1
. Professor Associado de Direito Processual Penal da Universidade de São Paulo, nos cursos de
Graduação e Pós-Graduação. Livre-Docente (2011), Doutor (2002) e Mestre (1998) em Direito
Processual Penal pela Universidade de São Paulo. Graduado em Direito pela Universidade de São Paulo
(1993). Advogado Criminalista. Membro do Instituto Ibero-americano de Direito Processual (IIDP),
Instituto Brasileiro de Direito Processual (IBDP), Instituto Brasileiro de Ciências Criminais
(IBCCRIM), Instituto Brasileiro de Direito Processual Penal (IBRASPP) e Instituto dos Advogados de
São Paulo (IASP). É membro da Diretoria do Instituto Brasileiro de Direito Processual. Membro do
Conselho Científico do Centro de Estudos de Direito Penal e Processual Penal Latino-americano, do
Instituto de Ciências Criminais, da Georg-August de Göttingen (Alemanha). orcid.org/0000-0002-
4526-9316
Mesmo assim, a Constituição não es tabeleceu: “ninguém será
considerado culpado, até o momento em que se valoram provas no
processo”. Não. Escolheu-se, técnica e axiologicamente: “ninguém será
considera culpado , até o trânsito em julgado da sentença penal
condenatória ”.
2
. https://www.conjur.com.br/2018-abr-03/badaro-stf-nao-criar-conceito-transito-julgado
3
. MAGALHÃES GOMES FILHO, Antonio Presunção de Inocência e prisão cautelar. São Paulo:
Saraiva, 1991, p. 39.
4
. BARGI, Alfredo. Procedimento probatorio e giusto processo. Napoli: Jovene, 1990, p. 77.
sentido da presunção de inocência , como ressalta I LLU M IN A T I , a vedação
de prisões processuais automáticas ou obrigatórias e a impossibilidade de
execução provisória ou antecipada da sanção penal. 5
5
. ILLUMINATI, Giullio La presunzione d’innocenza dell’imputato. Bologna: Zanichelli, 1979, p. 2.
6
. PACELLI, Eugênio; FISCHER, Douglas. Comentários ao Código de Processo Penal. São Paulo: Atlas,
2015, p. 1333.
7
. STJ, AgREsp 420.217/SC, rel. min. Eliana Calmon, 2.ª T., j. 04.06.2002, v.u.
Não é tudo. A análise da presunção de inocência , mesmo que
sob o exclusivo enfoque da regra de julgamento, deve considera que tal
garantia abarca a dúvida sob re fatos relevantes e, portanto, cobre toda a
atividade heurística desenvolvida no processo , que vai muito além da
mera valoração da prova . Integra a atividade de reconstrução história
dos fatos – e portanto, sobre ainda haver “dúvida” ou não de ser o acus ado
inocente, os critérios de apreciação da prova , a errada aplicação das
regras de experiência, a utilização de prova ilícita, a nulidade da prova,
o valor legal da prova , as presunções legais, ou a distribuição do ônus da
prova, pois todas estas questões não são “de fato”, mas “de direito”. 8 O
STJ, decidiu que “a chamada ‘valoração da prova’ a ensejar recurso
especial, é aquela em que há errônea aplicação de um princípio legal ou
negativa de vigência de norma pertinente ao direito probatório”. 9
8
. Nesse sentido: STF, AgRg no AI 153.836/MA, 1.ª T., rel. Min. Moreira Alves, j. 24.05.1994, v.u.;
STF, RExt 89.573/PR, 1.ª T., rel. Min. Soares Muñoz, j. 14.11.1978, v.u, RTJ 91/674; STJ, REsp
46.186-3/DF, 5.ª T, rel. Min. Edson Vidigal, j. 18.09.1995, v.u., RT 725/531. Na doutrina:
GRINOVER, Ada Pellegrini; GOMES FILHO, Antonio Magalhães; SCARANCE FERNANDES,
Antonio, Recursos no processo penal. 7. ed. São Paulo: Ed. RT, 2011, n. 170, p. 203. No processo
civil: MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Marinoni, Luiz Guilherme (Dir.).
Comentários ao Código de Processo Civil, Artigos 976 ao 1044. São Paulo: RT, 2016, v. XVI, p. 250.
9
. STJ, REsp 142.616, 4.ª T., rel. Min. Barros Monteiro, j. 13.02.2002.
notórios. E, para que não se diga que isso é coisa de quem defende a
impunidade em terras tupiniquins, esse é, por exemplo, um dos
fundamentos pelos quais, no modelo alemão, Roxin admite o recurso de
cassação. 10 No nosso caso, portanto, o fundamento dos recursos ser iam,
para o extraordinário, a contrariedade ao art. 93, caput, IX, da CR e para
o especial, ao art. 381, inciso III, do CPP.
10
. ROXIN, Claus, Derecho procesal penal. Tradução de Gabriela E. Córdoba e Daniel R. Pastor. Buenos
Aires: Del Puerto, 2000, § 53, D, II, 3, p. 472.
11
. PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Comentários à Constituição de 1967, com a Emenda
n.1. 2. ed. São Paulo: RT, 1970, t. IV, p. 68.
12
. Nesse sentido, na doutrina alemã, ROXIN, Derecho Procesal Penal..., § 53, D, II, 3, p. 472.
sobre aspecto fático que tenha justificado uma errônea condenação do
acusado que ... ainda é presumido inocente. Há, pois, muito sobre pr ova e
muito sobre dúvida da inocência a se discutir em recurso especial e
extraordinário e, portanto, antes do trânsito em julgado da condenação
penal. Isso mostra o acerto da escolha do legislador constituinte em
reforça a presunção de inocência, assegura ndo-a até o trânsito em julgado
da condenação penal.
13
. BETTIOL, Giuseppe. Sulle presunzioni nel diritto e nel processo penale. In:_____. Scritti Giuridici.
Padova: Cedam, 1966. t. I, p. 385; No mesmo sentido: Illuminati, La presunzione d’innocenza ..., p. 5;
BORGHESE, Sofo Presunzioni (diritto penale e diritto processuale penale). Novissimo digesto italiano.
Torino: Utet, 1966. vol. XIII, p. 774.
14
. NAPPI, Aniello. Guida al Codici di Procedura Penale. 8. ed. Milano: Giuffrè, 2001, p. 3.
15
. PISANI, Mario. Sulla presunzione di non colpevolezza. Il Foro Penale, 1965, p. 3.