, as conclusões não são adequadas às premissas. Ocorre incoerência relacionada ao nível de linguagem quando, por
Não há coerência, por exemplo, num raciocínio como este: exemplo, o enunciador utiliza um termo chulo ou pertencente à
Há muitos servidores públicos no Brasil que são verdadeiros linguagem informal num texto caracterizado pela norma culta for-
marajás. mal. Tanto sabemos que isso não é permitido que, quando o faze-
O candidato a governador é funcionário público. mos, acrescentamos uma ressalva: com perdão da palavra, se me
Portanto o candidato é um marajá. permitem dizer. Observe um exemplo de incoerência nesse nível:
Segundo uma lei da lógica formal, não se pode concluir nada
“Tendo recebido a notificação para pagamento da chama-
com certeza baseado em duas premissas particulares. Dizer que
da taxa do lixo, ouso dirigir-me a V. Exª, senhora prefeita, para
muitos servidores públicos são marajás não permite concluir que
expor-lhe minha inconformidade diante dessa medida, porque o
qualquer um seja.
IPTU foi aumentado, no governo anterior, de 0,6% para 1% do
A falta de relação entre o que se diz e o que foi dito anterior-
valor venal do imóvel exatamente para cobrir as despesas da mu-
mente também constitui incoerência. É o que se vê neste diálogo:
nicipalidade com os gastos de coleta e destinação dos resíduos só-
“__ Vereador, o senhor é a favor ou contra o pagamento de lidos produzidos pelos moradores de nossa cidade. Francamente,
pedágio para circular no centro da cidade? achei uma sacanagem esta armação da Prefeitura: jogar mais um
__ É preciso melhorar a vida dos habitantes das grandes cida- gasto nas costas da gente.”
des. A degradação urbana atinge a todos nós e, por conseguinte, é
necessário reabilitar as áreas que contam com abundante oferta de Como se vê, o léxico usado no último período do texto destoa
serviços públicos.” completamente do utilizado no período anterior.
Didatismo e Conhecimento 42
LÍNGUA PORTUGUESA
A exterioridade a que o conteúdo do texto deve ajustar-se O texto apresenta os traços culturais da cidade, e todos con-
pode ser: vergem para um único significado: a celebração da capital do esta-
- o conhecimento do mundo: o conjunto de dados referentes do de São Paulo no seu aniversário. Os dois primeiros itens de nos-
ao mundo físico, à cultura de um povo, ao conteúdo das ciências, so exemplo referem-se a marcas linguísticas do falar paulistano; o
etc. que constitui o repertório com que se produzem e se entendem terceiro, a um prato que tornou conhecido o restaurante chamado
textos. O período “O homem olhou através das paredes e viu onde Jardim de Napoli; o quarto, a um verso da música “Sampa”, de
os bandidos escondiam a vítima que havia sido sequestrada” é Caetano Veloso; o sexto e o sétimo, à maneira como os dois times
incoerente, pois nosso conhecimento do mundo diz que homens mais populares da cidade são denominados na variante linguística
não vêem através das paredes. Temos, então, uma incoerência fi- popular; o último à obediência a uma lei que na época ainda não
gurativa extratextual. vigorava no resto do país.
- os mecanismos semânticos e gramaticais da língua: o con- - A situação de comunicação:
junto dos conhecimentos sobre o código linguístico necessário à
codificação de mensagens decodificáveis por outros usuários da __A telefônica.
mesma língua. O texto seguinte, por exemplo, está absolutamente __Era hoje?
sem sentido por inobservância de mecanismos desse tipo:
“Conscientizar alunos pré-sólidos ao ingresso de uma carrei- Esse diálogo não seria compreendido fora da situação de in-
ra universitária informações críticas a respeito da realidade pro- terlocução, porque deixa implícitos certos enunciados que, dentro
fissional a ser optada. Deve ser ciado novos métodos criativos nos dela, são perfeitamente compreendidos:
ensinos de primeiro e segundo grau: estimulando o aluno a forma- __ O empregado da companhia telefônica que vinha conser-
ção crítica de suas ideias as quais, serão a praticidade cotidiana. tar o telefone está aí.
Aptidões pessoais serão associadas a testes vocacionais sérios de __ Era hoje que ele viria?
maneira discursiva a analisar conceituações fundamentais.”
- O conhecimento de mundo:
Apud: J. A. Durigan et alii. Op. cit., p. 58.
31 de março / 1º de abril
Dúvida Revolucionária
Fatores de Coerência
Ontem foi hoje?
- O contexto: para uma dada unidade linguística, funcio-
Ou hoje é que foi ontem?
na como contexto a unidade linguística maior que ela: a sílaba é
contexto para o fonema; a palavra, para a sílaba; a oração, para a
Aparentemente, falta coerência temporal a esse poema: o que
palavra; o período, para a oração; o texto, para o período, e assim
significa “ontem foi hoje” ou “hoje é que foi ontem?”. No entanto,
por diante.
as duas datas colocadas no início do poema e o título remetem a
“Um chopps, dois pastel, o polpettone do Jardim de Napo- um episódio da História do Brasil, o golpe militar de 1964, chama-
li, cruzar a Ipiranga com a avenida São João, o “Parmera”, o do Revolução de 1964. Esse fato deve fazer parte de nosso conhe-
“Curíntia”, todo mundo estar usando cinto de segurança.” cimento de mundo, assim como o detalhe de que ele ocorreu no dia
1º de abril, mas sua comemoração foi mudada para 31 de março,
À primeira vista, parece não haver nenhuma coerência na enu- para evitar relações entre o evento e o “dia da mentira”.
meração desses elementos. Quando ficamos sabendo, no entanto,
que eles fazem parte de um texto intitulado “100 motivos para - As regras do gênero:
gostar de São Paulo”, o que aparentemente era caótico torna-se
coerente: “O homem olhou através das paredes e viu onde os bandidos
escondiam a vítima que havia sido sequestrada.”
100 motivos para gostar de São Paulo
Essa frase é incoerente no discurso cotidiano, mas é comple-
1. Um chopps tamente coerente no mundo criado pelas histórias de super-heróis,
2. E dois pastel em que o Super-Homem, por exemplo, tem força praticamente
(...) ilimitada; pode voar no espaço a uma velocidade igual à da luz;
5. O polpettone do Jardim de Napoli quando ultrapassa essa velocidade, vence a barreira do tempo e
(...) pode transferir-se para outras épocas; seus olhos de raios X permi-
30. Cruzar a Ipiranga com a av. São João tem-lhe ver através de qualquer corpo, a distâncias infinitas, etc.
(...) Nosso conhecimento de mundo não é restrito ao que efetiva-
43. O “Parmera” mente existe, ao que se pode ver, tocar, etc.: ele inclui também os
(...) mundos criados pela linguagem nos diferentes gêneros de texto,
45. O “Curíntia” ficção científica, contos maravilhosos, mitos, discurso religioso,
(..) etc., regidos por outras lógicas. Assim, o que é incoerente num
59. Todo mundo estar usando cinto de segurança determinado gênero não o é, necessariamente, em outro.
(...)
Didatismo e Conhecimento 43
LÍNGUA PORTUGUESA
- O sentido não literal: ro ser grande” (Big, dirigido por Penny Marshall em 1988, com
Tom Hanks) e “Um convidado bem trapalhão” (The party, Blake
“As verdes ideias incolores dormem, mas poderão explodir a Edwards, 1968, com Peter Sellers), há cenas em que os respectivos
qualquer momento.” protagonistas exibem comportamento incompatível com a ocasião,
mas não há incoerência nisso, pois todo o enredo converge para
Tomando em seu sentido literal, esse texto é absurdo, pois, nes- que o espectador se solidarize com eles, por sua ingenuidade e falta
sa acepção, o termo ideias não pode ser qualificado por adjetivos de traquejo social. Mas, se aparece num texto uma figura incoeren-
de cor; não se podem atribuir ao mesmo ser, ao mesmo tempo, as te uma única vez, o leitor não pode ter certeza de que se trata de
qualidades verde e incolor; o verbo dormir deve ter como sujeito uma quebra de coerência proposital, com vistas a criar determinado
um substantivo animado. efeito de sentido, vai pensar que se trata de contradição devida a
No entanto, se entendermos ideias verdes em sentido não li- inabilidade, descuido ou ignorância do enunciador.
teral, como concepções ambientalistas, o período pode ser lido da
seguinte maneira: “As idéias ambientalistas sem atrativo estão la- Dissemos também que há outros textos que fazem da inversão
tentes, mas poderão manifestar-se a qualquer momento.” da realidade seu princípio constitutivo; da incoerência, um fator de
coerência. São exemplos as obras de Lewis Carrol “Alice no país
das maravilhas” e “Através do espelho”, que pretendem apresentar
paradoxos de sentido, subverter o princípio da realidade, mostrar as
aporias da lógica, confrontar a lógica do senso comum com outras.
- O intertexto:
Reproduzimos um poema de Manuel Bandeira que contém
Falso diálogo entre Pessoa e Caeiro mais de um exemplo do que foi abordado:
__ a chuva me deixa triste... Teresa
__ a mim me deixa molhado.
José Paulo Paes. Op. Cit., p 79. A primeira vez que vi Teresa
Achei que ela tinha pernas estúpidas
Muitos textos retomam outros, constroem-se com base em ou-
Achei também que a cara parecia uma perna
tros e, por isso, só ganham coerência nessa relação com o texto
sobre o qual foram construídos, ou seja, na relação de intertextua-
Quando vi Teresa de novo
lidade. É o caso desse poema. Para compreendê-lo, é preciso saber
Achei que seus olhos eram muito mais velhos
que Alberto Caeiro é um dos heterônimos do poeta Fernando Pes-
[que o resto do corpo
soa; que heterônimo não é pseudônimo, mas uma individualidade
lírica distinta da do autor (o ortônimo); que para Caeiro o real é a (Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando
exterioridade e não devemos acrescentar-lhe impressões subjetivas; [que o resto do corpo nascesse)
que sua posição é antimetafísica; que não devemos interpretar a
realidade pela inteligência, pois essa interpretação conduz a sim- Da terceira vez não vi mais nada
ples conceitos vazios, em síntese, é preciso ter lido textos de Caei- Os céus se misturaram com a terra
ro. Por outro lado, é preciso saber que o ortônimo (Fernando Pessoa E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face
ele mesmo) exprime suas emoções, falando da solidão interior, do [das águas.
tédio, etc. Poesias completas e prosa. Rio de Janeiro,
Aguilar, 1986, p. 214.
Incoerência Proposital
Para percebermos a coerência desse texto, é preciso, no míni-
Existem textos em que há uma quebra proposital da coerência, mo, que nosso conhecimento de mundo inclua o poema:
com vistas a produzir determinado efeito de sentido, assim como
existem outros que fazem da não-coerência o próprio princípio O Adeus de Teresa
constitutivo da produção de sentido. Poderia alguém perguntar,
então, se realmente existe texto incoerente. Sem dúvida existe: é A primeira vez que fitei Teresa,
aquele em que a incoerência é produzida involuntariamente, por Como as plantas que arrasta a correnteza,
inabilidade, descuido ou ignorância do enunciador, e não usada A valsa nos levou nos giros seus...
funcionalmente para construir certo sentido.
Quando se trata de incoerência proposital, o enunciador disse- Castro Alves
mina pistas no texto, para que o leitor perceba que ela faz parte de
um programa intencionalmente direcionado para veicular determi- Para identificarmos a relação de intertextualidade entre eles;
nado tema. Se, por exemplo, num texto que mostra uma festa muito que tenhamos noção da crítica do Modernismo às escolas literá-
luxuosa, aparecem figuras como pessoas comendo de boca aberta, rias precedentes, no caso, ao Romantismo, em que nenhuma musa
falando em voz muito alta e em linguagem chula, ostentando sua seria tratada com tanta cerimônia e muito menos teria “cara”; que
últimas aquisições, o enunciador certamente não está querendo façamos uma leitura não literal; que percebamos sua lógica interna,
manifestar o tema do luxo, do requinte, mas o da vulgaridade dos criada pela disseminação proposital de elementos que pareceriam
novos-ricos. Para ficar no exemplo da festa: em filmes como “Que- absurdos em outro contexto.
Didatismo e Conhecimento 44
LÍNGUA PORTUGUESA
2- Antes de um aposto
5 DOMÍNIO DA ESTRUTURA - Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à tarde
MORFOSSINTÁTICA DO PERÍODO. e calor à noite.
5.1 RELAÇÕES DE COORDENAÇÃO
3- Antes de uma explicação ou esclarecimento
ENTRE ORAÇÕES E ENTRE
- Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo a
TERMOS DA ORAÇÃO. rotina de sempre.
5.2 RELAÇÕES DE SUBORDINAÇÃO
ENTRE ORAÇÕES E ENTRE 4- Em frases de estilo direto
TERMOS DA ORAÇÃO. Maria perguntou:
5.3 EMPREGO DOS SINAIS DE - Por que você não toma uma decisão?
PONTUAÇÃO.
5.4 CONCORDÂNCIA VERBAL Ponto de Exclamação
E NOMINAL 5.5 EMPREGO DO 1- Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera, susto,
SINAL INDICATIVO DE CRASE. súplica, etc.
5.6 COLOCAÇÃO DOS - Sim! Claro que eu quero me casar com você!
2- Depois de interjeições ou vocativos
PRONOMES ÁTONOS.
- Ai! Que susto!
- João! Há quanto tempo!
Ponto de Interrogação
Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
PONTUAÇÃO “- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Azevedo)
2- Separa partes de frases que já estão separadas por vírgulas. - entre o verbo e seus objetos.
- Alguns quiseram verão, praia e calor; outros, montanhas, O trabalho custou sacrifício aos realizadores.
frio e cobertor. V.T.D.I. O.D. O.I.
Didatismo e Conhecimento 45
LÍNGUA PORTUGUESA
- Para marcar inversão: 03.(BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – BN-
a) do adjunto adverbial (colocado no início da oração): Depois DES/2012) Em que período a vírgula pode ser retirada, mantendo-
das sete horas, todo o comércio está de portas fechadas. se o sentido e a obediência à norma-padrão?
b) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos pesquisa- (A) Quando o técnico chegou, a equipe começou o treino.
dores, não lhes destinaram verba alguma. (B) Antônio, quer saber as últimas novidades dos esportes?
c) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de maio de (C) As Olimpíadas de 2016 ocorrerão no Rio, que se prepara
1982. para o evento.
(D) Atualmente, várias áreas contribuem para o aprimoramen-
- Para separar entre si elementos coordenados (dispostos em to do desportista.
enumeração): (E) Eis alguns esportes que a Ciência do Esporte ajuda: judô,
Era um garoto de 15 anos, alto, magro. natação e canoagem.
A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais.
04. (BANPARÁ/PA – TÉCNICO BANCÁRIO – ESPP/2012)
- Para marcar elipse (omissão) do verbo: Assinale a alternativa em que a pontuação está correta.
Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco. a) Meu grande amigo Pedro, esteve aqui ontem!
- Para isolar: b) Foi solicitado, pelo diretor o comprovante da transação.
- o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasileira, c) Maria, você trouxe os documentos?
possui um trânsito caótico. d) O garoto de óculos leu, em voz alta o poema.
- o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem. e) Na noite de ontem o vigia percebeu, uma movimentação
estranha.
Fontes: http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/
http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-virgula.htm 05. (Papiloscopista Policial – Vunesp – 2013 – adap.). Assinale
a alternativa em que a frase mantém-se correta após o acréscimo
Questões sobre Pontuação das vírgulas.
(A) Se a criança se perder, quem encontrá-la, verá na pulseira
01. (Agente Policial – Vunesp – 2013). Assinale a alternativa instruções para que envie, uma mensagem eletrônica ao grupo ou
em que a pontuação está corretamente empregada, de acordo com acione o código na internet.
a norma-padrão da língua portuguesa. (B) Um geolocalizador também, avisará, os pais de onde o có-
(A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora, digo foi acionado.
experimentasse, a sensação de violar uma intimidade, procurou a (C) Assim que o código é digitado, familiares cadastrados, re-
esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que pudesse aju- cebem automaticamente, uma mensagem dizendo que a criança
dar a revelar quem era a sua dona. foi encontrada.
(B) Diante, da testemunha o homem abriu a bolsa e, embora (D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha, chega primeiro
experimentasse a sensação, de violar uma intimidade, procurou a às, areias do Guarujá.
esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que pudesse aju- (E) O sistema permite, ainda, cadastrar o nome e o telefone de
dar a revelar quem era a sua dona. quem a encontrou e informar um ponto de referência
(C) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora
experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procurou a 06. (DNIT – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – ESAF/2013)
esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que pudesse aju- Para que o fragmento abaixo seja coerente e gramaticalmente cor-
dar a revelar quem era a sua dona. reto, é necessário inserir sinais de pontuação. Assinale a posição
(D) Diante da testemunha, o homem, abriu a bolsa e, embora em que não deve ser usado o sinal de ponto, e sim a vírgula, para
experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procurou a que sejam respeitadas as regras gramaticais. Desconsidere os ajus-
esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar algo que pudesse aju- tes nas letras iniciais minúsculas.
dar a revelar quem era a sua dona. O projeto Escola de Bicicleta está distribuindo bicicletas de
(E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora, bambu para 4600 alunos da rede pública de São Paulo(A) o pro-
experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procurou a grama desenvolve ainda oficinas e cursos para as crianças utili-
esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar algo que pudesse aju- zarem a bicicleta de forma segura e correta(B) os alunos ajudam
dar a revelar quem era a sua dona. a traçar ciclorrotas e participam de atividades sobre cidadania
e reciclagem(C) as escolas participantes se tornam também cen-
02. (CNJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE/2013 - ADAP- tros de descarte de garrafas PET(D) destinadas depois para reci-
TADA) Jogadores de futebol de diversos times entraram em cam- clagem(E) o programa possibilitará o retorno das bicicletas pela
po em prol do programa “Pai Presente”, nos jogos do Campeo- saúde das crianças e transformação das comunidades em lugares
nato Nacional em apoio à campanha que visa 4 reduzir o número melhores para se viver.
de pessoas que não possuem o nome do pai em sua certidão de (Adaptado de Vida Simples, abril de 2012, edição 117)
nascimento. (...) a) A
A oração subordinada “que não possuem o nome do pai em sua b) B
certidão de nascimento” não é antecedida por vírgula porque tem c) C
natureza restritiva. d) D
( ) Certo ( ) Errado e) E
Didatismo e Conhecimento 46
LÍNGUA PORTUGUESA
07. (DETRAN - OFICIAL ESTADUAL DE TRÂNSITO – (D) Diante da testemunha, o homem , (X) abriu a bolsa e, em-
VUNESP/2013) Assinale a alternativa correta quanto ao uso da bora experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procu-
pontuação. rou a esmo entre as coisinhas, tentando , (X) encontrar algo que
(A) Segundo alguns psicólogos, é possível, em certas circuns- pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona.
tâncias, ceder à frustração para que a raiva seja aliviada. (E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora ,
(B) Dirigir pode aumentar, nosso nível de estresse, porque (X) experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procu-
você está junto; com os outros motoristas cujos comportamentos, rou a esmo entre as coisinhas, tentando , (X) encontrar algo que
são desconhecidos. pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona.
(C) Os motoristas, devem saber, que os carros podem ser uma
extensão de nossa personalidade. 2-) A oração restringe o grupo que participará da campanha
(D) A ira de trânsito pode ocasionar, acidentes e; aumentar os (apenas os que não têm o nome do pai na certidão de nascimento).
níveis de estresse em alguns motoristas. Se colocarmos uma vírgula, a oração tornar-se-á “explicativa”,
(E) Os congestionamentos e o número de motoristas na rua, generalizando a informação, o que dará a entender que TODAS as
são as principais causas da ira de trânsito. pessoa não têm o nome do pai na certidão.
RESPOSTA: “CERTO”.
08. (ACADEMIA DE POLÍCIA DO ESTADO DE MINAS
GERAIS – TÉCNICO ASSISTENTE DA POLÍCIA CIVIL - FU- 3-)
MARC/2013) “Paciência, minha filha, este é apenas um ciclo eco- (A) Quando o técnico chegou, a equipe começou o treino. =
nômico e a nossa geração foi escolhida para este vexame, você aí mantê-la (termo deslocado)
desse tamanho pedindo esmola e eu aqui sem nada para te dizer, (B) Antônio, quer saber as últimas novidades dos esportes? =
agora afasta que abriu o sinal.” mantê-la (vocativo)
No período acima, as vírgulas foram empregadas em “Paciên- (C) As Olimpíadas de 2016 ocorrerão no Rio, que se prepara
cia, minha filha, este é [...]”, para separar para o evento.
(A) aposto. = mantê-la (explicação)
(B) vocativo. (D) Atualmente, várias áreas contribuem para o aprimoramen-
(C) adjunto adverbial. to do desportista.
(D) expressão explicativa. = pode retirá-la (advérbio de tempo)
(E) Eis alguns esportes que a Ciência do Esporte ajuda: judô,
09. (INFRAERO – CADASTRO RESERVA OPERACIONAL
natação e canoagem.
PROFISSIONAL DE TRÁFEGO AÉREO – FCC/2011) O período
= mantê-la (enumeração)
corretamente pontuado é:
4-) Assinalei com (X) a pontuação inadequada ou faltante:
(A) Os filmes que, mostram a luta pela sobrevivência em con-
a) Meu grande amigo Pedro, (X) esteve aqui ontem!
dições hostis nem sempre conseguem agradar, aos espectadores.
b) Foi solicitado, (X) pelo diretor o comprovante da transação.
(B) Várias experiências de prisioneiros, semelhantes entre si,
c) Maria, você trouxe os documentos?
podem ser reunidas e fazer parte de uma mesma história ficcional.
d) O garoto de óculos leu, em voz alta (X) o poema.
(C) A história de heroísmo e de determinação que nem sempre,
e) Na noite de ontem (X) o vigia percebeu, (X) uma movimen-
é convincente, se passa em um cenário marcado, pelo frio.
(D) Caminhar por um extenso território gelado, é correr riscos tação estranha.
iminentes que comprometem, a sobrevivência.
(E) Para os fugitivos que se propunham, a alcançar a liberdade, 5-) Assinalei com (X) onde estão as pontuações inadequadas
nada poderia parecer, realmente intransponível. (A) Se a criança se perder, quem encontrá-la , (X) verá na
pulseira instruções para que envie , (X) uma mensagem eletrôni-
GABARITO ca ao grupo ou acione o código na internet.
(B) Um geolocalizador também , (X) avisará , (X) os pais de
01. C 02. C 03. D 04. C 05. E onde o código foi acionado.
06. D 07. A 08. B 09.B (C) Assim que o código é digitado, familiares cadastrados ,
(X) recebem ( , ) automaticamente, uma mensagem dizendo que
RESOLUÇÃO a criança foi encontrada.
(D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha , (X) chega
1- Assinalei com um (X) as pontuações inadequadas primeiro às , (X) areias do Guarujá.
(A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embo-
ra, (X) experimentasse , (X) a sensação de violar uma intimidade, 6-)
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que O projeto Escola de Bicicleta está distribuindo bicicletas de
pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. bambu para 4600 alunos da rede pública de São Paulo(A). O pro-
(B) Diante , (X) da testemunha o homem abriu a bolsa e, em- grama desenvolve ainda oficinas e cursos para as crianças utili-
bora experimentasse a sensação , (X) de violar uma intimidade, zarem a bicicleta de forma segura e correta(B). Os alunos ajudam
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que a traçar ciclorrotas e participam de atividades sobre cidadania e
pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. reciclagem(C). As escolas participantes se tornam também cen-
tros de descarte de garrafas PET(D), destinadas depois para re-
Didatismo e Conhecimento 47
LÍNGUA PORTUGUESA
ciclagem(E). O programa possibilitará o retorno das bicicletas pela No primeiro exemplo, o verbo é transitivo direto (conhecer
saúde das crianças e transformação das comunidades em lugares algo ou alguém), logo não exige preposição e a crase não pode
melhores para se viver. ocorrer. No segundo exemplo, o verbo é transitivo indireto (referir-
A vírgula deve ser colocada após a palavra “PET”, posição (D), -se a algo ou a alguém) e exige a preposição “a”. Portanto, a crase
pois antecipa um termo explicativo. é possível, desde que o termo seguinte seja feminino e admita o
artigo feminino “a” ou um dos pronomes já especificados.
7-) Fiz as indicações (X) das pontuações inadequadas:
(A) Segundo alguns psicólogos, é possível, em certas circunstân- Casos em que a crase NÃO ocorre:
cias, ceder à frustração para que a raiva seja aliviada.
(B) Dirigir pode aumentar, (X) nosso nível de estresse, porque - diante de substantivos masculinos:
você está junto; (X) com os outros motoristas cujos comportamen- Andamos a cavalo.
tos, (X) são desconhecidos. Fomos a pé.
(C) Os motoristas, (X) devem saber, (X) que os carros podem ser Passou a camisa a ferro.
uma extensão de nossa personalidade. Fazer o exercício a lápis.
(D) A ira de trânsito pode ocasionar, (X) acidentes e; (X) aumen- Compramos os móveis a prazo.
tar os níveis de estresse em alguns motoristas.
(E) Os congestionamentos e o número de motoristas na rua, (X) - diante de verbos no infinitivo:
são as principais causas da ira de trânsito. A criança começou a falar.
Ela não tem nada a dizer.
8-) Paciência, minha filha, este é... = é o termo usado para se
dirigir ao interlocutor, ou seja, é um vocativo. Obs.: como os verbos não admitem artigos, o “a” dos exemplos
acima é apenas preposição, logo não ocorrerá crase.
9-) Fiz as marcações (X) onde as pontuações estão inadequadas
ou faltantes: - diante da maioria dos pronomes e das expressões de tra-
(A) Os filmes que,(X) mostram a luta pela sobrevivência em tamento, com exceção das formas senhora, senhorita e dona:
condições hostis nem sempre conseguem agradar, (X) aos especta- Diga a ela que não estarei em casa amanhã.
dores. Entreguei a todos os documentos necessários.
(B) Várias experiências de prisioneiros, semelhantes entre si, po- Ele fez referência a Vossa Excelência no discurso de ontem.
dem ser reunidas e fazer parte de uma mesma história ficcional. Peço a Vossa Senhoria que aguarde alguns minutos.
(C) A história de heroísmo e de determinação (X) que nem sem-
pre, (X) é convincente, se passa em um cenário marcado, (X) pelo Os poucos casos em que ocorre crase diante dos pronomes po-
frio. dem ser identificados pelo método: troque a palavra feminina por
(D) Caminhar por um extenso território gelado, (X) é correr ris- uma masculina, caso na nova construção surgir a forma ao, ocor-
cos iminentes (X) que comprometem, (X) a sobrevivência. rerá crase. Por exemplo:
(E) Para os fugitivos que se propunham, (X) a alcançar a liberda- Refiro-me à mesma pessoa. (Refiro-me ao mesmo indivíduo.)
de, nada poderia parecer, (X) realmente intransponível. Informei o ocorrido à senhora. (Informei o ocorrido ao se-
nhor.)
CRASE Peça à própria Cláudia para sair mais cedo. (Peça ao próprio
Cláudio para sair mais cedo.)
A palavra crase é de origem grega e significa “fusão”, “mistura”.
Na língua portuguesa, é o nome que se dá à “junção” de duas vogais - diante de numerais cardinais:
idênticas. É de grande importância a crase da preposição “a” com o Chegou a duzentos o número de feridos.
artigo feminino “a” (s), com o “a” inicial dos pronomes aquele(s), Daqui a uma semana começa o campeonato.
aquela (s), aquilo e com o “a” do relativo a qual (as quais). Na escrita,
utilizamos o acento grave ( ` ) para indicar a crase. O uso apropriado Casos em que a crase SEMPRE ocorre:
do acento grave depende da compreensão da fusão das duas vogais.
É fundamental também, para o entendimento da crase, dominar a re- - diante de palavras femininas:
gência dos verbos e nomes que exigem a preposição “a”. Aprender a Amanhã iremos à festa de aniversário de minha colega.
usar a crase, portanto, consiste em aprender a verificar a ocorrência Sempre vamos à praia no verão.
simultânea de uma preposição e um artigo ou pronome. Observe: Ela disse à irmã o que havia escutado pelos corredores.
Vou a + a igreja. Sou grata à população.
Vou à igreja. Fumar é prejudicial à saúde.
Este aparelho é posterior à invenção do telefone.
No exemplo acima, temos a ocorrência da preposição “a”, exigi-
da pelo verbo ir (ir a algum lugar) e a ocorrência do artigo “a” que - diante da palavra “moda”, com o sentido de “à moda de”
está determinando o substantivo feminino igreja. Quando ocorre esse (mesmo que a expressão moda de fique subentendida):
encontro das duas vogais e elas se unem, a união delas é indicada O jogador fez um gol à (moda de) Pelé.
pelo acento grave. Observe os outros exemplos: Usava sapatos à (moda de) Luís XV.
Conheço a aluna. Estava com vontade de comer frango à (moda de) passarinho.
Refiro-me à aluna. O menino resolveu vestir-se à (moda de) Fidel Castro.
Didatismo e Conhecimento 48
LÍNGUA PORTUGUESA
- na indicação de horas: O verbo “alugar” é transitivo direto (alugar algo) e não exi-
Acordei às sete horas da manhã. ge preposição. Logo, a crase não ocorre nesse caso. Veja outros
Elas chegaram às dez horas. exemplos:
Foram dormir à meia-noite. Dediquei àquela senhora todo o meu trabalho.
Quero agradecer àqueles que me socorreram.
- em locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas de que Refiro-me àquilo que aconteceu com seu pai.
participam palavras femininas. Por exemplo: Não obedecerei àquele sujeito.
à tarde às ocultas às pressas à medida que Assisti àquele filme três vezes.
à noite às claras às escondidas à força Espero aquele rapaz.
à vontade à beça à larga à escuta Fiz aquilo que você disse.
às avessas à revelia à exceção de à imitação de Comprei aquela caneta.
à esquerda às turras às vezes à chave
à direita à procura à deriva à toa Crase com os Pronomes Relativos A Qual, As Quais
à luz à sombra de à frente de à proporção que
à semelhança de às ordens à beira de A ocorrência da crase com os pronomes relativos a qual e as
quais depende do verbo. Se o verbo que rege esses pronomes exi-
Crase diante de Nomes de Lugar gir a preposição “a”, haverá crase. É possível detectar a ocorrência
da crase nesses casos utilizando a substituição do termo regido
Alguns nomes de lugar não admitem a anteposição do artigo feminino por um termo regido masculino. Por exemplo:
“a”. Outros, entretanto, admitem o artigo, de modo que diante de-
les haverá crase, desde que o termo regente exija a preposição “a”. A igreja à qual me refiro fica no centro da cidade.
Para saber se um nome de lugar admite ou não a anteposição do O monumento ao qual me refiro fica no centro da cidade.
artigo feminino “a”, deve-se substituir o termo regente por um ver-
bo que peça a preposição “de” ou “em”. A ocorrência da contração Caso surja a forma ao com a troca do termo, ocorrerá a crase.
“da” ou “na” prova que esse nome de lugar aceita o artigo e, por Veja outros exemplos:
isso, haverá crase. Por exemplo: São normas às quais todos os alunos devem obedecer.
Esta foi a conclusão à qual ele chegou.
Várias alunas às quais ele fez perguntas não souberam respon-
Vou à França. (Vim da [de+a] França. Estou na [em+a] Fran-
der nenhuma das questões.
ça.)
A sessão à qual assisti estava vazia.
Cheguei à Grécia. (Vim da Grécia. Estou na Grécia.)
Retornarei à Itália. (Vim da Itália. Estou na Itália)
Crase com o Pronome Demonstrativo “a”
Vou a Porto Alegre. (Vim de Porto Alegre. Estou em Porto Ale-
gre.)
A ocorrência da crase com o pronome demonstrativo “a” tam-
bém pode ser detectada através da substituição do termo regente
*- Dica da Zê!: use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou feminino por um termo regido masculino. Veja:
A volto DE, crase PRA QUÊ?” Minha revolta é ligada à do meu país.
Ex: Vou a Campinas. = Volto de Campinas. Meu luto é ligado ao do meu país.
Vou à praia. = Volto da praia. As orações são semelhantes às de antes.
Os exemplos são semelhantes aos de antes.
- ATENÇÃO: quando o nome de lugar estiver especificado, Suas perguntas são superiores às dele.
ocorrerá crase. Veja: Seus argumentos são superiores aos dele.
Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo que, pela Sua blusa é idêntica à de minha colega.
regrinha acima, seja a do “VOLTO DE” Seu casaco é idêntico ao de minha colega.
Irei à Salvador de Jorge Amado.
A Palavra Distância
Crase diante dos Pronomes Demonstrativos Aquele (s),
Aquela (s), Aquilo Se a palavra distância estiver especificada, determinada, a cra-
se deve ocorrer. Por exemplo: Sua casa fica à distância de 100km
Haverá crase diante desses pronomes sempre que o termo re- daqui. (A palavra está determinada)
gente exigir a preposição “a”. Por exemplo: Todos devem ficar à distância de 50 metros do palco. (A pala-
vra está especificada.)
Refiro-me a + aquele atentado.
Preposição Pronome Se a palavra distância não estiver especificada, a crase não
Refiro-me àquele atentado. pode ocorrer. Por exemplo:
Os militares ficaram a distância.
O termo regente do exemplo acima é o verbo transitivo indire- Gostava de fotografar a distância.
to referir (referir-se a algo ou alguém) e exige preposição, portan- Ensinou a distância.
to, ocorre a crase. Observe este outro exemplo: Dizem que aquele médico cura a distância.
Aluguei aquela casa. Reconheci o menino a distância.
Didatismo e Conhecimento 49
LÍNGUA PORTUGUESA
Observação: por motivo de clareza, para evitar ambiguidade, As lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e respec-
pode-se usar a crase. Veja: tivamente, com:
Gostava de fotografar à distância. (A) aos … à … a … a
Ensinou à distância. (B) aos … a … à … a
Dizem que aquele médico cura à distância. (C) a … a … à … à
(D) à … à … à … à
Casos em que a ocorrência da crase é FACULTATIVA (E) a … a … a … a
- diante de nomes próprios femininos:
Observação: é facultativo o uso da crase diante de nomes pró- 02. (Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013).Leia o
prios femininos porque é facultativo o uso do artigo. Observe: texto a seguir.
Paula é muito bonita. Laura é minha amiga. Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, correu
A Paula é muito bonita. A Laura é minha amiga. ______ cartomante para consultá-la sobre a verdadeira causa do
procedimento de Camilo. Vimos que ______ cartomante restituiu-
Como podemos constatar, é facultativo o uso do artigo femi- -lhe ______ confiança, e que o rapaz repreendeu-a por ter feito o
nino diante de nomes próprios femininos, então podemos escre- que fez.
ver as frases abaixo das seguintes formas: (Machado de Assis. A cartomante. In: Várias histórias. Rio de
Janeiro: Globo, 1997, p. 6)
Entreguei o cartão a Paula. Entreguei o cartão a Roberto.
Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na ordem
Entreguei o cartão à Paula. Entreguei o cartão ao Roberto.
dada:
A) à – a – a
- diante de pronome possessivo feminino:
B) a – a – à
Observação: é facultativo o uso da crase diante de pronomes C) à – a – à
possessivos femininos porque é facultativo o uso do artigo. Ob- D) à – à – a
serve: E) a – à – à
Minha avó tem setenta anos. Minha irmã está esperando
por você. 03 (POLÍCIA CIVIL/SP – AGENTE POLICIAL - VU-
A minha avó tem setenta anos. A minha irmã está esperando NESP/2013) De acordo com a norma-padrão da língua portugue-
por você. sa, o acento indicativo de crase está corretamente empregado em:
Sendo facultativo o uso do artigo feminino diante de prono- (A) A população, de um modo geral, está à espera de que, com
mes possessivos femininos, então podemos escrever as frases o novo texto, a lei seca possa coibir os acidentes.
abaixo das seguintes formas: (B) A nova lei chega para obrigar os motoristas à repensarem
Cedi o lugar a minha avó. Cedi o lugar a meu avô. a sua postura.
Cedi o lugar à minha avó. Cedi o lugar ao meu avô. (C) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos à punições
muito mais severas.
- depois da preposição até: (D) À ninguém é dado o direito de colocar em risco a vida dos
Fui até a praia. ou Fui até à praia. demais motoristas e de pedestres.
Acompanhe-o até a porta. ou Acompanhe-o até à porta. (E) Cabe à todos na sociedade zelar pelo cumprimento da nova
lei para que ela possa funcionar.
A palestra vai até as cinco horas da tarde. ou A palestra vai
até às cinco horas da tarde. 04. (Agente Técnico – FCC – 2013-adap.) Claro que não me
estou referindo a essa vulgar comunicação festiva e efervescente.
Questões sobre Crase O vocábulo a deverá receber o sinal indicativo de crase se o
segmento grifado for substituído por:
01.( Escrevente TJ SP – Vunesp/2012) No Brasil, as discus- A) leitura apressada e sem profundidade.
sões sobre drogas parecem limitar-se ______aspectos jurídicos B) cada um de nós neste formigueiro.
C) exemplo de obras publicadas recentemente.
ou policiais. É como se suas únicas consequências estivessem em
D) uma comunicação festiva e virtual.
legalismos, tecnicalidades e estatísticas criminais. Raro ler ____
E) respeito de autores reconhecidos pelo público.
respeito envolvendo questões de saúde pública como programas
de esclarecimento e prevenção, de tratamento para dependentes
05. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP
e de reintegração desses____ vida. Quantos de nós sabemos o – 2013).
nome de um médico ou clínica ____quem tentar encaminhar um O Instituto Nacional de Administração Prisional (INAP) tam-
drogado da nossa própria família? bém desenvolve atividades lúdicas de apoio______ ressociali-
(Ruy Castro, Da nossa própria família. Folha de S.Paulo, zação do indivíduo preso, com o objetivo de prepará--lo para o
17.09.2012. Adaptado) retorno______ sociedade. Dessa forma, quando em liberdade, ele
estará capacitado______ ter uma profissão e uma vida digna.
(Disponível em: www.metropolitana.com.br/blog/qual_e_a_
importancia_da_ressocializacao_de_presos. Acesso em:
18.08.2012. Adaptado)
Didatismo e Conhecimento 50
LÍNGUA PORTUGUESA
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamen- Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na ordem
te, as lacunas do texto, de acordo com a norma-padrão da língua dada:
portuguesa. (A) à - à - a
A) à … à … à (B) a - à - a
B) a … a … à (C) à - a - à
C) a … à … à (D) a - à - à
D) à … à ... a (E) à - a – a
E) a … à … a
10. (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO ACRE – ALU-
06. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU- NO SOLDADO COMBATENTE – FUNCAB/2012) Em qual das
LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013) opções abaixo o acento indicativo de crase foi corretamente in-
Assinale a alternativa que completa as lacunas do trecho a seguir, dicado?
empregando o sinal indicativo de crase de acordo com a norma- A) O dia fora quente, mas à noite estava fria e escura.
-padrão. B) Ninguém se referira à essa ideia antes.
Não nos sujeitamos ____ corrupção; tampouco cederemos es- C) Esta era à medida certa do quarto.
paço ____ nenhuma ação que se proponha ____ prejudicar nossas D) Ela fechou a porta e saiu às pressas.
instituições. E) Os rapazes sempre gostaram de andar à cavalo.
(A) à … à … à
(B) a … à … à GABARITO
(C) à … a … a
(D) à … à … a 01. B 02. A 03. A 04. A 05. D
(E) a … a … à 06.C 07. E 08. B 09.B 10. D
Didatismo e Conhecimento 51
LÍNGUA PORTUGUESA
5-) O Instituto Nacional de Administração Prisional (INAP) 10-)
também desenvolve atividades lúdicas de apoio___à__ ressocia- A) O dia fora quente, mas à noite = mas a noite (artigo e subs-
lização do indivíduo preso, com o objetivo de prepará--lo para tantivo. Diferente de: Estudo à noite = período do dia)
o retorno___à__ sociedade. Dessa forma, quando em liberdade, B) Ninguém se referira à essa ideia antes.= a essa (antes de
ele estará capacitado__a___ ter uma profissão e uma vida digna. pronome demonstrativo)
- Apoio a ? Regência nominal pede preposição; C) Esta era à medida certa do quarto. = a medida (artigo e subs-
- retorno a? regência nominal pede preposição; tantivo, no caso. Diferente da conjunção proporcional: À medida
- antes de verbo no infinitivo não há crase. que lia, mais aprendia)
D) Ela fechou a porta e saiu às pressas. = correta (advérbio de
6-) Vamos por partes! modo = apressadamente)
- Quem se sujeita, sujeita-se A algo ou A alguém, portanto: E) Os rapazes sempre gostaram de andar à cavalo. = palavra
pede preposição; masculina
- quem cede, cede algo A alguém, então teremos objeto direto
e indireto; CLASSES DE PALAVRAS
- quem se propõe, propõe-se A alguma coisa.
Vejamos: Adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou caracterís-
Não nos sujeitamos À corrupção; tampouco cederemos espaço tica do ser e se relaciona com o substantivo.
A nenhuma ação que se proponha A prejudicar nossas instituições. Ao analisarmos a palavra bondoso, por exemplo, percebemos
* Sujeitar A + A corrupção; que, além de expressar uma qualidade, ela pode ser colocada ao
* ceder espaço (objeto direto) A nenhuma ação (objeto indire- lado de um substantivo: homem bondoso, moça bondosa, pessoa
to. Não há acento indicativo de crase, pois “nenhuma” é pronome bondosa.
indefinido); Já com a palavra bondade, embora expresse uma qualidade,
* que se proponha A prejudicar (objeto indireto, no caso, ora- não acontece o mesmo; não faz sentido dizer: homem bondade,
ção subordinada com função de objeto indireto. Não há acento moça bondade, pessoa bondade. Bondade, portanto, não é adjeti-
indicativo de crase porque temos um verbo no infinitivo – “pre- vo, mas substantivo.
judicar”).
7-)
A) Tendências agressivas começam à ser relacionadas com as Morfossintaxe do Adjetivo:
dificuldades para lidar com as frustrações de seus desejos. (antes
de verbo no infinitivo não há crase) O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função dentro de
B) A agressividade impulsiva deve-se à perturbações nos me- uma oração) relativas aos substantivos, atuando como adjunto ad-
canismos biológicos de controle emocional. (se o “a” está no nominal ou como predicativo (do sujeito ou do objeto).
singular e antecede palavra no plural, não há crase)
C) A violência urbana é comparada à uma enfermidade. (arti- Adjetivo Pátrio (ou gentílico)
go indefinido)
D) Condições de risco aliadas à exemplo de impunidade ali- Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. Observe
mentam a violência crescente nas cidades. (palavra masculina) alguns deles:
E) Um ambiente desfavorável à formação da personalidade
atinge os mais vulneráveis. = correta (regência nominal: desfa- Estados e cidades brasileiros:
vorável a?) Alagoas alagoano
Amapá amapaense
8-) Aracaju aracajuano ou aracajuense
A) Este cientista tem se dedicado à uma pesquisa na área de Amazonas amazonense ou baré
biotecnologia. (artigo indefinido) Belo Horizonte belo-horizontino
B) Os pais não podem ser omissos e devem se dedicar à educa- Brasília brasiliense
ção dos filhos. = correta (regência verbal: dedicar a ) Cabo Frio cabo-friense
C) Nossa síndica dedica-se integralmente à conservar as insta- Campinas campineiro ou campinense
lações do prédio. (verbo no infinitivo)
D) O bombeiro deve dedicar sua atenção à qualquer detalhe Adjetivo Pátrio Composto
que envolva a segurança das pessoas. (pronome indefinido)
E) É função da política é dedicar-se à todo problema que com- Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro elemento
prometa o bem-estar do cidadão. (pronome indefinido) aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita. Observe al-
guns exemplos:
9-) Afeito a frases (generalizando, já que o “a” está no sin-
gular e “frases”, no plural) África afro- / Cultura afro-americana
Impassível à propensão (regência nominal: pede preposição) Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto-inglesas
A investigar (antes de verbo no infinitivo não há acento in- América américo- / Companhia américo-africana
dicativo de crase) Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses
Sequência: a / à / a. China sino- / Acordos sino-japoneses
Didatismo e Conhecimento 52
LÍNGUA PORTUGUESA
Espanha hispano- / Mercado hispano-português jetivo composto ficará invariável. Por exemplo: a palavra rosa é
Europa euro- / Negociações euro-americanas originalmente um substantivo, porém, se estiver qualificando um
França franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas elemento, funcionará como adjetivo. Caso se ligue a outra palavra
Grécia greco- / Filmes greco-romanos por hífen, formará um adjetivo composto; como é um substanti-
Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas vo adjetivado, o adjetivo composto inteiro ficará invariável. Por
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa exemplo:
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras Camisas rosa-claro.
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros Ternos rosa-claro.
Olhos verde-claros.
Flexão dos adjetivos Calças azul-escuras e camisas verde-mar.
Telhados marrom-café e paredes verde-claras.
O adjetivo varia em gênero, número e grau. Obs.: - Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer ad-
jetivo composto iniciado por cor-de-... são sempre invariáveis.
Gênero dos Adjetivos - Os adjetivos compostos surdo-mudo e pele-vermelha têm os
dois elementos flexionados.
Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem
(masculino e feminino). De forma semelhante aos substantivos, Grau do Adjetivo
classificam-se em:
Os adjetivos flexionam-se em grau para indicar a intensidade
Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculino e da qualidade do ser. São dois os graus do adjetivo: o comparativo
outra para o feminino. Por exemplo: ativo e ativa, mau e má, judeu e o superlativo.
e judia.
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no feminino Comparativo
somente o último elemento. Por exemplo: o moço norte-america-
no, a moça norte-americana. Nesse grau, comparam-se a mesma característica atribuída a
dois ou mais seres ou duas ou mais características atribuídas ao
Exceção: surdo-mudo e surda-muda.
mesmo ser. O comparativo pode ser de igualdade, de superioridade
Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino como
ou de inferioridade. Observe os exemplos abaixo:
para o feminino. Por exemplo: homem feliz e mulher feliz.
Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no femi-
No comparativo de igualdade, o segundo termo da comparação
nino. Por exemplo: conflito político-social e desavença político-
é introduzido pelas palavras como, quanto ou quão.
social.
Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Superioridade
Analítico
Número dos Adjetivos No comparativo de superioridade analítico, entre os dois subs-
tantivos comparados, um tem qualidade superior. A forma é ana-
Plural dos adjetivos simples lítica porque pedimos auxílio a “mais...do que” ou “mais...que”.
Os adjetivos simples flexionam-se no plural de acordo com as
regras estabelecidas para a flexão numérica dos substantivos sim- O Sol é maior (do) que a Terra. = Comparativo de Superiori-
ples. Por exemplo: mau e maus, feliz e felizes, ruim e ruins boa dade Sintético
e boas
Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de superiorida-
Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça função de, formas sintéticas, herdadas do latim. São eles: bom /melhor,
de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra que estiver pequeno/menor, mau/pior, alto/superior, grande/maior, baixo/
qualificando um elemento for, originalmente, um substantivo, ela inferior.
manterá sua forma primitiva. Exemplo: a palavra cinza é origi- Observe que:
nalmente um substantivo; porém, se estiver qualificando um ele- a) As formas menor e pior são comparativos de superioridade,
mento, funcionará como adjetivo. Ficará, então, invariável. Logo: pois equivalem a mais pequeno e mais mau, respectivamente.
camisas cinza, ternos cinza. b) Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas (me-
Veja outros exemplos: lhor, pior, maior e menor), porém, em comparações feitas entre
Motos vinho (mas: motos verdes) duas qualidades de um mesmo elemento, deve-se usar as formas
Paredes musgo (mas: paredes brancas). analíticas mais bom, mais mau,mais grande e mais pequeno. Por
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos). exemplo:
Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois elemen-
Adjetivo Composto tos.
Pedro é mais grande que pequeno - comparação de duas qua-
É aquele formado por dois ou mais elementos. Normalmente, lidades de um mesmo elemento.
esses elementos são ligados por hífen. Apenas o último elemento
concorda com o substantivo a que se refere; os demais ficam na Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de Inferiori-
forma masculina, singular. Caso um dos elementos que formam dade
o adjetivo composto seja um substantivo adjetivado, todo o ad- Sou menos passivo (do) que tolerante.
Didatismo e Conhecimento 53
LÍNGUA PORTUGUESA
Superlativo Temos o advérbio “distantemente” que modifica o adjetivo
alheio, representando uma qualidade, característica.
O superlativo expressa qualidades num grau muito elevado ou O artista canta muito mal.
em grau máximo. O grau superlativo pode ser absoluto ou relativo
e apresenta as seguintes modalidades: Nesse caso, o advérbio de intensidade “muito” modifica outro
Superlativo Absoluto: ocorre quando a qualidade de um ser advérbio de modo – “mal”. Em ambos os exemplos pudemos ve-
é intensificada, sem relação com outros seres. Apresenta-se nas rificar que se tratava de somente uma palavra funcionando como
formas: advérbio. No entanto, ele pode estar demarcado por mais de uma
Analítica: a intensificação se faz com o auxílio de palavras que palavra, que mesmo assim não deixará de ocupar tal função. Te-
dão ideia de intensidade (advérbios). Por exemplo: O secretário é mos aí o que chamamos de locução adverbial, representada por al-
muito inteligente. gumas expressões, tais como: às vezes, sem dúvida, frente a frente,
Sintética: a intensificação se faz por meio do acréscimo de su- de modo algum, entre outras.
fixos. Por exemplo: O secretário é inteligentíssimo. Dependendo das circunstâncias expressas pelos advérbios, eles
Observe alguns superlativos sintéticos: se classificam em distintas categorias, uma vez expressas por:
benéfico beneficentíssimo de modo: Bem, mal, assim, depressa, devagar, às pressas, às
bom boníssimo ou ótimo claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos poucos, des-
comum comuníssimo se jeito, desse modo, dessa maneira, em geral, frente a frente, lado
cruel crudelíssimo a lado, a pé, de cor, em vão, e a maior parte dos que terminam em
difícil dificílimo -”mente”: calmamente, tristemente, propositadamente, paciente-
doce dulcíssimo mente, amorosamente, docemente, escandalosamente, bondosa-
fácil facílimo mente, generosamente
fiel fidelíssimo de intensidade: Muito, demais, pouco, tão, menos, em exces-
so, bastante, pouco, mais, menos, demasiado, quanto, quão, tanto,
Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade de um ser é que(equivale a quão), tudo, nada, todo, quase, de todo, de muito,
intensificada em relação a um conjunto de seres. Essa relação pode por completo.
ser: de tempo: Hoje, logo, primeiro, ontem, tarde outrora, ama-
De Superioridade: Clara é a mais bela da sala. nhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes, doravante,
De Inferioridade: Clara é a menos bela da sala. nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, enfim, afinal, breve,
constantemente, entrementes, imediatamente, primeiramente, pro-
Note bem: visoriamente, sucessivamente, às vezes, à tarde, à noite, de manhã,
1) O superlativo absoluto analítico é expresso por meio dos de repente, de vez em quando, de quando em quando, a qualquer
advérbios muito, extremamente, excepcionalmente, etc., antepos- momento, de tempos em tempos, em breve, hoje em dia
tos ao adjetivo. de lugar: Aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, atrás,
2) O superlativo absoluto sintético apresenta-se sob duas for- além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí, abaixo, aonde,
mas : uma erudita, de origem latina, outra popular, de origem longe, debaixo, algures, defronte, nenhures, adentro, afora, alhu-
vernácula. A forma erudita é constituída pelo radical do adjetivo res, nenhures, aquém, embaixo, externamente, a distância, à dis-
latino + um dos sufixos -íssimo, -imo ou érrimo. Por exemplo: tancia de, de longe, de perto, em cima, à direita, à esquerda, ao
fidelíssimo, facílimo, paupérrimo. A forma popular é constituída lado, em volta
do radical do adjetivo português + o sufixo -íssimo: pobríssimo, de negação : Não, nem, nunca, jamais, de modo algum, de
agilíssimo. forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum
3) Em vez dos superlativos normais seriíssimo, precariíssimo, de dúvida: Acaso, porventura, possivelmente, provavelmente,
necessariíssimo, preferem-se, na linguagem atual, as formas serís- quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe
simo, precaríssimo, necessaríssimo, sem o desagradável hiato i-í. de afirmação: Sim, certamente, realmente, decerto, efetiva-
mente, certo, decididamente, realmente, deveras, indubitavelmen-
O advérbio, assim como muitas outras palavras existentes na te (=sem dúvida).
Língua Portuguesa, advém de outras línguas. Assim sendo, tal qual de exclusão: Apenas, exclusivamente, salvo, senão, somente,
o adjetivo, o prefixo “ad-” indica a ideia de proximidade, conti- simplesmente, só, unicamente
guidade. Essa proximidade faz referência ao processo verbal, no de inclusão: Ainda, até, mesmo, inclusivamente, também
sentido de caracterizá-lo, ou seja, indicando as circunstâncias em de ordem: Depois, primeiramente, ultimamente
que esse processo se desenvolve. de designação: Eis
O advérbio relaciona-se aos verbos da língua, no sentido de de interrogação: onde? (lugar), como? (modo), quando?
caracterizar os processos expressos por ele. Contudo, ele não é (tempo), por quê? (causa), quanto? (preço e intensidade), para
modificador exclusivo desta classe (verbos), pois também modifi- quê? (finalidade)
ca o adjetivo e até outro advérbio. Seguem alguns exemplos:
Para quem se diz distantemente alheio a esse assunto, você Locução adverbial
está até bem informado. É reunião de duas ou mais palavras com valor de advérbio.
Exemplo:
Carlos saiu às pressas. (indicando modo)
Maria saiu à tarde. (indicando tempo)
Didatismo e Conhecimento 54
LÍNGUA PORTUGUESA
Há locuções adverbiais que possuem advérbios corresponden- - No caso de nomes próprios personativos, denotando a ideia
tes. Exemplo: Carlos saiu às pressas. = Carlos saiu apressada- de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso do artigo: O
mente. Pedro é o xodó da família.
Apenas os advérbios de intensidade, de lugar e de modo são
flexionados, sendo que os demais são todos invariáveis. A única - No caso de os nomes próprios personativos estarem no plu-
flexão propriamente dita que existe na categoria dos advérbios é ral, são determinados pelo uso do artigo: Os Maias, os Incas, Os
a de grau: Astecas...
Superlativo: aumenta a intensidade. Exemplos: longe - longís-
simo, pouco - pouquíssimo, inconstitucionalmente - inconstitucio- - Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a) para
nalissimamente, etc.; conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (o artigo), o pro-
Diminutivo: diminui a intensidade. Exemplos: perto - perti- nome assume a noção de qualquer.
nho, pouco - pouquinho, devagar - devagarinho. Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda)
Artigo é a palavra que, vindo antes de um substantivo, indica Toda classe possui alunos interessados e desinteressados.
se ele está sendo empregado de maneira definida ou indefinida. (qualquer classe)
Além disso, o artigo indica, ao mesmo tempo, o gênero e o número
dos substantivos. - Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é facultativo:
Adoro o meu vestido longo. Adoro meu vestido longo.
Classificação dos Artigos
- A utilização do artigo indefinido pode indicar uma ideia de
Artigos Definidos: determinam os substantivos de maneira aproximação numérica: O máximo que ele deve ter é uns vinte
precisa: o, a, os, as. Por exemplo: Eu matei o animal. anos.
Artigos Indefinidos: determinam os substantivos de maneira - O artigo também é usado para substantivar palavras oriundas
vaga: um, uma, uns, umas. Por exemplo: Eu matei um animal. de outras classes gramaticais: Não sei o porquê de tudo isso.
Didatismo e Conhecimento 55
LÍNGUA PORTUGUESA
Deste exemplo podem ser retiradas três informações: - COMPARATIVAS
1-) segurou a boneca 2-) a menina mostrou 3-) viu as ami- Principais conjunções comparativas: que, do que, tão...como,
guinhas mais...do que, menos...do que.
Ela fala mais que um papagaio.
Cada informação está estruturada em torno de um verbo: segu-
rou, mostrou, viu. Assim, há nessa frase três orações: - CONCESSIVAS
1ª oração: A menina segurou a boneca 2ª oração: e mostrou Principais conjunções concessivas: embora, ainda que, mesmo
3ª oração: quando viu as amiguinhas. que, apesar de, se bem que.
A segunda oração liga-se à primeira por meio do “e”, e a ter- Indicam uma concessão, admitem uma contradição, um fato
ceira oração liga-se à segunda por meio do “quando”. As palavras inesperado. Traz em si uma ideia de “apesar de”.
“e” e “quando” ligam, portanto, orações. Embora estivesse cansada, fui ao shopping. (= apesar de estar
cansada)
Observe: Gosto de natação e de futebol. Apesar de ter chovido fui ao cinema.
Nessa frase as expressões de natação, de futebol são partes ou
termos de uma mesma oração. Logo, a palavra “e” está ligando - CONFORMATIVAS
termos de uma mesma oração. Principais conjunções conformativas: como, segundo, confor-
me, consoante
Morfossintaxe da Conjunção Cada um colhe conforme semeia.
Expressam uma ideia de acordo, concordância, conformidade.
As conjunções, a exemplo das preposições, não exercem pro-
priamente uma função sintática: são conectivos. - CONSECUTIVAS
Classificação Expressam uma ideia de consequência.
- Conjunções Coordenativas Principais conjunções consecutivas: que (após “tal”, “tanto”,
- Conjunções Subordinativas “tão”, “tamanho”).
Falou tanto que ficou rouco.
Conjunções coordenativas
- FINAIS
Expressam ideia de finalidade, objetivo.
Dividem-se em:
Todos trabalham para que possam sobreviver.
- ADITIVAS: expressam a ideia de adição, soma. Ex. Gosto de
Principais conjunções finais: para que, a fim de que, porque
cantar e de dançar.
(=para que),
Principais conjunções aditivas: e, nem, não só...mas também,
não só...como também. - PROPORCIONAIS
Principais conjunções proporcionais: à medida que, quanto
- ADVERSATIVAS: Expressam ideias contrárias, de oposição, mais, ao passo que, à proporção que.
de compensação. Ex. Estudei, mas não entendi nada. À medida que as horas passavam, mais sono ele tinha.
Principais conjunções adversativas: mas, porém, contudo, to-
davia, no entanto, entretanto. - TEMPORAIS
- ALTERNATIVAS: Expressam ideia de alternância. Principais conjunções temporais: quando, enquanto, logo que.
Ou você sai do telefone ou eu vendo o aparelho. Quando eu sair, vou passar na locadora.
Principais conjunções alternativas: Ou...ou, ora...ora, quer...
quer, já...já. Diferença entre orações causais e explicativas
- CONCLUSIVAS: Servem para dar conclusões às orações. Quando estudamos Orações Subordinadas Adverbiais (OSA)
Ex. Estudei muito, por isso mereço passar. e Coordenadas Sindéticas (CS), geralmente nos deparamos com a
Principais conjunções conclusivas: logo, por isso, pois (depois dúvida de como distinguir uma oração causal de uma explicativa.
do verbo), portanto, por conseguinte, assim. Veja os exemplos:
1º) Na frase “Não atravesse a rua, porque você pode ser atro-
- EXPLICATIVAS: Explicam, dão um motivo ou razão. Ex. É pelado”:
melhor colocar o casaco porque está fazendo muito frio lá fora. a) Temos uma CS Explicativa, que indica uma justificativa ou
Principais conjunções explicativas: que, porque, pois (antes do uma explicação do fato expresso na oração anterior.
verbo), porquanto. b) As orações são coordenadas e, por isso, independentes uma
da outra. Neste caso, há uma pausa entre as orações que vêm mar-
Conjunções subordinativas cadas por vírgula.
Não atravesse a rua. Você pode ser atropelado.
- CAUSAIS Outra dica é, quando a oração que antecede a OC (Oração
Principais conjunções causais: porque, visto que, já que, uma Coordenada) vier com verbo no modo imperativo, ela será expli-
vez que, como (= porque). cativa.
Ele não fez o trabalho porque não tem livro. Façam silêncio, que estou falando. (façam= verbo imperativo)
Didatismo e Conhecimento 56
LÍNGUA PORTUGUESA
2º) Na frase “Precisavam enterrar os mortos em outra cidade As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:
porque não havia cemitério no local.” 1) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo alegria, tristeza,
a) Temos uma OSA Causal, já que a oração subordinada (parte dor, etc.
destacada) mostra a causa da ação expressa pelo verbo da oração Você faz o que no Brasil?
principal. Outra forma de reconhecê-la é colocá-la no início do Eu? Eu negocio com madeiras.
período, introduzida pela conjunção como - o que não ocorre com Ah, deve ser muito interessante.
a CS Explicativa.
Como não havia cemitério no local, precisavam enterrar os 2) Sintetizar uma frase apelativa
mortos em outra cidade. Cuidado! Saia da minha frente.
b) As orações são subordinadas e, por isso, totalmente depen-
dentes uma da outra. As interjeições podem ser formadas por:
- simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô.
Interjeição é a palavra invariável que exprime emoções, sensa- - palavras: Oba!, Olá!, Claro!
ções, estados de espírito, ou que procura agir sobre o interlocutor, - grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu Deus!, Ora bolas!
levando-o a adotar certo comportamento sem que, para isso, seja
necessário fazer uso de estruturas linguísticas mais elaboradas. A ideia expressa pela interjeição depende muitas vezes da entona-
Observe o exemplo: ção com que é pronunciada; por isso, pode ocorrer que uma interjeição
Droga! Preste atenção quando eu estou falando! tenha mais de um sentido. Por exemplo:
Oh! Que surpresa desagradável! (ideia de contrariedade)
No exemplo acima, o interlocutor está muito bravo. Toda sua Oh! Que bom te encontrar. (ideia de alegria)
raiva se traduz numa palavra: Droga! Ele poderia ter dito: - Estou Classificação das Interjeições
com muita raiva de você! Mas usou simplesmente uma palavra.
Ele empregou a interjeição Droga! Comumente, as interjeições expressam sentido de:
As sentenças da língua costumam se organizar de forma ló- - Advertência: Cuidado!, Devagar!, Calma!, Sentido!, Atenção!,
gica: há uma sintaxe que estrutura seus elementos e os distribui Olha!, Alerta!
em posições adequadas a cada um deles. As interjeições, por outro - Afugentamento: Fora!, Passa!, Rua!, Xô!
lado, são uma espécie de “palavra-frase”, ou seja, há uma ideia - Alegria ou Satisfação: Oh!, Ah!,Eh!, Oba!, Viva!
expressa por uma palavra (ou um conjunto de palavras - locução - Alívio: Arre!, Uf!, Ufa! Ah!
interjetiva) que poderia ser colocada em termos de uma sentença. - Animação ou Estímulo: Vamos!, Força!, Coragem!, Eia!, Ânimo!,
Veja os exemplos: Adiante!, Firme!, Toca!
Bravo! Bis! - Aplauso ou Aprovação: Bravo!, Bis!, Apoiado!, Viva!, Boa!
bravo e bis: interjeição = sentença (sugestão): “Foi muito - Concordância: Claro!, Sim!, Pois não!, Tá!, Hã-hã!
bom! Repitam!” - Repulsa ou Desaprovação: Credo!, Irra!, Ih!, Livra!, Safa!, Fora!,
Ai! Ai! Ai! Machuquei meu pé... ai: interjeição = sentença Abaixo!, Francamente!, Xi!, Chega!, Basta!, Ora!
(sugestão): “Isso está doendo!” ou “Estou com dor!” - Desejo ou Intenção: Oh!, Pudera!, Tomara!, Oxalá!
- Desculpa: Perdão!
A interjeição é um recurso da linguagem afetiva, em que não - Dor ou Tristeza: Ai!, Ui!, Ai de mim!, Que pena!, Ah!, Oh!, Eh!
há uma ideia organizada de maneira lógica, como são as sentenças - Dúvida ou Incredulidade: Qual!, Qual o quê!, Hum!, Epa!, Ora!
da língua, mas sim a manifestação de um suspiro, um estado da - Espanto ou Admiração: Oh!, Ah!, Uai!, Puxa!, Céus!, Quê!, Ca-
alma decorrente de uma situação particular, um momento ou um ramba!, Opa!, Virgem!, Vixe!, Nossa!, Hem?!, Hein?, Cruz!, Putz!
contexto específico. Exemplos: - Impaciência ou Contrariedade: Hum!, Hem!, Irra!, Raios!, Dia-
Ah, como eu queria voltar a ser criança! bo!, Puxa!, Pô!, Ora!
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição - Pedido de Auxílio: Socorro!, Aqui!, Piedade!
Hum! Esse pudim estava maravilhoso! - Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve!, Viva!, Adeus!,
hum: expressão de um pensamento súbito = interjeição Olá!, Alô!, Ei!, Tchau!, Ô, Ó, Psiu!, Socorro!, Valha-me, Deus!
- Silêncio: Psiu!, Bico!, Silêncio!
O significado das interjeições está vinculado à maneira como - Terror ou Medo: Credo!, Cruzes!, Uh!, Ui!, Oh!
elas são proferidas. Desse modo, o tom da fala é que dita o senti-
do que a expressão vai adquirir em cada contexto de enunciação. Saiba que: As interjeições são palavras invariáveis, isto é, não so-
Exemplos: frem variação em gênero, número e grau como os nomes, nem de nú-
Psiu! = contexto: alguém pronunciando essa expressão na mero, pessoa, tempo, modo, aspecto e voz como os verbos. No entanto,
rua; significado da interjeição (sugestão): “Estou te chamando! Ei, em uso específico, algumas interjeições sofrem variação em grau. De-
espere!” ve-se ter claro, neste caso, que não se trata de um processo natural dessa
Psiu! = contexto: alguém pronunciando essa expressão em classe de palavra, mas tão só uma variação que a linguagem afetiva
um hospital; significado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça permite. Exemplos: oizinho, bravíssimo, até loguinho.
silêncio!”
Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
puxa: interjeição; tom da fala: euforia
Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
puxa: interjeição; tom da fala: decepção
Didatismo e Conhecimento 57
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Locução Interjetiva Note bem: os numerais traduzem, em palavras, o que os nú-
Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma expressão com meros indicam em relação aos seres. Assim, quando a expressão
sentido de interjeição. Por exemplo : Ora bolas! Quem me dera! é colocada em números (1, 1°, 1/3, etc.) não se trata de numerais,
Virgem Maria! Meu Deus! Ó de casa! Ai de mim! Valha-me mas sim de algarismos.
Deus! Graças a Deus! Alto lá! Muito bem! Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a ideia
Observações: expressa pelos números, existem mais algumas palavras conside-
- As interjeições são como frases resumidas, sintéticas. Por exem- radas numerais porque denotam quantidade, proporção ou ordena-
plo: Ué! = Eu não esperava por essa!, Perdão! = Peço-lhe que me ção. São alguns exemplos: década, dúzia, par, ambos(as), novena.
desculpe.
Classificação dos Numerais
- Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é o seu tom Cardinais: indicam contagem, medida. É o número básico:
exclamativo; por isso, palavras de outras classes gramaticais podem um, dois, cem mil, etc.
aparecer como interjeições. Ordinais: indicam a ordem ou lugar do ser numa série dada:
Viva! Basta! (Verbos) primeiro, segundo, centésimo, etc.
Fora! Francamente! (Advérbios) Fracionários: indicam parte de um inteiro, ou seja, a divisão
dos seres: meio, terço, dois quintos, etc.
- A interjeição pode ser considerada uma “palavra-frase” porque Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação dos seres,
sozinha pode constituir uma mensagem. Ex.: Socorro!, Ajudem-me!, indicando quantas vezes a quantidade foi aumentada: dobro, tri-
Silêncio!, Fique quieto! plo, quíntuplo, etc.
Didatismo e Conhecimento 58
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Emprego dos Numerais
*Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até décimo e a partir daí os
cardinais, desde que o numeral venha depois do substantivo:
Ordinais Cardinais
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)
*Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)
*Ambos/ambas são considerados numerais. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma e outra”, “as duas”) e são largamente empre-
gados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência.
Pedro e João parecem ter finalmente percebido a importância da solidariedade. Ambos agora participam das atividades comunitárias
de seu bairro.
Obs.: a forma “ambos os dois” é considerada enfática. Atualmente, seu uso indica afetação, artificialismo.
Didatismo e Conhecimento 59
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Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários
um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
três terceiro triplo, tríplice terço
quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo
oito oitavo óctuplo oitavo
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo
onze décimo primeiro - onze avos
doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
noventa nonagésimo - noventa avos
cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
Preposição é uma palavra invariável que serve para ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, normalmente há uma subordinação
do segundo termo em relação ao primeiro. As preposições são muito importantes na estrutura da língua, pois estabelecem a coesão textual e pos-
suem valores semânticos indispensáveis para a compreensão do texto.
Tipos de Preposição
1. Preposições essenciais: palavras que atuam exclusivamente como preposições: a, ante, perante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre,
para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para com.
2. Preposições acidentais: palavras de outras classes gramaticais que podem atuar como preposições: como, durante, exceto, fora, mediante,
salvo, segundo, senão, visto.
3. Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valendo como uma preposição, sendo que a última palavra é uma delas: abaixo de, acerca de,
acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com, em cima de, embaixo de, em frente a, ao redor de, graças a, junto a, com, perto de, por causa
de, por cima de, por trás de.
A preposição, como já foi dito, é invariável. No entanto pode unir-se a outras palavras e assim estabelecer concordância em gênero ou em nú-
mero. Ex: por + o = pelo por + a = pela.
Vale ressaltar que essa concordância não é característica da preposição, mas das palavras às quais ela se une.
Esse processo de junção de uma preposição com outra palavra pode se dar a partir de dois processos:
Didatismo e Conhecimento 60
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1. Combinação: A preposição não sofre alteração. - Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois ter-
preposição a + artigos definidos o, os mos e estabelece relação de subordinação entre eles.
a + o = ao Cheguei a sua casa ontem pela manhã.
preposição a + advérbio onde Não queria, mas vou ter que ir à outra cidade para procurar
a + onde = aonde um tratamento adequado.
2. Contração: Quando a preposição sofre alteração.
- Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o lugar e/
Preposição + Artigos ou a função de um substantivo.
De + o(s) = do(s) Temos Maria como parte da família. / Nós a temos como
De + a(s) = da(s) parte da família
De + um = dum Creio que conhecemos nossa mãe melhor que ninguém. /
De + uns = duns Creio que a conhecemos melhor que ninguém.
De + uma = duma
De + umas = dumas
2. Algumas relações semânticas estabelecidas por meio das
Em + o(s) = no(s)
preposições:
Em + a(s) = na(s)
Destino = Irei para casa.
Em + um = num
Em + uma = numa Modo = Chegou em casa aos gritos.
Em + uns = nuns Lugar = Vou ficar em casa;
Em + umas = numas Assunto = Escrevi um artigo sobre adolescência.
A + à(s) = à(s) Tempo = A prova vai começar em dois minutos.
Por + o = pelo(s) Causa = Ela faleceu de derrame cerebral.
Por + a = pela(s) Fim ou finalidade = Vou ao médico para começar o trata-
mento.
Preposição + Pronomes Instrumento = Escreveu a lápis.
De + ele(s) = dele(s) Posse = Não posso doar as roupas da mamãe.
De + ela(s) = dela(s) Autoria = Esse livro de Machado de Assis é muito bom.
De + este(s) = deste(s) Companhia = Estarei com ele amanhã.
De + esta(s) = desta(s) Matéria = Farei um cartão de papel reciclado.
De + esse(s) = desse(s) Meio = Nós vamos fazer um passeio de barco.
De + essa(s) = dessa(s) Origem = Nós somos do Nordeste, e você?
De + aquele(s) = daquele(s) Conteúdo = Quebrei dois frascos de perfume.
De + aquela(s) = daquela(s) Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
De + isto = disto Preço = Essa roupa sai por R$ 50 à vista.
De + isso = disso
De + aquilo = daquilo Fonte:
De + aqui = daqui http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/
De + aí = daí
De + ali = dali Pronome é a palavra que se usa em lugar do nome, ou a ele
De + outro = doutro(s) se refere, ou que acompanha o nome, qualificando-o de alguma
De + outra = doutra(s)
forma.
Em + este(s) = neste(s)
Em + esta(s) = nesta(s)
A moça era mesmo bonita. Ela morava nos meus sonhos!
Em + esse(s) = nesse(s)
[substituição do nome]
Em + aquele(s) = naquele(s)
Em + aquela(s) = naquela(s) A moça que morava nos meus sonhos era mesmo bonita!
Em + isto = nisto [referência ao nome]
Em + isso = nisso Essa moça morava nos meus sonhos!
Em + aquilo = naquilo [qualificação do nome]
A + aquele(s) = àquele(s)
A + aquela(s) = àquela(s) Grande parte dos pronomes não possuem significados fixos,
A + aquilo = àquilo isto é, essas palavras só adquirem significação dentro de um
contexto, o qual nos permite recuperar a referência exata da-
Dicas sobre preposição quilo que está sendo colocado por meio dos pronomes no ato da
1. O “a” pode funcionar como preposição, pronome pessoal oblí- comunicação. Com exceção dos pronomes interrogativos e in-
quo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a” seja um artigo, virá definidos, os demais pronomes têm por função principal apontar
precedendo um substantivo. Ele servirá para determiná-lo como um para as pessoas do discurso ou a elas se relacionar, indicando-
substantivo singular e feminino. lhes sua situação no tempo ou no espaço. Em virtude dessa ca-
A dona da casa não quis nos atender. racterística, os pronomes apresentam uma forma específica para
Como posso fazer a Joana concordar comigo? cada pessoa do discurso.
Didatismo e Conhecimento 61
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Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada. Obs.: frequentemente observamos a omissão do pronome reto em
[minha/eu: pronomes de 1ª pessoa = aquele que fala] Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias formas verbais mar-
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada? cam, através de suas desinências, as pessoas do verbo indicadas pelo
[tua/tu: pronomes de 2ª pessoa = aquele a quem se fala] pronome reto: Fizemos boa viagem. (Nós)
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada.
[dela/ela: pronomes de 3ª pessoa = aquele de quem se fala] Pronome Oblíquo
Em termos morfológicos, os pronomes são palavras variáveis em Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na sentença, exerce
gênero (masculino ou feminino) e em número (singular ou plural). a função de complemento verbal (objeto direto ou indireto) ou comple-
Assim, espera-se que a referência através do pronome seja coerente mento nominal.
em termos de gênero e número (fenômeno da concordância) com o Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)
seu objeto, mesmo quando este se apresenta ausente no enunciado.
Obs.: em verdade, o pronome oblíquo é uma forma variante do
Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da nossa escola pronome pessoal do caso reto. Essa variação indica a função diversa
neste ano. que eles desempenham na oração: pronome reto marca o sujeito da
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância adequada] oração; pronome oblíquo marca o complemento da oração.
[neste: pronome que determina “ano” = concordância adequada] Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com a acentua-
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = concordância ina- ção tônica que possuem, podendo ser átonos ou tônicos.
dequada]
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos, demons- Pronome Oblíquo Átono
trativos, indefinidos, relativos e interrogativos.
São chamados átonos os pronomes oblíquos que não são precedi-
Pronomes Pessoais dos de preposição. Possuem acentuação tônica fraca: Ele me deu um
presente.
São aqueles que substituem os substantivos, indicando diretamen- O quadro dos pronomes oblíquos átonos é assim configurado:
te as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve assume os pronomes - 1ª pessoa do singular (eu): me
“eu” ou “nós”, usa os pronomes “tu”, “vós”, “você” ou “vocês” para - 2ª pessoa do singular (tu): te
designar a quem se dirige e “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer - 3ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
referência à pessoa ou às pessoas de quem fala. - 1ª pessoa do plural (nós): nos
Os pronomes pessoais variam de acordo com as funções que exer- - 2ª pessoa do plural (vós): vos
cem nas orações, podendo ser do caso reto ou do caso oblíquo. - 3ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes
Didatismo e Conhecimento 62
LÍNGUA PORTUGUESA
fiz + o = fi-lo Pronome Reflexivo
fazeis + o = fazei-lo
dizer + a = dizê-la São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcionem como
Quando o verbo termina em som nasal, o pronome assume as for- objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito da oração. Indicam
mas no, nos, na, nas. Por exemplo: que o sujeito pratica e recebe a ação expressa pelo verbo.
viram + o: viram-no O quadro dos pronomes reflexivos é assim configurado:
repõe + os = repõe-nos - 1ª pessoa do singular (eu): me, mim.
retém + a: retém-na Eu não me vanglorio disso.
tem + as = tem-nas Olhei para mim no espelho e não gostei do que vi.
Didatismo e Conhecimento 63
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Pronomes de Tratamento
Vossa Alteza V. A. príncipes, duques
Vossa Eminência V. Ema.(s) cardeais
Vossa Reverendíssima V. Revma.(s) acerdotes e bispos
Vossa Excelência V. Ex.ª (s) altas autoridades e oficiais-generais
Vossa Magnificência V. Mag.ª (s) reitores de universidades
Vossa Majestade V. M. reis e rainhas
Vossa Majestade Imperial V. M. I. Imperadores
Vossa Santidade V. S. Papa
Vossa Senhoria V. S.ª (s) tratamento cerimonioso
Vossa Onipotência V. O. Deus
Também são pronomes de tratamento o senhor, a senhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empregados no tratamento cerimonioso;
“você” e “vocês”, no tratamento familiar. Você e vocês são largamente empregados no português do Brasil; em algumas regiões, a forma tu é de
uso frequente; em outras, pouco empregada. Já a forma vós tem uso restrito à linguagem litúrgica, ultraformal ou literária.
Observações:
a) Vossa Excelência X Sua Excelência : os pronomes de tratamento que possuem “Vossa (s)” são empregados em relação à pessoa com quem
falamos: Espero que V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este encontro.
*Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito da pessoa.
Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, agiu com propriedade.
- Os pronomes de tratamento representam uma forma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao tratarmos um deputado por
Vossa Excelência, por exemplo, estamos nos endereçando à excelência que esse deputado supostamente tem para poder ocupar o cargo que ocupa.
- 3ª pessoa: embora os pronomes de tratamento dirijam-se à 2ª pessoa, toda a concordância deve ser feita com a 3ª pessoa. Assim, os verbos,
os pronomes possessivos e os pronomes oblíquos empregados em relação a eles devem ficar na 3ª pessoa.
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas promessas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.
- Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos ou nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, ao longo do texto, a pessoa do trata-
mento escolhida inicialmente. Assim, por exemplo, se começamos a chamar alguém de “você”, não poderemos usar “te” ou “teu”. O uso correto
exigirá, ainda, verbo na terceira pessoa.
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus cabelos. (errado)
Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos seus cabelos. (correto)
Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus cabelos. (correto)
Pronomes Possessivos
São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical (possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo (coisa possuída).
Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do singular)
Note que: A forma do possessivo depende da pessoa gramatical a que se refere; o gênero e o número concordam com o objeto possuído: Ele
trouxe seu apoio e sua contribuição naquele momento difícil.
Didatismo e Conhecimento 64
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Observações: - Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou invariá-
veis, observe:
1 - A forma “seu” não é um possessivo quando resultar da altera- Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aquela(s).
ção fonética da palavra senhor: Muito obrigado, seu José. Invariáveis: isto, isso, aquilo.
- Também aparecem como pronomes demonstrativos:
2 - Os pronomes possessivos nem sempre indicam posse. Podem - o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e puderem ser
ter outros empregos, como: substituídos por aquele(s), aquela(s), aquilo.
a) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha. Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
Essa rua não é a que te indiquei. (Esta rua não é aquela que te
b) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40 anos. indiquei.)
c) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem lá seus de- - mesmo(s), mesma(s): Estas são as mesmas pessoas que o procu-
feitos, mas eu gosto muito dela. raram ontem.
3- Em frases onde se usam pronomes de tratamento, o pronome - próprio(s), própria(s): Os próprios alunos resolveram o problema.
possessivo fica na 3ª pessoa: Vossa Excelência trouxe sua mensagem?
- semelhante(s): Não compre semelhante livro.
4- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessivo concorda
com o mais próximo: Trouxe-me seus livros e anotações. - tal, tais: Tal era a solução para o problema.
Os pronomes demonstrativos são utilizados para explicitar a po- - O pronome demonstrativo neutro ou pode representar um termo
sição de uma certa palavra em relação a outras ou ao contexto. Essa ou o conteúdo de uma oração inteira, caso em que aparece, geralmente,
relação pode ocorrer em termos de espaço, no tempo ou discurso. como objeto direto, predicativo ou aposto: O casamento seria um de-
sastre. Todos o pressentiam.
No espaço:
Compro este carro (aqui). O pronome este indica que o carro está - Para evitar a repetição de um verbo anteriormente expresso, é co-
perto da pessoa que fala. mum empregar-se, em tais casos, o verbo fazer, chamado, então, verbo
Compro esse carro (aí). O pronome esse indica que o carro está vicário (= que substitui, que faz as vezes de): Ninguém teve coragem de
perto da pessoa com quem falo, ou afastado da pessoa que fala. falar antes que ela o fizesse.
Compro aquele carro (lá). O pronome aquele diz que o carro está
afastado da pessoa que fala e daquela com quem falo. - Em frases como a seguinte, este se refere à pessoa mencionada
em último lugar; aquele, à mencionada em primeiro lugar: O referido
Atenção: em situações de fala direta (tanto ao vivo quanto por deputado e o Dr. Alcides eram amigos íntimos; aquele casado, solteiro
meio de correspondência, que é uma modalidade escrita de fala), são este. [ou então: este solteiro, aquele casado]
particularmente importantes o este e o esse - o primeiro localiza os
seres em relação ao emissor; o segundo, em relação ao destinatário. - O pronome demonstrativo tal pode ter conotação irônica: A meni-
Trocá-los pode causar ambiguidade. na foi a tal que ameaçou o professor?
Dirijo-me a essa universidade com o objetivo de solicitar infor-
mações sobre o concurso vestibular. (trata-se da universidade desti- - Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em com pronome
natária). demonstrativo: àquele, àquela, deste, desta, disso, nisso, no, etc: Não
Reafirmamos a disposição desta universidade em participar no acreditei no que estava vendo. (no = naquilo)
próximo Encontro de Jovens. (trata-se da universidade que envia a
mensagem). Pronomes Indefinidos
Didatismo e Conhecimento 65
LÍNGUA PORTUGUESA
- Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o lugar do ser Pronomes Relativos
ou da quantidade aproximada de seres na frase. São eles: algo, al-
guém, fulano, sicrano, beltrano, nada, ninguém, outrem, quem, tudo. São aqueles que representam nomes já mencionados anteriormen-
Algo o incomoda? te e com os quais se relacionam. Introduzem as orações subordinadas
Quem avisa amigo é. adjetivas.
O racismo é um sistema que afirma a superioridade de um grupo
- Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um ser expresso racial sobre outros.
na frase, conferindo-lhe a noção de quantidade aproximada. São eles: (afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros = oração
cada, certo(s), certa(s). subordinada adjetiva).
Cada povo tem seus costumes. O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema” e introduz
Certas pessoas exercem várias profissões. uma oração subordinada. Diz-se que a palavra “sistema” é anteceden-
te do pronome relativo que.
Note que: Ora são pronomes indefinidos substantivos, ora prono- O antecedente do pronome relativo pode ser o pronome demons-
mes indefinidos adjetivos: trativo o, a, os, as.
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos), demais, Não sei o que você está querendo dizer.
mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns, nenhuma(s), ou- Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem expresso.
tro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer, quaisquer, qual, que, Quem casa, quer casa.
quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s), tanta(s), todo(s), toda(s), um,
uns, uma(s), vários, várias. Observe:
Menos palavras e mais ações. Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os quais,
Alguns se contentam pouco. cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas, quantas.
Os pronomes indefinidos podem ser divididos em variáveis e in- Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.
variáveis. Observe: Note que:
- O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego, sendo por
Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário, tanto, ou- isso chamado relativo universal. Pode ser substituído por o qual, a
tro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita, pouca, vária, tanta, outra, qual, os quais, as quais, quando seu antecedente for um substantivo.
quanta, qualquer, quaisquer, alguns, nenhuns, todos, muitos, poucos, O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
vários, tantos, outros, quantos, algumas, nenhumas, todas, muitas, A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a qual)
poucas, várias, tantas, outras, quantas. Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os quais)
Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada, algo, cada. As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as quais)
São locuções pronominais indefinidas: - O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente prono-
mes relativos: por isso, são utilizados didaticamente para verificar se
cada qual, cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer
palavras como “que”, “quem”, “onde” (que podem ter várias classifi-
(que), seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal qual (= cer-
cações) são pronomes relativos. Todos eles são usados com referência
to), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma ou outra, etc.
à pessoa ou coisa por motivo de clareza ou depois de determinadas
Cada um escolheu o vinho desejado.
preposições: Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, o
qual me deixou encantado. (O uso de “que”, neste caso, geraria am-
Indefinidos Sistemáticos
biguidade.)
Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas dúvidas?
Ao observar atentamente os pronomes indefinidos, percebemos
que existem alguns grupos que criam oposição de sentido. É o caso (Não se poderia usar “que” depois de sobre.)
de: algum/alguém/algo, que têm sentido afirmativo, e nenhum/nin-
guém/nada, que têm sentido negativo; todo/tudo, que indicam uma - O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e se refere
totalidade afirmativa, e nenhum/nada, que indicam uma totalidade ne- a uma oração: Não chegou a ser padre, mas deixou de ser poeta, que
gativa; alguém/ninguém, que se referem à pessoa, e algo/nada, que se era a sua vocação natural.
referem à coisa; certo, que particulariza, e qualquer, que generaliza.
Essas oposições de sentido são muito importantes na construção - O pronome “cujo” não concorda com o seu antecedente, mas
de frases e textos coerentes, pois delas muitas vezes dependem a so- com o consequente. Equivale a do qual, da qual, dos quais, das quais.
lidez e a consistência dos argumentos expostos. Observe nas frases Este é o caderno cujas folhas estão rasgadas.
seguintes a força que os pronomes indefinidos destacados imprimem (antecedente) (consequente)
às afirmações de que fazem parte:
Nada do que tem sido feito produziu qualquer resultado prático. - “Quanto” é pronome relativo quando tem por antecedente um
Certas pessoas conseguem perceber sutilezas: não são pessoas pronome indefinido: tanto (ou variações) e tudo:
quaisquer. Emprestei tantos quantos foram necessários.
(antecedente)
Ele fez tudo quanto havia falado.
(antecedente)
Didatismo e Conhecimento 66
LÍNGUA PORTUGUESA
- O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre precedido Importante: Em observação à segunda oração, o emprego do
de preposição. pronome oblíquo “lhe” é justificado antes do verbo intransitivo “aju-
É um professor a quem muito devemos. dar” porque o pronome oblíquo pode estar antes, depois ou entre
(preposição) locução verbal, caso o verbo principal (no caso “ajudar”) esteja no
infinitivo ou gerúndio.
- “Onde”, como pronome relativo, sempre possui antecedente e Eu desejo lhe perguntar algo.
só pode ser utilizado na indicação de lugar: A casa onde morava foi Eu estou perguntando-lhe algo.
assaltada.
- Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou em que. Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou tônicos: os
Sinto saudades da época em que (quando) morávamos no exte- primeiros não são precedidos de preposição, diferentemente dos se-
rior. gundos que são sempre precedidos de preposição.
- Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que eu estava
- Podem ser utilizadas como pronomes relativos as palavras: fazendo.
- como (= pelo qual): Não me parece correto o modo como você - Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim o que eu
agiu semana passada. estava fazendo.
- quando (= em que): Bons eram os tempos quando podíamos jo-
gar videogame. A colocação pronominal é a posição que os pronomes pessoais
oblíquos átonos ocupam na frase em relação ao verbo a que se refe-
- Os pronomes relativos permitem reunir duas orações numa só rem. São pronomes oblíquos átonos: me, te, se, o, os, a, as, lhe, lhes,
frase. nos e vos.
O futebol é um esporte. O pronome oblíquo átono pode assumir três posições na oração
O povo gosta muito deste esporte. em relação ao verbo:
O futebol é um esporte de que o povo gosta muito. 1. próclise: pronome antes do verbo
2. ênclise: pronome depois do verbo
- Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode ocorrer a 3. mesóclise: pronome no meio do verbo
elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de gente que conversava,
(que) ria, (que) fumava. Próclise
O pronome pessoal é do caso reto quando tem função de sujeito na - Pronomes indefinidos:
frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo quando desempenha fun- Quem me disse isso?
ção de complemento. Vamos entender, primeiramente, como o prono- Todos se comoveram durante o discurso de despedida.
me pessoal surge na frase e que função exerce. Observe as orações:
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar. - Pronomes demonstrativos:
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia lhe ajudar. Isso me deixa muito feliz!
Aquilo me incentivou a mudar de atitude!
Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” exercem
função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso reto. Já na segunda - Preposição seguida de gerúndio:
oração, observamos o pronome “lhe” exercendo função de comple- Em se tratando de qualidade, o Brasil Escola é o site mais indi-
mento, e, consequentemente, é do caso oblíquo. cado à pesquisa escolar.
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso, o pronome
oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para a segunda pessoa do - Conjunção subordinativa:
singular (tu/você): Maria não sabia se devia ajudar.... Ajudar quem? Vamos estabelecer critérios, conforme lhe avisaram.
Você (lhe).
Didatismo e Conhecimento 67
LÍNGUA PORTUGUESA
Ênclise 02. (Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013- adap.).
Fazendo-se as alterações necessárias, o trecho grifado está corretamente
A ênclise é empregada depois do verbo. A norma culta não aceita substituído por um pronome em:
orações iniciadas com pronomes oblíquos átonos. A ênclise vai acon- A) ...sei tratar tipos como o senhor. − sei tratá-lo
tecer quando: B) ...erguendo os braços desalentado... − erguendo-lhes desalentado
- O verbo estiver no imperativo afirmativo: C) ...que tem de conhecer as leis do país? − que tem de conhecê-lo?
Amem-se uns aos outros. D) ...não parecia ser um importante industrial... − não parecia ser-lhe
Sigam-me e não terão derrotas. E) incomodaram o general... − incomodaram-no
A mesóclise acontece quando o verbo está flexionado no futuro do 05. (Escrevente TJ SP – Vunesp 2011). Assinale a alternativa cujo em-
presente ou no futuro do pretérito: prego do pronome está em conformidade com a norma padrão da língua.
A prova realizar-se-á neste domingo pela manhã. (= ela se rea- (A) Não autorizam-nos a ler os comentários sigilosos.
lizará) (B) Nos falaram que a diplomacia americana está abalada.
Far-lhe-ei uma proposta irrecusável. (= eu farei uma proposta a (C) Ninguém o informou sobre o caso WikiLeaks.
você) (D) Conformado, se rendeu às punições.
(E) Todos querem que combata-se a corrupção.
Questões sobre Pronome
06. (Papiloscopista Policial = Vunesp - 2013). Assinale a alternativa
correta quanto à colocação pronominal, de acordo com a norma-padrão da
01. (Escrevente TJ SP – Vunesp/2012).
língua portuguesa.
Restam dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro, não está (A) Para que se evite perder objetos, recomenda-se que eles sejam
claro até onde pode realmente chegar uma política baseada em me- sempre trazidos junto ao corpo.
lhorar a eficiência sem preços adequados para o carbono, a água e (B) O passageiro ao lado jamais imaginou-se na situação de ter de pro-
(na maioria dos países pobres) a terra. É verdade que mesmo que a curar a dona de uma bolsa perdida.
ameaça dos preços do carbono e da água faça em si diferença, as (C) Nos sentimos impotentes quando não conseguimos restituir um
companhias não podem suportar ter de pagar, de repente, digamos, objeto à pessoa que o perdeu.
40 dólares por tonelada de carbono, sem qualquer preparação. Por- (D) O homem se indignou quando propuseram-lhe que abrisse a bolsa
tanto, elas começam a usar preços-sombra. Ainda assim, ninguém que encontrara.
encontrou até agora uma maneira de quantificar adequadamente os (E) Em tratando-se de objetos encontrados, há uma tendência natural
insumos básicos. E sem eles a maioria das políticas de crescimento das pessoas em devolvê-los a seus donos.
verde sempre será a segunda opção.
(Carta Capital, 27.06.2012. Adaptado) 07. (Agente de Apoio Operacional – VUNESP – 2013).
Os pronomes “elas” e “eles”, em destaque no texto, referem- Há pessoas que, mesmo sem condições, compram produtos______
-se, respectivamente, a não necessitam e______ tendo de pagar tudo______ prazo.
(A) dúvidas e preços. Assinale a alternativa que preenche as lacunas, correta e respectiva-
(B) dúvidas e insumos básicos. mente, considerando a norma culta da língua.
A) a que … acaba … à
(C) companhias e insumos básicos.
B) com que … acabam … à
(D) companhias e preços do carbono e da água.
C) de que … acabam … a
(E) políticas de crescimento e preços adequados.
D) em que … acaba … a
E) dos quais … acaba … à
Didatismo e Conhecimento 68
LÍNGUA PORTUGUESA
08. (Agente de Apoio Socioeducativo – VUNESP – 2013-adap.). 3-) transpor [...] as matas espessas= transpô-las
Assinale a alternativa que substitui, correta e respectivamente, as lacu-
nas do trecho. 4-)
______alguns anos, num programa de televisão, uma jovem fazia (A) Ela não se lembrava do caminho de volta.
referência______ violência______ o brasileiro estava sujeito de for- (B) A menina tinha se distanciado muito da família.
ma cômica. (C) A garota disse que se perdeu dos pais.
A) Fazem... a ... de que (E) Ninguém se comprometeu a ajudar a criança
B) Faz ...a ... que
C) Fazem ...à ... com que 5-)
D) Faz ...à ... que (A) Não nos autorizam a ler os comentários sigilosos.
E) Faz ...à ... a que (B) Falaram-nos que a diplomacia americana está abalada.
(D) Conformado, rendeu-se às punições.
09. (TRF 3ª região- Técnico Judiciário - /2014) (E) Todos querem que se combata a corrupção.
As sereias então devoravam impiedosamente os tripulantes.
... ele conseguiu impedir a tripulação de perder a cabeça... 6-)
... e fez de tudo para convencer os tripulantes... (B) O passageiro ao lado jamais se imaginou na situação de ter de
Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos grifados acima procurar a dona de uma bolsa perdida.
foram corretamente substituídos por um pronome, na ordem dada, em: (C) Sentimo-nos impotentes quando não conseguimos restituir
(A) devoravam-nos − impedi-la − convencê-los um objeto à pessoa que o perdeu.
(B) devoravam-lhe − impedi-las − convencer-lhes (D) O homem indignou-se quando lhe propuseram que abrisse a
(C) devoravam-no − impedi-las − convencer-lhes bolsa que encontrara.
(D) devoravam-nos − impedir-lhe − convencê-los (E) Em se tratando de objetos encontrados, há uma tendência na-
(E) devoravam-lhes − impedi-la − convencê-los tural das pessoas em devolvê-los a seus donos.
10. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013- adap.).
7-) Há pessoas que, mesmo sem condições, compram produtos
No trecho, – Em ambos os casos, as câmeras dos estabelecimentos
de que não necessitam e acabam tendo de pagar tudo a
felizmente comprovam os acontecimentos, e testemunhas vão ajudar
prazo.
a polícia na investigação. – de acordo com a norma-padrão, os prono-
mes que substituem, corretamente, os termos em destaque são:
8-) Faz alguns anos, num programa de televisão, uma jovem
A) os comprovam … ajudá-la.
fazia referência à violência a que o brasileiro estava sujeito de
B) os comprovam …ajudar-la.
forma cômica.
C) os comprovam … ajudar-lhe.
D) lhes comprovam … ajudar-lhe. Faz, no sentido de tempo passado = sempre no singular
E) lhes comprovam … ajudá-la.
9-)
GABARITO devoravam - verbo terminado em “m” = pronome oblíquo no/na
(fizeram-na, colocaram-no)
01. C 02. E 03. C 04. D 05. C impedir - verbo transitivo direto = pede objeto direto; “lhe” é para
06. A 07. C 08. E 09. A 10. A objeto indireto
convencer - verbo transitivo direto = pede objeto direto; “lhe” é
RESOLUÇÃO para objeto indireto
(A) devoravam-nos − impedi-la − convencê-los
1-) Restam dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro, não está
claro até onde pode realmente chegar uma política baseada em me- 10-) – Em ambos os casos, as câmeras dos estabelecimentos fe-
lhorar a eficiência sem preços adequados para o carbono, a água e (na lizmente comprovam os acontecimentos, e testemunhas vão ajudar a
maioria dos países pobres) a terra. É verdade que mesmo que a ameaça polícia na investigação.
dos preços do carbono e da água faça em si diferença, as companhias felizmente os comprovam ... ajudá-la
não podem suportar ter de pagar, de repente, digamos, 40 dólares por (advérbio)
tonelada de carbono, sem qualquer preparação. Portanto, elas come-
çam a usar preços-sombra. Ainda assim, ninguém encontrou até ago- Tudo o que existe é ser e cada ser tem um nome. Substantivo
ra uma maneira de quantificar adequadamente os insumos básicos. E é a classe gramatical de palavras variáveis, as quais denominam os
sem eles a maioria das políticas de crescimento verde sempre será a seres. Além de objetos, pessoas e fenômenos, os substantivos também
segunda opção. nomeiam:
Didatismo e Conhecimento 69
LÍNGUA PORTUGUESA
Morfossintaxe do substantivo Os substantivos abstratos designam estados, qualidades, ações e
sentimentos dos seres, dos quais podem ser abstraídos, e sem os quais
Nas orações de língua portuguesa, o substantivo em geral exer- não podem existir: vida (estado), rapidez (qualidade), viagem (ação),
ce funções diretamente relacionadas com o verbo: atua como núcleo saudade (sentimento).
do sujeito, dos complementos verbais (objeto direto ou indireto) e do
agente da passiva. Pode ainda funcionar como núcleo do complemen- 3 - Substantivos Coletivos
to nominal ou do aposto, como núcleo do predicativo do sujeito, do
objeto ou como núcleo do vocativo. Também encontramos substan- Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, outra abelha,
tivos como núcleos de adjuntos adnominais e de adjuntos adverbiais mais outra abelha.
- quando essas funções são desempenhadas por grupos de palavras. Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
Classificação dos Substantivos
Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi necessário re-
1- Substantivos Comuns e Próprios petir o substantivo: uma abelha, outra abelha, mais outra abelha...
Observe a definição: s.f. 1: Povoação maior que vila, com muitas No segundo caso, utilizaram-se duas palavras no plural.
casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil, toda a sede No terceiro caso, empregou-se um substantivo no singular (enxa-
de município é cidade). 2. O centro de uma cidade (em oposição aos me) para designar um conjunto de seres da mesma espécie (abelhas).
bairros).
O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas e edifícios,
dispostos em ruas e avenidas” será chamada cidade. Isso significa que Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, mesmo estan-
a palavra cidade é um substantivo comum. do no singular, designa um conjunto de seres da mesma espécie.
Substantivo Comum é aquele que designa os seres de uma mes-
ma espécie de forma genérica: cidade, menino, homem, mulher, país, Substantivo coletivo Conjunto de:
cachorro.
assembleia pessoas reunidas
Estamos voando para Barcelona.
alcateia lobos
acervo livros
O substantivo Barcelona designa apenas um ser da espécie cidade.
antologia trechos literários selecionados
Esse substantivo é próprio. Substantivo Próprio: é aquele que designa
arquipélago ilhas
os seres de uma mesma espécie de forma particular: Londres, Pauli-
banda músicos
nho, Pedro, Tietê, Brasil.
bando desordeiros ou malfeitores
2 - Substantivos Concretos e Abstratos banca examinadores
batalhão soldados
LÂMPADA MALA cardume peixes
caravana viajantes peregrinos
Os substantivos lâmpada e mala designam seres com existência cacho frutas
própria, que são independentes de outros seres. São substantivos con- cáfila camelos
cretos. cancioneiro canções, poesias líricas
colmeia abelhas
Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser que existe, in- chusma gente, pessoas
dependentemente de outros seres. concílio bispos
Obs.: os substantivos concretos designam seres do mundo real e congresso parlamentares, cientistas.
do mundo imaginário. elenco atores de uma peça ou filme
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra, Brasília, esquadra navios de guerra
etc. enxoval roupas
Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantasma, etc. falange soldados, anjos
fauna animais de uma região
Observe agora: feixe lenha, capim
Beleza exposta flora vegetais de uma região
Jovens atrizes veteranas destacam-se pelo visual. frota navios mercantes, ônibus
girândola fogos de artifício
O substantivo beleza designa uma qualidade. horda bandidos, invasores
junta médicos, bois, credores, examinadores
Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres que dependem júri jurados
de outros para se manifestar ou existir. legião soldados, anjos, demônios
Pense bem: a beleza não existe por si só, não pode ser observada. leva presos, recrutas
Só podemos observar a beleza numa pessoa ou coisa que seja bela. malta malfeitores ou desordeiros
A beleza depende de outro ser para se manifestar. Portanto, a palavra manada búfalos, bois, elefantes,
beleza é um substantivo abstrato. matilha cães de raça
Didatismo e Conhecimento 70
LÍNGUA PORTUGUESA
molho chaves, verduras Flexão de Gênero
multidão pessoas em geral
ninhada pintos Gênero é a propriedade que as palavras têm de indicar sexo real
nuvem insetos (gafanhotos, mosquitos, etc.) ou fictício dos seres. Na língua portuguesa, há dois gêneros: mascu-
penca bananas, chaves lino e feminino. Pertencem ao gênero masculino os substantivos que
pinacoteca pinturas, quadros podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns. Veja estes títulos de
quadrilha ladrões, bandidos filmes:
ramalhete flores O velho e o mar
rebanho ovelhas Um Natal inesquecível
récua bestas de carga, cavalgadura Os reis da praia
repertório peças teatrais, obras musicais
réstia alhos ou cebolas Pertencem ao gênero feminino os substantivos que podem vir pre-
romanceiro poesias narrativas cedidos dos artigos a, as, uma, umas:
revoada pássaros A história sem fim
sínodo párocos Uma cidade sem passado
talha lenha As tartarugas ninjas
tropa muares, soldados Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes
turma estudantes, trabalhadores
vara porcos Substantivos Biformes (= duas formas): ao indicar nomes de seres
vivos, geralmente o gênero da palavra está relacionado ao sexo do ser,
Formação dos Substantivos havendo, portanto, duas formas, uma para o masculino e outra para
o feminino. Observe: gato – gata, homem – mulher, poeta – poetisa,
Substantivos Simples e Compostos prefeito - prefeita
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a terra.
O substantivo chuva é formado por um único elemento ou radical. Substantivos Uniformes: são aqueles que apresentam uma única
É um substantivo simples. forma, que serve tanto para o masculino quanto para o feminino. Clas-
sificam-se em:
Substantivo Simples: é aquele formado por um único elemento.
- Epicenos: têm um só gênero e nomeiam bichos: a cobra macho
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja agora: O
e a cobra fêmea, o jacaré macho e o jacaré fêmea.
substantivo guarda-chuva é formado por dois elementos (guarda +
- Sobrecomuns: têm um só gênero e nomeiam pessoas: a criança,
chuva). Esse substantivo é composto.
a testemunha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o indivíduo.
- Comuns de Dois Gêneros: indicam o sexo das pessoas por meio
Substantivo Composto: é aquele formado por dois ou mais ele-
do artigo: o colega e a colega, o doente e a doente, o artista e a artista.
mentos. Outros exemplos: beija-flor, passatempo.
Saiba que: Substantivos de origem grega terminados em ema ou
Substantivos Primitivos e Derivados
Meu limão meu limoeiro, oma, são masculinos: o fonema, o poema, o sistema, o sintoma, o teo-
meu pé de jacarandá... rema.
- Existem certos substantivos que, variando de gênero, variam em
O substantivo limão é primitivo, pois não se originou de nenhum seu significado: o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação emis-
outro dentro de língua portuguesa. sora) o capital (dinheiro) e a capital (cidade)
Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de nenhuma outra Formação do Feminino dos Substantivos Biformes
palavra da própria língua portuguesa. O substantivo limoeiro é deriva-
do, pois se originou a partir da palavra limão. - Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno - aluna.
- Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao masculino:
Substantivo Derivado: é aquele que se origina de outra palavra. freguês - freguesa
- Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino de três for-
Flexão dos substantivos mas:
- troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
O substantivo é uma classe variável. A palavra é variável quando - troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã
sofre flexão (variação). A palavra menino, por exemplo, pode sofrer -troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona
variações para indicar:
Plural: meninos Feminino: menina Exceções: barão – baronesa ladrão- ladra sultão - sultana
Aumentativo: meninão Diminutivo: menininho
- Substantivos terminados em -or:
- acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
- troca-se -or por -triz: = imperador - imperatriz
Didatismo e Conhecimento 71
LÍNGUA PORTUGUESA
- Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa: cônsul - consule- - Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo fotográfico
sa / abade - abadessa / poeta - poetisa / duque - duquesa / conde Ana Belmonte.
- condessa / profeta - profetisa Observe o gênero dos substantivos seguintes:
- Substantivos que formam o feminino trocando o -e final por -a: Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó (pena), o
elefante - elefanta sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o maracajá, o clã, o
hosana, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o proclama, o per-
- Substantivos que têm radicais diferentes no masculino e no femi- noite, o púbis.
nino: bode – cabra / boi - vaca
Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, a cata-
- Substantivos que formam o feminino de maneira especial, isto é,
plasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a libido, a cal, a
não seguem nenhuma das regras anteriores: czar – czarina réu
faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa).
- ré
Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes - São geralmente masculinos os substantivos de origem grega
Epicenos: terminados em -ma: o grama (peso), o quilograma, o plasma, o
Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros. apostema, o diagrama, o epigrama, o telefonema, o estratagema, o
dilema, o teorema, o trema, o eczema, o edema, o magma, o estigma,
Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso ocorre por- o axioma, o tracoma, o hematoma.
que o substantivo jacaré tem apenas uma forma para indicar o mascu-
lino e o feminino. Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
Alguns nomes de animais apresentam uma só forma para designar
os dois sexos. Esses substantivos são chamados de epicenos. No caso Gênero dos Nomes de Cidades:
dos epicenos, quando houver a necessidade de especificar o sexo, utili-
zam-se palavras macho e fêmea. Com raras exceções, nomes de cidades são femininos.
A cobra macho picou o marinheiro.
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira. A histórica Ouro Preto.
A dinâmica São Paulo.
Sobrecomuns: A acolhedora Porto Alegre.
Entregue as crianças à natureza.
Uma Londres imensa e triste.
Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
A palavra crianças refere-se tanto a seres do sexo masculino, quan-
to a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem o artigo nem um possível
adjetivo permitem identificar o sexo dos seres a que se refere a palavra. Gênero e Significação:
Veja:
A criança chorona chamava-se João. Muitos substantivos têm uma significação no masculino e outra
A criança chorona chamava-se Maria. no feminino. Observe: o baliza (soldado que, que à frente da tropa,
indica os movimentos que se deve realizar em conjunto; o que vai à
Outros substantivos sobrecomuns: frente de um bloco carnavalesco, manejando um bastão), a baliza
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa criatura. (marco, estaca; sinal que marca um limite ou proibição de trânsito),
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de Marcela o cabeça (chefe), a cabeça (parte do corpo), o cisma (separação reli-
faleceu giosa, dissidência), a cisma (ato de cismar, desconfiança), o cinza (a
cor cinzenta), a cinza (resíduos de combustão), o capital (dinheiro),
Comuns de Dois Gêneros: a capital (cidade), o coma (perda dos sentidos), a coma (cabeleira),
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois. o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro), a coral (cobra ve-
nenosa), o crisma (óleo sagrado, usado na administração da crisma
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher? e de outros sacramentos), a crisma (sacramento da confirmação), o
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma vez que a cura (pároco), a cura (ato de curar), o estepe (pneu sobressalente),
palavra motorista é um substantivo uniforme. a estepe (vasta planície de vegetação), o guia (pessoa que guia ou-
A distinção de gênero pode ser feita através da análise do artigo ou
tras), a guia (documento, pena grande das asas das aves), o grama
adjetivo, quando acompanharem o substantivo: o colega - a colega; o
(unidade de peso), a grama (relva), o caixa (funcionário da caixa),
imigrante - a imigrante; um jovem - uma jovem; artista famoso - artis-
ta famosa; repórter francês - repórter francesa a caixa (recipiente, setor de pagamentos), o lente (professor), a lente
(vidro de aumento), o moral (ânimo), a moral (honestidade, bons
- A palavra personagem é usada indistintamente nos dois gêneros. costumes, ética), o nascente (lado onde nasce o Sol), a nascente (a
a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada preferência pelo fonte), o maria-fumaça (trem como locomotiva a vapor), maria-fu-
masculino: O menino descobriu nas nuvens os personagens dos contos maça (locomotiva movida a vapor), o pala (poncho), a pala (parte
de carochinha. anterior do boné ou quepe, anteparo), o rádio (aparelho receptor),
b) Com referência a mulher, deve-se preferir o feminino: O proble- a rádio (estação emissora), o voga (remador), a voga (moda, popu-
ma está nas mulheres de mais idade, que não aceitam a personagem. laridade).
Didatismo e Conhecimento 72
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Flexão de Número do Substantivo - Flexionam-se os dois elementos, quando formados de:
substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
Em português, há dois números gramaticais: o singular, que indica substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-perfeitos
um ser ou um grupo de seres, e o plural, que indica mais de um ser ou adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-homens
grupo de seres. A característica do plural é o “s” final. numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras
Plural dos Substantivos Simples - Flexiona-se somente o segundo elemento, quando formados de:
verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas
- Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e “n” fazem palavra invariável + palavra variável = alto-falante e alto- -fa-
o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã – ímãs; hífen - hifens lantes
(sem acento, no plural). Exceção: cânon - cânones. palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-recos
- Os substantivos terminados em “m” fazem o plural em “ns”: - Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando formados
homem - homens. de:
substantivo + preposição clara + substantivo = água-de-colônia e
- Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plural pelo águas-de-colônia
acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes. substantivo + preposição oculta + substantivo = cavalo-vapor e
cavalos-vapor
Atenção: O plural de caráter é caracteres. substantivo + substantivo que funciona como determinante do pri-
meiro, ou seja, especifica a função ou o tipo do termo anterior:
- Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-se no palavra-chave - palavras-chave, bomba-relógio - bombas-relógio,
plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; caracol – caracóis; notícia-bomba - notícias-bomba, homem-rã - homens-rã, peixe- -es-
hotel - hotéis. Exceções: mal e males, cônsul e cônsules. pada - peixes-espada.
- Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de duas ma-
- Permanecem invariáveis, quando formados de:
neiras:
verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
- Quando oxítonos, em “is”: canil - canis
verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os saca-rolhas
- Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis.
- Casos Especiais
Obs.: a palavra réptil pode formar seu plural de duas maneiras:
o louva-a-deus e os louva-a-deus
répteis ou reptis (pouco usada).
o bem-te-vi e os bem-te-vis
- Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de duas ma-
o bem-me-quer e os bem-me-queres
neiras:
o joão-ninguém e os joões-ninguém.
- Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o acréscimo de
“es”: ás – ases / retrós - retroses
- Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam invariáveis: o Plural das Palavras Substantivadas
lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus.
As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras classes gra-
- Os substantivos terminados em “ao” fazem o plural de três ma- maticais usadas como substantivo, apresentam, no plural, as flexões
neiras. próprias dos substantivos.
- substituindo o -ão por -ões: ação - ações Pese bem os prós e os contras.
- substituindo o -ão por -ães: cão - cães O aluno errou na prova dos noves.
- substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
- Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: o látex Obs.: numerais substantivados terminados em “s” ou “z” não va-
- os látex. riam no plural: Nas provas mensais consegui muitos seis e alguns dez.
-A formação do plural dos substantivos compostos depende da Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” final e acrescen-
forma como são grafados, do tipo de palavras que formam o com- ta-se o sufixo diminutivo.
posto e da relação que estabelecem entre si. Aqueles que são grafados pãe(s) + zinhos = pãezinhos
sem hífen comportam-se como os substantivos simples: aguardente/ animai(s) + zinhos = animaizinhos
aguardentes, girassol/girassóis, pontapé/pontapés, malmequer/ botõe(s) + zinhos = botõezinhos
malmequeres. chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos
O plural dos substantivos compostos cujos elementos são ligados farói(s) + zinhos = faroizinhos
por hífen costuma provocar muitas dúvidas e discussões. Algumas tren(s) + zinhos = trenzinhos
orientações são dadas a seguir: colhere(s) + zinhas = colherezinhas
flore(s) + zinhas = florezinhas
Didatismo e Conhecimento 73
LÍNGUA PORTUGUESA
mão(s) + zinhas = mãozinhas - Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do singular: bem
papéi(s) + zinhos = papeizinhos (virtude) e bens (riquezas), honra (probidade, bom nome) e honras
nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas (homenagem, títulos).
funi(s) + zinhos = funizinhos - Usamos às vezes, os substantivos no singular, mas com sentido
túnei(s) + zinhos = tuneizinhos de plural:
pai(s) + zinhos = paizinhos Aqui morreu muito negro.
pé(s) + zinhos = pezinhos Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas impro-
pé(s) + zitos = pezitos visadas.
Plural dos Nomes Próprios Personativos Flexão de Grau do Substantivo
Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas sempre que a Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir as variações
terminação preste-se à flexão. de tamanho dos seres. Classifica-se em:
Os Napoleões também são derrotados.
- Grau Normal - Indica um ser de tamanho considerado normal.
As Raquéis e Esteres.
Por exemplo: casa
Plural dos Substantivos Estrangeiros
- Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho do ser. Clas-
Substantivos ainda não aportuguesados devem ser escritos como sifica-se em:
na língua original, acrescentando-se “s” (exceto quando terminam em Analítico = o substantivo é acompanhado de um adjetivo que in-
“s” ou “z”): os shows, os shorts, os jazz. dica grandeza. Por exemplo: casa grande.
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indicador de au-
Substantivos já aportuguesados flexionam-se de acordo com as mento. Por exemplo: casarão.
regras de nossa língua: os clubes, os chopes, os jipes, os esportes,
as toaletes, os bibelôs, os garçons, os réquiens. - Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho do ser.
Observe o exemplo: Pode ser:
Este jogador faz gols toda vez que joga. Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo que indica
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa. pequenez. Por exemplo: casa pequena.
Plural com Mudança de Timbre Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indicador de di-
minuição. Por exemplo: casinha.
Certos substantivos formam o plural com mudança de timbre da
vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato fonético chamado me- Verbo é a classe de palavras que se flexiona em pessoa, número,
tafonia (plural metafônico). tempo, modo e voz. Pode indicar, entre outros processos: ação (cor-
rer); estado (ficar); fenômeno (chover); ocorrência (nascer); desejo
Singular Plural (querer).
corpo (ô) corpos (ó) O que caracteriza o verbo são as suas flexões, e não os seus possí-
esforço esforços veis significados. Observe que palavras como corrida, chuva e nasci-
fogo fogos mento têm conteúdo muito próximo ao de alguns verbos mencionados
forno fornos acima; não apresentam, porém, todas as possibilidades de flexão que
fosso fossos esses verbos possuem.
imposto impostos
olho olhos
Estrutura das Formas Verbais
osso (ô) ossos (ó)
Do ponto de vista estrutural, uma forma verbal pode apresentar os
ovo ovos
seguintes elementos:
poço poços
porto portos - Radical: é a parte invariável, que expressa o significado essen-
posto postos cial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-ava; fal-am. (radical fal-)
tijolo tijolos - Tema: é o radical seguido da vogal temática que indica a conju-
gação a que pertence o verbo. Por exemplo: fala-r
Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bolsos, espo- São três as conjugações: 1ª - Vogal Temática - A - (falar), 2ª - Vo-
sos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc. gal Temática - E - (vender), 3ª - Vogal Temática - I - (partir).
Obs.: distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de molho - Desinência modo-temporal: é o elemento que designa o tempo
(ó) = feixe (molho de lenha). e o modo do verbo. Por exemplo:
falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo.)
Particularidades sobre o Número dos Substantivos falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo.)
- Desinência número-pessoal: é o elemento que designa a pessoa
- Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o norte, o do discurso ( 1ª, 2ª ou 3ª) e o número (singular ou plural):
leste, o oeste, a fé, etc. falamos (indica a 1ª pessoa do plural.)
- Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames, as espa- falavam (indica a 3ª pessoa do plural.)
das/os paus (naipes de baralho), as fezes.
Didatismo e Conhecimento 74
LÍNGUA PORTUGUESA
Observação: o verbo pôr, assim como seus derivados (compor, * Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se ape-
repor, depor, etc.), pertencem à 2ª conjugação, pois a forma arcaica do nas nas terceiras pessoas, do singular e do plural.
verbo pôr era poer. A vogal “e”, apesar de haver desaparecido do in- A fruta amadureceu.
finitivo, revela-se em algumas formas do verbo: põe, pões, põem, etc. As frutas amadureceram.
Formas Rizotônicas e Arrizotônicas Obs.: os verbos unipessoais podem ser usados como verbos pes-
Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura dos verbos soais na linguagem figurada: Teu irmão amadureceu bastante.
com o conceito de acentuação tônica, percebemos com facilidade que
nas formas rizotônicas o acento tônico cai no radical do verbo: opino, Entre os unipessoais estão os verbos que significam vozes de ani-
aprendam, nutro, por exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tô- mais; eis alguns: bramar: tigre, bramir: crocodilo, cacarejar: gali-
nico não cai no radical, mas sim na terminação verbal: opinei, apren- nha, coaxar: sapo, cricrilar: grilo
derão, nutriríamos.
Os principais verbos unipessoais são:
Classificação dos Verbos 1. cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser (preciso,
Classificam-se em: necessário, etc.):
- Regulares: são aqueles que possuem as desinências normais de Cumpre trabalharmos bastante. (Sujeito: trabalharmos bastante.)
sua conjugação e cuja flexão não provoca alterações no radical: canto Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover.)
cantei cantarei cantava cantasse. É preciso que chova. (Sujeito: que chova.)
- Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca alterações no radi-
cal ou nas desinências: faço fiz farei fizesse. 2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da con-
- Defectivos: são aqueles que não apresentam conjugação comple- junção que.
ta. Classificam-se em impessoais, unipessoais e pessoais: Faz dez anos que deixei de fumar. (Sujeito: que deixei de fumar.)
* Impessoais: são os verbos que não têm sujeito. Normalmente, Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não vejo Cláudia.
são usados na terceira pessoa do singular. Os principais verbos im- (Sujeito: que não vejo Cláudia)
pessoais são:
Obs.: todos os sujeitos apontados são oracionais.
** haver, quando sinônimo de existir, acontecer, realizar-se ou
fazer (em orações temporais).
* Pessoais: não apresentam algumas flexões por motivos morfoló-
Havia poucos ingressos à venda. (Havia = Existiam)
gicos ou eufônicos. Por exemplo:
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
- verbo falir. Este verbo teria como formas do presente do indica-
Haverá reuniões aqui. (Haverá = Realizar-se-ão)
tivo falo, fales, fale, idênticas às do verbo falar - o que provavelmente
Deixei de fumar há muitos anos. (há = faz)
causaria problemas de interpretação em certos contextos.
** fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
Faz invernos rigorosos no Sul do Brasil. - verbo computar. Este verbo teria como formas do presente do
Era primavera quando a conheci. indicativo computo, computas, computa - formas de sonoridade con-
Estava frio naquele dia. siderada ofensiva por alguns ouvidos gramaticais. Essas razões muitas
vezes não impedem o uso efetivo de formas verbais repudiadas por
** Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza são im- alguns gramáticos: exemplo disso é o próprio verbo computar, que,
pessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, amanhecer, escurecer, com o desenvolvimento e a popularização da informática, tem sido
etc. Quando, porém, se constrói, “Amanheci mal-humorado”, usa-se conjugado em todos os tempos, modos e pessoas.
o verbo “amanhecer” em sentido figurado. Qualquer verbo impessoal,
empregado em sentido figurado, deixa de ser impessoal para ser pes- - Abundantes: são aqueles que possuem mais de uma forma com
soal. o mesmo valor. Geralmente, esse fenômeno costuma ocorrer no parti-
Amanheci mal-humorado. (Sujeito desinencial: eu) cípio, em que, além das formas regulares terminadas em -ado ou -ido,
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos) surgem as chamadas formas curtas (particípio irregular). Observe:
Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
Didatismo e Conhecimento 75
LÍNGUA PORTUGUESA
INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR
Anexar Anexado Anexo
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Envolver Envolvido Envolto
- Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Por exemplo: Ir, Pôr, Ser, Saber (vou, vais, ides, fui, foste, pus,
pôs, punha, sou, és, fui, foste, seja).
- Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal, quando acompanhado de
verbo auxiliar, é expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.
Obs.: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.
Didatismo e Conhecimento 76
LÍNGUA PORTUGUESA
SER - Modo Imperativo
Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês
Didatismo e Conhecimento 77
LÍNGUA PORTUGUESA
HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo
Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo
haja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam
- Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na mesma pessoa do sujeito,
expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no próprio sentido do verbo (reflexivos essenciais).
Veja:
- 1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos: abster-se, ater- -se,
apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a reflexibilidade já está implícita no radical do verbo. Por
exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela mesma, pois não recebe ação
transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula integrante do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com
o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço da ideia reflexiva expressa pelo radical do próprio verbo.
Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respectivos pronomes):
Eu me arrependo
Tu te arrependes
Ele se arrepende
Nós nos arrependemos
Vós vos arrependeis
Eles se arrependem
- 2. Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto representado por pronome
oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele mesmo. Em geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos
diretos e indiretos podem ser conjugados com os pronomes mencionados, formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: Maria se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa. Por exemplo:
Maria penteou-me.
Didatismo e Conhecimento 78
LÍNGUA PORTUGUESA
Observações: - Particípio: quando não é empregado na formação dos tempos
- Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos compostos, o particípio indica geralmente o resultado de uma ação
átonos dos verbos pronominais não possuem função sintática. terminada, flexionando-se em gênero, número e grau. Por exemplo:
- Há verbos que também são acompanhados de pronomes oblí- Terminados os exames, os candidatos saíram.
quos átonos, mas que não são essencialmente pronominais, são os
verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma rela-
encontrarem na pessoa idêntica à do sujeito, exercem funções sintáti- ção temporal, assume verdadeiramente a função de adjetivo (adjetivo
cas. Por exemplo: verbal). Por exemplo: Ela foi a aluna escolhida para representar a
Eu me feri. = Eu(sujeito) - 1ª pessoa do singular me (objeto dire- escola.
to) - 1ª pessoa do singular
Tempos Verbais
Modos Verbais
Tomando-se como referência o momento em que se fala, a ação
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo na expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos tempos. Veja:
expressão de um fato. Em Português, existem três modos: 1. Tempos do Indicativo
Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu sempre estudo. - Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste colégio.
Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Talvez eu es- - Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num momen-
tude amanhã. to anterior ao atual, mas que não foi completamente terminado: Ele
Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estuda agora, me- estudava as lições quando foi interrompido.
nino. - Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num momento
anterior ao atual e que foi totalmente terminado: Ele estudou as lições
Formas Nominais ontem à noite.
- Pretérito-Mais-Que-Perfeito - Expressa um fato ocorrido an-
Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas que po- tes de outro fato já terminado: Ele já tinha estudado as lições quan-
dem exercer funções de nomes (substantivo, adjetivo, advérbio), sen- do os amigos chegaram. (forma composta) Ele já estudara as lições
do por isso denominadas formas nominais. Observe: quando os amigos chegaram. (forma simples).
- Infinitivo Impessoal: exprime a significação do verbo de modo - Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocorrer num
vago e indefinido, podendo ter valor e função de substantivo. Por tempo vindouro com relação ao momento atual: Ele estudará as li-
exemplo: ções amanhã.
Viver é lutar. (= vida é luta) - Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocorrer pos-
É indispensável combater a corrupção. (= combate à) teriormente a um determinado fato passado: Se eu tivesse dinheiro,
viajaria nas férias.
O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma sim-
ples) ou no passado (forma composta). Por exemplo: 2. Tempos do Subjuntivo
É preciso ler este livro. - Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento
Era preciso ter lido este livro. atual: É conveniente que estudes para o exame.
- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas poste-
- Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três pessoas do rior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse o jogo.
discurso. Na 1ª e 3ª pessoas do singular, não apresenta desinências,
assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona-se da Obs.: o pretérito imperfeito é também usado nas construções em
seguinte maneira: que se expressa a ideia de condição ou desejo. Por exemplo: Se ele
2ª pessoa do singular: Radical + ES Ex.: teres(tu) viesse ao clube, participaria do campeonato.
1ª pessoa do plural: Radical + MOS Ex.: termos (nós)
2ª pessoa do plural: Radical + DES Ex.: terdes (vós) - Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num
3ª pessoa do plural: Radical + EM Ex.: terem (eles) momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier à loja, levará
Por exemplo: Foste elogiado por teres alcançado uma boa colo- as encomendas.
cação.
Obs.: o futuro do presente é também usado em frases que indi-
- Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo ou advér- cam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se ele vier à loja, levará
bio. Por exemplo: as encomendas.
Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de advérbio)
Nas ruas, havia crianças vendendo doces. (função de adjetivo)
Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em curso; na
forma composta, uma ação concluída. Por exemplo:
Trabalhando, aprenderás o valor do dinheiro.
Tendo trabalhado, aprendeu o valor do dinheiro.
Didatismo e Conhecimento 79
LÍNGUA PORTUGUESA
Presente do Indicativo
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Desinência pessoal
CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M
Pretérito mais-que-perfeito
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal (1ª/2ª e 3ª conj.) Desinência pessoal
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M
Didatismo e Conhecimento 80
LÍNGUA PORTUGUESA
Presente do Subjuntivo
Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do indicativo pela desinência
-E (nos verbos de 1ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2ª e 3ª conjugação).
Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, obtendo-se, assim, o tema
desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de número e pessoa correspondente.
Futuro do Subjuntivo
Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, obtendo-se, assim, o tema desse
tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número e pessoa correspondente.
Didatismo e Conhecimento 81
LÍNGUA PORTUGUESA
Modo Imperativo
Imperativo Afirmativo
Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2ª pessoa do singular (tu) e a segunda pessoa do plural (vós) elimi-
nando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:
Imperativo Negativo
Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.
Observações:
- No modo imperativo não faz sentido usar na 3ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido ou conselho só se aplicam
diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
- O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).
Infinitivo Pessoal
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM
02. (Escrevente TJ SP Vunesp 2012-adap.) Na frase –… os níveis de pessoas sem emprego estão apresentando quedas sucessivas de 2005 para
cá. –, a locução verbal em destaque expressa ação
(A) concluída.
(B) atemporal.
(C) contínua.
(D) hipotética.
(E) futura.
Didatismo e Conhecimento 82
LÍNGUA PORTUGUESA
03. (Escrevente TJ SP Vunesp 2013-adap.) Sem querer estereoti- 08. (Agente de Apoio Operacional – VUNESP – 2013-adap.). As-
par, mas já estereotipando: trata-se de um ser cujas interações sociais sinale a alternativa em que o verbo destacado está no tempo futuro.
terminam, 99% das vezes, diante da pergunta “débito ou crédito?”. A) Os consumidores são assediados pelo marketing …
Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de B) … somente eles podem decidir se irão ou não comprar.
(A) considerar ao acaso, sem premeditação. C) É como se abrissem em nós uma “caixa de necessidades”…
(B) aceitar uma ideia mesmo sem estar convencido dela. D) … de onde vem o produto…?
(C) adotar como referência de qualidade. E) Uma pesquisa mostrou que 55,4% das pessoas…
(D) julgar de acordo com normas legais.
(E) classificar segundo ideias preconcebidas. 09. (Papiloscopista Policial – VUNESP – 2013). Assinale a alter-
nativa em que a concordância das formas verbais destacadas se dá em
04. (Escrevente TJ SP Vunesp 2013) Assinale a alternativa con- conformidade com a norma-padrão da língua.
tendo a frase do texto na qual a expressão verbal destacada exprime (A) Chegou, para ajudar a família, vários amigos e vizinhos.
possibilidade. (B) Haviam várias hipóteses acerca do que poderia ter acontecido
(A) ... o cientista Theodor Nelson sonhava com um sistema capaz com a criança.
de disponibilizar um grande número de obras literárias... (C) Fazia horas que a criança tinha saído e os pais já estavam
(B) Funcionando como um imenso sistema de informação e arqui- preocupados.
vamento, o hipertexto deveria ser um enorme arquivo virtual. (D) Era duas horas da tarde, quando a criança foi encontrada.
(C) Isso acarreta uma textualidade que funciona por associação, e (E) Existia várias maneiras de voltar para casa, mas a criança se
não mais por sequências fixas previamente estabelecidas. perdeu mesmo assim.
(D) Desde o surgimento da ideia de hipertexto, esse conceito está
ligado a uma nova concepção de textualidade... 10. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP –
(E) Criou, então, o “Xanadu”, um projeto para disponibilizar toda 2013-adap.). Leia as frases a seguir.
a literatura do mundo... I. Havia onze pessoas jogando pedras e pedaços de madeira no
animal.
05.(POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO ACRE – ALUNO II. Existiam muitos ferimentos no boi.
SOLDADO COMBATENTE – FUNCAB/2012) No trecho: “O cres- III. Havia muita gente assustando o boi numa avenida movimen-
cimento econômico, se associado à ampliação do emprego, PODE tada.
melhorar o quadro aqui sumariamente descrito.”, se passarmos o ver- Substituindo-se o verbo Haver pelo verbo Existir e este pelo verbo
bo destacado para o futuro do pretérito do indicativo, teremos a forma: Haver, nas frases, têm-se, respectivamente:
A) puder. A) Existia – Haviam – Existiam
B) poderia. B) Existiam – Havia – Existiam
C) pôde. C) Existiam – Haviam – Existiam
D) poderá. D) Existiam – Havia – Existia
E) pudesse. E) Existia – Havia – Existia
Didatismo e Conhecimento 83
LÍNGUA PORTUGUESA
4-) (B) Funcionando como um imenso sistema de informação e Exemplo de conjugação do verbo “dar” no presente do indicativo:
arquivamento, o hipertexto deveria ser um enorme arquivo virtual. = Eu dou
verbo no futuro do pretérito Tu dás
Ele dá
5-) Conjugando o verbo “poder” no futuro do pretérito do Indi- Nós damos
cativo: eu poderia, tu poderias, ele poderia, nós poderíamos, vós po- Vós dais
deríeis, eles poderiam. O sujeito da oração é crescimento econômico Eles dão
(singular), portanto, terceira pessoa do singular (ele) = poderia.
Percebe-se que há alteração do radical, afastando-se do original
6-) “dar” durante a conjugação, sendo considerado verbo irregular.
(B) Não haverá prova do crime se o réu se mantiver em silêncio. Exemplo: Conjugação do verbo valer:
(C) Vão pagar horas-extras aos que se dispuserem a trabalhar no
Modo Indicativo
feriado.
Presente
(D) Ficarão surpresos quando o virem com a toga...
eu valho
(E) Se você quiser a promoção, é necessário que a requeira a seu tu vales
superior. ele vale
nós valemos
7-) Caso a criança se perca…(perda = substantivo: Houve uma vós valeis
grande perda salarial...) eles valem
Didatismo e Conhecimento 84
LÍNGUA PORTUGUESA
Mais-que-perfeito Composto do Indicativo Infinitivo Impessoal = valer
eu tinha valido Particípio = Valido
tu tinhas valido
ele tinha valido Acompanhe abaixo uma lista com os principais verbos irregu-
nós tínhamos valido lares:
vós tínheis valido
eles tinham valido Dizer
Presente do indicativo: Digo, dizes, diz, dizemos, dizeis, dizem.
Gerúndio do verbo valer = valendo Pretérito perfeito do indicativo: Disse, disseste, disse, disse-
mos, dissestes, disseram.
Modo Subjuntivo Futuro do presente do indicativo: Direi, dirás, dirá, diremos,
Presente direis, dirão.
que eu valha
que tu valhas Fazer
que ele valha Presente do indicativo: Faço, fazes, faz, fazemos, fazeis, fazem.
que nós valhamos Pretérito perfeito do indicativo: Fiz, fizeste, fez, fizemos, fizes-
que vós valhais tes, fizeram.
que eles valham Futuro do presente do indicativo: Farei, farás, fará, faremos,
fareis, farão.
Pretérito Imperfeito do Subjuntivo
se eu valesse Ir
se tu valesses Presente do indicativo: Vou, vais, vai, vamos, ides, vão.
se ele valesse Pretérito perfeito do indicativo: Fui, foste, foi, fomos, fostes,
se nós valêssemos foram.
se vós valêsseis Futuro do presente do indicativo: Irei, irás, irá, iremos, ireis,
se eles valessem irão.
Futuro do subjuntivo: For, fores, for, formos, fordes, forem.
Futuro do Subjuntivo
quando eu valer Querer
quando tu valeres Presente do indicativo: Quero, queres, quer, queremos, quereis,
quando ele valer
querem.
quando nós valermos
Pretérito perfeito do indicativo: Quis, quiseste, quis, quisemos,
quando vós valerdes
quisestes, quiseram.
quando eles valerem
Presente do subjuntivo: Queira, queiras, queira, queiramos,
queirais, queiram.
Imperativo
Imperativo Afirmativo
Ver
--
vale tu Presente do indicativo: Vejo, vês, vê, vemos, vedes, veem.
valha ele Pretérito perfeito do indicativo: Vi, viste, viu, vimos, vistes, vi-
valhamos nós ram.
valei vós Futuro do presente do indicativo:Verei, verás, verá, veremos,
valham eles vereis, verão.
Futuro do subjuntivo: Vir, vires, vir, virmos, virdes, virem.
Imperativo Negativo
-- Vir
não valhas tu Presente do indicativo: Venho, vens, vem, vimos, vindes, vêm.
não valha ele Pretérito perfeito do indicativo: Vim, vieste, veio, viemos, vies-
não valhamos nós tes, vieram.
não valhais vós Futuro do presente do indicativo: Virei, virás, virá, viremos,
não valham eles vireis, virão.
Futuro do subjuntivo: Vier, vieres, vier, viermos, vierdes, vie-
Infinitivo rem.
Infinitivo Pessoal
por valer eu
por valeres tu
por valer ele
por valermos nós
por valerdes vós
por valerem eles
Didatismo e Conhecimento 85
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Vozes do Verbo 2- Voz Passiva Sintética
A voz passiva sintética ou pronominal constrói-se com o verbo na
Dá-se o nome de voz à forma assumida pelo verbo para indicar se 3ª pessoa, seguido do pronome apassivador SE. Por exemplo:
o sujeito gramatical é agente ou paciente da ação. São três as vozes Abriram-se as inscrições para o concurso.
verbais: Destruiu-se o velho prédio da escola.
Obs.: o agente não costuma vir expresso na voz passiva sintética.
- Ativa: quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação expressa
pelo verbo. Por exemplo: Curiosidade: A palavra passivo possui a mesma raiz latina de pai-
Ele fez o trabalho. xão (latim passio, passionis) e ambas se relacionam com o significa-
sujeito agente ação objeto (paciente) do sofrimento, padecimento. Daí vem o significado de voz passiva
como sendo a voz que expressa a ação sofrida pelo sujeito. Na voz
- Passiva: quando o sujeito é paciente, recebendo a ação expressa passiva temos dois elementos que nem sempre aparecem: SUJEITO
pelo verbo. Por exemplo: PACIENTE e AGENTE DA PASSIVA.
O trabalho foi feito por ele.
sujeito paciente ação agente da passiva Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva
- Reflexiva: quando o sujeito é ao mesmo tempo agente e pacien- Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar substancialmen-
te, isto é, pratica e recebe a ação. Por exemplo: te o sentido da frase.
O menino feriu-se. Gutenberg inventou a imprensa (Voz Ativa)
Sujeito da Ativa objeto Direto
Obs.: não confundir o emprego reflexivo do verbo com a noção
de reciprocidade: Os lutadores feriram-se. (um ao outro) A imprensa foi inventada por Gutenberg (Voz Passiva)
Sujeito da Passiva Agente da Passiva
Formação da Voz Passiva
Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva, o sujeito
A voz passiva pode ser formada por dois processos: analítico e da ativa passará a agente da passiva e o verbo ativo assumirá a forma
sintético. passiva, conservando o mesmo tempo. Observe mais exemplos:
- Os mestres têm constantemente aconselhado os alunos.
1- Voz Passiva Analítica Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos mestres.
Constrói-se da seguinte maneira: Verbo SER + particípio do verbo - Eu o acompanharei.
principal. Por exemplo: Ele será acompanhado por mim.
A escola será pintada.
O trabalho é feito por ele. Obs.: quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, não have-
rá complemento agente na passiva. Por exemplo: Prejudicaram-me. /
Obs.: o agente da passiva geralmente é acompanhado da prepo- Fui prejudicado.
sição por, mas pode ocorrer a construção com a preposição de. Por
exemplo: A casa ficou cercada de soldados. Saiba que:
- Pode acontecer ainda que o agente da passiva não esteja explíci- - Aos verbos que não são ativos nem passivos ou reflexivos, são
to na frase: A exposição será aberta amanhã. chamados neutros.
- A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar (SER), pois o O vinho é bom.
particípio é invariável. Observe a transformação das frases seguintes: Aqui chove muito.
a) Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do indicativo)
O trabalho foi feito por ele. (pretérito perfeito do indicativo) - Há formas passivas com sentido ativo:
É chegada a hora. (= Chegou a hora.)
b) Ele faz o trabalho. (presente do indicativo) Eu ainda não era nascido. (= Eu ainda não tinha nascido.)
O trabalho é feito por ele. (presente do indicativo) És um homem lido e viajado. (= que leu e viajou)
c) Ele fará o trabalho. (futuro do presente) - Inversamente, usamos formas ativas com sentido passivo:
O trabalho será feito por ele. (futuro do presente) Há coisas difíceis de entender. (= serem entendidas)
Mandou-o lançar na prisão. (= ser lançado)
- Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume o mesmo
tempo e modo do verbo principal da voz ativa. Observe a transforma- - Os verbos chamar-se, batizar-se, operar-se (no sentido cirúrgi-
ção da frase seguinte: co) e vacinar-se são considerados passivos, logo o sujeito é paciente.
O vento ia levando as folhas. (gerúndio) Chamo-me Luís.
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio) Batizei-me na Igreja do Carmo.
Operou-se de hérnia.
Obs.: é menos frequente a construção da voz passiva analítica Vacinaram-se contra a gripe.
com outros verbos que podem eventualmente funcionar como auxi-
liares. Por exemplo: A moça ficou marcada pela doença. Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.php
Didatismo e Conhecimento 86
LÍNGUA PORTUGUESA
Questões sobre Vozes dos Verbos 07. (METRÔ/SP – TÉCNICO SISTEMAS METROVIÁRIOS
CIVIL – FCC/2014 - ADAPTADA) ...’sertanejo’ indicava indistinta-
01. (COLÉGIO PEDRO II/RJ – ASSISTENTE EM ADMINIS- mente as músicas produzidas no interior do país...
TRAÇÃO – AOCP/2010) Em “Os dados foram divulgados ontem Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma verbal
pelo Instituto Sou da Paz.”, a expressão destacada é resultante será:
(A) adjunto adnominal. (A) vinham indicadas.
(B) sujeito paciente. (B) era indicado.
(C) objeto indireto. (C) eram indicadas.
(D) complemento nominal. (D) tinha indicado.
(E) agente da passiva. (E) foi indicada.
02. (FCC-COPERGÁS – Auxiliar Técnico Administrativo - 2011) 08. (GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO –
Um dia um tufão furibundo abateu-o pela raiz. Transpondo- -se a PROCON – AGENTE ADMINISTRATIVO – CEPERJ/2012 - adap-
frase acima para a voz passiva, a forma verbal resultante será: tada) Um exemplo de construção na voz passiva está em:
(A) era abatido. (A) “A Gulliver recolherá 6 mil brinquedos”
(B) fora abatido.
(B) “o consumidor pode solicitar a devolução do dinheiro”
(C) abatera-se.
(C) “enviar o brinquedo por sedex”
(D) foi abatido.
(D) “A empresa também é obrigada pelo Código de Defesa do
(E) tinha abatido
Consumidor”
03. (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010) (E) “A empresa fez campanha para recolher”
... valores e princípios que sejam percebidos pela sociedade como
tais. 09. (METRÔ/SP –SECRETÁRIA PLENO – FCC/2010) Trans-
Transpondo para a voz ativa a frase acima, o verbo passará a ser, pondo-se para a voz passiva a construção Mais tarde vim a entender a
corretamente, tradução completa, a forma verbal resultante será:
(A) perceba. (A) veio a ser entendida.
(B) foi percebido. (B) teria entendido.
(C) tenham percebido. (C) fora entendida.
(D) devam perceber. (D) terá sido entendida.
(E) estava percebendo. (E) tê-la-ia entendido.
04. (TJ/RJ – TÉCNICO DE ATIVIDADE JUDICIÁRIA SEM 10. (INFRAERO – CADASTRO RESERVA OPERACIONAL
ESPECIALIDADE – FCC/2012) As ruas estavam ocupadas pela PROFISSIONAL DE TRÁFEGO AÉREO – FCC/2011 - ADAPTA-
multidão... DA)
A forma verbal resultante da transposição da frase acima para a ... ele empreende, de maneira quase clandestina, a série Mulheres.
voz ativa é: Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma verbal
(A) ocupava-se. resultante será:
(B) ocupavam. (A) foi empreendida.
(C) ocupou. (B) são empreendidos.
(D) ocupa. (C) foi empreendido.
(E) ocupava. (D) é empreendida.
(E) são empreendidas.
05. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
A frase que NÃO admite transposição para a voz passiva está em:
GABARITO
(A) Quando Rodolfo surgiu...
(B) ... adquiriu as impressoras...
01. E 02. D 03. A 04. E 05. A
(C) ... e sustentar, às vezes, família numerosa.
(D) ... acolheu-o como patrono. 06. B 07. C 08. D 09. A 10. D
(E) ... que montou [...] a primeira grande folhetaria do Recife ...
RESOLUÇÃO
06. (TRF - 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010)
O engajamento moral e político não chegou a constituir um desloca- 1-) No enunciado temos uma oração com a voz passiva do verbo.
mento da atenção intelectual de Said ... Transformando-a em ativa, teremos: “O Instituto Sou da Paz divulgou
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma verbal dados”. Nessa, “Instituto Sou da Paz” funciona como sujeito da ora-
resultante é: ção, ou seja, na passiva sua função é a de agente da passiva. O sujeito
a) se constituiu. paciente é “os dados”.
b) chegou a ser constituído.
c) teria chegado a constituir. 2-) Um dia um tufão furibundo abateu-o pela raiz. = Ele foi aba-
d) chega a se constituir. tido...
e) chegaria a ser constituído.
Didatismo e Conhecimento 87
LÍNGUA PORTUGUESA
3-) ... valores e princípios que sejam percebidos pela sociedade
como tais = dois verbos na voz passiva, então teremos um na ativa: 6 REESCRITURA DE FRASES
que a sociedade perceba os valores e princípios... E PARÁGRAFOS DO TEXTO.
6.1 SUBSTITUIÇÃO DE PALAVRAS
4-) As ruas estavam ocupadas pela multidão = dois verbos na pas- OU DE TRECHOS DE TEXTO.
siva, um verbo na ativa:
6.2 RETEXTUALIZACAO DE
A multidão ocupava as ruas.
DIFERENTES GÊNEROS E
5-) NÍVEIS DE FORMALIDADE.
B = as impressoras foram adquiridas...
C = família numerosa é sustentada...
D – foi acolhido como patrono...
E – a primeira grande folhetaria do Recife foi montada... Frase, período e oração:
6-) O engajamento moral e político não chegou a constituir um Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para estabelecer
deslocamento da atenção intelectual de Said = dois verbos na voz ati- comunicação. Expressa juízo, indica ação, estado ou fenômeno, trans-
va, mas com presença de preposição e, um deles, no infinitivo, então mite um apelo, ordem ou exterioriza emoções.
o verbo auxiliar “ser” ficará no infinitivo (na voz passiva) e o verbo Normalmente a frase é composta por dois termos – o sujeito e o
principal (constituir) ficará no particípio: Um deslocamento da aten- predicado – mas não obrigatoriamente, pois em Português há orações
ção intelectual de Said não chegou a ser constituído pelo engajamen- ou frases sem sujeito: Há muito tempo que não chove.
to...
Enquanto na língua falada a frase é caracterizada pela entoação,
7-)’sertanejo’ indicava indistintamente as músicas produzidas no na língua escrita, a entoação é reduzida a sinais de pontuação.
interior do país. Quanto aos tipos de frases, além da classificação em verbais e
As músicas produzidas no país eram indicadas pelo sertanejo, in- nominais, feita a partir de seus elementos constituintes, elas podem ser
distintamente. classificadas a partir de seu sentido global:
- frases interrogativas: o emissor da mensagem formula uma per-
8-) gunta: Que queres fazer?
(A) “A Gulliver recolherá 6 mil brinquedos” = voz ativa - frases imperativas: o emissor da mensagem dá uma ordem ou faz
(B) “o consumidor pode solicitar a devolução do dinheiro” = voz um pedido: Dê-me uma mãozinha! Faça-o sair!
ativa - frases exclamativas: o emissor exterioriza um estado afetivo:
(C) “enviar o brinquedo por sedex” = voz ativa Que dia difícil!
(D) “A empresa também é obrigada pelo Código de Defesa do - frases declarativas: o emissor constata um fato: Ele já chegou.
Consumidor” = voz passiva
(E) “A empresa fez campanha para recolher” = voz ativa Quanto à estrutura da frase, as frases que possuem verbo (oração)
são estruturadas por dois elementos essenciais: sujeito e predicado.
9-)Mais tarde vim a entender a tradução completa... O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo em número
A tradução completa veio a ser entendida por mim. e pessoa. É o “ser de quem se declara algo”, “o tema do que se vai
10-) ele empreende, de maneira quase clandestina, a série Mu- comunicar”. O predicado é a parte da frase que contém “a informação
lheres. nova para o ouvinte”. Ele se refere ao tema, constituindo a declaração
A série de mulheres é empreendida por ele, de maneira quase do que se atribui ao sujeito.
clandestina. Quando o núcleo da declaração está no verbo, temos o predicado
verbal. Mas, se o núcleo estiver num nome, teremos um predicado
nominal:
Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres de opinião.
A existência é frágil.
Didatismo e Conhecimento 88
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Assim, a oração é caracterizada pela presença de um verbo. Dessa O sujeito simples é o sujeito determinado que possui um único nú-
forma: cleo. Esse vocábulo pode estar no singular ou no plural; pode também
Rua! = é uma frase, não é uma oração. ser um pronome indefinido.
Já em: “Quero a rosa mais linda que houver, para enfeitar a noite Nós nos respeitamos mutuamente;
do meu bem.” Temos uma frase e três orações: As duas últimas ora- A existência é frágil;
ções não são frases, pois em si mesmas não satisfazem um propósito Ninguém se move;
comunicativo; são, portanto, membros de frase. O amar faz bem.
Quanto ao período, ele denomina a frase constituída por uma O sujeito composto é o sujeito determinado que possui mais de um
ou mais orações, formando um todo, com sentido completo. O pe- núcleo.
ríodo pode ser simples ou composto. Alimentos e roupas andam caríssimos;
Ela e eu nos respeitamos mutuamente;
Período simples é aquele constituído por apenas uma oração, que O amar e o odiar são tidos como duas faces da mesma moeda.
recebe o nome de oração absoluta.
Além desses dois sujeitos determinados, é comum a referência ao
Chove.
sujeito oculto ( ou elíptico), isto é, ao núcleo do sujeito que está implíci-
A existência é frágil.
to e que pode ser reconhecido pela desinência verbal ou pelo contexto.
Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres de opinião. Abolimos todas as regras. = (nós)
Período composto é aquele constituído por duas ou mais orações: O sujeito indeterminado surge quando não se quer ou não se pode
“Quando você foi embora, fez-se noite em meu viver.” identificar claramente a que o predicado da oração refere--se. Existe
Cantei, dancei e depois dormi. uma referência imprecisa ao sujeito, caso contrário, teríamos uma ora-
ção sem sujeito.
Termos essenciais da oração: Na língua portuguesa o sujeito pode ser indeterminado de duas ma-
neiras:
O sujeito e o predicado são considerados termos essenciais da - com verbo na terceira pessoa do plural, desde que o sujeito não
oração, ou seja, sujeito e predicado são termos indispensáveis para a tenha sido identificado anteriormente:
formação das orações. No entanto, existem orações formadas exclu- Bateram à porta;
sivamente pelo predicado. O que define, pois, a oração, é a presença Andam espalhando boatos a respeito da queda do ministro.
do verbo.
O sujeito é o termo que estabelece concordância com o verbo. - com o verbo na terceira pessoa do singular, acrescido do pronome
“Minha primeira lágrima caiu dentro dos teus olhos.” se. Esta é uma construção típica dos verbos que não apresentam com-
“Minhas primeiras lágrimas caíram dentro dos teus olhos”. plemento direto:
Precisa-se de mentes criativas;
Na primeira frase, o sujeito é minha primeira lágrima. Minha e
Vivia-se bem naqueles tempos;
primeira referem-se ao conceito básico expresso em lágrima. Lágrima
Trata-se de casos delicados;
é, pois, a principal palavra do sujeito, sendo, por isso, denominada Sempre se está sujeito a erros.
núcleo do sujeito. O núcleo do sujeito relaciona-se com o verbo, esta- O pronome se funciona como índice de indeterminação do sujeito.
belecendo a concordância.
A função do sujeito é basicamente desempenhada por substanti- As orações sem sujeito, formadas apenas pelo predicado, articu-
vos, o que a torna uma função substantiva da oração. Pronomes, subs- lam-se a partir de um verbo impessoal. A mensagem está centrada no
tantivos, numerais e quaisquer outras palavras substantivadas (deriva- processo verbal. Os principais casos de orações sem sujeito com:
ção imprópria) também podem exercer a função de sujeito. - os verbos que indicam fenômenos da natureza:
Ele já partiu; Amanheceu repentinamente;
Os dois sumiram; Está chuviscando.
Um sim é suave e sugestivo.
- os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam fenômenos me-
Os sujeitos são classificados a partir de dois elementos: o de deter- teorológicos ou se relacionam ao tempo em geral:
minação ou indeterminação e o de núcleo do sujeito. Está tarde.
Um sujeito é determinado quando é facilmente identificável pela Ainda é cedo.
concordância verbal. O sujeito determinado pode ser simples ou com- Já são três horas, preciso ir;
posto. Faz frio nesta época do ano;
Há muitos anos aguardamos mudanças significativas;
A indeterminação do sujeito ocorre quando não é possível iden-
Faz anos que esperamos melhores condições de vida;
tificar claramente a que se refere a concordância verbal. Isso ocorre
quando não se pode ou não interessa indicar precisamente o sujeito O predicado é o conjunto de enunciados que numa dada oração
de uma oração. contém a informação nova para o ouvinte. Nas orações sem sujeito, o
Estão gritando seu nome lá fora; predicado simplesmente enuncia um fato qualquer:
Trabalha-se demais neste lugar. Chove muito nesta época do ano;
Houve problemas na reunião.
Didatismo e Conhecimento 89
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Nas orações que surge o sujeito, o predicado é aquilo que se decla- No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta duas fun-
ra a respeito desse sujeito. ções: a de verbo significativo e a de verbo de ligação. Esse predi-
Com exceção do vocativo, que é um termo à parte, tudo o que cado poderia ser desdobrado em dois, um verbal e outro nominal:
difere do sujeito numa oração é o seu predicado. O dia amanheceu;
Os homens (sujeito) pedem amor às mulheres (predicado); O dia estava ensolarado.
Passou-me (predicado) uma ideia estranha (sujeito) pelo pen-
samento (predicado). No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona o comple-
mento homens como o predicativo inconstantes.
Para o estudo do predicado, é necessário verificar se seu núcleo
está num nome ou num verbo. Deve-se considerar também se as Termos integrantes da oração:
palavras que formam o predicado referem-se apenas ao verbo ou
também ao sujeito da oração. Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o comple-
Os homens sensíveis (sujeito) pedem amor sincero às mulheres mento nominal são chamados termos integrantes da oração.
de opinião. Os complementos verbais integram o sentido dos verbos tran-
sitivos, com eles formando unidades significativas. Esses verbos
podem se relacionar com seus complementos diretamente, sem a
O predicado acima apresenta apenas uma palavra que se refere
presença de preposição ou indiretamente, por intermédio de pre-
ao sujeito: pedem. As demais palavras ligam-se direta ou indireta-
posição.
mente ao verbo.
O objeto direto é o complemento que se liga diretamente ao
A existência (sujeito) é frágil (predicado).
verbo.
Os homens sensíveis pedem amor às mulheres de opinião;
O nome frágil, por intermédio do verbo, refere-se ao sujeito da Os homens sinceros pedem-no às mulheres de opinião;
oração. O verbo atua como elemento de ligação entre o sujeito e a Dou-lhes três.
palavra a ele relacionada. Houve muita confusão na partida final.
O predicado verbal é aquele que tem como núcleo significativo O objeto direto preposicionado ocorre principalmente:
um verbo: - com nomes próprios de pessoas ou nomes comuns referentes
Chove muito nesta época do ano; a pessoas:
Senti seu toque suave; Amar a Deus;
O velho prédio foi demolido. Adorar a Xangô;
Os verbos acima são significativos, isto é, não servem apenas Estimar aos pais.
para indicar o estado do sujeito, mas indicam processos.
- com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes de tratamen-
O predicado nominal é aquele que tem como núcleo significati- to:
vo um nome; esse nome atribui uma qualidade ou estado ao sujeito, Não excluo a ninguém;
por isso é chamado de predicativo do sujeito. O predicativo é um Não quero cansar a Vossa Senhoria.
nome que se liga a outro nome da oração por meio de um verbo.
Nos predicados nominais, o verbo não é significativo, isto é, - para evitar ambiguidade:
não indica um processo. O verbo une o sujeito ao predicativo, indi- Ao povo prejudica a crise. (sem preposição, a situação seria
cando circunstâncias referentes ao estado do sujeito: outra)
“Ele é senhor das suas mãos e das ferramentas.”
O objeto indireto é o complemento que se liga indiretamente ao
Na frase acima o verbo ser poderia ser substituído por estar, verbo, ou seja, através de uma preposição.
andar, ficar, parecer, permanecer ou continuar, atuando como ele- Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres;
Os homens pedem-lhes amor sincero;
mento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele relacionadas.
Gosto de música popular brasileira.
A função de predicativo é exercida normalmente por um adje-
tivo ou substantivo.
O termo que integra o sentido de um nome chama-se comple-
mento nominal. O complemento nominal liga-se ao nome que
O predicado verbo-nominal é aquele que apresenta dois nú- completa por intermédio de preposição:
cleos significativos: um verbo e um nome. No predicado verbo-no- Desenvolvemos profundo respeito à arte;
minal, o predicativo pode referir-se ao sujeito ou ao complemento A arte é necessária à vida;
verbal. Tenho-lhe profundo respeito.
O verbo do predicado verbo-nominal é sempre significativo, in-
dicando processos. É também sempre por intermédio do verbo que Termos acessórios da oração e vocativo:
o predicativo se relaciona com o termo a que se refere.
O dia amanheceu ensolarado; Os termos acessórios recebem esse nome por serem acidentais,
As mulheres julgam os homens inconstantes explicativos, circunstanciais. São termos acessórios o adjunto ad-
verbial, adjunto adnominal, o aposto e o vocativo.
Didatismo e Conhecimento 90
LÍNGUA PORTUGUESA
O adjunto adverbial é o termo da oração que indica uma cir- Ontem, segunda-feira, passei o dia mal-humorado.
cunstância do processo verbal, ou intensifica o sentido de um ad-
jetivo, verbo ou advérbio. É uma função adverbial, pois cabe ao Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tempo ontem.
advérbio e às locuções adverbiais exercerem o papel de adjunto ad- Dizemos que o aposto é sintaticamente equivalente ao termo que se
verbial. relaciona porque poderia substituí-lo: Segunda-feira passei o dia
Amanhã voltarei de bicicleta àquela velha praça. mal-humorado.
O aposto pode ser classificado, de acordo com seu valor na ora-
As circunstâncias comumente expressas pelo adjunto adverbial ção, em:
são: a) explicativo: A linguística, ciência das línguas humanas, permi-
- acréscimo: Além de tristeza, sentia profundo cansaço. te-nos interpretar melhor nossa relação com o mundo.
- afirmação: Sim, realmente irei partir. b) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas coisas:
- assunto: Falavam sobre futebol. amor, arte, ação.
- causa: Morrer ou matar de fome, de raiva e de sede… c) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e sonho, tudo isso
- companhia: Sempre contigo bailando sob as estrelas. forma o carnaval.
- concessão: Apesar de você, amanhã há de ser outro dia. d) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fixaram-se
- conformidade: Fez tudo conforme o combinado. por muito tempo na baía anoitecida.
- dúvida: Talvez nos deixem entrar.
- fim: Estudou para o exame. O vocativo é um termo que serve para chamar, invocar ou interpe-
- frequência: Sempre aparecia por lá. lar um ouvinte real ou hipotético.
- instrumento: Fez o corte com a faca. A função de vocativo é substantiva, cabendo a substantivos, pro-
- intensidade: Corria bastante. nomes substantivos, numerais e palavras substantivadas esse papel na
- limite: Andava atabalhoado do quarto à sala. linguagem.
- lugar: Vou à cidade.
- matéria: Compunha-se de substâncias estranhas. João, venha comigo!
- meio: Viajarei de trem. Traga-me doces, minha menina!
- modo: Foram recrutados a dedo.
- negação: Não há ninguém que mereça. PERÍODO COMPOSTO POR COORDENAÇÃO
- preço: As casas estão sendo vendidas a preços exorbitantes.
- substituição ou troca: Abandonou suas convicções por privilé-
O período composto caracteriza-se por possuir mais de uma ora-
gios econômicos.
ção em sua composição. Sendo assim:
- tempo: Ontem à tarde encontrou o velho amigo.
- Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma oração)
- Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia. (Perío-
O adjunto adnominal é o termo acessório que determina, espe-
do Composto =locução verbal, verbo, duas orações)
cifica ou explica um substantivo. É uma função adjetiva, pois são
- Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar um protetor
os adjetivos e as locuções adjetivas que exercem o papel de adjunto
solar. (Período Composto = três verbos, três orações).
adnominal na oração. Também atuam como adjuntos adnominais os
artigos, os numerais e os pronomes adjetivos.
O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu amigo de Cada verbo ou locução verbal corresponde a uma oração. Isso im-
infância. plica que o primeiro exemplo é um período simples, pois tem apenas
uma oração, os dois outros exemplos são períodos compostos, pois
O adjunto adnominal liga-se diretamente ao substantivo a que se têm mais de uma oração.
refere, sem participação do verbo. Já o predicativo do objeto liga-se ao Há dois tipos de relações que podem se estabelecer entre as ora-
objeto por meio de um verbo. ções de um período composto: uma relação de coordenação ou uma
O poeta português deixou uma obra originalíssima. relação de subordinação.
O poeta deixou-a. Duas orações são coordenadas quando estão juntas em um mesmo
(originalíssima não precisou ser repetida, portanto: adjunto adno- período, (ou seja, em um mesmo bloco de informações, marcado pela
minal) pontuação final), mas têm, ambas, estruturas individuais, como é o
O poeta português deixou uma obra inacabada. exemplo de:
O poeta deixou-a inacabada. Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia. (Período
(inacabada precisou ser repetida, então: predicativo do objeto) Composto)
Podemos dizer:
Enquanto o complemento nominal relaciona-se a um substanti- 1. Estou comprando um protetor solar.
vo, adjetivo ou advérbio; o adjunto nominal relaciona-se apenas ao 2. Irei à praia.
substantivo. Separando as duas, vemos que elas são independentes.
É esse tipo de período que veremos agora: o Período Composto
O aposto é um termo acessório que permite ampliar, explicar, de- por Coordenação.
senvolver ou resumir a ideia contida num termo que exerça qualquer Quanto à classificação das orações coordenadas, temos dois tipos:
função sintática. Coordenadas Assindéticas e Coordenadas Sindéticas.
Didatismo e Conhecimento 91
LÍNGUA PORTUGUESA
Coordenadas Assindéticas A análise das orações continua sendo a mesma: “Eu sinto” é a ora-
São orações coordenadas entre si e que não são ligadas através de ção principal, cujo objeto direto é a oração subordinada “existir em
nenhum conectivo. Estão apenas justapostas. meu gesto o teu gesto”. Note que a oração subordinada apresenta ago-
ra verbo no infinitivo. Além disso, a conjunção “que”, conectivo que
Coordenadas Sindéticas unia as duas orações, desapareceu. As orações subordinadas cujo ver-
Ao contrário da anterior, são orações coordenadas entre si, mas bo surge numa das formas nominais (infinitivo - flexionado ou não -,
que são ligadas através de uma conjunção coordenativa. Esse caráter gerúndio ou particípio) chamamos orações reduzidas ou implícitas.
vai trazer para esse tipo de oração uma classificação. As orações coor-
denadas sindéticas são classificadas em cinco tipos: aditivas, adversa- Obs.: as orações reduzidas não são introduzidas por conjunções
tivas, alternativas, conclusivas e explicativas. nem pronomes relativos. Podem ser, eventualmente, introduzidas por
preposição.
Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: suas principais con-
junções são: e, nem, não só... mas também, não só... como, assim... 1) ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS
como.
Não só cantei como também dancei.
A oração subordinada substantiva tem valor de substantivo e vem
Nem comprei o protetor solar, nem fui à praia.
Comprei o protetor solar e fui à praia. introduzida, geralmente, por conjunção integrante (que, se).
Suponho que você foi à biblioteca hoje.
Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas: suas principais Oração Subordinada Substantiva
conjunções são: mas, contudo, todavia, entretanto, porém, no entanto,
ainda, assim, senão. Você sabe se o presidente já chegou?
Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante. Oração Subordinada Substantiva
Ainda que a noite acabasse, nós continuaríamos dançando.
Não comprei o protetor solar, mas mesmo assim fui à praia. Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) também introdu-
zem as orações subordinadas substantivas, bem como os advérbios
Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas: suas principais interrogativos (por que, quando, onde, como). Veja os exemplos:
conjunções são: ou... ou; ora...ora; quer...quer; seja...seja. O garoto perguntou qual seu nome.
Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador. Oração Subordinada Substantiva
Ora sei que carreira seguir, ora penso em várias carreiras dife-
rentes. Não sabemos por que a vizinha se mudou.
Quer eu durma quer eu fique acordado, ficarei no quarto. Oração Subordinada Substantiva
Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas: suas principais
Classificação das Orações Subordinadas Substantivas
conjunções são: logo, portanto, por fim, por conseguinte, consequen-
temente, pois (posposto ao verbo)
Passei no concurso, portanto irei comemorar. De acordo com a função que exerce no período, a oração subor-
Conclui o meu projeto, logo posso descansar. dinada substantiva pode ser:
Tomou muito sol, consequentemente ficou adoentada. a) Subjetiva
A situação é delicada; devemos, pois, agir É subjetiva quando exerce a função sintática de sujeito do verbo
da oração principal. Observe:
Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas: suas principais É fundamental o seu comparecimento à reunião.
conjunções são: isto é, ou seja, a saber, na verdade, pois (anteposto Sujeito
ao verbo).
Só passei na prova porque me esforcei por muito tempo. É fundamental que você compareça à reunião.
Só fiquei triste por você não ter viajado comigo. Oração Principal Oração Subordinada Substantiva Subjetiva
Não fui à praia, pois queria descansar durante o Domingo. Atenção:
PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO Observe que a oração subordinada substantiva pode ser substituí-
da pelo pronome “ isso”. Assim, temos um período simples:
Observe o exemplo abaixo de Vinícius de Moraes: É fundamental isso. ou Isso é fundamental.
“Eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto.”
Oração Principal Oração Subordinada Dessa forma, a oração correspondente a “isso” exercerá a função
de sujeito
Observe que na oração subordinada temos o verbo “existe”, que
Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na oração principal:
está conjugado na terceira pessoa do singular do presente do indicati-
vo. As orações subordinadas que apresentam verbo em qualquer dos
tempos finitos (tempos do modo do indicativo, subjuntivo e imperati- - Verbos de ligação + predicativo, em construções do tipo: É
vo), são chamadas de orações desenvolvidas ou explícitas. bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece certo - É claro - Está
Podemos modificar o período acima. Veja: evidente - Está comprovado
Eu sinto existir em meu gesto o teu gesto. É bom que você compareça à minha festa.
Oração Principal Oração Subordinada
Didatismo e Conhecimento 92
LÍNGUA PORTUGUESA
- Expressões na voz passiva, como: Sabe-se - Soube-se - Conta- Lembre-se: as orações subordinadas substantivas objetivas indi-
se - Diz-se - Comenta-se - É sabido - Foi anunciado - Ficou provado retas integram o sentido de um verbo, enquanto que orações subordinadas
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro. substantivas completivas nominais integram o sentido de um nome. Para
distinguir uma da outra, é necessário levar em conta o termo complemen-
- Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar - importar - tado. Essa é, aliás, a diferença entre o objeto indireto e o complemento
ocorrer - acontecer nominal: o primeiro complementa um verbo, o segundo, um nome.
Convém que não se atrase na entrevista.
e) Predicativa
Obs.: quando a oração subordinada substantiva é subjetiva, o ver- A oração subordinada substantiva predicativa exerce papel de predi-
bo da oração principal está sempre na 3ª. pessoa do singular. cativo do sujeito do verbo da oração principal e vem sempre depois do
verbo ser.
b) Objetiva Direta Nosso desejo era sua desistência.
Predicativo do Sujeito
A oração subordinada substantiva objetiva direta exerce função de
objeto direto do verbo da oração principal. Nosso desejo era que ele desistisse. (Nosso desejo era isso)
Oração Subordinada Substantiva Predicativa
Todos querem sua aprovação no concurso. Obs.: em certos casos, usa-se a preposição expletiva “de” para realce.
Objeto Direto Veja o exemplo: A impressão é de que não fui bem na prova.
Todos querem que você seja aprovado. (Todos querem isso) f) Apositiva
Oração Principal oração Subordinada Substantiva Objetiva A oração subordinada substantiva apositiva exerce função de aposto
Direta de algum termo da oração principal.
Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade!
As orações subordinadas substantivas objetivas diretas desenvol- Aposto
vidas são iniciadas por: (Fernanda tinha um grande sonho: isso.)
- Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e “se”: A pro-
fessora verificou se todos alunos estavam presentes. Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz!
Oração Subordinada Substantiva Apositiva
- Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às vezes regidos reduzida de infinitivo
de preposição), nas interrogações indiretas: O pessoal queria saber
quem era o dono do carro importado. * Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! ( : )
- Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às vezes regidos 2) ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS
de preposição), nas interrogações indiretas: Eu não sei por que ela
fez isso. Uma oração subordinada adjetiva é aquela que possui valor e função
de adjetivo, ou seja, que a ele equivale. As orações vêm introduzidas por
c) Objetiva Indireta pronome relativo e exercem a função de adjunto adnominal do antece-
A oração subordinada substantiva objetiva indireta atua como ob- dente. Observe o exemplo:
jeto indireto do verbo da oração principal. Vem precedida de prepo- Esta foi uma redação bem-sucedida.
sição. Substantivo Adjetivo (Adjunto Adnominal)
Meu pai insiste em meu estudo.
Objeto Indireto Note que o substantivo redação foi caracterizado pelo adjetivo bem-
sucedida. Nesse caso, é possível formarmos outra construção, a qual exer-
Meu pai insiste em que eu estude. (Meu pai insiste nisso) ce exatamente o mesmo papel. Veja:
Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta Esta foi uma redação que fez sucesso.
Oração Principal Oração Subordinada Adjetiva
Obs.: em alguns casos, a preposição pode estar elíptica na oração.
Marta não gosta (de) que a chamem de senhora. Perceba que a conexão entre a oração subordinada adjetiva e o termo
Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta da oração principal que ela modifica é feita pelo pronome relativo “que”.
Além de conectar (ou relacionar) duas orações, o pronome relativo de-
d) Completiva Nominal sempenha uma função sintática na oração subordinada: ocupa o papel que
A oração subordinada substantiva completiva nominal completa seria exercido pelo termo que o antecede.
um nome que pertence à oração principal e também vem marcada Obs.: para que dois períodos se unam num período composto, altera-
por preposição. se o modo verbal da segunda oração.
Sentimos orgulho de seu comportamento. Atenção: Vale lembrar um recurso didático para reconhecer o prono-
Complemento Nominal me relativo que: ele sempre pode ser substituído por: o qual - a qual - os
quais - as quais
Sentimos orgulho de que você se comportou. (Sentimos or- Refiro-me ao aluno que é estudioso.
gulho disso.) Essa oração é equivalente a:
Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal Refiro-me ao aluno o qual estuda.
Didatismo e Conhecimento 93
LÍNGUA PORTUGUESA
Forma das Orações Subordinadas Adjetivas Durante a madrugada, eu olhei você dormindo.
Oração Subordinada Adverbial
Quando são introduzidas por um pronome relativo e apresentam
verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as orações subordinadas ad- Observe que a oração em destaque agrega uma circunstância de
jetivas são chamadas desenvolvidas. Além delas, existem as orações tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada adverbial tem-
subordinadas adjetivas reduzidas, que não são introduzidas por prono- poral. Os adjuntos adverbiais são termos acessórios que indicam uma
me relativo (podem ser introduzidas por preposição) e apresentam o circunstância referente, via de regra, a um verbo. A classificação do
verbo numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio). adjunto adverbial depende da exata compreensão da circunstância que
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou. exprime. Observe os exemplos abaixo:
Ele foi o primeiro aluno a se apresentar. Naquele momento, senti uma das maiores emoções de minha vida.
No primeiro período, há uma oração subordinada adjetiva desen- Quando vi a estátua, senti uma das maiores emoções de minha
volvida, já que é introduzida pelo pronome relativo “que” e apresenta vida.
verbo conjugado no pretérito perfeito do indicativo. No segundo, há
uma oração subordinada adjetiva reduzida de infinitivo: não há prono- No primeiro período, “naquele momento” é um adjunto adverbial
me relativo e seu verbo está no infinitivo. de tempo, que modifica a forma verbal “senti”. No segundo perío-
Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas do, esse papel é exercido pela oração “Quando vi a estátua”, que é,
portanto, uma oração subordinada adverbial temporal. Essa oração
Na relação que estabelecem com o termo que caracterizam, as é desenvolvida, pois é introduzida por uma conjunção subordinativa
orações subordinadas adjetivas podem atuar de duas maneiras dife- (quando) e apresenta uma forma verbal do modo indicativo (“vi”, do
rentes. Há aquelas que restringem ou especificam o sentido do termo a pretérito perfeito do indicativo). Seria possível reduzi-la, obtendo-se:
que se referem, individualizando-o. Nessas orações não há marcação
de pausa, sendo chamadas subordinadas adjetivas restritivas. Existem Ao ver a estátua, senti uma das maiores emoções de minha vida.
também orações que realçam um detalhe ou amplificam dados sobre
o antecedente, que já se encontra suficientemente definido, as quais A oração em destaque é reduzida, pois apresenta uma das formas
denominam-se subordinadas adjetivas explicativas. nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não é introduzida por con-
Exemplo 1: junção subordinativa, mas sim por uma preposição (“a”, combinada
Jamais teria chegado aqui, não fosse a gentileza de um homem com o artigo “o”).
que passava naquele momento. Obs.: a classificação das orações subordinadas adverbiais é feita
Oração Subordinada Adjetiva Restritiva do mesmo modo que a classificação dos adjuntos adverbiais. Baseia-
se na circunstância expressa pela oração.
Nesse período, observe que a oração em destaque restringe e
particulariza o sentido da palavra “homem”: trata-se de um homem Circunstâncias Expressas pelas Orações Subordinadas Adver-
específico, único. A oração limita o universo de homens, isto é, não biais
se refere a todos os homens, mas sim àquele que estava passando na- a) Causa
quele momento. A ideia de causa está diretamente ligada àquilo que provoca um
determinado fato, ao motivo do que se declara na oração principal. “É
Exemplo 2: aquilo ou aquele que determina um acontecimento”.
O homem, que se considera racional, muitas vezes age anima- Principal conjunção subordinativa causal: PORQUE
lescamente. Outras conjunções e locuções causais: como (sempre introduzido
Oração Subordinada Adjetiva Explicativa na oração anteposta à oração principal), pois, pois que, já que, uma
vez que, visto que.
Nesse período, a oração em destaque não tem sentido restritivo As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito forte.
em relação à palavra “homem”; na verdade, essa oração apenas expli- Como ninguém se interessou pelo projeto, não houve alternativa
cita uma ideia que já sabemos estar contida no conceito de “homem”. a não ser cancelá-lo.
Saiba que: A oração subordinada adjetiva explicativa é separada Já que você não vai, eu também não vou.
da oração principal por uma pausa que, na escrita, é representada pela
vírgula. É comum, por isso, que a pontuação seja indicada como for- b) Consequência
ma de diferenciar as orações explicativas das restritivas; de fato, as As orações subordinadas adverbiais consecutivas exprimem um
explicativas vêm sempre isoladas por vírgulas; as restritivas, não. fato que é consequência, que é efeito do que se declara na oração prin-
cipal. São introduzidas pelas conjunções e locuções: que, de forma
3) ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS que, de sorte que, tanto que, etc., e pelas estruturas tão...que, tanto...
que, tamanho...que.
Uma oração subordinada adverbial é aquela que exerce a função Principal conjunção subordinativa consecutiva: QUE (precedido
de adjunto adverbial do verbo da oração principal. Dessa forma, pode de tal, tanto, tão, tamanho)
exprimir circunstância de tempo, modo, fim, causa, condição, hipóte- É feio que dói. (É tão feio que, em consequência, causa dor.)
se, etc. Quando desenvolvida, vem introduzida por uma das conjun- Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou concretizan-
ções subordinativas (com exclusão das integrantes). Classifica-se de do-os.
acordo com a conjunção ou locução conjuntiva que a introduz. Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Reduzida de In-
finitivo)
Didatismo e Conhecimento 94
LÍNGUA PORTUGUESA
c) Condição Principal conjunção subordinativa conformativa: CONFOR-
Condição é aquilo que se impõe como necessário para a reali- ME
zação ou não de um fato. As orações subordinadas adverbiais con- Outras conjunções conformativas: como, consoante e segundo
dicionais exprimem o que deve ou não ocorrer para que se realize (todas com o mesmo valor de conforme).
ou deixe de se realizar o fato expresso na oração principal. Fiz o bolo conforme ensina a receita.
Principal conjunção subordinativa condicional: SE Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm direitos
Outras conjunções condicionais: caso, contanto que, desde iguais.
que, salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que, sem que, uma
vez que (seguida de verbo no subjuntivo). g) Finalidade
Se o regulamento do campeonato for bem elaborado, certa- As orações subordinadas adverbiais finais indicam a intenção, a
mente o melhor time será campeão.
finalidade daquilo que se declara na oração principal.
Uma vez que todos aceitem a proposta, assinaremos o con-
Principal conjunção subordinativa final: A FIM DE QUE
trato.
Outras conjunções finais: que, porque (= para que) e a locução
Caso você se case, convide-me para a festa.
conjuntiva para que.
Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigos.
d) Concessão
As orações subordinadas adverbiais concessivas indicam con- Felipe abriu a porta do carro para que sua namorada entrasse.
cessão às ações do verbo da oração principal, isto é, admitem uma
contradição ou um fato inesperado. A ideia de concessão está di- h) Proporção
retamente ligada ao contraste, à quebra de expectativa. As orações subordinadas adverbiais proporcionais exprimem
Principal conjunção subordinativa concessiva: EMBORA ideia de proporção, ou seja, um fato simultâneo ao expresso na ora-
Utiliza-se também a conjunção: conquanto e as locuções ain- ção principal.
da que, ainda quando, mesmo que, se bem que, posto que, apesar Principal locução conjuntiva subordinativa proporcional: À
de que. PROPORÇÃO QUE
Só irei se ele for. Outras locuções conjuntivas proporcionais: à medida que, ao
A oração acima expressa uma condição: o fato de “eu” ir só se passo que. Há ainda as estruturas: quanto maior...(maior), quanto
realizará caso essa condição seja satisfeita. maior...(menor), quanto menor...(maior), quanto menor...(menor),
Compare agora com: quanto mais...(mais), quanto mais...(menos), quanto menos...(mais),
Irei mesmo que ele não vá. quanto menos...(menos).
A distinção fica nítida; temos agora uma concessão: irei de À proporção que estudávamos, acertávamos mais questões.
qualquer maneira, independentemente de sua ida. A oração desta- Visito meus amigos à medida que eles me convidam.
cada é, portanto, subordinada adverbial concessiva. Quanto maior for a altura, maior será o tombo.
Observe outros exemplos:
Embora fizesse calor, levei agasalho. i) Tempo
Conquanto a economia tenha crescido, pelo menos metade da As orações subordinadas adverbiais temporais acrescentam uma
população continua à margem do mercado de consumo. ideia de tempo ao fato expresso na oração principal, podendo expri-
Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / embora não mir noções de simultaneidade, anterioridade ou posterioridade.
estudasse). (reduzida de infinitivo) Principal conjunção subordinativa temporal: QUANDO
Outras conjunções subordinativas temporais: enquanto, mal e
e) Comparação locuções conjuntivas: assim que, logo que, todas as vezes que, antes
As orações subordinadas adverbiais comparativas estabele- que, depois que, sempre que, desde que, etc.
cem uma comparação com a ação indicada pelo verbo da oração Quando você foi embora, chegaram outros convidados.
principal. Sempre que ele vem, ocorrem problemas.
Principal conjunção subordinativa comparativa: COMO Mal você saiu, ela chegou.
Ele dorme como um urso. Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando terminou a fes-
Saiba que: É comum a omissão do verbo nas orações subor- ta) (Oração Reduzida de Particípio)
dinadas adverbiais comparativas. Por exemplo:
Agem como crianças. (agem) Questões sobre Orações Coordenadas
Oração Subordinada Adverbial Comparativa
01. A oração “Não se verificou, todavia, uma transplantação in-
No entanto, quando se comparam ações diferentes, isso não tegral de gosto e de estilo” tem valor:
ocorre. Por exemplo: Ela fala mais do que faz. (comparação do A) conclusivo
verbo falar e do verbo fazer). B) adversativo
C) concessivo
f) Conformidade D) explicativo
As orações subordinadas adverbiais conformativas indicam E) alternativo
ideia de conformidade, ou seja, exprimem uma regra, um modelo
adotado para a execução do que se declara na oração principal.
Didatismo e Conhecimento 95
LÍNGUA PORTUGUESA
02. “Estudamos, logo deveremos passar nos exames”. A oração C) Você está preparado para a prova; por isso, não se preocupe.
em destaque é: (oposição)
a) coordenada explicativa D) Vá dormir mais cedo, pois o vestibular será amanhã. (alter-
b) coordenada adversativa nância)
c) coordenada aditiva E) Os meninos deviam correr para casa ou apanhariam toda a chu-
d) coordenada conclusiva va. (conclusão)
e) coordenada assindética
08. Analise sintaticamente as duas orações destacadas no texto “O
03. (Agente Educacional – VUNESP – 2013-adap.) Releia o se- assaltante pulou o muro, mas não penetrou na casa, nem assustou seus
guinte trecho: habitantes.” A seguir, classifique-as, respectivamente, como coordenadas:
Joyce e Mozart são ótimos, mas eles, como quase toda a cultura A) adversativa e aditiva.
humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática. B) explicativa e aditiva.
Sem que haja alteração de sentido, e de acordo com a norma- C) adversativa e alternativa.
-padrão da língua portuguesa, ao se substituir o termo em destaque, o D) aditiva e alternativa.
trecho estará corretamente reescrito em:
A) Joyce e Mozart são ótimos, portanto eles, como quase toda 09. Um livro de receita é um bom presente porque ajuda as pessoas
a cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática. que não sabem cozinhar. A palavra “porque” pode ser substituída, sem
B) Joyce e Mozart são ótimos, conforme eles, como quase toda alteração de sentido, por
a cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática. A) entretanto.
C) Joyce e Mozart são ótimos, assim eles, como quase toda a cul- B) então.
tura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática. C) assim.
D) Joyce e Mozart são ótimos, todavia eles, como quase toda a D) pois.
cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática. E) porém.
E) Joyce e Mozart são ótimos, pois eles, como quase toda a cultu-
ra humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática. 10- Na oração “Pedro não joga E NEM ASSISTE”, temos a presença
de uma oração coordenada que pode ser classificada em:
04. (Analista Administrativo – VUNESP – 2013-adap.) A) Coordenada assindética;
Em – ...fruto não só do novo acesso da população ao automóvel mas B) Coordenada assindética aditiva;
também da necessidade de maior número de viagens... –, os termos C) Coordenada sindética alternativa;
em destaque estabelecem relação de
D) Coordenada sindética aditiva.
A) explicação.
B) oposição.
GABARITO
C) alternância.
D) conclusão.
01. B 02. E 03. D 04. E 05. D
E) adição.
06. A 07. B 08. A 09. D 10. D
05. Analise a oração destacada: Não se desespere, que estaremos
a seu lado sempre. RESOLUÇÃO
Marque a opção correta quanto à sua classificação:
A) Coordenada sindética aditiva. 1-) “Não se verificou, todavia, uma transplantação integral de gosto e
B) Coordenada sindética alternativa. de estilo” = conjunção adversativa, portanto: oração coordenada sindética
C) Coordenada sindética conclusiva. adversativa
D) Coordenada sindética explicativa.
2-) Estudamos, logo deveremos passar nos exames = a oração em
06. A frase abaixo em que o conectivo E tem valor adversativo é: destaque não é introduzida por conjunção, então: coordenada assindética
A) “O gesto é fácil E não ajuda em nada”.
B )“O que vemos na esquina E nos sinais de trânsito...”. 3-) Joyce e Mozart são ótimos, mas eles... = conjunção (e ideia) ad-
C) “..adultos submetem crianças E adolescentes à tarefa de pedir versativa
esmola”. A) Joyce e Mozart são ótimos, portanto eles, como quase toda a cultura
D) “Quem dá esmola nas ruas contribui para a manutenção da humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática. = conclusiva
miséria E prejudica o desenvolvimento da sociedade”. B) Joyce e Mozart são ótimos, conforme eles, como quase toda a cul-
E) “A vida dessas pessoas é marcada pela falta de dinheiro, de tura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática. = confor-
moradia digna, emprego, segurança, lazer, cultura, acesso à saúde E mativa
à educação”. C) Joyce e Mozart são ótimos, assim eles, como quase toda a cultura
humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática. = conclusiva
07. Assinale a alternativa em que o sentido da conjunção sublinha- E) Joyce e Mozart são ótimos, pois eles, como quase toda a cultura
da está corretamente indicado entre parênteses. humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática. = ex-
A) Meu primo formou-se em Direito, porém não pretende traba- plicativa
lhar como advogado. (explicação) Dica: conjunção pois como explicativa = dá para eu substituir por
B) Não fui ao cinema nem assisti ao jogo. (adição) porque; como conclusiva: substituo por portanto.
Didatismo e Conhecimento 96
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4-) fruto não só do novo acesso da população ao automóvel mas Se olharmos Los Angeles como a região que levou a des-
também da necessidade de maior número de viagens... estabelecem concentração ao extremo, ficam claras as consequências. Numa
relação de adição de ideias, de fatos região rica como a Califórnia, com enorme investimento viário,
temos engarrafamentos gigantescos que viraram característica da
5-) Não se desespere, que estaremos a seu lado sempre. cidade.
= conjunção explicativa (= porque) - coordenada sindética ex- Os modelos urbanos bem-sucedidos são aqueles com elevado
plicativa adensamento e predominância do transporte coletivo, como mos-
tram Manhattan e Tóquio.
6-) O centro histórico de São Paulo é a região da cidade mais bem
A) “O gesto é fácil E não ajuda em nada”. = mas não ajuda servida de transporte coletivo, com infraestrutura de telecomunica-
(ideia contrária) ção, água, eletricidade etc. Como em outras grandes cidades, essa
B )“O que vemos na esquina E nos sinais de trânsito...”. = deveria ser a região mais adensada da metrópole. Mas não é o caso.
adição Temos, hoje, um esvaziamento gradual do centro, com deslocamento
C) “..adultos submetem crianças E adolescentes à tarefa de pe- das atividades para diversas regiões da cidade.
dir esmola”. = adição A visão de adensamento com uso abundante de transporte cole-
D) “Quem dá esmola nas ruas contribui para a manutenção da tivo precisa ser recuperada. Desse modo, será possível reverter esse
miséria E prejudica o desenvolvimento da sociedade”. = adição processo de uso cada vez mais intenso do transporte individual, fruto
E) “A vida dessas pessoas é marcada pela falta de dinheiro, de não só do novo acesso da população ao automóvel, mas também
moradia digna, emprego, segurança, lazer, cultura, acesso à saúde da necessidade de maior número de viagens em função da distância
E à educação”. = adição cada vez maior entre os destinos da população.
(Henrique Meirelles, Folha de S.Paulo, 13.01.2013. Adaptado)
7-)
A) Meu primo formou-se em Direito, porém não pretende tra- As expressões mais denso e menos trânsito, no título, estabelecem
balhar como advogado. = adversativa entre si uma relação de
C) Você está preparado para a prova; por isso, não se preocupe. (A) comparação e adição.
= conclusão (B) causa e consequência.
D) Vá dormir mais cedo, pois o vestibular será amanhã. (C) conformidade e negação.
= explicativa (D) hipótese e concessão.
E) Os meninos deviam correr para casa ou apanhariam toda a (E) alternância e explicação
chuva. = alternativa
02. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP –
8-) - mas não penetrou na casa = conjunção adversativa 2013). No trecho – Tem surtido um efeito positivo por eles se tor-
narem uma referência positiva dentro da unidade, já que cumprem
- nem assustou seus habitantes = conjunção aditiva
melhor as regras, respeitam o próximo e pensam melhor nas suas
9-) Um livro de receita é um bom presente porque ajuda as pes-
ações, refletem antes de tomar uma atitude. – o termo em destaque
soas que não sabem cozinhar.
estabelece entre as orações uma relação de
= conjunção explicativa: pois
A) condição.
B) causa.
10-) E NEM ASSISTE= conjunção aditiva (ideia de adição,
C) comparação.
soma de fatos) = Coordenada sindética aditiva.
D) tempo.
E) concessão.
Questões sobre Orações Subordinadas
03. (UFV-MG) As orações subordinadas substantivas que apare-
(Papiloscopista Policial – Vunesp/2013). cem nos períodos abaixo são todas subjetivas, exceto:
Mais denso, menos trânsito A) Decidiu-se que o petróleo subiria de preço.
B) É muito bom que o homem, vez por outra, reflita sobre sua
As grandes cidades brasileiras estão congestionadas e em pro- vida.
cesso de deterioração agudizado pelo crescimento econômico da C) Ignoras quanto custou meu relógio?
última década. Existem deficiências evidentes em infraestrutura, D) Perguntou-se ao diretor quando seríamos recebidos.
mas é importante também considerar o planejamento urbano. E) Convinha-nos que você estivesse presente à reunião
Muitas grandes cidades adotaram uma abordagem de descon-
centração, incentivando a criação de diversos centros urbanos, na
visão de que isso levaria a uma maior facilidade de deslocamento.
Mas o efeito tem sido o inverso. A criação de diversos centros
e o aumento das distâncias multiplicam o número de viagens, di-
ficultando o investimento em transporte coletivo e aumentando a
necessidade do transporte individual.
Didatismo e Conhecimento 97
LÍNGUA PORTUGUESA
04. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013). Con- 06. (Analista Administrativo – VUNESP – 2013). Em – É funda-
sidere a tirinha em que se vê Honi conversando com seu Namorado mental que essa visão de adensamento com uso abundante de trans-
Lute. porte coletivo seja recuperada para que possamos reverter esse pro-
cesso de uso… –, a expressão em destaque estabelece entre as orações
relação de
A) consequência.
B) condição.
C) finalidade.
D) causa.
E) concessão.
Didatismo e Conhecimento 98
LÍNGUA PORTUGUESA
RESOLUÇÃO 02.(Agente de Defensoria Pública – FCC – 2013). Donos de uma
capacidade de orientação nas brenhas selvagens [...], sabiam os pau-
1-) mais denso e menos trânsito = mais denso, consequentemente, listas como...
menos trânsito, então: causa e consequência O segmento em destaque na frase acima exerce a mesma função
sintática que o elemento grifado em:
2-) já que cumprem melhor as regras = estabelece entre as ora- A) Nas expedições breves serviam de balizas ou mostradores para
ções uma relação de causa com a consequência de “tem um efeito a volta.
positivo”. B) Às estreitas veredas e atalhos [...], nada acrescentariam aqueles
de considerável...
3-) Ignoras quanto custou meu relógio? = oração subordinada C) Só a um olhar muito exercitado seria perceptível o sinal.
substantiva objetiva direta D) Uma sequência de tais galhos, em qualquer floresta, podia sig-
A oração não atende aos requisitos de tais orações, ou seja, não se nificar uma pista.
E) Alguns mapas e textos do século XVII apresentam-nos a vila de
inicia com verbo de ligação, tampouco pelos verbos “convir”, “pare-
São Paulo como centro...
cer”, “importar”, “constar” etc., e também não inicia com as conjun-
ções integrantes “que” e “se”.
03. Há complemento nominal em:
A)Você devia vir cá fora receber o beijo da madrugada.
4-) a expressão contanto que estabelece uma relação de condição B)... embora fosse quase certa a sua possibilidade de ganhar a vida.
(condicional) C)Ela estava na janela do edifício.
D)... sem saber ao certo se gostávamos dele.
5-) Apesar da desconcentração e do aumento da extensão urbana E)Pouco depois começaram a brincar de bandido e mocinho de
verificados no Brasil = conjunção concessiva cinema.
B) Uma vez que se verifica a desconcentração e o aumento da
extensão urbana no Brasil, = causal 04. (ESPM-SP) Em “esta lhe deu cem mil contos”, o termo des-
C) Assim como são verificados a desconcentração e o aumento da tacado é:
extensão urbana no Brasil = comparativa A) pronome possessivo
D) Visto que com a desconcentração e o aumento da extensão B) complemento nominal
urbana verificados no Brasil = causal C) objeto indireto
E) De maneira que, com a desconcentração e o aumento da exten- D) adjunto adnominal
são urbana verificados no Brasil = consecutivas E) objeto direto
6-) para que possamos = conjunção final (finalidade) 05. Assinale a alternativa correta e identifique o sujeito das seguin-
tes orações em relação aos verbos destacados:
7-) “Como as músicas eram de protesto = expressa ideia de causa - Amanhã teremos uma palestra sobre qualidade de vida.
da consequência “foi enquadrado” = causa e tem sentido equivalente - Neste ano, quero prestar serviço voluntário.
a visto que.
A)Tu – vós
8-) com tanto orgulho que chega a contaminar-me. – a construção B)Nós – eu
estabelece uma relação de causa e consequência. (a causa da “conta- C)Vós – nós
minação” – consequência) D) Ele - tu
Didatismo e Conhecimento 99
LÍNGUA PORTUGUESA
GABARITO
7 CORRESPONDÊNCIA OFICIAL
01. C 02. D 03. B 04. C 05. B 06. C 07. E
(CONFORME MANUAL DE REDAÇÃO
RESOLUÇÃO DA PRESIDÊNCIA DA REPUBLICA).
7.1 ADEQUAÇÃO DA LINGUAGEM AO
1-) Os trabalhadores passaram mais tempo na escola TIPO DE DOCUMENTO.
= SUJEITO 7.2 ADEQUAÇÃO DO FORMATO
A) ...o que reduz a média de ganho da categoria. = objeto direto DO TEXTO AO GÊNERO.
B) ...houve mais ofertas de trabalhadores dessa classe. = objeto
direto
C) O crescimento da escolaridade também foi impulsionado... =
sujeito paciente Conceito
D) ...elevando a fatia dos brasileiros com ensino médio... = objeto
direto Entende‑se por Redação Oficial o conjunto de normas e prá-
E) ...impulsionado pelo aumento do número de universidades... = ticas que devem reger a emissão dos atos normativos e comuni-
agente da passiva cações do poder público, entre seus diversos organismos ou nas
relações dos órgãos públicos com as entidades e os cidadãos.
2-) Donos de uma capacidade de orientação nas brenhas selva- A Redação Oficial inscreve‑se na confluência de dois univer-
gens [...], sabiam os paulistas como... = SUJEITO sos distintos: a forma rege‑se pelas ciências da linguagem (mor-
A) Nas expedições breves = ADJUNTO ADVERBIAL fologia, sintaxe, semântica, estilística etc.); o conteúdo subme-
B) nada acrescentariam aqueles de considerável...= adjunto ad- te‑se aos princípios jurídico‑administrativos impostos à União,
verbial aos Estados e aos Municípios, nas esferas dos poderes Executivo,
C) seria perceptível o sinal. = predicativo Legislativo e Judiciário.
D) Uma sequência de tais galhos = sujeito Pertencente ao campo da linguagem escrita, a Redação Ofi-
E) apresentam-nos a vila de São Paulo como = objeto direto cial deve ter as qualidades e características exigidas do texto es-
crito destinado à comunicação impessoal, objetiva, clara, correta
3-) e eficaz.
A) o beijo da madrugada. = adjunto adnominal Por ser “oficial”, expressão verbal dos atos do poder público,
B)a sua possibilidade de ganhar a vida. = complemento nominal essa modalidade de redação ou de texto subordina‑se aos princí-
(possibilidade de quê?) pios constitucionais e administrativos aplicáveis a todos os atos
C)na janela do edifício. = adjunto adnominal da administração pública, conforme estabelece o artigo 37 da
D)... sem saber ao certo se gostávamos dele. = objeto indireto Constituição Federal:
E) a brincar de bandido e mocinho de cinema = objeto indireto
“A administração pública direta e indireta de qualquer dos
4-) esta lhe deu cem mil contos = o verbo DAR é bitransitivo, ou Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
seja, transitivo direto e indireto, portanto precisa de dois complemen-
cípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
tos – dois objetos: direto e indireto.
moralidade, publicidade e eficiência ( ... )”.
Deu o quê? = cem mil contos (direto)
Deu a quem? lhe (=a ele, a ela) = indireto
A forma e o conteúdo da Redação Oficial devem convergir
na produção dos textos dessa natureza, razão pela qual, muitas
5-) - Amanhã ( nós ) teremos uma palestra sobre qualidade de
vezes, não há como separar uma do outro. Indicam‑se, a seguir,
vida.
alguns pressupostos de como devem ser redigidos os textos ofi-
- Neste ano, ( eu ) quero prestar serviço voluntário.
ciais.
6-) É notável, nos textos épicos, a participação do sobrenatural. É
frequente a mistura de assuntos relativos ao nacionalismo com o cará- Padrão culto do idioma
ter maravilhoso. Nas epopeias, os deuses tomam partido e interferem
nas aventuras dos heróis, ajudando-os ou atrapalhando-os. A redação oficial deve observar o padrão culto do idioma
Ambos os termos apresentam sujeito simples quanto ao léxico (seleção vocabular), à sintaxe (estrutura grama-
tical das orações) e à morfologia (ortografia, acentuação gráfica
7-) Surgiram fotógrafos e repórteres. etc.).
O sujeito está deslocado, colocado na ordem indireta (final da ora- Por padrão culto do idioma deve‑se entender a língua refe-
ção). Portanto: função sintática: sujeito (composto); classe morfológi- rendada pelos bons gramáticos e pelo uso nas situações formais
ca (classe de palavras): substantivos. de comunicação. Devem‑se excluir da Redagão Oficial a erudi-
ção minuciosa e os preciosismos vocabulares que criam entra-
ves inúteis à compreensão do significado. Não faz sentido usar
“perfunctório” em lugar de “superficial” ou “doesto” em vez de
“acusação” ou “calúnia”. São descabidos também as citações em
“Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a - Assunto. Resumo do teor do documento. Exemplos:
autoridades estrangeiras, que atenderem a rito e tradição próprios,
devidamente disciplinados no Manual de Redação do Ministério Assunto: Produtividade do órgão em 2010.
das Relações Exteriores”, diz o Manual de Redação da Presidên- Assunto: Necessidade de aquisição de novos computadores.
cia da República.
A utilização dos fechos “Respeitosamente” e “Atenciosa- - Destinatário. O nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida
mente” é recomendada para os mesmos casos pelo Manual de Re- a comunicação. No caso do ofício, deve ser incluído também o
dação da Câmara dos Deputados e por outros manuais oficiais. Já endereço.
os fechos para as cartas particulares ou informais ficam a critério
do remetente, com preferência para a expressão “Cordialmente”, - Texto. Nos casos em que não for de mero encaminhamento
para encerrar a correspondência de forma polida e sucinta. de documentos, o expediente deve conter a seguinte estrutura:
Introdução: que se confunde com o parágrafo de abertura, na
Identificação do Signatário qual é apresentado o assunto que motiva a comunicação. Evite o
uso das formas: “Tenho a honra de”, “Tenho o prazer de”, “Cum-
Conforme o Manual de Redação da Presidência do Repúbli- pre‑me informar que”,empregue a forma direta;
ca, com exceção das comunicações assinadas pelo presidente da Desenvolvimento: no qual o assunto é detalhado; se o tex-
República, em todas as comunicações oficiais devem constar o to contiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas devem ser
nome e o cargo da autoridade que as expede, abaixo de sua assi- tratadas em parágrafos distintos, o que confere maior clareza à
natura. A forma da identificação deve ser a seguinte: exposição;
Conclusão: em que é reafirmada ou simplesmente reapresen-
(espaço para assinatura) tada a posição recomendada sobre o assunto.
Nome
Chefe da Secretaria‑Geral da Presidência da República Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto nos ca-
sos em que estes estejam organizados em itens ou títulos e sub-
(espaço para assinatura) títulos.
Nome
Ministro de Estado da Justiça Quando se tratar de mero encaminhamento de documentos, a
estrutura deve ser a seguinte:
“Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatu- Introdução: deve iniciar com referência ao expediente que
ra em página isolada do expediente. Transfira para essa página ao solicitou o encaminhamento. Se a remessa do documento não
menos a última frase anterior ao fecho”, alerta o Manual. tiver sido solicitada, deve iniciar com a informação do motivo
da comunicação, que é encaminhar, indicando a seguir os dados
Padrões e Modelos completos do documento encaminhado (tipo, data, origem ou sig-
natário, e assunto de que trata), e a razão pela qual está sendo
O Padrão Ofício encaminhado, segundo a seguinte fórmula:
O Manual de Redação da Presidência da República lista três “Em resposta ao Aviso nº 112, de 10 de fevereiro de 2011, en-
tipos de expediente que, embora tenham finalidades diferentes, caminho, anexa, cópia do Ofício nº 34, de 3 de abril de 2010, do
possuem formas semelhantes: Ofício, Aviso e Memorando. A Departamento Geral de Administração, que trata da requisição
diagramação proposta para esses expedientes é denominada pa- do servidor Fulano de Tal.”
drão ofício.
O Ofício, o Aviso e o Memorando devem conter as seguintes ou
partes:
“Encaminho, para exame e pronunciamento, a anexa cópia
- Tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão do telegrama nº 112, de 11 de fevereiro de 2011, do Presidente da
que o expede. Exemplos: Confederação Nacional de Agricultura, a respeito de projeto de
modernização de técnicas agrícolas na região Nordeste.”
Of. 123/2002-MME
Aviso 123/2002-SG Desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer
Mem. 123/2002-MF algum comentário a respeito do documento que encaminha, pode-
rá acrescentar parágrafos de desenvolvimento; em caso contrário,
não há parágrafos de desenvolvimento em aviso ou ofício de mero
encaminhamento.
São modalidades de comunicação oficial praticamente idên- Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente da
ticas. A única diferença entre eles é que o aviso é expedido exclu- República por um Ministro de Estado. Nos casos em que o assun-
sivamente por Ministros de Estado, para autoridades de mesma to tratado envolva mais de um Ministério, a exposição de motivos
hierarquia, ao passo que o ofício é expedido para e pelas demais deverá ser assinada por todos os Ministros envolvidos, sendo, por
autoridades. Ambos têm como finalidade o tratamento de assuntos essa razão, chamada de interministerial.
oficiais pelos órgãos da Administração Pública entre si e, no caso Formalmente a exposição de motivos tem a apresentação
do ofício, também com particulares. do padrão ofício. De acordo com sua finalidade, apresenta duas
Quanto a sua forma, Aviso e Ofício seguem o modelo do pa- formas básicas de estrutura: uma para aquela que tenha caráter
drão ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca o destinatá- exclusivamente informativo e outra para a que proponha alguma
rio, seguido de vírgula. Exemplos: medida ou submeta projeto de ato normativo.
Quando mais de uma pessoa fizer uma solicitação, reivindicação ou manifestação, o documento utilizado será um abaixo‑assinado,
com estrutura semelhante à do requerimento, devendo haver identificação das assinaturas.
A Constituição Federal assegura a todos, independentemente do pagamento de taxas, o direito de petição aos Poderes Públicos em
defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder (art. 51, XXXIV, “a”), sendo que o exercício desse direito se instrumentaliza
por meio de requerimento. No que concerne especificamente aos servidores públicos, a lei que institui o Regime único estabelece que o
requerimento deve ser dirigido à autoridade competente para decidi‑lo e encaminhado por intermédio daquela a que estiver imediatamente
subordinado o requerente (Lei nº 8.112/90, art. 105).
Protocolo
O registro de protocolo (ou simplesmente “o protocolo“) é o livro (ou, mais atualmente, o suporte informático) em que são transcritos
progressivamente os documentos e os atos em entrada e em saída de um sujeito ou entidade (público ou privado). Este registro, se obede-
cerem a normas legais, têm fé pública, ou seja, tem valor probatório em casos de controvérsia jurídica.
O termo protocolo tem um significado bastante amplo, identificando-se diretamente com o próprio procedimento. Por extensão de
sentido, “protocolo” significa também um trâmite a ser seguido para alcançar determinado objetivo (“seguir o protocolo”).
A gestão do protocolo é normalmente confiada a uma repartição determinada, que recebe o material documentário do sujeito que o
produz em saída e em entrada e os anota num registro (atualmente em programas informáticos), atruibuindo-lhes um número e também
uma posição de arquivo de acordo com suas características.
O registro tem quatro elementos necessários e obrigatórios:
- Número progressivo.
- Data de recebimento ou de saída.
- Remetente ou destinatário.
- Regesto, ou seja, breve resumo do conteúdo da correspondência
(Ministério)
(Secretaria/Departamento/Setor/Entidade)
(Endereço para correspondência)
(Endereço – continuação)
(Telefone e Endereço de Correio Eletrônico)
Ofício nº 524/1991/SG-PR
Senhor Deputado,
Atenciosamente,
(Nome)
(cargo)
210 mm
Aviso nº 45/SCT-PR
3 cm
1,5 cm
Assunto: Seminário sobre o uso de energia no setor público
Senhor Ministro,
Atenciosamente,
(Nome do signatário)
(cargo do signatário)
210 mm
Mem. 118/DJ
Em 12 de abril de 2011
297 mm
Assunto: Administração, Instalação de microcomputadores
1,5 cm
Atenciosamente,
(Nome do signatário)
210 mm
Mem. 118/DJ
Em 12 de abril de 2011
297 mm
Assunto: Administração, Instalação de microcomputadores
1,5 cm
Atenciosamente,
(Nome do signatário)
210 mm
5 cm
Mensagem nº 118
4 cm
297 mm
2 cm 1,5 cm
3 cm
Comunico a Vossa Excelência o recebimento das mensagens SM nºs
106 a 110, de 1991, nas quais informo a promulgação dos Decretos Legislativos
nºs 93 a 97, de 1991, relativos à exploração de serviços de radiodifusão.
210 mm
[órgão Expedidorl
[setor do órgão expedidor]
[endereço do órgão expedidor]
Destinatário: _________________________________________________________
Nº do fax de destino: _________________________________ Data: ___/___/_____
Remetente: __________________________________________________________
Tel. p/ contato: ____________________Fax/correio eletrônico: ________________
Nº de páginas: esta + ______Nº do documento: _____________________________
Observações: _________________________________________________________
_____________________________________________________________________
Exemplo de Apostila
APOSTILA
Brasília, em 26/5/2011
Maria da Silva
Diretora
Exemplo de ATA
CAMARA DOS DEPUTADOS
CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO
Coordenação de Publicações
ATA
As 10h15min, do dia 24 de maio de 2011, na Sala de Reunião do Cedi, a Sra. Maria da Silva, Diretora
da Coordenação, deu início aos trabalhos com a leitura da ala da reunião anterior, que foi aprovada, sem
alterações. Em prosseguimento, apresentou a pauta da reunião, com a inclusão do item “Projetos Concluídos”,
sendo aprovada sem o acréscimo de novos itens. Tomou a palavra o Sr. José da Silva, Chefe da Seção de
Marketing, que apresentou um breve relato das atividades desenvolvidas no trimestre, incluindo o lançamento
dos novos produtos. Em seguida, o Sr. Mário dos Santos, Chefe da Tipografia, ressaltou que nos últimos
meses os trabalhos enviados para publicação estavam de acordo com as normas estabelecidas, parabenizando
a todos pelos resultados alcançados. Com relação aos projeXos concluídos, a Diretora esclareceu que todos
mantiveram-se dentro do cronograma de trabalho preestabelecido e que serao encaminhados à gráfica na
próxima semana. Às 11h45min a Diretora encerrou os trabalhos, antes convocando reunião para o dia 2 de
junho, quarta-feira, às 10 horas, no mesmo local. Nada mais havendo a tratar, a reunião foi encerrada, e eu,
Ana de Souza, lavrei a presente ata que vai assinada por mim e pela Diretora.
Diretora
Secretária
Processo n . .........
Em .... / .... /200 ...
Ao Senhor Presidente da Câmara dos Deputados, por força do disposto no inciso I do art. 70 do Regimento
do Cefor, c/c o art. 95, da Lei n. 8.112/90, com parecer favorável desta Secretaria, nos termos das informações e
manifestações dos órgãos técnicos da Casa.
José da Silva
Diretor
PARECER JURÍDICO
Senhor Gerente,
Com relação à questão sobre a estabilidade provisória por gestação, ou não, da empregada Fulana de Tal, passamos
a analisar o assunto.
O artigo 10, letra “b”, do ADCT, assegura estabilidade à empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até
cinco meses após o parto.
Nesta hipótese, existe responsabilidade objetiva do empregador pela manutenção do emprego, ou seja, basta
comprovar a gravidez no curso do contrato para que haja incidência da regra que assegura a estabilidade provisória no
emprego. O fundamento jurídico desta estabilidade é a proteção à maternidade e à infância, ou seja, proteger a gestante e o
nascituro, assegurando a dignidade da pessoa humana.
A confirmação da gravidez, expressão utilizada na Constituição, refere-se à afirmativa médica do estado gestacional
da empregada e não exige que o empregador tenha ciência prévia da situação da gravidez. Neste sentido tem sido as
reiteradas decisões do C. TST, culminando com a edição da Súmula n. 244, que assim disciplina a questão:
I - O desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da indenização
decorrente da estabilidade. (art. 10, II, “b” do ADCT). (ex-OJ nº 88 – DJ 16.04.2004).
II - A garantia de emprego à gestante só autoriza a reintegração se esta se der durante o período de estabilidade. Do
contrário, a garantia restringe-se aos salários e demais direitos correspondentes ao período de estabilidade. (ex-Súmula nº
244 – Res 121/2003, DJ 19.11.2003).
III - Não há direito da empregada gestante à estabilidade provisória na hipótese de admissão mediante contrato de
experiência, visto que a extinção da relação de emprego, em face do término do prazo, não constitui dispensa arbitrária ou
sem justa causa. (ex-OJ nº 196 - Inserida em 08.11.2000).
No caso colocado em análise, percebe-se que não havia confirmação da gestação antes da dispensa. Ao contrário,
diante da suspeita de gravidez, a empresa teve o cuidado de pedir a realização de exame laboratorial, o que foi feito, não
tendo sido confirmada a gravidez. A empresa só dispensou a empregada depois que lhe foi apresentado o resultado negativo
do teste de gravidez. A confirmação do estado gestacional só veio após a dispensa.
Assim, para solução da questão, importante indagar se gravidez confirmada no curso aviso prévio indenizado
garante ou não a estabilidade.
O TST tem decidido (Súmula 371), que a projeção do contrato de trabalho para o futuro, pela concessão de aviso
prévio indenizado, tem efeitos limitados às vantagens econômicas obtidas no período de pré-aviso. Este entendimento
exclui a estabilidade provisória da gestante, quando a gravidez ocorre após a rescisão contratual.
A gravidez superveniente à dispensa, durante o aviso prévio indenizado, não assegura a estabilidade. Contudo, na
hipótese dos autos, embora a gravidez tenha sido confirmada no curso do aviso prévio indenizado, certo é que a empregada
já estava grávida antes da dispensa, como atestam os exames trazidos aos autos. A conclusão da ultrossonografia obstétrica
afirma que em 30 de julho de 2009 a idade gestacional ecografica era de pouco mais de 13 semanais, portanto, na data do
afastamento a reclamante já contava com mais de 01 mês de gravidez.
Em face do exposto, considerando os fundamentos jurídicos do instituto da estabilidade da gestante, considerando
que a responsabilidade do empregador pela manutenção do emprego é objetiva e considerando que o desconhecimento do
estado gravídico não impede o reconhecimento da gravidez, conclui-se que:
a) não existe estabilidade quando a gravidez ocorre na vigência do aviso prévio indenizado;
b) fica assegurada a estabilidade quando, embora confirmada no período do aviso prévio indenizado, a gravidez
ocorre antes da dispensa.
De acordo com tais conclusões, entendemos que a empresa deve proceder a reintegração da empregada diante da
estabilidade provisória decorrente da gestação.
É o parecer.
PORTARIA N. 1, de 13/1/2010
O DIRETORGERAL DA CÂMARA DOS DEPUTADOS, no uso das atribuições que lhe confere o
artigo 147, item XV, da Resolução n. 20, de 30 de novembro de 1971, resolve:
Art. 11 Fica instituído o uso da chancela eletrônica nas requisições de passagens aéreas e diárias de
viagens, autorizadas em processos administrativos pela autoridade competente e assinadas pelo DiretorGeral, para
parlamentar, servidor ou convidado, no âmbito da Câmara dos Deputados.
Art. 21 A chancela eletrônica, de acesso restrito, será válida se autenticada mediante código de segurança
e acompanhada do atesto do Chefe de Gabinete da DiretoriaGeral ou do seu primeiro substituto.
Art. 31 Esta portaria entra em vigor na data de sua publicação.
Modelo de Relatório
RELATÓRIO
Introdução
Apresentar um breve resumo das temáticas a serem abordadas. Em se tratando de relatório de viagem,
indicar a denominação do evento, local e período compreendido.
Tópico 1
Atribuir uma temática para o relato a ser apresentado.
........................................................................................................................
Tópico 1.1
Havendo subdivisões, os assuntos subseqüentes serão apresentados hierarquizados à temática geral.
.................................................................................. ....
Tópico 2
Atribuir uma temática para o relato a ser apresentado.
.........................................................................................................................
3. Considerações finais
.........................................................................................................................
Nome
Função ou Cargo
(Vocativo)
(Cargo ou função e nome do destinatário)
Nestes termos,
Pede deferimento.
Nome
Cargo ou Função
Didatismo e Conhecimento 1
NOÇÕES DE LÍNGUA INGLESA
a) Background knowledge (conhecimento prévio): para que desenvolvimento sequenciado do pensamento. Isso só é possível
um leitor consiga identificar e entender certas informações em porque quem escreve, o faz de maneira organizada, porque as
qualquer tipo de texto, torna-se extremamente importante que ele pessoas pensam de maneira semelhante e porque alguns tipos
possua algum conhecimento prévio sobre seu assunto. Podemos de textos possuem estruturas previsíveis levando sés leitores a
comparar esta situação com a de um estudante tentando fazer uma atingir certas formas de compreensão. Quanto mais experiente
prova de redação. Se ele nunca tiver lido, discutido, estudado ou for o leitor, maior será sua capacidade de prever. Nesta etapa,
ouvido falar do tema daquela redação, como poderá dissertar? passamos a associar o assunto do texto com as dicas tipográficas
Suas ideias podem até ir para o papel, mas correrá um grande risco usadas pelo autor para transmitir significados.
de não ter vocabulário necessário, consistência, profundidade,
argumentos, conhecimento de causa, exemplos a citar, etc. sua d) Grifo de palavras cognatas, das palavras já conhecidas
redação será pobre. Da mesma maneira, se o leitor de um texto pelo leitor e das repetidas: Muito comuns entre as línguas inglesa
técnico em língua inglesa não tiver conhecimento de mundo, e portuguesa, os cognatos são termos bastante parecidos tanto na
vivência, experiências variadas de vida, conhecimento prévio escrita como no significado em ambas as línguas. Grifar todas
sobre o assunto, seu nível de compreensão será mais superficial. estas palavras em um texto é um recurso psicológico e técnico
Por isso, o ponto de partida para uma leitura eficiente está sempre que visa mostrar e provar visualmente para o leitor que ele tem
em você. Mas também não adianta buscar apenas informação de conhecimento de muitas das palavras daquele texto e de que,
coisas que te atraem, coisas que você gosta de saber. É preciso assim, ele é capaz de fazer uso dessas informações para responder
ampliar sua visão de mundo. Se você for mulher, busque saber às questões propostas. Trata-se de um recurso que usamos para
algo sobre futebol também, sobre carros, sobre coisas do mundo dar mais relevância e importância às palavras que já sabemos em
masculino. Se você for homem, busque também conhecer assuntos um texto, pois é nelas que nos apoiaremos para resolver exercícios
do mundo feminino como cosméticos e vestuário. Busquem ambos e para entender os textos. É muito mais inteligente voltar nosso
interessar-se por assuntos relacionados a crianças, idosos, povos foco para as palavras que têm algum significado para nós do que
diferentes do seu, países variados, regiões do mundo sobre as quais destacar aquelas que não conhecemos.
que você normalmente não sabe nada. Leia jornais, revistas, sites Além disso, ao grifar, você acaba relendo as informações de
da internet, pesquise coisas curiosas, assista a programas de TV uma maneira mais lenta, o que faz com que perceba certos detalhes
jornalísticos, de variedades, de humor, de esportes, de ciência, que não havia percebido antes. É uma forma de quantificar em
de religião, de saúde, de entretenimento, converse com pessoas porcentagem aproximada o quanto se sabe daquele texto. É preciso
lembrar que há um número muito grande de palavras repetidas nos
de opiniões, idades e classes sociais diferentes da sua, dê valor a
textos e isso facilita para o estudante, pois ele poderá grifar mais
todos os assuntos porque você nunca sabe qual tema será abordado
de uma vez a mesma palavra. Veja mais informações na lista que
num texto de uma prova.
está no final deste tópico.
Esteja preparado para todos eles. Desta forma podemos
agilizar sua compreensão acerca de um texto. Desta forma você
e) Scanning: esta técnica de leitura visa dar agilidade na busca
terá mais prazer ao ler, pois compreenderá os mais variados textos.
por informações específicas. Muitas vezes, após ler um texto,
Desta forma você verá que é capaz de adquirir conhecimento em nós queremos reencontrar alguma frase ou alguma palavra já lida
uma língua estrangeira. Desta forma poderemos minimizar seus anteriormente. Para efetuar esta busca não precisamos ler o texto
problemas e aumentar suas chances de obter o sucesso! inteiro de novo, podemos simplesmente ir direto ao ponto aonde
podemos encontrar tal informação. Isso é o scanning, significa
b) Skimming (ler ou examinar superficialmente; desnatar; encontrar respostas de uma forma rápida e direta sem perder tempo
retirar aquilo de maior peso ou importância): é uma técnica que relendo o texto todo. Esta técnica em geral deve ser aplicada após
permite rapidez e eficiência na busca de algum direcionamento uma ou mais leituras completas do texto em questão. Assim o
inicial acerca do texto. Realizar o skimming significa ler leitor diminuirá o risco de confundir informações, perder tempo
rapidamente o texto para saber o assunto principal trabalhado ou de dar respostas erradas. Se desejar, o estudante pode ler o
pelo autor. Ésta atividade de leitura nos proporciona um nível que os exercícios pedirão antes de fazer o scanning, pois assim
de compreensão geral, visando nos dar uma visão global, aberta ele irá selecionar mais facilmente o que for mais importante para
e ampla do texto. Ao realizarmos o skimming, não podemos nos responder àquelas questões direcionando-se melhor.
deter em detalhes como palavras novas nem palavras das quais nos
esquecemos. Estamos em busca do assunto principal e do sentido f) Lexical Inference (inferência lexical): Inferir significa
geral do texto. deduzir. Às vezes será preciso deduzir o sentido de um termo,
decifrando o que ele quer dizer. Mas isso não pode ser feito de
c) Prediction: Com esta estratégia o leitor lança mão do seu qualquer maneira. Para inferirmos bem, é necessário entender o
próprio conhecimento, através das experiências de vida que possui, significado daquela palavra desconhecida através do contexto no
e da informação linguística e contextual. Após realizar o skimming, qual ela está inserida, observando as palavras vizinhas, as frases
o leitor precisa concentrar-se para tentar ativar as informações que anteriores e posteriores, o parágrafo onde ela está, as noções gerais
já possui sobre o tema e prever que tipos de palavras, frases ou que temos do texto, etc. Precisamos observar o meio no qual a
argumentos podem estar presentes naquele texto. É um momento palavra está posta. Neste caso teremos de nos fazer valer de nossos
de reflexão. É a hora de buscar na memória tudo o que foi lido, conhecimentos de classes gramaticais (substantivos, adjetivos,
estudado, discutido, e visto na mídia a respeito daquele tema. Além preposições, verbo), de afixos, de singular e plural, conhecimento
do mais, esta é uma estratégia de leitura que também permite sobre a estrutura de textos, etc. Tudo isso em conjunto pode ajudar
ao leitor prever o que vem a seguir em um texto. Trata-se do numa aproximação do sentido real daquele termo que não sabemos.
Didatismo e Conhecimento 2
NOÇÕES DE LÍNGUA INGLESA
É preciso lembar que estas estratégias serão mais ou menos 044 body corpo
eficazes dependendo do tamanho do vocabulário que você possui e 045 both ambos(as)
também do seu nível de conhecimento gramatical. Os três ítens se 046 boy menino, garoto
completam, precisam andar juntos. 047 brother irmão
Há estudos que relacionaram as palavras que mais aparecem 048 but mas, porém, exceto
em textos e livros técnicos em língua inglesa. Desses estudos 049 by próximo a, perto de, por
foram feitas diferentes listas com as 318 palavras que mais caem 050 captain capitão
nos textos, as 500 mais, as 700 mais, etc. Para facilitar seu estudo, 051 care cuidado
incluímos aqui as 318 mais comuns para serem estudadas. Ao 052 case caso
memorizar estas palavras você obterá um magnífico subsídio 053 certain certo
preparando-se para enfrentar qualquer texto. Você verá que várias 054 chapter capítulo
destas palavras já são conhecidas por você, assim, na verdade, terá 055 character caráter, personalidade
que memorizar bem menos destas. 056 child criança
Um número bem significativo delas está presente em qualquer 057 children crianças
tipo de texto. Quanto mais palavras você souber, mais poderá 058 church igreja
grifar! Apoie-se nelas e bom estudo! 059 city cidade
001 although embora 060 common comum
002 able capaz 061 country país, zona rural
003 about sobre, aproximadamente 062 course curso
004 above acima 063 day dia
005 according to de acordo com 064 dead morto
006 after depois, após 065 death morte
007 again novamente, de novo 066 different diferente
008 against contra 067 door porta
009 age idade 068 down para baixo
010 air ar 069 during durante
011 all tudo 070 each cada
012 almost quase 071 earth terra (planeta)
013 alone só, sozinho 072 either... or ou... ou
014 along ao longo de 073 emperor imperador
015 already já 074 empire império
016 also também 075 end fim
017 always sempre 076 enemy inimigo
018 among entre (3 ou mais coisas) 077 England Inglaterra
019 an um, uma 078 enough suficiente
020 ancient antigo 079 even mesmo
021 and e 080 ever em qualquer momento, já
022 another um outro 081 every cada, todo
023 any algum(a), qualquer 082 eye olho
024 anything qualquer coisa 083 fact fato
025 arm braço 084 family família
026 army exército 085 far distanste, longe
027 around em torno de, perto de 086 father pai
028 art arte 087 fear medo
029 as como, assim como 088 few poucos(as)
030 at em, às 089 fire fogo
031 authority autoridade 090 first primeiro
032 away distante, longe 091 five cinco
033 back de volta, atrás 092 foot/feet pé/pés
034 because porque 093 footnote notas de rodapé
035 before antes 094 for para, por
036 behind atrás 095 force força, forçar
037 best melhor (superlativo) 096 four quatro
038 better melhor (comparativo) 097 France França
039 between entre (2 coisas) 098 free livre, grátis
040 beyond além 099 French francês
041 big grande 100 friend amigo(a)
042 black preto(a) 101 from de (origem)
043 blood sangue 102 full completo, cheio
Didatismo e Conhecimento 3
NOÇÕES DE LÍNGUA INGLESA
103 general geral 162 miles milhas
104 girl menina, garota 163 mind mente
105 God Deus 164 mine meu(s), minha(s)
106 gold ouro 165 moment momento
107 good bom(ns), boa(s) 166 money dinheiro
108 government governo 167 more mais
109 great grande, maravilhoso 168 morning manhã
110 ground chão 169 most mais
111 half metade 170 mother mãe
112 hand mão/entregar 171 Mr. senhor
113 he ele (pessoa) 172 Mrs. senhora
114 head cabeça, líder 173 much muito(a)
115 heart coração 174 my meu(s), minha(s)
116 her dela (pessoa) 175 myself eu mesmo
117 here aqui 176 name nome
118 high alto 177 nation nação
119 him ele, o (pessoa) 178 natural natural
120 himself ele mesmo (pessoa) 179 nature natureza
121 his dele (pessoa) 180 near próximo, perto
122 history história 181 neither...nor nem...nem
123 home casa, lar 182 never nunca
124 horse cavalo 183 new novo(a)(s)
125 hour hora 184 next próximo, a seguir
126 house casa 185 night noite
127 how como 186 no não
128 however entretanto 187 non não
129 human humano 188 not não
130 hundred cem, centena 189 nothing nada
131 idea idéia 190 now agora
132 if se 191 number número
133 ill doente 192 of de
134 in em, dentro (de) 193 off afastado, desligado
135 indeed de fato, realmente 194 often frequentemente
136 into para dentro de 195 old velho(s), velha(s)
137 it ele(a) (coisa, animal) 196 on sobre, em cima
138 its seu, sua, (coisa, animal) 197 once uma vez
139 itself a si mesmo (coisa, animal) 198 one um, uma
140 just apenas, justo 199 only apenas, único, somente
141 kind tipo, gentil 200 or u
142 king rei 201 other outro(a)
143 knowledge conhecimento 202 our nosso(a), nossos(as)
144 land terra 203 out fora
145 large largo, amplo, grande 204 over acima, encerrado
146 law lei 205 part parte
147 (at) least (pelo) menos 206 peace paz
148 left esquerdo(a) 207 people pessoas
149 less menos 208 perhaps talvez
150 life vida 209 period período
151 light luz, leve 210 person pessoa
152 little pouco(a) 211 place lugar
153 long longo 212 point ponto
154 longer mais longo 213 poor pobre
155 love amor 214 power poder, força
156 man/men homem/homens 215 present presente
157 manner maneira 216 prince príncipe
158 many muitos (as) 217 public público
159 master mestre 218 quite completamente, muito
160 matter matéria 219 rather preferencialmente
161 me me, mim 220 reason razão
Didatismo e Conhecimento 4
NOÇÕES DE LÍNGUA INGLESA
221 reign reino 280 truth verdade
222 religion religião 281 twenty vinte
223 room cômodo, quarto 282 two dois
224 round redondo 283 under sob
225 same mesmo(a) 284 until/till até (que)
226 sea mar 285 up para cima
227 second segundo 286 upon sobre
228 set conjunto 287 us nos, a nós
229 seven sete 288 very muito
230 several vários(as) 289 voice voz
231 she ela (pessoa) 290 war guerra
232 short pequeno(a), curto(a)(s) 291 water água
233 side lado 292 way caminho, maneira, jeito
234 sight vista, visão 293 we nós
235 since desde 294 well bem
236 sir senhor 295 what o que, qual, quais
237 six seis 296 when quando
238 small pequeno(s), pequena(s) 297 where onde
239 so então 298 whether se
240 some algum(a), alguns(mas) 299 which (o,a) qual, (os, as) quais
241 something algo, alguma coisa 300 while enquanto
242 sometimes algumas vezes 301 white branco
243 son filho 302 who/whom quem, a quem
244 soon logo, em breve 303 whole complete, inteiro
245 spirit espírito 304 whose de quem, cujo(a)(s)
246 state estado, situação 305 why por que?
247 still ainda 306 wife esposa
248 street rua 307 with com
249 strength força 308 within dentro de
250 strong forte 309 without sem
251 subject assunto, sujeito 310 woman/women mulher/mulheres
252 such tão 311 word palavra
253 sure certo (certeza) 312 world mundo
254 ten dez 313 year ano
255 than do que 314 yes sim
256 that aquele(a), esse(a) 315 yet ainda, já
257 the o, a, os, as 316 you você(s)
258 their deles, delas 317 young jovem
259 them eles, os 318 yours seu(s), sua(s)
260 themselves eles mesmos
261 then então, em seguida
262 there lá
263 therefore por esta razão CONHECIMENTOS BÁSICOS DE
264 these estes(as) ESTRUTURAS DA LÍNGUA, COMO:
265 they eles, elas MODIFICADORES (ARTIGOS,
266 thing coisa ADJETIVOS, ADVÉRBIOS, FRASES
267 thirty trinta SUBORDINADAS E OUTROS).
268 this este(a), isto
269 those aquele(as), esses(as) Modificadores ou Modifiers são palavras, locuções, frases,
270 thousand mil, milhar ou cláusulas que qualificam o significado de outras palavras. O
271 three três termo é bem genérico: qualquer parte da fala que funciona como
272 through através um adjetivo ou advérbio é um modificador.
273 time tempo, momento, vez
274 to para, em direção a Note: Nos exemplos abaixo, o modifier está em itálico e a
275 together junto(a)(s) palavra que ele modifica está sublinhada; a função do modificador
276 too também está descrita entre parênteses.
277 towards na direção de
278 town cidade
279 true verdade
Didatismo e Conhecimento 5
NOÇÕES DE LÍNGUA INGLESA
Adjetivos — descrevem ou modificam nomes. Uma locução Por exemplo:
adjetiva ou cláusula adjetiva funciona da mesma maneira que uma
simples palavra funcionaria. The dog barked at the boy. (O cachorro latiu para o garoto)
These apples are not good to eat. (Estas maçãs não estão boas
Exemplo: The yellow balloon flew away over the crying child. para comer)Their train was early.
(O adjetivo yellow modifica o substantivo balloon; crying modifica (O trem deles estava adiantado)
o nome child)
Você usa quantificadores mais gerais para falar sobre pessoas
Artigos — são palavras cuja função especifica substantivos, ou coisas sem dizer exatamente quem ou o quê eles são.
acompanhando-os.
Example: The killer selected a knife from an antique Os determinantes/quantificadores gerais são:
collection. (The, a, e an são artigos que especificam ou delimitam
seus respectivos substantivos) -a, an, a few, a little, all, another, any, both, each, either,
enough, every, few, fewer, less, little, many, more, most, much,
Advérbios— descrevem verbos, adjetivos, ou outros advérbios, neither, no, other, several, some.
completando a ideia de como, quanto ou quando.
Uma locução adverbial ou cláusula adverbial funciona da Exemplos (os substantivos quantificados estão sublinhados):
mesma forma que um único advérbio funcionaria.
A woman sat under an umbrella. (Uma mulher sentou-se
Exemplo: The woman carefully selected her best dress for the embaixo de um guarda-chuva)
party. (Carefully é um advérbio que modifica o verbo selected) Have you got any literature books? (Você tem algum livro
de literatura?)
Artigos e Demonstrativos There is not enough food to everyone. (Não há comida sufi-
ciente para todos)
Definidos, Indefinidos e outros determinantes. I have no idea to give. (Eu não tenho nenhuma ideia para
dar)
Demonstrativo de acordo com a posição, Singular e Plural.
She has little money in her purse. (Ela tem pouco dinheiro
em sua bolsa)
E geral, emprega-se o artigo definido the antes de substantivos
There are fewer students in class today. (Há menos alunos na
com a finalidade de especificá-los.
classe hoje)
Exemplo: The boy is late.
*O estudo dos determinantes/quantificadores também passa
pelo conhecimento do uso acerca de substantivos contáveis e não-
Às vezes, pode ocorrer a presença de um ou mais adjetivos
entre o artigo the e o substantivo. contáveis a serem estudados em outro tópico deste material.
Exemplo: The little boy is late. Ou The little good boy is late. Os pronomes demonstrativos servem para apontar, demonstrar,
indicar algum animal, objeto ou pessoa. São quatro: this, these,
Na língua inglesa, os artigos indefinidos são: a e an. Ambos that e those. No inglês não existem pronomes demonstrativos
são traduzidos como: um ou uma. O artigo indefinido no inglês masculinos ou femininos como temos no português.
não tem plural. Só podemos usar a/an antes de substantivos que
estejam no singular. Utilizamos a antes de palavras iniciadas com Usa-se “this” para referir-se a algo no singular e que está perto
som de consoante e an antes de palavras que iniciam com som de de quem fala.
vogal. Exemplos: Usa-se “these” para referir-se a algo no plural e que está perto
de quem fala.
A cow.
A desk. Exemplos (os substantivos quantificados estão sublinhados):
An elephant.
An envelope. This car is modern. (Este carro é moderno)
These clothes are very cheap. (Estas roupas estão muito
Determinantes, também conhecidos como quantificadores, são baratas)
usados antes de substantivos para fazer referência a algo específico
ou a um grupo em geral. São palavras ou expressões usadas para Usa-se “that” para referir-se a algo no singular e que está
indicar e fornecer informações a respeito da quantidade de algo. longe de quem fala.
Usa-se “those” para referir-se a algo no plural e que está longe
Os determinantes específicos são: de quem fala.
-O artigo definido: the Exemplos (os substantivos quantificados estão sublinhados):
-Os pronomes demonstrativos: this, that, these, those
-Os pronomes adjetivos possessivos: my, your, his, her, its, That is my best friend. (Aquele é meu melhor amigo)
our, their Those are the new doctors. (Aqueles são os novos médicos)
Didatismo e Conhecimento 6
NOÇÕES DE LÍNGUA INGLESA
Resumindo e traduzindo: • Grau Comparativo de Inferioridade (less + adjetivo +
This (singular, perto) => Este, esta, isto. than) = (menos... do que...)
These (plural, perto) => Estes, estas.
That (singular, longe) => Aquele, aquela, aquilo. Christopher is less famous than Brad. (Christopher é menos
Those (plural, longe) => Aqueles, aquelas. famoso do que Brad)
Your city is less hot than mine. (Sua cidade é menos quente
Adjetivos do que a minha)
Grau Comparativo e Superlativo: Regulares e Irregulares. This language is less difficult than the others. (Esta língua é
menos difícil do que as outras)
Adjetivos são palavras ou grupo de palavras que indicam
características dos substantivos, definindo-os, delimitando-os ou Passemos então a estudar, agora, o grau superlativo:
modificando-os.
• Grau Superlativo de Superioridade (the + adjetivo curto
Ao contrário do que ocorre na língua portuguesa, os adjetivos + est) = (o mais...)
em inglês não possuem forma singular, plural, masculina nem
feminina. Existe apenas a forma singular. (cheap): This is the cheapest restaurant in town. (Este é o
restaurante mais barato da cidade)
She is beautiful. => They are beautiful. (tall): Jennifer is the tallest girl in the group. (Jennifer é a
His car is red. => Their cars are red. garota mais alta do grupo)
(dry): This is the driest region of the state. (Esta é a região
Quando o(s) adjetivo(s) aparece(m) junto a um substantivo, mais seca do estado)
aquele(s) sempre precede(m) este:
• Grau Superlativo de Superioridade (the most + adjetivo
This is a big city. longo) = (o mais...)
They live in a huge white house. This is the most modern TV set nowadays. (Este é o aparelho
de TV mais moderno do momento)
Os adjetivos em inglês também possuem graus diversos, He is the most handsome actor in the movies. (Ele é o ator
mais bonito do cinema)
assim como ocorre em português. Veja:
Messy is the most famous soccer player now. (Messy é o
jogador de futebol mais famoso agora)
• Grau Comparativo de Igualdade (as + adjetivo + as) =
(tão/tanto... quanto)
• Grau Superlativo de Inferioridade (the least + adjetivo)
Dereck is as short as Fred. (Dereck é tão baixo quanto Fred)
= (o menos...)
That motorcycle is as fast as this one. (Aquela moto é tão
rápida quanto esta)
This is the least important detail. (Este é o detalhe menos
Julie is as beautiful as Sharon. (Julie é tão bela quanto Sharon)
importante)
I’m always the least nervous during the tests. (Sempre sou o
• Grau Comparativo de Superioridade (adjetivo curto + er menos nervoso durante as provas)
+ than) = (mais... do que..) That region is the least safe of the city. (Aquela região é a
menos segura da cidade)
(strong): Tim is stronger than Peter. (Tim é mais forte do que Há algumas adaptações que precisamos fazer na escrita
Peter) dos adjetivos quando acrescentamos -er e -est para formarmos,
(tall): An elephant is taller than a lion. (Um elefante é mais consecutivamente, seus comparativos e superlativos. Observe:
alto que um leão)
(thin): Nancy is thinner than Sue. (Nancy é mais magra do Aos que já são terminados em -e, acrescentamos apenas -r (no
que Sue) comparativo) ou -st (no superlativo):
wide (largo) wider the widest
• Grau Comparativo de Superioridade (more + adjetivo late (tarde) later the latest
longo + than) = (mais... do que..)
Àqueles adjetivos curtos terminados em -y, substituímos o
Dave is more intelligent than his brother. (Dave é mais -y por -i e depois colocamos -er ou -est:
intelligente que seu irmão) pretty (bonita) prettier the prettiest
He is more careful than his father as a driver. (Ele é mais dirty (sujo) dirtier the dirtiest
cuidadoso que seu pai como motorista)
This house is more comfortable than the other. (Esta casa é Quando o adjetivo for curto e terminar com a sequência
mais confortável que a outra) consoante+vogal+consoante, dobra-se a última consoante antes
de acrescentar -er ou -est:
thin (magro/fino) thinner the thinnest
fat (gordo) fatter the fattest
Didatismo e Conhecimento 7
NOÇÕES DE LÍNGUA INGLESA
Vamos estudar agora alguns adjetivos que possuem formas Advérbios de Modo: actively, ativamente; wrongly,
irregulares: erroneamente; badly, mal; faithfully, fielmente; fast, rapidamente;
Bad(mau) worse the worst gladly, alegremente; quickly, rapidamente; simply, simplesmente;
Good(bom) better the best steadily, firmemente; truly, verdadeiramente; well, bem; etc.
Far(longe) farther the farthest
Far(mais) further the furthest Advérbios de Negação: no, not, não.
Little(pouco) less the least
Many(muitos/as) more the most Advérbios de Ordem: firstly, primeiramente; secondly, em
Much(muito/a) more the most segundo lugar; thirdly, em terceiro lugar; etc.
*Os adjetivos indefinidos podem ser comparados aos Advérbios de Tempo: already, já; always, sempre; early, cedo;
pronomes indefinidos. Serão as mesmas palavras, mas com funções immediately, imediatamente; late, tarde; lately, ultimamente;
diferentes na frase. Reveja o tópico sobre pronomes indefinidos never, nunca; now, agora; soon, em breve, brevemente; still,
para mais detalhes. ainda; then, então; today, hoje; tomorrow, amanhã; when, quando;
yesterday, ontem; etc.
Advérbios Advérbios Interrogativos: how, como; when, quando; where,
Tipos: Frequência, Modo, Lugar, Tempo, Intensidade, onde; why, por que; etc.
Dúvida, Afirmação.
Expressões Adverbiais. Alguns exemplos:
Advérbios são palavras que modificam: She moved slowly and spoke quietly. (Ela se moveu lentamente
e falou sussurrando)
• Um verbo (He ate slowly. = Ele comeu lentamente) - She still lives there now. (Ela ainda mora lá agora)
Como ele comeu? It’s starting to get dark now. (Está começando a ficar escuro
• Um adjetivo (He drove a very slow car. = Ele pilotou um agora)
carro muito lento) - Como era a rapidez do carro?
She finished her tea first. (Primeiramente ela terminou seu
• Outro advérbio (She walked quite slowly down the aisle.
chá)
= Ela andou bem lentamente pelo corredor) - Com que lentidão
She left early. (Ela saiu cedo)
ela andou?
Oscar is a very bright man. (Oscar é um homem muito
brilhante)
Advérbios frequentemente nos dizem quando, onde, por que,
The children behaved very badly. (As crianças se comportaram
ou em quais condições alguma coisa acontece ou aconteceu.
muito mal)
Os advérbios são geralmente classificados em: This apartment is too small for us. (Esse apartamento é
pequeno demais para nós)
Advérbios de Afirmação: certainly, certamente; indeed, sem The coffee is too sweet. (O café está doce demais)
dúvida; obviously, obviamente; yes, sim; surely, certamente; etc. Jack is much taller than Peter. (Jack é muito mais alto do que
Peter)
Advérbios de Dúvida: maybe, possivelmente; perhaps, talvez; São Paulo is far bigger than Recife. (São Paulo é muito maior
possibly, possivelmente; etc. que Recife)
The test was pretty easy. (A prova estava um tanto fácil)
Advérbios de Frequência: daily, diariamente; monthly,
mensalmente; occasionally, ocasionalmente; often/frequently, Duas ou mais palavras podem ser usadas em conjunto,
frequentemente; yearly, anualmente; seldom/rarely, raramente; formando, assim, as Locuções Adverbiais, como:
weekly, semanalmente; always, sempre; never, nunca; sometimes,
às vezes; hardly ever, quase nunca, raramente; usually/generally, Locução Adverbial de Afirmação: by all means, certamente;
geralmente; etc. in fact, de fato, na verdade; no doubt, sem dúvida; of course, com
certeza, certamente, naturalmente; etc.
Advérbios de Intensidade: completely, completamente;
enough, suficientemente, bastante; entirely, inteiramente; much, Locução Adverbial de Dúvida: very likely, provavelmente.
muito; nearly, quase, aproximadamente; pretty, bastante; quite,
completamente; slightly, ligeiramente; equally, igualmente; Locução Adverbial de Frequência: again and again,
exactly, exatamente; greatly, grandemente; very, muito; repetidamente; day by day, dia a dia; every other day, dia sim, dia
sufficiently, suficientemente; too, muito, demasiadamente; largely, não; hardly ever, raramente; every now and then, once in a while,
grandemente; little, pouco; merely, meramente; etc. de quando em quando; etc.
Advérbios de Lugar: anywhere, em qualquer lugar; around, ao Locução Adverbial de Intensidade: at most, no máximo; little
redor; below, abaixo; everywhere, em todo lugar; far, longe; here, by little, pouco a pouco; more or less, mais ou menos; next to
aqui; near, perto; nowhere, em nenhum lugar; there, lá; where, nothing, quase nada; on the whole, ao todo; to a certain extent, até
onde; etc. certo ponto; to a great extent, em grande parte; etc.
Didatismo e Conhecimento 8
NOÇÕES DE LÍNGUA INGLESA
Locução Adverbial de Lugar: at home, em casa; at the seaside,
à beira-mar; far and near, por toda parte; on board, a bordo; on USO DE PRONOMES E REFERÊNCIA
shore, em terra firme; to and from, para lá e para cá; etc. PRONOMINAL.
Elas são também chamadas de dependent clauses ou cláusu- She loves him a lot.
las dependentes. Vejamos a definição de cláusula: são grupos de I saw her at the party yesterday.
palavras com um sujeito e um verbo. Lembremos que os sujeitos We are going to meet them in front of the stadium.
nos falam sobre quem ou sobre o quê a sentença se refere, e ver- They waited for us for two hours.
bos mostram uma ação ou um estado do ser. Alguns exemplos de Can you send this e-mail for me, please?
cláusulas:
Há dois tipos de pronomes possessivos: adjetivos e
I sharpened my pencil. (Eu apontei meu lápis.) substantivos.
My cat ran around the corner. (Meu gato correu para a esqui-
na.) Pronome Pronome
Whenever I sharpen my pencil. (Toda a vez em que eu aponto Possessivo Tradução: Possessivo
meu lápis.) Adjetivo: Substantivo:
Until my cat ran around the corner. (Até o momento em que My meu(s)/minha(s) Mine
meu correu para a esquina.)
Your seu/sua Yours
Você provavelmente percebeu que apesar de cada uma dessas His dele His
cláusulas possuir um sujeito e um verbo, nem todas elas poderiam Her dela Hers
permanecer desacompanhadas. Os últimos dois exemplos não fa-
zem sentido por si mesmos. Ista ocorre porque eles são dependen- dele/dela (coisas
Its Its
tes ou subordinados. Eles não são sentenças completas, eles são ou animais)
fragmentos de sentenças. Our nosso(s)/ nossa(s) Ours
Your seus/suas Yours
Então, se você revisar nossa definição, verá que uma cláusula
Their deles/delas Theirs
subordinada é um grupo de palavras com um sujeito e um verbo
que não pode permanecer sozinha.
Didatismo e Conhecimento 9
NOÇÕES DE LÍNGUA INGLESA
Os pronomes possessivos adjetivos sempre acompanham um Pronomes Indefinidos.
substantivo.
Os pronomes possessivos substantivos reduzem a frase Os principais pronomes indefinidos são: some, any e no
substituindo o pronome possessivo adjetivo e o substantivo que (outros: none, every). Dependendo da frase, eles podem ser
ele acompanha. traduzidos como algum(a), nenhum(a). Além disso, existem
também os pronomes indefinidos compostos que são palavras
Exemplos: derivadas de some, any e no e que são utilizadas nas mesmas
circunstâncias gramaticais. Vejamos o uso geral:
His kid is playing with hers. (O filho dele está brincando com
o dela) Em frases Em frases Em frases
Our mother likes pizza. (Nossa mãe gosta de pizza) afirmativas: negativas: interrogativas:
My friends went to the club with yours. (Meus amigos foram
ao clube com os seus) I have some I don’t need any Do you need any
Did you prefer his presentation or hers? (Você preferiu a money. help. money?
apresentação dele ou a dela?) I went
I didn’t go Did you go anywhere
somewhere
anywhere. last night?
Pronomes Reflexivos. fantastic.
I need somebody I didn’t see Was anybody crying
Os Pronomes Reflexivos são usados quando a ação do verbo to love. anybody strange. here?
recai sobre o próprio sujeito. Assim, o pronome reflexivo vem logo
após o verbo e concorda com o sujeito. Eles se caracterizam pelas She met I don’t know Will you meet anyone
terminações -self (nas pessoas do singular) e -selves (nas pessoas someone special. anyone near here. there?
do plural). I have something I didn’t do Do you have anything
bad to say. anything there. to say?
myself (a mim mesmo, -me)
yourself [a ti, a você mesmo(a), -te,-se] Em casos mais específicos, podemos usar some e seus
himself (a si, a ele mesmo, -se) derivados também em perguntas quando se deseja ou se espera
herself (a si, a ela mesma, -se) uma resposta afirmativa e também quando se oferece algo:
itself [a si mesmo(a), -se] => para coisas ou animais Would you like some coffee?
ourselves [a nós mesmos(as), -nos] Do you need some help with your homework?
yourselves (a vós, a vocês mesmos(as), -vos,-se)
themselves (a si, a eles mesmos, a elas mesmas, -se) Any e seus derivados também podem ser usados em frases
afirmativas quando expressam qualquer um ou qualquer lugar ou
Exemplos: coisa sem distinção:
Anyone can sing like that.
She is looking at herself in the mirror. You can drink anything you want, OK!
He hurt himself with a knife.
Casos especiais:
*O Pronome Reflexivo também é empregado certas vezes -Tanto o pronome indefinido any quanto seus derivados
para dar ênfase à pessoa que pratica a ação dizendo que ele mesmo podem ser utilizados quando o verbo estiver na forma afirmativa e
por si só praticou tal ação. Para tanto, podemos posicioná-lo logo a frase contiver algum termo de sentido negativo como a palavra
após o sujeito ou no fim da frase. Veja: never. Veja:
He never buys any fruit. (Ele nunca compra fruta nenhuma)
Carlos himself did the homework. => O próprio Carlos fez a I never had anything to complain about him. (Eu nunca tive
tarefa. nada para reclamar dele)She never met anybody/anyone special.
Marilyn herself wrote that message. => A própria Marilyn (Ela nunca conheceu ninguém especial)
escreveu aquela mensagem. You never take me anywhere interesting. (Você nunca me
leva a nenhum lugar interessante)
*Os Pronomes Reflexivos podem ser precedidos pela
preposição by. Nesse caso, dão o sentido de que alguém fez algo -Tanto o pronome indefinido no quanto seus derivados podem
sozinho, sem ajuda ou companhia de ninguém. Exemplo: ser utilizados quando o verbo estiver na forma afirmativa. A frase
Did you go to the party by yourself? => Você foi à festa não pode conter nenhuma outra palavra de sentido negativo:
sozinho? I have no idea to give you. (Não tenho nenhuma ideia para te dar)
That old man wants to live by himself. => Aquele senhor quer I have nothing to do today. (Não tenho nada para fazer hoje)
viver sozinho. I have nowhere to go on my vacation. (Não tenho nenhum
lugar para ir durante minhas férias)
Didatismo e Conhecimento 10
NOÇÕES DE LÍNGUA INGLESA
No one/Nobody wants to work in the holiday. (Ninguém quer Existem diversas formas compostas dos pronomes
trabalhar no feriado) interrogativos. Podemos juntar outras palavras a eles antes dos
*Os pronomes indefinidos podem atuar como substantivos verbos auxiliares, para especificar alguma informação. Veja:
(indefinite pronouns), quando os substituem, ou podem atuar
como adjetivos (indefinite adjectives), quando qualificam os What kind of movies do you like? (Que tipo de filmes você
substantivos. Portanto, serão as mesmas palavras, mas vistas em gosta?)
funções diferentes. Mais à frente, no estudo acerca dos adjetivos, What sports do you practice? (Que esportes você pratica?)
poderemos observá-los melhor na função adjetiva. What soccer team are you a fan of? (Para que time de futebol
você torce?)
Pronomes Interrogativos. How often do you go to the gym? (Com que frequência você
vai à academia?)
Os Pronomes Interrogativos, ou Question Words, são utilizados How long is the Amazon river? (Qual o comprimento do rio
para obtermos informações mais específicas a respeito de algo ou Amazonas?)
alguém. As perguntas formuladas com eles são conhecidas por How much does this newspaper cost? (Quanto custa este
wh-questions porque todos os pronomes interrogativos possuem jornal?)
as letras wh. Na grande maioria das vezes, os Interrogativos são How many brothers do you have? (Quantos irmãos você
posicionados antes de verbos auxiliares ou modais, no início de tem?)
frases. Vamos compreendê-los detalhadamente a seguir. How good are you at tennis? (O quanto você é bom em tênis?)
How old are you? (Quantos anos você tem?)
1. Who – Quem: How far is São Paulo from Rio? (Qual a distância entre São
Who is that girl? (Quem é aquela garota?) Paulo e Rio?)
Who arrived first in the race? (Quem chegou primeiro na How deep is this river? (Quão profundo é este rio?)
corrida?)
Quando uma pergunta questiona sobre o sujeito da oração,
2. Whom – Quem (mais formal, geralmente antecedido de não se usa verbo auxiliar. Assim, o pronome interrogativo inicia
preposição):
a pergunta seguido das outras palavras na ordem afirmativa.
With whom did you go to the park? (Com quem você foi ao
Observe:
parque?)
Who knows? (Quem sabe?)
To whom were you speaking last night? (Com quem você
What happened? (O que aconteceu?)
estava falando ontem à noite?)
Who likes to eat vegetables? (Quem gosta de comer vegetais?)
What broke the window? (O que quebrou a janela?)
3. Whose – De quem:
Who speaks English in this room? (Quem fala inglês nesta
Whose pen is this? (De quem é esta caneta?)
Whose mansion is that? (De quem é aquela mansão?) sala?)
Why go now? (Por que ir agora?)
4. Which – Qual, quais (usado para questões com opções How many people survived the accident? (Quantas pessoas
limitadas de resposta): sobreviveram ao acidente?)
Which of those girls is your sister? (Qual daquelas meninas é Which came first: the egg or the chicken?
a sua irmã?)
Which color do you prefer: yellow or blue? (Qual cor você Em muitos casos, as perguntas são finalizadas por preposições
prefere: amarelo ou azul?) que complementam seu sentido:
5. What – O que, que, qual (usado para questões com Where are you from? (De onde você é?)
opções mais amplas de resposta): What is your city like? (Como é a sua cidade?)
What time is it now? (Que horas são agora?) Who did you play against? (Contra quem você jogou?)
What are you doing here? (O que você está fazendo aqui?) Where did you send the letter to? (Para onde você enviou a
carta?)
6. Where – Onde: What is this for? (Para que é isto?)
Where do you work? (Onde você trabalha?)
Where do your kids study? (Onde seus filhos estudam?) Pronomes Relativos.
7. Why – Por que: Os Relative Pronouns são usados quando queremos identificar
Why did you cry? (Por que você chorou?) ou adicionar alguém ou alguma coisa em uma oração; quando
Why are you late for class? (Por que você está atrasado para queremos informações que complementem a oração anterior.
a aula?) Podemos também dizer que os pronomes relativos unem duas
orações, estabelecendo uma “relação” entre elas. Por isso, são
8. When – Quando: chamados “relativos”.
When did they move? (Quando eles se mudaram?)
When did you travel to Europe? (Quando você viajou para a
Europa?)
Didatismo e Conhecimento 11
NOÇÕES DE LÍNGUA INGLESA
1. Who (quem, que): usado para pessoas.
Informações a serem unidas: That is the girl. She gave a kiss.
That is the girl who gave me a kiss. (Aquela é a garota que me deu um beijo)
2. Whom (que, quem, o qual, a qual): usado para pessoas, normalmente após preposição. Formal.
Informações a serem unidas: We need to talk to someone. The manager is the one.
The manager is the one to whom we need to talk. (O gerente é aquele com quem precisamos falar)
6. That (que): talvez seja o mais usado. Refere-se a coisas e pessoas. Pode substituir who e which.
Informações a serem unidas: I saw a little girl. I saw the little girl a minute ago.
Where is the little girl that I saw a minute ago?
Referência Pronominal
Trata-se de um dos artifícios que utilizamos para dar coerência aos textos; este recurso compõe uma interligação lógica das ideias de
um texto. Sem necessitar de repetir alguma informação já mencionada previamente num texto, pode-se utilizar os mais diversos tipos de
pronomes existentes (pronomes pessoais; pronomes demonstrativos; pronomes relativos; pronomes interrogativos) como instrumentos de
referência.
Tais elementos de referência levam o pensamento do leitor a refletir sobre algo que fora mencionado anteriormente e a ligar ideias,
evitando repetições desnecessárias.
Um texto pode ser mal interpretado caso o leitor não esteja ciente da ligação existente entre as partículas que fazem essa referência e
as palavras que elas substituem. Veja alguns exemplos em que os pronomes pospostos nos remetem a algo dito anteriormente no contexto:
Gary has a house. He lives nearby.
Politicians are opportunists. They prefer making money without doing much work.
These letters are mine. Those are yours.
He decided to move to another town. This really upset the neighbors.
That’s the teacher who/that started working here today.
The company which/that will come to our city is really big.
This is the street where the accident happened.
objeto objeto
Sujeito verbo lugar tempo
indireto direto
I will tell you the story at school tomorrow.
Didatismo e Conhecimento 12
NOÇÕES DE LÍNGUA INGLESA
A ordem das palavras em sentenças negativas é a mesma que nas afirmativas. Note, entretanto, que nas negativas nós normalmente
precisamos de um verbo auxiliar:
objeto objeto
Sujeito verbo lugar tempo
indireto direto
will not
I you the story at school tomorrow.
tell
Em cláusulas subordinadas, a ordem das palavras é a mesma que nas sentenças afirmativas. Conjunções são frequentemente usadas
entre duas cláusulas:
Objeto Objeto
Conjunção Sujeito Verbo Lugar Tempo
indireto direto
at the
I Will tell you the story tomorrow
school
becouse I don´t have time now
objeto objeto
Sujeito verbo tempo
indireto direto
I will tell you the story tomorrow.
Se você não quiser dar ênfase ao tempo, você pode também posicionar o advérbio de tempo no início da sentença.
objeto objeto
Tempo sujeito verbo
indireto direto
Tomorrow I will tell you the story
Note que algumas expressões de tempo são advérbios de frequência (always, never, usually, seldom, sometimes, etc). Estas são
normalmente postas antes do verbo principal da frase, exceto quando o “to be” é o verbo principal.
objeto,
auxiliar/ verbo
Sujeito advérbio lugar ou
to be principal
tempo
go in the
I often
swimming evenings.
He doesn’t always play tennis.
here in the
We are usually
summer.
I have never been abroad.
Didatismo e Conhecimento 13
NOÇÕES DE LÍNGUA INGLESA
-Posição de Advérbio de modo (slowly, carefully, awfully, etc)
Estes são postos atrás do objeto direto, ou atrás do verbo se não houver objeto direto.
Assim como os advérbios de modo, estes são colocados atrás do objeto direto ou do verbo.
objeto objeto
Sujeito verbo tempo
indireto direto
will the
I you tomorrow.
tell story
Se você não quiser impor ênfase no tempo da ação, você pode por o advérbio de tempo no início da sentença.
objeto objeto
Tempo sujeito verbo
indireto direto
Tomorrow I will tell you the story.
São posicionados diretamente antes do verbo principal. Se o “to be” for o verbo principal e não houver nenhum verbo auxiliar, os
advérbios de frequência devem ser postos atrás do “to be”. Se houver um verbo auxiliar, entretanto, advérbios de frequência são posicionados
antes do “to be”.
objeto,
auxiliar/ verbo
Sujeito advérbio lugar ou
to be principal
tempo
go in the
I often
swimming evenings.
He doesn’t always play tennis.
here in the
We are usually
summer.
I have never been abroad.
Didatismo e Conhecimento 14
NOÇÕES DE LÍNGUA INGLESA
-Ordem de palavras em sentenças interrogativas:
Em perguntas, a ordem sujeito verbo objeto é a mesma que nas Sufixação: pode mudar a classe gramatical da palavra, mas
sentenças afirmativas. A única coisa que pode se alterar é que você sem alterar-lhe o sentido inicial, primitivo. Ou seja, se a palavra
normalmente tem que interpor o verbo auxiliar antes do sujeito. primitiva era um advérbio, a nova pode passar a ser um substantivo
Pronomes Interrogativos são colocados no início das sentenças: dependendo do sufixo utilizado, mas ambas continuarão a falar
sobre algo do mesmo tema, do mesmo assunto, do mesmo sentido.
Inter- verbo outro obj. in- obj.
Suj. lugar tempo Sufixos formadores de verbos:
rog. aux. verbo direto direto
-en => freshen, blacken, shorten, threaten
like to
What would you me? -ify => simplify, solidify
tell
-ize => centralize, modernize
at yester-
Did you have a party
home day? Sufixos formadores de advérbios:
When were you there? -ly (-mente) => carefully, daily, yearly
-ward (em direção a) => downward, homeward, inward
Não podemos usar um verbo auxiliar quando procuramos
ou perguntamos pelo sujeito da oração. Neste caso, o pronome Sufixos formadores de substantivos:
interrogativo simplesmente toma o lugar do sujeito. -ance, -ence => tolerance, preference
-er, -or => trainer, employer, teacher, actor, governor
Interrogativo verbo(s) objeto -ee => trainee, emplyee
-ist => economist, scientist
Who invited you? -ion => education, collision
-ment => investment, development
-ity => sincerity, generosity
FORMAÇÃO DE PALAVRAS: PROCESSO DE -ism => modernism, Buddhism, Christianism
DERIVAÇÃO E COMPOSIÇÃO. -ness => happiness => darkness
-dom => freedom, kingdom
Derivação de Palavras pelos processos de Prefixação e -hood => childhood, brotherhood
Sufixação. -ship => friendship, partnership
Há certas palavras que aparecem nos textos que merecem Sufixos formadores de adjetivos:
um pouco mais de atenção do leitor para reconhecê-las durante -able, ible => desirable, admirable, convincible
a leitura. Elas são conhecidas como palavras derivadas. Ou seja, -an, -ian => Brazilian, Sagittarian, suburban
elas foram formadas a partir de outras palavras que já existiam -ful => powerful, hopeful
combinadas com afixos – prefixos e sufixos. Para que você amplie -y => tasty, healthy
seu vocabulário é necessário reconhecer os afixos mais comumente -ic => poetic democratic
usados na língua inglesa juntamente com seus significados. -ical, al => sociological, magical, parental
-less => homeless, childless, wireless, topless
Quando acrescentamos sufixos ou prefixos às palavras, nós
criamos novos significados, podendo, ou não, alterar a classe Há também os adjetivos terminados em -ed em em -ing. Suas
gramatical da palavra. Passemos, então, a falar de alguns dos formas são parecidas mas os sentidos diferentes. Os adjetivos
afixos mais usados. terminados em -ed descrevem como você se sente, como está frente
a uma situação. Por outro lado, os terminados em -ing descrevem
Prefixação: altera o significado da palavra primitiva, mas sem algum ser, alguma coisa ou pessoa que faz com que você se sinta
mudar a classe gramatical. Ou seja, se a palavra primitiva era um daquela forma.
adjetivo, então a nova palavra também será um adjetivo, etc.
Ou seja, podemos memorizar que alguma coisa -ING me faz
a (sem) => amoral, apolitical, asexual ficar -ED.
anti (contra) =>anti-clockwise, anti-nuclear, antichrist
dis (oposto) =>disagree, dishonest, disloyal Exemplos:
il, ir, im, in, (não) =>illegal, irregular, imperfect, incomplete
mis (errado) =>misunderstand, misdirect, misaddress I’m worried because the situation is worrying. (Estou
non (não) =>nonsense, non-fiction, non-alcoholic preocupado porque a situação é preocupante)
un (não) =>unintelligent, uncommon, unprofessional The boss is satisfied because the resolutions were satisfying.
out, over (excesso, além) =>overweight, overdose, overeat, (O chefe está satisfeito porque as soluções foram satisfatórias.)
outnumber Greg is interested in that interesting book. (Greg está
pre (antes) =>premarital, prefix, prehistory interessado naquele livro interessante)
We are confused because of this confusing story. (Estamos
confusos por causa desta história confusa)
Didatismo e Conhecimento 15
NOÇÕES DE LÍNGUA INGLESA
May all your dreams come true. (Que todos os seus sonhos se
O SISTEMA VERBAL - FORMAS, ASPECTOS, realizem)-Para dizermos algo no passado e no futuro, ao invés de
USO E VOZ. may e might, normalmente usamos os verbos “to be allowed to” ou
“to be permitted to”, que significam “ser permitido”:He will be al-
Verbos Regulares, Irregulares e Modais. lowed to leave prison. (Ser-lhe-á permitido sair da prisão)I wasn’t
allowed to enter without a uniform. (Não me deixaram entrar sem
Quanto à forma, podemos classificar os verbos ingleses em um uniforme)
Regulares, Irregulares e Modais. -May e might não são usados na interrogativa exprimindo
São chamados de regulares os verbos que possuem a probabilidade ou possibilidade. Usamos to think, to be likely e
terminação -ed quando estão no passado simples e no particípio can:Do you think he is listening for us? (Você acha que ele está
passado. Veja os três primeiros exemplos na próxima tabela. nos ouvindo?)Is it likely to happen? (É possível/provável que isso
Os verbos irregulares não têm uniformidade quanto à escrita aconteça?)Can this plan come true? (Poderá este plano se tornar
do passado simples e do particípio. Confira os três últimos realidade?)-May e Might podem ser empregados na negativa, mas
exemplos na tabela abaixo. sem contração:He may or may not agree with you. (Ele pode con-
cordar ou não com você)
Simple Past Past 2. Must (precisar, dever, ter que):
Infinitivo Tradução
tense Participle
to accept accepted accepted aceitar -Must é usado no presente e no futuro. Must pode exprimir
adicionar, ordem, necessidade, obrigação, dever. É equivalente a have to (ter
to add added added que):
somar
I must go now. (Preciso ir agora)
to arrive arrived arrived chegar You must obey your parents. (Você deve obedecer a seus pais)
to be was, were been ser, estar You must follow your doctor’s advice. (Você tem que seguir
os conselhos do seu médico)
começar,
to begin began begun He has worked a lot; he must be tired. (Ele trabalhou muito;
iniciar
deve estar cansado)
to buy bought bought comprar
-A forma negativa mustn’t (must not) exprime uma proibição
Os verbos modais são distintos dos regulares e irregulares ou faz uma advertência:
pois possuem características próprias: Visitors must not feed the animals. (Visitantes estão proibidos
de alimentar os animais)
1. Não precisam de auxiliares na formação de negativas e You mustn’t miss the 9:00 train. (Você não pode perder o trem
interrogativas; das 9:00)
2. Sempre após os modais, usamos um verbo regular ou
irregular no infinitivo, mas sem o “to”; 3. Can (poder):
3. Não sofrem alteração na terceira pessoa do singular do
presente. Logo, nunca recebem “s”, “es” ou “ies” para he/she/it. -Pode ser usado para expressar talentos e habilidades no pre-
sente:
São verbos modais: can, could, may, might, should, must, They can sing really well. (Eles podem cantar realmente mui-
ought to. to bem)
I can speak English. (Eu sei falar Inglês)
1. May, Might (poder):
-Pode ser usado para pedir permissão:
-May pode ser usado para pedir permissão: Can I drink water, teacher? (Posso ir beber água, professor?)
May I open the window? (Posso abrir a janela?) Can I see your homework? (Posso ver sua tarefa?)
May I use your bathroom? (Posso usar seu banheiro?)-May
e Might podem indicar possibilidade mais certa ou probabilidade -Há duas formas negativas, can’t e cannot:
mais remota:It may rain. (Pode chover) => may indica algo com He can’t dance at all. (Ele não sabe dançar nada)
mais certeza do que might. Tim cannot control his feelings. (Tim não consegue controlar
It might rain. (Pode chover) => a probabilidade de chover é seus sentimentos)
pequena.
He might come to the party, but I don’t think he will. (Ele 3. Could (conseguia, podia, poderia):
pode vir à festa, mas não creio que virá)-May e might podem ser
usados para exprimir um porpósito, uma aspiração ou uma espe- -Usamos could para expressar ideias como sendo o passado
rança:May he rest in peace. (Que ele repouse em paz)I hope that de Can:
he might like this cake. (Espero que ele possa gostar deste bolo) When I was a teenager I could swim better. (Quando eu era
adolescente eu podia nadar melhor)
I could run, now I can’t anymore. (Eu podia correr, mas agora
não consigo mais)
Didatismo e Conhecimento 16
NOÇÕES DE LÍNGUA INGLESA
-Para pedir permissão, could é mais educado e formal que I don’t eat pizza. (Eu não como pizza)
Can: You don’t eat pizza. (Você não come pizza)
Could you help me? (Você poderia me ajudar?) She doesn’t eat pizza. (Ela não come pizza)
Could I borrow your cell phone? (Eu poderia pegar empres- He doesn’t eat pizza. (Ele não come pizza)
tado seu celular?) It doesn’t eat pizza. (Ela/Ele não come pizza)
We don’t eat pizza. (Nós não comemos pizza)
4. Should e Ought to (deveria): You don’t eat pizza. (Vocês não comem pizza)
They don’t eat pizza. (Eles não comem pizza)
-Usamo-os para expressar nossa opinião, para dar sugestão Do I eat pizza? (Eu como pizza?)
ou conselho: Do you eat pizza? (Você come pizza?)
He should travel more. (Ele deveria viajar mais) Does she eat pizza? (Ela come pizza?)
I ought to go right now. (Eu deveria ir imediatamente) Does he eat pizza? (Ele come pizza?)
Does it eat pizza? (Ela/Ele come pizza?)
-As formas negativas são Shouldn’t e Ought not to. Do we eat pizza? (Nós comemos pizza?)
You shouldn’t talk like that. (Você não deveria falar daquele Do you eat pizza? (Vocês comem pizza?)
jeito) Do they eat pizza? (Eles comem pizza?)
I ought not to see her. (Eu não deveria vê-la)
Tempos Verbais
Verbos Auxiliares
Em perguntas você pode mudar o tempo verbal de uma frase 1. Presente Contínuo: indica algo que acontece no exato
simplesmente alterando o verbo auxiliar. Por exemplo: momento da fala. As frases neste tempo verbal mostram o que
Do you work? = Você trabalha? alguém está fazendo (gerúndio). Necessita do verbo to be (am, is,
Does He work? = Ele trabalha? are) e mais algum outro verbo com terminação -ing (-ando, endo,
Did you work? = Você trabalhou? -indo, -ondo):
Will you work? = Você vai trabalhar?
Os verbos auxiliares não possuem tradução nas frases: I am writing a book. (Eu estou escrevendo um livro)
Do you play volleyball? = Você joga vôlei?
You are reading. (Você está lendo)
A presença de um verbo auxiliar numa frase nos indica em
He is listening to music. (Ele está escutando música)
que tempo verbal ela está (no presente, no passado ou no futuro),
She is making lunch. (Ela está fazendo o almoço)
dependendo do auxiliar que foi usado. Do e does indicam tempo
It is playing with a ball. (Ele/Ela está brincando com uma
presente, did indica tempo passado, e will indica tempo futuro.
bola.)
We are learning together. (Nós estamos aprendendo juntos)
Suas formas negativas são don’t (do not), didn’t (did not) e
You are studying English. (Vocês estão estudando Inglês)
won’t (will not).
They are traveling. (Eles estão viajando)
Para montarmos interrogações, basta posicionar o auxiliary
desejado antes do sujeito da frase. *O pronome it é usado para coisas e animais. Pode referir-se a
O auxiliar também pode facilitar as coisas nas respostas. Ele pessoas quando não se sabe o sexo.
pode substituir o verbo e todos os seus complementos. Assim,
se alguém faz um pergunta muito longa, você pode responder Tudo o que foi descrito nestas frases está acontecendo agora,
rapidamente: neste exato momento. Por isso usamos o presente contínuo. Para
tornar todas estas frases negativas, basta posicionar a palavra
Do you always go to work by car on weekdays? (Você sempre not após o to be, ou fazer uma contração ente eles (am not, isn’t,
vai para o trabalho de carro nos dias da semana?). aren’t).
Sua resposta pode ser, simplesmente, “Yes, I do”. I am not writing a book. (Apenas esta forma não pode ser
contraída)
Os verbos auxiliares seguidos de um verbo principal são You aren’t reading.
usados praticamente só em perguntas ou frases negativas: He isn’t listening to music.
She isn’t making lunch.
Do you like pizza? (Você gosta de pizza?) It isn’t playing with a ball.
We aren’t learning together.
I don›t like pizza (Eu não gosto de pizza) You aren’t studying English.
They aren’t traveling.
Numa frase afirmativa diríamos:
Agora, para tranformarmos as frases em interrogações,
I like pizza. (Eu gosto de pizza) devemos mudar a posição do to be. Precisamos posicioná-lo
(am, is, are) antes dos sujeitos das frases. As outras palavras
As formas does e doesn’t são usadas quando o sujeito da frase permanecem em suas posições originais. Claro que não podemos
no presente for terceira pessoa do singular (he, she, it). esquecer do ponto de interrogação. Veja:
Didatismo e Conhecimento 17
NOÇÕES DE LÍNGUA INGLESA
Am I writing a book? I work in the evening.
Are you reading? You like to dance.
Is he listening to music? He sleeps a lot.
Is she making lunch? She cooks well.
Is It playing with a ball? It barks too much.
Are we learning together? We speak English fluently.
Are you studying English? You drive fast.
Are they traveling? They drink beer.
2. Passado Contínuo: se você quiser colocar todas as frases Perceba que basta seguir a ordem “sujeito + verbo no infinitivo
que acabamos de estudar no passado, para relatar o que alguém sem to (+complemento)” para formar algumas sentenças. É a ordem
estava fazendo, é muito simples. Basta trocar verbo to be que natural das palavras em Português também. Assim, se você souber
estava no presente pelo to be no passado (was, were). Apenas uma boa gama de verbos, poderá montar muitas frases para praticar.
tenha atenção na hora de saber qual pessoa usará was e qual usará
were. Exemplos: Neste caso de sentenças afirmativas somente necessitamos
tomar cuidado com os detalhes em negrito e em sublinhado. Todas as
I was writing a book. vezes em que o sujeito da frase for a terceira pessoa do singular (he/
You were reading. she/it), devemos acrescentar um -s no final do verbo. Em algumas
He was listening to music. situações será um -es, e no caso do verbo ter (to have) a forma será
She was making lunch. has. Repito: só nas afirmativas com 3ª pessoa singular.
It was playing with a ball.
We were learning together. As negativas precisam fazer o uso dos verbos auxiliares do e
You were studying English. does, acrescidos de not (do+not=don’t / does+not=doesn’t). Doesn’t
They were traveling. será usado somente com 3ª pessoa singular. Exemplos:
Perceba que usamos was com I/He/She/It, e que usamos I don’t work in the evening.
were com You/We/They. Agora, para formar a negativa (wasn’t, You don’t like to dance.
He doesn’t sleep a lot.
weren’t) e a interrogativa (Was I...?, Were you...?), basta proceder
She doesn’t cook well.
da mesma forma que vimos no caso do Presente Contínuo.
It doesn’t bark too much.
We don’t speak English fluently.
3. Futuro Contínuo: para relatar aquilo que alguém estará
You don’t drive fast.
fazendo em um determinado momento no futuro, é só utilizar will
They don’t drink beer.
be e mais qualquer outro verbo terminado em -ing.
Para fazermos perguntas, posicionaremos do e does antes do
I will be writing a book. sujeito da frase e acrescentaremos o ponto de interrogação.
You will be reading.
He will be listening to music. Do I work in the evening?
She will be making lunch. Do you like to dance?
It will be playing with a ball. Does he sleep a lot?
We will be learning together. Does she cook well?
You will be studying English. Does it bark too much?
They will be traveling. Do we speak English fluently?
Do you drive fast?
Nas negativas, simplesmente posicionamos not logo após Do they drink beer?
o auxiliar will, ou fazemos uma contração com eles (will+not=
won’t). Ótimo. Agora, para finalizarmos o presente simples, passemos
ao principal verbo inglês: o to be. A conjugação do presente do to be
Para interrogar, faz-se a colocação do auxiliar will antes do possui três formas: am, is e are. Este verbo significa duas coisas ao
sujeito das frases (Will I...?, Will you...?). mesmo tempo: ser e estar. Mas como identificar se numa frase ele
quer se referir ao verbo ser ou se ao verbo estar? Resposta: depende
4. Presente Simples: este tempo verbal nos fala de situações da frase, depende do contexto. Veja:
que acontecem rotineiramente. Estas situações não acontecem no I am a teacher. (Eu sou um professor)
exato momento da fala, mas usualmente durante o dia a dia. Por You are a student. (Você é um aluno)
exemplo, você pode dizer em português “eu trabalho”. Essas suas He is late. (Ele está atrasado)
palavras indicam algo rotineiro para você, não querem dizer que She is early. (Ela está adiantada)
você esteja trabalhando agora, neste exato momento. É essa noção It is tall. (Ele/Ela é alto/a)
de que algo acontece no presente mas como uma rotina é o que o We are Brazilians. (Nós somos brasileiros)
presente simples indica. Vamos ver a conjugação de alguns verbos You are busy. (Vocês estão/são ocupados)
no presente simples com frases afirmativas primeiro: They are happy. (Eles/Elas estão/são felizes)
Didatismo e Conhecimento 18
NOÇÕES DE LÍNGUA INGLESA
Note que am é usado na primeira pessoa do singular, is na Quanto aos verbos irregulares, procederemos da mesma
terceira do singular e are nas outras. forma. A única diferença é nas afirmações, pois eles não recebem
Para negarmos, usamos not logo após o to be ou fazemos terminação -ed. É essencial memorizar as formas irregulares.
contração entre eles. Vejamos:
Finalizando, para transformarmos estas frases em Faz-se necessário, também revisar o passado do verbo to be.
interrogações, temos que por o to be antes dos sujeitos. Lembrete: Ele será da seguinte forma:
ponto de interrogação! Assim:
I was tired.
Am I a teacher? You were sad.
Are you a student? He was late.
Is he late? She was early.
Is she early? It was beautiful.
Is It tall? We were in São Paulo.
Are we Brazilians? You were elegant.
Are you busy? They were at the bank.
Are they happy?
Nas negativas: wasn’t e weren’t. E nas interrogativas: Was
5. Passado simples: indica alguma ação completa no passado, I...?, Were you...?, Was he…?, etc.
ou seja, algo já finalizado. O passado simples caracteriza-se pela
adição da terminação -ed ao verbos REGULARES nas afirmativas. 6. Futuro simples: formado pela utilização do auxiliar will após
Nas interrogativas, usamos Did antes dos sujeitos das frases e, nas o sujeito seguido de algum verbo. A negativa é obtida com will not
negativas, did not ou didn’t. Vejamos: ou com a contração won’t. Para perguntar no futuro simples, é só
colocar will antes do sujeito. Exemplos:
I worked yesterday. (Eu trabalhei ontem) I will buy a car
You answered my e-mail. (Você respondeu ao meu e-mail) You will have a baby.
He traveled a lot. (Ele viajou muito) He will study abroad.
She watched the movie. (Ela assistiu o filme) She will go to the park.
It barked all night. (Ele/Ela latiu a noite toda) It will stay at the veterinarian.
We stayed here. (Nós ficamos aqui) We will make a barbecue.
You played very well. (Vocês jogaram muito bem) You will help me now.
They parked far. (Eles estacionaram longe) They will be partners.
I didn’t work yesterday. (Eu não trabalhei ontem)
You didn’t answer my e-mail. (Você não respondeu ao meu 7. Presente Perfeito: formado pela utilização do auxiliar have
e-mail) ou has (para he, she, it) mais a forma do particípio de outro verbo.
He didn’t travel a lot. (Ele não viajou muito) Indica situações contínuas, coisas que têm acontecido por um certo
She didn’t watch the movie. (Ela não assistiu o filme) período e que ainda não acabaram.
It didn’t bark all night. (Ele/Ela não latiu a noite toda)
We didn’t stay here. (Nós não ficamos aqui) I have worked here for five years. (Tenho trabalhado aqui há
You didn’t play very well. (Vocês não jogaram muito bem) cinco anos)
They didn’t park far. (Eles não estacionaram longe) She has gone to the club a lot lately. (Ela tem ido muito ao
clube ultimamente)
Did I work yesterday? (Eu trabalhei ontem?) Dave and Mike have studied together since 2010. (Dave e
Did you answer my e-mail? (Você respondeu ao meu e-mail?) Mike têm estudado juntos desde 2010)
Did he travel a lot? (Ele viajou muito?)
Did she watch the movie? (Ela assistiu o filme?) O present perfect também é usado para descrever situações
Did it bark all night? (Ele/Ela latiu a noite toda?) que já ocorreram, mas que não sabemos quando. O tempo é
Did we stay here? (Nós ficamos aqui?) indefinido, não interessa, ou simplesmente não importa, pois o que
Did you play very well? (Vocês jogaram muito bem?) importa é o fato acontecido.
Did they park far? (Eles estacionaram longe?)
Didatismo e Conhecimento 19
NOÇÕES DE LÍNGUA INGLESA
Mike has seen the ocean for the first time. (Mike viu o oceano Verbos: Modo Imperativo.
pela primeira vez)
Sheila and Susan have already been to New York. (Sheila e O modo imperativo afirmativo aproveita a forma dos verbos
Susan já estiveram em Nova Iorque) no infinitivo, mas sem o to. É usado para dar comandos, ordens,
I have already made my bed. (Eu já arrumei minha cama) conselhos, instruções, sugestões e fazer pedidos. Por exemplo, o
infinitivo do verbo “fechar” é to close. Se um professor precisa que
As formas negativas podem serão: um dos alunos feche a porta da sala de aula, ele dirá assim:
I haven’t made my bed. (Eu não arrumei minha cama) Close the door.
Mike hasn’t seen the ocean. (Mike não viu o oceano) Close the door, please.
Sheila and Susan haven’t been to New York. (Sheila e Susan
não foram a Nova Iorque) A frase imperativa afirmativa geralmente inicia-se com o
verbo, mas não necessariamente. Podemos antepor algo:
Se quisermos, podemos acrescentar no final da frase a palavra Please close the door.
yet, que significa “ainda”, para modificar um pouco o sentido da Diego, please, close the door.
conversa: For heaven’s sake, close the door. (Pelo amor de Deus, feche
a porta)
I haven’t made my bed yet. (Eu ainda não arrumei minha If you can, close the door. (Se você puder, feche a porta)
cama)
Já o modo imperativo negativo utiliza do not (mais formal) ou
Mike hasn’t seen the ocean yet. (Mike ainda não viu o oceano)
don’t (mais informal) antes do verbo no infinitivo. Veja:
Sheila and Susan haven’t been to New York yet. (Sheila e
Don’t close the door.
Susan ainda não foram a Nova Iorque)
Don’t close the door, please.
Please don’t close the door.
Para fazermos perguntas no present perfect, basta colocar
have ou has antes do sujeito da frase. Às vezes, fazemos uso da Além destas, há uma outra maneira de exercer o imperativo só
palavra ever, que significa “alguma vez”, em perguntas: que de uma forma mais sugestionada e leve, passando a impressão
Have you bought Milk for the baby? (Você comprou leite para de incluir na sugestão quem está falando. Podemos usar let’s junto
o bebê?) a um verbo no infinitivo, mas sem o to.
Has he talked to the police officer? (Ele falou com o policial?) Let’s correct our exercises. (Vamos corrigir nossos exercícios)
Has Tina ever traveled to Salvador? (A Tina viajou a Salvador Let’s study more. (Vamos estudar mais)
alguma vez?)
Have you ever seen a famous person? (Você alguma vez viu Verbos: Two-Word Verbs (Phrasal Verbs)
uma pessoa famosa?)
O Inglês tem uma grande variedade de two-word verbs
8. Passado Perfeito: usado para dizer que alguma coisa ocorreu (verbos de duas palavras). Talvez o melhor termo para identificá-
antes de outra no passado. Formado por had mais o particípio de los seja phrasal verbs (verbos frasais), assim chamados pelo fato
algum verbo. Veja no próximo exemplo que há duas situações de serem compostos, possuindo mais de uma palavra, parecendo-
acontecendo, mas, aquela que aconteceu primeiro está usando o se com um tipo de frase. Um phrasal verb é composto por um
past perfect. E aquela que aconteceu em seguida está no passado verbo regular ou irregular junto com alguma partícula, que pode
simples. Ambas as orações estão unidas por when. ser uma preposição ou um advérbio, ou ambos. Os phrasal verbs
têm significados novos, diferentes das palavras que os compõem
I had already left when my father called home. (Eu já tinha lidas separadamente. Eles precisam ser entendidos como um grupo
saído quando meu pai ligou para casa) e não com suas palavras de forma isolada.
Para ver a diferença, considere o significado do verbo to turn
Não é extremamente necessário que haja duas orações. Pode segundo o Dicionário Cambridge e, em seguida, as sentenças com
have apenas uma. Veja; phrasal verbs derivados do mesmo verbo:
Didatismo e Conhecimento 20
NOÇÕES DE LÍNGUA INGLESA
Para entender como um two-word verb funciona, você tem Note, também, que, às vezes, é necessário acrescentar a
que refletir sobre o significado básico de “turned”. Geralmente, se preposição by para apresentar o objeto da passiva.
for possível substituir o verbo e sua preposição por outra palavra, Usamos a passiva quando queremos dar mais ênfase ao objeto
uma palavra que signifique exatamente a mesma coisa, então, o do que ao agente, e também quando não conhecemos o sujeito, o
verbo é realmente um two-word verb. Poderíamos reescrever as agente da voz ativa:
frases da seguinte maneira:
• Fred put the light in the “on” position. (Fred pôs a luz na Kennedy was killed by Lee Harvey Oswald. (Kennedy foi
posição “ligada”) morto por Lee Harvey Oswald)
• Mary lowered the gas. (Mary reduziu o gás) My wallet has been stolen. (Minha carteira foi roubada)
• Ralph raised the volume on the stereo. (Ralph aumentou
o volume do som) O primeiro exemplo dá mais importância ao objeto da ativa.
• Susan flipped the pancake. (Susan girou a panqueca) Já no segundo, o agente da ativa é desconhecido.
• The committee refused the request. (O comitê recusou
o pedido) Podemos conjugar a voz passiva em qualquer tempo. Por
exemplo:
Muitos phrasal verbs não têm objeto:
present simple: It is made in Brazil. (É feito no Brasil)
• After their fight, Susan and Paul made up. (Após a briga, present continuous: It is being made in Brazil. (Está sendo
Susan e Paul fizeram as pazes) feito no Brasil)
• During the wedding, the groom passed out. (Durante o present perfect: It has been made in Brazil. (Tem sido feito
casamento, o noivo passou mal) no Brasil)
Exemplos:
Parks are destroyed by our bad habits. (Parques são destruídos
por nossos maus hábitos)
Many people were called by this company. (Muitas pessoas
foram chamadas por esta empresa)
Didatismo e Conhecimento 21
NOÇÕES DE LÍNGUA INGLESA
In: usamos com nomes de meses, anos, estações, partes do Against: contra: The car crashed against the wall.
dia, cidades, estados, países, continentes. Among: entre (vários ítens): The little boy was among many
criminals.
I was Born in January. Around: em volta de: They traveled all around the country.
He lived here in 2012. Before: antes de: She always arrives before 7 o’clock.
The classes start in the summer. Behind: atrás de: Tim sits behind Peter.
He works in the morning/in the afternoon, in the evening. Below: abaixo de: Answer the questions below.
I have a house in Belo Horizonte. Beside/Next to: ao lado de: The microphone is beside/next to
She lives in Paraná but works in Argentina. the monitor.
Steven has worked in Europe since 2011. Besides: além de: Besides English, she can also speak Spanish.
Between: entre (dois ítens): He was sitting between two
On: usado para dias da semana, datas (mês+dia), datas beatuful girls.
comemorativas, ruas, praças e avenidas. Beyond: além de, após, atrás de: The lake is beyond the
mountains.
I go to the church on Saturdays and on Sundays. But: exceto: Everybody went to the party, but Chris.
Their baby was born on April 10TH. By: por, junto, ao lado de: Let’s sleep by the fireplace.
I always have fun on New Year’s Day. Down: abaixo, para baixo: Their house is down the hill.
The supermarket is on Brazil street. Up: acima, para cima: Their house is halfway up the hill.
The shopping mall is on Portugal square. During: durante: He was in the army during the war.
For: a favor de: Who’s not for us is against us.
At: usado com horas, com palavra night, com endereços For: por, para, há (tempo): Do it for me! Fish is good for
(rua+número), lugares numa cidade. health. They’ve lived here for many years.
From: de (origem): Where is he from?
I got up at 7:00. In front of: na frente de: Peter sits in front of the teacher in
The store is at 456 Lincoln street. the classroom.
He arrived late at night. Inside/outside: dentro de/fora de: Let the dog sleep inside/
My father is at the airport now. outside the house.
Instead of: em vez de: You should study more instead of
Na dúvida, algumas das seguintes sugestões podem ajudar, playing video-games.
mas lembre-se: o uso das preposições nem sempre segue a regra Into: para dentro, em: The plane disappeared into the cloud.
geral. Confira sempre num dicionário as possibilidades de uso. Near: perto de: The post office is near here.
Off: para fora (de uma superfície): Mark fell off his motorcycle.
Use in para indicar “dentro de alguma coisa”: Out of: para fora de: Put these books out of the box.
Over: sobre, acima de, por cima de, mais que: There were over
In the box 1.000 people in the show.
In the refrigerator Through: através de: The guys walked through the forest.
In a shop Till/until: até (tempo): The message will arrive until tomorrow.
In a garden To: para: Teresa will go to Italy next week.
In France Towards: para, em direção a: The boy threw the rock towards
Use on para indicar contato: the window.
Under: em baixo de: The cat sleeps under the bed.
On a bookshelf With/without: com/sem: Come with me. I can’t live without
On a plate you.
On the grass Within: dentro de: I will go there within a week.
Use at para indicar um lugar definido. Nesse caso, seu sentido EXERCÍCIOS
é o de “junto a”, “na”:
Leia o seguinte texto e responda às perguntas de 01 a 07:
At the bus stop
At the top Brazil is The “Economic World Cup Winner”
At the bottom According to CNN International
Outras preposições, seus significados e exemplos com frases: Brazil may not have won the world cup but the Latin American
country’s story of success is an “Economic World Cup Winner”
About: sobre, a respeito de: Tell me about your experiences. according to CNN International.
Above: acima de: John’s apartment is above mine. Looking at the performance of the final 8 countries who made
Across: através de, do outro lado: The dog ran across the it through the group stages of the South Africa World Cup, CNN’s
forest. Quest Means Business primetime programme was keen to find out
After: depois de: She always wakes up after 9:00. more about booming Brazil, one of the hot favourites predicted to
Didatismo e Conhecimento 22
NOÇÕES DE LÍNGUA INGLESA
win the title. Seeking expert advice, CNN International visited the Leia o seguinte texto e responda às questões de 08 a 12:
central London offices of Experience International where resident
expert, Dale Anderson, himself an investor in Brazil, talked Nothing on earth can rival the epic spectacle and breathtaking
passionately about why Brazil is such an attractive investment. grandeur of Titanic, the sweeping love story that sailed into the
Dale explained to viewers why Brazil provides investors a hearts of moviegoers around the world, ultimately emerging as
strong opportunity due to its strong economic growth, high volume the most popular motion picture of all time.
of foreign direct investment, an abundance of natural resources,
no restrictions on foreign ownership, freehold titles available and Leonardo DiCaprio and Oscar®-nominee Kate Winslet light
a clear and simple buying process. In addition the quick increase up the screen as Jack and Rose, the young lovers who find one
of the Brazilian middle-class with access to mortgages provides a another on the maiden voyage of the “unsinkable” R.M.S. Titanic.
great exit strategy for the future. But when the doomed luxury liner collides with an iceberg in
the frigid North Atlantic, their passionate love affair becomes a
The World Cup Effect thrilling race for survival.
Dale also remarked on how the World Cup, which was watched
by millions of people around the world, has enabled South Africa From acclaimed filmmaker James Cameron comes a tale of
to shine in a very positive light and now everyone will be looking forbidden love and courage in the face of disaster that triumphs as
to the next host nation – Brazil. He stated, “The effect of the 2014 true cinematic masterpiece.
World Cup on Brazil will be significant with over 600,000 visitors
expected, boosting GDP by nearly $30 million.” 8) Em português, explique sobre o que fala o texto:
Around $310 million has already been invested into the host ________________________________________________
cities which include Fortaleza, Recife and Natal in the up and ____________________________________________________
coming north east according to the Ministry of Tourism for Brazil. ____________________________________________________
The value of Land for sale in Brazil in this region are forecast to ____________________________________________________
increase by up to twenty percent in the run up to the World Cup as _____________
demand for quality accommodation rises.
9) Copie do texto, em inglês, os seguintes advérbio e locução
1. Qual foi o benefício que o Brasil teve, mesmo não vencendo adverbial:
a Copa doo?
____________________________________________________ a) “Ultimamente”: ____________________________
b) “Ao redor do mundo”: _______________________
2. De acordo com o texto, podemos afirmar que o Brasil está
10) Assinale qual dos seguintes grupos de palavras pode ser
tendo um período de crescimento econômico maior?Justifique.
encontrado no texto anterior:
____________________________________________________
a) Velejar / emergir / impossível de afundar / montanha de
gelo flutuante.
3. Seria correto substituir “over” por “more than”, no trecho
b) Linha férrea / vagões / estação / descarrilar.
“with over 600,000 visitors
c) Periscópio / escotilha / tripulação / submergir.
____________________________________________________
d) Roda / aro / pedalar / selim.
4. Qual a melhor tradução para “Talked passionately about
e) Co-piloto / hélice / manche / pairar.
why Brazil is such an attractive ient”?_____________________
___________________________________________________ 11) Qual o nome do diretor mencionado no texto?
________________________________________
5. Retire do texto:
12) Transcreva do texto, em inglês, os seguintes grupos
a.Um verbo: ____________________ nominais:
b.Um adjetivo: __________________ a) “Amor proibido”: ________________________________
c.Um substantivo: _______________ ________________________________________________
b) “Caso de amor passional”:
6. A melhor tradução para “primetime programme” é: ________________________________________________
1.Programa de auditório. ____________
2.Program de horário nobre.
3.Programa semanal
Didatismo e Conhecimento 23
NOÇÕES DE LÍNGUA INGLESA
RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS
3. .Sim,seria correto.
5.a)Watch;
b)Strong;
c)People.
Didatismo e Conhecimento 24
NOÇÕES DE LÍNGUA
ESPANHOLA
NOÇÕES DE LÍNGUA ESPANHOLA
3) El plural es igual al singular cuando éste termina en S, Y si
1 COMPREENSÃO DE TEXTO ESCRITO la palabra es grave o esdrújula:
EM LÍNGUA ESPANHOLA. 2 ITENS la tesis - las tesis
GRAMATICAIS RELEVANTES PARA la dosis - las dosis
A COMPREENSÃO DOS CONTEÚDOS
SEMÂNTICOS. 4) Los sustantivos terminados en X conservan la misma forma
en el plural :
el fénix - los fénix
la ónix - las ónix
El Artículo
5) Los sustantivos terminados en Z cambian esa letra en C y
El artículo puede ser determinante o indeterminante. Los se agrega
artículos determinantes (o definidos) son: ES: el pez - los peces
masculino : el , los la raíz - las raíces
femenino: la, las la luz - las luces
neutro: lo la paz - las paces
la vez - las veces
Los artículos indeterminantes (o indefinidos) son:
6) Para los sustantivos terminados en Y, se agrega ES:
masculino: un, unos el rey – los reyes
femenino: una , unas la ley - las leyes
Didatismo e Conhecimento 1
NOÇÕES DE LÍNGUA ESPANHOLA
Excepciones: Formas Complementarias no Acentuadas
1ª) Terminados en INA
gallo - gallina PERSONA SINGULAR PLURAL
héroe - heroína
1ª me Nos
rey - reina
2ª te Os
2ª) Terminados en ESA 3ª lo, la, le, se los, las, les, se
abad – abadesa
alcalde - alcaldesa Demostrativos
barón – baronesa
onde - condesa SINGULAR PLURAL
masc. fem. neutro masc. fem.
3ª) Terminados em ISA
este esta esto estos estas
poeta – poetisa
ese esa eso esos esas
sacerdote - sacerdotisa
aquel equella aquello aquellos aquellas
4ª) Terminados em TRIZ
actor – atriz Posesivos
emperador – emperatriz 1ª PESSOA 2ª PESSOA
um objeto varios obj, um objeto varios obj
Pronombres poseido poseidos poseido poseídos
PRONOMBRES INTERROGATIVOS
(Usted = o senhor, a senhora)
Para preguntar por personas: quién?
Los Pronombres Sujetos quiénes?
Didatismo e Conhecimento 2
NOÇÕES DE LÍNGUA ESPANHOLA
101 - ciento uno 03) Que importa? Talvez tenha o que procuramos.
31 - treinta y uno 04) Está bem, vamos ver. Mas creio que estamos perdendo
102 - ciento dos,,,, etc.
32 - treinta y dos o nosso tempo.
200 - doscientos
40 - cuarenta 05) Os senhores aqui vendem ferramentas?
300 - trescientos
50 - cincuenta 06) Perfeitamente, cavalheiro. Do lado de lá.
400 - cuatrocientos
60 - sesenta 07) Preciso de um martelo e de uma serra.
500 - quinientos
70 - setenta
60U - seiscientos 08) Quer os da melhor qualidade? Não se importa com o
80 - ochenta
700 - setecientos preço?
90 - noventa
800 - ochocientos 09) Não. O que desejo é um artigo bom.
100 - ciento (cien)
900 - novecientos 10) As nossas mercadorias são as melhores que há.
101 - ciento uno
1000 - mil 11) Acredito. Mostre-me serrotes e martelos .
12) Estes são muito grandes, não me servem.
Ordinales
13) Então espere um momento. Vou mostrar-lhe outros.
14) Ande, que estou apressado. Já é um pouco tarde.
1º - primero 11º - undécimo 30º - trigésimo 15) Bom. Isto já é outra coisa. Queria também um cadeado.
2º - segundo 12º - duodécimo 40º - cuadragésimo 16) Gosta deste? Vendemo-lo com duas chaves.
3º - tercero 13º - decimotercio 50º - quincuagésimo 17) É bom e forte? olhe que onde moro há ladrões.
4º - cuarto 14º - decimocuarto 60º - sexagésimo 18) Não existem melhores. Temos vendido muitos.
5º - quinto 15º - decimoquinto 70º - septuagésimo 19) Tenho falta de pregos de diversos tamanhos. Tem?
6º - sexto 16º - decimosexto 80º - octogésimo 20) Sim! Aqui temos tudo. E vendemos barato.
7º - séptimo 17º - decimoséptimo 90º - nonagésimo
21) Dê-me todos estes. Pese-os e faça a conta.
8º - octavo 18º - decimoctavo 100º - centésimo
9º - noveno 19º - decimonono 1000º - milésimo 22) Não precisa de mais alguma coisa? Antes de ir-se embora.
10º - décimo 20º - vigésimo 1.000.000 - milionésimo 23) Não, por hoje é somente isto. Quanto é tudo?
24) Escrevi tudo aqui. Pode pagar ao caixa.
Numerales Colectivos 25) Não poderia mandar levar a mercadoria na minha casa?
26) Moro muito perto daqui. Não são nem cinco minutos.
27) Nesse caso está bem. Se fosse longe não poderíamos.
10 - decena 12 - docena 28) Muito obrigado e passe bem.
15 - quincena 20 - veintena
40 - cuarentena 50 - cincuentena
100 - una centena 1000 - un millar Respostas
1.000.000 - un millón
01) Vamos a entrar en esta tienda?
Numerales Partitivos 02) No, en esta no. Es uno cara muy pequeña,
03) ¿Qué importa? Tal vez tenga lo que buscamos.
04) Está bien, vamos a ver. Pero me parece que estamos
1/2 - un medio, la mitad 2/3 - dos tercios perdiendo nuestro tiempo.
1/3 - un tercio 3/4 - tres cuartos
05) ¿Ustedes aquí venden herramientas?
1/10 - un décimo 4/5 - cuatro quintos
1/20 - un vigésimo 7/8 - siete octavos 06) Perfectamente, caballero. Del lado de allá.
1/100 - un centésimo 8/9 - ocho novenos 07) Necesito un martillo y un serrucho.
08) ¿Los quiere de la mejor calidad? ¿No le importa el
Numerales Múltiplos precio?
09) No. Lo que deseo as un artículo bueno.
10) Nuestras mercaderías son las mejores que hay.
2 - doble 7 - séptuple 11) Ya lo creo. Muéstreme serruchos y martillos.
3 - triple 10 - décuplo
12) Estos son muy grandes, no me sirven.
4 - cuádruple 100 - céntuplo
6 - séxtuple 13) Entonces espere un rato. Le voy a mostrar otros.
14) Ándele, que estoy apurado. Ya es un poco tarde.
15) Bueno. Esta ya es otra cosa. Quiero también un candado.
Exercício 1 16) ¿Le gusta este? Lo vendemos com dos llaves.
17) ¿Es bueno y fuerte? Mire que en donde vivo hay ladrones.
Traduzir o seguinte texto para o Espanhol: EN UNA TIENDA 18) No existen mejores. Hemos vendido muchos.
19) Me hacen falta clavos de diversos tamaños. ¿Los tiene?
01) Vamos entrar nesta loja? 20) ¡Como no! Acá lo tenemos todo, y vendemos barato.
02) Não, nesta não. É uma casa muito pequena. 21) Déme todos estos. Péselos y haga la cuenta.
Didatismo e Conhecimento 3
NOÇÕES DE LÍNGUA ESPANHOLA
22) ¿No le hace falta algo más? Antes que se marche, 05) Então é preciso mandá-lo ao relojoeiro.
23) No, por hoy es solo esto. ¿Cuánto vale todo? 06) Vai me custar caro. Hoje por qualquer coisinha pedem
24) Lo escribí todo aquí. Puede pagarle al cajero, uma exorbitância.
25) No podría mandar llevar la mercancía a mi casa? 07) E que tal o nosso passeio? Vamos ou ficamos em casa?
26) Vivo muy cerca de aquí. No son ni cinco minutos. 08) O céu se apresenta cheio de nuvens. Parece que vai
27) En ese caso está bien. Si fuera lejos no podríamos. chover.
28) Muchas gracias y que le vaya bien, 09) Mas o observatório indicou tempo bom, com sol e calor.
10) Pode ser que eles estejam com a razão.
Exercício 2 11) Se não chover, caso o tempo melhore, vamos sair?
12) Nesse caso sim, a que horas você estará livre?
Traduzir para o Português as frases seguintes: EL TIEMPO 13) A qualquer hora depois do meio-dia. As duas, por
exemplo.
01) ¿Qué horas son? 14) Vamos supor, então, que iremos às três e meia.
02) No sé. Mi reloj está parado. Y se adelantaba. 15) Mas olhe, a escuridão aumenta e o vento começa a soprar
03) En el reloj de la torre de la iglesia son las diez. forte.
04) Uno de los punteros de mi reloj está flojo. 16) Supondo que vamos depois do almoço, a que horas
05) Entonces hay que mandárselo al relojero. poderemos voltar para casa?
06) Me va a costar caro. Hoy por cualquier cosita piden una 17) Creio que depois das dez horas e antes da meia-noite.
exorbitancia 18) Não lhe parece que será tarde? Amanhã terei que me
07) ¿Y qué tal nuestro paseo? ¿Vamos o nos quedamos en levantar cedo.
casa? 19) Faremos o possível para estar de volta às onze menos
08) El cielo se presenta lleno de nubes. Parece que va a um quarto.
llover. 20) É tão longe assim o lugar onde vamos?
09) Pero el observatorio ha indicado tiempo bueno, con sol y 21) Não é questão de distância, mas é que à noite os meios de
calor. transporte lá são maus.
10) Puede ser que ellos estén con la razón. 22) Já ouço os trovões. E os relâmpagos clareiam o céu.
11) Si no llueve, caso el tiempo mejore, ¿vamos a salir? 23) Está principiando a chover, mas creio que vai ter curta
12) En ese caso sí, ¿a qué horas estará usted libre? duração. Depois poderemos ir.
13) A cualquier hora después de mediodía. A las dos, por 24) Enquanto isso, vou trabalhar mais um pouco,
ejemplo.
14) Vamos a suponer, entonces, que iremos a las tres y media. Esto Es Amor
15) Mas mire, la oscuridad aumenta y el viento empieza a
soplar fuerte. Desmayarse, atreverse, estar furioso,
16) Suponiendo que vamos después del almuerzo, ¿a qué áspero, tierno, liberal, esquivo,
horas podremos volver a casa? alentado, mortal, difunto, vivo,
17) Creo que después de las diez y antes de media noche. leal, traidor, cobarde y animoso;
18) ¿No le parece que será tarde? Haàanò tendré que
levantarme temprano. no hallar fuera del bien centro y reposo,
19) Haremos lo posible para estar de vuelta a las once menos mostrarse alegre, triste, humilde, altivo,
cuarto. enojado, valiente, fugitivo,
20) ¿Es tan lejos así el lugar adonde vamos? satisfecho, ofendido, receloso;
21) No es cuestión de distancia, mas es que por la noche los
medios de transporte son malos. huir el rostro al claro desengaño,
22) Ya oigo los truenos. Y relámpagos clarean el cielo. beber veneno por licor suave,
23) Está comenzando a llover, pera creo que va a tener corta olvidar el provecho, amar el daño;
duración. Después podremos ir.
24) Mientras tanto, voy a trabajar un poco más. creer que un cielo en un infierno cabe,
dar la vida y el alma a un desengaño,
Respostas esto es amor, quien lo probó lo sabe.
Lope de Veja
01) Que horas são?
02) Não sei. 0 meu relógio está parado. E adiantava,
03) No relógio da torre da igreja são dez horas.
04) Um dos ponteiros do meu relógio está frouxo.
Didatismo e Conhecimento 4
LÍNGUA ESPANHOLA
Verbos
Modo Indicativo
Modo Subjuntivo
Didatismo e Conhecimento 5
LÍNGUA ESPANHOLA
Modo Potencial
Simple Compuesto
habría habría habido
habrías habrías habido
habría habría habido
habríamos habríamos habido
habríais habríais habido
habrían habrían habido
Modo Imperativo
he tú
haya el
hayamos nosotros
habed vosotros
hayan ellos
Verbo Ser
Modo Indicativo
Didatismo e Conhecimento 6
LÍNGUA ESPANHOLA
Modo Subjuntivo
Modo Potencial
Simple Compuesto
seria habría sido
serias habrías sido
seria habría sido
seríamos habríamos sido
seriais habríais sido
serian habrían sido
NOTA
No existe en portugués el pretérito anterior (uno de los tiempos del indicativo). Y habrá que traducirlo como si fuera el pretérito
indefinido (en portugués: “pretérito perfecto). Ejemplo:
Apenas hubo oído esto, salió corriendo,
“Apenas OUVIU isto, saiu correndo”.
Verbos Regulares
1ª Conjugación - Ar - Cantar
Modo Indicativo
Didatismo e Conhecimento 7
LÍNGUA ESPANHOLA
Modo Subjuntivo
2ª Conjugación - Er - Temer
Modo Indicativo
Didatismo e Conhecimento 8
LÍNGUA ESPANHOLA
Modo Subjuntivo
3ª Conjugación - Ir - Partir
Modo Indicativo
Didatismo e Conhecimento 9
LÍNGUA ESPANHOLA
Modo Subjuntivo
Verbos Irregulares
(Os Principais)
Didatismo e Conhecimento 10
LÍNGUA ESPANHOLA
Venir
Didatismo e Conhecimento 11
LÍNGUA ESPANHOLA
Ver
Dar
Estar
Caber
Didatismo e Conhecimento 12
LÍNGUA ESPANHOLA
Pedir
Sentir
Didatismo e Conhecimento 13
LÍNGUA ESPANHOLA
MODO SUBJUNTIVO
PRESENTE
PRETÉRITO IMPERFECTO
sienta
sintiera o sintiese
sientas
sintieras o sintieses
sienta
sintiera o sintiese
sintamos
sintiéramos o sintieseis
sintáis
sintieran o sintiese
sientan
Valer
Andar
Decir
Didatismo e Conhecimento 14
LÍNGUA ESPANHOLA
Poder
Poner
Didatismo e Conhecimento 15
LÍNGUA ESPANHOLA
Querer
Saber
Didatismo e Conhecimento 16
LÍNGUA ESPANHOLA
FUTURO IMPERFECTO
IMPERATIVO
supiere
sabe
supieres
sepa
supiere
sepamos
supiéremos
sabed
supiereis
sepan
supieren
Traer
Exercícios:
Temos no Rio umas sete mil fábricas, sendo vinte grandes fábricas de tecidos.
Para vê-las faz-se preciso percorrer todo o Estado do Rio, que é quase do tamanho de um país como Portugal, por exemplo.
Sabe, amigo, quanto mais passeio nesta capital, mais me sinto maravilhado. Sempre encontro novos bairros atráz das montanhas.
Didatismo e Conhecimento 17
NOÇÕES DE LÍNGUA ESPANHOLA
Quantos são ditos bairros? El motivo de las luchas entre naciones es siempre el mismo.
Chegam quase a duzentos, e alguns têm de 200.000 a 400.000 ¿Por qué atacó a Alemania el mundo (2ª Guerra)?
habitantes.
Poderia dizer-me quais são os principais? Las razones son simples: El pueblo alemán trabajaba
activamente. Sus mercaderías eran mejores y más baratas.
Pois, não! - Meyer, Penha , cascadura, Tijuca, Botafogo,
Madureira, Copacabana, São Cristóvão, Jacarepaguá. Por eso inventaron que Alemania quería conquistar al mundo,
¿No estaban engañados los países, pensando que las guerras
LAS INDUSTRIAS DE ESTE PAÍS resuelven a sus problemas?
Desearía visitar al Estado de San Pablo.
Tradução
Me han dicho que es el mayor centro industrial sudamericano.
Acredita você que virá a Terceira Guerra Mundial?
Sin duda. Y el Estado de Rio es el segundo,
Se não for possível harmonizar,os interesses comerciais das
Tenemos en Rio unas siete mil fábricas, siendo veinte grandes grandes potências, haverá guerra,
fabricas de tejidos.
O motivo das lutas entre nações é sempre o mesmo,
El Estado de Rio posee también muchos establecimientos
industriales. ¿Pero dónde están las fabricas cariocas, que no se Por que o mundo atacou a Alemanha (2ª Guerra)?
ven?
Para verlas hay que recorrer todo el Estado de Rio, que es casi As razões são simples: O povo alemão trabalhava ativamente.
del tamaño de un país cómo Portugal, por ejemplo. As suas mercadorias eram melhores e mais baratas.
Sabe, amigo, cuanto más paseo en esta capital, más me siento Por isso inventaram que a Alemanha queria conquistar o
maravillado.
mundo.
Podria decirme cuales son los principales? Tarde la nieve de los años cuaja
Sobre quien lejos la indolencia arroja;
Como nó! Meyer, etc ,,, Su cuerpo al roble, por lo fuerte enoja;
Su alma del mundo al lodazal no haya,
Exercício
El pan que da el trabajo es ‘mas sabroso
Traduzir para o Português: Que la escondida miel que con empeño
Liba la abeja en el rosal frondoso.
Se cree usted que vendrá la Tercera Guerra Mundial?
Si comes use pan serás tú dueño,
Si no fuere posible amonizar a los intereses comerciales de las Mas si del ocio ruedas al abismo,
grandes potencias, habrá guerra. Todo serlo podrás, menos tú mismo.
Didatismo e Conhecimento 18
NOÇÕES DE LÍNGUA ESPANHOLA
La Palabra Imigracão
Naturaleza: gracias por este don supremo Cuando el Emperador Don Pedro lI libertó a los esclavos, la
del verso, que me diste: alta clase se revoltó, expulsándolo del Brasil.
yo soy la mujer triste
a quien Caronte ya mostró su remo. Ia que debían pagar a el trabajador, prefirieron importar
italianos y otros.
Qué fuera de mi vida sin la dulce palabra?
Como el óxido labra En los siglos pasados, portugueses y españoles descubrieron
sus arabescos ocres, innumerables tierras.
yo me grabé en los hombres, sublimes o mediocres.
Ellos fueron los señores del Nuevo Mundo.
Mientras vaciaba el pomo, caliente, de mi pecho.
no sentía el acecho. Con el tiempo fueron perdiendo los territorios descubiertos y
conquistados. Los países se han tornado independientes; las islas
Torvo y feroz, de la sirena negra.
les fueron tomadas, unas fueron vendidas.
Me salí de mi carne, goce el goce más alto:
Si en Estados Unidos tantos lugares aun conservan nombres
oponer una frase de basalto
españoles es porque aquello era español.
al genio oscuro que nos desintegra
Europa es un continente tan pobre, que no puede nutrir a sus
MARÍA hijos, ni darles bastante trabajo.
Virgen sin mancha, como el sol hermosa, Por eso son forzados a emigrar en millones.
Virgen más pura que la luz del alba,
Flor de las flores, del amor estrella; Sueño Y Despertar
Virgen María ,
He soñado que estabas a mi verá
Madre de Dios y de los hombres madre, y que tenía tus manos en las mías;
Cielos y tierra en tu esplendor se fozan; ya no recuerdo lo que me decías.
Hija de Adán, los serafines te alzan pero era dulce oírte, compañera.
Trono viviente,
Me mirabas de amor, con la sincera,
Mística rosa del amor divino; clara mirada de los bellos días
Cuya hermosura al contemplar el ángel y se iban enredando mis poesías
Besa tu sombra y remontando el vuelo, en el perfume de tu cabellera,
Canta arrobado,
Era tan dulce oírte, y era tanta
Así la alondra, con el sol de oriente, la maravilla de tu voz serena
Canta agitando, sin volar, sus alas; que, al sentir mi sellar desvanecido.
Y sobre el nido, en extásis materno,
Ciérnese inmóvil , Me desperté con llanto en la garganta,
y las carnes doliéndome de pena,
“Toda eres bella” el serafín te canta, y el corazón doliéndome de olvido.
“Toda eres pura” te saluda el ángel,
José Maria Souvirón
“Llena de gracia y del Señor bendita”.
Todas las gentes.
Texto l
Tuyu es el nombre que en la cuna el niño,
Tobías
Oye el arrullo del amor materno;
Tuyo es el nombre que tu la lucha invoca
Un día estaba Tobías en la plaza, esperando el autobús, cuando
Todo el que triunfa, se le acercó un muchacho muy joven que le dijo:
R. del Valle Ruiz
Didatismo e Conhecimento 19
NOÇÕES DE LÍNGUA ESPANHOLA
- Por favor, ¿puede usted darme fuego? 6. Con base en el texto, la intención de Tobías fue:
a) loable;
- Enciende del mío - le dijo Tobías, sin quitarse el cigarrillo b) indigna;
de la boca. c) egoísta;
d) excéntrica;
EI muchacho, a pesar de sus esfuerzos, no pude llegar con e) reprochable.
su cigarrillo al de Tobías porque este era bastante alto. Al fin, tras
inútiles esfuerzos, dijo:
7. La opción cuja secuencia no se completa es:
a) mar, so, playa;
- Lo siento, señor; pero no alcanzo su cigarrillo. ¿Puede
b) iglesia, cura, misa;
bajarlo un poco, por favor?
c) cocina, casa, paraguas;
- Más lo siento yo - respondió Tobías - ; cuando crezcas lo d) luna, noche, estrellas;
suficiente y consigas alcanzar, entonces podrás fumar. e) farmacia, medicinas, enfermo.
5. Según Tobías, el muchacho podría fumar cuando () Se conmemora esta fiesta el primero de Mayo
a) se graduara; () Hoy es lunes
b) se jubilara; () Calle Cuba, 25
c) fuera más alto; () Mi hermana
d) tuviera suficiente plata; () Estamos as do de Enero
e) tuviera matudurez y fuera más alto.
Didatismo e Conhecimento 20
NOÇÕES DE LÍNGUA ESPANHOLA
La numeración correcta está en la opción: 18. Solo no es animal salvaje
a) oso;
a) 3- 1- 5- 4- 2 b) león;
b) 1- 3- 4- 2- 5 c) perro;
c) 5 - 1- 3- 2- 4 d) tigre;
d) 1- 3- 5- 4- 2 e) zorro.
e) 4- 2- 3- 1- 5
19. Cuando uno va a viajar al exterior, él prevíamente:
a) zapatos;
12. ¡Qué señor distinto!
b) guantes;
La opción que mejor expresa el sentido de la frase es:
c) lápices;
a) El señor es muy distinguido; d) sombrero;
b) El señor se iguala à los demás; e) pasaporte.
c) El señor tiene buenos modales;
d) El señor se porta como un caballero; Texto II
e) El señor no es igual a los demás caballeros.
Millonarios
13. En el comedor no se usan:
a) mesa y silla; Tómame de la mano. Vámonos a la lluvia,
b) sábanas y cobijas; descalzos y ligeros de ropa, sin paraguas,
c) cuchillo y tenedor; con el cabello al viento y el cuerpo a la caricia
d) mantel y servilleta; oblicua, refrescante y menuda del agua.
e) cuchara y cucharita.
Querían los vecinos! Puesto que somos jóvenes
y los dos amamos y nos gusta la lluvia,
14. En la cocina no se usa
vamos a ser felices con el gozo sencillo
a) olla;
de un casal de gorriones que en la vía se arrulla
b) fogón;
c) panal; Más al lá están los campos y el camino de acacias
d) sartén; y la quinta suntuosa de aquel pobre señor
e) tenedor. millonario y obeso que con todos sus oros,
15. El calor que engalana a la naturaleza es el no podría comprarnos ni un grama del tesoro
a) gris; inefable y supremo que nos ha dado Dios:
b) rojo; Ser flexibles, ser jóvenes, estar llenos de
c) verde;
d) blanco; Juana de lbarbourou – Melo
e) amarillo. (Uruguay), 1895
Didatismo e Conhecimento 21
NOÇÕES DE LÍNGUA ESPANHOLA
22. Querían los vecinos! 29. Usted irá al club hoy?
La palabra subrayada indica que los vecinos
a) se burlan de ellos; Absolutamente!
b) reprochan sus actos;
c) miran a hurtadillas; Si se oye el dialogo arriba, es correcto afirmar que la
d) envídian a la pareja; contestación es de una persona que:
e) miran con curiosidad. a) jamás fue al club;
b) no irá al club hoy;
23. Los gorriones son c) prensa en quizás ir al club;
a) peces; d) irá al club con toda seguridad;
b) équidos; e) invita al amigo para ir al club.
c) pájaros;
30. EI niño está:
d) insectos;
e) reptiles.
Didatismo e Conhecimento 22
NOÇÕES DE LÍNGUA ESPANHOLA
a) usa sobrero; Las cuestiones siguientes están basadas en el texto
b) come un cambur
c) carga un maletín Texto lll
d) corre por la calle;
e) mira hacia el reloj. LA CHISPA
a) tomando té; 36. Solamente a los hombres argentinos les gusta el.
b) desayunando;
c) bailando en una fiesta; 37. Las mujeres están prohibidas de beber.
d) cenando en un restaurante;
e) charlando con sus familiares. 38. A los hombres y mujeres en Argentina, les gusta el vino.
34. Las personas van a viajar 39. El autor prefiere el agua al vino.
Gabarito
Didatismo e Conhecimento 23
NOÇÕES DE LÍNGUA ESPANHOLA
Instrucción - Marque a opción correcta en las cuestiones de Arabia en las noches serenas, y el manto era rojo, como el mar de
01 a 19. Egipto, y el báculo en que se apoyaba era de oro, florecido en lo
alto con tres lirios blancos de plata: Al verse en su presencia, los
Texto I tres Reyes inclinaron. El anciano sonrió con el candor de un niño,
y, franqueándoles la entrada, dijo con santa alegría:
La Adoración De Los Reyes
- Pasad!
Desde la puesta del sol se alzaba el cántico de los pastores Ramón del Valle
en torno de las hogueras, y desde la puesta del sol, guiados por
aquella otra luz que apareció inmóvil sobre una colina, caminaban 1. “ Desde la puesta del sol (...) “
los tres Santos Reyes. El término subrayado puede ser reemplazado por
Jinetes en camellos blancos, iban los tres en la frescura a) el ocaso;
apacible de la noche atravesando el destierro. Las estrellas fulguran b) la mañana;
en el cielo, y la pedrería de las coronas reales fulguraba en sus c) el levante;
frentes. Una brisa suave hacía flamear los recamados mantos: El de d) el mediodía;
Gaspar era de púrpura de Corinto: ElI de Melchor era de púrpura e) la medianoche.
de Tiro: El de Baltasar era de púrpura de Menfis. Esclavos negros,
que caminaban a pie enterrando sus sandalias en la arena, guiaban 2. “Jinetes en camellos blancos (...)”
los camellos con una mano puesta en el cabezal de cuero escarlata. Jinete es quien
Ondulaban sueltos los corvos rendajes, y entre sus flecos de a) mercadea con camellos;
seda temblaban cascabeles de oro. Los Reyes Magos cabalgaban b) desconoce la equitación;
en fila: Baltasar el Egipcio iba adelante, y su barba luenga, que c) conduce una cabalgadura;
descendía por el pecho, era a veces esparcida sobre los hombros... d) conoce bien los camellos;
Cuando estuvieron a las puertas de la ciudad, se arrodillaron los e) cuida de las cabalgaduras.
camellos, y los tres Reyes se apearon, y, despojándose las coronas,
hicieron oración sobre las arenas. 3. Escarlata es el color
a) del sol;
b) del mar;
Y Baltasar dijo:
c) de la arena;
- Es llegado el término de nuestra jornada...
d) de la sangre;
e) de los árboles.
Y Melchor dijo:
- Adoremos al que nació Rey de Israel...
4- (...) alzaba los cánticos (...)
Alzar es lo mismo que
Y Gaspar dijo:
a) bajar;
- Los ojos le verán, y todo será purificado en nosotros!...
b) cantar;
c) levantar;
Entonces volvieron a montar en sus camellos y entraron en la
d) edificar;
ciudad por la Puerta Romana, y, guiados por la estrella, llegaron al
e) construir.
establo donde había nacido el Niño. Allí los esclavos negros, como
eran idólatras, y nada comprendían, llamaron con rudas voces: 5. (...) hacía flamear (...)
Abrid! ... Abrid la puerta a nuestros señores! Flamear es lo mismo que
Entonces los tres Reyes se inclinaron sobre los arzones y a) ondear;
hablaron a sus esclavos. Y su cedió que los tres Reyes les decían b) quemar;
en voz baja: c) alargar;
d) extender;
- ¡Cuidad de despertar al Niño! e) inflamar.
Y aquellos esclavos, llenos de temeroso respeto, quedaron 6. (...) temblaban cascabeles de oro (...)
mudos, y los camellos, que permanecían inmóviles ante la puerta, Cascabel es
llamaron blandamente con la pezuña, y casi al mismo tiempo a) un látigo;
aquella puerta de viejo y oloroso cedro se abrió sin ruido. Un b) un cencerro;
anciano de calva sien y nevada barba asomó en el umbral: sobre c) una culebra;
el armiño de cabellera luenga y nazarena temblaba el arco de una d) una cascada;
aureola... Su túnica era azul y bordada con estrellas con el cielo de e) una cubierta.
Didatismo e Conhecimento 24
NOÇÕES DE LÍNGUA ESPANHOLA
Para las cuestiones 07 a 11 use es cuadro: 16. Sólo no es correcto afirmar que
a = báculo; a) Melchor conducía los tres.
b = pezuña; b) Baltasar iba adelante, en el cortejo
c = establo; c) El manto de Melchor era de púrpura de Tiro.
d = hoguera; d) Los Reyes llegaron al establo guiados por una estrella.
e) Gaspar, al llegar a la ciudad, también dijo una oración.
e = pedrera.
Texto II
7. Los pastores, al conducir los animales, usan el ______
La Fracción Del Pan
8. Las joyas son enriquecidas con _________
Camino de un pueblo distante de Jerusalén e sesenta estadías,
9. Para caletarse es común hacerse una ___________ avanzaban dos discípulos, en vuelto por la melancolía de una tarde
primaveral:
Tardo el paso, la cabeza caída, turbios de lágrimas los ojos,
10. Los bueyes y los caballos duermen en el __________
iban hablando los dos caminantes de su tristeza y orfandad.
Grandes cosas eran acontecidas en Israel. Un varón justo, poderoso
11. Los pies de los bueyes, chivos y camellos son terminados en la obra y en la palabra había vivido entre ellos, embriagándoles
por una _________. con una visión maravillosa. Pero había sido crucificado y muerto.
Y esté era el tercer día después de la muerte En verdad, el Sepulcro
12. (...) arrodillándose los camellos (...) Quedó dicho que los estaba vacío. Pero al Maestro nadie le había visto aún. Y con la
camellos vaciedad del sepulcro los discípulos se sentían todavía más sus
discípulos.
a) se ponían de pie;
Ahora todo parecía un sueño.
b) salieron en disparada; Y he aquí que Jesús se encuentra de Pronto entre los dos, y
c) se quedaron inmóviles; anda el camino en su compañía. Pare embargados, los ajos no le
d) se bajaron hasta el suelo; conocen.
e) se erguieron lo más que pudieron. Y Jesús habla a los discípulos, y ellos le contestan, pero siguen
sin conocerle.
13. Los tres Santos Reyes viajaban Les recuerda decir de Moisés y las profecías. Les llama
insensatos y tardas de corazón. Y ellos no le conocen aún.
a) por la mañana;
Mas, arribados al lugar los discípulos, Jesús dió muestras
b) durante el día de querer seguir más adelante. Y ellos le retenían por la fuerza,
c) sólo al anochecer; diciéndole: “Quédate con nosotros porque se ha hecho tarde y ha
d) durante la noche; declinado el día”.
e) cuando el sol nacía. “Y se entró con ellos, Y, estando sentado con ellos a la mesa
tomo el pan y lo bendijo, y, después de partir les daba de él.”
14. Los esclavos negros conducían los camellos poniendo “Entonces fueran abiertos los ojos de ellos, y le reconocieran...”
Más tarde “contaban cómo le habían reconocido en el partir
las manos en
del pan”,
a) la cola; Cómo podía ser esta manera de partir el pan de Jesús, en que
b) la cabeza; alcanzaba a conocerle quien no le conocía; ni en la presencia, ni en
c) el flanco; la voz, ni en la palabra, ni en el reproche?
d) las patas: Debía ser como una bendición. ¡Las manos del Maestro
e) la corcovada. dejando una porción en cada mano!
Eugénio DÓrs
15. “Un anciano de calva sien y nevada barba (...)”
17. “(...) y los tres Reyes se apearon, y despojándose las
“(...) sobre el armiño de su cabellera (...)” caronas (...)”
El color sugerido arriba es el Se entiende que los Reyes sólo no demostraron
a) rojo; a) bondad;
b) azul; b) vanidad;
c) negro; c) humildad;
d) blanco; d) respecto;
e) amarillo, e) simplicidad.
Didatismo e Conhecimento 25
NOÇÕES DE LÍNGUA ESPANHOLA
18. Los esclavos negros no respectaron al niño de pronto, 25. “Ahora todo parecía un sueño”
porque Lo que está dicho quiere decir que:
a) eran muy malos; a) todo en la vida as un sueño;
b) se rebelaron contra los Reyes; b) el pasado no decía nada a ellos;
c) no comprendían lo que se pasaba; c) los discípulos sólo sabían soñar;
d) cometieron un acto de desobediencia; d) no era fácil acreditar en lo que ocurría;
e) eran portadores de un mensaje de guerra. e) todo el pasado cayó en el olvido de los discípulos.
19. La comitiva de los Reyes fue recibida por: 26. Los discípulos conocieron al Maestro por:
a) la voz;
a) un niño;
b) el paso;
b) un viejo;
c) el ropaje;
c) un joven;
d) el aspecto;
d) una mujer;
e) la actitud.
e) un esclavo.
27. Numere las acciones de los discípulos según el orden en
20. “ Tardo el paso (...)” “(...) tardos de corazón que aparecen en el texto:
Los términos subrayados significan, respectivamente a) Oyeron las palabras del Maestro.
a) lento, torpes; b) Vieron a Jesús.
b) corto, torpes; c) Fueron llevados a recordar el pasado.
c) pesado, lentos; d) Recibieron un reproche.
d) perezoso, lentos;
e) pesado, pequeños. a) 2, 1, 3, 4
b) 2, 3, 1, 4
21. “(...) arribados al lugar (...)” c) 3, 2, 1, 4
Es decir que d) 4, 3, 1, 2
a) habían llegado al destino; e) 4, 2, 3, 1
b) estaban lejos del destino;
c) estaban cerca del destino; 28. El Maestro de escuela sólo no usa en el aula:
a) tiza;
d) estaban muy arriba de donde deseaban llegar;
b) lápiz;
e) no tenían confianza en la estrada que seguían..
c) pizarra;
d) borrador;
22. “(...) de su tristeza y orfandad’
e) periódico.
Orfandad, en el texto significa
a) una gran pérdida; 29. El alumno solo no lleva
b) una gran soledad; a) regla;
c) la pérdida del padre; b) libro;
d) la pérdida de la madre; c) pupitre;
e) la pérdida de los progenitores. d) estuche;
e) cuaderno,
23. En el texto queda dicho que la vaciedad del sepulcro
a) derramó la fe por los demás; 30. La cocinera solo no usa
b) ofuscó la fe de los discípulos; a) fogón;
c) alargó la fe de los discípulos; b) sartén;
d) no alteró la fe de ellos en nada; c) cuchara;
e) confirmó de la fe era en sueño apenas. d) plancha;
e) cuchillo.
24. No se refiere a los discípulos la opinión:
a) varón justo; 31. El sastre sólo no usa
a) tela;
b) lardo el paso;
b) aguja;
c) la cabeza caída;
c) línea;
d) turbios los ojos;
d) tijera;
e) tardos de corazón,
e) cuchillo.
Didatismo e Conhecimento 26
NOÇÕES DE LÍNGUA ESPANHOLA
32. solo no es parte de una casa
a) techo;
b) pared;
c) tejado;
d) cadena;
e) ventana.
Gabarito
1-A 11-B 21 -A 31 - E
2-C 12-D 22-A 32 - D
3.D 13-D 23-C 33 -A
4-C 14-B 24-A 84.- D
5-A 15-D 25-D 35-A
6-B 16.A 26-E 36- B
7.A 17-B 27-A 87-G
8-E 18 C 20.C 38-A
9-D 19 B 29-C 39-C
10-C 20-A 30-D 40-B
Didatismo e Conhecimento 27
NOÇÕES DE INFORMATICA
NOÇÕES DE INFORMATICA
Quando muitos programas são carregados, é trabalho do sis-
NOÇÕES DE SISTEMA OPERACIONAL tema operacional alocar recursos do computador e gerenciar a me-
(AMBIENTES LINUX E WINDOWS). mória.
Didatismo e Conhecimento 1
NOÇÕES DE INFORMATICA
Sistemas Proprietários e Sistemas Livres Apesar do Windows 7 conter muitos novos recursos o número
de capacidades e certos programas que faziam parte do Windows
O Windows, o UNIX e o Macintosh são sistemas operacionais Vista não estão mais presentes ou mudaram, resultando na remoção
proprietários. Isto significa que é necessário comprá-los ou pagar de certas funcionalidades. Mesmo assim, devido ao fato de ainda ser
uma taxa por seu uso às companhias que registraram o produto em um sistema operacional em desenvolvimento, nem todos os recursos
seu nome e cobram pelo seu uso. podem ser definitivamente considerados excluídos.
O Linux, por exemplo, pode ser distribuído livremente e tem Fixar navegador de internet e cliente de e-mail padrão no
grande aceitação por parte dos profissionais da área, uma vez que, menu Iniciar e na área de trabalho (programas podem ser fixados
por possuir o código aberto, qualquer pessoa que entenda de pro- manualmente).
gramação pode contribuir com o processo de melhoria dele.
Sistemas operacionais estão em constante evolução e hoje não Windows Photo Gallery, Windows Movie Maker, Windows
são mais restritos aos computadores. Eles são usados em PDAs, Mail e Windows
celulares, laptops etc. Calendar foram substituídos pelas suas respectivas contrapartes
do Windows Live, com a perda de algumas funcionalidades.
O Windows 7, assim como o Windows Vista, estará disponível
em cinco diferentes edições, porém apenas o Home Premium,
Professional e Ultimate serão vendidos na maioria dos países,
WINDOWS 7 restando outras duas edições que se concentram em outros mercados,
como mercados de empresas ou só para países em desenvolvimento.
O Windows é um sistema operacional produzidos pela Mi- Cada edição inclui recursos e limitações, sendo que só o Ultimate
crosoft para uso em computadores. O Windows 7 foi lançado para não tem limitações de uso. Segundo a Microsoft, os recursos para
empresas no dia 22 de julho de 2009, e começou a ser vendido todas as edições do Windows 7 são armazenadas no computador.
livremente para usuários comuns dia 22 de outubro de 2009. Um dos principais objetivos da Microsoft com este novo
Diferente do Windows Vista, que introduziu muitas novidades, Windows é proporcionar uma melhor interação e integração do
o Windows 7 é uma atualização mais modesta e direcionada para a sistema com o usuário, tendo uma maior otimização dos recursos
linha Windows, tem a intenção de torná-lo totalmente compatível do Windows 7, como maior autonomia e menor consumo de
com aplicações e hardwares com os quais o Windows Vista já era energia, voltado a profissionais ou usuários de internet que precisam
compatível. interagir com clientes e familiares com facilidade, sincronizando e
Apresentações dadas pela companhia no começo de 2008 compartilhando facilmente arquivos e diretórios.
mostraram que o Windows 7 apresenta algumas variações como
uma barra de tarefas diferente, um sistema de “network” chamada Comparando as edições
de “HomeGroup”, e aumento na performance.
· Interface gráfica aprimorada, com nova barra de tarefas e O Windows 7 tem três edições diferentes de um mesmo sistema
suporte para telas touch screen e multi-táctil (multi-touch) operacional, que se adéquam as necessidades diárias de cada usuário
· Internet Explorer 8; essas edições são o Home Premium, o Professional e Ultimate.
· Novo menu Iniciar; Essas edições apresentam variações de uma para outra, como o
· Nova barra de ferramentas totalmente reformulada; Home Premium, que é uma edição básica, mas de grande uso para
· Comando de voz (inglês); usuários que não apresentam grandes necessidades.
· Gadgets sobre o desktop; Os seus recursos são a facilidade para suas atividades diárias
· Novos papéis de parede, ícones, temas etc.; com a nova navegação na área de trabalho, o usuário pode abrir os
programas mais rápida e facilmente e encontrar os documentos que
· Conceito de Bibliotecas (Libraries), como no Windows
mais usa em instantes.
Media Player, integrado ao Windows Explorer;
Tornar sua experiência na Web mais rápida, fácil e segura do
· Arquitetura modular, como no Windows Server 2008;
que nunca com o Internet Explorer 8, assistir a muitos dos seus
· Faixas (ribbons) nos programas incluídos com o Windows programas de TV favoritos de graça e onde quiser, com a TV na
(Paint e WordPad, por exemplo), como no Office 2007; Internet e criar facilmente uma rede doméstica e conectar seus
· Aceleradores no Internet Explorer 8; computadores a uma impressora com o Grupo Doméstico.
· Aperfeiçoamento no uso da placa de vídeo e memória RAM; Já o Professional apresenta todos esses recursos adicionados de
· Home Groups; outros que o deixam mais completo como o usuário pode executar
· Melhor desempenho; vários programas de produtividade do Windows XP no Modo
· Windows Media Player 12; Windows XP, conectar-se a redes corporativas facilmente e com
· Nova versão do Windows Media Center; mais segurança com o Ingresso no Domínio e além do Backup e
· Gerenciador de Credenciais; Restauração de todo o sistema encontrado em todas as edições, é
· Instalação do sistema em VHDs; possível fazer backup em uma rede doméstica ou corporativa.
· Nova Calculadora, com interface aprimorada e com mais O Ultimate também apresenta todos esses recursos acrescidos
funções; de outros que tornam sua funcionalidade completa com todos os
· Reedição de antigos jogos, como Espadas Internet, Gamão recursos disponíveis nessa versão do sistema operacional como
Internet e Internet Damas; ajuda para proteger os dados do seu computador e de dispositivos
· Windows XP Mode; de armazenamento portáteis contra perda ou roubo com o
· Aero Shake; BitLocker e poder trabalhar no idioma de sua escolha ou alternar
entre 35 idiomas.
Didatismo e Conhecimento 2
NOÇÕES DE INFORMATICA
Recursos
Tarefas Cotidianas
Já faz tempo que utilizar um computador no dia a dia se tornou Microsoft Surface Collage, desenvolvido para usar tela sen-
comum. Não precisamos mais estar em alguma empresa enorme sível ao toque.
para precisar sempre de um computador perto de nós. O Windows
7 vem com ferramentas e funções para te ajudar em tarefas comuns Lista de Atalhos
do cotidiano.
Novidade desta nova versão, agora você pode abrir direta-
Grupo Doméstico mente um arquivo recente, sem nem ao menos abrir o programa
que você utilizou. Digamos que você estava editando um relatório
Ao invés de um, digamos que você tenha dois ou mais em seu editor de texto e precisou fechá-lo por algum motivo.
computadores em sua casa. Permitir a comunicação entre várias Quando quiser voltar a trabalhar nele, basta clicar com o botão
estações vai te poupar de ter que ir fisicamente aonde a outra direito sob o ícone do editor e o arquivo estará entre os recentes.
máquina está para recuperar uma foto digital armazenada apenas Ao invés de ter que abrir o editor e somente depois se preocu-
nele. par em procurar o arquivo, você pula uma etapa e vai diretamente
Com o Grupo Doméstico, a troca de arquivos fica simplificada para a informação, ganhando tempo.
e segura. Você decide o que compartilhar e qual os privilégios que
os outros terão ao acessar a informação, se é apenas de visualização,
de edição e etc.
Didatismo e Conhecimento 3
NOÇÕES DE INFORMATICA
Snap
Windows Search
Menu iniciar
Didatismo e Conhecimento 4
NOÇÕES DE INFORMATICA
Imagine que todo arquivo de texto sem seu computador possui Muitas opções para personalizar o Windows 7 estão na página
um autor. Se você está buscando por arquivos de texto, pode ter a de Personalização1, que pode ser acessada por um clique com o
opção de filtrar por autores. botão direito na área de trabalho e em seguida um clique em Per-
sonalizar.
Controle dos pais É importante notar que algumas configurações podem deixarv
seu computador mais lento, especialmente efeitos de transparên-
Não é uma tarefa fácil proteger os mais novos do que visuali-
cia. Abaixo estão algumas das opções de personalização mais in-
zam por meio do computador. O Windows 7 ajuda a limitar o que
pode ser visualizado ou não. Para que essa funcionalidade fique teressantes.
disponível, é importante que o computador tenha uma conta de ad-
ministrador, protegida por senha, registrada. Além disso, o usuário Papéis de Parede
que se deseja restringir deve ter sua própria conta.
Os papéis de parede não são tamanha novidade, virou prati-
As restrições básicas que o Seven disponibiliza: camente uma rotina entre as pessoas colocarem fotos de ídolos,
· Limite de Tempo: Permite especificar quais horas do dia que paisagens ou qualquer outra figura que as agrade. Uma das novi-
o PC pode ser utilizado. dades fica por conta das fotos que você encontra no próprio SO.
· Jogos: Bloqueia ou permite jogar, se baseando pelo horário Variam de uma foto focando uma única folha numa floresta até
e também pela classificação do jogo. Vale notar que a classificação uma montanha.
já vem com o próprio game. A outra é a possibilidade de criar um slide show com várias
· Bloquear programas: É possível selecionar quais aplicativos fotos. Elas ficaram mudando em sequência, dando a impressão que
estão autorizados a serem executados.
sua área de trabalho está mais viva.
Fazendo download de add-on’s é possível aumentar a quanti-
dade de restrições, como controlar as páginas que são acessadas, e
até mesmo manter um histórico das atividades online do usuário. Gadgets
Didatismo e Conhecimento 5
NOÇÕES DE INFORMATICA
ClearType O plano de fundo da área de trabalho, chamado de papel de
parede, é uma imagem, cor ou design na área de trabalho que cria
“Clear Type é uma tecnologia que faz as fontes parecerem um fundo para as janelas abertas. Você pode escolher uma imagem
mais claras e suaves no monitor. É particularmente efetivo para para ser seu plano de fundo de área de trabalho ou pode exibir uma
monitores LCD, mas também tem algum efeito nos antigos mode- apresentação de slides de imagens. Também pode ser usada uma
los CRT(monitores de tubo). O Windows 7 dá suporte a esta tec- proteção de tela onde uma imagem ou animação aparece em sua
nologia” (Jim Boyce; Windows 7 Bible, pg 163, tradução nossa). tela quando você não utiliza o mouse ou o teclado por determinado
período de tempo. Você pode escolher uma variedade de proteções
Novas possibilidades de tela do Windows.
Aumentando o tamanho da fonte você pode tornar o texto, os
Os novos recursos do Windows Seven abrem, por si só, novas ícones e outros itens da tela mais fáceis de ver. Também é possível
possibilidades de configuração, maior facilidade na navega, dentre reduzir a escala DPI, escala de pontos por polegada, para diminuir
outros pontos. Por enquanto, essas novidades foram diretamente o tamanho do texto e outros itens na tela para que caibam mais
aplicadas no computador em uso, mas no Seven podemos também informações na tela.
interagir com outros dispositivos. Outro recurso de personalização é colocar imagem de conta
de usuário que ajuda a identificar a sua conta em um computador.
Reproduzir em A imagem é exibida na tela de boas vindas e no menu Iniciar. Você
pode alterar a imagem da sua conta de usuário para uma das ima-
Permitindo acessando de outros equipamentos a um computa- gens incluídas no Windows ou usar sua própria imagem.
dor com o Windows Seven, é possível que eles se comuniquem e E para finalizar você pode adicionar “gadgets” de área de tra-
seja possível tocar, por exemplo, num aparelho de som as músicas balho, que são miniprogramas personalizáveis que podem exibir
que você tem no HD de seu computador. continuamente informações atualizadas como a apresentação de
É apenas necessário que o aparelho seja compatível com o slides de imagens ou contatos, sem a necessidade de abrir uma
Windows Seven – geralmente indicado com um logotipo “Compa- nova janela.
tível com o Windows 7».
Aplicativos novos
Streaming de mídia remoto
Uma das principais características do mundo Linux é suas
Com o Reproduzir em é possível levar o conteúdo do compu- versões virem com muitos aplicativos, assim o usuário não precisa
tador para outros lugares da casa. Se quiser levar para fora dela, ficar baixando arquivos após instalar o sistema, o que não ocorre
uma opção é o Streaming de mídia remoto. com as versões Windows.
Com este novo recurso, dois computadores rodando Windows O Windows 7 começa a mudar essa questão, agora existe uma
7 podem compartilhar músicas através do Windows Media Player serie de aplicativos juntos com o Windows 7, para que o usuário
12. É necessário que ambos estejam associados com um ID online, não precisa baixar programas para atividades básicas.
como a do Windows Live. Com o Sticky Notes pode-se deixar lembretes no desktop e
também suportar entrada por caneta e toque.
Personalização No Math Input Center, utilizando recursos multitoque, equa-
ções matemáticas escritas na tela são convertidas em texto, para
Você pode adicionar recursos ao seu computador alterando o poder adicioná-la em um processador de texto.
tema, a cor, os sons, o plano de fundo da área de trabalho, a pro- O print screen agora tem um aplicativo que permite capturar
teção de tela, o tamanho da fonte e a imagem da conta de usuário. de formas diferentes a tela, como por exemplo, a tela inteira, partes
Você pode também selecionar “gadgets” específicos para sua área ou áreas desenhadas da tela com o mouse.
de trabalho.
Ao alterar o tema você inclui um plano de fundo na área de
trabalho, uma proteção de tela, a cor da borda da janela sons e, às
vezes, ícones e ponteiros de mouse.
Você pode escolher entre vários temas do Aero, que é um vi-
sual premium dessa versão do Windows, apresentando um design
como o vidro transparente com animações de janela, um novo
menu Iniciar, uma nova barra de tarefas e novas cores de borda
de janela.
Use o tema inteiro ou crie seu próprio tema personalizado al-
terando as imagens, cores e sons individualmente. Você também
pode localizar mais temas online no site do Windows. Você tam-
bém pode alterar os sons emitidos pelo computador quando, por
exemplo, você recebe um e-mail, inicia o Windows ou desliga o
computador.
Didatismo e Conhecimento 6
NOÇÕES DE INFORMATICA
WordPad remodelado
Requisitos
Paint com novos recursos. Apesar desta nova versão do Windows estar mais leve em
relação ao Vista, ainda é exigido uma configuração de hardware
O WordPad também foi reformulado, recebeu novo visual (peças) relativamente boa, para que seja utilizado sem problemas
mais próximo ao Word 2007, também ganhou novas ferramentas, de desempenho.
assim se tornando um bom editor para quem não tem o Word 2007.
A calculadora também sofreu mudanças, agora conta com 2 Esta é a configuração mínima:
novos modos, programador e estatístico. · Processador de 1 GHz (32-bit)
No modo programador ela faz cálculos binários e tem opção · Memória (RAM) de 1 GB
de álgebra booleana. A estatística tem funções de cálculos básicos. · Placa de Vídeo compatível com DirectX 9.0 e 32 MB de
Também foi adicionado recurso de conversão de unidades memória (sem Windows Aero)
como de pés para metros. · Espaço requerido de 16GB
· DVD-ROM
· Saída de Áudio
Didatismo e Conhecimento 7
NOÇÕES DE INFORMATICA
Configuração Recomendada: Outras, como uma impressão, tem baixa prioridade pois são
· Processador de 2 GHz (32 ou 64 bits) naturalmente lentas e podem ser executadas “longe da visão” do
· Memória (RAM) de 2 GB usuário, dando a impressão que o computador não está lento.
· Espaço requerido de disco rígido: 16 GB Essa característica permite que o usuário não sinta uma lenti-
· Placa de vídeo com suporte a elementos gráficos DirectX 9 dão desnecessária no computador.
com 256 MB de memória (para habilitar o tema do Windows Aero) Entretanto, não se pode ignorar o fato que, com cada vez mais
· Unidade de DVD-R/W recursos e “efeitos gráficos”, a tendência é que o sistema operacio-
· Conexão com a Internet (para obter atualizações) nal se torne um forte consumidor de memória e processamento. O
Seven disponibiliza vários recursos de ponta e mantêm uma per-
Atualizar de um SO antigo formance satisfatória.
Didatismo e Conhecimento 8
NOÇÕES DE INFORMATICA
Didatismo e Conhecimento 9
NOÇÕES DE INFORMATICA
ABAS
Os comandos para a edição de nosso texto agora ficam agrupadas dentro destas guias. Dentro destas guias temos os grupos de ferra-
mentas, por exemplo, na guia Inicio, temos “Fonte”, “Parágrafo”, etc., nestes grupos fica visíveis para os usuários os principais comandos,
para acessar os demais comandos destes grupos de ferramentas, alguns destes grupos possuem pequenas marcações na sua direita inferior.
O Word possui também guias contextuais quando determinados elementos dentro de seu texto são selecionados, por exemplo, ao sele-
cionar uma imagem, ele criar na barra de guias, uma guia com a possibilidade de manipulação do elemento selecionado.
Didatismo e Conhecimento 10
NOÇÕES DE INFORMATICA
documento, como o documento não possui um título, ele pega os
primeiros 255 caracteres e atribui como nome, é aconselhável co-
locar um nome menor e que se aproxime do conteúdo de seu texto.
“Em Tipo a maior mudança, até versão 2003, os documentos eram
salvos no formato”. DOC”, a partir da versão 2010, os documentos
são salvos na versão”. DOCX”, que não são compatíveis com as
versões anteriores. Para poder salvar seu documento e manter ele
compatível com versões anteriores do Word, clique na direita des-
sa opção e mude para Documento do Word 97-2003.
Salvando Arquivos
É importante ao terminar um documento, ou durante a digita-
ção do mesmo, quando o documento a ser criado é longo, salvar
seu trabalho. Salvar consiste em armazenar se documento em for- Observe que o nome de seu arquivo agora aparece na barra
ma de arquivo em seu computador, pendrive, ou outro dispositivo de títulos.
de armazenamento. Para salvar seu documento, clique no botão
salvar no topo da tela. Será aberta uma tela onde você poderá defi- Abrindo um arquivo do Word
nir o nome, local e formato de seu arquivo.
Para abrir um arquivo, você precisa clicar na ABA Arquivo.
Didatismo e Conhecimento 11
NOÇÕES DE INFORMATICA
Configuração de Documentos
Didatismo e Conhecimento 12
NOÇÕES DE INFORMATICA
O grupo “Configurar Página”, permite definir as margens de Em cabeçalhos e rodapés podemos definir se vamos utilizar
seu documento, ele possui alguns tamanhos pré-definidos, como cabeçalhos e rodapés diferentes nas páginas pares e ímpares, e se
também personalizá-las. quero ocultar as informações de cabeçalho e rodapé da primeira
Ao personalizar as margens, é possível alterar as margens su- página. Em Página, pode-se definir o alinhamento do conteúdo do
perior, esquerda, inferior e direita, definir a orientação da página, texto na página. O padrão é o alinhamento superior, mesmo que
se retrato ou paisagem, configurar a fora de várias páginas, como fique um bom espaço em branco abaixo do que está editado. Ao es-
normal, livro, espelho. Ainda nessa mesma janela temos a guia colher a opção centralizada, ele centraliza o conteúdo na vertical.
Papel. A opção números de linha permite adicionar numeração as linhas
do documento.
Colunas
Didatismo e Conhecimento 13
NOÇÕES DE INFORMATICA
Números de Linha O Word apresenta alguns modelos, mais abaixo temos o item
Personalizar Marca D’água. Clique nessa opção.
É bastante comum em documentos acrescentar numeração nas
páginas dos documentos, o Word permite que você possa fazer fa-
cilmente, clicando no botão “Números de Linhas”.
Plano de Fundo da Página Nesta janela podemos definir uma imagem como marca
d’água, basta clicar em Selecionar Imagem, escolher a imagem
e depois definir a dimensão e se a imagem ficará mais fraca (des-
botar) e clicar em OK. Como também é possível definir um texto
como marca d’água. O segundo botão permite colocar uma cor de
fundo em seu texto, um recurso interessante é que o Word verifica
a cor aplicada e automaticamente ele muda a cor do texto.
Selecionando Textos
Didatismo e Conhecimento 14
NOÇÕES DE INFORMATICA
Podemos também clicar, manter o mouse pressionado e arras-
tar até onde se deseja selecionar. O problema é que se o mouse for
solto antes do desejado, é preciso reiniciar o processo, ou pressio-
nar a tecla SHIFT no teclado e clicar ao final da seleção desejada.
Podemos também clicar onde começa a seleção, pressionar a tecla
SHIFT e clicar onde termina a seleção. É possível selecionar pala-
vras alternadas. Selecione a primeira palavra, pressione CTRL e vá
selecionando as partes do texto que deseja modificar.
Copiar e Colar
O copiar e colar no Word funciona da mesma forma que qual- A janela que se abre possui três guias, localizar, Substituir e
quer outro programa, pode-se utilizar as teclas de atalho CTRL+C Ir para. A guia substituir que estamos vendo, permite substituir em
(copiar), CTRL+X (Recortar) e CTRL+V(Colar), ou o primeiro seu documento uma palavra por outra. A substituição pode ser feita
grupo na ABA Inicio. uma a uma, clicando em substituir, ou pode ser todas de uma única
vez clicando-se no botão Substituir Tudo.
Algumas vezes posso precisar substituir uma palavra por ela
mesma, porém com outra cor, ou então somente quando escrita em
maiúscula, etc., nestes casos clique no botão Mais. As opções são:
• Pesquisar: Use esta opção para indicar a direção da pes-
quisa;
• Diferenciar maiúsculas de minúsculas: Será localizada
Este é um processo comum, porém um cuidado importante é exatamente a palavra como foi digitada na caixa localizar.
quando se copia texto de outro tipo de meio como, por exemplo, • Palavras Inteiras: Localiza uma palavra inteira e não par-
da Internet. Textos na Internet possuem formatações e padrões de- te de uma palavra. Ex: Atenciosamente.
ferentes dos editores de texto. Ao copiar um texto da Internet, se • Usar caracteres curinga: Procura somente as palavras que
você precisa adequá-lo ao seu documento, não basta apenas clicar você especificou com o caractere coringa. Ex. Se você digitou *ão
em colar, é necessário clicar na setinha apontando para baixo no o Word vai localizar todas as palavras terminadas em ão.
botão Colar, escolher Colar Especial. • Semelhantes: Localiza palavras que tem a mesma sonori-
dade, mas escrita diferente. Disponível somente para palavras em
inglês.
• Todas as formas de palavra: Localiza todas as formas da
palavra, não será permitida se as opções usar caractere coringa e
semelhantes estiverem marcadas.
• Formatar: Localiza e Substitui de acordo com o especifi-
cado como formatação.
• Especial: Adiciona caracteres especiais à caixa localizar.
A caixa de seleção usar caracteres curinga.
Formatação de texto
Um dos maiores recursos de uma edição de texto é a possibi-
lidade de se formatar o texto. No Office 2010 a ABA responsável
pela formatação é a Inicio e os grupo Fonte, Parágrafo e Estilo.
Didatismo e Conhecimento 15
NOÇÕES DE INFORMATICA
Formatação de parágrafos
Didatismo e Conhecimento 16
NOÇÕES DE INFORMATICA
Bordas no parágrafo.
Didatismo e Conhecimento 17
NOÇÕES DE INFORMATICA
A opção vários níveis é utilizada quando nosso texto tenha
níveis de marcação como, por exemplo, contratos e petições. Os
marcadores do tipo Símbolos como o nome já diz permite adicio-
nar símbolos a frente de seus parágrafos.
Se precisarmos criar níveis nos marcadores, basta clicar antes
do inicio da primeira palavra do parágrafo e pressionar a tecla TAB
no teclado.
Didatismo e Conhecimento 18
NOÇÕES DE INFORMATICA
Bordas e Sombreamento Cabeçalho e Rodapé
O Word sempre reserva uma parte das margens para o cabeça-
Podemos colocar bordas e sombreamentos em nosso texto. lho e rodapé. Para acessar as opções de cabeçalho e rodapé, clique
Podem ser bordas simples aplicadas a textos e parágrafos. Bordas na ABA Inserir, Grupo Cabeçalho e Rodapé.
na página como vimos quando estudamos a ABA Layout da Página
e sombreamentos. Selecione o texto ou o parágrafo a ser aplicado
à borda e ao clicar no botão de bordas do grupo Parágrafo, você
pode escolher uma borda pré-definida ou então clicar na última
opção Bordas e Sombreamento.
Didatismo e Conhecimento 19
NOÇÕES DE INFORMATICA
A área do cabeçalho é exibida em um retângulo pontilhado, o restante do documento fica em segundo plano. Tudo o que for inserido no
cabeçalho será mostrado em todas as páginas, com exceção se você definiu seções diferentes nas páginas.
Para aplicar números de páginas automaticamente em seu cabeçalho basta clicar em Números de Página, apenas tome o cuidado de
escolher Inicio da Página se optar por Fim da Página ele aplicará o número da página no rodapé. Podemos também aplicar cabeçalhos e ro-
dapés diferentes a um documento, para isso basta que ambos estejam em seções diferentes do documento. O cuidado é ao aplicar o cabeçalho
ou o rodapé, desmarcar a opção Vincular ao anterior.
O funcionamento para o rodapé é o mesmo para o cabeçalho, apenas deve-se clicar no botão Rodapé.
Data e Hora
O Word Permite que você possa adicionar um campo de Data e Hora em seu texto, dentro da ABA Inserir, no grupo Texto, temos o
botão Data e Hora.
Didatismo e Conhecimento 20
NOÇÕES DE INFORMATICA
Basta escolher o formato a ser aplicado e clicar em OK. Se precisar que esse campo sempre atualize data, marque a opção Atualizar
automaticamente.
Imagens
O primeiro elemento gráfico que temos é o elemento Imagem. Para inserir uma imagem clique no botão com o mesmo nome no grupo
Ilustrações na ABA Inserir. Na janela que se abre, localize o arquivo de imagem em seu computador.
Didatismo e Conhecimento 21
NOÇÕES DE INFORMATICA
O primeiro grupo é o Ajustar, dentre as opções temos Brilho e Contraste, que permite clarear ou escurecer a imagem e adicionar ou
remover o contraste. Podemos recolorir a imagem.
Entre as opções de recolorir podemos colocar nossa imagem em tons de cinza, preto e branco, desbotar a imagem e remover uma cor da
imagem. Este recurso permite definir uma imagem com fundo transparente. A opção Compactar Imagens permite deixar sua imagem mais
adequada ao editor de textos. Ao clicar nesta opção o Word mostra a seguinte janela:
Pode-se aplicar a compactação a imagem selecionada, ou a todas as imagens do texto. Podemos alterar a resolução da imagem. A opção
Redefinir Imagem retorna a imagem ao seu estado inicial, abandonando todas as alterações feitas. O próximo grupo chama-se Sombra, como
o próprio nome diz, permite adicionar uma sombra a imagem que foi inserida.
No botão Efeitos de Sombra, você poderá escolher algumas posições de sombra (Projetada, Perspectiva) e cor da sombra. Ao lado
deste botão é possível definir a posição da sombra e no meio a opção de ativar e desativar a sombra. No grupo Organizar é possível definir
a posição da imagem em relação ao texto.
Didatismo e Conhecimento 22
NOÇÕES DE INFORMATICA
O primeiro dos botões é a Posição, ela permite definir em qual posição a imagem deverá ficar em relação ao texto.
Ao clicar na opção Mais Opções de Layout abre-se a janela Layout Avançado que permite trabalhar a disposição da imagem em relação
ao bloco de texto no qual ela esta inserida. Essas mesmas opções estão disponíveis na opção Quebra Automática de Texto nesse mesmo
grupo. Ao colocar a sua imagem em uma disposição com o texto, é habilitado alguns recursos da barra de imagens. Como bordas
Através deste grupo é possível acrescentar bordas a sua imagem E no grupo Organizar ele habilita as opções de Trazer para Frente,
Enviar para Trás e Alinhar. Ao clicar no botão Trazer para Frente, ele abre três opções: Trazer para Frente e Avançar, são utilizadas quando
houver duas ou mais imagens e você precisa mudar o empilhamento delas. A opção Trazer para Frente do Texto faz com que a imagem
flutue sobre o Texto. Ao ter mais de uma imagem e ao selecionar as imagens (Utilize a tecla SHIFT), você poderá alinhar as suas imagens.
Didatismo e Conhecimento 23
NOÇÕES DE INFORMATICA
Didatismo e Conhecimento 24
NOÇÕES DE INFORMATICA
Podemos também adicionar formas ao nosso conteúdo do tex-
to
Didatismo e Conhecimento 25
NOÇÕES DE INFORMATICA
Na guia gradiente, temos as opções de Uma cor, Duas cores e
Pré-definidas.
Ao escolher uma cor você pode escolher a cor a ser aplicada,
se quer ela mais para o claro ou escuro, pode definir a transparên-
cia do gradiente e como será o sombreamento.
Didatismo e Conhecimento 26
NOÇÕES DE INFORMATICA
A Guia Textura permite aplicar imagens como texturas ao
preenchimento, a guia Padrão permite aplicar padrões de preenchi-
mento e imagem permite aplicar uma imagem Após o grupo Esti-
los de Forma temos o grupo sombra e após ele o grupo Efeitos 3D.
SmartArt
Basta selecionar o tipo de organograma a ser trabalhado e cli- No grupo Layout podemos mudar a disposição de nosso or-
que em OK. Porém se o formato de seu documento for DOCX, a ganograma.
janela a ser mostrada será:
Didatismo e Conhecimento 27
NOÇÕES DE INFORMATICA
O próximo grupo é o Estilos de SmartArt que permite mudar
as cores e o estilo do organograma.
WordArt
Didatismo e Conhecimento 28
NOÇÕES DE INFORMATICA
Você pode criar facilmente uma tabela mais complexa, por exemplo, que contenha células de diferentes alturas ou um número variável
de colunas por linha semelhante à maneira como você usa uma caneta para desenhar uma tabela.
Ao desenhar a caixa que fará parte da tabela, você pode utilizar o topo
Ferramentas de Tabela.
Através do grupo Opções de Estilo de Tabela é possível definir células de cabeçalho. O grupo Estilos de Tabela permite aplicar uma
formatação a sua tabela e o grupo Desenhar Bordas permite definir o estilo, espessura e cor da linha. O botão Desenhar Tabela transforma
seu cursor em um lápis para desenhar as células de sua tabela, e o botão Borracha apaga as linhas da tabela.
Você pode observar também que ao estar com alguma célula da tabela com o cursor o Word acrescenta mais uma ABA ao final, chamada
Layout, clique sobre essa ABA.
O primeiro grupo Tabela permite selecionar em sua tabela, apenas uma célula, uma linha, uma coluna ou toda a tabela.
Ao clicar na opção Propriedades será aberto uma janela com as propriedades da janela.
Didatismo e Conhecimento 29
NOÇÕES DE INFORMATICA
Didatismo e Conhecimento 30
NOÇÕES DE INFORMATICA
A opção classificar como o próprio nome diz permite classificar os dados de sua tabela.
Ele abre a seguinte janela e coloca sua primeira linha como a linha de cabeçalho, você pode colocar até três colunas como critérios de
classificação.
O botão Converter em Texto permite transformar sua tabela em textos normal. A opção fórmula permite fazer cálculos na tabela.
ABA Revisão
A ABA revisão é responsável por correção, proteção, comentários etc., de seu documento.
O primeiro grupo Revisão de Texto tem como principal botão o de ortografia e Gramática, clique sobre ele.
Didatismo e Conhecimento 31
NOÇÕES DE INFORMATICA
Os de ortografia ele marca em vermelho e os de gramática em
verde. É importante lembrar que o fato dele marcar com cores para
verificação na impressão sairá com as cores normais. Ao encontrar
uma palavra considerada pelo Word como errada você pode:
• Ignorar uma vez: Ignora a palavra somente nessa parte
do texto. Observe na imagem acima que foi aplicado o estilo Título2
• Ignorar Todas: Ignora a palavra quando ela aparecer em em ambos os textos, mas no de cima como foi clicado somente no
qualquer parte do texto. texto, o estilo está aplicado ao parágrafo, na linha de baixo o texto
• Adicionar ao dicionário: Adiciona a palavra ao dicioná- foi selecionado, então a aplicação do estilo foi somente no que
rio do Word, ou seja, mesmo que ela apareça em outro texto ela estava selecionado. Ao clicar no botão Alterar Estilos é possível
não será grafada como errada. Esta opção deve ser utilizada quan- acessar a diversas definições de estilos através da opção Conjunto
do palavras que existam, mas que ainda não façam parte do Word. de Estilos.
• Alterar: Altera a palavra. Você pode alterá-la por uma
palavra que tenha aparecido na caixa de sugestões, ou se você a
corrigiu no quadro superior.
• Alterar Todas: Faz a alteração em todas as palavras que
estejam da mesma forma no texto.
Impressão
Estilos
Didatismo e Conhecimento 32
NOÇÕES DE INFORMATICA
Índices
Didatismo e Conhecimento 33
NOÇÕES DE INFORMATICA
Será aberta outra janela, nesta janela aparecem todos os estilos presentes no documento, então é nela que você define quais estilos farão
parte de seu índice.
No exemplo apliquei o nível 1 do índice ao estilo Título 1, o nível 2 ao Título 2 e o nível 3 ao Título 3. Após definir quais serão suas
entradas de índice clique em OK.
Retorna-se a janela anterior, onde você pode definir qual será o preenchimento entre as chamadas de índice e seu respectivo número de
página e na parte mais abaixo, você pode definir o Formato de seu índice e quantos níveis farão parte do índice.
Quando houver necessidade de atualizar o índice, basta clicar com o botão direito do mouse em qualquer parte do índice e escolher
Atualizar Campo.
BROffice Writer
O BROffice.org Writer é um aplicativo de processamento de texto que lhe permite criar documentos, como cartas, currículos, livros ou
formulários online.
Este capítulo apresenta as etapas básicas para criar, editar e salvar um documento do Writer.
Didatismo e Conhecimento 34
NOÇÕES DE INFORMATICA
Abrindo um documento de exemplo do Writer
A maneira mais fácil de inserir texto no documento é digitar • Para selecionar o documento inteiro, pressione Ctrl+A.
o texto. Ao digitá-lo, a ferramenta AutoCorreção corrige automa- • Para selecionar uma única palavra em um dos lados do cursor,
ticamente possíveis erros de ortografia comuns, como “catra” em mantenha pressionadas as teclas Ctrl+Shift e pressione a seta para a
vez de “carta”. esquerda <- ou a seta para a direita ->.
Por padrão, a ferramenta Completar palavras coleta palavras • Para selecionar um único caractere em um dos lados do cursor,
longas enquanto você digita. Ao começar a digitar novamente mantenha pressionada a tecla Shift e pressione a seta para a esquerda
a mesma palavra, o BROffice.org completa automaticamente a <- ou a seta para a direita ->. Para selecionar mais de um caractere,
palavra. Para aceitar a palavra, pressione Enter ou continue di- mantenha pressionada a tecla Shift enquanto pressiona a tecla de
gitando. direção.
Didatismo e Conhecimento 35
NOÇÕES DE INFORMATICA
• Para selecionar o texto restante na linha à esquerda do cursor, - Para localizar e substituir texto
mantenha pressionada a tecla Shift e pressione a tecla Home.
• Para selecionar o texto restante na linha à direita do cursor,
mantenha pressionada a tecla Shift e pressione a tecla End.
Etapas
1. Clique no documento do Writer onde deseja inserir o texto.
2. Escolha Inserir – Arquivo.
3. Localize o arquivo que deseja inserir e clique em Inserir.
Localizando e substituindo texto
Você pode usar o recurso Localizar e substituir no BROffice.
org Writer para procurar e substituir palavras em um documento de
texto.
Didatismo e Conhecimento 36
NOÇÕES DE INFORMATICA
Formatando texto
Didatismo e Conhecimento 37
NOÇÕES DE INFORMATICA
• Para alterar um recuo do texto, use os ícones de recuo. • Para alterar o layout de todas as páginas que usam o estilo
• Para alterar a cor do texto, clique no ícone Cor da fonte. de página atual, clique no ícone Estilos de páginas na parte su-
• Para alterar a cor do plano de fundo do texto, clique no ícone perior da janela Estilos e formatação e clique duas vezes em um
Cor do plano de fundo ou no ícone Realce. estilo na lista.
Dica – Consulte a ajuda on-line para obter informação sobre a
diferença desses dois ícones. Usando o navegador
Formatando texto com estilos O Navegador exibe as seguintes categorias de objetos no do-
cumento:
No Writer, a formatação padrão de caracteres, parágrafos, pági- • Títulos
nas, quadros e listas é feita com estilos. Um estilo é um conjunto de • Folhas
opções de formatação, como tipo e tamanho da fonte. Um estilo defi- • Tabelas
ne o aspecto geral do texto, assim como o layout de um documento. • Quadros de texto
Você pode selecionar alguns estilos comuns, e todos os estilos • Gráficos
aplicados, a partir da lista drop-down Aplicar estilo na barra Forma- • Objetos OLE
tação. • Seções
• Hyperlinks
• Referências
• Índices
• Notas
Didatismo e Conhecimento 38
NOÇÕES DE INFORMATICA
Para desanexar o Navegador da borda de uma janela, clique duas MS EXCEL
vezes na área cinza do Navegador encaixado. Para redimensionar o O Excel é uma das melhores planilhas existentes no mercado.
Navegador, arraste as bordas do Navegador. As planilhas eletrônicas são programas que se assemelham a uma
Dica – Em um documento de texto, você pode usar o modo Exi- folha de trabalho, na qual podemos colocar dados ou valores em
bição do conteúdo para títulos para arrastar e soltar capítulos inteiros forma de tabela e aproveitar a grande capacidade de cálculo e
em outras posições dentro do documento. Para obter mais informa- armazenamento do computador para conseguir efetuar trabalhos
ções, consulte a ajuda on-line sobre o Navegador. que, normalmente, seriam resolvidos com uma calculadora, lápis
e papel. A tela do computador se transforma numa folha onde
Usando tabelas em documentos do Writer podemos observar uma série de linhas (números) e colunas
(letras). A cada encontro de uma linha com uma coluna temos uma
Você pode usar tabelas para apresentar e organizar informações célula onde podemos armazenar um texto, um valor, funções ou
importantes em linhas e colunas, para as informações serem lidas com fórmula para os cálculos. O Excel oferece, inicialmente, em uma
facilidade. A interseção de uma linha e uma coluna é chamada de cé- única pasta de trabalho três planilhas, mas é claro que você poderá
lula. inserir mais planilhas conforma sua necessidade.
Didatismo e Conhecimento 39
NOÇÕES DE INFORMATICA
Na janela que é mostrada é possível inserir uma nova planilha,
excluir uma planilha existente, renomear uma planilha, mover ou
copiar essa planilha, etc...
Movimentação na planilha
Para selecionar uma célula ou torná-la ativa, basta movimen-
tar o retângulo (cursor) de seleção para a posição desejada. A mo-
vimentação poderá ser feita através do mouse ou teclado.
Com o mouse para selecionar uma célula basta dar um clique
em cima dela e observe que a célula na qual você clicou é mostrada
como referência na barra de fórmulas.
Didatismo e Conhecimento 40
NOÇÕES DE INFORMATICA
Dê um nome ao seu arquivo, defina o local onde ele deverá ser
salvo e clique em Salvar, o formato padrão das planilhas do Excel
2010 é o xlsx, se precisar salvar em xls para manter compatibilida-
de com as versões anteriores é preciso em tipo definir como Pasta
de Trabalho do Excel 97 – 2003.
Para abrir um arquivo existente, clique no botão Office e de-
pois no botão Abrir, localize seu arquivo e clique sobre ele e depois
em abrir.
Didatismo e Conhecimento 41
NOÇÕES DE INFORMATICA
Poderíamos fazer o seguinte cálculo =1*20 que me traria o re- No caso a função a ser utilizada é a função SOMA, a sua es-
sultado, porém bastaria alterar o valor da quantidade ou o V. unitá- trutura é =SOMA(CelIni:Celfim), ou seja, inicia-se com o sinal de
rio que eu precisaria fazer novamente o cálculo. O correto é então igual (=), escreve-se o nome da função, abrem-se parênteses, cli-
é fazer =A4*C4 com isso eu multiplico referenciando as células, ca-se na célula inicial da soma e arrasta-se até a última célula a
independente do conteúdo dela, ele fará a multiplicação, desde que ser somada, este intervalo é representado pelo sinal de dois pontos
ali se tenha um número. (:), e fecham-se os parênteses.
Didatismo e Conhecimento 42
NOÇÕES DE INFORMATICA
Formatação de células
A formatação de células é muito semelhante a que vimos para formatação de fonte no Word, basta apenas que a célula onde será aplicada
a formatação esteja selecionada, se precisar selecionar mais de uma célula, basta selecioná-las.
As opções de formatação de célula estão na ABA Inicio.
Temos o grupo Fonte que permite alterar a fonte a ser utilizada, o tamanho, aplicar negrito, itálico e sublinhado, linhas de grade, cor de
preenchimento e cor de fonte. Ao clicar na faixa do grupo será mostrada a janela de fonte.
A guia mostrada nesta janela é a Fonte nela temos o tipo da letra, estilo, tamanho, sublinhado e cor, observe que existem menos recursos
de formatação do que no Word.
A guia Número permite que se formatem os números de suas células. Ele dividido em categorias e dentro de cada categoria ele possui
exemplos de utilização e algumas personalizações como, por exemplo, na categoria Moeda em que é possível definir o símbolo a ser usado
e o número de casas decimais.
Didatismo e Conhecimento 43
NOÇÕES DE INFORMATICA
A guia Preenchimento permite adicionar cores de preenchi-
mento às suas células.
A guia Bordas permite adicionar bordas a sua planilha, em- Vamos colocar também a linha onde estão Quant, Produto
bora a planilha já possua as linhas de grade que facilitam a identi- etc... em negrito e centralizado.
ficação de suas células, você pode adicionar bordas para dar mais
destaque.
O título Relação de Produtos ficará melhor visualmente se es-
tiver centralizado entra a largura da planilha, então selecione desde
a célula A1 até a célula D1 depois clique no botão Mesclar e Cen-
tralizar centralize e aumente um pouco o tamanho da fonte.
Didatismo e Conhecimento 44
NOÇÕES DE INFORMATICA
Didatismo e Conhecimento 45
NOÇÕES DE INFORMATICA
Inserção de linhas e colunas
Para adicionar ou remover linhas e colunas no Excel é simples. Para adicionar, basta clicar com o botão direito do mouse em uma linha
e depois clicar em Inserir, a linha será adicionada acima da selecionada, no caso a coluna será adicionada à esquerda. Para excluir uma linha
ou uma coluna, basta clicar com o botão direito na linha ou coluna a ser excluída.
Este processo pode ser feito também pelo grupo Células que está na ABA inicio.
Através da opção Formatar podemos também definir a largura das linhas e colunas.
Congelar Painéis
Algumas planilhas quando muito longas necessitam que sejam mantidos seus cabeçalho e primeiras linhas, evitando-se assim a digita-
ção de valores em locais errados. Esse recurso chama-se congelar painéis e está disponível na ABA exibição.
No grupo Janela temos o botão Congelar Painéis, clique na opção congelar primeira linha e mesmo que você role a tela a primeira linha
ficará estática.
Didatismo e Conhecimento 46
NOÇÕES DE INFORMATICA
Pelo grupo Mostrar / Ocultar podemos retirar as linhas de gra-
de, as linhas de cabeçalho de coluna e linha e a barra de formulas.
Didatismo e Conhecimento 47
NOÇÕES DE INFORMATICA
Pressione ENTER e agora você poderá copiar a sua célula.
Porém se utilizarmos o conceito aprendido de copiar a célula No exemplo acima foi possível travar toda a células, existem
E4 para resolver os demais cálculos na célula E5 à fórmula fica- casos em que será necessário travar somente a linha e casos onde
rá =D5/D10, porém se observarmos o correto seria ficar =D5/D9, será necessário travar somente a coluna.
pois a célula D9 é a célula com o valor total, ou seja, esta é a célula As combinações então ficariam (tomando como base a célula
comum a todos os cálculos a serem feitos, com isso não posso D9)
copiar a fórmula, pelo menos não como está. D9 - Relativa, não fixa linha nem coluna
Uma solução seria fazer uma a uma, mas a ideia de uma pla- $D9 - Mista, fixa apenas a coluna, permitindo a variação da
nilha é ganhar-se tempo. linha.
A célula D9 então é um valor absoluto, ele não muda é tam- D$9 - Mista, fixa apenas a linha, permitindo a variação da
bém chamado de valor constante. coluna.
A solução é então travar a célula dentro da formula, para isso $D$9 - Absoluta, fixa a linha e a coluna.
usamos o símbolo do cifrão ($), na célula que fizemos o cálculo
E4 de clique sobre ela, depois clique na barra de fórmulas sobre a Algumas outras funções
referência da célula D9. Vamos inicialmente montar a seguinte planilha
Didatismo e Conhecimento 48
NOÇÕES DE INFORMATICA
Máximo
Didatismo e Conhecimento 49
NOÇÕES DE INFORMATICA
Média Sua sintaxe é =SE (TESTELÓGICO;VALOR
VERDADEIRO;VALOR FALSO).
Calcula a média aritmética de uma seleção de valores. =SE - Atribuição de inicio da função;
Vamos utilizar essa função em nossa planilha para saber os
valores médios nas características de nossos atletas. TESTELÓGICO - Teste a ser feito par validar a célula;
Em nossa planilha clique na célula abaixo da coluna de idade VALOR VERDADEIRO - Valor a ser apresentado na célula
na linha de valores máximos E17 e monte a seguinte função =ME- quando o teste lógico for verdadeiro, pode ser outra célula, um
DIA(E4:E13). Com essa função estamos buscando no intervalo caçulo, um número ou um texto, apenas lembrando que se for um
das células E4 à E13 qual é valor máximo encontrado. texto deverá estar entre aspas.
VALOR FALSO - Valor a ser apresentado na célula quando o
teste lógico for falso, pode ser outra célula, um caçulo, um número
ou um texto, apenas lembrando que se for um texto deverá estar
entre aspas.
Para exemplificar o funcionamento da função vamos acres-
centar em nossa planilha de controle de atletas uma coluna cha-
mada categoria.
Explicando a função.
=SE(E4<18: inicio da função e teste lógico, aqui é verificado
Função SE se o conteúdo da célula E4 é menor que 18.
Esta é com certeza uma das funções mais importantes do Ex- “Juvenil”: Valor a ser apresentado como verdadeiro.
cel e provavelmente uma das mais complexas para quem está ini- “Profissional”: Valor a ser apresentado como falso.
ciando. )
Vamos incrementar um pouco mais nossa planilha, vamos
Esta função retorna um valor de teste_lógico que permite ava- criar uma tabela em separado com a seguinte definição. Até 18
liar uma célula ou um cálculo e retornar um valor verdadeiro ou anos será juvenil, de 18 anos até 30 anos será considerado profis-
um valor falso. sional e acima dos 30 anos será considerado Master.
Didatismo e Conhecimento 50
NOÇÕES DE INFORMATICA
Nossa planilha ficará da seguinte forma. Então vamos utilizar a função CONT.SE para buscar em nossa
planilha quantos atletas temos em cada categoria.
Didatismo e Conhecimento 51
NOÇÕES DE INFORMATICA
Para sabermos quantas horas o funcionário trabalhou na sema-
na, faça a soma de todos os dias trabalhados.
=HORA(B6)*B7+MINUTO(B6)*B7/60.
Inicialmente utilizamos a função HORA e pegamos como re-
ferência de hora o valor da célula B6, multiplicamos pelo valor que
está em B7, essa parte calcula somente à hora cheia então precisa- Crie um novo campo abaixo da Tabela e coloque V. a receber
mos somar os minutos que pega a função MINUTO e multiplica a e faça a soma dos valores totais.
quantidade de horas pelo valor da hora, como o valor é para a hora
o dividimos então por 60
Planilhas 3D
Para os demais cálculos o V.Hora será igual há todos os dias
então ele precisa ser fixo para que o cálculo possa ser copiado, o O conceito de planilha 3D foi implantado no Excel na versão
número 60 por ser um número não é muda. 5 do programa, ele é chamado dessa forma pois permite que se
façam referências de uma planilha em outra.
=HORA(B6)*$B$7+MINUTO(B6)*$B$7/60
Didatismo e Conhecimento 52
NOÇÕES DE INFORMATICA
Posso por exemplo fazer uma soma de valores que estejam em
outra planilha, ou seja quando na planilha matriz algum valor seja
alterado na planilha que possui referência com ela também muda.
Vamos a um exemplo
Didatismo e Conhecimento 53
NOÇÕES DE INFORMATICA
Clique agora na ABA Revisão e no grupo Alterações clique no botão Proteger Planilha.
Didatismo e Conhecimento 54
NOÇÕES DE INFORMATICA
Ao tentar alterar uma célula protegida será mostrado o seguinte aviso
Se precisar alterar alguma célula protegida basta clicar no botão Desproteger Planilha no grupo Alterações.
Inserção de Objetos
A inserção de objetos no Excel é muito semelhante ao que aprendemos no Word, as opções de inserção de objetos estão na ABA Inserir.
Podemos inserir Imagens, clip-arts, formas, SmartArt, caixas de texto, WordArt, objetos, símbolos, etc.
Como a maioria dos elementos já sabemos como implementar vamos focar em Gráficos.
Gráficos
A utilização de um gráfico em uma planilha além de deixá-la com uma aparência melhor também facilita na hora de mostrar resultados.
As opções de gráficos, esta no grupo Gráficos na ABA Inserir do Excel
Para criar um gráfico é importante decidir quais dados serão avaliados para o gráfico. Vamos utilizar a planilha Atletas para criarmos
nosso gráfico, vamos criar um gráfico que mostre os atletas x peso.
Selecione a coluna com o nome dos atletas, pressione CTRL e selecione os valores do peso.
Didatismo e Conhecimento 55
NOÇÕES DE INFORMATICA
Ao clicar em um dos modelos de gráfico no grupo Gráficos você poderá selecionar um tipo de gráfico disponível, no exemplo cliquei
no estilo de gráfico de colunas.
Didatismo e Conhecimento 56
NOÇÕES DE INFORMATICA
Para mover o gráfico para qualquer parte de sua planilha basta clicar em uma área em branco de o gráfico manter o mouse pressionado
e arrastar para outra parte.
Na parte superior do Excel é mostrada a ABA Design (Acima dela Ferramentas de Gráfico).
Se você quiser mudar o estilo de seu gráfico, você pode clicar no botão Alterar Tipo de Gráfico.
Para alterar a exibição entre linhas e colunas, basta clicar no botão Alterar Linha/Coluna.
Didatismo e Conhecimento 57
NOÇÕES DE INFORMATICA
Ainda em Layout do Gráfico podemos modificar a distribui-
ção dos elementos do Gráfico.
Dados
Podemos também modificar o estilo de nosso gráfico através O Excel possui uma ABA chamada Dados que permite impor-
do grupo Estilos de Gráfico tar dados de outras fontes, ou trabalhar os dados de uma planilha
do Excel
Classificação
Didatismo e Conhecimento 58
NOÇÕES DE INFORMATICA
Você precisa definir quais serão os critérios de sua classificação, onde diz
Classificar por clique e escolha nome, depois clique no botão Adicionar Nível e coloque Modalidade.
Antes de clicar em OK, verifique se está marcada a opção Meus dados contêm cabeçalhos, pois selecionamos a linha de títulos em nossa
planilha e clique em OK.
Você pode mudar a ordem de classificação sempre que for necessário, basta clicar no botão de Classificar.
Auto Filtro
Este é um recurso que permite listar somente os dados que você precisa visualizar no momento em sua planilha. Com seus dados selecio-
nados clique no botão Filtro e observe que será adicionado junto a cada célula do cabeçalho da planilha uma seta.
Didatismo e Conhecimento 59
NOÇÕES DE INFORMATICA
Estas setas permite visualizar somente os dados que te interessam na planilha, por exemplo caso eu precise da relação de atletas do sexo
feminino, basta eu clicar na seta do cabeçalho sexo e marcar somente Feminino, que os demais dados da planilha ficarão ocultos.
Posso ainda refinar mais a minha filtragem, caso precise saber dentro do sexo feminino quantos atletas estão na categoria Profissional,
eu faço um novo filtro na coluna Categoria.
Didatismo e Conhecimento 60
NOÇÕES DE INFORMATICA
Observe que as colunas que estão com filtro possuem um ícone em forma de funil no lugar da seta.
Para remover os filtros, basta clicar nos cabeçalhos com filtro e escolher a opção selecionar tudo.
Você também pode personalizar seus filtros através da opção Filtros de Texto e Filtro de número (quando conteúdo da célula for um
número).
Subtotais
Podemos agrupar nossos dados através de seus valores, vamos inicialmente classificar nossa planilha pelo sexo dos atletas relacionado
com a idade.
Didatismo e Conhecimento 61
NOÇÕES DE INFORMATICA
Depois clique no botão Subtotal.
Em A cada alteração em: coloque sexo e em Adicionar subto-
tal a deixe marcado apenas Peso, depois clique em OK.
Observe na esquerda que são mostrados os níveis de visuali- Marque a opção Paisagem e clique em OK.
zação dos subtotais e que ele faz um total a cada sequência do sexo
dos atletas.
Para remover os subtotais, basta clicar no botão Subtotal e na
janela que aparece clique em Remover Todos.
Impressão
O processo de impressão no Excel é muito parecido com o que
fizemos no Word.
Clique no botão Office e depois em Imprimir e escolha Visua-
lizar Impressão.
Didatismo e Conhecimento 62
NOÇÕES DE INFORMATICA
Teclas de atalho do Excel célula que está acima dela. Por exemplo: você digitou o número
5432 na célula A1 e quer que ele se repita até a linha 30. Selecione
CTRL + !: quando se está trabalhando com planilhas grandes, da célula A1 até a A30 e pressione o comando. Veja que todas as
quando os dados precisam ser apresentados a um gerente, ou mes- células serão preenchidas com o valor 5432.
mo só para facilitar sua vida, a melhor maneira de destacar certas
informações é formatar a célula, de modo que a fonte, a cor do tex- CTRL + R: funciona da mesma forma que o comando acima,
to, as bordas e várias outras configurações de formatação. Mas ter mas para preenchimento de colunas. Exemplo: selecione da célula
que usar o mouse para encontrar as opções de formatação faz você A1 até a E1 e pressione CTRL + R. Todas as células selecionadas
perder muito tempo. Portanto, pressionando CTRL + !, você fará terão o mesmo valor da A1.
com que a janela de opções de formatação da célula seja exibida.
Lembre-se que você pode selecionar várias células para aplicar a CTRL + ALT + V: você já deve ter cometido o erro de copiar
formatação de uma só vez. uma célula e colar em outro local, acabando com a formatação que
tinha definido anteriormente, pois as células de origem eram azuis
CTRL + (: muitas vezes você precisa visualizar dados que não e as de destino eram verdes. Ou seja, você agora tem células azuis
estão próximos uns dos outros. Para isso o Excel fornece a opção onde tudo deveria ser verde. Para que isso não aconteça, você pode
de ocultar células e colunas. Pressionando CTRL + (, você fará utilizar o comando “colar valores”, que fará com que somente os
com que as linhas correspondentes à seleção sejam ocultadas. Se valores das células copiadas apareçam, sem qualquer formatação.
houver somente uma célula ativa, só será ocultada a linha corres- Para não precisar usar o mouse, copie as células desejadas e na
pondente. Por exemplo: se você selecionar células que estão nas hora de colar utilize as teclas CTRL + ALT + V.
linhas 1, 2, 3 e 4 e pressionar as teclas mencionadas, essas quatro
linhas serão ocultadas. CTRL + PAGE DOWN: não há como ser rápido utilizando
Para reexibir aquilo que você ocultou, selecione uma célula o mouse para alternar entre as planilhas de um mesmo arquivo.
da linha anterior e uma da próxima, depois utilize as teclas CTRL Utilize esse comando para mudar para a próxima planilha da sua
+ SHIFT + (. Por exemplo: se você ocultou a linha 14 e precisa pasta de trabalho.
reexibi-la, selecione uma célula da linha 13, uma da linha 15 e
pressione as teclas de atalho. CTRL + PAGE UP: similar ao comando anterior. Porém, exe-
cutando-o você muda para a planilha anterior.
CTRL + ): esse atalho funciona exatamente como o anterior, *É possível selecionar as planilhas que estão antes ou depois
porém, ele não oculta linhas, mas sim COLUNAS. Para reexibir as da atual, pressionando também o SHIFT nos dois comando acima.
colunas que você ocultou, utilize as teclas CTRL + SHIFT + ). Por Teclas de função
exemplo: você ocultou a coluna C e quer reexibi-la. Selecione uma Poucas pessoas conhecem todo o potencial das teclas que fi-
célula da coluna B e uma da célula D, depois pressione as teclas cam na mesma linha do “Esc”. Assim como o CTRL, as teclas de
mencionadas. função podem ser utilizadas em combinação com outras, para pro-
duzir comandos diferentes do padrão atribuído a elas. Veja alguns
CTRL + SHIFT + $: quando estiver trabalhando com valores deles abaixo.
monetários, você pode aplicar o formato de moeda utilizando esse
atalho. Ele coloca o símbolo R$ no número e duas casas decimais. F2: se você cometer algum erro enquanto está inserindo fór-
Valores negativos são colocados entre parênteses. mulas em uma célula, pressione o F2 para poder mover o cursor do
teclado dentro da célula, usando as setas para a direita e esquerda.
CTRL + SHIFT + Asterisco (*): esse comando é extremamen- Caso você pressione uma da setas sem usar o F2, o cursor será
te útil quando você precisa selecionar os dados que estão envolta movido para outra célula.
da célula atualmente ativa. Caso existam células vazias no meio
dos dados, elas também serão selecionadas. Veja na imagem abai- ALT + SHIFT + F1: inserir novas planilhas dentro de um ar-
xo um exemplo. A célula selecionada era a D6. quivo do Excel também exige vários cliques com o mouse, mas
CTRL + Sinal de adição (+): quando você precisar inserir cé- você pode usar o comando ALT + SHIFT + F1 para ganhar algum
lulas, linhas ou colunas no meio dos dados, ao invés de clicar com tempo. As teclas SHIFT + F11 produzem o mesmo efeito.
o mouse no número da linha ou na letra da coluna, basta pressionar F8: use essa tecla para ligar ou desligar o modo de seleção
esse comando. estendida. Esse pode ser usado da mesma forma que o SHIFT. Po-
*Utilize o sinal de adição do teclado numérico ou a combina- rém, ele só será desativado quando for pressionado novamente,
ção CTRL + SHIFT + Sinal de adição que fica à esquerda da tecla diferente do SHIFT, que precisa ser mantido pressionado para que
backspace, pois ela tem o mesmo efeito. você possa selecionar várias células da planilha.
CTRL + Sinal de subtração (-): para excluir células, linhas Veja abaixo outros comandos úteis:
ou colunas inteiras, pressione essas teclas. Esse comando funciona
tanto no teclado normal quanto no teclado numérico. CTRL + Setas de direção: move o cursor para a última célula
preenchida. Se houve alguma célula vazia no meio, o cursor será
CTRL + D: você pode precisar que todas as células de deter- movido para a última célula preenchida que estiver antes da vazia.
minada coluna tenham o mesmo valor. Apertando CTRL + D, você
fará com que a célula ativa seja preenchida com o mesmo valor da
Didatismo e Conhecimento 63
NOÇÕES DE INFORMATICA
END: pressione essa tecla uma vez para ativar ou desativar o Criando uma planilha
“Modo de Término”. Sua função é parecida com o comando ante-
rior. Pressiona uma vez para ativar e depois pressione uma tecla de Para criar uma nova planilha a partir de qualquer programa do
direção para mover o cursor para a última célula preenchida. penOffice.org, escolha Arquivo - Novo – Planilha.
*Se a tecla Scroll Lock estiver ativada, pressionar END fará Movendo-se em uma folha
com que o cursor seja movido para a célula que estiver visível no Você pode usar o mouse ou o teclado para mover-se em uma
canto inferior direito da janela. folha do Calc ou ara selecionar itens na folha. Se selecionou um
CTRL + BARRA DE ESPAÇO: utilize essa atalho se você intervalo de células, o cursor permanece no intervalo ao mover o
quiser selecionar a coluna inteira onde está o cursor. cursor.
SHIFT + BARRA DE ESPAÇOS: semelhante ao comando
acima, porém, seleciona a linha inteira onde está o cursor.
BrOffice.org Calc
Didatismo e Conhecimento 64
NOÇÕES DE INFORMATICA
Dica – Para copiar sem alterar os valores em uma série, pres-
sione a tecla Ctrl enquanto arrasta.
Didatismo e Conhecimento 65
NOÇÕES DE INFORMATICA
Formatando células manualmente Guia Efeitos de fonte
Para aplicar formatação simples ao conteúdo de uma célula, Altera a cor da fonte e os efeitos de sublinhado, tachado ou
como alterar o tamanho do texto, use os ícones na barra Formatar alto-relevo do texto
objeto. Guia Alinhamento
- Para formatar células com a barra Formatar objeto
A barra Formatar objetos permite-lhe aplicar formatos rapida- Altera o alinhamento do texto e a orientação do texto no inte-
mente a células individuais ou intervalos de células. rior das células
Etapas
1. Selecione a célula ou o intervalo de células que deseja for- Guia Bordas
matar.
2. Na barra Formatar objeto, clique no ícone que corresponde Altera as opções de bordas das células
à formatação que deseja aplicar.
Guia Plano de fundo
Observação – Pode também selecionar uma opção das caixas
Nome da fonte ou Tamanho da fonte. Altera o preenchimento do plano de fundo das células
Etapas
1. Selecione a célula ou o intervalo de células que deseja for-
matar e escolha Formatar - Células.
Guia Números
Altera a formatação de números nas células, como a alteração - Para aplicar formatação com a janela Estilos e formatação
do número de casas decimais exibidas Etapas
Guia Fonte 1. Escolha Formatar - Estilos e formatação.
2. Para alterar a formatação de células, clique em uma célula
Altera a fonte, o tamanho da fonte e o tipo de letra usado na ou selecione um intervalo de células.
célula
Didatismo e Conhecimento 66
NOÇÕES DE INFORMATICA
a. Clique no ícone Estilos de célula na parte superior da janela Usando operadores
Estilos e formatação.
b. Clique duas vezes em um estilo na lista. Você pode usar os seguintes operadores nas fórmulas:
3. Para alterar o layout de uma folha, clique em qualquer lugar
na folha.
a. Clique no ícone Estilos de página na parte superior da janela
Estilos e formatação.
b. Clique duas vezes em um estilo na lista.
Criando fórmulas
=A1+15
Exibe o resultado de adicionar 15 ao conteúdo da células A1
=A1*20%
Exibe 20 por cento do conteúdo da célula A1
=A1*A2
Exibe o resultado da multiplicação do conteúdo das células
- Para criar uma fórmula A1 e A2
Etapas
1. Clique na célula à qual deseja exibir o resultado da fórmula. Usando parênteses
2. Digite = e, a seguir, digite a fórmula.
Por exemplo, se desejar adicionar o conteúdo da célula A1 ao O Calc segue a ordem de operações ao calcular uma fórmula.
conteúdo da célula A2, digite =A1+A2 em outra célula. Multiplicação e divisão são feitas antes de adição e subtração,
3. Pressione Return. independentemente de onde esses operadores aparecem na fór-
mula. Por exemplo, para a fórmula =2+5+5*2, o Calc retorna o
valor de 17 e não de 24.
Editando uma fórmula
Didatismo e Conhecimento 67
NOÇÕES DE INFORMATICA
2. Clique na caixa de Linha de entrada e efetue as alterações. diferente para os dados, clique no botão Encolher ao lado da caixa
Para excluir parte da fórmula, pressione a tecla Delete ou de texto Intervalo e selecione as células. Clique no botão Encolher
Backspace. novamente quando concluir.
3. Pressione Return ou clique no ícone na barra Fórmula para 3. Clique em Próximo.
confirmar as alterações. 4. Na caixa Escolher tipo de gráfico, clique no tipo de gráfico
Para rejeitar as alterações feitas, pressione Esc ou clique no que deseja criar.
ícone na barra Fórmula. 5. Clique em Próximo.
6. Na caixa Escolher variante, clique na variante que deseja
Usando funções usar.
7. Clique em Próximo.
O Calc é fornecido com várias fórmulas e funções predefini- 8. Na caixa Título do gráfico, digite o nome do gráfico.
das. Por exemplo, em vez de digitar =A2+A3+A4+A5, você pode 9. Clique em Criar.
digitar =SUM(A2:A5) .
Editando gráficos
Didatismo e Conhecimento 68
NOÇÕES DE INFORMATICA
Uma imagem do PowerPoint 2010 no modo Normal que pos-
sui vários elementos rotulados.
1 No painel Slide, você pode trabalhar em slides individuais.
2 As bordas pontilhadas identificam os espaços reservados,
onde você pode digitar texto ou inserir imagens, gráficos e outros
objetos.
3 A guia Slides mostra uma versão em miniatura de cada slide
inteiro mostrado no painel Slide. Depois de adicionar outros slides,
você poderá clicar em uma miniatura na guia Slides para fazer com
que o slide apareça no painel Slide ou poderá arrastar miniaturas
para reorganizar os slides na apresentação. Também é possível adi-
cionar ou excluir slides na guia Slides.
4 No painel Anotações, você pode digitar observações sobre o
slide atual. Também pode distribuir suas anotações para a audiên-
cia ou consultá-las no Modo de Exibição do Apresentador durante
a apresentação.
Didatismo e Conhecimento 69
NOÇÕES DE INFORMATICA
• Desfazer , que desfaz sua última alteração (para Outros elementos que podem ser exibidos na Faixa de Opções
ver uma dica de tela sobre qual ação será desfeita, coloque o pon- são as guias contextuais, as galerias e os iniciadores de caixa de
teiro sobre o botão. Para ver um menu de outras alterações recentes diálogo.
que também podem ser desfeitas, clique na seta à direita de Des-
fazer ). Uma galeria, neste caso a galeria de formas no grupo Dese-
• Você também pode desfazer uma alteração pressionando nho. As galerias são janelas ou menus retangulares que apresentam
CTRL+Z. uma gama de opções visuais relacionadas.
• Refazer ou Repetir , que repete ou refaz sua úl- Uma guia contextual, neste caso a guia Ferramentas
tima alteração, dependendo da ação feita anteriormente (para ver de Imagem. Para diminuir a poluição visual, algumas guias são
uma dica de tela sobre qual ação será repetida ou refeita, coloque o mostradas somente quando necessárias. Por exemplo, a guia Fer-
ponteiro sobre o botão). Você também pode repetir ou refazer uma ramentas de Imagem será mostrada somente se você inserir uma
alteração pressionando CTRL+Y. imagem a um slide e a selecionar.
• A Ajuda do Microsoft Office PowerPoint , que abre Um Iniciador da Caixa de Diálogo, neste caso, um que
o painel Ajuda do PowerPoint. Você também pode abrir a Ajuda inicia a caixa de diálogo Formatar Forma.
pressionando F1.
Localização dos comandos conhecidos na Faixa de Opções
Familiarizar-se com a Faixa de Opções do PowerPoint Para encontrar a localização de comandos específicos em
2010 guias e grupos, consulte os diagramas a seguir.
Ao iniciar o Microsoft PowerPoint 2010 pela primeira vez, A guia Arquivo
você perceberá que os menus e as barras de ferramentas do Power-
Point 2003 e das versões anteriores foram substituídos pela Faixa
de Opções.
O que é a Faixa de Opções?
A Faixa de Opções contém os comandos e os outros itens de
menu presentes nos menus e barras de ferramentas do PowerPoint
2003 e de versões anteriores. A Faixa de Opções foi projetada para
ajudá-lo a localizar rapidamente os comandos necessários para
concluir uma tarefa.
Didatismo e Conhecimento 70
NOÇÕES DE INFORMATICA
A guia Página Inicial
A guia Página Inicial é o local onde é possível inserir novos slides, agrupar objetos e formatar texto no slide.
1 Se você clicar na seta ao lado de Novo Slide, poderá escolher entre vários layouts de slide.
2 O grupo Fonte inclui os botões Fonte, Negrito, Itálico e Tamanho da Fonte.
3 O grupo Parágrafo inclui Alinhar Texto à Direita, Alinhar Texto à Esquerda, Justificar e Centralizar.
4 Para localizar o comando Agrupar, clique em Organizar e, em Agrupar Objetos, selecione Agrupar.
Guia Inserir
A guia Inserir é o local onde é possível inserir tabelas, formas, gráficos, cabeçalhos ou rodapés em sua apresentação.
1 Tabela
2 Formas
3 Gráfico
4 Cabeçalho e Rodapé
Guia Design
A guia Design é o local onde é possível personalizar o plano de fundo, o design e as cores do tema ou a configuração de página na
apresentação.
1 Clique em Configurar Página para iniciar a caixa de diálogo Configurar Página.
2 No grupo Temas, clique em um tema para aplicá-lo à sua apresentação.
3 Clique em Estilos de Plano de Fundo para selecionar uma cor e design de plano de fundo para sua apresentação.
Guia Transições
A guia Transições é o local onde é possível aplicar, alterar ou remover transições no slide atual.
1 No grupo Transições para este Slide, clique em uma transição para aplicá-la ao slide atual.
2 Na lista Som, você pode selecionar entre vários sons que serão executados durante a transição.
3 Em Avançar Slide, você pode selecionar Ao Clicar com o Mouse para fazer com que a transição ocorra ao clicar.
Didatismo e Conhecimento 71
NOÇÕES DE INFORMATICA
Guia Animações
A guia Animações é o local onde é possível aplicar, alterar ou remover animações em objetos do slide.
1 Clique em Adicionar Animação e selecione uma animação que será aplicada ao objeto selecionado.
2 Clique em Painel de Animação para iniciar o painel de tarefas Painel de Animação.
3 O grupo Intervalo inclui áreas para definir o Página Inicial e a Duração.
A guia Apresentação de Slides é o local onde é possível iniciar uma apresentação de slides, personalizar as configurações da apresenta-
ção de slides e ocultar slides individuais.
1 O grupo Iniciar Apresentação de Slides, que inclui Do Começo e Do Slide Atual.
2 Clique em Configurar Apresentação de Slides para iniciar a caixa de diálogo Configurar Apresentação.
3 Ocultar Slide
Guia Revisão
A guia Revisão é o local onde é possível verificar a ortografia, alterar o idioma da apresentação ou comparar alterações na apresentação
atual com outra.
1 Ortografia, para iniciar o verificador ortográfico.
2 O grupo Idioma, que inclui Editando Idiomas, onde é possível selecionar o idioma.
3 Comparar, onde é possível comparar as alterações na apresentação atual com outra.
Guia Exibir
A guia Exibir é o local onde é possível exibir o slide mestre, as anotações mestras, a classificação de slides. Você também pode ativar
ou desativar a régua, as linhas de grade e as guias de desenho.
1 Classificação de Slides
2 Slide Mestre
3 O grupo Mostrar, que inclui Régua e Linhas de Grade.
Didatismo e Conhecimento 72
NOÇÕES DE INFORMATICA
Localizar e aplicar um modelo Observação Por padrão, o PowerPoint 2010 mostra somente
O PowerPoint 2010 permite aplicar modelos internos ou os apresentações do PowerPoint na caixa de diálogo Abrir. Para exi-
seus próprios modelos personalizados e pesquisar vários modelos bir outros tipos de arquivos, clique em Todas as Apresentações do
disponíveis no Office.com. O Office.com fornece uma ampla sele- PowerPoint e selecione o tipo de arquivo que deseja exibir.
ção de modelos do PowerPoint populares, incluindo apresentações
e slides de design.
Para localizar um modelo no PowerPoint 2010, siga este pro-
cedimento:
Na guia Arquivo, clique em Novo.
Em Modelos e Temas Disponíveis, siga um destes procedi-
mentos:
• Para reutilizar um modelo usado recentemente, clique em
Modelos Recentes, clique no modelo desejado e depois em Criar.
• Para utilizar um modelo já instalado, clique em Meus
Modelos, selecione o modelo desejado e clique em OK.
• Para utilizar um dos modelos internos instalados com o
PowerPoint, clique em Modelos de Exemplo, clique no modelo
desejado e depois em Criar.
• Para localizar um modelo no Office.com, em Modelos do
Office.com, clique em uma categoria de modelo, selecione o mo- Salvar uma apresentação
delo desejado e clique em Baixar para baixar o modelo do Office.
com para o computador.
Didatismo e Conhecimento 73
NOÇÕES DE INFORMATICA
O Microsoft PowerPoint 2010 oferece uma série de tipos • Clique no layout desejado para o novo slide.
de arquivo que você pode usar para salvar; por exemplo, JPEGs
(.jpg), arquivos Portable Document Format (.pdf), páginas da Web
(.html), Apresentação OpenDocument (.odp), inclusive como ví-
deo ou filme etc.
Também é possível abrir vários formatos de arquivo diferen-
tes com o PowerPoint 2010, como Apresentações OpenDocument,
páginas da Web e outros tipos de arquivos.
Didatismo e Conhecimento 74
NOÇÕES DE INFORMATICA
mover, pressione e mantenha pressionada a tecla CTRL enquanto
clica em cada um dos outros slides que deseja mover.
Excluir um slide
No modo de exibição Normal, no painel que contém as guias
Tópicos e Slides, clique na guia Slides, clique com o botão direito
do mouse no slide que deseja excluir e clique em Excluir Slide.
Copiar um slide
Se você deseja criar dois ou mais slides que tenham conteúdo
e layout semelhantes, salve o seu trabalho criando um slide que
tenha toda a formatação e o conteúdo que será compartilhado por
ambos os slides, fazendo uma cópia desse slide antes dos retoques
finais em cada um deles.
1. No modo de exibição Normal, no painel que contém as
guias Tópicos e Slides, clique na guia Slides, clique com o botão
direito do mouse no slide que deseja copiar e clique em Copiar.
2. Na guia Slides, clique com o botão direito do mouse onde
você deseja adicionar a nova cópia do slide e clique em Colar.
Você também pode usar esse procedimento para inserir uma
cópia de um slide de uma apresentação para outra.
Didatismo e Conhecimento 75
NOÇÕES DE INFORMATICA
vAdicionar formas ao slide
1. Na guia Início, no grupo Desenho, clique em Formas.
2. Clique na forma desejada, clique em qualquer parte do slide e arraste para colocar a forma.
Para criar um quadrado ou círculo perfeito (ou restringir as dimensões de outras formas), pressione e mantenha a tecla SHIFT pressio-
nada ao arrastar.
Para exibir a apresentação no modo de exibição Apresentação de Slides a partir do primeiro slide, siga este procedimento:
Na guia Apresentação de Slides, no grupo Iniciar Apresentação de Slides, clique em Do Começo (ou pressione F5).
Para exibir a apresentação no modo de exibição Apresentação de Slides a partir do slide atual, siga este procedimento(ou pressione
Shift+F5):
Na guia Apresentação de Slides, no grupo Iniciar Apresentação de Slides, clique em Do Slide Atual.
Observação Use vírgulas para separar os números, sem espaços. Por exemplo: 1,3,5-12.
3. Em Outras Configurações, clique na lista Cor e selecione a configuração desejada.
4. Ao concluir as seleções, clique em Imprimir.
Didatismo e Conhecimento 76
NOÇÕES DE INFORMATICA
Didatismo e Conhecimento 77
NOÇÕES DE INFORMATICA
Então basta começar a digitar.
Formatar texto
Para alterar um texto, é necessário primeiro selecioná-lo. Para
selecionar um texto ou palavra, basta clicar com o boto esquerdo
sobre o ponto em que se deseja iniciar a seleção e manter o botão
pressionado, arrastar o mouse até o ponto desejado e soltar o botão
esquerdo.
Didatismo e Conhecimento 78
NOÇÕES DE INFORMATICA
4 – Itálico
Aplica Itálico ao texto selecionado. Também pode ser aciona-
do através do comando Ctrl+I.
5 – Sublinhado
Sublinha o texto selecionado. Também pode ser acionado
através do comando Ctrl+S.
6 – Tachado
Desenha uma linha no meio do texto selecionado.
7 – Sombra de Texto
Adiciona uma sombra atrás do texto selecionado para desta-
cá-lo no slide.
8 – Espaçamento entre Caracteres
Ajusta o espaçamento entre caracteres.
9 – Maiúsculas e Minúsculas
Altera todo o texto selecionado para MAIÚSCULAS, minús-
culas, ou outros usos comuns de maiúsculas/minúsculas. 5. Clicar em Inserir e em seguida Fechar.
10 – Cor da Fonte Marcadores e numeração
Altera a cor da fonte. Com a guia Início acionada, clicar no botão , para criar
11 – Alinhar Texto à Esquerda parágrafos com marcadores. Para escolher o tipo de marcador cli-
Alinha o texto à esquerda. Também pode ser acionado através car na seta.
do comando Ctrl+Q.
12 – Centralizar
Centraliza o texto. Também pode ser acionado através do co-
mando Ctrl+E.
13 – Alinhar Texto à Direita
Alinha o texto à direita. Também pode ser acionado através
do comando Ctrl+G.
14 – Justificar
Alinha o texto às margens esquerda e direita, adicionando es-
paço extra entre as palavras conforme o necessário, promovendo
uma aparência organizada nas laterais esquerda e direita da página.
15 – Colunas
Divide o texto em duas ou mais colunas.
Limpar formatação
Para limpar toda a formatação de um texto basta selecioná-lo
e clicar no botão , localizado na guia Início.
Didatismo e Conhecimento 79
NOÇÕES DE INFORMATICA
Inserir figuras
Didatismo e Conhecimento 80
NOÇÕES DE INFORMATICA
1. Na guia Inserir, no grupo Ilustrações, clicar na seta abaixo
de Formas e, em seguida, clique no botão Mais .
2. Em Botões de Ação, clicar no botão que se deseja adicio-
nar.
3. Clicar sobre um local do slide e arrastar para desenhar a
forma para o botão.
4. Na caixa Configurar Ação, seguir um destes procedimen-
tos:
• Para escolher o comportamento do botão de ação quando
você clicar nele, clicar na guia Selecionar com o Mouse.
• Para escolher o comportamento do botão de ação quando
você mover o ponteiro sobre ele, clicar na guia Selecionar sem o
Mouse.
5. Para escolher o que acontece quando você clica ou move
o ponteiro sobre o botão de ação, siga um destes procedimentos:
• Se você não quiser que nada aconteça, clicar em Nenhuma. 1. Na guia Apresentações de Slides, no grupo Iniciar Apre-
• Para criar um hiperlink, clicar em Hiperlink para e selecionar sentação de Slides, clicar na seta ao lado de Apresentação de Slides
o destino para o hiperlink. Personalizada e, em seguida, clicar em Apresentações Personali-
• Para executar um programa, clicar em Executar programa zadas.
e, em seguida, clicar em Procurar e localizar o programa que você 2. Na caixa de diálogo Apresentações Personalizadas, clicar
deseja executar. em Novo.
• Para executar um macro (uma ação ou um conjunto de ações 3. Em Slides na apresentação, clicar nos slides que você de-
que você pode usar para automatizar tarefas. Os macros são grava- seja incluir na apresentação personalizada e, em seguida, clicar em
dos na linguagem de programação Visual Basic for Applications), Adicionar.
clicar em Executar macro e selecionar a macro que você deseja Para selecionar diversos slides sequenciais, clicar no primeiro
executar. slide e, em seguida, manter pressionada a tecla SHIFT enquanto
As configurações de Executar macro estarão disponíveis so- clica no último slide que deseja selecionar. Para selecionar diver-
mente se a sua apresentação contiver um macro. sos slides não sequenciais, manter pressionada a tecla CTRL en-
• Se você deseja que a forma escolhida como um botão de quanto clica em cada slide que queira selecionar.
ação execute uma ação, clicar em Ação do objeto e selecionar a 4. Para alterar a ordem em que os slides são exibidos, em
ação que você deseja que ele execute. Slides na apresentação personalizada, clicar em um slide e, em
As configurações de Ação do objeto estarão disponíveis so- seguida, clicar em uma das setas para mover o slide para cima ou
mente se a sua apresentação contiver um objeto OLE (uma tecno- para baixo na lista.
logia de integração de programa que pode ser usada para compar- 5. Digitar um nome na caixa Nome da apresentação de slides
tilhamento de informações entre programas. Todos os programas e clicar em OK. Para criar apresentações personalizadas adicionais
do Office oferecem suporte para OLE; por isso, você pode compar- com quaisquer slides da sua apresentação, repetir as etapas de 1
tilhar informações por meio de objetos vinculados e incorporados). a 5.
• Para tocar um som, marcar a caixa de seleção Tocar som e Para visualizar uma apresentação personalizada, clicar no
selecionar o som desejado. nome da apresentação na caixa de diálogo Apresentações Persona-
lizadas e, em seguida, clicar em Mostrar.
Criar apresentação personalizada 2 – Apresentação Personalizada com Hiperlink
Existem dois tipos de apresentações personalizadas: básica e Utilizar uma apresentação personalizada com hiperlinks para
com hiperlinks. organizar o conteúdo de uma apresentação. Por exemplo, se você
Uma apresentação personalizada básica é uma apresentação cria uma apresentação personalizada principal sobre a nova orga-
separada ou uma apresentação que inclui alguns slides originais. nização geral da sua empresa, é possível criar uma apresentação
Uma apresentação personalizada com hiperlinks é uma forma personalizada para cada departamento da sua organização e vincu-
rápida de navegar para uma ou mais apresentações separadas. lá-los a essas exibições da apresentação principal.
1 – Apresentação Personalizada Básica
Utilizar uma apresentação personalizada básica para fornecer
apresentações separadas para diferentes grupos da sua organiza-
ção. Por exemplo, se sua apresentação contém um total de cinco
slides, é possível criar uma apresentação personalizada chamada
“Site 1” que inclui apenas os slides 1, 3 e 5. É possível criar uma
segunda apresentação personalizada chamada “Site 2” que inclui
os slides 1, 2, 4 e 5. Quando você criar uma apresentação perso-
nalizada a partir de outra apresentação, é possível executá-la, na
íntegra, em sua sequência original. 1. Na guia Apresentações, no grupo Iniciar Apresentação de
Slides, clicar na seta ao lado de Apresentação de Slides Personali-
zada e, em seguida, clicar em Apresentações Personalizadas.
Didatismo e Conhecimento 81
NOÇÕES DE INFORMATICA
2. Na caixa de diálogo Apresentações Personalizadas, clicar 9. Pente Vertical
em Novo. Para consultar mais efeitos de transição, na lista Estilos Rápi-
3. Em Slides na apresentação, clicar nos slides que você de- dos, clicar no botão Mais, conforme mostrado no diagrama acima.
seja incluir na apresentação personalizada principal e, em seguida, • Adicionar a mesma transição de slides a todos os slides em
clicar em Adicionar. sua apresentação:
Para selecionar diversos slides sequenciais, clicar no primeiro 1. No painel que contém as guias Tópicos e Slides, clicar na
slide e, em seguida, manter pressionada a tecla SHIFT enquanto guia Slides.
clica no último slide que deseja selecionar. Para selecionar diver- 2. Na guia Início, clicar na miniatura de um slide.
sos slides não sequenciais, manter pressionada a tecla CTRL en- 3. Na guia Animações, no grupo Transição para Este Slide,
quanto clica em cada slide que queira selecionar. clicar em um efeito de transição de slides.
4. Para alterar a ordem em que os slides são exibidos, em 4. Para consultar mais efeitos de transição, na lista Estilos
Slides na apresentação personalizada, clicar em um slide e, em Rápidos, clicar no botão Mais.
seguida, clicar em uma das setas para mover o slide para cima ou 5. Para definir a velocidade de transição de slides, no grupo
para baixo na lista. Transição para Este Slide, clicar na seta ao lado de Velocidade da
5. Digitar um nome na caixa Nome da apresentação de slides Transição e, em seguida, selecionar a velocidade desejada.
e clicar em OK. Para criar apresentações personalizadas adicionais 6. No grupo Transição para Este Slide, clicar em Aplicar a
com quaisquer slides da sua apresentação, repetir as etapas de 1 Tudo.
a 5. • Adicionar diferentes transições de slides aos slides em sua
6. Para criar um hiperlink da apresentação principal para uma apresentação
apresentação de suporte, selecionar o texto ou objeto que você de- 1. No painel que contém as guias Tópicos e Slides, clicar na
seja para representar o hiperlink. guia Slides.
7. Na guia Inserir, no grupo Vínculos, clicar na seta abaixo 2. Na guia Início, clicar na miniatura de um slide.
de Hiperlink. 3. Na guia Animações, no grupo Transição para Este Slide,
8. Em Vincular para, clicar em Colocar Neste Documento. clicar no efeito de transição de slides que você deseja para esse
9. Seguir um destes procedimentos: slide.
• Para se vincular a uma apresentação personalizada, na lista 4. Para consultar mais efeitos de transição, na lista Estilos
Selecionar um local neste documento, selecionar a apresentação Rápidos, clicar no botão Mais.
personalizada para a qual deseja ir e marcar a caixa de seleção 5. Para definir a velocidade de transição de slides, no grupo
Mostrar e retornar. Transição para Este Slide, clicar na seta ao lado de Velocidade da
• Para se vincular a um local na apresentação atual, na lista Transição e, em seguida, selecionar a velocidade desejada.
Selecione um local neste documento, selecionar o slide para o qual 6. Para adicionar uma transição de slides diferente a outro
você deseja ir. slide em sua apresentação, repetir as etapas 2 a 4.
Para visualizar uma apresentação personalizada, clicar no • Adicionar som a transições de slides
nome da apresentação na caixa de diálogo Apresentações Persona- 1. No painel que contém as guias Tópicos e Slides, clicar na
lizadas e, em seguida, clicar em Mostrar. guia Slides.
2. Na guia Início, clicar na miniatura de um slide.
Transição de slides 3. Na guia Animações, no grupo Transição para Este Slide,
As transições de slide são os efeitos semelhantes à animação clicar na seta ao lado de Som de Transição e, em seguida, seguir
que ocorrem no modo de exibição Apresentação de Slides quando um destes procedimentos:
você move de um slide para o próximo. • Para adicionar um som a partir da lista, selecionar o som
É possível controlar a velocidade de cada efeito de transição desejado.
de slides e também adicionar som. • Para adicionar um som não encontrado na lista, selecionar
O Microsoft Office PowerPoint 2010 inclui vários tipos dife- Outro Som, localizar o arquivo de som que você deseja adicionar
rentes de transições de slides, incluindo (mas não se limitando) as e, em seguida, clicar em OK.
seguintes: 4. Para adicionar som a uma transição de slides diferente,
repetir as etapas 2 e 3.
Didatismo e Conhecimento 82
NOÇÕES DE INFORMATICA
o Para entregar uma apresentação de auto execução execu- Usando dois monitores, é possível executar outros programas
tada em um quiosque (um computador e monitor, geralmente lo- que não são vistos pelo público e acessar o modo de exibição Apre-
calizados em uma área frequentada por muitas pessoas, que pode sentador. Este modo de exibição oferece as seguintes ferramentas
incluir tela sensível ao toque, som ou vídeo. Os quiosques podem para facilitar a apresentação de informação:
ser configurados para executar apresentações do PowerPoint de o É possível utilizar miniaturas para selecionar os slides de
forma automática, contínua ou ambas), clicar em Apresentada em uma sequência e criar uma apresentação personalizada para o seu
um quiosque (tela inteira). público.
• Mostrar slides o A visualização de texto mostra aquilo que o seu próximo cli-
Usar as opções na seção Mostrar slides para especificar quais que adicionará à tela, como um slide novo ou o próximo marcador
slides estão disponíveis em uma apresentação ou para criar uma de uma lista.
apresentação personalizada (uma apresentação dentro de uma o As anotações do orador são mostradas em letras grandes e
apresentação na qual você agrupa slides em uma apresentação claras, para que você possa utilizá-las como um script para a sua
existente para poder mostrar essa seção da apresentação para um apresentação.
público em particular). o É possível escurecer a tela durante sua apresentação e, de-
o Para mostrar todos os slides em sua apresentação, clicar em pois, prosseguir do ponto em que você parou. Por exemplo, talvez
Tudo. você não queira exibir o conteúdo do slide durante um intervalo ou
o Para mostrar um grupo específico de slides de sua apresen- uma seção de perguntas e respostas.
tação, digitar o número do primeiro slide que você deseja mostrar
na caixa De e digitar o número do último slide que você deseja
mostrar na caixa Até.
o Para iniciar uma apresentação de slides personalizada que
seja derivada de outra apresentação do PowerPoint, clicar em
Apresentação personalizada e, em seguida, clicar na apresenta-
ção que você deseja exibir como uma apresentação personalizada
(uma apresentação dentro de uma apresentação na qual você agru-
pa slides em uma apresentação existente para poder mostrar essa
seção da apresentação para um público em particular).
• Opções da apresentação
Usar as opções na seção Opções da apresentação para especi-
ficar como você deseja que arquivos de som, narrações ou anima-
ções sejam executados em sua apresentação. No modo de exibição do Apresentador, os ícones e botões são
o Para executar um arquivo de som ou animação continua- grandes o suficiente para uma fácil navegação, mesmo quando
mente, marcar a caixa de opções Repetir até ‘Esc’ ser pressionada. você está usando um teclado ou mouse desconhecido. A seguin-
o Para mostrar uma apresentação sem executar uma narração te ilustração mostra as várias ferramentas disponibilizadas pelo
incorporada, marcar a caixa de seleção Apresentação sem narra- modo de exibição Apresentador.
ção.
o Para mostrar uma apresentação sem executar uma animação
incorporada, marcar a caixa de seleção Apresentação sem anima-
ção.
o Ao fazer sua apresentação diante de uma audiência ao vivo,
é possível escrever nos slides. Para especificar uma cor de tinta, na
lista Cor da caneta, selecionar uma cor de tinta.
Didatismo e Conhecimento 83
NOÇÕES DE INFORMATICA
O botão Escurecer, que você pode clicar para escurecer a tela o Para acelerar o desenho de elementos gráficos na apresen-
do público temporariamente e, em seguida, clicar de novo para tação, selecionar Usar aceleração de elementos gráficos do hard-
exibir o slide atual. ware.
Avançar para cima, que indica o slide que o seu público verá o Na lista Resolução da apresentação de slides, clicar na reso-
em seguida. lução, ou número de pixels por polegada, que você deseja. Quanto
Botões que você pode selecionar para mover para frente ou mais pixels, mais nítida será a imagem, contudo mais lento será o
para trás na sua apresentação. desempenho do computador. Por exemplo, uma tela de 640 x 480
O Número do slide (por exemplo, Slide 7 de 12) pixels é capaz de exibir 640 pontos distintos em cada uma das 480
O tempo decorrido, em horas e minutos, desde o início da sua linhas, ou aproximadamente 300.000 pixels. Essa é a resolução
apresentação. com desempenho mais rápido, contudo fornece a menor qualidade.
As anotações do orador, que você pode usar como um script Em contraste, uma tela com 1280 x 1024 pixels fornece as imagens
para a sua apresentação. mais nítidas, mas com desempenho mais lento.
Requisitos para o uso do modo de exibição Apresentador:
Para utilizar o modo de exibição Apresentador, faça o seguin-
te:
o Certifique-se que o computador usado para a apresentação BROFFICE IMPRESS
tem capacidade para vários monitores.
o Ativar o suporte a vários monitores O BrOffice.org Impress fornece várias ferramentas para ajudar
o Ativar o modo de exibição Apresentador. você a criar apresentações e exibições de slides atraentes. Você
pode usar Impress para mostrar apresentações no computador ou
Ativar o suporte a vários monitores: imprimir as apresentações. Esta seção apresenta as etapas básicas
Embora os computadores possam oferecer suporte a mais de envolvidas na criação e edição de uma apresentação.
dois monitores, o PowerPoint oferece suporte para o uso de até
dois monitores para uma apresentação. Para desativar o suporte
a vários monitores, selecionar o segundo monitor e desmarcar a
caixa de seleção Estender a área de trabalho do Windows a este
monitor.
Didatismo e Conhecimento 84
NOÇÕES DE INFORMATICA
Etapas
1. Escolha Arquivo - Exportar.
2. Na caixa Nome do arquivo, digite o nome da apresentação.
3. Na caixa Tipo de arquivo, selecione o formato para o
arquivo exportado.
4. Clique em Exportar.
Editando slides
- Para criar uma apresentação a partir de um modelo Para ajudar a editar e organizar os slides no Impress, você
Etapas pode usar diferentes exibições da área de trabalho. Por exemplo,
1. Na área Tipo da primeira página do Assistente de apresentação, pode usar a exibição Normal para adicionar imagens a um único
clique em Do modelo. slide. Use o Classificador de slides para reordenar os slides e
Observação – Talvez seja necessário esperar um pouco para os atribuir transições. Ou use a exibição Estrutura de tópicos para
modelos serem carregados. organizar e editar títulos de slide.
2. Selecione uma categoria de modelo, por exemplo Para alterar a exibição, clique na guia exibição no painel
“Apresentações”, e clique no modelo que deseja usar. central.
3. Clique em Próximo.
4. (Opcional) Se desejar usar um plano de fundo diferente
para os slides na apresentação, clique em um estilo na lista.
Observação – Esses estilos também alteram o formato da
fonte usada na apresentação.
5. Clique em Próximo.
6. Para apresentações que você pretende realizar na tela, siga Movendo-se entre slides na exibição normal
este procedimento:
• Na caixa Efeito, selecione o efeito de transição que deseja Para mover-se entre slides na exibição Normal, clique na
usar ao passar de um slide para outro. visualização de slide no painel Slides esquerdo.
• Na caixa Velocidade, selecione a velocidade da transição.
• Se desejar que os slides avancem automaticamente na - Para alterar o layout de um slide
apresentação, clique na opção Automático na área Selecionar tipo Layouts de slide definem onde texto e objetos são posicionados
de apresentação. em um slide.
7. Clique em Próximo. No Impress, você pode alterar facilmente o layout do slide em
8. Digite as informações descritivas para a apresentação. que está trabalhando ao usar o painel Tarefas direito.
9. Clique em Próximo. Etapas
10.(Opcional) Para excluir um slide da apresentação, clique 1. Na exibição Normal, selecione o slide ao qual deseja aplicar
na caixa de seleção em frente do nome do slide na lista Escolher um novo layout.
páginas. 2. No painel Tarefas, clique no layout que deseja usar.
11.Clique em Criar. - Para adicionar um slide
Depois de criar a apresentação, substitua e insira o texto nos Etapas
slides. 1. Clique na guia Normal para escolher uma exibição Normal.
2. No painel Slides esquerdo, clique com o botão direito do
- Para salvar uma apresentação mouse onde deseja adicionar um slide. Em seguida escolha Inserir
Etapas slide.
1. Escolha Arquivo - Salvar. Abre-se a caixa de diálogo Inserir slide.
Se não salvou a apresentação antes, abre-se a caixa de diálogo 3. Na caixa nome, digite o nome do slide.
Salvar como. 4. (Opcional) Se desejar alterar o layout do novo slide, clique
2. Na caixa Nome do arquivo, digite o nome da apresentação. em outro estilo de layout na caixa AutoLayout box.
3. Clique em Salvar. 5. Clique em OK.
Didatismo e Conhecimento 85
NOÇÕES DE INFORMATICA
Formatando texto
Didatismo e Conhecimento 86
NOÇÕES DE INFORMATICA
Etapas • Para ir para o slide anterior, pressione a tecla de seta para a
1. Escolha a exibição Classificador de slide ou abra o painel esquerda ou clique com o botão direito do mouse.
Slides esquerdo. - Para sair de uma apresentação de slides
2. Clique com o botão direito do mouse em um slide e escolha Etapa
Transição de slides. Pressione a tecla Escape.
Abre-se a página Transição de slides no painel Tarefas.
3. Clique em um efeito de transição.
O efeito é visualizado automaticamente no slide. 3 REDES DE COMPUTADORES.
Observação – Todas as transições são aplicadas quando você 3.1 CONCEITOS BÁSICOS, FERRAMEN-
altera um slide. Se desejar uma transição entre slide 1 e slide 2, TAS, APLICATIVOS E PROCEDIMENTOS
atribua a transição ao slide 2. DE INTERNET E INTRANET
3.2 PROGRAMAS DE NAVEGAÇÃO
Adicionando efeitos de animação a texto e gráficos
(MICROSOFT INTERNET EXPLORER,
Você pode usar efeitos de animação para que o texto ou os MOZILLA FIREFOX, GOOGLE
gráficos no slide apareçam depois de um clique do mouse. CHROME E SIMILARES).
3.3 PROGRAMAS DE CORREIO
- Para adicionar um efeito de animação a um texto ou gráfico ELETRÔNICO (OUTLOOK EXPRESS,
Etapas MOZILLA THUNDERBIRD E SIMILARES).
1. Na exibição Normal, alterne para o slide que contém o texto 3.4 SÍTIOS DE BUSCA E PESQUISA NA
ou o gráfico que deseja animar. INTERNET 3.5 GRUPOS DE DISCUSSÃO.
2. Clique na caixa de texto ou gráfico que deseja modificar.
3.6 REDES SOCIAIS.
3. Escolha Apresentação de slides - Animação personalizada.
Abre-se a página Animação personalizada do painel de
Tarefas.
4. Clique em Adicionar.
5. Na caixa de diálogo Animação personalizada – Adicionar, REDES DE COMPUTADORES
clique no efeito que deseja aplicar e clique em OK.
Observação – Você pode adicionar quantos efeitos desejar. Para As redes de computadores são interconexões de sistemas
obter mais informações sobre a página Animação personalizada, de comunicação de dados que podem compartilhar recursos de
consulte a ajuda on-line do Impress. hardware e de software, assim, rede é um mecanismo através
do qual computadores podem se comunicar e/ou compartilhar
Executando uma apresentação hardware e software;
A tecnologia hoje disponível permite que usuários se liguem
Depois de criar uma apresentação de slides, pode mostrá-la a um computador central, a qualquer distância, através de sistemas
para um público. de comunicação de dados.
Um sistema de comunicação de dados consiste em estações,
- Para iniciar uma apresentação de slides canais, equipamentos de comunicação e programas específicos
que unem os vários elementos do sistema, basicamente estações, a
um computador central.
Estação é qualquer tipo de dispositivo capaz de se comunicar
com outro, através de um meio de transmissão, incluindo
computadores, terminais, dispositivos periféricos, telefones,
transmissores e receptores de imagem, entre outros.
Didatismo e Conhecimento 87
NOÇÕES DE INFORMATICA
• Rede Metropolitana (MAN – Metropolitan Area Network); • Hub
Rede de abrangência maior e que geralmente não ultrapassa a
área de uma cidade;
• Rede de Longa Distância (WAN – Wide Area Network);
Topologia
• Estrela: Um computador central controla a rede;
• Anel: Computadores conectados em forma circular;
• Barramento: Conecta todos os nós em uma linha e pode
preservar a rede se um computador falhar.
Equipamento de rede que divide uma rede de computadores
de modo a não torná-la lenta;
As estruturas formadas pelos meios de conexão entregam ao
usuário o serviço de comunicação que ele necessita. Esta estrutura • Bridge
pode ser formada por:
• Cabo Coaxial: Utiliza cabos rígidos de cobre e na atualidade
é utilizada em parceria com a fibra óptica para distribuição de TV
a cabo;
• Onda de Rádio: Também conhecida por Wireless, substitui o
uso dos pares metálicos e das fibras, utilizando o ar como meio de
propagação dos dados;
• Fibra Óptica: Baseada na introdução do uso da fibra óptica, Dispositivo de rede que liga uma ou mais redes que se encon-
substituindo o par metálico; tram com certa distância;
• Par Metálico: Constituída pela rede de telefonia, porém tra-
fegando dados, voz e imagem; • Roteador
• Satélite: O equipamento funciona como receptor, repetidor
e regenerador do sinal que se encontra no espaço, de modo que
reenvia à terra um sinal enviado de um ponto a outro que faz uso
do satélite para conexão;
• Rede Elétrica: Faz uso dos cabos de cobre da rede de energia
para a transmissão de voz, dados e imagens.
Didatismo e Conhecimento 88
NOÇÕES DE INFORMATICA
INTERNET Onde:
“Imagine que fosse descoberto um continente tão vasto www = protocolo da World Wide Web
que suas dimensões não tivessem fim. Imagine um mundo xxx = domínio
novo, com tantos recursos que a ganância do futuro não seria ca- com = comercial
paz de esgotar; com tantas oportunidades que os empreendedores br = brasil
seriam poucos para aproveitá-las; e com um tipo peculiar de
imóvel que se expandiria com o desenvolvimento.” WWW = World Wide Web ou Grande Teia Mundial
John P. Barlow
Os Estados Unidos temiam que em um ataque nuclear ficas- É um serviço disponível na Internet que possui um conjun-
sem sem comunicação entre a Casa Branca e o Pentágono. to de documentos espalhados por toda rede e disponibilizados a
Este meio de comunicação “infalível”, até o fim da década de qualquer um.
60, ficou em poder exclusivo do governo conectando bases milita- Estes documentos são escritos em hipertexto, que utiliza uma
res, em quatro localidades.
linguagem especial, chamada HTML.
Nos anos 70, seu uso foi liberado para instituições norte
-americanas de pesquisa que desejassem aprimorar a tecnologia,
logo vinte e três computadores foram conectados, porém o padrão Domínio
de conversação entre as máquinas se tornou impróprio pela quan- Designa o dono do endereço eletrônico em questão, e
tidade de equipamentos. onde os hipertextos deste empreendimento estão localizados.
Era necessário criar um modelo padrão e universal para Quanto ao tipo do domínio, existem:
que as máquinas continuassem trocando dados, surgiu então o .com = Instituição comercial ou provedor de serviço
Protocolo Padrão TCP/IP, que permitiria portanto que mais outras .edu = Instituição acadêmica
máquinas fossem inseridas àquela rede. .gov = Instituição governamental
Com esses avanços, em 1972 é criado o correio eletrônico, o .mil = Instituição militar norte-americana
E-mail, permitindo a troca de mensagens entre as máquinas que .net = Provedor de serviços em redes
compunham aquela rede de pesquisa, assim no ano seguinte a rede .org = Organização sem fins lucrativos
se torna internacional.
Na década de 80, a Fundação Nacional de Ciência do Brasil HTTP, Hyper Texto Transfer Protocol ou Protocolo de Trasfe-
conectou sua grande rede à ARPANET, gerando aquilo que co- rência em Hipertexto
nhecemos hoje como internet, auxiliando portanto o processo de É um protocolo ou língua específica da internet, responsável
pesquisa em tecnologia e outras áreas a nível mundial, além de pela comunicação entre computadores.
alimentar as forças armadas brasileiras de informação de todos os Um hipertexto é um texto em formato digital, e pode le-
tipos, até que em 1990 caísse no domínio público. var a outros, fazendo o uso de elementos especiais (palavras,
Com esta popularidade e o surgimento de softwares de nave- frases, ícones, gráficos) ou ainda um Mapa Sensitivo o qual leva
gação de interface amigável, no fim da década de 90, pessoas que a outros conjuntos de informação na forma de blocos de textos,
não tinham conhecimentos profundos de informática começaram a imagens ou sons.
utilizar a rede internacional. Assim, um link ou hiperlink, quando acionado com o mouse,
remete o usuário à outra parte do documento ou outro documento.
Acesso à Internet
O ISP, Internet Service Provider, ou Provedor de Serviço de Home Page
Internet, oferece principalmente serviço de acesso à Internet, adi-
Sendo assim, home page designa a página inicial, principal do
cionando serviços como e-mail, hospedagem de sites ou blogs, ou
site ou web page.
seja, são instituições que se conectam à Internet com o ob-
É muito comum os usuários confundirem um Blog ou Perfil
jetivo de fornecer serviços à ela relacionados, e em função do
serviço classificam-se em: no Orkut com uma Home Page, porém são coisas distintas, aonde
• Provedores de Backbone: São instituições que constroem e um Blog é um diário e um Perfil no Orkut é um Profile, ou seja um
administram backbones de longo alcance, ou seja, estrutura física hipertexto que possui informações de um usuário dentro de uma
de conexão, com o objetivo de fornecer acesso à Internet para re- comunidade virtual.
des locais;
• Provedores de Acesso: São instituições que se conectam à HTML, Hyper Text Markut language ou Linguagem de Mar-
Internet via um ou mais acessos dedicados e disponibilizam acesso cação de Hipertexto
à terceiros a partir de suas instalações; É a linguagem com a qual se cria as páginas para a web.
• Provedores de Informação: São instituições que disponibili- Suas principais características são:
zam informação através da Internet. • Portabilidade (Os documentos escritos em HTML devem ter
aparência semelhante nas diversas plataformas de trabalho);
Endereço Eletrônico ou URL • Flexibilidade (O usuário deve ter a liberdade de “customi-
Para se localizar um recurso na rede mundial, deve-se conhe- zar” diversos elementos do documento, como o tamanho padrão
cer o seu endereço. da letra, as cores, etc);
Este endereço, que é único, também é considerado sua URL • Tamanho Reduzido (Os documentos devem ter um ta-
(Uniform Resource Locator), ou Localizador de Recursos Univer- manho reduzido, a fim de economizar tempo na transmissão
sal. Boa parte dos endereços apresenta-se assim: www.xxxx.com. através da Internet, evitando longos períodos de espera e
br congestionamento na rede).
Didatismo e Conhecimento 89
NOÇÕES DE INFORMATICA
Browser ou Navegador passada de camada em camada, interfaces bem definidas também
É o programa específico para visualizar as páginas da web. tornam fácil a troca da implementação de uma camada por outra
O Browser lê e interpreta os documentos escritos em HTML, implementação completamente diferente (por exemplo, trocar to-
apresentando as páginas formatadas para os usuários. das as linhas telefônicas por canais de satélite), pois tudo o que é
exigido da nova implementação é que ela ofereça à camada supe-
ARQUITETURAS DE REDES rior exatamente os mesmos serviços que a implementação antiga
As modernas redes de computadores são projetadas de forma oferecia.
altamente estruturada. Nas seções seguintes examinaremos com O conjunto de camadas e protocolos é chamado de arquitetura
algum detalhe a técnica de estruturação. de rede. A especificação de arquitetura deve conter informações
suficientes para que um implementador possa escrever o programa
HIERARQUIAS DE PROTOCOLOS ou construir o hardware de cada camada de tal forma que obedeça
Para reduzir a complexidade de projeto, a maioria das redes é corretamente ao protocolo apropriado. Nem os detalhes de imple-
organizada em camadas ou níveis, cada uma construída sobre sua mentação nem a especificação das interfaces são parte da arquite-
tura, pois esses detalhes estão escondidos dentro da máquina e não
predecessora. O número de camadas, o nome, o conteúdo e a fun-
são visíveis externamente. Não é nem mesmo necessário que as in-
ção de cada camada diferem de uma rede para outra. No entanto,
terfaces em todas as máquinas em uma rede sejam as mesmas, des-
em todas as redes, o propósito de cada camada é oferecer certos
de que cada máquina possa usar corretamente todos os protocolos.
serviços às camadas superiores, protegendo essas camadas dos de-
talhes de como os serviços oferecidos são de fato implementados. O endereço IP
A camada n em uma máquina estabelece uma conversão com Quando você quer enviar uma carta a alguém, você... Ok,
a camada n em outra máquina. As regras e convenções utilizadas você não envia mais cartas; prefere e-mail ou deixar um recado
nesta conversação são chamadas coletivamente de protocolo da no Facebook. Vamos então melhorar este exemplo: quando você
camada n, conforme ilustrado na Figura abaixo para uma rede quer enviar um presente a alguém, você obtém o endereço da pes-
com sete camadas. As entidades que compõem as camadas cor- soa e contrata os Correios ou uma transportadora para entregar. É
respondentes em máquinas diferentes são chamadas de processos graças ao endereço que é possível encontrar exatamente a pessoa
parceiros. Em outras palavras, são os processos parceiros que se a ser presenteada. Também é graças ao seu endereço - único para
comunicam utilizando o protocolo. cada residência ou estabelecimento - que você recebe suas contas
Na verdade, nenhum dado é transferido diretamente da cama- de água, aquele produto que você comprou em uma loja on-line,
da n em uma máquina para a camada n em outra máquina. Em vez enfim.
disso, cada camada passa dados e informações de controle para Na internet, o princípio é o mesmo. Para que o seu computa-
a camada imediatamente abaixo, até que o nível mais baixo seja dor seja encontrado e possa fazer parte da rede mundial de com-
alcançado. Abaixo do nível 1 está o meio físico de comunicação, putadores, necessita ter um endereço único. O mesmo vale para
através do qual a comunicação ocorre. Na Figura abaixo, a comu- websites: este fica em um servidor, que por sua vez precisa ter um
nicação virtual é mostrada através de linhas pontilhadas e a comu- endereço para ser localizado na internet. Isto é feito pelo endereço
nicação física através de linhas sólidas. IP (IP Address), recurso que também é utilizado para redes locais,
como a existente na empresa que você trabalha, por exemplo.
O endereço IP é uma sequência de números composta de 32
bits. Esse valor consiste em um conjunto de quatro sequências de
8 bits. Cada uma destas é separada por um ponto e recebe o nome
de octeto ou simplesmente byte, já que um byte é formado por
8 bits. O número 172.31.110.10 é um exemplo. Repare que cada
octeto é formado por números que podem ir de 0 a 255, não mais
do que isso.
Didatismo e Conhecimento 90
NOÇÕES DE INFORMATICA
Classes de endereços IP Endereços IP privados
Neste ponto, você já sabe que os endereços IP podem ser utili- Há conjuntos de endereços das classes A, B e C que são pri-
zados tanto para identificar o seu computador dentro de uma rede, vados. Isto significa que eles não podem ser utilizados na internet,
quanto para identificá-lo na internet. sendo reservados para aplicações locais. São, essencialmente, es-
Se na rede da empresa onde você trabalha o seu computador tes:
tem, como exemplo, IP 172.31.100.10, uma máquina em outra rede -Classe A: 10.0.0.0 à 10.255.255.255;
pode ter este mesmo número, afinal, ambas as redes são distintas -Classe B: 172.16.0.0 à 172.31.255.255;
e não se comunicam, sequer sabem da existência da outra. Mas, -Classe C: 192.168.0.0 à 192.168.255.255.
como a internet é uma rede global, cada dispositivo conectado nela Suponha então que você tenha que gerenciar uma rede com
precisa ter um endereço único. O mesmo vale para uma rede local: cerca de 50 computadores. Você pode alocar para estas máquinas
nesta, cada dispositivo conectado deve receber um endereço único. endereços de 192.168.0.1 até 192.168.0.50, por exemplo. Todas
Se duas ou mais máquinas tiverem o mesmo IP, tem-se então um elas precisam de acesso à internet. O que fazer? Adicionar mais um
problema chamado “conflito de IP”, que dificulta a comunicação IP para cada uma delas? Não. Na verdade, basta conectá-las a um
destes dispositivos e pode inclusive atrapalhar toda a rede. servidor ou equipamento de rede - como um roteador - que receba
Para que seja possível termos tanto IPs para uso em redes a conexão à internet e a compartilhe com todos os dispositivos
locais quanto para utilização na internet, contamos com um es- conectados a ele. Com isso, somente este equipamento precisará
quema de distribuição estabelecido pelas entidades IANA (Inter- de um endereço IP para acesso à rede mundial de computadores.
net Assigned Numbers Authority) e ICANN (Internet Corporation
for Assigned Names and Numbers) que, basicamente, divide os Máscara de sub-rede
endereços em três classes principais e mais duas complementares. As classes IP ajudam na organização deste tipo de endereça-
São elas: mento, mas podem também representar desperdício. Uma solução
Classe A: 0.0.0.0 até 127.255.255.255 - permite até 128 redes, bastante interessante para isso atende pelo nome de máscara de
cada uma com até 16.777.214 dispositivos conectados; sub-rede, recurso onde parte dos números que um octeto destina-
Classe B: 128.0.0.0 até 191.255.255.255 - permite até 16.384 do a identificar dispositivos conectados (hosts) é “trocado” para
redes, cada uma com até 65.536 dispositivos; aumentar a capacidade da rede. Para compreender melhor, vamos
Classe C: 192.0.0.0 até 223.255.255.255 - permite até enxergar as classes A, B e C da seguinte forma:
2.097.152 redes, cada uma com até 254 dispositivos; - A: N.H.H.H;
Classe D: 224.0.0.0 até 239.255.255.255 - multicast; - B: N.N.H.H;
Classe E: 240.0.0.0 até 255.255.255.255 - multicast reserva- - C: N.N.N.H.
do. N significa Network (rede) e H indica Host. Com o uso de
As três primeiras classes são assim divididas para atender às máscaras, podemos fazer uma rede do N.N.H.H se “transformar”
seguintes necessidades: em N.N.N.H. Em outras palavras, as máscaras de sub-rede per-
mitem determinar quantos octetos e bits são destinados para a
identificação da rede e quantos são utilizados para identificar os
- Os endereços IP da classe A são usados em locais onde são dispositivos.
necessárias poucas redes, mas uma grande quantidade de máqui- Para isso, utiliza-se, basicamente, o seguinte esquema: se um
nas nelas. Para isso, o primeiro byte é utilizado como identificador octeto é usado para identificação da rede, este receberá a máscara
da rede e os demais servem como identificador dos dispositivos de sub-rede 255. Mas, se um octeto é aplicado para os dispositivos,
conectados (PCs, impressoras, etc); seu valor na máscara de sub-rede será 0 (zero). A tabela a seguir
- Os endereços IP da classe B são usados nos casos onde a mostra um exemplo desta relação:
quantidade de redes é equivalente ou semelhante à quantidade de
dispositivos. Para isso, usam-se os dois primeiros bytes do ende-
reço IP para identificar a rede e os restantes para identificar os Identifica-
Identifica-
Máscara de sub-
dispositivos; Classe Endereço IP dor do com-
dor da rede -rede
- Os endereços IP da classe C são usados em locais que reque- putador
rem grande quantidade de redes, mas com poucos dispositivos em
A 10.2.68.12 10 2.68.12 255.0.0.0
cada uma. Assim, os três primeiros bytes são usados para identifi-
car a rede e o último é utilizado para identificar as máquinas. B 172.31.101.25 172.31 101.25 255.255.0.0
Quanto às classes D e E, elas existem por motivos especiais: C 192.168.0.10 192.168.0 10 255.255.255.0
a primeira é usada para a propagação de pacotes especiais para a
comunicação entre os computadores, enquanto que a segunda está Você percebe então que podemos ter redes com máscara
reservada para aplicações futuras ou experimentais. 255.0.0.0, 255.255.0.0 e 255.255.255.0, cada uma indicando uma
Vale frisar que há vários blocos de endereços reservados para classe. Mas, como já informado, ainda pode haver situações onde
fins especiais. Por exemplo, quando o endereço começa com 127, há desperdício. Por exemplo, suponha que uma faculdade tenha
geralmente indica uma rede “falsa”, isto é, inexistente, utilizada que criar uma rede para cada um de seus cinco cursos. Cada curso
para testes. No caso do endereço 127.0.0.1, este sempre se refere à possui 20 computadores. A solução seria então criar cinco redes
própria máquina, ou seja, ao próprio host, razão esta que o leva a classe C? Pode ser melhor do que utilizar classes B, mas ainda
ser chamado de localhost. Já o endereço 255.255.255.255 é utili- haverá desperdício. Uma forma de contornar este problema é criar
zado para propagar mensagens para todos os hosts de uma rede de uma rede classe C dividida em cinco sub-redes. Para isso, as más-
maneira simultânea. caras novamente entram em ação.
Didatismo e Conhecimento 91
NOÇÕES DE INFORMATICA
Nós utilizamos números de 0 a 255 nos octetos, mas estes, na IPv6
verdade, representam bytes (linguagem binária). 255 em binário é O mundo está cada vez mais conectado. Se, em um passado
11111111. O número zero, por sua vez, é 00000000. Assim, a más- não muito distante, você conectava apenas o PC da sua casa à in-
cara de um endereço classe C, 255.255.255.0, é: ternet, hoje o faz com o celular, com o seu notebook em um serviço
11111111.11111111.11111111.00000000 de acesso Wi-Fi no aeroporto e assim por diante. Somando este
Perceba então que, aqui, temos uma máscara formada por 24 aspecto ao fato de cada vez mais pessoas acessarem a internet no
bits 1: 11111111 + 11111111 + 11111111. Para criarmos as nossas mundo inteiro, nos deparamos com um grande problema: o núme-
sub-redes, temos que ter um esquema com 25, 26 ou mais bits, con- ro de IPs disponíveis deixa de ser suficiente para toda as (futuras)
forme a necessidade e as possibilidades. Em outras palavras, preci- aplicações.
samos trocar alguns zeros do último octeto por 1. A solução para este grande problema (grande mesmo, afinal,
Suponha que trocamos os três primeiros bits do último octeto a internet não pode parar de crescer!) atende pelo nome de IPv6,
(sempre trocamos da esquerda para a direita), resultando em: uma nova especificação capaz de suportar até - respire fundo - 340.
11111111.11111111.11111111.11100000 282.366.920.938.463.463.374.607.431.768.211.456 de endereços,
Se fizermos o número 2 elevado pela quantidade de bits “troca-
um número absurdamente alto!
dos”, teremos a quantidade possível de sub-redes. Em nosso caso,
temos 2^3 = 8. Temos então a possibilidade de criar até oito sub
-redes. Sobrou cinco bits para o endereçamento dos host. Fazemos
a mesma conta: 2^5 = 32. Assim, temos 32 dispositivos em cada
sub-rede (estamos fazendo estes cálculos sem considerar limitações
que possam impedir o uso de todos os hosts e sub-redes).
11100000 corresponde a 224, logo, a máscara resultante é
255.255.255.224.
Perceba que esse esquema de “trocar” bits pode ser empre-
gado também em endereços classes A e B, conforme a necessi-
dade. Vale ressaltar também que não é possível utilizar 0.0.0.0 ou
255.255.255.255 como máscara.
IP estático e IP dinâmico
IP estático (ou fixo) é um endereço IP dado permanentemente
a um dispositivo, ou seja, seu número não muda, exceto se tal ação
for executada manualmente. Como exemplo, há casos de assina- O IPv6 não consiste, necessariamente, apenas no aumento da
turas de acesso à internet via ADSL onde o provedor atribui um quantidade de octetos. Um endereço do tipo pode ser, por exemplo:
IP estático aos seus assinantes. Assim, sempre que um cliente se FEDC:2D9D:DC28:7654:3210:FC57:D4C8:1FFF
conectar, usará o mesmo IP.
O IP dinâmico, por sua vez, é um endereço que é dado a um Finalizando
computador quando este se conecta à rede, mas que muda toda vez Com o surgimento do IPv6, tem-se a impressão de que a es-
que há conexão. Por exemplo, suponha que você conectou seu com- pecificação tratada neste texto, o IPv4, vai sumir do mapa. Isso até
putador à internet hoje. Quando você conectá-lo amanhã, lhe será deve acontecer, mas vai demorar bastante. Durante essa fase, que
dado outro IP. Para entender melhor, imagine a seguinte situação: podemos considerar de transição, o que veremos é a “convivência”
uma empresa tem 80 computadores ligados em rede. Usando IPs di- entre ambos os padrões. Não por menos, praticamente todos os
nâmicos, a empresa disponibiliza 90 endereços IP para tais máqui- sistemas operacionais atuais e a maioria dos dispositivos de rede
nas. Como nenhum IP é fixo, um computador receberá, quando se estão aptos a lidar tanto com um quanto com o outro. Por isso, se
conectar, um endereço IP destes 90 que não estiver sendo utilizado.
você é ou pretende ser um profissional que trabalha com redes ou
É mais ou menos assim que os provedores de internet trabalham.
simplesmente quer conhecer mais o assunto, procure se aprofundar
O método mais utilizado na distribuição de IPs dinâmicos é o
nas duas especificações.
protocolo DHCP (Dynamic Host Configuration Protocol).
A esta altura, você também deve estar querendo descobrir qual
IP nos sites o seu IP. Cada sistema operacional tem uma forma de mostrar isso.
Você já sabe que os sites na Web também necessitam de um IP. Se você é usuário de Windows, por exemplo, pode fazê-lo digi-
Mas, se você digitar em seu navegador www.infowester.com, por tando cmd em um campo do Menu Iniciar e, na janela que surgir,
exemplo, como é que o seu computador sabe qual o IP deste site ao informar ipconfig /all e apertar Enter. Em ambientes Linux, o co-
ponto de conseguir encontrá-lo? mando é ifconfig.
Quando você digitar um endereço qualquer de um site, um ser-
vidor de DNS (Domain Name System) é consultado. Ele é quem in-
forma qual IP está associado a cada site. O sistema DNS possui uma
hierarquia interessante, semelhante a uma árvore (termo conhecido
por programadores). Se, por exemplo, o site www.infowester.com é
requisitado, o sistema envia a solicitação a um servidor responsável
por terminações “.com”. Esse servidor localizará qual o IP do en-
dereço e responderá à solicitação. Se o site solicitado termina com
“.br”, um servidor responsável por esta terminação é consultado e
assim por diante.
Didatismo e Conhecimento 92
NOÇÕES DE INFORMATICA
Barra de endereços
Didatismo e Conhecimento 93
NOÇÕES DE INFORMATICA
FTP - Transferência de Arquivos
Permite copiar arquivos de um computador da Internet para o seu computador.
Os programas disponíveis na Internet podem ser:
• Freeware: Programa livre que pode ser distribuído e utilizado livremente, não requer nenhuma taxa para sua utilização, e não é
considerado “pirataria” a cópia deste programa.
• Shareware: Programa demonstração que pode ser utilizado por um determinado prazo ou que contém alguns limites, para ser uti-
lizado apenas como um teste do programa. Se o usuário gostar ele compra, caso contrário, não usa mais o programa. Na maioria das vezes,
esses programas exibem, de tempos em tempos, uma mensagem avisando que ele deve ser registrado. Outros tipos de shareware têm tempo
de uso limitado. Depois de expirado este tempo de teste, é necessário que seja feito a compra deste programa.
Navegadores
O navegador de WWW é a ferramenta mais importante para o usuário de Internet. É com ele que se podem visitar museus, ler revistas
eletrônicas, fazer compras e até participar de novelas interativas. As informações na Web são organizadas na forma de páginas de hipertexto,
cada um com seu endereço próprio, conhecido como URL. Para começar a navegar, é preciso digitar um desses endereços no campo cha-
mado Endereço no navegador. O software estabelece a conexão e traz, para a tela, a página correspondente.
O navegador não precisa de nenhuma configuração especial para exibir uma página da Web, mas é necessário ajustar alguns parâmetros
para que ele seja capaz de enviar e receber algumas mensagens de correio eletrônico e acessar grupos de discussão (news).
O World Wide Web foi inicialmente desenvolvido no Centro de Pesquisas da CERN (Conseil Europeen pour la Recherche Nucleaire),
Suíça. Originalmente, o WWW era um meio para físicos da CERN trocar experiências sobre suas pesquisas através da exibição de páginas
de texto. Ficou claro, desde o início, o imenso potencial que o WWW possuía para diversos tipos de aplicações, inclusive não científicas.
O WWW não dispunha de gráficos em seus primórdios, apenas de hipertexto. Entretanto, em 1993, o projeto WWW ganhou força extra
com a inserção de um visualizador (também conhecido como browser) de páginas capaz não apenas de formatar texto, mas também de exibir
gráficos, som e vídeo. Este browser chamava-se Mosaic e foi desenvolvido dentro da NCSA, por um time chefiado por Mark Andreesen. O
sucesso do Mosaic foi espetacular.
Depois disto, várias outras companhias passaram a produzir browsers que deveriam fazer concorrência ao Mosaic. Mark Andreesen
partiu para a criação da Netscape Communications, criadora do browser Netscape.
Surgiram ainda o Cello, o AIR Mosaic, o SPRY Mosaic, o Microsoft Internet Explorer, o Mozilla Firefox e muitos outros browsers.
Didatismo e Conhecimento 94
NOÇÕES DE INFORMATICA
Os sites de pesquisa em geral não fazem distinção na pesquisa com letras maiúsculas e minúsculas e nem palavras com ou sem acento.
Opções de pesquisa
Didatismo e Conhecimento 95
NOÇÕES DE INFORMATICA
O resultado da pesquisa
O resultado da pesquisa é visualizado da seguinte forma:
INTRANET
A Intranet ou Internet Corporativa é a implantação de uma Internet restrita apenas a utilização interna de uma empresa. As intranets ou
Webs corporativas, são redes de comunicação internas baseadas na tecnologia usada na Internet. Como um jornal editado internamente, e
que pode ser acessado apenas pelos funcionários da empresa.
Didatismo e Conhecimento 96
NOÇÕES DE INFORMATICA
A intranet cumpre o papel de conectar entre si filiais e departa- • Apoio ao Funcionário - Perguntas e respostas, sistemas
mentos, mesclando (com segurança) as suas informações particu- de melhoria contínua (Sistema de Sugestões), manuais de quali-
lares dentro da estrutura de comunicações da empresa. dade;
O grande sucesso da Internet, é particularmente da World • Recursos Humanos - Treinamentos, cursos, apostilas,
Wide Web (WWW) que influenciou muita coisa na evolução da políticas da companhia, organograma, oportunidades de trabalho,
informática nos últimos anos. programas de desenvolvimento pessoal, benefícios.
Em primeiro lugar, o uso do hipertexto (documentos interliga- Para acessar as informações disponíveis na Web corporativa,
dos através de vínculos, ou links) e a enorme facilidade de se criar, o funcionário praticamente não precisa ser treinado. Afinal, o es-
interligar e disponibilizar documentos multimídia (texto, gráficos, forço de operação desses programas se resume quase somente em
animações, etc.), democratizaram o acesso à informação através de clicar nos links que remetem às novas páginas. No entanto, a sim-
redes de computadores. Em segundo lugar, criou-se uma gigantes- plicidade de uma intranet termina aí. Projetar e implantar uma rede
ca base de usuários, já familiarizados com conhecimentos básicos desse tipo é uma tarefa complexa e exige a presença de profissio-
de informática e de navegação na Internet. Finalmente, surgiram nais especializados. Essa dificuldade aumenta com o tamanho da
muitas ferramentas de software de custo zero ou pequeno, que intranet, sua diversidade de funções e a quantidade de informações
permitem a qualquer organização ou empresa, sem muito esfor- nela armazenadas.
ço, “entrar na rede” e começar a acessar e colocar informação. O A intranet é baseada em quatro conceitos:
resultado inevitável foi a impressionante explosão na informação • Conectividade - A base de conexão dos computadores li-
disponível na Internet, que segundo consta, está dobrando de ta- gados através de uma rede, e que podem transferir qualquer tipo de
manho a cada mês. informação digital entre si;
Assim, não demorou muito a surgir um novo conceito, que • Heterogeneidade - Diferentes tipos de computadores e
tem interessado um número cada vez maior de empresas, hospitais, sistemas operacionais podem ser conectados de forma transparen-
faculdades e outras organizações interessadas em integrar infor- te;
mações e usuários: a intranet. Seu advento e disseminação prome- • Navegação - É possível passar de um documento a outro
te operar uma revolução tão profunda para a vida organizacional através de referências ou vínculos de hipertexto, que facilitam o
quanto o aparecimento das primeiras redes locais de computado- acesso não linear aos documentos;
• Execução Distribuída - Determinadas tarefas de acesso
res, no final da década de 80.
ou manipulação na intranet só podem ocorrer graças à execução de
programas aplicativos, que podem estar no servidor, ou nos micro-
O que é Intranet?
computadores que acessam a rede (também chamados de clientes,
O termo “intranet” começou a ser usado em meados de 1995
daí surgiu à expressão que caracteriza a arquitetura da intranet:
por fornecedores de produtos de rede para se referirem ao uso den-
cliente-servidor). A vantagem da intranet é que esses programas
tro das empresas privadas de tecnologias projetadas para a comu-
são ativados através da WWW, permitindo grande flexibilidade.
nicação por computador entre empresas. Em outras palavras, uma Determinadas linguagens, como Java, assumiram grande impor-
intranet consiste em uma rede privativa de computadores que se tância no desenvolvimento de softwares aplicativos que obedeçam
baseia nos padrões de comunicação de dados da Internet pública, aos três conceitos anteriores.
baseadas na tecnologia usada na Internet (páginas HTML, e-mail,
FTP, etc.) que vêm, atualmente fazendo muito sucesso. Entre as Como montar uma Intranet
razões para este sucesso, estão o custo de implantação relativa- Basicamente a montagem de uma intranet consiste em usar as
mente baixo e a facilidade de uso propiciada pelos programas de estruturas de redes locais existentes na maioria das empresas, e em
navegação na Web, os browsers. instalar um servidor Web.
Servidor Web - É a máquina que faz o papel de repositório das
Objetivo de construir uma Intranet informações contidas na intranet. É lá que os clientes vão buscar
Organizações constroem uma intranet porque ela é uma ferra- as páginas HTML, mensagens de e-mail ou qualquer outro tipo de
menta ágil e competitiva. Poderosa o suficiente para economizar arquivo.
tempo, diminuir as desvantagens da distância e alavancar sobre o
seu maior patrimônio de capital-funcionários com conhecimentos Protocolos - São os diferentes idiomas de comunicação uti-
das operações e produtos da empresa. lizados. O servidor deve abrigar quatro protocolos. O primeiro é
o HTTP, responsável pela comunicação do browser com o servi-
Aplicações da Intranet dor, em seguida vem o SMTP ligado ao envio de mensagens pelo
Já é ponto pacífico que apoiarmos a estrutura de comunicações e-mail, e o FTP usado na transferência de arquivos. Independen-
corporativas em uma intranet dá para simplificar o trabalho, pois temente das aplicações utilizadas na intranet, todas as máquinas
estamos virtualmente todos na mesma sala. De qualquer modo, é nela ligadas devem falar um idioma comum: o TCP/IP, protocolo
cedo para se afirmar onde a intranet vai ser mais efetiva para unir da Internet.
(no sentido operacional) os diversos profissionais de uma empresa.
Mas em algumas áreas já se vislumbram benefícios, por exemplo: Identificação do Servidor e das Estações - Depois de definidos
• Marketing e Vendas - Informações sobre produtos, listas os protocolos, o sistema já sabe onde achar as informações e como
de preços, promoções, planejamento de eventos; requisitá-las. Falta apenas saber o nome de quem pede e de quem
• Desenvolvimento de Produtos - OT (Orientação de Tra- solicita. Para isso existem dois programas: o DNS que identifica
balho), planejamentos, listas de responsabilidades de membros das o servidor e o DHCP (Dinamic Host Configuration Protocol) que
equipes, situações de projetos; atribui nome às estações clientes.
Didatismo e Conhecimento 97
NOÇÕES DE INFORMATICA
Estações da Rede - Nas estações da rede, os funcionários aces- Alguns dos empecilhos são:
sam as informações colocadas à sua disposição no servidor. Para • Aplicativos de Colaboração - Os aplicativos de colaboração,
isso usam o Web browser, software que permite folhear os docu- não são tão poderosos quanto os oferecidos pelos programas para
mentos. grupos de trabalho tradicionais. É necessário configurar e manter
aplicativos separados, como e-mail e servidores Web, em vez de
Comparando Intranet com Internet usar um sistema unificado, como faria com um pacote de software
Na verdade as diferenças entre uma intranet e a Internet, é para grupo de trabalho;
uma questão de semântica e de escala. Ambas utilizam as mesmas • Número Limitado de Ferramentas - Há um número limitado
técnicas e ferramentas, os mesmos protocolos de rede e os mesmos de ferramentas para conectar um servidor Web a bancos de dados
produtos servidores. O conteúdo na Internet, por definição, fica ou outros aplicativos back-end. As intranets exigem uma rede TCP/
disponível em escala mundial e inclui tudo, desde uma home-page IP, ao contrário de outras soluções de software para grupo de traba-
de alguém com seis anos de idade até as previsões do tempo. A lho que funcionam com os protocolos de transmissão de redes local
maior parte dos dados de uma empresa não se destina ao consumo existentes;
• Ausência de Replicação Embutida – As intranets não apresen-
externo, na verdade, alguns dados, tais como as cifras das ven-
tam nenhuma replicação embutida para usuários remotos. A HMTL
das, clientes e correspondências legais, devem ser protegidos com
não é poderosa o suficiente para desenvolver aplicativos cliente/
cuidado. E, do ponto de vista da escala, a Internet é global, uma servidor.
intranet está contida dentro de um pequeno grupo, departamento Como a Intranet é ligada à Internet
ou organização corporativa. No extremo, há uma intranet global,
mas ela ainda conserva a natureza privada de uma Internet menor.
A Internet e a Web ficaram famosas, com justa razão, por
serem uma mistura caótica de informações úteis e irrelevantes, o
meteórico aumento da popularidade de sites da Web dedicados a
índices e mecanismos de busca é uma medida da necessidade de
uma abordagem organizada. Uma intranet aproveita a utilidade da
Internet e da Web num ambiente controlado e seguro.
Didatismo e Conhecimento 98
NOÇÕES DE INFORMATICA
Dispositivos para realização de Cópias de Segurança Durante um bom tempo, o e-mail foi usado, quase que exclu-
Os dispositivos para a realização de cópias de segurança do(s) sivamente, por pesquisadores da área de computação e militares.
servidor(es) constituem uma das peças de especial importância. Foi com o desenvolvimento e o aumento de usuários da Internet,
Por exemplo, unidades de disco amovíveis com grande capacidade que o e-mail se popularizou e passou a ser a aplicação mais utiliza-
de armazenamento, tapes... da na internet. Hoje, até mesmo pessoas que usam a Internet muito
Queremos ainda referir que para o funcionamento de uma pouco, tem um e-mail.
rede existem outros conceitos como topologias/configurações O correio eletrônico se parece muito com o correio tradicio-
(rede linear, rede em estrela, rede em anel, rede em árvore, rede nal. Todo usuário tem um endereço próprio e uma caixa postal, o
em malha …), métodos de acesso, tipos de cabos, protocolos de carteiro é a Internet. Você escreve sua mensagem, diz pra quem
comunicação, velocidade de transmissão … que mandar e a Internet cuida do resto. Mas por que o e-mail se
popularizou tão depressa? A primeira coisa é pelo custo. Você não
EXTRANET paga nada por uma comunicação via e-mail, apenas os custos de
A Extranet de uma empresa é a porção de sua rede de compu- conexão com a Internet. Outro fator é a rapidez, enquanto o correio
tadores que faz uso da Internet para partilhar com segurança parte tradicional levaria dias para entregar uma mensagem, o eletrônico
do seu sistema de informação. faz isso quase que instantaneamente e não utiliza papel. Por ulti-
A Extranet de uma empresa é a porção de sua rede de compu- mo, a mensagem vai direto ao destinatário, não precisa passa de
tadores que faz uso da Internet para partilhar com segurança parte mão-em-mão (funcionário do correio, carteiro, etc.), fica na sua
do seu sistema de informação. caixa postal onde somente o dono tem acesso e, apesar de cada
Tomado o termo em seu sentido mais amplo, o conceito con- pessoa ter seu endereço próprio, você pode acessar seu e-mail de
funde-se com Intranet. Uma Extranet também pode ser vista como qualquer computador conectado à Internet.
uma parte da empresa que é estendida a usuários externos (“rede Bem, o e-mail mesclou a facilidade de uso do correio conven-
extra-empresa”), tais como representantes e clientes. Outro uso co- cional com a velocidade do telefone, se tornando um dos melhores
mum do termo Extranet ocorre na designação da “parte privada” e mais utilizado meio de comunicação.
de um site, onde somente “usuários registrados” podem navegar,
previamente autenticados por sua senha (login).
Estrutura e Funcionalidade do e-mail
Como no primeiro e-mail criado por Tomlinson, todos os en-
Empresa estendida
dereços eletrônicos seguem uma estrutura padrão, nome do usuá-
O acesso à intranet de uma empresa através de um Portal (in-
rio + @ + host, onde:
ternet) estabelecido na web de forma que pessoas e funcionários
» Nome do Usuário – é o nome de login escolhido pelo usuá-
de uma empresa consigam ter acesso à intranet através de redes
externas ao ambiente da empresa. rio na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: sergiodecastro.
Uma extranet é uma intranet que pode ser acessada via Web » @ - é o símbolo, definido por Tomlinson, que separa o nome
por clientes ou outros usuários autorizados. Uma intranet é uma do usuário do seu provedor.
rede restrita à empresa que utiliza as mesmas tecnologias presentes » Host – é o nome do provedor onde foi criado o endereço
na Internet, como e-mail, webpages, servidor FTP etc. eletrônico. Exemplo: click21.com.br .
A ideia de uma extranet é melhorar a comunicação entre os » Provedor – é o host, um computador dedicado ao serviço 24
funcionários e parceiros além de acumular uma base de conhe- horas por dia.
cimento que possa ajudar os funcionários a criar novas soluções. Vejamos um exemplo real: sergiodecastro@click21.com.br
Exemplificando uma rede de conexões privadas, baseada na
Internet, utilizada entre departamentos de uma empresa ou parcei- A caixa postal é composta pelos seguintes itens:
ros externos, na cadeia de abastecimento, trocando informações » Caixa de Entrada – Onde ficam armazenadas as mensagens
sobre compras, vendas, fabricação, distribuição, contabilidade en- recebidas.
tre outros. » Caixa de Saída – Armazena as mensagens ainda não envia-
das.
Correio Eletrônico » E-mails Enviados – Como o nome diz, ficam os e-mails que
Um Pouco de História foram enviados.
Foi em 1971 que tudo começou (na realidade começou antes, » Rascunho – Guarda as mensagens que você ainda não ter-
com pesquisas), com um engenheiro de computação da BBN (Bolt minou de redigir.
Beranek e Newman), chamado Ray Tomlinson. Utilizando um » Lixeira – Armazena as mensagens excluídas.
programa chamado SNDMSG, abreviação do inglês “Send Messa-
ge”, e o ReadMail, Ray conseguiu enviar mensagem de um com- Ao redigir mensagem, os seguintes campos estão presentes:
putador para outro. Depois de alguns testes mandando mensagens » Para – é o campo onde será inserido o endereço do destina-
para ele mesmo, Ray tinha criado o maior e mais utilizado meio de tário.
comunicação da Internet, o correio eletrônico do inglês “eletronic » Cc – este campo é utilizado para mandar cópias da mesma
mail” ou simplesmente como todos conhecem e-mail. mensagem, ao usar este campo os endereços aparecerão para todos
O símbolo @ foi utilizado por Tomlinson para separar o nome os destinatários.
do computador do nome do usuário, esta convenção é utilizada » Cco – sua funcionalidade é igual ao campo anterior, no en-
até hoje. Como não poderia deixar de ser, o primeiro endereço de tanto os endereços só aparecerão para os respectivos donos.
e-mail foi criado por Tomlinson, tomlinson@bbn-tenexa. O sím- » Assunto – campo destinado ao assunto da mensagem.
bolo @ (arroba) é lido no inglês com “at”, que significa em, algo » Anexos – são dados que são anexados à mensagem (ima-
como: o endereço tomlinson está no computador bbn-tenexa. gens, programas, música, arquivos de texto, etc.).
Didatismo e Conhecimento 99
NOÇÕES DE INFORMATICA
» Corpo da Mensagem – espaço onde será redigida a mensa- chegam a oferecer mais que isso, é o caso do Click21 que oferece
gem. 21 Mb, claro que essas limitações são preocupantes quando se tra-
Alguns nomes podem mudar de servidor para servidor, porém ta de e-mail grátis, pois a final de contas quando pagamos o bolso
representando as mesmas funções. Além dos destes campos tem é quem manda. Além de caixa postal os provedores costumam ofe-
ainda os botões para EVIAR, ENCAMINHAR e EXCLUIR as recer serviços de agenda e contatos.
mensagens, este botões bem como suas funcionalidades veremos Todos os WebMail acima são ótimos, então fica a critério de
em detalhes, mais a frente. cada um escolher o seu, ou até mesmo os seus, eu, por exemplo,
Para receber seus e-mails você não precisa está conectado procuro aqueles que oferecem uma interface com o menor propa-
à Internet, pois o e-mail funciona com provedores. Mesmo você ganda possível.
não estado com seu computador ligado, seus e-mail são recebidos
e armazenados na sua caixa postal, localizada no seu provedor. » Criando seu e-mail
Quando você acessa sua caixa postal, pode ler seus e-mail on-line Fazer sua conta de e-mail é uma tarefa extremamente sim-
(diretamente na Internet, pelo WebMail) ou baixar todos para seu ples, eu escolhi o iBestMail, pois a interface deste WebMail não
computador através de programas de correio eletrônico. Um pro- tem propagandas e isso ajudar muito os entendimentos, no entanto
grama muito conhecido é o Outlook Express, o qual detalhar mais você pode acessar qualquer dos endereços informados acima ou
a frente. ainda qualquer outro que você conheça. O processo de cadastro é
A sua caixa postal é identificada pelo seu endereço de e-mail muito simples, basta preencher um formulário e depois você terá
e qualquer pessoa que souber esse endereço, pode enviar mensa- sua conta de e-mail pronta para ser usada. Alguns provedores exi-
gens para você. Também é possível enviar mensagens para várias gem CPF para o cadastro, o iBest e o iG são exemplos, já outros
pessoas ao mesmo tempo, para isto basta usar os campos “Cc” e você informa apenas dados pessoais, o Yahoo e o Gmail são exem-
“Cco” descritos acima. plos, este último é preciso ter um convite.
Atualmente, devido a grande facilidade de uso, a maioria das
pessoas acessa seu e-mail diretamente na Internet através do nave- Vamos aos passos:
gador. Este tipo de correio é chamado de WebMail. O WebMail é 1. Acesse a pagina do provedor (www.ibestmail.com.br) ou
responsável pela grande popularização do e-mail, pois mesmo as qualquer outro de sua preferência.
pessoas que não tem computador, podem acessar sua caixa postal 2. Clique no botão “CADASTRE-SE JÁ”, será aberto um for-
de qualquer lugar (um cyber, casa de um amigo, etc.). Para ter um mulário, preencha-o observando todos os campos. Os campos do
endereço eletrônico basta querer e acessar a Internet, é claro. Exis- formulário têm suas particularidades de provedor para provedor,
te quase que uma guerra por usuários. Os provedores, também, no entanto todos trazem a mesma ideia, colher informações do
disputam quem oferece maior espaço em suas caixas postais. Há usuário. Este será a primeira parte do seu e-mail e é igual a este em
pouco tempo encontrar um e-mail com mais de 10 Mb, grátis, não qualquer cadastro, no exemplo temos “@ibest.com.br”. A junção
era fácil. Lembro que, quando a Embratel ofereceu o Click21 com do nome de usuário com o nome do provedor é que será seu en-
30 Mb, achei que era muito espaço, mas logo o iBest ofereceu 120 dereço eletrônico. No exemplo ficaria o seguinte: seunome@ibest.
Mb e não parou por ai, a “guerra” continuo culminando com o com.br.
anúncio de que o Google iria oferecer 1 Gb (1024 Mb). A ultima 3. Após preencher todo o formulário clique no botão “Aceito”,
campanha do GMail, e-mail do Google, é de aumentar sua caixa pronto seu cadastro estará efetivado.
postal constantemente, a ultima vez que acessei estava em 2663 Pelo fato de ser gratuito e ter muitos usuários é comum que
Mb. muitos nomes já tenham sido cadastrados por outros usuários,
WebMail neste caso será exibida uma mensagem lhe informando do pro-
blema. Isso acontece porque dentro de um mesmo provedor não
O WebMail, como descrito acima, é uma aplicação acessada pode ter dois nomes de usuários iguais. A solução é procurar outro
diretamente na Internet, sem a necessidade de usar programa de nome que ainda esteja livre, alguns provedores mostram sugestões
correio eletrônico. Praticamente todos os e-mails possuem aplica- como: seunome2005; seunome28, etc. Se ocorrer isso com você (o
ções para acesso direto na Internet. É grande o número de prove- que é bem provável que acontecerá) escolha uma das sugestões ou
dores que oferecem correio eletrônico gratuitamente, logo abaixo informe outro nome (não desista, você vai conseguir), finalize seu
segue uma lista dos mais populares. cadastro que seu e-mail vai está pronto para ser usado.
» Hotmail – http://www.hotmail.com
» GMail – http://www.gmail.com » Entendendo a Interface do WebMail
» iBest Mail – http://www.ibestmail.com.br A interface é a parte gráfica do aplicativo de e-mail que nos
» iG Mail – http://www.ig.com.br liga do mundo externo aos comandos do programa. Estes conheci-
» Yahoo – http://www.yahoo.com.br mentos vão lhe servir para qualquer WebMail que você tiver e tam-
» Click21 – http://www.click21.com.br bém para o Outlook Express que é um programa de gerenciamento
de e-mails, vamos ver este programa mais adiante.
Para criar seu e-mail basta visitar o endereço acima e seguir 1. Chegou e-mail? – Este botão serve para atualizar sua caixa
as instruções do site. Outro importante fator a ser observado é o de entrar, verificando se há novas mensagens no servidor.
tamanho máximo permitido por anexo, este foi outro fator que au- 2. Escrever – Ao clicar neste botão a janela de edição de
mentou muito de tamanho, há pouco tempo a maioria dos prove- e-mail será aberta. A janela de edição é o espaço no qual você vai
dores permitiam em torno de 2 Mb, mas atualmente a maioria já redigir, responder e encaminhar mensagens. Semelhante à função
oferecem em média 10 Mb. Porém tem alguns mais generosos que novo e-mail do Outlook.
INTERNET EXPLORER
O Windows Internet Explorer possui uma aparência simplificada e muitos recursos novos que aceleram a sua experiência de navegação
na Web.
Os novos recursos gráficos e o melhor desempenho do Internet Explorer possibilitam experiências ricas e intensas. Texto, vídeo e
elementos gráficos acelerados por hardware significam que seus sites têm um desempenho semelhante ao dos programas instalados no seu
computador. Os vídeos de alta definição são perfeitos, os elementos gráficos são nítidos e respondem positivamente, as cores são fieis e os
sites são interativos como jamais foram. Com os aperfeiçoamentos como Chakra, o novo mecanismo JavaScript, os sites e aplicativos são
carregados mais rapidamente e respondem melhor. Combine o Internet Explorer com os eficientes recursos gráficos que o Windows 7 tem a
oferecer, e você terá a melhor experiência da Web no Windows até o momento.
A instalação mais curta e simplificada do Internet Explorer é mais rápida do que nas versões anteriores. Ela requer menos decisões de
sua parte, leva menos tempo para carregar páginas e não exige que você instale atualizações separadamente. Uma vez concluída a instalação,
você já pode começar a navegar.
Interface
A primeira alteração que vemos no I.E 9 é a altura do seu cabeçalho (55px), pequeno e elegante, o internet Explorer 9 se comparado
com suas versões anteriores, melhorou muito e sem sombra de dúvida começa a tomar A primeira alteração que vemos no I.E 9 é a altura do
seu cabeçalho (55px), pequeno e elegante, o internet Explorer 9 se comparado com suas versões anteriores, melhorou muito e sem sombra
de dúvida começa a tomar uma forma competitiva.
3-Abas de conteúdo
O posicionamento das abas de conteúdo dentro do cabeçalho do I.E 9 foi mal escolhido, as abas tem que disputar espaço com o campo
de URL. Consegui manter aberto no máximo 4 abas sem que prejudique demais a leitura dos títulos das abas, depois disso a visualização e
a navegação entre as abas fica difícil e desanimador.
4 abas.
Múltiplas abas.
“Pagina Inicial”, “Favoritos” e “Opções” foram agrupados no canto direito da tela, mas sem um objetivo claro, pois os dois primeiros
itens citados são elementos que quando utilizados interagem ou alteram os dados inseridos no campo de URL. “Opções” por sua vez, se
refere a opções de internet, privacidade e etc.…
Uma das novidades mais bacanas dos novos navegadores é possibilidade de adquirir aplicativos e plug-ins, permitindo ao usuário a
customizar o seu navegador e criar um fluxo de utilização diferenciado de navegador para navegador.
Porém, esta nova possibilidade foi mal comunicada, ela é representada por símbolo de mais, muito semelhante ao utilizado em nave-
gadores como Firefox, para adicionar novas abas. Fica claro no I.E 9, que o símbolo de “+” serve para adicionar algo ao navegador, mas o
que? Existe espaço suficiente na área para trabalhar com uma ancora textual, ao menos até os usuários criarem um hábito.
A primeira coisa que você notará ao abrir o Internet Explorer 9 será seu design simplificado.
A maioria das funções da barra de comandos, como Imprimir ou Zoom, pode ser encontrada ao clicar no botão Ferramentas , e os
seus favoritos e os feeds são exibidos ao clicar no botão Centro de Favoritos .
As guias são exibidas automaticamente à direita da Barra de endereços, mas é possível movê-las para que sejam exibidas abaixo da
Barra de endereço, da mesma maneira que em versões anteriores do Internet Explorer. Você pode exibir as Barras de Favoritos, Comandos,
Status e Menus clicando com o botão direito do mouse no botão Ferramentas e selecionando-as em um menu.
• Barra de Favoritos
• Barra de Comandos
· Fácil utilização;
Histórico
Favoritos
O Favoritos é uma funcionalidade que nos ajuda a entrar em
páginas que acessamos com muita frequência, economizando tem-
po.
Clique no menu ‘Favoritos’ e uma lista com as nossas páginas
favoritas será mostrada. Se você não tiver adicionado nenhuma
página aos Favoritos, você verá algo como:
Imprimindo páginas
Básicas
Inicialização: aqui é possível definir a página inicial do nave-
gador. Basta selecionar a melhor opção para você e configurar as
páginas que deseja abrir.
Página inicial: caso esta tenha sido a sua escolha na aba an-
terior, defina qual será a página inicial do Chrome. Também é
possível escolher se o atalho para a home (aquele em formato de
casinha) aparecerá na janela do navegador.
Pesquisa padrão: como o próprio nome já deixa claro, aqui
você escolhe o site de pesquisas utilizado ao digitar na lacuna do
programa. O botão “Gerenciar” mostra a lista de mecanismos.
Configuração Navegador padrão: aqui você pode definir o aplicativo como
seu navegador padrão. Se você optar por isso, sempre que algum
Antes de continuar com as outras funções do Google Chrome software ou link for executado, o Chrome será automaticamente
é legal deixar o programa com a sua cara. Para isso, vamos às utilizado pelo sistema.
configurações. Vá até o canto direito da tela e procure o ícone com
uma chave de boca. Clique nele e selecione “Opções”. Coisas pessoais
Senhas: define basicamente se o programa salvará ou não as
senhas que você digitar durante a navegação. A opção “Mostrar
senhas salvas” exibe uma tabela com tudo o que já foi inserido
por você.
Preenchimento automático de formulário: define se os formu-
lários da internet (cadastros e aberturas de contas) serão sugeridos
automaticamente após a primeira digitação.
Dados de navegação: durante o uso do computador, o Chro-
me salva os dados da sua navegação para encontrar sites, links e
conteúdos com mais facilidade. O botão “Limpar dados de nave-
gação” apaga esse conteúdo, enquanto a função “Importar dados”
coleta informações de outros navegadores.
Temas: é possível modificar as cores e todo o visual do na-
vegador. Para isso, clique em “Obter temas” e aplique um de sua
preferência. Para retornar ao normal, selecione “Redefinir para o
tema padrão”.
Configurações avançadas
Rede: configura um Proxy para a sua rede. (Indicado para usuários avançados)
Privacidade: aqui há diversas funções de privacidade, que podem ser marcadas ou desmarcadas de acordo com suas preferências.
Downloads: esta é a opção mais importante da aba. Em “Local de download” é possível escolher a pasta em que os arquivos baixados
serão salvos. Você também pode definir que o navegador pergunte o local para cada novo download.
Downloads
Todos os navegadores mais famosos da atualidade contam com pequenos gerenciadores de download, o que facilita a vida de quem
baixa várias coisas ao mesmo tempo. Com o Google Chrome não é diferente. Ao clicar em um link de download, muitas vezes o programa
perguntará se você deseja mesmo baixar o arquivo, como ilustrado abaixo:
Logo em seguida uma pequena aba aparecerá embaixo da janela, mostrando o progresso do download. Você pode clicar no canto dela e
conferir algumas funções especiais para a situação. Além disso, ao selecionar a função “Mostrar todos os downloads” (Ctrl + J), uma nova
aba é exibida com ainda mais detalhes sobre os arquivos que você está baixando.
Navegação anônima
Se você quer entrar em alguns sites sem deixar rastros ou históricos de navegação no computador, utilize a navegação anônima. Basta
clicar no menu com o desenho da chave de boca e escolher a função “Nova janela anônima”, que também pode ser aberta com o comando
Ctrl + Shift + N.
Gerenciador de tarefas
Uma das funções mais úteis do Chrome é o pequeno gerenciador de tarefas incluso no programa. Clique com o botão direito no topo da
página (como indicado na figura) e selecione a função “Gerenciador de tarefas”.
Desta forma, uma nova janela aparecerá em sua tela. Ela controla todas as abas e funções executadas pelo navegador. Caso uma das
guias apresente problemas você pode fechá-la individualmente, sem comprometer todo o programa. A função é muito útil e evita diversas
dores de cabeça.
Fazendo contatos em uma rede social online Muitas pessoas não levam os possíveis riscos de segurança em
consideração quando criam uma página de perfil em uma rede so-
Você precisa criar um perfil em uma rede social antes de fazer cial. Quanto mais informações pessoais e profissionais você incluir
contatos online. Você vai precisar escolher um nome para login e no seu perfil público, mais fácil será para um hacker explorar essas
uma senha. Depois de fazer isso, você vai fornecer algumas infor- informações para ganhar sua confiança.
mações pessoais básicas, como nome, sexo, idade, local e alguns
hobbies ou interesses específicos.
Use o painel de navegação para acessar bibliotecas, pastas, Digite uma palavra ou frase na caixa de pesquisa para procu-
pesquisas salvas ou até mesmo todo o disco rígido. Use a seção rar um item na pasta ou biblioteca atual. A pesquisa inicia assim
Favoritos para abrir as pastas e pesquisas mais utilizadas. Na se- que você começa a digitar. Portanto, quando você digitar B, por
ção Bibliotecas, é possível acessar suas bibliotecas. Você também exemplo, todos os arquivos cujos nomes iniciarem com a letra B
pode usar a pasta Computador para pesquisar pastas e subpastas. aparecerão na lista de arquivos. Para obter mais informações, con-
Para obter mais informações, consulte Trabalhando com o painel sulte Localizar um arquivo ou uma pasta.
de navegação.
Painel de detalhes
Botões Voltar e Avançar
Use o painel de detalhes para ver as propriedades mais co-
Use os botões Voltar e Avançar para navegar para outras pastas muns associadas ao arquivo selecionado. Propriedades do arquivo
ou bibliotecas que você já tenha aberto, sem fechar, na janela atual. são informações sobre um arquivo, tais como o autor, a data da
Esses botões funcionam juntamente com a barra de endereços. De- última alteração e qualquer marca descritiva que você possa ter
pois de usar a barra de endereços para alterar pastas, por exemplo, adicionado ao arquivo. Para obter mais informações, consulte Adi-
você pode usar o botão Voltar para retornar à pasta anterior. cionar marcas e outras propriedades a arquivos.
Barra de ferramentas Painel de visualização
Use a barra de ferramentas para executar tarefas comuns, Use o painel de visualização para ver o conteúdo da maioria
como alterar a aparência de arquivos e pastas, copiar arquivos em dos arquivos. Se você selecionar uma mensagem de e-mail, um
um CD ou iniciar uma apresentação de slides de imagens digitais. arquivo de texto ou uma imagem, por exemplo, poderá ver seu
Os botões da barra de ferramentas mudam para mostrar apenas conteúdo sem abri-lo em um programa. Caso não esteja vendo o
as tarefas que são relevantes. Por exemplo, se você clicar em um
painel de visualização, clique no botão Painel de visualização
arquivo de imagem, a barra de ferramentas mostrará botões dife-
na barra de ferramentas para ativá-lo.
rentes daqueles que mostraria se você clicasse em um arquivo de
Exibindo e organizando arquivos e pastas
música.
Barra de endereços
Quando você abre uma pasta ou biblioteca, pode alterar a apa-
rência dos arquivos na janela. Por exemplo, talvez você prefira íco-
Use a barra de endereços para navegar para uma pasta ou bi-
nes maiores (ou menores) ou uma exibição que lhe permita ver tipos
blioteca diferente ou voltar à anterior. Para obter mais informa-
ções, consulte Navegar usando a barra de endereços. diferentes de informações sobre cada arquivo. Para fazer esses tipos
de alterações, use o botão Modos de Exibição na barra de fer-
Painel de biblioteca ramentas.
Toda vez que você clica no lado esquerdo do botão Modos de
O painel de biblioteca é exibido apenas quando você está em Exibição, ele altera a maneira como seus arquivos e pastas são exi-
uma biblioteca (como na biblioteca Documentos). Use o painel de bidos, alternando entre cinco modos de exibição distintos: Ícones
biblioteca para personalizar a biblioteca ou organizar os arquivos grandes, Lista, um modo de exibição chamado Detalhes, que mostra
por propriedades distintas. Para obter mais informações, consulte várias colunas de informações sobre o arquivo, um modo de exibi-
Trabalhando com bibliotecas. ção de ícones menores chamado Lado a lado e um modo de exibi-
ção chamado Conteúdo, que mostra parte do conteúdo de dentro do
Títulos de coluna arquivo.
Se você clicar na seta no lado direito do botão Modos de Exibi-
Use os títulos de coluna para alterar a forma como os itens na ção, terá mais opções. Mova o controle deslizante para cima ou para
lista de arquivos são organizados. Por exemplo, você pode clicar baixo para ajustar o tamanho dos ícones das pastas e dos arquivos.
no lado esquerdo do cabeçalho da coluna para alterar a ordem em Você poderá ver os ícones alterando de tamanho enquanto move o
que os arquivos e as pastas são exibidos ou pode clicar no lado controle deslizante.
direito para filtrar os arquivos de maneiras diversas. (Observe que
os cabeçalhos de coluna só estão disponíveis no modo de exibição
Detalhes. Para aprender como alternar para o modo de exibição
Detalhes, consulte ‘Exibindo e organizando arquivos e pastas’
mais adiante neste tópico).
Lista de arquivos
Localizando arquivos
Para copiar ou mover um arquivo, arraste-o de uma janela para
Dependendo da quantidade de arquivos que você tem e de como outra
eles estão organizados, localizar um arquivo pode significar procurar
dentre centenas de arquivos e subpastas; uma tarefa nada simples. Ao usar o método arrastar e soltar, note que algumas vezes o
Para poupar tempo e esforço, use a caixa de pesquisa para localizar arquivo ou a pasta é copiado e, outras vezes, ele é movido. Se você
o arquivo. estiver arrastando um item entre duas pastas que estão no mesmo
disco rígido, os itens serão movidos para que duas cópias do mesmo
arquivo ou pasta não sejam criadas no mesmo local. Se você estiver
arrastando o item para um pasta que esteja em outro local (como um
local de rede) ou para uma mídia removível (como um CD), o item
será copiado.
Dicas
A caixa de pesquisa
A maneira mais fácil de organizar duas janelas na área de tra-
A caixa de pesquisa está localizada na parte superior de cada balho é usar Ajustar.
janela. Para localizar um arquivo, abra a pasta ou biblioteca mais Se você copiar ou mover um arquivo ou pasta para uma bi-
provável como ponto de partida para sua pesquisa, clique na caixa blioteca, ele será armazenado no local de salvamento padrão da
de pesquisa e comece a digitar. A caixa de pesquisa filtra o modo de biblioteca.
exibição atual com base no texto que você digita. Os arquivos serão Outra forma de copiar ou mover um arquivo é arrastando-o da
exibidos como resultados da pesquisa se o termo de pesquisa cor- lista de arquivos para uma pasta ou biblioteca no painel de nave-
responder ao nome do arquivo, a marcas e a outras propriedades do gação. Com isso, não será necessário abrir duas janelas distintas.
arquivo ou até mesmo à parte do texto de um documento.
Se você estiver pesquisando um arquivo com base em uma pro- Criando e excluindo arquivos
priedade (como o tipo do arquivo), poderá refinar a pesquisa antes de
começar a digitar. Basta clicar na caixa de pesquisa e depois em uma O modo mais comum de criar novos arquivos é usando um
das propriedades exibidas abaixo dessa caixa. Isso adicionará um fil- programa. Por exemplo, você pode criar um documento de texto
tro de pesquisa (como “tipo”) ao seu texto de pesquisa, fornecendo em um programa de processamento de texto ou um arquivo de
assim resultados mais precisos. filme em um programa de edição de vídeos.
Caso não esteja visualizando o arquivo que está procurando, Alguns programas criam um arquivo no momento em que são
você poderá alterar todo o escopo de uma pesquisa clicando em uma abertos. Quando você abre o WordPad, por exemplo, ele inicia
das opções na parte inferior dos resultados da pesquisa. Por exemplo, com uma página em branco. Isso representa um arquivo vazio (e
caso pesquise um arquivo na biblioteca Documentos, mas não con- não salvo). Comece a digitar e quando estiver pronto para salvar o
siga encontrá-lo, você poderá clicar em Bibliotecas para expandir a trabalho, clique no botão Salvar no WordPad. Na caixa de diálogo
pesquisa às demais bibliotecas. Para obter mais informações, con- exibida, digite um nome de arquivo que o ajudará a localizar o
sulte Localizar um arquivo ou uma pasta. arquivo novamente no futuro e clique em Salvar.
Quem ataca a rede/sistema são agentes maliciosos, muitas Depois de identificado o potencial de ataque, as organizações
vezes conhecidos como crackers, (hackers não são agentes mali- têm que decidir o nível de segurança a estabelecer para um rede
ciosos, tentam ajudar a encontrar possíveis falhas). Estas pessoas ou sistema os recursos físicos e lógicos a necessitar de proteção.
são motivadas para fazer esta ilegalidade por vários motivos. Os No nível de segurança devem ser quantificados os custos associa-
principais motivos são: notoriedade, autoestima, vingança e o di- dos aos ataques e os associados à implementação de mecanismos
nheiro. É sabido que mais de 70% dos ataques partem de usuários de proteção para minimizar a probabilidade de ocorrência de um
legítimos de sistemas de informação (Insiders) -- o que motiva ataque .
corporações a investir largamente em controles de segurança para POLÍTICAS DE SEGURANÇA
seus ambientes corporativos (intranet).
É necessário identificar quem pode atacar a minha rede, e qual De acordo com o RFC 2196 (The Site Security Handbook),
a capacidade e/ou objetivo desta pessoa. uma política de segurança consiste num conjunto formal de regras
que devem ser seguidas pelos usuários dos recursos de uma orga-
• Principiante – não tem nenhuma experiência em programa-
nização.
ção e usa ferramentas de terceiros. Geralmente não tem noção do
As políticas de segurança devem ter implementação realista,
que está fazendo ou das consequências daquele ato. e definir claramente as áreas de responsabilidade dos usuários, do
• Intermediário – tem algum conhecimento de programação e pessoal de gestão de sistemas e redes e da direção. Deve também
utiliza ferramentas usadas por terceiros. Esta pessoa pode querer adaptar-se a alterações na organização. As políticas de segurança
algo além de testar um “Programinha Hacker”. fornecem um enquadramento para a implementação de mecanis-
• Avançado – Programadores experientes, possuem conheci- mos de segurança, definem procedimentos de segurança adequa-
mento de Infraestrutura e Protocolos. Podem realizar ataques es- dos, processos de auditoria à segurança e estabelecem uma base
truturados. Certamente não estão só testando os seus programas. para procedimentos legais na sequência de ataques.
Estas duas primeiras pessoas podem ser funcionários da em- O documento que define a política de segurança deve deixar
presa, e provavelmente estão se aproveitando de alguma vulnera- de fora todos os aspetos técnicos de implementação dos mecanis-
bilidade do seu ambiente. mos de segurança, pois essa implementação pode variar ao longo
do tempo. Deve ser também um documento de fácil leitura e com-
VULNERABILIDADES preensão, além de resumido.
Algumas normas definem aspectos que devem ser levados em
Os ataques com mais chances de dar certo são aqueles que ex- consideração ao elaborar políticas de segurança. Entre essas nor-
ploram vulnerabilidades, seja ela uma vulnerabilidade do sistema mas estão a BS 7799 (elaborada pela British Standards Institution)
operacional, aplicativos ou políticas internas. e a NBR ISO/IEC 17799 (a versão brasileira desta primeira).
Veja algumas vulnerabilidades: Existem duas filosofias por trás de qualquer política de se-
• Roubo de senhas – Uso de senhas em branco, senhas pre- gurança: a proibitiva (tudo que não é expressamente permitido é
visíveis ou que não usam requisitos mínimos de complexidade. proibido) e a permissiva (tudo que não é proibido é permitido).
Deixar um Postit com a sua senha grudada no monitor é uma vul- Enfim, implantar Segurança em um ambiente não depende
nerabilidade. só da Tecnologia usada, mas também dos Processos utilizados
• Software sem Patches – Um gerenciamento de Service Packs na sua implementação e da responsabilidade que as Pessoas têm
e HotFixes mal feito é uma vulnerabilidade comum. Veja casos neste conjunto. Estar atento ao surgimento de novas tecnologias
como os ataques do Slammer e do Blaster, sendo que suas res- não basta, é necessário entender as necessidades do ambiente, e
implantar políticas que conscientizem as pessoas a trabalhar de
pectivas correções já estavam disponíveis bem antes dos ataques
modo seguro.
serem realizados.
Seu ambiente nunca estará seguro, não imagine que instalando
• Configuração Incorreta – Aplicativos executados com contas
um bom Antivírus você elimina as suas vulnerabilidades ou dimi-
de Sistema Local, e usuários que possuem permissões acima do nui a quantidade de ameaças. É extremamente necessário conhecer
necessário. o ambiente e fazer um estudo, para depois poder implementar fer-
• Engenharia Social – O Administrador pode alterar uma se- ramentas e soluções de segurança.
nha sem verificar a identidade da chamada. NOÇÕES BÁSICAS A RESPEITO DE VÍRUS DE COM-
• Segurança fraca no Perímetro – Serviços desnecessários, PUTADOR
portas não seguras. Firewall e Roteadores usados incorretamente.
• Transporte de Dados sem Criptografia – Pacotes de autenti- DEFINIÇÃO E PROGRAMAS ANTIVÍRUS
cação usando protocolos de texto simples, dados importantes en-
viados em texto simples pela Internet. O que são vírus de computador?
Identifique, entenda como explorá-las e mesmo que não seja
possível eliminá-las, monitore e gerencie o risco de suas vulnera- Os vírus representam um dos maiores problemas para usuá-
bilidades. rios de computador.
Nem todos os problemas de segurança possuem uma solução Consistem em pequenos programas criados para causar algum
definitiva, a partir disso inicia-se o Gerenciamento de Risco, anali- dano ao computador infectado, seja apagando dados, seja captu-
sando e balanceando todas as informações sobre Ativos, Ameaças, rando informações, seja alterando o funcionamento normal da má-
Vulnerabilidades, probabilidade e impacto. quina. Os usuários dos sistemas operacionais Windows são vítimas
quase que exclusivas de vírus, já que os sistemas da Microsoft
Eis algumas sugestões para ajudá-lo a começar: Fazendo Backup do seu Outlook
• Dados bancários e outras informações financeiras
• Fotografias digitais Todos sabem do risco que é não termos backup dos nossos
• Software comprado e baixado através da Internet dados, e dentre eles se inclui as informações que guardamos no
• Projetos pessoais OUTLOOK.
Fazer backups é uma excelente prática de segurança básica. 3- Um item selecionado do Windows XP pode ser excluído
Agora lhe damos conselhos simples para que você esteja a salvo permanentemente, sem colocá-Lo na Lixeira, pressionando-se si-
no dia em que precisar deles: multaneamente as teclas
1. Tenha seus backups fora do PC, em outro escritório, e, se (A) Ctrl + Delete.
for possível, em algum recipiente à prova de incêndios, como os (B) Shift + End.
cofres onde você guarda seus documentos e valores importantes. (C) Shift + Delete.
2. Faça mais de uma cópia da sua informação e as mantenha (D) Ctrl + End.
em lugares separados. (E) Ctrl + X.
3. Estabeleça uma idade máxima para seus backups, é melhor
comprimir os arquivos que já sejam muito antigos (quase todos Comentário: Quando desejamos excluir permanentemente um
os programas de backup contam com essa opção), assim você não arquivo ou pasta no Windows sem enviar antes para a lixeira, bas-
desperdiça espaço útil. ta pressionarmos a tecla Shift em conjunto com a tecla Delete. O
4. Proteja seus backups com uma senha, de maneira que sua Windows exibirá uma mensagem do tipo “Você tem certeza que
informação fique criptografada o suficiente para que ninguém mais deseja excluir permanentemente este arquivo?” ao invés de “Você
possa acessá-la. Se sua informação é importante para seus entes tem certeza que deseja enviar este arquivo para a lixeira?”.
queridos, implemente alguma forma para que eles possam saber a Resposta: C
senha se você não estiver presente. 4- Qual a técnica que permite reduzir o tamanho de arquivos,
sem que haja perda de informação?
Questões Comentadas (A) Compactação
(B) Deleção
1- Com relação ao sistema operacional Windows, assinale a (C) Criptografia
opção correta. (D) Minimização
(A) A desinstalação de um aplicativo no Windows deve ser (E) Encolhimento adaptativo
feita a partir de opção equivalente do Painel de Controle, de modo
a garantir a correta remoção dos arquivos relacionados ao aplicati-
Comentários: A compactação de arquivos é uma técnica am-
vo, sem prejuízo ao sistema operacional.
(B) O acionamento simultâneo das teclas CTRL, ALT e DE- plamente utilizada. Alguns arquivos compactados podem conter
LETE constitui ferramenta poderosa de acesso direto aos diretó- extensões ZIP, TAR, GZ, RAR e alguns exemplos de programas
rios de programas instalados na máquina em uso. compactadores são o WinZip, WinRar, SolusZip, etc.
(C) O Windows oferece acesso facilitado a usuários de um Resposta: A
computador, pois bastam o nome do usuário e a senha da máquina
para se ter acesso às contas dos demais usuários possivelmente 5- A figura a seguir foi extraída do MS-Excel:
cadastrados nessa máquina.
(D) O Windows oferece um conjunto de acessórios disponí-
veis por meio da instalação do pacote Office, entre eles, calculado-
ra, bloco de notas, WordPad e Paint.
(E) O comando Fazer Logoff, disponível a partir do botão Ini-
ciar do Windows, oferece a opção de se encerrar o Windows, dar
saída no usuário correntemente em uso na máquina e, em seguida,
desligar o computador.
Comentários: Para desinstalar um programa de forma segura Se o conteúdo da célula D1 for copiado (Ctrl+C) e colado
deve-se acessar Painel de Controle / Adicionar ou remover pro- (Ctrl+V) na célula D3, seu valor será:
gramas (A) 7
Resposta – Letra A (B) 56
Resposta: “D”
Comentário:
Passo 1
A célula A1 contém a fórmula =B$1+C1
a) 3, 0 e 7.
b) 5, 0 e 7.
c) 5, 1 e 2. Passo 2
d) 7, 5 e 2. que foi propagada pela alça de preenchimento para A2 e A3
e) 8, 3 e 4.
Resposta: “C”
Comentário:
Expressão =MÉDIA(A1:A3)
São somadas as celular A1, A2 e A3, sendo uma média é divi-
dido por 3 (pois tem 3 células): (8+3+4)/3 = 5
Expressão =MENOR(B1:B3;2)
Da célula B1 até a B3, deve mostrar o 2º menor número, que
seria o número 1. Para facilitar coloque esses números em ordem
crescente.
Expressão =MAIOR(C1:C3;3)
Da célula C1 até a C3, deve mostrar o 3º maior número, que
seria o número 2. Para facilitar coloque esses números em ordem
decrescente. Click na imagem para melhor visualizar
Passo 3
Assim, a célula com interrogação (A3) apresenta, após a pro-
pagação, o resultado
Comentário:
Comentário:
Comentário:
No Windows Explorer, você pode ver a hierarquia das pastas
em seu computador e todos os arquivos e pastas localizados em
cada pasta selecionada. Ele é especialmente útil para copiar e
mover arquivos.
Ele é composto de uma janela dividida em dois painéis: O pai-
nel da esquerda é uma árvore de pastas hierarquizada que mostra
todas as unidades de disco, a Lixeira, a área de trabalho ou Desk-
top (também tratada como uma pasta); O painel da direita exibe
o conteúdo do item selecionado à esquerda e funciona de maneira
idêntica às janelas do Meu Computador (no Meu Computador,
como padrão ele traz a janela sem divisão, as é possível dividi-la
também clicando no ícone Pastas na Barra de Ferramentas)
Resposta: C
Comentário:
Didatismo e Conhecimento 1
CIÊNCIAS SOCIAIS
Hilotas: levavam uma vida miserável, pois eram obrigados A democracia ateniense privilegiava apenas seus cidadãos
a trabalhar quase de graça nas terras dos esparcíatas. Não tinham (homens livres, nascidos em Atenas e maiores de idade) com o
direitos políticos e eram alvos de humilhações e massacres. Che- direito de participar ativamente da Assembléia e também de fazer
garam a organizar várias revoltas sociais em Esparta, combatidas a magistratura. No caso dos estrangeiros, estes, além de não terem
com extrema violência pelo exército. os mesmos direitos, eram obrigados a pagar impostos e prestar
serviços militares. Hoje em dia, Atenas tem mais de dois milhões
Educação Espartana e meio de habitantes, e, embora tenha inúmeras construções mo-
dernas, continua com suas ruínas que remetem aos memoráveis
O princípio da educação espartana era formar bons soldados tempos antigos. A cidade é um dos principais pontos turísticos da
para abastecer o exército da polis. Com sete anos de idade o meni- Europa.
no esparcíata era enviado pelos pais ao exército.
Começava a vida de preparação militar com muitos exercícios Mitologia Grega
físicos e treinamento. Com 30 anos ele se tornava um oficial e
ganhava os direitos políticos. A menina espartana também passava
Os gregos criaram vários mitos para poder passar mensagens
por treinamento militar e muita atividade física para ficar saudável
e gerar filhos fortes para o exército. para as pessoas e também com o objetivo de preservar a memó-
ria histórica de seu povo. Há três mil anos, não havia explicações
Política Espartana científicas para grande parte dos fenômenos da natureza ou para
os acontecimentos históricos. Portanto, para buscar um significado
Reis: a cidade era governada por dois reis que possuíam fun- para os fatos políticos, econômicos e sociais, os gregos criaram
ções militares e religiosas. Tinham vários privilégios. uma série de histórias, de origem imaginativa, que eram transmiti-
Assembleia: constituída pelos cidadãos, que se reuniam na das, principalmente, através da literatura oral.
Apella (ao ar livre) uma vez por mês para tomar decisões políticas Grande parte destas lendas e mitos chegou até os dias de hoje
como, por exemplo, aprovação ou rejeição de leis. e são importantes fontes de informações para entendermos a his-
Gerúsia: formada por vinte e oito gerontes (cidadãos com tória da civilização da Grécia Antiga. São histórias riquíssimas em
mais de 60 anos) e os dois reis. Elaboram as leis da cidade que dados psicológicos, econômicos, materiais, artísticos, políticos e
eram votadas pela Assembléia. culturais. Os gregos antigos enxergavam vida em quase tudo que
Éforos: formado por cinco cidadãos, tinham diversos poderes os cercavam, e buscavam explicações para tudo. A imaginação fér-
administrativos, militares, judiciais e políticos. Atuavam na políti- til deste povo criou personagens e figuras mitológicas das mais di-
ca como se fossem verdadeiros chefes de governo. versas. Heróis, deuses, ninfas, titãs e centauros habitavam o mun-
do material, influenciando em suas vidas. Bastava ler os sinais da
Religião Espartana
natureza, para conseguir atingir seus objetivos. A pitonisa, espécie
de sacerdotisa, era uma importante personagem neste contexto. Os
Assim como em outras cidades da Grécia Antiga, em Esparta
a religião era politeísta (acreditavam em vários deuses). Arqueó- gregos a consultavam em seus oráculos para saber sobre as coisas
logos encontraram diversos templos nas ruínas de Esparta. Atena que estavam acontecendo e também sobre o futuro. Quase sempre,
(deusa da sabedoria) era a mais cultuada na cidade. a pitonisa buscava explicações mitológicas para tais acontecimen-
tos. Agradar uma divindade era condição fundamental para atingir
Atenas bons resultados na vida material. Um trabalhador do comércio,
por exemplo, deveria deixar o deus Hermes sempre satisfeito, para
Por volta dos anos 500 e 400 AC, esta cidade, fundada há mais conseguir bons resultados em seu trabalho.
de 3.000 anos, era a mais próspera da Grécia Antiga e possuía um
poderoso líder: Péricles. Nesta fase, a divisão hierárquica seguia a Os principais seres mitológicos da Grécia Antiga eram:
seguinte ordem: nobres, homens livres e uma grande quantidade
de escravos que realizavam trabalhos como mercadores, carpintei- - Heróis : seres mortais, filhos de deuses com seres humanos.
ros, professores e marceneiros. Por ser uma cidade bem sucedida Exemplos : Herácles ou Hércules e Aquiles.
e comercial, Atenas despertou a cobiça de muitas cidades gregas. - Ninfas : seres femininos que habitavam os campos e bos-
Esparta se uniu a outras cidades gregas para atacar Atenas. A Guer- ques, levando alegria e felicidade.
ra do Peloponeso (431 a 404 a.C.) durou 27 anos e Esparta venceu, - Sátiros : figura com corpo de homem, chifres e patas de
tomando a capital grega para si, que, a propósito, continuou riquís- bode.
sima culturalmente.
- Centauros : corpo formado por uma metade de homem e
Alguns dos maiores nomes do mundo viveram nesta região
outra de cavalo.
repleta de escritores, pensadores e escultores, entre eles estão: os
autores de peças de teatro Ésquilo, Sófocles, Eurípedes e Aristófa- - Sereias : mulheres com metade do corpo de peixe, atraíam
nes e também os grandes filósofos Platão e Sócrates. Atenas des- os marinheiros com seus cantos atraentes.
tacou-se muito pela preocupação com o desenvolvimento artístico - Górgonas : mulheres, espécies de monstros, com cabelos de
e cultural de seu povo, desenvolvendo uma civilização de forte serpentes. Exemplo: Medusa
brilho intelectual. Na arquitetura, destacam-se os lindos templos - Quimeras : mistura de leão e cabra, soltavam fogo pelas
erguidos em homenagens aos deuses, principalmente a deusa Ate- ventas.
na, protetora da cidade.
Didatismo e Conhecimento 2
CIÊNCIAS SOCIAIS
O Minotauro Cada entidade divina representava forças da natureza ou sen-
timentos humanos. Poseidon, por exemplo, era o representante dos
É um dos mitos mais conhecidos e já foi tema de filmes, dese- mares e Afrodite a deusa da beleza corporal e do amor. A mitologia
nhos animados, peças de teatro, jogos etc. Esse monstro tinha cor- grega era passada de forma oral de pai para filho e, muitas vezes,
po de homem e cabeça de touro. Forte e feroz, habitava um labirin- servia para explicar fenômenos da natureza ou passar conselhos de
to na ilha de Creta. Alimentava-se de sete rapazes e sete moças gre- vida. Ao invadir e dominar a Grécia, os romanos absorveram o pan-
gas, que deveriam ser enviadas pelo rei Egeu ao Rei Minos, que os teão grego, modificando apenas os nomes dos deuses.
enviavam ao labirinto. Muitos gregos tentaram matar o minotauro,
porém acabavam se perdendo no labirinto ou mortos pelo monstro. Helenismo
Certo dia, o rei Egeu resolveu enviar para a ilha de Creta seu filho,
Teseu, que deveria matar o minotauro. Teseu recebeu da filha do rei É um termo que designa tradicionalmente o período histórico
de Creta, Ariadne, um novelo de lã e uma espada. O herói entrou e cultural durante o qual a civilização grega se difundiu no mundo
no labirinto, matou o Minotauro com um golpe de espada e saiu mediterrânico, euro-asiático e no Oriente, fundindo-se com a cultura
local.
usando o fio de lã que havia marcado todo o caminho percorrido.
Da união da cultura grega com as culturas da Ásia Menor, Eu-
Deuses gregos
rásia, Ásia central, Síria, África do Norte, Fenícia, Mesopotâmia,
Índia e Irã, nasceu a civilização helenística, que obteve grande des-
De acordo com o gregos, os deuses habitavam o topo do Monte
taque em nível artístico, filosófico, religioso, econômico e científico.
Olimpo, principal montanha da Grécia Antiga. Deste local, coman- O helenismo se difundiu do Atlântico até o rio Indo.
davam o trabalho e as relações sociais e políticas dos seres huma- Do ponto de vista cronológico, o helenismo se desenvolveu da
nos. Os deuses gregos eram imortais, porém possuíam característi- morte de Alexandre, o Grande, da Macedônia (323 a.C) até 147 a.C
cas de seres humanos. Ciúmes, inveja, traição e violência também (anexação da península grega e ilhas por Roma).
eram características encontradas no Olimpo. Muitas vezes, apai-
xonavam-se por mortais e acabavam tendo filhos com estes. Desta Educação em Esparta
união entre deuses e mortais surgiam os heróis.
Na Antiguidade, a cidade-estado grega de Esparta era muito
Principais deuses gregos: voltada para as atividades militares. Desta forma, a educação rece-
beu forte influência da área militar. Extremamente rigorosa, a educa-
Zeus - deus de todos os deuses, senhor do Céu. ção espartana tinha como objetivo principal formar soldados fortes,
Afrodite - deusa do amor, sexo e beleza. valentes e capazes para a guerra. Logo, as atividades físicas eram
Poseidon - deus dos mares muito valorizadas.
Hades - deus das almas dos mortos, dos cemitérios e do sub- Por volta dos sete anos de idade, os meninos espartanos eram
terrâneo. levados por suas mães para uma espécie de escola, onde as ativi-
Hera - deusa dos casamentos e da maternidade. dades físicas seriam trabalhadas. Já na adolescência, entravam em
Apolo - deus da luz e das obras de artes. contado com a utilização de armas de guerra. O senso crítico e ar-
Artemis - deusa da caça. tístico não eram valorizados em Esparta, pois os jovens estudantes
Ares - divindade da guerra. tinham que aprender a aceitar ordens dos superiores e falar somente
Atena - deusa da sabedoria e da serenidade. Protetora da cida- o necessário. As meninas espartanas também tinham uma educação
de de Atenas específica. A educação feminina tinha como objetivo formar boas
Cronos - deus da agricultura que também simbolizava o tempo esposas e mães.
Hermes - divindade que representava o comércio e as comu-
Creta
nicações
Hefestos - divindade do fogo e do trabalho.
Creta é a maior ilha localizada ao sul da Grécia, no mar Egeu.
Possui um litoral muito recortado, fator que favoreceu o desenvolvi-
Mitologia grega e religião
mento de portos e de atividades ligadas ao comércio marítimo. O in-
terior do território cretense é marcado pela presença de muitas mon-
Na Grécia Antiga, as pessoas seguiam uma religião politeís- tanhas, entre planícies. Entre os anos de 2600 a.C (começo da Idade
ta, ou seja, acreditavam em vários deuses. Estes, apesar de serem do Bronze) e 1450 a.C desenvolveu-se na ilha de Creta a civilização
imortais, possuíam características de comportamentos e atitudes se- minóica. Esta civilização teve como centro a cidade de Cnossos.
melhantes aos seres humanos. Maldade, bondade, egoísmo, fraque-
za, força, vingança e outras características estavam presentes nos - Os cretenses destacaram-se no comércio marítimo, principal-
deuses, segundo os gregos antigos. De acordo com este povo, as mente com ilhas próximas e com a Grécia continental. Exportavam
divindades habitavam o topo do Monte Olimpo, de onde decidiam azeite, objetos de cerâmica, jóias, lã e artigos de metal. Portanto,
a vida dos mortais. Zeus era o de maior importãncia, considerado economia de creta era baseada quase que exclusivamente nas ativi-
a divindade seprema do panteão grego. Acreditavam também que, dades marítimas.
muitas vezes, os deuses desciam do monte sagrado para relaciona- - Creta era uma cidade-estado, que possuia um sistema de go-
rem-se com as pessoas. Neste sentido, os heróis eram os filhos das verno monárquico, pois era governada por um rei.
divindades com os seres humanos comuns. Cada cidade da Grécia - Com o desenvolvimento do comércio marítimo, os cretenses
Antiga possuía um deus protetor. fundaram colônias em ilhas do mar Egeu e na região da Sicília.
Didatismo e Conhecimento 3
CIÊNCIAS SOCIAIS
- Na arquitetura destacou-se a construção de grandes e luxuo- Artes Plásticas: Os gregos eram excelentes escultores, pois
sos palácios, como, por exemplo, o palácio de Cnossos, Festos e buscavam retratar o corpo humano em sua perfeição. Músculos,
Mália. Estes palácios caracterizavam-se pela presença de muitos vestimentas, sentimentos e expressões eram retratados pelos es-
cômodos, escadarias, jardins e longos corredores. cultores gregos. As artes plásticas da Grécia Antiga influenciaram
- No campo das artes, os cretenses destacaram-se na pintura profundamente a arte romana e renascentista.
de lindos e coloridos afrescos, esculturas de metais, confecções de
jóias e peças de cerâmica. A temática mais presente na arte creten- Filosofia: A cidade de Atenas foi palco de grande desenvolvi-
se era o mar. mento filosófico durante a o Período Clássico da Grécia (século V
- Na religião, os cretenses eram muito ligados à figura da mu- AC). Os filósofos gregos pensavam e criavam teorias para explicar
lher. Imagens femininas aparecem em afrescos e esculturas liga- a complexa existência humana, os comportamentos e sentimen-
das à práticas religiosas. A deusa-mãe, segurando serpentes nas tos. Podemos destacar como principais filósofos gregos Platão e
mãos, tinha grande importância para os cretenses. O touro tam- Sócrates.
bém possuía uma certa importância no cenário religioso cretense,
provavelmente em função da imagem da fertilidade. Os cretenses
Esportes: Foram os gregos que desenvolveram os Jogos
realizavam várias festas em homenagem ao touro, em que homens
Olímpicos. Aconteciam de quatro em quatro anos na cidade gre-
pulavam nas costas do animal.
ga de Olímpia. Era uma homenagem aos deuses, principalmente a
- A mitologia minóica também foi muito rica. O principal mito
cretense é o do Minotauro representado por um forte homem com Zeus (deus dos deuses). Atletas de diversas cidades gregas se reu-
cabeça de touro. Este monstro, que habitava o labirinto, foi morto niam para disputarem esportes como, por exemplo, natação, corri-
pelo herói grego Teseu. Os mitos de Dédalo e Ícaro também estão da, arremesso de disco entre outros. Os vencedores das Olimpíadas
relacionados à cultura minóica. eram recebidos em suas cidades como verdadeiros heróis.
Períodos da História da Grécia Antiga Arquitetura Grega: Um dos templos gregos mais conhecidos
é a Acrópole de Atenas, que foi construído no ponto mais alto da
Pré-Homérico - entre 2000 e 1.100 a.C cidade, entre os anos de 447 a 438 a.C. Além das funções reli-
- época de ocupação do território da Grécia. Desenvolvimento giosas, o templo era utilizado também como ponto de observação
das civilizações Micênica e Cretense. Invasão dos Dórios no final militar. As colunas deste templo seguiram o estilo arquitetônico
deste período, provocando a dispersão dos povos da região e ru- dórico.
ralização. A arquitetura grega antiga pode ser dividida em três estilos:
Homérico - entre 1.100 e 700 a.C - Coríntio - pouco utilizado pelos arquitetos gregos, caracte-
- conclusão do processo de ruralização das comunidades gen- rizava-se pelo excesso de detalhes. Os capitéis das colunas eram,
tílicas. Nos genos havia a coletivização da produção e dos bens. geralmente, decorados com folhas.
No final deste período, com o crescimento populacional, ocorreu a - Dórico - estilo com poucos detalhes, transmitindo uma sen-
desintegração dos genos. sação de firmeza.
Arcaico - entre 700 e 500 a.C - Jônico - este estilo transmitia leveza, em função dos dese-
- surgimento das pólis (cidades-estados) com a formação de nhos apresentados, principalmente nas colunas das construções.
uma elite social, econômica e militar que passa a governar as cida- Outra característica deste estilo era o uso de base circular.
des. Neste período ocorreu a divisão do trabalho e o processo de
urbanização. Surge o alfabeto fonético grego e significativo desen- Pintura Grega: A pintura grega também foi muito importan-
volvimento literário e artístico. te nas artes da Grécia Antiga. Os pintores gregos representavam
Clássico - entre 500 e 338 a.C
cenas cotidianas, batalhas, religião, mitologias e outros aspectos
- época de grande desenvolvimento econômico, cultural, so-
da cultura grega. Os vasos, geralmente de cor preta, eram muito
cial e político da Grécia Antiga. Época de grande fortalecimento
utilizados neste tipo de representação artística. Estes artistas tam-
das cidades-estados gregas como, por exemplo, Esparta, Atenas,
bém pintavam em paredes, principalmente de templos e palácios.
Tebas, Corinto e Siracusa. Foi também uma época marcada por
conflitos externos como, por exemplo, as Guerras Médicas (entre
gregos e persas no século V). Ocorreu também, neste período, a Escultura Grega: As esculturas gregas transmitem uma forte
Guerra do Peloponeso (entre Atenas e Esparta). noção de realismo, pois os escultores gregos buscavam aproximar
Helenístico - entre 338 e 146 a.C suas obras ao máximo do real, utilizando recursos e detalhes. Ner-
- fase marcada pelo enfraquecimento militar grego e a con- vos, músculos, veias, expressões e sentimentos são observados nas
quista macedônica na região. A cultura grega espalha-se pela re- esculturas. A temática mais usada foi a religiosa, principalmente,
gião, fundindo-se com outras (helenismo). representações de deuses e deusas. Cenas do cotidiano, mitos e
atividades esportivas (principalmente relacionadas às Olimpíadas)
Cultura grega: A Grécia Antiga é considerada pelos historia- também foram abordadas pelos escultores gregos.
dores como uma civilização de grande esplendor cultural. Os gre-
gos desenvolveram a filosofia, as artes, a tecnologia, os esportes e Influência na Arte Romana: Quando dominaram a Grécia,
muito mais. Tamanha era a importância desta cultura, que os ro- os romanos ficaram tão admirados com a arte grega que buscaram
manos, ao invadir a Península Balcânica, não resistiram e beberam “imitar” o estílo artístico grego. Basta observarmos os detalhes das
nesta esplendida fonte cultural. Vejamos os principais elementos esculturas e obras arquitetônicas romanas para percebermos as se-
da cultura grega. melhanças. Geralmente apontamos o lado positivo da civilização
Didatismo e Conhecimento 4
CIÊNCIAS SOCIAIS
grega, destacando o desenvolvimento cultural, político e econô- existiam entre Esparta e Atenas na antiguidade. Enquanto Esparta
mico. A Grécia Antiga é o berço da democracia, das Olimpíadas era voltada para o militarismo, Atenas era o centro político e cul-
e da Filosofia. Porém, esta mesma sociedade, que gerou toda esta tural do período. Esta guerra também envolveu outras cidades-es-
riqueza cultural, utilizou para diversos fins a mão-de-obra escrava. tado que se alinharam com Atenas ou Esparta.
Os espartanos viam com desconfiança e amea-
Escravo: Na Grécia Antiga uma pessoa tornava-se escrava ça o desenvolvimento econômico e aumento da influên-
de diversas formas. A mais comum era através da captura em cia política de Atenas na região da península do Peloponeso;
guerras. Várias cidades gregas transformavam o prisioneiro em - Relações tensas entre as duas cidades-estado e disputa pela hege-
escravo. Estes, eram vendidos como mercadorias para famílias ou monia política e econômica na região;
produtores rurais. Em Esparta, por exemplo, cidade voltada para A Guerra do Peloponeso terminou em abril de 404 a.C, após a
as guerras, o número de escravos era tão grande que a lei permitia rendição de Atenas e a conquista espartana em Helesponto. Os es-
aos soldados em formação matarem os escravos nas ruas. Além de partanos deram suporte a um golpe oligárquico em Atenas, derru-
ser uma forma de treinar o futuro soldado, controlava o excesso bando o sistema democrático e implantando um sistema de gover-
de escravos na cidade (fator de risco de revoltas). no autoritário conhecido como Tirania dos Trinta. O fim da guerra
Em algumas cidades-estado gregas havia a escravidão por dí- derrubou o poder de Atenas na península e resultou na hegemonia
vidas. Ou seja, uma pessoa devia um valor para outra e, como não política e economia de Esparta na região, com seu sistema voltado
podia pagar, transformava-se em escrava do credor por um deter- para o fortalecimento militar.
minado tempo. Em Atenas, este tipo de escravidão foi extinto so-
mente no século VI a.C, após as reformas sociais promovidas pelo Homero
legislador Sólon. A mão-de-obra escrava era a base da economia
da Grécia Antiga. Homero foi um poeta da Grécia Antiga que nasceu e viveu
Os trabalhos manuais, principalmente os pesados, eram re- no século VIII a.C. É autor de duas das principais obras da anti-
jeitados pelos cidadãos gregos. O grande filósofo grego Platão guidade: os poemas épicos Ilíada e Odisseia. Muitos historiadores
demonstrou esta visão: “É próprio de um homem bem-nascido e pesquisadores da antiguidade não chegaram a uma conclusão
desprezar o trabalho”. Logo, os cidadãos gregos valorizavam ape- sobre se Homero existiu de verdade ou se é um personagem len-
nas as atividades intelectuais, artísticas e políticas. Os trabalhos dário, pois não há provas concretas de sua existência.
nos campos, nas minas de minérios, nas olarias e na construção Suas obras podem ter sido escritas por outros escritores an-
civil, por exemplo, eram executados por escravos. tigos ou são apenas compilações de tradições orais do período.
A mão-de-obra escrava também era muito utilizada no meio A vida de Homero mistura lenda e realidade. De acordo com
doméstico. Eles faziam os serviços de limpeza, preparavam a ali- a tradição, Homero era cego e poderia ter nascido em vários locais
mentação e até cuidavam dos filhos de seu proprietário. Estes es- da Grécia Antiga: Esmirna, Colofón, Atenas, Quios, Rodas, Ar-
cravos que atuavam dentro do lar possuíam uma condição de vida gos, Ítaca e Salamina. Sobre a morte de Homero também há muito
muito melhor que os outros. mistério. De acordo com documentos históricos do século V a.C,
ele teria morrida na ilha de Íos. Pesquisadores modernos afirmam
Educação de Atenas: Na antiguidade, a cidade-estado grega que não há nenhum dado seguro sobre as fontes da antiguidade
de Atenas destacou-se nas áreas de artes, teatro, literatura e outras que falam sobre Homero. De acordo com pesquisas atuais, caso
atividades culturais. Desta forma, a educação ateniense refletiu os ele tenha existido, é provável que tenha nascido e vivido na zona
anseios e valores desta sociedade. colonial jônica na Ásia Menor. Esta conclusão é tirada a partir das
características lingüísticas de suas obras e as tradições abordadas
Objetivos: A educação ateniense tinha como objetivo princi- que são típicas da região jônica.
pal à formação de indivíduos completos, ou seja, com bom prepa- Alguns pesquisadores afirmam também que a partir das
ro físico, psicológico e cultural. obras, é possível concluir que Homero tinha muito contato com
Características: Por volta dos sete anos de idade, o menino a nobreza da época. Embora não se saiba muito sobre a vida de
ateniense era orientado por um pedagogo. Na escola, os jovens es- Homero, uma certeza é que suas obras são fontes fundamentais
tudavam música, artes plásticas, Filosofia, etc. As atividades físi- para o estudo da história da Grécia Antiga. Os poemas de Homero
cas também faziam parte da vida escolar, pois os atenienses consi- revelam informações importantes sobre comportamento, cultura,
deravam de grande importância a manutenção da saúde corporal. religião, fatos históricos, mitologia grega e a sociedade da Grécia
Educação das meninas: Já as meninas de Atenas não fre- Antiga.
qüentavam escolas, pois ficavam aos cuidados da mãe até o ca- Ilíada – poema épico grego, considerado o mais antigo da
samento. literatura ocidental. São 15.693 versos que narram os aconteci-
mentos do último ano da Guerra de Tróia (cidade chamada de
Guerra do Peloponeso Ilion pelos gregos).
Odisseia – são 24 cantos que narram a viagem de volta do
A Guerra do Peloponeso foi um conflito militar entre as ci- herói grego Odisseu (Ulisses) da Guerra de Tróia. São 10 anos de
dades-estado de Atenas e Esparta. Ocorreu entre os anos de 431 e aventuras até chegar na Ilha de Ítaca, onde era rei.
404 a.C. Esta guerra foi relatada detalhadamente por dois historia-
dores da Grécia Antiga, Xenofonte e Tucídides. Para compreen-
der melhor esta guerra é necessário entender as diferenças que
Didatismo e Conhecimento 5
CIÊNCIAS SOCIAIS
Roma Antiga tenção da ordem na capital do Império. Contraditoriamente, esse
papel conferido ao exército, será responsável pela maior crise vi-
O Alto Império vida pela instituição: a anarquia militar do século III. Após a morte
de Augusto, sucederam-se imperadores pertencentes a sua família,
A ascensão de Otávio ao poder foi resultado da extensa guerra a partir do critério de adoção, até Nero.
civil do século I a.C. e deu início a um regime monárquico, auto-
crático, baseado na força do exército, dando um novo caráter ao A Dinastia Julio-Claudiana
Estado escravista romano, baseado na noção oriental de um úni-
co Estado mundial, governado por um só homem. Durante cerca Tibério ( 14-37 d.C) Filho adotivo de Augusto, foi conside-
de 250 anos, período conhecido como Alto Império, esse Estado rado um bom administrador, consolidou a centralização política,
fortaleceu-se e consolidou-se. Apesar de manter as aparências re- retirando da Assembléia Popular o direito de nomear os magis-
publicanas, o poder imperial se sobrepôs ao senado e às demais trados. Desencadeou violenta perseguição política à adversários e
instituições políticas da época, esvaziando as Assembléias de suas nas províncias.
funções tradicionais. Calígula ( 37-41 d.C.) Tentou implantar uma monarquia de
tipo oriental, exigindo honras divinas. Seu governo é normalmente
O Império de Otávio destacado pelo desequilíbrio mental caracterizando sua conduta
pessoal, particularmente no que toca as orgias que promoveu. Foi
Caio Otávio foi o primeiro imperador romano e durante seu assassinado por elementos da Guarda Pretoriana.
governo delinearam-se a nova organização social e política do Im- Cláudio (41-54 d.C.) Manteve-se no poder com o apoio da
pério. Para efeito político, a sociedade foi redividida em “ordem Guarda Pretoriana, que aumentou sua influência política. Executou
senatorial” e “ordem eqüestre”, a partir de um critério censitário. A diversas obras públicas e ampliou as fronteiras do império com a
nova ordem política baseava-se no apoio da ordem eqüestre, repre- conquista da Bretanha. Morreu envenenado.
sentante principalmente dos interesses mercantis, e que tornaram- Nero (54-68 d.C.) Foi responsável por fortalecer as frontei-
se os dirigentes do Estado, ocupando os principais cargos políti- ras ao norte do império. Durante seu governo os cristãos sofreram
a primeira grande perseguição, acusados pelo incêndio de Roma.
cos; na conciliação com a ordem senatorial, dos antigos patrícios,
Também na Judéia houve grande perseguição à população local,
proprietários rurais, que preservaram seus privilégios sociais, mas
massacrada pelos generais Vespasiano e Tito.
perderam o poder político efetivo, uma vez que o senado tornou-se
submisso ao poder imperial; e ainda no apoio de grande parcela da
Localização: Roma localiza-se na Península Itálica ou Penín-
plebe, a partir da intensificação da política do “pão e circo”.
sula Apenina.é uma região de solo fértil, que é uma continuação
Durante esse período o equilibrio entre o poder e as cama-
da Europa Central, prolongada até o mar Mediterrâneo. Na Itália
das sociais foi mantido, no entanto, as disputas diretas pelo poder
havia várias divisões de regiões que eram habitadas por diferentes
foram intensas. As disputas internas ao exército, as conspirações povos. Em uma dessas regiões( Lácio), foi fundada Roma. Essa
palacianas e as intervenções da Guarda Pretoriana foram respon- cidade se tornaria muito poderosa, ia expandir seus domínios , se
sáveis pelo final de vários governos, inclusive com o assassinato tornaria um vasto Império e controlaria o mundo antigo.
de alguns imperadores; porém a estrutura socioeconômica não foi Origem
alterada, assim como também foi preservada a estrutura política
imperial, centralizada e despótica. Roma foi fundada na região do Lácio, que era habitada pe-
los latinos e pelos etruscos. Os etruscos eram um povo de origem
O Exército oriental que se deslocou para a Europa, chegaram na Península
Itálica por volta do século VII a.C. Eles cultuavam a dança e a
O exército foi uma das mais importantes instituições do Im- música. Os latinos eram poderosos comerciantes, fabricantes de
pério Romano. Não somente como sustentáculo do poder do im- tecidos e que praticavam a pirataria. Construíram na região do Lá-
perador, mas principalmente para a manutenção de um equilíbrio cio várias aldeias. Mas os etruscos tinham um espírito de expan-
social e econômico que possibilitaram a continuidade do poder são. Através disso, a aldeia romana foi transformada em cidade.
autocrático. O exército foi peça fundamental para as conquistas Os etruscos foram responsáveis também pela primeira forma de
romanas e principalmente para a preservação de suas províncias, governo em Roma: a monarquia.
responsáveis pela riqueza de Roma. Dessa maneira beneficiou tan- Há também uma explicação lendária para o surgimento de
to patrícios como mercadores, possibilitando ainda o controle da Roma no cenário mundial, que foi criado por Tito Lívio e também
plebe e dos escravos. por Virgílio, um poeta romano. Segundo a lenda ,o filho de Vênus,
Durante o governo de Otávio Augusto foi imposta a “Pax o príncipe Enéias, fugiu de sua cidade que havia sido destruída
Romana”. A pacificação das províncias significou a eliminação pelos gregos, chegou ao Lácio e se casou com uma filha de um
da maior parte dos focos de resistência e das rebeliões através da rei latino. Eles tiveram filhos, Rômulo e Remo. As duas crianças
força, possibilitando o aumento da arrecadação tributária, forta- foram jogadas no Tibre por Amúlio, rei de Alba Longa. mas uma
lecendo as finanças públicas, fundamental para a manutenção de bondosa loba os amamentou, e eles por fim foram encontrados por
certos privilégios dos senadores patrícios, uma vez que a produção camponeses. Quando cresceram voltaram ao reino de Alba Lon-
agrícola provincial passou a concorrer com a romana. O comércio ga e denunciaram o rei Amúlio. Em seguida fundaram Roma em
tornou-se mais dinâmico, mantendo o enriquecimento dos merca- 753a.C. Mas surgiu desentendimentos entre os dois irmãos, e em
dores, principal base de apoio social do poder imperial. O exército uma luta Rômulo matou seu irmão Remo e se tornou o primeiro
destacou-se ainda no combate às rebeliões de escravos e na manu- rei de Roma.
Didatismo e Conhecimento 6
CIÊNCIAS SOCIAIS
A Monarquia era fundamental para a formação dos exército. Mas não faziam
parte da elite econômica e política de Roma. Resultado:cansaram
A primeira forma de governo de Roma foi a monarquia tam- de tanta exploração... recusaram a servir o exército, um desfalque
bém chamado de o período da realeza. O rei tinha funções exe- no poder militar de Roma. Essa luta durou mais de um século até
cutivas,judicial e religiosa. Na área legislativa seus poderes eram eles conseguirem privilégios. entre eles:
limitados. Todas as leis apresentadas pelo rei tinham de passar - os plebeus tinham agora representação através de dois tribu-
pela aprovação do Senado ou Conselho dos Anciãos. O Senado nos da plebe, poderiam cancelar quaisquer decisões do governo
era formado por cidadãos idosos(anciãos)que chefiavam as maio- que de uma forma ou de outra prejudicassem a plebe.
res famílias do Reino. Eles propunham novas leis, fiscalizavam as - leis das doze tábuas : eram para patrícios e plebeus. dava
ações dos reis. Uma vez a lei aprovada pelo Senado, era submeti- clareza e evitavam o violamento da leis.
da a outro exame, a dos membros da Assembléia ou Cúria. Eram - lei canuleia: permitia o casamento entre patrícios e plebeus.
os cidadãos em condições de servir o exercito. Eles elegiam altos - era proibida a escravidão por dívida: alguns plebeus pas-
funcionários, aprovavam ou não as leis e aclamavam o rei. A socie- savam a vida toda pagando dívida. agora isso era proibido.
dade romana era formada basicamente por classes:
Expansão Romana
Patrícios: cidadãos de Roma que tinham grandes proprieda-
des de terras, gados e escravos. Tinham direitos políticos, podiam A república romana se expandiu rápido, eles tinham domínio
ter funções no exército, na religião, na justiça e na administração. de toda a Península Itálica. Houve as guerras contra Cartago( ci-
Eram a aristocracia. dade ao norte da África), chamadas de ‘guerras púnicas’, e houve
Plebeus: maioria da população. Imigrantes que vieram das uma grande expansão do mundo antigo.
primeiras conquistas de Roma. Eram livres, dedicados ao comér-
cio,artesanato e a agricultura. Não eram considerados cidadãos de guerras púnicas: os romanos disputavam com Cartago o con-
Roma, então não poderiam participar de cargos públicos e nem da trole comercial do Mediterrâneo. Cartago possuía muitas colônias
Assembleia Curial. Suas famílias não eram legalmente reconhe- na Córsega, Sardenha, Sicília e Península Ibérica. Após batalhas
cidas. violentas, os romanos derrotaram Cartago.
Clientes: alguns eram estrangeiros e alguns plebeus que para expansão pelo mundo antigo: os romanos prosseguiram com
sobreviver se associavam aos patrícios. Eles lhe prestavam diver- suas conquistas pelo território do Mediterrâneo Ocidental, que
sos serviços pessoais em troca de ajuda econômica e proteção so- era a Península Ibérica e Gália, e pelo Mediterrâneo Oriental, que
cial. compreendia a Macedônia, Grécia e a Ásia Menor, a conquista foi
Escravos: eram os derrotados de guerras. Trabalham em ser- total. Os romanos chamavam o Mediterrâneo de “nosso mar”.
viços domésticos , agricultura, eram capatazes, artesãos, profes-
sores , etc. Eram como propriedade, seu Senhor tinha autonomia Após isto o estilo de vida em Roma passou a ser luxuoso,
para castigá-lo, vendê-lo, alugar seus serviços e decidir sobre sua requintado e exótico para alguns patrícios. Muitos plebeus empo-
vida ou sua morte. breceram, venderam seus bens e foram para a cidade, aumentando
o número de mendigos. A partir daí , a vida social ficou tensa e
Roma estava progredindo, mas no Reinado de Tarquínio, os Roma ansiavapor mudanças e aí iniciou-se uma crise no sistema
patrícios se rebelaram contra o rei, porque não apoiavam suas de- republicano.
cisões em favor dos plebeus.
Expulsaram o rei e estabeleceram a República. São conhe- Os Irmãos Graco: Tibério e Caio Graco, vendo a situação em
cidos sete reis romanos: Rômulo,Numa Pompílio,Túlio Hostílio, que Roma se encontrava propuseram reformas. Queria distribuir
Anco Márcio, Tarquínio Prisco( o antigo), Sérvio Túlio e Tarquí- as terras entre os camponeses plebeus e limitar o crescimento dos
nio(o soberbo). latifúndios, queriam também que o trigo fosse vendido bem bara-
tinho aos pobres. Com tais ideais, Tibério foi assassinado e Caio
A República ( 509 A.C.-27 A.C.) suicidou-se para fugir da perseguição.
Foi por água a baixo a realeza romana, no seu lugar o Senado De República à Império
se tornou o órgão máximo da República. Em vez de governar um
novo rei, os patrícios elegiam dois lideres que agiriam com plena Esse período foi marcado por lutas entre o povo que não mais
autoridade sobre os assuntos civis, militares e religiosos por um se submetia aos seus superiores, e lutas entre os próprios generais.
ano. Esses magistrados eram : Dessas guerras de generais, uniu-se Pompeu, Crasso e Júlio César,
Cônsul: propunham leis, presidiam o Senado e as Assem- que formaram o primeiro triunvirato( governo de três pessoas),
bléias. mas acabou com a disputa pelo poder de César e Pompeu. Júlio
Pretor: administrava a justiça. César, tornou-se o único governante de Roma com excelente exér-
cito. Governou até sua morte em 44 a.C. Logo estabeleceu-se o
O Senado continuava a ser ocupado pelos patrícios e a Assem- segundo triunvirato, composto por Marco Antônio, que cuidava
bléia era formada pelos cidadãos pobres, os plebeus. Era sempre do Oriente, Otávio, Ocidente e Lépido que cuidava dos domínios
feito um plebiscito entre os cônsules e a Assembléia para tomar africanos. Surgiu uma rivalidade entre Otávio e Marco Antônio ,
decisões. As divergências entre patrícios e plebeus não pararam. que queria formar um império no Oriente. Otávio com o apoio dos
O início da República contribuiu para o aumento da plebe. Ela romanos, o derrotou e tornou-se o Grande Senhor Roma.
Didatismo e Conhecimento 7
CIÊNCIAS SOCIAIS
Império ( 27 A.C.- 476 D.C) A principal característica de Roma foi a organização e a efi-
ciência. Na arte, também primaram pela busca da utilidade e pra-
Otávio acumulou poder, títulos, entre eles passou a se chamar ticidade imediata - tanto que o principal destaque vai para a ar-
Otávio Augusto. Isso porque Augusto significa divino, majestoso. quitetura, onde a grandeza ressaltava a idéia do poderio romano.
Seu governo ficou conhecido como o período da Pax( paz) roma- As termas são uma invenção romana e funcionaram como centros
na. Augusto acabou com os conflitos internos, mantinha a paz com sociais, com local para esportes, reuniões, jardins e banhos, na-
senadores, manteve o Senado funcionando mas os senadores não turalmente. As basílicas não tinham a conotação de igrejas, ini-
mais tinham a ultima palavra, colocou exércitos nas colônias e cialmente. Eram locais comerciais e só passaram a ter funções
proibia o abuso nos impostos, utilizou a política do “ pão e do cir- religiosas com a propagação do cristianismo dentro da influência
co”.Ele por meio dessa política alimentava os pobres que vagavam de Roma. Os circos e anfiteatros, como o Circus Maximus e o Co-
por Roma e os dava uma ocupação nos grandes espetáculos que liseu, são símbolos de uma arquitetura primorosa que adornava
ocupavam o tempo deles. todos os edifícios com esculturas e transformaram a Roma atual
Durante o governo de Otávio nasceu Jesus Cristo , que fundou na maior concentração de obras de arte urbanas que conseguimos
o cristianismo, que ganhou seguidores no império. Otávio Augusto imaginar. Passear por Roma é passear por um grande museu e pe-
morreu em 14 d. C. Após sua morte, Roma passou pelas dinastias: los corredores da história do mundo ocidental.
Júlio –Claudiana, a dos Flávios, dos Antoninos e por último a dos Os romanos tinham o hábito de pintar nas paredes, imitando
Severos. Todos desestruturam o governo, houve crises, imorali- janelas e varandas que reproduziam cenas externas com paisagens
dade pessoal e também administrativa. Tudo piorou com Tibério e animais, dando uma idéia de maior tamanho ao ambiente. Eram
que desmoralizou o governo e morreu assassinado e com Nero que mestres nesse assunto. Reproduziam também cenas de teatro ou
perseguiu os cristãos que não o cultuavam como deus, ele chegou cópias de trabalhos gregos, declarando uma influência que nunca
ao ponto de incendiar Roma. foi negada ou disfarçada. Entretanto, os romanos diferiam dos gre-
O imperador Teodósio em 395 d.C. tentou reverter a situação gos no temperamento básico, muito mais realista. Isso de reflete de
e dividiu o império em dois: império romano do Oriente- cuja a forma nítida na escultura. Ao invés da beleza ideal retratada pelos
capital era em Constantinopla; e império romano do Ocidente – gregos em suas esculturas, os romanos retratavam as pessoas como
com capital em Roma. O resultado não foi o esperado e em 476 de fato elas eram, sem aquele idealismo de uma beleza hipotéti-
d.C.,Rômulo Augusto, último imperador do Ocidente foi derrota- ca. As estátuas romanas representam figuras verdadeiras da casta
do pelo líder germânico Odoacro. social. Claro que existiam muitas estátuas dos principais deuses,
como Júpiter, Minerva ou Juno, mas os artistas concentravam-se
Fim do Império Romano primordialmente em retratar personalidades.
Arcos e abóbadas proliferaram na Roma antiga. Os arcos ser-
Arte Romana: Nos bons tempos, quando o poderio romano viam para comemorar grandes eventos e vitórias conquistadas. É
era inquestionável, o império cobria uma área territorial imensa,
importante considerarmos, na análise da arte romana, que o antigo
que ia da atual Inglaterra até a Rússia, passando por todo o norte
império caracterizou-se por ser uma organização cosmopolita e de
da África, incluindo o Egito. Era um império formidável e modifi-
intenso inter-relacionamento com todos os povos, conquistados ou
cou o mundo com novos conceitos sociais, administrativos e polí-
não. Brutal, imperialista, dominadora, a sociedade romana, entre-
ticos. Recebendo a influência de muitos povos, os romanos foram
tanto, permitia as diferenças e copiava sem restrições; valorizava
os responsáveis por espalhar pelo mundo uma grande quantidade
mesmo, hábitos e conquistas de outros povos, nas artes, ciências e
de idéias e princípios, como o próprio cristianismo. Também com
todas as demais ramificações das atividades humanas. Roma pilha-
a arte, a influência recebida de diversos povos - principalmente
va, esmagava e destruía, mas preservou idéias e realizações que, de
os gregos -, tratou de ser divulgada e implementada nos quatro
outro modo, teriam provavelmente desaparecido nos meandros da
cantos do planeta, pois o Império Romano significava a maior par-
te do mundo conhecido e civilizado nos séculos que antecederam história, se a força organizadora de Roma não houvesse exercido
e sucederam o nascimento de Cristo. É dessa época que estamos o seu papel.
falando. Fartamente documentado, fruto da organização administrativa
Na verdade, os poderosos romanos inicialmente traziam as romana, esse período da história nos traz o legado de informações
obras de arte encontradas na Grécia conquistada, assim como de detalhadas que faltam em outras épocas. Sabemos dos etruscos,
outros povos, inundando o império com essa arte que não era sua, dos gregos, dos judeus, muitas vezes através dos romanos. O Arco
propriamente. de Tito, totalmente feito em mármore, serviu para comemorar a
Os navios chegavam carregados de trabalhos feitos pelos artis- vitória sobre Jerusalém. A arquitetura romana tendia para o mo-
tas gregos para adornar os edifícios públicos e suntuosas residên- numental e grandioso, até como símbolo da grandeza do poderoso
cias dos patrícios. Os artistas romanos começaram simplesmente a império. Por volta do ano 200 d.C., o território romano equivalia
copiar trabalhos gregos e depois homenagear personalidades locais aproximadamente ao tamanho dos Estados Unidos e a população
realizando esculturas ao estilo grego. Horácio, o poeta romano fi- era de 100 milhões de habitantes.
lho de um liberto e protegido por imperadores, disse naquela época Os romanos construíram 300 quilômetros de estrada, um em-
que a Grécia submetida a Roma havia, na verdade, conquistado o preendimento notável considerando os recursos. Roma era uma
conquistador romano, tal era a influência grega dentro do território cidade de um milhão de habitantes já naquela ocasião. O Circus
de Roma. Mas os romanos, claro, como não poderia deixar de ser, Máximus tinha capacidade para 150 mil pessoas e foi depois am-
foram também criativos e inovadores. pliado. É muito para um mundo sem máquinas motorizadas.
Didatismo e Conhecimento 8
CIÊNCIAS SOCIAIS
Embora os romanos não tenham se destacado especialmente O Império Romano do Oriente tinha por base um poder centra-
como artistas, foram grandes propagadores e financiadores da arte, lizado e despótico, junto com um intenso desenvolvimento do co-
tanto da própria arte como da arte desenvolvida e feita por outros mércio, que serviu de fonte de recursos para enfrentar as invasões
povos. Acumulando riquezas, a classe dos patrícios adornava suas bárbaras. Já a produção agrícola usou grandes extensões de terra
casas com trabalhos feitos em qualquer lugar, principalmente na e trabalho de camponeses livres e escravos. O Império Romano do
Grécia. Como a maior metrópole do mundo antigo, Roma propi- Oriente ou Império Bizantino conseguiu resistir às invasões bár-
ciou o debate e o intercambio, divulgando e propagando a criação baras e ainda durou 11 séculos. A mistura de elementos ocidentais
e o surgimento de novos conceitos. Extremamente mercantilista, a e orientais só foi possível devido a intensa atividade comercial e
sociedade romana deu aos sistemas de cunhagem de moedas a maior urbana, dando grande esplendor econômico e cultural. As cidades
importância. Imponente, criou nos ambientes palacianos a suntuosi- tornaram-se bonitas e luxuosas, a doutrina cristã passou a ser mais
dade que requeria o talento e o trabalho oferecido pelos artistas. Os valorizada e discutida em detalhes entre a sociedade.
escravos gregos trazidos para Roma, freqüentemente eram prestigia- De início, os costumes romanos foram preservados. Com di-
dos e honrados pelo talento artístico. A queda do Império Romano reito a estrutura política e administrativa, o idioma oficial foi o
do Ocidente determinou o fim da Idade Antiga e começo da Idade latim. mas depois tudo isso foi superado pela cultura helenística(
Média e um período caótico, embora fascinante, da história da hu- grega-asiática). Com esse impulso o grego acabou se tornando o
manidade. A Idade Moderna começaria quase mil anos depois, com idioma oficial, no séc. VII. Um forte aspecto da civilização bizan-
a queda do Império Romano do Oriente, evento mais conhecido tina foi o papel do imperador, que tinha poderes tanto no exército
como a queda de Constantinopla em poder dos turcos. como na igreja, sendo considerado representante de Deus aui na
terra,( não muito diferente de outras civilizações!!). o mais desta-
cado imperador foi: Justiniano.
2 IDADE MÉDIA, MODERNA Era de Justiniano (527-565)
E CONTEMPORÂNEA.
Depois da divisão do império romano, pelo imperador Teodó-
sio em 395, dando a parte ocidental para seu filho Honório e a parte
oriental para o outro Arcádio. Com essa divisão, criou-se muitas
Alta Idade Média
dificuldades entre os imperadores para manter um bom governo,
principalmente devido as constantes invasões bárbaras. Por isso
No feudalismo vimos que os aspectos sociais e econômicos se
no século V, com o imperador Justiniano que o Império Bizantino
uniram com os culturais e ideológicos. Mas o modo de produção
se firmou e teve seu apogeu. Com Justiniano, as fronteiras de im-
feudal não surgiu do nada. Foi um processo contínuo de ascensão até
pério foram ampliadas, com expedições que foram até à Península
a decadência. Pode-se dizer que cada região teve sua influência nas Itálica, Ibérica e ao norte da África . claro que com tantas conquis-
características feudais. O processo de formação do mundo feudal tas houve muitos gastos! Logo já que os gastos aumentaram, os
teve um aceleramento a partir do século V, com a queda do Império impostos também e isso serviu de estopim para estourar diversas
Romano do Ocidente, iniciando a Alta Idade Média. As transfor- revoltas , da parte dos camponeses, que sempre ficava com a pior
mações que ocorreram na Europa, que foi dominada pelos bárbaros parte- ou o pagamento de impostos abusivos ou o trabalho pesado.
germânicos,nesse período, resultou em reinos quase sempre frágeis Uma destas , foi a Revolta de Nika,em 532,mas logo foi su-
e efêmeros. primida de maneira bem violenta pelo governo. Com a morte de
35 mil pessoas. Mas a atuação de Justiniano foi mais expressi-
Características da Alta Idade Média – do Séc. V ao X va dentro do governo. Um exemplo, entre 533 e 565, iniciou-se a
compilação do direito romano. Este era dividido em:
- Formação do feudalismo
- Decadência do comércio Código: conjunto das leis romanas a partir do século II.
- Ruralização econômica Digesto: comentários de juristas sobre essas leis.
- Fortalecimento do poder local por meio dos senhores feudais Institutas: princípios fundamentais do direito romano.
- Ascensão da igreja e do teocentrismo Novelas: novas leis do período de Justiniano.
- Invasão bárbara na europa
E tudo isso resultou no: corpo do direito civil, no qual serviu
Civilização Bizantina (Império Romano do Oriente) de base para códigos e leis de muitas nações à frente. Resumindo:
essas leis determinavam os poderes quase ilimitados do imperador
No passado, Istambul era conhecida como Constantinopla, o e protegiam os privilégios da igreja e dos proprietários de terras,
principal centro econômico- político do que havia sobrado do Im- deixando o resto da população à margem da sociedade. Na cultura,
pério Romano. Foi edificada na cidade grega de Bizâncio, entre os com Justiniano teve a construção da Igreja de Santa Sofia, com seu
Mares Egeu e Negro, pelo imperador Constantino.( aí o motivo do estilo arquitetônico próprio – o bizantino – cujo o esplendor repre-
nome da cidade ser Constantinopla). Com uma localização tão estra- sentava o poder do Estado junto com a força da Igreja Cristã. Na
tégica, logo foi tornada na nova capital do império. Por estar entre o política, após a revolta de Nika, Justiniano consolidou seu poder
Ocidente e o Oriente, desenvolveu um ativo e próspero comércio na monárquico absoluto por meio do cesaropapismo.
região, além da produção agrícola, fazendo com que se destacasse Cesaropapismo: ter total chefia do estado ( como César) e da
do restante do império romano, que estava parado e na crise. igreja( como o papa).
Didatismo e Conhecimento 9
CIÊNCIAS SOCIAIS
Grande Cisma - a “villa”, ou o latifúndio auto-suficiente; -o desenvolvimento
do colonato, segundo o qual o trabalhador ficava preso à terra;
Essa supremacia sobre o imperador sobre a igreja causou con- - a Igreja Cristã, que se tornará na principal instituição medieval.
flitos entre o imperador e o Papa. Em 1054, ocorreu o cisma do A crise romana reforça seu poder político local e consolida o processo
oriente, dividindo a igreja Católica em duas partes: de ruralização da economia.
Igreja Ortodoxa- com sede em Bizâncio, e com o comando do Os “Bárbaros” contribuem com os seguintes elementos:
imperador bizantino. - uma economia centrada nas trocas naturais;
Igreja Católica Apostólica Romana- com sede em Roma e sob - o comitatus, instituição que estabelecia uma relação de fidelida-
a autoridade do Papa. de e reciprocidade entre os guerreiros e seus chefes;
- a prática do chamado benefício ( beneficium ), dando imunida-
Decadência do Império de ao proprietário deste;
- o direito consuetudinário, isto é, os costumes herdados dos an-
Depois da morte de Justiniano(565), houve muito ataques que tepassados possuem força de lei.
enfraqueceram a administração do Império. Bizâncio foi alvo da
ambição das cidades italianas. Sendo que Veneza a subjugou e fez Além destes elementos estruturais ( internos ), contribuíram tam-
dela um ponto comercial sob exploração italiana. Essa queda não bém os chamados elementos conjunturais ( externos ) , que foram as
foi imediato,levou algum tempo, o império perdurou até o séc. XV, Invasões Bárbaras dos séculos VIII ao IX os normandos e os muçul-
quando a cidade caiu diante dos turcos- otomanos, em 1453. data manos. Os normandos efetuam um bloqueio do mar Báltico e do mar
que é usada para marcar o fim da idade média e o início da idade do Norte e os muçulmanos realizam o bloqueio do mar Mediterrâneo.
moderna. Estas invasões aceleram o processo de ruralização européia - em curso
desde o século III - acentuando a economia agrária e auto-suficiente.
As consequências da tomada de Constantinopla foram:
- o surgimento do grande império Turco-Otomano, que também Estrutura Econômica
foi uma ameaça para o Ocidente.
- a influência da cultura clássica antiga, preservada em Constan- A economia era basicamente agropastoril, de caráter auto-sufi-
tinopla, e levada para a Itália pela migração dos sábios Bizantinos. ciente e com trocas naturais. O comércio, embora existisse, não foi a
- com a interrupção do comércio entre Europa e Ásia , ocorre a
atividade predominante. As terras dos feudos eram divididas em três
aceleração da busca de um novo caminho para o Oriente.
partes:
- terras coletivas ou campos abertos: de uso comum, onde se re-
Sociedade e Economia: O comércio era fonte de renda do im-
colhiam madeira, frutos e efetuava-se a caça. Neste caso, temos uma
pério. Sua posição estratégica entre Ásia e Europa serviu de impulso
posse coletiva da terra.
para esse desenvolvimento comercial. O estado fiscalizava as ati-
- reserva senhorial - de uso exclusivo do senhor feudal - é era a
vidades econômicas por supervisionar a qualidade e a quantidade
propriedade privada do senhor.
das mercadorias. Entre estes estavam: perfumes, seda, porcelana e
peças de vidro. Além das empresas dos setores de pesca, metalurgia, - Manso servil ou tenência: terras utilizadas pelos servos. Ser-
armamento e tecelagem. viam para manter o sustento destes e para cumprimento das obriga-
ções feudais.
Religião: A religião bizantina foi uma mistura de diversas cul-
turas, como gregos, romanos e povos do oriente. Mas as questões O caráter auto-suficiente da economia feudal dava-se em virtude
mais debatidas eram: da baixa produtividade agrícola. O comércio, embora não fosse a ati-
vidade predominante, existia sob duas formas: o comércio local -onde
Monofisismo: estes negavam a natureza terrestre de Jesus realizava-se as trocas naturais; e o comércio a longa distância -respon-
Cristo. Para eles Jesus possuía apenas a natureza divina, espiritual. sável pelo abastecimento de determinados produtos, tais como o sal,
Esse movimento teve início no século V com auge no reinado de pimenta, cravo, etc... O comércio a longa distância funcionava com
Justiniano. trocas monetárias e, à partir do século XII terá um papel fundamental
na economia europeia.
Iconoclastia: para estes a ordem era a destruição das imagens
de santos, e a proibição do uso delas em templos. Com base na forte Estrutura Política: O poder político era descentralizado, ou seja,
espiritualidade da religião cristã oriental. Teve apoio no século VIII, distribuído entre os grandes proprietários de terra (os Senhores Feu-
com o imperador Leão II, que proibiu o uso de imagens de Deus, dais). Apesar da fragmentação do poder político, havia os laços de
Cristo e Santos nos templos e teve forte apoio popular. fidelidade pessoal (a vassalagem). Por esta relação estabelecia-se o
contrato feudo-vassálico, assim caracterizado:
Baixa Idade Média Homenagem: juramento de fidelidade do vassalo para com o seu
suserano;
O feudalismo europeu é resultado da síntese entre a socieda- Investidura: entrega do feudo do vassalo para o suserano. O suse-
de romana em decadência e a sociedade bárbara em evolução. Esta rano (aquele que concede o feudo) deveria auxiliar militarmente seu
síntese resulta nos chamados fatores estruturais para a formação do vassalo e também prestar assistência jurídica. O vassalo (aquele que
feudalismo. Roma contribui para a formação do feudalismo atra- recebe o feudo e promete fidelidade) deve prestar o serviço militar
vés dos seguintes elementos: para o suserano e comparecer ao tribunal por ele presidido.
Didatismo e Conhecimento 10
CIÊNCIAS SOCIAIS
Estrutura Social: A sociedade feudal era do tipo estamental, Renascimento Comercial - As Rotas
onde as funções sociais eram transmitidas de forma hereditária. As
relações sociais eram marcadas pelos laços de dependência e de O comércio de produtos na Europa desenvolve-se em dois
dominação. Os estamentos sociais eram três: centros: No Norte da Europa, onde a Liga Hanseática -união de ci-
Clero: constituído pelos membros da Igreja Católica. Dedica- dades alemãs- através dos mares do Norte e Báltico, monopolizava
vamse ao ofício religioso e apresentavam uma subdivisão: -Alto o comércio de peles, madeiras, peixes secos, etc... Na Itália, onde
clero- formado por membros da nobreza feudal (papa, bispo, aba- cidades como Veneza e Gênova, monopolizavam o comércio de
de) -Baixo clero- composto por membros não ligados à nobreza ( produtos vindos do Oriente, como a seda, cravo, canela, etc... Es-
padre, vigário ). tes centros comerciais eram interligados por rotas terrestres, sendo
Nobreza: formada pelos grandes proprietários de terra e que que a mais importante era a de Champagne.
se dedicavam à atividade militar e administrativa. As Feiras: Contribuíram para a dinamização do comércio e
Trabalhadores: simplesmente a maioria da popula- das trocas monetárias. Desenvolveram-se no encontro de rotas co-
ção. Os camponeses estavam ligados à terra ( servos da gle- merciais ( os nós de trânsito ). A principal feira ocorria na cidade
ba ) sendo obrigados a sustentarem os senhores feudais. de Champagne, na França.
Assim, o clero formava o 1º Estado, a nobreza o 2º Estado e os
trabalhadores o 3º Estado. Renascimento Urbano: O intenso desenvolvimento comer-
O Sistema feudal também apresentava as chamadas obriga- cial colaborou para o desenvolvimento das cidades medievais e de
ções feudais, uma conjunto de relações sociais onde os servos uma nova classe social, a burguesia.
eram explorados pelos senhores feudais. A burguesia inicia uma luta pela emancipação das cidades
dos domínios do senhor feudal (movimento comunal). No interior
As principais obrigações feudais eram: das cidades (Burgos), a produção urbana estava organizada nas
chamadas Corporações de Ofício. (Guildas na Itália). O principal
Corvéia: obrigação do servo de trabalhar nas terras do se- objetivo destas organizações era regulamentar a produção, defen-
nhor(manso senhorial). Toda produção de seu trabalho era do pro- dendo o justo preço e praticando o monopólio. O interior da Cor-
prietário. poração de Ofício apresentava uma divisão hierárquica, a saber:
Talha: obrigação do servo de entregar parte de sua produção o mestre, o aprendiz e o jornaleiro - pessoa que recebia por uma
na gleba para o senhor feudal. jornada de trabalho.
Banalidades: pagamento feito pelo servo pelo uso de instru-
mentos e instalações do feudo ( celeiro, forno, estrada...). Formação das Monarquias Nacionais
Crise do Feudalismo: A crise do Sistema Feudal tem sua ori- A formação das Monarquias Nacionais está associada à alian-
gem no século XI e está relacionada ao crescimento populacional. ça entre a burguesia comercial e o rei, efetivada no final da Baixa
Este, por sua vez, está relacionado a um conjunto de inovações Idade Média. O interesse da burguesia nesta aliança era econô-
técnicas, tais como o uso da charrua ( máquina de revolver a terra mico, pois o senhor feudal era um obstáculo para o desenvolvi-
), o peitoril ( para melhor aproveitamento da força do cavalo no mento de suas atividades: impostos excessivos, pesos e medidas
arado ), uso de ferraduras e o moinho d’água. A estas inovações não padronizados e ausência de unificação monetária. Já o rei, que
técnicas, observa-se uma expansão da agricultura, com a amplia- buscava centralizar o poder político, a classe de senhores feudais
ção de áreas para o cultivo ( conquista dos bosques, pântanos...). representava seu principal obstáculo ( lembre-se que o poder polí-
Sabendo-se que a produtividade agrícola era baixa- mesmo com as tico feudal era fragmentado ). Para fazer valer sua autoridade era
inovações acima- o crescimento populacional acarreta uma série necessário a criação de um exército, formado por mercenários.
de problemas sociais: o banditismo, aumento da miséria, guerras Assim, a burguesia comercial passa a financiar a montagem
internas por mais terras... As Cruzadas foram, neste contexto, uma deste exército. O rei passa a superar o senhor feudal e a impor sua
tentativa para solucionar tais problemas. vontade. A centralização do poder político implica na unificação
econômica: padronização de pesos, medidas e monetária -incen-
As Cruzadas: Foram convocadas pelo papa Urbano II, em tivando as trocas comerciais. A Monarquia passa a criar as Com-
1095, com o objetivo oficial de libertar a Terra Santa ( Jerusalém panhias de Comércio, onde o monopólio da atividade comercial
) do domínio muçulmano. No entanto, outros fatores contribuíram ficará a cargo da burguesia. Monarquia Nacional - caso francês.
para a organização das Cruzadas: canalizar o espírito guerreiro dos
nobres para o oriente; o ideal de peregrinação cristã; o interesse Dinastia dos Capetos: substituição das obrigações feudais por
econômico em algumas regiões do oriente e a necessidade de ex- tributos pagos à Coroa, criação de um Exército Nacional. Durante
portar a miséria-em virtude do crescimento populacional. a Guerra dos Cem Anos ( 1337/1453 ), a nobreza feudal se enfra-
quece, colaborando para o fortalecimento do poder real.
As principais consequências das Cruzadas foram: - Filipe Augusto (1180/1223 ) -iniciou a luta contra o domínio
- reabertura do mar Mediterrâneo e o desenvolvimento do in- inglês;
tercâmbio comercial entre o Ocidente e o Oriente; - Luís IX ( 1226/1270) - organização da justiça real;
- fortalecimento do poder real, em virtude do empobrecimento - Filipe IV, o Belo ( 1285/1314 ) - entrou em choque com o
Dos senhores feudais; Papado, episódio conhecido como o Grande Cisma, quando trans-
- renascimento urbano. feriu a sede do Papado para Avignon.
Didatismo e Conhecimento 11
CIÊNCIAS SOCIAIS
A Crise do Século XIV: O final da Idade Média é marcado por Movimentos Reformistas: A interferência da Igreja em assun-
uma séria crise social, econômica e política - a denominada tríada: tos políticos, a corrupção eclesiástica, o desregramento moral do
a Guerra dos Cem Anos, a Peste Negra e a fome, responsáveis clero e a venda de bens eclesiásticos levaram a Igreja a afastar-se
pelas revoltas camponesas. de seu ideal religioso. No século XI surgiu um movimento refor-
mista que buscava recuperar a autoridade moral da Igreja, origi-
Crise Sócio-Econômica: Como vimos, a partir do século XI, nado a Ordem de Cluny, que tinha por objetivo seguir as regras
houve uma expansão da agricultura. Ocorre que as terras de boa da Ordem Beneditina (castidade, pobreza, caridade, obediência,
qualidade ficam cada vez mais raras, acarretando uma diminuição oração e trabalho). O papa Gregório VII, que se envolveu na Que-
na produtividade. Soma-se a isto, uma série de transformações cli- rela das Investiduras, havia sido um monge desta ordem. Outras
máticas na Europa, responsáveis pela perda de colheitas e gerando ordens religiosas surgiram, as chamadas Ordens mendicantes,
uma escassez de alimentos e períodos de fome (1315 a 1317, 1362, como a dos cartuxos e dos cistercienses. Pregando a pobreza ab-
1374 a 1438 ). soluta e vivendo da caridade, surge a Ordem dos Franciscanos e
Enfraquecida pela fome, a população européia fica vulnerável dos Dominicanos.
às epidemias, como no caso da Peste Negra, trazida do Oriente. Inquisição: A perda da autoridade moral da Igreja Católica
Calcula-se que um terço da população européia desapareceu. propiciou o desenvolvimento de uma série de doutrinas, crenças e
A epidemia, aliada às sucessivas crises agrícolas, provoca superstições denominadas heresias, que contrariavam os dogmas
uma enorme escassez de mão-de-obra, levando os servos a faze- da Igreja. Para combater os movimentos heréticos, o papa Gregó-
rem exigências por melhores condições de vida. Muitos servos rio IX criou, em 1231, os Tribunais de Inquisição, com a missão
conseguiam comprar a sua liberdade. Em algumas regiões, no en- de julgar os considerados hereges. Os condenados eram entregues
tanto, às exigências dos servos foram seguidas pelo aumento dos às autoridades administrativas do Estado, que executavam a sen-
laços de dependência, acarretando as revoltas camponesas. Tanto tença. A Inquisição desempenhava um importante papel político,
em um caso - abertura do sistema, quando o servo adquire a sua freando os movimentos contrários aos interesses das classes do-
liberdade; como no outro -fechamento do sistema, quando os laços minantes.
de dependência são ampliados - o resultado será o agravamento
da crise feudal e o início de um novo conjunto de relações sociais.
Cultura Medieval: Referir-se à Idade Média como a “Idade das
Trevas” é um grave erro. Tal concepção representa uma visão distor-
Crise Política: O período medieval foi marcado pelos confli-
cida do período medieval. Este preconceito com a Idade Média origi-
tos militares, dada a agressividade da nobreza feudal. Entre estes
nou-se no século XVIII com o Iluminismo - fortemente anticlerical.
conflitos, A Guerra do Cem Anos (1337/1453) merece destaque.
No entanto, o período medieval foi riquíssimo em atividade cul-
A Guerra dos Cem Anos ocorreu entre o reino da França e o reino
tural.
da Inglaterra, motivada por motivos políticos -a sucessão do trono
francês entre Filipe de Valois e Eduardo III, rei da Inglaterra; e
Educação: controlada pelo clero católico, que dominava as
motivos econômicos -a disputa pela região da Flandres, importante
área produtora de manufaturas. escolas dos mosteiros, escolas paroquiais e as universidades.
Ao longo do combate, franceses e ingleses obtiveram vitó- O surgimento e expansão das universidades estão relaciona-
rias significativas. Entre seus principais personagens, destaque das com o desenvolvimento das cidades, bem como o surgimento
para a figura de Joana d’Arc, que no ano de 1431 foi condenada de uma nova classe social: a burguesia comercial.
à fogueira. Após a sua morte os franceses expulsaram os ingleses, Os ramos de conhecimento estudados nas universidades me-
vencendo a guerra. Esta longa guerra prejudicou a economia dos dievais eram: Teologia e Filosofia, Letras, Ciências, Direito e Me-
dois reinos e contribuiu para o empobrecimento da nobreza feudal dicina. O ensino era ministrado em latim.
e, consequentemente, o seu enfraquecimento político. Ao mesmo
tempo que a nobreza perdia poder, a autoridade do rei ficava for- Artes:
talecida, beneficiando o processo de construção das Monarquias - Literatura-enaltecer a figura do cavaleiro cristão e suas qua-
Nacionais. lidades: lutar pelo bem público, combater as heresias e defender
os pobres, viúvas e órfãos. Na poesia épica exalta-se os torneios,
A Igreja Medieval: A principal instituição medieval será a as aventuras e a defesa do cristianismo, tais como a canção de
Igreja Católica. Esta exercia um papel decisivo em todos os setores Rolando (século XI ) e El Cid( século XII). Na poesia lírica, pre-
da vida medieval: na organização econômica, na coesão social, na domina o tema do amor espiritualizado e idealizado do cavaleiro
legitimação da dominação política e nas manifestações culturais. pela sua amada. No século XIII, o grande destaque da literatura
O clero estava organizado em clero secular (que vivia no mundo foi Dante Alighieri, autor da Divina Comédia.
cotidiano em contato com os fiéis) e o clero regular (que vivia nos - Pintura-possuía uma função didática, pois estava associada
mosteiros, isolando do mundo) que obedecia regras. Trata-se dos à divulgação de temas religiosos. Entre os principais pintores me-
beneditinos, franciscanos, dominicanos, carmelitas e agostinianos. dievais, destacam-se Cimabue e Giotto.
O topo da hierarquia eclesiática era (e ainda é) ocupada pelo - Escultura-função decorativa e de divulgação dos valores
papa. Este exercia dois tipos de poderes, o espiritual (autoridade religiosos.
religiosa máxima) e o poder temporal (poder político decorrente - Arquitetura-desenvolvimento de dois estilos: o românico e
das grandes extensões de terra que a Igreja possuía). O exercício o gótico. Românico: (séculos XI/XII) -arcos em abóbadas redon-
do poder temporal levou a Igreja a envolver-se em questões políti- dos, sustentados por paredes maciças. A catedral de Notre-Dame
cas, como a célebre Querela das Investiduras. la Grande em Poitiers é um exemplo deste estilo. Gótico: (séculos
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XII/XVI) - uso do arco em ponta ou ogival, permitindo a cons- Brunelleschi - é um exemplo de artista completo renascentis-
trução de abóbadas bastante amplas. Existência de muitas janelas ta, pois foi pintor, escultor e arquiteto. Além de dominar conheci-
para melhor iluminação do interior, muito mais amplo que o estilo mentos de Matemática, Geometria e de ser grande conhecedor da
românico. poesia de Dante. Foi como construtor, porém, que realizou seus
- O gótico está relacionado com o crescimento populacional e mais importantes trabalhos, entre eles a cúpula da catedral de Flo-
o desenvolvimento urbano. rença e a Capela Pazzi.
- A catedral de Notre-Dame, em Paris, é um exemplo deste
estilo. Pintura
- música: divulgava os valores cristãos. Destaque para Gregó-
rio Magno (590/604) que implantou o canto gregoriano. Na músi- Principais características:
ca popular, destaque para as canções trovadorescas, cujos temas - Perspectiva: arte de figura, no desenho ou pintura, as diver-
eram os ideais cristãos.
sas distâncias e proporções que têm entre si os objetos vistos à
distância, segundo os princípios da matemática e da geometria.
Ciências e Filosofia: A principal corrente filosófica do pe-
ríodo foi a Escolástica, que tinha por objetivo conciliar a razão - Uso do claro-escuro: pintar algumas áreas iluminadas e ou-
com a fé. Seus principais representantes foram Alberto Magno tras na sombra, esse jogo de contrastes reforça a sugestão de vo-
(1193/1280) e Tomás de Aquino (1225/ 1274). Este último recons- lume dos corpos.
truiu parte das teorias de Aristóteles, dentro de uma visão cristã, - Realismo: o artistas do Renascimento não vê mais o homem
na sua obra Summa Theológica. No setor científico, Roger Bacon como simples observador do mundo que expressa a grandeza de
(1214/1294) defensor da observação e da experimentação como Deus, mas como a expressão mais grandiosa do próprio Deus. E o
norma científica. mundo é pensado como uma realidade a ser compreendida cienti-
Renascimento ficamente, e não apenas admirada.
- Inicia-se o uso da tela e da tinta à óleo.
O termo Renascimento é comumente aplicado à civilização - Tanto a pintura como a escultura que antes apareciam quase
européia que se desenvolveu entre 1300 e 1650. Além de reviver que exclusivamente como detalhes de obras arquitetônicas, tor-
a antiga cultura greco-romana, ocorreram nesse período muitos nam-se manifestações independentes.
progressos e incontáveis realizações no campo das artes, da lite- - Surgimento de artistas com um estilo pessoal, diferente dos
ratura e das ciências, que superaram a herança clássica. O ideal do demais, já que o período é marcado pelo ideal de liberdade e, con-
humanismo foi sem duvida o móvel desse progresso e tornou-se seqüentemente, pelo individualismo.
o próprio espírito do Renascimento. Trata-se de uma volta deli-
berada, que propunha a ressurreição consciente (o renascimento)
Os principais pintores foram:
do passado, considerado agora como fonte de inspiração e modelo
de civilização. Num sentido amplo, esse ideal pode ser entendido
como a valorização do homem (Humanismo) e da natureza, em Botticelli - os temas de seus quadros foram escolhidos segun-
oposição ao divino e ao sobrenatural, conceitos que haviam im- do a possibilidade que lhe proporcionavam de expressar seu ideal
pregnado a cultura da Idade Média. de beleza. Para ele, a beleza estava associada ao ideal cristão. Por
isso, as figuras humanas de seus quadros são belas porque mani-
Características gerais: festam a graça divina, e, ao mesmo tempo, melancólicas porque
- Racionalidade supõem que perderam esse dom de Deus.Obras destacadas: A Pri-
- Dignidade do Ser Humano mavera e O Nascimento de Vênus.
- Rigor Científico
- Ideal Humanista Leonardo da Vinci - ele dominou com sabedoria um jogo ex-
- Reutilização das artes greco-romana pressivo de luz e sombra, gerador de uma atmosfera que parte da
realidade mas estimula a imaginação do observador. Foi possuidor
Arquitetura: Na arquitetura renascentista, a ocupação do es- de um espírito versátil que o tornou capaz de pesquisar e realizar
paço pelo edifício baseia-se em relações matemáticas estabeleci- trabalhos em diversos campos do conhecimento humano. Obras
das de tal forma que o observador possa compreender a lei que o destacadas: A Virgem dos Rochedos e Monalisa.
organiza, de qualquer ponto em que se coloque. “Já não é o edifí-
cio que possui o homem, mas este que, aprendendo a lei simples Michelângelo - entre 1508 e 1512 trabalhou na pintura do
do espaço, possui o segredo do edifício” (Bruno Zevi, Saber Ver
teto da Capela Sistina, no Vaticano. Para essa capela, concebeu e
a Arquitetura)
realizou grande número de cenas do Antigo Testamento. Dentre
Principais características: tantas que expressam a genialidade do artista, uma particularmente
- Ordens Arquitetônicas representativa é a criação do homem. Obras destacadas: Teto da
- Arcos de Volta-Perfeita Capela Sistina e a Sagrada Família
- Simplicidade na construção
- A escultura e a pintura se desprendem da arquitetura e pas- Rafael - suas obras comunicam ao observador um sentimento
sam a ser autônomas de ordem e segurança, pois os elementos que compõem seus qua-
- Construções; palácios, igrejas, vilas (casa de descanso fora dros são dispostos em espaços amplo, claros e de acordo com uma
da cidade), fortalezas (funções militares) simetria equilibrada. Foi considerado grande pintor de “Madonas”.
O principal arquiteto renascentista: Obras destacadas: A Escola de Atenas e Madona da Manhã.
Didatismo e Conhecimento 13
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Escultura: Em meados do século XV, com a volta dos papas como prática de devoção era entendida pelos cristãos como absol-
de Avinhão para Roma, esta adquire o seu prestígio. Protetores das vição, a justificação pela fé defendida por Lutero não permitia atri-
artes, os papas deixam o palácio de Latrão e passam a residir no buir valor às obras de caridade, opondo-se à teoria da salvação pe-
Vaticano. Ali, grandes escultores se revelam, o maior dos quais los méritos. Em 1517, Lutero publicou suas 95 teses, denunciando
é Michelângelo, que domina toda a escultura italiana do século falsas seguranças dadas aos fiéis. Segundo diziam essas teses, só
XVI. Algumas obras: Moisés, Davi (4,10m) e Pietá. Outro gran- Deus poderia perdoar, e não o papa, e a única fonte de salvação da
de escultor desse período foi Andrea del Verrochio. Trabalhou em Igreja residia no Evangelho. Em torno dessa nova posição, iniciou-
ourivesaria e esse fato acabou influenciando sua escultura. Obra se na Alemanha um conflito entre dominicanos e agostinianos.
destacada: Davi (1,26m) em bronze. Em 1520 o papa Leão X promulgou uma bula em que dava 60
dias para a execução da retratação de Lutero, que então queimou
Principais Características: publicamente a bula papal, sendo excomungado. No entanto, Lu-
- Buscavam representar o homem tal como ele é na realidade tero recebera grande apoio e conquistara inúmeros adeptos da sua
- Proporção da figura mantendo a sua relação com a realidade doutrina, como os humanistas, os nobres e os jovens estudantes.
- Profundidade e perspectiva Consequentemente, uma revolta individual transformou-se num
- Estudo do corpo e do caráter humano cisma geral. Na Alemanha as condições favoráveis à propagação
do luteranismo se acentuaram devido à fraqueza do poder impe-
O Renascimento Italiano se espalha pela Europa, trazendo no- rial, às ambições dos príncipes em relação aos bens da Igreja, às
vos artistas que nacionalizaram as ideias italianas. São eles: tensões sociais que opunham camponeses e senhores, e o naciona-
- Dürer lismo, hostil às influências religiosas de Roma.
- Hans O imperador do Sacro Império Romano-Germânico, Carlos V,
- Holbein tentou um acordo para tolerar o luteranismo onde já houvesse, mas
- Bosch pretendia impedir sua propagação. Cinco principados protestaram
- Bruegel contra esta sanção, o que gerou o termo protestantismo. Sentindo a
Reforma Religiosa fragmentação cristã em seus domínios, Carlos V convocou a Dieta
de Augsburg, visando conciliar protestantes e cristãos.
Dada a impossibilidade de acordo, os príncipes católicos e
No fim da Idade Média, o crescente desprestígio da Igreja do
o imperador acataram as condenações, na tentativa de eliminar o
Ocidente, mais interessada no próprio enriquecimento material do
protestantismo luterano. Após anos de luta, em 1555, os protestan-
que na orientação espiritual dos fiéis; a progressiva secularização
tes venceram, e foi assinada a paz, que concedeu liberdade de reli-
da vida social, imposta pelo humanismo renascentista; e a igno-
gião no Santo Império. Lutero morreu em 1546, mas permaneceu
rância e o relaxamento moral do baixo clero favoreceram o desen-
como grande inspirador da Reforma.
volvimento do grande cisma do Ocidente, registrado entre 1378
O movimento luterano abriu caminhos para rebeliões políticas
e 1417, e que teve entre suas principais causas a transferência da e sociais, não previstas por Lutero. Em 1524 eclodiu a Revolta dos
sede papal para a cidade francesa de Avignon e a eleição simultâ- Camponeses, composta em sua maioria por membros de uma nova
nea de dois e até de três pontífices. seita, os anabatistas. Extremamente agressivos e individualistas,
Uma angústia coletiva dominou todas as camadas sociais da levaram às concepções de Lutero sobre a livre interpretação da
época, inquietas com os abusos da Igreja, que exigia dos fiéis dí- Bíblia e reclamavam a supressão da propriedade e a partilha das
zimos cada vez maiores e se enriqueciam progressivamente com a riquezas da Igreja. Embora sustentando a idéia de liberdade cristã,
venda de cargos eclesiásticos. Bispos eram nomeados por razões Lutero submetia-se a autoridades legítimas, recusando-se a apoiar
políticas e os novos clérigos cobravam altos preços pelos seus ser- os revoltosos. Condenou então as revoltas e incitou os nobres à
viços (indulgências), e nem sempre possuíam suficientes conheci- repressão. Os camponeses foram vencidos e o protestantismo se
mento de religião ou compreendiam os textos que recitavam. expandiu apenas para os países escandinavos (Suécia, Noruega e
Com as rendas que auferiam, papas e bispos levavam uma Dinamarca), sendo instrumento de rebelião dos burgueses e co-
vida de magnificência, enquanto os padres mais humildes, caren- merciantes contra os senhores de terra, que eram nobres católicos.
tes de recursos, muitas vezes sustentavam suas paróquias com a
instalação de tavernas, casas de jogo ou outros estabelecimentos O Calvinismo na França
lucrativos. Outros absurdos como a venda de objetos tidos como
relíquias sagradas – por exemplo, lascas de madeira como sendo Na França, o teólogo João Calvino posicionou-se com as
da cruz de Jesus Cristo – eram efetuados em profusão. Diante des- obras protestantes e as idéias evangelistas, partindo da necessidade
sa situação alienante, pequenos grupos compostos por membros do de dar à Reforma um corpo doutrinário lógico, eliminando todas
clero e mesmo por leigos estudavam novas vias espirituais, prepa- as primeiras afirmações fundamentais de Lutero: a incapacidade
rando discretamente uma verdadeira reforma religiosa. do homem, a graça da salvação e o valor absoluto da fé. Calvino
julgava Deus todo poderoso, estando a razão humana corrompida,
O Luteranismo na Alemanha incapaz de atingir a verdade. Segundo ele, o arrependimento não
levaria o homem à salvação, pois este tinha natureza irremediavel-
Na Alemanha, o frade agostiniano Martinho Lutero desen- mente pecadora. Formulou então a Teoria da Predestinação: Deus
volveu suas reflexões, criando a doutrina da justificação pela fé concedia a salvação a poucos eleitos, escolhidos por toda a eter-
como único ponto de partida para aprofundar os ensinamentos que nidade. Nenhum homem poderia dizer com certeza se pertencia a
recebera. Segundo ele, “Deus não nos julga pelos pecados e pelas este grupo, mas alguns fatores, entre os quais a obediência virtuo-
obras, mas pela nossa fé”. Enquanto a concessão de indulgências sa, dar-lhe-iam esperança.
Didatismo e Conhecimento 14
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Os protestantes franceses seguidores da doutrina calvinista ção dos mercados nacionais e do desenvolvimento do comércio no
eram chamados huguenotes, e se propagaram rapidamente pelo continente europeu, a partir do século XI. Incrementando a econo-
país. O calvinismo atingiu a Europa Central e Oriental. Calvino mia monetária e o comércio com o Oriente, dominado até fins do
considerou o cristão livre de todas as proibições inexistentes em século XV por genovezes e venezianos, a Revolução Comercial
sua Escritura, o que tornava lícitas as práticas do capitalismo, foi o fator determinante da destruição do feudalismo.
determinando uma certa liberdade em relação à usura, enquanto
Lutero, muito hostil ao capitalismo, considerava-o obra do demô- O Início da Revolução Comercial
nio. Segundo Calvino, “Deus dispôs todas as coisas de modo a
determinarem a sua própria vontade, chamando cada pessoa para A Partir das primeiras décadas do século XV, em função de
sua vocação particular”. Calvino morreu em Genebra, em 1564. que o crescimento da economia européia seria eliminado, desde
Porém, mesmo após sua morte, as igrejas reformadas mantiveram- que não se encontrasse novos produtores alimentícios e mercados
se em contínua expansão. consumidores de produtos artesanais, vários povos lançaram-se
aos mares, em busca de novas terras, que representassem novos
O Anglicanismo na Inglaterra mercados produtores e consumidores. Primeiramente foram os
portugueses, seguidos mais tarde pelos espanhóis, ingleses, fran-
Na Inglaterra, o principal fato que desencadeou a Reforma re- ceses e holandeses.
ligiosa foi a negação do papa Clemente VII a consentir a anulação
do casamento do rei Henrique VIII com Catarina de Aragão, impe- O que ocasionou a Revolução Comercial
dindo a consolidação da monarquia Tudor. Manipulando o clero,
Henrique VIII atingiu seu objetivo: tornou-se chefe supremo da Até o início do século XV, as cidades-estado do norte da Pe-
Igreja inglesa, anulou seu casamento e casou-se com Ana Bolena. nínsula Itálica (de maneira especial Veneza e Gênova) tinham mo-
A reação do papa foi imediata: excomungou o soberano e, em con- nopolizado toda a relação comercial entre o ocidente europeu e
sequência, o Parlamento rompeu com Roma, dando ao rei o direito o oriente (Império Bizantino) através das cidades de Alexandria
de governar a Igreja, de lutar contra as heresias e de excomungar. e Constantinopla (ex-Bizâncio, atualmente Istambul). O abasteci-
Consolidada a ruptura, Henrique VIII, através de seus conselhei- mento de produtos orientais (especiarias, tecidos finos, tapeçarias)
para a Europa ocidental era totalmente controlado por estas cida-
ros, organizou a Igreja na Inglaterra.
des italianas, que auferiam grandes lucros por estes meios.
Entretanto, a reforma de Henrique VIII constituiu mais uma
O Mediterrâneo, através do qual se estabeleciam as ligações
alteração política do que doutrinária. As reais alterações teológi-
Alexandria/norte da Itália e Constantinopla, norte da Itália, era o
cas surgiram no reinado de seu filho, Eduardo VI, que introduziu
grande eixo comercial europeu.
algumas modificações fortemente influenciadas pelo calvinismo.
Com o início da expansão marítima de outras nações, esta si-
Foi no reinado de Elizabeth I, porém, que consolidou-se a Igreja tuação se modificou: o eixo comercial deslocou-se do Mediterrâ-
Anglicana. A supremacia do Estado sobre a Igreja foi afirmada e neo para o Atlântico; o monopólio italiano deixou de existir, com
Elizabeth I tornou-se chefe da Igreja Anglicana independente. A Portugal e Espanha deslanchando na corrida por novas terras. Áfri-
Reforma na Inglaterra representou uma necessidade de fortaleci- ca, Ásia e América foram integradas no sistema comercial da Eu-
mento do Estado, na medida em que o rei transformou a religião ropa, fazendo parte de vastos impérios coloniais, enquanto o ouro,
numa via de dominação sobre seus súditos. o marfim, as especiarias, os escravos, o açúcar, o tabaco propor-
cionavam enormes lucros aos mercadores europeus. As doutrinas
A Contra-Reforma do Mercantilismo (vide Introdução, Segunda Parte), corno política
econômica das monarquias nacionais, ganharam corpo e se crista-
A reação oficial da Igreja contra a expansão do protestantismo lizaram, ao mesmo tempo em que se formavam as grandes com-
ficou conhecida como Contra-Reforma. Em 1542, o papa Paulo panhias comerciais monopolistas (como as várias Companhias das
III introduziu a Inquisição Romana, confiando aos dominicanos a índias, por exemplo).
função de impô-las aos Estados italianos. A nova instituição per- A este conjunto de fatos, que tiveram lugar no decorrer dos
seguiu todos aqueles que, através do humanismo ou das teologias séculos XV e XVI, principalmente, chamamos Revolução Comer-
luterana e calvinista, contrariavam o ortodoxia católica ou come- cial. A ele pertence o fenômeno da expansão ultramarina portugue-
tiam heresias. A Inquisição também foi aplicada em outros países, sa, que estudaremos a seguir, com maiores detalhes.
como Portugal e Espanha. Em 1545, a Igreja Católica tomou outra
medida: uma comissão de reforma convocou o Concílio de Trento, A Expansão Comercial e Marítima Europeia
desenvolvido em três fases principais, entre 1545 e 1563, fixou de-
finitivamente o conteúdo da fé católica, praticamente reafirmando Passada a crise de retração do século XIV, com secas, fome,
suas antigas doutrinas. Confirmou-se também o celibato clerical e pestes, guerras, a economia europeia retornou ao crescimento ini-
sua hierarquia. Em 1559 criou-se ainda o Índice de Livros Proibi- ciado com as cruzadas. Mas, em meados do século XV, começaram
dos, composto de uma lista de livros cuja leitura era proibida aos a surgir obstáculos ao processo, gerando uma crise de crescimento.
cristãos, por comprometer a fé e os costumes católicos. A primeira razão era a inadequação entre dois sistemas antagô-
nicos, o feudal (zona rural), e o capitalista (cidades). A Segunda
Revolução Comercial razão da crise de crescimento se relacionava ao mercado interna-
cional, alimentado principalmente pelos produtos orientais. Que
A Revolução Comercial foi o conjunto de transformações devido ao grande número de intermediários encarecia os preços,
ocorridas nas relações de troca entre a Europa e o resto do mundo enquanto os senhores feudais, os principais consumidores, tinham
no período que vai do século XV ao XVII. Decorreu da forma- suas rendas drenadas pela crise do feudalismo.
Didatismo e Conhecimento 15
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A terceira razão da crise: a falta de moedas, escoadas para o colônias, eis o elemento essencial de tal política econômica. A co-
Oriente em pagamento das especiarias, criando dificuldades para lônia existe em função das necessidades metropolitanas e cumpre
o desenvolvimento do comércio e forçando a busca de metais pre- seu papel na medida em que contribui para a manutenção da balan-
ciosos. Havia, portanto, uma espécie de camisa-de-força contendo ça comercial favorável, transferindo lucros pra a burguesia mer-
a expansão econômica. Assim, a expansão comercial e marítima, cantil e para o Estado. Sua exploração é regida pelo monopólio; ela
abriria novos mercados ou novas rotas para os mercados tradicio- é um centro exclusivo de exploração metropolitana. Sua economia
nais. Assim a expansão comercial e marítima dos tempos moder- deve ser complementar e jamais concorrer com a mãe-pátria.
nos foi , acima de tudo, resultado direto da crise de crescimento da
economia européia, baseada no antagonismo entre feudalismo em Absolutismo Monárquico
transformação e capitalismo em formação.
Regime político surgido na Europa no final da idade média.
O Mercantilismo Estendeu-se até a Idade moderna. O que caracterizava o absolutis-
mo monárquico era o totalitarismo monárquico, ou seja, o poder
Entende-se por mercantilismo o conjunto de idéias e práticas sem limite, absoluto. Na atmosfera cultural e política da idade mo-
econômicas dominantes na Europa entre os séculos XV e XVIII, derna, as palavras do rei era a palavra final, sem contestação.
fase correspondente à transição do feudalismo ao capitalismo. Tra- Um exemplo disso é a famosa frase “O Estado Sou Eu” ,
ta-se da política econômica do capitalismo comercial. A política proferida por Luíz XIV, conhecido como o “Rei Sol”, que gover-
mercantilista, Propugnava que o governo devia exercer um con- nou a França entre 1661 e 1715. Essa visão do poder certamente
trole férreo sobre a indústria e o comércio para aumentar o poder era compartilhada por outros monarcas absolutistas da Europa.
da nação, ao conseguir que as exportações superem em valor as A centralização política trouxe como conseqüência o absolutismo
importações. O mercantilismo era um conjunto de sólidas crenças, monárquico, passando o rei a ser identificado com o Estado e a
entre as quais cabe destacar: a idéia de que era preferível exportar constituir um dos elementos da unidade nacional, enquanto a po-
para terceiros a importar bens ou comercializar dentro do próprio pulação assume a condição de fiéis súditos de um mesmo monarca.
país; a convicção de que a riqueza de uma nação depende sobretu-
do da acumulação de ouro e prata; e a justificação da intervenção As características gerais dos Estados Modernos eram:
pública na economia voltada à obtenção dos objetivos anteriores. - Formação de um exército permanente;
A Prática Econômica do Mercantilismo - Imposição da justiça real;
- Centralização e unificação administrativa;
O modelo inicial, eles procuravam equilibrar a oferta e a pro- - Unificação do sistema de pesos e medidas;
cura, evitavam a concorrência intervindo na produção, estabele- - Arrecadação de impostos reais;
ciam preços máximos para os produtos agrícolas e mínimos para - Formação de uma burocracia.
os produtos industriais. Disso resultava um colonialismo urbano
sobre a zona rural. Para dar força ao Estado e enriquecer a burgue- Dentro do processo de centralização política, encontramos as
sia, tornava-se indispensável promover a expansão econômica que teorias que vão justificar a necessidade de concentração de plenos
desse mais lucros e ampliasse a capacidade da população de pagar poderes por parte do rei. Quando se coloca em prática uma política
impostos. A acumulação de moedas dentro do país, o metalismo, seguida de um fundamento, torna-se mais fácil o convencimento e
era sinal concreto de que os objetivos tinham sido atingidos.A ma- a estabilidade do sistema.
nutenção de uma balança comercial favorável foi o recurso en-
contrado para manter o saldo monetário: exportar mais e importar Alguns filósofos legitimaram essa visão em suas obras:
menos, garantindo o fluxo de moedas para dentro.
Evidentemente para o perfeito funcionamento da balança co- Nicolau Maquiavel (1469-1527) Foi o primeiro grande teó-
mercial, o Estado teria de adotar medidas intervencionistas, de- rico do absolutismo. Escreveu, entre outras coisas, “O Príncipe”,
senvolvendo o monopólio (direito exclusivo da comarca sobre a em que justificou ser o absolutismo necessário para a manutenção
economia). Partindo da ideia de que a acumulação maior de rique- do Estado forte.
zas se fazia nas operações mercantis, todas as demais atividades
ficaram condicionadas às necessidades do comércio exterior. Proi- Jean Bodin (1530-1596) Para quem o rei detinha a soberania
biu-se a importação de produtos que tivessem similares nacionais. (isso é, o poder de criar e revogar as leis) e no exercício dessa
Proibiu-se a exportação de matéria-prima que servisse às indús- soberania, tinha o poder supremo sobre os súditos, sem nenhuma
trias de países concorrentes. Rebaixou-se os preços da matéria-pri- limitação;
ma, alimentos e mão-de-obra, para aumentar a competição interna-
cional, barateando os custos internos. Praticou-se a importação de Thomas Hobbes (1588-1679) Desenvolveu a teoria de que
artesãos para aperfeiçoar o nível da produção nacional. os seres humanos, em troca de segurança, haviam conferido toda a
autoridade a um soberano.
O Sistema Colonial
Jacques Bossuet (1627-1704) Defendeu a teoria da origem
O sistema colonial enquadra-se no capitalismo comercial e na divina do poder real. O poder do rei era absoluto porque provinha
prática mercantilista e se constituiu para beneficiar sua metrópole, de Deus.
ser fornecedor de matérias primas, gêneros alimentícios ou metais
preciosos para o mercado europeu. Conquista e exploração das
Didatismo e Conhecimento 16
CIÊNCIAS SOCIAIS
Sociedade Estamental Cromwell, ocorrida em 1658, o governo voltou às mãos dos Stuart.
Com isso, a Inglaterra teve mais dois soberanos de tendências ab-
Quando o rei concentrou o poder em suas mãos, manteve como solutistas: Carlos II, que reinou de 1660 a 1685 e Jaime II, de 1685
compensação muitos dos privilégios da nobreza e do clero, além a 1688. Além de Ter tendências absolutistas, Jaime II era católico
da separação rígida entre diversos grupos sociais. Dessa forma, a declarado. E seria substituído no trono pelo filho que tivera com
sociedade permaneceu estamental. Estamentos são grupos sociais sua segunda esposa, também católica. Com a primeira esposa, que
definidos por relações de privilégios e de honra. A nobreza era um era protestante, Jaime II só tivera duas filhas. O Parlamento, te-
estamento baseado em privilégios adquiridos por nascimento. Quem mendo a volta ao catolicismo e ao absolutismo, uniu-se e resolveu
nascia nobre nunca perdia essa condição. Da mesma forma, o cam- “convidar” o príncipe holandês Guilherme d’Orange, casado com
ponês sempre seria camponês, e jamais poderia ser um nobre. Não Maria Stuart, filha mais velha de Jaime II, a invadir a Inglaterra e
havia, portanto, mobilidade social na sociedade estamental. depor o rei, “a fim de restabelecer a liberdade e proteger a religião
Na época da sociedade moderna, os estamentos eram chama- protestante “. Em novembro de 1668, Guilherme desembarcou
dos de Estados. O primeiro Estado era formado pelo clero; o se- na Inglaterra com um exército de 14.000 homens, marchou sobre
gundo Estado, pela nobreza, e o terceiro Estado era composto pela Londres e ocupou-a sem disparar um só tiro. Jaime II fugiu para
maioria da população: camponeses, artesãos, comerciantes, traba- a frança, e guilherme foi coroado rei com nome de Guilherme II.
lhadores assalariados. O terceiro Estado era desprovido de privilé- Essa revolução, ocorrida sem derramamento de sangue, denomi-
gios e não tinham poder de decisão na vida pública. Por mais que os nou-se Revolução Gloriosa. O novo rei, ao ser coroado, teve de
monarcas procurassem se aliar à burguesia e que a ideologia do ab- jurar a Declaração de Direitos, que assegurava ao Parlamento o
solutismo os colocasse acima das classes sociais, eles estavam dire- direito de aprovar ou rejeitar impostos, garantia a liberdade indivi-
tamente ligados à nobreza de origem feudal. A essa estrutura feudal dual e a propriedade privada. A Declaração de Direitos estabelecia
absolutista, na qual se entrelaçam antigas relações feudais e novas também o princípio da divisão de poderes. Com a revolução glo-
relações capitalistas de produção, dá-se o nome de Antigo Regime. riosa, a burguesia, tendo o poder nas mãos, passou a promover o
desenvolvimento econômico da Inglaterra.
O Absolutismo Inglês
Iluminismo
O Absolutismo na Inglaterra teve início após a Guerra das
Duas Rosas. Essa guerra foi uma luta entre duas famílias nobres – O Iluminismo e o “Despotismo Esclarecido”
os Lancaster e os York -, apoiadas por grupos rivais da nobreza. A
guerra terminou com a ascensão de Henrique Tudor, apoiado pela Os escritores franceses do século XVIII provocaram uma
burguesia. O novo monarca subiu ao trono com o nome de Henri- revolução intelectual na história do pensamento moderno. Suas
que VII e fundou a dinastia Tudor. idéias caracterizavam-se pela importância dada à razão: rejeita-
Seu reinado foi de 1485 a 1509. Henrique VIII, segundo rei vam as tradições e procuravam uma explicação racional para tudo.
da dinastia, governou até 1547 e conseguiu impor sua autoridade Filósofos e economistas procuravam novos meios para dar felici-
aos nobres, com o auxílio da burguesia. Fundador do anglicanis- dade aos homens. Atacavam a injustiça, a intolerância religiosa,
mo, seu rompimento com a Igreja católica permitiu-lhe assumir o os privilégios.
controle das propriedades eclesiásticas na Inglaterra. Suas opiniões abriram caminho para a Revolução France-
A rainha Elizabeth I, que reinou de 1558 a 1603, conseguiu sa, pois denunciaram erros e vícios do Antigo Regime. As novas
aumentar ainda mais o poder real. Completou a obra de Henrique ideias conquistaram numerosos adeptos, a quem pareciam trazer
VIII, seu pai, consolidando a Igreja anglicana e perseguindo os luz e conhecimento. Por isto, os filósofos que as divulgaram foram
adeptos de outras religiões. Foi durante seu reinado que teve início chamados iluministas; sua maneira de pensar, Iluminismo; e o mo-
a colonização inglesa na América do Norte. Elizabeth morreu sem vimento, Ilustração.
deixar herdeiros e, por isso, subiu ao trono seu primo Jaime I, que
deu início à dinastia Stuart. Durante seu reinado, que foi de 1603 A Ideologia Burguesa
a 1625, continuou a perseguição aos adeptos de outras religiões,
muitos dos quais acabaram emigrando para a América do Norte. O Iluminismo expressou a ascensão da burguesia e de sua
Carlos I, filho e sucessor de Jaime I, subiu ao trono em 1625. ideologia. Foi a culminância de um processo que começou no Re-
Seu reinado, do mesmo modo que o de seu pai, caracterizou-se nascimento, quando se usou a razão para descobrir o mundo, e que
pelo absolutismo e pelas perseguições religiosas. ganhou aspecto essencialmente crítico no século XVIII, quando os
Em 1642, os parlamentares e os burgueses iniciaram uma homens passaram a usar a razão para entenderem a si mesmos no
guerra contra o rei. Liderados por Oliver Cromwell, derrotaram contexto da sociedade. Tal espírito generalizou-se nos clubes, ca-
Carlos I. Cromwell assumiu o poder com o título de “Lorde Prote- fés e salões literários. A filosofia considerava a razão indispensável
tor “e governou de 1649 a 1658. Em 1651, Cromwell lançou o Ato ao estudo de fenômenos naturais e sociais. Até a crença devia ser
de Navegação, que ilimitava a entrada e saída de mercadorias da racionalizada: Os iluministas eram deístas, isto é, acreditavam que
Inglaterra aos navios ingleses e aos navios dos países produtores Deus está presente na natureza, portanto no próprio homem, que
ou consumidores; com isso, prejudicava o comércio intermediário pode descobri-lo através da razão.
praticado pelos holandeses. Para encontrar Deus, bastaria levar vida piedosa e virtuosa;
A partir de então, a Inglaterra passou a ser a grande potên- a Igreja tornava-se dispensável. Os iluministas criticavam-na por
cia marítima mundial, posição que manteve até o fim da Primei- sua intolerância, ambição política e inutilidade das ordens monás-
ra Guerra Mundial, já no século XX. Dois anos após a morte de ticas. Os iluministas diziam que leis naturais regulam as relações
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CIÊNCIAS SOCIAIS
entre os homens, tal como regulam os fenômenos da natureza. Os novos déspotas
Consideravam os homens todos bons e iguais; e que as desigual-
dades seriam provocadas pelos próprios homens, isto é, pela so- Muitos príncipes puseram em prática as novas idéias. Sem
ciedade. Para corrigi-las, achavam necessário mudar a sociedade, abandonar o poder absoluto, procuraram governar conforme a ra-
dando a todos liberdade de expressão e culto, e proteção contra a zão e os interesses do povo. Esta aliança de princípios filosóficos
escravidão, a injustiça, a opressão e as guerras. e poder monárquico deu origem ao regime de governo típico do
O princípio organizador da sociedade deveria ser a busca da século XVIII, o despotismo esclarecido. Seus representantes mais
felicidade; ao governo caberia garantir direitos naturais: a liberda- destacados foram Frederico II da Prússia; Catarina II da Rússia;
de individual e a livre posse de bens; tolerância para a expressão José II da Áustria; Pombal, ministro português; e Aranda, ministro
de idéias; igualdade perante a lei; justiça com base na punição dos da Espanha.
delitos; conforme defendia o jurista milanês Beccaria. A forma po- Frederico II (1740-1786), discípulo de Voltaire e indiferente
lítica ideal variava: seria a monarquia inglesa, segundo Montes- à religião, deu liberdade de culto ao povo prussiano. Tornou obri-
quieu e Voltaire; ou uma república fundada sobre a moralidade e a gatório o ensino básico e atraiu os jesuítas, por suas qualidades de
virtude cívica, segundo Rousseau. educadores, embora quase todos os países estivessem expulsando
-os, por suas ligações com o papado. A tortura foi abolida e orga-
Principais Filósofos Iluministas nizado novo código de justiça. O rei exigia obediência mas dava
total liberdade de expressão. Estimulou a economia, adotando
Podemos dividir os pensadores iluministas em dois grupos: os medidas protecionistas, apesar de contrárias às idéias iluministas.
filósofos, que se preocupavam com problemas políticos; e os eco- Preservou a ordem: a Prússia permaneceu um Estado feudal, com
nomistas, que procuravam uma maneira de aumentar a riqueza das servos sujeitos à classe dominante, dos proprietários.
nações. Os principais filósofos franceses foram Montesquieu, Vol- O Estado que mais fez propaganda e menos praticou as no-
taire, Rousseau e Diderot. Montesquieu publicou em 1721 as Cartas vas idéias foi a Rússia. Catarina II (1762-1796) atraiu filósofos,
Persas, em que ridicularizava costumes e instituições. Em 1748, pu- manteve correspondência com eles, muito prometeu e pouco fez.
blicou O Espírito das Leis, estudo sobre formas de governo em que A czarina deu liberdade religiosa ao povo e educou as altas classes
destacava a monarquia inglesa e recomendava, como única maneira sociais, que se afrancesaram. A situação dos servos se agravou. Os
de garantir a liberdade, a independência dos três poderes: Executivo;
proprietários chegaram a ter direito de condená-los à morte.
Legislativo, Judiciário. Voltaire foi o mais importante. Exilado na
José II (1780-1790) foi o déspota esclarecido típico. Aboliu a
Inglaterra, publicou Cartas Inglesas, com ataques ao absolutismo e
servidão na Áustria, deu igualdade a todos perante a lei e os im-
à intolerância e elogios à liberdade existente naquele país. Fixando-
postos, uniformizou a administração do Império, deu liberdade de
se em Ferney, França, exerceu grande influência por mais de vinte
culto e direito de emprego aos não-católicos.
anos, até morrer. Discípulos se espalharam pela Europa e divulga-
O Marquês de Pombal, ministro de Dom José I de Portugal,
ram suas idéias, especialmente o anticlericalismo.
Rousseau teve origem modesta e vida aventureira. Nascido fez importantes reformas. A indústria cresceu, o comércio passou
em Genebra, era contrário ao luxo e à vida mundana. Em Dis- ao controle de companhias que detinham o monopólio nas colô-
curso Sobre a Origem da Desigualdade Entre os Homens (1755), nias, a agricultura foi estimulada; nobreza e clero foram persegui-
defendeu a tese da bondade natural dos homens, pervertidos pela dos para fortalecer o poder real.
civilização. Consagrou toda a sua obra à tese da reforma necessária Aranda também fez reformas na Espanha: liberou o comércio,
da sociedade corrompida. estimulou a indústria de luxo e de tecidos, dinamizou a adminis-
Propunha uma vida familiar simples; no plano político, uma tração com a criação dos intendentes, que fortaleceram o poder do
sociedade baseada na justiça, igualdade e soberania do povo, como Rei Carlos III.
mostra em seu texto mais famoso, O Contrato Social. Sua teoria Revolução Francesa
da vontade geral, referida ao povo, foi fundamental na Revolução
Francesa e inspirou Robespierre e outros líderes. Diderot organi- Como a Revolução Francesa não teve apenas por objetivo mu-
zou a Enciclopédia, publicada entre 1751 e 1772, com ajuda do dar um governo antigo, mas abolir a forma antiga da sociedade,
matemático d’ Alembert e da maioria dos pensadores e escritores. ela teve de ver-se a braços a um só tempo com todos os poderes
Proibida pelo governo por divulgar as novas idéias, a obra passou estabelecidos, arruinar todas as influências reconhecidas, apagar as
a circular clandestinamente. Os economistas pregaram essencial- tradições, renovar costumes e os usos e, de alguma maneira, esva-
mente a liberdade econômica e se opunham a toda e qualquer regu- ziar o espírito humano de todas as ideias sobre as quais se tinham
lamentação. A natureza deveria dirigir a economia; o Estado só in- fundado até então o respeito e a obediência. As instituições feudais
terviria para garantir o livre curso da natureza. Eram os fisiocratas, do Antigo Regime iam sendo superadas à medida que a burguesia,
ou partidários da fisiocracia (governo da natureza). Quesnay afir- a partir do século XVIII, consolidava cada vez mais seu poder eco-
mava que a atividade verdadeiramente produtiva era a agricultura. nômico. A sociedade francesa exigia que o país se modernizasse,
Gournay propunha total liberdade para as atividades comer- mas o entrave do absolutismo apagava essa expectativa.
ciais e industriais, consagrando a frase: “Laissez faire, laissez pas- O descontentamento era geral, todos achavam que essa situa-
sar”.(Deixe fazer, deixe passar.). O escocês Adam Smith, seu dis- ção não podia continuar. Entretanto, um movimento iniciado há
cípulo, escreveu A Riqueza das Nações (1765), em que defendeu: alguns anos, por um grupo de intelectuais franceses, parecia ter
nem a agricultura, como queriam os fisiocratas; nem o comércio, a resposta. Esse movimento criticava e questionava o regime ab-
como defendiam os mercantilistas; o trabalho era a fonte da rique- solutista. Eram os iluministas, que achavam que a única maneira
za. O trabalho livre, sem intervenções, guiado espontaneamente possível de a França se adiantar em relação à Inglaterra era passar
pela natureza. o poder político para as mãos da nova classe, isto é, a burguesia
Didatismo e Conhecimento 18
CIÊNCIAS SOCIAIS
(comerciantes, industriais, banqueiros). Era preciso destituir a no- servos. À medida que a crise aumentava, essa nobreza que viviam
breza que, representada pelo Rei , se mantinha no poder. A mo- no campo aumentava a pressão sobre seus servo, favorecendo o
narquia absoluta que, antes, tantos benefícios havia trazido para o clima de insatisfação.
desenvolvimento do comércio e da burguesia francesa, agora era - Terceiro Estado - era constituído de todos aqueles que não
um empecilho. As leis mercantilistas impediam que se vendessem pertenciam nem ao Primeiro nem ao Segundo Estado. Afinal, o
mercadorias livremente. Os grêmios de ofício impediam que se que era o Terceiro Estado? Era o setor da sociedade francesa com-
desenvolvessem processos mais rápidos de fabricação de merca- posto pela maioria esmagadora da população, sobre cujos ombros
dorias. Enfim, a monarquia absoluta era um obstáculo, impedindo recaia todo o peso de sustentação do reino francês. Esse setor era
a modernização da França. Esse obstáculo precisava ser removido. composto, na sua maioria, pelos camponeses que, com um árduo
E o foi pela revolução. trabalho, forneciam os alimentos para toda a França, além de terem
A Revolução Francesa significou o fim da monarquia absoluta de pagar pesadíssimos impostos.
na França. O fim do antigo regime significou, principalmente, a su-
bida da burguesia ao poder político e também a preparação para a Finalmente, os membros mais destacados do Terceiro Esta-
consolidação do capitalismo. Mas a Revolução Francesa não ficou do, quanto a liderança: a burguesia. Esta se dividia em pequenos
restrita à França. suas idéias espalharam-se pela Europa, atraves- burgueses (pequenos comerciantes, artesãos), uma camada média
saram o oceano e vieram para a América latina, contribuindo para (composta de lojistas, profissionais liberais) e a alta burguesia
a elaboração de nossa independência política. Por esse seu cará- (grandes banqueiros, comércio exterior). O Terceiro Estado será
ter enumênico é que se convencionou ser a Revolução Francesa o aquele que, pelo peso das responsabilidades, se levantará contra
marco da passagem para a Idade Contemporânea. a opressão do Estado Absolutista. Os camponeses terão papel im-
portante, os pobres das cidades também, mas a liderança e os fru-
A situação da França antes da revolução tos dessa revolução caberão a uma fração do Terceiro Estado: a
burguesia.
A economia: A situação econômica da França era crítica. A A política na França pré-revolucionária mostrava os sinais da
maioria da renda vinha da agricultura, onde as técnicas eram atra- decadência acumulada dos outros Reis absolutos, principalmente
sadas em relação ao consumo do país. Dos 26 milhões de habitan-
um déficit crônico no reinado Luís XVI, que subiu ao trono em
tes, 20 milhões viviam no campo em condições de vida extrema-
1774. As críticas ao regime aumentavam dia-a-dia. Os intelectuais,
mente precárias. Uma parte dos camponeses estava ainda sob o
baseando-se nas teoria dos iluministas, não poupavam seus escri-
regime de servidão. Um comerciante, para transportar suas mer-
tos para criticar desesperadamente o regime.
cadorias de um lado para outro do país, teria que passar pelas bar-
reiras alfandegárias das propriedades feudais, pagando altíssimos
Os Antecedentes da Revolução
impostos, o que impedia os comerciantes de venderem livremente
suas mercadorias.
O Rei, diante dessa situação, tenta alguns expediantes para
Para piorar a situação, parece que ate a natureza ajudou a re-
volução: entre os anos de 1784 a 1785 houve inundações e se- resolver a questão. Convidou um iluminista de nome Neckerque
cas alienadamente, fazendo com que os preços dos produtos ora começou a trabalhar imediatamente, pois queria ver sanado o mal
subissem, não dando condições para que os pobres comprassem, do país. Necker, um homem de confiança do Rei, que pensa numa
ora descessem, levando alguns pequenos proprietários à falência. solução para a crise, era preciso que todos pagassem impostos na
A situação da industria francesa não era melhor, pois parte dela França. Necker faz seu primeiro ato: manda publicar as contas do
ainda estava sob o sistema rural e domestico, e as corporações Estado, onde fica claro o enorme Déficit de 126 milhões de libras
(grêmios) impediam o desenvolvimento de novas técnicas. Como Em seguida, com a anuência do Rei e da nobreza, convoca os Es-
se não bastasse, o governo francês assinou o seguinte tratado com tados Gerais, única solução encontrada para discutir uma saída.
o governo inglês: os franceses venderiam vinhos para os ingleses, Os Estados Gerais, uma assembléia de todos os Estados que
e estes venderiam panos para os franceses, sem pagar impostos, o desde 1614 não eram convocados, deveriam discutir mais ou me-
que levou as manufaturas francesas a não suportarem a concorrên- nos abertamente uma solução para a crise financeira e achar uma
cia dos tecidos ingleses, entrando numa grave crise. saída para que todos pagassem impostos iguais. Todavia, o Ter-
ceiro Estado não pensava só nisso, mas também em aproveitar a
A sociedade: A sociedade francesa, na época, estava dividida oportunidade e fazer exigências de caráter político.
em três partes, conhecidas como Estados: A notícia da convocação dos Estados Gerais caiu como uma
- Primeiro Estado - era o clero francês e estava dividido em bomba sobre a França. Da noite para o dia todo o país foi invadido
alto e baixo. O alto clero era composto por elementos vindos das por milhares de jornais, panfletos e cartazes. Os bares e os cafés
ricas famílias da nobreza, possuindo toda a sorte de privilégios, tornaram-se centro de agitação, como o famoso Café Procope. A
inclusive o de não pagar impostos. O baixo clero era o pobre, es- nobreza e o Rei viam isso tudo apavorados:
tando ligado ao povo em geral e não à nobreza, como o primeiro. “Já se propõe a supressão dos direitos feudais... Vossa Majes-
- Segundo Estado - era a nobreza em geral. Os privilégios tade estaria acaso determinado a sacrificar e humilhar sua brava e
eram incontáveis, sendo que o mais importante era a isenção de antiga ... nobreza ?”; Este era um desesperado apelo da nobreza ao
impostos. Ha que se salientar aqui que a nobreza também estava Rei. Como reagia o Terceiro Estado? Organizava-se ainda mais e
dividida: a nobreza cortesã, que vivia no palácio, e outros setores queria as transformações imediatamente. Os Estados Gerais come-
da nobreza, que viviam na corte, recebendo pensões do Rei, one- çaram sua reunião de abertura no dia 5 de maio de 1789, sendo que
rando os seus castelos, no campo, as custas do trabalho de seus dai em diante foi impossível deter a revolução.
Didatismo e Conhecimento 19
CIÊNCIAS SOCIAIS
A Revolução Estourou Neste poder legislativo era escolhido através do voto censitá-
rio e isso equivalia dizer que o poder continuava nas mãos de uma
O Rei abre a sessão dos Estados Gerais fazendo um discurso minoria, de uma parte privilegiada da burguesia. Resumindo, o que
de advertência contra as pretensões políticas: “Estamos aqui para temos é uma Monarquia Parlamentar dominada pela alta burguesia
tratar de problemas financeiros e não para tratar de política”. O e pela aristocracia liberal, liderada, por exemplo, pelo famoso La
Terceiro Estado reagiu prontamente, exigindo a qualquer custo que Fayette, é o total afastamento do povo francês. Os setores populares
as reuniões fossem conjuntas e não separadamente por Estados. estavam descontentes, porque continuavam ainda sob o despotismo,
Diante da negação, o Terceiro Estado proclama-se em Assembleia não o da monarquia absoluta mas o despotismo dos homens do di-
Geral Nacional. O Rei, desesperado diante do atrevimento dos re- nheiro, setores tradicionais da nobreza e do clero conspiravam, com
presentantes populares, manda fechar a saia de reuniões. Mas o a anuência do Rei, para tentar restaurar o antigo regime.
Terceiro Estado não se da por vencido e seus deputados se dirigem
para um salão que a nobreza utilizava para jogos. Lá mesmo fi- Os grupos políticos organizavam-se para definir suas posições:
zeram uma reunião, onde ficou estabelecido que permaneceriam
reunidos até que a França tivesse uma Constituição. Esse ato ficou No recinto da Assembléia, sentava-se à esquerda o partido
conhecido com o nome de O Juramento do Jogo de Pela. liderado por Robespierre, que se aproximava do povo: eram os
No dia 9 de julho de 1789, reúne-se uma Assembléia Nacional Jacobinos ou Montanheses (assim chamados por se sentarem nas
Constituinte, incumbida de elaborar uma Constituição para a Fran- partes mais altas da Assembléia); ao lado, um pequeno grupo liga-
ça. Isso significava que o Rei deixaria de ser o senhor absoluto do do aos Jacobinos, chamados Cordeliers, onde apareceram nomes
reino. A burguesia francesa, por sua vez, apelou para o povo. No como Marat, Danton, Hebert e outros; no centro, sentavam-se os
dia 14 de julho de 1789, toda a população parisiense avança, num constitucionalistas, defensores da alta burguesia e a nobreza libe-
movimento nunca visto, para a Bastilha, a prisão política da época, ral, grupo que mais tarde ficará conhecido pelo nome de planície; à
onde o responsável pela prisão foi preso e enforcado. direita, ficava um grupo que mais tarde ficará conhecido como Gi-
O momento agora e dos camponeses, que percebem a fraque- rondinos, defensores dos interesses da burguesia francesa e que te-
za da nobreza e invadem os castelos, executando famílias inteiras miam a radicalização da revolução; na extrema direita, encontram-
de nobres numa espécie de vingança, de uma raiva acumulada du- se alguns remanecentes da aristocracia que ainda não emigrara,
rante séculos. Avançam sobre a propriedade feudal e exigem refor- conhecidos pelo nome de negros ou aristocratas, que pretendiam a
mas. A burguesia, na Assembléia, temerosa de que as exigências restauração do poder absoluto.
chegassem também às suas propriedades, propõe que se extingam Quanto a situação externa, o clima era de total apreensão. As
os direitos feudais como única saída para conter o furor revolucio- monarquias absolutas vizinhas olhavam para o que estava aconte-
nário dos camponeses. A 4 de agosto de 1789, extingue-se aquilo cendo na França com grande temor. Tanto é verdade, que alguns
que por muitos séculos significou a opressão sobre os camponeses. elementos emigrados da nobreza francesa pretendiam que países
A burguesia, preocupada em estabelecer as bases teóricas de sua como a Áustria e a Prússia iniciassem imediatamente uma guerra
revolução, fez aprovar, no dia 26 de agosto do mesmo ano, um contra a França. A Assembléia Legislativa, sabedor dessa situação,
documento que se tornou mundialmente famoso: A Declaração dos raciocinava da seguinte forma: ou expandimos o ideal revolucio-
Direitos do Homem e do Cidadão. nário para esses países ou, então, a França Revolucionaria ver-se-á
isolada e condenada ao fracasso. Daí a Assembléia também pensar
O Processo Revolucionário na guerra.
Um dos atos mais importantes da Assembléia foi o confisco A Assembleia Legislativa francesa exigiu da Áustria e da
dos bens do clero francês, que seriam usados como uma espécie Prússia um compromisso de não invasão e, como não foi atendi-
de lastro para os bônus emitidos para superar a crise financeira. da pelas monarquias absolutas, declarou guerra a 20 de abril de
Parte do clero reage e começa a se organizar Como resposta, a 1792. Luís XVI exultava, pois esperava que os exércitos franceses
Assembleia decreta a Constituição Civil do Clero isto é, o clero fossem derrotados para que ele pudesse voltar ao poder como Rei
passa a ser funcionário do Estado, e qualquer gesto de rebeldia absoluto; dessa forma, o Rei e a Rainha, a famosa Maria Antonieta,
levara a prisão. A situação estava muito confusa. A Assembleia não entram em contato com os inimigos, passando-lhes segredos de
conseguia manter a disciplina e controlar o caos econômico. O Rei guerra. A atuação dos exércitos franceses foi um fracasso no cam-
entra em contato com os emigrados no exterior (principalmente na po de batalha. Na Assembleia, Robespierre denuncia a traição do
Prússia e na Áustria) e começam a conspirar para invadir a França, Rei e dos generais ligados a ele, que também estavam interessados
derrubar o governo revolucionário e restaurar o absolutismo. na derrota da França Revolucionaria. Num discurso aos jacobinos,
Para organizar a contra-revolução, o monarca foge da França Robespierre dizia: “Não! Eu não me fio nos generais e, fazendo
para a Prússia, mas no caminho e reconhecido por camponeses, é exceções honrosas, digo que quase todos têm saudades da velha
preso e enviado à Paris. Na capital, os setores mais moderados da ordem, dos favores de que dispõe a Corte.
Assembléia conseguiram que o Rei permanecesse em seu posto. Só confio no povo, unicamente o povo.”
A partir daí uma grande agitação tem início, pois seria votada e Nas ruas de Paris e das grandes cidades, os sans culottes (ma-
aprovada a Constituição de 1791. Esta constituição estabelecia, na neira como os pobres das cidades se identificavam) se agitavam
França, a Monarquia Parlamentar, ou seja, o Rei ficaria limitado pedindo a prisão dos responsáveis pelas derrotas da França diante
pela atuação do poder legislativo (Parlamento). dos exércitos austríacos e prussianos.
Didatismo e Conhecimento 20
CIÊNCIAS SOCIAIS
3ª fase - A Convenção Nacional A Fase do Terror - A Ditadura dos Jacobinos
A 2 de setembro, pela manha, chegou a Paris a notícia de que Agora que os jacobinos estavam no poder, era preciso contro-
Verdun estava sitiada; Verdun, a última fortaleza entre Paris e a lar os movimentos populares. O governo dos jacobinos terá como
fronteira. Imediatamente, foi lançada uma proclamação aos cida- característica principal sua posição moderada na esquerda. Os ja-
dãos: “À s armas cidadãos, às armas! O inimigo está às portas !” cobinos fazem parte de um governo popular, mas não tomam me-
Vários prisioneiros, suspeitos de ligação com o antigo regime, fo- didas que atendam aos interesses de todas as faixas da população e
ram massacrados pela população. No dia 20 de setembro de 1792, sim medidas mais ligadas à pequena burguesia francesa. No dia 13
chegou a Paris a notícia da esmagadora vitória dos exércitos fran- de julho de 1793, o ídolo popular Marat é assassinado por uma mu-
ceses sobre os exércitos prussianos e, no mesmo dia. foi oficiali- lher membro do partido girondino. A partir daí a população exige
zada a proclamação da República, a primeira da França. Agora, a radicalização da revolução. Inicia-se o terror: todos os elementos
o órgão que governará a França será a Convenção eleita por voto suspeitos de ligações com os girondinos e com a aristocracia con-
universal. tra-revolucionária são massacrados ou executados nas guilhotinas,
depois de julgamentos populares.
A situação dos “partidos” políticos ficou mais nítida com a Reformas imediatas são feitas: a principal foi a redistribuição
Convenção: da propriedade, surgindo condições para o aparecimento de três
- À direita, o grupo dos girondinos defendendo os interesses milhões de pequenas propriedades na França. As reformas atingem
da burguesia, que nesse momento estava dominando a Convenção. até mesmo o calendário oficial, que adquire características marca-
- No centro, o grupo da planície (ou pântano), defendendo os das e anticlericais e passa a basear-se nos fenômenos da natureza.
interesses da burguesia financeira, mas tendo uma atitude oportu- Por exemplo, o mês do calor (julho, na Europa) transforma-se no
nista dizia-se estar do lado de quem estava no poder. mês do Termidor; dezembro, o mês das neves (inverno), transfor-
- À esquerda e no alto, a montanha (jacobinos), defensores dos ma-se no Nevoso.
interesses da burguesia e do povo. Robespierre tenta, com alguma habilidade inicial, manter-se
no centro para governar. Aos poucos começa a atacar seus aliados
da esquerda: foram presos e executados elementos como Hebert
O que fazer com o Rei? Os girondinos queriam mantê-lo vivo,
e Jacques Roux. Com a liqüidação dos elementos de extrema es-
pois temiam que sua execução fizesse com que o povo quisesse
querda, Robespierre não pode contar com um apoio seguro dos
mais reformas, o que ia contra seus interesses. Os jacobinos que-
sans culottes. Quer, a todo custo manter-se no meio da esquerda,
riam que o Rei fosse julgado e executado como traidor da pátria. A
incorruptivelmente. Golpeia depois seus companheiros que tinham
proposta jacobina saiu vencedora e o Rei foi executado. Os jaco-
uma posição mais próxima da direita moderada; como exemplo,
binos tornavam-se cada vez mais populares e eram apoiados pelos
temos a execução de Danton.
sans culottes. Por sua vez, os exércitos franceses aproveitavam
Robespierre, durante a ditadura dos jacobinos, consegue uma
suas vitorias para propagar os ideais da revolução, e os países de série de êxitos: liqüida a contra-revolução da Vendeia e obtém vá-
governos absolutistas se sentiam cada vez mais sujeitos à propa- rias vitórias contra os inimigos externos da revolução (entre esses
ganda liberal. O novo governo revolucionário francês fez reformas inimigos, contava-se não só a Prússia e a Áustria, mas também a
de vários níveis, mas todas elas extremamente moderadas, de tal poderosa Inglaterra); acelera os processos do segundo terror, que
forma que não questionassem o poder dos girondinos. executa, na guilhotina, vários contra-revolucionários.
Entretanto, os girondinos no poder viam na guerra uma for- Mas o problema persistia. Robespierre tomava algumas me-
ma de aumentarem suas fortunas e, por isso, quanto mais altos didas que, ao povo, pareciam anti-populares, e outras, que desa-
os preços dos produtos (alimentos, roupas), melhor para eles. Na gradavam a burguesia (como, por exemplo, o fato de não haver
verdade, eram eles que os vendiam e quem os comprava era o povo liberdade de comércio). Conspirava-se. A alta burguesia financei-
que, em sua extrema pobreza, não podia comprar mercadorias ca- ra, que na sua posição oportunista dentro do partido da planície,
ras. E nessa contradição que vamos entender o porque da queda do conseguiu sobreviver ao período do terror, conspirava contra o
governo da Convenção do jacobinos. Os sans culottes, nas ruas de governo jacobino. Robespierre apela para os sans culottes, a fim
Paris, exigiam reformas, controle dos preços, mercadorias bara- de salvar seu governo. Mas onde estavam os lideres que podiam
tas, salários altos, e os girondinos exigiam exatamente o contrário. mobilizá-los? Todos executados. O governo jacobino estava só.
Nesse momento, os jacobinos (montanheses) começam a liderar as
reivindicações e conseguem que se forme a Comissão de Salvação A Reação Termidoriana: O Golpe do 9 do Termidor
Publica, tendo por obrigação controlar os preços e denunciar os
abusos feitos pelos altos comerciantes girondinos. No dia 27 de julho de 1794 (9 do Termidor, pelo novo calendá-
A agitação aumenta, os girondinos ficam cada vez mais te- rio revolucionário), ao iniciar-se mais uma reunião da Convenção,
merosos diante das manifestações dos sans culottes. Aumentando Robespierre e seus partidários foram impedidos de falar, e contra
a crise, uma região inteira da França, chamada Vendéia, instigada eles foi imediatamente decretada a prisão. Seus partidários ainda
pelo clero e pelos ingleses, levanta-se num movimento contra-re- fizeram uma desesperada tentativa de salvá-los, conclamando os
volucionário. Entre maio e junho de 1793, o povo se levanta em sans culottes para se manifestarem publicamente e pegarem em ar-
Paris, cerca o prédio da Convenção e exige a prisão dos Deputados mas contra o golpe de Estado que estava sendo dado. Mas poucos
traidores, isto é, dos girondinos. atenderam aos seus apelos. O partido da planície liderava o golpe.
Os jacobinos (montanheses) aproveitaram as manifestações A alta burguesia, que havia suportado o domínio do governo
de apoio dos sans culottes e depuseram os girondinos, instaurando jacobino, de tendência popular, queria agora se libertar e acabar de
um novo governo. uma vez por todas com ele, para estabelecer um governo dos ricos.
Didatismo e Conhecimento 21
CIÊNCIAS SOCIAIS
Aos poucos, o partido da planície vai dominando a situação, A Política Externa do Diretório
e uma das primeiras medidas foi executar Robespierre e todos os
seus adeptos, sem ao menos julgá-los. A guilhotina funcionou sem Essa política pautava-se pela tentativa de vencer os inimigos
parar: todos os elementos que poderiam exercer alguma liderança da França e, se possível, aumentar os domínios franceses na Euro-
junto ao povo eram sumariamente executados. Jovens de famílias pa, numa tentativa de anexação dos territórios conquistados, prin-
ricas organizavam-se em bandos para perseguir todos aqueles que cipalmente a leste (pedaços da atual Alemanha até o Rio Reno) e
eram considerados suspeitos de atividades revolucionarias. ao sul (a anexação de uma região chamada Lombardia, ao norte da
Que estava fazendo esse movimento anti-popular ? “Finan- Itália). O militar encarregado dessas anexações foi o jovem e habi-
cistas, banqueiros, municionadores, agiotas contidos antes pelo lidoso General Napoleão Bonaparte, que cumpriu perfeitamente a
Terror voltaram à preeminência, enquanto os nobres, os grandes missão expansionista, já delineada nessa nova fase do capitalismo.
burgueses e também os emigrados retomavam a tradição munda- Napoleão garantiu todos esses territórios ao governo do Diretório
na do Velho Regime. E Começou a formar-se, assim, a burgue- assinando um tratado com a Áustria, na cidade de Campo Fórmio,
sia nova pela fusão das antigas classes dirigentes e dos homens no qual esta reconhecia o direito da França de se apossar dessas
enriquecidos na especulação (...) e nos fornecimentos de guerra”. regiões em troca de outras concessões.
O novo governo apressa-se em tomar uma série de medidas para
salvaguardar seus interesses: restaura a escravidão nas colônias 18 de Brumário
(havia sido abolida anteriormente), acaba com a Lei do Máximo,
que regulava os preços das mercadorias,(agora, poder-se-ía vender A situação era extremamente grave. A burguesia, em geral,
as mercadorias a preços os mais altos possíveis), e proíbe que se apavorada com a instabilidade, esquecia seus ideais de liberdade,
cante nas ruas a Marselhesa, o hino da revolução. pregados alguns anos antes, e pensava num governo forte, numa
ditadura, se fosse preciso, para restaurar a lei e a ordem, para res-
4ª fase - O Diretório tabelecer as condições de se ganhar dinheiro de uma forma segura.
Todos sabiam que a única pessoa que poderia exercer um governo
Em setembro de 1795, prepara-se a nova Constituição. A Con- desse tipo deveria ser um elemento de prestigio popular e ao mes-
venção Revolucionaria desaparecia e cedia lugar a um tipo de go- mo tempo forte o suficiente para manter com mão de ferro a estabi-
verno exercido por um Diretório, composto por cinco membros
lidade exigida pela burguesia. Nesse momento, quem reunia essas
representando o poder executivo, e duas Câmaras; uma delas era
condições era o jovem general que tantas glórias já havia trazido
o Conselho dos Anciãos, e a outra, o Conselho dos Quinhentos,
para a França (e outras mais ainda estavam por ser conseguidas):
ambos representando o poder legislativo. O governo do Diretório
Napoleão Bonaparte. No dia 10 de novembro de 1799 (18 de Bru-
suprimiu o voto universal, implementado pela Convenção e resta-
mário, pelo calendário revolucionário), Napoleão retorna do Egito,
beleceu o voto censitário. Isto significa que todos os esforços fei-
e, com o apoio de dois outros políticos, dissolvem o Diretório e
tos pela maioria do povo francês foram aproveitados pelas novas
estabelecem um governo conhecido pelo nome de O Consulado.
classes ricas.
A Política Interna do Diretório O Governo de Napoleão Bonaparte (1799-1814)
Internamente, a política do Diretório era totalmente voltada Foi a partir do golpe do 18 Brumário, 9 de novembro de 1799,
às novas classes ricas. O comércio ficou totalmente liberado e sem que Napoleão Bonaparte assumiu o governo francês. sua chegada
restrições, significando que os setores pobres da população arca- ao poder significou a solução para os distúrbios de um governo an-
vam com a alta dos preços e com a inflação. A corrupção havia se terior que oscilava entre a ameaça terrorista e a ameaça monarquis-
tornado quase oficial. A alta burguesia jogava desenfreadamente ta. As reformas administrativas implementadas na período napo-
na bolsa para auferir lucros cada vez maiores. Alguns antigos mi- leônico foram um dos aspectos de maior durabilidade do governo.
litantes jacobinos, liderados por Gracus Babeuf, exprimiam suas Medidas que foram implantadas naquele momento permanecem
insatisfações no jornal A Tribuna do Povo, de propriedade do líder. até os dias de hoje na administração francesa. O remanejamento
Esse jornal clamava pela volta da Constituição de 1793 e pelo fim administrativo centralizou o governo sob a égide de Paris. No as-
dos privilégios. Pedia também que o que fora proposto na Decla- pecto político tudo levava a crer que na verdade a sociedade fran-
ração dos Direitos do Homem não continuasse só no papel, como cesa estaria diante de uma autocracia mal disfarçada.
até então. Babeuf começa a conspirar e a organizar uma grande O Código Civil fixado em 1804 foi responsável pela fixação
rebelião popular para tomar o poder e estabelecer uma sociedade dos tragos da moderna sociedade francesa e também servil de
mais justa e sem privilégios. exemplo para diversos Estados europeus que nele se inspiraram,
Mas, um dos seus agentes militares denunciou a Conjuração adotando-lhe seus princípios e reproduzindo-lhe as disposições.
dos Iguais (movimento assim conhecido). No dia l0 de maio de Como estadista Napoleão ratificou a redistribuição de terras levada
1796, imediatamente, Babeuf e seu companheiro Buonarotti foram a efeito pela Revolução permitindo inclusive que o camponês mé-
presos. Depois de um ano, Babeuf foi condenado à morte pela gui- dio continuasse a ser um lavrador independente reformou o siste-
lhotina. Esta tentativa de estabelecer um governo popular na Fran- ma tributário fundando o Banco Francês com o objetivo de exercer
ça foi violentamente reprimida pelas altas classes enriquecidas. maior controle nos negócios fiscais. As obras publicas, drenagem
dos pântanos, construção de pontes e redes de estradas e canais, fo-
ram realizadas sobretudo com objetivos militares bem como para
conquistar o apoio da burguesia.
Didatismo e Conhecimento 22
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A educação mereceu atenção especial por parte do imperador - Direito de todos os povos lutarem por sua independência
que instalou escolas publicas elementares em cada aldeia ou cidade como nação;
francesa e fundou um escola normal em Paris para preparação dos - Direito dos povos de viverem, com autodeterminação, num
professores. A política externa de Napoleão Bonaparte foi marcada território unificado.
pelo fim da diplomacia tradicional fundamentada sobretudo sobre
alianças dinásticas, acordos matrimoniais ou conveniência dos so- As Revoluções Liberais na França
beranos Durante o período em que esteve a frente do governo fran-
cês deparou com inúmeras guerras, que resultaram em importantes A restauração dos Bourbon: Luís XVIII e Carlos X
mudanças na orientação da historia contemporânea, provocando a
ira e a oposição das forças conservadoras e reacionárias represen- Luís XVIII (1815-1824):
tadas pela Santa Aliança. - “Terror Branco”: violenta repressão aos grupos bonapartistas
A exemplo da guerra de conquista e exploração imperial e liberais;
destacamos um conflito fundamental que alterou as relações eu- - Equilíbrio entre o liberalismo burguês e as forças aristocrá-
ropéias, durante o período em questão, entre a França e a Grã ticas tradicionais.
-Bretanha, refletindo na política comercial européia. No dia 21 de Carlos X (1824-1830):
novembro de 1806 foi decretado, pelo governo francês, o bloqueio - Desejava a instituição do Absolutismo de direito divino;
continental vedando aos neutros o acesso aos portos franceses e - Foi apoiado pela Igreja e por setores ultraconservadores;
proibindo a introdução de todos os produtos britânicos no con- - Deu à Igreja o controle do ensino promovendo o retorno dos
tinente. Tal medida justificada pelo desejo de Napoleão eliminar jesuítas;
seu principal concorrente para alcançar total predomínio comercial - Indenizou aristocratas que tiveram suas propriedades confis-
nos mercados europeus bem como o controle dos mercados colo- cadas durante a Revolução Francesa.
niais e ultramarinos.
Todo esse quadro a nível interno e externo, fez surgir o mito Revolução de 1830: a alta burguesia contra o rei
napoleônico, o “pequeno cabo” como era denominado pelos seus
- 1830: Carlos X, para reprimir o liberalismo, dissolveu a
aficionados, e o bonapartismo, doutrina pregada por aqueles que
Câmara dos Deputados e impôs severa censura à imprensa;
eram a favor do modelo imperial estabelecido por Napoleão na
- julho/1830: estoura a revolução liderada pela alta burguesia
França. Entretanto não se pode negar que Napoleão Bonaparte
financeira que conseguiu depor Carlos X. Em seu lugar subiu Luís
destruiu o legado da Revolução jacobina, inspirada no sonho da
Felipe D’Orleans que governou até 1848.
igualdade, liberdade e fraternidade. Pela sua tirania foi acusado
por seus opositores de ter sido o principal responsável pela “expe-
Luís Felipe, o rei burguês:
riência abortada da França”.
- Governou para a burguesia (banqueiros);
Revoluções Liberais do Século XIX - Foi apoiado por seu ministro François Guizot;
- Procurou harmonizar o apoio da burguesia liberal e a resis-
Fatores: tência conservadora para que, garantindo a ordem social interna,
pudesse dar liberdade econômica às classes dominantes.
- Queda de colheitas; - Expansão colonial em direção à África e à Oceania;
- Situação de miséria do proletariado; - O proletariado vivia numa situação de miséria absoluta.
- Ausência de garantias e direitos fundamentais para o traba-
lhador; Revolução de 1848
- Repressão à liberdade de expressão;
- Aliança temporária entre setores da pequena e média burgue- - Com o descontentamento das classes populares, um grande
sias com o proletariado; levante (estudantes, trabalhadores e membros da Guarda Nacio-
- Ideais nacionalistas, liberais e socialistas. nal), liderados por liberais e socialistas, rebelaram-se contra Luís
Felipe e seu ministro Guizot que foram derrubados do poder;
Liberalismo - Formou-se um governo provisório composto de representan-
tes da burguesia liberal (Alphonse de Lamartine) e de socialistas
- Democracia; (Louis Blanc);
- Poderes separados em Executivo, Legislativo e Judiciário; - Tentando melhorar a situação dos trabalhadores foram cria-
- O Estado deveria servir o cidadão respeitando a sua liber- das as Oficinas Nacionais que eram empresas dirigidas e sustenta-
dade; das pelo Estado. Todavia, para mantê-las foram criados impostos,
- Liberalismo econômico (iniciativa privada); fato este que a burguesia não gostou.
- O Estado deveria estar separado da Igreja; - Para conter os trabalhadores o general Eugène Cavaignac,
- Liberdade religiosa e filosófica. recebeu plenos poderes para reprimir violentamente o povo. Re-
sultado: 16 mil pessoas assassinadas e 4 mil expulsas do país.
Nacionalismo - Mesmo depois da violenta repressão aos trabalhadores, a
burguesia sentia a necessidade de consolidar as instituições políti-
- Respeito pela formação natural dos povos, ligados por laços cas para impor um clima de ordem pública ao país. Promulgou-se
étnicos, lingüísticos e por outros laços culturais; uma nova Constituição e foram marcadas eleições para presidente;
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- Foi eleito Luís Napoleão Bonaparte que governou com o 27 de julho – Os jornais desrespeitam a interdição e barrica-
apoio do exército, Igreja e da burguesia. Em 1852, ele deu um gol- das aparecem no centro de Paris.
pe de Estado e implantou uma ditadura na qual ele recebeu o título 28 de julho – Tropas reais tentam a ofensiva e são repelidas.
de Napoleão III. Governou até 1870. 29 de julho – Os revoltosos tomam a capital, as Tulherias e
- Conclusão: a revolução de 1848 foi um fracasso para o pro- obrigam Carlos X a fugir.
letariado, todavia a burguesia industrial chegara ao poder. O ciclo
revolucionário iniciado em 1789 chegava ao fim. Os republicanos não tinham número para mudar o regime,
apesar do apoio popular em Paris. A burguesia preferia uma mo-
As Jornadas Revolucionárias das Décadas de 30 e 40 do Sé- narquia constitucional à república democrática. Os realistas libe-
culo XIX rais Thiers e Lafitte, aconselhados por Talleyrand, deram a coroa
ao Duque de Orléans, Luís Filipe. Começava a monarquia de ju-
O processo das revoluções liberais iniciado com a Revolução lho. A Revolução de 1830 repercutiu por toda a Europa. A Bélgi-
Americana de 1776 havia atingido o ponto máximo com a Revolu- ca, apoiada pela Inglaterra, libertou-se da Holanda, à qual estava
ção Francesa de 1789, seguido do Congresso de Berlim e da Santa submetida desde o Congresso de Viena. Na Polônia, os russos ti-
Aliança, com seu movimento contra-revolucionário e conserva- veram de abafar uma revolta nacionalista. Na Itália, a sociedade
dor, conduzido pelas principais potências monarquistas européias: secreta Carbonária promoveu agitações liberais que resultaram
Áustria, Prússia e Rússia. numa Constituição imposta ao rei das Duas Sicílias. Agitações se-
A onda revolucionária ressurgiu em 1830 na França e se di- melhantes ocorreram em Portugal e Espanha. Na Alemanha, houve
fundiu pela Europa. Em 1848, o movimento também teria cará- movimentos liberais constitucionalistas.
ter liberal e burguês, mas traria novo elemento: a participação do Um pouco antes, em 1829, a Grécia havia se libertado da do-
proletariado industrial, com tendências socialistas. O socialismo minação turca. E lembremos que, até 1825, tinham sido vitoriosos
deixaria de ser a proposta de uma sociedade utópica e igualitária; todos os movimentos de independência na América Latina.
teria aspectos científicos, pois o socialismo democrático procura-
ria destruir as raízes da desigualdade entre os homens e buscaria a Antecedentes das Jornadas de 1848
criação de uma nova sociedade.
De modo geral, as revoluções de 1848 se devem a três fatores:
O Caso Francês; 1830
- o liberalismo, contrário às limitações impostas pela monar-
quia absoluta;
Após a queda de Napoleão e a restauração dos Bourbon em
- o nacionalismo, que procurou unir politicamente os povos de
1815, na pessoa de Luís XVIII, monarquistas ultra-realistas pas-
mesma origem e cultura;
saram a conduzir a política interna da França. Eles instauraram
- o socialismo, força nova, surgida nos movimentos de 1830,
o Terror Branco, perseguindo bonapartistas e revolucionários. A
Carta Constitucional outorgada por Luís XVIII tentava conciliar que pregava a igualdade social e econômica mediante reformas
os princípios do Antigo Regime com as conquistas essenciais da radicais.
Revolução. Garantia liberdade de pensamento, culto e imprensa; Fatores mais imediatos podem ser mencionados. Entre 1846
igualdade perante a lei; e inviolabilidade dos bens nacionais. Res- e 1848, a Europa teve péssimas colheitas. A situação da pobreza
peitava a separação entre poderes, reservando ao rei o Executivo. piorou. A indústria entrou em crise e chegou à superprodução. O
Consagrava o regime eleitoral censitário, isto é, o eleitor devia ser empobrecimento dos camponeses provocou a queda no consumo
contribuinte e pagar impostos delimitados por idade (30 anos, 300 de tecidos. As fábricas pararam e dispensaram operários. Salários
francos; 40 anos, 1000 francos), de forma que o eleitorado se com- foram reduzidos enquanto os preços dos alimentos dispararam. Os
punha de apenas 90 000 franceses. Estados precisaram empregar recursos na compra de trigo; as ati-
Havia três tendências dominantes entre os partidos: os ultra vidades das grandes indústrias e a construção de estradas de ferro
-realistas, em sua maioria emigrados que haviam deixado o país ficaram paralisadas. Estagnação geral.
em 1789 e buscavam recuperar os privilégios perdidos, liderados A crise variava: na Itália e Irlanda, agrária; na Inglaterra, Fran-
pelo irmão do rei, Conde de Artois; os liberais ou independentes, ça e Alemanha, industrial. Camponeses e proletários reclamavam
coligação heterogênea, com republicanos e bonapartistas, que maior igualdade de recursos. Faziam reivindicações, no fundo, so-
queriam preservar as conquistas revolucionárias, liderados por La cialistas. Mas não havia um partido que pudessem seguir. A opo-
Fayette; e os constitucionalistas, de centro, que pretendiam a apli- sição ao governo coube aos liberais e nacionalistas (burgueses es-
cação estrita da Carta, liderados por Guizot. Morto Luís XIII em clarecidos). Sem orientação própria; a massa apoiou estes homens.
1824, seu irmão subiu ao trono como Carlos X. Os ultra-realistas
dominaram seu governo. Uma lei previa a indenização dos nobres O Dezoito Brumário de Louis Bonaparte - Karl Marx
confiscados; outra punia com a morte a profanação das igrejas. No
plano externo, iniciou-se em 1830 a conquista da Argélia, a fim de As barricadas na França
fortalecer o prestígio do rei.
As eleições de 1830 deram maioria à oposição liberal na Câ- O regime instituído por Luís Filipe na monarquia de julho
mara e Carlos X mostrou vocação absolutista com um ato de força. apoiava-se na burguesia. O governo tratou de ampliar o direito de
B afixou as quatro ordenações suprimiu a liberdade de imprensa, voto, retomar a política de liberdade de imprensa e dar mais força
aumentou o censo eleitoral, dissolveu a Câmara e convocou novas à Guarda Nacional, organização paramilitar que dava sustentáculo
eleições. A resistência dos jornalistas deu início à revolução que se à burguesia.
desenrolou nos três dias gloriosos:
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Os oposicionistas eram: furt coordenava a política externa. Para maior integração dos Es-
- os legitimistas, partidários dó deposto Carlos X; tados, criou-se o Zollverein, liga aduaneira que estimulou o desen-
- os bonapartistas, que estavam próximos de Luís Bonaparte, volvimento industrial. O nacionalismo germânico desabrochou;
sobrinho de Napoleão; e se expressou no desejo de independência e união política. Em
- os republicanos, radicais, contrários ao regime monárquico. março de 1848, tropas reprimiram grande manifestação popular
diante do palácio de Frederico Guilherme, da Prússia. Mas o mo-
Os situacionistas, também chamados orleanistas, dividiam-se vimento se alastrou. Vários Estados juntaram-se aos revoltosos. O
em duas tendências: rei teve de prometer uma Constituição ao povo. Um Parlamento se
- partido do movimento, que pretendia tornar o regime mais reuniu em Frankfurt para preparar os trabalhos, a serem iniciados
liberal; em maio.
- partido da resistência, conservador, onde se destacava Guizot. Os príncipes alemães se aproveitaram da divisão entre os re-
voltosos e retomaram o poder. Em novembro, o exército ocupou
Até 1836, houve numerosas manifestações de instabilidade Berlim e° dissolveu a Constituinte. Assim, o movimento liberal
do regime: agitações republicanas, legitimistas, bonapartistas e, foi abafado. A Assembleia de Frankfurt elegeu imperador o rei da
acima de tudo, agitações sociais. Em 1834, os operários de Lyon Prússia, mas Frederico Guilherme recusou o título por considerar-
se rebelaram e as tendências republicanas ganharam ainda mais se rei por vontade de Deus. Mesmo assim, propôs aos príncipes
adeptos. Em 1848, a oposição ficou forte, ajudada pela crise eco- alemães a criação de um império. Em 1850, a Áustria obrigou a
nômica. O partido socialista propunha reformas radicais e expunha Prússia a desistir deste projeto, como de qualquer mudança na or-
suas idéias em banquetes. No dia 22 de fevereiro, eclodiu a revolta, dem existente.
quando o ministro Guizot proibiu um banquete em Paris.
No dia seguinte, manifestantes enfrentaram as tropas; a mul- Áustria: perseguições
tidão carregou pelas ruas os 16 mortos resultantes durante toda a
noite. No dia 24, Paris estava coberta de barricadas e o rei, abando- O Império Austríaco dos Habsburgo era formado por povos
nado pela Guarda Nacional, abdicou. O governo provisório de bur- bem diferentes: alemães, húngaros, tchecos, eslovacos, poloneses,
gueses liberais e socialistas proclamou a II República da França.
romenos, rutenos, sérvios, croatas, eslovenos e italianos. Cons-
Em 23 de abril, realizou-se a primeira eleição na Europa com
cientes de sua individualidade eram os húngaros, que gozavam de
voto universal e masculino, direto e secreto. A crise havia se agra-
certa autonomia, e os tchecos. Os alemães se mostravam descon-
vado. Para dar trabalho aos desempregados, o governo criou as
tentes. Burgueses, estudantes e trabalhadores se uniram para forçar
Oficinas Nacionais, empresas dirigidas e sustentadas pelo Estado;
a queda de Metternich e a convocação de uma assembléia consti-
e elevou os impostos para pagar os salários. A crise aumentou. As
tuinte. Os eslavos seguiram o exemplo. Convocaram para Praga
Oficinas fecharam. De novo na rua, o proletariado tentou fazer
uma reunião de eslavos, dissolvida militarmente. A capital do Im-
uma revolução dentro da revolução. A Assembléia deu então po-
deres excepcionais ao general Cavaignac, que agiu com violência. pério, Viena, foi bombardeada e tomada por um governo absoluto,
Morreram 16 000 revoltosos e foram expulsos do país outros 4 que implantou um regime de perseguições políticas.
000. A burguesia resolveu a questão operária de acordo com seus
interesses. Nova Constituição ficou pronta em novembro. O pre- Surge o Socialismo – A Classe Operária ingressa no cenário
sidente seria eleito por quatro anos. O primeiro presidente eleito, político
Luís Napoleão, deu um golpe em 1851 e implantou o II Império,
tomando o título de Napoleão III em dezembro de 1852. A burguesia seguia apegada às doutrinas liberais, hostil a qual-
quer intervenção do Estado na economia, como ensinava Adam
Caso Italiano: fracasso Smith. Mas o espetáculo das crises e da miséria dos trabalhado-
res estimulava pensadores a buscar remédio para tantos males e a
Em 1848, a Itália estava dividida em vários Estados de gover- procurar nova organização para a sociedade. Tentavam descobrir
no absoluto. Sociedades secretas, como a Carbonária, criticavam o as causas das injustiças sociais e meios para solucioná-las. Dessas
regime; queriam reformas liberais e a unificação dos Estados. Para reflexões nasceram as doutrinas socialistas.
isto era preciso expulsar os austríacos, que controlavam a Itália Antes mesmo da Revolução Industrial do século XVIII, pen-
desde o Congresso de Viena. Em janeiro, o Reino das Duas Sicí- sadores já haviam imaginado sociedades nas quais todos vivessem
lias revoltou-se e impôs uma Constituição a Fernando II. Revoltas de seu trabalho, sem ricos nem pobres, privilegiados nem injusti-
semelhantes ocorreram na Toscana e no Estado papal. Na Lombar- çados. O inglês Thomas Morus, autor de Utopia (1516), escreveu
dia iniciou-se séria oposição aos austríacos, contra quem o rei de que a causa da injustiça social era a existência da propriedade in-
Piemonte, Carlos Alberto, acabou declarando guerra. O exército dividual. O título de sua obra passou a designar toda teoria que
austríaco forçou Carlos Alberto a abdicar em favor do filho, Vitor pregasse a igualdade social sem apontar o caminho para se chegar
Emanuel II. E sufocou a revolta com violência por toda parte. A lá. Na Revolução Inglesa do século XVII, os escavadores tentaram
tentativa de revolução liberal-nacionalista dos italianos fracassou. certa socialização, na medida em que procuraram tornar igual o
acesso à propriedade.
Caso Alemão: divisão e derrota No século XVIII, Robert Owen, rico proprietário e industrial
inglês, criou uma comunidade socialista na Escócia e outra nos
Depois do Congresso de Viena, os Estados alemães passaram Estados Unidos. Não havia dinheiro; as pessoas recebiam vales
a constituir uma confederação, cujos membros mais importantes correspondentes ao número de horas trabalhadas e trocavam por
eram Prússia e Áustria. Uma assembléia que se reunia em Frank- produtos produzidos por elas mesmas. Na Revolução Francesa,
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Graco Babeuf pregou a formação de uma república que desse a Os países imperialistas dominaram, exploraram e agrediram
todos os mesmos direitos. O mais célebre teórico do socialismo e os povos de quase todo o planeta. A política imperialista provocou
um dos maiores pensadores j á produzidos pela humanidade foi o muitos conflitos, como a Guerra do Ópio na China, a Revolução
alemão Karl Marx (1818-1883). Esteve na França e fixou-se na In- dos Cipaios na Índia, etc. Assim, ao final do século XIX e o co-
glaterra, onde testemunhou as transformações sociais decorrentes meço do XX, os países imperialistas se lançaram numa louca cor-
da Revolução Industrial. Em cooperação com o amigo Friedrich rida pela conquista global, desencadeando uma rivalidade entre os
Engels, às vésperas da Revolução de 1848 na França, publicou o mesmos. Essa rivalidade se tornou o principal motivo da Primeira
Manifesto Comunista. Nele e na obra O Capital, fixou os princí- Guerra Mundial, dando princípio à “nova era imperialista” onde os
pios de uma doutrina fundamentada na análise histórica das socie- EUA se tornaram o centro do imperialismo mundial.
dades humanas.
Para Marx, as bases econômicas e a luta de classes são o mo- História do Imperialismo e Neocolonialismo
tor da História. O triunfo do proletariado e o surgimento de uma
sociedade sem classes seriam inevitáveis; e estes objetivos seriam Na segunda metade do século XIX, países europeus como a
alcançados pela união do proletariado. Com tais formulações, Inglaterra, França, Alemanha, Bélgica e Itália, eram considerados
criou o socialismo científico, que se sobrepôs ao socialismo utópi- grandes potências industriais. Na América, eram os Estados Uni-
co. Os socialistas tomaram parte nos movimentos de 1848 e, com dos quem apresentavam um grande desenvolvimento no campo in-
a vitória da burguesia, dividiramse em: socialistas reformistas, que dustrial. Todos estes países exerceram atitudes imperialistas, pois
acreditavam na obtenção da igualdade social sem necessidade de estavam interessados em formar grandes impérios econômicos, le-
uma revolução; e anarquistas, que pregavam a destruição completa vando suas áreas de influência para outros continentes. Com o ob-
do Estado. jetivo de aumentarem sua margem de lucro e também de consegui-
O primeiro partido socialista da História surgiu em 1860, na rem um custo consideravelmente baixo, estes países se dirigiram
Alemanha. Em 1864, a fim de conjugar esforços de todos os parti- à África, Ásia e Oceania, dominando e explorando estes povos.
dos socialistas e organizar a tomada do poder pelo proletariado de Não muito diferente do colonialismo dos séculos XV e XVI, que
todo o mundo, realizou-se em Paris a Primeira Internacional dos utilizou como desculpa a divulgação do cristianismo; o neocolo-
Trabalhadores. A consciência proletária tomou corpo ,e os traba- nialismo do século XIX usou o argumento de levar o progresso da
lhadores dos países mais adiantados da Europa passaram a lutar ciência e da tecnologia ao mundo.
pelo poder por meios reformistas, anárquicos ou revolucionários. Na verdade, o que estes países realmente queriam era o reco-
nhecimento industrial internacional, e, para isso, foram em busca
A Teoria Social Católica de locais onde pudessem encontrar matérias primas e fontes de
energia. Os países escolhidos foram colonizados e seus povos des-
A Igreja Católica não ficou à margem do movimento social. respeitados. Um exemplo deste desrespeito foi o ponto culminante
O abade francês Robert de Lamennais defendeu uma Igreja mais da dominação neocolonialista, quando países europeus dividiram
liberal, separada do Estado. Atraiu muitos adeptos, especialmente entre si os territórios africano e asiático, sem sequer levar em conta
da burguesia, amedrontada com o avanço dos socialistas. A dou- as diferenças éticas e culturais destes povos.
trina social da Igreja avançou; com isso, pretendia atingir a justiça Devido ao fato de possuírem os mesmo interesses, os coloni-
social através da solidariedade cristã. A encíclica Rerum Novarum zadores lutavam entre si para se sobressaírem comercialmente. O
(1891), de Leão XIII, foi a mais alta expressão da preocupação governo dos Estados Unidos, que já colonizava a América Latina,
com as questões sociais. Na mesma linha destacaram-se: Pio XI, ao perceber a importância de Cuba no mercado mundial, invadiu
com Quadragesimo Anno (1931); João XXIII, com Mater et Ma- o território, que, até então, era dominado pela Espanha. Após este
gistra (1961) e Paulo VI, com Populorum Progressio (1965). confronto, as tropas espanholas tiveram que ceder lugar às tropas
norte-americanas. Em 1898, as tropas espanholas foram novamen-
Imperialismo te vencidas pelas norte-americanas, e, desta vez, a Espanha teve
que ceder as Filipinas aos Estados Unidos.
Imperialismo é a política ocorrida na época da Segunda Revo- Um outro ponto importante a se estudar sobre o neocolonialis-
lução Industrial. Trata-se de uma política de expansão territorial, mo, é à entrada dos ingleses na China, ocorrida após a derrota dos
cultural e econômica de uma nação em cima de outra. O imperia- chineses durante a Guerra do Ópio (1840-1842). Esta guerra foi
lismo contemporâneo é chamado de neo-imperialismo, pois possui iniciada pelos ingleses após as autoridades chinesas, que já sabiam
muitas diferenças em relação ao imperialismo do período colonial. do mal causado por esta substância, terem queimado uma embar-
Basicamente, os países imperialistas buscavam três coisas: Maté- cação inglesa repleta de ópio. Depois de ser derrotada pelas tropas
ria-prima, Mercado consumidor e Mão-de-obra barata. britânicas, a China, foi obrigada a assinar o Tratado de Nanquim,
A concepção de imperialismo foi perpetrada por economistas que favorecia os ingleses em todas as clausulas. A dominação bri-
alemães e ingleses no início do século XX. Este conceito consti- tânica foi marcante por sua crueldade e só teve fim no ano de 1949,
tuiu-se em duas características fundamentais: o investimento de ano da revolução comunista na China.
capital externo e a propriedade econômica monopolista. Desse Como conclusão, pode-se afirmar que os colonialistas do sé-
modo, a capitalização das nações imperialistas gradativamente se culo XIX, só se interessavam pelo lucro que eles obtinham através
ampliava, por conseguinte a ‘absorção’ dos países dominados, pois do trabalho que os habitantes das colônias prestavam para eles.
monopólios, mão-de-obra barata e abundante e mercados consu- Eles não se importavam com as condições de trabalho e tampouco
midores levavam ao ciclo do novo colonialismo, que é o produto se os nativos iriam ou não sobreviver a esta forma de exploração
da expansão constante do imperialismo. desumana e capitalista. Foi somente no século XX que as colônias
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conseguiram suas independências, porém herdaram dos europeus Conflito Anglo-Alemão – O crescimento industrial alemão
uma série de conflitos e países marcados pela exploração, subde- criou a concorrência comercial anglo-alemã; paralelamente a isso,
senvolvimento e dificuldades políticas. crescia também a rivalidade naval. O desenvolvimento da Marinha
alemã abalou o domínio inglês nos mares.
Primeira Guerra Mundial Por outro lado, a Alemanha penetrava comercialmente no Im-
pério turco, e a prova disso foi o plano de construir a estrada de
Fatores Estruturais e Conjunturais ferro Berlim – Bagdá. Esse empreendimento tornava mais fácil o
acesso ao petróleo existente naquela região (Oriente Médio).
Por volta do final do século XIX e da primeira década do sécu- Conflito Germano- Russo – Devido à disputa dos dois impe-
lo XX, a Europa vivia um clima de otimismo e confiança, ao mes- rialismos no Leste europeu, sobretudo na Turquia.
mo tempo em que o avanço da industrialização (Segunda Revo- Conflito Austro-Russo – Esse conflito girou em torno da Séria
lução Industrial – Difusão) e da corrida imperialista (neocolonia- (região que, em 1830, tornou-se independente do Império turco).
lismo) denotavam uma fase do capitalismo capaz de gerar crises.
A constante disputa por mercados fornecedores e consumidores
Havia o pan-eslavismo da Rússia, política pela qual essa na-
trazia uma forte inquietação e o prenúncio de um conflito iminente
ção procurava proteger os povos eslavos, presentes na Europa
entre as potências europeias. Esse embate, conhecido como Pri-
Central e nos Bálcãs, subjugados aos impérios turco e austríacos.
meira Guerra Mundial (1914/18), ocorreu como resultado de um
conjunto de fatores. O crescimento da Sérvia se colocava em função da independência
O imperialismo resultante da evolução do sistema capitalista e do agrupamento de uma série de povos eslavos, como os bos-
para o chamado capitalismo monopolista, do qual teve origem a nianos, os croatras e os montenegrinos. Dessa forma, criava-se a
expansão colonialista em direção à África e Ásia, culminou num Grande Sérvia ou atual Iusgulávia; entretanto, esse anseio choca-
clima de disputas territoriais entre os países industrializados, con- va-se com os domínios dos impérios turco e austríaco. A guerra
tribuindo sobremaneira para o agravamento das tensões mundiais. foi antecedida por uma corrida armamentista desenvolvida pelos
O rompimento do equilíbrio europeu após o surgimento da Alema- países europeus a partir das crises do Marrocos e dos Bálcãs.
nha pós-unificação (1871) foi um fator de grande importância para
a eclosão do conflito. O crescimento econômico da Alemanha, As Crises do Marrocos: A disputa entre França e Alemanha
apesar de uma unificação e industrialização tardia, foi surpreen- pelo domínio daquele país quase levou à guerra, que só foi evitada
dente, pela rapidez e dimensão alcançadas. Num curto espaço de graças à diplomacia de vários países. A questão marroquina foi
tempo, a Alemanha conseguiu superar economicamente a França resolvida em 1911, quando a França tomou o Marrocos e a Alema-
e, no início do século XX, disputava com a Grã-Bretanha sua posi- nha apoderou-se de uma parte do Congo Francês.
ção hegemônica em reação à Europa e ao mundo. As Crises Balcânicas: Essas crises foram marcadas pelo cres-
Nesse clima de disputa por mercados entre os países euro- cimento da Sérvia e pelas rivalidades entre Rússia, Áustria e Tur-
peus industrializados, começou a se desenhar uma conjuntura de quia. Os planos de crescimento da Sérvia foram frustrados quando
“Paz Armada”, que levou os países industrializados a aumentarem a Áustria, no ano de 1906, anexou os territórios da Bósnia e Herze-
sua produção de material bélico antevendo uma possível guerra. govina. Desse modo, os sérvios expandiram-se para o sul, onde de-
O nacionalismo crescente nas múltiplas minorias nacionais, que senvolveram vários conflitos contra a Turquia, sobretudo nos anos
foram englobadas às grandes monarquias européias (Congresso de de 1911 e 1913. As Guerras Balcânicas (nome dado aos conflitos
Viena, 1814/15), contribuiu para acentuar as tensões no continen- travados na região dos Bálcãs) fortaleceram a Sérvia, que agora se
te europeu. O Império austro-húngaro pode ser lembrado como o voltava com maior força contra a Áustria. Os sérvios aumentavam
exemplo mais claro desse momento. cada vez mais a propaganda nacionalista entre os eslavos domina-
O Império era composto por um conjunto de pequenas nacio-
dos pela Áustria-Hungria. Pensando em minimizar a agitação an-
nalidades (húngaros, croatas, romenos, tchecos, eslovacos, bósnios
tiaustríaca, o arquiduque Francisco Ferdinando, futuro imperador
etc.) que não conseguiam manter laços de unidade e organizavam-se
do Império austro-húngaro, pretendia incluir um reino eslavo. Isso
para questionar, por meio de movimentos nacionalistas, a monar-
quia dual austro-húngara e lutar contra ela. Em decorrência do clima criaria uma monarquia tríplice e dificultaria a independência dos
de rivalidade e crescente hostilidade que envolvia a Europa, acen- eslavos daquele império.
tuou-se a “Política de Alianças”, que teve em Bismarck, ao final da
unificação alemã, o seu precursor. A Tríplice Aliança era formada Causa Imediata: A crise diplomática surgiu com o assassina-
pela Alemanha, Áustria-Hungria e Itália, enquanto a Tríplice Enten- to do arqueduque da Áustria, Francisco Ferdinando (28/7/1914)
te era composta por Inglaterra, França e Rússia. em Sarajevo (Bósnia), por um patriota sérvio da sociedade secreta
“Mão Negra”. Em Viena, decidiu-se eliminar, por uma humilhação
Os Principais Conflitos e os Antecedentes da Guerra diplomática ou guerra, a Sérvia, que era sempre fator de agitação
antiaustríaca. Berlim concordou, mas a Rússia não aceitou a re-
Conflito Franco-Alemão – A França queria o revanchismo pressão, pois a Sérvia era instrumento do pan-eslavismo. Em 23 de
sobre a Alsácia e Lorena, esta última extremamente rica em mi- julho, um ultimato austríaco à Sérvia exigia que se desfizessem to-
nério de ferro. Os alemães tomaram esses territórios após vitória das as agitações sérvias e que aceitassem a participação de funcio-
sobre os franceses na guerra de 1870. A partir daí, a burguesia fran- nários austríacos nas perícias sobre o assassinato do arqueduque
cesa alimentou na imprensa, igrejas, escolas e quartéis, cada vez Francisco Ferdinando. Sob o conselho da Rússia, a Sérvia rejeitou
mais, o espírito de revanche, que foi largamente responsável pela as imposições, alegando que o ultimato atentava contra a sua so-
Grande Guerra. Esse conflito tornou-se mais agudo à medida que berania. A Áustria declarou guerra à Sérvia, a Rússia mobilizou
os dois países disputavam, na África, o Marrocos. suas tropas destinadas a operar sobre as fronteiras austro-russas.
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A Alemanha exigiu a desmobilização da Rússia e, como não obte- a retirada da Rússia, mobilizando 1.200.000 homens e uma vastís-
ve resposta, mobilizou-se. Quando a Alemanha invadiu a Bélgica sima produção industrial. Porém, Wilson procurava restabelecer a
para atacar a França, esta lhe declarou guerra. paz, propondo os “14 pontos de paz”, que pregavam o retorno de
Alsácia e Lorena para a França, a Independência da Bélgica, Polô-
O Conflito nia, Sérvia e Romênia, e também liberdade nos mares e a criação
da Sociedade das Nações, que deveria ser árbitro internacional e
A Primeira Grande Guerra apresentou três frentes de batalha: fazer reinar a justiça.
- a frente ocidental, onde belgas, ingleses e franceses comba-
tiam os alemães. A Saída da Rússia: Em novembro de 1917, a Rússia se re-
- a frente oriental, onde os russos combatiam os alemães. tirava da guerra, totalmente batida pela sua falta de organização
- a frente dos Bálcãs, onde os sérvios combatiam os austríacos. e de suprimentos; além do mais, apresentava um saldo negativo
de, aproximadamente, tre milhões de mortos, feridos e desapare-
O primeiro momento do conflito foi marcado pela Guerra de cidos. Nesse país, desenvolvia-se um processo revolucionário que
Movimento (de agosto a novembro de 1914). No ano de 1914, o inauguraria, para a história, o primeiro governo socialista. Esse
exército alemão tratou de colocar em prática seu plano de guerra governo assinaria, com o governo alemão, um acordo de paz e de
chamado Plano Schlieffen (do general Von Schlieffen). Esse pla- retirada da Rússia da guerra, chamado Brest-Litovsky.
no mostrava que a Alemanha deveria invadir primeiro a Bélgica,
para facilitar depois a invasão da França e, em seguida, investir Fim da Guerra: Em 1918, a Alemanha começou a sofrer vá-
sobre a Rússia. Na execução do plano, os alemães não contavam rias derrotas no campo de batalha e, internamente, o país passava
com um imprevisto: o avanço russo sobre a Alemanha. Isso exigiu por levantes populares; o movimento operário se reorganizava,
da Alemanha a criação de uma frente oriental de combate, o que surgiam vários conselhos operários que governavam as cidades
enfraqueceu a frente ocidental. Dessa forma, seu avanço sobre a abandonavam as cidades abandonadas pelo poder central. A Mo-
França foi detido na batalha sobre o rio Marne, em setembro (Ba- narquia chegava ao fim, com a abdicação de Guilherme II, em no-
talha do Marne). vembro, após o estouro da revolução. Era o fim do Segundo Reich.
Ainda no final de 1914, a guerra ganharia outra característica: A Alemanha, derrotada em todas as frentes, pediu a paz no dia 11
a guerra de movimento seria substituída pela guerra de posições, de novembro.
isto é, uma Guerra de Trincheiras. Foram abertas trincheiras de
ambos os lados (Aliados e Ententes) que iam desde o mar do Norte Os Tratados Pós-Guerra
até a Suíça. Do lado oriental, o exército russo mostrava sua fraque-
za. A falta de equipamentos militares era notória no final de 1914; O Tratado de Versalhes: Composto por Lloyd George, da In-
dessa forma, o exército russo começava a perder territórios para os glaterra, Wilson dos EUA, e Clemenceau, da França. Firmaram-se
alemães. Em 1915, a Itália entrava na guerra ao lado da Entente, as seguintes disposições no tratado:
surpreendendo o mundo. É que esse país manifestava interesse em - os 14 pontos – propostos por Wilson – foram esquecidos; os
tomar territórios controla pela Áustria-Hungria. vencidos eram considerados culpados e deveriam:
Em 1917, a situação tornava-se difícil. Na França, Inglaterra, - ALEMANHA – entregar para a França a Alsácia e Lorena; a
Alemanha e Rússia estouravam levantes populares, sobretudo de Polônia seria restabelecida e a Alemanha deveria ceder territórios
operários, recusando a guerra. Nesses levantes populares, os ope- à Dinamarca;
rários tentavam se organizar em conselhos de fábrica, por meio dos - os alemães cederiam 60 Km de suas fronteiras orientais à Po-
quais buscavam, inclusive, o controle da produção industrial. En- lônia, o “corredor polonês”, e lhe entregariam a cidade de Dantzig;
tretanto, nesse ano, ambos os lados do conflito tentaram quebrar o - a região mineradora de Sarre ficava sob a tutela da Liga das
equilíbrio de forças em busca da vitória; foi assim que a Alemanha Nações, mas suas minas de carvão passavam para a França;
investiu sobre a Inglaterra com uma nova estratégia de guerra: a - ainda pela paz, a Alemanha seria desmilitarizada, seu exér-
guerra submarina. Por meio dela, os alemães pretendiam interrom- cito teria no máximo 100 000 homens. O exército alemão e o Reno
per o fornecimento de matérias-primas e alimentos à Inglaterra e deveriam ser totalmente desmilitarizado;
seus aliados. - as colônias alemãs na África e na Ásia seriam divididas
entre Inglaterra, França, Bélgica e Japão;
A Entrada dos EUA e sua Proposta de Paz: Os norte-ameri-
canos mantinham-se neutros, liderados pelo presidente Wilson e, O tratado amputava, de maneira significativa, a Alemanha,
com isso, ganhavam os mercados ingleses abandonados na Améri- considerada pelas agressões. O resultado do Tratado feriu o senti-
ca Latina. Porém, da neutralidade passaram para a intervenção. O mento alemão que manifestaria na Segunda Guerra Mundial.
bloqueio britânico no mar do Norte impôs uma contra-réplica ale- - Enfraquecer o capitalismo alemão;
mã com bloqueios submarinos em torno da Inglaterra. Vários na- - colocar fim à agitação que contagiou a Europa, após o final
vios americanos foram afundados em fevereiro de 1917; os ameri- da guerra;
canos romperam relações com a Alemanha e, concomitantemente - criar condições para destituir o governo socialista soviético.
à ruptura, a Rússia se retirava da Entente devido à revolução. Por Uma das medidas tomadas nesse sentido foi a criação do “cordão
outro lado, os banqueiros e industriais norte-americanos temiam sanitário”, que objetivava neutralizar geograficamente a presença
que, se a Alemanha ganhasse a guerra, tornar-se-ia difícil receber soviética na Europa. O “cordão sanitário” consistia na formação de
as imensas dívidas que os países da Entente tinham para os Esta- uma série de pequenos países dominados por ditaduras de extrema
dos Unidos. Os Estados Unidos entravam agora de fato para cobrir direita, nas fronteiras européias da União Soviética.
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Fundação da Liga das Nações: Por uma proposta de Wil- pelos reflexos da Primeira Guerra. Marcados pelo autoritarismo,
son, surgiu, em Versalhes (1919), a Liga das Nações. Entretanto, o nacionalismo expansionista e militarista, corporativismo e valori-
congresso norte-americano não ratificou o Tratado de Versalhes e, zação do sentimento em detrimento da razão, ergueram-se Estados
assim, os EUA nunca chegaram a fazer parte da Liga das Nações. ditatoriais na Europa e no mundo entreguerras.
Historicamente, a Liga das Nações limitou-se a resolver possíveis
divergências entre os países vencedores, bem como “proteger” o O Fascismo na Itália: De 1919 a 1922, a Itália atravessou
mundo capitalista da influência bolchevique. Entretanto, as tenta- uma tríplice crise de extrema violência.
tivas de assegurar a paz internacional, tão defendida pelas nações
vencedoras da guerra, apresentavam seus limites. A crise econô- Crise moral: Apesar de estar no bloco vencedor, não teve repa-
mica e social, provocada pelas pesadas indenizações impostas aos rações financeiras e retirou-se humilhada da Conferência de Paris.
países vencidos, a opressão das minorias nacionais, e as rivalida-
des imperialistas entre os vencedores prepararam o caminho para a Crise econômica: Inflação, alta nos preços (a lira é desva-
Segunda Guerra Mundial. lorizada em 75%), pobreza; o país possuía poucas indústrias e a
que maior força tinha, a Fiat, oprimia os operários; os pequenos
Tratados de Saint-Germain, Neully, Trianon e Sèvres: No proprietários rurais eram explorados pelos grandes latifundiários.
tratado de Saint-Germain, a Áustria cendia territórios à Hungria,
Tchecoslováquia, Romênia, Iusgulávia e Polônia. Ao mesmo tem- Crise política: A confederação Geral do Trabalho lançava
po, o governo austríaco era forçado a reconhecer a independência apelos de greve e desocupação das fábricas. Os governos liberais
desses novos países. A Itália recebeu Trento, Trieste, Ístria e Fiu- eram apoiados por uma coligação de liberais e populares, mas as
me. Pelo mesmo tratado, ficava proibido qualquer tipo de aliança disseminações proibiam todas as iniciativas governamentais. A
com a Alemanha. Por meio do Tratado de Neully, a Bulgária perdia fraqueza governamental fazia surgir uma força de defesa contra o
territórios para a Romênia, Iugoslávia e Grécia. Com o término do anarquismo: o fascismo. Benito Mussolini, jornalista, abandonava
conflito, a Hungria passava a ser um Estado soberano, já que se o jornal socialista (Avanti) em 1914, para sustentar a tese da guerra
desmembrara da monarquia austro-húngara. O tratado de Trianon contra a Áustria (para os fascistas a guerra passa a ser um símbolo
reduziu o território húngaro, com a cessão da Eslováquia à Tche- de glória). Os fascistas queriam restaurar a grandeza do passado
italiano e acabar com a anarquia. Financiados pelos grandes pro-
coslováquia, da Transilvânia à Romênia e da Croácia-Eslavônia
prietários capitalistas, armados pelos militares organizados em bri-
à Iugoslávia. O tratado de Sèvres fez com que a maior porção do
gadas (Squadri), os camisanegras rompiam as greves e puniam os
território turco na Europa fosse cedida à Grécia.
chefes sindicalistas e socialistas.
Em agosto de 1922, os fascistas substituíram a força pública e
Consequências da Primeira Guerra Mundial
obrigaram a CGLI a suspender uma ordem de greve geral; a prévia
foi feita nesse momento, sem nenhum obstáculo; o caminho ao po-
- Progressiva degradação dos ideais liberais e democráticos, der estava livre. Em outubro, Mussolini, o Duce, reuniu suas tro-
resultante das crises do período Pós-Guerra (entreguerras 1919 a pas em Perouse e Nápoles. Os 27 presidentes do Conselho de Fac-
1939) e do avanço dos totalitarismos de direita e de esquerda (na- ta, demissionários, são ameaçados pela marcha dos fascistas, em
zi-fascismo e ditadura soviética). Roma. Vitor Emanuel III abandona o Conselho de Facta e convida
- Fortalecimento das paixões e dos sentimentos nacionalistas, Mussolini para formar um ministérios. Habitualmente, Mussolini
gerados pelos tratados de paz (ex.: Versalhes), que levaram à ma- se introduz nos gabinetes liberais e populares, obtendo plenos po-
nutenção do “revanchismo europeu” (especialmente por parte da deres da Câmara e deixando intatas as liberdades públicas.
Alemanha e da Itália). Em 1924, os fascistas só conseguiram 60% das cadeiras. Mat-
- Com a desmobilização ao final do conflito, verificou-se um teotti, um socialista, denunciou na tribuna os crimes do fascismo
grande desemprego nos países europeus. e foi assassinado.
- A Primeira Guerra Mundial expôs a fragilidade européia e A partir desse momento, Mussolini perdeu posição, mas por
o progressivo declínio dos países europeus no contexto mundial. pouco tempo – “Se o fascismo é uma associação de criminosos, eu
- O equilíbrio europeu desapareceu à medida que o resultado do me responsabilizo”. Mussolini excluiu os deputados da oposição,
conflito e as alterações político-territoriais permitiram a supremacia suprimiu os partidos políticos, menos o Fascista, dissolveu os sin-
da França e da Grã-Bretanha, em detrimento do resto da Europa. dicatos, fechou os jornais hostis, exilou seus adversários etc. Em
- Ascensão dos Estados Unidos como grande potência mundial. suma, pode-se dizer que uma ditadura, um cesarismo democrático
que ambiciona restaurar uma Roma Imperial, pesava sobre a Itália
O Avanço Nazi-fascista: A Primeira Guerra Mundial que, passivamente, permitia.
(1914/18) não conseguiu resolver as contradições e os problemas Mussolini impôs à Itália a ditadura do fascismo de 1925 a 1943.
econômicos e políticos que a geraram.Ao contrário, a paz determi- O fascismo possuía uma nova concepção (ou talvez fosse uma sínte-
nada pelo Tratado de Versalhes veio apenas acentuar os conflitos se de concepções antigas); criou um sistema político original, trans-
já existentes, uma vez acentuou o revanchismo europeu (Alema- formou a economia italiana numa economia poderosa e procurou
nha) e gerou um desequilíbrio econômico com suas retaliações, levar a Itália a partilhar do mundo colonial, enfim, a constituir-se
que proporcionaram os agentes desencadeadores das crises do en- num Império Colonial. O fascismo poderia ser uma projeção vio-
treguerra a recessão, o desemprego e a inflação. Nessa conjuntura lenta sobre o mundo exterior da personalidade de Mussolini. Entre-
pós-guerra, o surgimento de governos totalitários de direita (nazi- tanto, a ação do Duce é a síntese de Nitzche, George Sorel Maurras
fascistas) ou de esquerda (socialistas) tornou-se inevitável, com e até mesmo da encílica Rerum Novarum de leão XIII, de 1891. De
a falência das “Democracias Liberais” nos países mais atingidos acordo com os princípios do pensamento fascista:
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- O indivíduo nada mais é do que uma fração do Estado. O tas austríacos assassinaram os chanceler Dolfuss, na esperança de
indivíduo deve estar a serviço do Estado e deve procurar exaltar a provocar o Anschluss (a união da Áustria com a Alemanha). Hitler
grandeza da pátria. procurava se isolar, mas Mussolini inseriu a Alemanha no (Pacto
- A vida é um combate perpétuo contra as forças destruidoras dos Quatro), de 1933, a fim de modificar as fronteiras da Europa
do Estado, a guerra exalta e enobrece o homem, regenera os povos Central. Os franceses imediatamente, aliaram-se aos eslavos e fir-
ociosos e decadentes, reafirma a virilidade que a paz destrói. maram o Pacto de Assistência Mútua, que Stalin aceitou diante da
- As lutas de classe, que enfraquecem o Estado, cessarão, os ameaça nazista. Mais tarde, a França procurou sacrificar a Etiópia
trabalhadores e patrões solidários unir-se-ão em corporações para e estabelecer um acordo com a Itália, junto à Inglaterra, em 1935.
uma melhor produção, sob o comando do Estado, ao jugo do inte-
resse nacional. A Guerra Civil Espanhola: A Guerra Civil Espanhola (1936-
1939) foi decisiva para o delineamento da Segunda Guerra Mun-
Do Duce se tornou presidente do Conselho, responsável so- dial. Em 1931, uma parcela da burguesia espanhola, unida aos
mente diante do rei, governava por decretos, nomeava ministros e trabalhadores, proclamou a Republica. Os republicanos espanhóis
era assistido por um grande conselho fascista. Os trabalhadores fo- pretendiam realizar um programa de reformas, entre as quais esta-
ram reunidos em sindicatos fascistas, e os patrões, nas federações vam a reforma agrária e a reforma urbana. Para combater o progra-
industriais, formando corporações presididas por delegados do ma republicano, os latifundiários, o clero e os oficiais do exercito
Duce que regulamentavam o trabalho e os preços. Em 11 de feve- se organizaram no Partido da Falange, de orientação fascista. Em
reiro de 1929, era assinado o Acordo de Latrão, que estabelecia o 17 de julho de 1936, quando o pais se debatia em intensa agitação,
reconhecimento da soberania do Estado do Vaticano e proclamava levantaram-se os militares, comandados pelo general Francisco
o catolicismo como religião do Estado. Mussolini reestabeleceu as Franco, para derrubar a República.
relações com o Vaticano, rompidas em 1870. A imigração passa a Os fascistas espanhóis receberam ajuda da Itália e Alemanha,
ser proibida, com o programa fascista de colonização da Tripolitâ- que enviaram homens e armas; os republicanos contaram com o
nia. A agricultura e a indústria se desenvolviam, sanando o desem- apoio da União Soviética e das Brigadas Internacionais, formadas
prego e a falência de bancos e indústrias, comuns depois de 1929. por trabalhadores e intelectuais de diversos paises. A França e In-
Fruto dessa situação, surge a Guerra da Etiópia. Em 1935, o glaterra insistiam na ideia de que os paises deveriam praticar uma
general Badoglio toma Addis-Abeba. Ainda foi criado o Instituto (política de não-intervenção). Como a ajuda recebida pelos repu-
de Reconstrução Industrial, um organismo financeiro que impul- blicanos revelou-se insuficiente, as forças do fascismo venceram a
sionava a indústria. As relações ítalo-alemãs resultavam da opo- guerra em 1939. Com a vitória que se consolidou em 28/03/1939
sição franco-inglesa à Itália. Em 1936, Mussolini proclamou o e com a queda de Madri, Franco passou a ser apoiado pela Igreja
eixo Roma-Berlim. Mas a Itália se aproximava da Alemanha com e por uma parcela dos trabalhadores. Foi mais uma vitória da di-
a Guerra Civil Espanhola, em que alemães e italianos entram em tadura que nasceu da democracia. A guerra proporcionou para a
favor de Franco. Os italianos ocupavam a Albâinia, enquanto os Alemanha, um experimento de seus materiais bélicos e uma apro-
alemães ocupavam a Boêmia e a Moravia, em 1939. ximação com a Itália.
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resistiram e pretenderam não entregar; para tanto contavam com o guiram deter o avanço alemão. Em dezembro, chegava ao fim a ten-
apoio da França e da URSS. Para evitar a guerra, Mussolini pro- tativa de negociação entre EUA e Japão a respeito da expansão deste
pôs uma conferência das quatro grandes potências em Munique. país da Ásia, com o ataque japonês base de Pearl Harbor. A entrada
Mussolini, Hitler, Neville Chamberlain e Edouard Daladier repre- dos EUA na guerra reforçou os aliados, visto que sua indústria foi
sentaram, respectivamente, a Itália, a Alemanha, a Inglaterra e a convertida para a produção bélica. Os norte-americanos tornaram-se
França. A Tchecoslováquia não foi admitida na reunião. Hitler saiu os abastecedores das diversas nações que lutavam contra o Eicho
vitorioso mais uma vez, posto que a região dos Sudetos lhe foi (Alemanha, Itália e Japão). Em 1942 os japoneses sofreram suas
concedida; e, em março de 1939, desrespeitando o acordo de Mu- primeiras derrotas. O Afrikakorps também foi derrotado pelo exér-
nique, o Führer tomou o resto do país. cito inglês do marechal Montgomery, na batalha de El Alamenin.
Em 1943, na batalha de Stalingrado, o exercito alemão, após perder
A vez da Polônia e o Início da Guerra: Um acordo germânico- 350 mil homens, foi derrotado. O Exercito Vermelho, liderado pelo
soviético decidiu a crise final. O pacto de não-agressão nada mais marechal Zukov, começava seu avanço.
era do que a repartição da Polônia em duas áreas de influência e a Na batalha do atlântico, a marinha anglo-americana abateu
passagem da Finlândia, Estônia, Letônia e Bessarábia para o contro- os submarinos alemãs e, em seguida, as cidades alemãs sofreram,
le russo. Em 28 de março de 1939, Hitler exigiu Dantzig da Polônia. diariamente, ataques aéreos das forças anglo-americanas. Mesmo
A Polônia, encorajada pela França e pela Inglaterra resistiu. Hitler diante dessas derrotas, a Alemanha se mostrava forte. Porém, no
temendo uma reação ocidental conjunta com a Rússia, assinou um dia 6 de junho de 1944, começava a Operação Overlord, que con-
pacto germânico-soviético de não-agressão, reiniciando, a partir daí, sistia no desembarque de milhares de soldados no norte da França,
a agressão à Polônia. Em 1º/09/1939, embora a Inglaterra procu- na região da Normandia, cujo o objetivo era acabar com a domi-
rasse estabelecer um pacto entre Berlim e Varsóvia, tropas alemãs nação alemã na Europa Ocidental. A Alemanha resistia através da
penetravam na Polônia. A Inglaterra e a França em questão de horas propaganda nazista e das bombas voadoras, enquanto os aliados
exigiram a retirada da Alemanha e declararam guerra. invadiam seu território. No dia 8 de maio de 1945, a rendição ale-
mã colocava fim ao Terceiro Reich.
A Guerra Por outro lado, na Ásia, a guerra continuava com a resistência
japonesa. No entanto, a 6 de agosto de 1945, os norte-americanos
Enquanto a Polônia era invadida pelos alemães, a oeste, e pe- realizaram o bombardeio atômico em Hiroshima e a nove de agos-
los soviéticos, a leste, a França e a Inglaterra declararam guerra à to em Nagasaki. Em 16 de agosto, após vencer a resistência de mi-
Alemanha. Na Polônia, os alemães aplicaram uma nova tática de litares que desejavam continuar a guerra, o governo japonês pediu
guerra em que o movimento era um dos elementos fundamentais. a paz, encerrando dessa forma Segunda Guerra Mundial.
Tratava-se da blitzkrieg, a guerra-relâmpago, embasada na aviação,
na artilharia de grande alcance e nos tanques (panzers). Essa tática Guerra Fria
de guerra permitiu a vitória alemã em poucas semanas. A Polônia,
no final de setembro, estava divida entre a Alemanha e a URSS. Os Estados Unidos e o início da Guerra Fria(1945-49)
No Ocidente, a França e Inglaterra não acreditavam na guerra e in-
sistiam em realizar a paz com a Alemanha. Entretanto, em abril de A história dos últimos 50 anos do nosso século foi inteiramen-
1940, os alemães invadira a Dinamarca e a Noruega e, em seguida, a te condicionada pelos resultados da 2ª Guerra Mundial, quando
Holanda e a Bélgica, preparando o ataque sobre a França. em 1945, depois de 6 anos batalhas em quase todos os continen-
No território francês tentou-se impedir o avanço alemão, atra- tes da terra, a Grande Aliança (os E.U.A a GB. e a URSS) conse-
vés da Linha Maginot, formada pro franceses e ingleses. A fragi- guiu vencer o Eixo (a Alemanha nazista, a Italia fascista e o Japão
lidade dessa defesa obrigou o exército franco-inglês a constantes do micado). No final, depois de ter-se dissipado a fumaça e em
retiradas. As forças alemãs, com seus submarinos, atacavam os meios aos escombros que cobriam 50 milhões de mortos, restaram
navios ingleses, e com os aviões, as cidades inglesas. Mas, em apenas duas potências, logo chamadas, com toda a razão, de su-
setembro a Inglaterra obteve uma vitória sobre a Alemanha. A Real perpotências: os Estados Unidos da América e a União Soviética.
Força Aérea “RAF” afastou a Força Aérea Alemã (Lufwaffe) dos Fraudando as expectativas dos que esperavam um pós-guerra de
céus ingleses. Por outro lado, no norte da África, o exército alemão harmonia e colaboração entre os vitoriosos, baseado nas “4 polí-
(Afrikakorps), comandado pelo general Erwin Rommel (a”Rapo- cias” de Roosevelt (os EUA, a URSS, a Grã-Bretanha e a China), o
sa do Deserto”), atacou os ingleses, somando numerosas vitórias, que se viu foi o contrário. Mal encerrado o tiroteio, os dois gigan-
porém não conseguiu a conquista do canal de Suez. Em junho de tes passaram a se desentender. Obviamente que colocaram, um no
1941, o exército alemão atacou a União Soviética, desrespeitando outro, a culpa por ter deflagrado a Guerra Fria. Para os soviéticos,
o tratado de não-agressão. os americanos - especialmente depois da explosão das Bombas
A operação Barba Ruiva determinou a invasão àquele país em Atômicas sobre o Japão -, agiam como donos do mundo. Para os
três frentes: ianques, ao contrário, eram os soviéticos quem desejavam impor
- norte, para ocupar Leningrado; sua ideologia comunista ao restante do planeta.
- centro, para ocupar Moscou; Não chegando a acordo nenhum, trataram de armar-se, lan-
- sul, para ocupar a região da Ucrânia e do Cáucaso. çando-se na mais perigosa e custosa corrida armamentista de todos
os tempos. Uma organização calculou os gastos da Guerra Fria
A resistência soviética se fez através da campanha da “terra ar- em U$ 17 trilhões de dólares! Ambos os lados, por sua vez, arre-
rasada”, isto é, em seu recuo os soviéticos queimavam e demoliam gimentaram, em tratados ou protocolos, o maior número de povos
tudo aquilo que os invasores pudessem utilizar e, com isso, conse- e países para a sua causa. O mundo dividiu-se em dois campos
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antagônicos, separados por uma sinuosa linha vertical que ia de Planando sobre as estepes russas a paisagem de horror conti-
um polo ao outro, como se desenhasse sobre o Atlas um enorme nuava. Todas as aldeias da Ucrânia e da Rússia branca haviam sido
Tratado de Tordesilhas ideológico. De uma lado dessa linha, na destruídas e incineradas. O gado morto e a lavoura abandonada. As
sua parte Ocidental segundo a visão americana, ficava o “Mundo minas de carvão, ao sul, na região do Donetz, estavam inundadas e
Livre”, os Estados Unidos e os seus aliados. Do outro, atrás da os poços de petróleo do Cáucaso ainda estavam envoltos em fogo.
“Cortina de Ferro”, alinhavam-se a URSS e seus satélites, esma- As estradas de ferro bombardeadas e desmanteladas estavam longe
gados pela tirania comunista. Dispensável dizer que para os so- de poderem ser reaproveitadas algum dia.
viéticos era exatamente o contrário. Para Zdánov, por exemplo, o As cidades de Leningrado (600 mil mortos civis) e Stalingra-
ideólogo e segundo homem do regime comunista, tratava-se, como do (300 mil mortos) foram palcos de grandes batalhas e tinham
discursou na Conferencia de Schreiberhau, em setembro de 1947, sido quase que totalmente devastadas. Moscou, porém, sobrevive-
da existência de “dois mundos”, opostos entre si. Um deles em ra a um curto sitio. Pode-se dizer que a parte ocidental da Rússia,
mãos do “bando imperialista e antidemocrático”, liderado pelos que vai do Belarus, ao oeste até os Montes Urais, no leste, até
americanos, e o outro composto pelas “forças antiimperialistas e então a mais industrializada e próspera, depois de quase quatro
antifascistas”, lideradas pelos soviéticos. Ambos consideravam-se anos de ocupação e ter assistido a invasão e, depois, a retirada dos
regimes inconciliáveis. Capitalismo e Comunismo, Democracia e nazistas, reduzira-se a uma ruinaria só. As perdas humanas foram
Totalitarismo, apenas aguardavam o momento oportuno para de- assombrosas: estima-se entre 17 a 20 milhões de russos mortos (7
sencadear a 3ª Guerra Mundial que, dado o potencial atômico que milhões deles soldados).
dispunham seria a guerra final. Esta idéia do equilíbrio de forças Seguindo-se adiante na viagem, atravessando a Sibéria, che-
entre as superpotências, no entanto, não correspondia à realida- ga-se a China. Além de ter padecido da ocupação nipônica desde
de. O potencial americano, excetuando-se na capacidade de mutua 1936, quando o exército japonês assaltou-a partindo da Manchuria,
destruição, sempre foi várias vezes superior ao dos soviéticos. o imenso país oriental encontrava-se em guerra civil. De um lado
as forças nacionalistas do general Chian Kai-Shek, do outro os
O Mundo do Pós-Guerra guerrilheiros de Mao Tse-tung, o líder comunista que comandara a
resistência ao invasor. Depois de terem mantido uma curta trégua,
Quem por acaso embarcasse num hipotético vôo sobre o mun- estavam novamente em guerra, que somente seria decidida a favor
do do após-guerra, circundando-o, veria uma paisagem desolado- dos revolucionários de Mao em 1949. A completa desorganização
ra, quase lunar, lá de cima. Cruzando a Inglaterra, por exemplo, do seus sistema de irrigação, resultado da guerra, jogara os chine-
perceberia claramente que seus principais portos, Liverpool e Bris- ses numa miséria assombrosa. As cidades como Cantão, Shangai,
tol, e suas grandes cidades industrias, como Londres e Manches- Pequim e Nanquim, apinhavam-se de refugiados e de gente famin-
ter, estavam totalmente arrasadas. Lá embaixo restava um povo ta vinda dos campos paralisados. Era um caos total.
exausto, num país completamente endividado, em vésperas de Finalmente alcança-se o Extremo Oriente. Atinge-se o Japão.
perder o império. Se o viajante atravessasse o Canal da Mancha e Honshü, a ilha maior do arquipélago, que abriga Tóquio, Osaka e
sobrevoasse o território francês, o que veria não seriam muito dife- Nagoya, havia sido, desde 1943, o alvo preferido da Força Aérea
rente. Castigada pela bombas dos aliados e pela ocupação de quase Americana. Em 1945 fora bombardeada diariamente, nada mais res-
quatro anos pelo exército nazista, a pátria do General De Gaulle tando o que fosse produtivo ou reaproveitado. Para desgraça ainda
mergulhara na tristeza. Mesmo ficando afinal ao lado do vencedor, maior dos japoneses, duas das suas cidades foram escolhidas como
a França, esvaída, amargara ter tido o único governo que colabora- alvo-demontração da capacidade nuclear norte-americana: em 6 e 9
ra com Hitler: o governo de Vichy, liderado pelo Marechal Petain. de agosto de 1945, Hiroshima e Nagasaki foram varridas por explo-
Avançando continente europeu a dentro, no tal vôo imaginá- sões atômicas, num total de 200 mil mortos. O império do Sol Nas-
rio, atravessando o rio Reno, chega-se à Alemanha. Nada está em cente deixara de existir. Naquele momento era um conglomerado de
pé lá embaixo. Na região do Ruhr, que abrigava o grande parque 3 mil ilhas empobrecidas, reduzido às cinzas e à impotência.
industrial pesado alemão, só vemos destroços, pedras e ferro re-
torcido. Nenhuma fabrica restou intacta. Além dos 6 milhões de O Poder dos Estados Unidos da América
mortos, civis e militares, suas principais cidades viraram ruínas.
Berlim, a ex-capital do IIIº Reich, contara mais de 250 mil prédios Poucas nações tiveram na História o feliz destino dos Esta-
destruídos, e 60% da sua extensão urbana reduzira-se a escombros. dos Unidos da América. Apesar de envolverem-se em duas guerras
Os sobreviventes, uns 60 milhões de alemães, viviam em meio ao mundiais, a de 1914-18 e a de 1939-45, os americanos, por estarem
frio, a fome e a desesperança. bem afastados dos frontes, protegidos por dois imensos Oceanos,
Mais a diante, passando sobre a Polônia, o quadro era mais o Pacífico e o Atlântico, pouco sofreram diretamente com as con-
horripilante ainda. Varsóvia e Cracóvia estavam a zero. O país fora seqüências delas. Se perderam, entre 1941-45, 300 mil homens,
palco, em momentos distintos, de dois enfrentamentos: em 1939 praticamente não contabilizaram vitimas civis. Nova Iorque, Chi-
foram os exércitos alemães e soviéticos, então aliados, quem, ao cago, Detroit, e demais centros industriais, não sofreram um só
invadir o pais, eliminaram os poloneses; em 1944-45, foram os ataque aéreo, nem seus campos tiveram que suspender as colheitas
nazistas e soviéticos, inimigos mortais, quem se enfrentaram no ou abater o gado às pressas em razão de ataques ou invasões.
seu martirizado solo. As fábricas americanas, sem medo de se verem destruídas,
Além disso, os nazistas escolheram-na para abrigar a maioria produziram quantidades fantásticas de material bélico, permitin-
dos seus campos de extermínio. Foi em Auschwitz, Sobibor, Majda- do suprir todas as necessidades das forças armadas nos frontes de
neck, Chelmno e Treblinka, que deu-se o genocídio de grande par- batalha. 17 milhões de homens e mulheres foram convocados para
te dos judeus, de ciganos e de prisioneiros russos e poloneses, que todo o tipo de serviço de guerra, terminando definitivamente com a
seguramente devem ter somado bem mais de 6 milhões de vítimas. Grande Depressão que atormentara o país nos anos trinta.
Didatismo e Conhecimento 32
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Conscientes que o mundo do pós-guerra giraria ao redor dos Com essa inversão, essa completa mudança de postura, de
seus interesses, os Estados Unidos preocuparam-se em criar as no- aliados da URSS para seus adversários, os Estados Unidos obriga-
vas bases da Ordem Mundial do pós-guerra. Convocaram para tan- ram-se a elaboraram uma nova doutrina: a Doutrina da Segurança
to, bem antes que a guerra acabasse, entre 1º e 22 de julho de 1944, Nacional. Segundo ela um tipo singular de enfrentamento mortal
em Bretton Woods, perto de Nova Iorque, uma conferencia para desenhava-se no horizonte; simultaneamente estratégico e ideoló-
determinar quais seriam as diretrizes econômicas futuras. Acertou- gico. Os Estados Unidos tinham agora seus interesses e suas bases
se lá, na presença de 44 delegados de diversos países, inclusive a militares espalhadas por todos os continentes. Eram uma potência
URSS, que seria criado um Fundo Monetário Internacional (In- global, não estando mais confinados aos seus limites continentais
ternational Monetary Found) para regular as relações financeiras primeiros. O seu único rival era o movimento comunista que tinha
entre as nações e um Banco para a Reconstrução Mundial (Inter- sede em Moscou, e manifestava ambições expansionistas. O mar-
national Bank for Reconstruction and Development), responsável xismo, para os estrategistas do Pentágono, nada mais era do que o
pela recuperação das economias combalidas pela guerra. Acatou- pretexto para o seu domínio do russo do mundo.
se que o sistema funcionaria com o dólar sendo lastreado pelo Haviam dois frontes portanto. Um estratégico-militar, que se-
ouro. Como os Estados Unidos possuíam a maior reserva aurífera ria coberto por tratados específicos, e outro ideológico, que mobi-
do mundo (acredita-se que perfazia 60% do total) e a sua moeda - o lizaria a opinião pública e o serviço de contra-espionagem (a CIA
dólar - era a única aceita e conversível por todos os demais, isto fez [Central Inteligente Agency] foi criada em 1947), para o combate
com que sua liderança fosse quase incontestável no após-guerra. ao “perigo vermelho”. A decisão do caminho a ser seguido em re-
Terminada a guerra contra a Alemanha nazista em maio, e lação à URSS foi traçado por George Kennan, um alto funcioná-
contra o Japão em agosto de 1945, num mundo exaurido e arrui- rio americano, que defendeu a “contenção” contra o comunismo.
nado, os Estados Unidos estavam intocados. Tinham naquele mo- Os soviéticos somente seriam detidos por meio de uma enérgica
mento, apesar de perfazerem menos de 6% da população mundial, política de enfrentamento, de jogo duro. Esta política contribuiu
o controle sobre 50% da produção industrial existente (entre 1938 para que os Estados Unidos reativassem a sua industria bélica para
a 1947, o índice da produção cresceu em 63%); quase todas as atender as necessidades da Guerra Fria. A íntima relação da polí-
reservas de ouro do mundo (elas pularam de 14.592 milhões para tica militar com as fábricas de artefatos bélicos, levou a que, mais
22.868 milhões em dez anos); as cidades e a população civil into- tarde, o Presidente Dwight Eisenhower a denominasse de “com-
cadas; suas forças espalhadas pelo mundo inteiro; e, como arrema- plexo militar-industrial”.
te, nesta incrível concentração de poder, eram a única das nações
em posse de um arsenal nuclear. Nunca, enfatize-se, um só país na A Doutrina Truman e o Plano Marshall
História arrematara, simultaneamente, o poder militar, o econômi-
co, o financeiro e o atômico. A consequência lógica da “contenção ao comunismo” foi o
lançamento da Doutrina Truman, o primeiro pilar da Guerra Fria.
A Contenção ao Comunismo Anunciada em março de 1947, a pretexto de socorrer a Turquia e
a Grécia (envolvida numa guerra civil entre comunistas e monar-
Dois acontecimentos internos, quase simultâneos, criaram as quistas), o presidente dos Estados Unidos garantia que sua forças
pré-condições para que os Estados Unidos se lançassem na Guerra militares estariam sempre prontas a intervir em escala mundial
Fria. O primeiro foi a morte do Presidente Franklin Delano Roo- desde que fosse preciso defender um país aliado da agressão exter-
sevelt, em maio de 1945 e, em seguida, em 1946, a eleição de um na (da URSS) ou da subversão interna, insuflada pelo movimento
Congresso predominantemente republicano (partido conservador). comunista internacional, a serviço dos soviéticos. Na prática os
Roosevelt acreditava num mundo do após-guerra controlado pelos Estados Unidos se tornariam dali em diante na polícia do mundo,
E.U.A, em comum acordo com a URSS (o que Stalin denominou de realizando intervenções em escala planetária na defesa da sua es-
“coexistência pacífica”). Sua morte fez com que seu sucessor Har- tratégia.
ry Truman, consciente do poder nuclear, abandonasse esta posição, O segundo pilar, separando ainda mais as superpotências,
aderindo à tese de Kennan do “enfrentamento com o comunismo”. deu-se com o Plano Marshall que foi um projeto de recuperação
A eleição de um congresso de maioria republicana, estreita- econômica dos países envolvidos na guerra. Anunciado, também
mente ligados à indústria de armamento e às atividades anti-co- no ano de 1947, em 5 de julho, em Harvard, este plano deve seu
munistas, revelou igualmente uma mudança da opinião pública nome ao General George Marshall, secretário-de-estado do gover-
americana. Manifestando-se, simultaneamente, contra as reformas no Truman. Por ele, os americanos colocariam à disposição uma
sociais da política do New Deal e contra acordos com os comunis- quantia fabulosa de dólares (no total ultrapassou a U$ 13 bilhões
tas. Eles, “os vermelhos”, deveriam ser combatidos em todas as de dólares) para que as populações européias pudessem “voltar as
frentes. A ascensão de Truman e o congresso republicano, torna- condições políticas e sociais nas quais possam sobreviver as insti-
ram o clima tenso com a URSS, um “clima frio”. Passado o perigo tuições livres”, e a um padrão superior que os livrasse da “tentação
nazista, os americanos receavam os comunistas. O elemento de- vermelha”, isto é de votar nos partidos comunistas, mantendo-se
sencadeador da mobilização anticomunista deu-se a partir do céle- assim fiéis aos Estados Unidos. Enquanto os europeus ocidentais
bre discurso de Winston Churchill, feito em Fulton, no Missouri, (ingleses, franceses, belgas, holandeses, italianos e alemães) aderi-
em 5 de março em 1946, quando o ex-primeiro ministro britânico ram ao plano com entusiasmo, Stalin não só rejeitou-o como proi-
denunciou o Comunismo Soviético por estender uma “Cortina de biu aos países da sua órbita (Polônia, Hungria, Tchecoslováquia,
Ferro”(Iron Curtein), sobre a sua área ocupada na Europa, con- Iugoslávia, Romênia e Bulgária) a que o aceitassem. A doutrina e
clamando os poderes anglo-saxões, a Grã-Bretanha e os Estados o plano fizeram ainda mais por separar o mundo em duas esferas
Unidos, a enfrentarem-na. de influência.
Didatismo e Conhecimento 33
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Os Tratados da Guerra Fria mudanças, em escala mundial, permitiram que a hegemonia norte
-americana fosse se consolidando após a II Guerra Mundial, senão
Com a crescente histeria anticomunista (nos E.U. A, o Co- vejamos:
mitê de atividades anti-americanas deu início, em 1947, à “caça - Conferência de Bretton Woods em 1944, na qual ficou esta-
aos comunistas”) a diplomacia americana tratou de arregimentar belecido que o dólar passaria a ser a principal moeda de reserva
parceiros no seu grande embate ideológico contra a URSS. O pri- mundial, abandonando-se o padrão-ouro.
meiro de uma série de tratados que assinaram foi o TIAR (Tratado - Crescente participação das transnacionais norte-americanas
inter-americano de auxilio recíproco) acertado no Rio de Janeiro no exterior, em especial na Europa e em alguns países subdesen-
em 1947, afirmando o conceito de “defesa coletiva” do continente volvidos como o Brasil, o México, etc.
americano. Por ele as nações latino-americanas, formariam uma - Expansão dos bancos norte-americanos e sua transnaciona-
frente comum caso houvesse a agressão de uma “potência exter- lização.
na” (isto é a URSS). O TIAR serviu também para que as relações - Descolonização da África e da Ásia que, criando dificulda-
entre os militares se estreitassem. Os generais latino-americanos des econômicas aos países europeus, abriu oportunidades para os
passaram a ver seus países em função da estratégia da Guerra Fria. Estados Unidos da América.
Também passaram a preocupar-se com a “subversão inter-
na”, especialmente depois da Revolução Cubana de 1959. A luta Durante três semanas de julho de 1944, do dia 1º ao dia 22, 730
anticomunista interna, estendida aos governos populistas, consi- delegados de 44 países do mundo então em guerra, reuniram-se no
derados aliados dos comunistas, levou-os à instituírem, por meio Hotel Mount Washington, em Bretton Woods, New Hampshire,
de golpes militares, os Estados de Segurança Nacional (Brasil em nos Estados Unidos, para definirem uma Nova Ordem Econômica
1964; Argentina em 1966 e novamente em 1976; Peru e Equador Mundial. Foi uma espécie de antecipação da ONU (fundada em
em 1968; Uruguai e Chile em 1973). São Francisco no ano seguinte, em 1945) para tratar das coisas do
Em 1949, em 4 de abril, foi a vez dos países europeus abraça- dinheiro. A reunião centrou-se ao redor de duas figuras chaves:
rem uma aliança liderada pelos Estados Unidos: a OTAN (North Harry Dexter White, Secretário-Assistente do Departamento do
Atlantic Treaty Organization). Inicialmente com 12 membros, hoje Tesouro dos Estados Unidos e de Lord Keynes, o mais famoso dos
ela conta com 19. Com um estado-maior comum, a OTAN tinha economistas, representando os interesses da Grã-Bretanha, que
a função original de proteger os países europeus ocidentais de um juntos formavam o eixo do poder econômico da terra inteira.
possível ataque das divisões soviéticas estacionadas na Alemanha Acertou-se que dali em diante, em documento firmado em 22
Oriental. A motivação para que a aliança se realizasse deveu-se a de julho de 1944, na era que surgiria das cinzas da Segunda Guer-
crise de Berlim. Os E.U.A., ao se decidirem reerguer a indústria ra Mundial, haveria um fundo encarregado de dar estabilidade ao
pesada alemã, assustaram os soviéticos. Stalin ordenou então o sistema financeiro internacional bem como um banco responsável
bloqueio por terra a Berlim, em protesto contra uma futura Re- pelo financiamento da reconstrução dos países atingidos pela des-
pública Federal Alemã, vinculada aos americanos. Os aliados oci- truição e pela ocupação: o FMI (Fundo Monetário Internacional) e
dentais superaram o problema recorrendo a uma ponte aérea que o Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento,
abasteceu a população de Berlim durante o desentendimento. ou simplesmente World Bank, Banco Mundial, apelidados então
Por último, em razão das guerras da Coréia (195-53) e do de os Pilares da Paz. Os investimentos internacionais cresceram
Vietnã (a primeira de 1945 -54 e a segunda de 1962-75), que os em volume, pois, além dos Estados Unidos, as antigas potências
Estados Unidos consideraram como uma ameaça a sua hegemonia européias, que estavam se recuperando da crise criada pelos desas-
na Ásia, criaram a OTASE (Southeast Asia Treaty Organization), tres da guerra, também começavam a se expandir.
em seguimento ao tratado de defesa coletiva assinado em Mani- O domínio mundial estadunidense é evidenciado pelo seu con-
la, capital das Filipinas, em 8 de setembro de 1954, para conter o trole de mais da metade dos investimentos internacionais e pelo
“expansionismo maoísta” na Ásia. A OTASE englobava, além dos elevado número de filiais das transnacionais, a tendência de mo-
E.U.A., antigos colonialismos, como o francês e o inglês, ex-domi- nopolização do capitalismo foi acelerada, fato que também pode
nios britânicos como a Austrália e a Nova Zelândia, e “protetora- ser observado nos programas de privatização que se intensificaram
dos dos ocidentais” como Filipinas e Tailândia, além do Paquistão. na década de 1980, envolvendo mais de 100 países do mundo e
Esses tratados refletiam, cada um a seu modo, a evidência do movimentando trilhões de dólares.
colossal poder que os Estados Unidos exerceram no mundo do Ao produzir em locais onde a mão-de-obra é mais barata
após-guerra e fizeram por ajudar ainda mais seu vigor econômico e (tanto seu preço por hora quanto os encargos sociais) ou onde os
financeiro. Num planeta arruinado pela Guerra Mundial foi natural custos de proteção ambientais são nulos ou muito baixos, as trans-
que os Estados Unidos, única potência sobrevivente, reordenasse nacionais reduzem os seus custos de produção, barateando as mer-
o mundo, agora como superpotência, à sua vontade. cadorias. Dessa forma, podem vender seus produtos mais barato
(quebrando a concorrência), aumentar suas taxas de lucro ou obter
Evolução do Capitalismo uma combinação de ambos. Após a II Guerra Mundial, iniciou-
se o mais longo período de crescimento contínuo do capitalismo,
Durante o período final da Guerra Fria o capitalismo passou abalado apenas pela crise do petróleo, em fins de 1973. Durante
por um de seus períodos econômicos de maior crescimento. Esse os últimos 30 anos, o valor da produção econômica quadruplicou
processo já havia começado nos últimos lustros do século XIX e as exportações quase sextuplicaram nos países desenvolvidos.
e, desde a I Guerra Mundial, já se pode observar que os Estados Uma das principais causas desse crescimento do capitalismo foi
Unidos da América estavam se transformando numa grande potên- a expansão de um grupo bem definido de grandes empresas, das
cia, graças ao seu crescente poderio econômico-militar. Diversas quais cerca de 500 atingem dimensões gigantescas.
Didatismo e Conhecimento 34
CIÊNCIAS SOCIAIS
Essas empresas, passaram a ser denominadas multinacionais, claras, gerando crises que se ampliaram desde o fim da década de
a partir de 1960, mas essa expressão se popularizou após 1973, 1960. O acordo deixou de vigorar a partir de 1971, quando o presi-
quando a revista Business Week publicou artigos e relatórios so- dente norte-americano, Richard Nixon, abandonou o padrão-ouro,
bre elas. Segundo as Nações Unidas, as empresas multinacionais ou seja, não permitiu mais a conversão de dólares em ouro automa-
“são sociedade que possuem ou controlam meios de produção ou ticamente. Com isso o sistema de câmbio desmoronou.
serviço fora do país onde estão estabelecidas”. Hoje, no entanto, O que define a economia dominante é que a sua moeda se
toma-se consciência de que a palavra transnacional expressa me- torna uma moeda internacional, servindo de parâmetro ou de re-
lhor a idéia de que essas empresas não pertencem a várias nações serva financeira para outros países. Quando, em 1971, os Estados
(multinacionais), mas sim que atuam além das fronteiras de seus Unidos quebraram a conversão automática do dólar em ouro, eles
países de origem. obrigaram os países que tinham dólares acumulados a guardá-los
No fim da Ordem da Guerra Fria (1989), segundo relatório (já que não poderiam mais ser convertidos em ouro) ou vendê
da ONU, existiam mais de 30 mil empresas transnacionais, que -los no mercado livre (em geral com prejuízo). Em março de 1973
tinham espalhadas pelo mundo cerca de 150 mil filiais. praticamente todos os países tinham desistido de fixar o valor de
Em 1970 elas eram apenas 7.125 empresas e tinham pouco suas moedas em ouro e a flutuação cambial tinha se firmado como
mais de 20 mil subsidiárias. As transnacionais foram, durante o padrão mundial.
período da Guerra Fria, a maior fonte de capital externo para os A crise do petróleo em 1973 gerou condições definitivamente
países subdesenvolvidos pois controlavam a maior parte do fluxo diferentes das existentes anteriormente e obrigou o conjunto de
de capitais no mundo (exceto nos anos do Plano Marshall). No fim nações a tomar uma série de medidas a respeito do papel do ouro
dessa ordem internacional, empresários estadunidenses controla- nas relações monetárias internacionais. Após 1973, as taxas de
vam mais de 35% das empresas transnacionais do mundo. câmbio de cada país passaram a flutuar e seu valor passou a ser
Nas últimas décadas, a globalização da economia tornou cada determinado dia a dia. A aceleração do crescimento das transações
vez mais importante o sistema financeiro internacional. Ele é for- comerciais e o impressionante aumento do fluxo de turistas no
mado por um conjunto de normas, práticas e instituições (que fa- mundo determinaram uma intensificação das trocas de uma moeda
zem ou recebem pagamentos das transações realizadas fora das por outra (câmbio), criando uma maior interdependência entre os
fronteiras nacionais). Dessa forma, o sistema envolve as relações países. Dessa forma, a recessão econômica ou a crise financeira
de dezenas de moedas do mundo, sendo vital para o fechamento de um país pode afetar muito rapidamente outras nações o que
das balanças comerciais e de pagamento dos países do mundo. Em explica a necessidade de um sistema monetário internacional, para
síntese, são três as funções do sistema monetário internacional: servir como um amortecedor dos impactos dessas transformações,
provisão de moeda internacional, as chamadas reservas; financia- melhorando e facilitando as relações entre nações tão interdepen-
mento dos desequilíbrios formados pelo fechamento dos desequi- dentes na atualidade.
líbrios formados pelo fechamento dos pagamentos entre os países;
e ajuste das taxas cambiais. Nova Ordem
Sua organização moderna teve início em julho de 1944, em
um hotel chamado Bretton Woods, localizado na cidade norte-a- Neoliberalismo: O que se convencionou chamar de Neolibe-
mericana de Littleton (New Hampshire), onde 44 países assina- ralismo é uma prática político-econômica baseada nas ideias dos
ram um acordo para organizar o sistema monetário internacional. pensadores monetaristas (representados principalmente por Milton
Procurava-se também resolver os problemas mais imediatos do Friedman, dos EUA, e Friedrich August Von Hayek, da Grã Breta-
pós-guerra, para permitir a reconstrução das economias européias nha). Após a crise do petróleo de 1973, eles começaram a defender
e japonesa, mas o acordo acabou se transformando em um reflexo a idéia de que o governo já não podia mais manter os pesados in-
do poder político e financeiro dos Estados Unidos. Nessa reunião vestimentos que haviam realizado após a II Guerra Mundial, pois
também foram criados o Fundo Monetário Internacional (FMI), agora tinham déficits públicos, balanças comerciais negativas e
e o Banco Internacional para Reconstrução do Desenvolvimento inflação. Defendiam, portanto, uma redução da ação do Estado na
(Bird), hoje conhecido como Banco Mundial. economia. Essas teorias ganharam força depois que os conserva-
A conferência estabeleceu uma paridade fixa entre as moe- dores foram vitoriosos nas eleições de 1979 no Reino Unido (un-
das do mundo e o dólar, que poderia ser convertido em ouro pelo gindo Margareth Thatcher como primeira ministra) e, de 19880,
Banco Central estadunidense a qualquer instante. Todos os países nos Estados Unidos (eleição de Ronald Reagan para a presidência
participantes fixaram o valor de sua moeda em relação ao ouro, daquele país). Desde então o Estado passou apenas a preservar a
criando uma paridade internacional fixa. Todas as grandes nações ordem política e econômica, deixando as empresas privadas livres
da época, exceto a União Soviética, evidentemente, concordaram para investirem como quisessem. Além disso, os Estados passaram
em criar um “Banco Mundial”, com a função de realizar emprésti- a desregulamentar e a privatizar inúmeras atividades econômicas
mos de longo prazo para a reconstrução e o desenvolvimento dos antes controladas por eles.
países membros; e o FMI, para realizar créditos de curto prazo
e estabilizar moedas em casos de emergência. Isso garantiu uma A Nova Ordem Mundial
estabilidade monetária razoável durante 25 anos.
À medida que as economias da Europa e do Japão foram se Utilizamos como marco inicial para a assim chamada “Nova
recuperando dos desastrosos efeitos da II Guerra Mundial e que os Ordem Mundial” (ou “Nova Ordem Internacional”) a queda do
países subdesenvolvidos se emanciparam de suas potências imperia- Muro de Berlim, com tudo o que simbolizou em termos políti-
listas, passando a agir como entidades econômicas independentes, cos, econômicos e ideológicos. Evidentemente, muitos aspectos
uma série de deficiências do acordo de Bretton Woods foram ficando anteriores já indicavam uma nova era econômica em formação. O
Didatismo e Conhecimento 35
CIÊNCIAS SOCIAIS
Muro de Berlim não apenas separava uma cidade e um povo. Ele bens necessários, particularmente numa nação que foi capaz de
simbolizava o mundo dividido pelos sistemas capitalista e socialis- manter o preço do pão em três copeques durante mais de setenta
ta. A sua destruição, iniciada pelo povo de Berlim, na noite de 9 de anos! Mas formavam-se filas imensas para esperar que produtos ra-
novembro de 1989, pôs abaixo não apenas o muro material; mais ros do ocidente chegassem às prateleiras dos supermercados, delas
do que isso, rompeu com o mais significativo símbolo da Guerra desaparecendo rapidamente. Hoje, em Moscou, o que se vê é, além
Fria: a bipolaridade. do retorno da prostituição, da miséria, da mendicância e da violên-
Como foi possível a queda do Muro de Berlim, em plena cia, levando uma nação que já foi uma superpotência a rivalizar com
Guerra Fria, num país sob forte hegemonia da União Soviética? países subdesenvolvidos neste quesito, supermercados e lojas de
Estas coisas não acontecem, por assim dizer, “como um raio em conveniência abarrotadas de bens para os quais ninguém mais tem
céu azul”. Uma série de fatores a tanto conduzem, liderados pela dinheiro para comprar... O russo médio se pergunta se teria feito um
Corrida Armamentista. Paralelamente ao abandono do Estado ca- bom negócio ao sair do socialismo para o capitalismo...
pitalista com gastos sociais, seguindo a orientação “neoliberal”,
este passou a investir cada vez mais pesadamente em armamentos
de ponta, mandando a conta da “defesa do mundo livre” para os
3 EXPANSÃO DO CAPITALISMO.
países subdesenvolvidos. A União Soviética e seus aliados, sem
terem “satélites” ou países a utilizar como fonte de recursos para
esta finalidade – que contraria o princípio básico do socialismo,
a Paz – passou a defender-se como pode. De todo o modo, se o Encontramos a origem do sistema capitalista na passagem da
bloco capitalista, dispondo de seu potencial de exploração de pra- Idade Média para a Idade Moderna. Com o renascimento urbano
ticamente todo o mundo subdesenvolvido e do aparato de propa- e comercial dos séculos XIII e XIV, surgiu na Europa uma nova
ganda que a isto se segue, criou armas cada vez mais sofisticadas classe social: a burguesia. Esta nova classe social buscava o lucro
e inacreditáveis. Em fins da década de 80 falava-se no desenvol- através de atividades comerciais.
vimento, por conglomerados anglo-estadunidenses, de um projeto Neste contexto, surgem também os banqueiros e cambistas,
de “Guerra Nas Estrelas”, uma espécie de malha de satélites vol- cujos ganhos estavam relacionados ao dinheiro em circulação,
tada a destruir armamento inimigo em terra com canhões laser!
numa economia que estava em pleno desenvolvimento. Historia-
Especulava-se ainda acerca de uma arma (que, se efetivada jamais
dores e economistas identificam nesta burguesia, e também nos
foi utilizada na prática, que se saiba, até os dias de hoje) chama-
cambistas e banqueiros, ideais embrionários do sistema capitalista:
da de “Bomba de Nêutrons”, capaz de destruir completamente a
lucro, acúmulo de riquezas, controle dos sistemas de produção e
vida sem afetar o patrimônio, um verdadeiro emblema do ideal
expansão dos negócios.
capitalista... Deslocando recursos da produção de alimentos, medi-
camentos, educação e salários para a Defesa, as nações socialistas
Primeira Fase: Capitalismo Comercial ou Pré-Capitalismo
foram levadas a um crise econômica sem precedentes históricos,
este o cerne do problema.
Em 1985, a eleição de Mikhail Gorbatchov para a liderança da Este período estende-se do século XVI ao XVIII. Inicia-se
União Soviética tinha por finalidade encontrar formas pacíficas de com as Grandes Navegações e Expansões Marítimas Europeias,
sobrevivência democrática entre regimes econômicos antagônicos. fase em que a burguesia mercante começa a buscar riquezas em
Se os socialistas reafirmavam a necessidade da intervenção esta- outras terras fora da Europa. Os comerciantes e a nobreza esta-
tal na economia, encontravam, na outra ponta a competitividade vam à procura de ouro, prata, especiarias e matérias-primas não
mercantil daqueles que se nutriam da morte e da destruição, numa encontradas em solo europeu. Estes comerciantes, financiados por
palavra: da competitividade. Abandonaram-se as metas coopera- reis e nobres, ao chegarem à América, por exemplo, vão começar
tivistas e passou-se a pautar-se pela mais rapinante competitivi- um ciclo de exploração, cujo objetivo principal era o enriqueci-
dade. Reconhecendo que falta de transparência e democracia na mento e o acúmulo de capital. Neste contexto, podemos identificar
revelação dos fatos constituía um entrave ao desenvolvimento do as seguintes características capitalistas: busca dos lucros, uso de
socialismo, Gorbatchov publicou seu clássico Perestroika, novas mão-de-obra assalariada, moeda substituindo o sistema de trocas,
idéias para o meu país e o mundo que, contudo, foi mais utilizado relações bancárias, fortalecimento do poder da burguesia e desi-
pelos adversários do que pelos amigos do social. Era sem dúvida a gualdades sociais.
expressão de uma crise.
Gorbatchov tentou ainda acordos com o ultradireitista Ronald Segunda Fase: Capitalismo Industrial
Reagan, administrando mesmo o final do Tratado de Varsóvia e as-
sinando com o presidente estadunidense o famoso acordo START No século XVIII, a Europa passa por uma mudança signifi-
(Strategic Arms Reduction Treaty), através do qual a OTAN e ou- cativa no que se refere ao sistema de produção. A Revolução In-
tras organizações filo-fascistóides dos Estados Unidos e aliados dustrial, iniciada na Inglaterra, fortalece o sistema capitalista e
comprometiam-se a diminuir seus arsenais e interromper a corrida solidifica suas raízes na Europa e em outras regiões do mundo. A
armamentista. Na prática, pouco foi feito a este respeito e é corre- Revolução Industrial modificou o sistema de produção, pois colo-
to afirmar que as nações do Oeste (Estados Unidos e Inglaterra à cou a máquina para fazer o trabalho que antes era realizado pelos
frente) venceram a Guerra Fria contra o socialismo. artesãos. O dono da fábrica conseguiu, desta forma, aumentar sua
Naturalmente, a última palavra a este respeito ainda não está margem de lucro, pois a produção acontecia com mais rapidez. Se
dada. Outrora um dos maiores problemas de distribuição na URSS por um lado esta mudança trouxe benefícios ( queda no preço das
era representado pela filas: todos tinham dinheiro para comprar os mercadorias), por outro a população perdeu muito. O desemprego,
Didatismo e Conhecimento 36
CIÊNCIAS SOCIAIS
baixos salários, péssimas condições de trabalho, poluição do ar e antes da chegada dos portugueses. Portanto, optamos pelo termo
rios e acidentes nas máquinas foram problemas enfrentados pelos “chegada” dos portugueses ao Brasil. Esta ocorreu em 22 de abril
trabalhadores deste período. de 1500, data que inaugura a fase pré-colonial.
O lucro ficava com o empresário que pagava um salário baixo Neste período não houve a colonização do Brasil, pois os por-
pela mão-de-obra dos operários. As indústrias, utilizando máquinas tugueses não se fixaram na terra. Após os primeiros contatos com
à vapor, espalharam-se rapidamente pelos quatro cantos da Europa. os indígenas, muito bem relatados na carta de Caminha, os portu-
O capitalismo ganhava um novo formato. Muitos países europeus, gueses começaram a explorar o pau-brasil da Mata Atlântica.
no século XIX, começaram a incluir a Ásia e a África dentro deste O pau-brasil tinha um grande valor no mercado europeu, pois
sistema. Estes dois continentes foram explorados pelos europeus, sua seiva, de cor avermelhada, era muito utilizada para tingir te-
dentro de um contexto conhecido como neocolonialismo. As popu- cidos. Para executar esta exploração, os portugueses utilizaram o
lações destes continentes, foram dominadas a força e tiveram suas escambo, ou seja, deram espelhos, apitos, chocalhos e outras bu-
matérias-primas e riquezas exploradas pelos europeus. Eram tam- gigangas aos nativos em troca do trabalho (corte do pau-brasil e
bém forçados a trabalharem em jazidas de minérios e a consumirem carregamento até as caravelas).
os produtos industrializados das fábricas europeias. Nestes trinta anos, o Brasil foi atacado pelos holandeses, in-
gleses e franceses que tinham ficado de fora do Tratado de Torde-
Terceira Fase: Capitalismo Monopolista-Financeiro silhas (acordo entre Portugal e Espanha que dividiu as terras recém
descobertas em 1494). Os corsários ou piratas também saqueavam
Iniciada no século XX, esta fase vai ter no sistema bancário, e contrabandeavam o pau-brasil, provocando pavor no rei de Por-
nas grandes corporações financeiras e no mercado globalizado as tugal. O medo da coroa portuguesa era perder o território brasi-
molas mestras de desenvolvimento. Podemos dizer que este perío- leiro para um outro país. Para tentar evitar estes ataques, Portugal
do está em pleno funcionamento até os dias de hoje. Grande parte organizou e enviou ao Brasil as Expedições Guarda-Costas, porém
dos lucros e do capital em circulação no mundo passa pelo sistema com poucos resultados.
financeiro. A globalização permitiu as grandes corporações pro- Os portugueses continuaram a exploração da madeira, cons-
duzirem seus produtos em diversas partes do mundo, buscando a truindo as feitorias no litoral que nada mais eram do que armazéns
redução de custos. Estas empresas, dentro de uma economia de e postos de trocas com os indígenas.
mercado, vendem estes produtos para vários países, mantendo um No ano de 1530, o rei de Portugal organizou a primeira expe-
comércio ativo de grandes proporções. dição com objetivos de colonização. Esta foi comandada por Mar-
tin Afonso de Souza e tinha como objetivos: povoar o território
brasileiro, expulsar os invasores e iniciar o cultivo de cana-de-açú-
car no Brasil.
4 BRASIL 500 ANOS.
4.1 ESTRUTURA ECONÔMICA, POLÍTICA, A fase do Açúcar (séculos XVI e XVII)
SOCIAL E CULTURAL.
4.2 SOCIEDADE COLONIAL. O açúcar era um produto de muita aceitação na Europa e al-
4.3 FAMÍLIA REAL NO BRASIL E OS cançava um grande valor. Após as experiências positivas de culti-
PERÍODOS REGENCIAIS. vo no Nordeste, já que a cana-de-açúcar se adaptou bem ao clima e
4.4 PERÍODO REPUBLICANO. ao solo nordestino, começou o plantio em larga escala. Seria uma
forma de Portugal lucrar com o comércio do açúcar, além de co-
4.5 TENENTISMO.
meçar o povoamento do Brasil. A mão-de-obra escrava, de origem
4.6 CRISE DE 1929. africana, foi utilizada nesta fase.
4.7 ERA VARGAS.
4.8 A NOVA REPUBLICA E A Administração Colonial: Para melhor organizar a colônia,
GLOBALIZAÇÃO MUNDIAL. entre os anos de 1534 e 1536, o rei de Portugal D. João III resolveu
dividir o Brasil em Capitanias Hereditárias. O território foi dividi-
do em faixas de terras, que partiam do litoral até a linha imaginária
do Tratado de Tordesilhas, que foram doadas aos donatários. Estes
A Sociedade Colonial podiam explorar os recursos da terra, porém ficavam encarrega-
dos de povoar, proteger e estabelecer o cultivo da cana-de-açúcar.
Logo após o descobrimento do Brasil (1500), a coroa portugue- Estes territórios seriam transmitidos de forma hereditária, ou seja,
sa começou a temer invasões estrangeiras no território brasileiro. passariam de pai para filho. Fato que explica o nome deste sistema
Esse temor era real, pois corsários e piratas ingleses, franceses e administrativo.
holandeses viviam saqueando as riquezas da terra recém descoberta. No geral, o sistema de Capitanias Hereditárias fracassou, em
Era necessário colonizar o Brasil e administrar de forma eficiente. função da grande distância da Metrópole, da falta de recursos e
dos ataques de indígenas e piratas. As capitanias de São Vicente e
O Período Pré-Colonial: A fase do Pau-Brasil (1500 a 1530) Pernambuco foram as únicas que apresentaram resultados satisfa-
tórios, graças aos investimentos do rei e de empresários.
A expressão “descobrimento” do Brasil está carregada de eu- Embora tenha vigorado por pouco tempo, o sistema das Ca-
rocentrismo (valorização da cultura europeia em detrimento das pitanias Hereditárias deixou marcas profundas na divisão de terra
outras), pois desconsidera a existência dos índios em nosso país do Brasil. A distribuição desigual das terras gerou posteriormente
Didatismo e Conhecimento 37
CIÊNCIAS SOCIAIS
os latifúndios, causando uma desigualdade no campo. Atualmen- jesuítas que vinham para o Brasil sofreram o mesmo martírio um
te, muitos não possuem terras, enquanto poucos possuem grandes ano depois (1571). No princípio do século XVII os jesuítas che-
propriedades rurais. gam ao Ceará, Piauí, Maranhão, Pará e daí para toda a Amazônia.
As duas casas, fundadas em São Luís (1622) e em Belém
Principais Capitanias Hereditárias e seus donatários: São- (1626), transformaram-se com o tempo em grandes colégios e em
Vicente (Martim Afonso de Sousa), Santana, Santo Amaro e Ita- centros de expansão missionária para inúmeras aldeias indígenas
maracá (Pêro Lopes de Sousa), Paraíba do Sul (Pêro Gois da Sil- espalhadas pelo Amazonas. Antônio Vieira, apesar de seus triun-
veira),Espírito Santo (Vasco Fernandes Coutinho), Porto Seguro fos oratórios e políticos, em defesa da liberdade dos indígenas, foi
(Pêro de Campos Tourinho), Ilhéus (Jorge Figueiredo Correia), expulso pelos colonos do Pará, acusado e preso pela Inquisição.
Bahia (Francisco Pereira Coutinho), Pernambuco (Duarte Coe- Em 1638, Pernambuco é tomada por holandeses protestantes,
lho), Ceará (António Cardoso de Barros), Baía da Traição até o liderados pelo conde Maurício de Nassau. A resistência se organi-
Amazonas (João de Barros, Aires da Cunha e Fernando Álvares za numa aldeia jesuítica. Dos 33 jesuítas de Pernambuco, mais de
de Andrade). 20 foram capturados, maltratados e levados para a Holanda; cerca
de 10 faleceram em consequência dessa guerra. No século XVII,
Governo Geral quando da descoberta das minas e do povoamento do sertão, os
jesuítas passavam periodicamente por esses locais em missão vo-
Após a tentativa fracassada de estabelecer as Capitanias Here- lante. Quando Mariana (MG) foi elevada a diocese (1750), foram
ditárias, a coroa portuguesa estabeleceu no Brasil o Governo-Ge- chamados para dirigir e ensinar no seminário. Em 1749 já estavam
ral, no ano de 1549. Era uma forma de centralizar e ter mais con- em Goiás, fundando aldeias.
trole da colônia. O primeiro governador-geral foi Tomé de Souza, Aparece nesta altura da história dos jesuítas o Marquês de
que recebeu do rei a missão de combater os indígenas rebeldes, Pombal. Ab-roga todo o poder temporal exercido pelos missioná-
aumentar a produção agrícola no Brasil, defender o território e pro- rios nas aldeias indígenas. Para esconder os fracassos da execução
curar jazidas de ouro e prata. do Tratado de Limites da Colônia do Sacramento, culpou os jesuí-
Também existiam as Câmaras Municipais que eram órgãos tas desencadeando contra eles uma propaganda terrível. No grande
políticos compostos pelos “homens-bons”. Estes eram os ricos terremoto de Lisboa (1755), os jesuítas foram censurados por pre-
proprietários que definiam os rumos políticos das vilas e cidades. garem a penitência ao povo e ao governo. Por ocasião do atentado
O povo não podia participar da vida pública nesta fase. (1757) contra D. José I, rei de Portugal, os jesuítas foram acusados
A capital do Brasil neste período foi Salvador, pois a região de alta traição. Em fim, o velho e santo missionário do Nordeste
Nordeste era a mais desenvolvida e rica do país. brasileiro, o Pe. Gabriel Malagrida, foi condenado publicamente
Os três governadores gerais do Brasil que mais se destacaram pela Inquisição como herege, e queimado vivo em praça pública
foram Tomé de Souza, Duarte da Costa e Mem de Sá. Como re- de Lisboa. Preparado o terreno, veio a lei de expulsão dos jesuítas
sultados da implantação deste sistema político-administrativo no dos domínios de Portugal.
Brasil, podemos citar: catequização de indígenas, desenvolvimen- Foram postos incomunicáveis, condenados e privados de todo
to agrícola e incentivo à vinda de mão-de-obra escrava africana o direito de defesa. Do Pará e de outros portos, foram embarcados
para as fazendas brasileiras. Este sistema durou até o ano de 1640, e encarcerados em Lisboa. Naquele momento havia no Brasil 670
quando foi substituído pelo Vice. jesuítas. De Portugal alguns foram transladados para os Estados
Pontifícios, onde o Papa Clemente XIII os recebeu com afeto e
Jesuítas: chegaram ao Brasil em 1549, na expedição de Tomé hospedou em antigas casas romanas. Com a morte de D. José I em
de Souza, tendo como Superior o Pe. Manuel da Nóbrega. Desem- 1777 e a subida ao poder de Dona Maria I, o Marquês de Pombal
barcam na Bahia, onde ajudaram na fundação da cidade de Salva- foi processado e condenado. Só escapou à prisão e à morte por
dor. Atendiam aos portugueses também fora da Bahia, percorrendo respeito à sua idade e achaques.
as Capitanias próximas. Com o 2º Governador Geral Duarte da O Papa Pio VII restaurou a Companhia de Jesus em 1814.
Costa (1553), chega o jovem José de Anchieta. Em 1554, no dia da Alguma influência exerceu no ânimo do Papa a amizade de um
conversão de São Paulo, funda em Piratininga um Colégio, o qual jesuíta brasileiro, o Pe. José de Campos Lara, que profetizara sua
sustentaria durante dez anos. Aprendeu logo a língua dos índios, da eleição papal.
qual escreveu a primeira gramática, dicionário e doutrina.
O Governador Geral Mem de Sá, em 1560 e 1567 expulsa A economia colonial: A base da economia colonial era o en-
os franceses do Rio de Janeiro e com seu sobrinho Estácio de Sá genho de açúcar. O senhor de engenho era um fazendeiro proprie-
funda definitivamente a cidade. Em todas essas empresas estavam tário da unidade de produção de açúcar. Utilizava a mão-de-obra
presentes os jesuítas. Episódio heróico é o desterro de Iperuí (atual africana escrava e tinha como objetivo principal a venda do açúcar
Ubatuba) em que Nóbrega e Anchieta são feitos reféns de paz dos para o mercado europeu. Além do açúcar destacou-se também a
índios Tamoios. Nesta ocasião Anchieta escreveu seu célebre Poe- produção de tabaco e algodão.
ma à Virgem Maria. Até o fim do século XVI, os jesuítas firmam As plantações ocorriam no sistema de plantation, ou seja,
sua ação através dos seus três maiores colégios: Bahia, Rio de Ja- eram grandes fazendas produtoras de um único produto, utilizando
neiro, Pernambuco. Nesse tempo deram seu sangue por Cristo o mão-de-obra escrava e visando o comércio exterior.
Irmão João de Souza e o escolástico Pedro Correia (1554), mor- O Pacto Colonial imposto por Portugal estabelecia que o Bra-
tos pelos carijós em Cananeia; o Beato Inácio de Azevedo e 39 sil só podia fazer comércio com a metrópole.
companheiros, Mártires do Brasil, foram afogados no mar pelos
calvinistas perto das ilhas Canárias (1570). Outros 12 missionários
Didatismo e Conhecimento 38
CIÊNCIAS SOCIAIS
A sociedade colonial: A sociedade no período do açúcar era rados), Antônio Raposo Tavares (atacou missões jesuítas espanho-
marcada pela grande diferenciação social. No topo da sociedade, las para capturar índios), Francisco Bueno (missões no Sul até o
com poderes políticos e econômicos, estavam os senhores de enge- Uruguai).
nho. Abaixo, aparecia uma camada média formada por trabalhado- Como conclusão, pode-se dizer que os bandeirantes foram
res livres e funcionários públicos. E na base da sociedade estavam responsáveis pela expansão do território brasileiro, desbravando
os escravos de origem africana. os sertões além do Tratado de Tordesilhas. Por outro lado, agiram
Era uma sociedade patriarcal, pois o senhor de engenho exer- de forma violenta na caça de indígenas e de escravos foragidos,
cia um grande poder social. As mulheres tinham poucos poderes e contribuindo para a manutenção do sistema escravocrata que vigo-
nenhuma participação política, deviam apenas cuidar do lar e dos rava no Brasil Colônia.
filhos. A casa-grande era a residência da família do senhor de enge-
nho. Nela moravam, além da família, alguns agregados. O confor- O Ciclo do Ouro: Século XVIII
to da casa-grande contrastava com a miséria e péssimas condições
de higiene das senzalas (habitações dos escravos). Após a descoberta das primeiras minas de ouro, o rei de Portu-
gal tratou de organizar sua extração. Interessado nesta nova fonte
Invasão Holandesa no Brasil de lucros, já que o comércio de açúcar passava por uma fase de
declínio, ele começou a cobrar o quinto. O quinto nada mais era do
Entre os anos de 1630 e 1654, o Nordeste brasileiro foi alvo que um imposto cobrado pela coroa portuguesa e correspondia a
de ataques e fixação de holandeses. Interessados no comércio de 20% de todo ouro encontrado na colônia. Este imposto era cobrado
açúcar, os holandeses implantaram um governo em nosso territó- nas Casas de Fundição.
rio. Sob o comando de Maurício de Nassau, permaneceram lá até A descoberta de ouro e o início da exploração das minas nas
serem expulsos em 1654. Nassau desenvolveu diversos trabalhos regiões auríferas (Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás) provocou
em Recife, modernizando a cidade. uma verdadeira “corrida do ouro” para estas regiões. Procurando
trabalho na região, desempregados de várias regiões do país parti-
Expansão Territorial: Bandeiras e Bandeirantes ram em busca do sonho de ficar rico da noite para o dia.
No Brasil Colonial, principalmente nos séculos XVII e XVIII,
Foram os bandeirantes os responsáveis pela ampliação do ter- os tropeiros tinham uma grande importância econômica. Estes
ritório brasileiro além do Tratado de Tordesilhas. Os bandeirantes condutores de mulas eram também comerciantes, faziam o comér-
penetram no território brasileiro, procurando índios para aprisio- cio de animais (mulas e cavalos) entre as regiões sul e sudeste.
nar e jazidas de ouro e diamantes. Foram os bandeirantes que en- Comercializavam também alimentos, principalmente o charque
contraram as primeiras minas de ouro nas regiões de Minas Gerais, (carne seca) do sul para o sudeste.
Goiás e Mato Grosso. Como a região das minas estava, no século XVIII, muito vol-
Os Bandeirantes foram os homens valentes, que no princípio tada para a extração de ouro, a produção destes alimentos era mui-
da colonização do Brasil, foram usados pelos portugueses com o to baixa. Para suprir estas necessidades, os tropeiros vendiam estes
objetivo de lutar com indígenas rebeldes e escravos fugitivos. alimentos na região.
Estes homens, que saiam de São Paulo e São Vicente, diri- Os tropeiros também foram muito importantes na abertura de
giam-se para o interior do Brasil caminhando através de florestas e estradas e fundação de vilas e cidades. Muitos entrepostos e feiras
também seguindo caminho por rios, o Rio Tietê foi um dos princi- comerciais criados por tropeiros deram origem a pequenas vilas e,
pais meios de acesso para o interior de São Paulo. futuramente, às cidades.
Estas explorações territoriais eram chamadas de Entradas ou A Inconfidência Mineira foi um dos mais importantes movi-
Bandeiras. Enquanto as Entradas eram expedições oficiais organi- mentos sociais da História do Brasil. Significou a luta do povo
zadas pelo governo, as Bandeiras eram financiadas por particulares brasileiro pela liberdade, contra a opressão do governo português
(senhores de engenho, donos de minas, comerciantes). no período colonial. Ocorreu em Minas Gerais no ano de 1789, em
Estas expedições tinham como objetivo predominante captu- pleno ciclo do ouro.
rar os índios e procurar por pedras e metais preciosos. Contudo, No final do século XVIII, o Brasil ainda era colônia de Portu-
estes homens ficaram historicamente conhecidos como os respon- gal e sofria com os abusos políticos e com a cobrança de altas taxas
sáveis pela conquista de grande parte do território brasileiro. Al- e impostos. Além disso, a metrópole havia decretado uma série de
guns chegaram até fora do território brasileiro, em locais como a leis que prejudicavam o desenvolvimento industrial e comercial
Bolívia e o Uruguai. do Brasil. No ano de 1785, por exemplo, Portugal decretou uma
Do século XVII em diante, o interesse dos portugueses passou lei que proibia o funcionamento de indústrias fabris em território
a ser a procura por ouro e pedras preciosas. Então, os bandeirantes brasileiro.
Fernão Dias Pais e seu genro Manuel Borba Gato, concentraram- Vale lembrar também que, neste período, era grande a extra-
se nestas buscas desbravando Minas Gerais. Depois outros ban- ção de ouro, principalmente na região de Minas Gerais. Os brasi-
deirantes foram para além da linha do Tratado de Tordesilhas e leiros que encontravam ouro deviam pagar o quinto, ou seja, vinte
descobriram o ouro. Muitos aventureiros os seguiram, e, estes, per- por cento de todo ouro encontrado acabava nos cofres portugueses.
maneceram em Goiás e Mato Grosso dando início a formação das Aqueles que eram pegos com ouro “ilegal” (sem ter pago o im-
primeiras cidades. Nessa ocasião destacaram-se: Antônio Pedroso, posto) sofriam duras penas, podendo até ser degredados (enviado
Alvarenga e Bartolomeu Bueno da Veiga, o Anhanguera. a força para o território africano).
Outros bandeirantes que fizeram nome neste período foram: Com a grande exploração, o ouro começou a diminuir nas mi-
Jerônimo Leitão (primeira bandeira conhecida), Nicolau Barreto nas. Mesmo assim as autoridades portuguesas não diminuíam as
(seguiu trajeto pelo Tietê e Paraná e regressou com índios captu- cobranças. Nesta época, Portugal criou a Derrama. Esta funciona-
Didatismo e Conhecimento 39
CIÊNCIAS SOCIAIS
va da seguinte forma: cada região de exploração de ouro deveria Após seu sucesso no ataque contra os paulistas, Nunes Via-
pagar 100 arrobas de ouro (1500 quilos) por ano para a metrópole. na foi tido como o “supremo ditador das Minas Gerais”, contudo,
Quando a região não conseguia cumprir estas exigências, soldados este, por ordem do governador do Rio de Janeiro, teve que se reti-
da coroa entravam nas casas das famílias para retirarem os perten- rar para o rio São Francisco.
ces até completar o valor devido. Inconformados com o tratamento que haviam recebido do gru-
Todas estas atitudes foram provocando uma insatisfação mui- po liderado por Nunes Viana, os paulistas, desta vez sob liderança
to grande no povo e, principalmente, nos fazendeiros rurais e do- de Amador Bueno da Veiga, formaram um exército que tinha como
nos de minas que queriam pagar menos impostos e ter mais partici- objetivo vingar o massacre de Capão da Traição. Esta nova batalha
pação na vida política do país. Alguns membros da elite brasileira durou uma semana. Após este confronto, foi criada a nova capita-
(intelectuais, fazendeiros, militares e donos de minas), influencia- nia de São Paulo, e, com sua criação, a paz finalmente prevaleceu.
dos pela ideias de liberdade que vinham do iluminismo europeu,
começaram a se reunir para buscar uma solução definitiva para o Tiradentes: O nome do líder da Inconfidência Mineira era Joa-
problema: a conquista da Independência do Brasil. quim José da Silva Xavier. Nasceu na Vila de São Jose Del Rei (atual
cidade de Tiradentes, Minas Gerais) em 1746, porém foi criado na
Os Inconfidentes: O grupo, liderado pelo alferes Joaquim cidade de Vila Rica (atual Ouro Preto). Exerceu diversos trabalhos
José da Silva Xavier, conhecido por Tiradentes era formado pe- entre eles minerador e tropeiro. Tiradentes também foi alferes, fa-
los poetas Tomas Antonio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa, zendo parte do regimento militar dos Dragões de Minas Gerais.
o dono de mina Inácio de Alvarenga, o padre Rolim, entre outros Junto com vários integrantes da aristocracia mineira, entre eles
representantes da elite mineira. A ideia do grupo era conquistar a poetas e advogados, começa a fazer parte do movimento dos incon-
liberdade definitiva e implantar o sistema de governo republicano fidentes mineiros, cujo objetivo principal era conquistar a Indepen-
em nosso país. Sobre a questão da escravidão, o grupo não possuía dência do Brasil. Tiradentes era um excelente comunicador e ora-
uma posição definida. Estes inconfidentes chegaram a definir até dor. Sua capacidade de organização e liderança fez com que fosse o
mesmo uma nova bandeira para o Brasil. Ela seria composta por escolhido para liderar a Inconfidência Mineira. Em 1789, após ser
um triangulo vermelho num fundo branco, com a inscrição em la- delatado por Joaquim Silvério dos Reis, o movimento foi descoberto
tim: Libertas Quae Sera Tamen (Liberdade ainda que Tardia). e interrompido pelas tropas oficiais. Os inconfidentes foram julga-
Os inconfidentes haviam marcado o dia do movimento para dos em 1792. Alguns filhos da aristocracia ganharam penas mais
uma data em que a Derrama seria executada. Desta forma, pode- brandas como, por exemplo, o açoite em praça pública ou o degredo.
riam contar com o apoio de parte da população que estaria revol- Tiradentes, com poucas influências econômicas e políticas, foi
tada. Porém, um dos inconfidentes, Joaquim Silvério dos Reis, condenado à forca. Foi executado em 21 de abril de 1792. Partes do
delatou o movimento para as autoridades portuguesas, em troca seu corpo foram expostas em postes na estrada que ligava o Rio de Ja-
do perdão de suas dívidas com a coroa. Todos os inconfidentes neiro a Minas Gerais. Sua casa foi queimada e seus bens confiscados.
foram presos, enviados para a capital (Rio de Janeiro) e acusados Tiradentes pode ser considerado um herói nacional. Lutou
pelo crime de infidelidade ao rei. Alguns inconfidentes ganharam pela independência do Brasil, num período em que nosso país so-
como punição o degredo para a África e outros uma pena de pri- fria o domínio e a exploração de Portugal. O Brasil não tinha uma
são. Porém, Tiradentes, após assumir a liderança do movimento, constituição, direitos de desenvolver indústrias em seu território
foi condenado à forca em praça pública. e o povo sofria com os altos impostos cobrados pela metrópole.
Embora fracassada, podemos considerar a Inconfidência Mi- Nas regiões mineradoras, o quinto (imposto pago sobre o ouro) e a
neira como um exemplo valoroso da luta dos brasileiros pela in- derrama causavam revolta na população. O movimento da Incon-
dependência, pela liberdade e contra um governo que tratava sua fidência Mineira, liderado por Tiradentes, pretendia transformar o
colônia com violência, autoritarismo, ganância e falta de respeito. Brasil numa república independente de Portugal.
Por volta do final do século XVII, os paulistas que residiam
na capitania de São Vicente encontraram ouro no sertão. Este fato Desenvolvimento Urbano nas Cidades Mineiras: Cidades
fez com que muitos garimpeiros e portugueses fossem para aquela começaram a surgir e o desenvolvimento urbano e cultural aumen-
região. tou muito nestas regiões. Foi neste contexto que apareceu um dos
Pelo fato de terem sido os primeiros a descobrir, os paulistas mais importantes artistas plásticos do Brasil: Aleijadinho.
queriam ter mais direitos e benefícios sobre o ouro que haviam Vários empregos surgiram nestas regiões, diversificando o
encontrado, uma vez que este, estava nas terras em que viviam. mercado de trabalho na região aurífera. Igrejas foram erguidas em
Entretanto, os forasteiros pensavam e agiam diferentemente; cidades como Vila Rica (atual Ouro Preto), Diamantina e Mariana.
estes, por sua vez, eram os chamados emboabas. Os emboabas for- Para acompanhar o desenvolvimento da região sudeste, a capital
maram suas próprias comunidades, dentro da região que já era ha- do país foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro.
bitada pelos paulistas; neste mesmo local, eles permaneciam cons-
tantemente vigiando todos os passos dos paulistas. Os paulistas Revoltas Coloniais e Conflitos
eram chefiados pelo bandeirante Manuel de Borba Gato; já o líder
dos emboabas era o português Manuel Nunes Viana. Em função da exploração exagerada da metrópole ocorreram
Dentro desta rivalidade ocorreram muitas situações que aba- várias revoltas e conflitos neste período:
laram consideravelmente as relações entre os dois grupos. Os em- - Guerra dos Emboabas: os bandeirantes queriam exclusivi-
boabas limitaram os paulistas na região do Rio das Mortes e seu dade na exploração do ouro nas minas que encontraram. Entraram
líder foi proclamado “governador”. A situação dos paulistas piorou em choque com os paulistas que estavam explorando o ouro das
ainda mais quando estes foram atacados em Sabará. minas.
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- Revolta de Filipe dos Santos: ocorrida em Vila Rica, repre- Muitas civilizações usaram e dependeram do trabalho escravo
sentou a insatisfação dos donos de minas de ouro com a cobrança para a execução de tarefas mais pesadas e rudimentares. Grécia e
do quinto e das Casas de Fundição. O líder Filipe dos Santos foi Roma foi uma delas, estas detinham um grande número de escra-
preso e condenado a morte pela coroa portuguesa. vos; contudo, muitos de seus escravos eram bem tratados e tiveram
- Inconfidência Mineira (1789): liderada por Tiradentes, os a chance de comprar sua liberdade.
inconfidentes mineiros queriam a libertação do Brasil de Portugal. No Brasil, a escravidão teve início com a produção de açú-
O movimento foi descoberto pelo rei de Portugal e os líderes con- car na primeira metade do século XVI. Os portugueses traziam
denados. os negros africanos de suas colônias na África para utilizar como
mão-de-obra escrava nos engenhos de açúcar do Nordeste. Os co-
História dos Quilombos merciantes de escravos portugueses vendiam os africanos como se
fossem mercadorias aqui no Brasil. Os mais saudáveis chegavam a
No período de escravidão no Brasil (séculos XVII e XVIII), valer o dobro daqueles mais fracos ou velhos.
os negros que conseguiam fugir se refugiavam com outros em O transporte era feito da África para o Brasil nos porões dos
igual situação em locais bem escondidos e fortificados no meio navios negreiros. Amontoados, em condições desumanas, muitos
das matas. Estes locais eram conhecidos como quilombos. Nes- morriam antes de chegar ao Brasil, sendo que os corpos eram lan-
tas comunidades, eles viviam de acordo com sua cultura africana, çados ao mar.
plantando e produzindo em comunidade. Na época colonial, o Bra- Nas fazendas de açúcar ou nas minas de ouro (a partir do século
sil chegou a ter centenas destas comunidades espalhadas, princi- XVIII), os escravos eram tratados da pior forma possível. Trabalha-
palmente, pelos atuais estados da Bahia, Pernambuco, Goiás, Mato vam muito (de sol a sol), recebendo apenas trapos de roupa e uma
Grosso, Minas Gerais e Alagoas. alimentação de péssima qualidade. Passavam as noites nas senzalas
Na ocasião em que Pernambuco foi invadida pelos holandeses (galpões escuros, úmidos e com pouca higiene) acorrentados para
(1630), muitos dos senhores de engenho acabaram por abandonar evitar fugas. Eram constantemente castigados fisicamente, sendo
suas terras. Este fato beneficiou a fuga de um grande número de que o açoite era a punição mais comum no Brasil Colônia.
escravos. Estes, após fugirem, buscaram abrigo no Quilombo dos Eram proibidos de praticar sua religião de origem africana ou de
Palmares, localizado em Alagoas. realizar suas festas e rituais africanos. Tinham que seguir a religião ca-
Esse fato propiciou o crescimento do Quilombo dos Palmares. tólica, imposta pelos senhores de engenho, adotar a língua portuguesa
No ano de 1670, este já abrigava em torno de 50 mil escravos. na comunicação. Mesmo com todas as imposições e restrições, não
Estes, também conhecidos como quilombolas, costumavam pegar deixaram a cultura africana se apagar. Escondidos, realizavam seus
alimentos às escondidas das plantações e dos engenhos existentes rituais, praticavam suas festas, mantiveram suas representações artís-
em regiões próximas; situação que incomodava os habitantes. ticas e até desenvolveram uma forma de luta: a capoeira.
Esta situação fez com que os quilombolas fossem combatidos As mulheres negras também sofreram muito com a escravi-
tanto pelos holandeses (primeiros a combatê-los) quanto pelo go- dão, embora os senhores de engenho utilizassem esta mão-de-o-
verno de Pernambuco, sendo que este último contou com os servi- bra, principalmente, para trabalhos domésticos. Cozinheiras, ar-
ços do bandeirante Domingos Jorge Velho. rumadeiras e até mesmo amas de leite foram comuns naqueles
A luta contra os negros de Palmares durou por volta de cinco tempos da colônia.
anos; contudo, apesar de todo o empenho e determinação dos ne- No Século do Ouro (XVIII) alguns escravos conseguiam com-
gros chefiados por Zumbi, eles, por fim, foram derrotados. prar sua liberdade após adquirirem a carta de alforria. Juntando
Os quilombos representaram uma das formas de resistência e alguns “trocados” durante toda a vida, conseguiam tornar-se livres.
combate à escravidão. Rejeitando a cruel forma de vida, os negros Porém, as poucas oportunidades e o preconceito da sociedade aca-
buscavam a liberdade e uma vida com dignidade, resgatando a cul- bavam fechando as portas para estas pessoas.
tura e a forma de viver que deixaram na África e contribuindo para O negro também reagiu à escravidão, buscando uma vida
a formação da cultura afro-brasileira. digna. Foram comuns as revoltas nas fazendas em que grupos de
escravos fugiam, formando nas florestas os famosos quilombos.
Escravidão A partir da metade do século XIX a escravidão no Brasil pas-
sou a ser contestada pela Inglaterra. Interessada em ampliar seu
Ao falarmos em escravidão, é difícil não pensar nos portu- mercado consumidor no Brasil e no mundo, o Parlamento Inglês
gueses, espanhóis e ingleses que superlotavam os porões de seus aprovou a Lei Bill Aberdeen (1845), que proibia o tráfico de es-
navios de negros africanos, colocando-os a venda de forma desu- cravos, dando o poder aos ingleses de abordarem e aprisionarem
mana e cruel por toda a região da América. navios de países que faziam esta prática.
Sobre este tema, é difícil não nos lembrarmos dos capitães- Em 1850, o Brasil cedeu às pressões inglesas e aprovou a Lei
de-mato que perseguiam os negros que haviam fugido no Brasil, Eusébio de Queiróz que acabou com o tráfico negreiro. Em 28 de
dos Palmares, da Guerra de Secessão dos Estados Unidos, da dedi- setembro de 1871 era aprovada a Lei do Ventre Livre que dava li-
cação e ideias defendidas pelos abolicionistas, e de muitos outros berdade aos filhos de escravos nascidos a partir daquela data. E no
fatos ligados a este assunto. ano de 1885 era promulgada a Lei dos Sexagenários que garantia
Apesar de todas estas citações, a escravidão é bem mais antiga do liberdade aos escravos com mais de 60 anos de idade.
que o tráfico do povo africano. Ela vem desde os primórdios de nossa Somente no final do século XIX é que a escravidão foi mun-
história, quando os povos vencidos em batalhas eram escravizados dialmente proibida. Aqui no Brasil, sua abolição se deu em 13 de
por seus conquistadores. Podemos citar como exemplo os hebreus, maio de 1888 com a promulgação da Lei Áurea, feita pela Princesa
que foram vendidos como escravos desde os começos da História. Isabel.
Didatismo e Conhecimento 41
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A Independência e o Nascimento do Estado Brasileiro Paço Real, para o rei e sua família e exigiu que os moradores das
melhores casas da cidade fizessem o mesmo. Duas mil residên-
A Família Real no Brasil cias foram requisitadas, pregando-se nas portas o “P.R.”, que sig-
nificava “Príncipe Regente”, mas que o povo logo traduziu como
No início do século XIX, a Europa estava agitada pelas guer- “Ponha-se na Rua”. Prédios públicos, quartéis, igrejas e conventos
ras. Inglaterra e França disputavam a liderança no continente euro- também foram ocupados. A cidade passou por uma reforma geral:
peu. Em 1806, Napoleão Bonaparte, imperador da França, decre- limpeza de ruas, pinturas nas fachadas dos prédios e apreensão de
tou o Bloqueio Continental, proibindo que qualquer país aliado ou animais.
ocupado pelas forças francesas comercializasse com a Inglaterra. As mudanças provocaram o aumento da população na cidade
O objetivo do bloqueio era arruinar a economia inglesa. Quem não do Rio de Janeiro, que por volta de 1820, somava mais de 100 mil
obedecesse, seria invadido pelo exército francês. habitantes, entre os quais muitos eram estrangeiros – portugueses,
Portugal viu-se numa situação delicada. Nessa época, Portu- comerciantes ingleses, corpos diplomáticos – ou mesmo resultado
gal era governado pelo príncipe regente D. João, pois sua mãe, a do deslocamento da população interna que procurava novas opor-
rainha D. Maria I, enlouquecera. D. João não podia cumprir as tunidades na capital.
ordens de Napoleão e aderir ao Bloqueio Continental, pois tinha As construções passaram a seguir os padrões europeus. Novos
longa relação comercial com a Inglaterra, por outro lado o governo elementos foram incorporados ao mobiliário; espelhos, bibelôs,
português temia o exército francês. biombos, papéis de parede, quadros, instrumentos musicais, reló-
Sem outra alternativa, Portugal aceitou o Bloqueio, mas, gios de parede.
continuou comercializando com a Inglaterra. Ao descobrir a tra- Com a Abertura dos Portos (1808) e os Tratados de Comércio
ma, Napoleão determinou a invasão de Portugal em novembro e Navegação e de Aliança e Amizade (1810) estabelecendo tarifas
de 1807. Sem condições de resistir à invasão francesa, D. João e preferenciais aos produtos ingleses, o comércio cresceu. O porto
toda a corte portuguesa fugiram para o Brasil, sob a proteção naval do Rio de Janeiro aumentou seu movimento que passou de 500
da marinha inglesa. A Inglaterra ofereceu escolta na travessia do para 1200 embarcações anuais.
Atlântico, mas em troca exigiu a abertura dos portos brasileiros A oferta de mercadorias e serviços diversificou-se. A Rua do
aos navios ingleses. Ouvidor, no centro do Rio, recebeu o cabeleireiro da Corte, costu-
A corte portuguesa partiu às pressas de Lisboa sob as vaias do reiras francesas, lojas elegantes, joalherias e tabacarias. A novida-
povo, em 29 de novembro de 1807. Na comitiva vinha D. João, de mais requintada era os chapéus, luvas, leques, flores artificiais,
sua mãe D. Maria I, a princesa Carlota Joaquina; as crianças D. perfumes e sabonetes.
Miguel, D. Maria Teresa, D. Maria Isabel, D. Maria Assunção, D. Para a elite, a presença da Corte e o número crescente de
Ana de Jesus Maria e D. Pedro, o futuro imperador do Brasil e comerciantes estrangeiros trouxeram familiaridade com novos
mais cerca de 15 mil pessoas entre nobres, militares, religiosos e produtos e padrões de comportamento em moldes europeus. As
funcionários da Coroa. Trazendo tudo o que era possível carregar; mulheres seguindo o estilo francês; usavam vestidos leves e sem
móveis, objetos de arte, jóias, louças, livros, arquivos e todo o te- armações, com decotes abertos, cintura alta, deixando aparecer
souro real imperial. os sapatos de saltos baixos. Enquanto os homens usavam casa-
Após 54 dias de viagem a esquadra portuguesa chegou ao cas com golas altas enfeitadas por lenços coloridos e gravatas de
porto de Salvador na Bahia, em 22 de janeiro de 1808. Lá foram renda, calções até o joelho e meias. Embora apenas uma pequena
recebidos com festas, onde permaneceram por mais de um mês. parte da população usufruísse desses luxos. Sem dúvida, a vinda
Seis dias após a chegada D. João cumpriu o seu acordo com os de D. João deu um grande impulso à cultura no Brasil.
ingleses, abrindo os portos brasileiros às nações amigas, isto é, a Em abril de 1808, foi criado o Arquivo Central, que reunia
Inglaterra. Eliminando em parte o monopólio comercial português, mapas e cartas geográficas do Brasil e projetos de obras públicas.
que obrigava o Brasil a fazer comércio apenas com Portugal. Em maio, D. João criou a Imprensa Régia e, em setembro, surgiu
Mas o destino da Coroa portuguesa, era a capital da colônia, o a Gazeta do Rio de Janeiro. Logo vieram livros didáticos, técnicos
Rio de Janeiro, onde D. João e sua comitiva desembarcaram em 8 e de poesia. Em janeiro de 1810, foi aberta a Biblioteca Real, com
de março de 1808 e onde foi instalada a sede do governo. 60 mil volumes trazidos de Lisboa.
Na chegada ao Rio de Janeiro, a Corte portuguesa foi rece- Criaram-se as Escolas de Cirurgia e Academia de Marinha
bida com uma grande festa: o povo aglomerou-se no porto e nas (1808), a Aula de Comércio e Academia Militar (1810) e a Aca-
principais ruas para acompanhar a Família Real em procissão até a demia Médico-cirúrgica (1813). A ciência também ganhou com a
Catedral, onde, após uma missa em ação de graças, o rei concedeu criação do Observatório Astronômico (1808), do Jardim Botânico
o primeiro «beija-mão». (1810) e do Laboratório de Química (1818).
A transferência da corte portuguesa para o Rio de Janeiro pro- Em 1813, foi inaugurado o Teatro São João (atual João Cae-
vocou uma grande transformação na cidade. tano). Em 1816, a Missão Francesa, composta de pintores, esculto-
D. João teve que organizar a estrutura administrativa do go- res, arquitetos e artesãos, chegaram ao Rio de Janeiro para criar a
verno. Nomeou ministros de Estado, colocou em funcionamento Imperial Academia e Escola de Belas-Artes. Em 1820, foi a vez da
diversas secretarias públicas, instalou tribunais de justiça e criou o Real Academia de Desenho, Pintura, Escultura e Arquitetura-civil.
Banco do Brasil (1808). A presença de artistas estrangeiros, botânicos, zoólogos, mé-
Era preciso acomodar os novos habitantes e tornar a cidade dicos, etnólogos, geógrafos e muitos outros que fizeram viagens
digna de ser a nova sede do Império português. O vice-rei do Bra- e expedições regulares ao Brasil, trouxe informações sobre o que
sil, D. Marcos de Noronha e Brito cedeu sua residência, O Palácio acontecia pelo mundo e também tornou este país conhecido, por
dos Governadores, no Lago do Paço, que passou a ser chamado meio dos livros e artigos em jornais e revistas que aqueles pro-
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fissionais publicavam. Foi uma mudança profunda, mas que não intelectuais, militares, e religiosos. Outros pontos que contribuíram
alterou os costumes da grande maioria da população carioca, com- para debilitar o movimento foram a precária articulação militar e a
posta de escravos e trabalhadores assalariados. postura regionalista, ou seja, reivindicavam a emancipação e a re-
Com a vitória das nações europeias contra Napoleão em 1815, pública para o Brasil e na prática preocupavam-se com problemas
ficou decidido que os reis de países invadidos, pela França deve- locais de Minas Gerais. O mais grave contudo foi a ausência de
riam voltar a ocupar seus tronos. uma postura clara que defendesse a abolição da escravatura. O des-
D. João e sua corte não queriam retornar ao empobrecido fecho do movimento foi assinalado quando o governador Visconde
Portugal. Então o Brasil foi elevado à categoria de Reino Unido de Barbacena suspendeu a derrama, seria o pretexto para deflagar a
de Portugal e Algarves (uma região ao sul de Portugal). O Brasil revolta, e esvaziou a conspiração, iniciando prisões acompanhadas
deixava de ser Colônia de Portugal, adquiria autonomia adminis- de uma verdadeira devassa.
trativa. Os líderes do movimento foram presos e enviados para o Rio
Em 1820, houve em Portugal a Revolução Liberal do Porto, de Janeiro responderam pelo crime de inconfidência (falta de fi-
terminando com o Absolutismo e iniciando a Monarquia Constitu- delidade ao rei), pelo qual foram condenados. Todos negaram sua
cional. D. João deixava de ser monarca absoluto e passava a seguir participação no movimento, menos Joaquim José da Silva Xavier,
a Constituição do Reino. Dessa forma, a Assembleia Portuguesa o alferes conhecido como Tiradentes, que assumiu a responsabili-
exigia o retorno do monarca. O novo governo português desejava dade de liderar o movimento. Após decreto de D. Maria I é revo-
recolonizar o Brasil, retirando sua autonomia econômica. gada a pena de morte dos inconfidentes, exceto a de Tiradentes.
Em 26 de abril de 1821, D. João VI cedendo às pressões, volta Alguns tem a pena transformada em prisão temporária, outros em
a Portugal, deixando seu filho D.Pedro como príncipe regente do prisão perpétua. Cláudio Manuel da Costa morreu na prisão, onde
Brasil. provavelmente foi assassinado.
Se o que define a condição de colônia é o monopólio impos- O exemplo parece que não assustou a todos, já que nove anos
to pela metrópole, em 1808 com a abertura dos portos, o Brasil mais tarde iniciava-se na Bahia a Revolta dos Alfaiates, também
deixava de ser colônia. O monopólio não mais existia. Rompia-se chamada de Conjuração Baiana. A influência da loja maçônica Ca-
o pacto colonial e atendia-se assim, os interesses da elite agrária valeiros da Luz deu um sentido mais intelectual ao movimento
brasileira, acentuando as relações com a Inglaterra, em detrimento que contou também com uma ativa participação de camadas po-
pulares como os alfaiates João de Deus e Manuel dos Santos Lira.
das tradicionais relações com Portugal.
Eram pretos, mestiços, índios, pobres em geral, além de soldados
Esse episódio, que inaugura a política de D. João VI no Brasil,
e religiosos. Justamente por possuir uma composição social mais
é considerado a primeira medida formal em direção ao “sete de
abrangente com participação popular, a revolta pretendia uma re-
setembro”.
pública acompanhada da abolição da escravatura. Controlado pelo
Há muito Portugal dependia economicamente da Inglaterra.
governo, as lideranças populares do movimento foram executadas
Essa dependência acentua-se com a vinda de D. João VI ao Brasil,
por enforcamento, enquanto que os intelectuais foram absolvidos.
que gradualmente deixava de ser colônia de Portugal, para entrar Outros movimentos de emancipação também foram controla-
na esfera do domínio britânico. Para Inglaterra industrializada, a dos, como a Conjuração do Rio de Janeiro em 1794, a Conspiração
independência da América Latina era uma promissora oportunida- dos Suaçunas em Pernambuco (1801) e a Revolução Pernambu-
de de mercados, tanto fornecedores, como consumidores. cana de 1817. Esta última, já na época que D. João VI havia se
Com a assinatura dos Tratados de 1810 (Comércio e Nave- estabelecido no Brasil. Apesar de contidas todas essas rebeliões
gação e Aliança e Amizade), Portugal perdeu definitivamente o foram determinantes para o agravamento da crise do colonialismo
monopólio do comércio brasileiro e o Brasil caiu diretamente na no Brasil, já que trouxeram pela primeira vez os ideais iluministas
dependência do capitalismo inglês. e os objetivos republicanos.
Em 1820, a burguesia mercantil portuguesa colocou fim ao
absolutismo em Portugal com a Revolução do Porto. Implantou- O Processo de Independência do Brasil
se uma monarquia constitucional, o que deu um caráter liberal ao
movimento. Mas, ao mesmo tempo, por tratar-se de uma burguesia Em primeiro lugar, entender que o 07 de setembro de 1822
mercantil que tomava o poder, essa revolução assume uma postura não foi um ato isolado do príncipe D. Pedro, e sim um aconteci-
recolonizadora sobre o Brasil. D. João VI retorna para Portugal e mento que integra o processo de crise do Antigo Sistema Colo-
seu filho aproxima-se ainda mais da aristocracia rural brasileira, nial, iniciada com as revoltas de emancipação no final do século
que sentia-se duplamente ameaçada em seus interesses: a intenção XVIII. Ainda é muito comum a memória do estudante associar a
recolonizadora de Portugal e as guerras de independência na Amé- independência do Brasil ao quadro de Pedro Américo, “O Grito do
rica Espanhola, responsáveis pela divisão da região em repúblicas. Ipiranga”, que personifica o acontecimento na figura de D. Pedro.
Em segundo lugar, perceber que a independência do Brasil,
Os Movimentos de Emancipação restringiu-se à esfera política, não alterando em nada a realidade
sócio-econômica, que se manteve com as mesmas características
A Inconfidência Mineira destacou-se por ter sido o primeiro do período colonial.
movimento social republicano-emancipacionista de nossa história. Desde as últimas décadas do século XVIII assinala-se na
Eis aí sua importância maior, já que em outros aspectos ficou mui- América Latina a crise do Antigo Sistema Colonial. No Brasil,
to a desejar. essa crise foi marcada pelas rebeliões de emancipação, destacan-
Sua composição social por exemplo, marginalizava as cama- do-se a Inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana. Foram os
das mais populares, configurando-se num movimento elitista es- primeiros movimentos sociais da história do Brasil a questionar o
tendendo-se no máximo às camadas médias da sociedade, como pacto colonial e assumir um caráter republicano.
Didatismo e Conhecimento 43
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Era apenas o início do processo de independência política do “É tempo... Independência ou morte... Estamos separados de
Brasil, que se estende até 1822 com o “sete de setembro”. Esta si- Portugal”. Chegando no Rio de Janeiro (14 de setembro de 1822),
tuação de crise do antigo sistema colonial, era na verdade, parte in- D. Pedro foi aclamado Imperador Constitucional do Brasil. Era
tegrante da decadência do Antigo Regime europeu, debilitado pela o início do Império, embora a coroação apenas se realizasse em
Revolução Industrial na Inglaterra e principalmente pela difusão do primeiro de dezembro de 1822.
liberalismo econômico e dos princípios iluministas, que juntos for- A independência não marcou nenhuma ruptura com o proces-
marão a base ideológica para a Independência dos Estados Unidos so de nossa história colonial. As bases sócio-econômicas (trabalho
(1776) e para a Revolução Francesa (1789). Trata-se de um dos mais escravo, monocultura e latifúndio), que representavam a manu-
importantes movimentos de transição na História, assinalado pela tenção dos privilégios aristocráticos, permaneceram inalteradas.
passagem da idade moderna para a contemporânea, representada O “sete de setembro” foi apenas a consolidação de uma ruptura
pela transição do capitalismo comercial para o industrial. política, que já começara 14 anos atrás, com a abertura dos por-
A aristocracia rural brasileira encaminhou a independência do tos. Ocorreram muitas revoltas pela libertação do Brasil, nas quais
Brasil com o cuidado de não afetar seus privilégios, representados muitos brasileiros perderam a vida.
pelo latifúndio e escravismo. Dessa forma, a independência foi im- Os que morrem achavam que valia a pena sacrificar-se para
posta verticalmente, com a preocupação em manter a unidade na- melhorar a situação do povo brasileiro. Queriam uma vida melhor,
cional e conciliar as divergências existentes dentro da própria elite não só para eles, mas para todos os brasileiros.
rural, afastando os setores mais baixos da sociedade representados Mas a Independência do Brasil só aconteceu em 1822. E não
por escravos e trabalhadores pobres em geral. foi uma separação total, como aconteceu em outros países da Amé-
Com a volta de D. João VI para Portugal e as exigências para rica que, ao ficarem independentes, tornaram-se repúblicas gover-
que também o príncipe regente voltasse, a aristocracia rural passa nadas por pessoas nascidas no país libertado. O Brasil independen-
a viver sob um difícil dilema: conter a recolonização e ao mesmo te continuou sendo um reino, e seu primeiro imperador foi Dom
tempo evitar que a ruptura com Portugal assumisse o caráter revo- Pedro I, que era filho do rei de Portugal.
lucionário-republicano que marcava a independência da América Historicamente, o processo da Independência do Brasil ocu-
Espanhola, o que evidentemente ameaçaria seus privilégios. pou as três primeiras décadas do século XIX e foi marcado pela
A maçonaria (reaberta no Rio de Janeiro com a loja maçônica
vinda da família real ao Brasil em 1808 e pelas medidas tomadas
Comércio e Artes) e a imprensa uniram suas forças contra a postu-
no período de Dom João. A vinda da família real fez a autonomia
ra recolonizadora das Cortes.
brasileira ter mais o aspecto de transição.
D. Pedro é sondado para ficar no Brasil, pois sua partida po-
O processo da independência foi bastante acelerado pelo que
deria representar o esfacelamento do país. Era preciso ganhar o
ocorreu em Portugal em 1820. A Revolução do Porto comandada
apoio de D. Pedro, em torno do qual se concretizariam os inte-
pela burguesia comercial da cidade do Porto, que foi um movi-
resses da aristocracia rural brasileira. Um abaixo assinado de oito
mil assinaturas foi levado por José Clemente Pereira (presidente mento que tinha características liberais para Portugal mas, para o
do Senado) a D. Pedro em 9 de janeiro de 1822, solicitando sua Brasil, significava uma recolonização.
permanência no Brasil. Cedendo às pressões, D. Pedro decidiu-se:
“Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou As mudanças econômicas no Brasil: Depois da chegada da
pronto. Diga ao povo que fico”. família real duas medidas de Dom João deram rápido impulso à
É claro que D. Pedro decidiu ficar bem menos pelo povo e bem economia brasileira: a abertura dos portos e a permissão de montar
mais pela aristocracia, que o apoiaria como imperador em troca da indústrias que haviam sido proibidas por Portugal anteriormente.
futura independência não alterar a realidade sócio-econômica co- Abriram-se fábricas, manufaturas de tecidos começaram a surgir,
lonial. Contudo, o Dia do fico era mais um passo para o rompimen- mas não progrediram por causa da concorrência dos tecidos ingleses.
to definitivo com Portugal. Graças a homens como José Bonifácio Bom resultado teve, porém, a produção de ferro com a criação da Usi-
de Andrada e Silva (patriarca da independência), Gonçalves Ledo, na de Ipanema nas províncias de São Paulo e Minas Gerais.
José Clemente Pereira e outros, o movimento de independência Outras medidas de Dom João estimularam as atividades eco-
adquiriu um ritmo surpreendente com o cumpra-se, onde as leis nômicas do Brasil como: Construção de estradas; Os portos foram
portuguesas seriam obedecidas somente com o aval de D. Pedro, melhorados. Foram introduzidos no país novas espécies vegetais,
que acabou aceitando o título de Defensor Perpétuo do Brasil (13 como o chá; Promoveu a vinda de colonos europeus; A produção
de maio de 1822), oferecido pela maçonaria e pelo Senado. Em 3 agrícola voltou a crescer. O açúcar e o algodão, passaram a ser pri-
de junho foi convocada uma Assembleia Geral Constituinte e Le- meiro e segundo lugar nas exportações, no início do século XIX.
gislativa e em primeiro de agosto considerou-se inimigas as tropas Neste período surgiu o café, novo produto, que logo passou do
portuguesas que tentassem desembarcar no Brasil. terceiro lugar para o primeiro lugar nas exportações brasileira.
São Paulo vivia um clima de instabilidade para os irmãos An-
dradas, pois Martim Francisco (vice-presidente da Junta Gover- Medidas de incentivo à Cultura: Além das mudanças comer-
nativa de São Paulo) foi forçado a demitir-se, sendo expulso da ciais, a chegada da família real ao Brasil também causou um re-
província. Em Portugal, a reação tornava-se radical, com ameaça boliço cultural e educacional. Nessa época, foram criadas escolas
de envio de tropas, caso o príncipe não retornasse imediatamente. como a Academia Real Militar, a Academia da Marinha, a Escola
José Bonifácio, transmitiu a decisão portuguesa ao príncipe, de Comércio, a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, a Aca-
juntamente com carta sua e de D. Maria Leopoldina, que ficara no demia de Belas-Artes e dois Colégios de Medicina e Cirurgia, um
Rio de Janeiro como regente. No dia sete de setembro de 1822 D. no Rio de Janeiro e outro em Salvador. Foram fundados o Museu
Pedro que se encontrava às margens do riacho Ipiranga, em São Pau- Nacional, o Observatório Astronômico e a Biblioteca Real, cujo
lo, após a leitura das cartas que chegaram em suas mãos, bradou: acervo era composto por muitos livros e documentos trazidos de
Didatismo e Conhecimento 44
CIÊNCIAS SOCIAIS
Portugal. Também foi inaugurado o Real Teatro de São João e o A seguir as demais nações europeias, uma a uma, reconhece-
Jardim Botânico. Uma atitude muito importante de dom João foi a ram oficialmente a Independência e o Império do Brasil.
criação da Imprensa Régia. Em 1826 estava firmada a posição do Brasil no cenário in-
Ela editou obras de vários escritores e traduções de obras cien- ternacional. Enquanto o Brasil era colônia de Portugal, o Brasil
tíficas. Foi um período de grande progresso e desenvolvimento. enfrentou com bravura e venceu os piratas, os franceses e os ho-
landeses.
As Guerras pela Independência Ocorreram muitas lutas internas e muitos perderam a sua vida
para tentar tornar seu país livre e independente de Portugal. Essa luta
A Independência havia sido proclamada, mas nem todas as durou mais de trezentos anos. O processo da Independência foi mui-
províncias do Brasil puderam reconhecer o governo do Rio de Ja- to longo e por ironia do destino foi um português que a proclamou.
neiro e unir-se ao Império sem pegar em armas. As Províncias da
Bahia, do Maranhão, do Piauí, do Grão-Pará e, por último, Cis- O Estado Brasileiro: o Estado no Brasil resultou de uma enor-
platina, dominadas ainda por tropas de Portugal, tiveram que lutar me operação de conquista e ocupação de parte do Novo Mundo,
pela sua liberdade, até fins de 1823. empreendimento no qual se associaram a Coroa portuguesa, atra-
Na Bahia, a expulsão dos portugueses só foi possível quando vés dos seus agentes, e a Igreja Católica, representada primeira-
Dom Pedro I enviou para lá uma forte esquadra comandada pelo mente pelos jesuítas. Política e ideologicamente foi uma aliança
almirante Cochrane, para bloquear Salvador. Sitiados por terra e entre o Absolutismo ibérico e a Contra-Reforma religiosa, preo-
por mar, as tropas portuguesas tiveram finalmente que se render cupada com a posse do território recém descoberto e com a con-
em 02 de julho de 1823. versão dos nativos ao cristianismo. Naturalmente que transcorrido
Após a vitória na Bahia, a esquadra de Cochrane, seguindo mais de 450 anos do lançamento dos seus fundamentos, o Estado
para o norte, bloqueou a cidade de São Luís. Esse bloqueio apres- brasileiro assumiu formas diversas, sendo gradativamente nacio-
sou a derrota dos portugueses não só no Maranhão, mas também nalizado e colocado a serviço do desenvolvimento econômico e
no Piauí. social. A transformação seguinte será a do Estado Imperial bra-
Do Maranhão um dos navios de Cochrane continuou até o ex- sileiro, legalizada depois da proclamação da independência, em
tremo norte, e, ameaçando a cidade de Belém, facilitou a rendição 1822, pela Constituição outorgada de 1824. D.Pedro I dedica-se
dos portugueses no Grão-Pará. a obter a legitimidade, contestada por oficiais lusitanos (general
No extremo Sul, a cidade de Montevidéu, sitiada por terra e Madeira) e por líderes populares do Nordeste (Frei Caneca). A
bloqueada por uma esquadra brasileira no rio do Prata teve de se Carta determinou, além dos poderes tradicionais, executivo-le-
entregar. gislativo-judiciário, a implantação de um poder moderador (que
Com o reconhecimento da Independência pela Cisplatina de fato tornou-se uma sobreposição da autoridade do imperador).
completou-se a união de todas as províncias, sob o governo de Os objetivos gerais do Estado Imperial, que se estendeu até 1889,
Dom Pedro I, firmando assim o Império Brasileiro. podem ser determinados pela: a) consolidação da autoridade im-
perial sobre todo o território brasileiro; b) manutenção do regime
O Reconhecimento da Independência escravista; c) preservação da paz interna e do reconhecimento in-
ternacional.
Unidas todas as províncias e firmado dentro do território bra-
sileiro o Império, era necessário obter o reconhecimento da Inde- Constituição da Mandioca (1824): figurando um passo fun-
pendência por parte das nações estrangeiras. damental para a consolidação da independência nacional, a for-
A primeira nação estrangeira a reconhecer a Independência do mulação de uma carta constituinte tornou-se uma das grandes
Brasil foram os Estados Unidos em maio de 1824. Não houve difi- questões do Primeiro Reinado. Mesmo antes de dar fim aos laços
culdades, pois os norte-americanos eram a favor da independência coloniais, Dom Pedro I já havia articulado, em 1822, a formação
de todas as colônias da América. (Independência dos EUA) de uma Assembleia Constituinte imbuída da missão de discutir as
O reconhecimento por parte das nações europeia foi mais difícil leis máximas da nação. Essa primeira assembleia convocou oitenta
porque os principais países da Europa, entre eles Portugal, haviam- deputados de catorze províncias. Uma das mais delicadas questões
se comprometido, no Congresso de Viena em 1815, a defender o que envolvia as leis elaboradas pela Assembleia, fazia referência
absolutismo, o colonialismo e a combater as ideias de liberdade. à definição dos poderes de Dom Pedro I. Em pouco tempo, os
Entre as primeiras nações europeias apenas uma foi favorável constituintes formaram dois grupos políticos visíveis: um liberal,
ao reconhecimento do Brasil independente: a Inglaterra, que não defendendo a limitação dos poderes imperiais e dando maior au-
queria nem romper com seu antigo aliado, Portugal, nem prejudi- tonomia às províncias; e um conservador que apoiava um regime
car seu comércio com o Brasil. Foi graças à sua intervenção e às político centralizado nas mãos de Dom Pedro. A partir de então, a
demoradas conversações mantidas junto aos governos de Lisboa e relação entre o rei e os constituintes não seria nada tranquila.
do Rio de Janeiro que Dom João VI acabou aceitando a Indepen- O primeiro anteprojeto da Constituição tendia a estabelecer
dência do Brasil, fixando-se as bases do reconhecimento. limites ao poder de ação política do imperador. No entanto, essa
A 29 de agosto de 1825 Portugal, através do embaixador in- medida liberal, convivia com uma orientação elitista que defendia
glês que o representava, assinou o Tratado luso-brasileiro de reco- a criação de um sistema eleitoral fundado no voto censitário. Outro
nhecimento. O Brasil, entretanto, teve que pagar a Portugal uma artigo desse primeiro ensaio da Constituição estabelecia que os de-
indenização de dois milhões de libra esterlinas, e Dom João VI putados não poderiam ser punidos pelo imperador. Mediante tantas
obteve ainda o direito de usar o título de Imperador do Brasil, que restrições, Dom Pedro I resolveu dissolver a primeira Assembleia
não lhe dava, porém qualquer direito sobre a antiga colônia. Constituinte do Brasil.
Didatismo e Conhecimento 45
CIÊNCIAS SOCIAIS
Logo em seguida, o imperador resolveu nomear um Con- leis máximas da nação. Essa primeira assembleia convocou oitenta
selho de Estado composto por dez membros portugueses. Essa deputados de catorze províncias. Uma das mais delicadas questões
ação política sinalizava o predomínio da orientação absolutista e que envolvia as leis elaboradas pela Assembleia, fazia referência
a aproximação do nosso governante junto os portugueses. Dessa à definição dos poderes de Dom Pedro I. Em pouco tempo, os
maneira, no dia 25 de março de 1824, Dom Pedro I, sem consultar constituintes formaram dois grupos políticos visíveis: um liberal,
nenhum outro poder, outorgou a primeira constituição brasileira. defendendo a limitação dos poderes imperiais e dando maior au-
Contraditoriamente, o texto constitucional abrigava características tonomia às províncias; e um conservador que apoiava um regime
de orientação liberal e autoritária. O governo foi dividido em três político centralizado nas mãos de Dom Pedro. A partir de então, a
poderes: Legislativo, relação entre o rei e os constituintes não seria nada tranquila.
Executivo e Judiciário. Através do Poder Moderador, exclusi- O primeiro anteprojeto da Constituição tendia a estabelecer
vamente exercido por Dom Pedro I, o rei poderia anular qualquer limites ao poder de ação política do imperador. No entanto, essa
decisão tomada pelos outros poderes. As províncias não possuíam medida liberal, convivia com uma orientação elitista que defendia
nenhum tipo de autonomia política, sendo o imperador responsá- a criação de um sistema eleitoral fundado no voto censitário
vel por nomear o presidente e o Conselho Geral de cada uma das Outro artigo desse primeiro ensaio da Constituição estabelecia
províncias. que os deputados não poderiam ser punidos pelo imperador. Me-
O Poder Legislativo era dividido em duas câmaras onde se diante tantas restrições, Dom Pedro I resolveu dissolver a primeira
agrupavam o Senado e a Câmara de Deputados. O sistema eleitoral Assembleia Constituinte do Brasil.
era organizado de forma indireta. Somente a população masculina, Logo em seguida, o imperador resolveu nomear um Conselho
maior de 25 anos e portadora de uma renda mínima de 100 mil de Estado composto por dez membros portugueses. Essa ação po-
-réis anuais teriam direito ao voto. Esses primeiros votavam em lítica sinalizava o predomínio da orientação absolutista e a aproxi-
um corpo eleitoral incumbido de votar nos candidatos a senador e mação do nosso governante junto os portugueses. Dessa maneira,
deputado. O cargo senatorial era vitalício e só poderia ser pleiteado no dia 25 de março de 1824, Dom Pedro I, sem consultar nenhum
por indivíduos com renda superior a 800 mil-réis. outro poder, outorgou a primeira constituição brasileira. Contradi-
A Igreja Católica foi apontada como religião oficial do Esta- toriamente, o texto constitucional abrigava características de orien-
do. Em contrapartida, as demais confissões religiosas poderiam ser tação liberal e autoritária. O governo foi dividido em três poderes:
Legislativo, Executivo e Judiciário. Através do Poder Moderador,
praticadas em território nacional. Os membros do clero católico
exclusivamente exercido por Dom Pedro I, o rei poderia anular
estavam diretamente subordinados ao Estado, sendo esse incumbi-
qualquer decisão tomada pelos outros poderes. As províncias não
do de nomear os membros da Igreja e fornecer a devida remunera-
possuíam nenhum tipo de autonomia política, sendo o imperador
ção aos integrantes dela.
responsável por nomear o presidente e o Conselho Geral de cada
Dessa maneira, a constituição de 1824 perfilou a criação de
uma das províncias.
um Estado de natureza autoritária em meio a instituições de apa-
O Poder Legislativo era dividido em duas câmaras onde se
rência liberal. A contradição do período acabou excluindo a grande agrupavam o Senado e a Câmara de Deputados. O sistema eleitoral
maioria da população ao direito de participação política e, logo em era organizado de forma indireta. Somente a população masculina,
seguida, motivando rebeliões de natureza separatista. Com isso, maior de 25 anos e portadora de uma renda mínima de 100 mil
a primeira constituição apoiou um governo centralizado que, por -réis anuais teriam direito ao voto. Esses primeiros votavam em
vezes, ameaçou a unidade territorial e política do Brasil. um corpo eleitoral incumbido de votar nos candidatos a senador e
deputado. O cargo senatorial era vitalício e só poderia ser pleiteado
A Organização do Estado Monárquico por indivíduos com renda superior a 800 mil-réis.
A Igreja Católica foi apontada como religião oficial do Esta-
Primeiro Reinado (1822-1831) do. Em contrapartida, as demais confissões religiosas poderiam ser
praticadas em território nacional. Os membros do clero católico
Período inicial do Império, estende-se da Independência do estavam diretamente subordinados ao Estado, sendo esse incumbi-
Brasil, em 1822, até a abdicação de Dom Pedro I, em 1831. Acla- do de nomear os membros da Igreja e fornecer a devida remunera-
mado primeiro imperador do país a 12 de outubro de 1822, Dom ção aos integrantes dela.
Pedro I enfrenta a resistência de tropas portuguesas. Ao vencê-las, Dessa maneira, a constituição de 1824 perfilou a criação de
em meados do ano seguinte, consolida sua liderança. um Estado de natureza autoritária em meio a instituições de apa-
Seu primeiro ato político importante é a convocação da As- rência liberal. A contradição do período acabou excluindo a grande
sembleia Constituinte, eleita no início de 1823. É também seu pri- maioria da população ao direito de participação política e, logo em
meiro fracasso: devido a uma forte divergência entre os deputados seguida, motivando rebeliões de natureza separatista. Com isso,
brasileiros e o soberano, que exigia um poder pessoal superior ao a primeira constituição apoiou um governo centralizado que, por
do Legislativo e do Judiciário, a Assembleia é dissolvida em no- vezes, ameaçou a unidade territorial e política do Brasil.
vembro. A Constituição é outorgada pelo imperador em 1824.
Contra essa decisão rebelam-se algumas províncias do Nor-
Constituição da Mandioca (1824): figurando um passo fun- deste, lideradas por Pernambuco. A revolta, conhecida pelo nome
damental para a consolidação da independência nacional, a for- de Confederação do Equador, é severamente reprimida pelas tro-
mulação de uma carta constituinte tornou-se uma das grandes pas imperiais.
questões do Primeiro Reinado. Mesmo antes de dar fim aos laços Embora a Constituição de 1824 determine que o regime vi-
coloniais, Dom Pedro I já havia articulado, em 1822, a formação gente no país seja liberal, o governo é autoritário. Frequentemente,
de uma Assembleia Constituinte imbuída da missão de discutir as Dom Pedro impõe sua vontade aos políticos. Esse impasse cons-
Didatismo e Conhecimento 46
CIÊNCIAS SOCIAIS
tante gera um crescente conflito com os liberais, que passam a vê-lo timos anos da década de 1820, esta oposição cresce. O governante
cada vez mais como um governante autoritário. Preocupa também procura apoio nos setores portugueses instalados na burocracia ci-
o seu excessivo envolvimento com a política interna portuguesa. vil-militar e no comércio das principais cidades do país. Incidentes
Os problemas de Dom Pedro I agravam-se a partir de 1825, com a políticos graves, como o assassinato do jornalista oposicionista Lí-
entrada e a derrota do Brasil na Guerra da Cisplatina. A perda da bero Badaró em São Paulo, em 1830, reforçam esse afastamento:
província da Cisplatina e a independência do Uruguai, em 1828, esse crime é cometido a mando de policiais ligados ao governo
além das dificuldades econômicas, levam boa parte da opinião pú- imperial e Dom Pedro é responsabilizado pela morte.
blica a reagir contra as medidas personalistas do imperador. Sua última tentativa de recuperar prestígio político é frustra-
da pela má recepção que teve durante uma visita a Minas Gerais
Guerra da Cisplatina: foi um conflito que ocorreu de 1825 até na virada de 1830 para 1831. A intenção era costurar um acordo
1828, envolvendo os países Brasil e Argentina. O motivo desta ba- com os políticos da província, mas é recebido com frieza. Alguns
talha era pelo domínio da Província de Cisplatina, atual Uruguai, setores da elite mineira fazem questão de ligá-lo ao assassinato do
uma região que sempre foi cobiçada pelos portugueses e espanhóis. jornalista. Revoltados, os portugueses instalados no Rio de Janeiro
No ano de 1680, Portugal fundou a região Colônia do Sacra- promovem uma manifestação pública em desagravo ao imperador.
mento, que foi o primeiro nome dado à região de Cisplatina. Isso desencadeia uma retaliação dos setores antilusitanos. Há tu-
Em 1777, o território passou a ser posse da Espanha. Em 1816, multos e conflitos de rua na cidade. Dom Pedro fica irado e prome-
a coroa Portuguesa, que estava no Brasil, ocupou novamente a re- te castigos. Mas não consegue sustentação política e é aconselhado
gião, nomeando-a como Província da Cisplatina. No ano de 1825, por seus ministros a renunciar ao trono brasileiro. Ele abdica em 7
um novo movimento surge em prol da libertação da província. Mas de abril de 1831 e retorna a Portugal.
os moradores de Cisplatina se recusam a fazer parte do Brasil, e Abdicação de Dom Pedro I: o imperador procurou atenuar
João Antonio Lavalleja, organiza um movimento para declarar in- a hostilidade da Câmara organizando um novo ministério chefia-
dependência da região. A Argentina por interesse no território da do pelo Marquês de Barbacena, que contava com a simpatia dos
Cisplatina, ajuda no movimento, ofertando, força política, armas, políticos do Partido Brasielrio. A queda desse gabinete, a reper-
alimentos, etc. O Brasil se revoltou declarando guerra à Argentina cussão das Revoluções Liberais de 1830 e o assassinato do jor-
e aos revoltosos da região de Cisplatina. nalista Líbero Badaró em São Paulo fizeram ferver os ânimos dos
Foram muitos conflitos entre os combatentes, e com tudo isso liberais. No Rio de Janeiro, violentas lutas de rua entre brasileiros
muito dinheiro público foi gasto, desequilibrando a economia bra- e portugueses, a Noite das Garrafadas, em 13 e 14 de março de
sileira. E além de tudo, o Brasil foi vencido na batalha. No ano de 1831, colocaram em evidência a impopularidade do imperador.
1828, sob interferência da Inglaterra, foi firmado um acordo entre Novo ministério de tendências liberais foi substituído em seguida
Brasil e Argentina, que foi marcado pela independência da Pro- pelo Ministério dos Marqueses, de tendências absolutistas. A crise
víncia da Cisplatina.Com isso, a situação do Brasil se complicou culminou em 6 de abril de 1831 com uma grande manifestação
mais, e os brasileiros ficaram mais insatisfeitos com o governo. popular no Rio de Janeiro, à qual aderiu a guarnição da cidade,
Durante praticamente todo o século XIX o Brasil foi a única comandada pelo brigadeiro Francisco de Lima e Silva. Na madru-
monarquia de uma América Latina dividida em várias e peque- gada do dia seguinte, 7 de abril, Dom Pedro I abdicou do trono
nas repúblicas. Até o início deste século, o pano de fundo histórico brasileiro em nome de seu filho de cinco anos, Pedro de Alcântara.
da América Latina foi relativamente o mesmo. Embora tenha exis-
tido uma grande diferença entre o processo colonizador espanhol Segundo Reinado (1831-1889)
e português, o Novo Continente sempre foi visto pelos povos ibé-
ricos, de modo geral, como um fornecedor de produtos tropicais e Período Regencial (1831-1840): Pedro de Alcântara foi ime-
matéria-prima para o mercado europeu. Tanto o Brasil quando as diatamente aclamado imperador do Brasil, a fim de assegurar a
demais nações latino-americanas, portanto, tiveram praticamente a continuidade do regime monárquico. Os deputados e senadores
mesma formação colonial. que se encontravam no Rio de Janeiro escolheram três regentes
Dali em diante, contudo, os caminhos começaram a se dividir. provisórios para governar em nome do soberano, até que a Assem-
Enquanto a república foi adotada largamente pelos países que iam bleia apontasse nomes definitivos.
surgindo no continente, a monarquia foi escolhida como forma O período regencial foi um dos mais conturbados da história
de governo no Brasil. Também por isso o país prosseguiu relati- do Brasil. A economia continuou em crise, e o poder central, con-
vamente isolado das outras nações da América Latina. Por outro trolado pelos grandes proprietários rurais do Sudeste, esteve em
lado, a monarquia lhe conferiu o poder necessário para manter uma conflito permanente com as províncias. As lutas por maior autono-
extensão territorial bem maior que qualquer outro país da região. mia política das províncias ameaçaram dividir o Império em vários
países independentes.
Sucessão em Portugal: após a morte de seu pai Dom João VI O Partido Brasileiro cindiu-se em três correntes. Os liberais
, em 1826, Dom Pedro envolve-se cada vez mais na questão suces- moderados (conhecidos popularmente como chimangos ou cha-
sória em Portugal. Do ponto de vista português, ele continua her- péus-redondos) representavam os fazendeiros do Sudeste e esti-
deiro da Coroa. Para os brasileiros, o imperador não tem mais vín- veram no poder durante a maior parte do período regencial. De-
culos com a antiga colônia, porque, ao proclamar a Independência, fendiam uma monarquia forte e centralizada. Os liberais exaltados
havia renunciado à herança lusitana. Depois de muita discussão, (farroupilhas, jurujubas ou chapéus-de-palha), representantes das
formaliza essa renúncia e abre mão do trono de Portugal em favor classes médias urbanas e dos proprietários rurais das outras pro-
de sua filha Maria da Glória. Ainda assim, a questão passa a ser víncias, queriam uma monarquia federativa com ampla autonomia
uma das grandes bandeiras da oposição liberal brasileira. Nos úl- provincial. Os mais radicais defendiam uma forma de governo
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republicana. Os restauradores (caramurus) reivindicavam a volta de facções dariam origem, posteriormente, aos dois partidos do Se-
Dom Pedro I ao trono brasileiro. Desse grupo participavam comer- gundo Reinado, o Conservador e o Liberal. Em setembro de 1837,
ciantes portugueses, militares, mercenários estrangeiros e importantes Feijó demitiu-se e foi substituído pelo regressista Pedro de Araújo
políticos do Primeiro Reinado, entre os quais os irmãos Andradas. Lima. O novo regente teve de enfrentar duas revoltas: a Sabinada
(1837-1838), na Bahia, e a Balaiada (1838-1841), no Maranhão.
Regência Trina Permanente: Eleita pela Assembleia Geral Além de intensificar a repressão contra os farrapos, no sul, e os
em junho de 1831, era formada pelos deputados moderados José cabanos, no Norte, Araújo Lima promulgou em maio de 1840 a
da Costa Carvalho e João Bráulio Muniz e pelo brigadeiro Fran- Lei Interpretativa do Ato Adicional de 1834, a qual reduzia os po-
cisco de Lima e Silva. Em 1831 e 1837, os liberais exaltados e os deres das Assembleias Legislativas provinciais e a autonomia das
restauradores promoveram vários motins populares e levantes de províncias. Em junho de 1840, o regente Araújo Lima foi afastado
tropas no Rio de Janeiro. Para neutralizar a influência do exército do poder por um golpe parlamentar promovido pelos liberais pro-
regular, onde exaltados e restauradores tinham grande influência, gressistas, o que acelerou a proclamação da maioridade de Dom
o ministro da Justiça, padre Diogo Antônio Feijó, criou a Guarda Pedro II. Com 15 anos incompletos, o imperador Pedro II iniciou
Nacional. Tratava-se de uma força de elite fiel ao governo e com- o seu reinado em 23 de julho de 1840.
posta de 6 mil cidadãos recrutados entre os mais ricos do país.
Entre 1831 e 1834, os restauradores lideraram várias rebeliões Maioridade: O gabinete liberal foi substituído em 1841 por
provinciais. No Grão-Pará, chegaram a tomar o poder por algum um conservador, que restaurou o Conselho de Estado e reformou
tempo. A Abrilada, em Pernambuco, deu origem à Cabanada, mo- o Código de Processo, dando, assim, continuidade à ação centrali-
vimento que se espalhou pela Zona da Mata e pelo Agreste per- zadora iniciada com a Lei Interpretativa. Antes que fossem empos-
nambucano e alagoano entre 1832 e 1835. sados os deputados eleitos durante o gabinete liberal, o gabinete
Mais numerosas e importantes, contudo, foram as revoltas conservador dissolveu a Câmara e convocou novas eleições. Nas
provinciais lideradas pelos exaltados: a Setembrada e a Novem- províncias de Minas Gerais e São Paulo, os liberais partiram para
brada, em Recife, em 1831; as três Carneiradas na cidade pernam- a luta armada (maio e junho de 1842). Foram vencidos pelo coro-
bucana de Goiana (1834-1835); e os levantes militares ocorridos nel Luís Alves de Lima e Silva, que recebera o título de Barão de
em Salvador. Em São Félix, na Bahia, houve um governo de curta Caxias ao esmagar a revolta da Balaiada em 1840-1841. Os farra-
pos, depois de dez anos de luta, aceitaram em 1845 as condições
duração, a chamada Federação dos Guanais (1832).
de paz e a anistia propostas por Caxias, nomeado por Dom Pedro
Em 1835, tiveram início as duas mais importantes revoluções
II para o cargo de presidente e comandante das armas da província
federalistas: a Guerra do Farrapos (1835-1845), no Rio Grande
do Rio Grande do Sul.
do Sul, e a Cabanagem (1835-1840), no Pará. Também em 1835
ocorreu um dos mais importantes levantes urbanos de escravos na
Parlamentarismo: de volta ao poder em 1844, os liberais
história do Brasil, a chamada Revolta dos Malês, promovida por
mantiveram as leis centralizadoras contra as quais se haviam sub-
escravos nagôs e hauçás, na cidade de Salvador. levado. O gabinete liberal criou o cargo de presidente do Conselho
de Ministros: em vez de nomear diretamente os ministros, o impe-
Ato Adicional de 1834: Incapaz de conter militarmente a agi- rador agora escolhia um político de sua confiança que formava o
tação que lavrava em todo o país, o governo central procurou aten- ministério. Esse sistema, denominado parlamentarismo, favoreceu
der a algumas reivindicações autonomistas das oligarquias provin- a alternância dos dois partidos no poder e aumentou o peso do po-
ciais. A lei aprovada em agosto de 1834 e conhecida como Ato der legislativo nas decisões políticas nacionais. A formação de um
Adicional introduziu modificações fundamentais na Constituição ministério conservador em 1848 foi o estopim da Revolta Praiei-
de 1824. Criou Assembleias Legislativas provinciais, extinguiu o ra, em Pernambuco, a última revolução provincial importante do
Conselho de Estado (reduto de políticos de tendências restaurado- Império. A derrota dos praieiros em 1850 marcou o início de um
ras do Primeiro Reinado), transformou a cidade do Rio de Janeiro longo período de estabilidade política e prosperidade econômica,
em município neutro da corte e instituiu a Regência Una, eleita por que permitiu a formação de governos de coalizão, primeiro a Con-
votação nacional e fortalecedora dos setores aristocráticos regio- ciliação (1853-1862) e depois a Liga Progressista (1862-1868).
nalistas e federativos. Concorreram ao cargo, entre outros, o políti-
co paulista padre Diogo Antônio Feijó e um membro de importante No final do período regencial, a economia brasileira começara
família pernambucana de senhores de engenho, Antônio Francisco a apresentar sinais de recuperação, graças ao surgimento de uma
de Paula e Holanda Cavalcanti. A vitória de Feijó confirmou, uma nova lavoura de exportação, a cafeeira. O café era cultivado, a prin-
vez mais, a supremacia política do Sudeste. cípio, apenas para consumo doméstico e local. No começo do século
XIX, transformou-se em um produto economicamente importante
Regência Una: Feijó, que assumiu em 12 de outubro de 1835, para o país. As grandes fazendas de café se expandiram pelo Vale
enfrentou forte oposição na Câmara. Logo de início o Regente se do Paraíba, na província do Rio de Janeiro, penetrando, em segui-
deparou com a Revolução Farroupilha no Rio Grande do Sul, que da, no sudeste de Minas Gerais e norte de São Paulo. O avanço do
havia eclodido em 20 de setembro do mesmo ano. Com a mor- café coincidiu com a decadência das lavouras tradicionais, algodão
te de Dom Pedro I, em setembro de 1834, antigos restauradores e açúcar. Entre 1837 e 1838, as exportações de café, destinadas prin-
haviam-se unido a liberais descontentes e formado o bloco dos cipalmente aos Estados Unidos, correspondiam a mais da metade do
regressistas. Com maioria na Câmara, os regressistas condenavam valor das exportações brasileiras. A lavoura cafeeira proporcionou
as concessões feitas no Ato Adicional e exigiam um governo mais aos grandes proprietários rurais do Sudeste (os barões do café) o
forte e centralizado, que esmagasse as revoluções provinciais. Os suporte econômico necessário para consolidarem sua supremacia
partidários de Feijó compunham o bloco dos progressistas. Essas política perante as demais províncias do país.
Didatismo e Conhecimento 48
CIÊNCIAS SOCIAIS
Por volta de 1875, começou a delinear-se uma nítida separa- água. A geração de empresários capitalistas que surgiu nesse perío-
ção, no Sudeste, entre duas zonas cafeeiras distintas. De um lado, o do teve em Irineu Evangelista de Sousa, barão e depois visconde
Vale do Paraíba e adjacências, onde dominavam as relações de tra- de Mauá, sua figura mais representativa. Em 1844, o ministro da
balho escravistas e um sistema de exploração descuidado que foi Fazenda, Manuel Alves Branco, contrariando os interesses dos co-
responsável pelo esgotamento dos solos, a queda da produtividade merciantes e industriais ingleses, colocou em vigor novas tarifas
e a decadência dos cafezais após algumas décadas de prosperida- alfandegárias que variavam em torno de 30%, o dobro, portanto,
de. Do outro lado, o chamado Oeste Paulista, a área de terra roxa das anteriores. Embora visasse a solucionar a carência de recursos
em torno de Campinas e Ribeirão Preto, cujos fazendeiros, além financeiros do governo imperial, essa medida teve efeitos prote-
de introduzirem máquinas agrícolas e melhorias no processo de cionistas: ao tornar mais caros os produtos importados, favorecia a
cultivo e beneficiamento do café, foram os primeiros a substituir a fabricação de similares nacionais.
mão-de-obra escrava, que se tornava escassa e caríssima, pelo tra-
balho assalariado livre, quer de brasileiros quer de imigrantes. Em Guerras Externas: A bacia do rio da Prata foi o palco dos
1860, 80% da produção cafeeira provinha ainda da província do principais conflitos externos em que o Império brasileiro se en-
Rio de Janeiro. Por volta de 1885, a produção paulista ultrapassou volveu. Com o objetivo de assegurar a livre navegação nos rios
a fluminense e, nos últimos anos do século XIX, correspondia a Uruguai, Paraguai e Paraná, e no estuário do Prata, o governo im-
quase metade da produção global do país. perial procurou explorar os conflitos entre Buenos Aires e as outras
províncias argentinas, assim como as lutas entre os partidos que
Tráfico Negreiro: tentando atrair o capital do tráfico para a disputavam o poder no Uruguai, os blancos (brancos), de Manuel
industrialização, a Inglaterra extinguiu o comércio de escravos Oribe, e os colorados (vermelhos), de José Fructuoso Rivera.
(1807) e passou a mover intensa campanha internacional contra o
tráfico negreiro. Nas negociações do reconhecimento da indepen- Guerra do Prata: após o término da Guerra da Cisplatina em
dência do Brasil, a Inglaterra condicionara o seu apoio à extinção 1828, a região do Prata tornou-se palco de conflitos intermináveis
do tráfico e forçara Dom Pedro I a assinar, em 1826, um convênio graças ao governo despótico de Rosas, ditador argentino que bus-
no qual se comprometia a extingui-lo em três anos. Cinco anos cava anexar a força o Uruguai, Paraguai, Bolívia e parte da região
depois, a regência proibiu a importação de escravos (1831), mas a sul do Brasil. Tragado para uma guerra que não possuía recursos e
oposição dos grandes proprietários rurais impediu que isso fosse nem homens para travar, o Império utilizou de sua diplomacia para
levado à prática. angariar aliados contra Rosas e postergar até o momento em que
Estimulado pela crescente procura de mão-de-obra para a la- estivesse preparado a deflagração da guerra, que ocorreu em 1851.
voura cafeeira, o tráfico de escravos aumentou: desembarcaram no
Brasil 19.453 escravos em 1845, 60 mil em 1848 e 54 mil em 1849. Guerra do Paraguai: em abril de 1864, o presidente uruguaio
Os navios ingleses perseguiam os navios negreiros até dentro Atanásio Aguirre, do Partido Blanco, recebeu um ultimato do go-
das águas e dos portos brasileiros, o que deu origem a vários atritos verno brasileiro exigindo compensação por supostos prejuízos so-
diplomáticos entre o governo imperial e o britânico. Finalmente, fridos por criadores brasileiros em disputas de fronteira, por ques-
em 4 de setembro de 1850, foi promulgada a Lei da Extinção do tões de gado. Depois de assegurar o apoio político e diplomático
Tráfico Negreiro, mais conhecida como Lei Eusébio de Queirós. do presidente paraguaio Francisco Solano López, Aguirre recusou
Em 1851, entraram 3.827 escravos no Brasil, e apenas 700 no o ultimato e queimou em praça pública todos os tratados assinados
ano seguinte. O fim da importação de escravos estimulou o trá- pelos governos anteriores com o Brasil. Após o rompimento das
fico interprovincial: para saldar suas dívidas com especuladores relações diplomáticas, o Império ocupou o Uruguai. Não surtiram
e traficantes, os senhores dos decadentes engenhos do Nordeste e efeito os protestos diplomáticos de López condenando a invasão
do Recôncavo Baiano passaram a vender, a preços elevados, suas do Uruguai. A derrota de Aguirre deixaria o Paraguai imprensado
peças (escravos) para as prósperas lavouras do vale do Paraíba e entre dois poderosos blocos nacionais, Argentina e Brasil, que po-
outras zonas cafeeiras. Forçados pela escassez e encarecimento do deriam estrangular a passagem pelos rios, sua única via de acesso
trabalhador escravo, vários cafeicultores paulistas começaram a ao exterior. Em novembro de 1864, tropas paraguaias aprisiona-
trazer colonos europeus para suas fazendas, como fizera o senador ram o navio brasileiro Marquês de Olinda e invadiram a província
Nicolau de Campos Vergueiro, em 1847, numa primeira experiên- de Mato Grosso. Não conseguiram, porém, impedir ou retardar a
cia mal sucedida. A mão-de-obra assalariada, porém, só se tornaria derrota dos Blancos no Uruguai. Em 1º de maio de 1865, Brasil,
importante na economia brasileira depois de 1870, quando o go- Argentina e Uruguai firmaram o Tratado da Tríplice Aliança e ini-
verno imperial passou a subvencionar e a regularizar a imigração, ciaram a Campanha Militar contra o Paraguai. O cenário principal
e os proprietários rurais se adaptaram ao sistema de contrato de da guerra foi o médio curso dos rios Paraguai, Paraná e Uruguai.
colonos livres. Mais de 1 milhão de europeus (dos quais cerca de Depois que a esquadra brasileira conseguiu abrir caminho pelo
600 mil italianos) imigraram para o Brasil em fins do século XIX. passo de Humaitá (1868), caíram, uma em seguida a outra, as for-
A extinção do tráfico negreiro liberou subitamente grande talezas que guarneciam o acesso a Assunção, capital paraguaia.
soma de capitais que afluíram para outras atividades econômicas. Após a queda de Assunção, López refugiou-se nas cordilheiras
Entre 1850 e 1860, foram fundadas 62 empresas industriais, 14 com o que restava do seu exército. Sua morte, em março de 1870,
bancos, três caixas econômicas, 20 companhias de navegação a va- selou a vitória definitiva da Tríplice Aliança.
por, 23 companhias de seguros e oito estradas de ferro. A cidade do
Rio de Janeiro, o grande empório do comércio de café, moderni- Abolicionismo e Republicanismo: finda a guerra do Paraguai,
zou-se rapidamente: suas ruas foram calçadas, criaram-se serviços reavivou-se a polêmica em torno do escravismo, ao mesmo tempo
de limpeza pública e de transportes urbanos, e redes de esgoto e de que ressurgiam os ideais republicanos no Brasil. Tanto o republica-
Didatismo e Conhecimento 49
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nismo como o abolicionismo encontraram ampla acolhida entre as Proclamação da República
camadas médias urbanas que se haviam expandido com as trans-
formações econômicas ocorridas a partir de 1850. A Proclamação da República Brasileira foi um levante polí-
A ascensão do Ministério Itaboraí, conservador e escravocra- tico-militar ocorrido em 15 de novembro de 1889 que instaurou
ta, em 1868, assinalou o fim da política de compromisso entre os a forma republicana federativa presidencialista de governo no
partidos Conservador e Liberal. Nesse mesmo ano, formou-se o Brasil, derrubando a monarquia constitucional parlamentarista
Partido Liberal-Radical, cujo programa incluía a reivindicação do do Império do Brasil e, por conseguinte, pondo fim à soberania
voto direto e generalizado, a extinção do Poder Moderador do im- do imperador Dom Pedro II. Foi, então, proclamada a República
perador, a eleição dos presidentes de províncias pelas próprias pro- dos Estados Unidos do Brasil. A proclamação ocorreu na Praça da
víncias e a substituição do trabalho escravo pelo trabalho livre. Em Aclamação (atual Praça da República), na cidade do Rio de Ja-
1870, a ala mais radical desse partido fundou, no Rio de Janeiro, o neiro, então capital do Império do Brasil, quando um grupo de
Partido Republicano. militares do exército brasileiro, liderados pelo marechal Deodoro
A divulgação do Manifesto Republicano coincidiu com a in- da Fonseca, destituiu o imperador e assumiu o poder no país.
tensificação da campanha abolicionista. Em 28 de setembro de Foi instituído, naquele mesmo dia 15, um governo provisório re-
1871, foi aprovada a Lei do Ventre Livre, que libertava os filhos publicano. Faziam parte, desse governo, organizado na noite de 15 de
de mulher escrava nascidos daquela data em diante. A mãe conser- novembro de 1889, o marechal Deodoro da Fonseca como presiden-
vava o ingênuo (nascido livre) até os oito anos. O senhor poderia te da república e chefe do Governo Provisório; o marechal Floriano
utilizar os serviços do ingênuo até os 21 anos, pagando-lhe salário, Peixoto como vice-presidente; como ministros, Benjamin Constant
a menos que preferisse libertá-lo e receber a indenização oferecida Botelho de Magalhães, Quintino Bocaiuva, Rui Barbosa, Campos Sa-
pelo governo. les, Aristides Lobo, Demétrio Ribeiro e o almirante Eduardo Wanden-
Além de não conseguir deter a campanha abolicionista, o go- kolk, todos membros regulares da maçonaria brasileira.
verno imperial envolveu-se numa séria desavença com a Igreja
Católica, conhecida como Questão Religiosa (1872-1875), a qual A Situação Política do Brasil em 1889: o governo imperial,
contribuiu para desgastar mais ainda as bases de sustentação do através do 37º e último gabinete ministerial, empossado em 7 de
regime monárquico. junho de 1889, sob o comando do presidente do Conselho de Mi-
Depois de 1880, o abolicionismo ganhou novo fôlego. A
nistros do Império, Afonso Celso de Assis Figueiredo, o Visconde
Sociedade Brasileira contra a Escravidão e a Associação Central
de Ouro Preto, do Partido Liberal, percebendo a difícil situação
Emancipacionista, fundadas nesse ano no Rio de Janeiro, passa-
política em que se encontrava, apresentou, em uma última e de-
ram a coordenar a propaganda contra a escravidão através da im-
sesperada tentativa de salvar o império, à Câmara-Geral, atual câ-
prensa, de reuniões e conferências. Destacaram-se nessa campa-
mara dos deputados, um programa de reformas políticas do qual
nha os jornalistas negros Luís Gama e José do Patrocínio, o poeta
constavam, entre outras, as medidas seguintes: maior autonomia
Castro Alves, o engenheiro negro André Rebouças e o parlamentar
Joaquim Nabuco. administrativa para as províncias, liberdade de voto, liberdade de
Os abolicionistas conquistaram adeptos também nos círculos ensino, redução das prerrogativas do Conselho de Estado e manda-
militares, onde já se havia difundido a filosofia positivista, por ini- tos não vitalícios para o Senado Federal.
ciativa de Benjamim Constant. A recusa do exército em perseguir As propostas do Visconde de Ouro Preto visavam a preservar o
os escravos que fugiam em massa das fazendas (muitas vezes com regime monárquico no país, mas foram vetadas pela maioria dos de-
a ajuda da ala mais radical dos abolicionistas) deu origem a Ques- putados de tendência conservadora que controlava a Câmara Geral.
tão Militar. No dia 15 de novembro de 1889, a república era proclamada.
Lei Áurea: levado pela força dos acontecimentos, o governo A Perda de Prestígio da Monarquia Brasileira: muitos fo-
central fazia pequenas concessões que não contentavam nem aos ram os fatores que levaram o Império a perder o apoio de suas
escravocratas nem aos abolicionistas. Em 1885, foi promulgada a bases econômicas, militares e sociais. Da parte dos grupos con-
Lei Saraiva-Cotegipe, mais conhecida como Lei dos Sexagenários. servadores pelos sérios atritos com a Igreja Católica (na “Questão
Tratava-se, em verdade, de norma contraproducente, pois ao liber- Religiosa”); pela perda do apoio político dos grandes fazendeiros
tar os escravos maiores de 60 anos, desobrigava os proprietários em virtude da abolição da escravatura, ocorrida em 1888, sem a
de sustentá-los quando já estavam cansados e doentes, condenando indenização dos proprietários de escravos. Da parte dos grupos
-os à mendicância. Finalmente, em 13 de maio de 1888, a princesa progressistas, havia a crítica que a monarquia mantivera, até muito
Isabel, regente do trono (por motivo de viagem do imperador, seu tarde, a escravidão no país. Os progressistas criticavam, também,
pai), assinou a Lei Áurea, que libertou os últimos 720 mil escra- a ausência de iniciativas com vistas ao desenvolvimento do país
vos existentes no país (5% da população). Grande número desses fosse econômico, político ou social, a manutenção de um regime
escravos, aliás, já se havia rebelado, recusando-se a trabalhar sem político de castas e o voto censitário, isto é, com base na renda
remuneração ou fugindo de seus proprietários. Os fazendeiros do anual das pessoas, a ausência de um sistema de ensino universal,
vale do Paraíba, únicos a votar contra a aprovação da lei no Par- os altos índices de analfabetismo e de miséria e o afastamento polí-
lamento, pois eram os mais prejudicados, passaram para o Partido tico do Brasil em relação a todos demais países do continente, que
Republicano. Eles tinham a esperança de que o novo regime lhes eram republicanos.
indenizaria as perdas sofridas. Assim, ao mesmo tempo em que a legitimidade imperial de-
Isso tudo bastou para no dia 15 de novembro de 1889 o Ma- caía, a proposta republicana (percebida como significando o pro-
rechal Deodoro da Fonseca proclamasse por meio de um golpe gresso social) ganhava espaço. Entretanto, é importante notar que
militar o início da República e o fim do Império. a legitimidade do Imperador era distinta da do regime imperial:
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CIÊNCIAS SOCIAIS
Enquanto, por um lado, a população, de modo geral, respeitava e Ocorre que, em 1872, Vital Maria Gonçalves de Oliveira e Antônio
gostava de Dom Pedro II, por outro lado, tinha cada vez em menor de Macedo Costa, bispos de Olinda e Belém do Pará respectiva-
conta o próprio império. Nesse sentido, era voz corrente, na época, mente, resolveram seguir, por conta própria, as ordens do Papa Pio
que não haveria um terceiro reinado, ou seja, a monarquia não con- IX, não ratificadas pelo imperador e pelos presidentes do Conselho
tinuaria a existir após o falecimento de Dom Pedro II, seja devido de Ministros, punindo religiosos ligados à maçonaria. D. Pedro II,
à falta de legitimidade do próprio regime monárquico, seja devido aconselhado pelos maçons, decidiu intervir na questão, solicitando
ao repúdio público ao príncipe consorte, marido da princesa Isabel, aos bispos que suspendessem as punições. Estes se recusaram a
o francês Conde D’Eu. obedecer ao imperador, sendo condenados a quatro anos de tra-
balho braçal (quebrar pedras). Em 1875, graças à intervenção do
Antecedentes da Proclamação da República: a partir da dé- maçom Duque de Caxias, os bispos receberam o perdão imperial
cada de 1870, como consequência da Guerra do Paraguai (também e foram colocados em liberdade. Contudo, no episódio, a imagem
chamada de Guerra da Tríplice Aliança) (1864-1870), foi tomando do império desgastou-se junto à Igreja Católica.
corpo a ideia de alguns setores da elite de alterar o regime político
vigente. Fatores que influenciaram esse movimento: O imperador A Questão Militar: os militares do Exército Brasileiro esta-
Dom Pedro II não tinha filhos, apenas filhas. O trono seria ocupa- vam descontentes com a proibição, imposta pela monarquia, pela
do, após a sua morte, por sua filha mais velha, a princesa Isabel, qual os seus oficiais não podiam manifestar-se na imprensa sem
casada com um francês, Gastão de Orléans, Conde d’Eu, o que uma prévia autorização do Ministro da Guerra. Os militares não
gerava o receio em parte da população de que o país fosse go- possuíam uma autonomia de tomada de decisão sobre a defesa do
vernado por um estrangeiro; O fato de os negros terem ajudado território, estando sujeitos às ordens do imperador e do Gabinete
o exército na Guerra do Paraguai e, quando retornaram ao país, de Ministros, formado por civis, que se sobrepunham às ordens
permaneceram como escravos, ou seja, não ganharam a alforria dos generais. Assim, no império, a maioria dos ministros da guerra
de seus donos. eram civis. Além disso, frequentemente os militares do Exército
Brasileiro sentiam-se desprestigiados e desrespeitados. Por um
A Crise Econômica: a crise econômica agravou-se em função lado, os dirigentes do império eram civis, cuja seleção era extrema-
das elevadas despesas financeiras geradas pela Guerra da Tríplice mente elitista e cuja formação era bacharelesca, mas que resultava
Aliança, cobertas por capitais externos. Os empréstimos brasilei- em postos altamente remunerados e valorizados; por outro lado, os
ros elevaram-se de 3.000.000 de libras esterlinas em 1871 para militares tinham uma seleção mais democrática e uma formação
quase 20.000.000 em 1889, o que causou uma inflação da ordem mais técnica, mas que não resultavam nem em valorização pro-
de 1,75 por cento ao ano. fissional nem em reconhecimento político, social ou econômico.
As promoções na carreira militar eram difíceis de serem obtidas e
A Questão Abolicionista: impunha-se desde a abolição do trá- eram baseadas em critérios personalistas em vez de promoções por
fico negreiro em 1850, encontrando viva resistência entre as elites mérito e antiguidade.
agrárias tradicionais do país. Diante das medidas adotadas pelo Im- A Guerra do Paraguai, além de difundir os ideais republi-
pério para a gradual extinção do regime escravista, devido a reper- canos, evidenciou aos militares essa desvalorização da carreira
cussão da experiência mal sucedida nos Estados Unidos de liberta- profissional, que se manteve e mesmo acentuou-se após o fim da
ção geral dos escravos ter levado aquele país à guerra civil, essas guerra. O resultado foi a percepção, da parte dos militares, de que
elites reivindicavam do Estado indenizações proporcionais ao preço se sacrificavam por um regime que pouco os consideravam e que
total que haviam pago pelos escravos a serem libertados por lei. dava maior atenção à Marinha do Brasil.
Estas indenizações seriam pagas com empréstimo externo.
Com a decretação da Lei Áurea (1888), e ao deixar de indenizar A Atuação dos Positivistas: durante a Guerra do Paraguai, o
esses grandes proprietários rurais, o império perdeu o seu último contato dos militares brasileiros com a realidade dos seus vizinhos
pilar de sustentação. Chamados de “republicanos de última hora”, sul-americanos levou-os a refletir sobre a relação existente entre
os ex-proprietários de escravos aderiram à causa republicana. regimes políticos e problemas sociais. A partir disso, começou a
Na visão dos progressistas, o Império do Brasil mostrou-se desenvolver-se, tanto entre os militares de carreira quanto entre os
bastante lento na solução da chamada “Questão Servil”, o que, sem civis convocados para lutar no conflito, um interesse maior pelo
dúvida, minou sua legitimidade ao longo dos anos. Mesmo a ade- ideal republicano e pelo desenvolvimento econômico e social bra-
são dos ex-proprietários de escravos, que não foram indenizados, sileiro. Dessa forma, não foi casual que a propaganda republicana
à causa republicana, evidencia o quanto o regime imperial estava tenha tido, por marco inicial, a publicação do manifesto Repu-
atrelado à escravatura. Assim, logo após a princesa Isabel assinar blicano em 1870 (ano em que terminou a Guerra do Paraguai),
a Lei Áurea, João Maurício Wanderley, Barão de Cotegipe, o úni- seguido pela Convenção de Itu em 1873 e pelo surgimento dos
co senador do império que votou contra o projeto de abolição da clubes republicanos, que se multiplicaram, a partir de então, pelos
escravatura, profetizou: “A senhora acabou de redimir uma raça e principais centros no país.
perder um trono!” Além disso, vários grupos foram fortemente influenciados
pela maçonaria (Deodoro da Fonseca era maçom, assim como
A Questão Religiosa: desde o período colonial, a Igreja Cató- todo seu ministério) e pelo positivismo de Auguste Comte, espe-
lica, enquanto instituição, encontrava-se submetida ao estado. Isso cialmente, após 1881, quando surgiu a igreja Positivista do Bra-
se manteve após a independência e significava, entre outras coisas, sil. Seus diretores, Miguel Lemos e Raimundo Teixeira Mendes,
que nenhuma ordem do Papa poderia vigorar no Brasil sem que iniciaram uma forte campanha abolicionista e republicana. A pro-
fosse previamente aprovada pelo imperador (Beneplácito Régio). paganda republicana era realizada pelos que, depois, foram cha-
Didatismo e Conhecimento 51
CIÊNCIAS SOCIAIS
mados de “republicanos históricos” (em oposição àqueles que se obedecer às ordens dadas pelo Visconde de Ouro Preto e assim
tornaram republicanos apenas após o 15 de novembro, chamados justificou sua insubordinação, respondendo ao Visconde de Ouro
de “republicanos de 16 de novembro”). Preto: “Sim, mas lá (no Paraguai) tínhamos em frente inimigos e
As ideias de muitos dos republicanos eram veiculadas pelo aqui somos todos brasileiros!”.
periódico A República. Segundo alguns pesquisadores, os republi- Em seguida, aderindo ao movimento republicano, Floriano
canos dividiam-se em duas correntes principais: Peixoto deu voz de prisão ao chefe de governo Visconde de Ouro
- Os evolucionistas, que admitiam que a proclamação da repú- Preto. O único ferido no episódio da proclamação da república foi
blica era inevitável, não justificando uma luta armada; o Barão de Ladário que resistiu à ordem de prisão dada pelos amo-
- Os revolucionistas, que defendiam a possibilidade de pegar tinados e levou um tiro. Consta que Deodoro não dirigiu crítica
em armas para conquistá-la, com mobilização popular e com refor- ao Imperador D. Pedro II e que vacilava em suas palavras. Rela-
mas sociais e econômicas. tos dizem que foi uma estratégia para evitar um derramamento de
sangue. Sabia-se que Deodoro da Fonseca estava com o tenente-
Embora houvesse diferenças entre cada um desses grupos no coronel Benjamin Constant ao seu lado e que havia alguns líderes
tocante às estratégias políticas para a implementação da república republicanos civis naquele momento. Na tarde do mesmo dia 15
e também quanto ao conteúdo substantivo do regime a instituir, de novembro, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, foi solene-
a ideia geral, comum aos dois grupos, era a de que a república mente proclamada a República.
deveria ser um regime progressista, contraposto à exausta monar- À noite, na Câmara Municipal do Município Neutro, o Rio de
quia. Dessa forma, a proposta do novo regime revestia-se de um Janeiro, José do Patrocínio redigiu a proclamação oficial da Re-
caráter social revolucionário e não apenas do de uma mera troca pública dos Estados Unidos do Brasil, aprovada sem votação. O
dos governantes. texto foi para as gráficas de jornais que apoiavam a causa, e, só no
dia seguinte, 16 de novembro, foi anunciado ao povo a mudança
O Golpe Militar de 15 de Novembro de 1889: no Rio de Ja- do regime político do Brasil. Dom Pedro II, que estava em Petró-
neiro, os republicanos insistiram que o Marechal Deodoro da Fon- polis, retornou ao Rio de Janeiro. Pensando que o objetivo dos
seca, um monarquista, chefiasse o movimento revolucionário que revolucionários era apenas substituir o Gabinete de Ouro Preto, o
substituiria a monarquia pela república. Depois de muita insistência Imperador D. Pedro II tentou ainda organizar outro gabinete mi-
dos revolucionários, Deodoro da Fonseca concordou em liderar o nisterial, sob a presidência do conselheiro José Antônio Saraiva.
movimento militar. O golpe militar, que estava previsto para 20 de O imperador, em Petrópolis, foi informado e decidiu descer para a
novembro de 1889, teve de ser antecipado. No dia 14, os conspira- Corte. Ao saber do golpe de estado, o Imperador reconheceu a que-
dores divulgaram o boato de que o governo havia mandado prender da do Gabinete de Ouro Preto e procurou anunciar um novo nome
Benjamin Constant Botelho de Magalhães e Deodoro da Fonseca. para substituir o Visconde de Ouro Preto. No entanto, como nada
Posteriormente confirmou-se que era mesmo boato. Assim, os revo- fora dito sobre República até então, os republicanos mais exalta-
lucionários anteciparam o golpe de estado, e, na madrugada do dia dos, tendo Benjamin Constant à frente, espalharam o boato de que
15 de novembro, Deodoro iniciou o movimento de tropas do exér- o Imperador escolheria Gaspar Silveira Martins, inimigo político
cito que pôs fim ao regime monárquico no Brasil. Os conspiradores de Deodoro da Fonseca desde os tempos do Rio Grande do Sul,
dirigiram-se à residência do marechal Deodoro, que estava doente para ser o novo chefe de governo. Com este engodo, Deodoro da
com dispneia, e convencem-no a liderar o movimento. Fonseca foi convencido a aderir à causa republicana. O Imperador
Com esse pretexto de que Deodoro seria preso, ao amanhecer foi informado disso e, desiludido, decidiu não oferecer resistência.
do dia 15 de Novembro, o marechal Deodoro da Fonseca, saiu de sua No dia seguinte, o major Frederico Sólon Sampaio Ribeiro
residência, atravessou o Campo de Santana, e, do outro lado do par- entregou a D. Pedro II uma comunicação, cientificando-o da pro-
que, conclamou os soldados do batalhão ali aquartelado, onde hoje se clamação da república e ordenando sua partida para a Europa, a
localiza o Palácio Duque de Caxias, a se rebelarem contra o governo. fim de evitar conturbações políticas. A família imperial brasileira
Oferecem um cavalo ao marechal, que nele montou, e, segundo teste- exilou-se na Europa, só lhes sendo permitida a sua volta ao Brasil
munhos, tirou o chapéu e proclamou “Viva a República!”. na década de 1920. É possível considerar a legitimidade ou não da
Depois apeou, atravessou novamente o parque e voltou para república no Brasil por diferentes ângulos.
a sua residência. A manifestação prosseguiu com um desfile de Do ponto de vista do Código Criminal do Império do Brasil,
tropas pela Rua Direita, atual rua 1º de Março, até o Paço Imperial. sancionado em 16 de dezembro de 1830, o crime cometido pelos
Os revoltosos ocuparam o quartel-general do Rio de Janeiro e de- republicanos foi:
pois o Ministério da Guerra. Depuseram o Gabinete ministerial e “Artigo 87: Tentar diretamente, e por fatos, destronizar o im-
prenderam seu presidente, Afonso Celso de Assis Figueiredo, Vis- perador; privá-lo em todo, ou em parte da sua autoridade consti-
conde de Ouro Preto. tucional; ou alterar a ordem legítima da sucessão. Penas de prisão
No Paço Imperial, o presidente do gabinete (primeiro-minis- com trabalho por cinco a quinze anos. Se o crime se consumar:
tro), Visconde de Ouro Preto, havia tentando resistir pedindo ao Penas de prisão perpétua com trabalho no grau máximo; prisão
comandante do destacamento local e responsável pela segurança com trabalho por vinte anos no médio; e por dez anos no mínimo.”
do Paço Imperial, general Floriano Peixoto, que enfrentasse os
amotinados, explicando ao general Floriano Peixoto que havia, O Visconde de Ouro Preto, deposto em 15 de novembro, en-
no local, tropas legalistas em número suficiente para derrotar os tendia que a proclamação da república fora um erro e que o Se-
revoltosos. O Visconde de Ouro Preto lembrou a Floriano Peixoto gundo Reinado tinha sido bom. O Império não foi a ruína. Foi a
que este havia enfrentado tropas bem mais numerosas na Guer- conservação e o progresso. Durante meio século, manteve íntegro,
ra do Paraguai. Porém, o general Floriano Peixoto recusou-se a tranquilo e unido território colossal. O império converteu um país
Didatismo e Conhecimento 52
CIÊNCIAS SOCIAIS
atrasado e pouco populoso em grande e forte nacionalidade, pri- militar e deverá ser assim. O fato foi deles, deles só porque a co-
meira potência sul-americana, considerada e respeitada em todo laboração do elemento civil foi quase nula. O povo assistiu àquilo
o mundo civilizado. Aos esforços do Império, principalmente, de- tudo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significa-
vem três povos vizinhos o desaparecimento do despotismo mais va. Muitos acreditaram seriamente estar vendo uma parada!”
cruel e aviltante. O Império aboliu de fato a pena de morte, extin- Na reunião na casa de Deodoro, na noite de 15 de novembro
guiu a escravidão, deu ao Brasil glórias imorredouras, paz interna, de 1889, foi decidido que se faria um referendo popular, para que
ordem, segurança e, mas que tudo, liberdade individual como não o povo brasileiro aprovasse ou não, por meio do voto, a república.
houve jamais em país algum. Quais as faltas ou crimes de Dom Porém esse plebiscito só ocorreu 104 anos depois, determinado
Pedro II, que em quase cinquenta anos de reinado nunca perse- pelo artigo segundo do Ato das Disposições Constitucionais Tran-
guiu ninguém, nunca se lembrou de uma ingratidão, nunca vingou sitórias da Constituição de 1988.
uma injúria, pronto sempre a perdoar, esquecer e beneficiar? Quais
os erros praticados que o tornou merecedor da deposição e exílio República Velha (1889 – 1930)
quando, velho e enfermo, mais devia contar com o respeito e a
veneração de seus concidadãos? A república brasileira, como foi Os treze presidentes. Ao longo da República Velha, que é a
proclamada, é uma obra de iniquidade. A república se levantou denominação convencional para a história republicana que vai da
sobre os broquéis da soldadesca amotinada, vem de uma origem proclamação (1889) até a ascensão de Getúlio Vargas em 1930, o
criminosa, realizou-se por meio de um atentado sem precedentes Brasil conheceu uma seqüência de treze presidentes. O traço mais
na história e terá uma existência efêmera! saliente dessa primeira fase republicana encontra-se no fato de que
O movimento de 15 de Novembro de 1889 não foi o primeiro a política esteve inteiramente dominada pela oligarquia cafeeira,
a buscar a república, embora tenha sido o único efetivamente bem- em cujo nome e interesse o poder foi exercido.
sucedido, e, segundo algumas versões, teria contado com apoio Desses treze presidentes, três foram vices que assumiram o
tanto das elites nacionais e regionais quanto da população de um poder: Floriano Peixoto, em virtude da renúncia de Deodoro da
modo geral: Fonseca; Nilo Peçanha, pela morte de Afonso Pena; e, finalmen-
- Em 1788-1789, a Inconfidência Mineira e Tiradentes não te, Delfim Moreira, pela morte de Rodrigues Alves, ocorrida logo
buscavam apenas a independência, mas também, a proclamação após a sua reeleição.
de uma república na Capitania das Minas Gerais, seguida de uma
série de reformas políticas, econômicas e sociais; Governo Provisório (1889-1891). Proclamada a República,
- Em 1824, diversos estados do Nordeste criaram um movi- na mesma noite de 15 de novembro de 1889 formou-se o Governo
mento independentista, dentre elas a Confederação do Equador, Provisório, com o Marechal Deodoro como chefe de governo.
igualmente republicana; Primeiras medidas. O Governo Provisório, assim formado,
- Em 1839, na esteira da Revolução Farroupilha, proclama- decretou o regime republicano e federalista e a transformação das
ram-se a República Rio-grandense e a República Juliana, respecti- antigas províncias em “estados” da federação. O Império do Brasil
vamente no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. chamava-se, agora, com a República, Estados Unidos do Brasil
- o seu nome oficial. Em caráter de urgência, foram tomadas tam-
Embora se argumente que não houve participação popular no bém as seguintes medidas: a “grande naturalização”, que ofereceu
movimento que terminou com o regime monárquico e implantou a a cidadania a todos os estrangeiros residentes; a separação entre
república, o fato é que também não houve manifestações populares Igreja e Estado e o fim do padroado; a instituição do casamento e
de apoio à monarquia, ao imperador ou de repúdio ao novo regime. do registro civil. Porém, dentre as várias medidas, destaca-se par-
Alguns pesquisadores argumentam que, caso a monarquia fosse ticularmente o “encalhamento”, adotado por Rui Barbosa, então
popular, haveria movimentos contrários à república em seguida, ministro da Fazenda.
além da Guerra de Canudos. Entretanto, o que teria ocorrido foi O “encilhamento”. Na corrida de cavalos, a iminência da lar-
uma crescente conscientização a respeito do novo regime e sua gada era indicada pelo seu encalhamento, isto é, pelo momento em
aprovação pelos mais diferentes setores da sociedade brasileira. que se apertavam com as cilhas (tiras de couro) as selas dos cava-
Neste sentido, um caso notável de resistência à república foi los. É o instante em que as tensões transparecem no nervosismo
o do líder abolicionista José do Patrocínio, que, entre a abolição das apostas. Por analogia, chamou-se “encilhamento” à política de
da escravatura e a proclamação da república, manteve-se fiel à emissão de dinheiro em grande quantidade que redundou numa
monarquia, não por uma compreensão das necessidades sociais desenfreada especulação na Bolsa de Valores.
e políticas do país, mas, romanticamente, apenas devido a uma Para compreender por que o Governo Provisório decidiu emi-
dívida de gratidão com a Princesa Isabel. Aliás, nesse período de tir tanto papel-moeda, é preciso recordar que, durante a escravi-
aproximadamente dezoito meses, dão, os fazendeiros se encarregavam de fazer as compras para si e
José do Patrocínio constituiu a chamada “Guarda Negra”, que para seus escravos e agregados. E o mercado de consumo estava
eram negros alforriados organizados para causar confusões e de- praticamente limitado a essas compras, de modo que o dinheiro era
sordem em comícios republicanos, além de espancar os participan- utilizado quase exclusivamente pelas pessoas ricas.
tes de tais comícios. Por essa razão, as emissões de moeda eram irregulares: emi-
Em relação à ausência de participação popular no movimento tia-se conforme a necessidade e sem muito critério.
de 15 de novembro, um documento que teve grande repercussão A situação mudou com a abolição da escravatura e a grande
foi o artigo de Aristides Lobo, que fora testemunha ocular da pro- imigração. Com o trabalho livre e assalariado, o dinheiro passou
clamação da República, no Diário Popular de São Paulo, em 18 de a ser utilizado por todos, ampliando o mercado de consumo. Para
novembro, no qual dizia: “Por ora, a cor do governo é puramente atender à nova necessidade, o Governo Provisório adotou uma
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CIÊNCIAS SOCIAIS
política emissionista em 17 de janeiro de 1890. O ministro da - o Poder Legislativo, exercido pelo Congresso Nacional, for-
Fazenda, Rui Barbosa, dividiu o Brasil em quatro regiões, auto- mado pela Câmara de Deputados( eleitos para um mandato de três
rizando em cada uma delas um banco emissor. As quatro regiões anos, sendo seu número proporcional à população de cada Estado)
autorizadas eram: Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande e pelo Senado Federal, com mandato de 9 anos, a cada três anos
do Sul. O objetivo da medida era o de cobrir as necessidades de um terço dele seria renovado;
pagamento dos assalariados - que aumentaram desde a abolição - - o Poder Judiciário, tendo como principal órgão o Supremo
e, além disso, expandir o crédito a fim de estimular a criação de Tribunal Federal.
novas empresas. - o voto era descoberto (não secreto), direto e universal aos
Todavia, a desenfreada política emissionista acarretou uma in- maiores de 21 anos. Proibido aos soldados, analfabetos, mendigos
flação* incontrolável, pois os “papéis pintados” não tinham como e religiosos de ordens monásticas.
lastro outra coisa que não a garantia do governo. Por isso, o resul- - ficava estabelecida a liberdade religiosa, bem como os direi-
tado foi muito diverso do esperado: em vez de estimular a econo- tos e as garantias individuais.
mia a crescer, desencadeou uma onda especulativa. Os especula-
dores criaram projetos mirabolantes e irrealizáveis e, em seguida, A Constituição de 1891 foi fortemente influenciada pelo mo-
lançaram as suas ações na Bolsa de Valores, onde eram vendidas a delo norte-americano, sendo adotado o nome de República Fede-
alto preço. Desse modo, algumas pessoas fizeram fortunas da noite rativa dos Estados Unidos do Brasil. Nas “diposições transitórias”
para o dia, enquanto seus projetos permaneciam apenas no papel. da Constituição ficava estabelecido que o primeiro presidente do
Em 1891, depois de um ano de orgia especulativa, Rui Barbo- Brasil não seria eleito pelo voto universal, mas sim pela Assem-
sa se deu conta do caráter irreal de sua medida e tentou remediá-la, bléia Constituinte.
buscando unificar as emissões no Banco da República dos Estados
Unidos do Brasil. Mas a demissão coletiva do ministério naquele O Encilhamento
mesmo ano frustrou a sua tentativa.
Além da elaboração da Constituição de 1891, o gover-
A Constituição de 1891 no provisório de Deodoro da Fonseca foi marcado uma polí-
tica econômica e financeira, conhecida como Encilhamento.
Logo após a proclamação da República, foi convocada uma
Rui Barbosa, então ministro da Fazenda, procurou estimular a in-
Assembléia Constituinte para elaborar uma nova Constituição,
dustrialização e a produção agrícola. Para atingir estes objetivos,
promulgada em 24 de fevereiro de 1891. A nova Constituição ins-
Rui Barbosa adota a política emissionista, ou seja, o aumento da
pirou-se no modelo norte-americano, ao contrário da Constituição
emissão do papel-moeda, com a intenção de aumentar a moeda em
imperial, inspirada no modelo francês. Segundo a Constituição de
circulação.
1891, o nosso país estava dividido em vinte estados (antigas pro-
víncias) e um Distrito Federal (ex-município neutro). Cada estado O ministro facilitou o estabelecimento de sociedades anôni-
era governado por um “presidente”. Declarava também que o Bra- mas fazendo com que boa parte do dinheiro em circulação não
sil era uma república representativa, federalista e presidencialista. fosse aplicado na produção, mas sim na especulação de títulos e
Durante os trabalhos da Assembléia Constituinte evidencia- ações de empresas fantasmas.
ram-se as divergências entre os republicanos. Havia o projeto de A especulação financeira provocou uma desordem nas
uma república liberal - defendido pelos cafeicultores paulistas - finanças do país, acarretando uma enorme desvaloriza-
grande autonomia aos estados (federalismo); garantia das liber- ção da moeda, forte inflação e grande número de falências.
dades individuais; separação dos três poderes e instauração das Deve-se ressaltar que a burguesia cafeeira não via com bons olhos
eleições. Este projeto visava a descentralização administrativa, esta tentativa de Rui Barbosa em industrializar o Brasil, algo que
tornando o poder público um acessório ao poder privado - mar- não estava em seus planos.
cante ao longo da República Velha. O outro projeto republicano
era inspirado nos ideais da Revolução Francesa, o período da Con- Governo Constitucional (1891)
venção Nacional e a instalação da Primeira República Francesa. Após a aprovação da Constituição de 1891, Deodoro da Fon-
Este ideal era conhecido como república jacobina, defendida por seca eleito pela Assembléia- permaneceu no poder, em parte de-
intelectuais e pela classe média urbana. vido às pressões dos militares aos cafeicultores. A eleição pela
Exaltavam a liberdade pública e o direito do povo discutir os Assembléia revelou os choques entre os republicanos positivistas
destinos da nação. Por fim, inspirada nas idéias de Augusto Com- (que postulavam a idéia de golpe militar para garantir o “continuís-
te, com bastante aceitação dentro do exército brasileiro, o projeto mo”) e os republicanos liberais.
de uma república positivista. O seu ideal era o progresso dentro O candidato destes era Prudente de Morais, tendo como vice-
da ordem, cabendo ao Estado o papel de garantir estes objetivos. presidente o marechal Floriano Peixoto. Como o voto na Assem-
Este Estado teria de ser forte e centralizado. Em 24 de fevereiro de bléia não era vinculado, Floriano Peixoto foi eleito vice-presidente
1891, foi promulgada a segunda Constituição brasileira, e a pri- de Deodoro da Fonseca. O novo governo, autoritário e centrali-
meira republicana. O projeto de uma república liberal foi vencedor. zador, entrou em choque com o Congresso Nacional, controlado
Foram características da Constituição de 1891: pelos cafeicultores, e com militares ligados a Floriano Peixoto.
- instituição de uma República Federativa, onde os Estados Deodoro da Fonseca foi acusado de corrupção e o Congresso vo-
teriam ampla autonomia econômica e administrativa; tou o projeto da Lei das Responsabilidades, tornado possível o im-
- separação dos poderes em Poder Executivo, exercido pelo peachment de Deodoro.
presidente eleito para um mandato de quatro anos (sem direito à Este, por sua vez, vetou o projeto, fechou o Congresso Nacio-
reeleição), e auxiliado pelos ministros; nal, prendeu líderes da oposição e decretou estado de sítio.
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A reação a este autoritarismo foi imediata e inesperada, ocor- Na oposição estavam o mais poderoso dos estados - São Pau-
rendo uma cisão no interior do Exército. Uma greve e trabalhado- lo - e o mais influente dos partidos - o PRP (Partido Republicano
res, contrários ao golpe, em 22 de novembro no Rio de Janeiro, e Paulista).
a sublevação da Marinha no dia seguinteliderada pelo almirante Em 3 de novembro de 1891, a luta chegou ao auge. Sem levar em
Custódio de Melo- onde os navios atracados na baía da Guanabara conta a proibição constitucional, Deodoro fechou o Congresso e decre-
apontaram os canhões para a cidade, exigindo a reabertura do Con- tou o estado de sítio, a fim de neutralizar qualquer reação e tentar refor-
gresso - forçaram Deodoro da Fonseca a renunciar à Presidência, mar a Constituição, no sentido de conferir mais poderes ao Executivo.
sendo substituído pelo seu vice-presidente, Floriano Peixoto. Porém, o golpe fracassou. As oposições - tanto civis como ‘
‘tares - cresceram e culminaram com a rebelião do contra-almiran-
A Consolidação da República (1891-1894) te Custódio de Melo, que ameaçou bombardear o Rio de Janeiro
com os navios sob seu comando. Deodoro renunciou, assumindo
“Em vez de quatro poderes, como no Império, foram adota- em seu lugar Floriano Peixoto.
dos três: Executivo, Legislativo e Judiciário”. Executivo, exercido
pelo presidente da República, eleito por voto direto, por quatro Floriano Peixoto (1891-1894). A ascensão de Floriano foi
anos, com um vice-presidente, que assumiria a presidência no considerada como o retorno à legalidade. As Forças Armadas -
afastamento do titular, efetivando-se, sem nova eleição, no caso de Exército e Marinha - e o Partido Republicano Paulista apoiaram
afastamento definitivo depois de dois anos de exercício. Legislati- o novo governo. Os primeiros atos de Floriano foram: a anulação
vo, com duas casas temporárias Câmara dos Deputados e Senado do decreto que dissolveu o Congresso; a derrubada dos governos
Federal que, reunidos, formavam o Congresso Nacional (...). estaduais que haviam apoiado Deodoro; o controle da especula-
Judiciário, com o Supremo Tribunal Federal, como órgão má- ção financeira e da especulação com gêneros alimentícios, através
ximo, cuja instalação foi providenciada pelo Decreto n° 1, de 26 de seu tabelamento. Tais medidas desencadearam, imediatamente,
de fevereiro de 1891, que também dispôs sobre os funcionários da violentas reações contra Floriano. Para agravar ainda mais a situa-
Justiça Federal. Os três poderes exercer-se-iam harmoniosa, mas ção, a esperada volta à legalidade não aconteceu.
independentemente.” A República foi obra, basicamente, dos par- De fato, para muitos, era preciso convocar rapidamente uma
tidos republicanos - notadamente o de São Paulo -, unidos aos mi- nova eleição presidencial, conforme estabelecia o artigo 42 da
litares de tendência positivista. Porém, tão logo o grande objetivo Constituição, no qual se lia:
foi atingido, ocorreu a cisão entre os “republicanos históricos” e os
militares. As divergências giraram em torno da questão federalista: Art. 42 - Se, no caso de vaga, por qualquer causa, da presidên-
os civis defendiam o federalismo e os militares eram centralistas, cia ou vice-presidência, não houverem ainda decorrido dois anos
portanto partidários de um poder central forte. do período presidencial, proceder-se-á à nova eleição.
Conforme ficara estabelecido, a Assembléia Constituinte,
após a elaboração da nova Constituição, transformou-se em Con- Floriano não convocou nova eleição e permaneceu no firme
gresso Nacional, encarregado de eleger o primeiro presidente da propósito de concluir o mandato do presidente renunciante. A ale-
República. Para essa eleição apresentaram-se duas chapas: a pri- gação de Floriano era de que a lei só se aplicava aos presidentes
meira era encabeçada por Deodoro da Fonseca para presidente e o eleitos diretamente pelo povo. Ora, como a eleição do primeiro
almirante Eduardo Wandenkolk para vice, a segunda era constituí- presidente fora indireta, feita pelo Congresso, Floriano simples-
da por Prudente de Morais para presidente e o marechal Floriano mente ignorou a lei.
Peixoto para vice.
A eleição realizou-se em meio a tensões muito grandes en- O manifesto dos treze generais. Contra as pretensões de Flo-
tre militares e civis, pois o Congresso Nacional era francamente riano, treze oficiais (generais e almirantes) lançaram um manifesto
contrário a Deodoro. Em primeiro lugar, porque este ambicionava em abril de 1892, exigindo a imediata realização das eleições pre-
fortalecer o seu poder, chegando mesmo a se aproximar de monar- sidenciais, como mandava a Constituição. A reação de Floriano foi
quistas confessos, como o barão de Lucena, a quem convidou para simples: afastou os oficiais da ativa, reformando-os.
formar o segundo ministério no Governo Provisório, após a renún-
cia coletiva do primeiro. Em segundo, devido à impopularidade de A revolta da Armada. Essa inabalável firmeza de Floriano
e ao desgaste de Deodoro, motivados pelas crises desencadeadas frustrou os sonhos do contra-almirante Custódio de Melo, que am-
pelo “encilhamento”, pelas quais, junto com Rui Barbosa, era di- bicionava a presidência. Levadas por razões de lealdade pessoal,
reta mente responsável. as Forças Armadas se dividiram. Custódio de Melo liderou a re-
Prudente de Morais tinha a maioria. Teoricamente seria eleito. volta da Armada estacionada na baía de Guanabara (1893). Essa
Contudo, os militares ligados a Deodoro fizeram ameaças, pressio- rebelião foi imediatamente apoiada pelo contra-almirante Salda-
nando o Congresso a elegê-lo. E foi o que aconteceu, embora por nha da Gama, diretor da Escola Naval, conhecido por sua posição
uma pequena margem de votos. O vice de Deodoro, entretanto, foi monarquista.
derrotado por ampla diferença por Floriano Peixoto.
A revolução federalista. No Rio Grande do Sul, desde 1892,
A renúncia de Deodoro uma grave dissensão política conduzira o Partido Republicano
Gaúcho e o Federalista ao confronto armado. Os partidários do pri-
Deodoro, finalmente eleito presidente pelo Congresso, não meiro, conhecidos como “picapaus”, eram apoiados por Floriano,
conseguiu governar com este último. Permanentemente hostiliza- e os do segundo, chamados de “maragatos”, aderiram à rebelião de
do pelo Congresso, buscou o apoio dos governos dos estados. Custódio de Melo.
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Floriano, o Marechal de Ferro. Contra as rebeliões arma- lhado por todos os municípios. Durante o Segundo Reinado, os lo-
das, Floriano agiu energicamente, graças ao apoio do Exército e calismos haviam sido sufocados pela política centralizadora, mas
do PRP (Partido Republicano Paulista), o que lhe valeu a alcunha eles renasceram às vésperas da República. Com a proclamação e
de Marechal de Ferro. a adoção do federalismo, os coronéis passaram a ser as figuras
Retomando o controle da situação ao reprimir as revoltas, Flo- dominantes do cenário político dos municípios.
riano aplainou o caminho para a ascensão dos civis. Em torno dos coronéis giravam o membros das oligarquias
locais e regionais. O seu poder residia no controle que exerciam
A “Política dos Governadores” e a Constituição da Repúbli- sobre os eleitores.
ca Oligárquica Todos eles tinham o seu “curral” eleitoral, isto é, eleitores
cativos que votavam sempre nos candidatos por eles indicados,
A hegemonia dos cafeicultores. Vimos anteriormente que a em geral através de troca de favores fundados na relação de com-
República tornou-se possível, em grande parte, graças à aliança padrio. Assim, os votos despejados nos candidatos dos coronéis
entre militares e fazendeiros de café. Esses dois grupos tinham, ficaram conhecidos como “votos de cabresto”. Porém, quando a
entretanto, dois projetos distintos em relação à forma de organiza- vontade dos coronéis não era atendida, eles a impunham com seus
ção do novo regime: os primeiros eram centralistas e os segundos, bandos armados - os jagunços -, que garantiam a eleição de seus
federalistas. Os militares não eram suficientemente poderosos para candidatos pela violência.
impor o seu projeto nem contavam com aliados que pudessem lhes A importância do coronel media-se, portanto, por sua capa-
dar o poder de que precisavam. cidade de controlar o maior número de votos, dando-lhe prestígio
Os cafeicultores, ao contrário, contavam com um amplo arco fora de seu domínio local. Dessa forma, conseguia obter favores
de aliados potenciais e compunham, economicamente, o setor dos governantes estaduais ou federais, o que, por sua vez, lhe dava
mais poderoso da sociedade. A partir de Prudente de Morais, que, condições para preservar o seu domínio.
em 1894, veio a suceder Floriano, o poder passou definitivamente
para esses grandes fazendeiros. Mas foi com Campos Sales (189& O mercado consumidor. Na última década do século XIX,
1902) que uma fórmula política duradoura de dominação foi final- o mercado de consumo se expandiu e se transformou estrutural-
mente elaborada: a “política dos governadores”. mente devido à implantação do trabalho livre. Conforme já men-
cionamos, na época da escravidão, os senhores concentravam o
A “política dos governadores”. Criada por Campos Sales poder de compra, já que eles adquiriam os produtos necessários
(1898-1902), a “política dos governadores” consistia no seguinte: não apenas para si e sua família, mas também para os escravos. As-
o presidente da República apoiava, com todos os meios ao seu sim, antes da maciça imigração européia, a parte mais importante
alcance, os governadores estaduais e seus aliados (oligarquia esta- do mercado de consumo era representada quase exclusivamente
dual dominante) e, em troca, os governadores garantiriam a elei- pelos fazendeiros.
ção, para o Congresso, dos candidatos oficiais. Desse modo, o po- A implantação do trabalho livre emancipou não apenas os es-
der Legislativo, constituído por deputados e senadores aliados do cravos, mas também os consumidores, pois a intermediação dos
presidente - poder Executivo -, aprovava as leis de seu interesse. fazendeiros, embora não desaparecesse completamente, começou,
Estava afastado assim o conflito entre os dois poderes. gradativamente, a perder importância. Consumidores, com dinhei-
Em cada estado existia, portanto, uma minoria (oligarquia) ro na mão, decidiam por si mesmos o que e onde comprar. Com
dominante, que, aliando-se ao governo federal, se perpetuava no isso, o mercado de consumo se pulverizou. Conforme veremos
poder. Existia também uma oligarquia que dominava o poder fede- adiante, esse crescimento e segmentação do mercado de consu-
ral, representada pelos políticos paulistas e mineiros. Essa aliança mo exerceu uma pressão poderosa no sentido da modernização da
entre São Paulo e Minas - que eram os estados mais poderosos -, economia brasileira.
cujos lideres políticos passaram a se revezar na presidência, ficou
conhecida como a “política do café com leite”. A tradição da monocultura. Entretanto, o principal setor da
economia - a cafeicultura - continuava crescendo dentro de padrões
A Comissão de Verificação. As peças para o funcionamento coloniais. Na verdade, a cafeicultura não apenas precisava preservar
da “política dos governadores” foram, basicamente, a Comissão de o caráter colonial da economia brasileira, mas também ajudava a
Verificação e o coronelismo. As eleições na República Velha não mantê-lo. Como no passado, a economia cafeeira estava inteiramen-
eram, como hoje, garantidas por uma justiça eleitoral. A aceitação te organizada para abastecer o mercado externo, no qual, por sua
dos resultados de um pleito era feita pelo poder Legislativo, atra- vez, adquiria os produtos manufaturados de que precisava. Esse pa-
vés da Comissão de Verificação. Essa comissão, formada por de- drão econômico tinha como conseqüência o fraco desenvolvimento
putados, é que oficializava os resultados das eleições. O presidente tanto da produção de produtos manufaturados, mesmo os de consu-
da República podia, portanto, através do controle que tinha sobre mo corrente, quanto da agricultura de subsistência.
a Comissão de Verificação, legalizar qualquer resultado que con- Com o crescimento do mercado de consumo que se seguiu à
viesse aos seus interesses, mesmo no caso de fraudes, que, aliás, abolição, as importações aumentaram, pois até produtos alimentí-
não eram raras. cios eram trazidos de fora.
O coronelismo. O título de “coronel”, recebido ou comprado, O endividamento externo. As exportações, todavia, não
era uma patente da Guarda Nacional, criada durante a Regência, cresceram na mesma proporção, de modo que, para financiar as
como já vimos. Geralmente, o termo era utilizado para designar os importações, o governo começou a se endividar continuamente.
fazendeiros ou comerciantes mais ricos da cidade e havia se espa- Esses empréstimos eram contratados sobretudo na Inglaterra, que,
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assim, tornou-se a maior credora do Brasil. Enfim, chegou-se a um rar diretamente os fazendeiros para negociar a compra antecipada
ponto em que as dívidas se acumularam a ponto de desencadear uma das safras. Com seus representantes percorrendo as fazendas para
crise por falta de capacidade de o país saldar as suas dívidas externas. fechar negócio, essa nova relação entre produtores e exportadores
indicava, na verdade, que o mercado brasileiro encontravase em
O funding loan. Em 1898, antes mesmo de Campos Sales fase de profunda transformação.
tomar posse, o ministro da Fazenda, Joaquim Duarte Murtinho, De fato, conforme o esquema até então vigente, os comis-
foi à Inglaterra renegociar a dívida. Conhecido como funding loan sários não apenas intermediavam a venda das safras, como tam-
(empréstimo de consolidação), o acordo financeiro negociado com bém intermediavam a compra dos fazendeiros nas grandes casas
os credores consistiu no seguinte: o Brasil substituiu o pagamento importadoras de produtos de consumo estrangeiros. O esquema,
em dinheiro por pagamento em títulos dos juros dos empréstimos portanto, era o seguinte: fazendeiros, comissários, ensacadores,
anteriores e um novo empréstimo lhe foi concedido para criar con- exportadores/importadores comissários - fazendeiros.
dições futuras de pagamento dos débitos. A decisão dos exportadores em negociar a safra diretamen-
O estímulo à industrialização. Diante de tal situação, o go- te com os fazendeiros modificou também a forma de atuação dos
verno federal adotou uma política para desestimular as importa- importadores que, não dispondo mais do comissário que interme-
ções. Acontece que, com a República, a arrecadação dos impostos diava as compras para o fazendeiro, tiveram de espalhar agentes e
fora dividida do seguinte modo: os estados ficavam com os impos- representantes de vendas pelo interior. O mercado ficou mais seg-
tos sobre as exportações, e o governo federal com os impostos so- mentado mas, em compensação, mais livre.
bre as importações. Ora, desestimular as importações significaria A crise de superprodução. Contudo, desde 1895, a economia
diminuir as suas receitas. Por essa razão, o governo federal recor- cafeeira não andava bem. Enquanto a produção do café crescia em
reu ao imposto de consumo, que já havia sido instituído, mas até ritmo acelerado, o mercado consumidor europeu e norte-america-
então não tinha sido cobrado. Observemos que a simples institui- no não se expandia no mesmo ritmo. Conseqüentemente, sendo a
ção do imposto de consumo indicava que o mercado de consumo oferta maior que a procura, o preço do café começou a despencar
já havia atingido dimensões significativas e revelava a expectativa no mercado internacional, trazendo sérios riscos para os fazendei-
do governo em relação ao seu crescimento. E isso testemunhava a ros.
importância já adquirida pelo mercado interno. Nos primeiros dois anos do século XX, o Brasil havia pro-
Devido aos problemas gerados pelo aumento do consumo, o duzido pouco mais de 1 milhão de sacas acima da capacidade de
governo federal foi obrigado a estimular a produção interna a fim consumo do mercado internacional. Essa cifra saltou para mais de
de diminuir as importações. Esse problema não existiria se as ex- 4 milhões em 1906, alarmando a cafeicultura.
portações, principalmente do café, fossem suficientes para cobrir
todos os gastos com as importações. Não era esse o caso. Entre- O Convênio de Taubaté (1906). Para solucionar o problema,
tanto, para que o modelo agroexportador fosse preservado, era ne- os governadores de São Paulo, Minas Gerais e Rio de janeiro reu-
cessário criar condições para o abastecimento através da produção niam-se na cidade de Taubaté, no interior de São Paulo. Decidiu-se
nacional própria. Foi por esse motivo que a industrialização come- então que, a fim de evitar a queda de preço, os governos estaduais
çou a ser estimulada no Brasil. interessados deveriam contrair empréstimos no exterior para ad-
quirir parte da produção que excedesse o consumo do mercado
A organização da economia cafeeira. As fazendas de café internacional. Dessa maneira, a oferta ficaria regulada e o preço
estavam espalhadas pelo interior, distantes dos grandes centros ur- poderia se manter. Teoricamente, o café estocado deveria ser libe-
banos onde a produção era vendida. Com as precárias condições rado quando a produção, num dado ano, fosse insuficiente. Ao lado
de transporte, aliadas ao fato de que os fazendeiros administravam disso, decidiu-se desencorajar o plantio de novos cafezais median-
diretamente as suas propriedades, os cafeicultores acabaram dele- te a cobrança de altos impostos. Estabelecia-se, assim, a primeira
gando a terceiros (os chamados comissários) a colocação de sua política de valorização do café.
produção no mercado. O governo federal foi contra o acordo, mas a solução do Con-
Esses encarregados da negociação das safras nos grandes cen- vênio de Taubaté acabou se impondo. De 1906 a 1910, quando
tros eram, de início, pessoas de confiança com a incumbência de terminou o acordo, perto de 8 500 000 sacas de café haviam sido
realizar as operações no lugar do fazendeiro. Aos poucos, de sim- retiradas de circulação.
ples encarregados, esses comissários começaram a concentrar em O acordo não foi propriamente uma solução, mas um simples
suas mãos as safras de vários fazendeiros, tornando-se importantes paliativo. E o futuro da economia cafeeira continuou incerto.
intermediários entre produtores e exportadores, em geral estran- A República Velha está subdividida em dois períodos. A Re-
geiros. As casas comissárias que então se organizaram passaram pública da Espada, momento da consolidação das instituições re-
a negociar em grande escala o café de várias procedências. Com publicanas, e a República Oligárquica, onde as instituições repu-
o tempo, apareceu um novo intermediário: os ensacadores. Estes blicanas são controladas pelos grandes proprietários de terras.
compravam o café das casas comissárias, classificavam e unifor-
mizavam o produto, adaptando-o ao gosto dos consumidores es- A República da Espada (1891/1894)
trangeiros e, finalmente, o revendiam aos exportadores.
Com a profissionalização dos comissários, estes começaram Período inicial da história republicana onde o governo foi
a atuar também como banqueiros dos cafeicultores, financiando exercido por dois militares, devido o temor de uma reação monár-
a produção por conta da safra a ser colhida. Por volta de 1896, quica. Momento de consolidação das instituições republicanas. Os
esse esquema começou a mudar. Os exportadores (estrangeiros), militares presidentes foram os marechais Deodoro da Fonseca e
com a finalidade de aumentar os seus lucros, passaram a procu- Floriano Peixoto.
Didatismo e Conhecimento 57
CIÊNCIAS SOCIAIS
Prudente de Morais (1894/1898) Pode-se dizer que este acontecimento histórico representou a
luta pela libertação dos pobres que viviam na zona rural, e, tam-
Seu governo foi marcado pela forte oposição dos florianistas. bém, que a resistência mostrada durante todas as batalhas ressaltou
Adotou uma postura de incentivar a expansão industrial, mediante o potencial do sertanejo na luta por seus ideais. Euclides da Cunha,
a adoção de taxas alfandegárias que dificultavam a entrada de pro- em seu livro Os Sertões, eternizou este movimento que evidenciou
dutos estrangeiros. Esta política não agradou a oligarquia cafeeira, a importância da luta social na história de nosso país. Esta revolta,
reclamando incentivos somente para o setor rural. ocorrida nos primeiros tempos da República, mostra o descaso dos
O principal acontecimento de seu governo foi a eclosão da governantes com relação aos grandes problemas sociais do Brasil.
Guerra de Canudos, entre 1896 e 1897, no interior da Bahia. As Assim como as greves, as revoltas que reivindicavam melhores
causas deste movimento são encontradas no latifúndio de caráter condições de vida (mais empregos, justiça social, liberdade, edu-
monocultor voltado para atender os interesses do mercado externo. cação etc), foram tratadas como “casos de polícia” pelo governo
O predomínio do latifúndio acentua a miséria da população serta- republicano. A violência oficial foi usada, muitas vezes em exage-
neja e a fome. ro, na tentativa de calar aqueles que lutavam por direitos sociais e
O movimento de Canudos possui um cunho religioso (messia- melhores condições de vida.
nismo). Antônio Conselheiro, pregando a salvação da alma, fun-
dou o arraial de Canudos, às margens do rio Vaza-Barris. Canudos Campos Sales (1898/1902)
possuirá uma população de, aproximadamente, 20 mil habitantes.
Dedicavam-se às pequenas plantações e criação de animais para a Em seu governo procurou reorientar a política econômica
subsistência. para atender os interesses das oligarquias rurais: café, algodão,
O arraial de Canudos não agradava à Igreja Católica, que per- borracha, cacau, açúcar e minérios. Adotando o princípio de que
dia fiéis; nem aos latifundiários, que perdiam mão-de-obra. Sob a o Brasil era um país essencialmente agrícola, o apóio à expansão
acusação do movimento ser monarquista, o governo federal ini- industrial foi suspenso.
ciou uma intensa campanha militar. A Guerra de Canudos é objeto Já em seu governo, a inflação e a dívida externa eram pro-
de análise de Euclides da Cunha, em sua obra “Os Sertões”. blemas sérios. Seu ministro da Fazenda, Joaquim Murtinho, deu
início ao chamado saneamento financeiro: política deflacionista
visando a valorização da moeda. Além do corte de crédito à ex-
Guerra de Canudos: A situação do Nordeste brasileiro, no
pansão da industria,
final do século XIX, era muito precária. Fome, seca, miséria, vio-
o governo deixou de emitir moeda e criou novos impostos,
lência e abandono político afetavam os nordestinos, principalmen-
aumentando os que já existiam. Procurou-se uma redução dos gas-
te a população mais carente. Toda essa situação, em conjunto com
tos públicos e foi adotado uma política de arrocho salarial. Outra
o fanatismo religioso, desencadeou um grave problema social. Em
medida para o equilíbrio econômico foi o funding-loan, acordo de
novembro de 1896, no sertão da Bahia, foi iniciado este conflito
negociação da dívida externa: o Brasil teria um novo empréstimo;
civil. Esta durou por quase um ano, até 05 de outubro de 1897, e,
suspensão, por 13 anos do pagamento das dívidas e de 63 para
devido à força adquirida, o governo da Bahia pediu o apoio da Re- liqüidar as dívidas.
pública para conter este movimento formado por fanáticos, jagun- Para conseguir apóio do Congresso na adoção do saneamen-
ços e sertanejos sem emprego. O beato Conselheiro, homem que to financeiro, Campos Sales colocou em funcionamento a política
passou a ser conhecido logo depois da Proclamação da República, dos governadores.
era quem liderava este movimento. Ele acreditava que havia sido
enviado por Deus para acabar com as diferenças sociais e também Rodrigues Alves (1902/1906)
com os pecados republicanos, entre estes, estavam o casamento
civil e a cobrança de impostos. Com estas idéias em mente, ele Período conhecido como “quadriênio progressista”, marca-
conseguiu reunir um grande número de adeptos que acreditavam do pela modernização dos portos, ampliação da rede ferroviária
que seu líder realmente poderia libertá-los da situação de extrema e pela urbanização da cidade do Rio de Janeiro - preocupação de
pobreza na qual se encontravam. seu prefeito, Pereira Passos. Houve também a chamada Campanha
Com o passar do tempo, as idéias iniciais difundiram-se de tal de Saneamento, dirigida por Osvaldo Cruz, buscando eliminar a
forma que jagunços passaram a utilizar-se das mesmas para jus- febre amarela e a varíola. Para combater a varíola, foi imposta a
tificar seus roubos e suas atitudes que em nada condiziam com vacinação obrigatória, provocando um descontentamento popular.
nenhum tipo de ensinamento religioso; este fato tirou por completo Os opositores ao governo aproveitaram-se da situação, eclodindo
a tranquilidade na qual os sertanejos daquela região estavam acos- a Revolta da Vacina.
tumados a viver. Devido a enorme proporção que este movimento No quadriênio de Rodrigues Alves foi aprovada as decisões
adquiriu, o governo da Bahia não conseguiu por si só segurar a do Convênio de Taubaté, visando a valorização do café. Destaque
grande revolta que acontecia em seu Estado, por esta razão, pediu para o surto da borracha que ocorreu em seu governo. A extração e
a interferência da República. Esta, por sua vez, também encontrou exportação da borracha atendia os interesses da indústria de pneu-
muitas dificuldades para conter os fanáticos. Somente no quarto máticos e de automóveis. No entanto, a extração da borracha não
combate, onde as forças da República já estavam mais bem equi- se mostrou como alternativa ao café. Sua exploração apresentou
padas e organizadas, os incansáveis guerreiros foram vencidos um caráter de surto, de aproximadamente 50 anos. A economia da
pelo cerco que os impediam de sair do local no qual se encontra- borracha provocou uma questão externa, envolvendo Brasil e Bo-
vam para buscar qualquer tipo de alimento e muitos morreram de lívia, a chamada Questão do Acre. A solução veio com a assinatura
fome. O massacre foi tamanho que não escaparam idosos, mulhe- do Tratado de Petrópolis, em que o Brasil anexou o Acre, pagando
res e crianças. uma indenização de 2 milhões de libras para a Bolívia.
Didatismo e Conhecimento 58
CIÊNCIAS SOCIAIS
Revolta da Vacina: o início do período republicado da Histó- provocou a chamada Revolta de Juazeiro, ocorrida no Ceará, e li-
ria do Brasil foi marcado por vários conflitos e revoltas populares. derada pelo padre Cícero. Ainda em seu governo, na cidade do Rio
O Rio de Janeiro não escapou desta situação. No ano de 1904, de Janeiro, eclodiu a Revolta da Chibata, liderada pelo marinheiro
estourou um movimento de caráter popular na cidade do Rio de João Candido, contra os castigos corporais e excesso de trabalho
Janeiro. O motivo que desencadeou a revolta foi a campanha de na Marinha. A rebelião militar foi duramente reprimida. O seu go-
vacinação obrigatória, imposta pelo governo federal, contra a va- verno foi marcado por uma acentuação da crise econômica - queda
ríola. A situação do Rio de Janeiro, no início do século XX, era nas exportações do café e da borracha - levando o governo a reali-
precária. A população sofria com a falta de um sistema eficiente de zar um segundo funding loan.
saneamento básico. Este fato desencadeava constantes epidemias,
entre elas, febre amarela, peste bubônica e varíola. A população de Revolta da Chibata: ocorreu em 22 de novembro de 1910, no
baixa renda, que morava em habitações precárias, era a principal Rio de Janeiro, com a revolta dos marinheiros. Naquele período
vítima deste contexto. era comum açoitar com chibatadas os marinheiros, tudo com intui-
Preocupado com esta situação, o então presidente Rodrigues to de discipliná-los. Através dessa prática violenta os marinheiros
Alves colocou em prática um projeto de saneamento básico e reur- se revoltaram principalmente depois que o marinheiro Marcelino
banização do centro da cidade. O médico e sanitarista Oswaldo Rodrigues levou 250 chibatadas diante de todos os presentes no
Cruz foi designado pelo presidente para ser o chefe do Departa- navio, desmaiou e continuou sendo açoitado. Sempre em uma re-
mento Nacional de Saúde Pública, com o objetivo de melhorar as volta ou manifestação uma pessoa toma a frente para encorajar os
condições sanitárias da cidade. A campanha de vacinação obriga- outros, nesse caso o Almirante Negro, o Marujo João Cândido, foi
tória é colocada em prática em novembro de 1904. Embora seu o primeiro a esboçar uma ação contrária aos castigos das chibatas.
objetivo fosse positivo, ela foi aplicada de forma autoritária e vio- Na baía de Guanabara encontravam-se vários navios que foram
lenta. Em alguns casos, os agentes sanitários invadiam as casas tomados pelos rebeldes, além disso, começaram a controlá-los re-
e vacinavam as pessoas à força, provocando revolta nas pessoas. tirando todos oficiais, aqueles que causassem resistência à ocu-
Essa recusa em ser vacinado acontecia, pois grande parte das pes- pação eram assassinados, e se caso o governo não atendesse suas
soas não conhecia o que era uma vacina e tinham medo de seus efeitos. exigências ameaçavam lançar bombas na cidade.
A revolta popular aumentava a cada dia, impulsionada tam- Após o conflito, passaram-se quatro dias e, então, o Presidente
bém pela crise econômica (desemprego, inflação e alto custo de Hermes da Fonseca decretou o fim da prática violenta de castigos
vida) e a reforma urbana que retirou a população pobre do centro e perdoou os marinheiros. Entretanto, quando foram entregar as
da cidade, derrubando vários cortiços e outros tipos de habitações armas notaram que tinham sido enganados pelo presidente que,
mais simples. As manifestações populares e conflitos espalham-se automaticamente, retirou da corporação da Marinha todos aqueles
pelas ruas da capital brasileira. Populares destroem bondes, ape- que compunham a revolta, além de João Cândido o líder, com isso
drejam prédios públicos e espalham a desordem pela cidade. Em foram depositados no fundo de navios e prisões subterrâneas na
16 de novembro de 1904, o presidente Rodrigues Alves revoga a Ilhas das Cobras.
lei da vacinação obrigatória, colocando nas ruas o exército, a ma-
rinha e a polícia para acabar com os tumultos. Em poucos dias a Guerra do Contestado: foi um conflito armado que ocorreu
cidade voltava a calma e a ordem. na região Sul do Brasil, entre outubro de 1912 e agosto de 1916.
O conflito envolveu cerca de 20 mil camponeses que enfrentaram
Afonso Pena (1906/1909) forças militares dos poderes federal e estadual. Ganhou o nome
de Guerra do Contestado, pois os conflitos ocorrem numa área de
Implantação do plano para a valorização do café, onde o go- disputa territorial entre os estados do Parará e Santa Catarina.
verno compraria toda a produção de café e armazenando-a, para
depois vendê-la. Faleceu em 1909, tendo seu mandato presidencial Causas da Guerra: A estrada de ferro entre São Paulo e Rio
terminado por Nilo Peçanha, seu vice-presidente. Grande do Sul estava sendo construída por uma empresa norte-a-
mericana, com apoio dos coronéis (grandes proprietários rurais
Nilo Peçanha (1909/1910) com força política) da região e do governo. Para a construção da
estrada de ferro, milhares de família de camponeses perderam suas
Criação do Serviço de Proteção ao Índio, dirigido pelo ma- terras. Este fato, gerou muito desemprego entre os camponeses da
rechal Cândido Mariano da Silva Rondon. Seu curto governo foi região, que ficaram sem terras para trabalhar. Outro motivo da re-
marcado pela sucessão presidencial. De um lado, representando a volta foi a compra de uma grande área da região por de um grupo
máquina oligárquica, estava o candidato Hermes da Fonseca, de de pessoas ligadas à empresa construtora da estrada de ferro. Esta
outro, como candidato da oposição, estava Rui Barbosa. propriedade foi adquirida para o estabelecimento de uma grande
O lema da campanha de Rui Barbosa era Campanha Civilista, empresa madeireira, voltada para a exportação. Com isso, muitas
visto que Hermes da Fonseca era marechal do exército. Rui Bar- famílias foram expulsas de suas terras. O clima ficou mais tenso
bosa defendia a reforma eleitoral com o voto secreto, a revisão quando a estrada de ferro ficou pronta. Muitos trabalhadores que
constitucional e a elaboração do Código Civil. Apesar de grande atuaram em sua construção tinham sido trazidos de diversas partes
votação, Rui Barbosa não venceu as eleições do Brasil e ficaram desempregados com o fim da obra. Eles per-
maneceram na região sem qualquer apoio por parte da empresa
Hermes da Fonseca (1910/1914) norte-americana ou do governo.
Imposição da chamada Política das Salvações: intervenção fe- Participação do monge José Maria: Nesta época, as regiões
deral para derrubar oligarquias oposicionistas, substituindo-as por mais pobres do Brasil eram terreno fértil para o aparecimento de
outras que apoiassem a administração. Esta política de intervenção lideranças religiosas de caráter messiânico. Na área do Contesta-
Didatismo e Conhecimento 59
CIÊNCIAS SOCIAIS
do não foi diferente, pois, diante da crise e insatisfação popular, Primeira Guerra Mundial (1914-1918): tinha uma posição
ganhou força a figura do beato José Maria. Este pregava a criação respaldada pela Convenção de Haia, mantendo-se inicialmente neu-
de um mundo novo, regido pelas leis de Deus, onde todos vive- tro, buscando não restringir o mercado a seus produtos de exporta-
riam em paz, com prosperidade justiça e terras para trabalhar. José ção, principalmente o café. Foi o único país latino-americano que
Maria conseguiu reunir milhares de seguidores, principalmente de participou da Primeira Guerra Mundial. O Brasil oficialmente decla-
camponeses sem terras. rou neutralidade em 4 de agosto de 1914. Desta forma, somente um
navio brasileiro, o Rio Branco, foi afundado por um submarino ale-
Os conflitos: Os coronéis da região e os governos (federal e mão nos primeiros anos da guerra em 3 de maio de 1916, mas este
estadual) começaram a ficar preocupados com a liderança de José estava em águas restritas, operando a serviço inglês e com a maior
Maria e sua capacidade de atrair os camponeses. O governo passou a parte de sua tripulação sendo composta por noruegueses, de forma
acusar o beato de ser um inimigo da República, que tinha como obje- que, apesar da comoção nacional que o fato gerou, não poderia ser
tivo desestruturar o governo e a ordem da região. Com isso, policiais considerado como um ataque ilegal dos alemães.
e soldados do exército foram enviados para o local, com o objetivo No início da guerra, apesar de neutro, o Brasil enfrentava uma
de desarticular o movimento. Os soldados e policiais começaram situação social e econômica complicada. A sua economia era basica-
a perseguir o beato e seus seguidores. Armados de espingardas de mente fundamentada na exportação de apenas um produto agrícola,
caça, facões e enxadas, os camponeses resistiram e enfrentaram as o café. Como este não era essencial, suas exportações (e as rendas
forças oficiais que estavam bem armadas. Nestes conflitos armados, alfandegárias, a principal fonte de recursos do governo) diminuíram
entre 5 mil e 8 mil rebeldes, na maioria camponeses, morreram. As com o conflito. Isto se acentuou mais com o bloqueio alemão e, de-
baixas do lado das tropas oficiais foram bem menores. pois, com a proibição à importação de café feita pela Inglaterra em
1917, que passou a considerar o espaço de carga nos navios necessá-
O fim da Guerra: A guerra terminou somente em 1916, quan- rio para produtos mais vitais, haja vista as grandes perdas causadas
do as tropas oficiais conseguiram prender Adeodato, que era um pelos afundamentos de navios mercantes pelos alemães.
dos chefes do último reduto de rebeldes da revolta. Ele foi con- As relações entre Brasil e o Império Alemão foram abaladas
denado a trinta anos de prisão. A Guerra do Contestado mostra a pela decisão alemã de autorizar seus submarinos a afundar qual-
forma com que os políticos e os governos tratavam as questões quer navio que entrasse nas zonas de bloqueio. No dia 5 de abril de
sociais no início da República. 1917 o vapor brasileiro Paraná, um dos maiores navios da marinha
Os interesses financeiros de grandes empresas e proprietários mercante (4.466 toneladas), carregado de café, navegando de acor-
rurais ficavam sempre acima das necessidades da população mais do com as exigências feitas a países neutros, foi torpedeado por
pobre. Não havia espaço para a tentativa de solucionar os conflitos um submarino alemão a milhas do cabo Barfleur, na França, e três
com negociação. Quando havia organização daqueles que eram in- brasileiros foram mortos.
justiçados, as forças oficiais, com apoio dos coronéis, combatiam A participação do Brasil na Primeira Guerra Mundial foi es-
os movimentos com repressão e força militar. tabelecida em função de uma série de episódios envolvendo em-
barcações brasileiras na Europa. No mês de abril de 1917, forças
Venceslau Brás (1914/1918) alemãs abateram o navio Paraná nas proximidades do Canal da
Mancha. Seis meses mais tarde, outra embarcação brasileira, o
Em seu governo ocorre, no sul do país, um movimento social encouraçado Macau, foi atacado por alemães. Indignados, popu-
muito semelhante à Guerra de Canudos. O conflito, denominado lares exigiram uma resposta contundente das autoridades brasilei-
Guerra do Contestado, apresentava como causas a miséria e a fome ras. Na época, o presidente Venceslau Brás firmou aliança com os
da população sertaneja, nas fronteiras de Santa Catarina e Para- países da Tríplice Entente (Estados Unidos, Inglaterra e França),
ná. O movimento teve um caráter messiânico, pois liderado pelo em oposição ao grupo da Tríplice Aliança, formada pelo Império
“monge” João Maria. A exemplo de Canudos, o movimento foi Austro-Húngaro, Alemanha e Império Turco-otomano. Sem con-
duramente reprimido pelo governo. tar com uma tecnologia bélica expressiva, podemos considerar a
O principal evento, que marcou o quadriênio de Venceslau participação brasileira na Primeira Guerra bastante tímida. Entre
Brás, foi a Primeira Guerra Mundial (1914/18). A duração da outras ações, o governo do Brasil enviou alguns pilotos de avião, o
guerra provocou, no Brasil, um surto industrial. Este processo oferecimento de navios militares e apoio médico.
está ligado à política de substituição de importações: já que não se O apoio brasileiro teve muito mais presença com o envio de
conseguia importar nada, em virtude da guerra, o Brasil passou a suprimentos agrícolas e matéria-prima procurada pelas nações em
produzir. Este impulso à industrialização fez nascer uma burguesia conflito. No Brasil, a Primeira Guerra teve implicações significati-
industrial e o operariado. vas em nossa economia. A retração econômica sofrida pelas gran-
A classe operária, por sua vez, vivia em precárias condições, des nações industriais europeias abriu portas para que o parque
não possuindo salário mínimo, não tendo jornada de trabalho regu- industrial se desenvolvesse.
lamentada, havia exploração do trabalho infantil e feminino. Mui-
tos acidentes de trabalho aconteciam. Contra este estado de coisas, Manifestações Populares: Quando a notícia do afundamento
a classe operária manifestou-se, através de greves. do vapor Paraná chegou ao Brasil poucos dias depois, eclodiram
A maior delas ocorreu em 1917, sendo reprimida pela polícia. diversas manifestações populares nas capitais. O ministro de re-
Aliás, a questão social na República Velha, ou seja, a relação capi- lações exteriores, Lauro Müller, de origem alemã e favorável à
tal/trabalho, era vista como “caso de polícia”. Até a década de 30 o neutralidade na guerra, foi obrigado a renunciar. Em Porto Alegre,
movimento operário terá como bandeira os ideiais do anarquismo passeatas foram organizadas com milhares de pessoas. Inicialmen-
e do anarcossindicialismo. te pacíficas, as manifestações passaram a atacar estabelecimentos
Didatismo e Conhecimento 60
CIÊNCIAS SOCIAIS
comerciais de propriedades de alemães ou descendentes,o Hotel Os revoltosos encontraram-se com outra coluna militar (gaúcha) é
Schmidt , a Sociedade Germânia, o clube Turnebund e o jornal comandada por Luís Carlos Prestes. Originou-se assim, a Coluna
Deutsche Zeitung foram invadidos, pilhados e queimados. Em 1 Prestes, que percorreu cerca de 25 mil quilômetros no interior do
de novembro uma multidão danificou casas, clubes e fábricas em Brasil, denunciando os problemas da República Oligárquica. No
Petrópolis, entre eles o restaurante Brahma (completamente des- ano de 1927 a Coluna foi desfeita, tendo a maioria dos líderes bus-
truído), a Gesellschaft Germania, a escola alemã, a empresa Arp, o cado refúgio na Bolívia.
Diário Alemão, entre outros. O governo de Artur Bernardes foi palco da Semana de Arte
Ao mesmo tempo, em outras capitais houve pequenos distúr- Moderna, inaugurando o Modernismo no Brasil. A expansão in-
bios. Novos episódios com violência só ocorreriam quando da de- dustrial, o crescimento urbano, o desenvolvimento do operariado
claração de guerra do Brasil à Alemanha em outubro. Por outro lado, inspiraram os modernistas.
sindicalistas, pacifistas e anarquistas se colocavam contra a guerra
e acusavam o governo de estar desviando a atenção dos problemas Washington Luís (1926/1930)
internos, entrando em choque por vezes com os grupos nacionalistas
favoráveis a entrada do país no conflito. À greve geral de 1917, se Governo marcado pela eclosão da Revolução de 1930. No ano
seguiu violenta repressão que usou a declaração de guerra em outu- de 1929, a Bolsa de Valores de Nova Iorque quebrou, causando sé-
bro para declarar estado de sítio e perseguir opositores. rios efeitos para a economia mundial. A economia norteamericana
fica arruinada, com pesadas quedas na produção, além da amplia-
Rodrigues Alves/ Delfim Moreira (1918/1919) ção do desemprego. A crise econômica nos EUA fizeram-se sentir
em todo o mundo.
O eleito em 1918 fora Rodrigues Alves que faleceu (gripe es- Os efeitos da crise de 1929, para o Brasil, fizeram-se sentir
panhola) sem tomar posse. Seu vice-presidente, Delfim Moreira, com a queda brutal nos preços do café. Os fazendeiros de café
de acordo com o artigo 42 da Constituição Federal, marcou novas pediram auxílio ao governo federal, que rejeitou, alegando que a
eleições. O vencedor do novo pleito foi Epitácio Pessoa. queda nos preços do café seria compensada pelo aumento no volu-
me das exportações, o que, aliás, não ocorreu.
Epitácio Pessoa (1919/1922). No plano interno, em 1930, ocorriam eleições presidenciais.
Washington Luís indicou um candidato paulista - Júlio Prestes,
rompendo o pacto estabelecido na política do café-com-leite. Os
Seu governo é marcado pelo início de graves crises econômi-
mineiros não aceitaram (Washington Luís representava os paulista
cas e políticas, responsáveis pela chamada Revolução de 1930. A
e, seguindo a regra, o próximo presidente deveria ser um mineiro,
crise econômica foi deflagrada com o início da queda - gradual e
aliás o governador de Minas Gerais, Antônio Carlos de Andrada ).
constante - dos preços das matérias primas no mercando interna-
O rompimento da política do café-com-leite vai fortalecer a oposi-
cional, por conta do final da Primeira Guerra Mundial. ção, organizada na chamada Aliança Liberal.
O setor mais afetado no Brasil foi, como não poderia deixar de A Aliança Liberal era uma chapa de oposição, tendo Getúlio
ser, o setor exportador do café. Vargas para presidente e João Pessoa para vice-presidente.
No plano militar, Epitácio Pessoa resolveu substituir ministros Esta chapa contava com o apoio das oligarquias do Rio Grande
militares por ministros civis, em pastas ocupadas por membros das do Sul, Paraíba e de Minas Gerais, além do Partido Democrático,
Forças Armadas. Para o Ministério da Marinha foi indicado Raul formado por dissidentes do Partido Republicano Paulista (PRP).
Soares, e para o Ministério da Guerra, Pandiá Calógeras. A nomea- O programa da Aliança Liberal vai de encontro aos interes-
ção causou descontentamento militar. A oposição militar às oligar- ses das classes dominantes marginalizadas pelo setor cafeeiro e,
quias desencadearam o chamado Tenentismo. O tenentismo foi um aumentando sua base de apoio, defendia a regulamentação das
movimento que propunha a moralização do país, mediante o voto leis trabalhistas, a instituição do voto secreto e do voto feminino.
secreto e da centralização política. Teve um forte caráter elitista Reivindicava a expansão da industrialização e uma maior centrali-
-muito embora sua propostas identificavam-se com os interesses zação política. De quebra, propunha a anistia aos tenentes conde-
das camadas médias do país. Os tenentes julgavam-se os únicos nados, sensibilizando o setor militar.
capazes de solucionarem os problemas do país: o chamada “ideal Porém, mediante as tradicionais fraudes eleitorais, o candida-
de salvação nacional”. to da situação, Júlio Prestes, venceu as eleições. A vitória do candi-
O primeiro levante do tenentes ocorreu em 05 de julho de dato situacionista provocou insatisfação das oligarquias margina-
1922, episódio conhecido como Levante do Forte de Copacabana lizadas, dos tenentes e da camada média urbana. Alguns tenentes,
( os 18 do Forte). O motivo deste levante foi a publicação de car- como Juarez Távora e João Alberto, iniciaram uma conspiração
tas, cujos conteúdos, ofendiam o Exército. O autor teria sido Artur para evitar a posse de Júlio Prestes. Temendo que a conspiração
Bernardes, recém eleito presidente da República. pudesse contar com a participação popular, os líderes oligárquicos
tomaram o comando do processo. “Façamos a revolução antes que
Artur Bernardes (1922/1926). o povo a faça”, esta fala de Antônio Carlos Andrade, governador
de Minas, sintetiza tudo.
Apesar do episódio das “cartas falsas”, Artur Bernardes foi O estopim do movimento foi o assassinato de João Pessoa.
declarado vencedor em março de 1922. O descontentamento no Em 03 de outubro, sob o comando de Góes Monteiro eclode a re-
meio militar foi muito grande. O levante do forte de Copacabana volta no Rio Grande do Sul; em 04 de outubro foi a vez de Juarez
foi uma tentativa de impedir a sua posse. Távora iniciar a rebelião na Paraíba.
No ano de 1924 uma nova revolta tenentista ocorre. Desta Por fim. Em 24 de outubro de 1930, temendo-se uma guerra
feita em São Paulo - Revolução Paulista de 1924. A reação do civil, o alto-comando das Forças Armadas no Rio de Janeiro de-
governo foi violenta, forçando os rebeldes a fugirem da cidade. sencadeou o golpe, depondo Washington Luís, impedindo a posse
Didatismo e Conhecimento 61
CIÊNCIAS SOCIAIS
de Júlio Prestes e formando uma junta pacificadora, composta pe- no começo de 1929, Washington Luís indicou o nome do Presiden-
los generais Mena Barreto, Tasso Fragoso e pelo almirante Isaías te de São Paulo, Júlio Prestes, como seu sucessor, no que foi apoia-
Noronha. No dia 03 de novembro Getúlio Vargas era empossado, do por presidentes de 17 estados. Apenas três estados negaram o
de forma provisória, como presidente da República. apoio a Prestes: Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba. Os
políticos de Minas Gerais esperavam que Antônio Carlos Ribeiro
Significado da Revolução de 30. de Andrada, o então governador do estado, fosse o indicado.
Assim a política do café com leite chegou ao fim e iniciou-se
O movimento de 1930, apesar de sua complexa base social a articulação de uma frente oposicionista ao intento do presidente
(oligarquias dissidentes, tenentes, camadas médias urbanas) não e dos 17 estados de eleger Júlio Prestes. Minas Gerais, Rio Grande
deve ser visto como uma ruptura na estrutura social, política e eco- do Sul e Paraíba uniram-se a políticos de oposição de diversos
nômica do Brasil. A revolução não rompeu com o sistema oligár- estados, inclusive do Partido Democrático de São Paulo, para se
quico, houve tão somente uma substituição de oligarquias no po- oporem à candidatura de Júlio Prestes , formando, em agosto de
der. A revolução de 30 colocou um novo governo compromissado 1929, a Aliança Liberal.
com diversos grupos sociais. Sob este ponto de vista, pode-se dizer Em 20 de setembro do mesmo ano, foram lançados os candi-
que o movimento de 1930 patrocinou um “re-arranjo” do Estado datos da Aliança Liberal às eleições presidenciais: Getúlio Vargas
brasileiro. como candidato a presidente e João Pessoa (presidente da Paraíba
e sobrinho de Epitácio Pessoa) como candidato a vice-presidente.
A República Populista e Regime Militar Apoiaram a Aliança Liberal intelectuais como José Américo de Al-
meida e Lindolfo Collor, membros das camadas médias urbanas e
Dá-se o nome de Revolução de 1930 ou Revolução de 30 ao a corrente político-militar chamada “Tenentismo” (que organizou,
movimento armado liderado pelos estados de Minas Gerais e Rio entre outras, a Revolta Paulista de 1924), na qual se destacavam
Grande do Sul que culminou com o golpe de Estado que depôs o Cordeiro de Farias, Eduardo Gomes, Siqueira Campos, João Al-
presidente paulista Washington Luís em 24 de outubro. berto Lins de Barros, Juarez Távora e Miguel Costa e Juraci Ma-
Em 1929 lideranças do estado de São Paulo romperam a alian- galhães e três futuros presidentes da república.
ça com os mineiros representada pela política do café-com-leite, e O presidente de Minas Gerais, Antônio Carlos, diz em discurso,
indicaram o paulista Júlio Prestes como candidato à presidência ainda em 1929: “ Façamos a revolução pelo voto antes que o povo a
da República. Em reação, o Presidente de Minas Gerais, Antônio faça pelas armas”. Esta frase foi vista como a expressão do instinto
Carlos Ribeiro de Andrada apoiou a candidatura oposicionista do de sobrevivência de um político experiente e um presságio.
gaúcho Getúlio Vargas. Em 1º de março de 1930 houve eleições
para presidente da República que deram a vitória ao candidato go- As Eleições e a Revolução
vernista Júlio Prestes, que não tomou posse em virtude do golpe de
estado desencadeado a 3 de outubro de 1930, e foi exilado. As eleições foram realizadas no dia 1º de março de 1930 e
Getúlio Vargas assumiu a chefia do “governo provisório” em deram a vitória a Júlio Prestes que obteve 1.091.709 votos con-
3 de novembro de 1930, data que marca o fim da República Velha. tra apenas 742.794 dados a Getúlio. Ressaltando que Getúlio teve
A crise da República Velha havia se prolongado ao longo da quase 100% dos votos no Rio Grande do Sul.
década de 1920, perdendo visibilidade com a mobilização do tra- A Aliança Liberal recusou-se a aceitar a validade das eleições,
balhador industrial, com as Revoltas nazifacistas e as dissidências alegando que a vitória de Júlio Prestes era decorrente de fraude.
políticas que enfraqueceram as grandes oligarquias, ameaçando a Além disso, deputados eleitos em estados onde a Aliança Libe-
estabilidade da tradicional aliança rural entre os estados de São ral conseguiu a vitória, não obtiveram o reconhecimento dos seus
Paulo e Minas Gerais (a “Política do café com leite”). mandatos. A partir daí, iniciou-se uma conspiração, com base no
Em 1926, setores que se opunham ao Partido Republicano Rio Grande do Sul e em Minas Gerais.
Paulista (PRP) fundaram o Partido Democrático (PD), que defen- A conspiração sofreu um revés em junho com o brado comu-
dia um programa de educação superior. Mas o maior sinal do des- nista de Luís Carlos Prestes que seria um ex-membro do movi-
gaste republicano era a superprodução de café, alimentada pelo mento tenentista ,mas ele tornou-se adepto das idéias de Karl Marx
governo com constantes “valorizações” do trabalho rural e gene- assim começou a apoiar o comunismo.Isso o levou ,depois de um
rosos subsídios públicos. tempo, a tentativa frustada da intentona comunista pela ANL Logo
em seguida outro contratempo: morre em acidente aéreo o tenente
Crise de 1929 Siqueira Campos.
No dia 26 de julho de 1930, João Pessoa foi assassinado por
Em Juiz de Fora, o Partido Republicano Mineiro (PRM) passa João Dantas em Recife, por questões políticas e de ordem pessoal,
para a oposição, forma a Aliança Liberal com os segmentos pro- servindo como estopim para a mobilização armada. João Dantas
gressistas de outros Estados e lança o gaúcho Getúlio Vargas para seria, logo a seguir, barbaramente assassinado.
a presidência, tendo o paraibano João Pessoa como vice. As acusações de fraude e a degola arbitrária de deputados mi-
neiros e de toda a bancada da Paraíba da Aliança Liberal; o descon-
A Revolução tentamento popular devido à crise econômica causada pela grande
depressão de 1929; o assassinato de João Pessoa e o rompimento
Na República Velha (1889-1930), vigorava no Brasil a chama- da política do café com leite, foram os principais fatores, (ou pre-
da “política do café com leite”, em que políticos de São Paulo e de textos na versão dos partidários de Júlio Prestes), que criaram um
Minas Gerais, se alternavam na presidência da república. Porém, clima favorável a uma revolução.
Didatismo e Conhecimento 62
CIÊNCIAS SOCIAIS
Getúlio tentou várias vezes a conciliação com o governo de E ainda mais: O ex-tenente Juarez Távora foi o segundo co-
Washington Luís e só se decidiu pela revolução quando já se apro- locado nas eleições presidenciais de 1955, e o ex-tenente Eduardo
ximava a posse de Júlio Prestes que se daria em 15 de novembro. Gomes, o segundo colocado, em 1945 e 1950. Ambos candidatos
A revolução de 1930 iniciou-se, finalmente, no Rio Grande do Sul da UDN , o que mostra também a influência dos ex-tenentes na
em 3 de outubro, às 17 horas e 25 minutos. Osvaldo Aranha te- UDN, partido este que tinha ainda, entre seus líderes, o ex-tenente
legrafou a Juarez Távora comunicando início da Revolução. Ela Juraci Magalhães, que quase foi candidato em 1960. Os partidos
rapidamente se alastrou por todo o país. Oito governos estaduais fundados por Getúlio Vargas PSD (partido dos ex-interventores no
no nordeste foram depostos pelos tenentes. Estado Novo e intervencionista na economia) e o antigo PTB, do-
No dia 10, Getúlio Vargas lançou o manifesto “O Rio Grande minaram a cena política de 1946 até 1964.
de pé pelo Brasil” e partiu, por ferrovia, rumo à capital federal PSD, UDN e PTB, os maiores partidos políticos daquele pe-
(então, o Rio de Janeiro). Esperava-se que ocorresse uma grande ríodo, eram liderados por mineiros (PSD e UDN) e por gaúchos (o
batalha em Itararé (na divisa com o Paraná), onde as tropas do go- PTB). Apesar de quinze anos (1930-1945) não serem um período
verno federal estavam acampadas para deter o avanço das forças longo, em se tratando de carreira política, raríssimos foram os po-
revolucionárias, lideradas militarmente pelo coronel Góis Montei- líticos da República Velha que conseguiram retomar suas carreiras
ro. Porém em 12 e 13 de outubro ocorreu o Combate de Quatiguá, políticas depois da queda de Getúlio em 1945. A renovação do
que pode ter sido o maior combate desta Revolução, mesmo tendo quadro político foi quase total. Renovação tanto de pessoas quanto
sido muito pouco estudado. Quatiguá localiza-se a direita de Ja- da maneira de se fazer política.
guariaiva, próxima a divisa entre São Paulo e Paraná. Especialmente o balanço de 1930 feito pelos paulistas é som-
A batalha não ocorreu em Itararé,já que os generais Tasso Fra- brio. Reclamam eles que, após Júlio Prestes em 1930, nenhum ci-
goso e Mena Barreto e o Almirante Isaías de Noronha depuseram dadão nascido em São Paulo foi eleito ou ocupou a presidência,
Washington Luís, em 24 de outubro e formaram uma junta de go- exceto, e por alguns dias apenas, Ranieri Mazzilli e o Dr. Ulisses
verno. Jornais que apoiavam o governo deposto foram empaste- Guimarães. E dizem ainda, os paulistas, que apenas em 1979 che-
lados; Júlio Prestes, Washington Luís e vários outros próceres da gou a presidência alguém comprometido com os ideais da revo-
república velha foram exilados. lução de 1932: João Figueiredo, que fora exilado em 1932. João
Figueiredo fez a abertura política do regime militar.
Getúlio foi o primeiro a fazer no Brasil propaganda pessoal
República Nova
em larga escala chamada “culto a personalidade”, típica do fascis-
mo e do stalinismo e ancestral do marketing político moderno. A
Às 3 horas da tarde de 3 de novembro de 1930, a junta militar
aliança elite-proletariado, criada por Getúlio, tornou-se típica no
passou o poder, no Palácio do Catete, a Getúlio Vargas, (que vestiu
Brasil, como a Aliança PTB-PSD apoiada pelo clandestino PCB na
farda militar pela primeira vez na vida, por sugestão de seus asses- fase de 1946-1964, e atualmente com a aliança PT-PP-PMDB-PL.
sores, para incutir no povo a “aura revolucionária”), encerrando O estilo conciliador de Getúlio foi incorporado à maneira de
a chamada república velha. Na mesma hora, no centro do Rio de fazer política dos brasileiros, e teve seu maior adepto no ex-mi-
Janeiro, os soldados gaúchos cumpriam a promessa de amarrar os nistro da Justiça de Getúlio, Tancredo Neves. O maior momento
cavalos no obelisco da avenida Rio Branco, marcando simbolica- desse estilo conciliador foi a grande aliança política que se formou
mente o triunfo da Revolução de 1930. visando as diretas-já e, em seguida, uma aliança maior ainda em
Getúlio tornou-se chefe do Governo Provisório com amplos torno do Dr. Tancredo, visando a transição do Regime Militar para
poderes. A constituição de 1891 foi revogada e Getúlio passou a a democracia, em 1984 - 1985.
governar por decretos. Getúlio nomeou interventores para todos os
Governos Estaduais, com exceção de Minas Gerais. A Nova Economia do Brasil
Esses interventores eram na maioria tenentes que participaram
da Revolução de 1930. Os efeitos da Revolução demoram a apa- A política trabalhista é alvo de polêmicas até hoje e foi taxada
recer. A nova Constituição só é aprovada em 1934, depois de forte de “paternalista” por intelectuais de esquerda, que o acusavam de
pressão social, como a Revolução Constitucionalista de 1932. Mas tentar anular a influência desta esquerda sobre o proletariado, dese-
a estrutura do Estado brasileiro modifica-se profundamente depois jando transformar a classe operária num setor sob seu controle nos
de 1930, tornando-se mais ajustada às necessidades econômicas e moldes da Carta del Lavoro do fascista italiano Benito Mussolini.
sociais do país. Os defensores de Getúlio Vargas contra-argumentam, dizendo
O regime centralizador, por vezes autoritário, do getulismo ou que em nenhum outro momento da história do Brasil houve avan-
Era Vargas estimula a expansão das atividades urbanas e desloca ços comparáveis nos direitos dos trabalhadores. O expoentes má-
o eixo produtivo da agricultura para a indústria, estabelecendo as ximos dessa posição foram João Goulart e Leonel Brizola, sendo
bases da moderna economia brasileira. Brizola considerado o último herdeiro político do “Getulismo”, ou
da “Era Vargas”, na linguagem dos brasilianistas.
A Nova Política do Brasil A crítica de direita, ou liberal, argumenta que, a longo prazo,
estas leis trabalhistas prejudicam os trabalhadores porque aumen-
Com a queda de Washington Luís acaba o ciclo de presidentes tam o chamado “custo Brasil”, onerando muito as empresas e ge-
maçons. Apenas dois dos presidentes da república velha não eram rando a inflação que corróe o valor real dos salários.
membros da maçonaria. Nos 60 anos seguintes a 1930, maçons Segundo esta versão, o Custo Brasil faz com que as empresas
ocupariam a presidência por meses apenas. Três ex-ministros de brasileiras contratem menos trabalhadores, aumentem a informa-
Getúlio Vargas chegaram à presidência da república: Eurico Dutra, lidade e faz que as empresas estrangeiras se tornem receosas de
João Goulart e Tancredo Neves, este não chegou a assumir o cargo. investirem no Brasil. Assim, segundo a crítica liberal, as leis traba-
Três tenentes de 1930 chegaram à presidência da república: Caste- lhistas gerariam, além da inflação, mais desemprego e sub-empre-
lo Branco, Médici e Geisel. go entre os trabalhadores.
Didatismo e Conhecimento 63
CIÊNCIAS SOCIAIS
O intervencionismo estatal na economia iniciado por Getúlio A Reação Paulista
só cresceu com o passar dos anos, atingindo seu máximo no go-
verno do ex-tenente de 1930 Ernesto Geisel. Somente a partir do A oligarquia paulista estava convencida da derrota que sofreu
Governo de Fernando Collor se começou a fazer o desmonte do em 24 de outubro de 1930, mas não admitia perder o controle do
estado intervencionista. E, durante 60 anos, após 1930, todos os Executivo em “seu” próprio estado. A reação paulista começou com
ministros da área econômica do governo federal, foram favoráveis a não aceitação do interventor indicado para São Paulo, o tenentista
a intervenção do estado na economia, exceto Eugênio Gudin por João Alberto. Às pressões pela indicação de um interventor civil e
sete meses em 1954, e a dupla Roberto Campos - Octávio Bulhões, paulista, começa a se somar a reivindicação de eleições para a Cons-
por menos de 3 anos (1964 -1967). tituinte. Essas teses foram ganhando rapidamente simpatia popular.
As manifestações de rua começaram a ocorrer com o apoio de todas
Trabalhadores do Brasil as forças políticas do estado, até por aquelas que tinham simpatiza-
do com o movimento de 1930 (exemplo do Partido Democrático -
Era com esta frase que Getúlio iniciava seus discursos. Na PD). Diante das pressões crescentes, Getúlio resolveu negociar com
visão dos apoiadores de Getúlio, ele não ficou só no discurso. A a oligarquia paulista, indicando um interventor do próprio estado.
orientação trabalhista de seu governo, que em seu ápice instituiu a Isso foi interpretado como um sinal de fraqueza. Acreditando que
CLT e o salário-mínimo, marca, para os getulistas, um tempo das poderiam derrubar o governo federal, os oligarcas articularam com
mudanças sociais célebres, onde os trabalhadores pareciam estar outros estados uma ação nesse sentido.
no centro do cenário político nacional. Manifestações de rua intensificaram-se em São Paulo. Numa
delas, quatro jovens, Miragaia, Martins, Dráusio e Camargo foram
O primeiro governo Vargas (1930 - 1945) mortos e se transformaram em mártires da luta paulista em nome
da legalidade constitucional. Getúlio, por seu lado, aprovou ou-
As Forças de oposição ao Regime Oligárquico tras “concessões”: elaborou o código eleitoral (que previa o voto
secreto e o voto feminino), mandou preparar o anteprojeto para a
Como vimos anteriormente, no decorrer das três primeiras Constituição e marcou as eleições para 1933.
décadas deste século, houve uma série de manifestações operá-
rias, insatisfação dos setores urbanos e movimentos de rebeldia A Revolução Constitucionalista de 1932
no interior do Exército (Tenentismo). Eram forças de oposição
ao regime oligárquico, mas que ainda não representavam ameaça A oligarquia paulista, entretanto, não considerava as “conces-
à sua estabilidade. Esse quadro sofreu uma grande modificação sões” suficientes. Baseada no apoio popular que conseguira obter
quando, no biênio 1921-30, a crise econômica e o rompimento da e contando com a adesão de outros estados, desencadeou, em 9 de
política do café-com-leite por Washington Luís colocaram na opo- julho de 1932, a chamada Revolução Constitucionalista. Ela visa-
sição uma fração importante das elites agrárias e oligárquicas. Os va a derrubada do governo provisório e a aprovação imediata das
acontecimentos que se seguiram (formação da Aliança Liberal, o medidas que Getúlio protelava.
golpe de 30) e a conseqüente ascensão de Vargas ao poder podem Entretanto, o apoio esperado dos outros estados não ocorreu e,
ser entendidos como o resultado desse complexo movimento polí- depois de três meses, a revolta foi sufocada.
tico. Ele se apoiou em vários setores sociais liderados por frações Até hoje, o caráter e o significado da Revolução Constitucio-
das oligarquias descontentes com o exclusivismo paulista sobre o nalista de 1932 geram polêmicas. De qualquer forma, é inegável
poder republicano federal. que o movimento teve duas dimensões. No plano mais aparente,
predominaram as reivindicações para que o país retornasse à nor-
O Governo Provisório malidade política e jurídica, lastreadas numa expressiva participa-
ção popular. Nesse sentido, alguns destacam que o movimento foi
Com Washingtom Luís deposto e exilado, Getúlio Vargas foi um marco na luta pelo fortalecimento da cidadania no Brasil.
empossado como chefe do governo provisório. As medidas do Num plano menos aparente, mas muito mais ativo, estava o
novo governo tinham como objetivo básico promover uma centra- rancor das elites paulitas, que viam no movimento uma possibili-
lização política e administrativa que garantisse ao governo sediado dade de retomar o controle do poder político que lhe fora arreba-
no Rio de Janeiro o controle efetivo do país. Em outras palavras, tado em 1930.
o federalismo da República Velha caía por terra. Para atingir esse Se admitirmos que houve uma revolução em 1930, o que acon-
objetivo, foram nomeados interventores para governar os estados. teceu em São Paulo, em 1932, foi a tentativa de uma contra-revo-
Eram homens de confiança, normalmente oriundos do Tenentismo, lução, pois visava restaurar uma supremacia que, durante mais de
cuja tarefa era fazer cumprir, em cada estado, as determinações do 30 anos, fez a nação orbitar em torno dos interesses da cafeicultura.
governo provisório. Nesse sentido, o movimento era marcado por um reacionarismo eli-
Esse fato e mais o adiamento que Getúlio Vargas foi impondo tista, contrário ao limitado projeto modernizador de 1930.
à convocação de novas eleições desencadearam reações de hosti-
lidade ao seu governo, especialmente no estado de São Paulo. As Constituição de 1934
eleições dariam ao país uma nova constituição, um presidente eleito
e um governo com legitimidade jurídica e política. Mas poderia tam- Uma vez neutralizada a oposição paulista, o calendário polí-
bém significar a volta ao poder dos derrotados na Revolução de 30. tico seguiu a programação definida pelo governo provisório. Em
1934, foi concluída e promulgada a nova Constituição. Entre os
seus principais aspectos, destacavam-se a ampliação da participa-
Didatismo e Conhecimento 64
CIÊNCIAS SOCIAIS
ção eleitoral com o voto feminino, a adoção do voto secreto, o sis- jetos para o país. Esse breve período constitucional foi marcado
tema de representação classista, a defesa dos direitos individuais por lutas, às vezes violentas, entre os defensores desses projetos,
(habeas-corpus e mandado de segurança), o nacionalismo (a ex- levando a uma verdadeira polarização ideológica.
ploração do subsolo dependia de aprovação do governo, empresas O tom desse momento político do país foi marcado pelo con-
de comunicação deveriam estar sob o controle de capital nacional). fronto entre duas correntes: uma defendia um nacionalismo con-
servador, a outra, um nacionalismo revolucionário.
As Leis Trabalhistas
Nacionalismo conservador
Foi aprovado também um conjunto de leis que garantiam di-
reitos aos trabalhadores, destacando-se entre eles: salário mínimo, Esse movimento contava com o apoio de vários estratos das
jornada de oito horas, regulamentação do trabalho feminino e do classes médias urbanas, Igreja e setores do Exército. O projeto que
menor, descanso remunerado (férias e finais de semana), indeni- seus ideológos tinham em mente decorria de uma certa leitura que
zação por demissão, assistência médica, previdência social. A for- faziam da história do país até aquele momento.
malização dessa legislação trabalhista teve vários significados e
implicações. Representou a primeira modificação importante na A Tradição Agrícola Brasileira
maneira de o Estado enfrentar a questão social e definiu as regras
a partir das quais o mercado de trabalho e as relações trabalhistas Segundo os conservadores, o aspecto que marcava mais pro-
podereriam se organizar. Garantiu, assim, uma certa estabilidade fundamente a formação histórica do país e do seu povo era a tra-
ao crescimento econômico. Por fim, foi muito útil para obter o dição agrícola. Desde o descobrimento, toda a vida econômica,
apoio dos assalariados urbanos à política getulista. social e política organizou-se em torno da agricultura. Todos os
Essa legislação denota a grande habilidade política de Getú- nossos valores morais, regras de convivência social, costumes e
lio. Ele apenas formalizou um conjunto de conquistas que, em boa tradições, enfim, a espinha dorsal da nossa cultura, fincavam suas
parte, já vigoravam nas relações de trabalho nos principais centros raízes no modo de vida rural. Dessa forma, tudo o que ameaça-
industriais. Com isso, construiu a sua imagem como “Pai dos Po- va essa “tradição agrícola” (isto é, estímulos a outros setores da
bres” e benfeitor dos trabalhadores. economia, crescimento da indústria, expansão da urbanização e
Tais conquistas mantinham-se à margem da lei em virtude da suas conseqüências, como a propagação de novos valores, hábi-
concepção anarquista, que não reconhecia ao Estado o direito de tos e costumes tipicamente urbanos, bem como novas formas de
regular as relações entre as classe sociais. Reivindicar leis proteto- expressão artística e culturais) representava um atentado contra a
ras do trabalho, ou aceitar as que o Estado aprovasse, seria o mes- integridade e o caráter nacional, uma corrupção da nossa identi-
mo que reconhecer o seu papel e a necessidade dessa instituição, dade como povo e nação. Por ser contrário a transformações e à
por natereza opressora, o que, como vimos contrariava o pensa- medida que as tendências modernizadoras tinham origem externa
mento anarquista. Assim, Getúlio capitalizou as conquistas que o (induzidas pela industrialização, vanguardas artísticas européias
movimento operário, sob a liderança anarquista, havia obtido nas etc.) é que o movimento caracterizava-se por ser nacionalista e
décadas anteriores. conservador.
A aprovação da legislação sindical representou um grande Para que a coerência com a nossa identidade histórica fosse
avanço nas relações de trabalho no Brasil, pois pela primeira vez o mantida, os ideólogos do nacionalismo conservador propunham o
trabalhador obtinha, individualmente, amparo nas leis para resistir seguinte: os latifúndios deveriam ser divididos em pequenas par-
aos excessos da exploração capitalista. Por outro lado, paralela- celas de terras a ser distribuídas. Assim, as famílias retornariam ao
mente à sua implantação, o Estado definiu regras extremamente campo, tornando o Brasil uma grande comunidade de pequenos e
rígidas para a organização dos sindicatos, entre as quais a que au- prósperos proprietários.
torizava o seu funcionamento (Carta Sindical), as que regulavam Podemos concluir, a partir desse ideário, que eram antilati-
os recursos da entidade e as que davam ao governo direito de in- fundiários, antiindustrialistas e, no limite, aticapitalistas. Na esfera
tervir nos sindicatos, afastando diretorias se julgasse necessário. política, defendiam um regime autoritário de partido único.
Mantinha, assim, os sindicatos sob um controle rigoroso.
O Integralismo
Eleições Presidenciais de 1934
Esse movimento deu origem à Ação Integralista Brasileira,
Uma vez promulgada a Constituição de 1934, a Assembléia cujo lema era Deus, Pátria e Família, e seu principal líder e ideólo-
Constituinte converteu-se em Congresso Nacional e elegeu o pre- go foi Plínio Salgado. Tradicionalmente, a AIB tem sido interpreta-
sidente da República por via indireta: o próprio Getúlio. Começa- da como a manifestação do nazifascismo no Brasil, pela semelhan-
va o período constitucional do governo Vargas. ça entre os aspectos aparentes do integralismo e do nazifascismo.
Uniformes, tipo de saudação, ultranacionalismo, feroz anticomu-
O Governo Constitucional e a Polarização Ideológica nismo, tendências ditatoriais e apelo à violência eram traços que
aproximavam as duas ideologias. Um exame mais atento, entretan-
Durante esse período, simultaneamente à implantação do pro- to, mostra que eram projetos distintos. Enquanto o nazifascismo
jeto político do governo, foram se desenhando outros dois pro- era apoiado pelo grande capital e buscava uma expansão econô-
Didatismo e Conhecimento 65
CIÊNCIAS SOCIAIS
mico-industrial a qualquer custo, ao preço de uma guerra mundial O Estado Novo (1937 - 1945)
se necessário, os integralistas queriam voltar ao campo. Num certo
sentido, o projeto nazifascista era mais modernizante que o inte- A Farsa
gralista. Assim, as semelhanças entre eles escondiam propostas e A maneira como o golpe foi dado em 1937 e as informações
projetos globais para a sociedade radicalmente distintos. obtidas posteriormente revelaram que o Plano Cohen não passou
de uma farsa. Ela foi preparada por militares ligados a Getúlio
Nacionalismo Revolucionário (Góes Monteiro e Olímpio Mourão Filho) visando impedir a reali-
zação das eleições em 1938.
Frações dos setores médios urbanos, sindicatos, associações
de classe, profissionais liberais, jornalistas e o Partido Comunista O Processo Político: Aspectos da Constituição de 1937
prestaram apoio a outro movimento político: o nacionalismo revo-
lucionário. Este defendia a industrialização do país, mas sem que A Constituição imposta por Vargas foi elaborada pelo seu mi-
isso implicasse subordinação e dependência em relação às potên- nistro da Justiça, Francisco Campos. Ficou conhecida como Pola-
cias estrangeiras, como a Inglaterra e os Estados Unidos. ca, pois foi inspirada na Constituição fascista polonesa da época.
A nova Constituição implicou uma brutal centralização política
Outro Projeto para o Brasil -administrativa. Colocou fim às eleições diretas, à liberdade par-
tidária e de organização. A imprensa foi submetida a uma rigorosa
O nacionalismo revolucionário propunha uma reforma agrá- censura. Acentuou o nacionalismo e o intervencionismo estatal
ria como forma de melhorar as condições de vida do trabalhador na economia. Além disso, a Constituição era marcadamente cor-
urbano e rural e potencializar o desenvolvimento industrial. Con- porativista, isto é, as classes sociais deveriam subordinar os seus
siderava que a única maneira de realizar esses objetivos seria a interesses particulares aos interesses gerais da nação. Superando o
implantação de um governo popular no Brasil. conflito de classes, todos deveriam buscar sempre a harmonia so-
Esse movimento deu origem à Aliança Nacional Libertadora, cial, o desenvolvimento e o progresso do país. Em outras palavras,
cujo presidente de honra era Luís Carlos Prestes, então membro do foi implantada uma ditadura no Brasil.
Partido Comunista.
A Organização do Estado Novo
As Eleições de 1938
No Estado Novo foi criado o Dasp (Departamento de Admi-
Contida a oposição de esquerda, o processo político evoluiu nistração dos Serviços Públicos) visando profissionalizar o serviço
sem conflitos maiores até 1937. Nesse ano, começaram a se dese- público e diminuir a influência das forças políticas locais na má-
nhar as condidaturas para as eleições de 1938. quina governamental. Foi criado também o DIP (Departamento de
Dentre as candidaturas, começou a se destacar a de Arman- Imprensa e Propaganda) com duplo objetivo: censurar nos meios
do Sales Oliveira, paulista que articulava com outros estados sua de comunicação tudo o que fosse contrário ou prejudicial ao go-
eleição para presidente. Getúlio Vargas, as oligarquias que lhe da- verno e exaltar as obras do regime, promovendo a imagem do dita-
vam apoio e os militares herdeiros da tradição tenentista não viam dor. Criou-se ainda a Polícia Política, que tinha como objetivo re-
com bons olhos a possibilidade de retorno da oligarquia paulista primir indivíduos e grupos políticos que discordassem do regime.
ao poder. Mas, uma vez mantido o calendário eleitoral, isso parecia Em 1943, Vargas sistematizou todas as leis do trabalho exis-
inevitável. tentes na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Ela apenas
reafirmou o sentido geral da legislação trabalhista do governo
O Plano Cohen Vargas; de um lado garantia direitos individuais aos trabalhadores,
Enquanto as articulações políticas visando as eleições se de- de outro mantinha sob rígido controle suas associações de classe
senvolviam, veio à luz o famoso Plano Cohen. Segundo as infor- (sindicatos).
mações oficiais, forças de segurança do governo tinham descober- No campo político essas foram as realizações mais marcantes
to um plano de tomada do poder pelos comunistas. Muito bem do Estado Novo. Mas foi na esfera econômica que ocorreram as
elaborado, colocava em risco as instituições, caso fosse deflagra- mais importantes realizações do governo Vargas, que passaremos
do. O governo então, para evitar o perigo vermelho, solicitou do a analisar a seguir.
Congresso Nacional a aprovação do estado de sítio, que suspen-
dia as liberdades públicas e dava ao governo amplos poderes para Realizações econômicas
combater a subversão.
Em linha gerais, podemos afirmar ue o objetivo maior, implí-
A Decretação do Estado de Sítio e o Golpe de 1937 cito duranto todo o primeiro governo Vargas, foi mudar o perfil
A fração oligárquica paulista hesitava em aprovar a medida, econômico do país, de agroexportador para urbano-industrial.
mas diante do clamor do Exército, das classes médias e da Igreja, Mas, sem dúvida, foi durante o Estado Novo que esse projeto ca-
que temiam a escalada comunista, o Congresso autorizou a decre- minhou com mais velocidade.
tação do estado de sítio. A seguir, com amplos poderes concentra- Para a realização desse desafio, concorreu uma série de fatores
dos em suas mãos, Getúlio Vargas outorgou uma nova Constitui- e condições favoráveis de ordem interna e na esfera internacional.
ção ao país, implantando, por meio desse golpe o Estado Novo.
Didatismo e Conhecimento 66
CIÊNCIAS SOCIAIS
Os Fatores Internos instituiu a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), entre outros
A política agrícola e a política industrial foram decisivas nessa benefícios sociais, o que o levou a ser aclamado como “pai dos
transição. pobres” pela população de baixa renda.
Em 1940, um ano após edodir na Europa, a guerra ainda não
Política Agrícola ameaçava diretamente o Brasil. A ideologia nazista, contudo, fas-
Vargas compreendia que a ênfase na industrialização não de- cinava os homens que operavam o Estado Novo a tal ponto que
veria implicar desprezo pela agricultura. Nessa fase inicial, só a Francisco Campos, o autor da Constituição de 1937, chegou a pro-
exportação de produtos agrícolas, em especial o café, poderia gerar por à embaixada alemã no Brasil a realização de uma “exposição
os recursos necessários para o país importar as máquinas e os equi- anticomintern”, com a qual pretendia demonstrar a falência do mo-
pamentos necessários às indústrias. Por esse motivo, a condução delo político comunista. Mais tarde, o chefe da polícia (um órgão
da política agrícola foi complexa. de atuação similar à da Polícia Federal de hoje), Filinto Muller,
enviou policiais brasileiros para um “estágio” na Gestapo. Góes
Os Fatores Externos Monteiro, o chefe do Estado Maior do Exército, foi mais longe.
As tensões econômicas e políticas mundiais, que estavam se Participou de manobras do exército alemão e ameaçou romper
acumulando desde o final da Primeira Guerra Mundial, explodi- com a Inglaterra quando os britânicos apreenderam o navio Si-
ram, finalmente, em 1939. A guerra colocou frente a frente as po- queira Campos, que trazia ao Brasil armas compradas dos alemães.
tências do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) e os Aliados (Inglaterra, Existem divergentes interpretações sobre a postura de Vargas
França, EUA, URSS). frente a eclosão da II Guerra. A visão tradicional, considera o pre-
sidente como um político habilidoso, que protelou o quanto pôde
A Crise do Estado Novo a formalização de uma posição diante do conflito, na medida em
A entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial deu início a que poderia obter ganhos, do ponto de vista econômico, dos dois
uma fase de crescentes dificuldades para o governo. lados. O grande sonho do presidente era a industrialização do Bra-
sil e, nesse sentido, pretendia obter recursos externos. Em 1940 o
O Surgimento dos Partidos ministro Souza Costa publicou um Plano Quinquenal, que previa
Como vimos, à medida que a Segunda Guerra foi chegando o reequipamento das ferrovias, a construção da Usina Hidrelétrica
ao fim, os políticos começaram a se organizar e a formar parti- de Paulo Afonso, a instalação de uma indústria aeronáutica e a
dos. Os principais partidos que surgiram na fase final do Estado construção da Usina Siderúrgica de Volta Redonda, reforçando o
Novo, e que marcaram a história política do país de 45 e 64, foram nacionalismo econômico.
os seguintes: UDN (União Democrática Nacional), PSD (Partido Outra visão considera a posição de Vargas frente a Guerra
Social Democrático), PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) e PCB como expressão de uma contradição, na medida em que o país
(Partido Comunista Brasileiro). dependia de forma mais acentuada da economia norte-americana
e ao mesmo tempo possui uma estrutura política semelhante à dos
2ª Guerra Mundial: desde o início da Segunda Guerra Mun- países do Eixo. A posição favorável a Alemanha poderia compro-
dial, a ideologia do Estado Novo, implantado por Getúlio Vargas, meter o desenvolvimento econômico do país, uma vez que os na-
apontava para um provável alinhamento do Brasil com os países zistas, apesar de avançarem na Europa, tinham na América do Sul
do Pacto de Aço - Alemanha e Itália. Em 1937 Vargas havia insta- um interesse secundário. Ao contrário, a defesa dos interesses dos
lado no País uma ditadura, apoiada em uma Constituição centrali- EUA, quer dizer, das “democracias” contra o nazi-fascismo, pode-
zadora e autoritária, que guardava muitos pontos em comum com ria comprometer a política interna de Vargas.
as ditaduras fascista. A própria declaração de Vargas ao comentar No entanto, as pressões norte-americanas foram intensas, con-
a invasão da Polônia pelo exército nazista, em 1° de setembro de taram com o apoio de outros países latino-americanos e utilizou-se
1939, revelava certa simpatia pelo nazismo ao prever um futuro de diversos mecanismos, desde aquele que foi considerado o mais
melhor: “Marchamos para um futuro diverso de tudo quanto co- eficiente - a liberação de recursos para a construção da Usina de Vol-
nhecemos em matéria de organização econômica, política e social. ta Redonda - até um novo modelo de relação, batizado de “política
Passou a época dos liberalismos imprevidentes, das demagogias de boa vizinhança”, pelo presidente F. Roosevelt dos EUA. Intelec-
estéreis, dos personalismos inúteis e semeadores da desordem”. tuais brasileiros visitaram os EUA, e mesmo o general Góis Montei-
ro - germanófilo - ficou encantado em conhecer os estúdios Disney.
Repressão: esta era a ordem política no Brasil na época da Se- A América estava dividida e as posições pareciam irredutíveis.
gunda Guerra. O Estado Novo, decretado em 10 de novembro de “E quando o chanceler brasileiro (Oswaldo Aranha) se agiganta à
1937, fechou o Congresso, impôs a censura à imprensa, prendeu estatura dos grandes estadistas do século. Ele consegue salvar a
líderes políticos e sindicais e colocou interventores nos governo partida perdida, dando ganho aparentemente ao adversário. Com
estaduais. Com um estilo populista, Getúlio Vargas montou um po- uma lucidez absoluta, sente que a fórmula inicial não poderia mais
deroso esquema de propaganda pessoal ao criar o Departamento de ser atingida com unanimidade. As pressões dos países do Eixo -
Imprensa e Propaganda (DIP), claramente inspirado no aparelho que conhecia e repelira - atuavam na Conferência. Mas, importante
nazista de propaganda idealizado por Joseph Goebbels. A Hora do que era a ruptura imediata, (...) não era o princípio em causa, o
Brasil, introduzida nas rádios brasileiras e chamada ironicamente principal. Este era a unidade continental, a solidariedade entre as
pela intelectualidade de “Fala Sozinho”, mostrava os feitos do go- nações americanas, a reação unânime à agressão. Porque, firmado
verno, escondendo a repressão política praticada contra uma socie- esse princípio, tudo o mais seria atraído por ele. Oswaldo Aranha é
dade pouco organizada na época. Vargas criou o salário mínimo e a grande figura da III Reunião de Consulta. Sem ele, teria perecido,
Didatismo e Conhecimento 67
CIÊNCIAS SOCIAIS
naquela ocasião, a unidade continental. (...) A Europa ocupada, a In- O mesmo valia para o vice-presidente. É interessante notar que, à
glaterra subjugada, a Rússia invadida, não .precisariam os Exércitos época, o vice-presidente era eleito independentemente do candida-
nazistas atravessar os oceanos. As quintas-colunas se aprestariam to à presidência da República, muitas vezes sendo escolhido o da
em tomar conta dos governos americanos. A Nova Ordem nazista oposição, o que dificultava o Governo. Também, no caso de morte
teria, afinal, triunfado no mundo. (...) A Conferência do Rio de Ja- ou abdicação do Presidente, seu vice assumia apenas até serem
neiro teve uma importância decisiva nos destinos da humanidade. realizadas novas votações, não tendo que ficar até ser completado
Pela primeira vez, em face de um caso concreto, positivo e o respectivo quadriênio, como ocorre atualmente. Claro que isso
definido, foi posta à prova a estrutura do pan-americanismo. Pela deu margem a alguns vice-presidentes, como Delfim Moreira, para
primeira vez todo um continente se dedarou unido para uma ação prolongarem seus mandatos, dificultando a promoção de novas
comum, em defesa de um ideal comum, a Liberdade”. eleições presidenciais.
Em 22 de agosto de 1942, Vargas reúne-se com seu novo mi- Por fim, as eleições para Presidente e vice ocorriam no 1.º de
nistério: “diante da comprovação de dos atos de guerra contra a março, tomando-se as posses no 15 de novembro.
nossa soberania, foi reconhecida a situação de beligerância entre o Quanto às regras eleitorais, determinou-se que o voto no Bra-
Brasil e as nações agressoras - Alemanha e Itália”. Em 31 de agos- sil continuaria “a descoberto” (não-secreto) – a assinatura da cédu-
to foi declarado o estado de guerra em todo o território nacional. la pelo eleitor tornou-se obrigatória – e universal. Por “universal”
entenda-se o fim do voto censitário, que definia o eleitor por sua
O Segundo Governo Vargas: 1951 – 1954 renda, pois ainda se mantiveram excluídos do direito ao voto os
analfabetos, as mulheres, os praças-de-pré, os religiosos sujeitos à
O retorno de Vargas representou a retomada de seu projeto obediência eclesiástica e os mendigos. Além disso, reservou-se ao
nacional-desenvolvimentista, baseado no estímulo ao capital na- Congresso Nacional a regulamentação do sistema para as eleições
cional, na forte atuação do Estado na economia e no controle à de cargos políticos federais, e às assembléias estaduais a regula-
penetração do capital estrangeiro. mentação para as eleições estaduais e municipais, o que mudaria
apenas a partir da constituição de 1934, com a criação da Justiça
A Constituição de 1891 Eleitoral. Ficou mantido o voto distrital, com a eleição de três de-
putados para cada distrito eleitoral do país.
A elaboração da constituição brasileira de 1891 iniciou-se em Definiu-se, também, a separação entre a igreja e o Estado: as
1890. Após um ano de negociações, a sua promulgação ocorreu em eleições não ocorreriam mais dentro das igrejas, o governo não
24 de fevereiro de 1891. Esta constituição vigorou durante toda a interferiria mais na escolha de cargos do alto clero, como bispos,
República Velha e sofreu apenas uma alteração em 1927. diáconos e cardeais, e extinguiu-se a definição de paróquia como
unidade administrativa – que antigamente poderia equivaler tanto a
No início de 1890, iniciaram-se as discussões para a elabora- um município como também a um distrito, vila, comarca ou mesmo
ção da nova constituição, que seria a primeira constituição republi- a um bairro (freguesia). Além disso, o País não mais assumiu uma
cana e que vigoraria durante toda a Primeira República. Após um religião oficial, que à altura era a católica, e o monopólio de registros
ano de negociações com os poderes que realmente comandavam o civis passou ao Estado, sendo criados os cartórios para os registros
Brasil, a promulgação da constituição brasileira de 1891 aconteceu de nascimento, casamento e morte, bem como os cemitérios públi-
em 24 de Fevereiro de 1891. Os principais autores da constituição cos, onde qualquer pessoa poderia ser sepultada, independentemen-
da Primeira República foram Prudente de Morais e Rui Barbosa. te de seu credo. O Estado também assumiu, de forma definitiva, as
A constituição de 1891 foi fortemente inspirada na constituição rédeas da educação, instituindo várias escolas públicas de ensino
dos Estados Unidos da América, fortemente descentralizadora dos fundamental e intermediário. Essa separação viria a irritar a Igreja,
poderes, dando grande autonomia aos municípios e às antigas provín- aliada de última hora dos republicanos e que só se reconciliaria com
cias, que passaram a ser denominadas “estados”; seus “governadores” o Governo durante o Estado Novo, bem como ajudaria a incitar uma
passaram a ser denominados “presidentes de estado”. Foi inspirada no série de revoltas, como a Guerra de Canudos.
modelo federalista estadunidense, permitindo que se organizassem de Por fim, extinguiam-se os foros de nobreza, bem como os
acordo com seus peculiares interesses, desde que não contradissessem brasões particulares, não se reconhecendo privilégio aristocrático
a Constituição. Exemplo: a constituição do estado do Rio Grande do algum. É certo que alguns poucos, geralmente os mais influentes
Sul permitia a reeleição do presidente do estado. entre os republicanos, mantiveram seus títulos nobiliárquicos e
Consagrou a existência de apenas três poderes independentes brasões mesmo em plena República, como o barão de Rio Branco,
entre si, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. O antigo Poder mas isso mais por respeito e cortesia. Há que se ressaltar que, pela
Moderador, símbolo da monarquia, foi abolido. Os membros dos nova constituição, o brasileiro que aceitasse alguma titulação es-
poderes Legislativo e Executivo seriam eleitos pelo voto popu- trangeira que contradissesse os preceitos republicanos da carta de
lar direto, caracterizando-os como representantes dos cidadãos na 1891, sem autorização expressa do Congresso, perderia seus direi-
vida política nacional. tos políticos. Também, as antigas ordens honoríficas imperiais que
O regime de governo escolhido foi o presidencialismo. O ainda remanesciam, a Imperial Ordem do Cruzeiro e da Imperial
mandato do presidente da República, eleito pelo voto direto, se- Ordem de Avis, foram oficialmente extintas, sendo posteriormente
ria de quatro anos, sem direito à reeleição para o mandato ime- substituídas pelas ordens Nacional do Cruzeiro do Sul e do Mérito
diatamente seguinte, sem contudo haver impedimentos para um Militar – que mantiveram muitas das características de suas ante-
mandato posterior. Tanto é que Rodrigues Alves foi o primeiro cessoras. Essa continuidade simbólica também se fez notar no pa-
presidente reeleito democraticamente do Brasil – apesar de não vilhão nacional e no hino, cuja música já era considerada, de forma
ter assumido por morrer às vésperas da posse por gripe espanhola. não-oficial, o hino nacional desde o Segundo Reinado.
Didatismo e Conhecimento 68
CIÊNCIAS SOCIAIS
Visando fundamentar juridicamente o novo regime, a primei- mente apenas um ano (suspensa pela Lei de Segurança Nacional).
ra constituição republicana do país foi redigida à semelhança dos O cumprimento à risca de seus princípios, porém, nunca ocorreu.
princípios fundamentais da carta estadunidense, embora os princí- Ainda assim, ela foi importante por institucionalizar a reforma da
pios liberais democráticos oriundos daquela Carta tivessem sido organização político-social brasileira — não com a exclusão das
em grande parte suprimidos. Isto ocorreu porque as pressões das oligarquias rurais, mas com a inclusão dos militares, classe média
oligarquias latifundiárias, por meio de seus representantes, exer- urbana e industriais no jogo de poder.
ceram grande influência na redação do texto desta constituição, A Constituição de 1934 foi conseqüência direta da Revolução
daí surgindo o Federalismo, objetivo dos cafeicultores paulistas Constitucionalista de 1932, quando a Força Pública de São Paulo
para aumentar a descentralização do poder e fortalecer oligarquias lutou contra as forças do Exército Brasileiro. Com o final da Revo-
regionais, esvaziando o poder central, especialmente o militar. A lução Constitucionalista, a questão do regime político veio à tona,
influência paulista, à época já detentora de 1/6 do PIB nacional, forçando desta forma as eleições para a Assembléia Constituinte
é determinante, tendo ali surgido o primeiro partido republicano, em maio de 1933, que aprovou a nova Constituição substituindo a
formado pela Convenção de Itu. Constituição de 1891, já obsoleta devido ao dinamismo e evolução
Posteriormente, aliar-se-iam aos republicanos fluminenses e da política brasileira. Em 1934, a Assembléia Nacional Consti-
mineiros, e aos militares. tuinte, convocada pelo Governo Provisório da Revolução de 1930,
redigiu e promulgou a segunda constituição republicana do Brasil.
Pontos Principais Reformando profundamente a organização da República Ve-
lha, realizando mudanças progressistas, a Carta de 1934 foi ino-
- Abolição das instituições monárquicas; vadora mas durou pouco: em 1937, uma constituição já pronta foi
- Os senadores deixaram de ter cargo vitalício; outorgada por Getúlio Vargas, transformando o presidente em di-
- Sistema de governo presidencialista; tador e o estado “revolucionário” em autoritário.
- O presidente da República passou a ser o chefe do Poder
Executivo; Constituição Brasileira de 1937
- As eleições passaram a ser pelo voto direto, mas continuou a
ser a descoberto (não-secreto); A Constituição Brasileira de 1937, outorgada pelo presidente
Getúlio Vargas em 10 de Novembro de 1937, mesmo dia em que
- Os mandatos tinham duração de quatro anos para o presiden-
implanta a ditadura do Estado Novo, é a quarta Constituição do
te, sete anos para senadores e três anos para deputados federais;
Brasil e a terceira da república de conteúdo pretensamente demo-
- Não haveria reeleição de Presidente e vice para o mandato
crático. Será, no entanto, uma carta política eminentemente outor-
imediatamente seguinte, não havendo impedimentos para um pos-
gada mantenedora das condições de poder do presidente Getúlio
terior a esse;
Vargas. É também conhecida como Polaca, por ter sido baseada
- Os candidatos a voto eletivo seriam escolhidos por homens
na Constituição autoritária da Polônia. Foi redigida pelo jurista
maiores de 21 anos, à exceção de analfabetos, mendigos, soldados, Francisco Campos, ministro da Justiça do novo regime, e obteve a
mulheres e religiosos sujeitos ao voto de obediência; aprovação prévia de Vargas e do ministro da Guerra, general Eu-
- Ao Congresso Nacional cabia o Poder Legislativo, composto rico Gaspar Dutra.
pelo Senado e pela Câmara de Deputados; A Constituição de 1937 foi a primeira republicana autoritária
- As províncias passaram a ser denominadas estados, com que o Brasil teve, atendendo a interesses de grupos políticos dese-
maior autonomia dentro da Federação; josos de um governo forte que beneficiasse os dominantes e mais
- Os estados da Federação passaram a ter suas constituições alguns, que consolidasse o domínio daqueles que se punham ao lado
hierarquicamente organizadas em relação à constituição federal; de Vargas. A principal característica dessa constituição era a enorme
- Os presidentes das províncias passaram a ser presidentes dos concentração de poderes nas mãos do chefe do Executivo. Seu con-
Estados, eleitos pelo voto direto à semelhança do presidente da teúdo era fortemente centralizador, ficando a cargo do presidente da
República; República a nomeação das autoridades estaduais, os interventores.
- A Igreja Católica foi desmembrada do Estado Brasileiro, dei- Esses, por sua vez, cabia nomear as autoridades municipais.
xando de ser a religião oficial do país. O Governo Vargas caracterizou-se desde o início pela centra-
lização do poder. Mas ela foi ao extremo com a ditadura de 1937-
Além disso, consagrava--se a liberdade de associação e de re- 1945, o Estado Novo — nome copiado da ditadura fascista de An-
união sem armas, assegurava-se aos acusados o mais amplo direito tónio Salazar em Portugal. Com ela, Getúlio implantou um regime
de defesa, aboliam-se as penas de galés, banimento judicial e de autoritário de inspiração fascista que durou até o fim da II Grande
morte, instituía-se o habeas-corpus e as garantias de magistratura Guerra. E consolidou o seu governo, que começara, “provisoria-
aos juízes federais (vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilida- mente”, em 1930.
de dos vencimentos). Após a queda de Vargas e o fim do Estado Novo em outubro de
1945, foram realizadas eleições para a Assembléia Nacional Cons-
Constituição Brasileira de 1934 tituinte, paralelamente à eleição presidencial. Eleita a Constituinte,
A Constituição Brasileira de 1934, promulgada em 16 de julho seus membros se reuniram para elaborar uma nova constituição,
pela Assembléia Nacional Constituinte, foi redigida “para orga- que entrou em vigor a partir de setembro de 1946, substituindo a
nizar um regime democrático, que assegure à Nação a unidade, Carta Magna de 1937.
a liberdade, a justiça e o bem-estar social e econômico”, segun- A Constituição de 1937 deu origem a vários acontecimentos
do o próprio preâmbulo. Ela foi a que menos durou em toda a na História política do Brasil que têm conseqüências até hoje. E,
História Brasileira: durante apenas três anos, mas vigorou oficial- principalmente, formou o grupo de oposição a Getúlio que cul-
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CIÊNCIAS SOCIAIS
minou no golpe militar de 1964. Este, por sua vez, deu origem à 4 atribuiu função de poder constituinte originário (“ilimitado e
Constituição de 1967, a outra constituição republicana autoritária soberano”). O Congresso Nacional, transformado em Assembléia
— a segunda e, até agora, a última. Nacional Constituinte e já com os membros da oposição afasta-
dos, elaborou, sob pressão dos militares, uma Carta Constitucional
Constituição Brasileira de 1946 semi-outorgada que buscou legalizar e institucionalizar o regime
militar conseqüente da Revolução de 1964.
A Constituição de 1946 foi promulgada em 18 de setembro No dia 6 de dezembro de 1966 foi publicado o projeto de cons-
de 1946. tituição redigido por Carlos Medeiros Silva, ministro da Justiça, e
A mesa da Assembléia Constituinte promulgou Constituição por Francisco Campos. Como houve protestos por parte da oposição
dos Estados Unidos do Brasil e o Ato das Disposições Constitu- e da Arena, em 7 de dezembro o governo editou o AI-4, convocando
cionais Transitórias no dia 18 de setembro de 1946, consagrando o Congresso Nacional de 12 de dezembro de 1966 a 24 de janeiro
as liberdades expressas na Constituição de 1934, que haviam sido de 1967 para discutir e votar a nova Constituição. Enquanto isso o
retiradas em 1937. governo poderia legislar com Decretos-Leis sobre segurança nacio-
nal, administração e finanças. No dia 24 de janeiro de 1967 aprova-
Foram dispositivos básicos regulados pela carta: da, sem grandes alterações, a nova Constituição, que incorporava as
medidas já estabelecidas pelos Atos Institucionais e Complementa-
- A igualdade de todos perante a lei; res. Em 15 de março de 1967 o governo divulgou o Decreto-Lei 314,
- A liberdade de manifestação de pensamento, sem censura, a que estabelecia a Lei de Segurança Nacional.
não ser em espetáculos e diversões públicas; A necessidade da elaboração de nova constituição com todos
- A inviolabilidade do sigilo de correspondência; os atos institucionais e complementares incorporados, foi para que
- A liberdade de consciência, de crença e de exercício de cul- houvesse a reforma administrativa brasileira e a formalização le-
tos religiosos; gislativa, pois a Constituição de 18 de Setembro de 1946 estava
- A liberdade de associação para fins lícitos; conflitando desde 1964 com os atos e a normatividade constitucio-
- A inviolabilidade da casa como asilo do indivíduo; nal, denominada institucional.
- A prisão só em flagrante delito ou por ordem escrita de auto- A Constituição de 1967 foi a sexta do Brasil e a quinta da Re-
pública. Buscou institucionalizar e legalizar o regime militar, au-
ridade competente e a garantia ampla de defesa do acusado;
mentando a influência do Poder Executivo sobre o Legislativo
- Extinção da pena de morte;
e Judiciário e criando desta forma, uma hierarquia constitucional
- Separação dos três poderes.
centralizadora. As emendas constitucionais que eram atribuições do
Poder Legislativo, com o aval do Poder Executivo e Judiciário, pas-
Gustavo Capanema, jurista e político mineiro, Luis Viana Filho,
saram a ser iniciativas únicas e exclusivas dos que exerciam o Poder
escritor, historiador e político baiano, Aliomar Baleeiro, jurista e polí-
Executivo, ficando os demais relevados à meros espectadores das
tico baiano, Clodomir Cardoso, jurista, escritor e político maranhense, aprovações dos pacotes, como seriam posteriormente nominadas as
Gilberto Freire, escritor e sociólogo pernambucano, e Barbosa Lima emendas e legislações baixadas pelo Presidente da República.
Sobrinho, escritor, intelectual, jornalista e político pernambucano, são
algumas das personalidades que integraram a Assembléia Constituin- Constituição Brasileira de 1988
te que elaborou e promulgou a Constituição de 1946.
Foi durante a vigência desta Constituição que ocorreu o Golpe A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é a lei
militar de 1964, durante a presidência de João Goulart. A partir fundamental e suprema do Brasil, servindo de parâmetro de validade a
de então, a carta-magna passou a receber uma série de emendas, todas as demais espécies normativas, situando-se no topo da pirâmide
descaracterizando-a. Tendo sido suspensa por seis meses pelo Ato normativa. É a sétimaa reger o Brasil desde a sua Independência.
Institucional Número Um, foi definitivamente extinta pela promul- Desde 1964 estava o Brasil sob o regime da ditadura militar, e
gação da Constituição de 1967, proposta oficialmente pela emissão desde 1967 (particularmente subjugado às alterações decorrentes dos
do Ato Institucional Número Quatro. Atos Institucionais) sob uma Carta Magna imposta pelo governo.
A Constituição Brasileira de 1946, bastante avançada para a O sistema de exceção, em que as garantias individuais e so-
época, foi notadamente um avanço da democracia e das liberdades ciais eram diminuídas (ou mesmo ignoradas), e cuja finalidade
individuais do cidadão. A Carta seguinte significou um retrocesso era garantir os interesses da ditadura (internalizado em conceitos
nos direitos civis e políticos. como segurança nacional, restrição das garantias fundamentais,
Por meio do ato das disposições transitórias da Constituição etc.) fez crescer, durante o processo de abertura política, o anseio
Federal de 1946, foram extintos os territórios do Iguaçu e de Ponta por dotar o Brasil de uma nova Constituição, defensora dos valores
Porã em 18 de setembro, tendo sido reintegrados aos estados que democráticos. Anseio este que se tornou necessidade após o fim da
outrora abrangiam suas áreas, em decorrência de articulações en- ditadura militar e a redemocratização do Brasil, a partir de 1985.
gendradas pelos políticos paranaenses no âmbito da Assembléia
Nacional Constituinte. Ideologias Manifestas na CF/88
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Para demonstrar a mudança que estava havendo no siste- Disposições Gerais - artigos esparsos versando sobre temáti-
ma governamental brasileiro, que saíra de um regime autoritário cas variadas e que não foram inseridas em outros títulos em geral
recentemente, a Carta Magna de 1988 qualificou como crimes por tratarem de assuntos muito específicos.
inafiançáveis a tortura e as ações armadas contra o estado demo- Disposições Transitórias - faz a transição entre a Constitui-
crático e a ordem constitucional, criando assim dispositivos cons- ção anterior e a nova. Também estão incluídos dispositivos de du-
titucionais para bloquear golpes de quaisquer natureza. ração determinada.
Com a nova constituição, o direito maior de um cidadão que
vive em uma democracia foi conquistado: foi determinada a elei- Características
ção direta para os cargos de Presidente da República, Governador Rigidez - a Constituição exige um processo legislativo mais
de Estado (e do Distrito Federal), Prefeito, Deputado (Federal, Es- elaborado, consensual e solene para a elaboração de emendas
tadual e Distrital), Senador e Vereador. A nova Constituição tam- constitucionais de que o processo comum exigido para todas as
bém previu uma maior responsabilidade fiscal. Ela ainda ampliou demais espécies normativas.
os poderes do Congresso Nacional, tornando o Brasil um país mais
democrático. Pontos em Destaque e Emendas Constitucionais
Pela primeira vez uma Constituição brasileira define a função O artigo 60 da constituição estabelece as regras que regem o
social da propriedade privada urbana, prevendo a existência de processo de criação e aprovação de emendas constitucionais.
instrumentos urbanísticos que, interferindo no direito de proprie- Uma emenda pode ser proposta pelo Congresso Federal (um
dade (que a partir de agora não mais seria considerado inviolável), terço da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal), pelo Pre-
teriam por objetivo romper com a lógica da especulação imobi- sidente da República ou pela maioria das assembléias dos gover-
liária. A definição e regulamentação de tais instrumentos, porém, nos estaduais. Uma emenda é aprovada somente se uma maioria
deu-se apenas com a promulgação do Estatuto da Cidade em 2001. absoluta (três quintos) da Câmara dos Deputados e Senado Federal
aprovarem a proposta.
Estrutura As emendas constitucionais devem ser elaboradas respeitan-
do certas limitações. Há limitações materiais (conhecidas como
A Constituição de 1988 está dividida em 10 títulos (o preâm- cláusulas pétreas, art. 60, §4º), limitações circunstanciais (art.60,
bulo não conta como título). As temáticas de cada título são: §1º), limitações formais ou procedimentais (art. 60, I, II, III, §3º),
Preâmbulo - introduz o texto constitucional. De acordo com a e ainda há uma forma definida de deliberação (art. 60, §2º) e pro-
doutrina majoritária, o preâmbulo não possui força de lei. mulgação (art. 60, §3º).
Princípios Fundamentais - anuncia sob quais princípios será Implicitamente considera-se que o art. 60 da CF/88 é irrefor-
dirigida a República Federativa do Brasil. mável pois alterações no art. 60 permitiriam uma revisão completa
Direitos e Garantias Individuais - elenca uma série de di- da Constituição. Nos casos não abordados pelo art. 60 é possível
reitos e garantias individuais, coletivos, sociais, de nacionalidade propor emendas. Os órgãos competentes para submeter emendas
e políticos. As garantias ali inseridas (muitas delas inexistentes em são: a Câmara dos Deputados, o Senado Federal, o Presidente da
Constituições anteriores) representaram um marco na história bra- República e de mais da metade das Assembléias Legislativas das
sileira. unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela
Organização do Estado - define o pacto federativo, alinha- maioria relativa de seus membros.
vando as atribuições de cada ente da federação (União, Estados, A emenda constitucional de revisão, conforme o art 3º da
Distrito Federal e Municípios). Também define situações excep- ADCT (Ato das Disposições Constitucionais Transitórias), além
cionais de intervenção nos entes federativos, além de versar sobre de possuir implicitamente as mesmas limitações materiais e cir-
administração pública e servidores públicos. cunstanciais, e os mesmos sujeitos legitimados que o procedimen-
Organização dos Poderes - define a organização e atribui- to comum de emenda constitucional, também possuía limitação
ções de cada poder (Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder temporal - apenas uma revisão constitucional foi prevista, 5 anos
Judiciário), bem como de seus agentes envolvidos. Também define após a promulgação, sendo realizada em 1993. No entanto, ao con-
os processos legislativos (inclusive para emendar a Constituição). trário das emendas comuns, ela tinha um procedimento de delibe-
Defesa do Estado e das Instituições - trata do Estado de De- ração parlamentar mais simples para reformar o texto constitucio-
fesa, Estado de Sítio, das Forças Armadas e das Polícias. nal pela maioria absoluta dos parlamentares, em sessão unicameral
Tributação e Orçamento - define limitações ao poder de tri- e promulgação dada pela Mesa do Congresso Nacional.
butar do Estado, organiza o sistema tributário e esmiuça os tipos A Constituição brasileira já sofreu 62 reformas em seu texto
de tributos e a quem cabe cobrá-los. Trata ainda da repartição das original, sendo 56 emendas constitucionais sendo a última feita
receitas e de normas para a elaboração do orçamento público. no dia 20 de dezembro de 2007, e 6 emendas constitucionais de
Ordem Econômica e Financeira - regula a atividade eco- revisão. A única revisão constitucional geral prevista pela Lei Fun-
nômica e também eventuais intervenções do Estado na economia. damental brasileira aconteceu em 5 de Outubro de 1993.
Discorre ainda sobre as normas de política urbana, política agríco-
la e política fundiária. Remédios Constitucionais
Ordem Social - trata da Seguridade Social (incluindo Pre- A Constituição de 1988 incluiu dentre outros direitos, ações e
vidência Social), Saúde, Assistência Social, Educação, Cultura, garantias, os denominados “Remédios Constitucionais”. Por Re-
Desporto, Meios de Comunicação Social, Ciência e Tecnologia, médios Constitucionais entende-se as garantias constitucionais,
Meio Ambiente, Família, além de dar atenção especial aos seguin- ou seja, instrumentos jurídicos para tornar efetivo o exercício dos
tes segmentos: crianças, jovens, idosos e populações indígenas. direitos constitucionais.
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Os Rémédios Constitucionais previstos no art. 5º da CF/88 são: ocupou a Presidência da República, Café Filho teve que conci-
- Habeas Data - sua finalidade é garantir ao particular o aces- liar os problemas econômicos herdados do governo anterior com
so informações que dizem ao seu respeito constantes do registro de o acirramento político provocado pelo cenário aberto com a morte
banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público de Getúlio Vargas.
ou correção destes dados, quando o particular não preferir fazer por Café Filho nasceu em Natal (RN), no dia 3 de fevereiro de
processo sigiloso, administrativo ou judicial (art. 5º, LXXII, da CF). 1899. Sua primeira experiência política ocorreu em 1923, quando
- Ação Popular - objetiva anular ato lesivo ao patrimônio pú- candidatou-se ao cargo de vereador, em Natal. Derrotado, candida-
blico e punir seus responsáveis art. 5º, LXXIII, da CF e Lei n.º tou-se novamente em 1928, quando mais uma vez perdeu a disputa,
4.171/65). em meio a denúncias de fraude. Em 1934, já sob o governo constitu-
- Habeas Corpus - instrumento tradicionalíssimo de garantia cional de Getúlio Vargas, que assumira o poder em 1930, Café Filho
de direito, assegura a reparação ou prevenção do direito de ir e foi eleito deputado federal, cargo que ocupou novamente em 1945,
vir, constrangido por ilegalidade ou por abuso de poder (art. 5º, na primeira eleição realizada após o fim do Estado Novo.
LXVIII, da CF).
- Mandado de Segurança - usado de modo individual (art. 5º, A morte de Vargas
LXIX, da CF). Tem por fim proteger direito líquido e certo, não
amparado por habeas corpus ou habeas data. Em 1950, seu partido, o PSP, indicou-o como vice na chapa de
- Mandado de Segurança Coletivo - usado de modo coletivo Vargas à Presidência da República. O retorno de Getúlio ao Palá-
(art. 5º, LXX, da CF). Tem por finalidade proteger o direito de cio do Catete significou, entre outras coisas, a retomada do progra-
partidos políticos, organismos sindicais, entidades de classe e as- ma de desenvolvimento nacional-estatista iniciado ainda nos anos
sociação legalmente constituídas em defesa dos interesses de seus 1930, no seu primeiro governo.
membros ou associados. A intensa pressão política da oposição, inclusive no meio
- Mandado de Injunção - usado para viabilizar o exercício de militar, somada às denúncias de corrupção e ao envolvimento de
um direito constitucionalmente previsto e que depende de regula- pessoas ligadas ao presidente na tentativa de assassinato do seu
mentação (art. 5º, LXXI, da CF). principal crítico, Carlos Lacerda, motivaram a opção de Vargas
por uma saída radical, em 24 de agosto de 1954: com um único e
Política Urbana e Transferências de Recursos certeiro tiro no peito, “o pai dos pobres”, como passou a ser conhe-
Entre outros elementos inovadores, esta Constituição desta- cido, “saiu da vida para entrar na história”, como ele mesmo fez
ca-se das demais na medida em que pela primeira vez estabelece questão de registrar em sua carta-testamento.
um capítulo sobre política urbana, expresso nos artigos 182 e 183. Empossado como presidente da República no dia 3 de setem-
Até então, nenhuma outra Constituição definia o município como bro em meio a um clima de grande comoção nacional, Café Filho
ente federativo: a partir desta, o município passava efetivamente a montou uma equipe de governo composta basicamente por políti-
constituir uma das esferas de poder e a ela era dada uma autonomia cos, empresários e militares de oposição a Getúlio. Ficava, claro,
e atribuições inéditas até então. portanto, que o novo presidente compartilhava das opiniões desses
Com isso Constituição de 1988 favoreceu os Estados e Muni- setores e afastava-se, assim, da política varguista.
cípios, transferindo-lhes a maior parte dos recursos, porém sem a
correspondente transferência de encargos e responsabilidades. O A sucessão presidencial
Governo Federal continuou com os mesmos custos e com fonte
de receita bastante diminuídas. Metade do imposto de renda (IR) e Em 1955, durante a disputa presidencial, o PSD, partido que
do imposto sobre produtos industrializados (IPI) - os principais da Vargas fundara uma década antes, lançou o nome de Juscelino Ku-
União - foi automaticamente distribuída aos Estados e Municípios. bitscheck à Presidência da República. Na disputa para vice-presi-
Além disso, cinco outros tributos foram transferidos para a base de dente, que na época ocorria em separado da corrida presidencial,
cálculo do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços a chapa apresentou o ex-ministro do Trabalho do governo Vargas,
(ICMS). Ao mesmo tempo, os constituintes ampliaram as funções João Goulart, do PTB, sigla pela qual o ex-presidente havia sido
do Governo Federal. eleito em 1950.
Assim, a Carta de 88 promoveu desequilíbrios graves no Setores mais radicais da UDN, representados pelo jornalista
campo fiscal, que têm repercutindo nos recursos para programas Carlos Lacerda, receosas de que a vitória de Juscelino Kubitscheck
sociais ao induzir a União a buscar receitas não partilháveis com e Jango pudesse significar um retorno da política varguista, passa-
os Estados e Municípios, contribuindo para o agravamento da ine- ram a pedir a impugnação da chapa. Lacerda chegou a declarar,
ficiência e da iniquilidade do sistema tributário e do predomínio de na época, que “esse homem [Juscelino Kubitscheck] não pode se
impostos indiretos e contribuições. Conseqüentemente houve uma candidatar; se candidatar não poderá ser eleito; se for eleito não
crescente carga sobre tributos tais como o imposto sobre operações poderá tomar posse; se tomar posse não poderá governar”.
financeiras (IOF), contribuição de fim social (FINSOCIAL), con- A pressão da UDN para que Café Filho impedisse a posse dos
tribuição social sobre o lucro líquido (CSLL), entre outros. novos eleitos intensificou-se logo após a divulgação dos resultados
oficiais, que davam a vitória à chapa PSD-PTB. De outro lado, en-
Governo Café Filho (1954-1955) tre os militares, também surgiam divergências quanto ao resultado
das urnas. A principal delas ocorreu quando um coronel declarou-
João Fernandes Campos Café Filho, ou simplesmente Café se contrário à posse de JK e Jango, numa clara insubordinação ao
Filho, como era mais conhecido no meio político, teve um curto ministro da Guerra de Café Filho, marechal Henrique Lott, que
mas agitado governo. Durante os pouco mais de 14 meses em que havia se posicionado a favor do resultado.
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Carlos Luz tro da Guerra, general Henrique Teixeira Lott, mobilizasse tropas
A intenção de Lott em punir o coronel, entretanto, dependia militares que ocuparam importantes prédios públicos, estações de
de autorização do presidente da República, que em meio a tantas rádio e jornais.
pressões foi internado às pressas num hospital do Rio de Janeiro. O presidente em exercício Carlos Luz foi deposto. Foi empos-
Afastado das atividades políticas, Café Filho foi substituído, no dia sado provisoriamente no governo o presidente do Senado, Nereu
08 de novembro de 1955, pelo primeiro nome na linha de suces- Ramos, que se encarregou de transmitir os cargos a Juscelino Ku-
são, Carlos Luz, presidente da Câmara dos Deputados. bitschek e João Goulart, a 31 de janeiro de 1956. A intervenção
Próximo à UDN, Carlos Luz decidiu não autorizar o marechal militar assegurou, portanto, as condições para posse dos eleitos.
Lott a seguir em frente com a punição, o que provocou sua saída
do Ministério da Guerra. A partir de então, Henrique Lott iniciou O Plano de Metas
uma campanha contra o presidente em exercício, que terminou na
sua deposição, com apenas três dias de governo. O governo de Juscelino Kubitschek entrou para história do
Acompanhado de auxiliares civis e militares, Carlos Luz refu- país como a gestão presidencial na qual se registrou o mais expres-
giou-se no prédio da Marinha e, em seguida, partiu para a cidade sivo crescimento da economia brasileira. Na área econômica, o
de Santos, no litoral paulista. Com a morte de Vargas, a internação lema do governo foi “Cinquenta anos de progresso em cinco anos
de Café Filho e a deposição de Carlos Luz, o próximo na linha de governo”.
de sucessão seria o vice-presidente o Senado, Nereu Ramos, que Para cumprir com esse objetivo, o governo federal elaborou
assumiu a Presidência da República e reconduziu Lott ao cargo de o Plano de Metas, que previa um acelerado crescimento econômi-
ministro da Guerra. co a partir da expansão do setor industrial, com investimentos na
Subitamente, Café Filho tentou reassumir o cargo, mas foi ve- produção de aço, alumínio, metais não-ferrosos, cimento, álcalis,
tado por Henrique Lott e outros generais que o apoiavam. Café Fi- papel e celulose, borracha, construção naval, maquinaria pesada e
lho era acusado de conspirar contra a posse de JK e Jango. No dia equipamento elétrico.
22 de novembro, o Congresso Nacional aprovou o impedimento O Plano de Metas teve pleno êxito, pois no transcurso da ges-
para que ele reassumisse a Presidência da República. tão governamental a economia brasileira registrou taxas de cresci-
Em seu lugar, permaneceu o senador Nereu Ramos, que trans- mento da produção industrial (principalmente na área de bens de
mitiu, sob Estado de Sítio, o governo ao presidente constitucional- capital) em torno de 80%.
mente eleito: Juscelino Kubitscheck, o “presidente bossa nova”.
Desenvolvimento e dependência externa
Nereu de Oliveira Ramos
A prioridade dada pelo governo ao crescimento e desenvolvi-
Nascido na cidade de Lages, em Santa Catarina, Nereu de mento econômico do país recebeu apoio de importantes setores da
Oliveira Ramos era advogado e assumiu a presidência aos 67 sociedade, incluindo os militares, os empresários e sindicatos tra-
anos. Em virtude do impedimento do Presidente Café Filho e do balhistas. O acelerado processo de industrialização registrado no
Presidente da Câmara dos Deputados Carlos Luz, o Vice-Presi- período, porém, não deixou de acarretar uma série de problemas
dente do Senado Federal, assumiu a Presidência da República, de de longo prazo para a econômica brasileira.
11/11/1955 a 31/01/1956. Como não tinha exata noção do período O governo realizava investimentos no setor industrial a partir
em que permaneceria no cargo, não há registro de sua posse no da emissão monetária e da abertura da economia ao capital estran-
Livro de Posse. geiro. A emissão monetária (ou emissão de papel moeda) ocasio-
nou um agravamento do processo inflacionário, enquanto que a
Governo Juscelino Kubitschek (1956-1961) abertura da economia ao capital estrangeiro gerou uma progressiva
desnacionalização econômica, porque as empresas estrangeiras (as
Na eleição presidencial de 1955, o Partido Social Democrá- chamadas multinacionais) passaram a controlar setores industriais
tico (PSD) e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) se aliaram, estratégicos da economia nacional.
lançando como candidato Juscelino Kubitschek para presidente e O controle estrangeiro sobre a economia brasileira era pre-
João Goulart para vice-presidente. A União Democrática Nacional ponderante nas indústrias automobilísticas, de cigarros, farmacêu-
(UDN) e o Partido Democrata Cristão (PDC) disputaram o pleito tica e mecânica. Em pouco tempo, as multinacionais começaram a
com Juarez Távora. remeter grandes remessas de lucros (muitas vezes superiores aos
Também concorreram os candidatos Adhemar de Barros e Plí- investimentos por elas realizados) para seus países de origem. Esse
nio Salgado. Juscelino Kubitschek venceu as eleições. O vice-pre- tipo de procedimento era ilegal, mas as multinacionais burlavam
sidente Café Filho havia substituído Getúlio Vargas na presidência as próprias leis locais.
da República. Portanto, se por um lado o Plano de Metas alcançou os resulta-
Porém, antes de terminar o mandato, problemas de saúde pro- dos esperados, por outro, foi responsável pela consolidação de um
vocaram o afastamento de Café Filho. Quem assumiu o cargo foi o capitalismo extremamente dependente que sofreu muitas críticas e
presidente da Câmara dos Deputados, Carlos Luz. acirrou o debate em torno da política desenvolvimentista.
Rumores de um suposto golpe, tramado pelo presidente em A gestão de Juscelino Kubitschek também foi marcada pela
exercício Carlos Luz, por políticos e militares pertencentes a UDN implementação de um ambicioso programa de obras públicas com
contra a posse de Juscelino Kubitschek fizeram com que o minis- destaque para construção da nova capital federal, Brasília. Em
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1956, já estava à disposição do governo a lei nº 2874 que autoriza- A vitória coube a Jânio Quadros, que obteve expressiva vota-
da o Executivo Federal a começar as obras de construção da futura ção. Naquela época, as eleições para presidente e vice-presidente
capital federal. ocorriam separadamente, ou seja, as candidaturas eram indepen-
Em razão de seu arrojado projeto arquitetônico, a construção da dentes. Assim, o candidato da UDN a vice-presidente era Milton
cidade de Brasília tornou-se o mais importante ícone do processo de Campos, mas quem venceu foi o candidato do PTB, João Goulart.
modernização e industrialização do Brasil daquele período histórico. Desse modo, João Goulart iniciou seu segundo mandato como vi-
A nova cidade e capital federal foi o símbolo máximo do progresso ce-presidente.
nacional e foi considerada Patrimônio Cultural da Humanidade.
O responsável pelo projeto arquitetônico de Brasília foi Oscar Governo Jânio Quadros (1961)
Niemeyer, que criou as mais importantes edificações da cidade,
enquanto que o projeto urbanístico ficou a cargo de Lúcio Cos- Na eleição presidencial de 1960, a vitória coube a Jânio Qua-
ta. Por conta disso, destacam-se essas duas personalidades, mas é dros. Naquela época, as regras eleitorais estabeleciam chapas in-
preciso ressaltar que administradores ligados ao presidente Jusce- dependentes para a candidatura a vice-presidente, por esse motivo,
lino Kubitschek, como Israel Pinheiro, Bernardo Saião e Ernesto João Goulart, do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) foi reeleito.
Silva também foram figuras importantes no projeto. As obras de A gestão de Jânio Quadros na presidência da República foi
construção de Brasília duraram três anos e dez meses. A cidade foi breve, durou sete meses e encerrou-se com a renúncia. Neste curto
inaugurada pelo presidente, a 21 de abril de 1960. período, Jânio Quadros praticou uma política econômica e uma
política externa que desagradou profundamente os políticos que o
Denúncias da oposição apoiavam, setores das Forças Armadas e outros segmentos sociais.
A renúncia de Jânio Quadros desencadeou uma crise institu-
A gestão de Juscelino Kubitschek, popularmente chamado de cional sem precedentes na história republicana do país, porque a
JK, em particular a construção da cidade de Brasília, não esteve a posse do vice-presidente João Goulart não foi aceita pelos minis-
salvo de críticas dos setores oposicionistas. No Congresso Nacio- tros militares e pelas classes dominantes.
nal, a oposição política ao governo de JK vinha da União Demo-
crática Nacional (UDN). A crise política
A oposição ganhou maior força no momento em que as cres-
centes dificuldades financeiras e inflacionárias (decorrentes princi- O governo de Jânio Quadros perdeu sua base de apoio político
palmente dos gastos com a construção de Brasília) fragilizaram o e social a partir do momento em que adotou uma política econômi-
governo federal. ca austera e uma política externa independente.
A UDN fazia um tipo de oposição ao governo baseada na Na área econômica, o governo se deparou com uma crise fi-
denúncia de escândalos de corrupção e uso indevido do dinheiro nanceira aguda devido a intensa inflação, déficit da balança comer-
público. A construção de Brasília foi o principal alvo das críticas cial e crescimento da dívida externa. O governo adotou medidas
da oposição. No entanto, a ação de setores oposicionistas não pre- drásticas, restringindo o crédito, congelando os salários e incenti-
judicou seriamente a estabilidade governamental na gestão de JK. vando as exportações.
Mas foi na área da política externa que o presidente Jânio
Governabilidade e sucessão presidencial Quadros acirrou os ânimos da oposição ao seu governo. Jânio no-
meou para o ministério das Relações Exteriores Afonso Arinos,
Em comparação com os governos democráticos que antece- que se encarregou de alterar radicalmente os rumos da política
deram e sucederam a gestão de JK na presidência da República, externa brasileira. O Brasil começou a se aproximar dos países so-
o mandato presidencial de Juscelino apresenta o melhor desempe- cialistas. O governo brasileiro restabeleceu relações diplomáticas
nho no que se refere à estabilidade política. A aliança entre o PSD com a União Soviética (URSS).
e o PTB garantiu ao Executivo Federal uma base parlamentar de As atitudes menores também tiveram grande impacto, como
sustentação e apoio político que explica os êxitos da aprovação de as condecorações oferecidas pessoalmente por Jânio ao guerrilhei-
programas e projetos governamentais. ro revolucionário Ernesto “Che” Guevara (condecorado com a Or-
O PSD era a força dominante no Congresso Nacional, pois dem do Cruzeiro do Sul) e ao cosmonauta soviético Yuri Gagarin,
possuía o maior número de parlamentares e o maior número de mi- além da vinda ao Brasil do ditador cubano Fidel Castro.
nistros no governo. O PSD era considerado um partido conserva-
dor, porque representava interesses de setores agrários (latifundiá- Independência e isolamento
rios), da burocracia estatal e da burguesia comercial e industrial.
O PTB, ao contrário, reunia lideranças sindicais represen- De acordo com estudiosos do período, o presidente Jânio Qua-
tantes dos trabalhadores urbanos mais organizados e setores da dros esperava que a política externa de seu governo se traduzisse
burguesia industrial. O êxito da aliança entre os dois partidos de- na ampliação do mercado consumidor externo dos produtos brasi-
veu-se ao fato de que ambos evitaram radicalizar suas respectivas leiros, por meio de acordos diplomáticos e comerciais.
posições políticas, ou seja, conservadorismo e reformismo radicais Porém, a condução da política externa independente desagra-
foram abandonados. dou o governo norte-americano e, internamente, recebeu pesadas
Na sucessão presidencial de 1960, o quadro eleitoral apresen- críticas do partido a que Jânio estava vinculado, a UDN, sofrendo
tou a seguinte configuração: a UDN lançou Jânio Quadros como também veemente oposição das elites conservadoras e dos militares.
candidato; o PTB com o apoio do PSB apresentou como candidato Ao completar sete meses de mandato presidencial, o governo
o marechal Henrique Teixeira Lott; e o PSP concorreu com Adhe- de Jânio Quadros ficou isolado política e socialmente. Jânio Qua-
mar de Barros. dros renunciou a 25 de agosto de 1961.
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Política teatral Desde o início de seu mandato, Jango não dispunha de base de
apoio parlamentar para aprovar com facilidade seus projetos políti-
Especula-se que a renúncia foi mais um dos atos espetaculares cos, econômicos e sociais, por esse motivo a estabilidade governa-
característicos do estilo de Jânio. Com ela, o presidente pretende- mental foi comprometida. Como saída para resolver os frequentes
ria causar uma grande comoção popular, e o Congresso seria força- impasses surgidos pela ausência de apoio político no Congresso
do a pedir seu retorno ao governo, o que lhe daria grandes poderes Nacional, Jango adotou uma estratégia típica do período populista,
sobre o Legislativo. Não foi o que aconteceu, porém. A renúncia recorreu a permanente mobilização das classes populares a fim de
foi aceita e a população se manteve indiferente. obter apoio social ao seu governo.
Vale lembrar que as atitudes teatrais eram usadas politicamen- Foi uma forma precária de assegurar a governabilidade, pois
te por Jânio antes mesmo de chegar à presidência. Em comícios, limitava ou impedia a adoção por parte do governo de medidas
ele jogava pó sobre os ombros para simular caspa, de modo a pa- antipopulares, ao mesmo tempo em que seria necessário o atendi-
recer um “homem do povo”. Também tirava do bolso sanduíches mento das demandas dos grupos sociais que o apoiavam. Um epi-
de mortadela e os comia em público. No poder, proibiu as brigas sódio que ilustra de forma notável esse tipo de estratégia política
de galo e o uso de lança-perfume, criando polêmicas com questões ocorreu quando o governo criou uma lei implantando o 13º salário.
menores, que o mantinham sempre em evidência, como um presi- O Congresso não a aprovou. Em seguida, líderes sindicais ligados
dente preocupado com o dia-a-dia do brasileiro. ao governo mobilizaram os trabalhadores que entraram em greve e
pressionaram os parlamentares a aprovarem a lei.
Governo João Goulart (1961-1964)
As contradições da política econômica
Com a renúncia de Jânio Quadros, a presidência caberia ao vice
João Goulart, popularmente conhecido como Jango. No momento As dificuldades de Jango na área da governabilidade se tor-
da renúncia de Jânio Quadros, Jango se encontrava na Ásia, em naram mais graves após o restabelecimento do regime presiden-
visita a República Popular da China. O presidente da Câmara dos cialista. A busca de apoio social junto às classes populares levou o
Deputados, Ranieri Mazzilli, assumiu o governo provisoriamente. governo a se aproximar do movimento sindical e dos setores que
Porém, os grupos de oposição mais conservadores represen- representavam as correntes e idéias nacional-reformistas.
tantes das elites dominantes e de setores das Forças Armadas não Por esta perspectiva é possível entender as contradições na
aceitaram que Jango tomasse posse, sob a alegação de que ele ti- condução da política econômica do governo. Durante a fase parla-
nha tendências políticas esquerdistas. mentarista, o Ministério do Planejamento e da Coordenação Eco-
Não obstante, setores sociais e políticos que apoiavam Jango nômica foi ocupado por Celso Furtado, que elaborou o chamado
iniciaram um movimento de resistência. Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social. O objeti-
vo do Plano Trienal era combater a inflação a partir de uma política
Campanha da legalidade e posse de estabilização que demandava, entre outras coisas, a contenção
salarial e o controle do déficit público.
O governador do estado do Rio Grande do Sul, Leonel Brizo- Em 1963, o governo abandonou o programa de austeridade
la, destacou-se como principal líder da resistência ao promover a econômica, concedendo reajustes salariais para o funcionalismo
campanha legalista pela posse de Jango. O movimento de resistên- público e aumentando o salário mínimo acima da taxa pré-fixada.
cia, que se iniciou no Rio Grande do Sul e irradiou-se para outras Ao mesmo tempo, Jango tentava obter o apoio de setores da direita
regiões do país, dividiu as Forças Armadas impedindo uma ação realizando sucessivas reformas ministeriais e oferecendo os cargos
militar conjunta contra os legalistas. No Congresso Nacional, os a pessoas com influência e respaldo junto ao empresariado nacio-
líderes políticos negociaram uma saída para a crise institucional. nal e os investidores estrangeiros.
A solução encontrada foi o estabelecimento do regime par-
lamentarista de governo que vigorou por dois anos (1961-1962) Polarização direita-esquerda
reduzindo enormemente os poderes constitucionais de Jango. Com
essa medida, os três ministros militares aceitaram, enfim, o retorno Ao longo do ano de 1963, o país foi palco de agitações sociais
e posse de Jango. Em 5 de setembro Jango retorna ao Brasil, e é que polarizaram as correntes de pensamento de direita e esquerda
empossado em 7 de setembro. em torno da condução da política governamental. Em 1964 a si-
tuação de instabilidade política agravou-se. O descontentamento
O retorno ao presidencialismo do empresariado nacional e das classes dominantes como um todo
se acentuou. Por outro lado, os movimentos sindicais e populares
Em janeiro de 1963, Jango convocou um plebiscito para deci- pressionavam para que o governo implementasse reformas sociais
dir sobre a manutenção ou não do sistema parlamentarista. Cerca e econômicas que os beneficiassem.
de 80 por cento dos eleitores votaram pelo restabelecimento do sis- Atos públicos e manifestações de apoio e oposição ao governo
tema presidencialista. A partir de então, Jango passou a governar o eclodem por todo o país. Em 13 de março, ocorreu o comício da es-
país como presidente, e com todos os poderes constitucionais a sua tação da Estrada de Ferro Central do Brasil, no Rio de Janeiro, que
disposição. Porém, no breve período em que governou o país sob reuniu 300 mil trabalhadores em apoio a Jango. Uma semana de-
regime presidencialista, os conflitos políticos e as tensões sociais pois, as elites rurais, a burguesia industrial e setores conservadores
se tornaram tão graves que o mandato de Jango foi interrompido da Igreja realizaram a “Marcha da Família com Deus e pela Liber-
pelo Golpe Militar de março de 1964. dade”, considerado o ápice do movimento de oposição ao governo.
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As Forças Armadas também foram influenciadas pela pola- fez com que alguns políticos que apoiaram o movimento passas-
rização ideológica vivenciada pela sociedade brasileira naquela sem a ser críticos do governo, a exemplo de Carlos Lacerda, que
conjuntura política, ocasionando rompimento da hierarquia devido teve sua pré-candidatura homologada pela UDN ainda em 8 de
à sublevação de setores subalternos. Os estudiosos do tema assi- novembro de 1964. As cassações continuaram, superando 3.500
nalam que, a quebra de hierarquia dentro das Forças Armadas foi nomes em 1964, entre os quais o ex-presidente Juscelino Kubits-
o principal fator que ocasionou o afastamento dos militares lega- chek, que se exilou em Paris. Em seguida Castelo Branco baixou
listas que deixaram de apoiar o governo de Jango, facilitando o o AI-2, o o que era um simples movimento militar passou a se
movimento golpista. constituir num regime, evoluindo para uma linha dura no comando
do general Costa e Silva em 1967.
O Golpe militar
A Linha Dura: No governo estavam oficiais da linha dura, e
Em 31 de março de 1964, tropas militares lideradas pelos ge- as ruas eram dominadas pelas greves dos operários e movimentos
nerais Luís Carlos Guedes e Olímpio Mourão Filho desencadeiam estudantis. Neste clima se iniciou a contravertida batalha entre o
o movimento golpista. Em pouco tempo, comandantes militares de Estado e os manifestantes, que reivindicavam o fim do regime.
outras regiões aderiram ao movimento de deposição de Jango. Em Como consequencia, as liberdades individuais foram suprimidas e
1 de abril, João Goulart praticamente abandonou a presidência, e a Nação definitivamente entrou em um processo de radicalização
no dia 2 se exilou no Uruguai. entre os militares e a oposição, que gerou o gradual fechamento do
O movimento conspirador que depôs Jango da presidência da regime, até culminar com o AI-5.
república reuniu os mais variados setores sociais, desde as elites
industriais e agrárias (empresários e latifundiários), banqueiros, Eleições de 1965: A lei eleitoral de 15 de julho de 1965 proi-
Igreja Católica e os próprios militares, todos temiam que o Brasil bia a reeleição, assim, Magalhães Pinto e Carlos Lacerda, não
caminhasse para um regime socialista. O golpe militar não encon- concorreram, ficando apenas apoiando seus candidatos da UDN.
trou grande resistência popular, apenas algumas manifestações que No entanto, em Minas Gerais venceu Israel Pinheiro, do PSD e
foram facilmente reprimidas. no Rio de Janeiro, Francisco Negrão de Lima, do PTB, o que foi
Essa é uma questão importante, pois os pesquisadores do tema visto como alarmante pelos setores “linha dura” do governo militar
ainda não apresentaram explicações satisfatórias, no sentido de en- que se mobilizaram em alterar mais uma vez a constituição para
tender porque a sociedade brasileira, que na época atravessava um garantir a vitória dos políticos de situação. No dia 6 de outubro,
período de dinamismo com o surgimento de movimentos sociais o Presidente da República encaminhou ao Congresso Nacional
de variados tipos, manteve-se paralisada sem oferecer resistência medidas para endurecer o regime, atribuindo ao governo militar
ao movimento golpista. mais poderes, restringindo a liberdade de expressão e ação dos cas-
sados, controlar o Supremo Tribunal Federal, acabar com o foro
Rumo à ditadura especial para os que exerceram mandato executivo e estabelecen-
do eleições indiretas para Presidente da República. No dia 8 de
Por razões óbvias, os militares chamam o movimento que de- outubro, Lacerda, na televisão, chama Castelo Branco de traidor
pôs Jango de Revolução Redentora. Por outro lado, na historiogra- da revolução, rompe com o governo e renuncia à sua candidatura.
fia brasileira, o movimento de março de 1964 é justificadamente
denominado de Golpe Militar. 1968 - Reações ao Regime: Em julho ocorreu a primeira gre-
O golpe pôs fim a primeira experiência de regime democrático ve do governo militar, em Osasco. A linha dura, representada entre
no país e encerrou com a fase populista. outros por Aurélio de Lira Tavares, ministro do exército e Emílio
O regime que se instaurou sobre a égide dos militares foi se Garrastazu Médici, chefe do SNI começou a exigir medidas mais
radicalizando a ponto de se transformar numa ditadura altamente repressivas e combate às idéias consideradas subversivas.
repressiva que avançou sobre as liberdades políticas e direitos in- A repressão se intensificou e em 30 de agosto a Universidade
dividuais. Os generais se sucederam na presidência e governaram Federal de Minas foi fechada e a Universidade de Brasília inva-
o país por 21 anos. dida pela polícia. Em 2 de setembro, o deputado Márcio Moreira
Alves, do MDB, pronunciou discurso na Câmara convocando o
Castello Branco (1964/1966) povo a um boicote ao militarismo e a não participar dos festejos de
Independência do Brasil em 7 de setembro como forma de protes-
O Congresso Nacional ratificou a indicação do comando mi- to. O discurso foi considerado como ofensivo pelos militares e o
litar, e elegeu o Marechal Humberto de Alencar Castello Branco, governo encaminhou ao congresso pedido para processar deputado
chefe do Estado-Maior do Exército. Como vice-presidente foi elei- Márcio Moreira Alves, o que foi rejeitado na Câmara por 75 votos.
to o deputado pelo PSD José Maria Alkmin, secretário de finanças
do governo de Minas Gerais, do governador Magalhães Pinto, que O AI-5 e o Fechamento do Regime Militar: Para enfrentar a
ajudou a articular o golpe. No dia 15 de abril de 1964, Castello crise Costa e Silva editou, em 13 de dezembro de 1968, o AI-5 que
Branco tomou posse. Em 17 de julho, sob a justificativa de que a permitia ao governo decretar o recesso legislativo e intervir nos
reforma política e econômica planejada pelo governo militar pode- estados sem as limitações da constituição, a cassar mandatos eleti-
ria não ser concluída até 31 de janeiro de 1966, quando terminaria vos, decretar confisco dos bens “de todos quantos tenham enrique-
o mandato presidencial inaugurado em 1961, o Congresso aprovou cido ilicitamente” e suspender por 10 anos os direitos políticos de
a prorrogação do seu mandato até 15 de março de 1967, adiando qualquer cidadão. Ou seja, apertou ainda mais o regime. O AC 38
as eleições presidenciais para 3 de outubro de 1966. Essa mudança decretou o recesso do Congresso por tempo indeterminado. Foram
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CIÊNCIAS SOCIAIS
presos jornalistas e políticos que haviam se manifestado contra o Lista dos principais movimentos de direita e esquerda
regime, entre eles o ex-presidente Juscelino Kubitschek, e ex-go-
vernador Carlos Lacerda, além de deputados estaduais e federais A esquerda
do MDB e mesmo da ARENA. - Mais de mil sindicatos de trabalhadores foram fundados até
Lacerda foi preso e conduzido ao Regimento Marechal Cae- 1964
tano de Farias, da Polícia Militar do Estado da Guanabara, sendo - Surge o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT)
libertado por estar com a saúde debilitada, após uma semana fa- - Pacto de Unidade e Ação (PUA aliança intersindical)
zendo greve de fome. No dia 30 de dezembro de 1968 foi divul- - União Nacional dos Estudantes (UNE)
gada uma lista de políticos cassados: 11 deputados federais, entre - Ação Popular (católicos de esquerda)
os quais Márcio Moreira Alves. Carlos Lacerda teve os direitos - Instituto Superior de Estudos Brasileiros (Iseb - reunindo
políticos suspensos. No dia seguinte, o presidente Costa e Silva intelectuais de esquerda)
falou em rede de rádio e tv, afirmando que o AI-5 havia sido não - Frente de Mobilização Popular (FMP, liderada por Leonel
a melhor, mas a única solução e que havia salvo a democracia e Brizola)
estabelecido a volta às origens do regime. - União dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do Brasil
No início de 1969 Lacerda viajou para a Europa e, em maio, - Ligas camponesas
seguiu para a África como enviado especial de O Estado de São - Organizações de luta contra o regime militar e pela instala-
Paulo e do Jornal da Tarde. Em 16 de janeiro de 1969 foi divul- ção do regime comunista (inclusive surgidas após o golpe)
gada nova lista de 43 cassados com 35 deputados, 2 senadores - Ação Libertadora Nacional (ALN)
e 1 ministro do STF, Peri Constant Bevilacqua. O regime militar - Comando de Libertação Nacional (COLINA)
estava se tornando uma ditadura mais e mais violenta, a imprensa - MNR
da época (Folha de São Paulo) veladamente afirmava que o AI-5 - Molipo
foi o “golpe dentro do golpe”, expressão esta que acabou virando - Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8]
chavão entre a população. - PCB
- PCBR
A Emenda Constitucional: No dia 17 de outubro, foi promul- - Partido Operário Comunista (POC)
gada pela junta militar a Emenda Constitucional nº 1, incorporan-
- POLOP
do dispositivos do AI-5 à constituição, estabelecendo o que ficou
- VAR-Palmares
conhecido como Constituição de 1969. Em 25 de outubro, Médici
- Vanguarda Popular Revolucionária (VPR)
e Rademaker foram eleitos pelo Congresso por 293 votos, havendo
76 abstenções, correspondentes à bancada do MDB. O novo presi-
A direita
dente tomou posse no dia 30 de novembro.
- Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES)
- Instituto Brasileiro de Ação Democrática (Ibad)
Após o Golpe de 1964: Logo após o golpe de 1964, em seus
primeiros 4 anos, a ditadura foi endurecendo e fechando o regime - Campanha da Mulher pela Democracia (Camde, financiada
aos poucos. O período compreendido entre 1968 até 1975 foi de- pelo Ipes)
terminante para a nomenclatura histórica conhecida como “anos - União Cívica Feminina (UCF, sob orientação do Ipes)
de chumbo”. Dezoito milhões de eleitores brasileiros sofreram das - Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas (Adce, li-
restrições impostas por seguidos Atos Institucionais que ignora- gada ao Ipes)
vam e cancelavam a validade da Constituição Brasileira, criando - Movimento Anticomunista (MAC, formado por universitários)
um Estado de exceção, suspendendo a democracia. - Frente da Juventude Democrática (formada por estudantes
Querendo impor um modelo sócio, político e econômico para anticomunistas radicais)
o Brasil, a ditadura militar no entanto tentou forjar um ambiente - Comando de Caça aos Comunistas (o famoso CCC que era
democrático, e não se destacou por um governante definido ou per- formado por estudantes anticomunistas radicais)
sonalista. Durante sua vigência, a ditadura militar não era oficial- - Esquadrões da Morte (formados por policiais para o assassi-
mente conhecida por este nome, mas pelo nome de “Revolução” nato de opositores)
- os golpistas de 1964 sempre denominaram assim seu feito - e
seus governos eram considerados “revolucionários”. A visão críti- A Invasão da UNE: Em Ibiúna, São Paulo, realizou-se em
ca do regime só começou a ser permitida a partir de 1974, quando 12 de outubro de 1968 o trigésimo congresso da UNE. A polícia
o general Ernesto Geisel determinou a abertura lenta e gradual da invade a reunião e prende 1240 estudantes, muitos são feridos, al-
vida sócio-política do país. guns gravemente; quando levados para a prisão são torturados e
muitas moças abusadas sexualmente pelos policiais. Aqueles que
Bipolarização: Durante a eclosão do golpe de 1964 havia duas tentam protestar contra a violência são espancados e humilhados
correntes ideológicas no Brasil, sendo uma de esquerda e outra de publicamente, os familiares que tentam entrar com habeas-corpus
direita. Aquelas correntes tinham movimentos populares de ambas são fichados pelo SNI e ameaçados pelas forças de segurança. Al-
facções, acredita-se financiados com capital externo. Além da po- guns pais, por serem funcionários de instituições públicas, perdem
larização, existia também um forte sentimento antigetulista, dizem seus empregos e são perseguidos pelas forças de repressão; alguns
alguns motivador do movimento militar que derrubou Jango. repórteres que presenciaram os espancamentos têm seus equipa-
mentos destruídos pelos policiais, sendo dada ordem para nada ser
publicado ou divulgado pelos meios de comunicação.
Didatismo e Conhecimento 77
CIÊNCIAS SOCIAIS
Criação do Conselho Superior de Censura: Em função dos tico para atingir dois objetivos simultâneos. Primeiro, transferir o
acontecimentos que estão por atropelar a história, é criado no dia poder aos civis que apoiaram o golpe de 1964. Segundo, manter o
22 de novembro de 1968 o Conselho Superior de Censura, cuja selvagem sistema de acumulação capitalista criado pelos militares
função é centralizar e coordenar as ações dos escritórios de censu- e pelos grupos econômicos dominantes.
ra espalhados pelo país. Começa a haver vazamentos de dados e
informações para órgãos de direitos humanos internacionais, sendo A Vitória da Oposição nas Eleições de 1974: O primeiro de-
portanto urgente a interrupção de toda e qualquer informação de safio que Geisel teve de enfrentar foram as eleições legislativas de
eventos que possam ocasionar algum tipo de protesto da opinião novembro de 1974. Convencido de que a Arena tinha os melhores
pública internacional e o espalhamento de notícias indesejáveis em condidatos, certo de que o MDB era fraco e sem lideranças de
território nacional. Também são criados tribunais de censura, com expressão, decidiu dar os primeiros passos ruma à liberalização
a finalidade de julgar rapidamente órgãos de comunicações que política. Permitiu uma relativa liberdade de expressão durante a
porventura burlem a ordem estabelecida, com seu fechamento e campanha eleitoral. Os candidatos puderam ir à televisão, expor
lacramento imediato em caso de necessidade institucional. e debater suas idéias. A campanha da oposição centrou-se na de-
núncia da injustiça social, da falta de liberdades públicas e da ex-
A estratégia política do governo Geisel: Tratava-se da já re- cessiva abertura da economia ao capital estrangeiro. A vitória do
ferida “abertura lenta, gradual e segura” idealizada por Golbery. MDB foi esmagadora: dobrou a representação na Câmara Fede-
Lenta e gradual, para o militares não perderem o controle do ral, triplicou a representação no Senado e assumiu o controle das
processo. Segura, para evitar que as forças políticas derrubadas Assembléias Legislativas nos Estados mais importantes do país.
em 1964 oltassem ao poder. Seria muito simplismo, entretanto, O governo ficou preocupado diante do resultado das eleições. No
supor que a “abertura” tenha sido planejada e implementada só decorrer dos anos de 1975 e 1976, nada tinha aparecido de novo
por essa razão. Outros motivos foram decisivos para a sua adoção. na esfera política e econômica que desse a Geisel a esperança de
Em primeiro lugar, Geisel e seu grupo tinham perfeita consciência alcançar um resultado melhor nas eleições para o governador de
de que a situação do país, especialmente a econômica, tornara-se 1978. Muito pelo contrário. A indignação e revolta contra a situa-
complicada. As crescentes dificuldades econômicas decorrentes ção política e econômica aumentaram ainda mais.
do colapso do “milagre”, descritas anteriormente, geravam focos
de descontentamento entre setores empresariais, classes médias e O Governo se prepara para as Eleições de 1978: O Pacote
operariado. O novo governo sabia que manter uma ditadura num de Abril
quadro de crescimento econômico e relativa prosperidade era mui-
to diferente de mantê-la numa situação de crise econômica. A falta No início de 1977, no dia 1º de abril, Geisel recorreu ao AI-5.
de liberdade política aliada à queda nos lucros e à grave crise so- Fechou o Congresso e outorgou o Pacote de Abril. Entre as prin-
cial era uma combinação perigosa, que poderia fazer explodir o cipais medidas desse conjunto de decretos, estava a adoção de
sistema político, com consequências imprevisíveis para o interesse maioria simples para realizar reformas na Constituição (o governo
dominantes. não controlava mais dois terços do Congresso). Além disso, deter-
Em segundo lugar, os militares sabiam que as medidas eco- minavam que os governadores de Estado e um terço dos senado-
nômicas para enfrentar a crise seriam impopulares e provocariam res fossem eleitos indiretamente por um colégio eleitoral estadual,
descontentamentos, inclusive entre poderosos grupos econômicos. composto inclusive por vereadores. Essas medidas garantiam a vi-
Havia o temor de que o desgaste que o governo iria sofrer com tória da Arena na eleição para governadores. Os estados do Norte
essas medidas atingisse o Exército. Os fracassos do governo se e Nordeste, controlados pela Arena, teriam direito a um número
confudiriam com os do Exército. Para esse grupo de militares lide- maior de deputados, comparativamente aos estados do Sul e do
rados por Geisel, afastar-se, o mais rápido possível, do Executivo Sudeste. Isso porque foi estabelecido um número mínimo e um
era uma forma de preservar a instituição e evitar a sua desmora- número máximo de deputados federais por estado, prejudicando
lização e desgaste perante a nação. Isso, pensavam, seria o fim, os estados mais populosos e importantes. Por fim, a Lei Falcão
pois para eles o Exército e o conjunto das Forças Armadas eram (nome do ministro da Justiça da época, Armando Falcão) determi-
os principais pilares da República. Diante desses problemas havia, nava que os candidatos não poderiam se manisfestar, nem no rádio
pelo menos, duas alternativas. Ou o governo reorientava a econo- nem na televisão, durante a campanha eleitoral.
mia visando atenuar a crise social, melhorar os salários, diminuir Em síntese, tais reformas visaram garantir a vitória da Arena
a concentração de renda e recuperar o sistema público de saúde e nas eleições de 1978, o que acabou ocorrendo. Apesar das medidas
educação, ou implementava reformas políticas que criassem ca- autoritárias, o governo não tinha desistido de seu projeto de liberali-
nais para que o descontentamento popular pudesse se manisfestar, zação. Em outubro de 1978, no final do seu mandato, Geisel impôs
desde que preservada a estabilidade política, ou seja, os interesses ao Congresso, e a Arena aprovou, a Emenda Constitucional nº 11.
essenciais das elites econômicas e políticas.
Ora, era óbvio que a elite empresarial, base de apoio do gover- A Abertura Política Avança: O Fim do AI-5
no, não iria admitir alterações no modelo econômico. No decorrer
da década de 1964 - 1974, ele fora responsável pelo espetacular Ela extinguiu o AI-5, principal instrumento jurídico da di-
enriquecimento dessa fração da sociedade brasileira. A elite eco- tadura militar. O Executivo já não tinha poder legal de fechar o
nômica, a partir daquele momento, passou a lutar com unhas e Congresso, cassar mandatos e direitos políticos. O habeas-corpus
dentes para preservar essa forma de produzir riqueza e miséria em foi restaurado e a censura prévia, ao rádio e à televisão, abolida. A
larga escala: o modelo econômico brasileiro. Em resumo, a “aber- pena de morte e a de prisão perpétua foram extintas. Foi restaurada
tura política” visava realizar mudanças graduais no sistema polí- a independência do Judiciário. No lugar do AI-5, foram criadas as
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CIÊNCIAS SOCIAIS
medidas de emergência, o estado de sítio e o estado de emergência, II Exército por ocasião da morte de Herzog, sentiu-se traído, pois
que, no conjuto, davam ao Executivo alguns poderes perdidos com era evidente que aqueles cadáveres estavam sendo “colocados so-
a extinção do AI-5. bre sua mesa” com a única intenção de criar problemas para o seu
No final de 1978, foram revogados os decretos de banimento projeto de abertura. Era um desafio aberto à sua autoridade. Ele
de mais de 120 exilados políticos. Muitos políticos de expressão, tomou, então, uma atitude rápida e ousada, afastando o comandan-
entretanto, ficaram fora dessa lista, entre eles Leonel Brizola e Luís te do II Exército, Ednardo d’Ávila, sem consultar o Alto Comando
Carlos Prestes, que continuavam proibidos de voltar ao país. Pode das Forças Armadas, como era comum nesses casos. Depois con-
parecer paradoxal a sucessão de medidas autoritárias e liberalizan- fessou que o fez não porque Ednardo estivesse envolvido com a
tes adotadas por Geisel. Na verdade, não havia contradição alguma tortura ou mortes, mas, sim, porque ele não tinha controle sobre
nessa estratégia. O presidente estava empenhado em dar andamen- alguns oficiais comandados por ele.
to à abertura política. Mas ele não admitia perder o controle sobre A aprovação do Alto Comando à decisão de Geisel mostrou que
esse processo. Daí as medidas de caráter autoritário. Elas sempre ele contava com um enorme apoio dentro do Exército. A partir desse
foram introduzidas para dar ao governo condições de conduzir o momento, a linha-dura passou para a defensiva. Se o comandante do
processo, na seqüência e na velocidade que julgava apropriadas. II Exército podia “cair” por desafiar a autoridade presidencial, o que
poderia acontecer com oficiais de patentes inferiores?
Os Obstáculos à Estratégia do Governo: Apesar de Geisel ter
sido bem-sucedido na implementação de seu programa político, O Renascimento do Movimento Operário e Sindical
não foram poucos os obstáculos que teve de remover para atingir
seus objetivos. Havia, basicamente, duas forças de oposição ao seu A repressão que se seguiu ao golpe de 1964 praticamente elimi-
projeto de liberalização. A primeira, e mais poderosa, estava no nou toda uma geração de dirigentes e ativistas sindicais. Nos anos
interior das próprias Forças Armadas. Era a linha-dura, que co- seguintes, uma nova geração de operários, sem sólidas vinculações
mandava os organismos de repressão montados durante o governo partidárias, começou a retomar as lutas trabalhistas reorganizar os
Médici. A segunda, bem menos poderosa, era composta por algu- sindicatos. Esse processo ocorreu com maior rapidez no “centro
mas organizações da sociedade civil. nervoso” da indústria brasileira, o setor automobilístico sediado no
ABCD paulista. A retomada da luta sindical ganhou grande impulso
A Resistência Militar à Abertura Política: As primeiras difi- nessa região em 1977. Nesse ano, tornou-se pública e inquestionável
culdades de Geisel com a linha-dura começaram a aparecer logo a falsificação ocorrida no índice da inflação de 1973, quando Delfim
depois da derrota eleitoral do governo nas eleições de 1974. Para Netto era ministro da Fazenda. Economista competente e muito há-
esse grupo, a derrota ocorreu por causa do PCB, que, apesar de es- bil com os números, Delfim estabeleceu em 15% a inflação de 1973.
tar na ilegalidade, desenvolvia intensa atividade política. Iniciou- Entretanto, os números do Banco Mundial sobre a economia brasi-
se uma ampla campanha de perseguição aos comunistas. Inúmeros leira não batiam com esse índice. Depois de refazer várias vezes os
suspeitos de ligações com o partido foram presos e desapareceram. cálculos, os técnicos do Banco Mundial chegaram à conclusão de
Até um filho de general foi preso sem que ele pudesse fazer nada que a inflação de 1973 não poderia ser inferior a 22,5%. Esse índice,
a respeito. Dez líderes sindicais foram detidos e torturados no Rio projetado nos anos seguintes, representava uma perda de, aproxima-
de Janeiro. A Igreja e a OAB tinha entrado com um pedido de in- damente, 34% nos salários dos trabalhadores.
formações ao governo a respeito do paradeiro de 22 suspeitos que O sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, por iniciativa de
foram presos e haviam desaparecido. O governo, simplesmente, seu presidente, Luís Inácio da Silva, conhecido por “Lula”, baseado
não sabia informar onde eles se encontravam. nos dados do Banco Mundial, começou uma campanha exigindo a
reposição daquela enorme perda salarial. O governo e os empresá-
A Morte de Herzog e de Manoel Fiel Filho rios reconheciam a fraude, mas não aceitavam repor a perda. Depois
de sete meses de negociações, já no início da campanha salarial,
Em outubro de 1975, um jornalista que trabalhava na TV- em maio de 1978, as greves explodiram na indústria automobilística
Cultura de São Paulo ficou sabendo que o DOI-Codi estava a sua do ABCD paulista. Depois se propagaram por todo o país. Meio
procura e se apresentou espontaneamente ao QG do II Exército milhão de trabalhadores fizeram greve nesse ano. Em 1979 as para-
para prestar depoimento. Foi imediatamente preso, interrogado e lizações atingiram mais de três milhões de assalariados.
torturado até a morte. Na versão do comando do II Exército, o
jornalista havia se suicidado na cela, enforcando-se com o próprio A Sucessão do General Geisel
cinto. A repercusão foi enorme, pois acabava de ser assassinado Apesar das dificuldades, Geisel continuava a conduzir com
um membro da elite cultural paulista. A Igreja, a OAB, estudantes firmeza os planos para fazer o seu sucessor. Quando ele foi indi-
e professores das principais universidades paulistas marcaram atos cado, nem a linha-dura nem o partido de oposição, o MDB, acei-
de protesto e cobraram do governo um esclarecimento para o caso. taram. A linha-dura tinha seu próprio candidato, mas Geisel se en-
O fato era uma desmoralização para Geisel, pois contrariava a sua carregou de neutralizá-lo, conseguindo transformar Figueiredo no
promessa de liberalização. Ficava evidente que o governo não ti- candidato oficial do Exército.
nha controle sobre seus organismos de segurança. O MDB, por sua vez, não concordava com a forma pela qual
Em janeiro, o operário metalúrgico e ativista sindical Manoel o presidente era escolhido.
Fiel Filho, que vinha sendo torturado havia dias nas dependências O partido resolveu, então, lançar um candidato próprio para
do DOI-Codi, em São Paulo, também perdeu a vida em virtude das concorrer com Figueiredo no Colégio Eleitoral. Foi escolhido um
brutalidades que sofreu. Na versão do comando do II Exército, tra- outro general, de coloração nacionalista e defensor da redemocra-
tava-se de outro suicídio. Geisel, que defendera o camandante do tização, Euler Bentes Monteiro. Como a maior parte do Colégio
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CIÊNCIAS SOCIAIS
Eleitoral era composta pela Arena, fiel seguidora das determina- Por que essa seqüência e não outra? Simplesmente porque Gol-
ções do Exército, o candidato oficial acabou vencendo, em outubro bery sabia que a miséria crescente do povo e o descontentamento
de 1978, por 355 a 266 votos. da classe média, em virtude da crise econômica, produziram uma
gigantesca derrota eleitoral do regime nas eleições marcadas para
Governo Figueiredo (Março-1979 / Março-1985) 1982, se fosse mantido o bipartidarismo. Se a oposição permane-
cesse unida ao MDB, esse partido receberia os votos da massa des-
No momento em que o movimento operário e sindical retomava contente e a oposição assumiria o controle do Congresso, criando
as suas lutas, ocorria a sucessão do presidente Geisel. João Baptista problemas para o governo na continuidade das reformas políticas. A
Figueiredo era integrante do seu grupo e estava decidido a dar con- ideia que estava por trás da anistia e da reformalização partidária era
tinuidade à estratégia da abertura política que Geisel havia iniciado. simples e eficaz: dividir a oposição e, assim, enfraquecê-la.
Economia e Política Econômica: As dificuldades econômi- Anistia: Com a anistia, retornaram ao Brasil lideranças polí-
cas que o governo Figueiredo teve de enfrentar eram tremendas. ticas de expressão nacional, como Leonel Brizola, Miguel Arraes,
Os operários já não aceitavam ser esfolados. Setores empresariais Francisco Julião, Luís Carlos Prestes, Márcio Moreira Alves, o
reclamavam do avanço da estatização. A dívida externa tirava a ca- pivô da crise que precipitou o AI-5, e demais líderes do PCB e do
pacidade de o governo investir e sustentar o ritmo de crescimento. PC do B (na ilegalidade)
O preço do petróleo jogava os gastos com importações nas alturas.
Para administrar essa situação, o comando da área econômica Reformulação Partidária: O retorno desses líderes acendeu
foi entregue a Mário Henrique Simonsen, nomeado ministro do o debate político no país e contribuiu para que fosse montado um
Planejamento. Delfim foi trazido de volta da França e destacado novo quadro político partidário. Em novembro de 1979, o Con-
para o Ministério da Agricultura. Ficou de prontidão, esperando gresso aprovou a lei de reformulação partidária. A Arena foi ex-
uma falha de Simonsen. tinta, e seus integrantes formariam dois partidos: o PDS (Partido
Democrático Social) e o PP (Partido Popular). Esses partidos re-
Os planos de Simonsen e sua queda: Simonsen assumiu di- presentavam o grande empresariado, os grandes proprietários de
zendo que o Brasil não poderia mais crescer no mesmo ritmo. Cres- terras e os banqueiros. A maioria dos políticos do extinto MDB
ficaram juntos e criaram o PMDB (Partido do Movimento Demo-
cimento significava aumento das importações e obtenção de mais
crático Brasileiro). Alguns dos seus integrantes entraram no parti-
empréstimos. O país, entretanto, não tinha condições de importar
do que Brizola estava organizando, o PTB. A Justiça Eleitoral, por
mais nem contrair novos empréstimos. O Brasil tinha de se preparar
determinação de Golbery, impediu que a sigla PTB fosse entregue
para crescer menos e começar a pagar seus compromissos externos.
a Brizola. Ele, então, fundou o PDT (Partido Democrático Traba-
Os grandes bancos internacionais aplaudiram o diagnóstico do
lhista). A sigla PTB foi entregue a Ivete Vargas, que organizou o
ministro. Os empresários brasileiros, não. Diante da perspectiva de
partido com políticos que vieram da Arena e do MDB.
queda nas vendas, falta de crédito e falências, começaram a criticar O PMDB e PDT representavam o pequeno e o médio empre-
o ministro e, em cinco meses, mais precisamente em agosto de sariado, que não foram tão favorecidos pelo “milagre econômico”,
1979, ele caiu. Depois que foi afastado, Mário Henrique Simonsen setores da classe média, profissionais liberais, grupos nacionalis-
arrumou um bom emprego no First National City Bank of New tas. O novo PTB, por sua vez, não tinha semelhança com o antigo
York, um dos maiores bancos norte-americanos e um dos princi- partido getulista. Era um partido que tendia a votar sempre com o
pais credores do Brasil. PDS e o PP, dando assim sustentação ao regime militar e às elites
que assumiram o poder em 1964. Correndo por fora desse proces-
Delfim Netto e as Promessas de um Novo “Milagre”: Del- so, surgiu, em outubro de 1979, o PT.
fim Netto saiu da reserva e, finalmente, foi escalado como titular, O PT resultou da convergência de três forças sociais que não
comandando o poderoso Ministério do Planejamento. Missão: ree- reconheciam os políticos tradicionais como porta-vozes de seus
ditar o “milagre econômico”. Mas a dura realidade mostrou que a interesses: liderança sindical, que emergiu com as greves de 1978,
sua capacidade milagrosa declinava à exata medida que escassea- principalmente no ABCD; movimentos sociais, como as sociedades
vam os recursos externos. amigos de bairro, as comunidades eclesiais de base, movimento dos
sem-terra; ex-militantes de grupos da esquerda clandestina, setores
A Continuidade da Abertura Política: Apesar de permanecer da classe média empobrecida, profissionais liberais e trabalhadores
o traço anti-popular das medidas econômicas, no campo político as do setor de serviços. A ideia da criação do PT surgiu no ABCD, e
mudanças continuavam. O projeto de abertura política dava novos desde o início Lula tornou-se um dos seus principais líderes.
passos, todos eles milimetricamente planejados e programados pelo
“mago” do regime, Golbery do Couto e Silva. A estratégia do mi- Eleições Diretas
nistro tinha etapas muito bem determinadas. O plano consistia na
realização, em seqüência, das seguintes reformas: anistia a todos os Em novembro de 1980, foram restauradas as eleições diretas
presos e exilados políticos, reformulação partidária (fim da Arena para governador. Realizadas as eleições, as previsões do estrate-
e do MDB), restauração da eleições diretas (para governadores e gista do regime se confirmaram. Apesar de a oposição (PMDB,
depois para prefeitos das capitais), convocação de uma Constituinte, PDT e PT) ter recebido a maioria dos votos e eleito governadores
que seria o coroamento do processo de “redemocratização” do país. de estados importantes (Montoro, em São Paulo; Brizola, no Rio
O sucessor de Figueiredo ainda seria escolhido indiretamente. de Janeiro; Tancredo Neves, em Minas Gerais), o PDS conseguiu
Só ao final de seu mandato é que seriam realizadas eleições diretas obter maioria no Congresso (Câmara e Senado) e no Colégio Elei-
para presidente. toral, que deveria eleger o sucessor de Figueiredo em 1984.
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CIÊNCIAS SOCIAIS
Os militares conseguiam assim criar as condições que garan- A campanha ganhava força. Novas manifestações ocorreram
tiam a continuidade da abertura na seqüência e no ritmo que deseja- no Rio de Janeiro, Belém, Belo Horizonte (250.000 pessoas). No
vam, bem como a transferência do poder aos civis de sua confiança. dia 10 de abril de 1984, foi convocada uma manifestação no Rio de
Janeiro, com o apoio de Brizola, que reuniu na praça da Candelária
A Resistência às Reformas Políticas de Figueiredo cerca de 1 milhão de pessoas. Era a maior manifestação pública
Assim como Geisel, o general Figueiredo teve de enfrentar resis- realizada em toda a história do país até aquela data. No dia 16
tência da linha-dura às reformas políticas que estavam em andamento. realizada no Anhangabaú, em São Paulo, uma manifestação que
As primeiras manifestações dos grupos que estavam descon- quebrou o recorde do Rio. Reuniu mais de 1,7 milhão de pessoas.
tentes com a abertura vieram em 1980. No final desse ano e no iní- Não havia dúvida. O povo brasileiro queria votar para presidente.
cio de 1981, bombas começaram a explodir em bancas de jornais O governo era contra. Figueiredo aparecia na televisão dizendo
que vendiam periódicos considerados de esquerda (Jornal Movi- que a eleição seria indireta. O governador da Bahia, Antônio Carlos
mento, Pasquim, Opinião etc.). Magalhães, Mário Andreazza (ministro dos Transportes de Figueire-
Uma carta-bomba foi enviada à OAB e explodiu nas mãos de do), Paulo Maluf, José Sarney, todos do partido do governo, o PDS,
uma secretária, matando-a. Havia desconfianças de que fora uma faziam de tudo para evitar que a campanha produzisse efeito no Con-
ação do DOI-Codi, mas nunca se conseguiu provar nada. gresso. Mário Andreazza, Paulo Maluf e Sarney disputavam a indi-
cação pelo PDS como candidatos a presidente no Colégio Eleitoral.
O Caso Riocentro As emissoras de televisão, principalmente a Rede Globo, ten-
Em abril de 1981, ocorreu uma explosão no Riocentro durante taram ignorar as manifestações públicas. Quem só se informava
a realização de um show de música popular. Dele participavam pelo Jornal Nacional teve a impressão de que a campanha das di-
inúmeros artistas considerados de esquerda pelo Regime. retas surgiu do nada. Quando as manifestações de rua superaram 1
Quando as primeiras pessoas, inclusive fotógrafos, se aproxi- milhão de pessoas, até a Globo teve de dar a notícia.
maram do local da explosão, depararam com uma cena dramática
e constrangedora. Um carro esporte (Puma) estava com os vidros, Finalmente, no dia 25 de abril de 1984, ocorreu a votação da
o teto e as portas destroçados. Havia dois homens no seu interior, emenda Dante de Oliveira. Foi derrotada. Faltaram 22 votos para
reconhecidos posteriormente como oficiais do Exército ligados ao atingir os dois terços necessários. Da bancada do PDS, 112 de-
DOI-Codi. O sargento, sentado no banco do passageiro, estava putados não compareceram ao Congresso, contrariando a vontade
morto, praticamente partido ao meio. A bomba explodira na altura popular, que se manifestara de forma cristalina nas ruas. Um pro-
de sua cintura. O motorista, um capitão, estava vivo, mas grave- fundo sentimento de frustração e impotência tomou conta do país.
mente ferido e inconsciente. O Congresso Nacional, que deveria expressar a vontade da
O Exército abriu um Inquérito Policial-Militar para apurar o nação, na verdade, agia de acordo com a vontade e as conveniên-
caso e, depois de muitas averiguações, pesquisas, tomadas de de- cias políticas de uma elite minoritária, mas que dominava o país.
poimentos, concluiu que a bomba havia sido colocada ali, dentro do O poder dessa elite advinha da força econômica, do controle que
carro e sobre as pernas do sargento do Exército, por grupos terroris- mantinha sobre o PDS, sobre vários políticos oportunistas e do
tas. Essa foi a conclusão da Justiça Militar, e o caso foi encerrado. comando que detinha dos meios de comunicação, especialmente
das emissoras de televisão.
A campanha das Diretas-já
As eleições de 1982, como dissemos, provocaram um clima As Articulações Políticas que Antecederam a Eleição Indi-
de euforia na oposição, pois ela fora muito bem votada, em espe- reta de Janeiro de 1985
cial o PMDB. Esse fortalecimento da oposição acabou motivando Derrotada a emenda das diretas, estava nas mãos do Colégio
o deputado Dante de Oliveira, do PMDB, a propor, em janeiro Eleitoral a escolha do novo presidente. Ele era composto por sena-
de 1983, uma emenda constitucional restaurando as eleições para dores, deputados federais e delegados de cada estado.
presidente da República em 1984. A iniciativa do deputado passou, O PMDB iria lançar um candidato. Desde meados de 1984, o
a princípio, despercebida. nome estava praticamente escolhido. Era o governador de Minas
Entretanto, progressivamente, sua proposta foi ganhando ade- Gerais, Tancredo Neves. Político moderado, ligado aos banquei-
sões importantes. Em março, o jornal Folha de S. Paulo resolveu, em ros, era um homem de confiança dos grupos conservadores, mas,
editorial,apoiar a emenda para as diretas. Em junho, reuniram-se no ao mesmo tempo, respeitado pela oposição. Faltava, entretanto,
Rio de Janeiro os governadores Franco Montoro e Leonel Brizola, definir quem seria o vice-presidente na chapa de Tancredo.
mais o líder do PT, Luís Inácio da Silva, para discutir como os parti- Do lado do PDS as coisas estavam cada vez mais complicadas.
dos políticos de oposição poderiam agir para aprovar a emenda das Três grupos políticos debatiam-se para conseguir a indicação do partido.
diretas. Vários governadores do PMDB assinaram um manifesto de O primeiro era liderado por Paulo Maluf; o segundo, por Má-
apoio. O PT e entidades da sociedade civil de São Paulo convoca- rio Andreazza; e o terceiro, por um grupo de políticos do Nordeste
ram uma manifestação de apoio à eleição direta. Ela reuniu cerca de liderado por José Sarney e Marco Maciel.
10.000 pessoas. A campanha começava a ganhar as ruas. Com a aproximação da convenção do PDS, Paulo Maluf, com
A seguir, ocorreram manifestações em Curitiba (40.000 pes- seu estilo autoritário, arrivista e arrogante, tinha grandes chances
soas), Salvador (15.000 pessoas), Vitória (10.000 pessoas), nova- de conseguir a indicação.
mente em São Paulo (200.000 a 300.000 pessoas). O Surgimento da Frente Liberal: José Sarney, Marco Ma-
Em fevereiro de 1984, Ulisses Guimarães (PMDB), Lula (PT) ciel, Antônio Carlos Magalhães e aliados já se sentiam derrota-
e Doutel de Andrade (PDT) saíram em caravana pelo Brasil, fazen- dos do PDS. Estavam também convencidos de que teriam pouca
do comícios nos estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Lula influência em um possível governo malufista. Criaram, então, a
começava a se firmar como liderança nacional. Frente Liberal, embrião do futuro PFL (Partido da Frente Liberal).
Didatismo e Conhecimento 81
CIÊNCIAS SOCIAIS
O Surgimento da Aliança Democrática les burocráticos da política econômica, a abertura da economia e
A Frente Liberal aliou-se ao PMDB, compondo uma frente o apoio às empresas brasileiras para se tornarem mais eficientes e
política para derrotar Maluf no Colégio Eleitoral. Surgiu a Aliança competitivas perante a concorrência externa.
Democrática, que apoiou a chapa Tancredo Neves (presidente), Plano Collor - No dia seguinte ao da posse, ocorrida em 15 de
pelo PMDB, e José Sarney (vice-presidente), pela Frente Liberal. março de 1990, o Presidente lançou seu programa de estabiliza-
Enquanto Maluf representava uma fração de elite econômica ção, o plano Collor, baseado em um gigantesco e inédito confisco
paulista, o leque de forças políticas que sustentavam a Aliança De- monetário, congelamento temporário de preços e salários e refor-
mocrática era muito maior. Ela juntava o maior partido de oposição, mulação dos índices de correção monetária. Em seguida, tomou
o PMDB, lideranças de Minas Gerais e as principais expressões po- medidas duras de enxugamento da máquina estatal, como a demis-
líticas conservadoras dos estados nordestinos. Além disso, tais lide- são em massa de funcionários públicos e a extinção de autarquias,
ranças, como José Sarney e Antônio Carlos Magalhães, eram polí- fundações e empresas públicas. Ao mesmo tempo, anunciou pro-
ticos da confiança de Roberto Marinho, proprietário da Rede Globo vidências para abrir a economia nacional à competição externa, fa-
de Televisão. Ou seja, o apoio desses políticos à candidatura Tan- cilitando a entrada de mercadorias e capitais estrangeiros no país.
credo trouxe junto o apoio da Rede Globo. Maluf estava derrotado. Os planos de modernização econômica e de reforma admin-
Alguns militares acusaram os dissidentes do PDS, que for- sitrativa são bem recebidos, em geral. As elites políticas e empre-
maram a Frente Liberal, de traidores. Tiveram como resposta que sariais apoiaram a desregulamentação da economia e a redução da
traição era apoiar um corrupto como Maluf. Entre xingamentos e intervenção estatal no setor.
agressões verbais, os meses finais de 1984 expiraram. Corrupção - Mas, já em 1991, as dificuldades encontradas
pelo plano de estabilização, que não acabou com a inflação e au-
Pós Regime Militar mentou a recessão, começaram a minar o governo. Circulam sus-
peitas de envolvimento de ministros e altos funcionários em uma
A Vitória da Aliança Democrática e a posse de Sarney grande rede de corrupção. Até a primeira-dama, Rosane Collor,
dirirgente da LBA, foi acusada de malversação do dinheiro públi-
Em 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral elegeu Tancre- co e de favorecimento ilícito a seus familiares.
do Neves, primeiro presidente civil em 20 anos. Ele obteve 275 As suspeitas transformaram-se em denúncias graças a uma
votos do PMDB (em 280 possíveis), 166 do PDS (em 340 possí- intensa campanha da imprensa. Em 25 de abril de 1992, Pedro
veis), que correspondiam à dissidência da Frente Liberal, e mais Collor, irmão do Presidente, deu uma explosiva entrevista à revista
39 votos espalhados entre os outros partidos. No total foram 480 “Veja”. Nela, falou sobre o “esquema PC” de tráfico de influência
contra 180 do candidato derrotado. O PT, por não concordar com e de irregularidades financeiras organizadas pelo empresário Paulo
as eleições indiretas, não participou da votação. César Farias, amigo de Collor e caixa de sua campanha eleitoral.
A posse do novo presidente estava marcada para 15 de mar- A reportagem teve enorme repercussão e a partir daí surgiram no-
ço. Um dia antes, entretanto, Tancredo Neves foi internado com vas revelações sobre irregularidades no governo. Em 26 de maio,
diverticulite. Depois de várias operações, seu estado de saúde se o Congresso nacional instalou uma Comissão Parlamentar de In-
agravou, falecendo no dia 21 de abril de 1985. quérito (CPI) para apurar as denúncias de irregularidades. Logo
Com a morte do presidente eleito, assumiu o vice, José Sar- depois, a revista “ISTOÉ” publicou uma entrevista de Eriberto
ney. Figueiredo se negou a lhe entregar a faixa presidencial, dan- França, motorista da secretária de Collor, Ana Acioli. Ele confir-
do-a a Ulisses Guimarães, presidente da Câmara, e este empossou mou que as empresas de PC faziam depósitos com regularidade
Sarney. Por caminhos tortuosos, o presidente acabou saindo mes- nas contas fantasmas movimentadas pela secretária. Essas infor-
mo do PDS. mações atingiram diretamente o Presidente.
Por uma dessas ironias da história, os militares tiveram de en- Impeachment - Surgiram manifestações populares em todo
tregar o poder ao homem que, dias antes, acusaram de traidor. o país. Os estudantes organizaram diversas passeatas pedindo o
Hostilidades pessoais a parte, a transição completou-se e, ape- Impeachment do Presidente. Depois de um penoso processo de
sar das dificuldades, foi coroada de sucesso, pois o poder voltou às apuração e confirmação das acusações e da mobilização de am-
mãos dos civis, mas dos civis confiáveis, daqueles que não repre- plos setores da sociedade por todo o país, o Congresso Nacional,
sentavam ameaça aos interesses enraizados no decorrer de 20 anos pressionado pela população, votou o impeachment (impedimento)
de regime militar. presidencial. Primeiramente, o processo foi apreciado na Câmara
dos deputados, em 29 de setembro de 1992, e, depois, no Sena-
Collor do Federal, em 29 de dezembro de 1992. O Parlamento decidiu
afastar Collor do cargo de Presidente da República e seus direitos
Primeiro governo civil brasileiro, eleito por voto direto desde políticos são cassados por oito anos. Foi também denunciado pela
1960. Foi também o primeiro escolhido dentro das regras da Cons- Procuradoria-Geral da República pelos crimes de formação de
tituição de 1988, com plena liberdade partidária e eleição em dois quadrilha e de corrupção.
turnos. Collor, ex-governador de Alagoas, político jovem e com Itamar Franco assumiu a presidência após o Impeachment de
amplo apoio das forças conservadoras, derrotou no segundo turno Fernando Collor de Mello de forma interina entre outubro e de-
da eleição, Luiz Inácio “Lula” da Silva, migrante nordestino, ex- zembro de 92, e em caráter definitivo em 29 de dezembro de 1992.
metalúrgico e destacado líder da esquerda. O Brasil vivia um dos momentos mais difíceis de sua história: re-
Entre suas promessas da campanha estão a moralização da cessão prolongada, inflação aguda e crônica, desemprego, etc. Em
política e o fim da inflação. Para as elites, ofereceu a moderni- meio a todos esses problemas e o recém Impeachment de Fernando
zação econômica do país consoante a receita do neoliberalismo. Collor de Mello, os brasileiros se encontravam em uma situação de
Prometeu a redução do papel do Estado, a eliminação dos contro- descrença geral nas instituições e de baixa auto-estima.
Didatismo e Conhecimento 82
CIÊNCIAS SOCIAIS
O novo presidente se concentrou em arrumar o cenário que en- Apesar das várias crises externas que impactaram a economia
contrara. Itamar procurou realizar uma gestão transparente, algo tão brasileira durante o período, graças à continuidade do Plano Real a
almejado pela sociedade brasileira. Para fazer uma gestão tranqüi- inflação se manteve baixa, na casa de um dígito percentual anual,
la, sem turbulências, procurou o apoio de partidos mais à esquerda. e assim continuou pelos anos seguintes.
Em Abril de 1993, cumprindo com o previsto na Constituição, o
governo fez um plebiscito para a escolha da forma e do sistema Oposição versus Governo
de governo no Brasil. O povo decidiu manter tudo como estava:
escolheu a República (66% contra 10% da Monarquia) e o Presi- No Congresso Nacional, as oposições, que taxavam as políticas
dencialismo (55% contra 25% do Parlamentarismo). governamentais de “neoliberais”, não tiveram forças para se opor,
No governo de Itamar Franco foi elaborado o mais bem-suce- mas seguiram acusando o governo de defender os interesses do ca-
dido plano de controle inflacionário da Nova República: o Plano pital estrangeiro, de transferir para a iniciativa privada o patrimônio
Real. Montado pelo seu Ministro da Fazenda, Fernando Henrique público, de eliminar direitos trabalhistas e de prosseguir com uma
Cardoso, o plano visava criar uma unidade real de valor (URV) política econômica que prejudicava as camadas mais pobres.
para todos os produtos, desvinculada da moeda vigente, o Cruzeiro O governo Fernando Henrique Cardoso rebateu as críticas,
Real. Desta forma, cada URV correspondia a US$ 1. Posterior- demonstrando que foram implementadas uma série de políticas
mente a URV veio a ser denominada “Real”, a nova moeda brasi- sociais de transferência de renda para as populações mais pobres,
leira. O Plano Real foi eficiente, já que proporcionou o aumento do através de programas como o bolsa-escola, o vale-gás e o bolsa-a-
poder de compra dos brasileiros e o controle da inflação. limentação.
Mesmo tendo sofrido as conseqüências das investigações da Avanços significativos foram alcançados nas áreas da educa-
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Congresso Nacional, ção, saúde (com a distribuição gratuita de medicamentos contra a
entre 1993 e 1994, em virtude de denúncias de irregularidades no AIDS e a criação dos remédios genéricos, vendidos a preços bai-
desenvolvimento do Orçamento da União, Itamar Franco terminou xíssimos) e principalmente na questão agrária (com a implementa-
seu mandato com um grande índice de popularidade. Uma prova ção de um sólido programa de reforma agrária).
disso foi o seu bem-sucedido apoio a Fernando Henrique Cardoso Apesar disso, durante toda a gestão Fernando Henrique Car-
na sucessão presidencial. doso, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
promoveu por todo o país numerosas manifestações e invasões de
propriedades agrárias, produtivas e improdutivas.
Fernando Henrique
Estabilidade Política e Governabilidade
Fernando Henrique Cardoso ocupou o cargo de ministro da
Apesar das críticas dos partidos de oposição às alianças polí-
Fazenda no governo Itamar Franco. A estabilidade econômica e
ticas do governo, foi a forte base parlamentar de apoio a Fernando
o controle da inflação alcançadas por meio do Plano Real abriram
Henrique Cardoso que contribuiu decisivamente para a estabilida-
caminho para sua candidatura à Presidência da República, efetiva- de política, um dos traços importantes da gestão FHC, pois, além
da pela aliança partidária formada, majoritariamente, pelo Partido de assegurar a governabilidade, consolidou a jovem e frágil demo-
da Social Democracia Brasileira (PSDB) e o Partido da Frente Li- cracia brasileira.
beral (PFL, depois transformado em Partido Democratas).
Fernando Henrique, sociólogo e respeitado intelectual, elegeu- Reeleição
se presidente no primeiro turno com 55 % dos votos válidos. Popu-
larmente chamado de FHC, assumiu a presidência em 1º de janeiro Contando com maioria parlamentar, o governo conseguiu que
de 1995. A ampla aliança partidária que sustentou a candidatura e o Congresso Nacional aprovasse uma Emenda constitucional per-
o governo possibilitou ao novo presidente contar com uma sólida mitindo a reeleição do presidente da República. Desse modo, FHC
base de apoio parlamentar. Isso permitiu a continuidade da política disputou o pleito de 1998.
econômica e a aprovação de inúmeras reformas constitucionais. A aprovação da emenda da reeleição sofreu severas críticas
da oposição, que acusou o governo de FHC de compra de votos de
Continuidade do Plano Real e Reforma do Estado membros do Legislativo federal, o que jamais foi provado. Hou-
ve tentativas, por parte dos partidos oposicionistas, de abertura
No que se refere às reformas, o governo conseguiu que o de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar
Congresso Nacional aprovasse a quebra dos monopólios estatais as denúncias. Não obstante, os governistas conseguiram barrar a
nas áreas de comunicação e petróleo, bem como a eliminação de abertura da chamada “CPI da compra de votos”.
restrições ao capital estrangeiro. A ampla política de privatização FHC conseguiu se reeleger novamente em primeiro turno,
de empresas estatais renovou o país, por exemplo, nas áreas de contando com o apoio das mesmas forças políticas que sustenta-
telefonia e de extração e comercialização de minérios. ram seu primeiro mandato. A aliança política congregava o PSDB,
O governo também cuidou que projetos de mudanças mais o PFL e parte do PMDB.
consistentes na estrutura e no funcionamento do Estado brasileiro Um dos trunfos da propaganda eleitoral do governo para ree-
fossem encaminhados a partir da discussão das reformas tributá- leger FHC foi a defesa da manutenção da política econômica. E, de
ria e fiscal, da previdência social e dos direitos trabalhistas. O ar- fato, o governo prosseguiu com o programa de privatizações das
gumento era de que essas reformas e mudanças administrativas empresas estatais e com o Plano Real.
tinham por objetivo fomentar a modernização das estruturas esta- Um dos pontos centrais para a manutenção da estabilidade
tais, a fim de sustentar o desenvolvimento econômico e a integra- econômica duradoura foi o controle dos gastos públicos. Foi visan-
ção do país no mercado mundial. do a esse objetivo que o governo FHC aprovou, em maio de 2000,
Didatismo e Conhecimento 83
CIÊNCIAS SOCIAIS
a Lei de Responsabilidade Fiscal. Tal Lei impede que prefeitos e vitória de Lula sobre os demais candidatos não foi suficiente para
governadores, e também o governo federal, gastem mais do que a lhe dar o cargo. Na segunda rodada da disputa, o ex-operário e reti-
capacidade de arrecadação prevista no orçamento dos municípios, rante nordestino conseguiu realizar um feito histórico na trajetória
dos Estados e da União. política do país.
A manutenção do Plano Real e das elevadas taxas de juros, as Lula se tornou presidente do Brasil e sua trajetória de vida
metas de ajustes fiscais e o controle dos gastos governamentais, fazia com que diversas expectativas cercassem o seu governo. Se-
contudo, não conseguiram dar conta de suprir lacunas deixadas ria a primeira vez que as esquerdas tomariam controle da nação.
pelas administrações anteriores. No entanto, seu governo não se resume a essa simples mudança.
No setor elétrico, por exemplo, os baixos investimentos e a Entre as primeiras medidas tomadas, o Governo Lula anunciou um
ocorrência de longa estiagem levaram ao colapso das centrais hi- projeto social destinado à melhoria da alimentação das populações
drelétricas, ameaçando o país com o chamado “apagão”. O racio- menos favorecidas.
namento de energia elétrica foi imposto e a economia brasileira Estava lançada a campanha “Fome Zero”. Essa seria um dos
sofreu um período de leve estagnação.
diversos programas sociais que marcaram o seu governo. A ação
assistencialista do governo se justificava pela necessidade em sa-
Reorganização das Oposições
nar o problema da concentração de renda que assolava o país. Tal
No primeiro mandato governamental, Fernando Henrique
Cardoso conseguiu conter a oposição e aprovar com facilidade medida inovadora foi possível graças à continuidade dada às polí-
projetos políticos e reformas constitucionais. Porém, no segundo ticas econômicas traçadas durante a Era FHC. O combate à infla-
mandato, o presidente teve maior dificuldade de governar devido à ção, a ampliação das exportações e a contenção de despesas foram
reorganização das oposições. algumas das metas buscadas pelo governo.
No Congresso Nacional, o Partido dos Trabalhadores (PT) A ação política de Lula conseguiu empreender um desenvol-
liderava a oposição. O PT articulou os movimentos sociais e sin- vimento historicamente reclamado por diversos setores sociais. No
dicais e as esquerdas de modo geral, formando uma ampla frente entanto, o crescimento econômico do Brasil não conseguiu se des-
de oposição parlamentar. O MST continuou a pressionar o gover- vencilhar de práticas econômicas semelhantes às dos governos an-
no, invadindo propriedades agrárias e ocupando sedes de órgãos teriores. A manutenção de determinadas ações políticas foram alvo
governamentais. Em muitas ocasiões, as invasões desencadearam de duras críticas. No ano de 2005, o governo foi denunciado por
conflitos armados no campo. As centrais sindicais, também in- realizar a venda de propinas para conseguir a aprovação de determi-
fluenciadas pelo PT, promoveram diversas marchas e manifesta- nadas medidas. O esquema, que ficou conhecido como “Mensalão”,
ções em defesa de reajustes e aumentos salariais. instaurou um acalorado debate político que questionava se existia
algum tipo de oposição política no país. Em meio a esse clima de
Vitória da Oposição indefinição das posições políticas, o governo Lula conseguiu vencer
Ao se aproximar o pleito que escolheria o sucessor de Fernan- uma segunda disputa eleitoral. O novo mandato de Lula é visto hoje
do Henrique Cardoso, o governo apoiou a candidatura do ministro mais como uma tendência continuísta a um quadro político estável,
da saúde, José Serra, do PSDB, em aliança com o PMDB. Os ou- do que uma vitória dos setores de esquerda do Brasil.
tros candidatos que disputaram o pleito foram: Luiz Inácio Lula da Independente de ser um governo vitorioso ou fracassado, o Go-
Silva (PT / Pc do B / PL / PMN / PCB), Anthony Garotinho (PSB verno Lula foi uma importante etapa para a experiência democrática
/ PGT / PTC), Ciro Gomes (PPS / PDT / PTB), José Maria de Al- no país. De certa forma, o fato de um partido formalmente conside-
meida (PSTU) e Rui Costa (PCO). rado de esquerda ascender ao poder nos insere em uma nova etapa
Nenhum obteve índice de votação suficiente para se eleger do jogo democrático nacional. Mesmo ainda sofrendo com o proble-
no primeiro turno. Os dois candidatos mais votados foram Luiz ma da corrupção, a chegada de Lula pode dar fim a um pensamento
Inácio Lula da Silva e José Serra. No segundo turno das eleições,
político que excluía a chegada de novos grupos ao poder.
Lula obteve 61,3 % dos votos; e José Serra, 38,7 %. Eleito o novo
presidente, Fernando Henrique Cardoso organizou a transição de
Dilma Vana Rousseff – Presidenta do Brasil
modo a facilitar o acesso antecipado da nova administração às in-
formações relevantes ao exercício do governo, fato até então iné-
dito na história do país. Dilma tomou posse em 1 de janeiro de 2011, no plenário do
Congresso Nacional, em Brasília. Ela foi empossada juntamente
Luís Inácio Lula da Silva com o vice-presidente, Michel Temer. A cerimônia foi conduzida
pelo então presidente do Senado Federal, José Sarney. Ela leu o
No ano de 2002, as eleições presidenciais agitaram o con- compromisso oficial de “manter, defender e cumprir a Constitui-
texto político nacional. Os primeiros problemas que cercavam o ção, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro,
governo FHC abriram brechas para que Lula chegasse ao poder sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil”. O
com a promessa de dar um outro rumo à política brasileira. O de- vice-presidente, Michel Temer, leu o mesmo termo de posse.
senvolvimento econômico trazido pelo Plano Real tinha trazido No seu discurso de posse, Dilma declarou seu compromisso
grandes vantagens à população, entretanto, alguns problemas com de erradicar a miséria no Brasil e de criar oportunidades para to-
o aumento do desemprego, o endividamento dos Estados e a distri- dos. Ela também enfatizou a importância da eleição de uma mulher
buição de renda manchavam o bloco governista. para o cargo e desejou que esse fato abrisse as portas para outras
Foi nesse contexto que Lula buscou o apoio de diversos seto- mulheres no futuro. Prosseguiu agradecendo ao ex-presidente Lula
res políticos para empreender uma chapa eleitoral capaz de agra- e fez menção especial a José Alencar, que não pôde comparecer à
dar diferentes setores da sociedade brasileira. No primeiro turno, a posse devido à internação hospitalar. Completou seu pronuncia-
Didatismo e Conhecimento 84
CIÊNCIAS SOCIAIS
mento lembrando que ainda era preciso uma longa evolução do Minas e Energia, onde permaneceu até 2005, quando foi nomeada
país nos aspectos político e econômico, ressaltando também a re- ministra-chefe da Casa Civil, em substituição a José Dirceu, que
levância do Brasil no cenário internacional. renunciara ao cargo após o chamado escândalo do mensalão.
Em abril de 2007, Dilma já era apontada como possível candi- Em 2009, foi incluída entre os 100 brasileiros mais influentes do
data à presidência da República. No mês seguinte, Dilma afirmou ano, pela Revista Época e, em novembro do ano seguinte, a Revista
que era simpática à ideia. Em outubro do mesmo ano, jornais es- Forbes classificou-a como a 16ª pessoa mais poderosa do mundo.
trangeiros, como o argentino La Nación e o espanhol El País, já
indicavam que ela era um nome forte à sucessão de Lula, que pas- Repercussão Internacional
sou a fazer uma superexposição de Dilma para testar seu potencial
como candidata. Em abril de 2008, a The Economist indicava que Durante sua campanha eleitoral, a possibilidade de eleição de
sua candidatura não parecia ainda viável, pois era pouco conheci- Dilma Rousseff recebeu destaque em vários periódicos internacionais.
da, ainda que fosse a ministra mais poderosa de Lula. Para o britânico The Independent, em matéria publicada sobre a
Em dezembro de 2008, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva candidata, a sua eleição “marca o desmantelamento final do ‘Estado
disse que jamais conversara com Dilma Rousseff sobre sua possí- de segurança nacional’, um arranjo que os governos conservadores
vel candidatura para as eleições presidenciais de 2010, dizendo ter nos Estados Unidos e na Europa já viram como seu melhor artifício
apenas insinuado. Para Lula, Dilma é a “pessoa mais gabaritada” para manter um status quo podre, que manteve uma vasta maioria na
para sucedê-lo. Em outubro de 2009, Dilma e Lula foram acusados América Latina na pobreza, enquanto favorecia seus amigos ricos”,
pela oposição de estarem fazendo propaganda eleitoral antes do sendo ela uma candidata que “não se constrange com o passado de
prazo durante visitas feitas pelo Presidente às obras de Transpo- guerrilha urbana, que incluiu o combate a generais e a temporada
sição do Rio São Francisco. O episódio ganhou mais notoriedade na prisão como prisioneira política”. Disse também que, caso eleita,
quando o então Presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar tornar-se-á “a mulher mais poderosa do mundo”.
Mendes, comentou o caso. O jornal espanhol El País caracterizou Dilma como “uma gran-
Sua candidatura foi oficializada em 13 de junho de 2010, em de gestora, mulher mais de ação do que de pensamento” e poste-
convenção nacional do Partido dos Trabalhadores realizada em riormente, ao estimar que o candidato do PSDB José Serra pode
Brasília-DF. Foi também referendado o nome do atual presidente sofrer uma “derrota humilhante” nas urnas, pôs em questão o apare-
da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP) como seu cimento de escândalos levantados por outros candidatos às vésperas
vice. Sua candidatura foi apoiada por figuras famosas como Chico das eleições: “milhares de brasileiros sonhavam com uma campanha
Buarque, Beth Carvalho, Alceu Valença, Elba Ramalho, Emir Sa- eleitoral sem sobressaltos e centrada nas propostas dos candidatos,
der, Oscar Niemeyer, Leonardo Boff, e Marilena Chauí. mas mais uma vez o jogo sujo está eclipsando o debate político”.
Dilma Vana Rousseff nasceu em Belo Horizonte, 14 de de- A candidata, que é descendente de búlgaros, recebeu uma re-
zembro de 1947. É uma economista e política brasileira, filiada ao portagem de duas páginas do mais importante periódico da Bulgá-
Partido dos Trabalhadores (PT). Durante o governo do presidente ria, o Trud, e vários jornalistas de meios de comunicação do país
Luiz Inácio Lula da Silva, assumiu a chefia do Ministério de Minas comentam com empolgação a possibilidade uma filha de búlgaro
e Energia, e posteriormente, da Casa Civil. Em 2010, o resultado ser eleita presidente do Brasil. Durante sua campanha o país expe-
de segundo turno, em 31 de outubro, fez com que Dilma se tornas- rimentou uma espécie de “febre” e interesse por Dilma.
se a primeira mulher a ser eleita para o posto de chefe de Estado, e
também de governo, em toda a história do Brasil. Programa de Governo
Nascida em família de classe média alta, interessou-se pelos
ideais socialistas durante a juventude, logo após o Golpe Militar Segundo informações divulgadas pelo jornal O Estado de S.
de 1964. Iniciando na militância, integrou organizações que de- Paulo, o programa de governo de Dilma Rousseff registrado no
fendiam a luta armada contra o regime militar, como o Comando TSE em 06 de julho de 2010, uma formalidade exigida pela legis-
de Libertação Nacional (COLINA) e a Vanguarda Armada Re- lação, contemplou duas versões em questão de algumas horas. Ini-
volucionária Palmares (VAR-Palmares). Passou quase três anos cialmente o partido registrou um papelório com 19 páginas, todas
presa entre 1970 e 1972, primeiramente na Operação Bandeirante rubricadas pela candidata, com temas controversos como controle
(Oban), onde teria passado por sessões de tortura, e, posteriormen- da mídia, aborto e invasão de terras. Horas depois, uma segunda
te, no Departamento de Ordem Política e Social (DOPS). versão, sem os temas mais controversos – classificados como ra-
Reconstruiu sua vida no Rio Grande do Sul, onde, junto a dicais por diversos meios de comunicação, como a Folha de S.
Carlos Araújo, seu companheiro por mais de trinta anos, ajudou Paulo, o jornal O Globo e a revista Veja, foi enviada para substituir
na fundação do Partido Democrático Trabalhista (PDT) e partici- o primeiro, esse assinado por advogados procuradores do PT. Ain-
pou ativamente de diversas campanhas eleitorais. Exerceu o car- da segundo o jornal, a assessoria da candidata teria afirmado que
go de secretária municipal da Fazenda de Porto Alegre de 1985 a tanto ela quanto José Eduardo Dutra (presidente do partido) assi-
1988, no governo Alceu Collares. De 1991 a 1993 foi presidente naram a versão sem ler o que estava escrito. Indagada, Dilma res-
da Fundação de Economia e Estatística e, mais tarde, foi secretária pondeu que “Nós não concordamos com a posição expressa (sobre
estadual de Minas e Energia, de 1999 a 2002, tanto no governo de controle da mídia, aborto e invasão de terras)”. “Tem coisas do PT
Alceu Collares como no de Olívio Dutra, no meio do qual se filiou com as quais concordamos, coisas com as quais não concordamos,
ao Partido dos Trabalhadores (PT) em 2001. e assim nos outros partidos também”.
Em 2002, participou da equipe que formulou o plano de gover- Dilma foi a primeira candidata a presidência a receber multa
no de Luiz Inácio Lula da Silva para a área energética. Posterior- eleitoral por propaganda irregular na eleição de 2010. A primeira
mente, nesse mesmo ano, foi escolhida para ocupar o Ministério de multa, de cinco mil reais, foi em 13 de maio de 2010, após o TSE
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analisar o programa partidário veiculado pelo PT em dezembro de cupação era manter a estabilidade econômica. No dia 3 de novem-
2009 e considerar que houve propaganda antecipada em favor de bro, ela concedeu sua primeira entrevista no Palácio do Planalto e
Dilma. A segunda infração ocorreu dia 10 de abril de 2010, na sede ressaltou que os critérios políticos não eram os mais importantes
do Sindicato dos Metalúrgicos. A terceira multa, também no valor para escolha de ministros. Nesse pronunciamento, ela abordou vá-
de cinco mil reais, foi aplicada no dia 8 de julho de 2010. rios assuntos, declarando que pretendia um aumento do salário-mí-
No dia 13 de julho, a ministra do Tribunal Superior Eleitoral nimo para 600 reais em 2011, que ainda necessitaria da CPMF, que
Nancy Andrighi multou mais uma vez a candidata em seis mil reais. não pactuaria com as invasões do MST, que iria dialogar com o Irã
No dia 20 de julho uma representação impetrada pelo Ministério sem abrir mão da defesa dos direitos humanos, que daria combate
Público Eleitoral foi acatada pelo ministro Henrique Neves, e outra à guerra cambial internacional e que previa crescimento de 8 por
multa de cinco mil reais foi aplicada à presidenciável. No mesmo cento da economia no ano de 2011.
dia, outra multa de 5 mil reais foi aplicada à candidata. A sétima Na segunda semana de novembro, após uma breve folga, Dil-
punição foi dada no dia 22 de julho e teve o valor de 4 mil reais. ma retornou ao trabalho com o compromisso de acompanhar o
Por propaganda antecipada, Dilma já contabiliza sete multas, presidente Lula na reunião do G20, com os seguintes temas agen-
totalizando trinta e três mil reais de débito com a justiça. dados: desenvolvimento, energia, proteção do ambiente marinho,
mudança do clima e combate à corrupção. Embora ainda não fosse
Vitória presidente, ela recebeu convite formal do governo da Coreia do
Sul, país-sede do evento em 2010.
No dia 31 de outubro de 2010, Dilma Rousseff foi eleita presi- Em 18 de novembro, o presidente do PT José Eduardo Dutra
dente do Brasil, cargo a ser ocupado pela primeira vez na história anunciou que o único ministério a ser criado no governo Dilma
do país por uma mulher. Obteve 55.752.529 votos, que contabili- seria o da micro e pequena empresa. A presidente eleita se reuniu
zaram 56,05% do total de votos válidos. com a equipe de transição, membros do governo e representantes
No discurso, tratou de diversos temas, tais quais a valorização da sociedade civil no Centro Cultural Banco do Brasil e anunciou
da democracia, a liberdade de imprensa, a liberdade religiosa e que iria aumentar o número de beneficiados e o valor do bolsa-fa-
sobretudo as mulheres. Disse ainda que seu governo iria manter mília, cobrindo 750 mil famílias com a inclusão de quem não pos-
a inflação sob controle, melhorar os gastos públicos, simplificar a
sui filhos e ganha entre 70 e 140 reais. Marcelo Neri, da Fundação
tributação e melhorar os serviços públicos para a população.
Getúlio Vargas, disse que, para erradicar a pobreza, meta do go-
Dilma Rousseff escolheu a Rede Record para conceder sua
verno Dilma, seriam necessários 21 bilhões de reais por ano, que
primeira entrevista após a vitória das urnas. Ela respondeu às
deveriam ser aplicados não só em programas assistenciais, como
perguntas das jornalistas Ana Paula Padrão e Adriana Araújo em
também em saúde e educação.
Brasília, edição que elogiou por ter sido entrevistada justamente
Em 24 de novembro, foi anunciado que a presidente eleita
por mulheres. A presidente também foi a primeira eleita demo-
craticamente, desde o fim do regime militar no Brasil, a dar uma escolheu Guido Mantega para o Ministério da Fazenda, Miriam
entrevista que não fosse para a Rede Globo. E, durante a conversa, Belchior para o Ministério do Planejamento e Alexandre Tombini
Dilma ainda anunciou que a Record seria a primeira a noticiar o para a direção do Banco Central.
novo ministério escolhido pela presidente. Em 3 de dezembro, mais três ministros foram anunciados:
No começo de novembro de 2010, Dilma iniciou sua prepara- Antonio Palocci para a Casa Civil, José Eduardo Cardozo para o
ção para assumir o cargo de presidente da República, reafirmando a Ministério da Justiça e Gilberto Carvalho para a Secretaria-Geral
necessidade de ampliação de programas-chave da gestão Lula, como da Presidência. O novo ministro da Justiça disse que a meta do go-
o Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida e ProUni (Universidade verno seria a segurança pública e também melhorar a vigilância de
para Todos), totalizando treze diretrizes de governo. O gabinete de fronteiras, os serviços de inteligência e a Polícia Federal. Segundo
transição ganhou um orçamento de 2,8 milhões de reais e funcio- ele, é preciso unir governadores e prefeitos no enfrentamento do
nou no Centro Cultural Banco do Brasil. A coordenação coube ao crime organizado.
ministro interino da Casa Civil, Carlos Eduardo Esteves Lima, em Em 6 de dezembro, Dilma confirmou a permanência de Nél-
conjunto com coordenadores designados pela presidente eleita. son Jobim no Ministério da Defesa. Ele daria continuidade à Po-
Um decreto do presidente Lula garantiu que o gabinete tivesse lítica Nacional de Defesa e ao reaparelhamento das Forças Arma-
acesso irrestrito a dados do atual governo relativos a contas públi- das, bem como pressionaria o Congresso para aprovar a Estratégia
cas do governo federal, à estrutura organizacional da administra- Nacional de Defesa. Os militares foram favoráveis a Jobim porque
ção pública, à implementação, ao acompanhamento e ao resultado ele se posicionou contra a revisão da Lei de Anistia.
dos programas e ações de órgãos públicos e ministérios e a assun- Em 8 de dezembro, o senador Garibaldi Alves Filho foi con-
tos que requeressem adoção de providências da administração no firmado para o Ministério da Previdência Social. Ele disse que era
primeiro quadrimestre do novo governo. favorável ao fim do fator previdenciário, mas que não advogava
Em nota divulgada no dia 2 de novembro, a presidente elei- uma reforma na previdência social e que o mais importante era um
ta disse que a coordenação política da equipe de transição ficaria a choque de gestão capaz de reduzir os gastos do INSS e eliminar
cargo do vice-presidente eleito Michel Temer, do presidente do PT, seu déficit. No mesmo dia, a presidente Dilma escolheu outros dez
José Eduardo Dutra, e dos deputados federais Antonio Palocci e José ministros: o senador Edison Lobão para o Ministério de Minas e
Eduardo Cardozo. Seria uma equipe de cinquenta pessoas eminen- Energia; Wagner Rossi para o Ministério da Agricultura; o depu-
temente técnica e todos os partidos da base aliada foram ouvidos. tado Pedro Novais para o Ministério do Turismo; o ex-governador
Quanto ao anúncio dos ministros, Dilma disse em entrevista do Rio de Janeiro Moreira Franco para a Secretaria de Assuntos
ao Jornal Nacional que isso seria feito em blocos e segundo crité- Estratégicos; a senadora Ideli Salvatti para o Ministério da Pesca;
rios exclusivamente técnicos. Disse também que sua maior preo- a deputada Maria do Rosário para a Secretaria de Direitos Huma-
Didatismo e Conhecimento 86
CIÊNCIAS SOCIAIS
nos; Paulo Bernardo para o Ministério das Comunicações; Alfredo era uma idéia antiga, e que só uma pessoa que “parou no tem-
Nascimento para o Ministério dos Transportes; e a jornalista Hele- po” poderia pensar em defender os produtores brasileiros perante
na Chagas para a Secretaria de Comunicação Social. a concorrência estrangeira. E com todas essas idéias, a oligarquia
Em 15 de dezembro, mais quatro ministros foram anuncia- decidiu então abandonar o que ainda restava do modelo econômico
dos: Antonio Patriota para o Ministério das Relações Exteriores; anterior e adotar um novo modelo o Neoliberalismo.
Nélson Jobim, já confirmado anteriormente, para o Ministério da
Defesa; Fernando Pimentel para o Ministério do Desenvolvimen- Política Econômica Incentivou Privatizações
to, Indústria e Comércio Exterior; e Aloizio Mercadante para o
Ministério da Ciência e Tecnologia. No dia seguinte, outros três No governo Collor, no início da década de 1990, os produtos
ministros foram apresentados: Fernando Haddad para o Ministério importados passaram a invadir o mercado brasileiro, com a redu-
da Educação, Carlos Lupi para o Ministério do Trabalho e Izabella ção dos impostos de importação. A oferta de produtos cresceu e
Teixeira para o Ministério do Meio Ambiente. os preços de algumas mercadorias caíram ou se estabilizaram. Os
No dia 20 de dezembro, Dilma oficializou mais sete nomes: efeitos iniciais destas medidas indicavam que o governo estava no
Alexandre Padilha para o Ministério da Saúde; Ana de Hollanda caminho certo, ao debelar a inflação que havia atingido patamares
para o Ministério da Cultura; Tereza Campello para o Ministério elevados no final da década de 1980 e início da década de 1990,
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Mário Negromon- mas isso durou pouco tempo.
te para o Ministério das Cidades; Luiza Helena de Bairros para a Ao mesmo tempo, o governo passou a incentivar os inves-
Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial; timentos externos no Brasil mediante incentivos fiscais e priva-
Orlando Silva de Jesus Júnior para o Ministério do Esporte; e Luís tização das empresas estatais. No entanto, estes investimentos
Inácio Adams para a Advocacia Geral da União. chegaram um pouco mais tarde, dado o receio dos investidores
No dia 21 de dezembro, mais cinco ministros foram apresen- frente à instabilidade econômica do país naquele momento. O pro-
tados: Fernando Bezerra Coelho para o Ministério da Integração cesso acelerado de abertura econômica, mais intenso no governo
Nacional; General José Elito Carvalho para o Gabinete de Segu- Fernando Henrique Cardoso, fez com que muitas empresas não
ranç Institucional; Luiz Sérgio para a Secretaria de Relações Insti- conseguissem se adaptar às novas regras de mercado, levando-as à
tucionais; Leônidas Cristino para a Secretaria Especial de Portos; falência ou a vender seu patrimônio.
e Jorge Hage para a Controladoria-Geral da União. Os dois últimos Muitas multinacionais compraram essas empresas nacionais
membros da equipe ministerial foram conhecidos em 22 de de- ou associaram-se a elas. Em apenas uma década as multinacionais
zembro: Afonso Florence para o Ministério do Desenvolvimento mais que dobraram sua participação na economia brasileira.
Agrário e Iriny Lopes para a Secretaria Especial de Políticas para O governo Lula não mudou a orientação da política econômi-
as Mulheres. ca do governo que o antecedeu.
A presidente eleita e seu vice-presidente, Michel Temer, fo-
ram diplomados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em sole- O Processo de Privatização
nidade realizada no dia 17 de dezembro de 2010, na sede do TSE, Nem todos países incorporaram plenamente as idéias neolibe-
em Brasília, com a presença de 250 convidados, entre parentes e rais. A China e a Índia, por exemplo, países que têm obtido grande
políticos. Dilma disse que irá “honrar as mulheres, cuidar dos mais sucesso econômico nas últimas décadas, adotaram uma abertura
frágeis e governar para todos”. Os diplomas foram confeccionados restrita e gradual. Nesses países, os investimentos produtivos das
na Casa da Moeda do Brasil. multinacionais foram realizados em associações com empresas na-
cionais. Mas não foi este o caminho seguido pelo Brasil.
Brasil Neoliberal Aqui, a concessão para exploração do sistema de transportes, o
fim da proibição da participação estrangeira nos setores de comunica-
O modelo neoliberal só foi introduzido no Brasil pelo fracasso ção e o fim do monopólio da Petrobrás para a exploração de petróleo e
do modelo econômico anterior, que era a industrialização por subs- a privatização de setores estratégicos ligados à energia e à mineração,
tituição de importações, com forte participação estatal. Esse mo- foram medidas adotadas pelo país em curto espaço de tempo.
delo começou a ser colocado em prática no governo de Vargas, e O argumento favorável a essas políticas é de que as estatais
só foi adotado, visando superar as graves dificuldades geradas pela eram improdutivas, davam prejuízo, estavam endividadas, eram
crise de 1929, que levou o sistema agrário-exportador brasileiro ao cabides de emprego, um canal propício à corrupção e sobreviviam
colapso. O resultado desse modelo econômico, entre 1930 e 1964, somente devido aos subsídios governamentais. Mas as principais
transformou o Brasil num dos “campeões mundiais” de crescimen- empresas privatizadas, como são os casos da Companhia Vale do
to econômico. Esse crescimento econômico só foi possível com a Rio Doce e da Companhia Siderúrgica Nacional, eram empresas
união de três elementos que eram: a expansão do setor industrial, a lucrativas e competitivas.
intervenção do estado na economia e o populismo. Não são poucas as críticas sobre a venda do patrimônio pú-
Quando o populismo deixou de existir com o golpe de 1964, o blico. Uma delas aponta ao fato de que o dinheiro arrecadado pelo
modelo havia perdido uma de suas bases, e com isso todo o sistema Estado brasileiro, através da privatização, foi emprestado pelo
que havia feito o Brasil crescer deixou de existir. A oligarquia que BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e So-
controlava o Brasil decidiu então, que ter uma política econômica cial). Isto é, o governo financiou a juros baixos as empresas que
de industrialização só causava danos ao país; que o importante não ele próprio vendeu.
era o crescimento econômico, mas sim a estabilidade monetária; Os recursos captados com o processo de privatização deve-
que defender as empresas nacionais era um pensamento próprio de riam servir para diminuir a dívida pública (toda as dívidas do setor
pessoas atrasadas e tentar preservar o emprego de quem trabalha público, incluindo governo (federal, estadual e municipal) e em-
Didatismo e Conhecimento 87
CIÊNCIAS SOCIAIS
presas estatais, com empréstimos e emissões de títulos de dívida de transportes e telecomunicações fazendo com que o mundo
negociados a prazo e juros definidos). Mas seu objetivo foi invia- “encurtasse” as distâncias. No passado, para a realização de uma
bilizado em pouco tempo. A política de juros altos para conter a viagem entre dois continentes eram necessárias cerca de quatro se-
inflação e atrair investimentos externos levou a uma elevação da manas, hoje esse tempo diminuiu drasticamente. As inovações tec-
dívida em valores superiores aos conseguidos com a venda das nológicas, principalmente nas telecomunicações e na informática,
empresas estatais. promoveram esse processo. A partir da rede de telecomunicação
O Brasil está entre os países que, desde as primeiras décadas (telefonia fixa e móvel, internet, televisão, aparelho de fax, entre
do século XX (mais especificamente a partir dos anos 30), realizou outros) foi possível a difusão de informações entre as empresas
um esforço contínuo e sistemático para alcançar o desenvolvimen- e instituições financeiras, ligando os mercados do mundo.
to econômico, por meio da intervenção do Estado nessa área. É Os principais agentes da globalização da produção são as gran-
importante notar que a iniciativa antecedeu até mesmo o “New des corporações multinacionais. Segundo dados apresentados no re-
Deal” do presidente Roosevelt, nos Estados Unidos, conforme ele latório da UNCTAD, em 1998 já havia cerca de 50 mil corporações
mesmo reconheceu, e as ações de vários países, assessorados pela transnacionais, com 450 mil filiais espalhadas pelo mundo. O pro-
Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), cesso de globalização estreitou as relações comerciais entre os paí-
criada pela ONU no pós-guerra. Entre 1930 e 1954, em dois perío- ses e as empresas. As multinacionais ou transnacionais contribuíram
dos governamentais descontínuos, o governo Getúlio, a despeito para a efetivação do processo de globalização, tendo em vista que
de ações polêmicas, entre elas a decretação da ditadura do Estado essas empresas desenvolvem atividades em diferentes territórios.
Novo, não apenas organizou o Estado brasileiro, como criou a in- Outra faceta da globalização é a formação de blocos econômi-
fraestrutura industrial que permitiria períodos de desenvolvimento cos, que buscam se fortalecer no mercado que está cada vez mais
e crescimento nas décadas seguintes. competitivo. A globalização envolve países ricos, pobres, peque-
Do ponto de vista econômico, a economia do Brasil evoluiu, nos ou grandes e atinge todos os setores da sociedade, e por ser
entre 1930 e 1954 (época marcada pela organização política, pela um fenômeno tão abrangente, ela exige novos modos de pensar e
modernização agrícola, pela implantação das indústrias de base enxergar a realidade. Não podemos negar que a globalização faci-
dos dois governos de Getúlio Vargas, permeados pelo governo Du- lita a vida das pessoas, por exemplo o consumidor foi beneficia-
tra) do estágio agrícola-pastoril para o industrial. A partir daí, foi
do, pois podemos contar com produtos importados mais baratos
possível ao governo de Juscelino Kubitscheck realizar uma admi-
e de melhor qualidade, porém ela também pode dificultar. Uma
nistração marcada pelo desenvolvimentismo, com a proposta de
das grandes desvantagens da globalização é o desemprego. Muitas
crescer 50 anos em 5.
empresas aprenderam a produzir mais com menos gente, e para tal
Desse ponto em diante tornou-se possível a ênfase dada ao
feito elas usavam novas tecnologias fazendo com que o trabalha-
crescimento econômico durante os governos militares, quando a
dor perdesse espaço.
economia brasileira, expandindo-se com velocidade maior que a
Não podemos esquecer também que, hoje em dia, é essencial
do Japão, conquistou o 8º lugar do mundo apesar da crise social.
Sob a égide da Constituição de 1988, que havia entrado em o conhecimento da língua inglesa. O inglês, que ao longo dos anos
vigor durante o governo Sarney, marcando a redemocratização se tornou a segunda língua de quase todos nós, é exigido em qua-
do país, o Brasil foi colhido pela vaga neoliberal que invadiu o se todos os campos de trabalho, desde os mais simples como um
mundo ocidental, com a ascensão dos governos Reagan, nos EUA, gerente de hotel até o mais complexo, como um grande empresá-
e Margareth Thatcher na Inglaterra. Mais ou menos nessa época, rio que fecha grandes acordos com multinacionais. Para encarar
uma emissora brasileira de televisão exibiu um documentário em todas estas mudanças, o cidadão precisa se manter atualizado e
que, ao presidir uma reunião ministerial, a Dama de Ferro abriu informado, pois estamos vivendo em um mundo em que a cada
um livro escrito pelo teórico neoliberal Friedrich Hayeck e disse momento somos bombardeados de informações e descobertas no-
aos presentes: “Quero adotar em meu governo o que está escrito vas em todos os setores, tanto na música, como na ciência, na me-
aqui”. No Brasil, chegava ao poder o governo Collor de Mello. Em dicina e na política.
sua primeira viagem ao exterior, ele se encontrou, em Washington,
EUA, com líderes políticos e autoridades monetárias e, em Lon- A Globalização Capitalista: A integração da economia mun-
dres, Inglaterra, fez questão de posar ao lado da primeira ministra dial não é uma tendência pós-Guerra Fria: é uma característica do
inglesa. O neoliberalismo chegava ao Brasil, mas, devido à crise capitalismo que Karl Marx, o pai do socialismo científico, já havia
que se abateu sobre o governo, foi posto em quarentena. Findo o identificado no século XIX. O que de fato muda com o fim da
governo de Itamar Franco, que completou o mandato do presidente Guerra Fria, da corrida armamentista, da divisão bipolar do mundo
afastado, o modelo foi aqui adotado, dentro das diretrizes emana- entre os Estados Unidos e a União Soviética é que essa integração
das do Consenso de Washington. ganhou dimensões nunca antes experimentadas. A globalização,
Foi uma era marcada pela não intervenção do Estado na eco- como se convencionou denominar essa integração, não se dá ape-
nomia, seguida por privatizações de empresas estatais, o que obs- nas no nível da macroeconomia. Mas é, sem dúvida, a macroeco-
tou avanços econômicos e, neste século vem causando crises de nomia regida pelo grande capital, que não se submete ao pleito
grandes dimensões, como as das bolsas de valores. popular e é muitas vezes impermeável à democracia. Talvez seja
a utopia do capital como bandeira anti-socialista que une mundo
Globalização central e mundo periférico.
Impossível pensar, hoje, em dois ou três mundos. É equivoca-
A globalização é um fenômeno econômico, social, cultural e do pensar no mundo pobre e no mundo rico separadamente. São
político entre diferentes países visando a integração entre os po- faces diferentes de um mesmo sistema, o capitalista. As crises nas
vos. É oriunda de evoluções ocorridas, principalmente, nos meios bolsas de valores, na Ásia, nos Estados Unidos, na Europa e no
Didatismo e Conhecimento 88
CIÊNCIAS SOCIAIS
Brasil mostram isso. Sem exceção, nos países atingidos pela crise população manifestar-se a respeito de suas necessidades, tornando
– na verdade todos, em maior ou menor proporção – o Estado teve -a co-autora da ação do Estado que efetivamente a representaria,
de intervir a fim de salvaguardar a estabilidade da economia, o que possibilitou, no entanto, a eclosão de sentimentos nacionalistas,
beneficiou a todos, com certeza, mas onerou significativamente a sufocados duramente durante a Guerra Fria. A reestruturação da
camada mais pobre da população, que arcará, no mundo inteiro, economia, que redirecionaria a ação do planejamento estatal para
com o ônus do desemprego. o setor civil, fez vir à tona o que de fato era sabido pelo governo e
O neoliberalismo, aí, não valeu. É claro que, se não houvesse pela sociedade soviética: que o planejamento estatal fora um fra-
a intervenção do Estado na economia – e isso aconteceu não só casso, se não em sua totalidade, pelo menos devido à consolidação
no Brasil, mas nos Estados Unidos, no Japão, na Alemanha, no da burocracia e da maquiagem dos resultados que o Estado procu-
Reino Unido, na França, nos Tigres Asiáticos, enfim em um grande rou contabilizar politicamente.
número de países – a crise teria sido pior. Mas também devemos O caos econômico, associado à instabilidade política, efeitos
nos ater ao fato de que, se toda crise nos possibilita pensar em colaterais do processo de modernização do país, levaram a URSS
soluções e nos aprimorarmos, o Estado tem de estar de prontidão. ao fim em 1991. E diante da necessidade de manutenção da in-
Se ante a ameaça de colapso do sistema o milagre neoliberal não tegração econômica das ex-repúblicas soviéticas, visto que ainda
funcionou, devemos então pensar que ressuscitar essa prática po- não gozavam de autonomia nesse setor para se inserirem no mer-
lítico-econômica fracassada no século passado não é a solução; ou cado internacional, criou-se a CEI – Comunidade dos Estados In-
então teremos de arcar com as consequências da ressurreição de dependentes, que tinha também como atributo o monitoramento do
propostas que na prática não surtiram o efeito desejado, criticadas arsenal da ex-URSS.
atualmente até por aqueles que só conhecem fatos isolados da His-
tória. A nova ordem internacional do fim dos anos 80 parece não se Os Países Pós-Socialistas: Efetivamente a CEI nasceu morta.
ter consolidado, pelo menos do ponto de vista político. Do ponto de vista econômico, as ex-repúblicas soviéticas toma-
ram rumos não necessariamente concordantes. O fato é que pouco
A nova ordem é multipolar: A ordem que se estabeleceu com resta hoje do que já foi a segunda maior economia do mundo. As
o fim da Guerra Fria e com a dissolução do socialismo real, inicial- crises se sucedem. A Rússia, detentora da maior parcela do arse-
mente no Leste Europeu, com a desintegração da URSS, e depois nal da ex-URSS, vive uma crise sem precedentes. A incerteza na
no restante do mundo, colocou em xeque a situação vigente a partir sucessão do presidente Boris Yeltsin torna os investidores exter-
do fim da Segunda Guerra Mundial, caracterizada pela bipolariza- nos temerosos. A política econômica do Estado russo não dá conta
ção do mundo, sob o ponto de vista político-ideológico, que tinha das garantias exigidas pelo mercado internacional para a completa
como expoentes os Estados Unidos, à frente do mundo capitalista, inserção do país. O rublo desvaloriza-se a cada dia. O Estado já
dito “Mundo Livre”, e a URSS, no comando do mundo socialista, pediu uma moratória. Além disso, movimentos nacionalistas eclo-
embora não de forma unânime, haja vista as dissidências na postu- dem em constante tensão – caso da Chechênia e, mais recentemen-
ra de países como a China, a Iugoslávia e a Albânia. te, do Daguestão.
Nela, o mundo está dividido em áreas de influência econô- No resto do países que outrora se admitiam socialistas, a si-
mica. As alianças militares perderam o sentido, pelo menos no tuação não é muito diferente. Na Europa, alguns como a Hungria,
que se refere à oposição ao bloco político-ideológico antagônico. a Polônia e a República Checa vislumbram a possibilidade de in-
Hoje, tem lugar a expansão das alianças econômicas: União Euro- gressar na UE – União Europeia; outros como as ex-repúblicas
peia, Nafta, ALCA, Mercosul, APEC. No contexto da economia soviéticas Casaquistão, Uzbequistão e Quirguízia veem seus go-
globalizada, os blocos econômicos são um grande impulso para a vernos ameaçados pela expansão do islamismo. A Coreia do Norte
otimização do crescimento econômico integrado. Os Estados-Na- e Cuba amargam embargos econômicos que impedem tentativas
ção perderam espaço para a ação das transnacionais. Extinguiu-se mais concretas de ingressar no mundo sem fronteiras. Enfim, im-
o embate direita-esquerda, característico do confronto leste-oeste plodiu-se o mundo socialista, ou mais propriamente o socialismo
que permeou a Guerra Fria. real, deixando órfãos e sem orientação os partidos de esquerda;
Se é possível identificar o início dessas transformações, sem alguns até sucumbiram à proposta neoliberal.
dúvida ele tem lugar em meados da década de 80, quando Mikhail
Gorbachev assumiu o poder na URSS. Com o planejamento estatal O Neoliberalismo do Primeiro Mundo: Na Europa Ocidental,
em crise desde o fim dos anos 70, com a Guerra Fria absorvendo o fim do socialismo significou a aparente vitória do neoliberalis-
quase 1/3 de seu orçamento, diante da não-adesão da população mo. No início dos anos 90 a política da Europa do Oeste inclinou-
aos planos quinquenais, e com o comprometimento da máquina es- se para propostas com menor participação do Estado, atribuindo
tatal com a cultura que se criou ao redor da corrupção, Gorbachev ao mercado a solução de muitos problemas. Afortunadamente, a
entendeu serem necessárias mudanças no país. Essas mudanças população desses países entendeu muito rápido que essa política
abrangeriam as esferas política e econômica. Era também necessá- neoliberal traria o retrocesso, e as grandes perdas seriam sentidas
rio acabar com a Guerra Fria e abrir a economia do país aos inves- na área social. Na segunda metade da década de 90, a tendência
timentos externos, com os quais se poderia reorientar a tecnologia, neoliberal foi desbancada politicamente na Alemanha, na Fran-
sofisticada no setor militar, para o incipiente setor civil. A URSS ça, na Itália e na Inglaterra. A globalização que derruba fronteiras
tinha a capacidade de lançar mísseis intercontinentais e de manter poderia desestabilizar a economia da Europa unida e colocá-la à
uma estação espacial em órbita, mas era absolutamente incapaz de mercê do capital especulativo internacional, criando espaço para a
produzir automóveis ou eletrodomésticos de qualidade. ação maior de capitais americanos.
Diante dessas necessidades, Gorbachev deu início a um amplo A nova ordem internacional acabou com um sem-número de
processo de abertura política – glasnost – e de reestruturação da conflitos diretamente ligados à ação das superpotências; mas fez
economia – perestroika. A abertura política, que possibilitaria à surgir outros, na sua maioria de origem étnica, religiosa e nacional,
Didatismo e Conhecimento 89
CIÊNCIAS SOCIAIS
que durante a Guerra Fria foram mantidos em estado latente, pois
poderiam ameaçar a hegemonia das superpotências sobre deter-
minados países ou regiões. Entre os países capitalistas, a despeito 4.9 ASPECTOS HISTÓRICOS DO
de ter-se pronunciado ainda mais a diferença entre ricos e pobres, ESTADO DE ALAGOAS:
agora Norte-Sul, vale a abertura dos mercados, o fim de restrições COLONIZAÇÃO, POVOAMENTO,
comerciais e a implantação de um comércio mais amplo, sob a égi- SOCIEDADE E INDUSTRIAS.
de da OMC – Organização Mundial do Comércio, que substituiu o
GATT – General Agreement of Taxes and Trading (Acordo Geral
de Tarifas e Comércio).
A palavra de ordem é a inserção no mercado mundial. Os ca- A história de Alagoas se inicia antes do descobrimento do Bra-
pitais estão cada vez mais livres e, perante uma variada gama de sil, quando o atual território do estado era povoado pelos índios
possibilidades de investimentos, deslocam-se facilmente de um caetés. A costa do atual Estado de Alagoas, reconhecida desde as
país para outro, de uma economia menos atraente para outra mais primeiras expedições portuguesas, desde cedo também foi visitada
atraente, até que uma outra surja, num fluxo contínuo de investi- por embarcações de outras nacionalidades para o escambo de pau
mentos que se movimentam ao sabor dos ventos da economia. -brasil (Caesalpinia echinata).
Quando da instituição do sistema de Capitanias Hereditárias
O Neoliberalismo nos Países Emergentes: No entanto, os (1534), integrava a Capitania de Pernambuco, e a sua ocupação re-
efeitos alucinantes do mercado livre, das múltiplas possibilidades monta à fundação da vila do Penedo (1545), às margens do rio São
de investimento e de integração econômica acarretaram a atual Francisco, pelo donatário Duarte Coelho Pereira, que incentivou a
crise mundial. Os países emergentes, como os Tigres Asiáticos, fundação de engenhos na região. Palco do naufrágio da Nau Nossa
a Rússia, e o Brasil, sucumbiram à mobilidade do capital interna- Senhora da Ajuda e subsequente massacre dos sobreviventes, entre
cional. Dependentes de investimentos externos, esses países foram os quais o Bispo D. Pero Fernandes Sardinha, pelos Caeté (1556),
obrigados a abrir suas economias e seu mercado consumidor. No o episódio serviu de justificativa para a guerra de extermínio mo-
entanto, a concorrência dos produtos importados frente aos nacio- vida contra esse grupo indígenas pela Coroa portuguesa. Ao se ini-
nais abalou o parque industrial dos países do sul, exceção feita aos ciar o século XVII, além da lavoura de cana-de-açúcar, a região de
Tigres Asiáticos. Seus governos, por sua vez, não responderam ao Alagoas era expressiva produtora regional de farinha de mandioca,
chamado neoliberal de atribuir cada vez mais ao mercado o equa- tabaco, gado e peixe seco, consumidos na Capitania de Pernam-
cionamento das questões sociais. Endividadas e com máquinas ad- buco. Durante as invasões holandesas do Brasil (1630-1654), o
ministrativas inoperantes do ponto de vista político e monetário, seu litoral se tornou palco de violentos combates, enquanto que,
essas economias quebraram. nas serras de seu interior, se multiplicaram os quilombos, com os
O smart money – o “dinheiro esperto”, ou seja, o capital espe- africanos evadidos dos engenhos de Pernambuco e da Bahia. Pal-
culativo internacional – não vê nesses países amplas possibilida- mares, o mais famoso, chegou a contar com vinte mil pessoas no
des de se reproduzir. Para evitar a fuga desses capitais, essenciais seu apogeu. Constituiu-se em a Comarca de Alagoas em 1711, e
para a manutenção de seu tênue desenvolvimento, os países do sul foi desmembrado da Capitania de Pernambuco (Decreto de 16 de
queimam suas reservas cambiais, elevam as taxas de juros, agra- setembro de 1817), em consequência da Revolução Pernambucana
vam seus problemas sociais internos, ampliam as desigualdades, daquele ano. O seu primeiro governador, Sebastião Francisco de
mas mantêm os investimentos externos, que não tardarão a exigir Melo e Póvoas, assumiu a função a 22 de janeiro de 1819.
mais e mais capitais, em mero processo de especulação. O mun- Durante o Brasil Império (1822-1889), sofreu os reflexos de
do sem fronteiras amplia as desigualdades. Isso está expresso no movimentos como a Confederação do Equador (1824) e a Caba-
relatório das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano. nagem (1835-1840).
Os países ricos enriquecem ainda mais, enquanto os países pobres A Lei Provincial de 9 de dezembro de 1839 transferiu a capital
perdem suas reservas e são obrigados a se sujeitar cada vez mais da Província da cidade de Alagoas (hoje Marechal Deodoro), para
às determinações do mercado financeiro. a vila de Maceió, então elevada a cidade. A primeira Constituição
Com a globalização da economia, há a perspectiva de uma do Estado foi assinada em 11 de junho de 1891, em meio a graves
maior integração no sentido de cooperação entre os países; mas agitações políticas que assinalaram o início da vida republicana.
existem os excluídos – nações que não constituem Estados nacio- Os dois primeiros presidentes da República do Brasil, Deodoro da
nais. A globalização não dá conta do nacionalismo, que surge na Fonseca e Floriano Peixoto, nasceram no estado.
defesa de interesses de nações apartadas do direito a um território,
o que faz eclodir inúmeros conflitos políticos, étnicos, religiosos Primeiras notícias
e até mesmo tribais. No mundo global não há espaço para aque-
las nações que, por mais justa que seja sua reivindicação, não se Barra Grande deve ter sido o primeiro ponto do território das
constituíram como Estado e não são, portanto, economicamente Alagoas visitado pelos descobridores, por ocasião da viagem de
viáveis. A globalização é o que o capitalismo quer, independen- Américo Vespúcio, em 1501. Embora não haja referência àquele
temente do desenvolvimento, da integração real e da mutualidade porto, excelente para a acolhida de navios, como a expedição vi-
entre os povos. nha do norte para o sul, cabe crer que tenha ocorrido ali o primeiro
contato com a terra alagoana. A 29 de setembro Vespúcio assinalou
um rio a que chamou São Miguel, no território percorrido; a 4 de
outubro denominou São Francisco o rio então descoberto, hoje li-
mite de Alagoas com Sergipe. Sem sombra de dúvida, nas décadas
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CIÊNCIAS SOCIAIS
seguintes, os franceses andaram pela costa alagoana, no tráfico do landeses do território alagoano, em setembro de 1645, prossegue a
pau-brasil com os selvagens dos arredores. Até hoje o porto do população em sua luta contra eles, já agora, todavia, em território
Francês documenta a presença, ali, daquele povo. pernambucano.
Duarte Coelho, primeiro donatário da capitania de Pernambu- Em fins do século XVII intensificam-se as lutas contra os
co, realizou uma excursão ao sul; não há documentos que a com- quilombos negros reunidos nos Palmares. Frustradas as primeiras
prove, mas há evidências de que tenha sido realizada em 1545 e tentativas de Domingos Jorge Velho, sobretudo em 1692, dois anos
de que dela resulte a fundação de Penedo, às margens do rio São depois o quilombo é derrotado, com o ataque simultâneo de três
Francisco. Em 1556, voltava da Bahia para Portugal o bispo dom colunas: uma, dos paulistas de Domingos Jorge; outra, de pernam-
Pero Fernandes Sardinha, quando seu navio naufragou defronte da bucanos, sob o comando de Bernardo Vieira de Melo; e a terceira,
enseada do hoje pontal do Coruripe. Sardinha foi morto e devora- de alagoanos, comandados por Sebastião Dias. Palmares começara
do pelos caetés, uma das numerosas tribos indígenas então existen- a formar-se ainda nos fins do século XVI, e resistiu a sucessivos
tes na região. Perdura a crença popular de que a ira divina secou e ataques durante quase um século.
esterilizou todo o chão manchado pelo sangue do religioso. Para Um dos maiores redutos de escravos foragidos do Brasil colo-
vingá-lo, Jerônimo de Albuquerque comandou uma expedição nial, Palmares ocupava inicialmente a vasta área que se estendia,
guerreira contra os caetés, destruindo-os quase completamente. coberta de palmeiras, do cabo de Santo Agostinho ao rio São Fran-
Em 1570, uma segunda bandeira enviada por Duarte Coelho, cisco. A superfície do quilombo, progressivamente reduzida com
comandada por Cristóvão Lins, explorou o norte de Alagoas, onde o passar do tempo, concentrar-se-ia, em fins do século XVII, na
fundou Porto Calvo e cinco engenhos, dos quais subsistem dois, ainda extensa região delimitada pelas vilas de Una e Serinhaém,
o Buenos Aires e o Escurial. Neste último repousou, em 1601, o em Pernambuco, e Porto Calvo, Alagoas e São Francisco (Pene-
corsário inglês Anthony Knivet, que viajara por terra após fugir da do), em Alagoas. Os escravos haviam organizado no reduto um
Bahia, onde estivera prisioneiro dos portugueses. verdadeiro estado, segundo os moldes africanos, com o quilombo
constituído de povoações diversas (mocambos), pelo menos 11,
A Guerra Holandesa governadas por oligarcas, sob a chefia suprema do rei Ganga-Zum-
ba. A partir de 1667, amiudaram-se as entradas contra os negros, a
No princípio do século XVII, Penedo, Porto Calvo e Alagoas princípio com a finalidade de recapturá-los, em seguida com a de
já eram freguesias, admitindo-se que tais títulos lhes tivessem sido conquistar as terras de que se haviam apoderado. As investidas do
conferidos ainda no século anterior. Foram vilas, porém, em 1636. sargento-mor Manuel Lopes (1675) e de Fernão Carrilho (1677)
Repousando a economia regional na atividade açucareira, torna- seriam desastrosas para os quilombolas, obrigados a aceitar a paz
ram-se os engenhos de açúcar os núcleos principais da ocupação em condições desfavoráveis. Apesar desse revés, a luta prossegui-
da terra. A partir de 1630, Alagoas, atingida pela invasão holande- ria, liderada por Zumbi, sobrinho de Ganga-Zumba, contra cujas
sa, teve povoados, igrejas e engenhos incendiados e saqueados. Os hostes aguerridas, em seguida a uma primeira expedição punitiva,
portugueses reagiram duramente. Batidos por sucessivos reveses, em 1679, e a diferentes entradas sem maiores consequências, se
os holandeses já desanimavam, pensando em retirar-se, quando voltaria finalmente o bandeirante paulista Domingos Jorge Velho,
para eles se passa o mameluco Domingos Fernandes Calabar, de para tanto contratado pelo governador de Pernambuco, João da
Porto Calvo. Grande conhecedor do terreno, orientou os holande- Cunha Souto Maior. Nos primeiros meses de 1694, aliado a des-
ses em uma nova expedição a Alagoas. Os invasores aportaram à tacamentos alagoanos e pernambucanos, sob o comando, respec-
Barra Grande, de onde passaram a vários pontos, sempre com bom tivamente, de Sebastião Dias e Bernardo Vieira de Melo, Velho
êxito. Em Santa Luzia do Norte, a população, prevenida, ofere- liquidaria a derradeira resistência do quilombo. Zumbi lograria
ceu resistência. Após encarniçada peleja, os holandeses recuaram escapar, arregimentando novos combatentes, mas, traído, ver-se-ia
e retornaram a Recife. Mas, caindo em seu poder o arraial do Bom envolvido por forças inimigas, com cerca de vinte de seus homens,
Jesus, entre Recife e Olinda, obtiveram várias vitórias. perecendo em luta, a 20 de novembro de 1695. Desaparecia, após
Alagoas, Penedo e Porto Calvo: eis os pontos principais onde mais de sessenta anos, o quilombo dos Palmares, “o maior protesto
se trava a luta em terras alagoanas. Por fim, os portugueses reto- ao despotismo que uma raça infeliz traçou à face do mundo”, no
maram Porto Calvo e aprisionaram Calabar, que morreu na forca dizer de Craveiro Costa.
em 1635.
Clara Camarão, uma porto-calvense de sangue indígena, tam- Criação da comarca
bém se salientou na luta contra os holandeses. Acompanhou o ma-
rido, o índio Filipe Camarão, em quase todos os lances e arregi- Já então apresentavam as Alagoas indícios de prosperidade e de-
mentou outras mulheres, tomando-lhes a frente. senvolvimento, quer do ponto de vista econômico, quer do cultural.
Sua principal riqueza era o açúcar, sendo além disso produzi-
Palmares dos, embora em menor escala, mandioca, fumo e milho; couros,
peles e pau-brasil eram exportados. As matas abundantes forne-
Por volta de 1641, afirmava um chefe holandês estar quase ciam madeira para a construção de naus. Nos conventos de Pene-
despovoada a região. Maurício de Nassau pensou em repovoá do e das Alagoas os franciscanos mantinham cursos e publicavam
-la, mas o projeto não foi adiante. Na época também se produzia sermões e poesias. Tudo isso justificou o ato régio de 9 de outubro
fumo em Alagoas, considerado de excelente qualidade o de Barra de 1710, criando a comarca das Alagoas, que somente se insta-
Grande. Em 1645, a população participou da reação nacionalista, lou em 1711. Daí em diante, a organização judiciária restringia
integrando-se na luta sob o comando de Cristóvão Lins, neto e o arbítrio feudal dos senhores, e até o dos representantes da me-
homônimo do primeiro povoador de Porto Calvo. Expulsos os ho- trópole. A comarca desenvolvia-se. Já em 1730 o governador de
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Pernambuco, propondo a el-rei a extinção da decadente capitania setembro de 1892, a fundação da Companhia Progresso Alagoano,
da Paraíba, assinalava a prosperidade de Alagoas, com seus qua- em Cachoeira. Dessa atividade têxtil surgiram, com grande prestí-
se cinquenta engenhos, dez freguesias, e apreciável renda para o gio nacional, as toalhas da Alagoana.
erário real. Ao lado do açúcar, incrementou-se a cultura do algo- O ensino recebeu incentivo com a instalação em 1849, do Li-
dão. Seu cultivo foi introduzido na década de 1770; em 1778, já se ceu Alagoano, destinado ao nível médio; é hoje o Colégio Esta-
exportavam para Lisboa amostras de algodão tecido nas Alagoas. dual de Alagoas. O ensino primário, já beneficiado em 1864 pelo
Em Penedo e Porto Calvo, fabricava-se pano ordinário, para uso, estabelecimento de uma escola normal, hoje funcionando sob a
sobretudo, de escravos. Em 1754, frei João de Santa Ângela publi- denominação de Instituto de Educação, recebeu expressivo impul-
cou, em Lisboa, seu livro de sermões e poesias; é a primeira obra so com a criação de novas escolas. Com a fundação, em 1869,
de um alagoano. A população crescia, distribuindo-se em várias do Instituto Arqueológico e Geográfico Alagoano, hoje Instituto
atividades. Um cômputo demográfico mandado realizar em 1816 Histórico e Geográfico de Alagoas, desenvolveram-se os estudos
pelo ouvidor Antônio Ferreira Batalha registrava uma população históricos e geográficos. Do final do império ao início da repúbli-
de 89.589 pessoas. ca, incrementou-se o movimento para a construção de engenhos
centrais e aperfeiçoamento técnico da fabricação de açúcar, o que
Capitania Independente iria dar origem às usinas, a primeira delas constituída, todavia, já
no período republicano.
Três anos depois, em 1819, novo recenseamento acusou uma Os movimentos abolicionista e republicano dos últimos anos
população de 111 973 pessoas. Contavam-se, então, na provín- da monarquia atingiriam a província, o primeiro deles através da
cia, oito vilas. Alagoas já se constituíra capitania independente da Sociedade Libertadora Alagoana e dos jornais Gutenberg e Lin-
de Pernambuco, criada pelo alvará de 16 de setembro de 1817. coln. A campanha abolicionista mobilizou a intelectualidade ala-
A repercussão da Revolução Pernambucana desse ano contribuiu goana, sem entretanto chegar aos excessos da violência. Profes-
para facilitar o processo de emancipação. O ouvidor Batalha foi o sores e jornalistas atraíram a mocidade para a campanha, e após
principal mentor da gente alagoana. Aproveitando-se da situação a abolição, em 1888, foi um mestre como Francisco Domingues
e infringindo as próprias leis régias, desmembrou a comarca da da Silva que teve a iniciativa da criação de um instituto de ensino
jurisdição de Pernambuco e nela constituiu um governo provisó- profissional, destinado aos filhos dos ex-escravos.
rio. Esses atos foram suficientes para abrir caminhos que levaram
D. João a sancionar o desmembramento. Sebastião Francisco de República
Melo e Póvoas, governador nomeado, só assumiu o governo a 22
de janeiro de 1819. O movimento republicano, intensificado pela abolição, tradu-
Acentuou-se a partir de então o surto de prosperidade de Ala- ziu-se nas atividades da imprensa e clubes de propaganda. O mais
goas. Em 17 de agosto de 1831 apareceu o Íris Alagoense, pri- importante destes foi o Centro Republicano Federalista, também,
meiro jornal publicado na província, assim considerada a partir da de certo, o mais antigo; outros foram o Clube Federal Republicano
independência do Brasil e organização do império. É certo que os e o Clube Centro Popular Republicano Maceioense, ambos exis-
primeiros anos de independência não foram fáceis. Uma sequência tentes na capital no momento da proclamação. No interior havia
de movimentos abalou a vida provincial: em 1824, a Confedera- igualmente outros clubes de propaganda. O Gutenberg era o órgão
ção do Equador; em 1832-1835, a Cabanada; em 1844, a rebelião de imprensa mais veemente na difusão da ideia republicana. No
conhecida como Lisos e Cabeludos; em 1849, a repercussão da mesmo dia em que, no Rio de Janeiro, era proclamada a república,
revolução praieira. em Maceió assumia a presidência o Dr. Pedro Ribeiro Moreira,
último delegado do governo imperial para a província. Confirmada
Mudança da capital a mudança do regime, organizou-se a princípio uma junta gover-
nativa, mas a 19 de novembro o marechal Deodoro designou o
Em 1839 a capital, então situada na velha cidade das Alagoas, irmão, Pedro Paulino da Fonseca, para governar o novo estado.
foi transferida para a vila de Maceió, localizada à beira-mar, no Foi ele também o primeiro governador eleito após promulgada a
caminho entre o norte, o centro e o sul da província. No processo constituição estadual, em 12 de junho de 1891.
de mudança defrontaram-se as duas facções políticas mais impor- Perturbados e incertos decorreram os primeiros dez anos de
tantes, uma chefiada pelo mais tarde visconde de Sinimbu, outra vida republicana, na província. Governos se sucediam, nomeados
pelo juiz Tavares Bastos, pai do futuro pensador Tavares Bastos, pelo poder central ou eleitos pelo povo, mas quase sempre subs-
nascido, aliás, nesse ano de 1839. Naquele momento a província tituídos ou depostos. Constituíram-se várias juntas governativas,
possuía oito vilas. Desde 1835 funcionava a assembleia provincial. numa ou noutra oportunidade. Somente no fim do século XIX, ou
No governo da província sucediam-se os presidentes nomea- melhor, já nos primeiros anos do século XX, a situação se conso-
dos pelo imperador, nem sempre interessados pelos destinos da lidou com os governos do barão de Traipu e de Euclides Malta,
terra, outras vezes envolvidos por lutas partidárias. o primeiro da chamada “oligarquia Malta”, que se prolongou até
A província, contudo, progredia. No campo da economia, vale 1912. Euclides governou de 1900 a 1903; sucedeu-lhe o irmão,
salientar a fundação, em 1857, da primeira fábrica alagoana de te- Joaquim Paulo, no período de 1903 a 1906; Euclides voltou ao
cidos, a Companhia União Mercantil, no distrito de Fernão Velho. poder de 1906 a 1909, e, reelegendo-se nesse ano, permaneceu por
Idealizou-a o barão de Jaraguá, contribuindo dessa forma para o mais um triênio, até 1912.
fomento da economia regional. Trinta anos mais tarde, fundou-se Os 12 primeiros anos do século se assinalaram por lutas par-
a Companhia Alagoana de Fiação e Tecidos, que em 15 de outu- tidárias. Contudo, não houve paralisação nas diferentes atividades
bro de 1888 se instalou em Rio Largo. Seguiu-se a esta, em 30 de do estado. Maceió ganhou numerosos prédios públicos, como o
Didatismo e Conhecimento 92
CIÊNCIAS SOCIAIS
palácio do governo, inaugurado a 16 de setembro de 1902, o Teatro As atividades intelectuais também se desenvolveram, não ape-
Deodoro e o edifício da municipalidade, ainda hoje existentes. Com nas com o Instituto Histórico, mas ainda com a criação da Academia
a atividade pedagógica de Alfredo Rego, procedeu-se à reforma do Alagoana de Letras, em 1919, e a formação de centros literários de
ensino, atualizando a anterior, ainda dos fins do império, orienta- jovens como a Academia dos Dez Unidos, o Cenáculo Alagoano de
da por Manuel Baltasar Pereira Diegues Júnior, criador do Institu- Letras e o Grêmio Literário Guimarães Passos. Em 1931, fundou-se
to de Professores, posteriormente chamado Pedagogium, iniciativa a Faculdade de Direito, e em 1954 a Faculdade de Ciências Eco-
pioneira na época. Nova remodelação do ensino se fez em 1912- nômicas. Depois essas duas faculdades, e mais as de odontologia,
1914, sob a orientação do segundo daqueles educadores. Criou-se medicina, engenharia e serviço social uniram-se para formar a Uni-
o primeiro grupo escolar. Em 1912, o Partido Democrata conseguiu versidade Federal de Alagoas. As lutas políticas estaduais ganharam
derrotar a oligarquia Malta depois de enérgica campanha, em que se força na década de 1950. Quando da tentativa de impeachment do
registraram ferrenhas lutas de rua, inclusive com a morte do poeta governador Muniz Falcão, em 1957, um tiroteio na assembleia le-
Bráulio Cavalcanti, em praça pública, quando participava de um co- gislativa causou a morte do deputado Humberto Mendes, sogro do
mício democrático. Clodoaldo da Fonseca, governador eleito, em- governador. E em toda a segunda metade do século XX manteve-se
bora não fosse alagoano, ligava-se ao estado através da família: era a tensão política, enquanto os ganhos oriundos do sal-gema, do açú-
sobrinho de Deodoro e filho de Pedro Paulino e, assim, parente do car e do petróleo não beneficiavam a população.
marechal Hermes, então presidente da república. Em 1979, o ex-governador Arnon de Melo, então senador,
As lutas contra os Malta envolveram igualmente os grupos conseguiu do governo militar a nomeação de seu filho Fernando
do culto afro-brasileiro. Xangôs e candomblés, diziam os jornais Afonso Collor de Melo, para prefeito de Maceió. Em 1988, um
da oposição, tinham o governador Malta como estimulador. Entre acordo entre Collor, já então governador, e as usinas de açúcar e
papéis de orações, de panos com símbolos desenhados de Ogum, álcool, principais contribuintes do Imposto de Circulação de Mer-
de Ifá, de Exu, foram encontrados retratos dos chefes democratas cadorias e Serviços no estado, permitiu que estas reduzissem sua
da oposição. O grupo que apoiava o governador era chamado de carga tributária. A queda de receita agravou a histórica crise social
Leba, por alusão a uma das figuras do orixá dos xangôs. O que e econômica do estado e gerou um quadro falimentar que levou o
valeu de tudo isso é que o acervo apreendido pela polícia se preser- governo federal a uma intervenção não-oficial em 1997. Depois de
vou — peças, objetos, insígnias e símbolos do culto, conservados nomeado um novo secretário de Fazenda, o governador Divaldo
no museu do Instituto Histórico como uma das coleções mais pre- Suruagy se afastou, cedendo o posto ao vice-governador.
ciosas do culto afro-brasileiro.
Até 1930 o Partido Democrata manteve a situação, através Século XXI
dos governadores que sucederam a Clodoaldo. Cada um deles deu
uma contribuição para o progresso do estado. Abriram-se estradas Após o escândalo que levou Renan Calheiros a renunciar
de rodagem em direção ao norte e ao centro, e posteriormente o à presidência do Senado Federal do Brasil, em 2007, seu filho,
trecho de Atalaia e a Palmeira dos Índios, estrada de penetração Renan Filho (PMDB), foi eleito prefeito de Murici, em outubro
para a zona sertaneja; construíram-se grupos escolares em quase de 2008. O prefeito de Maceió, Cícero Almeida (PP), foi reeleito
todos os municípios; Maceió renovou-se com a abertura de ruas com 81,49% dos votos. Em setembro de 2008, o presidente da
e avenidas; combateu-se a criminalidade, principalmente com o Assembleia Legislativa de Alagoas, Antônio Albuquerque (PT do
movimento contra o banditismo, que culminaria, em 1938, com B), foi destituído do cargo. Ele foi o principal suspeito do desvio
o extermínio do grupo de Lampião; promoveram-se pesquisas de R$ 280 milhões do poder legislativo, investigado na Operação
petrolíferas. As sucessões políticas praticamente se fizeram sem Taturana. Catorze deputados foram indiciados. O deputado Fer-
luta, pois quase sempre predominava o candidato único, oriundo nando Toledo (PSDB) assumiu a presidência da Casa. Em julho de
do Partido Democrata. 2009, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar
Com a vitória da revolução de outubro de 1930, também sem Mendes, determinou que oito dos 14 deputados retornassem à As-
luta armada no estado, iniciou-se o sistema de interventores (com sembleia, entre eles Antônio Albuquerque. Em outubro de 2010,
breve interrupção entre 1935 e 1937) até 1947, quando a redemo- Teotônio Vilela Filho (PSDB) foi reeleito governador no primeiro
cratização do país propiciou a promulgação de uma nova cons- turno, com 52,74% dos votos contra o seu adversário, o candidato
tituição para o estado. O chamado período das interventorias foi Ronaldo Lessa (PDT).
igualmente fecundo, malgrado a falta de continuidade nas admi-
nistrações, quase sempre de curtos períodos. Nesse período, entre
outros fatos marcantes destacaram-se os trabalhos de pesquisa do
II GEOGRAFIA GERAL,
petróleo; a construção do porto de Maceió, inaugurado em 1940;
o incremento das atividades econômicas, sobretudo com a diversi-
DO BRASIL E DE ALAGOAS.
ficação da produção agrícola e a implantação da indústria leiteira 1 GEOGRAFIA POLITICA
em Jacaré dos Homens, constituindo-se a cooperativa de laticínios DO MUNDO ATUAL.
para a produção de leite, manteiga e queijo; o incremento do en-
sino rural e a ampliação do cooperativismo. Tal desenvolvimento
possibilitou que, no período da segunda guerra mundial, Alagoas
contribuísse, de maneira efetiva, para o abastecimento de estados Os Sistemas Socioeconômicos
vizinhos, sem prejuízo de sua colaboração para o esforço de guer-
ra. Constituiu-se, com a criação da usina Caeté, a primeira coope- Encontram-se dentro do sistema socioeconômico, dois dife-
rativa de plantadores de cana. rentes sistemas, conhecidos como capitalismos e socialismos.
Didatismo e Conhecimento 93
CIÊNCIAS SOCIAIS
Capitalismo: se destaca por ter como ideal uma sociedade di- de seu desenvolvimento econômico. Segundo Karl Marx, a finali-
vidida por classes sociais, visando o lucro das realizações econô- zação do processo revolucionário socialista seria somente com o
micas internas como seu maior objetivo, baseado no sacrifício do fim de diferentes classes econômicas, igualdade para todos, con-
trabalho de todos para o enriquecimento de uma minoria. sentindo a amplitude de qualidade do homem. No entanto desde o
Socialismo: Se diferencia, por querer uma sociedade iguali- começo todos os movimento socialistas apresentaram discordân-
tária para todos onde não se constitui qualquer tipo de instituição cias e repartições que culminaram, com o fim da primeira guerra
totalmente privada, sendo assim uma utopia igualitária. mundial, e com a chegada de dois diferentes grupos:
Didatismo e Conhecimento 94
CIÊNCIAS SOCIAIS
capitalismo. Já os países que eram subordinados estavam buscando dos além de exportar capital, em torno da década de 1950, deram
o poder de liberdade política. Teve inicio em 1955 a organização início à exportação de produtos manufaturados (produtos iguais e
dos países não alinhados do terceiro mundo, seus maiores objetivos em grande volume). Com a instalação das grandes multinacionais
eram a independência político-econômica libertações nacionais, ter (produção de industrializados) pelo mundo, a mudança do desen-
o controle segundo o governo sobre os recursos naturais de países volvimento econômico da década de 1950 trouxe a vários países a
de terceiro mundo. Só não foi maior o número de conquistas, devido aceleração da internacionalização da produção.
à dependência do capital estrangeiro sofrido por países-membros, e
devido a isso têm a independência de suas ações restringidas. Empresas Multinacionais
Países Desenvolvidos e Subdesenvolvidos Empresas transacionais foi o nome dado pela Organização das
Decorrentes da expansão do capitalismo, podemos notar cada Nações Unidas (ONU), para as multinacionais que se instalam em
vez mais as diferenças econômicas entre os países. Para diferenciá outros países exercendo ou controlando meios de produção. Um
-los usamos os seguintes termos: Desenvolvido e Subdesenvolvido país capitalista subdesenvolvido está diretamente associado à eco-
(nome dado aos países que possui um retardamento perante aos nomia internacional o que motiva uma dependência econômica.
outros sendo empregado após a guerra fria). As diferenças entre os Alguns desses países aproximaram os grupos econômicos interna-
países sempre existiu. Países considerados de grandes potências, cionais necessariamente por matéria prima, mão-de-obra e salários
que se tornam de um instante para a outro países dominados não baixos, garantias de capital estrangeiro cedido pelo governo local e
é uma novidade para a história, como exemplo temos: o mundo pela legislação que promove o investimento do capital internacio-
antigo (Grécia e Roma), neocolonialismo (Inglaterra e França) e nal. Quase todos os países os conhecidos como subdesenvolvido
por fim o capitalismo comercial (Espanha e Portugal). ou periférico correspondem: altas taxas de analfabetismo, morta-
No subdesenvolvimento, um país tem dominância sobre o ou- lidade infantil, alta taxa de natalidade, desigualdade social, cres-
tro, apesar de ter uma dependência recíproca entre os países ricos e cimento popular, e as baixas taxas de consumo de energia e renda
pobres dentro do sistema capitalista. Com o fim da Segunda Guer- per capita, baixa expectativa de vida, baixo nível de industrializa-
ra Mundial, tornou-se mais comum o uso do termo subdesenvol- ção. Com o endividamento externo, relações comerciais desfavo-
vimento, pois os países desenvolvidos passaram a ser destaque no ráveis, forte influência de empresas internacionais se ocasionou a
dependência econômica.
setor econômico capitalista, vendendo novas tecnologias e bens de
Portanto, concluímos que independentemente da quantidade
alto valor aos países subdesenvolvidos, que precisam fazer muitas
de indústria que um país possui, podemos somente classificar um
exportações para os países desenvolvidos com o objetivo de acabar
pais de subdesenvolvido se ele apresentar dependência econômica,
com as dívidas pouco a pouco.
e alta taxa de desigualdade social. Alguns dos países subdesenvol-
A partir de 1970, a dívida externa passou a ser a principal
vidos industrializados: Brasil, Argentina e México. Estes países
característica do Terceiro Mundo, pois: não que possuem uma grande potência industrial, porém têm uma
- houve um aumento das taxas de maquinofaturados e tecno- boa base na indústria, de forma que supera suas próprias ativida-
logia importada. des primárias, se tornando assim responsável pela prepotência da
-no mercado internacional, houve uma deteriorização das ta- população urbana.
xas de produtos primários. Os novos países industrializados ou também economias emer-
-houve um aumento da taxa de juros e inflação. (déficit no gente, são vistos como países de alto poder de industrialização e
orçamento do governo norte-americano. de investimentos externos, convivem frequentemente com a pronta
execução no segmento da metropolização, disposição precária, su-
Países Desenvolvidos ou Centrais jeição econômica do capital externo. No entanto, as industrializa-
ções não colocaram fim em situações criticas, e em muitos casos
São países com grande poder econômico, político e militar. A só pioraram os problemas referentes ao subdesenvolvimento. No
estrutura do espaço interior desses países ocorreu de dentro para fora Terceiro Mundo há também países semi-industrializado como o
perante seus interesses. O desenvolvimento industrial desses países Chile, Colômbia, Egito, Venezuela, Índia, Turquia, Uruguai e Zim-
se deu nos séculos XVIII, XIX e começo do século XX (EUA, Eu- bábue. Os países desenvolvidos ou centrais se destacam por terem:
ropa Ocidental, Japão, Canadá, Austrália e nova Zelândia). alta taxa de industrialização, alta renda per capita, alto consumo de
energia, alta expectativa de vida, baixo crescimento populacional e
Países Subdesenvolvidos ou Periféricos baixa taxa de analfabetismo, natalidade e mortalidade infantil, e a
sua qualidade dominante são as exportações de produtos industriais.
São países dependentes dos países desenvolvidos ou centrais,
e com uma economia restrita e não-desenvolvida. Diferente dos A Teoria dos Mundos
países desenvolvidos os países subdesenvolvidos tiveram sua es-
trutura interior determinada de fora para dentro, com o desenvol- Uma teoria criada para a organização das nações devido ao
vimento sugerido pelas metrópoles coloniais/neocoloniais, dessa nível de produção e desenvolvimento. Classificados como:
forma contentando a economia externa.
Primeiro Mundo - criado por países com alta taxa de desen-
Divisão Internacional do Trabalho volvimento econômico, capitalista, expectativa de vida, exercendo
domínio econômico.
A divisão internacional do trabalho era feita da seguinte ma- Segundo Mundo - nome dado aos países que estão em fase de
neira: os países se especificavam em uma determinada mercadoria, mudança passando dos princípios socialistas para o capitalista, que
assim a destinava para o mercado estrangeiro. Os países avança- mantinham uma economia planificada ou socialista.
Didatismo e Conhecimento 95
CIÊNCIAS SOCIAIS
Terceiro Mundo - formado por países capitalistas subdesen- da ONU ser percebida pelas vítimas da globalização como repre-
volvidos, com desigualdades sociais que ao decorrer de suas rela- sentação dos EUA. Desde 1991 – praticamente desde o final da
ções insatisfatórias com países de Primeiro Mundo, apresentam polarização “capitalismo versus socialismo” a ONU deixou de ser
um retardamento social e econômico. um organismo representativo da autonomia dos povos do mundo e
passou a ser, na prática, um organismo homologador das decisões
estadunidenses. O escândalo em torno desta subserviência foi ta-
manho que, recentemente, os estadunidenses não obtiveram o aval
2 GLOBALIZAÇÃO. da ONU enquanto não produzissem provas de que o Iraque cons-
tituía uma ameaça à estabilidade das civilizações judaico-cristãs
ocidentais. Desprezando solenemente a ONU, estadunidenses e
seus cúmplices britânicos massacraram uma das nações mais mi-
O que é Globalização? seráveis do mundo que, para sua desgraça, constituem-se no se-
gundo maior produtor de petróleo do mundo.
Do ponto de vista do globalizador pode ser definida como Enfim, “globalização” tem um significado para os globaliza-
o processo de internacionalização das práticas capitalistas, com dores e outro para os globalizados, desde sempre, aliás. E desde
forte tendência à diminuição – ou mesmo desaparecimento – das sempre, parodiando o Conselheiro, “há poucos globalizadores e
barreiras alfandegárias; liberdade total para o fluxo de Capital no muitos globalizados”. Pior: reiterando: quem não se deixa globa-
mundo. Os primeiros povos – de quem se tem notícia – a dividir lizar por bem como o Brasil, a Argentina e o México (que estão
o mundo entre “nós = civilizados” e “outros = bárbaros” foram os na miséria que estão) é globalizado a bala, como o Afeganistão e
gregos e hebreus. Também os romanos assim dividiam os povos o Iraque...
do mundo. Sim, o planeta Terra, particularmente na região de he-
gemonia ocidental, ou seja, dos povos oriundos das cercanias do A globalização é um fenômeno econômico, social, cultural e
Mar Mediterrâneo, já sofreu a globalização egípcia, a globalização político entre diferentes países visando a integração entre os po-
greco-macedônica, a globalização romana, a globalização muçul- vos. É oriunda de evoluções ocorridas, principalmente, nos meios
mana, a globalização ibérica, a globalização britânica, a globaliza- de transportes e telecomunicações fazendo com que o mundo
ção nazi-fascista e, desde o término da Primeira Guerra Mundial, “encurtasse” as distâncias. No passado, para a realização de uma
agudizando-se ainda mais após o término da segunda, estamos so- viagem entre dois continentes eram necessárias cerca de quatro se-
frendo a globalização estadunidense. manas, hoje esse tempo diminuiu drasticamente. As inovações tec-
Aprofundemos o paralelo. A seita judaica (que assim era vista) nológicas, principalmente nas telecomunicações e na informática,
chamada de “cristã” era vista como bárbara e contrária aos deuses promoveram esse processo. A partir da rede de telecomunicação
romanos. Os judeus foram globalizados à força, assim como os (telefonia fixa e móvel, internet, televisão, aparelho de fax, entre
cartagineses e outros povos mais. outros) foi possível a difusão de informações entre as empresas
Àquele tempo, somente os latinos e macedônicos foram glo- e instituições financeiras, ligando os mercados do mundo.
balizados pacificamente. Mais recentemente, pelos nazistas, em Os principais agentes da globalização da produção são as
função de uma série de peculiaridades, poucas regiões foram glo- grandes corporações multinacionais. Segundo dados apresentados
balizadas pacificamente, como os Sudetos e a Áustria. no relatório da UNCTAD, em 1998 já havia cerca de 50 mil corpo-
Na atual globalização estadunidense, a Argentina, o México rações transnacionais, com 450 mil filiais espalhadas pelo mundo.
e o Brasil constituem as principais demonstrações de “globali- O processo de globalização estreitou as relações comerciais
zação pacífica”. Aqueles que não concordam com o processo de entre os países e as empresas. As multinacionais ou transnacionais
globalização, são globalizados à força, constituindo os principais contribuíram para a efetivação do processo de globalização, tendo
exemplos os países islâmicos, particularmente devido ao poderoso em vista que essas empresas desenvolvem atividades em diferen-
lobbie judaico no governo da única superpotência do planeta nos tes territórios.
dias autais. Nós, “chicanos”, “cucarachas”, globalizados pacifi- Outra faceta da globalização é a formação de blocos econômi-
camente, estamos falidos, endividados, desempregados, famintos cos, que buscam se fortalecer no mercado que está cada vez mais
e governados por gente subserviente aos estadunidenses. É de se competitivo. A globalização envolve países ricos, pobres, peque-
pensar se nossos governantes aceitam essa globalização pacífica nos ou grandes e atinge todos os setores da sociedade, e por ser
para evitar derramamento de sangue pois, como vimos, quem os um fenômeno tão abrangente, ela exige novos modos de pensar e
estadunidenses não conseguem globalizar “por bem”, são globa- enxergar a realidade. Não podemos negar que a globalização faci-
lizados à mão armada, à revelia da ONU, que vai, aos poucos, lita a vida das pessoas, por exemplo o consumidor foi beneficia-
deixando de ter o significado e o poder que tinha. do, pois podemos contar com produtos importados mais baratos
Basta lembrar que a ONU nasceu ainda durante os julgamen- e de melhor qualidade, porém ela também pode dificultar. Uma
tos de Nuremberg, com o fito principal de evitar que povos do das grandes desvantagens da globalização é o desemprego. Muitas
mundo, em nome de uma pretensa superioridade (racial, cultural empresas aprenderam a produzir mais com menos gente, e para tal
ou qualquer outra), destruíssem civilizações por eles consideradas feito elas usavam novas tecnologias fazendo com que o trabalha-
“bárbaras” ou “incivilizadas”. Em 1991 George Bush (o pai) bateu dor perdesse espaço.
o primeiro prego no caixão da ONU quando conseguiu forçar a Não podemos esquecer também que, hoje em dia, é essencial
aprovação de uma intervenção militar sobre o Iraque (aliás, fra- o conhecimento da língua inglesa. O inglês, que ao longo dos anos
cassada). Dali para cá, uma série de ocorrências vêm em suces- se tornou a segunda língua de quase todos nós, é exigido em qua-
sivas vagas e ainda há quem se surpreenda ao ver representações se todos os campos de trabalho, desde os mais simples como um
Didatismo e Conhecimento 96
CIÊNCIAS SOCIAIS
gerente de hotel até o mais complexo, como um grande empresá- Hoje, tem lugar a expansão das alianças econômicas: União Euro-
rio que fecha grandes acordos com multinacionais. Para encarar peia, Nafta, ALCA, Mercosul, APEC. No contexto da economia
todas estas mudanças, o cidadão precisa se manter atualizado e globalizada, os blocos econômicos são um grande impulso para a
informado, pois estamos vivendo em um mundo em que a cada otimização do crescimento econômico integrado. Os Estados-Na-
momento somos bombardeados de informações e descobertas no- ção perderam espaço para a ação das transnacionais. Extinguiu-se
vas em todos os setores, tanto na música, como na ciência, na me- o embate direita-esquerda, característico do confronto leste-oeste
dicina e na política. que permeou a Guerra Fria.
Se é possível identificar o início dessas transformações, sem
A Globalização Capitalista: A integração da economia mun- dúvida ele tem lugar em meados da década de 80, quando Mikhail
dial não é uma tendência pós-Guerra Fria: é uma característica do Gorbachev assumiu o poder na URSS. Com o planejamento estatal
capitalismo que Karl Marx, o pai do socialismo científico, já havia em crise desde o fim dos anos 70, com a Guerra Fria absorvendo
identificado no século XIX. O que de fato muda com o fim da quase 1/3 de seu orçamento, diante da não-adesão da população
Guerra Fria, da corrida armamentista, da divisão bipolar do mundo aos planos quinquenais, e com o comprometimento da máquina es-
entre os Estados Unidos e a União Soviética é que essa integração tatal com a cultura que se criou ao redor da corrupção, Gorbachev
ganhou dimensões nunca antes experimentadas. A globalização, entendeu serem necessárias mudanças no país. Essas mudanças
como se convencionou denominar essa integração, não se dá ape- abrangeriam as esferas política e econômica. Era também necessá-
nas no nível da macroeconomia. Mas é, sem dúvida, a macroeco- rio acabar com a Guerra Fria e abrir a economia do país aos inves-
nomia regida pelo grande capital, que não se submete ao pleito timentos externos, com os quais se poderia reorientar a tecnologia,
popular e é muitas vezes impermeável à democracia. Talvez seja sofisticada no setor militar, para o incipiente setor civil. A URSS
a utopia do capital como bandeira anti-socialista que une mundo tinha a capacidade de lançar mísseis intercontinentais e de manter
central e mundo periférico. uma estação espacial em órbita, mas era absolutamente incapaz de
Impossível pensar, hoje, em dois ou três mundos. É equivoca- produzir automóveis ou eletrodomésticos de qualidade.
do pensar no mundo pobre e no mundo rico separadamente. São Diante dessas necessidades, Gorbachev deu início a um amplo
faces diferentes de um mesmo sistema, o capitalista. As crises nas processo de abertura política – glasnost – e de reestruturação da
bolsas de valores, na Ásia, nos Estados Unidos, na Europa e no economia – perestroika. A abertura política, que possibilitaria à
Brasil mostram isso. Sem exceção, nos países atingidos pela crise população manifestar-se a respeito de suas necessidades, tornando
– na verdade todos, em maior ou menor proporção – o Estado teve -a co-autora da ação do Estado que efetivamente a representaria,
de intervir a fim de salvaguardar a estabilidade da economia, o que possibilitou, no entanto, a eclosão de sentimentos nacionalistas,
beneficiou a todos, com certeza, mas onerou significativamente a sufocados duramente durante a Guerra Fria.
camada mais pobre da população, que arcará, no mundo inteiro, A reestruturação da economia, que redirecionaria a ação do
com o ônus do desemprego. planejamento estatal para o setor civil, fez vir à tona o que de fato
O neoliberalismo, aí, não valeu. É claro que, se não houvesse era sabido pelo governo e pela sociedade soviética: que o plane-
a intervenção do Estado na economia – e isso aconteceu não só no jamento estatal fora um fracasso, se não em sua totalidade, pelo
Brasil, mas nos Estados Unidos, no Japão, na Alemanha, no Reino menos devido à consolidação da burocracia e da maquiagem dos
Unido, na França, nos Tigres Asiáticos, enfim em um grande nú- resultados que o Estado procurou contabilizar politicamente.
mero de países – a crise teria sido pior. Mas também devemos nos O caos econômico, associado à instabilidade política, efeitos
ater ao fato de que, se toda crise nos possibilita pensar em soluções colaterais do processo de modernização do país, levaram a URSS
e nos aprimorarmos, o Estado tem de estar de prontidão. ao fim em 1991.
Se ante a ameaça de colapso do sistema o milagre neoliberal E diante da necessidade de manutenção da integração econô-
não funcionou, devemos então pensar que ressuscitar essa prática mica das ex-repúblicas soviéticas, visto que ainda não gozavam de
político-econômica fracassada no século passado não é a solução; autonomia nesse setor para se inserirem no mercado internacional,
ou então teremos de arcar com as consequências da ressurreição de criou-se a CEI – Comunidade dos Estados Independentes, que tinha
propostas que na prática não surtiram o efeito desejado, criticadas também como atributo o monitoramento do arsenal da ex-URSS.
atualmente até por aqueles que só conhecem fatos isolados da His-
tória. A nova ordem internacional do fim dos anos 80 parece não se Os Países Pós-Socialistas: Efetivamente a CEI nasceu morta.
ter consolidado, pelo menos do ponto de vista político. Do ponto de vista econômico, as ex-repúblicas soviéticas toma-
ram rumos não necessariamente concordantes. O fato é que pouco
A nova ordem é multipolar: A ordem que se estabeleceu com resta hoje do que já foi a segunda maior economia do mundo. As
o fim da Guerra Fria e com a dissolução do socialismo real, inicial- crises se sucedem. A Rússia, detentora da maior parcela do arse-
mente no Leste Europeu, com a desintegração da URSS, e depois nal da ex-URSS, vive uma crise sem precedentes. A incerteza na
no restante do mundo, colocou em xeque a situação vigente a partir sucessão do presidente Boris Yeltsin torna os investidores exter-
do fim da Segunda Guerra Mundial, caracterizada pela bipolariza- nos temerosos. A política econômica do Estado russo não dá conta
ção do mundo, sob o ponto de vista político-ideológico, que tinha das garantias exigidas pelo mercado internacional para a completa
como expoentes os Estados Unidos, à frente do mundo capitalista, inserção do país. O rublo desvaloriza-se a cada dia. O Estado já
dito “Mundo Livre”, e a URSS, no comando do mundo socialista, pediu uma moratória. Além disso, movimentos nacionalistas eclo-
embora não de forma unânime, haja vista as dissidências na postu- dem em constante tensão – caso da Chechênia e, mais recentemen-
ra de países como a China, a Iugoslávia e a Albânia. te, do Daguestão.
Nela, o mundo está dividido em áreas de influência econô- No resto do países que outrora se admitiam socialistas, a si-
mica. As alianças militares perderam o sentido, pelo menos no tuação não é muito diferente. Na Europa, alguns como a Hungria,
que se refere à oposição ao bloco político-ideológico antagônico. a Polônia e a República Checa vislumbram a possibilidade de in-
Didatismo e Conhecimento 97
CIÊNCIAS SOCIAIS
gressar na UE – União Europeia; outros como as ex-repúblicas para a manutenção de seu tênue desenvolvimento, os países do sul
soviéticas Casaquistão, Uzbequistão e Quirguízia veem seus go- queimam suas reservas cambiais, elevam as taxas de juros, agra-
vernos ameaçados pela expansão do islamismo. A Coreia do Norte vam seus problemas sociais internos, ampliam as desigualdades,
e Cuba amargam embargos econômicos que impedem tentativas mas mantêm os investimentos externos, que não tardarão a exigir
mais concretas de ingressar no mundo sem fronteiras. Enfim, im- mais e mais capitais, em mero processo de especulação. O mun-
plodiu-se o mundo socialista, ou mais propriamente o socialismo do sem fronteiras amplia as desigualdades. Isso está expresso no
real, deixando órfãos e sem orientação os partidos de esquerda; relatório das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano.
alguns até sucumbiram à proposta neoliberal. Os países ricos enriquecem ainda mais, enquanto os países pobres
perdem suas reservas e são obrigados a se sujeitar cada vez mais
O Neoliberalismo do Primeiro Mundo: Na Europa Ocidental, às determinações do mercado financeiro.
o fim do socialismo significou a aparente vitória do neoliberalis- Com a globalização da economia, há a perspectiva de uma
mo. No início dos anos 90 a política da Europa do Oeste inclinou- maior integração no sentido de cooperação entre os países; mas
se para propostas com menor participação do Estado, atribuindo existem os excluídos – nações que não constituem Estados nacio-
ao mercado a solução de muitos problemas. Afortunadamente, a nais. A globalização não dá conta do nacionalismo, que surge na
população desses países entendeu muito rápido que essa política defesa de interesses de nações apartadas do direito a um território,
neoliberal traria o retrocesso, e as grandes perdas seriam sentidas o que faz eclodir inúmeros conflitos políticos, étnicos, religiosos
na área social. Na segunda metade da década de 90, a tendência e até mesmo tribais. No mundo global não há espaço para aque-
neoliberal foi desbancada politicamente na Alemanha, na Fran- las nações que, por mais justa que seja sua reivindicação, não se
ça, na Itália e na Inglaterra. A globalização que derruba fronteiras constituíram como Estado e não são, portanto, economicamente
poderia desestabilizar a economia da Europa unida e colocá-la à viáveis. A globalização é o que o capitalismo quer, independen-
mercê do capital especulativo internacional, criando espaço para a temente do desenvolvimento, da integração real e da mutualidade
ação maior de capitais americanos. entre os povos.
A nova ordem internacional acabou com um sem-número de
conflitos diretamente ligados à ação das superpotências; mas fez
surgir outros, na sua maioria de origem étnica, religiosa e nacional,
3 ASPECTOS GERAIS
que durante a Guerra Fria foram mantidos em estado latente, pois
poderiam ameaçar a hegemonia das superpotências sobre determi-
DA POPULAÇÃO BRASILEIRA.
nados países ou regiões.
Entre os países capitalistas, a despeito de ter-se pronuncia-
do ainda mais a diferença entre ricos e pobres, agora Norte-Sul,
vale a abertura dos mercados, o fim de restrições comerciais e a O que é Globalização?
implantação de um comércio mais amplo, sob a égide da OMC
– Organização Mundial do Comércio, que substituiu o GATT – Do ponto de vista do globalizador pode ser definida como
General Agreement of Taxes and Trading (Acordo Geral de Tarifas o processo de internacionalização das práticas capitalistas, com
e Comércio). forte tendência à diminuição – ou mesmo desaparecimento – das
A palavra de ordem é a inserção no mercado mundial. Os ca- barreiras alfandegárias; liberdade total para o fluxo de Capital no
pitais estão cada vez mais livres e, perante uma variada gama de mundo. Os primeiros povos – de quem se tem notícia – a dividir
possibilidades de investimentos, deslocam-se facilmente de um o mundo entre “nós = civilizados” e “outros = bárbaros” foram os
país para outro, de uma economia menos atraente para outra mais gregos e hebreus. Também os romanos assim dividiam os povos
atraente, até que uma outra surja, num fluxo contínuo de investi- do mundo. Sim, o planeta Terra, particularmente na região de he-
mentos que se movimentam ao sabor dos ventos da economia. gemonia ocidental, ou seja, dos povos oriundos das cercanias do
Mar Mediterrâneo, já sofreu a globalização egípcia, a globalização
O Neoliberalismo nos Países Emergentes: No entanto, os greco-macedônica, a globalização romana, a globalização muçul-
efeitos alucinantes do mercado livre, das múltiplas possibilidades mana, a globalização ibérica, a globalização britânica, a globaliza-
de investimento e de integração econômica acarretaram a atual ção nazi-fascista e, desde o término da Primeira Guerra Mundial,
crise mundial. Os países emergentes, como os Tigres Asiáticos, agudizando-se ainda mais após o término da segunda, estamos so-
a Rússia, e o Brasil, sucumbiram à mobilidade do capital interna- frendo a globalização estadunidense.
cional. Dependentes de investimentos externos, esses países foram Aprofundemos o paralelo. A seita judaica (que assim era vista)
obrigados a abrir suas economias e seu mercado consumidor. No chamada de “cristã” era vista como bárbara e contrária aos deuses
entanto, a concorrência dos produtos importados frente aos nacio- romanos. Os judeus foram globalizados à força, assim como os
nais abalou o parque industrial dos países do sul, exceção feita aos cartagineses e outros povos mais.
Tigres Asiáticos. Seus governos, por sua vez, não responderam ao Àquele tempo, somente os latinos e macedônicos foram glo-
chamado neoliberal de atribuir cada vez mais ao mercado o equa- balizados pacificamente. Mais recentemente, pelos nazistas, em
cionamento das questões sociais. Endividadas e com máquinas ad- função de uma série de peculiaridades, poucas regiões foram glo-
ministrativas inoperantes do ponto de vista político e monetário, balizadas pacificamente, como os Sudetos e a Áustria.
essas economias quebraram. Na atual globalização estadunidense, a Argentina, o México
O smart money – o “dinheiro esperto”, ou seja, o capital espe- e o Brasil constituem as principais demonstrações de “globali-
culativo internacional – não vê nesses países amplas possibilida- zação pacífica”. Aqueles que não concordam com o processo de
des de se reproduzir. Para evitar a fuga desses capitais, essenciais globalização, são globalizados à força, constituindo os principais
Didatismo e Conhecimento 98
CIÊNCIAS SOCIAIS
exemplos os países islâmicos, particularmente devido ao poderoso Outra faceta da globalização é a formação de blocos econômi-
lobbie judaico no governo da única superpotência do planeta nos cos, que buscam se fortalecer no mercado que está cada vez mais
dias autais. Nós, “chicanos”, “cucarachas”, globalizados pacifi- competitivo. A globalização envolve países ricos, pobres, peque-
camente, estamos falidos, endividados, desempregados, famintos nos ou grandes e atinge todos os setores da sociedade, e por ser
e governados por gente subserviente aos estadunidenses. É de se um fenômeno tão abrangente, ela exige novos modos de pensar e
pensar se nossos governantes aceitam essa globalização pacífica enxergar a realidade. Não podemos negar que a globalização faci-
para evitar derramamento de sangue pois, como vimos, quem os lita a vida das pessoas, por exemplo o consumidor foi beneficia-
estadunidenses não conseguem globalizar “por bem”, são globa- do, pois podemos contar com produtos importados mais baratos
lizados à mão armada, à revelia da ONU, que vai, aos poucos, e de melhor qualidade, porém ela também pode dificultar. Uma
deixando de ter o significado e o poder que tinha. das grandes desvantagens da globalização é o desemprego. Muitas
Basta lembrar que a ONU nasceu ainda durante os julgamen- empresas aprenderam a produzir mais com menos gente, e para tal
tos de Nuremberg, com o fito principal de evitar que povos do feito elas usavam novas tecnologias fazendo com que o trabalha-
mundo, em nome de uma pretensa superioridade (racial, cultural dor perdesse espaço.
ou qualquer outra), destruíssem civilizações por eles consideradas Não podemos esquecer também que, hoje em dia, é essencial
“bárbaras” ou “incivilizadas”. Em 1991 George Bush (o pai) bateu o conhecimento da língua inglesa. O inglês, que ao longo dos anos
o primeiro prego no caixão da ONU quando conseguiu forçar a se tornou a segunda língua de quase todos nós, é exigido em qua-
aprovação de uma intervenção militar sobre o Iraque (aliás, fra- se todos os campos de trabalho, desde os mais simples como um
cassada). Dali para cá, uma série de ocorrências vêm em suces- gerente de hotel até o mais complexo, como um grande empresá-
sivas vagas e ainda há quem se surpreenda ao ver representações rio que fecha grandes acordos com multinacionais. Para encarar
da ONU ser percebida pelas vítimas da globalização como repre- todas estas mudanças, o cidadão precisa se manter atualizado e
sentação dos EUA. Desde 1991 – praticamente desde o final da informado, pois estamos vivendo em um mundo em que a cada
polarização “capitalismo versus socialismo” a ONU deixou de ser momento somos bombardeados de informações e descobertas no-
um organismo representativo da autonomia dos povos do mundo e vas em todos os setores, tanto na música, como na ciência, na me-
passou a ser, na prática, um organismo homologador das decisões dicina e na política.
estadunidenses. O escândalo em torno desta subserviência foi ta-
manho que, recentemente, os estadunidenses não obtiveram o aval
A Globalização Capitalista: A integração da economia mun-
da ONU enquanto não produzissem provas de que o Iraque cons-
dial não é uma tendência pós-Guerra Fria: é uma característica do
tituía uma ameaça à estabilidade das civilizações judaico-cristãs
capitalismo que Karl Marx, o pai do socialismo científico, já havia
ocidentais. Desprezando solenemente a ONU, estadunidenses e
identificado no século XIX. O que de fato muda com o fim da
seus cúmplices britânicos massacraram uma das nações mais mi-
Guerra Fria, da corrida armamentista, da divisão bipolar do mundo
seráveis do mundo que, para sua desgraça, constituem-se no se-
entre os Estados Unidos e a União Soviética é que essa integração
gundo maior produtor de petróleo do mundo.
Enfim, “globalização” tem um significado para os globalizado- ganhou dimensões nunca antes experimentadas. A globalização,
res e outro para os globalizados, desde sempre, aliás. E desde sem- como se convencionou denominar essa integração, não se dá ape-
pre, parodiando o Conselheiro, “há poucos globalizadores e muitos nas no nível da macroeconomia. Mas é, sem dúvida, a macroeco-
globalizados”. Pior: reiterando: quem não se deixa globalizar por nomia regida pelo grande capital, que não se submete ao pleito
bem como o Brasil, a Argentina e o México (que estão na miséria popular e é muitas vezes impermeável à democracia. Talvez seja
que estão) é globalizado a bala, como o Afeganistão e o Iraque... a utopia do capital como bandeira anti-socialista que une mundo
central e mundo periférico.
A globalização é um fenômeno econômico, social, cultural e Impossível pensar, hoje, em dois ou três mundos. É equivoca-
político entre diferentes países visando a integração entre os po- do pensar no mundo pobre e no mundo rico separadamente. São
vos. É oriunda de evoluções ocorridas, principalmente, nos meios faces diferentes de um mesmo sistema, o capitalista. As crises nas
de transportes e telecomunicações fazendo com que o mundo bolsas de valores, na Ásia, nos Estados Unidos, na Europa e no
“encurtasse” as distâncias. No passado, para a realização de uma Brasil mostram isso. Sem exceção, nos países atingidos pela crise
viagem entre dois continentes eram necessárias cerca de quatro se- – na verdade todos, em maior ou menor proporção – o Estado teve
manas, hoje esse tempo diminuiu drasticamente. As inovações tec- de intervir a fim de salvaguardar a estabilidade da economia, o que
nológicas, principalmente nas telecomunicações e na informática, beneficiou a todos, com certeza, mas onerou significativamente a
promoveram esse processo. A partir da rede de telecomunicação camada mais pobre da população, que arcará, no mundo inteiro,
(telefonia fixa e móvel, internet, televisão, aparelho de fax, entre com o ônus do desemprego.
outros) foi possível a difusão de informações entre as empresas O neoliberalismo, aí, não valeu. É claro que, se não houvesse
e instituições financeiras, ligando os mercados do mundo. a intervenção do Estado na economia – e isso aconteceu não só no
Os principais agentes da globalização da produção são as Brasil, mas nos Estados Unidos, no Japão, na Alemanha, no Reino
grandes corporações multinacionais. Segundo dados apresentados Unido, na França, nos Tigres Asiáticos, enfim em um grande nú-
no relatório da UNCTAD, em 1998 já havia cerca de 50 mil corpo- mero de países – a crise teria sido pior. Mas também devemos nos
rações transnacionais, com 450 mil filiais espalhadas pelo mundo. ater ao fato de que, se toda crise nos possibilita pensar em soluções
O processo de globalização estreitou as relações comerciais e nos aprimorarmos, o Estado tem de estar de prontidão.
entre os países e as empresas. As multinacionais ou transnacionais Se ante a ameaça de colapso do sistema o milagre neoliberal
contribuíram para a efetivação do processo de globalização, tendo não funcionou, devemos então pensar que ressuscitar essa prática
em vista que essas empresas desenvolvem atividades em diferen- político-econômica fracassada no século passado não é a solução;
tes territórios. ou então teremos de arcar com as consequências da ressurreição de
Didatismo e Conhecimento 99
CIÊNCIAS SOCIAIS
propostas que na prática não surtiram o efeito desejado, criticadas cional, criou-se a CEI – Comunidade dos Estados Independentes,
atualmente até por aqueles que só conhecem fatos isolados da His- que tinha também como atributo o monitoramento do arsenal da
tória. A nova ordem internacional do fim dos anos 80 parece não se ex-URSS.
ter consolidado, pelo menos do ponto de vista político.
Os Países Pós-Socialistas: Efetivamente a CEI nasceu morta.
A nova ordem é multipolar: A ordem que se estabeleceu com Do ponto de vista econômico, as ex-repúblicas soviéticas toma-
o fim da Guerra Fria e com a dissolução do socialismo real, inicial- ram rumos não necessariamente concordantes. O fato é que pouco
mente no Leste Europeu, com a desintegração da URSS, e depois resta hoje do que já foi a segunda maior economia do mundo. As
no restante do mundo, colocou em xeque a situação vigente a partir crises se sucedem. A Rússia, detentora da maior parcela do arse-
do fim da Segunda Guerra Mundial, caracterizada pela bipolariza- nal da ex-URSS, vive uma crise sem precedentes. A incerteza na
ção do mundo, sob o ponto de vista político-ideológico, que tinha sucessão do presidente Boris Yeltsin torna os investidores exter-
como expoentes os Estados Unidos, à frente do mundo capitalista, nos temerosos. A política econômica do Estado russo não dá conta
dito “Mundo Livre”, e a URSS, no comando do mundo socialista, das garantias exigidas pelo mercado internacional para a completa
embora não de forma unânime, haja vista as dissidências na postu- inserção do país. O rublo desvaloriza-se a cada dia. O Estado já
ra de países como a China, a Iugoslávia e a Albânia. pediu uma moratória. Além disso, movimentos nacionalistas eclo-
Nela, o mundo está dividido em áreas de influência econô- dem em constante tensão – caso da Chechênia e, mais recentemen-
mica. As alianças militares perderam o sentido, pelo menos no te, do Daguestão.
que se refere à oposição ao bloco político-ideológico antagônico. No resto do países que outrora se admitiam socialistas, a si-
Hoje, tem lugar a expansão das alianças econômicas: União Euro- tuação não é muito diferente. Na Europa, alguns como a Hungria,
peia, Nafta, ALCA, Mercosul, APEC. No contexto da economia a Polônia e a República Checa vislumbram a possibilidade de in-
globalizada, os blocos econômicos são um grande impulso para a gressar na UE – União Europeia; outros como as ex-repúblicas
otimização do crescimento econômico integrado. Os Estados-Na- soviéticas Casaquistão, Uzbequistão e Quirguízia veem seus go-
ção perderam espaço para a ação das transnacionais. Extinguiu-se vernos ameaçados pela expansão do islamismo. A Coreia do Norte
o embate direita-esquerda, característico do confronto leste-oeste e Cuba amargam embargos econômicos que impedem tentativas
que permeou a Guerra Fria.
mais concretas de ingressar no mundo sem fronteiras. Enfim, im-
Se é possível identificar o início dessas transformações, sem
plodiu-se o mundo socialista, ou mais propriamente o socialismo
dúvida ele tem lugar em meados da década de 80, quando Mikhail
real, deixando órfãos e sem orientação os partidos de esquerda;
Gorbachev assumiu o poder na URSS. Com o planejamento estatal
alguns até sucumbiram à proposta neoliberal.
em crise desde o fim dos anos 70, com a Guerra Fria absorvendo
quase 1/3 de seu orçamento, diante da não-adesão da população
O Neoliberalismo do Primeiro Mundo: Na Europa Ocidental,
aos planos quinquenais, e com o comprometimento da máquina es-
o fim do socialismo significou a aparente vitória do neoliberalis-
tatal com a cultura que se criou ao redor da corrupção, Gorbachev
mo. No início dos anos 90 a política da Europa do Oeste inclinou-
entendeu serem necessárias mudanças no país. Essas mudanças
abrangeriam as esferas política e econômica. Era também necessá- se para propostas com menor participação do Estado, atribuindo
rio acabar com a Guerra Fria e abrir a economia do país aos inves- ao mercado a solução de muitos problemas. Afortunadamente, a
timentos externos, com os quais se poderia reorientar a tecnologia, população desses países entendeu muito rápido que essa política
sofisticada no setor militar, para o incipiente setor civil. A URSS neoliberal traria o retrocesso, e as grandes perdas seriam sentidas
tinha a capacidade de lançar mísseis intercontinentais e de manter na área social. Na segunda metade da década de 90, a tendência
uma estação espacial em órbita, mas era absolutamente incapaz de neoliberal foi desbancada politicamente na Alemanha, na Fran-
produzir automóveis ou eletrodomésticos de qualidade. ça, na Itália e na Inglaterra. A globalização que derruba fronteiras
Diante dessas necessidades, Gorbachev deu início a um amplo poderia desestabilizar a economia da Europa unida e colocá-la à
processo de abertura política – glasnost – e de reestruturação da mercê do capital especulativo internacional, criando espaço para a
economia – perestroika. A abertura política, que possibilitaria à ação maior de capitais americanos.
população manifestar-se a respeito de suas necessidades, tornan- A nova ordem internacional acabou com um sem-número de
do-a co-autora da ação do Estado que efetivamente a representaria, conflitos diretamente ligados à ação das superpotências; mas fez
possibilitou, no entanto, a eclosão de sentimentos nacionalistas, surgir outros, na sua maioria de origem étnica, religiosa e nacional,
sufocados duramente durante a Guerra Fria. que durante a Guerra Fria foram mantidos em estado latente, pois
A reestruturação da economia, que redirecionaria a ação do poderiam ameaçar a hegemonia das superpotências sobre determi-
planejamento estatal para o setor civil, fez vir à tona o que de fato nados países ou regiões.
era sabido pelo governo e pela sociedade soviética: que o plane- Entre os países capitalistas, a despeito de ter-se pronuncia-
jamento estatal fora um fracasso, se não em sua totalidade, pelo do ainda mais a diferença entre ricos e pobres, agora Norte-Sul,
menos devido à consolidação da burocracia e da maquiagem dos vale a abertura dos mercados, o fim de restrições comerciais e a
resultados que o Estado procurou contabilizar politicamente. implantação de um comércio mais amplo, sob a égide da OMC
O caos econômico, associado à instabilidade política, efeitos – Organização Mundial do Comércio, que substituiu o GATT –
colaterais do processo de modernização do país, levaram a URSS General Agreement of Taxes and Trading (Acordo Geral de Tarifas
ao fim em 1991. e Comércio).
E diante da necessidade de manutenção da integração econô- A palavra de ordem é a inserção no mercado mundial. Os ca-
mica das ex-repúblicas soviéticas, visto que ainda não gozavam pitais estão cada vez mais livres e, perante uma variada gama de
de autonomia nesse setor para se inserirem no mercado interna- possibilidades de investimentos, deslocam-se facilmente de um
Considerando-se a dimensão territorial, a Região Sul é a me- Durante 30 anos (1940 e 1970) a região brasileira que teve
nor do Brasil, ocupando apenas 6,79% do território brasileiro. En- maior aumento populacional foi o Centro-Oeste. Ocupando cerca
tretanto abriga 15,98% dos brasileiros. Sua diferenciação político de quinta parte do território, a Região conta com apenas 1 habitan-
-econômica regional começa com a independência brasileira. Ela te para cada grupo de 16 brasileiros. Já se demonstrou inúmeras
é composta, por indivíduos cuja herança étnica contém elementos vezes que a urbanização do Brasil é um fato, Também na Região
portugueses, espanhóis e indígenas. Na década de 1970 o menor Centro-Oeste ele se repete, acentuadamente. Considerando os ren-
crescimento populacional pertenceu à Região Sul, o que pode ser dimentos, não se pode falar das características de uma Região Cen-
explicado pelo intenso deslocamento dos sulistas para as regiões tro-Oeste, uma vez que o Distrito Federal unidade pertencente à
Norte e Centro-Oeste do país. Houve grande imigração para as região, apresenta o mais alto rendimento médio mensal familiar do
regiões metropolitanas sulinas, porém essa imigração não se di- país, enquanto a renda familiar das demais unidades das regiões só
rigiu especialmente para as cidades-núcleos, mas abrangeu tam- é maior que a do Nordeste. Não obstante a disparidade geográfica,
bém os municípios periféricos. Metade da população sulista tem mais da metade dos habitantes da região não recebem o suficiente
de viver com menos de um terço do valor que o Brasil considera para sua sobrevivência como seres humanos. Também em relação
seja o mínimo necessário a para que uma pessoa sobreviva com à alfabetização, o nível de vida do pioneiro no Centro-Oeste bra-
dignidade. A renda média mensal individual para a Região Sul é sileiro é falseado pela grande distância apresentada pelos valores
adequada apenas porque as pessoas mais ricas ganham muito. A relativos ao Distrito Federal quando comparados aos demais va-
taxa de escolarização mostra que, em 1979, a Região Sul detinha lores regionais. O aproveitamento das taxas de escolarização e
os mais altos níveis brasileiros. Em cada 100 sulistas, cuja idade alfabetização para avaliar as condições de vida do residente no
correspondia à idade de escolarização constitucionalmente obriga- Centro-Oeste brasileiro permite, apesar das falhas apresentadas,
tória no Brasil em 92 frequentavam a escola. Pode-se concluir que, concluir que o nível de vida da região é ruim.
considerando-se somente a taxa de escolarização, a Região Sul A avaliação dos níveis de saúde pelo emprego de indicadores
apresenta os melhores níveis de vida do Brasil. Isso não significa, de condições ambientais, como as taxas de ligação dos domicílios
entretanto, que tais níveis sejam bons. às redes de água e esgoto, que indiretamente informam o estado de
O emprego de instrumentos que indicam condições de saúde, contaminação do meio, revela níveis muito baixos para a Região
como o saneamento do meio, por exemplo, mostra que os mora- Centro-Oeste brasileira. Para calcular os coeficientes que servem
dores da Região Sul têm nível de saúde semelhante ao do total dos como indicadores das condições de saúde, são necessárias infor-
brasileiros. Ainda com relação ao meio ambiente, deve-se notar mações estatísticas corretas. Assim sendo, é indispensável à lem-
que a poluição já faz parte do cotidiano sulista. Nesta região predo- brança de que na Região Centro-Oeste poucos municípios forne-
minam dois tipos de contaminação: por agrotóxicos e por resíduos cem regularmente essas informações. As pessoas morrem jovens,
industriais. Em relação aos demais brasileiros, os habitantes da muitas delas antes do primeiro ano de vida, e mesmo que tenham
Região Sul têm uma situação privilegiada no que se refere aos ser- nascido no limiar dos anos 80 têm ainda a esperança de viver ape-
viços de saúde disponíveis. Portanto, a acessibilidade geográfica nas pouco mais de 60 anos. E tudo isso é verdade também para os
aos recursos hospitalares é ainda precária na Região Sul, apesar de que vivem na cidade mais rica do Brasil: Brasília. A mortalidade
ela apresentar a melhor distribuição regional de leitos hospitalares. por doenças transmissíveis foi igual a 53,4 óbitos causados por
A Região Sul, tal qual o Sudeste, apresenta boa qualidade da moléstias infecciosas ou parasitárias para cada 100 000 habitantes
informação estatística. O coeficiente de mortalidade geral para o em1980. Esse coeficiente é muito elevado. O coeficiente de morta-
Sul do Brasil revelou situação sanitária apenas regular porque em- lidade infantil mais baixo em todo o Brasil é exatamente apresen-
bora baixo, sabe-se que ele compreende 43,9% de óbitos jovens tado pela Região Centro-Oeste.
(menos de 50 anos). A esperança de vida calculada é a mais alta Examinados os vários indicadores do nível de vida e de saúde
do Brasil, seguida de perto pelos valores alcançados pelo Sudeste. aqui empregados, conclui-se que o pioneiro que vive na Região
Conclui-se que o nível de saúde dos sulistas é o mais alto do Brasil Centro-Oeste paga muito carro por seu pioneirismo. A distribuição
quando avaliado pelos indicadores sanitários diretos globais, quais muito desigual da renda acentua as dificuldades de se estabelecer
sejam a razão de mortalidade proporcional, o coeficiente de morta- um nível de vida e de saúde que seja realmente médio. As infor-
lidade geral e a esperança de vida ao nascer. A Região Sul apresen- mações recolhidas não são confiáveis, e as diferenças individuais
tou, em 1980, coeficiente de mortalidade por doenças transmissí- são marcante.
veis igual a 42,8 casos por 100.000 habitantes. Esse coeficiente, o
menor do Brasil. O coeficiente de mortalidade infantil revela que a O Brasileiro é Saudável?
melhor situação sanitária brasileira é a da Região Sul. É forçoso re-
conhecer que, para o padrão brasileiro, os valores obtidos pelo em- Evidentemente não se pode tirar nenhuma conclusão definiti-
prego desses indicadores são realmente médios apenas na região va sobre a realidade sanitária nacional simplesmente porque, além
Sul. Procurando as explicações para esse melhor desempenho, se da pouca precisão dos instrumentos empregados, parte dos dados
é obrigado a concluir que os melhores níveis de vida e de saúde utilizados não é confiável. O presente estudo fornece inúmeras pis-
atingidos pela Região decorrem de sua tradição cultural, que de- tas sobre os níveis de vida e de saúde do povo brasileiro. Talvez as
terminou entre outras características, a forma de ocupação da terra. duas conclusões mais importantes, aparentemente contraditórias,
sejam as seguintes: 1º - entre os brasileiros existe uma igualdade
marcante na miséria; 1º - os brasileiros vivem em situação de di-
versidade extrema. De fato, o nível de vida e de saúde dos brasilei-
Faculdades e Universidades
Escolas Federais
MATEMÁTICA
1 Modelos algébricos.............................................................................................................................................................01
2 Geometria das superfícies planas.....................................................................................................................................03
3 Padrões numéricos.............................................................................................................................................................09
4 Modelos lineares.................................................................................................................................................................27
5 Modelos periódicos.............................................................................................................................................................39
6 Geometria dos sólidos........................................................................................................................................................47
7 Modelos exponenciais e logarítmicos................................................................................................................................53
8 Princípios de contagem......................................................................................................................................................59
9 Análise de dados.................................................................................................................................................................64
10 Geometria do plano cartesiano.......................................................................................................................................65
11 Geometria do plano complexo.........................................................................................................................................69
Didatismo e Conhecimento
Índice
3.1 Conceito.......................................................................................................................................................................... 01
3.2 Evolução......................................................................................................................................................................... 01
3.3 Abrangência................................................................................................................................................................... 02
3.4 Sistema de Proteção....................................................................................................................................................... 03
3.5 Convenção americana sobre direitos humanos (Pacto de São José e Decreto Nº 678/1992).................................. 03
6.1. Princípios....................................................................................................................................................................... 01
6.2. Regime jurídico Administrativo.................................................................................................................................. 02
6.3. Poderes da Administração Pública............................................................................................................................. 03
6.4. Serviço Público.............................................................................................................................................................. 04
6.5. Atos Administrativos.................................................................................................................................................... 07
6.6. Contratos Administrativos e Licitação....................................................................................................................... 12
6.7. Bens Públicos................................................................................................................................................................ 50
6.8. Administração Direta e Indireta................................................................................................................................. 54
6.9. Controle da Administração Pública............................................................................................................................ 57
6.10. Responsabilidade do Estado...................................................................................................................................... 59
Didatismo e Conhecimento
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Atenção
SAC
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Didatismo e Conhecimento
Artigo
O conteúdo do artigo abaixo é de responsabilidade do autor William Douglas, autorizado gentilmente e sem cláusula
de exclusividade, para uso do Grupo Nova.
O conteúdo das demais informações desta apostila é de total responsabilidade da equipe do Grupo Nova.
Todo mundo já se pegou estudando sem a menor concentração, pensando nos momentos de lazer, como também já deixou de
aproveitar as horas de descanso por causa de um sentimento de culpa ou mesmo remorso, porque deveria estar estudando.
Fazer uma coisa e pensar em outra causa desconcentração, estresse e perda de rendimento no estudo ou trabalho. Além da
perda de prazer nas horas de descanso.
Em diversas pesquisas que realizei durante palestras e seminários pelo país, constatei que os três problemas mais comuns de
quem quer vencer na vida são:
• medo do insucesso (gerando ansiedade, insegurança),
• falta de tempo e
• “competição” entre o estudo ou trabalho e o lazer.
*William Douglas é juiz federal, professor universitário, palestrante e autor de mais de 30 obras, dentre elas o best-seller
“Como passar em provas e concursos” . Passou em 9 concursos, sendo 5 em 1º Lugar
www.williamdouglas.com.br
Conteúdo cedido gratuitamente, pelo autor, com finalidade de auxiliar os candidatos.
Didatismo e Conhecimento
MATEMÁTICA
MATEMÁTICA
1) 4x² ÷ 2x = 2x
1 MODELOS ALGÉBRICOS. 2) (6x³ - 8x) ÷ 2x = 3x² - 4
3) =
Resolução:
Para determinarmos a soma ou subtração de expressões algé- Dado os termos 5xy2, 20xy2, como os dois termos são
bricas, basta somar ou subtrair os termos semelhantes. semelhantes eu posso efetuar a adição e a subtração deles.
Assim: 2 x³ y² z + 3x³ y² z = 5x³ y² z ou 5xy2 + 20xy2 devemos somar apenas os coeficientes e
2 x³ y² z - 3x³ y² z = -x³ y² z conservar a parte literal.
25 xy2
Convém lembrar-se dos jogos de sinais.
5xy2 - 20xy2 devemos subtrair apenas os coeficientes e
Na espressão (x³ + 2 y² + 1) – (y ² - 2) = x³ +2 y² + 1 – y² + conservar a parte literal.
2 = x³ + y² +3 - 15 xy2
Didatismo e Conhecimento 1
MATEMÁTICA
Reduza os termos semelhantes na expressão 4x2 – 5x -3x + (-5x2b6)2 aplicando a propriedade
2x2. Depois calcule o seu valor numérico da expressão. 4x2 – 5x
- 3x + 2x2 reduzindo os termos semelhantes. 4x2 + 2x2 – 5x - 3x I - (-5)2 . (x2)2 . (b6)2 aplicando a propriedade
6x2 - 8x os termos estão reduzidos, agora vamos achar o valor II - 25 . x4 . b12 25x4b12
numérico dessa expressão. Exercícios
Para calcularmos o valor numérico de uma expressão devemos
ter o valor de sua incógnita, que no caso do exercício é a letra x. 1. Determine o 7º termo do binômio (2x + 1)9, desenvolvido
Vamos supor que x = - 2, então substituindo no lugar do x o segundo as potências decrescentes de x.
-2 termos:
6x2 - 8x 2. Qual o termo médio do desenvolvimento de (2x + 3y)8?
6 . (-2)2 – 8 . (-2) =
6 . 4 + 16 = 3. Desenvolvendo o binômio (2x - 3y)3n, obtemos um polinô-
24 + 16 mio de 16 termos. Qual o valor de n?
40
4. Determine o termo independente de x no desenvolvimento
Multiplicação de monômios de (x + )6.
Para multiplicarmos monômios não é necessário que eles sejam 5. Calcule: (3x²+2x-1) + (-2x²+4x+2).
semelhantes, basta multiplicarmos coeficiente com coeficiente e
parte literal com parte literal. Sendo que quando multiplicamos 6. Efetue e simplifique o seguinte calculo algébrico: (2x+3).
as partes literais devemos usar a propriedade da potência que diz: (4x+1).
am . an = am + n (bases iguais na multiplicação repetimos a base e
somamos os expoentes). 7. Efetue e simplifique os seguintes cálculos algébricos:
a) (x - y).(x² - xy + y²)
(3a2b).(- 5ab3) na multiplicação dos dois monômios, devemos b) (3x - y).(3x + y).(2x - y)
multiplicar os coeficientes 3 . (-5) e na parte literal multiplicamos
as que têm mesma base para que possamos usar a propriedade am 8. Dada a expressão algébrica bc – b2, determine o seu valor
. an = am + n. numérico quando b = 2,2 e c = 1,8.
3 . ( - 5) . a2 . a . b . b3
-15 a2 +1 b1 + 3 9. Calcule o valor numérico da expressão 2x3 – 10y, quando
-15 a3b4 x = -3 e y = -4.
10. Um caderno curta y reais. Gláucia comprou 4 cadernos,
Divisão de monômios Cristina comprou 6 cadernos, e Karina comprou 3. Qual é o monô-
mio que expressa a quantia que as três gastaram juntas?
Para dividirmos os monômios não é necessário que eles sejam
semelhantes, basta dividirmos coeficiente com coeficiente e parte Respostas
literal com parte literal. Sendo que quando dividirmos as partes 1) Resposta “672x3”.
literais devemos usar a propriedade da potência que diz: am ÷ an Solução: Primeiro temos que aplicar a fórmula do termo geral
= am - n (bases iguais na divisão repetimos a base e diminuímos os de (a + b)n, onde:
expoentes), sendo que a ≠ 0.
a = 2x
(-20x2y3) (- 4xy3) na divisão dos dois monômios, devemos b=1
dividir os coeficientes -20 e -4 e na parte literal dividirmos as que n=9
têm mesma base para que possamos usar a propriedade am ÷ an = Como queremos o sétimo termo, fazemos p = 6 na fórmula do
am – n. termo geral e efetuamos os cálculos indicados.
Didatismo e Conhecimento 2
MATEMÁTICA
Sabemos que o desenvolvimento do binômio terá 9 termos, (3x - y).(6x² - 3xy + 2xy - y²) =
porque n = 8. Ora sendo T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9 os termos do (3x - y).(6x² - xy - y²) =
desenvolvimento do binômio, o termo do meio (termo médio) será 18x³ - 3x²y - 3xy² - 6x²y + xy² + y³ =
o T5 (quinto termo). 18x³ - 9x²y - 2xy² + y³
Logo, o nosso problema resume-se ao cálculo do T5. Para isto, 8) Resposta “-0,88”.
basta fazer p = 4 na fórmula do termo geral e efetuar os cálculos Solução:
decorrentes. Teremos: bc – b2 =
2,2 . 1,8 – 2,22 = (Substituímos as letras pelos valores passa-
T4+1 = T5 = C8,4 . (2x)8-4 . (3y)4 = (2x)4 . (3y)4 = dos no enunciado)
3,96 – 4,84 =
16x4 . 81y4 -0,88.
Portanto, o valor procurado é 0,88.
Fazendo as contas vem:
T5 = 70.16.81.x4 . y4 = 90720x4y4 , que é o termo médio pro- 9) Resposta “-14”.
curado. Solução:
2x3 – 10y =
3) Resposta “5”. 2.(-3)² - 10.(-4) = (Substituímos as letras pelos valores do
Solução: Ora, se o desenvolvimento do binômio possui 16 ter- enunciado da questão)
mos, então o expoente do binômio é igual a 15. 2.(27) – 10.(-4) =
Logo, (-54) – (-40) =
3n = 15 de onde se conclui que n = 5. -54 + 40 = -14.
Portanto -14 é o valor procurado na questão.
4) Resposta “20”.
Solução: Sabemos que o termo independente de x é aquele 10) Resposta “13y reais”.
que não depende de x, ou seja, aquele que não possui x. Solução: Como Gláucia gastou 4y reais, Cristina 6y reais e
Temos no problema dado: Karina 3y reais, podemos expressar essas quantias juntas por:
a=x 4y + 6y + 3y =
b= (4 + 6 + 3)y =
n = 6. 13y
Pela fórmula do termo geral, podemos escrever:
Tp+1 = C6,p . x6-p . ()p = C6,p . x6-p . x-p = C6,p . x6-2p . Importante: Numa expressão algébrica, se todos os monômios
ou termos são semelhantes, podemos tornar mais simples a
Ora, para que o termo seja independente de x, o expoente des- expressão somando algebricamente os coeficientes numéricos e
ta variável deve ser zero, pois x0 = 1. mantendo a parte literal.
Logo, fazendo 6 - 2p = 0, obtemos p = 3. Substituindo então p
por 6, teremos o termo procurado. Temos então:
2 GEOMETRIA DAS SUPERFICIES
T3+1 = T4 = C6,3 . x0 = C6,3
PLANAS.
Logo, o termo independente de x é o T4 (quarto termo) que é
igual a 20.
A Geometria é a parte da matemática que estuda as figuras e
5) Solução: suas propriedades. A geometria estuda figuras abstratas, de uma
(3x²+2x-1) + (-2x²+4x+2) perfeição não existente na realidade. Apesar disso, podemos ter
3x² + 2x – 1 – 2x² + 4x + 2 = uma boa ideia das figuras geométricas, observando objetos reais,
x² + 6x + 1 como o aro da cesta de basquete que sugere uma circunferência,
as portas e janelas que sugerem retângulos e o dado que sugere
6) Solução: um cubo.
(2x+3).(4x+1)
8x² + 2x + 12x + 3 = Reta, semirreta e segmento de reta
8x² + 14x + 3
7) a - Solução:
(x - y).(x² - xy + y²)
x³ - x²y + xy² - x²y + xy² - y³ =
x³ - 2x²y + 2xy² - y³ =
b - Solução:
(3x - y).(3x + y).(2x - y)
Didatismo e Conhecimento 3
MATEMÁTICA
Definições.
a) Segmentos congruentes.
Dois segmentos são congruentes se têm a mesma medida.
c) Mediatriz de um segmento.
É a reta perpendicular ao segmento no seu ponto médio
Colocaríamos 25m de rodapé.
Ângulo A soma de todos os lados da planta baixa se chama Perímetro.
Portanto, Perímetro é a soma dos lados de uma figura plana.
Área
Área é a medida de uma superfície.
A área do campo de futebol é a medida de sua superfície
(gramado).
Se pegarmos outro campo de futebol e colocarmos em uma
malha quadriculada, a sua área será equivalente à quantidade de
quadradinho. Se cada quadrado for uma unidade de área:
Definições.
A conta que faríamos seria somar todos os lados da sala, Sua área será um valor aproximado. Cada é uma unidade,
menos 1m da largura da porta, ou seja: então a área aproximada dessa figura será de 4 unidades.
P = (5 + 5 + 8 + 8) – 1 No estudo da matemática calculamos áreas de figuras planas e
P = 26 – 1 para cada figura há uma fórmula pra calcular a sua área.
P = 25 Retângulo
É o quadrilátero que tem todos os ângulos internos congruentes
e iguais a 90º.
Didatismo e Conhecimento 4
MATEMÁTICA
Trapézio
É o quadrilátero que tem dois lados paralelos. A altura de um
trapézio é a distância entre as retas suporte de suas bases.
Sua área também é calculada com o produto da base pela Um trapézio é formado por uma base maior (B), por uma base
altura. Mas podemos resumir essa fórmula: menor (b) e por uma altura (h).
Didatismo e Conhecimento 5
MATEMÁTICA
Para fazermos o cálculo da área do trapézio é preciso dividi-lo A = h (B + b)
em dois triângulos, veja como: 2
Primeiro: completamos as alturas no trapézio:
h = altura
B = base maior do trapézio
b = base menor do trapézio
Losango
AT = A∆1 + A∆2
AT = B . h + b . h
2 2
AT = B . h + b . h → colocar a altura (h) em evi- Ângulo externo. O ângulo externo de qualquer polígono
2 convexo é o ângulo formado entre um lado e o prolongamento do
dência, pois é um termo comum aos dois fatores. outro lado.
Didatismo e Conhecimento 6
MATEMÁTICA
- triângulo obtusângulo. Área do triangulo
- triângulo acutângulo.
Segmentos proporcionais
Teorema de Tales.
Semelhança de triângulos
3) Em todo triângulo, a soma das medidas dos 3 ângulos
externos é 360º. Definição.
Dois triângulos são semelhantes se têm os ângulos dois a dois
congruentes e os lados correspondentes dois a dois proporcionais.
Didatismo e Conhecimento 7
MATEMÁTICA
Exercícios
2. Os lados de um triângulo equilátero medem 5 mm. Qual é a 8. Na figura a seguir, as distâncias dos pontos A e B à reta va-
área deste triângulo equilátero? lem 2 e 4. As projeções ortogonais de A e B sobre essa reta são os
pontos C e D. Se a medida de CD é 9, a que distância de C deverá
3. Qual é a medida da área de um paralelogramo cujas medi- estar o ponto E, do segmento CD, para que CÊA=DÊB
das da altura e da base são respectivamente 10 cm e 2 dm? a)3
b)4
4. As diagonais de um losango medem 10 cm e 15 cm. Qual é c)5
a medida da sua superfície? d)6
e)7
5. Considerando as informações constantes no triangulo PQR,
pode-se concluir que a altura PR desse triângulo mede:
9. Para ladrilhar uma sala são necessários exatamente 400 pe-
ças iguais de cerâmica na forma de um quadrado. Sabendo-se que
a área da sala tem 36m², determine:
a) a área de cada peça, em m².
b) o perímetro de cada peça, em metros.
a)6
b)4
c)3
a)5 b)6 c)7 d)8 d)2
6. Num cartão retangular, cujo comprimento é igual ao dobro e) 3
de sua altura, foram feitos dois vincos AC e BF, que formam, entre
si, um ângulo reto (90°). Observe a figura:
Respostas
Substituindo na fórmula:
Considerando AF=16cm e CB=9cm, determine:
l² 3 5² 3
a) as dimensões do cartão; S
= ⇒= S = 6, 25 3 ⇒ = S 10,8
b) o comprimento do vinco AC 4 4
3. Sabemos que 2 dm equivalem a 20 cm, temos:
7. Na figura, os ângulos assinalados sao iguais, AC=2 e AB=6. h=10
A medida de AE é: b=20
a)6/5 b)7/4 c)9/5 d)3/2 e)5/4
Substituindo na fórmula:
.h 20.10
S b=
= = 100cm
= ² 2dm²
Didatismo e Conhecimento 8
MATEMÁTICA
10.
d1=10
d2=15
d1.d 2 10.15
S= ⇒ = 75cm ²
2 2
5. 4 6 36
= ⇒ PR = =6
PR 9 6
x 9
6.
= ⇒ x ² = 144 ⇒ x = 12
16 x
=a ) x 12(
= altura ); 2 x 24(comprimento) 3 PADRÕES NUMÉRICOS.
b) AC = 9² + x ² = 81 + 144 = 15
7. Números Naturais
Didatismo e Conhecimento 9
MATEMÁTICA
Exemplos: É a operação que tem por finalidade adicionar o primeiro núme-
a) 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7 são consecutivos. ro denominado multiplicando ou parcela, tantas vezes quantas são as
b) 5, 6 e 7 são consecutivos. unidades do segundo número denominadas multiplicador.
c) 50, 51, 52 e 53 são consecutivos.
Exemplo
- Todo número natural dado N, exceto o zero, tem um antecessor
(número que vem antes do número dado). 4 vezes 9 é somar o número 9 quatro vezes: 4 x 9 = 9 + 9 + 9
Exemplos: Se m é um número natural finito diferente de zero. + 9 = 36
a) O antecessor do número m é m-1. O resultado da multiplicação é denominado produto e os núme-
b) O antecessor de 2 é 1. ros dados que geraram o produto, são chamados fatores. Usamos o
c) O antecessor de 56 é 55. sinal × ou · ou x, para representar a multiplicação.
d) O antecessor de 10 é 9.
O conjunto abaixo é conhecido como o conjunto dos números Propriedades da multiplicação
naturais pares. Embora uma sequência real seja outro objeto ma-
temático denominado função, algumas vezes utilizaremos a deno- - Fechamento: A multiplicação é fechada no conjunto N dos
minação sequência dos números naturais pares para representar o números naturais, pois realizando o produto de dois ou mais nú-
conjunto dos números naturais pares: P = { 0, 2, 4, 6, 8, 10, 12, ...} meros naturais, o resultado estará em N. O fato que a operação de
O conjunto abaixo é conhecido como o conjunto dos números multiplicação é fechada em N é conhecido na literatura do assunto
naturais ímpares, às vezes também chamados, a sequência dos nú- como: A multiplicação é uma lei de composição interna no con-
meros ímpares. I = { 1, 3, 5, 7, 9, 11, 13, ...} junto N.
- Associativa: Na multiplicação, podemos associar 3 ou mais
Operações com Números Naturais fatores de modos diferentes, pois se multiplicarmos o primeiro fa-
tor com o segundo e depois multiplicarmos por um terceiro núme-
Na sequência, estudaremos as duas principais operações possí- ro natural, teremos o mesmo resultado que multiplicar o terceiro
veis no conjunto dos números naturais. Praticamente, toda a Mate- pelo produto do primeiro pelo segundo. (m . n) . p = m .(n . p) →
mática é construída a partir dessas duas operações: adição e multi- (3 . 4) . 5 = 3 . (4 . 5) = 60
plicação. - Elemento Neutro: No conjunto dos números naturais existe
um elemento neutro para a multiplicação que é o 1. Qualquer que
A adição de números naturais seja o número natural n, tem-se que: 1 . n = n . 1 = n → 1 . 7 = 7
.1=7
A primeira operação fundamental da Aritmética tem por fina- - Comutativa: Quando multiplicamos dois números naturais
lidade reunir em um só número, todas as unidades de dois ou mais quaisquer, a ordem dos fatores não altera o produto, ou seja, mul-
números. Antes de surgir os algarismos indo-arábicos, as adições tiplicando o primeiro elemento pelo segundo elemento teremos o
podiam ser realizadas por meio de tábuas de calcular, com o auxílio mesmo resultado que multiplicando o segundo elemento pelo pri-
de pedras ou por meio de ábacos. meiro elemento. m . n = n . m → 3 . 4 = 4 . 3 = 12
Didatismo e Conhecimento 10
MATEMÁTICA
- A divisão de um número natural n por zero não é possível
pois, se admitíssemos que o quociente fosse q, então poderíamos
escrever: n ÷ 0 = q e isto significaria que: n = 0 x q = 0 o que não
é correto! Assim, a divisão de n por 0 não tem sentido ou ainda é
dita impossível.
Didatismo e Conhecimento 11
MATEMÁTICA
6 – (Pref. Niterói) João e Maria disputaram a prefeitura de C) 206.070
uma determinada cidade que possui apenas duas zonas eleitorais. D) 260.007
Ao final da sua apuração o Tribunal Regional Eleitoral divulgou E) 260.070
a seguinte tabela com os resultados da eleição. A quantidade de Respostas
eleitores desta cidade é:
1ª Zona Eleitoral 2ª Zona Eleitoral 1 - RESPOSTA: “B”.
crédito: 40+30+35+15=120
João 1750 2245 débito: 27+33+42+25=127
Maria 850 2320 120-127=-7
Nulos 150 217 Ele tem um débito de R$ 7,00.
Brancos 18 25 2 - RESPOSTA: “B”.
Abstenções 183 175 2000-200=1800-35=1765
O salário líquido de José é R$1765,00.
A) 3995
B) 7165 3 - RESPOSTA: “E”.
C) 7532 D= dividendo
D) 7575 d= divisor
E) 7933 Q = quociente = 10
R= resto = 0 (divisão exata)
7 - (PREF. JUNDIAI/SP – AGENTE DE SERVIÇOS OPE- Equacionando:
RACIONAIS – MAKIYAMA/2013) Durante um mutirão para D= d.Q + R
promover a limpeza de uma cidade, os 15.000 voluntários foram D= d.10 + 0 → D= 10d
igualmente divididos entre as cinco regiões de tal cidade. Sendo
assim, cada região contou com um número de voluntários igual a: Pela nova divisão temos:
A) 2500
B) 3200
C) 1500
D) 3000
E) 2000
Isolando Q temos:
8 - (PREF. JUNDIAI/SP – AGENTE DE SERVIÇOS OPE-
RACIONAIS – MAKIYAMA/2013) Em determinada loja, o pa-
gamento de um computador pode ser feito sem entrada, em 12
parcelas de R$ 250,00. Sendo assim, um cliente que opte por essa
forma de pagamento deverá pagar pelo computador um total de:
A) R$ 2500,00 4 - RESPOSTA: “B”.
B) R$ 3000,00
C) R$1900,00
D) R$ 3300,00
E) R$ 2700,00
Cada prestação será de R$175,00
9 – (CREFITO/SP – ALMOXARIFE – VUNESP/2012) O su-
cessor do dobro de determinado número é 23. Esse mesmo deter- 5 - RESPOSTA: “A”.
minado número somado a 1 e, depois, dobrado será igual a 345-67=278
A) 24. Depois ganhou 90
B) 22. 278+90=368
C) 20.
D) 18. 6 - RESPOSTA: “E”.
E) 16. Vamos somar a 1ª Zona: 1750+850+150+18+183 = 2951
2ª Zona : 2245+2320+217+25+175 = 4982
10 - (SABESP – ANALISTA DE GESTÃO I -CONTABILI- Somando os dois: 2951+4982 = 7933
DADE – FCC/2012) Uma montadora de automóveis possui cinco
unidades produtivas num mesmo país. No último ano, cada uma 7 - RESPOSTA: “D”.
dessas unidades produziu 364.098 automóveis. Toda a produção
foi igualmente distribuída entre os mercados consumidores de sete
países. O número de automóveis que cada país recebeu foi
A) 26.007
B) 26.070
Didatismo e Conhecimento 12
MATEMÁTICA
Cada região terá 3000 voluntários. Adição de Números Inteiros
8 - RESPOSTA: “B”.
250∙12=3000 Para melhor entendimento desta operação, associaremos aos
O computador custa R$3000,00. números inteiros positivos a idéia de ganhar e aos números inteiros
negativos a idéia de perder.
9 - RESPOSTA: “A”. Ganhar 5 + ganhar 3 = ganhar 8 (+5) + (+3) = (+8)
Se o sucessor é 23, o dobro do número é 22, portanto o nú- Perder 3 + perder 4 = perder 7 (-3) + (-4) = (-7)
mero é 11. Ganhar 8 + perder 5 = ganhar 3 (+8) + (-5) = (+3)
(11+1) → 2=24 Perder 8 + ganhar 5 = perder 3 (-8) + (+5) = (-3)
10 - RESPOSTA: “E”. O sinal (+) antes do número positivo pode ser dispensado, mas
364098 → 5=1820490 automóveis o sinal (–) antes do número negativo nunca pode ser dispensado.
Propriedades da adição de números inteiros: O conjunto Z é
fechado para a adição, isto é, a soma de dois números inteiros ainda
é um número inteiro.
Números Opostos: Dois números inteiros são ditos opostos 1- Na segunda-feira, a temperatura de Monte Sião passou de +3
um do outro quando apresentam soma zero; assim, os pontos que graus para +6 graus. Qual foi a variação da temperatura?
os representam distam igualmente da origem. Esse fato pode ser representado pela subtração: (+6) – (+3) = +3
Exemplo: O oposto do número 2 é -2, e o oposto de -2 é 2, pois
2 + (-2) = (-2) + 2 = 0 2- Na terça-feira, a temperatura de Monte Sião, durante o dia,
No geral, dizemos que o oposto, ou simétrico, de a é – a, e era de +6 graus. À Noite, a temperatura baixou de 3 graus. Qual a
vice-versa; particularmente o oposto de zero é o próprio zero. temperatura registrada na noite de terça-feira?
Didatismo e Conhecimento 13
MATEMÁTICA
Esse fato pode ser representado pela adição: (+6) + (–3) = +3 Elemento inverso: Para todo inteiro z diferente de zero, existe
Se compararmos as duas igualdades, verificamos que (+6) – um inverso z–1=1/z em Z, tal que
(+3) é o mesmo que (+6) + (–3). z x z–1 = z x (1/z) = 1
9 x 9–1 = 9 x (1/9) = 1
Temos:
(+6) – (+3) = (+6) + (–3) = +3 Distributiva: Para todos a,b,c em Z:
(+3) – (+6) = (+3) + (–6) = –3 a x (b + c) = (a x b) + (a x c)
(–6) – (–3) = (–6) + (+3) = –3 3 x (4+5) = (3 x 4) + (3 x 5)
Daí podemos afirmar: Subtrair dois números inteiros é o mes- Divisão de Números Inteiros
mo que adicionar o primeiro com o oposto do segundo.
Dividendo divisor dividendo:
Multiplicação de Números Inteiros Divisor = quociente 0
Quociente . divisor = dividendo
A multiplicação funciona como uma forma simplificada de
uma adição quando os números são repetidos. Poderíamos analisar
tal situação como o fato de estarmos ganhando repetidamente al- Sabemos que na divisão exata dos números naturais:
guma quantidade, como por exemplo, ganhar 1 objeto por 30 vezes 40 : 5 = 8, pois 5 . 8 = 40
consecutivas, significa ganhar 30 objetos e esta repetição pode ser 36 : 9 = 4, pois 9 . 4 = 36
indicada por um x, isto é: 1 + 1 + 1 ... + 1 + 1 = 30 x 1 = 30
Se trocarmos o número 1 pelo número 2, obteremos: 2 + 2 + 2 Vamos aplicar esses conhecimentos para estudar a divisão
+ ... + 2 + 2 = 30 x 2 = 60 exata de números inteiros. Veja o cálculo:
Se trocarmos o número 2 pelo número -2, obteremos: (–2) + (–20) : (+5) = q (+5) . q = (–20) q = (–4)
(–2) + ... + (–2) = 30 x (-2) = –60 Logo: (–20) : (+5) = - 4
Observamos que a multiplicação é um caso particular da adi-
ção onde os valores são repetidos. Considerando os exemplos dados, concluímos que, para efe-
Na multiplicação o produto dos números a e b, pode ser indi- tuar a divisão exata de um número inteiro por outro número in-
cado por a x b, a . b ou ainda ab sem nenhum sinal entre as letras. teiro, diferente de zero, dividimos o módulo do dividendo pelo
Para realizar a multiplicação de números inteiros, devemos módulo do divisor. Daí:
obedecer à seguinte regra de sinais: - Quando o dividendo e o divisor têm o mesmo sinal, o quo-
(+1) x (+1) = (+1) ciente é um número inteiro positivo.
(+1) x (-1) = (-1) - Quando o dividendo e o divisor têm sinais diferentes, o quo-
(-1) x (+1) = (-1) ciente é um número inteiro negativo.
(-1) x (-1) = (+1) - A divisão nem sempre pode ser realizada no conjunto Z. Por
exemplo, (+7) : (–2) ou (–19) : (–5) são divisões que não podem
Com o uso das regras acima, podemos concluir que: ser realizadas em Z, pois o resultado não é um número inteiro.
- No conjunto Z, a divisão não é comutativa, não é associativa
Sinais dos números Resultado do produto e não tem a propriedade da existência do elemento neutro.
1- Não existe divisão por zero.
Iguais Positivo Exemplo: (–15) : 0 não tem significado, pois não existe um
Diferentes Negativo número inteiro cujo produto por zero seja igual a –15.
2- Zero dividido por qualquer número inteiro, diferente de
Propriedades da multiplicação de números inteiros: O zero, é zero, pois o produto de qualquer número inteiro por zero é
conjunto Z é fechado para a multiplicação, isto é, a multiplicação igual a zero.
de dois números inteiros ainda é um número inteiro. Exemplos: a) 0 : (–10) = 0 b) 0 : (+6) = 0 c) 0 : (–1) = 0
Elemento neutro: Existe 1 em Z, que multiplicado por todo z Exemplos:33 = (3) x (3) x (3) = 27
em Z, proporciona o próprio z, isto é: (-5)5 = (-5) x (-5) x (-5) x (-5) x (-5) = -3125
zx1=z (-7)² = (-7) x (-7) = 49
7x1=7 (+9)² = (+9) x (+9) = 81
Didatismo e Conhecimento 14
MATEMÁTICA
- Toda potência de base positiva é um número inteiro po- Exemplos
sitivo.
Exemplo: (+3)2 = (+3) . (+3) = +9
(a)
3
8 = 2, pois 2³ = 8.
- Toda potência de base negativa e expoente par é um
número inteiro positivo. (b)
3
− 8 = –2, pois (–2)³ = -8.
Exemplo: (– 8)2 = (–8) . (–8) = +64
(c)
3
27 = 3, pois 3³ = 27.
- Toda potência de base negativa e expoente ímpar é um
número inteiro negativo. (d)
3
− 27 = –3, pois (–3)³ = -27.
Exemplo: (–5)3 = (–5) . (–5) . (–5) = –125
Observação: Ao obedecer à regra dos sinais para o produto de
Propriedades da Potenciação: números inteiros, concluímos que:
(a) Se o índice da raiz for par, não existe raiz de número in-
Produtos de Potências com bases iguais: Conserva-se a teiro negativo.
base e somam-se os expoentes. (–7)3 . (–7)6 = (–7)3+6 = (–7)9 (b) Se o índice da raiz for ímpar, é possível extrair a raiz de
qualquer número inteiro.
Quocientes de Potências com bases iguais: Conserva-se
a base e subtraem-se os expoentes. (+13)8 : (+13)6 = (+13)8 – 6 Questões
= (+13)2
1 - (TRF 2ª – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2012) Uma
Potência de Potência: Conserva-se a base e multiplicam- operação λ é definida por:
se os expoentes. [(+4)5]2 = (+4)5 . 2 = (+4)10 wλ = 1 − 6w, para todo inteiro w.
Com base nessa definição, é correto afirmar que a soma 2λ +
Potência de expoente 1: É sempre igual à base. (+9)1 = (1λ) λ é igual a
+9 (–13)1 = –13 A) −20.
B) −15.
Potência de expoente zero e base diferente de zero: É C) −12.
igual a 1. Exemplo: (+14)0 = 1 (–35)0 = 1 D) 15.
E) 20.
Radiciação de Números Inteiros
2 - (UEM/PR – AUXILIAR OPERACIONAL – UEM/2014)
A raiz n-ésima (de ordem n) de um número inteiro a é a Ruth tem somente R$ 2.200,00 e deseja gastar a maior quantidade
operação que resulta em outro número inteiro não negativo b possível, sem ficar devendo na loja.
que elevado à potência n fornece o número a. O número n é o Verificou o preço de alguns produtos:
índice da raiz enquanto que o número a é o radicando (que fica TV: R$ 562,00
sob o sinal do radical). DVD: R$ 399,00
A raiz quadrada (de ordem 2) de um número inteiro a é a Micro-ondas: R$ 429,00
operação que resulta em outro número inteiro não negativo que Geladeira: R$ 1.213,00
elevado ao quadrado coincide com o número a.
Na aquisição dos produtos, conforme as condições mencio-
Observação: Não existe a raiz quadrada de um número in- nadas, e pagando a compra em dinheiro, o troco recebido será de:
teiro negativo no conjunto dos números inteiros. A) R$ 84,00
B) R$ 74,00
Erro comum: Frequentemente lemos em materiais didá- C) R$ 36,00
ticos e até mesmo ocorre em algumas aulas aparecimento de: D) R$ 26,00
√9 = ±3 E) R$ 16,00
mas isto está errado. O certo é:
√9 = +3
Didatismo e Conhecimento 15
MATEMÁTICA
3 - (PREF. JUNDIAI/SP – ELETRICISTA – MAKIYAMA/2013) Analise as operações a seguir:
I abac=ax
II
III
De acordo com as propriedades da potenciação, temos que, respectivamente, nas operações I, II e III:
A) x=b-c, y=b+c e z=c/2.
B) x=b+c, y=b-c e z=2c.
C) x=2bc, y=-2bc e z=2c.
D) x=c-b, y=b-c e z=c-2.
E) x=2b, y=2c e z=c+2.
4 - (BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESGRANRIO/2013) Multiplicando-se o maior número inteiro menor do que 8 pelo
menor número inteiro maior do que - 8, o resultado encontrado será
A) - 72
B) - 63
C) - 56
D) - 49
E) – 42
5 - (SEPLAG - POLÍCIA MILITAR/MG - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO - FCC/2012) Em um jogo de tabuleiro, Carla e Ma-
teus obtiveram os seguintes resultados:
6 – (Operador de máq./Pref.Coronel Fabriciano/MG) Quantos são os valores inteiros e positivos de x para os quais é
um número inteiro?
A) 0
B) 1
C) 2
D) 3
E) 4
Didatismo e Conhecimento 16
MATEMÁTICA
7- (CASA DA MOEDA) O quadro abaixo indica o número 5 - RESPOSTA: “C”.
de passageiros num vôo entre Curitiba e Belém, com duas escalas, Carla: 520-220-485+635=450 pontos
uma no Rio de Janeiro e outra em Brasília. Os números indicam a Mateus: -280+675+295-115=575 pontos
quantidade de passageiros que subiram no avião e os negativos, a Diferença: 575-450=125 pontos
quantidade dos que desceram em cada cidade.
6 - RESPOSTA:“C”.
Curtiba +240 Fazendo substituição dos valores de x, dentro dos conjuntos
do inteiros positivos temos:
-194
Rio de Janeiro
+158
x=0 ; x=1
-108
Brasília
+94
Didatismo e Conhecimento 17
MATEMÁTICA
1 = 0,25 10x – x = 3,333... – 0,333... ⇒ 9x = 3 ⇒ x = 3/9
4
Assim, a geratriz de 0,333... é a fração 3 .
35 = 8,75 9
4 Exemplo 2
Representação Fracionária dos Números Decimais Simplificando, obtemos x = 611 , a fração geratriz da dízima
1, 23434... 495
Trata-se do problema inverso: estando o número racional
escrito na forma decimal, procuremos escrevê-lo na forma de Módulo ou valor absoluto: É a distância do ponto que
fração. Temos dois casos: representa esse número ao ponto de abscissa zero.
3,48 = 348 Como todo número racional é uma fração ou pode ser escrito
100
na forma de uma fração, definimos a adição entre os números
a c
0,005 = 5 = 1 racionais
b
e
d
, da mesma forma que a soma de frações,
1000 200
através de:
a ad + bc
2º) Devemos achar a fração geratriz da dízima dada; para tanto, + c =
vamos apresentar o procedimento através de alguns exemplos: b d bd
Exemplo 1
Propriedades da Adição de Números Racionais
Seja a dízima 0, 333... .
O conjunto Q é fechado para a operação de adição, isto é, a
Façamos x = 0,333... e multipliquemos ambos os membros soma de dois números racionais ainda é um número racional.
por 10: 10x = 0,333 - Associativa: Para todos a, b, c em Q: a + ( b + c ) = ( a +
Subtraindo, membro a membro, a primeira igualdade da b)+c
segunda: - Comutativa: Para todos a, b em Q: a + b = b + a
Didatismo e Conhecimento 18
MATEMÁTICA
- Elemento neutro: Existe 0 em Q, que adicionado a todo q em Potenciação de Números Racionais
Q, proporciona o próprio q, isto é: q + 0 = q
- Elemento oposto: Para todo q em Q, existe -q em Q, tal que A potência qn do número racional q é um produto de n fatores
q + (–q) = 0 iguais. O número q é denominado a base e o número n é o expoente.
qn = q × q × q × q × ... × q, (q aparece n vezes)
Subtração de Números Racionais
Exemplos:
A subtração de dois números racionais p e q é a própria 3
⎛ 2⎞ ⎛ 2⎞ ⎛ 2⎞ ⎛ 2⎞ 8
operação de adição do número p com o oposto de q, isto é: a) ⎜ ⎟ = ⎜ ⎟ .⎜ ⎟ .⎜ ⎟ =
⎝ 5 ⎠ ⎝ 5 ⎠ ⎝ 5 ⎠ ⎝ 5 ⎠ 125
p – q = p + (–q)
Didatismo e Conhecimento 19
MATEMÁTICA
Questões
4 Representa o produto 2 . 2 ou 22. Logo, 2 é a raiz quadrada 3 - (FUNDAÇÃO CASA – AGENTE DE APOIO OPERA-
de 4. Indica-se √4= 2. CIONAL – VUNESP/2013) De um total de 180 candidatos, 2/5
Exemplo 2 estudam inglês, 2/9 estudam francês, 1/3estuda espanhol e o res-
1 1 1 2
1
tante estuda alemão. O número de candidatos que estuda alemão é:
Representa o produto 3 . ou ⎛ 1⎞ . Logo, é a raiz
9 3 ⎜⎝ ⎟⎠ 3 A) 6.
quadrada de 19 .Indica-se 1 = 3
1 3
9 B) 7.
C) 8.
Exemplo 3 D) 9.
E) 10.
0,216 Representa o produto 0,6 . 0,6 . 0,6 ou (0,6)3. Logo, 0,6
é a raiz cúbica de 0,216. Indica-se 3 0,216 = 0,6. 4 - (FUNDAÇÃO CASA – AGENTE DE APOIO OPERA-
CIONAL – VUNESP/2013) Em um estado do Sudeste, um Agente
Assim, podemos construir o diagrama: de Apoio Operacional tem um salário mensal de: saláriobase R$
617,16 e uma gratificação de R$ 185,15. No mês passado, ele fez
8 horas extras a R$ 8,50 cada hora, mas precisou faltar um dia e
N Z Q foi descontado em R$ 28,40. No mês passado, seu salário totalizou
A) R$ 810,81.
B) R$ 821,31.
C) R$ 838,51.
D) R$ 841,91.
Um número racional, quando elevado ao quadrado, dá o E) R$ 870,31.
número zero ou um número racional positivo. Logo, os números
racionais negativos não têm raiz quadrada em Q. 5 - (Pref. Niterói) Simplificando a expressão abaixo
Obtém-se :
O número -100 não tem raiz quadrada em Q, pois tanto -10
9 3 A) ½
100
como +10 , quando elevados ao quadrado, dão . B) 1
3 9
C) 3/2
Um número racional positivo só tem raiz quadrada no conjunto D) 2
dos números racionais se ele for um quadrado perfeito. E) 3
2 6 - (SABESP – APRENDIZ – FCC/2012) Em um jogo mate-
O número não tem raiz quadrada em Q, pois não existe
3 mático, cada jogador tem direito a 5 cartões marcados com um nú-
número racional que elevado ao quadrado dê 2 . mero, sendo que todos os jogadores recebem os mesmos números.
3
Após todos os jogadores receberem seus cartões, aleatoriamente,
Didatismo e Conhecimento 20
MATEMÁTICA
realizam uma determinada tarefa que também é sorteada. Vence o A) 40 anos.
jogo quem cumprir a tarefa corretamente. Em uma rodada em que B) 35 anos.
a tarefa era colocar os números marcados nos cartões em ordem C) 45 anos.
crescente, venceu o jogador que apresentou a sequência D) 30 anos.
E) 42 anos.
Respostas
1 - RESPOSTA: “B”.
Somando português e matemática:
Didatismo e Conhecimento 21
MATEMÁTICA
Números Irracionais
Exemplo
Como 3/4 eram homens, 1/4 eram mulheres Existem dois tipos de números irracionais:
Didatismo e Conhecimento 22
MATEMÁTICA
dizer que existem mais números transcendentes do que números B) Apenas I e II são verdadeiras.
algébricos (a comparação entre conjuntos infinitos pode ser feita C) Apenas II e III são verdadeiras.
na teoria dos conjuntos). D) Apenas uma é verdadeira.
A definição mais genérica de números algébricos e transcen- E) I,II e III são falsas.
dentes é feita usando-se números complexos.
2 – (DPE/RS – ANALISTA ADMINISTRAÇÃO – FCC/2013)
Identificação de números irracionais A soma S é dada por:
Simbolicamente, teremos:
Q I=R
Q I =
Questões II
1 - (TRF 2ª – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2012) Consi-
dere as seguintes afirmações:
I. Para todo número inteiro x, tem-se 10x=4,4444...
-x=0,4444.....
9x=4
x=4/9
II.
III
Didatismo e Conhecimento 23
MATEMÁTICA
3 - RESPOSTA: “D”.
Números Reais
Didatismo e Conhecimento 24
MATEMÁTICA
Os números Irracionais possuem infinitos algarismos decimais Quando o erro é dado sem sinal, diz-se que está dado em valor
não-periódicos. As operações com esta classe de números sempre absoluto. O valor absoluto de um número a é designado por |a| e
produzem erros quando não se utilizam todos os algarismos coincide com o número positivo, se for positivo, e com seu oposto,
decimais. Por outro lado, é impossível utilizar todos eles nos se for negativo.
cálculos. Por isso, somos obrigados a usar aproximações, isto é, Exemplo: Um livro nos custou 8,50 reais. Pagamos com uma
cortamos o decimal em algum lugar e desprezamos os algarismos nota de 10 reais. Se nos devolve 1,60 real de troco, o vendedor
restantes. Os algarismos escolhidos serão uma aproximação do cometeu um erro de +10 centavos. Ao contrário, se nos devolve
número Real. Observe como tomamos a aproximação de e do 1,40 real, o erro cometido é de 10 centavos.
número nas tabelas.
Aproximação por
Falta Excesso
Erro menor que π π
1 unidade 1 3 2 4
1 décimo 1,4 3,1 1,5 3,2
1 centésimo 1,41 3,14 1,42 3,15
1 milésimo 1,414 3,141 1,415 3,142
1 décimo de
1,4142 3,1415 1,4134 3,1416
milésimo
Didatismo e Conhecimento 25
MATEMÁTICA
A) 320 D) 28,5.
B) 290 E) 29.
C) 435
D) 145 7 - (UFOP/MG – ADMINISTRADOR DE EDIFICIOS –
UFOP/2013) Uma pessoa caminha 5 minutos em ritmo normal e,
3 - (TRT 6ª – TÉCNICO JUDICIÁRIO- ADMINISTRATI- em seguida, 2 minutos em ritmo acelerado e, assim, sucessivamen-
VA – FCC/2012) Em uma praia chamava a atenção um catador de te, sempre intercalando os ritmos da caminhada (5 minutos nor-
cocos (a água do coco já havia sido retirada). Ele só pegava cocos mais e 2 minutos acelerados). A caminhada foi iniciada em ritmo
inteiros e agia da seguinte maneira: o primeiro coco ele coloca normal, e foi interrompida após 55 minutos do início.
inteiro de um lado; o segundo ele dividia ao meio e colocava as O tempo que essa pessoa caminhou aceleradamente foi:
metades em outro lado; o terceiro coco ele dividia em três partes A) 6 minutos
iguais e colocava os terços de coco em um terceiro lugar, diferen- B) 10 minutos
te dos outros lugares; o quarto coco ele dividia em quatro partes C) 15 minutos
iguais e colocava os quartos de coco em um quarto lugar diferente D) 20 minutos
dos outros lugares. No quinto coco agia como se fosse o primeiro
coco e colocava inteiro de um lado, o seguinte dividia ao meio, o 8 - (PREF. IMARUÍ – AGENTE EDUCADOR – PREF.
seguinte em três partes iguais, o seguinte em quatro partes iguais e IMARUÍ/2014) Sobre o conjunto dos números reais é CORRETO
seguia na sequência: inteiro, meios, três partes iguais, quatro par- dizer:
tes iguais. Fez isso com exatamente 59 cocos quando alguém disse A) O conjunto dos números reais reúne somente os números
ao catador: eu quero três quintos dos seus terços de coco e metade racionais.
dos seus quartos de coco. O catador consentiu e deu para a pessoa B) R* é o conjunto dos números reais não negativos.
A) 52 pedaços de coco. C) Sendo A = {-1,0}, os elementos do conjunto A não são
B) 55 pedaços de coco. números reais.
C) 59 pedaços de coco. D) As dízimas não periódicas são números reais.
D) 98 pedaços de coco.
E) 101 pedaços de coco. 9 - (TJ/SP - AUXILIAR DE SAÚDE JUDICIÁRIO - AU-
XILIAR EM SAÚDE BUCAL – VUNESP/2013) Para numerar
4 - (UEM/PR – AUXILIAR OPERACIONAL – UEM/2014) as páginas de um livro, uma impressora gasta 0,001 mL por cada
A mãe do Vitor fez um bolo e repartiu em 24 pedaços, todos de algarismo impresso. Por exemplo, para numerar as páginas 7, 58 e
mesmo tamanho. A mãe e o pai comeram juntos, ¼ do bolo. O 290 gasta-se, respectivamente, 0,001 mL, 0,002 mL e 0,003 mL de
Vitor e a sua irmã comeram, cada um deles, ¼ do bolo. Quantos tinta. O total de tinta que será gasto para numerar da página 1 até a
pedaços de bolo sobraram? página 1 000 de um livro, em mL, será
A) 4 A) 1,111.
B) 6 B) 2,003.
C) 8 C) 2,893.
D) 10 D) 1,003.
E) 12 E) 2,561.
Didatismo e Conhecimento 26
MATEMÁTICA
7 - RESPOSTA: “C”.
A caminhada sempre vai ser 5 minutos e depois 2 minutos,
então 7 minutos ao total.
O número de exemplares que não são da Editora A e nem são Dividindo o total da caminhada pelo tempo, temos:
antigas são 290.
3 - RESPOSTA: “B”.
Assim, sabemos que a pessoa caminhou 7. (5 minutos +2 mi-
nutos) +6 minutos (5 minutos+1 minuto)
Aceleradamente caminhou: (7.2)+1➜ 14+1=15 minutos
De 100 a 999
4 - RESPOSTA “B”. 999-100+1=900 números
900⋅0,003=2,7ml
1000=0,004ml
Somando: 0,009+0,18+2,7+0,004=2,893
4 MODELOS LINEARES.
Restam :1000-850=R$150,00
6 - RESPOSTA: “D”.
Primeiro balde:
Sistema Linear
Didatismo e Conhecimento 27
MATEMÁTICA
Equações Lineares
Equação linear é toda equação do tipo a1x1 + a2x2 + a3x3+...anxn
= b, onde a1, a2, a3,.., an e b são números reais e x1, x2, x3,.., xn são
as incógnitas.
Os números reais a1, a2, a3,.., an são chamados de coeficientes
e b é o termo independente.
Exemplos
- São equações lineares:
x1 - 5x2 + 3x3 = 3
2x – y + 2z = 1
0x + 0y + 0z = 2 Equação Linear Homogênea
0x + 0y + 0z = 0 Uma equação linear é chamada homogênea quando o seu
- Não são equações lineares: termo independente for nulo.
x3-2y+z = 3 Exemplo
(x3 é o impedimento) 2x1 + 3x2 - 4x3 + 5x4 - x5 = 0
2x1 – 3x1x2 + x3 = -1
(-3x1x2 é o impedimento) Observação: Toda equação homogênea admite como solução
o conjunto ordenado de “zeros” que chamamos solução nula ou
2x1 – 3 3 + x3 = 0 solução trivial.
x2
( 3 é o impedimento) Exemplo
x2
Observação: Uma equação é linear quando os expoentes das (0, 0, 0) é solução de 3x + y - z – 0
incógnitas forem iguais a l e em cada termo da equação existir uma
única incógnita. Equações Lineares Especiais
Dada a equação:
Solução de ama Equação Linear a1x1 + a2x2 +a3x3+...anxn = b, temos:
Uma solução de uma equação linear a1xl +a2x2 +a3x3+...anxn
= b, é um conjunto ordenado de números reais α1, α2, α3,..., αn - Se a1 = a2 = a3 =...= na = b = 0, ficamos com:
para o qual a sentença a1{α1) + a2{αa2) + a3(α3) +... + an(αn) = b é 0x1 + 0x2 +0x3 +...+0xn, e, neste caso, qualquer seqüências (α1,
verdadeira. α2, α3,..., αn) será solução da equação dada.
- Se a1 = a2 = a3 =... = an = 0 e b ≠ 0, ficamos com:
Exemplos 0x1 +0x2 + 0x3 +...+0xn= b ≠0, e, neste caso, não existe
- A terna (2, 3, 1) é solução da equação: seqüências de reais (α1, α2, α3,...,αn) que seja solução da equação
x1 – 2x2 + 3x3 = -1 pois: dada.
(2) – 2.((3) + 3.(1) = -1
- A quadra (5, 2, 7, 4) é solução da equação: Sistema Linear 2 x 2
0x1 - 0x2 + 0x3 + 0x4 = 0 pois: Chamamos de sistema linear 2 x 2 o conjunto de equações
0.(5) + 0.(2) + 0.(7) + 0.(4) = 0 lineares a duas incógnitas, consideradas simultaneamente.
Todo sistema linear 2 x 2 admite a forma geral abaixo:
Conjunto Solução
Chamamos de conjunto solução de uma equação linear o a1 x + b1 y = c1
conjunto formado por todas as suas soluções. a2 + b2 y = c2
Observação: Em uma equação linear com 2 incógnitas, o Um par (α1, α2) é solução do sistema linear 2 x 2 se, e somente
conjunto solução pode ser representado graficamente pelos pontos se, for solução das duas equações do sistema.
de uma reta do plano cartesiano.
Exemplo
Assim, por exemplo, na equação (3, 4) é solução do sistema
2x + y = 2 ⎧ x − y = −1
⎨
Algumas soluções são (1, 0), (2, -2), (3, -4), (4, -6), (0, 2), ⎩2x + y = 10
(-1,4), etc.
Representando todos os pares ordenados que são soluções da pois é solução de suas 2 equações:
equação dada, temos: (3)-(4) = -l e 2.(3) + (4) = 10
Resolução de um Sistema 2 x 2
Resolver um sistema linear 2 x 2 significa obter o conjunto
solução do sistema.
Didatismo e Conhecimento 28
MATEMÁTICA
Os dois métodos mais utilizados para a resolução de um - 16= -16 é uma igualdade verdadeira e existem infinitos pares
sistema linear 2x2 são o método da substituição e o método da ordenados que são soluções do sistema.
adição. 5 8
Para exemplificar, vamos resolver o sistema 2 x 2 abaixo Entre outros, (1, 2), (4, 0), ,1 e 0, são soluções do
2 3
usando os dois métodos citados. sistema.
⎛ 8 − 2α ⎞
Sendo a, um número real qualquer, dizemos que α,
2x + 3y = 8 ⎝⎜ 3 ⎠
⎟
é solução do sistema.
x - y = - 1
(Obtemos 8 − 2α substituindo x =α na equação (I)).
1. Método da Substituição: 3
2x + 3y = 8 (I)
Sistema Linear 2 x 2 com nenhuma solução
x - y = - 1 (II)
Quando duas equações lineares têm os mesmos coeficientes,
Da equação (II), obtemos x = y -1, que substituímos na porém os termos independentes são diferentes, dizemos que não
equação (I) existe solução comum para as duas equações, pois substituindo uma
2(y- 1) +3y = 8 5y = 10 y = 2 na outra, obtemos uma igualdade sempre falsa.
Exemplo
Fazendo y = 2 na equação (I), por exemplo, obtemos: 2x+3y=6(I) e 2x+3y=5(II)
Assim: S = {(1,2)}
Substituindo 2x+3y da equação (I) na equação (II) obtemos:
2. Método da Adição: 6=5 que é uma igualdade falsa. Se num sistema 2x2 existir
2x + 3y = 8 (I) um número real que, multiplicado por uma das equações, resulta
uma equação com os mesmos coeficientes da outra equação do
x - y = - 1 (II)
sistema, porém com termos independentes diferentes, dizemos
Multiplicamos a equação II por 3 e a adicionamos, membro a que não existe par ordenado que seja solução do sistema.
membro, com a equação I. Exemplo
x + 2 y = 5( I )
2x + 3y = 8
3 x − 3 y = −3
2 x + 4 y = 7( II )
5x = 5 ⇒ x = 5 = 1
5 Multiplicando-se equação (I) por 2 obtemos:
2x+4y=10
Fazendo x = 1 na equação (I), por exemplo, obtemos:
Assim: S = {(1,2)} Que tem os mesmo coeficientes da equação (II), porém os
termos independentes são diferentes.
Sistema Linear 2 x 2 com infinitas soluções Se tentarmos resolver o sistema dado pelo método de
substituição, obtemos uma igualdade que é sempre falsa,
Quando uma equação de um sistema linear 2 x 2 puder ser independente das incógnitas.
obtida multiplicando-se a outra por um número real, ao tentarmos x + 2 y = 5( I )
resolver esse sistema, chegamos numa igualdade que é sempre
2 x + 4 y = 7( II )
verdadeira, independente das incógnitas. Nesse caso, existem 5− x
infinitos pares ordenados que são soluções do sistema. Da equação (I), obtemos , y = 2 que substituímos na
equação (II)
Exemplo
5 − x
⎧2x + 3y = 8(I ) 2x- 4. =7→2x+2(5-x)=7
2/
⎨
⎩−4x − 6y = −16(II ) 2x+10-2x=7→10=7
Note que multiplicando-se a equação (I) por (-2) obtemos a 10=7 é uma igualdade falsa e não existe par ordenado que seja
equação (II). solução do sistema.
Resolvendo o sistema pelo método da substituição temos:
Classificação
8 − 2x
Da equação (I), obtemos y = , que substituímos na De acordo com o número de soluções, um sistema linear 2x2
equação (II). 3 pode ser classificado em:
- Sistema Impossíveis ou Incompatíveis: são os sistemas que
8 − 2x
- 4 x - 6 . 3/
=-16 →-4x-2(8-2x)=-16 não possuem solução alguma.
- Sistemas Possíveis ou compatíveis: são os sistemas que
-4x-16+4x=-16→-16=-16 apresentam pelo menos uma solução.
Didatismo e Conhecimento 29
MATEMÁTICA
- Sistemas Possíveis Determinados: se possuem uma única
solução.
a a12 a13 a1n
11
- Sistemas Possíveis Indeterminados: se possuem infinitas
soluções. a
21 a 22 a 23 a 2n
Sistema Linear m x n A = a31 a32 a33 a3n
Chamamos de sistema linear M x n ao conjunto de m equações .....................................
a n incógnitas, consideradas simultaneamente, que podem ser
escrito na forma: am1 am 2 am 3 amn
a11 x1 + a12 x2 + a13 x3 + ... + a1n xn = b1 Exemplo
a x + a x + a x + ... + a x = b
21 1 22 2 23 3 2n n 2
No sistema:
a31 x1 + a32 x2 + a33 x3 + ... + a3n xn = b3
......................................................... x − y + 2z = 1
am1 x1 + am 2 x2 + am 3 x3 + ... + amn xn = bm x + z=0
− x + y = 5
Onde:
X1, x2, x3,…,xn são as incógnitas;
aij, com 1 ≤ i ≤ m e 1 ≤ n, são os coeficientes das incógnitas; A matriz incompleta é:
bi, com 1 ≤ i ≤ m, são os termos independentes.
1 −1 2
Exemplos
1. A= 1 0 1
x − 2 y + 3z = 5
x + y − z + 2 − 1 1 0
(sistema 2 x 3)
2. Forma Matricial
x1 + 3 x2 − 2 x3 + x4 = 0
Consideremos o sistema linear M x n:
x1 + 2 x2 − 3 x3 + x4 = 2
x − x + x + x = 5
1 2 3 4 a11 x1 + a12 x2 + a13 x3 + + a1n xn = b1
(sistema 3 x 4) a21 x1 + a22 x2 + a23 x3 + + a2 n xn = b2
3. a31 x1 + a32 x2 + a33 x3 + + a3n xn = b3
........................................................
x + 2 y = 1
x − y = 4 am1 x1 + am 2 x2 + am 3 x3 + + amn xn = bm
2 x − 3 y = 0
Sendo A a Matriz incompleta do sistema chamamos,
(sistema 3 x 2) respectivamente, as matrizes
Matriz Incompleta x1
Chamamos de matriz incompleta do sistema linear a matriz b1
formada pelos coeficientes das incógnitas. x2 b2
X = x3 e B = b3
xn bm
de matriz incógnita e matriz termos independentes.
E dizemos que a forma matricial do sistema é A.X=B, ou seja:
Didatismo e Conhecimento 30
MATEMÁTICA
Resolução
a11 a12 a13 a1n Isolando a incógnita x na equação (I) e substituindo nas
x1 b1
a x2 b2 equações (II) e (III), temos:
a a a 2n
21 22 23
x3 b3 x + 2y – z = -1 → x = -2y + z - 1
a31 a32 a33 a3n
................................... Na equação (II)
xn bm 2(-2y + z - 1) – y + z = 5 →5y + 3z = 7 (IV)
am1 am 2 am 3 amn
Na equação (III)
(-2y + z - 1) + 3y - 2z = -4 → y – z = -3 (V)
Sistemas Lineares – Escalonamento (I)
Resolução de um Sistema por Substituição Tomando agora o sistema formado pelas equações (IV) e (V):
Resolvemos um sistema linear m x n por substituição, do
mesmo modo que fazemos num sistema linear 2 x 2. Assim, ⎧⎪−5y + 3z = 7 (IV )
observemos os exemplos a seguir. ⎨
⎩⎪ y − z = −3 (V )
Exemplos
- Resolver o sistema pelo método da substituição. Isolando a incógnita y na equação (V) e substituindo na
x + 2 y − z = −1 ( I ) equação (IV), temos:
2 x − y + z = 5 ( II ) y – z = -3 → y = z - 3
-5(z - 3) + 3z = 7 → z = 4
x + 3 y − 2 z = −4( III )
Substituindo z = 4 na equação (V)
y – 4 = -3 → y = 1
Resolução
Isolando a incógnita x na equação (I) e substituindo nas
Substituindo y = 1 e z = 4 na equação (I)
equações (II) e (III), temos:
x + 2(1) - (4) = -1 → x = 1
x + 2y – z - 1→ x = -2y + z - 1
Na equação (II)
2(-2y + z - 1) – y + z = 5 → -5y + 3z = 7 (IV) Assim:
Na equação (III) S={(1, 1, 4)}
(-2y + z - 1) + 3y - 2z = -4 → y – z = -3 (V)
Tomando agora o sistema formado pelas equações (IV) e (V): 2º) Resolver o sistema pelo método da substituição:
⎪⎧−5y + 3z = 7 (IV ) ⎧ x + 3y − z = 1 (I )
⎨ ⎪
⎩⎪ y − z = −3 (V ) ⎨ y + 2z = 10 (II )
Isolando a incógnita y na equação (V) e substituindo na ⎪
⎩ 3z = 12 (III )
equação (IV), temos:
y – z = -3 → y = z - 3
-5 (z - 3) + 3z = 7→ z = 4 Resolução
Na equação (III), obtemos:
Substituindo z = 4 na equação (V) 3z = 12 → z = 4
y – 4 = -3 → y = 1 Substituindo z = 4 na equação (II), obtemos:
Substituindo y = 1 e z = 4 na equação (I) y + 2 . 4 = 10 → y = 2
x + 2 (1) - (4) = -1 →x = 1 Substituindo z = 4 e y = 2 na equação (I), obtemos:
Assim: x + 3 . 2 – 4 = 1 → x = -1
S={(1, 1, 4)} Assim:
S{(-1, 2, 4)}
2º) Resolver o sistema pelo método da substituição:
Observação: Podemos observar que a resolução de sistemas
⎧ x + 3y − z = 1 (I ) pelo método da substituição pode ser demasiadamente longa e
⎪ trabalhosa, quando os sistemas não apresentam alguma forma
⎨ y + 2z = 10 (II ) simplificada como no primeiro exemplo. No entanto, quando
⎪ o sistema apresenta a forma simples do segundo exemplo, que
⎩ 3z = 12 (III )
denominamos “forma escalonada”, a resolução pelo método da
substituição é rápida e fácil.
Didatismo e Conhecimento 31
MATEMÁTICA
Veremos, a seguir, como transformar um sistema linear m x Como D ≠ 0, os sistemas deste tipo são possíveis e determinados
n qualquer em um sistema equivalente na “forma escalonada”. e, para obtermos a solução única, partimos da n-ésima equação
que nos dá o valor de xn; por substituição nas equações anteriores,
Sistemas Lineares Escalonados obtemos sucessivamente os valores de xn-1,xn-2,…,x3,x2 e x1.
Dizemos que um sistema linear é um sistema escalonado
quando: Exemplo
- Em cada equação existe pelo menos um coeficiente não-
nulo; Resolver o sistema:
- O número de coeficiente nulos, antes do primeiro coeficiente
não-nulo, cresce “da esquerda para a direita, de equação para ⎧2x + y − z + t = 5(I )
equação”. ⎪
⎪ y + z + 3t = 9(II )
⎨
Exemplos ⎪ 2z − t = 0(III )
⎪ 3t = 6(IV )
2 x + y − z = 3 ⎩
1º)
2 y + 3 z = 2 Resolução
0 a22 a23 a2 n x + y = 1 − 2 z
2y = 2 + z
D = 0 0 a33 a3n = D = a11 .a22 .a33 ..ann ≠ 0
Fazendo z = α, temos:
.................
0 0 0 ann
Didatismo e Conhecimento 32
MATEMÁTICA
- Multiplicar (ou dividir) uma equação por um número real
⎪⎧ x + y = 1− 2α não-nulo.
⎨
⎪⎩ 2y = 2 + α
Exemplo
2 +α
2y = 2 + α → y = x + 2 y = 3
2 x + 2 y = 3
( S ) ~ ( S1 )
3 x − y = 1 6 x − 2 y = 3
2 + α na 1ª equação, temos:
Substituindo y =
2 Multiplicamos a 2ª equação de S por 2, para obtermos S1.
2 +α
x+ = 1− 2α - Adicionar a uma equação uma outra equação do sistema,
2 previamente multiplicada por um número real não-nulo.
Agora para continuar fazemos o mmc de 2, e teremos:
Exemplo
2x + 2α = 2(1-2α)
2x + 2α = 2 - 4α x + 3 y = 5 x + 3 y = 5
(S ) = ~ ( S1 )
4α + 2x + 2 + α - 2 = 0 2 x + y = 3 − 5 y = −7
5α + 2x = 0
2x = -5α
x = −5α Multiplicamos a 1ª equação do S por -2 e a adicionamos à 2ª
2 equação para obtermos s1.
Exemplo Resolução
x + 3 y = 2 2 x − y = 5
(S ) = ~ ( S1 )
2 x − y = 5 x + 3 y = 2 ⎧ x + 2y − z = 1 ⎧ x + 2y − z = 1 ⎧ x + 2y − z = 1
⎪ ⎪ ⎪
⎨ 3x − y − 2z = −2 ~ ⎨ 3x − y − 2z = −2 ← −3 ~ ⎨−7y + z = −5
- Inverter a ordem em que as incógnitas aparecem nas ⎪2x + y + z = 5 ⎪ ⎪
⎩ ⎩ 2x + y + z = 5 ← −2 ⎩−3y + 3z = 3 : −3
equações.
⎧ x + 2y − z = −1 ⎧ x + 2y − z = 1 ⎧ x + 2y − z = 1
Exemplo ⎪ ⎪ ⎪
⎨−7y + z = 5 ~ ⎨ y − z = −1 ~ ⎨ y − z = −1
⎪ y − z = −1 ⎪−7y + z = −5 ← 7 ⎪
x + 2 y + z = 5 2 y + z + x = 5 ⎩ ⎩ ⎩ − 6z = −12
(S ) = x + 2 z = 1 ~ ( S1 ) 2z + x = 1
O sistema obtido está escalonado e é do 1º tipo (nº de equações
3x = 5 3x = 5 igual ao nº de incógnitas), portanto, é um sistema possível e
determinado.
Didatismo e Conhecimento 33
MATEMÁTICA
2º) Escalonar e classificar o sistema: nº de equações igual ao nº de incógnitas (possível e determinado),
ou então o nº de equações será menor que o nº de incógnitas
(possível e indeterminado).
3 x + y − z = 3 Este tratamento dado a um sistema linear para a sua resolução
2 x − y + 3 z = 5 é chamado de método de eliminação de Gauss.
8 x + y + z = 11
Sistemas Lineares – Discussão (I)
Resolução 1 3
D= = a−6
2 a
D = 0⇒ a−6 = 0⇒ a = 6
Didatismo e Conhecimento 34
MATEMÁTICA
Resolução
1 1−1
2+2m=0→m=-1
Didatismo e Conhecimento 35
MATEMÁTICA
02 – Discutir, em função de k, o sistema: 01 – Classifique e resolva o sistema:
⎧ x + 2y − z = 5 3 x + y + z = 0
⎪
⎪2x + 5y + 3z = 12 x + 5 y − z = 0
⎨ x + 2 y − z = 0
⎪ 3x + 7y − 2z = 17
⎪5x + 12y + kz = 29
⎩ Resolução
Resolução:
3 1 1
D = 1 5 − 1 = −12
1 2 −1
a + b + 2c = 0
Assim, para ∀k ∈ R , o sistema é possível e determinado. a − 3b − 2c = 0
2 a − b + c = 0
Sistemas Lineares – Discussão (II)
Sistema Linear Homogêneo Resolução
Já sabemos que sistema linear homogêneo é todo sistema
cujas equações têm todos os termos independentes iguais a zero. 1 1 2
São homogêneos os sistemas: D = 1− 3 − 2 = 0
3 x + 4 y = 0 2 −1 1
01
x − 2 y = 0 Como D=0, o sistema homogêneo é indeterminado.
Fazendo o escalonamento temos:
x + 2 y + 2z = 0 a + b + 2c = 0 a + b + 2c = 0
a + b + 2c = 0
02 3 x − y + z = 0
5 x + 3 y − 7 z = 0 a − 3b + −2 c = 0 ~ 0 − 4b − 4c = 0 ~ 0 + b + 4c = 0
0 + 0 + 0 = 0
2a − b + c = 0 0 − 3b − 3c = 0
Vejamos alguns exemplos: Note que variando t obteremos várias soluções, inclusive a
trivial para t=0.
03 – Determine K de modo que o sistema abaixo tenha solução
diferente da trivial.
Didatismo e Conhecimento 36
MATEMÁTICA
⎧x + y + z = 0 2 x − y = 7
⎪ 10. Resolver o sistema .
⎨ x − ky + z = 0
⎪ kx − y − z = 0 x + 5 y = −2
⎩
Respostas
Resolução
O sistema é homogêneo e, para apresentar soluções diferentes 1) Resposta “S= {(1, 2)}”.
da trivial, devemos ter D=0 Solução: Calculemos inicialmente D, Dx e Dy:
1 1 1
2 3
2 2
D= = −4 − 9 = −13
D = 1− k 1 = k + 2k + 1 = (k + 1) = 0 ⇒ k = −1 3 −2
k −1−1
8 3
Dx = = −16 + 3 = 13
Resposta: k=-1 −1 −2
Exercícios
2 8
2 x + 3 y = 8 Dy = = −2 − 24 = −26
1. Resolver e classificar o sistema: 3 −1
3 x − 2 y = −1
2. Determinar m real, para que o sistema seja possível e Como D =-13 ≠ 0, o sistema é possível e determinado e:
determinado: 2x + 3y = 5
⎧ Dx −13 D −26
⎨ x= = =1 y = y = =2
⎩ x + my = 2 3 x − y + z = 5 D −13 e D −13
3. Resolver e classificar o sistema: x + 3 y = 7
2 x + y − 2 z = −4 Assim: S= {(1, 2)} e o sistema são possíveis e determinados.
3
4. Determinar m real para que o sistema seja possível e 2) Resposta “ m ∈ R / m ≠ ”.
determinado. ⎧ x + 2y + z = 5 2
⎪ Solução: Segundo a regra de Cramer, devemos ter D ≠ 0, em
⎨2x − y + 2z = 5
⎪ 3x + y + mz + 0 que:
⎩
2 3
D= = 2m − 3
5. Se o terno ordenado (2, 5, p) é solução da equação linear 1 m
6x - 7y + 2z = 5, qual o valor de p?
3
6. Escreva a solução genérica para a equação linear 5x - 2y Assim: 2m -3 ≠ 0 → m ≠
+ z = 14, sabendo que o terno ordenado ( , , ) é solução. 2
Então, os valores reais de m, para que o sistema seja possível
7. Determine o valor de m de modo que o sistema de e determinado, são dados pelos elementos do conjunto:
equações abaixo, ⎧ 3⎫
2x - my = 10 ⎨ m ∈R / m ≠ ⎬
3x + 5y = 8, seja impossível. ⎩ 2⎭
Didatismo e Conhecimento 37
MATEMÁTICA
Observe que se arbitrando os valores para α e β, a terceira
variável ficará determinada em função desses valores.
Por exemplo, fazendo-se α = 1, β= 3, teremos:
γ = 14 - 5 α+ 2 β = 14 – 5 . 1 + 2 . 3 = 15,
ou seja, o terno (1, 3, 15) é solução, e assim, sucessivamente.
7) Solução:
Teremos, expressando x em função de m, na primeira equa-
ção:
x = (10 + my) / 2
Didatismo e Conhecimento 38
MATEMÁTICA
⎡ 2 7 ⎤ Exemplo
A2 = ⎢ ⎥ ⇒ det A2 = −11 A sequência (x, y, z, t) poderá ser considerada igual à sequência
⎣ 1 −2 ⎦ (5, 8, 15, 17) se, e somente se, x = 5; y = 8; z = 15; e t = 17.
Notemos que as sequências (0, 1, 2, 3, 4, 5) e (5, 4, 3, 2, 1) são
det A1 33 diferentes, pois, embora apresentem os mesmos elementos, eles
x= = =3
det A 11 estão em ordem diferente.
det A2 −11 2. Formula Termo Geral
y= = = −1
det A 11 Podemos apresentar uma sequência através de uma determina
o valor de cada termo an em função do valor de n, ou seja,
Resposta: S={(3,-1)} dependendo da posição do termo. Esta formula que determina o
valor do termo an e chamada formula do termo geral da sucessão.
Exemplos
- Determinar os cincos primeiros termos da sequência cujo
termo geral e igual a:
an = n – 2n,com n € N* a
Teremos:
Didatismo e Conhecimento 39
MATEMÁTICA
A1 = 12 – 2 . 1 a a1 = 1 Observação 2
A2 = 22 – 2 . 2 a a2 = 0
A3 = 32 – 2 . 3 a a3 = 3 Algumas sequências não podem, pela sua forma “desorgani-
A4 = 42 – 4 . 2 a a4 = 8 zada” de se apresentarem, ser definidas nem pela lei das recor-
A5 = 55 – 5 . 2 a a5 = 15 rências, nem pela formula do termo geral. Um exemplo de uma
sequência como esta é a sucessão de números naturais primos que
- Determinar os cinco primeiros termos da seqüência cujo já “destruiu” todas as tentativas de se encontrar uma formula geral
termo geral é igual a: para seus termos.
an = 3 . n + 2, com n € N*.
a1 = 3 . 1 + 2 a a1 = 5 4. Artifícios de Resolução
a2 = 3 . 2 + 2 a a2 = 8
a3 = 3 . 3 + 2 a a3 = 11 Em diversas situações, quando fazemos uso de apenas alguns
a4 = 3 . 4 + 2 a a4 = 14 elementos da PA, é possível, através de artifícios de resolução,
a5 = 3 . 5 + 2 a a5 = 17 tornar o procedimento mais simples:
PA com três termos: (a – r), a e (a + r), razão igual a r.
- Determinar os termos a12 e a23 da sequência cujo termo PA com quatro termos: (a – 3r), (a – r), (a + r) e (a + 3r), razão
geral é igual a: igual a 2r.
an = 45 – 4 + n, com n € N*. PA com cinco termos: (a – 2r), (a – r), a, (a + r) e (a + 2r),
razão igual a r.
Teremos:
a12 = 45 – 4 . 12 a a12 = -3 Exemplo
a23 = 45 – 4 . 23 a a23 = -47
- Determinar os números a, b e c cuja soma é, igual a 15, o
3. Lei de Recorrências produto é igual a 105 e formam uma PA crescente.
Uma sequência pode ser definida quando oferecemos o
valor do primeiro termo e um “caminho” (uma formula) que Teremos:
permite a determinação de cada termo conhecendo-se o seu Fazendo a = (b – r) e c = (b + r) e sendo a + b + c = 15, teremos:
antecedente. Essa forma de apresentação de uma sucessão é dita (b – r) + b + (b + r) = 15 → 3b = 15 → b = 5.
de recorrências.
Assim, um dos números, o termo médio da PA, já é conhecido.
Exemplos Dessa forma a sequência passa a ser:
- Escrever os cinco primeiros termos de uma sequência em (5 – r), 5 e ( 5 + r ), cujo produto é igual a 105, ou seja:
que:
a1 = 3 e an+1 = 2 . an - 4, em que n € N*. (5 – r) .5 . (5 + r) = 105 → 52 – r2 = 21
r2 = 4 → 2 ou r = -2.
Teremos: Sendo a PA crescente, ficaremos apenas com r= 2.
a1 = 3 Finalmente, teremos a = 3, b = 5 e c= 7.
a2 = 2 . a1 – 4 a a2 = 2 . 3 – 4 a a2 = 2
a3 = 2 . a2 – 4 a a3 = 2 . 2 - 4 a a3 = 0 5. Propriedades
a4 = 2 . a3 – 4 a a4 = 2 . 0 - 4 a a4 = -4
a5 = 2 . a4 – 4 a a5 = 2 .(-4) – 4 a a5 = -12 P1: para três termos consecutivos de uma PA, o termo médio é
a media aritmética dos outros dois termos.
- Determinar o termo a5 de uma sequência em que:
a1 = 12 e an+ 1 = an – 2, em que n € N*. Exemplo
Didatismo e Conhecimento 40
MATEMÁTICA
6. Termos Equidistantes dos Extremos Considerando que todas estas parcelas, colocadas entre
parênteses, são formadas por termos equidistantes dos
Numa sequência finita, dizemos que dois termos são equidis- extremos e que a soma destes termos é igual à soma dos
tantes dos extremos se a quantidade de termos que precederem o extremos, temos:
primeiro deles for igual à quantidade de termos que sucederem ao
outro termo. Assim, na sucessão: 2S n = (a 1 + a n) + (a 1 + a n) + (a 1 + a n) + (a 1 + a n) +
+… + (a 1 + a n) → 2S n = ( a 1 + a n) . n
(a1, a2, a3, a4,..., ap,..., ak,..., an-3, an-2, an-1, an), temos:
E, assim, finalmente:
a2 e an-1 são termos equidistantes dos extremos; (a1 + an ).n
a3 e an-2 são termos equidistantes dos extremos; Sn =
a4 an-3 são termos equidistantes dos extremos. 2
Exemplo
Notemos que sempre que dois termos são equidistantes dos
extremos, a soma dos seus índices é igual ao valor de n + 1. - Ache a soma dos sessenta primeiros termos da PA (2 ,
Assim sendo, podemos generalizar que, se os termos ap e ak são 5, 8,...).
equidistantes dos extremos, então: p + k = n+1.
Dados: a 1 = 2
Propriedade r=5–2=3
Calculo de a 60:
Numa PA com n termos, a soma de dois termos equidistantes A 60 = a 1 + 59r → a 60 = 2 + 59 . 3
dos extremos é igual à soma destes extremos. a 60 = 2 + 177
a 60 = 179
Exemplo
Calculo da soma:
Sejam, numa PA de n termos, ap e ak termos equidistantes dos
extremos. ]
(a1 + an )n (a + a ).60
Sn = → S60 = 1 60
Teremos, então: 2 2
I - ap = a1 + (p – 1) . r a ap = a1 + p . r – r
II - ak = a1 + (k – 1) . r a ak = a1 + k . r – r (2 + 179).60
S60 =
Fazendo I + II, teremos: 2
Ap + ak = a1 + p . r – r + a1 + k . r – r
Ap + ak = a1 + a1 + (p + k – 1 – 1) . r S 60 = 5430
Vamos considerar a PA (a1, a2, a3,…,an-2, an-1,an ) e representar - (3, 6, 12, 24, 48,...) é uma PG de primeiro termo a 1 = 3
por Sn a soma dos seus n termos, ou seja: e razão q = 2.
Sn = a1 + a2 + a3 + …+ an-2 + an-1 + an
(igualdade I)
- (-36, -18, -9, −9 , −9 ,...) é uma PG de primeiro termo
Podemos escrever também:
2 4
Sn = an + an-1 + an-2 + ...+ a3 + a2 + a1
(igualdade II) a 1= -36 e razão q = 1 .
2
Somando-se I e II, temos:
2Sn = (a1 + an) + (a2 + an-1) + (a3 + an-2) + …+ (an-2 + a3) + (an-1
+ a2) + (an + a1)
Didatismo e Conhecimento 41
MATEMÁTICA
Exemplos
- (15, 5, 5 , 5 ,...) é uma PG de primeiro termo a 1 = 15
3 9 - Numa PG de primeiro termo a1 = 2 e razão q = 3, temos o
e razão q = 1 . termo geral na igual a:
3
an = a1 . qn-1 → an = 2 . 3n-1
- (-2, -6, -18, -54, ...) é uma PG de primeiro termo a 1 = Assim, se quisermos determinar o termo a5 desta PG, faremos:
-2 e razão q = 3. A5 = 2 . 34 → a5 = 162
- (1, -3, 9, -27, 81, -243, ...) é uma PG de primeiro termo
a 1 = 1 e razão q = -3. - Numa PG de termo a1 = 15 e razão q = , temos o termo geral
- (5, 5, 5, 5, 5, 5,...) é uma PG de primeiro termo a1 = 5 e na igual a:
razão q = 1. an = a1 . qn-1 → an = 15 . n-1
- (7, 0, 0, 0, 0, 0,...) é uma PG de primeiro termo a1 = 7 e
razão q = 0. Assim, se quisermos determinar o termo a6 desta PG, faremos:
- (0, 0, 0, 0, 0, 0,...) é uma PG de primeiro termo a1 = 0 e razão 5
q qualquer.
(1).5
A6 = 15 . → a6 =
2 81
Observação: Para determinar a razão de uma PG, basta efetuar - Numa PG de primeiro termo a1 = 1 e razão = -3 temos o
o quociente entre dois termos consecutivos: o posterior dividido termo geral na igual a:
pelo anterior. an = a1 . qn-1 → an = 1 . (-3)n-1
an + 1
q= (an ≠ 0) Assim, se quisermos determinar o termo a4 desta PG, faremos:
an
A4 = 1 . (-3)3 → a4 = -27
Classificação
Artifícios de Resolução
As classificações geométricas são classificadas assim:
- Crescente: Quando cada termo é maior que o anterior. Isto Em diversas situações, quando fazemos uso de apenas alguns
ocorre quando a1 > 0 e q > 1 ou quando a1 < 0 e 0 < q < 1. elementos da PG, é possível através de alguns elementos de
- Decrescente: Quando cada termo é menor que o anterior. Isto resolução, tornar o procedimento mais simples.
ocorre quando a1 > 0 e 0 < q < 1 ou quando a1 < 0 e q > 1.
- Alternante: Quando cada termo apresenta sinal contrario ao PG com três termos:
do anterior. Isto ocorre quando q < 0.
- Constante: Quando todos os termos são iguais. Isto ocorre a a; aq
quando q = 1. Uma PG constante é também uma PA de razão r = 0. q
A PG constante é também chamada de PG estacionaria.
- Singular: Quando zero é um dos seus termos. Isto ocorre PG com quatro termos:
quando a1 = 0 ou q = 0.
a q
; ; aq; aq3
Formula do Termo Geral q3 q
A definição de PG está sendo apresentada por meio de uma PG com cinco termos:
lei de recorrências, e nos já aprendemos nos módulos anteriores
que a formula do termo geral é mais pratica. Por isso, estaremos, a q ; a; aq; aq2
;
neste item, procurando estabelecer, a partir da lei de recorrências, q2 q
a fórmula do termo geral da progressão geométrica.
Exemplo
Vamos considerar uma PG de primeiro termo a1 e razão q. Considere uma PG crescente formada de três números.
Assim, teremos: Determine esta PG sabendo que a soma destes números é 13 e o
a2 = a1 . q produto é 27.
a3 = a2 . q = a1 . q2 Vamos considerar a PG em questão formada pelos termos a, b
a4 = a3 . q = a1 . q3 e c, onde a = e c = b . q.
a5 = a4 . q = a1 . q4 Assim,
. .
. . b . b . bq = 27 → b3 = 27 → b = 3.
. . q
an= a1 . qn-1
Didatismo e Conhecimento 42
MATEMÁTICA
Temos: Vamos considerar a PG (a1, a2, a3, ..., an-2, an-1, an), com q
3 diferente de 1 e representar por Sn a soma dos seus n termos, ou
+ 3 +3q = 13 → 3q2 – 10q + 3 = 0 a seja:
q
Sn = a1 + a2 + a3 + ...+an-2 + an-1 + an
q = 3 ou q = 1 ( igualdade I)
3 Podemos escrever, multiplicando-se, membro a membro, a
Sendo a PG crescente, consideramos apenas q = 3. E, assim, a igualdade ( I ) por q:
nossa PG é dada pelos números: 1, 3 e 9.
Propriedades q . Sn = q . a1 + q . a2 + q . a3 + ...+ q . an-2 +
P1: Para três termos consecutivos de uma PG, o quadrado do + q . an-1 + q . an
termo médio é igual ao produto dos outros dois.
Utilizando a formula do termo geral da PG, ou seja, an = a1 .
Exemplo qn-1, teremos:
Vamos considerar três termos consecutivos de uma PG: an-1, an q . Sn = a2 + a3 + ... + an-2 + an-1 + an + a1 . qn
e an+1. Podemos afirmar que: (igualdade II)
a
q −1
n
(an)2 = (an-1 . q). ( n+1 ) a (an )2 = an-1 . an+1
q Se tivéssemos efetuado a subtração das equações em ordem
Logo: (an)2 = an-1 . an+1 inversa, a fórmula da soma dos termos da PG ficaria:
a1 .(1+ q n )
Observação: Se a PG for positive, o termo médio será a media Sn =
1− q
geométrica dos outros dois:
an = √an-1 . an+1 Evidentemente que por qualquer um dos “caminhos” o
resultado final é o mesmo. É somente uma questão de forma de
P2: Numa PG, com n termos, o produto de dois termos apresentação.
equidistantes dos extremos é igual ao produto destes extremos.
Observação: Para q = 1, teremos sn = n . a1
Exemplo
Sejam, numa PG de n termos, ap e ak dois termos equidistantes Série Convergente – PG Convergente
dos extremos. Dada a sequência ( a1, a2, a3, a4, a5,..., an-2, an-1, an), chamamos
de serie a sequência S1, S2, S3, S4, S5,..., Sn-2, sn-1, sn,tal que:
Teremos, então:
I – ap = a1 . qp-1 S1 = a1
II – ak = a1 . qk-1 S2 = a1 + a2
S3 = a1 + a2 + a3
Multiplicando I por II, ficaremos com: S4 = a1 + a2 + a3 + a4
ap . ak = a1 . qp-1 . a1 . qk-1 S5 = a1 + a2 + a3 + a4 + a5
ap . ak = a1 . a1 . qp-1+k-1 .
.
Considerando que p + k = n + 1, ficamos com: .
ap . ak = a1 . an Sn-2 = a1 + a2 + a3 + a4 + a5 + ...+ an-2
Portanto, numa PG, com n termos, o produto de dois termos Sn-1 = a1 + a2 + a3 + a4 + a5 + ...+ an-2 + an-1
equidistantes dos extremos é igual ao produto destes extremos. Sn = a1 + a2 + a3 + a4 + a5 + ...+ an-2 + an-1 + an
Observação: Numa PG positiva, com n termos, onde n é
um numero impar, o termo médio (am) é a media geométrica dos Vamos observar como exemplo, numa PG com primeiro
extremos ou de 2 termos equidistantes dos extremos. termo a1 = 4 e razão q = , à série que ela vai gerar.
Didatismo e Conhecimento 43
MATEMÁTICA
S1 = 4 Observação: Quando a PG é não singular (sequência com
S2 = 4 + 2 = 6 termos não nulos) e a razão q é de tal forma que q | ≥ 1, a serie é
S3 = 4 + 2 + 1 = 7 divergente. Séries divergentes não apresentam soma finita.
1 15
S4 = 4 + 2 + 1 + = = 7, 5 Exemplos
2 2
1 1 31
S5 = 4 + 2 + 1 + + = = 7, 75 - A medida do lado de um triângulo equilátero é 10. Unindo-
2 4 4 se os pontos médios de seus lados, obtém-se o segundo triângulo
equilátero. Unindo-se os pontos médios dos lados deste novo
1 1 1 63
S6 = 4 + 2 + 1 + + + = = 7, 875 triangulo equilátero, obtém-se um terceiro, e assim por diante,
2 4 8 8 indefinidamente. Calcule a soma dos perímetros de todos esses
triângulos.
1 1 1 1 127
S7 = 4 + 2 + 1 + + + + = = 7, 9375
2 4 8 16 16 Solução:
1 1 1 1 1 255
S8 = 4 + 2 + 1 + + + + + = = 7, 96875
2 4 8 16 32 32
1 1 1 1 1 1 511
S9 = 4 + 2 + 1 + + + + + + =
2 4 8 16 32 64 64 = 7, 984375
1 1 1 1 1 1 1 1023
S10 = 4 + 2 + 1 + + + + + + + = =
7, 9921875 2 4 8 16 32 64 128 128
Didatismo e Conhecimento 44
MATEMÁTICA
3. Os termos da sequência (10; 8; 11; 9; 12; 10; 13; …) 10. Quantos números inteiros existem, de 1000 a 10000, que
obedecem a uma lei de formação. Se an, em que n pertence a N*, não são divisíveis nem por 5 nem por 7 ?
é o termo de ordem n dessa sequência, então a30 + a55 é igual a:
a) 58 Respostas
b) 59
c) 60 1) Resposta “D”.
d) 61 Solução:
e) 62 Sejam (a1, a2, a3,…) a PA de r e (g1, g2, g3, …) a PG de razão q.
Temos como condições iniciais:
4. A soma dos elementos da sequência numérica infinita (3; 1 - a1 = g1 = 4
0,9; 0,09; 0,009; …) é: 2 - a3 > 0, g3 > 0 e a3 = g3
a) 3,1 3 - a2 = g2 + 2
b) 3,9
c) 3,99 Reescrevendo (2) e (3) utilizando as fórmulas gerais dos ter-
d) 3, 999 mos de uma PA e de uma PG e (1) obtemos o seguinte sistema de
e) 4 equações:
4 - a3 = a1 + 2r e g3 = g1 . q2 → 4 + 2r = 4q2
5. A soma dos vinte primeiros termos de uma progressão arit- 5 - a2 = a1 + r e g2 = g1 . q → 4 + r = 4q + 2
mética é -15. A soma do sexto termo dessa PA., com o décimo
quinto termo, vale: Expressando, a partir da equação (5), o valor de r em função
a) 3,0 de q e substituindo r em (4) vem:
b) 1,0 5 - r = 4q + 2 – 4 → r = 4q – 2
c) 1,5 4 - 4 + 2(4q – 2) = 4q2 → 4 + 8q – 4 = 4q2 → 4q2 – 8q = 0
d) -1,5 → q(4q – 8) = 0 → q = 0 ou 4q – 8 = 0 → q = 2
e) -3,0
Como g3 > 0, q não pode ser zero e então q = 2. Para ob-
6. Os números que expressam os ângulos de um quadrilátero, ter r basta substituir q na equação (5):
estão em progressão geométrica de razão 2. Um desses ângulos r = 4q – 2 → r = 8 – 2 = 6
mede: Para concluir calculamos a3 e g3:
a) 28° a3 = a1 + 2r → a3 = 4 + 12 = 16
b) 32° g3 = g1.q2 → g3 = 4.4 = 16
c) 36°
d) 48° 2) Resposta “B”.
e) 50° Solução: Para que a sequência se torne uma PA de razão r é
necessário que seus três termos satisfaçam as igualdades (aplica-
7. Sabe-se que S = 9 + 99 + 999 + 9999 + ... + 999...9 onde a ção da definição de PA):
última parcela contém n algarismos. Nestas condições, o valor de (1) -5n = 2 + 3n + r
10n+1 - 9(S + n) é: (2) 1 – 4n = -5n + r
a) 1 Determinando o valor de r em (1) e substituindo em (2):
b) 10 (1) → r = -5n – 2 – 3n = -8n – 2
c) 100 (2) → 1 – 4n = -5n – 8n – 2 → 1 – 4n = -13n – 2
d) -1 → 13n – 4n = -2 – 1 → 9n = -3 → n = -3/9 = -1/3
e) -10
Ou seja, -1 < n < 0 e, portanto, a resposta correta é a b.
8. Se a soma dos três primeiros termos de uma PG decrescente
é 39 e o seu produto é 729, então sendo a, b e c os três primeiros 3) Resposta “B”.
termos, pede-se calcular o valor de a2 + b2 + c2. Solução: Primeiro, observe que os termos ímpares da sequên-
cia é uma PA de razão 1 e primeiro termo 10 - (10; 11; 12; 13; …).
Da mesma forma os termos pares é uma PA de razão 1 e primeiro
9. O limite da expressão onde x é po- termo igual a 8 - (8; 9; 10; 11; …).
sitivo, quando o número de radicais aumenta indefinidamente é
igual a: Assim, as duas PA têm como termo geral o seguinte formato:
a) 1/x (1) ai = a1 + (i - 1).1 = a1 + i – 1
b) x
c) 2x Para determinar a30 + a55 precisamos estabelecer a regra geral
d) n.x de formação da sequência, que está intrinsecamente relacionada às
e) 1978x duas progressões da seguinte forma:
- Se n (índice da sucessão) é impar temos que n = 2i - 1, ou
seja, i = (n + 1)/2;
Didatismo e Conhecimento 45
MATEMÁTICA
- Se n é par temos n = 2i ou i = n/2. Vamos calcular a soma Sn = 10 + 102 + 103 + 104 + ... + 10n,
Daqui e de (1) obtemos que: que é uma PG de primeiro termo a1 = 10, razão q = 10 e último
an = 10 + [(n + 1)/2] - 1 se n é ímpar termo an = 10n.
an = 8 + (n/2) - 1 se n é par Teremos:
Logo: Sn = (an.q – a1) / (q –1) = (10n . 10 – 10) / (10 – 1) = (10n+1 – 10)
a30 = 8 + (30/2) - 1 = 8 + 15 - 1 = 22 e /9
a55 = 10 + [(55 + 1)/2] - 1 = 37
Substituindo em S, vem:
E, portanto: S = [(10n+1 – 10) / 9] – n
a30 + a55 = 22 + 37 = 59.
Deseja-se calcular o valor de 10n+1 - 9(S + n)
4) Resposta “E”. Temos que S + n = [(10n+1 – 10) / 9] – n + n = (10n+1 – 10) / 9
Solução: Sejam S as somas dos elementos da sequência e S1
a soma da PG infinita (0,9; 0,09; 0,009;…) de razão q = 10 - 1 = Substituindo o valor de S + n encontrado acima, fica:
0,1. Assim: 10 n+1 – 9(S + n) = 10 n+1 – 9(10 n+1 – 10) / 9 = 10 n+1 –
S = 3 + S1 (10 n+1 – 10) = 10.
Como -1 < q < 1 podemos aplicar a fórmula da soma de uma
PG infinita para obter S1: 8) Resposta “819”.
S1 = 0,9/(1 - 0,1) = 0,9/0,9 = 1 → S = 3 + 1 = 4 Solução: Sendo q a razão da PG, poderemos escrever a sua
forma genérica: (x/q, x, xq).
5) Resposta “D”. Como o produto dos 3 termos vale 729, vem:
Solução: Aplicando a fórmula da soma dos 20 primeiros ter- x/q . x . xq = 729 de onde concluímos que: x3 = 729 = 36 = 33 .
mos da PA: 3 = 93 , logo, x = 9.
3
Didatismo e Conhecimento 46
MATEMÁTICA
M(35) = 1015, 1050, ... , 9975.
M(1) = 1, 2, ..., 10000.
Para múltiplos de 5, temos: an = a1+ (n-1).r → 10000 = 1000
+ (n - 1). 5 → n = 9005/5 → n = 1801.
Para múltiplos de 7, temos: an = a1+ (n-1).r → 9996 = 1001
+ (n - 1). 7 → n = 9002/7 → n = 1286.
Para múltiplos de 35, temos: an = a1 + (n - 1).r → 9975 =
1015 + (n - 1).35 → n = 8995/35 → n = 257.
Para múltiplos de 1, temos: an = a1 = (n -1).r → 10000 =
1000 + (n - 1).1 → n = 9001.
Sabemos que os múltiplos de 35 são múltiplos comuns de
5 e 7, isto é, eles aparecem no conjunto dos múltiplos de 5 e O conceito de cone
no conjunto dos múltiplos de 7 (daí adicionarmos uma vez tal
conjunto de múltiplos).
Total = M(1) - M(5) - M(7) + M(35).
Total = 9001 - 1801 - 1286 + 257 = 6171
Considere uma região plana limitada por uma curva suave (sem
Sólidos Geométricos quinas), fechada e um ponto P fora desse plano. Chamamos de cone
ao sólido formado pela reunião de todos os segmentos de reta que
Para explicar o cálculo do volume de figuras geométricas, po- têm uma extremidade em P e a outra num ponto qualquer da região.
demos pedir que visualizem a seguinte figura:
Elementos do cone
- Base: A base do cone é a região plana contida no interior da
curva, inclusive a própria curva.
- Vértice: O vértice do cone é o ponto P.
- Eixo: Quando a base do cone é uma região que possui cen-
tro, o eixo é o segmento de reta que passa pelo vértice P e pelo
centro da base.
- Geratriz: Qualquer segmento que tenha uma extremidade
no vértice do cone e a outra na curva que envolve a base.
a) A figura representa a planificação de um prisma reto; - Altura: Distância do vértice do cone ao plano da base.
b) O volume de um prisma reto é igual ao produto da área da - Superfície lateral: A superfície lateral do cone é a reunião
base pela altura do sólido, isto é de todos os segmentos de reta que tem uma extremidade em P e a
outra na curva que envolve a base.
V = Ab x a - Superfície do cone: A superfície do cone é a reunião da su-
perfície lateral com a base do cone que é o círculo.
c) O cubo e o paralelepípedo retângulo são prismas; - Seção meridiana: A seção meridiana de um cone é uma re-
d) O volume do cilindro também se pode calcular da mesma gião triangular obtida pela interseção do cone com um plano que
forma que o volume de um prisma reto. contem o eixo do mesmo.
Os formulários seguintes, das figuras geométricas são para
calcular da mesma forma que as acima apresentadas: Classificação do cone
Figuras Geométricas:
Didatismo e Conhecimento 47
MATEMÁTICA
Observação: Para efeito de aplicações, os cones mais impor- Como o volume do cone é obtido por 1/3 do produto da área
tantes são os cones retos. Em função das bases, os cones recebem da base pela altura, então:
nomes especiais. Por exemplo, um cone é dito circular se a base é
um círculo e é dito elíptico se a base é uma região elíptica. V = (1/3) Pi R3
Como a área lateral pode ser obtida por:
ALat = Pi R g = Pi R 2R = 2 Pi R2
então a área total será dada por:
ATotal = 3 Pi R2
O conceito de esfera
Didatismo e Conhecimento 48
MATEMÁTICA
A superfície esférica Da forma como está definida, a esfera centrada na origem pode
A esfera no espaço R³ é o conjunto de todos os pontos do ser construída no espaço euclidiano R³ de modo que o centro da mes-
espaço que estão localizados a uma mesma distância denominada ma venha a coincidir com a origem do sistema cartesiano R³, logo
raio de um ponto fixo chamado centro. podemos fazer passar os eixos OX, OY e OZ, pelo ponto (0,0,0).
Uma notação para a esfera com raio unitário centrada na ori-
gem de R³ é:
S² = { (x,y,z) em R³: x² + y² + z² = 1 }
Uma esfera de raio unitário centrada na origem de R4 é dada por:
S³ = { (w,x,y,z) em R4: w² + x² + y² + z² = 1 }
Didatismo e Conhecimento 49
MATEMÁTICA
Objeto Relações e fórmulas Escrita em Coordenadas Polares, esta integral fica na forma:
2x R
Volume = (4/3) Pi R³
Esfera
A(total) = 4 Pi R²
Vc(h) = ∫ ∫ (h − R +
t=0 m=0
R 2 − m 2 )mdmdt
R² = h (2R-h)
Calota esférica (altura h, raio A(lateral) = 2 Pi R h
Após realizar a integral na variável t, podemos separá-la em
da base r) A(total) = Pi h (4R-h)
duas integrais:
V=Pi.h²(3R-h)/3=Pi(3R²+h²)/6 R R
R² = a² + [(r1² -r2²-h²)/2h)]² Vc(h) = 2π { ∫ (h − R)m dm + ∫ R 2 − m 2 mdm}
Segmento esférico (altura h, A(lateral) = 2 Pi R h 0 0
raios das bases r1>r²) A(total) = Pi(2Rh+r1²+r2²) ou seja:
Volume=Pi.h(3r1²+3r2²+h²)/6 R
Didatismo e Conhecimento 50
MATEMÁTICA
VC(h) = Pi (h-R) [R² -(h-R)²] - (2/3)Pi[(R-h)³ - R³] Poliedros Regulares
e assim temos a fórmula para o cálculo do volume da calota
esférica no hemisfério Sul com a altura h no intervalo [0,R], dada Um poliedro é regular se todas as suas faces são regiões poli-
por: gonais regulares com n lados, o que significa que o mesmo número
VC(h) = Pi h²(3R-h)/3 de arestas se encontram em cada vértice.
Áreas e Volumes
Para obter o volume ocupado pelo líquido, em função da altu- Prisma reto
ra, basta tomar o volume total da região esférica e retirar o volume As arestas laterais têm o mesmo comprimento.
da calota vazia, para obter: As arestas laterais são perpendiculares ao plano da base.
V(h) = 4Pi R³/3 - Pi (2R-h)²(R+h)/3 As faces laterais são retangulares.
que pode ser simplificada para:
V(h) = Pi h²(3R-h)/3 Prisma oblíquo
As arestas laterais têm o mesmo comprimento.
Independentemente do fato que a altura h esteja no intervalo As arestas laterais são oblíquas ao plano da base.
[0,R] ou [R,2R] ou de uma forma geral em [0,2R], o cálculo do As faces laterais não são retangulares.
volume ocupado pelo líquido é dado por: Bases: regiões poligonais
V(h) = Pi h²(3R-h)/3 congruentes
Altura: distância entre
Poliedro as bases
Arestas laterais
Poliedro é um sólido limitado externamente por planos no es- paralelas: mesmas
paço R³. As regiões planas que limitam este sólido são as faces do medidas
poliedro. As interseções das faces são as arestas do poliedro. As Faces laterais:
interseções das arestas são os vértices do poliedro. Cada face é paralelogramos
uma região poligonal contendo n lados. Prisma reto Aspectos comuns Prisma oblíquo
Poliedros convexos são aqueles cujos ângulos diedrais forma-
dos por planos adjacentes têm medidas menores do que 180 graus.
Outra definição: Dados quaisquer dois pontos de um poliedro con-
vexo, o segmento que tem esses pontos como extremidades, deve-
rá estar inteiramente contido no poliedro.
Didatismo e Conhecimento 51
MATEMÁTICA
Seções de um prisma
Seção transversal
Planificação do prisma
Didatismo e Conhecimento 52
MATEMÁTICA
Classificação dos cilindros circulares Cálculo da Área total Atot = Alat + 2 Abase Atot = 12 + 2 22 =
Cilindro circular oblíquo Apresenta as geratrizes oblíquas 12 + 8 = 20 cm2
em relação aos planos das bases. Cálculo do Volume V = Abase × h = r2 × h V = 22 × 3 =
Cilindro circular reto As geratrizes são perpendiculares aos × 4 × 3 = 12 cm33
planos das bases. Este tipo de cilindro é também chamado de ci- 3) Solução:
lindro de revolução, pois é gerado pela rotação de um retângulo. hprisma = 12
Cilindro equilátero É um cilindro de revolução cuja seção Abase do prisma = Abase do cone = A
meridiana é um quadrado. Vprisma = 2 Vcone
A hprisma = 2(A h)/3
Volume de um “cilindro” 12 = 2.h/3
h =18 cm
Em um cilindro, o volume é dado pelo produto da área da base
pela altura. 4) Solução:
V = Abase × h
Se a base é um círculo de raio r, então: V = Vcilindro - Vcone
V = r2 h V = Abase h - (1/3) Abase h
Áreas lateral e total de um cilindro circular reto V = Pi R2 h - (1/3) Pi R2 h
Quando temos um cilindro circular reto, a área lateral é dada V = (2/3) Pi R2 h cm3
por:
Alat = 2 r h
onde r é o raio da base e h é a altura do cilindro.
Atot = Alat + 2 Abase 7 MODELOS EXPONENCIAIS
Atot = 2 r h + 2 r2 E LOGARÍTMICOS.
Atot = 2 r(h+r)
Exercícios
Função Exponencial
1. Dado o cilindro circular equilátero (h = 2r), calcular a área
lateral e a área total. Uma função é uma maneira de associar a cada valor do ar-
gumento x um único valor da função f(x). Isto pode ser feito es-
pecificando através de uma fórmula um relacionamento gráfico
2. Seja um cilindro circular reto de raio igual a 2cm e altura
entre diagramas representando os dois conjuntos, e/ou uma regra
3cm. Calcular a área lateral, área total e o seu volume.
de associação, mesmo uma tabela de correspondência pode ser
construída; entre conjuntos numéricos é comum representarmos
3. As áreas das bases de um cone circular reto e de um prisma
funções por seus gráficos, cada par de elementos relacionados pela
quadrangular reto são iguais. O prisma tem altura 12 cm e volume
função determina um ponto nesta representação, a restrição de uni-
igual ao dobro do volume do cone. Determinar a altura do cone. cidade da imagem implica em um único ponto da função em cada
linha de chamada do valor independente x.
4. Anderson colocou uma casquinha de sorvete dentro de uma Como um termo matemático, “função” foi introduzido por
lata cilíndrica de mesma base, mesmo raio R e mesma altura h da Leibniz em 1694, para descrever quantidades relacionadas a uma
casquinha. Qual é o volume do espaço (vazio) compreendido entre curva; tais como a inclinação da curva ou um ponto específico da
a lata e a casquinha de sorvete? dita curva. Funções relacionadas à curvas são atualmente chama-
das funções diferenciáveis e são ainda o tipo de funções mais en-
Respostas contrado por não-matemáticos. Para este tipo de funções, pode-se
falar em limites e derivadas; ambos sendo medida da mudança nos
1) Solução: No cilindro equilátero, a área lateral e a área total valores de saída associados à variação dos valores de entrada, for-
é dada por: mando a base do cálculo infinitesimal.
A palavra função foi posteriormente usada por Euler em mea-
Alat = 2 r. 2r = 4 r2 dos do século XVIII para descrever uma expressão envolvendo
Atot = Alat + 2 Abase vários argumentos; i.e:y = F(x). Ampliando a definição de fun-
Atot = 4 r2 + 2 r2 = 6 r2 ções, os matemáticos foram capazes de estudar “estranhos” ob-
V = Abase h = r2. 2r = 2 r3 jetos matemáticos tais como funções que não são diferenciáveis
em qualquer de seus pontos. Tais funções, inicialmente tidas como
puramente imaginárias e chamadas genericamente de “monstros”,
foram já no final do século XX, identificadas como importantes
para a construção de modelos físicos de fenômenos tais como o
movimento Browniano.
Durante o Século XIX, os matemáticos começaram a formali-
2) Solução: Cálculo da Área lateral Alat = 2 rh=2 2.3 = zar todos os diferentes ramos da matemática. Weierstrass defendia
12 cm2 que se construisse o cálculo infinitesimal sobre a Aritmética ao
Didatismo e Conhecimento 53
MATEMÁTICA
invés de sobre a Geometria, o que favorecia a definição de Euler Gráficos da Função Exponencial
em relação à de Leibniz (veja aritmetização da análise). Mais para
o final do século, os matemáticos começaram a tentar formalizar
toda a Matemática usando Teoria dos conjuntos, e eles consegui-
ram obter definições de todos os objetos matemáticos em termos
do conceito de conjunto. Foi Dirichlet quem criou a definição “for-
mal” de função moderna.
Função Exponencial
Conta a lenda que um rei solicitou aos seus súditos que lhe in-
ventassem um novo jogo, a fim de diminuir o seu tédio. O melhor
jogo teria direito a realizar qualquer desejo. Um dos seus súditos
inventou, então, o jogo de xadrez. O Rei ficou maravilhado com o
jogo e viu-se obrigado a cumprir a sua promessa. Chamou, então,
o inventor do jogo e disse que ele poderia pedir o que desejasse.
O astuto inventor pediu então que as 64 casas do tabuleiro do jogo
de xadrez fossem preenchidas com moedas de ouro, seguindo a
seguinte condição: na primeira casa seria colocada uma moeda e
em cada casa seguinte seria colocado o dobro de moedas que havia
na casa anterior. O Rei considerou o pedido fácil de ser atendido
e ordenou que providenciassem o pagamento. Tal foi sua surpresa
quando os tesoureiros do reino lhe apresentaram a suposta conta, Propriedades da Função Exponencial
pois apenas na última casa o total de moedas era de 263, o que
corresponde a aproximadamente 9 223 300 000 000 000 000 = Se a, x e y são dois números reais quaisquer e k é um número
9,2233.1018. Não se pode esquecer ainda que o valor entregue ao racional, então:
inventor seria a soma de todas as moedas contidas em todas as - ax ay= ax + y
casas. O rei estava falido! - ax / ay= ax - y
A lenda nos apresenta uma aplicação de funções exponen- - (ax) y= ax.y
ciais, especialmente da função y = 2x. - (a b)x = ax bx
As funções exponenciais são aquelas que crescem ou decres- - (a / b)x = ax / bx
cem muito rapidamente. Elas desempenham papéis fundamentais - a-x = 1 / ax
na Matemática e nas ciências envolvidas com ela, como: Física, Estas relações também são válidas para exponenciais de base
Química, Engenharia, Astronomia, Economia, Biologia, Psicolo- e (e = número de Euller = 2,718...)
gia e outras. - y = ex se, e somente se, x = ln(y)
- ln(ex) =x
Definição - ex+y= ex.ey
- ex-y = ex/ey
A função exponencial é a definida como sendo a inversa da - ex.k = (ex)k
função logarítmica natural, isto é:
A Constante de Euler
logab = x ⇔ ax = b
Existe uma importantíssima constante matemática definida por
Podemos concluir, então, que a função exponencial é definida por: e = exp(1)
O número e é um número irracional e positivo e em função da
y= ax , com 1 ≠ a > 0
definição da função exponencial, temos que:
Ln(e) = 1
Este número é denotado por e em homenagem ao matemático
suíço Leonhard Euler (1707-1783), um dos primeiros a estudar as
propriedades desse número.
O valor deste número expresso com 40 dígitos decimais, é:
e = 2,718281828459045235360287471352662497757
Se x é um número real, a função exponencial exp(.) pode ser
escrita como a potência de base e com expoente x, isto é:
ex = exp(x)
Didatismo e Conhecimento 54
MATEMÁTICA
Função Logarítmica Voltando à equação temos:
42
7 log 5 625x = 42 ⇒ log 5 625x = ⇒ log 5 625x = 6
Toda equação que contém a incógnita na base ou no loga- 7
ritmando de um logaritmo é denominada equação logarítmica.
Abaixo temos alguns exemplos de equações logarítmicas: Aplicando a mesma propriedade que aplicamos nos casos an-
log 2 x = 3 teriores e desenvolvendo os cálculos temos: Como 25 satisfaz a
condição de existência, então S = {25} é o conjunto solução da
log x = 100 = 2
equação. Se quisermos recorrer a outras propriedades dos logarit-
7 log 5 = 625x = 42 mos também podemos resolver este exercício assim:
3log 2 x 64 = 9
⇒ log5 x=2 ⇔ 52 = x ⇒ x = 25
log −6−x 2x = 1
Lembre-se que logb(M.N) = logb M + logb N e que log5 625 =
Perceba que nestas equações a incógnita encontra-se ou no 4, pois 54 = 625.
logaritmando, ou na base de um logaritmo. Para solucionarmos 3log2x64 = 9
equações logarítmicas recorremos a muitas das propriedades dos
logaritmos. Neste caso a condição de existência em função da base do
logaritmo é um pouco mais complexa:
Solucionando Equações Logarítmicas 0
2x > 0 ⇒ x > ⇒x>0
2
Vamos solucionar cada uma das equações acima, começando
pela primeira: log2 x = 3 E, além disto, temos também a seguinte condição:
1
Segundo a definição de logaritmo nós sabemos que: log2 x = 2x ≠ 1 ⇒ x ≠
3 ⇔ 23 = x 2
⎧1 ⎫
Logo x é igual a 8:23 = x ⇒ X = 2.2.2 ⇒ x= 8 Portanto a condição de existência é: x ∈R+ − ⎨ ⎬
*
⎩2 ⎭
De acordo com a definição de logaritmo o logaritmando deve Agora podemos proceder de forma semelhante ao exemplo
ser um número real positivo e já que 8 é um número real positivo, anterior: Como x = 2 satisfaz a condição de existência da equação
podemos aceitá-lo como solução da equação. A esta restrição da- logarítmica, então 2 é solução da equação. Assim como no exer-
mos o nome de condição de existência. cício anterior, este também pode ser solucionado recorrendo-se à
logx 100 = 2 outra propriedade dos logaritmos: log-6-x 2x = 1
Pela definição de logaritmo a base deve ser um número real Neste caso vamos fazer um pouco diferente. Primeiro vamos
e positivo além de ser diferente de 1. Então a nossa condição de solucionar a equação e depois vamos verificar quais são as condi-
existência da equação acima é que: ções de existência: Então x = -2 é um valor candidato à solução da
equação. Vamos analisar as condições de existência da base -6 - x:
x ∈R+* − {1}
Veja que embora x ≠ -7, x não é menor que -6, portanto x =
-2 não satisfaz a condição de existência e não pode ser solução da
Em relação a esta segunda equação nós podemos escrever a equação. Embora não seja necessário, vamos analisar a condição
seguinte sentença: logx 100 = 2 ⇔ x2 = 100 de existência do logaritmando 2x:
Didatismo e Conhecimento 55
MATEMÁTICA
Função Logarítmica O estudo dos gráficos das funções envolvidas auxilia na reso-
A função logaritmo natural mais simples é a função y=f0(x)=l- lução de equações ou inequações, pois as operações algébricas a
nx. Cada ponto do gráfico é da forma (x, lnx) pois a ordenada é serem realizadas adquirem um significado que é visível nos gráfi-
sempre igual ao logaritmo natural da abscissa. cos das funções esboçados no mesmo referencial cartesiano.
Didatismo e Conhecimento 56
MATEMÁTICA
⎧ f (100) = log100 = 2 sempre cruza o eixo das abscissas no ponto (1, 0), além de nunca
⎨ cruzar o eixo das ordenadas e que o log a x2 = log a x1 ⇔ x2 = x1
⎩ f (1000000) = log1000000 = 6 , isto para x1, x2 e a números reais positivos, com a ≠ 1.
Exemplo
Didatismo e Conhecimento 57
MATEMÁTICA
Igualdade de polinômios Produto de polinômios
São iguais se, e somente se, para todo k = 0,1,2,3,...,n: Definimos o produto de p e q, como outro polinômio r em
ak = bk P[x]:
r(x) = p(x) · q(x) = co + c1x + c2x² + c3x³ +...+ cnxn
Teorema
Tal que:
Uma condição necessária e suficiente para que um polinômio ck = aobk + a1bk-1 + a2 bk-2 + a3bk-3 +...+ ak-1 b1 + akbo
inteiro seja identicamente nulo é que todos os seus coeficientes
sejam nulos. Para cada ck (k = 1, 2, 3,..., m+n). Observamos que para cada
termo da soma que gera ck, a soma do índice de a com o índice de
Assim, um polinômio: p(x) = ao + a1x + a2x² + a3x³ +...+ anxn b sempre fornece o mesmo resultado k.
será nulo se, e somente se, para todo k = 0,1,2,3,...,n: ak= 0 A estrutura matemática (P[x],·) formada pelo conjunto de
todos os polinômios com o produto definido acima, possui várias
O polinômio nulo é denotado por po= 0 em P[x]. propriedades:
O polinômio unidade (identidade para o produto) p1 = 1 em
P[x], é o polinômio: Associativa
p(x) = ao + a1x + a2x² + a3x³ + ...+ anxn Quaisquer que sejam p, q, r em P[x], tem-se que:
tal que ao = 1 e ak = 0, para todo k = 1, 2, 3,..., n. (p · q) · r = p · (q · r)
Soma de polinômio
Comutativa
Consideremos p e q polinômios em P[x], definidos por:
Quaisquer que sejam p, q em P[x], tem-se que:
p(x) = ao + a1x + a2x² + a3x³ +... + anxn
p·q=q·p
q(x) = bo + b1x + b2x² + b3x³ +... + bnxn
Elemento nulo
Definimos a soma de p e q, por:
(p + q)(x) = (ao + bo) + (a1 + b1)x + (a2 + b2)x² +... + (an + bn)xn
Existe um polinômio po(x) = 0 tal que
A estrutura matemática (P[x],+) formada pelo conjunto de po · p = po, qualquer que seja p em P[x].
todos os polinômios com a soma definida acima, possui algumas
propriedades: Elemento Identidade
Associativa
Existe um polinômio p1(x) = 1 tal que
Quaisquer que sejam p, q, r em P[x], tem-se que: po · p = po, qualquer que seja p em P[x]. A unidade polinomial
(p + q) + r = p + (q + r) é simplesmente denotada por p1 = 1.
Didatismo e Conhecimento 58
MATEMÁTICA
2. Transforme o seguinte polinômio em monômio: (3x2) x ∴ p(-1) = 6.
(5x + 8x2 – x).
3
5) Resposta “1296”.
3. Efetue a multiplicação de polinômio (x – 1) x (x2 + 2x - 6) Solução: Teremos:
por polinômio. Para x = 1:
S = T(1) = (5.1 + 1)4 = 64 = 6 . 6 . 6 . 6 = 1296.
4. Qual o valor numérico do polinômio p(x) = x3 - 5x + 2
para x = -1? 6) Resposta “10”.
Solução: Se 2 é raiz de P(x), então sabemos que P(2) = 0 e se
5. Qual a soma dos coeficientes do polinômio T(x) = (5x + 1 é raiz de Q(x) então Q(1) = 0.
1)4? Temos então substituindo x por 1 na expressão dada:
6. Sendo P(x) = Q(x) + x2 + x + 1 e sabendo que 2 é raiz de P(1) = Q(1) + 12 + 1 + 1 ∴
P(x) e 1 é raiz de Q(x) , calcule o valor de P(1) - Q(2). P(1) = 0 + 1 + 1 + 1 = 3. Então P(1) = 3. Analogamente,
poderemos escrever:
7. Qual o grau mínimo da equação P(x) = 0, sabendo-se
que três de suas raízes são os números 5, 3 + 2i e 4 - 3i. P(2) = Q(2) + 22 + 2 + 1 0 = Q(2) + 7,
Logo Q(2) = -7.
8. Multiplicando (2x2 + x + 1) por (5x – 2), teremos: Conclui-se que P(1) - Q(2) = 3 - (-7) = 3 + 7 = 10.
Didatismo e Conhecimento 59
MATEMÁTICA
1665) e Blaise Pascal (1623-1662). A análise desenvolve métodos Generalizações: Um acontecimento é formado por k estágios
que permitem contar, indiretamente, o número de elementos de um sucessivos e independentes, com n1, n2, n3, … , nk possibilidades para
conjunto. Por exemplo, se quiser saber quantos números de quatro cada. O total de maneiras distintas de ocorrer este acontecimento
algarismos são formados com os algarismos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 9, é é n1, n2, n3, … , nk
preciso aplicar as propriedades da análise combinatória. Veja quais
propriedades existem: Técnicas de contagem: Na Técnica de contagem não importa
a ordem.
- Princípio fundamental da contagem
- Fatorial Considere A = {a; b; c; d; …; j} um conjunto formado por 10
- Arranjos simples elementos diferentes, e os agrupamentos ab, ac e ca”.
- Permutação simples
- Combinação ab e ac são agrupamentos sempre distintos, pois se diferenciam
- Permutação com elementos repetidos pela natureza de um dos elemento.
ac e ca são agrupamentos que podem ser considerados
Princípio fundamental da contagem: é o mesmo que a Regra distintos ou não distintos pois se diferenciam somente pela ordem
do Produto, um princípio combinatório que indica quantas vezes dos elementos.
e as diferentes formas que um acontecimento pode ocorrer. O
acontecimento é formado por dois estágios caracterizados como Quando os elementos de um determinado conjunto A forem
sucessivos e independentes: algarismos, A = {0, 1, 2, 3, …, 9}, e com estes algarismos
pretendemos obter números, neste caso, os agrupamentos de 13
• O primeiro estágio pode ocorrer de m modos distintos. e 31 são considerados distintos, pois indicam números diferentes.
• O segundo estágio pode ocorrer de n modos distintos.
Quando os elementos de um determinado conjunto A
Desse modo, podemos dizer que o número de formas diferente forem pontos, A = {A1, A2, A3, A4, A5…, A9}, e com estes
pontos pretendemos obter retas, neste caso os agrupamentos
que pode ocorrer em um acontecimento é igual ao produto m . n
são iguais, pois indicam a mesma reta.
Exemplo: Alice decidiu comprar um carro novo, e inicialmente
Conclusão: Os agrupamentos...
ela quer se decidir qual o modelo e a cor do seu novo veículo. Na
concessionária onde Alice foi há 3 tipos de modelos que são do
1. Em alguns problemas de contagem, quando os agrupamentos
interesse dela: Siena, Fox e Astra, sendo que para cada carro há
se diferirem pela natureza de pelo menos um de seus elementos, os
5 opções de cores: preto, vinho, azul, vermelho e prata. Qual é o
agrupamentos serão considerados distintos.
número total de opções que Alice poderá fazer? ac = ca, neste caso os agrupamentos são denominados
combinações.
Resolução: Segundo o Principio Fundamental da Contagem,
Alice tem 3×5 opções para fazer, ou seja,ela poderá optar por 15 carros Pode ocorrer: O conjunto A é formado por pontos e o problema
diferentes. Vamos representar as 15 opções na árvore de possibilidades: é saber quantas retas esses pontos determinam.
2. Quando se diferir tanto pela natureza quanto pela ordem
de seus elementos, os problemas de contagem serão agrupados e
considerados distintos.
ac ≠ ca, neste caso os agrupamentos são denominados arranjos.
Didatismo e Conhecimento 60
MATEMÁTICA
Os fatoriais são importantes em análise combinatória. Por Cálculo do número de permutação simples:
exemplo, existem n! caminhos diferentes de arranjar n objetos
distintos numa sequência. (Os arranjos são chamados permutações) O número total de permutações simples de n elementos
E o número de opções que podem ser escolhidos é dado pelo indicado por Pn, e fazendo k = n na fórmula An,k = n (n – 1) (n – 2)
coeficiente binomial. . … . (n – k + 1), temos:
Pn = An,n= n (n – 1) (n – 2) . … . (n – n + 1) = (n – 1) (n – 2)
. … .1 = n!
Portanto: Pn = n!
Arranjos simples: são agrupamentos sem repetições em que
um grupo se torna diferente do outro pela ordem ou pela natureza Combinações Simples: são agrupamentos formados com
dos elementos componentes. Seja A um conjunto com n elementos os elementos de um conjunto que se diferenciam somente pela
e k um natural menor ou igual a n. Os arranjos simples k a k dos natureza de seus elementos. Considere A como um conjunto com
n elementos de A, são os agrupamentos, de k elementos distintos n elementos k um natural menor ou igual a n. Os agrupamentos
cada, que diferem entre si ou pela natureza ou pela ordem de seus de k elementos distintos cada um, que diferem entre si apenas
elementos. pela natureza de seus elementos são denominados combinações
simples k a k, dos n elementos de A.
Cálculos do número de arranjos simples:
Exemplo: Considere A = {a, b, c, d} um conjunto com
Na formação de todos os arranjos simples dos n elementos de elementos distintos. Com os elementos de A podemos formar 4
A, tomados k a k: combinações de três elementos cada uma: abc – abd – acd – bcd
Didatismo e Conhecimento 61
MATEMÁTICA
Portanto: Cn,k . Pk = An,k ou 02. Organiza-se um campeonato de futebol com 14 clubes,
sendo a disputa feita em dois turnos, para que cada clube enfrente
A n,k o outro no seu campo e no campo deste. O número total de jogos
C n,k = a serem realizados é:
Pk
(A)182
Lembrando que: (B) 91
(C)169
(D)196
(E)160
Também pode ser escrito assim: 03. Deseja-se criar uma senha para os usuários de um sistema,
começando por três letras escolhidas entre as cinco A, B, C, D e
E, seguidas de quatro algarismos escolhidos entre 0, 2, 4, 6 e 8. Se
entre as letras puder haver repetição, mas se os algarismos forem
todos distintos, o número total de senhas possíveis é:
(A) 78.125
Arranjos Completos: Arranjos completos de n elementos, de k (B) 7.200
a k são os arranjos de k elementos não necessariamente distintos. (C) 15.000
Em vista disso, quando vamos calcular os arranjos completos, (D) 6.420
deve-se levar em consideração os arranjos com elementos distintos (E) 50
(arranjos simples) e os elementos repetidos. O total de arranjos
completos de n elementos, de k a k, é indicado simbolicamente por 04. (UFTM) – João pediu que Cláudia fizesse cartões com
A*n,k dado por: A*n,k = nk todas as permutações da palavra AVIAÇÃO. Cláudia executou
a tarefa considerando as letras A e à como diferentes, contudo,
Permutações com elementos repetidos João queria que elas fossem consideradas como mesma letra. A
diferença entre o número de cartões feitos por Cláudia e o número
Considerando: de cartões esperados por João é igual a
(A) 720
α elementos iguais a a, (B) 1.680
β elementos iguais a b, (C) 2.420
γ elementos iguais a c, …, (D) 3.360
λ elementos iguais a l, (E) 4.320
Didatismo e Conhecimento 62
MATEMÁTICA
(A) 80 04.
(B) 96 I) O número de cartões feitos por Cláudia foi
(C) 240
(D) 640
(E) 1.280
II) O número de cartões esperados por João era
08. Numa clínica hospitalar, as cirurgias são sempre assistidas
por 3 dos seus 5 enfermeiros, sendo que, para uma eventualidade
qualquer, dois particulares enfermeiros, por serem os mais
experientes, nunca são escalados para trabalharem juntos. Sabendo- Assim, a diferença obtida foi 2.520 – 840 = 1.680
se que em todos os grupos participa um dos dois enfermeiros mais
experientes, quantos grupos distintos de 3 enfermeiros podem ser 05. Se as permutações das letras da palavra PROVA forem
formados? listadas em ordem alfabética, então teremos:
(A) 06 P4 = 24 que começam por A
(B) 10 P4 = 24 que começam por O
(C) 12 P4 = 24 que começam por P
(D) 15
(E) 20 A 73.ª palavra nessa lista é a primeira permutação que começa
por R. Ela é RAOPV.
09. Seis pessoas serão distribuídas em duas equipes para
concorrer a uma gincana. O número de maneiras diferentes de 06. Se, do total de 10 diretores, 6 estão sob suspeita de
formar duas equipes é corrupção, 4 não estão. Assim, para formar uma comissão de 5
(A) 10 diretores na qual os suspeitos não sejam maioria, podem ser
(B) 15 escolhidos, no máximo, 2 suspeitos. Portanto, o número de
(C) 20 possíveis comissões é
(D) 25
(E) 30
03.
Letras
V) Assim, o número total de grupos que podem ser formados
As três letras poderão ser escolhidas de 5 . 5 . 5 =125 maneiras. é2.3=6
Os quatro algarismos poderão ser escolhidos de 5 . 4 . 3 . 2 =
120 maneiras. 09.
O número total de senhas distintas, portanto, é igual a 125 .
120 = 15.000. 10.
a) 9 . A*10,3 = 9 . 103 = 9 . 10 . 10 . 10 = 9000
Didatismo e Conhecimento 63
MATEMÁTICA
b) 8 . A*9,3 = 8 . 93 = 8 . 9 . 9 . 9 = 5832 4) a soma dos coeficientes de (a + b)n é igual a 2n .
c) (a) – (b): 9000 – 5832 = 3168
d) 9 . A9,3 = 9 . 9 . 8 . 7 = 4536 Fórmula do termo geral de um Binômio de Newton
e) (a) – (d): 9000 – 4536 = 4464
Um termo genérico Tp+1 do desenvolvimento de (a+b)n , sendo
Binômio de Newton p um número natural, é dado por
Didatismo e Conhecimento 64
MATEMÁTICA
Exemplo: Uma empresa fabricante de um automóvel, pretende
avaliar a potencialidade do mercado, estimando através de um merca- 10 GEOMETRIA DO PLANO
do teste. Através de1000 entrevistados, pretende-se verificar como se
CARTESIANO.
comportará a fatia de intenção de votos para determinado candidato.
Problema: pretende-se, a partir da percentagem de respostas afir-
mativas, de entre os inquiridos sobre a compra do novo produto,
obter uma estimativa do número de compradores na População. Circunferência Trigonométrica
Análise Exploratória de Dados: Após a coleta e a digitação Dada uma circunferência trigonométrica contendo o ponto
de dados em um banco de dados apropriado, o próximo passo é A=(1,0) e um número real x, existe sempre um arco orientado AM
a análise descritiva. Esta etapa é fundamental, pois uma análise sobre esta circunferência, cuja medida algébrica corresponde a x
descritiva detalhada permite ao pesquisador familiarizar-se com os radianos.
dados, organizá-los e sintetizá-los de forma a obter as informações Seno: No plano cartesiano, consideremos uma circunferência
necessárias do conjunto de dados para responder as questões que trigonométrica, de centro em (0,0) e raio unitário. Seja M=(x’,y’)
estão sendo investigadas. Tradicionalmente, a análise descritiva um ponto desta circunferência, localizado no primeiro quadrante,
limitava-se a calcular algumas medidas de posição e variabilidade. este ponto determina um arco AM que corresponde ao ângulo cen-
No final da década de 70, Tukey criou uma nova corrente de tral a. A projeção ortogonal do ponto M sobre o eixo OX determina
análise. um ponto C=(x’,0) e a projeção ortogonal do ponto M sobre o eixo
Utilizando principalmente técnicas visuais, buscando OY determina outro ponto B=(0,y’).
descrever quase sem utilizar cálculos, alguma forma de regularidade A medida do segmento OB coincide com a ordenada y’ do
ou padrão nos dados, em oposição aos resumos numéricos. Nessa ponto M e é definida como o seno do arco AM que corresponde ao
etapa, iremos produzir tabelas, gráficos e medidas resumo que ângulo a, denotado por sen(AM) ou sen(a).
descrevam a tendência dos dados, quantifiquem a sua variabilidade,
permitam a detecção de estruturas interessantes e valores atípicos
no banco de dados.
Didatismo e Conhecimento 65
MATEMÁTICA
Tangente
Didatismo e Conhecimento 66
MATEMÁTICA
Simetria em relação ao eixo OY Senos e cossenos de alguns ângulos notáveis
Seja M um ponto da circunferência trigonométrica localizado Uma maneira de obter o valor do seno e cosseno de alguns
no primeiro quadrante, e seja M’ simétrico a M em relação ao eixo ângulos que aparecem com muita frequência em exercícios e apli-
OY, estes pontos M e M’ possuem a mesma ordenada e as abscissa cações, sem necessidade de memorização, é através de simples
são simétricas. observação no círculo trigonométrico.
Didatismo e Conhecimento 67
MATEMÁTICA
Forma polar dos números complexos
Didatismo e Conhecimento 68
MATEMÁTICA
Para a diferença de arcos, substituímos b por -b nas fórmulas (5,3)=5+3i
da soma (2,1)=2+i
cos(a+(-b)) = cos(a)cos(-b) - sen(a)sen(-b) (-1,3)=-1+3i
sen(a+(-b)) = cos(a)sen(-b) + cos(-b)sen(a)
Dessa forma, todo o números complexo z=(x,y) pode ser
para obter escrito na forma z=x+yi, conhecido como forma algébrica, onde
cos(a-b) = cos(a)cos(b) + sen(a)sen(b) temos:
sen(a-b) = cos(b)sen(a) - cos(a)sen(b) x=Re(z, parte real de z
y=Im(z), parte imaginária de z
Seno, cosseno e tangente da soma e da diferença
Igualdade entre números complexos: Dois números
Na circunferência trigonométrica, sejam os ângulos a e b com complexos são iguais se, e somente se, apresentam simultaneamente
0£a£2 e 0£b£2 , a>b, então; iguais a parte real e a parte imaginária. Assim, se z1=a+bi e z2=c+di,
sen(a+b) = sen(a)cos(b) + cos(a)sen(b) temos que:
cos(a+b) = cos(a)cos(b) - sen(a)sen(b) z1=z2<==> a=c e b=d
Dividindo a expressão de cima pela de baixo, obtemos: Adição de números complexos: Para somarmos dois
sen(a)cos(b) + cos(a)sen(b) números complexos basta somarmos, separadamente, as partes
tan(a + b) = reais e imaginárias desses números. Assim, se z=a+bi e z2=c+di,
cos(a)cos(b) − sen(a)sen(b) temos que:
z1+z2=(a+c) + (b+d)
Dividindo todos os quatro termos da fração por cos(a)cos(b),
segue a fórmula: Subtração de números complexos: Para subtrairmos dois
tan(a) + tan(b) números complexos basta subtrairmos, separadamente, as partes
tan(a + b) = reais e imaginárias desses números. Assim, se z=a+bi e z2=c+di,
1− tan(a)tan(b) temos que:
z1-z2=(a-c) + (b-d)
Como
sen(a-b) = sen(a)cos(b) - cos(a)sen(b) Potências de i
cos(a-b) = cos(a)cos(b) + sen(a)sen(b) Se, por definição, temos que i = - (-1)1/2, então:
podemos dividir a expressão de cima pela de baixo, para obter: i0 = 1
tan(a) − tan(b) i1 = i
tan(a − b) = i2 = -1
1+ tan(a)tan(b) i3 = i2.i = -1.i = -i
i4 = i2.i2=-1.-1=1
i5 = i4. 1=1.i= i
i6 = i5. i =i.i=i2=-1
11 GEOMETRIA DO PLANO COMPLEXO.
i7 = i6. i =(-1).i=-i ......
Observamos que no desenvolvimento de in (n pertencente a N,
com n variando, os valores repetem-se de 4 em 4 unidades. Desta
Quantas vezes, ao calcularmos o valor de Delta (b2- 4ac) na forma, para calcularmos in basta calcularmos ir onde r é o resto da
resolução da equação do 2º grau, nos deparamos com um valor divisão de n por 4.
negativo (Delta < 0). Nesse caso, sempre dizemos ser impossível a Exemplo: i63 => 63 / 4 dá resto 3, logo i63=i3=-i
raiz no universo considerado (normalmente no conjunto dos reais-
R). A partir daí, vários matemáticos estudaram este problema, Multiplicação de números complexos: Para multiplicarmos
sendo Gauss e Argand os que realmente conseguiram expor dois números complexos basta efetuarmos a multiplicação de
uma interpretação geométrica num outro conjunto de números, dois binômios, observando os valores das potência de i. Assim, se
chamado de números complexos, que representamos por C. z1=a+bi e z2=c+di, temos que:
z1.z2 = a.c + adi + bci + bdi2
Números Complexos z1.z2= a.c + bdi2 = adi + bci
Chama-se conjunto dos números complexos, e representa-se z1.z2= (ac - bd) + (ad + bc)i
por C, o conjunto de pares ordenados, ou seja: Observar que : i2= -1
z = (x,y)
onde x pertence a R e y pertence a R. Conjugado de um número complexo: Dado z=a+bi, define-
Então, por definição, se z = (x,y) = (x,0) + (y,0)(0,1) onde se como conjugado de z (representa-se por z-) ==> z-= a-bi
i=(0,1), podemos escrever que: Exemplo:
z=(x,y)=x+yi z=3 - 5i ==> z- = 3 + 5i
z = 7i ==> z- = - 7i
Exemplos: z = 3 ==> z- = 3
Didatismo e Conhecimento 69
MATEMÁTICA
Divisão de números complexos: Para dividirmos dois Exercícios
números complexos basta multiplicarmos o numerador e o
denominador pelo conjugado do denominador. Assim, se z1= a + 1 - Sejam os complexos z1=(2x+1) + yi e z2=-y + 2i. Determine
bi e z2= c + di, temos que: x e y de modo que z1 + z2 = 0
z1 / z2 = [z1.z2-] / [z2z2-] = [ (a+bi)(c-di) ] / [ (c+di)(c-di) ]
2 - Determine x, de modo que z = (x+2i)(1+i) seja imaginário
Módulo de um número complexo: Dado z = a+bi, chama-se puro.
módulo de z ==> | z | = (a2+b2)1/2, conhecido como ro
3 - Qual é o conjugado de z = (2+i) / (7-3i)?
Interpretação geométrica: Como dissemos, no início, a
interpretação geométrica dos números complexos é que deu o 4 - Os módulos de z1 = x + 201/2i e z2= (x-2) + 6i são iguais,
impulso para o seu estudo. Assim, representamos o complexo z = qual o valor de x?
a+bi da seguinte maneira
5 - Escreva na forma trigonométrica o complexo z = (1+i) / i
Respostas
Resolução 01.
Temos que:
z1 + z2 = (2x + 1 -y) + (y +2) = 0
logo, é preciso que:
2x+1 - y =0 e y+2 = 0
Resolvendo, temos que y = -2 e x = -3/2
Resolução 03.
Efetuando a divisão, temos que:
que é conhecida como forma polar ou trigonométrica de um z = (2+i) / (7-3i) . (7+3i) / (7+3i) = (11 + 3i) / 58
número complexo. O conjugado de Z seria, então z- = 11/58 - 13i/58
Operações na forma polar: Sejam z1=ro1(cos t11) e z2=ro1(cos
t1+i sent1). Então, temos que: Resolução 04.
Então, |z1= (x2 + 20)1/2 = |z2 = [(x-2)2 + 36}1/2
a)Multiplicação Em decorrência,
x2 + 20 = x2 - 4x + 4 + 36
20 = -4x + 40
4x = 20, logo x=5
Divisão
Resolução 05.
Efetuando-se a divisão, temos:
z = [(1+i). -i] / -i2 = (-i -i2) = 1 – i
Para a forma trigonométrica, temos que:
r = (1 + 1)1/2 = 21/2
Potenciação sen t = -1/21/2 = - 21/2 / 2
cos t = 1 / 21/2 = 21/2 / 2
Pelos valores do seno e cosseno, verificamos que t = 315º
Lembrando que a forma trigonométrica é dada por:
Radiciação z = r(cos t + i sen t), temos que:
z = 21/2 (cos 315º + i sen 315º)
Didatismo e Conhecimento 70
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO
POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS
Art. 4º O serviço policial militar consiste no exercício das
atividades inerentes à Polícia Militar e a sua condição de força
1 ESTATUTO DOS POLICIAIS auxiliar e reserva do Exército, compreendendo todos os encargos
MILITARES DO ESTADO DE ALAGOAS previstos na legislação específica e peculiar, relacionados com a
(LEI ESTADUAL Nº 5.346/1992). preservação da ordem pública e o policiamento ostensivo.
Art. 5º A carreira policial militar é caracterizada pela
atividade continuada e devotada às finalidades da Corporação.
§ 1º A carreira policial militar é privativa do pessoal da
Lei nº 5346, de 26 de maio de 1992. ativa.
DISPÕE SOBRE O ESTATUTO DOS POLICIAIS MILITA- § 2º É privativa de brasileiro nato a carreira de oficial da
RES DO ESTADO DE ALAGOAS E DÁ OUTRAS PROVI- Polícia Militar.
DÊNCIAS.
O GOVERNADOR DO ESTADO DE ALAGOAS CAPÍTULO II
CONCEITUAÇÃO
Faço saber que o Poder Legislativo decreta e eu promulgo
Art. 6º Para efeito deste estatuto serão obedecidas as seguin-
a seguinte Lei:
tes conceituações:
I - Polícia Ostensiva - é o ramo da polícia administrativa que
TÍTULO I tem atribuição à prática de atos de prevenção e repressão destina-
GENERALIDADES das à preservação da Ordem Pública;
CAPÍTULO I II - Ordem Pública - é a situação de convivência pacífica e
DA FINALIDADE harmoniosa da população, fundada nos princípios éticos vigentes
Art. 1º O presente estatuto tem o fim de regular a situação, na sociedade;
deveres, direitos e prerrogativas dos servidores públicos militares III - Serviço ativo - é aquele desempenhado pelo policial mili-
do Estado de Alagoas. tar nos órgãos, cargos e funções previstas na legislação pertinente;
Art. 2º A Polícia Militar do Estado de Alagoas, Força Auxi- IV - Posto - é o grau hierárquico privativo do oficial, confe-
liar e reserva do Exército, é uma instituição permanente, organizada rido por ato do Chefe do Poder Executivo;
com base na hierarquia e na disciplina, subordinada administrativa V - Graduação - é o grau hierárquico privativo das praças,
e operacionalmente ao Governador do Estado, incumbida das ati- conferido por ato do Comandante Geral;
vidades de polícia ostensiva e da preservação da ordem pública. VI - Precedência - é a condição hierárquica assegurada entre
Parágrafo único. A Polícia Militar, para fins de defesa inter- os quadros e dentro destes, pela antiguidade do posto ou gradua-
na, subordina-se diretamente ao Exército Brasileiro e deverá estar ção;
adestrada para desempenhar os misteres pertinentes a missão supra. VII – Agregado ( este texto foi revogado pela lei n.º 6150 de
Art. 3º Os integrantes da Polícia Militar do Estado de Alagoas, 11 Mai 2000).
em razão da destinação constitucional da Corporação e em decor- VIII - Policial Militar Temporário - condição de serviço ativo
rências das leis vigentes, quer do sexo masculino ou feminino, transitório, exercido por policial militar, quando oriundo do meio
constituem uma categoria especial de servidores públicos, denomi- civil, para frequentar curso de formação ou adaptação de oficiais;
nados “militares”. IX - Cargo - é o encargo administrativo previsto na legisla-
§ 1º Os militares posicionam-se em uma das seguintes con- ção da Corporação, com denominação própria, atribuições especí-
dições: ficas e estipêndio correspondente, devendo ser provido e exercido
a) na ativa na forma da lei;
I - os militares de carreira; X - Função - é o exercício do cargo, através do conjunto dos
direitos, obrigações e atribuições do policial militar em sua ativi-
II - os alunos dos cursos de formação policial militar, em todos
dade profissional específica;
os níveis, e os alunos dos cursos de adaptação de oficiais, quando
XI - Hierarquia - é a ordenação da autoridade nos diferentes
procedentes do meio civil; níveis, dentro da estrutura policial militar;
III - os componentes da reserva remunerada, quando con- XII - Disciplina - é a rigorosa observância e acatamento inte-
vocados e designados para serviço especificado. gral das leis, regulamentos, normas e dispositivos que fundamen-
b) na inatividade tam a Organização Policial Militar;
I - quando transferido para reserva remunerada, permanecem XIII - Matrícula - é o ato administrativo do Comandante que
percebendo remuneração do Estado, porém sujeitos à prestação de atribui direito ao policial militar designado para frequentar curso
serviço ativo, mediante convocação e designação: ou estágio;
II - reformados, quando tendo passado por uma ou duas situa- XIV - Nomeação - é a modalidade de movimentação em que
ções anteriores, ativa e reserva remunerada, estão dispensados de- o cargo a ser ocupado pelo policial militar é nela especificado;
finitivamente da prestação de serviço ativo, continuando a perceber XV - Extraviado ou Desaparecido - é a situação de desapareci-
remuneração do Estado. § 2º São militares de carreira aqueles mento do policial militar quando não houver indícios de deserção;
que, oriundo do meio civil, concluam cursos de formação policial XVI - Deserção - é a situação em que o policial militar deixa
militar, em todos os níveis, ou de adaptação de oficiais, permane- de comparecer, sem licença, à unidade onde serve por mais de oito
cendo no serviço policial militar. dias consecutivos;
§ 3º São militares temporários aqueles que, oriundo do meio XVII - Ausente - é a situação em que o policial militar deixa
civil, são matriculados, após concurso público, para frequentarem de comparecer ou se afasta de sua organização por mais de vinte e
curso de formação policial militar ou de adaptação de oficiais. quatro horas consecutivas;
Didatismo e Conhecimento 1
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS
XVIII - Organização Policial Militar (OPM) - é a denomi- a) os policiais militares inseridos nos itens I e II serão,
nação genérica dada aos órgãos de direção, apoio e execução, ou por ato do Comandante Geral, efetivados e promovidos ao grau
qualquer outra unidade administrativa da Corporação; hierárquico que o curso o habilite;
XIX - Efetivação - é o ato de tornar o policial militar efetivo b) os militares após concluírem com aproveitamento o último
no seu respectivo quadro; ano do curso de formação de oficiais, serão por ato do Comandante
XX - Serviço Temporário - é o período de tempo vivenciado Geral declarados Aspirantes a Oficial;
no serviço ativo, para onde os militares, quando oriundo do meio c) os militares inseridos no item IV, após a conclusão do cur-
civil, se encontram matriculados nos cursos de formação ou adap- so ou estágio de adaptação de oficiais, serão confirmados no posto
tação; de 2º tenente por ato do Governador do Estado, mediante proposta
XXI - Comissionado - é o grau hierárquico temporário, do Comandante Geral.
atribuído pelo
Comandante Geral ao policial militar oriundo do meio civil, CAPÍTULO II
matriculado em curso de formação ou adaptação;
DA HIERARQUIA E DA DISCIPLINA
XXII - Interinidade - é a situação em que se encontra o poli-
Art. 9º A hierarquia e disciplina são a base institucional da
cial militar no exercício de cargo cujo provimento é de grau hie-
Polícia Militar.
rárquico superior ao seu;
XXIII - Legislação Básica - é a legislação federal ou estadual § 1º A hierarquia é estabelecida por postos e por graduações.
que serve de base na elaboração da legislação peculiar; § 2º A autoridade e a responsabilidade crescem com o grau
XXIV - Legislação Peculiar - é a legislação inerente às ati- hierárquico.
vidades ou administração da Polícia Militar, legislação própria da § 3º A disciplina baseia-se no regular e harmônico cum-
Corporação; primento do dever de cada componente da Polícia Militar.
XXV - Legislação Específica - é a legislação que trata de um § 4º A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser manti-
único assunto. dos em todas as circunstâncias entre os militares da ativa, da reser-
Parágrafo Único. São equivalentes as expressões: “serviço va remunerada e reformados.
ativo”, “em atividade”, “na ativa”, “da ativa”, “em serviço ativo”,
“em serviço na ativa”, “em serviço”, e “em atividade policial mi- Art. 10. Os círculos hierárquicos são âmbitos de convivência
litar”. entre os militares de uma mesma categoria e têm a finalidade de
desenvolver o espírito de camaradagem em ambiente de estima e
confiança, sem prejuízo do respeito mútuo.
TÍTULO II
DO INGRESSO, HIERARQUIA E DISCIPLINA Art. 11. A escala hierárquica na Polícia Militar está agrupa-
CAPÍTULO I da de acordo com os círculos seguintes:
DO INGRESSO NA POLÍCIA MILITAR a) os círculos hierárquicos de oficiais:
Art. 7º O ingresso na Polícia Militar do Estado de Alagoas é I - círculo de oficiais superiores
facultado a todos os brasileiros, sem distinção de raça, sexo, cor ou Coronel
credo religioso, mediante matrícula ou nomeação, após aprovação Tenente-Coronel
em concurso público de prova ou provas e títulos, observadas as Major
condições prescritas em regulamentos da Corporação. II - círculo de oficiais intermediários:
Art. 8º A matrícula nos cursos de formação e adaptação de Capitão
militares, serviço temporário, necessária para o ingresso nos qua- III - círculo de oficiais subalternos:
dros da Polícia Militar, obedecerá normas elaboradas pelo Coman-
Primeiro Tenente
dante Geral da Corporação, dando as condições relativas à nacio-
Segundo Tenente
nalidade, idade, altura, aptidão física e intelectual, sanidade física
e mental, idoneidade moral, além da necessidade do candidato não b) os círculos hierárquicos de praças:
exercer nem ter exercido atividades prejudiciais ou perigosas à Se- I - círculo de subtenentes e sargentos:
gurança Nacional. Subtenente
§ 1º Com a incorporação no serviço temporário, o volun- Primeiro Sargento
tário selecionado será comissionado pelo Comandante Geral nos Segundo Sargento
seguintes graus hierárquicos: Terceiro Sargento
I - soldado 3ª classe - para os alunos do curso de formação II - círculo de cabos e soldados:
de soldados de ambos os sexos; Cabo
II - cabo - para os alunos do curso de formação de sar- Soldado
gentos, quando oriundos do meio civil ou soldado da Corporação; § 1º Condições para a freqüência dos círculos:
III - cadete do 1º, 2º, 3º e 4º ano respectivamente, para os I - frequentam o círculo de oficiais subalternos:
alunos do curso de formação de oficiais; O aspirante a oficial e, excepcionalmente ou em reuniões so-
IV - 2º tenente - para os alunos de curso ou estágio de adap- ciais, o cadete e o aluno do CHO.
tação de oficiais; II - frequenta o círculo de subtenentes e sargentos:
§ 2º Após a conclusão, com aproveitamento, dos cursos re- Excepcionalmente ou em reuniões sociais, o aluno do Curso
feridos no parágrafo anterior, os militares neles matriculados terão de Formação de Sargentos.
suas situações de serviço regularizadas, com a efetivação da se- III - frequentam o círculo de cabo e soldado:
guinte forma: Os alunos dos cursos de formação de cabos e soldados.
Didatismo e Conhecimento 2
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS
§ 2º Os aspirantes a oficial e os cadetes são denominados I - na data de sua criação;
“Praças Especiais”. II - na data da exoneração do titular.
§ 3º Os graus hierárquicos, inicial e final, dos diversos Qua- Parágrafo Único. Considera-se também vago, cujo ocupante
dros e Qualificações são fixados separadamente, para cada caso, tenha:
em legislação específica. I - falecido, a partir da data do falecimento;
§ 4º Sempre que o policial militar da reserva ou reformado II - sido considerado extraviado ou desertor, a partir da data
fizer uso do posto ou da graduação, deverá mencionar esta situa- do termo de deserção ou extravio.
ção. Art. 18. São funções militares o exercício dos cargos previs-
Art. 12. A precedência entre os militares da ativa do mesmo tos nos Quadros de Organização da Corporação.
grau hierárquico, é assegurada pela antiguidade no posto ou gra- § 1º São consideradas funções policiais militares ou de in-
duação, ressalvado os casos de precedência funcional estabelecido teresse policial militar o exercício do cargo nos seguintes órgãos:
em lei ou regulamento. I - em órgãos federais relacionados com as missões das For-
Art. 13. A antiguidade em cada posto ou graduação é con-
ças Auxiliares;
tada a partir da data da publicação do ato da respectiva promoção,
II - na Casa Militar do Governador;
declaração, nomeação ou inclusão.
III - nas Assessorias Militares;
§ 1º Caso haja igualdade na antiguidade referida no caput
deste artigo, a mesma será estabelecida através dos seguintes cri- IV - no Gabinete do Presidente da República ou do Vice
térios: -Presidente da República; V - estabelecimentos de Ensino das
a) promoção na mesma data, o mais antigo será aquele que Forças Armadas ou de outra Corporação Militar, no país ou no
o era no posto ou graduação anterior, e assim sucessivamente até Exterior, como instrutor ou aluno;
que haja o desempate; VI - outras Corporações Militares, durante o período passado
b) declaração na mesma data, o mais antigo será aquele que à disposição.
obteve maior grau intelectual no final do curso; *VII - em função de Subdelegado de Polícia e no DETRAN;
c) nomeação na mesma data, o mais antigo durante a realiza- *VIII- em órgãos internacionais quando em missão de Paz.
ção do curso ou estágio de adaptação será aquele que obteve maior § 2º Os militares nomeados ou designados para o exercício
grau no concurso público, e quando da sua efetivação, será mais dos cargos previstos no parágrafo primeiro deste artigo só poderão
antigo aquele que o concluir com maior grau; permanecer no máximo, nesta situação por um período de quatro
d) inclusão na mesma data, o mais antigo será aquele que anos, contínuos ou não, exceto quando no exercício da chefia do
obteve maior grau no concurso de admissão; gabinete ou da assessoria.
e) promoção por conclusão de curso de formação § 3º Ao término de cada período previsto no parágrafo se-
na mesma data, o mais antigo será aquele que obteve maior grau gundo deste artigo, o policial militar terá que retornar a Corpora-
intelectual no final do curso; ção, onde aguardará, no mínimo, o prazo de dois (02) anos para um
f) entre os cadetes a antiguidade será estabelecida pelo ano em novo afastamento.
que o mesmo se encontre cursando;
§ 2º Caso persista o empate na antiguidade, a mesma será Art. 19. O exercício, por policial militar, de cargo ou função
definida através da data do nascimento, onde o mais idoso será o não especificado na legislação da Corporação será considerado de
mais antigo. natureza civil.
§ 3º Em igualdade de posto ou graduação, os militares da Parágrafo único. O policial militar da ativa que aceitar cargo,
ativa têm precedência sobre os da inatividade. função ou emprego público temporário, não eletivo, ainda que na
§ 4º O aluno do Curso de Habilitação a Oficial será administração indireta ou fundacional pública, ficará agregado ao
equiparado
respectivo quadro e somente poderá, enquanto permanecer nes-
hierarquicamente ao Cadete do último ano.
ta situação, ser promovido pelo critério de antiguidade, contan-
Art. 14. A precedência entre as Praças Especiais e as demais do-se-lhe o tempo de serviço apenas para aquela modalidade de
praças, é assim regulada: promoção e transferência para reserva, sendo, depois de dois anos
I - o aspirante a oficial é hierarquicamente superior as demais de afastamento, contínuos ou não, transferido, ex-officio, para a
praças; inatividade.
II - o cadete é hierarquicamente superior ao subtenente.
Art. 20. O provimento do cargo em caráter efetivo ou inte-
TÍTULO III rino será efetuado por ato da autoridade competente, obedecendo
DO CARGO, FUNÇÃO, COMANDO E SUBORDINAÇÃO os critérios de confiança e habilitação com o que a legislação es-
CAPÍTULO I pecificar.
DO CARGO E DA FUNÇÃO
Art. 21. Qualquer função, que, pela sua natureza, generali-
Art. 15. O cargo policial militar é aquele especificado nos dade, peculiaridade, vulto ou duração não foi catalogada no Qua-
Quadros de Organização da Corporação. dro de Organização da Corporação, será cumprida como encargo,
Art. 16. Os cargos militares serão providos com pessoal que serviço ou comissão de atividade policial militar. * = redação
satisfaça aos requisitos de grau hierárquico e qualificação exigidas dada pela Lei 5751, de 28/11/95.
para seu desempenho.
Art. 17. O cargo policial militar é considerado vago a partir
das seguintes situações:
Didatismo e Conhecimento 3
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CAPÍTULO II I - plenitude da patente dos oficiais com as prerrogativas,
DO COMANDO E DA SUBORDINAÇÃO direitos e deveres a elas inerentes, na ativa e na inatividade;
II - uso dos títulos e designação hierárquica correspondente
Art. 22. O comando é o exercício do cargo de chefia ao posto ou graduação;
que habilita conduzir homens ou dirigir uma Organização Policial III - uso dos uniformes, insígnias e distintivos da Corporação,
Militar. de forma privativa, quando na ativa;
§ 1º O comando está vinculado ao grau hierárquico e cons- IV - processo e julgamento pela justiça militar estadual, nos
titui uma prerrogativa impessoal, cujo exercício o policial militar crimes militares definidos em lei;
se define e se caracteriza como chefe. V - honras, tratamento e sinais de respeito que lhes sejam
§ 2º Aplica-se a direção e a chefia de Organização assegurados em leis ou regulamentos;
Policial Militar, no que couber, o estabelecido para o comando. VI - prisão especial, em quartel da Corporação, a disposição
da autoridade judiciária competente, quando sujeito à prisão antes
Art. 23. O Comandante Geral da Polícia Militar do Estado da condenação irrecorrível;
de Alagoas tem honras, regalias, direitos, deveres e prerrogativas VII - cumprimento de pena privativa de liberdade em
de Secretário de Estado, inclusive referendar atos administrativos. unidade da própria Corporação ou presídio militar, nos casos de
Art. 24. A subordinação não afeta de modo algum a dignidade condenação que não lhe implique na perda do posto ou da gradua-
pessoal e o decoro do policial militar, limitando-se exclusivamente ção, cujo comandante, chefe ou diretor tenha precedência hierár-
a estrutura hierarquizada da Polícia Militar. quica sobre o preso ou detido;
VIII - assistência de oficial, quando praça, e de oficial de
Art. 25. O oficial é preparado, ao longo da carreira, para posto superior ao seu, se sujeito a prisão em flagrante, circuns-
o exercício do comando, da chefia e da direção das Organizações tância em que permanecerá na repartição competente da polícia
Militares. judiciária, somente o tempo necessário à lavratura do auto respec-
tivo, sendo, imediatamente após, conduzido a autoridade policial
Art. 26. Os subtenentes e sargentos são formados para au- militar mais próxima, mediante escolta da própria Corporação;
xiliar e complementar as atividades dos oficiais, quer no adestra- IX - porte de arma para oficiais conforme legislação federal;
mento e no emprego dos meios, quer na instrução, administração e X - porte de arma para as praças conforme legislação federal
no comando das frações de tropa. e restrições imposta pela Corporação;
§ 1º No comando de elementos subordinados, os subtenen- XI - transferência voluntária para a reserva remunerada aos
tes e sargentos deverão se impor pela lealdade, exemplo e capaci- trinta (30) anos de serviço, se do sexo masculino e vinte e cinco
dade técnico-profissional. (25) anos, se do sexo feminino;
§ 2º É incumbência dos subtenentes e sargentos assegurar a XII - estabilidade para as praças com mais de dez (10) anos
observância minuciosa e ininterrupta das ordens, regras de serviço de efetivo serviço;
e normas operativas por parte das praças diretamente subordina- XIII - décimo terceiro salário com base na remuneração
das, bem como a manutenção da coesão e da moral das mesmas integral, devida no mês de dezembro;
em todas as circunstâncias. XIV - salário família para os seus dependentes, conforme le-
Art. 27. Os cabos e soldados são essencialmente elementos gislação própria;
de execução. XV - férias anuais remuneradas com vantagem, de pelo
Art. 28. Às praças especiais cabem a rigorosa obser- menos, um terço a mais do que a remuneração normal;
vância das prescrições regulamentares que lhes são pertinentes, XVI - licença à maternidade;
sendo-lhes exigida inteira dedicação ao estudo e aprendizado téc- XVII - licença à paternidade;
nico-profissional. XVIII - assistência jurídica integral e gratuita por parte do
Art. 29. Cabe ao policial militar a responsabilidade integral Estado, quando indiciado ou processado nos crimes ocorridos em
pelas decisões que tomar, pelas ordens que emitir e pelos atos que atos de serviço;
praticar. XIX - revisão periódica da remuneração dos inativos na
Parágrafo Único. No cumprimento de ordens recebidas, o mesma proporção e na mesma data, sempre que se modificar a
executante responde pelas omissões, erros e excessos que cometer. remuneração dos militares em atividade, sendo também estendi-
· redação modificada pela lei nº 5357 de 01 JUL 92 do aos inativos quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente
concedidas aos servidores da ativa, inclusive quando decorrentes
TÍTULO IV da reclassificação de cargo ou função ocupada, em que se deu a
DOS DIREITOS E PRERROGATIVAS, DEVERES E transferência para reserva remunerada ou reforma;
OBRIGAÇÕES XX - percepção de remuneração;
E ÉTICA DOS MILITARES XXI - promoção;
CAPÍTULO I XXII - pensão por morte correspondente ao total da remune-
DOS DIREITOS E PRERROGATIVAS ração do policial
militar ativo ou inativo;
Art. 30. Os direitos e prerrogativas dos militares são consti- XXIII - demissão ou licenciamento voluntário;
tuídos pelas honras, dignidade e distinção devida aos graus hierár- XXIV - adicional de remuneração para as atividades insalu-
quicos e cargos exercidos. bres, penosas ou perigosas, conforme dispuser a legislação própria;
§ 1º São direitos e prerrogativas dos militares:
Didatismo e Conhecimento 4
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS
XXV - a assistência médico-hospitalar para si e seus CAPÍTULO III
dependentes, assim entendida como um conjunto de atividades DA VIOLAÇÃO, DOS DEVERES E DAS OBRIGAÇÕES
relacionadas com a prevenção, conservação ou recuperação da
saúde, abrangendo serviços profissionais médicos, farmacêuticos Art. 33. Constituirão violação dos deveres e das obrigações
e odontológicos, bem como o fornecimento e aplicação de meios, militares: a prática de crime, de contravenção e de transgressão
cuidados e demais atos médicos e paramédicos necessários; disciplinar.
XXVI - percepção da remuneração do posto ou graduação § 1º A violação dos deveres e das obrigações militares é tão
imediatamente superior, quando da sua transferência para inativi- grave quanto mais elevado for o grau hierárquico de quem a co-
dade contar vinte e cinco (25) anos de efetivo serviço, se do sexo meter.
feminino e trinta (30) anos se do sexo masculino. Caso seja ocu- § 2º No concurso de crime militar e de transgressão discipli-
pante do último posto da hierarquia da Corporação, terá seu soldo nar, será considerada a violação mais grave.
aumentado de dois décimos.
Art. 34. A inobservância dos deveres especificados nas leis
XXVII - percepção correspondente ao seu grau hierárquico,
e regulamentos ou na falta de exatidão no cumprimento dos mes-
calculada com base no soldo integral, quando não contando vinte
mos, acarretará para o policial militar responsabilidade funcional,
e cinco (25) anos, se do sexo feminino, ou trinta (30), se do sexo
pecuniária, disciplinar ou penal, de conformidade com a legislação
masculino, for transferido para reserva remunerada, ex-officio, por específica ou peculiar.
ter atingido a idade limite de permanência no serviço ativo, no seu
posto ou graduação. SEÇÃO I
§ 2º Os professores civis contratados para ministrarem aulas DAS TRANSGRESSÕES DISCIPLINARES
nos cursos realizados no Centro de Ensino e Instrução da Polícia
Militar, além dos direitos previstos em outras legislações, terão as Art. 35. As transgressões disciplinares são especificadas no
seguintes honras: regulamento disciplinar da Polícia Militar do estado de Alagoas.
I - de coronel, quando lecionar no curso superior de polícia; § 1º O regulamento disciplinar da Polícia Militar estabele-
II - de major, quando lecionar no curso de aperfeiçoamento cerá as normas para a aplicação e amplitude das punições disci-
de oficiais; plinares.
II - de capitão, quando lecionar nos cursos de formação, § 2º As punições disciplinares de detenção ou prisão não
adaptação e habilitação para oficiais; poderão ultrapassar a trinta (30) dias.
IV - de primeiro tenente, quando lecionar nos demais cursos
ou estágios. Art. 36. Ao cadete que cometer transgressão disciplinar,
aplica-se, além das sanções disciplinares previstas no regulamento
CAPÍTULO II disciplinar da Polícia Militar, as existentes nos Regimentos Inter-
DOS DEVERES E OBRIGAÇÕES nos dos Estabelecimentos de Ensino onde estiver matriculado.
Didatismo e Conhecimento 5
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS
I - amar a verdade e a responsabilidade como fundamento I - deixe de comparecer a sua Organização Policial Militar,
da dignidade pessoal; sem comunicar o motivo do impedimento;
II - exercer com autoridade, eficiência e probidade, as II - afaste-se, sem licença, da Organização Policial Militar
funções que lhe couber em decorrência do cargo; onde serve ou do local onde deva permanecer.
III - respeitar a dignidade da pessoa humana;
IV - cumprir e fazer cumprir as leis, os regulamentos, as ins- Art. 42. A deserção do policial militar acarreta uma in-
truções e as ordens autoridade competente; terrupção do serviço ativo.
V - ser justo e imparcial no julgamento dos atos e na aprecia- § 1º A interrupção do serviço ativo é caracterizada após o
ção do mérito dos subordinados; cumprimento das formalidades legais, e o desertor é posto na con-
VI - zelar pelo preparo próprio, moral, intelectual, físico e dição de agregado, se oficial ou praça com estabilidade.
também do subordinado, tendo em vista o cumprimento da missão § 2º A demissão do oficial ou a exclusão do policial mili-
comum; tar com estabilidade assegurada processar-se-á após seis meses de
VII - empregar toda energia em benefício do serviço; agregação, se não houver captura ou apresentação voluntária antes
VIII - praticar permanentemente a camaradagem e desen- deste prazo.
volver o espírito de cooperação; § 3º A praça sem estabilidade assegurada será automatica-
IX - ser discreto nas atitudes, maneiras e linguagem escrita mente excluída após oficialmente declarada desertora.
e falada; § 4º O policial militar desertor que for capturado ou se
X - abster-se de tratar, fora do âmbito apropriado, de ma- apresentar voluntariamente, será submetido a inspeção de saúde:
téria sigilosa, relativa a segurança nacional ou pública; I - se julgado apto e não tenha sido excluído ou demitido, será
XI - respeitar as autoridades civis; submetido a processo pelo Conselho competente;
XII - cumprir seus deveres de cidadão; II - se julgado apto e já tiver sido demitido ou excluído,
XIII - proceder de maneira ilibada na vida pública e na par- será readmitido ou reincluído, agregado e responderá ao processo.
ticular; III - se julgado incapaz definitivamente e não tenha sido
XIV - observar as normas de boa educação; demitido ou excluído, se oficial, responderá a processo, se praça
XV - garantir a assistência moral e material ao seu lar e com estabilidade, será excluída e isenta de processo.
IV - se julgado incapaz definitivamente e já tiver sido demi-
conduzir-se como chefe de família modelar;
tido ou excluído, se oficial, responderá a processo, se praça ficará
XVI - conduzir-se, mesmo fora do serviço ou na inatividade,
isenta do mesmo.
de modo que não prejudique os princípios da disciplina, respeito e
decoro policial militar;
XVII - abster-se de fazer uso do posto ou da graduação para
obter facilidades pessoais de qualquer natureza ou para negócios CAPÍTULO II
particulares ou de terceiros; DO DESAPARECIDO E EXTRAVIADO
XVIII - abster-se na inatividade do uso das designações hie-
rárquicas, quando: Art. 43. É considerado desaparecido o policial militar da
a) em atividades político-partidárias; ativa que, no desempenho de qualquer serviço, viagem, operações
b) em atividades industriais; militares ou em caso de calamidade pública, tiver seu paradeiro
c) em atividades comerciais; ignorado por mais de oito (08) dias.
d) para discutir ou provocar discussões pela imprensa a res- Parágrafo Único. A situação de desaparecimento só será
peito de assuntos políticos ou militares, excetuando-se os de natu- considerada quando não houver indício de deserção. Art. 44. O
reza exclusivamente técnica, se devidamente autorizado; policial militar que, na forma do artigo anterior, permanecer
e) no exercício de função de natureza não policial militar, desaparecido por mais de trinta (30) dias, será oficialmente consi-
mesmo oficiais. derado extraviado, e, a partir desta data, agregado.
XIX - zelar pelo bom nome da Polícia Militar e de cada um * redação modificada pela lei nº 5357 de 01 JUL 92
dos seus integrantes.
Art. 45. O extravio do policial militar da ativa acarretará na
TÍTULO V interrupção do seu serviço ativo.
DO AUSENTE, DESERTOR, DESAPARECIDO E EX- § 1º O desligamento do serviço ativo será feito seis (06)
TRAVIADO meses após a agregação por motivo de extravio.
CAPÍTULO I § 2º Em caso de naufrágio, sinistro aéreo, catástrofe, ca-
DO AUSENTE E DO DESERTOR lamidade pública ou outros acidentes oficialmente reconhecidos,
o extravio do policial militar da ativa será considerado, para fins
Art. 40. É considerado ausente o policial militar que por mais deste Estatuto, como falecimento.
de vinte e quatro (24) horas consecutivas:
I - deixe de comparecer a sua Organização Policial Militar Art. 46. O reaparecimento do policial militar considerado
sem comunicar o motivo do impedimento; desaparecido ou extraviado, já desligado do serviço ativo, resulta
II - afaste-se, sem licença, da Organização Policial Militar em sua reinclusão e nova agregação enquanto se apura as causas
onde serve ou do local onde deva permanecer. que deram origem ao afastamento.
Parágrafo Único. O policial militar reaparecido será subme-
Art. 41. É considerado desertor o policial militar que por tido a sindicância por decisão do Comandante Geral da Polícia
mais de oito (08) dias consecutivos: Militar, se assim julgar necessário.
Didatismo e Conhecimento 6
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS
TÍTULO VI 2.- QOS
DA EXCLUSÃO DO SERVIÇO ATIVO Coronel ....................................... .62 anos
CAPÍTULO ÚNICO Tenente Coronel .......................... .60 anos
DAS FORMAS DE EXCLUSÃO Major .......................................... .58 anos
Capitão, 1º Tenente e 2º Tenente .. 57 anos
Art. 47. A exclusão do serviço ativo da Polícia Militar e 3.- QOA e QOE
o consequente desligamento da OPM a que estiver vinculado o Major .......................................... 58 anos
policial militar será feita mediante: Capitão ....................................... 57 anos
I - transferência para a reserva remunerada; 1º Tenente .................................. 56 anos
II - reforma; 2º Tenente .................................. 55 anos
III - demissão; * redação modificada pela lei nº 5357 de 01 JUL 92
IV - licenciamento; 4.- CAPELÃO
V - anulação de incorporação. Major .......................................... 62 anos
§ 1º A exclusão do serviço ativo da Polícia Militar com re- Capitão ....................................... 60 anos
ferência aos incisos I,II, e III do caput deste artigo, será processada 1º Tenente .................................. 58 anos
após a expedição de ato do Governador do Estado. 2º Tenente .................................. 57 anos
§ 2º A exclusão do serviço ativo referentes aos incisos IV 5.- QOPFem
e V do caput deste artigo, processar-se-á por ato do Comandante Coronel ....................................... 50 anos
Geral da Polícia Militar. Tenente Coronel .......................... 48 anos
Major .......................................... 47 anos
Art. 48. O policial militar da ativa, enquadrado em um dos Capitão, 1º Tenente e 2º Tenente . 45 anos
incisos I, II, III e IV do artigo 47, será automaticamente afastado b) círculo das praças
do cargo e posto na condição de adido especial na OPM onde ser- 1.- Masculino
vir, a partir da protocolização do requerimento ou ata de inspeção Subtenente ................................... 58 anos
de saúde. 1º Sargento .................................. 57 anos
2º Sargento .................................. 56 anos
Parágrafo Único. O desligamento do policial militar da Or-
3º Sargento, Cabo e Soldado ........ 55 anos
ganização em que serve deverá ser feita após a publicação no Bo-
2.- Feminino
letim Geral do ato oficial correspondente.
Subtenente ................................... 50 anos
1º Sargento .................................. 48 anos
SEÇÃO I
2º Sargento .................................. 47 anos
DA TRANSFERÊNCIA PARA A RESERVA REMUNERA-
3º Sargento, Cabo e Soldado ........ 45 anos
DA
II - atingir o policial militar trinta e cinco (35) anos de
efetivo serviço, se do sexo masculino, ou trinta (30) anos se do
Art. 49. A passagem do policial militar para a situação de sexo feminino;
inatividade, mediante transferência para a reserva remunerada, se III - ultrapassar dois (02) anos, contínuos ou não, em licença
efetuará: para acompanhar tratamento de saúde de pessoa da família;
I - a pedido; IV - for o oficial considerado não habilitado para o acesso,
II - ex-offício. em caráter definitivo, através de Conselho de Justificação, provo-
Parágrafo Único. não será concedida transferência para reser- cado pela Comissão de Promoções de Oficiais;
va remunerada a pedido, ao policial militar que: V - ultrapassar dois (02) anos, contínuos ou não, em licença
a) estiver respondendo a Inquérito ou Processo em qualquer para tratar de interesse particular;
jurisdição; VI - ultrapassar dois (02) anos, contínuos ou não, afas-
b) estiver cumprindo pena de qualquer natureza. tado da Corporação em virtude de haver sido empossado em cargo
público civil, temporário, não eletivo, inclusive da Administração
Art. 50. A transferência para a reserva remunerada, a pedi- Indireta, ou Fundacional Pública, à disposição de órgão público;
do, será concedida mediante requerimento, ao policial militar que * redação modificada pela lei nº 5357 de 01 JUL 92
contar, no mínimo, vinte e cinco (25) anos de serviço, se do sexo VII - ser diplomado em cargo eletivo, de conformidade
feminino, e trinta (30), se do masculino. com a Constituição Federal;
VIII - após três (03) indicações, depois de devidamente
Art. 51. A transferência para a reserva remunerada, “ex habilitado em seleção interna, para frequentar Curso Superior
-offício”, verificar-se-á sempre que o policial militar incidir nos de Polícia, Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais ou Curso de
seguintes casos: Aperfeiçoamento de Sargentos, não o completar ou não aceitar as
I - atingir as seguintes idades limites: indicações.
a) círculo dos oficiais § 1º A transferência para a reserva remunerada ex-officio pro-
1.- QOPM cessar-se-á, com remuneração proporcional ao tempo de serviço.
Coronel ....................................... .58 anos § 2º Não se aplicará o inciso II deste artigo aos oficiais que
Tenente Coronel .......................... .56 anos estejam exercendo os cargos de Comandante Geral, Chefe da Casa
Major .................................... ...... 52 anos Militar do Governador e Chefe da Assessoria Militar da Assem-
Capitão, 1º Tenente e 2º Tenente .. 50 anos bléia Legislativa, enquanto permanecer no cargo.
Didatismo e Conhecimento 7
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS
§ 3º O coronel que permanecer por mais de dez (10) Art. 55. A incapacidade definitiva pode sobrevir em conse-
anos no posto, será transferido ex-officio para a reserva remunera- quência de:
da, independente do seu tempo de serviço, exceto as hipóteses do I - ferimento recebido na manutenção da ordem pública ou
parágrafo anterior. enfermidade contraída nessa situação ou que nela tenha sua causa
eficiente;
Art. 52. A transferência para a reserva remunerada não isenta II - acidente em serviço;
o policial militar da indenização dos prejuízos causados à Fazenda III - doença, moléstia ou enfermidade adquirida, com rela-
Estadual ou a terceiros, nem do pagamento das pensões decorren- ção de causa e efeito a condição inerente ao serviço;
tes de sentença judicial. IV - tuberculose ativa, alienação mental, neoplasia
Parágrafo Único. A transferência do policial militar para a maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitan-
reserva remunerada poderá ser suspensa na vigência do estado de te, cardiopatia grave, mal de Parkinson, pênfigo, espondiloartrose
defesa e estado de sítio, ou em caso de mobilização. anquilosante, nefropatia grave e outras moléstias que a lei indicar
com base nas conclusões da medicina especializada;
SEÇÃO II V - acidente ou doença, moléstia ou enfermidade sem rela-
DA REFORMA ção de causa e efeito com o serviço.
* redação modificada pela lei nº 5358 de 01 JUL 92
Art. 53. A passagem do policial militar para a situação de § 1º Os casos de que tratam os incisos I, II e III deste
inatividade, mediante reforma, se efetua ex-officio. artigo serão comprovados por atestado de origem ou inquérito sa-
nitário de origem, previstos em regulamentação própria.
Art. 54. A reforma do que trata o artigo anterior será aplicada § 2º Os casos previstos nos incisos IV e V serão submetidos
ao policial militar que: a inquérito sanitário de origem, para confirmação ou não de sua
I - atingir as seguintes idades limites de permanência na re- causa e efeito, ou correlação com o serviço.
serva remunerada: § 3º O parecer definitivo a adotar, nos casos de tuberculose,
a) para oficial superior, sessenta e quatro (64) anos, se do para os portadores de lesões aparentemente inativa, ficará condi-
sexo masculino, e cinquenta e dois (52) se do sexo feminino; cionado a um período de consolidação extranosocomial nunca in-
b) para capitão e oficial subalterno, sessenta e dois (62)
ferior a seis (06) meses, contados a partir da época da cura.
anos, se do sexo masculino, e cinquenta e dois (52) se do sexo
§ 4º Considera-se alienação mental todo caso de distúrbio
feminino;
mental ou neuro-mental grave, no qual esgotados os meios habi-
c) para praças, sessenta (60) anos, se do sexo masculino, e
tuais de tratamento, permaneça alteração completa ou considerá-
cinqüenta e cinco (55) se do sexo feminino.
vel na personalidade, destruída a autodeterminação do pragmatis-
II - for julgado incapaz definitivamente para o serviço ativo da
mo e tornado o indivíduo total e permanentemente impossibilitado
Polícia da Militar;
III - estiver agregado por mais de doze meses, contínuos para qualquer trabalho, comprovado através de inquérito sanitário
ou não, por ter sido julgado incapaz temporariamente para o ser- de origem.
viço da Polícia Militar, durante o período de trinta e seis meses, § 5º Ficam excluídas do conceito de alienação mental as
mediante homologação da junta policial militar de saúde, ainda epilepsias psíquicas e neurológicas, assim julgadas através de in-
mesmo que se trate de moléstia curável; quérito sanitário de origem.
IV - for condenado a pena de reforma, prevista no código § 6º Consideram-se paralisia todo caso de neuropatia grave e
penal militar, ou sentença passada em julgado; definitiva que afeta a motilidade, sensibilidade, troficidade e mais
V - sendo oficial, quando determinada a sua reforma por sen- funções nervosas, no qual esgotados os meios habituais de trata-
tença irrecorrível, em consequência de Conselho de Justificação a mento, permaneçam distúrbios graves, extensos e definitivos que
que foi submetido; tornem o indivíduo total e permanentemente impossibilitado para
VI - sendo aspirante a oficial ou praça com estabilidade qualquer trabalho.
assegurada, quando determinada a sua reforma pelo Comandante § 7º São também equiparadas às paralisias os casos de afec-
Geral, em razão de julgamento de Conselho de Disciplina a que ção osteo-musculoarticulares graves e crônicas (reumatismos gra-
foi submetido. ves e crônicos ou progressivos e doenças similares), nos quais, es-
§ 1º O policial militar reformado na forma do inciso V deste gotados os meios habituais de tratamento, permaneçam distúrbios
artigo, só readquirirá a situação anterior, por força de sentença ir- extensos e definidos, quer osteo-musculoarticulares residuais, quer
recorrível, e com relação ao inciso VI, por decisão do Comandante secundários das funções nervosas, motilidade, troficidade, ou nas
Geral. funções que tornem o indivíduo total e permanentemente impossi-
§ 2º Fica o Comandante Geral da Polícia Militar autorizado bilitado para qualquer trabalho.
a reformar, através de ato administrativo, todos os militares da re- § 8º São equiparadas à cegueira, não só os casos de afec-
serva remunerada que atingirem idade limite. ções crônicas, progressivas e incuráveis que conduzirão à cegueira
§ 3º Anualmente, no mês de fevereiro, a Diretoria de total, como também os de visão rudimentares que apenas permi-
Pessoal da Corporação organizará relação dos militares da reserva tam a percepção de vultos, não susceptíveis de correção por lentes,
remunerada que atingiram, até aquela data, idade limite de perma- nem removíveis por tratamento médico cirúrgico, comprovados
nência naquela situação. através do inquérito sanitário de origem.
§ 4º A situação de inatividade do policial militar da reserva Art. 56. O policial militar da ativa, julgado incapaz definiti-
remunerada, quando reformado por limite de idade, não sofrerá so- vamente, por um dos motivos constantes nos incisos do artigo 55,
lução de continuidade, ficando apenas desobrigado de convocação. será reformado obedecendo os seguintes critérios:
Didatismo e Conhecimento 8
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS
I - quando a incapacidade decorrer dos casos previstos nos SEÇÃO III
incisos I e II, o policial militar terá direito a promoção ao posto ou DA DEMISSÃO
graduação imediatamente superior e proventos integrais;
II - quando a doença, moléstia ou enfermidade tiver relação Art. 60. A demissão da Polícia Militar aplica-se exclusiva-
de causa e efeito com o serviço, e o policial militar não for consi- mente aos oficiais, e se efetua da seguinte forma:
derado inválido, terá direito a proventos integrais; I - a pedido;
III - quando a doença, moléstia ou enfermidade tiver II - ex-officio.
relação de causa e efeito com o serviço, e o policial militar for con-
siderado inválido, terá direito a promoção ao posto ou graduação Art. 61. A demissão a pedido será concedida mediante
imediatamente superior e proventos integrais; requerimento do interessado:
IV - quando a doença, moléstia ou enfermidade não tiver re- I - sem indenização aos cofres públicos, quando contar mais
lação de causa ou efeito com o serviço, e o policial militar não for de cinco (05) anos de oficialato na Corporação;
considerado inválido, terá direito a proventos proporcionais ao seu II - com indenização das despesas feitas pelo Estado com
tempo de serviço; a sua preparação e formação, quando contar menos de cinco (05)
V - quando a doença, moléstia ou enfermidade não tiver anos de oficialato na Corporação.
relação de causa e efeito com o serviço, e o policial militar for § 1º No caso do oficial ter feito qualquer curso ou estágio
considerado inválido, terá direito a proventos integrais. de duração igual ou superior a seis (06) meses e inferior ou igual a
Parágrafo Único. Todos os casos previstos neste artigo só dezoito (18) meses por conta do Estado, e não havendo decorrido
serão atendidos depois de devidamente comprovados através de mais de três (03) anos do seu término, a demissão só será concedi-
inquérito sanitário de origem. da mediante indenização de todas as despesas correspondentes ao
referido curso ou estágio.
Art. 57. O policial militar reformado por incapacidade defini- § 2º No caso do oficial ter feito qualquer curso ou está-
tiva, que for julgado apto em inspeção ou junta superior de saúde, gio de duração superior a dezoito (18) meses por conta do Estado,
em grau de recurso, poderá retornar ao serviço ativo. aplicar-se-á o disposto no parágrafo anterior, se ainda não houver
Parágrafo Único. O retorno ao serviço ativo somente ocor- decorrido mais de cinco (05) anos de seu término.
rerá se o tempo decorrido na situação de reformado não ultrapassar § 3º O oficial demissionário, a pedido, ingressará na reser-
dois (02) anos, e se processará na conformidade com o previsto va não remunerada, sendo a sua situação militar definida pela lei
para o excedente. do serviço militar.
§ 4º O direito a demissão à pedido, pode ser suspenso, na
Art. 58. O policial militar reformado por alienação men- vigência do estado de defesa ou estado de sítio.
tal, enquanto não ocorrer a designação judicial do curador, terá sua
remuneração paga aos seus benificiários, desde que o tenha sob Art. 62. O Oficial da Polícia Militar será demitido “ex-of-
sua guarda e responsabilidade e lhe dispense tratamento humano ficio”, quando:
e condigno. I - for empossado em cargo público permanente, estranho à
§ 1º A interdição do policial militar reformado por aliena- sua carreira;
ção mental quando não providenciada por iniciativa dos parentes II - se alistar como candidato a cargo eletivo e contar na época
ou responsáveis, dentro de sessenta (60) dias contados da data da do alistamento menos de dez (10) anos de serviço;
reforma, será promovido pela Corporação. III - falecer ou for considerado falecido;
§ 2º O internamento do policial militar reformado por IV - for considerado desertor conforme artigo 41.
alienação mental, em instituição apropriada, será também provi-
denciado pela Corporação, quando ocorrer uma das seguintes hi- Art. 63. Será também demitido “ex-officio” o Oficial que
póteses: houver perdido o Posto e a Patente, sem direito a qualquer remu-
a) não houver beneficiários, parentes ou responsáveis; neração ou indenização e terá a sua situação militar definida pela
b) não forem satisfeitas as condições de tratamento exigi- lei do Serviço Militar.
das no caput deste artigo.
Art. 64. O Oficial da Polícia Militar só perderá o Posto e
Art. 59. Para fins constantes neste Estatuto, são considerados Patente quando:
postos ou graduações imediatamente superiores, além das demais I - for condenado na Justiça Comum ou Militar a pena res-
devidamente explicitadas, as seguintes: tritiva de liberdade individual, superior a dois (02) anos, em decor-
I - 1º Tenente - para alunos do curso ou estágio de adaptação rência de sentença condenatória transitada em julgado e o Conse-
de oficiais; lho de Justiça Militar decidir sobre a sua perda;
II - 2º Tenente - para os aspirantes a oficial, cadetes, alunos do II - for julgado indigno para o oficialato ou com ele incom-
curso de habilitação a oficiais e subtenentes; patível, por decisão do Conselho de Justiça Militar, nos casos pre-
III - 3º Sargento - para os cabos e alunos do curso de formação vistos no inciso I deste artigo;
de sargentos; III - for julgado indigno para o oficialato ou com ele incom-
IV - Cabo - para os soldados e alunos do curso de formação de patível, por decisão de sentença irrecorrível, nos julgamentos dos
cabos, e alunos do curso de formação de soldados. Conselhos de Justificação.
Didatismo e Conhecimento 9
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS
SEÇÃO IV Art. 72. Será licenciada “ex-officio” a praça que se alistar
DO LICENCIAMENTO candidato a cargo eletivo, e contar na época do alistamento menos
de dez (10) anos de serviço.
Art. 65.. O licenciamento do serviço ativo, aplicado
somente às Praças, se efetua: Art. 73. Será também licenciado “ex-officio” o aspirante
I - a pedido; a oficial e as praças empossadas em cargo público permanente,
II - ex-officio. estranho à sua carreira.
§ 1º O licenciamento a pedido poderá ser concedido a qual-
quer época, desde que não haja prejuízo para o tesouro do Estado. SEÇÃO V
§ 2º O licenciamento “ex-officio” será feito na forma da le- DA ANULAÇÃO DE INCORPORAÇÃO
gislação própria:
a) a bem da disciplina; Art. 74. A anulação de incorporação de voluntários selecio-
b) por inadaptação ao serviço policial militar durante o perío- nado será aplicada ao policial militar que:
do de formação; I - tenha prestado por escrito, durante o recrutamento, decla-
c) falta de aproveitamento no período de formação; rações falsas;
d) por falecimento ou por ter sido considerado falecido; II - tenha utilizado durante o recrutamento documentos falsi-
e) por ter a praça infringido o § 3º do artigo 116 deste Es- ficados ou de outrem;
tatuto. III - responda processo criminal na Justiça Comum antes ou
§ 3º No caso do licenciamento “ex-officio” por falta de durante o período de formação.
aproveitamento no período de formação, o mesmo poderá, a crité- § 1º A anulação de incorporação poderá ocorrer em qual-
rio da Corporação ser rematriculado. quer época dentro do período de formação.
§ 2º A praça que tiver sua incorporação anulada não terá
Art. 66. O direito ao licenciamento a pedido poderá ser sus- direito a qualquer remuneração ou indenização, e sua situação será
penso na vigência do estado de defesa ou estado de sítio. definida pela Lei do Serviço Militar, semelhante ao licenciamento.
Didatismo e Conhecimento 10
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS
CAPÍTULO III * - redação dada pela Lei nº 5941, de 31/07/97.
DOS UNIFORMES DA POLÍCIA MILITAR § 1º A agregação do policial militar nos casos dos
incisos I, II, IV, V e VI deste artigo, será contada a partir da data
Art. 77. Os uniformes da Polícia Militar com seus distinti- da publicação do ato oficial de nomeação, designação ou passagem
vos, insígnias e emblemas são privativos dos militares e simboli- à disposição para o novo cargo até a data oficial da exoneração,
zam a autoridade com as prerrogativas que lhes são inerentes. dispensa do policial militar ou transferência “ex-officio” para a
§ 1º Constituem crimes previstos no Código Penal Militar reserva.
o desrespeito pelo militar aos uniformes, distintivos, insígnias e § 2º A agregação do policial militar, no caso do inciso III,
emblemas militares. será contada a partir da data de registro como candidato até sua
§ 2º É vedado a qualquer civil ou organização desta natu- diplomação ou regresso à Corporação, caso não seja eleito.
reza usar uniforme ou ostentar distintivo, insígnia ou emblema que
possam ser confundidos com os adotados pela Polícia Militar. Art. 82. O policial militar da ativa será agregado quan-
§ 3º São responsáveis pela infração disposta no parágrafo
do afastado, temporariamente, do serviço ativo, por motivo de:
anterior, além dos indivíduos que as tenham cometida, os empre-
I - ter sido julgado incapaz temporariamente, após
gadores, Diretores ou Chefes das Repartições Públicas, Empresas
noventa (90) dias contínuos ou não, no período de cento e oitenta
e Organizações de qualquer natureza, que tenha adotado ou con-
sentido o uso de uniformes, distintivos, insígnias ou emblemas que (180) dias de licença para tratamento de serviço;
possam ser confundidos com os adotados na Polícia Militar. II - ter entrado de licença para tratar de assunto particular;
III - ter entrado de licença para acompanhar tratamento de
Art. 78. O uso dos uniformes com seus distintivos, insígnias, pessoa da família, a partir das prorrogações;
emblemas, bem como os modelos, descrições, composição, peças, IV - ter sido julgado incapaz definitivamente, enquanto trami-
acessórios e outras disposições, são estabelecidos em regulamen- ta o processo de reforma;
tação peculiar da Polícia Militar. V - ter sido considerado oficialmente extraviado;
VI - ter sido esgotado o prazo que caracteriza o crime de
Art. 79. O policial militar fardado tem as obrigações cor- deserção previsto no Código Penal Militar, se Oficial ou Praça com
respondentes aos uniformes que usa, e aos distintivos, emblemas estabilidade assegurada;
ou às insígnias que ostenta. VII - como desertor, ter-se apresentado voluntariamente, ou
ter sido capturado e reincluído a fim de se ver processar;
TÍTULO VIII VIII - ter sido condenado à pena restritiva de liberdade supe-
DA AGREGAÇÃO, DA REVERSÃO E DO EXCEDENTE rior a seis (06) meses em sentença transitado em julgado, enquan-
CAPÍTULO I to durar a execução da mesma, exceto se concedida a suspensão
DA AGREGAÇÃO condicional;
IX - ter sido condenado à pena de suspensão do exercício do
Art. 80. A agregação é a situação na qual o policial militar posto, graduação, cargo ou função prevista no Código Penal Mi-
da ativa fica temporariamente afastado do exercício do cargo no litar;
âmbito da Corporação, permanecendo no lugar em que lhe com- X - ter entrado de licença para acompanhamento de côn-
petir na escala hierárquica de seu Quadro ou Qualificação, com a juge nos casos previstos nos §§ 2º e 4º do Art. 104 deste Estatuto.
anotação esclarecedora da situação da abreviatura Ag.” § 1º A agregação do policial militar, nos casos dos incisos I
“Parágrafo único – A agregação não abre vaga para fins de e IV do caput deste artigo, é contado a partir do primeiro dia após
promoção.”
os respectivos prazos e enquanto durar o evento.
· redação modificada pela lei n.º 6150 de 11 MAI 2000 Art.
§ 2º A agregação do policial militar, nos casos dos incisos
81. O policial militar da ativa será agregado e considerado para
II, III, V, VI, VII, VIII, IX e X deste artigo, é contada a partir da
todos os efeitos legais, como em serviço ativo, quando:
I - for nomeado ou designado para cargo ou função consi- data indicada no ato que tornar público o evento.
derado de natureza policial militar, estabelecido em Lei ou Decreto
e não previsto no Quadro de Organização da Polícia Militar; Art. 83. O policial militar agregado fica sujeito às obri-
II - aceitar cargo, função ou emprego público temporário, gações disciplinares concernentes as suas relações com outros mi-
não eletivo, ainda que na Administração Indireta ou Fundacional litares e autoridades civis, salvo quando o titular de cargo que lhe
Pública; dê precedência funcional sobre outros militares mais graduados ou
III - se alistar como candidato a cargo eletivo e contar mais mais antigo.
de dez (10) anos de serviço na época do afastamento;
IV - for posto à disposição de Estabelecimento de Ensino das Art. 84. O policial militar agregado ficará adido, para efeito
Forças Armadas ou outras Corporações militares, no país ou no de alterações e remuneração, à Organização Policial Militar que
exterior; lhe for designado, continuando a figurar no respectivo registro,
V - for posto à disposição do governo federal para exercer sem número, no lugar até que então ocupava.
cargo ou função em órgãos federais, embora considera função de
natureza policial militar, exceto na condição de aluno; Art. 85. A agregação do policial militar se faz por ato do
*VI - for posto à disposição de Secretaria de Estado ou de Comandante Geral da Polícia Militar.
outro órgão desta unidade da federação, ou de outro Estado ou * redação modificada pela lei nº 5358 de 01 JUL 92
Território para exercer função de natureza civil exceto nas hipóte-
ses previstas nos incisos VII e VIII do § 1º do Art. 18 desta Lei.
Didatismo e Conhecimento 11
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS
CAPÍTULO II § 2º É facultado ao servidor militar converter 1/3 das férias
DA REVERSÃO como abono pecuniário, desde que o requeira com, pelo menos,
sessenta (60) dias de antecedência.
Art. 86. Reversão é o ato pelo qual o policial militar, cessado § 3º O período de férias não gozado por motivo de neces-
o motivo que determinou a sua agregação, readquire o direito do sidades do serviço, mas que o policial militar já tenha recebido a
exercício do cargo próprio do quadro ou qualificação a que per- remuneração correspondente pelo menos 1/3 (um terço), poderá
tença.” ser contado em dobro.
· redação modificada pela lei n.º 6150 de 11 MAI 2000 Art. 91. São autoridades competentes para conceder férias:
I - o Comandante Geral, ao Chefe do Estado Maior e a si
Art. 87. A reversão do policial militar se faz por ato do Co- próprio, após comunicar ao Governo do Estado;
mandante Geral da Polícia Militar. II - o Chefe do Estado Maior Geral, aos Oficiais do EMG
CAPÍTULO III da Corporação, aos Comandantes do Policiamento da Capital, do
DO EXCEDENTE Interior e do Corpo de Bombeiros, ao Ajudante Geral, aos Coman-
dantes de Unidades, Estabelecimentos de Ensino, Diretores e aos
Art. 88. Excedente é a situação transitória a que, automati- Comandantes de Subunidades Independentes;
camente, passa o policial militar que: III - os Diretores, Comandantes de Unidades, Subunidades
I - havendo sido revertido, esteja completo o efetivo do qua- Independente, Centro e Estabelecimento de Ensino Policial Mili-
dro ou qualificação a que pertença; tar, aos que servem sob suas ordens.
II – foi revogado pela lei n.º 6150 de 11 MAI 2000. § 1º A concessão de férias não será prejudicada por:
III - é promovido por bravura, sem haver vaga; a) gozo anterior de licença para tratamento de saúde ou licen-
IV – foi revogado pela lei n.º 6150 de 11 MAI 2000. ça especial
V - sendo mais moderno na respectiva escala hierárquica, b) punição anterior decorrida de contravenção ou de trans-
ultrapassa o efetivo de seu quadro, em virtude de promoção de gressão disciplinar;
outro policial militar em ressarcimento de preterição ou retorno ao
c) ordem ou cumprimento de atos de serviços.
serviço, aos termos do art. 57 deste estatuto.”
§ 2º A concessão das férias não acumulará o direito que o
VI – foi revogado pela lei n.º 6150 de 11 MAI 2000.
policial militar tem de gozar as licenças regulamentares previstas
§ 1º O policial militar cuja situação é de excedente, ocu-
em lei.
pa posição relativa à sua antiguidade na escala hierárquica, com
§ 3º Somente em caso de interesse da Segurança Nacional,
a abreviatura “excd”, e receberá o número que lhe competir, em
de Manutenção da Ordem Pública, de extrema necessidade do ser-
consequência da primeira vaga que se verificar. § 2º O policial
viço, de transferência para a inatividade ou para cumprimento de
militar cuja situação é de excedente, é considerado, para todos
os efeitos, como em serviço, e concorre, respeitados os requisi- punição decorrente de crime, contravenção ou transgressão disci-
tos legais, em igualdade de condições e sem nenhuma restrição, a plinar de natureza grave e em caso de baixa hospitalar, os militares
qualquer cargo policial militar, bem como a promoção. terão interrompidas ou deixarão de gozar, na época prevista, o pe-
§ 3º O policial militar promovido por bravura, sem ríodo de férias a que tiverem direito.
haver vaga, ocupará a primeira vaga aberta, deslocando o princípio § 4º São autoridades competentes para interromper ou deixar
de promoção a ser seguido para a vaga seguinte. de conceder férias previstas neste estatuto, as seguintes:
§ 4º - foi revogado pela lei nº 6150 de 11 MAI 2000 a) o Governador do Estado, no caso de interesse da Segu-
rança Nacional e de Manutenção da Ordem Pública;
TÍTULO IX b) o Comandante Geral, em caso de extrema necessidade do
DOS AFASTAMENTOS TEMPORÁRIOS, DAS LICEN- serviço ou de transferência para a inatividade.
ÇAS § 5º Na impossibilidade absoluta do gozo de férias no ano
E DAS RECOMPENSAS seguinte, pelos motivos previstos no § 3º deste artigo, o período de
CAPÍTULO I férias não gozados será computado dia-a-dia e contado em dobro.
DOS AFASTAMENTOS TEMPORÁRIOS
Art. 92. O gozo de férias anual obedecerá prescrições esta-
Art. 89. São considerados afastamentos temporários os belecidas em regulamentação própria:
seguintes: Férias, Núpcias, Luto, Instalação e Trânsito. § 1º O período de férias anual poderá ser gozado onde
interessar ao policial militar, dentro do País, mediante permissão
SEÇÃO I do respectivo comandante, chefe ou diretor; para o exterior, com
DAS FÉRIAS consentimento do Governador do Estado.
§ 2º O policial militar em gozo de férias não perderá o
Art. 90. O período de férias anual é um afastamento tem- direito ao soldo e vantagens que esteja percebendo ao iniciá-la.
porário do serviço, obrigatoriamente concedido aos militares para § 3º As férias escolares serão concedidas de conformidade
descanso, a partir do último mês do ano a que se refere e usufruído com o regulamento do estabelecimento de ensino da Polícia Mili-
no ano seguinte. tar de Alagoas.
§ 1º Os policiais militares têm direito por ano de serviço,
ao gozo de trinta (30) dias de férias remuneradas com pelo menos
1/3 (um terço) a mais da remuneração correspondente ao período e
paga até a data do início do período de repouso.
Didatismo e Conhecimento 12
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS
SEÇÃO II § 2º O período de licença especial não interrompe a con-
NÚPCIAS E LUTO tagem de tempo de efetivo serviço.
§ 3º Os períodos de licença especial não gozados pelo
Art. 93. O afastamento do serviço, por motivo de núp- policial militar serão a pedido computados dia-a-dia e contado em
cias, será concedido ao policial militar pelo prazo de oito (08) dias, dobro para fins estabelecidos neste estatuto.
quando solicitado antecipadamente ao seu comandante imediato, e § 4º A licença especial não é prejudicada pelo gozo an-
será contado a partir da data do evento, ficando o beneficiado com terior de licença para tratamento de saúde ou para que sejam cum-
obrigação da apresentação da certidão de casamento ao término pridos atos de serviços.
do mesmo. § 5º Uma vez concedida a licença especial, o policial militar
Parágrafo Único. Quando não solicitado antecipadamente a será exonerado do cargo ou dispensado do exercício das funções
concessão do afastamento o policial militar só poderá fazê-lo até que exerce e ficará adido à Organização Policial Militar onde servir.
trinta (30) dias após a data do casamento. § 6º A licença especial será concedida pelo comandante Geral
da Polícia Militar, de acordo com o interesse do serviço, e respei-
Art. 94. O afastamento do serviço por motivo de luto será tando as quotas estipuladas por este.
concedido ao policial militar pelo prazo de oito (08) dias, a partir § 7º A licença especial só poderá ser suspensa ex-offício,
da data em que a autoridade a qual o beneficiário esteja subordi- em caso do País entrar em estado de Defesa ou de Sítio, ou para
nado tome conhecimento do óbito da pessoa intimamente relacio- cumprimento de sentença que importe em restrição a liberdade in-
nada como: pais, cônjuge, companheira, filhos, irmãos, sogros e dividual.
avós.
SEÇÃO II
SEÇÃO III DA LICENÇA PARA TRATAMENTO DE INTERESSE
TRÂNSITO E INSTALAÇÃO PARTICULAR
Art. 95. Trânsito é o período de afastamento total do ser- Art. 99. A licença para trato de interesse particular é concedi-
viço, concedido ao policial militar cuja movimentação implique, da ao policial militar com 10 (dez) anos ou mais de efetivo serviço
obrigatoriamente, em mudança de Guarnição ou para frequentar que a requerer com esta finalidade.
§ 1º A licença para trato de interesse particular será concedida
cursos ou estágio fora do Estado; destina-se aos preparativos de-
sempre com prejuízo da remuneração e do tempo de efetivo servi-
correntes dessa mudança.
ço, podendo ser suspensa a pedido e a qualquer tempo do período
Parágrafo Único. Os períodos concedidos relativos a trânsito
do seu gozo.
são previstos em regulamentação própria.
§ 2º A licença para trato de interesse particular é concedida
pelo Comandante Geral da Polícia Militar, desde que o País não se
Art. 96. Instalação é o período de tempo concedido ao po- encontre em estado de Defesa ou estado de Sítio.
licial militar para fixar residência, no limite máximo de cinco (05) § 3º O período máximo de licença para trato de interesse
dias, independentemente de ter gozado trânsito. particular será de (dois) anos, contínuos ou não, não podendo ser
obtida nova licença, após completar esse prazo.
CAPÍTULO II § 4º A licença para trato de interesse particular poderá ser
DAS LICENÇAS suspensa “ex-officio”, em caso do País entrar em estado de Defesa
ou de Sítio, ou para cumprimento de sentença que importe em res-
Art. 97. Licença é a autorização para o afastamento total trição a liberdade individual.
do serviço, em caráter temporário, concedida ao policial militar,
e pode ser: SEÇÃO III
I - especial; DA LICENÇA PARA ACOMPANHAR TRATAMENTO
II - para trato de interesse particular; DE PESSOA DA FAMÍLIA
III - para acompanhar tratamento de saúde de pessoa da fa-
mília; Art. 100. O policial militar poderá obter licença para acompa-
IV - para tratamento de saúde própria; nhar tratamento de saúde de pessoa da família, desde que prove ser
V - licença à maternidade; indispensável a sua assistência pessoal e esta não possa ser prestada
VI - licença à paternidade; simultaneamente com o exercício do cargo.
VII - licença para acompanhar o cônjuge. § 1º A licença de que trata o caput deste artigo será conce-
dida pelo Comandante Geral ao policial militar, depois de ter sido
SEÇÃO I exarado parecer da Junta Policial Militar de Saúde.
DA LICENÇA ESPECIAL § 2º A licença terá duração máxima de trinta (30)
dias, podendo ser prorrogada por iguais períodos, através de novos
Art. 98. Licença especial é o afastamento do serviço, rela- pareceres da Junta Policial Militar de Saúde.
tivo a cada quinquênio de efetivo serviço prestado à Corporação, § 3º O prazo máximo dessa licença será de vinte e quatro (24)
concedido ao policial militar que a requerer, sem que implique em meses, contínuos ou não.
qualquer restrição para a sua carreira. § 4º A licença de que trata este artigo será concedida com
§ 1º A licença especial tem a duração de 03 meses e será remuneração integral até o prazo máximo de doze (12) meses inin-
gozada de uma só vez, podendo ser suspensa a qualquer época, a terruptos, com 2/3 (dois terços) da remuneração se exceder a este
critério do interessado. prazo.
Didatismo e Conhecimento 13
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS
§ 5º Verificado não mais persistir a causa que motivou a § 2º Se o cônjuge é policial militar, mas o seu afastamento
licença para acompanhar tratamento de saúde de pessoa da família, é por outro motivo que não curso, a licença será sem remuneração
a autoridade competente poderá mandar cassá-la, a pedido ou ex e sem contagem de tempo de efetivo serviço.
-officio, sendo que, no segundo caso, só se realizará após inspeção § 3º Se o cônjuge não é policial militar, a licença será
de saúde realizado pela Junta Policial Militar de Saúde. sem remuneração e sem contagem de tempo de efetivo serviço,
qualquer que seja a circunstância.
SEÇÃO IV § 4º Nos casos previstos nos §§ 2º e 3º deste artigo o policial
DA LICENÇA PARA TRATAMENTO DE SAÚDE PRÓ- militar agregará.
PRIA
CAPÍTULO III
Art. 101. A licença para tratamento de saúde própria será DAS RECOMPENSAS
concedida pelo Comandante Geral, ex-officio, ao policial militar,
mediante inspeção de saúde e terá a duração de trinta (30) dias, Art. 105. As recompensas constituem reconhecimento dos
podendo ser prorrogada por iguais períodos. bons serviços prestados pelos militares.
§ 1º A licença terá início na data em que o policial militar § 1º As recompensas serão concedidas de acordo com as
for julgado incapaz temporariamente para o serviço, pelo médico normas estabelecidas nas leis e regulamentos da Corporação.
ou pela Junta Policial Militar de Saúde que conclua pela necessi- § 2º São recompensas militares:
dade da mesma. I - os prêmios de honras ao mérito;
§ 2º Se a natureza ou gravidade da doença for atestada por II - as condecorações por serviços prestados, tempo de ser-
médico especialista estranho à Polícia Militar, o policial militar viço ou por aplicação e estudo;
será atendido pela Junta Policial Militar de Saúde para homologar III - os elogios, louvores e referências elogiosas;
IV - as dispensas do serviço.
ou não o atestado apresentado e consequente concessão da licença.
Art. 106. As dispensas do serviço são afastamentos
SEÇÃO V
totais, em caráter temporário, concedidas pelo Comandante, Chefe
LICENÇA À MATERNIDADE
ou Diretor de OPM aos militares diretamente subordinados.
Parágrafo Único. As dispensas de serviço serão concedidas
Art. 102. O policial militar feminino gestante terá di-
com a remuneração integral e computadas como tempo de efetivo
reito a licença à maternidade com duração de cento e vinte (120)
serviço.
dias, concedidos a partir do oitavo (8º) mês de gestação, ou a con-
tar da data do parto, mediante requerimento da interessada e após TÍTULO X
inspeção de saúde, sem prejuízo da remuneração e da contagem do DO TEMPO DE SERVIÇO
tempo de efetivo serviço. CAPÍTULO ÚNICO
Parágrafo Único. Terá também direito a essa licença o po- DA APURAÇÃO DO TEMPO DE SERVIÇO
licial militar feminino que aceitar guarda de criança, com idade
inferior a trinta (30) dias, por determinação judicial, ou recebê-la Art. 107. Os militares começam a contar tempo de serviço a
como filho adotivo, contados a partir da data do aceite. partir da data de sua inclusão, matrícula em órgão de formação ou
nomeação para posto na Polícia Militar.
SEÇÃO VI § 1º Considera-se como data de inclusão, para fins deste
LICENÇA À PATERNIDADE artigo:
I - a data do ato em que o policial militar é considerado
Art. 103. O policial militar terá direito a licença à paternida- incluído na
de com duração de cinco (05) dias, concedidos a contar da data do Corporação;
nascimento do filho, mediante requerimento do interessado. II - a data de matrícula em órgão de formação de policial mi-
Parágrafo Único. Terá direito a essa licença o policial militar litar;
que aceitar guarda de criança com idade inferior a trinta (30) dias, III - a data de apresentação do policial militar pronto para o
por determinação judicial, ou recebê-la como filho adotivo, conta- serviço, após ato de nomeação.
dos a partir da data do aceite. § 2º O policial militar reincluído, recomeça a contar tempo
de serviço a partir da data de reinclusão.
§ 3º Quando, por motivo de força maior, oficialmente reco-
SEÇÃO VII nhecido (inundação, naufrágio, incêndio, sinistro aéreo ou outras
DA LICENÇA PARA ACOMPANHAR CÔNJUGE calamidades), faltarem dados para a contagem de tempo de servi-
ço, caberá ao Comando Geral da Polícia Militar arbitrar o tempo
Art. 104. O policial militar terá direito à licença para a ser computado para cada caso particular, de acordo com os ele-
acompanhamento do cônjuge, quando for ele mandado servir ou mentos disponíveis.
freqüentar curso fora do Estado.
§ 1º Se o cônjuge é policial militar e seu afastamento do Es- Art. 108. A apuração do tempo de serviço do policial mili-
tado é para frequentar curso de interesse da Corporação, a licença tar, será feita através do somatório de:
será com remuneração e contado o tempo, como de efetivo servi- I - tempo de efetivo serviço;
ço, correspondente ao período do curso. II - tempo de serviço averbado.
Didatismo e Conhecimento 14
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS
Art. 109. Tempo de efetivo serviço é o espaço de tempo TÍTULO XI
computado dia-a-dia, entre a data de inclusão e a data limite esta- DAS DISPOSIÇÕES DIVERSAS E FINAIS
belecida para o desligamento do policial militar do serviço ativo,
mesmo que tal espaço de tempo seja parcelado. Art. 116. O policial militar da ativa poderá contrair matri-
§ 1º O tempo de serviço prestado em órgão público, fede- mônio desde que observada a legislação civil peculiar.
ral, estadual e municipal, antes do ingresso na Polícia Militar, será § 1º É vedado o casamento ao cadete, masculino e feminino,
computado como efetivo serviço. durante a realização do Curso de Formação de Oficiais.
§ 2º Será também considerado como tempo de efetivo § 2º Ao policial militar, masculino e feminino, fica vedado o
serviço os períodos de licença especial e férias não gozados e con- casamento durante a realização do curso de formação de soldados
tados em dobro. e sargentos;
§ 3º O tempo de efetivo serviço de que trata o caput § 3º O policial militar que contrair matrimônio em desacordo
deste artigo e seus parágrafos, será apurado e totalizados em dias, com os §§ 1º e 2º deste artigo será desligado, ex-officio, do curso
aplicado o divisor 365 (trezentos e sessenta e cinco), para a corres- em que esteja matriculado.
pondente obtenção dos anos.
§ 4º O policial militar da reserva remunerada convocado Art. 117. A nomeação de policial militar para os encargos de
para o serviço ativo, de conformidade com o artigo 118 desta lei, que trata o item VI do artigo 51 somente poderá ser feita:
terá o tempo que passar nesta situação computado dia-a-dia, como I - pela autoridade federal ou estadual competente, me-
serviço ativo. diante requisição ao Governador do Estado, quando o cargo for da
alçada federal ou de outra unidade da federação;
Art. 110. Tempo de serviço averbado, para fins de inativi- II - pelo Governador do Estado ou mediante sua autorização,
dade, é a expressão que designa o cômputo do tempo de serviço nos demais casos.
prestado pelo policial militar antes do ingresso na Corporação em Parágrafo Único. Enquanto permanecer no cargo de que trata
atividade privada, de acordo com a Constituição Estadual. o inciso VI do artigo 51, é assegurado ao policial militar:
a) opção entre a remuneração do cargo ou emprego e a do
Art. 111. Não será computável para qualquer efeito, o tempo: posto ou graduação;
a) que ultrapassar de um (01) ano, contínuo ou não, em licença b) a promoção apenas pelo critério de antiguidade;
para tratamento de saúde de pessoa da família; c) contagem do tempo de serviço para promoção pelo crité-
b) passado em licença para trato de interesse particular; rio de antiguidade e transferência para inatividade.
c) passado como desertor;
d) decorrido em cumprimento de pena de suspensão Art. 118. O oficial da reserva remunerada poderá ser con-
de exercício do posto, graduação, cargo ou função, por sentença vocado para o serviço ativo, por ato do Governador do Estado,
transitada em julgado; para:
e) decorrido em cumprimento de pena restritiva de liberdade I - ser designado para compor o Conselho de Justificação;
por sentença transitado em julgado, desde que não tenha sido con- II - ser encarregado de inquérito policial militar ou incum-
cedida suspensão condicional da pena, quando então, o tempo que bido de outros procedimentos administrativos, na falta de oficial
exceder ao período da pena será computado para todos os efeitos, da ativa em situação hierárquica compatível com a do oficial en-
caso as decisões estipuladas na sentença não o impeçam. volvido.
Art. 112. O tempo que o policial militar vier a passar afastado § 1º O oficial convocado nos termos deste artigo terá direitos
do exercício de suas funções, em consequência de ferimentos re- e deveres dos da ativa de igual situação hierárquica, exceto quanto
cebidos em acidente quando em serviço, na manutenção da Ordem à promoção, e contará o tempo desse serviço em seu favor.
Pública, ou em razão de moléstia adquirida no exercício de qual- § 2º A convocação e designação de que trata este artigo terá a
quer função policial militar, será computado como se ele o tivesse duração necessária ao cumprimento da missão que lhe deu origem,
passado no exercício daquelas funções. não devendo ser superior ao prazo de doze (12) meses, e depen-
derá da anuência do convocado, que será precedida de inspeção
Art. 113. O tempo passado pelo policial militar no de saúde.
exercício de atividade decorrentes ou dependentes de operações de
guerra será regulado em legislação específica. Art. 119. É vedado o uso, por parte de organização civil, de
designações que possam sugerir sua vinculação à Polícia Militar.
Art. 114. A data limite para o final de contagem de ano de Parágrafo Único. Excetuam-se das prescrições deste artigo
serviço, para fins de passagem à inatividade, será a do desligamen- as Associações, Clubes, Círculos e outros que congregam mem-
to do serviço ativo. bros da Polícia Militar e que se destinam, exclusivamente, a pro-
mover intercâmbio social e assistencial entre militares e seus fami-
Art. 115. Na contagem dos anos de serviço não se pode liares e entre esses e a sociedade civil local.
computar qualquer superposição de tempo de serviço público (fe-
deral, estadual e municipal), fundacional pública ou privado pres- Art. 120. Os benificiários do policial militar da ativa, falecido
tado ao mesmo tempo e já computado após a inclusão, matrícula ou extraviado em ato de serviço, terão direito à pensão especial
em órgão de formação, nomeação para posto ou graduação ou re- paga pelo Estado, correspondente à remuneração integral do novo
inclusão na Polícia Militar, nem com os acréscimos de tempo, para posto ou graduação, caso o qual venha a ser promovido.
os possuidores de curso universitário.
Didatismo e Conhecimento 15
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS
Art. 121. São adotados na Polícia Militar, em matéria não V - no decorrer de viagem imposta por motivo de movimen-
regulada na legislação estadual, as leis e regulamentos em vigor tação, efetuada no interesse do serviço ou a pedido;
no Exército Brasileiro, no que lhe for pertinente, até que sejam VI - no deslocamento entre a sua residência e a organização
adotados leis e regulamentos específicos. em que serve ou o local de trabalho, e vice-versa, comprovado que
não houve mudança de itinerário.
Art. 122. Ocorrendo o licenciamento do serviço ativo, a pe- § 1º Será aplicado o disposto no caput deste artigo ao policial
dido, previsto nesta lei, é facultada a reinclusão, uma vez satisfeita militar da inatividade, quando convocado e designado para o servi-
as seguintes exigências: ço ativo, enquanto durar sua permanência nessa situação.
I - existência de vagas; § 2º Não se aplica o disposto no caput desse artigo aos
II - interesse da Corporação; militares acidentados em decorrência da prática de crime doloso
III - sanidade física e mental do requerente, comprovada em ou culposo, transgressão disciplinar, ou litígio entre superior e su-
inspeção médica e teste de aptidão física (TAF); bordinado.
IV - tenha o licenciamento ocorrido enquanto o peticionário
§ 3º Os casos previstos neste artigo serão devidamente apu-
não se encontrar no mau comportamento;
rados em inquérito policial militar para esse fim mandado instau-
V - estenda-se o afastamento por período não superior a oito
rar.
(08) anos;
VI - conte o postulante, na data da reinclusão, no máximo, a § 4º Considera-se ainda acidente em serviço aquele que por
idade de quarenta (40) anos. si só não é a causa única e exclusiva da redução de capacidade do
Parágrafo único. não serão reincluídos os praças licenciados policial militar, desde que haja relação de causa e efeito.
disciplinarmente da Polícia Militar. § 5º Para todos os acidentes em serviço serão obrigato-
riamente expedidos atestados de origem e, na sua falta, por moti-
Art. 123. Serão organizados bienalmente almanaques vos justificados, serão instaurados inquéritos sanitários de origem,
contendo a relação nominal dos oficiais e aspirantes a oficial, bem para sua devida elucidação.
como dos subtenentes e sargentos da ativa, distribuídos por ordem § 6º As hipóteses dos incisos I a VI do caput deste artigo não
de antiguidade nos postos e graduações dos respectivos quadros, a se aplicam a casos anteriormente consumados.
cargo da primeira seção do Estado Maior Geral, para os oficiais e
Diretoria de Pessoal para subtenentes e sargentos. Art. 127. O policial militar que se julgar prejudicado ou ofen-
Art. 124. Os cadetes serão declarados aspirantes a dido por qualquer ato administrativo, poderá recorrer ou interpor
oficial pelo Comandante Geral. pedido de queixa, reconsideração ou representação, segundo legis-
Parágrafo Único. Quando concluírem o curso de formação lação vigente na Corporação.
em outra Unidade da Federação, os cadetes serão declarados pelo § 1º O direito de recorrer na esfera administrativa prescre-
Comandante Geral daquela Polícia Militar, sendo os atos de de- verá:
claração ratificados pelo Comandante Geral da Polícia Militar do a) em quinze (15) dias corridos, a contar do recebimento da
Estado de Alagoas, bem como as promoções dos cadetes, de um comunicação oficial, quando se tratar de composição de Quadro de
para outro ano. Acesso para promoção;
b) em cento e vinte (120) dias, nos demais casos.
*Art. 125. O oficial da Polícia Militar que tiver exercido o § 2º O prazo de prescrição será contado a partir da publi-
cargo de Comandante Geral por dois (02) consecutivos, ou quatro cação, no Diário Oficial, Boletim Geral da Corporação ou Boletim
(04) alternados, quando exonerado, será transferido para a reserva da organização policial militar.
remunerada com os direitos e vantagens inerentes ao respectivo § 3º O policial militar da ativa que recorrer ao Poder Judiciá-
cargo, face a relevância que lhe é reconhecido.
rio deverá participar, antecipadamente, esta iniciativa à autoridade
Parágrafo Único. O interstício para os efeitos deste artigo
a que estiver subordinado, ficando esta obrigada a levar o fato ao
poderá ser complementado pelo tempo de serviço prestado pelo
oficial da Polícia Militar em cargos privativo de oficial superior conhecimento do Comandante Geral.
previstos no Quadro de Organização da Corporação. § 4º O recurso de que trata o caput deste artigo não poderá
* Foi suspensa a aplicabilidade, com efeito ex nunc, do art. ser impetrado coletivamente.
125 e respectivo parágrafo único da Lei nº 5.346, de 26 de maio
de 1992, por decisão do STF (Of nº 012-P/MCSTF), para a Ação Art. 128. O policial militar aprovado em concurso público
Direta de Inconstitucionalidade nº 1380-7/600 do Governo do Es- para o curso de formação de oficiais, será automaticamente, após
tado de Alagoas, conforme se observa DOE nº 035, de 22.02.97. sua matrícula, transferido para o quadro de praças especiais e co-
missionado na graduação de cadete do serviço temporário.
Art. 126. Considera-se acidente em serviço aqueles
ocorridos com policial militar da ativa quando: Art. 129. O policial militar comissionado no grau hierárquico
I - no exercício dos deveres previstos neste Estatuto e outra previsto no serviço temporário, que seja desligado do curso que
legislação e regulamentos da Corporação; frequenta, pelos motivos abaixo relacionados, terá sua situação re-
II - no exercício de suas atribuições funcionais, durante o gulada da seguinte forma:
expediente normal, ou quando determinado por autoridade compe- I - problema de saúde - permanecerá no serviço ativo, na
tente, em sua prorrogação ou antecipação; unidade de ensino, no mesmo grau hierárquico em que se encon-
III - no cumprimento de ordem da autoridade competente; trava na ocasião do desligamento e terá rematrícula assegurada,
IV - no decorrer de viagem, em objeto de serviço, previsto em uma única vez, após ser considerado apto em inspeção de saúde;
regulamento ou autorizado por autoridade competente; II - não aproveitamento intelectual:
Didatismo e Conhecimento 16
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS
a) se oriundo da própria Corporação, será exonerado do grau
hierárquico que exerce no serviço temporário, retornando ao Cor-
po de Tropa, na mesma graduação que possuía antes da matrícula
no curso de formação;
b) se oriundo do meio civil, será exonerado do grau hie-
rárquico que exerce no serviço temporário, transferido para uma
Unidade do Corpo de Tropa na graduação de soldado 2ª classe.
§ 1º Os incisos I e II deste artigo aplicam-se aos alunos
do curso de formação de sargentos.
§ 2º O inciso I e a letra «a» do inciso II deste artigo aplicam-se
aos alunos do curso de formação de cabos.
§ 3º Para os alunos do curso de formação de soldados
aplica-se o disposto no inciso I deste artigo e, caso seja por falta de
aproveitamento, será licenciado, podendo ser rematriculado uma
única vez no curso subsequente, a critério do Comandante Geral.
§ 4º Para os cadetes, aplica-se o disposto no inciso I e letra
“a” do inciso II; no caso da letra “b” do inciso II, será exonerado
do grau hierárquico em comissão que exerce no serviço temporá-
rio, transferido para uma Unidade do Corpo de Tropa, na gradua-
ção de 3º sargento.
§ 5º Para os alunos do curso ou estágio de adaptação de
oficiais, aplica-se o disposto no inciso I e letra “a” do inciso II; no
caso da letra “b” do inciso II, o aluno será exonerado do grau hie-
rárquico em comissão que exerce no serviço temporário e demitido
do serviço ativo.
Didatismo e Conhecimento 17
NOÇÕES DE
DIREITO PENAL
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocor-
reu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se
2.1 PARTE GERAL DO CÓDIGO produziu ou deveria produzir-se o resultado.(Redação dada pela
PENAL BRASILEIRO. Lei nº 7.209, de 1984)
Extraterritorialidade (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
1984)
PARTE GERAL Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no
estrangeiro: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
TÍTULO I I - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da Repúbli-
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) ca; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
Anterioridade da Lei b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito
Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa públi-
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não ca, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída
há pena sem prévia cominação legal. (Redação dada pela Lei nº pelo Poder Público; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
7.209, de 11.7.1984) c) contra a administração pública, por quem está a seu servi-
Lei penal no tempo ço; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domicilia-
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior do no Brasil; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e II - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
os efeitos penais da sentença condenatória. (Redação dada pela a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a repri-
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) mir; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favo- b) praticados por brasileiro; (Incluído pela Lei nº 7.209, de
recer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos 1984)
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mer-
por sentença condenatória transitada em julgado. (Redação dada
cantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
e aí não sejam julgados. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
Lei excepcional ou temporária (Incluído pela Lei nº 7.209,
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a
de 11.7.1984)
lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira
período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a deter-
depende do concurso das seguintes condições: (Incluído pela Lei
minaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. (Re- nº 7.209, de 1984)
dação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) a) entrar o agente no território nacional; (Incluído pela Lei nº
Tempo do crime 7.209, de 1984)
b) ser o fato punível também no país em que foi pratica-
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação do; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.(Reda- c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei bra-
ção dada pela Lei nº 7.209, de 1984) sileira autoriza a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
Territorialidade d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí
cumprido a pena; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de conven- e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro
ções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favo-
no território nacional. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) rável. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por
território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de na- estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condi-
tureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se ções previstas no parágrafo anterior: (Incluído pela Lei nº 7.209,
encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, de 1984)
mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectiva- a) não foi pedida ou foi negada a extradição; (Incluído pela
mente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. (Redação Lei nº 7.209, de 1984)
dada pela Lei nº 7.209, de 1984) b) houve requisição do Ministro da Justiça. (Incluído pela Lei
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes pratica- nº 7.209, de 1984)
dos a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de proprie- Pena cumprida no estrangeiro (Redação dada pela Lei nº
dade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional 7.209, de 11.7.1984)
ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou
mar territorial do Brasil.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena impos-
Lugar do crime (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) ta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é com-
putada, quando idênticas. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
Didatismo e Conhecimento 1
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Eficácia de sentença estrangeira (Redação dada pela Lei nº c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrên-
7.209, de 11.7.1984) cia do resultado. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei Art. 14 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
brasileira produz na espécie as mesmas consequências, pode ser 11.7.1984)
homologada no Brasil para: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de Crime consumado (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
11.7.1984) I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e de sua definição legal; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a outros efeitos civis; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - sujeitá-lo a medida de segurança.(Incluído pela Lei nº II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por
7.209, de 11.7.1984) circunstâncias alheias à vontade do agente. (Incluído pela Lei nº
Parágrafo único - A homologação depende: (Incluído pela 7.209, de 11.7.1984)
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Pena de tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte inte-
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a
ressada; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, dimi-
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição
com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na nuída de um a dois terços.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça. (Incluído pela Desistência voluntária e arrependimento eficaz (Redação
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Contagem de prazo (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984) Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir
na execução ou impede que o resultado se produza, só respon-
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Con- de pelos atos já praticados.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de
tam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. (Reda- 11.7.1984)
ção dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Arrependimento posterior (Redação dada pela Lei nº 7.209,
Frações não computáveis da pena (Redação dada pela Lei de 11.7.1984)
nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave amea-
Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e ça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimen-
nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as to da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena
frações de cruzeiro. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) será reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
Legislação especial (Incluída pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) de 11.7.1984)
Crime impossível (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos 11.7.1984)
incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diver-
so. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia abso-
luta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impos-
TÍTULO II sível consumar-se o crime.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de
DO CRIME 11.7.1984)
Relação de causalidade (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
Art. 18 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime,
Crime doloso (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a
ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. (Reda- I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o
ção dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) risco de produzi-lo;(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Superveniência de causa independente (Incluído pela Lei nº Crime culposo (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
7.209, de 11.7.1984) II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por im-
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente prudência, negligência ou imperícia. (Incluído pela Lei nº 7.209,
exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos de 11.7.1984)
anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. (Incluído Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o
Relevância da omissão (Incluído pela Lei nº 7.209, de pratica dolosamente. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
11.7.1984) Agravação pelo resultado (Redação dada pela Lei nº 7.209,
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente de 11.7.1984)
devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe
a quem:(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilân- responde o agente que o houver causado ao menos culposamente.
cia; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o Erro sobre elementos do tipo (Redação dada pela Lei nº
resultado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 7.209, de 11.7.1984)
Didatismo e Conhecimento 2
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o
crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se dever legal de enfrentar o perigo. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
previsto em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) de 11.7.1984)
Descriminantes putativas (Incluído pela Lei nº 7.209, de § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito
11.7.1984) ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. (Reda-
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado ção dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tor- Legítima defesa
naria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva
de culpa e o fato é punível como crime culposo.(Redação dada Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando mo-
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) deradamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual
Erro determinado por terceiro (Incluído pela Lei nº 7.209, ou iminente, a direito seu ou de outrem.(Redação dada pela Lei nº
de 11.7.1984) 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o
erro. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) TÍTULO III
Erro sobre a pessoa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) DA IMPUTABILIDADE PENAL
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado Inimputáveis
não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições
ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou
queria praticar o crime.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo
Erro sobre a ilicitude do fato (Redação dada pela Lei nº da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter
7.209, de 11.7.1984) ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimen-
to. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre Redução de pena
a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, pode- Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois ter-
rá diminuí-la de um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº ços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por
7.209, de 11.7.1984) desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteira-
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente mente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-
atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando se de acordo com esse entendimento.(Redação dada pela Lei nº
lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciên- 7.209, de 11.7.1984)
cia. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Menores de dezoito anos
Coação irresistível e obediência hierárquica (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente
inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legisla-
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em ção especial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior Emoção e paixão
hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.(Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: (Redação dada
Exclusão de ilicitude (Redação dada pela Lei nº 7.209, de pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
11.7.1984) I - a emoção ou a paixão; (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: (Reda- Embriaguez
ção dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou subs-
I - em estado de necessidade; (Incluído pela Lei nº 7.209, de tância de efeitos análogos.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984) 11.7.1984)
II - em legítima defesa;(Incluído pela Lei nº 7.209, de § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez comple-
11.7.1984) ta, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilí-
regular de direito.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) cito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Excesso punível (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste § 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agen-
artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.(Incluído pela te, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior,
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade
Estado de necessidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acor-
do com esse entendimento.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica 11.7.1984)
o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vonta-
de, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo
sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Didatismo e Conhecimento 3
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
TÍTULO IV a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá come-
DO CONCURSO DE PESSOAS çar a cumpri-la em regime fechado;
Regras comuns às penas privativas de liberdade b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4
(quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio,
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime in- cumpri-la em regime semi-aberto;
cide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilida- c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou infe-
de. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) rior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode aberto.
ser diminuída de um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº § 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da
7.209, de 11.7.1984) pena far-se-á com observância dos critérios previstos no art. 59
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime deste Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será au- § 4o O condenado por crime contra a administração pública
mentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado terá a progressão de regime do cumprimento da pena condicionada
mais grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do
Circunstâncias incomunicáveis ilícito praticado, com os acréscimos legais. (Incluído pela Lei nº
10.763, de 12.11.2003)
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições Regras do regime fechado
de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 34 - O condenado será submetido, no início do cumpri-
Casos de impunibilidade mento da pena, a exame criminológico de classificação para in-
dividualização da execução. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, 11.7.1984)
salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o cri- § 1º - O condenado fica sujeito a trabalho no período diurno
me não chega, pelo menos, a ser tentado. (Redação dada pela Lei e a isolamento durante o repouso noturno. (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984) nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - O trabalho será em comum dentro do estabelecimento,
TÍTULO V na conformidade das aptidões ou ocupações anteriores do conde-
DAS PENAS nado, desde que compatíveis com a execução da pena.(Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
CAPÍTULO I § 3º - O trabalho externo é admissível, no regime fechado,
DAS ESPÉCIES DE PENA em serviços ou obras públicas. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
Art. 32 - As penas são: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de Regras do regime semi-aberto
11.7.1984)
I - privativas de liberdade; Art. 35 - Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput,
II - restritivas de direitos; ao condenado que inicie o cumprimento da pena em regime semi
III - de multa. -aberto. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho em comum duran-
SEÇÃO I te o período diurno, em colônia agrícola, industrial ou estabele-
DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE cimento similar. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Reclusão e detenção § 2º - O trabalho externo é admissível, bem como a frequên-
cia a cursos supletivos profissionalizantes, de instrução de segundo
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime grau ou superior. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi Regras do regime aberto
-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fe-
chado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 36 - O regime aberto baseia-se na autodisciplina e sen-
§ 1º - Considera-se: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de so de responsabilidade do condenado. (Redação dada pela Lei nº
11.7.1984) 7.209, de 11.7.1984)
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de § 1º - O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem
segurança máxima ou média; vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer outra atividade
b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia agríco- autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e
la, industrial ou estabelecimento similar; nos dias de folga. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou § 2º - O condenado será transferido do regime aberto, se pra-
estabelecimento adequado. ticar fato definido como crime doloso, se frustrar os fins da exe-
§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas cução ou se, podendo, não pagar a multa cumulativamente aplica-
em forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observa- da. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
dos os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferên- Regime especial
cia a regime mais rigoroso:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
Didatismo e Conhecimento 4
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Art. 37 - As mulheres cumprem pena em estabelecimento pró- II – o réu não for reincidente em crime doloso; (Redação dada
prio, observando-se os deveres e direitos inerentes à sua condição pela Lei nº 9.714, de 1998)
pessoal, bem como, no que couber, o disposto neste III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
Capítulo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) personalidade do condenado, bem como os motivos e as circuns-
Direitos do preso tâncias indicarem que essa substituição seja suficiente. (Redação
dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
Art. 38 - O preso conserva todos os direitos não atingidos pela § 1o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
perda da liberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeito à § 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição
sua integridade física e moral. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se
11.7.1984) superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituí-
Trabalho do preso da por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restriti-
vas de direitos. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
Art. 39 - O trabalho do preso será sempre remunerado, sendo-
§ 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a
lhe garantidos os benefícios da Previdência Social. (Redação dada
substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha ope-
Legislação especial
rado em virtude da prática do mesmo crime. (Incluído pela Lei nº
Art. 40 - A legislação especial regulará a matéria prevista nos 9.714, de 1998)
arts. 38 e 39 deste Código, bem como especificará os deveres e § 4o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa
direitos do preso, os critérios para revogação e transferência dos de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da
regimes e estabelecerá as infrações disciplinares e correspondentes restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a
sanções. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de
Superveniência de doença mental direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou
reclusão. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
Art. 41 - O condenado a quem sobrevém doença mental deve § 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade,
ser recolhido a hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à por outro crime, o juiz da execução penal decidirá sobre a con-
falta, a outro estabelecimento adequado. (Redação dada pela Lei nº versão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado
7.209, de 11.7.1984) cumprir a pena substitutiva anterior.(Incluído pela Lei nº 9.714,
Detração de 1998)
Conversão das penas restritivas de direitos
Art. 42 - Computam-se, na pena privativa de liberdade e na
medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no Art. 45. Na aplicação da substituição prevista no artigo ante-
estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em qual- rior, proceder-se-á na forma deste e dos arts. 46, 47 e 48. (Redação
quer dos estabelecimentos referidos no artigo anterior. (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1o A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinhei-
ro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou privada
SEÇÃO II com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não inferior
DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS a 1 (um) salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessen-
Penas restritivas de direitos ta) salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de
eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes
Art. 43. As penas restritivas de direitos são: (Redação dada
os beneficiários. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
pela Lei nº 9.714, de 1998)
§ 2o No caso do parágrafo anterior, se houver aceitação do
I - prestação pecuniária; (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
beneficiário, a prestação pecuniária pode consistir em prestação de
II - perda de bens e valores; (Incluído pela Lei nº 9.714, de
1998) outra natureza. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
III - limitação de fim de semana. (Incluído pela Lei nº 7.209, § 3o A perda de bens e valores pertencentes aos condenados
de 1984) dar-se-á, ressalvada a legislação especial, em favor do Fundo Peni-
IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públi- tenciário Nacional, e seu valor terá como teto – o que for maior – o
cas; (Incluído pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998) montante do prejuízo causado ou do provento obtido pelo agente
V - interdição temporária de direitos; (Incluído pela Lei nº ou por terceiro, em consequência da prática do crime. (Incluído
9.714, de 25.11.1998) pela Lei nº 9.714, de 1998)
VI - limitação de fim de semana. (Incluído pela Lei nº 9.714, § 4o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
de 25.11.1998) Prestação de serviços à comunidade ou a entidades pú-
blicas
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e subs-
tituem as privativas de liberdade, quando: (Redação dada pela Lei Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a entida-
nº 9.714, de 1998) des públicas é aplicável às condenações superiores a seis meses de
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro privação da liberdade. (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à § 1o A prestação de serviços à comunidade ou a entidades
pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culpo- públicas consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao condena-
so;(Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) do. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
Didatismo e Conhecimento 5
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
§ 2o A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em enti- Pagamento da multa
dades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros estabele-
cimentos congêneres, em programas comunitários ou estatais. (In- Art. 50 - A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois
cluído pela Lei nº 9.714, de 1998) de transitada em julgado a sentença. A requerimento do condena-
§ 3o As tarefas a que se refere o § 1o serão atribuídas con- do e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir que o paga-
forme as aptidões do condenado, devendo ser cumpridas à razão mento se realize em parcelas mensais. (Redação dada pela Lei nº
de uma hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a 7.209, de 11.7.1984)
não prejudicar a jornada normal de trabalho. (Incluído pela Lei nº § 1º - A cobrança da multa pode efetuar-se mediante desconto
9.714, de 1998) no vencimento ou salário do condenado quando: (Incluído pela Lei
§ 4o Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado nº 7.209, de 11.7.1984)
ao condenado cumprir a pena substitutiva em menor tempo (art. a) aplicada isoladamente; (Incluído pela Lei nº 7.209, de
55), nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixa- 11.7.1984)
da. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de direi-
Interdição temporária de direitos (Redação dada pela Lei tos;(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
nº 7.209, de 11.7.1984) c) concedida a suspensão condicional da pena. (Incluído pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 47 - As penas de interdição temporária de direitos § 2º - O desconto não deve incidir sobre os recursos indispen-
são: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) sáveis ao sustento do condenado e de sua família.(Incluído pela
I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade pú- Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
blica, bem como de mandato eletivo; (Redação dada pela Lei nº Conversão da Multa e revogação (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984) 7.209, de 11.7.1984)
II - proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício Modo de conversão.
que dependam de habilitação especial, de licença ou autorização
Art. 51 - Transitada em julgado a sentença condenatória, a
do poder público;(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
multa será considerada dívida de valor, aplicando-se-lhes as nor-
III - suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir
mas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, in-
veículo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
clusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da
IV – proibição de frequentar determinados lugares. (Incluído
prescrição. (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
pela Lei nº 9.714, de 1998)
§ 1º - e § 2º -(Revogado pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
V - proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exa-
Suspensão da execução da multa
me públicos. (Incluído pela Lei nº 12.550, de 2011)
Limitação de fim de semana Art. 52 - É suspensa a execução da pena de multa, se sobre-
vém ao condenado doença mental. (Redação dada pela Lei nº
Art. 48 - A limitação de fim de semana consiste na obriga- 7.209, de 11.7.1984)
ção de permanecer, aos sábados e domingos, por 5 (cinco) horas
diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequa- CAPÍTULO II
do. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) DA COMINAÇÃO DAS PENAS
Parágrafo único - Durante a permanência poderão ser minis- Penas privativas de liberdade
trados ao condenado cursos e palestras ou atribuídas atividades
educativas.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 53 - As penas privativas de liberdade têm seus limites
estabelecidos na sanção correspondente a cada tipo legal de cri-
SEÇÃO III me. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
DA PENA DE MULTA Penas restritivas de direitos
Multa
Art. 54 - As penas restritivas de direitos são aplicáveis, inde-
Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo pendentemente de cominação na parte especial, em substituição à
penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias pena privativa de liberdade, fixada em quantidade inferior a 1 (um)
-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (tre- ano, ou nos crimes culposos.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de
zentos e sessenta) dias-multa. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
11.7.1984)
§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não poden- Art. 55. As penas restritivas de direitos referidas nos incisos
do ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensal III, IV, V e VI do art. 43 terão a mesma duração da pena privati-
vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salá- va de liberdade substituída, ressalvado o disposto no § 4o do art.
rio. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 46. (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
§ 2º - O valor da multa será atualizado, quando da execução,
pelos índices de correção monetária. (Redação dada pela Lei nº Art. 56 - As penas de interdição, previstas nos incisos I e II
7.209, de 11.7.1984) do art. 47 deste Código, aplicam-se para todo o crime cometido no
exercício de profissão, atividade, ofício, cargo ou função, sempre
que houver violação dos deveres que lhes são inerentes. (Reda-
ção dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Didatismo e Conhecimento 6
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Art. 57 - A pena de interdição, prevista no inciso III do art. 47 d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro
deste Código, aplica-se aos crimes culposos de trânsito. (Redação meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum;
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
Pena de multa f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações
domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência
Art. 58 - A multa, prevista em cada tipo legal de crime, tem os contra a mulher na forma da lei específica; (Redação dada pela Lei
limites fixados no art. 49 e seus parágrafos deste Código.(Redação nº 11.340, de 2006)
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo,
Parágrafo único - A multa prevista no parágrafo único do art. ofício, ministério ou profissão;
44 e no § 2º do art. 60 deste Código aplica-se independentemente h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou
de cominação na parte especial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, mulher grávida; (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
de 11.7.1984) i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da au-
toridade;
CAPÍTULO III
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer
DA APLICAÇÃO DA PENA
calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido;
Fixação da pena
l) em estado de embriaguez preordenada.
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos anteceden- Agravantes no caso de concurso de pessoas
tes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às
circunstâncias e consequências do crime, bem como ao compor- Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente
tamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e sufi- que: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
ciente para reprovação e prevenção do crime: (Redação dada pela I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) atividade dos demais agentes; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;(Redação dada 11.7.1984)
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - coage ou induz outrem à execução material do crime; (Re-
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previs- dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
tos;(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de sua autoridade ou não-punível em virtude de condição ou qualida-
liberdade;(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) de pessoal; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou
por outra espécie de pena, se cabível. (Redação dada pela Lei nº promessa de recompensa.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de
7.209, de 11.7.1984) 11.7.1984)
Critérios especiais da pena de multa Reincidência
Art. 60 - Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete
principalmente, à situação econômica do réu. (Redação dada pela novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior. (Redação
§ 1º - A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz con- dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
siderar que, em virtude da situação econômica do réu, é ineficaz,
embora aplicada no máximo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de Art. 64 - Para efeito de reincidência: (Redação dada pela Lei
11.7.1984)
nº 7.209, de 11.7.1984)
Multa substitutiva
I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do
§ 2º - A pena privativa de liberdade aplicada, não superior a
cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver de-
6 (seis) meses, pode ser substituída pela de multa, observados os
critérios dos incisos II e III do art. 44 deste Código.(Redação dada corrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) o período de prova da suspensão ou do livramento condicional,
Circunstâncias agravantes se não ocorrer revogação; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos.
quando não constituem ou qualificam o crime:(Redação dada pela (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Circunstâncias atenuantes
I - a reincidência; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984) Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: (Re-
II - ter o agente cometido o crime: (Redação dada pela Lei nº dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
7.209, de 11.7.1984) I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou
a) por motivo fútil ou torpe; maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença; (Redação dada
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impu- pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
nidade ou vantagem de outro crime; II - o desconhecimento da lei; (Redação dada pela Lei nº
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou ou- 7.209, de 11.7.1984)
tro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofen- III - ter o agente:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de
dido; 11.7.1984)
Didatismo e Conhecimento 7
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria ca-
moral; bível pela regra do art. 69 deste Código. (Redação dada pela Lei nº
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, 7.209, de 11.7.1984)
logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou Crime continuado
ter, antes do julgamento, reparado o dano;
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou
cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas
de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima; condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras seme-
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a au- lhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do
toria do crime; primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas,
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um
se não o provocou. sexto a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferen-
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de cir- tes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá
cunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta
prevista expressamente em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209, social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as cir-
de 11.7.1984) cunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas,
Concurso de circunstâncias agravantes e atenuantes ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do
parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código.(Redação dada
Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponde- Multas no concurso de crimes
rantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos de-
terminantes do crime, da personalidade do agente e da reincidên- Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são apli-
cia. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) cadas distinta e integralmente. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
Cálculo da pena
de 11.7.1984)
Erro na execução
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do
art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstân-
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de
cias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e
execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia
de aumento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado
Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de
diminuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art.
só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a cau- 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o
sa que mais aumente ou diminua.(Redação dada pela Lei nº 7.209, agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.
de 11.7.1984) (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Concurso material Resultado diverso do pretendido
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por aci-
omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam- dente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso
se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto
incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido,
de detenção, executa-se primeiro aquela. (Redação dada pela Lei aplica-se a regra do art. 70 deste Código. (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984) nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido Limite das penas
aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos cri-
mes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas privativas de
44 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) liberdade não pode ser superior a 30 (trinta) anos. (Redação dada
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
o condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis § 1º - Quando o agente for condenado a penas privativas de
entre si e sucessivamente as demais. (Redação dada pela Lei nº liberdade cuja soma seja superior a 30 (trinta) anos, devem elas ser
7.209, de 11.7.1984) unificadas para atender ao limite máximo deste artigo. (Redação
Concurso formal dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se,
pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais para esse fim, o período de pena já cumprido.(Redação dada pela
grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas Concurso de infrações
aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é
dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, Art. 76 - No concurso de infrações, executar-se-á primeira-
consoante o disposto no artigo anterior.(Redação dada pela Lei nº mente a pena mais grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
7.209, de 11.7.1984) 11.7.1984)
Didatismo e Conhecimento 8
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
CAPÍTULO IV Revogação facultativa
DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA § 1º - A suspensão poderá ser revogada se o condenado des-
Requisitos da suspensão da pena cumpre qualquer outra condição imposta ou é irrecorrivelmente
condenado, por crime culposo ou por contravenção, a pena priva-
Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não supe- tiva de liberdade ou restritiva de direitos. (Redação dada pela Lei
rior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) nº 7.209, de 11.7.1984)
anos, desde que: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Prorrogação do período de prova
I - o condenado não seja reincidente em crime doloso; (Reda- § 2º - Se o beneficiário está sendo processado por outro crime
ção dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) ou contravenção, considera-se prorrogado o prazo da suspensão
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e perso- até o julgamento definitivo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
nalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias au- 11.7.1984)
torizem a concessão do benefício;(Redação dada pela Lei nº 7.209, § 3º - Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés
de 11.7.1984) de decretá-la, prorrogar o período de prova até o máximo, se este
III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. não foi o fixado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
44 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Cumprimento das condições
§ 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede
a concessão do benefício.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de Art. 82 - Expirado o prazo sem que tenha havido revogação,
11.7.1984) considera-se extinta a pena privativa de liberdade. (Redação dada
§ 2o A execução da pena privativa de liberdade, não superior pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde
que o condenado seja maior de setenta anos de idade, ou razões de CAPÍTULO V
saúde justifiquem a suspensão. (Redação dada pela Lei nº 9.714, DO LIVRAMENTO CONDICIONAL
de 1998) Requisitos do livramento condicional
Art. 78 - Durante o prazo da suspensão, o condenado ficará su-
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional
jeito à observação e ao cumprimento das condições estabelecidas
ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a
pelo juiz. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
2 (dois) anos, desde que: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
§ 1º - No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar
11.7.1984)
serviços à comunidade (art. 46) ou submeter-se à limitação de fim
I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for
de semana (art. 48). (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes; (Redação
§ 2° Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossi-
bilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do art. 59 deste Código dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá substituir a exi- II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente
gência do parágrafo anterior pelas seguintes condições, aplicadas em crime doloso; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
cumulativamente: (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) III - comprovado comportamento satisfatório durante a exe-
a) proibição de frequentar determinados lugares; (Redação cução da pena, bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) e aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho ho-
b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem au- nesto; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
torização do juiz; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo,
c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmen- o dano causado pela infração; (Redação dada pela Lei nº 7.209,
te, para informar e justificar suas atividades. (Redação dada pela de 11.7.1984)
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de con-
denação por crime hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de
Art. 79 - A sentença poderá especificar outras condições a que entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o apenado não for
fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à si- reincidente específico em crimes dessa natureza. (Incluído pela Lei
tuação pessoal do condenado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, nº 8.072, de 25.7.1990)
de 11.7.1984) Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, come-
tido com violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do li-
Art. 80 - A suspensão não se estende às penas restritivas de di- vramento ficará também subordinada à constatação de condições
reitos nem à multa. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delin-
Revogação obrigatória quir. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Soma de penas
Art. 81 - A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o
beneficiário: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 84 - As penas que correspondem a infrações diversas de-
I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime dolo- vem somar-se para efeito do livramento. (Redação dada pela Lei
so; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) nº 7.209, de 11.7.1984)
II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou Especificações das condições
não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano; (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 85 - A sentença especificará as condições a que fica
III - descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste Códi- subordinado o livramento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
go. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 11.7.1984)
Didatismo e Conhecimento 9
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Revogação do livramento Art. 92 - São também efeitos da condenação:(Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: (Re-
condenado a pena privativa de liberdade, em sentença irrecorrí- dação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
vel: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo
I - por crime cometido durante a vigência do benefício; (Re- igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de
dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) poder ou violação de dever para com a Administração Pública; (In-
II - por crime anterior, observado o disposto no art. 84 deste cluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo
Revogação facultativa superior a 4 (quatro) anos nos demais casos. (Incluído pela Lei nº
9.268, de 1º.4.1996)
Art. 87 - O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o II - a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou
liberado deixar de cumprir qualquer das obrigações constantes da curatela, nos crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometi-
sentença, ou for irrecorrivelmente condenado, por crime ou con- dos contra filho, tutelado ou curatelado; (Redação dada pela Lei
travenção, a pena que não seja privativa de liberdade.(Redação nº 7.209, de 11.7.1984)
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como
Efeitos da revogação meio para a prática de crime doloso. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
Art. 88 - Revogado o livramento, não poderá ser novamente Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são
concedido, e, salvo quando a revogação resulta de condenação por automáticos, devendo ser motivadamente declarados na senten-
outro crime anterior àquele benefício, não se desconta na pena o ça. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
tempo em que esteve solto o condenado. (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984) CAPÍTULO VII
Extinção DA REABILITAÇÃO
Reabilitação
Art. 89 - O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto
não passar em julgado a sentença em processo a que responde o Art. 93 - A reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas em
liberado, por crime cometido na vigência do livramento.(Redação sentença definitiva, assegurando ao condenado o sigilo dos regis-
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) tros sobre o seu processo e condenação. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
Art. 90 - Se até o seu término o livramento não é revogado, Parágrafo único - A reabilitação poderá, também, atingir os
considera-se extinta a pena privativa de liberdade. (Redação dada efeitos da condenação, previstos no art. 92 deste Código, vedada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) reintegração na situação anterior, nos casos dos incisos I e II do
mesmo artigo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
CAPÍTULO VI
DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO Art. 94 - A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2
Efeitos genéricos e específicos (dois) anos do dia em que for extinta, de qualquer modo, a pena
ou terminar sua execução, computando-se o período de prova da
Art. 91 - São efeitos da condenação: (Redação dada pela Lei suspensão e o do livramento condicional, se não sobrevier revo-
nº 7.209, de 11.7.1984) gação, desde que o condenado: (Redação dada pela Lei nº 7.209,
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo de 11.7.1984)
crime; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - tenha tido domicílio no País no prazo acima referido; (Re-
II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesa- dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
do ou de terceiro de boa-fé: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de II - tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva
11.7.1984) e constante de bom comportamento público e privado; (Redação
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coi- dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
sas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato III - tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre
ilícito; a absoluta impossibilidade de o fazer, até o dia do pedido, ou exiba
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que documento que comprove a renúncia da vítima ou novação da dí-
constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato cri- vida. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
minoso. Parágrafo único - Negada a reabilitação, poderá ser requerida,
§ 1o Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equi- a qualquer tempo, desde que o pedido seja instruído com novos
valentes ao produto ou proveito do crime quando estes não forem elementos comprobatórios dos requisitos necessários. (Redação
encontrados ou quando se localizarem no exterior. (Incluído pela dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Lei nº 12.694, de 2012)
§ 2o Na hipótese do § 1o, as medidas assecuratórias previstas Art. 95 - A reabilitação será revogada, de ofício ou a requeri-
na legislação processual poderão abranger bens ou valores equi- mento do Ministério Público, se o reabilitado for condenado, como
valentes do investigado ou acusado para posterior decretação de reincidente, por decisão definitiva, a pena que não seja de mul-
perda. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) ta. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Didatismo e Conhecimento 10
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
TÍTULO VI TÍTULO VII
DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA DA AÇÃO PENAL
Espécies de medidas de segurança Ação pública e de iniciativa privada
Art. 96. As medidas de segurança são: (Redação dada pela Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressa-
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) mente a declara privativa do ofendido. (Redação dada pela Lei nº
I - Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátri- 7.209, de 11.7.1984)
co ou, à falta, em outro estabelecimento adequado; (Redação dada § 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público,
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido
II - sujeição a tratamento ambulatorial. (Redação dada pela ou de requisição do Ministro da Justiça. (Redação dada pela Lei nº
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - Extinta a punibilidade, não se impõe medi- § 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante
queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá
da de segurança nem subsiste a que tenha sido imposta. (Redação
-lo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes
Imposição da medida de segurança para inimputável
de ação pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no
prazo legal. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua § 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido declara-
internação (art. 26). Se, todavia, o fato previsto como crime for do ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou de
punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento am- prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou
bulatorial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) irmão. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Prazo A ação penal no crime complexo
§ 1º - A internação, ou tratamento ambulatorial, será por
tempo indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, Art. 101 - Quando a lei considera como elemento ou circuns-
mediante perícia médica, a cessação de periculosidade. O prazo tâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos, constituem crimes,
mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 (três) anos. (Redação dada pela cabe ação pública em relação àquele, desde que, em relação a qual-
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) quer destes, se deva proceder por iniciativa do Ministério Públi-
Perícia médica co. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo mínimo Irretratabilidade da representação
fixado e deverá ser repetida de ano em ano, ou a qualquer tempo,
se o determinar o juiz da execução. (Redação dada pela Lei nº Art. 102 - A representação será irretratável depois de oferecida
7.209, de 11.7.1984) a denúncia. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Desinternação ou liberação condicional Decadência do direito de queixa ou de representação
§ 3º - A desinternação, ou a liberação, será sempre condicio-
nal devendo ser restabelecida a situação anterior se o agente, antes Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendi-
do decurso de 1 (um) ano, pratica fato indicativo de persistência de do decai do direito de queixa ou de representação se não o exerce
sua periculosidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a
§ 4º - Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, poderá saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º do art. 100 deste
o juiz determinar a internação do agente, se essa providência for Código, do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da de-
necessária para fins curativos. (Redação dada pela Lei nº 7.209, núncia. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Renúncia expressa ou tácita do direito de queixa
de 11.7.1984)
Substituição da pena por medida de segurança para o se-
Art. 104 - O direito de queixa não pode ser exercido quando
mi-imputável
renunciado expressa ou tacitamente. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
Art. 98 - Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste Có- Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de queixa
digo e necessitando o condenado de especial tratamento curativo, a prática de ato incompatível com a vontade de exercê-lo; não a im-
a pena privativa de liberdade pode ser substituída pela internação, plica, todavia, o fato de receber o ofendido a indenização do dano
ou tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo de 1 (um) a 3 (três) causado pelo crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
anos, nos termos do artigo anterior e respectivos §§ 1º a 4º. (Reda- Perdão do ofendido
ção dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Direitos do internado Art. 105 - O perdão do ofendido, nos crimes em que somente
se procede mediante queixa, obsta ao prosseguimento da ação. (Re-
Art. 99 - O internado será recolhido a estabelecimento dotado dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
de características hospitalares e será submetido a tratamento. (Re-
dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 106 - O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou
tácito: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos aprovei-
ta; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o di-
reito dos outros; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Didatismo e Conhecimento 11
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
III - se o querelado o recusa, não produz efeito. (Redação Prescrição depois de transitar em julgado sentença final
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) condenatória
§ 1º - Perdão tácito é o que resulta da prática de ato incom-
patível com a vontade de prosseguir na ação. (Redação dada pela Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sen-
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) tença condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos
§ 2º - Não é admissível o perdão depois que passa em julgado prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um ter-
a sentença condenatória. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de ço, se o condenado é reincidente. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
11.7.1984) de 11.7.1984)
§ 1o A prescrição, depois da sentença condenatória com trân-
TÍTULO VIII sito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu re-
DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE curso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma
Extinção da punibilidade hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou quei-
xa. (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010).
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: (Redação dada pela Lei § 2o (Revogado pela Lei nº 12.234, de 2010).
nº 7.209, de 11.7.1984) Termo inicial da prescrição antes de transitar em julgado
I - pela morte do agente; a sentença final
II - pela anistia, graça ou indulto;
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sen-
como criminoso; tença final, começa a correr: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
IV - pela prescrição, decadência ou perempção; 11.7.1984)
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, I - do dia em que o crime se consumou; (Redação dada pela
nos crimes de ação privada; Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a ad- II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade
mite; criminosa; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a perma-
VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) nência; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de as-
sentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou co-
Art. 108 - A extinção da punibilidade de crime que é pressu- nhecido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
posto, elemento constitutivo ou circunstância agravante de outro V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adoles-
não se estende a este. Nos crimes conexos, a extinção da punibili- centes, previstos neste Código ou em legislação especial, da data
dade de um deles não impede, quanto aos outros, a agravação da em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo
pena resultante da conexão. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de já houver sido proposta a ação penal. (Redação dada pela Lei
11.7.1984) nº 12.650, de 2012)
Prescrição antes de transitar em julgado a sentença Termo inicial da prescrição após a sentença condenatória
irrecorrível
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a senten-
ça final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula- Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição co-
se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, meça a correr: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
verificando-se: (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010). I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória,
I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze; para a acusação, ou a que revoga a suspensão condicional da pena
II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito ou o livramento condicional; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
anos e não excede a doze; 11.7.1984)
III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o
anos e não excede a oito; tempo da interrupção deva computar-se na pena. (Redação dada
IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
e não excede a quatro; Prescrição no caso de evasão do condenado ou de revoga-
V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, ção do livramento condicional
sendo superior, não excede a dois;
VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) Art. 113 - No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se
ano. (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010). o livramento condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que
Prescrição das penas restritivas de direito resta da pena. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas de direito os Prescrição da multa
mesmos prazos previstos para as privativas de liberdade. (Reda-
ção dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá: (Redação
dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou
aplicada; (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
Didatismo e Conhecimento 12
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena pri-
vativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativa-
mente cominada ou cumulativamente aplicada. (Incluído pela Lei 2.2 CRIMES. 2.2.1 CRIMES
nº 9.268, de 1º.4.1996) CONTRA A PESSOA.
Redução dos prazos de prescrição
Didatismo e Conhecimento 13
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Aumento de pena Forma qualificada
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um ter-
ço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profis- Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são
são, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos
à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal
para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas cau-
é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa sas, lhe sobrevém a morte.
menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. (Redação
dada pela Lei nº 10.741, de 2003) Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: (Vide
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar ADPF 54)
de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o pró- Aborto necessário
prio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desne- I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
cessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977) Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de
crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu represen-
de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.(Incluído pela tante legal.
Lei nº 12.720, de 2012)
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até CAPÍTULO II
a metade se o crime for praticado: (Incluído pela Lei nº 13.104, DAS LESÕES CORPORAIS
de 2015) Lesão corporal
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao par-
to; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 Pena - detenção, de três meses a um ano.
(sessenta) anos ou com deficiência; (Incluído pela Lei nº 13.104, Lesão corporal de natureza grave
de 2015) § 1º Se resulta:
III - na presença de descendente ou de ascendente da víti- I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de
ma. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) trinta dias;
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-
IV - aceleração de parto:
lhe auxílio para que o faça:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma;
§ 2° Se resulta:
ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
lesão corporal de natureza grave.
Parágrafo único - A pena é duplicada: II - enfermidade incurável;
Aumento de pena III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
I - se o crime é praticado por motivo egoístico; IV - deformidade permanente;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, V - aborto:
a capacidade de resistência. Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Infanticídio Lesão corporal seguida de morte
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o pró- agente não quís o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo:
prio filho, durante o parto ou logo após: Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Pena - detenção, de dois a seis anos. Diminuição de pena
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento § 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de
relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emo-
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que ou- ção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode
trem lho provoque: (Vide ADPF 54) reduzir a pena de um sexto a um terço.
Pena - detenção, de um a três anos. Substituição da pena
Aborto provocado por terceiro § 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir
a pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois con-
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: tos de réis:
Pena - reclusão, de três a dez anos. I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II - se as lesões são recíprocas.
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestan- Lesão corporal culposa
te: (Vide ADPF 54) § 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)
Pena - reclusão, de um a quatro anos. Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a ges- Aumento de pena
tante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou debil mental, § 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer
ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste Código. (Redação
violência dada pela Lei nº 12.720, de 2012)
Didatismo e Conhecimento 14
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121. Pena - reclusão, de um a cinco anos.
(Redação dada pela Lei nº 8.069, de 1990) § 2º - Se resulta a morte:
Violência Doméstica (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004) Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, Aumento de pena
irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha § 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um
convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações do- terço:
mésticas, de coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada pela I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
Lei nº 11.340, de 2006) II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão,
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação tutor ou curador da vítima.
dada pela Lei nº 11.340, de 2006) III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos (Incluído pela
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as Lei nº 10.741, de 2003)
circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se Exposição ou abandono de recém-nascido
a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004)
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar
de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de desonra própria:
deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006) Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente des- § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
crito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do Pena - detenção, de um a três anos.
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no § 2º - Se resulta a morte:
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, Pena - detenção, de dois a seis anos.
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão Omissão de socorro
dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços. (Incluído
pela Lei nº 13.142, de 2015) Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fa-
zê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à
CAPÍTULO III pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Perigo de contágio venéreo Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omis-
Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou são resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta
qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que a morte.
sabe ou deve saber que está contaminado: Condicionamento de atendimento médico-hospitalar
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. emergencial (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).
§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qual-
§ 2º - Somente se procede mediante representação. quer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários
Perigo de contágio de moléstia grave administrativos, como condição para o atendimento médico-hospi-
talar emergencial: (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).
Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. (In-
grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio: cluído pela Lei nº 12.653, de 2012).
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da nega-
Perigo para a vida ou saúde de outrem tiva de atendimento resulta lesão corporal de natureza grave, e até
o triplo se resulta a morte. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).
Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto Maus-tratos
e iminente:
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não cons- Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua
titui crime mais grave. autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino,
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cui-
se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do dados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou
transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabele- inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina:
cimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas le- Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.
gais. (Incluído pela Lei nº 9.777, de 1998) § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Abandono de incapaz Pena - reclusão, de um a quatro anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defen- § 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado
der-se dos riscos resultantes do abandono: contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. (Incluído pela Lei nº
Pena - detenção, de seis meses a três anos. 8.069, de 1990)
§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza gra-
ve:
Didatismo e Conhecimento 15
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
CAPÍTULO IV Disposições comuns
DA RIXA
Rixa Art. 141 - As penas cominadas neste
Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendo- cometido:
res: I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de go-
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. verno estrangeiro;
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natu- II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
reza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a
detenção, de seis meses a dois anos. divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portado-
CAPÍTULO V ra de deficiência, exceto no caso de injúria.(Incluído pela Lei nº
DOS CRIMES CONTRA A HONRA 10.741, de 2003)
Calúnia Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou
promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato Exclusão do crime
definido como crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputa- I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela
ção, a propala ou divulga. parte ou por seu procurador;
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos. II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou cien-
Exceção da verdade tífica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público,
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever
ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; do ofício.
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela
nº I do art. 141; injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade.
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendi- Retratação
do foi absolvido por sentença irrecorrível.
Difamação Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabal-
mente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena.
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha pra-
reputação: ticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios de comu-
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. nicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos
Exceção da verdade mesmos meios em que se praticou a ofensa. (Incluído pela Lei
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se nº 13.188, de 2015)
o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício
de suas funções. Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere ca-
Injúria lúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir
explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa.
decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Art. 145 - Nos crimes previstos neste
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando,
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou direta- no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
mente a injúria; Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra in- da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e
júria. mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mes-
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, mo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código.
por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltan- (Redação dada pela Lei nº 12.033. de 2009)
tes:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da
pena correspondente à violência.
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes
a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa
ou portadora de deficiência: (Redação dada pela Lei nº 10.741, de
2003)
Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pela Lei
nº 9.459, de 1997)
Didatismo e Conhecimento 16
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
CAPÍTULO VI § 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL 10.803, de 11.12.2003)
I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do
SEÇÃO I trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho; (Incluído
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
Constrangimento ilegal II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se
apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave fim de retê-lo no local de trabalho. (Incluído pela Lei nº 10.803,
ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, de 11.12.2003)
a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a § 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é cometi-
fazer o que ela não manda: do: (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. I – contra criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº
Aumento de pena 10.803, de 11.12.2003)
§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou
quando, para a execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, origem. (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
ou há emprego de armas.
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspon- SEÇÃO II
dentes à violência. DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DO-
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo: MICÍLIO
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do Violação de domicílio
paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente
perigo de vida; Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamen-
II - a coação exercida para impedir suicídio. te, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em
Ameaça
casa alheia ou em suas dependências:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou
§ 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar
qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou por duas ou
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
mais pessoas:
Parágrafo único - Somente se procede mediante representa-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena
ção.
correspondente à violência.
Sequestro e cárcere privado
§ 2º - Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é cometido
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro por funcionário público, fora dos casos legais, ou com inobservân-
ou cárcere privado: (Vide Lei nº 10.446, de 2002) cia das formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do poder.
Pena - reclusão, de um a três anos. § 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em casa
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos: alheia ou em suas dependências:
I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou compa- I - durante o dia, com observância das formalidades legais,
nheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos; (Redação dada para efetuar prisão ou outra diligência;
pela Lei nº 11.106, de 2005) II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em está sendo ali praticado ou na iminência de o ser.
casa de saúde ou hospital; § 4º - A expressão “casa” compreende:
III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias. I - qualquer compartimento habitado;
IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) II - aposento ocupado de habitação coletiva;
anos; (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005) III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exer-
V – se o crime é praticado com fins libidinosos. (Incluído ce profissão ou atividade.
pela Lei nº 11.106, de 2005) § 5º - Não se compreendem na expressão «casa»:
§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natu- I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação cole-
reza da detenção, grave sofrimento físico ou moral: tiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do parágrafo an-
Pena - reclusão, de dois a oito anos. terior;
Redução a condição análoga à de escravo II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, SEÇÃO III
quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, DOS CRIMES CONTRA A
quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer res- INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA
tringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida Violação de correspondência
contraída com o empregador ou preposto: (Redação dada pela Lei
nº 10.803, de 11.12.2003) Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de correspon-
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena dência fechada, dirigida a outrem:
correspondente à violência. (Redação dada pela Lei nº 10.803, de Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
11.12.2003) Sonegação ou destruição de correspondência
Didatismo e Conhecimento 17
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
§ 1º - Na mesma pena incorre: Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio, conectado
I - quem se apossa indevidamente de correspondência alheia, ou não à rede de computadores, mediante violação indevida de me-
embora não fechada e, no todo ou em parte, a sonega ou destrói; canismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou destruir
Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou te- dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do titular
lefônica do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilí-
II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou utili- cita: (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
za abusivamente comunicação telegráfica ou radioelétrica dirigida Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. (In-
a terceiro, ou conversação telefônica entre outras pessoas; cluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
III - quem impede a comunicação ou a conversação referidas § 1o Na mesma pena incorre quem produz, oferece, distribui,
no número anterior; vende ou difunde dispositivo ou programa de computador com o
IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho radioelétrico, intuito de permitir a prática da conduta definida no caput. (Incluí-
sem observância de disposição legal. do pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
§ 2º - As penas aumentam-se de metade, se há dano para ou- § 2o Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se da inva-
trem. são resulta prejuízo econômico. (Incluído pela Lei nº 12.737, de
§ 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de função em 2012) Vigência
serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou telefônico: § 3o Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de comu-
Pena - detenção, de um a três anos. nicações eletrônicas privadas, segredos comerciais ou industriais,
§ 4º - Somente se procede mediante representação, salvo nos informações sigilosas, assim definidas em lei, ou o controle remo-
casos do § 1º, IV, e do § 3º. to não autorizado do dispositivo invadido: (Incluído pela Lei nº
Correspondência comercial 12.737, de 2012) Vigência
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se
Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou empregado de es- a conduta não constitui crime mais grave. (Incluído pela Lei nº
tabelecimento comercial ou industrial para, no todo ou em parte, 12.737, de 2012) Vigência
desviar, sonegar, subtrair ou suprimir correspondência, ou revelar § 4o Na hipótese do § 3o, aumenta-se a pena de um a dois ter-
a estranho seu conteúdo: ços se houver divulgação, comercialização ou transmissão a tercei-
Pena - detenção, de três meses a dois anos. ro, a qualquer título, dos dados ou informações obtidos. (Incluído
Parágrafo único - Somente se procede mediante representa- pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
ção. § 5o Aumenta-se a pena de um terço à metade se o crime for
praticado contra: (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigên-
SEÇÃO IV cia
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS SE- I - Presidente da República, governadores e prefeitos; (Incluí-
GREDOS do pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
Divulgação de segredo II - Presidente do Supremo Tribunal Federal; (Incluído pela
Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de do- III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Federal,
cumento particular ou de correspondência confidencial, de que é de Assembleia Legislativa de Estado, da Câmara Legislativa do
destinatário ou detentor, e cuja divulgação possa produzir dano a Distrito Federal ou de Câmara Municipal; ou (Incluído pela Lei nº
outrem: 12.737, de 2012)Vigência
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. IV - dirigente máximo da administração direta e indireta fede-
§ 1º Somente se procede mediante representação. (Parágrafo ral, estadual, municipal ou do Distrito Federal. (Incluído pela
único renumerado pela Lei nº 9.983, de 2000) Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
§ 1o-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas ou Ação penal(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
reservadas, assim definidas em lei, contidas ou não nos sistemas de
informações ou banco de dados da Administração Pública: (Incluí- Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, somente se
do pela Lei nº 9.983, de 2000) procede mediante representação, salvo se o crime é cometido con-
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluí- tra a administração pública direta ou indireta de qualquer dos Po-
do pela Lei nº 9.983, de 2000) deres da União, Estados, Distrito Federal ou Municípios ou contra
§ 2o Quando resultar prejuízo para a Administração Pública, empresas concessionárias de serviços públicos. (Incluído pela
a ação penal será incondicionada. (Incluído pela Lei nº 9.983, de Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
2000)
Violação do segredo profissional
Didatismo e Conhecimento 18
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o
agente conhece tal circunstância.
2.2.2 CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO. IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser
transportado para outro Estado ou para o exterior; (Incluído pela
Lei nº 9.426, de 1996)
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo
sua liberdade. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
TÍTULO II
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a
reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa. (Redação
CAPÍTULO I
dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
DO FURTO
Extorsão
Furto
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado
alguma coisa:
durante o repouso noturno.
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou
furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção,
com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.
diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qual-
disposto no § 3º do artigo anterior. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
quer outra que tenha valor econômico.
§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade
Furto qualificado
da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vanta-
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o
gem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos,
crime é cometido:
além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração
se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. (In-
da coisa;
cluído pela Lei nº 11.923, de 2009)
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou
Extorsão mediante sequestro
destreza;
III - com emprego de chave falsa;
Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do res-
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração
gate: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 (Vide Lei nº 10.446, de 2002)
for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.. (Redação dada pela
Estado ou para o exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
Furto de coisa comum
§ 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se
o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta)
Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para
anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha. Vide Lei
si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum:
nº 8.072, de 25.7.90 (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Pena - reclusão, de doze a vinte anos. (Redação dada pela Lei
§ 1º - Somente se procede mediante representação.
nº 8.072, de 25.7.1990)
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível,
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Vide
cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente.
Lei nº 8.072, de 25.7.90
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. (Redação
CAPÍTULO II
dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
§ 3º - Se resulta a morte: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
Roubo
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. (Redação dada
pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem,
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que
mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê
o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado,
-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
terá sua pena reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
nº 9.269, de 1996)
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída
Extorsão indireta
a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim
de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si
Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abu-
ou para terceiro.
sando da situação de alguém, documento que pode dar causa a
§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro:
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
Didatismo e Conhecimento 19
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
CAPÍTULO III Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competente, o
DA USURPAÇÃO aspecto de local especialmente protegido por lei:
Alteração de limites Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Ação penal
Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer
outro sinal indicativo de linha divisória, para apropriar-se, no todo Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu parágrafo
ou em parte, de coisa imóvel alheia: e do art. 164, somente se procede mediante queixa.
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem: CAPÍTULO V
Usurpação de águas DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, águas Apropriação indébita
alheias;
Esbulho possessório Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a
II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou posse ou a detenção:
mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou edifício Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
alheio, para o fim de esbulho possessório. Aumento de pena
§ 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na pena § 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente re-
a esta cominada. cebeu a coisa:
§ 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego de vio- I - em depósito necessário;
lência, somente se procede mediante queixa. II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, in-
Supressão ou alteração de marca em animais ventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
III - em razão de ofício, emprego ou profissão.
Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou Apropriação indébita previdenciária (Incluído pela Lei nº
rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de propriedade: 9.983, de 2000)
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as con-
CAPÍTULO IV tribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou
DO DANO convencional: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Dano Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluí-
do pela Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: § 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: (Incluído pela
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Lei nº 9.983, de 2000)
Dano qualificado I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importân-
Parágrafo único - Se o crime é cometido: cia destinada à previdência social que tenha sido descontada de
I - com violência à pessoa ou grave ameaça; pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do pú-
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o blico; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
fato não constitui crime mais grave II – recolher contribuições devidas à previdência social que
III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, empre- tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à ven-
sa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia da de produtos ou à prestação de serviços; (Incluído pela Lei nº
mista; (Redação dada pela Lei nº 5.346, de 3.11.1967) 9.983, de 2000)
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas
a vítima: cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela pre-
vidência social. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da
§ 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente,
pena correspondente à violência.
declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, impor-
Introdução ou abandono de animais em propriedade
tâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência
alheia
social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da
ação fiscal. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia,
§ 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar so-
sem consentimento de quem de direito, desde que o fato resulte mente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes,
prejuízo: desde que: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa. I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de
Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histó- oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previ-
rico denciária, inclusive acessórios; ou (Incluído pela Lei nº 9.983,
de 2000)
Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios,
autoridade competente em virtude de valor artístico, arqueológico seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social,
ou histórico: administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. suas execuções fiscais. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Alteração de local especialmente protegido
Didatismo e Conhecimento 20
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou Estelionato contra idoso
força da natureza § 4o Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido
contra idoso. (Incluído pela Lei nº 13.228, de 2015)
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu Duplicata simulada
poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não
Parágrafo único - Na mesma pena incorre: corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualida-
Apropriação de tesouro de, ou ao serviço prestado. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo 27.12.1990)
ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio; Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Re-
Apropriação de coisa achada dação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquêle que fal-
ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo pos- sificar ou adulterar a escrituração do Livro de Registro de Duplica-
suidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo tas. (Incluído pela Lei nº 5.474. de 1968)
de quinze dias. Abuso de incapazes
Art. 170 - Nos crimes previstos neste Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de neces-
Capítulo, aplica-se o disposto no art. 155, § 2º. sidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da alienação ou de-
bilidade mental de outrem, induzindo qualquer deles à prática de
CAPÍTULO VI ato suscetível de produzir efeito jurídico, em prejuízo próprio ou
DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES de terceiro:
Estelionato Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Induzimento à especulação
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em
Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inex-
prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante
periência ou da simplicidade ou inferioridade mental de outrem,
artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos
títulos ou mercadorias, sabendo ou devendo saber que a operação
mil réis a dez contos de réis.
é ruinosa:
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o pre-
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
juízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155,
Fraude no comércio
§ 2º.
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem: Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial, o ad-
Disposição de coisa alheia como própria quirente ou consumidor:
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em ga- I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsi-
rantia coisa alheia como própria; ficada ou deteriorada;
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria II - entregando uma mercadoria por outra:
II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que § 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade ou
prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, o peso de metal ou substituir, no mesmo caso, pedra verdadeira por
silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias; falsa ou por outra de menor valor; vender pedra falsa por verdadei-
Defraudação de penhor ra; vender, como precioso, metal de ou outra qualidade:
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do § 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º.
objeto empenhado; Outras fraudes
Fraude na entrega de coisa
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel
que deve entregar a alguém; ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor de recursos para
Fraude para recebimento de indenização ou valor de se- efetuar o pagamento:
guro Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou Parágrafo único - Somente se procede mediante representa-
lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as consequências da ção, e o juiz pode, conforme as circunstâncias, deixar de aplicar a
lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de pena.
seguro; Fraudes e abusos na fundação ou administração de socie-
Fraude no pagamento por meio de cheque dade por ações
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em po-
der do sacado, ou lhe frustra o pagamento. Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por ações, fa-
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido zendo, em prospecto ou em comunicação ao público ou à assem-
em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de bléia, afirmação falsa sobre a constituição da sociedade, ou ocul-
economia popular, assistência social ou beneficência. tando fraudulentamente fato a ela relativo:
Didatismo e Conhecimento 21
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato não Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.(Redação dada
constitui crime contra a economia popular. pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime § 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do pará-
contra a economia popular: (Vide Lei nº 1.521, de 1951) grafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou clandes-
I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, tino, inclusive o exercício em residência. (Redação dada pela Lei
que, em prospecto, relatório, parecer, balanço ou comunicação ao nº 9.426, de 1996)
público ou à assembléia, faz afirmação falsa sobre as condições § 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela
econômicas da sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem
em parte, fato a elas relativo; a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: (Redação
II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qualquer dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
artifício, falsa cotação das ações ou de outros títulos da sociedade; Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as
III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à sociedade penas. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
ou usa, em proveito próprio ou de terceiro, dos bens ou haveres
§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou
sociais, sem prévia autorização da assembléia geral;
isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa. (Redação
IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta
dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
da sociedade, ações por ela emitidas, salvo quando a lei o permite;
V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito so- § 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode
cial, aceita em penhor ou em caução ações da própria sociedade; o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar
VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em de- a pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art.
sacordo com este, ou mediante balanço falso, distribui lucros ou 155. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
dividendos fictícios; § 6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimônio da
VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta pes- União, Estado, Município, empresa concessionária de servi-
soa, ou conluiado com acionista, consegue a aprovação de conta ços públicos ou sociedade de economia mista, a pena prevista
ou parecer; no caput deste artigo aplica-se em dobro.(Incluído pela Lei nº
VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII; 9.426, de 1996)
IX - o representante da sociedade anônima estrangeira, auto-
rizada a funcionar no País, que pratica os atos mencionados nos ns. 2.2.3 CRIMES CONTRA A
I e II, ou dá falsa informação ao Governo. ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.
§ 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos,
e multa, o acionista que, a fim de obter vantagem para si ou para
outrem, negocia o voto nas deliberações de assembléia geral.
Emissão irregular de conhecimento de depósito ou “war-
rant” TÍTULO XI
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou warrant, em
desacordo com disposição legal: CAPÍTULO I
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. DOS CRIMES PRATICADOS
Fraude à execução POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo Peculato
ou danificando bens, ou simulando dívidas:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, va-
Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa.
lor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que
CAPÍTULO VII tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio
DA RECEPTAÇÃO ou alheio:
Receptação Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, em-
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, bora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou
em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de cri- concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio,
me, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de fun-
oculte: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) cionário.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Redação dada Peculato culposo
pela Lei nº 9.426, de 1996) § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime
Receptação qualificada (Redação dada pela Lei nº 9.426, de outrem:
de 1996) Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em § 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se
depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é
de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exer- posterior, reduz de metade a pena imposta.
cício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser
produto de crime:(Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
Didatismo e Conhecimento 22
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Peculato mediante erro de outrem Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta
ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la,
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal
no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: vantagem:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Reda-
Inserção de dados falsos em sistema de informações (In- ção dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
cluído pela Lei nº 9.983, de 2000) § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência
da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de prati-
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a car qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda
corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Ad- ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido
ministração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou influência de outrem:
ou para outrem ou para causar dano: (Incluído pela Lei nº 9.983, Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
de 2000)) Facilitação de contrabando ou descaminho
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Incluí-
do pela Lei nº 9.983, de 2000) Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática
Modificação ou alteração não autorizada de sistema de de contrabando ou descaminho (art. 334):
informações (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação
dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de Prevaricação
informações ou programa de informática sem autorização ou so-
licitação de autoridade competente: (Incluído pela Lei nº 9.983, Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato
de 2000) de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para sa-
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e mul- tisfazer interesse ou sentimento pessoal:
ta. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até
a metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Ad- Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente pú-
ministração Pública ou para o administrado.(Incluído pela Lei nº blico, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho
9.983, de 2000) telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento outros presos ou com o ambiente externo: (Incluído pela Lei nº
11.466, de 2007).
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, Condescendência criminosa
total ou parcialmente:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de respon-
crime mais grave. sabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimen-
to da autoridade competente:
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
da estabelecida em lei: Advocacia administrativa
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Concussão Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse pri-
vado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indireta- funcionário:
mente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
razão dela, vantagem indevida: Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.
Excesso de exação Violência arbitrária
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social
que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, empre- Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pre-
ga na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autori- texto de exercê-la:
za: (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena cor-
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação respondente à violência.
dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) Abandono de função
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de
outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres pú- Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos
blicos: em lei:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Corrupção passiva § 1º - Se do fato resulta prejuízo público:
Didatismo e Conhecimento 23
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem:
fronteira: Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Resistência
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolonga-
do Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência
ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem
Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de sa- lhe esteja prestando auxílio:
tisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autori- Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
zação, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, § 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
substituído ou suspenso: Pena - reclusão, de um a três anos.
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. § 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das
Violação de sigilo funcional correspondentes à violência.
Desobediência
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo
e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação: Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
não constitui crime mais grave. Desacato
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: (Incluído
pela Lei nº 9.983, de 2000) Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da fun-
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e ção ou em razão dela:
empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Tráfico de Influência (Redação dada pela Lei nº 9.127, de
Administração Pública;(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 1995)
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (Incluído
pela Lei nº 9.983, de 2000) Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para ou-
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pú- trem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em
blica ou a outrem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) ato praticado por funcionário público no exercício da função: (Re-
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído dação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
pela Lei nº 9.983, de 2000) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Reda-
Violação do sigilo de proposta de concorrência ção dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente
Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência pú- alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao funcioná-
blica, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: rio. (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa. Corrupção ativa
Funcionário público
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcio-
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos nário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato
penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exer- de ofício:
ce cargo, emprego ou função pública. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Reda-
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, ção dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em
empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato
execução de atividade típica da Administração Pública. (Incluí- de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
do pela Lei nº 9.983, de 2000) Descaminho
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores
dos crimes previstos neste Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito
Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de fun- ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de
ção de direção ou assessoramento de órgão da administração di- mercadoria (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
reta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Redação dada
instituída pelo poder público. (Incluído pela Lei nº 6.799, de 1980) pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei
CAPÍTULO II nº 13.008, de 26.6.2014)
DOS CRIMES PRATICADOS POR I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos
PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GE- em lei; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
RAL II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descami-
Usurpação de função pública nho; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Didatismo e Conhecimento 24
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qual- Inutilização de edital ou de sinal
quer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício
de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou cons-
estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou purcar edital afixado por ordem de funcionário público; violar ou
fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandesti- inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por
na no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de ordem de funcionário público, para identificar ou cerrar qualquer
outrem; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) objeto:
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de Subtração ou inutilização de livro ou documento
procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal
ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos. (Redação Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro
dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) oficial, processo ou documento confiado à custódia de funcionário,
§ 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos em razão de ofício, ou de particular em serviço público:
deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandesti- Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui
no de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residên- crime mais grave.
cias. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) Sonegação de contribuição previdenciária (Incluído pela
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é Lei nº 9.983, de 2000)
praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. (Redação dada
pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previden-
Contrabando ciária e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: (In-
cluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: (In- I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de documen-
cluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) to de informações previsto pela legislação previdenciária segu-
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. (Incluído pela rados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador
Lei nº 13.008, de 26.6.2014) autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços; (Incluído
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Incluído pela Lei nº pela Lei nº 9.983, de 2000)
13.008, de 26.6.2014) II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da con-
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando; (In- tabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as
cluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços; (Incluído
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que de- pela Lei nº 9.983, de 2000)
penda de registro, análise ou autorização de órgão público compe- III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferi-
tente; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) dos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de
III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira des- contribuições sociais previdenciárias: (Incluído pela Lei nº 9.983,
tinada à exportação; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) de 2000)
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qual- Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluí-
quer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de do pela Lei nº 9.983, de 2000)
atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei bra- § 1o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamen-
sileira; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) te, declara e confessa as contribuições, importâncias ou valores e
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no presta as informações devidas à previdência social, na forma defi-
exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibi- nida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. (Incluí-
da pela lei brasileira. (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)§ do pela Lei nº 9.983, de 2000)
2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste arti- § 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar so-
go, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de merca- mente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes,
dorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. (Incluído desde que: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965) I – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios,
praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. (Incluído pela seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social,
Lei nº 13.008, de 26.6.2014) administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de
Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência suas execuções fiscais.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pa-
Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pública gamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos
ou venda em hasta pública, promovida pela administração federal, e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a metade
estadual ou municipal, ou por entidade paraestatal; afastar ou pro- ou aplicar apenas a de multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
curar afastar concorrente ou licitante, por meio de violência, grave § 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajusta-
ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem: do nas mesmas datas e nos mesmos índices do reajuste dos bene-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, além da fícios da previdência social. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
pena correspondente à violência.
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se abstém de
concorrer ou licitar, em razão da vantagem oferecida.
Didatismo e Conhecimento 25
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
CAPÍTULO II-A Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
(Incluído pela Lei nº 10.467, de 11.6.2002) § 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CON- de anonimato ou de nome suposto.
TRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTRANGEIRA § 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de
Corrupção ativa em transação comercial internacional prática de contravenção.
Comunicação falsa de crime ou de contravenção
Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente,
vantagem indevida a funcionário público estrangeiro, ou a tercei- Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a
ra pessoa, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter veri-
ofício relacionado à transação comercial internacional: (Incluído ficado:
pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa. (Incluído Auto-acusação falsa
pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço), se, Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexisten-
em razão da vantagem ou promessa, o funcionário público estran- te ou praticado por outrem:
geiro retarda ou omite o ato de ofício, ou o pratica infringindo Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
dever funcional. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) Falso testemunho ou falsa perícia
Tráfico de influência em transação comercial internacio-
nal (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade
como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em pro-
Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para cesso judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo
outrem, direta ou indiretamente, vantagem ou promessa de vanta- arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
gem a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Re-
estrangeiro no exercício de suas funções, relacionado a transação
dação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência)
comercial internacional: (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
§ 1o As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluí-
crime é praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de
do pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o agente
processo civil em que for parte entidade da administração pública
alega ou insinua que a vantagem é também destinada a funcionário
direta ou indireta.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
estrangeiro. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
§ 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no pro-
Funcionário público estrangeiro (Incluído pela Lei nº
10467, de 11.6.2002) cesso em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a
verdade.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
Art. 337-D. Considera-se funcionário público estrangeiro,
para os efeitos penais, quem, ainda que transitoriamente ou sem Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra
remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública em entida- vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete,
des estatais ou em representações diplomáticas de país estrangei- para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimen-
ro. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) to, perícia, cálculos, tradução ou interpretação: (Redação dada pela
Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público estran- Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
geiro quem exerce cargo, emprego ou função em empresas con- Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.(Redação dada
troladas, diretamente ou indiretamente, pelo Poder Público de país pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
estrangeiro ou em organizações públicas internacionais. (Incluído Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a um
pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) terço, se o crime é cometido com o fim de obter prova destinada a
produzir efeito em processo penal ou em processo civil em que for
CAPÍTULO III parte entidade da administração pública direta ou indireta. (Reda-
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTI- ção dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
ÇA Coação no curso do processo
Reingresso de estrangeiro expulso
Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de
Art. 338 - Reingressar no território nacional o estrangeiro que favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou
dele foi expulso: qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em
Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de nova processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral:
expulsão após o cumprimento da pena. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena
Denunciação caluniosa correspondente à violência.
Exercício arbitrário das próprias razões
Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial,
de processo judicial, instauração de investigação administrativa, Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer
inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra al- pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite:
guém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente: (Redação dada Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da
pela Lei nº 10.028, de 2000) pena correspondente à violência.
Didatismo e Conhecimento 26
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se § 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais de
procede mediante queixa. uma pessoa, ou mediante arrombamento, a pena é de reclusão, de
dois a seis anos.
Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, § 2º - Se há emprego de violência contra pessoa, aplica-se
que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou con- também a pena correspondente à violência.
venção: § 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se o crime
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. é praticado por pessoa sob cuja custódia ou guarda está o preso ou
Fraude processual o internado.
§ 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da custódia
Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de processo ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de três meses a um ano,
civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, ou multa.
com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito: Evasão mediante violência contra a pessoa
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo
em processo penal, ainda que não iniciado, as penas aplicam-se submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência
em dobro. contra a pessoa:
Favorecimento pessoal Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena cor-
respondente à violência.
Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública Arrebatamento de preso
autor de crime a que é cominada pena de reclusão:
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do poder de
§ 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão: quem o tenha sob custódia ou guarda:
Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa. Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena corres-
§ 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, pondente à violência.
cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena. Motim de presos
Favorecimento real
Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a ordem ou dis-
Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ciplina da prisão:
ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena
crime: correspondente à violência.
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. Patrocínio infiel
Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou fa- Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o
cilitar a entrada de aparelho telefônico de comunicação móvel, de dever profissional, prejudicando interesse, cujo patrocínio, em juí-
rádio ou similar, sem autorização legal, em estabelecimento prisio- zo, lhe é confiado:
nal. (Incluído pela Lei nº 12.012, de 2009). Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (Incluído pela Patrocínio simultâneo ou tergiversação
Lei nº 12.012, de 2009). Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o advogado ou
Exercício arbitrário ou abuso de poder procurador judicial que defende na mesma causa, simultânea ou
sucessivamente, partes contrárias.
Art. 350 - Ordenar ou executar medida privativa de liberdade Sonegação de papel ou objeto de valor probatório
individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder:
Pena - detenção, de um mês a um ano. Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de resti-
Parágrafo único - Na mesma pena incorre o funcionário que: tuir autos, documento ou objeto de valor probatório, que recebeu
I - ilegalmente recebe e recolhe alguém a prisão, ou a estabe- na qualidade de advogado ou procurador:
lecimento destinado a execução de pena privativa de liberdade ou Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
de medida de segurança; Exploração de prestígio
II - prolonga a execução de pena ou de medida de segurança,
deixando de expedir em tempo oportuno ou de executar imediata- Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra uti-
mente a ordem de liberdade; lidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério
III - submete pessoa que está sob sua guarda ou custódia a Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou tes-
vexame ou a constrangimento não autorizado em lei; temunha:
IV - efetua, com abuso de poder, qualquer diligência. Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de seguran- Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço, se o
ça agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade também se
destina a qualquer das pessoas referidas neste artigo.
Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente
presa ou submetida a medida de segurança detentiva:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Didatismo e Conhecimento 27
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Violência ou fraude em arrematação judicial Prestação de garantia graciosa (Incluído pela Lei nº 10.028,
de 2000)
Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar arrematação judicial;
afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de Art. 359-E. Prestar garantia em operação de crédito sem que
violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem: tenha sido constituída contragarantia em valor igual ou superior ao
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa, além da valor da garantia prestada, na forma da lei: (Incluído pela Lei nº
pena correspondente à violência. 10.028, de 2000)
Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspen- Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (Incluído
são de direito pela Lei nº 10.028, de 2000)
Não cancelamento de restos a pagar (Incluído pela Lei nº
Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autoridade ou 10.028, de 2000)
múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão judicial:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de promover o
cancelamento do montante de restos a pagar inscrito em valor su-
CAPÍTULO IV perior ao permitido em lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
DOS CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (Incluído
(Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) pela Lei nº 10.028, de 2000)
Contratação de operação de crédito Aumento de despesa total com pessoal no último ano do
mandato ou legislatura (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de crédito,
interno ou externo, sem prévia autorização legislativa: (Incluído Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato que acarrete
pela Lei nº 10.028, de 2000) aumento de despesa total com pessoal, nos cento e oitenta dias
Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei anteriores ao final do mandato ou da legislatura: (Incluído pela Lei
nº 10.028, de 2000) nº 10.028, de 2000))
Parágrafo único. Incide na mesma pena quem ordena, auto-
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela
riza ou realiza operação de crédito, interno ou externo: (Incluído
Lei nº 10.028, de 2000)
pela Lei nº 10.028, de 2000)
Oferta pública ou colocação de títulos no mercado (Incluí-
I – com inobservância de limite, condição ou montante esta-
do pela Lei nº 10.028, de 2000)
belecido em lei ou em resolução do Senado Federal; (Incluído pela
Lei nº 10.028, de 2000)
Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a oferta pública
II – quando o montante da dívida consolidada ultrapassa o
ou a colocação no mercado financeiro de títulos da dívida pública
limite máximo autorizado por lei. (Incluído pela Lei nº 10.028,
de 2000) sem que tenham sido criados por lei ou sem que estejam registra-
Inscrição de despesas não empenhadas em restos a pa- dos em sistema centralizado de liquidação e de custódia: (Incluído
gar (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) pela Lei nº 10.028, de 2000)
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela
Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em restos a pa- Lei nº 10.028, de 2000).
gar, de despesa que não tenha sido previamente empenhada ou que
exceda limite estabelecido em lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de
2000)
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (Incluído
pela Lei nº 10.028, de 2000)
Assunção de obrigação no último ano do mandato ou le-
gislatura (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Didatismo e Conhecimento 28
NOÇÕES DE
DIREITOS HUMANOS
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
3 Conceito sintetizado de direitos humanos. Da soma das
explicações contidas nos dois tópicos anteriores, se pode dizer que
3.1 CONCEITO. os direitos humanos, proteções jurídicas necessárias à concreti-
zação da dignidade da pessoa humana, são históricos, universais,
essenciais, irrenunciáveis, inalienáveis, inexauríveis, e imprescri-
tíveis.
1 Significado da expressão “prevalência dos direitos huma-
nos”, contida no art. 4º, II, da Constituição Federal, como um
dos princípios norteadores da República Federativa do Brasil 3.2 EVOLUÇÃO.
no plano internacional. Os direitos humanos são proteções jurídi-
cas necessárias à concretização da dignidade da pessoa humana.
Em verdade, os direitos fundamentais nada mais são que os
direitos humanos internalizados em Constituições.
1 Fases dos direitos humanos. São as seguintes:
Desta forma, tal como os direitos fundamentais devem pre-
A) Direitos humanos na antiguidade. Esta fase ocorreu entre
valecer no plano interno, também os direitos humanos devem ser
a antiguidade e o final do século XVIII. O Estado Hebreu seria a
a tônica no plano internacional. Disso infere-se que tanto faria ao
constituinte ter consagrado, neste art. 4º, II, CF, a “prevalência dos primeira experiência de direitos humanos, já que, neste, o Estado
direitos humanos” (como o fez) ou a “prevalência dos direitos fun- sofria limitações de poder por dogmas religiosos. Era o chamado
damentais”. O resultado pretendido é o mesmo. “Estado Teocrático”.
O que se deve ter em mente é que, amparando-se na digni- Esta fase também pode ser observada na Grécia, em Roma, e
dade da pessoa humana, todas as medidas a serem tomadas, quer na Inglaterra.
no plano interno (prevalência dos direitos fundamentais), quer no Na Inglaterra, aliás, vários documentos importantes podem
plano internacional (prevalência dos direitos humanos), devem ser ser observados: o “Rules of Law” (deslocou-se a soberania do Mo-
realizadas com objetivo de maximizar a existência qualitativa do narca para Parlamento); a “Magna Carta”, de 1215; o “Habeas
homem. Corpus Act”, de 1679; e o “Bill of Rights”, de 1689. Todos estes
documentos foram embriões do Estado Constitucional Moderno.
2 Características dos direitos humanos. São características Dando prosseguimento, são algumas características desta fase
dos direitos humanos: os primeiros conjuntos de princípios que garantem a existência de
A) Historicidade. Os direitos humanos são históricos, porque direitos perante o monarca, limitando o seu poder; as Constitui-
constituídos pela convivência coletiva edificada ao longo dos tem- ções consuetudinárias (ainda não havia Constituições escritas); a
pos; ausência de supremacia da Constituição; e a ideia de supremacia
B) Universalidade. Os direitos humanos são universais, porque do parlamento;
pertencem ao universo de todas as pessoas, ou seja, significa dizer B) Fase liberal dos direitos humanos. Esta etapa começa no fi-
que basta a condição de ser pessoa/humano para que se possa invo- nal do século XVIII, com as Revoluções liberais Francesas e Nor-
cá-los no plano interno e no plano internacional (judiciário interno teamericanas, sob influência de Locke, Montesquieu e Rousseau.
e internacional); A Constituição dos Estados Unidos da América, de 1787, é
C) Essencialidade. No plano formal, isto é, da maneira como considerada por muitos a primeira Constituição escrita do mundo.
estão topicamente dispostos na Lei Fundamental pátria, os direitos Logo em seguida, tem-se o advento da Constituição Francesa de
humanos vêm antes mesmo da organização do Estado. Vêm logo 1791 (que durou apenas dois anos, logo sendo substituída por duas
nos primeiros artigos dispostos na CF. Constituições em 1793, uma “Jacobina”, e outra “Girondina”).
Já no plano material, sem os direitos humanos a vida não se
Com efeito, são algumas características desta fase clássica dos
completa em sua inteireza. Não tem vida sem direitos.
direitos humanos a ideia de supremacia formal da Constituição;
Com isso, se pode dizer que os direitos humanos são essenciais
tanto sob prisma formal, como sob análise material; a necessidade de Constituições escritas para que esta possua tal
D) Irrenunciabilidade. Diferentemente dos direitos subjetivos supremacia; a defesa da rigidez constitucional (isto é, a existência
em geral (que se pode renunciar), os direitos humanos não são re- de um processo mais dificultoso para modificação do seu Texto);
nunciáveis, ou seja, mesmo a autorização do seu titular não justifica o primeiro caso de controle de constitucionalidade (no caso “Mar-
a sua violação; bury vs. Madison”, em 1803, nos EUA); a ideia de separação de
E) Inalienabilidade. São os direitos humanos inalienáveis, por- poderes e garantias de direitos; a ideia de uma Constituição como
que não permitem a desinvestidura por parte de seu titular, não po- documento essencialmente jurídico, e, portanto, vinculador dos
dendo ser cedidos gratuita ou onerosamente a outrem. São, assim, entes da Administração Pública.
inegociáveis; Ademais, nessa fase clássica surge a primeira dimensão/ge-
F) Inexauribilidade. Os direitos humanos são inexauríveis, ração de direitos humanos, ligados ao valor “liberdade”. Tais di-
inesgotáveis. Não há ordem cronológica. A maior prova disso é reitos são conhecidos como direitos civis e políticos, e possuem
o segundo parágrafo, do art. 5º, da Constituição, segundo o qual caráter negativo, isto é, exigem abstenção do Estado, muito mais
os direitos e garantias na Lei Fundamental previstos não excluem que uma atuação positiva. São direitos eminentemente individuais
outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou oponíveis ao Estado.
dos tratados em que a República Federativa do Brasil seja parte; Neste período, ainda, surge o Estado de Direito (ou Estado
G) Imprescritibilidade. Os direitos humanos são imprescrití- Liberal), no qual se preconiza a ideia de império da lei. Trata-se
veis, isto é, podem ser reivindicados a qualquer momento, desde de um Estado-Abstencionsta (que não se intromete nos direitos
que reconhecidamente direitos humanos. individuais). Como consequência do Estado de Direito, tem-se a
Didatismo e Conhecimento 1
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
concretização, na Inglaterra, das “rules of law” (governo das leis Como documento de suma importância desta fase, aos 10 de
em substituição ao governo dos homens), que começaram na etapa Dezembro de 1948 a Assembleia Geral das Nações Unidas procla-
anterior dos direitos humanos; na Prússia, do “Rechtsstaat”, com mou a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Tal Declara-
uma ideia formal de poder; e do o “État Legal”, na França, com ção ganhou uma importância extraordinária, contudo não obriga
o estabelecimento de normas por legisladores eleitos democrati- juridicamente que todos os Estados a respeitem e, devido a isso,
camente. a partir do momento em que foi promulgada, foi necessário a pre-
Neste período, a interpretação do Direito era vista como ativi- paração de inúmeros documentos que especificassem os direitos
dade mecânica dos juízes. Tanto que Montesquieu diz que o “juiz presentes na Declaração. Foi nesse contexto que, no período entre
é a mera boca da lei”; 1945-1966 nasceram vários documentos.
C) Fase social dos direitos humanos. Surgida após o fim da Assim, a junção da Declaração Universal dos Direitos Huma-
Primeira Grande Guerra Mundial, e tendo durado até o fim da Se- nos, bem como os dois pactos efetuados em 1966, a saber, o Pacto
gunda Guerra, esta fase social dos direitos humanos marca a supe- Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacio-
ração da ideia de eficácia de um Estado não-interventor, sobretudo nal dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, constituem a
em considerando as necessidades que passava a população asso- Carta Internacional dos Direitos do Homem.
lada pelo primeiro conflito de caráter mundial. A ideia de Estado
mínimo, portanto, ficou incompatível com o momento de carência
social, e, principalmente, com o temor do socialismo que despon- 3.3 ABRANGÊNCIA.
tava no leste europeu com as primeiras políticas assistencialistas.
Esta fase deu ensejo ao Estado Social, adepto da política do
bem-estar (“welfare-state”) dos indivíduos por ele tutelados em
áreas como educação, segurança, saúde, assistência aos desampa- 1 Diferenças conceituais. Vejamos:
rados e previdência social. A) Direitos do homem. Trata-se de expressão de cunho jus na-
Nesta etapa, surge a segunda geração/dimensão de direitos hu- turalista que diz respeito àqueles direitos não positivados, quer
manos, ligada ao valor “igualdade”. Tratam-se de direitos sociais, nos textos constitucionais, quer nas legislações internas dos países,
econômicos e culturais, notadamente de caráter positivo; quer no plano/contexto internacional (âmbito dos tratados interna-
D) Fase contemporânea dos direitos humanos. Surge com fim cionais). Significa que se o direito existe em algum lugar não se
da Segunda Guerra Mundial, em 1945, e consagra o “pós-positi- pode usar a expressão “direitos do homem”;
vismo” (ou nova etapa do positivismo, para quem não concordar B) Direitos fundamentais. Ocorre quando os direitos passam a
com a expressão “pós-positivismo”) através da reaproximação en- estar expressos na Constituição. Nunca se pode usar tal expressão
tre direito e moral. referindo-se a direitos internacionais. É expressão que conota di-
Nesta fase, ainda, tem-se o advento da terceira dimensão/ge- reitos domésticos, de cunho constitucional, isto é, não positivados
ração de direitos humanos, ligada ao valor “fraternidade” (nesta nos tratados de direitos humanos, só na Constituição;
dimensão, se pode encontrar o direito ao meio-ambiente, à autode- C) Direitos humanos. Esses são apenas os direitos que já são
terminação dos povos, ao desenvolvimento social, ao progresso, à encontrados em tratados internacionais.
propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade etc.). Em verdade, o estudo dos direitos humanos propriamente di-
Ademais, por intermédio de Ronald Dworkin, nesta etapa se tos abrange estas três espécies de direitos acima vistos.
reconhece o caráter normativo dos princípios, ou seja, “norma”
passa a ser gênero, do qual são espécies as “regras” e os “princí- 2 Gerações/dimensões de direitos humanos. Tanto a expres-
pios”. Robert Alexy também trabalhou bem essa ideia. são “geração” como a expressão “dimensão” podem ser utilizadas
Como características desta etapa pode-se elencar a normativi- sinonimamente. Prefere-se, contudo, a expressão “dimensão”, pois
dade da Constituição (isto é, a Constituição como norma obriga- “geração” pressupõe um momento que sucede ao outro, e, em se
tória, vinculante); a superioridade da Constituição (a qual deve ser tratando de direitos humanos, não há essa sucessão de fenômenos,
suprema, escrita e rígida); a centralidade da Constituição (através mas sim uma sobreposição de fenômenos, tal como ocorrem com
da chamada “constitucionalização do direito”); a eficácia hori- as dimensões. Assim, o fato da terceira dimensão estar plenamente
zontal dos direitos humanos (de forma que os direitos humanos vigente em alguns países, p. ex., não obsta que a segunda dimensão
também valham para as relações entre particulares); o princípio continue sendo buscada nestes países. Em Cuba, p. ex., os direitos
da interpretação conforme Constituição (segundo o qual, toda in- de segunda dimensão, ligados à igualdade, estão bastante desen-
terpretação jurídica é uma interpretação constitucional); a maior volvidos, apesar de viver o país num cristalino atraso quanto aos
abertura da interpretação constitucional (o juiz se utiliza da sub- direitos de primeira dimensão, ligados à liberdade.
sunção para as regras, e da ponderação para os casos envolvendo Independentemente da expressão que se utilize (o que impor-
princípios); e o fortalecimento do Poder Judiciário (que se torna ta é entender sua essência), originariamente havia três dimensões
principal protagonista do controle constitucional). de direitos humanos, as quais foram introduzidas no ordenamento
Ademais, nesta fase dos direitos humanos surge o sucessor do brasileiro por Paulo Bonavides, que acrescentou a estas uma quar-
Estado Social, a saber, o Estado Democrático de Direito, no qual se ta e quinta dimensões.
consagram institutos que permitem a participação do povo na vida Veja-se que Paulo Bonavides apenas introduziu e desenvolveu
política do Estado, e que se preocupam com o aspecto material e tal classificação no Brasil. Sua criação propriamente dita se deu
com a efetividade dos direitos fundamentais. pelo polonês Karel Vazak, jurista tcheco, em 1979, em conferência
realizada em Estrasburgo, inspirado nos ideais da Revolução Fran-
cesa, a saber, liberdade, igualdade, e fraternidade.
Didatismo e Conhecimento 2
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Isto posto, feita esta consideração preliminar, há se seguir pela
classificação de Paulo Bonavides, indubitavelmente a mais arrai-
gada no constitucionalismo pátrio: 3.5 CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE
A) Primeira geração/dimensão de direitos humanos. Ligados DIREITOS HUMANOS (PACTO DE
ao valor “liberdade”, os direitos de primeira geração/dimensão são SÃO JOSE E DECRETO Nº 678/1992).
os direitos civis e políticos, que, dentro da classificação de Jelli-
nek, correspondem aos direitos de defesa, essencialmente nega-
tivos. Ademais, são direitos predominantemente individuais (ex.:
liberdade de crença); (*a seguir, se reproduz a aludida Convenção, tendo em
B) Segunda geração/dimensão de direitos humanos. Ligados vista a elevada frequência com que ela é perguntada no que
ao valor “igualdade”, os direitos de segunda dimensão/geração são pertine ao previsto legalmente)
os direitos sociais, econômicos e culturais, que, dentro da classi-
PREÂMBULO
ficação de Jellinek, são os direitos prestacionais, essencialmente
Os Estados Americanos signatários da presente Convenção,
positivos. Também são predominantemente individuais, apesar do
inevitável reflexo coletivo que produzem (ex.: o direito ao traba-
Reafirmando seu propósito de consolidar neste Continente,
lho); dentro do quadro das instituições democráticas, um regime de li-
C) Terceira geração/dimensão de direitos humanos. Ligados berdade pessoal e de justiça social, fundado no respeito dos direi-
ao valor “fraternidade”, Paulo Bonavides elenca como alguns tos humanos essenciais;
dos direitos de terceira dimensão/geração o direito ao desenvol-
vimento/progresso, o direito ao meio ambiente, o direito à auto- Reconhecendo que os direitos essenciais da pessoa humana
determinação dos povos, o direito de comunicação, o direito de não derivam do fato de ser ela nacional de determinado Estado,
propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade, dentre mas sim do fato de ter como fundamento os atributos da pessoa
outros. Tratam-se de direitos predominantemente transindividuais, humana, razão por que justificam uma proteção internacional, de
ou seja, alguns são coletivos, outros são difusos; natureza convencional, coadjuvante ou complementar da que ofe-
D) Quarta geração/dimensão de direitos humanos. Ligados rece o direito interno dos Estados americanos;
ao valor “pluralidade”, Paulo Bonavides coloca dentro da quar-
ta geração/dimensão de direitos humanos a democracia, a infor- Considerando que esses princípios foram consagrados na Car-
mação e o pluralismo. Tratam-se de direitos predominantemente ta da Organização dos Estados Americanos, na Declaração Ameri-
coletivos; cana dos Direitos e Deveres do Homem e na Declaração Universal
E) Quinta geração/dimensão de direitos humanos. Na quin- dos Direitos do Homem, e que foram reafirmados e desenvolvidos
ta dimensão/geração de direitos humanos estaria o direito à paz, em outros instrumentos internacionais, tanto de âmbito mundial
como uma finalidade a ser alcançada. Em outros tempos, Paulo como regional;
Bonavides colocou o direito à paz na terceira geração/dimensão
de direitos humanos, embora recentemente o tenha colocado numa Reiterando que, de acordo com a Declaração Universal dos
dimensão/geração autônoma que aqui se estuda. De toda forma, Direitos Humanos, só pode ser realizado o ideal do ser humano
não é pacífico, hoje, sobre estar a paz, de fato, na quinta dimensão/ livre, isento do temor e da miséria, se forem criadas condições
geração de direitos humanos. que permitam a cada pessoa gozar dos seus direitos econômicos,
sociais e culturais, bem como dos seus direitos civis e políticos; e
Considerando que a Terceira Conferência Interamericana Ex-
3.4 SISTEMA DE PROTEÇÃO. traordinária (Buenos Aires, 1967) aprovou a incorporação à pró-
pria Carta da Organização de normas mais amplas sobre os direitos
econômicos, sociais e educacionais e resolveu que uma Convenção
Interamericana sobre Direitos Humanos determinasse a estrutura,
competência e processo dos órgãos encarregados dessa matéria;
1 Sistemas existentes. A proteção internacional de direitos
humanos é baseada em sistemas de proteção. No mundo existem Convieram no seguinte:
dois tipos de sistema de proteção:
A) Sistema Global. É o sistema da ONU. Decorre da Carta PARTE I
das Nações Unidas; da Declaração Universal dos Direitos Huma- DEVERES DOS ESTADOS E DIREITOS PROTEGIDOS
nos de 1948; do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos Capítulo I
de 1966; e do Pacto Internacional de Direitos Econômicos, So- ENUMERAÇÃO DOS DEVERES
ciais, e Culturais, também de 1966;
B) Sistemas Regionais. Há o Sistema Europeu (ou sistema Artigo 1º - Obrigação de respeitar os direitos
comunitário); o Sistema Africano; o Sistema Asiático (ainda em 1. Os Estados-partes nesta Convenção comprometem-se a res-
fase de implantação); e o Sistema Interamericano de Direitos Hu- peitar os direitos e liberdades nela reconhecidos e a garantir seu
manos. livre e pleno exercício a toda pessoa que esteja sujeita à sua juris-
dição, sem discriminação alguma, por motivo de raça, cor, sexo,
idioma, religião, opiniões políticas ou de qualquer outra nature-
za, origem nacional ou social, posição econômica, nascimento ou
qualquer outra condição social.
Didatismo e Conhecimento 3
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
2. Para efeitos desta Convenção, pessoa é todo ser humano. 2. Ninguém deve ser constrangido a executar trabalho forçado
ou obrigatório. Nos países em que se prescreve, para certos delitos,
Artigo 2º - Dever de adotar disposições de direito interno pena privativa de liberdade acompanhada de trabalhos forçados,
Se o exercício dos direitos e liberdades mencionados no ar- esta disposição não pode ser interpretada no sentido de proibir o
tigo 1 ainda não estiver garantido por disposições legislativas ou cumprimento da dita pena, imposta por um juiz ou tribunal com-
de outra natureza, os Estados-partes comprometem-se a adotar, de petente. O trabalho forçado não deve afetar a dignidade, nem a
acordo com as suas normas constitucionais e com as disposições capacidade física e intelectual do recluso.
desta Convenção, as medidas legislativas ou de outra natureza que 3. Não constituem trabalhos forçados ou obrigatórios para os
forem necessárias para tornar efetivos tais direitos e liberdades. efeitos deste artigo:
a) os trabalhos ou serviços normalmente exigidos de pessoa
Capítulo II reclusa em cumprimento de sentença ou resolução formal expedida
DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS pela autoridade judiciária competente. Tais trabalhos ou serviços
devem ser executados sob a vigilância e controle das autoridades
Artigo 3º - Direito ao reconhecimento da personalidade jurí- públicas, e os indivíduos que os executarem não devem ser postos
dica à disposição de particulares, companhias ou pessoas jurídicas de
Toda pessoa tem direito ao reconhecimento de sua personali- caráter privado;
dade jurídica. b) serviço militar e, nos países em que se admite a isenção por
motivo de consciência, qualquer serviço nacional que a lei estabe-
Artigo 4º - Direito à vida lecer em lugar daquele;
1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse c) o serviço exigido em casos de perigo ou de calamidade que
direito deve ser protegido pela lei e, em geral, desde o momento ameacem a existência ou o bem-estar da comunidade;
da concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente. d) o trabalho ou serviço que faça parte das obrigações cívicas
2. Nos países que não houverem abolido a pena de morte, esta normais.
só poderá ser imposta pelos delitos mais graves, em cumprimento
de sentença final de tribunal competente e em conformidade com a Artigo 7º - Direito à liberdade pessoal
lei que estabeleça tal pena, promulgada antes de haver o delito sido 1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança pessoais.
cometido. Tampouco se estenderá sua aplicação a delitos aos quais 2. Ninguém pode ser privado de sua liberdade física, salvo
não se aplique atualmente. pelas causas e nas condições previamente fixadas pelas Constitui-
3. Não se pode restabelecer a pena de morte nos Estados que ções políticas dos Estados-partes ou pelas leis de acordo com elas
a hajam abolido. promulgadas.
4. Em nenhum caso pode a pena de morte ser aplicada a deli- 3. Ninguém pode ser submetido a detenção ou encarceramen-
tos políticos, nem a delitos comuns conexos com delitos políticos. to arbitrários.
5. Não se deve impor a pena de morte a pessoa que, no mo- 4. Toda pessoa detida ou retida deve ser informada das razões
mento da perpetração do delito, for menor de dezoito anos, ou da detenção e notificada, sem demora, da acusação ou das acusa-
maior de setenta, nem aplicá-la a mulher em estado de gravidez. ções formuladas contra ela.
6. Toda pessoa condenada à morte tem direito a solicitar anis- 5. Toda pessoa presa, detida ou retida deve ser conduzida, sem
tia, indulto ou comutação da pena, os quais podem ser concedidos demora, à presença de um juiz ou outra autoridade autorizada por
em todos os casos. Não se pode executar a pena de morte enquanto lei a exercer funções judiciais e tem o direito de ser julgada em
o pedido estiver pendente de decisão ante a autoridade competente. prazo razoável ou de ser posta em liberdade, sem prejuízo de que
prossiga o processo. Sua liberdade pode ser condicionada a garan-
Artigo 5º - Direito à integridade pessoal tias que assegurem o seu comparecimento em juízo.
1. Toda pessoa tem direito a que se respeite sua integridade 6. Toda pessoa privada da liberdade tem direito a recorrer a um
física, psíquica e moral. juiz ou tribunal competente, a fim de que este decida, sem demora,
2. Ninguém deve ser submetido a torturas, nem a penas ou sobre a legalidade de sua prisão ou detenção e ordene sua soltura,
tratos cruéis, desumanos ou degradantes. Toda pessoa privada de se a prisão ou a detenção forem ilegais. Nos Estados-partes cujas
liberdade deve ser tratada com o respeito devido à dignidade ine- leis prevêem que toda pessoa que se vir ameaçada de ser privada
rente ao ser humano. de sua liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal com-
3. A pena não pode passar da pessoa do delinquente. petente, a fim de que este decida sobre a legalidade de tal ameaça,
4. Os processados devem ficar separados dos condenados, tal recurso não pode ser restringido nem abolido. O recurso pode
salvo em circunstâncias excepcionais, e devem ser submetidos a ser interposto pela própria pessoa ou por outra pessoa.
tratamento adequado à sua condição de pessoas não condenadas. 7. Ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio não
5. Os menores, quando puderem ser processados, devem ser limita os mandados de autoridade judiciária competente expedidos
separados dos adultos e conduzidos a tribunal especializado, com em virtude de inadimplemento de obrigação alimentar.
a maior rapidez possível, para seu tratamento. Artigo 8º - Garantias judiciais
6. As penas privativas de liberdade devem ter por finalidade 1. Toda pessoa terá o direito de ser ouvida, com as devidas
essencial a reforma e a readaptação social dos condenados. garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou Tribunal
Artigo 6º - Proibição da escravidão e da servidão competente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente
1. Ninguém poderá ser submetido a escravidão ou servidão e por lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada contra
tanto estas como o tráfico de escravos e o tráfico de mulheres são ela, ou na determinação de seus direitos e obrigações de caráter
proibidos em todas as suas formas. civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza.
Didatismo e Conhecimento 4
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
2. Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se pre- 2. Ninguém pode ser submetido a medidas restritivas que pos-
suma sua inocência, enquanto não for legalmente comprovada sua sam limitar sua liberdade de conservar sua religião ou suas cren-
culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena igual- ças, ou de mudar de religião ou de crenças.
dade, às seguintes garantias mínimas: 3. A liberdade de manifestar a própria religião e as próprias
a) direito do acusado de ser assistido gratuitamente por um crenças está sujeita apenas às limitações previstas em lei e que se
tradutor ou intérprete, caso não compreenda ou não fale a língua façam necessárias para proteger a segurança, a ordem, a saúde ou
do juízo ou tribunal; a moral públicas ou os direitos e as liberdades das demais pessoas.
b) comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da acu- 4. Os pais e, quando for o caso, os tutores, têm direito a que
sação formulada; seus filhos e pupilos recebam a educação religiosa e moral que
c) concessão ao acusado do tempo e dos meios necessários à esteja de acordo com suas próprias convicções.
preparação de sua defesa;
d) direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de ser Artigo 13 - Liberdade de pensamento e de expressão
assistido por um defensor de sua escolha e de comunicar-se, livre- 1. Toda pessoa tem o direito à liberdade de pensamento e de
mente e em particular, com seu defensor; expressão. Esse direito inclui a liberdade de procurar, receber e
e) direito irrenunciável de ser assistido por um defensor pro- difundir informações e idéias de qualquer natureza, sem conside-
porcionado pelo Estado, remunerado ou não, segundo a legislação rações de fronteiras, verbalmente ou por escrito, ou em forma im-
interna, se o acusado não se defender ele próprio, nem nomear pressa ou artística, ou por qualquer meio de sua escolha.
defensor dentro do prazo estabelecido pela lei; 2. O exercício do direito previsto no inciso precedente não
f) direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes no pode estar sujeito à censura prévia, mas a responsabilidades ul-
Tribunal e de obter o comparecimento, como testemunhas ou peri- teriores, que devem ser expressamente previstas em lei e que se
tos, de outras pessoas que possam lançar luz sobre os fatos; façam necessárias para assegurar:
g) direito de não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a a) o respeito dos direitos e da reputação das demais pessoas;
confessar-se culpada; e b) a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou da
h) direito de recorrer da sentença a juiz ou tribunal superior. saúde ou da moral públicas.
3. A confissão do acusado só é válida se feita sem coação de 3. Não se pode restringir o direito de expressão por vias e
nenhuma natureza. meios indiretos, tais como o abuso de controles oficiais ou parti-
4. O acusado absolvido por sentença transitada em julgado culares de papel de imprensa, de frequências radioelétricas ou de
não poderá ser submetido a novo processo pelos mesmos fatos. equipamentos e aparelhos usados na difusão de informação, nem
5. O processo penal deve ser público, salvo no que for neces- por quaisquer outros meios destinados a obstar a comunicação e a
sário para preservar os interesses da justiça. circulação de idéias e opiniões.
4. A lei pode submeter os espetáculos públicos a censura
Artigo 9º - Princípio da legalidade e da retroatividade prévia, com o objetivo exclusivo de regular o acesso a eles, para
Ninguém poderá ser condenado por atos ou omissões que, no proteção moral da infância e da adolescência, sem prejuízo do dis-
momento em que foram cometidos, não constituam delito, de acor- posto no inciso 2.
do com o direito aplicável. Tampouco poder-se-á impor pena mais 5. A lei deve proibir toda propaganda a favor da guerra, bem
grave do que a aplicável no momento da ocorrência do delito. Se, como toda apologia ao ódio nacional, racial ou religioso que cons-
depois de perpetrado o delito, a lei estipular a imposição de pena titua incitamento à discriminação, à hostilidade, ao crime ou à vio-
mais leve, o delinquente deverá dela beneficiar-se. lência.
Didatismo e Conhecimento 5
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Artigo 16 - Liberdade de associação Artigo 22 - Direito de circulação e de residência
1. Todas as pessoas têm o direito de associar-se livremente 1. Toda pessoa que se encontre legalmente no território de um
com fins ideológicos, religiosos, políticos, econômicos, trabalhis- Estado tem o direito de nele livremente circular e de nele residir,
tas, sociais, culturais, desportivos ou de qualquer outra natureza. em conformidade com as disposições legais.
2. O exercício desse direito só pode estar sujeito às restrições 2. Toda pessoa terá o direito de sair livremente de qualquer
previstas em lei e que se façam necessárias, em uma sociedade país, inclusive de seu próprio país.
democrática, ao interesse da segurança nacional, da segurança e da 3. O exercício dos direitos supracitados não pode ser restrin-
ordem públicas, ou para proteger a saúde ou a moral públicas ou gido, senão em virtude de lei, na medida indispensável, em uma
os direitos e as liberdades das demais pessoas. sociedade democrática, para prevenir infrações penais ou para
3. O presente artigo não impede a imposição de restrições le- proteger a segurança nacional, a segurança ou a ordem públicas, a
gais, e mesmo a privação do exercício do direito de associação, aos moral ou a saúde públicas, ou os direitos e liberdades das demais
membros das forças armadas e da polícia. pessoas.
4. O exercício dos direitos reconhecidos no inciso 1 pode tam-
Artigo 17 - Proteção da família bém ser restringido pela lei, em zonas determinadas, por motivo
1. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e de interesse público.
deve ser protegida pela sociedade e pelo Estado. 5. Ninguém pode ser expulso do território do Estado do qual
2. É reconhecido o direito do homem e da mulher de contraí- for nacional e nem ser privado do direito de nele entrar.
rem casamento e de constituírem uma família, se tiverem a idade 6. O estrangeiro que se encontre legalmente no território de
e as condições para isso exigidas pelas leis internas, na medida em um Estado-parte na presente Convenção só poderá dele ser expul-
que não afetem estas o princípio da não-discriminação estabeleci- so em decorrência de decisão adotada em conformidade com a lei.
do nesta Convenção. 7. Toda pessoa tem o direito de buscar e receber asilo em ter-
3. O casamento não pode ser celebrado sem o consentimento ritório estrangeiro, em caso de perseguição por delitos políticos ou
livre e pleno dos contraentes. comuns conexos com delitos políticos, de acordo com a legislação
4. Os Estados-partes devem adotar as medidas apropriadas de cada Estado e com as Convenções internacionais.
para assegurar a igualdade de direitos e a adequada equivalência 8. Em nenhum caso o estrangeiro pode ser expulso ou entre-
de responsabilidades dos cônjuges quanto ao casamento, durante gue a outro país, seja ou não de origem, onde seu direito à vida ou
o mesmo e por ocasião de sua dissolução. Em caso de dissolução, à liberdade pessoal esteja em risco de violação em virtude de sua
serão adotadas as disposições que assegurem a proteção necessária raça, nacionalidade, religião, condição social ou de suas opiniões
aos filhos, com base unicamente no interesse e conveniência dos políticas.
mesmos. 9. É proibida a expulsão coletiva de estrangeiros.
5. A lei deve reconhecer iguais direitos tanto aos filhos nasci-
dos fora do casamento, como aos nascidos dentro do casamento. Artigo 23 - Direitos políticos
1. Todos os cidadãos devem gozar dos seguintes direitos e
Artigo 18 - Direito ao nome oportunidades:
Toda pessoa tem direito a um prenome e aos nomes de seus a) de participar da condução dos assuntos públicos, direta-
pais ou ao de um destes. A lei deve regular a forma de assegurar mente ou por meio de representantes livremente eleitos;
a todos esse direito, mediante nomes fictícios, se for necessário. b) de votar e ser eleito em eleições periódicas, autênticas, rea-
lizadas por sufrágio universal e igualitário e por voto secreto, que
Artigo 19 - Direitos da criança garantam a livre expressão da vontade dos eleitores; e
Toda criança terá direito às medidas de proteção que a sua c) de ter acesso, em condições gerais de igualdade, às funções
condição de menor requer, por parte da sua família, da sociedade públicas de seu país.
e do Estado. 2. A lei pode regular o exercício dos direitos e oportunida-
des, a que se refere o inciso anterior, exclusivamente por motivo
Artigo 20 - Direito à nacionalidade de idade, nacionalidade, residência, idioma, instrução, capacidade
1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade. civil ou mental, ou condenação, por juiz competente, em processo
2. Toda pessoa tem direito à nacionalidade do Estado em cujo penal.
território houver nascido, se não tiver direito a outra.
3. A ninguém se deve privar arbitrariamente de sua nacionali- Artigo 24 - Igualdade perante a lei
dade, nem do direito de mudá-la. Todas as pessoas são iguais perante a lei. Por conseguinte, têm
Artigo 21 - Direito à propriedade privada direito, sem discriminação alguma, à igual proteção da lei.
1. Toda pessoa tem direito ao uso e gozo de seus bens. A lei Artigo 25 - Proteção judicial
pode subordinar esse uso e gozo ao interesse social. 1. Toda pessoa tem direito a um recurso simples e rápido ou a
2. Nenhuma pessoa pode ser privada de seus bens, salvo me- qualquer outro recurso efetivo, perante os juízes ou tribunais com-
diante o pagamento de indenização justa, por motivo de utilidade petentes, que a proteja contra atos que violem seus direitos funda-
pública ou de interesse social e nos casos e na forma estabelecidos mentais reconhecidos pela Constituição, pela lei ou pela presente
pela lei. Convenção, mesmo quando tal violação seja cometida por pessoas
3. Tanto a usura, como qualquer outra forma de exploração do que estejam atuando no exercício de suas funções oficiais.
homem pelo homem, devem ser reprimidas pela lei.
Didatismo e Conhecimento 6
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
2. Os Estados-partes comprometem-se: 3. Quando dois ou mais Estados-partes decidirem constituir
a) a assegurar que a autoridade competente prevista pelo sis- entre eles uma federação ou outro tipo de associação, diligenciarão
tema legal do Estado decida sobre os direitos de toda pessoa que no sentido de que o pacto comunitário respectivo contenha as dis-
interpuser tal recurso; posições necessárias para que continuem sendo efetivas no novo
b) a desenvolver as possibilidades de recurso judicial; e Estado, assim organizado, as normas da presente Convenção.
c) a assegurar o cumprimento, pelas autoridades competentes,
de toda decisão em que se tenha considerado procedente o recurso. Artigo 29 - Normas de interpretação
Nenhuma disposição da presente Convenção pode ser inter-
Capítulo III pretada no sentido de:
DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS a) permitir a qualquer dos Estados-partes, grupo ou indivíduo,
suprimir o gozo e o exercício dos direitos e liberdades reconheci-
Artigo 26 - Desenvolvimento progressivo dos na Convenção ou limitá-los em maior medida do que a nela
Os Estados-partes comprometem-se a adotar as providências, prevista;
tanto no âmbito interno, como mediante cooperação internacional, b) limitar o gozo e exercício de qualquer direito ou liberdade
especialmente econômica e técnica, a fim de conseguir progressi- que possam ser reconhecidos em virtude de leis de qualquer dos
vamente a plena efetividade dos direitos que decorrem das normas Estados-partes ou em virtude de Convenções em que seja parte um
econômicas, sociais e sobre educação, ciência e cultura, constantes dos referidos Estados;
da Carta da Organização dos Estados Americanos, reformada pelo c) excluir outros direitos e garantias que são inerentes ao ser
Protocolo de Buenos Aires, na medida dos recursos disponíveis, por humano ou que decorrem da forma democrática representativa de
via legislativa ou por outros meios apropriados. governo;
d) excluir ou limitar o efeito que possam produzir a Declara-
Capítulo IV ção Americana dos Direitos e Deveres do Homem e outros atos
SUSPENSÃO DE GARANTIAS, INTERPRETAÇÃO E internacionais da mesma natureza.
APLICAÇÃO
Artigo 30 - Alcance das restrições
Artigo 27 - Suspensão de garantias As restrições permitidas, de acordo com esta Convenção, ao
1. Em caso de guerra, de perigo público, ou de outra emergên- gozo e exercício dos direitos e liberdades nela reconhecidos, não
cia que ameace a independência ou segurança do Estado-parte, este podem ser aplicadas senão de acordo com leis que forem promul-
poderá adotar as disposições que, na medida e pelo tempo estrita- gadas por motivo de interesse geral e com o propósito para o qual
mente limitados às exigências da situação, suspendam as obrigações houverem sido estabelecidas.
contraídas em virtude desta Convenção, desde que tais disposições
não sejam incompatíveis com as demais obrigações que lhe impõe o Artigo 31 - Reconhecimento de outros direitos
Direito Internacional e não encerrem discriminação alguma fundada Poderão ser incluídos, no regime de proteção desta Conven-
em motivos de raça, cor, sexo, idioma, religião ou origem social. ção, outros direitos e liberdades que forem reconhecidos de acordo
2. A disposição precedente não autoriza a suspensão dos direi- com os processos estabelecidos nos artigo 69 e 70.
tos determinados nos seguintes artigos: 3 (direito ao reconhecimento
da personalidade jurídica), 4 (direito à vida), 5 (direito à integridade Capítulo V
pessoal), 6 (proibição da escravidão e da servidão), 9 (princípio da DEVERES DAS PESSOAS
legalidade e da retroatividade), 12 (liberdade de consciência e reli-
gião), 17 (proteção da família), 18 (direito ao nome), 19 (direitos da Artigo 32 - Correlação entre deveres e direitos
criança), 20 (direito à nacionalidade) e 23 (direitos políticos), nem 1. Toda pessoa tem deveres para com a família, a comunidade
das garantias indispensáveis para a proteção de tais direitos. e a humanidade.
3. Todo Estado-parte no presente Pacto que fizer uso do direito 2. Os direitos de cada pessoa são limitados pelos direitos dos
de suspensão deverá comunicar imediatamente aos outros Estados demais, pela segurança de todos e pelas justas exigências do bem
-partes na presente Convenção, por intermédio do Secretário Geral comum, em uma sociedade democrática.
da Organização dos Estados Americanos, as disposições cuja apli- PARTE II
cação haja suspendido, os motivos determinantes da suspensão e a MEIOS DE PROTEÇÃO
data em que haja dado por terminada tal suspensão. Capítulo VI
Artigo 28 - Cláusula federal ÓRGÃOS COMPETENTES
1. Quando se tratar de um Estado-parte constituído como Es-
tado federal, o governo nacional do aludido Estado-parte cumprirá Artigo 33 - São competentes para conhecer de assuntos rela-
todas as disposições da presente Convenção, relacionadas com as cionados com o cumprimento dos compromissos assumidos pelos
matérias sobre as quais exerce competência legislativa e judicial. Estados-partes nesta Convenção:
2. No tocante às disposições relativas às matérias que corres- a) a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, doravan-
pondem à competência das entidades componentes da federação, o te denominada a Comissão; e
governo nacional deve tomar imediatamente as medidas pertinentes, b) a Corte Interamericana de Direitos Humanos, doravante
em conformidade com sua Constituição e com suas leis, a fim de que denominada a Corte.
as autoridades competentes das referidas entidades possam adotar
as disposições cabíveis para o cumprimento desta Convenção.
Didatismo e Conhecimento 7
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Capítulo VII c) preparar estudos ou relatórios que considerar convenientes
COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HU- para o desempenho de suas funções;
MANOS d) solicitar aos governos dos Estados-membros que lhe pro-
Seção 1 porcionem informações sobre as medidas que adotarem em maté-
Organização ria de direitos humanos;
e) atender às consultas que, por meio da Secretaria Geral da
Artigo 34 - A Comissão Interamericana de Direitos Humanos Organização dos Estados Americanos, lhe formularem os Estados-
compor-se-á de sete membros, que deverão ser pessoas de alta membros sobre questões relacionadas com os direitos humanos e,
autoridade moral e de reconhecido saber em matéria de direitos dentro de suas possibilidades, prestar-lhes o assessoramento que
humanos. lhes solicitarem;
f) atuar com respeito às petições e outras comunicações, no
Artigo 35 - A Comissão representa todos os Membros da Or- exercício de sua autoridade, de conformidade com o disposto nos
ganização dos Estados Americanos. artigos 44 a 51 desta Convenção; e
g) apresentar um relatório anual à Assembleia Geral da Orga-
Artigo 36 - 1. Os membros da Comissão serão eleitos a título nização dos Estados Americanos.
pessoal, pela Assembleia Geral da Organização, a partir de uma
lista de candidatos propostos pelos governos dos Estados-mem- Artigo 42 - Os Estados-partes devem submeter à Comissão
bros. cópia dos relatórios e estudos que, em seus respectivos campos,
2. Cada um dos referidos governos pode propor até três can- submetem anualmente às Comissões Executivas do Conselho In-
didatos, nacionais do Estado que os propuser ou de qualquer outro teramericano Econômico e Social e do Conselho Interamericano
Estado-membro da Organização dos Estados Americanos. Quando de Educação, Ciência e Cultura, a fim de que aquela zele para que
for proposta uma lista de três candidatos, pelo menos um deles se promovam os direitos decorrentes das normas econômicas, so-
deverá ser nacional de Estado diferente do proponente. ciais e sobre educação, ciência e cultura, constantes da Carta da
Organização dos Estados Americanos, reformada pelo Protocolo
Artigo 37 - 1. Os membros da Comissão serão eleitos por qua-
de Buenos Aires.
tro anos e só poderão ser reeleitos um vez, porém o mandato de
três dos membros designados na primeira eleição expirará ao cabo
Artigo 43 - Os Estados-partes obrigam-se a proporcionar à
de dois anos. Logo depois da referida eleição, serão determinados
Comissão as informações que esta lhes solicitar sobre a maneira
por sorteio, na Assembleia Geral, os nomes desses três membros.
pela qual seu direito interno assegura a aplicação efetiva de quais-
2. Não pode fazer parte da Comissão mais de um nacional de
quer disposições desta Convenção.
um mesmo país.
Artigo 40 - Os serviços da Secretaria da Comissão devem ser Artigo 45 - 1. Todo Estado-parte pode, no momento do de-
desempenhados pela unidade funcional especializada que faz par- pósito do seu instrumento de ratificação desta Convenção, ou de
te da Secretaria Geral da Organização e deve dispor dos recursos adesão a ela, ou em qualquer momento posterior, declarar que re-
necessários para cumprir as tarefas que lhe forem confiadas pela conhece a competência da Comissão para receber e examinar as
Comissão. comunicações em que um Estado-parte alegue haver outro Estado
Seção 2 -parte incorrido em violações dos direitos humanos estabelecidos
Funções nesta Convenção.
2. As comunicações feitas em virtude deste artigo só podem
Artigo 41 - A Comissão tem a função principal de promover a ser admitidas e examinadas se forem apresentadas por um Estado
observância e a defesa dos direitos humanos e, no exercício de seu -parte que haja feito uma declaração pela qual reconheça a referi-
mandato, tem as seguintes funções e atribuições: da competência da Comissão. A Comissão não admitirá nenhuma
a) estimular a consciência dos direitos humanos nos povos da comunicação contra um Estado-parte que não haja feito tal decla-
América; ração.
b) formular recomendações aos governos dos Estados-mem- 3. As declarações sobre reconhecimento de competência po-
bros, quando considerar conveniente, no sentido de que adotem dem ser feitas para que esta vigore por tempo indefinido, por pe-
medidas progressivas em prol dos direitos humanos no âmbito ríodo determinado ou para casos específicos.
de suas leis internas e seus preceitos constitucionais, bem como 4. As declarações serão depositadas na Secretaria Geral da Or-
disposições apropriadas para promover o devido respeito a esses ganização dos Estados Americanos, a qual encaminhará cópia das
direitos; mesmas aos Estados-membros da referida Organização.
Didatismo e Conhecimento 8
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Artigo 46 - Para que uma petição ou comunicação apresentada d) se o expediente não houver sido arquivado, e com o fim de
de acordo com os artigos 44 ou 45 seja admitida pela Comissão, comprovar os fatos, a Comissão procederá, com conhecimento das
será necessário: partes, a um exame do assunto exposto na petição ou comunica-
a) que hajam sido interpostos e esgotados os recursos da juris- ção. Se for necessário e conveniente, a Comissão procederá a uma
dição interna, de acordo com os princípios de Direito Internacional investigação para cuja eficaz realização solicitará, e os Estados
geralmente reconhecidos; interessados lhe proporcionarão, todas as facilidades necessárias;
b) que seja apresentada dentro do prazo de seis meses, a partir e) poderá pedir aos Estados interessados qualquer informação
da data em que o presumido prejudicado em seus direitos tenha pertinente e receberá, se isso for solicitado, as exposições verbais
sido notificado da decisão definitiva; ou escritas que apresentarem os interessados; e
c) que a matéria da petição ou comunicação não esteja pen- f) pôr-se-á à disposição das partes interessadas, a fim de che-
dente de outro processo de solução internacional; e gar a uma solução amistosa do assunto, fundada no respeito aos
d) que, no caso do artigo 44, a petição contenha o nome, a direitos reconhecidos nesta Convenção.
nacionalidade, a profissão, o domicílio e a assinatura da pessoa 2. Entretanto, em casos graves e urgentes, pode ser realiza-
ou pessoas ou do representante legal da entidade que submeter a da uma investigação, mediante prévio consentimento do Estado
petição. em cujo território se alegue houver sido cometida a violação, tão
2. As disposições das alíneas “a” e “b” do inciso 1 deste artigo somente com a apresentação de uma petição ou comunicação que
não se aplicarão quando: reúna todos os requisitos formais de admissibilidade.
a) não existir, na legislação interna do Estado de que se tratar,
o devido processo legal para a proteção do direito ou direitos que Artigo 49 - Se se houver chegado a uma solução amistosa de
se alegue tenham sido violados; acordo com as disposições do inciso 1, “f”, do artigo 48, a Comis-
b) não se houver permitido ao presumido prejudicado em seus são redigirá um relatório que será encaminhado ao peticionário e
direitos o acesso aos recursos da jurisdição interna, ou houver sido aos Estados-partes nesta Convenção e posteriormente transmitido,
ele impedido de esgotá-los; e para sua publicação, ao Secretário Geral da Organização dos Esta-
c) houver demora injustificada na decisão sobre os menciona- dos Americanos. O referido relatório conterá uma breve exposição
dos recursos.
dos fatos e da solução alcançada. Se qualquer das partes no caso
o solicitar, ser-lhe-á proporcionada a mais ampla informação pos-
Artigo 47 - A Comissão declarará inadmissível toda petição
sível.
ou comunicação apresentada de acordo com os artigos 44 ou 45
quando:
Artigo 50 - 1. Se não se chegar a uma solução, e dentro do
a) não preencher algum dos requisitos estabelecidos no artigo
prazo que for fixado pelo Estatuto da Comissão, esta redigirá um
46;
b) não expuser fatos que caracterizem violação dos direitos relatório no qual exporá os fatos e suas conclusões. Se o relató-
garantidos por esta Convenção; rio não representar, no todo ou em parte, o acordo unânime dos
c) pela exposição do próprio peticionário ou do Estado, for membros da Comissão, qualquer deles poderá agregar ao referido
manifestamente infundada a petição ou comunicação ou for evi- relatório seu voto em separado. Também se agregarão ao relatório
dente sua total improcedência; ou as exposições verbais ou escritas que houverem sido feitas pelos
d) for substancialmente reprodução de petição ou comunica- interessados em virtude do inciso 1, “e”, do artigo 48.
ção anterior, já examinada pela Comissão ou por outro organismo 2. O relatório será encaminhado aos Estados interessados, aos
internacional. quais não será facultado publicá-lo.
3. Ao encaminhar o relatório, a Comissão pode formular as
Seção 4 proposições e recomendações que julgar adequadas.
Processo
Artigo 51 - 1. Se no prazo de três meses, a partir da remessa
Artigo 48 - 1. A Comissão, ao receber uma petição ou comuni- aos Estados interessados do relatório da Comissão, o assunto não
cação na qual se alegue a violação de qualquer dos direitos consa- houver sido solucionado ou submetido à decisão da Corte pela Co-
grados nesta Convenção, procederá da seguinte maneira: missão ou pelo Estado interessado, aceitando sua competência, a
a) se reconhecer a admissibilidade da petição ou comunica- Comissão poderá emitir, pelo voto da maioria absoluta dos seus
ção, solicitará informações ao Governo do Estado ao qual pertença membros, sua opinião e conclusões sobre a questão submetida à
a autoridade apontada como responsável pela violação alegada e sua consideração.
transcreverá as partes pertinentes da petição ou comunicação. As 2. A Comissão fará as recomendações pertinentes e fixará um
referidas informações devem ser enviadas dentro de um prazo ra- prazo dentro do qual o Estado deve tomar as medidas que lhe com-
zoável, fixado pela Comissão ao considerar as circunstâncias de petir para remediar a situação examinada.
cada caso; 3. Transcorrido o prazo fixado, a Comissão decidirá, pelo voto
b) recebidas as informações, ou transcorrido o prazo fixado da maioria absoluta dos seus membros, se o Estado tomou ou não
sem que sejam elas recebidas, verificará se existem ou subsistem as medidas adequadas e se publica ou não seu relatório.
os motivos da petição ou comunicação. No caso de não existirem
ou não subsistirem, mandará arquivar o expediente;
c) poderá também declarar a inadmissibilidade ou a improce-
dência da petição ou comunicação, com base em informação ou
prova supervenientes;
Didatismo e Conhecimento 9
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Capítulo VIII Artigo 58 - 1. A Corte terá sua sede no lugar que for determi-
CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS nado, na Assembleia Geral da Organização, pelos Estados-partes
Seção 1 na Convenção, mas poderá realizar reuniões no território de qual-
Organização quer Estado-membro da Organização dos Estados Americanos em
que considerar conveniente, pela maioria dos seus membros e me-
Artigo 52 - 1. A Corte compor-se-á de sete juízes, nacionais diante prévia aquiescência do Estado respectivo. Os Estados-par-
dos Estados-membros da Organização, eleitos a título pessoal den- tes na Convenção podem, na Assembleia Geral, por dois terços dos
tre juristas da mais alta autoridade moral, de reconhecida compe- seus votos, mudar a sede da Corte.
tência em matéria de direitos humanos, que reúnam as condições 2. A Corte designará seu Secretário.
requeridas para o exercício das mais elevadas funções judiciais, de 3. O Secretário residirá na sede da Corte e deverá assistir às
acordo com a lei do Estado do qual sejam nacionais, ou do Estado reuniões que ela realizar fora da mesma.
que os propuser como candidatos.
2. Não deve haver dois juízes da mesma nacionalidade. Artigo 59 - A Secretaria da Corte será por esta estabelecida e
funcionará sob a direção do Secretário Geral da Organização em
Artigo 53 - 1. Os juízes da Corte serão eleitos, em votação tudo o que não for incompatível com a independência da Corte.
secreta e pelo voto da maioria absoluta dos Estados-partes na Con- Seus funcionários serão nomeados pelo Secretário Geral da Orga-
venção, na Assembleia Geral da Organização, a partir de uma lista nização, em consulta com o Secretário da Corte.
de candidatos propostos pelos mesmos Estados.
2. Cada um dos Estados-partes pode propor até três candida- Artigo 60 - A Corte elaborará seu Estatuto e submetê-lo-á à
tos, nacionais do Estado que os propuser ou de qualquer outro Es- aprovação da Assembleia Geral e expedirá seu Regimento.
tado-membro da Organização dos Estados Americanos. Quando se
propuser um lista de três candidatos, pelo menos um deles deverá Seção 2
ser nacional do Estado diferente do proponente. Competência e funções
Artigo 54 - 1. Os juízes da Corte serão eleitos por um período Artigo 61 - 1. Somente os Estados-partes e a Comissão têm
direito de submeter um caso à decisão da Corte.
de seis anos e só poderão ser reeleitos uma vez. O mandato de três
2. Para que a Corte possa conhecer de qualquer caso, é ne-
dos juízes designados na primeira eleição expirará ao cabo de três
cessário que sejam esgotados os processos previstos nos artigos
anos. Imediatamente depois da referida eleição, determinar-se-ão
48 a 50.
por sorteio, na Assembleia Geral, os nomes desse três juízes.
2. O juiz eleito para substituir outro, cujo mandato não haja
Artigo 62 - 1. Todo Estado-parte pode, no momento do depósi-
expirado, completará o período deste.
to do seu instrumento de ratificação desta Convenção ou de adesão
3. Os juízes permanecerão em suas funções até o término dos a ela, ou em qualquer momento posterior, declarar que reconhece
seus mandatos. Entretanto, continuarão funcionando nos casos de como obrigatória, de pleno direito e sem convenção especial, a
que já houverem tomado conhecimento e que se encontrem em competência da Corte em todos os casos relativos à interpretação
fase de sentença e, para tais efeitos, não serão substituídos pelos ou aplicação desta Convenção.
novos juízes eleitos. 2. A declaração pode ser feita incondicionalmente, ou sob
condição de reciprocidade, por prazo determinado ou para casos
Artigo 55 - 1. O juiz, que for nacional de algum dos Estados específicos. Deverá ser apresentada ao Secretário Geral da Organi-
-partes em caso submetido à Corte, conservará o seu direito de zação, que encaminhará cópias da mesma a outros Estados-mem-
conhecer do mesmo. bros da Organização e ao Secretário da Corte.
2. Se um dos juízes chamados a conhecer do caso for de na- 3. A Corte tem competência para conhecer de qualquer caso,
cionalidade de um dos Estados-partes, outro Estado-parte no caso relativo à interpretação e aplicação das disposições desta Conven-
poderá designar uma pessoa de sua escolha para integrar a Corte, ção, que lhe seja submetido, desde que os Estados-partes no caso
na qualidade de juiz ad hoc. tenham reconhecido ou reconheçam a referida competência, seja
3. Se, dentre os juízes chamados a conhecer do caso, nenhum por declaração especial, como prevêem os incisos anteriores, seja
for da nacionalidade dos Estados-partes, cada um destes poderá por convenção especial.
designar um juiz ad hoc. Artigo 63 - 1. Quando decidir que houve violação de um direi-
4. O juiz ad hoc deve reunir os requisitos indicados no artigo to ou liberdade protegidos nesta Convenção, a Corte determinará
52. que se assegure ao prejudicado o gozo do seu direito ou liberdade
5. Se vários Estados-partes na Convenção tiverem o mesmo violados. Determinará também, se isso for procedente, que sejam
interesse no caso, serão considerados como uma só parte, para os reparadas as consequências da medida ou situação que haja confi-
fins das disposições anteriores. Em caso de dúvida, a Corte deci- gurado a violação desses direitos, bem como o pagamento de inde-
dirá. nização justa à parte lesada.
2. Em casos de extrema gravidade e urgência, e quando se
Artigo 56 - O quorum para as deliberações da Corte é consti- fizer necessário evitar danos irreparáveis às pessoas, a Corte, nos
tuído por cinco juízes. assuntos de que estiver conhecendo, poderá tomar as medidas pro-
visórias que considerar pertinentes. Se se tratar de assuntos que
Artigo 57 - A Comissão comparecerá em todos os casos pe- ainda não estiverem submetidos ao seu conhecimento, poderá
rante a Corte. atuar a pedido da Comissão.
Didatismo e Conhecimento 10
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Artigo 64 - 1. Os Estados-membros da Organização pode- Artigo 72 - Os juízes da Corte e os membros da Comissão per-
rão consultar a Corte sobre a interpretação desta Convenção ou ceberão honorários e despesas de viagem na forma e nas condições
de outros tratados concernentes à proteção dos direitos humanos que determinarem os seus Estatutos, levando em conta a importân-
nos Estados americanos. Também poderão consultá-la, no que cia e independência de suas funções. Tais honorários e despesas de
lhes compete, os órgãos enumerados no capítulo X da Carta da viagem serão fixados no orçamento-programa da Organização dos
Organização dos Estados Americanos, reformada pelo Protocolo Estados Americanos, no qual devem ser incluídas, além disso, as
de Buenos Aires. despesas da Corte e da sua Secretaria. Para tais efeitos, a Corte ela-
2. A Corte, a pedido de um Estado-membro da Organização, borará o seu próprio projeto de orçamento e submetê-lo-á à aprova-
poderá emitir pareceres sobre a compatibilidade entre qualquer de ção da Assembleia Geral, por intermédio da Secretaria Geral. Esta
suas leis internas e os mencionados instrumentos internacionais. última não poderá nele introduzir modificações.
Artigo 65 - A Corte submeterá à consideração da Assembleia Artigo 73 - Somente por solicitação da Comissão ou da Corte,
conforme o caso, cabe à Assembleia Geral da Organização resolver
Geral da Organização, em cada período ordinário de sessões, um
sobre as sanções aplicáveis aos membros da Comissão ou aos juízes
relatório sobre as suas atividades no ano anterior. De maneira es-
da Corte que incorrerem nos casos previstos nos respectivos Esta-
pecial, e com as recomendações pertinentes, indicará os casos em
tutos. Para expedir uma resolução, será necessária maioria de dois
que um Estado não tenha dado cumprimento a suas sentenças. terços dos votos dos Estados-membros da Organização, no caso dos
membros da Comissão; e, além disso, de dois terços dos votos dos
Seção 3 Estados-partes na Convenção, se se tratar dos juízes da Corte.
Processo
PARTE III
Artigo 66 - 1. A sentença da Corte deve ser fundamentada. DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS
2. Se a sentença não expressar no todo ou em parte a opinião Capítulo X
unânime dos juízes, qualquer deles terá direito a que se agregue à ASSINATURA, RATIFICAÇÃO, RESERVA, EMENDA,
sentença o seu voto dissidente ou individual. PROTOCOLO E DENÚNCIA
Artigo 67 - A sentença da Corte será definitiva e inapelável. Artigo 74 - 1. Esta Convenção está aberta à assinatura e à rati-
Em caso de divergência sobre o sentido ou alcance da sentença, a ficação de todos os Estados-membros da Organização dos Estados
Corte interpretá-la-á, a pedido de qualquer das partes, desde que o Americanos.
pedido seja apresentado dentro de noventa dias a partir da data da 2. A ratificação desta Convenção ou a adesão a ela efetuar-se
notificação da sentença. -á mediante depósito de um instrumento de ratificação ou adesão
na Secretaria Geral da Organização dos Estados Americanos. Esta
Artigo 68 - 1. Os Estados-partes na Convenção comprome- Convenção entrará em vigor logo que onze Estados houverem de-
tem-se a cumprir a decisão da Corte em todo caso em que forem positado os seus respectivos instrumentos de ratificação ou de ade-
partes. são. Com referência a qualquer outro Estado que a ratificar ou que
2. A parte da sentença que determinar indenização compensa- a ela aderir ulteriormente, a Convenção entrará em vigor na data do
tória poderá ser executada no país respectivo pelo processo interno depósito do seu instrumento de ratificação ou adesão.
vigente para a execução de sentenças contra o Estado. 3. O Secretário Geral comunicará todos os Estados-membros
da Organização sobre a entrada em vigor da Convenção.
Artigo 69 - A sentença da Corte deve ser notificada às partes
Artigo 75 - Esta Convenção só pode ser objeto de reservas em
no caso e transmitida aos Estados-partes na Convenção.
conformidade com as disposições da Convenção de Viena sobre o
Direito dos Tratados, assinada em 23 de maio de 1969.
Capítulo IX
DISPOSIÇÕES COMUNS Artigo 76 - 1. Qualquer Estado-parte, diretamente, e a Comis-
são e a Corte, por intermédio do Secretário Geral, podem submeter
Artigo 70 - 1. Os juízes da Corte e os membros da Comissão à Assembleia Geral, para o que julgarem conveniente, proposta de
gozam, desde o momento da eleição e enquanto durar o seu man- emendas a esta Convenção.
dato, das imunidades reconhecidas aos agentes diplomáticos pelo 2. Tais emendas entrarão em vigor para os Estados que as ra-
Direito Internacional. Durante o exercício dos seus cargos gozam, tificarem, na data em que houver sido depositado o respectivo ins-
além disso, dos privilégios diplomáticos necessários para o desem- trumento de ratificação, por dois terços dos Estados-partes nesta
penho de suas funções. Convenção. Quanto aos outros Estados-partes, entrarão em vigor
2. Não se poderá exigir responsabilidade em tempo algum dos na data em que eles depositarem os seus respectivos instrumentos
juízes da Corte, nem dos membros da Comissão, por votos e opi- de ratificação.
niões emitidos no exercício de suas funções.
Artigo 77 - 1. De acordo com a faculdade estabelecida no arti-
Artigo 71 - Os cargos de juiz da Corte ou de membro da Co- go 31, qualquer Estado-parte e a Comissão podem submeter à con-
missão são incompatíveis com outras atividades que possam afetar sideração dos Estados-partes reunidos por ocasião da Assembleia
sua independência ou imparcialidade, conforme o que for determi- Geral projetos de Protocolos adicionais a esta Convenção, com a
nado nos respectivos Estatutos. finalidade de incluir progressivamente, no regime de proteção da
mesma, outros direitos e liberdades.
Didatismo e Conhecimento 11
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
2. Cada Protocolo deve estabelecer as modalidades de sua en-
trada em vigor e será aplicado somente entre os Estados-partes no
mesmo.
Didatismo e Conhecimento 12
NOÇÕES DE
PROCESSO PENAL
NOÇÕES DE PROCESSO PENAL
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo
de delito e a quaisquer outras perícias;
4.1 INQUÉRITO POLICIAL. VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo da-
tiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de an-
tecedentes;
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de
TÍTULO II vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua
DO INQUÉRITO POLICIAL atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades po- quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do
liciais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim seu temperamento e caráter.
a apuração das infrações penais e da sua autoria. (Redação dada X - colher informações sobre a existência de filhos, respecti-
pela Lei nº 9.043, de 9.5.1995) vas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato
Parágrafo único. A competência definida neste artigo não ex- de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela
cluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja come- pessoa presa. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
tida a mesma função. Art. 7o Para verificar a possibilidade de haver a infração sido
Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será praticada de determinado modo, a autoridade policial poderá pro-
iniciado: ceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contra-
I - de ofício; rie a moralidade ou a ordem pública.
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Mi- Art. 8o Havendo prisão em flagrante, será observado o dispos-
nistério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver to no Capítulo II do Título IX deste Livro.
qualidade para representá-lo. Art. 9o Todas as peças do inquérito policial serão, num só
§ 1o O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, ru-
possível: bricadas pela autoridade.
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias; Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o
b) a individualização do indiciado ou seus sinais característi- indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventi-
cos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da vamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se
infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer; executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profis- solto, mediante fiança ou sem ela.
são e residência. § 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido
§ 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de apurado e enviará autos ao juiz competente.
inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia. § 2o No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que
§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser
existência de infração penal em que caiba ação pública poderá, encontradas.
verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e § 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado
esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos
inquérito. autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo
§ 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender marcado pelo juiz.
de representação, não poderá sem ela ser iniciado. Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os objetos que
§ 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial so- interessarem à prova, acompanharão os autos do inquérito.
mente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou quei-
qualidade para intentá-la. xa, sempre que servir de base a uma ou outra.
Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial:
penal, a autoridade policial deverá: I - fornecer às autoridades judiciárias as informações necessá-
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem rias à instrução e julgamento dos processos;
o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos crimi- II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Mi-
nais; (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) (Vide Lei nistério Público;
nº 5.970, de 1973) III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autori-
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após dades judiciárias;
liberados pelos peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº 8.862, IV - representar acerca da prisão preventiva.
de 28.3.1994) Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a
do fato e suas circunstâncias; juízo da autoridade.
IV - ouvir o ofendido; Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, pela autoridade policial.
do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a devolu-
respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe te- ção do inquérito à autoridade policial, senão para novas diligên-
nham ouvido a leitura; cias, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia.
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a aca- Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar
reações; autos de inquérito.
Didatismo e Conhecimento 1
NOÇÕES DE PROCESSO PENAL
Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela Art. 27. Qualquer pessoa do povo poderá provocar a inicia-
autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autorida- tiva do Ministério Público, nos casos em que caiba a ação pública,
de policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e a autoria e
tiver notícia. indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção.
Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os autos Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apre-
do inquérito serão remetidos ao juízo competente, onde aguarda- sentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial
rão a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serão ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar
entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado. improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou
Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo neces- peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denún-
sário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. cia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la,
Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o
forem solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar juiz obrigado a atender.
quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação públi-
os requerentes. (Redação dada pela Lei nº 12.681, de 2012) ca, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério
Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sem- Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substituti-
pre de despacho nos autos e somente será permitida quando o in- va, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de
teresse da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir. prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do
Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de querelante, retomar a ação como parte principal.
três dias, será decretada por despacho fundamentado do Juiz, a Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para repre-
requerimento da autoridade policial, ou do órgão do Ministério sentá-lo caberá intentar a ação privada.
Público, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no artigo 89, Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declara-
inciso III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei n. do ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou
4.215, de 27 de abril de 1963) (Redação dada pela Lei nº 5.010, prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente
de 30.5.1966) ou irmão.
Art. 22. No Distrito Federal e nas comarcas em que houver
Art. 32. Nos crimes de ação privada, o juiz, a requerimento
mais de uma circunscrição policial, a autoridade com exercício em
da parte que comprovar a sua pobreza, nomeará advogado para
uma delas poderá, nos inquéritos a que esteja procedendo, ordenar
promover a ação penal.
diligências em circunscrição de outra, independentemente de pre-
§ 1o Considerar-se-á pobre a pessoa que não puder prover às
catórias ou requisições, e bem assim providenciará, até que com-
despesas do processo, sem privar-se dos recursos indispensáveis
pareça a autoridade competente, sobre qualquer fato que ocorra em
ao próprio sustento ou da família.
sua presença, noutra circunscrição.
§ 2o Será prova suficiente de pobreza o atestado da autoridade
Art. 23. Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao juiz
competente, a autoridade policial oficiará ao Instituto de Identifi- policial em cuja circunscrição residir o ofendido.
cação e Estatística, ou repartição congênere, mencionando o juízo Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 (dezoito) anos, ou
a que tiverem sido distribuídos, e os dados relativos à infração mentalmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver represen-
penal e à pessoa do indiciado. tante legal, ou colidirem os interesses deste com os daquele, o di-
reito de queixa poderá ser exercido por curador especial, nomeado,
de ofício ou a requerimento do Ministério Público, pelo juiz com-
4.2 AÇÃO PENAL. petente para o processo penal.
Art. 34. Se o ofendido for menor de 21 (vinte e um) e maior
de 18 (dezoito) anos, o direito de queixa poderá ser exercido por
ele ou por seu representante legal.
TÍTULO III Art. 35. (Revogado pela Lei nº 9.520, de 27.11.1997)
DA AÇÃO PENAL Art. 36. Se comparecer mais de uma pessoa com direito de
Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por queixa, terá preferência o cônjuge, e, em seguida, o parente mais
denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o próximo na ordem de enumeração constante do art. 31, podendo,
exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do entretanto, qualquer delas prosseguir na ação, caso o querelante
ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. desista da instância ou a abandone.
§ 1o No caso de morte do ofendido ou quando declarado au- Art. 37. As fundações, associações ou sociedades legalmente
sente por decisão judicial, o direito de representação passará ao constituídas poderão exercer a ação penal, devendo ser representa-
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. (Parágrafo único re- das por quem os respectivos contratos ou estatutos designarem ou,
numerado pela Lei nº 8.699, de 27.8.1993) no silêncio destes, pelos seus diretores ou sócios-gerentes.
§ 2o Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu re-
do patrimônio ou interesse da União, Estado e Município, a ação presentante legal, decairá no direito de queixa ou de representação,
penal será pública. (Incluído pela Lei nº 8.699, de 27.8.1993) se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em
Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29,
a denúncia. do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia.
Art. 26. A ação penal, nas contravenções, será iniciada com o Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito de
auto de prisão em flagrante ou por meio de portaria expedida pela queixa ou representação, dentro do mesmo prazo, nos casos dos
autoridade judiciária ou policial. arts. 24, parágrafo único, e 31.
Didatismo e Conhecimento 2
NOÇÕES DE PROCESSO PENAL
Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pes- Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obri-
soalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante gará ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua
declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério indivisibilidade.
Público, ou à autoridade policial. Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em rela-
§ 1o A representação feita oralmente ou por escrito, sem assi- ção a um dos autores do crime, a todos se estenderá.
natura devidamente autenticada do ofendido, de seu representante Art. 50. A renúncia expressa constará de declaração assinada
legal ou procurador, será reduzida a termo, perante o juiz ou auto- pelo ofendido, por seu representante legal ou procurador com po-
ridade policial, presente o órgão do Ministério Público, quando a deres especiais.
este houver sido dirigida. Parágrafo único. A renúncia do representante legal do me-
§ 2o A representação conterá todas as informações que pos- nor que houver completado 18 (dezoito) anos não privará este do
sam servir à apuração do fato e da autoria. direito de queixa, nem a renúncia do último excluirá o direito do
§ 3o Oferecida ou reduzida a termo a representação, a auto- primeiro.
Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aprovei-
ridade policial procederá a inquérito, ou, não sendo competente,
tará a todos, sem que produza, todavia, efeito em relação ao que o
remetê-lo-á à autoridade que o for.
recusar.
§ 4o A representação, quando feita ao juiz ou perante este
Art. 52. Se o querelante for menor de 21 e maior de 18 anos,
reduzida a termo, será remetida à autoridade policial para que esta o direito de perdão poderá ser exercido por ele ou por seu represen-
proceda a inquérito. tante legal, mas o perdão concedido por um, havendo oposição do
§ 5o O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se outro, não produzirá efeito.
com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem Art. 53. Se o querelado for mentalmente enfermo ou retardado
a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no mental e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses
prazo de quinze dias. deste com os do querelado, a aceitação do perdão caberá ao curador
Art. 40. Quando, em autos ou papéis de que conhecerem, os que o juiz Ihe nomear.
juízes ou tribunais verificarem a existência de crime de ação pú- Art. 54. Se o querelado for menor de 21 anos, observar-se-á,
blica, remeterão ao Ministério Público as cópias e os documentos quanto à aceitação do perdão, o disposto no art. 52.
necessários ao oferecimento da denúncia. Art. 55. O perdão poderá ser aceito por procurador com po-
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato deres especiais.
criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do Art. 56. Aplicar-se-á ao perdão extraprocessual expresso o
acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a disposto no art. 50.
classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. Art. 57. A renúncia tácita e o perdão tácito admitirão todos os
Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da ação meios de prova.
penal. Art. 58. Concedido o perdão, mediante declaração expressa
Art. 43. (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). nos autos, o querelado será intimado a dizer, dentro de três dias, se
Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com pode- o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que o seu
res especiais, devendo constar do instrumento do mandato o nome silêncio importará aceitação.
do querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a pu-
esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser previa- nibilidade.
mente requeridas no juízo criminal. Art. 59. A aceitação do perdão fora do processo constará de
Art. 45. A queixa, ainda quando a ação penal for privativa declaração assinada pelo querelado, por seu representante legal ou
do ofendido, poderá ser aditada pelo Ministério Público, a quem procurador com poderes especiais.
Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante quei-
caberá intervir em todos os termos subseqüentes do processo.
xa, considerar-se-á perempta a ação penal:
Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o
réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Minis-
andamento do processo durante 30 dias seguidos;
tério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua inca-
o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolu- pacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo,
ção do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem
da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36;
os autos. III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo
§ 1o Quando o Ministério Público dispensar o inquérito poli- justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou
cial, o prazo para o oferecimento da denúncia contar-se-á da data deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais;
em que tiver recebido as peças de informações ou a representação IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extin-
§ 2o O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, guir sem deixar sucessor.
contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os Art. 61. Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer
autos, e, se este não se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á extinta a punibilidade, deverá declará-lo de ofício.
que não tem o que aditar, prosseguindo-se nos demais termos Parágrafo único. No caso de requerimento do Ministério Pú-
do processo. blico, do querelante ou do réu, o juiz mandará autuá-lo em aparta-
Art. 47. Se o Ministério Público julgar necessários maiores do, ouvirá a parte contrária e, se o julgar conveniente, concederá o
esclarecimentos e documentos complementares ou novos elemen- prazo de cinco dias para a prova, proferindo a decisão dentro de
tos de convicção, deverá requisitá-los, diretamente, de quaisquer cinco dias ou reservando-se para apreciar a matéria na sentença
autoridades ou funcionários que devam ou possam fornecê-los. final.
Didatismo e Conhecimento 3
NOÇÕES DE PROCESSO PENAL
Art. 62. No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista
da certidão de óbito, e depois de ouvido o Ministério Público, de-
clarará extinta a punibilidade.
TÍTULO IV
DA AÇÃO CIVIL
Art. 63. Transitada em julgado a sentença condenatória, po-
derão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da
reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus
herdeiros.
Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condena-
tória, a execução poderá ser efetuada pelo valor fixado nos termos
do inciso IV do caput do art. 387 deste Código sem prejuízo da li-
quidação para a apuração do dano efetivamente sofrido. (Incluído
pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 64. Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação
para ressarcimento do dano poderá ser proposta no juízo cível,
contra o autor do crime e, se for caso, contra o responsável ci-
vil. (Vide Lei nº 5.970, de 1973)
Parágrafo único. Intentada a ação penal, o juiz da ação civil
poderá suspender o curso desta, até o julgamento definitivo da-
quela.
Art. 65. Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reco-
nhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legí-
tima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício
regular de direito.
Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo crimi-
nal, a ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido, catego-
ricamente, reconhecida a inexistência material do fato.
Art. 67. Não impedirão igualmente a propositura da ação
civil:
I - o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de
informação;
II - a decisão que julgar extinta a punibilidade;
III - a sentença absolutória que decidir que o fato imputado
não constitui crime.
Art. 68. Quando o titular do direito à reparação do dano for
pobre (art. 32, §§ 1o e 2o), a execução da sentença condenatória
(art. 63) ou a ação civil (art. 64) será promovida, a seu requerimen-
to, pelo Ministério Público.
Didatismo e Conhecimento 4
NOÇÕES DE DIREITO
CONSTITUCIONAL
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em
locais abertos ao público, independentemente de autorização, des-
5.1 DIREITOS E GARANTIAS de que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para
FUNDAMENTAIS. o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade
competente;
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, ve-
dada a de caráter paramilitar;
TÍTULO II XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de coo-
Dos Direitos e Garantias Fundamentais perativas independem de autorização, sendo vedada a interferência
estatal em seu funcionamento;
CAPTULO I XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissol-
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETI- vidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigin-
VOS do-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a per-
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual- manecer associado;
quer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros re- XXI - as entidades associativas, quando expressamente auto-
sidentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à rizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: extrajudicialmente;
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos XXII - é garantido o direito de propriedade;
termos desta Constituição; XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação
coisa senão em virtude de lei; por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, me-
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desu- diante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos
mano ou degradante; previstos nesta Constituição;
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade com-
anonimato; petente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao pro-
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, prietário indenização ulterior, se houver dano;
além da indenização por dano material, moral ou à imagem; XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei,
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dis-
forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; pondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistên- XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização,
cia religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdei-
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença ros pelo tempo que a lei fixar;
religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e
cumprir prestação alternativa, fixada em lei; à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, cien- desportivas;
tífica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos in-
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano térpretes e às respectivas representações sindicais e associativas;
material ou moral decorrente de sua violação; XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela po- privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às
dendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de em-
flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o presas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse so-
dia, por determinação judicial; cial e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País;
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunica- XXX - é garantido o direito de herança;
ções telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País
no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos
a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei
processual penal; pessoal do “de cujus”;
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou pro- XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do
fissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabele- consumidor;
cer; XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos in-
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguar- formações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou
dado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional; geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de respon-
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de sabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, per- segurança da sociedade e do Estado;
manecer ou dele sair com seus bens;
Didatismo e Conhecimento 1
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pa- LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime
gamento de taxas: político ou de opinião;
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direi- LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela
tos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; autoridade competente;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem
de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal; o devido processo legal;
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo,
lesão ou ameaça a direito; e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
perfeito e a coisa julgada; LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; meios ilícitos;
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organiza- LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em
ção que lhe der a lei, assegurados:
julgado de sentença penal condenatória;
a) a plenitude de defesa;
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a iden-
b) o sigilo das votações;
tificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; (Regula-
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra mento).
a vida; LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública,
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena se esta não for intentada no prazo legal;
sem prévia cominação legal; LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos proces-
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; suais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigi-
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direi- rem;
tos e liberdades fundamentais; LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e im- ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competen-
prescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; te, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de militar, definidos em lei;
graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre
e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família
por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, poden- do preso ou à pessoa por ele indicada;
do evitá-los, se omitirem; (Regulamento) LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da fa-
grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e mília e de advogado;
o Estado Democrático; LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, poden- por sua prisão ou por seu interrogatório policial;
do a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela auto-
bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles ridade judiciária;
executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;
outras, as seguintes: LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do respon-
a) privação ou restrição da liberdade; sável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação
b) perda de bens;
alimentícia e a do depositário infiel;
c) multa;
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém
d) prestação social alternativa;
sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua
e) suspensão ou interdição de direitos;
XLVII - não haverá penas: liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger
art. 84, XIX; direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas
b) de caráter perpétuo; data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
c) de trabalhos forçados; autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
d) de banimento; atribuições do Poder Público;
e) cruéis; LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, por:
de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; a) partido político com representação no Congresso Nacional;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física b) organização sindical, entidade de classe ou associação le-
e moral; galmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano,
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam em defesa dos interesses de seus membros ou associados;
permanecer com seus filhos durante o período de amamentação; LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos di-
em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de reitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e nacionalidade, à soberania e à cidadania;
drogas afins, na forma da lei; LXXII - conceder-se-á habeas data:
Didatismo e Conhecimento 2
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à § 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se
pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos
entidades governamentais ou de caráter público; Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Na-
processo sigiloso, judicial ou administrativo; cional, por lei complementar.
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação § 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento
popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de enti- de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período de-
dade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio terminado por Lei Complementar Federal, e dependerão de con-
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo sulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucum- envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Munici-
bência; pal, apresentados e publicados na forma da lei. (Redação dada pela
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita Emenda Constitucional nº 15, de 1996)
aos que comprovarem insuficiência de recursos;
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença; aos Municípios:
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na for- I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los,
ma da lei: (Vide Lei nº 7.844, de 1989) embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus re-
a) o registro civil de nascimento; presentantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na
b) a certidão de óbito; forma da lei, a colaboração de interesse público;
LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas II - recusar fé aos documentos públicos;
data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania. III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.
LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são asse-
gurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a CAPTULO II
celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional DA UNIÃO
nº 45, de 2004)
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais
Art. 20. São bens da União:
têm aplicação imediata.
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não
atribuídos;
excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela ado-
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras,
tados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa
das fortificações e construções militares, das vias federais de co-
do Brasil seja parte.
municação e à preservação ambiental, definidas em lei;
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos hu-
manos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos
em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de
serão equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído pela Emen- limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro
da Constitucional nº 45, de 2004) (Atos aprovados na forma deste ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias
parágrafo) fluviais;
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Interna- IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com ou-
cional a cuja criação tenha manifestado adesão. (Incluído pela Emen- tros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras,
da Constitucional nº 45, de 2004) excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto
aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental
federal, e as referidas no art. 26, II; (Redação dada pela Emenda
5.2 ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO Constitucional nº 46, de 2005)
ESTADO BRASILEIRO. V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona
econômica exclusiva;
VI - o mar territorial;
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
TÍTULO III VIII - os potenciais de energia hidráulica;
Da Organização do Estado IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológi-
CAPTULO I cos e pré-históricos;
DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito
Art. 18. A organização político-administrativa da República Fe- Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da administração di-
derativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Fede- reta da União, participação no resultado da exploração de petróleo
ral e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição. ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia
§ 1º Brasília é a Capital Federal. elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território, pla-
§ 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, taforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva,
transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem se- ou compensação financeira por essa exploração.
rão reguladas em lei complementar.
Didatismo e Conhecimento 3
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 2º A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura, XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as
ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de frontei- calamidades públicas, especialmente as secas e as inundações;
ra, é considerada fundamental para defesa do território nacional, e XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos
sua ocupação e utilização serão reguladas em lei. hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso; (Re-
gulamento)
Art. 21. Compete à União: XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, in-
I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de clusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos;
organizações internacionais; XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacio-
II - declarar a guerra e celebrar a paz; nal de viação;
III - assegurar a defesa nacional; XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que e de fronteiras; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele per- de 1998)
maneçam temporariamente; XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qual-
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a interven- quer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a la-
ção federal; vra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os se-
bélico; guintes princípios e condições:
VII - emitir moeda; a) toda atividade nuclear em território nacional somente será
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso
as operações de natureza financeira, especialmente as de crédito, Nacional;
câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previdência b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercializa-
privada; ção e a utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos médicos,
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de orde- agrícolas e industriais; (Redação dada pela Emenda Constitucional
nação do território e de desenvolvimento econômico e social; nº 49, de 2006)
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, co-
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
mercialização e utilização de radioisótopos de meia-vida igual ou
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, conces-
inferior a duas horas; (Redação dada pela Emenda Constitucional
são ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da
nº 49, de 2006)
lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um
d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da
órgão regulador e outros aspectos institucionais; (Redação dada
existência de culpa; (Redação dada pela Emenda Constitucional
pela Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95:)
nº 49, de 2006)
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, conces-
XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;
são ou permissão: XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; (Re- atividade de garimpagem, em forma associativa.
dação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95:)
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveita- Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
mento energético dos cursos de água, em articulação com os Esta- I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário,
dos onde se situam os potenciais hidroenergéticos; marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura aeropor- II - desapropriação;
tuária; III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre por- e em tempo de guerra;
tos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limi- IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radio-
tes de Estado ou Território; difusão;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e interna- V - serviço postal;
cional de passageiros; VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres; metais;
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Pú- VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de
blico do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública valores;
dos Territórios; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 69, VIII - comércio exterior e interestadual;
de 2012) (Produção de efeito) IX - diretrizes da política nacional de transportes;
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima,
corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar aérea e aeroespacial;
assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de ser- XI - trânsito e transporte;
viços públicos, por meio de fundo próprio; (Redação dada pela XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, XIV - populações indígenas;
geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional; XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão
XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diver- de estrangeiros;
sões públicas e de programas de rádio e televisão; XVI - organização do sistema nacional de emprego e condi-
XVII - conceder anistia; ções para o exercício de profissões;
Didatismo e Conhecimento 4
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Dis- Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a
trito Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública dos Territó- cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
rios, bem como organização administrativa destes; (Redação dada cípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar
pela Emenda Constitucional nº 69, de 2012) (Produção de efeito) em âmbito nacional.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia 53, de 2006)
nacionais;
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal le-
popular; gislar concorrentemente sobre:
XX - sistemas de consórcios e sorteios; I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e ur-
XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, banístico;
garantias, convocação e mobilização das polícias militares e cor- II - orçamento;
pos de bombeiros militares; III - juntas comerciais;
XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviá- IV - custas dos serviços forenses;
ria e ferroviária federais; V - produção e consumo;
XXIII - seguridade social; VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional; do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle
XXV - registros públicos; da poluição;
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as e paisagístico;
modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumi-
e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, dor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e
obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públi- paisagístico;
cas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia,
III; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) pesquisa, desenvolvimento e inovação; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 85, de 2015)
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa maríti-
X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas
ma, defesa civil e mobilização nacional;
causas;
XXIX - propaganda comercial.
XI - procedimentos em matéria processual;
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Esta-
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;
dos a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
neste artigo.
XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de de-
ficiência;
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Dis- XV - proteção à infância e à juventude;
trito Federal e dos Municípios: XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições § 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da
democráticas e conservar o patrimônio público; União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garan- § 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais
tia das pessoas portadoras de deficiência; não exclui a competência suplementar dos Estados.
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exer-
histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens natu- cerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiari-
rais notáveis e os sítios arqueológicos; dades.
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de § 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende
obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cul- a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.
tural;
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à CAPTULO III
ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação; (Redação dada pela DOS ESTADOS FEDERADOS
Emenda Constitucional nº 85, de 2015)
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qual- Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições
quer de suas formas; e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição.
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; § 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abas- sejam vedadas por esta Constituição.
tecimento alimentar; § 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante con-
IX - promover programas de construção de moradias e a me- cessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada
lhoria das condições habitacionais e de saneamento básico; a edição de medida provisória para a sua regulamentação. (Redação
X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginali- dada pela Emenda Constitucional nº 5, de 1995)
zação, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos; § 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direi- regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, cons-
tos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em tituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a
seus territórios; organização, o planejamento e a execução de funções públicas de
XII - estabelecer e implantar política de educação para a se- interesse comum.
gurança do trânsito.
Didatismo e Conhecimento 5
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primeiro
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes domingo de outubro do ano anterior ao término do mandato dos
e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decor- que devam suceder, aplicadas as regras do art. 77, no caso de Mu-
rentes de obras da União; nicípios com mais de duzentos mil eleitores; (Redação dada pela
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no Emenda Constitucional nº 16, de1997)
seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de janeiro do
ou terceiros; ano subsequente ao da eleição;
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União; IV - para a composição das Câmaras Municipais, será observa-
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União. do o limite máximo de: (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 58, de 2009) (Produção de efeito) (Vide ADIN 4307)
Art. 27. O número de Deputados à Assembleia Legislativa a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000 (quinze
corresponderá ao triplo da representação do Estado na Câmara dos mil) habitantes; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 58,
Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de de 2009)
tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze. b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais de 15.000
§ 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, (quinze mil) habitantes e de até 30.000 (trinta mil) habitantes; (Re-
aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição sobre sistema elei- dação dada pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
toral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de manda- c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais de 30.000
to, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas. (trinta mil) habitantes e de até 50.000 (cinquenta mil) habitan-
§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei tes; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
de iniciativa da Assembleia Legislativa, na razão de, no máximo, d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais de 50.000
setenta e cinco por cento daquele estabelecido, em espécie, para os (cinquenta mil) habitantes e de até 80.000 (oitenta mil) habitan-
Deputados Federais, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, tes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
§ 7º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. (Redação dada pela Emenda e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de mais de
Constitucional nº 19, de 1998) 80.000 (oitenta mil) habitantes e de até 120.000 (cento e vinte mil)
habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
§ 3º Compete às Assembleias Legislativas dispor sobre seu
f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de mais de
regimento interno, polícia e serviços administrativos de sua secre-
120.000 (cento e vinte mil) habitantes e de até 160.000 (cento ses-
taria, e prover os respectivos cargos.
senta mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58,
§ 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo legis-
de 2009)
lativo estadual.
g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de mais de
160.000 (cento e sessenta mil) habitantes e de até 300.000 (trezen-
Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador de tos mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58,
Estado, para mandato de quatro anos, realizar-se-á no primeiro de 2009)
domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de mais de
outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do tér- 300.000 (trezentos mil) habitantes e de até 450.000 (quatrocentos
mino do mandato de seus antecessores, e a posse ocorrerá em pri- e cinquenta mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional
meiro de janeiro do ano subsequente, observado, quanto ao mais, nº 58, de 2009)
o disposto no art. 77. (Redação dada pela Emenda Constitucional i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de
nº 16, de1997) 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes e de até 600.000
§ 1º Perderá o mandato o Governador que assumir outro cargo (seiscentos mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional
ou função na administração pública direta ou indireta, ressalvada nº 58, de 2009)
a posse em virtude de concurso público e observado o disposto no j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de
art. 38, I, IV e V.(Renumerado do parágrafo único, pela Emenda 600.000 (seiscentos mil) habitantes e de até 750.000 (setecentos
Constitucional nº 19, de 1998) cinquenta mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº
§ 2º Os subsídios do Governador, do Vice-Governador e dos 58, de 2009)
Secretários de Estado serão fixados por lei de iniciativa da Assem- k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de mais de
bleia Legislativa, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 750.000 (setecentos e cinquenta mil) habitantes e de até 900.000
4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. (Incluído pela Emenda Constitu- (novecentos mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional
cional nº 19, de 1998) nº 58, de 2009)
l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de
CAPTULO IV 900.000 (novecentos mil) habitantes e de até 1.050.000 (um milhão
Dos Municípios e cinquenta mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional
nº 58, de 2009)
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de mais
dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por de 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes e de até
dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes; (Incluída pela
atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Cons- Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
tituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos: n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de
I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, para 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes e de até 1.350.000
mandato de quatro anos, mediante pleito direto e simultâneo reali- (um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes; (Incluída pela
zado em todo o País; Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
Didatismo e Conhecimento 6
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios de 1.350.000 d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil habitantes,
(um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes e de até o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a cinquenta por
1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes; (Incluída pela cento do subsídio dos Deputados Estaduais; (Incluído pela Emen-
Emenda Constitucional nº 58, de 2009) da Constitucional nº 25, de 2000)
p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil habi-
de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes e de até tantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a sessen-
1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes; (Incluída pela ta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 58, de 2009) Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, o sub-
de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes e de até sídio máximo dos Vereadores corresponderá a setenta e cinco por
2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes; (Incluída cento do subsídio dos Deputados Estaduais; (Incluído pela Emen-
pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
da Constitucional nº 25, de 2000)
r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais
VII - o total da despesa com a remuneração dos Vereadores
de 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes e de
até 3.000.000 (três milhões) de habitantes; (Incluída pela Emenda não poderá ultrapassar o montante de cinco por cento da receita do
Constitucional nº 58, de 2009) Município; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992)
s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, pala-
3.000.000 (três milhões) de habitantes e de até 4.000.000 (quatro vras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Muni-
milhões) de habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº cípio; (Renumerado do inciso VI, pela Emenda Constitucional nº
58, de 2009) 1, de 1992)
t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da verean-
4.000.000 (quatro milhões) de habitantes e de até 5.000.000 (cinco ça, similares, no que couber, ao disposto nesta Constituição para os
milhões) de habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº membros do Congresso Nacional e na Constituição do respectivo
58, de 2009) Estado para os membros da Assembleia Legislativa; (Renumerado
u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais do inciso VII, pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992)
de 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes e de até 6.000.000 (seis X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça; (Re-
milhões) de habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº numerado do inciso VIII, pela Emenda Constitucional nº 1, de
58, de 2009) 1992)
v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais XI - organização das funções legislativas e fiscalizadoras
de 6.000.000 (seis milhões) de habitantes e de até 7.000.000 (sete da Câmara Municipal; (Renumerado do inciso IX, pela Emenda
milhões) de habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº Constitucional nº 1, de 1992)
58, de 2009) XII - cooperação das associações representativas no planeja-
w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais mento municipal; (Renumerado do inciso X, pela Emenda Consti-
de 7.000.000 (sete milhões) de habitantes e de até 8.000.000 (oito tucional nº 1, de 1992)
milhões) de habitantes; e (Incluída pela Emenda Constitucional nº XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse especí-
58, de 2009) fico do Município, da cidade ou de bairros, através de manifesta-
x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais ção de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado; (Renumerado
de 8.000.000 (oito milhões) de habitantes; (Incluída pela Emenda do inciso XI, pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992)
Constitucional nº 58, de 2009)
XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do art. 28,
V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários
parágrafo único. (Renumerado do inciso XII, pela Emenda Cons-
Municipais fixados por lei de iniciativa da Câmara Municipal, ob-
titucional nº 1, de 1992)
servado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e
153, § 2º, I; (Redação dada pela Emenda constitucional nº 19, de
1998) Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legislativo Munici-
VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas pal, incluídos os subsídios dos Vereadores e excluídos os gastos
Câmaras Municipais em cada legislatura para a subsequente, ob- com inativos, não poderá ultrapassar os seguintes percentuais, re-
servado o que dispõe esta Constituição, observados os critérios lativos ao somatório da receita tributária e das transferências pre-
estabelecidos na respectiva Lei Orgânica e os seguintes limites má- vistas no § 5o do art. 153 e nos arts. 158 e 159, efetivamente reali-
ximos: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000) zado no exercício anterior: (Incluído pela Emenda Constitucional
a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio máxi- nº 25, de 2000)
mo dos Vereadores corresponderá a vinte por cento do subsídio dos I - 7% (sete por cento) para Municípios com população de
Deputados Estaduais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, até 100.000 (cem mil) habitantes; (Redação dada pela Emenda
de 2000) Constituição Constitucional nº 58, de 2009) (Produção de efeito)
b) em Municípios de dez mil e um a cinquenta mil habitantes, II - 6% (seis por cento) para Municípios com população entre
o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a trinta por cento 100.000 (cem mil) e 300.000 (trezentos mil) habitantes; (Redação
do subsídio dos Deputados Estaduais; (Incluído pela Emenda Cons- dada pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009)
titucional nº 25, de 2000) III - 5% (cinco por cento) para Municípios com população
c) em Municípios de cinquenta mil e um a cem mil habitantes, entre 300.001 (trezentos mil e um) e 500.000 (quinhentos mil) ha-
o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a quarenta por bitantes; (Redação dada pela Emenda Constituição Constitucional
cento do subsídio dos Deputados Estaduais; (Incluído pela Emen- nº 58, de 2009)
da Constitucional nº 25, de 2000)
Didatismo e Conhecimento 7
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento) para § 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as
Municípios com população entre 500.001 (quinhentos mil e um) e contas que o Prefeito deve anualmente prestar, só deixará de pre-
3.000.000 (três milhões) de habitantes; (Redação dada pela Emen- valecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara Muni-
da Constituição Constitucional nº 58, de 2009) cipal.
V - 4% (quatro por cento) para Municípios com população § 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias,
entre 3.000.001 (três milhões e um) e 8.000.000 (oito milhões) de anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, para exame e
habitantes; (Incluído pela Emenda Constituição Constitucional nº apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos ter-
58, de 2009) mos da lei.
VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) para Mu- § 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de
nicípios com população acima de 8.000.001 (oito milhões e um) Contas Municipais.
habitantes. (Incluído pela Emenda Constituição Constitucional nº
58, de 2009) CAPTULO V
DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS
§ 1o A Câmara Municipal não gastará mais de setenta por cen-
to de sua receita com folha de pagamento, incluído o gasto com o
Seção I
subsídio de seus Vereadores. (Incluído pela Emenda Constitucio-
DO DISTRITO FEDERAL
nal nº 25, de 2000)
§ 2o Constitui crime de responsabilidade do Prefeito Munici- Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios,
pal: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000) reger- se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício
I - efetuar repasse que supere os limites definidos neste arti- mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legisla-
go; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000) tiva, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta
II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou (In- Constituição.
cluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000) § 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legisla-
III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada na Lei tivas reservadas aos Estados e Municípios.
Orçamentária. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de § 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador, observa-
2000) das as regras do art. 77, e dos Deputados Distritais coincidirá com
§ 3o Constitui crime de responsabilidade do Presidente da Câ- a dos Governadores e Deputados Estaduais, para mandato de igual
mara Municipal o desrespeito ao § 1o deste artigo. (Incluído pela duração.
Emenda Constitucional nº 25, de 2000) § 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-se
o disposto no art. 27.
Art. 30. Compete aos Municípios: § 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do
I - legislar sobre assuntos de interesse local; Distrito Federal, das polícias civil e militar e do corpo de bombeiros
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que cou- militar.
ber;
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem Seção II
como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de pres- DOS TERRITÓRIOS
tar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legisla- Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa e ju-
ção estadual; diciária dos Territórios.
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de conces- § 1º Os Territórios poderão ser divididos em Municípios, aos
quais se aplicará, no que couber, o disposto no Capítulo IV deste
são ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído
Título.
o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;
§ 2º As contas do Governo do Território serão submetidas ao
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e
Congresso Nacional, com parecer prévio do Tribunal de Contas da
do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamen- União.
tal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) § 3º Nos Territórios Federais com mais de cem mil habitantes,
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União além do Governador nomeado na forma desta Constituição, ha-
e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população; verá órgãos judiciários de primeira e segunda instância, membros
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento terri- do Ministério Público e defensores públicos federais; a lei disporá
torial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento sobre as eleições para a Câmara Territorial e sua competência de-
e da ocupação do solo urbano; liberativa.
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural lo-
cal, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual. CAPTULO VI
DA INTERVENÇÃO
Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder
Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito
de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei. Federal, exceto para:
§ 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido I - manter a integridade nacional;
com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Muni- II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federa-
cípio ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, ção em outra;
onde houver. III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
Didatismo e Conhecimento 8
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas § 3º Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispen-
unidades da Federação; sada a apreciação pelo Congresso Nacional ou pela Assembleia
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que: Legislativa, o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da norma-
anos consecutivos, salvo motivo de força maior; lidade.
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fi- § 4º Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afas-
xadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei; tadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal.
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judi-
cial;
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios cons-
titucionais: 5.3 DEFESA DO ESTADO E DAS
a) forma republicana, sistema representativo e regime demo- INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS.
crático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e in- TÍTULO V
direta. Da Defesa do Estado e Das Instituições Democráticas
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de im-
postos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na CAPTULO I
manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços DO ESTADO DE DEFESA E DO ESTADO DE SÍTIO
públicos de saúde. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
29, de 2000) Seção I
DO ESTADO DE DEFESA
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a
União nos Municípios localizados em Território Federal, exceto Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conse-
quando: lho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais
anos consecutivos, a dívida fundada; restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaça-
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei; das por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas
III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita mu- por calamidades de grandes proporções na natureza.
nicipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e § 1º O decreto que instituir o estado de defesa determinará o
serviços públicos de saúde; (Redação dada pela Emenda Constitu- tempo de sua duração, especificará as áreas a serem abrangidas e
cional nº 29, de 2000) indicará, nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a vigo-
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para rarem, dentre as seguintes:
assegurar a observância de princípios indicados na Constituição I - restrições aos direitos de:
Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão a) reunião, ainda que exercida no seio das associações;
judicial. b) sigilo de correspondência;
c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;
Art. 36. A decretação da intervenção dependerá: II - ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na
I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos danos
ou do Poder Executivo coacto ou impedido, ou de requisição do e custos decorrentes.
§ 2º O tempo de duração do estado de defesa não será superior
Supremo Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o Poder
a trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez, por igual período,
Judiciário;
se persistirem as razões que justificaram a sua decretação.
II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de
§ 3º Na vigência do estado de defesa:
requisição do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de
I - a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo exe-
Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral;
cutor da medida, será por este comunicada imediatamente ao juiz
III de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de repre-
competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao preso
sentação do Procurador-Geral da República, na hipótese do art. 34,
requerer exame de corpo de delito à autoridade policial;
VII, e no caso de recusa à execução de lei federal. (Redação dada II - a comunicação será acompanhada de declaração, pela au-
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) toridade, do estado físico e mental do detido no momento de sua
§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, autuação;
o prazo e as condições de execução e que, se couber, nomeará o III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser
interventor, será submetido à apreciação do Congresso Nacional superior a dez dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário;
ou da Assembleia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro IV - é vedada a incomunicabilidade do preso.
horas. § 4º Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o Presi-
§ 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a dente da República, dentro de vinte e quatro horas, submeterá o ato
Assembleia Legislativa, far-se-á convocação extraordinária, no com a respectiva justificação ao Congresso Nacional, que decidirá
mesmo prazo de vinte e quatro horas. por maioria absoluta.
Didatismo e Conhecimento 9
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 5º Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será convo- Seção III
cado, extraordinariamente, no prazo de cinco dias. DISPOSIÇÕES GERAIS
§ 6º O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de dez
dias contados de seu recebimento, devendo continuar funcionando Art. 140. A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes
enquanto vigorar o estado de defesa. partidários, designará Comissão composta de cinco de seus mem-
§ 7º Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de de- bros para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas referen-
fesa. tes ao estado de defesa e ao estado de sítio.
Didatismo e Conhecimento 10
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e dro-
a partidos políticos; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, gas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação
de 1998) fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de
VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado in- competência;
digno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão de tribu- III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e
nal militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal de fronteiras; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
especial, em tempo de guerra;(Incluído pela Emenda Constitucio- de 1998)
nal nº 18, de 1998) IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judi-
VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar a pena ciária da União.
privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença transitada § 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organi-
em julgado, será submetido ao julgamento previsto no inciso ante- zado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se,
rior; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998) na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias fede-
VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos VIII, rais. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos XI, XIII, XIV § 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organi-
e XV, bem como, na forma da lei e com prevalência da atividade zado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se,
militar, no art. 37, inciso XVI, alínea “c”; (Redação dada pela na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias fede-
Emenda Constitucional nº 77, de 2014) rais. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
IX - (Revogado pela Emenda Constitucional nº 41, de § 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de
19.12.2003) carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as fun-
X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limi- ções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto
tes de idade, a estabilidade e outras condições de transferência do as militares.
militar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, § 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preser-
as prerrogativas e outras situações especiais dos militares, con- vação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além
sideradas as peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades
cumpridas por força de compromissos internacionais e de guer- de defesa civil.
ra. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998) § 6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares, for-
ças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente
Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos da lei. com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito
§ 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir Federal e dos Territórios.
serviço alternativo aos que, em tempo de paz, após alistados, ale- § 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos
garem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o decor- órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir
rente de crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para a eficiência de suas atividades.
se eximirem de atividades de caráter essencialmente militar. (Re- § 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais
gulamento) destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, confor-
§ 2º As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do serviço me dispuser a lei.
militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos, porém, a outros en- § 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos
cargos que a lei lhes atribuir. (Regulamento) órgãos relacionados neste artigo será fixada na forma do § 4º do
art. 39. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
CAPTULO III § 10. A segurança viária, exercida para a preservação da or-
DA SEGURANÇA PÚBLICA dem pública e da incolumidade das pessoas e do seu patrimônio
nas vias públicas: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 82, de
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e res- 2014)
ponsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trân-
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através sito, além de outras atividades previstas em lei, que assegurem ao
dos seguintes órgãos: cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente; e (Incluído pela
I - polícia federal; Emenda Constitucional nº 82, de 2014)
II - polícia rodoviária federal; II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos
III - polícia ferroviária federal; Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades executivos e seus
IV - polícias civis; agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da lei. (In-
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. cluído pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014)
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão perma-
nente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira,
destina-se a:” (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
de 1998)
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou
em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas
entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras in-
frações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacio-
nal e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
Didatismo e Conhecimento 11
NOÇÕES DE DIREITO
ADMINISTRATIVO
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
A diferença entre o ato vinculado e o ato discricionário está no
grau de liberdade conferido ao administrador.
6.1. PRINCÍPIOS. Tanto o ato vinculado quanto o ato discricionário só poderão
ser reapreciados pelo Judiciário no tocante à sua legalidade, pois o
judiciário não poderá intervir no juízo de valor e oportunidade da
Administração Pública.
Os princípios jurídicos orientam a interpretação e a aplicação Importante também destacar que o princípio da legalidade, no
de outras normas. São verdadeiras diretrizes do ordenamento jurí- Direito Administrativo, apresenta algumas exceções: Exemplo:
dico, guias de interpretação, às quais a administração pública fica Medidas provisórias: são atos com força de lei que só podem
subordinada. Possuem um alto grau de generalidade e abstração, ser editados em matéria de relevância e urgência. Dessa forma, o
bem como um profundo conteúdo axiológico e valorativo. administrado só se submeterá ao previsto em medida provisória se
Os principais princípios da Administração Pública estão inse- elas forem editadas dentro dos parâmetros constitucionais, ou seja,
ridos no artigo 37 “caput” da Constituição Federal (CF): legalida- se presentes os requisitos da relevância e da urgência;
de, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Estado de sítio e estado de defesa: são momentos de anor-
São cinco princípios, podendo ser facilmente memorizados malidade institucional. Representam restrições ao princípio da le-
através da palavra LIMPE, vejam: L (legalidade); I (impessoali- galidade porque são instituídos por um decreto presidencial que
dade); M (moralidade); P (publicidade); e E (eficiência). poderá obrigar a fazer ou deixar de fazer mesmo não sendo lei.
Esses princípios têm natureza meramente exemplificativa,
posto que representam apenas o mínimo que a Administração Pú- 2. Princípio da Impessoalidade
blica deve perseguir quando do desempenho de suas atividades.
Exemplos de outros princípios: razoabilidade, motivação, segu- Significa que a Administração Pública não poderá atuar discri-
rança das relações jurídicas. minando pessoas de forma gratuita, a Administração Pública deve
Os princípios da Administração Pública são regras que sur- permanecer numa posição de neutralidade em relação às pessoas
gem como parâmetros para a interpretação das demais normas jurí- privadas. A atividade administrativa deve ser destinada a todos os
dicas. Têm a função de oferecer coerência e harmonia para o orde- administrados, sem discriminação nem favoritismo, constituindo
namento jurídico. Quando houver mais de uma norma, deve-se se- assim um desdobramento do princípio geral da igualdade, art. 5.º,
guir aquela que mais se compatibiliza com a Constituição Federal, caput, CF.
ou seja, deve ser feita uma interpretação conforme a Constituição. Ex.: Quando da contratação de serviços por meio de licitação,
Os princípios da Administração abrangem a Administração a Administração Pública deve estar estritamente vinculada ao edi-
Pública direta e indireta de quaisquer dos Poderes da União, dos tal, as regras devem ser iguais para todos que queiram participar
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (art. 37 da CF/88). da licitação.
Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coi- A atividade da Administração Pública deve obedecer não só à
sa senão em virtude de lei (art. 5.º, II, da CF). O princípio da legali- lei, mas também à moral.
dade representa uma garantia para os administrados, pois qualquer A Lei n. 8.429/92, no seu art. 9.º, apresentou, em caráter
ato da Administração Pública somente terá validade se respaldado exemplificativo, as hipóteses de atos de improbidade administrati-
em lei. Representa um limite para a atuação do Estado, visando à va; esse artigo dispõe que todo aquele que objetivar algum tipo de
proteção do administrado em relação ao abuso de poder. vantagem patrimonial indevida, em razão de cargo, mandato, em-
O princípio em estudo apresenta um perfil diverso no campo prego ou função que exerce, estará praticando ato de improbidade
do Direito Público e no campo do Direito Privado. No Direito Pri- administrativa. São exemplos:
vado, tendo em vista o interesse privado, as partes poderão fazer Usar bens e equipamentos públicos com finalidade particular;
tudo o que a lei não proíbe; no Direito Público, diferentemente, Intermediar liberação de verbas;
existe uma relação de subordinação perante a lei, ou seja, só se Estabelecer contratação direta quando a lei manda licitar;
pode fazer o que a lei expressamente autorizar. Vender bem público abaixo do valor de mercado;
Nesse caso, faz-se necessário o entendimento a respeito do Adquirir bens acima do valor de mercado (superfaturamento).
ato vinculado e do ato discricionário, posto que no ato vinculado o
administrador está estritamente vinculado ao que diz a lei e no ato Os atos de improbidade podem ser combatidos através de ins-
discricionário o administrador possui uma certa margem de discri- trumentos postos à disposição dos administrados, são eles;
cionariedade. Vejamos: Ação Popular, art. 5.º, LXXIII, da CF; e
No ato vinculado, o administrador não tem liberdade para Ação Civil Pública, Lei n. 7347/85, art. 1.º.
decidir quanto à atuação. A lei previamente estabelece um único
comportamento possível a ser tomado pelo administrador no fato 4. Princípio da Publicidade
concreto; não podendo haver juízo de valores, o administrador não
poderá analisar a conveniência e a oportunidade do ato. É o dever atribuído à Administração, de dar total transparência
O ato discricionário é aquele que, editado debaixo da lei, con- a todos os atos que praticar, ou seja, como regra geral, nenhum ato
fere ao administrador a liberdade para fazer um juízo de conve- administrativo pode ser sigiloso.
niência e oportunidade.
Didatismo e Conhecimento 1
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
A regra do princípio que veda o sigilo comporta algumas ex-
ceções, como quando os atos e atividades estiverem relacionados 6.2. REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO.
com a segurança nacional ou quando o conteúdo da informação for
resguardado por sigilo (art. 37, § 3.º, II, da CF/88).
A publicidade, entretanto, só será admitida se tiver fim educa-
tivo, informativo ou de orientação social, proibindo-se a promoção Regime jurídico dos servidores públicos é o conjunto de prin-
pessoal de autoridades ou de servidores públicos por meio de apa- cípios e regras referentes a direitos, deveres e demais normas que
recimento de nomes, símbolos e imagens. Exemplo: É proibido regem a sua vida funcional. A lei que reúne estas regas é deno-
placas de inauguração de praças com o nome do prefeito. minada de Estatuto e o regime jurídico passa a ser chamado de
regime jurídico Estatutário.
5. Princípio da Eficiência No âmbito de cada pessoa política - União, os Estados, o Dis-
trito Federal e os Municípios - há um Estatuto. A lei 8.112/90, de
A Emenda Constitucional nº 19 trouxe para o texto constitu- 11/12/1990, com suas alterações, é o regime jurídico Estatutário
cional o princípio da eficiência, que obrigou a Administração Pú- aplicável aos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias e
blica a aperfeiçoar os serviços e as atividades que presta, buscando fundações públicas federais, ocupantes de cargos públicos.
otimização de resultados e visando atender o interesse público com O Regime Jurídico Único existiu até o advento da Emenda
maior eficiência. Constitucional nº 19, de 04/06/98. A partir de então é possível
Para uma pessoa ingressar no serviço público, deve haver a admissão de pessoal ocupante de emprego público, regido pela
concurso público. A Constituição Federal de 1988 dispõe quais os CLT, na Administração federal direta, nas autarquias e nas funda-
títulos e provas hábeis para o serviço público, a natureza e a com- ções públicas; por isto é que o regime não é mais um só, ou seja,
plexidade do cargo. não é mais único.
Para adquirir estabilidade, é necessária a eficiência (nomeação No âmbito federal, a Lei nº 9.962, de 22.02.2000, disciplina
por concurso, estágio probatório etc.). E para perder a condição o regime de emprego público do pessoal da Administração federal
de servidor, é necessária sentença judicial transitada em julgado, direta, autárquica e fundacional, dispondo que o pessoal admitido
processo administrativo com ampla defesa e insuficiência de de- para emprego público terá sua relação de trabalho regida pela CLT
sempenho. (art.1º, caput).
Há ainda outros princípios que a Administração Pública deve Vedou que se submeta ao regime de emprego público os car-
perseguir, dentre eles, podemos citar dois de grande importância; gos públicos de provimento em comissão, bem como os servidores
regidos pela lei 8.112/90, às datas das respectivas publicações de
a) Princípio da Motivação: É o princípio mais importante, tais leis específicas (§2º).
visto que sem a motivação não há o devido processo legal. Regime Estatutário: Registra-se por oportuno, que regime
No entanto, motivação, neste caso, nada tem haver com aquele estatutário é o conjunto de regras que regulam a relação jurídica
estado de ânimo. Motivar significa mencionar o dispositivo legal funcional entre o servidor publico, estatutário e o Estado. São ser-
aplicável ao caso concreto, relacionar os fatos que concretamente vidores públicos estatutários tanto os servidores efetivos (aqueles
levaram à aplicação daquele dispositivo legal. aprovados em concursos públicos) quanto os servidores comissio-
Todos os atos administrativos devem ser motivados para que nados ou de provimento em comissão (esses cargos detêm natureza
o Judiciário possa controlar o mérito do ato administrativo quanto de ocupação provisória, caracterizados pela confiança depositada
à sua legalidade. Para efetuar esse controle, devem-se observar os pelos administradores em seus ocupantes, podendo seus titulares,
motivos dos atos administrativos. por conseguinte, ser afastados ad nutum, a qualquer momento, por
Hely Lopes Meirelles entende que o ato discricionário, edita- conveniência da autoridade nomeante. Não há que se falar em es-
do sob a lei, confere ao administrador uma margem de liberdade tabilidade em cargo comissionado).
para fazer um juízo de conveniência e oportunidade, não sendo ne- Salienta-se que regras básicas desse regime devem estar con-
cessária a motivação, porém, se houver tal motivação, o ato deverá tidas em lei que possui duas características:
condicionar-se à referida motivação. O entendimento majoritário, 1ª) Pluralidade normativa, indicando que os estatutos funcio-
no entanto, é de que, mesmo no ato discricionário, é necessária a nais são múltiplos.
motivação para que se saiba qual o caminho adotado. 2º) Natureza da relação jurídica estatutária. Portanto, não tem
natureza contratual, haja vista que a relação é própria do Direito
b) Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o Público.
Particular: Sempre que houver necessidade de satisfazer um inte-
resse público, em detrimento de um interesse particular, prevalece Regime Trabalhista: Esse regime é aquele constituído das
o interesse público. São as prerrogativas conferidas à Administra- normas que regulam a relação jurídica entre o Estado e o empre-
ção Pública, porque esta atua por conta dos interesses públicos. gado. O regime em tela está amparado na Consolidação das Leis
O administrador, para melhor se empenhar na busca do inte- do Trabalho – CLT (Decreto-Lei nº 5.452, de 01/05/43), razão pela
resse público, possui direitos que asseguram uma maior amplitude qual essa relação jurídica é de natureza contratual.
e segurança em suas relações.
No entanto, sempre que esses direitos forem utilizados para Regime Especial: O Regime Especial visa disciplinar uma
finalidade diversa do interesse público, o administrador será res- categoria específica de servidores: Os servidores temporários. A
ponsabilizado e surgirá o abuso de poder. Carta Política remeteu para a lei a disposição dos casos de contra-
tação desses servidores.
Didatismo e Conhecimento 2
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Os pressupostos do Regime Especial são: PODERES:
- Determinabilidade temporal da contratação (prazo determi- Poder Vinculado: Na atuação do poder vinculado, o adminis-
nado); trador não tem liberdade para decidir quanto à atuação.
- Temporariedade da função; A lei previamente estabelece um único comportamento possí-
- Excepcionalidade do interesse publico que obriga o recru- vel a ser tomado pelo administrador no fato concreto, não podendo
tamento. haver juízo de valores, o administrador não poderá analisar a con-
veniência e a oportunidade do ato.
CARGO EMPREGO E FUNÇÃO Como exemplo do exercício do Poder Vinculado, temos a li-
cença para construir. Se o particular atender a todos os requisitos
Por emprego público, entende-se uma unidade utilizada pela estabelecidos em lei, a Administração Pública é obrigada a dar a
administração pública, composta por um aglomerado de atribui- licença.
ções permanentes de trabalho, a ser ocupada por agente contratado
sob regime celetista (tratado pela CLT), caracterizando relação tra- Poder Discricionário: O poder discricionário é aquele que,
balhista. Conforme o artigo 61, §1°, II, “a” da Constituição Federal editado debaixo da lei, confere ao administrador a liberdade para
de 1988, os empregos permanentes na Administração direta ou em fazer um juízo de conveniência e oportunidade. A diferença entre
autarquia só podem ser criados por lei. o vinculado e o discricionário está no grau de liberdade conferido
Cargo consiste na unidade mais simples e indivisível de com- ao administrador.
petência desempenhada por um agente, criado por lei, em caráter Tanto o ato vinculado quanto o ato discricionário só poderão
permanente ou transitório, remunerado pelos cofres públicos, com ser reapreciados pelo Judiciário no tocante à sua legalidade, pois o
denominação própria. “É o conjunto de atribuições e responsabili- judiciário não poderá intervir no juízo de valor e oportunidade da
dades previstas na estrutura organizacional que devem ser cometi- Administração Pública.
das a um servidor”. O cargo público submete o servidor ocupante Como exemplo do exercício do Poder Discricionário, temos
a um regime criado especificamente para tutelar tais agentes, qual a nomeação para cargo em comissão, ato em que o administrador
seja, o regime estatutário ou institucional, de caráter não contra- público possui uma liberdade de escolha, ou seja, pode nomear
tual, definido essencialmente pela Lei 8.112 de 11 de dezembro de aquele que for de sua total confiança, não se exigindo nenhuma
1990 (RJU). seleção prévia.
Por fim, função pública, em direito administrativo, correspon-
de ao ato ou conjunto de atos inerentes ao exercício de atribuições Poder Hierárquico: É o poder conferido à Administração
da Administração, ao qual não corresponde cargo ou emprego. É para organizar a sua estrutura e as relações entre seus órgãos e
importante ressaltar duas modalidades distintas de função: a pri- agentes, estabelecendo uma relação de hierarquia entre eles.
meira delas refere-se à função exercida por servidores contratados O poder é necessário para que se possa saber de quem o ser-
com base no artigo 37, IX, da CF, temporariamente, sem a exigên- vidor deve cumprir ordens e quais as ordens que devem ser cum-
cia de concurso público, considerando-se o caráter emergencial da pridas por ele.
contratação; a segunda trata-se de função de natureza permanente, É necessário, ainda, para que se possa apreciar a validade do
de livre provimento e exoneração, desempenhada por titular de ato praticado, concluir se deverá ou não ser cumprido e saber con-
cargo efetivo, da confiança da autoridade que a preenche. Refere- tra quem se ingressará com o remédio judicial, em caso de ilega-
se a encargos de direção, chefia e assessoramento e distingue-se do lidade.
cargo em comissão por não poder ser preenchida por alguém es-
tranho à carreira, alheio ao serviço público. Tal função é, portanto, Poder Disciplinar: É o poder conferido à Administração para
reservada aos servidores de carreira. organizar-se internamente, aplicando sanções e penalidades aos
seus agentes por força de uma infração de caráter funcional. So-
mente poderão ser aplicadas sanções e penalidades de caráter ad-
6.3. PODERES DA ADMINISTRAÇÃO ministrativo (Exemplo: Advertências, suspensão, demissão etc.).
PÚBLICA. A expressão “agentes públicos” abrange todas as pessoas que
se relacionam em caráter funcional com a Administração, ou seja,
os agentes políticos, os servidores públicos e os particulares em
colaboração com o Estado (Exemplo: Jurados, mesários na eleição
Os poderes administrativos são instrumentos que, utilizados etc.).
dentro da lei, servem para que a Administração alcance a sua única Todas as pessoas envolvidas na expressão “agentes públicos”,
finalidade: O atendimento do interesse público. portanto, estarão sujeitas ao poder disciplinar da Administração.
Sempre que esses instrumentos forem utilizados para finalida- Só serão submetidos a sanções, entretanto, quando a infração for
de diversa do interesse público, o administrador será responsabili- funcional, ou seja, infração relacionada com a atividade desenvol-
zado e surgirá o abuso de poder. vida pelo agente público.
Os poderes da Administração Pública são irrenunciáveis. Sen- O exercício do poder disciplinar é um ato discricionário, visto
do necessária a utilização desses poderes, a Administração deverá que o administrador público, ao aplicar sanções, poderá fazer um
fazê-lo, sob pena de ser responsabilizada. O exercício é obrigató- juízo de valores.
rio, indeclinável. Não há discricionariedade ao decidir pela apuração da falta
funcional, sob pena de cometimento do crime de condescendência
criminosa (art. 320, do CP).
Didatismo e Conhecimento 3
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de respon- Ato geral é aquele que não tem um destinatário específico
sabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo (Exemplo: Ato que proíbe a venda de bebidas alcoólicas a meno-
ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento res – atinge todos os estabelecimentos comerciais).
da autoridade competente: Ato individual é aquele que tem um destinatário específico
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. (Exemplo: Autuação de um estabelecimento comercial específico
por qualquer motivo de irregularidade, por exemplo, segurança).
Ao aplicar a sanção, o administrador deve levar em conta os O poder de polícia poderá atuar inclusive sobre o direito da
seguintes elementos: livre manifestação do pensamento. Poderá retirar publicações de
a) Atenuantes e agravantes do caso concreto; livros do mercado ou alguma programação das emissoras de rádio
b) Natureza e gravidade da infração; e televisão sempre que estes ferir valores éticos e sociais da pessoa
c) Prejuízos causados para o interesse público; e da família (Exemplo: Livros que façam apologia à discriminação
d) Antecedentes do agente público. racial, programas de televisão que explorem crianças, etc.).
Sempre que o administrador for decidir se será ou não aplicada A competência surge como limite para o exercício do poder de
a sanção, deverá motivá-la de modo que se possa controlar a regu- polícia. Quando o órgão não for competente, o ato não será consi-
laridade de sua aplicação. Da mesma forma, o administrador que derado válido (parágrafo único do artigo 78 do CTN):
deixar de aplicar sanção deverá motivar a não aplicação da mesma. Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder
de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limi-
Poder Regulamentar ou Poder Normativo: É o poder confe- tes da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratan-
rido aos Chefes do Executivo para editar decretos e regulamentos do-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso
com a finalidade de oferecer fiel execução à lei. Temos como exem- ou desvio de poder.
plo a seguinte disposição constitucional (art. 84, IV, CF/88).
DEVERES:
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como Dever de Agir – O administrador público tem o dever de agir,
expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;
ele tem por obrigação exercitar esse poder em benefício da comu-
nidade. Esse poder é irrenunciável.
Dever de Eficiência – Cabe ao agente público realizar suas
Poder de Polícia: Poder de Polícia é o poder conferido à
atribuições com presteza, perfeição e rendimento funcional.
Administração para condicionar, restringir, frenar o exercício de
Dever de Probidade – A Administração poderá invalidar o ato
direitos e atividades dos particulares em nome dos interesses da
administrativo praticado com lesão aos bens e interesses públicos.
coletividade.
Existe, no entanto, uma definição legal do poder de polícia que A probidade é elemento essencial na conduta do agente público
também surge como fato gerador do gênero tributo, a taxa. O art. necessária a legitimidade do ato administrativo.
78 do Código Tributário Nacional (CTN) define o poder de polícia Dever de Prestar Contas – É dever de todo administrador pú-
da seguinte forma: blico prestar contas em decorrência da gestão de bens e interesses
alheios, nesse caso, de bens e interesses coletivos.
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da adminis- USO E ABUSO DE PODER
tração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou
liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão Sempre que a Administração extrapolar os limites dos pode-
de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, res aqui expostos, estará cometendo uma ilegalidade. A ilegalidade
aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício traduz o abuso de poder que, por sua vez, pode ser punido judi-
de atividades econômicas dependentes de concessão ou autoriza- cialmente.
ção do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à pro- O abuso de poder pode gerar prejuízos a terceiros, caso em
priedade e aos direitos individuais ou coletivos. que a Administração será responsabilizada. Todos os Poderes Pú-
blicos estão obrigados a respeitar os princípios e as normas consti-
O que autoriza o Poder Público a condicionar ou restringir o tucionais, qualquer lesão ou ameaça outorga ao lesado a possibili-
exercício de direitos e a atividade dos particulares é a supremacia dade do ingresso ao Poder Judiciário.
do interesse público sobre o interesse particular. A taxa, é exemplo A responsabilidade do Estado se traduz numa obrigação, atri-
de poder de polícia, vamos conferir no artigo 77 do CTN: buída ao Poder Público, de compor os danos patrimoniais causa-
dos a terceiros por seus agentes públicos tanto no exercício das
suas atribuições quanto agindo nessa qualidade.
Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo
Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respec-
tivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do 6.4. SERVIÇO PÚBLICO.
poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço
público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à
sua disposição.
Serviços públicos são aqueles serviços prestados pela Admi-
O poder de polícia se materializa por atos gerais ou atos indi- nistração, ou por quem lhe faça às vezes, mediante regras previa-
viduais. mente estipuladas por ela para a preservação do interesse público.
Didatismo e Conhecimento 4
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
A titularidade da prestação de um serviço público sempre será DIREITOS E OBRIGAÇÕES DOS USUÁRIOS
da Administração Pública, somente podendo ser transferido a um
particular a execução do serviço público. As regras serão sempre Os usuários dos serviços públicos têm direito ao recebimento
fixadas unilateralmente pela Administração, independentemente do serviço e indenização no caso de ser mal prestado ou interrom-
de quem esteja executando o serviço público. Qualquer contrato pida a prestação, provocando prejuízos ao particular.
administrativo aos olhos do particular é contrato de adesão. Os usuários dos serviços públicos devem obedecer aos requi-
Para distinguir quais serviços são públicos e quais não, de- sitos de ordem administrativa, apresentando dados que a adminis-
ve-se utilizar as regras de competência dispostas na Constituição tração requisitar, tais como os de ordem técnica que são condições
Federal. Quando não houver definição constitucional a respeito, necessárias para Administração prestar o serviço e os de ordem
deve-se observar as regras que incidem sobre aqueles serviços, pecuniária, no que diz respeito à remuneração do serviço. Vamos
bem como o regime jurídico ao qual a atividade se submete. Sen- fazer a leitura do artigo 7º da Lei 8.987/95.
do regras de direito público, será serviço público; sendo regras de Essa lei dispõe sobre o regime de concessão e permissão da
direito privado, será serviço privado. prestação de serviços públicos previsto no art. 175 da Constituição
O fato de o Ente Federado ser o titular dos serviços não sig- Federal:
nifica que deva obrigatoriamente prestá-los por si. Assim, tanto
poderá prestá-los por si mesmo, como poderá promover-lhes a
prestação, conferindo à entidades estranhas ao seu aparelho ad- Art. 7º. Sem prejuízo do disposto na Lei no 8.078, de 11 de
ministrativo, titulação para que os prestem, segundo os termos e setembro de 1990, são direitos e obrigações dos usuários:
condições fixadas, e, ainda, enquanto o interesse público aconse- I - receber serviço adequado;
lhar tal solução. Dessa forma, esses serviços podem ser delegados II - receber do poder concedente e da concessionária infor-
a outras entidades públicas ou privadas, na forma de concessão, mações para a defesa de interesses individuais ou coletivos;
permissão ou autorização. III - obter e utilizar o serviço, com liberdade de escolha entre
Assim, em sentido amplo, pode-se dizer que serviço público vários prestadores de serviços, quando for o caso, observadas as
normas do poder concedente.
é a atividade ou organização abrangendo todas as funções do Es-
IV - levar ao conhecimento do poder público e da concessio-
tado; já em sentido estrito, são as atividades exercidas pela admi-
nária as irregularidades de que tenham conhecimento, referentes
nistração pública.
ao serviço prestado;
V - comunicar às autoridades competentes os atos ilícitos pra-
PRINCÍPIOS DO SERVIÇO PÚBLICO
ticados pela concessionária na prestação do serviço;
VI - contribuir para a permanência das boas condições dos
Vamos conferir três princípios do serviço público: Continui-
bens públicos através dos quais lhes são prestados os serviços.
dade da prestação do serviço público, princípio da mutabilidade e
princípio da igualdade dos usuários. CLASSIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS
Princípio da continuidade da prestação do serviço públi- a) Serviços delegáveis e indelegáveis: Serviços delegáveis
co: Em se tratando de serviço público, o princípio mais importante são aqueles que por sua natureza, ou pelo fato de assim dispor o
é o da continuidade de sua prestação. ordenamento jurídico, comportam ser executados pelo estado ou
Num contrato administrativo, quando o particular descum- por particulares colaboradores. Serviços indelegáveis são aqueles
pre suas obrigações, há rescisão contratual. Se a Administração, que só podem ser prestados pelo Estado diretamente, por seus ór-
entretanto, que descumpre suas obrigações, o particular não pode gãos ou agentes.
rescindir o contrato, tendo em vista o princípio da continuidade da
prestação. b) Serviços administrativos e de utilidade pública: O cha-
Essa é a chamada “cláusula exorbitante”, que visa dar à Admi- mado serviço de utilidade pública é o elenco de serviços prestados
nistração Pública uma prerrogativa que não existe para o particu- à população ou postos à sua disposição, pelo Estado e seus agen-
lar, colocando-a em uma posição superior em razão da supremacia tes, basicamente de infra-estrutura e de uso geral, como correios e
do interesse público. telecomunicações, fornecimento de energia, dentre outros.
Princípio da mutabilidade: Fica estabelecido que a execu- c) Serviços coletivos (uti universi) e singulares (uti singu-
ção do serviço público pode ser alterada, desde que para atender li): São serviços gerais, prestados pela Administração à sociedade
o interesse público. Assim, nem os servidores, nem os usuários de como um todo, sem destinatário determinado e são mantidos pelo
serviços públicos, nem os contratados pela administração pública, pagamento de impostos. Serviços singulares são os individuais
têm direito adquirido à manutenção de determinado regime jurí- onde os usuários são determinados e são remunerados pelo paga-
dico. mento de taxa ou tarifa.
Princípio da igualdade dos usuários: Esse princípio estipula d) Serviços sociais e econômicos: Serviços sociais são os que
que não haverá distinção entre as pessoas interessadas em con- o Estado executa para atender aos reclamos sociais básicos e repre-
tratar com a administração pública. Dessa forma, se tais pessoas sentam; ou uma atividade propiciadora de comodidade relevante;
possuírem condições legais de contratação, não poderão ser dife- ou serviços assistenciais e protetivos. Serviços econômicos são
renciadas. aqueles que, por sua possibilidade de lucro, representam ativida-
des de caráter industrial ou comercial.
Didatismo e Conhecimento 5
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
DIFERENÇA ENTRE DESCENTRALIZAÇÃO E DES- Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, direta-
CONCENTRAÇÃO mente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de
licitação, a prestação de serviços públicos.
As duas figuras dizem respeito à forma de prestação do servi- Parágrafo único. A lei disporá sobre:
ço público. Descentralização, entretanto, significa transferir a exe- I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias
cução de um serviço público para terceiros que não se confundem de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua
com a Administração Direta, e a desconcentração significa trans- prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e
ferir a execução de um serviço público de um órgão para o outro rescisão da concessão ou permissão;
dentro da Administração Direta, permanecendo esta no centro. II - os direitos dos usuários;
III - política tarifária;
REMUNERAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS
IV - a obrigação de manter serviço adequado.
Concessão de Serviço Público: É a delegação da prestação do
Os serviços públicos podem ser prestados de forma abstrata, serviço público feita pelo poder concedente, mediante licitação na
difusa, à toda coletividade, sem particularização ou individualiza- modalidade concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de em-
ção da prestação (educação, a saúde pública, a iluminação pública, presas que demonstrem capacidade de desempenho por sua conta
a segurança pública, a limpeza pública, coleta de lixo, calçamento e risco, com prazo determinado. Essa capacidade de desempenho
e outros), que são remunerados por via necessariamente tributária. é averiguada na fase de habilitação da licitação. Qualquer prejuízo
Em contrapartida, existem serviços cuja prestação é especi- causado a terceiros, no caso de concessão, será de responsabilidade
fica, mensurável, individual, ou seja, se apresenta de forma con- do concessionário – que responde de forma objetiva (art. 37, § 6.º,
creta ao usuário, o que gerará um direito subjetivo de prestação. da CF) tendo em vista a atividade estatal desenvolvida, responden-
A fruição destes serviços não será homogênea para todos os usuá- do a Administração Direta subsidiariamente. A subconcessão é ad-
rios, que poderão utilizá-los em intensidades diversas, de acordo mitida desde que prevista no contrato de concessão e será precedida
com a necessidade de cada um. São serviços como energia elétri- por licitação, na modalidade concorrência ou tomada de preços. No
ca, telefonia, gás, água encanada e transporte coletivo. Eles são que tange a extinção da concessão, vamos conferir o artigo 35 da
específicos, que significa dizer que são prestados de uma forma Lei 8.987/95
autônoma, destacada e são também divisíveis, em que o uso efe-
tivo ou potencial pode ser aferido individualmente. Estes serviços Art. 35. Extingue-se a concessão por:
I - advento do termo contratual;
serão remunerados por Taxas de serviços (que diferem das taxas de
II - encampação;
polícia) ou por tarifas (também chamadas de preços), já que este
III - caducidade;
tipo de serviço público pode ser objeto de delegação. IV - rescisão;
- Taxa: Taxa é o tributo cobrado de alguém que se utiliza, ou V - anulação; e
possui à sua disposição, serviço público especial e divisível, de VI - falência ou extinção da empresa concessionária e faleci-
caráter administrativo ou jurisdicional. Serviço divisível é aquele mento ou incapacidade do titular, no caso de empresa individual.
que pode ser mensurado, medido, ter sua quantidade aferida por § 1o Extinta a concessão, retornam ao poder concedente todos
algum instrumento, ser prestado de forma individualizada ao usuá- os bens reversíveis, direitos e privilégios transferidos ao concessio-
rio. Está capitulado no art. 79, III do CTN. Entendem-se divisíveis, nário conforme previsto no edital e estabelecido no contrato.
os serviços quando suscetíveis de utilização, separadamente, por § 2o Extinta a concessão, haverá a imediata assunção do servi-
parte de cada um dos usuários. ço pelo poder concedente, procedendo-se aos levantamentos, ava-
- Tarifa: Também conhecida como preço público, é o valor liações e liquidações necessários.
cobrado pela prestação de serviços públicos por empresas públi- § 3o A assunção do serviço autoriza a ocupação das instala-
cas, sociedades de economia mista , empresas concessionárias e ções e a utilização, pelo poder concedente, de todos os bens rever-
permissionárias de serviços públicos (art. 2° e 3° do Código de síveis.
Defesa do Consumidor). Aqui, o Estado também presta serviço § 4o Nos casos previstos nos incisos I e II deste artigo, o poder
público, mas por meio dos órgãos da administração indireta, ao concedente, antecipando-se à extinção da concessão, procederá
aos levantamentos e avaliações necessários à determinação dos
contrário do tributo taxa, cobrado pelos órgãos da Administração
montantes da indenização que será devida à concessionária, na
Direta, que podem, inclusive, celebrar contratos administrativos
forma dos arts. 36 e 37 desta Lei.
para a prestação de serviços taxados. Tarifa é um instituto típico Permissão de Serviço Público: É a delegação a título precário,
de direito privado, existente em uma relação de consumo, em que mediante licitação feita pelo poder concedente à pessoa física ou
há a autonomia da vontade, a liberdade de contratar e de discutir jurídica que demonstrem capacidade de desempenho por sua conta
cláusulas e condições de contrato, ou seja, do pacta sunt servanda. e risco.
A Lei n. 8.987/95 é contraditória quando se refere à nature-
FORMAS DE DELEGAÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICO za jurídica da permissão: menciona que é “precária”, mas que será
precedida de “licitação”, o que pressupõe um contrato e um contra-
As concessões de serviços públicos e de obras públicas e as to não pode ser precário.
permissões de serviços públicos reger-se-ão pelos termos do art. Em razão disso, diverge a doutrina.
175 da Constituição Federal, pela lei 8.987/95, pelas normas legais Para Hely Lopes Meirelles, Maria Sylvia Zanella di Pietro e
pertinentes e pelas cláusulas dos indispensáveis contratos. Vamos Celso Antonio Bandeira de Mello, concessão é uma espécie de con-
conferir a redação do artigo 175 da Constituição Federal: trato administrativo destinado a transferir a execução de um serviço
público para terceiros; permissão é ato administrativo unilateral e
precário.
Didatismo e Conhecimento 6
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Nada obstante, a Constituição Federal iguala os institutos No âmbito da cooperação interna da Administração, propug-
quando a eles se refere (art. 223, §§ 4.º e 5.º). na-se o desenvolvimento da autonomia gerencial, inclusive de
gestão financeira e orçamentária, a partir da celebração de contra-
Art. 223. Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar tos de gestão, estabelecendo deveres e responsabilidades do órgão
concessão, permissão e autorização para o serviço de radiodifu- autônomo. Em relação à gestão associada entre vários órgãos ou
são sonora e de sons e imagens, observado o princípio da comple- entidades da Administração mesmo, sua operação se observa atra-
mentaridade dos sistemas privado, público e estatal. vés de consórcios públicos e convênios de cooperação.
§ 4º - O cancelamento da concessão ou permissão, antes de Assim, nota-se a atualidade dos convênios administrativos e
vencido o prazo, depende de decisão judicial. consórcios públicos no âmbito da atuação administrativa, como
§ 5º - O prazo da concessão ou permissão será de dez anos instrumentos de cooperação entre os diversos órgãos da Adminis-
para as emissoras de rádio e de quinze para as de televisão. tração e destes com os particulares, com vista a realização do in-
teresse público.
Autorização: É um ato administrativo unilateral, discricioná-
rio e precário, pelo qual o Poder Público transfere por delegação a
execução de um serviço público para terceiros. 6.5. ATOS ADMINISTRATIVOS.
O ato é precário porque não tem prazo certo e determinado,
possibilitando o seu desfazimento a qualquer momento.
O que diferencia, basicamente, a autorização da permissão é
o grau de precariedade. A autorização de serviço público tem pre- Ato jurídico é todo ato lícito que possui por finalidade imedia-
cariedade acentuada e não está disciplinada na Lei n. 8.987/95. É ta adquirir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir direitos.
aplicada para execução de serviço público emergencial ou transitó- Ato administrativo é espécie de ato jurídico, é ato infralegal.
rio (Exemplo: serviço de táxi; serviços de despachantes; serviço de Ato administrativo é toda manifestação lícita e unilateral de
guarda particular em estabelecimentos; serviços de pavimentação vontade da Administração ou de quem lhe faça às vezes, que agin-
de ruas pela própria população etc.). do nesta qualidade tenha por fim imediato adquirir, transferir, mo-
dificar ou extinguir direitos e obrigações.
Regime das parcerias público-privadas (PPP): As parcerias Os atos administrativos podem ser praticados pelo Estado ou
público-privadas surgiu como instrumento regulador dos diversos por alguém que esteja em nome dele. Logo, pode-se concluir que
setores da sociedade, uma nova modalidade de concessão, criadas os atos administrativos não são definidos pela condição da pessoa
com o objetivo de incentivar o investimento privado em obras pú- que os realiza. Tais atos são regidos pelo Direito Público.
blicas de infra-estrutura estratégica, mediante a garantia de retorno Deve-se diferenciar o conceito de ato administrativo do con-
do capital investido ao parceiro privado, corrigindo as distorções ceito de ato da Administração. Este último é ato praticado por ór-
provocadas com a ingerência direta do Estado no setor econômico. gão vinculado à estrutura do Poder Executivo.
No Brasil, apesar de abrir um campo largo para a criação de Nem todo ato praticado pela Administração será ato adminis-
projetos, o regime de PPP tem limites na Lei de Licitações, na Lei trativo, ou seja, há circunstâncias em que a Administração se afasta
de Concessões e na Lei de Responsabilidade Fiscal. das prerrogativas que possui, equiparando-se ao particular.
Portanto, o sucesso dos contratos de PPP depende de uma Nesse tópico, vamos estudar os atos administrativos como um
estabilização legal e regulatória, que reduza os riscos e ofereça todo, sem preocupação com a ordem estabelecida pelo edital, por
garantias consistentes ao capital privado, para que a confiança na questão de didática.
sustentabilidade do crescimento possa auxiliar no estabelecimento
de uma política industrial consistente e em uma estabilidade insti- Exemplo de Atos da Administração que não são Atos Ad-
tucional no plano político-social. ministrativos:
Atos atípicos praticados pelo Poder Executivo: São hipóteses
CONVÊNIOS E CONSÓRCIOS ADMINISTRATIVOS em que o Poder Executivo exerce atos legislativos ou judiciais.
Convênios e consórcios administrativos surgem no direito ad- Atos materiais praticados pelo Poder Executivo: São atos não
ministrativo, fundamentalmente, como instrumentos jurídicos que jurídicos; que não produzem consequências jurídicas (Exemplo:
permitem a cooperação de diferentes pessoas de direito público, Um funcionário do Executivo digitando algum documento).
ou entre estas e particulares. Estes instrumentos de cooperação Atos regidos pelo Direito Privado e praticados pelo Poder
possibilitam a conjugação de esforços de diversos entes naquilo Executivo: Para que o ato seja administrativo, deverá, sempre, ser
que isoladamente não são capazes de realizar. regido pelo Direito Público; então, se é ato regido pelo Direito
Os convênios em primeiro plano, e os consórcios em menor Privado, é, tão somente, um ato da Administração.
grau, são os instrumentos jurídicos que permitem com que União, Atos políticos ou de governo praticados pelo Poder Execu-
Estados e Municípios realizem esforços conjuntos na realização tivo.
do interesse público. Tanto nas áreas que a Constituição indicou a
competência concorrente de todos ou de dois dos entes públicos, Atos Administrativos que não são Atos da Administração:
quanto naquelas em que, embora a norma de competência indi- São todos os atos administrativos praticados em caráter atípico
que um ente como responsável, a realização material da finalidade pelo Poder Legislativo ou pelo Poder Judiciário.
pública diz com o interesse geral e, portanto, também cabe aos
demais cooperarem no que for possível.
Didatismo e Conhecimento 7
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO 3. Exigibilidade ou Coercibilidade: É o poder que possuem
os atos administrativos de serem exigidos quanto ao seu cumpri-
São as condições necessárias para a existência válida do ato. mento sob ameaça de sanção. A imperatividade e a exigibilidade,
Do ponto de vista da doutrina tradicional, os requisitos dos atos em regra, nascem no mesmo momento. Excepcionalmente o legis-
administrativos são cinco: lador poderá diferenciar o momento temporal do nascimento da
Competência: Agente capaz; imperatividade e o da exigibilidade. No entanto, a imperatividade
Objeto lícito: São atos infralegais; é pressuposto lógico da exigibilidade, ou seja, não se poderá exigir
Motivo: Este integra os requisitos dos atos administrativos obrigação que não tenha sido criada.
tendo em vista a defesa de interesses coletivos. Por isso existe a
teoria dos motivos determinantes; 4. Auto-executoriedade: É o poder de serem executados
Finalidade: O ato administrativo somente visa a uma finali- materialmente pela própria administração, independentemente de
dade, que é a pública; se o ato praticado não tiver essa finalidade, recurso ao Poder Judiciário. A auto-executoriedade é atributo de
ocorrerá abuso de poder; alguns atos administrativos, ou seja, não existe em todos os atos
Forma: Somente a prevista em lei. (Exemplo: Procedimento tributário, desapropriação, etc.). Poderá
ocorrer em dois casos:
Existe, no entanto, uma abordagem mais ampla, com o apon- a) Quando a lei expressamente prever;
tamento de outros requisitos. b) Quando estiver tacitamente prevista em lei (nesse caso de-
Há certas condições para que o ato exista e há certas condi- verá haver a soma dos seguintes requisitos:
ções para que o ato seja válido. Os requisitos necessários para a situação de urgência; e
existência do ato administrativo são chamados de elementos e os inexistência de meio judicial idôneo capaz de, a tempo, evitar
requisitos necessários para a validade do ato administrativo são a lesão.
chamados de pressupostos.
CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
ELEMENTOS DO ATO ADMINISTRATIVO
Quanto à supremacia do poder público:
Atos de império: Atos onde o poder público age de forma
Conteúdo: É aquilo que o ato afirma, que o ato declara. O
imperativa sobre os administrados, impondo-lhes obrigações.
ato administrativo é, por excelência, uma manifestação de vontade
Exemplos de atos de império: A desapropriação e a interdição de
do Estado. O que é declarado no ato será o seu conteúdo. Então
atividades.
o conteúdo é necessário para a existência do ato. Alguns autores
Atos de expediente: São aqueles destinados a dar andamento
utilizam-se da expressão “objeto”, como sinônimo de conteúdo.
aos processos e papéis que tramitam no interior das repartições.
É nesse sentido que “objeto” vem descrito nos cinco requisitos
Os atos de gestão (praticados sob o regime de direito privado. Ex:
utilizados pela doutrinal tradicional.
contratos de locação em que a Administração é locatária) não são
atos administrativos, mas são atos da Administração. Para os auto-
Forma: É a maneira pela qual um ato é revelado para o mundo res que consideram o ato administrativo de forma ampla (qualquer
jurídico, é o modo pelo qual o ato ganha “vida” jurídica. Normal- ato que seja da administração como sendo administrativo), os atos
mente, os atos devem ser praticados por meio de formas escritas, de gestão são atos administrativos.
no entanto, é possível que o ato administrativo seja praticado por
meio de sinais ou de comandos verbais nos casos de urgência e de Quanto à natureza do ato:
transitoriedade (Exemplo: Placas de trânsito, farol, etc.). Atos-regra: Traçam regras gerais (regulamentos).
Atos subjetivos: Referem-se a situações concretas, de sujeito
ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO determinado.
Atos-condição: Somente surte efeitos caso determinada con-
Atributos são prerrogativas que existem por conta dos interes- dição se cumpra.
ses que a Administração representa, são as qualidades que permi-
tem diferenciar os atos administrativos dos outros atos jurídicos. Quanto ao regramento:
São eles: Atos vinculados: Possui todos seus elementos determinados
em lei, não existindo possibilidade de apreciação por parte do ad-
1. Presunção de Legitimidade: É a presunção de que os ministrador quanto à oportunidade ou à conveniência. Cabe ao ad-
atos administrativos devem ser considerados válidos, até que se ministrador apenas a verificação da existência de todos os elemen-
demonstre o contrário, a bem da continuidade da prestação dos ser- tos expressos em lei para a prática do ato. Caso todos os elementos
viços públicos. Isso não significa que os atos administrativos não estejam presentes, o administrador é obrigado a praticar o ato ad-
possam ser contrariados, no entanto, o ônus da prova é de quem ministrativo; caso contrário, ele estará proibido da prática do ato.
alega. Atos discricionários: O administrador pode decidir sobre o
motivo e sobre o objeto do ato, devendo pautar suas escolhas de
2. Imperatividade: É o poder que os atos administrativos acordo com as razões de oportunidade e conveniência. A discri-
possuem de gerar unilateralmente obrigações aos administrados, cionariedade é sempre concedida por lei e deve sempre estar em
independente da concordância destes. É a prerrogativa que a Ad- acordo com o princípio da finalidade pública. O poder judiciário
ministração possui para impor determinado comportamento a ter- não pode avaliar as razões de conveniência e oportunidade (méri-
ceiros. to), apenas a legalidade, os motivos e o conteúdo ou objeto do ato.
Didatismo e Conhecimento 8
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Quanto à formação: Quanto à exequibilidade:
Atos simples: Resultam da manifestação de vontade de apenas Perfeito: É aquele que completou seu processo de formação,
um órgão público. estando apto a produzir seus efeitos. Perfeição não se confunde
Atos complexos: Resultam da manifestação de vontade de com validade. Esta é a adequação do ato à lei; a perfeição refere-se
mais de um órgão público. às etapas de sua formação.
Atos compostos: São os praticados por um órgão, porém ne- Imperfeito: Não completou seu processo de formação, por-
cessitam da aprovação de outro órgão. tanto, não está apto a produzir seus efeitos, faltando, por exemplo,
a homologação, publicação, ou outro requisito apontado pela lei.
Quanto aos efeitos: Pendente: Para produzir seus efeitos, sujeita-se a condição
Constitutivo: Gera uma nova situação jurídica aos destinatá- ou termo, mas já completou seu ciclo de formação, estando apenas
rios. Pode ser outorgado um novo direito, como permissão de uso aguardando o implemento desse acessório, por isso não se confun-
de bem público, ou impondo uma obrigação, como cumprir um pe- de com o imperfeito. Condição é evento futuro e incerto, como o
ríodo de suspensão. casamento. Termo é evento futuro e certo, como uma data espe-
Declaratório: Simplesmente afirma ou declara uma situação cífica.
já existente, seja de fato ou de direito. Não cria, transfere ou extin- Consumado: É o ato que já produziu todos os seus efeitos,
gue a situação existente, apenas a reconhece. Também é dito enun- nada mais havendo para realizar. Exemplifique-se com a exonera-
ciativo. É o caso da expedição de uma certidão de tempo de serviço. ção ou a concessão de licença para doar sangue.
Modificativo: Altera a situação já existente, sem que seja ex-
tinta, não retirando direitos ou obrigações. A alteração do horário de ESPÉCIES DE ATO ADMINISTRATIVO
atendimento da repartição é exemplo desse tipo de ato.
Extintivo: Pode também ser chamado desconstitutivo, é o ato Segundo Hely Lopes Meirelles, podemos agrupar os atos ad-
que põe termo a um direito ou dever existente. Cite-se a demissão ministrativos em 5 cinco tipos:
do servidor público.
a) Atos normativos: São aqueles que contém um comando
geral do Executivo visando o cumprimento de uma lei. Podem
Quanto à abrangência dos efeitos:
apresentar-se com a característica de generalidade e abstração (de-
Internos: Destinados a produzir seus efeitos no âmbito interno
creto geral que regulamenta uma lei), ou individualidade e concre-
da Administração Pública, não atingindo terceiros, como as circu-
ção (decreto de nomeação de um servidor)
lares e pareceres.
b) Atos ordinatórios: São os que visam a disciplinar o fun-
Externos: Têm como destinatárias pessoas além da Admi-
nistração Pública, e, portanto, necessitam de publicidade para que cionamento da Administração e a conduta funcional de seus agen-
produzam adequadamente seus efeitos. São exemplo;s a fixação do tes. Emanam do poder hierárquico, isto é, podem ser expedidos
horário de atendimento e a ocupação de bem privado pela Adminis- por chefes de serviços aos seus subordinados. Logo, não obrigam
tração Pública. aos particulares.
c) Atos negociais: São todos aqueles que contêm uma decla-
Quanto à validade: ração de vontade da Administração apta a concretizar determinado
Válido: É o que atende a todos os requisitos legais: competên- negócio jurídico ou a deferir certa faculdade ao particular, nas con-
cia, finalidade, forma, motivo e objeto. Pode estar perfeito, pronto dições impostas ou consentidas pelo Poder Público.
para produzir seus efeitos ou estar pendente de evento futuro. d) Atos enunciativos: São todos aqueles em que a Adminis-
Nulo: É o que nasce com vício insanável, ou seja, um defeito tração se limita a certificar ou a atestar um fato, ou emitir uma opi-
que não pode ser corrigido. Não produz qualquer efeito entre as nião sobre determinado assunto, constantes de registros, processos
partes. No entanto, em face dos atributos dos atos administrativos, e arquivos públicos, sendo sempre, por isso, vinculados quanto ao
ele deve ser observado até que haja decisão, seja administrativa, motivo e ao conteúdo.
seja judicial, declarando sua nulidade, que terá efeito retroativo, e) Atos punitivos: São aqueles que contêm uma sanção im-
ex tunc, entre as partes. Por outro lado, deverão ser respeitados posta pela lei e aplicada pela Administração, visando punir as in-
os direitos de terceiros de boa-fé que tenham sido atingidos pelo frações administrativas ou condutas irregulares de servidores ou
ato nulo. Cite-se a nomeação de um candidato que não tenha nível de particulares perante a Administração.
superior para um cargo que o exija. A partir do reconhecimento
do erro, o ato é anulado desde sua origem. Porém, as ações legais PRESSUPOSTOS DO ATO ADMINISTRATIVO
eventualmente praticadas por ele durante o período em que atuou
permanecerão válidas. 1. Competência: É o dever-poder atribuído a um agente pú-
Anulável: É o ato que contém defeitos, porém, que podem ser blico para a prática de atos administrativos. O sujeito competen-
sanados, convalidados. Ressalte-se que, se mantido o defeito, o ato te pratica atos válidos. Para se configurar a competência, deve-se
será nulo; se corrigido, poderá ser “salvo” e passar a ser válido. atender a três perspectivas: É necessário que a pessoa jurídica que
Atente-se que nem todos os defeitos são sanáveis, mas sim aqueles pratica o ato tenha competência; é necessário que o órgão que
expressamente previstos em lei. pratica o ato seja competente; é necessário que o agente, a pessoa
Inexistente: É aquele que apenas aparenta ser um ato admi- física, seja competente.
nistrativo, manifestação de vontade da Administração Pública. São
produzidos por alguém que se faz passar por agente público, sem sê 2. Vontade: É o “querer”, que constitui o ato administrativo.
-lo, ou que contém um objeto juridicamente impossível. Exemplo Ou seja, é necessária a manifestação de vontade para validar o ato
do primeiro caso é a multa emitida por falso policial; do segundo, administrativo. Se um ato administrativo for praticado com dolo,
a ordem para matar alguém. erro ou coação, ele poderá ser anulado. Não são todos os atos, no
Didatismo e Conhecimento 9
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
entanto, que têm vontade como pressuposto de validade. Somente Motivo legal do ato é o fato abstratamente descrito na hipótese
nos atos administrativos discricionários os vícios do consentimen- da norma jurídica e que, quando se concretiza na realidade, propicia
to são relevantes, ou seja, se verificados, implicam a invalidade do a prática do ato administrativo, ou seja, é a descrição do fato feita
ato. Nos atos vinculados, os vícios de consentimento são irrelevan- na norma jurídica que leva à prática do fato concreto (motivo). Não
tes, tendo em vista que o sentido da vontade já foi dado pela lei. é uma característica unicamente do Direito Administrativo e sim da
Teoria Geral do Direito.
3. Motivo: É o acontecimento da realidade que autoriza ou Nem sempre os atos administrativos possuem motivo legal.
determina a prática de um ato administrativo, ou seja, os atos ad- Nos casos em que o motivo legal não está descrito na norma, a lei
ministrativos irão acontecer após um fato da realidade. Ex: Está deu competência discricionária para que o sujeito escolha o motivo
disposto que se o servidor público faltar mais de 30 dias será demi- legal (Exemplo: A lei dispõe que compete ao prefeito demitir fun-
tido. O motivo determina a validade dos atos administrativos por cionários; neste caso, a lei não descreveu o motivo legal, então o
força da Teoria dos Motivos Determinantes. Essa teoria afirma que prefeito poderá escolher o motivo legal para a demissão).
os motivos alegados para a prática de um ato administrativo ficam Deve-se observar que qualquer competência discricionária tem
um limite para a ação. O sujeito poderá escolher o motivo legal,
a ele vinculados de tal modo que a prática de um ato administrativo
entretanto terá limites para isso. Esse limite está dentro do campo
mediante a alegação de motivos falsos ou inexistentes determina
da razoabilidade. A autoridade deverá escolher um fato que guarde
a sua invalidade. pertinência lógica com o conteúdo e com a finalidade jurídica do ato.
Uma vez alegado um motivo ao ato, se for considerado ine- Não havendo essa observância, a autoridade estará sendo arbitrária,
xistente, ocorrendo a invalidade do ato, não se poderá alegar outro indo além da sua liberdade discricionária, e o ato guardará um vício
motivo, visto que o primeiro que foi alegado fica vinculado ao ato chamado “abuso de autoridade”.
por força da Teoria dos Motivos Determinantes. Ex: Um servidor A Teoria dos Motivos Determinantes se aplica a todos os atos
público ofende com palavras de baixo calão um superior. O supe- administrativos, sem exceção, valendo inclusive para os atos que
rior demite o funcionário, mas utiliza como motivação o fato de não tenham motivo legal. Nos casos em que não houver motivo le-
ter o mesmo faltado mais de trinta dias. Sendo comprovado que gal, a autoridade, por meio da motivação, deverá narrar os fatos que
o funcionário não faltou os trinta dias, a demissão é invalidada e a levaram a praticar o ato.
não poderá o superior alegar que o motivo da demissão foi ofensa. Assim, quando na motivação, a autoridade descrever o motivo,
Não se pode confundir motivo com motivação: Motivação é a este será considerado o motivo legal do ato e, sendo inexistente, o
justificação escrita, feita pela autoridade que praticou o ato e em ato será inválido.
que se apresentam as razões de fato e de direito que ensejaram a
prática do ato. Difere do motivo, visto que este é o fato e a motiva- 4. Finalidade do ato administrativo: É a razão jurídica pela
ção é a exposição escrita do fato. qual um ato administrativo foi abstratamente criado pela ordem jurí-
Há casos em que a motivação é obrigatória e nesses casos ela dica. A norma jurídica prevê que os atos administrativos devem ser
será uma formalidade do ato administrativo, sendo que sua falta praticados visando a um fim. Todo ato administrativo é criado para
acarretará a invalidade do ato. Existe, entretanto, uma polêmica alcançar um mesmo fim, que é a satisfação do interesse público.
doutrinária sobre quando se deverá determinar a obrigatoriedade Porém, embora os atos administrativos sempre tenham por objeto a
da motivação. Quando a lei dispõe expressamente os casos em que satisfação do interesse público, esse interesse pode variar de acordo
a motivação é obrigatória, não existe divergência, ela irá ocorrer com a situação (Exemplo: Os fatos da realidade podem determinar
nos casos em que a lei nada estabelece; que alguém seja punido, então, o interesse público é essa punição).
Alguns autores entendem que a motivação será obrigatória em Em cada caso, cada situação, haverá uma resposta para o ato, haverá
todos os casos de atos administrativos vinculados, e outros enten- uma espécie específica de ato administrativo para cada situação da
realidade.
dem que será obrigatória em todos os casos de atos administrativos
A finalidade é relevante para o ato administrativo. Se a autori-
discricionários. Alguns autores, no entanto, entendem que todos
dade administrativa praticar um ato fora da finalidade genérica ou
os atos administrativos, independentemente de serem vinculados
fora da finalidade específica, estará praticando um ato viciado que é
ou discricionários, deverão obrigatoriamente ser motivados, ain- chamado “desvio de poder ou desvio de finalidade”. Normalmente
da que a lei nada tenha expressado. Esse entendimento baseia-se no desvio de poder há móvel ilícito, podendo, entretanto, haver ex-
no Princípio da Motivação (princípio implícito na Constituição ceções. Quando se tem no ato discricionário um móvel ilícito, nasce
Federal). Esse princípio decorre do Princípio da Legalidade, do uma presunção de desvio de poder.
Princípio do Estado de Direito e do princípio que afirma que todos
os atos que trazem lesão de direitos deverão ser apreciados pelo 5. Formalidade: É a maneira específica pela qual um ato admi-
Poder Judiciário. nistrativo deve ser praticado para que seja válido. Todo ato adminis-
Existem exceções em que o ato administrativo pode valida- trativo tem uma forma; entretanto, em alguns atos, a lei prevê que
mente ser praticado sem motivação: deve ser praticada uma forma específica.
Quando o ato administrativo não for praticado de forma es-
crita; COMPETÊNCIA
Quando em um ato, por suas circunstâncias intrínsecas, o mo-
tivo que enseja a prática é induvidoso em todos os seus aspectos, É o poder que a lei outorga ao agente público para o desempe-
permitindo o seu conhecimento de plano por qualquer interessado. nho de suas funções. Competência lembra a capacidade do direito
privado, com um plus; além das condições normas necessárias à
capacidade, o sujeito deve atuar dentro da esfera que a lei traçou.
A competência pode vir primariamente fundada na lei (
Didatismo e Conhecimento 10
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 61, § 1º, II e 84, VI da CF), ou de forma secundária, atra- Para José dos Santos Carvalho Filho tanto a delegação quanto
vés de atos administrativos organizacionais. A Constituição Federa a avocação devem ser consideradas como figuras excepcionais, só
(CF) também pode ser fonte de competência, consoante artigos 84 justificáveis ante os pressupostos que a lei estabelecer. São carac-
a 87 (competência do Presidente da República e dos Ministros de terísticas da competência:
Estado no Executivo); arts. 48, 49, 51 inciso IV e 52 (competência Irrenunciabilidade: O administrador exerce função pública,
do Congresso Nacional, Câmara dos Deputados e Senado Fede- ou seja, atua em nome e no interesse do povo, daí a indisponibilida-
ral). Dessa forma, competência é o conjunto de atribuições das de do interesse;
pessoas jurídicas, órgãos e agentes, fixadas na lei. Exercício Obrigatório: Quando invocado o agente competente
A competência é inderrogável, ou seja, não se transfere a outro tem o dever de atuar, podendo inclusive se omisso, ser responsabi-
órgão por acordo entre as partes, fixada por lei deve ser rigidamen- lizado;
te observada. A competência é improrrogável, diferentemente da Intransferibilidade: Em que pese na delegação serem trans-
esfera jurisdicional onde se admite a prorrogação da competência, feridas parcelas das atribuições, a competência jamais se transfere
na esfera administrativa a incompetência não se transforma em integralmente;
competência, a não ser por alteração legal. A competência pode ser Imodificabilidade: A simples vontade do agente não a torna
objeto de delegação (transferência de funções de um sujeito, nor- modificável nem transacionável, posto que ela decorre da lei;
malmente para outro de plano hierarquicamente inferior, funções Imprescritibilidade: Ela não se extingue pelo seu não uso.
originariamente conferidas ao primeiro – ver art. 84 parágrafo
único da CF) ou avocação (órgão superior atrai para si a compe- VINCULAÇÃO E DISCRICIONARIEDADE
tência para cumprir determinado ato atribuído a outro inferior)
consoante art. 11 da Lei 9.784/99 (Lei do procedimento adminis- No ato vinculado, o administrador não tem liberdade para
trativo federal), “a competência é irrenunciável e se exerce pelos decidir quanto à atuação. A lei previamente estabelece um único
órgãos administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os comportamento possível a ser tomado pelo administrador no caso
casos de delegação e avocação legalmente admitidos”. concreto; não podendo haver juízo de valores, o administrador não
poderá analisar a conveniência e a oportunidade do ato.
Artigo 84 da CF [...] O ato discricionário é aquele que, editado sob o manto da lei,
Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar confere ao administrador a liberdade para fazer um juízo de con-
as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira veniência e oportunidade. A diferença entre o ato vinculado e o ato
parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da Repú- discricionário está no grau de liberdade conferido ao administrador.
blica ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites Tanto o ato vinculado quanto o ato discricionário só poderão ser
traçados nas respectivas delegações. reapreciados pelo Judiciário no tocante à sua legalidade, pois o ju-
diciário não poderá intervir no juízo de valor e oportunidade da Ad-
ministração Pública.
A regra é a possibilidade de delegação e avocação e a exceção
ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO
é a impossibilidade de delegação e avocação que só ocorre quando
a competência é outorgada com exclusividade a um determinado
ANULAÇÃO: É a retirada do ato administrativo em decorrên-
órgão. Vamos conferir os artigos 12, 13 e 15 da Lei 9.784/99:
cia de sua invalidade. A anulação pode acontecer por via judicial
ou por via administrativa. Ocorrerá por via judicial quando alguém
solicita ao Judiciário a anulação do ato. Ocorrerá por via adminis-
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se trativa quando a própria Administração expede um ato anulando
não houver impedimento legal, delegar parte da sua competência o antecedente, utilizando-se do princípio da autotutela, ou seja, a
a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierar- Administração tem o poder de rever seus atos sempre que eles fo-
quicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de rem ilegais ou inconvenientes. Quando a anulação é feita por via
circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou administrativa, pode ser realizada de ofício ou por provocação de
territorial. terceiros.
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à A anulação de um ato não pode prejudicar terceiro de boa-fé.
delegação de competência dos órgãos colegiados aos respectivos
presidentes. REVOGAÇÃO: É a retirada do ato administrativo em decor-
rência da sua inconveniência ou inoportunidade em face dos interes-
ses públicos. Somente se revoga ato válido que foi praticado dentro
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação: da Lei. A revogação somente poderá ser feita por via administrativa.
I - a edição de atos de caráter normativo;
II - a decisão de recursos administrativos; CONVALIDAÇÃO: É o ato administrativo que, com efeitos
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou auto- retroativos, sana vício de ato antecedente, de modo a torná-lo válido
ridade. desde o seu nascimento, ou seja, é um ato posterior que sana um ví-
cio de um ato anterior, transformando-o em válido desde o momento
em que foi praticado.
Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos Há alguns autores que não aceitam a convalidação dos atos,
relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de sustentando que os atos administrativos somente podem ser nulos.
competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior. Os únicos atos que se ajustariam à convalidação seriam os atos anu-
láveis.
Existem três formas de convalidação:
Didatismo e Conhecimento 11
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
a) Ratificação: É a convalidação feita pela própria autoridade XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as
que praticou o ato; obras, serviços, compras e alienações serão contratados median-
b) Confirmação: É a convalidação feita por autoridade supe- te processo de licitação pública que assegure igualdade de con-
rior àquela que praticou o ato; dições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam
c) Saneamento: É a convalidação feita por ato de terceiro, ou obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da pro-
seja, não é feita nem por quem praticou o ato nem por autoridade posta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências
superior. de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do
cumprimento das obrigações. (Regulamento)
Verificado que um determinado ato é anulável, a convalidação
será discricionária, ou seja, a Administração convalidará ou não o A obrigatoriedade de licitar alcança a Administração Pública
ato de acordo com a conveniência. Alguns autores, tendo por base direta e indireta, inclusive as entidades empresariais (art. 173, §
o princípio da estabilidade das relações jurídicas, entendem que a 1.º, inc. III, da CF). As empresas públicas e as sociedades de eco-
convalidação deverá ser obrigatória, visto que, se houver como sa-
nomia mista, como dita aquela regra constitucional, podem possuir
nar o vício de um ato, ele deverá ser sanado. É possível, entretanto,
estatuto próprio, mas, para que possam contratar, também devem
que existam obstáculos ao dever de convalidar, não havendo outra
promover o certame licitatório.
alternativa senão anular o ato.
Os obstáculos ao dever de convalidar são:
Impugnação do ato: Se houve a impugnação, judicial ou ad- Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição,
ministrativa, não há que se falar mais em convalidação. O dever de a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será
convalidar o ato só se afirma se ainda não houve sua impugnação. permitida quando necessária aos imperativos da segurança na-
Decurso de tempo: O decurso de tempo pode gerar um obs- cional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
táculo ao dever de convalidar. Se a lei estabelecer um prazo para § 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública,
a anulação administrativa, na medida em que o decurso de prazo da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explo-
impedir a anulação, o ato não poderá ser convalidado, visto que o rem atividade econômica de produção ou comercialização de bens
decurso de tempo o estabilizará – o ato não poderá ser anulado e ou de prestação de serviços, dispondo sobre:
não haverá necessidade de sua convalidação. III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e
alienações, observados os princípios da administração pública;
Não se deve confundir a convalidação com a conversão do ato
administrativo. Alguns autores, ao se referir à conversão, utilizam O Poder Público não pode ter a liberdade que possuem os
a expressão sanatória. Conversão é o ato administrativo que, com particulares para contratar. Ele deve sempre se nortear por dois
efeitos retroativos, sana vício de ato antecedente, transformando-o valores distintos:
em ato distinto, desde o seu nascimento. Isonomia: O administrador público deve tratar igualmente os
Exemplo: Concessão de uso sem prévia autorização legisla- administrados;
tiva; A concessão é transformada em permissão de uso, que não Probidade: O Poder Público deve sempre escolher a melhor
precisa de autorização legislativa, para que seja um ato válido – alternativa para os interesses públicos.
conversão. Licitação é o procedimento administrativo por meio do qual
O ato nulo, embora não possa ser convalidado, poderá ser con- o Poder Público, mediante critérios preestabelecidos, isonômicos
vertido, transformando-se em ato válido. e públicos, busca escolher a melhor alternativa para a celebra-
ção de um ato jurídico.
6.6. CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
E LICITAÇÃO. PRINCÍPIOS DA LICITAÇÃO
Didatismo e Conhecimento 12
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
1. Princípio da Legalidade, Impessoalidade, Publicidade e de licitação). O processamento de uma licitação deve estar rigo-
Moralidade: O art. 3.º, caput, da Lei 8.666/93 faz referência aos rosamente de acordo com o que está estabelecido no instrumen-
princípios da legalidade, impessoalidade e moralidade. O princí- to convocatório. Os participantes da licitação têm a obrigação de
pio da eficiência não está relacionado. Isso porque, quando a Lei respeitar o instrumento convocatório, assim como o órgão público
n. 8.666 surgiu, em 1993, ainda não existia o caput do art. 37 da responsável.
Constituição Federal com sua redação atual (“...obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade 5. Princípio do Julgamento Objetivo: Esse princípio afirma
e eficiência”). que as licitações não podem ser julgadas por meio de critérios sub-
Legalidade: O administrador está obrigado a fazer tão so- jetivos ou discricionários. Os critérios de julgamento da licitação
mente o que a lei determina. devem ser objetivos, ou seja, uniformes para as pessoas em geral.
Impessoalidade: Significa que a Administração Pública não Exemplo: Em uma licitação foi estabelecido o critério do menor
poderá atuar discriminando pessoas, a Administração Pública deve preço. Esse é um critério objetivo, ou seja, é um critério que não
permanecer numa posição de neutralidade em relação às pessoas varia para ninguém. Todas as pessoas têm condições de avaliar e
privadas. de decidir.
Publicidade: É o dever atribuído à Administração, de dar to-
tal transparência a todos os atos que praticar, ou seja, como regra 6. Outros Princípios:
geral, nenhum ato administrativo pode ser sigiloso. a) Princípio do procedimento formal: Estabelece que as for-
Moralidade: A atividade da Administração Pública deve obe- malidades prescritas para os atos que integram as licitações devem
decer não só à lei, mas também à moral. ser rigorosamente obedecidas.
b) Princípio da adjudicação compulsória: Esse princípio tem
2. Princípio da Isonomia (Igualdade Formal, ou Igualda- uma denominação inadequada. Ele afirma que, se em uma licitação
de): Está previsto no caput do art. 5.º da Constituição Federal. houver a adjudicação, esta deverá ser realizada em favor do vence-
Esse princípio não se limita a máxima: “os iguais devem ser tra- dor do procedimento. Essa afirmação não é absoluta, uma vez que
tados igualmente; os desiguais devem ser tratados desigualmente, várias licitações terminam sem adjudicação.
na medida de suas desigualdades”. c) Princípio do sigilo das propostas: É aquele que estabelece
Para o Prof. Celso Antônio Bandeira de Melo, é errado ima- que as propostas de uma licitação devem ser apresentadas de modo
sigiloso, sem que se dê acesso público aos seus conteúdos.
ginar que o princípio da isonomia veda todas as discriminações.
Discriminar (retirando seu sentido pejorativo) é separar um grupo
EXCEÇÕES AO DEVER DE LICITAR
de pessoas para lhes atribuir tratamento diferenciado do restante.
Nesse sentido, toda a norma jurídica discrimina, porque incide so-
A nossa legislação prevê duas exceções ao dever de licitar:
bre algumas pessoas e sobre outras não.
Exemplos:
DISPENSA DE LICITAÇÃO: É a situação em que, embora
Abertura de concurso público para o preenchimento de vagas viável a competição em torno do objeto licitado, a lei faculta a
no quadro feminino da polícia militar. Qual é o fato discriminado realização direta do ato. Os casos de dispensa devem estar expres-
pela norma? É o sexo feminino. Qual é a razão jurídica pela qual a samente previstos em lei. Vamos conferir a redação do artigo 24
discriminação é feita? A razão jurídica da discriminação é o fato de da Lei n. 8.666/93:
que, em determinadas circunstâncias, algumas atividades policiais
são exercidas de forma mais adequada por mulheres. Art. 24. É dispensável a licitação:
Há, portanto, correspondência lógica entre o fato discrimina- I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez
do e a razão pela qual a discriminação é feita, tornando a norma por cento) do limite previsto na alínea “a”, do inciso I do artigo
compatível com o princípio da isonomia. anterior, desde que não se refiram a parcelas de uma mesma obra
Uma licitação é aberta, exigindo de seus participantes uma ou serviço ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no
determinada máquina. Qual é o fato discriminado pela norma? É mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitante-
a determinada máquina. Qual é a razão jurídica pela qual a discri- mente;
minação é feita? Essa pergunta pode ser respondida por meio de II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por
outra indagação: A máquina é indispensável para o exercício do cento) do limite previsto na alínea «a», do inciso II do artigo ante-
contrato? Se for, a discriminação é compatível com o princípio da rior e para alienações, nos casos previstos nesta Lei, desde que não
isonomia. se refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação
de maior vulto que possa ser realizada de uma só vez;
3. Princípio da Probidade: Ser probo, nas licitações, é esco- III - nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem;
lher objetivamente a melhor alternativa para os interesses públi- IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública,
cos, nos termos do edital. quando caracterizada urgência de atendimento de situação que
possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas,
4. Princípio da Vinculação ao Instrumento Convocatório: obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou parti-
O instrumento convocatório é o ato administrativo que convoca a culares, e somente para os bens necessários ao atendimento da
licitação, ou seja, é o ato que chama os interessados a participarem situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras
da licitação; é o ato que fixa os requisitos da licitação. É chamado, e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180
por alguns autores, de “lei daquela licitação”, ou de “diploma legal (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da
que rege aquela licitação”. Geralmente vem sob a forma de edital, ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorrogação
contudo, há uma exceção: O convite (uma modalidade diferente dos respectivos contratos;
Didatismo e Conhecimento 13
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
V - quando não acudirem interessados à licitação anterior e XVIII - nas compras ou contratações de serviços para o abas-
esta, justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para a tecimento de navios, embarcações, unidades aéreas ou tropas e
Administração, mantidas, neste caso, todas as condições preesta- seus meios de deslocamento quando em estada eventual de curta
belecidas; duração em portos, aeroportos ou localidades diferentes de suas
VI - quando a União tiver que intervir no domínio econômico sedes, por motivo de movimentação operacional ou de adestra-
para regular preços ou normalizar o abastecimento; mento, quando a exiguidade dos prazos legais puder comprome-
VII - quando as propostas apresentadas consignarem preços ter a normalidade e os propósitos das operações e desde que seu
manifestamente superiores aos praticados no mercado nacional, valor não exceda ao limite previsto na alínea “a” do inciso II do
ou forem incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais com- art. 23 desta Lei:
petentes, casos em que, observado o parágrafo único do art. 48 XIX - para as compras de material de uso pelas Forças Ar-
desta Lei e, persistindo a situação, será admitida a adjudicação madas, com exceção de materiais de uso pessoal e administrativo,
direta dos bens ou serviços, por valor não superior ao constante quando houver necessidade de manter a padronização requerida
do registro de preços, ou dos serviços; pela estrutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos e terres-
VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público tres, mediante parecer de comissão instituída por decreto;
interno, de bens produzidos ou serviços prestados por órgão ou XX - na contratação de associação de portadores de deficiên-
entidade que integre a Administração Pública e que tenha sido cia física, sem fins lucrativos e de comprovada idoneidade, por
criado para esse fim específico em data anterior à vigência desta órgãos ou entidades da Administração Pública, para a prestação
Lei, desde que o preço contratado seja compatível com o pratica- de serviços ou fornecimento de mão-de-obra, desde que o preço
do no mercado; contratado seja compatível com o praticado no mercado.
IX - quando houver possibilidade de comprometimento da XXI - para a aquisição de bens e insumos destinados exclusi-
segurança nacional, nos casos estabelecidos em decreto do Presi- vamente à pesquisa científica e tecnológica com recursos concedi-
dente da República, ouvido o Conselho de Defesa Nacional; dos pela Capes, pela FINEP, pelo CNPq ou por outras instituições
X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendi- de fomento a pesquisa credenciadas pelo CNPq para esse fim es-
mento das finalidades precípuas da administração, cujas necessi- pecífico;
dades de instalação e localização condicionem a sua escolha, des- XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento de ener-
de que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo gia elétrica e gás natural com concessionário, permissionário ou
avaliação prévia; autorizado, segundo as normas da legislação específica;
XI - na contratação de remanescente de obra, serviço ou for- XXIII - na contratação realizada por empresa pública ou so-
necimento, em consequência de rescisão contratual, desde que ciedade de economia mista com suas subsidiárias e controladas,
atendida a ordem de classificação da licitação anterior e aceitas para a aquisição ou alienação de bens, prestação ou obtenção
as mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive de serviços, desde que o preço contratado seja compatível com o
quanto ao preço, devidamente corrigido; praticado no mercado.
XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêne- XXIV - para a celebração de contratos de prestação de ser-
ros perecíveis, no tempo necessário para a realização dos proces- viços com as organizações sociais, qualificadas no âmbito das
sos licitatórios correspondentes, realizadas diretamente com base respectivas esferas de governo, para atividades contempladas no
no preço do dia; contrato de gestão.
XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida re- XXV - na contratação realizada por Instituição Científica e
gimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desen- Tecnológica - ICT ou por agência de fomento para a transferência
volvimento institucional, ou de instituição dedicada à recuperação de tecnologia e para o licenciamento de direito de uso ou de explo-
social do preso, desde que a contratada detenha inquestionável ração de criação protegida.
reputação ético-profissional e não tenha fins lucrativos; XXVI – na celebração de contrato de programa com ente da
XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos de Federação ou com entidade de sua administração indireta, para
acordo internacional específico aprovado pelo Congresso Nacio- a prestação de serviços públicos de forma associada nos termos
nal, quando as condições ofertadas forem manifestamente vanta- do autorizado em contrato de consórcio público ou em convênio
josas para o Poder Público; de cooperação.
XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte e obje- XXVII - na contratação da coleta, processamento e comercia-
tos históricos, de autenticidade certificada, desde que compatíveis lização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis,
ou inerentes às finalidades do órgão ou entidade. em áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados por as-
XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formulários sociações ou cooperativas formadas exclusivamente por pessoas
padronizados de uso da administração, e de edições técnicas físicas de baixa renda reconhecidas pelo poder público como ca-
oficiais, bem como para prestação de serviços de informática a tadores de materiais recicláveis, com o uso de equipamentos com-
pessoa jurídica de direito público interno, por órgãos ou entida- patíveis com as normas técnicas, ambientais e de saúde pública.
des que integrem a Administração Pública, criados para esse fim XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços, produzi-
específico; dos ou prestados no País, que envolvam, cumulativamente, alta
XVII - para a aquisição de componentes ou peças de origem complexidade tecnológica e defesa nacional, mediante parecer de
nacional ou estrangeira, necessários à manutenção de equipa- comissão especialmente designada pela autoridade máxima do
mentos durante o período de garantia técnica, junto ao fornecedor órgão.
original desses equipamentos, quando tal condição de exclusivi-
dade for indispensável para a vigência da garantia;
Didatismo e Conhecimento 14
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
XXIX – na aquisição de bens e contratação de serviços para i) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou
atender aos contingentes militares das Forças Singulares brasilei- onerosa, de terras públicas rurais da União na Amazônia Legal
ras empregadas em operações de paz no exterior, necessariamente onde incidam ocupações até o limite de 15 (quinze) módulos fis-
justificadas quanto ao preço e à escolha do fornecedor ou execu- cais ou 1.500ha (mil e quinhentos hectares), para fins de regulari-
tante e ratificadas pelo Comandante da Força. zação fundiária, atendidos os requisitos legais;
XXX - na contratação de instituição ou organização, pública II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de licita-
ou privada, com ou sem fins lucrativos, para a prestação de servi- ção, dispensada esta nos seguintes casos:
ços de assistência técnica e extensão rural no âmbito do Programa a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de inte-
Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura resse social, após avaliação de sua oportunidade e conveniência
Familiar e na Reforma Agrária, instituído por lei federal. socioeconômica, relativamente à escolha de outra forma de alie-
XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do disposto nação;
nos arts. 3o, 4o, 5o e 20 da Lei no 10.973, de 2 de dezembro de 2004, b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entida-
observados os princípios gerais de contratação dela constantes. des da Administração Pública;
Parágrafo único. Os percentuais referidos nos incisos I e II c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, ob-
do caput deste artigo serão 20% (vinte por cento) para compras, servada a legislação específica;
obras e serviços contratados por consórcios públicos, sociedade d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente;
de economia mista, empresa pública e por autarquia ou fundação e) venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos
qualificadas, na forma da lei, como Agências Executivas. ou entidades da Administração Pública, em virtude de suas fina-
lidades;
Hipóteses de Dispensa de Licitação f) venda de materiais e equipamentos para outros órgãos ou
entidades da Administração Pública, sem utilização previsível por
1. Licitação dispensada: É aquela que a própria lei declarou quem deles dispõe.
como tal. O artigo 17 da Lei n. 8.666/93 cuida das hipóteses de § 1o Os imóveis doados com base na alínea «b» do inciso
dispensa de licitação em casos de alienação e cessão de uso de I deste artigo, cessadas as razões que justificaram a sua doação,
bens públicos. Vamos conferir: reverterão ao patrimônio da pessoa jurídica doadora, vedada a sua
alienação pelo beneficiário.
Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, su- § 2o A Administração também poderá conceder título de pro-
bordinada à existência de interesse público devidamente justifica- priedade ou de direito real de uso de imóveis, dispensada licita-
ção, quando o uso destinar-se:
do, será precedida de avaliação e obedecerá às seguintes normas:
I - a outro órgão ou entidade da Administração Pública, qual-
I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa
quer que seja a localização do imóvel;
para órgãos da administração direta e entidades autárquicas e
II - a pessoa natural que, nos termos da lei, regulamento ou
fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades paraestatais,
ato normativo do órgão competente, haja implementado os requi-
dependerá de avaliação prévia e de licitação na modalidade de
sitos mínimos de cultura, ocupação mansa e pacífica e exploração
concorrência, dispensada esta nos seguintes casos:
direta sobre área rural situada na Amazônia Legal, superior a 1
a) dação em pagamento; (um) módulo fiscal e limitada a 15 (quinze) módulos fiscais, desde
b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou en- que não exceda 1.500ha (mil e quinhentos hectares);
tidade da administração pública, de qualquer esfera de governo, § 2º-A. As hipóteses do inciso II do § 2o ficam dispensadas de
ressalvado o disposto nas alíneas f, h e i; autorização legislativa, porém submetem-se aos seguintes condi-
c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos cons- cionamentos:
tantes do inciso X do art. 24 desta Lei; I - aplicação exclusivamente às áreas em que a detenção por
d) investidura; particular seja comprovadamente anterior a 1o de dezembro de
e) venda a outro órgão ou entidade da administração pública, 2004;
de qualquer esfera de governo; II - submissão aos demais requisitos e impedimentos do regi-
f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de me legal e administrativo da destinação e da regularização fun-
direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis diária de terras públicas;
residenciais construídos, destinados ou efetivamente utilizados no III - vedação de concessões para hipóteses de exploração
âmbito de programas habitacionais ou de regularização fundiária não-contempladas na lei agrária, nas leis de destinação de terras
de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da ad- públicas, ou nas normas legais ou administrativas de zoneamento
ministração pública; ecológico-econômico; e
g) procedimentos de legitimação de posse de que trata o art. IV - previsão de rescisão automática da concessão, dispensa-
29 da Lei no 6.383, de 7 de dezembro de 1976, mediante iniciativa da notificação, em caso de declaração de utilidade, ou necessida-
e deliberação dos órgãos da Administração Pública em cuja com- de pública ou interesse social.
petência legal inclua-se tal atribuição; § 2o-B. A hipótese do inciso II do § 2o deste artigo:
h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de I - só se aplica a imóvel situado em zona rural, não sujeito a
direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis vedação, impedimento ou inconveniente a sua exploração median-
de uso comercial de âmbito local com área de até 250 m² (duzentos te atividades agropecuárias;
e cinquenta metros quadrados) e inseridos no âmbito de progra- II – fica limitada a áreas de até quinze módulos fiscais, desde
mas de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos que não exceda mil e quinhentos hectares, vedada a dispensa de
por órgãos ou entidades da administração pública; licitação para áreas superiores a esse limite; )
Didatismo e Conhecimento 15
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
III - pode ser cumulada com o quantitativo de área decorrente II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no
da figura prevista na alínea g do inciso I do caput deste artigo, até art. 13 desta Lei, de natureza singular, com profissionais ou em-
o limite previsto no inciso II deste parágrafo. presas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para
IV – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.763, de 2008) serviços de publicidade e divulgação;
§ 3o Entende-se por investidura, para os fins desta lei: III - para contratação de profissional de qualquer setor artís-
I - a alienação aos proprietários de imóveis lindeiros de área tico, diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que
remanescente ou resultante de obra pública, área esta que se tornar consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.
inaproveitável isoladamente, por preço nunca inferior ao da avalia- § 1o Considera-se de notória especialização o profissional ou
empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente
ção e desde que esse não ultrapasse a 50% (cinquenta por cento) do
de desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, orga-
valor constante da alínea “a” do inciso II do art. 23 desta lei;
nização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos re-
II - a alienação, aos legítimos possuidores diretos ou, na falta lacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho
destes, ao Poder Público, de imóveis para fins residenciais construí- é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação
dos em núcleos urbanos anexos a usinas hidrelétricas, desde que do objeto do contrato.
considerados dispensáveis na fase de operação dessas unidades e § 2o Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de
não integrem a categoria de bens reversíveis ao final da concessão. dispensa, se comprovado superfaturamento, respondem solidaria-
§ 4o A doação com encargo será licitada e de seu instrumento mente pelo dano causado à Fazenda Pública o fornecedor ou o
constarão, obrigatoriamente os encargos, o prazo de seu cumpri- prestador de serviços e o agente público responsável, sem prejuízo
mento e cláusula de reversão, sob pena de nulidade do ato, sendo de outras sanções legais cabíveis.
dispensada a licitação no caso de interesse público devidamente
justificado; MODALIDADES DE LICITAÇÃO
§ 5o Na hipótese do parágrafo anterior, caso o donatário ne-
cessite oferecer o imóvel em garantia de financiamento, a cláusula A licitação pode ser processada de diversas maneiras. As
de reversão e demais obrigações serão garantidas por hipoteca em modalidades de licitação estão dispostas no artigo 22 da Lei n.
segundo grau em favor do doador. 8.666/93, que prescreve cinco modalidades de licitação:
§ 6o Para a venda de bens móveis avaliados, isolada ou global- Concorrência
mente, em quantia não superior ao limite previsto no art. 23, inciso Tomada de preços
Convite
II, alínea «b» desta Lei, a Administração poderá permitir o leilão.
Concurso
§ 7o (VETADO). Leilão
Há uma modalidade de licitação que não consta no artigo ci-
2. Licitação dispensável: Nesse caso, a Administração pode tado acima, mas foi instituída por Medida Provisória: É a licitação
dispensar a competição. A contratação direta existirá porque a com- por Pregão.
petição, embora possível, não ocorrerá, por opção da Administra-
ção. É inexigível licitação quando inviável a competição. No caso, Art. 22. São modalidades de licitação:
contrata-se diretamente. O que diferencia dispensa e inexigibilidade I - concorrência;
é que, na primeira, a competição é possível, mas a Administração II - tomada de preços;
poderá dispensá-la, enquanto a inexigibilidade é a possibilidade de III - convite;
contratação sem licitação, por ser a competição inviável. IV - concurso;
V - leilão.
INEXIGIBILIDADE DE LICITAR: Ocorre quando é inviável § 1o Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer
a competição em torno do objeto que a Administração quer adquirir interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, com-
(art. 25 da Lei 8.666/93). provem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no
Ambas, dispensa e inexigibilidade, são formas de contratação edital para execução de seu objeto.
direta sem licitação, sendo essa a única semelhança entre elas, e só § 2o Tomada de preços é a modalidade de licitação entre in-
teressados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as
podem ser vinculadas por lei federal, porque se trata de norma geral.
condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior
Alguns autores mencionam a má técnica do legislador ao ex-
à data do recebimento das propostas, observada a necessária qua-
pressar o rol dos casos de dispensa, alegando que algumas dessas lificação.
hipóteses seriam casos de inexigibilidade. Vamos fazer a leitura do § 3o Convite é a modalidade de licitação entre interessados
referido artigo 25 da Lei 8.666/93: do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos
e convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade admi-
Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade nistrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instru-
de competição, em especial: mento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na
I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com
só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante co- antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das
mercial exclusivo, vedada a preferência de marca, devendo a com- propostas.
provação de exclusividade ser feita através de atestado fornecido § 4o Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer in-
pelo órgão de registro do comércio do local em que se realizaria teressados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico,
a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores,
Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes; conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa ofi-
cial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias.
Didatismo e Conhecimento 16
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 5o Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer in- § 3o A concorrência é a modalidade de licitação cabível, qual-
teressados para a venda de bens móveis inservíveis para a admi- quer que seja o valor de seu objeto, tanto na compra ou aliena-
nistração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ção de bens imóveis, ressalvado o disposto no art. 19, como nas
ou para a alienação de bens imóveis prevista no art. 19, a quem concessões de direito real de uso e nas licitações internacionais,
oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação. admitindo-se neste último caso, observados os limites deste arti-
§ 6o Na hipótese do § 3o deste artigo, existindo na praça mais go, a tomada de preços, quando o órgão ou entidade dispuser de
de 3 (três) possíveis interessados, a cada novo convite, realizado cadastro internacional de fornecedores ou o convite, quando não
para objeto idêntico ou assemelhado, é obrigatório o convite a, no houver fornecedor do bem ou serviço no País.
mínimo, mais um interessado, enquanto existirem cadastrados não
§ 4o Nos casos em que couber convite, a Administração pode-
convidados nas últimas licitações.
rá utilizar a tomada de preços e, em qualquer caso, a concorrência.
§ 7o Quando, por limitações do mercado ou manifesto desin-
teresse dos convidados, for impossível a obtenção do número mí- § 5o É vedada a utilização da modalidade «convite» ou «to-
nimo de licitantes exigidos no § 3o deste artigo, essas circunstân- mada de preços», conforme o caso, para parcelas de uma mesma
cias deverão ser devidamente justificadas no processo, sob pena obra ou serviço, ou ainda para obras e serviços da mesma natureza
de repetição do convite. e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomi-
§ 8o É vedada a criação de outras modalidades de licitação ou tantemente, sempre que o somatório de seus valores caracterizar o
a combinação das referidas neste artigo. caso de “tomada de preços” ou “concorrência”, respectivamen-
§ 9o Na hipótese do parágrafo 2o deste artigo, a administra- te, nos termos deste artigo, exceto para as parcelas de natureza
ção somente poderá exigir do licitante não cadastrado os docu- específica que possam ser executadas por pessoas ou empresas
mentos previstos nos arts. 27 a 31, que comprovem habilitação de especialidade diversa daquela do executor da obra ou serviço.
compatível com o objeto da licitação, nos termos do edital. § 6o As organizações industriais da Administração Federal
direta, em face de suas peculiaridades, obedecerão aos limites es-
1. Concorrência: A concorrência está prevista no art. 22, § tabelecidos no inciso I deste artigo também para suas compras e
1.º, da Lei n. 8.666/93 e pode ser definida como “modalidade de serviços em geral, desde que para a aquisição de materiais aplica-
licitação entre quaisquer interessados que, na fase inicial de habi- dos exclusivamente na manutenção, reparo ou fabricação de meios
litação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de operacionais bélicos pertencentes à União.
qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto”. A § 7o Na compra de bens de natureza divisível e desde que não
concorrência pública é a modalidade de licitação utilizada, via de
haja prejuízo para o conjunto ou complexo, é permitida a cota-
regra, para maiores contratações, aberta a quaisquer interessados
que preencham os requisitos estabelecidos no edital. ção de quantidade inferior à demandada na licitação, com vistas a
É a modalidade mais completa de licitação. É destinada a con- ampliação da competitividade, podendo o edital fixar quantitativo
tratos de grande expressão econômica, por ser um procedimen- mínimo para preservar a economia de escala.
to complexo, que exige o preenchimento de vários requisitos e a § 8o No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o dobro dos
apresentação detalhada de documentos. A Lei prevê, no art. 23, a valores mencionados no caput deste artigo quando formado por
tabela de valores para cada modalidade de licitação. até 3 (três) entes da Federação, e o triplo, quando formado por
maior número.
Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os in-
cisos I a III do artigo anterior serão determinadas em função dos 2. Tomada de Preços: Prevista no art. 22, § 2.º, da Lei n.
seguintes limites, tendo em vista o valor estimado da contratação: 8.666/93, pode ser definida como “modalidade de licitação entre
I - para obras e serviços de engenharia: interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as
a) convite - até R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais); condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior
b) tomada de preços - até R$ 1.500.000,00 (um milhão e qui- à data do recebimento das propostas, observada a necessária qua-
nhentos mil reais); lificação”.
c) concorrência: acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e qui- É uma modalidade mais simplificada, mais célere e, por esse
nhentos mil reais); motivo, não está voltada a contratos de grande valor econômico.
II - para compras e serviços não referidos no inciso anterior:
Essa modalidade de licitação era direcionada apenas aos inte-
a) convite - até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais);
ressados previamente cadastrados. Atualmente, o § 2.º do art. 22
b) tomada de preços - até R$ 650.000,00 (seiscentos e cin-
quenta mil reais); da Lei em estudo dispõe, conforme transcrito acima, que também
c) concorrência - acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e cin- deverão ser recebidas as propostas daqueles que atenderem às con-
quenta mil reais). dições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à
§ 1o As obras, serviços e compras efetuadas pela Administra- data do recebimento das propostas.
ção serão divididas em tantas parcelas quantas se comprovarem A tomada de preços, portanto, destina-se a dois grupos de pes-
técnica e economicamente viáveis, procedendo-se à licitação com soas previamente definidos:
vistas ao melhor aproveitamento dos recursos disponíveis no mer- Cadastrados: Para que a empresa tenha seu cadastro, deverá
cado e à ampliação da competitividade sem perda da economia demonstrar sua idoneidade. Uma vez cadastrada, a empresa estará
de escala. autorizada a participar de todas as tomadas de preço.
§ 2o Na execução de obras e serviços e nas compras de bens, Não cadastrados: Se no prazo legal – três dias antes da apre-
parceladas nos termos do parágrafo anterior, a cada etapa ou con- sentação das propostas – demonstrarem atender aos requisitos
junto de etapas da obra, serviço ou compra, há de corresponder exigidos para o cadastramento, poderão participar da tomada de
licitação distinta, preservada a modalidade pertinente para a exe- preço.
cução do objeto em licitação.
Didatismo e Conhecimento 17
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Na tomada de preço, os licitantes têm seus documentos ana- 6. Pregão: Modalidade licitatória regulamentada pela lei
lisados antes da abertura da licitação e, por este motivo, é uma 10.520, de 17 de julho de 2002. É a modalidade de licitação vol-
modalidade de licitação mais célere, podendo a Administração tada à aquisição de bens e serviços comuns, assim considerados
conceder um prazo menor para o licitante apresentar sua proposta. aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser
objetivamente definidos no edital por meio de especificações do
3. Convite: O convite está previsto no art. 22, § 3.º, da Lei n. mercado.
8.666/93, e pode ser definido como “modalidade de licitação en- A autoridade competente justificará a necessidade de contrata-
tre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou ção e definirá o objeto do certame, as exigências de habilitação, os
não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela critérios de aceitação das propostas, as sanções por inadimplemen-
unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia to e as cláusulas do contrato, inclusive com fixação dos prazos para
do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados fornecimento. A definição do objeto deverá ser precisa, suficiente e
na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse clara, vedadas especificações que, por excessivas, irrelevantes ou
com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação desnecessárias, limitem a competição.
das propostas”.
É a modalidade simplificada de licitação e, por isso, é destina- PROCEDIMENTO DA LICITAÇÃO:
da a contratos de pequeno valor. Além de prazos mais reduzidos, o
convite tem uma convocação restrita. Pela lei, somente dois grupos A licitação, procedimento administrativo que visa selecionar a
podem participar do convite: proposta mais vantajosa para a contratação com a Administração,
Convidados: A Administração escolhe no mínimo três interes- é um conjunto de atos que pode ser dividido em diversas fases.
sados para participar da licitação e envia–lhes uma carta-convite, Alguns autores entendem que o ato em que se inicia a licitação
que é o instrumento convocatório da licitação. é a publicação do instrumento convocatório. O art. 38 da Lei n.
Cadastrados, no ramo do objeto licitado, não convidados: to- 8.666/93, no seu caput, entretanto, dispõe que o procedimento da
dos os cadastrados no ramo do objeto licitado poderão participar licitação será iniciado com a abertura do processo administrativo
da licitação, desde que, no prazo de até 24h antes da apresentação (que ocorre antes da publicação do instrumento convocatório).
das propostas, manifestem seu interesse em participar da licitação. Os autores dividem a licitação em duas fases: interna e ex-
terna.
4. Concurso: O art. 22, § 4.º, da Lei n. 8.666/93 prevê o con- A fase interna tem início com a decisão de realizar o procedi-
curso, que pode ser definido como “modalidade de licitação entre mento licitatório. Reúne todos os atos que, pela lei, devem antece-
quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, científico der o momento da publicação do instrumento convocatório.
ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos Não há uma definição da sequência dos atos que devem ser
vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na praticados na fase interna, o que fica a critério de cada Adminis-
imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cin- tração. Com a publicação do instrumento convocatório, encerra-se
co) dias”. a fase interna.
Essa modalidade de licitação não pode ser confundida com A fase externa é iniciada com a publicação do instrumento
o concurso para provimento de cargo público. O concurso é uma convocatório, que se destina aos interessados em contratar com a
modalidade de licitação específica, que tem por objetivo a escolha Administração.
de um trabalho técnico, artístico ou científico. Nessa fase, as etapas do processo são perfeitamente definidas
Há quem diga que o concurso é uma modalidade de licitação e a sequência deve ser obrigatoriamente observada:
discricionária, alegando que esses trabalhos, normalmente, são Edital;
singulares e, por este motivo, não haveria necessidade de licitação Apresentação da documentação e das propostas;
(a Administração faria a licitação se achasse conveniente). O con- Habilitação;
curso não é, entretanto, uma modalidade discricionária, mas sim o Classificação;
objeto da licitação. Adjudicação;
Homologação.
5. Leilão: Previsto no art. 22, § 5.º, da Lei n. 8.666/93, pode
ser definido como “modalidade de licitação entre quaisquer inte- Para alguns autores, a homologação estaria antes da adjudi-
ressados para a venda de bens móveis inservíveis para a Admi- cação.
nistração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, Edital: O edital reflete a lei interna das licitações e obriga as
ou para a alienação de bens imóveis prevista no art. 19, a quem partes envolvidas às suas regras, decorrência do princípio da vin-
oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação”. culação ao edital, que deve ser respeitado tanto pela Administração
O leilão tem um objetivo próprio, visa a alienação de bens. quanto pelos participantes.
Na redação original da lei em estudo, o leilão somente se destina à O art. 40 da lei 8.666/93 dispõe sobre o conteúdo do edital:
alienação de bens móveis. A redação original, entretanto, foi mo-
dificada pela Lei n. 8.883/94, que passou a permitir que o leilão se Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de ordem
destinasse, em certos casos, à alienação de bens imóveis. em série anual, o nome da repartição interessada e de seu setor, a
O art. 19 dispõe que, nos casos de alienação de um bem que modalidade, o regime de execução e o tipo da licitação, a menção
tenha sido adquirido por via de procedimento judicial ou por dação de que será regida por esta Lei, o local, dia e hora para rece-
em pagamento, a alienação pode ser feita por leilão. Nos demais bimento da documentação e proposta, bem como para início da
casos, somente por concorrência. abertura dos envelopes, e indicará, obrigatoriamente, o seguinte:
Didatismo e Conhecimento 18
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
I - objeto da licitação, em descrição sucinta e clara; III - a minuta do contrato a ser firmado entre a Administração
II - prazo e condições para assinatura do contrato ou retirada e o licitante vencedor;
dos instrumentos, como previsto no art. 64 desta Lei, para execu- IV - as especificações complementares e as normas de execu-
ção do contrato e para entrega do objeto da licitação; ção pertinentes à licitação.
III - sanções para o caso de inadimplemento; § 3o Para efeito do disposto nesta Lei, considera-se como
IV - local onde poderá ser examinado e adquirido o projeto adimplemento da obrigação contratual a prestação do serviço, a
básico; realização da obra, a entrega do bem ou de parcela destes, bem
V - se há projeto executivo disponível na data da publicação como qualquer outro evento contratual a cuja ocorrência esteja
do edital de licitação e o local onde possa ser examinado e ad- vinculada a emissão de documento de cobrança.
quirido; § 4o Nas compras para entrega imediata, assim entendidas
VI - condições para participação na licitação, em conformi- aquelas com prazo de entrega até trinta dias da data prevista para
dade com os arts. 27 a 31 desta Lei, e forma de apresentação das apresentação da proposta, poderão ser dispensadas:
propostas;
I - o disposto no inciso XI deste artigo;
VII - critério para julgamento, com disposições claras e pa-
II - a atualização financeira a que se refere a alínea “c” do
râmetros objetivos;
inciso XIV deste artigo, correspondente ao período compreendido
VIII - locais, horários e códigos de acesso dos meios de co-
municação à distância em que serão fornecidos elementos, infor- entre as datas do adimplemento e a prevista para o pagamento,
mações e esclarecimentos relativos à licitação e às condições para desde que não superior a quinze dias.
atendimento das obrigações necessárias ao cumprimento de seu
objeto; Em síntese, o edital deverá conter:
IX - condições equivalentes de pagamento entre empresas Objeto da licitação, que não poderá ser descrito genericamen-
brasileiras e estrangeiras, no caso de licitações internacionais; te;
X - o critério de aceitabilidade dos preços unitário e global, Prazos e condições para a assinatura do contrato ou para a
conforme o caso, permitida a fixação de preços máximos e veda- retirada dos instrumentos, como previsto no art. 64;
dos a fixação de preços mínimos, critérios estatísticos ou faixas de Garantias para a execução do contrato;
variação em relação a preços de referência, ressalvado o disposto Sanções para o caso de inadimplemento;
nos parágrafos 1º e 2º do art. 48; Local onde poderá ser examinado e adquirido o projeto bá-
XI - critério de reajuste, que deverá retratar a variação efeti- sico;
va do custo de produção, admitida a adoção de índices específicos Critério de julgamento das propostas;
ou setoriais, desde a data prevista para apresentação da propos- Condições de pagamento.
ta, ou do orçamento a que essa proposta se referir, até a data do As regras constantes do edital poderão ser impugnadas pelos
adimplemento de cada parcela; licitantes (no prazo de dois dias) ou por qualquer cidadão (art. 41,
XII - (Vetado). § 1.º) que entender ser o edital discriminatório ou omisso em pon-
XIII - limites para pagamento de instalação e mobilização tos essenciais.
para execução de obras ou serviços que serão obrigatoriamente
previstos em separado das demais parcelas, etapas ou tarefas; 2. Apresentação das Propostas: As propostas são as ofertas
XIV - condições de pagamento, prevendo: feitas pelos licitantes. A lei exige um prazo mínimo a ser observa-
a) prazo de pagamento não superior a trinta dias, contado a do entre o momento da publicação do instrumento convocatório
partir da data final do período de adimplemento de cada parcela; e o da apresentação das propostas. Esse prazo variará de acordo
b) cronograma de desembolso máximo por período, em con- com a modalidade, o tipo e a natureza do contrato (art. 21 da Lei
formidade com a disponibilidade de recursos financeiros; n. 8.666/93).
c) critério de atualização financeira dos valores a serem pagos,
desde a data final do período de adimplemento de cada parcela até Art. 21. Os avisos contendo os resumos dos editais das con-
a data do efetivo pagamento; corrências, das tomadas de preços, dos concursos e dos leilões,
d) compensações financeiras e penalizações, por eventuais embora realizados no local da repartição interessada, deverão ser
atrasos, e descontos, por eventuais antecipações de pagamentos;
publicados com antecedência, no mínimo, por uma vez:
e) exigência de seguros, quando for o caso;
I - no Diário Oficial da União, quando se tratar de licitação
XV - instruções e normas para os recursos previstos nesta Lei;
feita por órgão ou entidade da Administração Pública Federal e,
XVI - condições de recebimento do objeto da licitação;
ainda, quando se tratar de obras financiadas parcial ou totalmente
XVII - outras indicações específicas ou peculiares da licita-
com recursos federais ou garantidas por instituições federais;
ção.
II - no Diário Oficial do Estado, ou do Distrito Federal quan-
§ 1o O original do edital deverá ser datado, rubricado em todas
as folhas e assinado pela autoridade que o expedir, permanecendo do se tratar, respectivamente, de licitação feita por órgão ou en-
no processo de licitação, e dele extraindo-se cópias integrais ou tidade da Administração Pública Estadual ou Municipal, ou do
resumidas, para sua divulgação e fornecimento aos interessados. Distrito Federal;
§ 2o Constituem anexos do edital, dele fazendo parte inte- III - em jornal diário de grande circulação no Estado e tam-
grante: bém, se houver, em jornal de circulação no Município ou na região
I - o projeto básico e/ou executivo, com todas as suas partes, onde será realizada a obra, prestado o serviço, fornecido, aliena-
desenhos, especificações e outros complementos; do ou alugado o bem, podendo ainda a Administração, conforme
II - orçamento estimado em planilhas de quantitativos e pre- o vulto da licitação, utilizar-se de outros meios de divulgação para
ços unitários; ampliar a área de competição.
Didatismo e Conhecimento 19
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 1o O aviso publicado conterá a indicação do local em que os O art. 28 trata da documentação relativa à habilitação jurídica,
interessados poderão ler e obter o texto integral do edital e todas as documentos que demonstrarão que o licitante estará apto a exercer
informações sobre a licitação. direitos e a contrair obrigações:
§ 2o O prazo mínimo até o recebimento das propostas ou da
realização do evento será: Art. 28. A documentação relativa à habilitação jurídica, con-
I - quarenta e cinco dias para: forme o caso, consistirá em:
a) concurso; I - cédula de identidade;
b) concorrência, quando o contrato a ser celebrado contemplar II - registro comercial, no caso de empresa individual;
o regime de empreitada integral ou quando a licitação for do tipo III - ato constitutivo, estatuto ou contrato social em vigor, de-
«melhor técnica» ou «técnica e preço»; vidamente registrado, em se tratando de sociedades comerciais, e,
II - trinta dias para: no caso de sociedades por ações, acompanhado de documentos de
a) concorrência, nos casos não especificados na alínea “b” do eleição de seus administradores;
inciso anterior;
IV - inscrição do ato constitutivo, no caso de sociedades civis,
b) tomada de preços, quando a licitação for do tipo «melhor téc-
acompanhada de prova de diretoria em exercício;
nica» ou «técnica e preço»;
V - decreto de autorização, em se tratando de empresa ou so-
III - quinze dias para a tomada de preços, nos casos não especi-
ficados na alínea “b” do inciso anterior, ou leilão; ciedade estrangeira em funcionamento no País, e ato de registro
IV - cinco dias úteis para convite. ou autorização para funcionamento expedido pelo órgão compe-
§ 3o Os prazos estabelecidos no parágrafo anterior serão conta- tente, quando a atividade assim o exigir.
dos a partir da última publicação do edital resumido ou da expedição
do convite, ou ainda da efetiva disponibilidade do edital ou do convi-
te e respectivos anexos, prevalecendo a data que ocorrer mais tarde. O art. 29 refere-se à habilitação fiscal. Serão analisadas a exis-
§ 4o Qualquer modificação no edital exige divulgação pela mes- tência de débitos do licitante com a Administração Pública e sua
ma forma que se deu o texto original, reabrindo-se o prazo inicial- regularidade com a Seguridade Social (art. 195, § 3.º, da Consti-
mente estabelecido, exceto quando, inquestionavelmente, a alteração tuição Federal):
não afetar a formulação das propostas.
Art. 29. A documentação relativa à regularidade fiscal, con-
A proposta deve ser apresentada em envelope lacrado, por força forme o caso, consistirá em:
do princípio do sigilo das propostas, diverso do envelope referente I - prova de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas
aos documentos necessários para habilitação. Devassar o conteúdo (CPF) ou no Cadastro Geral de Contribuintes (CGC);
de uma proposta é crime previsto pela Lei das Licitações. Assim, II - prova de inscrição no cadastro de contribuintes estadual
o licitante deve apresentar no mínimo dois envelopes: O primeiro ou municipal, se houver, relativo ao domicílio ou sede do licitante,
contendo a documentação relativa à capacitação do licitante, condi- pertinente ao seu ramo de atividade e compatível com o objeto
ções técnicas, econômicas, jurídicas e fiscais, e o segundo, a proposta contratual;
propriamente dita. III - prova de regularidade para com a Fazenda Federal,
Em certos tipos de licitação (melhor técnica e técnica e preço), Estadual e Municipal do domicílio ou sede do licitante, ou outra
deverão ser entregues três envelopes. A proposta deve ser desdobrada equivalente, na forma da lei;
em dois deles: um deve conter a proposta de técnica e o outro a de IV - prova de regularidade relativa à Seguridade Social e ao
preço; no terceiro, deve ser incluída a documentação sobre a capaci- Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), demonstrando
tação do licitante. situação regular no cumprimento dos encargos sociais instituídos
Os envelopes são encaminhados à comissão de licitação, com- por lei.
posta por, no mínimo, três servidores. Excepcionalmente, no convite,
pode haver o julgamento por apenas um servidor, e, no leilão, não há Quanto à qualificação técnica, as exigências encontram-se re-
comissão de julgamento, mas leiloeiro. lacionadas no art. 30 da lei em estudo, “Demonstração da capaci-
dade para executar o contrato”. Ex: possuir equipamento, material
3. Habilitação: Nessa fase, o objetivo da Administração Pública
e mão-de-obra suficientes para a execução do contrato.
é o conhecimento das condições pessoais de cada licitante. O órgão
competente examinará a documentação apresentada, habilitando-a
Art. 30. A documentação relativa à qualificação técnica li-
ou não.
mitar-se-á a:
O art. 27 dispõe sobre a documentação exigida dos interessados:
I - registro ou inscrição na entidade profissional competente;
habilitação jurídica;
II - comprovação de aptidão para desempenho de atividade
qualificação técnica;
qualificação econômico-financeira; pertinente e compatível em características, quantidades e prazos
regularidade fiscal; com o objeto da licitação, e indicação das instalações e do apa-
cumprimento ao inc. XXXIII, art. 7.º, da Constituição Federal: relhamento e do pessoal técnico adequados e disponíveis para a
realização do objeto da licitação, bem como da qualificação de
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre cada um dos membros da equipe técnica que se responsabilizará
a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de de- pelos trabalhos;
zesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze III - comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de que
recebeu os documentos, e, quando exigido, de que tomou conhe-
anos;
cimento de todas as informações e das condições locais para o
cumprimento das obrigações objeto da licitação;
Didatismo e Conhecimento 20
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
IV - prova de atendimento de requisitos previstos em lei espe- Art. 31. A documentação relativa à qualificação econômico-
cial, quando for o caso. financeira limitar-se-á a:
§ 1o A comprovação de aptidão referida no inciso II do
«caput» deste artigo, no caso das licitações pertinentes a obras e I - balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último
serviços, será feita por atestados fornecidos por pessoas jurídicas exercício social, já exigíveis e apresentados na forma da lei, que
de direito público ou privado, devidamente registrados nas entida- comprovem a boa situação financeira da empresa, vedada a sua
des profissionais competentes, limitadas as exigências a: substituição por balancetes ou balanços provisórios, podendo ser
I - capacitação técnico-profissional: comprovação do licitan- atualizados por índices oficiais quando encerrado há mais de 3
te de possuir em seu quadro permanente, na data prevista para (três) meses da data de apresentação da proposta;
entrega da proposta, profissional de nível superior ou outro devi- II - certidão negativa de falência ou concordata expedida pelo
damente reconhecido pela entidade competente, detentor de ates- distribuidor da sede da pessoa jurídica, ou de execução patrimo-
tado de responsabilidade técnica por execução de obra ou serviço nial, expedida no domicílio da pessoa física;
de características semelhantes, limitadas estas exclusivamente às III - garantia, nas mesmas modalidades e critérios previstos
parcelas de maior relevância e valor significativo do objeto da li- no “caput” e § 1o do art. 56 desta Lei, limitada a 1% (um por cen-
citação, vedadas as exigências de quantidades mínimas ou prazos to) do valor estimado do objeto da contratação.
máximos; § 1o A exigência de índices limitar-se-á à demonstração da
II - (Vetado). capacidade financeira do licitante com vistas aos compromissos
§ 2o As parcelas de maior relevância técnica e de valor sig- que terá que assumir caso lhe seja adjudicado o contrato, vedada a
nificativo, mencionadas no parágrafo anterior, serão definidas no exigência de valores mínimos de faturamento anterior, índices de
instrumento convocatório. rentabilidade ou lucratividade.
§ 3o Será sempre admitida a comprovação de aptidão através § 2o A Administração, nas compras para entrega futura e na
de certidões ou atestados de obras ou serviços similares de com- execução de obras e serviços, poderá estabelecer, no instrumento
plexidade tecnológica e operacional equivalente ou superior. convocatório da licitação, a exigência de capital mínimo ou de pa-
§ 4o Nas licitações para fornecimento de bens, a comprovação trimônio líquido mínimo, ou ainda as garantias previstas no § 1o do
de aptidão, quando for o caso, será feita através de atestados forne- art. 56 desta Lei, como dado objetivo de comprovação da qualifi-
cidos por pessoa jurídica de direito público ou privado. cação econômico-financeira dos licitantes e para efeito de garan-
§ 5o É vedada a exigência de comprovação de atividade ou de tia ao adimplemento do contrato a ser ulteriormente celebrado.
aptidão com limitações de tempo ou de época ou ainda em locais § 3o O capital mínimo ou o valor do patrimônio líquido a que
específicos, ou quaisquer outras não previstas nesta Lei, que ini- se refere o parágrafo anterior não poderá exceder a 10% (dez por
bam a participação na licitação. cento) do valor estimado da contratação, devendo a comprovação
§ 6o As exigências mínimas relativas a instalações de cantei- ser feita relativamente à data da apresentação da proposta, na for-
ros, máquinas, equipamentos e pessoal técnico especializado, con- ma da lei, admitida a atualização para esta data através de índices
siderados essenciais para o cumprimento do objeto da licitação, oficiais.
serão atendidas mediante a apresentação de relação explícita e da § 4o Poderá ser exigida, ainda, a relação dos compromissos
declaração formal da sua disponibilidade, sob as penas cabíveis, assumidos pelo licitante que importem diminuição da capacidade
vedada as exigências de propriedade e de localização prévia. operativa ou absorção de disponibilidade financeira, calculada esta
§ 7º (Vetado). em função do patrimônio líquido atualizado e sua capacidade de
§ 8o No caso de obras, serviços e compras de grande vulto, rotação.
de alta complexidade técnica, poderá a Administração exigir dos § 5o A comprovação de boa situação financeira da empresa
licitantes a metodologia de execução, cuja avaliação, para efeito de será feita de forma objetiva, através do cálculo de índices con-
sua aceitação ou não, antecederá sempre à análise dos preços e será tábeis previstos no edital e devidamente justificados no processo
efetuada exclusivamente por critérios objetivos. administrativo da licitação que tenha dado início ao certame lici-
§ 9o Entende-se por licitação de alta complexidade técnica tatório, vedada a exigência de índices e valores não usualmente
aquela que envolva alta especialização, como fator de extrema re- adotados para correta avaliação de situação financeira suficiente ao
levância para garantir a execução do objeto a ser contratado, ou cumprimento das obrigações decorrentes da licitação.
que possa comprometer a continuidade da prestação de serviços
públicos essenciais. A lei faculta a possibilidade de a Administração Pública se uti-
§ 10. Os profissionais indicados pelo licitante para fins de lizar de registros cadastrais de outros órgãos de entidades públicas
comprovação da capacitação técnico-profissional de que trata o in- (art. 34, § 2.º, da Lei n. 8.666/93).
ciso I do § 1o deste artigo deverão participar da obra ou serviço Se o licitante demonstrar possuir as condições necessárias,
objeto da licitação, admitindo-se a substituição por profissionais será considerado habilitado e poderá passar para a fase seguinte.
de experiência equivalente ou superior, desde que aprovada pela Os inabilitados, ao contrário, serão excluídos da licitação, rece-
administração. bendo os seus envelopes com as propostas devidamente lacradas.
Didatismo e Conhecimento 21
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
O processamento da fase de classificação variará de acordo Admite-se que o instrumento convocatório contenha um parâ-
com o tipo de procedimento (tipificado no art. 45 da lei em estudo). metro relativo ao valor do objeto. O licitante que apresentar uma
proposta abaixo do parâmetro mínimo especificado deverá de-
Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, devendo a monstrar como executará o contrato.
Comissão de licitação ou o responsável pelo convite realizá-lo em Caso demonstre, a proposta poderá ser classificada; se não de-
conformidade com os tipos de licitação, os critérios previamente monstrar, será desclassificada.
estabelecidos no ato convocatório e de acordo com os fatores ex- Há certas hipóteses em que a estipulação do valor mínimo
clusivamente nele referidos, de maneira a possibilitar sua aferição é obrigatória, como nos contratos que envolvem serviços de en-
pelos licitantes e pelos órgãos de controle. genharia. Nesses casos, sempre que a proposta estiver abaixo do
§ 1o Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de licitação, percentual que a lei prescreve, o licitante deverá demonstrar como
exceto na modalidade concurso: cumprirá o contrato (é um parâmetro legal que independe da von-
I - a de menor preço - quando o critério de seleção da pro- tade do administrador).
posta mais vantajosa para a Administração determinar que será Se uma proposta trouxer uma vantagem extraordinária que
vencedor o licitante que apresentar a proposta de acordo com as não esteja explícita no instrumento convocatório, a Administração
especificações do edital ou convite e ofertar o menor preço; deve desconsiderá-la, como se não estivesse escrita, e julgar apenas
II - a de melhor técnica; a parte que está em conformidade com o instrumento convocatório.
III - a de técnica e preço. Se todas as propostas forem inabilitadas ou desclassificadas,
IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de alienação de verifica-se o que se chama de “licitação fracassada”. Nesse caso, a
bens ou concessão de direito real de uso. lei faculta à Administração tentar “salvar” a licitação, permitindo
§ 2o No caso de empate entre duas ou mais propostas, e após que todos os inabilitados apresentem nova documentação ou todos
obedecido o disposto no § 2o do art. 3o desta Lei, a classificação os desclassificados apresentem nova proposta (o prazo para apre-
se fará, obrigatoriamente, por sorteio, em ato público, para o qual sentação de documentos ou propostas é de oito dias).
todos os licitantes serão convocados, vedado qualquer outro pro- Quando o tipo de licitação for o de melhor técnica, processa-se
cesso. de acordo com o regulado pelo art. 46, §1.º, da Lei n. 8.666/93. De-
§ 3o No caso da licitação do tipo «menor preço», entre os lici- verão ser apresentados dois envelopes. Os da proposta técnica de-
tantes considerados qualificados a classificação se dará pela ordem verão ser abertos primeiro. Com o resultado do julgamento técnico,
crescente dos preços propostos, prevalecendo, no caso de empate, abrem-se os envelopes da proposta preço. O administrador deverá
exclusivamente o critério previsto no parágrafo anterior. comparar o preço apresentado pelo licitante vencedor do julgamen-
§ 4o Para contratação de bens e serviços de informática, a to técnico com o menor preço apresentado pelos demais licitantes.
administração observará o disposto no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 Se o preço do vencedor estiver muito acima, pode-se fazer uma
de outubro de 1991, levando em conta os fatores especificados em tentativa de acordo para diminuição do valor; se não houver acordo,
seu parágrafo 2o e adotando obrigatoriamente o tipo de licitação poderá ser afastado o primeiro colocado e iniciar-se-á uma negocia-
“técnica e preço”, permitido o emprego de outro tipo de licitação ção com o segundo, e assim por diante.
nos casos indicados em decreto do Poder Executivo. Quando o tipo for técnica e preço, em primeiro lugar serão
§ 5o É vedada a utilização de outros tipos de licitação não abertos os envelopes da proposta técnica. Concluído o julgamento,
previstos neste artigo. abrem-se os envelopes da proposta preço, havendo o julgamento
§ 6o Na hipótese prevista no art. 23, § 7º, serão selecionadas deste. Encerrado, combinam-se as propostas conforme o critério
tantas propostas quantas necessárias até que se atinja a quantidade determinado no instrumento convocatório. Nesse tipo de licitação,
demandada na licitação. não se faz acordo como no anterior.
Desclassificação das propostas: A desclassificação das pro- 5. Homologação e Adjudicação: Homologação é o ato admi-
postas está disciplinada no art. 48, caput, da Lei n. 8.666/93: nistrativo pelo qual a autoridade superior manifesta sua concordân-
Inc. I – Serão desclassificadas “as propostas que não atendam cia com a legalidade e conveniência do procedimento licitatório.
às exigências do ato convocatório da licitação”. Adjudicação é o ato administrativo pelo qual se declara como
Inc. II – “Propostas com valor global superior ao limite es- satisfatória a proposta vencedora do procedimento e se afirma a
tabelecido ou com preços manifestamente inexequíveis, assim intenção de celebrar o contrato com o seu ofertante.
considerados aqueles que não venham a ter demonstrada sua via- O primeiro classificado não tem direito subjetivo à adjudica-
bilidade através de documentação que comprove que os custos dos ção.
insumos são coerentes com os de mercado e que os coeficientes O adjudicatário não tem direito subjetivo ao contrato, visto que
de produtividade são compatíveis com a execução do objeto do a Administração poderá revogar a licitação antes da assinatura do
contrato, condições estas necessariamente especificadas no ato contrato.
convocatório da licitação”. São efeitos da adjudicação:
direito do adjudicatório de assinar o contrato, na hipótese de ele
O inc. II dispõe sobre duas situações distintas: vir a ser celebrado; liberação dos demais proponentes em relação
O licitante apresenta proposta com valor superior ao limite às propostas apresentadas; direito da Administração de, no prazo de
máximo previsto no instrumento convocatório; validade da proposta, exigir do adjudicatário o aperfeiçoamento do
Falta de seriedade econômica da proposta. contrato nos termos resultantes do procedimento licitatório.
Didatismo e Conhecimento 22
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
O adjudicatário que se recusar a assinar o contrato será con- Somente se justifica a revogação quando houver um fato pos-
siderado inadimplente, ou seja, ficará na mesma situação daquele terior à abertura da licitação e quando o fato for pertinente, ou seja,
que assinar o contrato e não o cumprir. Responderá por perdas e quando possuir uma relação lógica com a revogação da licitação.
danos e sofrerá as sanções administrativas previstas no art. 87 da Ainda deve ser suficiente, quando a intensidade do fato justificar a
Lei n. 8.666/93, que serão aplicadas de acordo com o comporta- revogação. Deve ser respeitado o direito ao contraditório e ampla
mento do adjudicatário. defesa, e a revogação deverá ser feita mediante parecer escrito e
devidamente fundamentado.
Art. 87. Pela inexecução total ou parcial do contrato a Admi- Quanto à indenização, no caso, a lei foi omissa, fazendo al-
nistração poderá, garantida a prévia defesa, aplicar ao contrata- guns autores entenderem que há o dever de indenizar, fundamen-
do as seguintes sanções: tado no art. 37, § 6.º, da Constituição Federal de 1988. A posição
I - advertência; intermediária, entretanto, entende que somente haveria indeniza-
II - multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou ção nos casos de adjudicação em relação ao adjudicatário pelos
no contrato; prejuízos que sofreu, mas não pelos lucros cessantes
III - suspensão temporária de participação em licitação e
impedimento de contratar com a Administração, por prazo não ANULAÇÃO
superior a 2 (dois) anos;
IV - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com Anular é extinguir um ato ou um conjunto de atos em razão
a Administração Pública enquanto perdurarem os motivos deter- de sua ilegalidade. Quando se fala, portanto, em anulação de uma
minantes da punição ou até que seja promovida a reabilitação licitação, pressupõe-se a ilegalidade da mesma, pois anula-se o que
perante a própria autoridade que aplicou a penalidade, que será é ilegítimo. A licitação poderá ser anulada pela via administrativa
concedida sempre que o contratado ressarcir a Administração ou pela via judiciária.
pelos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo da sanção A anulação de uma licitação pode ser total (se o vício atingir
aplicada com base no inciso anterior. a origem dos atos licitatórios) ou parcial (se o vício atingir parte
§ 1o Se a multa aplicada for superior ao valor da garantia dos atos licitatórios).
prestada, além da perda desta, responderá o contratado pela sua A Anulação pela via administrativa está disciplinada no art.
diferença, que será descontada dos pagamentos eventualmente de- 49 da Lei 8.666/93. A autoridade competente para a aprovação do
vidos pela Administração ou cobrada judicialmente. procedimento será competente para anular a licitação. O § 3.º do
§ 2o As sanções previstas nos incisos I, III e IV deste artigo mesmo art. dispõe, ainda, que, no caso de anulação da licitação,
poderão ser aplicadas juntamente com a do inciso II, facultada a ficam assegurados o contraditório e a ampla defesa. A anulação da
defesa prévia do interessado, no respectivo processo, no prazo de licitação deve vir acompanhada de um parecer escrito e devida-
5 (cinco) dias úteis. mente fundamentado.
§ 3o A sanção estabelecida no inciso IV deste artigo é de com- Nada impede que, após a assinatura do contrato, seja anulada
petência exclusiva do Ministro de Estado, do Secretário a licitação e, reflexamente, também o contrato firmado com base
Estadual ou Municipal, conforme o caso, facultada a defesa nela (art. 49, § 2.º, da Lei n. 8.666/93).
do interessado no respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias
da abertura de vista, podendo a reabilitação ser requerida após 2 Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do proce-
(dois) anos de sua aplicação. dimento somente poderá revogar a licitação por razões de interes-
se público decorrente de fato superveniente devidamente compro-
Havendo a recusa (justificada ou injustificada), a lei admite a vado, pertinente e suficiente para justificar tal conduta, devendo
possibilidade de a Administração propor a assinatura do contrato anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de terceiros,
ao segundo colocado, nos termos da proposta vencedora. mediante parecer escrito e devidamente fundamentado.
Se houver concordância do segundo colocado, o contrato será § 1o A anulação do procedimento licitatório por motivo de
firmado; se ele não concordar, a Administração poderá propor ao ilegalidade não gera obrigação de indenizar, ressalvado o disposto
terceiro colocado, e assim por diante, sempre nos termos da pro- no parágrafo único do art. 59 desta Lei.
posta vencedora. § 2o A nulidade do procedimento licitatório induz à do contra-
to, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 59 desta Lei.
REVOGAÇÃO § 3o No caso de desfazimento do processo licitatório, fica
assegurado o contraditório e a ampla defesa.
Revogar uma licitação é extingui-la por ser inconveniente ou § 4o O disposto neste artigo e seus parágrafos aplica-se aos
inoportuna. atos do procedimento de dispensa e de inexigibilidade de licitação.
Desde o momento em que a licitação foi aberta até o final da
mesma, pode-se falar em revogação. Após a assinatura do contra- A anulação da licitação, em regra, não gera o dever de indeni-
to, entretanto, não poderá haver a revogação da licitação. zar (art. 49, § 1.º), salvo na hipótese do parágrafo único do art. 59
A revogação também está disciplinada no art. 49 da Lei n. da Lei n. 8.666/93, que disciplina a indenização do contratado se
8.666/93, que restringiu o campo discricionário da Administração: este não tiver dado causa ao vício que anulou o contrato (indeniza-
para uma licitação ser revogada, é necessário um fato supervenien- ção pelos serviços prestados e pelos danos sofridos). Nos casos em
te, comprovado, pertinente e suficiente para justificá-lo. que a anulação da licitação ocorrer após a assinatura do contrato e
o contratado não tiver dado causa ao vício, será a Administração,
portanto, obrigada a indenizar.
Didatismo e Conhecimento 23
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 59. A declaração de nulidade do contrato administrativo
opera retroativamente impedindo os efeitos jurídicos que ele, ordi- Manutenção do equilíbrio econômico e financeiro – enten-
nariamente, deveria produzir, além de desconstituir os já produzi- de-se por uma relação de igualdade, a ser perseguida, com base na
dos. equação formada pelas obrigações assumidas pelo contratante no
Parágrafo único. A nulidade não exonera a Administração do momento do ajuste e a compensação econômica para realizar essas
dever de indenizar o contratado pelo que este houver executado até obrigações. Visa assegurar uma remuneração justa ao contratan-
a data em que ela for declarada e por outros prejuízos regularmente te. O reajuste pode ocorrer nos seguintes casos: a) reajustamento
comprovados, contanto que não lhe seja imputável, promovendo-se contratual de preços; b) cláusulas rebus sic stantibus e pacta sunt
a responsabilidade de quem lhe deu causa. servanda; c) fato do príncipe e fato da administração; d) caso for-
tuito e força maior.
Há uma corrente intermediária que entende que o dever de inde-
nizar existirá se tiver ocorrido a adjudicação somente em relação ao Possibilidade de revisão de preços e de tarifas contratual-
adjudicatário, independentemente da assinatura ou não do contrato.
mente fixadas – visa preservar o contrato dos efeitos inflacioná-
rios e reajuste de preços decorrente de fato superveniente.
CONTRATOS:
Contrato Administrativo é o contrato celebrado pela Adminis- Inoponibilidade da exceção de contrato não cumprido –
tração Pública, com base em normas de direito público, com o pro- A parte contratante não pode exigir da outra uma obrigação sem
pósito de satisfazer as necessidades de interesse público. Previsto na ter cumprido a sua. A Administração pode suspender os contra-
Lei 8666/93 (Licitações e Contratos). Os contratos administrativos tos quando o contratado não cumpre suas obrigações, em face da
serão formais, consensuais, comutativos, e, em regra, intuitu per- incidência do princípio da continuidade do serviço público e da
sonae. As normais gerais sobre contrato de trabalho são de compe- supremacia do interesse público sobre o privado. Atualmente, a
tência da União, podendo os Estados, Distrito Federal e Municípios doutrina vem entendendo que o particular pode pedir a suspensão
legislarem supletivamente. do contrato ou pedir indenização por prejuízos causados pela res-
Alguns doutrinadores entendem que não há contrato, pois a Ad- cisão. O atraso de pagamento por mais de 90 dias ou a imposição
ministração impõe o regime jurídico administrativo, cabe ao parti- gravame insuportável pelo contratado, pode também autorizar a
cular segui-lo, também, há mitigação de vontade, deixando de lado suspensão da execução do contrato pelo particular.
a igualdade entre as partes. Para outros, o contrato administrativo
existe, apenas possui características próprias de direito público. Esta Controle do Contrato - o acompanhamento e fiscalização do
última posição prevalece na doutrina brasileira. A doutrina atual contrato pode ser realizado pela Administração ou qualquer pessoa
vem tendendo a classificar o contrato administrativo como contra- interessada.
to de adesão, pois as cláusulas são impostas unilateralmente pela
Administração, em alguns casos, pode ocorrer predominância de Possibilidade de aplicação de penalidades - sanções aplica-
direito privado. das ao contratado pela inexecução total ou parcial do contrato, as
Para Celso Antônio Bandeira de Mello, mesmo reconhecendo mais leves são a advertência e a multa, dependendo como o contra-
que a doutrina majoritária aceita a designação “contrato administra- to preveja. Mais graves são a suspensão temporária de participação
tivo”, assim o define “são relações convencionais que por força de em licitação e impedimento de contratar com a administração por
lei, de cláusulas contratuais ou do objeto da relação jurídica situem prazo não superior a 2 anos, e declaração de idoneidade para licitar
a Administração em posição peculiar em prol da satisfação do bem e contratar com a Administração pública, esta última por prazo
comum”. indeterminado.
Cláusulas exorbitantes – faz parte dos requisitos essenciais
Formalização – o contrato administrativo deve ser aprovado
para qualificação do contrato administrativo, busca garantir a re-
por instrumento (documento hábil a exteriorizar a vontade pactua-
gular satisfação do interesse público presente no contrato adminis-
da). A forma deve ser escrita, a exceção ocorre nas pequenas com-
trativo. São cláusulas que asseguram certas desigualdades entre as
partes. A seguir serão descritas as principais cláusulas exorbitantes: pras. Qualquer alteração deverá ser feita por termo de aditamento.
Alteração unilateral do contrato – em face da supremacia do interes- As minutas devem ser aprovadas pela assessoria jurídica. Deve
se público a Administração pode alterar o contrato sem anuência do haver previsão orçamentária. Deve ser celebrada com prestação de
contratante (particular). O contrato poderá ser alterado em razão de garantia. Os contratos administrativos devem ser arquivados em
acréscimos e supressões nas obras, serviços ou compras contratadas. ordem cronológica e o registro de seus extratos. Contém cláusulas
Pode ocorrer nos seguintes casos: a) modificação no projeto ou das essenciais.
especificações para melhor adequação técnica aos seus objetivos; b)
modificação do valor contratual em decorrência de acréscimos ou LEI Nº 8.666, DE 21 DE JUNHO DE 1993
diminuição quantitativa de seu objeto.
Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal,
Extinção unilateral do contato – A Administração em defesa institui normas para licitações e contratos da Administração Públi-
do interesse público e da legalidade pode findar a relação contratual ca e dá outras providências
sem anuência do particular. Dessa forma, é cabível nos seguintes
casos: a) interesse público; b) inadimplemento ou descumprimento
de obrigações a cargo do contratado particular; c) ilegalidade. As O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
justificativas estão previstas no artigo 78, I a XII e XVII da Lei gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
8666/93
Didatismo e Conhecimento 24
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Capítulo I IV - produzidos ou prestados por empresas que invistam em
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País. (Incluí-
do pela Lei nº 11.196, de 2005)
Seção I V - produzidos ou prestados por empresas que comprovem
Dos Princípios cumprimento de reserva de cargos prevista em lei para pessoa com
deficiência ou para reabilitado da Previdência Social e que aten-
Art. 1o Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e dam às regras de acessibilidade previstas na legislação. (In-
contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive cluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
de publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos Po- § 3o A licitação não será sigilosa, sendo públicos e acessíveis
deres da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. ao público os atos de seu procedimento, salvo quanto ao conteúdo
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei, além das propostas, até a respectiva abertura.
dos órgãos da administração direta, os fundos especiais, as autar- § 4º (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
quias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades § 5o Nos processos de licitação, poderá ser estabelecida mar-
de economia mista e demais entidades controladas direta ou indire- gem de preferência para: (Redação dada pela Lei nº 13.146,
tamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. de 2015) (Vigência)
I - produtos manufaturados e para serviços nacionais que aten-
Art. 2o As obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, dam a normas técnicas brasileiras; e (Incluído pela Lei nº
alienações, concessões, permissões e locações da Administração 13.146, de 2015)
Pública, quando contratadas com terceiros, serão necessariamen- II - bens e serviços produzidos ou prestados por empresas
te precedidas de licitação, ressalvadas as hipóteses previstas nesta que comprovem cumprimento de reserva de cargos prevista em
Lei. lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdência
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se contrato Social e que atendam às regras de acessibilidade previstas na legis-
todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da Administração lação. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015)
Pública e particulares, em que haja um acordo de vontades para a § 6o A margem de preferência de que trata o § 5o será estabe-
formação de vínculo e a estipulação de obrigações recíprocas, seja lecida com base em estudos revistos periodicamente, em prazo não
qual for a denominação utilizada. superior a 5 (cinco) anos, que levem em consideração: (In-
cluído pela Lei nº 12.349, de 2010) (Vide Decreto nº 7.546, de
Art. 3o A licitação destina-se a garantir a observância do 2011) (Vide Decreto nº 7.709, de 2012) (Vide Decreto nº
princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais 7.713, de 2012) (Vide Decreto nº 7.756, de 2012)
vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento I - geração de emprego e renda; (Incluído pela Lei nº 12.349,
nacional sustentável e será processada e julgada em estrita con- de 2010)
formidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoa- II - efeito na arrecadação de tributos federais, estaduais e mu-
lidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade nicipais; (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)
administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do jul- III - desenvolvimento e inovação tecnológica realizados no
gamento objetivo e dos que lhes são correlatos. (Redação dada País; (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)
pela Lei nº 12.349, de 2010) (Regulamento) (Regulamen- IV - custo adicional dos produtos e serviços; e (Incluído
to) (Regulamento) pela Lei nº 12.349, de 2010)
§ 1o É vedado aos agentes públicos: V - em suas revisões, análise retrospectiva de resulta-
I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, dos. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)
cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem § 7o Para os produtos manufaturados e serviços nacionais re-
o seu caráter competitivo, inclusive nos casos de sociedades coo- sultantes de desenvolvimento e inovação tecnológica realizados
perativas, e estabeleçam preferências ou distinções em razão da no País, poderá ser estabelecido margem de preferência adicio-
naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer nal àquela prevista no § 5o. (Incluído pela Lei nº 12.349, de
outra circunstância impertinente ou irrelevante para o específico 2010) (Vide Decreto nº 7.546, de 2011)
objeto do contrato, ressalvado o disposto nos §§ 5o a 12 deste arti- § 8o As margens de preferência por produto, serviço, grupo de
go e no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991; (Re- produtos ou grupo de serviços, a que se referem os §§ 5o e 7o, serão
dação dada pela Lei nº 12.349, de 2010) definidas pelo Poder Executivo federal, não podendo a soma delas
II - estabelecer tratamento diferenciado de natureza comer- ultrapassar o montante de 25% (vinte e cinco por cento) sobre o
cial, legal, trabalhista, previdenciária ou qualquer outra, entre em- preço dos produtos manufaturados e serviços estrangeiros. (Incluí-
presas brasileiras e estrangeiras, inclusive no que se refere a moe- do pela Lei nº 12.349, de 2010) (Vide Decreto nº 7.546, de 2011)
da, modalidade e local de pagamentos, mesmo quando envolvidos § 9o As disposições contidas nos §§ 5o e 7o deste artigo não
financiamentos de agências internacionais, ressalvado o disposto se aplicam aos bens e aos serviços cuja capacidade de produção
no parágrafo seguinte e no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro ou prestação no País seja inferior: (Incluído pela Lei nº 12.349, de
de 1991. 2010) (Vide Decreto nº 7.546, de 2011)
§ 2o Em igualdade de condições, como critério de desempate, I - à quantidade a ser adquirida ou contratada; ou (Incluí-
será assegurada preferência, sucessivamente, aos bens e serviços: do pela Lei nº 12.349, de 2010)
I - (Revogado pela Lei nº 12.349, de 2010) II - ao quantitativo fixado com fundamento no § 7o do art. 23
II - produzidos no País; desta Lei, quando for o caso. (Incluído pela Lei nº 12.349, de
III - produzidos ou prestados por empresas brasileiras. 2010)
Didatismo e Conhecimento 25
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 10. A margem de preferência a que se refere o § 5o pode- § 2o A correção de que trata o parágrafo anterior cujo paga-
rá ser estendida, total ou parcialmente, aos bens e serviços origi- mento será feito junto com o principal, correrá à conta das mesmas
nários dos Estados Partes do Mercado Comum do Sul - Merco- dotações orçamentárias que atenderam aos créditos a que se refe-
sul. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) (Vide Decreto rem. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
nº 7.546, de 2011) § 3o Observados o disposto no caput, os pagamentos decor-
§ 11. Os editais de licitação para a contratação de bens, ser- rentes de despesas cujos valores não ultrapassem o limite de que
viços e obras poderão, mediante prévia justificativa da autoridade trata o inciso II do art. 24, sem prejuízo do que dispõe seu pará-
competente, exigir que o contratado promova, em favor de órgão grafo único, deverão ser efetuados no prazo de até 5 (cinco) dias
ou entidade integrante da administração pública ou daqueles por úteis, contados da apresentação da fatura. (Incluído pela Lei
ela indicados a partir de processo isonômico, medidas de com- nº 9.648, de 1998)
pensação comercial, industrial, tecnológica ou acesso a condições
vantajosas de financiamento, cumulativamente ou não, na forma Art. 5o-A. As normas de licitações e contratos devem privi-
estabelecida pelo Poder Executivo federal. (Incluído pela Lei legiar o tratamento diferenciado e favorecido às microempresas e
nº 12.349, de 2010) (Vide Decreto nº 7.546, de 2011) empresas de pequeno porte na forma da lei. (Incluído pela Lei
§ 12. Nas contratações destinadas à implantação, manutenção Complementar nº 147, de 2014)
e ao aperfeiçoamento dos sistemas de tecnologia de informação e
comunicação, considerados estratégicos em ato do Poder Execu- Seção II
tivo federal, a licitação poderá ser restrita a bens e serviços com Das Definições
tecnologia desenvolvida no País e produzidos de acordo com o
processo produtivo básico de que trata a Lei no 10.176, de 11 de Art. 6o Para os fins desta Lei, considera-se:
janeiro de 2001. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) (Vide I - Obra - toda construção, reforma, fabricação, recuperação
Decreto nº 7.546, de 2011) ou ampliação, realizada por execução direta ou indireta;
§ 13. Será divulgada na internet, a cada exercício financeiro, II - Serviço - toda atividade destinada a obter determinada uti-
a relação de empresas favorecidas em decorrência do disposto nos lidade de interesse para a Administração, tais como: demolição,
§§ 5o, 7o, 10, 11 e 12 deste artigo, com indicação do volume de
conserto, instalação, montagem, operação, conservação, repara-
recursos destinados a cada uma delas. (Incluído pela Lei nº
ção, adaptação, manutenção, transporte, locação de bens, publici-
12.349, de 2010)
dade, seguro ou trabalhos técnico-profissionais;
§ 14. As preferências definidas neste artigo e nas demais nor-
III - Compra - toda aquisição remunerada de bens para forne-
mas de licitação e contratos devem privilegiar o tratamento dife-
cimento de uma só vez ou parceladamente;
renciado e favorecido às microempresas e empresas de pequeno
IV - Alienação - toda transferência de domínio de bens a ter-
porte na forma da lei. (Incluído pela Lei Complementar nº 147,
ceiros;
de 2014)
§ 15. As preferências dispostas neste artigo prevalecem sobre V - Obras, serviços e compras de grande vulto - aquelas cujo
as demais preferências previstas na legislação quando estas forem valor estimado seja superior a 25 (vinte e cinco) vezes o limite
aplicadas sobre produtos ou serviços estrangeiros. (Incluído estabelecido na alínea “c” do inciso I do art. 23 desta Lei;
pela Lei Complementar nº 147, de 2014) VI - Seguro-Garantia - o seguro que garante o fiel cumprimen-
to das obrigações assumidas por empresas em licitações e contra-
Art. 4o Todos quantos participem de licitação promovida pelos tos;
órgãos ou entidades a que se refere o art. 1º têm direito público VII - Execução direta - a que é feita pelos órgãos e entidades
subjetivo à fiel observância do pertinente procedimento estabele- da Administração, pelos próprios meios;
cido nesta lei, podendo qualquer cidadão acompanhar o seu desen- VIII - Execução indireta - a que o órgão ou entidade contrata
volvimento, desde que não interfira de modo a perturbar ou impe- com terceiros sob qualquer dos seguintes regimes: (Redação
dir a realização dos trabalhos. dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
Parágrafo único. O procedimento licitatório previsto nesta lei a) empreitada por preço global - quando se contrata a execu-
caracteriza ato administrativo formal, seja ele praticado em qual- ção da obra ou do serviço por preço certo e total;
quer esfera da Administração Pública. b) empreitada por preço unitário - quando se contrata a exe-
cução da obra ou do serviço por preço certo de unidades determi-
Art. 5o Todos os valores, preços e custos utilizados nas licita- nadas;
ções terão como expressão monetária a moeda corrente nacional, c) (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
ressalvado o disposto no art. 42 desta Lei, devendo cada unida- d) tarefa - quando se ajusta mão-de-obra para pequenos traba-
de da Administração, no pagamento das obrigações relativas ao lhos por preço certo, com ou sem fornecimento de materiais;
fornecimento de bens, locações, realização de obras e prestação e) empreitada integral - quando se contrata um empreendi-
de serviços, obedecer, para cada fonte diferenciada de recursos, mento em sua integralidade, compreendendo todas as etapas das
a estrita ordem cronológica das datas de suas exigibilidades, sal- obras, serviços e instalações necessárias, sob inteira responsabili-
vo quando presentes relevantes razões de interesse público e me- dade da contratada até a sua entrega ao contratante em condições
diante prévia justificativa da autoridade competente, devidamente de entrada em operação, atendidos os requisitos técnicos e legais
publicada. para sua utilização em condições de segurança estrutural e opera-
§ 1o Os créditos a que se refere este artigo terão seus valores cional e com as características adequadas às finalidades para que
corrigidos por critérios previstos no ato convocatório e que lhes foi contratada;
preservem o valor.
Didatismo e Conhecimento 26
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
IX - Projeto Básico - conjunto de elementos necessários e su- XIX - sistemas de tecnologia de informação e comunicação
ficientes, com nível de precisão adequado, para caracterizar a obra estratégicos - bens e serviços de tecnologia da informação e co-
ou serviço, ou complexo de obras ou serviços objeto da licitação, municação cuja descontinuidade provoque dano significativo à ad-
elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos prelimi- ministração pública e que envolvam pelo menos um dos seguintes
nares, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamen- requisitos relacionados às informações críticas: disponibilidade,
to do impacto ambiental do empreendimento, e que possibilite a confiabilidade, segurança e confidencialidade. (Incluído pela
avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo de Lei nº 12.349, de 2010)
execução, devendo conter os seguintes elementos: XX - produtos para pesquisa e desenvolvimento - bens, insu-
a) desenvolvimento da solução escolhida de forma a fornecer mos, serviços e obras necessários para atividade de pesquisa cien-
visão global da obra e identificar todos os seus elementos consti- tífica e tecnológica, desenvolvimento de tecnologia ou inovação
tutivos com clareza; tecnológica, discriminados em projeto de pesquisa aprovado pela
b) soluções técnicas globais e localizadas, suficientemente de- instituição contratante. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
talhadas, de forma a minimizar a necessidade de reformulação ou
de variantes durante as fases de elaboração do projeto executivo e Seção III
de realização das obras e montagem; Das Obras e Serviços
c) identificação dos tipos de serviços a executar e de materiais
e equipamentos a incorporar à obra, bem como suas especificações Art. 7o As licitações para a execução de obras e para a presta-
que assegurem os melhores resultados para o empreendimento, ção de serviços obedecerão ao disposto neste artigo e, em particu-
sem frustrar o caráter competitivo para a sua execução; lar, à seguinte sequência:
d) informações que possibilitem o estudo e a dedução de mé- I - projeto básico;
todos construtivos, instalações provisórias e condições organiza- II - projeto executivo;
cionais para a obra, sem frustrar o caráter competitivo para a sua III - execução das obras e serviços.
execução; § 1o A execução de cada etapa será obrigatoriamente prece-
e) subsídios para montagem do plano de licitação e gestão da dida da conclusão e aprovação, pela autoridade competente, dos
obra, compreendendo a sua programação, a estratégia de supri-
trabalhos relativos às etapas anteriores, à exceção do projeto exe-
mentos, as normas de fiscalização e outros dados necessários em
cutivo, o qual poderá ser desenvolvido concomitantemente com a
cada caso;
execução das obras e serviços, desde que também autorizado pela
f) orçamento detalhado do custo global da obra, fundamen-
Administração.
tado em quantitativos de serviços e fornecimentos propriamente
§ 2o As obras e os serviços somente poderão ser licitados
avaliados;
quando:
X - Projeto Executivo - o conjunto dos elementos necessários e
suficientes à execução completa da obra, de acordo com as normas I - houver projeto básico aprovado pela autoridade compe-
pertinentes da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT; tente e disponível para exame dos interessados em participar do
XI - Administração Pública - a administração direta e indire- processo licitatório;
ta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, II - existir orçamento detalhado em planilhas que expressem a
abrangendo inclusive as entidades com personalidade jurídica de composição de todos os seus custos unitários;
direito privado sob controle do poder público e das fundações por III - houver previsão de recursos orçamentários que assegu-
ele instituídas ou mantidas; rem o pagamento das obrigações decorrentes de obras ou serviços
XII - Administração - órgão, entidade ou unidade administra- a serem executadas no exercício financeiro em curso, de acordo
tiva pela qual a Administração Pública opera e atua concretamente; com o respectivo cronograma;
XIII - Imprensa Oficial - veículo oficial de divulgação da Ad- IV - o produto dela esperado estiver contemplado nas metas
ministração Pública, sendo para a União o Diário Oficial da União, estabelecidas no Plano Plurianual de que trata o art. 165 da Cons-
e, para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, o que for tituição Federal, quando for o caso.
definido nas respectivas leis; (Redação dada pela Lei nº 8.883, § 3o É vedado incluir no objeto da licitação a obtenção de
de 1994) recursos financeiros para sua execução, qualquer que seja a sua
XIV - Contratante - é o órgão ou entidade signatária do instru- origem, exceto nos casos de empreendimentos executados e ex-
mento contratual; plorados sob o regime de concessão, nos termos da legislação es-
XV - Contratado - a pessoa física ou jurídica signatária de pecífica.
contrato com a Administração Pública; § 4o É vedada, ainda, a inclusão, no objeto da licitação, de for-
XVI - Comissão - comissão, permanente ou especial, criada necimento de materiais e serviços sem previsão de quantidades ou
pela Administração com a função de receber, examinar e julgar cujos quantitativos não correspondam às previsões reais do projeto
todos os documentos e procedimentos relativos às licitações e ao básico ou executivo.
cadastramento de licitantes. § 5o É vedada a realização de licitação cujo objeto inclua
XVII - produtos manufaturados nacionais - produtos bens e serviços sem similaridade ou de marcas, características e
manufaturados, produzidos no território nacional de acordo com o especificações exclusivas, salvo nos casos em que for tecnicamen-
processo produtivo básico ou com as regras de origem estabeleci- te justificável, ou ainda quando o fornecimento de tais materiais e
das pelo Poder Executivo federal; (Incluído pela Lei nº 12.349, serviços for feito sob o regime de administração contratada, pre-
de 2010) visto e discriminado no ato convocatório.
XVIII - serviços nacionais - serviços prestados no País, nas § 6o A infringência do disposto neste artigo implica a nulidade
condições estabelecidas pelo Poder Executivo federal; (Incluído dos atos ou contratos realizados e a responsabilidade de quem lhes
pela Lei nº 12.349, de 2010) tenha dado causa.
Didatismo e Conhecimento 27
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 7o Não será ainda computado como valor da obra ou servi- c) (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
ço, para fins de julgamento das propostas de preços, a atualização d) tarefa;
monetária das obrigações de pagamento, desde a data final de cada e) empreitada integral.
período de aferição até a do respectivo pagamento, que será cal- Parágrafo único. (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883,
culada pelos mesmos critérios estabelecidos obrigatoriamente no de 1994)
ato convocatório.
§ 8o Qualquer cidadão poderá requerer à Administração Pú- Art. 11. As obras e serviços destinados aos mesmos fins te-
blica os quantitativos das obras e preços unitários de determinada rão projetos padronizados por tipos, categorias ou classes, exceto
obra executada. quando o projeto-padrão não atender às condições peculiares do
§ 9o O disposto neste artigo aplica-se também, no que couber, local ou às exigências específicas do empreendimento.
aos casos de dispensa e de inexigibilidade de licitação.
Art. 12. Nos projetos básicos e projetos executivos de obras
Art. 8o A execução das obras e dos serviços deve programar- e serviços serão considerados principalmente os seguintes requisi-
se, sempre, em sua totalidade, previstos seus custos atual e final e tos: (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
considerados os prazos de sua execução. I - segurança;
Parágrafo único. É proibido o retardamento imotivado da II - funcionalidade e adequação ao interesse público;
execução de obra ou serviço, ou de suas parcelas, se existente pre- III - economia na execução, conservação e operação;
visão orçamentária para sua execução total, salvo insuficiência fi- IV - possibilidade de emprego de mão-de-obra, materiais,
nanceira ou comprovado motivo de ordem técnica, justificados em tecnologia e matérias-primas existentes no local para execução,
despacho circunstanciado da autoridade a que se refere o art. 26 conservação e operação;
desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) V - facilidade na execução, conservação e operação, sem pre-
juízo da durabilidade da obra ou do serviço;
Art. 9o Não poderá participar, direta ou indiretamente, da li- VI - adoção das normas técnicas, de saúde e de segurança do
citação ou da execução de obra ou serviço e do fornecimento de trabalho adequadas; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
bens a eles necessários: VII - impacto ambiental.
I - o autor do projeto, básico ou executivo, pessoa física ou
jurídica; Seção IV
II - empresa, isoladamente ou em consórcio, responsável pela Dos Serviços Técnicos Profissionais Especializados
elaboração do projeto básico ou executivo ou da qual o autor do
projeto seja dirigente, gerente, acionista ou detentor de mais de Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se serviços técni-
5% (cinco por cento) do capital com direito a voto ou controlador, cos profissionais especializados os trabalhos relativos a:
responsável técnico ou subcontratado; I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou exe-
III - servidor ou dirigente de órgão ou entidade contratante ou cutivos;
responsável pela licitação. II - pareceres, perícias e avaliações em geral;
§ 1o É permitida a participação do autor do projeto ou da em- III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financei-
presa a que se refere o inciso II deste artigo, na licitação de obra ou ras ou tributárias; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
serviço, ou na execução, como consultor ou técnico, nas funções IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou
de fiscalização, supervisão ou gerenciamento, exclusivamente a serviços;
serviço da Administração interessada. V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrati-
§ 2o O disposto neste artigo não impede a licitação ou contra- vas;
tação de obra ou serviço que inclua a elaboração de projeto execu- VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
tivo como encargo do contratado ou pelo preço previamente fixado VII - restauração de obras de arte e bens de valor histórico.
pela Administração. VIII - (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
§ 3o Considera-se participação indireta, para fins do disposto § 1o Ressalvados os casos de inexigibilidade de licitação, os
neste artigo, a existência de qualquer vínculo de natureza técnica, contratos para a prestação de serviços técnicos profissionais espe-
comercial, econômica, financeira ou trabalhista entre o autor do cializados deverão, preferencialmente, ser celebrados mediante a
projeto, pessoa física ou jurídica, e o licitante ou responsável pelos realização de concurso, com estipulação prévia de prêmio ou re-
serviços, fornecimentos e obras, incluindo-se os fornecimentos de muneração.
bens e serviços a estes necessários. § 2o Aos serviços técnicos previstos neste artigo aplica-se, no
§ 4o O disposto no parágrafo anterior aplica-se aos membros que couber, o disposto no art. 111 desta Lei.
da comissão de licitação. § 3o A empresa de prestação de serviços técnicos especializa-
dos que apresente relação de integrantes de seu corpo técnico em
Art. 10. As obras e serviços poderão ser executados nas se- procedimento licitatório ou como elemento de justificação de dis-
guintes formas: (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) pensa ou inexigibilidade de licitação, ficará obrigada a garantir que
I - execução direta; os referidos integrantes realizem pessoal e diretamente os serviços
II - execução indireta, nos seguintes regimes: (Redação dada objeto do contrato.
pela Lei nº 8.883, de 1994)
a) empreitada por preço global;
b) empreitada por preço unitário;
Didatismo e Conhecimento 28
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Seção V Art. 16. Será dada publicidade, mensalmente, em órgão de di-
Das Compras vulgação oficial ou em quadro de avisos de amplo acesso público,
à relação de todas as compras feitas pela Administração Direta ou
Art. 14. Nenhuma compra será feita sem a adequada caracte- Indireta, de maneira a clarificar a identificação do bem comprado,
rização de seu objeto e indicação dos recursos orçamentários para seu preço unitário, a quantidade adquirida, o nome do vendedor e o
seu pagamento, sob pena de nulidade do ato e responsabilidade de valor total da operação, podendo ser aglutinadas por itens as com-
quem lhe tiver dado causa. pras feitas com dispensa e inexigibilidade de licitação. (Redação
dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
Art. 15. As compras, sempre que possível, deverão: (Regu- Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos ca-
lamento) (Regulamento) (Regulamento) (Vigência) sos de dispensa de licitação previstos no inciso IX do art. 24. (In-
I - atender ao princípio da padronização, que imponha compa- cluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
tibilidade de especificações técnicas e de desempenho, observadas,
quando for o caso, as condições de manutenção, assistência técnica Seção VI
e garantia oferecidas; Das Alienações
II - ser processadas através de sistema de registro de preços;
III - submeter-se às condições de aquisição e pagamento se- Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subor-
melhantes às do setor privado; dinada à existência de interesse público devidamente justificado,
IV - ser subdivididas em tantas parcelas quantas necessárias será precedida de avaliação e obedecerá às seguintes normas:
para aproveitar as peculiaridades do mercado, visando economi- I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para
cidade; órgãos da administração direta e entidades autárquicas e fundacio-
V - balizar-se pelos preços praticados no âmbito dos órgãos e nais, e, para todos, inclusive as entidades paraestatais, dependerá
entidades da Administração Pública. de avaliação prévia e de licitação na modalidade de concorrência,
§ 1o O registro de preços será precedido de ampla pesquisa de dispensada esta nos seguintes casos:
mercado. a) dação em pagamento;
§ 2o Os preços registrados serão publicados trimestralmente b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou en-
tidade da administração pública, de qualquer esfera de governo,
para orientação da Administração, na imprensa oficial.
ressalvado o disposto nas alíneas f, h e i; (Redação dada pela Lei
§ 3o O sistema de registro de preços será regulamentado por
nº 11.952, de 2009)
decreto, atendidas as peculiaridades regionais, observadas as se-
c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos cons-
guintes condições:
tantes do inciso X do art. 24 desta Lei;
I - seleção feita mediante concorrência;
d) investidura;
II - estipulação prévia do sistema de controle e atualização dos
e) venda a outro órgão ou entidade da administração públi-
preços registrados;
ca, de qualquer esfera de governo; (Incluída pela Lei nº 8.883, de
III - validade do registro não superior a um ano. 1994)
§ 4o A existência de preços registrados não obriga a Adminis- f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de
tração a firmar as contratações que deles poderão advir, ficando- direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis
lhe facultada a utilização de outros meios, respeitada a legislação residenciais construídos, destinados ou efetivamente utilizados no
relativa às licitações, sendo assegurado ao beneficiário do registro âmbito de programas habitacionais ou de regularização fundiária
preferência em igualdade de condições. de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da ad-
§ 5o O sistema de controle originado no quadro geral de pre- ministração pública; (Redação dada pela Lei nº 11.481, de 2007)
ços, quando possível, deverá ser informatizado. g) procedimentos de legitimação de posse de que trata o art.
§ 6o Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar preço 29 da Lei no 6.383, de 7 de dezembro de 1976, mediante iniciativa
constante do quadro geral em razão de incompatibilidade desse e deliberação dos órgãos da Administração Pública em cuja com-
com o preço vigente no mercado. petência legal inclua-se tal atribuição; (Incluído pela Lei nº 11.196,
§ 7o Nas compras deverão ser observadas, ainda: de 2005)
I - a especificação completa do bem a ser adquirido sem indi- h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de
cação de marca; direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis
II - a definição das unidades e das quantidades a serem adqui- de uso comercial de âmbito local com área de até 250 m² (duzentos
ridas em função do consumo e utilização prováveis, cuja estimati- e cinquenta metros quadrados) e inseridos no âmbito de programas
va será obtida, sempre que possível, mediante adequadas técnicas de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por
quantitativas de estimação; órgãos ou entidades da administração pública; (Incluído pela Lei
III - as condições de guarda e armazenamento que não permi- nº 11.481, de 2007)
tam a deterioração do material. i) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou one-
§ 8o O recebimento de material de valor superior ao limite rosa, de terras públicas rurais da União na Amazônia Legal onde
estabelecido no art. 23 desta Lei, para a modalidade de convite, incidam ocupações até o limite de 15 (quinze) módulos fiscais
deverá ser confiado a uma comissão de, no mínimo, 3 (três) mem- ou 1.500ha (mil e quinhentos hectares), para fins de regulariza-
bros. ção fundiária, atendidos os requisitos legais; (Incluído pela Lei nº
11.952, de 2009)
II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de licita-
ção, dispensada esta nos seguintes casos:
Didatismo e Conhecimento 29
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de inte- III - pode ser cumulada com o quantitativo de área decorrente
resse social, após avaliação de sua oportunidade e conveniência da figura prevista na alínea g do inciso I do caput deste artigo, até
sócio-econômica, relativamente à escolha de outra forma de alie- o limite previsto no inciso II deste parágrafo. (Incluído pela Lei nº
nação; 11.196, de 2005)
b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entida- IV – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.763, de 2008)
des da Administração Pública; § 3o Entende-se por investidura, para os fins desta lei: (Reda-
c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, ob- ção dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
servada a legislação específica; I - a alienação aos proprietários de imóveis lindeiros de área
d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente; remanescente ou resultante de obra pública, área esta que se tor-
e) venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos nar inaproveitável isoladamente, por preço nunca inferior ao da
ou entidades da Administração Pública, em virtude de suas fina- avaliação e desde que esse não ultrapasse a 50% (cinquenta por
lidades; cento) do valor constante da alínea “a” do inciso II do art. 23 desta
f) venda de materiais e equipamentos para outros órgãos ou lei; (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
entidades da Administração Pública, sem utilização previsível por II - a alienação, aos legítimos possuidores diretos ou, na falta
quem deles dispõe. destes, ao Poder Público, de imóveis para fins residenciais cons-
§ 1o Os imóveis doados com base na alínea «b» do inciso truídos em núcleos urbanos anexos a usinas hidrelétricas, desde
I deste artigo, cessadas as razões que justificaram a sua doação, que considerados dispensáveis na fase de operação dessas unida-
reverterão ao patrimônio da pessoa jurídica doadora, vedada a sua des e não integrem a categoria de bens reversíveis ao final da con-
alienação pelo beneficiário. cessão. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
§ 2o A Administração também poderá conceder título de pro- § 4o A doação com encargo será licitada e de seu instrumento
priedade ou de direito real de uso de imóveis, dispensada licitação, constarão, obrigatoriamente os encargos, o prazo de seu cumpri-
quando o uso destinar-se: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de mento e cláusula de reversão, sob pena de nulidade do ato, sendo
2005) dispensada a licitação no caso de interesse público devidamente
I - a outro órgão ou entidade da Administração Pública, qual- justificado; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
§ 5o Na hipótese do parágrafo anterior, caso o donatário ne-
quer que seja a localização do imóvel; (Incluído pela Lei nº 11.196,
cessite oferecer o imóvel em garantia de financiamento, a cláusula
de 2005)
de reversão e demais obrigações serão garantidas por hipoteca em
II - a pessoa natural que, nos termos da lei, regulamento ou ato
segundo grau em favor do doador. (Incluído pela Lei nº 8.883, de
normativo do órgão competente, haja implementado os requisitos
1994)
mínimos de cultura, ocupação mansa e pacífica e exploração direta
§ 6o Para a venda de bens móveis avaliados, isolada ou glo-
sobre área rural situada na Amazônia Legal, superior a 1 (um) mó-
balmente, em quantia não superior ao limite previsto no art. 23,
dulo fiscal e limitada a 15 (quinze) módulos fiscais, desde que não
inciso II, alínea «b» desta Lei, a Administração poderá permitir o
exceda 1.500ha (mil e quinhentos hectares); (Redação dada pela leilão. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
Lei nº 11.952, de 2009) § 7o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)
§ 2º-A. As hipóteses do inciso II do § 2o ficam dispensadas de
autorização legislativa, porém submetem-se aos seguintes condi- Art. 18. Na concorrência para a venda de bens imóveis, a
cionamentos: (Redação dada pela Lei nº 11.952, de 2009) fase de habilitação limitar-se-á à comprovação do recolhimento de
I - aplicação exclusivamente às áreas em que a detenção por quantia correspondente a 5% (cinco por cento) da avaliação.
particular seja comprovadamente anterior a 1o de dezembro de Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 8.883, de 1994)
2004; (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)
II - submissão aos demais requisitos e impedimentos do regi- Art. 19. Os bens imóveis da Administração Pública, cuja
me legal e administrativo da destinação e da regularização fundiá- aquisição haja derivado de procedimentos judiciais ou de dação
ria de terras públicas; (Incluído pela Lei n] 11.196, de 2005) em pagamento, poderão ser alienados por ato da autoridade com-
III - vedação de concessões para hipóteses de exploração petente, observadas as seguintes regras:
não-contempladas na lei agrária, nas leis de destinação de terras I - avaliação dos bens alienáveis;
públicas, ou nas normas legais ou administrativas de zoneamento II - comprovação da necessidade ou utilidade da alienação;
ecológico-econômico; e (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) III - adoção do procedimento licitatório, sob a modalidade de
IV - previsão de rescisão automática da concessão, dispensada concorrência ou leilão. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
notificação, em caso de declaração de utilidade, ou necessidade
pública ou interesse social. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) Capítulo II
§ 2o-B. A hipótese do inciso II do § 2o deste artigo: (Incluído Da Licitação
pela Lei nº 11.196, de 2005)
I - só se aplica a imóvel situado em zona rural, não sujeito a Seção I
vedação, impedimento ou inconveniente a sua exploração median- Das Modalidades, Limites e Dispensa
te atividades agropecuárias; (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)
II – fica limitada a áreas de até quinze módulos fiscais, desde Art. 20. As licitações serão efetuadas no local onde se situar
que não exceda mil e quinhentos hectares, vedada a dispensa de a repartição interessada, salvo por motivo de interesse público, de-
licitação para áreas superiores a esse limite; (Redação dada pela vidamente justificado.
Lei nº 11.763, de 2008) Parágrafo único. O disposto neste artigo não impedirá a ha-
bilitação de interessados residentes ou sediados em outros locais.
Didatismo e Conhecimento 30
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 21. Os avisos contendo os resumos dos editais das con- § 1o Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer
corrências, das tomadas de preços, dos concursos e dos leilões, interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, com-
embora realizados no local da repartição interessada, deverão ser provem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no
publicados com antecedência, no mínimo, por uma vez: (Redação edital para execução de seu objeto.
dada pela Lei nº 8.883, de 1994) § 2o Tomada de preços é a modalidade de licitação entre in-
I - no Diário Oficial da União, quando se tratar de licitação teressados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as
feita por órgão ou entidade da Administração Pública Federal e, condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior
ainda, quando se tratar de obras financiadas parcial ou totalmente à data do recebimento das propostas, observada a necessária qua-
com recursos federais ou garantidas por instituições federais; (Re- lificação.
dação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) § 3o Convite é a modalidade de licitação entre interessados
II - no Diário Oficial do Estado, ou do Distrito Federal quando do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e
se tratar, respectivamente, de licitação feita por órgão ou entidade convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade adminis-
da Administração Pública Estadual ou Municipal, ou do Distrito trativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento
Federal; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspon-
III - em jornal diário de grande circulação no Estado e tam- dente especialidade que manifestarem seu interesse com antece-
bém, se houver, em jornal de circulação no Município ou na região dência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das pro-
onde será realizada a obra, prestado o serviço, fornecido, alienado postas.
ou alugado o bem, podendo ainda a Administração, conforme o § 4o Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer in-
vulto da licitação, utilizar-se de outros meios de divulgação para teressados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico,
ampliar a área de competição. (Redação dada pela Lei nº 8.883, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores,
de 1994) conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa ofi-
§ 1o O aviso publicado conterá a indicação do local em que os cial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias.
interessados poderão ler e obter o texto integral do edital e todas as § 5o Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer inte-
informações sobre a licitação. ressados para a venda de bens móveis inservíveis para a adminis-
tração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou
§ 2o O prazo mínimo até o recebimento das propostas ou da
para a alienação de bens imóveis prevista no art. 19, a quem ofere-
realização do evento será:
cer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação. (Reda-
I - quarenta e cinco dias para: (Redação dada pela Lei nº
ção dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
8.883, de 1994)
§ 6o Na hipótese do § 3o deste artigo, existindo na praça mais
a) concurso; (Incluída pela Lei nº 8.883, de 1994)
de 3 (três) possíveis interessados, a cada novo convite, realizado
b) concorrência, quando o contrato a ser celebrado contemplar
para objeto idêntico ou assemelhado, é obrigatório o convite a,
o regime de empreitada integral ou quando a licitação for do tipo
no mínimo, mais um interessado, enquanto existirem cadastrados
«melhor técnica» ou «técnica e preço»; (Incluída pela Lei nº 8.883, não convidados nas últimas licitações. (Redação dada pela Lei nº
de 1994) 8.883, de 1994)
II - trinta dias para: (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) § 7o Quando, por limitações do mercado ou manifesto de-
a) concorrência, nos casos não especificados na alínea “b” do sinteresse dos convidados, for impossível a obtenção do número
inciso anterior; (Incluída pela Lei nº 8.883, de 1994) mínimo de licitantes exigidos no § 3o deste artigo, essas circuns-
b) tomada de preços, quando a licitação for do tipo «melhor tâncias deverão ser devidamente justificadas no processo, sob pena
técnica» ou «técnica e preço»; (Incluída pela Lei nº 8.883, de 1994) de repetição do convite.
III - quinze dias para a tomada de preços, nos casos não espe- § 8o É vedada a criação de outras modalidades de licitação ou
cificados na alínea “b” do inciso anterior, ou leilão; (Redação dada a combinação das referidas neste artigo.
pela Lei nº 8.883, de 1994) § 9o Na hipótese do parágrafo 2o deste artigo, a administração
IV - cinco dias úteis para convite. (Redação dada pela Lei nº somente poderá exigir do licitante não cadastrado os documentos
8.883, de 1994) previstos nos arts. 27 a 31, que comprovem habilitação compatí-
§ 3o Os prazos estabelecidos no parágrafo anterior serão con- vel com o objeto da licitação, nos termos do edital. (Incluído pela
tados a partir da última publicação do edital resumido ou da expe- Lei nº 8.883, de 1994)
dição do convite, ou ainda da efetiva disponibilidade do edital ou
do convite e respectivos anexos, prevalecendo a data que ocorrer Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os in-
mais tarde. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) cisos I a III do artigo anterior serão determinadas em função dos
§ 4o Qualquer modificação no edital exige divulgação pela seguintes limites, tendo em vista o valor estimado da contratação:
mesma forma que se deu o texto original, reabrindo-se o prazo I - para obras e serviços de engenharia: (Redação dada pela
inicialmente estabelecido, exceto quando, inquestionavelmente, a Lei nº 9.648, de 1998)
alteração não afetar a formulação das propostas. a) convite - até R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil
reais); (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
Art. 22. São modalidades de licitação: b) tomada de preços - até R$ 1.500.000,00 (um milhão e qui-
I - concorrência; nhentos mil reais); (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
II - tomada de preços; c) concorrência: acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e qui-
III - convite; nhentos mil reais); (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
IV - concurso; II - para compras e serviços não referidos no inciso ante-
V - leilão. rior:(Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
Didatismo e Conhecimento 31
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
a) convite - até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais); (Redação I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez
dada pela Lei nº 9.648, de 1998) por cento) do limite previsto na alínea “a”, do inciso I do artigo
b) tomada de preços - até R$ 650.000,00 (seiscentos e cin- anterior, desde que não se refiram a parcelas de uma mesma obra
quenta mil reais); (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998) ou serviço ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no
c) concorrência - acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e cin- mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitante-
quenta mil reais). (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998) mente; (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
§ 1o As obras, serviços e compras efetuadas pela Administra- II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por
ção serão divididas em tantas parcelas quantas se comprovarem cento) do limite previsto na alínea “a”, do inciso II do artigo ante-
técnica e economicamente viáveis, procedendo-se à licitação com rior e para alienações, nos casos previstos nesta Lei, desde que não
vistas ao melhor aproveitamento dos recursos disponíveis no mer- se refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação
cado e à ampliação da competitividade sem perda da economia de de maior vulto que possa ser realizada de uma só vez; (Redação
escala. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
§ 2o Na execução de obras e serviços e nas compras de bens, III - nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem;
parceladas nos termos do parágrafo anterior, a cada etapa ou con- IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quan-
junto de etapas da obra, serviço ou compra, há de corresponder do caracterizada urgência de atendimento de situação que possa
licitação distinta, preservada a modalidade pertinente para a exe- ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras,
cução do objeto em licitação. (Redação dada pela Lei nº 8.883, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares,
de 1994) e somente para os bens necessários ao atendimento da situação
§ 3o A concorrência é a modalidade de licitação cabível, qual- emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços
quer que seja o valor de seu objeto, tanto na compra ou aliena- que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oi-
ção de bens imóveis, ressalvado o disposto no art. 19, como nas tenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da
concessões de direito real de uso e nas licitações internacionais, emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos
admitindo-se neste último caso, observados os limites deste arti- contratos;
go, a tomada de preços, quando o órgão ou entidade dispuser de V - quando não acudirem interessados à licitação anterior e
cadastro internacional de fornecedores ou o convite, quando não esta, justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para a
Administração, mantidas, neste caso, todas as condições preesta-
houver fornecedor do bem ou serviço no País. (Redação dada pela
belecidas;
Lei nº 8.883, de 1994)
VI - quando a União tiver que intervir no domínio econômico
§ 4o Nos casos em que couber convite, a Administração pode-
para regular preços ou normalizar o abastecimento;
rá utilizar a tomada de preços e, em qualquer caso, a concorrência.
VII - quando as propostas apresentadas consignarem preços
§ 5o É vedada a utilização da modalidade «convite» ou «to-
manifestamente superiores aos praticados no mercado nacional, ou
mada de preços», conforme o caso, para parcelas de uma mesma
forem incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais compe-
obra ou serviço, ou ainda para obras e serviços da mesma natureza
tentes, casos em que, observado o parágrafo único do art. 48 desta
e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomi- Lei e, persistindo a situação, será admitida a adjudicação direta dos
tantemente, sempre que o somatório de seus valores caracterizar o bens ou serviços, por valor não superior ao constante do registro de
caso de “tomada de preços” ou “concorrência”, respectivamente, preços, ou dos serviços; (Vide § 3º do art. 48)
nos termos deste artigo, exceto para as parcelas de natureza espe- VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito públi-
cífica que possam ser executadas por pessoas ou empresas de es- co interno, de bens produzidos ou serviços prestados por órgão
pecialidade diversa daquela do executor da obra ou serviço. (Re- ou entidade que integre a Administração Pública e que tenha sido
dação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) criado para esse fim específico em data anterior à vigência desta
§ 6o As organizações industriais da Administração Federal Lei, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado
direta, em face de suas peculiaridades, obedecerão aos limites es- no mercado; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
tabelecidos no inciso I deste artigo também para suas compras e IX - quando houver possibilidade de comprometimento da
serviços em geral, desde que para a aquisição de materiais aplica- segurança nacional, nos casos estabelecidos em decreto do Presi-
dos exclusivamente na manutenção, reparo ou fabricação de meios dente da República, ouvido o Conselho de Defesa Nacional; (Re-
operacionais bélicos pertencentes à União. (Incluído pela Lei nº gulamento)
8.883, de 1994) X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendi-
§ 7o Na compra de bens de natureza divisível e desde que não mento das finalidades precípuas da administração, cujas necessi-
haja prejuízo para o conjunto ou complexo, é permitida a cota- dades de instalação e localização condicionem a sua escolha, des-
ção de quantidade inferior à demandada na licitação, com vistas a de que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo
ampliação da competitividade, podendo o edital fixar quantitativo avaliação prévia;(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
mínimo para preservar a economia de escala. (Incluído pela Lei XI - na contratação de remanescente de obra, serviço ou for-
nº 9.648, de 1998) necimento, em consequência de rescisão contratual, desde que
§ 8o No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o dobro dos atendida a ordem de classificação da licitação anterior e aceitas
valores mencionados no caput deste artigo quando formado por até as mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive
3 (três) entes da Federação, e o triplo, quando formado por maior quanto ao preço, devidamente corrigido;
número. (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005) XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros
perecíveis, no tempo necessário para a realização dos processos
Art. 24. É dispensável a licitação: Vide Lei nº 12.188, de licitatórios correspondentes, realizadas diretamente com base no
2.010 Vigência preço do dia; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
Didatismo e Conhecimento 32
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida re- XXIV - para a celebração de contratos de prestação de ser-
gimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desen- viços com as organizações sociais, qualificadas no âmbito das
volvimento institucional, ou de instituição dedicada à recuperação respectivas esferas de governo, para atividades contempladas no
social do preso, desde que a contratada detenha inquestionável contrato de gestão. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
reputação ético-profissional e não tenha fins lucrativos;(Redação XXV - na contratação realizada por Instituição Científica e
dada pela Lei nº 8.883, de 1994) Tecnológica - ICT ou por agência de fomento para a transferência
XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos de acor- de tecnologia e para o licenciamento de direito de uso ou de explo-
do internacional específico aprovado pelo Congresso Nacional, ração de criação protegida.(Incluído pela Lei nº 10.973, de 2004)
quando as condições ofertadas forem manifestamente vantajosas XXVI – na celebração de contrato de programa com ente da
para o Poder Público; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) Federação ou com entidade de sua administração indireta, para a
XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte e objetos prestação de serviços públicos de forma associada nos termos do
históricos, de autenticidade certificada, desde que compatíveis ou autorizado em contrato de consórcio público ou em convênio de
inerentes às finalidades do órgão ou entidade. cooperação. (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005)
XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formulários XXVII - na contratação da coleta, processamento e comercia-
padronizados de uso da administração, e de edições técnicas ofi- lização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em
ciais, bem como para prestação de serviços de informática a pessoa áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados por associa-
jurídica de direito público interno, por órgãos ou entidades que ções ou cooperativas formadas exclusivamente por pessoas físicas
integrem a Administração Pública, criados para esse fim específi- de baixa renda reconhecidas pelo poder público como catadores
co;(Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) de materiais recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis
XVII - para a aquisição de componentes ou peças de origem com as normas técnicas, ambientais e de saúde pública. (Redação
nacional ou estrangeira, necessários à manutenção de equipamen- dada pela Lei nº 11.445, de 2007).
tos durante o período de garantia técnica, junto ao fornecedor ori- XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços, produzi-
ginal desses equipamentos, quando tal condição de exclusividade dos ou prestados no País, que envolvam, cumulativamente, alta
for indispensável para a vigência da garantia; (Incluído pela Lei nº complexidade tecnológica e defesa nacional, mediante parecer de
8.883, de 1994)
comissão especialmente designada pela autoridade máxima do ór-
XVIII - nas compras ou contratações de serviços para o abas-
gão. (Incluído pela Lei nº 11.484, de 2007).
tecimento de navios, embarcações, unidades aéreas ou tropas e
XXIX – na aquisição de bens e contratação de serviços para
seus meios de deslocamento quando em estada eventual de curta
atender aos contingentes militares das Forças Singulares brasilei-
duração em portos, aeroportos ou localidades diferentes de suas
ras empregadas em operações de paz no exterior, necessariamente
sedes, por motivo de movimentação operacional ou de adestra-
justificadas quanto ao preço e à escolha do fornecedor ou execu-
mento, quando a exiguidade dos prazos legais puder comprometer
tante e ratificadas pelo Comandante da Força. (Incluído pela Lei nº
a normalidade e os propósitos das operações e desde que seu valor
não exceda ao limite previsto na alínea “a” do inciso II do art. 23 11.783, de 2008).
desta Lei: (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) XXX - na contratação de instituição ou organização, pública
XIX - para as compras de material de uso pelas Forças Ar- ou privada, com ou sem fins lucrativos, para a prestação de servi-
madas, com exceção de materiais de uso pessoal e administrativo, ços de assistência técnica e extensão rural no âmbito do Programa
quando houver necessidade de manter a padronização requerida Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura
pela estrutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos e terres- Familiar e na Reforma Agrária, instituído por lei federal. (Incluí-
tres, mediante parecer de comissão instituída por decreto; (Incluí- do pela Lei nº 12.188, de 2.010) Vigência
do pela Lei nº 8.883, de 1994) XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do dispos-
XX - na contratação de associação de portadores de deficiên- to nos arts. 3o, 4o, 5o e 20 da Lei no 10.973, de 2 de dezembro de
cia física, sem fins lucrativos e de comprovada idoneidade, por 2004, observados os princípios gerais de contratação dela constan-
órgãos ou entidades da Admininistração Pública, para a prestação tes. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)
de serviços ou fornecimento de mão-de-obra, desde que o preço XXXII - na contratação em que houver transferência de tec-
contratado seja compatível com o praticado no mercado. (Incluído nologia de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde
pela Lei nº 8.883, de 1994) - SUS, no âmbito da Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, con-
XXI - para a aquisição ou contratação de produto para pes- forme elencados em ato da direção nacional do SUS, inclusive por
quisa e desenvolvimento, limitada, no caso de obras e serviços de ocasião da aquisição destes produtos durante as etapas de absorção
engenharia, a 20% (vinte por cento) do valor de que trata a alínea tecnológica. (Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012)
“b” do inciso I do caput do art. 23; (Incluído pela Lei nº XXXIII - na contratação de entidades privadas sem fins lu-
13.243, de 2016) crativos, para a implementação de cisternas ou outras tecnologias
XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento de ener- sociais de acesso à água para consumo humano e produção de ali-
gia elétrica e gás natural com concessionário, permissionário ou mentos, para beneficiar as famílias rurais de baixa renda atingidas
autorizado, segundo as normas da legislação específica; (Incluído pela seca ou falta regular de água. (Incluído pela Lei nº 12.873,
pela Lei nº 9.648, de 1998) de 2013)
XXIII - na contratação realizada por empresa pública ou so- XXXIV - para a aquisição por pessoa jurídica de direito públi-
ciedade de economia mista com suas subsidiárias e controladas, co interno de insumos estratégicos para a saúde produzidos ou dis-
para a aquisição ou alienação de bens, prestação ou obtenção de tribuídos por fundação que, regimental ou estatutariamente, tenha
serviços, desde que o preço contratado seja compatível com o pra- por finalidade apoiar órgão da administração pública direta, sua
ticado no mercado. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) autarquia ou fundação em projetos de ensino, pesquisa, extensão,
Didatismo e Conhecimento 33
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
desenvolvimento institucional, científico e tecnológico e estímulo Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2o e 4o do art. 17 e no
à inovação, inclusive na gestão administrativa e financeira neces- inciso III e seguintes do art. 24, as situações de inexigibilidade
sária à execução desses projetos, ou em parcerias que envolvam referidas no art. 25, necessariamente justificadas, e o retardamento
transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o Sis- previsto no final do parágrafo único do art. 8o desta Lei deverão ser
tema Único de Saúde – SUS, nos termos do inciso XXXII deste comunicados, dentro de 3 (três) dias, à autoridade superior, para
artigo, e que tenha sido criada para esse fim específico em data ratificação e publicação na imprensa oficial, no prazo de 5 (cinco)
anterior à vigência desta Lei, desde que o preço contratado seja dias, como condição para a eficácia dos atos. (Redação dada pela
compatível com o praticado no mercado. (Incluído pela Lei nº Lei nº 11.107, de 2005)
13.204, de 2015) Parágrafo único. O processo de dispensa, de inexigibilidade
§ 1o Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput deste ou de retardamento, previsto neste artigo, será instruído, no que
artigo serão 20% (vinte por cento) para compras, obras e servi- couber, com os seguintes elementos:
ços contratados por consórcios públicos, sociedade de economia I - caracterização da situação emergencial ou calamitosa que
mista, empresa pública e por autarquia ou fundação qualificadas, justifique a dispensa, quando for o caso;
na forma da lei, como Agências Executivas. (Incluído pela Lei nº II - razão da escolha do fornecedor ou executante;
12.715, de 2012) III - justificativa do preço.
§ 2o O limite temporal de criação do órgão ou entidade IV - documento de aprovação dos projetos de pesquisa aos
que integre a administração pública estabelecido no inciso VIII quais os bens serão alocados. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
do caput deste artigo não se aplica aos órgãos ou entidades que
produzem produtos estratégicos para o SUS, no âmbito da Lei Seção II
no 8.080, de 19 de setembro de 1990, conforme elencados em ato Da Habilitação
da direção nacional do SUS. (Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012)
§ 3o A hipótese de dispensa prevista no inciso XXI do caput, Art. 27. Para a habilitação nas licitações exigir-se-á dos inte-
quando aplicada a obras e serviços de engenharia, seguirá proce- ressados, exclusivamente, documentação relativa a:
dimentos especiais instituídos em regulamentação específica. (In- I - habilitação jurídica;
cluído pela Lei nº 13.243, de 2016) II - qualificação técnica;
§ 4o Não se aplica a vedação prevista no inciso I do caput do III - qualificação econômico-financeira;
art. 9o à hipótese prevista no inciso XXI do caput. (Incluído pela IV – regularidade fiscal e trabalhista; (Redação dada pela
Lei nº 13.243, de 2016) Lei nº 12.440, de 2011) (Vigência)
V – cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. 7o da
Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade Constituição Federal. (Incluído pela Lei nº 9.854, de 1999)
de competição, em especial:
I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que Art. 28. A documentação relativa à habilitação jurídica, con-
só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante forme o caso, consistirá em:
comercial exclusivo, vedada a preferência de marca, devendo a I - cédula de identidade;
comprovação de exclusividade ser feita através de atestado forne- II - registro comercial, no caso de empresa individual;
cido pelo órgão de registro do comércio do local em que se reali- III - ato constitutivo, estatuto ou contrato social em vigor, de-
zaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação vidamente registrado, em se tratando de sociedades comerciais, e,
ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes; no caso de sociedades por ações, acompanhado de documentos de
II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. eleição de seus administradores;
13 desta Lei, de natureza singular, com profissionais ou empresas IV - inscrição do ato constitutivo, no caso de sociedades civis,
de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços acompanhada de prova de diretoria em exercício;
de publicidade e divulgação; V - decreto de autorização, em se tratando de empresa ou so-
III - para contratação de profissional de qualquer setor artís- ciedade estrangeira em funcionamento no País, e ato de registro ou
tico, diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que autorização para funcionamento expedido pelo órgão competente,
consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública. quando a atividade assim o exigir.
§ 1o Considera-se de notória especialização o profissional ou
empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente Art. 29. A documentação relativa à regularidade fiscal e traba-
de desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, orga- lhista, conforme o caso, consistirá em: (Redação dada pela Lei
nização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos re- nº 12.440, de 2011) (Vigência)
lacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho I - prova de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou
é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação no Cadastro Geral de Contribuintes (CGC);
do objeto do contrato. II - prova de inscrição no cadastro de contribuintes estadual
§ 2o Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de ou municipal, se houver, relativo ao domicílio ou sede do licitante,
dispensa, se comprovado superfaturamento, respondem solidaria- pertinente ao seu ramo de atividade e compatível com o objeto
mente pelo dano causado à Fazenda Pública o fornecedor ou o contratual;
prestador de serviços e o agente público responsável, sem prejuízo III - prova de regularidade para com a Fazenda Federal, Esta-
de outras sanções legais cabíveis. dual e Municipal do domicílio ou sede do licitante, ou outra equi-
valente, na forma da lei;
Didatismo e Conhecimento 34
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
IV - prova de regularidade relativa à Seguridade Social e ao § 6o As exigências mínimas relativas a instalações de cantei-
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), demonstrando ros, máquinas, equipamentos e pessoal técnico especializado, con-
situação regular no cumprimento dos encargos sociais instituídos siderados essenciais para o cumprimento do objeto da licitação,
por lei. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) serão atendidas mediante a apresentação de relação explícita e da
V – prova de inexistência de débitos inadimplidos perante a declaração formal da sua disponibilidade, sob as penas cabíveis,
Justiça do Trabalho, mediante a apresentação de certidão negativa, vedada as exigências de propriedade e de localização prévia.
nos termos do § 7º (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
Título VII-A da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada I - (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
pelo Decreto-Lei no5.452, de 1o de maio de 1943. (Incluído pela II - (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
Lei nº 12.440, de 2011) (Vigência) § 8o No caso de obras, serviços e compras de grande vulto,
de alta complexidade técnica, poderá a Administração exigir dos
Art. 30. A documentação relativa à qualificação técnica limi- licitantes a metodologia de execução, cuja avaliação, para efeito de
sua aceitação ou não, antecederá sempre à análise dos preços e será
tar-se-á a:
efetuada exclusivamente por critérios objetivos.
I - registro ou inscrição na entidade profissional competente;
§ 9o Entende-se por licitação de alta complexidade técnica
II - comprovação de aptidão para desempenho de atividade
aquela que envolva alta especialização, como fator de extrema re-
pertinente e compatível em características, quantidades e prazos levância para garantir a execução do objeto a ser contratado, ou
com o objeto da licitação, e indicação das instalações e do apare- que possa comprometer a continuidade da prestação de serviços
lhamento e do pessoal técnico adequados e disponíveis para a rea- públicos essenciais.
lização do objeto da licitação, bem como da qualificação de cada § 10. Os profissionais indicados pelo licitante para fins de
um dos membros da equipe técnica que se responsabilizará pelos comprovação da capacitação técnico-profissional de que trata o
trabalhos; inciso I do § 1o deste artigo deverão participar da obra ou serviço
III - comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de que rece- objeto da licitação, admitindo-se a substituição por profissionais de
beu os documentos, e, quando exigido, de que tomou conhecimen- experiência equivalente ou superior, desde que aprovada pela admi-
to de todas as informações e das condições locais para o cumpri- nistração. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
mento das obrigações objeto da licitação; § 11. (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
IV - prova de atendimento de requisitos previstos em lei espe- § 12. (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
cial, quando for o caso.
§ 1o A comprovação de aptidão referida no inciso II do Art. 31. A documentação relativa à qualificação econômico-
«caput» deste artigo, no caso das licitações pertinentes a obras e financeira limitar-se-á a:
serviços, será feita por atestados fornecidos por pessoas jurídicas I - balanço patrimonial e demonstrações contábeis do últi-
de direito público ou privado, devidamente registrados nas entida- mo exercício social, já exigíveis e apresentados na forma da lei,
des profissionais competentes, limitadas as exigências a: (Redação que comprovem a boa situação financeira da empresa, vedada a
dada pela Lei nº 8.883, de 1994) sua substituição por balancetes ou balanços provisórios, podendo
I - capacitação técnico-profissional: comprovação do licitante ser atualizados por índices oficiais quando encerrado há mais de 3
de possuir em seu quadro permanente, na data prevista para entre- (três) meses da data de apresentação da proposta;
ga da proposta, profissional de nível superior ou outro devidamen- II - certidão negativa de falência ou concordata expedida pelo
te reconhecido pela entidade competente, detentor de atestado de distribuidor da sede da pessoa jurídica, ou de execução patrimonial,
responsabilidade técnica por execução de obra ou serviço de carac- expedida no domicílio da pessoa física;
terísticas semelhantes, limitadas estas exclusivamente às parcelas III - garantia, nas mesmas modalidades e critérios previstos no
“caput” e § 1o do art. 56 desta Lei, limitada a 1% (um por cento) do
de maior relevância e valor significativo do objeto da licitação,
valor estimado do objeto da contratação.
vedadas as exigências de quantidades mínimas ou prazos máxi-
§ 1o A exigência de índices limitar-se-á à demonstração da
mos; (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
capacidade financeira do licitante com vistas aos compromissos
II - (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) que terá que assumir caso lhe seja adjudicado o contrato, vedada
a) (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) a exigência de valores mínimos de faturamento anterior, índices de
b) (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) rentabilidade ou lucratividade. (Redação dada pela Lei nº 8.883,
§ 2o As parcelas de maior relevância técnica e de valor signifi- de 1994)
cativo, mencionadas no parágrafo anterior, serão definidas no ins- § 2o A Administração, nas compras para entrega futura e na
trumento convocatório. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) execução de obras e serviços, poderá estabelecer, no instrumento
§ 3o Será sempre admitida a comprovação de aptidão através convocatório da licitação, a exigência de capital mínimo ou de pa-
de certidões ou atestados de obras ou serviços similares de com- trimônio líquido mínimo, ou ainda as garantias previstas no § 1o do
plexidade tecnológica e operacional equivalente ou superior. art. 56 desta Lei, como dado objetivo de comprovação da qualifica-
§ 4o Nas licitações para fornecimento de bens, a comprovação ção econômico-financeira dos licitantes e para efeito de garantia ao
de aptidão, quando for o caso, será feita através de atestados forne- adimplemento do contrato a ser ulteriormente celebrado.
cidos por pessoa jurídica de direito público ou privado. § 3o O capital mínimo ou o valor do patrimônio líquido a que
§ 5o É vedada a exigência de comprovação de atividade ou de se refere o parágrafo anterior não poderá exceder a 10% (dez por
aptidão com limitações de tempo ou de época ou ainda em locais cento) do valor estimado da contratação, devendo a comprovação
específicos, ou quaisquer outras não previstas nesta Lei, que ini- ser feita relativamente à data da apresentação da proposta, na for-
bam a participação na licitação. ma da lei, admitida a atualização para esta data através de índices
oficiais.
Didatismo e Conhecimento 35
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 4o Poderá ser exigida, ainda, a relação dos compromissos Art. 33. Quando permitida na licitação a participação de em-
assumidos pelo licitante que importem diminuição da capacidade presas em consórcio, observar-se-ão as seguintes normas:
operativa ou absorção de disponibilidade financeira, calculada esta I - comprovação do compromisso público ou particular de
em função do patrimônio líquido atualizado e sua capacidade de constituição de consórcio, subscrito pelos consorciados;
rotação. II - indicação da empresa responsável pelo consórcio que de-
§ 5o A comprovação de boa situação financeira da empresa verá atender às condições de liderança, obrigatoriamente fixadas
será feita de forma objetiva, através do cálculo de índices contábeis no edital;
previstos no edital e devidamente justificados no processo admi- III - apresentação dos documentos exigidos nos arts. 28 a 31
nistrativo da licitação que tenha dado início ao certame licitatório, desta Lei por parte de cada consorciado, admitindo-se, para efeito
vedada a exigência de índices e valores não usualmente adotados de qualificação técnica, o somatório dos quantitativos de cada con-
para correta avaliação de situação financeira suficiente ao cumpri- sorciado, e, para efeito de qualificação econômico-financeira, o so-
mento das obrigações decorrentes da licitação.(Redação dada pela matório dos valores de cada consorciado, na proporção de sua res-
Lei nº 8.883, de 1994)
pectiva participação, podendo a Administração estabelecer, para o
§ 6º (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
consórcio, um acréscimo de até 30% (trinta por cento) dos valores
exigidos para licitante individual, inexigível este acréscimo para
Art. 32. Os documentos necessários à habilitação poderão ser
apresentados em original, por qualquer processo de cópia autenti- os consórcios compostos, em sua totalidade, por micro e pequenas
cada por cartório competente ou por servidor da administração ou empresas assim definidas em lei;
publicação em órgão da imprensa oficial. (Redação dada pela Lei IV - impedimento de participação de empresa consorciada, na
nº 8.883, de 1994) mesma licitação, através de mais de um consórcio ou isoladamen-
§ 1o A documentação de que tratam os arts. 28 a 31 desta Lei te;
poderá ser dispensada, no todo ou em parte, nos casos de convite, V - responsabilidade solidária dos integrantes pelos atos pra-
concurso, fornecimento de bens para pronta entrega e leilão. ticados em consórcio, tanto na fase de licitação quanto na de exe-
§ 2o O certificado de registro cadastral a que se refere o § 1o do cução do contrato.
art. 36 substitui os documentos enumerados nos arts. 28 a 31, quan- § 1o No consórcio de empresas brasileiras e estrangeiras a li-
to às informações disponibilizadas em sistema informatizado de derança caberá, obrigatoriamente, à empresa brasileira, observado
consulta direta indicado no edital, obrigando-se a parte a declarar, o disposto no inciso II deste artigo.
sob as penalidades legais, a superveniência de fato impeditivo da § 2o O licitante vencedor fica obrigado a promover, antes da
habilitação. (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998) celebração do contrato, a constituição e o registro do consórcio,
§ 3o A documentação referida neste artigo poderá ser substi- nos termos do compromisso referido no inciso I deste artigo.
tuída por registro cadastral emitido por órgão ou entidade pública,
desde que previsto no edital e o registro tenha sido feito em obe- Seção III
diência ao disposto nesta Lei. Dos Registros Cadastrais
§ 4o As empresas estrangeiras que não funcionem no País,
tanto quanto possível, atenderão, nas licitações internacionais, às Art. 34. Para os fins desta Lei, os órgãos e entidades da Ad-
exigências dos parágrafos anteriores mediante documentos equiva- ministração Pública que realizem frequentemente licitações man-
lentes, autenticados pelos respectivos consulados e traduzidos por terão registros cadastrais para efeito de habilitação, na forma regu-
tradutor juramentado, devendo ter representação legal no Brasil lamentar, válidos por, no máximo, um ano. (Regulamento)
com poderes expressos para receber citação e responder adminis- § 1o O registro cadastral deverá ser amplamente divulgado e
trativa ou judicialmente. deverá estar permanentemente aberto aos interessados, obrigando-
§ 5o Não se exigirá, para a habilitação de que trata este artigo,
se a unidade por ele responsável a proceder, no mínimo anualmen-
prévio recolhimento de taxas ou emolumentos, salvo os referentes
te, através da imprensa oficial e de jornal diário, a chamamento
a fornecimento do edital, quando solicitado, com os seus elemen-
público para a atualização dos registros existentes e para o ingres-
tos constitutivos, limitados ao valor do custo efetivo de reprodução
gráfica da documentação fornecida. so de novos interessados.
§ 6o O disposto no § 4o deste artigo, no § 1o do art. 33 e no § 2o É facultado às unidades administrativas utilizarem-se de
§ 2o do art. 55, não se aplica às licitações internacionais para a aqui- registros cadastrais de outros órgãos ou entidades da Administra-
sição de bens e serviços cujo pagamento seja feito com o produto ção Pública.
de financiamento concedido por organismo financeiro internacional
de que o Brasil faça parte, ou por agência estrangeira de coopera- Art. 35. Ao requerer inscrição no cadastro, ou atualização
ção, nem nos casos de contratação com empresa estrangeira, para a deste, a qualquer tempo, o interessado fornecerá os elementos ne-
compra de equipamentos fabricados e entregues no exterior, desde cessários à satisfação das exigências do art. 27 desta Lei.
que para este caso tenha havido prévia autorização do Chefe do
Poder Executivo, nem nos casos de aquisição de bens e serviços Art. 36. Os inscritos serão classificados por categorias, tendo-
realizada por unidades administrativas com sede no exterior. se em vista sua especialização, subdivididas em grupos, segundo
§ 7o A documentação de que tratam os arts. 28 a 31 e este artigo a qualificação técnica e econômica avaliada pelos elementos cons-
poderá ser dispensada, nos termos de regulamento, no todo ou em tantes da documentação relacionada nos arts. 30 e 31 desta Lei.
parte, para a contratação de produto para pesquisa e desenvolvi- § 1o Aos inscritos será fornecido certificado, renovável sem-
mento, desde que para pronta entrega ou até o valor previsto na pre que atualizarem o registro.
alínea “a” do inciso II do caput do art. 23. (Incluído pela Lei nº § 2o A atuação do licitante no cumprimento de obrigações
13.243, de 2016) assumidas será anotada no respectivo registro cadastral.
Didatismo e Conhecimento 36
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 37. A qualquer tempo poderá ser alterado, suspenso ou modalidade, o regime de execução e o tipo da licitação, a menção
cancelado o registro do inscrito que deixar de satisfazer as exi- de que será regida por esta Lei, o local, dia e hora para recebimento
gências do art. 27 desta Lei, ou as estabelecidas para classificação da documentação e proposta, bem como para início da abertura dos
cadastral. envelopes, e indicará, obrigatoriamente, o seguinte:
I - objeto da licitação, em descrição sucinta e clara;
Seção IV II - prazo e condições para assinatura do contrato ou retirada
Do Procedimento e Julgamento dos instrumentos, como previsto no art. 64 desta Lei, para execu-
ção do contrato e para entrega do objeto da licitação;
Art. 38. O procedimento da licitação será iniciado com a III - sanções para o caso de inadimplemento;
abertura de processo administrativo, devidamente autuado, proto- IV - local onde poderá ser examinado e adquirido o projeto
colado e numerado, contendo a autorização respectiva, a indicação básico;
sucinta de seu objeto e do recurso próprio para a despesa, e ao qual V - se há projeto executivo disponível na data da publicação
serão juntados oportunamente: do edital de licitação e o local onde possa ser examinado e adqui-
I - edital ou convite e respectivos anexos, quando for o caso; rido;
II - comprovante das publicações do edital resumido, na forma VI - condições para participação na licitação, em conformi-
do art. 21 desta Lei, ou da entrega do convite; dade com os arts. 27 a 31 desta Lei, e forma de apresentação das
III - ato de designação da comissão de licitação, do leiloeiro propostas;
administrativo ou oficial, ou do responsável pelo convite; VII - critério para julgamento, com disposições claras e parâ-
IV - original das propostas e dos documentos que as instruí- metros objetivos;
rem; VIII - locais, horários e códigos de acesso dos meios de co-
V - atas, relatórios e deliberações da Comissão Julgadora; municação à distância em que serão fornecidos elementos, infor-
VI - pareceres técnicos ou jurídicos emitidos sobre a licitação, mações e esclarecimentos relativos à licitação e às condições para
dispensa ou inexigibilidade; atendimento das obrigações necessárias ao cumprimento de seu
VII - atos de adjudicação do objeto da licitação e da sua ho- objeto;
mologação; IX - condições equivalentes de pagamento entre empresas
VIII - recursos eventualmente apresentados pelos licitantes e brasileiras e estrangeiras, no caso de licitações internacionais;
respectivas manifestações e decisões; X - o critério de aceitabilidade dos preços unitário e global,
IX - despacho de anulação ou de revogação da licitação, quan- conforme o caso, permitida a fixação de preços máximos e veda-
do for o caso, fundamentado circunstanciadamente; dos a fixação de preços mínimos, critérios estatísticos ou faixas de
X - termo de contrato ou instrumento equivalente, conforme variação em relação a preços de referência, ressalvado o disposto
o caso; nos parágrafos 1º e 2º do art. 48; (Redação dada pela Lei nº 9.648,
XI - outros comprovantes de publicações; de 1998)
XII - demais documentos relativos à licitação. XI - critério de reajuste, que deverá retratar a variação efetiva
Parágrafo único. As minutas de editais de licitação, bem do custo de produção, admitida a adoção de índices específicos ou
como as dos contratos, acordos, convênios ou ajustes devem ser setoriais, desde a data prevista para apresentação da proposta, ou
previamente examinadas e aprovadas por assessoria jurídica da do orçamento a que essa proposta se referir, até a data do adimple-
Administração. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) mento de cada parcela; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
XII - (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
Art. 39. Sempre que o valor estimado para uma licitação ou XIII - limites para pagamento de instalação e mobilização
para um conjunto de licitações simultâneas ou sucessivas for supe- para execução de obras ou serviços que serão obrigatoriamente
rior a 100 (cem) vezes o limite previsto no art. 23, inciso I, alínea previstos em separado das demais parcelas, etapas ou tarefas;
“c” desta Lei, o processo licitatório será iniciado, obrigatoriamen- XIV - condições de pagamento, prevendo:
te, com uma audiência pública concedida pela autoridade respon- a) prazo de pagamento não superior a trinta dias, contado a
sável com antecedência mínima de 15 (quinze) dias úteis da data partir da data final do período de adimplemento de cada parce-
prevista para a publicação do edital, e divulgada, com a antecedên- la; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
cia mínima de 10 (dez) dias úteis de sua realização, pelos mesmos b) cronograma de desembolso máximo por período, em con-
meios previstos para a publicidade da licitação, à qual terão acesso formidade com a disponibilidade de recursos financeiros;
e direito a todas as informações pertinentes e a se manifestar todos c) critério de atualização financeira dos valores a serem pagos,
os interessados. desde a data final do período de adimplemento de cada parcela até
Parágrafo único. Para os fins deste artigo, consideram-se lici- a data do efetivo pagamento; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de
tações simultâneas aquelas com objetos similares e com realização 1994)
prevista para intervalos não superiores a trinta dias e licitações su- d) compensações financeiras e penalizações, por eventuais
cessivas aquelas em que, também com objetos similares, o edital atrasos, e descontos, por eventuais antecipações de pagamentos;
subsequente tenha uma data anterior a cento e vinte dias após o e) exigência de seguros, quando for o caso;
término do contrato resultante da licitação antecedente. (Redação XV - instruções e normas para os recursos previstos nesta Lei;
dada pela Lei nº 8.883, de 1994) XVI - condições de recebimento do objeto da licitação;
XVII - outras indicações específicas ou peculiares da licita-
Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de ordem ção.
em série anual, o nome da repartição interessada e de seu setor, a
Didatismo e Conhecimento 37
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 1o O original do edital deverá ser datado, rubricado em todas § 2o O pagamento feito ao licitante brasileiro eventualmente
as folhas e assinado pela autoridade que o expedir, permanecendo contratado em virtude da licitação de que trata o parágrafo anterior
no processo de licitação, e dele extraindo-se cópias integrais ou será efetuado em moeda brasileira, à taxa de câmbio vigente no dia
resumidas, para sua divulgação e fornecimento aos interessados. útil imediatamente anterior à data do efetivo pagamento. (Redação
§ 2o Constituem anexos do edital, dele fazendo parte inte- dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
grante: § 3o As garantias de pagamento ao licitante brasileiro serão
I - o projeto básico e/ou executivo, com todas as suas partes, equivalentes àquelas oferecidas ao licitante estrangeiro.
desenhos, especificações e outros complementos; § 4o Para fins de julgamento da licitação, as propostas apre-
II - orçamento estimado em planilhas de quantitativos e pre- sentadas por licitantes estrangeiros serão acrescidas dos gravames
ços unitários; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) consequentes dos mesmos tributos que oneram exclusivamente os
III - a minuta do contrato a ser firmado entre a Administração licitantes brasileiros quanto à operação final de venda.
e o licitante vencedor; § 5o Para a realização de obras, prestação de serviços ou aqui-
sição de bens com recursos provenientes de financiamento ou doa-
IV - as especificações complementares e as normas de execu-
ção oriundos de agência oficial de cooperação estrangeira ou orga-
ção pertinentes à licitação.
nismo financeiro multilateral de que o Brasil seja parte, poderão
§ 3o Para efeito do disposto nesta Lei, considera-se como
ser admitidas, na respectiva licitação, as condições decorrentes de
adimplemento da obrigação contratual a prestação do serviço, a acordos, protocolos, convenções ou tratados internacionais apro-
realização da obra, a entrega do bem ou de parcela destes, bem vados pelo Congresso Nacional, bem como as normas e procedi-
como qualquer outro evento contratual a cuja ocorrência esteja mentos daquelas entidades, inclusive quanto ao critério de seleção
vinculada a emissão de documento de cobrança. da proposta mais vantajosa para a administração, o qual poderá
§ 4o Nas compras para entrega imediata, assim entendidas contemplar, além do preço, outros fatores de avaliação, desde que
aquelas com prazo de entrega até trinta dias da data prevista para por elas exigidos para a obtenção do financiamento ou da doação,
apresentação da proposta, poderão ser dispensadas: (Incluído pela e que também não conflitem com o princípio do julgamento obje-
Lei nº 8.883, de 1994) tivo e sejam objeto de despacho motivado do órgão executor do
I - o disposto no inciso XI deste artigo; (Incluído pela Lei nº contrato, despacho esse ratificado pela autoridade imediatamente
8.883, de 1994) superior. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
II - a atualização financeira a que se refere a alínea “c” do § 6o As cotações de todos os licitantes serão para entrega no
inciso XIV deste artigo, correspondente ao período compreendido mesmo local de destino.
entre as datas do adimplemento e a prevista para o pagamento,
desde que não superior a quinze dias. (Incluído pela Lei nº 8.883, Art. 43. A licitação será processada e julgada com observância
de 1994) dos seguintes procedimentos:
I - abertura dos envelopes contendo a documentação relativa à
Art. 41. A Administração não pode descumprir as normas e habilitação dos concorrentes, e sua apreciação;
condições do edital, ao qual se acha estritamente vinculada. II - devolução dos envelopes fechados aos concorrentes ina-
§ 1o Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar edi- bilitados, contendo as respectivas propostas, desde que não tenha
tal de licitação por irregularidade na aplicação desta Lei, devendo havido recurso ou após sua denegação;
protocolar o pedido até 5 (cinco) dias úteis antes da data fixada III - abertura dos envelopes contendo as propostas dos concor-
para a abertura dos envelopes de habilitação, devendo a Adminis- rentes habilitados, desde que transcorrido o prazo sem interposição
tração julgar e responder à impugnação em até 3 (três) dias úteis, de recurso, ou tenha havido desistência expressa, ou após o julga-
sem prejuízo da faculdade prevista no § 1o do art. 113. mento dos recursos interpostos;
IV - verificação da conformidade de cada proposta com os re-
§ 2o Decairá do direito de impugnar os termos do edital de
quisitos do edital e, conforme o caso, com os preços correntes no
licitação perante a administração o licitante que não o fizer até o
mercado ou fixados por órgão oficial competente, ou ainda com
segundo dia útil que anteceder a abertura dos envelopes de habili-
os constantes do sistema de registro de preços, os quais deverão
tação em concorrência, a abertura dos envelopes com as propostas ser devidamente registrados na ata de julgamento, promovendo-se
em convite, tomada de preços ou concurso, ou a realização de lei- a desclassificação das propostas desconformes ou incompatíveis;
lão, as falhas ou irregularidades que viciariam esse edital, hipótese V - julgamento e classificação das propostas de acordo com os
em que tal comunicação não terá efeito de recurso. (Redação dada critérios de avaliação constantes do edital;
pela Lei nº 8.883, de 1994) VI - deliberação da autoridade competente quanto à homologa-
§ 3o A impugnação feita tempestivamente pelo licitante não ção e adjudicação do objeto da licitação.
o impedirá de participar do processo licitatório até o trânsito em § 1o A abertura dos envelopes contendo a documentação para
julgado da decisão a ela pertinente. habilitação e as propostas será realizada sempre em ato público pre-
§ 4o A inabilitação do licitante importa preclusão do seu direi- viamente designado, do qual se lavrará ata circunstanciada, assina-
to de participar das fases subsequentes. da pelos licitantes presentes e pela Comissão.
§ 2o Todos os documentos e propostas serão rubricados pelos
Art. 42. Nas concorrências de âmbito internacional, o edital licitantes presentes e pela Comissão.
deverá ajustar-se às diretrizes da política monetária e do comércio § 3o É facultada à Comissão ou autoridade superior, em qual-
exterior e atender às exigências dos órgãos competentes. quer fase da licitação, a promoção de diligência destinada a escla-
§ 1o Quando for permitido ao licitante estrangeiro cotar preço recer ou a complementar a instrução do processo, vedada a inclusão
em moeda estrangeira, igualmente o poderá fazer o licitante bra- posterior de documento ou informação que deveria constar origi-
sileiro. nariamente da proposta.
Didatismo e Conhecimento 38
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 4o O disposto neste artigo aplica-se à concorrência e, no que § 4o Para contratação de bens e serviços de informática, a
couber, ao concurso, ao leilão, à tomada de preços e ao convite. (Re- administração observará o disposto no art. 3o da Lei no 8.248, de 23
dação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) de outubro de 1991, levando em conta os fatores especificados em
§ 5o Ultrapassada a fase de habilitação dos concorrentes (in- seu parágrafo 2o e adotando obrigatoriamento o tipo de licitação
cisos I e II) e abertas as propostas (inciso III), não cabe desclassifi- «técnica e preço», permitido o emprego de outro tipo de licita-
cá-los por motivo relacionado com a habilitação, salvo em razão de ção nos casos indicados em decreto do Poder Executivo. (Redação
fatos supervenientes ou só conhecidos após o julgamento. dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
§ 6o Após a fase de habilitação, não cabe desistência de propos- § 5o É vedada a utilização de outros tipos de licitação não
ta, salvo por motivo justo decorrente de fato superveniente e aceito previstos neste artigo.
pela Comissão. § 6o Na hipótese prevista no art. 23, § 7º, serão selecionadas
tantas propostas quantas necessárias até que se atinja a quantidade
Art. 44. No julgamento das propostas, a Comissão levará em demandada na licitação. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
consideração os critérios objetivos definidos no edital ou convite,
os quais não devem contrariar as normas e princípios estabelecidos Art. 46. Os tipos de licitação “melhor técnica” ou “técnica e
por esta Lei. preço” serão utilizados exclusivamente para serviços de nature-
§ 1o É vedada a utilização de qualquer elemento, critério ou za predominantemente intelectual, em especial na elaboração de
fator sigiloso, secreto, subjetivo ou reservado que possa ainda que projetos, cálculos, fiscalização, supervisão e gerenciamento e de
indiretamente elidir o princípio da igualdade entre os licitantes. engenharia consultiva em geral e, em particular, para a elaboração
§ 2o Não se considerará qualquer oferta de vantagem não pre- de estudos técnicos preliminares e projetos básicos e executivos,
vista no edital ou no convite, inclusive financiamentos subsidiados ressalvado o disposto no § 4o do artigo anterior. (Redação dada
ou a fundo perdido, nem preço ou vantagem baseada nas ofertas dos pela Lei nº 8.883, de 1994)
demais licitantes. § 1o Nas licitações do tipo «melhor técnica» será adotado
§ 3o Não se admitirá proposta que apresente preços global ou o seguinte procedimento claramente explicitado no instrumento
unitários simbólicos, irrisórios ou de valor zero, incompatíveis com convocatório, o qual fixará o preço máximo que a Administração
os preços dos insumos e salários de mercado, acrescidos dos respec-
se propõe a pagar:
tivos encargos, ainda que o ato convocatório da licitação não tenha
I - serão abertos os envelopes contendo as propostas técnicas
estabelecido limites mínimos, exceto quando se referirem a mate-
exclusivamente dos licitantes previamente qualificados e feita en-
riais e instalações de propriedade do próprio licitante, para os quais
tão a avaliação e classificação destas propostas de acordo com os
ele renuncie a parcela ou à totalidade da remuneração. (Redação
critérios pertinentes e adequados ao objeto licitado, definidos com
dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
clareza e objetividade no instrumento convocatório e que consi-
§ 4o O disposto no parágrafo anterior aplica-se também às
propostas que incluam mão-de-obra estrangeira ou importações de derem a capacitação e a experiência do proponente, a qualidade
qualquer natureza.(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) técnica da proposta, compreendendo metodologia, organização,
tecnologias e recursos materiais a serem utilizados nos trabalhos,
Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, devendo a e a qualificação das equipes técnicas a serem mobilizadas para a
Comissão de licitação ou o responsável pelo convite realizá-lo em sua execução;
conformidade com os tipos de licitação, os critérios previamente es- II - uma vez classificadas as propostas técnicas, proceder-se-á
tabelecidos no ato convocatório e de acordo com os fatores exclusi- à abertura das propostas de preço dos licitantes que tenham atingi-
vamente nele referidos, de maneira a possibilitar sua aferição pelos do a valorização mínima estabelecida no instrumento convocatório
licitantes e pelos órgãos de controle. e à negociação das condições propostas, com a proponente melhor
§ 1o Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de licitação, classificada, com base nos orçamentos detalhados apresentados e
exceto na modalidade concurso: (Redação dada pela Lei nº 8.883, respectivos preços unitários e tendo como referência o limite re-
de 1994) presentado pela proposta de menor preço entre os licitantes que
I - a de menor preço - quando o critério de seleção da proposta obtiveram a valorização mínima;
mais vantajosa para a Administração determinar que será vencedor o III - no caso de impasse na negociação anterior, procedimento
licitante que apresentar a proposta de acordo com as especificações idêntico será adotado, sucessivamente, com os demais proponen-
do edital ou convite e ofertar o menor preço; tes, pela ordem de classificação, até a consecução de acordo para
II - a de melhor técnica; a contratação;
III - a de técnica e preço. IV - as propostas de preços serão devolvidas intactas aos lici-
IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de alienação de bens tantes que não forem preliminarmente habilitados ou que não obti-
ou concessão de direito real de uso. (Incluído pela Lei nº 8.883, de verem a valorização mínima estabelecida para a proposta técnica.
1994) § 2o Nas licitações do tipo «técnica e preço» será adotado,
§ 2o No caso de empate entre duas ou mais propostas, e após adicionalmente ao inciso I do parágrafo anterior, o seguinte proce-
obedecido o disposto no § 2o do art. 3o desta Lei, a classificação se dimento claramente explicitado no instrumento convocatório:
fará, obrigatoriamente, por sorteio, em ato público, para o qual todos I - será feita a avaliação e a valorização das propostas de pre-
os licitantes serão convocados, vedado qualquer outro processo. ços, de acordo com critérios objetivos preestabelecidos no instru-
§ 3o No caso da licitação do tipo «menor preço», entre os lici- mento convocatório;
tantes considerados qualificados a classificação se dará pela ordem II - a classificação dos proponentes far-se-á de acordo com
crescente dos preços propostos, prevalecendo, no caso de empate, a média ponderada das valorizações das propostas técnicas e de
exclusivamente o critério previsto no parágrafo anterior. (Redação preço, de acordo com os pesos preestabelecidos no instrumento
dada pela Lei nº 8.883, de 1994) convocatório.
Didatismo e Conhecimento 39
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 3o Excepcionalmente, os tipos de licitação previstos neste Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do proce-
artigo poderão ser adotados, por autorização expressa e mediante dimento somente poderá revogar a licitação por razões de interesse
justificativa circunstanciada da maior autoridade da Administração público decorrente de fato superveniente devidamente compro-
promotora constante do ato convocatório, para fornecimento de bens vado, pertinente e suficiente para justificar tal conduta, devendo
e execução de obras ou prestação de serviços de grande vulto majo- anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de terceiros,
ritariamente dependentes de tecnologia nitidamente sofisticada e de mediante parecer escrito e devidamente fundamentado.
domínio restrito, atestado por autoridades técnicas de reconhecida § 1o A anulação do procedimento licitatório por motivo de
qualificação, nos casos em que o objeto pretendido admitir soluções ilegalidade não gera obrigação de indenizar, ressalvado o disposto
alternativas e variações de execução, com repercussões significati- no parágrafo único do art. 59 desta Lei.
vas sobre sua qualidade, produtividade, rendimento e durabilidade § 2o A nulidade do procedimento licitatório induz à do contra-
concretamente mensuráveis, e estas puderem ser adotadas à livre to, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 59 desta Lei.
escolha dos licitantes, na conformidade dos critérios objetivamente § 3o No caso de desfazimento do processo licitatório, fica
fixados no ato convocatório. assegurado o contraditório e a ampla defesa.
§ 4º (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) § 4o O disposto neste artigo e seus parágrafos aplica-se aos
atos do procedimento de dispensa e de inexigibilidade de licitação.
Art. 47. Nas licitações para a execução de obras e serviços,
quando for adotada a modalidade de execução de empreitada por Art. 50. A Administração não poderá celebrar o contrato com
preço global, a Administração deverá fornecer obrigatoriamente, preterição da ordem de classificação das propostas ou com tercei-
junto com o edital, todos os elementos e informações necessários ros estranhos ao procedimento licitatório, sob pena de nulidade.
para que os licitantes possam elaborar suas propostas de preços com
total e completo conhecimento do objeto da licitação. Art. 51. A habilitação preliminar, a inscrição em registro
cadastral, a sua alteração ou cancelamento, e as propostas serão
Art. 48. Serão desclassificadas: processadas e julgadas por comissão permanente ou especial de,
I - as propostas que não atendam às exigências do ato convoca- no mínimo, 3 (três) membros, sendo pelo menos 2 (dois) deles
tório da licitação; servidores qualificados pertencentes aos quadros permanentes dos
II - propostas com valor global superior ao limite estabelecido órgãos da Administração responsáveis pela licitação.
ou com preços manifestamente inexequiveis, assim considerados § 1o No caso de convite, a Comissão de licitação, excepcio-
aqueles que não venham a ter demonstrada sua viabilidade através nalmente, nas pequenas unidades administrativas e em face da exi-
de documentação que comprove que os custos dos insumos são coe- guidade de pessoal disponível, poderá ser substituída por servidor
rentes com os de mercado e que os coeficientes de produtividade formalmente designado pela autoridade competente.
são compatíveis com a execução do objeto do contrato, condições § 2o A Comissão para julgamento dos pedidos de inscrição em
estas necessariamente especificadas no ato convocatório da licita- registro cadastral, sua alteração ou cancelamento, será integrada
ção. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) por profissionais legalmente habilitados no caso de obras, serviços
§ 1º Para os efeitos do disposto no inciso II deste artigo con- ou aquisição de equipamentos.
sideram-se manifestamente inexequíveis, no caso de licitações de § 3o Os membros das Comissões de licitação responderão so-
menor preço para obras e serviços de engenharia, as propostas cujos lidariamente por todos os atos praticados pela Comissão, salvo se
valores sejam inferiores a 70% (setenta por cento) do menor dos posição individual divergente estiver devidamente fundamentada
seguintes valores: (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) e registrada em ata lavrada na reunião em que tiver sido tomada
a) média aritmética dos valores das propostas superiores a 50% a decisão.
(cinquenta por cento) do valor orçado pela administração, ou (In- § 4o A investidura dos membros das Comissões permanentes
cluído pela Lei nº 9.648, de 1998) não excederá a 1 (um) ano, vedada a recondução da totalidade de
b) valor orçado pela administração. (Incluído pela Lei nº 9.648, seus membros para a mesma comissão no período subsequente.
de 1998) § 5o No caso de concurso, o julgamento será feito por uma
§ 2º Dos licitantes classificados na forma do parágrafo anterior comissão especial integrada por pessoas de reputação ilibada e
cujo valor global da proposta for inferior a 80% (oitenta por cento) reconhecido conhecimento da matéria em exame, servidores pú-
do menor valor a que se referem as alíneas “a” e “b”, será exigida, blicos ou não.
para a assinatura do contrato, prestação de garantia adicional, dentre
as modalidades previstas no § 1º do art. 56, igual a diferença entre Art. 52. O concurso a que se refere o § 4o do art. 22 desta
o valor resultante do parágrafo anterior e o valor da correspondente Lei deve ser precedido de regulamento próprio, a ser obtido pelos
proposta. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) interessados no local indicado no edital.
§ 3º Quando todos os licitantes forem inabilitados ou todas as § 1o O regulamento deverá indicar:
propostas forem desclassificadas, a administração poderá fixar aos I - a qualificação exigida dos participantes;
licitantes o prazo de oito dias úteis para a apresentação de nova do- II - as diretrizes e a forma de apresentação do trabalho;
cumentação ou de outras propostas escoimadas das causas referidas III - as condições de realização do concurso e os prêmios a
neste artigo, facultada, no caso de convite, a redução deste prazo serem concedidos.
para três dias úteis. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) § 2o Em se tratando de projeto, o vencedor deverá autorizar a
Administração a executá-lo quando julgar conveniente.
Didatismo e Conhecimento 40
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 53. O leilão pode ser cometido a leiloeiro oficial ou a XI - a vinculação ao edital de licitação ou ao termo que a dis-
servidor designado pela Administração, procedendo-se na forma pensou ou a inexigiu, ao convite e à proposta do licitante vencedor;
da legislação pertinente. XII - a legislação aplicável à execução do contrato e especial-
§ 1o Todo bem a ser leiloado será previamente avaliado pela mente aos casos omissos;
Administração para fixação do preço mínimo de arrematação. XIII - a obrigação do contratado de manter, durante toda a
§ 2o Os bens arrematados serão pagos à vista ou no percentual execução do contrato, em compatibilidade com as obrigações por
estabelecido no edital, não inferior a 5% (cinco por cento) e, após ele assumidas, todas as condições de habilitação e qualificação
a assinatura da respectiva ata lavrada no local do leilão, imediata- exigidas na licitação.
mente entregues ao arrematante, o qual se obrigará ao pagamento § 1º (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
do restante no prazo estipulado no edital de convocação, sob pena § 2o Nos contratos celebrados pela Administração Pública
de perder em favor da Administração o valor já recolhido. com pessoas físicas ou jurídicas, inclusive aquelas domiciliadas no
§ 3o Nos leilões internacionais, o pagamento da parcela à vis- estrangeiro, deverá constar necessariamente cláusula que declare
ta poderá ser feito em até vinte e quatro horas. (Redação dada pela competente o foro da sede da Administração para dirimir qualquer
Lei nº 8.883, de 1994) questão contratual, salvo o disposto no § 6o do art. 32 desta Lei.
§ 4o O edital de leilão deve ser amplamente divulgado, prin- § 3o No ato da liquidação da despesa, os serviços de con-
cipalmente no município em que se realizará. (Incluído pela Lei nº tabilidade comunicarão, aos órgãos incumbidos da arrecadação e
8.883, de 1994) fiscalização de tributos da União, Estado ou Município, as carac-
terísticas e os valores pagos, segundo o disposto no art. 63 da Lei
Capítulo III no 4.320, de 17 de março de 1964.
DOS CONTRATOS
Art. 56. A critério da autoridade competente, em cada caso,
Seção I e desde que prevista no instrumento convocatório, poderá ser exi-
Disposições Preliminares gida prestação de garantia nas contratações de obras, serviços e
compras.
Art. 54. Os contratos administrativos de que trata esta Lei § 1o Caberá ao contratado optar por uma das seguintes mo-
regulam-se pelas suas cláusulas e pelos preceitos de direito públi- dalidades de garantia: (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
co, aplicando-se-lhes, supletivamente, os princípios da teoria geral I - caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública, deven-
dos contratos e as disposições de direito privado. do estes ter sido emitidos sob a forma escritural, mediante registro
§ 1o Os contratos devem estabelecer com clareza e precisão em sistema centralizado de liquidação e de custódia autorizado
as condições para sua execução, expressas em cláusulas que de- pelo Banco Central do Brasil e avaliados pelos seus valores econô-
finam os direitos, obrigações e responsabilidades das partes, em micos, conforme definido pelo Ministério da Fazenda; (Redação
conformidade com os termos da licitação e da proposta a que se dada pela Lei nº 11.079, de 2004)
vinculam. II - seguro-garantia; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
§ 2o Os contratos decorrentes de dispensa ou de inexigibilida- III - fiança bancária. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de
de de licitação devem atender aos termos do ato que os autorizou 8.6.94)
e da respectiva proposta. § 2o A garantia a que se refere o caput deste artigo não excede-
rá a cinco por cento do valor do contrato e terá seu valor atualizado
Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as que nas mesmas condições daquele, ressalvado o previsto no parágra-
estabeleçam: fo 3o deste artigo.(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
I - o objeto e seus elementos característicos; § 3o Para obras, serviços e fornecimentos de grande vulto
II - o regime de execução ou a forma de fornecimento; envolvendo alta complexidade técnica e riscos financeiros consi-
III - o preço e as condições de pagamento, os critérios, data deráveis, demonstrados através de parecer tecnicamente aprovado
-base e periodicidade do reajustamento de preços, os critérios de pela autoridade competente, o limite de garantia previsto no pará-
atualização monetária entre a data do adimplemento das obriga- grafo anterior poderá ser elevado para até dez por cento do valor
ções e a do efetivo pagamento; do contrato. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
IV - os prazos de início de etapas de execução, de conclusão, § 4o A garantia prestada pelo contratado será liberada ou res-
de entrega, de observação e de recebimento definitivo, conforme tituída após a execução do contrato e, quando em dinheiro, atuali-
o caso; zada monetariamente.
V - o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indicação § 5o Nos casos de contratos que importem na entrega de bens
da classificação funcional programática e da categoria econômica; pela Administração, dos quais o contratado ficará depositário, ao
VI - as garantias oferecidas para assegurar sua plena execu- valor da garantia deverá ser acrescido o valor desses bens.
ção, quando exigidas;
VII - os direitos e as responsabilidades das partes, as penalida- Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará
des cabíveis e os valores das multas; adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamentários, exceto
VIII - os casos de rescisão; quanto aos relativos:
IX - o reconhecimento dos direitos da Administração, em caso I - aos projetos cujos produtos estejam contemplados nas me-
de rescisão administrativa prevista no art. 77 desta Lei; tas estabelecidas no Plano Plurianual, os quais poderão ser prorro-
X - as condições de importação, a data e a taxa de câmbio para gados se houver interesse da Administração e desde que isso tenha
conversão, quando for o caso; sido previsto no ato convocatório;
Didatismo e Conhecimento 41
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
II - à prestação de serviços a serem executados de forma con- § 1o As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos
tínua, que poderão ter a sua duração prorrogada por iguais e suces- contratos administrativos não poderão ser alteradas sem prévia
sivos períodos com vistas à obtenção de preços e condições mais concordância do contratado.
vantajosas para a administração, limitada a sessenta meses; (Reda- § 2o Na hipótese do inciso I deste artigo, as cláusulas eco-
ção dada pela Lei nº 9.648, de 1998) nômico-financeiras do contrato deverão ser revistas para que se
III - (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) mantenha o equilíbrio contratual.
IV - ao aluguel de equipamentos e à utilização de programas
de informática, podendo a duração estender-se pelo prazo de até Art. 59. A declaração de nulidade do contrato administrati-
48 (quarenta e oito) meses após o início da vigência do contrato. vo opera retroativamente impedindo os efeitos jurídicos que ele,
V - às hipóteses previstas nos incisos IX, XIX, XXVIII e ordinariamente, deveria produzir, além de desconstituir os já pro-
XXXI do art. 24, cujos contratos poderão ter vigência por até 120 duzidos.
(cento e vinte) meses, caso haja interesse da administração. (In- Parágrafo único. A nulidade não exonera a Administração do
cluído pela Lei nº 12.349, de 2010) dever de indenizar o contratado pelo que este houver executado até
§ 1o Os prazos de início de etapas de execução, de conclusão a data em que ela for declarada e por outros prejuízos regularmente
e de entrega admitem prorrogação, mantidas as demais cláusulas comprovados, contanto que não lhe seja imputável, promovendo-
do contrato e assegurada a manutenção de seu equilíbrio econô- se a responsabilidade de quem lhe deu causa.
mico-financeiro, desde que ocorra algum dos seguintes motivos,
devidamente autuados em processo: Seção II
I - alteração do projeto ou especificações, pela Administração; Da Formalização dos Contratos
II - superveniência de fato excepcional ou imprevisível, estra-
nho à vontade das partes, que altere fundamentalmente as condi- Art. 60. Os contratos e seus aditamentos serão lavrados nas
ções de execução do contrato; repartições interessadas, as quais manterão arquivo cronológico
III - interrupção da execução do contrato ou diminuição do dos seus autógrafos e registro sistemático do seu extrato, salvo os
ritmo de trabalho por ordem e no interesse da Administração; relativos a direitos reais sobre imóveis, que se formalizam por ins-
trumento lavrado em cartório de notas, de tudo juntando-se cópia
IV - aumento das quantidades inicialmente previstas no con-
no processo que lhe deu origem.
trato, nos limites permitidos por esta Lei;
Parágrafo único. É nulo e de nenhum efeito o contrato ver-
V - impedimento de execução do contrato por fato ou ato de
bal com a Administração, salvo o de pequenas compras de pronto
terceiro reconhecido pela Administração em documento contem-
pagamento, assim entendidas aquelas de valor não superior a 5%
porâneo à sua ocorrência;
(cinco por cento) do limite estabelecido no art. 23, inciso II, alínea
VI - omissão ou atraso de providências a cargo da Adminis-
“a” desta Lei, feitas em regime de adiantamento.
tração, inclusive quanto aos pagamentos previstos de que resulte,
diretamente, impedimento ou retardamento na execução do con- Art. 61. Todo contrato deve mencionar os nomes das partes
trato, sem prejuízo das sanções legais aplicáveis aos responsáveis. e os de seus representantes, a finalidade, o ato que autorizou a sua
§ 2o Toda prorrogação de prazo deverá ser justificada por es- lavratura, o número do processo da licitação, da dispensa ou da
crito e previamente autorizada pela autoridade competente para inexigibilidade, a sujeição dos contratantes às normas desta Lei e
celebrar o contrato. às cláusulas contratuais.
§ 3o É vedado o contrato com prazo de vigência indetermi- Parágrafo único. A publicação resumida do instrumento de
nado. contrato ou de seus aditamentos na imprensa oficial, que é condi-
§ 4o Em caráter excepcional, devidamente justificado e me- ção indispensável para sua eficácia, será providenciada pela Admi-
diante autorização da autoridade superior, o prazo de que trata o nistração até o quinto dia útil do mês seguinte ao de sua assinatura,
inciso II do caput deste artigo poderá ser prorrogado por até doze para ocorrer no prazo de vinte dias daquela data, qualquer que seja
meses. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) o seu valor, ainda que sem ônus, ressalvado o disposto no art. 26
desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos ins-
tituído por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a Art. 62. O instrumento de contrato é obrigatório nos casos de
prerrogativa de: concorrência e de tomada de preços, bem como nas dispensas e
I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às inexigibilidades cujos preços estejam compreendidos nos limites
finalidades de interesse público, respeitados os direitos do contra- destas duas modalidades de licitação, e facultativo nos demais em
tado; que a Administração puder substituí-lo por outros instrumentos
II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados no hábeis, tais como carta-contrato, nota de empenho de despesa, au-
inciso I do art. 79 desta Lei; torização de compra ou ordem de execução de serviço.
III - fiscalizar-lhes a execução; § 1o A minuta do futuro contrato integrará sempre o edital ou
IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou par- ato convocatório da licitação.
cial do ajuste; § 2o Em «carta contrato», «nota de empenho de despesa»,
V - nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoriamente «autorização de compra», «ordem de execução de serviço» ou ou-
bens móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados ao objeto do tros instrumentos hábeis aplica-se, no que couber, o disposto no
contrato, na hipótese da necessidade de acautelar apuração admi- art. 55 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
nistrativa de faltas contratuais pelo contratado, bem como na hipó- § 3o Aplica-se o disposto nos arts. 55 e 58 a 61 desta Lei e
tese de rescisão do contrato administrativo. demais normas gerais, no que couber:
Didatismo e Conhecimento 42
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
I - aos contratos de seguro, de financiamento, de locação em d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicial-
que o Poder Público seja locatário, e aos demais cujo conteúdo seja mente entre os encargos do contratado e a retribuição da adminis-
regido, predominantemente, por norma de direito privado; tração para a justa remuneração da obra, serviço ou fornecimento,
II - aos contratos em que a Administração for parte como objetivando a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro ini-
usuária de serviço público. cial do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou
§ 4o É dispensável o «termo de contrato» e facultada a subs- previsíveis porém de consequências incalculáveis, retardadores ou
tituição prevista neste artigo, a critério da Administração e inde- impeditivos da execução do ajustado, ou, ainda, em caso de força
pendentemente de seu valor, nos casos de compra com entrega maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea econô-
imediata e integral dos bens adquiridos, dos quais não resultem mica extraordinária e extracontratual. (Redação dada pela Lei nº
obrigações futuras, inclusive assistência técnica. 8.883, de 1994)
§ 1o O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condi-
Art. 63. É permitido a qualquer licitante o conhecimento dos ções contratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem nas
termos do contrato e do respectivo processo licitatório e, a qual- obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco por cento) do
quer interessado, a obtenção de cópia autenticada, mediante o pa- valor inicial atualizado do contrato, e, no caso particular de refor-
gamento dos emolumentos devidos. ma de edifício ou de equipamento, até o limite de 50% (cinquenta
por cento) para os seus acréscimos.
Art. 64. A Administração convocará regularmente o interessa- § 2o Nenhum acréscimo ou supressão poderá exceder os limi-
do para assinar o termo de contrato, aceitar ou retirar o instrumento tes estabelecidos no parágrafo anterior, salvo: (Redação dada pela
equivalente, dentro do prazo e condições estabelecidos, sob pena Lei nº 9.648, de 1998)
de decair o direito à contratação, sem prejuízo das sanções previs- I - (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
tas no art. 81 desta Lei. II - as supressões resultantes de acordo celebrado entre os con-
§ 1o O prazo de convocação poderá ser prorrogado uma vez, tratantes. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
por igual período, quando solicitado pela parte durante o seu trans- § 3o Se no contrato não houverem sido contemplados pre-
curso e desde que ocorra motivo justificado aceito pela Adminis- ços unitários para obras ou serviços, esses serão fixados median-
tração.
te acordo entre as partes, respeitados os limites estabelecidos no
§ 2o É facultado à Administração, quando o convocado não
§ 1o deste artigo.
assinar o termo de contrato ou não aceitar ou retirar o instrumento
§ 4o No caso de supressão de obras, bens ou serviços, se o
equivalente no prazo e condições estabelecidos, convocar os lici-
contratado já houver adquirido os materiais e posto no local dos
tantes remanescentes, na ordem de classificação, para fazê-lo em
trabalhos, estes deverão ser pagos pela Administração pelos custos
igual prazo e nas mesmas condições propostas pelo primeiro clas-
de aquisição regularmente comprovados e monetariamente corri-
sificado, inclusive quanto aos preços atualizados de conformidade
gidos, podendo caber indenização por outros danos eventualmente
com o ato convocatório, ou revogar a licitação independentemente
da cominação prevista no art. 81 desta Lei. decorrentes da supressão, desde que regularmente comprovados.
§ 3o Decorridos 60 (sessenta) dias da data da entrega das pro- § 5o Quaisquer tributos ou encargos legais criados, alterados
postas, sem convocação para a contratação, ficam os licitantes li- ou extintos, bem como a superveniência de disposições legais,
berados dos compromissos assumidos. quando ocorridas após a data da apresentação da proposta, de com-
provada repercussão nos preços contratados, implicarão a revisão
Seção III destes para mais ou para menos, conforme o caso.
Da Alteração dos Contratos § 6o Em havendo alteração unilateral do contrato que aumente
os encargos do contratado, a Administração deverá restabelecer,
Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser altera- por aditamento, o equilíbrio econômico-financeiro inicial.
dos, com as devidas justificativas, nos seguintes casos: § 7o (VETADO)
I - unilateralmente pela Administração: § 8o A variação do valor contratual para fazer face ao reajus-
a) quando houver modificação do projeto ou das especifica- te de preços previsto no próprio contrato, as atualizações, com-
ções, para melhor adequação técnica aos seus objetivos; pensações ou penalizações financeiras decorrentes das condições
b) quando necessária a modificação do valor contratual em de- de pagamento nele previstas, bem como o empenho de dotações
corrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto, orçamentárias suplementares até o limite do seu valor corrigido,
nos limites permitidos por esta Lei; não caracterizam alteração do mesmo, podendo ser registrados por
II - por acordo das partes: simples apostila, dispensando a celebração de aditamento.
a) quando conveniente a substituição da garantia de execução;
b) quando necessária a modificação do regime de execução Seção IV
da obra ou serviço, bem como do modo de fornecimento, em face Da Execução dos Contratos
de verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais
originários; Art. 66. O contrato deverá ser executado fielmente pelas par-
c) quando necessária a modificação da forma de pagamento, tes, de acordo com as cláusulas avençadas e as normas desta Lei,
por imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o va- respondendo cada uma pelas consequências de sua inexecução to-
lor inicial atualizado, vedada a antecipação do pagamento, com tal ou parcial.
relação ao cronograma financeiro fixado, sem a correspondente
contraprestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou
serviço;
Didatismo e Conhecimento 43
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 66-A. As empresas enquadradas no inciso V do § 2o e no a) provisoriamente, pelo responsável por seu acompanhamen-
inciso II do § 5o do art. 3o desta Lei deverão cumprir, durante todo to e fiscalização, mediante termo circunstanciado, assinado pelas
o período de execução do contrato, a reserva de cargos prevista em partes em até 15 (quinze) dias da comunicação escrita do contra-
lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdência tado;
Social, bem como as regras de acessibilidade previstas na legisla- b) definitivamente, por servidor ou comissão designada pela
ção. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) autoridade competente, mediante termo circunstanciado, assinado
Parágrafo único. Cabe à administração fiscalizar o cumpri- pelas partes, após o decurso do prazo de observação, ou vistoria
mento dos requisitos de acessibilidade nos serviços e nos ambien- que comprove a adequação do objeto aos termos contratuais, ob-
tes de trabalho. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) servado o disposto no art. 69 desta Lei;
II - em se tratando de compras ou de locação de equipamentos:
Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada e a) provisoriamente, para efeito de posterior verificação da
fiscalizada por um representante da Administração especialmente conformidade do material com a especificação;
designado, permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e b) definitivamente, após a verificação da qualidade e quanti-
subsidiá-lo de informações pertinentes a essa atribuição. dade do material e consequente aceitação.
§ 1o O representante da Administração anotará em registro § 1o Nos casos de aquisição de equipamentos de grande vul-
próprio todas as ocorrências relacionadas com a execução do con- to, o recebimento far-se-á mediante termo circunstanciado e, nos
trato, determinando o que for necessário à regularização das faltas demais, mediante recibo.
ou defeitos observados. § 2o O recebimento provisório ou definitivo não exclui a res-
§ 2o As decisões e providências que ultrapassarem a compe- ponsabilidade civil pela solidez e segurança da obra ou do serviço,
tência do representante deverão ser solicitadas a seus superiores nem ético-profissional pela perfeita execução do contrato, dentro
em tempo hábil para a adoção das medidas convenientes. dos limites estabelecidos pela lei ou pelo contrato.
§ 3o O prazo a que se refere a alínea “b” do inciso I deste
Art. 68. O contratado deverá manter preposto, aceito pela artigo não poderá ser superior a 90 (noventa) dias, salvo em casos
Administração, no local da obra ou serviço, para representá-lo na excepcionais, devidamente justificados e previstos no edital.
execução do contrato. § 4o Na hipótese de o termo circunstanciado ou a verificação
a que se refere este artigo não serem, respectivamente, lavrado ou
Art. 69. O contratado é obrigado a reparar, corrigir, remover, procedida dentro dos prazos fixados, reputar-se-ão como realiza-
reconstruir ou substituir, às suas expensas, no total ou em parte, o dos, desde que comunicados à Administração nos 15 (quinze) dias
objeto do contrato em que se verificarem vícios, defeitos ou incor- anteriores à exaustão dos mesmos.
reções resultantes da execução ou de materiais empregados.
Art. 74. Poderá ser dispensado o recebimento provisório nos
Art. 70. O contratado é responsável pelos danos causados di- seguintes casos:
retamente à Administração ou a terceiros, decorrentes de sua culpa I - gêneros perecíveis e alimentação preparada;
ou dolo na execução do contrato, não excluindo ou reduzindo essa II - serviços profissionais;
responsabilidade a fiscalização ou o acompanhamento pelo órgão III - obras e serviços de valor até o previsto no art. 23, inciso
interessado. II, alínea “a”, desta Lei, desde que não se componham de apare-
lhos, equipamentos e instalações sujeitos à verificação de funcio-
Art. 71. O contratado é responsável pelos encargos trabalhis- namento e produtividade.
tas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da execução Parágrafo único. Nos casos deste artigo, o recebimento será
do contrato. feito mediante recibo.
§ 1o A inadimplência do contratado, com referência aos encar-
gos trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à Administração Art. 75. Salvo disposições em contrário constantes do edital,
Pública a responsabilidade por seu pagamento, nem poderá onerar do convite ou de ato normativo, os ensaios, testes e demais provas
o objeto do contrato ou restringir a regularização e o uso das obras exigidos por normas técnicas oficiais para a boa execução do obje-
e edificações, inclusive perante o Registro de Imóveis. (Redação to do contrato correm por conta do contratado.
dada pela Lei nº 9.032, de 1995)
§ 2o A Administração Pública responde solidariamente com o Art. 76. A Administração rejeitará, no todo ou em parte, obra,
contratado pelos encargos previdenciários resultantes da execução serviço ou fornecimento executado em desacordo com o contrato.
do contrato, nos termos do art. 31 da Lei nº 8.212, de 24 de julho
de 1991. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995) Seção V
§ 3º (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) Da Inexecução e da Rescisão dos Contratos
Art. 72. O contratado, na execução do contrato, sem prejuí- Art. 77. A inexecução total ou parcial do contrato enseja a sua
zo das responsabilidades contratuais e legais, poderá subcontratar rescisão, com as consequências contratuais e as previstas em lei
partes da obra, serviço ou fornecimento, até o limite admitido, em ou regulamento.
cada caso, pela Administração.
Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato:
Art. 73. Executado o contrato, o seu objeto será recebido: I - o não cumprimento de cláusulas contratuais, especifica-
I - em se tratando de obras e serviços: ções, projetos ou prazos;
Didatismo e Conhecimento 44
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
II - o cumprimento irregular de cláusulas contratuais, especi- Art. 79. A rescisão do contrato poderá ser:
ficações, projetos e prazos; I - determinada por ato unilateral e escrito da Administração,
III - a lentidão do seu cumprimento, levando a Administração nos casos enumerados nos incisos I a XII e XVII do artigo anterior;
a comprovar a impossibilidade da conclusão da obra, do serviço ou II - amigável, por acordo entre as partes, reduzida a termo no
do fornecimento, nos prazos estipulados; processo da licitação, desde que haja conveniência para a Admi-
IV - o atraso injustificado no início da obra, serviço ou forne- nistração;
cimento; III - judicial, nos termos da legislação;
V - a paralisação da obra, do serviço ou do fornecimento, sem IV - (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
justa causa e prévia comunicação à Administração; § 1o A rescisão administrativa ou amigável deverá ser prece-
VI - a subcontratação total ou parcial do seu objeto, a associa- dida de autorização escrita e fundamentada da autoridade compe-
ção do contratado com outrem, a cessão ou transferência, total ou tente.
parcial, bem como a fusão, cisão ou incorporação, não admitidas § 2o Quando a rescisão ocorrer com base nos incisos XII a
no edital e no contrato; XVII do artigo anterior, sem que haja culpa do contratado, será
VII - o desatendimento das determinações regulares da autori- este ressarcido dos prejuízos regularmente comprovados que hou-
dade designada para acompanhar e fiscalizar a sua execução, assim ver sofrido, tendo ainda direito a:
como as de seus superiores; I - devolução de garantia;
VIII - o cometimento reiterado de faltas na sua execução, ano- II - pagamentos devidos pela execução do contrato até a data
tadas na forma do § 1o do art. 67 desta Lei; da rescisão;
IX - a decretação de falência ou a instauração de insolvência III - pagamento do custo da desmobilização.
civil; § 3º (Vetado).(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
X - a dissolução da sociedade ou o falecimento do contratado; § 4º (Vetado).(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
XI - a alteração social ou a modificação da finalidade ou da § 5o Ocorrendo impedimento, paralisação ou sustação do con-
estrutura da empresa, que prejudique a execução do contrato; trato, o cronograma de execução será prorrogado automaticamente
XII - razões de interesse público, de alta relevância e amplo por igual tempo.
conhecimento, justificadas e determinadas pela máxima autorida-
de da esfera administrativa a que está subordinado o contratante Art. 80. A rescisão de que trata o inciso I do artigo anterior
e exaradas no processo administrativo a que se refere o contrato; acarreta as seguintes consequências, sem prejuízo das sanções pre-
XIII - a supressão, por parte da Administração, de obras, ser- vistas nesta Lei:
viços ou compras, acarretando modificação do valor inicial do I - assunção imediata do objeto do contrato, no estado e local
contrato além do limite permitido no § 1o do art. 65 desta Lei; em que se encontrar, por ato próprio da Administração;
XIV - a suspensão de sua execução, por ordem escrita da Ad- II - ocupação e utilização do local, instalações, equipamentos,
ministração, por prazo superior a 120 (cento e vinte) dias, salvo em material e pessoal empregados na execução do contrato, necessá-
caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna ou rios à sua continuidade, na forma do inciso V do art. 58 desta Lei;
guerra, ou ainda por repetidas suspensões que totalizem o mesmo III - execução da garantia contratual, para ressarcimento da
prazo, independentemente do pagamento obrigatório de indeniza- Administração, e dos valores das multas e indenizações a ela de-
ções pelas sucessivas e contratualmente imprevistas desmobiliza- vidos;
ções e mobilizações e outras previstas, assegurado ao contratado, IV - retenção dos créditos decorrentes do contrato até o limite
nesses casos, o direito de optar pela suspensão do cumprimento dos prejuízos causados à Administração.
das obrigações assumidas até que seja normalizada a situação; § 1o A aplicação das medidas previstas nos incisos I e II deste
XV - o atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos de- artigo fica a critério da Administração, que poderá dar continuida-
vidos pela Administração decorrentes de obras, serviços ou forne- de à obra ou ao serviço por execução direta ou indireta.
cimento, ou parcelas destes, já recebidos ou executados, salvo em § 2o É permitido à Administração, no caso de concordata do
caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna contratado, manter o contrato, podendo assumir o controle de de-
ou guerra, assegurado ao contratado o direito de optar pela suspen- terminadas atividades de serviços essenciais.
são do cumprimento de suas obrigações até que seja normalizada § 3o Na hipótese do inciso II deste artigo, o ato deverá ser pre-
a situação; cedido de autorização expressa do Ministro de Estado competente,
XVI - a não liberação, por parte da Administração, de área, ou Secretário Estadual ou Municipal, conforme o caso.
local ou objeto para execução de obra, serviço ou fornecimento, § 4o A rescisão de que trata o inciso IV do artigo anterior
nos prazos contratuais, bem como das fontes de materiais naturais permite à Administração, a seu critério, aplicar a medida prevista
especificadas no projeto; no inciso I deste artigo.
XVII - a ocorrência de caso fortuito ou de força maior, regu-
larmente comprovada, impeditiva da execução do contrato.
Parágrafo único. Os casos de rescisão contratual serão for-
malmente motivados nos autos do processo, assegurado o contra-
ditório e a ampla defesa.
XVIII – descumprimento do disposto no inciso V do art. 27,
sem prejuízo das sanções penais cabíveis. (Incluído pela Lei nº
9.854, de 1999)
Didatismo e Conhecimento 45
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Capítulo IV § 3o Se a multa for de valor superior ao valor da garantia
DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS E DA TUTELA JUDI- prestada, além da perda desta, responderá o contratado pela sua
CIAL diferença, a qual será descontada dos pagamentos eventualmente
devidos pela Administração ou ainda, quando for o caso, cobrada
Seção I judicialmente.
Disposições Gerais
Art. 87. Pela inexecução total ou parcial do contrato a Admi-
Art. 81. A recusa injustificada do adjudicatário em assinar o nistração poderá, garantida a prévia defesa, aplicar ao contratado
contrato, aceitar ou retirar o instrumento equivalente, dentro do as seguintes sanções:
prazo estabelecido pela Administração, caracteriza o descumpri- I - advertência;
mento total da obrigação assumida, sujeitando-o às penalidades II - multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou
legalmente estabelecidas. no contrato;
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos III - suspensão temporária de participação em licitação e im-
licitantes convocados nos termos do art. 64, § 2o desta Lei, que pedimento de contratar com a Administração, por prazo não supe-
não aceitarem a contratação, nas mesmas condições propostas pelo rior a 2 (dois) anos;
primeiro adjudicatário, inclusive quanto ao prazo e preço. IV - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a
Administração Pública enquanto perdurarem os motivos determi-
Art. 82. Os agentes administrativos que praticarem atos em nantes da punição ou até que seja promovida a reabilitação perante
desacordo com os preceitos desta Lei ou visando a frustrar os ob- a própria autoridade que aplicou a penalidade, que será concedida
jetivos da licitação sujeitam-se às sanções previstas nesta Lei e nos sempre que o contratado ressarcir a Administração pelos prejuízos
regulamentos próprios, sem prejuízo das responsabilidades civil e resultantes e após decorrido o prazo da sanção aplicada com base
criminal que seu ato ensejar. no inciso anterior.
§ 1o Se a multa aplicada for superior ao valor da garantia
Art. 83. Os crimes definidos nesta Lei, ainda que simples-
prestada, além da perda desta, responderá o contratado pela sua
mente tentados, sujeitam os seus autores, quando servidores públi-
diferença, que será descontada dos pagamentos eventualmente de-
cos, além das sanções penais, à perda do cargo, emprego, função
vidos pela Administração ou cobrada judicialmente.
ou mandato eletivo.
§ 2o As sanções previstas nos incisos I, III e IV deste artigo
poderão ser aplicadas juntamente com a do inciso II, facultada a
Art. 84. Considera-se servidor público, para os fins desta Lei,
defesa prévia do interessado, no respectivo processo, no prazo de
aquele que exerce, mesmo que transitoriamente ou sem remunera-
5 (cinco) dias úteis.
ção, cargo, função ou emprego público.
§ 1o Equipara-se a servidor público, para os fins desta Lei, § 3o A sanção estabelecida no inciso IV deste artigo é de com-
quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, petência exclusiva do Ministro de Estado, do Secretário Estadual
assim consideradas, além das fundações, empresas públicas e so- ou Municipal, conforme o caso, facultada a defesa do interessado
ciedades de economia mista, as demais entidades sob controle, di- no respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias da abertura de
reto ou indireto, do Poder Público. vista, podendo a reabilitação ser requerida após 2 (dois) anos de
§ 2o A pena imposta será acrescida da terça parte, quando os sua aplicação. (Vide art 109 inciso III)
autores dos crimes previstos nesta Lei forem ocupantes de cargo
em comissão ou de função de confiança em órgão da Adminis- Art. 88. As sanções previstas nos incisos III e IV do artigo
tração direta, autarquia, empresa pública, sociedade de economia anterior poderão também ser aplicadas às empresas ou aos profis-
mista, fundação pública, ou outra entidade controlada direta ou sionais que, em razão dos contratos regidos por esta Lei:
indiretamente pelo Poder Público. I - tenham sofrido condenação definitiva por praticarem, por
meios dolosos, fraude fiscal no recolhimento de quaisquer tributos;
Art. 85. As infrações penais previstas nesta Lei pertinem às II - tenham praticado atos ilícitos visando a frustrar os objeti-
licitações e aos contratos celebrados pela União, Estados, Distrito vos da licitação;
Federal, Municípios, e respectivas autarquias, empresas públicas, III - demonstrem não possuir idoneidade para contratar com a
sociedades de economia mista, fundações públicas, e quaisquer Administração em virtude de atos ilícitos praticados.
outras entidades sob seu controle direto ou indireto.
Seção III
Seção II Dos Crimes e das Penas
Das Sanções Administrativas
Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses pre-
Art. 86. O atraso injustificado na execução do contrato sujei- vistas em lei, ou deixar de observar as formalidades pertinentes à
tará o contratado à multa de mora, na forma prevista no instrumen- dispensa ou à inexigibilidade:
to convocatório ou no contrato. Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 1o A multa a que alude este artigo não impede que a Admi- Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, tendo
nistração rescinda unilateralmente o contrato e aplique as outras comprovadamente concorrido para a consumação da ilegalidade,
sanções previstas nesta Lei. beneficiou-se da dispensa ou inexigibilidade ilegal, para celebrar
§ 2o A multa, aplicada após regular processo administrativo, contrato com o Poder Público.
será descontada da garantia do respectivo contratado.
Didatismo e Conhecimento 46
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
qualquer outro expediente, o caráter competitivo do procedimento Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que, declarado
licitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem, vanta- inidôneo, venha a licitar ou a contratar com a Administração.
gem decorrente da adjudicação do objeto da licitação:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 98. Obstar, impedir ou dificultar, injustamente, a inscri-
ção de qualquer interessado nos registros cadastrais ou promover
Art. 91. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado indevidamente a alteração, suspensão ou cancelamento de registro
perante a Administração, dando causa à instauração de licitação ou do inscrito:
à celebração de contrato, cuja invalidação vier a ser decretada pelo Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Poder Judiciário:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Art. 99. A pena de multa cominada nos arts. 89 a 98 desta Lei
consiste no pagamento de quantia fixada na sentença e calculada
Art. 92. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer modifi- em índices percentuais, cuja base corresponderá ao valor da vanta-
cação ou vantagem, inclusive prorrogação contratual, em favor do gem efetivamente obtida ou potencialmente auferível pelo agente.
adjudicatário, durante a execução dos contratos celebrados com o § 1o Os índices a que se refere este artigo não poderão ser
Poder Público, sem autorização em lei, no ato convocatório da lici- inferiores a 2% (dois por cento), nem superiores a 5% (cinco por
tação ou nos respectivos instrumentos contratuais, ou, ainda, pagar cento) do valor do contrato licitado ou celebrado com dispensa ou
fatura com preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade, inexigibilidade de licitação.
observado o disposto no art. 121 desta Lei:(Redação dada pela Lei § 2o O produto da arrecadação da multa reverterá, conforme o
nº 8.883, de 1994) caso, à Fazenda Federal, Distrital, Estadual ou Municipal.
Pena - detenção, de dois a quatro anos, e multa. (Redação dada
pela Lei nº 8.883, de 1994) Seção IV
Parágrafo único. Incide na mesma pena o contratado que, Do Processo e do Procedimento Judicial
tendo comprovadamente concorrido para a consumação da ilegali-
Art. 100. Os crimes definidos nesta Lei são de ação penal pú-
dade, obtém vantagem indevida ou se beneficia, injustamente, das
blica incondicionada, cabendo ao Ministério Público promovê-la.
modificações ou prorrogações contratuais.
Art. 101. Qualquer pessoa poderá provocar, para os efeitos
Art. 93. Impedir, perturbar ou fraudar a realização de qual-
desta Lei, a iniciativa do Ministério Público, fornecendo-lhe, por
quer ato de procedimento licitatório:
escrito, informações sobre o fato e sua autoria, bem como as cir-
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
cunstâncias em que se deu a ocorrência.
Parágrafo único. Quando a comunicação for verbal, mandará
Art. 94. Devassar o sigilo de proposta apresentada em pro- a autoridade reduzi-la a termo, assinado pelo apresentante e por
cedimento licitatório, ou proporcionar a terceiro o ensejo de de- duas testemunhas.
vassá-lo:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos, e multa. Art. 102. Quando em autos ou documentos de que conhe-
cerem, os magistrados, os membros dos Tribunais ou Conselhos
Art. 95. Afastar ou procura afastar licitante, por meio de de Contas ou os titulares dos órgãos integrantes do sistema de
violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem de controle interno de qualquer dos Poderes verificarem a existência
qualquer tipo: dos crimes definidos nesta Lei, remeterão ao Ministério Público as
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, além da cópias e os documentos necessários ao oferecimento da denúncia.
pena correspondente à violência.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se abstém ou Art. 103. Será admitida ação penal privada subsidiária da pú-
desiste de licitar, em razão da vantagem oferecida. blica, se esta não for ajuizada no prazo legal, aplicando-se, no que
couber, o disposto nos arts. 29 e 30 do Código de Processo Penal.
Art. 96. Fraudar, em prejuízo da Fazenda Pública, licitação
instaurada para aquisição ou venda de bens ou mercadorias, ou Art. 104. Recebida a denúncia e citado o réu, terá este o prazo
contrato dela decorrente: de 10 (dez) dias para apresentação de defesa escrita, contado da
I - elevando arbitrariamente os preços; data do seu interrogatório, podendo juntar documentos, arrolar as
II - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsi- testemunhas que tiver, em número não superior a 5 (cinco), e indi-
ficada ou deteriorada; car as demais provas que pretenda produzir.
III - entregando uma mercadoria por outra;
IV - alterando substância, qualidade ou quantidade da merca- Art. 105. Ouvidas as testemunhas da acusação e da defesa e
doria fornecida; praticadas as diligências instrutórias deferidas ou ordenadas pelo
V - tornando, por qualquer modo, injustamente, mais onerosa juiz, abrir-se-á, sucessivamente, o prazo de 5 (cinco) dias a cada
a proposta ou a execução do contrato: parte para alegações finais.
Pena - detenção, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
Art. 106. Decorrido esse prazo, e conclusos os autos dentro
Art. 97. Admitir à licitação ou celebrar contrato com empresa de 24 (vinte e quatro) horas, terá o juiz 10 (dez) dias para proferir
ou profissional declarado inidôneo: a sentença.
Didatismo e Conhecimento 47
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 107. Da sentença cabe apelação, interponível no prazo Capítulo VI
de 5 (cinco) dias. DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 108. No processamento e julgamento das infrações pe- Art. 110. Na contagem dos prazos estabelecidos nesta Lei,
nais definidas nesta Lei, assim como nos recursos e nas execuções excluir-se-á o dia do início e incluir-se-á o do vencimento, e consi-
que lhes digam respeito, aplicar-se-ão, subsidiariamente, o Código derar-se-ão os dias consecutivos, exceto quando for explicitamente
de Processo Penal e a Lei de Execução Penal. disposto em contrário.
Parágrafo único. Só se iniciam e vencem os prazos referidos
Capítulo V neste artigo em dia de expediente no órgão ou na entidade.
DOS RECURSOS ADMINISTRATIVOS
Art. 111. A Administração só poderá contratar, pagar, premiar
Art. 109. Dos atos da Administração decorrentes da aplicação ou receber projeto ou serviço técnico especializado desde que o
desta Lei cabem: autor ceda os direitos patrimoniais a ele relativos e a Administra-
I - recurso, no prazo de 5 (cinco) dias úteis a contar da intima- ção possa utilizá-lo de acordo com o previsto no regulamento de
ção do ato ou da lavratura da ata, nos casos de: concurso ou no ajuste para sua elaboração.
a) habilitação ou inabilitação do licitante; Parágrafo único. Quando o projeto referir-se a obra imate-
b) julgamento das propostas; rial de caráter tecnológico, insuscetível de privilégio, a cessão dos
c) anulação ou revogação da licitação; direitos incluirá o fornecimento de todos os dados, documentos e
d) indeferimento do pedido de inscrição em registro cadastral, elementos de informação pertinentes à tecnologia de concepção,
sua alteração ou cancelamento; desenvolvimento, fixação em suporte físico de qualquer natureza
e) rescisão do contrato, a que se refere o inciso I do art. 79 e aplicação da obra.
desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
f) aplicação das penas de advertência, suspensão temporária Art. 112. Quando o objeto do contrato interessar a mais de
uma entidade pública, caberá ao órgão contratante, perante a en-
ou de multa;
tidade interessada, responder pela sua boa execução, fiscalização
II - representação, no prazo de 5 (cinco) dias úteis da intima-
e pagamento.
ção da decisão relacionada com o objeto da licitação ou do contra-
§ 1o Os consórcios públicos poderão realizar licitação da qual,
to, de que não caiba recurso hierárquico;
nos termos do edital, decorram contratos administrativos celebra-
III - pedido de reconsideração, de decisão de Ministro de Es-
dos por órgãos ou entidades dos entes da Federação consorcia-
tado, ou Secretário Estadual ou Municipal, conforme o caso, na
dos. (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005)
hipótese do § 4o do art. 87 desta Lei, no prazo de 10 (dez) dias úteis
§ 2o É facultado à entidade interessada o acompanhamento da
da intimação do ato. licitação e da execução do contrato. (Incluído pela Lei nº 11.107,
§ 1o A intimação dos atos referidos no inciso I, alíneas «a», de 2005)
«b», «c» e «e», deste artigo, excluídos os relativos a advertência
e multa de mora, e no inciso III, será feita mediante publicação Art. 113. O controle das despesas decorrentes dos contratos
na imprensa oficial, salvo para os casos previstos nas alíneas “a” e demais instrumentos regidos por esta Lei será feito pelo Tribu-
e “b”, se presentes os prepostos dos licitantes no ato em que foi nal de Contas competente, na forma da legislação pertinente, fi-
adotada a decisão, quando poderá ser feita por comunicação direta cando os órgãos interessados da Administração responsáveis pela
aos interessados e lavrada em ata. demonstração da legalidade e regularidade da despesa e execução,
§ 2o O recurso previsto nas alíneas «a» e «b» do inciso I deste nos termos da Constituição e sem prejuízo do sistema de controle
artigo terá efeito suspensivo, podendo a autoridade competente, interno nela previsto.
motivadamente e presentes razões de interesse público, atribuir ao § 1o Qualquer licitante, contratado ou pessoa física ou jurídica
recurso interposto eficácia suspensiva aos demais recursos. poderá representar ao Tribunal de Contas ou aos órgãos integrantes
§ 3o Interposto, o recurso será comunicado aos demais lici- do sistema de controle interno contra irregularidades na aplicação
tantes, que poderão impugná-lo no prazo de 5 (cinco) dias úteis. desta Lei, para os fins do disposto neste artigo.
§ 4o O recurso será dirigido à autoridade superior, por inter- § 2o Os Tribunais de Contas e os órgãos integrantes do sis-
médio da que praticou o ato recorrido, a qual poderá reconsiderar tema de controle interno poderão solicitar para exame, até o dia
sua decisão, no prazo de 5 (cinco) dias úteis, ou, nesse mesmo útil imediatamente anterior à data de recebimento das propostas,
prazo, fazê-lo subir, devidamente informado, devendo, neste caso, cópia de edital de licitação já publicado, obrigando-se os órgãos
a decisão ser proferida dentro do prazo de 5 (cinco) dias úteis, ou entidades da Administração interessada à adoção de medidas
contado do recebimento do recurso, sob pena de responsabilidade. corretivas pertinentes que, em função desse exame, lhes forem de-
§ 5o Nenhum prazo de recurso, representação ou pedido de terminadas. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
reconsideração se inicia ou corre sem que os autos do processo
estejam com vista franqueada ao interessado. Art. 114. O sistema instituído nesta Lei não impede a pré-qua-
§ 6o Em se tratando de licitações efetuadas na modalidade lificação de licitantes nas concorrências, a ser procedida sempre
de «carta convite» os prazos estabelecidos nos incisos I e II e no que o objeto da licitação recomende análise mais detida da qualifi-
parágrafo 3o deste artigo serão de dois dias úteis. (Incluído pela cação técnica dos interessados.
Lei nº 8.883, de 1994) § 1o A adoção do procedimento de pré-qualificação será feita
mediante proposta da autoridade competente, aprovada pela ime-
diatamente superior.
Didatismo e Conhecimento 48
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 2o Na pré-qualificação serão observadas as exigências desta § 5o As receitas financeiras auferidas na forma do parágrafo
Lei relativas à concorrência, à convocação dos interessados, ao pro- anterior serão obrigatoriamente computadas a crédito do convênio
cedimento e à analise da documentação. e aplicadas, exclusivamente, no objeto de sua finalidade, devendo
constar de demonstrativo específico que integrará as prestações de
Art. 115. Os órgãos da Administração poderão expedir normas contas do ajuste.
relativas aos procedimentos operacionais a serem observados na § 6o Quando da conclusão, denúncia, rescisão ou extinção do
execução das licitações, no âmbito de sua competência, observadas convênio, acordo ou ajuste, os saldos financeiros remanescentes,
as disposições desta Lei. inclusive os provenientes das receitas obtidas das aplicações finan-
Parágrafo único. As normas a que se refere este artigo, após ceiras realizadas, serão devolvidos à entidade ou órgão repassador
aprovação da autoridade competente, deverão ser publicadas na im- dos recursos, no prazo improrrogável de 30 (trinta) dias do evento,
prensa oficial. sob pena da imediata instauração de tomada de contas especial do
responsável, providenciada pela autoridade competente do órgão
Art. 116. Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, ou entidade titular dos recursos.
aos convênios, acordos, ajustes e outros instrumentos congêneres
celebrados por órgãos e entidades da Administração. Art. 117. As obras, serviços, compras e alienações realizados
§ 1o A celebração de convênio, acordo ou ajuste pelos órgãos pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Tribunal de
ou entidades da Administração Pública depende de prévia aprova- Contas regem-se pelas normas desta Lei, no que couber, nas três
ção de competente plano de trabalho proposto pela organização esferas administrativas.
interessada, o qual deverá conter, no mínimo, as seguintes infor-
mações: Art. 118. Os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e as
I - identificação do objeto a ser executado; entidades da administração indireta deverão adaptar suas normas
II - metas a serem atingidas; sobre licitações e contratos ao disposto nesta Lei.
III - etapas ou fases de execução;
IV - plano de aplicação dos recursos financeiros; Art. 119. As sociedades de economia mista, empresas e fun-
V - cronograma de desembolso;
dações públicas e demais entidades controladas direta ou indire-
VI - previsão de início e fim da execução do objeto, bem assim
tamente pela União e pelas entidades referidas no artigo anterior
da conclusão das etapas ou fases programadas;
editarão regulamentos próprios devidamente publicados, ficando
VII - se o ajuste compreender obra ou serviço de engenha-
sujeitas às disposições desta Lei.
ria, comprovação de que os recursos próprios para complementar
Parágrafo único. Os regulamentos a que se refere este artigo,
a execução do objeto estão devidamente assegurados, salvo se o
no âmbito da Administração Pública, após aprovados pela autori-
custo total do empreendimento recair sobre a entidade ou órgão
descentralizador. dade de nível superior a que estiverem vinculados os respectivos
§ 2o Assinado o convênio, a entidade ou órgão repassador dará órgãos, sociedades e entidades, deverão ser publicados na impren-
ciência do mesmo à Assembléia Legislativa ou à Câmara Municipal sa oficial.
respectiva.
§ 3o As parcelas do convênio serão liberadas em estrita con- Art. 120. Os valores fixados por esta Lei poderão ser anual-
formidade com o plano de aplicação aprovado, exceto nos casos mente revistos pelo Poder Executivo Federal, que os fará publicar
a seguir, em que as mesmas ficarão retidas até o saneamento das no Diário Oficial da União, observando como limite superior a va-
impropriedades ocorrentes: riação geral dos preços do mercado, no período. (Redação dada
I - quando não tiver havido comprovação da boa e regular apli- pela Lei nº 9.648, de 1998)
cação da parcela anteriormente recebida, na forma da legislação
aplicável, inclusive mediante procedimentos de fiscalização local, Art. 121. O disposto nesta Lei não se aplica às licitações ins-
realizados periodicamente pela entidade ou órgão descentralizador tauradas e aos contratos assinados anteriormente à sua vigência,
dos recursos ou pelo órgão competente do sistema de controle in- ressalvado o disposto no art. 57, nos parágrafos 1o, 2o e 8o do art.
terno da Administração Pública; 65, no inciso XV do art. 78, bem assim o disposto no «caput» do
II - quando verificado desvio de finalidade na aplicação dos re- art. 5o, com relação ao pagamento das obrigações na ordem crono-
cursos, atrasos não justificados no cumprimento das etapas ou fases lógica, podendo esta ser observada, no prazo de noventa dias con-
programadas, práticas atentatórias aos princípios fundamentais de tados da vigência desta Lei, separadamente para as obrigações re-
Administração Pública nas contratações e demais atos praticados lativas aos contratos regidos por legislação anterior à Lei no 8.666,
na execução do convênio, ou o inadimplemento do executor com de 21 de junho de 1993. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
relação a outras cláusulas conveniais básicas; Parágrafo único. Os contratos relativos a imóveis do patrimô-
III - quando o executor deixar de adotar as medidas saneadoras nio da União continuam a reger-se pelas disposições do Decreto
apontadas pelo partícipe repassador dos recursos ou por integrantes -lei no 9.760, de 5 de setembro de 1946, com suas alterações, e os
do respectivo sistema de controle interno. relativos a operações de crédito interno ou externo celebrados pela
§ 4o Os saldos de convênio, enquanto não utilizados, serão União ou a concessão de garantia do Tesouro Nacional continuam
obrigatoriamente aplicados em cadernetas de poupança de institui- regidos pela legislação pertinente, aplicando-se esta Lei, no que
ção financeira oficial se a previsão de seu uso for igual ou superior couber.
a um mês, ou em fundo de aplicação financeira de curto prazo ou
operação de mercado aberto lastreada em títulos da dívida pública, Art. 122. Nas concessões de linhas aéreas, observar-se-á pro-
quando a utilização dos mesmos verificar-se em prazos menores cedimento licitatório específico, a ser estabelecido no Código Bra-
que um mês. sileiro de Aeronáutica.
Didatismo e Conhecimento 49
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 123. Em suas licitações e contratações administrativas, O Estado, como Nação politicamente organizada, exerce po-
as repartições sediadas no exterior observarão as peculiaridades deres de Soberania sobre todas as coisas que se encontram em
locais e os princípios básicos desta Lei, na forma de regulamenta- seu território. Alguns bens pertencem ao próprio Estado; outros,
ção específica. embora pertencentes a particulares, ficam sujeitos às limitações
administrativas impostas pelo Estado; outros, finalmente, não per-
Art. 124. Aplicam-se às licitações e aos contratos para per- tencem a ninguém, por inapropriáveis, mas sua utilização subordi-
missão ou concessão de serviços públicos os dispositivos desta na-se às normas estabelecidas pelo Estado. Este conjunto de bens
Lei que não conflitem com a legislação específica sobre o assun- sujeitos ou pertencentes ao Estado constitui o domínio público, em
to. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) seus vários desdobramentos.
Parágrafo único. As exigências contidas nos incisos II a IV O Estado, por nossa delegação – ao escolhermos os gover-
do § 2o do art. 7o serão dispensadas nas licitações para concessão nantes e os legisladores – estabelece as regras comuns, legais, e
de serviços com execução prévia de obras em que não foram pre- as executa administrativamente, em nosso nome, com vistas ao
vistos desembolso por parte da Administração Pública conceden- interesse coletivo.
te. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
Do domínio público: É noção mais abrangente que proprie-
Art. 125. Esta Lei entra em vigor na data de sua publica- dade, pois aí se incluem os bens que não são do Poder Público.
ção. (Renumerado por força do disposto no art. 3º da Lei nº 8.883, É o poder de dominação ou de regulamentação que o Estado
de 1994) exerce sobre os bens do seu patrimônio (bens públicos), ou sobre
os bens do patrimônio privado – bens particulares de interesse pú-
Art. 126. Revogam-se as disposições em contrário, espe- blico – ou sobre as coisas inapropriáveis individualmente, mas de
cialmente os Decretos-leis nos 2.300, de 21 de novembro de fruição geral da coletividade – res nullius. Neste sentido amplo e
1986, 2.348, de 24 de julho de 1987, 2.360, de 16 de setembro de genérico o domínio público abrange não só os bens das pessoas
1987, a Lei no 8.220, de 4 de setembro de 1991, e o art. 83 da Lei jurídicas de Direito Público interno como as demais coisas que,
no 5.194, de 24 de dezembro de 1966.(Renumerado por força do por sua utilidade coletiva, merecem a proteção do Poder Público,
disposto no art. 3º da Lei nº 8.883, de 1994) tais como as águas, as jazidas, as florestas, a fauna, o espaço aéreo
Brasília, 21 de junho de 1993, 172o da Independência e e as que interessam ao patrimônio histórico e artístico nacional.
o
105 da República. De um lado, um poder político, superior a tudo, chamado do-
ITAMAR FRANCO mínio eminente, que autoriza as limitações impostas pelo Estado
ao exercício de direitos em todo território nacional, e, de outro
lado, um poder sobre os bens de que é proprietário ou simples ad-
6.7. BENS PÚBLICOS. ministrador, conhecido como domínio patrimonial, exercido sobre
os bens públicos.
São poderes de soberania e em direitos de propriedade. Aque-
les se exercem sobre todas as coisas de interesse público, sob a
Nas mais remotas sociedades sempre foram constatadas a forma de domínio eminente; estes só incidem sobre os bens perten-
necessidade de existência de algum tipo de dominação e de re- centes às entidades públicas, sob a forma de domínio patrimonial.
gulamentação, a cargo do Estado, sobre determinados bens. Em O domínio eminente não constitui um direito de propriedade;
rigor, a vida em sociedade seria praticamente impossível, não fora é o poder que o Estado exerce potencialmente sobre as pessoas e
a presença de bens destinados ao cumprimento de finalidades de os bens que se encontram no seu território.
interesse coletivo. Esse poder não admite restrições; contudo, o absoluto dessa
Nos Estados Modernos, essa dominação e regulamentação ad- potestas está condicionado à ordem jurídico-constitucional e aos
vêm de um regime jurídico adequado que, além de especificar sua princípios, direitos e garantias da Lei Fundamental.
composição e utilização, cria regras de proteção contra atos ilegí- O domínio eminente é um poder sujeito ao direito; não é um
timos, ou danosos, quer provindos de particular, quer do próprio poder arbitrário.
Estado. Atualmente, todos os países conhecem um tratamento bas- Em nome do domínio eminente é que são estabelecidas as li-
tante minucioso dispensado à regulamentação e proteção desses mitações ao uso da propriedade privada, as servidões administra-
bens, por meio de normas legais que garantam o atingimento dos tivas, a desapropriação, as medidas de policia e o regime jurídico
objetivos e finalidades para os quais estão voltados e que deram especial de certos bens particulares de interesse público.
origem ao seu surgimento. Esse poder superior (eminente) que o Estado mantém sobre
No direito romano – institutas – havia referências a bens pú- todas as coisas existentes em seu território não se confunde com o
blicos, que incluíam as res communes e as res universitatis, ao direito de propriedade que o mesmo Estado exerce sobre as coisas
lado das res publicae. Estas últimas, insusceptíveis de apropriação que lhe pertencem, por aquisição civil ou administrativa. Aquele
privada, pertenciam a todos, ao povo. é um domínio geral e potencial sobre bens alheios; este é um do-
Os bens públicos – na idade média – eram considerados pro- mínio específico e efetivo sobre bens próprios do Estado, o que o
priedade do rei, e não mais do povo. Porém, com base nos antigos caracteriza como um domínio patrimonial, no sentido de incidir
textos romanos – que influenciaram todas as legislações ao longo sobre os bens que lhe pertencem.
da história – logo se voltou a atribuir ao povo a propriedade desses O domínio patrimonial do Estado sobre seus bens é direito
bens públicos, cabendo ao monarca, na condição de governante de propriedade, mas direito de propriedade pública, sujeito a um
supremo, tão-somente o poder de polícia sobre os mesmos. regime administrativo especial.
Didatismo e Conhecimento 50
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
A esse regime subordinam-se todos os bens das pessoas ad- Permissão de uso: é um ato administrativo unilateral, discri-
ministrativas, assim considerados bens públicos e, como tais, re- cionário e precário, pelo qual a Administração, no interesse da
gidos pelo Direito Público, embora supletivamente se lhes apli- coletividade, transfere o uso de um bem público para terceiros,
quem algumas regras da propriedade privada. Mas advirta-se que mediante licitação (quando houver mais de um interessado). Não
as normas civis não regem o domínio público; suprem, apenas, as há prazo certo e determinado. São exemplos de permissão de uso:
omissões das leis administrativas. instalação de bancas de jornal, colocação de mesas e cadeiras em
O patrimônio público é formado por bens de toda natureza e calçadas, instalação de boxes em mercados municipais, barracas
espécie que tenham interesse para a Administração e para a comu- em feiras livres.
nidade administrada. Esses bens recebem conceituação, classifica- Concessão de uso: é um contrato administrativo pelo qual
ção e destinação legal para sua correta administração, utilização e transfere-se o uso de um bem público para terceiros, para uma fi-
alienação. nalidade específica, mediante condições previamente estabeleci-
Bens públicos são todos aqueles pertencentes ao patrimônio das. O contrato possui prazo certo e determinado e a precariedade
da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, suas desaparece. Exemplos: instalação de restaurante em aeroporto,
autarquias e fundações públicas, sejam móveis, imóveis ou semo- lanchonete em parques.
ventes. Concessão de direito real de uso (variante da concessão de
uso): incide sobre bens públicos não-edificados, para urbanização,
CLASSIFICAÇÃO edificação, industrialização.
Cessão de uso: é um contrato administrativo, em que o uso
Quanto à Destinação de um bem público é transferido de um órgão para outro, dentro
a) Bens de uso comum: são os destinados ao uso da coletivi- da própria Administração. É ato não precário porque possui prazo
dade como um todo. Geralmente são de utilização gratuita, como, certo e determinado. Para que a cessão de uso seja efetuada exige-
por exemplo, ruas, praças, parques, estradas, mares; a exceção à se autorização legislativa.
gratuidade é o pedágio cobrado nas estradas.
b) Bens de uso especial: são aqueles destinados a atividades A Constituição Federal assegura o direito à propriedade, con-
especiais relacionadas a um serviço ou a estabelecimentos públi- forme disposto no art. 5.º. É um direito individual, sendo, portanto,
cos, como teatros, escolas, museus, quartéis, prédios de academia cláusula pétrea.
de polícia, aeroportos, cemitérios, entre outros. Em seu art. 170, a Constituição Federal estabelece que “a
c) Bens dominiais ou dominicais: não possuem destinação ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano
específica, como por exemplo, as terras devolutas (áreas perten- e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência
centes ao Poder Público não destinadas a fins administrativos es- digna, conforme os ditames da justiça social, observados os se-
pecíficos). guintes princípios:
Os bens de uso comum e os de uso especial formam o conjun- II – propriedade privada; ...”
to de bens do domínio público, submetendo-se ao regime jurídico
de direito público. O direito à propriedade tem limites, sendo condicionado ao
Os bens dominicais compõem o chamado patrimônio disponí- bem-estar da sociedade e devendo ser respeitado como direito fun-
vel do Estado – este exerce os direitos de proprietário, o que não damental e como direito da atividade econômica. Com efeito, de
acontece com as categorias anteriores. Submetem-se ao regime ju- acordo com a doutrina civilista de vanguarda, o direito de proprie-
rídico de direito público, mas não em sua totalidade. dade tem hoje, de acordo com o perfil impresso pela Constituição
vigente, natureza jurídica de Direito de Ordenação Social.
REGIME JURÍDICO O art. 524 do Código Civil estabelece que propriedade é o
direito de usar, gozar, usufruir e dispor de um determinado bem,
Inalienabilidade: Em regra, os bens públicos não podem ser e de reavê-lo, de quem quer que injustamente o esteja possuindo.
alienados, pois são bens fora do comércio, a esse fato damos o A propriedade, embora protegida pela Constituição Federal,
nome de não onerosidade dos bens públicos. deverá satisfazer às necessidades da sociedade (função social).
Impenhorabilidade: Os bens públicos não podem ser dados
em garantia para o cumprimento das obrigações contraídas pelo A Constituição Federal define o que seja função social:
Poder Público. Propriedade urbana – art. 182, § 2.º, da CF: a propriedade
Imprescritibilidade: Imprescritibilidade é a impossibilidade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências
dos bens públicos serem adquiridos por usucapião. fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano dire-
tor – plano diretor (art. 182, § 1.º, da CF) é o documento legal
Para a transferência de uso de bens podem ser usados os se- que estipulará as regras para o desenvolvimento ordenado de uma
guintes instrumentos: sociedade, de uma cidade.
Autorização de uso: é um ato administrativo unilateral, dis- O plano diretor deverá conter: demarcação de zona de proi-
cricionário e precário, pelo qual a Administração, no interesse do bição de construção; zona de indústria; zona de residência; zona
particular, transfere o uso do bem público para terceiros por prazo comercial; zona de tombamento e outras situações.
de curtíssima duração, com dispensa de licitação. Exemplos: trans- Propriedade rural – art. 186 da Constituição Federal: a fun-
porte de carga inflamável pelas ruas do município, fechamento de ção social é cumprida quando a propriedade rural atende, simulta-
rua para comemorações. neamente e segundo critérios e graus de exigência estabelecidos
em lei, aos seguintes requisitos:
Didatismo e Conhecimento 51
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
- aproveitamento racional e adequado da propriedade (caráter Os bens imóveis de uso especial e os dominiais adquiridos
subjetivo); por qualquer forma pelo Poder Público ficam sujeitos a registro no
- utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e pre- registro imobiliário competente; os bens de uso comum do povo
servação do meio ambiente (caráter subjetivo); – vias e logradouros públicos – estão dispensados de registro en-
- observância das disposições que regulam as relações de tra- quanto mantiverem essa destinação.
balho (caráter subjetivo);
- exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e Meios de Intervenção na Propriedade: Por ser o Direito de
também dos trabalhadores. propriedade considerado verdadeira cláusula pétrea, núcleo intan-
gível da Constituição Federal, as modalidades de intervenção na
Para propiciar o bem-estar social, o Estado poderá intervir propriedade privada só podem estar previstas no texto constitucio-
tanto na propriedade privada quanto nas atividades econômicas nal, e são: A requisição; a ocupação temporária; a limitação admi-
das empresas. O que se exige é que tal intervenção respeite os li- nistrativa; a servidão e o tombamento, a seguir definidas.
mites constitucionais que amparam o interesse público e garantem
os direitos individuais. a) Requisição: Requisição é meio de intervenção na proprie-
Se a propriedade estiver cumprindo a sua função social, con- dade, que traz restrições ao direito de uso, diante da hipótese de
forme disposto na Constituição Federal, a única possibilidade de iminente perigo público (exemplos: inundação, incêndio, sonega-
intervenção é com base na supremacia do interesse público sobre o ção de gêneros de primeira necessidade, conflito armado, comoção
particular, ou seja, por necessidade ou utilidade pública, ou por in- intestina).
teresse social; nesse caso, conforme disposto no art. 5.º, inc. XXIV, É disciplinada pelo art. 5.º, inc. XXV, da Constituição Federal:
da Constituição Federal, mediante prévia e justa indenização em no caso de iminente perigo público, a autoridade competente po-
dinheiro. derá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário
Se não estiver sendo cumprida a função social da propriedade, indenização ulterior, se houver dano.
o proprietário sofre uma penalidade – perda da propriedade – e faz Só comportará indenização caso exista dano decorrente da uti-
jus a uma indenização; porém, essa não será prévia, não será justa, lização por parte da Administração Pública.
nem em dinheiro (art. 182, § 4.º, inc. III, da CF). b) Ocupação temporária: Ocupação temporária é a utiliza-
Sendo o imóvel rural, deverá obedecer ao disposto no art. 184 ção transitória, remunerada ou gratuita, de bens particulares pelo
da Constituição Federal. Poder Público, para a execução de obras, serviços ou atividades
públicas ou de interesse público. Essa prerrogativa estatal pode ser
transferida a concessionários e empreiteiros, desde que autoriza-
Da aquisição de bens pela administração pública: O Esta- dos pela Administração.
do, no desempenho normal de sua administração, adquire bens de Tanto a ocupação temporária como a requisição são modalida-
toda espécie e os incorpora ao patrimônio público para a realização des de intervenção quanto ao uso. A diferença básica entre ambas
de seus fins. está em que, para a requisição, é necessário o iminente perigo pú-
Os bens públicos são adquiridos pelas mesmas formas pre- blico, enquanto para a ocupação temporária, que só pode ocorrer
vistas no Direito Privado – compra, venda, doação, etc – e pelas em imóvel não-edificado, não é necessário o iminente perigo pú-
normas específicas de Direito Público, como a desapropriação ou blico, bastando o interesse público.
a determinação legal. A ocupação gera indenização, caso exista prejuízo decorrente
Essas aquisições ou são feitas contratualmente, pelos ins- do uso do bem pela Administração Pública.
trumentos comuns do Direito Privado, sob a forma de compra, Limitação administrativa: Limitação é toda imposição geral,
permuta, doação, dação em pagamento, ou se realizam compul- gratuita, unilateral e de ordem pública, condicionadora do exercí-
soriamente, por desapropriação ou adjudicação em execução de cio de direitos ou de atividades particulares, às exigências do bem
sentença, ou, ainda, se efetivam por força da lei, na destinação de -estar social. Assim, por exemplo, para a construção de um prédio,
áreas públicas nos loteamentos e na concessão de domínio de ter- será necessário respeitar determinada altura, em obediência à lei
ras devolutas. Essas modalidades de aquisição e alienação já foram de zoneamento. São preceitos de ordem pública, por isso impostos
vistas nos tópicos anteriores, restando apenas advertir que cada de forma unilateral e imperativa. Deverão, contudo, corresponder
modalidade de aquisição tem forma e requisitos específicos para às justas exigências do interesse público.
sua efetivação, segundo se trate de móvel ou imóvel e de acordo As limitações administrativas tanto podem constituir matéria
com o valor do bem a ser adquirido. privativa de lei – quando envolverem assunto que somente podem
Toda aquisição de bens pela Administração deverá constar de ser tratado por meio desta espécie legislativa – quanto ser impostas
processo regular no qual se especifiquem as coisas a serem adqui- por regulamento (cuja forma é o decreto regulamentar), quando
ridas e sua destinação, a forma e as condições de aquisição e as consistirem em especificação de matéria já constante em lei. Po-
dotações próprias para a despesa a ser feita com prévio empenho, derá também a Administração recorrer a provimentos de urgência
nos termos do contrato aquisitivo, precedido de licitação, quando para estabelecer limitações ao uso da propriedade.
for o caso. O desatendimento das exigências legais na aquisição As limitações administrativas ao uso da propriedade podem
de bens para o patrimônio público poderá dar causa a invalidação gerar obrigações e direitos subjetivos entre os vizinhos, obrigando
do contrato, até mesmo por ação popular e a responsabilização do a observância das limitações por parte dos que constroem sob im-
infrator por emprego irregular de verbas ou rendas públicas, além posições administrativas.
do ressarcimento do dano, se houver lesão aos cofres públicos.
Didatismo e Conhecimento 52
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
d) Servidão: A servidão é meio de intervenção na propriedade Para Hely Lopes Meirelles, retrocessão é uma obrigação que
particular, que estabelece restrição quanto ao uso, por intermédio se impõe ao expropriante de oferecer o bem ao expropriado, median-
de imposição específica, concreta e onerosa, visando possibilitar te a devolução do valor da indenização, quando não lhe der o destino
a realização de obras e serviços públicos; por exemplo: obrigação, declarado no ato expropriatório.
imposta a determinada propriedade privada, de suportar a passa- Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro, retrocessão é o direito que
gem de fios de energia elétrica – imóveis particulares onerados tem o expropriado de exigir de volta o seu imóvel caso o mesmo não
como serventia pública. tenha o destino para que se desapropriou.
A servidão é onerosa porque impõe dever concreto ao proprie- O Código Civil em seu art 519 traz a norma expressa da seguinte
tário, apresentando restrição apenas a ele. O proprietário submetido forma: “Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade
à servidão administrativa terá direito à indenização correspondente pública, ou por interesse social, não tiver o destino para que se de-
ao prejuízo causado ao imóvel. Não havendo prejuízo que decorra sapropriou, ou não for utilizada em obras ou serviços públicos, ca-
do uso da propriedade pelo Poder Público, nada há a indenizar. berão expropriado direito de preferência, pelo preço atual da coisa”.
e) Tombamento: O tombamento é o meio de intervenção na Existe diversos entendimentos quanto ao instituto da retrocessão
propriedade que faz restrições quanto ao uso, justificando-se nas hi- causando divergência entre os doutrinadores.
póteses de proteção ao patrimônio artístico, cultural e científico, de Hely Lopes Meirelles, baseado no Decreto-Lei 3.365/41, art 35,
coisas ou locais que devam ser preservados (art. 216, § 1.º, da CF). entende que caso o expropriante não se o destino declarado ao bem
Não é meio de transferência da propriedade. Essa permanece expropriado, o direito do expropriado se resolve através de perdas e
no domínio e posse de seu proprietário; porém, as coisas tombadas danos, pois um bem já incorporado ao patrimônio público não poderá
não poderão ser demolidas, destruídas ou modificadas, sem a auto- ser objeto de reivindicação.
rização do Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural (IBPC). Maria Sylvia Zanella Di Pietro apresenta 3 correntes distintas
Tombar significa registrar, inventariar, inscrever nos arquivos quanto ao instituto da retrocessão:
da Administração Pública. 1ª. Que no direito brasileiro a retrocessão é vista como direito
pessoal. Neste caso o expropriado terá direito de pleitear perdas e
DESAPROPRIAÇÃO danos.
2ª. Apresenta a retrocessão como direito real. Aqui, o expropria-
A desapropriação ou expropriação é meio de intervenção es- do teria direito a reivindicação do imóvel expropriado.
tatal na propriedade particular. Desapropriação é o procedimento 3ª. Como terceira corrente temos a que diz que a retrocessão tem
administrativo por meio do qual alguém é compulsoriamente des- uma natureza mista (pessoal e real), cabendo a expropriado escolher
pojado de uma propriedade pelo Poder Público, que a adquire para a ação de preempção ou perdas e danos.
si – por razões de necessidade pública, utilidade pública, interesse A primeira corrente defende que quando o bem já foi incorpo-
social ou por descumprimento da função social –, mediante indeni- rado ao ente público não poderá mais passar para as mão do particu-
zação. O procedimento administrativo da desapropriação realiza-se lar, restando –lhe somente ação de perdas e danos. Esse pensamento,
em duas fases: a primeira, de natureza declaratória; a segunda, de entre outros, é o de Hely Lopes Meirelles e está baseado no fato de
caráter executório. que o Decreto Lei 3.365/41 não prevê a retrocessão e que o art 35
O artigo 5.º, inciso XXIV, da Constituição Federal, estabelece do mesmo texto legal proíbe a reivindicação do bem incorporado ao
que a indenização proveniente de desapropriação será prévia, justa patrimônio público.
e em dinheiro. Os bens expropriados, uma vez incorporados à Fazenda Públi-
Para essa regra existem exceções, estabelecidas nos artigos ca, não podem ser objeto de reivindicação, ainda que fundada em
182, § 4.º, inciso III, e 184, ambos da Constituição Federal. nulidade do processo de desapropriação. Qualquer ação, julgada
A desapropriação, em regra, é realizada pelo Poder Público; procedente, resolver-se-á em perdas e danos (art 35 do decreto lei
em hipóteses excepcionais, pode ser efetuada por particulares – 3.365/41).
concessionárias e permissionárias – autorizados pelo Poder Públi- A segunda corrente que vê a retrocessão como direito real, ba-
co; nesse caso, a desapropriação ocorre apenas quando há efetivo seia-se no preceito constitucional de que é assegurado o direito a
interesse público. propriedade, isto é, que a propriedade é direito básico do homem, e
A desapropriação somente é legítima quando executada nos que a desapropriação só é autorizada quando existe o interesse públi-
limites traçados pela Constituição e nos casos expressos em lei, ob- co. Desaparecendo o interesse público não mais existe a justificativa
servado o devido procedimento legal. para a desapropriação, podendo o bem voltar as mãos de expropria-
A finalidade maior da desapropriação é a transferência do bem do. Nessa corrente encontramos doutrinadores como Pontes de Mi-
particular para a Administração Pública. randa, entre outros que defende que a norma do art 35 do Decreto-lei
3.365 somente é aplicável se a desapropriação obedeceu aos precei-
RETROCESSÃO tos constitucionais.
A terceira corrente acorda com as duas anteriores. Essa corrente
Em primeiro lugar, podemos conceituar retrocessão segundo é defendida por Roberto Barcelo de Magalhães e Maria Sylvia Zanel-
os seguintes autores: la Di Pietro, entre outros. O art 519 do Código Civil determina que
De Placido e Silva em seu Vocabulário Jurídico, defini retro- o expropriante ofereça ao expropriado o imóvel, caso este não tenha
cessão como “..... designa o regresso ou o retorno do domínio de atingido o bem social a que estava destinado, pois não há motivo para
bens desapropriados, em parte ou em todo, ao antigo dono, desde o bem continuar na mão do poder público se não existe proveito da
que não se mostre mais útil ou necessário ao Estado. É, portanto, sociedade, podendo voltar as mão do antigo proprietário. No caso
a devolução do domínio desapropriado, para que se integre ou re- da impossibilidade da devolução do bem, o direito real se transfor-
gresse ao patrimônio daquele que foi tirado pelo mesmo preço da maria em direito pessoal, passando o ex-proprietário a reivindicar
desapropriação”. perdas e danos a título de indenização.
Didatismo e Conhecimento 53
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Não se pode falar em retrocessão quando o expropriante dá Departamentos e outros que, como característica inerente da
ao imóvel uma destinação pública diferente daquela especificado Administração Pública Direta, não possuem personalidade jurídi-
originalmente no ato expropriatório. Por exemplo: se um imóvel ca, pois não podem contrair direitos e assumir obrigações, haja
havia sido desapropriado para a construção de uma creche e aí é vista que estes pertencem a pessoa política (União, Estado, Distrito
construído um posto de saúde, o imóvel está sendo utilizado para Federal e Municípios).
um fim público, não cabendo neste caso a retrocessão. Este instituto A Administração direta não possui capacidade postulatória, ou
só poderá ser utilizado no caso de finalidade contrária ao interesse seja, não pode ingressar como autor ou réu em relação processual.
público, pois não se admite o mau emprego do bem expropriado. Exemplo: Servidor público estadual lotado na Secretaria da Fa-
Costuma-se chamar tredestinação a mudança da destinação do zenda que pretende interpor ação judicial pugnando o recebimento
bem expropriado para outro que não seja um fim social. Os tribu- de alguma vantagem pecuniária. Ele não irá propor a demanda em
nais tem entendido assim como a doutrina de que não configura face da Secretaria, mas sim em desfavor do Estado que é a pessoa
desvio de finalidade destinar bem expropriado a entidades privadas política dotada de personalidade jurídica para estar no outro pólo
voltadas para atividades de interesse social. da lide.
Didatismo e Conhecimento 54
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
AUTARQUIAS As fundações governamentais, sejam de personalidade de di-
reito público, sejam de direito privado, integram a Administração
As autarquias são pessoas jurídicas de direito público criadas Pública. A lei cria e dá personalidade para as fundações governa-
para a prestação de serviços públicos, contando com capital exclu- mentais de direito público. As fundações governamentais de direi-
sivamente público, ou seja, as autarquias são regidas integralmente to privado são autorizadas por lei e sua personalidade jurídica se
por regras de direito público, podendo, tão-somente, serem presta- inicia com o registro de seus estatutos.
doras de serviços e contando com capital oriundo da Administra- As fundações são dotadas dos mesmos privilégios que a Ad-
ção Direta (ex.: INCRA, INSS, DNER, Banco Central etc.). ministração direta, tanto na área tributária (ex.: imunidade prevista
no art. 150 da CF/88), quanto na área processual (ex.: prazo em
Características: dobro).
Dirigentes Próprios: Depois de criadas, as autarquias pos- As fundações respondem pelas obrigações contraídas junto a
suem uma vida independente, contando com dirigentes próprios. terceiros. A responsabilidade da Administração é de caráter subsi-
Patrimônio Próprio. diário, independente de sua personalidade.
As fundações governamentais têm patrimônio público. Se ex-
Liberdade Financeira: As autarquias possuem verbas próprias
tinta, o patrimônio vai para a Administração indireta, submetendo-
(surgem como resultado dos serviços que presta) e verbas orça-
se as fundações à ação popular e mandado de segurança. As par-
mentárias (são aquelas decorrentes do orçamento). Terão liberdade
ticulares, por possuírem patrimônio particular, não se submetem
para manejar as verbas que recebem como acharem conveniente, à ação popular e mandado de segurança, sendo estas fundações
dentro dos limites da lei que as criou. fiscalizadas pelo Ministério Público.
Liberdade Administrativa: As autarquias têm liberdade para
desenvolver os seus serviços como acharem mais conveniente EMPRESAS PÚBLICAS
(comprar material, contratar pessoal etc.), dentro dos limites da
lei que as criou. Empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito Privado,
criadas para a prestação de serviços públicos ou para a exploração
Controle: de atividades econômicas que contam com capital exclusivamente
Não existe hierarquia ou subordinação entre as autarquias e a público e são constituídas por qualquer modalidade empresarial.
Administração Direta. Embora não se fale em hierarquia e subor- Se a empresa pública é prestadora de serviços públicos, por con-
dinação, há que se falar, entretanto, em um controle de legalidade, seqüência está submetida a regime jurídico público. Se a empresa
ou seja, a Administração direta controlará os atos das autarquias pública é exploradora de atividade econômica, estará submetida a
para observar se estão dentro da finalidade e dentro dos limites regime jurídico igual ao da iniciativa privada.
legais. Alguns exemplos de empresas públicas:
BNDS (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e So-
FUNDAÇÕES PÚBLICAS cial): Embora receba o nome de banco, não trabalha como tal. A
única função do BNDS é financiar projetos de natureza social. É
Fundação é uma pessoa jurídica composta por um patrimônio uma empresa pública prestadora de serviços públicos.
personalizado, destacado pelo seu instituidor para atingir uma fi- EBCT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos): É pres-
nalidade específica. As fundações poderão ser tanto de direito pú- tadora de serviço público (art. 21, X, da CF/88).
blico quanto de direito privado. Caixa Econômica Federal: Atua no mesmo segmento das em-
As fundações que integram a Administração indireta, quando presas privadas, concorrendo com os outros bancos. É empresa
forem dotadas de personalidade de direito público, serão regidas pública exploradora de atividade econômica.
RadioBrás: Empresa pública responsável pela “Voz do Bra-
integralmente por regras de Direito Público. Quando forem dota-
sil”. É prestadora de serviço público.
das de personalidade de direito privado, serão regidas por regras de
direito público e direito privado.
As empresas públicas, independentemente da personalidade
O patrimônio da fundação pública é destacado pela Adminis- jurídica, têm as seguintes características:
tração direta, que é o instituidor para definir a finalidade pública. Liberdade financeira: Têm verbas próprias, mas também são
Como exemplo de fundações, temos: IBGE (Instituto Brasileiro contempladas com verbas orçamentárias;
Geográfico Estatístico); Universidade de Brasília; FEBEM; FU- Liberdade administrativa: Têm liberdade para contratar e de-
NAI; Fundação Memorial da América Latina; Fundação Padre mitir pessoas, devendo seguir as regras da CF/88. Para contratar,
Anchieta (TV Cultura). deverão abrir concurso público; para demitir, deverá haver moti-
Características: vação.
Liberdade financeira; Não existe hierarquia ou subordinação entre as empresas pú-
Liberdade administrativa; blicas e a Administração Direta, independentemente de sua fun-
Dirigentes próprios; ção. Poderá a Administração Direta fazer controle de legalidade
Patrimônio próprio: Patrimônio personalizado significa dizer e finalidade dos atos das empresas públicas, visto que estas estão
que sobre ele recai normas jurídicas que o tornam sujeito de direi- vinculadas àquela. Só é possível, portanto, controle de legalidade
tos e obrigações e que ele está voltado a garantir que seja atingido finalístico.
a finalidade para qual foi criado. A lei não cria, somente autoriza a criação das empresas públi-
Não existe hierarquia ou subordinação entre a fundação e a cas, ou seja, independentemente das atividades que desenvolvam,
Administração direta. O que existe é um controle de legalidade, a lei somente autorizará a criação das empresas públicas, não con-
um controle finalístico. ferindo a elas personalidade jurídica.
Didatismo e Conhecimento 55
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
A empresa pública será prestadora de serviços públicos ou Não existe hierarquia ou subordinação entre as sociedades de
exploradora de atividade econômica. A CF/88 somente admite a economia mista e a Administração Direta, independentemente da
empresa pública para exploração de atividade econômica em duas função dessas sociedades. No entanto, é possível o controle de le-
situações (art. 173 da CF/88): galidade. Se os atos estão dentro dos limites da lei, as sociedades
Fazer frente a uma situação de segurança nacional; não estão subordinadas à Administração Direta, mas sim à lei que
Fazer frente a uma situação de relevante interesse coletivo: as autorizou.
A empresa pública deve obedecer aos princípios da ordem eco- As sociedades de economia mista integram a Administração
nômica, visto que concorre com a iniciativa privada. Quando o Indireta e todas as pessoas que a integram precisam de lei para
Estado explora, portanto, atividade econômica por intermédio de autorizar sua criação, sendo que elas serão legalizadas por meio do
uma empresa pública, não poderão ser conferidas a ela vantagens e registro de seus estatutos.
prerrogativas diversas das da iniciativa privada (princípio da livre A lei, portanto, não cria, somente autoriza a criação das so-
concorrência). ciedades de economia mista, ou seja, independentemente das ati-
vidades que desenvolvam, a lei somente autorizará a criação das
Quanto à responsabilidade das empresas públicas, temos que:
sociedades de economia mista, não conferindo a elas personalida-
Empresas públicas exploradoras de atividade econômica: A
de jurídica (art. 37, XX, da CF/88).
responsabilidade do Estado não existe, pois, se essas empresas
públicas contassem com alguém que respondesse por suas obri- A Sociedade de economia mista, quando explora atividade
gações, elas estariam em vantagem sobre as empresas privadas. econômica, submete-se ao mesmo regime jurídico das empresas
Só respondem na forma do § 6.º do art. 37 da CF/88 as empresas privadas, inclusive as comerciais. Logo, a sociedade mista que ex-
privadas prestadoras de serviço público, logo, se a empresa pública plora atividade econômica submete-se ao regime falimentar. So-
exerce atividade econômica, será ela a responsável pelos prejuízos ciedade de economia mista prestadora de serviço público não se
causados a terceiros (art. 15 do CC); submete ao regime falimentar, visto que não está sob regime de
Empresas públicas prestadoras de serviço público: Como o livre concorrência.
regime não é o da livre concorrência, elas respondem pelas suas
obrigações e a Administração Direta responde de forma subsidiá- ENTIDADES PARAESTATAIS E O TERCEIRO SETOR
ria. A responsabilidade será objetiva, nos termos do art. 37, § 6.º,
da CF/88. As Entidades Paraestatais possuem conceituação bastante
Empresas públicas exploradoras de atividade econômica: confusa, os doutrinadores entram, em diversas matérias, em con-
Submetem-se a regime falimentar, fundamentando-se no princípio tradição uns com os outros.
da livre concorrência. Celso Antônio Bandeira de Mello acredita que as sociedades
Empresas públicas prestadoras de serviço público: não se de economia mista e as empresas públicas não são paraestatais;
submetem a regime falimentar, visto não estão em regime de con- sendo acompanhado por Marçal Justen Filho que acredita serem
corrência. apenas entidades paraestatais os serviços sociais autônomos.
Diferentemente do que eles acreditam, Hely Lopes Meirelles
SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA defende que as empresas públicas e as sociedades de economia
mista são paraestatais, juntamente com os serviços sociais autôno-
As sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de Di- mos. Hely Lopes Meirelles diz que as entidades paraestatais po-
reito Privado criadas para a prestação de serviços públicos ou para dem ser lucrativas por serem empresariais. Já Ana Patrícia Aguiar,
a exploração de atividade econômica, contando com capital misto Celso Antônio Bandeira de Mello e Marçal Justen Filho discordam
e constituídas somente sob a forma empresarial de S/A. As socie- dizendo que elas não devem ser lucrativas.
dades de economia mista são:
As entidades paraestatais são fomentadas pelo Estado através
Pessoas jurídicas de Direito Privado.
de contrato social, quando são de interesse coletivo. Não se sub-
Exploradoras de atividade econômica ou prestadoras de ser-
metem ao Estado porque são autônomas financeiramente e admi-
viços públicos.
Empresas de capital misto. nistrativamente, porém, por terem relevância social e se tratar de
Constituídas sob forma empresarial de S/A. capital público, integral ou misto, sofrem fiscalização, para não
fugirem dos seus fins.
Veja alguns exemplos de sociedade mista: Tem como objetivo a formação de instituições que contribuam
Exploradoras de atividade econômica: Banco do Brasil e Ba- com os interesses sociais através da realização de atividades, obras
nespa. ou serviços.
Prestadora de serviços públicos: Petrobrás, Sabesp, Metrô, Quanto às espécies de entidades paraestatais, elas variam de
CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano) e doutrinador para doutrinador. Hely Lopes Meirelles acredita que
CPOS (Companhia Paulista de Obras e Serviços, empresa respon- elas se dividem em empresas públicas, sociedades de economia
sável pelo gerenciamento da execução de contratos que envolvem mista e os serviços sociais autônomos, diferente de Celso Antônio
obras e serviços públicos no Estado de São Paulo). Bandeira de Mello, pois esse diz que as pessoas privadas exercem
As sociedades de economia mista têm as seguintes caracte- função típica (não exclusiva do Estado), como as de amparo aos
rísticas: hipossuficientes, de assistência social, de formação profissional.
Liberdade financeira; Para Marçal Justen Filho elas são sinônimos de serviço so-
Liberdade administrativa; cial autônomo, voltadas à satisfação de necessidades coletivas e
Dirigentes próprios; supra-individuais, relacionadas com questões assistenciais e edu-
Patrimônio próprio. cacionais.
Didatismo e Conhecimento 56
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Ana Patrícia Aguilar insere as organizações sociais na cate-
goria de entidades paraestatais, por serem pessoas privadas que 6.9. CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO
atuam em colaboração com o Estado, “desempenhando atividade PÚBLICA.
não lucrativa e às quais o Poder Público dispensa especial pro-
teção”, recebendo, para isso, dotação orçamentária por parte do
Estado.
As Entidades Paraestatais estão sujeitas a licitação, seguindo a A Administração Pública atua por meio de seus órgãos e seus
lei 8.666/93, para compras, obras, alienações e serviços em geral. agentes, os quais são incumbidos do exercício das funções públi-
Podendo também ter regulamentos próprios para licitar, mas com cas, ou seja, da atividade administrativa.
observância da lei. Devendo ser aprovados pela autoridade supe- A função administrativa existe nos três poderes, sendo que é
rior e obedecer ao princípio da publicidade. exercida tipicamente pelo Poder Executivo e atipicamente pelos
Seus empregados estão sujeitos ao regime Celetista, CLT. demais poderes (Poder Legislativo e Poder Judiciário).
Têm que ser contratados através de concurso público de acordo Cabe ao Poder Executivo, como função típica, administrar o
com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, ressalva- Estado, cuja forma de governo é uma República (art. 1º da CF).
das as nomeações para cargo em comissão. República quer dizer coisa pública, ou seja, a “administração pú-
A administração varia segundo a modalidade, civil ou comer- blica – sentido operacional” feita pelo Poder Executivo nada mais
cial, que a lei determinar. Seus dirigentes são estabelecidos na for- é do que administrar algo alheio, de toda a sociedade, por isso
ma da lei ou do estatuto. Podendo ser unipessoal ou colegiada. a Constituição Federal expressamente enunciar que “todo poder
Eles estão sujeitos a mandado de segurança e ação popular. emana do povo”.
Todavia, em nosso sistema não é o povo que diretamente ad-
TERCEIRO SETOR: O primeiro setor é o governo, que é ministra o Estado, razão pela qual escolhe seus representantes, que
responsável pelas questões sociais. O segundo setor é o privado, irão representá-lo no parlamento e editar as normas que os agentes
responsável pelas questões individuais. Com a falência do Estado, públicos, como administradores, deverão aplicar para alcançar o
o setor privado começou a ajudar nas questões sociais, através das pretendido e inafastável interesse da coletividade, interesse públi-
inúmeras instituições que compõem o chamado terceiro setor. Ou co.
seja, o terceiro setor é constituído por organizações sem fins lucra- Todavia, no manejo dos instrumentos à busca do interesse pú-
tivos e não governamentais, que tem como objetivo gerar serviços blico, no gozo e uso dos poderes que são atribuídos aos agentes
de caráter público. Os principais personagens do terceiro setor são: públicos para alcançar esses fins, podem os mesmos ultrapassar
A) Fundações: São as instituições que financiam o terceiro os limites legais e se acometer em abusos e ilegalidades. Por tal
setor, fazendo doações às entidades beneficentes. No Brasil, temos razão, tornam-se necessários fiscalização (preventiva) e controle
também as fundações mistas que doam para terceiros e ao mesmo dos atos da Administração Pública.
tempo executam projetos próprios. Neste passo, podemos conceituar controle como o conjunto de
B) Entidades Beneficentes: São as operadoras de fato, cui- mecanismos jurídicos para a correção e fiscalização das ativida-
dam dos carentes, idosos, meninos de rua, drogados e alcoólatras, des da Administração Pública.
órfãos e mães solteiras; protegem testemunhas; ajudam a preser-
var o meio ambiente; educam jovens, velhos e adultos; profissio- CLASSIFICAÇÃO DO CONTROLE
nalizam; doam sangue, merenda, livros, sopão; dão suporte aos
desamparados; cuidam de filhos de mães que trabalham; ensinam Quanto aos órgãos incumbidos do controle: (é uma tripar-
esportes; combatem a violência; promovem os direitos humanos e tição de controle)
a cidadania; cuidam de cegos, surdos-mudos; enfim, fazem tudo. a) Controle Legislativo – Feito pelo Poder Legislativo com o
C) Fundos Comunitários: As empresas doam para o Fun- auxílio do Tribunal de Contas.
do Comunitário, sendo que os empresários avaliam, estabelecem b) Controle Administrativo – Feito no próprio âmbito admi-
prioridades, e administram efetivamente a distribuição do dinhei- nistrativo, pode ser tutelar ou hierárquico.
ro. Um dos poucos fundos existente no Brasil, com resultados c) Controle Judicial - Feito pelo Poder Judiciário, o qual deve
comprovados, é a FEAC, de Campinas. ser necessariamente invocado (Princípio da Inércia – art. 2º do Có-
D) Entidades Sem Fins Lucrativos: Infelizmente, muitas digo de Processo Civil; Princípio do Amplo Acesso à Justiça – ar-
entidades sem fins lucrativos são, na realidade, lucrativas ou aten- tigo 5º, inciso XXXV, da CF).
dem aos interesses dos próprios usuários. Um clube esportivo, por
exemplo, é sem fins lucrativos, mas beneficia somente os seus Quanto ao âmbito:
respectivos sócios. a) Controle interno - É aquele feito por órgãos da própria Ad-
E) ONGs Organizações Não Governamentais: Nem toda ministração Pública, podendo ser hierárquico ou tutelar.
entidade beneficente ajuda prestando serviços a pessoas dire- a.1) O controle hierárquico é feito dentro de uma estrutura
administrativa hierarquizada, portanto, pressupõe, via de regra,
tamente. Uma ONG que defenda os direitos da mulher, fazendo
desconcentração administrativa. Ex.: controle de ato de um depar-
pressão sobre nossos deputados, está ajudando indiretamente todas
tamento por uma secretaria.
as mulheres.
a.2) O controle tutelar, também chamado de Supervisão Mi-
nisterial, é feito também em âmbito administrativo, todavia, por
outra pessoa jurídica distinta daquela donde precede o ato. Em ver-
dade, não é um controle hierárquico, pois não há hierarquia entre
Didatismo e Conhecimento 57
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
as pessoas jurídicas distintas (União Federal e Autarquia Federal, Todavia, é importante assinalar que nem todos os elementos
por exemplo), mas apenas um controle finalístico da controlada. do denominado “ato discricionário” são realmente discricionários.
Por isso, quando cabível recurso da pessoa controlada para a con- Mesmo nos atos discricionários os elementos: a) sujeito, b) forma
troladora, o mesmo é chamado de recurso hierárquico impróprio. e c) finalidade são vinculados e, portanto, sujeitos ao controle de
b) Controle externo - É aquele feito por estrutura diversifica- legalidade pelo Poder Judiciário.
da, como, por exemplo, Poder Legislativo e Poder Judiciário.
Quanto ao momento:
Controle de legalidade e de mérito: a) Prévio ou preventivo - É aquele que ocorre antes de a ativi-
a) Controle de legalidade - É aquele em que se verifica se a dade ser desenvolvida.
conduta do agente público se deu conforme a Lei (fundamento no b) Concomitante - É aquele que ocorre no momento em que a
artigo 37, caput, da Constituição Federal). A Administração Pú- atividade se desenvolve.
blica se manifesta por diversos atos (atos da Administração), dos c) A posteriori - Ocorre depois de praticado o ato.
quais uma das espécies é o ato administrativo.
Fundamento legal – artigo 2º da Lei de Ação Popular. Quando Controle de ofício e provocado em âmbito Administrativo:
o ato for vinculado, não há qualquer margem de discricionariedade a) De ofício - É uma prerrogativa da Administração de reparar
para o agente administrativo praticar o ato, sendo que as razões, a seus próprios enganos, erros. Tem base no Princípio da Legalidade,
forma, a finalidade a ser alcançada e o agente incumbido de prati- donde se extrai o Princípio da Auto Tutela Administrativa, prin-
car o ato já estão devidamente descritos na lei, sendo vedada qual- cípio este inclusive reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal
quer alteração por parte do agente. (Súmula nº 473).
A lei, todavia, em certos casos, regula certa situação em ter- b) Provocado - Um terceiro se dirige à Administração para a
mos tais que não resta para o administrador margem alguma de correção de um ato. Pode ser feito por diversas formas de impug-
liberdade, posto que a norma a ser implementada prefigura ante- nação.
cipadamente com rigor e objetividade absolutos os pressupostos
requeridos para a prática do ato e o conteúdo que este obrigato- LIMITES E GARANTIAS
riamente deverá ter uma vez ocorrida a hipótese legalmente pre-
vista. Nestes lanços diz-se que há vinculação e, de conseguinte, Todo ato administrativo possui dois aspectos; a discricionarie-
que o ato a ser expedido é vinculado”. dade, na qual o agente analisando a finalidade pública deve esco-
Nestes termos, basta fazer uma fácil análise de comparação lher qual ação é a melhor a ser praticada, e a legalidade, na qual a
entre a lei e o ato administrativo, de sorte que, se algum de seus forma, espécie e meio pela qual a ação administrativa foi efetuada.
elementos estiver em desacordo com a Lei, tem-se que o ato é ile- É pacífica a decisão que somente cabe apreciação judiciária no âm-
gal e, por isso, sujeito à correção, seja pela Administração Pública, bito da legalidade do ato administrativo.
que poderá fazê-lo de ofício (Súmula nº 473 do STF – Princípio da Contudo, cabe ressalvar, que inexiste ato absolutamente dis-
Auto Tutela Administrativa) ou a requerimento, através da inter- cricionário, a discricionariedade permitida aos agentes públicos, é
posição de recursos cabíveis, seja pelo Poder Judiciário, sempre revestidas de princípios legais que devem ser seguidos na escolha
por requerimento da parte interessada, dado o fato que uma das de qual instrumento, atitude ou posicionamento será utilizado pela
qualidades da jurisdição é a inércia. administração, ou seja, nos atos discricionários o agente tem o de-
b) Controle de mérito - Aquele que examina os aspectos da ver de escolher dentre as possibilidades dadas pela lei, mas sempre
conduta da Administração Pública sob os prismas de conveniên- se baseando nos princípios que regem a administração pública e
cia e oportunidade. Neste contexto, somente haverá controle de não na mera conveniência, todo ato discricionário deve ter sua mo-
mérito nos atos administrativos discricionários, visto que, nos di- tivação expressa e fundamentada.
tos atos vinculados, a oportunidade e conveniência inexistem em No mesmo sentido fundamenta Hely Lopes:
razão da estrita observância da lei em todos os aspectos do ato “Nem mesmo os atos discricionários refogem do controle ju-
administrativo. dicial, porque, quanto à competência, constituem matéria de lega-
É sabido de todos que o mérito do ato administrativo nada lidade, tão sujeita ao confronto da Justiça como qualquer outro
mais é que a opção tomada pelo administrador em um caso con- elemento do ato vinculado. (…) Daí porque o Judiciário terá que
creto na incessante busca de um interesse público, opção esta las- examinar o ato argüido de discricionário, primeiro, para verificar
treada em critérios de conveniência e oportunidade. Em verdade, se realmente o é; segundo, para apurar se a discrição não desbor-
perfazem o mérito do ato administrativo o motivo e o objeto do ato dou para o arbítrio.”
administrativo. Porém o Poder Judiciário é limitado ao apreciar os atos admi-
Estes elementos (motivo e objeto) é que, nos chamados atos nistrativos, este limite é encontrado no julgamento de mérito do ato
discricionários, são efetivamente discricionários, sendo que, no discricionário. Não pode o controle judicial intervir em aspectos
que toca respeito aos mesmos, e não havendo ilegalidade ou fal- políticos e de auto-organização dos atos administrativos, pois é de
ta de razoabilidade, suas análises ficam restritas à Administração exclusiva escolha da Administração optar por determinada ação por
Pública. ser esta melhor a sua eficiência ou posicionamento ideológico-polí-
Somente nos casos em que esses elementos que perfazem o tico, obviamente, respeitando os limites legais, estes, sim, passíveis
mérito do ato administrativo forem ilegais ou desproporcionais ou de apreciação do judiciário.
não pautados em critérios razoáveis, é que poderão ser objeto de Novamente aponta o doutrinador mestre Hely Lopes:
análise pelo Poder Judiciário. “O que o Judiciário não pode é ir além do exame de legalida-
de para emitir um juízo de mérito sobre os atos da Administração.”
Didatismo e Conhecimento 58
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Vale ressalvar que é passível de controle os aspectos morais O dano que gera a indenização deve ser:
dos atos administrativos. Retomando que a moralidade é um prin- Certo: É o dano real, efetivo, existente. Para requerer indeniza-
cípio legal a ser seguido pela administração pública em qualquer ção do Estado é necessário que o dano já tenha sido experimentado.
ato a ser praticado. Não se configura a possibilidade de indenização de danos que podem
Tomando por fundamento que a Administração Pública só eventualmente ocorrer no futuro.
pode agir por determinação legal, ao contrário do particular que Especial: É o dano que pode ser particularizado, aquele que não
pode fazer qualquer coisa não vedada por lei, todo ato administra- atinge a coletividade em geral; deve ser possível a identificação do
tivo tem de ter motivação legal, o agente deve explicar as razões particular atingido.
de estar agindo desta maneira dentro da sua discricionariedade e Anormal: É aquele que ultrapassa as dificuldades da vida co-
não de outra maneira, sempre fundamentando em princípios da mum, as dificuldades do cotidiano.
administração pública. Se todo ato deve ser fundamentado em Direto e imediato: O prejuízo deve ser resultado direito e imedia-
princípios legais, qualquer ato que não tenha fundamento legal ou to da ação ou omissão do Estado, sem quebra do nexo causal.
O dano indenizável pode ser material e/ou moral e ambos podem
cujo fundamento seja contrário aos princípios legais é passível de
ser requeridos na mesma ação, se preencherem os requisitos expostos.
revisão judicial, pois todo o ato se tornaria ilegal.
Aquele que é investido de competências estatais tem o dever
Concluindo, o controle judicial dos atos administrativos pú-
objetivo de adotar as providências necessárias e adequadas a evitar
blicos é completamente possível diante do nosso ordenamento danos às pessoas e ao patrimônio. É mais apropriado aludir a uma
cuja jurisdição é una e inafastável. Contudo tal apreciação tem objetivação da culpa.
seus limites ligados as legalidades dos atos, não apenas formal, Quando o Estado infringir esse dever objetivo e, exercitando suas
mas também no que tange aos princípios administrativos, ou seja, competências, der oportunidades a ocorrências do dano, estarão pre-
pode o Judiciário apreciar atos discricionários no que tange a mo- sentes os elementos necessários a formulação de um juízo de reprova-
tivação dada pelo agente, pois esta motivação deve se basear em bilidade quanto a sua conduta.
princípios legais. Não é necessário investigar a existência de uma vontade psíqui-
ca no sentido da ação ou omissão causadoras do dano. A omissão da
conduta necessária e adequada consiste na materialização de vontade,
6.10. RESPONSABILIDADE DO ESTADO. defeituosamente desenvolvida. Logo, a responsabilidade continua a
envolver um elemento subjetivo, consiste na formulação defeituosa
da vontade de agir ou deixar de agir.
Não há responsabilidade civil objetiva do Estado, mas há presun-
A responsabilidade do Estado se traduz numa obrigação, atri- ção de culpabilidade derivada da existência de um dever de diligência
buída ao Poder Público, de compor os danos patrimoniais causa- especial. Tanto é assim que, se a vitória tiver concorrido para o evento
dos a terceiros por seus agentes públicos, tanto no exercício das danoso, o valor de uma eventual condenação será minimizado.
suas atribuições, quanto agindo nessa qualidade. Essa distinção não é meramente acadêmica, especialmente por-
O Estado responde pelos danos causados com base no concei- que a avaliação do elemento subjetivo é indispensável, em certas cir-
to de nexo de causalidade – na relação de causa e efeito existente cunstâncias, para a determinação da indenização devida.
entre o fato ocorrido e as conseqüências dele resultantes. A Constituição Federal de 1988, seguindo uma tradição estabele-
Não se cogita a necessidade de, aquele que sofreu o prejuízo, cida desde a Constituição Federal de 1946, determinou, em seu art. 37
comprovar a culpa ou o dolo, bastando apenas a demonstração do Parágrafo 6º, a responsabilidade objetiva do Estado e responsabilida-
nexo de causalidade. Vamos conferir a redação do §6º do artigo 37 de subjetiva do funcionário.
da Constituição Federal: Em que pese a aplicação da teoria da responsabilidade objetiva
ser adotada pela Constituição Federal, o Poder Judiciário, em deter-
minados julgamentos, utiliza a teoria da culpa administrativa para
§6º: As pessoas jurídicas de direito público e as de direito pri-
responsabilizar o Estado em casos de omissão. Assim, a omissão na
vado, prestadoras de serviços públicos, responderão pelos danos
prestação do serviço público tem levado à aplicação da teoria da culpa
que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegu- do serviço público (faute du service). A culpa decorre da omissão do
rado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo Estado, quando este deveria ter agido e não agiu. Por exemplo, o Po-
ou culpa. der Público não conservou adequadamente as rodovias e ocorreu um
acidente automobilístico com terceiros.
Pessoas jurídicas de direito público são aquelas que integram Quanto à reparação do dano, esta pode ser obtida administrati-
a Administração (direta e indireta). As empresas públicas e as so- vamente ou mediante ação de indenização junto ao Poder Judiciário.
ciedades de economia mista respondem quando estiverem pres- Para conseguir o ressarcimento do prejuízo, a vítima deverá demons-
tando serviço público. Aquelas que exploram atividade econômica trar o nexo de causalidade entre o fato lesivo e o dano, bem como o
não se obrigam a responder de acordo com o art. 37, § 6.º, da Cons- valor do prejuízo.
tituição Federal; sua responsabilidade equipara-se à das empresas Uma vez indenizada a vítima, fica a pessoa jurídica com direito
privadas, ou seja, é subjetiva, depende da demonstração de culpa. de regresso contra o responsável, isto é, com o direito de recuperar o
Dessa forma, há pessoas que integram a Administração Pú- valor da indenização junto ao agente que causou o dano, desde que
blica e não respondem na forma do § 6.º do art. 37 da Constitui- este tenha agido com dolo ou culpa. Observe-se que não está sujeito
ção Federal, contudo, existem pessoas que, embora não integrem a prazo prescricional a ação regressiva contra o agente público que
a Administração Pública, respondem na forma do § 6.º do art. 37 agiu com dolo ou culpa para a recuperação dos valores pagos pelos
(Exemplo: concessionários e permissionários que prestam servi- cofres públicos, conforme inteligência do art. 37, parágrafo 5º da
ços públicos). Constituição Federal:
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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§5º: A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos pra- Responsabilidade Legislativa: O Estado responde por leis
ticados por qualquer agente servidor ou não, que causem prejuízos inconstitucionais que causarem prejuízos a terceiros, desde que a
ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento. inconstitucionalidade tenha sido declarada pelo Poder Judiciário.
Os prejuízos não se limitam ao dano efetivo, englobando os lucros
A responsabilidade do Poder Público não existirá ou será ate- cessantes e os danos emergentes.
nuada quanto a conduta da Administração Pública não der causa ao Responsabilidade dos Agentes Públicos: No que diz respei-
prejuízo, ou concorrem outras circunstâncias que possam afastar to à responsabilidade dos servidores, podemos dizer que ao exer-
ou mitigar sua responsabilidade. Em geral, são chamadas causas cer funções públicas, os servidores públicos não estão desobriga-
excludentes da responsabilidade estatal; a força maior e a culpa dos de se responsabilizar por seus atos, tanto atos públicos quanto
exclusiva da vítima. atos administrativos, além dos atos políticos, dependendo de sua
Nestes casos, não existindo nexo de causalidade entre a con- função, cargo ou emprego.
duta da Administração e o dano ocorrido, a responsabilidade esta- Esta responsabilidade é algo indispensável na atividade admi-
tal será afastada. nistrativa, ou seja, enquanto houver exercício irregular de direito
Numa hipótese de força maior, ou seja, de um acontecimento ou de poder a responsabilidade deve estar presente. É uma forma
excepcional e imprevisível, alheio a vontade do Estado, como um de manter a soberania e a autenticidade dos órgãos públicos.
raio que incendeia uma casa, não cabe responsabilizar o Poder Pú- Quanto o Estado repara o dano, fica com direito de regresso
blico pelo sinistro ocorrido. contra o responsável, isto é, com o direito de recuperar o valor da
Existe, entretanto, a possibilidade de responsabilizar o Estado, indenização junto ao agente que causou o dano.
mesmo na ocorrência de uma circunstância de força maior, desde Efetivamente, o direito de regresso, em sede de responsabili-
que a vítima comprove o comportamento culposo da Administra- dade estatal, configura-se na pretensão do Estado em buscar do seu
ção Pública. agente, responsável pelo dano, a recomposição do erário, uma vez
Por exemplo, num primeiro momento, uma enchente que cau- desfalcado do montante destinado ao pagamento da indenização à
sou danos a particulares pode ser entendida como uma hipótese vítima. Nesse aspecto, o direito de regresso é o direito assegurado
de força maior e afastar a responsabilidade Estatal, contudo, se o ao Estado no sentido de dirigir sua pretensão indenizatória con-
particular comprovar que os bueiros entupidos concorreram para o tra o agente responsável pelo dano, quando tenha este agido com
incidente, o Estado também responderá, pois a prestação do servi- culpa ou dolo.
ço de limpeza pública foi deficiente. O agente público poderá ser responsabilizado nos âmbitos ci-
Ensina Maria Sylvia Zanella Di Pietro que “na hipótese de vil, penal e administrativo.
caso fortuito, em que o dano seja decorrente de ato humano, de
falha da Administração, não ocorre exclusão; quando se rompe, a) Responsabilidade Civil: Neste caso, responsabilidade civil
por exemplo, uma adutora ou um cabo elétrico, causando dano a se refere à responsabilidade patrimonial, que faz referência aos
terceiros, não se pode falar em força maior”. Atos Ilícitos e que traz consigo a regra geral da responsabilidade
Nos casos em que está presente a culpa da vítima, duas situa- civil, que é de reparar o dano causado a outrem. O órgão público,
ções podem surgir: confirmada a responsabilidade de seus agentes, como preceitua a
a) O Estado não responde, desde que comprove que houve no art.37, §6, parte final do Texto Maior, é “assegurado o direito de
culpa exclusiva do lesado; regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”, descon-
b) O Estado responde parcialmente, se demonstrar que houve tará nos vencimentos do servidor público, respeitando os limites
culpa concorrente do lesado para a ocorrência do dano. mensais, a quantia exata para o ressarcimento do dano.
Observe-se que cabe ao Poder Público o ônus de provar a cul-
pa da vítima ou a existência de força maior. b) Responsabilidade Administrativa: A responsabilidade ad-
ministrativa é apurada em processo administrativo, assegurando-se
Responsabilidade Judicial: De acordo com o art 5.º, inc. ao servidor o contraditório e a ampla defesa. Uma vez constatada a
LXXV, da Constituição Federal, o Estado responde por erro judi- prática do ilícito administrativo, ficará o servidor sujeito à sanção
cial, assim como na hipótese do condenado previsto na sentença. administrativa adequada ao caso, que poderá ser advertência, sus-
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, pensão, demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade,
assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença; destituição de cargo em comissão ou destituição de função comis-
Não exclui ou atenua a responsabilidade do Estado, o fato do sionada. A penalidade deve sempre ser motivada pela autoridade
agente não ingressar com ação no momento cabível para sair da competente para sua aplicação, sob pena de ser nula. Na motivação
prisão (não há culpa concorrente). da penalidade, devem estar presentes os motivos de fato (os atos
O erro judicial configura-se quando a sentença é dada além irregulares praticados pelo servidor) e os motivos de direito (os
dos limites fixados no ordenamento jurídico. Quando a sentença é dispositivos legais ou regulamentares violados e a penalidade pre-
reformada em segunda instância, não há erro judicial. vista). Se durante a apuração da responsabilidade administrativa a
A motivação da decisão serve para verificar se a sentença ul- autoridade competente verificar que o ilícito administrativo tam-
trapassa seus limites (consiste em mencionar o dispositivo legal bém está capitulada como ilícito penal, deve encaminhar cópia do
aplicável e relacionar os fatos que concretamente levaram à sua processo administrativo ao Ministério Público, que irá mover ação
aplicação). penal contra o servidor
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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
c) Responsabilidade Penal: A responsabilidade penal do servi-
dor é a que resulta de uma conduta tipificada por lei como infração
penal. A responsabilidade penal abrange crimes e contravenções
imputadas ao servidor, nessa qualidade. Muitos dos crimes funcio-
nais estão definidos no Código Penal, artigos 312 a 326, como o
peculato, a concussão, a corrupção passiva, a prevaricação etc. Ou-
tros estão previstos em leis especiais federais. A responsabilidade
penal do servidor é apurada em Juízo Criminal. Se o servidor for
responsabilizado penalmente, sofrerá uma sanção penal, que pode
ser privativa de liberdade (reclusão ou detenção), restritiva de di-
reitos (prestação pecuniária, perda de bens e valores, prestação de
serviço à comunidade ou a entidades públicas, interdição tempo-
rária de direitos e limitação de fim de semana) ou multa (Código
Penal, art. 32).
Importante ressaltar que a decisão penal, apurada por causa da
responsabilidade penal do servidor, só terá reflexo na responsabi-
lidade civil do servidor se o ilícito penal tiver ocasionado prejuízo
patrimonial (ilícito civil). A responsabilidade civil do servidor será
afastada se, no processo criminal, o servidor for absolvido por ter
sido declarada a inexistência do fato ou, quando o fato realmente
existiu, não tenha sido imputada sua autoria ao servidor. Notem
que, se o servidor for absolvido por falta ou insuficiência de pro-
vas, a responsabilidade civil não será afastada.
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