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ESTADO DO MARANHÃO

SECRETARIA DE ESTADO DE ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA


ACADEMIA DE GESTÃO PENITENCIÁRIA

MÓDULO 03: DIREITOS


HUMANOS

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Caro cursista,

Na Unidade anterior tivemos a oportunidades de distinguir e caracterizar


os conceitos de universalidade, igualdade e equidade. Encerramos essa
unidade tendo em vista uma nova agenda para as Políticas Públicas.

Agora vamos trazer para o debate as situações vivenciadas no contexto


do sistema penal. Vamos analisar o cumprimento de pena e a ausência de
atendimento e serviços que res- peitem as particularidades e múltiplas
demandas dos indivíduos, em suas dimensões objetivas e subjetivas.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

Na tentativa de organizar a discussão, esta Unidade contemplará aspectos


relativos às diferentes situações que tornam o indivíduo e grupos sociais
vulneráveis no âmbito do sistema prisional.

OBJETIVO

Esperamos que você, ao final do estudo desta Unidade, seja capaz de:

 Compreender os marcos legais que fundamentam o atendimento


adequado aos grupos populacionais atingidos pelo sistema
penitenciário;
 Considerar a ampla diversidade humana na formulação de políticas
penitenciárias e estruturação de serviços penitenciários;
 Reconhecer medidas que promovem os direitos dos diferentes grupos
em cumprimento de pena e seus familiares.

Para o desenvolvimento desse curso faremos uso do Ambiente Virtual


de Aprendizagem Moodle e suas ferramentas de interação, que nos permitem
compartilhar nossas dúvidas, saberes e expectativas referentes à questão dos
aspectos conceituais e da trajetória dos direitos humanos centrado na
promoção da dignidade humana.

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AGENDA

Procure se organizar para concluir estas atividades em uma semana,


conforme cronograma de atividade. Sugerimos uma dedicação diária de 45
(quarenta e cinco) minutos durante os dias úteis.

MATERIAIS COMPLEMENTARES

Video complementar - Direitos Humanos, a Exceção e a Regra, de


Gringo
Cardia(2008).Disponíveem:http://portacurtas.org.br/filme/?name=direitos_huma
nos_a_excecao_e_ a_regraTexto complementar 03 - CASTEL. Robert. A
dinâmica dos processos de marginaliza-ção: da vulnerabilidade a “desfiliação”.
Cahiers de RechercheSociologique, (22) 1994. Disponível em:
file:///C:/Users/camposand/Downloads/RCRH-2006-193.pdfTextocomplementar
04 - MARANDOLAJR, Eduardo & HOGAN, Daniel Joseph. As dimensões da
vulnerabilidade, Revista Perspectiva, São Paulo, v. 20, n. 1, p. 33-43,
jan/mar2006.Disponívelem:http://www.simdh.seade.gov.br/produtos/spp/v20n0
1/v20n01_03. pdfTexto complementar 05 - MUNANGA. KABENGELE. A
questão da diversidade e a política do reconhecimento das diferenças.
In:Crítica e Sociedade: revista de cultura política. v. 4, n.1, Dossiê: Relações
Raciais e Diversidade Cultural, jul. 2014. ISSN: 2237-0579. Disponível em:
http://www.seer.ufu.br/index.php/criticasociedade/article/view/26989

VULNERABILIDADE FRENTE AO SISTEMA PENITENCIÁRIO

As pessoas privadas de liberdade sob


custódia do Estado brasileiro podem vivenciar situ-
ações que as coloquem em risco ou maior
vulnerabilidade, notadamente os grupos
populacionais específicos.

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Como vimos nos capítulos anteriores, vivemos


em sociedade que produzem e reproduzem valores
SAIBA MAIS baseados no preconceito e que acabam por refletir
em práticas discriminatórias e até mesmo violações
Alguns diplomas legais internacionais
que tratam dos direitos das pessoas
de direitos em razão do gênero, idade, orientação
presas ou em cumprimento de penas sexual, religião, origem, opinião ou deficiência.
alternativas à prisão trazem aspectos
relativos à diversidade e às medidas
positivas a serem adotadas para No ambiente de cumprimento de pena
atender as demandas e necessidades
também são observados os reflexos do preconceito
de grupos específicos.

Pesquise e analise como estes assuntos


e estereótipos compartilhados na sociedade como
são abordados e quais recomendações um todo, atingindo negativamente a população
são feitas em documentos como:
assistida. Dessa maneira, as autoridades
• Princípios para a Proteção de Todas
as Pessoas sob Qualquer Forma de penitenciárias e o corpo funcional tem o
Detenção ouPrisão
• Regras Mínimas para o Tratamento
compromisso de criar mecanismos e procedi-
de PessoasPresas
mentos a fim de evitar a discriminação, inclusive
• Princípiose Boas Práticas sobre a
Proteção de Pessoas Privadas de institucional, e a responsabilização dos seus agentes
Liberdade nas Américas, da
Organização dos EstadosAmericanos quando identificados, sejam eles servidores públicos,
– OEA
indivíduos ou a própria população carcerária
(COYLE, 2009).

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos


Estados Americanos é enfática ao estabelecer como princípio de proteção das
pessoas privadas de liberdade a não discriminação em razão de origem,
nacionalidade, cor, sexo, idade, idioma, religião, opiniões políticas, origem
nacional ou social, posição econômica, deficiência, gênero, orientação sexual
ou qualquer outra.

De maneira afirmativa, recomenda a aplicação de medidas dirigidas a


grupos ou temas específicos como: direitos das mulheres, notadamente das
gestantes e nutrizes, das crianças, dos idosos, das pessoas com patologias
infecciocas, como HIV/AIDS, e das pessoas com deficiências. Nesse caso,
justificam estas práticas na legislação internacional de direitos humanos
considerando a realidade local.

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No Brasil, o Artigo 5º da Constituição Federal, que elenca direitos e


garantias fundamentais, buscou resguardar de abusos e arbitrariedades aquele
que é processado penalmente e o que cumpre pena. Tanto um como o outro se
encontram em posição de fragilidade social e jurídica, pois tem, contra si, uma
pressão e pretensão exercida pelo Estado, parte inegavelmente mais forte
nesta relação. Incluem-se neste grupo os presidiários, os submetidos à medida
de segurança (Código Penal, art. 26) e, ainda, os penalmente processados.

Infelizmente, predomina ainda em nossa sociedade a desconsideração


do preso como cidadão e como pessoa humana, que deve ter todos os seus
direitos resguardados e a sua dignidade preservada, bem jurídico absoluto,
inalienável e intangível que é. A violência constante a que muitas vezes é
submetido o preso nos superlotados estabelecimentos prisionais brasileiros,
sem qualquer condição de reintegrá-los à vida social, acaba promovendo a
reificação do preso, isto é, este não é mais tratado como ser humano, mas
como objeto, coisa – o que causa a marginalização e exclusão, exatamente o
problema que se quer evitar. Consequentemente, além de perder aliberdade,
degrada-se a dignidade do preso, perpetuando um ciclo vicioso.

Todo aquele que é preso tem direito de


permanecer em silêncio, sem que isso importe em
qualquer tipo de prejuízo, e de ser assistido pela sua
PARA REFLETIR família e por advogado. Deve também ser informado
Portanto, diante da ameaça à
dos responsáveis pela sua prisão. Proíbe-se, igual-
liberdade e dos prejuízos que o
próprio processo penal pode gerar, mente, o uso de provas ilícitas, o que coloca limites,
garante-se, constitucionalmente, o
direito ao devido pro- cesso legal, sobretudo ao modo de exercer a investigação
ao contraditório, à ampla defesa, ao
policial, dentre outros.
juiz natural e a conseqüente
vedação de juízos de
exceção.Também, a todo aquele À pessoa condenada, assegura-se o direito a
que é processado é garantida a
penas humanizadas, pois são vedadas as cruéis –
presunção de inocência, devendo o
Estado produzir a prova da assim entendidas as de banimento, de trabalho
materialidade (existência) do delitoe
daautoria. forçado, de caráter perpétuo e de morte, salvo no
caso de guerra declarada. Garante-se,

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constitucionalmente, o direito ao respeito e à


integridade física e moral, observando-se que a pena
deve ser cumprida em estabelecimento distinto, de
acordo com natureza do delito, da idade e do sexo.

A Lei Federal nº 7.210, de 11 de julho de 1984, a Lei de Execução Penal


– LEP –, também trouxe uma série de direitos, que devem ser observados.
Inicialmente, cabe ressaltar que um dos objetivos principais da LEP é
proporcionar condiçõespara a harmônica reintegração social. A lei confere ao
preso e ao egresso do sistema prisional o direito à assistência, em suas
modalidades material, jurídica, educacional, social e religiosa (Art. 11), nos
termos da lei.

Não se duvida que um dos mais importantes fatores de coesão social,


de elevação da autoestima, capaz de proporcionar o desenvolvimento da
solidariedade e da disciplina, entre outros valores, é o trabalho. Este não serve
apenas para se sustentar. Possui um escopo maior, que abrange a própria
possibilidade de se autodeterminar.

Por essa razão, a LEP tratou especificamente


FIQUE ATENTO do trabalho do presidiário, com finalidade educativa

Constituem direitos do preso provisório e produtiva (Art. 28), devendo este ser remunerado
oudefinitivo, além do respeito à integridade em valor não inferior a ¾ do salário mínimo. É certo
física e moral: alimentação suficiente, saudável,
em condições adequadas de higiene e consumo; que este dinheiro possui, em parte, vinculação
vestuário; trabalho e sua remuneração;
(como a reparação do dano causado, assistência à
previdência social; descanso e recreação;
entrevista pessoal e reservada com o advogado; família e ressarcimento ao Estado com as despesas
visita do cônjuge, companheira, parentes e
amigos em dias determinados; chamamento
de manutenção do condenado), res- saltando-se o
nominal; igualdade de tratamento, salvo quanto seu caráter social. O trabalho divide-se em interno e
às exigências de individualização da pena;
audiência especial com o diretor do externo, de modo que o condenado a regime
estabelecimento e representação de qualquer fechado só terá direito ao primeiro, exceto no caso
autoridade, em defesa de direito; contato com o
mundo exterior por meio de correspondência de obras públicas realizadas pela administração
escrita e leitura de meios de informação;
pública ou a seu cargo.
atestado de pena a cumprir, emitido
anualmente.

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No caso de condenados que cumprem pena em regime fechado,


poderão obter permissão para sair do estabelecimento prisional no caso de
falecimento ou doença grave do cônjuge,companheira, ascendente,
descendente ou irmão, ou para tratamento médico, sempre mediante escolta.
No caso de regime semi-aberto, as hipóteses se ampliam para a visita à
família, frequência a cursos supletivos e profissionalizantes, e à participação
em atividades que concorram para o retorno ao convívio social. Para tanto,
exige-se do preso bom comportamento, cumprimento mínimo de 1/6 da pena,
se primário, ou ¼, se reincidente, além da compatibilidade do benefício com os
objetivos da pena – por até sete dias, não podendo ser renovada mais que
quatro vezes ao ano.

Destaca-se, ainda, a possibilidade de remição, ou seja, da diminuição do


tempo de pena a cumprir devido ao trabalho ou estudo feito pelo preso, nos
termos da lei, bem como a possibilidade de livramento condicional, quer dizer,
a colocação do preso em liberdade, depois de cumprida parte da pena e
determinados pressupostos. É um período de teste. Na hipótese de
descumprimento das condições impostas, volta ele a ser recolhido, para o
cumprimento do restante da pena. Caso contrário, ficará livre, cumprindo o
restante da pena em liberdade.

Para adequado atendimento das pessoas sob custódia do Estado,


assegurando cumpri- mento dos dispositivos legais nacionais e os pactos
internacionais, é preciso identificar quais situações discriminatórias vivenciadas
no cotidiano dos estabelecimentos e, de forma concreta, buscar corrigi-las.

No Brasil, em 2011, foi adotado o Plano Nacional de Política Criminal e


Penitenciária, que estabeleceu em sua Medida nº 05 a necessidade de ações
objetivando o reconhecimento e respeito à diversidade no âmbito do sistema
penitenciário brasileiro.

O documento aponta a necessidade de se promover iniciativas para


assegurar direitos de mulheres, idosos, populações de lésbicas, gays,
bissexuais e transgêneros, e estrangeiros presos. Trata, ainda, do direito à livre

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manifestação religiosa. O texto apresenta recomendações e objetivos a serem


alcançados em todas as unidades prisionais, bem como nas diferentes
instâncias envolvidas no cumprimento de pena.

Destacamos, a seguir, os pontos para serem alcançados pela


administração dos serviços penitenciários:

 Assegurar as visitas íntimas para a população carcerária LGBTTT


(lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis e transgêneros).
 Garantir a assistência pré-natal e a existência de espaços e serviços
específicos para gestantes durante a gestação e também no período de
permanência dos filhos das mulheres presas no ambiente carcerário
(conforme Resolução deste Conselho).
 Elaborar políticas de respeito às mulheres transexuais e travestis nos
presídios estaduais.
 Estudar a possibilidade de unidades específicas
para população LGBTT (acompanhar a experiência
PARA REFLETIR
em andamento em Minas Gerais).
Você já pensou em discutir com
sua equipe de trabalho a situação
 Garantir a acessibilidade nas unidades prisionais,
vivenciada pelos diferentes grupos conforme a orientação da NBR 9050.
populacionais presos ou em
cumprimento de prestação de  Garantir as condições de manifestação e de profecia
serviço à comunidade? de todas as religiões e credos.
Nesse momento do curso é muito  Criar sistema de acompanhamento de estrangeiros
oportuno que você possa reunir
alguns colegas de trabalho e propor a presos no Brasil e implantar políticas de atendimento
eles realizarem um diagnóstico social
adequadas e unidades específicas para estrangeiros
sobre os desafios para atendimento
de forma adequada das necessidades (quando necessário), garantindo o cumprimento das
e demandas de mulheres, idosos,
leis e dos tratados e acordos internacionais de que o
pessoas com deficiência, populações
estrangeiras, lésbicas, gays, travestis, Brasil é signatário.
transgêneros, entre outros.
 Aplicar a separação de pessoas presas por facção
Uma dica útil: leiam, juntos, o
Plano Nacional de Política Criminal e criminosa para aquelas que realmente estejam
Penitenciária, disponível no sítio ligadas a grupos organizados do crime e que
eletrônico do Ministério da Justiça.
Em seguida, analisem os desafios e precisem de controle ou proteção, eliminando as
possibilidades para implantação das
recomendações apresentadas.
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separações por origem, isto é, por locais de moradia,


que supostamente são comandados por
determinados grupos, evitando assim a criação de
unidades específicas por facções criminosas.
 Elaborar e implantar metodologia específica para
cada público (CNPCP, 2011).

No dia a dia da organização penitenciária podemos presenciar


práticas ou atitudes discriminatórias por parte do corpo funcional ou
autoridades penitenciárias e mesmo da população carcerária que podem
impactar na realização de direitos ou acesso a serviços públicos. Por exemplo,
verifica-se que em determinada locais homossexuais ou travestis não podem
trabalhar na cozinha ou no setor de lavanderia. Relatos informam que estes
grupos são muitas vezes obrigados a portar ilícitos de outros presos.

Sabe-se também que determinados cultos ou rituais religiosos são proibidos


em razão do preconceito. Ou ainda, que é vedada a manutenção de alguns
hábitos religiosos como vestuário, indumentárias ou preparação de alimentos
culturalmente referenciados.

Outra situação discriminatória aponta para a aplicação de sanções


disciplinares de alcance e intensidade diferentes em razão das características
de cada grupo populacional específico. E mesmo ausência de locais
adequados e serviços que respondam às demandas de cada indivíduo.

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A criança e o adolescente gozam de proteção especial, conferida


infraconstitucionalmente pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. O correto
atendimento das crianças e adolescente atingidos pelo sistema prisional requer

FIQUE ATENTO
Mas é necessário alertar para situações que possam ameaçar também os direitos de pessoas
impactadas pelo sistema prisional, como familiares dos presos e presas, operadores do sistema de
justiça e outros que prestam assistência à população prisional.

Matérias de caráter jornalístico, registros de audiências públicas e estudos revelam, por


exemplo, irregularidades que ocorrem nas revistas em dias de visita nas unidades prisionais,
ficando conhecidas por adotar procedimentos vexatórios, como revista corporal, desnudamento e
abordagem dos funcionários de forma violenta. São expostas a esta situação especialmente
mulheres, travestis e transexuais, pessoas idosas e, até mesmo, crianças e bebês, mesmo não
existindo fundamentada suspeita, um dos casos excepcionais que justificariam maior rigor. Por
esta razão, tramita no Congresso Nacional o projeto de Lei nº 480/2013 para proibir a revista
íntima. A Corte Interamericana de Direitos Humanos também acompanha o caso a partir de
queixas formuladas pelas entidades de defesa de direitos. Na década de 1990, a Argentina foi
condenada por este órgão pela adoção desta prática em seus estabelecimentos prisionais.

da família, da sociedade e da administração pública um olhar atento. Nesse


sentido, como exposto até aqui, a dimensão dos direitos humanos é a mais
favorável para análise das diferentes dinâmicas sociais e os vínculos
construídos entre filhos e pais, mesmo que estes últimos estejam privados
temporariamente de sua liberdade.

A Lei nº 12.962, de 18 de abril de 2014, alterou o Estatuto da Criança


e Adolescente, inovando no atendimento a esta parcela de pequenos cidadãos
brasileiros e mostrando que a exclusão dos descendentes do apenado não
pode fazer parte da punição imposta pelo Estado.

O texto sancionado reafirma o direito de convivência entre pais e


filhos que agora podem ser feitos de forma periódica sem autorização prévia do
poder judiciário, pelo responsável ou, em caso de acolhimento, pela instituição
responsável. Isso requer um forte diálogo do estabelecimento penitenciário
com o serviço público de assistência social em nível local, e outros setores
públicos para efetivação da norma. Esta medida deve coibir casos em que as
crianças eram apartadas de seus genitores na mais tenra idade, e suas

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famílias perdiam o contato, tendo dificuldade de localização mesmo depois de


cumprimento da pena.

A permanência da criança na família de origem enseja agora a


obrigatoriedade de inclusão do menor em programas oficiais de auxílio. O
cumprimento deste dispositivo pode produzir as mais potentes transformações
sociais, na medida em que é possível, de forma criativa, contribuir para a
emancipação e autonomia do indivíduo, favorecendo o fortalecimento do tecido
familiar e social.

Há, ainda, uma importante inovação do diploma no que se refere à


perda do pátrio poder. Lembramos a letra da lei: a condenação criminal do pai
ou da mãe não implicará a destituição do poder familiar,excetuando os casos
em que o crime doloso foi praticado contra os próprios filhos.

Na próxima seção, passamos a analisar a situação de cada grupo


populacional em cumprimento de pena ou impactado pelo sistema penitenciário
como familiares da pessoa presa ou prestação de serviço à comunidade,
buscando articular aspectos conceituais, dimensões das conquistas sociais
históricas e marcos legais existentes.

POLÍTICAS PARA AS MULHERES E IDENTIDADES DE GÊNERO

As mudanças sociais e principalmente a atuação dos movimentos


organizados em níveis nacionais e internacionais, vem impactando na
elaboração e implantação de políticas públicas considerando uma perspectiva
de gênero, ou seja, o entendimento sobre as diferenças entre homens e
mulheres para além dos conceitos biológicos, que leva em consideração
também os aspectos culturais, econômicos e políticos que produzem a
desigualdade.

Segundo o International Centre for Prision Studies o aprisionamento


feminino cresce em todos os continentes. Em aproximadamente 80% dos

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países, as mulheres representam de 02% a 09% do total da população


carcerária.

Hoje, o retrato da população prisional brasileira tem mostrado o


aumento do encarcera- mento feminino. Relatório disponibilizado no portal do
Ministério da Justiça brasileiro, com dados referentes a 2012, aponta que o
país possui uma população carcerária de mulheres de pouco mais de trinta e
cinco mil, o que representa aproximadamente 06% do total de presidiários. Ao
contrário da população masculina que está em sua maioria presa por crimes
contra o patrimônio, sessenta por cento das mulheres presas cometeram
crimes relacionados ao tráfico de drogas; o segundo tipo de crime mais
cometido são crimes contra o patrimônio, com 23%. Quarenta e nove por cento
possuem 29 anos ou menos e 61% são negras ou pardas

A legislação e o sistema
penitenciário têm avançado no
reconhecimento das questões de gênero,
apesar de que, ainda, muito se tem a fazer.
Importante passo considerando as
recomendações da I e II Conferências
Nacionais de Políticas para as Mulheres, foi a
criação, em 2007, de um grupo de trabalho
interministerial para reorganização e
reformulação do sistema prisional feminino,
coordenado pela Secretaria Especial de
Políticas para as Mulheres da Presidência da
República e o Ministério da Justiça, por meio
do Departamento Penitenciário Nacional, para
analisar a situação da mulher encarcerada em
todo o país, notadamente nas cadeias
públicas. O grupo reuniu representantes de

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diferentes ministérios e órgãos públicos, bem


como organizações da sociedade civil e
especialistas no tema.

Os resultados do trabalho foram apresentados em eventos públicos e na


publicação do Relatório Final, que representou um marco na construção de
diretrizes para atenção às mulheres presas.

Mais adiante, no âmbito do Ministério da Justiça, é criada a Comissão


Especial do Projeto Efetivação dos Direitos das Mulheres Presas. O Projeto
Mulheres merece destaque, uma vez que faz o acompanhamento das ações
nos presídios femininos nos Estados, incentiva estudos e estatísticas sobre a
mulher no sistema penal, busca ampliar as políticas de acesso aos direitos das
presidiárias, entre outros. As propostas elaboradas neste projeto retratam
ações que precisam ser enfrentadas na conjuntura atual da política
penitenciária e das políticas sociais, como forma de garantir os direitos das
mulheres em situação de privação de liberdade, egressas e seus familiares,
rechaçando, assim, práticas institucionais violadoras dos direitos humanos.

Após ampla consulta aos entes federados e representantes da


sociedade civil, e discussão com demais órgãos que integram sistema de
justiça, foi elaborado o II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres Presas,
aprovado em 2007. Entre os principais desafios está a construção de planos
operacionais locais e a constituição de comitês em cada ente federado para
acompanhamento e monitoramento das ações previstas e pactuadas no plano.

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Em janeiro de 2014, foi instituída a Política


VOCÊ SABIA Nacional de Atenção às Mulheres em Situação de
Veja a seguir alguns documentos da ONU que
Privação de Liberdade e Egressas do Sistema
abordam o tema, consagrando a necessidade e
urgência para promoção de tratamento digno às Prisional – PNAMPE –, por meio de uma porta- ria
mulheres em conflito com a lei:
interministerial. O propósito do Ministério da Justiça
Regras de Tóquio: contempla as especificidades
de gênero das mulheres que entraram em e da Secretaria de Políticas para as Mulheres da
contato com o sistema de justiça criminal,
recomendando a necessidade de aplicar Presidência da República é reformular as práticas do
prioritariamente medidas não privativas de
sistema prisional brasileiro, visando a garantia dos
liberdade.

Resolução 61/143, de 19 de dezembro de 2006:


direitos das mulheres, nacionais e estrangeiras,
reconhece a urgência dos Estado assumirem presas em estabelecimentos penitenciários e
medidas para enfrentar causas estruturais de
violência contra mulheres, bem como práticas e delegacias em todo o Brasil.
normas sociais discriminatórias, incluindo
aquelas voltadas às mulheres que necessitem de
Voltada também para os funcionários que
atenção especial, tais como mulheres reclusas
em instituições ou encarceradas. atuam nos estabelecimentos penitenciários, a
Resolução 63/241, de 24 de dezembro de 2008: Política também prevê alterações e orientações para
chama atenção sobre impacto da detenção e o
encarceramento de crianças e sugere adoção de as rotinas carcerárias, com atenção às diversidades
boas prá- ticas em relação às necessidades e ao
desenvolvimento físico, emocional, social e e especificações das mulheres, no que diz respeito à
psicológico de bebês e crianças afetadas pela
detenção ou encarcera- mento de pais.
idade, escolaridade, etnia, maternidade e outros

Declaração de Viena sobre Crime e Justiça: os


aspectos, além de condições adequadas de
Estados-membros reconhecem a importância de cumprimento de pena, garantindo o direito à saúde,
implantação de ações políticas baseadas nas
necessidades especiais da mulher, na condição educação, proteção à maternidade e à infância,
de presa.
atendimento psicossocial e demais direitos
humanos.

Em 2011, a Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas


aprovou resolução para os Estados-membros contendo regras de atenção às
mulheres presas e em cumprimento de medidas alternativas, conhecidas como
Regras de Bangkok. O texto reitera as dimensões aprovadas nas Regras
Mínimas de Tratamento de Presos, considerando agora as especificidades da
condição do gênero feminino.

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No Brasil, a Lei de Execução Penal –


LEP –, desde 1984, garantiu determinados
direitos à presidiária, a saber: que seja
SAIBA MAIS
recolhida, separadamente, em

LEI nº 11.340, de 7 de agosto de 2006


estabelecimento próprio adequado a esta

– cria mecanismos para coibir a condição e que sejam disponibilizadas


violência doméstica e familiar contra a
exclusivamente funcionárias mulheres.
mulher, nos termos do § 8o do art. 226
da Constituição Federal, da Convenção Igualmente, garantiu o acompanhamento
sobre a Eliminação de Todas as Formas
de Discriminação contra as Mulheres e médico à mulher, especialmente no pré-natal
da Convenção Interamericana para
Prevenir, Punir e Erradicar a Violência e no pós-parto, extensivo ao recém-nascido.
contra a Mulher; dispõe sobre a criação
dos Juizados de Violência Doméstica O estabelecimento deve, também, ser
e Familiar contra a Mulher; altera o
Código de Processo Penal, o Código um ambiente preparado para abrigar a mulher
Penal e a Lei de Execução Penal; e dá
outras providências.
presa, nas suas peculiaridades como o caso

O leitor poderá conhecer e


da maternidade, com berçários e espaços
compreender mais sobre esta lei e toda para amamentação de seus filhos. Como
sua sistemática por meio do endereço
eletrônico: forma de proteção aos filhos das mulheres
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ presas, a condenada ao regime aberto que
ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm.
esteja grávida ou amamentando poderá
permanecer em residência particular.

Chama atenção, nesse sentido, a Resolução CNPCP nº 3, de 15 de


julho de 2009, que versa sobre a estada, permanência e posterior
encaminhamento das (os) filhas(os) das mulheres encarceradas. A publicação
estabelece que deva ser garantida a permanência de crianças no mínimo até
um ano e seis meses para as (os) filhas (os) de mulheres encarceradas junto
às suas mães.

Após este período, há necessidade de se construir processo gradual de


separação a partir da fixação de etapas conforme quadro psicossocial da
família, que podem durar até 06 (seis) meses. A normativa possibilita que
crianças até 07 (sete) anos possam permanecer junto às suas mães nas

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unidades prisionais, mas desde que o estabelecimento reúna as condições


para atender melhor o interesse do menor nesta fase de desenvolvimento.

Deve-se destacar, ainda, a relevante atuação da Defensoria Pública, que


tem constituído núcleos de assistência à mulher, possuem o direito de vistoriar
os presídios para verificar o cumprimento da lei. Espera-se que uma atuação
conjunta do poder público propicie condições adequadas para a reintegração
social da presa, como preconizado na lei de execução penal, o que dependerá
da articulação e integração de políticas públicas e do apoio da comunidade.

Filmes:

O cárcere e a rua (BRA, 2004, 80 min) Diretora: Liliana Sulzbach.

Sinopse: Cláudia é a presidiária mais antiga e respeitada da Penitenciária


Madre Pelletier. A que dá ordens e protege. Protege, por exemplo, a jovem
Daniela, que corre risco de vida por ser acusada de ter matado o próprio filho.
Mas Cláudia, assim como Betânia, deve deixar a penitenciária em breve.
Daniela terá que se defender sozinha. Cláudia sai em busca do filho. Betânia
sente a tentação de deixar de lado as regras do regime semiaberto para viver a
liberdade em companhia de um novo amor.

Leite e ferro (BRA, 2009, 70 min) Diretora: Cláudia Priscilla

Sinopse: O documentário mostra histórias, dramas e emoções de prisioneiras


que pariram e amamentam seus bebês no Centro de Atendimento Hospitalar à
Mulher Presa (CAHMP), uma instituição em São Paulo que abrigava mulheres
em fase de aleitamento.

A QUESTÃO ÉTNICO-RACIAL E O SISTEMA PRISIONAL

3.3.1. Populações indígenas

A população indígena brasileira, segundo resultados preliminares do


Censo Demográfico realizado pelo IBGE em 2010, é de 817.963,
representando 305 diferentes etnias dos quais 502.783 vivem na zona rural e
315.180 habitam as zonas urbanas brasileiras.

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Este censo revelou que em todos os Estados da Federação, inclusive no


Distrito Federal, existem populações indígenas, sendo que a região Norte é
aquela que concentra o maior número de indivíduos, 305.873 mil. A Fundação
Nacional do Índio (FUNAI), órgão vinculado, ao Ministério da Justiça também
registra 69 referências de índios ainda não contata- dos, além de existirem
grupos que estão requerendo o reconhecimento de sua condição indígena
junto ao órgão federal indigenista.

Distribuição da população indígena - IBGE - 2010

Norte: 305.873
Centro-Oeste: 130.494

Sul: 74.945

Sudeste: 97.960

Nordeste: 208.691

O povo Tikuna, residente no Amazonas, em números absolutos foi o que


apresentou o maior número de falantes e, consequentemente, a maior
população. Em segundo lugar, em número de indígenas, ficou o povo Guarani
Kaiowá do Mato Grosso do Sul e, em terceiro lugar, os Kaingang da região sul
do Brasil. O citado Censo registrou, também, 274 línguas faladas, sendo que
17,5% da população indígena não fala a língua portuguesa.

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Esta população, em sua grande maioria, vem enfrentando uma


acelerada e complexa transformação social, necessitando buscar novas
respostas para a sua sobrevivência física e cultural e garantir às próximas
gerações melhor qualidade de vida. As comunidades indígenas vêm
enfrentando problemas concretos, tais como invasões e degradações
territoriais e ambientais, exploração sexual, aliciamento e uso de drogas,
exploração de trabalho, inclusive infantil, mendicância, êxodo desordenado
causando grande concentração de indígenas nas cidades.

A Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos


Indígenas (2007) traz no Artigo 2º que “os povos e pessoas indígenas são
livres e iguais a todos os demais povos e indivíduos e têm o direito de não
serem submetidos a nenhuma forma de discriminação no exercício de seus
direitos, que esteja fundada, em particular, em sua origem ou identidade
indígena”.

A Constituição Federal, por sua vez, assevera que a realização de


direitos dos povos indígenas passa pela garantia de sua autodeterminação, o
respeito à sua cultura, práticas sociais e políticas. Os povos indígenas detêm o
direito originário e o usufruto exclusivo sobre as terras que tradicionalmente
ocupam.

Nesse sentido, é central a discussão sobre as terras indígenas. Nos


termos da legislação vigente (CF/88, Lei 6001/73 – Estatuto do Índio– Decreto
n.º1775/96), as terras podem ser classificadas nas seguintes modalidades:

Terras Indígenas Tradicionalmente Ocupadas: são as terras indígenas de que


trata o art. 231 da Constituição Federal de 1988, direito originário dos povos
indígenas, cujo processo de demarcação é disciplinado pelo Decreto nº
1775/96.

Reservas Indígenas: são terras doadas por terceiros, adquiridas ou


desapropriadas pela União, que se destinam à posse permanente dos povos
indígenas. São terras que também pertencem ao patrimônio da União, mas não

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se confundem com as terras de ocupação tradicional. Existem terras indígenas,


no entanto, que foram reservadas pelos Estados- membros, principalmente
durante a primeira metade do século XX, que são reconhecidas como de
ocupação tradicional.

Terras Dominiais: são as terras de propriedade das comunidades


indígenas, havidas por qualquer das formas de aquisição do domínio, nos
termos da legislação civil.

Interditadas: são áreas interditadas pela Funai para proteção dos povos e
grupos indígenas isolados, com o estabelecimento de restrição de ingresso e trânsito
de terceiros na área. A interdição da área pode ser realizada concomitantemente ou
não com o processo de demarcação, disciplinado pelo Decreto nº 1775/96.

As fases do procedimento demarcatório das terras tradicionalmente ocupadas, abaixo descritas, são
definidas por Decreto da Presidência da República e atualmente consistem em:
Em estudo: realização dos estudos antropológicos, históricos, fundiários, cartográficos e ambientais,
que fundamentam a identificação e a delimitação da terra indígena.
Delimitadas: terras que tiveram os estudos aprovados pela Presidência da Funai, com a sua conclusão
publicada no Diário Oficial da União e do Estado, e que se encontram na fase do contraditório
administrativo ou em análise pelo Ministério da Justiça,para decisão acerca da expedição de Portaria
Declaratória da posse tradicional indígena.
Declaradas: terras que obtiveram a expedição da Portaria Declaratória pelo Ministro da Justiça e estão
autorizadas para serem de marcadas fisicamente, com a materialização dos marcos e
georreferenciamento.
Homologadas: terras que possuem os seus limites materializados e georreferenciados, cuja
demarcação administrativa foi homologada por Decreto Presidencial.
Regularizadas: terras que, após o decreto de homologação, foram registradas em Cartório em nome da
União e na Secretaria do Patrimônio da União.
Interditadas: áreas interditadas, com restrições de uso e ingresso de terceiros, para a
proteção de povos indígenas isolados.
A União também poderá estabelecer Reservas Indígenas em qualquer parte do território
nacional, áreas destinadas à posse e ocupação pelos povos indígenas, onde possam viver e obter
meios de subsistência, com direito ao usufruto e utilização das riquezas naturais, garantindo-se
as condições de sua reprodução física e cultural. Seguindo os procedimentos próprios definidos
na legislação em vigor.

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É necessário destacar que a legislação vigente reconhece o respeito às


formas de organização própria dos povos indígenas, além de suas crenças,
costumes, usos e tradições, bem como os direitos originários dos povos
indígenas sobre suas terras. Dessa forma, o Decreto nº 5051/04 (Convenção
169 da Organização Internacional do Trabalho – OIT) reafirma o
reconhecimento desses direitos constitucionais e ressalta o direito de
autonomia dos povos indígenas, no sentido de garantir o respeito às formas
diferenciadas de vida e organização de cada povo indígena, seus anseios e
planos de vida, de gestão e de desenvolvimento de seus territórios, afastando-
se antigos ideários de assimilação, superioridade ou dominação frente a povos
indígenas.

O cidadão indígena goza do direito inalienável de participação na vida


política nacional com direito a voto, acesso a documentação, não-discriminação
e direitos de cidadania; e reconhece-se que os povos indígenas também se
apresentam como coletividades singulares frente à sociedade nacional. Isso
significa dizer que os povos indígenas organizam-se por meio de usos,
costumes, tradições dentro de sociedades indígenas – inclusive com regras
internas próprias – e que, como coletividades distintas, também participam das
decisões políticas de Estado.

O desafio do Estado brasileiro hoje é implementar uma política


indigenista não assimilacionista, que supere relações de dominação ou de
dependência impostas pelo modo de vida não-indígena. Esta política deve
observar as singularidades dos diferentes povos indígenas e respeitar as
manifestações de vontades autônomas destes povos no que diz respeito às
suas opções de vida.

Assim, a administração pública deve atuar em resposta às demandas


das comunidades indígenas no que se refere ao fortalecimento interno e
respeito externo das dinâmicas sociais singulares dos diferentes povos
indígenas sobre diferentes temas, como, por exemplo, assuntos de gênero e
geracionais, formas de resolução internas de conflitos, gestão territorial e

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ambiental. Para isso, os agentes públicos precisam conhecer as regras de


organização dos povos indígenas, pontos de vistas, valores, anseios e o tipo de
relação que eles querem estabelecer com a sociedade nacional, para uma
relação respeitosa e, consequentemente, para a elaboração de leis e
implementação de políticas que atendam à construção de um Estado
verdadeiramente pluriétnico.

Em algumas situações, em razão de sua autodeterminação, muitos


povos optam por fazer prevalecer dinâmicas coletivas próprias. Este é o caso
de diversos povos de recente contato e dos povos indígenas isolados, que em
razão de sua especial condição de vulnerabilidade exigem uma atuação ainda
mais diferenciada dos diferentes órgãos, notadamente aqueles voltados a
políticas indigenistas.

A seguir, seguem relacionados os princípios que orientam a atuação


voltada a atender as demandas das populações indígenas:

 Garantia de um diálogo intercultural respeitoso.


 Respeito e fortalecimento da autonomia e formas de organização
próprias dos povos indígenas com reconhecimento de suas decisões.
 Acompanhamento diferenciado para povos indígenas de recente contato
e/ou em terras com presença de índios isolados.
 Garantia de informação adequada aos povos indígenas e de acordo com
a legislação em vigor.
 Fundamentação das decisões de governo que afetam povos indígenas,
considerando suas formas próprias de organização e os direitos de
participação e de consulta livre prévia e informada.

Há 100 anos, o Estado brasileiro criou o Serviço de Proteção ao Índio e


Localização de Trabalhadores Nacionais – SPILTN –, a primeira estrutura
organizacional responsável por uma política indigenista oficial. A Fundação
Nacional do Índio – Funai –, hoje vinculada ao Ministério da Justiça, tem suas
origens relacionadas com a criação do extinto SPILTN, mais tarde denominado
apenas Serviço de Proteção aos Índios – SPI.

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Criado pelo Decreto-Lei nº 8.072, de 20 de junho de 1910, o SPI teve


como objetivo ser o órgão do Governo Federal encarregado de executar a
política indigenista. Sua principal finalidade era proteger os índios e, ao mesmo
tempo, assegurar a implementação de uma estratégia de ocupação territorial
do país. A criação do SPI modificou profunda- mente a abordagem da questão
indígena no Brasil.

A primeira Constituição, de 1824, ignorou completamente a existência


das sociedades indígenas, prevalecendo uma concepção da sociedade
brasileira como sendo homogênea. Consequentemente, não reconheceu
adversidade étnica e cultural do país e estabeleceu como sendo de
competência das Assembléias das Províncias a tarefa de promover a
catequese e de agrupar os índios em estabelecimentos coloniais, o que
acarretou impactos significativos sobre as terras ocupadas.

Mais de meio século depois, a Funai foi criada por meio da Lei nº 5.371,
de 5 de dezembro de 1967, em substituição ao SPI. Esta decisão
governamental foi tomada num momento histórico em que predominavam,
ainda, as ideias evolucionistas sobre a humanidade e o seu desenvolvimento
através de estágios. Esta ideologia de caráter etnocêntrico influenciou a visão
governamental, sendo que a Constituição vigente naquela época estabelecia a
figura jurídica da tutela e considerava os índios como “relativamente
incapazes”.

Mesmo reconhecendo a diversidade cultural entre as muitas sociedades


indígenas, a Funai tinha o papel de integrá-las, de maneira harmoniosa, na
sociedade nacional. Considerava-se que essas sociedades precisavam
“evoluir” rapidamente, até ser integradas, o que é considerado na prática como
uma negação da riqueza da diversidade cultural.

Posteriormente, com a edição da Lei nº 6.001 de 19 de dezembro de


1973, conhecida como Estatuto do Índio, se formalizaram os procedimentos a
serem adotados pela Funai para proteger e assistir as populações indígenas,
inclusive no que diz respeito à definição de suas terras e ao processo de

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regularização fundiária. O Estatuto do Índio representou um avanço em


relação à política indigenista praticada, estabelecendo novos referenciais no
que diz respeito à definição das terras ocupadas tradicionalmente pelos
índios. Entretanto, a nova política indigenista continuou ambígua no que se
refere ao reconhecimento da especificidade cultural dos índios, pois se
propunha a proteger as diferentes culturas indígenas ao mesmo tempo em
que objetivava sua integração na sociedade brasileira. Mesmo com os
avanços alcançados na abordagem da questão indígena, a função de tutela
continuou sendo exercida pelo Estado, reforçando a relação paterna- lista e
intervencionista deste para com as sociedades indígenas, mantendo-as
submissas e dependentes.’
O processo de democratização do Estado brasileiro, durante a década
de 1980, permitiu e incentivou a ampla discussão da chamada “questão
indígena” pela sociedade civil e pelos próprios índios, que começaram a se
conscientizar e a se organizar politicamente, num processo de participação
crescente nos assuntos de seu interesse. Nas discussões e atividades políticas
que envolveram o período de elaboração da Constituição, promulgada em
1988, foi intensa a atuação de entidades civis dedicadas à causa indígena,
bem como de entidades constituídas pelos próprios índios.

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A Constituição de 1988 instaurou um novo marco conceitual,


substituindo o modelo político pautado nas noções de tutela e de
assistencialismo por um modelo que afirma a pluralidade étnica como direito e
estabelece relações protetoras e promotoras de direitos entre o Estado e
comunidades indígenas brasileiras. Além disso, estabeleceu o prazo de cinco
anos para que todas as terras indígenas do país fossem demarcadas. Assim,
estas mudanças de visão, de abordagem e dos princípios que devem orientar a
ação do Estado exigiram uma reformulação dos seus mecanismos de ação
relativos às populações indígenas.

Um dos maiores desafios da política indigenista brasileira é melhorar a


integração e sinergia das ações do governo federal em parceria com estados,
municípios e sociedade civil, com vistas a maior eficiência e eficácia das
políticas. Passados mais de 20 anos da promulgação da Constituição, ainda
persistem situações de conflito que tornam vulneráveis os povos indígenas e
suas terras, invadidas por madeireiros, garimpeiros, atividades agropecuárias
ilegais, entre outras, decorrentes do processo de expansão econômica do país
nos últimos anos, sobretudo na Amazônia Legal.

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Para dar conta desses novos desafios, tem ocorrido uma reformulação
da política indigenista com a reestruturação da Funai, a criação da Comissão
Nacional de Política Indigenista – CNPI – e dos Comitês Regionais paritários,
espaços políticos estratégicos do protagonismo dos indígenas junto ao
governo. Nacionalmente, a CNPI constitui-se como um dos mais relevantes
espaços de articulação e pactuação de políticas públicas voltadas aos povos
indígenas, envolvendo vários órgãos do governo federal e representantes
indígenas de todas as regiões do país.

Mais recentemente foi criada a Secretaria Especial de Saúde Indígena


no âmbito do Ministério da Saúde, de modo a conferir maior eficácia ao
Subsistema de Saúde Indígena do SUS. Na área educacional, o tema passou a
ser de competência do Ministério da Educação, que por meio de articulação
com os Estados e Municípios é o responsável pelas ações destinadas à
educação escolar indígena. A coordenação das políticas e ações é realizada
pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade.

Na perspectiva de ampliar a proteção e a promoção dos direitos dos povos


indígenas centrada na superação de paradigmas conceituais de tutela e
assistencialismo, que historicamente referenciaram as ações governamentais com os
povos indígenas no Brasil, um conjunto de políticas e ações de longo prazo foi
desenvolvido, com destaque para o Programa Proteção e Promoção dos Direitos dos
Povos Indígenas, componente do Plano Plurianual do governo federal, coordenado
pela Funai desde 2008, com uma perspectiva de articulação e transversalidade das
políticas públicas e para Política Nacional de Gestão e Territorial e Ambiental de
Terras Indígenas – PNGATI –, instituída pelo Decreto nº 7747, de 05 de junho de
2012.

Aplicam-se aos cidadãos indígenas todas as leis do país, nos mesmos termos
que se aplicam aos demais cidadãos brasileiros. Entretanto, como amplamente
informado acima, o Estatuto do Índio e a Constituição Federal de 1988 previram que o
respeito aos sistemas culturais e normativos dos povos indígenas, como garantia de
sua sobrevivência e integridade, devendo ser reconhecido seus costumes, línguas,
filosofias, concepções lógicas e ordenamentos jurídicos.

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Nesse sentido, destaca-se que o Estado tem o dever de respeitar e


admitir coexistência de outros sistemas organizacionais ou ordens jurídicas
fundadas em normas, usos, costumes e tradições que regulem a vida social de
um povo indígena (pluralismo jurídico). Este respeito é imprescindível para a
garantia de um tratamento justo a ser dispensado aos indígenas, seus
familiares e suas comunidades, diante de um processo criminal.

O princípio da igualdade com respeito à diferença fez com que o


Estatuto do Índio, ao mesmo tempo em que antevisse a possibilidade de
condenação dos indígenas, determinasse a obrigatoriedade da utilização de
medidas diferenciadas em relação à penalidade a ser determinada e ao modo
de seu cumprimento.

Destarte, em caso de condenação, a lei indigenista brasileira prevê, em


nome do princípio do respeito à diferença, a necessária atenuação da pena e o
cumprimento em regime especial de semiliberdade no local de funcionamento
do órgão indigenista, mais próximo da habitação do condenado, conforme o
Artigo 56, único, Lei nº 6.001/73.

Contudo, Lacerda (2010) chama atenção ao ideário criado pelo senso


comum de que os índios são inimputáveis ou semi-inimputáveis. Corrige esta
distorção apontando que o Código Penal, em razão do princípio da isonomia,
estabelece igualmente as sanções aos indígenas assim como aos demais
cidadãos brasileiros.

O relatório preparado pelo Conselho Indigenista Missionário – CIMI–


(2010), citando dados do Departamento Penitenciário Nacional – DEPEN –,
revela que em dezembro de 2010 havia um total de 748 indígenas internos no
sistema penitenciário, sendo destes 56 mulheres e 692 homens. Tais dados
demonstram que os indígenas são um grupo social cada vez mais presente na
população carcerária do país. Em dezembro de 2012, estes dados oscilaram,
passando a 979 indígenas presos, sendo 924 homens e 55 mulheres. A tabela
ajuda a mostrar a evolução dos números no período.

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Indígenas internos no Sistema Penitenciário Brasileiro Dezembro de 2005


a Dezembro de 2010

Tabela: Rosane Lacerda.

Fonte: InfoPen-Estatística, Tabelas diversas (Apud, 2010)

É preciso lembrar, no entanto, que estes dados podem apresentar


inconsistências, pois nem sempre os estabelecimentos prisionais preenchem
adequadamente os sistemas de informações. Os dados não consideram as
pessoas detidas em cadeias públicas aguar- dando julgamento. Entre os
motivos destacam-se a posse de entorpecentes, furto, roubo, homicídios,
latrocínios, estelionato, posse irregular de armas, receptação, crime contra os
costumes, e outros.

A realidade carcerária indígena continua imensamente desconhecida,


não havendo dados relativos ao perfil dos indígenas submetidos ao sistema
prisional em termos de faixa etária, grupo lingüístico, tempo de contato com a
sociedade envolvente não indígena, acesso à intérprete durante a instrução
processual e a execução penal, condições de desenvolvi- mento de defesa,
acesso à visita de familiares, entre outros. Assim, é muito importante que sejam
produzidos estudos e informações que possam orientar a elaboração de
políticas penitenciárias para este segmento populacional, bem como auxiliem a
tomada de decisões de forma célere.

Outro aspecto que requer atenção das autoridades penitenciárias com


relação às populações indígenas presas diz respeito ao efeito que a privação

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de liberdade pode acarretar na saúde dos indígenas, mais vulneráveis às


doenças infectocontagiosas e a mudança de hábitos alimentares, bem como à
saúde mental, em razão da mudança de hábitos em um ambiente que impõe
ausência de liberdade. Por esta razão, uma medida desejada é que os
estabelecimentos penitenciários possam criar estratégias para implantação das
diretrizes e medidas preconizada na Política de Saúde das Populações
Indígenas, considerando as realidades e demandas locais e o incentivo à
participação e o controle social.

É oportuno ainda uma forte articulação com órgãos como a Funai para
implantação de ações específicas, de modo assegurar a assistência prestada à
população presa, em especial à orientação jurídica e acesso à justiça,
garantindo também atendimento psicossocial aos familiares, minimizando os
impactos negativos gerados pelo sistema prisional e as situações de
vulnerabilidades.

Populações Negras

Todas as formas de discriminação são prejudiciais para uma vida social


plena e digna. Contudo, a discriminação em virtude da raça e cor é uma das
mais difíceis de lidar em razão de um mito historicamente construído no Brasil,
baseado em uma pretensa democracia racial, fundamentada na pluralidade da
formação do povo brasileiro a partir do processo de aproximação entre as
populações indígenas originárias, europeus e negros africanos trazidos em
função da escravidão.

O racismo está presente em nossa sociedade ainda hoje,


lamentavelmente. Ele se caracteriza pela atitude depreciativa contra
determinadas pessoas ou grupos em razão das suas características física ou
culturais. Esta ação perpetrada busca delimitar uma distinção superior de
certos grupos devido a sua raça, cor, descendência ou origem nacional ou
étnica, a fim de manter ou fazer prevalecer seus interesses e impor relação
hierarquia na sociedade.

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Os movimentos sociais e especialistas identificam diferentes formas de


racismos. Chamamos atenção a uma de suas modalidades: o racismo
institucional, que consiste nas atitudes e medidas adotadas por instituições,
Estados e governos em favor de algum grupo racial que lhe confere vantagens
no acesso a programas, políticas e serviços.

Essa visão racista, muitas vezes alicerçadas em preconceitos originados


nas relações familiares, sociais e econômicas, acaba por fundamentar ações e
comportamentos discriminatórios com a finalidade de obstaculizar outrem de
usufruir de direitos e oportunidades no ambiente público ou privado. A
discriminação racial está presente em nosso dia a dia e assume muitas formas,
algumas bastante explícitas ou outras muito perversas, que são invisibilizadas
e tornam-se naturalizadas na sociedade, e pode ser agravada quando
associada a outras características como gênero, idade, orientação sexual,
religião etc.

Segundo dados do governo brasileiro, o país, possui instrumentos de


monitoramento sobre detenção no sistema penitenciário, segundo o qual a
população carcerária brasileira tem perfil preponderantemente jovem,
masculino, negro e de baixa escolaridade.

Em 2011, 53,6% da população no sistema penitenciário tinha entre 18 e


29 anos de idade, 93,6% eram homens, 57,6% eram negros e pardos e 34,8%
eram brancos. Além disso, 45,7% da população do sistema penitenciário
possuía ensino fundamental incompleto, enquanto apenas 0,4% possuía
ensino superior completo.

Percebe-se, portanto, a maior parte dos detentos são jovens e negros ou


pardos, dispondo de baixa escolaridade. A partir disso, pode-se concluir a
ligação que existe entre a pobreza, a vulnerabilidade dos grupos e a presença
destes no sistema prisional. Por essa razão, conclui o estudo que “este quadro
orienta as iniciativas multissetoriais para enfrentar o racismo institucional,
reduzir a pobreza e estimular a educação e a inclusão produtiva de jovens”.

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Apesar de inexistir um sistema protetivo específico aos negros presos, é


preciso levar em consideração todo o escopo de proteção jurídica que vem
sendo reafirmado no âmbito dos três poderes, e que, evidentemente, são
válidos dentro do presídio. Como já afirmado, o preso não perde a qualidade de
ser humano, de cidadão, e mantém o direito a ser plenamente respeitado como
pessoa e indivíduo, sendo cabível punição a qualquer ato discriminatório,
racista ou preconceituoso. É preciso lembrar sempre que a Constituição de
1988 criminaliza quaisquer formas de discriminação em virtude da raça, de
forma inafiançável e imprescritível. Esta é uma perspectiva importante.

Mas tentemos agora pensar o atendimento das populações negras


presas pela chave do cumprimento dos dispostos no Estatuto da Igualdade
Racial – Lei nº 12. 288, de 20 de julho de 2010, por meio das seguintes ações
do Estado:

 Inclusão nas políticas públicas de desenvolvimento econômico e


social;
 Adoção de medidas, programas e políticas de ação afirmativa;
 Modificação das estruturas institucionais do Estado para o
adequado enfrentamento e a superação das desigualdades
étnicas decorrentes do preconceito e da discriminação étnica;
 Promoção de ajustes normativos para aperfeiçoar o combate à
discriminação étnica e às desigualdades étnicas em todas as
suas manifestações individuais, institucionais e estruturais;
 Eliminação dos obstáculos históricos, socioculturais e
institucionais que impedem a representação da diversidade étnica
nas esferas pública e privada;
 Estímulo, apoio e fortalecimento de iniciativas oriundas da
sociedade civil direcionadas à promoção da igualdade de
oportunidades e ao combate às desigualdades étnicas, inclusive
mediante a implementação de incentivos e critérios de
condicionamento e prioridade no acesso aos recursos públicos;

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 Implementação de programas de ação afirmativa destinados ao


enfrentamento das desigualdades étnicas no tocante à educação,
cultura, esporte e lazer, saúde, segurança, trabalho, moradia,
meios de comunicação de massa, financiamentos públicos,
acesso à terra, à justiça, e outros.

Com advento deste diploma legal, o Brasil reforça compromisso com


termos da Convença Internacional sobre Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação Racial, da ONU, aprovada ainda na década de 1960.

No julgamento da ADPF 186, sobre ações afirmativas, em sede cautelar,


o Ministro Gilmar Mendes ressaltou o ponto da necessidade de se tratar o
diferente de forma diferenciada, especificamente relacionando este argumento
com a questão étnica:

De toda forma, é preciso enfatizar que, enquanto em muitos países o


preconceito sempre foi uma questão étnica, no Brasil o problema vem
associado a outros vários fatores, dentre os quais sobressai a posição ou o
status cultural, social e econômico do indivíduo. Como já escrevia nos idos da
década de 40 do século passado, Caio Prado Júnior, célebre historiador
brasileiro, a “classificação étnica do indivíduo se faz no Brasil muito mais pela
sua posição social; e a raça, pelo menos nas classes superiores, é mais função
daquela posição que dos caracteres somáticos” (PRADO JÚNIOR, Caio.
Formação do Brasil Contemporâneo. São Paulo: Brasiliense, 2006, p. 109).” E
continua: “Isso não quer dizer que não haja problemas raciais no Brasil. O
preconceito está em toda parte”. Como dizia Bobbio, “não existe preconceito
pior do que o acreditar não ter preconceitos” (BOBBIO, Norberto. Elogio da
serenidade e outros escritos morais. São Paulo: Unesp, 2002, p. 122).

O Ministro Levandowski, em seu voto, ressaltou o ciclo vicioso que o


preconceito enseja:

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A histórica discriminação dos negros e pardos, em contrapartida, revela


igualmente um componente multiplicador, mas às avessas, pois a sua
convivência multissecular com a exclusão social gera a perpetuação de uma
consciência de inferioridade e de conformidade com a falta de perspectiva,
lançando milhares deles, sobretudo as gerações mais jovens, no trajeto sem
volta da marginalidade social. Esse efeito, que resulta de uma avaliação
eminentemente subjetiva da pretensa inferioridade dos integrantes desses
grupos, repercute tanto sobre aqueles que são marginalizados como naqueles
que, consciente ou inconscientemente, contribuem para a sua exclusão.

Ao final, o ministro destacou o papel fundamental das ações afirmativas


e, no caso, das universidades, para se quebrar esse ciclo.

Agora é preciso indagar quais são os desafios para a implantação e o


desenvolvimento destas políticas no âmbito do sistema penitenciário no sentido
da reintegração social e promoção da cidadania. Um fator importante é a
produção de dados e informações considerando os quesitos de raça e etnia.
Eles são fundamentais para realização de diagnósticos o mais realista possível,
assim como a elaboração, implantação e avaliação de políticas.

O preenchimento dos campos relativos ao tema em muitas ocasiões não


respeita a informação a ser declarada pelo indivíduo, falseando a dimensão e
alcance do encarceramento da população negra e indígena, por exemplo. Da
mesma forma, o constrangimento vivido neste ambiente policial ou de reclusão
não oportuniza que o cidadão possa ser devidamente esclarecido sobre
alternativas disponíveis para resposta, tornando-se este ato mera formalidade.

Outro tema que merece atenção diz respeito à saúde das populações
negras. Sabemos que a discriminação racial é um fator determinante para
acesso e atendimento de qualidade. Os relatos registrados nos atendimentos
da Defensoria Pública e dos serviços de saúde no sistema prisional, analisado
em algumas pesquisas acadêmicas e organizações internacionais de saúde e
de direitos humanos, apontam que as pessoas deixaram de receber atenção

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adequada ou foram dificultadas em seu acesso aos serviços de saúde em


razão da sua raça ou etnia.

Por outro lado, percebe-se a necessidade de


ações em nível local, com adequado financiamento,
SAIBA MAIS
considerando as doenças e agravos à saúde com
maior incidência e prevalência nas populações
Em 2001 ocorreu em Durban, na
negras e indígenas.
África do Sul, a I Conferência Mundial
contra o Racismo, a Discriminação
Há, ainda, um chamado para a convergência
Racial, a Xenofobia e as Formas
Correlatas de Intolerância, de esforços no sentido de promover atividades
promovida pela ONU. O Brasil contou socioeducativas voltadas à população carcerária
com uma ampla delegação, sendo a
brasileira Ednad Roland a relatora para estimular o convívio entre si, reconhecendo e
geral. valorizando os saberes e a diversidade cultural.
O resultado final foi apresentado na
forma de uma Declaração e um
Da mesma forma, é preciso propiciar a
Programa de Ação, propondo aos capacitação do corpo funcional e de agentes do
Estados-membros ações concretas, a
sistema de justiça para assegurar o respeito
fim de que possam ser
acompanhadas e monitoradas em baseado em metodologias apropriadas para adultos.
diferentes dimensões. Além disso, é necessário criar campanhas
Naquela ocasião, os presentes institucionais e demais estratégias para visibilização
manifestaram “profundo repúdio ao
racismo, discriminação racial, das situações de desigualdades raciais que possam
xenofobia e intolerância correlata ajudar a sensibilizar agentes público, provocando
que persistem em alguns Estados no
mudanças comportamentais.
funcionamento dos sistemas penais e
na aplicação da lei, assim como nas
Por derradeiro, é valoroso registrar a
ações e atitudes de instituições e
indivíduos responsáveis pelo promulgação da Lei nº 12.966, de 24 de abril de
cumprimento da lei, especialmente 2014, sancionada pela Presidenta Dilma Rousseff,
nos casos em que isto tem
contribuído para que certos grupos que amplia aplicação da Ação Civil Pública, um
estejam excessivamente representa- instrumento processual em defesa de interesses
dos entre aqueles que estão sob
custódia ou encarcerados”.
difusos e coletivos, normatizado pela Lei nº
7.347/1995, passando a proteger também a honra e
a dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos.
Assim, a sociedade passa a contar com mais um

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mecanismo para garantir a realização de direitos,


entendendo a dimensão integral dos indivíduos e
suas relações comunitárias e culturais.

POPULAÇÕES ESTRANGEIRAS PRESAS E EGRESSAS DO SISTEMA


PRISIONAL

O consumo abundante e o mercado vêm estabelecendo novas formas


de produção e trocas em níveis mundiais e novas relações sociais com base na
circulação do capital. Esta realidade traz impactos na organização do Estado
de bem-estar social, que cada vez mais consegue assegurar a garantia e
inclusão de parcelas excluídas.

O fenômeno da globalização e a maior interação com países do


Mercado Comum do Sul

– Mercosul – têm intensificado a mobilidade das pessoas ao redor do


planeta. O Brasil tornou-se destino de muitas pessoas em virtude de redes
internacionais de crime, notadamente o de drogas. No país, noventa por cento
dos crimes relacionados por pessoas estrangeiras estão ligados ao tráfico de
drogas. Segundo dados do InfoPen, em dezembro de 2012 o número de
pessoas de origem estrangeira presa nos estabelecimentos prisionais
brasileiros era de 3.392, sendo 2.563 homens e 829 mulheres, perfazendo
aproximadamente 110 nacionalidades; entre estas destacam-se em maior
quantidade os países das Américas, com 1.616 pessoas, e da África com 982.
Há também pessoas apátridas.

A Constituição Federal primou pela isonomia entre brasileiros e


estrangeiros no que toca aos direitos e garantias fundamentais, sobretudo
àqueles elencados no Art. 5º. Dessa forma, é necessário ter em mente que,
uma vez preso, o estrangeiro deve ser tratado sem qualquer forma de
preconceito ou distinção em relação aos brasileiros. Todos os benefícios que
estão elencados na LEP aplicam-se, igualmente, ao estrangeiro, inclusive

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assistência judiciária gratuita pela Defensoria Pública, caso não possua


advogado particular ou fornecido pela missão diplomática.

Nos termos da Convenção de Viena sobre Relações Consulares, de


1963, as pessoas de outros países reclusas no Brasil devem receber apoio do
poder público em nível local caso não possam se comunicar em português.
Este auxílio pode, ainda, ser prestado pelo corpo consular do país de origem.

A distância de sua família e de sua comunidade pode provocar um


sentimento de solidão, pois acabam não recebendo visitas de forma periódica
ou mesmo correspondências e encomendas em virtude do alto preço dos
serviços postais. Assim, é preciso estar atento às dificuldades que possam
passa, evitando assim maiores prejuízos aos atendimentos prestados na área
psicossocial e de saúde.

O Conselho Nacional de Justiça– CNJ –, para instrumentalizar a citada


Convenção de Viena, editou a Resolução nº 162, de 2012, regulamentando a
necessidade de notificação da prisão de estrangeiro à missão diplomática do
país de origem do preso, ou, na sua falta, ao Ministério das Relações
Exteriores e ao Ministério da Justiça, respectivamente, no prazo de cinco dias.
Além disso, a autoridade judiciária deverá comunicar, no mesmo prazo, sempre
que houver progressão ou regressão de regime, concessão de livramento
condicional e extinção da punibilidade.

Salutar foi o entendimento da Defensoria Pública do Mato Grosso do


Sul, em conjunto com a Polícia Federal, que concedeu o direito do preso fazer
ligações telefônicas, por meio da linha do presídio, para o exterior e, assim,
conseguir comunicar-se com a sua família. No Estado de São Paulo, em
medida recente, o governo estabeleceu termo de cooperação com o Reino
Unido, assegurando aos presos ingleses a possibilidade de comunicação por
meio do uso de aplicativo eletrônico (Skype).

Uma particularidade do estrangeiro, que, em regra, não pode continuar


morando no país, é a necessidade de aceleração de seu processo de

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expulsão, quando então poderá ser beneficiado com o livramento condicional,


indulto e comutação pena A questão ainda é controversa: há diversos casos de
progressão de regime antes da expulsão, ou seja, mesmo que o estrangeiro
esteja irregular no país, como já decidiu o STJ (HC 123.329). Porém, isso pode
levar, muitas vezes, a que o estrangeiro vá viver na rua, em situação precária,
sem documentos ou condições de arrumar trabalho.

Em decisão recente, o Conselho Nacional de Imigração publicou a


Resolução Normativa nº 110, de 10 de abril de 2014, que autoriza a concessão
de permanência de caráter provisório aos presos que estão em condições de
progressão de regime, com fins ao estabelecimento de igualdade de condições
para cumprimento de penas por estrangeiros no território nacional. Com base
nesta Resolução, o Ministério da Justiça concederá, por determinação judicial,
a permanência provisória para que o estrangeiro possa gozar do benefício da
progressão de regime em situação de regularidade migratória. O estrangeiro ou
seu representante legal deverá solicitar ao juiz que seja determinado ao
Ministério da Justiça a concessão da permanência com base nessa resolução:

Art. 1º - O Ministério da Justiça concederá, em virtude de


decisão judicial, permanência de caráter provisório, a
titulo especial, a estrangeiros em cumprimento de pena
no Brasil.

Parágrafo único - A permanência de que trata o caput


deste artigo, será vinculada ao cumprimento da pena ou
à efetivação de sua expulsão.

O desafio, contudo, está na aplicação das assistências previstas na Lei


de Execução Penal – LEP –, também precárias entre os brasileiros e as
brasileiras. Podemos citar, por exemplo, a necessidade de garantir fluxograma
de atendimento, cor responsabilizando diferentes agentes envolvidos, como o
Judiciário, Ministério da Justiça, por meio da Polícia Federal e Departamento
de Estrangeiros, estabelecimentos penitenciários, defensorias públicas da

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União e dos Estados, Centros de Referência Especializados de Assistência


Social – CREAS –, entre outros.

No esquema a seguir são apresentadas, de forma sistematizada, as


ações desejáveis para adequado atendimento às pessoas presas e
egressas de origem estrangeira:

Item Ações Recomendadas Órgãos Envolvidos

Orientação sobre direitos e responsabilidades Unidade Prisional;


01 verbalmente e/ou por escrito, Corpo Consular;
preferencialmente no idioma da pessoa presa. Defensoria Pública.

Comunicação com familiares da pessoa


Unidade Prisional;
02 estrangeira presa ou egressa após a sua
Corpo Consular.
anuência.

Departamento de Estrangeiros do Ministério


03 Assistência Jurídica. da Justiça; Defensoria Pública da União;
Defensoria Pública do Estado.

Encaminhamento para atendimento Unidade Prisional;


04
psicossocial e de saúde. Serviço de Saúde em nível local.

Unidade Prisional;
05 Inclusão em programas de geração de renda.
Governos locais.

Atenção à pessoa estrangeira egressa do


Centro de Referência em Assistência Social;
06 sistema prisional (assistência em saúde,
Defensoria Pública Estadual.
serviço social, alimentação e habitação).

Corpo Consular;
Polícia Federal;
07 Apoio para traslado ao país de origem.
Departamento de Estrangeiros do Ministério
da Justiça.

Na expectativa de buscar esclarecimentos e estruturar os serviços de


assistências para a população presa e egressa do sistema prisional,
discussões e alguns eventos têm sido realizados. Julgamos pertinente citar,
como exemplo, alguns encaminhamentos sugeridos a partir do debate
promovido pelo Conselho Nacional de Justiça, nos Estados do Rio de Janeiro e
São Paulo, em 2012:

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 Necessidade de criação de um cadastro de tradutores/intérpretes


para viabilizar a comunicação dos presos estrangeiros, bem como
a tradução das principais peças processuais. Deve ser
assegurado ao preso estrangeiro o direito constitucional de
contatar com sua família, além de seu advogado ou defensor.
 Criação de política pública para moradia ou casas de passagem
para presos estrangeiros.

O estatuto da expulsão é previsto na Lei nº 6.815, de 19 de agosto de


1980, que define a situação de estrangeiro no Brasil, sendo uma prerrogativa
do Ministro de Estado da Justiça, conforme Decreto nº 3.447, de maio de 2000,
definir a conveniência ou oportunidade, assim como a revogação da expulsão
por meio de decreto. Compete ao Ministro da Justiça determinar a instauração
de inquérito para a expulsão do estrangeiro

Citamos abaixo as condições em que não se aplica a referida medida:

• se implicar extradição inadmitida pela lei brasileira; e quando o


estrangeiro tiver:

 cônjuge brasileiro do qual não esteja divorciado ou separado, de fato ou


de direito, e desde que o casamento tenha sido celebrado há mais de
cinco anos; ou
 filho brasileiro que, comprovadamente, esteja sob sua guarda e dele
dependa economicamente.

É necessário que os diferentes agentes públicos envolvidos no atendimento


ao preso e egresso estrangeiro conheça muito bem como funciona o processo
de expulsão para que o indivíduo possa receber as informações corretas e
tenha condição de acompanhar a sua tramitação:

 O Juiz, a Polícia Federal ou o Ministério Público deverão informar ao


Ministério da Justiça a prisão ou a condenação de qualquer pessoa
estrangeira que tenha cometido crime, para que providencie a autuação
de processo administrativo. Por despacho do Diretor do Departamento

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de Estrangeiros, é determinada a instauração de inquérito administrativo


para fins de expulsão.
 Os trâmites para instauração do inquérito estão regulamentados pelo
Artigo 103 e parágrafos do Decreto nº 86.175/81. Trata-se de
procedimento administrativo de coleta de informações para serem
encaminhadas pela Polícia Federal, em relatório conclusivo, ao
Ministério da Justiça. Nesta oportunidade, será concedido o direito
constitucional da ampla defesa ao estrangeiro.
 Após o Ministério da Justiça receber o referido inquérito e for verificado
que o mesmo se encontra devidamente instruído, será feita a análise de
mérito, objetivando verificar se o expulsando não se encontra amparado
pela legislação brasileira pelas causas excludentes de expulsabilidade,
previstas no Artigo 75, I e II, “a” e “b” da Lei nº 6.815/80, alterada pela
Lei nº 6.964/81.
 Caso se verifique que o estrangeiro seja passível de expulsão, será
encaminhado um parecer conclusivo ao Ministro da Justiça, que
determinará sobre a expulsão por portaria, por delegação de
competência do Presidente da República.
 A Portaria expulsória é condicionada, via de regra, ao cumprimento total
da pena ou à liberação do estrangeiro pelo Poder Judiciário. Para a
expulsão ser efetivada, o estrangeiro deve cumprir a pena ou ser
beneficiado com o livramento condicional da mesma e ser liberado pelo
Juiz da Vara de Execuções Criminais 1
 As despesas do traslado de regresso ao país de origem quando da
expulsão são custeadas pelo Estado Brasileiro, o que não impede que o
estrangeiro expulso se retire do país caso possua meios para
pagamento de sua passagem.

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JUVENTUDES PRIVADAS DE LIBERDADE

Para a Organização Mundial de Saúde – OMS – juventude é o período


compreendido entre os 18 e 29 anos. O conceito juventude tem caráter
sociológico. Contudo, considerando as diferentes características e práticas,
pode-se dizer que existem, na prática, um conceito sobre juventudes.

Segundo os dados do InfoPen, do Ministério da Justiça, a população


jovem está em maior quantidade presa, segundo o sistema de informação: em
dezembro de 2012 haviam 260 mil pessoas presas com até 29 anos,
aproximadamente 47% da população prisional. Este fato nos impõe um desafio
civilizatório quanto ao acesso dos jovens, notadamente das comunidades mais
pobres, às políticas públicas, programas e serviços que dialoguem com as suas
demandas e particularidades.

Em 2013, foi promulgada Lei nº 12.852, de 05 de agosto, que dispõe

FIQUE ATENTO
Trazemos um trecho do Estatuto da Juventude para você conhecer mais sobre a interface que esse assunto tem com a sua
prática profissional:

(...) Seção XI

Do Direito à Segurança Pública e ao Acesso à Justiça

Art. 37. Todos os jovens têm direito de viver em um ambiente seguro, sem violência, com garantia da sua incolumidade
física e mental, sendo-lhes asseguradas a igualdade de oportunidades e facilidades para seu aperfeiçoamento intelectual,
cultural e social.
Art. 38. As políticas de segurança pública voltadas para os jovens deverão articular ações da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios e ações não governamentais, tendo por diretrizes:

I - a integração com as demais políticas voltadas à juventude; II - a prevenção e


enfrentamento da violência;

III - a promoção de estudos e pesquisas e a obtenção de estatísticas e informações relevantes para subsidiar as ações de
segurança pública e permitir a avaliação periódica dos impactos das políticas públicas quanto às causas, às consequências e à
frequência da violência contra os jovens;
IV - a priorização de ações voltadas para os jovens em situação de risco, vulnerabilidade social e egressos do
sistema penitenciário nacional;
V - a promoção do acesso efetivo dos jovens à Defensoria Pública, considerando as especificidades da condição
juvenil;
VI - a promoção do efetivo acesso dos jovens com deficiência à justiça em igualdade de condições com as
demais pessoas, inclusive mediante a provisão de adaptações processuais adequadas a sua idade.

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sobre o Estatuto da Juventude e cria o Sistema Nacional de Juventude. Este


diploma legal prevê os direitos que devem ser assegurados à população jovem
por meio de implantação de políticas públicas. O estatuto tem como princípio a
articulação das políticas, o diálogo institucional nos diferentes níveis de
governo, e o protagonismo e participação da juventude na elaboração,
implantação e avaliação das ações do poder público e da iniciativa privada.

Dessa forma, estabelece a criação de órgãos específicos na


administração pública como instância para desenvolvimento de programas e
ações para a juventude. Apresenta como obrigatoriedade a existência de
conselhos de juventudes para definir diretrizes para a formulação de políticas,
fiscalizar e acompanhar a sua implantação.

É importante verificar com gestores penitenciários e demais secretarias


afetas ao tema, como educação, saúde, assistência social, emprego, entre
outros, de que maneira é possível fomentar o protagonismo dos jovens presos
e egressos do sistema prisional. Algumas metodologias favorecem a
identificação de medidas que podem ser desenvolvidas para promover a
cidadania e dignidade desta população, como rodas de conversas, oficinas
socioeducativas, teatro etc.

A experiência acumulada por setores da sociedade civil organizada e por


entidades representativas da juventude podem auxiliar no diálogo para
construção de projetos e iniciativas.

ATENÇÃO ÀS PESSOAS IDOSAS PRESAS

Também o idoso, como foi citado, tem garantida proteção especial pela
LEP, devendo ser recolhido em estabelecimento separado. Há previsão,
inclusive, para que tenha direito a um trabalho compatível com as suas
capacidades (Art. 32, §2º).

É muito importante que seja prestada a


assistência jurídica ao idoso considerando,
por exemplo, as disposições do Código Penal,

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que considera atenuante quando o agente


que comete o crime é maior de 70 (setenta)
anos. Na hipótese de condenação ao regime
aberto, admite-se o recolhimento em
residência particular do maior de 70 (setenta)
SAIBA MAIS anos (Art. 117 da LEP). Há, também, o
recurso chamado sursis humanitário, que é a
No sistema penitenciário de Rondônia suspensão condicional da pena, que ao idoso
é desenvolvido há quase duas décadas
o projeto Reabilitando pela Arte, se aplica quando a pena não é superior a
pela Associação Cultural de quatro anos (para os demais é não superior a
Desenvolvimento do Apenado e
Egresso – ACUDA –, coordenado pelo
dois anos), podendo ser suspensa de quatro a
dramaturgo Marcelo Felice. A partir seis anos (Art. 77, §2º, do Código Penal).
das trajetórias pessoais e discussões
Além disso, os prazos prescricionais correm
sobre temas relacionados aos direitos
humanos os detentos produzem
pela metade ao maior de 70 (setenta) anos
oficinas de peças teatrais. A
iniciativa já atendeu mais de 500 (Art. 115 do Código Penal).
apenados e a peça BIZARRUS virou
premiado filme. Torna-se oportuno apontar ainda outros
Veja mais em: aspectos no sentido de qualificar a atenção à
http://diariodacolonia.blogspot.com.br/
pessoa idosa presa, aquela com idade igual
ou superior a 60 (sessenta) anos. A
Organização Mundial de Saúde – OMS –,
frente ao processo de transição demográfica
vivido em todo o globo, formulou o conceito de
envelhecimento ativo, amparado no tripé
saúde, proteção social e participação social.

Nessa perspectiva, é urgente que os estabelecimentos prisionais


possam desenvolver ações coordenadas a fim de atender as necessidades
destes indivíduos, assegurando, por exemplo:

 local de moradia e atendimento adequados;


 adaptação dos espaços de circulação para as pessoas de baixa
mobilidade;

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 fornecimento de alimentação com base em dieta específica quando


prescrita pela equipe de saúde.

Não se pode perder de vista a necessidade de envolvimento das


pessoas idosas em atividades que estimulem o diálogo intergeracional como
esforço para criação das condições favoráveis ao convívio social quando em
liberdade. Para isso, as equipes técnicas nas unidades prisionais precisam
propiciar sempre que possível a aproximação dos idosos aos demais
sentenciados, evitando a segregação e exclusão das atividades de trabalho,
educação, cultura e lazer ou dos afazeres comuns dos presos no
estabelecimento prisional.

O Estatuto do Idoso, instituído pela Lei nº 10.741 de 1º de outubro de


2003, estabelece que a pessoa idosa tenha prioridade na formulação e
implantação das políticas públicas e requer atendimento preferencial.

Dessa maneira, o idoso preso pode solicitar, inclusive de próprio punho,


para o juiz celeridade no processo. Havendo manifestação favorável deverá ser
realizada marcação nos autos para o cumprimento da medida.

Outrossim, é prevista a gratuidade de transporte rodoviário interestadual,


tendo as companhias a obrigatoriedade de disponibilizar duas vagas em cada
veículo. Isto pode auxiliar muito o idoso egresso do sistema prisional que
queira retornar à sua cidade de origem em outro Estado onde pode contar com
apoio familiar, ou mesmo o idoso que tenha um ente preso em outro estado
que queira realizar uma visita social.

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SAIBA MAIS

Referências:
Material informativo de atenção à pessoa idosa presa
no sistema prisional. Disponível em:
http://www.reintegracaosocial.sp.gov.br. Clicar no
botão Ações de reintegração social e, em seguida,
documentos para baixar.

Filmes:

Um Sonho de Liberdade (drama, EUA, 1995) Diretor: Frank


Darabont.

Sinopse: com os atores Mordan Freeman, Tim Robbins e


Bob Gunton, o filme narra a experiência de um jovem preso
Figura 9 – Ilustração do material informativo
sobre população idosa presa produzido pela por um crime que não cometeu em 1946 na prisão mais
Secretaria da Administração Penitenciária do temida dos EUA. Lá ele vai ter que conviver com agente
Estado de São Paulo.
penitenciário corrupto e com presos que organizam e
manuações ilícitas.

O documento coíbe, proíbe e pune todas e quaisquer formas de


violência e maus-tratos contra o idoso. A administração pública e, por
conseguinte, o agente público tem a obrigatoriedade de criar mecanismos para
proteção dos direitos dos idosos

PESSOAS COM DEFICIÊNCIA FÍSICA OU MOBILIDADE REDUZIDA

Em nível internacional, após ampla


mobilização, consagrou-se a terminologia pessoas
com deficiência. As diferentes conquistas dos
movimentos de pessoas com deficiência e seus
familiares sinalizam para a necessidade de
implantação de direitos e políticas focalizadas. Com
isso, o tema ganhou centralidade na agenda pública,
deixando de ser tratado apenas no ambiente privado
como responsabilidade exclusiva das famílias.

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No Brasil, a Lei Federal nº 7.853/89 trata de


direitos básicos das pessoas com deficiência, eive
dos direitos à educação, saúde, trabalho, lazer,
previdência social, amparo à infância e à
maternidade e outros que, decorrentes da
VOCÊ SABIA
Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar
Há poucos e insuficientes dispositivos
na LEP a respeito, especificamente, do pessoal, social e econômico (Art. 2º). Toda a lei deve
deficiente físico. Apesar disso, em res- ser interpretada considerando-se “os valores básicos
peito aos dispositivos constitucionais
da igualdade de tratamento e oportunidade, da
que consagram a sua proteção, já cita-
dos em tópico anterior, é imprescindível justiça social, do respeito à dignidade da pessoa
a exigência legal que encontrem um humana, do bem-estar, e outros, indicados na
ambiente nas penitenciárias que seja
digno, adaptado às suas necessidades Constituição ou justificados pelos princípios gerais
especiais, a lhe proporcionar autonomia de direito” (Art. 1º, §1º). Cabe lembrar que o
em seu dia-a-dia.
deficiente mental não cumpre pena em
No 3º Plano Nacional de Direitos
estabelecimento prisional, mas está sujeito a
Humanos, instituído pelo Decreto nº
7.037, de 21 de dezembro de 2009, a estabelecimento próprio, onde se submete a
diretriz trata da modernização da medidas de segurança.
política de execução penal, priorizando
a aplicação de penas e medidas As pessoas presas com deficiência podem ter
alternativas à privação de liberdade e
melhoria do sistema penitenciário. iniciado sua condenação nesta condição ou
adquirido a deficiência em razão de tentativa de
evasão, violência institucional, conflitos internos ou
mesmo negligência quanto aos tratamentos de
saúde de forma preventiva.

Nesse sentido, cabe lembrar o disposto no Art. 13, 2, da Convenção de


Nova York sobre o direito das pessoas com deficiência, de hierarquia
constitucional. A norma citada dispõe que “a fim de assegurar às pessoas com
deficiência o efetivo acesso à justiça, os Estados-partes promoverão a
capacitação apropriada daqueles que trabalham na área de administração da
justiça, inclusive a polícia e os funcionários do sistema penitenciário”.

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Um ponto central que não vem sendo observado pelo Estado é a


adequação dos meios de mobilidade nos presídios, através da eliminação de
barreiras e da adaptação arquitetônica para que o deficiente possa ter sua
autonomia preservada. É preciso que se ofereça aos deficientes, conforme a
deficiência, condições para que, sendo possível, possam, sozinhos e
autonomamente, tomar banho, se deslocar, se exercitar, enfim praticar as
ações que todos os demais praticam.

A Lei nº 10.098/2000 dispõe claramente, em seu Art. 24, que incumbe


ao poder público destinar, anualmente, dotação orçamentária para as
adaptações, eliminações e supressões de barreiras arquitetônicas existentes
nos edifícios de uso público de sua propriedade e naqueles que estejam sob
sua administração ou uso. Assim, o STF já reconheceu a repercussão geral do
tema, passo para que seja examinada a constitucionalidade da pretensão de
que o poder judiciário determine que sejam feitas obras para adaptação nos
presídios.

As deficiências podem ser agrupadas segundo a sua natureza em:

 física ou motora
 mental ou intelectual
 sensorial (visual ou auditiva)

As equipes das unidades prisionais e as autoridades penitenciárias


devem progressivamente incorporar em sua prática profissional o atendimento
especializado considerando cada uma das deficiências. Quanto às pessoas
surdas é fundamental a compreensão da cultura surda e do comportamento da
sua comunidade, estratégias de comunicação e direito à intérprete em
situações oficiais, e outras como a apuração de faltas, orientações em direitos
e atendimentos psicossociais, adotando como referência a Língua Brasileira de
Sinais – LIBRAS. Não havendo quem possa atender em LIBRAS é importante
buscar falar de forma bem articulada e com tranquilidade, ou também tentar se
comunicar por escrito. Da mesma forma, as pessoas com deficiência visual

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total e parcial devem obter auxílio para garantia de acessibilidade na


locomoção e ter acesso ao uso de material em Braille.

A LEP garante às pessoas com deficiência o trabalho adequado às suas


condições, lembrando que o trabalho é elemento fundamental para garantir a
reintegração social do preso e sua dignidade. Além disso, o Art. 117 da LEP
admite o regime aberto em residência particular na hipótese da presa possuir
filho com deficiência física ou mental, como forma de proteção a ele.

Apesar de não haver decisão nesse sentido nos tribunais superiores, é


possível considerar que, na hipótese da pessoa com deficiência, ainda que
presa, tenha sua dignidade ferida por falta de adequação técnica do presídio
aos requisitos previstos por lei para a sua autonomia, seja indenizada por
danos morais. Em caso análogo, por não adequação de agência de banco –
que, diga-se de passagem, é apenas visitada pelo deficiente e, ainda que com
frequência, não é o local onde ele passa o seu dia a dia –, o Superior Tribunal
de Justiça considerou adequada a indenização por danos morais.
Consequentemente, em local que o deficiente preso é obrigado a ficar é de se
imaginar que o dano moral pelo descumpri- mento da lei por parte do Estado
seja ainda maior.

É salutar relembrar que as pessoas com deficiências têm prioridade no


atendimento em órgãos da administração pública, empresas públicas ou que
prestam serviços públicos e empresas financeiras nos termos da Lei nº 10.048,
de 08 de novembro de 2000.

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FIQUE ATENTO

O Plano Nacional de Política Criminal e Penitenciária estabelece como prioridade de ação“


a garantia de acessibilidade nas unidades prisionais, conforme a orientação da NBR9050”.
Trata-se de uma norma formulada pela Associação Brasileira de Normas Técnica

– ABNT – que dispõe de forma pormenorizada sobre procedimentos e referências técnicas


que deve ser empreendidas na construção, reforma ou adaptação para garantir o acesso,
permanência, habitabilidade e conforto da pessoa com deficiência em equipamentos
públicos.
No âmbito penitenciário, a medida contempla os indivíduos em cumprimento de penas,
seus familiares, defensores e corpo funcional. Deve ser observada não apenas no
estabelecimento prisional, mas em fóruns, cadeias públicas, centros de assistência, casa do
albergado etc, e no traslado entre esses equipamentos.

LÉSBICAS, GAYS, BISSEXUAIS ETRANSGÊNEROS

Para iniciar esta seção, é preciso relembrar definição conferida por Maria
Berenice Dias (2010):

A sexualidade abrange a dignidade e integra a própria


condição humana, sendo um direito fundamental que
acompanha o cidadão desde o seu nascimento, pois decorre
de sua própria natureza. Como direito do indivíduo, é um direito
natural, inalienável e imprescindível.

Este caminho é muito rico para podermos compreender a situação das


populações de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros – LGBT – presos ou
em cumprimento de medida alternativa.

Adotando os Princípios de Yogyakarta, a orientação sexual está


relacionada à atração emocional ou afetiva que as pessoas sentem por
indivíduos de outro gênero, do seu gênero ou de ambos, incluindo a

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manutenção de relações íntimas ou sexuais com estes, diferenciando assim da


ideia de opção sexual, que não leva em consideração a complexidade da
produção e vivência do desejo sexual. A identidade de gênero, por sua vez, diz
respeito à experiência interna e pessoal do gênero de cada pessoa, que pode
ou não estar associada ao sexo atribuído no nascimento, na sua aparência,
comportamentos e vesti- mentas, por exemplo.

As populações LGBT nos estabelecimentos prisionais vivenciam


situação de vulnerabilidade e são recorrentes os relatos de práticas
homofóbicas registrados na Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, na
Ouvidoria Nacional do Sistema Prisional, bem como nas Ouvidorias do Sistema
Prisional dos Estados e Distrito Federal. Além disso, o tema é discutido em
debates públicos ou pesquisas acadêmicas, gerando uma vasta produção de
conhecimento sobre o tema.

As recomendações feitas em diferentes oportunidades buscam:

 assegurar as visitas social e íntima homoafetivas;


 incluir este segmento populacional em atividades educativas e culturais,
e de trabalho;
 aplicar a Política Nacional de Saúde integral de LGBT, instituída pelo
Ministério da Saúde em 2010;
 respeitar a identidade de gênero de travestis e transexuais.

Os ministros do Supremo Tribunal Federal, em julgamento histórico em


2011, reconheceram a união estável para casais do mesmo sexo. Esta medida
ofereceu embasamento para harmonização dos procedimentos que autorizam
as visitas íntimas homoafetivas nas unidades prisionais, que apenas vinha
sendo liberada para alguns casais após decisão judicial.

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FIQUE ATENTO

Resolução CNPCP Nº 4, de 29 de junho de 2011

Recomenda aos Departamentos Penitenciários Estaduais ou órgãos congêneres seja


assegurado o direito à visita íntima a pessoa presa, recolhida nos estabelecimentos
prisionais.
Destacamos a seguir alguns artigos para elucidar o debate. (...)

Art. 1º – A visita íntima é entendida como a recepção pela pessoa presa, nacional ou
estrangeira, homem ou mulher, de cônjuge ou outro parceiro ou parceira, no
estabelecimento prisional em que estiver recolhido, em ambiente reservado, cuja
privacidade e inviolabilidade sejam as seguradas às relações heteroafetivas e homoafetivas.
Art.2º–O direito de visita íntima é, também, assegurado às pessoas presas casadas entre si,
em união estável ou em relação homoafetiva.
Art.3º–A direção do estabelecimento prisional deve assegurar à pessoa presa visita íntima de,
pelo menos, uma vez por mês.
Art. 4º – A visita íntima não deve ser proibida ou suspensa a título de sanção disciplinar,
excetuados os casos em que a infração disciplinar estiver relacionada com o seu exercício.

Para cumprimento deste direito, a direção dos estabelecimentos


prisionais devem criar condições favoráveis para a visitação, dialogando com
corpo funcional e propondo estratégias para designar local apropriado, criar
campanhas institucionais sobre direitos reprodutivos e prevenção à HIV/AIDS e
Doenças Sexualmente Transmissíveis – DST.

Outra frente de atuação diz respeito à identidade de gênero das travestis


e transexuais. A condição de reclusão e cumprimento de pena não impõe a
necessidade de corte de cabelos de travestis, por exemplo, ou a proibição de
roupas íntimas correspondentes à sua identidade de gênero.

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Uma medida instituída em alguns Estados, por meio de decretos, obriga


o tratamento nominal de travestis e transexuais pelo prenome social pelos
servidores públicos, reque- rendo a adequação dos bancos de dados para
cadastramento dos (das) cidadãos (ãs) e emissão de documentos para uso nos
atendimentos.

Todavia, a prática restringe-se, na maior parte das vezes, ao Poder


Executivo, não tendo efeito no âmbito do Judiciário e, portanto, é necessário
anotações no processo ou outras implicações decorrentes da identificação pelo
prenome social.

No Estado de Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul existem alas


ou pavilhões destinados à travestis e homossexuais. No Estado de São Paulo,
em recente Resolução de 2014, são estabelecidas diretrizes e procedimentos
de atenção integral a travestis e transexuais, compreendendo a aprofunda
dificuldade destas pessoas obterem atendimento adequado em virtude da
transfobia, ou seja, a aversão ou ódio infundado a transgêneros. O documento
dispõe sobre disponibilização de celas ou alas adequadas, manutenção da
identidade de gênero, acesso às políticas e serviços de saúde, educação e
trabalho.

Neste mesmo ano, a Resolução Conjunta nº 1, de 15 de abril de 2014 do


Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária – CNPCP – e Conselho
Nacional de Combate à Discriminação – CNCD/LGBT –, estabeleceu os
parâmetros de acolhimento de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros em
privação de liberdade no Brasil.

Para melhor compreensão apresenta a definição de cada um dos


segmentos, buscando dar visibilidade de forma a coibir estigmas e
preconceitos, uma vez que as políticas e ser- viços precisam atender as
demandas populacionais de forma adequada. Assim, temos:

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Lésbicas: denominação

FIQUE ATENTO específica para mulheres que se


relacionam afetiva e
Referências: sexualmente com outras
DIAS, Maria Berenice. Direitos humanos da mulheres.
populaçãoLGBT. In:Revista de Direitos Humanos, n. 6,
Brasília, Secretaria de Direitos Humanos da Presidência
Gays: denominação específica
da República do Brasil, 2010.

PADOVANI, Natália. No olho do fura- cão:


para homens que se relacionam
conjugalidades homossexuais e o direito à visita íntima afetiva e sexualmente com
na Penitenciária Feminina da Capital. CadernosPagu,
n.37, Campinas, julho/dezembro, 2011. outros homens.

Bissexuais: pessoas que se


relacionam afetiva e sexual-
mente com ambos os sexos.
Documentários nacionais:

Eu sou homem, de Márcia Cabral (2008) Travestis: pessoas que


Retratos, de Leo Tabosa e Rafael Negrão (2009) pertencem ao sexo masculino na
dimensão fisiológica, mas que
socialmente se apresentam no
gênero feminino, sem rejeitar o
sexo biológico.

Transexuais: pessoas que são psicologicamente de um sexo e


anatomicamente de outro, rejeitando o próprio órgão sexual biológico.

O documento amparado em um conjunto de ordenamentos legais


nacionais e de referência internacional organiza e harmoniza os procedimentos
a serem adotados nos estabelecimentos penitenciários em todo país.
Consagra, ainda, uma visão integral do sujeito, requerendo da administração
pública uma atuação articulada entre as áreas afetas ao tema e coordenada
entre os gestores públicos.

Além disso, consolida experiências vivenciadas nas unidades da


federação e pela União, além de incorporar reivindicações históricas das
organizações e movimentos sociais.

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Reafirma, por exemplo, o direito às visitas íntimas de casais que


mantenham relações homoafetivas, a adoção do tratamento de travestis e
transexuais pelo prenome social, assistência integral à saúde e geração de
trabalho e renda.

Em particular, o novo diploma legal inova a dispor sobre a formação


continuada dos servidores públicos do sistema prisional em temas relativos a
direitos humanos, diversidade sexual e identidade de gênero, assim como a
garantia, em igualdade de condições, ao benefício do auxílio-reclusão para os
dependentes da pessoa LGBT segurada reclusa, inclusive ao cônjuge ou
companheiro do mesmo sexo.

SAÚDE MENTAL NO SISTEMA PRISIONAL, DIVERSIDADE E O SISTEMA


PENITENCIÁRIO

A Organização dos Estados Americanos – OEA –, em diploma referente


aos princípios para atendimento às pessoas presas, enfatiza a necessidade de
adequado atendimento às pessoas com problemas e transtornos mentais
internadas, buscando prepará-la para o convívio social, articulando os serviços
de saúde mental de forma integrada, contínua e preventiva.

A saúde no sistema prisional é um dos temas mais sensíveis. Ainda é


corrente uma visão fortemente centrada nos aspectos relativos à segurança
para os quais se destinam grande parte dos recursos públicos. Uma medida
importante foi a criação do Plano Nacional de Saúde do Sistema Prisional,
instituída pela Portaria Interministerial MS/MJ nº 1.777, de 09 de setembro de
2003, que definem prioridades, metas e caracterização das equipes mínimas
de promoção e atendimento em saúde.

Mais recente, em janeiro de 2014, a partir de ampla revisão do plano, foi


publicada Portaria Interministerial nº 1/ MS/MJ, que institui a Política Nacional
de Atenção Integral à Saúde da Pessoa Privada de Liberdade no Sistema
Prisional –PNAISP.

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Nessa seção, vamos dedicar atenção aos sujeitos pacientes em saúde


mental. Iniciamos por descrever a situação dos pacientes dos Hospitais de
Custódia e Tratamento Psiquiátrico que, em razão de sua inimputabilidade,
cumprem medida de segurança nestes equipamentos.

Um dos maiores desafios observados é promover a aproximação e


fortalecimento dos vínculos familiares na perspectiva da desinternação como
pressuposto da política de saúde mental a partir da reforma psiquiátrica
realizada no Brasil. Este paradigma é fundamental o Conselho Nacional de
Política Criminal e Penitenciária retirar dentre os itens financiáveis a construção
de Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico.

Vê-se, assim, a necessidade de boa articulação da Rede de Atenção


Psicossocial – RAPS –, vinculada ao Sistema Único de Saúde, para acolher a
demandas crescentes, e os órgãos que integram sistema penal. Neste aspecto,
duas iniciativas revelam exitosas. Em Minas Gerais, o Programa de Atenção
Integral ao Paciente Judiciário portador de Sofrimento Mental – PAI-PJ –,
regulamentado pela Resolução nº 633/2010 do Tribunal de Justiça de Minas
Gerais, e em Goiás o Programa de Atenção Integral ao Louco Infrator – PAI/PJ
– buscam oferecer assistência humanizada ao louco infrator, incidindo
notadamente no preconceito sofrido por estes indivíduos quando em liberdade.

Uma análise mais detida nos possibilitará perceber que muitos usuários
de drogas, que em razão deste consumo cometeu um crime, estão em medida
de segurança nos HTCP’s, ou aguardando transferência para um dos hospitais.
Este cenário demonstra com maior urgência o esforço de construir
metodologias para atender este segmento populacional e promover protocolo
de integração dos serviços de saúde nas diferentes cidades, para que este
cidadão possa continuar o tratamento quando tiver sua periculosidade
suspensa pelo Juízo.

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Por fim, é oportuno informarmos sobre as pessoas presas em razão de


crime contra a dignidade sexual. Os dados, ainda que rarefeitos, sinalizam a
presença de um número elevado de homens condenados pelos crimes com
esta tipificação. Todavia, é crescente a presença de mulheres que respondem
a estes artigos.

Em alguns casos, quando o indivíduo em razão de distúrbio mental


cometeu o crime, o juízo estabelece o cumprimento de medida de segurança
nos HTCPs. Nos demais casos, a pena é cumprida em estabelecimentos
prisionais convencionais. Em alguns Estados, a gestão penitenciária procura
reservar espaço específico para alojamento para assegurar sua integridade,
uma vez que delitos desta natureza não são tolerados pelos internos.

Porém, o que se observa é necessidade de um conjunto de procedimentos e


referências técnicas de atendimento a este sujeito personalizando o serviço de
modo a prepará-los para o convívio em liberdade e coibir novas práticas.

FONTE: CAED/UFMG

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José Eduardo Cardozo Colaboração


DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO NACIONAL Eucídio Arruda
Diretor-Geral do Departamento Penitenciário Gisela Colaço Geraldi
Nacional Patrícia Sommer
Augusto Eduardo de Souza Rossini Sara Coutinho
DIRETORIA DE POLÍTICAS PENITENCIÁRIAS
Design Educacional
Diretor de Políticas Penitenciárias
Durcelina Ereni Pimenta Arruda
Luiz Fabrício Vieira Neto Revisão de Texto
ESCOLA NACIONAL DE SERVIÇOS PENAIS
Diretora da Escola Nacional de Serviços Penais Jussara Frizzera
Projeto Gráfico
Mara Fregapani Barreto
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS Departamento de Design/Caed
Formatação
GERAIS
Reitor Sérgio Luz
CONSELHO EDITORIAL
Prof. Jaime Arturo Ramirez Prof. André Márcio Picanço Favacho
Vice-Reitoria Profª Ângela Imaculada Loureiro de Freitas
Profª. Sandra Regina Goulart Almeida Dalben
Pró Reitor de Graduação Prof. Dan Avritzer
Prof. Ricardo Hiroshi Caldeira Profª Eliane Novato Silva
Takahashi Prof. Eucídio Pimenta Arruda
Pró Reitor Adjunto de Graduação Prof. Hormindo Pereira de Souza
Profª Paulina Maria Maia Barbosa
Prof. Walmir Matos Caminhas Profª Simone de Fátima Barbosa Tófani
Pró-Reitora de Extensão Profª Vilma Lúcia Macagnan Carvalho
Profª. Benigna Maria de Oliveira Prof. Vito Modesto de Bellis
Pró-Reitora Adjunta de Extensão Prof. Wagner José Corradi Barbosa
Profª. Cláudia Andrea Mayorga Borges
EQUIPE CASSP / UFMG
Coordenação geral:
Prof. Fernando Selmar Rocha Fidalgo
Coordenação Pedagógica:
Prof. Eucidio Pimenta Arruda
Coordenação Tecnológica:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
Prof. Wagner José Corradi Barbosa
Coordenação de Produção Audiovisual: Centro de Apoio à Educação a
Prof. Evandro José Lemos da Cunha Distância
Coordenação administrativa: Av. Pres. Antônio Carlos, 6.627 - Pampulha
Thatiana Marques dos Santos (Campus UFMG)
CENTRO DE APOIO DE EDUCAÇÃO À Unidade Administrativa III - Térreo - Sala 115
DISTÂNCIA - Belo Horizonte Minas Gerais – CEP: 30.270-
Diretor de Educação a Distância
901
Prof. Wagner José Corradi Barbosa
Coordenador da UAB/UFMG Telefax: (31) 3409-5526 - e-mail:
Prof. Eucidio Pimenta Arruda ead@ufmg.br
EDITORA CAED-UFMG
Editor
Prof. Fernando Selmar Rocha Fidalgo
Produção Editorial
Marcos Vinícius Tarquinio
Autores
Mariah Brochado
André Luzzi de Campos

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