Palavras-chave: Atmosferas explosivas; Zonas ATEX; Manual ATEX; Avaliação do Risco ATEX
R1: De acordo com o estabelecido no Decreto-Lei n.º 236/2003, de 30 de setembro, uma atmosfera
ATEX, ou atmosfera explosiva é “uma mistura com o ar, em condições atmosféricas, de substâncias
inflamáveis sob a forma de gases, vapores, névoas ou poeiras, na qual, após ignição, a combustão se
propague a toda a mistura não queimada”. Assim, ao contrário do que a designação ATEX intuitivamente
Sinal de aviso
sugere, atmosferas explosivas não são apenas as que em condições atmosféricas apresentam um destinado a assinalar
as áreas onde se
potencial risco de explosão no sentido clássico do termo, mas também todas as que apresentem podem formar
atmosferas explosivas
caraterísticas de inflamabilidade.
R2: De um modo geral, para que uma substância seja classificada como ATEX é necessário que a mesma seja inflamável ou
combustível. Tal facto por si só não é condição suficiente, uma vez que necessita ainda de reunir um conjunto de outras
condições para que possa formar uma atmosfera explosiva (por exemplo no caso dos líquidos inflamáveis é necessário que
possua um ponto de inflamação igual ou inferior à temperatura que pode ser atingida no local onde a substância se encontra).
Por este motivo, para saber se uma substância presente num determinado local pode gerar uma atmosfera explosiva é
essencial conhecer as suas propriedades, com o objetivo de caraterizar o seu comportamento e os perigos que representa.
Entre diversas caraterísticas a avaliar, podemos destacar:
Caraterísticas da substância;
- Temperatura (ponto) de inflamação (líquidos);
- Limites de inflamabilidade/explosividade;
- Temperatura de autoignição;
- Concentração mínima de oxigénio;
- Energia mínima de ignição.
Temperatura do local onde a substância se encontra.
Assim, por exemplo, é possível que uma mesma substância seja considerada ATEX numa unidade em determinadas condições
de processo, mas não o seja quando utilizada em outra unidade onde nunca será atingida a sua temperatura de inflamação.
Diretiva 1994/9/CE (ATEX 100) – Diretiva comercial, focalizada na harmonização de requisitos de segurança de
equipamentos e sistemas de proteção destinados a ser utilizados em atmosferas explosivas;
Diretiva 1999/92/CE (ATEX 137) – Diretiva social, focalizada na segurança e saúde dos trabalhadores expostos a
riscos derivados de atmosferas explosivas;
Decreto-Lei n.º 236/2003, de 30 de setembro - Transpõe para a ordem jurídica nacional a Diretiva n.º
1999/92/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 16 de dezembro, relativa às prescrições mínimas
destinadas a promover a melhoria da proteção da segurança e da saúde dos trabalhadores suscetíveis de ser
expostos a riscos derivados de atmosferas explosivas.
P5: A que tipo de instalações, atividades ou processos se aplica a regulamentação ATEX? E quais as exceções?
Refinarias Agricultura
Quais as exceções?
Excetuam-se atividades ou setores aos quais seja aplicável legislação específica, ou que se encontrem ao abrigo de outras
entidades que assegurem adequada proteção aos seus trabalhadores. A título de exemplo é possível citar:
Transportes rodoviários, ferroviários, marítimos ou aéreos (aplicação ADR, RID, ADNR, ICAO, etc).
P8: Uma empresa que possua apenas um posto de abastecimento de combustível tem de elaborar manual ATEX?
Assim, sempre que é classificada uma zona ATEX deve ser elaborado um manual em que constem todos os aspetos relevantes
a ela aplicáveis.
P9: Que metodologias podem ser aplicadas para realizar uma avaliação dos riscos numa atmosfera potencialmente
explosiva?
P10: Que classificação ATEX deve ser atribuída a cada área perigosa identificada?
R10: Existem, atualmente, duas normas de referência para a classificação de áreas perigosas:
EN 60079-10-1
- Equipamentos elétricos para Atmosferas Explosivas sob a forma de Gases,
Vapores e Névoas;
- Classificação das áreas perigosas em: Zona 0; Zona 1; Zona 2.
- Exclui: minas; áreas onde são manipuladas poeiras combustíveis; falhas
catastróficas.
EN 60079-10-2:
- Equipamentos elétricos para Atmosferas Explosivas sob a forma de Poeiras
Combustíveis;
- Classificação das áreas perigosas em: Zona 20; Zona 21; Zona 22;
- Exclui: minas; áreas onde são manipulados gases, vapores e névoas; falhas
catastróficas; explosivos.
Para além destas duas normas, existe também um conjunto de diversas normas setoriais ou específicas de um dado processo,
que poderão e deverão ser empregues, sempre que sejam diretamente aplicáveis ao setor/processo a ser avaliado.
Analogia – As normas de referência apresentam exemplos de casos típicos de áreas perigosas. Nos casos em que os
processos a avaliar possuem uma grande similaridade com estes casos típicos, a extensão das diversas zonas geradas
poderá ser determinada por analogia com os casos típicos apresentados nas normas;
Modelação – Utilizando um programa de modelação, concebido tendo como base de cálculo as normas de referência,
é possível obter a extensão de cada uma das zonas em causa mediante a quantificação de variáveis pré-estabelecidas;
Cálculo matemático – Tomando como base as fórmulas apresentadas nas normas de referência, são efetuados os
cálculos necessários à determinação da extensão das áreas.
P12: Quais os fatores críticos a considerar no que respeita à formação de uma atmosfera ATEX com origem em poeiras?
R12: Um dos principais riscos que advém da utilização de reagentes sólidos, em pó, é a formação de poeiras combustíveis que
podem, se reunidas condições adequadas, explodir (70 % dos pós manuseados na indústria são combustíveis, logo possuem
potencial para gerar uma atmosfera explosiva). Assim, afigura-se essencial conhecer as caraterísticas e propriedades dos
mesmos (materiais que podem formar nuvens de poeiras combustíveis), nomeadamente:
Humidade;
P13: Que medidas podem ser sugeridas para prevenção da formação de atmosferas explosivas?
R13: Podem ser adotados dois tipos de medidas de proteção contra explosões:
Medidas técnicas
- Limitar a concentração
- Inertizar
- Descarga de explosão
- Supressão da explosão
Medidas organizacionais:
Manutenção
Inspeção e controlo
Normas e procedimentos
Fonte: Guia de boa prática para aplicação da Diretiva 1999/92/CE,
Comissão Europeia, Abril de 2003.
P14: Que equipamentos podem ser utilizados numa zona classificada como ATEX?
R14: Os equipamentos e sistemas de proteção a utilizar em zonas classificadas como ATEX devem ser selecionados tomando
como base os requisitos estabelecidos na seguinte regulamentação:
Diretiva 94/9/CE (ATEX 100) - Harmonização dos requisitos de segurança de equipamentos e sistemas de proteção
destinados a ser utilizados em atmosferas explosivas;
Decreto-Lei n.º 112/1996, de 5 de agosto – Requisitos de segurança de aparelhos e sistemas de proteção destinados
a ser utilizados em atmosferas potencialmente explosivas;
De um modo geral, a seleção dos equipamentos do grupo II (equipamentos destinados a outros locais que não minas) deve ser
efetuada atendendo ao tipo de zona em que o equipamento irá ser utilizado. Na tabela 1 encontram-se sistematizadas as
categorias de equipamentos que poderão ser utilizados em cada tipo de zona.
Categoria do Categoria do
Zona Zona
equipamento equipamento
0 1G 20 1D
1 1G ou 2G 21 1D ou 2D
2 1G ou 2G ou 3G 22 1D ou 2D ou 3D
P16: Uma ferramenta dita “normal” de aço pode constituir uma fonte de ignição?
P17: As ferramentas que geram chispas não podem ser utilizadas em zonas classificadas?