Baseada no documentário “O Solitário Anônimo”. Direção: Débora Diniz. Realização
conjunta da Imagens Livres e ANIS. Brasil. Ano 2006. Duração 18 minutos.
O documentário “O Solitário Anônimo”, lançado 2007, trata-se de uma
realização conjunta entre a produtora Imagens Livres e a ANIS onde é registrada a história de um homem, o “Solitário Anônimo”, encontrado em grave estado de desnutrição, sem qualquer referência pessoal ou familiar, internado numa unidade hospitalar pública por revelia e seu desejo querer morrer e com apenas um bilhete datado de “20/09/006” em seu bolso, no qual se podia ler: “A quem interessar possa. Meu nome: Solitário Anônimo. Não tenho familiares nem parentes nesta região do país”. O cenário usado no filme é a cidade de Bela Vista em Goiás, retratando uma situação ocorrida em 2006. Ao ser descoberto, estando muito debilitado, o idoso foi levado em uma ambulância, contra sua vontade, para o hospital de urgência de Goiânia. No hospital os médicos e enfermeiros insistem quanto a necessidade de que ele se alimente e tentam introduzir uma sonda nasogástrica. Durante o procedimento o paciente se recusa a informar o próprio nome, sempre balançando a cabeça de forma negativa quando perguntado. Além de negar qualquer forma de identificação, dificulta a introdução da sonda, mesmo estando debilitado, e pronuncia as seguintes frases: “Não preciso de alimento!”, “Não, eu não quero isso! Não preciso! Deixem-me em paz! Deixem-me morrer em paz!”.
O solitário anônimo foi, por ordem judicial, alimentado e medicado no
hospital por 5 meses. A sedação o deixava com um aspecto de zumbi, reforçando o estigma de ser alguém incapaz de tomar decisões. Ele um virou “animal de circo”, com direito a câmera na cara e repórter invadindo seu quarto. Esse homem, que chama o futuro de hipótese, o presente de real, e o passado de um monte de lixo, acaba ganhando uma identidade. Ele é formado em direito e filosofia pela Universidade de Brasília e é fluente em cinco línguas.
Nossas ações e escolhas são baseadas em nossa cultura que está
baseada em nossas crenças, valores morais, religião, etc. Alguns costumes/tradições religiosas ou sociais estão tão intrínsecas em nosso cotidiano que, às vezes, se torna quase que impossível identificá-las. Algumas posição e opiniões são pré-estabelecidas e incorporadas na rotina do indivíduo social, o que muitas vezes não nos permite reavaliar certos valores, crenças ou hábitos. Agimos no automático, entretanto o mundo, os indivíduos e suas relações estão em constante transformação. Partindo da premissa que tudo está em constante transformação, para que se possa ter uma decisão autônoma, deveríamos evitar ao máximo estabelecer conceitos e opiniões universais e constantes para todas as coisas e se permitir reavaliar constantemente nossos valores, crenças e decisões, permitindo que cada decisão seja adequada a nossa vontade levando em consideração o contexto em que estamos inseridos e a época que estamos vivendo.