Limeira
2015
ii
iii
Emerson Verzegnassi
_________________________________________
Assinatura da orientadora
Limeira
2015
iv
v
vi
vii
RESUMO
ABSTRACT
With the discovery of admixtures and mineral additions many different types of concrete
emerged over the last decades. But the own weight of conventional concrete is considered
their biggest disadvantage. With this opens up the field for a material that despite being
known to the Romans, it was little used, the concrete with lightweight aggregates. Much
research and come in about two decades appears the self compacting concrete and more
recently the lightweight concrete self compacting. This work proposes the study of this
material still little explored concrete lightweight self compacting. For this are produced
concrete with expanded clay in two different particle sizes: one coarse in total replacement
of coarse aggregate of normal mass and a fine partially substituting fine aggregate. Are
designed three families of concrete mixtures with different cement consumption, 320, 360
and 440 kg / m³ of concrete, and the tests carried out in the fresh state (ring J, V funnel and
L box) and hardened (resistance to compression and traction , determining the modulus of
elasticity, absorption, and density). The concretes were classified as self compacting and
showed good results as to efficiency and resistance factor being possible to establish a
correlation equations for its modulus of elasticity. For the density tests were observed
concretes with minimum masses of up to 1550 kg / m³ and compressive strengths greater
than those stipulated by NBR NM 35 standard for the densities presented in all mixtures.
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA xv
AGRADECIMENTOS xvii
CAPITULO 1 Introdução 1
1.1. Concreto de cimento Portland um breve histórico 1
1.2. Razões do sucesso do concreto 2
1.3. Aspectos ambientais da produção de cimento e concreto 3
CAPITULO 2 Objetivos 9
3.3.1.Trabalhabilidade 20
3.3.2.Massa especifica 22
3.3.3.Resistência 22
3.3.6. Durabilidade 28
4.1. Definição 32
4.3.1.Cimento 35
4.3.2. Agregados 36
4.3.2.1.Agregado miúdo 36
4.3.2.2.Agregado graúdo 37
4.3.3.1.Adições minerais 40
4.3.3.2.Aditivos 42
4.4.1.Resitência à compressão 52
4.4.2.Resistência à tração 53
4.4.3.Módulo de elasticidade 53
4.4.4.Fluência 54
4.4.5.Retração 55
4.4.6.Expansão Térmica 55
xiii
4.4.7.Aderência concreto/aço 56
4.4.9.Resistência ao fogo 57
4.4.10.Durabilidade 58
4.5.1.Reologia 60
4.6.2.Habilidade passante 66
4.7.Dosagem do CAA. 68
5.1.Introdução ao CLAA 71
5.2.Materiais 72
5.3.Características do CLAA 73
5.3.2.Estado Endurecido 75
6.1.Materiais 77
6.1.1.Cimento Portland 78
6.1.2.Fíler 78
xiv
6.1.3.Agregado Graúdo 80
6.1.4.Argila expandida 81
6.1.5.Areia Natural 84
6.1.6.Aditivo 86
Dedico este trabalho à minha esposa Andréa pelo amor, paciência e carinho. E à família na
qual nasci e me criei, sem isto não seria possível alcançar meus objetivos.
xvi
xvii
AGRADECIMENTOS
À Prof.ª Dr.ª Rosa Cristina Cecche Lintz, pela valiosa orientação neste trabalho.
Ao Tecnólogo Dener Altheman pela grande contribuição e amizade ao longo dos últimos
anos.
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE GRÁFICOS
LISTA DE TABELAS
1 INTRODUÇÃO
Mehta e Monteiro (2008) observam que existem ao menos três razões principais
para o grande sucesso do concreto como material de construção, apesar de não ser tão duro
e resistente quanto o aço:
Apesar de todo o sucesso do concreto como material estrutural, ele foi até o início
da década de 70 o resultado de uma simples mistura de cimento, água e agregados, não
apresentando grandes inovações que melhorassem o seu desempenho. Porém, nas últimas
quatro décadas, houve uma grande evolução do material, devido a dois fatores muito
importantes: o aprimoramento de técnicas e equipamentos para o estudo do concreto como
as tecnologias usadas para análises microestruturais, que permitiram o aprofundamento do
conhecimento sobre a microestrutura da matriz de cimento e da zona de transição e outro
ponto importante desta evolução é o uso de novos materiais, destacando-se os aditivos
redutores de água e as adições minerais pozolânicas (Rossignolo, 2009).
Segundo John (2007), não há material de construção que não traga nenhum impacto
ao ambiente. O aumento da demanda da construção civil, fez com que nos últimos 35 anos
o consumo mundial de materiais crescesse cerca de 2% ao ano, com 12 bilhões de toneladas
em 2005, isso representando uma duplicação a cada 32 anos (Isaia, 2007). Com isso, o
aumento das pressões sobre o meio ambiente é uma consequência inevitável e a indústria da
construção civil, como um todo, é um dos setores da atividade humana que mais degradam
o meio ambiente, desde a extração de matérias primas para a obtenção de seus produtos,
como na alteração do meio e até o final do ciclo de vida dos seus produtos. Nesse aspecto,
um dos setores mais impactantes da construção civil é a indústria do cimento portland, com
altos índices de extração de matérias primas naturais, consumo de energia e emissão de
gases de efeito estufa. Para se produzir uma tonelada de clínquer é necessária mais de uma
tonelada de calcário, sendo que cada tonelada de calcário libera para atmosfera 440 kg de
CO2 (John 2007) Tendo o concreto como seu principal produto, Mehta e Monteiro (2008)
estimam em 11 bilhões de toneladas/ano, podemos concluir pelos dados acima que o
aumento na produção de concreto aumenta a demanda por produção de cimento (gráfico 1),
aumentando a produção de CO2.
70,00
60,00
Milhões de toneladas
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
82
93
04
80
81
83
84
85
86
87
88
89
90
91
92
94
95
96
97
98
99
00
01
02
03
05
06
07
08
09
10
11
Anos
Gráfico 1 - Consumo anual de cimento no Brasil. Fonte: Dados do Sindicato Nacional da Indústria do
Cimento (SINIC).
5
Segundo John (2002) apud John (2007), a indústria do cimento seria responsável
por 10% das emissões de CO2 do país, pois deve se somar aos mais de 500 kg de CO2
emitidos na produção de uma tonelada de clínquer, os gases decorrentes da queima de
combustíveis para a calcinação do calcário. Já dados de 2009 do SNIC (Sindicato Nacional
da Indústria do Cimento), mostram que a indústria do cimento é o setor produtivo que mais
colabora com a emissão de CO2 no mundo, com cerca de 5% de todas as emissões
mundiais. Dados de 1990 a 1994 do MCT (Ministério de Ciência e Tecnologia)
demonstram que a principal emissão no Brasil é as queimadas e o setor de produção do
cimento que contribui com menos de 2%. O relatório de 2010 do MCT, com dados de 1990
a 2005, demonstra que apesar do aumento da produção de cimento de 49,7% e de clínquer
de 30,5% as emissões de CO2 aumentaram 29,7%. Ainda segundo o relatório isto decorre
do aumento de adições ao cimento, o que diminui a necessidade da fabricação do clínquer.
elétrica de 107 kWh/ton de cimento, valores estes abaixo dos grandes produtores da União
Européia e Estados Unidos, conforme gráficos 2 e 3.
Outro fator que contribui para a diminuição do consumo de energia assim como a
diminuição de emissões são os cimentos feitos com adições de matérias primas alternativas
e subprodutos de outros setores da indústria. Estes cimentos foram desenvolvidos no país
7
há mais de 50 anos. Estes cimentos tem que seguir as especificações da ABNT (Associação
Brasileira de Normas Técnicas), conforme tabela 1.
Segundo Fonseca e Terada (1992) apud Soares (1998), no período entre 1982 e
1988 o uso de adições ativas permitiu uma redução do consumo específico de calor de 17%
em relação ao início do período para o caso do Cimento Portland Comum.
O gráfico 4 mostra a evolução das adições no Brasil a partir de 1990, onde percebe-
se um acréscimo nas adições de cerca de 200%, enquanto a produção de clínquer aumentou
em 72% e a de cimento 100%.
8
Ano
Gráfico 5 - Potencial de não emissão de CO2 baseado na melhor tecnologia disponível (SNIC, 2009 apud
MCT, 2010)
9
2 OBJETIVOS
Este trabalho teve como objetivo o estudo do concreto leve autoadensável (CLAA),
que é um material desenvolvido a partir dos concretos autoadensável e do concreto leve.
Dessa forma estudaram-se suas propriedades, tanto no estado fresco como no estado
endurecido e com vistas na utilização de adições minerais inertes, plastificantes de alto
desempenho de pega normal, argila expandida de diferentes granulometrias (agregado leve)
em substituição total ou parcial dos agregados utilizados convencionalmente.
Segundo Mehta e Monteiro (2008), o concreto pode ser classificado em três grandes
categorias com base em sua massa específica:
com massa específica abaixo de 1800 kg/m³, são os chamados concretos leves,
mais utilizados para peças que priorizam a leveza, podendo ser compostos por agregados
leves, naturais ou sintéticos;
Tabela 3- Valores de referência para a massa específica de concretos leves estruturais. Fonte: Rossignolo,
2009.
Esta mesma norma, também traz os valores de massa unitária no estado seco e solto,
que os agregados leves utilizados na produção de concretos leves estruturais, devem
apresentar em função de sua graduação, valores estes mostrados na tabela 5.
Tabela 5– Massa específica aparente de concretos leves. Fonte: ABNT, NM35: 1995/ERR-1:2008.
3.1.2. Histórico
Em geral, são considerados agregados leves aqueles que possuem massa unitária em
estado solto e seco abaixo de 1120 kg/m³ e podem ter aplicação em diversos tipos de
concreto. O que determina esse peso leve do agregado é sua microestrutura celular ou a sua
estrutura altamente porosa (Mehta e Monteiro, 2008). Os agregados leves podem ser
classificados de duas formas quanto a sua origem, naturais ou artificiais (Rossignolo,
2009).
A obtenção dos agregados leves naturais é por meio da britagem de rochas ígneas
vulcânicas, como pedra-pomes, escória ou tufo. Para a obtenção de agregados leves
artificiais são necessários processar termicamente materiais, como, por exemplo, argilas,
folhelhos, ardósia, diatomita, perlita, vermiculita, escória de alto forno e cinza volante.
Existe uma ampla gama de agregados leves, entre 80 kg/m³ a 900 kg/m³ de massa unitária,
os de menor massa unitária são geralmente mais frágeis sendo mais utilizados na produção
de concretos isolantes térmicos sem função estrutural, enquanto os mais pesados, portanto
mais densos, com estruturas menos porosas, são mais adequados aos concretos com função
estrutural (Mehta e Monteiro, 2008). Esta gama de agregados e sua utilização são
mostradas na figura 3.
Figura 4 Superfície dos agregados leves: sinterização (a); forno rotativo(b). Fonte: Rossignolo, 2009.
3.3.1. Trabalhabilidade
Os fatores que afetam as propriedades do concreto feito com agregados leves são
praticamente iguais aos que afetam o concreto de peso normal. A baixa densidade e a
textura áspera do agregado poroso, especialmente o britado, demandam uma maior atenção
21
(a) (b)
Figura 7 - (a) Concreto com segregação, (b) Concreto sem segregação. Fonte : Grabois, 2012.
22
3.3.3. Resistência
Há uma grande relação da massa específica do concreto leve estrutural com sua
resistência, essa relação pode ser definida pelo Fator de Eficiência, conforme a equação (1):
Estudos tem avançado no sentido da melhoria deste fator para concretos leves, com
o Zhang e Gjørv em 1991, que atingiram a resistência à compressão de 102 MPa com uma
massa específica de 1735 kg/m³, gerando um fator de eficiência de 58,7 MPa.dm³/kg
(Rossignolo, 2009). Sendo que pode ser considerado um concreto leve de alto desempenho
aquele que apresenta um fator de eficiência superior a 25 MPa.dm³/kg (Sptzner,1994 e
Armelin et al., 1994 apud Rossignolo, 2009,).
(a) (b)
Figura 8 - (a) Concreto com agregado leve; (b) Concreto com agregado flint arredondado. Fonte: Mehta e
Monteiro (2008)
Ainda segundo Mehta e Monteiro (2008), estudos feitos com microscopia eletrônica
de varredura mostram que, a reação pozolânica que ocorre junto a superfície do agregado
leve aumenta a resistência da aderência do agregado à matriz da pasta de cimento tornando
maior que a resistência do agregado (figura 9).
24
Figura 9 - MEV de zona de transição de agregado leve/matriz de cimento. Fonte: Mehta e Monteiro (2008)
deformação por variação térmica, entre outras. Assim, como para o concreto de massa
normal, a determinação do módulo para concretos leves é sumariamente importante para a
aplicação estrutural.
Segundo Rossignolo (2005), os valores de módulo dos concretos leves são baixos,
se comparados aos de concretos de massas específicas convencionais, na faixa de 50% a
80% dos valores de módulo dos concretos convencionais, para valores de resistência a
compressão em torno de 20 a 50 MPa. Ainda segundo Rossignolo (2005) os concretos com
argila expandida brasileira apresentam um comportamento elástico até 80% do
carregamento último, nos concretos convencionais o valor é de 60%. Mehta e Monteiro
(2008), afirmam que os valores dos módulos dos concretos leves podem ter um aumento da
ordem de 15 a 30% com a substituição total da areia leve por areia natural. Também
afirmam que, experimentos realizados indicam uma máxima deformação específica por
compressão final da maioria dos concretos leves, podendo ser maior que 0,003 mm/m.
Ardakani e Yazdani (2014) ainda observa que o módulo é afetado e reduzido, pelo
agregado leve, podendo ser correlacionado com a massa específica do concreto para
determinado agregado utilizado.
A retração por secagem e a fluência do concreto têm sido estudadas por um longo
tempo e várias teorias têm sido propostas a respeito de seus mecanismos. No que diz
respeito à retração, há a teoria de tensão capilar, a adsorção de superfície, a teoria da água
intersticial; para a fluência, há a teoria de visco-elástico, a teoria de infiltração entre outras.
Na maioria destas teorias, o comportamento da água contida no concreto é considerado um
fator importante que influencia a retração e a fluência. No que diz respeito à retração por
secagem no intervalo de umidade relativa de 40% a 100%, a teoria da tensão capilar é
dominante. De acordo com esta teoria, a retração por secagem é causada pela tensão capilar
que ocorre na água existente nos poros da pasta de cimento. O estresse devido a tensão
capilar no concreto é comandada pelo volume dos poros e da distribuição de tamanho
27
destes poros. A uma umidade relativa inferior a 40%, a retração por secagem é causada
principalmente por perda de água estrutural e água adsorvida na pasta de cimento (Chandra
e Berntsson, 2002). Os concretos com agregados leves são mais suscetíveis aos efeitos
desses fenômenos, pois segundo Rossignolo (2009) para o mesmo nível de resistência à
compressão, os concretos leves apresentam retração maior do que os concretos
convencionais, devido aos agregados leves não oferecerem pouca restrição a essas
movimentações exercidas pela pasta de cimento.
Em estudo feito por Rossignolo e Agnesini (2001), em concretos leves feitos com
argila expandida brasileira, foram observados valores que variavam de 600.10-6 a 800.10-6
m/m para a retração por secagem aos 448 dias (Rossignolo, 2009).
Figura 10- Efeitos da substituição do agregado miúdo leve por areia natural: (a) fluência; (b) retração por
secagem. Fonte: Mehta e Monteiro (2008)
3.3.6 Durabilidade
É comum a idéia de que, o uso dos agregados porosos em concreto aumenta a sua
suscetibilidade a agentes agressivos por meio de uma maior permeabilidade aos fluidos.
Quando se estuda a durabilidade dos concretos, deve-se ater a estrutura porosa, porque nem
sempre a presença dos poros significa que esta estrutura seja permeável. O que pode tornar
uma estrutura porosa permeável é a conectividade dos poros, ou seja, se esses poros são
abertos uns para os outros ou não. Então concretos mais porosos não significa que sejam
mais permeáveis e consequentemente tenham uma durabilidade menor (Rossignolo, 2009).
O agregado leve é o principal responsável pela porosidade do concreto leve, e a
característica de ser poroso mais não permeável é apresentada por Moravia et al.(2006) por
meio de micrografias obtidas pelo MEV (figura 11), onde percebe-se a superfície externa
do agregado mais lisa e pode-se visualizar a superfície interna com uma porosidade maior,
mas sem interconectividade entre os poros.
29
Figura 11- Imagens por MEV da argila expandida: (a) superfície externa (300X); (b) superfície interna (300X); (c)
superfície externa (1200X). Fonte: Moravia et al.(2006).
Após a descoberta dos aditivos para concreto nos anos 70, o que foi considerado
uma das maiores revoluções na forma de se construir, como já exposto anteriormente para
diversos autores, o CAA é considerado como sendo uma das grandes evoluções
tecnológicas do concreto, e tem sido alvo de muitos estudos tanto no que se refere as suas
características básicas quanto na utilização e influência de novos materiais e aditivos em
sua composição (Nikbin et al., 2014; Sehata et al, 2012; Ranjbar et al., 2011).
Para Tutikian e Dal Molin (2008), apesar de o concreto ser o material mais utilizado
na construção mundial, não podemos nos ater somente ao estudo do concreto convencional
(CCV). As exigências do mercado e as técnicas construtivas, demandam concretos com
características especiais, como os concretos de alta resistência, de alto desempenho, com
fibras, altos teores de adições pozolânicas, aparentes, coloridos entre outros. No Japão
surge em 1988, o concreto autoadensável (CAA).
Diversas publicações, dentre elas: Tutikian e Dal Molin (2008); EFNARC (2002);
Gomes et al. (2003b); Coppola (2000); De La Peña (2001); Proske e Graubner (2014),
salientam sobre as vantagens que o CAA apresenta, tais como:
4.1. Definição
Com base em Okamura (1997), Gomes (2002) apud Gomes e Barros (2009) e
EFENARC (2005), podemos definir CAA como, um concreto que pode ser compactado em
todo canto de uma forma, ou seja, capaz de preenchê-la totalmente só pela atuação de seu
peso próprio, alcançando assim um adensamento que não afete negativamente a resistência
e durabilidade desejadas, mesmo em estruturas com alta densidade de armadura e formas
complexas, sem a necessidade de utilização de equipamentos para adensá-lo.
33
Ainda segundo Metha e Monteiro (2008), nos Estados Unidos e Alemanha houve
um grande interesse no desenvolvimento de aditivos químicos indutores de coesão para
aumentar a viscosidade, chamados de aditivos modificadores de viscosidade (VMA). Estes
aditivos tinham o objetivo de aumentar a viscosidade do concreto fresco para torná-lo
adequado ao reparo de estruturas submersas. Isso representava uma evolução na tecnologia
dos concretos de alta fluidez, pois, as primeiras abordagens para melhorar a estabilidade de
traços de concretos coesos de alta fluidez eram focadas no controle do volume e da
dimensão máxima do agregado graúdo (Grube e Rickert, 2001; Mehta e Monterio, 2008).
Segundo Tutikian e Dal Molin (2008), Gomes e Barros (2009) e Klein (2008), o
precursor do CAA teria sido o professor Hajime Okamura, da Kochi University of
Technology, nos anos 80 no Japão. Os estudos CAA se desenvolveram em função de
estruturas de concreto que tem a necessidade de resistir aos abalos sísmicos que ocorrem
34
Segundo diversos autores, entre eles Gomes e Barros (2009) Tutikian e Dal Molin
(2008), os materiais utilizados na elaboração de misturas para CAA são os mesmos
utilizados nas misturas de concretos convencionais (CCV), ou seja, agregado miúdo,
35
agregado graúdo com controle de sua dimensão máxima (até 19 ou 25 mm), cimento
Portland comum ou composto, porém há um aumento nas adições de materiais finos
quimicamente ativos ou não (filers), e mais plastificantes, superplastificantes e em alguns
casos modificadores de viscosidade (Mehta e Monteiro, 2008).
4.3.1 Cimento
Qualquer um dos cimentos tipo Portland usados na produção de CCV, desde que em
acordo com as normas locais, podem ser utilizados na produção de CAA, a escolha do tipo
do cimento vai ficar a cargo das exigências e especificações do projeto definido para a
aplicação onde o referido concreto será utilizado (Tutikian e Dal Molin, 2008; Gomes e
Barros, 2009).
Porém, segundo Gjorv (1992 apud Tutikian e Dal Molin 2008), o que pode
influenciar na escolha do cimento é a quantidade de aluminato tricálcico (C3A) e a
granulometria do cimento. No fator reologia do cimento quanto menor a quantidade de
C3A, mais fácil o controle deste fator. Quantidades acima de 10% podem afetar a
trabalhabilidade e o enrijecimento se dá em menos tempo. Já a relação entre a reologia e a
granulometria do cimento, mostra que quanto mais fino o cimento ou seja, uma superfície
específica maior, promove uma diminuição da tensão de escoamento e aumenta a
viscosidade do concreto fresco. Isso se deve ao maior número de partículas em contato com
a água e um volume maior de choques entre elas. Sendo assim, devido a necessidade de
adição de finos para melhorar a coesão do CAA, cimentos com uma superfície específica
maior seriam mais apropriados a este fim, apesar de aumentar a necessidade de cuidados
quanto a retração e ao calor de hidratação do concreto.
Gomes e Barros (2009) apontam que quantidades ideais de cimento estariam entre
200 e 450 kg/ m³ de CAA. Isso dependeria da quantidade de adições reativas ou inertes
lembrando que, para consumos com quantidades superiores a 500 kg/m³ seriam necessários
cuidados extras com relação a retração e que, para consumos menores que 300 kg/m³ seria
necessário a inclusão de outros materiais cimentícios (cinza volante, escória, etc.).
36
4.3.2. Agregados
De uma forma geral, todos os tipos de areais podem ser utilizadas na produção do
CAA, areias eólicas, areia de rio, areias resultantes de processos industrias, sendo que esta
última requer cuidados pois pode ter uma granulometria descontinua principalmente nas
37
frações médias, enquanto que as primeiras são mais recomendadas pois possuem grãos
mais arredondados e de superfície mais lisa (Tutikian e Dal Molin, 2008).
Para Gomes e Barros (2008), o volume normal de agregado miúdo deve permanecer
na faixa que varia entre 40% e 50% do volume de argamassa, em proporções em massa que
fiquem entre 710 kg/m³ e 900 kg/m³.
O volume de agregado graúdo para o CAA deve ser baixo, entre 28% e 35% do
volume total do concreto, mantendo uma relação de massa do agregado graúdo para o
concreto entre 32% e 40%, as proporções aproximadas em massa de 750 kg/m³ a 920 kg/m³
(Gomes e Barros, 2009).
O CAA utiliza na sua composição para obter as características que o definem como
autoadensável, além dos materiais pertinentes ao concreto comum, adições minerais ativas
quimicamente ou não e aditivos redutores de água (plastificantes e superplastificantes) e em
alguns casos aditivos modificadores de viscosidade (AMV) que podem ou ser utilizados em
conjunto com as adições minerais (Herbudiman e Saptaji, 2013; Tutikian e Dal Molin,
2008; Gomes e Barros, 2009).
Segundo Çakir et al. (2009) a seleção desses materiais tem que ser criteriosa, pois a
simples adição de um dos materiais pode afetar positiva ou negativamente a influência das
39
b) Pelo método estabilizador: pelo qual se usa uma mistura (aditivos) para aumento
de viscosidade;
b) para um concreto com uma alta resistência à segregação, é necessária uma alta de
viscosidade.
a) Adições Inertes
As adições inertes ou fíler são materiais minerais finamente moídos, com efeito,
somente físico de empacotamento granulométrico e pontos de nucleação para a hidratação
do cimento e devem entrar na composição do CAA em substituição ao agregado miúdo,
41
pois tem maior superfície específica que este, melhorando a compacidade, aumentando a
coesão e a distribuição granulométrica (Bosiljkov, 2003; Tutikian e Dal Molin, 2008).
Segundo Tutikian e Dal Molin (2008), os fílers podem ser tanto materiais naturais
quanto materiais inorgânicos resultantes de processos industriais, sendo que estes tem que
ter como características principais a finura e uniformidade. Os fílers mais comumente
utilizados são o de origem calcária e as areias finas.
Segundo Gomes e Barros (2009) podem ser utilizadas pedras calcárias, dolomíticas
e graníticas em frações menores que 0,125 mm, mas deve-se tomar cuidado com os filers
de origem dolomítica devido a reação álcali-agregado, o que afeta a durabilidade do
concreto (Lisbôa, 2004).
Adição Ação
Maior coesão;
Cinzas volantes Menor sensibilidade a variação do teor de água;
Em excesso prejudicam a fluidez.
A elevada superfície específica e grãos esféricos, aumentam a coesão e
resistência à segregação;
Sílica ativa Eficaz na redução da exsudação;
Rápido endurecimento superficial pode causar dificuldades no
acabamento das peças de concreto e na execução de juntas em caso de
interrupções momentâneas da aplicação do concreto.
Diminui o calor de hidratação;
Presente na composição de alguns cimentos (CPII e CPIII, no Brasil);
Escória de alto-forno Em excesso pode prejudicar consistência física do CAA e sua reação
lenta pode aumentar o risco segregação;
Alguns estudos estão sendo feitos para adição a cimentos tipo ARI.
Outras adições
Podem ser usados ou considerados como adições para o CAA, porém
(metacaulim, fíler de vidro,
seus efeitos a curto e longo prazo devem ser cuidadosamente e
pozolanas naturais, fílers
individualmente avaliados.
diversos)
Além dos materiais citados acima, outro material que tem surgido como um grande
avanço tecnológico em adições minerais para o CAA é a nano sílica ou sílica coloidal
amorfa ultra fina. A nano sílica é constituída de partículas extremamente finas, de 5 a 50
nm, dispersas em uma solução aquosa com 10% a 50% de sólidos. Jo et al. (2005) por
observações feitas em microscópio eletrônico de varredura (MEV), comprovam a alta
eficiência da nano sílica como adição ativa quimicamente, pois ela não só aumenta a
microestrutura como funciona como um ativador da zona de transição. Jalal et al. (2012)
obtiveram resultados de melhoria nas propriedades do estado fresco de um concreto
autoadensável leve, como o aumento da coesão e diminuição dos riscos de segregação e
exsudação, além de aumentos nas resistências à compressão e à tração do concreto
endurecido.
A ABNT NBR 11768:2011 define aditivos para concreto, de uma forma geral,
como materiais que são adicionados durante o preparo do concreto para alterar suas
43
propriedades tanto no estado fresco como no endurecido. Estes materiais não devem
ultrapassar quantidades superiores a 5% da massa dos materiais aglomerantes do concreto.
a) Superplastificantes (SP)
Ainda segundo a ABNT NBR 11768:2011 estes redutores de água ainda podem ser
subdivididos em função de propriedades secundárias de alteração da pega, como redutores,
aceleradores ou de pega normal.
Figura 12- (a) Estrutura típica dos aditivos superplastificantes NS e MS; (b) atuação dos grupos aniônicos
dos aditivos na superfície do grão de cimento; (c) comportamento das partículas do cimento antes e depois da
adição dos superplastificantes. Fonte : Kreijger
Figura 13- Micrografias de dispersão do cimento em água: (a) antes sem aditivo; (b) com aditivo. Fonte: Mehta e
Monteiro (2008).
Figura 14 - Mecanismo de ação dos aditivos a base de policarboxilatos. Fonte: Mehta e Monteiro (2008)
47
Alguns VMAs são baseados em materiais inorgânicos tais como sílica coloidal
amorfa com pequenas partículas insolúveis, não difusíveis, mas suficientemente pequenas
para permanecerem suspensas em água sem sedimentação. Por interação iônica do cálcio e
sílica do cimento um gel tridimensional é formado, o qual aumenta a viscosidade da pasta.
48
Esta estrutura também aumenta a distância entre as partículas e pode também aumentar o
limite de escoamento. A estrutura tridimensional do gel contribui para o controle da
reologia da mistura, melhorando a uniformidade e a suspensão das partículas de agregado e
assim reduz qualquer tendência para a exsudação, segregação e sedimentação (EFNARC,
2006). A figura 15 mostra o esquema da ação do VMA.
Dosagem Efeito
Super dosagem perda da trabalhabilidade inicial *;
retardo nas reações;
aumento de grandes bolhas de ar;
dificuldade de limpeza dos equipamentos.
Sub dosagem lavagem dos agregados em aplicações
submersas;
continuação dos problemas com exsudação e
segregação;
baixa viscosidade e nenhuma coesão.
*o aumento da dosagem de SP pode ser necessário para combater a perda de
trabalhabilidade devido ao uso do VMA.
Tutikian e Dal Molin (2008), descrevem que as qualidades da água para o CAA são
as mesmas que as exigidas para o concreto convencional. Para Gomes e Barros (2009),
apesar da água ser o item do CAA que menos exige controle de qualidade ele é um dos
itens mais importantes tanto nas propriedades do estado fresco quanto do endurecido do
concreto. Sua utilização normalmente é descrita em forma de relações água/cimento,
51
Num contexo geral, o teor de água para concretos auto adensáveis é um fator crítico
a ser controlado; pois, pequena variação (aliada a outros fatores como o tipo de cimento)
altera as condições reológicas do concreto (Santos et al., 2009). Em ordem prática,
variações de 5 a 10 litros/m³, num controle deficiente da umidade dos agregados, podem
fazer com que a dosagem racional do concreto não apresente a trabalhabilidade requerida,
ou ainda, que sejam produzidos concretos segregados, principalmente por segração estática
(após lançado).
pontos como a alta taxa de materiais finos e a utilização de aditivos com maior intensidade,
como já descrito anteriormente.
O CAA com uma relação a/c ou a/pó semelhante terá uma resistência ligeiramente
maior em comparação ao CCV. Isso ocorre em função da ausência de vibração o que acaba
gerando um aumento na interface entre o agregado e a pasta endurecida. Pela avaliação da
resistência à compressão, que é a característica mais especificada e avaliada entre todas as
do concreto endurecido, um bom número de outras características mecânicas do CAA
podem ser avaliadas, pois há relações pré-estabelecidas entre elas e especificadas em
normas (EFNARC, 2005). Também se pode avaliar o desenvolvimento dessa resistência
pelo método de ensaio de maturidade do concreto ASTM C1074 (Tutikian et al., 2012). A
figura 16 descreve fatores que influenciam na resistência à compressão do CCV e podem
ser utilizadas para o CAA.
Figura 16 - Fatores que influenciam a resistência do concreto. Fonte: Mehta e Monteiro (2008)
53
Nikbin et al. (2014), mostra em seu trabalho e de outros autores que, apesar da
dispersão de dados em relação ao módulo de elasticidade o CAA apresenta resistências
mais baixas, valores de módulo maiores em relação ao CCV, porém em resistências mais
baixas o inverso acontece. Isso ocorre devido a alta taxa de finos na pasta do CAA o que
melhora o efeito da zona de transição sobre o módulo; já sob cargas mais altas o efeito do
54
4.4.4. Fluência
A fluência pode ser definada como o aumento gradual da deformação com o tempo
e sob a aplicação de uma carga constante, levando-se em conta outras deformações não
dependentes da carga aplicada como, a retração por secagem a expansão e a deformação
térmica. A origem da fluência está intimamente ligada a pasta de cimento saturada
(EFNARC, 2005; Mehta e Monterio, 2008).
idade de carregamento, uma menor relação tensão/força e uma fluência inferior. Como os
agregados restringem a fluência da pasta de cimento, quanto maior o volume do agregado e
quanto maior o valor do módulo do agregado, menor será a fluência (EFNARC, 2005).
4.4.5. Retração
A retração nos concretos ocorre de duas formas, autógena e por secagem. A retração
autógena é provocada pelo uso da água nos processos de formação dos produtos do cimento
devido à sua hidratação. Como os produtos hidratados tem menor volume que os originais
do cimento e da água isso provoca esforços de tração dentro da pasta ocasionando a
retração autógena. Já a retração por secagem ocorre pela diferença de umidade entre a pasta
de cimento e o ambiente, fazendo a água adsorvida fisicamente na pasta migrar para fora do
concreto. Esta perda é muito lenta e as tensões geradas por ela acabam sendo balanceadas
pelas geradas pelo processo de fluência (Mehta e Monterio 2008; EFNARC, 2005).
Figura 18- Influência do tipo de agregado no coeficiente de expansão térmica do concreto. Fonte: Mehta e
Monteiro (2008).
Uma ligação fraca resulta muitas vezes de uma falha do concreto para encapsular
totalmente a barra durante a aplicação, a exsudação ou a segregação do concreto fresco o
que reduz a qualidade do contato com a superfície inferior da barra (efeito este mais
comum em barras na parte superior da peça concretada). Os CAAs devido ao seu maior
índice de pasta, coesão e a ausência de vibração acabam tendo o melhor efeito de aderência
em relação ao CCV (Trezos et al., 2014).
O concreto é incombustível e não propaga chamas. Ele não produz fumaça, gases
tóxicos ou emissões quando expostos ao fogo e nem contribui para a carga de incêndio. O
concreto tem uma baixa taxa de transferência de calor, que o torna um escudo eficaz contra
o fogo em relação a ambientes adjacentes e mantém grande parte de sua resistência em
condições típicas de fogo (EFNARC, 2005).
58
4.4.10. Durabilidade
Kanellopoulos et al. (2012), afirma que existe correlação linear entre os três
indicadores de durabilidade para os materiais finos específicos utilizados nas misturas
CAA. Isto demonstra que, estas propriedades estão relacionadas e uma alteração em uma
delas automaticamente afeta as outras. No entanto, a inclusão de diferentes tipos de filers
na composição do traço pode alterar a microestrutura das amostras endurecidas e, assim,
podem conduzir a diferentes tipos de correlações. Porém afirma que com testes simples de
durabilidade pode ser utilizados para se tirar conclusões sobre a durabilidade do CAA.
Segundo Kovler e Roussel (2011) tem que se dar especial atenção aos aspectos de
testes das propriedades do concreto, a interpretação dos resultados dos testes, modelagem e
previsão de propriedades, bem como a correlação entre as propriedades do concreto fresco
e sua durabilidade, efeitos de aglomerantes especiais, tipos de agregados, reforço de fibra,
adições minerais e químicas, e propriedades de concretos especiais.
60
4.5.1. Reologia
Para Tutikian e Dal Molin (2008) o CAA é caracterizado como tal fluído, pois
apresenta os dois parâmetros principais: a viscosidade plástica e a tensão de cisalhamento.
O primeiro parâmetro determina o fluxo do material enquanto o segundo determina o
movimento do CAA. Portanto o CAA apresenta baixa tensão de cisalhamento com alta
viscosidade o que lhe dá características de alta fluidez sem segregação.
Para se conseguir estas propriedades do CAA é comum usar uma baixa relação a/c e
aditivos redutores de água em maior quantidade. Além disso, é necessário, a fim de evitar a
segregação e alcançar uma elevada fluidez, o uso de superplastificantes para dar fluidez e
um volume elevado de cimento, que funciona tanto para o aumento de resistência e quanto
da viscosidade. Para se reduzir o custo do CAA, o uso de misturas minerais, tais como
sílica ativa, cinzas volantes, escória de alto forno e fílers diversos, reduz as despesas com
61
Para Tutikian e Dal Molin (2008) afirma a importância do estudo sobre a pressão
exercida pelo CAA nas fôrmas durante a sua aplicação, uma vez que ela é maior em
comparação com a do CCV, podendo fazer com que as formas cedam se houver cuidados
extras.
Segundo Omran e Khayal (2014), a pressão lateral na fôrma exercida pelo concreto
é afetada por diversos fatores: pela composição da mistura, pelas condições de aplicação e
pelas características da fôrma. A composição da mistura inclui tipo de ligante e teor,
materiais cimentícios suplementares, adições, fator a/c, o teor e as características do
agregado graúdo, o volume de pasta, de aditivos químicos, peso específico de concreto,
consistência do concreto e temperatura. A tixotropia do concreto aqui expressa em termos
de carga estrutural em repouso é utilizado para refletir o efeito total dos fatores de dosagem
da mistura sobre a pressão na fôrma.
A Tixotropia pode ser definida como uma diminuição, com o tempo, de viscosidade
sob tensão de cisalhamento constante ou taxa de cisalhamento, seguida por uma
recuperação gradual quando a taxa de estresse ou de cisalhamento é removido (Barnes et
al.,1989; apud Omran e Khayal, 2014). O comportamento tixotrópico normalmente ocorre
em materiais heterogêneos, devido às interações no nível molecular. Na pasta de cimento,
62
Omran et al. (2012), observa que: há uma relação entre a dosagem de misturas do
CAA e a pressão exercida por ele na fôrma; a diminuição do volume de pasta e o aumento
do volume de agregado graúdo diminui a pressão lateral; a queda da pressão é mais lenta
conforme se diminui o volume de pasta; para um dado teor de pasta a diminuição do
volume de areia aumenta a tixotropia e diminui a pressão lateral; o aumento do fluxo do
CAA diminui a tixotropia e aumenta a pressão lateral; a diminuição da pressão lateral é
mais acentuada na primeira hora após a aplicação em relação a média da diminuição da
pressão durante a aplicação.
Pela ABNT NBR 15823:2010, para cada tipo e classe de CAA a ser utilizado em
uma estrutura ou elemento estrutural e fabricação de pré moldados, deve haver uma
comprovação por ensaios das propriedades do estado fresco e sua aceitação. Quando este é
recebido em obra e dosado em central, deve levar em consideração os resultados dos
ensaios e comparados com os limites da norma para:
fluidez ;
63
viscosidade aparente;
habilidade passante.
Figura 19 - Verificação da segregação no CAA no ensaio de espalhamento: (a) segregado; (b) sem segregação.
Fonte (a): Tutikian e Dal Molin (2008).
65
Dentre os ensaios do CAA este é um dos mais simples e que pode ser executado
utilizando-se os mesmos equipamentos empregados para a medição de abatimento do CCV,
portanto facilmente executado em obra.
Figura 21 - Esquema gráfico da realização do ensaio de escoamento. Fonte: ABNT NBR 15823-2:2010.
Segundo Borja (2011), existem vários métodos de dosagem do CAA, em todos eles
a meta é sempre alcançar a fluidez adequada, estabilidade (viscosidade ideal) e capacidade
de aplicação com o menor custo possível.
Segundo Daczko e Vachon (2006) apud Borja (2011) existem quatro premissas a se
seguir para a determinação de um traço de CAA:
agregados. É bom salientar que boa parte da fluidez da pasta é dada pelos aditivos
superplastificantes.
4) Dosagem de aditivos: não se obtém fluidez para o CAA somente com água, pois
seu excesso traz inúmeras patologias, sendo, portanto necessária a utilização de aditivos
plastificantes ou superplastificantes. No entanto a fluidez causada por estes aditivos diminui
a viscosidade podendo provocar a exsudação e segregação. Para se controlar esses efeitos, é
necessária a utilização de materiais finos, ou caso haja dificuldade em encontrá-los utiliza-
se moderadores de viscosidade (VMA).
Ainda segundo Bogas et al. (2006), estes estudos tendem a apresentar grandes
quantidades de materiais nobres com alto teor de adições e cerca de 0,3m3/m3 de agregado
leve já saturado.
Segundo Cui et al. (2010) para se produzir uma mistura homogênea e coesa
autoadensável é exigida uma grande quantidade de material fino em relação ao concreto
vibrado convencional. O concreto leve também exige grande proporção de pasta de cimento
para alcançar a trabalhabilidade adequada e a resistência à compressão estipulada em
projeto. Portanto, a maior exigência de aglomerantes do concreto leve é semelhante à
72
exigência para o CAA, fazendo com que concreto leve autoadensável (CLAA) possa ser
produzido sob os mesmos princípios da CAA tradicional. O estudo comparativo preliminar
sobre a trabalhabilidade e as propriedades mecânicas do CLAA em relação a concretos
normais autoadensáveis (Person, 2001 apud Cui et al., 2010) indicou que o CLAA é um
material potencial para a reparação e manutenção de estruturas antigas de concreto. Estudos
sobre fluidez e durabilidade de CLAA também concluíram que a alta resistência, excelentes
fluidez e durabilidade poderiam ser alcançadas.
5.2. Materiais
Os materiais utilizados no CLAA, em sua maior parte, são os mesmos materiais que
normalmente se utiliza no CAA e no concreto leve comum, ou seja teríamos além da alta
quantidade de materiais finos, aglomerantes e adições minerais reativas ou não,
plastificantes ou superplastificantes, aditivos modificadores de viscosidade, agregado
miúdo natural ou artificial e agregado graúdo (todos esse materiais foram descritos no
capitulo anterior quando tratamos sobre o CAA).
Bogas et al. (2010) em Portugal, desenvolveu estudos com Leca, uma argila
expandida produzida em Portugal e Arlita produzida na Espanha, com resultados de 37,4
MPa a 60,8 MPa para as resistências à compressão com uma massa de materiais finos 490 a
599 Kg/m³ e 33% de cinzas volantes. Abdelaziz (2010) no Egito, produziu CLAAs com
agregado calcário e uma argila expandida produzida localmente, conseguindo desempenhos
73
no estado fresco bem próximos do CAA feito no estudo, somente ajustando as dosagens de
SP e a relação do agregado leve / areia. Topçu e Uygunoglu (2010) na Turquia
desenvolveram estudos comparativos de desempenho de três tipos de agregados diferentes
na composição de CLAA, pedra pomes, tufo e diatomita, concluindo que o melhor
desempenho foi da pedra pomes, com melhor interação na zona de transição, melhor
resistência à compressão e à tração, com baixa massa específica e bom isolamento térmico.
Choi et al. (2006) faz uma boa investigação da influência de se substituir tanto as
frações de agregado graúdo quanto as do miúdo convencionais por agregados leves
artificiais, sobre as propriedades mecânicas e reológicas do concreto. Os ensaios de Slump-
Flow e T500 apresentaram valores para todas as misturas dentro dos limites geralmente
aceites para CAA, enquanto os valores para funil V e caixa-U foram insatisfatórios (de
acordo com a classificação de segunda classe da JSCE), especialmente para as misturas nas
quais os agregados miúdos foram parcialmente ou totalmente substituídos por areia leve.
Isto corrobora com as observações de Yanai et al. (1999) apud Papanicolaou e Kaffetzakis
(2011).
A propriedade crítica em estado fresco, que pode ser vantajoso para CLAA é a sua
capacidade de bombeamento. Em um estudo realizado por Haist et al. (2003) apud
Papanicolaou e Kaffetzakis (2011), os autores afirmam que a elevadas quantidades de finos
nas argamassas tornam CLAA um material ideal para o bombeamento, desde que o grande
problema da absorção de água pelos agregados leves sob pressão de bombeamento seja
tratada através da composição cuidadosa da pasta. Em particular, o conteúdo e distribuição
de finos com um diâmetro comparável à magnitude de poros na superfície dos agregados
leves é considerada crucial no processo de absorção de bombeamento. Para avaliar o
desempenho de misturas CLAA durante o bombeamento três misturas foram produzidas:
75
6 MATERIAS E MÉTODOS
A parte experimental iniciou com a coleta dos materiais componentes dos concretos
estudados: cimento, agregados, argila expandida, filer e aditivo. Na sequência foram
realizados os ensaios de caracterização destes materiais conforme as especificações da
ABNT. De posse destes resultados pode-se elaborar os traços das misturas de CAA e
CLAA.
6.1. Materiais
A opção pelo cimento de alta resistência inicial foi devido a sua finura que é um
aspecto muito importante que influencia a reologia dos CAA e também pelo fato de grande
parte das aplicações do CAA que acontecem atualmente no Brasil, estarem voltadas para a
fabricação de pré-moldados.
6.1.2. Fíler
colorações: branco, creme, rosado, roxo, cinza e preto. Ao passar pelos diversos processos
de refinamento, este mineral ganha infinitas utilidades, em setores produtivos como a
construção civil, agropecuária e indústria de materiais sintéticos, entre outros
(http://www.mineracaoitapeva.com.br/produto.asp, 2015). A figura 24 mostra imagens do
material britado e moído.
O filito possui massa específica 2,70 g/cm³ determinada pelo ensaio conforme
norma da ABNT NBR NM 23:2001, da região de Itupeva, foi utilizado como adição
mineral inerte para aumentar a quantidade de finos na mistura.
MINÉRIO P.F. SiO2 Al2O3 Fe2O3 TiO2 CaO MgO NA2O K2O H2O
FILITO BRANCO 3,66 71,72 16,29 1,05 0,50 - 1,44 0,11 4,62 -
FILITO CINZA 4,21 69,30 17,60 1,12 0,60 0,02 1,73 0,08 4,82 -
FILITO GRAFITOSO 5,15 66,60 17,70 1,85 0,60 0,03 1,96 0,11 5,11 -
FILITO CREME 5,40 71,20 15,29 4,52 0,71 0,15 1,66 0,09 5,18 -
FILITO ROSADO 5,22 62,62 17,99 6,83 1,00 - 1,17 0,11 4,82 -
ARENITO ROSÁRIO III 3,88 87,76 6,32 0,82 - 0,59 0,22 0,05 0,16 6,23
80
Foi utilizado um agregado de origem basáltica da região de Limeira, SP, com massa
específica de 2,90 kg/dm3, determinada conforme as especificações da ABNT NBR
53:2009 e massa unitária compactada de 1,51 kg/dm3, determinada conforme a ABNT NBR
45:2006. A composição granulométrica desse material foi realizada de acordo com as
prescrições da ABNT NBR 248:2003. O agregado foi escolhido não só em função da sua
disponibilidade local, mas também em virtude de sua dimensão máxima característica que,
conforme descrito anteriormente, afeta as qualidades reológicas do CAA, como também
pode causar um bloqueio ao deslocamento dos CAA quando este encontra a armadura
como obstáculo. A tabela 13 mostra a composição granulometria do material e a figura 25 a
curva granulométrica.
Brita 4,75/12,5
Abertura da peneira
% retida
(mm)
acumulada
9,5 0
6,3 41
4,8 87
2,4 99
1,2 100
0,6 100
0,3 100
0,15 100
Resíduo 100
Dmáx caract. 9,5 mm
Módulo de finura 5,86
81
Figura 26 - (a) Cinexpan 0500, (b) Cinexpan 1506. Fonte: Angelim, 2014.
Composto %
Fe2O3 10,9
CaO 0,10
Al2O3 18,9
MgO 3,50
Na2O 0,22
K2O 5,7
SiO2 52,8
CINEXPAN CINEXPAN
Propriedades
0500 1506
Massa específica (kg/dm3) 1,52 1,15
Massa unitária no estado seco e solto
0,85 0,62
(kg/dm3)
83
100
Porcentagem retida acumulada (%)
90
80
70
60
50
Cinexpan 0500
40
Cinexpan 1506
30
20
10
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Abertura das peneiras (mm)
Figura 28 - Comparação visual entre os agregados leve e convencional. Fonte: Angelim, 2014
Assim como os demais agregados teve sua escolha relacionada aos fatores,
disponibilidade e adequação as necessidades técnicas para o desenvolvimento dos CAA e
CLAA estudados. A composição granulométrica, apresentada na tabela 18, mostra o
agregado com módulo de finura de 1,64 e diâmetro máximo de 1,2 mm o que caracteriza
uma areia que ocupa a zona utilizável inferior, segundo a ABNT NBR 7211:2005. A figura
85
30 mostra a curva granulométrica da areia, que fica muito próxima do limite inferior da
zona utilizável, ensaio este realizado segundo as determinações da ABNT NBR 248:2003.
O material apresentou massa específica (ABNT NBR 52:2009) igual a 2,64 kg/dm 3 e
massa unitária no estado solto e seco de 1,52 kg/dm3.
Areia
Abertura da peneira (mm)
% retida acumulada
9,5 0
6,3 0
4,8 0
2,4 1
1,2 4
0,6 13
0,3 55
0,15 91
Resíduo 100
Dmáx caract. 1,2 mm
Módulo de finura 1,64
Classificação Zona utilizável inferior
6.1.6. Aditivo
Areia
Kg/m³ < # 2,4 mm 945 945 945 945 945 945 775 775 775
Natural
Areia Argila
Kg/m³ < # 4,8 mm 0 0 0 0 0 0 98 98 98
Leve
Graúdo Basalto
Kg/m³ < # 12,5mm 751 751 751 0 0 0 0 0 0
Normal
Graúdo Argila
Kg/m³ < #12,5mm 0 0 0 363 363 363 363 363 363
Leve
Aditivo % do
Policarboxilato 1,4 % 1,4 % 1,4 % 1,4 % 1,4 % 1,4 % 1,4 % 1,4 % 1,4 %
Superplast. cimento
Teor
Kg/m³ 195 195 195 195 195 195 195 195 195
de Água
Relação
- 0,609 0,541 0,443 0,609 0,541 0,443 0,609 0,541 0,443
a/c
ensaios de espalhamento para os traços contendo o agregado graúdo leve e também para o
agregado de densidade normal. A verificação da quantidade de argamassa necessária para
evitar a flotação da argila expandida, menos densa, foi feita por observação deste tipo de
comportamento durante o processo de mistura, assim adequando a quantidade de finos da
argamassa, ao se conter a flotação definiu-se a quantidade de argamassa. Após a adequação
da quantidade de finos do traço de CLAA, redosou-se a argamassa do CAA conforme o
teor do CLAA.
Para a produção dos CLAAs, o agregado leve ficou imerso em água por no mínimo
24 h e foi misturado na condição de “saturado superfície úmida”, sendo sua massa
específica nessa forma já considerada na dosagem dos traços. Essa medida é adotada de
forma à mitigar a migração (absorção) da água do traço para dentro do agregado. Esta
absorção causa impactos no desempenho reológico e, por vezes, elevada retração plástica
do concreto.
Tendo definidas as quantidades de materiais para cada traço, as misturas, para todos
os traços, foram feitas inicialmente em betoneira de eixo inclinado, colocando-se todo o
agregado graúdo e 2/3 da água de amassamento, o agregado miúdo, o restante da água e o
material fino. Antes da mistura final do aditivo, fazia-se uma análise da mistura para
verificar as condições de umidade e coesão (figura 29), como forma de se determinar um
ponto inicial para a colocação do aditivo. Após essa definição, a colocação do restante do
aditivo era feita durante a mistura até se obter um espalhamento ≥ 600 mm, podendo ficar
89
entre as classes SF1 e SF2 pela norma ABNT NBR 15823:2010. Atingindo esta meta eram
feitos os demais ensaios para o estado fresco: anel J, funil V e caixa L. Só não foi
executado o ensaio da coluna de segregação, pois a norma ABNT o classifica como não
aplicável a concretos contendo agregados leves, mas a segregação dinâmica é facilmente
observada nos ensaios de espalhamento e anel J.
Este ensaio foi realizado com uma adaptação da norma ABNT NBR 15823-2:2010.
O cone de Abrans foi colocado ao contrário para se manter a mesma inércia da massa de
concreto, obtida no ensaio com anel J , que é realizado com o cone nesta posição. O ensaio
foi realizado várias vezes durante a mistura, até chegar ao escoamento pré-definido. Isso foi
possível graças ao tempo de manutenção do aditivo “mid-range” utilizado, conforme figura
32.
Obs.: A segregação estática foi avaliada visualmente, nas partes separadas dos
corpos de prova após ensaios o de tração na flexão.
Essas mesmas quantidades de corpos de prova foram feitas para cada um dos traços
estudados. Após a moldagem os corpos de prova foram curados em tanque de água saturada
com cal onde permaneceram até as datas dos ensaios. A figura 36 mostra a moldagem.
7 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Amostras Produzidas
Ensaio CAAN CAAN CAAN CLAAG CLAAG CLAAG CLAAM CLAAM CLAAM
320 360 440 320 360 440 320 360 440
Massa Específica
(kg/m³) 2,27 2,30 2,34 1,77 1,89 1,84 1,76 1,75 1,76
espalhamento (mm) 560 610 655 630 620 655 680 620 740
T500 (s) 3,9 2,0 2,0 3,0 3,0 3,0 2,2 3,0 3,0
Anel J (mm) 540 540 550 540 540 590 650 610 720
T500 Anel J (s) 3,0 2,5 3,0 6,5 4,5 3,5 2,1 2,0 3,0
Funil V (s) 17,9 14,0 13,0 13,0 8,5 8,5 6,1 7,5 6,1
Caixa L 0,78 0,79 0,80 0,80 0,80 0,84 0,86 0,91 0,97
Também podemos notar que para que os dois CLAAs, tanto o CLAAG quanto o
CLAAM, no ensaio de T500 com anel J, mostram tempos menores de escoamento em
relação ao CAAN.
leves além de levarem vantagem devido ao fato de seus agregados terem o formato esférico
que proporciona a sua maior fluidez, passam com maior facilidade pelos obstáculos, sendo
também observado este fato por Bogas et al. (2012). Uma comparação entre os resultados
de ensaios de espalhamento (slump flow), habilidade passante (anel J) e a densidade das
três familias de traços é ilustrada no gráfico 6.
800,00 2,40
2,30
750,00
2,20
700,00 2,10
2,00 espalhamento
650,00
1,90 anel J
600,00 1,80 Massa
1,70
550,00
1,60
500,00 1,50
O que se espera para o concreto leve autoadensável é que, com a menor massa os
valores de fluidez dos ensaios tendem à valores maiores que o concreto de massa normal,
claramente devido a ensaios empregados que são ensaios de leitura monoponto; a menor
99
massa não favorece o escoamento em tempo menor que o concreto mais pesado, pela
simples diferença de inércia entre esses concretos.
Segundo Seng (2006); Chia e Zhang (2004) este efeito poderia ser melhor
observado em ensaios de reometria, onde pode-se ter em concretos leves com argila
expandida com uso de superplastificantes, redução da tensão de escoamento sem alteração
da viscodidade plástica.
Os valores dos ensaios de caixa L conforme gráfico 7, foram próximos para as amostras
CAAN e CLAAG, e melhores os concretos com agregado leve miúdo (CLAAM).
1,20 800
700
1,00
Espalhamento (mm)
Habilidade Passante
600
0,80 Caixa L
500
0,60 400
300 Anel J
0,40
200 (mm)
0,20
100
0,00 0
CAA DE DENSIDADE NORMAL CLAA 100% AGREGADO GRAÚDO CLAA 100% GRAÚDO E 13% MIÚDO
PROP. FISICAS (ENDURECIDO) Norma ABNT NBR
CAAN320 CAAN360 CAAN440 CLAAG320 CLAAG360 CLAAG440 CLAAM320 CLAAM360 CLAAM440
resit. Comp 7 dias (MPa) 5739:2007 28,3 36,9 57,9 24,6 27 34,3 25,3 26,60 31,30
resit. Comp 28 dias (MPa) 5739:2007 31,3 45,4 67,4 26,7 28,9 35,3 27,8 29,40 32,50
tração comp. Diam 7 dias (MPa) 7222:2011 2,79 3,53 5,06 2,76 3,23 4,07 2,98 3,01 2,90
tração comp. Diam 28 dias (MPa) 7222:2011 3,43 4,54 6,24 3,04 3,36 4,11 3,20 3,18 3,40
módulo sec 7 dias (GPa) 8522:2008 18,37 24,1 34,6 13,89 15,59 16,2 14,74 16,01 14,50
módulo sec 28 dias (GPa) 8522:2008 20,93 26,3 35,72 13,93 15,43 16,9 14,78 12,51 14,87
absorção (%) 9778:2009 5,7 5,6 4,1 11,6 10,4 9,7 13,5 13,10 9,80
indice de vazios (%) 9778:2009 11,7 12,3 9,6 18,5 17,9 16,2 20,8 20,30 15,70
massa especifica seca (t/m³) 9778:2009 2,06 2,18 2,35 1,59 1,72 1,68 1,55 1,55 1,60
massa especifica saturada (t/m³) 9778:2009 2,17 2,3 2,44 1,77 1,89 1,84 1,76 1,75 1,76
massa especifica real (t/m³) 9778:2009 2,33 2,49 2,59 1,94 2,07 1,96 1,96 1,94 1,90
70
Apesar da acentuada perda da resistência, este fator não deve ser o único utilizado
para avaliar o CLAA. Como pode ser visto no gráfico 10 os valores do fator de eficiência
calculados para os CLAAs, estão bem próximo dos CAAs, apesar das resistências e
densidades dos CLAAs serem menores. O cálculo do fator de eficiência foi realizado para
as resistências medidas aos 28 dias, uma vez que só foram realizados ensaios de massa
específica para esta idade. Segundo Rossignolo (2009), o fator de eficiência (FE) estabelece
uma relação entre a resistência à compressão do concreto e sua massa específica. Cabe
ressaltar que mesmo com perda de resistência em relação ao traço convencional, todas as
misturas ultrapassaram os valores mínimos da norma NBR NM 35/1995.
103
80 30,0
7,0 14%
6,0 12%
Tração indireta (MPA)
Também se observa que houve pouca variação entre os resultados aos 7 e 28 dias,
para todos os traços de CLAA testados. Kim et al. (2010) e Choi et al.(2006), comprovam
uma relação linear entre as resistências à tração e compressão de concretos leves auto
adensáveis e valores próximos aos do CAA. Observações estas que corroboram com os
resultados obtidos nesse estudo, para os CLAAGs. O gráfico 12 mostra a linearidade dos
resultados obtidos e compara com os calculados a partir da norma ABNT NBR 6118:2014
mostrando a linha de tendência da norma.
5,5
5
Resist. a Tração Obtida (MPa)
4,5
100 % da norma
3
Linear (Tração 28D norma x tração
2,5 ensaio 28 D )
Linear (Tração 7D norma x tração
ensaio 7 D)
2
2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5
Resistência a Tração Calculada (MPa)
No gráfico 12, também se observa que o cálculo estabelecido pela norma ABNT
NBR 6118:2014 mostra resultados abaixo dos obtidos nos ensaios deste estudo. Portanto, a
norma preserva a segurança quanto à resistência estimada à tração.
avaliar se houve segregação. Neste estudo não foi observado nenhum aspecto nos corpos de
prova que demonstrasse a ocorrência de segregação, como ilustrado na figura 41.
40
35
Módulo de elasticidade (MPa)
30
25
20
15
10
5
0
CAAN320 CAAN360 CAAN440 CLAAG320 CLAAG360 CLAAG440 CLAAM320 CLAAM360 CLAAM440
40
y = 0,4113x + 7,8933
35 R² = 0,999
Módulo de elasticidade (GPa)
30
CLAAM 28 dias
25
y = 0,3194x + 5,7425
CLAAG 28 dias
20 R² = 0,9233
CAAN 28 dias
15
Linear (CLAAM 28 dias)
10 y = 0,1199x + 10,469
R² = 0,0459 Linear (CLAAG 28 dias)
5 Linear (CAAN 28 dias)
0
0 20 40 60 80
Resistência à compressão
25 2,5
20 2
5 0,5
massa especifica aparente
(t/m³)
0 0
8 CONCLUSÕES
O método de dosagem utilizado foi eficiente, pois produziu concretos leves auto
adensáveis que apresentaram características de auto adensabilidade requeridas e
compatíveis com as dos concretos auto adensáveis convencionais.
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