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Seminário Hegel e o Haiti

Seção 7: Haiti, a origem da Dialética do Senhor e do Escravo

1. “De onde surgiu a ideia de Hegel da relação entre o senhorio e a escravidão?” Para os
historiadores das ideias da filosofia alemã esta metáfora da “luta de vida ou morte” só poderia ter se
originado da inspiração de outros intelectuais. George Amstrong Kelly supõe que tenha vindo de
Fichte; Juditg Shkilar vincula a discussão a Aristóteles; Otto Pögeller considera a metáfora um
exemplo totalmente “abstrato.” Já Pierre-Franklin Tavarès chega a conectar Hegel ao Haiti
baseando-se no fato de que Hegel lera o abade abolicionista Greoire. Mas essa conexão é feita com
o Hegel tardio. Ninguém ousou fazê-la no período de Jena, entre 1805 e 1806, quando Hegel
escrevia a Fenomenologia do Espírito, ou mesmo das leituras que Hegel seguramente fazia da
imprensa em 1803-5:
Ler o jornal no início da manha é uma espécie de prece matinal realista. [No primeiro caso],
nos afastamos do mundo e nos dirigimos a Deus, ou [no segundo caso] nos dirigimos ao
mundo, aquilo de que ele é feito. Ambas nos oferecem a mesma segurança, uma vez que
deixam cientes de onde nos encontramos. (HEGEL, 1977 apud BUCK-MORSS, 2011,
p.143).
Assim,
Restam apenas duas alternativas. Ou Hegel era o mais cego de todos Locke e Rousseau
para trás em sua capacidade de negar a realidade debaixo do seu nariz (a realidade impressa
debaixo de seu nariz sobre a mesa do café da manhã); ou Hegel sabia — sabia dos escravos
reais que eram bem-sucedidos em sua revolta contra seus senhores reais — e elaborou sua
dialética do senhorio e da servidão deliberadamente no quadro de seu contexto
contemporâneo. (BUCK-MORSS, 2011, p.143)

2. Na Europa do século XVIII se pensava a Revolução Haitiana, sobretudo porque ela desafiava o
racismo europeu. Sua importância opunha-se a todos, independente do apoio ou não. Em 1805
Marcus Rainsford escreve que sua causa é o “espírito de liberdade.” De fato, a Revolução Haitiana
se coloca como um exemplo da história mundial, um marco que rompe as fronteiras e faz do
espírito da liberdade universal. A audácia do jovem Hegel foi trazer como metáfora fundamental do
seu trabalho a escravidão,mas não como oposição a um mítico estado de natureza, e sim como
“[...]escravos contra senhores, trazendo para dentro de seu texto a realidade presente, histórica, que
o circundava como uma tinta invisível.” (BUCK-MORSS, 2011, p.144).

Seção 8:

1. O que é então a Dialética do Senhor e do Escravo, texto que aparece entre os parágrafos 178-196
da Fenomenologia do Espírito, sob o título de “A Independência e a Dependência da Consciência-
de-Si: Dominação e Escravidão” – Falar antes sobre a própria Fenomenologia do Espírito (mostrar
o índice) e a superação da dicotomia sujeito-objeto (livro de Will Dudley, German Idealism):

The Phenomenology responds to this demand by attempting to show


the individual at the standpoint of consciousness that his own
assumptions, considered carefully on their own terms, undermine
themselves and lead to the standpoint of reason or absolute
knowing, from which systematic philosophy can then commence with
the Science of Logic. (Dudley, Understanding German Idealism,
p.148)

2. A posição de senhor é política e econômica. Num primeiro momento, o senhor é independente e


existe para si mesmo, enquanto que o escravo é o outro, dependente, cuja essência é viver ou existir
para outrem. Assim, o escravo carece de reconhecimento alheio, visto como uma coisa, a essência
da consciência escrava (como na essência da situação legal definida no Code Noir). Mas o senhor
não tem essa dominação integral que inicialmente aparenta: ele só é senhor à medida que há um
escravo, sua consciência é dependente do escravo.
Basta coletivizar a figura do senhor para ver a pertinência descritiva da análise de Hegel: a
classe de proprietários de escravos depende totalmente da instituição da escravatura para
prover a “superabundância” que constitui sua riqueza. Essa classe e, portanto, incapaz de
ser o agente do progresso histórico sem aniquilar sua própria existência. Mas então os
escravos (novamente coletivizando a figura) chegam a autoconsciência ao demonstrar que
não são coisas, nem objetos, mas sujeitos que transformam a natureza material. (BUCK-
MORSS, 2011, p.144)

Primeiro excurso:
- um ponto notável da filosofia de Hegel: os opostos só existem como opostos, pois é a própria
oposição que determina os termos implicados nessa relação. Contudo, o que é visado é a superação
da diferença rumo a uma totalização. A oposição se dissolve dentro da unidade que engendra.
- exemplo disso na definição de ser e nada na Ciência da Lógica: Ser, Nada, Devir
Ser, puro ser - sem nenhuma determinação ulterior. Em sua imediatidade indeterminada ele é
apenas igual a si mesmo e não desigual diante de outro, não possui nenhuma diversidade no
interior de si nem para o exterior. Por meio de alguma determinação ou conteúdo, que seria nele
distinto ou por meio do qual ele poderia ser posto como distinto de outro, ele não seria apreendido
em sua pureza. Ele é a pura indeterminidade e o vazio. - Não há nada a intuir nele, caso seja aqui
possível falar de intuir; ou ele é apenas este intuir puro, vazio mesmo. Tampouco é possível pensar
algo nele ou ele é igualmente apenas esse pensar vazio. O ser, o imediato indeterminado é de fato o
nada e nem mais nem menos do que nada.
B. Nada
Nada, o puro nada; ele é igualdade pura consigo mesmo, vacuidade perfeita, ausência de
determinação e de conteúdo; indistinção nele mesmo. - Uma vez que o intuir ou o pensar podem
aqui ser mencionados, vale como uma diferença, se algo é ou nada é intuído ou pensado. Nada
intuir ou pensar tem, portanto, um significado; ambos são diferenciados, assim o nada é (existe)
em nosso intuir ou pensar; ou antes, ele é o intuir vazio e o pensar mesmo e o mesmo intuir vazio
ou o pensar como o puro ser. - Nada é assim a mesma determinação, ou antes, a ausência de
determinação e, com isso, em geral é o mesmo que é o puro ser.
Devir
a. Unidade do ser e do nada
O puro ser e o puro nada são, portanto, o mesmo. O que é a verdade, não é nem o ser nem o nada,
mas que o ser não passa, mas passou para o nada e o nada não passa, mas passou para o ser. Da
mesma maneira, porém, a verdade não é sua indistinção, e sim que eles não são o mesmo, que são
absolutamente distintos, mas igualmente inseparados e inseparáveis e imediatamente cada um
desaparece em seu contrário. Sua verdade é, portanto, esse movimento do desaparecer imediato de
um no outro: o devir; um movimento onde ambos são distintos, mas por meio de uma diferença que
igualmente se dissolveu imediatamente. (HEGEL, Ciência da Lógica, p.28-29 no pdf)
- expansão disso no quadro do
sistema: da ideia absoluta ao
espírito absoluto

NÓBREGA, Compreender
Hegel,2005, p.54.

- as noções de Aufheben: cessar, suspender através da superação


O botão desaparece no desabrochar da flor, e poderia dizer-se que a flor o refuta; do
mesmo modo que o fruto faz a flor parecer um falso ser-aí da planta, pondo-se como sua
verdade em lugar da flor: essas formas não só se distinguem, mas também se repelem como
incompatíveis entre si. Porém, ao mesmo tempo, sua natureza fluida faz delas momentos da
unidade orgânica, na qual, longe de se contradizerem, todos são igualmente necessários. E
essa igual necessidade que constitui unicamente a vida do todo. (HEGEL, Fenomenologia
do Espírito, p.22)

A partir deste ponto, levando-se em conta o contexto histórico que inspirou Hegel (o Haiti), a
inferência a se fazer é a seguinte: os submetidos à escravidão demonstram sua humanidade (posição
de sujeito) quando preferem enfrentar a morte ao permanecer sob jugo. Só assim o indivíduo
escravizado pode atingir o reconhecimento de si (consciência-de-si) como uma autoconsciência
independente. E isso não quer dizer vir a se tornar senhor e escravizar o outro,o que conservaria o
impasse (pois o senhor só é senhor mediante o escravo, o que quer dizer, dependente do escravo.
Para haver real independência da consciência, ou seja, liberdade, que não exista mais a relação de
escravidão. Isso aparecerá mais a frente no texto, quando o desejo de liberdade não pode deixar de
ser demanda real por liberdade também no mundo. Uma época livre não admite, portanto, o seu
contrário. A liberdade atada à escravidão é ela mesma escravidão: só existe liberdade sem
escravidão – estão em estágios distintos). – O que trato de liberdade é isso
Segundo “excurso”:
- A busca da liberdade: o que ela é (Inwood, Hegel)
- As ambiguidades da responsabilidade: o que signfica o escravo ser responsável por sua
escravidão? 1) Só ele pode tornar-se livre e sair da escravidão (fazer analogia com trecho do
Manifesto Comunista): Os comunistas recusam-se a dissimular suas visões e suas intenções. Declaram abertamente
que os seus objetivos só podem ser alcançados pela derrubada violenta de toda a ordem social vigente até aqui. Que
tremam as classes dominantes em face de uma revolução comunista. Nela os proletários nada têm a perder senão as suas
cadeias. Eles têm um mundo a ganhar.

2) isso pode ser usado para excusar o escravocrata de sua responsabilidade?

Fechamento: retorno ao assunto central de Buck-Morss: como se ignora elementos históricos não
europeus na constituição do pensamento.
Dada a facilidade com que essa dialética do senhor e do escravo se oferece a uma tal
leitura, é de se perguntar por que o tema Hegel e Haiti foi ignorado por tanto tempo. Os
estudiosos de Hegel não apenas deixaram de responder a essa questão, como também
deixaram até mesmo, ao longo dos últimos duzentos anos, de colocá-la. (BUCK-MORSS,
2011, p.145)

Conteúdo dos Slides

De onde surgiu a ideia da Dialética do Senhor e do Escravo?


De Fichte?
De Aristótele?
De Inspiração alguma?
Do Haiti?

Ler o jornal no início da manha é uma espécie de prece matinal realista. [No primeiro caso],
nos afastamos do mundo e nos dirigimos a Deus, ou [no segundo caso] nos dirigimos ao
mundo, aquilo de que ele é feito. Ambas nos oferecem a mesma segurança, uma vez que
deixam cientes de onde nos encontramos. (HEGEL, 1977 apud BUCK-MORSS, 2011,
p.143).

Restam apenas duas alternativas. Ou Hegel era o mais cego de todos Locke e Rousseau
para trás em sua capacidade de negar a realidade debaixo do seu nariz (a realidade impressa
debaixo de seu nariz sobre a mesa do café da manhã); ou Hegel sabia — sabia dos escravos
reais que eram bem-sucedidos em sua revolta contra seus senhores reais — e elaborou sua
dialética do senhorio e da servidão deliberadamente no quadro de seu contexto
contemporâneo. (BUCK-MORSS, 2011, p.143)

A Fenomenologia do Espírito
A Dialética do Senhor e do Escravo

A oposição num primeiro momento

Senhor Escravo
Sujeito Outro
Independente Dependente
Para-Si Para-o-Outro
Humano Coisa

Mas essa relação se relativiza

Basta coletivizar a figura do senhor para ver a pertinência descritiva da análise de Hegel: a
classe de proprietários de escravos depende totalmente da instituição da escravatura para
prover a “superabundância” que constitui sua riqueza. Essa classe e, portanto, incapaz de
ser o agente do progresso histórico sem aniquilar sua própria existência. Mas então os
escravos (novamente coletivizando a figura) chegam a autoconsciência ao demonstrar que
não são coisas, nem objetos, mas sujeitos que transformam a natureza material. (BUCK-
MORSS, 2011, p.144)

Desvio:

Um elemento notável da
filosofia de Hegel

O Sistema
NÓBREGA, Compreender Hegel,2005, p.54
O Aufheben:cessar, suspender através da superação
O botão desaparece no desabrochar da flor, e poderia dizer-se que a flor o
refuta; do mesmo modo que o fruto faz a flor parecer um falso ser-aí da
planta, pondo-se como sua verdade em lugar da flor: essas formas não só se
distinguem, mas também se repelem como incompatíveis entre si. Porém, ao
mesmo tempo, sua natureza fluida faz delas momentos da unidade orgânica,
na qual, longe de se contradizerem, todos são igualmente necessários. E essa
igual necessidade que constitui unicamente a vida do todo. (HEGEL,
Fenomenologia do Espírito, p.22)
A Libertação do Escravo

A liberdade
A ambiguidade da responsabilidade:
1) O escravo é responsável por sua escravidão e depende apenas dele acabar com ela;
2) O escravo é responsável por sua escravidão, e isso exime o escravocrata?

Recolocando a questão:

Dada a facilidade com que essa dialética do senhor e do escravo se oferece a uma tal leitura, é de se perguntar por que o
tema Hegel e Haiti foi ignorado por tanto tempo. Os estudiosos de Hegel não apenas deixaram de responder a essa
questão, como também deixaram até mesmo, ao longo dos últimos duzentos anos, de colocá-la. (BUCK-MORSS, 2011,
p.145)

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