If
Ia B
Q
y h A Hm
y
Io
P
Figura 1 – elementos geométricos de uma seção
a) Área molhada (A) – área da seção reta do escoamento, normal à direção do fluxo.
b) Perímetro molhado (P) – fronteira sólida do canal em contato com o líquido. A
superfície não faz parte do perímetro molhado.
c) Raio hidráulico (RH) – relação entre área molhada e perímetro molhado.
d) Altura d’água ou tirante d’água (y) – distância vertical do ponto mais baixo da seção
do canal até a superfície livre.
e) Altura do escoamento da seção (h) – altura do escoamento medido
perpendicularmente ao fundo do canal.
f) Largura de topo (B) – largura da seção do canal na superfície livre, função da forma
geométrica da seção e da altura d’água.
g) Altura hidráulica ou altura média (Hm) – é a relação entre A e B.
h) Declividade de fundo (Io) – declividade longitudinal do canal. I o = tgα ≅ senα .
i) Declividade piezométrica ou declividade da linha d’água (Ia).
j) Declividade da linha de energia (If) – variação da energia da corrente no sentido do
escoamento.
Classificação de escoamento:
O número de Reynolds é a relação entre a força de inércia e a força viscosa, sendo este
adimensional dado por:
1
V .R H
Re = , em que V é a velocidade média na seção considerada, RH o raio hidráulico e
ν
ν a viscosidade cinemática da água. Escoamento laminar implica Re < 500, entretanto, a
grande maioria das aplicações práticas ocorre em escoamentos turbulentos (Re > > > 500).
Todavia, o adimensional mais utilizado é o número de Froude, que é a raiz quadrada da
relação entre a força de inércia e a força da gravidade, dado pela expressão:
V
Fr =
g .H m
E a classificação dos escoamentos livres que ocorrem nas aplicações práticas é:
a) escoamento subcrítico ou fluvial, Fr < 1;
b) escoamento supercrítico ou torrencial, Fr > 1;
c) escoamento crítico, Fr = 1;
Uniforme
G.V.
M.P.B.V.
G.V.
M.P.B.V.
Uniforme
Figura 2 – G.V. → gradualmente variado; M.P.B.V. → movimento permanente bruscamente
variado.
2
velocidade média é a média aritmética entre as velocidade pontuais a 0,2 h e 0,8 h, em que h é
a profundidade da seção longitudinal, ou aproximadamente igual à velocidade pontual a 0,4 h.
0,8
Vmax
0,7 Vmed
1
0,6
Z
v
Uma outra componente da equação de energia é a carga de pressão P/γ em
determinado ponto do escoamento e pode ser medida por um piezômetro através da altura
alcançada pela água neste instrumento. Nos canais a serem estudados, abertos ou fechados,
com fraca declividade, considera-se uma distribuição hidrostática da pressão (p = γh)
similarmente ao que foi estudado para líquidos em repouso, e a linha piezométrica nestas
circunstâncias coincidirá com a linha d’água.
Assim, a grande maioria dos casos estudados, a linha de pressão é hidrostática e a
V2
equação da energia se apresenta como H = z + y + , em que o α de Coriolis é igual a 1
2g
sem prejuízo de cálculo para obras hidráulicas.
y
αV2/2g
If
Ia
Q
y Linha piezométrica
θ Io
x
z
P.H.R.
Remanso
3
A equação do remanso é derivada da equação da energia disponível por unidade de
peso em determinada seção.
V2 dH dz dE
H = z+y+ =z+E→ = +
2g dx dx dx
dH dz dE dE
= −I f e = −I o → = I o − I f . Como será visto adiante = 1 − Fr 2 . Assim:
dx dx dx dy
dy I o − I f
= . A solução desta equação (y = f(x)), ou sua integral, é a equação de
dx 1 − Fr 2
remanso, não sendo resolúvel explicitamente, no entanto vários métodos têm sido
desenvolvidos para sua solução.
Equações de resistência
A equação (5) de condutos forçado pode ser aproveitada em conduto livre, apenas
substituindo a perda de carga unitária (J) com a declividade de fundo dos canais (Io), assim:
ρfV 2
τ o = γRH I o , igualando-se à tensão de cisalhamento τ o = , obtida na definição de
8
velocidade crítica (u*) no Resumo I, e desenvolvendo, tem-se a expressão:
8g 8g
V = R H I o , fazendo C = ⇒ V = C R H I o , fórmula de Chézy, em que C é o
f f
coeficiente de rugosidade de Chézy. Muitos têm contribuído, ao longo do tempo, com
fórmulas empíricas para determinação deste coeficiente. Uma relação simples e mais
empregada na atualidade recai na proposta de Manning (1989), por intermédio de resultados
experimentais obtidos por ele e outros pesquisadores, incorporando o raio hidráulico.
16
RH
C= , que substituído na fórmula de Chézy (da velocidade) proporciona:
n
1
V = R H2 3 I 01 2 , que é a fórmula de Manning válida para escoamento permanente,
n
uniforme e turbulento rugoso, com grande número de Reynolds. Multiplicando-se ambos os
membros da fórmula de Manning pela área A, tem-se a equação base para dimensionamento
de canais:
nQ
= AR H2 3 ,..................................................................................................................(1)
Io
em que:
n – coeficiente de rugosidade de Manning, s/m0,333;
Q – vazão, m3/s;
4
Uma das metodologias atuais é a produzida por Porto (1999), que exprimiu A e RH em
função de uma das dimensões características da seção, denominada λ, assim:
A = α λ2 e RH = β λ , em que α e β são os parâmetros de forma da seção, ou seja, fixada
a forma geométrica da seção do canal, esses parâmetros podem ser determinados de uma vez
para sempre. Substituindo na fórmula 1:
nQ 23
= α λ2 (β λ ) = α β 2 3 λ8 3 . Denominando o membro esquerdo de L e o termo
Io
α β 2 3 de R, tem-se:
3
L 8
λ = . Chamando, ainda, M = L3 8 como coeficiente dinâmico e K = R 3 8 como
R
M
coeficiente de forma, essa equação pode ser simplificada para λ = .
K
NA Zyo
yo 1
Z
α
b
Figura 3 Elementos geométricos da seção trapezoidal
Escolhendo-se λ = y o , tem-se:
1
A = α y o2 = (2b + 2 Zy o ). y o ⇒ A = (b + Zy o ). y o e α = m + Z
2
A (b + Zy o ). y o m+Z
RH = β y o = = ⇒β =
2
P b + 2 yo 1 + Z m + 2 1+ Z 2
Sabendo-se que R = α β 23
⇒ R = (m + Z )
(m + Z )2 3 =
(m + Z )5 3 , mas
(m + 2 1 + Z ) (m + 2 1 + Z )
2
23
2
23
5
38
(m + Z )5 3 ..............................................................................................(2)
K=
(
m + 2 1+ Z 2 2 3
)
E dessa forma, a fórmula de Manning pode ser reescrita de modo simples como:
M
yo = ...........................................................................................................................(3)
K
Z58
Para a seção triangular - m = 0 ⇒ K = ,................................................(4)
(
1,19 1 + Z 2
)
14
58
m
Para a seção retangular - Z = 0 ⇒ K = ,.........................................................(5)
(m + 2 )1 4
6
Tabela – 1 Valores do coeficiente K para canais trapezoidais, retangulares e triangulares
m=b/y0 z=0,0 z=0,50 z=1,0 z=1,25 z=1,50 z=1,75 z=2,0 z=2,25 z=2,50 z=2,75 z=3,0 z=3,25 z=3,50 z=4,0
0 0,000 0,530 0,771 0,859 0,935 1,001 1,060 1,114 1,163 1,209 1,252 1,293 1,332 1,403
0,2 0,300 0,640 0,849 0,928 0,997 1,058 1,113 1,163 1,210 1,253 1,294 1,333 1,369 1,438
0,4 0,453 0,734 0,920 0,992 1,055 1,112 1,163 1,210 1,254 1,295 1,334 1,371 1,406 1,472
0,6 0,572 0,817 0,985 1,051 1,110 1,162 1,210 1,255 1,296 1,335 1,372 1,407 1,441 1,504
0,8 0,672 0,892 1,046 1,107 1,161 1,210 1,255 1,297 1,337 1,374 1,409 1,443 1,475 1,536
1 0,759 0,960 1,102 1,159 1,210 1,256 1,299 1,338 1,376 1,411 1,445 1,478 1,509 1,568
1,2 0,837 1,023 1,155 1,208 1,256 1,300 1,340 1,378 1,414 1,448 1,480 1,511 1,541 1,598
1,4 0,908 1,081 1,205 1,255 1,300 1,341 1,380 1,416 1,450 1,483 1,514 1,544 1,573 1,628
1,6 0,973 1,136 1,252 1,299 1,342 1,381 1,418 1,453 1,485 1,516 1,546 1,575 1,603 1,656
1,8 1,034 1,187 1,297 1,342 1,383 1,420 1,455 1,488 1,519 1,549 1,578 1,606 1,633 1,685
2 1,090 1,235 1,340 1,383 1,421 1,457 1,491 1,522 1,552 1,581 1,609 1,636 1,662 1,712
2,2 1,143 1,281 1,381 1,422 1,459 1,493 1,525 1,556 1,585 1,613 1,639 1,666 1,691 1,739
2,4 1,193 1,325 1,420 1,460 1,495 1,528 1,559 1,588 1,616 1,643 1,669 1,694 1,719 1,766
2,6 1,240 1,367 1,458 1,496 1,530 1,561 1,591 1,619 1,646 1,672 1,698 1,722 1,746 1,792
2,8 1,285 1,407 1,495 1,531 1,564 1,594 1,623 1,650 1,676 1,701 1,726 1,749 1,773 1,817
3 1,328 1,446 1,530 1,565 1,596 1,626 1,653 1,680 1,705 1,729 1,753 1,776 1,799 1,842
3,2 1,369 1,483 1,564 1,598 1,628 1,657 1,683 1,709 1,733 1,757 1,780 1,802 1,824 1,867
3,4 1,409 1,519 1,597 1,630 1,659 1,687 1,712 1,737 1,761 1,784 1,806 1,828 1,849 1,891
3,6 1,447 1,554 1,630 1,661 1,689 1,716 1,741 1,765 1,788 1,810 1,832 1,853 1,874 1,914
3,8 1,484 1,587 1,661 1,691 1,719 1,744 1,769 1,792 1,814 1,836 1,857 1,878 1,898 1,937
4 1,519 1,620 1,691 1,720 1,747 1,772 1,796 1,818 1,840 1,861 1,882 1,902 1,922 1,960
4,2 1,553 1,651 1,721 1,749 1,775 1,799 1,822 1,844 1,865 1,886 1,906 1,926 1,945 1,983
4,4 1,587 1,682 1,749 1,777 1,802 1,826 1,848 1,870 1,890 1,910 1,930 1,949 1,968 2,005
4,6 1,619 1,712 1,777 1,804 1,829 1,852 1,874 1,894 1,915 1,934 1,953 1,972 1,991 2,027
4,8 1,650 1,741 1,805 1,831 1,855 1,877 1,898 1,919 1,939 1,958 1,976 1,995 2,013 2,048
5 1,681 1,769 1,832 1,857 1,880 1,902 1,923 1,943 1,962 1,981 1,999 2,017 2,035 2,069
5,2 1,710 1,797 1,858 1,883 1,905 1,927 1,947 1,966 1,985 2,003 2,021 2,039 2,056 2,090
5,4 1,739 1,824 1,883 1,908 1,930 1,951 1,970 1,989 2,008 2,026 2,043 2,060 2,077 2,110
5,6 1,767 1,850 1,908 1,932 1,954 1,974 1,994 2,012 2,030 2,048 2,065 2,081 2,098 2,131
5,8 1,795 1,876 1,933 1,956 1,978 1,997 2,016 2,034 2,052 2,069 2,086 2,102 2,119 2,150
7
... continuação da tabela – 1
m=b/y0 z=0,0 z=0,50 z=1,0 z=1,25 z=1,50 z=1,75 z=2,0 z=2,25 z=2,50 z=2,75 z=3,0 z=3,25 z=3,50 z=4,0
6 1,822 1,901 1,957 1,980 2,001 2,020 2,039 2,056 2,073 2,090 2,107 2,123 2,139 2,170
6,2 1,848 1,926 1,981 2,003 2,023 2,042 2,060 2,078 2,095 2,111 2,127 2,143 2,159 2,189
6,4 1,874 1,950 2,004 2,026 2,046 2,064 2,082 2,099 2,116 2,132 2,148 2,163 2,178 2,209
6,6 1,899 1,974 2,027 2,048 2,068 2,086 2,103 2,120 2,136 2,152 2,168 2,183 2,198 2,227
6,8 1,923 1,997 2,049 2,070 2,089 2,107 2,124 2,141 2,156 2,172 2,187 2,202 2,217 2,246
7 1,948 2,020 2,071 2,092 2,111 2,128 2,145 2,161 2,176 2,192 2,207 2,221 2,236 2,265
7,2 1,971 2,043 2,093 2,113 2,132 2,149 2,165 2,181 2,196 2,211 2,226 2,240 2,255 2,283
7,4 1,995 2,065 2,114 2,134 2,152 2,169 2,185 2,201 2,216 2,230 2,245 2,259 2,273 2,301
7,6 2,018 2,087 2,135 2,155 2,172 2,189 2,205 2,220 2,235 2,249 2,263 2,277 2,291 2,319
7,8 2,040 2,108 2,156 2,175 2,192 2,209 2,224 2,239 2,254 2,268 2,282 2,296 2,309 2,336
8 2,062 2,129 2,176 2,195 2,212 2,228 2,243 2,258 2,272 2,286 2,300 2,314 2,327 2,353
8,2 2,084 2,150 2,196 2,215 2,232 2,247 2,262 2,277 2,291 2,305 2,318 2,331 2,345 2,371
8,4 2,105 2,171 2,216 2,234 2,251 2,266 2,281 2,295 2,309 2,323 2,336 2,349 2,362 2,388
8,6 2,126 2,191 2,235 2,253 2,270 2,285 2,300 2,314 2,327 2,340 2,354 2,366 2,379 2,404
8,8 2,147 2,211 2,254 2,272 2,288 2,303 2,318 2,331 2,345 2,358 2,371 2,384 2,396 2,421
9 2,167 2,230 2,273 2,291 2,307 2,322 2,336 2,349 2,362 2,375 2,388 2,401 2,413 2,438
9,2 2,188 2,249 2,292 2,309 2,325 2,340 2,353 2,367 2,380 2,393 2,405 2,417 2,430 2,454
9,4 2,207 2,268 2,311 2,328 2,343 2,357 2,371 2,384 2,397 2,410 2,422 2,434 2,446 2,470
9,6 2,227 2,287 2,329 2,345 2,361 2,375 2,388 2,401 2,414 2,426 2,439 2,451 2,462 2,486
9,8 2,246 2,306 2,347 2,363 2,378 2,392 2,406 2,418 2,431 2,443 2,455 2,467 2,479 2,502
10 2,265 2,324 2,364 2,381 2,396 2,409 2,423 2,435 2,447 2,459 2,471 2,483 2,495 2,517
10,2 2,284 2,342 2,382 2,398 2,413 2,426 2,439 2,452 2,464 2,476 2,487 2,499 2,510 2,533
10,4 2,302 2,360 2,399 2,415 2,430 2,443 2,456 2,468 2,480 2,492 2,503 2,515 2,526 2,548
10,6 2,321 2,378 2,417 2,432 2,446 2,460 2,472 2,484 2,496 2,508 2,519 2,530 2,541 2,563
10,8 2,339 2,395 2,433 2,449 2,463 2,476 2,489 2,500 2,512 2,524 2,535 2,546 2,557 2,579
11 2,357 2,412 2,450 2,466 2,479 2,492 2,505 2,516 2,528 2,539 2,550 2,561 2,572 2,594
11,2 2,374 2,429 2,467 2,482 2,496 2,508 2,521 2,532 2,544 2,555 2,566 2,576 2,587 2,608
11,4 2,392 2,446 2,483 2,498 2,512 2,524 2,536 2,548 2,559 2,570 2,581 2,591 2,602 2,623
11,6 2,409 2,463 2,499 2,514 2,528 2,540 2,552 2,563 2,574 2,585 2,596 2,606 2,617 2,638
11,8 2,426 2,479 2,515 2,530 2,543 2,556 2,567 2,579 2,589 2,600 2,611 2,621 2,632 2,652
8
... continuação da tabela – 1
m=b/y0 z=0,0 z=0,50 z=1,0 z=1,25 z=1,50 z=1,75 z=2,0 z=2,25 z=2,50 z=2,75 z=3,0 z=3,25 z=3,50 z=4,0
12 2,443 2,495 2,531 2,546 2,559 2,571 2,583 2,594 2,605 2,615 2,626 2,636 2,646 2,666
12,2 2,459 2,511 2,547 2,561 2,574 2,586 2,598 2,609 2,619 2,630 2,640 2,650 2,660 2,680
12,4 2,476 2,527 2,563 2,577 2,590 2,601 2,613 2,624 2,634 2,645 2,655 2,665 2,675 2,695
Obs. Z = 0 implica em canal retangular, que é a coluna dos Z = 0,0; m = 0 implica em canal triangular dado pela primeira linha e para as demais
linhas e colunas o canal é trapezoidal.
9
Trapézio de mínimo perímetro molhado
10
Tabela 2 Valores dos coeficientes de rugosidade da fórmula de Manning.
condições
Natureza das paredes Muito Regu-
Boas Más
boas lares
Tubos de ferro fundido sem revestimento 0,012 0,013 0,014 0,015
Idem, com revestimento de alcatrão 0,011 0,012* 0,013* ---
Tubos de ferro galvanizado 0,013 0,014 0,015 0,017
Tubos de bronze ou de vidro 0,009 0,010 0,011 0,013
Condutos de barro vitrificado, de esgotos 0,011 0,013* 0,015 0,017
Condutos de barro, de drenagem 0,011 0,012* 0,014* 0,017
Alvenaria de tijolos com argamassa de cimento: ------ ------ ------ ------
Condutos de esgoto, de tijolos 0,012 0,013 0,015* 0,017
Superfícies de cimento alisado 0,010 0,011 0,012 0,013
Superfícies de argamassa de cimento 0,011 0,012 0,013* 0,015
Tubos de concreto 0,012 0,013 0,015 0,016
Condutos e aduelas de madeira 0,010 0,011 0,012 0,013
Calhas de prancha de madeira aplainada 0,010 0,012* 0,013 0,014
Idem, não aplainada 0,011 0,013* 0,014 0,015
Idem, com pranchões 0,012 0,015* 0,016 ------
Canais com revestimento de concreto 0,012 0,014* 0,016 0,018
Alvenaria de pedra argamassa 0,017 0,020 0,025 0,030
Alvenaria de pedra seca 0,025 0,033 0,035 0,035
Alvenaria de pedra aparelhada 0,013 0,014 0,015 0,017
Calhas metálicas lisas (semicirculares) 0,011 0,012 0,013 0,015
Idem, corrugadas 0,023 0,025 0,028 0,030
Canais de terras, retilíneos e uniformes 0,017 0,020 0,023 0,025
Canais abertos em rocha, lisos e uniformes 0,025 0,030 0,033* 0,035
Canais abertos em rocha, irregulares, ou de paredes de ------ ------ ------ ------
Pedra irregulares e mal-arrumadas. 0,035 0,040 0,045 ------
Canais dragados 0,025 0,028 0,030 0,033
Canais curvilíneos e lamosos 0,023 0,025* 0,028 0,030
Canais com leito pedregoso e vegetação aos taludes 0,025 0,030 0,035* 0,040
Canais com fundo de terra e taludes empedrados 0,028 0,030 0,033 0,035
ARROIS E RIOS ------ ------ ------ ------
1. Limpos, retilíneos e uniformes 0,025 0,028 0,030 0,033
2. Como em 1, porém com vegetação e pedras 0,030 0,033 0,035 0,040
3. Com meandros, banco e poções pouco profundos, ------ ------ ------ ------
limpos 0,035 0,040 0,045 0,050
4. Como em 3, águas baixas, declividade fraca 0,040 0,045 0,050 0,055
5. Como em 3, com vegetação e pedras 0,033 0,035 0,040 0,045
6. Como em 4, com pedras 0,045 0,050 0,055 0,060
7. Com margens empraiadas, pouca vegetação 0,050 0,060 0,070 0,080
8. Com margens empraiadas, muita vegetação 0,075 0,100 0,125 0,150
* valores aconselhados para projetos
Obs. “Prevendo-se o aumento da rugosidade das paredes e fundos de canais, pelo uso e má
manutenção, recomenda-se adotar como coeficiente de rugosidade de projeto, valores de 10%
a 15% maiores do que os apresentados na tabela, para o revestimento usado. Em outras
palavras, o projetista deve prever o “envelhecimento” do canal”. (Porto, 1999).
11
Canais circulares
B
NA
x
y D
θ y0
A = D2
(θ − senθ ) ,.........................................................................................................(6)
8
θD
P= ,..........................................................................................................................(7)
2
θ
B = D sen ,....................................................................................................................(8)
2
θ = 2 arc cos1 − 2 y 0 D ,...............................................................................................(9)
em que:
12
38
nQ
M = e
I
o
38
senθ
23
(θ − senθ ) 1 −
θ ,...........................................................................(11)
K 1 =
8 4
y
Ao proporcionar valores ao adimensional o chega-se à conclusão dos valores de θ
D
(pela equação 9) e daí aos valores de K1, o que faculta montagem do quadro ou tabela 3
(Porto, 1999).
Tabela 3
yo/D θ K1 yo/D θ K1 yo/D θ K1
0,01 0,4007 0,024 0,34 2,4901 0,384 0,67 3,8354 0,592
0,02 0,5676 0,042 0,35 2,5322 0,392 0,68 3,8781 0,596
0,03 0,6963 0,058 0,36 2,5740 0,400 0,69 3,9212 0,600
0,04 0,8054 0,073 0,37 2,6155 0,407 0,70 3,9646 0,605
0,05 0,9021 0,088 0,38 2,6569 0,415 0,71 4,0085 0,609
0,06 0,9899 0,101 0,39 2,6980 0,423 0,72 4,0528 0,613
0,07 1,0711 0,115 0,40 2,7389 0,430 0,73 4,0976 0,617
0,08 1,1470 0,127 0,41 2,7796 0,437 0,74 4,1429 0,621
0,09 1,2188 0,140 0,42 2,8202 0,445 0,75 4,1888 0,624
0,10 1,2870 0,152 0,43 2,8607 0,452 0,76 4,2353 0,628
0,11 1,3523 0,164 0,44 2,9010 0,459 0,77 4,2825 0,631
0,12 1,4150 0,175 0,45 2,9413 0,465 0,78 4,3304 0,635
0,13 1,4755 0,186 0,46 2,9814 0,472 0,79 4,3791 0,638
0,14 1,5340 0,197 0,47 3,0215 0,479 0,80 4,4286 0,641
0,15 1,5908 0,208 0,48 3,0616 0,486 0,81 4,4791 0,644
0,16 1,6461 0,219 0,49 3,1016 0,492 0,82 4,5306 0,646
0,17 1,7000 0,229 0,50 3,1416 0,499 0,83 4,5832 0,649
0,18 1,7526 0,240 0,51 3,1816 0,505 0,84 4,6371 0,651
0,19 1,8041 0,250 0,52 3,2216 0,511 0,85 4,6924 0,654
0,20 1,8546 0,260 0,53 3,2617 0,517 0,86 4,7492 0,656
0,21 1,9041 0,269 0,54 3,3018 0,523 0,87 4,8077 0,658
0,22 1,9528 0,279 0,55 3,3419 0,529 0,88 4,8682 0,659
0,23 2,0007 0,288 0,56 3,3822 0,535 0,89 4,9309 0,661
0,24 2,0479 0,298 0,57 3,4225 0,540 0,90 4,9962 0,662
0,25 2,0944 0,307 0,58 3,4630 0,546 0,91 5,0644 0,663
0,26 2,1403 0,316 0,59 3,5036 0,552 0,92 5,1362 0,664
0,27 2,1856 0,324 0,60 3,5443 0,557 0,93 5,2121 0,664
0,28 2,2304 0,333 0,61 3,5852 0,562 0,94 5,2933 0,664
0,29 2,2747 0,342 0,62 3,6263 0,567 0,95 5,3811 0,664
0,30 2,3186 0,351 0,63 3,6676 0,572 0,96 5,4778 0,663
0,31 2,3620 0,359 0,64 3,7092 0,577 0,97 5,5869 0,662
0,32 2,4051 0,368 0,65 3,7510 0,582 0,98 5,7156 0,660
0,33 2,4478 0,376 0,66 3,7931 0,587 0,99 5,8825 0,656
Exercícios resolvidos em sala de aula
13
. O canal trapezoidal, de dimensões geométricas conforme figura abaixo, apresenta
declividade longitudinal 40 cm/km e rugosidade de fundo e laterais 0,013. Calcular a vazão.
1,0 m
30°
2,50 m
Solução
Dados:
Io = 40 cm/km = 0,4 m/1000 m = 0,0004 m/m
n = 0,013
Z = cot g 30º = 1,732
b 2,50
m= = = 2,50
yo 1
38
Pela fórmula (2) e (3) 1 =
M
⇒M =K =
(2,5 + 1,732)5 3 = 1,543
K
(
2,5 + 2 1 + 1,732 2 )
23
38
0,013.Q
Sabe-se que M = = 1,543 ⇒ Q = 4,89 m 3 s
0,0004
Outra maneira:
Calculam-se área e perímetro molhados e raio hidráulico:
A = (m + Z ) y o2 = (2,5 + 1,732 ).12 = 4,232 m 2
( ) ( )
P = 2 m + 2 1 + Z 2 y o = 2. 2,5 + 2. 1 + 1,732 2 .1 = 6,5 m
4,232
RH = = 0,65108 m
6,5
Pela fórmula (1) tem-se:
0,013Q
23 3
0,0004 = 4,232.0,6418 ⇒ Q = 4,89 m s
. Num canal circular de 2,5 m de diâmetro escoa a vazão de 3 m³/s. Sua declividade
longitudinal é de 0,005 m/m e rugosidade 0,012. Calcule a altura d’água (com quatro casas
decimais).
Solução
14
0,776348
Pela fórmula (10) K 1 = = 0,310
2,5
Pela tabela 3 para K1 = 0,310
yo/D ==> K1
0,25 ==> 0,307
0,26 ==> 0,316
0,01 ==> 0,009
∆ ==> 0,003 (0,310-0,307) → ∆ = 0,00333 → yo/D = 0,25333 → y0 = 0,6333 m
(0,25333*2,5)
. Num canal de seção trapezoidal escoa a vazão Q = 6,5 m³/s. Sua declividade de fundo
é de 0,0010 m/m, rugosidade igual 0,025 e os taludes na razão de 2H:1V. Utilizando m = 4,
calcule a velocidade média, verificando ainda se a seção encontrada é de mínimo perímetro
molhado.
15
Energia ou carga específica
V2 Q2
E = y+ = y+ ; A = yb (canal retangular) ;
2g 2 gA 2
Q AV
Novo conceito: vazão unitária ==> q = = = Vy ou Q = qb , assim:
b b
q 2b 2 q2
E = y+ = y + ........................................................................................(12)
2 gb 2 y 2 2 gy 2
o que significa a energia depende da altura do tirante, não dependendo da largura b de fundo.
2 gy 3 + q 2 b 2
E= , aqui, observando-se o grau do numerador, y3 é uma unidade acima do
2 gy 2
y3
polinômio do denominador, tendo, portanto assíntota oblíqua igual E = f 2 → E = f ( y )
y
ou seja a assíntota é uma reta (m = 1) que passa pela a origem. Quando y tende a zero E tende
a infinito indicando que E – eixo das abscissas, conforme figura abaixo – é a outra assíntota.
q2
A construção do gráfico E = y + , para uma vazão q constante, obedece a soma
2 gy 2
q2
gráfica da reta a 45º (y) com a hipérbole , conforme figura 5. Em um ponto C
2
2 gy
particular, mostrado na figura, tem-se para a reta E1 = AB = y e para a hipérbole
V2 q2
E 2 = AA' = BC = = , e, desse modo, E = E1 + E2
2 g 2 gy 2
16
y
E2 = q2/2y2
E1 = y
ys
A A' B C
regime subcrítico
ou fluvial
yc
regime supercrítico
yi ou torrencial
E
Ec E'
dE 2q 2
= 1− e q = Vy , logo:
dy 2 gy 3
dE
= 1 − Fr 2 , que relativamente ao gráfico em questão, pode-se escrever:
dy
dE
. Para y > yc: 1 − Fr 2 > 0 → > 0 ⇒ subcrítico ⇒ Fr 2 < 1 ⇒ Fr < 1 ;
dy
dE
. Para y < yc: 1 − Fr 2 < 0 → < 0 ⇒ super crítico ⇒ Fr 2 > 1 ⇒ Fr > 1 ;
dy
2
. Para y = yc: 1 − Fr = 0 → Fr = 1 ⇒ crítico ;
q
Obs. Fr = V gy = q gy 3 , pois V =
y
17
A definição de declividade crítica pode ser introduzida para um canal prismático com
vazão Q constante escoando com uma profundidade y superior à crítica (yc) – ponto genérico
C da figura 5. Aumentando a declividade do canal constata-se um aumento da velocidade de
escoamento. Isto é explicado pela equação da continuidade, já que, para uma vazão constante,
o aumento de velocidade corresponde a uma redução da seção molhada, ou seja, uma redução
da profundidade de escoamento, podendo, desse modo, atingir a um valor crítico. Tem-se,
nesse caso, a declividade crítica – Ic.
No regime crítico
13
q2 q2
1 − 3 = 0 → y c = → q 2 = y c3 g ,....................................................................(13)
gy c g
y c3 g y
Ec = yc + 2
→ Ec = y c + c ⇒ E c = 3 2 y c ,.........................................................(14)
2 gy c 2
para vazão q constante. Esta é a equação da energia específica mínima ou energia específica
crítica.
No ponto de mínimo da figura 5 ocorrem yc e Vc, que para Fr = 1 implica Vc = gy c .
Para um canal retangular de grande largura ( RH = y = y c ) e substituindo na expressão de
Manning (equação 1) tem-se:
nqb
= y c by c2 3 . Sabendo-se que q = Vc y c para Fr = 1, obtém-se:
Ic
10 3n 2 gy c3 gn 2
y = c ⇒ I c = 1 3 ,..........................................................................................(15)
Ic yc
parâmetro este indicador do tipo de escoamento que se está processando.
. Se I o < I c , o escoamento uniforme é subcrítico e o canal é entendido como de “fraca
declividade”, porém se I o > I c , o escoamento uniforme é supercrítico e o canal passa a
denotar como de “forte declividade”.
∆Z
1 2
Figura 6 modificação da seção de canal
18
E1 = E 2 + ∆Z ou H = E1 = E 2 + ∆Z ou H = E + ∆Z e uma pequena variação dx ao longo
do canal tem-se:
dH dE dZ dH dE dy dZ
= + = 0 , que pela regra da cadeia = + = 0 ==>
dx dx dx dx dy dx dx
dH dy dZ
= (1 − Fr 2 ) + =0
dx dx dx
dZ dH
. Quando há uma descida (depressão suave) no fundo do canal ==> < 0 , então
dx dx
dy dZ
para igualar-se a zero, necessita que
dx
(
1 − Fr 2 ) > 0 e de igual magnitude a
dx
dy
. Regime subcrítico Fr < 1 → > 0,
dx
significando dizer a profundidade da
água y cresce com a descida;
dy
dx
( )
1 − Fr 2 > 0
dy
. Regime supercrítico Fr > 1 → < 0,
dx
significando dizer a profundidade da água
y decresce sobre a descida;
. Obs Uma elevação do fundo em trecho curto pode ser usada para medição da vazão.
Exemplo: vertedouros. Uma contração da largura em trecho curto pode ser usada para
construção de medidores Parshall e Venturi.
19
Exercícios resolvidos
Trapezoidal Retangular
Solução
Para que não haja variação no nível da água (alteração da linha d’água) entre os pontos 1
e 2, as cargas cinéticas nos dois pontos têm que ser iguais, ou seja,
V12 V22
= ⇒ V1 = V2
2g 2g
Pela equação da continuidade:
V1 A1 = V2 A2 ⇒ A1 = A2 = (m + Z ) y12 = (b y1 + Z ) y12 = (2 1 + 1,5) = 3,5 m 2
A2 = b2 y 2 ⇒ 3,5 = 2. y 2 ⇒ y 2 = 1,75 m
Isto significa que além da contração na largura do canal trapezoidal, deverá ser feita,
concomitantemente, uma depressão de 0,75 m no fundo do canal.
Solução
2m 1,70 m
20
2 2
q12 q 22 (3,6 2) = y + (3,6 1,7 )
y1 + 2
= y2 + 2
⇒ 1,80 + 2
2 gy1 2 gy 2 19,62.1,8 2 19,62. y 22
1
1,851 = y 2 + 2
⇒ 4,375 y 23 − 8,1 y 22 + 1 = 0
4,375. y 2
Fazendo x = y 2 ⇒ 4,375 x 3 − 8,1x 2 + 1 = 0 , que, numa primeira tentativa, fazendo
x = 0 → +1; x = 1 → −2,725 e x = 2 → + 3,6 , ou seja, duas raízes podem ser alcançadas entre
x = 0 e x = 1 e entre x = 1 e x = 2.
f (x )
Aplicando-se a metodologia de Newton x n +1 = x n − ' n ; f ' ( x n ) = 13,125 x 2 − 16,20 x
f (xn )
4,375.1,53 − 8,1.1,5 2 + 1 − 2,45938
n = 1 e x1 = 1,5 → x 2 = 1,5 − 3
= 1,5 − = 1,5 + 0,47 = 1,97
13,125.1,5 − 16,20.1,5 5,23125
4,375.1,97 3 − 8,1.1,97 2 + 1 3,01322
x 2 = 1,97 → x3 = 1,97 − 2
→ x3 = 1,97 − = 1,81
13,125.1,97 − 16,20.1,97 19,02281
4,375.1,813 − 8,1.1,812 + 1 0,40621
x3 = 1,81 → x 4 = 1,81 − 2
→ x 4 = 1,81 − = 1,78
13,125.1,81 − 16,20.1,81 13,67681
y 2 ≅ 1,78 . Este valor será empregado, já que o regime à montante é
1
Fr = = 0,238 (subcrítico) e na contração y diminui à jusante, ou seja, de 1,80 m
9,81.1,80
para 1,78, o que é coerente sobre o que foi mencionado acima sobre contração na largura do
canal. Se o regime fosse supercrítico à montante, o valor de y2 convergiria para
aproximadamente 0,40, utilizando-se do mesmo procedimento de cálculo (verifique isto em
casa).
Uma maneira prática para determinar raízes da equação da energia (12) em canais
retangulares, para uma dada vazão e energia específica, de modo rápido, sem a necessidade de
resolver a equação do 3o grau, é através do ato de se adimensionalizar essa equação,
dividindo-a pela altura crítica yc e daí confeccionar o gráfico curva adimensional da energia
específica para canais retangulares. Assim,
E y y2 y
= + c 2 = f
yc yc 2 y yc
21
4
3,8
3,6
3,4
3,2
3
2,8
2,6
2,4
y 2,2
yc 2
1,8
1,6
1,4
1,2
1
0,8
0,6
0,4
0,2
1 1,2 1,4 1,6 1,8 2 2,2 2,4 2,6 2,8 3 3,2 3,4 3,6 3,8 4 4,2 4,4
E
yc
Exemplo:
1) Um canal retangular tem 1,20 m de largura. Quais são as duas profundidades nas quais é
possível ter um escoamento de 3,5 m3/s de água, com uma energia ou carga específica de 2,86
m.
Solução
E 1,851
= = 2,4 . Entrando no gráfico tem-se y1 y c = 0,52 e y 2 y c = 2,3 1, o que fornece y1
y c 0,771
= 0,40 m (torrencial) e y2 = 1,781 m (fluvial).
22
Máximo grau de contração ou elevação
E c = 3 2 y c ; como E 2 = Ec ⇒ ∆Z max = E1 − E c
Exemplo:
A água flui em um canal retangular com velocidade de 3 m/s e profundidade de 1,8 m.
Determinar o valor máximo a que se poderá elevar o fundo do canal, sem que haja alteração
no escoamento, a montante?
32
E1 = E 2 + ∆Z = 1,8 + = 2,259
2.9,81
Vc2
E 2 = Ec = y c +
2g
m3
q1 = q 2 → y1V1 = 3.1,8 = 5,4
s.m
q12 5,4 2 3 3
yc = 3 =3 = 1,438 ⇒ E c = y c = .1,438 = 2,157 m
g 9,81 2 2
23
Orifícios, bocais e vertedouros
Quanto à forma podem ser circulares (grande maioria), retangulares, triangulares, etc.
Quanto à orientação do plano que contém o orifício em relação à superfície livre do líquido
podem ser verticais, horizontais ou inclinados. A carga H sobre o orifício é a distância da
superfície livre e a linha de centro do orifício (Figura 7)
24
O orifício é de parede espessa quando 0,5 < e < 1,5 d, em que o jato adere (princípio da
aderência) à parede do orifício segundo uma determinada superfície (figura 9).
Segundo a pressão do jato efluente, os orifícios podem funcionar com o jato livre
(figuras de 7 a 9), pressão atuante é a atmosférica, com o jato semi-submerso – quando o nível
à jusante está entre os bordos superior/inferior – (figura 10) e totalmente submerso, quando a
pressão reinante é a da água (figura 11) a seguir.
25
Descarga em orifícios pequenos em paredes delgadas (teorema de Torricelli)
Para o cálculo da descarga em orifícios circulares, toma-se como exemplo a figura 12,
em que será desconsiderada a distância entre So (área do orifício) e Sc (área do jato contraído),
por ser o orifício muito pequeno, e a distância H, praticamente vai da superfície livre até o
fundo do canal. O coeficiente de contração é designado como C c = S c S o e a correção da
velocidade sendo feita pelo coeficiente de redução de velocidade C v = VC Vt , em que VC é a
velocidade na contração (ou velocidade real) menor que a velocidade teórica Vt de Torricelli
(em que não se considera as perdas).
Aplica-se Bernoulli entre a superfície livre (1) e o ponto na contração (c) levando em
consideração que V1 = 0 (a área do orifício é muito menor que a da superfície (S1)), que Vc = Vt
(não há perda de carga) e as pressões em (1) e (c) são atmosféricas (a veia escoa na atmosfera)
para obter a expressão de Torricelli:
Vt = 2 g H ..................................................................................................................(16)
Entretanto, Vc < Vt, o que implica Vc = C v .Vt = C v 2 g H
A vazão do orifício será Q = Vc S c = C v 2 g H C c S o . Em termos práticos C c = 0,62 e
C v = 0,985 . Designa-se C v C c = C d = 0,985.0,62 = 0,61 , em que Cd tem a denominação de
coeficiente de descarga ou de vazão. Assim, a fórmula geral para pequenos orifícios é:
Q = C d S o 2 g H ..........................................................................................................(17)
26
Existe uma grande variação da velocidade quando se passa, por exemplo, do bordo
inferior ao superior, conseqüentemente a variação de vazão também ocorre. Por isso, é
necessário processo de integração da vazão. Fazendo Cd, constante e admitindo a função x =
f(y), tem-se:
12 H2
Q = C d .(2.g ) ∫
H1
f ( y ). y 1 2 dy .
Se orifício é retangular de comprimento L, ou seja,
x = f ( y ) = L ⇒ Q = C d .(2.g )
12
∫
H1
H2 12
L. y 1 2 dy ⇒ Q = 2 3 C d .(2.g ) .L y 3 2 ( )] H2
H1 , e sabendo-
So
se que L = , tem-se:
H 2 − H1
2 H 3 2 − H 13 2
Q = .C d .S o . 2 g . 2 ,.........................................................................................(18)
3 H 2 − H1
A equação de vazão para orifício totalmente coberto é a mesma que a equação (17), já
que a contração da veia líquida é praticamente a mesma para orifícios com descarga
totalmente livre. Procede-se pela permuta do H dessa equação pela diferença H1 – H2. A
figura 14 ilustra bem o fato.
27
Contração incompleta do jato
C d' = C d .(1 + 0,15.k ) para orifícios retangulares e C d' = C d .(1 + 0,13.k ) para orifícios
circulares, em que k é uma relação entre o perímetro da parte em que há supressão e o
perímetro total do orifício.
Os valores de k para os orifícios da figura 20 podem ser encontrados pelas seguintes
equações:
b
Reservatório I – k =
2.(a + b )
Reservatório II – k =
(a + b )
2.(a + b )
2a + b
Reservatório III – k =
2.(a + b )
Para orifícios circulares, seguem-se as seguintes recomendações, quanto aos valores de
k:
k = 0,25 orifício aberto junto a uma parede lateral.
k = 0,25 orifício aberto junto ao fundo.
k = 0,50 orifício aberto junto a uma parede lateral e ao fundo.
k = 0,75 orifício aberto junto às duas paredes laterais e ao fundo
28
Figura 16 Orifício parcialmente submerso
Nos casos considerados a carga H foi mantida invariável. Já para o nível não constante,
a altura H passará a diminuir com o tempo, em conseqüência do próprio escoamento com o
orifício. Essa redução implica também na redução da descarga pelo orifício. Assim, é
importante o conhecimento do tempo necessário para esvaziamento de um recipiente ou de
um tanque.
Num intervalo de tempo infinitesimal dVol = C d A 2 g H dt e, também, dVol = S1 dH , o
S1 dH
que implica dt = , que integrada entre dois níveis, H1 e H2, proporciona:
Cd A 2 g H
2 S1
t= (H 12
1 )
− H 21 2 , que para o esvaziamento completo H1 = H e H2 = 0, vide
Cd A 2 g
desenho do exercício a seguir.
2 S1
t= H . Fazendo C d ≅ 0,61 e 2 g = 4,43 obtém-se a fórmula prática para
Cd A 2 g
aproximação do esvaziamento de um reservatório.
S
t = 0,74 1 H .............................................................................................................(19)
A
Bocais
29
Classificação
No bocal externo da figura 18 há uma porção d’água que não participa do movimento,
sendo esta porção sustentada por pressão menor que a pressão atmosférica prevista pela
experiência de Venturi.
30
Figura 19 Bocal interno
Demonstra-se que, para bocais externos, a descarga é dada pela seguinte expressão:
12
Q = 0,82.S o .(2.g.H ) ,..................................................................................................(20)
E para bocais internos, figura 19, a expressão é:
12
Q = 0,51.S o .(2.g.H ) ,..................................................................................................(21)
Como dito, se não houvesse perda de carga Vc seria igual a Vt (Torricelli). Assim a perda de
carga que ocorre num orifício, comporta, adufa ou bocal é a diferença de energia cinética.
Vt 2 Vc2 1 V 2
∆H = − = 2 − 1 c .....................................................................................(22)
2 g 2 g Cv 2g
V
Obs. C v = VC Vt → Vt = c . Multiplicando-se o segundo membro (numerador e
Cv
denominador) por H, tem-se
1 V 2H
∆H = 2 − 1 c =
1 − Cv2 ( )V c
2
H
=
(1 − C ) C H ⇒
2
v 2
Cv2 2 2 v
Cv 2g H Vt C v
( )
∆H = 1 − C v2 H ,...........................................................................................................(23)
E o valor de Cv varia de 0,95 a 0,99.
Exemplo: Se Cv = 0,98, isto implica uma perda de carga ∆H = 0,04 H , significando que
4% da carga hidrostática são consumidos por atrito.
31
Exercícios resolvidos
0,1 2,6
0,1 0,6
0,8
0,3
0,1
Solução
D = 100 mm
d = 50 mm
Sc
A
C
B
Solução
4 * 0,027
VA = 2
= 3,44 m s ⇒ V B = 4 * 3,44 = 13,76 m s , devido à redução do
3,14159 * (0,1)
diâmetro da mangueira pela metade;
Devido à contração do jato para um Cc = 0,93 e a equação da continuidade
Vc S c = V B .S B tem-se:
32
VB 13,76
Vc = = ≅ 14,8 m/s, assim pela fórmula (22) tem-se:
Sc S B 0,93
1 14,8 2
∆H = 2
− 1 ≅ 1,21 m
0,95 2.9,81
Aplicando Bernoulli entre os pontos A e a seção contraída:
pA V A2 pC VC2 p
+ zA + = + zC + + ∆H ; zA = zB; C = 0 ;
γ 2g γ 2g γ
PA
= C
( 2
V − VA )
2
+ ∆H =
( 2
14,8 − 3,44)2
+ 1,21 ≅ 11,77 m ;
γ 2g 2.9,81
2 S1 2 .90,75
t= '
H = 3,35 ≅ 1345 s ≅ 22,5 minutos
C A 2g
d 0,62.0,09 19,62
33
H1 = H
H2 → 0
16,50
5,50
comporta
34
Ressalto hidráulico
v 22 ∆Hr
2 2g
v1
yc
2g
V2
y2
F2
V1 F1
y1
Lr
1 2
Caracterização de ressalto hidráulico
35
2
q2 Q2 y y
1
2
Sabe-se que Fr = 3
→ 2 3
→ 2 + 2 − 2 Fr12 = 0 , que resolvendo:
g y1 gB y1 y1 y1
y2 1
y1 2
(
= )
1 + 8Fr12 − 1 ; ou seja, conhecendo as condições de escoamento a montante
Exemplos:
A jusante de um vertedor observa-se a ocorrência de um ressalto em canal retangular
com largura de 60 cm. Sabendo-se que a vazão é de 300 m3/s e que a profundidade inicial do
ressalto é de 0,70 m, pede-se calcular a profundidade jusante, o comprimento e a energia
dissipada neste.
yc
36
h
∆z
1 2
Figura 21 Classificação quanto à espessura e da parede
Outras classificações
. P > P’ → descarga livre – mais usado;
. P < P’ → descarga submersa;
. e < 2/3 h → parede delgada;
. e > 2/3 h → parede espessa;
. L < B → contrações laterais;
. L = B → sem contrações;
. Lâmina livre → pressão atmosférica reinante, ou seja, região abaixo da lâmina é
arejada;
. Lâmina deprimida → pressão menor que a atmosférica
. Lâmina aderente → quando não bolsas de ar, ou seja, a lâmina cola no paramento
(face) de jusante, sem estar afogada;
. Paramento pode ser vertical ou inclinado;
. Geometria da crista: retilínea, circular, poligonal, etc.
L
lâmina vertente
h h h
P
P’ crista ou soleira
e
37
Vertedor retangular
Figura 23 vertedor sem contrações laterais, digamos com soleira biselada à montante
Influência da contração
Recomendados para vazões de até 30 l/s, são tão precisos quanto os são os vertetouros
retangulares para vazões na faixa de 30 a 300 l/s.
38
L
x y
h
α h–y
b
Figura 24 – Vertedor triangular
Partindo-se da vazão elementar dQ = VdA pela faixa também típica dA = 2 xdy , tem-se
que dQ = 2.x.Vdy . Porém esta velocidade V, que é teórica, é dada pela equação de Torricelli
12 12
Vt = (2.g.h ) , e assim: dQ = 2.x.(2.g .h ) dy . Sabendo-se que x = tg (α 2)(
. h − y ) , tem-se:
12
dQ = 2.tg (α 2 )(
. h − y )(2.g .h ) dy , que integrada de 0 a h resulta na vazão teórica para
12
Q = 8 15(2 g ) tg (α 2 ).h e que multiplicada pelo coeficiente de vazão Cd (menor que a
52
Baseado na equação (27) e observando a figura 24, as fórmulas mais usadas para
vertedores triangulares de parede fina são:
. Thomson
Q = 1,40 h 5 2 → (0,05 < h < 0,38 m, P > 3.h e b > 6.h ) ,................................................(28)
. Gouley e Crimp
Q = 1,32.h 2, 48 → (0,05 < h < 0,38 m, P > 3.h e b > 6.h ) ,..............................................(29)
39
1 a
Q1 Q2
h 4
L 1
4
∆Q = 1,838.0,2h.h 3 2 = 0,3676.h 5 2
Admitindo-se o mesmo C d = 0,623 obtido experimentalmente por Francis e igualando
1
esta fórmula com a (25), resulta a tg (α 2 ) ≅ 0,25 = .
4
Resultados experimentais com o vertedor Cipoletti, com essas inclinações laterais, têm
apontado para um C d = 0,63 . Substituindo este valor na equação (24) obtém-se, assim, a
equação procurada para este tipo de vertedor.
Q = 1,861.L.h 3 2 ,...........................................................................................................(30)
Fórmula esta sujeita às seguintes restrições:
0,08 < h < 0,60 m, a > 2h, L > 3h, P > 3h e b (largura do canal) de 30 a 60h .
A figura 20 (lado direito) mostra este tipo de vertedor e a descarga pode ser determinada
aplicando a equação da energia entre os pontos 1 e 2, ou seja energia 1 e a energia mínima ou
crítica em 2, levando em consideração que yc pode ser explicitado da equação (13) como
13
q2
y c = . Assim tem-se:
g
13 13
3 (Q b )
2
3 3 q2
E1 = E 2 = h = E c = y c = = → Q = 1,704.b.h 3 2 , que ao se
2 2 g 2 g
introduzir o coeficiente de vazão ou descarga proporciona a equação do vertedor procurada:
Q = C d 1,704.b.h 3 2 ,.......................................................................................................(31)
40
REFERÊNCIA
AZEVEDO NETO, J.M.; FERNANDEZ, M.F.; ARAUJO, R.; ITO, A.E. Manual de
hidráulica. 8ª ed. Editora Edgard Blucher Ltda: 2002, 669p.
CARVALHO, J. A. Dinâmica dos fluidos e hidráulica. Apostila da Universidade Federal de
Lavras (UFLA), Departamento de Engenharia (1998).
FOX & MCDONALD. Introdução à mecânica dos fluidos. Editora Guanabara Dois.
PORTO, R.M. Hidráulica básica. 2. ed. São Carlos: EESC-USP, 1999. 540p.:il.
BATISTA, M.; LARA, M. Fundamentos de Engenharia Hidráulica – 3 ed. 2010, UFMG.
41