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A comunicação científica a partir da WEB 2.0: os blogs como repositórios de


informações científicas

Daniel Abraão Pando

danielpando@bol.com.br

1 Introdução

Nunca em qualquer outra época da humanidade houve tamanha quantidade de


comunicação, troca e acesso a informação como na era da Internet. A comunicação tem sido
exercitada por uma quantidade cada vez mais crescente de usuários da Internet.

A partir do desenvolvimento de novas tecnologias e principalmente com a facilidade


cada vez maior de se postar informações nos mais diversos instrumentos que o advento da
WEB 2.0 proporcionou surge uma nova realidade no que diz respeito a publicação e
disseminação da informação científica.

A partir de uma experiência própria na orientação de trabalhos de conclusão de curso a


nível de graduação e pós-graduação algumas indagações vem me fazendo pensar nessa
questão a respeito da publicação científica que é utilizada no desenvolvimento de artigos,
monografias, dissertações e teses. Será que as informações que não estão em formatos
tradicionais como revistas científicas (impressas ou online) e bases de dados institucionais são
utilizadas no desenvolvimento dos referidos trabalhos com o mesmo peso científico? Como a
comunidade científica se posiciona em relação a essa questão? Isso porque muitos professores
que fazem parte de bancas de defesas de trabalhos acabam questionando o uso dessas
informações visto que muitas delas são publicadas em páginas pessoais como os blogs, por
exemplo.

Se por um lado a forma tradicional de divulgação científica ainda goza de um grande


prestígio junto à comunidade científica, por outro lado, é também crescente a opinião
daqueles que apoiam as publicações em outros formatos que não apenas os, por assim
dizermos, tradicionais meios de divulgação científica, dentre os quais poderíamos citar o
movimento Open Access (Livre Acesso) que defende o livre acesso a revistas científicas e
informações científicas ou o movimento Open Archives (arquivos abertos) que segue a mesma
linha de pensamento.

Bem, não precisamos ir muito longe para ver que essa discussão tem defensores
acalorados de ambos os lados e no meio disso tudo fica o aluno ou pesquisador que muitas
vezes deixa de usar uma informação disponibilizada nesses formatos optando por se pautar
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apenas nas fontes tradicionais de consulta (livros e periódicos científicos – impressos ou


onlines). Porém, num mundo em que, como afirma Morin, “a única certeza é a incerteza” e
com os constantes desenvolvimentos com o qual nos deparamos as vezes esperar seis meses
ou mais para um estudo ser „publicado‟ pode ser fatal num processo de pesquisa.

Assim, para não estudarmos todos os mecanismos que são oferecidos pela WEB 2.0, o
que acabaria por estender muito o escopo deste artigo optamos por estudar apenas uma
ferramenta que, no nosso entendimento, é de fundamental importância para tentarmos
compreender esse fenômeno atual. Essa ferramenta é o blog. A escolha dela se deu por se
tratar de um espaço pessoal em que vários cientistas e pesquisadores acabam por publicar suas
pesquisas ou descobertas e por ser de fácil acesso para utilizá-lo, ou seja, qualquer pessoa
conectada à Internet pode ter acesso a essa ferramenta sem que seja preciso se cadastrar ou
fazer uma página pessoal em programas específicos como acontece em outras ferramentas
como por exemplo o Orkut, o Twitter ou o Facebook em que o usuário precisa fazer parte da
“comunidade” para se comunicar.

Além disso, os blogs são, junto com os games, os chats e os softwares sociais um dos
fenômenos mais populares da cibercultura. Eles constituem hoje uma realidade em muitas
áreas, criando sinergias e reconfigurações na indústria cultural, na política, no entretenimento,
nas redes de sociabilidade, nas artes. Os blogs são criados para os mais diversos fins,
refletindo um desejo reprimido pela cultura de massa: o de ser ator na emissão, na produção
de conteúdo e na partilha de experiências. O blog se tornou um espaço para lançar idéias e
fornecer informações, podendo servir como um observatório sobre a pesquisa atual e como
catálogo de projetos, livros, artigos e ensaios de vários pesquisadores. O diferencial em
relação aos outros meios de comunicação é a facilidade de uso e integração de diversos tipos
de mídias, como imagens, documentos, vídeos e animações, e também a facilidade de
interação com o leitor por meio de comentários (LEMOS, 2009).

Sabemos que não há resposta simples para essa questão. Desse modo, temos como
objetivo geral analisar qual a opinião da comunidade científica, notadamente os professores
orientadores sobre o uso desse tipo de informação como fonte para a construção do
conhecimento científico. A hipótese que se lança é que este tipo de informação ainda não é
vista como uma fonte confiável para o uso em trabalhos científicos.

Nesse sentido, o desafio é achar uma saída criativa que evite o pensamento binário e
simplório que, por um lado, insiste entre a “mediação” clássica (dos pares, dos editores, dos
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sábios) e, por outro, no populismo pobre que dá voz a todos sem hierarquias de valores e sem
compromisso com a qualidade das informações disponibilizadas.

2 Objetivos

2.1 Objetivo geral:

Analisar a opinião da comunidade científica sobre a utilização de informações que são


colhidas em blogs pessoais de pesquisadores no desenvolvimento de trabalhos acadêmico-
científicos.

2.2 Objetivos específicos:

 Estudar o surgimento e desenvolvimento das ferramentas de divulgação científica a


partir da WEB 2.0;
 Verificar como se dá o uso de informações científicas a partir de páginas pessoais
(blogs) de pesquisadores;
 Analisar as motivações dos pesquisadores e como os mesmos estabelecem processos
de comunicação científica através dos links de seus blogs;
 Subsidiar reflexões na área sobre o uso das referidas ferramentas, especialmente os
blogs, no processo de construção do conhecimento científico.

3 Justificativa

Estudos de cunho teórico, metodológico e aplicado, abordando a produção e o uso da


informação para a compreensão de fenômenos sociais mediados pelas tecnologias da
informação e comunicação (TIC), a partir dos enfoques da cibercultura, comunicação
científica, interação mediada por computador, redes sociais na internet, imagem enquanto
informação e comunicação tem sido objeto de constantes estudos e pesquisas por parte da
comunidade acadêmica.

No entanto, com a nova realidade proporcionada pelas tecnologias outras questões


acabam surgindo como aquelas que dizem respeito à criação e disseminação de informações
de cunho científico.
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Sabe-se que a pesquisa que não é publicada não existe para a comunidade científica e
que o conhecimento científico segue uma trajetória desde que é concebido pelo pesquisador
até sua publicação.

Esse caminho, tradicionalmente segue a criação, análise pela comunidade científica e


posterior publicação dos referidos estudos em instrumentos que são consolidados na área
como as revistas científicas e as bases de dados institucionais. Porém, cresce a cada dia a
disponibilização de informações que não seguem essa ordem ou esse caminho. Ou seja,
diversos pesquisadores, pelos mais diferentes motivos acabam por disponibilizarem resultados
de pesquisas em suas páginas pessoais, como os blogs, sem necessariamente estarem ligados a
instituições de ensino ou periódicos científicos.

Isso porque o blog é um meio de comunicação que permite a expressão do autor e sua
comunicação com seus leitores numa interação dinâmica. Mas, ao mesmo tempo que o blog
se constitui em mais uma alternativa de informação e comunicação, ele também requer um
código de ética para que a liberdade de expressão não seja cerceada nem o comportamento
excêntrico impeça a comunidade de trocar informações e experiências relevantes.

Nesse sentido, torna-se importante analisar como a comunidade científica tem sido
afetada por essas novas configurações sociais e tecnológicas e como a mesma tem se
posicionado quanto ao uso de informações que são colhidas em páginas pessoais de
pesquisadores no processo de construção de conhecimento científico.

4 Referencial Teórico

Conforme afirma Aristóteles, todo homem tem por natureza a ânsia pelo conhecimento
da realidade que o circunda. Dentre as várias formas que o mesmo dispõe para compreender o
ambiente que o cerca é através da ciência que o homem tenta de forma mais racional e
confiável conhecer o mundo e encontrar respostas para as inúmeras situações e fenômenos
que cotidianamente o desafia.

Nesse sentido, a comunicação científica é importante para a ciência, pois possibilita


que suas descobertas sejam divulgadas. O fluxo da informação envolve tanto os pesquisadores
como a literatura que é produzida.
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Para isso, a comunidade científica conta com canais, tanto formais como informais,
que possibilitam a atualização dos profissionais e a divulgação de informações importantes ao
desenvolvimento da ciência que desempenha um importante papel na sociedade e, de forma
dinâmica e contínua, busca „verdades‟ através da utilização de métodos científicos.

Na atualidade, mais do que nunca, a sociedade percebe, com nitidez, a força da ciência
no desenvolvimento dos povos, tanto em descobertas como o Projeto Genoma Humano, e em
casos polêmicos, tais como a proliferação dos alimentos transgênicos. Na realidade, a
humanidade convive diariamente com o binômio ciência e tecnologia (C&T) seja em casas
bancárias, restaurantes, postos de gasolina, lojas, televisão, semáforos, laboratórios,
consultórios médicos e odontológicos etc. Por outro lado, pensar sobre a relevância da ciência
demanda reconhecer a importância da informação científica, do conhecimento científico, da
comunidade científica, e, por conseguinte, da comunicação científica (TARGINO, 2000).

Nesse contexto a comunicação científica é vital para a ciência, devido a:

 divulgação dos resultados das pesquisas;


 proteção da propriedade intelectual;
 aceitação dos resultados pelos pares e
 consolidação do conhecimento.

No próximo tópico estaremos analisando mais detidamente a questão do fluxo da


informação e comunicação científica e como isso tem se modificado ao longo do tempo,
principalmente com o advento das novas tecnologias, o que acabou por modificar a estrutura
até então vigente.

4.1 O fluxo da informação e comunicação científica: novas perspectivas

Para Barreto (1998) o fluxo é um processo de mediação da informação gerada por uma
fonte emissora e aceita por uma receptora, realizando uma das bases conceituais da ciência da
informação: a geração de conhecimento no indivíduo e no seu espaço de convivência.

Com o advento da comunicação eletrônica a sociedade vem sofrendo transformações


que afetam também a estrutura do fluxo de informação e conhecimento.

Embora o processo de construção do conhecimento não seja algo que siga uma
estrutura pré-determinada podendo ocorrer em diversas situações e formas, o processo de
divulgação do conhecimento já é algo mais estruturado e, portanto, mais formal.
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A ciência enquanto formadora e transformadora das diversas situações de ensino e


aprendizagem ao longo do tempo sempre tem contado com novas formas de se multiplicar e
se espalhar na comunidade.

Esse processo é conhecido como comunicação científica em que os pesquisadores que


fazem a ciência acontecer e que promovem o avanço científico e tecnológico buscam não
apenas divulgarem seus trabalhos mas também serem reconhecidos pelas suas descobertas
pelos mais diferentes motivos como afirmam Café e Lage (2002, p. 01):

[...] raramente os pesquisadores visam o lucro econômico quando publicam suas


pesquisas em publicações científicas. Os objetivos estão mais voltados a divulgar
seus trabalhos para obter reconhecimento profissional, influência e prestígio junto à
sua comunidade e, principalmente, contribuir para o desenvolvimento da ciência,
disseminando conhecimento.

Na mesma linha de pensamento, Mueller (2006, p. 34) faz a seguinte afirmação:

Para as editoras, o retorno financeiro vem das vendas. Para os cientistas, o retorno
financeiro é indireto e vem do reconhecimento e da reputação que resulta da
publicação e que então se traduz em aumento de salário, promoções, convites pagos
para dar palestras, contratos como consultores, bolsas e auxílios para pesquisa, por
exemplo.

O processo de comunicação científica abrange as etapas de construção,


armazenamento, disseminação e uso dessa informação.

De acordo com Lana (2011, online), o Sistema de informação científica sempre


existiu: a comunicação científica remonta ao período da antiguidade quando os filósofos
estabeleciam amplos debates na chamada Academia. A partir do Século XIX alguns aspectos
favoreceram a expansão e acumulação do conhecimento:

 a laicização do conhecimento com o fim do monopólio do saber controlado


pela Igreja Católica;
 o desenvolvimento do “método científico” – racionalidade positivista
revolucionária – e novas descobertas científicas;
 o surgimento das sociedades científicas como organizadoras do saber (Royal
Society – 1662 e Académie Royale des Sciences – 1666);
 o surgimento da primeira revista científica, Philosophical Transactions – 1665,
precursora do modelo atual de comunicação científica.

Ainda segundo o referido autor, a revista científica torna-se o principal marco de


constituição da estrutura científica pois atende a necessidade de possibilitar maior eficiência e
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eficácia na transferência da informação em larga escala ao demarcar a institucionalização da


ciência, a especialização dos saberes e a autonomização do campo científico.

Já no Século XX, observa-se o apogeu da comunicação científica. Essa “explosão


bibliográfica” foi determinada pelos grandes avanços na ciência e tecnologia desencadeando
aumento considerável no número de cientistas, alta produção de publicações técnico-
científicas, multiplicação de canais de comunicação e informação em busca da necessária
eficiência – velocidade e confiabilidade.

É nesse contexto que o artigo científico tornou-se um dos critérios mais importantes
para a promoção da carreira acadêmica e científica, reafirmando a função vital das revistas
científicas para os cientistas. Cabe ressaltar que o artigo científico tornou-se mais um recurso
de regulação das atividades científicas que uma forma universal de informação e comunicação
da ciência (LANA, 2011).

A partir da década de 80 observa-se novas possibilidades tecnológicas marcadas pela


introdução em larga escala das redes eletrônicas na comunicação científica, a busca da
legitimação de novas formas de comunicação científica na internet que desencadearam uma
re-configuração dos elementos da comunicação afetando diretamente a geração,
disseminação e uso da informação científica, além de uma mudança estrutural do fluxo e
conseqüente fragilidade dos domínios formal e informal da comunicação científica.

O fluxo da informação científica tradicional reflete uma ideologia interna baseada no


acesso a um documento por vez mediada por um profissional de interface e nos chamados
rituais de ocultamento – instrumentos de metalinguagem e metaciência da informação que
dificultam a autonomia do receptor no fluxo da informação (LANA, 2011).

Normalmente, esse processo de comunicação científica obedece a uma estrutura


hierárquica e que obedece a determinados princípios. A Figura a seguir mostra como se dá
esse processo.
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Figura 1 – Velho ciclo da comunicação científica

Fonte: Kuramoto (2011, online)

De acordo com Kuramoto (2011, online):

Este é o ciclo tradicional da comunicação científica, no qual o pesquisador tem


acesso à informação científica de que necessida, seja na biblioteca, seja por
intermédio de um portal como o Portal de Periódicos da Capes, desenvolve a sua
pesquisa e publica os seus resultados em revista com revisão por seus pares. Em
seguida esta revista é distribuída e, apenas as bibliotecas que a assinam a
disponibilizam em suas coleções ou então um portal como o Portal de Periódicos da
Capes fornece tal acesso. A partir daí se dá um novo ciclo de impacto. Vejam bem,
o novo ciclo de impacto se dá a partir do acesso às instituições que mantêm
assinatura da referida revista.

Nesse contexto, os periódicos científicos tradicionais gozam de um grande prestígio


junto à comunidade acadêmica que vê neles o formato por excelência para o processo de
comunicação científica. Como afirma Mueller (2006, p. 27):

A comunidade científica concedeu às revistas indexadas e arbitradas (com peer


review) o status de canais preferenciais para a certificação do conhecimento
científico e para a comunicação autorizada da ciência e deu-lhe, ainda, a atribuição
de confirmar a autoria da descoberta científica. As revistas indexadas estão, dessa
forma, no centro do sistema tradicional de comunicação científica. Mas é consenso,
também, entre os membros da comunidade, que este sistema está longe de serr
perfeito. Além dos problemas ligados ao processo da publicação dos artigos, o custo
extremamente alto de manutenção de coleções atualizadas pelas bibliotecas provoca
dificuldade de acesso para o leitor.
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Além das razões citadas acima, nos últimos tempos o advento de alguns movimentos
tem colocado em xeque essa estrutura. Um desses movimentos é o denominado Open Access
(Livre Acesso). “Open access constitui um novo paradigma na comunicação científica –
acesso livre eletrônico - que permite a implementação de repositórios temáticos ou
institucionais e que constitui uma meta a ser alcançada pela sociedade (DECLARAÇÃO DE
BUDAPESTE, 2001 e de BETHESDA, 2003 apud LANA, 2011, online). Entre os pioneiros
do Acesso Livre estão o húngaro-britânico Stevan Harnard e o americano Peter Suber.
Por ainda não ser totalmente compreendido e assimilado muitos acabam não
entendendo exatamente o que esse modelo propõe.

Apenas para ilustrar o que acabamos de afirmar, o Jornal da Ciência, na edição de


maio de 2012, publicou matéria intitulada: Brasileiros preferem publicar em revista
tradicional às de livre acesso, na qual traz depoimentos de pesquisadores dando o seu
testemunho, favorável ou não às revistas de acesso livre.

Segundo a referida matéria, o professor da Unicamp, Anibal Vercesi da o seguinte


depoimento:

É importante publicarmos em revistas tradicionais, pois elas têm uma notoriedade


maior, e a Capes [Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior]
está muito preocupada com o índice de impacto das publicações. Se o pesquisador
não publica artigos em revistas com alto índice, ele não é considerado prestigiado na
classificação do órgão, o que prejudica os alunos e o curso dele, pois cursos com
classificação abaixo de 4 na avaliação fecham. Se eu tiver cinco artigos publicados
na Nature, eu tenho portas abertas no mundo inteiro, o que não ocorre se publicar
cinco trabalhos em revistas de livre acesso.

Ainda segundo a referida reportagem, o professor de Física da USP-São Carlos, Carlos


Vanderlei Bagnato, concorda: “Você tem que se preocupar em publicar em periódicos sérios e
reconhecidos, porque, para nós, a credibilidade do trabalho vem com a publicação nessas
revistas”.

No entanto, segundo o professor Hélio Kuramoto, que se dedica ao estudo do Open


Access, o que se pode constatar nessa matéria é um tremendo desconhecimento das estratégias
propostas pelo movimento Open Access. É preciso, segundo ele, fazer uma correção no que se
refere às estratégias promovidas pelo movimento Open Access.

Nesse sentido assim se expressou Kuramoto, (2012, online):

O movimento Open Access propôs no ano de 2001 duas estratégias: a VIA


VERDE e a VIA DOURADA. A estratégia da VIA VERDE propõe que as
universidades, os institutos de pesquisa criem os seus repositórios institucionais com
o propósito de armazenar a produção científica de seus pesquisadores e professores.
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E, da mesma forma, que as agências de fomento criem os seus repositórios centrais


com o propósito de armazenar a produção científica proveniente das pesquisas, por
elas, financiadas. E, de forma complementar que essas instituições estabeleçam
políticas visando disciplinar esses depósitos.
De forma complementar, os pioneiros participantes do movimento Open
Access propuseram uma segunda estratégia para alcançar o acesso livre universal, a
VIA DOURADA, que propunha aos editores científicos a criação e/ou conversão
das revistas científicas comerciais para revistas científicas de acesso livre. A idéia é
que as revistas fossem acessíveis livremente, à todos, sem o pagamento de
assinaturas para que elas fossem lidas por mais pessoas. As duas vias foram
definidas na mesma reunião dos participantes do movimento do acesso livre. Já faz
algum tempo, diversos líderes deste movimento defendem que a estratégia da VIA
VERDE seja a estratégia principal para se alcançar o acesso livre e que, à partir da
implantação da VIA VERDE, em nível mundial, ter-se-ia o cenário ideal para se
criar as revistas de acesso livre.
O fato é que o custo para produção dessas revistas, nos dias de hoje, ainda é
muito caro e os modelos de negócio utilizados, penalizam em demasia os autores
devido ao alto custo cobrado por estas revistas. Verifica-se, assim, que essa matéria
do Jornal da Ciência não foi muito feliz e faltou com precisão ao tratar do acesso
livre, dado que o referido jornal não avaliou com cuidado e completeza as
estratégias do Open Access, avaliou apenas o uso da VIA DOURADA, aquela que
preconiza o uso das revistas científicas de acesso livre e a menos utilizada nos dias
de hoje, basta verificar no sítio www.opendoar.org, a quantidade de repositórios,
reforçando a implementação da VIA VERDE em todo o mundo.

Portanto, a partir das iniciativas de Open Access, um novo ciclo da comunicação


científica está se desenvolvendo como demonstrado na figura abaixo:

Figura 2 – Novo ciclo da comunicação científica

Fonte: Kuramoto (2011, online)


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Segundo Kuramoto (2011, online):


a diferença entre o velho e o novo ciclo da comunicação científica proposto pela Via
verde está na inserção da figura dos repositórios institucionais, que se constitui em
uma nova fonte de informação e, portanto, novos ciclos de impacto poderão ocorrer
de maneira totalmente ampliada. Ou seja, o pesquisador não dependerá apenas dos
periódicos assinados pela biblioteca de sua instituição ou por portais como o Portal
de Periódico da Capes. Essa dependência deixa de existir por que os repositórios
institucionais ou centrais são de acesso livre, qualquer pessoa poderá acessá-los.
Dentre os repositórios OA, destacam-se: PubMed Central, RepositoriUM da
Universidade do Minho, Lume da Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Repositório Institucional da UnB , repositório temático E-lis (grifo nosso).

Assim, segundo Mueller (2006), o movimento para acesso livre ao conhecimento


científico pode ser considerado como o fato mais interessante e talvez mais importante de
nossa época no que se refere à comunicação científica. Segundo a referida autora, “ao mesmo
tempo, este movimento representa enorme desafio para a comunidade científica, à medida
que, quanto mais amplo o seu sucesso, mais radical será a mudança provocada no sistema
tradicional e profundamente arraigado de comunicação do conhecimento científico”
(MUELLER, 2006, p. 27).

Na mesma linha de pensamento Café e Lage (2002) afirmam que no contexto mais
mercadológico que científico, muito se perde. Para elas, tanto o pesquisador não atinge ampla
divulgação de seu trabalho científico em sua comunidade científica, quanto enfrenta sérias
dificuldades na obtenção de informações que necessita. Nesse contexto, as alternativas
proporcionadas pelas tecnologias de informação e comunicação, se não eliminam, ao menos
reduzem essas barreiras.

De acordo com Mueller (2006), uma das mais bem-sucedidas iniciativas concretas de
acesso livre a textos acadêmicos foi o arquivo de pré-prints montado em Los Alamos, em
1991, por Paul Ginsparg, que, de acordo com artigo publicado na seção “Debates” da revista
Nature em 2002 (portanto já com alguma perspectiva histórica), teria transformado a natureza
e o alcance da informação científica em física e outras áreas.

Ginsparg iniciou um sistema eletrônico no Laboratório Nacional de Los Alamos,


Novo México, Estados Unidos, que permitia que pesquisadores da área de física e
outras áreas relacionadas, localizados em qualquer parte do mundo, enviassem seus
trabalhos para um repositório central, de onde poderiam ser recuperados por outros
pesquisadores interessados. Na maioria dos casos tais trabalhos não haviam sido
avaliados, mas o sistema verificava alguns pontos para garantir uma qualidade
mínima (por exemplo, filiação do autor) (MUELLER, 2006, p. 31).

No Brasil, o Instituto Brasileiro de Ciência e Tecnologia (IBICT) é o órgão do


Ministério da Ciência e Tecnologia referência em acesso livre à informação científica e vem
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desenvolvendo ações de incentivo, instrumentação e capacitação das universidades e institutos


de pesquisa brasileiros, com objetivo de proporcionar maior visibilidade à produção científica.

Segundo Oliveira (2011), desde o início dos anos 2000, quando o movimento de
acesso livre à informação científica toma corpo nos Estados Unidos da América e na Europa,
o IBICT vem participando de maneira expressiva. Uma de suas primeiras iniciativas foi o
lançamento de documentos como o Manifesto Brasileiro de Apoio ao Acesso Livre à
Informação Científica em 2005. Este documento foi endereçado à comunidade científica,
universidades e institutos de pesquisa, agências de fomento e editoras comerciais de
publicações científicas com objetivos de:

promover o registro da produção científica brasileira em consonância com o


paradigma do acesso livre à informação; promover a disseminação da produção
científica brasileira em consonância com o paradigma do acesso livre à informação;
estabelecer uma política nacional de acesso livre à informação científica; buscar
apoio da comunidade científica em prol do acesso livre à informação científica
(OLIVEIRA, 2011, online).

Mais especificamente relacionado ao desenvolvimento de repositórios, em 2005 o


instituto apoiou a Carta de São Paulo de Apoio ao Acesso Livre à Informação, endereçada a
instituições, associações profissionais, governos, bibliotecas, editores, fundações, entidades
acadêmicas, cientistas, gestores educativos, pesquisadores e cidadãos, endossada por diversas
entidades. Este documento apresenta como recomendações, entre outras ações, a
disponibilização livre de conteúdo de pesquisa financiada com recursos públicos, a elaboração
de políticas (inclusive das agências financiadoras) de incentivo a acesso livre à produção
científica, promoção de auto-arquivamento e criação de repositórios institucionais
(OLIVEIRA, 2011).
Entre outras iniciativas, a elaboração de políticas tem sido fundamental para o avanço
do acesso aberto em diversos países. No Brasil, a implantação das bibliotecas de teses e
dissertações teve como determinante a Portaria nº 13 da CAPES de 15 de fevereiro de 2006,
que instituiu a obrigatoriedade do depósito digital das teses e dissertações produzidas pelos
programas de pós-graduação stricto sensu reconhecidos no país. Nesta iniciativa desenvolvida
em parceria com a Financiadora de Estudos e Pesquisas (FINEP) e instituições de ensino e
pesquisa, o IBICT
opera como agregador, coletando metadados de teses e dissertações dos provedores,
fornecendo serviços de informação sobre esses metadados e expondo-os para coleta
por outros provedores de serviços, em especial pela Networked Digital Library of
Theses and Dissertation ( NDLTD ) (IBICT, 2011).
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De acordo com Kuramoto (2008), além da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações


(BDTD), outra bem-sucedida iniciativa brasileira de acesso livre é o software para construção
e gestão de revistas científicas, o Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas (SEER).

4.2 Novas formas de publicação e acesso à informação científica: o uso dos blogs

De acordo com Björk (2005 apud MUELLER, 2006) os canais mais importantes
existentes hoje para o acesso aberto podem ser classificados em quatro tipos, listados e
descritos a seguir:

 periódicos científicos eletrônicos com avaliação prévia pelos pares;


 servidores de e-prints para áreas específicas – repositórios para assuntos específicos;
 repositórios institucionais de universidades específicas;
 auto-arquivamento em páginas pessoais dos autores.

Especificamente no que diz respeito ao último item, o referido autor afirma que elas
existem desde os primeiros instantes da Rede, sendo utilizadas pelos pesquisadores para
divulgar sua produção pessoal. Ainda segundo o referido autor, embora não haja estatísticas,
esse seria hoje o canal mais difundido de acesso aberto ao conhecimento acadêmico.

Suber (2007) explica que há dois principais veículos para a disseminação das
pesquisas científicas no contexto do Acesso Livre: as revistas (Journals) em Acesso Livre e
os repositórios. Este autor enumera também outras ferramentas colaborativas, como sítios de
web, livros eletrônicos, listas e fóruns de discussão, blogs, wikis, feeds RSS e redes de
compartilhamento de arquivos P2P. Suber acrescenta ainda que haverá, sem dúvida, muito
mais no futuro no que diz respeito à comunicação científica em meio eletrônico.

De acordo com Oliveira e Noronha (2005), a comunicação científica feita por canais
eletrônicos possui tanto características informais quanto formais. Como comunicação
informal, ela possibilita o contato entre os pesquisadores, favorecendo a troca rápida de
informações e o feedback imediato ao desenvolvimento das pesquisas. Como comunicação
formal favorece a divulgação do conhecimento produzido para um público amplo, em tempo
menor do que a impressa. Neste panorama, a comunicação eletrônica realizada através do
meio informal é feita com o uso de correio eletrônico, listas de discussão e bate-papos, e
formalmente com a publicação de periódicos, livros, obras de referência, entre outros,
editados no formato eletrônico.
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Nesse contexto, uma das ferramentas mais utilizadas são os denominados Blogs.
Abreviação de weblog, a maioria dos usuários da Internet tem utilizado os blogs como diários
pessoais. Entretanto, esta ferramenta colaborativa mostra-se, atualmente, capaz de atender às
diferentes necessidades de informação, entre elas as acadêmicas e científicas. Coutinho e
Bottentuit Júnior (2007, p. 2) nos oferece a seguinte definição para blog:

É uma página na Web que se pressupõe ser atualizada com grande frequência
através da colocação de mensagens – que se designam “posts” – constituídas por
imagens e/ou textos normalmente de pequenas dimensões (muitas vezes incluindo
links para sites de interesse e/ou comentários e pensamentos pessoais do autor) e
apresentadas de forma cronológica, sendo as mensagens mais recentes normalmente
apresentadas em primeiro lugar.

Schmidt (2007 apud AMARAL; RECUERO; MONTARDO, 2009) explica que os


blogs são:

Websites freqüentemente atualizados onde o conteúdo (texto, fotos, arquivos de


som, etc) são postados em uma base regular e posicionados em ordem cronológica
reversa. Os leitores quase sempre possuem a opção de comentar em qualquer
postagem individual, que são identificados com uma URL única.

De acordo com Amaral, Recuero e Montardo (2009), o termo weblog foi


primeiramente usado por Jorn Barger, em 1998, para referir-se a um conjunto de sites que
“colecionavam” e divulgavam links interessantes na Web como o seu Robot Wisdom. Daí o
termo “web”+ “log” (arquivo Web), que foi usado por Jorn para descrever a atividade de
“logging the web”. Nesta época, os weblogs eram poucos e quase nada diferenciados de um
site comum na Web. Talvez por conta desta semelhança, autores como David Winer
considerem como o primeiro weblog o primeiro site da Web, mantido por Tim Berners-Lee,
no Centro Europeu para a Pesquisa Nuclear (CERN). O site tinha como função apontar todos
os novos sites que eram colocados no ar.

Ainda segundo as referidas autoras, foi, no entanto, o surgimento das ferramentas de


publicação que alavancou os weblogs. Em 1999, a Pitas lançou a primeira ferramenta de
manutenção de sites via Web seguida, no mesmo ano, pela Pyra, que lançou o Blogger. Esses
sistemas proporcionaram uma maior facilidade na publicação e manutenção dos sites, que não
mais exigiam o conhecimento da linguagem HTML e, por isso, passaram a ser rapidamente
adotados e apropriados para os mais diversos usos. Além disso, a posterior agregação da
ferramenta de comentários aos blogs também foi fundamental para a popularização do
sistema. Ainda em 1999, Cameron Barrett, do Camworld, escreveu um dos primeiros ensaios
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a respeito do formato, denominado “Anatomia de um Weblog” (AMARAL; RECUERO;


MONTARDO, 2009). Outros fatos que popularizaram os blogs foram tanto a escolha de
“weblog” como a palavra do ano pelo Merriam-Webster`s Dictionnary em 2004, como a
compra do Blogger pelo Google no mesmo ano, o que pode ser percebido como indícios da
consagração dos blogs nessa época.

Uma das primeiras apropriações que rapidamente se seguiu à popularização dos blogs
foi o uso como diários pessoais. Esses blogs eram utilizados como espaços de expressão
pessoal, publicação de relatos, experiências, pensamentos e da vida do autor. Ainda hoje, o
uso do blog como um diário pessoal é apontado por muitos autores como o mais popular uso
da ferramenta (AMARAL; RECUERO; MONTARDO, 2009).

Os blogs são um dos meios colaborativos mais conhecidos e utilizados na Internet para
publicação pessoal, uma vez que permitem que milhões de pessoas escrevam e compartilhem
suas experiências de forma coletiva. Essas ferramentas promovem a criação e consumo de
informação original e podem provocar a reflexão pessoal e social sobre temas que interessam
aos indivíduos, aos grupos e à humanidade (GONZÁLEZ, 2005).

Inseridos dentro do contexto da escrita colaborativa, os blogs permitem a interação


junto aos pares do pesquisador. Um elemento importante a ser considerado nesta interação é o
aspecto da segurança da informação. São muitos os aspectos positivos que podem ser
identificados no uso do blog como ferramenta de enriquecimento do trabalho científico,
apesar do risco de questões delicadas poderem surgir, como plágio ou interlocutores
inconvenientes. Mas essa vulnerabilidade é inerente a qualquer forma de veiculação de
mensagens, seja no jornal impresso, no rádio, na televisão e, mais frequentemente, na WEB
(BATISTA; COSTA, 2009, online).

4.3 Os blogs e a comunicação científica

Os blogs podem ser considerados como as mais recentes ferramentas que cientistas
estão usando para comunicar suas idéias com outros cientistas e com o público em geral. De
acordo com uma newsletter publicada pela BIREME em 19 de Fevereiro de 2009, nos últimos
anos tem aumentado progressivamente o número de blogs voltados para as ciências.

Segundo o site indexador de blogs Technorati, entre os milhões de blogs disponíveis


na rede, há cerca de 2,5 mil blogs científicos e cerca de 20 mil com perfil pseudocientífico,
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pois não são necessariamente mantidos por instituições acadêmicas. Destes últimos, ao redor
de mil a 1,2 mil são escritos por estudantes de pós-graduação, pós-doutores, professores
universitários, professores de ciências e alguns por jornalistas profissionais (BIREME, 2009).
Os blogs destinados à ciência fornecem opiniões sobre temas atuais nas mais
diferentes áreas do conhecimento ou têm a finalidade de atrair a opinião de cientistas em
assuntos da literatura ou política científica. O blog científico mais visitado da atualidade é o
Pharyngula com cerca de 20 mil acessos por dia. A linguagem informal e o formato breve e
informativo dos posts encontrados nos blogs são os principais atrativos para tanto sucesso de
público, bem como a possibilidade de formar comunidades online por meio dos comentários
deixados nos posts (BIREME, 2009).

Muitos cientistas utilizam blogs de ciência para postar informação sobre seu trabalho e
assim obter comentários de outros cientistas e também de pessoas fora do círculo usual de
leitores. Alguns autores sugerem até mesmo postar nos blogs parte dos trabalhos antes de
publicá-los para estimular a troca de idéias e trazer à tona novas perspectivas conforme
apresenta Alves (2011, online).

Outros espaços de comunicação científica são os blogs científicos, ainda pouco


utilizados no Brasil, mas na Europa e EUA são bastante difundidos, principalmente
entre as áreas de exatas e biomédicas. Os chamados pre-prints são expostos nesses
espaços e através das colaborações dos pares, o texto é debatido, revisado e em
seguida publicado novamente, um processo mais rápido do que o processo de
submissão aos periódicos.

Cientistas que fazem uso do blog encaram seu uso como um complemento à
comunicação científica clássica realizada por meio dos periódicos. Muitos cientistas, porém,
ainda encaram o blog como uma distração pouco atraente do seu mundo real e acham que tem
muito pouco a ganhar comentando seu trabalho com leigos ou especialistas em outras áreas.
Outros acham atraente a possibilidade de se comunicar através dos blogs, mas o fazem
anonimamente, com receio de serem considerados pouco sérios ou de dedicarem tempo a
tarefas não reconhecidamente acadêmicas.

Uma evidência de que o blog se afirma progressivamente como meio de comunicação


científica é o fato de que alguns periódicos científicos renomados, com alto fator de impacto,
adotaram nos seus websites o blog como meio formal para disseminar e promover discussões
sobre trabalhos publicados na sua comunidade de leitores (BIREME, 2009).

Segundo a BIREME (2009), dos 50 periódicos indexados no MEDLINE com maior


fator de impacto segundo o Journal Citation Reports (da Thomson Reuters), 14 deles têm um
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ou mais blogs associados ao site oficial. Estes blogs associados a periódicos tradicionais
podem ajudar a fechar a lacuna existente entre a literatura científica clássica e a comunidade.
Neles, os leitores podem postar comentários e assim iniciar uma discussão com os autores e
outros leitores. Estas discussões contribuem para aumentar a visibilidade dos trabalhos e
estimular o intercâmbio de idéias entre pares.

Nesse contexto, a revista Nature tem uma ampla coleção de blogs para atender a todos
os periódicos de seu grupo editorial. Em seu website há também uma página dedicada a
indicar e catalogar blogs científicos de boa procedência separados por assunto. A Public
Library of Science e o BioMEd Central que publicam periódicos em acesso aberto fazem uso
intensivo de blogs (BIREME, 2009).

A adoção de Blogs por instituições e periódicos científicos indica que o fenômeno


tende a crescer e a se firmar como ferramenta de comunicação rápida, informal e que atinge
um número muito grande de leitores num curto espaço de tempo, e mais importante, está
adquirindo a credibilidade de que a comunicação científica não pode prescindir. Nesse
sentido, Lemos (2009) faz a seguinte afirmação:

Matéria do Estadão On-line aposta que, em 2012, 25% do conteúdo da internet será
criado pelos próprios usuários. Essa é uma das diferenças entre as mídias de função
massiva e as mídias de função pós-massiva. Segundo a pesquisa, “[...] as pessoas
terão um desejo genuíno não só de criar e compartilhar seu próprio conteúdo, como
também de fazer remixagens e mashups, e passá-los adiante em seus grupos – numa
forma de mídia social colaborativa [...]”. Artigo do francês Telerama de fevereiro de
2008 informava que os blogs ultrapassaram o jornal The New York Times como
fonte para busca das informações mais importantes da atualidade (grifo nosso).

Além da catalogação de Blogs em ciências da saúde, a BIREME estará promovendo o


uso de blogs no contexto da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) de modo a ampliar os meios
de comunicação científica e técnica em saúde. Bem, se na área da saúde que é tão importante
para a vida humana porque lida com áreas que afetam diretamente ao homem os blogs estão
se consolidando como importantes ferramentas de divulgação científica, podemos imaginar
que também poderão ser usados em outras áreas do conhecimento.

Como podemos perceber, os blogs estão cada vez mais se tornando um importante
canal de comunicação científica e cada vez mais vem sendo usados como fontes de
informação científica. Assim como o surgimento dos periódicos de livre acesso geraram certa
desconfiança no inicio na comunidade científica e agora estão consolidados como importantes
canais de disseminação das informações, os blogs também podem, num futuro bem próximo,
se tornarem fontes permanentes e confiáveis de acesso à informação científica.
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Considerações finais

REFERÊNCIAS

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