Curitiba, 2017
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O PAPEL DOS SISTEMAS PREDIAIS
A importância dos Sistemas Prediais na Construção Civil relaciona-se não apenas com as
primordiais necessidades relativas a higiene e saúde, mas também com as evolutivas noções
de conforto impostas por um dinâmico comportamento social. Neste sentido, muitas pesquisas
tem sido desenvolvidas no sentido de torná-los cada vez mais eficazes no atendimento das
exigências dos usuários. No entanto, no contexto atual, onde há a necessidade que o
Desenvolvimento seja Sustentável, os sistemas prediais passam a serem exigidos também, em
seu desempenho, para além das fronteiras da edificação, ou seja, pelas demandas ambientais.
Os sistemas prediais necessitam, portanto, serem concebidos tanto para satisfazerem o
habitante assim como para contribuírem para a promoção da sustentabilidade do habitat. Neste
cenário encontra-se o projetista, cuja missão é atender os anseios sociais e ambientais, em
meio a emergentes avanços tecnológicos e a necessidade ímpar racionalização, questões
estas singulares na competitiva estrutura econômica estabelecida. Isto posto, é oportuno supor
que o projetista necessite de sensibilização, conhecimento e informação relativos aos
princípios teóricos que sustentam tanto o convencional quanto o novo. Considerando que o
tema transversal desta discussão é a Conservação da Água, alguns sistemas prediais
hidráulicos sanitários serão apresentados sucintamente a fim de embasar o desenvolvimento
da mesma.
2
SISTEM AS PREDIAIS DE ÁGU A POT ÁVEL
O sistema predial de água potável é com posto pelo sistem a predial de água fria ,
de água quente e de combate e prevenção ao incêndio, sistemas estes que serão
apresentados na sequência. Em termos de função básica do Sistema Predial de Água
Fria (SPAF), é imprescindível o atendimento de demandas relativas a vazão, a pressão e a
qualidade da água nos pontos de consumo, no sentido de propiciar ao usuário um uso
"confortável" da mesma. Para tanto, os seguintes requisitos de desempenho devem ser
atendidos:
3
Apresentada a constituição geral dos sistemas prediais de água fria, a tipologia
dos mesmos é a seguinte:
4
Figura: Sistema Indireto sem Recalque (Belinazo, 2002)
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Quanto ao Sistema Predial de Água Quente (SPAQ) sua função básica é o atendimento de
demandas relativas a vazão, a pressão, a temperatura e a qualidade da água nos pontos de
consumo, no sentido de propiciar ao usuário um uso "confortável" da mesma. Para tanto, os
seguintes requisitos de desempenho devem ser atendidos, além daqueles já apresentados
para o SPAF:
Sistema individual:
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2 CONCEPÇÂO E PROJETO
Quanto as interações do sistema predial de água fria com os demais sistemas do edifício,
observar que as mesmas impõem restrições para que haja uma certa harmonia entre os
mesmos. Não obstante, a própria configuração do SPAF igualmente requer considerações. Por
exemplo, pode ser recomendável a concepção de mais colunas de distribuição ao invés
de adotar-se ramais longos, assim como deve -se conceber um a coluna de
distribuição apenas para as válvulas de descarga das bacias sanitária.
Para a elaboração do projeto de água fria, as seguintes etapas devem ser consideradas a
concepção, o dimensionamento, a confecção dos elementos gráficos, a quantificação e o
orçamento, a elaboração dos memoriais descritivos e de cálculo, as especificações e a
elaboração do projeto “como construído” (as built).
- detalhes específicos
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3 DIM ENSIONAM ENTO
Não obstante, a American Water Works Association (AWWA), conforme WATERCASA (2001),
apresenta dados sobre domicílios americanos, conforme Tabela 2.
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capita diário de água e da população do prédio. A Tabela 3 apresenta um exemplo de um
conjunto de valores que relaciona o consumo diário per capita de água “qe” com o tipo de
edificação. Assumido um valor para qe e para uma dada população é possível estimar o
consumo diário de água.
Sendo,
Sendo,
2
A: área total sob risco de incêndio (m )
C: coeficiente função do risco de incêndio, tipo de ocupação e tipo de construção.
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Para a definição do coeficiente C da equação anterior faz-se necessário inicialmente definir a
classe de risco da edificação sob estudo. Para uma edificação multifamiliar de uso residencial,
por exemplo, sua classificação é Grupo A, Divisão A2, conforme Tabela 01 do Anexo do
CÓDIGO DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO (CSCIP) do Corpo de Bombeiros
do Paraná. Não obstante, no mesmo Código e Anexo, a Tabela 03, a seguir reproduzida como
Tabela 4, apresenta a classificação dos riscos.
Tabela 4: Classificação das edificações e áreas de risco quanto à carga de incêndio J/m2
Risco Leve até 300MJ/m²
Risco Moderado Entre 300 e 1.200MJ/m²
Risco Elevado Acima de 1.200MJ/m²
Fonte: Corpo de Bombeiros do Paraná
Observar que admitindo uma edificação multifamiliar construída em alvenaria de tijolos, tem-se
que a construção é resistente ao fogo e que o risco é leve, condicionantes estas que
convergem para o valor de 0,38 para o coeficiente C, de acordo com a Tabela 5.
onde:
o
TAQ = temperatura da água quente no aquecedor. (Ex: 70 C)
o
VAQ = volume de água quente para consumo diário a 70 C (incógnita)
o
TAF = temperatura da água fria no inverno. (Ex:15 C)
VAF = volume de água fria
o
TMIST = temperatura da água morna no ponto de consumo. (Ex: 42 C)
VMIST = volume de água morna utilizada, o qual o próprio consumo diário de água morna.
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Dadas temperaturas admitidas como exemplo, tem-se:
Ou seja, neste exemplo observa-se que aproximadamente 50% do consumo diário de água
morna deve ser reservado como água quente.
1
lin
ha
pie PCs
z om
DGs étr
ica
AMTs=DGs-PCs
B (pressão na entrada da bomba)
As bombas são máquinas hidráulicas são sistemas que podem fornecer energia ao
escoamento. Especificamente, sistemas de bombeamento são equipamentos que transformam
energia elétrica em energia mecânica e esta em energia hidráulica (energia cinética e de
pressão). São muito usadas no Saneamento, em especial para os sistemas de abastecimento
de água e de esgotamento sanitário, e em sistemas prediais.
Para a especificação da bomba, considerando que deva ser priorizado o critério de eficiência
na transformação da energia mecânica, oriunda do rotor, em energia hidráulica, a ser
disponibilizada à tubulação de recalque, faz-se necessária a definição do ponto de trabalho
desta bomba. Assim, conforme figura a seguir, observa-se que a interseção entre as curvas de
do sistema e da bomba ocorre no denominado ponto de trabalho do sistema bomba-conduto de
recalque. Neste ponto de trabalho a operação ocorre na vazão Q0 e a pressão AMT0, para um
rendimento e uma potência P consumida pela bomba. No entanto, a bomba não operará
sempre no ponto ótimo em função de condicionantes como o envelhecimento dos tubos, a
variação da velocidade de rotação e do diâmetro do rotor, a variação nos níveis do líquido, a
operação de registros e a variação de demanda. Assim sendo, admite-se que a bomba
funcione dentro de uma faixa Q1 x AMT1 até Q2 x AMT2, onde, fora desta, o rendimento
operacional diminui.
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Figura: Ponto de Trabalho
Outro aspecto importante nos sistemas elevatórios é a cavitação. Este fenômeno ocorre
quando na tubulação de sucção a pressão absoluta for menor que a pressão de vapor da água
(PABS < PVAPOR). Assim, as bolhas de vapor formadas no interior explodirão em função
justamente da pressão no interior da bolha (Pvapor) ser maior que a pressão absoluta que a
envolve. Esta explosão projetará gotículas de água sobre a superfície interna da bomba,
erodindo-a e danificando-a.
Portanto, para uma dada vazão de recalque, estando definidos os diâmetros do sistema
elevatório, assim como todas as conexões e válvulas pertinentes, é possível estimar a altura
manométrica total. Esta estimada é possível definir a potência necessária ao conjunto
motobomba para o qual se deve obter o maior rendimento energético possível. A potência do
conjunto elevatório é dada pela seguinte equação:
Q H MAN
P
75.
Onde, : Peso específico da água (água bruta ou esgoto = 1000 kgf/m ); Q: Vazão da água
3
(m /s); HMAN.: Altura manométrica (mca) ; : Rendimento global do conjunto elevatório, sendo
3
= motor. bomba . Observar que a equação acima, na realidade é a potência fornecida pelo motor.
Portanto, para estimar a potência da bomba é necessário considerar o rendimento do motor:
Q H MAN
PB
75. Bomba
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3.6 Rede de Distribuição
Quanto a rede predial de distribuição, para definir os diâmetros dos ramais, colunas e barrilete
pelo Método dos Pesos ou Método Estatístico. O consumo máximo provável é usualmente
dimensionado pelo método dos Pesos Relativos, conforme preconizado pela norma "Instalação
Predial de Água Fria - NBR 5626". Porém, é consenso que este método normalmente
superestima a vazão do projeto e, consequentemente, superestima os diâmetros das
tubulações. Todavia, existe uma série de modelos estatísticos que podem possibilitar uma
estimativa mais realista da vazão de projeto, fato este que poderia atenuar as superestimativas
Os pesos preconizados pela NBR 5626 encontram-se reproduzidos na Figura.a seguir.
Figura: da NBR 5626 para Pesos relativos para os pontos de utilização (ABNT)
Outra questão importante é a determinação do NAmin no RS, pois é através deste nível que
são determinadas as pressões disponíveis na rede de distribuição. Tais pressões disponíveis
devem atender, conforme a NBR 5626, as pressões admissíveis no sistema de distribuição
(aparelhos sanitários e rede de distribuição). As pressões admissíveis são as seguintes:
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As pressões disponíveis nos pontos de consumo devem superar as pressões dinâmicas
mínimas enquanto as pressões estáticas não devem ultrapassar a pressão estática máxima.
Para tanto, a definição de volumes e cotas dos reservatórios superiores, o cálculo adequado
dos diâmetros das tubulações, o atendimento das pressões dinâmicas mínimas de cada
aparelho sanitário, entre outras variáveis, é de fundamental relevância na confecção do projeto.
Para o caso de pressões estáticas superiores a 40 mca podem ser utilizadas válvulas redutoras
de pressão, conforme o exemplo ilustrado na figura a seguir.
A contaminação da água nas tubulações pode ser motivada pela entrada de líquidos
contaminados para seu interior ou pela corrosão dos metais que constituem os tubos, registros
e válvulas. A entrada de água contaminada para o interior das tubulações pode ocorrer através
de falhas de vedação ou através dos pontos de utilização.
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Cabe citar neste sentido o trabalho de HIGGINS (1997), onde o autor destaca a importância do
controle da retrossifonagem nos aparelhos sanitários e hidrantes. RAZOUK (1996) igualmente
destaca uma série de fatores, entre os quais a questão da insuficiente circulação da água em
alguns trechos da rede de distribuição, fato este que pode causar a proliferação de
microrganismos patogênicos. No caso dos reservatórios, é fato que os mesmos são os locais
mais frágeis quanto à possibilidade de contaminação. As principais causas desta consistem em
falhas construtivas (de projeto e execução) e na deficiência dos trabalhos de manutenção.
Cumpre salientar também que a norma brasileira “Instalação Predial de Água Fria – NBR
5626/1998” apresenta uma série de recomendações para viabilizar a proteção sanitária da
água potável, onde questões como a utilização de materiais adequados, o refluxo de águas
servidas e a interligação entre as tubulações condutoras de água potável e água não potável
são abordadas. Isto posto, conforme a NBR 5626, m edidas que evitem a
retrossifonagem devem ser previstas no projeto, como a separação atmosférica o
dispositivos quebradores de vácuo.
A economia de água em uma edificação pode ser obtida por ações de uso racional e por ações
referentes a utilização de fontes alternativas. As ações de uso racional são basicamente
aquelas de combate ao desperdício quantitativo e qualitativo. As ações de combate ao
desperdício quantitativo são a priorização do uso de aparelhos sanitários economizadores de
água, o incentivo à adoção da medição individualizada, a conscientização do usuário para não
desperdiçar água no ato do seu uso, a detecção e controle de perdas de água no sistema
predial de água fria, o estabelecimento de tarifas inibidoras do desperdício, entre outras. O
combate ao desperdício qualitativo consta de um conjunto de medidas que garanta a qualidade
da água nas instalações hidráulicas sanitárias. A higienização periódica dos reservatórios, por
exemplo, consta de uma destas medidas imprescindíveis. Desta forma busca-se evitar que
volumes de água nas edificações percam potabilidade, fato este que configuraria um
desperdício de qualidade de água.
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4.1.2 Adoção da Medição Individualizada
A adoção de medição individualizada consta de uma medida importante para edifícios. Trata-se
de um hidrômetro por economia, onde os respectivos moradores arcam com aquilo que
consomem, eliminando conseqüentemente a polêmica cobrança por rateio. Convém enfatizar
que alguns prédios de alto padrão em Curitiba já adotam esta medida, assim como existem
soluções de menor custo para edificações de padrão médio. Ressalta-se também que a força
da tarifação tem demonstrado ser um agente de grande eficácia para economia de água, pois é
sabido que tarifas de certa expressão realmente inibem o desperdício. Aliás, esta consta de
uma realidade que tem impulsionado a adoção da medição individualizada. Conforme TOMAZ
(1998), o uso da medição individualizado reduz de 15 a 30% o consumo de água na edificação.
A figura a seguir representa um esquema de medição individualizada em um edifício.
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Admitindo-se uma vazão de 0,10 litros por segundo para o lavatório, e que o usuário ao
escovar os dentes permaneça com a torneira aberta (água corrente) durante os 03 minutos, o
mesmo consumirá aproximadamente 18 litros. Porém, se em uma atitude econômica a torneira
permanecer aberta apenas 30 segundos, duração esta considerada aqui como razoável na
escovação dos dentes, o volume consumido será de apenas 03 litros. Nesta atitude econômica,
portanto, serão poupados 15 litros. Caso o usuário, em sua residência, escove os dentes duas
vezes por dia, serão poupados 30 litros, valor este que é de aproximadamente 22 % do
consumo per capita diário de 132 litros.
Salubridade da Habitação pode ser conceituado como o estado saudável de uma habitação ou
ainda como uma habitação que contribui para a saúde dos moradores. Tal salubridade
depende de vários fatores como a qualidade da água utilizada, da coleta e disposição do
esgoto doméstico, da drenagem das águas pluviais, da coleta e disposição dos resíduos
sólidos, da qualidade do ar interior, das condições de conforto do ambiente (térmico, acústico),
dos materiais de construção utilizados, da facilidade de higienização do ambiente, da qualidade
ambiental do entorno, da postura do usuário, entre outros.
No caso da qualidade da água, tema principal deste trabalho cumpre inicialmente comentar
que água potável é definida como aquela que atende aos padrões de potabilidade
preconizados pela Portaria 2914 do Ministério da Saúde. Em linhas gerais, deve apresentar as
propriedades de ser clarificada (sem cor e turbidez), inodora e agradável ao paladar, de
temperatura razoável, nem corrosiva e nem produtora de crostas, isenta de minerais de efeito
fisiológico indesejável e livre de organismos que produzam doenças. Nesse sentido admite-se,
em princípio, que a água fornecida pela concessionária às habitações seja potável. No entanto,
o fato da água encontrar-se potável na entrada da edificação, não garante que a mesma esteja
potável no ponto de consumo. Isto ocorre porque existem pontos potenciais de contaminação
da água no referido trajeto. Ou seja, a água pode contaminar-se nas peças de utilização, nas
canalizações e nos reservatórios. Nas peças de utilização (aparelhos e equipamentos
sanitários), pode ocorrer contato da água servida com a água potável. É o caso, por exemplo,
da bacia sanitária e da torneira de jardim.
A contaminação da água nas tubulações pode ser motivada pela entrada de líquidos
contaminados para seu interior ou pela corrosão dos metais que constituem os tubos, registros
e válvulas. A entrada de água contaminada para o interior das tubulações pode ocorrer através
de falhas de vedação ou através dos pontos de utilização. Cabe citar neste sentido o trabalho
de HIGGINS (1997), onde o autor destaca a importância do controle da retrossifonagem nos
aparelhos sanitários e hidrantes. RAZOUK (1996) igualmente destaca uma série de fatores,
entre os quais cabe citar a questão da insuficiente circulação da água em alguns trechos da
rede de distribuição, fato este que pode causar a proliferação de microrganismos patogênicos.
No caso dos reservatórios, é fato que os mesmos são os locais mais frágeis quanto à
possibilidade de contaminação. As principais causas desta consistem em falhas construtivas
(de projeto e execução) e na deficiência dos trabalhos de manutenção. Especificando, as
formas de contaminação mais comuns ocorrem por infiltração de águas servidas, pela entrada
de pequenos animais através das aberturas de acesso e extravasão, pela falta de limpeza
periódica e a conseqüente acumulação de matéria orgânica no fundo do reservatório que
consome grande parte do cloro residual da água, pela poluição atmosférica devido o ar
contaminado por elementos tóxicos e partículas em suspensão no ar, entre outras. A
temperatura da água nos reservatórios também é um fator importante a ser considerado pois é
sabido que em águas mornas, fato este corrente nos reservatórios superiores, há possibilidade
de crescimento da bactéria Legionella, a qual é patogênica. (DAUGHERTY, 2000). Sugere-se
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portanto que esta forma de desperdício seja considerada na avaliação do desempenho da
edificação pois, efetivamente, consta de volume de água previamente tratada que
posteriormente tem sua qualidade desperdiçada.
Cumpre salientar também que a norma brasileira “Instalação Predial de Água Fria – NBR
5626/1998” apresenta uma série de recomendações para viabilizar a proteção sanitária da
água potável, onde questões como a utilização de materiais adequados, o refluxo de águas
servidas e a interligação entre as tubulações condutoras de água potável e água não potável
são abordadas.
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II SISTEMA PREDIAL DE ESGOTO SANITÁRIO
1 APRESENTAÇÃO DO SISTEMA
d) deverá haver uma separação absoluta em relação ao sistema predial de águas pluviais.
A contaminação da água de consumo deve ser evitada, protegendo-se tanto o interior dos
sistemas de suprimento, assim como os ambientes receptores. A necessidade do referido
sistema viabilizar o rápido e seguro escoamento dos esgotos sanitários, assim como garantir o
funcionamento adequado dos fechos hídricos, deve ser considerado desde a concepção do
SPES. A velocidade do escoamento nos trechos horizontais está associada a eficiência no
transporte dos materiais sólidos, evitando que estes venham se depositar no fundo das
tubulações. Nos trechos verticais a velocidade do escoamento influência significativamente nas
pressões pneumáticas desenvolvidas no interior das tubulações.
Com relação ao tratamento de esgoto o objetivo é tratar o esgoto nos níveis primário,
secundário e terciário.
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- Ramal de Esgoto: É uma tubulação horizontal que recebe os efluentes dos ramais de
descarga, diretamente, ou através de um desconector.
- Tubo de Queda: Consta de uma tubulação vertical para qual se dirigem os efluentes dos
ramais de esgoto e de descarga.
- Subcoletores: Tubulação horizontal a qual recebe efluentes dos tubos de queda e/ou dos
ramais de esgoto.
As conexões são elementos cuja função é interligar tubos, tubos e aparelhos sanitários, tubos e
equipamentos, além de viabilizar mudanças de direção e diâmetro da tubulação. São exemplos
o tê, o cotovelo, a junção simples, curvas, etc., nos mais variados diâmetros. A caixa de
gordura é um dispositivo complementar cuja finalidade é a retenção de substâncias gordurosas
contidas no esgoto. Os dispositivos de inspeção são elementos complementares através dos
quais tem-se acesso ao interior do sistema de maneira a possibilitar inspeções e
desobstruções eventuais. A caixa de inspeção, o poço de visita, o "cap" e o tubo operculado
são dispositivos de inspeção bastante usados.
Coluna de Ventilação: Tubulação vertical que abrange um ou mais andares, onde sua
extremidade superior prolonga-se além da cobertura do prédio,
estando aberta a atmosfera ou conectada ao barrilete de ventilação.
Dispositivos de Admissão de Ar: Elementos cuja finalidade é a atenuação das flutuações das
pressões pneumáticas desenvolvidas no interior das
tubulações.
20
Fonte: www.ifrn.edu.br
21
Para Vu< 6,0 m³ Hmáx = 2,20 m ; Hmín = 1,20 m
Para 6,0 m³ <Vu< 10,0 m³ Hmáx = 2,50 m ; Hmín = 1,50 m
Para Vu> 10,0 m³ Hmáx = 2,80 m ; Hmín = 1,80 m
Enfim, uma questão, já abordada, deve ser ressaltada: a fossa séptica, para os fins que se
propõe, é um sistema útil na remoção parcial da matéria orgânica, mas pouco eficaz na
remoção de microorganismos patogênicos, fato este que sugere a contínua busca de soluções
mais resolutivas que garantam a proteção ambiental e segurança sanitária. Dentre as variáveis
para o projeto e dimensionamento, é fato que as mesmas são várias, entre as quais cabe citar
a contribuição per capita diária de esgoto (C), a contribuição per capita de lodo fresco, o
número de contribuintes (N), o tempo de detenção (Td), a taxa de acumulação de lodo digerido,
a área horizontal (A) e o volume útil (Vu).
2 CONCEPÇÃO E PROJETO
a) Todos os aparelhos sanitários devem ser protegidos por desconectores, os quais podem
atender apenas um aparelho ou a um conjunto de aparelhos de um mesmo ambiente.
b) As caixas sifonadas podem ser utilizadas para a coleta dos despejos de conjuntos de
aparelhos sanitários (lavatórios, bidês, banheiras e chuveiros) de uma mesmo ambiente, além
de águas provenientes de lavagens de pisos; neste caso as caixas sifonadas devem ser
providas de grelhas. Quanto as bacias sanitárias, as mesmas já são providas internamente de
um desconector, devendo desta forma serem ligadas diretamente ao tubo de queda.
c) Devem ser previstos dispositivos de inspeção nos ramais de descarga de pias de cozinha e
máquina de lavar louças, antes dos mesmos conectarem-se ao tubo de queda.
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d) Os tubos de queda devem, sempre que possível, ser instalados em um único alinhamento.
Quando necessários, os desvios devem ser feitos com peças com ângulo central igual ou
inferior a 90º, de preferência com curvas de raio longo ou duas curvas de 45º.
e) Para edifícios de dois ou mais andares, quando os tubos de queda recebem efluentes
contendo detergentes geradores de espuma, as seguintes soluções, a fim de evitar o retorno
de espuma para os ambientes sanitários, devem ser adotadas:
- o trecho da coluna de ventilação, para o caso de sistemas com ventilação secundária, com
comprimento igual a 40 diâmetros, a partir da ligação da base da coluna com o tubo de queda
ou ramal de esgoto.
f) Para pias de cozinha e máquinas de lavar louças, devem ser previstos tubos de queda
especiais com ventilação primária; estes tubos devem descarregar em uma caixa de gordura
coletiva.
i) O interior das tubulações sempre deve ser acessível através de dispositivos de inspeção.
- deve elevar-se verticalmente pelo menos 0,30 m acima da cobertura; todavia, quando esta
atender outros fins além de simples cobertura, a elevação vertical deve ser, no mínimo, de
2,00 m; não sendo conveniente o referido prolongamento, pode ser usado um barrilete de
ventilação.
- deve conter um terminal tipo chaminé, tê ou outro dispositivo que impeça a entrada das águas
pluviais diretamente ao tubo de ventilação.
m) O projeto do subsistema de ventilação deve ser feito de modo a impedir o acesso de esgoto
sanitário ao interior do mesmo.
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n) O tubo ventilador primário e a coluna de ventilação devem ser verticais e, sempre que
possível, instalados em uma única prumada;
o) Todo o desconector deve ser ventilado, cujas distâncias máximas, em função do diâmetro,
de um desconector até o ponto onde o tubo ventilador que o serve esta conectado, constam na
tabela 01:
Tabela 1: Distância máxima de um
desconector ao tubo ventilador.
Diâmetro nominal Distância
do ramal de máxima
descarga DN (m)
40 1,00
50 1,20
75 1,80
100 2,40
q) É dispensada a ventilação do ramal de descarga de uma bacia sanitária cuja distância até o
tubo de queda seja no máximo 2,40m, desde que esse tubo de queda receba, do mesmo
pavimento, imediatamente abaixo, outros ramais de esgoto ou de descarga devidamente
ventilados;
r) Não existindo as condições previstas no item anterior e, além disso, não sendo possível
ventilar o ramal de descarga da bacia sanitária ligado diretamente ao tubo de queda, este deve
ser ventilado imediatamente abaixo da ligação do ramal da bacia sanitária;
3 DIMENSIONAMENTO
24
O método hidráulico, por sua vez, possibilita a concepção, o projeto e o dimensionamento tanto
da configuração convencional quanto das configurações alternativas. No caráter de
configuração alternativa, torna-se possível a consideração do sistema de tubo de queda único
(apenas ventilação primária), do sistema para ventilação secundário apenas do tubo de queda
(sem ventilação dos ramais), do sistema com ventilação secundária através de válvulas de
admissão de ar e dos sistemas onde pode haver uma composição das alternativas. Estas
alternativas serão adequadas ou não, conforme verificações disponíveis no método hidráulico
(SANTOS,1998).
. Ramais de Descarga
Tabela: Unidades de Hunter dos aparelhos sanitários e diâmetro nominal mínimo dos ramais
de descarga.
Número de Diâmetro nominal
Unidades de mínimo do ramal de
APARELHO SANITÁRIO Hunter de descarga - DN
Contribuição
bacia sanitária 6 100
i
banheira de residência 3 40
bebedouro 0,5 40
bidê 2 40
chuveiro:
- de residência 2 40
- coletivo 4 40
lavatório:
-de residência 1 40
- geral 2 40
mictório:
- válvula de descarga 6 75
- caixa de descarga 5 50
- descarga automática 2 40
- de calha por metro 2 50
pia de cozinha residencial 3 40
pia de cozinha industrial:
- preparação 3 40
- lavagem de panelas 4 50
tanque de lavar roupas 3 40
máquina de lavar louças 4 75
máquina de lavar roupas até 30 kg 10 75
máquina de lavar roupas de 30 a 60 kg 12 100
máquina de lavar roupas acima de 60 kg 14 150
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Para aparelhos não relacionados nesta tabela, como, por exemplo, caixa sifonada, devem ser
estimadas as UHCs correspondentes e o dimensionamento deve ser feito pela Tabela abaixo.
Tabela: Unidades de Hunter de contribuição para aparelhos não relacionados na Tabela 10.
ramal de descarga Diâmetro nominal mínimo Número de Unidades de Hunter de
do Contribuição
DN UHC
40 2
50 3
75 5
100 6
. Ramais de esgoto
Neste caso deve ser utilizada a Tabela que segue.
. Tubos de Queda
Os tubos de queda devem ser dimensionados pela somatória das UHCs conforme a Tabela a
seguir.
Tabela: Dimensionamento de tubos de queda
Número máximo de Unidades de
UHC contribuição
Diâmetro nominal Prédio de até 03 Prédios com mais de
do tubo (DN) pavimentos 03 pavimentos
40 4 8
50 10 24
75 30 70
100 240 500
150 960 1900
200 2200 3600
250 3800 5600
300 6000 8400
O coletor predial e os subcoletores podem ser dimensionados pela somatória das UHCs
conforme a Tabela apresentada na sequência. O coletor predial deve ter diâmetro nominal
mínimo DN 100. No dimensionamento do coletor predial e dos subcoletores em prédios
residenciais, deve ser considerado apenas o aparelho de maior descarga de cada banheiro
para a somatória do número de unidades Hunter de contribuição. Nos demais casos, devem
ser considerados todos os aparelhos contribuintes para o cálculo do número de UHCs.
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Tabela: Dimensionamento de subcoletores e coletor predial
Número Máximo de Unidades
de Contribuição Hunter
Diâmetro
nominal declividades mínimas (%)
do tubo
(DN)
0,5 1 2 4
100 --- 180 216 250
150 --- 700 840 1000
200 1400 1600 1920 2300
250 2500 2900 3500 4200
300 3900 4600 5600 6700
400 7000 8300 10000 12000
3.1.2 Ventilação
Ramal de Ventilação
Os diâmetros mínimos constam na Tabela a seguir em função do número de UHCs.
São consideradas configurações com e sem vasos sanitários.
Coluna de Ventilação
Os diâmetros nominais mínimos são apresentados na tabela 18 em função das UHCs e
do comprimento da coluna. Este comprimento é medido desde o ponto de contato da
coluna com a atmosfera até sua base no encontro com o tubo de queda.
. Barrilete de Ventilação
Os diâmetros nominais mínimos são definidos por trecho onde o número de UHCs de cada
trecho é dado conforme já apresentado. O número de UHCs de cada trecho é a soma das
unidades de todos os tubos de queda servidos pelo trecho e o comprimento a considerar é o
mais extenso, da base da coluna de ventilação mais distante da extremidade aberta do
barrilete, até essa extremidade;
Seu diâmetro nominal será igual ao diâmetro nominal da coluna de ventilação a que estiver
ligado.
27
Tabela: Dimensionamento de colunas e barriletes de ventilação
o
TQ/ RE N Diâmetro Nominal Mínimo do Tubo de Ventilação
(DN) UHCs (mm)
(mm) 40 50 75 100 150 200 250 300
Comprimento permitido (m)
1
40 8 46 -- -- -- -- -- -- --
40 10 30 -- -- -- -- -- -- --
50 12 23 61 -- -- -- -- -- --
50 20 15 46 -- -- -- -- -- --
75 10 13 46 317 -- -- -- -- --
75 21 10 33 247 -- -- -- -- --
75 53 8 29 207 -- -- -- -- --
75 102 8 26 189 -- -- -- -- --
100 43 -- 11 76 299 -- -- -- --
100 140 -- 8 61 229 -- -- -- --
100 320 -- 7 52 195 -- -- -- --
100 530 -- 6 46 177 -- -- -- --
150 500 -- -- 10 40 305 -- -- --
150 1100 -- -- 8 31 238 -- -- --
150 2000 -- -- 7 26 201 -- -- --
150 2900 -- -- 6 23 183 -- -- --
200 1800 -- -- -- 10 73 286 -- --
200 3400 -- -- -- 7 57 219 -- --
200 5600 -- -- -- 6 49 186 -- --
200 7600 -- -- -- 5 43 171 -- --
250 4000 -- -- -- -- 24 94 293 --
250 7200 -- -- -- -- 18 73 225 --
250 11000 -- -- -- -- 16 60 192 --
250 15000 -- -- -- -- 14 55 174 --
300 7300 -- -- -- -- 9 37 116 287
300 13000 -- -- -- -- 7 29 90 219
300 20000 -- -- -- -- 6 24 76 186
300 26000 -- -- -- -- 5 22 70 152
28
As tabelas supracitadas são as seguintes.
Tabela 1: Contribuição Diária de Esgoto (C) e de Lodo Fresco (Lf) por Tipo de Prédio e de
Ocupante
Contribuição, de esgotos (C) e
Prédio Unidade
lodo fresco (Lf)
Ocupantes Permanentes:
- Residência
Padrão alto pessoa 160 1
Padrão médio pessoa 130 1
Padrão baixo pessoa 100 1
- Hotel pessoa 100 1
- Alojamento provisório pessoa 80 1
Ocupantes temporários
Fábrica em geral pessoa 70 0,30
Escritório pessoa 50 0,20
Edifícios públicos ou comerciais pessoa 50 0,20
Escolas e locais de longa permanência pessoa 50 0,20
Bares
Restaurantes e similares pessoa 6 0,10
Cinemas, teatros e locais de curta pessoa 25 0,10
permanência pessoa 2 0,02
Sanitários públicos pessoa 480 4,0
TABELA 3: Taxa de Acumulação Total de Lodo (K) por Intervalo entre Limpezas e
Temperatura do Mês Mais Frio
Valores de K (dias) por faixa de temperatura (t), em °C
Intervalo entre limpezas (anos)
t 10 10 t 20 t > 20
1 94 65 57
2 134 105 97
3 174 145 137
4 214 185 177
5 254 225 217
Esse volume é o volume útil do tanque, respectivo ao volume de ocupado pelo esgoto que está
sendo tratado. O volume “seco”, aquele que não está em contato com o tanque, deve ser
somado ao útil para se obter o volume total.
29
Na execução, deve ser observado:
E, para a Operação, deve-se observar que a remoção do lodo digerido deve obedecer ao
previsto em projeto e que a disposição do mesmo deve ser em aterro sanitário, na ETE ou na
rede coletora de esgoto.
Sumidouro
a. Requisito Básico: TAS 40 l / m .dia, condição esperada em solos com argila arenosa
2
e, ou, siltosa.
b. Dados de Projeto
c. Detalhes Construtivos
Material: alvenaria, pedra ou concreto;
Material fundo do sumidouro: camada de 50 cm de brita.
30
A tabela a seguir apresenta valores para coeficientes de infiltração
Valas de Infiltração
São valas através das quais o esgoto se infiltra no solo. Questões específicas são
apresentadas na sequência.
2 2
. Requisito básico: 40 l / m .dia > TAS > 20 l / m .dia, faixa esperada em solos com argila
medianamente compacta à argila pouco siltosa ou arenosa.
. Dados de Projeto:
. Detalhes construtivos:
31
Valas de Filtração
. Dados de Projeto
Detalhes Construtivos
32
Filtros Anaeróbios
Dados de Projeto
Dimensionamento
sendo,
Os valores desses parâmetros são aqueles apresentados na NBR 7229, os quais já citados no
dimensionamento da fossa séptica. A figura a seguir ilustra um filtro anaeróbio.
33
4 ECONOMIA PELA UTILIZAÇÃO ÁGUA CINZA
4.1 Conceitos
A água cinza é aquela proveniente dos lavatórios, chuveiros, tanque e máquinas de lavar
roupa. A possibilidade de seu uso já está sendo avaliada em alguns países preocupados com a
escassez dos recursos hídricos. Quantitativamente reconhece-se que seu uso, em nível
doméstico, se justifica. Todavia a qualidade necessária à água cinza para atender os usos
previstos deve ser rigorosamente avaliada sob o enfoque da garantia da segurança sanitária.
Pode-se citar como exemplo, as avaliações desse tipo de reúso de água que vêm sendo
conduzidas na Universidade do Arizona, Estados Unidos, apresentada por GELT et al. Entre as
intenções de tal avaliação está a necessidade em conhecer o potencial de uso eficiente da
água cinza, determinando para isso os possíveis riscos que esta possa causar à saúde dos
usuários. Desta maneira, espera-se aumentar o uso público de forma consciente. Neste
sentido, o uso da água cinza no Arizona, encontra-se regulamentado pelo “Department of
Environmental Quality (DEQ)”, mais especificamente no Artigo 07, Capítulo 09 do regulamento
"Environmental Quality" (WATERCASA).
Outro estado dos Estados Unidos que também instituiu uma legislação para o reúso desta
água é o da Califórnia, onde se permite o uso residencial para atividades como a irrigação
superficial. Neste ponto, portanto, estabelece-se a fundamental questão a ser observada para o
uso da água cinza: os custos de tratamento para que esta possa ser utilizada com a segurança
sanitária requerida, onde, em maiores níveis de exigência de uso, maiores serão tais custos.
Quanto aos aspectos quantitativos relativos ao uso da água cinza, destaca-se o fato que o uso
da água cinza, para promover o uso sustentável da água, é sugerido para usos não nobres
como as descargas sanitárias e os usos externos, por exemplo. Vislumbra-se estes usos em
34
primeira instância porque a bacia sanitária é responsável por um dos maiores consumos de
água em uma residência.
Não obstante, segundo QASIM,SYED (1994) apud TOMAZ (2000), este consumo pode ser na
ordem de 41%. Já para os usos externos, este mesmo autor cita 3,0% na lavagem de pisos
1,0% na lavagem de automóveis. Portanto, o consumo de água potável para estes usos perfaz
45% do consumo total de água em uma residência.
Segundo ROSE et al. (1991) o volume de água cinza gerado em uma habitação pode variar de
local para local. Em Tucson, no Arizona, este volume pode ser da ordem de 117 litros por
hab/dia (FOSTER & DeCOOK, 1986) enquanto na Califórnia este volume, estimado por
INGHAM (1980), pode chegar a 223 litros por hab/dia. A NSWHEALTH (2000) também
apresenta, conforme a tabela a seguir, o volume aproximado de geração de água cinza em
uma habitação.
Engendrando neste momento uma breve simulação, faz-se imprescindível inicialmente estimar
o volume de água cinza produzido pelo uso do chuveiro e do lavatório. Considerando o
consumo de água potável utilizada no chuveiro seja na ordem de 0,10 l/s, conforme a NBR
5626, e admitindo-se que este aparelho seja utilizado uma vez ao dia, com tempo de
funcionamento de 10 min, tem-se um volume produzido na ordem de 60 l/dia. Considerando,
no entanto, que o consumo de água potável utilizada no lavatório seja na ordem de 0,10 l/s, de
acordo com NBR 5626, e admitindo que este aparelho seja utilizado 05 vezes ao dia, com
tempo de funcionamento de 30 segundos, tem-se um volume produzido na ordem de 15 l/dia.
Pode-se chegar então, a um volume de água cinza gerado de aproximadamente de 75 l/dia.
Em contrapartida, a descarga da bacia sanitária consome em média de 10 a 12 l/s de água
potável a cada vez que é acionada. Supondo que o usuário a utilize quatro vezes ao dia, o
consumo é de 48 litros de água. Percebe-se então, que se a água cinza puder ser reutilizada
em lugar da água potável na descarga da bacia sanitária, já existirá a possibilidade de uma
economia de 48 litros de água potável restando, ainda 27 litros para outros fins não nobres.
Referente aos aspectos qualitativos relativos ao uso da água cinza, especial atenção deve ser
dada as suas qualidades físicas, químicas e microbiológicas no que tange as questões de
saúde pública. Isto porque, estudos em água cinza apresentaram a presença de coliformes
fecais e totais, as quais são indicadoras da presença de microorganismos patogênicos.
(KARPISCAK et al. 1987; GERBA et al. 1995). Sendo assim, o reuso da água cinza deve ser
feito de forma planejada a evitar os riscos sanitários.
Com relações a tais riscos sanitários, cabe inicialmente considerar que os mesmos são
admitidos como aqueles associados ao uso de água contaminada. Neste sentido, na utilização
da água cinza estes riscos devem ser levantados, cuja metodologia usual para tanto consta da
distribuição de Beta-Poisson. Neste contexto, é oportuno citar a pesquisa apresentada pelo
WATERCASA (2001), onde é avaliado o risco da utilização da água cinza para fins de
irrigação.
35
Constatou-se neste estudo a presença de coliformes fecais e estreptococos, os quais acenam
para a possibilidade da existência de microorganismos patogênicos como a salmonella, a
shigella e vírus. No caso dos coliformes fecais, por exemplo, os mesmos foram detectados em
todas amostras analisadas. E, ao avaliar o comportamento das concentrações de coliformes
fecais, observou-se que tais concentrações apresentam variações sazonais, além do fato que
estas concentrações são maiores em residências que existem crianças, animais e reservatórios
subterrâneos. Cabe citar também o caso específico da Escherichia Coli, a qual foi detectada
em todas residências pesquisadas. Quanto aos protozoários, o estudo aponta que não foram
detectados, ainda que o número de amostras tenha sido pequeno. A tabela abaixo ilustra as
observações acima descritas.
Tabela: Concentração de Coliformes Fecais na Água Cinza em Função das Características das
Edificações
Cenário Concentração CF (NMP/100 ml)
3
Com Crianças (0-12 anos) 4,99.10
3
Sem Crianças 4,25. 10
4
Reservatório Enterrado 1,82.10
2
Reservatório Apoiado 6,43.10
3
Com Animais 2,12. 10
4
Sem Animais 3,34. 10
* Tabela adaptada de dados apresentados em WATERCASA (2001)
Este mesmo trabalho apresenta riscos efetivamente estimados pela distribuição Beta-Poisson,
onde se constatou que nas edificações que utilizam água cinza para irrigação, os riscos de
-4
contaminação foram superiores a 1.10 por ano de exposição.
Interessante também foi observar que nas residências que reutiliza a água cinza da pia de
cozinha, o risco de contaminação aumentou acentuadamente. Residências com a presença de
crianças também apresentaram fatos reveladores, pois se percebeu nestes casos que pode
haver um risco adicional em função da presença de crianças, principalmente para aqueles com
idade inferior a 06 anos.
Outro destaque é que em todas as configurações onde se apresenta a água do banho, são
significativas as concentrações de coliformes fecais e totais. Comparando-se a água coletada
diretamente do banho com a água da caixa sifonada, constata-se que a primeira apresenta
menor concentração de coliformes. Não obstante, a máquina de lavar roupa é que apresenta
os menores valores para esses parâmetros.
No geral, destaca-se o fato que os parâmetros não atendem os critérios apresentados. Desta
forma, para o uso adequado desta água no meio urbano, faz-se necessário tratamento em
nível primário, secundário e terciário, no sentido da remoção da matéria orgânica e dos
microrganismos patogênicos. Observar a Tabela na seqüência onde uma síntese de resultados
de trabalhos de caracterização da água cinza é apresentada.
36
Tabela: Síntese dos Resultados para Água Cinza e Critérios Qualitativos
Características Observadas
Parâmetros 4 4 1 2 3
CH MLR CS LV/TQ/CH CH/LV
pH 6.26 9.71 7.2 7.62 4,7 – 7,5
DBO (mg/l) 183.86 101.42 96.53 266.7 25 - 230
Turbidez
(NTU) 201.4 27.60 37.3 154.9 55 - 100
Colif. Totais
3 5 4 4 7
(NPM/100 ml) 3.5x10 5.4 9.42x10 7.29x10 10 – 10
Colif. Fecal
0 2 4 2 6
(NPM/100 ml) 1.1x10 2.1 4x10 2.69x10 10 – 10
Cloro
Total (mg/l) 0.12 < 0.1 0.35
OD (mg/l) 5.73 4.62 3.4 0,1 – 4,4
DQO (mg/l) 623.38 389.78 279.6 200 - 360
Temperatura
o
( C) 24.02 23.74 24.1
Cor (UH) 790.9 68.0 52.3 214
Fósforo (mg/l) 6.24 7,70 0,35 – 3,35
Obs: CH: Água do Banho de Chuveiro Coletada na Bacia Esterilizada; MLR: Máquina de Lavar Roupas CS: Caixa
Sifonada para Chuveiro e Lavatório; LV: Lavatório; TQ: Tanque; SST: Sólidos Suspensos Totais;
1 ZABROCKI (2002); 2 PETERS (2006); 3 RAPOPORT (2004); 4 SANTOS et al (2007)
Pelos dados obtidos para água cinza, parece ser a água do banho aquela que contribui com
maior concentração de matéria orgânica para a composição da mesma, assim como para os
parâmetros cor e turbidez. Configura-se desta forma uma situação onde se requer cautela no
momento da opção pelo uso da água do banho, pois é esta água aquela que mais contribui, em
termos quantitativos, para a oferta de água cinza.
Devem ser observados aqui os preceitos da Norma Brasileira “Sistemas Prediais de Água Fria”,
NBR 5626, onde é expresso que não deve haver conexão entre água potável e água não
potável. Tem-se, portanto, uma rede dupla, onde as tubulações devem ter cores diferentes.
Existem ainda recomendações para que o acesso a cada ponto de consumo de água cinza
seja protegido e de uso restrito à pessoas autorizadas, como a torneira de jardim, por exemplo,
em uma edificação multifamiliar. Além disso, poderia ainda ser previsto a adição de corante à
água cinza para distingui-la da água potável.
37
Flórida, observar os cuidados técnicos para que seja evitada a conexão cruzada para que o
reservatório de água potável não seja contaminado pela água cinza.
VÁLVULA DE
INSPEÇÃO
CAMADA
ATMOSFÉRICA
DE SEPARAÇÃO
BAIXO NÍVEL
DE ÁGUA
RESERVATÓRIO DE
RESERVATÓRIO DE
ÁGUA POTÁVEL
ÁGUA NÃO-POTÁVEL
FORNECIMENTO DE
ÁGUA NÃO POTÁVEL
BOMBA
4.4 Dimensionamento
A avaliação do Balanço Hídrico possibilita comparar os volumes gerados de água cinza pelas
fontes com os volumes demandados de água cinza pelos aparelhos sanitários. Nesse ponto, é
fundamental o conhecimento da parametrização do consumopois será pelo conhecimento das
parcelas consumidas por aparelho sanitário é que se poderá vislumbrar a relação
disponibilidade x demanda
. Disponibilidade
A vazão disponível de água cinza é estimada em função das fontes da mesma, onde é
considerado, para cada fonte, a vazão específica, a duração do uso (ou da descarga) e o
número de usos (ou de descargas). A seguinte formulação expressa esse conceito,
considerando a geração diária de água cinza:
Sendo,
. Demanda
38
Q dem. = N . (cj . tj . nj),
Sendo,
Como observado para as fontes, definição dos aparelhos sanitários que utilizarão a água cinza
igualmente será função da avaliação da relação disponibilidade x demanda. A composição
do Balanço Hídrico possibilita o encaminhamento dessas avaliações.
Volumes de Demanda:
Balanço Hídrico:
O volume disponibilizado pelo chuveiro atende a demanda da bacia sanitária e atende em 94%
a demanda para a lavagem de pisos.
Neste caso, é fundamental a caracterização da água cinza a ser utilizada, tanto para o projeto
quanto para o monitoramento. No entanto, não havendo a caracterização da água cinza
específica que será utilizada, podem ser utilizados dados de bibliografia. No entanto, essa
utilização deve ser feita com atenção ao fato que a caracterização adotada da bibliografia deve
ser significativamente similar com relação às fontes de água cinza e usos previstos.
Tubulações e Bombeamento
39
O dimensionamento das tubulações e do bombeamento segue as rotinas já apresentadas para
os SPAF e SPES.
Tratamento
As águas cinzas, enquanto efluentes, devem ser tratadas em função do uso a ser dado as
mesmas. Desta forma, os critérios para sua utilização devem ser observados, conforme já
destacado. A Tabela a seguir reproduz dados sobre características de água cinza já
apresentadas nesse texto, todavia com o incremento de critérios para o uso desta água.
(NPM/100 ml)
0 2 4 2 6
Colif. Fecal 1.1x10 2.1 4x10 2.69x10 10 – 10 ND ND
(NPM/100 ml)
Cloro 0.12 < 0.1 0.35 Cloro
Total residual
(mg/l) 1.0 mgL
OD (mg/l) 5.73 - 4.62 3.4 0,1 – 4,4
DQO (mg/l) 623.38 389.78 279.6 200 - 360
Temperatura 24.02 23.74 24.1
Cor (UH) 790.9 68.0 52.3 214 10
Fósforo 6.24 7,70 0,35 – 0,1
(mg/l) 3,35
CH: Água do Banho de Chuveiro Coletada na Bacia Esterilizada; MLR: Máquina de Lavar Roupas
CS: Caixa Sifonada para Chuveiro e Lavatório; LV: Lavatório; TQ: Tanque; SST: Sólidos Suspensos
Totais;
1 ZABROCKI (2002); 2 PETERS (2006); 3 RAPOPORT (2004)
Todavia deve ser considerada a questão da geração dos subprodutos resultantes do contato
deste com a matéria orgânica. A radiação ultravioleta, essa um processo físico, apresenta-se
também como uma alternativa interessante sob o aspecto da eficiência da desinfecção, porém
seus custos costumam ser elevados em comparação ao cloro. Em alguns países são
encontradas configurações de tratamento de água cinza, a saber, de acordo com PROSAB 4:
40
Austrália: Grade Grossa e Filtro + Lodos Ativados + Cloração;
Suécia: Filtro de Pedras + Lagoas + Filtro de Areia;
Alemanha: Decantação + Biodisco + UV;
Inglaterra: Filtração Simples ou Dupla + Cloração;
Inglaterra: Grade e Filtro + Membrana;
Inglaterra: Grade e Biofiltro Aerado Submerso (BAS);
Brasil (prédio): Peneira + Reator Anaeróbio + BAS + Filtro de Areia + Cloração
Brasil (residência): Grade Fina + Filtro Aeróbio com Leito de Brita + Cloração
Onde:
RAC: Reator anaeróbico compartimentado
FBAS: Filtro biológico aerado submerso
FT: Filtro terciário
AC: Água cinza
O dimensionamento pode ser realizado igualmente pela vazão de demanda para 01 dia, no
entanto o tempo para a reserva será superior a 01 dia. O quanto o tempo excederá 01 deverá
ser estimado pelo Balanço Hídrico. Desta forma, o volume do reservatório é dado pela seguinte
formulação:
Vr = Qdem . T
Sendo,
Vr : volume reservado;
T: tempo de reservação (01 dia);
Observar que, para efeitos de segurança, o T pode ser superior a 01 dia para contornar
problemas decorrentes da interrupção de abastecimento de água cinza.
O dimensionamento pode ser realizado também pela vazão disponível, no entanto devendo-se
conhecer o tempo suficiente para acumulação da água cinza para atender a demanda de 01
dia. Desta forma, o volume do reservatório é dado pela seguinte formulação:
Vr = Qdisp . T
Sendo,
Vr : volume reservado;
T: tempo de reservação para atender a demanda de 01 dia;
Seguindo o princípio do caso anterior, destaca-se que, para efeitos de segurança, o T poderá
ser majorado para contornar problemas decorrentes da interrupção de abastecimento de água
cinza. Um ponto a ser destacado é que as formulações apresentadas para a estimativa do
volume do reservatório de água cinza não considerou o tempo de detenção máximo a ser
atendido para não ocorrer a deterioração da qualidade da água.
41
Determinação do Nível Mínimo de Água ( NAmin) no Reservatório Superior
A determinação do NAmin no RS é importante pois é através deste nível que são determinadas
as pressões disponíveis na rede de distribuição. Isto posto, considerando o volume do
reservatório superior, conforme item 5.3.3, arbitra-se a base do mesmo, conforme
disponibilidade de espaço. Arbitrada a área da base e conhecido o volume, é possível estimar
o NAmin de água cinza no reservatório.
42
III SISTEMA PREDIAL DE ÁGUA PLUVIAL
1 APRESENTAÇÃO DO SISTEMA
c) o sistema não deve lançar águas pluviais no sistema predial de esgoto sanitário.
As figuras a seguir apresentam configurações do SPAP para edificações com e sem subsolo.
43
Figura: Configurações com Subsolo
44
2 CONCEPÇÃO E PROJETO
empoçamento nas coberturas horizontais deve ser evitadas; neste sentido, deve ser
garantida uma declividade mínima de 0,5% para estas coberturas, assegurando o
escoamento das águas até a coleta pelo SPAP;
as calhas devem ser previstas em todos perímetros da cobertura que recebe água;
os extravasores, os quais proporcionam uma segurança adicional relativa a possibilidade
de transbordamento, devem descarregar em locais adequados;
sempre que possível, os condutores verticais devem ser projetados numa única prumada, e
o posicionamento dos mesmos pode ser externo ou interno ao prédio, dependendo das
condicionantes como a tipologia da edificação, material do tubo, questões estéticas, etc;
para os condutores horizontais, aparentes ou enterrados, deve-se prever inspeções em
conexões com outras tubulações, nas mudanças de declividade e de direção, assim como
cada 20 metros nos trechos retos.
Quanto ao controle na fonte para redução de vazão de enchente, FENDRICH (2004) [2],apud
(Tucci,2003), salienta que as medidas de controle do escoamento superficial das águas
pluviais, são classificadas de acordo com o componente da drenagem, em medidas:1ª) Na
fonte: Que envolve o controle em nível de lote ou qualquer área primária em desenvolvimento;
2ª) Na microdrenagem: Medidas em nível de loteamentos e de quarteirões; e 3ª) Na
macrodrenagem: Soluções de controle nos principais rios urbanos. As principais medidas de
controle na fonte têm sido: A detenção de lote (pequeno reservatório), que controla a vazão
máxima, o uso de áreas de infiltração para recuperar a capacidade de infiltração da bacia
hidrográfica e os pavimentos permeáveis.
45
o
Do Decreto N 791/2003 [13], da Secretaria Municipal de Obras Públicas de Curitiba,
observam-se alguns conceitos para detenção de águas pluviais:
“Art. 1º: Na aprovação dos projetos de construção de novas edificações destinadas aos
usos a que se refere a Lei nº 9.800/00 e Decreto nº 183/00, deverão apresentar medidas
estabelecidas neste regulamento atendendo as disposições do PURAE – Programa de
Conservação e Uso Racional da Água nas Edificações.
V = N x C x d x 0,25
V = Ac x 0,75
Art. 5º § 3º: Em todos os casos fica estabelecido um reservatório com volume mínimo de
500 litros.
3 DIMENSIONAMENTO
Q = C . I . A / 60
46
sendo,
a) Telhado
47
b) Área Impermeabilizada – Lage
c) Telhado e pátio
3.2 Calhas
Uma vez determinada a vazão de projeto, tem-se condições de dimensionar as calhas, cuja
formulação pode ser a de Manning-Strickler ou equivalente. A equação de Manning-Strickler é
a seguinte:
2/3 1/2
Q = ( K . S . Rh . i ) / n ,
Sendo:
2
Q: vazão de projeto em L/min; S: área da seção molhada em m ; n: coeficiente de rugosidade;
Rh: raio hidráulico em m; i: declividade da calha, m/m; K = 60.000.
48
a vazão de projeto deverá ser majorada através dos coeficientes estabelecidos na NBR
10.844, quando a saída de calhas de beiral ou de platibanda estiver situada a menos de
4,00 metros de uma mudança de direção;
rugosidade do material, f
49
Figura: Ábacos da NBR 10844 para Dimensionamento do Condutor Vertical
O procedimento para a determinação dos diâmetros, por meio destes ábacos, é o seguinte:
o
1 ) a partir do valor de Q, ergue-se uma linha vertical até a interseção com as curvas de H e L
em questão;
o
2 ) quando no ábaco não existirem os valores de H e L de projeto, deve-se recorrer a
interpolação;
o
3 ) a seguir, rebate-se as interseções Q x H x e Q x L sobre o eixo dos diâmetros.
50
O maior valor encontrado será o diâmetro de projeto. É importante salientar ressaltar que o
diâmetro nominal que será adotado deverá ter o diâmetro interno igual ou superior ao diâmetro
de projeto Outro fator importante a ser destacado é que o diâmetro mínimo admitido para os
condutores é de 70mm, conforme NBR 10.844.
FENDRICH (2002) demonstrou por meio da relação de “permeabilidade artificial” dos solos
“Rp”, que a condição principal a ser satisfeita é a precipitação pluvial armazenável na Bacia ser
assumida igual a chuva efetiva sobre a bacia, ou seja, igual a precipitação pluvial que origina
os escoamentos superficiais na bacia. Partindo dessa premissa básica, estabeleceu várias
correlações entre as principais variáveis hidrológicas, fundamentadas nos 25 eventos pluvio-
fluviométricos selecionados, período de 1987 até 2001, na Bacia Hidrográfica Urbana do Rio
Belém, com 42 km² de área de drenagem, determinando-se a chuva armazenável total na
Bacia, Parm = 23,7 mm, e na seqüência, obtendo a chuva total necessária a detenção no ano
de 2020, quando a taxa de impermeabilização dos solos da bacia será máxima AI = 86,64 % =
C, Pr = 20,5 mm, sendo Pr a Precipitação Total de Reservação das Águas Pluviais (mm).
V Vr A c
Outro ponto a ser discutido é quanto tempo a água da chuva poderia ficar armazenada em
reservatórios de maneira a não se deteriorar qualitativamente. Esta é uma discussão que se
soma a abordagem hidrológica pois para a definição do volume do reservatório de água da
chuva deve ser considerado, entre outras variáveis, o tempo máximo de armazenamento para
manutenção de qualidade mínima e os volumes de água que devem retornar à natureza.
51
4 Economia pelo Aproveitamento de Água da Chuva
4.1 Conceitos
A água da chuva também é uma fonte alternativa importante, principalmente para as regiões
onde o regime pluviométrico é atraente em termos quantitativos e distributivos ao longo do ano.
Referente à qualidade da água da chuva, a mesma já tem sido avaliada em uma série de
pesquisas. No entanto, em tais trabalhos, normalmente a água da chuva é coletada
diretamente, isto é, sem ter tido qualquer contato físico prévio, a não ser com a própria
atmosfera. Porém, a água da chuva a ser coletada em uma edificação, tem um contato com o
sistema de drenagem pluvial da mesma, isto é, o telhado, as calhas e os condutores verticais.
Ou seja, a água da chuva a ser utilizada é coletada de forma indireta, fato este que altera sua
qualidade. Logo, justifica-se sua devida caracterização, de maneira que, conforme comentado
para água cinza, tais características possam ser confrontadas com os requisitos necessários
para seu uso de forma adequada.
Q=c.i.A/60
Q=1 x 300 x 80/60 = 400 L/s
3
Volume anual: (400 x 60 x 60 x 24 x 100) = 3.456.000.m /ano
Volume médio diário: 3.456.000/365 = 9.468.493 L/dia
Volume médio mensal: 9.468.493 x 30 = 284.054.790 L/mês
Observar que este balanço hídrico considera que todo o volume captado estará disponível para
a demanda, fato este que é questionável, conforme será observado na sequência.
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Quanto aos parâmetros físicos e químicos, conforme Tabela abaixo, para a água pluvial foram
observados reduzidos valores de cor, tubidez, DQO e DBO quando comparados aos valores
encontrados para água cinza. No entanto, os valores de cor e turbidez ultrapassam os limites
estabelecidos pelos critérios, impondo-se assim a necessidade de tratamento. O pH é próximo
do neutro e a concentração de oxigênio dissolvido é significativa. No entanto, as concentrações
de coliformes são expressivas indicando a necessidade da desinfecção dessas águas.
Observar que apenas valores de pH e DBO atendem os critérios para uso urbano. A água
pluvial, por sua vez, apresenta melhores condições de aproveitamento, em termos qualitativos,
que a água cinza. Porém, o uso da água pluvial não pode ser indiscriminado pois a mesma
requer também tratamento, em especial para a remoção de microrganismos patogênicos. Além
disso, é importante ter atenção para o fato que a água pluvial não pode ser utilizada sem a
observância dos critérios quantitativos.
Observa-se ser uma água de melhor qualidade que a água cinza, todavia não é dispensável o
tratamento, haja vista as significativas concentrações de cor e coliformes. Desta forma,
processos físicos, ou até químicos, para remoção de cor serão necessários, assim como
processos de desinfecção, estes podendo ser físicos ou químicos.
Inicialmente cabe destacar que a respectiva norma de referência no Brasil é intitulada Água da
Chuva: Aproveitamento de Coberturas em Áreas Urbanas para Fins não Potáveis, NBR 15527.
Com relação a configuração básica de um sistema de aproveitamento de água da chuva, a
mesma consta da área de captação (telhado, laje, piso), dos sistemas de condução de água
(calhas, condutores verticais e condutores horizontais), da unidade de tratamento da água
(reservatório de autolimpeza, filtros desinfecção) e do reservatório de acumulação. Pode ainda
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ser necessário um sistema de recalque, o reservatório superior e a rede de distribuição.
Características da área de captação, como as dimensões, forma e rugosidade, associadas as
características hidrológicas locais como a intensidade pluviométrica e o período de retorno,
permitem estimar a vazão a ser captada.
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Formas construtivas de sistemas de aproveitamento de água de chuva.
Fonte: Herrmann e Schmida, 1999.
4.5 Dimensionamento
4.5.1 Reservatórios
Método Inglês
V= 0,05 . P . A ;
Onde:
P = precipitação média anual, em milímetros;
A = área do telhado em projeção, em metros quadrados;
V = volume de água aproveitável e o volume de água da cisterna, em litros.
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Método Alemão
Azevedo Neto
É a produção da demanda total (CT) pelo número de dias sem chuva (t) num dado período.
Logo,
VR CT .t
CT – demanda total
t – número de dias sem chuva
4.5.2 Tratamento
A água da chuva deve ser tratada em função do uso a ser dado a mesma, princípio este já
observado para a água cinza. Desta forma, os critérios para sua utilização devem ser
observados onde, na Tabela a seguir, constam dados sobre características da água da chuva
já apresentadas nesse texto, no entanto com o incremento de critérios para utilização desta
água. Observa-se ser uma água de melhor qualidade que a água cinza, todavia não é
dispensável o tratamento, haja vista as significativas concentrações de cor e coliformes. Desta
forma, processos físicos, ou até químicos, para remoção de cor serão necessários, assim como
processos de desinfecção, estes podendo ser físicos ou químicos.
Os tratamentos para remoção de cor e turbidez podem ser pela filtração, a qual podendo conter
processo físicos, químicos e biológicos. A filtração em linha consta de um processo físico, após
bombeamento, para remoção de sólidos suspensos. A filtração contendo carvão ativado atua
pelos processos físicos (coação) e químicos (adsorção) para a remoção da cor, odor e, quando
for o caso, cloro em excesso. O filtro lento é importante para reter matéria suspensa e, em
especial, patógenos. Já a osmose reversa pode ser instalada junto ao ponto de consumo para
remover patógenos. A desinfecção pode ser por processo químico, sendo a cloração no tanque
de sedimentação ou em linha, ou física por sistema UV, este instalado entre o filtro de carvão
ativado e o ponto de consumo. O ozônio, processo físico, é usualmente instalado junto ao
ponto de consumo.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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