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Caderno de Sistemas Prediais Hidráulicos Sanitários

Professor Daniel Costa dos Santos


Departamento de Hidráulica e Saneamento
Universidade Federal do Paraná

Curitiba, 2017

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O PAPEL DOS SISTEMAS PREDIAIS

A importância dos Sistemas Prediais na Construção Civil relaciona-se não apenas com as
primordiais necessidades relativas a higiene e saúde, mas também com as evolutivas noções
de conforto impostas por um dinâmico comportamento social. Neste sentido, muitas pesquisas
tem sido desenvolvidas no sentido de torná-los cada vez mais eficazes no atendimento das
exigências dos usuários. No entanto, no contexto atual, onde há a necessidade que o
Desenvolvimento seja Sustentável, os sistemas prediais passam a serem exigidos também, em
seu desempenho, para além das fronteiras da edificação, ou seja, pelas demandas ambientais.
Os sistemas prediais necessitam, portanto, serem concebidos tanto para satisfazerem o
habitante assim como para contribuírem para a promoção da sustentabilidade do habitat. Neste
cenário encontra-se o projetista, cuja missão é atender os anseios sociais e ambientais, em
meio a emergentes avanços tecnológicos e a necessidade ímpar racionalização, questões
estas singulares na competitiva estrutura econômica estabelecida. Isto posto, é oportuno supor
que o projetista necessite de sensibilização, conhecimento e informação relativos aos
princípios teóricos que sustentam tanto o convencional quanto o novo. Considerando que o
tema transversal desta discussão é a Conservação da Água, alguns sistemas prediais
hidráulicos sanitários serão apresentados sucintamente a fim de embasar o desenvolvimento
da mesma.

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SISTEM AS PREDIAIS DE ÁGU A POT ÁVEL

1 APRESENT AÇ ÃO DOS SISTEM AS

O sistema predial de água potável é com posto pelo sistem a predial de água fria ,
de água quente e de combate e prevenção ao incêndio, sistemas estes que serão
apresentados na sequência. Em termos de função básica do Sistema Predial de Água
Fria (SPAF), é imprescindível o atendimento de demandas relativas a vazão, a pressão e a
qualidade da água nos pontos de consumo, no sentido de propiciar ao usuário um uso
"confortável" da mesma. Para tanto, os seguintes requisitos de desempenho devem ser
atendidos:

- O sistema, em toda sua extensão, deve preservar a potabilid ade da


água, de acordo com a Portaria nº 2419,2011 do Ministério da Saúde.
- O correto dimensionamento do sistema deverá garantir o fornecimento
de água nos pontos de utilização, de acordo com a necessidade de
cada aparelho sanitário, de form a que a distrib uição seja feita em
quantidade adequada e contínua, e que suas pressões e velocidades
estejam compatíveis com o sistema. Assim, o sistema poderá promover
a econom ia de água e energia.
- A instalação deverá ser feita de maneira que facilite a manutenção e,
se possível, que evite níveis de ruído excessivos para o ambiente.
- Por fim, o sistema deverá proporcionar o conforto e exigências
desejados pelo usuário.

Quanto a constituição geral, os sistemas prediais de água fria apresentam os


seguintes componentes:

a) Fonte de Abastecim ento de Água: Abastece o sistema predial de água


fria. Pode ser um sistem a público ou privado de abastecimento, cuja
água pode ter origem superficial ou subterrânea.
b) Ram al Predial: conecta a rede pública de distribuição ao hidrômetro,
esse localizado no cavalete.
c) Cavalete: Instalação contendo tubulações, conexões e registros na
qual é instalado o hidrômetro.
d) Hidrôm etro: dispositivo destinado a m edir o consumo de água na
edificação.
e) Alim entador Predial: conecta o hidrômetro ao reservatório i nferior, ou
ao reservatório superior ou, diretamente, à rede predial de
distribuição.
f) Instalação Elevatória: Instalação composta de conjunto elevatório
(m oto-bomba ou hidropneum ático) e tubulações, destinada a recalcar
água de um ponto de cota inferior, r eservatório inferior por exemplo, a
um ponto de cota superior, como o reservatório superior.
g) Reservatórios: Caracterizam o sistema indireto de água fria. Reservam
água para os horários de "pico" de consumo e para os intervalos de
interrupção de abastecim e nto da rede pública de distribuição. Podem
ser inferiores (RI) ou superiores (RS).
h) Rede Predial de Distribuição: Conectada ao reservatório superior, ou
ao reservatório inferior ou diretamente ao alim entador predial. Na
existência de reservatório superior, tal rede é com posta por barrilete,
colunas de distribuição, ramais de distribuição e sub -ramais.
i) Barrilete: Conecta o reservatório superior às colunas de distribuição.
j) Colunas de Distribuição: Conectam o barrilete aos ram ais de
distribuição.
k) Ram ais de Distribuição: Conectam as colunas aos sub -ram ais.
l) Sub-Ram ais: Conectam os ram ais aos pontos de consumo.
m) Pontos de Consumo: Constam dos aparelhos e equipam entos
sanitários, como as bacias sanitárias, bidês, lavatórios, etc.

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Apresentada a constituição geral dos sistemas prediais de água fria, a tipologia
dos mesmos é a seguinte:

. Direto: a distribuição ocorre diret amente da rede pública até o ponto de


consumo. Como neste sistema não existem reservatórios, recomenda -se sua
utilização som ente em casos em que haja confiabilidade no sistema de
abastecimento quanto a sua regularidade (atendim ento sem interrupções) e
adequabilidade (vazão, pressão e qualidade da água distribuída). Observar
figura a seguir.

Figura: Sistema Direto (Belinazo, 2002)

. Indireto: Caracterizado pela existência de reservatório(s). Recom enda -se a


concepção desse sistema quando a pressão dinâm ica e, ou, a vazão propiciada
pelo sistema de abastecim ento não for suficiente para atender o RS ou, ainda,
quando não houver confiabilidade na regularidade de fornecimento de água pelo
mesm o. Quando a pressão dinâm ica e, ou, a vazão não for suficiente, fa z-se
necessário um RI, instalação elevatória e RS, conjunto esse que configura um
sistema indireto com RI e RS. No caso da a vazão não ser suficiente e, ou,
houver irregularidade no abastecimento de água, m as contudo houver pressão
dinâm ica necessária para atender o RS, o sistem a será indireto com RS apenas.

Observar que no caso específico de edificações de m enor altura (casas,


sobrados, etc), o sistem a de abastecimento usual é o sistema indireto com
reservatório superior apenas, o qual é abastecido utili zando som ente a pressão
de água fornecida pela concessionária. O sistema direto é norm almente
dispensado pela irregularidade no abastecim ento de água sendo, o que conduz a
adoção de reservatórios com capacidade mínim a igual ao consumo diário da
edificação. As figuras seguintes ilustram estes sistemas.

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Figura: Sistema Indireto sem Recalque (Belinazo, 2002)

Sistema Indireto com Recalque (Belinazo, 2002)

Misto: Consta de uma combinação do sistem a direto com o indireto.

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Quanto ao Sistema Predial de Água Quente (SPAQ) sua função básica é o atendimento de
demandas relativas a vazão, a pressão, a temperatura e a qualidade da água nos pontos de
consumo, no sentido de propiciar ao usuário um uso "confortável" da mesma. Para tanto, os
seguintes requisitos de desempenho devem ser atendidos, além daqueles já apresentados
para o SPAF:

- garantia de temperatura adequada para a água no ponto de consumo;


- otimizar o consumo de energia no aquecimento de água.

Quanto a constituição geral, os sistemas prediais de águ a quente apresentam


os componentes comuns com o sistema predial de água fria, além dos seguintes
componentes específicos:

- Aquecedor: aparelho destinado a aquecer a água.


- Misturador: utilizado para misturar água quente e fria.
- Reservatório de água quente: destinado a reservar a água quente que
será distribuída.
- Respiro: serve como saída de ar e/ou vapor de uma instalação.
- Tubulação de retorno: tubulação que conduz água quente de volta ao
reservatório ou aquecedor.
- Válvula de retenção: dispositivo que permit e escoamento de água em
uma única sentido.
- Válvula de segurança de temperatura: destinado a evitar que a temperatura da
água ultrapasse determinado valor.

Apresentada a constituição geral dos sistemas prediais de água quente, a


tipologia dos mesmos é a se guinte:

Sistema individual:

Consiste na alimentação de um ponto de utilização, sem necessidade de uma rede de água


quente. Destacam-se os aquecedores à eletricidade nos quais a resistência elétrica é acionada
automaticamente pelo próprio fluxo de água. Já os aquecedores a gás combustível apresentam
um queimador que é acionado por uma chama piloto quando da passagem do fluxo de água.

Sistema Central Privado:

Consiste de um equipamento responsável pelo aquecimento da água e uma rede de


tubulações que distribuem a água aquecida a conjuntos de aparelhos pertencentes a uma
mesma unidade (ex.: apartamento). As fontes energéticas são o gás combustível, eletricidade,
óleo combustível, entre outros. Os aquecedores podem ser instantâneos (ou de passagem),
onde a água é aquecida à medida que passa pela fonte de aquecimento, sem requerer
acumulação, ou de acumulação, onde existe a acumulação do volume de água a ser aquecido.
A distribuição é constituída por ramais que conduzem a água aquecida desde o equipamento
de aquecimento até os diversos pontos de consumo.

Sistema Central Coletivo:

Consiste de um equipamento responsável pelo aquecimento da água e uma rede de


tubulações que distribuem a água aquecida a conjuntos de aparelhos pertencentes a mais de
uma unidade (ex.: prédio de apartamentos). As fontes energéticas são gás combustível,
eletricidade, óleo combustível, entre outros, como a energia solar. Uma vez que o equipamento
de geração de água quente em questão abastece várias unidades, está implícita a necessidade
de acumulação do volume a ser aquecido. Quanto à modalidade de distribuição, o sistema
central coletivo pode ser classificado em ascendente, descendente e misto.

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2 CONCEPÇÂO E PROJETO

Inicialmente concebe-se um SPAF estabelecendo-se uma configuração a qual deverá ter um


desempenho adequado diante das diversas solicitações previstas. A concepção considerará as
necessidades do usuário e as condições sob as quais estarão submetidos os sistemas como,
por exemplo, as pressões dinâmicas disponibilizadas pelo sistema de abastecimento. Devem
ser consideradas igualmente nesta fase fatores como a integração deste sistema com os
demais da edificação, a normalização vigente, materiais e componentes disponíveis no
mercado, etc.

Quanto as interações do sistema predial de água fria com os demais sistemas do edifício,
observar que as mesmas impõem restrições para que haja uma certa harmonia entre os
mesmos. Não obstante, a própria configuração do SPAF igualmente requer considerações. Por
exemplo, pode ser recomendável a concepção de mais colunas de distribuição ao invés
de adotar-se ramais longos, assim como deve -se conceber um a coluna de
distribuição apenas para as válvulas de descarga das bacias sanitária.

Para o SPAQ constam de considerações semelhantes àquelas já abordadas para o SPAF. No


entanto, questões como segurança do usuário e economia de energia devem ser imperiosas na
concepção do SPAQ. A adequação da posição dos aquecedores, onde a ventilação mínima
deve ser considerada, é um fator primordial para a segurança. Já o isolamento térmico das
tubulações deve ser adequadamente projetado de maneira a evitar o desperdício de energia
calorífica e garantir conforto ao usuário.

Para a elaboração do projeto de água fria, as seguintes etapas devem ser consideradas a
concepção, o dimensionamento, a confecção dos elementos gráficos, a quantificação e o
orçamento, a elaboração dos memoriais descritivos e de cálculo, as especificações e a
elaboração do projeto “como construído” (as built).

Concebidos os SPAF e SPAQ e definidas as respectivas configurações, procede-se o


dimensionamento dos mesmos sendo que as dimensões obtidas deverão atender as
solicitações previstas. Concluído o dimensionamento do sistema, elabora-se o projeto para a
produção o qual consta de simbologia utilizada, das representações gráficas e de um conjunto
de documentos. A representação gráfica deve conter basicamente o seguinte:

- planta baixa da cobertura, do pavimento tipo, do térreo e do subsolo, apresentando


os tubos de queda, ramais, desvios, colunas de ventilação e dispositivos diversos.

- planta baixa do pavimento inferior apresentando os subcoletores, coletores,


dispositivos de inspeção, pontos de emissão dos esgotos sanitários, entre outros
detalhes específicos.

- esquema vertical (fluxograma) sem escala, no qual serão apresentados os


componentes do sistema.

- plantas dos ambientes sanitários apresentando o traçado e diâmetros das


tubulações

- detalhes específicos

Conforme BAZZO e PEREIRA (1993), o memorial descritivo deve basicamente apresentar as


características da solução proposta. As justificativas dos métodos e técnicas para atingir tal
solução também devem ser apresentadas. A memória de cálculo consta da apresentação de
todo o dimensionamento e as respectivas referências normativas. As especificações técnicas
devem conter basicamente a especificação comercial dos materiais e os detalhes construtivos,
entre outras informações julgadas importantes. Na sequência realiza-se a quantificação e o
orçamento dos componentes do sistema. O projeto “as built”, por fim, registrará aqueles
detalhes executivos que não seguiram o projeto de produção, visando-se assim ter o registro
fiel do sistema instalado.

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3 DIM ENSIONAM ENTO

Quanto ao aspecto do requisito "quantidade de água", o dim ensionam ento


considera a seguinte sequência: Estimativa do Consumo Diário (Cd), Dimensionamento
do Ramal e Alimentador Predial, Dimensionamento do Hidrômetro e Cavalete (Definido pela
Concessionária), Dimensionamento dos Volumes dos Reservatórios, Dimensionamento do
Sistema Elevatório, Dimensionamento da Rede de Distribuição, Determinação do Nível Mínimo
de Água (NAmin) no Reservatório Superior, Verificação das Pressões no Sistema de
Distribuição.

3.1 Caracterização e Estimativa do Consumo Diário de Água

A Caracterização do Consumo Diário de Água trata do estabelecimento e da organização de


um conjunto de procedimentos visando a caracterização temporal e funcional do consumo de
água. A caracterização temporal baseia-se no levantamento do histórico do consumo,
enquanto a funcional é aqui admitida como a parametrização do consumo em função dos
diversos usos e desperdícios pertinentes na edificação.

O levantamento do histórico do consumo é de extrema importância pois permite avaliar, ao


longo do tempo, as influências do comportamento do consumidor, do desempenho dos
sistemas prediais de água fria e quente, da sazonalidade, entre outras variáveis, sobre o
consumo de água. Para tanto, com base no levantamento em questão, existem modelos
estatísticos de previsão de demanda de água, os quais possibilitam previsões de curto, médio
e longo prazo (BILLINGS; JONES, 1996). A parametrização do consumo de água na edificação
conta da discriminação do consumo por uso. No Documento Técnico de Apoio A1, do PNCDA
(1998), é apresentado uma caracterização do consumo para um apartamento apenas situado
em conjunto residencial para população de baixa renda, onde na Tabela 1 são apresentados os
respectivos dados desta parametrização.

Tabela 1: Parametrização do Consumo da Água nas Edificações Domiciliares


Aparelho Sanitário* AWWA (%) PNCDA (%)
Bacia Sanitária 26,1 5,0
Chuveiro 17,8 55,0
Banheira 1,8 -
Lavatório e Pia de Cozinha 15,4 26,0
Lavadora de Pratos 1,4 -
Lavadora de Roupas 22,7 11,0
Perdas Físicas 12,7 -
Outros 2,1 3,0
* Tabela adaptada de dados apresentados em GELT (2001) e PNCDA (1998)

Não obstante, a American Water Works Association (AWWA), conforme WATERCASA (2001),
apresenta dados sobre domicílios americanos, conforme Tabela 2.

Tabela 2: Parametrização do Consumo em Domicílios Americanos (galões/hab.dia)


Aparelhos Sanitários* Sem Conservação Com Conservação
Bacia Sanitária 19,3 9,3
Chuveiro 17,2 11,1
Lavatório e Pia da Cozinha 11,4 11,1
Banheira 1,3 1,3
Lavadora de Pratos 1,0 1,0
Lavadora de Roupas 16,8 11,8
Perdas 9,4 4,7
Outros usos 1,6 1,6
Total 74,0 51,9
* Tabela adaptada de dados apresentados em GELT (2001)
Considerada a caracterização do consumo diário de água faz-se necessário empreender a
estimativa do consumo diário de água o qual é função do tipo de residência, do consumo per

8
capita diário de água e da população do prédio. A Tabela 3 apresenta um exemplo de um
conjunto de valores que relaciona o consumo diário per capita de água “qe” com o tipo de
edificação. Assumido um valor para qe e para uma dada população é possível estimar o
consumo diário de água.

Tabela 3: Consumo Diário per Capita


Tipo de Edificação qe (l/per capita/d)
Alojamentos 80
Casas Populares 120
Residências Padrão Médio 150
Apartamentos 200
Hotéis 120
Escolas 50
Edifícios Comerciais 50
Edifícios Públicos 50
Escritórios 50
Fonte: CREDER, 2006

3.2 Ramal e Alimentador predial

O dimensionamento do ramal e alimentador predial depende do consumo diário e da faixa de


velocidade do escoamento na tubulação, a qual usualmente adotada estende-se de 0,6 a 1,0
m/s. O dimensionamento do diâmetro do ramal predial é dado pela equação da continuidade, a
saber, Drp = ( 4 . Q /  . V ) . Para o diâmetro do alimentador predial, por sua vez, é adotado
0,5

aquele dimensionado para o ramal predial.

3.3 Hidrômetro e Cavalete

A especificação do hidrômetro, assim como as especificações do cavalete, são dados pela


concessionária. Para tais especificações são considerados o consumo diário e os diâmetros
definidos para o ramal e alimentador predial.

3.4 Volumes dos Reservatórios

Pela abordagem prática, o dimensionamento dos volumes dos reservatórios considera o


consumo diário, o volume de incêndio e o volume de emergência. O equacionamento usual é o
seguinte:

Vrs = 0,4 Cd + Vi;


Vri = 0,6 Cd + Nd . Cd;

Sendo,

Vrs: Volume do Reservatório Superior;


Vri: Volume do Reservatório Inferior;
Cd: consumo diário;
Vi: volume de reserva de incêndio;
Nd: Número de dias sem abastecimento á edificação.

Já conforme o Corpo de Bombeiros do Estado do Paraná, o volume de reserva de incêndio


deve ser estimado pela seguinte equação:
0,5
Vi = (0,93 . C . A )

Sendo,
2
A: área total sob risco de incêndio (m )
C: coeficiente função do risco de incêndio, tipo de ocupação e tipo de construção.

9
Para a definição do coeficiente C da equação anterior faz-se necessário inicialmente definir a
classe de risco da edificação sob estudo. Para uma edificação multifamiliar de uso residencial,
por exemplo, sua classificação é Grupo A, Divisão A2, conforme Tabela 01 do Anexo do
CÓDIGO DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO (CSCIP) do Corpo de Bombeiros
do Paraná. Não obstante, no mesmo Código e Anexo, a Tabela 03, a seguir reproduzida como
Tabela 4, apresenta a classificação dos riscos.

Tabela 4: Classificação das edificações e áreas de risco quanto à carga de incêndio J/m2
Risco Leve até 300MJ/m²
Risco Moderado Entre 300 e 1.200MJ/m²
Risco Elevado Acima de 1.200MJ/m²
Fonte: Corpo de Bombeiros do Paraná

Na sequência, na Tabela 02 “Aplicabilidade dos Tipos de Sistemas”, da Norma de


Procedimento Técnico “Sistemas de hidrantes e de mangotinhos para combate a incêndio”
(NPT 022) do Corpo de Bombeiro do Paraná, são apresentadas as classificações das
edificações em função do tipo de risco. No caso de uma edificação multifamiliar de
classificação A2, por exemplo, o risco é considerado leve. Diante destas condições de
contorno, o coeficiente C é dado conforme Tabela 04 da NPT 022, a seguir reproduzida como
Tabela 5:

Tabela 5: Valores de “C” para a determinação do volume do reservatório de incêndio


Classe do Risco Construções
Combustíveis* Resistentes ao Fogo Incombustíveis
Risco Leve 1,04 0,38 0,26
Risco Moderado 1,39 0,65 0,41
Risco Elevado 1,44 0,78 0,50
*Combustíveis: edificações construídas em madeira; Resistentes ao fogo: edificações construídas em alvenaria de
tijolos ou outros materiais que opõem resistência ao fogo; Incombustíveis: edificações construídas totalmente em
concreto.
Fonte: Corpo de Bombeiros do Paraná

Observar que admitindo uma edificação multifamiliar construída em alvenaria de tijolos, tem-se
que a construção é resistente ao fogo e que o risco é leve, condicionantes estas que
convergem para o valor de 0,38 para o coeficiente C, de acordo com a Tabela 5.

Para o SPAQ Quanto ao aspecto do requisito "quantidade de água", o dimensionamento


apresenta a mesma sequência já apresentada para o dimensionamento do SPAF. No entanto
deve ser abordado ainda a questão do dimensionamento dos aquecedores. Neste caso, tem-se
a mesma situação do sistema predial de água fria, apenas levando-se em conta que, em
termos de sistemas prediais de água quente, importa não somente a vazão unitária, mas
também a temperatura de utilização. Neste sentido, deve ser considerada a equação das
misturas, qual seja:

m1 . ti1 + m2 . ti2 = (m1 + m2) tf


     
VAQ TAQ VAF TAF VMIST TMIST

onde:
o
TAQ = temperatura da água quente no aquecedor. (Ex: 70 C)
o
VAQ = volume de água quente para consumo diário a 70 C (incógnita)
o
TAF = temperatura da água fria no inverno. (Ex:15 C)
VAF = volume de água fria
o
TMIST = temperatura da água morna no ponto de consumo. (Ex: 42 C)
VMIST = volume de água morna utilizada, o qual o próprio consumo diário de água morna.

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Dadas temperaturas admitidas como exemplo, tem-se:

VAF = VMIST - VAQ e VMIST = m1 + m2

Então, 70 . VAQ + 15 (VMIST - VAQ) = 43 . VMIST

Ou, VAQ = 0,51 V MIST

Ou seja, neste exemplo observa-se que aproximadamente 50% do consumo diário de água
morna deve ser reservado como água quente.

Quanto ao aspecto "qualidade", a temperatura da água nos reservatórios também é um


fator importante a ser considerado pois é sabido que em águas mornas, fato este corrente nos
reservatórios superiores, há possibilidade de crescimento da bactéria Legionella, a qual é
patogênica. (DAUGHERTY, 2000).

3.5 Sistema Elevatório

O sistema é composto pelo poço de sucção, tubulação de sucção, conjunto moto-bomba,


tubulação de recalque e reservatório elevado. A figura abaixo ilustra tal configuração.

1
lin
ha
pie PCs
z om
DGs étr
ica
AMTs=DGs-PCs
B (pressão na entrada da bomba)

Figura: Sistema Elevatório (afogado)

As bombas são máquinas hidráulicas são sistemas que podem fornecer energia ao
escoamento. Especificamente, sistemas de bombeamento são equipamentos que transformam
energia elétrica em energia mecânica e esta em energia hidráulica (energia cinética e de
pressão). São muito usadas no Saneamento, em especial para os sistemas de abastecimento
de água e de esgotamento sanitário, e em sistemas prediais.

Para a especificação da bomba, considerando que deva ser priorizado o critério de eficiência
na transformação da energia mecânica, oriunda do rotor, em energia hidráulica, a ser
disponibilizada à tubulação de recalque, faz-se necessária a definição do ponto de trabalho
desta bomba. Assim, conforme figura a seguir, observa-se que a interseção entre as curvas de
do sistema e da bomba ocorre no denominado ponto de trabalho do sistema bomba-conduto de
recalque. Neste ponto de trabalho a operação ocorre na vazão Q0 e a pressão AMT0, para um
rendimento  e uma potência P consumida pela bomba. No entanto, a bomba não operará
sempre no ponto ótimo em função de condicionantes como o envelhecimento dos tubos, a
variação da velocidade de rotação e do diâmetro do rotor, a variação nos níveis do líquido, a
operação de registros e a variação de demanda. Assim sendo, admite-se que a bomba
funcione dentro de uma faixa Q1 x AMT1 até Q2 x AMT2, onde, fora desta, o rendimento
operacional diminui.

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Figura: Ponto de Trabalho

Outro aspecto importante nos sistemas elevatórios é a cavitação. Este fenômeno ocorre
quando na tubulação de sucção a pressão absoluta for menor que a pressão de vapor da água
(PABS < PVAPOR). Assim, as bolhas de vapor formadas no interior explodirão em função
justamente da pressão no interior da bolha (Pvapor) ser maior que a pressão absoluta que a
envolve. Esta explosão projetará gotículas de água sobre a superfície interna da bomba,
erodindo-a e danificando-a.

Quanto ao dimensionamento do sistema elevatório deve ser considerado sua configuração, o


tempo de funcionamento da bomba e a vazão aduzida. Dadas estas variáveis introdutórias, é
possível dimensionar os diâmetros das tubulações e a altura manométrica total. Para a
determinação do diâmetro de recalque dimensiona-se o diâmetro econômico pela Equação de
Bresse, a qual é Dr = 1,3 . Qr .  sendo Qr a vazão de recalque e  = t / 24 horas cuja
0,5 0,25

variável t é o tempo de funcionamento da bomba. A NBR 5626 recomenda t entre 01 e 06


horas. Estimado o diâmetro de recalque admite-se o diâmetro de sucção sendo 01 diâmetro
comercial superior aquele.

Portanto, para uma dada vazão de recalque, estando definidos os diâmetros do sistema
elevatório, assim como todas as conexões e válvulas pertinentes, é possível estimar a altura
manométrica total. Esta estimada é possível definir a potência necessária ao conjunto
motobomba para o qual se deve obter o maior rendimento energético possível. A potência do
conjunto elevatório é dada pela seguinte equação:

  Q  H MAN
P
75.

Onde, : Peso específico da água (água bruta ou esgoto  = 1000 kgf/m ); Q: Vazão da água
3

(m /s); HMAN.: Altura manométrica (mca) ; : Rendimento global do conjunto elevatório, sendo 
3

= motor. bomba . Observar que a equação acima, na realidade é a potência fornecida pelo motor.
Portanto, para estimar a potência da bomba é necessário considerar o rendimento do motor:

  Q  H MAN
PB 
75. Bomba

12
3.6 Rede de Distribuição

Quanto a rede predial de distribuição, para definir os diâmetros dos ramais, colunas e barrilete
pelo Método dos Pesos ou Método Estatístico. O consumo máximo provável é usualmente
dimensionado pelo método dos Pesos Relativos, conforme preconizado pela norma "Instalação
Predial de Água Fria - NBR 5626". Porém, é consenso que este método normalmente
superestima a vazão do projeto e, consequentemente, superestima os diâmetros das
tubulações. Todavia, existe uma série de modelos estatísticos que podem possibilitar uma
estimativa mais realista da vazão de projeto, fato este que poderia atenuar as superestimativas
Os pesos preconizados pela NBR 5626 encontram-se reproduzidos na Figura.a seguir.

Figura: da NBR 5626 para Pesos relativos para os pontos de utilização (ABNT)

Estimada a vazão de projeto, para o dimensionamento das tubulações da rede de distribuição


admite-se inicialmente V= Vmáx = 3,0 m/s, onde este valor é estabelecido na NBR 5626 e
conduz a diâmetros menores. Assim sendo, os valores dos respectivos diâmetros (D) é o
diâmetro calculado por D = (4 . Q /  . V) .
0,5

3.7 Determinação do Nível Mínimo de Água (NAmin) no Reservatório Superior e


Verificação das Pressões no Sistema de Distribuição

Outra questão importante é a determinação do NAmin no RS, pois é através deste nível que
são determinadas as pressões disponíveis na rede de distribuição. Tais pressões disponíveis
devem atender, conforme a NBR 5626, as pressões admissíveis no sistema de distribuição
(aparelhos sanitários e rede de distribuição). As pressões admissíveis são as seguintes:

Pressão Dinâmica Mínima:

Caixa de Descarga: 0,5 mca ; Válvula de Descarga: 1,5 mca


Demais Aparelhos: 1,0 mca ; Rede de Distribuição: 0,5 mca

Pressão Estática Máxima: Em qualquer ponto da rede o admitido é 40 mca.

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As pressões disponíveis nos pontos de consumo devem superar as pressões dinâmicas
mínimas enquanto as pressões estáticas não devem ultrapassar a pressão estática máxima.
Para tanto, a definição de volumes e cotas dos reservatórios superiores, o cálculo adequado
dos diâmetros das tubulações, o atendimento das pressões dinâmicas mínimas de cada
aparelho sanitário, entre outras variáveis, é de fundamental relevância na confecção do projeto.

Para o caso de pressões estáticas superiores a 40 mca podem ser utilizadas válvulas redutoras
de pressão, conforme o exemplo ilustrado na figura a seguir.

Figura: Válvulas Redutoras de Pressão (Macintyre,1996)

3.8 Condicionantes referentes a qualidade da água

Em relação ao aspecto qualitativo, o dim ensionamento deve considerar


fenômenos relacionados ao im pacto à qualidade da água potável. No caso da
qualidade da água, cumpre inicialmente comentar que água potável é definida como aquela
que atende aos padrões de potabilidade preconizados pela recente Portaria 2914/2011 do
Ministério da Saúde. Em linhas gerais, deve apresentar as propriedades de ser clarificada (sem
cor e turbidez), inodora e agradável ao paladar, de temperatura razoável, nem corrosiva e nem
produtora de crostas, isenta de minerais de efeito fisiológico indesejável e livre de organismos
que produzam doenças.

Nesse sentido admite-se, em princípio, que a água fornecida pela concessionária às


habitações seja potável. No entanto, o fato da água encontrar-se potável na entrada da
edificação, não garante que a mesma esteja potável no ponto de consumo. Isto ocorre porque
existem pontos potenciais de contaminação da água no referido trajeto. Ou seja, a água pode
contaminar-se nas peças de utilização, nas canalizações e nos reservatórios. Nas peças de
utilização (aparelhos e equipamentos sanitários), pode ocorrer contato da água servida com a
água potável. É o caso, por exemplo, da bacia sanitária e da torneira de jardim.

A contaminação da água nas tubulações pode ser motivada pela entrada de líquidos
contaminados para seu interior ou pela corrosão dos metais que constituem os tubos, registros
e válvulas. A entrada de água contaminada para o interior das tubulações pode ocorrer através
de falhas de vedação ou através dos pontos de utilização.

14
Cabe citar neste sentido o trabalho de HIGGINS (1997), onde o autor destaca a importância do
controle da retrossifonagem nos aparelhos sanitários e hidrantes. RAZOUK (1996) igualmente
destaca uma série de fatores, entre os quais a questão da insuficiente circulação da água em
alguns trechos da rede de distribuição, fato este que pode causar a proliferação de
microrganismos patogênicos. No caso dos reservatórios, é fato que os mesmos são os locais
mais frágeis quanto à possibilidade de contaminação. As principais causas desta consistem em
falhas construtivas (de projeto e execução) e na deficiência dos trabalhos de manutenção.

Especificando, as formas de contaminação mais comuns ocorrem por infiltração de águas


servidas, pela entrada de pequenos animais através das aberturas de acesso e extravasão,
pela falta de limpeza periódica e a consequente acumulação de matéria orgânica no fundo do
reservatório que consome grande parte do cloro residual da água, pela poluição atmosférica
devida ao ar contaminado por elementos tóxicos e partículas em suspensão no ar, entre outras.

Cumpre salientar também que a norma brasileira “Instalação Predial de Água Fria – NBR
5626/1998” apresenta uma série de recomendações para viabilizar a proteção sanitária da
água potável, onde questões como a utilização de materiais adequados, o refluxo de águas
servidas e a interligação entre as tubulações condutoras de água potável e água não potável
são abordadas. Isto posto, conforme a NBR 5626, m edidas que evitem a
retrossifonagem devem ser previstas no projeto, como a separação atmosférica o
dispositivos quebradores de vácuo.

4 ECONOMIA DA ÁGUA PELO USO RACIONAL

A economia de água em uma edificação pode ser obtida por ações de uso racional e por ações
referentes a utilização de fontes alternativas. As ações de uso racional são basicamente
aquelas de combate ao desperdício quantitativo e qualitativo. As ações de combate ao
desperdício quantitativo são a priorização do uso de aparelhos sanitários economizadores de
água, o incentivo à adoção da medição individualizada, a conscientização do usuário para não
desperdiçar água no ato do seu uso, a detecção e controle de perdas de água no sistema
predial de água fria, o estabelecimento de tarifas inibidoras do desperdício, entre outras. O
combate ao desperdício qualitativo consta de um conjunto de medidas que garanta a qualidade
da água nas instalações hidráulicas sanitárias. A higienização periódica dos reservatórios, por
exemplo, consta de uma destas medidas imprescindíveis. Desta forma busca-se evitar que
volumes de água nas edificações percam potabilidade, fato este que configuraria um
desperdício de qualidade de água.

4.1 Uso Racional pelo Combate ao Desperdício Quantitativo

4.1.1 Utilização de Aparelhos Economizadores de Água

No que se refere à utilização de aparelhos e dispositivos sanitários economizadores de água, é


importante comentar que existe uma série deles disponíveis no mercado. Como, por exemplo,
torneiras automáticas, que podem gerar redução de 20% no potencial econômico em relação à
convencional. Há, também, dispositivos economizadores como: torneiras eletrônicas (redução
de até 40% no consumo de água), reguladores de vazão para torneiras de mesa, arejadores
para torneira com rosca interna, válvulas de fechamento automático para chuveiros, de
acionamento com o pé para torneiras de cozinha, bacias sanitária com caixa de embutir, dentre
outros.

Objetivando ilustrar alguns benefícios do uso de aparelhos economizadores, um exemplo


interessante a ser abordado consta da bacia sanitária de 06 litros de descarga. Comparada
àquela de 12 litros de descarga, tem-se a significativa economia de 50% de volume de água
por descarga. Nesta ótica, considerando que o usuário utilize a bacia sanitária convencional
(12 litros) quatro vezes por dia, seu gasto é na ordem de 48 litros. Substituindo esta bacia
convencional de 12 litros por uma economizadora de 06 litros, seu consumo passa para 24
litros diários, economizando, portanto, outros 24 litros. Para um consumo médio per capita de
132 L/hab/dia, conforme apresentado em SANTOS; SAUNITTI; BUSATO (2001) para Curitiba
e Região Metropolitana, este valor representa uma possibilidade de economia de 18%,
aproximadamente.

15
4.1.2 Adoção da Medição Individualizada

A adoção de medição individualizada consta de uma medida importante para edifícios. Trata-se
de um hidrômetro por economia, onde os respectivos moradores arcam com aquilo que
consomem, eliminando conseqüentemente a polêmica cobrança por rateio. Convém enfatizar
que alguns prédios de alto padrão em Curitiba já adotam esta medida, assim como existem
soluções de menor custo para edificações de padrão médio. Ressalta-se também que a força
da tarifação tem demonstrado ser um agente de grande eficácia para economia de água, pois é
sabido que tarifas de certa expressão realmente inibem o desperdício. Aliás, esta consta de
uma realidade que tem impulsionado a adoção da medição individualizada. Conforme TOMAZ
(1998), o uso da medição individualizado reduz de 15 a 30% o consumo de água na edificação.
A figura a seguir representa um esquema de medição individualizada em um edifício.

Figura: Exemplo de Medição Individualizada Fonte: www.saaeb.com.br

4.1.3 Sensibilização do Usuário

Quanto à conscientização do usuário, é consenso que este de fato é um problema complexo.


Seriam necessárias intervenções educacionais que realmente despertasse o usuário e o
conduzisse a uma revolução comportamental onde, sob um novo paradigma pessoal,
motivasse-o a posicionar-se contra o desperdício (CASTRO, 2000). Os benefícios decorrentes
da sensibilização merecem atenção, conforme já comentado. No caso do morador, por
exemplo, uma nova postura de racionalização seria efetivamente uma poderosa ação de
conservação de água, haja visto o exemplo a seguir. Considerando o consumo per capita diário
de 132 litros e que, no ato de escovar os dentes, o usuário leve aproximadamente 03 minutos.

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Admitindo-se uma vazão de 0,10 litros por segundo para o lavatório, e que o usuário ao
escovar os dentes permaneça com a torneira aberta (água corrente) durante os 03 minutos, o
mesmo consumirá aproximadamente 18 litros. Porém, se em uma atitude econômica a torneira
permanecer aberta apenas 30 segundos, duração esta considerada aqui como razoável na
escovação dos dentes, o volume consumido será de apenas 03 litros. Nesta atitude econômica,
portanto, serão poupados 15 litros. Caso o usuário, em sua residência, escove os dentes duas
vezes por dia, serão poupados 30 litros, valor este que é de aproximadamente 22 % do
consumo per capita diário de 132 litros.

4.2 Uso Racional pelo Combate ao Desperdício Qualitativo

Salubridade da Habitação pode ser conceituado como o estado saudável de uma habitação ou
ainda como uma habitação que contribui para a saúde dos moradores. Tal salubridade
depende de vários fatores como a qualidade da água utilizada, da coleta e disposição do
esgoto doméstico, da drenagem das águas pluviais, da coleta e disposição dos resíduos
sólidos, da qualidade do ar interior, das condições de conforto do ambiente (térmico, acústico),
dos materiais de construção utilizados, da facilidade de higienização do ambiente, da qualidade
ambiental do entorno, da postura do usuário, entre outros.

No caso da qualidade da água, tema principal deste trabalho cumpre inicialmente comentar
que água potável é definida como aquela que atende aos padrões de potabilidade
preconizados pela Portaria 2914 do Ministério da Saúde. Em linhas gerais, deve apresentar as
propriedades de ser clarificada (sem cor e turbidez), inodora e agradável ao paladar, de
temperatura razoável, nem corrosiva e nem produtora de crostas, isenta de minerais de efeito
fisiológico indesejável e livre de organismos que produzam doenças. Nesse sentido admite-se,
em princípio, que a água fornecida pela concessionária às habitações seja potável. No entanto,
o fato da água encontrar-se potável na entrada da edificação, não garante que a mesma esteja
potável no ponto de consumo. Isto ocorre porque existem pontos potenciais de contaminação
da água no referido trajeto. Ou seja, a água pode contaminar-se nas peças de utilização, nas
canalizações e nos reservatórios. Nas peças de utilização (aparelhos e equipamentos
sanitários), pode ocorrer contato da água servida com a água potável. É o caso, por exemplo,
da bacia sanitária e da torneira de jardim.

É importante também destacar a questão do desperdício qualitativo de água o qual é associado


às questões de salubridade da habitação. Assim sendo, propõe-se como conceito de
desperdício qualitativo de água o "volume de água potável que é inviabilizado qualitativamente
para o consumo". É o caso, por exemplo, da água potável servida às residências onde, água
potável é aqui admitida como aquela que atende aos padrões de potabilidade preconizados
pela Portaria 2914.

A contaminação da água nas tubulações pode ser motivada pela entrada de líquidos
contaminados para seu interior ou pela corrosão dos metais que constituem os tubos, registros
e válvulas. A entrada de água contaminada para o interior das tubulações pode ocorrer através
de falhas de vedação ou através dos pontos de utilização. Cabe citar neste sentido o trabalho
de HIGGINS (1997), onde o autor destaca a importância do controle da retrossifonagem nos
aparelhos sanitários e hidrantes. RAZOUK (1996) igualmente destaca uma série de fatores,
entre os quais cabe citar a questão da insuficiente circulação da água em alguns trechos da
rede de distribuição, fato este que pode causar a proliferação de microrganismos patogênicos.

No caso dos reservatórios, é fato que os mesmos são os locais mais frágeis quanto à
possibilidade de contaminação. As principais causas desta consistem em falhas construtivas
(de projeto e execução) e na deficiência dos trabalhos de manutenção. Especificando, as
formas de contaminação mais comuns ocorrem por infiltração de águas servidas, pela entrada
de pequenos animais através das aberturas de acesso e extravasão, pela falta de limpeza
periódica e a conseqüente acumulação de matéria orgânica no fundo do reservatório que
consome grande parte do cloro residual da água, pela poluição atmosférica devido o ar
contaminado por elementos tóxicos e partículas em suspensão no ar, entre outras. A
temperatura da água nos reservatórios também é um fator importante a ser considerado pois é
sabido que em águas mornas, fato este corrente nos reservatórios superiores, há possibilidade
de crescimento da bactéria Legionella, a qual é patogênica. (DAUGHERTY, 2000). Sugere-se

17
portanto que esta forma de desperdício seja considerada na avaliação do desempenho da
edificação pois, efetivamente, consta de volume de água previamente tratada que
posteriormente tem sua qualidade desperdiçada.

Cumpre salientar também que a norma brasileira “Instalação Predial de Água Fria – NBR
5626/1998” apresenta uma série de recomendações para viabilizar a proteção sanitária da
água potável, onde questões como a utilização de materiais adequados, o refluxo de águas
servidas e a interligação entre as tubulações condutoras de água potável e água não potável
são abordadas.

Já a pesquisa desenvolvida no Projeto de Pesquisa PGUAE/UFPR/CNPq: Avaliação do


Comportamento da Qualidade da Água Potável em Edifícios Residenciais, a qual conduzida
por SANTOS, FREITAS e MARIANO, 2003, e publicada no CIB 2003 em Ankara, Turquia,
objetivou avaliar, em edifícios residenciais, o comportamento da qualidade da água potável em
seu trajeto ao longo dos respectivos sistemas prediais de água fria. Desta maneira, procurou-
se detectar a existência de contaminação da água nos referidos sistemas, assim como as
possíveis causas da mesma. A metodologia utilizada fundamentou-se na escolha e
levantamento descritivo dos edifícios, no levantamento da qualidade da água potável nos
prédios e na análise laboratorial da qualidade da água potável.

18
II SISTEMA PREDIAL DE ESGOTO SANITÁRIO

1 APRESENTAÇÃO DO SISTEMA

Sistema predial de esgotos sanitários (SPES) é um conjunto de tubulações e acessórios, o qual


se destina a coletar e conduzir os esgotos sanitários a uma rede pública de coleta ou sistema
particular de tratamento. Além desta função básica, o SPES deve atender ainda os seguintes
requisitos de desempenho, segundo a norma brasileira “Instalação Predial de Esgoto
Sanitário - NBR 8160”:

a) deve ser evitada a contaminação da água de consumo;

b) permitir o rápido escoamento da água utilizada e dos despejos introduzidos, evitando a


ocorrência de vazamentos e a formação de depósitos no interior das tubulações;

c) impedir que os gases provenientes do interior do SPES atinjam áreas de utilização;

d) deverá haver uma separação absoluta em relação ao sistema predial de águas pluviais.

A contaminação da água de consumo deve ser evitada, protegendo-se tanto o interior dos
sistemas de suprimento, assim como os ambientes receptores. A necessidade do referido
sistema viabilizar o rápido e seguro escoamento dos esgotos sanitários, assim como garantir o
funcionamento adequado dos fechos hídricos, deve ser considerado desde a concepção do
SPES. A velocidade do escoamento nos trechos horizontais está associada a eficiência no
transporte dos materiais sólidos, evitando que estes venham se depositar no fundo das
tubulações. Nos trechos verticais a velocidade do escoamento influência significativamente nas
pressões pneumáticas desenvolvidas no interior das tubulações.

Já os fechos hídricos funcionarão adequadamente se os mesmos não se romperem, uma vez


que isto impede que os gases no interior das tubulações penetrem no ambiente, conforme já
comentado. Esta condição de não rompimento será garantida se as variações das pressões
pneumáticas no interior do sistema forem limitadas, conforme o clássico trabalho de WILY;
EATON (1965). Os fenômenos que induzem as variações das pressões pneumáticas serão
discutidas posteriormente. A separação absoluta do SPES em relação ao sistema predial de
águas pluviais deve ser garantida, assegurando a inexistência de quaisquer ligações entre tais
sistemas.

Com relação ao tratamento de esgoto o objetivo é tratar o esgoto nos níveis primário,
secundário e terciário.

Quanto a constituição geral, os SPES são constituídos por componentes de coleta, de


transporte e de tratamento de esgoto, além dos componentes de ventilação. Os componentes
de coleta e transporte são aparelhos sanitários, tubulações e acessórios destinados a captar os
esgotos sanitários e conduzi-los a um destino adequado.

Os aparelhos sanitários têm a função básica de coletar os dejetos, os aparelhos sanitários


devem propiciar uma utilização confortável e higiênica por parte do usuário. Entre os aparelhos
sanitários usuais encontram-se o bacia sanitária, o lavatório, a banheira, o bidê, etc. Um
desconector tem por função, através de um fecho hídrico próprio, vedar a passagem de gases
oriundos das tubulações de esgoto para o ambiente utilizado. Tal contenção ocorre através da
manutenção do referido fecho hídrico por meio do controle das ações atuantes sobre o mesmo.
Entre estas ações, vale citar a auto-sifonagem, a sifonagem induzida, a sobrepressão e a
evaporação.

As tubulações em questão compreendem os ramais de descarga e de esgoto, tubos de queda,


subcoletores e coletores. Suas respectivas definições são as seguintes:

- Ramal de Descarga: Trata-se de uma tubulação horizontal, a qual recebe diretamente os


efluentes dos aparelhos sanitários

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- Ramal de Esgoto: É uma tubulação horizontal que recebe os efluentes dos ramais de
descarga, diretamente, ou através de um desconector.
- Tubo de Queda: Consta de uma tubulação vertical para qual se dirigem os efluentes dos
ramais de esgoto e de descarga.

- Subcoletores: Tubulação horizontal a qual recebe efluentes dos tubos de queda e/ou dos
ramais de esgoto.

- Coletores: É a tubulação horizontal que inicia-se a partir da última inserção do subcoletor


(ou ramal de descarga ou ramal de esgoto) e estende-se até o coletor público ou
sistema particular.

As conexões são elementos cuja função é interligar tubos, tubos e aparelhos sanitários, tubos e
equipamentos, além de viabilizar mudanças de direção e diâmetro da tubulação. São exemplos
o tê, o cotovelo, a junção simples, curvas, etc., nos mais variados diâmetros. A caixa de
gordura é um dispositivo complementar cuja finalidade é a retenção de substâncias gordurosas
contidas no esgoto. Os dispositivos de inspeção são elementos complementares através dos
quais tem-se acesso ao interior do sistema de maneira a possibilitar inspeções e
desobstruções eventuais. A caixa de inspeção, o poço de visita, o "cap" e o tubo operculado
são dispositivos de inspeção bastante usados.

Os componentes de ventilação constam de um conjunto de tubulações e/ou dispositivos


destinados a assegurar a integridade dos fechos hídricos de modo a impedir a passagem de
gases para o ambiente utilizado, assim como conduzir tais gases à atmosfera. O subsistema de
ventilação pode ser composto apenas de ventilação primária ou do conjunto ventilação primária
e secundária. A ventilação primária constitui-se do prolongamento do tubo de queda além da
cobertura do prédio, denominado tubo ventilador primário, enquanto que a ventilação
secundária consiste de ramais e colunas de ventilação ou de apenas colunas de ventilação.
Não obstante, a ventilação secundária pode ser configurada também pela utilização de
dispositivos de admissão de ar, os quais podem substituir ramais e colunas de ventilação,
conforme FERNANDES (1993). A eficiência deste subsistema será satisfatória na medida em
que os fechos hídricos sejam preservados. As definições destes componentes constam a
seguir:

Tubo Ventilador Primário: É o prolongamento do tubo de queda além da cobertura do prédio,


cuja extremidade deve ser aberta à atmosfera;

Ramal de Ventilação: Tubulação a qual conecta o desconector, ou ramal de descarga, ou ramal


de esgoto a coluna de ventilação.

Coluna de Ventilação: Tubulação vertical que abrange um ou mais andares, onde sua
extremidade superior prolonga-se além da cobertura do prédio,
estando aberta a atmosfera ou conectada ao barrilete de ventilação.

Barrilete de Ventilação: Consta de uma tubulação horizontal aberta à atmosfera, na qual


conectam-se as colunas de ventilação.

Dispositivos de Admissão de Ar: Elementos cuja finalidade é a atenuação das flutuações das
pressões pneumáticas desenvolvidas no interior das
tubulações.

A Figura a seguir ilustra um SPES.

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Fonte: www.ifrn.edu.br

Os componentes de tratamento de esgoto são as unidades primária, secundária e terciária.


Usualmente para o tratamento primário é utilizado o tanque séptico enquanto para os
tratamentos secundários e terciários são usados os tratamentos complementares.

Os tanques sépticos são dispositivos de tratamento de esgoto cuja finalidade básica é a


remoção de matéria orgânica. Trata-se de um sistema bastante difundido no Brasil dada sua
simplicidade construtiva, fator este facilitador para sua utilização em domicílios e comunidades
de pequeno porte que não estejam cobertas por sistemas públicos de tratamento de esgoto.
Trata-se de uma unidade (prismática ou circular) de escoamento horizontal e contínuo e,
quanto ao seu funcionamento, basicamente atuam os processos físicos de decantação, dos
sólidos em suspensão, e de flotação de óleos e graxas, além dos processos biológicos de
estabilização anaeróbia da matéria orgânica. Quanto a função dos tanques sépticos, os
seguintes pontos são importantes como a proteção dos corpos hídricos e dos solos, o controle
da proliferação de insetos, a promoção da saúde pública, etc. Assim, o uso do sistema de
tanque séptico somente é indicado para:

 Área desprovida de rede pública coletora de esgoto;


 Alternativa de tratamento de esgoto em áreas providas de rede coletora local.
 Retenção prévia dos sólidos sedimentáveis, quando da utilização de rede coletora
com diâmetro e/ou declividade reduzidos para transporte de efluente livre de
sólidos sedimentáveis.

Os tipos de tanques são a Câmara única, as Câmaras em série e as Câmaras sobrepostas.


Quanto a forma, podem ser prismáticas e circulares. A Geometria dos Tanques prismáticos,
com relação as medidas internas mínimas por exemplo, a norma vigente estabelece que a
relação comprimento / largura (C/L) a ser adotada nos projetos esteja na faixa de 2,0 à 4,0.
Para tanques circulares no entanto, deve ser observado a relação D  2.H , sendo D o diâmetro
e H a altura do tanque. Recomenda ainda profundidades máximas (Hmáx) e mínimas (Hmin)
em função do volume útil, quais sejam:

21
Para Vu< 6,0 m³  Hmáx = 2,20 m ; Hmín = 1,20 m
Para 6,0 m³ <Vu< 10,0 m³ Hmáx = 2,50 m ; Hmín = 1,50 m
Para Vu> 10,0 m³  Hmáx = 2,80 m ; Hmín = 1,80 m

A eficiência do sistema e a definição da disposição do efluente são outros pontos importantes


para a aplicação dessa tecnologia. Segundo JORDÃO, PESSOA (1975), experiências
indicaram valores de eficiência na faixa de 35 a 60% na remoção de DBO, e aproximadamente
60% na remoção de sólidos em suspensão. Sperling et al (1996), no entanto, apresentam
valores de eficiência de remoção de 30 a 40% de remoção de matéria orgânica, 60 a 70% na
remoção de sólidos em suspensão e 30 a 40% de remoção de patogênicos. A bibliografia é
consensual no fato que tal eficiência é moderada no referente a remoção da matéria orgânica e
fraca na remoção de patógenos.

Enfim, uma questão, já abordada, deve ser ressaltada: a fossa séptica, para os fins que se
propõe, é um sistema útil na remoção parcial da matéria orgânica, mas pouco eficaz na
remoção de microorganismos patogênicos, fato este que sugere a contínua busca de soluções
mais resolutivas que garantam a proteção ambiental e segurança sanitária. Dentre as variáveis
para o projeto e dimensionamento, é fato que as mesmas são várias, entre as quais cabe citar
a contribuição per capita diária de esgoto (C), a contribuição per capita de lodo fresco, o
número de contribuintes (N), o tempo de detenção (Td), a taxa de acumulação de lodo digerido,
a área horizontal (A) e o volume útil (Vu).

Tais evidências são esclarecedoras indicando a necessidade de tratamento adicional do


efluente da fossa séptica, tanto para potencializar a remoção de matéria orgânica, quanto a
remoção de patogênicos. Para tanto existem diversas alternativas como filtro anaeróbio, vala
de infiltração, vala de filtração, disposição controlada no solo, assim como aquelas específicas
à desinfecção como a cloração, ultravioleta, ozônio, entre outros.

Os filtros anaeróbios usualmente são utilizados como unidades de pós-tratamento de esgoto.


Consta de um tanque (cilíndrico ou retangular) que contém uma camada de leito filtrante, o
qual é o meio suporte que pode ser composto por pedras, peças plásticas, etc. Sobre este leito
o esgoto é aplicado, de maneira a percolar pelo mesmo. Neste efeito de percolação
estabelece-se uma camada microbiana aderida sobre o meio suporte, a qual será responsável
pela estabilização do substrato. Nestes filtros, o fluxo é ascendente e trabalha sob regime
hidráulico afogado. A carga volumétrica de DBO usualmente aplicada é alta, de maneira a
garantir as condições anaeróbias e conseqüente redução de volume.

2 CONCEPÇÃO E PROJETO

As etapas de concepção e projeto de um SPES são àquelas já apresentadas para o SPAF. No


entanto, algumas recomendações técnicas básicas questões importantes devem ser
destacadas. Considerar que as mesmas são de caráter geral e estão em conformidade com a
NBR-8160. Recomendações específicas devem ser observadas na própria norma citada.

a) Todos os aparelhos sanitários devem ser protegidos por desconectores, os quais podem
atender apenas um aparelho ou a um conjunto de aparelhos de um mesmo ambiente.

b) As caixas sifonadas podem ser utilizadas para a coleta dos despejos de conjuntos de
aparelhos sanitários (lavatórios, bidês, banheiras e chuveiros) de uma mesmo ambiente, além
de águas provenientes de lavagens de pisos; neste caso as caixas sifonadas devem ser
providas de grelhas. Quanto as bacias sanitárias, as mesmas já são providas internamente de
um desconector, devendo desta forma serem ligadas diretamente ao tubo de queda.

c) Devem ser previstos dispositivos de inspeção nos ramais de descarga de pias de cozinha e
máquina de lavar louças, antes dos mesmos conectarem-se ao tubo de queda.

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d) Os tubos de queda devem, sempre que possível, ser instalados em um único alinhamento.
Quando necessários, os desvios devem ser feitos com peças com ângulo central igual ou
inferior a 90º, de preferência com curvas de raio longo ou duas curvas de 45º.

e) Para edifícios de dois ou mais andares, quando os tubos de queda recebem efluentes
contendo detergentes geradores de espuma, as seguintes soluções, a fim de evitar o retorno
de espuma para os ambientes sanitários, devem ser adotadas:

- não conectar as tubulações de esgoto ou de ventilação nas regiões de ocorrência de


sobrepressão;
- atenuar a sobrepressão através de desvios do tubo de queda para a horizontal, utilizando
uma curva de 90º de raio longo ou duas curvas de 45º;
- instalação de dispositivos que evitem o retorno de espuma.

São consideradas zonas de sobrepressão:

- o trecho, de comprimento igual a 40 diâmetros, imediatamente a montante de desvio para


horizontal, o trecho de comprimento igual a 10 diâmetros imediatamente a jusante do mesmo
desvio e o trecho horizontal de comprimento igual a 40 diâmetros imediatamente a montante do
próximo desvio;

- o trecho, de comprimento igual a 40 diâmetros, imediatamente a montante da base do tubo de


queda e o trecho do coletor ou subcoletor imediatamente a jusante da mesma base;

- os trechos a montante e a jusante o primeiro desvio na horizontal do coletor ou subcoletor,


com comprimento igual a 40 diâmetros e a 10 diâmetros, respectivamente;

- o trecho da coluna de ventilação, para o caso de sistemas com ventilação secundária, com
comprimento igual a 40 diâmetros, a partir da ligação da base da coluna com o tubo de queda
ou ramal de esgoto.

f) Para pias de cozinha e máquinas de lavar louças, devem ser previstos tubos de queda
especiais com ventilação primária; estes tubos devem descarregar em uma caixa de gordura
coletiva.

g) Recomenda-se o uso de caixas de gordura para efluentes que contenham resíduos


gordurosos.

h) As pias de cozinha e/ou máquinas de lavar louças instaladas superpostas em vários


pavimentos devem descarregar em tubos de queda exclusivos, os quais conduzem os esgotos
para caixas de gordura coletivas; neste caso é vetado o uso de caixas de gordura individuais
nos andares.

i) O interior das tubulações sempre deve ser acessível através de dispositivos de inspeção.

j) Desvios em tubulações enterradas devem ser feitos empregando-se caixas de inspeção.

l) A extremidade aberta de um tubo ventilador primário ou coluna de ventilação:

- deve elevar-se verticalmente pelo menos 0,30 m acima da cobertura; todavia, quando esta
atender outros fins além de simples cobertura, a elevação vertical deve ser, no mínimo, de
2,00 m; não sendo conveniente o referido prolongamento, pode ser usado um barrilete de
ventilação.

- deve conter um terminal tipo chaminé, tê ou outro dispositivo que impeça a entrada das águas
pluviais diretamente ao tubo de ventilação.

m) O projeto do subsistema de ventilação deve ser feito de modo a impedir o acesso de esgoto
sanitário ao interior do mesmo.

23
n) O tubo ventilador primário e a coluna de ventilação devem ser verticais e, sempre que
possível, instalados em uma única prumada;

o) Todo o desconector deve ser ventilado, cujas distâncias máximas, em função do diâmetro,
de um desconector até o ponto onde o tubo ventilador que o serve esta conectado, constam na
tabela 01:
Tabela 1: Distância máxima de um
desconector ao tubo ventilador.
Diâmetro nominal Distância
do ramal de máxima
descarga DN (m)
40 1,00
50 1,20
75 1,80
100 2,40

p) As colunas de ventilação devem ter diâmetro uniforme;

q) É dispensada a ventilação do ramal de descarga de uma bacia sanitária cuja distância até o
tubo de queda seja no máximo 2,40m, desde que esse tubo de queda receba, do mesmo
pavimento, imediatamente abaixo, outros ramais de esgoto ou de descarga devidamente
ventilados;

r) Não existindo as condições previstas no item anterior e, além disso, não sendo possível
ventilar o ramal de descarga da bacia sanitária ligado diretamente ao tubo de queda, este deve
ser ventilado imediatamente abaixo da ligação do ramal da bacia sanitária;

3 DIMENSIONAMENTO

3.1 Subsistemas de Coleta, Transporte e Ventilação

Novas concepções, configurações e tecnologias referentes aos Sistemas Prediais de Esgoto


Sanitário (SPES) também tem sido desenvolvidas no intuito de atender as demandas do
usuário, do projetista e do meio ambiente. Neste sentido, é importante ressaltar a revisão da
norma "Sistemas Prediais de Esgoto Sanitário: Projeto e Execução - NBR 8160", onde
requisitos como "propiciar rápido escoamento do esgoto" e "garantir o impedimento do retorno
de gases ao ambiente" foram reforçados em sua importância de maneira a assegurar a
higienização e conforto ao usuário. Todavia, o projetista, ao procurar atender os requisitos
deste, o projetista impõe consequentemente outros requisitos, entre eles a racionalização e a
otimização do SPES. E tal imposição gerou e tem gerado uma série de pesquisas e
tecnologias, as quais são em parte também observadas na atual norma.

Nesta direção portanto, o fator de maior destaque credita-se à flexibilidade outorgada ao


projetista para que o mesmo consiga personalizar a configuração do SPES para cada projeto.
Tal possibilidade é viabilizada na aplicação do método hidráulico apresentando na referida
norma, o qual é colocado como uma alternativa ao método convencional. Ou seja, o projetista
pode conceber, projetar e dimensionar os SPES da forma clássica ou da forma alternativa
através da aplicação do método hidráulico. Tanto pela forma clássica (Método das Unidades de
Hunter de Contribuição -UHCs) quanto pelo Método Hidráulico, devem ser respeitados os
diâmetros mínimos dos ramais de descarga apresentados na Tabela 02, na seqûencia.

A forma clássica prevê o sistema convencional composto pelo subsistema de coleta e


condução e pelo subsistema de ventilação primária e secundária. Esta metodologia já era
preconizada pela versão anterior da norma, e segue disposto em sua versão atual. Conforme já
comentado, baseia-se na atribuição de Unidades de Hunter de Contribuição (UHCs) para cada
aparelho sanitário integrante ao SPES em questão. Tais unidades são normalizadas conforme
a NBR 8160/83, e a tabela apresenta estes valores. Definidas as UHCs dos aparelhos
sanitários integrantes do sistema, inicia-se o dimensionamento dos demais componentes,
como os ramais de descarga, ramais de esgoto, tubos de queda, subcoletores, coletores.

24
O método hidráulico, por sua vez, possibilita a concepção, o projeto e o dimensionamento tanto
da configuração convencional quanto das configurações alternativas. No caráter de
configuração alternativa, torna-se possível a consideração do sistema de tubo de queda único
(apenas ventilação primária), do sistema para ventilação secundário apenas do tubo de queda
(sem ventilação dos ramais), do sistema com ventilação secundária através de válvulas de
admissão de ar e dos sistemas onde pode haver uma composição das alternativas. Estas
alternativas serão adequadas ou não, conforme verificações disponíveis no método hidráulico
(SANTOS,1998).

3.1.1 Coleta e Transporte

Conforme NBR 8160, segue detalhada a rotina para o dimensionamento.

. Ramais de Descarga

Para os ramais de descarga devem ser adotados, no mínimo, os diâmetros apresentados na


Tabela a seguir.

Tabela: Unidades de Hunter dos aparelhos sanitários e diâmetro nominal mínimo dos ramais
de descarga.
Número de Diâmetro nominal
Unidades de mínimo do ramal de
APARELHO SANITÁRIO Hunter de descarga - DN
Contribuição
bacia sanitária 6 100
i
banheira de residência 3 40
bebedouro 0,5 40
bidê 2 40
chuveiro:
- de residência 2 40
- coletivo 4 40
lavatório:
-de residência 1 40
- geral 2 40
mictório:
- válvula de descarga 6 75
- caixa de descarga 5 50
- descarga automática 2 40
- de calha por metro 2 50
pia de cozinha residencial 3 40
pia de cozinha industrial:
- preparação 3 40
- lavagem de panelas 4 50
tanque de lavar roupas 3 40
máquina de lavar louças 4 75
máquina de lavar roupas até 30 kg 10 75
máquina de lavar roupas de 30 a 60 kg 12 100
máquina de lavar roupas acima de 60 kg 14 150

25
Para aparelhos não relacionados nesta tabela, como, por exemplo, caixa sifonada, devem ser
estimadas as UHCs correspondentes e o dimensionamento deve ser feito pela Tabela abaixo.

Tabela: Unidades de Hunter de contribuição para aparelhos não relacionados na Tabela 10.
ramal de descarga Diâmetro nominal mínimo Número de Unidades de Hunter de
do Contribuição
DN UHC
40 2
50 3
75 5
100 6

. Ramais de esgoto
Neste caso deve ser utilizada a Tabela que segue.

Tabela: Dimensionamento de ramais de esgoto


Diâmetro nominal Número máximo de Unidades de
DN Hunter de contribuição (UHC)
40 3
50 6
75 20
100 160

Recomenda-se ainda, com relação as declividades mínimas:

- 2% para tubulações com diâmetro nominal igual ou inferior a DN 75, e


- 1% para tubulações com diâmetro nominal igual ou superior a DN 100.

. Tubos de Queda

Os tubos de queda devem ser dimensionados pela somatória das UHCs conforme a Tabela a
seguir.
Tabela: Dimensionamento de tubos de queda
Número máximo de Unidades de
UHC contribuição
Diâmetro nominal Prédio de até 03 Prédios com mais de
do tubo (DN) pavimentos 03 pavimentos
40 4 8
50 10 24
75 30 70
100 240 500
150 960 1900
200 2200 3600
250 3800 5600
300 6000 8400

. Coletor Predial e Subcoletores

O coletor predial e os subcoletores podem ser dimensionados pela somatória das UHCs
conforme a Tabela apresentada na sequência. O coletor predial deve ter diâmetro nominal
mínimo DN 100. No dimensionamento do coletor predial e dos subcoletores em prédios
residenciais, deve ser considerado apenas o aparelho de maior descarga de cada banheiro
para a somatória do número de unidades Hunter de contribuição. Nos demais casos, devem
ser considerados todos os aparelhos contribuintes para o cálculo do número de UHCs.

26
Tabela: Dimensionamento de subcoletores e coletor predial
Número Máximo de Unidades
de Contribuição Hunter
Diâmetro
nominal declividades mínimas (%)
do tubo
(DN)
0,5 1 2 4
100 --- 180 216 250
150 --- 700 840 1000
200 1400 1600 1920 2300
250 2500 2900 3500 4200
300 3900 4600 5600 6700
400 7000 8300 10000 12000

3.1.2 Ventilação

. Colunas e Ramais de Ventilação

Devem ser adotados os seguintes critérios para o dimensionamento do sistema de ventilação


secundária:

Ramal de Ventilação
Os diâmetros mínimos constam na Tabela a seguir em função do número de UHCs.
São consideradas configurações com e sem vasos sanitários.

Coluna de Ventilação
Os diâmetros nominais mínimos são apresentados na tabela 18 em função das UHCs e
do comprimento da coluna. Este comprimento é medido desde o ponto de contato da
coluna com a atmosfera até sua base no encontro com o tubo de queda.

. Barrilete de Ventilação

Os diâmetros nominais mínimos são definidos por trecho onde o número de UHCs de cada
trecho é dado conforme já apresentado. O número de UHCs de cada trecho é a soma das
unidades de todos os tubos de queda servidos pelo trecho e o comprimento a considerar é o
mais extenso, da base da coluna de ventilação mais distante da extremidade aberta do
barrilete, até essa extremidade;

. Tubo Ventilador de Alívio

Seu diâmetro nominal será igual ao diâmetro nominal da coluna de ventilação a que estiver
ligado.

Tabela: Dimensionamento de ramais de ventilação.


Grupo de aparelhos sanitárias Grupo de aparelhos sanitárias
sem bacias com bacias
Número de unidades Diâmetro nominal do Número de unidades Diâmetro nominal do
Hunter ramal de ventilação Hunter ramal de ventilação
de contribuição de contribuição
até 2 40 até 17 50
3 a 12 40 18 a 60 75
13 a 18 50 --- ---
19 a 36 75 --- ---

27
Tabela: Dimensionamento de colunas e barriletes de ventilação
o
TQ/ RE N Diâmetro Nominal Mínimo do Tubo de Ventilação
(DN) UHCs (mm)
(mm) 40 50 75 100 150 200 250 300
Comprimento permitido (m)
1
40 8 46 -- -- -- -- -- -- --
40 10 30 -- -- -- -- -- -- --
50 12 23 61 -- -- -- -- -- --
50 20 15 46 -- -- -- -- -- --
75 10 13 46 317 -- -- -- -- --
75 21 10 33 247 -- -- -- -- --
75 53 8 29 207 -- -- -- -- --
75 102 8 26 189 -- -- -- -- --
100 43 -- 11 76 299 -- -- -- --
100 140 -- 8 61 229 -- -- -- --
100 320 -- 7 52 195 -- -- -- --
100 530 -- 6 46 177 -- -- -- --
150 500 -- -- 10 40 305 -- -- --
150 1100 -- -- 8 31 238 -- -- --
150 2000 -- -- 7 26 201 -- -- --
150 2900 -- -- 6 23 183 -- -- --
200 1800 -- -- -- 10 73 286 -- --
200 3400 -- -- -- 7 57 219 -- --
200 5600 -- -- -- 6 49 186 -- --
200 7600 -- -- -- 5 43 171 -- --
250 4000 -- -- -- -- 24 94 293 --
250 7200 -- -- -- -- 18 73 225 --
250 11000 -- -- -- -- 16 60 192 --
250 15000 -- -- -- -- 14 55 174 --
300 7300 -- -- -- -- 9 37 116 287
300 13000 -- -- -- -- 7 29 90 219
300 20000 -- -- -- -- 6 24 76 186
300 26000 -- -- -- -- 5 22 70 152

3.2 Tratamento de Esgoto

3.2.1 Tanques Sépticos

A norma pertinente é a NBR 7229 “Projeto, Construção e Operação de Sistemas de Tanques


Sépticos”, onde a metodologia de dimensionamento e recomendações diversas são
apresentadas. A contribuição C é função do número de pessoas por residência e dos valores
de contribuição per capita por tipologia de residência. O Período de Detenção dos Despejos
(Td), outro preceito importante da norma em questão. Esta se refere ao tempo de detenção,
estabelecendo que, para uma faixa de contribuição diária de 1.500 L à 9.000 L, o Td varia
inversamente proporcional de 1,00 dia à 0,5 dia. Para o dimensionamento, a NBR 7229
apresenta a seguinte rotina:

a) Número total de pessoas ou habitantes na edificação:


b) Contribuição de despejos (C): Tabela 1 NBR 7229.
c) Contribuição diária total (C’):
o
C’ = C x n de pessoas ou habitantes na edificação.
d) Período de detenção (T): Tabela 2 NBR 7229.
e) Taxa de acumulação de lodo digerido (k): Tabela 3 NBR 7229.
f) Contribuição de lodo fresco (Lf): TABELA 1 NBR 7229.
g) Volume útil do tanque séptico: V = 1000 + N.(C.T+ K.Lf)

28
As tabelas supracitadas são as seguintes.

Tabela 1: Contribuição Diária de Esgoto (C) e de Lodo Fresco (Lf) por Tipo de Prédio e de
Ocupante
Contribuição, de esgotos (C) e
Prédio Unidade
lodo fresco (Lf)
Ocupantes Permanentes:
- Residência
Padrão alto pessoa 160 1
Padrão médio pessoa 130 1
Padrão baixo pessoa 100 1
- Hotel pessoa 100 1
- Alojamento provisório pessoa 80 1
Ocupantes temporários
Fábrica em geral pessoa 70 0,30
Escritório pessoa 50 0,20
Edifícios públicos ou comerciais pessoa 50 0,20
Escolas e locais de longa permanência pessoa 50 0,20
Bares
Restaurantes e similares pessoa 6 0,10
Cinemas, teatros e locais de curta pessoa 25 0,10
permanência pessoa 2 0,02
Sanitários públicos pessoa 480 4,0

TABELA 2: Período de Detenção dos Despejos por Faixa de Contribuição Diária


Tempo de detenção
Contribuição diária (L)
Dias Horas
Até 1500 1,00 24
1501 - 3000 0,92 22
3001 – 4500 0,83 20
4501 – 6000 0,75 18
6001 – 7500 0,67 16
7501 – 9000 0,58 14
Mais que 9000 0,50 12

TABELA 3: Taxa de Acumulação Total de Lodo (K) por Intervalo entre Limpezas e
Temperatura do Mês Mais Frio
Valores de K (dias) por faixa de temperatura (t), em °C
Intervalo entre limpezas (anos)
t  10 10  t  20 t > 20
1 94 65 57
2 134 105 97
3 174 145 137
4 214 185 177
5 254 225 217

TABELA 4: Profundidade Útil Mínima e Máxima por Faixa de Volume Útil


Volume útil (m³) Profundidade útil mínima (m) Profundidade útil máxima (m)
Até 6,0 1,20 2,20
6,0 – 10,0 1,50 2,50
Mais que 10,0 1,80 2,80

Esse volume é o volume útil do tanque, respectivo ao volume de ocupado pelo esgoto que está
sendo tratado. O volume “seco”, aquele que não está em contato com o tanque, deve ser
somado ao útil para se obter o volume total.

29
Na execução, deve ser observado:

 Para o afastamento mínimo das fontes de água recomenda-se 20,00 metros;


 A localização da fossa deve facilitar a conexão do coletor predial ao futuro coletor
público;
 Deve haver facilidade de acesso para viabilizar a limpeza do tanque séptico.

E, para a Operação, deve-se observar que a remoção do lodo digerido deve obedecer ao
previsto em projeto e que a disposição do mesmo deve ser em aterro sanitário, na ETE ou na
rede coletora de esgoto.

3.2.2 Tratamentos Complementares

Sumidouro

Consta de um poço para infiltração do esgoto no solo. O dimensionamento é função da Taxa


de Absorção do Solo (TAS).

a. Requisito Básico: TAS  40 l / m .dia, condição esperada em solos com argila arenosa
2

e, ou, siltosa.

b. Dados de Projeto

 Área de Infiltração: considerar a área vertical (abaixo da tubulação de


entrada),acrescida da superfície do fundo.
 Diâmetro interno mínimo = 0,30 m.
 Distância mínima do fundo do sumidouro e o nível máximo do lençol freático: 1,50m.
 Distância mínima do Sumidouro aos poços de água: 20,0 m.
 Área de Absorção do Esgoto (A): A = ПR + 2ПR . H = Q / TAS,
2

sendo R, H e Q o raio, a altura útil e a vazão afluente do sumidouro,


respectivamente.
 Volume do Sumidouro (V):V = ПR . H
2

c. Detalhes Construtivos
 Material: alvenaria, pedra ou concreto;
 Material fundo do sumidouro: camada de 50 cm de brita.

A figura a seguir ilustra um sumidouro.

30
A tabela a seguir apresenta valores para coeficientes de infiltração

Faixa Constituição provável Coeficiente de


dos solos Infiltração (l/m² dia)
Rochas, argilas compactas de cor branca, cinza ou
preta, variando a rochas alteradas e argilas Menor que 20
1 medianamente compactas de cor avermelhada.
Argilas de cor amarela, vermelha ou marrom
medianamente compactas, variando a argilas 20 a 40
2 pouco siltosas e/ou arenosas .
Argilas arenosas e/ou siltosas, variando a areia
3 argilosa ou silte argiloso de cor amarela, 40 a 60
vermelha ou marrom .
Areia ou silte argiloso, ou solo arenoso com húmus e
4 turfas, variando a solos constituídos predominantemente 60 a 90
de areia e siltes.
Areia bem selecionada e limpa, variando até areia
5 grossa com cascalhos. Maior que 90

Valas de Infiltração

São valas através das quais o esgoto se infiltra no solo. Questões específicas são
apresentadas na sequência.
2 2
. Requisito básico: 40 l / m .dia > TAS > 20 l / m .dia, faixa esperada em solos com argila
medianamente compacta à argila pouco siltosa ou arenosa.

. Dados de Projeto:

Número mínimo de valas: 2 unidades


Distância mínima do fundo da vala e o nível máximo do lençol freático: 1,50m.
Distância mínima entre a vala de infiltração e os poços de água: 20,0 m
Declividade da Tubulação: 1:300 a 1:500
Espaçamento entre valas  1,0 m ; Largura mínima: 0,50m; Altura: 0,50 a 1,00m;
Comprimento máximo por vala: 30m

. Critério de Dimensionamento Considerando a Área de Infiltração:

A = Q / TAS; C = A / L , sendo C o comprimento e L a largura útil da vala. Considerar a


área lateral (abaixo da tubulação de entrada) acrescida da área do fundo da vala.

. Critério Prático Alternativo de Dimensionamento: L = 6 m x nº de pessoas atendidas.

. Detalhes construtivos:

Distribuição dos efluentes para as valas através de caixas de distribuição;


Usual: duas valas por fossa séptica.

A figura a seguir ilustra a configuração de uma vala de infiltração.

31
Valas de Filtração

Valas destinadas a filtrar os efluentes antes de serem lançados em águas superficiais.


2
. Requisito Básico: Uso em solos de baixa taxa de absorção. TAS < 20 l / m .dia. Tal taxa é
esperada em solo com rocha (argila compacta) à rocha alterada e à argila medianamente
compacta.

. Dados de Projeto

 Constituição: Tubulação distribuidora. (superior); Meio filtrante; Tubulação receptora


(inferior).
 Dimensões limites:
Altura: 1,2 H  1,5 m; Largura: L  0,5 m; Comprimento máximo por vala: 25,0 m;
Declividade da Tubulação: 1:300 a 1:500
 Diâmetro mínimo da tubulação: min. = 100 mm;
 Distância mínima entre vala de filtração e poço de água : 20,0 m.
 Distância entre valas: 1,0 m

. Critério de dimensionamento considerando a área de filtração:

A = Q / TA ; C = A / L , sendo TA a taxa de aplicação, C o comprimento e L a largura útil


da vala. Considerar a área lateral (abaixo da tubulação de entrada) acrescida da área do
fundo da vala. Valores para TA são apresentados na tabela abaixo:

Tabela: Valores de Taxas de Aplicação


2
TA ( l/m . dia ) Condições Fonte
< 100 Oriundo do TS NBR 13969 / 1997
de 82 a 200 Oriundo do TS FILHO, et al, 2001,apud EPA
40 Oriundo do TS FILHO, et al, 2001,apud EPA
200 Oriundo de SA FILHO, et al, 2001,apud EPA
o
< 50 Oriundo do TS para T <10 C FILHO, et al, 2001,apud EPA
o
< 100 Oriundo de SA para T <10 C FILHO, et al, 2001,apud EPA
6,00 m / pessoa Oriundo do TS ou RA. FILHO, et al, 2001,apud EPA

Detalhes Construtivos

 Instalar caixas de inspeção nos terminais das valas;


 Usual: duas valas por fossa séptica.

A figura a seguir ilustra a seção transversal de uma vala de filtração.

32
Filtros Anaeróbios

Dados de Projeto

 Forma: cilíndrica ou prismática;


 Altura do leito filtrante (H1): A NBR 7229 apresenta o valor de 1,20 m. No entanto,
GONÇALVES et al, 2001, apresenta uma faixa de 0,8 a 3,0 m.
 Altura do Fundo Falso (H2): A NBR 7229 apresenta o valor de 0,30 m.
 Distância Entre a Superfície Superior do Leito Filtrante e a Canaleta de Saída do
Efluente (H3): A NBR 7229 apresenta o valor de 0,30 m.
 Profundidade útil do filtro (H):H = H1 + H2 + H3. A NBR 7229 apresenta o valor de
1,80 m;
 Dimensões limites: diâmetro: (d)  0,95 m; comprimento (L)  0,85 m; d 3h; L 
3h;Vútil 1250 litros.

Dimensionamento

O equacionamento básico é o seguinte: V  1,6.N .C.T

sendo,

V: volume do filtro; N: número de contribuintes; C: contribuição por contribuinte


T: tempo de detenção

Os valores desses parâmetros são aqueles apresentados na NBR 7229, os quais já citados no
dimensionamento da fossa séptica. A figura a seguir ilustra um filtro anaeróbio.

33
4 ECONOMIA PELA UTILIZAÇÃO ÁGUA CINZA

4.1 Conceitos

A água cinza é aquela proveniente dos lavatórios, chuveiros, tanque e máquinas de lavar
roupa. A possibilidade de seu uso já está sendo avaliada em alguns países preocupados com a
escassez dos recursos hídricos. Quantitativamente reconhece-se que seu uso, em nível
doméstico, se justifica. Todavia a qualidade necessária à água cinza para atender os usos
previstos deve ser rigorosamente avaliada sob o enfoque da garantia da segurança sanitária.

Pode-se citar como exemplo, as avaliações desse tipo de reúso de água que vêm sendo
conduzidas na Universidade do Arizona, Estados Unidos, apresentada por GELT et al. Entre as
intenções de tal avaliação está a necessidade em conhecer o potencial de uso eficiente da
água cinza, determinando para isso os possíveis riscos que esta possa causar à saúde dos
usuários. Desta maneira, espera-se aumentar o uso público de forma consciente. Neste
sentido, o uso da água cinza no Arizona, encontra-se regulamentado pelo “Department of
Environmental Quality (DEQ)”, mais especificamente no Artigo 07, Capítulo 09 do regulamento
"Environmental Quality" (WATERCASA).

Outro estado dos Estados Unidos que também instituiu uma legislação para o reúso desta
água é o da Califórnia, onde se permite o uso residencial para atividades como a irrigação
superficial. Neste ponto, portanto, estabelece-se a fundamental questão a ser observada para o
uso da água cinza: os custos de tratamento para que esta possa ser utilizada com a segurança
sanitária requerida, onde, em maiores níveis de exigência de uso, maiores serão tais custos.

4.2 Disponibilidade e Demanda

4.2.1 Avaliação Quantitativa

Quanto aos aspectos quantitativos relativos ao uso da água cinza, destaca-se o fato que o uso
da água cinza, para promover o uso sustentável da água, é sugerido para usos não nobres
como as descargas sanitárias e os usos externos, por exemplo. Vislumbra-se estes usos em

34
primeira instância porque a bacia sanitária é responsável por um dos maiores consumos de
água em uma residência.

Não obstante, segundo QASIM,SYED (1994) apud TOMAZ (2000), este consumo pode ser na
ordem de 41%. Já para os usos externos, este mesmo autor cita 3,0% na lavagem de pisos
1,0% na lavagem de automóveis. Portanto, o consumo de água potável para estes usos perfaz
45% do consumo total de água em uma residência.

Segundo ROSE et al. (1991) o volume de água cinza gerado em uma habitação pode variar de
local para local. Em Tucson, no Arizona, este volume pode ser da ordem de 117 litros por
hab/dia (FOSTER & DeCOOK, 1986) enquanto na Califórnia este volume, estimado por
INGHAM (1980), pode chegar a 223 litros por hab/dia. A NSWHEALTH (2000) também
apresenta, conforme a tabela a seguir, o volume aproximado de geração de água cinza em
uma habitação.

Tabela : Porcentagem aproximada de esgoto bruto e água cinza gerados em uma


habitação
ORIGEM ESGOTO BRUTO TOTAL Água Cinza Total
TOTAL % l/dia TOTAL % l/dia

Bacia Sanitária 32 186 - -


Lavatório 5 28 7 28
Chuveiro 33 193 48 193
Cozinha 7 44 11 44
Lavanderia 23 135 34 135
Total 100 586 100 400
FONTE: NSWHEALTH (2000)

Engendrando neste momento uma breve simulação, faz-se imprescindível inicialmente estimar
o volume de água cinza produzido pelo uso do chuveiro e do lavatório. Considerando o
consumo de água potável utilizada no chuveiro seja na ordem de 0,10 l/s, conforme a NBR
5626, e admitindo-se que este aparelho seja utilizado uma vez ao dia, com tempo de
funcionamento de 10 min, tem-se um volume produzido na ordem de 60 l/dia. Considerando,
no entanto, que o consumo de água potável utilizada no lavatório seja na ordem de 0,10 l/s, de
acordo com NBR 5626, e admitindo que este aparelho seja utilizado 05 vezes ao dia, com
tempo de funcionamento de 30 segundos, tem-se um volume produzido na ordem de 15 l/dia.
Pode-se chegar então, a um volume de água cinza gerado de aproximadamente de 75 l/dia.
Em contrapartida, a descarga da bacia sanitária consome em média de 10 a 12 l/s de água
potável a cada vez que é acionada. Supondo que o usuário a utilize quatro vezes ao dia, o
consumo é de 48 litros de água. Percebe-se então, que se a água cinza puder ser reutilizada
em lugar da água potável na descarga da bacia sanitária, já existirá a possibilidade de uma
economia de 48 litros de água potável restando, ainda 27 litros para outros fins não nobres.

4.2.2 Avaliação Qualitativa

Referente aos aspectos qualitativos relativos ao uso da água cinza, especial atenção deve ser
dada as suas qualidades físicas, químicas e microbiológicas no que tange as questões de
saúde pública. Isto porque, estudos em água cinza apresentaram a presença de coliformes
fecais e totais, as quais são indicadoras da presença de microorganismos patogênicos.
(KARPISCAK et al. 1987; GERBA et al. 1995). Sendo assim, o reuso da água cinza deve ser
feito de forma planejada a evitar os riscos sanitários.

Com relações a tais riscos sanitários, cabe inicialmente considerar que os mesmos são
admitidos como aqueles associados ao uso de água contaminada. Neste sentido, na utilização
da água cinza estes riscos devem ser levantados, cuja metodologia usual para tanto consta da
distribuição de Beta-Poisson. Neste contexto, é oportuno citar a pesquisa apresentada pelo
WATERCASA (2001), onde é avaliado o risco da utilização da água cinza para fins de
irrigação.

35
Constatou-se neste estudo a presença de coliformes fecais e estreptococos, os quais acenam
para a possibilidade da existência de microorganismos patogênicos como a salmonella, a
shigella e vírus. No caso dos coliformes fecais, por exemplo, os mesmos foram detectados em
todas amostras analisadas. E, ao avaliar o comportamento das concentrações de coliformes
fecais, observou-se que tais concentrações apresentam variações sazonais, além do fato que
estas concentrações são maiores em residências que existem crianças, animais e reservatórios
subterrâneos. Cabe citar também o caso específico da Escherichia Coli, a qual foi detectada
em todas residências pesquisadas. Quanto aos protozoários, o estudo aponta que não foram
detectados, ainda que o número de amostras tenha sido pequeno. A tabela abaixo ilustra as
observações acima descritas.

Tabela: Concentração de Coliformes Fecais na Água Cinza em Função das Características das
Edificações
Cenário Concentração CF (NMP/100 ml)
3
Com Crianças (0-12 anos) 4,99.10
3
Sem Crianças 4,25. 10
4
Reservatório Enterrado 1,82.10
2
Reservatório Apoiado 6,43.10
3
Com Animais 2,12. 10
4
Sem Animais 3,34. 10
* Tabela adaptada de dados apresentados em WATERCASA (2001)

Este mesmo trabalho apresenta riscos efetivamente estimados pela distribuição Beta-Poisson,
onde se constatou que nas edificações que utilizam água cinza para irrigação, os riscos de
-4
contaminação foram superiores a 1.10 por ano de exposição.

Interessante também foi observar que nas residências que reutiliza a água cinza da pia de
cozinha, o risco de contaminação aumentou acentuadamente. Residências com a presença de
crianças também apresentaram fatos reveladores, pois se percebeu nestes casos que pode
haver um risco adicional em função da presença de crianças, principalmente para aqueles com
idade inferior a 06 anos.

No trabalho da EACT (2006), é apresentado um conjunto de relações que ilustram a


associação dos riscos às fontes e às formas de irrigação. Neste ponto, portanto, estabelece-se
a fundamental questão a ser observada para o uso da água cinza: os custos de tratamento
para que esta possa ser utilizada com a segurança sanitária requerida, onde, em maiores
níveis de exigência de uso, maiores serão tais custos.

Em SANTOS,FRONHER (2007), é apresentada uma síntese dos resultados de alguns autores.


Portanto, especificamente para esse estudo, cabe destacar inicialmente que os valores de
DBO são menores na CS quando comparados com aqueles encontrados para as demais
configurações que contém chuveiro e para a máquina de lavar roupas. Isso pode ser explicado
em função do fato do esgoto estar mais diluído na caixa sifonada devido a contribuição do
lavatório. Destacam-se também as significativas turbidez e cor encontradas na água coletada
diretamente do banho (CH), respectivamente 201,4 NTU e 790,9 UH.

Outro destaque é que em todas as configurações onde se apresenta a água do banho, são
significativas as concentrações de coliformes fecais e totais. Comparando-se a água coletada
diretamente do banho com a água da caixa sifonada, constata-se que a primeira apresenta
menor concentração de coliformes. Não obstante, a máquina de lavar roupa é que apresenta
os menores valores para esses parâmetros.

No geral, destaca-se o fato que os parâmetros não atendem os critérios apresentados. Desta
forma, para o uso adequado desta água no meio urbano, faz-se necessário tratamento em
nível primário, secundário e terciário, no sentido da remoção da matéria orgânica e dos
microrganismos patogênicos. Observar a Tabela na seqüência onde uma síntese de resultados
de trabalhos de caracterização da água cinza é apresentada.

36
Tabela: Síntese dos Resultados para Água Cinza e Critérios Qualitativos
Características Observadas

Parâmetros 4 4 1 2 3
CH MLR CS LV/TQ/CH CH/LV
pH 6.26 9.71 7.2 7.62 4,7 – 7,5
DBO (mg/l) 183.86 101.42 96.53 266.7 25 - 230
Turbidez
(NTU) 201.4 27.60 37.3 154.9 55 - 100
Colif. Totais
3 5 4 4 7
(NPM/100 ml) 3.5x10 5.4 9.42x10 7.29x10 10 – 10
Colif. Fecal
0 2 4 2 6
(NPM/100 ml) 1.1x10 2.1 4x10 2.69x10 10 – 10
Cloro
Total (mg/l) 0.12 < 0.1 0.35
OD (mg/l) 5.73 4.62 3.4 0,1 – 4,4
DQO (mg/l) 623.38 389.78 279.6 200 - 360
Temperatura
o
( C) 24.02 23.74 24.1
Cor (UH) 790.9 68.0 52.3 214
Fósforo (mg/l) 6.24 7,70 0,35 – 3,35
Obs: CH: Água do Banho de Chuveiro Coletada na Bacia Esterilizada; MLR: Máquina de Lavar Roupas CS: Caixa
Sifonada para Chuveiro e Lavatório; LV: Lavatório; TQ: Tanque; SST: Sólidos Suspensos Totais;
1 ZABROCKI (2002); 2 PETERS (2006); 3 RAPOPORT (2004); 4 SANTOS et al (2007)

Pelos dados obtidos para água cinza, parece ser a água do banho aquela que contribui com
maior concentração de matéria orgânica para a composição da mesma, assim como para os
parâmetros cor e turbidez. Configura-se desta forma uma situação onde se requer cautela no
momento da opção pelo uso da água do banho, pois é esta água aquela que mais contribui, em
termos quantitativos, para a oferta de água cinza.

4.3 Concepção e Projeto

Referente a configuração básica de um sistema de utilização da água cinza, a mesma consta


basicamente do subsistema de coleta da água servida, do subsistema de condução da água
(ramais, tubos de queda e coletores), da unidade de tratamento da água (gradeamento,
decantação, filtro e desinfecção) e do reservatório de acumulação. Pode ainda ser necessário
um sistema de recalque, o reservatório superior e a rede de distribuição.

Devem ser observados aqui os preceitos da Norma Brasileira “Sistemas Prediais de Água Fria”,
NBR 5626, onde é expresso que não deve haver conexão entre água potável e água não
potável. Tem-se, portanto, uma rede dupla, onde as tubulações devem ter cores diferentes.
Existem ainda recomendações para que o acesso a cada ponto de consumo de água cinza
seja protegido e de uso restrito à pessoas autorizadas, como a torneira de jardim, por exemplo,
em uma edificação multifamiliar. Além disso, poderia ainda ser previsto a adição de corante à
água cinza para distingui-la da água potável.

Características do subsistema de coleta, como a vazão específica dos aparelhos sanitários,


associados à realidade de seus usos (frequência e duração do uso), permitem estimar a vazão
diária a ser coletada. Estimada a vazão, é possível os diâmetros do sistema de condução. Já o
dimensionamento do reservatório igualmente requer o conhecimento da vazão estimada, assim
como da demanda prevista de água cinza. Neste sentido podem ser utilizados modelos
estatísticos de previsão, os quais abordados nas normas brasileiras sobre os Sistemas Prediais
de Água Fria e Sistemas Prediais de Esgoto Sanitário. Para a unidade de tratamento de água,
faz-se necessária inicialmente a avaliação da qualidade da água cinza para poder-se então
conceber o respectivo projeto. Na seguinte ilustração (GROSSKOFP, 1994), utilizada na

37
Flórida, observar os cuidados técnicos para que seja evitada a conexão cruzada para que o
reservatório de água potável não seja contaminado pela água cinza.

VÁLVULA DE
INSPEÇÃO

ALTO NÍVEL VÁLVULA DA


DE ÁGUA BOIA

CAMADA
ATMOSFÉRICA
DE SEPARAÇÃO

BAIXO NÍVEL
DE ÁGUA
RESERVATÓRIO DE
RESERVATÓRIO DE
ÁGUA POTÁVEL
ÁGUA NÃO-POTÁVEL
FORNECIMENTO DE
ÁGUA NÃO POTÁVEL

BOMBA

4.4 Dimensionamento

4.4.1 Balanço Hídrico

A avaliação do Balanço Hídrico possibilita comparar os volumes gerados de água cinza pelas
fontes com os volumes demandados de água cinza pelos aparelhos sanitários. Nesse ponto, é
fundamental o conhecimento da parametrização do consumopois será pelo conhecimento das
parcelas consumidas por aparelho sanitário é que se poderá vislumbrar a relação
disponibilidade x demanda

. Disponibilidade

A vazão disponível de água cinza é estimada em função das fontes da mesma, onde é
considerado, para cada fonte, a vazão específica, a duração do uso (ou da descarga) e o
número de usos (ou de descargas). A seguinte formulação expressa esse conceito,
considerando a geração diária de água cinza:

Q disp. = N .  (qi . ti . ni),

Sendo,

Qdisp. : vazão diária disponível de água cinza;


N: número de pessoas;
qi: vazão de descarga específica da fonte i;
ti: duração do uso da fonte i;
ni: número diário de usos da fonte i por pessoa.

Observar que as fontes a serem utilizadas serão função da avaliação da relação


disponibilidade x demanda.

. Demanda

A demanda estimada de água da cinza, a qual é em função do tipo de uso de um dado


aparelho sanitário, é estimada pela seguinte formulação:

38
Q dem. = N .  (cj . tj . nj),
Sendo,

Qdisp. : vazão diária de demanda de água cinza;


N: número de pessoas;
ci: vazão de consumo específica do uso do aparelho sanitário j;
tj: duração de consumo do uso do aparelho sanitário j;
ni: número diário de usos do aparelho sanitário j por pessoa.

Como observado para as fontes, definição dos aparelhos sanitários que utilizarão a água cinza
igualmente será função da avaliação da relação disponibilidade x demanda. A composição
do Balanço Hídrico possibilita o encaminhamento dessas avaliações.

. Disponibilidade x Demanda: Composição do Balanço Hídrico

A composição do Balanço Hídrico trata de cotejar volumes demandados com volumes


disponibilizados sendo, no caso em questão, de água cinza. Conforme já destacado, isso
possibilita a avaliação da relação disponibilidade x demanda, além de possibilitar a tomada
de decisão sobre várias características de projeto. O exemplo a seguir procura destacar essas
questões em uma análise por pessoa por dia.

Volume Disponibilizado de Água Cinza:

Considerando um retorno de 100% da água consumida para o banho e lavatório, tem-se:

Chuveiro: 0,1 L/s . 600 s . 01 uso = 60 L


Lavatório: 0,1 L/s . 15 s. 08 usos = 12 L
Vdisp. = 72 L

Volumes de Demanda:

Para o uso na bacia sanitária de 12 L por descarga, tem-se:

Bacia Sanitária: 12 L x 04 usos = 48 L/dia

Para a utilização da água cinza em lavagem de pisos:

Torneira de Serviço: (0,3 L/s x 600 s x 3) / 7 = 77 L/dia

Balanço Hídrico:

O volume disponibilizado pelo chuveiro atende a demanda da bacia sanitária e atende em 94%
a demanda para a lavagem de pisos.

4.4.2 Caracterização da Água Cinza

Neste caso, é fundamental a caracterização da água cinza a ser utilizada, tanto para o projeto
quanto para o monitoramento. No entanto, não havendo a caracterização da água cinza
específica que será utilizada, podem ser utilizados dados de bibliografia. No entanto, essa
utilização deve ser feita com atenção ao fato que a caracterização adotada da bibliografia deve
ser significativamente similar com relação às fontes de água cinza e usos previstos.

4.4.3 Dimensionamento das Unidades

Tubulações e Bombeamento

39
O dimensionamento das tubulações e do bombeamento segue as rotinas já apresentadas para
os SPAF e SPES.

Tratamento

As águas cinzas, enquanto efluentes, devem ser tratadas em função do uso a ser dado as
mesmas. Desta forma, os critérios para sua utilização devem ser observados, conforme já
destacado. A Tabela a seguir reproduz dados sobre características de água cinza já
apresentadas nesse texto, todavia com o incremento de critérios para o uso desta água.

Tabela: Síntese dos Resultados para Água Cinza e Critérios Qualitativos


Critérios para
Características Observadas
Uso Urbano
SAUTCHUK USEPA
Parâmetros 1 2 3
CH MLR CS LV/TQ/CH CH/LV et al (2005) 2004
pH 6.26 9.71 7.2 7.62 4,7 – 7,5 6-9 6–9
DBO (mg/l) 183.86 101.42 96.53 266.7 25 - 230  10,0  10,0
SST (mg/l)  5,0
Turbidez 201.4 27.60 37.3 154.9 55 - 100  2,0 2
(NTU)
Colif. Totais 3.5x103 5.4 9.42x10
5
7.29x10
4 4
10 – 10
7

(NPM/100 ml)
0 2 4 2 6
Colif. Fecal 1.1x10 2.1 4x10 2.69x10 10 – 10 ND ND
(NPM/100 ml)
Cloro 0.12 < 0.1 0.35 Cloro
Total residual
(mg/l)  1.0 mgL
OD (mg/l) 5.73 - 4.62 3.4 0,1 – 4,4
DQO (mg/l) 623.38 389.78 279.6 200 - 360
Temperatura 24.02 23.74 24.1
Cor (UH) 790.9 68.0 52.3 214  10
Fósforo 6.24 7,70 0,35 –  0,1
(mg/l) 3,35
CH: Água do Banho de Chuveiro Coletada na Bacia Esterilizada; MLR: Máquina de Lavar Roupas
CS: Caixa Sifonada para Chuveiro e Lavatório; LV: Lavatório; TQ: Tanque; SST: Sólidos Suspensos
Totais;
1 ZABROCKI (2002); 2 PETERS (2006); 3 RAPOPORT (2004)

Pela observação da Tabela acima, evidencia-se a necessidade de tratamento, usualmente


requerendo processos físicos, químicos e biológicos de tratamento. Dentre os físicos, são
importantes o gradeamento, para a remoção dos sólidos grosseiros, e a decantação, para a
remoção dos flocos. O filtro de dupla camada, contendo carvão ativado e areia, atua por
processos químicos e físicos, o que contribui para remoção de cor, turbidez, surfactantes,
assim como de substâncias que geram odores.

A desinfecção, por processos físicos ou químicos, é importantíssima para a remoção dos


agentes patogênicos, os quais são oriundos dos pontos de coleta ou dos próprios reservatórios
de acumulação, pois estes últimos são meios próprios para o desenvolvimento de
microrganismos. O cloro é um processo químico de desinfecção, cujos custos são viáveis.

Todavia deve ser considerada a questão da geração dos subprodutos resultantes do contato
deste com a matéria orgânica. A radiação ultravioleta, essa um processo físico, apresenta-se
também como uma alternativa interessante sob o aspecto da eficiência da desinfecção, porém
seus custos costumam ser elevados em comparação ao cloro. Em alguns países são
encontradas configurações de tratamento de água cinza, a saber, de acordo com PROSAB 4:

40
Austrália: Grade Grossa e Filtro + Lodos Ativados + Cloração;
Suécia: Filtro de Pedras + Lagoas + Filtro de Areia;
Alemanha: Decantação + Biodisco + UV;
Inglaterra: Filtração Simples ou Dupla + Cloração;
Inglaterra: Grade e Filtro + Membrana;
Inglaterra: Grade e Biofiltro Aerado Submerso (BAS);
Brasil (prédio): Peneira + Reator Anaeróbio + BAS + Filtro de Areia + Cloração
Brasil (residência): Grade Fina + Filtro Aeróbio com Leito de Brita + Cloração

As ilustrações a seguir ilustram alguns sistemas de tratamento de água cinza.

Esquema ilustrativo do sistema de uso de água cinza – UFES. (PROSAB 4)

Onde:
RAC: Reator anaeróbico compartimentado
FBAS: Filtro biológico aerado submerso
FT: Filtro terciário
AC: Água cinza

Volume dos Reservatórios

O dimensionamento pode ser realizado igualmente pela vazão de demanda para 01 dia, no
entanto o tempo para a reserva será superior a 01 dia. O quanto o tempo excederá 01 deverá
ser estimado pelo Balanço Hídrico. Desta forma, o volume do reservatório é dado pela seguinte
formulação:
Vr = Qdem . T

Sendo,
Vr : volume reservado;
T: tempo de reservação (01 dia);
Observar que, para efeitos de segurança, o T pode ser superior a 01 dia para contornar
problemas decorrentes da interrupção de abastecimento de água cinza.

O dimensionamento pode ser realizado também pela vazão disponível, no entanto devendo-se
conhecer o tempo suficiente para acumulação da água cinza para atender a demanda de 01
dia. Desta forma, o volume do reservatório é dado pela seguinte formulação:

Vr = Qdisp . T

Sendo,
Vr : volume reservado;
T: tempo de reservação para atender a demanda de 01 dia;

Seguindo o princípio do caso anterior, destaca-se que, para efeitos de segurança, o T poderá
ser majorado para contornar problemas decorrentes da interrupção de abastecimento de água
cinza. Um ponto a ser destacado é que as formulações apresentadas para a estimativa do
volume do reservatório de água cinza não considerou o tempo de detenção máximo a ser
atendido para não ocorrer a deterioração da qualidade da água.

41
Determinação do Nível Mínimo de Água ( NAmin) no Reservatório Superior

A determinação do NAmin no RS é importante pois é através deste nível que são determinadas
as pressões disponíveis na rede de distribuição. Isto posto, considerando o volume do
reservatório superior, conforme item 5.3.3, arbitra-se a base do mesmo, conforme
disponibilidade de espaço. Arbitrada a área da base e conhecido o volume, é possível estimar
o NAmin de água cinza no reservatório.

Verificação das Pressões no Sistema de Distribuição

Consideradas as pressões admissíveis no sistema de distribuição, conduz-se a verificação das


pressões em questão através da seguinte rotina, a qual está organizada para aplicação na
planilha da Figura A1 da Norma Brasileira de Água Fria, página 32.

42
III SISTEMA PREDIAL DE ÁGUA PLUVIAL

1 APRESENTAÇÃO DO SISTEMA

O Sistema Predial de Águas Pluviais (SPAP) é um conjunto de tubulações e acessórios, o qual


destina-se a coletar e conduzir as águas pluviais a um destino adequado. Além desta função
básica, o SPAP deve atender ainda os seguintes requisitos de desempenho, conforme
prescreve a NBR 10844:

a) estanqueidade e acessibilidade, em qualquer ponto, para a limpeza e desobstrução


eventuais;

b) resistência às solicitações oriundas das variações térmicas, dos choques mecânicos e


intempéries diversas;

c) o sistema não deve lançar águas pluviais no sistema predial de esgoto sanitário.

Quanto a constituição geral, o SPAP é constituído pelos seguintes componentes: calhas,


canaletas, condutor vertical, condutor horizontal, ralos, caixas de areia e acessórios. As calhas
são canais coletores de águas pluviais oriundas das coberturas.

As calhas podem ser de beiral, platibanda e de centro. Já as canaletas constam de canais


construídos em áreas descobertas no intuito de drenar as águas que atingem as mesmas.

Os condutores podem ser verticais ou horizontais. Os condutores verticais são tubulações


destinadas a recolher as águas das calhas ou ralos e conduzi-las até o térreo do edifício.
Quanto aos condutores horizontais, os mesmos podem ser canais ou tubulações, os quais
coletam as águas pluviais e conduzem-nas ao sistema de micro-drenagem urbana. Os ralos
são caixas cobertas por grelha, cuja função é coletar águas pluviais oriundas de calhas,
canaletas, terraços e áreas descobertas.

As grelhas podem ser planas ou hemisféricas, dependendo do local onde encontram-se os


ralos. As caixas de areia, por sua vez, têm por função coletar as partículas sólidas carreadas
pelo escoamento nos condutores horizontais. Por fim, tem-se os acessórios, entre os quais
pode-se destacar os suportes, as cabeceiras, as braçadeiras, entre outros.

As figuras a seguir apresentam configurações do SPAP para edificações com e sem subsolo.

43
Figura: Configurações com Subsolo

Figura: Configurações sem Subsolo

44
2 CONCEPÇÃO E PROJETO

Importantíssimo também, diante do contexto sob abordagem, é o papel do Sistema Predial de


Água Pluvial. Este deve atender requisitos de conforto e de segurança sanitária, ambos
relacionados ao esgotamento rápido da água da chuva do ambiente da edificação, de maneira
a evitar empoçamentos e refluxos. Neste sentido, no projeto, devem ser consideradas as
mesmas observações realizadas para os sistemas anteriores. No entanto, algumas
recomendações técnicas básicas devem ser atentadas. As mesmas são de caráter geral e
estão em conformidade com NBR-10.844. Recomendações mais específicas devem ser
observadas na própria norma citada. São elas:

 empoçamento nas coberturas horizontais deve ser evitadas; neste sentido, deve ser
garantida uma declividade mínima de 0,5% para estas coberturas, assegurando o
escoamento das águas até a coleta pelo SPAP;
 as calhas devem ser previstas em todos perímetros da cobertura que recebe água;
 os extravasores, os quais proporcionam uma segurança adicional relativa a possibilidade
de transbordamento, devem descarregar em locais adequados;
 sempre que possível, os condutores verticais devem ser projetados numa única prumada, e
o posicionamento dos mesmos pode ser externo ou interno ao prédio, dependendo das
condicionantes como a tipologia da edificação, material do tubo, questões estéticas, etc;
 para os condutores horizontais, aparentes ou enterrados, deve-se prever inspeções em
conexões com outras tubulações, nas mudanças de declividade e de direção, assim como
cada 20 metros nos trechos retos.

Quanto ao controle na fonte para redução de vazão de enchente, FENDRICH (2004) [2],apud
(Tucci,2003), salienta que as medidas de controle do escoamento superficial das águas
pluviais, são classificadas de acordo com o componente da drenagem, em medidas:1ª) Na
fonte: Que envolve o controle em nível de lote ou qualquer área primária em desenvolvimento;
2ª) Na microdrenagem: Medidas em nível de loteamentos e de quarteirões; e 3ª) Na
macrodrenagem: Soluções de controle nos principais rios urbanos. As principais medidas de
controle na fonte têm sido: A detenção de lote (pequeno reservatório), que controla a vazão
máxima, o uso de áreas de infiltração para recuperar a capacidade de infiltração da bacia
hidrográfica e os pavimentos permeáveis.

As medidas de micro e macrodrenagem são as detenções e retenções das águas pluviais. As


detenções são reservatórios urbanos mantidos secos com uso do espaço integrado à
paisagem urbana. As retenções das águas pluviais são reservatórios urbanos com lâmina
de água, utilizados não somente para o controle do pico e do volume do escoamento
superficial, como também da qualidade da água. A maior dificuldade no projeto e
implementação dos reservatórios urbanos é a quantidade de lixo transportada pela drenagem,
que obstrui a entrada dos reservatórios e aumenta a poluição das águas das retenções.

Junto com o planejamento e gestão da água, os novos princípios preconizam a aplicação de


medidas de controle na fonte geradora do escoamento superficial. Dentre estas medidas de
controle, destaca-se a implementação de micro-reservatórios de detenção, atuando de
maneira distribuída em lotes urbanos, buscando promover o abatimento das vazões de pós-
urbanização à sua condição de pré-urbanização.

Segundo o censo de 2000 do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o Brasil


atingiu o índice expressivo de 82% da sua população vivendo no meio urbano, principalmente
nas suas regiões metropolitanas. Tal percentagem indica que as bacias hidrográficas sofrem
processo de urbanização intensiva, e altas taxas de impermeabilização dos seus solos e,
portanto, as cidades brasileiras precisam promover a construção de sistemas de detenção,
utilização e infiltração das águas pluviais, para assegurar a sustentabilidade dos seus sistemas
de abastecimento de água e, restabelecer a circulação da água regionalmente (ciclo
hidrológico).

45
o
Do Decreto N 791/2003 [13], da Secretaria Municipal de Obras Públicas de Curitiba,
observam-se alguns conceitos para detenção de águas pluviais:

“Para efeito de aplicação da presente Norma, ficam definidas:

I. Bacias ou Reservatórios de Retenção – São dispositivos capazes de reter e acumular


parte das águas pluviais, provenientes de chuvas intensas, de modo a retardar o pico de
cheias, aliviando assim, os canais ou galerias de jusante responsáveis pela macrodrenagem.

II. Cisternas ou Reservatórios de Acumulação – São dispositivos com objetivo de reter os


excedentes hídricos localizados, resultantes da microdrenagem.”

Conforme FENDRICH,SANTOS (2007), o referido decreto não diferencia adequadamente os


termos reservatórios, de cisternas, ou de bacias, nem detenção de retenção das águas
pluviais, muito menos que os excedentes hídricos são as chuvas efetivas, as geradoras do
escoamento superficial, tanto na microdrenagem como na macrodrenagem urbana.
Especificamente quanto as águas pluviais, no Decreto Nº 293/06 do Município de Curitiba,
destacam-se os seguintes artigos:

“Art. 1º: Na aprovação dos projetos de construção de novas edificações destinadas aos
usos a que se refere a Lei nº 9.800/00 e Decreto nº 183/00, deverão apresentar medidas
estabelecidas neste regulamento atendendo as disposições do PURAE – Programa de
Conservação e Uso Racional da Água nas Edificações.

Art. 5º § 1º: Nas edificações habitacionais o dimensionamento do volume necessário


para a cisterna ou reservatório deverá ser calculado mediante a aplicação da seguinte fórmula:

V = N x C x d x 0,25

Onde: V = Volume em litros; N = Número de unidades; C = Consumo diário em litros/dia e


adotando-se os valores: 1 Quarto: C = 400 l/dia ; 2 Quartos: C = 600 l/dia; 3 Quartos: 800 l/dia
; 4 Quartos, ou mais: 1.000 l/dia ; d = Número de dias de reserva = 2.

Art. 5º § 2º: Nas edificações comerciais o dimensionamento do volume necessário para a


cisterna ou reservatório deverá ser calculado mediante a aplicação da seguinte fórmula:

V = Ac x 0,75

Onde: V = Volume em litros; Ac = Área total computável da edificação.

Art. 5º § 3º: Em todos os casos fica estabelecido um reservatório com volume mínimo de
500 litros.

3 DIMENSIONAMENTO

O dimensionamento do SPAP consta basicamente do dimensionamento das calhas e dos


condutores. Neste sentido, a primeira incitava volta-se para a estimativa da vazão de projeto, a
qual é função da intensidade pluviométrica, da área de contribuição e da permeabilidade da
superfície de captação. Estimada a vazão do projeto, dimensiona-se as calhas através da
equação de Manning-Strickler. Já o dimensionamento dos condutores é realizada através de
ábacos e tabela pertinentes, conforme a NBR-10.844.

3.1 Vazão de Projeto

O cálculo da vazão de projeto é realizado por meio da Equação Racional:

Q = C . I . A / 60

46
sendo,

Q: vazão de projeto, l/min;


C: coeficiente de escoamento superficial;
I: intensidade pluviométrica, mm/h;
2
A: área de contribuição, m
2
Esta equação, cuja precisão é reconhecida para áreas de contribuição inferiores a 5,0 Km . A
vazão de projeto é reconhecida como a máxima solicitante. O coeficiente de escoamento
superficial C estabelece o grau de absorção de água pela superfície de área de contribuição.
Cujos valores variam de 0 à 1. Sendo total a absorção da água pela superfície, tem-se C = 0.
Todavia, caos a superfície seja impermeável o bastante para que a absorção seja mínima, ter-
se-á C = 1. Para efeito de dimensionamento do SPAP, esta última situação será a considerada,
a qual esta a favor da segurança.

Fatores como o comportamento meteorológico local, a duração t e o período de retorno T de


uma dada precipitação influem diretamente na intensidade pluviométrica I, a qual pode ser
definida como a altura de água precipitada num determinado intervalo de tempo. Segundo a
NBR 10.844, a duração da precipitação deve ser de 05 minutos enquanto que o período de
retorno, o qual é o intervalo médio de tempo onde uma dada intensidade pluviométrica será
igualada ou excedida pelo menos uma vez, pode Ter os seguintes valores apresentados:

Período de Retorno: 01 ano


Condição: áreas pavimentadas onde o empoçamento é tolerado

Período de Retorno: 05 anos


Condição: coberturas ou terraços

Período de Retorno: 25 anos


Condição: áreas e coberturas onde o empoçamento não é tolerado

Na NBR 10.844 encontra-se uma tabela apresentando diversos valores de intensidade


pluviométrica para várias cidades brasileiras, sendo a duração da precipitação fixada em 05
minutos e os períodos de retorno de 01, 05 e 25 anos. A NBR 10.844 também estabelece que
2
para áreas de contribuição (projeção horizontal) até 100m pode-se adotar I = 150mm/h. O
cálculo da área de contribuição deve ser de acordo com as situações previstas pela NBR
10.844. Nestes cálculos são considerados incrementos de área respectivos às superfícies
inclinadas e paredes verticais.

Outra variável importante a ser considerada no cálculo da área de contribuição é a ação do


vento. Esta ação torna-se considerável porque a quantidade de água interceptada pelas
superfícies varia sensivelmente com a direção do vento. As figuras a seguir ilustram tipos de
áreas de captação.

a) Telhado

47
b) Área Impermeabilizada – Lage

c) Telhado e pátio

3.2 Calhas

Uma vez determinada a vazão de projeto, tem-se condições de dimensionar as calhas, cuja
formulação pode ser a de Manning-Strickler ou equivalente. A equação de Manning-Strickler é
a seguinte:
2/3 1/2
Q = ( K . S . Rh . i ) / n ,
Sendo:
2
Q: vazão de projeto em L/min; S: área da seção molhada em m ; n: coeficiente de rugosidade;
Rh: raio hidráulico em m; i: declividade da calha, m/m; K = 60.000.

Com relação a esta formulação, alguns comentários são pertinentes:

 a Tabela a seguir (Tabela 03 da NBR 10.844) apresenta as capacidades das calhas


semicirculares para n = 0,011.

Tabela: Capacidades de calhas semicirculares com


coeficientes de rugosidade n=0,011 (Vazão em L/min)
Diâmetro Declividades
Interno (mm) 0,5% 1% 2%
100 130 183 256
125 236 333 466
150 384 541 757
200 829 1167 1634

48
 a vazão de projeto deverá ser majorada através dos coeficientes estabelecidos na NBR
10.844, quando a saída de calhas de beiral ou de platibanda estiver situada a menos de
4,00 metros de uma mudança de direção;

 os coeficientes de rugosidade de Manning de diversos materiais encontram-se na Tabela


abaixo (NBR 10.844, Tabela 02);

Tabela: Coeficientes de rugosidade


Material n
plástico, fibrocimento, aço, metais não- 0,011
ferrosos
ferro fundido, concreto alisado, alvenaria 0,012
revestida
cerâmica, concreto não-alisado 0,013 0,015
alvenaria de tijolos não-revestida

 as calhas de beiral e de platibanda devem ter no mínimo uma declividade de 0,5%;

 recomenda-se considerar o escoamento na calha a meia seção.

3.3 Condutor Vertical

O dimensionamento de um determinado condutor vertical consta basicamente da determinação


do seu diâmetro. Neste sentido, urge o prévio estabelecimento das seguintes variáveis:

 vazão de projeto, Q (l /min);

 altura da lâmina de água na calha, H (mm);

 comprimento do condutor vertical, L (m);

 geometria da saída da calha;

 rugosidade do material, f

O valor de Q já conhecida através da equação racional. A altura da lâmina da água na calha é


determinada a partir do critério de escoamento adotado, isto é, escoamento à 1/2 seção.
Observar nessa situação que, ao ser utilizada a Tabela 03 da NBR 10.844, o diâmetro
comercial a ser utilizado para a tubulação é maior que o necessário. Desta maneira, a altura da
lâmina da água na calha, sendo escoamento à 1/2 seção, será maior do que aquela que irá
ocorrer. Portanto, ao se adotar a altura da lâmina na calha igual a meia seção do diâmetro
comercial adotado, se está estimando essa lâmina a favor da segurança.

Quanto ao comprimento do condutor vertical, o mesmo deve ser levantado em projeto. Já a


geometria da saída da calha pode ser aresta viva ou em funil (cônica), enquanto a rugosidade
do material é expressa pelo coeficiente de atrito f. A relação quantitativa entre o diâmetro e as
variáveis acima apresentadas encontra-se nos ábacos “a” e “b” da Figura abaixo. Nestes dois
ábacos considera-se f = 0,04, conforme já comentado. No ábaco “a” saída da calha é em
aresta viva, enquanto no ábaco “b” a saída é em funil.

49
Figura: Ábacos da NBR 10844 para Dimensionamento do Condutor Vertical

O procedimento para a determinação dos diâmetros, por meio destes ábacos, é o seguinte:
o
1 ) a partir do valor de Q, ergue-se uma linha vertical até a interseção com as curvas de H e L
em questão;
o
2 ) quando no ábaco não existirem os valores de H e L de projeto, deve-se recorrer a
interpolação;
o
3 ) a seguir, rebate-se as interseções Q x H x e Q x L sobre o eixo dos diâmetros.

50
O maior valor encontrado será o diâmetro de projeto. É importante salientar ressaltar que o
diâmetro nominal que será adotado deverá ter o diâmetro interno igual ou superior ao diâmetro
de projeto Outro fator importante a ser destacado é que o diâmetro mínimo admitido para os
condutores é de 70mm, conforme NBR 10.844.

3.4 Condutor Horizontal

No dimensionamento dos condutores horizontais a NBR 10.844, conforme Tabela 04 da


mesma, considera que a altura da lâmina do escoamento seja igual a 2/3 do diâmetro interno
(D) do tubo. A equação utilizada é de Manning-Strickler.Há de se salientar que se deve tentar
assegurar aos condutores horizontais uma declividade uniforme e mínima de 0,5%. A citada
Tabela 04 da NBR 10.844 apresenta valores limites de vazão para outras declividades para as
tubulações, a quais serão definidas pelo projetista.

3.5 Reservatórios de Detenção

FENDRICH (2002) demonstrou por meio da relação de “permeabilidade artificial” dos solos
“Rp”, que a condição principal a ser satisfeita é a precipitação pluvial armazenável na Bacia ser
assumida igual a chuva efetiva sobre a bacia, ou seja, igual a precipitação pluvial que origina
os escoamentos superficiais na bacia. Partindo dessa premissa básica, estabeleceu várias
correlações entre as principais variáveis hidrológicas, fundamentadas nos 25 eventos pluvio-
fluviométricos selecionados, período de 1987 até 2001, na Bacia Hidrográfica Urbana do Rio
Belém, com 42 km² de área de drenagem, determinando-se a chuva armazenável total na
Bacia, Parm = 23,7 mm, e na seqüência, obtendo a chuva total necessária a detenção no ano
de 2020, quando a taxa de impermeabilização dos solos da bacia será máxima AI = 86,64 % =
C, Pr = 20,5 mm, sendo Pr a Precipitação Total de Reservação das Águas Pluviais (mm).

Continuando a pesquisa, FENDRICH (2005) indica que a capacidade dos reservatórios de


detenção distribuída das águas pluviais, na Bacia Hidrográfica Urbana do Rio Belém, em
Curitiba – PR, em função da relação de “permeabilidade artificial” dos solos da bacia, “Rp” =
25,71%, para a impermeabilização máxima dos solos, no ano de 2020, é calculada por:

V  Vr  A c

Onde, V = capacidade do reservatório de detenção das águas pluviais (m³); V r = volume


unitário de reservação das águas pluviais ( = 0,0205 m³/m²); A c = área de coleta das águas
pluviais (m²). Com base na Equação acima, para várias áreas de coleta das águas pluviais,
estão indicadas na Tabela a seguir, as capacidades correspondentes dos reservatórios de
detenção das águas pluviais na Bacia Hidrográfica Urbana do Rio Belém, em Curitiba - PR.

Tabela: Capacidade dos reservatórios de detenção das águas


pluviais na Bacia Hidrográfica Urbana do Rio Belém
em Curitiba - PR
______________________________________________________
Área de Coleta Capacidade do Reservatório
das Águas Pluviais das Águas Pluviais
2 3
Ac (m ) V (m )
______________________________________________________
100 2,05
1.000 20,50
10.000 (= 1 ha) 205,00
______________________________________________________

Outro ponto a ser discutido é quanto tempo a água da chuva poderia ficar armazenada em
reservatórios de maneira a não se deteriorar qualitativamente. Esta é uma discussão que se
soma a abordagem hidrológica pois para a definição do volume do reservatório de água da
chuva deve ser considerado, entre outras variáveis, o tempo máximo de armazenamento para
manutenção de qualidade mínima e os volumes de água que devem retornar à natureza.

51
4 Economia pelo Aproveitamento de Água da Chuva

4.1 Conceitos

A água da chuva também é uma fonte alternativa importante, principalmente para as regiões
onde o regime pluviométrico é atraente em termos quantitativos e distributivos ao longo do ano.
Referente à qualidade da água da chuva, a mesma já tem sido avaliada em uma série de
pesquisas. No entanto, em tais trabalhos, normalmente a água da chuva é coletada
diretamente, isto é, sem ter tido qualquer contato físico prévio, a não ser com a própria
atmosfera. Porém, a água da chuva a ser coletada em uma edificação, tem um contato com o
sistema de drenagem pluvial da mesma, isto é, o telhado, as calhas e os condutores verticais.
Ou seja, a água da chuva a ser utilizada é coletada de forma indireta, fato este que altera sua
qualidade. Logo, justifica-se sua devida caracterização, de maneira que, conforme comentado
para água cinza, tais características possam ser confrontadas com os requisitos necessários
para seu uso de forma adequada.

4.2 Disponibilidade e Demanda

A oferta da água da chuva dependerá da área de captação da edificação em questão, bem


como da intensidade pluviométrica do local. Para o teste será assumida a existência de uma
2
área de captação de 300 m e de uma intensidade pluviométrica de 80 mm/h. Também deve-se
levar em conta o regime de chuvas anuais da região, para o teste em questão adotar-se-á que
chove 100 dias no ano.

Q=c.i.A/60
Q=1 x 300 x 80/60 = 400 L/s
3
Volume anual: (400 x 60 x 60 x 24 x 100) = 3.456.000.m /ano
Volume médio diário: 3.456.000/365 = 9.468.493 L/dia
Volume médio mensal: 9.468.493 x 30 = 284.054.790 L/mês

A demanda estimada de água da chuva, a qual é em função do tipo de uso de um dado


aparelho sanitário, é estimada pela seguinte formulação:

Q dem. = N .  (cj . tj . nj),


Sendo,

Qdisp. : vazão diária de demanda de água cinza;


N: número de pessoas;
ci: vazão de consumo específica do uso do aparelho sanitário j;
tj: duração de consumo do uso do aparelho sanitário j;
ni: número diário de usos do aparelho sanitário j por pessoa.

Utilização da Água Pluvial em Bacias Sanitárias Convencionais;


Volume de Demanda BS 12 L: 180 L x 4 aptos. x 30 dias = 21600 L
Economia Gerada (Litros): 2.1600 L

Para a utilização da água cinza em lavagem de pisos:


Torneira de Serviço: [(0,3 L/s x 600 s x 3) / 7] . 30 = 2.310 L/mês
Economia Gerada (Litros): 2.310 L/mês

Observar que este balanço hídrico considera que todo o volume captado estará disponível para
a demanda, fato este que é questionável, conforme será observado na sequência.

4.3 Caracterização da Água da Chuva

Semelhante ao comentado para a água cinza é fundamental a caracterização da água da


chuva a ser utilizada, tanto para o projeto quanto para o monitoramento. No entanto, não
havendo a caracterização da água da chuva específica que será utilizada, podem ser utilizados
dados de bibliografia.

52
Quanto aos parâmetros físicos e químicos, conforme Tabela abaixo, para a água pluvial foram
observados reduzidos valores de cor, tubidez, DQO e DBO quando comparados aos valores
encontrados para água cinza. No entanto, os valores de cor e turbidez ultrapassam os limites
estabelecidos pelos critérios, impondo-se assim a necessidade de tratamento. O pH é próximo
do neutro e a concentração de oxigênio dissolvido é significativa. No entanto, as concentrações
de coliformes são expressivas indicando a necessidade da desinfecção dessas águas.

Observar que apenas valores de pH e DBO atendem os critérios para uso urbano. A água
pluvial, por sua vez, apresenta melhores condições de aproveitamento, em termos qualitativos,
que a água cinza. Porém, o uso da água pluvial não pode ser indiscriminado pois a mesma
requer também tratamento, em especial para a remoção de microrganismos patogênicos. Além
disso, é importante ter atenção para o fato que a água pluvial não pode ser utilizada sem a
observância dos critérios quantitativos.

Estudos recentes apontam para a preocupação de que, se a população começar a armazenar


água pluvial sem as devidas orientações, significativos impactos poderão ocorrer sobre o ciclo
hidrológico, a ponto de, por exemplo, ser inviabilizado o retorno da água pluvial para os fluxos
subterrâneos. Certamente, isso causaria impacto negativo aos próprios mananciais de água
subterrânea, além daqueles superficiais. No entanto, essa utilização deve ser feita com
atenção ao fato que a caracterização adotada da bibliografia deve ser significativamente similar
com relação às fontes de água da chuva e usos previstos. Na tabela a seguir, constam dados
sobre características da água da chuva já apresentadas nesse texto, no entanto com o
incremento de critérios para utilização desta água.

Tabela: Síntese dos Resultados para Água da Chuva e Critérios Qualitativos


Critérios para
Características Observadas
Uso Urbano
Telha Telha 1 2 ANA USEPA
Parâmetros Terraço ACH ACH
Amianto Cerâmica 2005 2004
pH 6,38 6,22 5,72 7.48 7,0 6-9 6–9
DBO (mg/l) 3,9 9,67 11,88 2,5  10,0  10,0
SST (mg/l) 2.85 30  5,0
Turbidez
(NTU) 4,35 3,83 6,19 4.56 1,6  2,0  2,0
Colif. Totais
3 2 3 3
(NPM/100 ml) 1,6.10 9,5.10 8,9.10 2.82x10 > 70
Colif. Fecal
3 1 3 1
(NPM/100 ml) 1,7.10 6,2.10 7,3.10 1.54x10 ND ND
OD (mg/l) 7,10 7,29 5,8 20
DQO (mg/l) 3,42 28,32 30,60 9.80
Temperatura
Cor (UC) 37,00 25,64 85,67 24.87 52,5  10
1 PETERS (2006); 2 MAY apud SAUTCHUK et al (2005)

Observa-se ser uma água de melhor qualidade que a água cinza, todavia não é dispensável o
tratamento, haja vista as significativas concentrações de cor e coliformes. Desta forma,
processos físicos, ou até químicos, para remoção de cor serão necessários, assim como
processos de desinfecção, estes podendo ser físicos ou químicos.

4.4 Concepção e Projeto

Inicialmente cabe destacar que a respectiva norma de referência no Brasil é intitulada Água da
Chuva: Aproveitamento de Coberturas em Áreas Urbanas para Fins não Potáveis, NBR 15527.
Com relação a configuração básica de um sistema de aproveitamento de água da chuva, a
mesma consta da área de captação (telhado, laje, piso), dos sistemas de condução de água
(calhas, condutores verticais e condutores horizontais), da unidade de tratamento da água
(reservatório de autolimpeza, filtros desinfecção) e do reservatório de acumulação. Pode ainda

53
ser necessário um sistema de recalque, o reservatório superior e a rede de distribuição.
Características da área de captação, como as dimensões, forma e rugosidade, associadas as
características hidrológicas locais como a intensidade pluviométrica e o período de retorno,
permitem estimar a vazão a ser captada.

Estimada a vazão, é possível dimensionar o sistema de condução. Já o dimensionamento do


reservatório igualmente requer o conhecimento da vazão estimada, assim como da demanda
de água da chuva prevista. Neste sentido podem ser utilizados métodos onde a demanda é
considerada constante ou o método onde se adota o máximo intervalo de dias secos, por
exemplo.

Referente a unidade de tratamento de água, faz-se necessária inicialmente a avaliação da


qualidade da água da chuva. Conforme já comentado, existe uma série de dados sobre a
qualidade da água da chuva quando coletada em estações apropriadas. Por exemplo, em
regiões onde existe poluição atmosférica, ocorre a acidificação da água da chuva podendo o
pH atingir valores em torno de 4,0. Pouco conhecimento publicado há sobre a qualidade da
água da chuva após o contato com a área de captação, uma vez que esta consta de um
potencial meio poluidor da água. Ou seja, a água pode adquirir substâncias causadoras de
contaminação, entre outras características desfavoráveis.

Portanto, fatores como a acidificação da água da chuva, associados à possibilidade de


infecção de contaminantes no contato da mesma com as áreas de captação, implicam na
necessidade de unidades apropriadas de tratamento desta água. O reservatório de
autolimpeza pode ser considerado como uma unidade deste tipo, pois possibilita o descarte do
volume inicial da água que literalmente lava a área de captação. O filtro de areia, por sua vez, é
uma alternativa ao reservatório de autolimpeza, pois contribui para remoção de cor e turbidez
da água. Já a desinfecção é importantíssima para a remoção dos agentes patogênicos, os
quais são oriundos das áreas de captação ou dos próprios reservatórios de acumulação, que
são meios próprios para o desenvolvimento de microorganismos. Como agentes desinfetantes,
pode ser previsto o cloro e a radiação ultravioleta, de forma semelhante a água cinza. Quanto a
necessidade do sistema recalque, do reservatório superior e rede de distribuição cabem aqui
as mesmas observações tecidas para a água cinza.

Figura: Esquema demonstrativo do sistema de aproveitamento de água de chuva apenas com


pré-tratamento.

54
Formas construtivas de sistemas de aproveitamento de água de chuva.
Fonte: Herrmann e Schmida, 1999.

4.5 Dimensionamento

4.5.1 Reservatórios

Na sequência são apresentados diversos métodos para o dimensionamento dos reservatórios,


incluindo aqueles abordados na NBR 15527 Água da Chuva: Aproveitamento de Coberturas
em Áreas Urbanas para Fins não Potáveis.

Método Inglês

V= 0,05 . P . A ;

Onde:
P = precipitação média anual, em milímetros;
A = área do telhado em projeção, em metros quadrados;
V = volume de água aproveitável e o volume de água da cisterna, em litros.

55
Método Alemão

V ADOTADO = Mínimo( V ou D) * 0,06 onde:


V = volume aproveitável de água de chuva anual, em litros;
D = demanda anual da água não potável, em litros;
VADOTADO = volume de água do reservatório, em litros.

Azevedo Neto

V = 0,042 *P *A*T onde:


P = precipitação média anual, em milimetros;
T = número de meses de pouca chuva ou seca;
A = área do telhado em projeção, em metros quadrados;
V = volume de água aproveitável e o volume de água do reservatório, em litros.

Número de Dias sem Chuva

É a produção da demanda total (CT) pelo número de dias sem chuva (t) num dado período.
Logo,

VR  CT .t

CT – demanda total
t – número de dias sem chuva

4.5.2 Tratamento

A água da chuva deve ser tratada em função do uso a ser dado a mesma, princípio este já
observado para a água cinza. Desta forma, os critérios para sua utilização devem ser
observados onde, na Tabela a seguir, constam dados sobre características da água da chuva
já apresentadas nesse texto, no entanto com o incremento de critérios para utilização desta
água. Observa-se ser uma água de melhor qualidade que a água cinza, todavia não é
dispensável o tratamento, haja vista as significativas concentrações de cor e coliformes. Desta
forma, processos físicos, ou até químicos, para remoção de cor serão necessários, assim como
processos de desinfecção, estes podendo ser físicos ou químicos.

Os tratamentos para remoção de cor e turbidez podem ser pela filtração, a qual podendo conter
processo físicos, químicos e biológicos. A filtração em linha consta de um processo físico, após
bombeamento, para remoção de sólidos suspensos. A filtração contendo carvão ativado atua
pelos processos físicos (coação) e químicos (adsorção) para a remoção da cor, odor e, quando
for o caso, cloro em excesso. O filtro lento é importante para reter matéria suspensa e, em
especial, patógenos. Já a osmose reversa pode ser instalada junto ao ponto de consumo para
remover patógenos. A desinfecção pode ser por processo químico, sendo a cloração no tanque
de sedimentação ou em linha, ou física por sistema UV, este instalado entre o filtro de carvão
ativado e o ponto de consumo. O ozônio, processo físico, é usualmente instalado junto ao
ponto de consumo.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CORPO DE BOMBEIROS DO PARANÁ, Código de Segurança contra Incêndio e Pânico


(CSCIP)

SANEPAR, Manual de Obras de Saneamento da SANEPAR, Módulo 17.

CORPO DE BOMBEIROS DO PARANÁ, Norma de Procedimento Técnico “Sistemas de


hidrantes e de mangotinhos para combate a incêndio” (NPT 022)

ABNT, 1998 Instalação Predial de Água Fria – NBR 5626

CREDER, H. Instalações Hidráulicas e Sanitárias. LTC, Rio de Janeiro, 1995.

MACINTYRE, A. J. Instalações Hidráulicas Prediais e Industriais. LTC. Rio de Janeiro, 1996.

NETTO, A. Manual de Hidráulica. Editora Blucher. São Paulo, 1998.

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